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anizagoes intergovernamentais, ito internacional e organizacdes ) governamentais 1 Por que sao formadas organizagées intergovernamentais? 1 Qual éa contribuigéo de organizagies intergovernamentais como as Nagées Unidas a pas e & seguranga internacionais? Como a Unio Europeia mudou ao longo do tempo? Qual é0 papel do direito internacional nas relagées internacionais? Quais sto os papéis desempenhados pelas organizagées néo governamentais? Que perspectivus rivais os tebricos de relagbes internacionais trazem para sua andlise das organizagdes intergovernamentais, organizagées néo governamentais e direito internacional? intergovernamentais (OIGs) também desempenham um papel no sistema internacional. Neste capitulo, descrevemos sua participagio nas relagées internacionais. Mostramos como o direito internacional difere daquele praticado dentro da esfera nacional e como tanto Estados quanto organizacées intergovernamentais nele se inserem. Compreender 0 quadro juridico internacional é fundamental para entender a perspectiva liberal da politica internacional. Em seguida, examinamos as organizagées nio governamentais (ONGS),relativamente novas nessecenério, mas cada vez mais poderosas. Por fim, exploramos as respostasrealsta, radical e Fe ¢ individuos nao sio os tinicos atores na politica internacional. As organizagées construtivista. Organizacdes intergovernamentais A criagéo das OIGs Por que os Estados optam por organizar-se coletivamente? A resposta é dada pelo liberalismo: 10 imbito das instituigdes e regras, a cooperagio € possivel. As organi2agées interacionais sio asatenas onde os Estados interagem e cooperam na resolugio de problemas comuns. Durante os como descrevemos nos Capitulos 3 ¢ 4, retomaram 0 que (..) a anarquia restrinja Imente anos 1970, os institucionalistas neoliberais, ‘sudo das organizagées internacionais, argumentando que “por mais Avontade dos Estados de cooperar, eles podem, no entanto, trabalhar juntos — especi fom 0 auxilio das instituigdes internacionais”. 466 | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS ELstvirg Os institucionalistas neoliberais reconhecem que a interacéo continua entre 0s Estado, fornee a motvago para que estes rem organzaoesintemacionais— 28 qs por su ye, ‘moderam o comportamento dos Estados, fornecem um quadro de referéncias para as interaciey estabelecem mecanismos de redugio de fraudes, monicorando as demais € punindo a fara dg cooperagio, propiciando transparéncia as iniciativas estarais. As senate 40 05 pontos focais para a coordenasio ¢ a maior credibilidade dos compromissos assumidos pelos Estados, especificando expectativas estabelecendo reputagbes com relacio a0 cumprimento de acordo, € determinagées. Po Be As organizagées internacionais sio particularmente tieis para a solucao de dois tipos de problemas. Um deles decorre da necessidade de cooperar em questoes de ordem técnica, muita vveres nio politicas, onde os Estados nio sio as unidades apropriadas para solucioné-las. Como 0 estudioso David Mitrany escreve em A Working Peace System, cada unidade (sja um Estado, sejam atores subnacionais) precisa “reunir esses interesses que sio comuns, onde io comuns,¢ sna medida em que sio comuns”.* Essa abordagem funcional defende a construsio ¢ expansio dos habitos de cooperacéo fomentados por grupos de peritos técnicos, fora dos canais formais do Estado —o que explica porque a cooperasao internacional comesou em FUNCIONALISMO reas técnicas especificas como satide e co municagio, ainda durante o século XIX. A cexpectativa, de acordo com o pensamento fancionalista, era que a resolugio de pro- A guerra & causada por prvagées econémicas. A desigualdade ecanémica néo pode ‘ser resolvida em um sistema de Estados independentes, @ Novas unidades funcionais devem ser criadas para resolver problemas econémicos ‘especificos. ‘ Pessoas e grupos desenvolverdo habitos ‘de cooperagao que migrardo da cooperagao econdmica para a cooperagao poitica. ‘@ No longo prazo, a desigualdade econémica diminuird e a guerra seré eliminada. blemas nessas reas técnicas (por exemplo, a contencio de epidemias, a viabilizagio de servicos internacionais de corrcios ¢ telégrafos) acabaria transbordando e se convertendo em cooperacao em assuntos politicos ¢ militares, levando ao surgimento de novas organizagées internacionais. As organizagées internacionais também se constituem em torno de bens coletivos — sio 0s problemas do segundo tipo. O bidlogo Garrett Hardin, em The Tragedy of the Commons, conta a historia de um grupo de pastores que compartilham uma dea de pasto comum. Cada um deles considera racional, do ponto de vista econémico, aumentar o tamanho de seu préprio rebanho, | ‘© que lhe permitird vender mais no mercado. Entretanto, se todos os Ppastores adotassem tal comportamento ~ racional, se considerado individualmente—, o grupo perderia: um niimero ex cessivamente grande de animais pastaria no mesmo terreno e sua qualidade se deterioraria, levando a um resultado pior para todos. Quando cada qual tenta maximizar racionalmente seu prOptio ganho, a coletividade é prejudicada ¢, no fim das contas, todos os individuos saem perdendo. (© que Hardin descreve — a rea de pasto comum — é um bem coletivo. Essa area esti disponivel para todos os membros do grupo, independentemente da contribuicio individual. Decisées romadas 8 Estados podem sofrer consequéncias as alheias. No contexto internacional, a decisio a ‘A.utlizgio de bens comuns envolv atividades ecolhasineedependertes, por um Estado provocam efeitos em outros Estados, isto é, negativas inesperadas como resultado de ii g ORGANIZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS.... | 167 dos patses ros de dar continuidade & produsio e venda de clorofluorcarbona, ods 08 oe vireude da cry da camada de ozdnioa logs ae uses ae ens coleci mecanismos de mercado dege uy esata legenetam, efazem-se necesérias outras formas de Hardin propés diversas solucbes possiveis para a tragédia dos comuns. A primeira seria fazer uso de coergéo: obrigar nag6es ou povos a controlar os bens coletivos. Como exemplo, os Estados polesiam obriat sua populago a limitar 0 némero deflhes, de modo a evtar uma explsio populacional capaz de aferar 0 meio ambiente, devido a drenagem de um grande volaiae recursos naturais escassos. A segunda seria reestruturar as preferéncias dos Estados por meio de recompensas ¢ punigées. Oferecer incentivos positivos para que os Estados se abstenham de gartcpar da destruigéo de bens comuns taxar ou ameacartaxar os que se recusarem a coopera por exemplo tornando mais barato para um poluidor trarar os poluentes do que descarté-los sem tratamento. A terceira seria modificar o tamanho do grupo. Grupos menores pressionam. ‘seus membros de maneira mais eficaz, visto que as violages dos comuns ficam mais faceis de derectat. A politica populacional da China —deapenas um filho por casal — éadmi- nistrada em Ambito local, por individuos que fesidem na mesma rua ou no mesmo prédio de apartamentos, ou trabalham no mesmo local. O monitoramento cerrado ie BENS COLETIVOS. ‘¢ Osbens coltivos esto cisponivais a todos desses individuos, aliada & forte presséo social, tem mais chances de gerar obedién- cia politica do filho tinico. Essas alter- nativas também podem ser concretizadas por meio de organizagdes internacionais. Para muitos elas séo a melhor maneira de resolver os problemas relacionados com os bens comuns — 0 mar, 0 espago, 0 meio ambiente. No entanto, nem todos os pro- blemas interacionais sfo relacionados com os bens coletivos. O papel das OIGs Organizagéesintergovernam ‘0s membros de um grupo, independentemente des contrbuigdes Indvicuais. ‘@ Algumas atividades dos Estados envolvem (0 fornecimonto de bens coletivos. '# 0s grupos precisam elaborarestratégias ppara superar problemas relacionados ‘20m os bons colativos, causados pelas ‘consequéncias negativas das ages {de outros — a “tragédia dos comuns”. + Entze essas estratégias estdo 0 uso de cooredio, a mudanea de preferéncias por melo do oferecimento de incentivos ea modiicagae do tamanho do grupo. entais como as Nagées Unidas, o Banco Mundial e a Organizacao Internacional da Aviagéo Civil podem desempenhar papéis cruciais em cada nivel de analise.