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Aula 07

Direito Administrativo p/ PC-SP


(Delegado) - Com videoaulas - 2020

Autor:
Wagner Damazio
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23 de Março de 2020

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Sumário
Introdução ......................................................................................................................................... 5

1. Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 7

2. Noções Gerais acerca do Ato Jurídico ................................................................................................ 9

3. Definição de Ato Administrativo ..................................................................................................... 12

3.1. Fato DA Administração e Fato Administrativo...................................................................................... 14

3.2. Ato Administrativo, Político, Legislativo e Judicial ................................................................................ 15

3.3. Ato DA Administração e Ato Administrativo ......................................................................................... 17

3.4. Silêncio Administrativo ou o Não Ato.................................................................................................... 19

3.5. Silêncio Eloquente ................................................................................................................................. 23

3.6. Planos de Existência, Validade e Eficácia .............................................................................................. 25

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4. Elementos, Requisitos de Validade ou Aspectosdo Ato Administrativo ............................................... 28

4.1. Competência.......................................................................................................................................... 30

4.2. Finalidade .............................................................................................................................................. 36

4.3. Forma .................................................................................................................................................... 39

4.4. Motivo ................................................................................................................................................... 42

4.4.1. Motivo e Motivação.............................................................................................................................................. 42

4.4.2. Teoria dos Motivos Determinantes ...................................................................................................................... 47

4.5. Objeto .................................................................................................................................................... 49

4.6. Mérito Administrativo ........................................................................................................................... 52

4.6.1. Doutrina Chenery ................................................................................................................................................. 53

5. Atributos do Ato Administrativo ..................................................................................................... 55

5.1. Presunção de Legitimidade e Presunção de Veracidade ....................................................................... 56

5.2. Autoexecutoriedade .............................................................................................................................. 58

5.3. Tipicidade .............................................................................................................................................. 60

5.4. Imperatividade ...................................................................................................................................... 61

6. Classificação dos Atos Administrativos ............................................................................................ 62

6.1. Quanto aos Destinatários ..................................................................................................................... 64

6.2. Quanto ao Alcance ................................................................................................................................ 65

6.3. Quanto ao Objeto .................................................................................................................................. 66

6.4. Quanto ao Regramento......................................................................................................................... 67

6.5. Quanto à Formação da Vontade ........................................................................................................... 69

6.6. Quanto ao Conteúdo ............................................................................................................................. 71

6.7. Quanto à Eficácia .................................................................................................................................. 73

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6.8. Quanto à Exequibilidade ....................................................................................................................... 75

6.9. Quanto à Retratabilidade...................................................................................................................... 76

6.10. Quanto ao Modo de Execução ............................................................................................................ 77

6.11. Quanto ao Objetivo Visado pela Administração ................................................................................. 78

6.12. Quanto aos Efeitos .............................................................................................................................. 79

7. Atos Administrativos em Espécie .................................................................................................... 81

7.1. Atos Administrativos Normativos ......................................................................................................... 82

7.2. Atos Administrativos Ordinatórios ........................................................................................................ 84

7.3. Atos Administrativos Negociais............................................................................................................. 86

7.4. Atos Administrativos Enunciativos ........................................................................................................ 92

7.5. Atos Administrativos Punitivos.............................................................................................................. 95

8. Extinção dos Atos Administrativos .................................................................................................. 97

8.1. Extinção de Ato Eficaz por Cumprimento de seus Efeitos ..................................................................... 98

8.2. Extinção de Ato Eficaz por Desaparecimento do Sujeito ou Objeto...................................................... 99

8.3. Extinção de Ato Eficaz por sua Retirada do Mundo Jurídico ................................................................. 99

8.3.1. Revogação e Anulação (Invalidação) .................................................................................................................. 100

8.3.2. Atos Nulos e Atos Anuláveis ............................................................................................................................... 111

8.3.3. Convalidação dos Atos Anuláveis ....................................................................................................................... 111

8.3.4. Confirmação ....................................................................................................................................................... 117

8.4. Extinção de Ato Ineficaz ...................................................................................................................... 118

9. Questões de Concursos Anteriores ............................................................................................... 119

9.1. Lista de Questões sem Comentários ................................................................................................... 119

9.2. Gabarito sem Comentários ................................................................................................................. 137

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9.3. Questões Resolvidas e Comentadas .................................................................................................... 138

10. Resumo .................................................................................................................................... 181

11. Considerações Finais.................................................................................................................. 202

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INTRODUÇÃO

Caríssimo(a)! Vamos dar continuidade, aqui no Estratégia Concursos, ao Curso de Direito Administrativo com
teoria e exercícios resolvidos e comentados para o concurso de ingresso à carreira de Delegado da Polícia Civil de São
Paulo.
Na aula passada, nós estudamos o tema poderes administrativos, explorando em especial:

 o poder de polícia;
 o poder normativo e regulamentar;
 o poder disciplinar;
 o poder hierárquico;
 o poder discricionário e vinculado;
 o abuso de poder; e
 Jurisprudência.

Hoje, nós estudaremos os Atos Administrativos. Tema eminentemente doutrinário e que, por essência, é
relevantíssimo, já que é por meio dos atos administrativos que a Administração Pública se manifesta e se
relaciona com os administrados.
Difícil, senão impossível, uma prova de concurso que não aborde, ainda que indiretamente, o tema Atos
Administrativos. Portanto, não titubeie quanto aos aspectos que veremos aqui hoje.

Havendo dificuldade na compreensão da teoria ou na resolução dos exercícios expostos nesta aula ou em
qualquer outra, não deixe de entrar em contato comigo pelo fórum de dúvidas!
Repito que estou sempre atento ao fórum de dúvidas para, de forma célere, buscar uma maneira de
reescrever o conteúdo ou aclarar a explicação anteriormente oferecida para que você alcance a sua
meta de aprendizagem.
Frise-se que o nosso objetivo precípuo é a sua aprovação e para isso me dedicarei ao máximo para atendê-
lo e auxiliá-lo nessa caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga
o perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia
e de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de
concursos específicos que o ajudará em sua preparação!
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Que Deus o ilumine nos estudos!

Sem mais delongas, vamos ao trabalho!

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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Como de costume, introduzo esta nossa aula 7 com as seguintes provocações:

PROVOCAÇÕES INTRODUTÓRIAS PARA A AULA DE HOJE:


1) Qual é a definição de ato administrativo?

2) Qual a diferença entre fato da administração e fato administrativo? E entre ato da administração e
ato administrativo?

3) Qual a diferença entre ato legislativo, ato político, ato judicial e ato administrativo?

4) O que é o não ato? Ele expressa manifestação da vontade da Administração?

5) Qual a diferença entre silêncio eloquente, omissão e lacuna?

6) Qual a diferença entre ato existente, válido e eficaz?

7) Quais são os elementos, requisitos de validade ou aspectos do ato administrativo?

8) Quais as características da competência? Quais atos não podem ser delegados? E quais podem ser
avocados?

9) Há diferença entre finalidade em sentido amplo e em sentido restrito? E forma em sentido amplo e em
sentido restrito?

10) O que é o princípio da solenidade?

11) Há diferença entre motivo e motivação? Se sim, qual?

12) A Teoria dos Motivos Determinantes pode autorizar o controle do Poder Judiciário em atos
discricionários?

13) Qual é a diferença entre finalidade e objeto?

14) O que é a doutrina Chenery?

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15) Quais são os atributos do ato administrativo?

16) A nomeação de autoridades previstas no inciso XIV do art. 84 da CRFB pelo Presidente da República,
após aprovação do Senado Federal é ato administrativo complexo ou composto? Há divergência
doutrinária? E nas bancas?

17) O professor Hely Lopes Meirelles diferencia convalidação de conversão ou santória. Qual é a diferença?

18) O ato administrativo perfeito é aquele que não apresenta vício, certo?

19) Quais são os agrupamentos de atos administrativos em espécie?

20) Portaria é ato administrativo normativo? E instrução?

21) Deliberação é ato administrativo ordinatório?

22) Aviso é ato administrativo enunciativo?

23) Os atos administrativos negociais se enquadram na modalidade de negócios jurídicos, certo?

24) A homologação é ato discricionário ou vinculado? Prévio ou posterior?

25) Qual a diferença entre parecer facultativo, obrigatório e vinculante?

26) Quais são os principais atos administrativos punitivos?

27) Ato ineficaz pode ser extinto?

28) Qual a diferença entre revogação e anulação? E entre anulação e invalidação? E entre atos nulos e
anuláveis?

29) Quais atos não podem ser revogados?

30) Quais são os vícios quanto à competência? E quanto à forma? Só os vícios quanto à competência e à
forma podem ser convalidados?

Se você não tem certeza de uma ou algumas das respostas a esses questionamentos, fique atento que elas
estarão ao longo da aula de hoje!

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2. NOÇÕES GERAIS ACERCA DO ATO JURÍDICO

Antes de abordar o conceito, os atributos, os elementos, as várias classificações e as formas de extinção, é


necessário indicar onde, na estrutura dos acontecimentos, estão localizados os atos administrativos e o
porquê.
Da doutrina do Direito Civil e da Teoria Geral do Direito, podemos diagramar os acontecimentos da seguinte
forma:

Ato Jurídico
Ato em sentido
Jurídico estrito
Lícito em
Sentido
Negócio
Voluntário Amplo
Jurídico
Jurídico Ilícito

Evento Fato Involuntário


Não
Jurídico

Ou seja, um acontecimento é um evento que pode ser vertido em linguagem ou não. Se for descrito por
qualquer meio (linguagem escrita, verbal, imagens, ....), será um fato. Permanecendo sem descrição, será um
evento. Ou seja, o fato surge pela descrição de um evento.
Sem dúvida, há autores que não diferenciam evento e fato, mas outros doutrinadores influenciados pela
filosofia da linguagem1 os diferenciam. Então, fica o registro.

1
No mundo, entre muitos outros: Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Hans-Georg Gadamer. No Brasil:
Lourival Vilanova e Paulo de Barros Carvalho.

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De todo modo, os fatos podem ter efeitos jurídicos ou não. Inclusive, de um mesmo fato podem haver cortes
metodológicos de várias ciências diversas: jurídica, econômica, política, social, contábil, entre tantas outras.
Eis aqui uma grande cisão de consequências enormes para o direito: a segregação entre o que é jurídico e o
não jurídico.
Como você sabe, na história do Direito há aqueles que propugnaram por uma teoria pura do direito2e outros
que internalizaram valores ao ordenamento jurídico3.
Para o nosso foco, predomina hoje, e a Constituição da República Federativa do Brasil – CRFB é rica nesse
sentido, a posição de que valores, desde que absorvidos pelo ordenamento jurídico, ainda que do ponto de
vista principiológico, incluem-se no ser jurídico.
Mas há, sem dúvida, fatos que nenhuma relação tem com o jurídico.
Nessa linha, a professora Maria Helena Diniz4 apresenta a seguinte definição para os fatos jurídicos:

“fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos em norma de direito, em razão dos


quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações jurídicas”

Do conjunto fatos jurídicos (portanto, relevantes para o Direito), há aqueles que são volitivos, por
expressarem a manifestação da vontade de um agente humano, e aqueles involuntários, por decorrem de
um acontecimento da natureza.
Dentre os voluntários, há os fatos jurídicos lícitos (conforme a lei e o direito) e os ilícitos (contrário à lei ou ao
direito).
Focando nos fatos jurídicos voluntários lícitos, têm-se os atos jurídicos em sentido amplo subdividido em
duas espécies5, quais sejam os atos jurídicos em sentido estrito e os negócios jurídicos.
Os atos jurídicos em sentido amplo são aqueles que produzem os efeitos jurídicos desejados pelos agentes,
amparados pelo ordenamento jurídico.
Por seu turno, os atos jurídicos em sentido estrito são aqueles nos quais os resultados jurídicos decorrem da
vontade do agente, mas em linha com o previamente fixado pelo ordenamento.

2
Hans Kelsen e Alf Ross
3
Miguel Reale
4
Curso de Direito Civil Brasileiro, 25ª edição, p 372.
5
Há na doutrina citação também à espécie ato-fato jurídico, que seria aquele que gera consequência prevista no
normativo, mas não decorrente da vontade ou da intenção do agente.
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Ou seja, os atos jurídicos em sentido estrito identificam aqueles atos em que o agente exerce a sua intenção
unilateral de praticar uma ação previamente prescrita em lei e cujas consequências, em regra, já estavam
previamente fixadas.
Já o negócio jurídico, também espécie do ato jurídico em sentido amplo, é aquele pelo qual são produzidas
novas regras para atender, em regra, à composição de interesses das partes.

11

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3. DEFINIÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO

Os atos administrativos são um subgrupo ou uma espécie do gênero atos jurídicos.


Ou seja, em essência todo ato administrativo é um ato jurídico, devendo, portanto, ter em comum seus
elementos basilares.
Vamos explorar os principais aspectos do ato administrativo a partir de agora, iniciando com a apresentação
de sua definição realizada por alguns dos principais autores dessa nossa disciplina:

ATO ADMINISTRATIVO É...

...a exteriorização da vontade de agentes da Administração Pública


ou de seus delegatários, nessa condição, que, sob regime de direito
José dos Santos Carvalho Filho6
público, vise à produção de efeitos jurídicos com o fim de atender ao
interesse público.

...a declaração do Estado ou de quem o represente, que produz


Maria Sylvia Zanella Di Pietro7 efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime
jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário.

...toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública


que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir,
Hely Lopes Meirelles8
resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou
impor obrigações aos administrados ou a si própria.

...a declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes - como, por
Celso Antônio Bandeira de Mello9 exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de
prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas

6
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 105.
7
Direito Administrativo, 30ª edição, p 237.
8
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 173.
9
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 340.

12

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complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a


controle de legitimidade por órgão jurisdicional

...atos jurídicos que o Estado pratica para realização dos seus fins,
Mário Masagão10
exceto os contenciosos

...manifestação da vontade do Estado, enquanto poder público,


Oswaldo Aranha Bandeira de
individual, concreta, pessoal, de modo direto e imediato, para
Mello11
produzir efeitos de direito.

...a manifestação unilateral de vontade da administração pública


que tem por objeto constituir, declarar, confirmar, alterar ou
Diogo de Figueiredo Moreira Neto12
desconstituir uma relação jurídica, entre ela e os administrados ou
entre seus próprios entes, órgãos e agentes.

...uma manifestação de vontade funcional apta a gerar efeitos


Marçal Justen Filho13
jurídicos, produzida no exercício da função administrativa.

Portanto, perceba que há três elementos principais para a definição de ato administrativo:

expressão da vontade da Administração Pública por quem o


represente

efeitos jurídicos regidos pelo Direito Público, exclusiva ou


Ato Administrativo
predominantemente

finalidade pública

10
Curso de Direito Administrativo, 5ª edição, p 144.
11
Princípios Gerais de Direito Administrativo, Volume I, p 413.
12
Princípios Gerais de Direito Administrativo, Volume I, p 413.
13
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 219.
13

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3.1. FATO DA ADMINISTRAÇÃO E FATO ADMINISTRATIVO

Fatos da administração são aqueles acontecimentos praticados pela Administração Pública que não
apresentam nenhuma repercussão no âmbito do Direito Administrativo.

Exemplo: a mudança de local de uma unidade da repartição pública, sem necessidade


de suspensão de prazo ou interrupção do expediente (ou ainda qualquer outro efeito
jurídico no âmbito do Direito Administrativo), tal como ocorre nas mudanças de sala de
um mesmo andar ou prédio.

Fato administrativo, por seu turno,apresenta, ao menos,trêslinhasde interpretação.


Uma delas pode ser exemplificada pelo professor José dos Santos Carvalho Filho14, no sentido de que fato
administrativo tem o sentido de atividade material no exercício da função administrativa que visa a efeitos
de ordem prática para a Administração.
Nessa acepção, o fato administrativo é a materialização da atividade administrativa. Ou, em outras palavras,
seria a execução, em regra, de um ato administrativo.

Exemplo: em função da expedição de ordem para embargo de obra ou cancelamento


do alvará de funcionamento, os fatos administrativos seriam, entre outros, a realização
material do fechamento do estabelecimento e proibição de continuidade das obras, seja
com a colocação de tapumes ou construção de muretas que inviabilizem a atividade pelo
particular.

Outra acepção, que pode ser exemplificada pela professora Maria Sylvia15, afirma que fato administrativo é
todo aquele descrito em lei ou no ordenamento jurídico que, quando realizado, traz repercussão no campo
do Direito Administrativo.

14
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 101.

15
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, 30ª edição, p 231.

14

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Exemplo: a morte de um servidor estatutário que acarreta a consequente vacância de


seu cargo, conforme exemplo da própria professora Maria Sylvia.

Há ainda a caracterização de fato administrativo como o silêncio ou inércia da Administração Pública do qual
decorram efeitos jurídicos.
Nessa linha, Celso Antônio Bandeira de Mello16:

Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato
administrativo. Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois,
silenciou, não declarou nada e por isto não praticou ato administrativo algum. Tal
omissão é um “fato jurídico” e, in casu, um “fato jurídico administrativo”.

Exemplo: o transcurso do prazo fixado em lei para que a Administração se manifeste


acerca de requerimento, pedido ou recurso do administrado, prevendo, o deferimento
ou provimento, em caso de não manifestação expressa da Administração dentro do
lapso temporal fixado.

3.2. ATO ADMINISTRATIVO, POLÍTICO, LEGISLATIVO E JUDICIAL

Não se confundem atos administrativos, políticos (também denominados de governo), legislativos ou


judiciais.

16
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p. 365.
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Ato Legislativo Ato Judicial Ato Político

Ato da Administração Pública


Ato Legiferante Ato Jurisdicional decorrente diretamente da
Constituição

Produção de Normas Solução de Litígios Decisão Política

Função Típica do Poder Função Típica do Poder Exercício Típico dos


Legislativo Judiciário Governantes

Sem dúvida, não há grandes dificuldades em identificar os atos legislativos e os atos judiciais, já que são
atividades finalísticas e típicas, respectivamente, do Poder Legislativo e do Poder Judiciário.
Frise-se apenas que, como já vimos no nosso curso, tanto o Poder Legislativo quanto o Poder Judiciário
podem e praticam atos administrativos quando no exercício da função administrativa, embora de forma
atípica em cada um desses poderes da República.
Por outro lado, merece algumas palavras a diferença entre ato político e ato administrativo.
Ato político ou de governo remete à pratica de atos por órgãos ou agentes que possuem competência
diretamente fixada no texto Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou seja, está
sujeito ao regime jurídico-constitucional.
Como exemplos, temos as prerrogativas do Presidente da República e, por simetria constitucional, as dos
Governadores e Prefeitos, tais como a iniciativa privativa para a produção de algumas leis e a participação no
processo legislativo, com o poder de sanção ou veto.
Portanto, não se confundem ato administrativo e ato político, já que este é praticado por integrantes do
Governo (cúpula da Administração Pública), regido diretamente pelo regime jurídico- constitucional,
enquanto aquele é praticado pelo agente público ou delegatário da Administração Pública no exercício da
função administrativa em concreto.

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CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Belo Horizonte, aplicado pela banca CESPE
em 2017, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “O ato que
decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de competência
do presidente da República”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque se trata de ato político


previsto no art. 84, inciso IX, da CRFB. Atos políticos ou de governo são aqueles que
remetem à pratica de atos por órgãos ou agentes que possuem competência diretamente
fixada no texto Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou
seja, estão sujeitos ao regime jurídico-constitucional, não se enquadrando como atos
administrativos.

3.3. ATO DA ADMINISTRAÇÃO E ATO ADMINISTRATIVO

Ato da administração é o conjunto amplo de todos os atos praticados pela Administração Pública no exercício
da atividade administrativa, incluindo não só aqueles que se revestem de prerrogativas públicas, ou seja,
podem incluir, entre outros, os atos regidos predominantemente pelo Direito Privado.
Lembre-se aqui da teoria do professor Renato Alessi ao diferenciar interesse público primário e interesse
público secundário.
Os atos meramente patrimoniais do Estado, seja da Administração Direta ou da Indireta, não se revestem,
em regra, da finalidade de tutelar o interesse público primário, mas sim o secundário. De todo modo, os atos
da Administração Pública assim praticados são atos da administração, mas não necessariamente atos
administrativos.
Assim, ato da administração é bem mais amplo do que a ato administrativo, já que este inclui apenas os atos
praticados no exercício da função administrativa em concreto, enquanto aquele engloba inúmeros outros.
A professora Maria Sylvia17 apresenta as seguintes espécies de atos como integrantes do gênero ato da
administração:

17
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 231 e 232.
17

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atos de direito privado


(Ex.: doação, permuta, compra e venda, locação)

atos materiais da Administração que não contêm manifestação de vontade,


mas que envolva apenas execução
(Ex.: demolição, apreensão de mercadoria, realização de um serviços)

atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que não expressam vontade e


não podem produzir efeitos jurídicos imediatos
(Ex.: atestado, certidões, pareceres, votos)

Ato DA
atos políticos
Administração

contratos

atos normativos
(Ex.: decretos, portarias, resoluções, regimentos, de feitos gerais e abstratos)

atos administrativos propriamente ditos

Há divergência doutrinária nessa estruturação realizada pela professora Maria Sylvia, sobretudo em função
de diferenciar os atos administrativos propriamente ditos dos atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor,
bem como os atos normativos.
Como já repisei ao longo do curso, a taxinomia (classificações) realizada pelos autores é muito particular, não
havendo na maioria das vezes um alinhamento entre eles.
A própria professora Maria Sylvia18 adverte que dependendo do critério mais ou menos amplo que se utilize
para conceituar ato administrativo, nele se pode incluir ou não algumas categorias anteriormente citadas.
Veremos ainda na aula de hoje algumas das classificações dos atos administrativos, com o detalhamento e
as diferenciações relevantes.

18
Direito Administrativo, 30ª edição, p 232.
18

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3.4. SILÊNCIO ADMINISTRATIVO OU O NÃO ATO

Há divergência na doutrina já quanto à denominação a ser dada ao fato de a administração se manter inerte
quando há o dever de praticar uma ação.
José dos Santos Carvalho Filho19utiliza a denominação silêncio administrativo. Marçal Justen Filho20 e Maria
Sylvia Zanella Di Pietro21 utilizam a denominação o silêncio da Administração Pública. Já Hely Lopes Meirelles
denomina de omissão da Administração22. Por sua vez, Odete Medauar23 alude ao não ato.
Também há debates na doutrina se o silêncio administrativo pode caracterizar ou não manifestação da
vontade da Administração Pública.
Lembre-se que no Direito Privado, conforme prevê o art. 111 do Código Civil, o silêncio, em regra, importa
em anuência. Veja:

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o


autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

No Direito Público, entretanto, a regra não pode ser que o silêncio importe em consentimento, por afrontar
a indisponibilidade do interesse público.
De todo modo, o silêncio, caracterizador de omissão da Administração Pública, após transcorrido certo lapso
temporal, poderá, inevitavelmente, acarretar em consequências jurídicas prejudiciais ou beneficiadoras ao
administrado.
Para a professora Maria Sylvia24 o silêncio pode acarretar sim em manifestação da vontade da Administração,
sobretudo quando a lei fixa que o silêncio significará concordância ou discordância. Veja:

19
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 107.
20
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 225.
21
Direito Administrativo, 30ª edição, p 249.
22
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 124.
23
Direito Administrativo Moderno, 8ª edição, p 177.
24
Direito Administrativo, 30ª edição, p 249.
19

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Até mesmo o silêncio pode significar forma de manifestação da vontade, quando a lei
assim o prevê; normalmente ocorre quando a lei fixar um prazo, findo o qual o silêncio
da Administração significa concordância ou discordância

De outro lado, o professor José dos Santos Carvalho Filho adota a posição de que o silêncio administrativo
não é manifestação formal de vontade, mas que configura fato jurídico administrativo, acarretando, por
conseguinte, a produção de efeitos jurídicos:

Urge anotar, desde logo, que o silêncio não revela a prática de ato administrativo, eis
que inexiste manifestação formal da vontade; não há, pois, qualquer declaração do
agente sobre sua conduta. Ocorre, isto sim, um fato jurídico administrativo, que, por
isso mesmo, há de produzir efeitos na ordem jurídica.

Também o professor Celso Antônio Bandeira de Mello25 é categórico ao afirmar que o silêncio não é ato
jurídico e sim fato jurídico. Veja:

Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato
administrativo. Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois,
silenciou, não declarou nada e, por isto, não praticou ato administrativo algum. Tal
omissão é um “fato jurídico” e, in casu, um “fato jurídico administrativo”. Nada importa
que a lei haja atribuído determinado efeito ao silêncio: o de conceder ou negar. Este
efeito resultará do fato da omissão, como imputação legal, e não de algum presumido
ato, razão porque é de rejeitar a posição dos que consideram ter aí existido um “ato
tácito”.

Raimundo Márcio Ribeiro Lima26 considera silêncio administrativo como espécie de inatividade
administrativa em sentido amplo, aquele decorrente da inatividade formal da Administração Pública, quer

25
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 365.
26
Em seu, no mínimo, excelente trabalho “O Silêncio Administrativo: A Inatividade Formal do Estado como uma
Refinada forma de Ilegalidade”. Disponível em: www.agu.gov.br/page/download/index/id/9200684.
20

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dizer, por conta da inobservância de um dever legal de prestar/controlar/regulamentar, classificando-o da


seguinte forma:

Próprio

Silêncio Positivo ou Negativo Condicionado

Silêncio Interno Implícito


Silêncio
Administrativo
Silêncio Externo

Silêncio Inominado

 o silêncio administrativo positivo decorre da lei e prevê efeitos favoráveis ao administrado em face
da inércia da Administração Pública, quando esta não se manifesta durante o prazo legal ou,
inexistindo prazo legal, quando extrapola um prazo razoável para manifestação;

 o silêncio administrativo positivo próprio ocorre quando a lei prevê expressamente os efeitos
positivos da inércia da Administração para o administrado, independentemente de qualquer ação
adicional deste;

 o silêncio administrativo positivo condicionado ocorre quando a lei prevê a possibilidade de


efeitos positivos ao administrado, mas estabelece requisitos adicionais a serem observados para a
fruição da pretensão;

 o silêncio administrativo positivo implícito ocorre quando a lei não fixa expressamente os efeitos
da inércia da Administração, mas do contexto se pode concluir que se ela ocorrer haverá um
benefício ao administrado;

 o silêncio administrativo negativo decorre da lei e prevê efeitos desfavoráveis ao administrado em


face da inércia da Administração Pública;
21

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 o silêncio administrativo negativo próprio ocorre quando a lei prevê expressamente os efeitos
negativos da inércia da Administração para o administrado, independentemente de qualquer ação
adicional deste;

 o silêncio administrativo negativo condicionado ocorre quando a lei prevê a possibilidade de


efeitos negativos ao administrado, mas estabelece requisitos adicionais a serem observados para
a fruição da pretensão;

 o silêncio administrativo negativo implícito ocorre quando a lei não fixa expressamente os efeitos
da inércia da Administração, mas do contexto se pode concluir que se ela ocorrer haverá um
prejuízo ao administrado;

 o silêncio interno ocorre quando não houver interesse de administrado envolvido, mas apenas de
agentes públicos;

 o silêncio externo ocorre quando há interesse de administrado envolvido;

 o silêncio inominado ocorre quando a lei não prevê efeitos positivos ou negativos, mas há um
dever formal de decidir/controlar/regulamentar.

No que tange ao que se considerar como prazo razoável para manifestação por parte da Administração, o
professor Celso Antônio Bandeira de Mello27 crava que, exceto para situações urgentes nas quais seja
necessário prazo mais expedito, 120 dias a partir do pedido seria o prazo limite, em analogia ao prazo para
impetração do Mandado de Segurança.

De fato, o art. 23 da Lei nº 12.016, de 2009, fixa o prazo de 120 dias para se requer o Mandado de Segurança.

27
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 365.
22

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Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.

Contudo, em que pese o importante posicionamento do ilustre professor, cabe ao Poder Judiciário, ante ao
caso concreto, avaliar a razoabilidade ou não do lapso temporal sem manifestação da Administração.

3.5. SILÊNCIO ELOQUENTE

A teoria do silêncio eloquente tem origem no Direito Alemão, cunhada na expressão “beredtes Schweigen”,
e traduz a ideia de se expressar sem dizer.
Já os julgados do RE 130552 e do RE 135637 no STF, de relatoria do Ministro Moreira Alves, no ano de 1991,
alude ao silêncio eloquente para diferenciá-lo de lacuna e omissão.
A lacuna ocorre quando não há disciplina sobre determinado tema, autorizando, em alguns casos, a aplicação
da analogia.
Por seu turno, a omissão ocorre quando há um dever de agir e este não é realizado.
De outro lado, no silêncio eloquente há uma manifestação no não dizer.

Silêncio Eloquente Omissão Lacuna

ausência de disciplina sobre


Há uma manifestação no não Não houve uma ação para um
determinado tema que pode
dizer dever pré-existente
autorizar a analogia

Como vimos, no Direito Privado prevalece a regra prevista no art. 111 do Código Civil de que o silêncio, em
regra, importa em anuência.
Já no Direito Público é diferente, ainda mais no plano constitucional.

23

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Nessa linha discorre o professor Hélio Silvio Ourem Campos28:

A tese é a seguinte: se a lei não disse, é porque não quis dizer. Ainda mais em se
tratando de direito público, como é o caso do Constitucional. Exige-se um mínimo de
segurança jurídica, de modo que não se atribua às autoridades públicas a faculdade de
fazer algo que a lei não comanda. Se não há o comando constitucional (...), isto não
significa uma omissão ou uma inadvertência do legislador constituinte. Não disse,
porque não quis dizer. Não se trata de uma lacuna, mas de um silêncio eloqüente.

Portanto a regra é a incompatibilidade da teoria do silêncio eloquente com o Direito Público, dentre o qual o
Direito Administrativo, sobretudo pela incompatibilidade com a motivação dos atos administrativos.

Veja a jurisprudência nesse sentido:

Administrativo - Silêncio da Administração - Prazo Prescricional. ATeoria do Silêncio


Eloquente éincompativel com o imperativo de motivação dos atos administrativos. Somente
a manifestação expressa da Administração pode marcar o inicio do prazo prescricional (REsp
16284/PR, julgado em 16 de dezembro de 1991, Ministro Humberto Gomes de Barros).

28
As Lacunas e o Silêncio eloquente. Disponível em:
http://www.justocantins.com.br/files/publicacao/20120831174246_as_lacunas_e_o_silencio_eloquente.pdf

24

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3.6. PLANOS DE EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA

Já Pontes de Miranda, em seu Tratado de Direito Privado29, aludiu aos planos de existência, de validade e de
eficácia ao discorrer que:

Ser fato jurídico é existir no mundo jurídico. Juridicizar-se é começar a existir


juridicamente; isto é, dentro desse mundo. Dentro dele, há o plano da existência, o
plano da validade e o plano da eficácia.

Quanto ao ato administrativo, a sua existência exige a presença de todos os pressupostos necessários para
o seu surgimento. Sem qualquer dos pressupostos, o ato não existe.
Ou seja, a existência dos atos administrativos está relacionada à presença de todos os elementos, ainda que
haja deficiência em um ou mais deles.
Já a validade do ato administrativo, que só poderá ser avaliado se superada a análise quanto a sua existência,
está intimamente ligada não só à presença de todos os requisitos necessários previstos em lei, mas com a
conformidade desses requisitos com a lei.
Daí decorre que, existindo, o ato jurídico pode ser válido ou inválido.
Por sua vez, a eficácia está relacionada à presença dos fatores necessários para a sua produção de efeitos
jurídicos.
Para Marçal Justen Filho30, a validade tem natureza estática, enquanto a eficácia é um fenômeno dinâmico.
Frise-se que para o professor José dos Santos Carvalho Filho31 ainda há a possibilidade de se avaliar os efeitos
dos atos quanto à sua exequibilidade, ou seja, a efetiva disponibilidade que tem a Administração de dar
operatividade ao ato ou, em outras palavras, executá-lo em sua inteireza.
Em resumo, o ato jurídico pode ser existente ou inexistente. Os existentes podem ser válidos ou inválidos.
Que por sua vez podem ser eficazes ou ineficazes.

29
Apud Marçal Justen Filho, Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 231. Vide também Antônio Junqueira de
Azevedo, Negócio Jurídico: Existência, Validade e Eficácia, 1ª edição, p 23.
30
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, pp 231 e 232.
31
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 133.

25

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Além disso, há a possibilidade excepcionalíssima de o ato jurídico não existir e ser eficaz. É o caso, por
exemplo, da aplicação da teoria do fato consumado por aquele que exerceu a função de fato de agente
público (Teoria da Aparência, pela qual o particular de boa-fé tem fundada suposição de que o agente de
fato, também denominado agente putativo, é regularmente investido no direito32). Neste caso, o ato
administrativo de nomeação inexistiu e efeitos jurídicos decorreram do agente de fato (ainda que restritos
e limitados).
Para Marçal Justen Filho33 os atos jurídicos inexistentes e os atos jurídicos inválidos podem ser dotados de
eficácia. Nas palavras do ilustre professor:

Os atos jurídicos inexistentes e os atos jurídicos inválidos podem ser dotados de alguma
eficácia. Portanto, a existência e a validade não são requisitos para alguma eficácia.

Essa advertência é indispensável para afastar uma concepção muito difundida, no


sentido de que o ato nulo não produz efeitos jurídicos. Essa concepção muito difundida,
no sentido de que o ato nulo não produz efeitos jurídicos. Essa asserção é incorreta.
Aliás, e tal como já referido, mesmo os atos ilícitos produzem efeitos jurídicos. Nessas
diversas hipóteses, a peculiaridade reside em que os efeitos jurídicos dos atos ilícitos e
inválidos são, usualmente, limitados e restritos.

Eficaz
Válido
Inefiz
Existente
Eficaz
Ato Inválido
Administrativo Ineficaz

Inexistente - Eficaz

32
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 634.
33
Curso de Direito Administrativo, 12ª edição, p 233.
26

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CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Belo Horizonte, aplicado pela banca CESPE
em 2017, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “O ato que
decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de competência
do presidente da República”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque se trata de ato político


previsto no art. 84, inciso IX, da CRFB. Atos políticos ou de governo são aqueles que
remetem à pratica de atos por órgãos ou agentes que possuem competência diretamente
fixada no texto Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou
seja, estão sujeitos ao regime jurídico-constitucional, não se enquadrando como atos
administrativos.

27

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4. ELEMENTOS, REQUISITOS DE VALIDADE OU ASPECTOSDO


ATO ADMINISTRATIVO

A Lei nº 4.717, de 196534, que disciplina a ação popular, a partir do teor de seu art. 2º, inspirou alguns dos
doutrinadores administrativistas a adotarem os 5 elementos, requisitos de validade ou aspectos para os atos
administrativos.
Esses 5 “elementos” dos atos administrativos são:

Competência
(Quem?)

Finalidade
(Para quê?)

Forma
(Por qual meio?)

Motivo
(Qual a causa ou fundamento?)

Objeto
(Com qual conteúdo?)

Importante esclarecer que, por exemplo, a obra do professor Hely Lopes Meirelles denomina esses
componentes do ato administrativo de requisitos, posto que necessários à formação do ato e por
constituírem a infraestrutura do ato administrativo35.

34
Art. 2º: São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a)
incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade.
35
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 175.

28

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Por outro lado, a professora Maria Sylvia36 adota a nomenclatura de elementos, em que pese preferir utilizar
a expressão “sujeito” em vez de “competência”.
Além disso, noticia a ilustre professora que José Cretella Júnior utiliza, por influencia italiana, em vez de
“elementos” ou “requisitos”, a denominação “anatomia do ato administrativo”:

Há um autor italiano, Humberto Fragola, que escrevendo sobre “Gli atti amministrativi”,
fala, por analogia com as ciências médicas, em anatomia do ato administrativo, para
indicar os elementos que o compõem; com isso ele pretende examinar os vícios que
esses elementos possam apresentar sob o título de patologia dos atos administrativos.

