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trario, indignos desta liberdade, certamente também a perde- reis, ¢ esta infelicidade arrasta além disso ainda os restantes membros inocentes da sociedade, que, se nao fosse isso, es- tariam dispostos a se servirem legalmente de sua liberdade e acontribuirem convenientemente para a melhoria do mundo. a jcimento [Aufklarung] mediante a educagao; devese apenas come- do € habituar os jovens espiritos a esta reflexdo. Porém, esclarecy clos cetuulte Penoso demorado, porquanto encontram-se muitos wlos exteriores que em parte proibem esta espécie de educagao e "e dificultam-na. 2 4 Resposta a pergunta: Que é “Esclarecimento”? (Aufklarung)* (5 de dezembro de 1783, p. 516)" Esclarecimento [Aufklarung] é a saida do homem de sua menoridade, da qual ele préprio é culpado. A menort- dade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a diregao de outro individuo. O homem é o proprio culpado dessa menoridade se a causa dela ndo se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisao e coragem de servir-se de si mesmo sem a direcao de outrem. Sapere aude! Tem * IN. do T. ~ E impossivel fazer uma tradugéo exata do termo filoséfico alemao Aufklarung, tal a multiplicidade de sentidos congregados nesta nogéo. Certamente varias tentativas foram feitas, nos diversos idiomas ne. olatinos propondo-se versées tais como “iluminismo”, “ilustragao”, “filose. fia das luzes", “epoca das luzes", etc. Nenhuma delas oferece equivaléneia satisfatoria, razéo pela qual alguns comentaristas preferem referinse & Aufklarung pura ¢ simplesmente, sem se preocuparem em traduzit o vo. cébulo, Diversos motivos levarn-nos a julgar que, sem ser perfeita, a trone: CuSéo Pela palavra “esclarecimento” talvez seja de todas a melhor, princt- Palmente porque acentua o aspecto essencial da Aufkldrung, o de ser um processo € nao uma condigéo ou uma corrente filoséfica ou Iter, que & {Rzdo humana efetua por si mesma para sair do estado que Kant chema smenoridade”, @ submisséo do pensamento individual ou de tum pove a ‘um poder tutelar alheio,] 2. Aindicagdo de pégina do “Betinische Monatsschrift” se reporta & se: guinte nota na frase: “E conveniente sancionar ulteriormente ovvineulo coe Jugal através da religiao?", do Sr. Preg, Zéllner: “Que é esclarecimento” (Aufklérung)? Esta pergunta, que é quase tao importante cone “Que éa Teidade?”, deveria serrespondida, antes de se comegat a esclarees, (auik- léren)! Contudo, ainda nao a vi respondida em nenhurna parte, usas Sats Se constiuam ern gaecam POE adie UM livro que far as yen iitual que por mim tery im decide a respeito de de esforcarme eu mes- , um diretor espi ‘odo que por mi b 5 rom Pinca eran ee a servado cuidadosamente estes trangtles orbtone fare “ 's tranqililas criaturas a fim de no ousarem dar um passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-lhes em seguida o Perigo que as ameaga se tentarem andar sozinhas, Ora, este pe- Tigo na verdade nao é tao grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas. Basta um exemplo deste tipo para tomar timido 0 individuo e ate- morizé-lo em geral para nao fazer outras tentativas no futuro. E dificil portanto para um homem em particular desvenci- Ihar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma na- tureza. Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora real préprio entendimento, porque incapaz de utilizar seu it eae ativa de assim proceder. Precei- i rent nunca o deixaram fazer at r tos e formulas, estes instrumentos mecénicos do uso racional, dons naturais, so os grilhdes de lo abuso, de seus 0 a See ate menoridade. Quem deles ea pessoa capaz de dar um salto inseguro mesmo Sofie © Nat cele fosso, porque néo esta habituado a este moumenle TN isso sdo muito poucos aqueles que consegt ' 4, Resposta a pergunta: Que é “Esclarecimento”? (Aufklarung) 65 formacao do préprio espirito, emergir da menoridade e em- preender entéo uma marcha segura. Que porém um publico se esclarega [aufklare] a si mes- mo é perfeitamente possivel; mais que isso, se Ihe for dada a liberdade, é quase inevitavel. Pois encontrar-se-ao sempre al- guns individuos capazes de pensamento proprio, até entre os tutores estabelecidos da grande massa, que, depois de terem sacudido de si mesmos 0 jugo da menoridade, espalharéo em redor de si o espirito de uma avaliacao racional do proprio valor eda vocacao de cada homem em pensar por si mesmo. O interessante nesse caso é que o piblico, que anteriormente foi conduzido por eles a este jugo, obriga-os dai em diante a permanecer sob ele, quando é levado a se rebelar por alguns de seus tutores que, eles mesmos, so incapazes de qualquer esclarecimento [Aufklérung]. Vé-se assim como ¢ prejudi al plantar preconceitos, porque terminam por se vingar da- queles que foram seus autores ou predecessores destes. Por isso, um piblico s6 muito lentamente pode chegar ao escla- recimento [Alfklarung]. Uma revolugao podera talvez re zar a queda do despotismo pessoal ou da opressao avida de lucros ou de dominios, porém nunca produziré a verdadeira reforma do modo de pensar. Apenas novos preconceitos, as- sim como os velhos, serviréo como cintas para conduzir a grande massa destituida de pensamento. Para este esclarecimento [Aufklérung], porém, nada mais se exige sendo liberdade, E.a mais inofensiva entre tudo aqui- lo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso Piiblico de sua razéo em todas as questées. Ougo, agora, po- rém, exclamar de todos os lados: nao raciocineis! O oficial liz: no raciocineis, mas exercitai-vos! O financista exclama: nao raciocineis, mas pagail O sacerdote proclama: no racio- cineis, mas crede! (Um tinico senhor no mundo diz: racioci- nai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!) Eis aqui por toda a parte a limitacao da liberdade. Que limitagao, porém, impede o esclarecimento [Aufkl: rung]? Qual nao 0 impede, ¢ até mesmo 0 favorece? Respon- do: 0 uso puiblico de sua razo deve ser sempre livre € $6 ele pode realizar 0 esclarecimento [Aufklarung] entre os ho- Pode, Bore em ™, mui os ‘Sontudo ‘ita: Vezes Clarecimne® POF sg ye Ser de use pant? [upg Pest Thomem, © Publico de i *arungy eM duanty san? PPoprig pode @? tetrad, pi! faz de Pee fazer qa 2” Denoming isa Bele co, 18 ra2A9 No interease “oO Pare mn SMO, em vir Somunidade, i eI Wal algu Passivo para sore OMPOTtanse deny clans imidade artic 408 Pelo gover ‘er contidos par Publi. Ss tals, nao é ra N80 destruj NO € sem duivid, i obedec. fa pemmitido re da maquin: er. Na medida, porémn, 14 Se considera a en Mundo, portanto na Publico, por meio de od ‘Sem que por isso sofram os ne. gcios a que ele esta sujeito em parte como membro passivo. Assim, seria muito prejudicial se um oficial, a quem seu supe- rior deu uma ordem, quisesse pérse a raciocinar em voz alta no servico a respeito da conveniéncia ou da utilidade dessa ordem. Deve obedecer. Mas, razoavelmente, nao se Ihe pode impedir, enquanto homem versado no assunto, fazer obser- vacdes Sobre os erros no servigoralitar, @ exporessa5 observa coes 20 seu publico, para que as julgue. O cidedso nto pods se recusar a efetuar o pagamento dos in Pperinente pies ecaem; até mesmo a desaprovacée ImPortene a, obrigacées, se devem 5 Pager causerume ‘desobediéncia cer im eacane te Pte 2 cai eral). Exatamente, apes: hhemem instruido, expoe Publ 4 er de um cidadao se come inconveniencia ou & injustice lev si ai ote camente suas Ideas fo modo também © sacerdt dessas imposisoes- 4. Resposta a pergunta: Que é "Esclarecimento"? (Autktirung) 67 est Jado a fazer seu serméo aos discipulos do catecismo a sade confrmigade corn o credo dale ® ue serve, pois