* No sistema internacional, as OIGs contribuem para os hibitos de cooperagio; por meio dessas organizages, os Estados podem se socializar em relagio a interagbesregulares — desdobramento defendido pelos funcionalistas. Essasinteragées reglares ocorrem entte Estados nas Nagbes Unidas. Certas iniciativas de OIGs, como o programa Intemacional de Energia AtOmica, estabelecem Tarmente relevantes pata a teoria dos bens comuns. Algumas fal do Comércio (OMC), desenvolvem procedimentos anilise e vigilancia que sao particu OlGs, como a Organizagio Mundi — de monitoramento nuclear da Agéncia process regulares de coleta de informacées, ses | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS ELSEVIER edecer as normas. Outtas OIG para estabelecer regras, decidir disputas e punir ae : aoe pocorn viet tdes eee ee pupéis cenerais em negoclages internacionai subnacinaisc nfo governments. lém dso, ess ogaizaoes podem se igaronde ig negociadas mudancas consideréves na distribuigao internacional de poder. * As OIGs, juntamente com os Estados, com ffequéncia encaberam a criagéo €a manutengig de regrase prinipios internacionais, com base em seus interesses comuns. Estabelecem ex. pectativas acerca do comporcamento de outros Estados. Tais regras e principios fcaram co. rhecidos, de modo geral, como regimes internacionais. Os estatutos das OIGs incorporam as notmas,regras e processos de tomada de decisbes dos regimes. Ao reunir os membros do regime, as OIGs ajudam a reduzir o incentivo a trapacas € reforgam 0 valor de uma boa reputacio, Os principios do regime internacional de direitos humanos, por exemplo, sio articulados em ‘ariostratados internacionais, entre eles a Declaragéo Universal dos Direitos Humanos, Algumas OIGs, como as Nagées Unidas (por meio de seu Alto Comissariado para Direitos Humanos)¢ Unio Europeia,institucionalizam esses princfpios sob a forma de normas e regrasespecificas ¢ estabelecem processoselaborados para monitorar 0 comportamento dos Estados na questao ddos direitos humanos e sua obediéncia aos princ/pios humanititios. Essas mesmas organizacbes oferecem oportunidades para que os diferentes membros do regime — Estados, outras O1Gs, ONGs ¢ individuos — se redinam e avaliem suas iniciativas. Para os Estados, as OGs ampliam as possibilidades de sua politica externa e reforgam as restrigdes sob as quais os Estados conduzem e, em especial, implementam a politica externa, Os Estados fiiam-se 3s O1Gs para usi-las como instrumentos de politica externa. As OIGs podem leitimar pontos de vista cpoiteas de um Estado — por soos Estados Unidos buscaram 6 apoio da Organizagio dos Estados Americanos durante actise dos misseis em Cuba, em 1962. As OlGe enriquecem o repertéio de informagSes dsponiveis sobre outros Estados, aurnentando, assim, a previsbilidade do proceso de claboragéo de polticas. equenos Estados, em especial, usamg sistema da ONU para coletar informagées sobre as ag6es dos demais. Algumas OlGs, como o Alto Comissriado da ONU para Reugiados eo Unie, podem ser usadas na realivate de aevidedes expecificas — fungbes que si compatveis com as poiicas dos Estados, ou asamlom, Porém, as OIGs também restringem os Esados-membros na medida em que eeuabelecer Programas intcrnacionais e, em consequéncia, também nacionais, obrigando os governos a tomar decisbes; em que incentivam os Estados a desenvolver um proce decisées ¢ implementam processos para facilitar e coordenar pari criam principios, normas e regras de comportamento com og suas politicas se quiserem se beneficiar de sua Participasao na organizacio, Todos os Estados Partcipantes, grandes ou pequenos, esto sueitosaessas restrigéen Por exemplo, houve ocasides de outra forma, nio teria adotado. As OIGs também afetam os individuos na medida em que oferecem oportunidades de lideranca. Ao crabalhar com essas organizacées, os individuos, assim como os Estados, podem ional, ‘GOES INTERGOVERNAMENTAIS... | Nem todas as O1Gscumprem todas ess fungi ump cada uma desasFungécs vatiam, Clanumens neta geral. A extatura dessa organizasio ven proceso histo, que Ihe permite desemperha 6 0 modo ea medida em que cada uma delas » 2 ONU foi encarregada de muitas delas, de "voluindo 20 longo do tempo, fruto de um 8 papéis que lhe foram designados. ‘As Nagoes Unidas PRINCIPIOS BASICOS E INTERPRETACOES CAMBIANTES AAs Nages Unidas foram fundadas com base em trés principios fundamentais. No entanto, 20 Jongo do tempo de vida da organizacio, cada um desses tivos, em razio de realidades cambiantes.> Em primeiro lugar, a Organizacio das Nagées Unidas é baseada na nogéo da igualdade soberana entre os Estados-membros, de acordo com a tradicao vestfiliana. Cada Estado — Es- tados Unidos, Licuainia, {ndia ou Suriname, independence de seu tamanho ou populagio — & juridicamente equivalente a todos os demais Estados. E essa igualdade legal que fundamenta o regime de um voto para cada Estado na Assembleia Geral. Contudo, a efetiva desigualdade centre 0 Estados é reconhecida no poder de veto que é prerrogativa dos cinco membros per manentes do Conselho de Seguranga, no papel especial reservado aos Estados ricos nas discusses. orcamentérias, e no sistema de votagao proporcional usado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetério Internacional. Em segundo lugar, vem o prinefpio de que somente problemas internacionais se enquadram na jurisdigao das Nagées Unidas. Revelando sua influéncia vestfaliana, a Carta da ONU nao “qutoriza as Nag6es Unidas a intervir em assuntos que estejam essencialmente dentro da juris- dicio interna de qualquer Estado” (Artigo 2, Segio 7). Ao longo do tempo de vida das Nages Unidas, a antes rigida distingio entre questées domésticas ¢ internacionais foi enfraquecendo, que levou a uma erosio da soberania. As telecomunicagées globais ¢ a interdependéncia econémica, of direitos humanos internacionais, 0 monitoramento de cleigbes ¢ a regulamen- tacio ambiental infringem 05 campos tradicionais de jurisdigéo nacional e, por consequéncia, asoberania dos Estados. As guerras séo cada ver mais guerras civis, que em termos juridicos encontram-se fora do escopo das Nagbes Unidas. Entretanto, diante da violago dos direitos humanos internacionais e como fluxos de refugiados cruzam as fronteiras nacionais ¢ as armas sio fomecidas por edestransnacionals cada vez mists confits sto consieradosintensconas ¢ a Organiagio das Nagées Unidas ¢ vista por alguns como o foro adequado pars ago, Ess mudansas vém formando um crecente corpo de precedents para aincervengéo humantttia sem o consentimento do pais-alvo. . O terceiro principio & que 0 objetivo priméri da seguranga internacionais. Isso significa que os fazer uso de forga, ou utilizé-la de fatos resolver if énci i didas impositivas. especificado nas conferéncias de Haia; ¢ apolar mes a Ei Eacdammentos ranco da Liga das NagGes quanto das Nagées Unidas focaliassem it6 nal =; a isa clés 10s da protegio do territério nacional - a seguranga no sentido realista clissico — em term odo weno aoa 4 ONU éctde ves mais confrontada por demandas de ago para apolar uma visio mais amp! principios enfrentou desafos significa- fo das Nagées Unidas éa manutengio da paz ¢ Estados-membros devem abster-se de ameagar suas disputas por meios pacificos, conforme ELSEVI 170 | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS ER h unit milia e de lat seguranca. Operagdes para fornecer alimentos is populagdes fe nae ss ee ae ‘ou para prestar assisténcia sob a forma de comida, roupas € ee eens ae casas si sa nogio ampliada de seguranga — segura ansio furs cas lcs ne nove de spun nes em oa de cols dita com a auoridae in tetna dos Estados, minando o principio da soberania estatal. Os fundadores das Nagées Unidas reconheciam a tensio entre 0 compromisso de agir coletivamente contra Estados-membros e a afirmagio da soberania de cada um. Ainda assim, nao tinham como prever os dilemas acarretados pela transformagéo nas definigdes de seguranga. ESTRUTURA ‘A estrutura das Nages Unidas foi descnvolvida de modo a cumprir a diversidade de fungées, atribuidas & organizacéo por sua Carta; entrecanto, progressivas mudangas estruturais foram cemacional, em especial o aumento do ntimero de Estados. Os érgios centrais da ONU compreendem seis organismos principais, como mostra a Tabela 7.1. absorvendo as transformagées do sistem: TABELA 7.1 10s das NacGes Unidas Orgao Membros @ votos sponsabilidades Consstho de Seguranga 15 membres: § permanentes, Paz e seguranga: identifica agressor, ‘Com poder de veto, e 10 rotativos, decide medidas impositvas eleitos por regito ‘Assomblela Geral 189 memiros; cada Estado tern Debate qualquer t6pico que lum voto; trabalha com6 comités _esteja dentro do escopo & funcionais Fesponsabiidade da Carta; admite Estados; elege membros para ‘organismas especiais Secretariaco de 55 mil seoreté- ‘Secretariado: reine informagbes, pelo secretério-geral _—_rio-geral eleito pela Assembleia Ccoordena e condiz atividades; Geral e Conselno de Seguranca ‘Secretario-geral: principal executivo Para mandato renovavel de anos administrative, porta-voz Haiveaeess “umnkwaemtasaan meee ter, Soe tree Sao ifriredemntecerts oe scutes «coats