Cretella Júnior adota essa terminologia e define a anatomia do ato administrativo como
“o conjunto dos cinco elementos básicos constitutivos da manifestação da vontade da
Administração, ou seja, o agente, o objeto, a forma, o motivo e o fim.

Cite-se ainda que o professor José dos Santos Carvalho Filho37, em que pese adotar a denominação elementos
do ato administrativo, critica tanto esta nomenclatura quanto requisito de validade:

Reina grande controvérsia sobre a nomenclatura a ser adotada em relação aos aspectos
do ato que, se ausentes, provocam a sua invalidação. Alguns autores empregam o
termo “elementos”, ao passo que outros preferem a expressão “requisitos de
validade”. Na verdade, nem aquele termo nem esta expressão nos parecem
satisfatórios. “Elemento” significa algo que integra uma determinada estrutura, ou seja,
faz parte do ser e se apresenta como pressuposto de existência. “Requisito de
validade”, ao revés, anuncia a exigência de pressupostos de validade, o que só ocorre
depois de verificada a existência. Ocorre que, entre os cinco clássicos pressupostos de
validade do ato administrativo, alguns se qualificam como elementos (v.g., a forma), ao
passo que outros têm a natureza efetiva de requisitos de validade (v.g., a competência).
Adotamos o termo “elementos”, mas deixamos consignada a ressalva acima quanto à
denominação e à efetiva natureza dos componentes do ato.

36
Direito Administrativo, 30ª edição, p 243.
37
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 110.
29

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Por fim, cabe citar aqui que o professor Marçal Justen Filho prefere a nomenclatura aspectos em vez de
elementos ou requisitos de validade. Em suas palavras:

É mais adequado aludir a aspectos do ato administrativo, em vez de elementos. A


palavra “elementos” indica a existência de partes dotadas de autonomia própria. Ora,
o ato administrativo apresenta uma composição indissociável. Assim, por exemplo, o
conteúdo condiciona a competência. Alterado o conteúdo também se altera a
competência e vice-versa.

Por isso, é mais apropriado falar em aspectos do ato administrativo, para deixar claro
que cada ato administrativo apresenta diversas facetas, as quais estão ligadas entre si
de modo indissociável.

Assim, tenha em mente a divergência doutrinária acerca da nomenclatura quanto aos componentes do ato
administrativo.
De todo modo, adotaremos nessa aula, até por ser o termo mais comum nos concursos públicos, a expressão
“elementos”.
Vejamos as principais características de cada um dos elementos ou requisitos de validade ou aspectos do ato
administrativo, adotando-se as denominações utilizadas pela Lei de Ação Popular para os componentes.

4.1. COMPETÊNCIA

É a atribuição dada por lei ao agente que poderá de forma legítima realizar o ato. Ou seja, diferentemente
do Direito Civil que só exige capacidade, no Direito Administrativo deve também o agente ter competência
declinada por lei.
A distribuição e alocação de competências entre os diversos órgãos e agentes públicos se dão pela
multiplicidade de atividades administrativas realizadas pelo Estado.
Assim, as pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública, por possuírem personalidade jurídica, são
titulares de direitos e obrigações.
Dentro da estrutura dessas pessoas jurídicas há os órgãos, para os quais são repartidas as funções da
administração.
Ao final, são os agentes públicos, pessoas físicas, que exercitam em concreto as atividades competenciais a
eles transmitidas.

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Tal qual ocorre com a descentralização e desconcentração administrativa, institutos que abordamos no
estudo do tema Organização da Administração Pública, poderá também haver a necessidade de distribuição
de competência interna ou externamente.
Repartição de competência interna, em analogia à desconcentração da Organização Administrativa, ocorrerá
quando a atribuição de competência deixar de ser centralizada em uma autoridade de grau hierárquico
superior e passar a ser distribuída entre outros agentes integrantes da mesma estrutura organizacional, mas
de nível hierárquico inferior.

Exemplo: em uma estrutura organizacional simplória, poder-se-ia pensar em concentrar


todas as competências administrativas em um Diretor de Departamento ou
Coordenador Setorial. É evidente que, à medida que o órgão passar a exercer uma
multiplicidade de tarefas, essa concentração de competências será perniciosa, já que
acarretará em uma ineficiência na execução das atividades (geração de estoque,
dilatação de prazo etc.). Daí decorrerá a necessidade de, inicialmente, haver uma desconcentração da
competência com a criação de unidades e cargos subordinados a suportar a execução de todas as
atividades em tempo e qualidades razoáveis e condizentes com a necessidade pública.

Atenção: a criação de cargos e unidades administrativas exige lei em sentido estrito, com iniciativa fixada
ao Chefe do Poder Executivo (art. 61, §1º, inciso II, alíneas “a” e “b”, da CRFB38).

Repartição de competência externa, analoga à descentralização da Organização Administrativa, ocorrerá


quando a atribuição de competência deixar de ser de uma autoridade de uma pessoa jurídica e passar a ser
de outro agente integrante de outra estrutura organizacional criada ou já existente (por exemplo da
Administração Indireta).

Exemplo:eventuais competências que deixam de ser do Ministro da Fazenda e passam


a ser do Presidente do Banco Central ou do Presidente da Comissão de Valores
Mobiliários.

38
Art. 61: (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos
das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta
e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços público e pessoal da administração dos Territórios; (...).

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Sobre a necessidade de as competências dos órgãos de menor hierarquia serem originárias ou não na lei, há
algumas posições diferentes.
Para o professor José dos Santos Carvalho Filho39:

Em relação a órgãos de menor hierarquia, pode a competência derivar de normas


expressas de atos administrativos de organização. Nesse caso, serão tais atos editados
por órgãos cuja competência decorre de lei. Em outras palavras, a competência primária
do órgão provém da lei, e a competência de segmentos internos dele, de natureza
secundária, pode receber definição através dos atos de organização.

Sob outra ótica, a professora Maria Sylvia40, ao citar Renato Alessi, discorre que:

É interessante a colocação feita por Renato Alessi, aplicável ao direito brasileiro. Ele
distingue dentro da organização administrativa, dois tipos de órgãos:

a) os que tem individualidade jurídica, pelo fato de que o círculo das atribuições e
competências que os integram é marcado por normas jurídicas propriamente ditas (leis);

b) os que não tem essa individualidade jurídica, uma vez que o círculo de suas
atribuições não está assinalado por normas jurídicas propriamente ditas, mas por
normas administrativas de caráter interno, de tal modo que, sob o ponto de vista
jurídico,tais órgãos são apenas elementos de um conjunto maior

39
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 112.
40
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 244 e 245.
32

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#ficadica

De acordo com o art. 17 da Lei nº 9.784, de 1999, não existindo competência legal específica,
o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico
para decidir.

Cabe apresentar as características decorrentes da competência:

decorre da lei

é irrenunciável

é inderrogável
(não pode ser transferida por acordo entre as partes)

é improrrogável
Características da
Competência: (órgão ou agente incompetente não se torna competente
pelo exercício da atividade, exceto por lei)

pode ser definida em função da matéria, hierarquia, lugar,


tempo ou para fracionamento

pode ser delegada (se não for exclusiva)

pode ser avocada (se não for exclusiva)

No que tange à possibilidade de delegação ou avocação, lembre-se que só podem ser utilizadas com o fim de
melhor atender ao interesse público, seja por razões técnicas, sociais, econômicas, jurídicas ou territoriais.
Nessa linha, o art. 11 da Lei nº 9.784, de 1999, que trata do Processo Administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, estabelece que:

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Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que


foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente
admitidos.

Na avocação, o superior hierárquico assume atribuição que ordinariamente é estabelecida para a função
exercida por um de seus subordinados.
De acordo com a o art. 15 da já citada Lei nº 9.784, de 199941, a avocação deve ser utilizada em caráter
excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, bem como em caráter temporário.
Na delegação, que só pode ocorrer quando não houver impedimento legal, o titular da competência pode
delegar parte de sua competência a outro agente a ele subordinado ou não42.
Ou seja, enquanto na avocação a autoridade atrai a competência, na delegação ela distribui parte de sua
competência, em razão da função administrativa por ela exercida.
Frise-se, contudo, que não são todas as competências que podem ser delegadas.
De acordo com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999, não podem ser delegadas as seguintes competências:

41
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
42
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando
for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.Parágrafo único.
O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
presidentes.

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a edição de atos de caráter normativo

Não podem ser delegadas: a decisão de recursos administrativos

as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade

Ou seja, a Lei nº 9.784, de 1999, indica que, exceto para os casos em que ela expressamente vedou, pode
ocorrer a delegação.
Assim, a possibilidade de delegação seria regra, enquanto a impossibilidade, exceção.
Contudo, ressalte que para o professor José dos Santos Carvalho Filho tanto a delegação quanto a avocação
devem ser excepcionas:

Para evitar distorção no sistema regular dos atos administrativo, é preciso não perder
de vista que tanto a delegação como a avocação devem ser consideradas como figuras
excepcionais, só justificáveis ante os pressupostos que a lei estabelecer. Na verdade, é
inegável reconhecer que ambas subtraem de agentes administrativos funções normais
que lhes foram atribuídas. Por esse motivo, é inválida qualquer delegação ou avocação
que, de alguma forma ou por via oblíqua, objetive a supressão das atribuições do círculo
de competência dos administradores públicos.

CAI NA PROVA
O concurso para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, aplicado por banca própria
em 2017, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A
autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre, em razão de
seu poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque nem sempre é aplicável a


delegação ou a avocação para a prática de atos administrativos. Por exemplo, de acordo
com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999, não podem ser delegadas a edição de atos de
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caráter normativo, a decisão de recursos administrativos e as matérias de competência


exclusiva do órgão ou autoridade. Ademais, de acordo com o art. 15 da aludida lei, a
avocação deve ser utilizada em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente
justificados, bem como em caráter temporário.

CAI NA PROVA
O concurso para Defensor Público do Estado do Paraná, aplicado pela FCC em 2017,
afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A delegação e
avocação se caracterizam pela excepcionalidade e temporariedade, sendo certo que é
proibida avocação nos casos de competência exclusiva”.

Comentários: Correta a assertiva. A banca adotou a posição do professor José dos Santos
Carvalho Filho, constante em sua obra Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 14,
na qual afirma: “Para evitar distorção no sistema regular dos atos administrativos, é preciso
não perder de vista que tanto a delegação como a avocação devem ser consideradas como
figuras excepcionais, só justificáveis ante os pressupostos que a lei estabelecer”. Correta a
assertiva porque nem sempre é aplicável a delegação ou a avocação para a prática de atos
administrativos. Por exemplo, de acordo com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999, não podem
ser delegadas a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos administrativos
e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Ademais, de acordo com
o art. 15 da aludida lei, a avocação deve ser utilizada em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, bem como em caráter temporário.

4.2. FINALIDADE

Todo ato administrativo deve ter por finalidade o interesse público, já que o agente público deve agir para
alcançar o melhor para a coletividade e não para si ou para outrem.

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Para a professora Maria Sylvia43 é possível falar em finalidade do ato administrativo em dois sentidos
diferentes:

Finalidade em sentido amplo

•corresponde ao interesse público

Finalidade em sentido restrito

•resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido expressa ou
implicitamente em lei

Recorde-se que uma das espécies de abuso de poder é a figura do desvio de finalidade, também denominado
desvio de poder.
Esta surge quando a autoridade administrativa realiza ou deixa de realizar um ato para o qual é competente,
mas desvirtuando os fins a que a norma almeja ou mesmo se utilizando de motivos outros que não aqueles
reclamados pelo ato.

Exemplo: quando o Estado desapropria um imóvel de propriedade de desafeto do Chefe


do Executivo com um fim pré-determinado de prejudicá-lo; ou a concessão de vantagens
apenas a servidores protegidos ou apadrinhados; ou a remoção de ofício do servidor
como forma de punição44.

Atenção: o desvio de finalidade macula tanto o princípio da impessoalidade quanto o da moralidade


administrativa.

43
Direito Administrativo, 30ª edição, p 250.
44
Exemplos fornecidos pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, p 125; e pela
professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo, 30ª edição pp 250 e 251.

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O professor José dos Santos Carvalho Filho45 noticia uma aproximação feita entre os elementos competência
e finalidade pelos autores mais modernos de Direito Administrativo, da qual decorreria um elo indissociável
entre esses dois elementos.
Nessa linha, afirma que:

Os autores modernos mostram a existência de um elo indissociável entre a finalidade e


competência, seja vinculado ou discricionário o ato. A finalidade, retratada pelo
interesse público da conduta administrativa, não poderia refugir ao âmbito da
competência que a lei outorgou ao agente. Em outras palavras, significa que, quando a
lei define a competência do agente, a ela já vincula a finalidade a ser perseguida pelo
agente.

Há ainda uma divergência na doutrina quanto ao desvio de finalidade ser objetivo ou subjetivo, ou seja, se
sua ocorrência independe ou não da intenção do agente.
Para a corrente que adota o desvio de finalidade como critério objetivo, é irrelevante a identificação da
intenção do agente, isto é, se realizou o ato por culpa ou dolo.
Já a corrente que adota o desvio de finalidade como critério subjetivo parte da premissa de que nem todo
ato praticado sem atender à finalidade da lei pode ser considerado como abuso de poder, na espécie desvio
de finalidade. Isso porque pode ocorrer por mero erro ou ineficiência do agente.
Portanto, para essa segunda corrente há a necessidade de identificar se houve intenção do agente para a
prática do desvio de finalidade ou, em caso negativo, se a ilegalidade do ato decorreu de mero erro ou
ineficiência.
De todo modo, havendo ou não a intenção, o ato é ilegal. As repercussões e responsabilizações sobre o agente
é que poderão ser diversas.
Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê quando se verifica o desvio de finalidade para a realização
do ato. Veja:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

e) desvio de finalidade;

45
Manual de Direito Administrativo, p 125.
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Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.

4.3. FORMA

É o elemento que fixa o meio pelo qual o ato administrativo será exteriorizado.
Para a professora Maria Sylvia46, é possível falar em finalidade do ato administrativo em dois sentidos
diferentes:

Forma em sentido restrito

•corresponde à exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual o ato se exterioriza


(forma escrita, verbal, por Decreto, Portaria, Resolução etc.)

Forma em sentido amplo

•corresponde não só à exteriorização do ato, mas também todas as formalidades que


devem ser observadas durante o processo de formação de vontade da Administração, e
até os requisitos relativos à publicidade do ato (exteriorização + formalidades dos
procedimentos + publicidade)

O não respeito à forma prescrita em lei acarreta a invalidade do ato administrativo.


Contudo, conforme art. 22 da Lei nº 9.784, de 1999, tem-se que:

46
Direito Administrativo, 30ª edição, p 250.

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Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada


senão quando a lei expressamente a exigir.

§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data
e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável.

§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando


houver dúvida de autenticidade.

§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita pelo órgão


administrativo.

§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas seqüencialmente e rubricadas.

Portanto, os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir.
De todo modo, exige a aludida lei que os atos do processo sejam realizados por escrito, em língua portuguesa
(vernáculo), com aposição da data e local de onde foi realizado o ato, bem como assinatura da autoridade
competente.

#ficadica

Há inúmeras situações especiais em que o ato administrativo é externalizado por meios


diversos, tais como: por meio sonoro (guarda de trânsito), por meio de sinalização (placas de
trânsito; placas em repartições públicas), por meio verbal (autoridade pública no exercício do
poder de polícia) e por meio de sinais luminosos (semáforos de trânsito).

Cabe dizer também que o Decreto nº 9.094, de 2017, previu em seu art. 9º que, exceto se existir dúvida
fundada quanto à autenticidade ou previsão legal, ficam dispensados o reconhecimento de firma e a
autenticação de cópia dos documentos expedidos no País e destinados a fazer prova junto a órgãos e
entidades do Poder Executivo federal.
Interessante também ressaltar o fato de que, havendo necessidade, o próprio servidor pode autenticar a
cópia de documentos apresentados na repartição.
Nessa linha, é o §1º do artigo 10 do Decreto nº 9.094, de 2017:

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§ 1º A autenticação de cópia de documentos poderá ser feita, por meio de cotejo da


cópia com o documento original, pelo servidor público a quem o documento deva ser
apresentado.

#ficadica

Princípio da Solenidade: em contraposição ao princípio de liberdade das formas que


prevalece no Direito Privado, o professor José dos Santos Carvalho Filho alude ao princípio da
solenidade das formas no Direito Público.
Importante ressaltar que, em geral, a doutrina diferencia ato solene de ato formal. Nessa
linha, Silvo de Salvo Venosa e Flávio Tartuce. Em sentido contrário, ou seja, em que se trata
forma e solenidade como sinônimos, está a professora Maria Helena Diniz47.
Frise-se que solenidade remete a um cerimonial previsto em lei, ou seja, a um rito adicional à mera
formalização do ato.

Cabe dizer que, em respeito ao paralelismo das formas, a mesma forma utilizada para a produção do ato
deve ser aquela utilizada para sua modificação ou revogação.
Além disso, frise-se que a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê o que consiste em vício de forma na realização
do ato administrativo. Veja:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

b) vício de forma;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

47
Fábio Tartuce, Direito Civil 3, Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie, p 35. Cita a posição de Silvio
Salvo Venosa, Direito Civil, 2003, p 415; e da Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil, 2005, p 99.

41

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b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de


formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;

4.4. MOTIVO

O motivo, também denominado causa, é a situação de fato ou de direito que determina ou autoriza a
realização do ato administrativo48.
Situação fática ou pressuposto fático é o conjunto de realizações materiais que conduzem a Administração a
praticar o ato.
Por seu turno, situação ou pressuposto de direito é o fundamento previsto em lei para a realização do ato
administrativo.
Quando o motivo vier expresso em lei, denomina-se o ato como vinculado. Já quando a lei deixa certa
margem de escolha ao administrador público, o ato será discricionário.

4.4.1. Motivo e Motivação

Não se pode confundir motivo e motivação.


Em que pese haver proximidade e, inadvertidamente, a sua utilização como sinonímia, são institutos
diferentes do Direito Administrativo.
Segundo a professora Maria Sylvia49:

Motivo: é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo.

Motivação: é a exposição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de
fato realmente existiram.

48
Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 177.
49
Direito Administrativo, 30ª edição, p 251.
42

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Ou seja, a motivação é a descrição, que integra as formalidades do próprio ato administrativo, para
comprovar a ocorrência do motivo.

Exemplos de motivação: são os pareceres, os laudos, os relatórios e os considerandos do


ato administrativo presentes para a comprovação da presença do motivo. Em uma
aplicação de sanção administrativa, o motivo é a infração cometida pelo agente público,
já a motivação é formada pelo conjunto de elementos formais constantes nos autos que
comprovam a ocorrência da infração50.

Portanto, ressalte-se que o motivo “É” o pressuposto, já a motivação é a indicação que comprova a presença
do motivo.
A motivação integra a própria formalidade do ato administrativo, diferentemente do motivo que é
autônomo e um dos elementos do ato.
O art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, alçou a princípio a motivação ao prever que:

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os


critérios de:

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão

Ademais, o próprio art. 50 da Lei nº 9.784, de 1999, elenca os casos em que a motivação é obrigatória:

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

50
Exemplos fornecidos pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito Administrativo, 30ª edição, p 251.
43

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IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de


pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Enfatize-se que a exteriorização do motivo deve ser explícita, clara e congruente, podendo constar no próprio
ato, sendo denominada contextual, ou ser uma motivação aliunde ou per relationem, que é aquela em que
se declara concordância com fundamentos anteriores de pareceres, informações, decisões ou propostas, que
passam a ser considerados parte integrante do ato51.

51
Conforme art. 50, §1º, da Lei nº 9.784, de 1999. Posição também do professor José dos Santos Carvalho Filho.
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 122.

44

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Motivo Motivação

princípio pevisto no art. 2º, inciso


VII, da Lei nº 9.784, de 1999, e
elemento do ato administrativo
integrante da forma do ato
administrativo
é a indicação do motivo, ou seja, é
é o pressuposto de fato e de
a demonstratração formal de que o
direito que fundamenta o ato
pressuposto de fato e de direito
administrativo
ocorreu

ausência de motivo invalida o ato em que pese alguma divergência


doutrinária, a lei pode ou não
(o motivo é obrigatório) exigir a motivação*

indicação da existência de o
Por quê?
porquê o ato foi praticado

No que tange à divergência doutrinária acerca da obrigatoriedade da motivação, há quatro posições 52:

 os que consideram ser a motivação necessária apenas nos atos vinculados, de modo a demonstrar,
por escrito, que o motivo previsto em lei foi atendido;

 os que consideram ser a motivação obrigatória apenas nos atos discricionários, já que nesses só
haverá controle da legitimidade do ato se houver a indicação dos fatos que o motivaram;

 os que consideram ser a motivação, em regra, necessária tanto para ato vinculado quanto para
discricionário por permitir a verificação da legalidade do ato;

 os que consideram ser a motivação não obrigatória, em regra, por não haver fundamento
constitucional, mas que poderá passar a ser obrigatória se a lei assim o exigir53.

52
Correntes discorridas pela professora Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 251.
53
Posição do professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 120.
45

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De todo modo, como bem ensina o professor José dos Santos Carvalho Filho, não é lícita ao administrador
público a utilização de fundamentos genéricos e indefinidos para indicar o motivo do ato administrativo.

Por outro lado, não é lícito ao administrador adotar, à guisa de motivo do ato,
fundamentos genéricos e indefinidos, como, por exemplo, o ‘interesse público”,
“critério administrativo’, e outros do gênero. Semelhantes justificativas demonstram
usualmente o intuito de escamotear as verdadeiras razões do ato, com objetivo de
eximi-lo do controle de legalidade pela Administração ou pela via judicial. A
dissimulação dos fundamentos não é o mesmo que praticar o ato por razões de
conveniência e oportunidade, fatores próprios dos atos discricionários. Em casos como
aquele, portanto, o ato sujeita-se à invalidação por vício no motivo, restaurando-se, em
consequência, a legalidade ofendida pela manifestação volitiva do administrador.

Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, exigiu adequação entre o motivo e o resultado obtido. Veja:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

d) inexistência dos motivos;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que


se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido;

CAI NA PROVA
O concurso para Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aplicado
pela VUNESP em 2017, apresentou a seguinte questão:

46

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“O motivo do ato administrativo pode ser conceituado como:

a) a normatividade jurídica que irá incidir sobre determinada situação de fato que lhe é
antecedente.

b) a ocorrência no mundo fenomênico de certo pressuposto fático, relevante para o direito,


que vai postular ou possibilitar a edição do ato administrativo.

c) a explicitação dos fundamentos de fato e de direito que levaram à edição do ato


administrativo e sem a qual o ato é nulo.

d) o móvel ou intenção do agente ou, em outros termos, a representação psicológica que


levou o administrador a agir, e que tem especial importância no plano dos atos
discricionários”.

Resposta: alternativa “b”. Correta a alternativa “b” porque o motivo é o pressuposto de


fato e de direito que fundamenta o ato administrativo. Incorreta a alternativa “a” porque
para a norma incidir o fato deve ser posterior à sua produção. Ademais, o motivo é
concreto, um fato ocorrido na vida social (mundo fenomênico para Immanuel Kant).
Incorreta a alternativa “c” porque apresenta a definição de motivação, que é a explicitação
do motivo. Ademais, há divergência doutrinária se a ausência de motivação torna o ato
nulo. Incorreta a alternativa “d” porque a valoração subjetiva representada pela intenção
do agente não se inclui entre os elementos do ato administrativo. Pela teoria do órgão, os
atos do agente público são imputados à Administração.

4.4.2. Teoria dos Motivos Determinantes

A Teoria dos Motivos Determinantes foi desenvolvida na França e sistematizada por Gaston Jèze.
Nas palavras de Gaston Jèze54:

54
Apud Meirelles, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 42ª edição. p. 110.
47

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“para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas
por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos
recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico,
devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar.
O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato, bastará
para torná-lo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presume-se não ter
sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse
público da esfera de sua competência funcional”.

Essa teoria foi acolhida no Brasil para fixar que o fundamento exteriorizado para a tomada de decisão ou para
a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato administrativo vinculado ou mesmo
discricionário.
Portanto, existindo a exteriorização do motivo como o determinante a justificar a realização do ato
administrativo, caso fique comprovado não ter este ocorrido ou não representar a realidade, o ato será ilegal.
E mais, sendo ilegal, poderá haver controle do Poder Judiciário sobre o ato administrativo.
Nesta linha são as palavras de André Laubadère55:

O ato administrativo pode ser ilegal porque os motivos alegados pelo autor não
existiram, na realidade, ou não têm o caráter jurídico que o autor lhes emprestou; é a
ilegalidade por inexistência material ou jurídica dos motivos (considerada, ainda, erro
de fato ou de direito).

Exemplo: se um servidor requer suas férias para determinado mês, pode o chefe da
repartição indeferi-las sem deixar expresso no ato o motivo; se, todavia, indefere o
pedido sob a alegação de que há falta de pessoal na repartição, e o interessado prova
que, ao contrário, há excesso, o ato estará viciado no motivo. Vale dizer: terá havido
incompatibilidade entre o motivo expresso no ato e a realidade fática; esta não se coadune com o motivo
determinante56.

55
Apud Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 123.
56
Exemplo fornecido pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p
123.
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CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Estado de Pernambuco, aplicado pelo CESPE em 2018,
afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “Por serem os
ocupantes de cargo em comissão demissíveis ad nutum, é sempre inviável a anulação do
ato de exoneração de ocupante de cargo em comissão com fundamento na teoria dos
motivos determinantes”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque se o administrador público


externar o motivo pelo qual praticou a exoneração, o ato administrativo estará vinculado a
este motivo (Teoria dos Motivos Determinantes). Demonstrado, portanto, sua
incompatibilidade com a realidade, haverá uma ilegalidade. Logo, passível de controle
pelo Poder Judiciário.

4.5. OBJETO

O objeto, a que alguns autores também denominam conteúdo57, é o efeito jurídico imediato que se busca
atingir com o ato administrativo.
Para Hely Lopes Meirelles:

Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modificação ou comprovação de


situações jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou atividades sujeitas à ação do
Poder Público. Nesse sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do ato, através do

57
A professora Maria Sylvia cita que o professor Régis Fernandes de Oliveira faz diferenciação entre objeto e
conteúdo. Portanto, não é pacífica a utilização do termo objeto e/ou conteúdo. Direito Administrativo, 30ª edição, p
247.

49

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qual a Administração manifesta seu poder e sua vontade, ou atesta simplesmente


situações pré-existentes.

Já para o professor José dos Santos Carvalho Filho, o objeto do ato administrativo pode ser uma aquisição,
um resguardo, uma transferência, uma modificação, uma extinção ou uma declaração de direitos, conforme
o fim a que a vontade se preordenar58.

Exemplos de objeto do ato administrativo: na licença para construção, o objeto é


permitir que o interessado possa edificar de forma legítima; na multa, o objeto é punir o
transgressor de norma administrativa; na nomeação, o objeto é admitir o indivíduo no
serviço público59.

Para a professora Maria Sylvia60, o objeto deve ser:

lícito (conforme à lei)

possível (realizável no mundo dos fatos e do direito)

O objeto deve ser:


certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo e
ao lugar)

moral (em consonância com os padrões comuns de


comportamento, aceitos como corretos, justos, éticos)

Além disso, o objeto do ato jurídico pode ser:

58
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 114.
59
Exemplo fornecido pelo professor José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p
114.
60
Direito Administrativo, 30ª edição, p 247.
50

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1) natural - quando seus efeitos decorrem da própria natureza do ato, como previsto na lei;

2) acidental - quando há cláusulas acessórias que alteram os efeitos naturais do ato, podendo ser dos
seguintes tipos:

2.1) termo: indicação do momento a partir do qual o ato passa a ser eficaz ou quando deixa de sê-lo;

2.2) modo ou encargo: quando se fixa um ônus ao destinatário do ato;

2.3) condição: quando há fixação de que a eficácia do ato depende de evento futuro e incerto, podendo
ser:

2.3.1) suspensiva: quando a eficácia do ato fica pendente até que ocorra o evento futuro e incerto; e

2.3.2) resolutiva: quando o ato tem eficácia desde sua edição, mas cessa com a ocorrência do evento
futuro e incerto.

Cabe apontar também a diferença entre os elementos finalidade e objeto do ato administrativo.
O objeto representa o fim imediato do ato, isto é, o resultado prático a ser alcançado pela atuação
administrativa.
Já a finalidade representa o fim mediato, que é atingir ao interesse da coletividade.
Portanto, em que pese variar o objeto, a depender do ato administrativo a ser praticado, a finalidade é
invariável: esta sempre será o interesse público.

Finalidade Objeto

efeito jurídico mediato efeito jurídico imediato

invariável variável a depender do ato


(sempre é o interesse público) administrativo

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Finalizamos aqui o estudo dos elementos dos atos administrativo.


Antes de passarmos ao estudo dos atributos do ato administrativo, contudo, é importante discorrer sobre o
tema do mérito administrativo, já que está relacionado aos elementos motivo e objeto do ato.

4.6. MÉRITO ADMINISTRATIVO

Importante esclarecer que o mérito administrativo não é um dos elementos do ato.


Os elementos, reitere-se, são os seguintes:

Competência
(Quem?)

Finalidade
(Para quê?)

Forma
(Por qual meio?)

Motivo
(Qual a causa ou fundamento?)

Objeto
(Com qual conteúdo?)

Já o mérito administrativo é a capacidade de que por vezes a lei dota a Administração Pública de decidir ou
avaliar a conveniência e a oportunidade para a produção do ato administrativo.
O mérito administrativo está intimamente relacionado aos elementos motivo e objeto.
Isso porque o mérito administrativo se sobressai nos atos discricionários da Administração Pública que, como
já estudamos no nosso curso, despontam quando a lei concede alguma margem de avaliação ao
administrador público para a prática do ato.
Frise-se que essa discricionariedade se limita aos elementos motivo e objeto do ato administrativo.
Ou seja, mesmo nos atos discricionários, os elementos competência, forma e finalidade serão fixados por lei.

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Desse modo, o mérito administrativo ou, em outras palavras, as margens de discricionariedade ao qual o
administrador público pode avaliar conveniência e oportunidade para a prática, o momento ou a intensidade
do ato, limitam-se aos elementos motivo e objeto.
Portanto, nos atos vinculados, isto é, naqueles em que a lei fixa os 5 elementos do ato administrativo, não há
que se falar em mérito administrativo. Este pressupõe discricionariedade, na medida em que a lei estabeleça.
Importante ressaltar desde já que mesmo o mérito administrativo é apreciável pelo Poder Judiciário quando
presente ilegalidade.
Resume bem o objeto deste tópico o seguinte texto do professor Hely Lopes Meirelles61:

O que convém reter é que o mérito administrativo tem sentido próprio e diverso do
mérito processual e só abrange os elementos não vinculados do ato da Administração,
ou seja, aqueles que admitem uma valoração da eficiência, oportunidade, conveniência
e justiça. No mais, ainda que se trate de poder discricionário da Administração, o ato
pode ser revisto e anulado pelo Judiciário, desde que, sob o rótulo de mérito
administrativo, se aninhe qualquer ilegalidade resultante de abuso ou desvio de poder.

Fique atento com o fato de que não cabe ao Poder Judiciário anular ato político praticado pela Administração
Pública sob o argumento de que não se seguiu determinada metodologia técnica.
É a chamada doutrina Chenery ou Chenery doctrine.

4.6.1. Doutrina Chenery

A doutrina norte-americana denominada Chenery doctrine originou-se de um julgamento da Suprema Corte


dos Estados Unidos datado de fevereiro de 1943, no caso conhecido como Securities and Exchange Comission
– SEC versus CheneryCorp62.
Desse julgado decorreu a conclusão de que não cabe ao Poder Judiciário afastar ato praticado pela
Administração Pública com base em escolha política sob o argumento de que não se seguiu determinada
metodologia técnica.

61
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 180.
62
https://supreme.justia.com/cases/federal/us/318/80/
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Ou seja, as escolhas políticas dos órgãos governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida
ilegalidade, não podem ser invalidadas pelo Poder Judiciário.

Nessa linha, veja a jurisprudência do STJ:

9. Eventual intento político da medida não poderia ensejar a invalidação dos critérios
tarifários adotados, tout court. Conforme leciona Richard A. Posner, o Poder Judiciário
esbarra na dificuldade de concluir se um ato administrativo cuja motivação alegadamente
política seria concretizado, ou não, caso o órgão público tivesse se valido tão somente de
metodologia técnica. De qualquer forma, essa discussão seria inócua, pois, segundo a doutrina Chenery -
a qual reconheceu o caráter político da atuação da Administração Pública dos Estados Unidos da América -
, as cortes judiciais estão impedidas de adotarem fundamentos diversos daqueles que o Poder Executivo
abraçaria, notadamente nas questões técnicas e complexas, em que os tribunais não têm a expertise para
concluir se os critérios adotados pela Administração são corretos (Economic Analysis of Law. Fifth Edition.
New York: Aspen Law and Business, 1996, p. 671). Portanto, as escolhas políticas dos órgãos
governamentais, desde que não sejam revestidas de reconhecida ilegalidade, não podem ser invalidadas
pelo Poder Judiciário. (AgInt no AgInt na SLS 2240/SP, Ministra Laurita Vaz, julgado em 06/06/2017).

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5. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São os seguintes os atributos dos atos administrativos:

Presunção de Legitimidade e de Veracidade

Autoexecutoriedade
Atributos do Ato
Administrativo:
Tipicidade

Imperatividade

Por atributos dos atos administrativos se quer dizer características próprias que os diferenciam dos atos de
Direito Privado.
Também não há harmonia entre os doutrinadores quanto à citação de quantos e quais são os atributos do
ato administrativo, como noticia a professora Maria Sylvia63:

Não há uniformidade de pensamento entre os doutrinadores na indicação dos atributos


do ato administrativo; alguns falam apenas em executoriedade; outros acrescentam a
presunção de legitimidade; outros desdobram em inúmeros atributos, compreendendo
a imperatividade, a revogabilidade, a tipicidade, a estabilidade, a impugnabilidade, a
executoriedade (que alguns desdobram em executoriedade e exigibilidade).

De todo modo, a presunção de legitimidade e veracidade, a autoexecutoriedade, a tipicidade e a


imperatividade estão entre os citados nos principais manuais e, portanto, merecem atenção.

63
Direito Administrativo, 30ª edição, p 238.
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5.1. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E PRESUNÇÃO DE VERACIDADE

A presunção de legitimidade quer dizer que o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico.
Por sua vez, a presunção de veracidade quer dizer que o conteúdo do ato administrativo é verdadeiro e
dotado de fé pública.
A presunção de legitimidade e a presunção de veracidade são relativas (iuris tantum) e não absolutas (iuris
et iuris), cabendo, portanto, prova em contrário.
A professora Maria Sylvia64 reuniu 5 fundamentos utilizados pelos autores administrativistas a justificar o
atributo da presunção de legitimidade. São eles:

64
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 239 e 240.
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o procedimento e as formalidades que precedem a sua edição, os


quais constituem garantia de observância da lei

o fato de ser uma das formas de expressão da soberania do


Estado, de modo que a autoridade que pratica o ato o faz com o
consentimento de todos

a necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos


administrativos, já que eles têm por fim atender ao interesse
público, predominante sobre o particular

o controle a que se sujeita o ato, quer pela própria Administração,


quer pelos demais Poderes do Estado, sempre com a finalidade de
garantir a legalidade

a sujeição da Administração ao princípio da legalidade, o que faz


presumir que todos os seus atos tenham sido praticados de
conformidade com a lei, já que cabe ao poder público a sua tutela

Além disso, a professora apresenta 3 decorrências da presunção de veracidade:

enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria


Administração ou pelo Judiciário, ele produzirá efeitos da mesma
forma que o ato válido, devendo ser cumprido

o Judiciário não pode apreciar ex officio a validade do ato

inverte o ônus da prova

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A professora Maria Sylvia faz ainda um alerta no sentido de que, para ela, é errado afirmar que a inversão do
ônus da prova decorre da presunção de legitimidade.
Ou seja, a inversão do ônus da prova decorre da presunção de veracidade, porque é neste atributo que se
alude a fatos a exigir prova quanto ao alegado (presunção de legitimidade => conformidade com a lei;
presunção de veracidade => fatos verdadeiros alegados pela Administração).
O professor José dos Santos Carvalho Filho65 diverge desse posicionamento, já que para ele dois efeitos da
presunção de legitimidade são a autoexecutoriedade e a inversão do ônus da prova.

