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Tribuições Do Orientador Educacional Na Construção Humana Da Escola
Tribuições Do Orientador Educacional Na Construção Humana Da Escola
Vanessa FUECHTENBUSCH[1]
1 Introdução
Por acreditar que seja possível a construção de um mundo melhor e que
tudo inicia na educação com nossas crianças e jovens que a presente pesquisa
tem como finalidade apresentar as atribuições de uma orientação educacional
que se torna tão importante. Nesse processo precisamos de profissionais
competentes, voltados à uma prática social ampla, a serviço da escola, que é
sempre repleta de desafios.
O orientador com seu papel mediador na escola possibilita auxiliar nas
transformações da escola e com isso da sociedade. Na atualidade se torna
imprescindível a atuação desse profissional numa perspectiva
crítica, conscientizadora e com ética no auxílio a pais e alunos e também na
melhora moral, desenvolvendo valores na formação humana.
O trabalho do orientador é conduzir o aluno em situações de caráter
didático-pedagógico, socioculturais, relações interpessoais construídas no
cotidiano escolar. Conscientizando pais, alunos e comunidade escolar sobre a
grande necessidade de mudança que a sociedade precisa, trabalhando em
conjunto na formação de cidadãos mais justos, solidários e interessados por um
mundo melhor.
Ainda existem escolas onde os educadores estão preocupados somente
em desenvolver o cognitivo, esquecendo do emocional que se torna relevante
para um aprendizado sadio, impossibilitando a formação de indivíduos
preparados para enfrentar a vida fora da escola.
A cada dia se torna visível a dificuldade que alguns pais encontram em
educar seus filhos, por falta de tempo, paciência e muitas vezes por realmente
não saber como agir. Com isso a responsabilidade da escola na vida de seus
alunos vem aumentando. Somente profissionais capacitados, com inteligência
emocional, que sabem dialogar é que vão conseguir auxiliar esses pais e alunos,
e quem vai realizar essa tarefa na maioria dos casos é o orientador educacional.
A escolha da metodologia dessa pesquisa deu-se por meio de estudos
bibliográficos, nascendo então a profunda vontade de conhecer a função desse
profissional no ambiente educacional e seu papel frente às diversas dificuldades
encontradas na formação integral dos alunos no cotidiano escolar.
Para tanto, justifica-se este trabalho, com respaldo de que a orientação
educacional tem sido considerada como uma das principais e simbólicas funções
exercidas no ambiente escolar, pois é entendida como um resgate dos valores
humanos, psicossociais e culturais do aluno em seu processo de formação.
O objetivo geral da pesquisa foi estudar o papel do orientador educacional
na escola atual, assim como estabelecer o elo entre família, aluno e escola. E de
forma específica, apontar a função do orientador no ambiente escolar. Dessa
forma, o problema que deu origem ao artigo foi como o orientador educacional
pode desenvolver ações para auxiliar na formação humana dos alunos.
Ser orientador é uma opção, mas atuar como orientador significa enfrentar constantes desafios,
buscando desenvolver atitudes cotidianas que promovam a união e integração. O orientador atua
promovendo uma prática que inclui, combatendo a discriminação, compreendendo e auxiliando
o aluno em seu desenvolvimento pleno, sem preconceitos, com muito respeito, independente de
sua condição econômica, da aparência física ou opção sexual de todos os sujeitos da educação.
Ser orientador é uma função na qual a intenção de solidariedade é o maior valor. (NOAL, 2004,
p. 14).
Há no ensino, na função de ensinar, em gérmen, sempre ação administrativa. Seja a lição, seja
a classe, envolve tomada de decisões, envolve administração, ou seja, plano, organização,
execução, obediente a meios e técnicas. De modo geral, o professor administra a lição ou a
classe, ensina, ou seja, transmite, comunica o conhecimento, função antes artística do que
técnica, e oriente ou aconselha o aluno, função antes moral, envolvendo sabedoria, intuição,
empatia humana (TEIXEIRA, 1968, p. 17).
Toda instituição escolar necessita de uma estrutura de organização interna, geralmente prevista
no regimento escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O termo estrutura tem
aqui o sentido de ordenamento e disposição das funções que asseguram o funcionamento de
um todo, no caso, a escola (LIBÂNEO, 2004, p. 127).