igawentens teak etcmmarsaeets tins spa cna Srrcmceapatean, etenepemn pare, por § grandes poténcias indigenas, ONGs ou construgdo de a ‘Tiibunal Internacional ‘15 juizes Jutisdig&o no compulséria para de Justiga ‘casos apresentados por Estados © ‘organizagées internacionais O poder e St arin desses virios érgios foram se modificando ao longo do tempo. O tama- ho do Cons 10 de Seguranga permaneceu reduzido a fim de facilitar a agilidade na tomada de decis6es, em resposta a ameagas & paz e A seguranca internacionais. Seus cinco membros permanentes — Estados Unidos, Gri-Bretanha, Franca, Riissia (Estado que sucedeu a Unio Soviética em 1992) e Reptiblica Popular da China (que substituiu a Repiblica da China em 1971) —séo fundamentais para a tomada de decisées do conselho, todos com poder de veto ‘em quest6es de fundo, nas quais a unanimidade se faz necesséria. Nos primeiros anos da Guerra Fr, o Conselho de Seguranca acabou se vendo em um beco sem saida, devido ao exercicio recorrente do veto por parte da Uniso Soviética. A partir dos anos 1970, os Estados Unidos usaram seu poder de veto mais vezes do que todos os demais membros permanentes — na maioria das vezes, em fungio do conflito érabe-israclense-palestino. ‘A partir do final da Guerra Fria, sobreveio uma restauracio do poder do Conselho de Segu- ranga, devido & queda vertiginosa do uso do poder de veto. O mimero de reuni6es anuais oficiais do Conselho de Seguranca aumentou, assim como 0 ntimero de resolugées aprovadas por votagio de consenso; do mesmo modo, as reuniées informais entre os membros petmanentes tém sido inais frequentes. Com uma maior cooperagio entre os poderes permanentes — especialmente desde 1990, com a autorizacio do conselho para o uso de forca contra o Iraque, apés a invasio doKuwait—, o Conselho de Seguranca envolveu-se em mais conflitos mais armados, impés uma maior variedade de tipos de sangées em um maior ntimero de situagdes, criou tribunais para crimes de guerra, afim de julgar seus perpetradores, autorizou a intalagéo de protetorados em Kosovo no Timor Leste, eapés 11 de setembro expandiu sua participacéo em atividades antiterrorismo. “Todavia, por mais que o Conselho de Seguranca disponha de um enorme poder formal, nfo exerce «um controle direto sobre os meios de utilizaco desse poder; depende de Estados paraa obtencio de recursos financeiros e pessoais ea aplicagio de sangées¢ iniciativas militares. A disposicio de cada Estado para contribuir depende do quanto ele pereebe o conselho como um drgio legitimo. ‘A Assembleia Geral é 0 principal érgio deliberativo das Nagdes Unidas, possibilitando 0 debate sobre qualquer assunto de sua algada. Todos 05 Estados-membros estio representados na “Assemblcia Geral, que cresceu de 51 integrantes em 1946 para 193 em 2013. O grosso do trabalho da Assembleia Geral é realizado em seis comités funcionais: Desarmamento ¢ Seguranga; Econd- nico ¢ Financeiro; Social, Humanitério e Cultural Politica e Descolonizagio; Administrativo ¢ Orgamentitio; eJuridico. O debate acerca das resolugSes tomadas nos comités € organizado em toro de blocos de votantes de base regional, cujos membros usam seu voto inico para coordenar posgées eangariar apoio. Desde ofim da Guerra Fra, o trabalho da Assembleia Geral vem sendo cada vez mais marginalizado, & medida que o epicentro do poder da ONU vai retornando para o Conselho de Seguranca ¢ um Secretatiado mais tivo, para grande consteagio de vires grupos de interese, entre eles o Grupo dos 77, a coalio dos Estados em desenvolvimento; grupos regionais (Aca, Asia, América Latina), e alguns membros do Grupo dos 20, uma coalizéo das economias ‘emergentes, Ver por outta, 0 trabalho da Assembleia Geral atrai a atensio do piiblico, como aconteceu durante os debates de 2011 e 2012 sobre o status da Palestina © Secretariado hoje emprega uma equipe global de cerca de 55 mil ineegrantes,aproxi- mmadamente um quarto dos quais localizado na sede da ONU: O papel desempenhado pelo scrctro-gerl também soften significativa expansio; como édetentor de poucos poderes pes- sos, sua autoridade depende da capacidade de persuaso eda aura de neutralidade, Com esse 372 | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS ELSEVIER pés-Guerra Fra, em o poder potencial de forjar um ‘al Kofi Annan até sua aposentadoria, em 2006, Em tados Unidos com relagio i poder, o secrecirio-geral, em especial na era programa ativista, como fer 0 secretitio-ge a 1998, ele costurou um termo de compromisso entre 0 Iraque € 0s Es autoridade, composigao ¢ frequéncia das inspegdes de armas da ONU no drags ete © papel de mediador entre o Iraque ¢ o restante da comunidade internacional; além de implementar significativas reformas administrativas e orgamentétias internas & organizasao ¢ empenbar-se em cestabelecer um melhor relacionamento com 0 Congresso dos Estados Unidos. Annan usou 0 cargo para promover outras iniciativas, entre elas a resposta internacional 4 epidemia de AIDS €. promogio de melhores relagées entte o setor privado ¢ as Nagées Unidas. Considerado um secretirio-geral de alta visibilidade, Annan foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz em 2001 Seu sucessor, Ban Ki-moon, da Repiiblica da Coreia, foi reeleito para um segundo mandato em 2011. Tem empreendido iniciativas substanciais relacionadas com a mudanga climética, a0 empoderamento das mulheres ¢ a0 apoio a paises em crise. No entanto, hd quem o considere fraco como lider e ineficaz. como administrador. Nas Nagées Unidas, sempre que um érgio ganha importancia, a de outros diminui, sobretudo a do Conselho Econémico ¢ Social (Ecosoc) ¢ a do Conselho de Curadores, ainda que por motivos muito diferentes. © Ecosoc foi estabelecido originalmente para coordenar as varias atividades econdmicas e sociaisinternas 20 sistema da ONU, por meio de uma série de agéncias ‘especializadas. Porém, a expansio dessas atividades e aumento do nimero de programas tor- naram a tarefa de coordenagéo do Ecosoc cada vez. mais dificil. Além de abranger assuntos tao diversos quanto direitos humanos, situa¢io das mulheres, populacao e desenvolvimento e de- senvolvimento social, o Ecosoc esté encarregado também da coordenagio do trabalho da familia de instituigées especializadas da ONU (que discutiremos mais adiante). Em contrapartida, 0 CConselho de Curadores viu sua fungo set pouco a pouco esvaziada. Sua tarefa era supe a descolor nar .gd0 c encontrar solugdes para os territétios custodiados que ficaram sob a guarda da ONU durante sua transigio de colénias para Estados independentes. Desse modo, 0 préprio sucesso do Conselho de Curadores levou a0 seu fim. PRINCIPAIS QUESTOES POLITICAS ‘As Nag6es Unidas sempre foram um espelho do que ocortia no mundo, e o mundo, por sua vez, foi moldado pela ONU e seus érgios. As Nagées Unidas desempenharam um papel fundamental na descolonizagao da Africa e da Asia. A Carta da ONU endo: autodeterminagio para povos coloniais, ¢ ex-colénias como {ndia, latino-americanos aproveitaram a organizagio como foro ss0u 0 principio da Egito, Indonésia ¢ Estados as Para promosio do de des- coloniacio, Em 1960, a maiora dos membros das Nagbes Unidee ems gos de decane as esolues da ONU condenaram o prosseguimento das relagSes colonise exigiram relatos ameagas & paz internacional, ¢ as Nagées Unidas haviam nessa transformagio. a ps orca ah N'ZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS... | 178 Aemergéncla dos Estados recém-independentestranso internacional de um modo mais amplo. Eves Fe amplo. eados forma ia de Ronde‘ eamohininii eo hitsnsenedasseiere tee ie quase sempre is turras com os paises desenvolv , i ee cid Geto aeso ts cand fidos do Norte. O cisma entre Norte ¢ Sul seria a salami eaasah aisecoccaraian ‘ova Ordem Econémica Internacional. O conflito as coligagées tenham se tornado mais fuidas mou as Nagées Unidas e a politica politica mundial e das ages Unidas, ainda que » com a ascensio das economias emergent. MANUTENGAO DA PAZ Entre as muitas questdes enfrentadas pelas NagSes Unidas, nenhuma ¢ tio premente quanto a da paz seguranga, Uma nova abordagem, denominada “manutengio da paa” (peacekeeping) foi desenvolvida como um modo de limitar o escopo dos conflitas e impedir que se intensificassem. ¢.e transformassem em um confronto de fato, no contexto da Guerra Fria. As operagées de ‘manutengio da paz sio classificadas em dois tipos, ou geragées. No modo tradicional de ma- nutengéo da paz, instituicées multilaterais como as NagGes Unidas procuram conter confitos centre dois Estados por meio de forgas militares de uma terceira parte. Unidades militares ad ‘boc, compostas por Forcas Armadas dos membros nio permanentes do Conselho de Seguranga da ONU (normalmente, Estados