5.2. AUTOEXECUTORIEDADE

Outro atributo dos atos administrativos é a sua autoexecutoriedade, ou seja, o ato administrativo pode ser
executado de ofício e imediatamente pela Administração Pública sem necessidade de autorização do Poder
Judiciário.
Em outras palavras, o ato administrativo é um título executivo extrajudicial a dar concretude à função
administrativa.
Esse atributo garante a celeridade e a eficiência na atuação administrativa para atingir a finalidade pública.

Exemplos66: destruição de bens impróprios ao consumo público e a demolição de obra que apresenta risco
iminente de desabamento.

#ficadica

65
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 127.
66
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 128.
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A autoexecutoriedade não estará necessariamente presente em todos os atos


administrativos, mas apenas naqueles autorizados por lei ou urgentes.

Atenção:excluem-se da autoexecutoriedade eventuais sanções pecuniárias (multas, por


exemplo) aplicadas ao administrado, que só podem ser executadas pela via Judicial.

Havendo a necessidade de impedir a autoexecutoriedade o interessado poderá se socorrer do Poder


Judiciário e requerer medida liminar em ações como Mandado de Segurança (Lei nº 12.016, de 2009), Ação
Civil Pública (Lei nº 7.347, de 1985) ou na Ação Popular (Lei nº 4.717, de 1965).
Conforme já vimos em nosso curso, a professora Maria Sylvia67 cita que alguns autores desdobram a
autoexecutoriedade em:

 exigibilidade: resulta da possibilidade de a Administração tomar decisões executórias que são aquelas
que dispensam a tutela jurisdicional. Com base na exigibilidade, a Administração pode se utilizar de
meios indiretos para exigência do cumprimento da obrigação (Exemplo: condicionar o licenciamento
do veículo ao pagamento das multas de trânsito).

 executoriedade: resulta na faculdade da Administração de realizar diretamente a execução forçada,


utilizando-se inclusive da força pública, caso necessário, para o cumprimento por parte do
administrado da decisão executória anteriormente tomada.

CAI NA PROVA
O concursopara Promotor de Justiça do Estado de Rondônia, aplicado pela banca FMP em
2017, apresentou a seguinte questão: “Dentre as alternativas abaixo, conflagra-se como
exemplo concreto predominante de exigibilidade de ato administrativo.

a) guinchamento de carro parado em local proibido.

b) requisição de bem móvel particular para combater evento danoso da natureza.

67
Direito Administrativo, 30ª edição, p 159.
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c) inutilização de medicamentos vencidos.

d) dispersão de manifestação pública violenta com prática de atos de vandalismo.

e) aplicação de multa e de advertência”

Resposta: correta a alternativa “e”. Correta a alternativa “e” porque o atributo da


autoexecutoriedade dos atos administrativos pode ser desdobrado em exigibilidade e
executoriedade. A exigibilidade resulta da possibilidade de a Administração poder se
utilizar de meios indiretos para o cumprimento da obrigação. Já a executoriedade resulta
da possibilidade de a Administração realizar diretamente a execução forçada se utilizando
inclusive da força pública, caso necessário. As demais alternativas apresentam reflexos
predominantes da executoriedade (meios diretos) e não da exigibilidade (meios indiretos).

5.3. TIPICIDADE

É o atributo do qual se fixa que os atos administrativos devem decorrer de tipos previamente definidos em
lei a serem utilizados para se atingir a determinada finalidade pública.
Deriva do princípio da legalidade e juridicidade.
Ou seja, o ato administrativo deve ter sido previsto anteriormente por lei em sentido amplo, de modo que
seja legítima a sua utilização para alcançar o interesse público.
Assim, segundo a professora Maria Sylvia, este atributo é uma garantia ao administrado no sentido de que
impedirá o administrador público de praticar atos dotados de poder de império e autoexecução
unilateralmente, sem autorização legal.
Havendo lei anterior, o ato deve a ela se conformar, respeitados, inclusive, os eventuais limites de
discricionariedade.

#ficadica

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A tipicidade não existe em atos bilaterais, como os contratos. Isso porque em contrato não
há vontade unilateral, mas a confluência de atos de vontades das partes. No ato
administrativo, por ser unilateral, há o atributo da tipicidade.

5.4. IMPERATIVIDADE

É atributo que decorre do Poder de Império do Estado de, por meio de atos unilaterais, como os atos
administrativos, impor aos particulares o cumprimento de determinada ação ou de impor a eles obrigações
ou restrições.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello68, que cita Renato Alessi, trata-se do “poder extroverso” da
Administração Pública em editar atos que vão além da sua esfera jurídica e atingem a esfera jurídica do
particular, constituindo unilateralmente uma obrigação.
Nas palavras do ilustre professor:

É a qualidade pela qual os atos administrativos se impõem a terceiros,


independentemente de sua concordância. Decorre do que Renato Alessi chama de
“poder extroverso”, que permite ao Poder Público editar provimentos que vão além da
esfera jurídica do sujeito emitente, ou seja, que interferem na esfera jurídica de outras
pessoas, constituindo-as unilateralmente em obrigações.

68
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, p 370.
61

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6. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Conforme já vimos em outros temas, também aqui em atos administrativos varia de autor para autor a
taxonomia (classificação).
Vamos utilizar aqui, como base, a classificação dos atos administrativos constantes na obra do professor Hely
Lopes Meirelles, posto que é bem completa, e vou fazendo os adendos necessários com o posicionamento
de outros administrativistas importantes que podem ser explorados em prova.
Segundo a obra de Hely Lopes Meirelles, assim podem ser classificados os atos administrativos:

Gerais
Quanto aos destinatários:
Individuais

Internos
Quanto ao alcance:
Externos

Império

Quanto ao objeto: Gestão

Expediente

Vinculados
Quanto ao regramento:
Discricionários

Simples

Quanto à formação da vontade: Complexo

Composto

Constitutivo

Extintivo

Declaratório
Quanto ao conteúdo:
Alienativo

Modificativo

Abdicativo

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Válido

Quanto à eficácia: Nulo

Inexistente

Perfeito

Imperfeito
Quanto à exequibilidade:
Pendente

Consumado

Irrevogável

Quanto à retratabilidade: Revogável

Suspensível

Autoexecutório
Quanto ao modo de execução:
Não autoexecutório

Principal

Complementar

Quanto ao objetivo visado: Intermediário

Ato-Condição

Ato de Jurisdição

Constitutivo

Quanto aos efeitos: Desconstitutivo

De Constatação

Vejamos alguns detalhes de cada uma dessas classificações.


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6.1. QUANTO AOS DESTINATÁRIOS

Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais:

 atos administrativos gerais (ou regulamentares): são aqueles expedidos a destinatários indeterminados
para alcançar a todos aos quais venham a incidir em seus dispositivos. São os atos normativos.
Quando forem de efeitos externos devem ser publicados no órgão oficial de publicidade do Ente para
produzir seus efeitos jurídicos ou a ele ser dada ampla publicidade nos meios possíveis.

Exemplos69: regulamentos; instruções normativas; circulares normativas de serviços;


portarias; resoluções; instruções; deliberações; regimentos.

 atos administrativos individuais (ou especiais): são aqueles expedidos a destinatários determinados
para que se realize algo em concreto de modo específico.
Ainda que individual, o ato pode ser direcionado a vários sujeitos desde que identificável
autonomamente.
De igual modo, só produzem efeitos externos quando a eles for dada publicidade no órgão oficial ou pelo
meio possível.
Podem ser revogados ou modificados pela Administração Pública, desde que indenize o prejudicado, em
caso de prejuízo, e, em todo caso, respeite eventuais direitos adquiridos.
Além disso, podem ser anulados pela própria Administração Pública, por meio da autotutela, ou pelo
Poder Judiciário, pelo controle jurisdicional.

69
Exemplos deste capítulo são ofertados pelo professor Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro, 42ª
edição, pp 188 e ss; ou pela professora Maria Sylvia in Direito Administrativo, 30ª edição, p 262 e ss; ou por mim, com
base na teoria deles.
64

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Exemplos: decretos de desapropriação; ato de nomeação ou exoneração; outorgas de


licença, permissão e autorização; demissão; tombamento; e servidão administrativa.

6.2. QUANTO AO ALCANCE

Quanto ao alcance, os atos administrativos podem ser internos ou externos:

 atos administrativos internos: são aqueles expedidos a destinatários internos do órgão público, não
produzindo efeitos externos ou extroversos.
Podem ser gerais ou individuais e não necessitam de publicação no órgão oficial, podendo ser o
interessado ou os interessados internos cientificados por comunicação direta dentro da própria unidade.
Caso haja efeitos sobre os particulares, deverá ser dada publicidade70.
Os atos internos estão sujeitos à revisão hierárquica e ao controle do Poder Judiciário

Exemplos: ordem de serviço; memorando; ato de execução interna.

 atos administrativos externos (ou de efeitos externos): são aqueles expedidos e que repercutem nos
interesses gerais da coletividade. Podem ser destinados a alcançar os administrados propriamente ditos
(externos à Administração Pública), bem como, eventualmente, os próprios servidores. Também se
enquadram como externos os atos que onerem o patrimônio público.
Só produzem efeitos externos quando a eles for dada publicidade no órgão oficial ou pelo meio possível.
Sofrem controle da própria Administração Pública, por meio da autotutela, ou pelo Poder Judiciário, pelo
controle jurisdicional.

70
Nesse ponto, o professor Hely Lopes Meirelles critica a utilização de atos que na origem eram internos para impor
deveres aos cidadãos, tais como as portarias e instruções ministeriais. Fato é que, atualmente, esses atos têm sido
utilizados largamente como instrumento de disciplina geral que afetam também aos particulares.
65

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Exemplos: decretos regulamentadores; instruções normativas; pareceres normativos.

6.3. QUANTO AO OBJETO

Quanto ao objeto (ou quanto às prerrogativas71), os atos administrativos podem ser de império, de gestão ou
de expediente:

 atos de império (ou de autoridade): são aqueles expedidos no exercício pleno da supremacia pública,
ou seja, com as prerrogativas e privilégios próprios do Poder Público, por haver ascendência ao interesse
particular (relação de verticalidade).
São atos unilaterais que expressam a vontade do Estado e seus direitos exorbitantes.

Exemplos: desapropriações; interdições de atividades;aplicação de sanções.

 atos de gestão: são aqueles expedidos e praticados pelo Poder Público em situação de horizontalidade
com o particular, sem o exercício da supremacia do Poder Público.
Em geral são utilizados na administração dos bens públicos e gestão dos serviços públicos.
Quando forem regidos pelo Direito Privado serão atos da administração e não propriamente atos
administrativos.

Exemplos: contrato de uso de bens públicos; concessão de serviços públicos; alienação,


oneração ou aquisição de bens.

71
A professora Maria Sylvia classifica os atos administrativos quanto às prerrogativas em atos de império ou de gestão.
66

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 atos de expediente: são aqueles expedidos e praticados para impulsionar os processos administrativos
e demais expedientes para a sua devida conclusão, por meio de decisão de mérito administrativo ou
despacho decisório da autoridade competente.

Exemplos: juntada de documentos aos processos; tramitações de processos;


digitalizações e cópias de documentos.

6.4. QUANTO AO REGRAMENTO

Quanto ao regramento, os atos administrativos podem ser discricionários ou vinculados:

 atos administrativos discricionários: são aqueles em que a Administração Pública, avaliando sua
conveniência e oportunidade, pode expedir com liberdade quanto aos elementos objeto e motivo.
A lei autoriza, considerando as peculiaridades e especificidades de determinado tema, conceder certo
grau de liberdade à Administração para a prática do ato.
Cabe ao administrador público, entre as várias soluções possíveis para o caso, adotar aquela que melhor
atinja o interesse da coletividade em observância ao quanto desejado pela lei.
Acerca dos atos discricionários, Hely Lopes Meirelles cita Seabra Fagundes:

“A competência discricionária não se exerce acima ou além da lei, senão, como toda e
qualquer atividade executória, com sujeição a ela. O que a distingue da competência
vinculada é a maior mobilidade que a lei enseja ao executor no exercício, e não na
liberação da lei. Enquanto ao praticar o ato administrativo vinculado a autoridade está
presa a lei em todos os seus elementos (competência, motivo, objeto, finalidade e
forma), no praticar o ato discricionário é livre (dentro de opções que a própria lei prevê)
quanto à escolha dos motivos (oportunidade e conveniência) e do objeto (conteúdo).
Entre praticar o ato ou dele se abster, entre praticá-lo com este ou aquele conteúdo (p.
ex.: advertir apenas, ou proibir), ela é discricionária. Porém, no que concerne à
competência, à finalidade e à forma, o ato discricionário está tão sujeito aos textos
legais como qualquer outro”.
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Portanto, o ato discricionário, ainda assim, deve respeitar a competência, a forma e a finalidade previstas em
lei.

Exemplos: dosimetria da pena (se advertência ou suspensão; se suspensão de 3, 5 ou 15


dias)

 atos administrativos vinculados (ou regrados): são aqueles em que a lei fixa os elementos para sua
realização, deixando mínima margem de escolha ao administrador público ou mesmo nenhuma margem.
Nessa linha, o professor Hely Lopes Meirelles afirma que:

Na prática de tais atos o Poder Público sujeita-se às indicações legais ou regulamentares


e delas não se pode afastar ou desviar sem viciar irremediavelmente a ação
administrativa. Isso não significa que nessa categoria de atos o administrador se
converta em cego e automático executor da lei. Absolutamente não. Tanto nos atos
vinculados como nos que resultam da faculdade discricionária do Poder Público o
administrador terá de decidir sobre a conveniência de sua prática, escolhendo a melhor
oportunidade e atendendo a todas as circunstâncias que conduzam a atividade
administrativa ao seu verdadeiro e único objetivo – o bem comum. Poderá, assim, a
Administração Pública atuar com liberdade, embora reduzida, nos claros da lei ou do
regulamento. O que não lhe é lícito é desatender às imposições legais ou
regulamentares que regram o ato e bitolam sua prática.

Exemplos: alvará de licença para construir; alvará de licença para funcionamento de


estabelecimento.

Antes de passarmos ao estudo da próxima classificação, fica aqui o recital do professor Hely Lopes Meirelles
acerca dos atos discricionários e vinculados que acompanharão todo administrador público enquanto
titulariza cargo, emprego ou função públicos:

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A responsabilidade pelos atos discricionários não é maior nem menor que é decorrente
dos atos vinculados. ambos representam facetas da atividade administrativa, que todo
homem público, que toda autoridade, há de perlustrar. A timidez da autoridade é tão
prejudicial quanto o abuso do poder.Ambos são deficiências do administrador, que
sempre redundam em prejuízo para a Administração. O tímidofalha, no administrar os
negócios públicos, por lhe falecer fortaleza de espírito para obrar com firmeza e justiça
nas decisões que contrariam os interesses particulares; o prepotente não tem
moderação para usar do poder nos justos limites que a lei lhe confere. Um peca por
omissão; outro, por demasia no exercício do poder

6.5. QUANTO À FORMAÇÃO DA VONTADE

Quanto à formação da vontade, os atos administrativos podem ser simples, complexos ou compostos:

 atos administrativos simples: são aqueles que se originam da manifestação de vontade de um único
órgão, que pode ser unipessoal ou colegiado.
Os atos internos estão sujeitos à revisão hierárquica e ao controle do Poder Judiciário

Exemplos: despacho do chefe da repartição; acórdão do Conselho de Contribuintes;


nomeação pelo Chefe do Executivo.

 atos administrativos complexos: são aqueles que se originam da manifestação da vontade de mais de
um órgão administrativo, podendo ser singulares ou colegiados. Há um concurso de vontade
homogênea de órgãos para a produção do um único ato administrativo.

Exemplos: investidura do servidor público (nomeação feita pelo Chefe do Executivo com
a posse e entrada em exercício realizada pelo Chefe da repartição de Recursos Humanos
ou da própria unidade onde será lotado o servidor); assinatura de um Decreto pelo Chefe
do Executivo e referendado pelo Ministro ou Secretário.

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 atos administrativos compostos: são aqueles que se originam da manifestação da vontade de um único
órgão, mas dependem da verificação por parte de outro órgão para se tornarem eficazes.
Ou seja, embora haja a participação de mais de um órgão, a vontade é do órgão que pratica a atividade
principal e não do órgão que pratica o ato acessório.
Enquanto no ato complexo há a manifestação da vontade de dois ou mais órgãos, no composto há a
manifestação da vontade de um único órgão.

Exemplos: autorização que dependa de visto de autoridade superior (autorização é o ato


principal; o visto é o ato acessório, mas que torna a autorização eficaz); dispensa de
licitação que dependa de homologação da autoridade superior (a dispensa da licitação é
o ato principal; a homologação e o ato acessório, mas que torna a dispensa eficaz); em
geral, os atos que dependam de autorização, aprovação, proposta, parecer, laudo técnico, homologação,
visto, entre outros.

#ficadica

Cuidado com a classificação dos atos de nomeação tratados, por exemplo,


no art. 84, inciso XIV da CRFB (e casos análogos). De acordo com o aludido
dispositivo, compete ao Presidente da República nomear, após aprovação
pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os
Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central
e outros servidores, quando determinado em lei.
Para a professora Maria Sylvia72, trata-se de ato composto, ou seja, o ato de nomeação é o ato principal e
a aprovação pelo Senado é ato acessório, mas que o torna eficaz.
Já para o professor José dos Santos Carvalho Filho73, trata-se de ato complexo, ou seja, para ele há o
concurso de vontade de dois órgãos para a produção deste ato de nomeação.
E isso acaba refletindo nas bancas. Por exemplo, o CESPE adota a posição do professor José dos Santos
Carvalho Filho no sentido que essas nomeações caracterizam ato administrativo complexo.

72
Direito Administrativo, 30ª edição, p 266.
73
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 136.
70

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CAI NA PROVA
O concurso para Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, aplicado pelo CESPE em
2018, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A nomeação
dos Ministros de Tribunais Superiores no Brasil é um ato administrativo complexo”.

Comentários: correta a assertiva. A banca considerou tal assertiva correta. Então, daí se
depreende que a banca CESPE discorda do posicionamento da professora Maria Sylvia
para a qual este ato administrativo é um ato composto e concorda com o professor José
dos Santos Carvalho Filho no sentido de que se trata de ato complexo.

Atenção: a Fundação Carlos Chagas – FCC adota a posição da professora Maria Sylvia.

6.6. QUANTO AO CONTEÚDO

Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser constitutivos, extintivos, declaratórios, alienativos,
modificativos ou abdicativos:

 atos administrativos constitutivos: são aqueles em que a Administração cria um novo direito ou uma
obrigação individual ao destinatário.

Exemplos: licenças, nomeações de servidores ou sanções administrativas.

 atos administrativos extintivos (ou desconstitutivos): são aqueles em que a Administração Pública põe
fim a direito ou a obrigação do destinatário.

Exemplos: cassação de autorização e encampação de serviço de utilidade pública.

71

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 atos administrativos declaratórios: são aqueles em que a Administração Pública reconhece situações
jurídicas existentes.

Exemplos: apostila de título de nomeação e expedição de certidões.

 atos administrativos alienativos: são aqueles em que há a transferência de titularidade de um bem ou


direito.

Exemplos: venda de imóvel público, em geral, que exigem autorização legislativa.

 atos administrativos modificativos: são aqueles em que a Administração Pública altera situações
jurídicas preexistentes, mas sem criar ou extinguir direitos ou obrigações.

Exemplos: alteração de horários, de local de reunião e de itinerário.

 atos administrativos abdicativos: são aqueles em que a Administração Pública abre mão de um
determinado direito em caráter incondicional e irretratável.

Exemplos: atos de liberalidade da Administração Pública que dependem de autorização


legislativa.

72

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6.7. QUANTO À EFICÁCIA

Quanto à eficácia, os atos administrativos podem ser válidos, nulos ou inexistentes:

 atos administrativos válidos: são aqueles que expedidos em sintonia com todos os requisitos previstos
em lei para a sua produção.
Como vimos, pode haver atos válidos, mas ineficazes por haver condição ou termo.

Exemplos: licença de funcionamento em que cumpridos todos os requisitos legais; a


autorização para utilização de espaço público em determinado dia da semana ou a partir
de determinado horário, cumpridos todos os requisitos legais.

 atos administrativos nulos: são aqueles expedidos com vício insanável. Contudo, em função da
presunção de legitimidade do ato administrativo, a nulidade deve ser declarada pela Administração ou
pelo Poder Judiciário.
De acordo com o art. 53 da Lei nº 9.784, de 1999:

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.

Segundo o professor Hely Lopes Meirelles74, a nulidade pode ser explícita ou virtual. Será explicita quando a
própria lei fixar o vício que a acarreta. Será virtual quando o vício ocorrer por afronta a princípios
administrativos.

74
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 198.
73

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Exemplos: desapropriação declarada pelo Tribunal de Contas; Decreto expedido por


Ministro, Secretário Estadual ou Municipal doando bens públicos.

#ficadica

Para o professor Hely Lopes Meirelles75 não pode haver ato administrativo anulável no
Direito Administrativo, já que não se pode admitir a manutenção de atos ilegais ou, ainda, a
preponderância do interesse privado sobre o interesse público.

Atenção: diferencia-se convalidação de conversão ou sanatória.

a) Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo do
qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da Lei Federal
nº 9.784, de 1999:

Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem


prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

b) conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado
propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito.

Exemplo: uma licença para edificação permanente que seja inválida para essa finalidade, mas aproveitável
quanto a ser uma autorização para edificação provisória. A denominação do instituto que decorre de o ato
de licença permanente se tornar autorização temporária é conversão ou sanatória, mas não se confundo
com convalidação.

 atos administrativos inexistentes: são aqueles em que há falsa aparência de manifestação da vontade
da Administração Pública.

75
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 199. Também o exemplo é da obra do professor Hely Lopes Meirelles.
74

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Exemplos:atos praticados pelo usurpador de função pública.

6.8. QUANTO À EXEQUIBILIDADE

Quanto à exequibilidade, os atos administrativos podem ser perfeitos, imperfeitos, pendentes e consumados:

 atos administrativos perfeitos: são aqueles que estão aptos a produzir seus efeitos jurídicos.

#ficadica

O prazo prescricional, tanto na esfera judicial quanto administrativa, só se inicia quando o


ato administrativo for perfeito.

Atenção:frise-se que o ato perfeito pode ser válido ou inválido.

Exemplos: todos os atos administrativos cujo ciclo de formação já tenha sido


completado.

 atos administrativos imperfeitos: são aqueles que ainda não estão aptos a produzir seus efeitos
jurídicos.

Exemplos: todos os atos administrativos cujo ciclo de formação esteja incompleto ou que
exija complementação.

75

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 atos administrativos pendentes: são aqueles que estão sujeitos à condição ou termo, não produzindo
por ora seus efeitos jurídicos.

Exemplos: alvará de funcionamento condicionado à conclusão da reforma do


estabelecimento.

 atos administrativos consumados: são aqueles que já exauriram todos os seus efeitos jurídicos.

#ficadica

Não cabe modificação quanto ao ato consumado, sequer na esfera judicial. Poderá,
contudo, gerar responsabilidade civil, em caso de ato lícito ou ilícito do qual tenha decorrido
danos a terceiros; ou responsabilidade criminal, em caso de ilegalidade.

Exemplos: alvará de demolição já executada; conclusão de reforma de imóvel tombado


devidamente autorizada pelo órgão competente.

6.9. QUANTO À RETRATABILIDADE

Quanto à retratabilidade, os atos administrativos podem ser revogáveis, irrevogáveis e suspensíveis:

 atos administrativos revogáveis: são aqueles que por motivo de conveniência e oportunidade a
Administração Pública pode retirar do mundo jurídico com efeitos ex nunc (prospectivos ou para
frente).

76

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#ficadica

Não cabe falar em ilegalidade para ato revogado. Ato ilegal é anulado. Ato legal, mas que
deixou de ser conveniente e oportuno para a Administração por motivos diversos, é
revogado.

Exemplos: revogação de termo de permissão de uso que autorizava determinados


comerciantes a utilizarem parte do passeio público a partir de determinada hora do dia;
revogação de termo de permissão de uso para foodtrucks em determinada rua ou praça.

 atos administrativos irrevogáveis: são aqueles que não podem mais ser revogados pela
Administração Pública, seja por seus efeitos já terem sido consumados, seja por ter se tornado direito
subjetivo do interessado ou seja por resultar de decisão final na esfera administrativa.

Exemplos: alvará de demolição já executada; decisão administrativa definitiva que tenha


anulado autos de infração tributária (não confunda revogar com anular – se a decisão for
ilegal, poderá ser anulada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário).

 Atos administrativos suspensíveis: são aqueles que a Administração Pública pode suspender os seus
efeitos por algum fato novo superveniente e por certo tempo, sem revogá-lo. Após o prazo de
suspensão ou superado o fato novo, o ato pode voltar a ter seus efeitos jurídicos naturais.

Exemplos: suspensão da autorização para realização de pesca em determinado período.

6.10. QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO

Quanto ao modo de execução, os atos administrativos podem ser autoexecutáveis ou não autoexecutáveis:

77

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 atos administrativos autoexecutáveis: são aqueles que podem ser executados pela Administração
Pública sem necessidade de manifestação judicial.

Exemplos: embargo de obra e interdição de estabelecimento.

 atos administrativos não autoexecutáveis: são aqueles que dependem de manifestação judicial
prévia para que possam ser executados.

Exemplos: dívida fiscal e multas.

6.11. QUANTO AO OBJETIVO VISADO PELA ADMINISTRAÇÃO

Quanto ao objetivo visado pela Administração, o ato administrativo pode ser principal, complementar,
intermediário, ato-condição ou ato de jurisdição:

 ato administrativo principal: são aqueles que representam a manifestação de vontade final da
Administração Pública.

Exemplos: nomeação de autoridade pelo Chefe do Poder Executivo que dependa de


aprovação pelo Legislativo (ato principal é a nomeação).

 ato administrativo complementar: são aqueles que aprovam ou ratificam o principal para que
possam passar a produzir efeitos.

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Exemplos: nomeação de autoridade pelo Chefe do Poder Executivo que dependa de


aprovação pelo Legislativo (ato complementar é a aprovação pelo Legislativo).

 ato administrativo intermediário (ou preparatório): são aqueles que ocorrem para dar suporte a um
ato administrativo final.
É um ato administrativo autônomo, podendo ser impugnado.

Exemplos: na modalidade concorrência de licitação, são atos intermediários ou


preparatórios a publicação do edital e o julgamento, entre outros, necessários para que
seja realizada a licitação.

 ato administrativo ato-condição: são aqueles produzidos para permitir a pratica de um outro e sem
o qual este outro não ocorre. É um ato que seja pré-requisito para realização de um outro ato
administrativo.

Exemplos: o concurso é pré-requisito para a nomeação em cargo efetivo; a licitação na


modalidade concorrência é pré-requisito para concessão de serviço público.

 ato administrativo de jurisdição: são aqueles produzidos para decidir determinado conflito de
interesses no campo administrativo, não se confundindo com o ato finalístico do Poder Judiciário.

Exemplos: revisão de ofício de decisão administrativa contrária à Administração Pública.

6.12. QUANTO AOS EFEITOS

Quanto aos efeitos, o ato administrativo pode ser constitutivo, desconstitutivo e de constatação (ou
enunciativo):
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 ato administrativo constitutivo: são aqueles em que a Administração Pública cria, modifica ou
extingue um direito.

Exemplos: permissão, autorização, dispensa, aplicação de penalidade e revogação.

 ato administrativo desconstitutivo: são aqueles produzidos para desfazer situação jurídica
preexistente.

Exemplos: anulação de decisão administrativa.

 ato administrativo de constatação: são aqueles em que a Administração Pública apenas reconhece
ou constata determinada situação jurídica ou de fato, sem constituir, desconstituir ou alterá-la.

Exemplos: certidões e atestados.

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7. ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE

Para fins de estudo dos Atos Administrativos em espécie, parte da doutrina76 adota o seguinte agrupamento:

normativos

ordinatórios

Espécies de Atos Administrativos negociais

enunciativos

punitivos

CAI NA PROVA
O concurso para Promotor Público do Estado do Mato Grosso do Sul, aplicado por banca
própria em 2018, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que:
“São espécies de ato administrativo, segundo entendimento doutrinário tradicional:
normativos, ordinatórios, negociais, vinculativos e punitivos”.

76
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Curso de Direito Administrativo, p 245. Hely Lopes Meirelles, Curso de Direito
Brasileiro, p 203.
81

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Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque são espécies de atos


administrativos segundo a doutrina tradicional: normativo, ordinatório, negocial,
enunciativo e punitivo. Não incluído, portanto, atos vinculativos.

Vamos ver algumas espécies de atos administrativos de cada um desses agrupamentos.

7.1. ATOS ADMINISTRATIVOS NORMATIVOS

São aqueles produzidos, em regra, com comandos gerais e abstratos, entre os quais:

 Decretos regulamentares ou de execução: atos administrativos de competência privativa do Chefe


dos Poderes Executivos que têm por finalidade precípua explicitar a lei para prover a sua fiel
execução, tal como previsto no art. 84 inciso IV, da CRFB.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e


regulamentos para sua fiel execução;

 Decretos autônomos ou independentes: são os Decretos expedidos com base nos casos previstos no
art. 84, inciso VI, da CRFB, sem a necessidade de lei preexistente.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar


aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

82

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#ficadica

Os Decretos podem ser gerais e abstratos ou de efeitos concretos. Para a professora Maria
Sylvia77, os Decretos gerais e abstratos não são considerados atos administrativos
propriamente ditos porque a sua definição de atos administrativos não inclui os atos
normativos. Para ela, somente os Decretos de efeitos concretos seriam atos administrativos.

 Instruções Normativas: são atos normativos expedidos, em regra, pela autoridade administrativa
hierarquicamente abaixo do Chefe do Poder Executivo (Ministro ou Secretário) para fiel execução de
lei ou decreto, tal como prevê o art. 87, §único, inciso II, da CRFB.

Art. 87. (...)

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições


estabelecidas nesta Constituição e na lei: (...)

II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos;

 Regimentos: são atos normativos internos para disciplinar o funcionamento de órgãos da


Administração Pública.

 Resolução: são atos normativos expedidos por autoridades superiores da Administração Pública. São,
hierarquicamente, inferiores às leis, aos Decretos e ao Regimento.

 Deliberação: atos normativos expedidos por órgãos colegiados.

77
Direito Administrativo, 30ª edição, p 276.
83

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CAI NA PROVA
O concurso para Promotor Público do Estado do Mato Grosso do Sul, aplicado por banca
própria em 2018, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que:
“Resoluções, instruções e portarias são atos administrativos normativos”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque instruções e portarias são


atos ordinatórios (aqueles que disciplinam o funcionamento da Administração Pública,
incluindo as condutas dos seus agentes) e não atos normativos (em regra, comandos gerais
e abstratos).

CAI NA PROVA
O concurso para Defensor Público do Estado do Paraná, aplicado pela FCC em 2017,
afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “As deliberações e
os despachos são espécies da mesma categoria de atos administrativos normativos”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque deliberação é ato


normativo expedido por órgãos colegiados enquanto despachos são atos ordinatórios em
que uma autoridade externa decisão acerca de procedimento administrativo.

7.2. ATOS ADMINISTRATIVOS ORDINATÓRIOS

São os atos que disciplinam o funcionamento da Administração Pública, incluindo as condutas dos agentes
administrativos.
A seguir, tem-se os principais atos ordinatórios:

 Instruções: atos com orientações gerais para atuação dos servidores.

84

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 Circulares: tal qual as instruções, são atos com orientações gerais para atuação dos servidores, mas
em um âmbito mais restrito que as instruções. Limita-se a um grupo de servidores ou de órgãos, mas
também com o objetivo de orientar a realização de uma atividade pública.

 Ordens de Serviço: atos expedidos pelas chefias com determinações especiais relativas à execução
de determinadas tarefas ou atividades.

 Avisos: atos reservados ao Ministro de Estado, muito utilizados no período imperial, e que se
destinam a comunicar um fato ou dar conhecimento de temas relacionados à atividade pública.

 Portarias: ato pelo qual a chefia designa servidores para determinadas atividades ou funções, bem
como determina regras gerais ou especiais.

 Ofícios: ato de comunicação oficial entre órgãos.

 Despachos: ato que externa decisão acerca de procedimento administrativo.

 Despachos Normativos: despacho ao qual a autoridade competente determina sua aplicação para
casos análogos. Deixa de ser apenas uma decisão para o caso concreto e passa a ter efeito geral a
casos similares.

 Provimentos: atos utilizados especialmente por Órgãos de Justiça para regularização ou


uniformização do serviço.

CAI NA PROVA
O concurso para Promotor Público do Estado do Mato Grosso do Sul, aplicado por banca
própria em 2018, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que:
“Instruções, avisos e certidões são atos administrativos ordinatórios”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque certidões são atos


administrativos enunciativos (externam ou declaram uma situação existente em registros,
processo ou arquivos públicos sem qualquer manifestação de vontade original da
Administração). Instruções e avisos, de fato, são atos ordinatórios, ou seja, possuem a
finalidade de disciplinar o funcionamento da Administração Pública, incluindo as condutas
dos seus agentes.

85

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7.3. ATOS ADMINISTRATIVOS NEGOCIAIS

Também denominados atos receptícios78, são os atos administrativos em que a declaração de vontade da
Administração coincide com a do particular por tratar de objeto cujo interesse é recíproco do Poder Público
e do administrado.
Em que pese a vontade do particular não integrar a formação do ato, ela é relevante para provocar a atuação
da Administração Pública.
Entre os atos administrativos (unilateral), os atos negociais são aqueles que mais se aproximam de um
negócio jurídico (bilateral).
A seguir, tem-se os principais atos negociais:

 Admissão: ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais para fruição de interesse
predominante do particular.

Exemplos: vestibulando que se classifica no número de vagas disponibilizadas para o


curso de sua inscrição passa a ter direito à admissão em Universidade Pública para a qual
prestou o exame. A admissão é ato vinculado, portanto, cumpridos todos os requisitos
previstos, o órgão público tem o dever de admitir o vestibulando.

CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Paranavaí no Paraná, cuja banca foi a
Fundação de Apoio à Universidade Estadual de Londrina – FAUEL em 2018, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A aprovação é o ato
administrativo que confere ao indivíduo, desde que preencha os requisitos legais, o direito
de receber o serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento oficial”.

78
Diogo de Figueiredo Moreira Neto, 16ª edição, p 257.
86

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Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque é a admissão e não a


aprovação o ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais que conferem a
administrado a fruição de serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento
oficial.

 Licença: ato vinculado em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os


requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma
situação jurídica.

A licença tem presunção de definitividade por ser um ato vinculado e gerar um direito subjetivo ao particular.
Para seu desfazimento, a Administração Pública pode se valer da cassação expropriatória, mas, conforme
ensina o professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto79, é medida administrativa onerosa e de extrema
severidade, que só deve ser utilizada como último recurso para atender a relevante interesse público
supervenientemente definido.

