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ESCALAS BECK

Apresentação: esta pequena apostila contém informações retiradas do “Manual da versão em português das Escalas Beck”
(Jurema Alcides Cunha. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001), disponível na Sala de Controle de Testes do IP/UFU e tem como
objetivo auxiliá-los na administração e correção das escalas, bem como apontar alguns aspectos importantes para a caracterização
de caso e para o planejamento de tratamento.

Descrição das Escalas Beck: são quatro instrumentos de medidas escalares – Inventário de Depressão (BDI), Inventário de
Ansiedade (BAI), Escala de Desesperança (BHS) e Escala de Ideação Suicida (BSI). Foram desenvolvidos por Aaron Beck e seus
colaboradores no Center for Cognitive Therapy (CCT) da Universidade de Penssylvania, na Philadelphia, Estados Unidos.

Indicações das Escalas Beck:


- são indicadas para sujeitos entre 17 e 80 anos.
- são adequadas particularmente para uso com pacientes com transtornos psicológicos, uma vez que a qualidade psicométrica dos
quatro instrumentos é mais satisfatória para a população clínica do que para a população geral.
- fornecem muitas informações sobre a situação atual e sobre o funcionamento cognitivo-comportamental do paciente e apontam
direcionamentos para a intervenção terapêutica.
- permitem ao terapeuta conceitualizar uma linha de base para o desenvolvimento do caso, ou seja, através do uso periódico das
escalas ele será capaz de avaliar os progressos da psicoterapia.

Uso Clínico: uma vez que depressão e ansiedade muitas vezes coincidem, que idéias suicidas têm muito a ver com desesperança
que, por sua vez, se vincula à depressão, o uso associado de mais de uma escala enriquece o entendimento clínico e oferece
melhores subsídios para a opção de uma intervenção terapêutica adequada.

Ordem de Administração: a ordem em que se aplica os instrumentos não tem efeitos significativos. Geralmente, aplica-se o BDI
e o BAI em conjunto. A BHS e a BSI são utilizadas quando os escores da BDI são muito altos ou quando os dados clínicos
apontam para ideações ou tentativas de suicídio.

BDI: Inventário de Depressão Beck (Beck Depression Inventory)


Apresentação: o BDI foi desenvolvido em 1961 para a medida da intensidade da depressão. Seus itens são descritivos e foram
selecionados com base em observações e relatos de sintomas e atitudes mais freqüentes em pacientes psiquiátricos, com transtornos
depressivos em diferentes categorias nosológicas.

Descrição: é uma escala de auto-relato, de 21 itens, cada um com quatro alternativas, subentendendo graus crescentes de gravidade
da depressão, com escores de 0 a 3. Os itens se referem a:

1. Tristeza 8. Auto-acusações 15. Dificuldade de trabalhar


2. Pessimismo 9. Idéias Suicidas 16. Insônia
3. Sentimento de fracasso 10. Choro 17. Fatigabilidade
4. Insatisfação 11. Irritabilidade 18. Perda de apetite
5. Culpa 12. Retraimento Social 19. Perda de peso
6. Punição 13. Indecisão 20. Preocupações somáticas
7. Auto-aversão 14. Mudança na auto-imagem 21. Perda da libido

Indicações e Uso Clínico: estudos demonstram sua aplicabilidade também para adolescentes e idosos. O BDI deve ser aplicado na
etapa de avaliação do caso e a continuidade e periodicidade de sua aplicação serão apontadas na conceitualização do caso e
planejamento do tratamento.

Instruções de Administração:

- Condições para a administração: o vocabulário do BDI é adequado a um nível de leitura atingido em cinco anos escolares.

- Instruções para a Administração Oral: Leia a instrução: “Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de eu ler
cada grupo de afirmações, quero que você escolha aquela afirmação, em cada grupo, que melhor descreve a maneira que você
tem se sentido durante a última semana, incluindo hoje!” Entregue uma cópia do questionário para o examinando e mantenha outra
cópia com você. “Aqui está uma cópia para que você possa me acompanhar, enquanto eu leio”. O examinando pode antecipar uma
resposta, o que é natural, mas caso seja necessário, o examinador deve alertá-lo para que reflita bem.
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Tempo estimado: cerca de 15 minutos.