pequenos e neutros), sio usadas para impedir a escalada dos conflios e manter os contendores separados até que se chegue a uma solugio para a disputa, Convidadas pelos litigantes, as tropas operam sob os auspicios da ONU, supervisionando armis- ticios, procurando manter cessar-fogos e interpondo-se fisicamente em zonas-tampao ente a8 partes em guerra. A Tabela 7.2 enumera algumas dessas operag6es tradicionais de manutengio da paz da ONU. TABELA 7.2 Pereicaeccle Veto tmesenecinn ie Lecaltzagao Operagao (es) NEF | Primera Forca Canal de Suez, Novembro de 1856 9.78 eoldados de Emergéncia da ON) Peringula do Sinai —junho de 1967 oda Nu Congo tuna de 1960— 19828 soiados Pea inno de 1956 UNFICYP (Forga de Manu —Chipre vag de Yo8k— a8 se tengo da Paz da ONU no preach, ie sent 5.476 soldados; LUNMISs (vissao da ONU na Sudo do Sul soni—praen sarees Repiblica do Sudao) militares; 479 policiais; 2:95 ehis 520 soldados: i Margode 1978-11 aru ga nace sul do Leno na Ane ea no Lane) 174 | PRINCIPIOS DE RELAQOES INTERNACIONAIS. ELSEVIER, Na era pés-Guerra Fria, as operagées de manutengio da paz da ONU expandiram-se ¢ passaram a abordar tipos diferentes de conflros ¢assumir novas responsabilidades. Enquaneg as atividades do modo tradicional de manutencio da paz sharia sali entre Estados, as atividades do modo complexo de manutengéo da paz respondem também a guertas civ ¢ confltos etnonaionalinasem Estados que no slctaram a asisténca da ONU. Para lidar com esses novos conflitos, os mantenedores da paz assumiram uma série de Fungées militares c nip rilitares. No que tange ao aspecto militar, auxiliam na supervisio da retirada de tropas (como no caso da Unio Soviética no Afeganistéo) ¢ se interpuseram entre facgSes em guerra até que as quest6es subjacentes fossem resolvidas (na Bésnia). Por vezes, resolver quesces subjacentes implica organizar e realizar eleigées nacionais, como ocorreu no Camboja ¢ na Namibia; por vezes, envolve a implementagio de acordos relacionados com os dircitos humanos, como na América Central. Noutras ocasiées, os mantenedores da paz da ONU procuram manter a lei a ordem em sociedades falidas ou em desintegraao, auxiliando na administracio civil, as- sumindo o policiamento ¢ eabilitando a infraestrutura, como ocortido na Somalia, Timor Leste ‘ Afeganistéo (o que coscuma ser denominado construgéo da paz). Além disso, os mantenedores dda paz prestam auxilio humanitiio, distribuindo alimentos ¢ remédios, e proporcionam um ambiente seguro em parte de uma concepgio mais ampla de seguranga humana na Aftica. A Tabela 7.3 apresenca uma lista de alguns casos representativos de operagées do modo complexo de manutengio da paz. TABELA 7.9 | Operacses de manuitencao da paz do modo complexo; casos representatives: Localtzacao Operacae (es) Duracao Forga maxima UNTAG (Grupo de Assistén- Namibia, Angola Abrilde 1989-margo 4.493 soldados; 15.000 cia & Transigdo na Namibia de 1980 policiais da ONU) LUNPROFOR (Forca da Extugeslivia Margo de 1992- 38.000 soldades: 4.600 Protegdo da ONU) (Crodcia, Bésnia —dezembro de 1995 cvs. Herzegovina, Macedénia) LUNTAC (Autoridade Camboia Fevereiro de 1992- 16,900 soldados, 3.600 de Transigao da ONU Setembro de 1983. palicias, 2.400 civis no Camboja) UNOSOM |, Il(Operagio da Soma. ‘Agosto de 1892- 28,000 soldadlos, 2.800 ‘ONU na Somalia) ‘margo de 1995, iis MONUSCO (Miso da Congo 1999-presente 16.700 soldados; 691 ‘ONU paraa Estabiizagao ‘na Repablica Democritica eee tres; ‘are poli 3767 do Congo) civis o UNAMID Operagio Hibida Darr ho de 2007-48864 secado: 277 a Uno sean as reser coesvatres ra [Nages Unidas em Darfur) 4.895 poicais; 4.054 chis g | (0 modo complexo de manutengao da paz teve sucessos e fracassos, como ilustram os dois casos ocortidos na Africa — Namibia e Ruanda. A Namibia (ex-Sudoeste Africano), uma ci colonia alemé, passou a ser administrada pela Africa do Sul a partir do final da Primeira Guerra Mundial. Ao longo dos anos, a Africa do Sul foi pressionada a abdicar do controle do terrtério, mas enquantotropas Cubans apoiadas pela Unido Sovitica ocuparam a vzinha Angola, Affica do Sul ecusou-se a considerar qualquer mudanca, justifcando-se com raabes de seguransa. Por fin, em 1988, Cuba ¢ Angola consentiram na retirada das tropas cubanas como parte de um seordo de paz regional, que incluia a independéncia da Namibia. A operagio de manucencio da pazdas Nagées Unidas supervisionou o cessar-fogo, monitorou a retirada das forcas ‘sul-africanas, monitorou a forca policial civil, assegurou a rejeicéo de leis discriminatérias ¢ criou condigées para eleiges lives ejustas. © Grupo de Asisténcia Transigéo da ONU na Namibia (UNTAG) via o modelo para o modo complexo de manutencio da paz ¢ construcio de nagéo tanto no Camboja, no inicio da década de 1990, quanto no Timor Leste, no final da mesma década. Enrrevanto, nem todas as operagdes de manutengéo da paz da ONU foram bem-sucedidas, Ruanda é um exemplo de siruagio em que uma forca limitada de manutengio da paz da ONU rmostrou set insuficiente; posteriormente, 0 genocidio intensificou-se enquanto a comunidade Jternacional assistia sem nada fazer. Ruanda e o vizinho Burundi conheceram conflagrag6es petidicas de devastadoravilénciaética entre hucus etuss desde a déada de 1960. Nos anos 1990, mais uma ver irromperam lutas intermitentes. Em 1993, um acordo de paz determinou queuma foga da ONU (a Misséo de Assstncia da ONU em Ruanda — Unamit) monioraria esa fogo. Entretanto, menos de un ano depos, irrompeu nova onda deviléncia em grande seal apés a morte do presidente de Ruanda em um desastreaéreo, Os extemisas urs das fares militares e policiais do pals massacraram a minoria tsi, esultando na morte de 750 militsis em um periodo de 10 semanas, A Unamirnéo estava equipada para enfientar a cris, tvapesar dos apelos de seu comandante por mais tropa, quando 0 Conslho de Seguransa da ONUo atendeu jé era arde demas. Embora a Unamir tena esabelecido uma zona de proveséo humanicra e garantido a seguranga dos depésitos de suprimentos doados¢ das escoltas para comboios de awistencia, a operacéo de manutengio da paz foi um retumbantefracasso. “A resposta da ONU 2 crise em Darfus, no Sudo, também tem se mostrado problematica. Quando, em 2003, milhares de pessoas fugiram de suas aldeias para escapar aos ataques das nillcasdabes, ligadas 20 governo (os janjawid o sistema das Nagbes Unidas cas ONGs as- sodadas responderam com ajuda humanitira, stabelecendo campos de refugiados e fornecendo alimentos de emergéncia e cuidados de saide. O Conselho de Segurancs, no encanto, limitou-se demi alerastmidos para o Sudo, uma ver que a China ea Réssia se opunham aadogio de medidas coercivas, apesar de evidéncias de que Darfur estava testemunhando um genocidio, vom mak do 300 rad moreose 2,7 milhdes de deslocados. Por fim, o Sudo acabou aceitando ‘ma pequenaforga de monitoramento da Unifo Africana (UA), ¢,em 2007, uma forca de paz hibrida da ONU/UA, mais potente, uma vez. que a crise €stav crescendo em complexidade € ‘©nimero de facgées se multiplicava. Em 2012, havia se aleangado uma paz relativa; a fronceira tare Sudsa'e Chee coma ativamente segura, alguns grupos rebeldestinham frmado spe © 100 mil refugiados haviam regressado a uma ‘Darfur cada ver mais urbanizada, Mais problemécica foi a operagio complexa de manurengio ‘da paz conduzida pela ONU na Republica Democritica do Congo. Desde 1998, a “Primeira Guerra Mundial da Africa” levou a ELSE 176 | PRINGIPiOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS om re as deslocadas. A crise é multidimensional, cestimados 5,4 milhées de mortes ¢ 1,4 sls el pet bateawiidoaalspee internacionalizada, com vitios beligerantes; es ae recursos pilhaveis e poder politico; violéncia continua; ¢ crises reer ison Ambito de um Estado enfraquecido que caminha para a faléncia. seat as maions forsasjéarregimentadas pela ONU, a organizacio no tem conseguido elaborar uma estratgig slobal, uma vex que alguns dos principas Estados-membros ¢ organizagdes apresentam inceresses esatégcos diverges, Ada as difculdades logics © operacionais io signees, devido a0 tamanho do pats, falta de infraestrutura de transporte, & incapacidade de protegera opulagio civil, 20 despreparo das tropas das Nag6es Unidas € & dificuldade para controlar seu ‘comportamento — elas prpriastém sido acusadas de crimes sexuaise corrupgso. Essa operacio vem causando claro prejuito &reputacio da ONU, levando muitos se perguntar se seré mesmo melhor realizar uma operagio fraca ou, talvez, abster-se de tomar alguma iniciativa quando hi falta de vontade € recursos para uma operacéo mais consistente. IMPOSIGAO DA LEI E CAPITULO VII Desde o final da Guerra Fria, o Conselho de Seguranca interveio em situagées