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AQUIMICA é a ciéncia que estuda amatériae as suas trans- formagSes. Oramo da quimica chamado fisieo-quimica esté relacionado aos principios fisicos sobre os quais a quimica se fundamenta, A fisico-qufmica procura explicar as propri- edades da matéria em termos de conceitos fundamentais como dtomos, elétrons, e energia. Ela fomece 0 arcabougo bbasico para todos os outros ramos da quimica— para a qui- ‘mica inorganica, a quimica organica, a bioquimica, a geo- quimica, e aengenharia quimica, Ela também fomece a base dos métodos modemos de andlise, a determinacdo de estru- turas ¢ a clucidagao da maneira pela qual as reagdes quimi- ‘cas ocorrem, Para fazer tudo isso, a fisico-quimica utiliza duas grandes abordagens: a termodindmica e a meciinica quintica. Este livro apresenta os conceitos centrais dessas dduas abordagens e mostra como eles so usados em quimica. Esta Introducdo apresenta a revisdo de vin material que éfun- damental a toda fisico-quimica, mas que, no entanto, jé deve set familiar desde os cursos introdutérios de quimica! Comegamos considerando uma porgao macroseépica da ‘matéria, A classificaco mais ampla da matéria € aquela que 6 feita com base nos trés estados da matéria, isto €, 94s, I quido e sélido, Posteriormente, veremios como esse classic cagio pode ser refinada, mas essas trés amplas classes so um ponto de partida adequado. 0.1 OS ESTADOS DA MATERIA Distinguimos os trés estados da matéria observando 0 com- portamento de uma substincia presente em um determinado recipiente: ‘Um gis € uma forma fluida da matéria que ocupa completa- mente o recipiente, ‘Um liquido é uma forma fluida da matéria que possui uma superficie bem definida e que, na presenca de um campo sravitacional, ocupa a parte inferior do recipiente. ‘Um sélido retém sua forma independente da forma do reci- piente onde ele esté contido. ‘Um dos objetivos da fisico-quimica é estabelecer a liga- ‘20 entre as propriedades macrosc6picas da matéria eo com- portamento das partfculas — stomos, fons ou moléculas — ‘que a constituem, Um fisico-quimico formula um modelo, uma descrigdo simplificada, de cada estado fisico e entio ‘mostra como as propriedades do estado podem ser entendi- das em termos desse modelo. A existéncia de estados dife- rentes da matéria € uma primeira ilustragdo desse procedi- ‘mento, pois as propriedades dos tr estados sugerem que eles esto compostos de particulas que tém liberdade diferente de movimento, Realmente, & medida que formos avangando neste livro, estabeleceremos gradualmente ¢ elaboraremos 05 modelos seguintes: Um gés € constitufdo de particulas muito separadas entre si ‘que estdo se movimentando répida e continuamente, de forma, esordenada, Uma patticula percorre virios (freqientemeite muitos) diametros moleculares antes de colidir com outra, particula, Na maioria do tempo as particulas esto to distantes uma da outra que a interagio entre elas 6 muito fraca. ‘Um lquido consiste em particulas que esto em contato,, ‘mas que so capazes de se mover uma em relagio a outra de maneira restrita. As particulas esto se movimentando continuamente, mas 86 percorrem uma fragfo do didmetro ‘molecular antes de colidirem. A imagem 6 a de um movi- mento em que as moléculas estio esbarrando umas nas outras. ‘Um solido consiste em particulas que esto em contato e que sio incapazes de se deslocarem de modo que uma possa passar pela outra. Embora as particulas oscilem em tomo de ‘uma distincia média, elas esto essencialmente presas nas suas posigSes iniciais, resultando em arranjos tipicamente ordenados.” A diferenga essencial entre os ts estados da matéria é @ liberdade das partfculas em se deslocarem de modo que uma passé pela outra. Se.a separago média entre as particulas for grande, nfo hé praticamente nenhuma restrig#o em seus ‘movimentos ea substincia é