- Instruções para Auto-administração: pede-se que o examinando preencha as informações requeridas e lê-se para ele em voz alta as
instruções do protocolo.
Tempo estimado: 5 a 10 minutos.

- Sujeitos mais obsessivos podem levar até 30 minutos para completar o inventário.
- O examinador deve revisar cuidadosamente todo o protocolo para verificar se algum item foi saltado ou omitido e pedir ao
examinando reavaliar os itens omitidos.
- Caso o examinando tenha dúvidas entre uma ou outra alternativa, deve-se orientá-lo a fazer sua escolha, de acordo com sua
primeira impressão.
- Se o examinando escolher alternativas idênticas em todos os itens, será conveniente comentar-lhe que raramente as pessoas se
sentem de maneira idêntica em relação a todos os sintomas e que, talvez, fosse melhor reconsiderar suas escolhas.

Escores do BDI:
- Obtém-se o escore total do BDI somando os escores de cada item. O maior escore possível é 63, caso o examinando tenha
marcado duas alternativas, considera-se aquela de escore mais alta para se obter o escore total.
- Se o examinando declarou que deliberadamente está tentando perder peso, o escore desse item não é somado no escore total.

Nível Escores
Mínimo 0 – 11
Leve 12 – 19
Moderado 20 – 35
Grave 36 - 63

Interpretação:
- O BDI é uma medida da intensidade da depressão, não é indicado para identificar categorias nosológicas (pelo BDI não se pode
fazer o diagnóstico de depressão ou afirma sua inexistência).
- O BDI oferece importantes informações do ponto de vista clínico, em relação ao nível do escore total (em que continuum o
paciente se encontra) e pelo conteúdo específico da configuração assumida pelos itens assinalados, que revela o padrão sintomático
que o examinando descreve em termos cognitivos e afetivos e queixas somáticas e de desempenho.
- Pacientes com depressões mais graves, poderão apresentar pensamento dicotômico, em que tudo é percebido como extremamente
positivo ou negativo (observar instruções de administração acima).
- Em casos de depressão menos intensa, a avaliação das alternativas dos itens tende a variar.
- Deve-se dar atenção especial aos itens 2 (Pessimismo) e itens 9 (Idéias Suicidas), dada sua relevância para estimar a existência de
potencial suicida, especialmente em pacientes depressivos. Escores maiores que 1 nesses itens indicam a necessidade de avaliação
de risco nesses pacientes e a aplicação da BHS e BSI.
- Pacientes com idéias suicidas podem esconder padrões sintomáticos, mas manifestar sintomas depressivos de outra ordem.

BAI: Inventário de Ansiedade Beck (Beck Anxiety Inventory)


Apresentação: o BAI foi criado em 1988 para a medida de aspectos de ansiedade que compõem os itens do inventário. O BAI é
uma escala de auto-relato, que mede a intensidade de sintomas de ansiedade. O BAI foi construído para medir sintomas de
ansiedade, que são compartilhados de forma mínima com os de depressão.

Descrição: é uma escala de 21 itens, que são afirmações descritivas de sintomas de ansiedade e que devem ser avaliados pelo
sujeito com referência a si mesmo, numa escala de 4 pontos.

Indicações: estudos demonstram sua aplicabilidade também para adolescentes e idosos e a para a população em geral.

Uso Clínico: o BAI deve ser aplicado na etapa de avaliação do caso e a continuidade e periodicidade de sua aplicação serão
apontadas na conceitualização do caso e planejamento do tratamento.

Instruções de Administração:

- Condições para a administração: não oferece dificuldades.

