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Princípio Da Legalidade No Direito Moderno
Princípio Da Legalidade No Direito Moderno
Br
Introdução
O Código Penal Brasileiro de 1940, vigente até os dias atuais, apesar de ter sido
elaborado num período de regime ditatorial – Estado Novo – que perdurou de 1937 a 1945,
incorpora em sua essencialidade as bases de um direito punitivo democrático e liberal, que,
aliás, aliado à Constituição – sua fonte imediata – nosso diploma legal maior, enfeixam e
garantem a proteção e a inviolabilidade dos direitos dos cidadãos. Ex surge, assim, o
principio da legalidade no Direito Penal Brasileiro nos ditames da Constituição.
1. Evolução histórica
A fórmula – nullun crimen, nulla poena sine lege – muito embora formulada em
latim, sua origem daí não provém. Foi o alemão Anselmo Feuerbach que a data do início do
século passado sintetizou-a, e, através do pensamento liberal iluminista – graças a
Revolução Francesa – tal preceito despontou para diferenciar aquele Estado Absolutista e
Tirânico do Estado Constitucional, guardião da liberdade individual. Ademais, a máxima
jurídica ultrapassou barreiras e alcançou patamar, não unicamente de um critério jurídico-
penal, mas, sobretudo, de um critério político-liberal nos países em que é fonte primordial
repressiva, convertendo-se no mais importante fundamento político de segurança jurídica e
garantia individual ante a intervenção estatal arbitrária.
No Brasil, a máxima nullun crimen, nulla poena sine lege, está consolidada em nossa
Carta Política vigente (a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), art.5º,
inciso XXXIX, que diz: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal” [1]. Está também fundamentalmente consolidada em nosso Código Penal,
em seu art. 1º.
“quanto ao conteúdo das leis, a que o princípio da legalidade remete, fica também
claro que não é tampouco válido qualquer conteúdo (dura lex, sed lex), não é qualquer
comando ou precito que se legitima, mas somente aqueles (...) que se produzem dentro da
Constituição e especialmente de acordo com sua ordem de valores que, com toda
explicitude, expressem e, principalmente não atentem, mas que pelo contrário sirvam aos
direitos fundamentais.” [2]
A Lei Penal é um sistema fechado, fechado por quê? Sistema, segundo o vocabulista
jurídico De Plácido e Silva “o conjunto de regras e princípios sobre uma matéria (...). É o
regime a que se subordinam as coisas.” [5] E é fechado. É fechado porque a Lei Penal não
admite em seu sistema – ainda que omissa, ou, mesmo que se apresente lacunosa – ser
suprida nem pelo arbítrio do juiz, nem pela analogia, nem pelos princípios gerais de direito,
muito menos pelos costumes. Não importa para a Lei Penal se alguém cometeu um fato
anti-social de reprovação por parte da sociedade, se, de forma precisa (objetiva e subjetiva),
escapou à previsão do legislador os tipos delituosos até então abstratos à lei, de forma, que
o agente que cometera ou vier a cometer fato que até então não tem previsão legal, não será
ele alcançado pela justiça repressiva. Pode-se, somente suprir, caso ocorra, omissão do
legislador ou lacuna da norma ocasionada pela política criminal, através de Lei Penal sem
efeito retroativo. Excepcionalmente, é permitida a lei penal retroativa mais benigna – lex
mitior – em favor do réu.
Dessa forma, aduz o princípio da legalidade em matéria penal uma concepção formal
do crime, sendo crime tudo aquilo e, somente aquilo que for previsto pela lei penal como
fato típico, antijurídico e culpável, ou seja, aquele fato que se encaixa nos moldes
normativos. Daí se diz ter a Lei Penal um sistema fechado.
5. À guisa de conclusão
Aristóteles, (384 a 322 a.C.) de há muito tempo ensinava com grande sabedoria que
“a base do Estado democrático é a liberdade, a qual, de acordo com a opinião comum dos
homens, só nele pode ser desfrutada.” [8]
6. Notas
[3] SILVA, Ivan Luiz da. Das bases constitucionais do direito penal. Revista
informativa legislativa, Brasília, senado federal, ano 39, p. 45, out./ dez. 2002.
[5] SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 15. ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 1998, p. 761.
[8] SILVEIRA, Paulo Fernando. Devido processo legal (Due process of law). 2. ed.
Del Rey: Belo Horizonte, 1996, p. 18.