Exemplos: emissão de alvará para edificação nova, reforma ou demolição. Também o


exercício de atividades profissionais regulamentadas.

CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Paranavaí no Paraná, cuja banca foi a
Fundação de Apoio à Universidade Estadual de Londrina – FAUEL em 2018, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A licença é o ato vinculado por
meio do qual a Administração confere ao interessado consentimento para o desempenho
de certa atividade”.

Comentários: correta a assertiva. Correta a assertiva porque a licença é um ato


administrativo negocial vinculado em que a Administração Pública, verificando o

79
Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, p 670.
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cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de uma


atividade ou fruição de alguma situação jurídica.

 Autorização: ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração
Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no
interesse predominante deste.

Para que seja concedida a autorização, o particular precisa também cumprir todos os requisitos previstos
para o ato, mas a lei concedeu à Administração Pública, ante ao caso concreto, consentir ou não com o ato.

Exemplos: uso de bem público e porte de arma.

CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Belo Horizonte, aplicado pela banca CESPE
em 2017, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “Licença e
autorização são atos administrativos que representam o consentimento da administração
ao permitir determinada atividade; o alvará é o instrumento que formaliza esses atos”.

Comentários: correta a assertiva. Correta a assertiva já que a licença e a autorização são


atos negociais que, em regra, formalizados por meio de alvará. A licença é ato vinculado
em que a Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais
pelo particular, consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação
jurídica com presunção de definitividade. Já a autorização é ato discricionário que expressa
uma concordância precária por parte da Administração Pública com relação a realização
de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no interesse predominante
deste.

88

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#ficadica

Na obra do professor Hely Lopes Meirelles há o relato de que o uso da autorização vem sendo
desvirtuado, com a sua expedição com prazo ou condicionada. Isso faz com que este ato
administrativo acabe deixando de ser ato unilateral, discricionário e precário para se
aproximar de um contrato (bilateral).
Nas palavras do professor, tem-se que:

Lamentavelmente, a natureza jurídica da autorização não vem sendo respeitada pelo


legislador, dificultando a compreensão e a sistematização do Direito Administrativo.
É o que está ocorrendo com a autorização expedida com prazo e dependente de
outros fatores. Deixa ela de ser ato administrativo unilateral, discricionário e precário,
para assumir um caráter quase contratual, como aconteceu com a permissão. É o que
acontece com a autorização especial para uso da água, criada pela Lei 9.984,
17.7.2000 (Agência Nacional de Águas), e mais recentemente com a autorização de
acesso ao patrimônio genético existente no País, instituída pela MP 2.186-16/2001.

 Permissão: ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da Administração
Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo particular no
interesse predominante público.

Pode ser a título gratuito ou remunerado, conforme condições fixadas pelo ente público, bem poderá ser
expedida com condições de modo a restringir a discricionariedade e precariedade do ente público e
incentivar o particular a aderir ao interesse público.

Exemplos: emissão de alvará para edificação nova, reforma ou demolição. Também o


exercício de atividades profissionais regulamentadas.

89

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CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Paranavaí no Paraná, cuja banca foi a
Fundação de Apoio à Universidade Estadual de Londrina – FAUEL em 2018, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A concessão é o ato
administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular
execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque concessão não é um ato


administrativo, mas um contrato (bilateral) com regras próprias previstas em lei, em
especial na Lei nº 8.987, de 1995. A alternativa trata apresenta definição da permissão.

 Registro: ato vinculado que se caracteriza por assentar em órgão público o reconhecimento
administrativo do cumprimento das condições para fruição de uma situação jurídica da vida privada
do particular.

Exemplos: manipulação e emprego de substâncias químicas, comercialização de certos


produtos, operação de veículos ou equipamentos80.

 Visto: ato pelo qual a Administração controla seus atos ou do administrado, conferindo a eles
legitimidade formal para que produzam seus regulares efeitos.

Sempre incide sobre ato administrativo anterior sem interferir em seu conteúdo.
Inicialmente era tido como ato vinculado, mas tem sido utilizado com grau de discricionariedade.

Exemplos: visto em passaporte obtido em consulados de outros países.

80
Exemplos do professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Curso de Direito Administrativo, 16ª edição, p 248.
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Aula 07
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 Homologação: ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a
conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia.

É considerado ato de simples controle, não podendo alterar o conteúdo do ato controlado, podendo apenas
confirmá-lo ou rejeitá-lo.

Exemplo: ato em que a autoridade competente homologa o procedimento licitatório


realizado nos termos da Lei nº 8.666, de 1993.

CAI NA PROVA
O concurso de 2017 para Juiz Federal da 5ª região, cuja banca foi a CESPE, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A homologação é um ato
administrativo unilateral vinculado ao exame de legalidade e conveniência pela autoridade
homologante, sendo o ato a ser homologado passível de alteração, em virtude do princípio
da hierarquia presente no exercício da atividade administrativa”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque a homologação é ato


vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a legalidade, bem como a conveniência
de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia. É considerado ato de simples controle, não
podendo alterar o conteúdo do ato controlado, podendo apenas confirmá-lo ou rejeitá-lo.

CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Paranavaí no Paraná, cuja banca foi a
Fundação de Apoio à Universidade Estadual de Londrina – FAUEL em 2018, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “A homologação é a manifestação
discricionária do administrador a respeito de outro ato. Pode ser prévia ou posterior”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque a homologação é ato


negocial vinculado e por ser ato de controle ocorre após o ato controlado.

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7.4. ATOS ADMINISTRATIVOS ENUNCIATIVOS

São os atos que externam ou declaram uma situação existente em registros, processos ou arquivos públicos
sem qualquer manifestação de vontade original da Administração. Também são denominados atos de
pronúncia81 ou meros atos administrativos82.

 Certidão: ato que reproduz registro de órgãos públicos acerca de informação de interesse do
particular. Não há manifestação da vontade da Administração, apenas a transcrição fiel de
informação sob seu poder.

De acordo com o art. 1º da Lei nº 9.051, de 1995, devem ser expedidas no prazo improrrogável de 15 dias
contados do pedido.

Art. 1º As certidões para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações, requeridas


aos órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas públicas, às
sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, deverão ser expedidas no prazo improrrogável de
quinze dias, contado do registro do pedido no órgão expedidor.

 Atestado: ato pelo qual a Administração comprova um fato ou uma informação de seu conhecimento.

Diferencia-se da certidão porque o atestado comprova fatos ou informações transitórias, que podem ser
modificadas com certa frequência. Por outro lado, a certidão comprova fatos ou atos permanentes (ou
alteráveis apenas excepcionalmente).

81
Expressão utilizada pelo professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto.
82
Expressão utilizada pela professora Maria Sylvia.
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CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Município de Paranavaí no Paraná, cuja banca foi a
Fundação de Apoio à Universidade Estadual de Londrina – FAUEL em 2018, afirmou em
uma das alternativas de uma das questões da prova que: “Atestado é o instrumento formal
expedido pela Administração, que, através dele, expressa aquiescência no sentido de ser
desenvolvida certa atividade pelo particular”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque o atestado é ato


enunciativo pelo qual a Administração comprova um fato ou uma informação de seu
conhecimento. A alternativa apresenta definição de alvará.

 Autos de Infração: ato pelo qual a Administração descreve situação que caracterizou transgressão
administrativa.

 Apostila: ato pelo qual a Administração declara um direito criado por norma legal.

 Parecer: ato pelo qual se externa uma opinião de órgão técnico acerca de determinado tema ou em
atenção a quesitos apresentados.

Os pareceres, em regra, são meramente opinativos, não vinculando a Administração Pública.


A lei pode obrigar a existência do parecer de um órgão técnico antes da prática do ato pela autoridade,
passando, então, a ser requisito de validade do ato administrativo a sua existência. Mesmo nesse caso, pode
a existência do parecer ser necessária, mas seu conteúdo ainda não ser vinculativo, a menos a que a lei exija
parecer favorável ao ato como impositivo.
Não sendo o caso de a lei exigir parecer favorável, pode a autoridade reduzir a termo sua discordância e o
porquê de agir de forma diversa da indicada pelo parecerista ou pareceristas.
Os pareceres podem ser:

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a autoridade competente para o ato não está


Facultativo
vinculada ao parecer que é meramente opcional

exige-se a existência do parecer para a prática


do ato administrativo
Parecer Obrigatório
(a autoridade pode dele divergir - é mera
opinião)

ou a autoridade o adota e pratica o ato ou não o


pratica
Vinculante
(a autoridade não pode dele divergir - deixa de
ser mera opinião)

A doutrina ainda alude à possibilidade de um parecer ser aprovado por autoridade competente e passar a
vincular os órgãos e os servidores subordinados à aludida autoridade, que deverão respeitar o conteúdo do
ato.
Assim, se passar a ser exigida sua observância para outros casos análogos, torna-se ato normativo geral e
abstrato denominado Parecer Normativo.

CAI NA PROVA
O concursopara Promotor Público do Estado do Mato Grosso do Sul, aplicado por banca
própria em 2018, afirmou em duas alternativas de uma das questões da prova que: 1)
“Parecer vinculante e obrigatório possuem o mesmo significado”. 2) “No parecer
vinculante, a manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa, não podendo
a decisão do administrador colidir com a sua conclusão”.

Comentários: correta a assertiva “2” e incorreta a assertiva “1”. Incorreta a assertiva “1” e
correta a “2” porque os pareceres podem ser facultativos (é meramente opcional),
obrigatórios (exige-se o parecer para a realização do ato, mas é mera opinião, podendo a
autoridade dele divergir) ou vinculantes (a autoridade não pode dele divergir, deixa de ser
mera opinião).

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7.5. ATOS ADMINISTRATIVOS PUNITIVOS

São aqueles praticados pela Administração cujo objeto é aplicação de sanção por infrações administrativas,
podendo ser extroversos, quando aplicados aos administrados, ou introversos, quando aplicados a agentes
públicos.
Os atos administrativos punitivos extroversos são vinculados enquanto os atos administrativos punitivos
introversos possuem margem de discricionariedade quanto à valoração da sanção a ser aplicada ao agente
público.
Entre os atos administrativos punitivos extroversos, tem-se:

Multa: ato administrativo punitivo pelo qual a Administração impõe uma sanção pecuniária
ao administrado

Interdição: ato pelo qual a Administração suspende o exercício de determinada


atividade por parte do administrado

Destruição de coisas: ato pelo qual a Administração, consubstanciada em caráter urgente,


elimina um produto ou um bem do administrado impróprio para consumo ou uso

Necessário se faz a produção de documento circunstanciado com os motivos para aplicação da medida.

Cassação anulatória: ato pelo qual a Administração desfaz um ato negocial, como meio
punitivo, pelo descumprimento superveniente das condições originais necessárias

Demolição administrativa: ato pelo qual a Administração, de forma urgente e para remover
perigo público iminente, demole edificação ou parte dela.

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Necessário se faz a produção de documento circunstanciado com os motivos para aplicação da medida.

Confisco: ato pelo qual o particular perde seu bem ou direito a favor da Administração Pública
nos casos estritamente previstos em lei.

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8. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

São diversos os motivos para extinção de um ato administrativo e os seus consequentes efeitos.
Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello83, são as seguintes as possíveis causas de extinção dos atos
administrativos, não diferenciando ser a extinção do próprio ato ou de seus efeitos:

esgotamento do
conteúdo jurídico

cumprimento dos
execução material
efeitos

termo final ou condição


resolutiva

sujeito
desaparecimento de
elemento infungível da
relação
objeto
Ato Eficaz
revogação

invalidação (anulação)

Extinção do ato
retirada cassação
administrativo

renúncia caducidade

contraposição
mera retirada
(derrubada)
Ato Ineficaz
recusa

83
Curso de Direito Administrativo, 14ª edição, pp 393 a 396.
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8.1. EXTINÇÃO DE ATO EFICAZ POR CUMPRIMENTO DE SEUS


EFEITOS

São 3 as possibilidades de extinção do ato administrativo eficaz por cumprimento de seus efeitos:

 Esgotamento do seu conteúdo jurídico: ocorre quando os efeitos jurídicos são efetivamente
usufruídos no período, até o seu esgotamento.

Exemplo84: gozo de férias por servidor público.

 Execução material: ocorre com o cumprimento do objeto do ato.

Exemplo: execução de uma ordem de demolição.

 Ocorrência de termo final ou condição resolutiva: ocorre com o implemento de termo ou condição
previamente fixada discricionariamente pela Administração em cláusula acidental ou acessória.
Lembre-se que o termo é cláusula acessória que se baseia na ocorrência de evento futuro e certo. Já a
Condição, em que pese também ser uma cláusula acessória, baseia-se em evento futuro e incerto.

Exemplo: permissão para retirada de água do rio com a condição de o rio não esteja
abaixo de determinado nível.

84
Exemplos do professor Celso Antônio Bandeira de Mello ofertado em seu Curso de Direito Administrativo, 14ª
edição, pp 394 a 396.
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8.2. EXTINÇÃO DE ATO EFICAZ POR DESAPARECIMENTO DO


SUJEITO OU OBJETO

O ato administrativo eficaz pode ser extinto quando for intuitu personae (personalíssimo ou pessoal) e
sobrevier o falecimento do beneficiário.
De forma análoga, também ocorrerá a extinção do ato administrativo eficaz com o perecimento do objeto.

Exemplos: a morte do funcionário público extingue a nomeação; a queda de um prédio


em ruína extingue o alvará de demolição.

8.3. EXTINÇÃO DE ATO EFICAZ POR SUA RETIRADA DO MUNDO


JURÍDICO

O ato administrativo eficaz pode ser extinto quando a Administração Pública expedir outro ato
administrativo extintivo do anterior, retirando este do mundo jurídico.

 Cassação: ocorre quando a Administração Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos do ato
anterior porque deixaram de ser atendidos os requisitos necessários para sua manutenção.

Exemplo: retirada de licença de funcionamento por alteração do objeto de prestação do


serviço para outro proibido.

 Caducidade: ocorre quando a Administração Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos do
ato anterior porque sobreveio norma jurídica que o torna incompatível com a nova disciplina jurídica.

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Exemplo: retirada de permissão para exploração de parque de diversões em função de a


nova lei de zoneamento não autorizar essa atividade para aquela região.

 Contraposição ou Derrubada: ocorre quando a Administração Pública expede novo ato em sentido
contrário ao anterior.

Exemplo: exoneração de um servidor (derruba a nomeação anterior por ser um ato


contraposto).

8.3.1. Revogação e Anulação (Invalidação)

As duas formas mais importantes de retirar do mundo jurídico um ato administrativo eficaz, sem dúvida, são
a revogação e a anulação (também denominada invalidação).
Por isso, é necessário tratar acerca deles com mais detalhes.

 Revogação: ocorre quando a Administração Pública por conveniência e oportunidade produz novo
ato retirando a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior a partir daquele momento (ex
nunc).

Exemplo: retirada de permissão para banca de jornal em função de ser conveniente e


oportuna a melhoria do tráfego de pedestres em determina calçada pública.

Ou seja, todos os efeitos produzidos até aquele momento são válidos normalmente.
Revoga-se ato administrativo quando, em que pese sua legalidade, sobrevier condição de incompatibilidade
com o interesse público que sugira a sua retirada do mundo jurídico a partir daquele momento.
A revogação poderá ser expressa ou implícita. Expressa nos casos em que a autoridade expede ato que aduz
de forma direta e transparente a sua revogação. É implícita quando o ato expedido for incompatível com o
anteriormente divulgado.
Frise-se que a revogação, em regra, não gera nenhum direito de indenização ao anterior beneficiário do ato
revogado.
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Poderá gerar, contudo, o dever de indenizar se a Administração Pública lançar mão da revogação em
situações em que esta era incabível, mas foi realizada em substituição à expropriação.

Exemplo: depois de concedida regularmente uma licença para edificação nova e o


particular iniciou a obra, não poderá a Administração Pública revogar o ato, ainda que
alegue mudança no interesse público. Se realizado, deverá indenizar o particular.

A revogação é ato privativo da Administração Pública, não cabendo ao Poder Judiciário adentrar ao mérito
administrativo (avaliação de conveniência e oportunidade).
Ademais, por ser ato discricionário da Administração Pública, a revogação deve ser realizada dentro dos
limites previstos em lei.
Nessa linha, não podem ser revogados:

atos vinculados

atos que exauriram os seus efeitos

atos enunciativos, de pronúncia ou meros atos


Não podem ser revogados:
administrativos

atos que integram um procedimento

os atos que geraram direito adquirido

Por fim, cabe dizer que pelo princípio da simetria:

 a autoridade competente para a revogação é a mesma que tenha competência para a prática do ato
original ou aquela que possa conhecer do tema de ofício ou pela via recursal; e
 a forma a ser utilizada deve ser a mesma do ato original.

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CAI NA PROVA
O concurso para Juiz do Trabalho, aplicado pela FCC em 2017, afirmou em uma das
alternativas de uma das questões da prova que: “Pode haver revogação de ato
administrativo vinculado, a exemplo da licença”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque não podem ser revogados
atos vinculados, atos que já exauriram seus efeitos, atos enunciativos (mero ato
administrativo), atos que integram procedimento nem atos que geraram direito adquirido
(Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial).

CAI NA PROVA
O concurso para Promotor de Justiça do Estado de Roraima, aplicado por banca própria
em 2017, apresentou a seguinte questão na prova.

“Decreto de um governador estadual estabeleceu que determinado tema fosse


regulamentado mediante portaria conjunta das secretarias estaduais A e B. Um ano depois
de editada a portaria conjunta, nova portaria, editada apenas pela secretaria A, revogou a
portaria inicial.

Nessa situação, considerando-se o entendimento do STJ,

I a segunda portaria não poderia gerar efeitos revocatórios.

II a revogação de ato complexo, ou seja, ato formado pela manifestação de dois ou mais
órgãos, demanda a edição de ato igualmente complexo; vale dizer, formado pela
manifestação dos mesmos órgãos subscritores do ato a ser revogado.

A respeito das asserções I e II, assinale a opção correta

a) A asserção I é falsa, e a II é verdadeira

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b) As asserções I e II são falsas.

c) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação”.

Resposta: alternativa “c”. As duas assertivas estão corretas e a segunda justifica de forma
acertada a primeira, já que em linha com o entendimento do STJ esposado no julgamento
do MS 14731 em 2016: “A regulamentação exigida pelo art. 7o. do Decreto 6.253/07,
constitui ato administrativo complexo, demandando a manifestação de dois órgãos da
Administração para sua constituição, quais sejam, o Ministério da Educação e o Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, sob pena de invalidade. 2. Por simetria, apenas se
admite a revogação do ato administrativo por autoridade/órgão competente para produzi-
lo. A propósito, o ilustre Professor DIOGO FIGUEIREDO MOREIRA NETO assinala que a
competência para a revogação do ato administrativo será, em princípio, do mesmo agente
que o praticou (...) Assim, se o ato foi suficiente e validamente constituído a revogação é,
simetricamente, um ato desconstitutivo, ou, em outros termos, um ato constitutivo-
negativo, pelo qual a Administração competente para constituí-lo - e apenas ela - retira a
eficácia de um ato antecedente, exclusivamente por motivos de mérito administrativo,
jamais por motivos jurídicos (Curso de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2014, p. 230-231). 3. No caso, a Portaria 788/09 aqui combatida, emitida pelo
MEC, por si só, procurou revogar a regulamentação anterior, composta pela manifestação
das duas Pastas responsáveis. Nesse contexto, dada a simetria necessária para a edição-
desconstituição do ato administrativo, entende-se viciado o ato”.

 Invalidação ou Anulação: ocorre quando a Administração Pública ou o Poder Judiciário retira a


juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior desde o momento de sua produção (efeitos ex
tunc), por se mostrar contrário à ordem jurídica.

Exemplo: retirada de uma autorização de porte de arma deferida para menor de idade
em desacordo com a lei.

Não se pode confundir revogação com anulação (ou invalidação) dos atos administrativos.

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A revogação ocorre por conveniência e oportunidade da Administração Pública, já a anulação é um dever da


Administração tão logo constate vício de legalidade no ato.

Revogação Anulação (invalidação)

Só pode ser praticado pela Pode ser praticado pela Administração


Administração Pública Pública ou pelo Poder Judiciários

análise de conveniência e oportunidade análise de ilegalidade ou contrariedade


(mérito administrativo) à ordem jurídica

ex nunc ex tunc

Inclusive as súmulas 346 e 473 do STF tratam da revogação e anulação de ato administrativo:

Súmula 473:
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.

Súmula 346:
A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos.

A anulação quando realizada pela própria Administração Pública independe de requerimento do interessado,
sendo realizada dentro do seu poder-dever de respeito à legalidade. Já quando realizada pelo Poder
Judiciário, dependerá de provocação do interessado.

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Há divergência doutrinária quanto à vinculação ou não da Administração à anulação de um ato


administrativo ilegal.
Nessa linha, a professora Maria Sylvia85 assim discorre:

O aspecto que se discute é quanto ao caráter vinculado ou discricionário da anulação.


Indaga-se: diante de uma ilegalidade, a Administração está obrigada a anular o ato ou tem
apenas a faculdade de fazê-lo? Há opiniões nos dois sentidos. Os que defendem o dever de
anular apegam-se ao princípio da legalidade; os que defendem a faculdade de anular invoca
o princípio da predominância do interesse público sobre o particular.

Para nós, a Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena de cair
por terra o princípio da legalidade. No entanto, poderá deixar de fazê-lo, em circunstâncias
determinadas, quando o prejuízo resultante da anulação puder ser maior do que o
decorrente da manutenção do ato ilegal; nesse caso, é o interesse público que norteará a
decisão. Também têm aplicação os princípios da segurança jurídica nos aspectos objetivo
(estabilidade das relações jurídicas) e o subjetivo (proteção à confiança) e da boa-fé.

De todo modo, para que a Administração decida, com base na segurança jurídica e boa-fé pela não anulação
do ato, há que se observar:

a) o ato não ter sido praticado com dolo;


b) a não anulação afetar direitos ou interesse legítimos; e
c) a não anulação causar prejuízos ao erário.

A própria Lei nº 9.784, de 1999, prevê que:

85
Direito Administrativo, 30ª edição, pp 279 e 280.

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Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da


percepção do primeiro pagamento.

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade


administrativa que importe impugnação àvalidade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.

Ou seja, a Administração poderá convalidar o ato administrativo no lugar de anulá-lo quando não acarretar
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.
Ademais, há a fixação do prazo de 5 anos para que seja realizada a anulação do ato administrativo do qual
tenham decorrido efeitos favoráveis ao destinatário.
Outro aspecto a ser ressaltado é o fato de que podem ocorrer vícios no ato administrativo em qualquer dos
5 elementos: competência, forma, finalidade, motivo ou objeto.

1) Vícios quanto à competência do ato administrativo: será viciado o ato praticado por autoridade
incompetente ou incapaz.

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excesso de poder

Incompetência usurpador de função

agente de fato
Vícios quanto à
Competência

impedimento

incapacidade

suspeição

Ressalte-se que a Lei nº 4.717, de 1965, previu quando fica caracterizada a incompetência para a realização
do ato. Veja:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

a) incompetência;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais
do agente que o praticou;

Conforme estudamos na aula sobre poderes administrativos, o excesso de poder, juntamente com o desvio
de finalidade, são espécies do gênero abuso de poder.
Assim, há vício na competência quando a autoridade age exorbitando de suas atribuições, ou seja, praticando
o excesso de poder.
A usurpação de função, tipo penal previsto no art. 328 do Código Penal (usurpar o exercício de função
pública), caracteriza o vício de competência porque o usurpador dolosamente pratica o ato por conta própria
sem ter sido atribuído para o exercício da função pública.

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Diferentemente é o caso daquele que exerce a função pública de fato por atuar com total aparência de
legalidade, mas tendo havido alguma irregularidade na investidura do cargo, emprego ou função públicos ou
no exercício destes.
No que tange aos vícios de incapacidade, cabe dizer, impedimento e suspeição, aquele é um vício absoluto,
já que previsto objetivamente em lei, enquanto esta é um vício relativo, já que depende de conceitos abertos
e avaliáveis no caso concreto.
Nessa linha, o art. 18 da Lei nº 9.784, de 1999, estabelece que:

Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:

I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;

II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante,


ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o
terceiro grau;

III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo


cônjuge ou companheiro.

Portanto, o impedimento ocorrerá, de forma absoluta, para o servidor ou autoridade que se enquadre em
um dos incisos do dispositivo, ficando proibida sua atuação.
Frise-se que a aludida lei previu em seu art. 19 que é dever do servidor ou autoridade que incorrer em
impedimento abster-se de praticar o ato e comunicar o fato à autoridade competente, respondendo
disciplinarmente por falta grave em caso de omissão.
Por outro lado, o art. 20 da Lei nº 9.784, de 1999, estabelece que:

Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade
íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos
cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.

Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem
efeito suspensivo.

Ou seja, a suspeição do servidor ou da autoridade ocorrerá quando este tiver amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ao ato ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
até o terceiro grau.
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Em virtude de serem conceitos abertos e não objetivos, a suspeição tem presunção relativa de incapacidade
do agente, não acarretando, portanto, vício se a parte não alegar a suspeição e esta ficar caracterizada.
De todo modo, seja no impedimento, seja na suspeição, o ato administrativo poderá ser convalidado por
autoridade superior que não incorra em impedimento ou suspeição, sendo considerado, portanto, como
anulável.

2) Vícios quanto à forma do ato administrativo: será viciado o ato praticado sem a forma prevista em lei
ou por cuja forma pela qual foi expedido não se atinge a finalidade pretendida.
Além disso, frise-se que a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê o que consiste em vício de forma na realização
do ato administrativo:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

b) vício de forma;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de


formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato;

3) Vícios quanto à finalidade do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o desvio de
finalidade (espécie do gênero abuso de poder), ou seja, ato que não vise ao interesse público.
Ademais, a própria Lei nº 4.717, de 1965, prevê quando se verifica o desvio de finalidade para a realização
do ato. Veja:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

e) desvio de finalidade;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência.
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4) Vícios quanto ao motivo do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o motivo inexistente
ou ainda em que ocorra falsidade.
Também a Lei nº 4.717, de 1965, previu que:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

d) inexistência dos motivos;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que


se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao
resultado obtido;

5) Vícios quanto ao objeto do ato administrativo: será viciado o ato praticado com objeto ilícito,
impossível, imoral ou indeterminado.
De igual modo, previu a Lei nº 4.717, de 1965, que:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (...)

c) ilegalidade do objeto;

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes


normas: (...)

c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de


lei, regulamento ou outro ato normativo;

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CAI NA PROVA
O concurso para Juiz do Trabalho, aplicado pela FCC em 2017, afirmou em uma das
alternativas de uma das questões da prova que: “O direito da Administração de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé, sendo
certo que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da
percepção do primeiro pagamento”.

Comentários: correta a assertiva. Correta a assertiva que está em linha com o art. 54 da Lei
nº 9.784, de 1999, c/c seu §1º: “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. § 1o No caso
de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento”.

8.3.2. Atos Nulos e Atos Anuláveis

Em que pese haver divergências doutrinárias, é possível destacar a definição de que ato nulo é aquele que
possui vício insanável, ou seja, não pode ser convalidado.
Por outro lado, o ato administrativo anulável é aquele em que o ato apresenta um vício, mas esse vício
poderá ser convalidado pela autoridade competente.

8.3.3. Convalidação dos Atos Anuláveis

A convalidação (também denominada saneamento) é o ato pelo qual a Administração Pública ou,
excepcionalmente, o administrado regulariza determinado vício existente em um ato administrativo com
efeitos retroativos à data em que praticado (ex tunc).

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A regra é que a convalidação seja realizada pela própria Administração Pública, mas pode haver casos em
que a edição do ato dependa de alguma ação do particular que, realizando-a posteriormente, convalidará o
ato86.
Tradicionalmente, a doutrina aponta para o fato de que, dos 5 elementos do ato administrativo -
competência, forma, finalidade, motivo e objeto – somente podem ser convalidados aqueles com vícios nos
elementos forma e competência, mas não quanto aos elementos finalidade, motivo e objeto.
Cabe ainda destacar que, neste entendimento tradicional, a convalidação quanto aos elementos forma e
competência só se aplica se a forma não for essencial e a competência não for exclusiva ou em razão da
matéria.
A professora Maria Sylvia denomina de ratificação a convalidação por vício de incompetência.

Exemplos87: no art. 84 da CRFB, que trata das matérias de competência privativa do


Presidente da República, o seu parágrafo único estabelece que as disposições dos incisos
VI, XII e XXV (primeira parte)88 podem ser delegadas aos Ministros de Estado, Procurador
Geral ou Advogado Geral da União. No caso de essas autoridades praticarem um desses
atos sem a delegação, haverá vício no elemento competência, podendo o Presidente convalidar
(denomina-se ratificação); não pode um Ministério convalidar ato de competência de outro Ministério
porque em razão da matéria, cada um possui uma especialidade. Assim, não pode o Ministro da Saúde
convalidar um ato praticado por um servidor do Ministério da Justiça.

Ocorre que há divergências doutrinárias acerca do estudo da convalidação.


Para o professor José dos Santos Carvalho Filho89, há três formas de convalidação:

86
Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 289.
87
Exemplos da professora Maria Sylvia. Direito Administrativo, 30ª edição, p 291.
88
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001); a) organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
32, de 2001); b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32,
de 2001); (...); XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; (...);
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (...). Parágrafo único. O Presidente da República
poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas
delegações.
89
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 171.
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Ratificação:

•ocorre quando a autoridade saneia um vício anterior de um ato administrativo, sendo


praticável quanto a alguns vícios nos elementos competência e forma, não se
aplicando, contudo, aos elementos finalidade, motivo e objeto.

Reforma:

•ocorre quando um novo ato suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo
somente a parte válida.

Conversão:

•ocorre quando um ato substitui a parte inválida do ato anterior, de modo que se forme
um novo ato formado por parte já existente e por parte nova.

Contudo, ele mesmo afirma que na reforma e na conversão o elemento saneado é o objeto, não havendo
convalidação propriamente dita, mas sim supressão ou substituição da parte viciada90.
Ademais, o professor José dos Santos Carvalho Filho aduz que:

Nem todos os vícios do ato permitem seja este convalidado. Os vícios insanáveis
impedem o aproveitamento do ato, ao passo que os vícios sanáveis possibilitam a
convalidação. São convalidáveis os atos que tenham vício de competência e de forma
nesta incluindo-se os aspectos formais dos procedimentos administrativos. Também é
possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar
de conteúdo plúrimo, ou seja, quando a vontade administrativa se preordenar a mais
de uma providência administrativa no mesmo ato: aqui será viável suprimir ou alterar
alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais providências, não atingidas
por qualquer vício. Vícios insanáveis tornam os atos inconvalidáveis. Assim, inviável será

90
Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 171, nota de rodapé 201.

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a convalidação de atos com vícios no motivo, no objeto (quando único), na finalidade e


na falta de congruência entre o motivo e o resultado do ato.

Ou seja, além da posição tradicional de poder haver convalidação nos elementos competência e forma, o
professor José dos Santos Carvalho Filho aduz a possibilidade de convalidação do ato quando viciado o
elemento objeto, sendo este plúrimo, isto é, plural (não único), de modo que um ou mais objetos sejam
mantidos e o viciado ou os viciados sejam convalidados (reformado ou convertido).
Frise-se que o professor Celso Antônio Bandeira de Mello91 ainda diferencia ratificação de confirmação:

Quando a convalidação procede da mesma autoridade que emanou o ato viciado,


denomina-se ratificação. Se procede de outra autoridade, trata-se de confirmação.
Quando resulta de um ato de particular afetado, parece bem denomina-la
simplesmente de saneamento.

Portanto, se formos consolidar a doutrina, é possível identificar quatro tipos de convalidação: ratificação,
confirmação, reforma e conversão.

#ficadica

Para o professor Hely Lopes Meirelles92 não pode haver ato administrativo anulável no
Direito Administrativo, já que não se pode admitir a manutenção de atos ilegais ou, ainda, a
preponderância do interesse privado sobre o interesse público.

Atenção:Hely Lopes Meirelles diferencia convalidação de conversão ou sanatória.

a) Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo do
qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da Lei Federal
nº 9.784, de 1999:

91
Curso de Direito Administrativo, 14ª dição, p 418.
92
Direito Administrativo Brasileiro, 42ª edição, p 199. Também o exemplo é da obra do professor Hely Lopes Meirelles.
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Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem


prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

b) conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado
propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito.

Exemplo: uma licença para edificação permanente que seja inválida para essa finalidade, mas aproveitável
quanto a ser uma autorização para edificação provisória. A denominação do instituto que decorre de o ato
de licença permanente se tornar autorização temporária é conversão ou sanatória, mas não se confundo
com convalidação.

CAI NA PROVA
O concurso para Procurador do Estado de Pernambuco, aplicado pelo CESPE em 2018,
afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “Admite-se a
convalidação de ato administrativo por meio de decisão judicial, desde que não haja dano
ao interesse público nem prejuízo a terceiros”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque ao Poder Judiciário cabe


anular atos administrativos ilegais e não a sua convalidação. A convalidação compete à
própria Administração Pública ou, excepcionalmente, ao administrado.

CAI NA PROVA

O concurso para Procurador do Estado de Pernambuco, aplicado pelo CESPE em 2018,


afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “Por ser a

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competência administrativa improrrogável, atos praticados por agente incompetente não


se sujeitam a convalidação”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque, em que pese a


competência ser improrrogável (órgão ou agente incompetente não se torna competente
pelo exercício da atividade, exceto por lei), pode haver convalidação de ato administrativo
com vício de competência, desde que esta não seja exclusiva ou em função da matéria
(denomina-se a convalidação no elemento competência de ratificação ou confirmação a
depender da autoridade saneadora).

CAI NA PROVA
O concurso para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, aplicado por banca própria
em 2017, afirmou em uma das alternativas de uma das questões da prova que: “No caso
de ato vinculado, praticado por autoridade incompetente, a convalidação é obrigatória
pela autoridade competente se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato”.

Comentários: correta a assertiva. Correta a assertiva porque são exatamente as palavras


da professora Maria Sylvia em seu livro Direito Administrativo, 30ª edição, p 289: “tratando-
se de ato vinculado praticado por autoridade incompetente, a autoridade competente não
poderá deixar de convalidá-lo, se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato”.

CAI NA PROVA
O concurso para Juiz do Trabalho, aplicado pela FCC em 2017, afirmou em uma das
alternativas de uma das questões da prova que: “Os atos que apresentarem defeitos
sanáveis, em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, serão convalidados pela própria Administração com efeitos ex nunc”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque a convalidação opera


efeitos extunc, ou seja, saneia o ato desde o momento de sua produção.

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O concurso para Defensor Público, aplicado pela FCC em 2017, afirmou em uma das
alternativas de uma das questões da prova que: “existe, no direito brasileiro, apenas duas
formas de convalidação, a ratificação e a reforma”.

Comentários: incorreta a assertiva. Incorreta a assertiva porque pela doutrina do professor


José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p.
71, há três formas de convalidação: ratificação, reforma e conversão.

CAI NA PROVA
O concurso para Defensor Público, aplicado pela FCC em 2017, afirmou em uma das
alternativas de uma das questões da prova que: “é possível convalidar atos com vício no
objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo”.

Comentários: correta a assertiva. Correta a assertiva porque nessa linha é a doutrina do


professor José dos Santos Carvalho Filho em seu Manual de Direito Administrativo, 31ª
edição, p. 72: “Também é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas
apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo”.

8.3.4. Confirmação

Ocorre a confirmação quando a Administração renuncia ao seu poder de anular determinado ato ilegal.

Conforme visto, em caso de interesse público e em respeito à segurança jurídica e a boa-fé, pode ser que a
Administração não anule determinado ato ilegal, desde que não cause prejuízo a terceiros e à própria
Administração, bem como a sua anulação acarrete mais males do que sua manutenção.

