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Dra.

Carolina Giordani Silva


• Doutora em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com
período de 6 meses de Doutorado Sanduíche na Universidad Católica San
Antonio de Murcia (UCAM), na Espanha, contemplada com bolsa por meio
do Edital PRINT/CAPES;

• Mestrado em Enfermagem em (2011) e Graduação em Enfermagem pela


UFRGS (2002);

• Especialista em Enfermagem do Trabalho pela Faculdade São Camilo


(2008), Especialista em Nefrologia Multidisciplinar pela Universidade
Federal do Maranhão e UNASUS (2016);

• Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem e Docente de


Enfermagem na Faculdade Anhanguera de Porto Alegre;

• Atuou como Analista Técnica Plena no SESI/FIERGS na Gerência em


Segurança e Saúde do Trabalho (GESST);

• Atuou como docente pelo SENAI - Departamento Regional do Rio


Grande do Sul na área de Segurança e Saúde Ocupacional, Professora do
SEG - Sistema Educacional Galileu e enfermeira do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre;

• Experiência na área de Teorias de Enfermagem, Hemodiálise, Emergência


e Enfermagem Médico-Cirúrgica e Enfermagem do Trabalho.
IDENTIFICANDO SITUAÇÕES DE
EMERGÊNCIAS
Estudos comprovam que as duas primeiras horas após um acidente são
fundamentais para garantir a sobrevida ou recuperação das vítimas.

Emergência é uma constatação médica de um agravo com risco de vida


iminente, no qual o portador necessita de tratamento médico imediato e
que coloca a vida da pessoa em risco se ela não receber assistência em até
2 (duas) horas.

Urgência é um agravo súbito à saúde, com ou sem risco de vida, no qual


o portador precisa de assistência médica imediata e que coloca a vida da
pessoa em risco se ela não receber assistência em até 6 (seis) horas.

PRIMEIROS SOCORROS são, portanto, os atendimentos preliminares


prestados a uma vítima de acidente ou portador de mal súbito, para
mantê-los com vida e evitar complicações imediatas ou tardias, até a
chegada da assistência médica.

SOCORRISTA é a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para, com


segurança, avaliar e identificar problemas que comprometem a vida. É
responsabilidade do socorrista prestar socorro pré-hospitalar adequado,
sem agravar as lesões já existentes.

A Legislação Brasileira de Atenção às Urgências e às Emergências

A legislação brasileira na área de atenção às urgências e emergências


é relativamente recente e está em constante atualização. As
primeiras normatizações surgiram a partir do final da década de 1990
especificamente em 1998, com a Resolução n° 1.529 do Conselho Federal
de Medicina e com a Portaria GM/MS n° 2.923 do MS, que determinaram
investimentos na área de assistência às urgências e emergências, e
posteriormente, com a Portaria GM/MS n° 824/99, que estabeleceu
diretrizes e normas para a implantação de centrais de regulação médica
e de serviços de APH. Esta portaria foi revisada no ano de 2000 por
membros do MS e por especialistas na área de urgência e emergência,
sendo revogada a partir do lançamento da Portaria GM/MS n° 814/2001,
e estabeleceram diretrizes que culminaram na Portaria GM/MS n°
2.048/2002, denominada Regulamento técnico dos Sistemas Estaduais de
Urgência e Emergência.
No quadro abaixo, lista as principais portarias para a organização das
urgências no Brasil.

Principais Portarias para Organização das Urgências no Brasil

Portaria n° 2.923 de 9 de junho de 1998 - Institui o Programa de Apoio à Implantação dos Sistemas
Estaduais de Referência Hospitalar para Atendimento de Urgência e Emergência.

Portaria n° 824 de 24 de junho de 1999 - Estabelece diretrizes e normas para implantação de centrais
de regulação médica e de serviços de APH.

Portaria n° 2.048 de 5 de novembro de 2002 - Institui o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais
de Urgência e Emergência.

Portaria n° 1.863 de 29 de setembro de 2003 - Institui a Política Nacional de Atendimento a Urgências


(PNAU) a ser implantada em todas as unidades federadas, garantindo universalidade, integralidade e
equidade no atendimento às urgências de todas as naturezas.

