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REsuMO EQUAGOES DE ESTADO O MODELO CINETICO DOS GASES Gases REAIS ‘Embora os gases sejam simples, tanto de descrever como em ‘termos de sua estrutura intema, eles so de imensa impor- tincia, Nés passamos toda a nossa vida envolvidos por um gas na forma de ar e a variagdo local nas suas propriedades €0 que nés chamamos de “tempo”. Para entender a atmos- fera deste ¢ de outros planetas, necessitamos entender os gases. Quando respiramos, nés bombeamos gs para dentro para fora dos nossos pulmées, onde ele muda de composi- goede temperatura, Muitos processos industriais envolver, gases € tanto 0 produto da reagio como o projeto dos vasos. de reagio dependem do conhecimento de suas propriedades, O interior das estrelas, embora denso e & primeira vista dife- rene de qualquer gis que se encontre na Terra, pode ser des- crito pelas leis que resumem o comportamento dos gases. EQUACOES DE ESTADO O estado de qualquer amostra de uma substincia pode ser especificado através dos valores das seguintes propriedades: V, 0 volume que a amostra ocupa p, a pressiio da amostra T, a temperatura da amostra 1, omimero de moles da substancia na amostra ‘No entanto, um surpreendente fato experimental que’se ve~ rifica na natureza é que essas quatro grandezas néo sio dependentes entre si. Por exemplo, nao podemos ter uma mostra com 0,555 mol de H,O num volume de 100 cm? a 100 kPa e 500 K: observa-se experimentalmente que esse estado nao existe. Se n6s selecionamos o mimero de moles, ‘volume ¢ a temperatura, entéo nés temos que aceitar que cexistird um determinado valor de pressio (no caso do exem- plo que consideramos ela seria proxima de 230 kPa). Isto ‘ocorre para todas as substincias e, em geral, a pressio serd diferente para cada uma delas. Essa generalizagio experi- ‘mental pode ser resumida dizendo-se que as substincias obe- decem a uma equacao de estado, uma equagio da forma = fir,V.D). Essa equacio relaciona uma das quatre propti- edades ds outras tes. Asequagies de estado da maioria das substincias nfo sao conhecidas, de modo que, em geral, nfo podemos escrever arelagdo matemética entre as quatro propriedades que defi- rem um estado, Entretanto, certas equagdes de estado so conhecidas. Em particular, a equagao de estado de um gés, em baixas pressdes € conhecida; ela € muito simples e ex- ‘remamente itil. Essa equagao 6 usada para descrever 0 com- portamento dos gases que participam de reagGes, o compor- tamento da atmosfera, como ponto de partida em problemas, de engenharia quimica e mesmo na deserigao da estrutura das estrelas, * 1.1 A EQUACAO DE ESTADO DO GAS PERFEITO A oquagdo de estado de um gés em baixas presses foi um dos primeiros resultados estabelecidos na fisico-qufmica. As experiéncias originais foram feitas por Robert Boyle no sé- culo XVILe retomadas no século seguinte, quando o inte- resse no assunto ressurgiu devido aos primeiros v6os em baldes. Esse progresso tecnolégico fez com que aumentasse & 10 carro UM ‘a procura por mais conhecimento a respeito da resposta dos ‘gases a variagGes de pressio e de temperatura, As experiéncias de Boyle, e as de seus sucessores, con- duziram a formulagio da equagao de estado do gas per- fe pV = nkT ap Nessa equacio, que 6 provavelmente a mais importante da {sico-quimica, R éuma constante, conhecida como constan- te dos gases, cujo valor, determinado experimentalmente, & ‘o mesmo para todos os gases. Na Tabela 1.1 apresenta-se 0 valor dessa constante em diversas unidades.! ‘A cquagio de estado do gés perfeito — abreviada como “lei do gas perfeito” — é assim denominada por ser uma {dealizagdo das equagGes de estado que os gases obedecem na ealidade, Verifica-se que todos os gases obedecem aessa cequagiio de forma aproximada e que essas aproximages tor- nam-se tanto menores quanto mais a pressio tende a zero. Isto 6, aq. 1.1 € um exemplo de uma lei limite, uma lei que toma-se cada vez mais vélida & medida que a pressdo é re~ uzida, ¢ que € obedecida exatamente no limite da pressiio zero. Uma substincia hipotética que obedece a Eq, 1.1 em to- das as presses 6 denominada gis perfeito.* A partir do que foi dito, um gs que existe na natureza, chamado de gis real, comporta-se cada vez mais como um gés perfeito & medida que sua pressio vai diminuindo, Ble se comporta exatamen- tecomo.um gés perfeito no limite de pressdo mula. Na préti- ca, a pressfo atmosfética ao nivel do mar (p ~ 100 kPa) jaé suficientemente baixa para que a maioria dos gases reais se comporte quase perfeitamente. A menos que se diga o con- trério, n6s consideramos neste livro que todos os gases se comportam como um gis perfeito. A razio de um gas real terumcomportamento diferente do de um gés perfeito pode set atribuida as atragSes e repulsdes que existem entre as moléculas presentes na natureza e que estdo ausentes num ‘4s perfeito (Cap. 16). A lei do gas perfeito resume trés conjuntos de observa- (es experimentais. Um € a lei de Boyle: A temperatura constante, a pressdo de uma determinada quantidade de gas é inversamente proporcional ao seu volume. R= 831451 JK! mol 831451 kPa K~' mol! 8,20578 X 10°? L atm K~'mol™ 62,364'L Tort K-' mol* 1,98722 cal K~!mol~ ‘Matematicamente: Lei de Boyle: a temperatura consante, p = Podemos verificar que a Eq. 1.1 6 consistente com a lei de Boyle fazendo ne T constantes. Nessas condigdes, aq. 1.1 fica pV = constante e, portanto, p ® 1/V.A lei de Boyle im- plica que, se uma determinada quantidade de um gs for com- primida, & temperatura constante, de modo que 0 seu volu- ‘me inicial seja reduzido & metade, entdo a sua pressio do- brard, A Fig. 1.1 mostra o gréfico que é obtido a partir dos, valores experimentais de p contra V para uma determinada quantidade de g4s em diferentes temperaturas, juntamente com as curvas previstas pela lei de Boyle.? Cada uma dessas curvas é denominada isoterma, pois mostra a variagio de uma propriedade (nesse caso, a pressfio) numa temperatura, constante. E dificil, a partir desse grafico, dizer se a lei de Boyle é valida, Entretanto, quando se faz o grfico de p con- tra 1/V, observam-se rétas, como seria esperado da lei de Boyle (Fig. 1.2). Esse caso pode ser generalizado, no senti- do de que geralmente & mais fécil se verificar a validade de uma determinada relagao