Ou seja, na confirmação a Administração mantém o ato tal como ele foi praticado, diferentemente da
convalidação que corrige o vício do ato.

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8.4. EXTINÇÃO DE ATO INEFICAZ

O ato administrativo ineficaz, ou seja, mesmo sem ainda produzir efeitos, poderá ser extinto por sua mera
retirada (se for por mérito – conveniência e oportunidade - pode ser englobado na revogação; se for por
incompatibilidade com a lei pode ser englobado na anulação).
Poderá ser extinto também o ato ineficaz quando houver a recusa do beneficiário e o ato dependia da
concordância dele para sua produção dos efeitos.

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9. QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

9.1. LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Em relação ao tema das nulidades dos atos


administrativos, a doutrina majoritária no Brasil consolidou o entendimento decorrente da
teoria dos motivos determinantes. À luz desta teoria, marque a alternativa INCORRETA.
a) Na exoneração de cargos de livre nomeação não é necessária, para a validade do ato, a
enunciação dos motivos de fato pelo administrador.
b) Os elementos do ato administrativo são: a competência, a forma, a finalidade, o objeto e a
motivação.
c) A exoneração ad nutum não necessita de explicitação do motivo para sua validade; todavia, se
o administrador, por faculdade, declarar o motivo, esse fato passará a ser determinante para a
configuração lícita do ato administrativo exoneratório.
d) A existência real de um motivo de fato alegado para a realização de ato administrativo vincula
o administrador, sendo um pressuposto de validade deste mesmo ato.
e) Se um ato administrativo é realizado com motivo de fato inexistente, mesmo que exista
motivação, ele é considerado ilícito com base na teoria dos motivos determinantes.

2. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Sobre os Atos Administrativos e a


Presunção de Legitimidade, é correto afirmar que a Presunção de Legitimidade
a) não se aplica aos atos do Poder Legislativo, devendo estes ser subsumidos à comissão especial
antes de sua concretização, devido aos inúmeros episódios de corrupção.
b) não se aplica a todos os atos administrativos, apenas aos dos chefes de poderes e seus
assessores.
c) é um dos princípios que rege os atos administrativos.
d) é uma diretriz arcaica do período ditatorial militar do Brasil, extirpada por completo com a
Constituição de 1988.

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e) é universal, exceto para ações das polícias militares, civil e federal, que necessitam de aprovação
dos respectivos órgãos corregedores.
3. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os
próximos itens.
- Tanto a anulação como a revogação retiram do mundo jurídico atos com defeitos e produzem
efeitos prospectivos.

4. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os


próximos itens.
- A cassação de um ato administrativo corresponde a extingui-lo por descumprimento dos
requisitos estabelecidos para a sua execução.
5. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os
próximos itens.
- A anulação de ato administrativo fundamenta-se na ilegalidade do ato, enquanto a revogação
funciona como uma espécie de sanção para aqueles que deixaram de cumprir as condições
determinadas pelo ato.
6. (2019/ CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) Comando ou posicionamento emitido oralmente
por agente público, no exercício de função administrativa e manifestando sua vontade, não
pode ser considerado ato administrativo.
( ) Verdadeiro ( ) Falso
7. (2019/VUNESP/Prefeitura São José do Rio Preto - SP/Procurador do Município) O controle
jurisdicional dos atos administrativos:
a) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, relativamente ao mérito e a
quaisquer de seus elementos.
b) pode incidir sobre atos administrativos vinculados, mas não sobre atos administrativos
discricionários.
c) tendo em vista o princípio da deferência, limita-se à verificação da autoridade competente, da
adoção da forma prescrita em lei e do trâmite regular do respectivo procedimento administrativo,
não podendo recair sobre o mérito administrativo ou a finalidade do ato.
d) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, desde que, em qualquer
caso, esgotadas as instâncias de controle administrativo.
e) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, não cabendo ao Poder
Judiciário, entretanto, o controle do juízo de oportunidade e conveniência exercido com
razoabilidade e motivação pela Administração Pública dentro dos parâmetros legais.

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8. (2019/CESPE/TJ-PR/Juiz Substituto) Determinado magistrado, no exercício regular de suas


funções, proferiu decisão em processo judicial e, em outra ocasião, exarou ato administrativo
regulando a organização do trabalho dos servidores lotados na vara de sua competência.
A respeito do controle de tais atos, assinale a opção correta.
a) O primeiro ato do magistrado não é passível de controle administrativo interno.
b) Tanto o primeiro ato quanto o segundo são passíveis de controle administrativo interno.
c) O primeiro ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo interno pelo CNJ.
d) O segundo ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo externo pelo CNJ.

9. (2019/CESPE/TJ-PR/Juiz Substituto) A administração pública pode produzir


unilateralmente atos que vinculam os particulares. No entanto, tal vinculação não é absoluta,
devendo o particular, para eximir-se de seus efeitos e anular o ato, comprovar, em juízo ou perante
a própria administração, o defeito do ato administrativo contra o qual se insurge, por caber-lhe o
ônus da prova. Essa descrição refere-se ao atributo do ato administrativo denominado
a) autoexecutoriedade.
b) imperatividade.
c) presunção de legalidade.
d) exigibilidade.

10. (2019/CEBRASPE/TJ-SC/Juiz Substituto) No âmbito do direito administrativo, segundo a


doutrina majoritária, a autoexecutoriedade dos atos administrativos é caracterizada pela
possibilidade de a administração pública
a) anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, sem necessidade de
controle judicial.
b) assegurar a veracidade dos fatos indicados em suas certidões, seus atestados e suas
declarações, o que afasta o controle judicial.
c) impor os atos administrativos a terceiros, independentemente de sua concordância, por meio
de ato judicial.
d) executar suas decisões por meios coercitivos próprios, sem a necessidade da interferência do
Poder Judiciário.
e) executar ato administrativo por meios coercitivos próprios, o que afasta o controle judicial
posterior.

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11. (2019/UFPR/PGM-Curitiba/Procurador Municipal) Não há assunto mais tratado no Direito


Administrativo contemporâneo do que o referente ao exercício da discricionariedade
administrativa e seus limites. Vários outros temas estão coligados a esse assunto central. Sobre
essa importante temática, assinale a alternativa correta.
a) Os atos administrativos discricionários podem ser anulados em caso de vício de um dos seus
elementos ou convalidados em caso da presença de um legítimo motivo de interesse público
justificador.
b) A legislação de cada ente federativo deve estabelecer como numerus clausus os atos que serão
considerados atos vinculados e aqueles que serão caracterizados como atos vinculados.
c) Além dos atos administrativos, os fatos da Administração também podem ser caracterizados
como discricionários.
d) É vedada a revogação de atos vinculados segundo a redação expressa da Constituição.
e) Os atos administrativos complexos não podem ser atos discricionários.

12. (2019/UFPR/PGM-Curitiba/Procurador Municipal) O desfazimento dos atos administrativos


é uma tarefa corriqueira da Administração. É essencial que se mantenham respeitados os
princípios da Administração Pública e as regras do ordenamento positivo, a partir da ideia de que
o agente público não dispõe dos meios administrativos segundo a sua vontade. Considerando
essa realidade, assinale a alternativa correta.
a) A revogação é ato administrativo que desfaz o ato anterior desde que haja a constatação de
algum vício.
b) A revogação dos atos administrativos pode ser realizada tanto pela Administração Pública
quanto pelo Poder Judiciário.
c) A Constituição Federal veda expressamente a convalidação judicial de atos administrativos.
d) Segundo a legislação regente da matéria, a convalidação é um ato administrativo que somente
pode ser realizado por uma autoridade superior à autoridade que praticou o ato convalidado.
e) Em que pese os seus característicos efeitos ex tunc, a anulação de um ato administrativo pode,
excepcionalmente, não acarretar efeitos retroativos plenos.

13. (2019/CESPE/PGM-Campo Grande/Procurador Municipal) Acerca de atos administrativos,


julgue os itens que se seguem.
1. A administração pública poderá revogar atos administrativos que possuam vício que os torne
ilegais, ainda que o ato revogatório não tenha sido determinado pelo Poder Judiciário.

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2. Ato administrativo vinculado que tenha vício de competência poderá ser convalidado por meio
de ratificação, desde que não seja de competência exclusiva.

14. (2018/VUNESP/TJ-MT/Juiz Substituto) Atos administrativos negociais


(A) não são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, que atribui aos atos administrativos as
características de unilateralidade, precariedade, imperatividade e sancionatória.
(B) são aqueles que decorrem do exercício de função tipicamente política do Poder Executivo, não
suscetíveis de controle interno ou externo.
(C) decorrem do exercício de competência discricionária da Administração Pública porque têm
como pressuposto de existência, validade e eficácia, a verificação do preenchimento dos requisitos
legais que autorizam sua edição, não suscetíveis de controle externo.
(D) são aqueles praticados por entes paraestatais, no exercício da função de intervenção do Estado
no domínio econômico.
(E) são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, inclusive no exercício do poder de polícia,
de que são exemplos os acordos setoriais e termos de compromisso firmados no âmbito da Política
Nacional de Resíduos Sólidos.

15. (2018/MPE-MS/MPE-MS/ Promotor de Justiça) Quanto aos atos administrativos, assinale a


alternativa correta.
a) Resoluções, instruções e portarias são atos administrativos normativos.
b) Instruções, avisos e certidões são atos administrativos ordinatórios.
c) Parecer vinculante e obrigatório possuem o mesmo significado.
d) No parecer vinculante, a manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa, não
podendo a decisão do administrador colidir com a sua conclusão.
e) São espécies de ato administrativo, segundo entendimento doutrinário tradicional: normativos,
ordinatórios, negociais, vinculativos e punitivos.

16. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Custódio Bocaiúva é Chefe de Gabinete de


uma Secretaria de determinado Estado. Certo dia, em vista da ausência do Secretário Estadual,
que saíra para uma reunião com o Governador, Custódio assinou o ato de nomeação de um
candidato aprovado em primeiro lugar para cargo efetivo, em concurso promovido pela Secretaria
Estadual. No dia seguinte, tal ato saiu publicado no Diário Oficial do Estado. Sabendo-se que a
legislação estadual havia atribuído ao Secretário a competência de promover tal nomeação,

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permitindo que este a delegasse a outras autoridades hierarquicamente subordinadas, é correto


concluir que o ato praticado é:
a) válido, pois havia direito subjetivo do candidato a ser nomeado para o cargo efetivo.
b) inexistente, haja vista que não reúne os mínimos elementos que permitam seu reconhecimento
como ato jurídico.
c) válido, em vista da teoria do funcionário de fato, amplamente reconhecida na doutrina
administrativa.
d) inválido, pois, segundo a Constituição Federal, a nomeação de servidores é atribuição exclusiva
e indelegável do Chefe do Poder Executivo, regra sujeita à observância em âmbito estadual, por
conta do princípio da simetria.
e) inválido, porém sujeito à convalidação pelo Secretário de Estado, desde que não estejam
presentes vícios relativos ao objeto, motivo ou finalidade do ato.

17. (2018/FCC/DPE-AP/Defensor Público) Como é cediço, o controle judicial dos atos


administrativos diz respeito a aspectos de legalidade, descabendo avaliação do mérito de atos
discricionários. Considere a situação hipotética: em sede de ação popular, foi proferida decisão
judicial anulando o ato de fechamento de uma unidade básica de saúde, tendo em vista que restou
comprovado que os motivos declinados pelo Secretário da Saúde para a prática do ato − ausência
de demanda da população local − estavam em total desconformidade com a realidade. Referida
decisão afigura-se.
a) legítima, apenas se comprovado desvio de finalidade na prática do ato, sendo descabido o
controle judicial do motivo invocado pela autoridade prolatora.
b) legítima, com base na teoria dos motivos determinantes, não extrapolando o âmbito do
controle judicial.
c) ilegítima, pois a questão diz respeito a critérios de conveniência e oportunidade, que refogem
ao controle judicial.
d) ilegítima, eis que o controle judicial somente é exercido em relação a atos vinculados.
e) legítima, desde que comprovado, adicionalmente ao vício de motivo, falha em aspectos
relativos à discricionariedade técnica.

18. (2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado) À luz da doutrina e da jurisprudência, assinale


a opção correta acerca de atos administrativos.
a) Admite-se a convalidação de ato administrativo por meio de decisão judicial, desde que não
haja dano ao interesse público nem prejuízo a terceiros.

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b) A nomeação dos ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato administrativo complexo.


c) Por ser a competência administrativa improrrogável, atos praticados por agente incompetente
não se sujeitam a convalidação.
d) Por serem os ocupantes de cargo em comissão demissíveis ad nutum, é sempre inviável a
anulação do ato de exoneração de ocupante de cargo em comissão com fundamento na teoria
dos motivos determinantes.
e) Independentemente de novo posicionamento judicial, havendo modificação da situação de fato
ou de direito, a administração poderá suprimir vantagem funcional incorporada em decorrência
de decisão judicial transitada em julgado.

19. (2018/CONSULPLAN/CÂMARA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador) Determinado


Secretário Municipal de Saúde, ao tomar posse na secretaria municipal, por estrita motivação
pessoal, decide favorecer servidor partidário, lotando-o em unidade de saúde central no
município. Para tanto, o citado Secretário removeu João, adversário político, para atuar na
unidade de zona rural, ocupando a antiga vaga de seu partidário. Indignado com a situação, João
procurou a Administração Municipal informando do caráter pessoal da modificação. Diante da
comprovação de que o ato foi motivado por razões pessoais, deverá a Administração, quanto à
remoção de João,
a) anular o ato, com efeito ex nunc, vez que conveniente à Administração.
b) declarar nulo o ato, retroagindo os efeitos à época do ato, vez que ilegal.
c) revogar o ato com eficácia ex nunc, vez que eivados de vício de legalidade.
d) revogar o ato com eficácia extunc, retroagindo os efeitos à época da origem do ato.

20. (2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público) Suponha que um agente público da Secretaria de


Estado da Educação, após longo período de greve dos professores da rede pública, objetivando
desincentivar novas paralisações, tenha transferido os grevistas para ministrarem aulas no período
noturno em outras escolas, mais distantes. Ato contínuo, promoveu o fechamento de diversas
classes do período da manhã de estabelecimento de ensino no qual estavam lotados a maioria
dos docentes transferidos, justificando o ato assim praticado em uma circular aos pais dos alunos
na qual afirmou ter ocorrido inesperada redução do número de docentes, decorrente da
necessidade de transferência para outras unidades como forma de melhor atender à demanda da
sociedade. Nesse contexto,

a) os aspectos relacionados à finalidade e motivação dos atos administrativos em questão dizem


respeito ao mérito, ensejando, apenas, impugnação na esfera administrativa, com base no
princípio da tutela.
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b) apenas os atos de transferência dos docentes são passíveis de anulação, em face de abuso de
poder, ostentado vício de motivação passível de controle administrativo e judicial.
c) descabe impugnação judicial dos atos em questão, eis que praticados no âmbito da
discricionariedade legitimamente conferida à autoridade administrativa.
d) apenas o ato de fechamento de salas de aula poderá ser questionado judicialmente, com base
em vício de motivação, sendo os demais legítimos no âmbito da gestão administrativa.
e) o poder judiciário poderá anular as transferências dos docentes por desvio de finalidade, bem
como o fechamento das salas por vício de motivo com base na teoria dos motivos determinantes.

21. (2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal) Assinale a


alternativa correta, a respeito dos atos administrativos.
a) A licença é o ato vinculado por meio do qual a Administração confere ao interessado
consentimento para o desempenho de certa atividade.
b) A aprovação é o ato administrativo que confere ao indivíduo, desde que preencha os requisitos
legais, o direito de receber o serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento
oficial.
c) A homologação é a manifestação discricionária do administrador a respeito de outro ato. Pode
ser prévia ou posterior.
d) A concessão é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente
que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público.
e) Atestado é o instrumento formal expedido pela Administração, que, através dele, expressa
aquiescência no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular.

22. (2017/VUNESP/PREFEITURA DE MARÍLIA-SP/Procurador) Segundo o disposto na


Constituição Federal, se um ato administrativo aplicar indevidamente determinada súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que
a) poderá ser anulado por meio de recurso ordinário a ser interposto diretamente perante o
Supremo Tribunal Federal.
b) deverá ser impugnado por meio da arguição de descumprimento de preceito fundamental.
c) poderá ser anulado por meio de reclamação ao Supremo Tribunal Federal.
d) deverá ser impugnado por meio de ação própria em primeira instância da Justiça Federal.
e) poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade, para dirimir a divergência sobre
a aplicação corretada súmula vinculante.

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23. (2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa correta.


a) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre, em razão de seu
poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação.
b) Nos atos discricionários, o Poder Judiciário não pode, em hipótese alguma, apreciar o mérito
do ato, assim considerada a análise da conveniência ou oportunidade.
c) O ato administrativo, praticado por autoridade incompetente, investido irregularmente no
cargo, não produz qualquer efeito.
d) A revogação dos atos administrativos é sempre possível, não havendo limites para tanto, uma
vez que cabe à Administração apreciar as razões de oportunidade e conveniência.
e) No caso de ato vinculado, praticado por autoridade incompetente, a convalidação é obrigatória
pela autoridade competente se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato.

24. (2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal) Acerca dos atos administrativos, do poder


regulamentar e do poder de polícia, assinale a opção correta.
a) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas gratuitamente a clientes por farmácias
são passíveis de fiscalização pelo INMETRO, a fim de preservar as relações de consumo, sendo,
portanto, legítima a cobrança de taxa decorrente do poder de polícia no exercício da atividade
de fiscalização.
b) Situação hipotética: Um servidor público efetivo indicado para cargo em comissão foi
exonerado ad nutum sob a justificativa de haver cometido assédio moral no exercício da função.
Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência da prática do assédio, mas persistiu a
exoneração do servidor, por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva: Nessa
situação, o ato de exoneração é válido por não se aplicar a teoria dos motivos determinantes.
c) Conforme o STF, o Poder Judiciário não detém competência para substituir banca examinadora
de concurso público para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção
utilizados, admitindo-se, no entanto, o controle do conteúdo das provas ante os limites expressos
no edital.
d) A homologação é um ato administrativo unilateral vinculado ao exame de legalidade e
conveniência pela autoridade homologante, sendo o ato a ser homologado passível de alteração,
em virtude do princípio da hierarquia presente no exercício da atividade administrativa.
e) Situação hipotética: Lei ordinária instituiu a criação de autarquia federal vinculada ao Ministério
X, com o objetivo de atuar na fiscalização e no fomento de determinado setor. Publicada a referida
lei, o ministro expediu decreto estabelecendo a estrutura organizacional e o funcionamento

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administrativo da nova autarquia. Assertiva: Esse caso ilustra a constitucionalidade do decreto


regulamentar por delegação do presidente da República.

25. (2017/CS-UFG/TJ-GO/Juiz Leigo) Uma das características dos atos administrativos é:


a) a sujeição ao regime jurídico de direito privado, de conformidade com ao Código Civil.
b) a possibilidade de sua revogação, quando praticados com vícios que os tornem ilegais.
c) a presunção de legitimidade.
d) a possibilidade de anulação, quando inconvenientes ou inoportunos em relação ao interesse
público.
e) o mérito, demandando sempre avaliação subjetiva do agente público.

26. (2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho) Sobre o ato administrativo, é correto afirmar:


a) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis, em decisão na qual se evidencie não acarretarem
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, serão convalidados pela própria Administração
com efeitos ex nunc.
b) O órgão competente para decidir o recurso administrativo poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência,
dispensando-se a oitiva do recorrente na hipótese de reformatio in pejus.
c) O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé, sendo certo que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
d) O poder de revogar atos administrativos fundamenta-se juridicamente na normal competência
de agir da autoridade administrativa e tem como características nucleares a renunciabilidade, a
transmissibilidade e a prescritibilidade.
e) Pode haver revogação de ato administrativo vinculado, a exemplo da licença.

27. (2017/FMP-CONCURSOS/MPE-RO/Promotor de Justiça) Dentre as alternativas abaixo,


conflagra-se como exemplo concreto predominante de exigibilidade de ato administrativo.
a) guinchamento de carro parado em local proibido.
b) requisição de bem móvel particular para combater evento danoso da natureza.
c) inutilização de medicamentos vencidos.

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d) dispersão de manifestação pública violenta com prática de atos de vandalismo.


e) aplicação de multa e de advertência.

28. (2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público) Os atos administrativos podem ser produzidos em


desrespeito às normas jurídicas e, nestes casos, é correto afirmar que
a) existe, no direito brasileiro, apenas duas formas de convalidação, a ratificação e a reforma.
b) ainda que o ato tenha sido objeto de impugnação é possível falar-se em convalidação, com o
objetivo de aplicar o princípio da eficiência.
c) a vícios que podem ser sanados e, nestes casos, a convalidação terá efeitos ex nunc.
d) a violação das normas jurídicas causa um vício que só pode ser corrigido com a edição de novo
ato, pelo poder Judiciário.
e) é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de
conteúdo plúrimo.

29. (2017/LEGALLE CONCURSOS/CÂMARA DE VEREADORES DE GUAÍBA-RS/Procurador)


Acerca da anulação dos atos administrativos, assinale a opção INCORRETA.
a) A anulação pode ser feita pela Administração Pública, com base no seu poder de autotutela
sobre os próprios atos.
b) A anulação pode também ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos
interessados.
c) Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos
retroativos à data em que foi emitido.
d) Anulação é o desfazimento do ato administrativo por razões de legalidade.
e) A anulação do ato administrativo, quando afete interesses ou direitos de terceiros, deve ser
precedida do contraditório.

30. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC /Procurador do Estado (ADAPTADA) Para a


configuração dos casos de nulidade de atos administrativos que traduzam lesão aos bens jurídicos
tutelados pelo direito pátrio, serão observadas as seguintes normas, EXCETO
a) O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
necessariamente explícito na regra de competência.
b) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação da legislação
em vigor.
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c) A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se


fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada frente ao resultado
obtido.
d) A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente
que o praticou.
e) O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato.

31. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) Existem diversas alternativas


possíveis quanto às hipóteses abstratas de extinção dos atos administrativos, EXCETO
a) o decurso do tempo.
b) a renúncia do interessado.
c) a revogação pelo Poder Judiciário.
d) a invalidação pela própria Administração.
e) o desaparecimento do pressuposto fático.

32. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) O motivo do ato administrativo pode ser conceituado


como:
a) a normatividade jurídica que irá incidir sobre determinada situação de fato que lhe é
antecedente.
b) a ocorrência no mundo fenomênico de certo pressuposto fático, relevante para o direito, que
vai postular ou possibilitar a edição do ato administrativo.
c) a explicitação dos fundamentos de fato e de direito que levaram à edição do ato administrativo
e sem a qual o ato é nulo.
d) o móvel ou intenção do agente ou, em outros termos, a representação psicológica que levou o
administrador a agir, e que tem especial importância no plano dos atos discricionários.

33. (2017/IMA/PREFEITURA DE PENALVA-MA/Procurador Municipal) Os atos administrativos


que se destinam a dar andamento aos processos e papeis que tramitam pelas repartições públicas,
preparando para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente, são
classificados como:
a) Atos de império.
b) Atos de gestão.
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c) Atos de expediente.
d) Atos normativos.

34. (2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça) Decreto de um governador estadual


estabeleceu que determinado tema fosse regulamentado mediante portaria conjunta das
secretarias estaduais A e B. Um ano depois de editada a portaria conjunta, nova portaria, editada
apenas pela secretaria A, revogou a portaria inicial.
Nessa situação, considerando-se o entendimento do STJ,
I a segunda portaria não poderia gerar efeitos revocatórios.
II a revogação de ato complexo, ou seja, ato formado pela manifestação de dois ou mais órgãos,
demanda a edição de ato igualmente complexo; vale dizer, formado pela manifestação dos
mesmos órgãos subscritores do ato a ser revogado.
A respeito das asserções I e II, assinale a opção correta
a) A asserção I é falsa, e a II é verdadeira
b) As asserções I e II são falsas.
c) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação.

35. (2017/VUNESP/CÂMARA DE COTIA-SP/Procurador Legislativo) Considere a seguinte


situação hipotética:
Lei Municipal é aprovada concedendo a revisão geral anual, prevista na Constituição Federal, para
todos os servidores públicos do Município de Cotia. O Prefeito Municipal, no entanto, somente
efetiva o aumento salarial para os servidores que são filiados ao partido político ao qual pertence.
Como o ato administrativo possui vários elementos, é correto afirmar que, nesse caso hipotético,
o vício desse ato recai sobre
a) a finalidade.
b) a forma.
c) o motivo.
d) o objeto.
e) a competência.

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36. (2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal) No que


tange a conceitos, requisitos, atributos e classificação dos atos administrativos, assinale a opção
correta.
a) Licença e autorização são atos administrativos que representam o consentimento da
administração ao permitir determinada atividade; o alvará é o instrumento que formaliza esses
atos.
b) O ato que decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de
competência do presidente da República.
c) Ainda que submetido ao regime de direito público, nenhum ato praticado por concessionária
de serviços públicos pode ser considerado ato administrativo.
d) O atributo da autoexecutoriedade não impede que o ato administrativo seja apreciado
judicialmente e julgado ilegal, com determinação da anulação de seus efeitos; porém, nesses
casos, a administração somente responderá caso fique comprovada a culpa.

37. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre atos administrativos, é correto afirmar:


a) a delegação e avocação se caracterizam pela excepcionalidade e temporariedade, sendo certo
que é proibida avocação nos casos de competência exclusiva.
b) a renúncia é instituto afeto tanto aos atos restritivos quanto aos ampliativos.
c) as deliberações e os despachos são espécies da mesma categoria de atos administrativos
normativos.
d) é ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo; salvo
quando se tratar de recurso hierárquico impróprio.
e) nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e ampla
defesa, a qualquer tempo, quando a decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo, de qualquer natureza, que beneficie o interessado.

38. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime


Jurídico Administrativo, é correto afirmar:
a) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse público e o
interesse privado, pautando-se pela igualdade de tratamento a todos administrados,
independentemente de quaisquer preferências pessoais.
b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As subsidiárias não
dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a Administração Pública Indireta.

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c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem
de autorização específica para fins do exercício do controle externo.
d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações
administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base na
hierarquia.
e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida desde
que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

39. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
da organização administrativa e dos atos administrativos.
A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por particulares a se manifestar acerca
da construção de um condomínio privado em área de proteção ambiental, absteve-se de emitir
parecer. Nessa situação, a obra poderá ser iniciada, pois o silêncio da administração é considerado
ato administrativo e produz efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.
( ) Certo ( ) Errado

40. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
da organização administrativa e dos atos administrativos.
Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores
em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existia excesso de servidores
na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser
invalidado.
( ) Certo ( ) Errado.

41. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) De acordo com o art. 54 da Lei n.º 9.784/1999, o direito
da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
má-fé. Trata-se de hipótese em que o legislador, em detrimento da legalidade, prestigiou outros
valores. Tais valores têm por fundamento o princípio administrativo da
a) presunção de legitimidade.
b) autotutela.
c) segurança jurídica.

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d) continuidade do serviço público.

42. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Com base na Lei n.º 9.784/1999, assinale a opção
correta acerca da revogação e dos elementos dos atos administrativos.
a) A revogação de um ato administrativo deve apresentar os seus motivos devidamente
externados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
b) O ato de delegação pode ser revogado a qualquer tempo pela autoridade delegante ou pela
autoridade delegada.
c) O ato de delegação deve ser publicado no meio oficial, mas não o de sua revogação.
d) Caso um ato administrativo esteja eivado de vício de legalidade, o Poder Judiciário terá de
revogá-lo.

43. (2017/FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça) Quanto ao conteúdo e à forma dos atos


administrativos, é CORRETO o que se afirma em:
a) Deliberações são atos emanados, em regra, de órgãos colegiados e caracterizam-se como atos
simples coletivos, ao passo que as resoluções são atos normativos individuais, provenientes de
autoridades do alto escalão administrativo e têm natureza derivada.
b) Homologação é o ato administrativo unilateral que visa à uniformização de decisões das
autoridades administrativas sobre tema de interesse individual ou coletivo.
c) A autorização é ato declaratório, ao passo que a licença é ato constitutivo de direito
preexistente.
d) A permissão é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece ao
particular que em preencha os requisitos legais o direito para exercer profissão regulamentada.

44. (2017/FGV/ALERJ/Procurador) O art. 54, da Lei nº 9.784/99, dispõe que o direito da


Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. Da análise do texto normativo, verifica-se que o legislador procurou conjugar
os aspectos de tempo e boa-fé, sendo certo que teve o objetivo fundamental de estabilizar as
relações jurídicas pelo fenômeno da convalidação de atos administrativos inquinados de vício de
legalidade.
Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a citada norma aborda
especificamente os seguintes princípios reconhecidos da Administração Pública:
a) autotutela e certeza jurídica;
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b) segurança jurídica e proteção à confiança;


c) inafastabilidade da jurisdição e proporcionalidade;
d) temporalidade e moralidade administrativas;
e) indisponibilidade e aproveitamento administrativos
45. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) A União publicou decreto expropriatório por
utilidade pública de imóvel urbano. No decreto, declarou-se o interesse de instalar, no referido
imóvel, a sede de determinado órgão público federal. A administração pública imitiu-se na
posse do bem e realizou as reformas necessárias. Em seguida, as atividades do órgão público
foram inauguradas no imóvel. O prazo do decreto expropriatório caducou sem que a
administração propusesse acordo para o pagamento da indenização nem ajuizasse, para esse
fim, a ação judicial.
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das normas e precedentes
jurisprudenciais a respeito da desapropriação.
a) A ação de indenização tem natureza pessoal e deve ser proposta pelo proprietário no foro de
domicílio da pessoa jurídica expropriante.
b) Conforme o entendimento atual do STJ, o prazo para a interposição da ação indenizatória, pelo
proprietário, é de vinte anos, contados da imissão na posse.
c) O proprietário poderá obter a restituição do bem mediante a propositura de ação reivindicatória
contra a União.
d) Ocorreu desapropriação indireta, que, comparada à desapropriação comum, caracteriza-se pela
inversão entre as fases de pagamento da indenização e apossamento do bem desapropriado.
e) Não houve ilegalidade na imissão na posse ocorrida, visto que o ato administrativo é dotado de
autoexecutoriedade e decorreu dos poderes transferidos à administração pelo decreto
expropriatório.
46. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) Com relação ao ato administrativo, assinale a opção
correta.
a) Os vícios sanáveis do ato administrativo, que admitem convalidação, são aqueles relacionados
à forma, à finalidade e ao motivo.
b) A avocação da competência, embora ocorra em caráter excepcional, dispensa motivação e a
existência de uma relação hierárquica.
c) Consideram-se atos administrativos enunciativos aqueles que são editados no exercício do
poder hierárquico com o objetivo de disciplinar as relações internas da administração pública, dos
quais são exemplos as circulares, as instruções e os avisos.
d) O decreto, como espécie de ato administrativo, confunde-se com o regulamento, de maneira
que não pode haver decreto sem regulamento, nem regulamento sem o decreto respectivo.

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e) Há formalidades que são essenciais ao ato administrativo; assim, a ausência de ampla defesa e
contraditório acarreta a invalidade da imposição de sanções administrativas, do mesmo modo que
a ausência de motivação causa a nulidade da demissão de servidor público.

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9.2. GABARITO SEM COMENTÁRIOS

1. B 18. B 35. A
2. C 19. B 36. A
3. ERRADO 20. E 37. A
4. CERTO 21. A 38. C
5. ERRADO 22. C 39. ERRADO
6. ERRADO 23. E 40. CERTO
7. E 24. C 41. C
8. A 25. C 42. A
9. C 26. C 43. A
10. D 27. E 44. B
11. A 28. E 45. D
12. E 29. D 46. E
13. ERRADO/CERTO 30. A
14. E 31. C
15. D 32. D
16. E 33. C
17. B 34. C

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9.3. QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS

1. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Em relação ao tema das nulidades dos


atos administrativos, a doutrina majoritária no Brasil consolidou o entendimento decorrente
da teoria dos motivos determinantes. À luz desta teoria, marque a alternativa INCORRETA.
a) Na exoneração de cargos de livre nomeação não é necessária, para a validade do ato, a
enunciação dos motivos de fato pelo administrador.
b) Os elementos do ato administrativo são: a competência, a forma, a finalidade, o objeto e a
motivação.
c) A exoneração ad nutum não necessita de explicitação do motivo para sua validade; todavia, se
o administrador, por faculdade, declarar o motivo, esse fato passará a ser determinante para a
configuração lícita do ato administrativo exoneratório.
d) A existência real de um motivo de fato alegado para a realização de ato administrativo vincula
o administrador, sendo um pressuposto de validade deste mesmo ato.
e) Se um ato administrativo é realizado com motivo de fato inexistente, mesmo que exista
motivação, ele é considerado ilícito com base na teoria dos motivos determinantes.

Comentários

Correta a alternativa “a”. Os cargos em comissão previstos em lei como sendo de livre provimento
dispensam a autoridade competente de motivar o ato de nomeação ou de exoneração. Dessa
forma, a lei dá àquela autoridade a oportunidade de utilizar-se de critérios pessoais para escolher
as pessoas que, em seu entendimento, estejam mais aptas a ocuparem os cargos de chefia, direção
e assessoramento.

Incorreta a alternativa “b”. É sempre bom frisar que os elementos, requisitos ou pressupostos do
ato administrativo são os seguintes: competência, motivo, objeto, finalidade e forma. Como se vê,
motivação não é elemento do ato administrativo. Motivação é a exposição dos motivos que
motivaram a prática de determinado ato.

Correta a alternativa “c”. Os cargos de livre provimento dispensam motivação por parte da
autoridade competente, seja para nomear, seja para exonerar a pessoa do cargo. Contudo, por
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força da teoria dos motivos determinantes, se a autoridade expuser os motivos ficará a eles
vinculada. Caso exponha motivos incongruentes com a situação fática, poderá ocorrer a
invalidação do ato ad nutum.

Correta a alternativa “d”. O elemento do motivo do ato administrativo é requisito de validade do


ato administrativo, em que razões fáticas e de direito levaram o administrador a praticar
determinada conduta administrativa. Qualquer vício existente no motivo, seja por inconsistência
fática ou jurídica, poderá levar à nulidade absoluta do ato praticado.

Correta a alternativa “e”. O comentário da alternativa “d” atende ao que a alternativa expõe.
Frise-se que o motivo deve se dar em função de uma situação fática que leve o agente público a
praticar determinado ato. Diante da inexistência do motivo, não há outro caminho senão o
reconhecimento da nulidade da conduta adotada pela autoridade.

Resposta: alternativa “b”.

2. (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) Sobre os Atos Administrativos e a


Presunção de Legitimidade, é correto afirmar que a Presunção de Legitimidade
a) não se aplica aos atos do Poder Legislativo, devendo estes ser subsumidos à comissão especial
antes de sua concretização, devido aos inúmeros episódios de corrupção.
b) não se aplica a todos os atos administrativos, apenas aos dos chefes de poderes e seus
assessores.
c) é um dos princípios que rege os atos administrativos.
d) é uma diretriz arcaica do período ditatorial militar do Brasil, extirpada por completo com a
Constituição de 1988.
e) é universal, exceto para ações das polícias militares, civil e federal, que necessitam de aprovação
dos respectivos órgãos corregedores.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. Toda atuação estatal presume-se compatível ao Estado Democrático
de Direito, em que o Estado elabora as leis e a elas se submete. Nesse sentido, a Administração
só está legitimada a fazer aquilo que for previsto ou autorizado em lei. Caso haja abuso por parte
de algum Poder, exsurge a atuação do Poder Judiciário, que deve coibir e retirar do mundo
jurídico as atuações estatais em desconformidade com o ordenamento. Tal raciocínio se aplica aos
atos legislativos, em que as leis são presumidamente compatíveis com a Constituição. Não há que
se falar em submetê-las a uma comissão antes de sua concretização em função de episódios de
corrupção. Não há qualquer previsão constitucional acerca disso.