Portaria n° 1.864 de 29 de setembro de 2003 - Institui o SAMU 192 como primeiro componente
da PNAU a ser implantado em municípios e regiões de todo o território brasileiro e discorre sobre o
investimento e o custeio para as viaturas que são utilizadas no SAMU 192.

Decreto Federal n° 5.055 de 27 de abril de 2004 - Institui o SAMU em municípios e regiões do


território nacional e dá outras providências.

Portaria n°2.971 de 8 de dezembro de 2008 - Institui o veículo motocicleta – motolância – como


integrante da frota de intervenção do SAMU em toda rede SAMU 192 e define critérios técnicos para sua
utilização.

Portaria n°1.601 de 7 de julho de 2011 - Estabelece as diretrizes para a implantação do componente


UPA 24h e o conjunto de serviços de urgência 24 horas em conformidade com a PNAU.

Portaria n° 2.395 de 11 de outubro de 2011 - Organiza o componente Hospitalar da Rede de


Atendimento a Urgência no âmbito do SUS.

Portaria n° 2.994 de 13 de dezembro de 2011 - Aprova a linha de cuidado do Infarto Agudo do


Miocárdio e o Protocolo de Síndromes Coronarianas agudas; cria e altera procedimentos na tabela de
procedimentos, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do SUS.

Portaria n°665 de 12 de abril de 2012 - Dispõe sobre os critérios de habilitação dos estabelecimentos
hospitalares, como centro de atendimento de urgência aos pacientes com acidente vascular cerebral
(AVC), no âmbito do SUS, institui o respectivo incentivo financeiro e aprova a linha de cuidados em AVC.

Portaria n°1.365 de 8 de julho de 2013 - Aprova e institui a linha de cuidado ao trauma na rede de
atenção às urgências e emergências.
PRIORIDADES EM ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA

• Garantir a própria segurança;


• Avaliar os riscos presentes no local;
• Acionar a equipe de resgate;
• Se houver segurança, iniciar o atendimento da vítima.

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

O EPI é um dispositivo destinado à proteção da integridade física do


socorrista, durante a realização de atividades onde possam existir riscos
potenciais para sua pessoa.

EPI’s básicos:
• Luvas descartáveis;
• Máscara facial;
• Óculos de proteção;
• Avental e capacetes – opcionais.

ACIONAR EQUIPE DE RESGATE

Manter a calma e informar:


• Seu nome;
• Local da ocorrência;
• O tipo de acidente;
• Situação da(s) vítima(s).
Os casos mais graves do ponto de vista dos primeiros-socorros são:

Obstrução das vias aéreas e/ou parada respiratória;


C Parada cardíaca;
Instabilidade Hemodinâmica;
Choque elétrico;

Convulsão;
I Acidente vascular cerebral;
Infarto Agudo do Miocárdio;
Complicações do DM.

P *Fraturas;

PROCEDIMENTOS GERAIS PARA PRESTAR OS PRIMEIROS SOCORROS

• Manter-se calmo e conduzir o socorro com serenidade, compreensão e


segurança;
• Identificar-se para a vítima em voz alta e clara;
• Informar a vítima sobre o que está acontecendo e os procedimentos que
estão sendo realizados;
• Sinalizar o local para evitar outros acidentes e dispersar os curiosos;
• Peça ou mande pedir um resgate especializado;
• Jamais oferecer líquidos para a vítima;
• Mantenha, de preferência, a vítima na posição em que se encontra,
exceto se ela estiver em parada cardíaca;
• Mantenha a vítima respirando;
• Evite a perda de sangue;
• Não retire do corpo objetos penetrantes.

SINAIS VITAIS

O mecanismo que governa a temperatura, o ritmo do pulso e da


respiração está tão inter-relacionado que uma variação considerável
do valor normal já é considerado um sinal de alerta para uma possível
instabilidade hemodinâmica. Daí a importância da verificação dos sinais
vitais ao primeiro contato com a vítima para uma avaliação eficiente.

Instabilidade hemodinâmica é um termo que se reporta, comumente, a


uma pressão arterial persistentemente anormal ou instável, especialmente
hipotensão.