consideradas de ‘isco para a paz ea seguranga internacionais, conforme autorizado pelo Capitulo VII da Carta da ON. Essa provisio habilita o Conselho de Segurangaa tomar medidas (sangBes econémicas,forca militar direta) para evar ou deter ameagas & paz internacional ou fazer frente a atos de agresio, Até entio, apenas em duas ocasides se hava langado mao de iniciativas desse géneto, visto que as Nagées Unidas tinham preferéncia pelo modo tradicional de manutencio da paz, mais limitado, As operagdes de desarmamento supervisionadas pela Comissio Especial da ONU para o Desat. smamento do Irque e pela Agencia Internacional de Energia Atémica (AIEA), um dos organismos especializados das Nagdes Unidas, bem como as sangées econémicas contra o Traque durante a década de 1990, também foram agbes impositivas sob o Capieulo VIL. De fato, os anos 1990 ficaram conhecidos como “década das sangbes”, devido &s diversas vez especificas, No entano,chegar a um acordo com relasao a quando impor sangdes pode ser df, como explicamos no Capitulo 5. Em 2008, os Estados Unidos ea Uniso Europeia defenderamm a adocio de sangSes contra o regime de Mugabe no Zimbébue, pelos abusossistemdticos dos dieitcs bhumanos de seus cdads. Porém, Rissiae China vetaram a minuta da proposta 1o Conselho de Seguranga,reiterando o principio da néo ingeréncia nos assuntos intemnos dos Estados, A Guerra do Golfo, em 1991, foi uma aco impositiva sob 0 Capitulo VII. O Conselho de Segurangaautorizou os membros “a usar todos os meios necessirios”,o quelevou direament@d agao militar da coaliz4o multinacional comandada pelos Estados Unidos pias a Comat de Seguranga a imposicio do Capitulo VII, mais uma ver contra © Tru, sob aalegasio de que este nfo esava cumprindo as determinagdes de resolugoes anteriores da ONU. © Conselho de Seguranga ficou divididos Estados Unides e Gea Breterka ‘spolaram at medidas imposiivas e Franca, Rissiae China se opuseram. Consolidado o impasse, eed olden prtrinem ale panmaion Cane da Seatrangpumcsbyer enum formal para o uso da forga, de modo que a coaliza liderada pelos Eros Unidos na Guerst sgjpetisem 2003 he folausivala pelos Nesbetstdan len lemmrarenorce cota 9 essa organitagio ainda € um ator relevante na politica internacioa. : es em que foram impostas singées \ a OnGANIZA¢oES intenaovenNaMeNTa's... | 7 Be MANUTENGAO DA PAZ E IMPOSIGAO: EXITO OU FRACASSO? sdo estudos académicos baseados em dados empiricos extraidos de uma vatiedade de casos» j modo tradicional de manucencio da paz reduz a propensio de Estados beligerantes a voltar sjatar no fururo. A missio de paz no Chipre evitou hostilidades abertas entre gregos ¢ tufcos pailha Por 11 anos, os Estados drabes ¢ israelenses foram separados, eas hostilidades entre [ndia { Paquistéo em torno da Caxemira restringiram-se a perfodos intermitentes, gracas, em grande 4s operagées tradicionais de manutengio da paz. Contudo, o éxito na manutengio da paz do modo tradicional em guerras inerestatais nao é scompantado de sucesso comparivel em operagées de maior complexidade, isto é, no caso de guerras civis intraestarais. Ai, emboraorisco de guerra sejaredusido pela metade, a posibilidade {Teocorréncia de um novo conflito dentro de um prazo de cinco anos varia de 23% a 43%. (Quando esss operases complexas envolvem verifcagio de armas, monitoramento ou supervisio dedleigses, mostram-se mais bem-sucedidas; todavia, em conflitos mais dffceis, com um longo histérico de violéncia e varias partes beligerantes, a manutencéo e a construcio da paz tém tido menos éxito, como ilustra o caso da Repiblica Demoerética do Congo. REFORMA DAS NACOES UNIDAS: SUCESSO E IMPASSE Diante da escalada de demandas e onerada por estruturas que néo refletem mais as realidades de poder do sistema internacional, a Organizagio das Nagées Unidas tem se confrontado com persstentes damores por formas. Embora muitas tenham sido relizadas os desafios continuam ‘tics. Como é dificil fazer emendas & Carta — 0 que requer a ratificagio ndo sé de dois tergos ddos membros mas de todos os cinco membros permanentes do Conselho de Seguranga — a traioria das reformas foi realizada contornando a necessidade de emendas. Para dtimir problemas administrativos que vieram 3 rona com o escandalo do programa ‘Alimentos por Petréleo, em 2004, quando funciondrios da ONU foram acusados de aceitar jsmo na assinacura de contratos no Traque, foram introduzidos novos trecanismos de responsabilidade financeta e superviso interna. Para tratar das novas questSes ttansnacionais, tratou-se de criar novas estruturas ou reorganizar outras antigas, entre elas o ‘Alto Comissariado para Dircitos Humanos, em’ 1997, ¢ 0 Comité Antiterrorismo, em 2001, paz ajudar os paises a efetuarem um combate mais eficiente ao terrorismo. Para administrar operagées de manucencio da paz de maneira mais eficaz, 0 Departamento de Operacées de Manutengéo da Paz foi expandido; organizou-se um Departamento de Suporte de Campo para trac de questéesfinanceiras,logstcas ede informacis foi agregado pessoal militar dos pases aque fornecem tropas estruturaramse equipes de mobilizriorépida. Desde 2006, a Comissio de Construcio da Paz trata de questées relacionadas com a recuperagio pés-conflitos — entre chso monitoramento da estabilizacio econdmica, o desenvolvimento de recursos governamentais acoordenagdo de atividades de desenvolvimento econémico — mediante reunides dos chefes dos programas ¢ agéncias da ONU, inclusive Banco Mundial, Fundo ‘Monetirio Internacional © Organizago Mundial do Comércio.” ‘A eforma do Conselho de Seguranca ainda € o ponto critco para a legiimidade do papel 0 Conslho de Seguranca na imposio. Os cinco membros permanentes do Conselho — os vitoriosos da Segunda Guerra Mundial, com seu poder de veto sobre questées substantivas — sio propinas e mostrar favorit i ELSE) +70 | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNAGIONAIS VIER um anacronismo, A Europa é super-representada; a China é nica economia emergente € 0 tinicg ‘membro asiticoy a Alemanha e o Japéo contribuem mais para a organizagéo, em termos finan éeiros, do que os cinco membros permanentes, exceto pelos Estados Unidos, raticamente todos oncordary ques parpagio no Conselho de epuranca deve er aumentada Mas a concordini, Preteen Hos? Alemanha,Japio c/ou Ilia? Do mundo em termina af. Que outros paises deveriam ser admiti aera India Paguisti,Aftica do Sul e/ou Nigra? Argentina ou Brasil? Os novos mem. bros deverio ter poder de veto? A diferenciagéo entre membros permanentes € nfo permanentes deve ser mantida? Propostas concorrentes seguem sendo discutidas, sem que se chegue a nenhum acordo. Como declarou o Presidente Obama, a ONU €a0 mesmo tempo “falha c indispensivel"* UMA COMPLEXA REDE DE ORGANIZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS Os drgios centrais das Nagées Unidas aqui apresentados sio apenas uma pequena parte do sistema de organizagées da ONU. Hoje, hi 19 agéncias especializadas afiliadas formalmente as Nagbes Unidas, todas frutos do pensamento funcionalista, dedicados a areas especializadas de atividade que Estados individuais no tém como administrar sozinhos. A satide piblica € as doengas néo respeitam fronteiras nacionais, nem os fenémenos meteoroldgicos; para monitori-los, é necessiria a aplicagéo de conhecimentos especializados pelos Estados em con- junto. Correios ¢ telecomunicagées deslocam-se através das fronteiras nacionais; 0 transporte ‘maritimo e os avides voam de um Estado para outro; essas 4reas precisam ser regulamentadas por estautos técnicos. Dada a importincia dessas atividades funcionais, nfo admira que muitas das agéncias especializadas das Nacées Unidas na verdade sejam anteriores & propria ONU. A Unido Internacional de Telecomunicacées data de 1865; 0 Servico Postal Universal, de 1874; ¢ conferéncias sanitirias internacionais, de meados do século XIX. Outras, como a Organizagio da Aviagio Civil Internacional e a Organizagio Maritima Internacional, remontam ao periodo imediatamente posterior & Segunda Guerra Mundial, (Oueras agéncias especializadas e programas da ONU sio incumbidos de atividades operacio- nis relacionadas com tarefaslimitadas, ainda que essas tarefas possam ser bem mais controversis: 2 distribuigao de alimentos aos necessitados (Programa Alimentar Mundial); acomodagio de refugiados ¢ deslocados dentro de um mesmo territério nacional (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados); ou a instituico de normas laborais (Organizacio Internacional do Trabalho). Muitas das missées a que esses programas e agéncias se dedicam tiveram inicio sob cos auspicios da Liga das Nag6es, apés a Primeira Guerra Mundial, Tais organizacées possuem cartas, membros, orsamentos ¢ secretariados