Eleger a educação como valor maior optando, preferencialmente, pela criança e pelo jovem ser
em desenvolvimento. Investir na formação humana acreditando que o ser humano busca, de
modo inerente, o conhecimento e uma compreensão do mundo. Fundamentar a ação
educacional numa ótica transformadora, crítica e criativa (buscar um referencial). Subsidiar a
prática pedagógica trazendo o trabalho com trabalho como fio condutor do currículo (trabalho
como categoria social básica).
O sigilo das informações constantes dos prontuários dos alunos deve ser igualmente preservado.
Assim, questionários preenchidos com dados mais íntimos sobre o aluno e seus familiares;
resultados de entrevistas e de testes de opiniões de professores sobre determinado aluno devem
ser mantidos fora do alcance de pessoas que, propositada ou casualmente, possam chegar a
eles. Por esse motivo, tais dados devem ser arquivados no serviço do orientador educacional em
local seguro, com chave, ao qual apenas o orientador educacional tenha acesso (GIACAGLIA;
PENTEADO, 2006, p. 12).
Para Grinspun (1998), um dos motivos pelo qual uma parte dos alunos
não concluem o ensino fundamental se dá pela distância que a escola mantém
da comunidade onde está inserida, sendo que para um melhor aprendizado e
realização de projetos já foi comprovada a importância de valorizar a cultura do
grupo. Para Bonow (1959), "os alunos, ao ingressarem na escola, são
portadores da cultura que adquirem na comunidade", sendo assim, que há
"necessidade do conhecimento da comunidade e o entrosamento da escola com
as demais instituições para que a ação educativa se realize eficientemente" (p.
16).
No trabalho do orientador vai ser feito uma observação, análise, reflexão
para estimular o processo educacional da turma na escola e comunidade,
integrando os fatores psicológicos e sociais, que envolvem o aluno com base na
pessoa (GRINSPUN, 1998). Com a tarefa de aproximar escola e comunidade, a
orientação abrange outras instituições mostrando possibilidades de trabalho
conjunto. É nesse caminho que o orientador educacional vai realizar seu trabalho
com o compromisso de desenvolvimento de uma sociedade mais justa.
Para incorporar essas medidas e levantar uma reflexão sobre situações
da vida contemporânea e na resolução de problemas que Kindel (2012)
acrescenta: são fazeres de alunos e professores que buscam, na comunidade
em que vivem, a motivação e o apoio para tornar a sua participação relevante e
possível. São fazeres de pessoas que compreendem que todos podem aprender
e que, para isso, é necessário engajar-se nessa meta (p. 15).
Ayub (2001, p. 4) acrescenta:
Organizar os saberes rompendo com a fragmentação, a pretensa neutralidade, a ditadura do
pensamento único, construindo uma nova relação com o conhecimento. Articular com todos os
segmentos da comunidade escolar o processo de trocas e discussão permanente. Politizar as
relações organizando instâncias de participação e representatividade. Realizar análises de
conjuntura, proclamando a utopia da sociedade justa. Denunciar o conformismo, a competição,
o preconceito, a exclusão, o analfabetismo, o privilégio, as relações de poder. Anunciar a
cooperação, as ações coletivas, a solidariedade, a postura critica, o direito à educação, a
criatividade, a ética.
Segundo Giacaglia e Penteado (2006), a família tem o dever de
proporcionar para a criança meios necessários à seu sustento e proporcionar um
alicerce afetivo, amparo na saúde e proporcionar os primeiros ensinamentos. Já
a escola é responsável por ministrar a educação formal das crianças e jovens.
Cada família tem perspectivas diferentes do que espera da escola, o mesmo
acontece com as escolas sobre a família. Destacando que ambas tem
particularidades que as diferem, mostrando a importância de tanto a escola
quanto a família se conhecer para dividir as expectativas e realizar a integração
entre as duas instituições.
Sendo que a orientação educacional tem no decreto que regulamenta sua
profissão a relevante atribuição de orientação familiar, onde será realizada a
assistência necessária à família e cooperação na integração escola-família-
comunidade. E para que a ligação entre a escola e a família aconteça precisa
haver comunicação constante, valorizando seus princípios e buscando sua
cooperação, em vista que as duas partes tem a mesma intenção de manter o
bem-estar, desenvolvimento e formação do aluno (GIACAGLIA; PENTEADO,
2006).
