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U2

A BIOGRAFIA
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U2
A BIOGRAFIA

São Paulo
2013
© 2013 by Universo dos Livros
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora,
poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer
outros.

1ª edição – 2013

Diretor editorial
Luis Matos

Editora-chefe
Marcia Batista

Assistentes editoriais
Ana Luiza Candido
Raíça Augusto
Raquel Nakasone

Colaboração
Pedro Zambarda de Araújo

Preparação
Marina Constantino

Revisão
Mariane Genaro

Arte
Francine C. Silva
Karine Barbosa
Valdinei Gomes
Capa
Zuleika Iamashita

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB-8/7057

U1 U2 – Biografia ilustrada / Universo dos Livros


– São Paulo: Universo dos Livros, 2013.
256 p.: il.
ISBN: 978-85-7930-364-7
1. U2 (conjunto musical) - Biografia 2. Música 3. Rock

13-0324 CDD 782.42166


PREFÁCIO

Musicalmente falando, eu venho de um berço mais pesado: a mistura do rock


and roll com um blues mais intenso, distorcido e barulhento que finalmente
evoluiu para o glorioso heavy metal. Este é o meu chão desde o início. Eu
não dava bola para os outros estilos, não ia a discotecas (antigo nome dado às
baladas de hoje em dia), ficava fechado escutando somente os meus ídolos do
metal, querendo ser igual a eles: rebeldes, livres, desbocados, virtuosos e
poderosos. Naqueles dias somente a música pesada salvaria meu mundo. Por
intermédio dos amigos de escola, principalmente das mulheres, namoradas e
amigas que escutavam tudo aquilo que eu odiava, eu tinha contato com outras
bandas fora do heavy metal.
O U2 era uma dessas bandas que eu odiava, achava tudo muito fraquinho e
inocente, não sentia o peso da rebeldia de suas letras e melodias e sempre me
perguntava: como uma banda poderia ser boa se não tinha nem guitarra
distorcida? Para mim, era um absurdo. Pensamento e atitude mais do que
radical, mas era como eu me sentia na época.
Entrei no grupo Sepultura em 1987, e a partir desse momento, comecei a
abrir mais os ouvidos para outros estilos de música, desde o punk e o hard
core até as coisas mais dançantes como Oingo Boingo e Devo. Essas
influências podem não ser tão óbvias quando se escuta a música do Sepultura,
mas de uma forma ou de outra elas estão lá. Uma das minhas primeiras
aventuras com meus novos companheiros de banda foi ir ao cinema, em Belo
Horizonte, num bairro tradicional da capital mineira, o Floresta. Aquele era
um cinema antigo que cheirava a mofo. Fomos assistir ao filme Rattle and
Hum. Eu ainda tinha uma certa birra com o U2 que me acompanhava desde
os tempos de escola, mas resolvi dar uma chance a mim mesmo e fomos
todos ao cinema curtir o filme sobre o tour da banda que estava se tornando o
mais novo gigante da música mundial. Como naquela época ainda era
impossível a vinda do U2 ao Brasil, o cinema era nossa única chance de
sentir a banda ao vivo, ver como eles se portavam no palco, como soavam
seus instrumentos sem os truques de estúdio. E foi uma experiência
fantástica. Apesar de o cinema ser antigo, o som estava impecável, uma
mistura perfeita de imagem e música que hipnotizava. Imagino que foi o
mesmo efeito que se teve quando, dez anos antes, o filme do Led Zeppelin,
The Song Remains the Same (com o ridículo nome brasileiro Rock é rock
mesmo) estava sendo exibido pelos cinemas daqui. Creio que essa foi uma
referência para o próprio U2, quando resolveram fazer seu filme.
Eu viajei com os efeitos de luz no palco, com as letras do Bono e os solos
marcantes do The Edge. Lembro que a versão de “Bullet the Blue Sky” me
deu um tapa na cara. O som do baixo do Adam Clayton estava um absurdo de
pesado. O efeito visual do Bono segurando um tipo de lanterna gigante,
jogando a luz em cima do The Edge na hora do solo de guitarra foi incrível.
Aquilo, de certa forma, mudou a minha vida. Eu percebi que o U2 era um
monstro e que esse monstro havia acordado dentro de mim. Percebi que o que
eu procurava nas bandas de metal, a rebeldia, a liberdade de se expressar sem
medo mais o virtuosismo da simplicidade musical, o U2 tinha e o fazia com
propriedade.
Desde então me tornei um fã, acompanhando a trajetória da banda nos
palcos e nos estúdios e as andanças do Bono pelos caminhos da política e da
filantropia. A admiração foi tão grande e intensa que, em 2003, o Sepultura
gravou “Bullet the Blue Sky”, uma de nossas versões mais conhecidas e
respeitadas. Foi um dos grandes desafios musicais que nós tivemos em nossa
carreira.
Admiro muito as parcerias inusitadas que o U2 fez, principalmente com B.
B. King e o Green Day. O dueto de Bono com Frank Sinatra é histórico, e
isso me mostrou que na música, ou na arte, tudo é possível. As trilhas sonoras
para vários filmes, peças da Broadway e do teatro britânico, entre outras
parcerias com poetas e ativistas mostram o talento, a diversidade e a
inteligência desses irlandeses fabulosos.
A banda também é um exemplo de união e longevidade: é raro ver no
cenário musical uma banda de pelo menos 25 anos que não tenha mudado a
formação original, seja qual for o motivo. O U2 permanece junto e isso é que
mantém a identidade de sua música, apesar das mudanças visuais e sonoras
nas diferentes fases da banda; a primeira nota que se escuta de qualquer
música, você imediatamente sabe que é deles.
Nesta biografia espetacular, com informações detalhadas e fotos
sensacionais, você passa por todas essas diferentes fases, desde o começo
mais rebelde em Dublin até a conquista total do planeta, lotando estádios pelo
mundo, influenciando e mostrando diferentes maneiras de se fazer moda,
música e política. Prepare-se para uma viagem intensa e sem igual. Leia em
máximo volume!

ANDREAS KISSER
Guitarrista do Sepultura e locutor da UOL 89 FM: A Rádio Rock
INTRODUÇÃO

Esta biografia ilustrada não é apenas sobre o U2, mas também sobre sua
discografia. O livro conta as histórias individuais dos integrantes que, de
formas diferentes, construíram uma banda que rompeu os limites do rock até
atingir – e mudar – o mundo do pop, do mainstream1, da música consumida
internacionalmente. Aqui você também encontra informações sobre as
composições da banda, que misturam religião, política, engajamento,
pacifismo e, claro, vários estilos, resultando num rock direto e objetivo.
Escrever sobre os quatro músicos que transformaram o rock irlandês em
um fenômeno mundial é uma atividade que esbarra em uma abundância de
dados oficiais que detalham como o sucesso surgiu progressivamente. A
trajetória do U2 parece uma ascensão improvável de um grupo que não parou
de se reinventar desde o primeiro sucesso no show business.
Este livro tenta explicar de forma mais aprofundada o fenômeno U2
usando sua própria música, passando pelos grupos e subgêneros do rock que
influenciaram Bono e seus companheiros, até outras bandas inspiradas pelos
irlandeses, nos anos 1980. A relação entre o pós-punk e as músicas simples
do início será apresentada junto às viagens que o U2 fez pelos Estados
Unidos, os experimentalismos eletrônicos e a música europeia que os
roqueiros do grupo passaram a fazer em Berlim e no resto do mundo.
Com diversas influências em mais de trinta anos de carreira, o U2
realmente exibiu todas as suas transformações no palco. Entre 2005 e 2006, a
banda realizou a Vertigo Tour, turnê de divulgação do álbum How to
Dismantle an Atomic Bomb, com duas apresentações no Brasil. Segundo a
revista norte-americana Billboard, Vertigo se tornou a maior turnê de 2005,
com uma arrecadação de 260 milhões de dólares, atraindo cerca de 3 milhões
de pessoas em noventa shows.
Em 2009, o U2 deu início àquela que seria a maior turnê do mundo, a 360°
Tour. As apresentações tinham como destaque o palco localizado no centro
das arenas e dos estádios, proporcionando uma interação diferente entre os
músicos e o público. A turnê acabou em 2011 e teve três shows no Brasil.
Seria o maior faturamento de todos os tempos, segundo a empresa Live
Nation e a Billboard. Foram arrecadados 736 milhões de dólares. E Bono,
The Edge, Adam e Larry ultrapassaram os ganhos de artistas gigantes da
indústria musical, como Madonna, Roger Waters, Rolling Stones e AC/DC.
Toda essa estrutura fez do U2 um sucesso de crítica e de público, mas isso
só foi possível graças a uma constante renovação promovida pelos próprios
membros. Os irlandeses nunca deixam de nos surpreender e são responsáveis
por uma reinvenção notável no rock do século XXI.
No entanto, nem sempre foi assim. O grupo nasceu da vontade de quatro
garotos, quase punks, que montaram uma banda na escola. Eles não tinham
experiência alguma. Ao longo da carreira, muita coisa mudou para esses
meninos de Dublin, que já somam doze álbuns de estúdio, 150 milhões de
discos vendidos e fãs no mundo todo. A banda já percorreu os seis
continentes, conheceu chefes de governo, apoiou grandes causas mundiais,
tocou com músicos como B. B. King, Frank Sinatra, Paul McCartney, Bruce
Springsteen, Luciano Pavarotti… e até ameaçou se desfazer. Apesar disso,
Bono Vox, Larry Mullen Jr., Adam Clayton e The Edge, mesmo após tanto
tempo lado a lado, nunca se separaram.
O U2 é um filhote do punk rock inglês que cresceu na Irlanda, dominou a
Europa e ganhou voz no mundo. A história da banda transita entre diferentes
estilos e subgêneros do rock, demonstrando uma grande capacidade de se
reinventar a cada trabalho. Digna de ser transformada em livro, a biografia do
U2 é um verdadeiro retrato de artistas que se consagraram ao vivo, em shows
que atingiram públicos que certamente nem os músicos esperavam alcançar.

Mainstream: palavra em inglês utilizada para designar algo aceito pelo


grande público.
A BANDA QUE NASCEU DA
MORTE DO PUNK

“É isto o que eu quero fazer”, disse Larry Mullen Jr. à sua mãe quando ouviu
uma bateria pela primeira vez, em uma escola de música. Em setembro de
1976, um mês antes de completar quinze anos, Larry colocou um anúncio na
escola protestante Mount Temple Comprehensive School, onde estudava,
procurando outros garotos para montar uma banda.
Alguns rapazes atenderam ao chamado de Mullen, entre eles os irmãos Dik
e Dave Evans, que se encarregaram das guitarras. Uniram-se a eles o baixista
Adam Clayton e Paul Hewson, que assumiu os vocais. Os guitarristas Ivan
McCormick e Peter Martin também compareceram ao primeiro ensaio da The
Larry Mullen’s Band, que ocorreu na cozinha da casa de Larry. Porém,
Martin não apareceu nos ensaios seguintes, e McCormick deixou a banda
semanas depois. Com Mullen, os irmãos Evans, Clayton e Hewson, estava
formado o grupo que daria origem ao U2. A partir disso, os jovens
começaram a fazer música sem saber tocar seus instrumentos com muita
precisão.
Mullen era popular no colégio, mas não chamava muita atenção como o
chefe do grupo de roqueiros. Assim, em pouco tempo, Bono Vox assumiu a
liderança e eles passaram a se chamar Feedback – uma referência ao modo
como The Edge toca sua guitarra, prestando

OS APELIDOS

Paul David Hewson ganhou o apelido “Bono Vox” ainda


na época da escola. Segundo The Edge, os apelidos eram
muito comuns, um costume para superar inseguranças da
juventude. “O apelido completo de Bono era Bono Vox of
O’Connell Street”, o guitarrista revelou à VH1, em 2000, que
era uma referência a uma loja de aparelhos auditivos
localizada em Dublin chamada Bonavox e também à
expressão em latim que significa “boa voz”. Além disso,
Bono Vox também lembra a marca Vox, fabricante de
amplificadores. Um dos músicos que mais utiliza aparelhos da
empresa é o próprio guitarrista do U2.
Já o nome completo de Dave Evans é David Howell Evans.
O apelido “The Edge” veio da observação de Bono sobre as
feições rígidas do rosto de Dave (“edge” pode significar, em
português, “aspereza” ou “rispidez”).

atenção no retorno do som. No começo da carreira, o U2 tinha dificuldades


técnicas para tocar ao vivo. Dessa forma, o nome Feedback também parecia
refletir, em parte, os problemas do início do grupo. Em 1977, enquanto o
punk explodia entre os roqueiros ingleses, a banda decidiu mudar o nome
para The Hype. Eles só tocavam covers de bandas famosas.
Segundo Bono Vox, em entrevista2 à VH1, em 2000, uma de suas
principais influências era o The Clash, grupo que pertencia ao punk rock
crescente em 1976. “O primeiro concerto a que eu assisti foi o Clash, na
faculdade. Não tinha visto nada parecido com aquilo. Havia um confronto
durante o show, e eu me esforcei para ficar no meio daquilo, com dezessete
anos.” A banda The Clash foi apresentada aos colegas pelo baixista Adam
Clayton, que foi assistir-lhes em 1977. Bono Vox começou a ter contato com
o punk rock nessa época, e esse tipo de rock direto e despretencioso deu
ânimo ao U2 em seu começo de carreira. No repertório do The Hype, também
estavam grupos como Buzzcocks e Sex Pistols, que também ajudaram a
popularizar o punk no Reino Unido.
Outros exemplos para o grupo foram o rock de David Bowie, que se tornou
ícone ao transitar entre subgêneros como glam rock até o rock’n’roll com
elementos eletrônicos, além do grupo norte-americano de punk rock
Television3 e da poetisa Patti Smith, que declamava em bares nos Estados
Unidos. Além disso, as primeiras perfomances ao vivo contavam com covers
dos Rolling Stones e dos Beach Boys. Dessa mistura de influências, aliada ao
punk em voga na época, o grupo dos garotos irlandeses começou a se firmar,
abandonando o nome The Hype, em 1978. Nesse mesmo ano, Dik Evans
deixou a banda. O nome definitivo surgiu de uma lista de seis possibilidades,
elaborada pelo músico Steve Averill, conhecido pelo apelido Steve Rapid,
que fazia parte da banda The Radioators from Space. O grupo escolheu U2
por causa da ambígua sonoridade – similar à expressão “you too” [“você
também”]. A escolha desse nome simples colaborou para que a banda4 fosse
conhecida internacionalmente por apenas dois caracteres.
A escolha desse nome também pode ser atribuída a um episódio ocorrido
um dia antes do nascimento de Bono (10 de maio de 1960), quando um avião
de espionagem norte-americano foi derrubado pelos soviéticos durante a
Guerra Fria. Essa versão ganhou força com as letras políticas e engajadas do
U2 contra os conflitos dos anos 1980 na Irlanda e no mundo.
Quando estavam tentando gravar seu primeiro trabalho, o punk rock
começou a entrar em decadência como estilo musical. Assim, com a morte de
suas bandas favoritas, o U2 foi ganhando destaque.

O MOVIMENTO PUNK ROCK

No começo dos anos 1970, o rock’n’roll atingiu um


patamar muito diferente do das duas décadas anteriores.
Grupos ingleses, como The Beatles e Rolling Stones,
conquistaram o mundo todo, e o movimento hippie ganhou
proporções históricas com os festivais de música, o sexo livre
e a proliferação das drogas. Naquela época, os jovens
protestavam contra a Guerra do Vietnã e a geração de seus
pais, que havia crescido na época da Segunda Guerra
Mundial.
Com a virtuose de guitarristas como Jimi Hendrix, Eric
Clapton e Jimmy Page, o heavy metal surgiu como um tipo de
rock impactante, repleto de sons distorcidos. O gênero
também foi muito influenciado pelas improvisações do Cream
e pela técnica dos Yardbirds, nos anos 1960, mas o rock
pesado só se consolidou na década de 1970, principalmente
com as bandas Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath,
que deram forma a esse movimento. Outros artistas, como
Alice Cooper e David Bowie, foram responsáveis por atribuir
dimensões teatrais para os concertos, interpretando
personagens fictícios.
No entanto, sobretudo nos Estados Unidos, começaram a
surgir bandas de rock que não ligavam para subgêneros nem
para habilidades técnicas. Seguindo a trilha do The Doors, os
Stooges de Iggy Pop causaram espanto com shows que
terminavam em pancadaria entre os músicos e a plateia. O
MC5, além de adotar o “faça-você-mesmo” no palco, com
músicos sem grandes habilidades, era uma banda com
influência do marxismo e do engajamento político de grupos
como os Panteras Negras5.
O punk rock emergiu desses grupos de composições
simples e sem laços com as músicas trabalhadas pelas bandas
progressivas e pelo heavy metal – o vocalista do Sex Pistols,
Johnny Rotten, chegou a usar uma camiseta com os dizeres “I
hate Pink Floyd” [“Eu odeio Pink Floyd”]. Nessa época, o
jornalista Legs McNeil criou nos Estados Unidos a revista
Punk6, que teve os Ramones entre os primeiros entrevistados.
Além deles, os Dictators, o New York Dolls, Patti Smith e
outros artistas começaram a ganhar fama nos subúrbios de
Nova York para, a partir de 1974, ganhar o mundo.
Na Europa, o estilo ganhou forma com os Sex Pistols,
banda fundada pelo empresário Malcoln McLaren, dono da
loja SEX, localizada no Reino Unido. No entanto, de 1976 em
diante, junto à ascensão dos Pistols, esse tipo de música
começou a entrar em decadência. O rock simples deixou de
ser tão apreciado e começou a se tornar mais pop.
Nesse contexto de decadência do punk, surgiu o U2 – que
tinha influência do rock’n’roll simples, mas que chegaria a
patamares superiores aos alcançados pelos Ramones ou Sex
Pistols no show business.

O PRIMEIRO ÁLBUM DE ESTÚDIO:


BOY
Em 1978, Larry Mullen inscreveu o U2 em um concurso do programa de
Harp Lager, da emissora CBS. A banda foi a vencedora e realizou um show
na TV, o que a ajudou a alcançar uma visibilidade inédita até o momento.
O grupo também se apresentou no estádio nacional, em Dublin, atraindo
cerca de 2 mil pessoas, o maior público que já tinham conseguido reunir. O
clímax desse show ocorreu quando mais de trinta pessoas da plateia
dançaram no palco com a banda. Essa exposição facilitou o contato com
produtores para o primeiro álbum de estúdio.
No primeiro dia de setembro de 1979, a banda conseguiu lançar seu
primeiro single, chamado U2 3. A obra foi produzida por Chas de Whalley e
teve apenas mil cópias distribuídas. O material teve uma divulgação bem-
sucedida graças à apresentação do U2 na CBS. Três músicas faziam parte da
compilação: “Out of Control”, “Stories for Boys” e “Boy-Girl”. Eram
composições que possuíam o embrião do primeiro álbum de estúdio da
banda, até mesmo pela similaridade dos títulos.
Em maio de 1980, o cantor e vocalista Ian Curtis cometeu suicídio,
acabando com a banda pós-punk Joy Division, que se preparava para fazer
uma turnê nos Estados Unidos. Entre as bandas que cresceram com o declínio
do punk, o Joy Division era uma das promessas para divulgar o rock inglês na
América. O produtor do Joy Division, que tinha trabalhado na música “Love
Will Tear Us Apart”, era Martin Hannett. Favorito para trabalhar no primeiro
álbum de estúdio do U2, Hannett não topou porque estava emocionalmente
afetado pela morte de Curtis. Martin produziu o terceiro single do U2, 11
O’Clock Tick Tock.
Boy foi então lançado em 20 de outubro de 1980, com produção de Steve
Lillywhite, que já havia trabalhado com Peter Gabriel, ex-Genesis, e com a
banda Talking Heads. Naquele mês de dezembro, Boy já estava sendo
comentado pela imprensa norte-americana, e o grupo liderado por Bono Vox
realizou turnês pela Europa e pelos Estados Unidos. O trabalho teve selo da
Island Records.
Lillywhite foi responsável por inserir as notas agudas do instrumento de
percussão chamado glockenspiel, parecido com um teclado, na música de
abertura, “I Will Follow”. Ela foi escolhida para divulgar o álbum, que
chegou à 52ª posição nas paradas do Reino Unido, e na 63ª da Billboard7 200.
O crítico Steve Morse, do jornal The Boston Globe, afirmou que o estilo de
canto de Bono Vox tinha muito eco. O mesmo jornalista também disse que a
banda era “absurdamente jovem”, por ter músicos com menos de vinte anos
de idade8.
As letras de Boy tratam justamente sobre a fase de transição para a idade
adulta, com “I Will Follow” mostrando, em parte, como o U2 estava
deixando de ser uma banda de garagem para ganhar dimensão mundial. A
letra dessa canção foi escrita por Bono em homenagem à sua mãe, Iris
Elizabeth Rankin Hewson, que morreu de aneurisma cerebral em 1974.
Segundo o vocalista, a música representa a visão dela sobre o próprio filho.
“Twilight” mantém a temática do amadurecimento, mas mostrando que as
crianças podem se perder ao se tornarem adultas. “Into the Heart”, “Out of
Control” e “A Day without Me” demostram a habilidade de Bono Vox em
colocar suas próprias experiências e sua nostalgia pelos tempos de escola de
forma madura, simples e atraente nas músicas. “A Day without Me” foi
influenciada pelo suicídio de Ian Curtis, fato que afetou a geração de Bono
Vox e de seu grupo.
O rock do U2 em Boy é acessível, diretamente conectado com a própria
história da banda, e reserva algumas surpresas em suas composições. “An Cat
Dubh” aborda um relacionamento que Bono teve antes de conhecer sua
esposa, Alison Hewson. O título da música está em irlandês e significa “o
gato preto”. Os acordes simples feitos por The Edge mostram o peso da
composição, principalmente quando acompanhados pelo baixo forte e bem
marcado de Adam Clayton. The Edge também abusa de harmônicos agudos,
trazendo oscilações interessantes para a melodia.
“Into the Heart” fala sobre o sentimento coletivo da banda diante da perda
da inocência provocada pelo sucesso e pela maturidade. Musicalmente, a
guitarra elétrica continua realizando dedilhados que contrastam bastante com
o contrabaixo potente. O traço mais peculiar dessa composição é a longa
introdução, apesar de a música durar apenas três minutos e 28 segundos.
A letra de “Stories for Boys” aborda o gosto por quadrinhos e pela
televisão dos jovens dos anos 1980, como um retrato da própria geração de
Bono. Essa canção contrasta com músicas como “The Ocean”, que faz
referência direta à literatura. Nessa música, Dorian Gray, o personagem de
Oscar Wilde, é retratado como se fosse o próprio Narciso9 olhando seu
reflexo.
“The Electric Co.” é uma composição dedicada aos tratamentos de choque
que uma pessoa recebe em tratamentos psiquiátricos. O gancho da música é a
guitarra de The Edge, que brinca com efeitos de retorno e utiliza poucos
acordes, apenas repetindo-os. A música, na verdade, é um protesto da banda
em homenagem a um amigo que tentou se matar após ter passado por esse
tipo de tratamento.
“Shadows and Tall Trees” encerra o primeiro disco do U2 com a
melancolia da perda da infância e de encontros com a morte. O material
mostra que a banda flerta com assuntos que foram importantes para sua
própria formação como grupo.
A capa de Boy traz a foto de um menino chamado Peter Roven. Essa
imagem reflete o próprio começo de carreira do U2: jovem e alcançando um
sucesso que nem eles esperavam quando fundaram o grupo. Abordando
temas pessoais, a banda conseguiria alcançar um público diverso e extrapolar
temas comuns do rock’n’roll – a rebeldia, o ocultismo e as histórias
conceituais que preenchiam muitos álbuns dos anos 1970. Como todas as
letras foram escritas por Bono Vox, o disco também expressa o relato pessoal
do cantor sobre sua época.

ANOTHER TIME, ANOTHER PLACE


WE LIE.
ANOTHER CHILD HAS LOST THE RACE.
WE LIE.
ANOTHER TIME, ANOTHER PLACE.
WE LIE.
YOUR TIME, YOUR PLACE.

Trecho de “Another Time, Another Place”

Como diz a letra da música “Another Time, Another Place”, o U2 estava


vivendo seu próprio tempo em 1980, ganhando os holofotes e saindo do
cenário de bandas alternativas para entrar no circuito da música internacional.
Mesmo assim, a primeira turnê, com 157 apresentações na Europa e nos
Estados Unidos, recebeu críticas negativas. Sendo uma banda estreante, o U2
chegava a tocar duas vezes o single “I Will Follow”, a composição mais
conhecida do público.
O jornalista do New Musical Express, Chris Salewicz, relembrou que o U2
era uma banda formada por jovens, e que eles soaram mal nos shows. “O
grupo de quatro irlandeses nada mais é do que um grupo muito tradicional de
hard rock com um vocalista, Bono é seu nome, que adoraria ser Rod
Stewart”, afirmou Salewicz, acrescentando que o desempenho do vocalista no
palco também era parecido com o de Iggy Pop nos Stooges. A imprensa não
poupou os argumentos contra o U2, mesmo após

PÓS-PUNK: O JOY DIVISION DE IAN CURTIS

Assim como o U2, o Joy Division surgiu em 1976 no Reino


Unido, presenciou o movimento punk e explodiu quando as
bandas do estilo entraram em decadência. Inicialmente
chamada Warsaw, a banda tinha um vocalista que se inspirava
nas performances de Iggy Pop e de David Bowie, dançando
sozinho ao segurar o microfone: Ian Curtis.
O grupo lançou um álbum de estúdio chamado Unknown
Pleasures, que fazia um rock simples, quase punk, com letras
depressivas. Curtis tinha epilepsia, e suas danças no palco
eram similares aos ataques provocados por sua doença. Sua
voz grave era acompanhada pela bateria rápida de Stephen
Morris, pelo contrabaixo alto e pesado de Peter Hook, além
da guitarra melódica de Bernard Sumner.
Ian Curtis traiu a esposa Deborah com a jornalista Annik
Honoré. Deprimido com o casamento e com a carreira,
cometeu suicídio em maio 1980, enforcando-se dentro de
casa. Os membros remanescentes do Joy Division criaram a
banda New Order, que introduziu elementos eletrônicos ao
segmento pós-punk.O fotógrafo e cineasta Anton Corbijn –
que já realizou inúmeros trabalhos com U2, como videoclipes
e sessões de fotos – produziu em 2007 o filme Control, sobre
a vida de Curtis, no qual Sam Riley interpreta o vocalista
depressivo do Joy Division.

uma série de shows que projetava a banda para além do circuito alternativo
de seu país de origem.
Nos próximos trabalhos, o U2 colocaria mais do que suas experiências
juvenis nas letras. A religião cristã entraria na temática da banda de Bono,
The Edge, Larry e Adam, causando uma transformação em pouco tempo.

OCTOBER: O SEGUNDO ÁLBUM E A


MÚSICA RELIGIOSA DO U2
Novamente com selo da Island Records, October foi lançado em 12 de
outubro de 1981. O U2 passou por mudanças no período: Larry, Bono e The
Edge ingressaram em um grupo religioso chamado Shalom Fellowship10, o
que fez os músicos questionarem a relação entre o cristianismo e a vida de
astros do rock.
A gravação enfrentou problemas porque as primeiras letras de Bono Vox
foram roubadas por alguns fãs em Portland, no estado de Oregon, nos
Estados Unidos. O grupo já tinha reservado e pago um estúdio para as
gravações, que tiveram improvisações no começo. Aos poucos, Bono
conseguiu se recordar das letras que havia perdido. O modo de vida cristão
dos integrantes começou a incomodar o baixista Adam Clayton. Segundo o
documentário da emissora VH1, Adam era um jovem de 21 anos tendo novas
experiências em turnê, e a briga entre os integrantes fez com que Bono e seus
amigos cogitassem sacrificar o U2 em prol da religião. Seria o fim de uma
banda de rock’n’roll antes mesmo de alcançar o sucesso. O rompimento
felizmente não aconteceu graças ao casamento de Bono Vox, em agosto de
1982. Adam foi padrinho de Bono e de sua esposa Alison, conhecida pelo
apelido Ali, o que ajudou a reviver a amizade entre o baixista e o vocalista.
“Gloria” abre October com trechos em latim e um tom religioso que a
banda não tinha até então. O álbum também é marcado por um instrumental
menos constante, menos pop e mais criativo do que o do primeiro disco. “I
Fall Down” mostra uma letra diferente da vertente gospel de Bono Vox,
apostando em uma variedade instrumental marcante e em uma harmonia
crescente.
Com gritos de Bono Vox na abertura, “I Threw a Brick through a
Window” é uma música sobre libertação, sobre a tentativa de aproximação –
incluindo até pedidos de “be my brother” [“seja meu irmão”]. A guitarra de
The Edge esporadicamente ataca com frases que chamam a atenção,
acompanhadas por um baixo constante e uma bateria bem presente, com
batidas fortes. Bono chegou a utilizar essa música como um hino antiguerras.
“Rejoice” é um rock rápido e direto sobre a necessidade de transformação
individual antes do desejo de mudar o mundo. Como a música anterior, a
letra tem um tom religioso, como afirma seu título, que significa “rejubilar-
se”, ou seja, “alegrar-se” de uma maneira espiritual.
Com uma guitarra abafada na abertura, “Fire” explode em acordes altos e
cheios, acompanhados pela voz empolgada de Bono Vox. A letra fala de um
fogo interno como o do Sol, uma estrela no espaço, com suas labaredas. Essa
música destaca-se como uma exceção no disco, porque realmente parece mais
próxima do tradicional modo de composição do U2.
O tom religioso torna-se mais forte em “Tomorrow”, música em que Bono
parece suspirar pela volta de Deus, na forma do próprio futuro. Os
significados amplos das letras de Boy que tornaram a banda famosa são
utilizados nesse disco para falar sobre o amor divino, o cristianismo e a
religiosidade de seus integrantes.
A faixa-título, com duração de dois minutos e 21 segundos, traz um piano
melancólico e breve tocado por The Edge. A letra, também curtíssima, aborda
os “reinos que ascendem e os reinos que caem”. Nessa composição simples,
Bono Vox canta sobre a transitoriedade pela qual a banda passava. Ao vivo,
“October” se tornou uma espécie de abertura para “New Year’s Day”, música
do disco seguinte, War.
Com a bateria tribal de Larry Mullen Jr., a música “With a Shout” também
aborda religião, mas com contornos políticos, falando sobre os conflitos na
cidade de Jerusalém, localizada oficialmente em Israel e ponto de disputa
entre várias populações distintas.
“Stranger in a Strange Land” é uma composição com um contrabaixo
melódico e menos ritmado, coberto por uma guitarra base que recheia a
música. A letra fala sobre veteranos de guerra e suas memórias, destoando do
restante de October.
“Scarlet”, com apenas dois minutos e 53 segundos, é um hino pelo
regozijo, pela alegria, retomando o tema espiritual que permeia o disco. Além
dos instrumentos normalmente usados, os gritos de Bono são também
acompanhados por um teclado.
O segundo álbum de estúdio se encerra com “Is That All?”. A canção é um
questionamento sobre as sensações que a música provoca. Ficar bravo, feliz
ou querer dançar com as músicas que fazemos é o suficiente? Com essas
questões, o U2 fecha seu segundo trabalho, mais espiritual que o primeiro,
mas ainda repleto de letras pessoais.
A capa de October mostra os quatro integrantes do U2. Bono Vox, The
Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tornaram-se nomes conhecidos na
indústria musical a partir desse trabalho, que já mostrava uma banda mais
consolidada e mais segura em suas composições.
October levou apenas três de cinco estrelas possíveis em um artigo da
revista Rolling Stone, escrito por John Pareles em fevereiro de 1982. Dos
álbuns de estúdio do U2, October costuma ser o trabalho menos admirado da
banda.
A turnê October também teve menos shows que a primeira: foram 102
apresentações. Quase todas as performances começavam com “Gloria”, mas
o U2 ainda tocava músicas do primeiro álbum para atrair o público. Mesmo
assim, o desempenho foi abaixo do esperado, o que fez com que a banda se
reinventasse em seu terceiro disco.