quando o gréfico dos dados expe- rimentais € feito de tal forma que @ validade da relagio € indicada pela presenga de uma reta, ‘A segunda observagao experimental resumida pela Eq. 1.1 6 alei de Charles: A pressdo constante, o-volume de uma determinada quantidade de gas varia linearmente com a temperatura ‘Temperatura crescente Presso, p Volume, V (Ovolume de um gas diminui quando a pressdo sobre le aumenta. Para uma amosira que cbedece a lei de, Boyle e que émantida numa temperatura constante, © gréfico que mostra a dependéncia entre a presséo e ovolume é uma hipérbole, conforme pode ser visto nesta figura, Cada curva corresponde a uina determi nada temperatura e, por sso, é uma isoterma. "connate ds ates pode ser dteminada a partir da expresso R = pV, quando a presto inde a ze, Qutras teen so dspontes tis como a medida da ‘velocidad do som (ue depen de) ea sua deteminaso spar da constant de Boltzmana (Cap. 20) temo “siden” também €largament sd. gas cuss ipcbles, represents de equagSes do ip xy = conse Observadas ‘experimentalméntg ‘Gas perteto Presséo, p > Fig. 1.2 Um bom teste para se veriticar a validade da lei de Boyle ¢ fazer 0 grafico da pressdo contra 1/V/(a tem- peratura constante), pois entéo deve-se obter uma eta, O gréfico nesta figura mostra que as presstes cb- servadas experimentalmente se eproximam de uma linha reta quando o volume aumenta e a presséo di- + minui, Um gas porfeito soguiriaalinha reta em todas as presses, gases roais obedecem a lei de Boyle no limite de baixas pressbes. jolume, V/V Materiaticamente: Lei de Charles: a pressdo constante, V = A+ BO onde 06 a temperatura na escala Celsius. A Fig, 1.3 mostra arficostipicos do volume contra a temperatuia para uma sé- rie de amostras de gases em diferentes presses e confirma ‘que (em baixas pressdes e temperaturas no muito baixas) 0 volume varia linearmente com a temperatura na escala Celsius. Podemos ver também quer'quando 0 volume é ‘extrapolado para zero, todas as retas tendem para uma mes- ma temperatura 0 (—273,15°C) independentemente da na- tureza do gés, Como o volume nifo pode ser negativo, essa ‘temperatura minima deve representar 0 zero absoluto de temperatura, ou seja, uma temperatura abaixo da qual & im- possivel resfriar um objeto. Realmente, aescala Kelvin ati ui o valor 7 = 0 a esse zero absoluto de temperatura, Por- ‘tanto, em termos da temperatura Kelvin, a lei de Charles toma a forma mais simples Lei de Charles: a pressio constante, Vc T Segue-se que, dobrando a temperatura (na escala Kelvin, por exemplo de 300 K para 600 K, correspondendo a um au- mento de 27°C para 327°C), o volume dobra, desde que a pfesstio permanega constante. Podemos agora ver que a Eq. 1.1 € consistente com a lei de Charles. Primeiro, reescreve- ‘As Prommepapts pos Gasis 11 JObservado experimentalmente Volume, V Pressao croscento TAS ‘Temperatura, aC Fig. 1.3. Este gréficoilustra o contetido eas implicagtes dalei de Charles, de acordo com a qual o volume ocupado por um gas (a presséo constante) varia lineermente ‘coma temperatura. Quando 6 feito, como aqui, 0 gtd fico do volume contra a temperatura Celsius, todos os ‘gases apresentam retas que extrapoladas para V= 0 do uma temperatura igual a ~273,15°C. Essa extra- polagdo sugere que ~273,15°C 6a temperatura mais Daixa que pode ser atingida, ‘mos aq, 1.1 na forma V = nRTip,¢ entio observamos que, quando o niimero de moles n e a pressio p sio constantes, podemos escrever V « T, conforme é previsto pela lei de Charles. O terceiro resultado experimental resumido pela Eq, 1.1 €0 principio de Avogadro: ‘Numa determinada temperatura e numa determinada pres- so, gases com volumes iguais contém o mesmo nimero de ‘moléculas, Isto 6, 1,00 L de oxigénio a 100 kPa’e 300 K conténs v mies- ‘mo ntimero de moléculas que 1,00 L de di6xido de carbono ‘na mesma temperatura ¢ pressio, O prinefpio de Avogadro implica que se dobrarmos o nimero de moféculas, manten- do a temperatura e a pressio constantes, o volume da amos- tra também duplicaré. Podemos, portanto, escrever que: Principio.de Avogadro: d temperatura e pressdo constantes, Vn, Esse resultado pode ser obtido facilimente da Eq. 1 se con- siderarmos p e T constantes. O enunciado de Avogadro é um principio e nfo uma lei (um resumo direto da experiéncia), pois € baseado num modelo de como uma substincia é cons- tituida, ou seja, como um conjunto de mokéculas. 12 caro Um © volume molar, V,, de qualquer substdhcia (nifo ape- nas de um g4s) 60 volume que um mol de moléculas da subs- tincia ocupa. Ele ¢ calculado dividindo-se 0 volume da amos- tra pelo nimero de moles que ela contém: Gis VI mat) Volume molar = Yolume da amostra Gis perfeito 24,7897 moles da substancia ‘Arata : ohne wat (2) Atg6nio Ary " Diéxido de carbono DAG) Oprineipio de Avogadcoimplica que ovolumemolardeum — Nitrogénio 24,8 as deve sero mesmo para todos 0s gases namesma pressio _Oxigénio ABs na mesma temperatura, Os dados da Tabela 1.2 mostram —Hidrognio 248° que essa conclusfo é aproximadamente verdadeira para a Helio 288.” maioria dos gases nas condigées normais, ou Seja, PressiO si fameaer aes ea ino temperatura ambiente, NSN Ba eank A maior amostra de g4s a que temos acesso & a at mosfera, uma mistura de gases cuja composigao apresentada na tabela a seguit. A composigao é man- tida razoavelmente constante pela difusdo e convec- 0 (ventos, particularmente as turbuléncias locais, denominadas redemoinhos), mas a presséo e a tem- peratura da atzhosfera variam com a altitude eas con- digdes locais, pérticularmente na tropostere (a “es- fera da mudanga”), a camada que se estende atéuma altitude de cerca de 11 km. * ‘Um dos constituintes que mais variam noar 60 va- por d'dgua, @ a umidade que ele causa. A presenga do vapor d’égua faz com que a densidade do ar seja Composigao da atmosfera da ‘Terra Componente Percentagem Volumétrica Ponderal 4) Nitrogénio, Ns 78,08 75,53 |) Osigénio, 0, 2095 23,14 4 Atgonio, Ar 093 1,28 || Digxido de carbono, CO, 0,031 0,047, 3 Hidrogénio, Hy 50x 107 2,0 10 » Ne6nio, Ne 18%10 1,3 x 107 4 Hélio, He 52X10 7,2. 10-* 1 Metano, CH, 2,0 10 1X 10+ || Cripténio, Kr 11 10~ 3,2. x 10 i Oxido nitrico, NO 5,0. 