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Revista Quebrando o Silêncio Infantil 2023 - A Família Dos Sonhos
Revista Quebrando o Silêncio Infantil 2023 - A Família Dos Sonhos
PARTO
DEPOIS
A experiência de ser
(A)NORMAL
O que você precisa saber para evitar abusos e
mãe é acompanhada de maus-tratos na maternidade
mudanças no corpo e na
mente que precisam ser
compreendidas
PODER DE
ESCOLHA
Toda gestante precisa
ter voz e ser respeitada
2 QUEBRANDO O SILÊNCIO
de
de
SUMÁRIO 8 SONHO OU PESADELO?
Como tornar o parto mais seguro e evitar traumas
ma
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m- 2 EDITORIAL
o Proteção a quem gera uma vida
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ãe 4 ENTREVISTA
do Poder de escolha
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m 6 ENTENDA 16 PARADOXOS DA MATERNIDADE
vi- Responsabilidades compartilhadas
O choque entre a expectativa e a realidade
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de
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14 REDE DE SALVAÇÃO
de
As mães precisam de cuidado e companhia
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do 22 RESENHA 20 ANTES E DEPOIS
do Consulte o manual O pós-parto e as mudanças no corpo e na
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Fotos: ©Jorm S | Adobe Stock e Gustavo Leighton/DSA
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obstétrica
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razer uma criança ao mundo envolve muitas situações e pessoas. Porém, qu
4 QUEBRANDO O SILÊNCIO
A cultura de se realizar cesáreas tem em histerectomia, que é a retirada cirúrgica do
influência nos índices de violência obstétrica? útero e seus anexos, de forma desnecessária.
Sem sombra de dúvidas. Às vezes, a violência Geralmente, o modelo cesarista traz o pressuposto
obstétrica pode vir disfarçada de auxílio para de que a mulher que se submeteu a esse procedi-
ajudar a gestante. Mas ainda é difícil apresentar mento não poderá ter um parto vaginal em novas
o outro lado, uma vez que os grupos educativos gestações. O parto normal também garante menor
sobre o assunto são incipientes. Fato é que as índice de bebês prematuros, visto que cada parto
mulheres passam hoje por uma grande mudança e cada gestação têm o seu tempo dada a questão
no entendimento do que é o parto, independen- hormonal. O puerpério dessas mulheres é muito
temente de classe social e etnia. Isso varia depen- mais rápido, com menores índices de complicações
dendo de onde ela será atendida, se no sistema e até de dores. Ela será a protagonista do próprio
público ou privado. O apelo para que a cesariana parto e terá as possibilidades de escolhas para as
seja escolhida também está relacionado à dor cau- posições mais confortáveis.
sada durante o parto. Na rede privada, essa cultura
prende-se muito à justificativa de que a cesariana Você trabalha diretamente com partos,
causa menos sofrimento à mulher. Já na rede pública, assistindo as parturientes e a equipe médica.
é adotada para poupar os profissionais dos gritos Quais práticas precisam mudar nesse
que, em sua dor, as mulheres emitem durante o processo para torná-lo mais respeitoso para
parto normal. a mãe?
Quanto mais orientada ela estiver sobre seus
Quais são os riscos de um procedimento direitos, menor será a incidência da violência
como esse de forma desnecessária? obstétrica. É imprescindível que haja um acom-
A cesariana costuma ser apresentada como um panhante no momento do parto. Ele é um grande
benefício à mulher. Assim, ela pode entender que aliado para evitar o ato violento. A presença
a equipe salvou sua vida, desconhecendo, porém, das doulas também fortalece o apoio emocional.
os riscos e malefícios associados a esse proce- Essa pessoa pode perceber violências às quais a
dimento, que, vale lembrar, não é uma via de mulher nem sempre está atenta devido à atividade
parto, mas uma intervenção cirúrgica. Muitas do parto. A capacitação contínua dos profissio-
mulheres submetidas à cesariana acabam tendo nais também é importante para que eles sejam
m, que retornar às instituições de saúde por causa sensibilizados.
Foto: ©chompoo | Adobe Stock
QUEBRANDO O SILÊNCIO 5
JEFFERSON PARADELLO
6 QUEBRANDO O SILÊNCIO
NO E XE M P L O
Aos olhos de um filho, o exemplo dos pais tem um peso
muito importante. Mesmo que esteja em uma idade em
que não compreenda totalmente o significado das pala-
vras, aquilo que fazem e a forma como tratam outras
pessoas, por exemplo, impacta a mente em formação
N A S TA R E FA S D E C A S A e ajuda a moldar o caráter.