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- Instruções para a Administração Oral: “Este questionário contém 21 sintomas. Eu vou ler cada sintoma em voz alta, um por um.
Depois de cada sintoma que eu ler, quero que você me diga se você não se incomodou absolutamente, se incomodou levemente,
moderamente ou gravemente por causa deste sintoma, durante a última semana, incluindo hoje. Isso inclui agora. ‘Levemente’
significa que o sintoma não o incomodou muito; ‘moderadamente’ significa que você ficou muito incomodado por causa do
sintoma; e ‘gravemente’ significa que você dificilmente podia suportar.” Entregue uma cópia do questionário para o examinando e
mantenha outra cópia com você. “Aqui está uma cópia para que você possa me acompanhar, enquanto eu leio”. O examinando
pode antecipar uma resposta, o que é natural, mas caso seja necessário, o examinador deve alertá-lo para que reflita bem.
Tempo estimado: cerca de 10 minutos.

- Instruções para Auto-administração: pede-se que o examinando preencha as informações requeridas e lê-se para ele em voz alta as
instruções do protocolo.
Tempo estimado: 5 a 10 minutos.

- O examinador deve revisar cuidadosamente todo o protocolo para verificar se algum item foi saltado ou omitido e pedir ao
examinando reavaliar os itens omitidos.
- Caso o examinando tenha dúvidas entre uma ou outra alternativa, deve-se orientá-lo a fazer sua escolha, de acordo com sua
primeira impressão.
- Se o examinando escolher alternativas idênticas em todos os itens, será conveniente comentar-lhe que raramente as pessoas se
sentem de maneira idêntica em relação a todos os sintomas e que, talvez, fosse melhor reconsiderar suas escolhas.

Escores do BAI:

- O escore permite a classificação em níveis de intensidade da ansiedade.


- Obtém-se o escore total do BAI somando os escores de cada item. O escore varia entre 0 e 63, caso o examinando tenha marcado
duas alternativas, considera-se aquela de escore mais alta para se obter o escore total.

Nível Escores
Mínimo 0 – 10
Leve 11 – 19
Moderado 20 – 30
Grave 31 - 63

Interpretação:

- Pacientes mais jovens referem mais ansiedade que os mais velhos


- Segundo dados de pacientes com transtornos de ansiedade, a média dos escores de pacientes do sexo feminino é quatro pontos
mais elevada que a média de escores de pacientes do sexo masculino.
- Ao se examinar a intensidade da ansiedade é sempre conveniente considerar que, em pacientes com ansiedade, é extremamente
freqüente a superposição de sintomas.
- Depressão é sempre uma possibilidade, daí é conveniente utilizar o BDI e a BHS para investigar a possibilidade de existir algum
potencial suicida.
- Examinar grupos específicos de sintomas favorecem a realização de um diagnóstico diferencial. Assim, uma inspeção dos
sintomas descritos pelo paciente fornece um padrão das queixas auto-relatadas, sejam somáticas, sejam queixas relacionadas
aspectos de ansiedade subjetiva ou associada ao pânico.

BHS: Escala de Desesperança Beck (Beck Hopelessness Scale)


Apresentação: a BHS foi desenvolvida como medida da dimensão do pessimismo ou da extensão das atitudes negativas frente ao
futuro (1974). O constructo da desesperança foi desenvolvido na literatura psicanalítica como um tema central da depressão, que
poderia ter que ver com vulnerabilidade a diversos transtornos mentais e mais tarde esses constructo foi colocado como elemento-
chave para a formulação teórica do comportamento suicida. A desesperança é considerada o nexo causal entre depressão e suicídio
(teoria da depressão de Beck). A teoria cognitiva descreve a concepção de desesperança como um sistema de esquemas cognitivos,
nos quais o denominador comum é a expectativa negativa a respeito do futuro próximo e remoto. As pessoas desesperançadas
acreditam que:
1. nada sairá bem para elas
2. nunca terão sucesso no que tentarem fazer
3. que suas metas importantes jamais poderão ser alcançadas

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4. que seus piores problemas nunca serão solucionados
Descrição: é uma escala dicotômica que engloba 2o itens, consistindo em afirmações que envolvem cognições sobre desesperança.
Ao concordar (CERTO) ou discordar (ERRADO) com cada uma delas, o sujeito descreve sua atitude, permitindo que seja possível
avaliar a extensão das expectativas negativas a respeito do futuro imediato e remoto.