10°5 1,7 x 10-6 | Xendnio, Xe 87x 10% 3,9 X 10° Ordnio, O,: no verdo: 70X10 12x 104 no invemo: 2,0 X 10 3,3 x 10-* BOXE 1.1 As leis dos gases e o tempo (condicdes meteorolégicas) mais baixa, numa dada temperatura e presstio, como ode ser conclufdo do principio de Avogadro. O mi- mero de moléculas om'l m° de ar imido e de ar seco mesmo (na mesma temperatura e presséo), masa massa de uma molécula de agua 6 menor do queade todos os outros constituintes importantes do ar (a massa molar da égua 6 18 g mol”, enquanto a mas- sa molar média das moléculas do ar & 29 g mol"). As~ sim, adensidade da amostra imide 6 menor queada se0a. A pressio a temperatura variam com a altitude. Na troposfera, a temperatura média 6 de 15°C aon vel do mar, caindo para ~67°C no topo da tropostera, a 11 kam de altura, Essa variagao se toma muito me- nos pronunciada quando exptessa na escala Kelvin, indo de 288 K a 216 K, numa média de 268 K. Admi- tindo-se que a temperatura tem esse valor médio ao longo de toda a tropostera, entéoa pressfio muda com altitude h de acordo com a férmula barométrica p=pem onde 2, & a pressdo ao nivel do may e H’é uma cons- tante, eproximadamente igual a 8 km. Mais especifi- camente, H = RT/Mg, onde M é a massa molar mé- dia doar 6 7'6 a temperatura. A formula barométrica ajusta-se muito bem a distribuigéo de presséo obser vada, inesmo para regides bem acime da troposfera (veja a primeira jlustragao). Uma conseqiiéncia dessa expressio 6 0 fato de a pressio @ a densidade do ar cairem & metade dos seus valores ao nivel do mar em h=Hin2, ou 6 km. As variagSes locais da presto, temperatura e com- posigdo da troposfera se manifestam como o “tempo” ‘Alltude, Av ° + 1 Pressio, pps ea ‘Variagio da preastio atmosférica com a altitude predita pela formula baromética, ‘Uma pequene regio de ar é denominada parcela, No- temos inicialmente que uma parcela de ar quente é menos densa que a mesma parcela de ar frio. A me- dida que uma parcela escende, ela se expande adia~ baticamente (ou seja, sem transferir calor para as suas vizinhangas), ficando mais fria. O ar frio pode absor- ver menotes concentragées de vapor de agua que o ar quente, de forma que a uidade propicia a forma- do de nuvens. Assim, céus nublados podem ser as- sociados ao ar ascendente © céus claros ao ar desoen- dente © movimento do ar em altitudes mais elavadas pode levar a ume acumulagéo em elgumas regides ¢ perda de moléculas em outzes regides. O primeiro efei- to resulta na formagio de regides de alta presséo (an- ticiclones) ¢ o outro na formagaio de regides de baixa pressio (ciclonés). Essas regides so mostradas como ‘Aou B nos mapas meteorolégicos. As linhas da pres- so constante, que diferem umes das outras em 4 mbar (400 Pa ou, aproximadamente, 3 ton), assinala~ das nesses mapas so denominadas isSbaras. As te~ ‘ides alongadas de alta © de baixa pressao sfo cha- madas de cristas e cavados, respectivamente, Em meteorologia, o movimento vertical em larga escala 6 chamado de conveogao. Gradientes horizon- tais de pressdo déo origem a um fluxo de ar denomi- nado vento. Uma vez.que a Torta gira de oeste para Teste, os ventos 80 deslocados para a direita no he- misfério norte e para a esquerda no hemisfério sul, Os venios se deslocam quase que paralelamente as [AS PRoPmirpanes DOs Gases isébaras, com pressio baixa a sua esquuerda no hemis- fério nore o& sua delta no hemistério sul, Na super- ficie'da Terra, onde a velocidade dos ventos ¢ menor, eles tendem a se deslocar perpendicularmente as isébaras, de alta para baixa press4o. Esse movimento diferencia) leva, no hemisfério norte, a um fluxo de saida de ar em espiral e no sentido horério, em tomo: de uma faixa de alta pressao, levando, também, aum fluxo de entrada de ar em espiral e no sentido anti- horario, em tomo de uma faixa de baixa pressao (ter ceira ilustrago). Oar perdido numa regido de alta pressao 6 restau- redo assim que um infixo de ar converge para aque- Ta gio e desce. Como jé vimos, o ar oscendente est associado a céus limpos. O ar também se aque- ce ao descer, pela compressao que sofre, de forma que a rogibes de alta pressto esto associadas a tempe- raturas altasna superficie, Noinvemo,agupertci fia ‘Um tipico mapa meteorolégico, Neste caso, para os Bsta- dos Unidos da América em 14 de julho ce 1999, Regides de alta presso so simbolizedas por A e as de baixa pressio por B, Fhuxo de ar ("vento") om tomo de reqides de balxa presse nos hemisférios norte e sul 1B i ‘ § i 4 i th 14 cari Um pode impedir a descida completa do ar, o que resulta, i ‘numa inversao de temperatura; nesse caso, a cama- da mais quente de ar fica acima da mais fria. Condi- 706s geograficas tambérn podem aprisionar o ar iio, | como em Los Angeles, e os poluentes fotoquimicos { conhocides como smog (mistura de nevoeiro e fuma- ) podem também ficar aprisionados sob a camada | quente. Uma manifestagéo menos dramética de uma camada de inverso é a presenga de céus encobertos | por neblina, particularmente em éreas industriais, Céus encobertos por neblina também se formam so- bre vegetagies que geram asrosstis de terpenos ou de outros produtos da transpizago das plantas. Essas neblinas so responséveis pelas varias “Montanihas ‘Azuis do mundo, como a Grande Serra Divisora, no } sul de Gales, @ cadeia montanhosa da Jamaica e a i hosa que se extende dos estados do cadeia mont Oregon a Washington, densas em eucaliptos, samam- baias e pinheiros, respectivamente. As cristas azuis do montes Apalaches sao mais um exemplo, Exercicio 1 Balées foram usados para se obter mul- tas das primeiras informagGes a tespeito da atmosfe- Tae continuam a ser usados atualmente na obtengéo de informagées sobre o tempo. Em 1872, Jacques Charles usou um baltio cheio com hidrogénio para voar 25 km de Paris na diteg&o do interior da Franga. Qual, ‘massa especifica do hidrogénio em relagio ao ar na mesma temperatura e presséo? Qual a massa de car- ga titil que pode ser exguida por 10 kg de hidrogénio, desprezando-se a massa do aldo? Exercicio 2 A poluigdo atmosférica 6 um problema que tem recebido muita atengao. Nem toda a polui- 90, no entanto, é proveniente de fontes industriais, Enupgées vulcénicas podem ser uma fonte significa tiva de poluigao do ar. O vuleao Kilauea, no Havel, emite de 200 a 300 t (tonelada métrica, 1 t= 1000 kg) de SO, por dia. Se esse gés ¢ omitido na temperatu- rade 800°C e 1 atm, qual o volume de gas que é emi- tido? 1.2 USO DA LEI DO GAS PERFEITO ‘Vamos agora rever trés aplicagdes elementares da equacio de estado do gas perfeito.