Dentro de um lar, as responsabilidades não
devem se restringir apenas à mãe, principal-
mente quando há uma criança. Tarefas sim- N A S FIN A NÇ A S
ples e complexas devem ser compartilhadas. Quando se une em matrimônio, o casal
Elas precisam ser definidas com base em uma precisa ter definido, com antecedência,
conversa franca e madura, visando deixar um dos assuntos mais cruciais do rela-
claro o papel de cada um. cionamento: as finanças. Como será o
funcionamento do lar? Ambos irão tra-
balhar? E com a chegada de uma criança,
a esposa se dedicará integralmente aos
cuidados dela? Ter o apoio de ambos evi-
tará conflitos.
N A E D UC AÇ ÃO
Educar uma pessoa não se restringe ape-
nas ao ambiente escolar. Isso, na verdade,
Fotos: ©ssstocker, MINIWIDE, mast3r, SurfupVector, Olha, Vector Juice, NTL studio | Adobe Stock
começa em casa. Pai e mãe precisam ser par-
ticipativos nesse processo, mas antes devem
discutir como enxergam os mais variados
temas, os valores que pretendem transmi-
tir e, acima de tudo, devem estar alinhados
quanto a isso. A não concordância em pontos
as fundamentais para o outro pode prejudicar
es NO T E M P O D E QUA LIDA D E a própria relação.
s- Por vezes, a rotina diária compromete o tempo
as que é dedicado aos filhos. Sobretudo nos anos
so de formação da criança, a presença materna e N A F OR M AÇ ÃO D OS VA L OR E S E SPIRI T UA IS
o- paterna são ativos valiosos para o seu desen- Pais também possuem suas crenças espirituais. Muitos optam por repassá-
volvimento. Frente a isso, os pais precisam las aos filhos, enquanto outros esperam que essa seja uma descoberta indi-
separar momentos de qualidade para con- vidual. Por isso, devem dialogar sobre como pretendem lidar com o assunto
versar, interagir, brincar, perguntar, ensinar, e o que querem que seus filhos aprendam. Os valores espirituais podem
demonstrar carinho e participar ativamente influenciar o caráter e contribuir para a formação dos valores morais, sociais
da vida de seus filhos. e, inclusive, profissionais.
QUEBRANDO O SILÊNCIO 7
SONHO OU
PESADELO?
CHARLISE ALVES
8 QUEBRANDO O SILÊNCIO
chegada de um filho é um momento único e muito grande repercussão foi registrado no Rio de
esperado pela maioria dos casais. Mas a experi- Janeiro. O médico anestesista que estuprou
ência do período gestacional até o nascimento do uma mulher anestesiada no centro cirúrgico
bebê nem sempre é boa. Por vezes, é conturbada foi preso pelo crime cometido.
?
e até traumática. A escolha de um bom obstetra Uma pesquisa da Fundação Oswaldo
para acompanhar o pré-natal é um passo indispensável e fun- Cruz (Fiocruz) revela que a violência obs-
damental para a segurança da gestante. Mesmo assim, com tétrica no Brasil atinge 36% das gestantes,
todos os cuidados, a mulher está suscetível a sofrer abusos, tanto na rede pública quanto na rede pri-
desrespeito e maus-tratos durante esse período. vada. Outra pesquisa da Fundação Perseu
A ginecologista e obstetra do Hospital Adventista de São Abramo apontou que 25% das mulheres, ou
Paulo, Stephani Gomes, afi rma que a violação pode partir seja, uma em cada quatro, já sofreu algum
de qualquer profissional e abranger falhas estruturais no tipo de abuso desse tipo. No Brasil, não há
sistema de saúde de clínicas e hospitais. lei federal ou outra regulamentação nacional
Marceli Santos (pseudônimo) foi vítima desse problema sobre o que configura ou não violência obs-
quando engravidou pela primeira vez, em 2008. Durante as tétrica. No entanto, a violação dos direitos
consultas em uma clínica, seu ginecologista nunca falou sobre das gestantes e parturientes pode ser enqua-
a caderneta da gestante, documento praticamente obrigatório, drada como lesão corporal e importunação
em que constam informações importantes sobre o histórico sexual, por exemplo.