um gs, Se as particulasintera- {gem tio fortemente entre si que elas esto presas de forma "A port da materia necssria para isico-quimioa 6 revit ma seg nfrmagao adicional I, 0 fia este i, 2 Gavtruto Zero rigida umas As outras, entdo a substincia é um sélido. Se as particulas tiverem uma mobilidade intermedia entre esses dois extremos, entio a substncia é um Ifquido. Podemos entender a fusio de um sélido e a vaporizago de um liqui- do em termos do aumento progressivo na liberdade de mo- vvimento das particulas. Quando uma amostra é aquecida, como no caso da fusto e da vaporizacio, as particulas ficam capazes de se mover mais livremente. 0.2 ESTADO FiSICO O termo “estado” tem muitos significados diferentes em quimica e é importante lembré-los. J4 conhecemos um dos significados na expresso “os estados da matéria” e, espe- cificamente, “o estado gasoso”. Agora vamos conhecer um segundo significado. Por estado fisico (ou apenas “esta- do”) queremos dizer uma condigao especifica de uma amosica da matéria que é descrita em termos de sua forma fisica (g4s, guido ou sélido), do volume, da pressio, da temperatura e da quantidade da substincia presente, (Os sig- nificados precisos desses termos estiio descritos abaixo.) Assim, 1 kg do gas hidrogénio em um recipiente de 10L de volume, numa certa pressio e numa determinada tem- peratura, estéinum csiado particular. A mesma massa de g&s em um recipiente de 5 L de volume esté num estado dife- rente, Duas amostras de uma determinada substancia esto no mesmo estado se elas esttio no mesmo estado da maté- ria (isto 6, se ambas estio presentes como gas, liquido ow s6lido) ¢ se elas tém a mesma massa, volume, pressio © temperatura. Para ver mais precisamente 0 que esté envolvido na especificagio do estado de uma substancia, precisamos de- finiros termos que foram usados. A massa, m, de uma amos- ‘ra é uma medida da quantidade de matéria que ela contéin. Assim, 2 kg de chumbo contém duas vezes mais matéria do que 1 kg de chumbo, na realidade o dobro da matéria do que 1 kg de qualquer coisa. Em média, um homem contém mais ‘matéria do que uma mulher. A unidade SI da massa é 0 qui= logeama (kg), com 1 kg sendo definido como a massa de um bloco feito da liga de platina-iridio preservada em Sevtes, perio de Paris. Para amostras tipicas de laborat6rio, normal- mente é mais conveniente usar uma unidade menor, E co- ‘mum expressar a massa dessas amostras em gramas (g), onde 1kg = 10g. ( volume, V, de uma amostra é a quantidade de espago ue ela ocupa. Assim, se a amostra ocupar 100 cm? de espa- go escrevemos que V = 100 cm*, As unidades que expres- samo volume (que incluemmetros cibicos, m?;litros, Ls Iilitros, mL), © unidades e simbolos em geral, sfo revistas, na Informacdo adicional 2. As outras propriedades que foram mencionadas (pressao, temperatura e quantidade de uma substancia) precisam de mais informagao, pois embora possam ser familiares na vida cotidiana, elas precisam ser definidas cuidadosamente para o seu uso em ciéncia, 0.3 PRESSAO A presto, p, 6a forga, F, dividida pela drea A sobre a qual a forga atva pene =@ paF ay Quando voo! esté sobre 0 gelo, voo8 exerce uma pressiono gelo como resultado da forga gravitacional agindo na sua massa e 0 puxando para o centro da Terra. Porém, a pressto & pequena porque aforga que esté atuando para baixo estéespalliada so- ‘bre a sola dos seus sapatos. Quando voc® est usando patins, 1 rea das liminas em contato como gelo é muito menor, logo, embora aforca atuando seja amesma, apressdo que voc? exer- ce 6 muito maior (Fig. 0.1). A pressio pode ser tio grande, na realidade, que serd capaz.de modificar arranjo das mo- léculas de égua na superficie do gelo e, conseqtientemente, vvocé poderd deslizar suavemente em cima da superficie, A pressio pode surgir de modos diferentes da atragio gravitacional que a Terra exerce num objeto, Por