(Eq. 1.1), A primeira é a determi- nagio da pressdo de um e4s sabendo a sua temperatura, 0 seu niimero de moles ¢ 0 volume que ele ocupa, A segunda 6 a estimativa da mudanga que ocorre na pressio devido a ‘mudangas nas condigdes. A terceira é 0 célculo do volume ‘molar de um gés perfeito em quaisquer condigbes. Exemplo 1:1’ Determinagao dal Um quimnico esté investigando a conversio do nitro- ‘génio atmostérico'numa forma que possa ser utiliza- _ da polas bactérias que se localizam nas rafzes de cer- tos legumes e, para isso, necéssita saber a press em \pressio de uma amostra de gas | gasoso mimfrascode voluine igual a250 mi, 220°C, Estraté akPe a cee célcilo-necessitamos rearrumar a Eg. 1.1, de'modo que’a incognita (nésse éaso a pres: so, p) fiqulem tanto de infomagte gue forged: ART ara usar os express¥0,prebisino$ converter atem- peratura para wescala Kelvin e saber qualé ombmero de moles na amostra, serido que esse niimero pode ser cobtido a partir da massa e da massa molar (n » Para evitar erros.de aedondamento, 6 melhor deixar todos.0s céloulos numéricos para final‘De posseide n,de‘Te dev, selecionamos o-valor delR da Tabela 1.1 » «nas unidades compativeis com os dados.e com-a in- fermago ae deste (presto or qulopatise ames Mo N25 gs Ag ©2802 g mol Atemperaturadaamosiaé neuen ‘Exerticio proposto 1.1 Caloule a pressdo exercida por 1,22 g:de didxido de carbo- ‘no contido num frasco de yoliime igual a 500 mL, a 37°C. 2 7 (Resposta: 143 kPa) Em alguns casos, sabemos a presséo para um determina- do conjunto de condigGes e queremos saber a presso para ‘um outro conjunto de condigdes diferentes, Nesse caso, usa~ ‘mos a lei do gés perfeito como é descrito a seguir. Vamos supor que a pressio inicial & p,, a temperatura inicial 67, € 0 volume inicialé V,, Ent da Eq, 1.1 podemos escrever que DM = ap T, ‘Vamos supor, agora, que as condigdes mudam para T, V;€ que, em virtude dessas alteragées, a pressio muda para p. Ento, nas novas condigGes a Eq. 1.1 fica Pao Pee aR t O produto nk presente no lado direito das duas equagées anteriores 6 mesmo nas duas equagGes, pois R éuma cons- tante eo méimero de moles do gs permaneceu constante. A partir da combinagio dessas duas equagdes obtém-se que PM = Pee 1.3) TT (3) Essa expressto é conhecida como equaco combinada dos gases. Fla pode ser manipulada de modo a exprimir uma das ‘ariaveis (neste exemplo p,), em funglo das outras varidveis, ‘AS PROPRIEDADES Dos Gusts 15 Finalmente, vamos ver como podemos usar a lei do gés pperfeito para calcular 0 volume molar de um gas perfeito, numa determinada temperatura e numa determinada pres- slo, A Eq, 1.2 expressa o volume molar em termos do vo- lume da amostra e a Eq, 1.1, na forma V = nRTjp, expres- sa.0 volume em termos da pressio, Quando combinamos as duas, temos ART AT mp Pp Essa expressdo permite o célculo do volume molar de qual- ‘quer gés (admitindo-se que ele se comporta como gés per feito) a partir da sua pressio e da sua temperatura, Ela tam- ‘bém mostra que, para uma determinada pressio e uma de terminada temperatura, todos os gases tm 0 mesmo volu- ‘me molar, Os quimicos verificaram que era conveniente regis- trar muitos dos seus dados numa certa condigao parti- cular. As condigdes normais ambientes de temperatu- rae pressio (CNATP) se referem & temperatura de 25°C (mais precisamente 298,15 K) ¢ A pressio de 1 bar. A pressio-padrio de 1 bar é simbolizada por p®, de modo que p® = 1 bar exatamente. O volume molar de um gés perfeito nas CNATP ¢ 24,79 L mol", conforme pode ser visto substituindo-se os valores da temperatura e da pres- sio na Eq, 1.4, Esse valor implica que, nas CNATP, | mol de um g4s perfeito ocupa cerca de 25 L (um cubo com aproximadamente 30 cm de lado). Antigamente usava- se, € ainda se encontra muito, as condigdes normais de temperatura e pressio (CNTP), indicando 0°Ce | atm, O volume molar de um gés perfeito nas CNTP é 22,41 L mol"! ay 1,3 MISTURAS DE GASES: PRESSOES PARCIAIS Pesquisadores freqilentemente esti interessados em siste~ ‘mas que so constitufdos por misturas de gases. Por exer plo, na meteorologia, quando estio investigando as proprie~ dades da atniosfera, na medicina, quando esto estudando a composigao do ar que & exalado, ou na engenharia quimica, quando estio interessados nas misturas de hidrogénio e ni- ‘ogenio usadas na sfntese industrial da am6nia. Em todos cesses casos, eles necessitam saber qual é a contribuiglo que cada componente da mistura gasosa faz para a pressio total. ‘No infcio do século XIX, John Dalton realizou uma série de experiéncias que o levaram a formular o que atualmente, & conhecido como a lei de Dalton: A pressdo exercida por uma mistura de gases perfeitos € a soma das presses que cada um dos gases exerceria caso ‘ocupasse sozinho o recipiente namesma temperatura em que se encontra a mistura: P=Pat Paton as) 16 cCartmuto Um onde p, & a pressio que o gis J exerceria se ele ocupasse sozinho o recipiente na mesma temperatura, A lei de Dalton 6 estritamente vélida para misturas de gases perfeitos (ou de gases reais em pressées suficientemente baixas para que eles se comportem como gases perfeitos), mas pode ser conside- ada como vélida par” a maioria das condigdes que sfo en- contradas neste livro. Inusreacao 1.1 ‘Suponha que estejamos interessados na composigiio do ar que inalado ¢ exalado. Suponta ainda que saibamos que uma certa massa de diGxido de carbono exerce uma pressio de 5 Pe, quando est sozinha num reefpiente, e que uma certa ‘massa de oxigénio exerce uma pressio de 20 kPa, quando esté sozinha no mesmo recipiente e na mesma temperatura, Entio, quando os dois gases estdo presentes no recipiente, 0 i6xido de carbono na mistura contribui com 5 kPa para a pressio totale 0 oxigénio contribui com 20 kPa. De acordo comallei de Dalton, a pressto total da mistura 6a soma des- sas duas presses, ou seja, 25 KPa (Fig. 1.4). Py Ps Fig. 1.4 A pressio parcial p, de um gés perfeito A 6 a pres- so que esse gés exerceria se ele ocupasse sozinhoo recipiente; semelhantsmente, a presséo parcial, de um gas perfeito B 6 a pressio que o gis exercetia se ele ocupasse sozinho omesmo recipiente, A presslo total p quando os dois gases ocupam simuitaneamen- te