da paciente. De acordo com ela, o médico sequer pediu que Diferentemente do Brasil, alguns países na
tomasse imunizantes cruciais, e, pela falta de orientação, América do Sul, como a Argentina e o Suri-
ficou sem as vacinas. “Como era a minha primeira gesta- name, possuem leis federais que tipificam a
ção, não conhecia os métodos corretos. Admito que não me violência obstétrica. No caso da Argentina,
preocupei em buscar informação sobre como deveria ser o existe, desde 2009, a lei 26.485, que trata de
pré-natal ideal. Apenas acreditei no meu médico”, relembra. violência contra a mulher e contempla, no
Além da negligência em privar a gestante de cuidados artigo 6, a violência obstétrica. No entanto,
importantes, o profissional realizou um procedimento no a legislação argentina não prevê penaliza-
próprio consultório sem a autorização da paciente. “Achei ções para os profissionais de saúde que a
que ele iria fazer o exame de toque, mas a agressividade me praticam. Um estudo estima que a cada qua-
assustou e comecei a gritar de dor, sem imaginar o que estava tro dias uma mulher é vítima de violência
fazendo”, ela lembra. O médico comunicou que havia des- obstétrica no país.
locado a bolsa para acelerar o parto, apesar de o bebê estar No Suriname, esse tipo de abuso foi inse-
com apenas 34 semanas. O marido de Marceli também se rido nas leis penais e se tornou crime. Já o
assustou ao ver o sangramento e desmaiou. A filha do casal Chile segue na contramão desses países e
nasceu no dia seguinte, em uma cesárea de emergência, em busca alternativas para solucionar a falta de
consequência do sofrimento fetal. regulamentação e sanções sobre a violência
obstétrica, já que é expressivo o número de
O QUE É V IOL Ê NCI A OB S T É T RIC A? casos desse tipo em seu território. Para se
Embora o termo “violência obstétrica” divida opiniões, ter ideia, o Observatório de Violência Obsté-
as diferentes formas de “abusos, desrespeito e maus-tratos trica do Chile verificou que mais de 50% das
durante o parto nas instituições de saúde”, como defi ne a mulheres pesquisadas relataram ter sofrido
OMS, são um problema real que precisa ser combatido. maus-tratos.
Fotos: Adobe Stock, montagem Eduardo Olszewski
QUEBRANDO O SILÊNCIO 9
10 QUEBRANDO O SILÊNCIO
equipe de obstetrícia para a segurança da A história de Marceli, vítima grávida novamente. Dessa vez,
própria mulher. O parto humanizado é mais de violência obstétrica por tudo ocorreu bem e seu fi lho
associado ao parto normal ou vaginal, mas parte de seu médico, teve um nasceu sem nenhuma intercor-
Foto: ©vpanteon | Adobe Stock
a cesárea também pode ser considerada fi nal feliz. “Graças a Deus, à rência ou violação por parte da
um parto humanizado, desde que a esco- minha família e à intervenção equipe de obstetrícia. “Apesar
lha seja da gestante ou que haja indicação de outros médicos, minha filha dos traumas que vivi, me tornar
real de risco para a mãe ou o bebê, e que não nasceu saudável e hoje está com mãe foi uma bênção de Deus”,
envolva nenhum tipo de violência obstétrica. 14 anos de idade”, relata. Ape- ela reconhece.
Estudos científicos evidenciaram que sar de não querer ter mais filhos
mulheres que adotaram posições verticaliza- devido ao trauma que passou, CHARLISE ALVES é jornalista e mãe de
das – de pé, sentadas, ajoelhadas ou andando após quatro anos, em 2012, dois filhos
da – reduziram a fase ativa do trabalho de parto engravidou, mas sofreu um
a (em média, 1h20 a menos). Sem contar a redu- aborto espontâneo. Em 2018,
ção de 20% de analgesia de parto e a redução de forma não intencional, ficou
A de 30% de cesarianas. O parto humanizado
n- pode ocorrer de várias formas: na horizon-
TIPOS DE VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
tal, de cócoras, no hospital, em casa e até em
05 uma banheira com o auxílio de enfermeiros, ▪ Tratamento humilhante e degradante.
ça médicos, doulas e familiares. ▪ Abuso de medicamentos.
do “A mulher que está bem conectada com o ▪ Praticar parto por cesariana (existindo con-
to seu corpo consegue perceber intuitivamente dições para realizar um parto normal), sem o
de as posições que lhe trazem mais conforto, e consentimento voluntário, expresso e infor-
A esses movimentos com frequência estão asso- mado da mulher.
Fotos: ©Anatta_Tan, Fernanda | Adobe Stock
nte ciados à abertura de espaços e ângulos na ▪ Forçar a mulher a parir deitada e/ou imobilizada.
oé pelve que vão favorecer a descida do bebê. Se ▪ Impedir que a mãe segure e amamente o bebê imedia-
m- ela está desconfortável, isso provavelmente tamente após o nascimento.