Nessa perspectiva, a família não é o único agente de socialização da
criança, a escola também cumpre um papel importante nessa situação, através
dos educadores e de todos que fazem parte da instituição. Tanto a escola,
quanto os pais e comunidade precisam montar uma parceria e adquirir valores
propícios à boa convivência, para que essa união reflita nos alunos, aumentando
a probabilidade de se formar cidadãos mais participativos, democráticos nas
decisões, dispostos a cooperar pelo bem de todos, com princípios voltados ao
respeito e justiça.
Como a orientação educacional ocorre basicamente, no interior da escola e cada uma de suas
atividades. Devemos considerar que tudo que acontece no interior da escola não é meramente
técnico administrativo ou meramente pedagógico e sim, antes de tudo, uma integração de todas
as áreas dentro de uma dimensão político pedagógico (2007, p. 18).
Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar
longe ou pior, fora da ética, entre nós, mulheres e homens, é uma transgressão. É por isso que
transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de
fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador (1996, p. 33).
Que pretende não apenas ser informativa, voltada para o processo ensino/aprendizagem; uma
educação comprometida com os valores, com a ética, com a construção da subjetividade, com
a construção da cidadania" (p. 69). O trabalho do orientador é focado basicamente com valores,
por isso a importância da reflexão sobre a ética e a ligação desses valores com a educação. "A
virtude intelectual hoje passa, necessariamente, por uma formação ética de aplicação mundial,
capaz de tornar a convivência humana aberta às diferenças e de estabelecer canais de
comunicação que sustentam a justiça e a paz que o mundo precisa (ALMEIDA, 2002, p. 11).
6 Conclusão
Mediante as considerações apresentadas, chega-se a conclusão que o
orientador educacional é um profissional de extrema importância para o ensino,
sendo um dos agentes responsáveis pela edificação do aluno como cidadão
consciente do mundo em que vive.
Ressaltando que o orientador educacional necessita da ajuda de todos
que pertencem ao âmbito escolar, inclusive a família e a comunidade escolar.
Sendo trabalhada a ética, os valores na educação dos alunos, formando novos
princípios de moral que vão refletir na vida em sociedade.
Entendendo o cargo que exerce o orientador educacional, estabelecendo
o contato direto com o trabalho docente, e mediando todos os segmentos da
escola, o que lhe cabe trazer assuntos da atualidade que vão contribuir na
transformação que a escola necessita. O que se espera, portanto, é que os
educadores façam parte dessa transformação, abrindo o caminho para uma
nova forma de ser da escola. Sendo que o maior desafio é rever a maneira de
pensar, agir, de modo à planejar e praticar o que foi resolvido pelos agentes da
educação.
Se todos assumirem a educação com ânimo, esperança, conhecimento e
com sensibilidade, as futuras gerações vão contribuir mais para a transformação
da sociedade e continuar com os trabalhos sociais, de ações cidadãs. Contudo,
o mundo que precisa ser reconstruído aumenta o nosso compromisso como
educadores preocupados em educar para humanizar os indivíduos.
Somente um profissional esclarecido sobre suas funções de trabalho e
competente vai possibilitar as mudanças que a sociedade precisa, e um novo
rumo para a educação. Nos dias de hoje é visível como muitos valores foram
perdidos e o orientador educacional vai ser a ponte para direcionar os alunos a
uma vivência de valores, afeto, conscientização e humanização.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AYUB, Naíma Kepes. AOERGS, uma ideia, uma realidade: flashes de sua
história. Prospectiva – Revista de Orientação Educacional, Associação dos
Orientadores Educacionais do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 3, n. 23, p. 3,
set. 1996.
_____. Orientação Educacional – por uma ética acima dos códigos. Prospectiva
– Revista de Orientação Educacional, Associação dos Orientadores
Educacionais do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 4, n. 30, p. 44, 2007.
_____. Pedagogia e Pedagogos para quê? 6 ed. São Paulo: Cortez, 2000.