Indicações: recomenda-se usar a escala com pacientes a partir de 17 anos. A qualidade psicométrica para uso com adolescentes
não está estabelecida (os escores podem ser diferentes para a população adulta)

Uso Clínico:Como um preditor de suicídio durante a terapia. Como sondagem para avaliar a ideação suicida. Como indício da
fonte e para a resolução de um impasse clínico. Como uma técnica para facilitar mudança na terapia.

Instruções de Administração:

- Instruções para a Administração Oral:


- “Este é um questionário. No questionário há afirmações. Eu vou ler cada afirmação, uma por uma. Depois de ler, quero
que me diga se está CERTA ou ERRADA para você. Responda de acordo com a maneira como você tem se sentido durante a
última semana, incluindo hoje. Isto inclui agora.”
- Depois de dar as instruções entregue ao examinando um protocolo com o questionário dizendo: “Aqui está uma cópia,
para que você possa me acompanhar, enquanto eu leio.
- Leia a afirmação número 1 e diga: “Agora, esta afirmação é CERTA ou ERRADA para você? Então, escureça o círculo
adequando, na mesma linha da afirmação.
- Se o examinando entender as instruções, pode-se deixar de perguntar se a afirmação é CERTA ou ERRADA
- O examinando pode ler as afirmações antes do examinador. Não há problema que prossiga desse modo, desde que se
mostre atento e inteligente, apenas, se achar necessário, o examinador deve, com tato, recomendar-lhe que procure refletir bem
antes de fazer uma escolha.
- Instruções para Auto-administração: solicita-se que o examinando preencha os dados pessoais e lê-se em voz altas as instruções
do protocolo. Tempo estimado: 5 a 10 minutos.

- O examinador deve revisar cuidadosamente todo o protocolo para verificar se algum item foi saltado ou omitido e pedir ao
examinando para que reavalie os itens omitidos.
- Caso o examinando tenha dúvidas entre uma ou outra alternativa, deve-se orientá-lo a fazer sua escolha, de acordo com sua
primeira impressão.
- Se o examinando escolher alternativas idênticas em todos os itens (marcar sempre CERTO ou sempre ERRADO), será
conveniente comentar-lhe que raramente as pessoas se sentem de maneira idêntica em relação a todos os sintomas e que, talvez,
fosse melhor reconsiderar suas escolhas.

Escores da BHS:

- São 9 afirmações assinaladas como erradas e 11 como certas. O uso do crivo facilita a correção, mas a tabela seguir também pode
ser utilizada.
- As respostas assinaladas (escurecidas) nos círculos do crivo têm escore, 1 e as demais, 0.
- O escore total é o resultado da soma dos itens individuais e varia de 0 a 20, caracterizando a classificação em níveis.
- O total da soma dos escores deve ser escrito no retângulo verde, na parte inferior do questionário.

Afirmações Resposta Crítica


para Desesperança

1. Penso no futuro com esperança e entusiasmo. - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ------------E


2. Seria melhor desistir, porque nada há que eu possa fazer para tornar as coisas melhores para mim. - - - - - ------------C
3. Quando as coisas vão ma, me ajuda saber que elas não podem continuar assim para sempre. - - - - - - - - - - ------------E
4. Não consigo imaginar que espécie de vida será a minha em dez anos. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - ------------C
5. Tenho tempo suficiente para realizar as coisas que quero fazer. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - ------------E
6. No futuro, eu espero ter sucesso no que mais me interessa. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - ------------E
7. Meu futuro me parece negro. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - ------------C
8. Acontece que tenho uma sorte especial e espero conseguir mais coisas boas da vida que uma pessoa
comum. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - ------------E
9. Simplesmente não consigo aproveitar as oportunidades e não há razão para que consiga, no futuro. - - - - - ------------C
10. Minhas experiências passadas me prepararam bem para o futuro. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - ------------E
11. Tudo o que posso ver á minha frente é mais desprazer do que prazer. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- ------------C
12. Não espero conseguir o que realmente quero. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - ------------C