WAR: PASSAPORTE PARA O


SUCESSO
Boy pode ser considerado um trabalho pessoal do U2, com letras de Bono
Vox sobre o amadurecimento. October é um disco sobre espiritualidade, com
experimentalismos também nos temas de algumas letras. Depois da recepção
morna do segundo disco, o terceiro
trabalho precisava trilhar um caminho diferente dos dois anteriores. Dessa
maneira, tanto os produtores quanto a própria banda queriam que o novo
material tivesse uma nova abordagem, mas que ao mesmo tempo abarcasse
os elementos que tornaram o U2 bem-sucedido no início.

BROKEN BOTTLES UNDER CHILDREN’S FEET


BODIES STREWN ACROSS THE DEAD END STREET
BUT I WON’T HEED THE BATTLE CALL
IT PUTS MY BACK UP, PUTS MY BACK UP AGAINST
THE WALL.

Trecho de “Sunday Bloody Sunday”

War foi lançado em 28 de fevereiro de 1983. “Sunday Bloody Sunday”,


sobre os conflitos entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte, é a
música de abertura. Na época da gravação, ocorreram atentados provocados
pelo Exército Republicano Irlandês, o IRA, que11 deseja separar a Irlanda do
Norte do Reino Unido. A música também foi escrita em homenagem às
vítimas do massacre conhecido como Domingo Sangrento, que ocorreu em
Derry, na Irlanda do Norte, no dia 30 de janeiro de 1972, durante uma
passeata civil reprimida de forma violenta pelo exército britânico. Cerca de
cem balas foram disparadas por tropas do Reino Unido lideradas pelo major
Ted Loden. Treze pessoas morreram imediatamente, e catorze ficaram
feridas. A maioria dos mortos era jovens do sexo masculino.
“É a maneira mais forte de dizer: por quanto tempo mais? Por quanto
tempo nós teremos de aturar isso? Eu não me importo [sobre] quem é quem
nesses incidentes – católicos, protestantes, o que seja. Você sabe que as
pessoas estão morrendo todos os dias por conta da amargura e do ódio. E nós
estamos dizendo: por quê? Qual é o propósito?”, disse o baterista Larry
Mullen Jr. à jornalista White Lucy, em abril de 1983. Com a letra pesada de
Bono Vox, o U2 ganhou profundidade e conservou elementos pop da música
eletrônica e do rock’n’roll pós-punk. “Sunday Bloody Sunday” é, até hoje,
uma das músicas mais pedidas nos shows do U2 ao redor do mundo.
“Seconds” possui uma abertura acústica e também tem um tom político
forte. A música fala sobre despedidas e separações, relembrando a
polarização do mundo em Estados Unidos e União Soviética na Guerra Fria.
Oeste e leste, nesta letra de Bono, simboliza a criação da Alemanha Oriental,
que dividiu Berlim e o povo alemão em dois.
Não foi apenas a primeira música de War que se tornou um clássico do
rock. A terceira faixa, “New Year’s Day”, fala sobre o preconceito entre
negros e brancos, entre capitalistas e comunistas, entre mundos distintos, e
ganhou o público e se tornou a quinta música mais tocada pelo U2, sendo
executada cerca de setecentas vezes até 2011, segundo levantamento feito
pelo site U2gigs.
“Like a Song” mantém o tom engajado do disco, preenchida por um baixo
e uma bateria insistentes, acompanhados por solos inspirados de The Edge. A
letra, em alguns momentos gritada, fala sobre o vazio de sua geração, “sem
nada a perder e nada a ganhar”, que tenta impedir guerras e conflitos sem
sucesso. É sobre a frustração, apesar de seu ritmo frenético.
Já “Drowning Man” tem uma composição oposta à de “Like a Song”,
embora aborde o tema “afogamento”. A música fala sobre restaurar a
confiança e saber se entregar a quem pode salvá-lo. O instrumental acústico
de The Edge é acompanhado pelo violino elétrico de Steve Wickham,
instrumentista de Dublin que também tocou com outros astros do rock, como
Elvis Costello e Sinéad O’Connor, e que participou de “Sunday Bloody
Sunday”.
“The Refugee” fala sobre “uma mulher que espera seu homem”, para irem
juntos até a “terra prometida”, discorrendo sobre a fuga e a falta de sentido da
guerra. Bono canta sobre aqueles que esperam a oportunidade de se
protegerem ou de os conflitos cessarem. Nessa canção pacifista, a bateria de
Larry Mullen Jr. imita o ritmo de uma marcha, contrastando o militar e o
civil.
Com um instrumental cru na abertura, sem teclados ou muitos efeitos,
“Two Hearts Beat as One” é uma balada romântica composta por Bono para
sua esposa Ali. A linha do baixo de Adam Clayton, constante na música,
ficou famosa como uma melodia característica. O videoclipe da música foi
gravado no bairro de Montmartre, com vista panorâmica para a capital da
França12. No vídeo, o U2 aparece em ação, como se estivesse fazendo um
show para a cidade.
“Red Light” traz a guitarra bem demarcada e uma letra sobre abandono do
amor. A balada é bem repetitiva, com o baixo lento e a bateria igualmente
devagar.
“Surrender” aborda as insuficiências da vida, as guerras dentro de famílias
e o quanto as pessoas são obrigadas a abdicar para continuar com sua
individualidade.
O disco se encerra com “40”, que pergunta – a Deus e à própria banda –
quanto tempo o U2 irá demorar para cantar uma nova canção. O nome veio
do Salmo 40 da Bíblia, reproduzido nas primeiras frases da letra. A música,
de certa forma, continua o questionamento de “Sunday Bloody Sunday”. “I
will sing, sing a new song/ How long to sing this song?” (Eu vou cantar,
cantar uma nova canção/ Quanto tempo para cantar essa canção?) é uma
forma de se perguntar até quando a realidade de conflitos e insegurança
permanecerá.
As músicas mais famosas desse material tinham versões alternativas no
bônus de War. Remixes de “New Year’s Day” transformam-na em uma
música disco. Um arranjo diferente de “Two Hearts Beat as One” mostra o
baixo forte de Adam Clayton fazendo um dueto interessante com a melodia
da guitarra de The Edge.
Em 1983, War desbancou o disco Thriller13, de Michael Jackson, e chegou
ao primeiro lugar das paradas do Reino Unido. Sobre esse feito, The Edge
disse ao jornalista Tony Fletcher, da revista Jamming!, em 1984: “Sim, isso
foi memorável. Mas a coisa que realmente nos mantém progredindo, que nos
mantém frescos, é uma ambição artística”. Mesmo com tanto sucesso,
segundo o guitarrista da banda, o U2 ainda pretendia conseguir novas
vertentes para sua música. Nos Estados Unidos, War chegou ao 12º lugar das
paradas.
A turnê do disco foi marcada por um dos maiores concertos do U2 e um
dos maiores shows de todos os tempos: o US Festival em San Bernardino,
Califórnia. A apresentação teve um público de cerca de 125 mil pessoas e foi
exibida ao vivo na MTV, colocando o U2 num patamar nunca antes
alcançado na música pop. Bono quase se acidentou durante sua performance,
assustando os integrantes da banda após cair do palco, mas o público impediu
que ele se machucasse.
No total, foram cerca de 110 shows. O designer de iluminação dos shows
era Willie Williams, que permaneceu trabalhando com o U2 até a última
turnê realizada pela banda, a 360°.
A série de shows de War culminou com a gravação de Under a Blood Red
Sky, um marco na carreira da banda, pois é o primeiro registro ao vivo do U2.
O material, que também recebeu o selo da Island Records, é considerado
apenas um mini-LP, com oito músicas: “Gloria”, “11 O’Clock Tick Tock”, “I
Will Follow” e “Party Girl” no Lado A; “Sunday Bloody Sunday”, “The
Electric Co.”, “New Year’s Day” e “40” no Lado B. As gravações foram
realizadas em três concertos, nos Estados Unidos e na Alemanha. Fazer
turnês em cidades americanas, na época, era muito importante para consolidar
bandas que não eram estadunidenses no cenário mundial. No estado do
Colorado, o local escolhido para o show foi a arena Red Rocks, mas no dia
das gravações choveu muito e as pedras coloridas mal apareceram – o que
deixou Bono um tanto desapontado.
No começo da versão de “Sunday Bloody Sunday” que consta em Under a
Blood Red Sky, Bono afirma que a música não é uma canção de rebeldia. As
palavras do vocalista na gravação ficaram famosas, o que consolidou o
sucesso do U2 fora da Irlanda, conquistando outros países na Europa e
chegando até os Estados Unidos. O material foi lançado no dia 21 de
novembro de 1983. Em maio de 1984, o álbum ao vivo foi lançado em vídeo,
com doze músicas. Uma reedição do material audiovisual de 2008 trouxe
mais faixas: dezessete ao todo.

O MENINO DAS CAPAS DE BOY E WAR


Peter Rowen tornou-se um símbolo na carreira do U2. Seu
irmão era amigo pessoal de Bono Vox, e o garoto estampou,
em 1979, a capa do primeiro single U2 3, e tinha apenas cinco
anos quando foi chamado, no ano seguinte, para fazer parte da
capa do álbum Boy. Ele também foi fotografado em 1983
para a produção de War, e, além da capa do álbum, seu rosto
também está nos singles Sunday, Bloody Sunday e New
Year’s Day. Anos mais tarde, a foto de Rowen ainda
apareceria nas capas do single Sweetest Thing e da coletânea
The Best of 1980-1990, ambos de 1998.
Em 2010, aos 35 anos de idade, Peter Rowen se tornou
fotógrafo profissional. Segundo o Irish Independent, Rowen
fotografou alguns shows europeus da turnê 360°.
A MÚSICA ABSTRATA DE THE
UNFORGETTABLE FIRE
Em Chicago, nos Estados Unidos, o U2 visitou uma exposição chamada
The Unforgettable Fire, que mostrava desenhos e pinturas feitas por
sobreviventes das bombas nucleares atiradas em Hiroshima e Nagasaki. A
exposição também tinha uma parte dedicada a Martin Luther King. Esse tipo
de arte serviu de inspiração para o U2 depois do sucesso estrondoso de War.
As letras adquiriram um tom político e histórico na carreira de Bono, The
Edge, Larry e Adam. The Unforgettable Fire foi lançado oficialmente no dia
1o de outubro de 1984 e contou com a produção de Brian Eno, famoso por
trabalhos com Peter Gabriel. O produtor foi um dos principais responsáveis
pelo sucesso da banda, com seus sintetizadores e com a habilidade de
transitar entre o rock e a música eletrônica até a música experimental. Neste
álbum, as composições ganharam um instrumental mais abstrato e melódico,
aproveitando acordes soltos da guitarra, sem a pegada rock’n’roll ou
excessivamente punk dos discos anteriores.
O guitarrista The Edge admira os trabalhos de Brian Eno e seu flerte com a
música ambiental. Com a passagem do produtor Steve Lillywhite, o som do
U2 sofreu uma mudança brusca, e a guitarra elétrica ganhou destaque com
sintetizadores que aumentaram a atmosfera da música, facilitando solos e
acordes soltos, além das dissonâncias.
“Eno é uma pessoa que nós cogitamos bastante por um tempo. Não apenas
por seus próprios trabalhos, mas também por seus trabalhos com David
Bowie e o Talking Heads. Nós gostamos muito do que ele já fez, e falamos
com ele e com Danny Lanois”, explicou The Edge, em 1984, ao jornalista da
Jamming!, Tony Fletcher. Foi com esse pensamento que a banda definiu
tecnicamente a produção de seu álbum, procurando atingir um novo patamar
em comparação aos trabalhos anteriores.

BRIAN ENO, A TRILOGIA DE BERLIM COM BOWIE


E AS PARCERIAS COM O U2

O homem com grande talento por trás das produções do


U2, e que conversava muito com Bono Vox e The Edge, era
Brian Eno. Seu nome completo é Brian Peter George St. John
le Baptiste de la Salle Eno. Nasceu em Woodbridge, no Reino
Unido, e estreou sua carreira musical em 1970, ao lado da
banda Roxy Music, que misturava glam rock (usando
maquiagens e visual andrógino) com música eletrônica.
Eno participou dos discos Roxy Music (1972), For Your
Pleasure (1973) e Stranded (1973). Depois desses trabalhos,
iniciou uma parceria com Robert Fripp, que faz parte da King
Crimson. Participou dos discos No Pussyfooting (também de
1973) e Evening Star (1975). Depois, só voltaria a trabalhar
com Fripp em 2004, no álbum The Equatorial Stars.
Brian Eno foi um dos expoentes da chamada música
ambiental, que se originou com o uso de sintetizadores no
Reino Unido e cresceu em bandas alemãs do segmento
chamado Krautrock, como o grupo Kraftwerk e Neu.
Mas o trabalho que mais deu renome para Brian Eno, na
década de 1970, foi sua participação na trilogia de discos de
David Bowie inspirada em suas passagens na Alemanha. Os
discos Low (1977), Heroes (1977) e Lodger (1979) tiveram a
produção de Eno com Tony Visconti. O resultado é que a
música andrógina de Bowie se transformou em um trabalho
mais pop e acessível com o uso de sintetizadores eletrônicos.
O trabalho tornou Eno um produtor famoso dentro do
rock’n’roll, que aproximou seu talento do emergente quarteto
de Dublin. O produtor começou sua parceria de sucesso com
o U2 ao lado de Daniel Lanois, no álbum The Unforgettable
Fire, de 1984. Desde então, Brian Eno sempre teve uma
participação predominante nos trabalhos de estúdio dos quatro
irlandeses e continuou trabalhando com a banda até o último
álbum de estúdio lançado: No Line on the Horizon (2009).
O single “Where Are We Now?”, lançado por David
Bowie, no dia 8 de janeiro de 2013, conta com a produção de
Tony Visconti. A atmosfera de música ambiente e eletrônica,
além das referências de Bowie à Potsdamer Platz (uma praça
com lojas comerciais na capital alemã) na letra, lembram a
época da música de Berlim com Brian Eno, no fim da década
de 1970.
“O U2 sempre teve duas faces”, afirmou Bono Vox, também em entrevista
a Fletcher. “É a energia e a atmosfera. Com Steve Lillywhite, toda a energia
foi mostrada, mas, agora, Brian Eno está nos ajudando a trazer a atmosfera
novamente”, disse o vocalista.
Parte das gravações aconteceram no Slane Castle, um castelo medieval da
Irlanda. O local foi escolhido devido à qualidade do som, mas alguns
sucessos do disco, como “Pride (In the Name of Love)”, foram gravados na
casa de Bono Vox. Outra parte do trabalho foi realizada no Windmill Lane
Studios, na cidade natal da banda, em Dublin.
O disco começa com “A Sort of Homecoming”, uma música com
progressões de instrumentos e um dedilhado de guitarra elétrica que se
encaixa num vocal inspirador. A letra fala sobre o retorno ao que é familiar,
às origens. Essa volta, segundo a composição de Bono Vox, ocorre depois de
uma passagem de tempo que “cura feridas”.
A segunda música do álbum é um clássico do U2. “Pride (In the Name of
Love)” se inicia com uma guitarra abafada e rítmica, seguida por um solo de
poucas notas. A simplicidade instrumental é compensada pelo refrão que
critica a transitoriedade dos homens e o que o orgulho humano é capaz de
fazer. O questionamento sobre a luta pelo orgulho se transforma em um hino
particular de Bono, The Edge, Adam e Larry. Para escrever a letra de “Pride”,
o cantor do U2 se inspirou em biografias de Martin Luther King e de
Malcolm X, e em suas lutas pelos direitos dos negros norte-americanos.
“Wire” fala sobre morte, tentativa de sobrevivência, e esperança. A
guitarra de The Edge já sofre influência da produção de Brian Eno: ela soa
como música-ambiente, com mais efeitos de pedal e com menos acordes
seguidos, como costuma ser um típico rock’n’roll.
O som mais trabalhado, preenchido também por um contrabaixo e uma
bateria consistentes, permanece na faixa-título do álbum. “The Unforgettable
Fire”, no entanto, cativa mais o ouvinte com um refrão grudento e com uma
letra que trata de renúncia. A exposição vista pelo U2 em Chicago foi
fundamental para conceituar essa composição, que fala sobre abdicar e
aceitar o inevitável. Mesmo criticando as maldades que os seres humanos
podem cometer, a ideia está diretamente conectada com a perplexidade
causada por conflitos, como as guerras entre nações.
Com uma melodia mais minimalista, mas ainda repleta de efeitos,
“Promenade” traz uma letra ambígua e leve ao mesmo tempo. A canção
funciona como uma preparação para a faixa instrumental “4th of July”, que
traz uma guitarra elétrica distorcida e um baixo bem perceptível, causando
uma certa “pressão” dentro da própria música. A composição sem a voz de
Bono evidencia a mudança de sonoridade ocasionada por Eno, muito
diferente do rock mais direto de Steve Lillywhite.
Os sentimentos de desespero provocados pelo vício em heroína são
retratados na letra de “Bad”, uma das principais faixas de The Unforgettable
Fire. A composição aborda o crescente índice de consumo de drogas em
Dublin. A música surgiu a partir de improvisações feitas por The Edge, e a
entrada repentina da bateria de Larry Mullen Jr. deu uma atmosfera dramática
para a composição. Nesse clima de jam, a voz de Bono Vox vai crescendo
durante a música, conectando os quatro integrantes do U2 em uma canção
longa e com versos fortes, como este, que é praticamente gritado:

TO LET IT GO
AND SO TO FADE AWAY
TO LET IT GO
AND SO FADE AWAY
I’M WIDE AWAKE
I’M WIDE AWAKE
WIDE AWAKE
I’M NOT SLEEPING
OH, NO, NO, NO.

Bono disse em vários shows que a letra de “Bad” se refere a ele mesmo e a
um amigo que morreu por overdose de heroína. Outras versões contam que a
música fala de alguém que cresceu em Dublin e testemunhou a violência
local. A capital irlandesa enfrentava um surto de tráfico de drogas na época.
Os produtores Daniel Lanois e Brian Eno não intervieram na composição da
letra, pois estavam mais interessados nos experimentalismos instrumentais.
“Indian Summer Sky” tem uma guitarra elétrica mais tradicional, repleta
de frases abafadas e bem demarcadas. A letra de Bono, com significado
bastante aberto, parece falar das visões de um homem sobre a Terra e o céu,
que afetam seu próprio interior.
“Elvis Presley and America” é uma improvisação lenta da música “A Sort
of Homecoming”. A composição reflete um conjunto com o restante do disco
e mostra como a banda irlandesa realmente se aprofundou em sua visita aos
Estados Unidos. Já a última faixa do álbum é política e chama-se “MLK” em
homenagem ao ativista Martin Luther King. A letra foi inspirada no discurso
público mais famoso de King, batizado de “Eu tive um sonho”. Em sua
composição, Bono fala dos sonhos das pessoas e da esperança de que tudo
termine da melhor maneira possível. Com esse clima positivo, The
Unforgettable Fire se encerra, sendo tanto uma compilação de letras políticas
como uma experiência sonora inédita dos garotos de Dublin.
O Slane Castle permitiu que o U2 gravasse confortavelmente, aproveitando
o som diferenciado que a banda poderia captar nos espaçosos cômodos do
local. No mesmo ano do lançamento do álbum, a banda de Bono Vox e The
Edge saiu em uma turnê de 113 shows. Foi a

A IMIGRAÇÃO IRLANDESA PARA OS ESTADOS


UNIDOS

País colonizado pelo Reino Unido, os Estados Unidos


tiveram sua formação graças aos colonos ingleses e
imigrantes de vários outros países europeus. A Irlanda era – e
ainda é – uma nação que disputa poder com a Inglaterra.
Após romper sua aliança com o papado católico, a Coroa
britânica tornou-se anglicana. O território irlandês, assim,
virou um local de disputas políticas e religiosas entre
católicos e protestantes.
Essa repressão britânica, aliada a problemas econômicos e
sociais, provocou uma grande migração de irlandeses para a
América, o novo continente. No arquipélago do Reino Unido,
irlandeses eram vistos como parte de uma etnia inferior, que
deveria se submeter ao controle inglês. Nos Estados Unidos,
com o trabalho escravo africano e a colonização indígena, a
cor de pele era o que importava na época. Dessa forma, os
imigrantes que chegavam da Irlanda ganharam um novo
status social e uma nova vida.
Sobre essa mudança histórica, o escritor e historiador norte-
americano Noel Ignatiev, especialista em racismo histórico,
escreveu, em 1995, o livro How the Irish Became White
[“Como os irlandeses se tornaram brancos”]. A tese principal
da obra é de que a Irlanda era tratada como a pior etnia do
território britânico, assim como os africanos negros eram
maltratados em diversas colônias americanas. A situação se
reverteu quando os irlandeses se estabeleceram em novos
territórios, especialmente nos Estados Unidos, utilizando a
própria escravidão negra como trampolim para a ascensão
social.
Outra obra que traduz bem esse movimento na sociedade
irlandesa é o filme do diretor Martin Scorsese Gangues de
Nova York (2002) – com Leonardo DiCaprio, Daniel Day
Lewis e Cameron Diaz –, que mostra como os imigrantes se
organizaram em guetos contra negros, italianos e diversas
etnias que dificultavam sua entrada no país. O filme também
mostra como os irlandeses tentaram rapidamente se envolver
na política republicana americana para se estabelecer na nova
nação. O U2 escreveu a música-tema do filme, chamada “The
Hands that Built America”. A composição teve produção do
guitarrista The Edge, concorreu ao Oscar de melhor canção e
ganhou o Globo de Ouro de melhor canção original.

primeira vez que o U2 desembarcou na Austrália e na Nova Zelândia para


tocar seus sucessos.
The Unforgettable Fire, de certa forma, aproxima a história dos quatro
roqueiros irlandeses com a cultura americana, que é mundialmente difundida.
Na época da gravação do material, o U2 testemunhou a pobreza das grandes
cidades dos Estados Unidos e se aproximou do blues, ritmo criado pelos
negros norte-americanos e que posteriormente deu origem ao próprio rock. O
quarteto também testemunhou a beleza do interior do país, com seus desertos
e outras paisagens que destoam das grandes metrópoles.
O disco consolida a carreira da banda e mostra pontos em comum entre a
história dos Estados Unidos e a história individual de seus integrantes, repleta
de ambiguidades. Bono, Edge, The Larry e Adam procuravam tanto alcançar
o sucesso internacional com sua sonoridade pop quanto conquistar fãs com
letras críticas e conscientizadas.
A turnê de The Unforgettable Fire deu origem ao EP Wide Awake in
America, no qual estão registradas versões ao vivo de “A Sort of
Homecoming” e de “Bad”, além das versões de estúdio dos B-sides “Love
Comes Tumbling” e “The Three Sunrises”. Lançado no dia 1º de maio de
1985 apenas nos Estados Unidos e no Japão, o EP foi um sucesso de vendas,
o que o fez ser lançado no Reino Unido em 1987, e internacionalmente no
ano de 1990, tornando-se um objeto de culto entre os fãs.

PARRA, Pimm Jal de La. U2: Live. Biografia da banda até o ano de 2003.

Banda norte-americana de punk rock formada por Tom Verlaine e Richard


Hell. Os dois tinham pretensão de se tornar poetas e ajudaram a fundar a cena
punk em Nova York. Eles tocavam no CBGB (Country, BlueGrass, and
Blues), clube que reúne a maioria das bandas do estilo. Os Ramones foram
revelados nesse mesmo bar.

MCCORMICK, Neil. U2 by U2.

Grupo político dos anos 1960 que defendia o socialismo e os direitos dos
negros nos Estados Unidos.

MCNEIL, Legs. MCCAIN, Gilian. Mate-me por favor.

Ranking da revista Billboard publicado semanalmente, elencando os


duzentos álbuns e EPs mais vendidos nos Estados Unidos.

Posteriormente, Steve Morse faria resenhas mais favoráveis aos trabalhos do


U2, provavelmente devido ao sucesso comercial da banda no mundo todo.

Narciso é um personagem da mitologia greco-romana que morre admirando


sua própria beleza no reflexo da água.

“Sociedade Shalom”, em português.

Desde 1919, várias organizações tentaram tirar a Irlanda do Norte do domínio


do Reino Unido. O objetivo desses grupos é integrá-la novamente à Irlanda,
que tem Dublin como capital. As divergências entre irlandeses e britânicos
ocorrem tanto por questões territoriais quanto religiosas – a Irlanda é católica,
enquanto os territórios ingleses são protestantes.

Montmatre é conhecido como “bairro dos artistas de Paris”, onde viveram


Salvador Dalí, Claude Monet e Pablo Picasso. O local é famoso por sua vida
noturna atraente.

Thriller, lançado em 1982, foi o sexto trabalho de estúdio do cantor Michael


Jackson e é considerado um marco na música pop e em sua carreira. É o
álbum mais vendido de todos os tempos, com 42 milhões de cópias vendidas
no mundo.
O U2 NO CIRCUITO MUNDIAL

ONE MAN COME IN THE NAME OF LOVE


ONE MAN COME AND GO
ONE MAN COME HERE TO JUSTIFY
ONE MAN TO OVERTHROW.

Trecho de “Pride (In the Name of Love)”

Em julho de 1985, o U2 se apresentou no Live Aid, apresentando The


Unforgettable Fire no Wembley Stadium, em Londres. O evento foi
promovido para ajudar no combate à fome na Etiópia. De acordo com a
CNN, o festival teve a participação de cerca de 72 mil pessoas no Reino
Unido. O Live Aid contou também com apresentações de David Bowie,
Queen, Madonna, Mick Jagger, Paul McCartney, Elton John e The Who. Foi
um dos primeiros shows ao vivo transmitido via satélite, com exibição
simultânea nos Estados Unidos e no Reino Unido14.
O evento foi similar ao Concert for Bangladesh, que ocorreu em 1971, com
participação do ex-beatle George Harrison. O músico foi pioneiro em
festivais filantrópicos e serviu de inspiração para o U2 e para as bandas de
rock que passaram a militar por causas como o combate à fome e à miséria na
África.
Segundo Bono Vox em entrevista à VH1, o evento fez com que ele
pensasse em “realmente salvar vidas” por meio de sua música. Bono viajou
com a esposa Alison para a Etiópia, para ajudar em ações humanitárias no
local. O vocalista filantropo também visitou El Salvador e a Nicarágua com a
Anistia Internacional. As viagens foram inspiradas pelo Live Aid.
Em 1985, a revista Rolling Stone elegeu o U2 como a maior banda dos
anos 1980. Com a turnê que chegou até a Oceania, o grupo foi se
transformando efetivamente em uma banda global, com fãs ao redor do
mundo todo. Durante a apresentação de “Bad” no Live Aid, Bono Vox
desceu do palco e dançou com uma fã. A performance durou catorze minutos
e se tornou uma marca registrada do vocalista, que chegou a se encontrar com
fãs até no Brasil.