ão esteja relacionado com a pressão do bebê ▪ Falha no atendimento às emergências obstétricas.
se- em estruturas que estão gerando mais dor,
de e que poderiam ser mais facilmente libera-
das com a livre movimentação”, explica a DIREITOS DA MÃE
doutora Giuliana. ▪ Estar informada sobre as diferentes
O parto humanizado é uma forma de intervenções médicas que podem
to inibir a violência obstétrica. Porém, nada ocorrer durante o parto e o pós-parto,
ma- assegura completamente que a violação não e participar ativamente nas decisões
S, vai acontecer. O melhor meio para prevenir tomadas nesse contexto.
u- abusos e maus-tratos é o conhecimento sobre ▪ Ter um parto que respeite os tempos
ee os direitos na gravidez. biológicos e psicológicos, evitando prá-
er- ticas invasivas e fornecimento injustificado
de T R AUM A S E S OF RIM E N T O de medicamentos.
cia Ser vítima de qualquer tipo de violência traz ▪ Estar informada sobre a evolução do seu parto e o estado
o- consequências, ainda mais num período em de saúde do seu bebê.
que a mulher está mais sensível devido aos ▪ Não se submeter a qualquer exame ou intervenção cujo objetivo seja
to, hormônios da gravidez. A doutora Giuliana a pesquisa.
ja, sublinha que “a repercussão da violência ▪ Escolher uma pessoa de sua confiança para acompanhá-la.
u- obstétrica afeta a qualidade de vida das ▪ Ter o bebê ao seu lado durante sua permanência na unidade de saúde,
o- mulheres, e pode resultar em abalos emo- desde que o recém-nascido não necessite de cuidados especiais.
ão cionais, traumas, depressão, dificuldades na Fonte: Magaly Pereyra Cousiño, especialista em ginecologia e obstetrícia
da vida sexual, entre outros”.
QUEBRANDO O SILÊNCIO 11
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observando como, depois de nove
meses, é possível distinguir suas fei- es
ções, tocar suas mãozinhas e finalmente es
tê-lo em seus braços. O que talvez ela não de
perceba é a transformação que seu corpo e rio
Em um período em que acontecem mudanças sua mente estão experimentando. O parto ma
não é somente o nascimento de um bebê; é
drásticas na vida da mulher, o apoio no cuidado também o nascimento de uma mãe. Co
A origem da palavra puerpério vem dos tan
com o bebê é fundamental vocábulos latinos puer (que significa criança) ou
e peri (ao redor). Consiste basicamente no tan
período imediato ao nascimento, estendendo- af
se por cerca de seis a oito semanas. Esse é o mã
14 QUEBRANDO O SILÊNCIO
tempo necessário para que o corpo da mãe
– incluindo os hormônios e o sistema repro- O PARTO NÃO É SOMENTE O
dutivo feminino – retorne às condições ante-
riores à gestação. No entanto, existem órgãos NASCIMENTO DE UM BEBÊ; É TAMBÉM
que aparentemente mudam para o resto da O NASCIMENTO DE UMA MÃE
vida, como o cérebro.
Ao se tornarem mães, as mulheres pas-
sam por uma transformação radical graças
às ondas hormonais. O cérebro muda mais e da companhia de pessoas que 3 ESCUTE-A. É muito comum
durante a gravidez e o puerpério do que em respeitem suas necessidades, seu que, devido a todo esse turbi-
qualquer outro momento da vida, incluindo tempo e deem reforços positivos, lhão hormonal que a mulher
a puberdade. De acordo com um artigo publi- dizendo quão bem elas estão vive durante a gravidez e na fase
cado pela Nature Neuroscience, parte da se saindo e que os momentos do puerpério, haja momentos
razão para isso é um processo de poda sináp- difíceis passarão. em que ela se sinta só, culpada,
tica em que o cérebro “interrompe” a função A escritora Ellen White afirma triste ou ansiosa. Ela pode até
de áreas de que não precisa mais para construir que “as necessidades físicas da sentir que não é uma boa mãe.
as áreas que agora são cruciais para proteger e mãe não devem de modo algum Portanto, ofereça apoio, ouça
cuidar de seu bebê (link.cpb.com.br/2b0f4e). ser negligenciadas. Dela depen- e mostre que está lá para ela.