orecipionte 6 a soma das suas pressbes parciais, Para qualquer tipo de gis (real ou perfeito) numa mistu- ra, a pressio parcial, p, 6 definida como . Pr=SX DP (1.6) onde x, 6 fragdo'molar do gés J na mistura, A fragdo mo- lar de J é 0 nimero de moles de J dividido pelo mimero total de moles presentes na mistura, ou seja, é uma fragio do niimero total de moles da mistura, Em termos mate- ‘méticos, para uma mistura constitufda por n, moles de A, rig moles de B, assim por diante, a fragdo molar de J é dada por indimero de moles de J Fragdo molar deJ = SEO && moles oF imimero total de moles 5 at (7) onde = 7, + rt +... Para uma mistura bindria, que € constituida de duas espécies, essa expresso geral fica " Marat Mattes T (18) Quando somente A esté presente, x, = 1 ¢ xy = 0. Quando somente B esté presente, x, = 1 €x, = 0. Quando ambos estio presentes nas mesmas quantidades em termos de mo- Jes, sy=4 © xo= 1 Fig. 1.5). @a Os 0,452 0,548 893 x= 0,187 a Fig. 1.5 Representagao do significado da fragao molar. Em ccada um dos casos, cada um dos quadrados peque- nos representa uma moléoula de A (quadrados escu- ros) ou de B (quadrados claros). Hxistem 84 quadra- dos om cada amostra, 7 _pressio parcial de J com a contibuigdo que Jaz para apressio total. Assim, se introduzimos p = nRT/V na Eq. (1.6), temos Ovvalor de n.R7IV 6 a pressto que o miimero de moles de J, 1, exerceria caso esse nfimero de moles fosse colocado num recipiente vazio de volume V. Inustaacio 1.2 A partir do Exerefcio proposto 1.3, temos xy, = 0,780, %o, = 0,210 € 4. = 0,009. Segue-se, portanto, da Eq. 1.6 que, ‘As Prommusnapis Dos Casts 17 quando a pressio total utmosférica é 100 kPa, a pressio par= cial do nitrogénio & Px, = Ay, P = 0,780 X (100 kPa) = 78,0 kPa Do mesmo modo, encontramos para os outros dois compo- nentes que Po, = 21,0 kPa e p,, = 0,9 kPa, Admitindo-se que 0s gases sto perfeitos, essas pressGes parciais sfo us pies- sbes que cada um dos gases exerceria se fossem separados, da mistura e colocados cada um deles sozinho no mesmo recipiente que contivesse @ mistura, % O MODELO CINETICO DOS GASES ‘Virmos na Introducdo que um g4s podia ser considerado como sendo um conjunto de particulas que esto em permanente ‘movimento cadtico (Fig. 1.6). Vamos agora desenvolver esse ‘modelo do estado gasoso para ver como ele explica a lei do ‘94s perfeito, Uma das mais importantes fungées da fisico- quimica é converter nogGes qualitativas em hip6teses quan-

> d. Devido a essa separago ‘Segue-se que a densidade de energia cinética ameio ‘camino para 0 centro do Sol é pe = Bp = 4X (7.2 X 10%Pa) = 1,1 x 10% J mm? ou 0,11 GJ om™. Por sua vez, num dia fresco (25°C) na Terra, a densidade de energia cinética (translacio- nal) da nossa atmosfera é somente 1,5 x 10° m~*(cor respondendo a 0,15 J cm“) Exercicio 1 As esticlas eventualmente expulsamal- gum hidrogénio dos seus niicleos que se contraeme | {sso resulta em temperaturas mais altas. O aumento |) da temperatura resulta num aumento nas velocidades das reagées nucleates, algumas das quais resultam na formagao de niicleos mais pesados, como carbono. A parte externa da estrela se expand e resfria quando elase torna uma gigante vermelha. Admita que.ameio caminho para o centzo uma gigante vermelha tenha ‘uma temperatura de 3600, que sefa constituida prin- cipalmente por étomos de carbono completamente fonizados e elétrons e que tenha uma massa especi ca de 1,20 g om", Qual 6 a pressio nesse ponto? Exercicio 2 Se a gigante vermelha do exercicio an- terior consistisse om dtomos de carbono neutros, em vvez de étomos de carbono ionizados e elétrons, qual. | seria a presséo no mesmo ponto e nas mesmas con: digoes? REAIS média ser grande, um gés perfeito & aquele em que a tinica contribuigo para a energia ver da energia cinética do mo- vimento das moléculas, no havendo nenhuma contribui- go, para a energia total, da energia potencial que surge da interacio entre as moléculas. Na realidade, no entanto, to- das as moléculas interagem umas com as outras desde que elas estejam suficientemente préximas, de forma que 0 modelo que tem “somente energia cinética” & apenas uma aproximacao. 1.9 INTERACOES INTERMOLECULARES [Ha dois tipos de contribuigao para a interagao entre molécu- las. Quando a distincia entre as moléculas é relativamente ‘ecande (alguns didmetros moleculares), as moléculas se atra- em, Essa atragdo é responsével pela condensagio de gases, em liquidos a baixas temperaturas. Em temperaturas sufici- entemente baixas, as moléculas de um gés t&m energia ciné- tica insuficiente para escapar da atragdo exercida por outra ‘molécula e elas ficam “presas” umas as outras. Por“, em- bora as moléculas se atraiam quando elas estio separadas de alguns difmetros moleculares, assim que elas entram em contato se repelem. Essa repulsio é responsdvel pelo fato de (08 Ifquidos e os solidos terem um tamanho definido e nao se transformarem num ponto infinitesimal. Interagdes intermoleculares —as atragdes e repulsdes en- tre moléculas — dio origem a uma energia potencial que con- tribui para a energia total de um gas. As atragdes correspon- Energia potenck As alragbes so dominantes Fig. 1.11 A vatiagSo da energia potencial de duas moléculas com fungao da distancia de separagao entre elas. A ‘energie potencial positiva alte (quendoa separago entre as moléculas é muito pequena) indica que as Interagées entre elas so fortemente repulsivas.aes- sas distancias, Em disténcias intermediévias, onde a energia potencial é negativa, dominam as intera- (es atrativas. Kim grandes distancias (na direita), quando as moléculas esto muito afastadas entre si, 2 energia potencial 6 zero e nic ha nenhuma inte ragéo entre as maléculas. dem a uma diminuigio da energia total, pois as moléculas ao ficarem mais préximas fazem uma contribuicdo negativa ’energia potencial, Por outro lado, repulsées fazem umacon- tribuigto positiva d energia total quando as moléculas ficam r6ximas demais. A Fig. 1.11 ilustra de forma geral a varia- ‘do da energia potencial intermolecular. Em grandes distin- ccias de separacao, as interagdes que diminuem a energia so 1 em todas as pressdes.