THE JOSHUA TREE E RATTLE AND


HUM: O U2 SOB INFLUÊNCIA DO
COUNTRY ROCK E DO BLUES
Segundo as entrevistas do documentário realizado pela VH1, o U2 sofreu
outra alteração em sua sonoridade após The Unforgettable Fire. A banda
tinha crescido musicalmente e não era mais só um grupo de garagem com
influências de David Bowie, new wave e o punk rock inglês do The Clash. O
U2 incrementou sua produção com elementos de música abstrata trazidos por
Brian Eno e, com os shows em grandes estádios, a banda passou a expressar
outras influências em suas músicas.
O country rock e o blues começaram a se tornar uma inspiração para a
banda, e o seu som atingiu um novo
patamar. Ainda com produção de Brian Eno, The Joshua Tree foi lançado
oficialmente no dia 9 de março de 1987, sendo aclamado pela crítica
especializada.
A capa do material foi fotografada por Anton Corbijn. A foto traz a banda
inteira na área desértica de Mojave, na Califórnia, no sudoeste dos Estados
Unidos. No local, há plantas chamadas de “Joshuas Trees”. Bono tinha
curiosidade em descobrir o significado religioso desse nome, que utiliza a
palavra “Joshua” (Josué), em menção ao profeta do Antigo Testamento. O
cantor descobriu que a árvore recebeu esse nome dos mórmons que vivem na
região, por ela crescer de forma semelhante a Josué rezando. Foi assim que o
nome do álbum foi escolhido pela banda.
“With or without You”, a terceira faixa do disco, é tocada até hoje em
rádios do mundo inteiro e, no mesmo ano do lançamento do álbum, chegou
ao topo das paradas dos Estados Unidos e do Canadá. A nova obra do U2
também conquistou o público com outros dois singles: “I Still Haven’t Found
what I’m Looking for” e “Where the Streets Have No Name”.
A guitarra elétrica continuou, nesse novo trabalho, brincando com efeitos
de pedal e com poucas notas para compor sua harmonia. No entanto, “Where
the Streets Have No Name” é uma música com ritmo característico do rock,
com uma guitarra atraente e uma letra com ambiguidades que traduzem o
conceito do álbum: a própria cultura norte-americana, cada vez mais presente
nos temas do grupo irlandês. The Edge toca a introdução num tempo mais
rápido que os demais integrantes, contrastando com os outros instrumentos15.
Bono Vox escreveu a letra misturando sensações das cidades americanas, das
áreas urbanas, com a dos desertos, das áreas sem grande densidade
populacional. A canção traduz desejos e conceitos que se desfazem como os
ventos desérticos. Influenciados pelo reggae jamaicano, com seu ritmo
diferente e mais lento em comparação ao rock, o U2 compôs “I Still Haven’t
Found what I’m Looking for”. Single que faria sucesso no mundo inteiro, a
letra de Bono Vox parece uma canção tipicamente gospel, com inspiração
cristã. Brian Eno foi certamente uma referência para Bono nesse tipo de
composição, já que o produtor admirava o trabalho de “Blind” Willie
Johnson, guitarrista de blues que fazia música religiosa16.
“With or without You”, apesar de ser uma balada romântica, não foi
composta de forma tradicional, com versos intercalados com o refrão. Daniel
Lanois, um dos produtores e amigo de Brian Eno, afirmou ter incentivado a
banda a brincar com repetições nessa faixa, tornando a composição17 mais
sofisticada. A música se tornou uma das mais tocadas da banda em seus
quase quarenta anos de história.
Uma crítica clara à violência e aos tiroteios, “Bullet the Blue Sky” é um
hino sobre a América, sem metáforas ou outras figuras de linguagem. É uma
denúncia ao domínio dos Estados Unidos sobre a América Central, como os
conflitos em El Salvador. Slides da guitarra de The Edge substituem o modo
de tocar o instrumento fora do tempo ou com as notas abafadas. O baixo e a
bateria soam claros, demarcando o tempo da música e potencializando a voz
de Bono.
Sobre o desespero e o vício em heroína presentes na Irlanda, Bono Vox
compôs a música “Running to Stand Still”, que conta com um piano e um
acompanhamento instrumental mínimo, que cresce durante a música. A
composição ganha vigor com a entrada da bateria de Larry Mullen, que
confere uma profundidade que não está clara nos primeiros instantes da
composição. O som de gaita, no final da música, dá um tom norte-americano
para o som tipicamente irlandês do U2.
“Red Hill Mining Town” é uma música sobre herança, sobre o fardo que
pesa tanto para os pais quanto para os filhos. A canção explora também um
amor que já não existe mais, deteriorado pela passagem do tempo. Bono Vox
se destaca pela estabilidade de sua voz, mesmo durante alguns trechos
gritados da letra.
As contradições dos Estados Unidos, uma terra retratada como de grande
fé e também de várias desiluções, novamente se tornaram tema para a banda
na música “In God’s Country”. Bono Vox disse que escreveu a letra
pensando na Estátua da Liberdade. O cantor do U2 também lembrou-se da
guerra civil que existia na Nicarágua, país que o vocalista visitou para
entender melhor o subdesenvolvimento em comparação à prosperidade norte-
americana.
Uma gaita aparece novamente na música “Trip through Your Wires”,
acompanhada por uma guitarra elétrica rítmica. A canção de Bono Vox fala
sobre encontros no deserto, sobre a ambiguidade e a incerteza. Dedicada a
um índio maori chamado Greg Caroll que morreu em um acidente de
motocicleta envolvendo um motorista bêbado, o cantor também compôs a
música “One Tree Hill”, que compara os movimentos da humanidade com os
da própria vida selvagem. O indígena era amigo pessoal de Bono Vox e
atuava como roadie da banda.
Resultado de uma sessão de improvisos, a música “Exit” é dedicada a uma
obra literária. Bono se inspirou no livro The Executioner’s Song [“A canção
do carrasco”, em tradução livre], do escritor e jornalista Norman Mailer18,
que narra a história de um serial killer. Na canção, o vocalista abandona seu
estilo romântico de cantar e emprega um tom misterioso, constante e
descritivo ao falar sobre o assassino. A música tem uma guitarra rasgada e
várias progressões no contrabaixo.
Bono Vox também tornou-se um ativista nos países subdesenvolvidos.
“Mothers of the Disappeared” é a última faixa de The Joshua Tree e é a única
claramente dedicada às vítimas dos conflitos armados na Nicáragua e em El
Salvador, onde Bono esteve para realizar ações filantrópicas. Embora seja a
única música que destoa da temática norte-americana do álbum, ela aborda as
ambiguidades sociais que existem em vários países ao redor do mundo.
Quando participou de uma turnê da Anistia Internacional pela América
Latina, em 1986, Bono Vox se envolveu com o CoMadres, o comitê de mães
dos desaparecidos e perseguidos políticos em El Salvador. O cantor também
soube de outra organização contra a repressão e a violência na América do
Sul: o movimento Madres de Plaza de Mayo, contra o regime militar na
Argentina. “Mothers of the Disappeared” é uma homenagem às duas
organizações.
Além de adotar uma linha melódica nos solos de guitarra, ao longo do
disco, The Edge trabalhou em bases instrumentais abafadas e com um ritmo
bem demarcado. O crítico Steve Pond, da revista Rolling Stone, escreveu um
texto bastante favorável ao novo material: “Para uma banda que sempre se
especializou em se inspirar, mais do que em gestos de uma vida – uma banda
determinada a se tornar importante –, The Joshua Tree parece ser o grande
álbum, e é precisamente assim que ele soa”. Pond também afirmou que a
nova obra do U2 não era mais um Born in the U.S.A., lançado por Bruce
Springsteen em 1984. O crítico disse que o trabalho do grupo liderado por
Bono Vox era mais variado e com músicas acessíveis ao grande público, com
“poder de seduzir e capturar a audiência das massas em seus próprios
termos”.
Steve Morse, crítico do Boston Globe, afirmou que The Joshua Tree tem
músicas espirituais que lembram The Unforgettable Fire, mas que o estilo do
disco flerta com os primeiros trabalhos do U2, que possuem mais energia.
As letras de The Joshua Tree eram metáforas sobre os ideais dos Estados
Unidos e sobre a realidade do país. A maior ironia é que justamente a nação
criticada nas letras foi a que melhor recebeu o material novo do U2.
THE CITY’S A FLOOD, AND OUR LOVE TURNS TO RUST
WE’RE BEATEN AND BLOWN BY THE WIND
TRAMPLED IN DUST
I’LL SHOW YOU A PLACE
HIGH ON A DESERT PLAIN
WHERE THE STREETS HAVE NO NAME.

Trecho de “Where the Streets Have No Name”

Bono Vox escreveu letras que mesclam sensações de uma América que
tem, ao mesmo tempo, extensos desertos e cidades gigantescas. Com essa
temática nas canções, e transmitindo uma certa sensação de estar perdido no
“american way of life”, o estilo de vida norte-americano, as guitarras
frenéticas do country rock e do blues combinaram com toda a obra.
The Joshua Tree foi o maior sucesso entre os trabalhos de estúdio do U2,
vendendo cerca de 25 milhões de cópias. Nos Estados Unidos, foi o primeiro
trabalho de um grupo a chegar em um milhão de cópias vendidas. No dia 4 de
abril de 1987, o álbum estreou na 7ª posição do ranking Billboard Top Pop
Albums. Ficou atrás de Invisible Touch, da banda de rock progressivo
Genesis (6ª), e de Slippery When Wet, do Bon Jovi (2ª). A Associação de
Gravadoras da América (RIAA – Recording Industry Association of
America) certificou a obra com um disco triplo de platina.
Em 25 de abril de 1987, The Joshua Tree chegou ao topo da Billboard. Em
1988, o disco ganhou dois Grammy: Álbum19 do Ano e Melhor Performance
de Rock e também o de Melhor Videoclipe por “Where the Streets Have No
Name” – gravado no telhado de um prédio em Los Angeles, Califórnia, nos
Estados Unidos. Segundo a VH1, o álbum ficou no topo das paradas de 22
países. Em 2006, a revista Time colocou este trabalho na 72ª posição quando
elegeu os cem maiores álbuns de todos os tempos.
O lançamento do álbum foi seguido por uma turnê de 109 shows pelo
mundo. Bono Vox chegou a cantar uma versão da música “Help”, dos
Beatles, no Wembley Stadium, em Londres. A versão do vocalista do U2 foi
dedicada aos ingleses, que passariam mais cinco anos sob o governo
neoliberal de Margaret Thatcher20.
Nos Países Baixos, 92 mil ingressos para um show da banda foram
vendidos em apenas uma hora. A energia e a espiritualidade do som dos
rapazes de Dublin já tinham ultrapassado os limites da Irlanda e conquistado
o mundo todo. Esse sucesso atraiu a atenção do diretor de cinema Phil
Joanou. O cineasta se infiltrou nos bastidores da banda e começou a fazer um
documentário sobre o U2. O filme resultou em um novo álbum, Rattle and
Hum, com músicas novas, versões ao vivo e covers de bandas que inspiraram
o grupo liderado por Bono Vox. The Edge afirmou que o trabalho em vídeo
deveria ser pequeno no começo, mas que no fim se tornou um grande
material da banda. A produção ficou por conta de Jimmy Iovine, que já havia
trabalhado com John Lennon e Bruce Springsteen. O lançamento oficial do
disco ocorreu no dia 10 de outubro de 1988.
Rattle and Hum se tornou um álbum duplo, com versões de “Helter
Skelter”, escrita por Paul McCartney e John Lennon, e “All Along the
Watchtower”, de Bob Dylan. Durante a turnê na qual o disco foi gravado, o
U2 chegou a tocar com Dylan e até com o mestre do blues, B. B. King, em
1989. O trabalho de Joanou, que era fã do grupo, tornou-se um presente para
os admiradores da banda de Bono, The Edge, Larry e Adam. Joanou voltaria
a trabalhar com o U2 nos videoclipes de “One”, do álbum Achtung Baby
(1991), e de “All Because of You”, de How to Dismantle an Atomic Bomb
(2004).
Embora seja um trabalho misto, intercalando canções gravadas e ao vivo,
Rattle and Hum é considerado o sexto disco de estúdio por conta da grande
quantidade de material inédito. As gravações aconteceram no Sun Studio, em
Memphis, no mesmo local em que o rei do rock, Elvis Presley, costumava
cantar em sua terra natal.
No documentário do disco, Rattle and Hum é descrito como uma “jornada
musical”. De fato, o material foi uma verdadeira viagem para Bono, The
Edge, Adam e, sobretudo, para Larry Mullen Jr., pois os músicos circularam
por Memphis, Nova Orleans e Nova York, cidades musicalmente importantes
nos Estados Unidos. Os irlandeses também vistaram Graceland, e Mullen, fã
confesso de Elvis, emocionou-se muito na casa do ídolo, conferindo a
coleção de motos do rei do rock. O documentário foi lançado ainda em
novembro de 1988 nos Estados Unidos.
Rattle and Hum abre com “Helter Skelter”, cover dos Beatles. Bono Vox
cantou a música em uma apesentação feita no dia 8 de novembro de 1987, na
McNichols Arena, em Denver, no estado americano do Colorado. O cantor
começou a performance dizendo: “Esta é a música que Charles Manson21
roubou dos Beatles… nós estamos roubando-a de volta!”. “Helter Skelter”
também é conhecida por ser uma das músicas mais pesadas do famoso
quarteto de Liverpool. Por esse motivo, é apontada como um dos primórdios
de um dos maiores subgêneros do rock: o heavy metal22.
“Van Diemen’s Land” é uma das poucas músicas com letra do guitarrista
The Edge. O título da música é uma referência ao primeiro nome dado à Ilha
da Tasmânia, que hoje é parte da Austrália. A estrutura da canção, com
acordes simples e puxados para o blues, faz a música toda soar como uma
composição americana.
A quinta música, “Desire”, é mais folk, mesmo sendo inspirada no rock
quase punk dos Stooges de Iggy Pop. A música se transformou em uma
espécie de introdução ao cover “All Along the Watchtower”. No entanto, no
disco ela é seguida por “Hawkmoon 269”, música com potencial romântico,
semelhante às composições mais bem-sucedidas da banda.
Gravada originalmente em 1967, “All Along the Watchtower” é uma
canção de Dylan sobre as passagens bíblicas que ele passou a ler após um
acidente de moto em 1966. Há quem associe alguns trechos do Livro de
Isaías, especialmente o capítulo 21, do versículo 5 até o 9, à letra da
composição. O trecho fala sobre as sentinelas da torre de vigia na Babilônia,
reino que entrou em decadência. Na versão do U2, embora Bono Vox toque
violão, a música ganhou uma sonoridade mais elétrica e aguda, diferente do
folk de Bob Dylan, predominantemente acústico.
Sucesso em The Joshua Tree, Rattle and Hum também possui “I Still
Haven’t Found what I’m Looking for”, trazendo a música em novo arranjo,
acompanhada por um coral gospel, e novamente abordando a temática
estadunidense. O disco também tem a música “Freedom for My People”, de
Satan and Adam, dupla de blues composta pelos músicos Sterling “Satan”
Magee e Adam Gussow. Em vez de gravar um cover, o U2 registrou o som
da banda no bairro do Harlem, em Nova York, como uma forma de divulgar
a música tipicamente negra e americana.
No final dos anos 1980, o Apartheid ainda dividia23 negros e brancos na
África do Sul. Como uma música engajada contra essa separação baseada na
cor da pele, Bono Vox compôs a música “Silver and Gold” – um B-side do
single Where the Streets Have No Name. A letra pede o reconhecimento dos
negros como indivíduos livres com metáforas sobre as disputas sociais
presentes naquela sociedade. “Pride (In the Name of Love)” acrescenta ao
conjunto questionamentos levantados no álbum The Unforgettable Fire sobre
a falta de limites na luta humana pelo orgulho, com letra inspirada, como já
foi dito, em Martin Luther King e em Malcolm X. Em Rattle and Hum, essa
música parece estar em sintonia com as questões sobre o racismo na África e
em outras partes do mundo.
“Angel of Harlem” foi composta durante a turnê de The Joshua Tree e foi
gravada especialmente para Rattle and Hum. A letra escrita e gritada por
Bono Vox faz referência a diversos músicos negros, como os jazzistas John
Coltrane e Miles Davis. A música é dedicada a Billie Holiday, que faleceu
em 1959 e teve uma carreira brilhante como cantora de jazz e blues, mesmo
com uma vida pessoal conturbada por desilusões amorosas.
O disco contou com uma participação especial de Bob Dylan na
composição da letra de “Love Rescue Me”, que ganhou uma melodia típica
do U2 com o uso de uma gaita, o que a aproxima da música folk e das
composições acústicas norte-americanas. Sua temática aborda a vida na
estrada, o vaivém de pessoas à procura da individualidade.
Em Rattle and Hum, B. B. King, o “rei do blues”, fez uma performance
com o U2 na música “When Love Comes to Town”. Larry, Adam e The Edge
fazem os sons de fundo, deixando espaço para Bono Vox cantar livremente,
enquanto King sola e completa as frases do músico irlandês. Essa sintonia faz
parte da veia americana presente nos materiais do U2 no final dos anos 1980.
“Heartland”, diferentemente de outras composições de The Joshua Tree ou
mesmo de Rattle and Hum, parece retratar em sua letra um Estados Unidos
ideal, uma terra prometida. Essa composição de Bono também parece ter um
aspecto messiânico e religioso ao falar que a “terra do coração” depende de
suas convicções e de sua fé, retomando as raízes cristãs do U2.
“God Part II” é a segunda parte de uma música que John Lennon compôs
em 1970 associando Deus a “um conceito que usamos para mensurar nossa
dor”. Seguindo a linha de composição de Lennon, Bono Vox escreve sobre o
ceticismo em relação aos anos 1960, “a era de ouro do pop”, e a drogas como
a cocaína. E, assim como John, Bono grita para que se acredite no amor.
Assim como “Freedom for My People”, “The Star Spangled Banner” é
outra música que não é do U2 no álbum Rattle and Hum. Trata-se de uma
versão do hino dos Estados Unidos da América transformada em melodia
pela guitarra elétrica agressiva daquele que ainda é considerado um dos
maiores músicos da história: Jimi Hendrix24. O solo instrumental é
acompanhado por “Bullet the Blue Sky”, uma das músicas mais críticas do
U2 sobre os Estados Unidos.
O disco acaba com “All I Want Is You”, música de Bono Vox sobre o
pouco valor das riquezas, como o ouro, os diamantes ou o próprio dinheiro. O
cantor lembra, no final do álbum, que o bem mais precioso é a vida.
O atentado à bomba que ocorreu na cidade de Enniskillen, na Irlanda do
Norte, em 8 de novembro de 1987, deixou onze mortos e 63 feridos. Na
mesma época, o IRA ameaçou sequestrar Bono Vox e chegou a atacar um
dos automóveis do U2. Esses incidentes impulsionaram o vocalista a
condenar os conflitos separatistas entre irlandeses e britânicos durante uma
performance da música “Sunday Bloody Sunday” na turnê de Rattle and
Hum. Esse envolvimento do cantor com os conflitos armados na Irlanda
marcaram sua carreira na década de 1980.
Em 1989, um ano depois do lançamento de Rattle and Hum, Adam
Clayton se envolveu com drogas e chegou a ser detido em um pub irlandês
com dezenove gramas de maconha. Essa não era a primeira confusão causada
pelo baixista do U2, que havia enfrentado problemas por dirigir alcoolizado
em 1985. Se o processo de Clayton por porte de drogas continuasse, ele
poderia ficar impedido de fazer turnês. Seu advogado, no entanto, apenas
teve de pagar uma fiança de 25 mil libras.
Com o crescente sucesso da banda, Larry Mullen Jr. disse a Bono Vox que
estava cansado do ritmo das turnês e que sentia que eles não estavam mais
gostando do que faziam. “‘Estou considerando seriamente dissolver o U2’, eu
disse para Bono. E ele respondeu: ‘Você tem um bom argumento’”, explicou
o baterista, em entrevista à VH1, em 2000. A banda chegou a anunciar em
alguns shows que aquelas eram suas últimas performances, recebendo vaias
do público como resposta. Foi com esse clima que o U2, em vez de acabar,
passou por uma transformação a partir dos anos 1990.

BREVE HISTÓRIA DO BLUES E SUA RELAÇÃO COM


O ROCK’N’ROLL

O blues surgiu como música dos escravos negros africanos


que viviam nos Estados Unidos durante o século XIX. Eram
canções que traduziam a melancolia vivida pelo povo africano
que foi obrigado a emigrar para o continente americano. As
composições têm mudanças de progressões, chamadas
turnarounds, que deixam todas as partes da música
harmônicas.
Entre as pessoas importantes do estilo, uma das mais
famosas é Robert Johnson, músico negro influente na década
de 1930. Nascido no estado americano do Mississippi, ele
ficou famoso pela letra e pela melodia de “Cross Road
Blues”. A canção narra o encontro do músico com o diabo,
que lhe teria feito uma proposta irrecusável: uma habilidade
musical surpreendente em troca de sua alma. Johnson também
compôs “Sweet Home Chicago”.
A partir da década de 1950, músicos como Howlin’ Wolf e
Muddy Waters passaram a adotar a guitarra elétrica e a gaita
junto às novas composições de blues. O estilo também
começou a flertar com o jazz, com o folk country e com o
rock’n’roll, até então música típica de homens brancos.
Músicos como Eric Clapton, a partir dos anos 1960, passaram
a estudar a música de Waters para aplicar características do
blues no rock tipicamente inglês, diferente do que era feito até
então nos Estados Unidos.
O blues ainda influenciou bandas de hard rock como o Led
Zeppelin. No U2, o estilo musical afetou as composições do
guitarrista The Edge a partir do álbum The Joshua Tree. O
cantor Bono Vox também passou a compor letras com
temáticas relativas à sociedade norte-americana.
A transmissão europeia foi feita pela BBC. As três horas finais foram
transmitidas nos EUA pela ABC.

A guitarra da música está no compasso 3/4, enquanto os demais instrumentos


seguem o compasso típico do rock’n’roll, 4/4.

Willie Johnson era do Texas e morreu em janeiro de1945, pouco antes do fim
da Segunda Guerra Mundial. Além de músico, o cantor de blues também era
pastor religioso.

Informação é do jornalista Colm O’Hare, da revista irlandesa Hot Press, de


Dublin.

Jornalista de Long Branch, Nova Jersey, nos Estados Unidos. Ganhou o


prêmio Pulitzer e criou, com Truman Capote e Tom Wolfe, o que é
conhecido como Novo Jornalismo, isto é, o uso de técnicas literárias e do
romantismo na reportagem de imprensa.

Os prêmios do Grammy são o maior reconhecimento da Academia Nacional


de Gravadoras de Artes e Ciências (National Academy of Recording Arts and
Sciences) à indústria musical nos Estados Unidos.

Thatcher (1925-2013) foi premiê do Reino Unido de 1979 até 1980. Ela foi a
primeira mulher a ocupar o cargo no país. Também foi a chefe de Estado
inglesa durante a Guerra das Malvinas.

Criminoso norte-americano famoso nos anos 1960 por ter criado a “Família
Manson”, grupo responsável por assassinatos em série. Charles Manson
afirma ter sido inspirado por mensagens subliminares em composições dos
Beatles, que previam um suposto conflito entre brancos e negros, no qual o
triunfo seria dos descendentes de africanos.

O metal também foi muito influenciado pelas improvisações do Cream e pela


técnica dos Yardbirds, nos anos 1960. Mas o rock pesado só se consolidou
como gênero na década de 1970, principalmente com as bandas Led
Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath.

O regime de segregação racial na África do Sul durou de 1948 a 1994, e só


teve fim com a vitória democrática de Nelson Mandela.

Hendrix foi, junto a Eric Clapton, um dos músicos que mais explorou a
guitarra na década de 1960, usando bastante a distorção nos amplificadores e
os efeitos tremolo (vibração das cordas) com as alavancas de seus
instrumentos.
ANOS DE
EXPERIMENTALISMO

A MTV, emissora musical americana que sempre deu destaque às grandes


apresentações da banda de Bono Vox e Larry Mullen Jr. revelou grandes
talentos que mudariam o estilo do rock no final dos anos 1980 e no começo
dos anos 1990. O grupo Guns N’ Roses foi o último sopro do hard rock
tradicional oitentista, que durou até o meio da década seguinte. No entanto, as
principais novidades iriam surgir do rock de garagem de Seattle, uma cidade
dos Estados Unidos.
Soundgarden, Pearl Jam, Mudhoney e Alice in Chains chamaram a atenção
por fazer um rock alternativo que não era visto desde o new wave e o pós-
punk do final dos anos 1970. Mas o novo estilo só estourou, realmente, com o
lançamento do álbum Nevermind, da banda Nirvana. O disco transformou o
som de Seattle, pouco conhecido até então, em mainstream, pois teve uma
divulgação massiva da MTV e da imprensa especializada norte-americana.
O U2, por outro lado, estava vivendo outra fase em sua própria trajetória
musical: havia desfrutado do sucesso mundial com os álbuns War, The
Unforgettable Fire e The Joshua Tree. Tinha se transformado em uma banda
que se apresentava em estádios para milhares de fãs e foi um dos grupos que
participaram do primeiro Live Aid, em 1985. Mesmo assim, começaram a
surgir problemas, sobretudo em relação ao rumo musical que os quatro
integrantes gostariam de seguir.
De acordo com o documentário produzido pela VH1, Bono Vox enxergou
a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o fim da União Soviética, em 1991,
como a chegada de uma nova época na história mundial. Assim, o vocalista
da banda também achava necessário fazer outro tipo de música para esse
período.
The Edge queria fazer música experimental e eletrônica na época,
enquanto Bono estava imerso na dance music. Adam Clayton afirmou que
todos estavam confusos no começo dos anos 1990, procurando um som para
“fazer em conjunto”. O guitarrista cogitou dividir a banda. Larry comentou,
na época, sobre “escolher entre suas amizades ou a banda”.
Foi o riff de “One” que reuniu o U2 novamente.

ACHTUNG BABY: BONO VOX,


SUPERSTAR DO ROCK
O U2 queria um novo direcionamento no próximo trabalho. A banda
queria realizar algo que eles nunca tivessem feito e que os guiasse por novas
vertentes musicais. A banda convidou o fotógrafo Anton Corbijn para fazer
fotos pouco convencionais para a capa do novo álbum – chegaram a
fotografar o baixista Adam Clayton nu em Dublin – e pensaram em chamar o
disco de Man, para contrastar com Boy, o primeiro trabalho. As fotos
utilizadas na capa também seriam coloridas, para diferenciar do preto e
branco dos álbuns de estúdio clássicos do grupo. Enfim, o nome Achtung
Baby surgiu, ideia de um engenheiro de som chamado Joe O’Herlihy.
Bono, Edge, Adam e Larry se reuniram para gravar o novo disco em
Berlim, após a reunificação da Alemanha. Parte do álbum foi gravada em
Dublin, depois de desentendimentos da banda em Berlim. Novamente, Brian
Eno assinou a produção, mas o primeiro produtor do U2, Steve Lillywhite,
participou do processo de mixagem com a atual equipe do grupo. O resultado
foi um trabalho com música dançante e muitos elementos eletrônicos.
Assim como muitos de seus ídolos, como David Bowie e seu rockstar
espacial Ziggy Stardust, Bono Vox criou uma persona para este álbum. The
Fly foi lançado oficialmente no dia 18 de novembro de 1991, simbolizado
pelos óculos escuros e pela jaqueta de couro do vocalista. “Ele tem os óculos
escuros de Lou Reed e a jaqueta de Elvis [Presley]. É um rockstar
identificável”, explicou Bono ao canal VH1. A performance de sua persona
também tem semelhanças com a dança feita por outro vocalista famoso do
rock: Jim Morrison. Essa estética foi usada na turnê multimídia que o U2
empreendeu em 1992, batizada de Zoo TV Tour.
“One” foi a música que melhor representou os questionamentos musicais
que o U2 enfrentava no começo da década de 1990. A letra, como a maioria
das composições do grupo, é de Bono Vox, mas a canção surgiu de uma linha
melódica composta por The Edge. A música destoa do rock experimental
presente no resto do álbum, mas mostra um U2 unido e encontrando seu
caminho enquanto faz experimentos. A música uniu Bono e The Edge, dois
polos da mesma banda, e a energia da nova música envolveu Larry e Adam,
que estavam insatisfeitos com os desentendimentos dos dois.

ONE LOVE, ONE BLOOD


ONE LIFE YOU GOT TO DO WHAT YOU SHOULD
ONE LIFE WITH EACH OTHER: SISTERS, BROTHERS
ONE LIFE, BUT WE’RE NOT THE SAME
WE GET TO CARRY EACH OTHER, CARRY EACH OTHER
ONE! ONE!

Trecho de “One”

“The Fly” é uma música que está totalmente integrada ao projeto


experimental do U2 da época. Na canção, Bono Vox faz um dueto com The
Edge enquanto interpreta seu personagem, que faz considerações sobre o
próprio processo de composição e sobre a arte em si.