Existem, inclusive, pesquisas que mostram dem duas vidas; seus desejos Tente entender o que ela está
como o cérebro materno gera novas redes devem ser bondosamente con- passando sem julgar ou invali-
neurais especializadas em responder efetiva- siderados, e suas necessidades dar seus sentimentos e, assim,
mente a sinais como o choro. Nesse período, precisam ser supridas generosa- ela se sentirá segura e, acima de
também aumenta a atividade cerebral das mente” (A Ciência do Bom Viver tudo, apoiada.
áreas associadas à empatia, ao autocontrole [CPB, 2021], p. 231). Mas como 4 O PAPEL DO PAI É INDISPENSÁVEL
Foto: ©Shotmedia | Adobe Stock
e à reflexão, para estar mais alerta e cuidar fazer isso? Do que a puérpera E INSUBSTITUÍVEL. Tanto para o
do bebê (link.cpb.com.br/609d53). Não é precisa? pai quanto para os filhos mais
maravilhoso? velhos, é importante a partici-
A seguir, veja alguns aspectos pação nos cuidados do bebê:
A P OIO NEC E S S Á RIO chaves para ser considerados: trocar a fralda, dar banho, fazer
O puerpério é um processo que envolve 1 NÃO COMPARE. A última coisa carinho, etc. Com o passar do
muitas mudanças e certo nível de estresse que uma mãe precisa é ser com- tempo, o papel do pai se tornará
motivado por privação do sono, atenção parada com outras mães e seus cada vez mais importante para a
constante ao bebê, cansaço, falta de tempo processos. Frases como “quando criança. Nas primeiras semanas,
para si, podendo, às vezes, desencadear até tive meu bebê, não fazia o que seu papel principal é apoiar a
da mesmo a temida depressão pós-parto. você está fazendo...” são total- mãe, para que ela possa cuidar
ve Todo o sistema familiar, com suas rotinas mente desnecessárias. Parte do de seu filho.
ei- e seus espaços, é reorganizado para incluir processo de adaptação é que a Essa nova fase é tão intensa e
nte esse novo membro. Por essa razão, trata-se mãe conheça o que funciona cansativa quanto deslumbrante!
ão de um momento crítico, em que é necessá- para ela, não para os outros. Os dias passarão lentamente,
oe rio muito apoio, especialmente no ambiente 2 COMEMORE PEQUENAS VITÓRIAS. mas os anos passarão voando!
to mais íntimo. Se a mãe conseguiu fazer o bebê Convido você a aproveitar essa
;é A puérpera nunca deveria ficar sozinha. dormir sem problemas, come- fase e acompanhar da melhor
Com todas as mudanças que está experimen- more! Se a mãe fez com que forma a mulher que mudou sua
os tando, ela precisa que alguém a apoie (veja o bebê pegasse o seu peito de vida ao se tornar mãe.
ça) outros detalhes na p. 6). Por isso é tão impor- forma adequada, comemore!
no tante ter uma rede de apoio, envolvendo o pai, Os bebês não podem elogiar CYNTHIA HURTADO-MÜLLER, psicóloga,
o- a família e a comunidade. Especialmente as suas mães por fazê-los dormir é mestre em Psicopatologia, Psicologia da
éo mães de primeira viagem precisam do cuidado ou alimentá-los, mas você pode. Saúde e Neuropsicologia
QUEBRANDO O SILÊNCIO 15
PAR ADOXOS DA
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O que fazer quando a experiência lut
de ser mãe frustra as expectativas se
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PAULA FERREIRA m
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16 QUEBRANDO O SILÊNCIO
No entanto, saúde mental e mudança são dois con-
ceitos que estão intimamente relacionados. Em geral,
a maioria das pessoas tende a buscar previsibilidade
e garantir que as coisas aconteçam conforme espe-
ram. Héctor Lisondo, autor do livro Mudança Sem
Catástrofe ou Catástrofe Sem Mudanças (Casa do
Psicólogo, 2004), explica que a mudança é o estado A MUDANÇA DEPOIS DO
permanente dos seres vivos. Apesar disso, de acordo PARTO É TÃO RADICAL QUE
com o autor, aceitar transformações como parte essen-
cial da vida é um dos principais desafios emocionais FAZ COM QUE A MAIOR
enfrentados pela maioria das pessoas, que em geral
lutam pela conservação das coisas, pessoas e situações.
PARTE DAS MULHERES
É a partir dessas alterações, sobretudo quando não VIVA, AO MESMO TEMPO,
se enxerga recursos ou apoio para seguir em frente, que
a depressão encontra terreno fértil para se instalar na UMA EXPERIÊNCIA SUBLIME
mente. Ela surge imersa nesse contexto e é muito facil-
mente confundida pela maioria das famílias como uma
E APAVORANTE
fase “normal” da vida gestacional e pós-gestacional.