foi admitido com esta condigdo. Mas, enquan- to sébio, tern completa liberdade, ¢ até mesmo o dever, de dar conhecimento ao publico de todas as suas idéias, culdadosa~ mente examinadas e berm‘intencionadas, sobre o que ha de terréneo naquele credo, e expor suas propostas no sentido da melhor instituigao da esséncia da religiao e da Igreja. Nada existe aqui que possa constituir um peso na consciéncia. Pois aquilo que ensina em decorréncia de seu cargo como funcio- nario da Igreja, expée-no como algo em relagao ao qual nao tem livre poder de ensinar como melhor Ihe pareca, mas ‘esté obrigado a expor segundo a prescrigao de um outro fem nome deste. Podera dizer: nossa igreja ensina isto ou aquilo; estes séo 0s fundamentos comprobatérios de que ela se serve. Tira entao toda utilidade prética para sua comunida- de de preceitos que ele mesmo nao subscreveria com inteira convicgdo, em cuja apresentacao pode contudo se compro- meter, porque nao é de todo impossivel que em seus enunci- ados a verdade esteja escondida. Em todo caso, porém, pelo menos nada deve ser encontrado ai que seja contraditério ‘com a religido interior. Pois se acreditasse encontrar esta con- tradigao nao poderia em s& consciéncia desempenhar sua funcdo, teria de renunciar. Por conseguinte, 0 uso que um professor empregado faz de sua razao diante de sua comuni- dade é unicamente um uso privado, porque € sempre um uso doméstico, por grande que seja a assembléia. Com rela- so a esse uso ele, enquanto padre, nao é livre nem tem o di- Teito de sé-lo, porque executa uma incumbéncia estranha. Ja como sabio, ao contrério, que por meio de suas obras fala para o verdadeiro pablico, isto é, o mundo, o sacerdote, no uso pubblico de sua raz4o, goza de ilimitada liberdade de fazer uso de sua prépria razao e de falar em seu proprio nome. Pois © fato de os tutores do povo (nas coisas espirituais) deverem ser eles proprios menores constitui um absurdo que dé em re- sultado a perpetuagao dos absurdos. Mas nao deveria uma sociedade de eclesiasticos, por exern- plo, uma assembiéia de clérigos, ou uma tespeitavel classe (como certamer ‘ termina ep pese como se a espera de lai mel = a Curto prazo, e para introduzir certa orden, os smo tempo, se franqu ordem, Ao learia a qualquer cidadio, especial- mente ao de carreira estes ica, na qualidade de sable, od reito de fazer publicamente) isto é, por meio de obras escrita seus reparos a possiveis defeitos das instituicoes-vigentesY Estas ultimas permaneceriam intactas, até que a compreen- sao da natureza de tais coisas se tivesse estendido e aprofun- dado, publicamente, a ponto de tornar-se possivel levar & consideragao do trono; com base em votacéo, ainda aue pe ani rop sentido de proteger comunidades unanime, uma proposta no CS ea imento bora sem detriment ido unificar-se er cadas, Cvigas/Mas € absolutaments proibido fiéis as a! ; " jnguem tenha pul constituicao religios® fy aes cians o tempo de uma = di ireito de du camente 0 dire! duvidar, m® ilar um isso a eee im homem, € com! R yor assim dizer aniq! al 34 snags penn: ue team? saa) . archa da humanidade no ‘caminho do * pede de tempo m9 Tmt ifecundo « prejudicial PAS { sperfelcoa im homem sem davida pode, no due respeita t pes ‘e mesmo assim sO por algum tempo, na parte 500 pesson, «mee ioe eclarecimento (AufKtarundl, 28 2 Titnciar a a, quer para si mesmo quer ainda mals pare sua 3 & Cemendencia, significa ferir e calcar aos pés OS ‘sagrados di- ¥ 5 9S ees ya humanidade. O que, porém, nao é licito se, Wa DP anes eo sevirslagao @ si mesino, menos ainda umd inonars ecla deeidir sobre ele, pois sua autoridade legislative °° pousa justamente-no fato de reunic a yontade de todo 2. Pav0 earner cde de qus toda melori, verdadela J TB Ba oneida com order civil, pode deixar em tudo 5 Pais que seus suditos facam por simesmos 