Os sinais de instabilidade hemodinâmica são extremidades frias, tempo de


enchimento capilar prolongado, pulsos finos e rápidos e hipotensão arterial
sistêmica.
Estes sinais em uma emergência são considerados preciosos, pois cada
segundo pode salvar vidas.

RESPIRAÇÃO

Há dois tipos de respiração: torácica e diafragmática.

Sempre que houver mais dióxido de carbono e menos oxigênio no sangue,


haverá a tendência de aumentar o número e a profundidade da respiração.

A FR é classificada em normal = 15 a 20mrpm


rápida > 20mrpm
lenta < 12mrpm

A respiração é constituída pelo círculo completo de uma inspiração e uma


expiração.

Observe o ritmo: regular ou irregular.

Verifique se é normal, superficial ou profunda.

Observe se a vítima respira com facilidade ou com dor.

Conte o número de respiração de 30 segundos a 1 minuto.

FR > 24mrpm ou FR < 8mrpm são considerados graves.

PULSO

Denomina-se de pulso a distensão ou pulsação dos vasos sanguíneos


(artéria), produzidos por uma onda de sangue que é envolvida pelo
ventrículo esquerdo cada vez que contrai.

Adulto normal a FC = 60-80bpm

Devemos considerar na verificação do pulso: frequência, ritmo e volume.


Mãos enluvadas sempre, jamais use o polegar, conte quantos pulsos dá
durante 1 minuto completo e observe o ritmo do batimento, enquanto está
contando.

Se houver a diminuição do débito cardíaco, os pulsos periféricos se


enfraquecem, ficando, assim, mais difícil de palpar.

Débito cardíaco: é o volume de sangue bombeado pelo coração no


período de um minuto. Normalmente, um adulto bombeia 5.000ml de
sangue por minuto.
LOCALIZAÇÃO DO PULSO

Observe se são regulares, se é forte e cheio fica mais sensível para sentir.

Nas situações de emergência, devido à ansiedade, é muito comum


encontrar as vítimas com FC ao redor de 100bpm.

Considerar como situação grave vítimas que tiverem mais FC > 100bpm ou
FC < 50bpm.

O SUPORTE BÁSICO DA VIDA

O Suporte Básico de Vida é um conjunto de medidas utilizadas para


restabelecer a vida de uma vítima em parada cardiorrespiratória, até a
assistência médica especializada chegar.

Salvar uma vida envolve uma sequência de passos, sendo que cada um
deles influencia a sobrevivência da vítima. Esses passos formam os elos
da cadeia de sobrevivência descritos e orientados pelas Diretrizes da
Associação Americana do Coração (AHA) de 2020. São eles:

C - A RESTAURAÇÃO DA CIRCULAÇÃO

A - O CONTROLE DAS VIAS AÉREAS

B - O CONTROLE DA VENTILAÇÃO
PROBLEMAS QUE COLOCAM EM RISCO À VIDA POR ORDEM DE
IMPORTÂNCIA

C – Circulação: Parada cardiopulmonar e grandes sangramentos;


A – Vias aéreas: Obstrução das vias aéreas por queda da língua, alimentos,
prótese dentária, lesões graves no rosto e sangue na boca;
B – Ventilação: Ausência de ventilação ou ventilação agônica.

AVALIAÇÃO DA VÍTIMA

Avaliar seguindo uma ordem de prioridade:

1. Verificar se está consciente. Se não houver resposta:

C - Circulação

• Localizar o ponto para compressão, no centro do peito entre a linha dos


mamilos;
vIniciar as compressões torácicas, fazendo 30 compressões para 2
ventilações mantendo um ritmo de 100 compressões por minuto com 5cm
de profundidade;
• Providenciar o desfibrilador;
• Quando parar? Quando a vítima apresentar resposta ou um profissional
do resgate assumir a ocorrência;
• Seguir para as vias aéreas.

De acordo com as novas diretrizes em reanimação da Associação


Americana do Coração, AHA. 2010.
TÉCNICA DE COMPRESSÃO TORÁCICA NO ADULTO

Desfibrilador

A - Abrir as vias aéreas (se suspeitar de lesão na coluna vertebral, não


movimentar a vítima, apenas posicionar a via aérea).

