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A MISSÃO É SER IGREJA

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu
também vos envio.” (João 20:21)

“A palavra 'missão' desafia a igreja a assumir seu papel e deixar para trás sua
preocupação com seus próprios interesses e sua acomodação pecaminosa à sua
história cultural” (Michael Goheen).
Em todas as épocas e circunstâncias, a igreja é chamada a ser fiel a Cristo e ao
Evangelho, não se deixando influenciar e ser levada pelas muitas propostas de um
mundo caído e em completa rebelião contra Deus e, por isso, fadado ao perecimento e
ao caos. Nessa fidelidade está o sentido mais primitivo de ser igreja: uma comunidade
de pessoas diferenciadas no caráter e na conduta, por causa do derramamento da
graça em seus corações, fazendo delas novas criaturas e estabelecendo um padrão
novo de valores, desejos e prioridades que revelam o seu comprometimento com Jesus
e sua firme disposição de segui-lo e obedecê-lo durante toda a sua vida.
Aprouve a Deus abrir um espaço na operação de Sua providência para a nossa
efetiva participação na obra de redenção que Ele realiza no mundo. Deus não apenas
enviou Cristo ao mundo para libertar os cativos (Lc 4:16-21; Is 61:1), como o Senhor
Jesus também enviou Sua igreja ao mundo com o mesmo propósito. Essa é uma honra
que a graça divina nos oferece e que não deve ser ignorada. Somos, como igreja, um
povo missional que vai ao encontro dos demais como “luz para as nações” (Is 42:6),
sendo instrumento de Deus para “abrir os olhos aos cegos, tirar da prisão o cativo e do
cárcere, os que jazem em trevas” (Is 42:7).
Desse modo, compreender e preservar os aspectos de nossa identidade como
igreja nos livra de uma concepção confusa acerca de quem somos e a quem
pertencemos, bem como de práticas que não expressam uma espiritualidade
genuinamente sadia e bíblica.
Se desconsiderarmos essa marca de nossa identidade que nos define como
“embaixadores do Reino de Deus” no mundo (2Co 5:20), podemos nos tornar qualquer
coisa e sermos de qualquer um, descaracterizando-se, assim, o propósito primordial de
nossa caminhada como comunidade seguidora de Jesus: revelar a supremacia da
misericórdia e da justiça de Cristo ao homem pecador.
Essa auto compreensão bíblica acerca da igreja fortalece o nosso coração em
relação ao propósito de Deus para a nossa vida (individual e comunitária), mantém-nos
focados na coisa certa e, ao mesmo tempo, preserva-nos de sermos tragados pela
cultura idólatra e fútil de nossos dias. Deixamos de gastar tempo e recursos com aquilo
que não tem qualquer relação com o Reino e passamos a investir a vida naquilo que
perdura para a eternidade.
Uma igreja alinhada com os propósitos do Evangelho é uma igreja que cumprirá
a vontade de Deus no dia a dia (At 1:8), o glorificará em cada uma de suas experiências
(1Co 10:31), e fará diferença no tempo em que vive e no ambiente em que atua (Mt
5:16). Portanto, devemos lembrar que na vida cristã a essência vale mais do que a
aparência; a verdade mais do que uma simples narrativa; o propósito mais do que um
mero ideal; a motivação mais do que uma magnífica experiência. Por isso, missão não
significa apenas “ir” e “fazer” alguma coisa em nome de Cristo (Mt 7:22-23). Isso pode
representar apenas ativismo religioso, com motivações e finalidades duvidosas (Mt
7:21). Missão, antes de qualquer coisa, significa “ser” tudo aquilo que Deus deseja que
sejamos no mundo, por causa de nossa união espiritual com Jesus Cristo. Na vida cristã
o “ser” sempre molda, define, orienta e sustenta o “fazer”, tanto perto e muito perto,
quanto longe e muito longe.
Assim, espera-se que o povo de Deus, a partir de sua realidade vivencial (coletiva e
individualmente) manifeste a presença viva e ativa de Cristo no meio da sociedade
humana. O povo de Deus foi “criado e reunido, iluminado e comissionado, sustentado
e equipado para um único propósito: para viver à maneira de Deus e para o louvor de
Sua glória” (Markus Barth).

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