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Incorreta a alternativa “b”. Toda atuação estatal presume-se legal, verdadeira e legítima.
Contudo, trata-se de presunção iuris tantum, em que se admite prova em contrário. Enquanto não
se provar o contrário, a atuação do Estado prevalece legítima, seja quem for o agente público
responsável pela prática do ato.

Correta a alternativa “c”. Como já comentado anteriormente, toda atuação estatal goza da
presunção de legitimidade. Nesse sentido, os atos administrativos praticados são revestidos dessa
presunção, regendo-se também por esse princípio.

Incorreta a alternativa “d”. A presunção de legitimidade remanesce em nosso ordenamento


jurídico, mormente porque o Estado existe para perseguir a realização do interesse público. Para
isso, a Administração Pública tem prerrogativas em face do restante da sociedade, dentre as quais
está a presunção de legitimidade de seus atos. Não se trata, portanto, de diretriz arcaica ou
ditatorial.

Incorreta a alternativa “e”. Como já se sabe, toda a atuação estatal, de qualquer órgão ou Poder,
tem a presunção de legitimidade, não sendo diferente o raciocínio em relação às ações das
polícias.

Resposta: alternativa “c”.

3. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os


próximos itens.
- Tanto a anulação como a revogação retiram do mundo jurídico atos com defeitos e produzem
efeitos prospectivos.

Comentários

Errado. A anulação e a revogação retiram do mundo jurídico um ato administrativo anteriormente


praticado. Contudo, é importante frisar que a anulação tem efeitos retroativos (ou ex tunc), em
que se retira do mundo jurídico um ato com defeitos insanáveis. Ou seja, determinado ato, por ter
sido produzido em contrariedade ao ordenamento jurídico, sequer deveria ter nascido, algo que
justifica os efeitos retroativos do reconhecimento de sua nulidade. A revogação, por outro lado,
retira do mundo jurídico algo lícito, que atende ao ordenamento jurídico, mas que não é mais
conveniente e oportuno à Administração Pública. Diante disso, possui efeitos prospectivos (ou ex
nunc), conservando os efeitos praticados durante sua vigência. O ato apenas não produzirá mais
efeitos a partir da data de sua revogação.

Resposta: errado.

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4. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os


próximos itens.
- A cassação de um ato administrativo corresponde a extingui-lo por descumprimento dos
requisitos estabelecidos para a sua execução.

Comentários

Certo. A cassação é uma das modalidades de retirada do ato administrativo do mundo jurídico. É
definida pela doutrina como a circunstância em que o destinatário do ato passa a descumprir as
condições exigidas para a concessão daquele ato inicial. Por exemplo, se um determinado
estabelecimento comercial que tinha licença para funcionar como um revendedor de alimentos
congelados passa a fornecer refeições prontas (restaurante ou lanchonete), houve uma nítida
contrariedade em relação ao ato anterior. O comerciante estará sujeito a ter sua licença de
funcionamento cassada, tendo em vista que contrariou e modificou a atividade comercial que
estava autorizado pelo Estado a desempenhar.

Resposta: certo.

5. (2018/CESPE/PC-SE/Delegado) A respeito da extinção de atos administrativos, julgue os


próximos itens.
- A anulação de ato administrativo fundamenta-se na ilegalidade do ato, enquanto a revogação
funciona como uma espécie de sanção para aqueles que deixaram de cumprir as condições
determinadas pelo ato.

Comentários

Errado. A anulação se baseia no fato de um ato administrativo contrariar o ordenamento jurídico,


comportando anulação. Por outro lado, revogação envolve os critérios de conveniência e
oportunidade para se manter ou não a produção dos efeitos de um determinado ato. A revogação
não tem viés sancionatório. Vale lembrar que toda e qualquer sanção administrativa depende da
instauração de procedimento específico, em que haja observância dos princípios do contraditório
e da ampla defesa.

Resposta: errado.

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6. (2019/ CEBRASPE/DP-DF/Defensor Público) Comando ou posicionamento emitido oralmente


por agente público, no exercício de função administrativa e manifestando sua vontade, não
pode ser considerado ato administrativo.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

Comentários:

De acordo com o posicionamento da doutrina, os atos administrativos podem sim ser não escritos
(verbais, sonoros,…), como, por exemplo, nos sinais sonoros representados pelos silvos do apito
do agente de trânsito. Nessa linha, por exemplo, Maria Sylvia Zanella di Pietro e José dos Santos
Carvalho Filho.

Gabarito: Falso.

7. (2019/VUNESP/Prefeitura São José do Rio Preto - SP/Procurador do Município) O controle


jurisdicional dos atos administrativos:
a) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, relativamente ao mérito e a
quaisquer de seus elementos.
b) pode incidir sobre atos administrativos vinculados, mas não sobre atos administrativos
discricionários.
c) tendo em vista o princípio da deferência, limita-se à verificação da autoridade competente, da
adoção da forma prescrita em lei e do trâmite regular do respectivo procedimento administrativo,
não podendo recair sobre o mérito administrativo ou a finalidade do ato.
d) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, desde que, em qualquer
caso, esgotadas as instâncias de controle administrativo.
e) pode recair sobre atos administrativos vinculados e discricionários, não cabendo ao Poder
Judiciário, entretanto, o controle do juízo de oportunidade e conveniência exercido com
razoabilidade e motivação pela Administração Pública dentro dos parâmetros legais.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. O Controle Judicial avalia somente a legalidade do ato, não entrando
no mérito do ato praticado (conveniência e oportunidade).

Incorreta a alternativa “b”. O controle do Poder Judiciário pode incidir sobre atos vinculados, e,
de certa forma, sobre o ato discricionário, sendo que o Poder Judiciário pode apenas apreciar os
aspectos de juridicidade do ato praticado pela Administração, verificando se ela não ultrapassou
os limites da discricionariedade.

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Incorreta a alternativa “c”. O princípio da deferência estabelece que as decisões proferidas por
autoridades detentoras de competência específica, sobretudo de ordem técnica, precisam ser
respeitadas pelos demais órgãos e entidades estatais, porém tal princípio não é absoluto.Se a
decisão proferida for eivada de vício de ilegalidade, por exemplo, ela poderá ser revista pelo
Poder Judiciário.

Incorreta a alternativa “d”. A CRFB/88 prevê, no artigo 5º, inciso XXXV, o princípio da
inafastabilidade da jurisdição: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”. Dessa forma, não há a necessidade esgotar todas as instâncias na esfera
administrativa para levar uma lide ao Poder Judiciário.

Correta a alternativa “e”. O controle judicial dos atos administrativos discricionários deve-se limitar
ao exame de sua legalidade, eximindo-se o Judiciário de adentrar na análise de mérito do ato.

Resposta: alternativa “e”.

8. (2019/CESPE/TJ-PR/Juiz Substituto) Determinado magistrado, no exercício regular de suas


funções, proferiu decisão em processo judicial e, em outra ocasião, exarou ato administrativo
regulando a organização do trabalho dos servidores lotados na vara de sua competência.
A respeito do controle de tais atos, assinale a opção correta.
a) O primeiro ato do magistrado não é passível de controle administrativo interno.
b) Tanto o primeiro ato quanto o segundo são passíveis de controle administrativo interno.
c) O primeiro ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo interno pelo CNJ.
d) O segundo ato é passível de controle jurisdicional e controle administrativo externo pelo CNJ.

Comentários

Correta a alternativa “a”. O primeiro ato do magistrado é de natureza jurisdicional, não sendo
passível de controle administrativo. Trata-se do exercício de funções estatais distintas (função
jurisdicional e função administrativa), ainda que exercidas pelo mesmo agente público.

Incorreta a alternativa “b”. O primeiro ato do magistrado é a decisão em processo judicial, o qual
não cabe controle administrativo. Contudo, o ato administrativo é passível de controle
administrativo interno, seja por meio da autotutela, seja pelo sistema de controle interno do Poder
Judiciário.

Incorreta a alternativa “c”. O CNJ não tem poder jurisdicional. Dessa forma, a decisão em processo
judicial, que tem natureza jurisdicional, não é passível de controle pelo CNJ.

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Incorreta a alternativa “d”. O segundo ato, que tem natureza administrativa, é passível de controle
pelo CNJ, conforme previsto na CRFB, art. 130-B, §4º, “compete ao Conselho o controle da
atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais
dos juízes (...)”. Contudo, o primeiro ato, que é o jurisdicional, não se submete ao controle do
CNJ, visto que não tem competência jurisdicional.

Resposta: alternativa “a”.

9. (2019/CESPE/TJ-PR/Juiz Substituto) A administração pública pode produzir unilateralmente


atos que vinculam os particulares. No entanto, tal vinculação não é absoluta, devendo o
particular, para eximir-se de seus efeitos e anular o ato, comprovar, em juízo ou perante a
própria administração, o defeito do ato administrativo contra o qual se insurge, por caber-lhe
o ônus da prova. Essa descrição refere-se ao atributo do ato administrativo denominado
a) autoexecutoriedade.
b) imperatividade.
c) presunção de legalidade.
d) exigibilidade.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. O atributo autoexecutoriedade do ato administrativo, segundo Maria


Sylvia Zanella di Pietro, é a execução de um ato pela Administração, sem a necessidade de
intervenção do Poder Judiciário.

Incorreta a alternativa “b”. A imperatividade é o poder em que a Administração Pública impõe


obrigações aos administrados independentemente de concordância destes; é o poder extroverso
do Estado, ainda chamado por alguns de poder de império.

Correta a alternativa “c”. A presunção de legalidade pressupõe que os atos da Administração


Pública são praticados conforme previsão legal, cabendo ao administrado a prova em contrário (o
ônus de provar que a atuação da Administração Pública se revestiu de ilegalidade).

Incorreta a alternativa “d”. A exigibilidade confere ao Poder Público a prerrogativa de se valer de


meios indiretos de coação, tal como a imposição de multas. É um atributo que se desdobra da
autoexecutoriedade, ao lado da executoriedade.

Resposta: alternativa “c”.

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10. (2019/CEBRASPE/TJ-SC/Juiz Substituto) No âmbito do direito administrativo, segundo a


doutrina majoritária, a autoexecutoriedade dos atos administrativos é caracterizada pela
possibilidade de a administração pública
a) anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, sem necessidade de
controle judicial.
b) assegurar a veracidade dos fatos indicados em suas certidões, seus atestados e suas
declarações, o que afasta o controle judicial.
c) impor os atos administrativos a terceiros, independentemente de sua concordância, por meio
de ato judicial.
d) executar suas decisões por meios coercitivos próprios, sem a necessidade da interferência do
Poder Judiciário.
e) executar ato administrativo por meios coercitivos próprios, o que afasta o controle judicial
posterior.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. O poder de autotutela é o que confere à Administração Pública anular
seus próprios atos quando eivados de vício de ilegalidade.

Incorreta a alternativa “b”. Um dos atributos do ato administrativo é a presunção de legitimidade


- presume-se que o ato é legal, legítimo (regras morais) e verdadeiro (realidade posta). Contudo,
é uma presunção relativa (iuris tantum), admitindo, portanto, prova em contrário.

Incorreta a alternativa “c”. Trata-se do atributo imperatividade, que impõe a coercibilidade para
o seu cumprimento ou execução, criando unilateralmente obrigações aos particulares sem a sua
prévia concordância.

Correta a alternativa “d”. A Administração tem a possibilidade de, com seus próprios meios,
executar suas decisões, sem precisar de autorização prévia do Poder Judiciário.

Incorreta a alternativa “e”. A prerrogativa da autoexecutoriedade dos atos administrativos pode


se submeter ao controle judicial a posteriori, caso provocado pelo administrado.

Resposta: alternativa “d”.

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11. (2019/UFPR/PGM-Curitiba/Procurador Municipal) Não há assunto mais tratado no Direito


Administrativo contemporâneo do que o referente ao exercício da discricionariedade
administrativa e seus limites. Vários outros temas estão coligados a esse assunto central. Sobre
essa importante temática, assinale a alternativa correta.
a) Os atos administrativos discricionários podem ser anulados em caso de vício de um dos seus
elementos ou convalidados em caso da presença de um legítimo motivo de interesse público
justificador.
b) A legislação de cada ente federativo deve estabelecer como numerus clausus os atos que serão
considerados atos vinculados e aqueles que serão caracterizados como atos vinculados.
c) Além dos atos administrativos, os fatos da Administração também podem ser caracterizados
como discricionários.
d) É vedada a revogação de atos vinculados segundo a redação expressa da Constituição.
e) Os atos administrativos complexos não podem ser atos discricionários.

Comentários:

Correta a alternativa “a” porque, de fato, discricionariedade não se confunde com arbitrariedade
e, portanto, havendo vício deverá ser anulado, seja no exercício da autotutela da Administração
Pública (Controle Interno) ou no exercício legítimo pelo Controle Externo (dentro dos limites de
atuação previstos no ordenamento jurídico. Quanto à convalidação, cabe dizer que, sendo sanável
o defeito do ato administrativo e não acarretando lesão ao interesse público nem prejuízo a
terceiros, o ato poderá ser convalidado pela própria Administração Pública (nessa linha, por
exemplo, o art. 55 da Lei nº 9.784, de 1999).

Incorreta a alternativa “b” porque o Regime Jurídico do Direito Administrativo, em especial dos
atos administrativos e do exercício do Poder Discricionário, não exige a listagem taxativa (numerus
clausus) dos atos que são discricionários (conveniência e oportunidade / mérito administrativo /
variabilidade dos elementos motivo e objeto do ato administrativo) e dos atos que são vinculados
(todos os cinco elementos dos atos administrativo estão definidos em lei – competência, forma,
finalidade, motivo e objeto).

Incorreta a alternativa “c” porque fatos da administração são aqueles acontecimentos praticados
pela Administração Pública que não apresentam nenhuma repercussão no âmbito do Direito
Administrativo. Não confunda Fato DA Administração com Fato Administrativo. Este “tem ode
atividade material no exercício da função administrativa que visa a efeitos de ordem prática para
a Administração” (José dos Santos Carvalho Filho – Manual de Direito Administrativo, 31ª edição,
p 101).

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Incorreta a alternativa “d” porque não há no texto constitucional qualquer vedação expressa à
revogação de atos vinculados. Segundo parte da doutrina, de fato, os atos vinculados não podem
ser revogados.

Incorreta a alternativa “e” porque atos administrativos complexos são aqueles que se originam da
manifestação da vontade de mais de um órgão administrativo, podendo ser singulares ou
colegiados. Há um concurso de vontade homogênea de órgãos para a produção do um único ato
administrativo. Logo, podem sim ser discricionários. Exemplo: assinatura de um Decreto pelo
Chefe do Poder Executivo, referendado pelo Ministro ou Secretário.

Gabarito: alternativa A.

12. (2019/UFPR/PGM-Curitiba/Procurador Municipal) O desfazimento dos atos administrativos


é uma tarefa corriqueira da Administração. É essencial que se mantenham respeitados os
princípios da Administração Pública e as regras do ordenamento positivo, a partir da ideia de que
o agente público não dispõe dos meios administrativos segundo a sua vontade. Considerando
essa realidade, assinale a alternativa correta.
a) A revogação é ato administrativo que desfaz o ato anterior desde que haja a constatação de
algum vício.
b) A revogação dos atos administrativos pode ser realizada tanto pela Administração Pública
quanto pelo Poder Judiciário.
c) A Constituição Federal veda expressamente a convalidação judicial de atos administrativos.
d) Segundo a legislação regente da matéria, a convalidação é um ato administrativo que somente
pode ser realizado por uma autoridade superior à autoridade que praticou o ato convalidado.
e) Em que pese os seus característicos efeitos ex tunc, a anulação de um ato administrativo pode,
excepcionalmente, não acarretar efeitos retroativos plenos.

Comentários:

Incorreta a alternativa “a” porque a revogação é o desfazimento de um ato administrativo por


motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos (art. 53 da Lei nº
9.784, de 1999). Quando eivado de vício, a Administração Pública tem o poder-dever de anulá-lo.

Nessa linha, a Súmula 473 do STF:

A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou

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oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a


apreciação judicial.

Incorreta a alternativa “b” porque ao Poder Judiciário é vedado adentrar ao mérito administrativo.
O controle jurisdicional poderá ocorrer em caso de ilegalidade.

Incorreta a alternativa “c” porque não há no texto constitucional vedação expressa no sentido de
que ao Poder Judiciário descabe convalidar atos administrativos.

Incorreta a alternativa “d” porque o art. 55 da Lei nº 9.784, de 1999, não obriga que a convalidação
seja feita pela autoridade superior àquela que praticou o ato. Pode ser, inclusive, pela própria
autoridade que o produziu.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados
pela própria Administração.

Correta a alternativa “e” porque em linha com a posicão doutrinária. De fato, a regra é que a
anulação do ato administrativo produza efeitos ex tunc (retroativos, desde a origem). Contudo,
excepcionalmente, quando o prejuízo resultante da anulação retroativa for maior do que o prejuízo
dos efeitos produzidos pelo ato, a Administração deverá ser norteada pelo interesse público.
Nessa linha, a professora Maria Sylvia (Direito Administrativo, 30ª edição, pp 279 e 280).

Gabarito: alternativa E.

13. (2019/CESPE/PGM-Campo Grande/Procurador Municipal) Acerca de atos administrativos,


julgue os itens que se seguem.
1. A administração pública poderá revogar atos administrativos que possuam vício que os torne
ilegais, ainda que o ato revogatório não tenha sido determinado pelo Poder Judiciário.
2. Ato administrativo vinculado que tenha vício de competência poderá ser convalidado por meio
de ratificação, desde que não seja de competência exclusiva.

Comentários:

A assertiva 1 está ERRADA e a 2 CERTA.

A 1 está errada porque, de acordo com a Súmula 473 do STF, a administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam

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direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos


adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Portanto, não se pode confundir anulação e revogação. Anulação se refere a ato ilegal (efeitos ex
tunc). Revogação se refere a ato legal que deixou de ser conveniente e oportuno para a
Administração (efeitos ex nunc).

A 2 está correta porque em linha com o que ensina a doutrina. Nas palavras, por exemplo, da
professora Maria Sylvia, tem-se que:

“Quanto ao sujeito, se o ato for praticado com vício de incompetência, admite-se a


convalidação, que nesse caso recebe o nome de ratificação, desde que não se trate de
competência outorgada com exclusividade, hipótese em que se exclui a possibilidade de
delegação ou de avocação”.

14. (2018/VUNESP/TJ-MT/Juiz Substituto) Atos administrativos negociais


(A) não são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, que atribui aos atos administrativos as
características de unilateralidade, precariedade, imperatividade e sancionatória.
(B) são aqueles que decorrem do exercício de função tipicamente política do Poder Executivo, não
suscetíveis de controle interno ou externo.
(C) decorrem do exercício de competência discricionária da Administração Pública porque têm
como pressuposto de existência, validade e eficácia, a verificação do preenchimento dos requisitos
legais que autorizam sua edição, não suscetíveis de controle externo.
(D) são aqueles praticados por entes paraestatais, no exercício da função de intervenção do Estado
no domínio econômico.
(E) são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, inclusive no exercício do poder de polícia,
de que são exemplos os acordos setoriais e termos de compromisso firmados no âmbito da Política
Nacional de Resíduos Sólidos.

Comentários

Incorreta a alternativa “a”. Dentro das espécies admitidas pelo ordenamento jurídico para os atos
administrativos encontra-se a categoria dos atos negociais, em que a Administração, via de regra,
atende a pleitos dos interessados – daí a nomenclatura de negociais. Como exemplo, temos as
autorizações e licenças. Ambas não possuem os atributos da imperatividade e não são sanções, o
que invalida por completo a alternativa.

Incorreta a alternativa “b”. Trata-se de atos administrativos também sujeitos a controle interno,
seja pela via da autotutela, seja pela via do sistema de controle interno, e também a controle
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externo, tais como Tribunal de Contas, Ministério Público e Poder Judiciário. Além disso, os atos
negociais são exercidos no exercício da função administrativa do Estado, em nada se relacionando
com a função política.

Incorreta a alternativa “c”. Nem todos os atos administrativos negociais são discricionários. O
maior exemplo é o das licenças, que são atos vinculados. Ou seja, se o interessado atender aos
requisitos legais para a concessão da licença, a Administração é obrigada a concedê-la. Os atos
negociais são exercidos no exercício da função administrativa, o que os reveste também da
característica da sindicabilidade, ou seja, da possibilidade de serem controlados interna ou
externamente.

Incorreta a alternativa “d”. Os atos administrativos negociais podem ser praticados pela
Administração Pública em geral – Direta ou Indireta. É equivocado o que é afirmado pela
alternativa ao vincular tais atos apenas aos entes paraestatais no exercício da função interventiva
no domínio econômico.

Correta a alternativa “e”. O exemplo das licenças, citado em comentário de alternativas anteriores,
é um caso de exercício de poder de polícia. Por exemplo, ao se exigir uma licença para construir,
o Estado concede tal licença após verificar se o projeto da obra atende aos diversos requisitos da
legislação. Trata-se de um poder de polícia preventivo exercido pelo Estado. Além do exercício
do poder de polícia, vários outros atos negociais podem ser praticados, a exemplo dos acordos
setoriais e termos de compromisso no geral. Portanto, não restam dúvidas de que os atos
administrativos negociais são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional.

Resposta: alternativa “e”.

15. (2018/MPE-MS/MPE-MS/ Promotor de Justiça) Quanto aos atos administrativos, assinale a


alternativa correta.
a) Resoluções, instruções e portarias são atos administrativos normativos.
b) Instruções, avisos e certidões são atos administrativos ordinatórios.
c) Parecer vinculante e obrigatório possuem o mesmo significado.
d) No parecer vinculante, a manifestação de teor jurídico deixa de ser meramente opinativa, não
podendo a decisão do administrador colidir com a sua conclusão.
e) São espécies de ato administrativo, segundo entendimento doutrinário tradicional: normativos,
ordinatórios, negociais, vinculativos e punitivos.

Comentários

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Resposta: alternativa “d”.

Correta a alternativa “d” porque os pareceres podem ser facultativos (é meramente opcional),
obrigatórios (exige-se o parecer para a realização do ato, mas é mera opinião, podendo a
autoridade dele divergir) ou vinculantes (a autoridade não pode dele divergir, deixa de ser mera
opinião).

Incorreta a alternativa “a” porque instruções e portarias são atos ordinatórios (aqueles que
disciplinam o funcionamento da Administração Pública, incluindo as condutas dos seus agentes) e
não atos normativos (em regra, comandos gerais e abstratos). Cuidado para não confundir a teoria
dos atos administrativos com eventuais práticas incorretas adotas pelos órgãos públicos.
Resolução sim é ato normativo.

Incorreta a alternativa “b” porque certidões são atos administrativos enunciativos (externam ou
declaram uma situação existente em registros, processo ou arquivos públicos sem qualquer
manifestação de vontade original da Administração). De fato, instruções e avisos são atos
ordinatórios.

Incorreta a alternativa “c” porque parecer vinculante e parecer obrigatório são diferentes, como
visto na explicação da alternativa “d”.

Incorreta a alternativa “e” porque são espécies de atos administrativos segundo a doutrina
tradicional: normativo, ordinatório, negocial, enunciativo e punitivo. Não incluído, portanto, atos
vinculativos.

16. (2018/FCC/PGE-TO/Procurador do Estado) Custódio Bocaiúva é Chefe de Gabinete de


uma Secretaria de determinado Estado. Certo dia, em vista da ausência do Secretário Estadual,
que saíra para uma reunião com o Governador, Custódio assinou o ato de nomeação de um
candidato aprovado em primeiro lugar para cargo efetivo, em concurso promovido pela Secretaria
Estadual. No dia seguinte, tal ato saiu publicado no Diário Oficial do Estado. Sabendo-se que a
legislação estadual havia atribuído ao Secretário a competência de promover tal nomeação,
permitindo que este a delegasse a outras autoridades hierarquicamente subordinadas, é correto
concluir que o ato praticado é:
a) válido, pois havia direito subjetivo do candidato a ser nomeado para o cargo efetivo.
b) inexistente, haja vista que não reúne os mínimos elementos que permitam seu reconhecimento
como ato jurídico.
c) válido, em vista da teoria do funcionário de fato, amplamente reconhecida na doutrina
administrativa.

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d) inválido, pois, segundo a Constituição Federal, a nomeação de servidores é atribuição exclusiva


e indelegável do Chefe do Poder Executivo, regra sujeita à observância em âmbito estadual, por
conta do princípio da simetria.
e) inválido, porém sujeito à convalidação pelo Secretário de Estado, desde que não estejam
presentes vícios relativos ao objeto, motivo ou finalidade do ato.

Comentários

Resposta: alternativa “e”.

Correta a alternativa “e” porque, como o vício no ato administrativo foi no elemento competência
e esta não era exclusiva (art. 84, XXV, combinado com o seu parágrafo único, da CRFB), cabe a
convalidação pelo Secretário Estadual (neste caso denomina-se ratificação). Lembre-se que a
convalidação, que é possibilidade de a autoridade competente regularizar determinado vício
existente em um ato administrativo com efeitos retroativos à data em que praticado, em regra,
somente se aplica em vícios nos elementos forma e competência e, ainda, desde que a forma não
seja essencial e competência não seja exclusiva ou em razão da matéria (cuidado com a posição
do professor José dos Santos Carvalho Filho no sentido de também caber convalidação quanto
ao elemento objeto quando plúrimo). Portanto, se o vício for nos elementos finalidade, motivo ou
objeto não cabe convalidação (objeto quando único).

Incorreta a alternativa “a” porque o eventual direito subjetivo do candidato aprovado em 1º lugar
em concurso público para provimento efetivo não tem o condão de sanear ato administrativo
inválido.

Incorreta a alternativa “b” porque o ato praticado existe, mas é inválido por ter sido expedido por
autoridade incompetente. A existência dos atos administrativos está relacionada à presença de
todos os elementos, ainda que haja deficiência em um ou mais deles.

Incorreta a alternativa “c” porque o ato da nomeação é inválido porque um dos elementos, a
competência, não foi produzido de acordo com a lei. Em que pese pela Teoria da Aparência os
atos praticados pelo agente putativo ou funcionário de fato poderem ser convalidados, em
respeito à boa-fé do administrado, isso não torna o ato da nomeação válido, mas sim os eventuais
atos por ele praticados. Inclusive, lembre-se que, de acordo com o STF, não se aplica a Teoria do
Fato Consumado nos casos em que se pleiteia a permanência em cargo público, cuja posse tenha
ocorrido de forma precária, em razão de decisão judicial não definitiva (RE 405964).

Incorreta a alternativa “d”, em função da previsão do art. 84, XXV (primeira parte), combinado
com o seu parágrafo único, da CRFB, em que se autoriza ao Presidente delegar as atribuições
mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-
Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas
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respectivas delegações. Por simetria, pode o Governador do Estado delegar ao Secretário de


Estado.

17. (2018/FCC/DPE-AP/Defensor Público) Como é cediço, o controle judicial dos atos


administrativos diz respeito a aspectos de legalidade, descabendo avaliação do mérito de atos
discricionários. Considere a situação hipotética: em sede de ação popular, foi proferida decisão
judicial anulando o ato de fechamento de uma unidade básica de saúde, tendo em vista que restou
comprovado que os motivos declinados pelo Secretário da Saúde para a prática do ato − ausência
de demanda da população local − estavam em total desconformidade com a realidade. Referida
decisão afigura-se.
a) legítima, apenas se comprovado desvio de finalidade na prática do ato, sendo descabido o
controle judicial do motivo invocado pela autoridade prolatora.
b) legítima, com base na teoria dos motivos determinantes, não extrapolando o âmbito do
controle judicial.
c) ilegítima, pois a questão diz respeito a critérios de conveniência e oportunidade, que refogem
ao controle judicial.
d) ilegítima, eis que o controle judicial somente é exercido em relação a atos vinculados.
e) legítima, desde que comprovado, adicionalmente ao vício de motivo, falha em aspectos
relativos à discricionariedade técnica.

Comentários

Resposta: alternativa “b”.

Correta a alternativa “b”, já que o enunciado representa bem a aplicação da Teoria dos Motivos
Determinantes. Essa teoria foi acolhida no Brasil para fixar que o fundamento exteriorizado para a
tomada de decisão ou para a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato
administrativo discricionário ou vinculado. Assim, existindo a exteriorização do motivo como o
determinante a justificar a realização do ato administrativo, caso fique comprovado não ter este
ocorrido ou não representar a realidade, o ato será ilegal. Sendo ilegal, abre-se margem para o
controle pelo Poder Judiciário. Não se trata aí de mérito administrativo (conveniência e
oportunidade) e sim de uma ilegalidade.

Incorretas as alternativas “a”, “c” e “d” porque, no caso descrito, abriu-se a possibilidade do
controle judicial em função do motivo externado no ato administrativo ser incompatível com a
realidade. Logo, o ato judicial foi legítimo, ainda que se tratasse de ato discricionário na origem,
mas que passou a ser vinculado ao motivo após a sua externalização.

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Incorreta a alternativa “e” porque a legitimidade do ato judicial não está condicionada a vício na
discricionariedade técnica. Ademais, ao Poder Judiciário não cabe adentrar e invalidar ato político
(discricionário) da Administração Pública sob a alegação de que se utilizou metodologia técnica,
como fixado pela Doutrina Chenery (STJ AgInt na SLS 2240/SP).

18. (2018/CESPE/PGE-PE/Procurador do Estado) À luz da doutrina e da jurisprudência, assinale


a opção correta acerca de atos administrativos.
a) Admite-se a convalidação de ato administrativo por meio de decisão judicial, desde que não
haja dano ao interesse público nem prejuízo a terceiros.
b) A nomeação dos ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato administrativo complexo.
c) Por ser a competência administrativa improrrogável, atos praticados por agente incompetente
não se sujeitam a convalidação.
d) Por serem os ocupantes de cargo em comissão demissíveis ad nutum, é sempre inviável a
anulação do ato de exoneração de ocupante de cargo em comissão com fundamento na teoria
dos motivos determinantes.
e) Independentemente de novo posicionamento judicial, havendo modificação da situação de fato
ou de direito, a administração poderá suprimir vantagem funcional incorporada em decorrência
de decisão judicial transitada em julgado.

Comentários

Resposta: alternativa “b”.

Em que pese haver discordância na doutrina, a CESPE considerou a alternativa “b” correta, ou
seja, para esta banca a nomeação de ministros de tribunais superiores no Brasil é um ato complexo,
ou seja, há concorrência da manifestação da vontade de dois órgãos, e não ato composto, no qual
há manifestação da vontade de um órgão em um ato administrativo principal e a participação de
outro órgão para dar-lhe eficácia. Frise-se que, de acordo com o inciso XIV do art. 84 da CRFB,
cabe ao Presidente da República a nomeação dos Ministros do STF e dos Tribunais Superiores,
após aprovação pelo Senado Federal. Para a professora Maria Sylvia, que defende a posição de
ato composto, embora haja a participação de mais de um órgão, a vontade é apenas de um deles.
O ato principal é a nomeação (indica e nomeia). O ato acessório é a aprovação pelo Senado). Para
o professor José dos Santos Carvalho Filho, trata-se de ato complexo sendo necessária a
manifestação da vontade de dois órgãos diversos.

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Incorreta a alternativa “a” porque ao Poder Judiciário cabe anular atos administrativos ilegais e
não a sua convalidação. A convalidação compete à própria Administração Pública ou,
excepcionalmente, ao administrado.

Incorreta a alternativa “c” porque, em que pese a competência ser improrrogável (órgão ou
agente incompetente não se torna competente pelo exercício da atividade, exceto por lei), pode
haver convalidação de ato administrativo com vício de competência, desde que esta não seja
exclusiva ou em função da matéria (denomina-se a convalidação no elemento competência de
ratificação ou confirmação, a depender da autoridade que sanear o ato).

Incorreta a alternativa “d” porque se o administrador público externar o motivo pelo qual praticou
a exoneração, o ato administrativo estará vinculado a este motivo. Demonstrada, portanto, sua
incompatibilidade com a realidade haverá uma ilegalidade. Logo, passível de controle pelo Poder
Judiciário.

Outra alternativa polêmica é a “e”, considerada incorreta. De fato, de acordo com a jurisprudência
tradicional do STF, não pode a Administração Pública desrespeitar a coisa julgada e, por
conseguinte, a segurança jurídica e a proteção à confiança, para afastar vantagem de servidor
incorporada em função de mudança na situação de fato ou de direito (STF AgR no RE 394638,
julgado de 2004, e MS 30780, julgado de 2013). Nessa linha, realmente incorreta a alternativa, já
que dependeria de novo provimento judicial. Contudo, no julgado do MS 32435, o próprio STF
decidiu que “a força vinculativa das sentenças sobre relações jurídicas de trato continuado atua
rebus sic stantibus: sua eficácia permanece enquanto se mantiverem inalterados os pressupostos
fáticos e jurídicos adotados para o juízo de certeza estabelecido pelo provimento sentencial. A
superveniente alteração de qualquer desses pressupostos determina a imediata cessação da
eficácia executiva do julgado, independentemente de ação rescisória ou, salvo em estritas
hipóteses previstas em lei, de ação revisional”. De todo modo, a banca seguiu a jurisprudência
anteriormente firmada.

19. (2018/CONSULPLAN/CÂMARA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador) Determinado


Secretário Municipal de Saúde, ao tomar posse na secretaria municipal, por estrita motivação
pessoal, decide favorecer servidor partidário, lotando-o em unidade de saúde central no
município. Para tanto, o citado Secretário removeu João, adversário político, para atuar na
unidade de zona rural, ocupando a antiga vaga de seu partidário. Indignado com a situação, João
procurou a Administração Municipal informando do caráter pessoal da modificação. Diante da
comprovação de que o ato foi motivado por razões pessoais, deverá a Administração, quanto à
remoção de João,
a) anular o ato, com efeito ex nunc, vez que conveniente à Administração.

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b) declarar nulo o ato, retroagindo os efeitos à época do ato, vez que ilegal.
c) revogar o ato com eficácia ex nunc, vez que eivados de vício de legalidade.
d) revogar o ato com eficácia extunc, retroagindo os efeitos à época da origem do ato.

Comentários

Resposta: alternativa “b”. A situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua espécie
desvio de finalidade. Ou seja, a finalidade do ato administrativo deve sempre ser o interesse
público. Fato incompatível com a realização da alteração de lotação do servidor com intuito de
prejudicar adversário político e, por outro lado, beneficiar parceiro político. Havendo o desvio de
finalidade, não é possível se falar em convalidação e, portanto, não se trata de ato anulável e sim
de ato nulo, já que contém vício insanável. Assim, os efeitos do ato nulo são ex tunc, retroagindo
desde o momento de sua produção.

Incorreta a alternativa “a” porque não é ato anulável (vício na finalidade não pode ser convalidado,
mas só na competência e forma – ou no objeto quando plúrimo) e sim nulo. Ademais os efeitos
são ex tunc (desde a origem) e não ex nunc (a partir do ato).

Incorretas as alternativas “c” e “d” porque não se pode revogar ato viciado. Ato viciado é nulo ou
anulável.