Obstrução das vias aéreas pela queda da língua ocorre em vítima


inconsciente

A - DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS PELA QUEDA DA LÍNGUA


A - DESOBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS PELA QUEDA DA LÍNGUA
COM SUSPEITA DE LESÃO DE COLUNA

A - DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS: REMOÇÃO DE CORPO


ESTRANHO

Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, com a cabeça e o pescoço


no mesmo plano do corpo e, com o dedo polegar abra a boca, tracionando
o queixo. Ao mesmo tempo, introduza o dedo indicador na boca da vítima,
retirando, com rapidez, o material que esteja obstruindo a via aérea.

A - COMPRESSÃO ABDOMINAL

O socorrista se posiciona atrás da vítima e passa os braços ao seu redor,


segurando o punho com uma das mãos e pressionando o abdome com a
outra.

Manobra de Heimlich
A - COMPRESSÃO TORÁCICA

Se a vítima tiver abdômen grande, for gestante ou tiver traumatismo


abdominal, o socorrista passa as mãos abaixo dos braços, circulando a
parte inferior do tórax e pressionando com o punho num rápido empurrão
para trás.

B - AVALIAÇÃO DA VENTILAÇÃO

Iniciar ventilação artificial (2 ventilações no tempo de 1 seg por ventilação).


B - TÉCNICAS DE VENTILAÇÃO

USO DE AMBÚ + OXIGÊNIO

Observação: Conforme orientação AHA (2020) – socorrista leigo ou não


proficiente não deve realizar ventilação artificial, apenas compressões
torácicas.

HEMORRAGIAS E FERIMENTOS

A hemorragia é a perda de sangue que pode ser interna ou externa.


Hemorragia externa é classificada em:
Como conter uma hemorragia:

Usar por etapas:

• Compressão direta;
• Elevação do membro afetado;
• Compressão de pontos arteriais;
• Curativo compressivo.

Obs. Torniquete somente é utilizado como último recurso!

1) Usar inicialmente uma compressão direta

2) Pontos de pressão arterial: Femoral ou Braquial

3) Elevação do membro
• Em ferimentos na cabeça não fazer compressão, apenas firmar a
compressa no ferimento e manter estabilizada a coluna cervical;
• Não dar líquidos;
• Proteger contra perda de calor;
• Manter as vias aéreas liberadas;
• Controlar hemorragias externas.

EPISTAXE - HEMORRAGIA NASAL

• Manter a pessoa sentada, com a cabeça ereta, respirando pela boca;


• Apertar as narinas firmemente durante uns 10 minutos;
• Se a hemorragia não cessar, colocar um chumaço de algodão ou gaze
dentro do nariz e voltar a apertar um pouco as narinas;
• Colocar uma toalha molhada com água fria ou gelo na cabeça;
• Deixar o chumaço de algodão ou gaze no nariz por algumas horas,
depois retirar com cuidado.

CHOQUE ELÉTRICO

Os danos resultam dos efeitos diretos da corrente e a conversão da


eletricidade e calor durante a passagem pelos tecidos.

A severidade do trauma depende de alguns fatores:

• O tipo de corrente, contínua ou alternada (causa maiores danos);


• A intensidade da voltagem;
• O tempo de contato com a energia;
• O caminho percorrido pela eletricidade.

Fatores importantes na determinação da gravidade do choque elétrico:


intensidade da corrente

A corrente que circula em nosso corpo dificilmente ultrapassa os 25mA.


É a partir dos 30mA que a corrente pode começar a provocar efeitos
danosos em nosso corpo, indo desde um leve formigamento, passando
pela paralisia momentânea e pela tetanização (rigidez total dos músculos),
e podendo chegar a fibrilação (movimentos descoordenados do coração),
parada cardíaca ou respiratória.

Cuidados

• Garantir a própria segurança;


• Não tocar na vítima sem antes desligar a fonte de energia;
• Avaliar o nível de consciência e a respiração;
• Atentar para a possibilidade de fraturas e lesão na coluna vertebral;
• Avaliar se há queimaduras;
• Encaminhar a vítima para atendimento médico.