IT’S NO SECRET THAT A CONSCIENCE CAN


SOMETIMES BE A PEST
IT’S NO SECRET AMBITION BITES THE NAILS OF
SUCCESS
EVERY ARTIST IS A CANNIBAL, EVERY POET IS A THIEF
ALL KILL THEIR INSPIRATION AND SING ABOUT THE
GRIEF

Trecho de “The Fly”

Achtung Baby (que em alemão quer dizer “atenção, baby”), começa com a
música “Zoo Station”, produzida por Daniel Lanois, parceiro de trabalho de
Brian Eno. A composição foi inspirada na estação de metrô Berlin
Zoologischer Garten, que fica próxima ao jardim zoológico de Berlim, no
coração da cidade que um dia foi dividida em duas pelo socialismo e pelo
capitalismo. O estilo vocal de Bono Vox, nessa composição, já parece
afetado pelo modo teatral de seu alter ego The Fly, que afirma estar pronto
para tudo o que possa acontecer.
“Even Better than the Real Thing”, segunda faixa do álbum “alemão” do
U2, nasceu de uma frase que The Edge criou durante a gravação de Rattle
and Hum. O simples fraseado instrumental serve de base para a letra de Bono
Vox sobre as sensações humanas, inclusive aquelas que extrapolam os limites
da realidade, como o consumismo e os vícios. A música reflete, de fato, a
sociedade decadente dos anos 1990 e se diferencia da crítica política engajada
feita pelo U2 dez anos antes.
Bono havia escrito uma conversa fictícia entre Jesus Cristo e o apóstolo
Judas Iscariotes25, que traiu o Messias. O resultado é revelado na música
“Until the End of the World”, que tem um tom apocalíptico, mas mantém a
serenidade cristã diante do inevitável. A música, de certa forma, também
traduz a própria transformação pela qual o U2 estava passando, deixando de
ser a banda que tinha se consagrado fazendo canções políticas e pacifistas.
“Who’s Gonna Ride Your Wild Horses” fala sobre os machucados
provocados por pessoas autênticas, pessoas que lutam pelo que acreditam. A
pergunta “Quem vai domar seus cavalos selvagens?” avisa ao ouvinte que ele
precisa transpor suas próprias barreiras. Bono Vox é bastante claro em uma
parte da letra: “You’re an accident waiting to happen” [“Você é um acidente
prestes a acontecer”]. Segundo os produtores, Daniel Lanois e Brian Eno, a
composição ganhou um grande espaço nas rádios graças a seu refrão
repetitivo.
“So Cruel” é uma balada grudenta, com poucos efeitos de guitarra,
marcando o estilo de composição da banda para a nova década. A letra de
Bono Vox aborda a decepção com o amor, com as pessoas e com a crueldade
envolvida nessas relações. A música está diretamente ligada ao divórcio entre
The Edge e sua primeira esposa, Aislinn O’Sullivan. O problema amoroso foi
uma das causas das brigas entre o guitarrista e Bono.
“Mysterious Ways” surgiu de uma linha de baixo criada por Adam Clayton
durante seus exercícios e improvisos em cima da base de uma bateria
eletrônica. A composição também abusa de efeitos eletrônicos do pedal Korg
A3, de The Edge. Ao vivo, a música contava com a participação de uma
dançarina de dança do ventre. Uma delas era Morleigh Steinberg, futura
segunda esposa do guitarrista do U2. Para Bono Vox, “Mysterious Ways” é
uma das canções que mais representa o rock dançante do qual ele gostava na
época.
Já a música “Tryin’ to throw Your Arms Around the World” fala sobre
estar embriagado em um bar e ser incapaz de abraçar o mundo. A música
original teve os teclados tocados pelo próprio produtor de Achtung Baby,
Brian Eno.
“Ultraviolet (Light My Way)” é mais uma música sobre religiosidade,
comparada, na letra, com o próprio amor. Bono Vox escreveu sobre as
interpretações erradas da fé e sobre como precisamos iluminar nossos
caminhos em direção ao divino. A canção é uma das poucas do disco que é
acompanhada por uma guitarra mais limpa e clássica.
A hipocrisia, a falsidade e os males sociais são o tema de “Acrobat”, outra
composição do cantor, que mostra os novos temas incorporados pelo U2. O
tom da letra é cético, especialmente em relação ao conformismo. O narrador
não se enxerga em nada neste mundo, sentindo-se como um acrobata em
movimento.
“Love Is Blindness” encerra o material de forma depressiva, com uma
composição novamente dedicada ao divórcio de The Edge. A falta de
otimismo, além do retorno de letras pessoais, mostram a mudança que a
banda passou na época, enfrentando dificuldades para conciliar o interesse
dos integrantes em relação aos rumos do grupo. A decadência retratada nessa
música é financeira, mortífera e totalmente sentimental. É uma das poucas
composições de Bono que não fala sobre algo de sua própria individualidade,
mas, sim, de seu amigo The Edge. A música acaba com ataques na guitarra,
que iniciam um solo instrumental com várias palhetadas alternadas e rápidas,
e encerra o disco de maneira satisfatória.
Na semana de lançamento do disco, ele já entrou no ranking 200 Top
Albums da revista Billboard na primeira posição. A resenha da crítica Elysa
Gardner, da Rolling Stone, de um total de cinco estrelas possíveis, deu quatro
e meia ao trabalho, em janeiro de 1992. Achtung Baby é o segundo álbum
mais vendido do U2, atrás somente de The Joshua Tree. Em notícia publicada
pela agência Reuters, em 2009, de acordo com a empresa Nielsen Soundscan,
o disco vendeu cerca de 5,5 milhões de cópias nos Estados Unidos, além de
conquistar oito discos de platina da RIAA. Ao redor do mundo, o novo
material vendeu 18 milhões de cópias certificadas. Na Austrália, o álbum
recebeu disco quíntuplo de platina e, no Canadá, disco de diamante, a maior
premiação da categoria.
Um Trabant, carro comum na antiga Alemanha Oriental, foi pintado e
colocado no Hard Rock Café de Berlim para divulgar a turnê de Achtung
Baby. O carro colorido está até hoje no bar alemão. Esse modelo de
automóvel aparece em uma das três versões do videoclipe de “One”, na capa
de Achtung Baby e também compunham o palco da Zoo TV Tour.

OS VÍDEOS DE “ONE”

“One” foi a música que permitiu ao U2 continuar na


estrada. A banda estava enfrentando problemas nesta fase de
experimentalismos e de busca por uma nova identidade.
“One” foi a canção que deu sentido para Bono, The Edge,
Adam e Larry seguirem em frente.
Anton Corbijn foi chamado para dirigir o videoclipe, que
foi filmado em Berlim. Corbijn registrou imagens da banda
tocando no Hansa Studio, na capital alemã. Além disso, no
clipe ainda apareciam Trabants, tradicional veículo alemão,
conduzidos pelos integrantes da banda pelas ruas da cidade
recém-unificada. O vídeo conta com a participação do pai de
Bono, Bob Hewson, e os músicos aparecem vestidos como
travestis. A ideia era mostrar diferentes formas de amor –
como o amor de um pai para um filho, o amor entre irmãos,
não apenas o amor entre um homem e uma mulher – e de
como todas essas formas correm o risco de serem
incompreendidas. Na época das gravações, a questão da AIDS
era muito debatida, e isso provocou um receio de que o vídeo
de “One” talvez pudesse ser mal-interpretado.
Então, optou-se por gravar uma nova versão. Dessa vez, o
diretor era Mark Pellington. Nessa versão, aparecem imagens
de flores desabrochando, entrecortadas pela palavra one
escrita em diversos idiomas e, principalmente, por imagens
em preto e branco de búfalos – a inspiração para essas cenas
veio de uma fotografia de David Wojnarowicz chamada
“Falling Buffalo” [“Búfalo que cai”], na qual aparecem
búfalos se jogando de um penhasco. Aparece ainda uma frase
de Wojnarowicz: “Smell the flowers while you can” [“Cheire
as flores enquanto você pode”]. O trabalho resultou em um
belíssimo vídeo para ser exibido nos telões da Zoo TV, no
entanto, não funcionaria muito bem para televisores
convencionais, já que as cenas eram em câmera lenta e
estáticas demais para serem transmitidas pela MTV.
Novamente a banda decidiu gravar um novo vídeo, e o
diretor dessa vez seria Phil Joanou, o mesmo de Rattle and
Hum. A ideia para o novo clipe partiu de uma simples
conversa entre Joanou e Bono numa mesa de bar. A “versão
do restaurante”, como ficou conhecida posteriormente, traz
Bono Vox sentado a uma mesa olhando para a câmera e
cantando os versos da música. Ainda aparecem cenas da
banda durante um show – as quais Joanou capturou com uma
câmera Super 8. E finalmente a banda atingiu o resultado que
desejava.
As três versões de “One” mostram as inúmeras
possibilidades de interpretação da canção – que vai muito
além de uma balada romântica.

A Zoo TV Tour recebeu esse nome por conta da música que abre o disco
Achtung Baby, “Zoo Station”. A turnê teve 156 shows. O palco foi projetado
para refletir a massificação da mídia provocada pela televisão. Bono Vox
utilizou objetos tecnológicos que mostravam o advento da informática e da
computação pessoal, marcas da sociedade da última década do século XX.
Em algumas apresentações, na música “Satellite of Love”, acontecia um
“dueto” com Lou Reed – com a imagem do cantor projetada nos telões. De
forma muita rápida e vertiginosa, também eram projetadas nos telões frases
irônicas, palavras sem contexto ou mesmo jogos de palavras, que causavam
um clima caótico nos shows e reforçavam a crítica à sociedade de consumo,
tais como “Everything you know is wrong” [“Tudo o que você sabe está
errado”], “Watch more television” [“Assista mais à televisão”], “I’d like to
teach the world to sing” [“Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar”], “Call
your mom” [“Chame sua mãe”] e muitas outras.
The Fly beijou e simulou sexo oral com a câmera que gravava uma
apresentação da música “Until the End of the World”, atitude que
dificilmente Bono Vox teria nos shows da década de 1980, com as músicas
mais politizadas. Mesmo com a presença desse personagem diferenciado, o
U2 ainda abordou o tema de conflitos armados em suas músicas, fazendo
verdadeiros videoclipes com a cobertura ao vivo da CNN durante a Guerra do
Golfo, que teve participação norte-americana no Kwait contra o Iraque
liderado por Saddam Hussein.
Outros dois personagens importantes criados por Bono durante a turnê
foram Mirror Ball Man, um homem com chapéu de cowboy prateado que
satirizava os televangelistas cristãos norte-americanos, e um veterano do
Vietnã nas músicas “Bullet the Blue Sky” e “Running to Stand Still”. O
hábito de se transformar durante a apresentação deixou o cantor do U2
distante do rock tradicional que consagrou a banda. As diferentes personas
foram criadas para aumentar a interação com o público.
O U2 tentou telefonar para a Casa Branca para conversar com o presidente
dos Estados Unidos George Bush, pai de George W. Bush, durante os shows,
em uma crítica às suas políticas bélicas. Os telefonemas começaram a se
tornar eventos recorrentes nas apresentações do grupo, para satirizar políticos
e figuras públicas e até mesmo somente para fazer humor. Bono chegou a
fazer ligações apenas para pedir um táxi.
Bono Vox também deu origem a uma quarta persona, chamada MacPhisto,
um demônio rockstar decadente. O demônio criado pelo vocalista lembrava o
Ziggy Stardust de David Bowie por sua ambiguidade sexual, além do
figurino, que lembrava o glam rock dos anos 1970.
Achtung baby é um álbum muito importante para a carreira do U2 por
vários motivos, mas principalmente por ter fortalecido a banda. Essa obra
consolidou o grupo irlandês no cenário da música internacional, provando
que eles sabiam se reiventar e surpreender a crítica e os fãs.

ZOOROPA: A MÚSICA DO U2
SOBRE A NOVA EUROPA
Ao contrário do que havia feito anteriormente, o U2 não encerrou a turnê
para gravar um novo álbum. A banda fez apenas uma interrupção de seis
meses, que resultou no álbum Zooropa, lançado oficialmente no dia 5 de
julho de 1993. A produção do disco foi realizada, novamente, por Brian Eno
e pelo próprio guitarrista The Edge. Logo na estreia, o trabalho chegou ao
topo das paradas dos Estados Unidos (eleito pela revista Billboard), Reino
Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, França, Alemanha, Áustria, Suécia
e Suíça.
The Edge deixou de tocar a guitarra em muitas partes do CD, adotando os
sintetizadores, mergulhando em mais uma das experências que o U2 queria
incorporar na década de 1990.
Logo na faixa-título, a de abertura do álbum, nota-se não só a presença de
elementos eletrônicos, mas distorções no vocal de Bono, que brinca com as
nuances de sua própria voz. A letra também mostra um retorno do U2 aos
assuntos europeus, diferentemente da viagem até os Estados Unidos realizada
pela banda em The Joshua Tree. De certa forma, Achtung Baby já havia sido
um retorno ao U2 dos três primeiros álbuns, porém com novos
experimentalismos.

ZOOROPA… BETTER BY DESIGN


ZOOROPA… FLY THE FRIENDLY SKIES
THROUGH APPLIANCE OF SCIENCE
WE’VE GOT THAT RING OF CONFIDENCE…

Trecho de “Zooropa”

“Zooropa” tem um clima futurista conquistado com o uso de muita


distorção e efeitos eletrônicos. Descreve uma sociedade mergulhada em
incertezas, sem convicções ou fé, mas confiante em suas inovações
científicas, coberta por edifícios com novo design. O nome “Zooropa” é uma
derivação de “Zoo Station”, a música de Achtung Baby dedicada à Berlim.
Essa sociedade futurista acaba incluindo a Alemanha que se formou no
começo da década de 1990, depois da unificação pós-Guerra Fria.
“Babyface”, segunda música do disco, é dedicada a Memphis Eve, segunda
filha de Bono Vox com sua esposa Alison, que nasceu em 1991 e tinha
apenas dois anos na época. A garota se tornaria atriz, anos depois. A
composição também é voltada aos entes queridos de outros integrantes da
banda. É uma música sobre o amor infantil.
Raridade entre as composições do U2, a música “Numb” foi escrita e é
cantada pelo guitarrista The Edge. Com efeitos eletrônicos, a letra aborda o
que nós “não podemos fazer”. Essa série de proibições parece, de certa
forma, anestesiar-nos da própria vida em si, como o nome da música
(“anestesiado”) afirma.
“Lemon” é um exercício de emissão de sons agudos e de falsetes26 por
parte do vocalista Bono Vox. A letra fala sobre a noite em discotecas e retrata
a construção de um ambiente urbano, com seus sonhos e seus aspectos reais.
É a partir da “meia-noite que o dia começa”. A composição tem um teclado
crescente, que destoa do tom rock’n’roll presente em outras canções do U2, o
que a torna uma música dançante, seguindo a estética idealizada por Bono. Já
The Edge preferia experimentalismos com o uso de teclados e da guitarra.
Nas apresentações dessa música, Bono Vox interpretava o personagem
MacPhisto.
“Stay (Faraway, So Close!)” é resultado de uma inspiração diferente para
Bono Vox: a letra foi influenciada pelo cantor Frank Sinatra27. É também
uma música romântica sobre permanência e abandono, um pedido
desesperado por companhia, movido pelo medo da distância, da ausência. A
canção também foi feita para o filme Faraway, So Close! (1993), do cineasta
alemão Wim Wenders, uma sequência do filme Asas do Desejo (1987). Essa
foi a segunda vez que o U2 colaborava com um trabalho de Wenders, que é
considerado um dos maiores diretores e produtores alemães, além de ser
presidente da Academia Europeia de Filmes (EFA – European Film
Academy)28. A primeira contribuição da banda para o cineasta foi na trilha
sonora do filme Until the End of the World, de 1991. Essa parceria
aproximou o U2 da cultura alemã, que estava em evidência após o fim das
tensões entre Estados Unidos e União Soviética.
Acompanhada por um baixo melódico, as apresentações de “Daddy’s
Gonna Pay for Your Crashed Car” exibia a persona MacPhisto cantando
sobre a solidão, a carência e a necessidade humana de sempre ter alguém para
consertar seus problemas. A guitarra de The Edge permanece tímida durante
a maior parte da composição, mas vai, aos poucos, exibindo-se mais, em
ataques mais potentes.
“Some Days Are Better than Others” tem uma letra simples, que fala sobre
a inconstância da rotina, a imprevisibilidade do dia a dia. Assim como a faixa
anterior, essa canção destaca a musicalidade de Adam Clayton, que sempre se
sobressaiu como um contrabaixista criativo com suas melodias, mesmo
utilizando acordes e combinações simples.
Música sobre o primeiro amor, sobre diferentes sensações e a relação entre
irmãos, “The First Time” é uma balada escrita por Bono Vox, que conta com
um piano na composição. É uma música totalmente diferente de “Dirty Day”,
a faixa seguinte, composta por Bono e The Edge. A canção aborda os
desentendimentos humanos e os dias que devem ser esquecidos. O baixo de
Adam Clayton guia a melodia, enquanto The Edge arrisca um dueto com
Bono Vox.
Zooropa termina com “The Wanderer”, sobre as pessoas que vagam sem
destino. Composição tipicamente folk, teve participação do renomado músico
Johnny Cash nos vocais, o que a faz destoar do ritmo eletrônico que permeia
o resto do disco.
Esse álbum deu mais fôlego à Zoo TV Tour, e foi executado em shows na
Europa unificada pós-Guerra Fria. O disco ganhou o Grammy de Melhor
Álbum de Rock Alternativo. O próximo trabalho do U2 demoraria mais
quatro anos para ser lançado.
Para The Edge, produzir o álbum também o ajudou a se distrair de seu
processo de separação. As músicas serviram para mantê-lo conectado com
Bono e o resto da banda, superando suas crises pessoais e mantendo o U2
como um projeto pessoal. Se Bono Vox sempre foi o principal letrista, The
Edge era o cérebro instrumental do grupo.

A GUERRA FRIA

A Guerra Fria foi um estado de tensão que ocorreu entre os


Estados Unidos e a União Soviética (URSS), os dois
vencedores da Segunda Guerra Mundial. Essa rixa militar
também representava a rivalidade entre os sistemas político e
econômico representados pelas nações – os Estados Unidos
representavam o capitalismo, enquanto a União Soviética
liderava os países socialistas e comunistas.
As tensões duraram de 1945, com a queda do nazismo na
Alemanha e de seus aliados, até 1991, com o fim da União
Soviética. Enquanto a Guerra Fria ocorreu, havia o medo de
que as superpotências começassem um conflito com uso de
seu arsenal nuclear. Tanto os Estados Unidos quanto a URSS
iniciaram uma corrida armamentista para desenvolver
satélites, exploração espacial e, inclusive, aumentar o poder
de suas bombas atômicas.
O conflito sem combate direto e efetivo envolveu também
guerras que transformaram o Vietnã em um país socialista e
dividiram a Coreia em dois países, um socialista e um
capitalista, além de criar milícias que se enfrentaram no
Afeganistão, representando interesses das duas potências.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, em A Era dos
Extremos (1914-1991), a Guerra Fria tinha uma “retórica
apocalíptica” veiculada pelos dois lados da disputa. Os
Estados Unidos estavam acomodados com sua vasta
influência global, enquanto os russos se contentavam em
dominar as áreas ocupadas pelo Exército Vermelho.
Quando a divisão de poder entre as potências perdeu
relevância e a União Soviética passou por uma crise
econômica e social, o sistema socialista entrou em colapso e
permitiu uma abertura gradual ao capitalismo. O fim da
ideologia soviética encerrou o “conflito”, e os catastróficos
riscos ficaram apenas na imaginação das pessoas que viveram
no período.

POP: UM ÁLBUM COM RECEPÇÃO


CONTROVERSA
Depois do fim da turnê Zoo TV, em 1993, o U2 levou um tempo para
lançar um novo material de estúdio, pois ainda estava procurando inovações
sonoras que os distanciassem do pós-punk feito pela banda na década de
1980. Em 1995, a banda foi convidada para integrar a trilha sonora do filme
Batman eternamente, do diretor Joel Schumacher. A música “Hold Me, Thrill
Me, Kiss Me, Kill Me” foi composta exclusivamente para o filme e foi
indicada ao Globo de Ouro por Melhor Canção Original. Ainda com
trabalhos para o cinema, o baixista Adam Clayton e o baterista Larry Mullen
Jr. gravaram o tema do filme Missão Impossível (1996), do diretor Brian De
Palma, utilizando apenas elementos eletrônicos. A banda queria continuar
nesse caminho, distante de um rock mais direto e mais cru.
Pop começou a ser composto e gravado em 1995, mas só foi finalizado
dois anos depois. A data oficial de lançamento foi 3 de março de 1997. A
produção não contou com Brian Eno, mas teve vários novos produtores:
Nellee Hooper, Flood, Howie B, and Steve Osborne. O resultado foi um
álbum que abordava de forma crítica o consumismo, enquanto a banda
realizava modulações e distorções musicais.
O disco abre com “Discothèque”, música semelhante a “Lemon”, do disco
Zooropa. É uma composição para dançar, do tipo que agrada ao cantor do
U2. Também possui ataques potentes da guitarra de The Edge, que, ao
mesmo tempo, faz um dueto de vozes com Bono Vox.
Nota-se no trabalho a grande influência de Mark Ellis, o Flood, que editou
as composições para parecerem remixagens. As músicas ficaram com
pesados efeitos sonoros que descaracterizaram o som clássico da banda.
“Do You Feel Loved”, segunda faixa do álbum, possui notas agudas do
contrabaixo de Adam Clayton na introdução, revelando como o
instrumentista começa a ganhar destaque nas composições e a tocar mais à
vontade. Efeitos da guitarra de The Edge também mostram o guitarrista
explorando outras sonoridades de seu instrumento. A música lembra rock
industrial, com uma vasta repetição de acordes e de efeitos eletrônicos, o que
deve ter espantado os fãs dos trabalhos da década de 1980. Mesmo assim,
Bono Vox a interpreta com a usual vocação para baladas românticas.
Apesar de “Discothèque” ser a faixa de abertura, os shows da turnê do
disco Pop começavam com a música “Mofo”. Novamente, os pesados efeitos
eletrônicos esvaziam a letra de significados profundos e a tornam mais
dançante. “Mofo”, especificamente, é acelerada pelo uso de sintetizadores. A
guitarra de The Edge é um dos poucos momentos que destaca a melodia do
ritmo pré-programado e rápido dos efeitos adicionais. A letra composta por
Bono reproduz um diálogo entre o vocalista e sua mãe, que ele perdeu aos
catorze anos.
“If God Will Send His Angels” é uma composição de Bono Vox para o
filme Cidade dos Anjos, do diretor29 Brad Silberling. O longa-metragem é
um remake do filme Asas do Desejo, do diretor alemão Wim Wenders30. A
letra de Bono é mais espiritual, relembrando os tempos de músicas cristãs no
U2, e fala sobre os sentimentos ambíguos que sentimos diante de Deus, da
entidade divina. É uma música sobre o que esperamos dos enviados do
Paraíso.
“Staring at the Sun” começa acústica, mas depois efeitos adicionais passam
a preenchê-la. O vocal de Bono não alcança notas muito agudas nem graves.
A música foi inspirada no título do álbum Stuck Together with God’s Glue,
de 1990, da banda31 Something Happens.
Com dificuldades para compor um refrão satisfatório, Bono Vox fez a
música “Last Night on Earth” em partes. A música, então, foi completada
com a repetição da frase “You gotta give it away”. Novamente com produção
de Flood, embora com sintetizadores menos pesados, a composição ainda soa
como uma remixagem de estúdio.
Soando mais como um rock tradicional, “Gone” aborda os astros de
música que têm percepções ambíguas de si mesmos. Fala sobre batalhar
muito para atingir o sucesso e perder a própria individualidade durante a
trajetória. “Closer to you every day/ I didn’t want it that much anyway”
[“Mais perto de você a cada dia/ Eu não queria mesmo isso tanto assim”], diz
a letra.
Composição sobre uma das maiores cidades dos Estados Unidos, a música
“Miami” também aborda o desperdício de recursos provocado pela
humanidade. Tudo na cidade é abundante, inclusive as belas mulheres. A
composição de Bono privilegia bastante a percussão, soando muito diferente
do rock tradicional do U2.
“The Playboy Mansion” tem rimas fáceis sobre felicidades superficiais e a
necessidade de fugir dos sofrimentos da vida cotidiana. O cantor do U2
brinca com figuras do mundo pop, como Michael Jackson, e com objetos do
cotidiano contemporâneo para rimar diferentes trechos da letra.
“If You Wear that Velvet Dress” tem um tom de melancolia, cuja letra
aborda tanto as tentações quanto a falta de interesse sexual. Bono Vox
também não abusa de distorções em sua voz, cantando em um volume baixo
em comparação a outras faixas do disco.
Dedicada aos políticos Gerry Adams, David Trimble, Ian Paisley e John
Hume, “Please” fala sobre as situações de conflito, na Irlanda do Norte, entre
a população católica e os irlandeses que apoiam o Reino Unido. Na letra,
Bono diz que “o amor é maior do que nós”, que é justamente a falta desse
sentimento a causa dos conflitos no local e que não é da forma como esses
dirigentes políticos pensam que as guerras dentro da Irlanda vão terminar. É
uma das músicas mais críticas dentro de Pop.
O disco se encerra com “Wake up Dead Man”, com pedidos de Bono para
que Jesus Cristo o guie até a eternidade. A música, acompanhada por acordes
limpos e simples de The Edge, recupera, assim como outras, a temática cristã
de trabalhos como October, o segundo álbum do U2.
Por motivos pessoais, Larry Mullen Jr. estava afastado da banda,
dedicando-se à sua família. A banda decidiu incluir baterias programadas e
sampleadores na gravação do disco, o que desagradou o baterista e fundador
do U2. Mullen admitiu que ficou magoado pelo grupo ter decidido ir a
estúdio mesmo com sua ausência.
A revista Entertainment Weekly deu nota B ao Pop, e disse que ele
“incorpora uma nova tecnologia, mas ainda possui características de um
álbum do U2”. A publicação ressaltava que as novas músicas não eram
apenas dance music ou experiências estranhas promovidas pela banda, mas,
sim, uma inovação. A revista Rolling Stone deu quatro estrelas de cinco para
o material. “Pop pode se tornar um álbum ‘ou-vai-ou-racha’ para o U2”,
escreveu o crítico Barney Hoskyns, definindo o desejo da banda de se afastar
do rock bem-sucedido de Joshua Tree.
O crítico Neil Strauss, do jornal The New York Times, foi mais rigoroso na
análise do material em seu artigo de 1997. “U2 e tecno não se misturam
melhor do que U2 e sua ironia. O U2 usou a ironia como uma forma segura
de agir como estrelas pop32 diante de um público roqueiro que cresceu
desconfiado do ego e do glamour excessivo dos anos 1970 e 1980”, afirmou
o jornalista, acrescentando que Pop tem pitadas de religião junto aos
experimentalismos eletrônicos. Strauss também afirmou: “o U2 tinha algo
para dizer; agora tem algo para esconder”.
Pop ficou no topo das paradas em 32 países, mas recebeu apenas um disco
de platina da RIAA, a menor premiação desde October, disco de 1981.
Com o lançamento do novo material, o U2 começou uma turnê batizada de
PopMart Tour, com outro palco customizado com símbolos do consumismo e
da cultura pop que cativou a década de 1990. A banda se apresentava
embaixo de um arco que lembrava o símbolo do McDonald’s.
Durante a turnê, foi executada a música “Miss Sarajevo”, gravada pelo U2
em parceria com Brian Eno em 1995, sob o codinome Passengers. A
performance ao vivo teve participação do próprio Eno acompanhado pelo
tenor de ópera Luciano Pavarotti, que estava no auge de sua carreira na
década. A mesma música só foi repetida na turnê Vertigo, já no século XXI.
Passengers foi um pseudônimo que Brian Eno adotou com Larry, Adam,
The Edge e Bono durante uma gravação para o filme O Livro de Cabeceira,
do diretor Peter Greenaway. A trilha sonora não foi adiante, mas o produtor
aconselhou a banda a continuar compondo trilhas para filmes imaginários. O
resultado foi o disco Original Soundtracks 1.
Com os 93 shows da turnê, a banda atraiu cerca de 3,9 milhões de pessoas.
A PopMart Tour também marcou a primeira vinda da banda de Bono Vox à
América do Sul, incluindo uma passagem pelo Brasil.
A vinda dos roqueiros de Dublin ao país mudou as concepções sobre
filantropia do vocalista, e ele passou a se envolver cada vez mais com causas
dos países em desenvolvimento e as nações pobres da África.

THE BEST OF 1980-1990

No dia 2 de novembro de 1998, o U2 lançou sua primeira


coletânea: The Best of 1980-1990. Como o próprio nome já
diz, o álbum contém os maiores sucessos da banda entre os
anos de 1980 a 1990. Uma edição limitada do material
continha outro CD apenas com B-sides.
O carro-chefe da coletânea é a música “Sweetest Thing”,
composta por Bono para esposa Ali como um pedido de
desculpas por ter se esquecido do aniversário dela, durante as
gravações do álbum The Joshua Tree. A canção foi gravada
em 1987 e apareceu pela primeira vez como B-side do single
Where the Streets Have No Name. Em 1998, a música foi
remasterizada e lançada como um novo single e, a pedido de
Ali, o lucro com as vendas de Sweetest Thing foi revertido
para o Chernobyl Children’s Project International – uma
organização humanitária de auxílio às vítimas do desastre
nuclear de Chernobyl, Ucrânia, em 1986.
MCCORMICK, Neil. U2 by U2.

Técnica de manipulação da voz que permite emitir sons mais agudos do que
alguém normalmente conseguiria.

Conhecido como “The Voice”, Frank Sinatra foi uma estrela da música entre
as décadas de 1940 e 1950. Faleceu em 1998, aos 82 anos. Uma de suas
parcerias mais conhecidas foi com o músico brasileiro de bossa nova Antônio
Carlos Jobim.

O presidente anterior era o cineasta Ingmar Bergman.

Filme com Nicolas Cage e Meg Ryan. Apesar de ser um remake, a história
foi alterada para realçar o romance entre um anjo, interpretado por Cage, e
uma humana, interpretada por Ryan.

Wenders narra a saga de um anjo (Bruno Ganz) que percorre Berlim. O filme
teve uma sequência chamada de Faraway, So Close!, que também teve trilha
sonora do U2.

Banda de pop rock originária de Dublin e formada por músicos amigos dos
integrantes do U2.