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13. Quando penso no futuro, espero ser mais feliz do que sou agora. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - ------------E
14. As coisas simplesmente não se resolvem da maneira que eu quero. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - ------------C
15. Tenho uma grande fé no futuro. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - ------------E
16. Nunca consigo o que quero. Assim, é tolice querer qualquer coisa. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - ------------C
17. É pouco provável que eu vá obter qualquer satisfação real, no futuro. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- ------------C
18. O futuro me parece vago e incerto. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- ------------C
19. Posso esperar mais tempos bons do que maus. - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - -- - - - - ------------E
20. Não adianta tentar realmente obter algo que quero, porque provavelmente não vou conseguir. - - - - - - - - ------------C

Nível Escores
Mínimo 0–4
Leve 5–8
Moderado 9 – 13
Grave 14 - 20

Interpretação:
- Dentro o total de itens, 9 deles, quando assinalados ERRADO e 11, como CERTO, caracterizam a direção crítica.
- Uma pesquisa longitudinal demonstrou que o escore 9 na BHS é preditor de um possível suicídio no futuro.
- As relações existentes entre desesperança, depressão e potencial suicida demonstradas em diversos estudos, mostra a necessidade
de se complementar a avaliação do paciente com uma investigação mais ampla sobre depressão e ideação suicida, especialmente
naqueles casos com escore 9 ou mais na BHS.
- Um estudo demonstrou que a desesperança é mais preditora de ideação suicida que a depressão.
- A interpretação deve ser crítica, uma vez que há uma confusão de desesperança com desejabilidade social.
BSI: Escala de Ideação Suicida Beck (Beck Scale for Suicide Ideation)
Apresentação: este instrumento foi criado para investigar preditores de suicídios em amostras clínicas, ou seja, medir a extensão
das idéias de suicídio do paciente , a extensão de seu desejo de morrer, do seu desejo de realmente tentar suicídio etc. (1991)

Descrição: é constituída de 21 itens. Os 19 primeiros itens, apresentados com três alternativas de respostas, que refletem gradações
da gravidade de desejos, atitudes e planos suicidas, subentendem os seguintes conteúdos:

1. Desejo de viver 11. Razões para a tentativa


2. Desejo de morrer 12. Especificidade do planejamento
3. Razões para viver ou morrer 13. Acessibilidade ou oportunidade do método
4. Tentativa de suicídio ativa 14. Capacidade de realizar a tentativa
5. Tentativa de suicídio passiva 15. Probabilidade de tentativa real
6. Duração das idéias de suicídio 16. Extensão da preparação verdadeira
7. Freqüência da ideação 17. Bilhete suicida
8. Atitude em relação à ideação 18. Atos finais
9. Controle sobre atos suicidas 19. Despistamento e segredo
10. Inibições para a tentativa

Os dois últimos itens são informativos e fornecem importantes subsídios sobre o paciente, a respeito do número de tentativas
prévias de suicídio e quanto à seriedade da intenção de morrer na última delas.

Indicações e Uso Clínico: a qualidade psicométrica para uso com adolescentes não está estabelecida (os escores podem ser
diferentes para a população adulta). Seu uso é recomendado para aqueles casos em que o paciente refere ideações ou tentativas de
suicídio ou o uso do BDI (grupos 2 e 9) apontem para pessimismo e idéias suicidas e escore de depressão grave ou moderado.

Instruções de Administração:

- Instruções para a Administração Oral:


- “Este questionário contém 21 grupos de afirmações. Depois que eu ler cada grupo, quero que você me diga qual a afirmação
que descreve melhor como você tem estado se sentindo durante a última semana, incluindo hoje.”
- Entregue um protocolo para o examinando. “Aqui está uma cópia para que você possa me acompanhar enquanto eu leio. Você
vai notar que, dependendo de suas respostas, eu poderei pular alguns dos grupos de afirmações. Isto é comum.”
- Fique atento: se o examinando marcar ‘zero’ nos grupos 4 e 5, passe diretamente par ao grupo 20. Se ele marcar ‘um’ ou ‘dois’,
abra o protocolo e prossiga no grupo 6.
- Somente o paciente que tentou suicídio anteriormente, responderá o grupo 21.