P R OC E S S O D E C UR A
A aceitação dos sentimentos contraditórios representa
uma batalha importante a ser enfrentada na mente das
mães, buscando compreensão mais clara do papel da
maternidade e do desafio às estruturas mentais prévias.
Por exemplo, uma jovem mãe criada em uma estrutura
familiar exigente e perfeccionista será profundamente
afetada pelo caos temporário ocasionado pelas roupas
sujas, louça na pia, alteração de horários e rotina caótica
da casa. Outro caso é o de uma mãe que aprendeu a dar
conta de tudo sozinha, absorvendo todas as tarefas e
responsabilidades para si sem pedir ajuda. Essas situa-
ções mostram a extensão do desafio que a maternidade
QUEBRANDO O SILÊNCIO 17
18 QUEBRANDO O SILÊNCIO
Foto: ©amorn | Adobe Stock
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20 QUEBRANDO O SILÊNCIO
necessário resgatar todos os papéis. Afi nal, P R OB L E M A S C ONJUG A IS
somos mais que mães, não é mesmo? Gosto A chegada de um bebê é um presente, mas também representa um
de chamar esse momento de reencontro! E dos desafios mais profundos que um casal experimentará. Ajustes
ali estava eu, olhando para o espelho, ten- são necessários para ambos. Na cabeça da mulher, é natural que
tando me reencontrar. Existia saudade de surjam dúvidas relacionadas ao desempenho sexual, o medo de
quem eu era. que a relação sexual gere dor, a insegurança de que a vagina não
Tudo o que descrevi é um movimento sau- mais satisfaça sexualmente o marido, crenças equivocadas de que
dável que deveria acontecer com todas as o parto normal “estraga” seu corpo e o potencial de sentir prazer.
mulheres. Um movimento reflexivo em que Emocionalmente, existe conflito e confusão em relação à materni-
se percebe que a maternidade é algo a mais dade e aos desejos sexuais. É como se os dois não pudessem habitar
acrescentado à sua vida, e esse papel não a mesma pessoa. A rotina, previsibilidade e regularidade, tão impor-
exclui quem você já foi. Aliás, ele potencia- tantes para o bebê, geram pais responsáveis, mas que podem ter difi-
liza. Mas quando isso não acontece, pode culdades para voltar a se relacionar como casal. Todas essas questões
surgir um sentimento de tristeza, incom- são desafios reais do período pós-parto.
pletude, insuficiência e até arrependimento,
e desencadear uma depressão pós-parto. R E T OR NO À NOR M A LIDA D E DEPOIS DO
O número de mulheres que desenvolvem É preciso esperar pelo menos 40 dias
depressão nesse período é assustador (veja a para retomar a atividade sexual. PARTO, VOCÊ
p. 16). Ela geralmente tem início entre a quarta Durante esse período, o corpo traba- PODE ESTAR
e a oitava semana após o parto e traz irri- lhará intensamente para que todos os
tabilidade, choro frequente, sentimentos de órgãos voltem a funcionar normalmente. DIFERENTE
desamparo e desesperança, falta de energia É importante esclarecer que sexo não é
e motivação, desinteresse sexual, alterações só penetração. A intimidade sexual e o FISICAMENTE,
alimentares e do sono, sensação de ser inca- prazer podem ser desenvolvidos a par- MAS ISSO NÃO
paz de lidar com novas situações e queixas tir de outros estímulos, a começar pelo
psicossomáticas. Dentre os fatores que podem desejo que é alimentado por meio do EXCLUI SEU
desencadear a depressão, dois me chamam a carinho, cuidado, conversas, cumplici-
atenção: insatisfação em relação à imagem dade e conexão.
PRAZER NEM
corporal e problemas conjugais. Importante atenção deve ser dada DEVE PREJUDICAR
para a musculatura do assoalho pél-
IM AG E M C OR P OR A L vico. Esses músculos são muito requisi- SEU CASAMENTO
As mudanças diante da gravidez são acom- tados durante a gravidez e precisam ser
panhadas por frases como: “você está grá- reabilitados no período puerperal. Eles
vida, precisa comer por dois” ou “que barriga são importantes para a continência urinária e fecal, apoiam os órgãos
mais linda”. Porém, é no pós-parto que as pélvicos e também são essenciais para o prazer sexual. Depois de
Foto: ©fizkes | Adobe Stock
cobranças começam. Nesse momento, nos seis horas do parto normal, a mulher pode exercitar seu assoalho
deparamos com um novo corpo. As mamas pélvico. Se ela passou por uma cesárea, deve esperar por oito horas.