exemplo, o Fig. 0.1. Estes dois blocos de matéria tém a mesma massa Eles exercem a mesma forga sobre a superticie em queestao apoiados, mas obloconadireita exerce uma ‘pressdo maior porque exeroe a mesma forga sobre ‘uma érea menor que 0 bloco na esquerda. impacto de moléculas de gés em uma superficie dé origem a ‘uma forga e conseqilentemente a uma pressio, Se um objeto 6 imerso no gfs, ele experiments uma pressfo sobre toda a sua superficie porque as moléculas colidem com ele a partir de todas as ditegbes. Dessa maneira, a atmosfera exerce uma pressdo sobre todos os objetos que se encontram nela. So- ‘mos incessantemente atingidos por moléculas de gas na at- dSfera, e experimentamos essas colisdes como sendo a pressio atmosfética. A pressio 6 maior ao nfvel do mar por- ue a densidade do are, conseqilentemente, o nfimero de mo- léculas colidindo, é maior nesse nfvel, A presséo atmostéri- ‘ca 6 considersvel: ela é igual A que é exercida quando se coloca 1 kg de chumbo (ou de qualquer outro material) so- ‘bre uma superficie de 1 em de érea, Passamos nossas vidas debaixo desse fardo pesado que aperta todo centimetro qua- 4rado de nossos corpos. Algumas criaturas do fundo do mar sfio feitas para resisti a presses bem maiores: a 1000 m de- baixo do nfvel do mar, a pressdo é 100 vezes maior que na superficie. Criaturas e submarinos que operam a essas pro- fundidades tém que resistir a0 equivalente de 100 kg de ‘chumbo colocados sobre cada centimetro quadrado das suas superficies. A pressdo do ar em nossos pulmées nos ajuda a resistr Bs pressdes relativamente baixas, mas ainda signifi- cativas, que experimentamos perto do nivel do mar, ‘Quando um gés esté confinado num cilindro provide com ‘um pistdo mével, a posigao do pistio se ajusta até que a pres- io do gas dentro do cilindro seja igual 8 que é exercida pela atmosfera. Quando as pressGes em ambos os lados do pistéo siio as mesmas, dizemos que as duas regides em ambos os lados estao em equilfbrio mecanico. A pressio do gés con- finado surge devido as colisGes das particulas com as pare- des do recipiente e com a superficie do pistfo: as moléculas Confinadas no recipiente colidem com a superficie interna do pistdo se opondo as moléculas na atmosfera, que colidem com a superficie extema do pistio (Fig. 0.2). Consideran- Fig. 0.2 Umsistema esté em equilfbriomectnico com as suas viginhangas se esta separado delas por uma parede mévele a pressio extema 6 igual & prossio do ga no sistoma. "ja lformando acon 2 pra ua Sesrigio mss conileta das undaes, Iwmopucio 3 do-se que o pistio niio tenha massa (isto 6, considerando-se ‘que podemos negligenciar a atragdo gravitacional sobre ele), ‘o gésestd em equilforio mecanico com a atmosfera qualquer ue seja a orientagao do pistdo e do cilindro, pois as coli- s6es extemas sto as mesmas em todas as diregdes. ‘A unidade SI de pressio é chamada pascal, Pa: IPa = 1 kgm" s* AA pressiio da-atmosfera a0 nfvel do mar é aproximadamente 10* Pa (100 kPa), Esse fato nos permite imaginar a magnitude de 1 Pa, pois vimos anteriormente que 1 kg de chumbo sobre 1 om? da superficie da Tecra exerce aproximadamente a mes- ‘ma pressiio que aatmosfera; assim 1/108 daquela masse, 04 0,01 ,exercerd uma pressfo de aproximadamente I Pa. Vemas en- tio que o pascal é uma unidade muito pequena de pressfo. A. ‘Tabela 0.1 lista as outras unidades geralmente usadas para se registrar a pressdo.? Uma das mais importantes na fisico-qui- mica modema € 0 bar, onde 1 bar = 10° Pa exatamente. A pressiio atmosférica normal € aproximadamente igual a 1 bar. Exemplo 0.1 i Conversio de unidades oS ‘Um cientista estava investigando 0 efeito da pressio simosféricana taxa de crescimento de um liquen, eme= di uma pressio de 1,115 bar. Qual 6 valor dessa pres- siio em atmosferas? Estratégia Sempre que se faz a ednversio entre uni- dades que se referem mesma propriedade fisica (nes S€ caso, & press2o) escreve-se a relacdo entre elas Unidades dadas ='unidades desejadas.' ‘na forma de um fator de conversto: “lnidades desejadas Fator de conversa Entio escreve-se Quantidade (em unidades desejadas) sminplcnsel esimplificadoss.