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- Instruções para Auto-administração:
- solicita-se que o examinando preencha os dados pessoais e lê-se em voz altas as instruções do protocolo.
- mostra-se as novas instruções encontradas após os cinco primeiros grupos: “Se você fez um círculo nas afirmações ‘zero’ em
ambos os grupos 4 e 5, passe para o grupo 20. Se você marcou ‘um’ ou ‘dois’, seja no grupo 4 ou 5, então abra a página e
prossiga no grupo 6.
- novas instruções constam após o item 20: “se você tentou suicídio anteriormente, por favor continue no próximo grupo de
afirmações”.
Tempo estimado: 5 a 10 minutos.

- O examinador deve revisar cuidadosamente todo o protocolo para verificar se algum item foi saltado ou omitido e pedir ao
examinando para que reavalie os itens omitidos.
- Caso o examinando tenha dúvidas entre uma ou outra alternativa, deve-se orientá-lo a fazer sua escolha, de acordo com sua
primeira impressão.
- Se o examinando escolher alternativas idênticas em todos os itens (marcar sempre CERTO ou sempre ERRADO), será
conveniente comentar-lhe que raramente as pessoas se sentem de maneira idêntica em relação a todos os sintomas e que, talvez,
fosse melhor reconsiderar suas escolhas.

Investigação da BHS:
- Os cinco primeiros itens são usados como triagem da ideação suicida.
- Somando os pontos dos itens individuais (1 a 19) obtém-se um escore total. Os itens 20 e 21 são informativos.
- Não existem pontos de corte específicos (escores).
- A presença de qualquer escore diferente de “zero”, em qualquer item, revela a existência de ideação suicida e demonstra a
necessidade de o caso ser melhor investigado do ponto de vista clínico.
- Alguns sujeitos não tornam evidente sua intenção suicida (através de um escore positivo no item 4 ou 5), mas a resposta diferente
de “zero”, nos itens 1, 2 ou 3, já poderia sugerir risco de suicídio.

Orientação para a avaliação da gravidade:


- O clínico ao identificar ideação suicida num caso, deve considerar a existência de risco de suicídio e deve estar pronto para
encaminhá-lo devidamente para uma intervenção, não porque os escores da BSI possam prever um suicídio, mas porque o paciente
pode agir com base em suas cognições
- A BSI não oferece subsídios para identificar simulação ou confusão, e o paciente pode, consciente e deliberadamente, distorcer ou
esconder sua verdadeira intenção.
- é necessário realizar uma avaliação clínica de risco de suicídio, já que a BSI não deve ser considerado como uma fonte única ou
completa de informações.
- Existe a hipótese de uma luta interior entre o desejo de morrer e o desejo de viver, em pessoas suicidas. Os sujeitos com um alto
desejo de morrer e um baixo desejo de viver são aqueles com intenção suicida mais consistente.
- Quanto mais o sujeito admite suas intenções, isto é, quanto maior seja o escore na BSI, maior será o risco de suicídio.

Interpretação da BSI:

Reflita sobre duas questões centrais:


a) a presença ou não de ideação suicida
b) a intensidade com que cada indivíduo deseja e tem razões para morrer, tem intenções, planos detalhados e se tem em vista um
método, preparando-se para chegar à consecução de um suicídio e, naturalmente, o grau com que admite isso.

- a identificação da mera presença de ideação suicida não revela o grau de intencionalidade, mas envolve a suspeita de risco de
suicídio, mesmo porque o sujeito pode ocultar sua intenção real.
- a administração do BDI (presença ou não de depressão e escore positivo no item 9 – idéias suicidas) e da BHS é necessária (a
BHS tem mais sensibilidade que a BSI) para se avaliar o risco de suicídio.
- as Escalas Beck não são substitutas de uma investigação clínica de risco
- o suicídio não é resultado de um ato repentino e impulsivo, e sim, de um plano premeditado, desenvolvido gradativamente.
- analise todas variáveis psicopatológicos e sociológicas, bem como a existência de correlatos demográficos (parentes, amigos,
ídolos etc).

Referência:
Cunha, Jurema Alcides. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do psicólogo, 2001.

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