$ A observacdo que Z > 1 nos diz que o volume molar do ‘24s € agora maior que o esperado para um gas perfeito, na ‘mesma temperatura e pressfo. Esse comportamento pode ser explicado como sendo devido as forgas repulsivas do- ‘minantes. Essas forgas tendem a afastar as moléculas quan- do elas sio forgadas a se aproximarem em pressdes altas. Para o hidrogénio, as interages atrativas so to fracas que (1.20b) 4s interagdes repulsivas dominam até mesmo em baixes pressdes. Fig. 1.14 Variagio do fator de compressibilidade, Z, com a ‘pressdo para varios gases a 0°C. Um as pesfeito tem = 1 em todas as presses. Dos gases que podem ser vistos nesta figura, o hidrogénio 6 0 que mostra lesvios positivos em todas as pressbes (nessa tem- ‘perature; todos os outros gases mostram inicial- ‘mente, em pressdes baixas, desvios negatives, ¢ dlesvios positives em pressées altas. Os desvios ne- gativos resultam das interagbes atzativas entre as ‘mole las ews desvios positives sio o resultado das intaragas repulsivas, 1.12 A EQUACAO DE ESTADO DO VIRIAL Podemos usar os desvios de Z do sen valor perfeito 1 para cobter uma equagio de estado emptrica (baseada na observa- ‘9%0). Para fazer isso, admitimos que, para gases reais, a r lagio Z = 1 6 somente o primero termo de uma expresso ‘mais longa, e no lugar de Z = 1 escrevemos (121) B60 segundo coeficiente do viial,C, 0 terveio, e assim por di- ante; 0 mimero 1 6 0 primeiro coeficiente (A = 1) Bles variam ‘Ovipo de compartment eid doped tempers. de gs para gfs e dependem da temperatura, Essa técnica, de to- ‘mar uma express limite (nesse caso, Z = I, ue se apica a ga- ses em presses baixas) e supor que ela € o primeiro termo de ‘umaexpressio mais complicada, é bastante comm na fisico-qui- mica, A expressio limite € a primeira aproximactio da verdadei- expressio, qualquer que sejaela, e0s termos adicionaislevam em conta 0s efeitos secundlios que a expresso limite ignora, O termo adicional mais importante na direita da Eq. 1.21 6B. Dos gréficgs na Fig, 1.14, segue-se que, para a temperatura em ‘que 0s dados sio validos, B deve ser positivo para o hidrogénio (de modo que Z > 1) mas negativo para o metano, 0 efano, € a ‘Aplvra “vr” vem da plara lana para erga cso eet ofato de que fogs intemoecuares so agora signfeatas. Coefcientes do via sfotanbén simbo liados por B, Bete. no ugar de B, Cee 28 certtuo UM saménia (de modo que para eles Z < 1). Porém, independente- ‘mente do sinal de B, o termo pasitivo C/V*, fica grande em pres- s6es altas (quando V2, ¢ muito pequeno) eo lado direito daEg. 1.21 fica maior do que 1, da mesma maneira que nas curvas para ‘0s ontros gases na Fig. 1.14, Para muitos gases, os valores dos ‘coeficientes do virial sio conhecidos. Normalmente esses coefi- cientes slo determinados a partir de medidas de Z num interva- lo de presses e pelo ajuste desses dads pela Eq, 1.21, varian- do-se 0s coeficientes até que um pequeno ero seja alcangado. Para converter a Eq, 1.21 numa equagio de estado, com- binamos essa equago com @ Eq. 1.20b, obtendo PM RT Multiplicamos entiio ambos os lados por R/V, de modo a obtermos uma expresséo para p em termos das outras varid- veis: +oFe. ) (1.22) (CTambém substituimos V,, por V/n na transformagio.) A Eq. 1.22 € a equagio de estado do virial. Em presses muito baixas, quando o volume molar € muito grande, os termos BIV,, ¢ CIV 7, so ambos muito pequenos, e somente 0 1 dentro dos parénteses se mantém, Nesse limite (de p ten- dendo para 0), a equagao de estado tende para a do gas, perfeit. 1.13 A EQUAGAO DE ESTADO DE VAN DER WAALS Embora seja a equagiio de estado mais confidvel, a equagdo 4o virial néo nos permite uma compreensio imediata do com- ortamento dos gases e da sua condensagdo em Ifquidos. A equagao de van der Waals, que foi proposta em 1873 pelo fisico holandés Johannes van der Waalsyé somente uma equa fo de estado aproximada, mas tem a Vantagem de mostrar como as interagdes intermoleculares contribuem para os des- vios de um gas em relagao & lei do gas perfeito’ Podemos ‘vera equagiio de Van der Waals como outro exemplo de como a partir de uma idéia qualitativa profundamente fundamen- tada € possivel obter uma expresso matemiética que pode ser testada quantitativamente. ‘A interacio repulsiva entre duas moléculas indica que elas no podem se aproximar mais do que uma certa distancia. nto, em vez de ser live para se deslocar para qualquer lugar ‘num volume V, 0 volume real no qual as moléculas podem se deslocar € reduzido a um valor que depende do niimero de moléculas presentes ¢ do volume que cada uma delas exclui (Fig. 1.15), Podemos entdo modelar o efeito repulsi- Yo, ou seja, as forgas que exciuem volume, mudando V na equacao do gis perfeito para V ~ nb, onde b & a constante Volume exclulde Fig. 1.16 Quando duas moléculas, cada uma de raior e volt ‘me ga = 477, Se aproximam uma da outta, o cen ‘ode uma delas nao pote penetrar numa esfera de rio 2r e, portanto, no volume By, «que envolve a oléeat. de proporcionalidade entre a redugao de volume e os moles de moléculas presentes no recipiente, Com essa modifica- lo, a equagao do ets perfeito muda de p = nRT/V para kT. V=nb Essa equagio de estado — ela nfo 6 ainda a equagdo de Van der Waals completa — descreve um gas em que as repulsdes so importantes, Observe que, quando a pressio for baixa, 0 volume € grande comparado com o volume exclufdo pelas moléculas (isto é, V >> nb). O termo nb pode enti ser ig- norado no denominador e a equagio se reduz & equagio de estado do gés perfito, Deve-se sempre verificar se uma equa gio se reduz a uma forma conhecida quando se faz uma apro- ximagao fisica razodvel. /O efeito das interagées atrativas entre as moléculas é re- duzir a pressio exercida pelo gis, Podemos modelat 0 efei- to supondo que a atracao experimentada por uma determi- nada moléoulaé proporcional &concentragao, /V, de m culas no recipiente, Como as atragdes reduzem a velocidade das moléculas, estas atingem as paredes menos freqlente- ‘mente e as colisdes ocorrem com menos fora. Podemos, Portanto, esperar que a redugo na pressio seja proporcio. nal a0 quadrado da concentragio molar, um fator de n/V refletindo a redugiio na freqligncia de colisdes € 0 outro fa- torarédugio na forga do seu impacto, Sea constante de pro- porcionalidade é escrita como a, podemos escrever : Redugio na pressio = a x (2) Segue-se que a equagiio de estado permit atragies € ido repulsées e aT ny wa (7) (1288) Essa expressio € a