préprios. Embora todas se reportem, diteta ou indiretamente, ao Conselho Econémico ¢ Social da ONU, nem este, nem a Assembleia Geral tém o poder de determinar suas agées (Tabela 7.4) Entre as agéncias especializadas figuram a es de Bretton Woods — o Fundo Monetirio Internacional ¢ @ Banco Mundial —, examinadas no Capitulo 9. A Organizacio das Nagées Unidas nao é a Ginica OIG importance, claro, ¢ hé diversas outras organizacées i tergovernamentais sem relagao com a ONU, dentre elas a Organizacio Mundial do Comércio 4 Organizacio dos Palses Exportadores de Petséleo (ambas também analisadas no Capitulo 9); além de uma infinidade de organizagics regionais e sub-regionais, Essas OIGs cumprem fungoes criticas no campo da cooperasio econdmica seguranca interestatais, TABELA 7.4 ‘Organizago Mundial da Saige Organizagao de Alimentos e Agricutura Organizagao Internacional do Trabalho ‘Agéncia Internacional de Energia Atémica Grupo do Banco Mundial Organizagses Regionals Unido Europela Organizagées independentes Organizagio dos Paises Exportadores de Petrdieo Organizago Mundial do Comércio Organizagdo da Conferénca Islrica Organizagao do Tratado do Atlatico Norte Organizagao internacional para as Migragdes Organizagses Sub-regionals Unido Africana Orgarizagdo dos Estados Americanos Liga Arabe ‘Associagio Europela de Live Comércio ‘Comunidade Econémica dos Estados da Sori tados da Africa Mercosul Consetho de Cooperagio do Golto A Unido Europeia — uma organizagéo regional Organizasées regionais também desempenham um papel cada vez mais vsivel nas relagdes in- ternacionais. Porém, nenhuma tem sido téo visive, cio forte nem tio imitada quanto a Uniéo Europeia (UE). A ideia de uma Europa unida remonta a séculos. Immanuel Kant ¢ Jean-Jacques Rousseau jé apresentavam planos para a unificagio da Europa,” Apés a Primeira Guerra Mundial, os idealistas especulavam que uma Europa unida poderia ter evitado a conflagrasio. A Segunda Guerra Mundial apenas intensificou esses sentimentos. Por consequéncia, apés sua conclusio, seguiu-se um vigoroso debate acerca da futura organizacio da Europa. De um lado estavam os, federalistas: baseando-se nos escritos de Rousseau, acreditavam que, como os Estados soberanos levavam & guerra, a paz s6 seria possvel se os Estados abrssem méo de sua soberania einvestissem em um érgéo federal supetior. Se os Estados se unissem a outros, cada qual confiando parte de sua soberania a uma entidade mais alta, a causa fundamental da guerra— a comperico milicar centre Estados — talvez fosse pot fim eliminada. Os partidérios do federalismo propuseram a Comunidade Europeia de Defesa, que teria posto os militares sob o controle da comunidade, afetando assim 0 cerne da soberania nacional ‘ ‘Do outro lado estavam os funcionalista. Seu principal proponente, Jean Monnet, acreditava queas forcas do nacionalismo acabariam, a loge a endo ea lade ines fo ymecando pela criagio da ymunidade Europeia iat (anteces- BS Comic Contin pel = CEE), ele defendia a ralizacio de ean cooperativos em dreas especficas nio politics. Previa-se que ta iniciatvas aches caplando 2 drea econdmica e abordassem também questées de seguranss ar Coma Eons de Defesa, federalist, foi derrubada pelo Parlamento frances em es alee prevaleceu. Na época, ninguém poderia imaginar uma Ee ae en gaaraa paar’ ead de cidadios de 28 paises, proporcionando aca um dees ve pasem graces ELSEVIEy 180 | PRINGIPIOS DE RELAQOES INTERNACIONAIS VIER i is de US$17,7 trilhoes, e com mui ando as vantagens de uma economia de mais de US mits eigen Renan o euro, Ea crise da Zona do Euro de 2011-12, discutidy no Capitulo 9, que representa o maior desafio para o futuro da Unio Europcia. EVOLUGAO HISTORICA a J cia foi derivado nao somente da devastacao promovida © impalso para tiagio da Unio Europeia foi d en aoe e agilgnnis de etek pela experiéncia da guerra, mas também dos riscos de seguranga que ei Ta permanente, Instigada pelos Estados Unidos, uma Europa oneness © rte van dredu. ‘so de barteiras comerciais) sabia que, se integrada, estaria mais bem equipada para en frentea ‘ameaga representada pela Unio Soviética. A Europa também entendeu que, se os alemes fossem incluidos nos acordos, representariam uma ameaga menor 20s demais Estados. Naturalmente, as corporagées mulsinacionais com sede nos Estados Unidos também st beneficiariam desse mercado ampliado. Assim, as ameacas 4 seguranca, os incentivos econdmicos ¢ a percepeio do contexto pés-guerra contribuiram para motivar as elites politicas a promover a integracao europeia."” A Comunidade Europeia do Carvao ¢ do Aso, que colocou a produgio de carvéo ¢ ago da Franga e da Alemanha sob uma “Alta Autoridade” comum, representou o primeiro Passo em diresao & realizagao dessa ideia. Embora a Alemanha fosse tratada como igual, seu principal setor econdmico de suporte a inddstria bélica foi integrado a uma comunidade composta também pela Franga, Itilia e paises do Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). O experimento funcionalista foi tio bem-sucedido no estimulo & produgio de carvéo ¢ ago que os Estados-membros decidi- ram expandir a cooperacio sob a Comunidade Europeia de Energia Atmica e a Comunidade Econémica Europeia. Assim, os Tratados de Roma, assinados em 1957, comprometeram os seis Estados a criar um mercado comum — climinando resttigées a0 comércio interno, impondo uma rarifa externa comum, reduzindo barteiras 4 movimentacao de pessoas, estabelecendo uma politica agricola e de transporte comum. Em 1968, dois revista, quase todas as metas tinham sido atingidas, Novas dreas foram pouco a pouco trazidas para o ambito da comunidade, tais como saiide, Seguranga ¢ padrées de consumo, Como o sucesso nesses campos crescia e declinava altemada. mente ¢ estagnaslo atrapalhava o progresso, foram tomadas providéncias, A primeira delas foi expandir o tamanho da comunidade, no assim chamado processo de ampliagéo, Em 1973, outros Seguiram-se seis ampliagdes sucessivas, resultando ‘ag6es aumentaram a influéncia da organizagéo, mas Focesso de tomada de decisées (ver mapa). >of Porrante No aprofundamento do processo de integra¢s0 — aassinatura do Ato Unico Europeu (AUE), que estabeleceu a meta de chegar a um mercado Sinico até o final de 1992 — o que implicava um elaborad, 4 it M que lo processo de remocio das barreiras Aisicas, fiscais ecéenicas a0 comércio ainda restantes, de harmonizagéo dos pies nacionais de satide, de formagio de varios niveis de tributacio ede climinacéo das barreiras 4 movimentagio de pessoas. Novas questes ambientais eténleas também forse anh taés ml medidas espciias para levar a cabo o mercado lining ne: Fora necests Mesmo antes da conclusio do procesto, oTratado de Ma cur n © rtado de Maastricht foi assinado em 1992. A Comunidade Europeia tomnou-se a UE. Os membros comprommniness cans uma servigos e capital, ¢ anos antes da data a ae GANIZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS.... | 481 Expansao da Uniao Europeia, 1952-2013 1952 gc, Fraga, Abmasha Occ, ‘ia, Liner, Handa [Bi ws7s-s0 Dinara, ec, Handa, Poros Ents, Rei Un i 1387-25 se, Amara Ota, Fra, Sula Hi 200 ‘hip, Replica Ceca, sta, Let, ono, Hoga, Nata, Poti. sé Edad 2007-13 aga, Roni, Cia [Bibpaises canciaatos (2013) ‘sia, Noteeg, Sina, ‘Antga Repibica neta ta acest, Tua [ipotencias canaiatos a membros Nana, Boia Herein Kase (orem so apenas econémica, mas também politica, que previa oextabelecimento de policas eras ade dcfece comuns, urna moeda tinica eum banco central regional, Cinco anos mais tarde, em 1997, fl assinado o Tratado de Amsterdé, que eferuow algumas alteraées nos tratacos aneriors, ae tics conceecko de mais poder ao Parlamento Europeu — mas, de modo geal dando raion Enface aos direitos individuais, & cidadanta,3justiga e a assuntos domésticos, ‘Aexpansio do poder da UE néo se deu sem oposigdo. Come ddeixaram claro votagbes rea- Ieadas om vdris patses, embora o public europen de modo geal apois 4 ideia da cooperagio ccondmica e politica, também ceme a redueio da soberania nacional e reluta em abrir mio de drains dares ndrioon,deposiando mais poder nas mins de burocatns cours npn nio leitos das elites politicas. O debate em torneo da proposta de Consticuicéo Europeia levou essas questéesa um ponto critico. Promovida pela elite politica a ‘Constituigio Europeia foi assinada pelos chefes de Estado em 2004, sé para ser rejeitada em dois referendos nacionais um ano depois, Em seu lugar foi instaurado, em 2007, 0 “Tratado de Lisboa — mais uma tentaciva de aumentar a eficacia da UE mediante a cria¢ao dos cargos de ee do Ce Fe ee readin pur en ep Se cca mais coesa € Redniieasds pean port qualifcda, em gat da unanimidade O watado também visa a aprimorar a legitimi io do reforgo da autor dade democritica da UE, por mel do Patlamento Europeu. © rratado entrou em vigor 1° de dezembro de 2009 (Tabela 7.5). AIS ELSEvy te2z | PRINciPios DE RELAGOES INTERNACIO ER TABELA 7.5 LeVeirtory loinc tetris "evento ae Belgica F a 10 @ do Ago, composta por Béloica, Franca, 1952 Gago da Comunidade Europeia do Carvdo 940 AFD Wile Lrertuyo, tomas nbranba cones 1954 _Assombleia Nacional Francesa rejeta proposta para forma ae ja (CEE) € a Com yomica Europea ( iad 1957 Tatas de Roma estabelecem a Gorunidade Econdmica Fert Eh Europea de Energia Atémica, ambas compostas Pes Gps oben 1863 Conctuca a unio afandegia; odes as taxas, quotas © as © 6 adotaca ume tara alfandegéria externa comum. PUL 1975 —_Assinada a Convengo de Lom, entre a GEE e 46 paises em ica, Caribe o Pactico. pee 1979 Concludes negociagaes de alto nivel sobre o Sistema Monetério Europeu; primeiras, eleigdes dretas pare o Pariamento Europeu. a foe 1986 __Aprovadoo Ato Unico Europeu ALE) como oto de asegury aor raidez ra tomas de ceises, mas ang a questfes ambient otaonlégcas, COmpaeso de uma sta de provdéncias que precisa ser tomadas antes de se ercado nico em 1992. 