aumentam de tamanho, a barriga incomoda,
assim como a presença de estrias e a flacidez. R E E NC ON T R O
O medo da mudança em relação à vagina Após a maternidade, não tenha medo de se olhar no espelho. Se
existe. Um novo corpo surge e, muitas vezes, reencontre com a mulher que um dia você foi. Nesse período, você
também a dificuldade de aceitá-lo. A socie- pode estar diferente fisicamente, mas com a capacidade de viver uma
dade pressiona para que o retorno ao corpo maternidade que não exclui seu prazer nem prejudica seu casamento.
anterior aconteça. Muitas mulheres se sen- Lembre-se: a maternidade não precisa limitar, ela pode potencializar.
tem incapazes e não gostam do que veem.
A autoestima fica prejudicada e os impactos ELIANE MELO é psicóloga, fisioterapeuta pélvica e idealizadora do perfil
chegam à vida íntima do casal. @elianemelo.destrave, no Instagram
QUEBRANDO O SILÊNCIO 21
CONSULT E O M ANUAL pu
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Livros apresentam dicas práticas sobre saúde e maternidade cio
ADRIANA TEIXEIRA co
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ocê sorri 15 minutos por “Há uma relação de diálogo e dú
dia? Percebe gatilhos que compreensão?”, “Quanto tempo pr
levam a doenças indeseja- ele dedica à consulta?”, “Qual é es
das? Sabe identificar o melhor a opinião dele sobre e medicina do
médico e o melhor tratamento? alternativa?” devem ser feitas mu
Já fez seu planejamento para para que haja uma boa análise có
sentir-se bem nas mais diversas do caminho a seguir. pa
situações da vida? Toda mulher O livro traz algumas normas ag
precisa tomar tempo para o auto- de conduta indispensáveis tanto di
22 QUEBRANDO O SILÊNCIO
puro, descanso, confiança em Deus, tem- da tarefa. Nesse contexto, o livreto que possa resistir à tentação de
perança, luz solar e água) e de exames de Ser Mãe: O Que É? (CPB, 2008), conformar-se aos padrões do
rotina. Além da prevenção, há destaque para de Ellen White, destaca o papel de mundo. Sua obra é para o tempo
cuidados em caso de distúrbios e doenças igualdade que a esposa tem com o e para a eternidade” (p. 7). “Que
que acometem as mulheres, com dicas pre- marido na valorização do traba- cada mãe compreenda quão
ciosas para o tratamento e mesmo a cura. lho e ainda esclarece sobre a vasta grande são os deveres e suas
“Passear” pelas páginas do livro será influência que a mãe exerce sobre responsabilidades e quão grande
como fazer várias consultas ao médico, sem os filhos. Consciente disso, a mãe será a recompensa da fidelidade.
sair de casa. Na seção “Consulta ao médico”, assumirá o papel de rainha, e não A mãe que alegremente assume
a leitora terá a oportunidade de sanar as escrava, do lar e compreenderá sua os deveres que jazem diretamente
dúvidas sobre o assunto abordado de forma nobre missão em modelar o caráter em seu caminho sentirá que a
prática e eficiente. As “Regras de ouro” são do filho. A alegria da santidade de vida para si é preciosa, porque
essenciais no tratamento das mais variadas tal obra trará saúde física e emo- Deus lhe deu uma obra a reali-
doenças que infelizmente acometem muitas cional para a mãe sobrecarregada zar. Nesta obra ela não precisa
mulheres (cefaleia, excesso de peso, insônia, de cuidados e a libertará de pesares necessariamente comprimir o
cólon irritável, problemas nas articulações, que o mundo impõe, fazendo-a por espírito nem permitir que seu
patologias venosas, patologias coronarianas vezes acreditar que está privada intelecto se debilite. O trabalho
agudas, tumores, problemas nas mamas, de crescimento nas mais variadas da mãe é dado por Deus, para
dificuldades hormonais). áreas da vida. que crie os filhos na doutrina e
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Na hora de decidir ter filhos, é preciso levar em conta alguns critérios pa
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YVÁN BALABARCA CÁRDENAS e VICTORIA MARTINEZ TEJADA so
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T odos aguardavam na sala, até que a
tensão deu lugar ao choro da criança
que acabara de nascer. Aqueles que aju-
daram no parto se aproximaram e, com um
sorriso, anunciaram à família reunida: “É
período. Felizmente, os núme-
ros mostram que os índices de
pobreza começaram a melhorar
novamente, assim como vinha
ocorrendo antes da crise sani-
CURA PARA OS TRAUMAS
famílias aos poucos deixaram de formar Mas será que isso colide com e condições estáveis.