QUEIMADURAS

Queimadura é uma lesão causada por agentes térmicos, químicos, elétricos


ou radioativos que agem no tecido de revestimento do corpo humano,
podendo destruir a pele parcial ou totalmente, inclusive camadas mais
profundas, como tecido subcutâneo, músculo, tendões e ossos, tubo
digestivo, árvore respiratória e sistema urogenital.

Classificação das Queimaduras

A - Profundidade
B - Extensão

Alguns fatores que contribuem para a gravidade da queimadura:

• Profundidade;
• Extensão (3° grau mais de 10% de SCQ e 2° grau mais de 25% de SCQ);
• Inalação de gases e vapores aquecidos;
• Queimaduras elétricas;
• Traumas associados.

Cuidados

• Prevenir a contaminação;
• Remover roupas que não estejam aderidas à queimadura;
• Não romper as bolhas;
• Retirar anéis, relógios, pulseiras, etc.;
• Promover o resfriamento da lesão usando água limpa ou soro fisiológico
durante alguns instantes.
• Atentar para queimadura por inalação (pelos nasais queimados, escarro
carbonado);
• Cobrir a lesão com curativo estéril ou limpo que não solte fragmentos,
curativo úmido usar somente se a queimadura for menor que 10% de área
do corpo queimada;

EMERGÊNCIAS CLÍNICAS CHOQUE

Choque é o déficit da perfusão tissular periférica, ou seja, por algum


motivo, ocorre falha na distribuição de sangue aos tecidos e as células
começam a entrar em sofrimento devido a falta de oxigênio. Se esta
condição não for revertida, leva à morte.

O choque hipovolêmico é um tipo de choque que mais ocorre em


situações de acidentes, e é caracterizado por uma reação do corpo em
resposta ao colapso do sistema circulatório, no qual não consegue mais
prover sangue de forma adequada para todos os órgãos vitais do corpo.

Sinais e Sintomas do Choque Hipovolêmico:

• Respiração rápida e superficial;


• Pulso rápido e fraco;
• Pele fria, pálida e úmida;
• Sede;
• Queda da pressão.

OBS: O socorrista não consegue reverter o estado de choque.

Tratamento do Choque Hipovolêmico:

• Posicionar a vítima em decúbito dorsal;


• Elevar os membros inferiores, exceto se houver fraturas;
• Manter suporte básico de vida;
• Controlar as hemorragias externas;
• Prevenir a perda de calor corporal;
• Transportar para um hospital.

CRISES CONVULSIVAS

As convulsões são episódios de atividade anormal de natureza motora,


sensorial, autonômica ou psíquica (ou em uma combinação destas) como
consequência de súbita e excessiva descarga dos neurônios cerebrais,
podendo envolver parte ou todo cérebro. De modo geral, as convulsões
são súbitas e transitórias.

As causas das convulsões são criadas e classificam-se como idiopáticas


(genéticas, defeitos evolutivos) e adquiridas.

Quando as convulsões são severas ou prolongadas, pode ocorrer lesão


cerebral. Durante a crise há o risco de hipóxia, vômitos e aspiração
pulmonar e anormalidades metabólicas.
Cuidados

Durante a crise convulsiva, o objetivo do socorrista é o de prevenir


traumatismo para a vítima; tal cuidado inclui não somente o apoio físico,
como também o psicológico.

• Proporcionar conforto no solo, se possível;


• Proteger a cabeça com almofada para evitar traumatismo (por impacto
em superfície dura);
• Afastar qualquer móvel para possível lesão a vítima durante o quadro;
• Não tentar abrir a boca fechada durante um espasmo para tentar
introduzir qualquer material; tal ação pode resultar em fratura dentária e
trauma labial;
• Manter, após a crise, a vítima em decúbito lateral, para evitar a aspiração,
certificando-se de que as vias aéreas estejam desobstruídas;
• Colocar a vítima em decúbito lateral para facilitar a expulsão da salivação
excessiva, com alguma estrutura macia sob seu corpo e cabeça;
• A vítima deve ser observada até a recuperação da consciência;
• No período pós-convulsivo imediato, muitos ficam confusos e
desorientados, devendo ser protegidos, mas não contidos.
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - AVC

O AVC é definido pela interrupção do suprimento sanguíneo ao


cérebro em resposta às alterações de fluxo ou alterações do sistema de
coagulação. Pode ser classificado em hemorrágico e isquêmico e, então,
subtipos. O AVC isquêmico é responsável por aproximadamente 85% de
todos os casos.