« ‘Solugéo Di Tabela 0.1 temo. fator de conversio entre as unidades ates (ban)e. sonics deseads (am) é ei, 4 cotnno Zen caleulo fica entiio atm 1,018 25bar AO0iatm. Observe como as unidas (ness caso; oat) sim plificam, semelhantemente aos némeros. Observe tam- ‘bém que o-niimero de algarismos significativos nares- posta (4) € igual ao"némero de algarismos significati- ‘vos nos dados; 0 ftir de conversio cm si & exato. Presséo (ert 301,115 bar Exerefcio'proposto 0.1 {A pressio no olho de um furacto foi registrada como sendo 723 Torr. Qual’o valor dessa pressdo em quilopascais? Resposta: 96,4 KP) 101,325 kPa = 1,013 25 bar ton 760 Torr 1 Torr = 133,32 Pa +0 nome da unidade € tor, seu sinbolo 6 To. A presso atmosférica (uma propriedade que varia com altitude e o tempo) é medida com um barOmetro, um dis- positive que foi inventado por Torricelli, um discipulo de Galileu. Um barémetro de metetrio consiste em um tubo invertido de meresrio que 6 fechado na sua extremidade su- perior e que se apéia com a sua exiremidade inferior num bbanho de merctrio.’ O mercsirio cai até que a pressdo que ele exerce na sua base seja igual & pressdo atmosférica (Fig. 0.3). Portanto, desde que possamos encontrar a relago en- tre aaltura ea pressio, podemos calcular a pressdo atmosfé- rica a partir da medida da altura da coluna de merettio, Derivagio 0.1 A pressio hidrostitica Considere a Fig. 0.4. 0 volume de um cilindro de Ii- quido de altura he drea da segio reta A é hA. A massa, 1m, desse cilindro de Iiquido o volume multiplicado pola massa espectfica,*p (r6), do Iiquido, ouim = p X 9,81 m s~*ao nivel « pelacoluna é 9X iA X'g. Ess "Anna base da. solu. Assim, d dividide por. Tnustaacio 0.1 ‘A pressio na base de uma coluna de mereiirio de altura igual 2760 mm (0,760 m) ¢ densidade igual a 13,6 g cm” (1,36 X 10*kg m=) € (9,81 ms) X (1,36 X 10*kg m™) X (0,760 m) 1101 X 108g m= 5"? = 1,01 X 105 Pa Essa pressio corresponde a 101 kPa (1,00 atm). ‘Vécu0 Pressdo externa Prassio hidrostatica Fig. 0.3. Operagtio de um bardmetio de merotirio. Acima do ‘merctitio no tubo vertical h4 o vacuo, logo nenhuma presstio ¢ exercida no topo da coluna de merciiri. Entretanto, a atmosfera exetce uma pressao sobre 0 merctirio no reservatério © empurra a coluna para cima no tubo até que a pressio exercida pela coluna, demercirio seja igual a que é exercida pela atmostfe- ra. A altura, h, alcangada pela ooluna proporcional ‘presstio externa, de modo quea altura pode ser usa dda como uma medida dessa pressio. Podemos medir a presstio de um gés dentro de um recipi- ete usando um calibrador de pressdo. O tipo mais simples, de calibrador é um manémetro, que é um tubo em U con- tendo um Liquido (As vezes 4gua) com uma das colunas co- 2m um bard anaerdde a poss 6 moniloradaobserandosea vara do amano de um recipiate de metal flexiel evecund, “A. tmas expen goralmente chara de densidad) 6 massa de uma anos dividida plo volume que ela ocapa p= mi. Area, A Prossio, P= FIA BBL = ooh Fig. 0.4 Céloulo da presséo hidrostética exercida por uma ccoluna de altura h e dea da seg zeta A, nectada ao recipiente e a outra selada (Fig, 0.5) ou aberta para a atmosfera (Fig. 0.5b). A diferenca das alturas do li- quido nas duas colunas do manémetrb de tubo aberto é pro- ‘porcional a diferenca de pressio entre o gas no recipiente a atmosfera externa Tnusrracio 0.2 De acordo com Eq, 0.2, a presto hidrostética de uma colu- nna de agua de altura 10,0 cm (0,100 m) ¢ densidade 1,00 g em”? (1,00 10° kg m™) & p= (9,81 ms~) = (1,00 X 10° kgm”) x (0,100m) 9,81 X 10? kgm“? s? ou 0,981 kPa, EntZo, se a pressfo da atmosfera na