Strauss cobriu o suicídio de Kurt Cobain para a revista Rolling Stone e


trabalhou para outras publicações, como a Spin, Entertainment Weekly e
Esquire.
O U2 NO SÉCULO XXI

O ROCK DIRETO DE ALL THAT


YOU CAN’T LEAVE BEHIND
No último ano do século XX, o U2 lançou o disco All that You Can’t Leave
Behind, novamente com produção de Brian Eno e Daniel Lanois. Devido à
recepção confusa e morna do trabalho anterior, Pop, e depois de dez anos de
experimentalismos, Bono, The Edge, Larry e Adam resolveram reunir os
elementos que consagraram a banda nos anos 1980.
A ideia do novo material era mostrar uma banda unida, tocando todos
juntos em uma mesma sala, fazendo suas músicas no estúdio. As gravações
começaram em 1998, com o fim da PopMart Tour. O lançamento do álbum
ocorreu no dia 30 de outubro de 2000, e as resenhas foram favoráveis na
imprensa.
O disco abre com “Beautiful Day”, uma composição simples sobre
aproveitar o dia, as oportunidades e as sensações que a vida oferece, mesmo
quando tudo parece perdido. Além da letra simples de Bono Vox, The Edge
voltou a utilizar sua guitarra Gibson Explorer nessa faixa. O instrumento era
comumente utilizado pelo músico em 1983, durante a gravação do álbum
War.
Bono escreveu uma música sobre a morte de seu amigo australiano
Michael Hutchence, da banda INXS. Ele tinha 37 anos e cometeu suicídio
durante um surto depressivo e sob influência do uso excessivo de drogas e
álcool. O resultado é o sucesso “Stuck in a Moment You Can’t Get out of”,
um dos singles do U2 de maior impacto no novo milênio. Bono acredita que
o suicídio é uma “idiotice”.
“Elevation”, a música que deu nome à turnê de promoção do álbum, é uma
composição sobre se erguer, sobre as experiências que nos elevam. Uma
versão da música fez parte da trilha-sonora do filme Lara Croft: Tomb Raider
(2001), longa inspirado no game protagonizado por uma heroína arqueóloga,
dirigido por Simon West e com Angelina Jolie no papel principal.
O amor não é algo que pode ser abandonado. É sobre esse sentimento que
trata a música “Walk on”. A composição tem forma de hino e foi inspirada na
ativista Aung San Suu Kyi, ganhadora do prêmio Nobel da Paz em 1991. Ela
estava em prisão domiciliar por causa de sua atividade política no Myanmar
desde 1989. O título do álbum veio de um verso dessa música. No ano de
lançamento33, se alguém de Myanmar tentasse importar o álbum, poderia ser
condenado de três a vinte anos de prisão.
“Kite”, por sua vez, teve origem quando uma pipa caiu enquanto Bono e
suas filhas estavam juntos na baía de Dublin. O objeto virou uma metáfora
para que o cantor abordasse a falta de controle que temos sobre nossos
próprios filhos, sobre nossos próprios destinos. É uma canção pessoal, mas
que pode ser aplicada a diversas situações da vida. A música flerta com uma
guitarra mais tradicional de The Edge, sem os efeitos eletrônicos e distorções
que foram marca registrada da banda durante a década de 1990.
“In a Little While” foi composta por Bono durante improvisações da
banda, sem pretensão alguma. O vocalista não gostou de sua própria voz na
gravação, mas se sentiu tocado quando soube que essa foi uma das últimas
músicas que o ícone punk Joey Ramone34 ouviu antes de morrer devido a um
linfoma. A música conta com um dueto entre Bono Vox e The Edge,
resultado do grande entrosamento dos dois na época.
Com rimas simples e fáceis, “Wild Honey” é uma canção acústica do U2
sem um significado profundo. A letra traz metáforas da natureza para as
sensações boas da vida, como roubar o mel das árvores. Essa composição é
totalmente diferente da faixa seguinte, “Peace on Earth”, que aborda o
atentado à bomba que ocorreu em 1998 promovido pelo IRA em Omagh, na
Irlanda do Norte. O incidente matou católicos, protestantes e até um jovem
mórmon, uma grávida e um turista espanhol. Foram 29 mortes e cerca de 220
feridos, segundos dados da BBC e da CNN. Na letra, Bono pede que Jesus
Cristo traga a paz para a Terra, acabando com as tensões e as separações
entre os seres humanos. Sean, Julia, Gareth, Ann e Breda são nomes de
vítimas do atentado mencionadas pelo cantor do U2 na música.
Ainda sobre essa temática pesada, “When I Look at the World” é a visão
de uma pessoa afetada por tragédias, como o desastre nuclear de
Chernobyl35. Bono escreveu uma letra sobre a incapacidade de enxergar
coisas positivas até a pessoa se recuperar do incidente. O volume dos
instrumentos oscilam ao longo da composição, favorecendo a execução da
letra sentimental do vocalista.
Fundada por “irlandeses, italianos, judeus e hispânicos, malucos por
religião, fanáticos por políticos”, Nova York, a grande metrópole norte-
americana, é o tema de “New York”. Além de falar sobre as grandes
imigrações para o local, a letra de Bono também trata de uma história de vida
semelhante à de Lou Reed, roqueiro underground que ajudou a firmar a
música da cidade. O cantor do U2 afirmou à emissora MTV, em 2001, que
Lou Reed é tão importante para a cidade como James Joyce foi para a
Irlanda. A música também é dedicada a outro ídolo de Bono, Frank Sinatra,
com versos similares aos clássicos do cantor.
“Grace” encerra All that You Can’t Leave Behind com um clima mais
otimista, falando sobre uma garota que cura todas as dores porque ela “vê
beleza em todas as coisas”. O teor de Bono nessa música de encerramento,
assim como em muitos materiais do U2, é quase religioso, resgatando parte
de sua fé cristã e a defendendo como salvadora dos males dos homens.
James Hunter, da Rolling Stone, afirmou que All that You Can’t Leave
Behind é a terceira obra-prima da banda, atrás apenas do rock influenciado
pelo blues de The Joshua Tree e dos experimentalismos de Achtung Baby. “O
álbum representa a coleção mais ininterrupta de melodias fortes que o U2 já
montou, é um recorde de sonoridade que desempenha um papel tão central
como qualquer hit dos Backstreet Boys”, afirmou o jornalista, comparando o
apelo das baladas e músicas famosas com o sucesso das chamadas boy bands.
Jann Wenner, editor, publisher e fundador da Rolling Stone, elegeu All that
You Can’t Leave Behind como o disco de número 280 na lista dos 500
melhores, realizada em 2012.
Para Steve Morse, crítico do Boston Globe que já havia avaliado outros
trabalhos do U2, o novo álbum colocava o vocalista e letrista Bono Vox
“novamente no papel de peregrino espiritual”, principalmente nas canções
religiosas do disco, como “Grace”. Morse ainda disse que Bono parecia ter
tomado um cuidado especial nas composições, abandonando o impulso da
época de experimentações de Zooropa ou Pop. “O cuidado extra fez com que
algumas das músicas ficassem mais profundas, pessoais”, completou o crítico
do jornal.
O HOTEL DE UM MILHÃO DE DÓLARES

A amizade entre o diretor alemão Win Wenders e o U2


vem desde os tempos de Achtung Baby. Mas, em 2000, essa
parceria foi além, culminando na produção do filme O hotel
de um milhão de dólares. O roteiro é assinado por Bono e
Nicholas Klein, e o U2 ficou a cargo da trilha sonora do
longa-metragem, que tem Jeremy Davies, Milla Jovovich e
Mel Gibson no elenco.
A canção original do filme é “The Ground Beneath her
Feet”, que entrou como faixa-bônus do álbum All that You
Can’t Leave Behind lançado apenas no Reino Unido,
Austrália e Japão. A música foi inspirada no livro O chão que
ela pisa, de Salman Rushdie.

All that You Can’t Leave Behind ganhou três Grammys em 2001: a música
“Beautiful Day”, que abre o disco, ganhou os prêmios de Canção do Ano,
Melhor Performance de Rock de Duo ou Grupo com Vocal e Gravação do
Ano. Em 2002, “Walk on” levou Gravação do Ano, enquanto “Elevation” foi
eleita Melhor Performance de Rock de Duo ou Grupo, e a música “Stuck in a
Moment You Can’t Get out of” levou o troféu de Melhor Performance de Pop
de Duo ou Grupo. O álbum conquistou o prêmio de Gravação do Ano. All
that You Can’t Leave Behind foi premiado duas vezes nessa categoria, em
2001 e 2002.
Em março de 2001, a banda começou a Elevation Tour, com aqueles que
seriam os primeiros shows do U2 no século XXI. O palco da nova turnê não
contava com um design extravagante como na Zoo TV ou na PopMart.
Muitos shows foram realizados em arenas fechadas, e não em estádios, como
o U2 estava acostumado. O palco da Elevation Tour possuía uma pista em
curva que quase formava um coração. Foram, ao todo, 113 apresentações na
turnê.
Em 2001, o U2 fez uma apresentação fechada para a Rede Globo de
Televisão para promover o novo álbum no Brasil. Foi a segunda vinda da
banda ao país.
Em 3 de fevereiro de 2002, o U2 se apresentou no intervalo do Super
Bowl36 com a música “Beautiful Day”. O evento de futebol americano é
conhecido por ser um dos picos de audiência na televisão dos Estados
Unidos.
THE BEST OF 1990-2000

Seguindo o mesmo conceito da coletânea anterior, The Best


of 1980-1980 – lançada apenas quatro anos antes – o U2
lançou, no dia 11 de novembro de 2002, sua segunda
compilação de clássicos, dessa vez, aqueles produzidos entre
os anos de 1990 a 2000.
Mais uma vez, uma edição limitada continha um disco
extra com B-sides e também um DVD chamado The History
Mix, que contém um curta-metragem homônimo com a
trajetória da banda na década de 1990, um vídeo promocional
da coletânea e também um clipe alternativo de “Beautiful
Day” e uma performance ao vivo de “Please”.
Essa coletânea apresenta duas músicas totalmente inéditas:
“Electrical Storm” e “The Hands that Built America” – que
faz parte da trilha sonora do filme Gangues de Nova York
(2002), de Martin Scorsese.
HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC
BOMB
O primeiro produtor da banda, responsável pelo álbum de estreia, Boy, e
pelo sucesso de War, Steve Lillywhite, voltou a trabalhar com o U2 no disco
lançado em 2004. Ainda realizando um rock moderno e se reinventando,
utilizando elementos consagrados e com o apoio de Brian Eno, a banda de
Bono Vox e Larry Mullen Jr. entrou em estúdio para gravar um novo material
em novembro de 2003. A data oficial de lançamento ocorreu no ano seguinte,
no dia 22 de novembro de 2004.
“Uno, dos, tres, catorce!”. Com Bono gritando em espanhol e com a
guitarra abafada de The Edge, How to Dismantle an Atomic Bomb começa
mais rápido do que o disco anterior, com o ritmo frenético de “Vertigo”, e
mantendo o rock cru e direto que o U2 começou a praticar no novo milênio.
A composição originalmente chama-se “Full Metal Jacket”, por causa de sua
sonoridade.
A segunda faixa do disco chama-se “Miracle Drug”, e é inspirada no
escritor Christopher Nolan37, da cidade irlandesa de Mullingar. Ele era
tetraplégico e um remédio o ajudou a mover parte de seus músculos. Bono
dedicou essa música à recuperação do escritor e poeta. É uma música sobre a
esperança e os sonhos. Nolan estudou com todos os integrantes do U2 e
faleceu em 2009 após ingerir um salmão que provocou complicações
respiratórias.
Robert “Bob” Hewson, pai de Bono, morreu em 2001, após um câncer.
“Sometimes You Can’t Make It on Your Own” foi dedicada à relação entre
pai e filho, com Bono Vox cantando que ele não precisava ser um homem
perfeito, pois seus espíritos estavam unidos pela ligação familiar. A infância
de Bono, em Dublin, tornou-se dura após a morte de sua mãe em 1974, dois
anos antes do início do U2. Mesmo com a relação fragilizada, o cantor
demonstra amor pelo pai nessa composição.
Segundo a música “Love and Peace or Else”, os “filhos de Sião”, os “filhos
de Abrãao”, os homens em geral devem parar suas ameaças, render-se e
baixar suas armas. Essa composição de Bono mostra o engajamento pacifista
do cantor diante dos conflitos que persistem no século XXI. Ele assume um
engajamento político quase similar ao de John Lennon durante o começo da
década de 1970, contra a Guerra do Vietnã – no qual o lema “paz e amor” era
difundido pelos hippies. Nas performances ao vivo, Bono chegou a tocar um
bumbo de bateria no palco, acompanhado pelo efeito visual de diversas
mensagens antibelicistas. “Love and Peace or Else” traz também os efeitos de
sintetizadores utilizados por Brian Eno, diferenciando-se do rock mais cru de
outras partes do disco.
A música é seguida por “City of Blinding Lights”, composição motivada
por diferentes ideias. Bono fez a letra pensando nos shows que o U2 havia
feito em Londres na década de 1980. Esses concertos foram responsáveis por
colocar a banda em evidência. Outra inspiração foi a cidade de Nova York,
iluminada em uma apresentação do U2 após os atentados de 11 de setembro38
em 2001. A última referência de Bono em “City of Blinding Lights” foi a
beleza de sua própria esposa, Alison, com quem é casado desde 1982.
“All Because of You” é uma música sobre nascimento, sobre uma vida
iluminada e orgulhosa de sua própria individualidade. O videoclipe feito pelo
U2 para essa composição mostra a banda como nos velhos tempos: tocando
ao vivo para uma multidão em Manhattan, de novo na cidade de Nova York.
Steve Lillywhite, como um dos primeiros produtores do grupo, teve um papel
importante em sua edição. Esta música vazou na internet antes do lançamento
do álbum. Foi mais ou menos nessa época que a banda firmou uma parceria
com a Apple para lançar o seu iPod, que continha todo o material produzido
pela banda até então.
Com abertura acústica, “A Man and a Woman” é sobre a inocência e a
beleza dos relacionamentos amorosos. Falando sobre as incompreensíveis
diferenças entre homens e mulheres, o U2 fez uma música que seria
comercialmente um sucesso, de fácil assimilação até para quem não é fã do
grupo.
“Crumbs from Your Table” fala sobre precisar de ajuda para se reconhecer,
para ter uma direção a seguir. Bono Vox aborda em sua letra a forma como
idealizamos demais quando na verdade precisamos de muito pouco para
seguir com nossa própria vida.
Influenciado pelo Velvet Underground39, que fazia um rock alternativo e
quase punk na década de 1960, Bono fez a música “One Step Closer”. A
composição é minimalista e tem diversas inspirações, como os vocais graves
de Lou Reed e a música country norte-americana. A letra discorre sobre a
importância do autoconhecimento.
Sobre a origem humana e suas insatisfações, Bono Vox compôs a canção
“Original of the Species” como se estivesse explicando ao filho a fonte de
todas as inquietudes. As angústias de quem é novo, segundo a letra de Bono,
são as origens de sua própria espécie.
O álbum termina com “Yahweh”, o nome hebraico de Deus. A música
retoma os temas religiosos que Bono Vox gosta de abordar em quase todos os
seus trabalhos. How to Dismantle an Atomic Bomb, resumidamente, é uma
continuação do rock direto que o U2 queria fazer na primeira década do novo
século.
O novo disco foi promovido juntamente à propaganda do iPod da banda,
além de um box de músicas antigas do U2 que poderia ser adquirido pelo
programa iTunes, também da Apple. Esses produtos deixaram a promoção do
material moderna e adaptada aos tempos da difusão da internet e do
compartilhamento maciço de conteúdo40.
De acordo com Bono Vox, em matéria publicada na revista NME em
janeiro de 2005, nessa época ele voltou a escutar as bandas de punk e pós-
punk que foram fundamentais para o U2 no começo de carreira: Buzzcocks,
Siouxsie and the Banshees e Echo & The Bunnymen. O resultado é claro
quando ouvimos o álbum inteiro, que tende a valorizar bastante o vocal e a
guitarra, superando os experimentalismos eletrônicos ou realizados pelo
baixo pesado de Adam Clayton.
A turnê recebeu o nome da primeira música do álbum, Vertigo, uma
composição que, segundo depoimento de Bono ao biógrafo Neil
McCormick41, foi baseada em uma visão da banda sobre o capitalismo
praticado nos países subdesenvolvidos.
Com essa visão sobre esses países, o U2 excursionou além do eixo Europa-
Estados Unidos, passando também pela América do Sul, Austrália, Nova
Zelândia e Japão. A Vertigo Tour teve um total de 131 shows, com um palco
de design intimista e simples, porém com vários efeitos eletrônicos no fundo
e nos arredores. Bono Vox percorria uma pista em curva, fazendo um trajeto
pouco convencional no meio da multidão de fãs.
Várias vezes os efeitos visuais formavam luzes listradas em vermelho no
palco, com formatos de alvo e em curva. Ao longo das apresentações, a
produção da banda dos roqueiros de Dublin projetava símbolos de várias
religiões e ideologias, mostrando o aspecto espiritual e unificador de grandes
dogmas das composições de Bono Vox. Geralmente, as projeções apareciam
durante a execução da música “Sunday Bloody Sunday”, formando com os
símbolos muçulmano, cristão e judeu, a palavra “Coexist” (“Coexista”, em
português). Essa era uma mensagem clara às maiores religiões monoteístas da
humanidade.
O DVD Vertigo 2005: Live from Chicago foi gravado em quatro concertos
nos Estados Unidos, em maio do mesmo ano, dois meses após o começo da
turnê, ajudando a promover ainda mais o trabalho.
Em 2005, a Vertigo Tour liderou o faturamento das turnês do ano,
acumulando 260 milhões de dólares. No ano seguinte, a série de shows
terminou faturando 390 milhões de dólares. Na época, o balanço do U2 só
não superou A Bigger Band Tour dos Rolling Stones, que arrecadou 558
milhões e ainda realizou um show de graça na praia de Copacabana –
apresentação que foi transmitida ao vivo pela Rede Globo, no Rio de Janeiro,
perto da semana em que a banda de Bono Vox estava no Brasil.
Nos dias 20 e 21 de fevereiro de 2006, o U2 fez duas apresentações em
São Paulo, no Estádio do Morumbi. A primeira, assim como a dos Stones
dias antes, também foi exibida pela Rede Globo, ampliando a legião de fãs da
banda no Brasil. Durante a performance, o vocalista Bono Vox dançou com a
fã brasileira Katilce Miranda, com 28 anos na época. Interagindo com a
plateia, em uma atitude parecida com a realizada no Live AID, em 1985, o
cantor deu um beijo na fã.
A Vertigo Tour não foi apenas um sucesso de faturamento, de divulgação
ou de crítica, mas também foi uma oportunidade para o U2 explorar suas
obras antigas sem rejeição, ao mesmo tempo em que o grupo não abandonou
as mudanças adotadas ao longo da carreira. Na época da gravação dos discos
Achtung Baby, Zooropa e Pop, o U2 tinha deixado de tocar algumas músicas
dos anos 1980 em suas apresentações. “The Ocean”, por exemplo, não era
executada desde 1982 quando voltou ao setlist, além de outras músicas que
não eram tocadas desde a turnê do primeiro álbum, Boy, de 1980. “Miss
Saravejo” voltou aos palcos na Vertigo Tour.
A turnê acabou em dezembro de 2006. Somente três anos depois, em
março de 2009, o U2 lançaria um novo material para prosseguir com as
grandes turnês e os grandes faturamentos que se tornaram marca registrada da
banda no novo milênio.

U218 SINGLES

Em 20 novembro de 2006, foi lançada “a coletânea


definitiva”: U218 Singles. Essa compilação compreende todas
as fases do U2, e traz duas músicas inéditas: “Window in the
Skies” e um cover de uma música de 1978 da banda Skids
chamada “The Saints are Coming”, em parceria com a banda
de punk rock norte-americana Green Day.

NO LINE ON THE HORIZON: O U2


GRAVA ATÉ NO MARROCOS
Especialista em produzir bandas de hip-hop e heavy metal, como Beastie
Boys, Slayer e Black Sabbath, Rick Rubin chegou a participar das gravações
do último trabalho de estúdio do U2. No entanto, sua intenção em fazer um
rock simples e cru ia de encontro à intenção da banda, que preferia gravar ao
vivo, soltos no estúdio. Dessa forma, Brian Eno e Daniel Lanois retomaram a
produção do novo disco.
O disco ainda contou com edições adicionais do primeiro produtor da
banda, Steve Lillywhite. O álbum foi lançado oficialmente no dia 3 de março
de 2009.
Em 2007, Bono Vox foi convidado para o World Sacred Music, um
festival mundial de música sacra que ocorre anualmente desde 1994 na
cidade marroquina de Fez, segundo o jornal Irish Independent. No local, a
banda foi exposta à música hindu e judia, o que acabou afetando o novo
material. Por insistência de Brian Eno, muitos efeitos eletrônicos foram
conservados no álbum, mas novas edições deixaram o som mais cru e mais
fácil de ser executado ao vivo.
Bono adotou uma perspectiva diferente na composição das letras do novo
disco. Abandonou um pouco o uso da primeira voz, criando personas para as
canções. “Fiquei cansado da primeira pessoa e então inventei todos esses
personagens: um guarda de trânsito, um drogado e um soldado que atua no
Afeganistão”, explicou o cantor, em entrevista ao jornalista Sean O’Hagan,
do jornal The Guardian.
A banda afirmou, segundo o jornalista Daniel Kreps, da Rolling Stone, que
os músicos buscaram a inovação atingida nos álbuns The Joshua Tree e
Achtung Baby, com experimentalismos, mas sem exageros, segundo Bono
Vox e Larry Mullen Jr. “Em um determinado estágio, a realidade aparece e
você diz: ‘O que vamos fazer com isso?’ Vamos liberar este tipo de
experimentação sinuosa, ou vamos criar algumas músicas com isso? E é aí
que o verdadeiro desenvolvimento começa”, explicou Mullen ao Irish
Independent, mostrando que o U2 estava abordando o experimental de outra
forma nesse trabalho.
O disco começa com a faixa-título “No Line on the Horizon”,
desenvolvida a partir de novas batidas percussivas que Larry Mullen Jr.
pesquisou no Marrocos. A música inclui, na abertura, alguns acordes
abafados da guitarra de The Edge, que vão aumentando de volume à medida
que são tocados de forma mais direta. Bono se inspirou, ao escrever a letra,
em uma fotografia do Lago Constança tirada pelo japonês Hiroshi
Sugimoto42, chamada Boden Sea. Na foto, a linha que separa o mar do céu é
quase imperceptível. Foi dessa forma que o U2 definiu a capa de seu novo
trabalho. Bono Vox também toca um pouco de guitarra elétrica nessa música.
Com a ajuda de um grupo de percussionistas marroquinos e dos produtores
Daniel Lanois e Brian Eno, o U2 compôs “Magnificent”, o single de maior
impacto do álbum. A progressão de acordes da música surgiu durante
improvisações da banda com os produtores, que encaixaram uma letra de
Bono sobre o encontro de duas pessoas apaixonadas. Lanois afirmou durante
as gravações que o processo de criação foi parecido com o de Charlie
Parker43 e de outros jazzistas na década de 1950.
Comparada a sucessos anteriores da banda, como “With or without You” e
“One”, “Moment of Surrender” também foi composta pelo U2 junto a seus
produtores. A composição agrada muito a Brian Eno, amigo de longa data
dos músicos e fã de música gospel, que achou o órgão muito bem colocado
na melodia, afirmando ter sido “a experiência mais mágica”44 com o grupo.
Os efeitos sonoros reproduzem o “movimento de um camelo”, segundo o
produtor do disco, acompanhado por acordes instrumentais e o vocal gritado
de Bono Vox. A letra da canção fala sobre abdicar do controle e entregar-se
aos desígnios divinos, e possui um refrão com coro forte. Essa foi mais uma
música inspirada nas viagens ao Marrocos.
Da perspectiva de um drogado, Bono escreveu a música “Unknown
Caller”, sobre um homem que recebe mensagens estranhas em seu celular
durante a madrugada. A música é marcante pelo fato de o cantor não assumir
uma perspectiva pessoal na letra, criando um personagem para tratar de
sentimentos como liberdade, recomeço e retorno. A guitarra de The Edge
parece incorporar distorções e o peso de uma música de heavy metal, fugindo
dos acordes dedilhados e dos pedais de efeitos utilizados em outras
composições.
“I’ll Go Crazy if I Don’t Go Crazy Tonight” foi produzida por Steve
Lillywhite e teve participação especial do músico will.i.am, do Black Eyed
Peas. A composição original, ainda nas mãos de Eno, chamava-se
“Diorama”45. A parte da letra que diz “A change of heart comes slow” [“uma
mudança de ideia acontece devagar”] provavelmente foi inspirada na
campanha eleitoral de Barack Obama, o primeiro negro a assumir a
presidência dos Estados Unidos.
“Get on Your Boots” abre com uma guitarra pesada e com efeitos densos.
The Edge compôs a melodia utilizando o software Garage Band, exclusivo da
empresa Apple. Bono Vox escreveu a letra, que fala sobre a mulher do
futuro, sobre a beleza do que estamos visualizando. A música tem um forte
apelo, e a composição, fácil de ser absorvida, gruda facilmente na cabeça do
público.
Com uma temática incomum para a banda, “Stand up Comedy” menciona
no título os comediantes contemporâneos, que se apresentam em bares e
fazem piadas pessoais para o público. Bono, no entanto, partiu desse tema
para abordar a campanha Stand up and Take Action, promovida pela
Organização das Nações Unidas em 2008, para realizar ações concretas de
auxílio social.
Música com o nome da cidade marroquina que inspirou o U2 em No Line
on the Horizon, “Fez – Being Born” começa com uma longa peça
instrumental, “Fez”, que The Edge escreveu em 2006, enquanto Bono
gravava com o Green Day46. “Being Born” fala sobre nascimento. Bono
compôs essa segunda parte posteriormente, já tendo em mente o novo
material. A banda decidiu reunir as duas músicas porque, embora soe como
uma montagem artificial, o resultado mostra o experimentalismo dos
irlandeses na época. Brian Eno e Daniel Lanois cuidaram da produção e dos
efeitos.
Embora a letra contenha palavras como neve, “White as Snow” é uma
música composta pelo U2 para representar os veteranos da guerra do
Afeganistão. Escrita a partir da perspectiva de uma pessoa que está morrendo,
a melancolia do instrumental faz o ouvinte sentir uma tristeza que rompe com
a sensação de nascimento da faixa anterior. Na letra de Bono, os estrangeiros
se transfiguram em lobos da natureza.
Após tocar com Jimmy Page e Jack White no documentário A Todo
Volume47, The Edge compôs acordes que evoluíram para a música “Breathe”.
O guitarrista do U2 embutiu um som similar ao peso do Led Zeppelin e à
simplicidade do White Stripes, enquanto a letra trata sobre nostalgia e fatos
históricos que Bono Vox coletou em notícias de diferentes dias. Trechos
como “16th of June, Chinese stocks are going up/ And I’m coming down with
some new Asian virus” [“16 de junho, as bolsas de valores chinesas subiram/
E eu estou caindo com algum novo vírus asiático”] são uma brincadeira do
vocalista com as palavras e com as notícias econômicas.
O último material de estúdio do U2 termina com “Cedars of Lebanon”,
composição que trata sobre a reconciliação de soldados no Oriente Médio
com as crianças. Fala também sobre pessoas terríveis e maravilhosas que se
revelam em conflitos armados. A letra encerra pedindo cautela ao ouvinte ao
“definir seus inimigos, porque são eles quem vão definir quem você é”.
Na época da estreia do novo disco, o cineasta Anton Corbijn fez um filme
chamado Linear, com música do novo material do U2. Linear teve
contribuições de personagens criados por Bono Vox em suas canções para No
Line on the Horizon.
David Frickle, da Rolling Stone48, deu todas as cinco estrelas possíveis
para o álbum lançado em 2009, acrescentando que, em anos, é o “melhor
deles, tanto em sua exploração textual quanto no gancho melancólico”. A
revista americana Blender também deu nota máxima para o material, e o
jornalista Rob Sheffield afirma que o ego da banda não é seu inimigo, “mas
seu instrumento”. Ele faz essa consideração citando depoimentos do próprio
Bono sobre o egocentrismo da banda e suas reinvenções ao longo dos
tempos. Na NME, o crítico Ben Patashnik reclama que a qualidade das letras
do álbum não se mantém, com composições que mostram soldados no
Afeganistão diante da miséria, mas sem muita criatividade além dessas
temáticas. Patashnik deu nota sete para o material.
Em junho de 2009, logo após o lançamento de No Line on the Horizon, o
U2 resolveu embarcar em uma nova turnê. Willie Williams, que havia
trabalhado com a banda desde o terceiro álbum, War, planejou construir uma
arena que aproveitasse os 360 graus dos estádios. A inspiração veio do
Theme Building, onde fica atualmente o Aeroporto Internacional de Los
Angeles – o prédio foi inaugurado em 1961 e planejado para parecer uma
nave espacial pousada. O resultado final foi uma estrutura chamada The
Claw, que fica no centro do local dos shows, com quatro enormes vigas de
metal. A arena central possui uma pista que se aproxima do público, em
curva, como o palco da Vertigo Tour. Mark Fisher atuou no projeto como
arquiteto.
Cada uma das vigas de The Claw possuía sua própria estrutura de som,
orçada entre 15 e 20 milhões de libras. O dia a dia da produção, construindo e
desmontando a estrutura em cada estádio, tinha um custo médio de 750
milhões de dólares. Tudo isso sairia caro para a banda dependendo do retorno
do público. O jornal The New York Times, em um artigo assinado por John
Pareles, descreveu a estrutura dos shows como “parte inseto, parte nave
espacial e parte catedral”.
A turnê teve patrocínio da RIM, fabricante dos smartphones BlackBerry,
quebrando a tradição do relacionamento entre o U2 e a Apple nos anos 2000.
A 360° Tour teve 110 shows e contou com três datas no Brasil, nos dias 9, 11
e 13 de abril de 2011. Não passou pelo Japão, mas excursionou pela Austrália
e pela Nova Zelândia.
Só nos 44 shows de 2009, a 360° Tour faturou 311 milhões de dólares. Em
2010, com 66 shows, a turnê chegou ao patamar de 443 milhões de dólares,
ultrapassando a Vertigo Tour. Na mesma época dos shows do Brasil, a
empresa de entretenimento Live Nation anunciou que o U2 havia batido o
recorde de maior faturamento com vendas de ingresso da história. A 360°
Tour terminou com 736 milhões de dólares de faturamento, ultrapassando A
Bigger Band Tour, dos Rolling Stones, realizada entre 2005 e 2007.

OS VINTE ANOS DE ACHTUNG BABY


Em comemoração ao aniversário de vinte anos do Achtung
Baby, a revista britânica Q lançou, no dia 26 de outubro de
2011, o álbum AHK-toong BAY-bi Covered. O material
acompanhava a edição comemorativa de 25 anos da
publicação.
Vários artistas foram convidados para participar do tributo,
gravando suas próprias versões das faixas do álbum do U2,
entre eles Jack White, Patti Smith, Damien Rice, The Killers,
Gavin Friday, Nine Inch Nails, Depeche Mode, Snow Patrol e
Garbage.
Ainda para celebrar o álbum de 1991, Davis Guggenheim
dirigiu um documentário chamado From the Sky Down. O
vídeo é sobre a produção de Achtung Baby e foi lançado em 8
de setembro de 2011.