O AVC compõe um grande desafio para a saúde pública, contribuindo de


forma significativa para a sobrecarga global das doenças cardiovasculares.
É a segunda maior causa de mortalidade no mundo, em face do número
representativo de 5,7 milhões de mortes por ano, com a maior parcela
(85%) atribuída aos países em desenvolvimento.

No Brasil, o AVC representa a primeira causa de morte em adultos e a


principal causa clínica de incapacidade, o que concebe importante impacto
social e econômico na saúde do País.

Na vítima com AVC, o fator tempo está diretamente ligado ao sucesso


no atendimento, exigindo rapidez na resposta frente às demandas da
população, associado ao reconhecimento precoce dos sinais e sintomas.

Sinais e sintomas mais comuns: Hemiparesia, disfasia (incapacidade de


ordenar palavras), disartria (incapacidade na articulação ou pronúncia
das palavras), paresia facial, desorientação espacial, alterações motoras
ou sensitivas, incoordenação dos membros ou da marcha, diplopia (visão
dupla), amnésia, comprometimento da consciência.

Na avaliação inicial, algumas informações relevantes, como o início das


manifestações clínicas e o que a vítima estava fazendo no momento do
início dos sintomas, auxiliam no diagnóstico. Deve-se suspeitar de AVC
principalmente se a apresentação dos sinais e sintomas é súbita e de
progressão rápida.
Cuidados

No AVC o principal papel do socorrista é atentar nos sinais e sintomas


da vítima, identificando o início do AVC e comunicando o serviço de
emergência o mais rápido possível.

É importante tranquilizar a vítima, deixá-la deitada e estar atento a


alterações de consciência da vítima.

Com a instituição da linha de cuidados do AVC na rede básica, foram


identificados e definidos hospitais de referência para atendimento precoce
do AVC, com estrutura para atendimento do paciente mais complexo e
dos pacientes para tratamento com trombólise intravenosa. Por isso, é
importante que o socorrista chame o mais rápido possível o serviço de
emergência, neste caso, o recomendado é o SAMU, para fazer a remoção
para o hospital adequado.

CRISES HIPERTENSIVAS E HIPOTENSIVAS

A crise hipertensiva é uma elevação grave da pressão arterial em repouso,


que pode produzir necrose vascular à medida que a pressão diastólica
excede a 140mmHg.

A velocidade a qual ocorre a elevação na pressão pode ser mais destrutiva


do que a hipertensão arterial de longo prazo. A mortalidade associada à
crise hipertensiva que não é tratada é de 75% em um ano.

Causas: Hipertensão essencial mal controlada ou não tratada, adesão


precária ao tratamento e doença renal.

Achados de avaliação: Pressão arterial diastólica acima de 140mmHg,


cefaleia pulsante, perda de visão, confusão e falta de ar.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima e encaminhá-la ao


serviço médico de urgência para que ela receba medicação para reduzir o
nível da pressão arterial.

A crise hipotensiva é uma queda grave da pressão arterial em repouso,


que pode ser causada por calor excessivo, hipoglicemia, estado de choque
e hemorragia interna, tendo como principal consequência a síncope ou
desmaio.
Normalmente, a pressão arterial sistólica cai abaixo de 90mmHg.

Achados de avaliação: pressão arterial sistólica abaixo de 90mmHg,


palidez, tontura, perda súbita da visão, perda de força nos membros, perda
momentânea de consciência e queixas de fraqueza.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima, principalmente


dependendo da área que trabalha na empresa, pois no caso de sofrer um
desmaio, pode ter complicações associadas.

Além disso, é importante deitar a vítima, com membros inferiores elevados,


para evitar perda de consciência.

Encaminhar imediatamente ao serviço médico especializado para uma


avaliação mais minuciosa, pois o tratamento específico vai depender da
causa que gerou a queda de pressão.

DESMAIO

É a perda de consciência de curta duração que não necessite manobras


específicas de recuperação.

Causas:

• Queda da pressão arterial;


• Calor excessivo;
• Esforço físico;
• Baixa taxa de glicose no sangue.