20. (2018/FCC/DPE-AM/Defensor Público) Suponha que um agente público da Secretaria de


Estado da Educação, após longo período de greve dos professores da rede pública, objetivando
desincentivar novas paralisações, tenha transferido os grevistas para ministrarem aulas no período
noturno em outras escolas, mais distantes. Ato contínuo, promoveu o fechamento de diversas
classes do período da manhã de estabelecimento de ensino no qual estavam lotados a maioria
dos docentes transferidos, justificando o ato assim praticado em uma circular aos pais dos alunos
na qual afirmou ter ocorrido inesperada redução do número de docentes, decorrente da
necessidade de transferência para outras unidades como forma de melhor atender à demanda da
sociedade. Nesse contexto,

a) os aspectos relacionados à finalidade e motivação dos atos administrativos em questão dizem


respeito ao mérito, ensejando, apenas, impugnação na esfera administrativa, com base no
princípio da tutela.
b) apenas os atos de transferência dos docentes são passíveis de anulação, em face de abuso de
poder, ostentado vício de motivação passível de controle administrativo e judicial.
c) descabe impugnação judicial dos atos em questão, eis que praticados no âmbito da
discricionariedade legitimamente conferida à autoridade administrativa.
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d) apenas o ato de fechamento de salas de aula poderá ser questionado judicialmente, com base
em vício de motivação, sendo os demais legítimos no âmbito da gestão administrativa.
e) o poder judiciário poderá anular as transferências dos docentes por desvio de finalidade, bem
como o fechamento das salas por vício de motivo com base na teoria dos motivos determinantes.

Comentários

Resposta: alternativa “e”.

Correta a alternativa “e” porque a situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua
espécie desvio de finalidade, em função de a transferência dos docentes ter ocorrido não para
atender ao interesse público. Logo, cabe controle do Poder Judiciário. Ademais, os atos de fechar
as turmas matutinas e enviar a circular com o motivo não verdadeiro aos pais dos alunos
caracterizam vício no motivo, também controlável pelo Poder Judiciário. Frise-se que cabe o
controle do Poder Judiciário inclusive em atos discricionários em que tenha sido externado motivo,
em função da Teoria dos Motivos Determinantes, em caso de o motivo alegado não representar
a realidade.

Incorreta a alternativa “a” porque a situação descrita caracteriza abuso de autoridade em sua
espécie desvio de finalidade. Não pode haver desvirtuamento do interesse público. Assim, como
ato ilegal, tanto por vício na finalidade quanto o motivo, pode haver o controle do Poder Judiciário
e não só da própria Administração Pública.

Incorreta a alternativa “b” porque tanto o ato de transferência dos servidores quanto o
fechamento das classes matutinas e a circular expedida aos pais dos alunos estão viciados e,
portanto, são inválidos.

Incorreta a alternativa “c” porque cabe controle do Poder Judiciário em atos ilegais, bem como
em atos discricionários em que tenha sido externado motivo, em função da Teoria dos Motivos
Determinantes.

Incorreta a alternativa “d” porque tanto o ato de transferência dos servidores quanto o
fechamento das classes matutinas e a circular expedida aos pais dos alunos estão viciados e,
portanto, são inválidos.

21. (2018/FAUEL/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/Procurador Municipal) Assinale a


alternativa correta, a respeito dos atos administrativos.
a) A licença é o ato vinculado por meio do qual a Administração confere ao interessado
consentimento para o desempenho de certa atividade.
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b) A aprovação é o ato administrativo que confere ao indivíduo, desde que preencha os requisitos
legais, o direito de receber o serviço público desenvolvido em determinado estabelecimento
oficial.
c) A homologação é a manifestação discricionária do administrador a respeito de outro ato. Pode
ser prévia ou posterior.
d) A concessão é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente
que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público.
e) Atestado é o instrumento formal expedido pela Administração, que, através dele, expressa
aquiescência no sentido de ser desenvolvida certa atividade pelo particular.

Comentários

Resposta: alternativa “a”.

Correta a alternativa “a” porque a licença é um ato administrativo negocial vinculado em que a
Administração Pública, verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular,
consente a realização de uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica.

Incorreta a alternativa “b” porque é a admissão e não a aprovação o ato vinculado ao cumprimento
dos requisitos legais que confere ao administrado a fruição de serviço público desenvolvido em
determinado estabelecimento oficial.

Incorreta a alternativa “c” porque a homologação é ato negocial vinculado e por ser ato de
controle ocorre após o ato controlado. A alternativa apresenta a definição de “aprovação”.

Incorreta a alternativa “d” porque concessão não é um ato administrativo, mas um contrato
(bilateral) com regras próprias previstas em lei, em especial na Lei nº 8.987, de 1995. A alternativa
apresenta definição da permissão. Incorreta a alternativa “e” porque o atestado é ato enunciativo
pelo qual a Administração comprova um fato ou uma informação de seu conhecimento. A
alternativa apresenta definição de alvará.

22. (2017/VUNESP/PREFEITURA DE MARÍLIA-SP/Procurador) Segundo o disposto na


Constituição Federal, se um ato administrativo aplicar indevidamente determinada súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal, é correto afirmar que
a) poderá ser anulado por meio de recurso ordinário a ser interposto diretamente perante o
Supremo Tribunal Federal.
b) deverá ser impugnado por meio da arguição de descumprimento de preceito fundamental.

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c) poderá ser anulado por meio de reclamação ao Supremo Tribunal Federal.


d) deverá ser impugnado por meio de ação própria em primeira instância da Justiça Federal.
e) poderá ser objeto de ação declaratória de constitucionalidade, para dirimir a divergência sobre
a aplicação corretada súmula vinculante.

Comentários

Resposta: alternativa “c”.

Correta a alternativa “c” que está em linha com o §3º do art. 103-A da CRFB que prevê: do ato
administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com
ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

23. (2017/MPE-SP/MPE-SP/Promotor de Justiça) Assinale a alternativa correta.


a) A autoridade competente para a prática de um ato administrativo tem sempre, em razão de seu
poder hierárquico, a possibilidade de delegação e avocação.
b) Nos atos discricionários, o Poder Judiciário não pode, em hipótese alguma, apreciar o mérito
do ato, assim considerada a análise da conveniência ou oportunidade.
c) O ato administrativo, praticado por autoridade incompetente, investido irregularmente no
cargo, não produz qualquer efeito.
d) A revogação dos atos administrativos é sempre possível, não havendo limites para tanto, uma
vez que cabe à Administração apreciar as razões de oportunidade e conveniência.
e) No caso de ato vinculado, praticado por autoridade incompetente, a convalidação é obrigatória
pela autoridade competente se estiverem presentes os requisitos para a prática do ato.

Comentários

Resposta: alternativa “e”. São exatamente as palavras da professora Maria Sylvia em seu livro
Direito Administrativo, 30ª edição, p 289: “tratando-se de ato vinculado praticado por autoridade
incompetente, a autoridade competente não poderá deixar de convalidá-lo, se estiverem
presentes os requisitos para a prática do ato”.

Incorreta a alternativa “a” porque nem sempre é aplicável a delegação ou a avocação para a
prática de atos administrativos. Por exemplo, de acordo com o art. 13 da Lei nº 9.784, de 1999,
não podem ser delegadas a edição de atos de caráter normativo, a decisão de recursos
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administrativos e as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Ademais, de


acordo com o art. 15 da aludida lei, a avocação deve ser utilizada em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados, bem como em caráter temporário.

Incorreta a alternativa “b” porque, em que pese a regra ser a não apreciação pelo Poder Judiciário
de ato discricionário, de modo a não adentrar ao mérito administrativo (análise de conveniência e
oportunidade), no caso de o ato ser motivado, haverá vinculação do motivo ao ato, trazendo a
possibilidade de controle do Poder Judiciário com base na Teoria dos Motivos Determinantes.

Incorreta a alternativa “c” porque no exercício da “função de fato” (agente putativo), em privilégio
à Teoria da Aparência e para resguardar a boa-fé do administrado que teve atos praticados por
quem agia na função de fato (agente putativo), os atos praticados podem ter seus efeitos
regulares.

Incorreta a alternativa “d” porque a revogação não pode ser adotada pela Administração Pública
em atos vinculados, em atos que já exauriram seus efeitos, em atos enunciativos (mero ato
administrativo), em atos que integram procedimento nem em atos que geraram direito adquirido
(Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial).

24. (2017/CESPE/TRF-5ª REGIÃO/Juiz Federal) Acerca dos atos administrativos, do poder


regulamentar e do poder de polícia, assinale a opção correta.
a) Para o STJ, as balanças de pesagem corporal oferecidas gratuitamente a clientes por farmácias
são passíveis de fiscalização pelo INMETRO, a fim de preservar as relações de consumo, sendo,
portanto, legítima a cobrança de taxa decorrente do poder de polícia no exercício da atividade
de fiscalização.
b) Situação hipotética: Um servidor público efetivo indicado para cargo em comissão foi
exonerado ad nutum sob a justificativa de haver cometido assédio moral no exercício da função.
Posteriormente, a administração reconheceu a inexistência da prática do assédio, mas persistiu a
exoneração do servidor, por se tratar de ato administrativo discricionário. Assertiva: Nessa
situação, o ato de exoneração é válido por não se aplicar a teoria dos motivos determinantes.
c) Conforme o STF, o Poder Judiciário não detém competência para substituir banca examinadora
de concurso público para reexaminar o conteúdo das questões e os critérios de correção
utilizados, admitindo-se, no entanto, o controle do conteúdo das provas ante os limites expressos
no edital.

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d) A homologação é um ato administrativo unilateral vinculado ao exame de legalidade e


conveniência pela autoridade homologante, sendo o ato a ser homologado passível de alteração,
em virtude do princípio da hierarquia presente no exercício da atividade administrativa.
e) Situação hipotética: Lei ordinária instituiu a criação de autarquia federal vinculada ao Ministério
X, com o objetivo de atuar na fiscalização e no fomento de determinado setor. Publicada a referida
lei, o ministro expediu decreto estabelecendo a estrutura organizacional e o funcionamento
administrativo da nova autarquia. Assertiva: Esse caso ilustra a constitucionalidade do decreto
regulamentar por delegação do presidente da República.

Comentários

Resposta: alternativa “c”.

Correta a alternativa “c” que apresenta o entendimento do STF no julgamento do RE 632853,


com repercussão geral, no sentido de que “Não compete ao Poder Judiciário, no controle de
legalidade, substituir banca examinadora para avaliar respostas dadas pelos candidatos e notas a
elas atribuídas. Precedentes. Excepcionalmente, é permitido ao Judiciário juízo de
compatibilidade do conteúdo das questões do concurso com o previsto no edital do certame".

Incorreta a alternativa “a” porque, conforme jurisprudência do STJ manifestada no Resp


1655383/SP, Ministro Herman Benjamin, tem-se que: 4. A orientação desta Corte firmou-se no
sentido de que a Taxa de Serviços Metrológicos, decorrente do poder de polícia do Inmetro em
fiscalizar a regularidade das balanças - art. 11 da Lei 9.933/99 -, visa a preservar precipuamente as
relações de consumo, sendo imprescindível, portanto, verificar se o equipamento objeto de
aferição fiscalizatória é essencial, ou não, à atividade mercantil desempenhada pela empresa para
a clientela. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem consignou que "as balanças de pesagem
corporal, oferecidas como cortesia pelas farmácias, justamente porque não se integram na
atividade econômica respectiva, não possuindo a sua exploração caráter comercial, não se
sujeitam à fiscalização pelo IPEM/INMETRO" (fl. 683, e-STJ). Logo, não há falar em aferição
periódica pelo Inmetro e, menos ainda, em possibilidade de autuação por eventual irregularidade
nesse tipo de balança.

Incorreta a alternativa “b” porque, em que pese o ato de exoneração de cargo em comissão ser
ad nutum (livre nomeação e exoneração), o fato de ter sido externado o motivo vincula a
Administração e abre a possibilidade de controle pelo Poder Judiciário com base na Teoria dos
Motivos Determinantes.

Incorreta a alternativa “d” porque a homologação é ato vinculado pelo qual a autoridade superior
avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia. É

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considerado ato de simples controle, não podendo alterar o conteúdo do ato controlado,
podendo apenas confirmá-lo ou rejeitá-lo.

Incorreta a alternativa “e” porque decreto regulamentar é ato privativo do Chefe do Poder
Executivo. Ademais, ocorrida a descentralização administrativa com a criação, por lei, de
Autarquia, conforme preconiza o inciso XIX do art. 37 da CRFB, não compete ao Ministério a que
ela estiver vinculada intervir em sua organização administrativa. A vinculação entre a autarquia e
o Ministério é apenas de controle finalístico (supervisão ministerial) e não de hierarquia.

25. (2017/CS-UFG/TJ-GO/Juiz Leigo) Uma das características dos atos administrativos é:


a) a sujeição ao regime jurídico de direito privado, de conformidade com ao Código Civil.
b) a possibilidade de sua revogação, quando praticados com vícios que os tornem ilegais.
c) a presunção de legitimidade.
d) a possibilidade de anulação, quando inconvenientes ou inoportunos em relação ao interesse
público.
e) o mérito, demandando sempre avaliação subjetiva do agente público.

Comentários

Resposta: alternativa “c”.

Correta a alternativa “c” porque são atributos dos atos administrativos a presunção de
legitimidade e de veracidade, a autoexecutoriedade, a tipicidade e a imperatividade. A presunção
de legitimidade quer dizer que o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico.

Incorreta a alternativa “a” porque os atos administrativos estão sujeitos ao regime jurídico público,
em especial ao regime jurídico administrativo.

Incorretas as alternativas “b” e “d” porque, conforme súmula 473 do STF, a administração pode
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial dos atos ilegais.
Portanto, atos ilegais não se revogam, são nulos ou anuláveis. Já atos inconvenientes ou
inoportunos não se anulam e sim são revogados.

Incorreta a alternativa “e” porque nos atos vinculados não há margem de subjetividade ao agente
público.

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26. (2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho) Sobre o ato administrativo, é correto afirmar:


a) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis, em decisão na qual se evidencie não acarretarem
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, serão convalidados pela própria Administração
com efeitos ex nunc.
b) O órgão competente para decidir o recurso administrativo poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência,
dispensando-se a oitiva do recorrente na hipótese de reformatio in pejus.
c) O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé, sendo certo que, no caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo
decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
d) O poder de revogar atos administrativos fundamenta-se juridicamente na normal competência
de agir da autoridade administrativa e tem como características nucleares a renunciabilidade, a
transmissibilidade e a prescritibilidade.
e) Pode haver revogação de ato administrativo vinculado, a exemplo da licença.

Comentários

Resposta: alternativa “c”.

Correta a alternativa “c” que está em linha com o art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999, c/c seu §1º:
“Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência
contar-se-á da percepção do primeiro pagamento”.

Incorreta a alternativa “a” porque a convalidação opera efeitos ex tunc, ou seja, saneia o ato desde
o momento de sua produção.

Incorreta a alternativa “b” porque, de acordo com o art. 64 da Lei nº 9.784, de 1999, em especial
seu §único: “Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar,
anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência.
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do
recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão ”. Ou
seja, se houver a reformatio in pejus (alteração da decisão com agravamento do prejuízo inicial
para o particular), deve o particular ser cientificado para formular suas considerações prévias à
decisão.

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Incorreta a alternativa “d” porque as características fundamentais da revogação são a conveniência


e a oportunidade em análise discricionária quanto à manutenção do ato frente ao interesse
público.

Incorreta a alternativa “e” porque não podem ser revogados atos vinculados, atos que já exauriram
seus efeitos, atos enunciativos (mero ato administrativo), atos que integram procedimento nem
atos que geraram direito adquirido (Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial)

27. (2017/FMP-CONCURSOS/MPE-RO/Promotor de Justiça) Dentre as alternativas abaixo,


conflagra-se como exemplo concreto predominante de exigibilidade de ato administrativo.
a) guinchamento de carro parado em local proibido.
b) requisição de bem móvel particular para combater evento danoso da natureza.
c) inutilização de medicamentos vencidos.
d) dispersão de manifestação pública violenta com prática de atos de vandalismo.
e) aplicação de multa e de advertência.

Comentários

Resposta: alternativa “e”.

Correta a alternativa “e” porque o atributo da autoexecutoriedade dos atos administrativos pode
ser desdobrado em exigibilidade e executoriedade. A exigibilidade resulta da possibilidade de a
Administração poder se utilizar de meios indiretos para o cumprimento da obrigação. Já a
executoriedade resulta da possibilidade de a Administração realizar diretamente a execução
forçada se utilizando inclusive da força pública, caso necessário. As demais alternativas apresentam
reflexos predominantes da executoriedade (meios diretos) e não da exigibilidade (meios indiretos).

28. (2017/FCC/DPE-SC/Defensor Público) Os atos administrativos podem ser produzidos em


desrespeito às normas jurídicas e, nestes casos, é correto afirmar que
a) existe, no direito brasileiro, apenas duas formas de convalidação, a ratificação e a reforma.
b) ainda que o ato tenha sido objeto de impugnação é possível falar-se em convalidação, com o
objetivo de aplicar o princípio da eficiência.

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c) a vícios que podem ser sanados e, nestes casos, a convalidação terá efeitos ex nunc.
d) a violação das normas jurídicas causa um vício que só pode ser corrigido com a edição de novo
ato, pelo poder Judiciário.
e) é possível convalidar atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de
conteúdo plúrimo.

Comentários

Resposta: alternativa “e”.

Correta a assertiva “e” porque nessa linha é a doutrina do professor José dos Santos Carvalho
==9e9ee==

Filho em seu Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 72: “Também é possível convalidar
atos com vício no objeto, ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo plúrimo”.
Plúrimo quer dizer plural, ou seja, objeto não único, de modo que se possa reformar ou converter
um dos objetos sem macular o outro ou os demais.

Incorreta a alternativa “a” porque, pela doutrina do professor José dos Santos Carvalho Filho em
seu Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p. 71, há três formas de convalidação:
ratificação, reforma e conversão.

Incorreta a alternativa “b” porque, após a impugnação, não se pode mais falar em convalidação,
mas sim o pleno efeito do processo recursal.

Incorreta a alternativa “c” porque a convalidação opera efeitos ex tunc (retroativos à data da
produção do ato).

Incorreta a alternativa “d” porque a própria Administração Pública pode sanear ou anular seus
atos.

29. (2017/LEGALLE CONCURSOS/CÂMARA DE VEREADORES DE GUAÍBA-RS/Procurador)


Acerca da anulação dos atos administrativos, assinale a opção INCORRETA.
a) A anulação pode ser feita pela Administração Pública, com base no seu poder de autotutela
sobre os próprios atos.
b) A anulação pode também ser feita pelo Poder Judiciário, mediante provocação dos
interessados.
c) Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos
retroativos à data em que foi emitido.

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d) Anulação é o desfazimento do ato administrativo por razões de legalidade.


e) A anulação do ato administrativo, quando afete interesses ou direitos de terceiros, deve ser
precedida do contraditório.

Comentários

Resposta: alternativa “d”.

Incorreta a alternativa “d” porque anulação é desfazimento de ato administrativo por razões de
ilegalidade e não de legalidade.

Correta a alternativa “a”, já que, de fato, a própria Administração pode anular seus atos praticados
com ilegalidade (Súmula 473 do STF:A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial).

Correta a alternativa “b” porque, de fato, ao Poder Judiciário, caso provocado pelo interessado,
cabe controlar os atos administrativos ilegais, devendo anulá-los se confirmada a ilegalidade.

Correta a alternativa “c” já que a anulação produz efeitos ex tunc.

Correta a alternativa “e”, já que, de fato, se afetar interesse ou direitos de terceiros, impõe-se a
precedência de ampla defesa e contraditório com base no art. 5º, LV, da CRFB (STF: RE 594296 -
A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, foi erigido à condição de garantia
constitucional do cidadão, quer se encontre na posição de litigante, num processo judicial, quer
seja um mero interessado, em um processo administrativo, o direito ao contraditório e à ampla
defesa, com os meios e recursos a eles inerentes. Ou seja, a partir de então, qualquer ato da
Administração Pública que tiver o condão de repercutir sobre a esfera de interesses do cidadão
deverá ser precedido de prévio procedimento em que se assegure ao interessado o efetivo
exercício do direito ao contraditório e à ampla defesa).

30. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC /Procurador do Estado (ADAPTADA) Para a


configuração dos casos de nulidade de atos administrativos que traduzam lesão aos bens jurídicos
tutelados pelo direito pátrio, serão observadas as seguintes normas, EXCETO
a) O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele
necessariamente explícito na regra de competência.
b) A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação da legislação
em vigor.
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c) A inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se


fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada frente ao resultado
obtido.
d) A incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente
que o praticou.
e) O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato.

Comentários

Resposta: alternativa “a”.

Incorreta a alternativa “a” porque, de acordo com a alínea “e” do §único do art. 2º da Lei nº 4.717,
de 1965 (Lei da Ação Popular), o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Veja
o inteiro teor do aludido artigo: “art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades
mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade
do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a
conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica
caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o
vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o
resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência
dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de
finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, na regra de competência”. Portanto, corretas as demais alternativas.

31. (2017/FMP CONCURSOS/PGE-AC/Procurador do Estado) Existem diversas alternativas


possíveis quanto às hipóteses abstratas de extinção dos atos administrativos, EXCETO
a) o decurso do tempo.
b) a renúncia do interessado.
c) a revogação pelo Poder Judiciário.
d) a invalidação pela própria Administração.
e) o desaparecimento do pressuposto fático.

Comentários
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Resposta: alternativa “c”.

Incorreta a alternativa “c” porque a revogação é ato privativo da Administração Pública, já que
afeto à conveniência e oportunidade (mérito administrativo). Ao Poder Judiciário cabe anular os
atos administrativos viciados com ilegalidade. As demais alternativas apresentam hipóteses que,
de fato, podem acarretar a extinção do ato administrativo. Conforme sintetiza o professor Celso
Antônio Bandeira de Mello, os atos eficazes podem ser extintos com o cumprimento dos seus
efeitos ao longo do tempo (esgotamento do conteúdo jurídico, execução material, termo final ou
condição resolutiva), com o desaparecimento de elemento infungível da relação jurídica (sujeito
ou objeto), com a retirada (revogação, invalidação ou anulação, cassação, caducidade,
contraposição) ou a renúncia. Já o ato ineficaz pode ser extinto pela mera retirada ou pela recusa.

32. (2017/VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito) O motivo do ato administrativo pode ser conceituado


como:
a) a normatividade jurídica que irá incidir sobre determinada situação de fato que lhe é
antecedente.
b) a ocorrência no mundo fenomênico de certo pressuposto fático, relevante para o direito, que
vai postular ou possibilitar a edição do ato administrativo.
c) a explicitação dos fundamentos de fato e de direito que levaram à edição do ato administrativo
e sem a qual o ato é nulo.
d) o móvel ou intenção do agente ou, em outros termos, a representação psicológica que levou o
administrador a agir, e que tem especial importância no plano dos atos discricionários.

Comentários

Resposta: alternativa “b”.

Correta a alternativa “b” porque o motivo é o pressuposto de fato e de direito que fundamenta o
ato administrativo.

Incorreta a alternativa “a” porque para a norma incidir o fato deve ser posterior à sua produção.
Ademais, o motivo é concreto, um fato ocorrido na vida social (mundo fenomênico para Immanuel
Kant).

Incorreta a alternativa “c” porque apresenta a definição de motivação, que é a explicitação do


motivo. Ademais, há divergência doutrinária se a ausência de motivação torna o ato nulo.

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Incorreta a alternativa “d” porque a valoração subjetiva representada pela intenção do agente não
se inclui entre os elementos do ato administrativo. Pela teoria do órgão, os atos do agente público
são imputados à Administração.

33. (2017/IMA/PREFEITURA DE PENALVA-MA/Procurador Municipal) Os atos administrativos


que se destinam a dar andamento aos processos e papeis que tramitam pelas repartições públicas,
preparando para a decisão de mérito a ser proferida pela autoridade competente, são
classificados como:
a) Atos de império.
b) Atos de gestão.
c) Atos de expediente.
d) Atos normativos.

Comentários

Resposta: alternativa “c”. A classificação dos atos administrativos quanto ao objeto ou quanto às
suas prerrogativas apresenta: atos de império (expressão da supremacia pública sobre o interesse
particular), atos de gestão (ausência da supremacia – atos praticados pela Administração em
posição de horizontalidade com o particular) e atos de expediente (são os praticados para
impulsionar os processos administrativos e demais tarefas administrativas para sua devida
conclusão). Atos administrativos normativos são aqueles produzidos, em regra, com comandos
gerais e abstratos.

34. (2017/CESPE/MPE-RR/Promotor de Justiça) Decreto de um governador estadual


estabeleceu que determinado tema fosse regulamentado mediante portaria conjunta das
secretarias estaduais A e B. Um ano depois de editada a portaria conjunta, nova portaria, editada
apenas pela secretaria A, revogou a portaria inicial.
Nessa situação, considerando-se o entendimento do STJ,
I a segunda portaria não poderia gerar efeitos revocatórios.
II a revogação de ato complexo, ou seja, ato formado pela manifestação de dois ou mais órgãos,
demanda a edição de ato igualmente complexo; vale dizer, formado pela manifestação dos
mesmos órgãos subscritores do ato a ser revogado.
A respeito das asserções I e II, assinale a opção correta
a) A asserção I é falsa, e a II é verdadeira

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b) As asserções I e II são falsas.


c) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
d) acordo de cooperação, que prescinde de licitação.

Comentários

Resposta: alternativa “c”. As duas assertivas estão corretas e a segunda justifica de forma acertada
a primeira, já que em linha com o entendimento do STJ esposado no julgamento do MS 14731
em 2016: “A regulamentação exigida pelo art. 7o. do Decreto 6.253/07, constitui ato
administrativo complexo, demandando a manifestação de dois órgãos da Administração para sua
constituição, quais sejam, o Ministério da Educação e o Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, sob pena de invalidade. 2. Por simetria, apenas se admite a revogação do ato
administrativo por autoridade/órgão competente para produzi-lo. A propósito, o ilustre Professor
DIOGO FIGUEIREDO MOREIRA NETO assinala que a competência para a revogação do ato
administrativo será, em princípio, do mesmo agente que o praticou (...) Assim, se o ato foi
suficiente e validamente constituído a revogação é, simetricamente, um ato desconstitutivo, ou,
em outros termos, um ato constitutivo-negativo, pelo qual a Administração competente para
constituí-lo - e apenas ela - retira a eficácia de um ato antecedente, exclusivamente por motivos
de mérito administrativo, jamais por motivos jurídicos (Curso de Direito Administrativo. Rio de
Janeiro: Editora Forense, 2014, p. 230-231). 3. No caso, a Portaria 788/09 aqui combatida, emitida
pelo MEC, por si só, procurou revogar a regulamentação anterior, composta pela manifestação
das duas Pastas responsáveis. Nesse contexto, dada a simetria necessária para a edição-
desconstituição do ato administrativo, entende-se viciado o ato”.

35. (2017/VUNESP/CÂMARA DE COTIA-SP/Procurador Legislativo) Considere a seguinte


situação hipotética:
Lei Municipal é aprovada concedendo a revisão geral anual, prevista na Constituição Federal, para
todos os servidores públicos do Município de Cotia. O Prefeito Municipal, no entanto, somente
efetiva o aumento salarial para os servidores que são filiados ao partido político ao qual pertence.
Como o ato administrativo possui vários elementos, é correto afirmar que, nesse caso hipotético,
o vício desse ato recai sobre
a) a finalidade.
b) a forma.
c) o motivo.
d) o objeto.
e) a competência.
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Comentários

Resposta: alternativa “a”. A situação descrita configura abuso de poder na modalidade desvio de
finalidade. Em sentido amplo a finalidade do ato administrativo sempre corresponde ao interesse
público. Em sentido restrito é o resultado específico que o ato deve produzir conforme definido
expressa ou implicitamente em lei. O ato do Prefeito, ao afrontar o princípio da impessoalidade,
macula o elemento finalidade do ato administrativo, viciando-o.

36. (2017/CESPE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG/Procurador Municipal) No que


tange a conceitos, requisitos, atributos e classificação dos atos administrativos, assinale a opção
correta.
a) Licença e autorização são atos administrativos que representam o consentimento da
administração ao permitir determinada atividade; o alvará é o instrumento que formaliza esses
atos.
b) O ato que decreta o estado de sítio, previsto na CF, é ato de natureza administrativa de
competência do presidente da República.
c) Ainda que submetido ao regime de direito público, nenhum ato praticado por concessionária
de serviços públicos pode ser considerado ato administrativo.
d) O atributo da autoexecutoriedade não impede que o ato administrativo seja apreciado
judicialmente e julgado ilegal, com determinação da anulação de seus efeitos; porém, nesses
casos, a administração somente responderá caso fique comprovada a culpa.

Comentários

Resposta: alternativa “a”. A licença e a autorização são atos negociais que, em regra, são
formalizados por meio de alvará. A licença é ato vinculado em que a Administração Pública,
verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de
uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica com presunção de definitividade. Já a
autorização é ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte da
Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo
particular no interesse predominante deste.

Incorreta a alternativa “b” porque atos políticos ou de governo são aqueles que remetem à pratica
de atos por órgãos ou agentes que possuem competência diretamente fixada no texto
Constitucional, por pertencerem à estrutura de governo do Estado. Ou seja, estão sujeitos ao
regime jurídico-constitucional, não se enquadrando como ato administrativo.

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Incorreta a alternativa “c” porque as concessionárias de serviço público também podem praticar
atos administrativos já que atuam em nome do Estado que transferiu a execução do serviço de
público ao particular, mantendo, contudo, sua titularidade.

Incorreta a alternativa “d” porque, comprovada a ilegalidade do ato pelo Poder Judiciário, a
Administração Pública responde independentemente de dolo ou culpa (responsabilidade objetiva
do Estado - §6º do art. 37 da CRFB).

37. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre atos administrativos, é correto afirmar:


a) a delegação e avocação se caracterizam pela excepcionalidade e temporariedade, sendo certo
que é proibida avocação nos casos de competência exclusiva.
b) a renúncia é instituto afeto tanto aos atos restritivos quanto aos ampliativos.
c) as deliberações e os despachos são espécies da mesma categoria de atos administrativos
normativos.
d) é ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo; salvo
quando se tratar de recurso hierárquico impróprio. e) nos processos perante o Tribunal de Contas
da União asseguram-se o contraditório e ampla defesa, a qualquer tempo, quando a decisão puder
resultar anulação ou revogação de ato administrativo, de qualquer natureza, que beneficie o
interessado.

Comentários

Resposta: alternativa “a”. A banca adotou a posição do professor José dos Santos Carvalho Filho
constante em sua obra Manual de Direito Administrativo, 31ª edição, p 14, na qual afirma: “Para
evitar distorção no sistema regular dos atos administrativo, é preciso não perder de vista que tanto
a delegação como a avocação devem ser consideradas como figuras excepcionais, só justificáveis
ante os pressupostos que a lei estabelecer”. Ademais, de acordo com o art. 15 da Lei nº 9.784,
de 1999, é expresso que a avocação tem caráter excepcional e temporário (Art. 15. Será permitida,
em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária
de competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior). Em que pese não haver a mesma
disciplina expressa no art. 12 da aludida lei que trata da delegação (Art. 12. Um órgão
administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial), fato é que este instrumento não transmuda a competência de
forma definitiva, podendo, a qualquer tempo, a autoridade delegante revogar a delegação. Assim,
ínsita a precariedade, o que a banca adotou como algo temporário. Frise-se também que está

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correta a parte final da alternativa, já que, em sendo a competência exclusiva, não há que se falar
em avocação.

Incorreta a alternativa “b” porque renúncia só cabe em atos ampliativos de direito e sobre direitos
disponíveis, isto é, aqueles que aumentam a esfera jurídica do administrado e aos quais ele pode
dispensar. Os atos restritivos de direito, seja por imporem deveres ou obrigações, não se
coadunem com a renúncia.

Incorreta a alternativa “c” porque deliberação é ato normativo expedido por órgãos colegiados
enquanto despachos são atos ordinatórios em que uma autoridade externa decisão acerca de
procedimento administrativo.

Incorreta a alternativa “d” por afrontar a Súmula Vinculante 21 do STF (É inconstitucional a


exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo) e a súmula 373 do STJ (É ilegítima a exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo).

Incorreta a alternativa “e” por afrontar a Súmula Vinculante 3 do STF (Nos processos perante o
Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão).

38. (2017/FCC/DPE-PR/Defensor Público) Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime


Jurídico Administrativo, é correto afirmar:
a) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse público e o
interesse privado, pautando-se pela igualdade de tratamento a todos administrados,
independentemente de quaisquer preferências pessoais.
b) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As subsidiárias não
dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a Administração Pública Indireta.
c) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem
de autorização específica para fins do exercício do controle externo.
d) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações
administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base na
hierarquia.

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e) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida desde
que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

Comentários

Resposta: alternativa “c”.

Correta a alternativa “c” porque, conforme entendimento do STF (MS 33.340), as operações
financeiras que envolvam recursos públicos não estão protegidas pelo sigilo bancário de que trata
a Lei Complementar nº 105, de 2001.

Incorreta a alternativa “a” porque, nos termos do ‘caput’ do art. 37 da CRFB, o princípio da
impessoalidade é basilar da Administração Pública a resguardar o interesse público e não o
interesse privado.

Incorreta a alternativa “b” por afrontar o inciso XX do art. 37 da CRFB, já que depende de
autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no
inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada.

Incorreta a alternativa “d” porque os atos administrativos punitivos são aqueles praticados pela
Administração cujo objeto é aplicação de sanção por infrações administrativas, podendo ser
extroversos, quando aplicados aos administrados (com base no Poder de Polícia), ou introversos,
quando aplicados a agentes públicos (com base no Poder Disciplinar).

Incorreta a alternativa “e” porque a licença (ato vinculado em que a Administração Pública,
verificando o cumprimento de todos os requisitos legais pelo particular, consente a realização de
uma atividade ou fruição de alguma situação jurídica com caráter de definitividade) é classificada
como ato negocial.

39. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
da organização administrativa e dos atos administrativos.
A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por particulares a se manifestar acerca
da construção de um condomínio privado em área de proteção ambiental, absteve-se de emitir
parecer. Nessa situação, a obra poderá ser iniciada, pois o silêncio da administração é considerado
ato administrativo e produz efeitos jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial.

( ) Certo ( ) Errado

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Comentários

Resposta: errado. O silêncio administrativo, também denominado de “não ato” ou omissão da


Administração, não revela prática de ato administrativo por não encerrar, em regra, manifestação
da vontade da Administração Pública. Pode, contudo, a lei prever consequências jurídicas para a
inércia da Administração Pública. Mas a vontade pública estará manifestada na própria lei que
anteviu solução a ser dada em caso de omissão do agente ou órgão público competente para a
prática do ato. Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho indicam,
inclusive, que essas consequências jurídicas são fatos jurídicos administrativos, mas não atos
administrativos.

40. (2017/CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA-CE/Procurador Municipal) Em cada um do item


a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
da organização administrativa e dos atos administrativos.
Removido de ofício por interesse da administração, sob a justificativa de carência de servidores
em outro setor, determinado servidor constatou que, em verdade, existia excesso de servidores
na sua nova unidade de exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricionário, poderá ser
invalidado.

( ) Certo ( ) Errado.

Comentários

Resposta: certo. Com base na Teoria dos Motivos Determinantes, caso um ato discricionário seja
motivado e sua motivação não seja real, abre-se a possibilidade de controle do ato administrativo
pelo Poder Judiciário em função da ilegalidade. Sendo comprovado o vício, o ato será anulado
pelo Poder Judiciário. Frise-se que a própria Administração Pública também pode anular seus
próprios atos eivados de vício (Súmula 473 do STF).

41. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) De acordo com o art. 54 da Lei n.º 9.784/1999, o direito
da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada

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má-fé. Trata-se de hipótese em que o legislador, em detrimento da legalidade, prestigiou outros


valores. Tais valores têm por fundamento o princípio administrativo da
a) presunção de legitimidade.
b) autotutela.
c) segurança jurídica.
d) continuidade do serviço público.

Comentários

Resposta: alternativa “c”. Busca-se com a segurança jurídica prover a estabilidade das relações
jurídicas para a vida em sociedade, conferir força jurídica à legítima expectativa e interromper ou
mitigar a incerteza no direito.