De Boy, disco lançado em 1980, até No Line on the Horizon, de 2009, o U2


tem uma longa história de materiais lançados em estúdio. Nos palcos, os
jovens de Dublin evoluíram de apresentações em pequenas casas de shows,
até uma apresentação na CBS que os alavancou para as maiores arenas e
estádios do mundo. Hoje, o U2 é um modelo de banda de rock que atrai
grandes audiências, acumulando a maior bilheteria da história em uma turnê,
além de ser apontado por diversas publicações como “a banda dos anos
1980”.
Mas nada teria sido possível para essa banda de rock se os quatro
integrantes não tivessem permanecido unidos, além de contarem com a ajuda
de grandes produtores e da gravadora Island, que hoje pertence ao
conglomerado da Universal. Não há ex-integrantes do U2 nem músicos que
tenham participado de forma temporária no grupo. É a história de cada
membro da banda que guarda a essência do sucesso desse grupo irlandês.

NOVO ÁLBUM EM 2013?

O cantor Bono Vox revelou no dia 16 de janeiro de 2013 o


possível nome do 13º álbum de estúdio do U2. 10 Reasons to
Exist é o nome de um novo disco que promete celebrar os
mais de trinta anos de trabalho da banda. A revelação foi
divulgada pelo tabloide inglês The Sun.
A banda está em gravação há meses, mas Bono teve de
fazer uma pausa em dezembro por conta de um resfriado.
“Estamos loucos para fazer um novo álbum e não importa se
isso vai levar dez anos – não nos importamos se isso nunca
acontecer de novo, mas só queremos fazer direito”, explicou o
cantor.
O registro é a sequência direta de No Line on the Horizon,
de 2009. “Dentro da banda, estamos chamando-o de 10
Reasons to Exist [“10 motivos para existir”], mas vou lhe
dizer que por enquanto temos apenas seis”, brincou Bono com
o The Sun.

Suu Kyi ficou presa durante 21 anos, tendo sido libertada apenas em
novembro de 2010. Recebeu amplo apoio do presidente Barack Obama e, em
2012, seu partido venceu as eleições para o Parlamento de Myanmar.

Um dos fundadores do Ramones, Joey sempre foi uma referência para Bono
Vox. O cantor do U2 disse, em entrevista à revista Rolling Stone, em 3 de
novembro de 2005, que os Ramones influenciaram mais os garotos de Dublin
do que o The Clash. “Eu não tinha o grave de Joe Strummer. Joey Ramone
cantava como Dusty Springfield… era uma voz melódica, como a minha”,
explicou o vocalista.

A crise de Chernobyl, na Ucrânia, foi um vazamento de material nuclear que


ocorreu em 1986, sendo um dos maiores acidentes nucleares no mundo.

Partida de futebol americano (ou National Futebol League) que define o


vencedor do ano anterior. O show do U2 ocorreu na partida que definia o
time campeão de 2001.

Não confundir com o cineasta Christopher Nolan, diretor da trilogia Batman


e também de A origem, que é britânico.
A homenagem ocorreu durante a apresentação da música “Where the Streets
Have No Name”, um dos maiores sucessos de The Joshua Tree.

The Velvet Underground foi uma banda criada pelo cantor e guitarrista Lou
Reed com o músico John Cale, em 1964. Ficaram famosos pelo disco The
Velvet Underground & Nico, de 1967, com participação da atriz alemã Nico,
que também era cantora. A capa do CD, com a imagem de uma banana, é
uma das mais famosas do mundo do rock. Por conta do som da banda ser
mais pesado e denso em comparação às músicas dos Beatles e dos Rolling
Stones, a banda é apontada como uma das prováveis responsáveis pela
origem do punk rock.

O disco do U2 estreou depois do escândalo envolvendo o site de


compartilhamento Napster, que foi processado pela banda Metallica, em
2000, por disponibilizar uma música antes de sua estreia oficial. A banda de
Bono Vox forneceu suas músicas pela internet utilizando o iTunes, mas de
forma paga, mantendo seus lucros.

McCORMICK, Neil. U2 by U2. 2006.

Fotógrafo famoso que divide seus trabalhos entre Tóquio e Nova York. Já
exibiu suas fotos até no Neue Nationalgalerie (Nova Galeria de Arte
Nacional), em Berlim.

Parker foi um dos saxofonistas de jazz mais famosos dos Estados Unidos.
Faleceu em 1955, aos 34 anos. Era conhecido pelo apelido “Yardbird”.

O registro foi colocado em vídeo por Eno no site U2.com. O produtor disse
que todos deveriam ter “esse privilégio” de ver um trabalho do U2 sendo
criado para as rádios.

A informação é do coprodutor Daniel Lanois, em entrevista ao jornal


canadense The National Post. Lanois explicou, faixa a faixa, as composições
de No Line on the Horizon.

Essa gravação resultou no EP The Saints Are Coming.


It Might Get Loud (2009), documentário do diretor Davis Guggenheim sobre
as carreiras dos guitarristas Jimmy Page (Led Zeppelin), Jack White (White
Stripes) e The Edge. As gravações aconteceram praticamente ao mesmo
tempo das sessões de No Line on the Horizon.

Frickle é editor sênior da Rolling Stone e ficou famoso pela cobertura sobre o
Nirvana na época da morte de Kurt Cobain. Ele foi um dos jornalistas que
entrevistou a viúva Courtney Love na época do suicídio do cantor.
OS QUATRO ELOS DO U2

5
PAUL DAVID “BONO VOX”
HEWSON
“Eu acredito na poesia genial de um criador que escolheu expressar esse
poder em uma criança que nasceu na pobreza. Por exemplo, a história de
[Jesus] Cristo faz todo o sentido para mim”, disse Bono ao jornalista e
fundador da Rolling Stone49, Jann Wenner, em 2005. Criado em uma família
judia, Wenner criou a revista com 7,5 mil dólares dados por seus parentes em
São Francisco. Com a publicação, o jornalista cobriu a crescente
contracultura de 1967 e o movimento hippie do período.
Diferentemente de Wenner, Bono Vox nasceu no meio dos movimentos
sociais que consolidaram o rock’n’roll como o fenômeno que ainda é hoje em
dia. O vocalista nasceu em 10 de maio de 1960, cresceu ouvindo o punk rock
inglês dos anos 1970 e, a partir dos anos 1980, trilhou seu caminho para se
tornar o centro das atenções em estádios do mundo todo.
“Eu cresci naquilo que você chamaria de bairro de classe média baixa (…)
Classe alta trabalhadora?”, perguntou Bono ao jornalista da Rolling Stone,
tentando estabelecer uma comparação entre seu local de nascimento e a
sociedade americana. Da origem humilde de sua família, Bono Vox extraiu as
raízes de sua própria musicalidade.
Em toda a sua carreira, a religião sempre foi um ponto importante. Seu pai,
Brendan Robert “Bob” Hewson, era católico, enquanto sua mãe, Iris Hewson,
era cristã anglicana, frequentadora de uma igreja irlandesa. “Eu sabia que
éramos diferentes em nossa rua porque minha mãe era protestante. E ela tinha
se casado com um católico. Em uma época de forte sentimento de separação
no país, eu sabia que aquilo era algo especial. Eu herdei a coragem que eles
tiveram para continuar com seu amor”, explicou Bono Vox a Jann Wenner.
As duas influências cristãs na vida do jovem Paul David Hewson, antes de se
tornar Bono Vox, tornaram-se inspiração para suas futuras composições.
Como cantor, Bono Vox sempre teve a capacidade de transitar entre tons
agudos e graves sem muitos desequilíbrios. O apelido Bono surge a partir da
frase em latim “bonavox”, que significa “boa voz”. Diversos vocalistas de
sucesso foram inspiração para o vocalista do U2. “A música que realmente
me deixa ligado é tanto aquela que corre até Deus quanto aquela que foge
Dele”, explicou Bono.
Quando a banda ainda não se chamava U2, Bono cantava e tocava guitarra.
Aos poucos, seu estilo performático o transformou no líder da banda, em vez
do baterista Larry Mullen Jr., fundador, de fato, do grupo.
O baixista do U2, Adam Clayton, viajou para Londres no verão de 1977, e
voltou para Dublin trazendo influências de bandas como The Clash, que
Bono Vox incorporou a seu estilo de cantar. Na época, Bono já havia sido
influenciado pelos Rolling Stones, por Elvis Presley e pela maioria dos
cânones do rock’n’roll no período.
“Gigante, o Elvis inglês. Bowie foi muito mais responsável pela estética do
punk rock do que imaginam […]. Eu coloquei pôsteres dele em meu quarto.
Nós tocávamos ‘Suffragette City’ naquela primeira fase da banda”, explicou
Bono a Jann Wenner, mostrando uma de suas principais referências como
vocalista. Com cabelo repicado e o famoso mullet comprido na primeira fase
do U2, Bono Vox se parecia bastante com David Bowie em sua performance
dançante no palco. Essa influência afetou muito Bono até a década de 1990,
quando ele criou os personagens The Fly e MacPhisto para a turnê Zoo TV,
assim como Bowie havia criado o rockstar Ziggy Stardust nos anos 1970.
Chris Salewicz do New Musical Express, como dissemos anteriormente,
fez uma comparação curiosa com a performance do U2 no começo de
carreira, afirmando que o U2 não passava de uma banda comum de hard rock,
com um vocalista que gostaria de ser o Rod Stewart50. Bono Vox diria a Jann
Wenner, 25 anos depois, que eles não pretendiam soar como uma banda hard
rock nem com nenhum tipo de música desenvolvido dos anos 1970. “Eu
queria tocar como os Rolling Stones da época de High Tide and Green Grass,
e os Beach Boys. Eu já estava cansado daquele esquema hard rock. Cabelos
longos e solos de guitarras gigantescos. Eu ficava dizendo: ‘Vamos voltar pro
rock’n’roll’”, disse o cantor ao jornalista.
O estilo de composição de Bono Vox reflete essa vontade de tocar um rock
cru, direto, sem muitos adornos. A maioria das letras do U2 tem Bono como
autor integral ou coautor. Além da religiosidade expressa claramente em
muitas delas, embora sem defender credos específicos, Bono Vox também
trata sobre a transição da infância e da adolescência para a vida adulta, além
de realizar composições mais pessoais, que abordam a perda de sua mãe, aos
catorze anos, em decorrência de um aneurisma cerebral.
Sem a presença materna, o músico cresceu sob a influência austera de seu
pai católico Bob e de seu irmão, Norman Robert Hewson, oito anos mais
velho. Segundo o próprio Bono, era “uma casa de três homens” que estavam
brigando constantemente. Por causa de seu pai, o cantor sentiu na pele a
perseguição religiosa que tomava conta do país e não teve o apoio emocional
da mãe – o que o fez se tornar um artista focado em suas composições.
Religião, política e conflitos da época de sua adolescência se transformaram
em temas recorrentes em seu trabalho no U2.
Apesar do tom pessoal das músicas de Bono, os temas simples também
tornam as composições da banda familiares a diferentes grupos. Esse fato fez
com que a banda alcançasse um patamar universal de forma rápida, em
apenas dez anos de carreira. “Antes de me interessar pelo The Who, os
Rolling Stones e o Led Zeppelin e esse tipo de som – me lembro de
“Imagine”, de John Lennon […] Aquilo me incendiou. Era como se ele
estivesse sussurrando em seu ouvido… as ideias dele sobre o que era
possível”, disse Bono para a Rolling Stone, sobre os primeiros trabalhos
musicais que ainda têm impacto em sua carreira. “Maneiras diferentes de ver
o mundo”, completa o vocalista do U2.
Em 1976, logo no começo do U2, Bono conheceu Alison Stewart na
escola. Eles se casaram em 1982, e convidaram Adam Clayton, o baixista da
banda, para ser padrinho. Na época, Clayton estava tendo brigas com Bono
Vox por sua fé religiosa estar atrapalhando o trabalho da banda. O casamento
do cantor do grupo foi encarado por todos, na época, como uma forma de
mantê-los unidos.
Alison, conhecida pelo apelido Ali, foi inspiração para muitas baladas
românticas escritas por Bono. Atualmente, eles ainda moram na terra natal do
vocalista, a capital irlandesa Dublin. Bono teve quatro filhos com Ali: Jordan
(10 de maio de 1989), Memphis Eve (7 de julho de 1991), Elijah Bob
Patricius Guggi Q (18 de agosto de 1999) e John Abraham (21 de maio de
2001).
Os álbuns Boy, October e War, além de abordarem suas paixões e sua
religiosidade, são registros sobre o começo do engajamento político do U2 e
de seu vocalista. O começo de carreira foi fundamental para que, com o
sucesso no mundo todo, a banda se envolvesse em projetos humanitários nos
países subdesenvolvidos e nos conflitos da África.
O engajamento, especialmente de Bono Vox, começou a aumentar, de fato,
com a apresentação do grupo no Live Aid, em 1985. Bono participou dos
shows beneficentes do A Conspiracy of Hope, uma turnê realizada em 1986
junto ao baixista e cantor do The Police, Sting.
Bono também se envolveu com Bob Geldof, cantor e criador do Live Aid.
O vocalista do U2 fez uma performance da música “Do they Know it’s
Christmas?/Feed the World” com a Band Aid de Geldof. Além de Sting, a
banda contou também com a participação de Phil Collins, ex-baterista do
Genesis, Paul McCartney, ex-integrante dos Beatles, Boy George, do Culture
Club, Roger Daltrey, do The Who e Andy Taylor, do Duran Duran. A mesma
performance foi repetida duas décadas depois, no Live 8, em 2005.
Após o Live Aid, Bono Vox viajou com a esposa, ainda em 1985, para a
América Central, visitando a Nicarágua e El Salvador, países que sofreram
intervenção dos Estados Unidos. Na Nicarágua, os revolucionários
sandinistas, de esquerda, enfrentavam os Contras, de orientação
conservadora. O conflito acabou na década de 1980 com a ascensão dos
conservadores ao poder. El Salvador tinha sofrido um golpe de Estado em
1979 pela Junta Revolucionária, que nacionalizou empresas. Os dois países
deram a Bono uma dimensão da pobreza e dos movimentos sociais que
existiam nos países subdesenvolvidos da América. O vocalista do U2 entrou
em contato com a população afetada pelos conflitos entre militares e
guerrilhas.
Em 1990, Bono fez uma campanha com o Greenpeace contra a usina
nuclear em Sellafield, no norte da Inglaterra. O cantor do U2 apoiou
movimentos sociais contra o uso de energia radioativa. Em 2002, sua mulher
Ali continuou os protestos contra a política de energia nuclear no Reino
Unido.
Na África, Bono Vox empreendeu ações contra a epidemia de AIDS no
continente. Também realizou o documentário Miss Sarajevo, mesmo nome da
música composta em conjunto com Brian Eno. Em seu filme o cantor
denuncia o massacre que ocorreu na Bosnia, durante a década de 1990, com a
Guerra da Iugoslávia, que se fragmentou em vários países devido à limpeza
étnica defendida pelos grupos da região.
Em agosto de 2005, o furacão Katrina passou por Cuba e pelos estados da
Flórida, Louisiana, Mississipi e Alabama, nos Estados Unidos. O desastre
natural matou aproximadamente 1.800 pessoas e foi um dos piores incidentes
do Atlântico durante o governo de George W. Bush nos Estados Unidos. Para
levantar recursos em prol das vítimas do furacão, Bono Vox lançou um single
em novembro de 2006 em parceria com a Music Rising – organização
filantrópica fundada em novembro de 2005 e mantida pelo guitarrista The
Edge, o produtor Bob Ezrin e o presidente-executivo da Gibson Guitars,
Henry Juszkiewicz com o objetivo de financiar músicos de Nova Orleans
afetados pelo Katrina. O material se chamava The Saints Are Comming e teve
participação da banda de punk rock Green Day. A produção ficou sob
responsabilidade de Rick Rubin. A gravação ocorreu no Abbey Road Studios,
em Londres, mesmo local em que os Beatles finalizaram seu último álbum de
estúdio, Abbey Road, de 1969.
No mesmo ano, a revista Time, uma das publicações mais influentes da
imprensa mundial, elegeu como “Pessoa do Ano” três personalidades que
foram chamadas de “Os Bons Samaritanos”. O magnata da Microsoft Bill
Gates e sua esposa, Melinda Gates, foram escolhidos por trabalhos de
filantropia bilionários, mantidos com a fortuna que conquistaram na indústria
de tecnologia. O terceiro samaritano era Bono Vox. Foi a primeira vez que
um cantor de rock’n’roll entrou em uma lista que, normalmente, elege apenas
políticos e figuras públicas como personalidades de destaque.
Em 2006, durante a Vertigo Tour, Bono Vox visitou o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva51. Presidente com formação na esquerda brasileira e
partidário de programas sociais, Lula criou o programa Fome Zero para
combater a miséria que afeta a população brasileira. Bono decidiu, durante
sua passagem em São Paulo, doar uma guitarra ao programa social, que foi
leiloada para ajudar a população carente do país.
No mesmo ano, Bono e o ativista Bobby Shriver criaram a iniciativa
Product RED, em parceria com as empresas Nike, American Express do
Reino Unido, Apple, Starbucks, Penguin Classics, Gap, Emporio Armani,
Dell, SAP, Beats Electronics e Hallmark. Durante a campanha, os produtos
vendidos por essas empresas com o selo Product RED teriam 1% de seus
lucros revertidos para o Fundo Global. A iniciativa visava financiar os
estudos ao combate à AIDS, malária e tuberculose, doenças que matam
pessoas em diversos países subdesenvolvidos.
Quando visitou o Brasil em 2011, durante a turnê 360°, Bono Vox, The
Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tiveram uma reunião com a
presidente Dilma Rousseff. O encontro foi a segunda reunião do vocalista do
U2 com um governante brasileiro.
Em entrevista a jornalistas de diversas emissoras, segundo um vídeo
publicado pelo Palácio do Planalto, Bono Vox disse que “Dilma estava triste,
como todos nós estamos, com o que aconteceu na escola Tasso de Silveira”.
Na escola pública mencionada por Bono, no
dia 7 de abril de 2011, ocorreu o assassinato de várias crianças e
adolescentes, na tragédia que ficou conhecida como “Massacre de Realengo”.
O homem que cometeu os crimes era Wellington Menezes Oliveira, um ex-
aluno do local. O assassino matou doze pessoas na escola e depois cometeu
suicídio. Além de falar sobre o triste fato que ganhou tanta repercussão no
Brasil em 2011, Bono também conversou com Dilma sobre programas de
combate à pobreza e combate à corrupção na política, como o projeto Ficha
Limpa.
Em outubro de 2011, o vocalista disse ao jornalista Brian Hiatt, da revista
Rolling Stone, que gostaria de desaparecer com sua esposa, seus filhos,
alguns livros, um iPod Nano e um violão. E passou boa parte do ano de 2012
fazendo mochilões ao redor do mundo com sua família. Bono Vox já foi
indicado ao Prêmio Nobel da Paz três vezes, nos anos de 2003, 2005 e 2006.
As indicações ocorreram, sobretudo, pelos empreendimentos filantrópicos de
Bono, que vão desde iniciativas criativas no setor privado para doações aos
pobres do mundo todo até trabalhos musicais dedicados exclusivamente ao
combate à miséria em países em crise.

O QUE É FILANTROPIA?

As origens da palavra filantropia remontam à Grécia


Antiga, na época do autor Ésquilo, que viveu entre 525/524
a.C. até 456/455 a.C. Dramaturgo, a Ésquilo é atribuído o
título de autor da obra Prometeu acorrentado. A lenda de
Prometeu, titã condenado por Zeus pelo roubo do fogo para a
humanidade, está ligada ao primeiro registro escrito da
palavra “filantropia”, uma junção dos termos philos, que
significa “amor”, e anthropos, “ser humano”.
A filantropia, então, expressa o amor do titã Prometeu aos
homens, e por isso foi condenado a ficar acorrentado e a ser
devorado eternamente por uma ave enviada por Zeus. O
termo permaneceu após a decadência da civilização grega e a
ascendência do Império Romano.
No século VII, cristãos medievais começaram
empreendimentos filantrópicos por motivos religiosos. Entre
os séculos XVII e XVIII, mercadores também criaram
organizações ligadas à filantropia. Industriais do século XIX,
como John D. Rockefeller, Henry Ford e Andrew Carnegie,
vincularam a administração de indústrias grandes, como as de
petróleo e de automóveis, ao auxílio da população carente dos
Estados Unidos.
Entre os séculos XX e XXI, o conceito de filantropia está
mais associado a atividades de distribuição de renda ou ao
combate contra as desigualdades sociais promovidas por
grandes empresários ou personalidades ao redor do globo. O
megainvestidor conservador do Berkshire Hathaway, Warren
Buffett, é conhecido tanto por ser um dos três homens mais
ricos do mundo, segundo a revista Forbes, quanto por suas
atividades de filantropia. De acordo com uma reportagem de
25 de junho de 2006 na CNN-Money, Buffett afirmou que
gostaria de doar 83% de sua fortuna à Bill & Melinda Gates
Foundation, para programas de combate a doenças e à
pobreza. O investidor não quer que seus herdeiros recebam
todos os seus bens como herança após sua morte, para que
sejam capazes de gerar suas próprias fortunas, segundo artigo
de 16 de outubro de 2008 da revista Economist.
Outro grande filantropo famoso é o próprio empresário de
tecnologia Bill Gates. Ele fundou a empresa de software
Microsoft com Paul Allen em 1975. Com sistemas
operacionais como o MS-DOS e o Windows, a companhia
dominou o mercado de programas eletrônicos a partir da
década de 1990. Ficou bilionário com os grandes lucros da
empresa, tornando-se também um dos homens mais ricos do
mundo segundo a revista Forbes. Bill Gates saiu do cargo de
CEO em 2008, dando espaço para um colega de faculdade,
Steve Ballmer.
A Bill & Melinda Gates Foundation foi criada em 1994
com apenas o nome de Bill Gates, e voltada a interesses
filantrópicos. Com o crescimento da fundação, a empresa
começou a lutar pelo combate de doenças globais como pólio,
AIDS, tuberculose e malária. No continente americano, a
organização fundada por Gates pretende criar oportunidades
educacionais através do uso da tecnologia.
DAVID HOWELL “THE EDGE”
EVANS
“Seu foco está na inter-relação entre sua guitarra e os vocais de Bono. The
Edge é um cientista de dia e um poeta à noite”, explica o produtor Daniel
Lanois, sobre o estilo de música feita pelo guitarrista do U2. Essa frase de
Lanois foi publicada na lista dos 100 Melhores Guitarristas da revista Rolling
Stone.
David Howell Evans, seu nome quando ainda não era mundialmente
conhecido como The Edge, nasceu inglês, apesar de ter sido criado em
Dublin, na Irlanda. Ele nasceu em 8 de agosto de 1961, na cidade de Londres,
coração do Reino Unido, em um subúrbio chamado Barking. Seus pais,
Garvin e Gwenda Evans, são do País de Gales. Ainda criança, David mudou-
se com seus pais e seu irmão mais velho, Dik, para Dublin, a capital
irlandesa.
David teve aulas de piano e violão com seu irmão antes de responder à
convocação de Larry. Ele aprendeu a tocar o instrumento de corda com um
violão velho, comprado por poucas libras e formou a banda Feedback, que
daria origem ao U2 dois anos depois. Ele e seu irmão dividiam o instrumento
quando ainda estavam aprendendo a tocar.
Em 1978, com o crescimento da banda e do número de shows, Dik Evans
saiu do grupo, deixando David, que era chamado de The Edge por causa de
suas feições, no cargo de guitarrista base e solo. Dik saiu do grupo quando
eles mudaram de nome pela última vez52, deixando o U2, para que Bono, The
Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. dessem um futuro para a banda.
Na época do álbum War, Edge casou-se com Aislinn O’Sullivan, sua
namorada do colégio. A cerimônia ocorreu em 12 de julho de 1983. Com ela,
The Edge teve três filhos: Hollie, em 4 de julho de 1984; Arran, em 15 de
outubro de 1985; e Blue Angel, em 26 de julho de 1989. Ele e sua primeira
esposa se separaram em 1990, o que causou uma crise criativa no guitarrista
durante as gravações de Achtung Baby. O divórcio do primeiro casamento
saiu só em 1996 devido a questões legais irlandesas.
Durante a Zoo TV Tour, The Edge começou a namorar com a dançarina
Morleigh Steinberg, que fazia performances nos shows do U2. Os dois se
casaram em junho de 2002. Antes do segundo casamento, The Edge teve
mais dois filhos com Steinberg: Sian, em 7 de outubro de 1997, e Levi, em 1º
de outubro de 1999.
The Edge toca guitarra de maneira simplificada, priorizando as melodias.
Seu amplificador Vox AC30, utilizado logo nos primeiros shows, favorecia o
retorno do som, permitindo brincadeiras com acordes simples. Entre os
instrumentos, The Edge utilizou muito as guitarras da marca Fender,
especialmente os modelos Stratocaster e Telecaster, que permitem agudos
consistentes.
Atualmente, The Edge utiliza bastante as guitarras da marca Gibson,
especialmente os modelos Explorer e Les Paul, sendo que o último possui
graves consistentes e apropriados para músicas mais pesadas. Ao longo da
carreira, o músico passou a utilizar efeitos eletrônicos, como ecos, e, dessa
maneira, favoreceu tanto as linhas melódicas da própria guitarra quanto os
vocais de Bono Vox.
The Edge depende de bons equipamentos e de habilidade para ouvir e
encaixar melodias. Músicos como Jason Becker53, ex-Cacophony, Marty
Friedman54, ex-Megadeth, e Yngwie Malmsteen55, em carreira solo, fizeram
fama como heróis da guitarra elétrica por meio do domínio da teoria musical
e da prática com o instrumento. O guitarrista do U2 tinha um estilo que ia na
contramão dessas tendências do rock e do metal adotadas na década de 1980,
até mesmo por suas origens no punk rock.
“[Ele] ouve uma batida de bateria de Larry Mullen Jr. e volta ao estúdio na
manhã seguinte dizendo ‘Bono, tenho uma para você’ – e apresenta ‘I Still
Haven’t Found what I’m Looking for’, com um riff simples que norteia toda
a direção da música”, explica Daniel Lanois, sobre o processo de composição
de The Edge. Seu trabalho é traçar melodias que complementem a canção e
que funcionem bem com a musicalidade dos outros integrantes do U2. Por
esse motivo, a simplicidade das músicas de The Edge sempre funcionou bem
em conjunto com Larry, Bono e Adam.
Como cantor, The Edge sempre deu o suporte necessário fazendo coro com
Bono Vox. Sua voz de fundo é notada em hinos como “Sunday Bloody
Sunday”, do disco War. Além da guitarra elétrica, The Edge também toca
praticamente todos os trechos de teclado e piano nas músicas do U2. Em
projeto solo, The Edge também fez a trilha sonora do filme Captive, de 1986.
Os amigos Larry Mullen Jr. e Steve Lillywhite ajudaram nesse trabalho,
participando da bateria e da produção do material, respectivamente.
O guitarrista produziu, com Brian Eno e Mark Ellis (conhecido pelo
pseudônimo Flood), o disco Zooropa, que fez parte da mesma turnê de
Achtung Baby. Foi a única produção que The Edge assinou entre os materiais
de estúdio da banda.
Em 2008, o cineasta americano Davis Guggenheim fez um documentário
sobre a evolução dos guitarristas no rock’n’roll entrevistando três
personalidades do estilo: Jimmy Page, ex-Led Zeppelin, Jack White, ex-
White Stripes, e The Edge, do U2. A Todo Volume fala sobre os estilos
diferentes de músicos do mesmo gênero, o rock.
“Eu estava tocando, mas também ouvindo o eco, sentindo as notas que eu
não estava tocando. É como dois guitarristas em um”, comentou The Edge,
no documentário, sobre sua própria sonoridade. No mesmo filme, o
guitarrista do U2 aparece aprendendo a tocar “Seven Nation Army” com Jack
White56 e “Kashmir”, criada por Jimmy Page57.
A sonoridade de White e Page, dois músicos muito diferentes entre si,
influenciaram The Edge em 2009. Jimmy Page é um guitarrista que ficou
conhecido pelas improvisações do Yardbirds, banda que, com o Cream de
Eric Clapton, deu origem ao rock progressivo e ao heavy metal. Jack White
evoluiu com o White Stripes, banda que fez sucesso nos anos 2000, com
apenas dois músicos. White sempre tocou guitarra cantando ao mesmo
tempo, influenciado pelo blues. Esses estilos afetaram The Edge nos
experimentalismos presentes em No Line on the Horizon. A marca do
guitarrista nesse material é justamente a inconstância da guitarra elétrica nas
composições, que não soa harmônica, embora exista uma coesão em todo o
material.
A Gibson, sendo uma fabricante renomada de guitarras elétricas, possui
uma série de modelos com assinaturas de músicos famosos como John
Lennon, Eric Clapton e B. B. King. No documentário de Davis Guggenheim,
The Edge afirma que sua primeira guitarra para tocar em bandas foi uma
Gibson Explorer, comprada em Nova York. Ele dá a entender, no vídeo, que
gostaria de um instrumento da marca com sua assinatura.
Assim como Bono, The Edge também se envolveu em iniciativas ligadas à
filantropia. Em 2005, junto a Bob Ezrin e o CEO da Gibson, Henry
Juszkiewicz, fundou a Music Rising, para auxiliar as vítimas do furacão
Katrina. The Edge também faz parte da administração da Fundação de
Angiogênese, organização de físicos e cientistas que pesquisam a produção
de vasos sanguíneos humanos com base na medicina, em dietas e no estilo de
vida. Os fundadores são da Universidade de Harvard, alunos do dr. Judah
Folkman.
Mesmo com esses projetos filantrópicos, The Edge esteve envolvido em
pelo menos uma polêmica. O jornal britânico The Independent publicou que
o guitarrista ajudou na construção de cinco mansões de luxo em um terreno
de 156 acres em Malibu, na Califórnia, em 2011. A polêmica começou três
anos antes, depois que a Comissão Costeira da Califórnia vetou o projeto por
danos ambientais.
Também em 2011, no mês de julho, a diretora Julie Taymor lançou um
musical chamado Spider-Man: Turn off the Dark, baseado no super-herói
criado por Stan Lee. O espetáculo do Homem-Aranha contou com músicas e
letras de Bono Vox e The Edge.