hora da ‘experiéncia € 100,021 kPa, ea colunade égua é mais alta no a Iwmopucto 5 ado do mandmetzo de tubo aberto ligado ao aparelho, que indica que a pressio é mais baixa no aparelho do que fora, a pressio no aparelho é 100,021 ~ 0,981 kPa = 99,040 kPa. Para o apareiho Fig. 0.5 Duas versies de um manémetro'usado para medir a presstode uma amostra de gés. (2) A diferenca dealti- 1a, h, entre as duas colunas do manémeto da tubo fe- chedo 6 diretamente proporcional & presséo da amos- tra, (b) A diferenga de altura entre as colinas do ‘manémetro de tubo abettoé proporcionaldiferenca de Dressdo entre a amostra e @ atmosiera. Nesse caso, a resséo da amosira 6 mais baixa que a da atmosfera 0.4 TEMPERATURA ‘No cotidiano, a temperatura é uma indicago de um corpo estar “quente” ou “frio”. Em ciéncia, a temperatura, T, € a propriedade de um objeto que determina em que ditegao a cenergia fluiré quando o objeto entrar em contato com outro objeto, A energia flui da temperatura mais alta para a tem- peratura mais baixa. Quando os dois corpos tiverem a mes- ‘ma temperatura, ndo hé nenhum fluxo liquide de energia entre eles. Nesse caso, dizemos que os corpos esto em equi- brio térmico Fig. 0.6). ~ A temperatura em ciéncia é medida ou na escala Celsius ou na escala Kelvin, Na escala Celsius, onde a temperatura ‘Gexpressa em graus Celsius (°C), o ponto de congelamento da dgua, a 1 atm, corresponde a 0°C e 0 ponto de ebuligao 4da dgua, na mesma pressio, corresponde a 100°C. Essa es- cala é largamente usada no dia a dia, As temperaturas na scala Celsius estdo representadas, ao longo deste texto, pela letra grega 6 (teta). Porém, em muitas aplicag6es cientificas mais conveniente adotar-se a eseala Kelvin, Nessa escala, a temperatura é expressa em kelvin (K; observe que o sinal, de grau no é usado para essa unidade). Sempre que usamos, TT pata representar uma temperatura significa que a tempe- ratura esté na escala Kelvin, As escalas Celsius e Kelvin es- tio relacionadas por T (em kelvin) = 6 (em graus Celsius) + 273,15 Isto 6, para se obter a temperatura em kelvins, adicionamos, 273,15 & temperatura em graus Celsius. Assim, a égua a 1 atm congela a 273 K e ferve a 373 K; um dia fresco (25°C) corresponde a 298 K. Um modo mais sofisticado de expressara relagio entre T «© 6, que usaremos em outros contextos, é considerar 0 valor de T como o produto de um niimero (por exemplo, 0 298) ¢ uma unidade (K), assim 7/K (isto €, a temperatura dividida porK) € um nimero adimensional. Por exemplo, se T= 298 6 — cariruio Zex0 ‘Temperatura mais ata ‘Temperatura mais baixa Temperatures iguais, @ comecator —(b) K, entio 7/K = 298. Do mesmo modo, 6/°C também é ni- mero adimensional, Por exemplo, se @ = 25°C, ento /°C = 25. Com essa conveneo, podemos escrever a relago en- tre as duas escalas como TIK = GPC + 273,15 0.3) Essa expressio é uma relagio entre ntimeros adimensionais* Fig. 0.6 As temperaturas de dois objetos atuam como um seméforo que’ mostra a diego ‘na qual a energia fuiré como calor através de um meio que 6 um condutor térmico. (a) Calor sempre fui da temperatura mais alta para a temperatura mais baixa. (b) Quan- do 0s dois objetos tém a mesma tempera- ture, embora ainda exista transferéncia de energia em ambas as direpSes, nao hé ne- nhum fiuxo iquido de energia, 0.5 QUANTIDADE DE UMA SUBSTANCIA ‘A massa é uma medida da quantidade de matéria em uma amosira independente da sua identidade quimice. Em qu- ‘mica, onde centralizamos nosso interesse no comportamen- to dos étomos, é normalmente mais itil conhecer a quanti- dade de cada tipo espectfico de étomo, molécula ou fon em ‘uma amostra, no lugar da prépria massa. Porém, como mes- mo 10 g de 4gua consistem em cerca de 10® moléculas de HO, éclaramente apropriado definir uma nova unidade, que pode ser usada para expressar nimeros tio grandes de modo simples. Como voce j deve estar familiarizado da quimica geral, 05 quimicos introduziram 0 mol (o nome é derivado, ironicamente, da palavra latina que significa “montao volu- ‘moso”), que é definido do seguinte modo: I mol de determinadas particulas é igual ao mimero de Gtomos contidos em exatamente 12 g de carbono 12. Achamos esse ntimero dividindo 12 g pela massa de um éto- ‘mo de carbono 12 determinada através de um espectréme- tro de massa. O resultado € 6,022 X 10%; assim, esse € 0 -miimero fe particulas em 1 mol de qualquer substincia.