1982 Conclude © Tratado de Measticht, que compromete o8 membros & unio politica e inci «8 adogSo de poitica externa ede defesa comuns, uma moeda Unica e um banco central, regional; nome mudado para Unido Europeia (UE); eferendos polémicos realizados em varios paises. 1997 Tratado de Amsterdestence a competéncia & Justija ¢ Assuntos Internos e define Cidedenia europeia 1999 __Langadas a poltica monetéria comum e a moeda nica (0 eur). 2002 Euro-em cirelago. 200 Negociada a Constuigdo Europeia. 2005 _—Pailicos francés @ holandés eeitam a constituigéo proposta; discusses continuam, 2007 _Tratado de Lisboa prope mudencas em intituigSes e no processo de tomada de decisées. 2009 Tratado de Lisboa aprovade, 2011- ——_Crise-6a Zona do Euro, presente ESTRUTURA n der entre Grgios da ONU, ocorreu também na UE. A principio, o bodes spavaunas toga Corals opein esturslle deaiancivasrepransaaes ioe one da comunidade como um todo, Embora cada Estado tenha dteito a wey membro, supée-se que néo ajam como representantes nacionais. Cada técnica, conhecida como diretdrio geral — este, Por suave, diviido em diretrios que cobrem pares espe icas daquele campo, Na maior g ORGANIZAGOES INTERGOVERNAMENTAIS.. | 189 en Principals instituicoes da Unio Europela (2013) Participantes © votagaio Responsabilidades joeuopea —— 28membros, mand : amis Eop8 mandates de anos; Dk hice a proposes: za pooe ‘quate de pessoal de apeio com mais tatados; xceta potas 238 mifurconioseuocrats, cansohodeMirsves Mnistos deEstador-membros; Lag; determin obevos votago por unanimidade ou maioria polos; coordena;razoive ‘qualificada conforms o te Gterenge : Sirens ministro por Estado: es patemento Europes 750 membros, dddos ene Legit: aprovaorgamento: Estadosrmembres;eleto acaca supervising oexeouvo 8 anos pls ciao; organized em torn de parldos plios Conse Europeu Cheles de governo; reunites do Prisca organismo para pa cuss vores por ana illatvas da UE comb Ecorémico® Aproximadamente 350 membros __—_Papa corso; sve de a escalisos em gupesdeineesse _plaalorma pare a sociedad ci feonéica esi representa frcaminna opis a ouvas srroregaceres, empresados, ures instugee ‘iowal Europeu de izes (28) advogados-geas Aji disputes em torno ea inccados pelos Estados para dos talados da UE assegura mands de 8 anos interprtagso unto das les Ca Uy oerece constr 205 Estados parte de sua hist6ria, a Comissio Europeia desempenhou esse papel de motor, enquanto Conselho de Ministros ratificava, modificava ou vetava propostas, muito embora formalmente a comisséo & que se reportasse 20 conselho. Este, com seu sistema de votagio proporcional, vem assumindo cada vez mais poder; certs decisées em quest6es externas ¢ de seguranca, imigragio c impostos requerem até unanimidade. O crescente poder do Parlamento Europeu é outra mudanga. Desde meados da década de 1980, esse drgéo vem conquistando um papel legislativo ¢ de supervisio crescente. Como os membros sio eleitos por sufragio universal, o organismo apresenca um elemento de responsabi- lidade democrética inexistente nas demais instituig6es. A participagio relativamente baixa nas eleigbes parlamentates de 2009 indica que a legitimidade das instituigbes continua sendo um problema, que as disposigées do Tratado de Lisboa pretendem corrigi. ‘Do mesmo modo, também o poder do Tribunal de Justiga Europeu (TJE) vem se expan- dindo, As abrangentes responsabilidades do tribunal no campo da interpretagio e aplicagio da legslggo da UE incluem decisées quanto & constitucionalidade de toda a legislagio da UE; a imerpretagio de tratados, fornecendo pareceres aos tribunais nacionais; ea esolugio de litigios entre os Estados-membros, as instiuigées da UE, empresas ¢ individuos. Os Estados- membros Sio obrigados a respeitar a legislacio da UE. Se deixarem de cumpri-l, a Comissio Europ joa | PRINCIPIOS DE RELAGOES INTERNACIONAIS 1s, R pode tomar medidas contra a infragio, ave podem incluir multas ou a imposicio de say oa ore ctdos os Exads-merbrosj fram Ivados pranteotlbunal em gum my ‘em virtude do néo cumprimento de suas obrigagées. Os 28 juizes da Corte Europeia ee sea (CEp)jjigaram cera de 20 mil sos emiram mais de otocenos parecer, cobins wos dene quanto dpa sobre dios aduancios, dscriminaci fsa alin oases sno alii subsidiosaricks leglagéo ambiental, questOes de segura je an paunidorese mobildade do abalho. Mas do que os seu fundadores podiam prever, om Seeempenha um important papel institucional no regionalismo curopeu eda nova onl juridica, que se materaliza na legslacio da UE. POLITICAS E PROBLEMAS AUE avangou progesvamente para noves freas deatuagio, do comércio eagriculeua (discutid, ‘no Capitulo 9) a0 transporte, concorténcia, politica social, politica monetéria, meio ambiente justiga e politica externa e de seguranga comuns. Entre as muitas questdes contioverss ex fracaseo das tentatva de desenvolver uma politica externa ede eguranga comuns O cismacnue 0s Estados que apoiaram a politica dos Estados Unidos no Iraque (Gra-Brecanha e Espana) eos quea cla se opuseram (Alemanha ¢ Fraga) €sugestvo, assim como a difculdade de oar uns poll exemaunfcada da BU em rela ao Ir. As dfculdades na politica de segurana ver Fepercuss6es em outrasdreas;a guerra contra o errorismo pds em xeque politicas fundamentis 4a UE, entre clas a abereura das frontcras em contraposico As ameagas & seguranca resultantes da auséncia de controles nas mesmas, de um lad n ; , de um lado, ¢ 0 compromisso com os direitos humanos em vos spn cece dees imigno 8 revs dos dies dos exrangin do ue. Asim as discuss arp do aprofindamento da coopera concnuam compos membros aris devia gui cpandindo a amplcude da cooperagio? Ou deveam er reduzir as tenses que vém & tona quando os Estados divergem com relagio & politi 2 Igualmente problemdticas sio as quest6es: h i gee geen J q ‘que envolvem a ampliagao do ntimero de membros. AUE deve continuar a expandir seu quadro de assoc i quadro de associados € estender a mio aos novos Estados ddemocréticos da Europa Oriental es ex-repablicas soviéricas, ou quel a Islandia? Quanto tempo levaré para os novi ee oe See mae ee ee ‘membros aderirem as 80 mil paginas dese afeatio ofancionamento da Unido? Os novos membrot en Ca enc cietuen 3013 oe Meat ee ‘membros — como a Crodcia, que aderiu ¢m devem também cpr antes de eceber adore hesehen nan cea eo vai live circulagio de trabalhadores.ATurquia, prin para doe tee deninian conseguird adequar-se aos critérios eas er ne oe oneee es ee eee edo: instituiges democriticas estaveis, mercado funcional ecapacidade de cumprir conscuhindren de dems deveres da Unie? O pats ealizou avangosconiete> dente, Serd que a candidatura da Sérvia serd act ty) VOCE DECIDE Um dos principais acontecimentos politicos dos iltimos 60 anos foi a evolugdo da Uniso Europeia. A UE se destaca como uma das mais vastas associagées econdmicas e politicas entre Estados soberanos na histéria do mundo. Os criticos argumentam,no entanto, que, assim como outras OIGs como as NagSes Unidas, a Unigo Europeia nao ¢ democratica © bastante: a prestagdo de contas 4 populagéo seria insuficiente e faltaria transparéncia na tomada de decisées — 0 que no deixa de ser irdnico,jé que os membros da UE séo, eles préprios, Estados democriticos. 