42. (2017/CESPE/TJ-PR/Juiz de Direito) Com base na Lei n.º 9.784/1999, assinale a opção
correta acerca da revogação e dos elementos dos atos administrativos.
a) A revogação de um ato administrativo deve apresentar os seus motivos devidamente
externados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
b) O ato de delegação pode ser revogado a qualquer tempo pela autoridade delegante ou pela
autoridade delegada.
c) O ato de delegação deve ser publicado no meio oficial, mas não o de sua revogação.
d) Caso um ato administrativo esteja eivado de vício de legalidade, o Poder Judiciário terá de
revogá-lo.

Comentários

Resposta: alternativa “a”.

Correta a alternativa “a” porque, de acordo com o art. 2º da Lei nº 9.784, de 1999, a motivação é
um dos princípios aos quais a Administração Pública deve obedecer, sendo esta considerada a
indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão (art. 2º, §único, inciso
VII). Assim, também na revogação de um ato administrativo há a necessidade de motivação.

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Incorreta a alternativa “b” porque, de acordo com o art. 14, §2º, da aludida lei, o ato de delegação
é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, mas não da delegada.

Incorreta a alternativa “c” porque tanto o ato de delegação quanto o de revogação devem ser
publicados no meio oficial (art. 14 da Lei nº 9.784, de 1999).

Incorreta a alternativa “d” porque ao Poder Judiciário cabe anular os atos ilegais. A revogação
dos atos compete à própria Administração Pública por meio de critérios de conveniência e
oportunidade.

43. (2017/FUNDEP/MPE-MG/Promotor de Justiça) Quanto ao conteúdo e à forma dos atos


administrativos, é CORRETO o que se afirma em:
a) Deliberações são atos emanados, em regra, de órgãos colegiados e caracterizam-se como atos
simples coletivos, ao passo que as resoluções são atos normativos individuais, provenientes de
autoridades do alto escalão administrativo e têm natureza derivada.
b) Homologação é o ato administrativo unilateral que visa à uniformização de decisões das
autoridades administrativas sobre tema de interesse individual ou coletivo.
c) A autorização é ato declaratório, ao passo que a licença é ato constitutivo de direito
preexistente.
d) A permissão é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração Pública reconhece ao
particular que em preencha os requisitos legais o direito para exercer profissão regulamentada.

Comentários

Resposta: alternativa “a”.

Correta a alternativa “a” já que as deliberações são atos normativos expedidos por órgãos
colegiados, enquanto as resoluções são atos normativos expedidos por autoridades superiores da
Administração Pública.

Incorreta a alternativa “b” porque homologação é ato vinculado pelo qual a autoridade superior
avalia a legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para dar-lhe eficácia.

Incorreta a alternativa “c” porque autorização é ato discricionário que expressa uma concordância
precária por parte da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou
utilização de um bem pelo particular no interesse predominante deste. Ou seja, a autorização não
se trata de direito pré-constituído que vem a ser declarado pela Administração Pública. A licença,
por seu turno, é ato declaratório porque a Administração Pública, verificando o cumprimento de

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todos os requisitos legais pelo particular, está vinculada a consentir com a realização de uma
atividade ou fruição de alguma situação jurídica.

Incorreta a alternativa “d” porque permissão, em sendo ato administrativo, não é ato bilateral,
mas unilateral. A permissão é ato discricionário que expressa uma concordância precária por parte
da Administração Pública com relação à realização de uma atividade ou utilização de um bem pelo
particular no interesse predominante público.

44. (2017/FGV/ALERJ/Procurador) O art. 54, da Lei nº 9.784/99, dispõe que o direito da


Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. Da análise do texto normativo, verifica-se que o legislador procurou conjugar
os aspectos de tempo e boa-fé, sendo certo que teve o objetivo fundamental de estabilizar as
relações jurídicas pelo fenômeno da convalidação de atos administrativos inquinados de vício de
legalidade.
Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, a citada norma aborda
especificamente os seguintes princípios reconhecidos da Administração Pública:
a) autotutela e certeza jurídica;
b) segurança jurídica e proteção à confiança;
c) inafastabilidade da jurisdição e proporcionalidade;
d) temporalidade e moralidade administrativas;
e) indisponibilidade e aproveitamento administrativos

Comentários

Resposta: alternativa “b”. Busca-se com a segurança jurídica prover a estabilidade das relações
jurídicas para a vida em sociedade, conferir força jurídica à legítima expectativa e interromper ou
mitigar a incerteza no direito. Corolário da segurança jurídica decorre o princípio da proteção à
confiança.

45. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) A União publicou decreto expropriatório por


utilidade pública de imóvel urbano. No decreto, declarou-se o interesse de instalar, no referido
imóvel, a sede de determinado órgão público federal. A administração pública imitiu-se na
posse do bem e realizou as reformas necessárias. Em seguida, as atividades do órgão público
foram inauguradas no imóvel. O prazo do decreto expropriatório caducou sem que a
administração propusesse acordo para o pagamento da indenização nem ajuizasse, para esse
fim, a ação judicial.
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Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz das normas e precedentes
jurisprudenciais a respeito da desapropriação.
a) A ação de indenização tem natureza pessoal e deve ser proposta pelo proprietário no foro de
domicílio da pessoa jurídica expropriante.
b) Conforme o entendimento atual do STJ, o prazo para a interposição da ação indenizatória, pelo
proprietário, é de vinte anos, contados da imissão na posse.
c) O proprietário poderá obter a restituição do bem mediante a propositura de ação reivindicatória
contra a União.
d) Ocorreu desapropriação indireta, que, comparada à desapropriação comum, caracteriza-se pela
inversão entre as fases de pagamento da indenização e apossamento do bem desapropriado.
e) Não houve ilegalidade na imissão na posse ocorrida, visto que o ato administrativo é dotado de
autoexecutoriedade e decorreu dos poderes transferidos à administração pelo decreto
expropriatório.

Comentários

Alternativa “a”: Incorreta. A ação de indenização tem natureza real e sua propositura deve ocorrer
por competência no local do bem imóvel.

Alternativa “b”: Incorreta. REsp 1.300.442/SC: “A pretensão indenizatória decorrente de


desapropriação indireta prescreve em vinte anos na vigência do CC/1916 e em dez anos na
vigência do CC/2002, respeitada a regra de transição prevista no art. 2.028 d CC/2002”.

Alternativa “c”: Incorreta. De acordo com o art. 35 do Decreto-Lei nº 3.365, de 1941, “os bens
expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação,
ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos”.

Alternativa “d”: Correta. Com vimos, a professora Maria Sylvia “Desapropriação indireta é que se
processa sem observância do procedimento legal; costuma ser equiparada ao esbulho e, por isso
mesmo, pode ser obstada por meio de ação possessória”. Assim, quando o Estado primeiro se
imite na posse para só então, após, caminhar no sentido do pagamento da indenização, tem-se a
desapropriação indireta.

Alternativa “e”: Incorreta. De acordo com o art. 46 da LRF, “É nulo de pleno direito ato de
desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3º do art. 182
da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da indenização”. Lembrando que o § 3º do
art. 182 da CRFB prevê o seguinte: “As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
prévia e justa indenização em dinheiro”.

Gabarito: D.
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46. (2015/CEBRASPE/Juiz Federal/TRF 1) Com relação ao ato administrativo, assinale a opção


correta.
a) Os vícios sanáveis do ato administrativo, que admitem convalidação, são aqueles relacionados
à forma, à finalidade e ao motivo.
b) A avocação da competência, embora ocorra em caráter excepcional, dispensa motivação e a
existência de uma relação hierárquica.
c) Consideram-se atos administrativos enunciativos aqueles que são editados no exercício do
poder hierárquico com o objetivo de disciplinar as relações internas da administração pública, dos
quais são exemplos as circulares, as instruções e os avisos.
d) O decreto, como espécie de ato administrativo, confunde-se com o regulamento, de maneira
que não pode haver decreto sem regulamento, nem regulamento sem o decreto respectivo.
e) Há formalidades que são essenciais ao ato administrativo; assim, a ausência de ampla defesa e
contraditório acarreta a invalidade da imposição de sanções administrativas, do mesmo modo que
a ausência de motivação causa a nulidade da demissão de servidor público.

Comentários

Alternativa “a”: Incorreta. Somente podem ser convalidados os atos com vícios na forma ou
competência.

Alternativa “b”: Incorreta. Art. 15 da Lei nº 9.784, de 1999: Será permitida, em caráter excepcional
e por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de competência
atribuída a órgão hierarquicamente inferior.

Alternativa “c”: Incorreta. Atos ordinatórios: São os atos que disciplinam o funcionamento da
Administração Pública, incluindo as condutas dos agentes administrativos. Atos enunciativos: São
os atos que externam ou declaram uma situação existente em registros, processos ou arquivos
públicos sem qualquer manifestação de vontade original da Administração. Também são
denominados atos de pronúncia ou meros atos administrativos.

Alternativa “d”: Incorreta. Emenda à Constituição é ato privativo das Mesas do Congresso (Câmara
e Senado), conforme art. 60, §3º, da CRFB, e não é sancionado pelo Presidente da República.

Alternativa “e”: Correta. De fato, devem ser respeitados os princípios constitucionais expressos
ou implícitos.

Resposta: Alternativa “e”.

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10. RESUMO

1. Segundo a professora Maria Helena Diniz: “fatos jurídicos seriam os acontecimentos, previstos em
norma de direito, em razão dos quais nascem, se modificam, subsistem e se extinguem as relações
jurídicas”
• Atos jurídicos em sentido amplo são aqueles que produzem os efeitos jurídicos desejados pelos
agentes, amparados pelo ordenamento jurídico.
• Atos jurídicos em sentido estrito são aqueles nos quais os resultados jurídicos decorrem da vontade
do agente, mas em linha com o previamente fixado pelo ordenamento.
• O negócio jurídico, também espécie do ato jurídico em sentido amplo, é aquele pelo qual são
produzidas novas regras para atender, em regra, à composição de interesses das partes.

expressão da vontade da Administração Pública


por quem o represente

Ato efeitos jurídicos regidos pelo Direito Público,


Administrativo exclusiva ou predominantemente

finalidade pública

2. Fatos da administração são aqueles acontecimentos praticados pela Administração Pública que não
apresentam nenhuma repercussão no âmbito do Direito Administrativo.

3. Fato administrativo tem três interpretações:


• Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, é a materialização da atividade administrativa.
• Para a professora Maria Sylvia, é aquele descrito em lei ou no ordenamento que, quando
realizado, traz repercussão no campo do direito administrativo.

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• Para o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, é caracterizado como o silêncio ou inércia da
Administração pública, do qual decorram efeitos jurídicos.

Ato Legislativo Ato Judicial Ato Político

Ato da Administração Pública


Ato Legiferante Ato Jurisdicional
decorrente diretamente da
Constituição

Produção de Normas Solução de Litígios


Decisão Política

Função Típica do Poder Função Típica do Poder


Legislativo Judiciário Exercício Típico dos
Governantes
4.

Ato político Ato Administrativo

Praticado por Praticado pelo agente


integrantes do público ou delegatário
governo da Adm. Pública

Regido pelo regime Praticado no exercício


jurídico constitucional da função administrativa
em concreto
5.

6. Ato da administração é o conjunto amplo de todos os atos praticados pela Administração Pública no
exercício da atividade administrativa, incluindo não só aqueles que se revestem de prerrogativas
públicas, ou seja, podem incluir, entre outros, os atos regidos predominantemente pelo Direito
Privado.

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7. Ato administrativo inclui apenas os atos praticados no exercício da função administrativa em


concreto.

atos de direito privado


(Ex.: doação, permuta, compra e venda, locação)

atos materiais da Administração que não contêm manifestação de


vontade, mas que envolva apenas execução
(Ex.: demolição, apreensão de mercadoria, realização de um serviços)

atos de conhecimento, opinião, juízo ou valor, que não expressam


vontade e não podem produzir efeitos jurídicos imediatos

Ato DA (Ex.: atestado, certidões, pareceres, votos)


Administração
atos políticos

contratos

atos normativos
(Ex.: decretos, portarias, resoluções, regimentos, de feitos gerais e
abstratos)

atos administrativos propriamente ditos

8. Silêncio administrativo (segundo José dos Santos Carvalho Filho), silêncio da Administração Pública
(segundo Maria Sylvia), omissão da Administração (segundo Hely Lopes Meirelles) ou Não Ato
(segundo Odete Medauar): quando a administração se mantém inerte quando há dever de praticar
uma ação.

9. É polêmico na doutrina se o silêncio pode caracterizar ou não manifestação da vontade da


Administração Pública.
• Para a professora Maria Sylvia o silêncio pode acarretar em manifestação da vontade da
Administração, sobretudo quando a lei fixa que o silêncio significará concordância ou
discordância.
• Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, o silêncio administrativo não é manifestação
formal de vontade, mas que configura fato jurídico administrativo, acarretando, por conseguinte,
a produção de efeitos jurídicos.
• O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o silêncio não é ato jurídico e sim fato
jurídico.

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• Raimundo Márcio Ribeiro Lima considera silêncio administrativo como espécie de inatividade
administrativa em sentido amplo, aquele decorrente da inatividade formal da Administração
Pública, quer dizer, por conta da inobservância de um dever legal de
prestar/controlar/regulamentar.

10.O professor Celso Antônio Bandeira de Mello crava 120 dias como o prazo razoável para manifestação
por parte da Administração, mas cabe ao Poder Judiciário avaliar a razoabilidade do prazo.

Silêncio Eloquente Omissão Lacuna

ausência de disciplina
Não houve uma ação
Há uma manifestação no sobre determinado tema
para um dever pre
não dizer que pode autorizar a
existente
analogia
11.
• O silêncio eloqüente é incompatível com o Direito Público.

12.A existência dos atos administrativos está relacionada à presença de todos os elementos, ainda que
haja deficiência em um ou mais deles.

13.A validade do ato administrativo, que só poderá ser avaliado se superada a análise quanto a sua
existência, está intimamente ligada não só à presença de todos os requisitos necessários previstos
em lei, mas com a conformidade desses requisitos com a lei. Daí decorre que, existindo, o ato jurídico
pode ser válido ou inválido.

14.A eficácia está relacionada à presença dos fatores necessários para a sua produção de efeitos
jurídicos.

15.Exequibilidade: a disponibilidade que a Administração tem para executar um ato em sua inteireza.

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Eficaz
Válido
Inefiz
Existente
Eficaz

Ato Inválido
Administrativo Ineficaz

Inexistente - Eficaz

Elementos dos Atos Administrativos

Motivo (Qual a
Competência Finalidade (Pra Forma (Por qual Objeto (Com
causa ou
(Quem?) quê?) meio?) qual conteúdo?)
fundamento?)

16.

decorre da lei

é irrenunciável

é inderrogável
(não pode ser transferida por acordo entre as partes)
é improrrogável
Características da
(órgão ou agente incompetente não se torna competente
Competência:
pelo exercício da atividade, exceto por lei)
pode ser definida em função da matéria, hierarquia, lugar,
tempo ou para fracionamento

pode ser delegada (se não for exclusiva)

pode ser avocada (se não for exclusiva)


17.

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• Na avocação o superior hierárquico assume atribuição que ordinariamente é estabelecida para a


função exercida por um dos seus subordinados.
• Na delegação, que só pode ocorrer quando não houver impedimento legal, o titular da
competência pode delegar parte de sua competência a outro agente a ele subordinado ou não.

a edição de atos de caráter normativo

Não podem ser


a decisão de recursos administrativos
delegadas:

as matérias de competência exclusiva do


órgão ou autoridade

Finalidade em sentido amplo

•corresponde ao interesse público

Finalidade em sentido restrito

•resultado específico que cada ato deve produzir, conforme definido


expressa ou implicitamente em lei
18.

• Uma das espécies de abuso de poder é o desvio de finalidade.

Forma em sentido restrito

•corresponde à exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual o ato se


exterioriza (forma escrita, verbal, por Decreto, Portaria, Resolução etc.)

Forma em sentido amplo

•corresponde não só à exteriorização do ato, mas também todas as


formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação de
vontade da Administração, e até os requisitos relativos à publicidade do ato
(exteriorização + formalidades dos procedimentos + publicidade)
19.

• Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente exigir.

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• Em respeito ao paralelismo das formas, a mesma forma utilizada para a produção do ato deve ser
aquela utilizada para sua modificação ou revogação.
• Princípio da Solenidade: em contraposição ao princípio de liberdade das formas que prevalece
no Direito Privado, o professor José dos Santos Carvalho Filho alude ao princípio da solenidade
das formas no Direito Público. Este remete a um cerimonial previsto em lei, ou seja, a um rito
adicional à mera formalização do ato.
• Segundo a Lei nº 4.717, de 1965, o vício de forma consiste na omissão ou na observância
incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência o seriedade do ato.

Motivo Motivação

princípio pevisto no art. 2º, inciso VII, da


elemento do ato administrativo Lei nº 9.784, de 1999, e integrante da
forma do ato administrativo

é a indicação do motivo, ou seja, é a


é o pressuposto de fato e de direito que
demonstratração formal de que o
fundamenta o ato administrativo
pressuposto de fato e de direito ocorreu

ausência de motivo invalida o ato em que pese alguma divergência


doutrinária, a lei pode ou não exigir a
(o motivo é obrigatório) motivação*

indicação da existência de o porquê o


Por quê?
ato foi praticado
20.

21.Não é lícita ao administrador público a utilização de fundamentos genéricos e indefinidos para indicar
o motivo do ato administrativo.

22.Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o fundamento exteriorizado para a tomada de decisão
ou para a prática de uma ação ou omissão vincula-se à validade do ato administrativo vinculado ou
mesmo discricionário.
• Portanto, existindo a exteriorização do motivo como o determinante a justificar a realização do
ato administrativo, caso fique comprovado não ter este ocorrido ou não representar a realidade,
o ato será ilegal.

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23.O objeto é o efeito jurídico imediato que se busca atingir com o ato administrativo.
• Para a professora Maria Sylvia:

lícito (conforme à lei)

possível (realizável no mundo dos fatos e do direito)

O objeto deve ser:


certo (definido quanto ao destinatário, aos efeitos, ao tempo
e ao lugar)

moral (em consonância com os padrões comuns de


comportamento, aceitos como corretos, justos, éticos)

• O objeto jurídico pode ser:

termo: indica o
Natural: o efeito momento
decorre da natureza apartir do qual
do ato passa a ser ou
deixa de ser
Objeto Jurídico eficaz

Acidental: há
clausulas acessórias modo: quando se
que alteram os fixa um ônus ao
efeitos do ato destinatário suspensiva: a
eficácia fica
pendente até que
condição: a
ocorra o evento
eficácia
depende de
evento futuro e resolutiva: a
incerto eficácia cessa com
a ocorrência do
evento

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Finalidade Objeto

efeito jurídico mediato efeito jurídico imediato

invariável (sempre é o variável a depender do ato


interesse público) administrativo

24.Mérito Administrativo: não é um dos elementos do ato; é a capacidade de que por vezes a lei dota a
Administração Pública de Decidir ou avaliar a conveniência e a oportunidade para a produção do ato
administrativo. Relacionado aos elementos motivo e objeto, uma vez que a discricionariedade se
limita a eles.

25.Doutrina Chenery: Não cabe ao Poder Judiciário afastar ato praticado pela Administração Pública
com base em escolha política sob o argumento de que não se seguiu determinada metodologia
técnica.

26.Os atributos do Ato Administrativo o diferenciam dos atos de Direito Privado.

Presunção de Legitimidade e de Veracidade

Autoexecutoriedade
Atributos do Ato
Administrativo:
Tipicidade

Imperatividade

27.Presunção de Legitimidade: o ato foi produzido de acordo com o ordenamento jurídico.

28.Presunção de Veracidade: O conteúdo do ato é verdadeiro e de fé pública.

29.Para a professora Maria Sylvia são estes os fundamentos utilizados pelos administrativistas para
justificar o atributo da presunção da legitimidade:

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o procedimento e as formalidades que precedem a sua edição, os


quais constituem garantia de observância da lei

o fato de ser uma das formas de expressão da soberania do


Estado, de modo que a autoridade que pratica o ato o faz com o
consentimento de todos

a necessidade de assegurar celeridade no cumprimento dos atos


administrativos, já que eles têm por fim atender ao interesse
público, predominante sobre o particular

o controle a que se sujeita o ato, quer pela própria Administração,


quer pelos demais Poderes do Estado, sempre com a finalidade de
garantir a legalidade

a sujeição da Administração ao princípio da legalidade, o que faz


presumir que todos os seus atos tenham sido praticados de
conformidade com a lei, já que cabe ao poder público a sua tutela

30.A professora também apresenta 3 decorrências da presunção de veracidade:

enquanto não decretada a invalidade do ato pela própria Administração ou


pelo Judiciário, ele produzirá efeitos da mesma forma que o ato válido,
devendo ser cumprido

o Judiciário não pode apreciar ex officio a validade do ato

inverte o ônus da prova

31.Autoexecutoriedade: o ato administrativo pode ser executado de ofício e imediatamente pela


Administração Pública sem necessidade de autorização do Poder Judiciário.Esse atributo garante a
celeridade e a eficiência na atuação administrativa para atingir a finalidade pública. Só está presente
quando autorizada por lei.

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Exigibilidade: A Administração pode


utilizar meio indiretos para a
exigência do cumprimento da
obrigação.

Autoexecutoriedade

Executoriedade: A Administração
pode realizar diretamente a execução
forçada, utilizando-se, se necessário,
de força pública.

32.Tipicidade: Os atos administrativos devem decorrer de tipos previamente definidos em lei a serem
utilizados para se atingir a determinada finalidade pública. Deriva do princípio da legalidade e
juridicidade.

33.Imperatividade: Decorre do Poder de Império do Estado de, por meio de atos unilaterais, como os
administrativos, impor aos particulares o cumprimento de determinada ação ou de impor a eles
obrigações ou restrições.

34. A classificação dos Atos Administrativos, segundo Hely Lopes Meirelles:

Gerais (ou regulamentares): expedidos a destinatários


indeterminados para alcançar todos aos quais venham a
incidir em seus dispositivos. São atos normativos.
Quanto aos
Destinatários:
Individuais (ou especiais): expedidos a destinatários
determinados para que se realize algo em específico.

Internos: expedidos a destinatários internos do órgão


público, não produzindo efeitos externos.

Quanto ao Alcance
Externos: Repercutem nos interesses gerais da
coletivididade. Podem alcançar os administrados ou
aos próprios servidores.

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de Império: expedidos no exercício pleno da supremacia


pública, ou seja, com as prerrogativas e privilégios
próprios do Poder Público.

de Gestão: expedidos e praticados pelo Poder Público


Quanto ao Objeto em situação de horizontalidade com o particular, sem
exercício da supremacia do Poder Público.

de Expediente: expedidos para impulsionar os


processos administrativos e demais expedientes para
sua devida conclusão.

Discricionários: aqueles em que a Adm. Publica pode expedir


com liberdade quanto aos elementos "motivo" e "objeto".
Quanto ao
Regramento
Vinculados: aqueles em que a lei fiza os elementos para a sua
realização.

Simples: aqueles que se originam da manifestação da vontade


de um único órgão.

Complexos: se originam da manifestação da vontade de mais


Quanto à Formação de um órgão administrativo.
da Vontade
Compostos: se originam da manifestação da vontade de um
único órgão, mas dependem da verificação de outro órgão
para serem eficazes.

Constitutivos: em que a Adm. cria um novo direito ou obrigação ao


destinatário.

Extintivos: em que a Adm. põe fim a direito ou obrigação do destinatário.

Declaratórios: em que a Adm. reconhece situações jurídicas existentes.


Quanto ao
Conteúdo
Alienativos: em que há transferência de titularidade de um bem ou direito.

Modificativos: em que a Adm. altera situações jurídicas, sem criar ou


extinguir direitos ou obrigações.

Abdicativos: em que a Adm. abre mão de um direito em caráter


incondicional e irretratável.

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Válidos: em sintônia com os requisitos previstos em lei.

Quanto à Eficácia Nulos: Expedidos com vício insanável.

Inexistentes: em que há falsa aparência de manifestação da


vontade da Adm. Pública.

Perfeitos: aqueles que são aptos a produzir seus efeitos


jurídicos.
Imperfeitos: ainda não são aptos a produzir seus efeitos
jurídicos.
Quanto à Exequibilidade
Pendentes: sujeitos à condição ou termo, não
produzindo por ora seus efeitos jurídicos.
Consumados: já exauriram todos os seus efeitos
jurídicos.

Revogáveis: aqueles que por motivo de conveniência ou oportunidade a


Adm. pode retirar do mundo jurídico com efeitos ex nunc.

Quanto à Irrevogáveis: Não podem ser revogáveis pela Adm. Pública, por seus
Retratabilidade efeitos terem sido consumádos ou por ter se tornado direito sujetivo do
interessado, ou por resultarem de decisão final na esfera administrativa.

Suspensíveis: Aqueles que a Adm. pode suspender os efeitos por certo


tempo.

Autoexecutáveis: não precisam de manifestação judicial para


serem executados pela Adm.
Quanto ao Modo de
Execução:
Não autoexecutáveis: dependem de manifestação judicial
para que possam ser executados.

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Constitutivos: em que a Adm. cria, modifica ou extingue um direito.

Quanto aos Efeitos Desconstitutivos: produzidos para desfazer situação jurídica preexistente.

de Constatação: em que a Adm. reconhece ou constata determinada


situação jurídica.

Principal: representa a vontade final da Adm.

Complementar: aprovam ou ratificam o principal para que possam


Quanto ao passar a produzir efeitos.
Objeto Visado
pela Intermediário: dá suporte a um ato administrativo final.
Administração

Ato-condição: produzidos para permitir a pratica de outro e sem o


qual este outro não ocorre.

de Jurisdição: produzidos para decidir determinado conflito de


interesses no campo administrativo.

35. Agrupamento dos Atos Administrativos em Espécie:

normativos

ordinatórios

Espécies de Atos Administrativos negociais

enunciativos

punitivos

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Decretos regulamentares (ou de execução): têm por finalidade explicitar a lei


para prover sua fiel execução.
Decretos autônomos ou independentes: dispõem sobre a organização e o
funcionamento da administração federal, assim como sobre a extinção de
funções ou cargos.
Atos Normativos: Instruções Normativas: expedidas pela autoridade administrativa
produzidos com hierarquicamente abaixo do Chefe do Poder Executivo.
comandos gerais e
abstratos, como: Regimentos: atos internos que disciplinam o funcionamentos dos órgãos da
Adm. Pública.

Resolução: Expedidas por autoridades superiores da Adm. Pública.

Deliberação: Expedidos por órgãos colegiados.

Instruções: dão orientações gerais.

Circulares: Também dão instruções, mas se limitam a um grupo de


servidores ou de órgãos
Ordens de Serviço: possuem determinações relativas à execução
de determinada tarefa ou atividade.

Avisos: reservados ao Ministro de Estado, para comunicar um fato


ou dar conhecimento de temas relacionados à atividade pública.

Portarias: ato pelo qual a chefia designa servidores para


determinadas atividades ou funções, bem como determina regras
Atos Ordinatórios:
gerais ou especiais.
disciplinam o funcionamento
da Adm. Pública. Ofícios: ato de comunicação oficial entre órgãos

Despachos: ato que externa decisão acerca de procedimento


administrativo

Despachos Normativos: despacho ao qual a autoridade competente


determina sua aplicação para casos análogos.

Provimentos: atos utilizados especialmente por Órgãos de Justiça


para regularização ou uniformização do serviço.

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Admissão: ato vinculado ao cumprimento dos requisitos legais para


fruição de interesse predominante do particular.

Licença: ato vinculado em que a Adm, presentes os requisitos legais,


consente a realização de uma atividade.
Autorização: ato discricionário que expressa uma concordância
precária da Adm. com relação à realização de uma atividadede
interesse predominantemente particular.
Permissão: ato discricionário que expressa uma concordância
Atos Negociais: em que a precária da Adm. com relação à realização de uma atividadede
declaração de vontade da interesse predominantemente público.
Adm. coincide com a do Registro: Ato vinculado que assenta em órgão público o
particular. reconhecimento administrativo do cumprimento das condições para
fruição de uma situação jurídica da vida privada do particular.

Visto: Ato pelo qual a Adm. controla seus atos ou do administrado,


conferindo a eles legitimidade para que produzeam seus efeitos.
Homologação: ato vinculado pelo qual a autoridade superior avalia a
legalidade, bem como a conveniência de ato anterior praticado para
dar-lhe eficácia.

Certidão: reproduz registro de órgãos públicos acerca de informação


de interesse do particular.

Atestado: a Adm. comprova um fato ou informação transitória de seu


conhecimento.
Atos Enunciativos: Autos de Infração: a Adm. descreve situação que caracterizou
externam ou declaram transgressão administrativa.
situação existente em
registros, procesos ou Autos de Infração: ato pelo qual a Administração descreve situação
arquivos públicos, sem que caracterizou transgressão administrativa.
qualquer manifestação
de vontade original da
Adm. Apostila: a Administração declara um direito criado por norma legal.

Parecer: externa uma opinião de órgão técnico acerca de determinado


tema ou em atenção a quesitos apresentados.

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a autoridade competente para o ato não está vinculada ao


Facultativo
parecer que é meramente opcional

exige-se a existência do parecer para a prática do ato


Parecer Obrigatório administrativo
(a autoridade pode dele divergir - é mera opinião)

ou a autoridade o adota e pratica o ato ou não o pratica


Vinculante (a autoridade não pode dele divergir - deixa de ser mera
opinião)

Multa: ato por meio do qual a Adm impõe uma sanção pecuniária ao
administrado.

Interdição: ato pelo qual a Administração suspende o exercício de


determinada atividade por parte do administrado.
Atos Punitivos: atos cujo
objetivo é a aplicação de Destruição de coisas: ato pelo qual a Administração, consubstanciada em
sanção por infrações caráter urgente, elimina um produto ou um bem do administrado
administrativas, sendo impróprio para consumo ou uso.
extroversos quanto Cassação anulatória: ato pelo qual a Administração desfaz um ato
aplicados aos negocial, como meio punitivo, pelo descumprimento superveniente das
administrados e condições originais necessárias.
introversos quando Demolição administrativa: ato pelo qual a Administração, de forma
aplicados aos agentes urgente e para remover perigo público iminente, demole edificação ou
públicos. parte dela.
Confisco: ato pelo qual o particular perde seu bem ou direito a favor da
Administração Pública nos casos estritamente previstos em lei.

36.

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esgotamento do
conteúdo jurídico
cumprimento dos
execução material
efeitos
termo final ou condição
resolutiva

desaparecimento de sujeito
elemento infungível
da relação objeto
Ato
Eficaz
revogação
Extinção do ato
invalidação
administrativo
(anulação)

retirada cassação

renúncia caducidade

contraposição
mera retirada
(derrubada)
Ato
Ineficaz recusa

• Cassação: A Adm. Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos porque deixaram de ser
atendidos os requisitos necessários para sua manutenção.
• Caducidade: a Adm. Pública retira a juridicidade e produção dos efeitos do ato anterior porque
sobreveio norma jurídica que o torna incompatível com a nova disciplina jurídica.
• Contraposição: a Adm. Pública expede novo ato em sentido contrário ao anterior.

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Revogação Anulação (invalidação)

Só pode ser praticado pela Administração Pode ser praticado pela Administração
Pública Pública ou pelo Poder Judiciários

análise de conveniência e oportunidade análise de ilegalidade ou contrariedade à


(mérito administrativo) ordem jurídica

ex nunc ex tunc

• A Administração poderá convalidar o ato administrativo no lugar de anulá-lo quando não acarretar
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros.
• Há a fixação do prazo de 5 anos para que seja realizada a anulação do ato administrativo do qual
tenham decorrido efeitos favoráveis ao destinatário.

37.Vícios quanto à competência do ato administrativo: será viciado o ato praticado por autoridade
incompetente ou incapaz.

excesso de poder

Incompetência usurpador de função

Vícios quanto agente de fato


à
Competência
impedimento
incapacidade
suspeição

38.Vícios quanto à forma: será viciado o ato praticado sem a forma prevista em lei ou por cuja forma
pela qual foi expedida não se atinge a finalidade pretendida.
39.Vícios quanto à finalidade do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o desvio de
finalidade (espécie do gênero abuso de poder), ou seja, ato que não vise ao interesse público.

40.Vícios quanto ao motivo do ato administrativo: será viciado o ato praticado com o motivo inexistente
ou ainda em que ocorra falsidade.

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41.Vícios quanto ao objeto do ato administrativo: será viciado o ato praticado com objeto ilícito,
impossível, imoral ou indeterminado.

42.Atos nulos são aqueles que possuem vício insanável, ou seja, não podem ser convalidados.

43.Atos anuláveis são aqueles que apresentam vício, mas que este poderá ser convalidado.

44.A convalidação (também denominada saneamento) é o ato pelo qual a Administração Pública ou,
excepcionalmente, o administrado regulariza determinado vício existente em um ato administrativo
com efeitos retroativos à data em que praticado (ex tunc).

45.Somente podem ser convalidados atos com vícios nos elementos forma e competência, e essa
convalidação só se aplica se a forma não for essencial e a competência não for exclusiva ou em razão
da matéria.

46.Para o professor José dos Santos Carvalho Filho:

Convalidação

Reforma: quando um novo Conversão: quando um ato


Ratificação: quando a
ato suprime a parte substitui a parte inválida
autoridade saneia vício
inválida do ato anterior, de outro, formando um
anterior de uma ato.
mantendo a válida. novo ato.

• O professor José dos Santos Carvalho Filho aduz a possibilidade de convalidação do ato quando
viciado o elemento objeto, sendo este plúrimo,

47.Hely Lopes Meirelles diferencia convalidação de conversão ou sanatória.

• Convalidação é o instituto pelo qual a Administração pode sanar defeitos de um ato administrativo
do qual não acarreta lesão ao interesse público ou prejuízo ao particular. Nessa linha, é o art. 55 da
Lei Federal nº 9.784, de 1999.
• Conversão ou sanatória ocorre quando determinado ato administrativo é inválido para determinado
propósito, mas aproveitável quanto aos elementos válidos para outro propósito.

48. Na confirmação, a Administração mantém o ato tal como ele foi praticado, desde que não cause
prejuízo a terceiros e à própria Administração.

200

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49.Extinção de Ato Ineficaz: O ato administrativo ineficaz poderá ser extinto por sua mera retirada (se
for por mérito – conveniência e oportunidade - pode ser englobado na revogação; se for por
incompatibilidade com a lei pode ser englobado na anulação).
• Poderá ser extinto também o ato ineficaz quando houver a recusa do beneficiário e o ato dependia
da concordância dele para sua produção dos efeitos.

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caríssimo(a), finalizamos aqui essa nossa aula de hoje.


Trata-se de tema predominante doutrinário e bem extenso, tornando o seu estudo bem denso.
As bancas sabem disso e vão no detalhe!
Por isso, para que não sejamos surpreendidos, é sempre importante revisitar o tema.

Qualquer dúvida, seja na teoria ou na resolução dos exercícios, entre em contato comigo por meio do Fórum
de Dúvidas.
Estou à sua disposição para aclarar ou aprofundar qualquer tema.
Deixe lá também suas sugestões, críticas e comentários.
Conte comigo como um parceiro em sua caminhada.
Além disso, para ficar por dentro das notícias do mundo dos concursos públicos, recomendo que você siga o
perfil do Estratégia Carreira Jurídica e do Estratégia Concursos nas mídias sociais! Você também poderá
seguir meu perfil no Instagram. Por meio dele eu busco não só transmitir notícias de eventos do Estratégia e
de fatos relativos aos concursos em geral, mas também compartilhar questões comentadas de concursos
específicos que o ajudará em sua preparação!

Que DEUS o ilumine abundantemente para que você consiga focar nos estudos e, em breve, alcançar a sua
vaga!!!!!

Cordial abraço

Wagner Damazio

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