® Por exemplo, uma amostra de hidrogénio gasoso que contém 6,022 x 10® moléculas de hidrogénio consiste em 1,000 mol de H, ¢ uma amostra de gua que contém 1,2 x 10™ (= 2,0 X 6,022 X 10) moléculas de 4gua consiste em 2,0 moles de H,0, ‘Sempre especificamos a natureza das particulas quando uusamos a unidade mol, pois isso evita qualquer ambigttida- de, Se, impropriamente, disséssemos que uma amostra consistia em 1 mol de hidrogénio, no estaria claro se ela con- sistia em 6 X 10° 4tomos de hidrogénio (1 mol de H) ou 6 X 10 moléeulas de hidrogénio (1 mol de H,). O mol é a unidade usada quando se informa o valor da propriedade fisica chamada quantidade da substincia, n, em uma amostra. Assim, podemos escrevern = 1 mol de H, ow ny, = 1 mol, e dizer que a quantidade de moléculas de hhidrogénio em uma amostra é 1 mol. O termo “quantidade de substincia”, porém, ainda ndo tem uma larga aceitagao entre os quimicos e, na conversagao casual, eles se referem geralmente a0 “nimero de moles” em uma amostra. Porém, © termo quantidade quimica esté se tomnando mais larga- mente usado como um sinénimo conveniente para a quanti- dade de substincia, ¢ devemos usé-la freqtientemente neste livro. HG vérios conceitos titeis que se originam da introdugio da quantidade quimica e sua unidade, o mol. Um é a cons- tante de Avogadro, N,,néimero de particulas (de qualquer cespécie) por mol de substincia: Ny = 6,022 1367 X 10? mol”! A constante de Avogadro faz. com que seja muito simples a conversfio do mimero de particulas NV (um nimero.adimen- sional) em uma amostra para a quantidade quimica n (em moles) que ela contém: Niimero de partfculas = quantidade quimica (em moles) X niimero de particulas por mol N=nXN, 04) 5 Fa, 03, na forma 6°C = THK + 27315, tbe define a escala Celsius em trnos da escala Kelvin, que € isin 0 valor acto aualmente 66,022 1367 x 10°, Tnusteagio 03 ‘Uma amostra de cobre contendo 8,8 X 10” étomos de Cu corresponde a Nu) ___ 8,8 x 10*Cu N, 6022 X 10" mol Observe que é muito mais facil egistrara quantidade de éto- ‘mos de Cu presentes do que o niimero de tomes, (Cu) = 0,15 mol Cu (O segundo conceito muito importante com que voc8 deve~ ria estar familiasizado a partir dos cursos introdut6rios € 0 da massa molar, M, a massa por mol de substncia: a massa de ‘uma amostra da substincia dividida pela quantidade qumi- cca de tomos, moléculas ou formulas unitarias que ela con- tém, Quando nos referimos & massa molar de um elemento sempre queremos dizer a massa por mol de seus dtomos. Quan- donos referimos & massa molar de um composto, sempre que- remos dizer a massa molar de suas moléculas ou, no caso de ‘um composto iGnico, a massa por mol de suas férmulas uni- térias, A massa molar de uma amostra tipica de carbono, a ‘massa por mol de étomos de carbono (com os étomos de car- ‘bono 12. carbono 13 nas suas abundancias t{picas) é 12,01 ‘gmol”'. A massa molar da égua, a massa por mol de molé- ‘culas de HO com as abundiincias isot6picas de hidrogénio ce oxigénio iguais as de amostras tipicas desses elementos, & 18,02 g mol”. O dalton (Da) € a unidade usada como abre- viagfo para g mol” (1 Da = 1g mol~, especialmente em aplicagdes biofisicas. A massa molar de uma macromolécu- la biolégica medida como 1,2 X 10* g mol~!, por exemplo, pode serregistrada como 12 kDa (onde 1 kDa = 1 kg mol), Os termos peso atdmica (PA) ou massa atémica relativa (MAR) ¢ peso molecular (PM) ou massa molar relativa (MMR) ainda so comumente usados para representar 0 va- Jor numérico da massa molar de um elemento ou de um com- posto, respectivamente, Mais precisamente (porém equivalen- temente), a MAR de um elemento ou a MMR de um compos- to € sua massa atOmica ou molecular média relativa & massa de um stomo de carbono 12 que 6 considerada igual a 12. 