Cuidados

• Cuidado com a possibilidade de trauma na coluna vertebral se houver


queda;
• Manter a vítima deitada, elevando os membros inferiores mais ou menos
20cm;
• Liberar as vestimentas apertadas;
• Retirar a pessoa do local com pouca ventilação ou muito quente;
• Encaminhar para atendimento médico.
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO – IAM

O IAM causa a morte do tecido do músculo miocárdio devido ao


suprimento inadequado de sangue ao coração. É produzido por um
desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio para o miocárdio,
tendo como causa principal a instabilização de uma placa aterosclerótica.

Causas: oclusão do fluxo sanguíneo da artéria coronária devido a trombo


coronariano em uma lesão de alto grau, aumento das demandas de
oxigênio e redução da pressão de perfusão da artéria coronária.

Achados da avaliação: dor torácica subesternal em opressão, que pode


irradiar para maxilar inferior, ombros ou para região posterior, ou descer
para um ou ambos os braços ou pode ser assintomática, dor não aliviada
por repouso e posição, dispneia (falta de ar), sudorese intensa, náuseas
ou vômitos, ansiedade, redução da pressão sanguínea, elevação da
temperatura, taquicardia e confusão mental e síncope.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima para identificar possível
início do IAM.

Deixar a vítima em repouso, evitando esforço para diminuir as exigências


de oxigênio.
Encaminhar imediatamente ao serviço médico especializado para uma
avaliação mais minuciosa, pois o tratamento específico vai depender da
artéria coronária afetada, sendo necessário realização de cateterismo
cardíaco para identificar a área cardíaca, em grande parte dos casos,
colocação de stent, e em situações mais críticas, só a revascularização do
miocárdio por meio de cirurgia cardíaca é que resolve o problema.

DIABETES MELLITUS – DM

O DM é uma doença de etiologia complexa, relacionada a causas genéticas


e ambientais. Acredita-se que o fator genético atua sobre o ambiental e
vice e versa. Hoje, sabe-se da existência de mais de 70 genes relacionados
à diabetes.

O DM pode resultar de defeitos de secreção e/ou da ação da insulina,


envolvendo processos patogênicos específicos, como destruição das
células beta pancreáticas, resistência à ação da insulina, distúrbios da
secreção da insulina, entre outros.

A resistência à insulina refere-se a uma condição genética ou adquirida,


na qual há resposta biológica subnormal a determinada concentração de
insulina, basicamente em músculo, fígado e tecido adiposo.

A DM pode ser classificada em dois principais tipos:

DM tipo 1: Ocorre destruição das células beta, que possuem deficiência


absoluta de insulina. Há também, menor concentração familiar. Esse tipo
de DM está associado mais a causas imunomediadas e idiopáticas e é
comumente observado em crianças, adolescentes e adultos jovens, no
entanto, indivíduos de qualquer idade podem desenvolvê-lo. Além disso,
é mais frequente em indivíduos magros. O início dos sintomas se dá de
forma aguda, há grandes flutuações da glicemia e rápida deterioração
clínica, se não tratada com insulina.
DM tipo 2: É mais frequente em indivíduos com mais de 40 anos,
obesos e sedentários. Existe maior concentração familiar, com 100% de
concordância em gêmeos idênticos. O início dos sintomas é insidioso,
podendo permanecer assintomático por longos períodos. A glicemia é
mais estável.

O DM é considerado uma das principais doenças crônico-degenerativas da


atualidade, constituindo um dos problemas de saúde de maior relevância
na área da saúde pública. Além disso, representa uma carga adicional
à sociedade, em razão da baixa produtividade de seus portadores no
trabalho, aposentadoria precoce e mortalidade prematura. Cerca de
50% da população brasileira com DM não sabe que é portadora da
doença; algumas vezes, inclusive, permanece sem diagnóstico até que se
manifestem sinais de complicações.

CETOACIDOSE DIABÉTICA

A cetoacidose diabética é uma condição grave de hiperglicemia


e cetonemia resultante da produção deficiente de insulina ou da
incapacidade das células de utilizarem insulina. É a complicação mais
comum do DM.