equacio de estado de Van der Waals. ara mostrara semelhana desta equagio © a equagio do gas perfeito pV = nRT, Eq, 1.23a, algumas vezes ela é escrita na forma 2 (> + lv = nb) = nRT (1.23b) Obtivemos a equagio de Van der Waals usando argumen- tos fisicos a respeito do volume das moléculas ¢ dos efei- tos das forcas entre elas. Entretanto, essa equacio pode ser deduzida de outros modos. O método que utilizamos tema vantagem de mostrar como deduzir a forma de uma equa- gio a partir de idéias gerais. Essa deducio também tem a vantagem de manter impreciso 0 significado dos parme- tros de Van der Waals, as constantes a e b: é muito me- Ihor que eles sejam considerados como parfimetros ‘empiricos do que como propriedades moleculares precisa~ ‘mente definidas. Os pardmetros de Van der Waals depen- dem do gés, mas so considerados como independentes da temperatura (Tabela 1.5). Podemos julgar a confiabilidade da equngiio de Van der ‘Waals comparancl as isotermas previstas por essa equa, ce que podem ser vistas na Fig. 1.16, com as isotermas ex- perimentais, que jé foram mostradas na Fig. 1.12. Tiran- do-se as oscilagées abaixo da temperatura critica, as isotermas de Van der Waals se parecem muito com as isotermas experimentais. As oscilagdes, que sto chamadas de ondulagies de Van der Waals, sao irreais, pois suge- rem que sob determinadas condigées um aumento da pres- stio resulta num aumento do volume. Portanto, essas ondu- lagGes so substituidas por linhas horizontais (Fig, 1.17): (Os parimetros de Van der Weals na Tabela 1.5 foram de- | TaBELA 1.5 Pardmetros de van der Waals dos gases al(2 atm mol) b/(L. mol) Amonia 47 0,037 Ar 14 0,039 Argonio 1,35 0,032 Diéxido de carbono 3,59 0,043 Etano 549 0,064 Eteno 447 0.057 Helio 0,034 0,024 Hiidrogénio 0,244 0,027 Nitrogénio 1,39 0,039 Oxigénio 1,36 0,032 Xendnio 419 0,051 a Fig. 1.16 Fig. 1.17 ‘As Prornzpants pos Gasts 29 on Tow, Isotermas calculadas usando a equagio de estado de van der Waals, Os eixos representam a pressio reduaida, p/p., ¢ 0 volume reduzido, V/V., onde >. = ale? @ V, = 3b, Os niimeros em cada uma das isotermas individuais tepresentam a tempera- ura reduaida, 1/7, onde T,= 8a/27Rb. A ssoterma com o niimero 1 & a jeoterma critica (a isoterma na ‘temperatura critica). ¥ . | 10 4 a : ‘As ondulagées irreais de van der Waals séo elim!- nadas desenhando-se retas que divide as voltas ‘em éreas de mesmo tamanho, Com esse procedi- mento, as isotermas se assemelham fortemente as {sotermas obeervadas experimentalmente. "Rrgentosercos most que wea herizntal deve ser tragada de modo qu as eas sobre sa ret sjam gua, 30 Gariruto Um terminados ajustando-se as curvas calculadas as isotermas experimentais, As isotermas do gis perfeito coincidem com as isotermas da equagio de Van der Waals em temperaturas altas e pres- s6es baixas, Para confirmar essa observacio, precisamos perceber que, quando a temperatura for alta, RT pode ser tf0 ‘grande que o primeiro termo a direita na Eq. 1.23a excede de muito 0 segundo, que pode ser entio desprezado. Além disso, a baixas pressdes, 0 volume molar & tio grande que V ~ nb pode ser substituldo por V. Conseqiientémente, nes- sas condig6es (de temperatura alta e pressio baixa), a Eq. 1.23a se reduz ap = nRTV, a equagho do gis perteito, 1.14 A LIQUEFACAO DE GASES. Um gés pode ser liquefeito ao ser resfriado abaixo do seu ponto de ebulicio, na pressdo em que ¢ feta a experiénciaa] Por exemplo, cloro a 1 atm pode ser liquefeito resfriando- 0 abaixo de ~34°C através de bankio com gelo seco (didxi- 4o de carbono s6lido). Para gases com pontos de ebuligdo ito baixos (como oxigénio enitrogénio, —183°Ce ~196°C, respectivamente), a técnica simples deserita para o cloro niio é possivel, a menos que um banho mais fri esteja dis- ponivel. ‘Uma técnica alternativa, ¢ comercialmente muito usada, faz uso das forgas que stuam entre as moléculas. Vimos an teriormente que a velocidade média quadritica das motécu- Jas num as é proporcional & raiz quadrada da temperatura q, 1:15). Logo, reduzir a velocidade média quadrética das moléculas 6 equivalente aresfiaro gés, Sea velocidade das moléculas puder ser reduzida ao ponto em que moléculas Vizinhas possam capturar uma aoutra pelas suas atragGes in- termoleculares, entio 0 gés resfriado se transformard num liquid, Para reduzir a velocidade das moléculas do gis, faze ‘mos uso de um efeito semethante ao que é visto quando uma bola é langada no ar: ao subir, a bola reduz a veloci- dade devido A atragao gravitacional da Terra e a sua ener- gia cinética é convestida em energia potencial. Como vi- ‘mos, as moléeulas atraem umas as outras (a atracdo no é ravitacional, mas oefeito 6 0 mesmo), logo se n6s puder- mos fazer com que uma molécula se afaste da outra, como tuma bola que sobe se afastando de um planeta, entfo elas devern reduzir as suas velocidades. E muito fécil fazer com que as moléculas se afastem umas das outras, basta permi- tirmos que o gas se expanda para que aumente a distincia média entre as moléculas!/Entéo, para resfriar um gis, per- mitimos que ele se expand sem deixar que nenhum calor penetre no recipiente. Quando isto ¢ feito, as moléculas se mover para preencher o volume dispontvel, lutando con- tra. atragio exercida pelas moléculas vizinhas{ Como al- guma energia cinética foi convertida em energia potenci- al, elas se deslocam mais lentamente, Portanto, como a velocidade média das moléculas foi reduzida, 0 gas est agora mais frio que antes da expansio. Esse proceso de resfriar um gas real através da expansio por uma abertu- ra estreita, chamada de “vélvula de pressio”, é chamado de efeito Joule-Thomson.' O procedimento é vélido somente para gases reais onde as interagGes atrativas so dominantes, pois é necessério que as moléculas se afastem uumas das outras na presenga de forgas atrativas para que las se desloquem mais lentamente\Para moléculas sujei- tas As condigdes em que as repulsdes sio dominantes (cor- respondendo aZ > 1), 0efeito Joule- Thomson resulta no aquecimento do gés. [Na pratica, 0 gas 6 expandido varias vezes, sendo recir- culado através de um dispositive chamado de refrigerador Linde (Fig. 1.18). A cada expansiio o gés fica mais fresco € como ele flui pasando pelo gas que esté entrando, este & resfriado adicionalmente, Depois de vérias expansbes suces- sivas, 0 gas fica tdo resfriado que se transforma em liquido (ocorre a condensagio do gis) Trocador 9 calor Compressor Valvula de presto Gas toto Fig. 1.18 O principio do refrigerador Linda. O gés 6 zecirou- lado esfriando 0 gs que esta a ponto de sofrer ex- pansio através da valvula de pressio, O gés se ex- pandindo esiria ainda mais. Evontualmente, 0 gs Iiquefeito goteja da valvula de prosato. of obser ease pins pr Janes Joe (jo nome € hemenagead dad de cer) ¢ Wiliam hanson (qe mate lomo Lode ais | AsProruepanss pos Gasts 31. EXERCICIOS CConsidere todos os gases como perfeitos, a menos que exis- ta informagto em contrétio, LL Qual a pressilo que é exercida por uma amostra com 2,045 g de nitrogénio gasoso num recipiente de volu- me igual a 2,00 L, a 21°C? Uma amostra de nednio, de massa igual a255 mg, ocu- pa 3,00 La 122 K. Qual a pressio que cla exerce? 