0 peso atémico (ou a MAR) de uma amostra natural de carbono € 12,01 e 0 peso molecular (ou a MMR) da fgua 6 18,02. OL Express (a) 110KPa en tor b) 0,997 barem atmosferas, (©)2,15 x 10* Paem atmosferas, (6) 723 Torr em pascal Calcule a presstiona fenda de Mindafiao, perto das Fi- lipinas, a regitio mais profunda dos oceanos. Conside- +e aprofundidade como sendo de 11,5 km e use para a densidade da 4gua do mar 1,10 g em, 02 "Tensei: nome da ide tor sou snbolo 6 To Iwmopucho 7 ‘A massa molar um elemento & determinada pela medida da massa de seus dlomos através da especirometria de mas- sae pela multiplicacaio da massa de um dtomo pela constan- te de Avogadro (o mimero de stomos por mol). Devemos ter cuidado em levar em conta a composigao isot6pica de um elemento, Assim, temos que usar adequadamente a média, ponderada das massas dos étomos. Os valores obtidos dessa ‘maneira estio impressos na tabela peri6dica existente neste livro. A massa molar de um composto de composig&o conhe- cida ¢ calculada fazendo-se a soma das massas molares de seus étomos constituintes. A massa molar de um composto de composicto desconhecida é experimentalmente determi- nada usando-se a espectrometria de massa de um modo se~ methante ao que foi feito para a determinagio das massas ‘atOmicas, mas permitindo a fragmentagao das moléculas no curso das medidas, ‘A massa molar é usada para converter a massa, m, de uma amostra (que podemos medir) em ntimero de moles, n (que € 0 que precisamos frequentemente conhecer em quimica): Massa da amostra (g) = quantidade qufmica (mol) x massa por mol (g mol~") m=nXM 5) uusrragao 0.4 Para determinar ontimero de moles de C presentes em 21,5 ‘g de carbono, dado que a massa molar de carbono é 12,01 g mol-', escrevemos m_ 258 M,~ T20T gmor Isto é, a amostra contém 1,79 mol de C. 0.3 A pressio atmosférica na superficie de Marte, onde 7 m s™, 6 somente 0,0060 atm. Até que ponto essa baixa pressiio & devido & baixa atragio gravitaci- ‘onal © nio ao fato de a atmosfera ser rarefeita? Que pressdo a mesma atmosfera exerceria na Terra, onde g 9,81ms-?? te 08 05 06 07 Ccartrmo Zino Qual a diferenga de pressio que existe entre o inicioe o fim de um canudo de 15 cm de comprimento, na po- sigo vertical, quando se bebe através dele égua liqui- da com uma densidade de 1,0 g em-"? ‘A &gua no tubo aberto de um manémetro, conectado a uma incubadora, estava 3,55 cm abaixo da égua no outro ramo do manémetto, ea pressio atmosférica era 758 Tort. Qual era a pressto dentro da incubadora? Sabendo que as escalas de temperatura Celsius e Fahre- nheitestdo relacionadas por BcainJ/°C = (Orinci!?F ~ 32), qual & a temperatura do zero absoluto (T'= 0) na scala Fahrenhei A escala Rankine € usada em algumas aplicagdes de engenharia, Nessa escala, 0 zero absoluto de tempe- 08 09 ratura é igual a zero, mas o tamanho do grau Rankine ER) € igual ao do grau Fahrenheit (°F). Qual é 0 pon- to de ebulicao da 4gua na escala Rankine? ‘A massa molar da miogiobina, uma protefna que ar- mazena oxigénio, é 16,1 kDa. Quantas moléculas de mioglobina esto presentes em 1,0 g do composto? A massa de uma célula vermelha do sangue & aproxi- madamente 33 pg, e ela contém normalmente 3 x 10* moléculas de hemoglobina. Cada molécula de hemo- globina é um tetrmero de uma molécula sémethante A mioglobina (veja exercicio anterior). Que fragio da massa da eétula € devido &hemoglobina? '

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