Na ausência de glicose, a gordura é quebrada para produzir energia, isso


resulta em cetonúria e cetonemia. A glicose normalmente está acima de
500mg/dL.

A cetoacidose diabética pode levar a desidratação grave e depleção de


eletrólitos, devido à diurese osmótica entre outros fatores. Os sinais e
sintomas desenvolvem-se rapidamente e requerem atenção imediata.
Achados da avaliação: pele seca, ruborizada, desidratação, evidenciada
por mucosas secas e turgor cutâneo diminuído, respirações rápidas e
profundas, poliúria, polifagia, polidipsia, febre, náuseas, vômitos e dor
abdominal e alteração do nível de consciência, devido a irritabilidade que
progride para o coma.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima para identificar possível
início de cetoacidose.

Encaminhar imediatamente ao serviço médico especializado para uma


avaliação mais minuciosa como realizar um hemoglicoteste (HGT), para
avaliar os níveis de glicose no sangue e iniciar com medidas de controle
da glicose, que neste caso, DEVE ser insulina, mas apenas sob orientação
médica.

HIPOGLICEMIA

A hipoglicemia é uma condição grave na qual os níveis séricos de glicose


caem para menos de 50mg/dL. Os sinais e sintomas surgem subitamente
e requerem ação imediata de correção. Podem ocorrer dano cerebral
irreversível e infarto agudo do miocárdio se a hipoglicemia não for
imediatamente corrigida.

Achados de avaliação: pele fria e viscosa, cefaleia, sudorese intensa,


tontura, marcha cambaleante, fome, náuseas, agitação, fadiga, ansiedade,
tremores ou convulsões, visão turva e incapacidade de concentração,
progredindo para alteração do sistema nervoso central.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima para identificar sinais de
hipoglicemia.

Encaminhar imediatamente ao serviço médico especializado para uma


avaliação mais minuciosa como realizar um hemoglicoteste (HGT), para
avaliar os níveis de glicose no sangue e iniciar com medidas para recuperar
os níveis de glicose, uma boa estratégia é verificar se a vítima está muitas
horas sem se alimentar e, em caso positivo, providenciar lanche para
vítima.

Em casos mais graves, apenas a glicose administrada por via endovenosa,


sob prescrição médica é que é efetivo.

ASMA E DISPNÉIA
Asma é uma doença crônica das vias aéreas, apresentando períodos de
exacerbação, o que leva a insuficiência respiratória. Pode ser inserida
num contexto de atopia ou não (como nos casos de asma ocupacional). É
caracterizada por broncoespasmo e hiperreatividade brônquica em graus
variáveis, com substrato patológico inflamatório. As crises têm como
característica a melhora com tratamento ou até mesmo espontânea. É um
grave problema de saúde pública, dados do SUS revelam que, a cada ano,
mais de 367 mil brasileiros dão entrada nos hospitais vitimados por essa
doença.

Achados de avaliação: dispneia extrema com expiração prolongada,


rubor nasal, uso de músculos acessórios, tiragem intercostal, sibilos, sons
pulmonares diminuídos, tosse não produtiva ou com escarro espesso e
viscoso, taquipneia, taquicardia, fadiga, ansiedade, agitação e evolução
com rebaixamento do nível de consciência até coma.

Cuidados

O socorrista deve estar atento aos sinais da vítima de falta de ar e


dificuldade de manter os movimentos respiratórios.

Encaminhar a vítima imediatamente para o serviço médico especializado


para iniciar com oxigenioterapia e medicação específica, principalmente
por meio de nebulizações conforme avaliação e prescrição médica.

FRATURA

É a quebra da solução de continuidade de um osso.

Reconhecimento:

• Dor;
• Edema, (inchaço);
• Deformidade;
• Perda da função.
Cuidados:

• Não movimentar a vítima sem antes imobilizar;


• O objetivo da imobilização provisória é reduzir a dor e evitar o
agravamento da lesão;
• Expor o local;
• Retirar relógio, pulseiras, etc.;
• Nas fraturas expostas proteger o ferimento controlando a hemorragia;
• Imobilizar uma articulação abaixo e uma articulação acima do local da
lesão.

TALAS PARA IMOBILIZAÇÃO

PERNA IMOBILIZADA
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