0 que julguem See aee ti fazer pera a salvagdo de suas almasiisto néo the { } taponte, mas deve apenes evtar que um sUditoimpesa outro Feria vielento de trabalhar, de acordo com toda sua capa- § © cidade, na determinagao ena promogao de si. ‘Causa mesmo \ZL ES dono a sua majestade quando se imiscui nesses assuntos: lei Senay?” tan oe re igncia do seu governo os escitos nos 2 Uiateussudtes procs dtr cars sus concepsees mesmo acontece quando procede assim nao s6 por sua propria concepgao superior, com o que se expde A censura: ( RaRir nom eet supra grammaticos, mas também, e ainda ‘Em muito maior extenséo, quando rebaixa tanto seu poder supremo que chega a apoiar 0 despotismo espiritual de al- guns tiranos em seu Estado contra os demais: suditos. Se for feita ent&o a pergunta: “vivemos agora em uma épo- ca esclarecida [aufgeklarten]"?, a resposta sera: “nao, vive- mos em uma época de esclarecimento [Aufklarung]". Falta ainda muito para que os homens, nas condigées atuais, toma- dos em conjunto, estejam j4 numa situagao, ou possam ser co- locados nela, na qual em matéria religiosa sejam capazes de fazer uso seguro e bom de seu préprio entendimento sem se- rem dirigidos por outrem. Somente ternos claros indicios de que agora Ihes foi aberto o campo no qual podem lancar-se li- vremente a trabalhar e tornarem progressivamente menores 08 obstaculos ao esclarecimento [Aufklarung} geral ou a sat- ia m nada motivo de inquieta: jornens se desprendem por si mesmos progressvenante do estado de selvageria, quando intencionalmente néo se re quinta em conservé-los nesse estado. Acentuei preferentemente em matéria religiosa 0 ponto principal do esclarecimento [Aufklérung], a saida do homem de sua menoridade, da qual tem a culpa. Porque no que se re- fere As artes e ciéncias nossos senhores nao tém nenhum inte- resse em exercer a tutela sobre seus stditos, além de que tam bém aquela menoridade é de todas a mais prejudicial e a mais desonrosa. Mas o modo de pensar de um chefe de Estado que jinda aléme compreende que, mesmo legislagdo, nao hé perigo em Perm tira de sua propria razéo e expo" idéias sobre uma melhor com no que se refere a sua legisla seus suiditos fazer uso publico 4g mundo suas i no @"Esclaracimento”? (Autklorun) n 4, Resposta @ per sensao dela, mesmo por me deure coraosa CaS preensto dela etc, im brihanteexerplo disso € ae 0 tae ae vonarca superou aquele que reverenciamo®: ‘Mas também somente aquele que, embore seja ele Pro ptio eselarecido {aufgeklart}, nBo tem ‘medo de sombras, a Pre Gro tempo tem & mao umn numeroso € Bern inado resto para garantira tranquilidade publica, pode To que ndo é licito a um Estado livre ousar: raciocinal tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdesi qpenas obedecei! Revela-se aqui uma estranha endo cePCo aeemarcha das coisas humanas; como, alias, quando se ca oa ca marcha erm conjunto, quase tudo nela é um paredo- xo. Lim grau maior de liberdade civil parece vantajoso para & berdade de espirito do povo e no entanto estabelece para ‘ela limites intransponiveis; um grau menor daquela dé a esse espago 0 ensejo de expandirse tanto quanto possa. Se por tanto a natureza por baixo desse duro envoltério desenvolveu co germe de que cuida delicadamente, a saber, a tendéncia ea vocagéo ao pensamento livre, este atua em retorno progres- sivamente sobre o modo de sentir do povo (com o que este ‘se toma capaz cada vez mais de agir de acordo com a liber: dade), e finalmente até mesmo sobre os principios do gover- no, que acha conveniente para si proprio tratar 0 homem, que agora é mais do que simples maquina, de acordo com a sua dignidade”. Tesposa, que agora so pode estar aul come tentative ‘de mostrar até que ponto o acaso teré feito coincidirem os pensamentos, ‘© acaso

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