0 fato de que o Parlamento Europeu, tinico érgso da UE eleito 10s dos Estados-membros, é também uma das instituiges Os eriticos referem-s de maneira direta pelos cida mais fracas da UE. Grande parte das atividades concretas da UE é gerida por eurocratas localizados em Bruxelas, nomeados pela Comissio Europeia, & qual prestam contas - ¢ cujos membros também s80 designados por indicagSo. A reeigfo, em 2005, de Consitvicbo Europeia pela Franca e Holanda reflete a insatisfagdo dos cidadios com as instituigSes da UE. Em toda a Unido Europeia, as pessoas sentem que, a menos que seja reformada, a UE corre orrisco de acabar se convertendo em um governo supranacional, com mais autoridade do que responsabilidade. Mas seré que a falts de prestagdo de contas e transparéncia necessariamente prejudi pode argumentar que @ falta de democracia da UE tem possibiltade avangos em 8 segurange alimentar, Vocé questées técnicas. O estabelecimento de padrées com relag condigées de trabalho, sade © meio ambiente talvez se desse de modo mais lento ou ‘caso a patticipagio fosse mais democritica. , se fossem em- mesmo fosse interrompido, progedos processos democréticos os Estados membros com popula toresses ignorados? 1gBes maiores no seriam prvlegiados, colocando os menores em risco de ter seus voeé pode argumentar que, por mais util que o regime tecnocratico Por outro lado, .dB0s, Agora é preciso acomodar possa ter sido, agora é necesséria a participagio dos cidax de Estados e pessoas — 26 Estados habitantes. Ademais, os problemas enfrentados pela UE, entre eles déficits orcamentals ¢ ddesemprego, afetam diretamante a vida dos seus cidados. Sem participacéo democritica as vores de todos os setores da sociedade serdo ouvidas um niimero bem mai membros, com 5065 milhdes de e prestacio de contes, seré que nos corredores da UE em Bruxelas? VOCE DECIDE: Seriam os processos democraticos nc? Serd possvel que a democraciaconstitua um fator negativo pare ofuncionamento das organizagées internacionais? iteis para a UE? Interessantes? Ou CIONAIS jes | PRINGIPIOS DE RELAGOES INTERNA "SEV } si f ,alAe ali Outras organizagoes regionais: a OEA, !Ga dog Estados Arabes Por muitos anos, a questio criti Era evidente que 0 contexto do ca foi se ourasregides seguitiam o modelo da Unito f desenvolvimento da Unio Europeia no poderia srg ieee ide sse mais ou menos convents com precisio. Embora a maioria dos dees cs Sra eam inadequagéo do modelo europeu para aquela reg!#0 ‘ 7 COMO a Ca mules eect dos Estados do Oeste Africano ¢ a Comunidade do Caribe (CARICONy an UE como modelo, (Vamos examinar o Acordo de Livre Comércio da América do Nj! Capitulo 9.) re Organza egionaisem ambit continental como a Organizasio dos Estados American, (OBA) a Unido Africana (UA) segura outros caminhos. Na ocasizo de sua fundacio, gp 1948, a OEA adotou objetivos amplos: politicos (atualmente, a promocao da democr, ia), econémicos (incentive ao desenvolvimento ¢reforgo do tratamenco preferencial no comécigg ina esfera financeira), sociais (promogio dos direitos humanos) € militares (defesa coletiya contra agressdes de fora da repo esolugio pacific de controvésias em seu interior). Nenhuma ou onganizago regional inclu tamanha divsio Nort/Sul entre um membro hegeménico comp g Estados Unidos (¢ Canadd), de um lado, ¢ os “membros do Sul”, de outro. Ao corroborar e389 diviio, a OEA subscreveu muitas das preacupagoes da politica externa dos Estados hegemnicos a derrota das facs6es comunisas/esquerdistas durante a Guerra Fria € a énfase na promocig da democracia, Em 1985, a OEA decidiu tomar medidas em caso de interrupcio irregular dy democracia, e determinou a suspensio dos membros cujo governo fosse derrubado a forca, 4 OEA tomou providéncias contra golpes ou contragolpes em nove ocasiGes, como, por exemplo, no Haiti (1991-1994), Peru (1992), Paraguai (1996, 2000) e Venezuela (1992, 2002), Tnstituiy sangées contra 0 Haiti c, em 2009, suspendeu a participagéo de Honduras depois do golpe de Estado que ld ocorreu. De modo geral, entretanto, 0 histérico da realizagao de seus of ® bjetivos politicos, econdmicos e sociais é misto, sendo limitado pela escassez de recursos econdmicos¢ falta de vontade politica. Ao contritio da UE, a OEA tem desempenhado um papel limitado no desenvolvimento econdmico da regido. ‘A Unido Africana veio substituir a Organizagao da Unidade Africana em 2002. Esta tinha sido deliberadamente concebida como um organismo intergovernamental tibio ao ser fundada, ea 1964. ets, recém-independentes na época, procuraram resguardar a soberana que 1aviam acabado de conquistar; néo pretendiam permitir interferéncias em assuntos internos, ores igualdade soberana de todos 05 Estados. Embora a ilegalidade do apartheid na rica do Sul fosse um mote da OUA, os membros basicamente guardaram siléncio acerca des questées econémicas ¢ de desenvolvimento mais Prementes. A recém-reconstituida UA é uma pea de munir os Estados afticanos de uma maior capacidade de resposta aos problemas dz ees lizagao eee da democratizacio que afetam o continente. Assim, a UA mantém : ‘compromisso com a boa governanga e 0 principios democriticos, ilegtimos ¢ comprometendo-s a intervie em assuntos intemnos em e contra humanidede Tis princpios baseiam-se na cenca de que am para o desenvolvimento econbmico eimprescindivel para ace-so soe externos. No encanto, ‘Wop “Plicady suspendendo os goveros aso de genocidio ¢ cimes thor governanga éa chave fundos de deseavolimen cmbora 2 UA tenha suspendido a participagio da Maurtinia (2008 he | imposto sangbes 20 Togo (2005) revertido um golpe de Estado nas Ilhas Comores (2008), nfo foram tomadas medidas adicionais; a UA tampouco agiu na crise do Zimbabue, a despeto de vous propriasconstatages de que houve considerivel volagdo de direitos humanos, em 2007, ¢ vis de fade ceitoral, em 2008, Assegura o cumprimento de obrigages eo respeito as leis Frida é um problema no s6 para a OEA ea UA, mas também para a Tora des rae regionais, dada limite dos recursos inanceiros ¢ 0 comprometimento é falho ¢ vacilante. ‘Um exemplo de comprometimento que oscila ao lon é dado pela Liga dos Pe ar reuse as ions pe aes Oe ied EME se opor a Istacl. Os Estados-membros nao logravam chegar a algum Batted hoe tras quest6es. No entanto, apés 0 choque inicial da Primavera Arabe, em 2011, a Liga Arabe aprovelcou a oportunidade. Com o inicio das hosilidades na Libia ¢ na Siri, a Liga tomou ‘medidas sem precedentes, suspendendo a participacéo desses paises, convocando ages multi- Jaterais, condenando os respectivos governos pelo uso da forga, , no caso da Siria, enviando ‘uma misséo multilateral de observadores e demandando a transferéncia pactfica de poder. Essas medidas representam uma grande mudanga de poscura da Liga, a medida em que interferiram na politica interna dos Estados-membros, apelaram para a transico democratica ¢ deram énfase 20s direitos humanos. ‘Na realidade, organizagées intergovernamentais, das quai jé existem mais de 240, raramente aruam sotinhas, Muitas vezs, realizam suas atividades com a colaboragio de outras organizagées internacionais ou regionais ¢ junto de atores nao estatas, tais como as organizagées néo gover- namentais. Além disso, existem no Ambito de uma estrutura de direito internacional, Direito internacional direito internacional desenvolveu-se milhares de anos antes da organizagées internacionais contemporineas.Tratados entre cidades-Estado e comunidades podem ser encontrados na Meso- potimia: os gregos eos romanos dstinguiam diferentes ips de drei, entre eles o internacional F durante a [dade Média, aautoridade da Igreja Catdlica desenvolveu o dircito canénico, que se tplena a todos os centes, na exfra internacional. Nos séculos XVII e XVII escritoreseuropeus como Hugo Grotus (1583-1645), entre ours, ecreveram sobre relagéesintermacionas baseadas no Estado de Direito, 0 que Ihe valeu o titulo de pai do direito internacional. Apes de sua longa histéria,o diteto internacional ver atraindo a atencio do piblico americano hé celativamente pouco tempo. Na esteira dos atentados de 11 de setembro, das agses militares dos Estados Unidos no Afeganistio c no Traque e da escalada das crises humanitérias, ¢s tratados internacionais tornaram-se documentos bem conhecidos: as Convengées de Genebra (cenicamente, “Convengio de Genebra para Vitimas de Guerra’, 1949), a Convengio contra 2 Tortura(“Convengéo da ONU contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Punigées Crucis, 1984, 1987) ¢ a Convencio do Genocidio (*Convengio para 2 Prevencio e Punigdo do Genocidio”, 1948). O debate acerca da definicao de rermos como “ortura’, “genocidio”, “terorismo”, “combatentes inimigos’, “inimigos detidos” e “rendicio” tem sido calorsdo, ONGs como o Comité Internacional da Cruz Vermelha ¢o Human Rights Wack, que antes apenas alguns conheciam, conquistaram visibildade internacional, Pos iso, cntender as caracteristicas do direito internacional e suas limitagGes € cada vez mais urgente. Desumanos ou Degradantes”,

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