BREVE HISTÓRIA DOS GUITARRISTAS DE


ROCK’N’ROLL

O grupo Yardbirds surgiu em Londres, no Reino Unido, em


1963, na época da explosão dos Beatles e dos Rolling Stones.
Com influências de jazz, o grupo apresentou alguns dos três
maiores guitarristas da Inglaterra: Jimmy Page, Eric Clapton e
Jeff Beck.
Eric Clapton foi um instrumentista que estudou
profundamente as raízes da música negra no rock’n’roll.
Mesmo sendo um músico branco, conseguiu fazer uma
aproximação do rock com o blues que catapultou sua carreira
musical e sua reputação. Clapton se inspirou muito em
Muddy Waters, blueseiro negro do Mississippi, nos Estados
Unidos. Eric Clapton também foi bastante afetado pelo
virtuosismo que beirava o jazz dos músicos Ginger Baker e
Jack Bruce, que formaram o Cream.
O inglês Jeff Beck lançou, em carreira solo, trabalhos nos
Estados Unidos. Segundo o baterista Nick Mason, Beck
chegou a ser cogitado para repor a vaga de Syd Barrett no
Pink Floyd, fato que nunca ocorreu. Beck, em vez de usar a
palheta, usa apenas os dedos para tocar, dando um som único
à sua música.
Jimmy Page fundou a banda Led Zeppelin em 1968 e
produziu todos os materiais de estúdio do grupo, de novos
trabalhos até compilações. De 1969 até 2012, todas as
produções do Led Zeppelin tiveram assinatura de Page, que
fez carreira não apenas como guitarrista, mas como um
músico que entende sobre a produção de uma banda de
sucesso. Como guitarrista no palco, Page sofreu influência da
música asiática e do blues, expresso em solos virtuosos e ricos
em ornamentos.
Page, Beck e Clapton foram os primeiros de uma série de
guitarristas que tornaram o rock’n’roll marcante por solos,
performances ao vivo e vocalistas famosos. Na década de
1970, David Gilmour, do Pink Floyd, Tony Iommi, do Black
Sabbath, e Ritchie Blackmore, do Deep Purple, tornaram-se
músicos com maior refinamento técnico com a guitarra
elétrica, criando melodias complexas com efeitos diferentes
em seus instrumentos. Gilmour, por exemplo, transformou a
guitarra em uma extensão de seus próprios sentimentos ao
interpretar as composições. Tony Iommi criou frases simples
e pesadas que conferiram ao Sabbath um som característico e
obscuro. Blackmore, por outro lado, foi um estudioso de
música erudita que conseguiu reproduzir algumas de suas
influências em músicas do Deep Purple.
Nos anos 1980, a explosão do punk em bares dos Estados
Unidos e do Reino Unido ofuscou parte do sucesso do rock
virtuoso das bandas progressivas e de heavy metal. O Sonic
Youth fez experimentos instrumentais, enquanto bandas de
metal como Iron Maiden e Metallica incorporaram os acordes
simples do punk rock ao metal. No U2, a guitarra simples e
melódica de The Edge mostrou que habilidades extravagantes
não eram necessárias a um guitarrista. Por outro lado, Marty
Friedman e Jason Becker criaram uma mistura entre o som
sujo do heavy metal e a virtuose erudita de Ritchie
Blackmore. Outro instrumentista influenciado por Blackmore
foi o sueco Yngwie Malmsteen, um dos guitarristas mais
rápidos do mundo.
Nos anos 1990, o grunge do Soundgarden e do Nirvana
uniu tanto solos respeitáveis quanto pessoas que não
dominavam a guitarra elétrica. Kurt Cobain é lembrado por
seus acordes abafados e agressivos, mas não possuía uma
técnica refinada. Por outro lado, músicos como os do
Radiohead58 (Thom Yorke e Jonny Greenwood) mesclaram
tanto os acordes soltos do punk quanto composições mais
complicadas.
ADAM CHARLES CLAYTON
“Ele parecia uma versão em negativo de Michael Jackson, com um cabelo
loiro em versão afro. Parecia ter vindo de outro planeta”, comenta Bono Vox
no documentário da VH1, de 2000. Suas primeiras impressões sobre o jovem
que se tornaria baixista do U2 ainda eram as mesmas, pouco tempo depois,
quando Clayton pediu um baixo a seus pais para aprender a tocar.
Adam Charles Clayton nasceu no dia 13 de março de 1960, sendo o
integrante mais velho do U2. Nasceu na vila de Chinnor, no condado de
Oxfordshire, no Reino Unido. Influenciado pelo som do The Clash, viajou
para Londres no verão de 1977, quando os Sex Pistols haviam estourado no
país. Essas foram suas primeiras influências no contrabaixo, já que ele não
tinha estudado o instrumento até tocar em bandas. Apesar de parecer que
Adam Clayton dominava o instrumento, Bono dizia que ele errava as notas da
música no começo da banda.
Como a maioria dos músicos de pós-punk, Clayton se esforçou para
transformar o baixo elétrico em um instrumento perceptível nas composições
do U2. Desde o álbum de estreia, Boy, até o terceiro trabalho, War, o
contrabaixo deixou de ser um instrumento de fundo para a guitarra de The
Edge e ganhou um papel de destaque. Em um dos primeiros singles do U2,
“11 O’Clock Tick Tock”, o baixo preenche a música, enquanto The Edge faz
apenas intervenções esporádicas com a guitarra, sem uma forma contínua de
melodia.
Na música “Two Hearts Beat as One”, do disco War, o baixo compete com
as melodias criadas pela guitarra elétrica de The Edge. O contrabaixo de
Clayton chega a dominar a composição com sua linha melódica
predominante, guiando o vocal de Bono Vox.
Adam Clayton também era o menos religioso dos integrantes do U2, o que
criou problemas internos na banda entre 1981 e 1983, quando Larry, Bono e
The Edge estavam imersos na leitura da Bíblia Sagrada e em suas
espiritualidades. Clayton queria viver uma vida de rockstar, como seus ídolos
do Clash, e levar o sucesso do U2 de Dublin para a Europa, para os Estados
Unidos e para o mundo inteiro.
Junto às influências do Clash, Clayton também absorveu tendências do ska
e do reggae em suas linhas de baixo. Os ritmos menos “quadrados” em
comparação ao rock’n’roll permitiram que Adam Clayton criasse mais
melodias para discos como The Joshua Tree, de 1987. Dois anos depois, o
baixista teve problemas com drogas.
Em agosto de 1989, Adam Clayton foi detido por porte de maconha em
Dublin. O juiz permitiu que Clayton fizesse uma doação de 25 mil libras para
o Centro de Refúgio Feminino de Dublin. Na época, a Irlanda estava
enfrentando um aumento no tráfico de drogas no país.
Na fase da Zoo TV Tour, na década de 1990, as músicas eletrônicas do U2
combinavam com o baixo ritmado de Adam Clayton. O instrumentista
também era visto, frequentemente, de óculos escuros, com roupas coloridas e
na companhia de supermodelos. Tudo isso era fruto do sucesso mundial que o
U2 havia conquistado. Na mesma época, ele namorou a modelo Naomi
Campbell59.
Em 1995, depois do fim da Zoo TV, Adam assistiu a aulas de contrabaixo
nos Estados Unidos, porque, até aquele ano, era autodidata em seu
instrumento. No mesmo período, participou do disco Original Soundtracks 1,
com Brian Eno e todos os seus companheiros do U2. Nesse material, o
baixista teve uma participação nos vocais de “Your Blue Room”. Em Nova
York, no ano de 1996, Clayton gravou e colaborou com Larry Mullen Jr. na
trilha sonora de Missão Impossível, do cineasta Brian De Palma.
A assistente de Paul McGuiness, o empresário do U2, teve um
envolvimento com o baixista da banda. Adam Clayton noivou com Susie
Smith em 2006. A assistente e o baixista romperam o compromisso em 2007.
Amigos da banda disseram que a separação foi amigável. Segundo o jornal
Sunday Independent, Adam Clayton tornou-se pai de um menino em 2010. O
fato foi revelado por Bono Vox, ao vivo, em um show da turnê 360°.
Em diversas entrevistas, Adam Clayton afirma que o U2 foi um privilégio
em sua vida, que os três integrantes sempre se preocuparam com as
performances inesperadas de Bono ao vivo e que o sucesso mundial é algo
único em sua carreira.
O baixista do U2 foi responsável por manter o grupo unido, por pensar
mais no rock’n’roll do que nas brigas de ego entre Bono Vox e o guitarrista
The Edge. Clayton é muito amigo, sobretudo, do principal membro do grupo,
que deu o pontapé para o início da banda: o baterista Larry Mullen Jr.

THE CLASH

O The Clash, a principal banda punk a influenciar o


baixista Adam Clayton e o restante do U2, é uma banda que
se destacou entre os roqueiros ingleses do final da década de
1970.
John Graham Mellor nasceu na Turquia, na cidade de
Ankara, e se tornou o roqueiro Joe Strummer por tocar muito
mal ukulelê, uma guitarra havaiana de quatro cordas que
lembra um cavaquinho . Ele e mais três músicos, Mick Jones,
Paul Simonon e Nicky “Topper” Headon, foram orientados
pelo empresário Bernard Rhodes a criar uma banda que
rivalizasse com os Sex Pistols, que estouraram em fevereiro
de 1976 na cidade de Londres.
Rhodes havia trabalhado com Malcolm McLaren, o
idealizador dos Pistols e o dono da loja SEX. Mick Jones
havia tocado na London SS, uma banda parecida com os Sex
Pistols. Do racha desse grupo, surgiu o The Clash, cujas
primeiras apresentações foram em shows dos próprios Pistols.
O baixista do Sex Pistols, Sid Vicious, apareceu em diversos
shows dopado e sem ter a mínima ideia do que fazer no palco.
Ele não tinha a menor técnica com o contrabaixo. O Clash era
muito diferente. O baterista Topper Headon também sabia
tocar guitarra, baixo e piano. O álbum London Calling, de
1979, embora seja um punk com acordes simples e ritmados,
teve produção de Guy Stevens, que trabalhou com a banda de
glam rock Mott The Hooplee e colocou elementos de reggae e
ska no som da banda.
The Clash teve seis trabalhos em estúdio, sendo três deles
lançados durante o ápice do punk rock: The Clash (1977),
Give ’Em Enough Rope (1978), London Calling (1979),
Sandinista! (1980), Combat Rock (1982) e Cut the Crap
(1985). A banda acabou em 1986, por causa dos problemas
com drogas pesadas, como heroína, e do desentendimento
entre os integrantes.
As letras do The Clash refletiam o pensamento político de
esquerda do cantor Joe Strummer, críticas válidas para muitos
apreciadores do punk rock inglês, que começaram a
questionar a sociedade do Reino Unido no começo dos anos
1980. Eram os anos de governo da primeira-ministra
neoliberal Margaret Thatcher, responsável por privatizações
no país e pelo combate aos sindicatos trabalhistas ingleses.

LAWRENCE JOSEPH “LARRY”


MULLEN JR.
O U2 teve início a partir de uma sugestão do pai de Larry. Ele sugeriu ao
filho que fizesse um anúncio em sua escola procurando integrantes para
formar uma nova banda. Naquela época, Lawrence Joseph Mullen Jr. já sabia
tocar bateria, por influência da mãe, que o matriculou em uma escola de
música. David Evans, The Edge, foi o primeiro a responder, levando seu
irmão Dik.
Larry é o integrante mais novo do U2. Nasceu no dia 31 de outubro de
1961, em Artane, norte de Dublin, capital da Irlanda. Aos oito anos de idade,
começou a ter aulas de piano, mas não se familiarizou com as escalas nem
com o instrumento.
Ao ver uma bateria, disse para a mãe, que o recomendara para a escola de
música: “É isto o que eu quero fazer”. Começou a tocar com as baquetas em
1971, aos nove anos. Sua irmã Cecilia comprou seu primeiro kit de bateria,
pagando 17 libras.
Na década de 1970, o baterista mais famoso da Irlanda deu aulas ao
músico do U2. Larry Mullen Jr. teve aulas com Joe Bonnie, em meados de
1971. Bonnie morreu e, no ano seguinte, sua filha Monica passou a dar aulas
a Mullen.
Sua irmã mais velha, Mary, morreu em 1973. Cinco anos depois, em 1978,
um acidente de carro tirou a vida de sua mãe, Maureen. A morte de ambas
serviu como um estímulo para que o jovem Larry se focasse no sucesso do
U2. Larry Mullen Jr. não participava ativamente da composição das letras da
banda como Bono Vox, autor da maioria delas. No entanto, ele foi se
envolvendo bastante com as colaborações do baixista Adam Clayton, que
compunha, com The Edge, a parte instrumental e rítmica dos trabalhos do
U2. Mullen transformou sua batida tribal em uma característica própria.
Em 7 de novembro de 1995, Mullen participou com Brian Eno e seus
companheiros do U2 do trabalho Original Soundtracks 1. Mullen tocou
sintetizadores eletrônicos na música “United Colours”. O baterista não gosta
do material sintético desse trabalho, que destoa do rock’n’roll que a banda
fazia até então. A revista de música Stylus Magazine criou um ranking dos
cinquenta melhores bateristas de rock em 2007. Larry Mullen Jr. aparece na
posição 21, na frente de Neil Peart, da banda Rush, considerado por outras
classificações o melhor baterista de todos os tempos. No topo do ranking da
Stylus está o falecido músico John Bonham60, do Led Zeppelin.
Além de ser o fundador do U2, Larry Mullen Jr. é conhecido por suas
paixões. O baterista é fã confesso de motos da marca Harley Davidson. Ele
usou motocicletas dessa marca para se locomover durante a Zoo TV Tour, na
década de 1990.
Larry Mullen Jr. viveu com sua namorada Ann Acheson por cerca de trinta
anos. Os dois tiveram três filhos: Aaron Elvis, em 4 de outubro de 1995
(batizado dessa maneira em homenagem ao rei do rock), Ava, em 23 de
dezembro de 1998, e Ezra, em 8 de fevereiro de 2001.
O músico sofre com problemas de tendinite. Para resolver o problema,
utiliza baquetas da marca ProMark, feitas sob medida para evitar que as dores
prejudiquem sua performance ao vivo.
Em recente matéria do tabloide inglês The Sun, de 11 de janeiro de 2013,
Larry revelou que tem aproveitado seu tempo sem atividades no U2 para
fazer coisas novas. “Eu passei trinta anos sentado atrás de uma bateria
olhando para a bunda de homens! Eu precisava sair desse lugar e fazer outras
coisas. Todos estão fazendo, menos eu!”, disse ele à publicação referindo-se
ao trabalho de Bono e The Edge no musical da Broadway Spider Man: Turn
off the Dark. O baterista fez sua estreia como ator no filme Man on the Train
(2011), com Donald Suhterland no elenco e direção de Mary McGuckian.
AS BANDAS DE ROCK DOS ANOS 1980 NA
IRLANDA

O U2 foi um representante irlandês do pós-punk feito por


bandas inglesas como Joy Division, The Echo & The
Bunnymen e The Cure. No entanto, outros grupos de rock
cresceram também na década de 1980 no mesmo país de
Bono, Edge, Larry e Adam. Eles representaram a
musicalidade de um país fora do eixo Reino Unido-Estados
Unidos.
O Thin Lizzy foi fundado em 1969 pelo guitarrista Eric
Bell. O grupo cresceu em Dublin. O frontman era o baixista e
cantor Phil Lynott, que tornou a banda famosa no final dos
anos 1970. Lynott morreu no dia 4 de janeiro de 1986, em
decorrência de seu vício em álcool e drogas, especialmente a
heroína.
Um dos integrantes mais famosos do Thin Lizzy também
foi o guitarrista Gary Moore, que era de Belfast, Irlanda do
Norte. Moore teve uma bem-sucedida carreira solo nos anos
1980 e 1990, e uma de suas músicas mais conhecidas é “Still
Got the Blues”. Ele foi influenciado pelo blues. O guitarrista
morreu no dia 6 de fevereiro de 2011, por conta de um ataque
cardíaco decorrente do consumo de bebida alcoólica.
Atualmente, o Thin Lizzy continua realizando shows com
outros integrantes.
Entre os anos 1980 e 1990, a Winter, uma banda de rock
progressivo e heavy metal, tinha Johnny Lennie nos vocais,
Rab Beggs na guitarra, Phil Murray nos teclados, Rick Loyer
no baixo e John Murphy na bateria. O grupo lançou o disco
Across The Circle’s, em vinil, em 1990. Uma versão em CD
começou a ser comercializada em 1992. Esse foi o único
trabalho em estúdio do Winter.
Chamados de “os pais do rock céltico”, os Horslips faziam
músicas inspiradas em danças folk, chamadas de “jigs” e
“reels”61. Dessa forma, eles fundiram composições
tipicamente irlandesas, do folclore local, com o rock’n’roll
progressivo. Ficaram famosos entre os anos 1970 e 1980.
Após o rompimento, ex-integrantes entusiastas do grupo
realizaram reuniões que começaram em 2004 e prosseguem
até os dias atuais. A banda Horslips foi um grupo que fez
sucesso também em Dublin, a cidade natal do U2. Outra
banda irlandesa que surgiu nos anos 1980 foi o The
Cranberries. Formada em 1989, na cidade de Limerick, o
grupo é formado pelo baixista Michael “Mike” Hogan, por
seu irmão, o guitarrista Noel Hogan, pelo baterista Fergal
Lawler e pela vocalista Dolores O’Riordan. Em 2003, a banda
encerrou seus trabalhos temporariamente e retornou apenas
em 2009 aos palcos. Os maiores sucessos do The Cranberries
são “Linger” e “Zombie”.
A revista também é famosa por ter promovido o trabalho de Hunter S.
Thompson, responsável pelo jornalismo gonzo, com reportagens sem uma
pretensão objetiva. Thompson foi um dos repórteres que, nos anos 1970,
utilizaram drogas recreativas e álcool para escrever matérias de um ponto de
vista subjetivo.

Cantor de sucesso do mundo do rock e da música pop, Stewart estava em


relativa baixa entre 1981 e 1988, recebendo críticas em seus discos solo, após
ter feito parte da banda Faces com o guitarrista Ronnie Wood. Wood,
atualmente, é membro dos Rolling Stones.

Lula foi presidente do Brasil por oito anos, entre 2003 e 2006, sendo reeleito
para o segundo governo, entre 2007 e 2011. O Fome Zero foi um programa
criado no primeiro ano de sua primeira gestão, em 2003.

Em 1977, Dik formou a banda Virgin Prunes para tocar pós-punk e rock
experimental. O grupo acabou em 1986, mas continuou com o nome The
Prunes até 1990, quando acabou definitivamente.

Atualmente Becker sofre de esclerose lateral amiotrófica, doença


degenerativa que afeta o sistema nervoso central, acabando com os
movimentos motores corporais. Mesmo paralisado, Jason Becker continua
trabalhando como compositor.

Marty Friedman tocou com Becker em várias ocasiões, sendo, inclusive, seu
companheiro de banda no Cacophony.

Guitarrista sueco de Estocolmo, Malmsteen foi eleito por diversas


publicações, como a Guitar Player, como um dos melhores instrumentistas
de todos os tempos. Sua técnica consiste em usar e abusar de escalas menores
em bastante velocidade, sendo famoso por “fritar seu som”. A revista Time o
elegeu como um dos dez melhores guitarristas do mundo em 2009.

White diz no documentário que a melodia estava em sua cabeça e afirmou:


“Talvez um dia eu tenha de fazer um tema para os filmes de James Bond,
temas de filmes de espionagem”. Segundo o ex-White Stripes, foi dessa
forma que a ideia da música surgiu.

Page diz que se inspirou na música indiana durante a composição de um


álbum para o Led Zeppelin.

Radiohead foi um grupo que surgiu em Abingdon, Oxfordshire, no Reino


Unido, em 1985. A banda, fundada por Thom Yorke, alcançou o sucesso com
a decadência do grunge e com o fim banda Nirvana, após o suicídio de Kurt
Cobain. No começo, o Radiohead fazia um som direto e cru como o grunge,
mas foi incorporando elementos eletrônicos posteriormente.

Modelo negra com a mesma notoriedade de Cindy Crawford e Linda


Evangelista. Namorou personalidades famosas, como o boxeador Mike
Tyson e o ator Robert De Niro.

John Henry Bonham nasceu no dia 31 de maio de 1948 e faleceu no dia 25 de


setembro de 1980, aos 32 anos. O baterista morreu engasgado com o próprio
vômito após doses pesadas de vodca e outras bebidas alcoólicas.
Embora estejam presentes na Irlanda, são originalmente da Inglaterra (jigs) e
da Escócia (reels). No entanto, elas foram adotadas e adaptadas em outros
países.
BANDAS INFLUENCIADAS
PELO U2

NO BRASIL
Com a fama internacional que a banda de Bono Vox alcançou na década de
1980, sobretudo com os álbuns War e The Joshua Tree, grupos de rock do
Brasil foram influenciados tanto pelo punk rock que ganhava destaque no
Reino Unido quanto pelo pós-punk do U2. Os acordes simples, as
performances ao vivo e o sucesso da banda de um país diferente como a
Irlanda serviu de inspiração para as jovens bandas roqueiras que surgiram em
São Paulo e na capital do país, Brasília.

ABORTO ELÉTRICO

“Todo dia eu via aquele rapaz punk, com aquelas calças todas recortadas e
aquele cabelo estranho, lá naquele canto. Ele, todo dia, assistia a um
espetáculo. Ele ficava no fundo, recolhido, era muito tímido. Daí um dia
falei: ‘Vem cá, quem é você?’. Ele respondeu: ‘Sou professor de inglês, mas
eu gosto de música, eu tenho uma banda e eu queria lançá-la’. ‘Qual o nome
da sua banda?’. Ele disse: ‘Aborto Elétrico’. ‘Legal, vamos então montar um
espetáculo?’. O Renato [Russo] já estreou com um espetáculo em cartaz. Ele
entrou, pegou e tocou aquela música ‘Que país é esse?’. Quanto ele terminou
de tocar, ele pegou a guitarra, destruiu o instrumento e jogou para a plateia. O
cara se lançou”, explica Jesus Pingo, ator e animador cultural, no
documentário Rock Brasília, Era de Ouro.
Nos últimos anos do regime militar instaurado no Brasil desde 1964, um
grupo de estudantes ligado à Universidade de Brasília (UnB) começou a fazer
um som parecido com os Ramones e com o The Clash. O nome da banda,
criada em 1978, era Aborto Elétrico, e tinha como vocalista um menino
introvertido chamado Renato Russo, que também tocava contrabaixo. Na
bateria e na guitarra estavam or irmãos Fê e Flávio Lemos filhos de um
professor da UnB.
O hino do Aborto Elétrico era uma música que ficaria famosa no país
inteiro com versões de outras bandas: “Que país é esse?”.
No dia 21 de outubro de 2011, o cineasta Vladimir Carvalho62 lançou um
documentário chamado Rock Brasília, Era de Ouro. No filme, o diretor relata
a trajetória de três bandas que surgiram em decorrência e por influência do
Aborto Elétrico: Plebe Rude, Legião Urbana e Capital Inicial. Todos esses
grupos, por sua vez, além das referências do punk rock, foram afetados por
bandas como Joy Division, The Cure e até mesmo o U2.
Assim como o movimento punk entrou em decadência no Reino Unido, as
bandas de Brasília passaram a incorporar elementos eletrônicos que
aproximavam suas composições com a música feita internacionalmente. E,
justamente na década de 1980, esse era o começo do sucesso mundial do
grupo formado por Bono Vox, Adam Clayton, The Edge e Larry Mullen Jr.
Álbuns como War e Joshua Tree eram referência no período, junto com a
decadência gótica de Robert Smith, do The Cure63.

LEGIÃO URBANA

“O Renato [Russo] foi chamado em Patos de Minas. Mas como o Aborto


tinha acabado, ele disse: ‘Bem, eu tô com uma banda nova. O nome da banda
é Legião Urbana’. ‘Já fizeram show?’. ‘Ainda não’”, contou Philippe Seabra,
vocalista e guitarrista da banda punk e pós-punk Plebe Rude. As duas bandas,
Plebe e Legião, iniciaram suas atividades em um show em Minas Gerais, no
dia 5 de setembro de 1982.
O Aborto Elétrico terminou quando Renato Russo errou a letra da música
“Veraneio Vascaína” e levou uma baquetada de Fê Lemos, incidente que
virou uma briga entre os dois. O fim do punk rock deles deu origem a dois
grupos pós-punk: Legião Urbana64 e Capital Inicial.
Marcelo Bonfá na bateria, Paulo Paulista nos teclados e Eduardo Paraná na
guitarra acompanharam Renato Russo em Patos de Minas. Paraná não
permaneceu no Legião como guitarrista, sendo substituído por Ico Ouro
Preto, irmão do cantor Dinho Ouro Preto65. Em março de 1983, Dado Villa-
Lobos assumiu definitivamente a guitarra elétrica do Legião Urbana,
transformando-se, inclusive, em um dos maiores compositores da banda.
Com produção da EMI, o Legião Urbana foi uma das bandas do rock
brasileiro que melhor representaram grupos como Joy Division, The Smiths,
The Cure e Ramones. Essas referências foram as mesmas que influenciaram
Bono Vox, Adam Clayton, Larry Mullen e The Edge no disco War. Tanto o
Legião quanto o U2 alcançaram sucesso de público e crítica em 1983.
O Legião Urbana acabou em 1996, com a morte do cantor e compositor
Renato Russo no dia 11 de outubro. Renato Russo ficou imortalizado pelas
interações com o público, que cantava em uníssono suas letras críticas,
falando sobre a vida em Brasília (“Faroeste Caboclo”), a repressão na
ditadura militar (“Soldados”), a corrupção da política (“Índios”) e os conflitos
de jovens com seus pais (“Geração Coca-Cola”). As composições do Legião
permitem várias interpretações, sobretudo pela geração que vivenciou a
transição de governos até a abertura democrática no Brasil, entre os anos
1980 e 1990.
Nessas letras, há similaridade em relação ao que o U2 fazia em Dublin,
mais ou menos na mesma época. O grupo de Bono começou fazendo músicas
que falavam sobre conflitos de geração, com um som parecido com as bandas
punks que ouviam na juventude. Passaram a fazer letras sobre a política
internacional, a política irlandesa e a Guerra Fria, que ganharam os holofotes
em grandes shows.
Dessa forma, essas bandas pós-punks dos anos 1980 começaram a compor
sucessos que ganharam forte apelo popular, mesmo quando estavam tecendo
críticas sociais. A sonoridade simples, a introdução de elementos eletrônicos
e a forma como esses grupos mudaram ao longo de suas trajetórias foram
fundamentais para o amadurecimento do estilo.

CAPITAL INICIAL

“Eu pego o bonde andando em Brasília porque, quando eu entro no


Capital, as bandas já estavam na iminência, chamando atenção de jornais e
revistas do Rio e de São Paulo”, afirma Dinho Ouro Preto no documentário
Rock Brasília, de 2011. O grupo tinha Yves Passarell na guitarra, que depois
faria heavy metal na banda Viper, em São Paulo. Fê Lemos, que tinha sido
baterista do Aborto Elétrico e havia brigado com Renato Russo, assumiu as
baquetas do Capital. Seu irmão, Flávio Lemos, deixou de tocar guitarra no
Aborto para assumir o contrabaixo do Capital Inicial.
Dinho fazia fanzines, publicações produzidas de forma artesanal, e era fã
de bandas como The Damned, Ramones, Joy Division, The Clash e Sex
Pistols. Assim como boa parte dos roqueiros de Brasília nos anos 1980, ele
também fez seu som punk com os demais membros remanescentes do Aborto
Elétrico.
Mesmo com essas influências, o Capital Inicial sempre fez um rock com
letras mais simples e diretas, com forte apelo pop e muito distante da crítica
social que se tornou a música de Renato Russo e do seu Legião Urbana. O
sucesso nos anos 1990, inclusive, levou o vocalista Dinho Ouro Preto a
seguir carreira solo por causa de divergências musicais com seus amigos de
banda. Dinho saiu do Capital em 1993, mas voltou em 1998, com
compilações fazendo sucesso nas rádios brasileiras.
No dia 10 de dezembro de 2012, o Capital Inicial lançou o disco Saturno,
que abandonou um pouco o aspecto pop da banda e buscou retomar as raízes
pós-punk. Dinho Ouro Preto e seu grupo pretendem reviver um pouco do som
dos anos 1980 neste novo trabalho, preservando um pouco do rock direto que
a banda sempre buscou fazer.
Em 2009, o U2 lançou No Line on the Horizon, com os produtores Steve
Lillywhite, Daniel Lanois e Brian Eno. O propósito da banda foi tanto fazer
experimentalismos quanto recuperar um pouco do som que os consagrou
como uma banda pós-punk nos anos 1980, assim como faz o Capital Inicial
hoje.

PLEBE RUDE

O mesmo grupo de estudantes da chamada “turma da Colina”66,


envolvidos com a UnB, também formaram a banda Plebe Rude. A banda
Legião Urbana, de Renato Russo, estreou abrindo para o Plebe, que tinha
uma vertente punk mais forte em comparação com as bandas pós-punk de
Brasília.
Philippe Seabra, Gutje, André X e Jander Bilaphra fizeram letras que
falavam diretamente sobre a política brasileira e os problemas de corrupção
envolvendo governantes. O grupo chegou a ser detido pela polícia militar
durante o começo dos anos 1980, além de ter materiais censurados. A Plebe
Rude só lançou material em estúdio a partir de 1985, com o álbum O
concreto já rachou. Mesmo com um governo democrático no poder, com a
ascensão e morte de Tancredo Neves, a banda de Philippe Seabra continuou
com o teor crítico.
Além de O concreto já rachou, a Plebe Rude possui outros quatro álbuns
gravados: Nunca fomos tão brasileiros, de 1987, Plebe Rude III, de 1988,
Mais raiva do que medo, de 1993, e R ao contrário, de 2006. A produção da
banda, assim como os outros grupos de Brasília, foi da EMI até 1988. A Sony
produziu o disco de 1993 e o último trabalho teve um selo independente.
Letras como “Voto em branco” (“Esquerda, direita, em cima, embaixo/
Você assim e eu assado/ Quando vamos parar de tomar lados?/ Quando
vamos parar de ser enganados?”) aborda um ceticismo sobre as eleições
livres em pleno século XXI. A música é do disco R ao contrário.