homens e mulheres piedosos, capazes de ser a ordem bíblica de povoar a Os filhos são um presente de
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fiéis administradores dos recursos que Deus Terra? Vamos analisar isso com Deus (Gênesis 4:1; 33:5), e, na
deixou na Terra, transformando-se em pes- cuidado! cultura hebraica, por exemplo,
soas que buscam seus próprios interesses. era uma grande bênção que a
P L A NEJE C OM AT E NÇ ÃO mulher estéril desse à luz (Salmo
MUDA NÇ A C OM P L E TA Quando Deus deu essa ordem, 113:9; 1 Samuel 1:6-8; Lucas 1:7).
Chegamos aos nossos dias com uma popu- a Terra estava vazia. Na Nova É Ele que forma os filhos no ven-
lação estimada em 8 bilhões de habitan- Terra, conforme lemos na Bíblia, tre materno (Salmo 139:13-16) e
tes, de acordo com a ONU. Milhões deles os seres humanos não continu- os conhece antes mesmo de nas-
vivem com até US$ 1,90 por dia. Para pio- arão a se reproduzir, pois Deus cerem (Gálatas 1:15). Isso é muito
rar, em 2020, devido ao impacto da Covid- deixou claro que lá os seres interessante, porque Deus quer
19 na economia, houve uma nova onda de humanos serão como os anjos, que os filhos sejam uma bênção
desemprego, e a pobreza aumentou nesse e não haverá mais casamento no lar. E deseja que as famílias
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sejam felizes e desfrutem de plena familiar são uma excelente Estando casados, o momento ideal para
comunhão entre si e com Ele. opção (sempre em conversa com se ter um bebê dependerá basicamente de
Por outro lado, existem tex- um médico ou especialista) para dois aspectos: o biológico, aquele em que
tos que recomendam que algu- planejar o nascimento dos filhos a mulher apresenta boa saúde e menores
mas pessoas permaneçam soltei- e, assim, contar com recursos e riscos, e o social. Estudos mostram que, a
ras para se dedicar aos interesses energia para acompanhar seu cada ano que o casal adia a gravidez, seus
de Deus (1 Coríntios 7:7, 8, 27, desenvolvimento. rendimentos aumentam em 10% (link.cpb.
32, 34; Mateus 19:12). Então, com.br/aed435). Então, seria recomendável
pela lógica, essas pessoas não G R AV ID E Z N ÃO que o casal planejasse seu primeiro filho no
deveriam se preocupar em ter P L A NEJA DA momento em que sua renda fosse compatível
descendentes. Sendo assim, exis- Quando se fala em uma gravi- com os gastos familiares.
tem pessoas que, por amor ao dez não planejada na adoles- Quanto mais fi lhos o casal deseja ter,
Senhor, decidiram não se casar. cência ou em qualquer outra mais planejamento isso exige. Pelo fato de
À luz da Bíblia, existem as duas época da vida, em maior ou a gestação acabar afetando a vida profis-
recomendações: uma para se menor grau, existem alguns sional da mulher de forma mais intensa, é
casar (1 Coríntios 7:9) e outra, riscos, como falta de acompa- necessário que o homem entenda e assuma o
de acordo com o dom que tenha nhamento médico adequado, desafio de crescer econômica e socialmente.
recebido, para ficar solteiro e, ocorrência de pré-eclâmpsia Assim, do ponto de vista cristão, é melhor
portanto, não ter filhos. (hipertensão arterial específica planejar uma família que possa ser mantida
No entanto, aqueles que já da gravidez) e eclâmpsia (forma feliz, de acordo com o plano maravilhoso
estão casados devem planejar grave da doença), fístula obs- de Deus.
ter os filhos que possam manter tétrica, trauma devido a uma
e cuidar, de acordo com as for- perda. Sem falar no medo, na YVÁN BALABARCA CÁRDENAS é doutor em Educação
ças e benefícios que seu trabalho ansiedade, no estresse, nos pro- Familiar; VICTORIA MARTINEZ TEJADA é doutora em
pode oferecer, tomando o cui- blemas familiares nos casos de Educação. Eles dirigem o Ministério da Família de uma das
dado de não negligenciar seu lar. abuso/estupro e até na rejeição sedes administrativas da Igreja Adventista nos Estados Unidos
Os métodos de planejamento do bebê.
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