12 1.3 Para surpresa de muitas pessoas, descobriu-se que o ‘monéxido de nitrogénio (NO) atua como neurotrans- missor. Para estudar o seu efeito, uma amostra foi co- letada num recipiente de volume igual a 250,0 mL. A 19,5°C, observou-se que a sua pressio era de 24,5 kPa, (Que quantidade (em moles) de NO foi coletada? Um equipamento doméstico para gaseificar 4gua usa cilindros de ago de diGxido de carbono de volume igual 4.250 mL. Cada um dos cilindros pesa 1,04 kg quan- do esté cheio e 0,74 kg quando esté vazio, Qual é a pressiio de g4s em cada cilindro, a 20°C? 15 _Ocfeito das pressdes altas sobre organismos, inclusi- Ye humanos, 6 estudado com o objetivo de se obter in- formagdes sobre mergulhos em éguas profundas e so- bre aanestesia. Uma amostra de ar ocupa 1,00 425°C € 1,00 atm. Que presto é necesséria para comprimir essa amostra a 100 cm’, nessa temperatura? Existe uma adverténcia para nao se descartar latas pressurizadas langando-as a0 fogo. O gés em um reci- piente desse tipo exerce uma pressio de 125 kPa, a 18°C. Quando o recipiente é langado no fogo a sua temperatura sobe a 700°C. Qual 6a presstio nessa tem- peratura? ‘Até que se ache um modo econémico de extrair oxi- genio da dguia do mar ou de rochas lunares, ele tem ue ser transportado com as pessoas quando estas VBo para lugares onde ele nfo existe ou est presente numa concentragio abaixo das necessidades dos seres hu- manos. O transporte do oxigénio é feito em tanques onde ele se encontra comprimido, Uma amostra de oxigénio na pressiio de 101 kPa é comprimida, atem- peratura constante, de 7,20 L até 4,21 L. Calcule a ressio final do gas. ‘A que temperatura deve ser resfriada uma amostra de hélio gasoso, inicialmente a 22,2°C, de modo a redu- zir seu volume de 1,00 L para 100 cm*? Baldes de ar quente conseguem ascender devido a0 abaixamento da densidade do ar que ocorre quando 0 arno balfo é aquecido. A que temperatura se deveria ‘aquecer uma amostra dear, inicialmente a 340 K, para ‘umentar seu volume de 14%? 14 16 a7 18 19 1.10 Ao nivel do mar, onde a pressio ¢ 104 kPa e a tempe- ratura 21,1°C, uma certa massa de ar ocupa 2,0 m°, Que volume essa massa de ar ocuparé quando subir para ‘uma altitude onde a pressao e temperatura sao, respec- tivamente, (a) 52 kPa, ~5,0°C, (b) 880 Pa, ~52,0°C? O volume de ar num sino de mergulho, quando ele esté em cima de um barco, é de 3,0 m?, Qual o volume de ar quando o sino atingir uma profundidade de 50 m? Considere a densidade média da 4gua do mar como sendo 1,025 g cm” e admita que a temperatura é a mesma du superficie, ‘Um baltio meteorolégico tinhia um raio de 1,0 m quan- do foi Iangado, ao nfvel do mar a 20°C; e se expandiu até um raio de 3,0 m ao atingira sua altitude maxima, onde a temperatura era de ~20°C. Qual a pressiio den- tro do baliio naquela altitude? Una mistura gasosa, que é usada para simular a atmos- fera de outro planeta, consiste em 320 mg de metano, 175 mg de argdnio e 225 mg de nitrogtnio. A pressio parcial do nitrogénio, a 300 K, é 15,2 kPa, Calcule (a) © volume e (b) a pressao total da mistura. 41a 112 1.13 1.14 A pressio de vapor da agua, na temperatura «le san- ‘gue, 647 Tort. Qual é a pressto parcial do ar seco em ‘nossos pulmBes quando a pressio total € 760 Tor? A determinagiio da densidade de um gés ou de um va- por pocle fomecer uma estimativa répida de sua massa ‘molar, embora a espectrometia de massa seja muito mais precisa, Determinou-se, a 330 K e 25,5 kPa, que 2 densidade de um determinado composto gasoso 1,23 g L!, Qual é a massa molar desse composto? AS 1.16 Numa experincia para a medida da massa molar de uum gas, 250 cm do gs foram confinados num recipi- ente de vidro. A pressio era 152 Torr, a 298 K, ea massa do gés era 33,5 mg. Qual é a massa molar do gis? Um recipiente de volume igual a 22,4 L contém 2,0, moles de H, ¢ 1,0 mol de Ny, a 273,15 K. Caleule (a) as suas pressdes parciais ¢ (b) a pressfo toval A composigdo das atmosferas planetatias é, em parte, fixada pelas velocidades das moléculas dos gases que as constituem, pois moléculas que se mover mais ra- pidamente podem alcangar a velocidade de fuga e as- sim deixar o planeta. Calcule a velocidade média dos (@) Atomos de He, (b) moléculas de CH, a ()77 K, Gi) 298 K, (ii) 1000 K. Em que pressio o livre percurso médio do arg6nio, contido num recipiente esférico de 1,0 L de volume, & 25°C, toma-se comparivel ao difimetro desse recipi- ente? Considere = 0,36 nm 17 118 119 32 1.20 121 1.22 1.23 1.24 128 1.26 Cartrato Ua Em que pressio o livre percurso médio do argénio, a 25°C, toma-se compardvel a 10 vezes 0 didmetro dos préprios étomos? Considere o = 0,36 nn. ‘Quando estamos estudando os processos fotoquimicos ‘que podem ocorrer na atmosfera superior, precisamos saber com que freqtiéncia étomos e moléculas colidem. A uma altitude de 20 km a temperatura é 217 Ke a pressio 0,050 atm, Qual ¢ 0 livre percurso médio das motéculas de N;? Considere o = 0,43 nm? ‘Quantas colisdes fiz um tinico étomo de Ar em 1,05 quando a temperatura é 25°C e a pressdo é (a) 10 bar, (b) 100 KPa, (c) 1,0 Pa? Caleule ontimero total de cotisées por segundo em 1,0 de argénio sujeito 4s mesmas condigbes que no Exer- cfcio 1.22, Quantas colisdes por segundo sto feitas por uma mo- Icula de Ny numa altitude de 20 km? (Veja os dados no Exercicio 1.21.) A expansio dos poluentes pela atmosfera é governa-

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