PARALAMAS DO SUCESSO

O Paralamas do Sucesso, banda de Herbert Vianna, era formado por


músicos amigos da turma da Colina. Embora eles não tocassem punk nem um
som parecido, foi Herbert que apresentou para a EMI o material do Legião
Urbana e de outras bandas. O Plebe Rude foi diretamente beneficiado pela
ajuda deles.

IRA!

O Ira! é um representante do pós-punk em São Paulo. Foi fundado pelo


guitarrista Edgard Scandurra, que antes fez parte do Ultraje a Rigor67, e pelo
cantor Nasi, pseudônimo de Marcos Valadão Rodolfo. A formação inicial
aconteceu em 1981, a partir da banda Subúrbio. Scandurra participava dos
grupos, inspirado também pelo punk do The Clash, dos Ramones e dos Sex
Pistols. No entanto, ele também era profundo admirador do virtuosismo do
Led Zeppelin, de Jimi Hendrix e do The Who.
O primeiro álbum foi Mudança de comportamento, de 1985. O sucesso
viria em 1986, com o disco Vivendo e não aprendendo e os convites para se
apresentar no programa Cassino do Chacrinha68, da rede Globo. As
participações televisivas do grupo desagradavam a Nasi, que era mais ligado
às raízes punk rock da banda.
Os discos MTV ao vivo, de 2000, e o álbum Acústico MTV, de 2004, deram
ainda mais notoriedade e sucesso comercial ao Ira!. No entanto, mesmo a
repercussão positiva dos últimos lançamentos não evitou desentendimentos e
problemas internos na banda.
Depois de brigas com seu irmão, Airton Valadão, o empresário da banda,
Nasi, retirou-se do Ira!, em 2007. No mesmo ano, a banda lançou o disco
Invisível DJ. Edgard Scandurra anunciou o fim do Ira! e tentou reunir os
demais membros em um novo grupo, mas a iniciativa não foi adiante.
O sucesso do Ira! e sua transformação ao longo da carreira são muito
similares ao sucesso do U2 em trinta anos. A diferença é que o grupo de
Bono Vox simplesmente aceitou o mainstream e o público em geral.

TITÃS

Outro grupo representante do pós-punk em São Paulo, os Titãs do Iê-Iê


eram garotos do Colégio Equipe que fizeram um show na Biblioteca Mário
de Andrade, no centro paulistano. A primeira formação dos Titãs contava
com nove integrantes: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer,
Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Belloto, Ciro Pessoa e André
Jung.
A expressão Iê-Iê foi retirada em 1984, quando a banda gravou o álbum
Titãs, para evitar problemas com o grupo que criou a Jovem Guarda69.
Cabeça Dinossauro, disco de 1986 que colocou a banda em evidência, teve
boa recepção da crítica, e a banda passou a utilizar sintetizadores e bateria
eletrônica, elementos comuns no pós-punk oitentista. Alguns integrantes
também tiveram envolvimento com drogas, sendo que Tony Bellotto e
Arnaldo Antunes chegaram a ser presos por porte de heroína.
Atualmente, os integrantes são Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto
e Tony Bellotto. Arnaldo Antunes saiu da banda para se dedicar à carreira
solo. Nando Reis, que tocava contrabaixo, foi fazer MPB com a banda Os
Infernais. Os Titãs permanecem em constante modificação, conquistando
novos fãs e mantendo seu som de origem, assim como o U2. A diferença é
que o grupo de Bono Vox nunca teve alteração em seus integrantes, mudando
apenas a produção de seus álbuns.

ENGENHEIROS DO HAWAII

Alguns estudantes de arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande


do Sul (UFRGS) montaram uma banda para um festival em protesto à
paralisação das aulas. Eles eram Humberto Gessinger, que cantava e tocava
guitarra, Carlos Stein, guitarrista, Marcelo Pitz, baixista, e Carlos Maltz, que
tocava bateria. O nome Engenheiros do Hawaii era uma brincadeira com os
estudantes de engenharia que usavam bermudas de surfista. Engenheiros e
arquitetos eram alunos rivais na universidade gaúcha.
Stein deixou o grupo antes da gravação do primeiro disco, Longe demais
das capitais, em 1986. Pitz abandonou a banda antes do lançamento do
segundo álbum, e Gessinger assumiu o contrabaixo. Para tocar guitarra, entra
Augusto Licks. Humberto Gessinger, Licks e Maltz são a formação clássica
dos Engenheiros do Hawaii, como um power trio70.
O som do Engenheiros do Hawaii é similar tanto ao pós-punk do U2, com
acordes simples e efeitos eletrônicos, quanto ao rock clássico. Gessinger é fã
confesso de Rush, de Pink Floyd e de várias bandas do segmento progressivo.
Suas músicas brincam com refrões dos Beatles e dos Rolling Stones.
A revolta dos dândis, lançado em 1987, traz citações a Albert Camus, Jean-
Paul Sartre e Ferreira Gullar, o que deu um tom intelectual para o rock da
banda de Gessinger. O Papa é pop, disco de 1990, tem uso extensivo de
teclados intercalados com a boa guitarra melódica de Augusto Licks. As
letras da banda, nessa época, passam a relatar fatos cotidianos de notícias
brasileiras, mesclando também com a cultura do Rio Grande do Sul, terra
natal de Humberto Gessinger.
A era clássica da banda acabou com o álbum de estúdio Gessinger, Licks
& Maltz, de 1992, que brincava com a música da banda de rock progressivo
Emerson, Lake & Palmer. O último trabalho de estúdio dos Engenheiros foi
Dançando no campo minado, de 2003, e a banda se separou em 2008. O
único membro fundador que permaneceu no grupo foi Humberto Gessinger.
O cantor participou do projeto Pouca Vogal entre 2008 e 2012, fazendo
material e shows de rock com músicas tipicamente gaúchas.

NO MUNDO
O U2 também influenciou diversas bandas que surgiram no mundo entre o
fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. Algumas delas foram bandas de
apoio das turnês Elevation, Vertigo e 360°, como Franz Ferdinand e Muse.
Outras já tiveram a oportunidade de realizar shows junto com a banda de
Bono, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton – este é o caso de The
Killers e Coldplay.

COLDPLAY

Enquanto estavam na University College London, Chris Martin e Jonny


Buckland passaram quase a segunda metade de 1996 pensando em montar
uma banda. Na mesma época, o U2 já vivido pelo experimentalismo de
Achtung Baby e de Zooropa e estavam para lançar Pop, um material que teve
recepção mista da crítica e do público. Martin e Buckland decidiram batizar
seu grupo com o nome de Pectoralz.
Em 1997, Guy Berryman, colega dos dois estudantes, entrou na banda, que
mudou de nome para Starfish. O grupo passou a se apresentar em pequenos
clubes no Reino Unido. Will Champion entrou como baterista. Ele cresceu
sabendo tocar guitarra, baixo e tin whistle, uma pequena flauta de metal. O
nome Coldplay foi sugerido por Tim Crompton, colega universitário dos
quatro integrantes.
Na mesma época, eles chamaram Phil Harvey para atuar como empresário
da banda. Harvey é considerado o “quinto integrante do Coldplay”. Eles
também tiveram ajuda de Tim Rice-Oxley no teclado, mas o músico saiu do
grupo para fundar sua própria banda, Keane.
Ao contrário de outros grupos, que se inspiraram mais em Joy Division,
uma das várias referências do U2, o Coldplay se espelhou justamente no
sucesso conquistado pela banda de Bono e seus amigos. Eles rejeitavam, por
exemplo, o uso de drogas pesadas, hábito muito comum em muitos grupos de
rock. Bono, Adam, The Edge e Larry não tiveram muitos problemas com
drogas – não que comprometessem o relacionamento da banda – e brigaram
apenas em relação ao direcionamento musical e outros assuntos pequenos.
O grupo começou gravando o miniálbum Safety, em formato Extended
Play (EP). O material teve 500 cópias disponíveis em Londres, em 1998. O
custo da gravação foi de 200 libras. Em 1999, a banda fez o EP Brothers &
Sisters, com três músicas.
A partir desses EPs, a banda conseguiu gravar seu primeiro álbum de
estúdio em 2000. Parachutes foi um sucesso comercial, e ficou no topo das
paradas do Reino Unido, com produção de Ken Nelson71 e selo da gravadora
Parlophone72. A Rush of Blood to the Head, de 2002, e X&Y, de 2005, foram
outros dois discos que mantiveram a recepção positiva da crítica e do público.
Viva la Vida or Death and All His Friends, de 2008, é um trabalho repleto de
referências artísticas, com capa trazendo a pintura A Liberdade guiando o
povo, do francês Eugène Delacroix. A produção de Viva la Vida foi de Brian
Eno, o mesmo produtor de vários trabalhos do U2, e o álbum, novamente,
teve resenhas favoráveis, como a maioria dos discos do Coldplay.
No fim de fevereiro de 2009, Bono deu uma entrevista à BBC Radio 1,
chamando o vocalista do Coldplay de “cretino” e de “personagem
disfuncional”, apesar de elogiar a qualidade melódica do cantor. Os
xingamentos, embora pesados, tratavam-se apenas de uma brincadeira. No
começo de março daquele ano, Chris Martin disse na Austrália que não se
sentia ofendido, e que “era um ótimo período para eles se tornarem arqui-
inimigos”. O cantor do Coldplay também falou que estava brincando, mas
disse que é difícil ser músico e ter de competir com discos como Revolver,
dos Beatles, ou The Joshua Tree, do U2.
Foi nessa mesma época que o Coldplay participou de um show em Londres
para arrecadar fundos para o War Child – uma instituição que existe desde
1993 e ajuda crianças que vivem em zonas de conflito. Na apresentação,
Brandon Flowers, vocalista do The Killers, e Bono subiram ao palco para
cantar “All these Things that I’ve Done”, sucesso do primeiro álbum do The
Killers, Hot Fuss (2004).
O único álbum com recepções mistas foi Mylo Xyloto, de 2011, um
trabalho conceitual baseado na história de uma ditadura que reprime as cores
e o som. A história contada pelo disco do Coldplay se aproxima bastante do
estilo narrativo de George Orwell, escritor britânico que escrevia alegorias
sobre a liberdade da sociedade humana no futuro.
O grupo de Chris Martin não se inspirou apenas em álbuns e apresentações
ao vivo do U2. O sucesso do Coldplay atraiu um dos principais gênios
criativos do U2: o produtor Brian Eno, que empregou parte de suas técnicas
bem-sucedidas em trabalhos diferentes.
O Coldplay é um representante autêntico do rock que nasceu nos anos
2000. O som das bandas desse período foi fortemente afetado pelos shows
grandiosos e pelas grandes bilheterias do U2. O desempenho do grupo de
Bono era um exemplo para os roqueiros desses novos tempos.

THE KILLERS

O som do U2 não influenciou apenas grupos europeus, mas também


americanos. Em Las Vegas, Brandon Flowers tinha abandonado um projeto
de rock com sintetizadores chamado Blush Response. Flowers respondeu a
um anúncio feito pelo guitarrista Dave Keuning, que chegou à cidade vindo
de Iowa, e queria montar uma banda. Eles gravaram demos de músicas como
“Mr. Brightside” e “Under the Gun”. A primeira composição faria sucesso
meses depois. Flowers e Keuning tinham gostos em comum, ambos traziam
influência do rock europeu e do pop, facilitando o processo de composição.
Las Vegas, em 2001, era uma cidade dominada por bandas de new metal e
de rap, muito distante do pop inglês que contagiava outras cidades
americanas. Brandon Flowers e Dave Keuning ouviam, na época, New Order,
a banda formada por músicos remanescentes do grupo Joy Division. Em
agosto daquele ano, o videoclipe da música “Crystal”, da banda europeia,
trazia uma banda fictícia, chamada The Killers. Esse nome chamou a atenção
de Flowers e Keuning, que batizaram seu próprio grupo com esse nome “de
mentira”.
O grupo teve vários baixistas e bateristas em pouco tempo. Matt Norcross
tocou bateria nas primeiras demos dos Killers, acompanhado pelo
contrabaixista Dell Neal, que morava com Dave Keuning em 2001. Norcross
foi demitido no mesmo ano, dando espaço para Brian Havens assumir as
baquetas. Havens também foi demitido, mais ou menos na mesma época em
que Dell Neal deixou o grupo por razões pessoais.
Ronnie Vannucci Jr. e Mark Stoermer tocavam em outras bandas na
mesma cidade e foram persuadidos a entrar no Killers. Depois da chegada de
ambos, a formação da banda não mudou em mais de dez anos de estrada. Em
2004, os roqueiros lançaram seu primeiro álbum de estúdio, Hot Fuss. Por
influência de Brandon Flowers, o rock’n’roll do The Killers no começo de
carreira era bastante preenchido de efeitos eletrônicos e sintetizadores. Essa
sonoridade fez com que o primeiro disco ficasse no topo das paradas do
Reino Unido, além de alcançar a posição sete na Billboard 200. A revista
Rolling Stone e a BBC, por exemplo, chegaram a chamar o grupo de um
“revival do pós-punk” nos anos 2000.
Em Sam’s Town, disco de 2006, o The Killers deixou de fazer
experimentalismos europeus e passaram a compor um rock’n’roll mais cru,
mais norte-americano. O material tem um ritmo mais rápido, com doze
músicas oficiais com uma média de tempo de quatro minutos cada uma. Há
faixas extras, mas Sam’s Town foi criado para ser ouvido de forma única, sem
se prender em singles, como acontecia em Hot Fuss.
Day & Age teve produção de Stuart Price, o homem por trás de Sawdust,
disco do The Killers de 2007, que trouxe músicas como “Tranquilize”, com o
ícone do rock Lou Reed, e um cover de “Shadowplay”, da banda pós-punk
Joy Division. No trabalho anterior, Price havia remixado músicas antigas do
The Killers, como “Mr. Brightside”, com o DJ Jacques Lu Cont’s Thin White
Duke, que havia estourado originalmente em Hot Fuss. Esse tipo de produção
fez Day & Age trazer novamente o The Killers com efeitos eletrônicos.
Além da apresentação do War Child, em 2009, juntamente com o
Coldplay, Brandon Flowers já teve a oportunidade de fazer um dueto com
Bono Vox no ano de 2006, durante uma apresentação do U2 em Las Vegas.
Brandon cantou com Bono “In a Little While”, canção do álbum All that You
Can’t Leave Behind.
Em 2012, o grupo lançou seu último trabalho em estúdio, chamado Battle
Born. A gravadora que lançou o disco foi a mesma do U2, a Island. Os
produtores envolvidos foram Steve Lillywhite, que produziu os primeiros
discos do grupo de Bono e companhia, e Daniel Lanois, que dividiu vários
trabalhos com Brian Eno no U2. Logo na estreia, o álbum ficou em 3º lugar
no Billboard 200, nos Estados Unidos. Em março de 2013, o festival
Lollapalooza Brasil, em São Paulo, recebeu a banda como uma das atrações
principais.

KEANE

Um ano depois da formação do Coldplay, Tim Rice-Oxley foi convidado


pelo grupo de Chris Martin para tocar teclado. O músico não entrou no
Coldplay por conta de um projeto pessoal que tinha criado em Battle, East
Sussex. O Keane foi formado da amizade de longa data entre Rice-Oxley e o
cantor e pianista Tom Chaplin.
Colega dos dois, Richard Hughes entrou como baterista e permaneceu na
banda. Dominic Scott participava como cantor e guitarrista, mas depois ficou
apenas como instrumentista. Tom Chaplin tornou-se o frontman e principal
cantor. Tim Rice-Oxley ficou com o teclado e com o contrabaixo. Dominic
Scott saiu em meados de 2002.
O resultado dessas mudanças foi o primeiro álbum de estúdio do grupo,
Hopes and Fears, de 2004. O disco não tinha guitarra gravada, o que fez com
que o Keane fosse chamado de “piano rock”. Músicas como “Everybody’s
Changing”, “Somewhere Only We Know” e “This Is the Last Time”
deixaram a banda em evidência por sua simplicidade e suas letras com apelo
pop.
Apesar das influências de Oasis73 e do U2, que misturam o rock pós-punk
com elementos eletrônicos e pop, no som do Keane a ausência de guitarra
elétrica deu personalidade para a banda logo nos primeiros trabalhos. O
teclado e os sintetizadores conseguiam preencher a falta de solos de guitarra,
dando liberdade para Tom Chaplin brincar com sua voz, que atinge tons
agudos com técnicas de falsete.
Em 2006, o Keane lançou Under the Iron Sea, mais um álbum de estúdio
sem guitarra elétrica, que estreou na posição quatro da Bilboard 200, nos
Estados Unidos. O novo material ficou em primeiro lugar das paradas do
Reino Unido na primeira semana de vendas. Mesmo sem guitarra, o Keane
inovou usando pedais de distorção até no piano, em músicas como “Is It Any
Wonder?” e “Crystal Ball”.
Perfect Symmetry, de 2008, marca a estreia da guitarra elétrica no grupo,
nas mãos do próprio Tom Chaplin, e a chegada do baixista Jesse Quin, que
tirou a sobrecarga de instrumentos da mão de Tim Rice-Oxley. O álbum
também tem instrumentos mais exóticos para o som do Keane, como
saxofone. Oxley conseguiu, assim, dedicar-se mais ao piano, ao teclado, aos
sintetizadores e à própria composição da banda.
O último trabalho de Keane foi Strangeland, com Jesse Quin como
membro oficial pela primeira vez. O disco estreou em 2012 no topo das
paradas do Reino Unido. A banda já passou quatro vezes pelo Brasil: em
2007, em 2009 e em agosto de 2012, como banda de abertura para a
apresentação do Maroon 5. Em abril de 2013, o Keane veio mais uma vez ao
país para um show único da turnê do álbum Strangeland.

FRANZ FERDINAND
Escoceses de Glasgow, o Franz Ferdinand surgiu por causa do guitarrista e
cantor Alex Kapranos e do baterista Paul Thomson. O grupo foi formado em
2002, mas o primeiro trabalho em estúdio só foi lançado em 2004, após uma
reunião dos integrantes com o baixista Bob Hardy e o guitarrista e tecladista
Nick McCarthy.
A própria banda participou como produtora até o disco de 2006, You Could
Have It So Much Better. Na mesma época, o grupo abriu para o U2 na turnê
Vertigo nos shows do Brasil. Apesar de serem bandas com estilos diferentes,
o quarteto irlandês ajudou a projetar os jovens da Escócia, que tinham
influências diferentes em suas carreiras, de bandas como The Karelia e
Embryo, que faziam mais jazz e rock progressivo na década de 1990.
O último trabalho de estúdio do Franz foi Tonight: Franz Ferdinand, de
2009. Nesse disco, a banda teve produção do londrino Dan Carey, que
também fez uma remixagem das mesmas composições em dub, com
percussão parecendo um reggae jamaicano.
O Franz Ferdinand se apresentou durante o 16º Cultura Inglesa Festival, no
dia 27 de maio de 2012. O show foi gratuito e realizado no Parque da
Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. A banda de rock
independente reuniu, dentro do local, 20 mil pessoas, a lotação máxima. Parte
do público viu o espetáculo do lado de fora, longe dos palcos. As pessoas que
não puderam ver o show chegaram a entrar em confronto com a polícia
militar paulistana, que disparou bombas de efeito moral e gás de pimenta. A
banda escocesa se apresentou novamente em São Paulo no dia 30 de março
de 2013 durante o festival Lollapalooza Brasil, com um público de 55 mil
pessoas.

MUSE

Na cidade de Teignmounth, no condado inglês de Devon, a banda Muse


surgiu por influência de grupos de rock alternativo, como o Radiohead. O
grupo se formou em meados de 1994 da união de colegas de faculdade, com
o nome Gothic Plague. Depois eles mudaram para Fixed Penalty e depois
para Rocket Baby Dolls.
Muse é um power trio. Matthew Bellamy foi o primeiro integrante a
sugerir que a banda deixasse de fazer covers e passasse a tocar músicas
próprias. Bellamy toca guitarra e canta, utilizando efeitos de distorção em sua
própria voz. Chris Wolstenholme era baterista, mas passou a tocar baixo e
fazer o vocal de apoio. Dominic Howard aprendeu a tocar bateria para
assumir as baquetas do Muse.
O primeiro trabalho de estúdio da banda foi o álbum Showbizz, de 1999. O
disco teve uma recepção mista, com a revista Rolling Stone dando três
estrelas de cinco. Muse foi comparado com Radiohead, mas ainda não tinha
uma característica sonora amplamente reconhecida. O sucesso da banda só
viria no novo milênio.
Muse se inspirou no livro Hyperspace, uma obra que trata sobre realidades
paralelas, escrita pelo físico Michio Kaku, para compor o álbum Origin of
Symmetry74. As modulações de voz de Matthew Bellamy associadas ao
instrumental progressivo deu um tom original para a música do Muse. Essa
originalidade resultou em resenhas muito positivas da imprensa, inclusive da
BBC.
Com temas como ambiguidade, fim do mundo e medo, o Muse gravou o
disco Absolution em 2003. Foi o primeiro trabalho da banda a aparecer nas
paradas americanas. Todas as letras foram escritas por Matthew Bellamy, que
se consolidou como guitarrista, cantor e até tecladista neste trabalho.
Dividido entre a França e Nova York, o grupo produziu o disco Black
Holes and Revelations, em 2006. O ambiente francês permitiu que a banda
absorvesse novas influências. Dessa forma, os integrantes do Muse
intervieram pessoalmente na produção, participando ativamente da criação do
novo álbum.
Depois de alcançar um relativo sucesso, o Muse atingiu um novo patamar
em 2009. Lançou o disco The Resistance e conseguiu excursionar abrindo
shows para o U2, fazendo parte da turnê com maior faturamento da história: a
360°.
Com todo esse sucesso e repercussão, o Muse foi escolhido para fazer a
música-tema das Olimpíadas de Londres. A banda inglesa fez a música
“Survival”, que foi tocada na cerimônia de encerramento dos jogos, em
agosto de 2012. No mesmo ano, saiu o álbum de estúdio The 2nd Law, com
referências ao cantor David Bowie e à banda Queen na faixa “Madness”.
Essa variedade de referências, mais a exposição provocada pelas
apresentações com o U2, fizeram do Muse uma banda original, muito distante
da suposta semelhança com o Radiohead no começo da carreira.
O Muse anunciou um retorno ao Brasil, dessa vez para participar do
festival Rock in Rio como banda principal do dia 14 de setembro.

STARSAILOR

Banda filhote do pop britânico e influenciada pelos elementos que


consagraram o U2 mundialmente, Starsailor surgiu em Wigan, no Reino
Unido. O baixista James Stelfox já tocava com o baterista Ben Byrne. Eles
conheceram um cantor e compositor de músicas chamado James Walsh, que
era influenciado por Jeff Buckley, um músico influente da década de 199075.
Com o nome Waterface, o grupo de três músicos fez alguns shows com
vários guitarristas. Por fim, o músico Barry Westhead assumiu os teclados de
forma definitiva. O nome Starsailor veio de um álbum de 1970, composto por
Tim Buckley76, um músico folk.
A banda conseguiu contrato com a gravadora EMI, que viabilizou seu
primeiro trabalho em estúdio: Love Is Here, de 2001. No material está a
música “Way to Fall”, que se tornou parte da trilha sonora do game Metal
Gear Solid 3: Snake Eater. A composição do Starsailor aparecia nos créditos
do jogo eletrônico de 2004.77
Em 2003, o segundo disco, Silence Is Easy, recebeu uma crítica negativa
da revista Rolling Stone. A publicação deu apenas duas estrelas e criticou o
direcionamento musical da banda, que estava abusando de composições da
“juventude romântica”.
Com certificado de prata no Reino Unido, o álbum On the Outside também
recebeu resenhas não tão favoráveis após seu lançamento, em 2005. Com
apoio da gravadora Virgin, em conjunto com a EMI, a banda lançou All the
Plans, em 2009. O jornal inglês de prestígio The Guardian deu quatro
estrelas de cinco, mostrando que a banda acertou ao combinar um som
pesado com suas composições românticas.
Mesmo com a influência popular do U2, o rock’n’roll do Starsailor não foi
unânime em seus trabalhos de estúdio, precisando associar elementos
diferentes para ser bem-aceito pela crítica. O cantor James Walsh saiu em
carreira solo, também em 2009. Com essa mudança, o Starsailor entrou em
hiato, interrompendo suas atividades.

De origem paraibana, Vladimir Carvalho conheceu o cineasta Glauber Rocha


na Universidade da Bahia e integrou o movimento Cinema Novo, da década
de 1950.

O Legião Urbana era frequentemente comparado ao The Cure por suas letras
depressivas. No entanto, as danças de Renato Russo no palco lembravam a
performance do vocalista Ian Curtis. Os acordes de guitarra de “Shadowplay”
(Dó, Ré e Mi), do Joy Division, também são similares aos de “Que país é
esse?”, do Legião.

Logo após o final do Aborto Elétrico, Renato Russo teve uma breve carreira
solo, que durou apenas alguns meses. Nesse período, ele compôs com o
pseudônimo Trovador Solitário.

Dinho Ouro Preto é atualmente o vocalista da banda Capital Inicial, que


também surgiu em Brasília.

Grupo de jovens ligados à Universidade de Brasília, que fazia shows de rock


e era perseguido pela polícia durante o governo militar vigente no Brasil.

O Ultraje também se formou na cena pós-punk de São Paulo na década de


1980. Roger Moreira e seus amigos faziam covers de new wave e até de
bandas tradicionais, como os Beatles.

O Cassino do Chacrinha foi um dos programas de entretenimento televisivo


de maior audiência nos anos 1980, sendo um sucesso das tardes de sábado.

Movimento musical dos anos 1960 influenciado pelos Beatles. Alguns


músicos que ganharam destaque nesse movimento foram Erasmo Carlos,
Roberto Carlos, Vanderleia, Ronnie Von, entre outros.

Power trio são grupos de rock formados normalmente por um guitarrista, um


baixista e um baterista. Normalmente, um dos músicos acumula duas
funções, como instrumentista e cantor. Um power trio famoso é o Cream,
formado nos anos 1960 por Eric Clapton, Ginger Baker e Jack Bruce.

Ken Nelson foi produtor dos três primeiros trabalhos do Coldplay, até o disco
X&Y. Depois a banda recebeu o trabalho de Brian Eno.
A gravadora alemã migrou para o Reino Unido e revelou músicos de jazz.
Sob o selo da Parlophone, os Beatles gravaram o bem-sucedido álbum Sgt.
Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

Banda inglesa de Manchester formada pelos irmãos Liam e Noel Gallagher,


em 1991. Fãs de Beatles, o Oasis conseguiu fazer um rock simples que
alcançou o pop inglês, com grande sucesso comercial. Eles foram rivais da
banda Blur.

Estudioso da Universidade de Nova York, Michio Kaku é especialista em


física teórica. Ele nasceu no dia 24 de janeiro de 1947 e escreveu Hyperspace
em 1994.

Guitarrista e cantor solo, Jeff Buckley nasceu em 1966 na Califórnia, nos


Estados Unidos. Foi influenciado desde novo pelo rock de bandas como Pink
Floyd e Led Zeppelin. Durante sua vida, gravou apenas o disco de estúdio
Grace. Buckley morreu no dia 29 de maio de 1997, afogado em um rio no
Mississipi, em Memphis. Exames detectaram drogas no corpo do artista.

Tim Buckley era pai de Jeff Buckley e morreu aos 28 anos, em 1975. Em sua
música folk, incorporou elementos de jazz e psicodelia.

A letra de “Way to Fall” fala sobre pais e filhos, um tema recorrente no


enredo do jogo de espionagem Metal Gear.
AS PASSAGENS DO U2 PELO
BRASIL

Em 1998, o palco que o quarteto de irlandeses utilizava para se apresentar


tinha um enorme arco amarelo na frente, fazendo referência à maior rede de
fast-food do mundo na época: o McDonald’s. A mensagem do U2 com
aquele palco, acompanhado por efeitos eletrônicos e com Bono Vox vestido
com uma camiseta com o tórax de um homem musculoso, era que o mundo
estava profundamente consumista, superficial, mergulhado na cultura popular
industrializada. Foi com essa temática que eles excursionaram pelo mundo e
chegaram, pela primeira vez, ao Brasil. Os shows da PopMart Tour foram
realizados no dia 28 de janeiro de 1998, no Rio de Janeiro, e nos dias 30 e 31
de janeiro do mesmo ano, em São Paulo.
Apesar dos experimentalismos que o U2 fez ao longo dos anos 1990, o
público brasileiro sempre acolheu melhor as composições mais clássicas da
banda. “Pride (In the Name of Love)” foi cantada em uníssono no estádio do
Morumbi na turnê seguinte da banda, com show nos dias 20 e 21 de fevereiro
de 2006. A música é do disco The Unforgettable Fire, de 1984, quando Brian
Eno começou a trabalhar com a banda. Já era, na época do show, uma música
conhecida há mais de vinte anos.
Nesta temporada de shows de 2006, o concerto do primeiro dia foi
transmitido pela Rede Globo, dando a mesma exposição que os Rolling
Stones tiveram quando passaram pelo Brasil. O palco já era diferente da turnê
de Pop, com uma decoração minimalista e uma pista com curvas. Bono Vox
e The Edge, os principais compositores do U2, buscavam um rock mais
simples, mais cru e mais direto. Queriam passar a imagem de uma banda
mais entrosada nas composições, mas não deixaram de lado os clássicos do
grupo durante a turnê de promoção do disco.
Sobre alguns fãs do U2 que viram o grupo em terras brasileiras em 1998 e
no novo milênio, o jornalista Cláudio Dirani78 escreveu o livro Na Rota da
BR-U2 − e a saga da invasão irlandesa no Brasil. Uma das histórias
contadas pelo escritor é a da fã Desirê Thomé Pedroso.
Em 2006, Desirê fingiu que estava passando mal no meio do show e
conseguiu ir para a enfermaria. Lá, ela foi levada mais perto do palco e
conseguiu subir para falar com Bono Vox. Por conta disso, o cantor cantou
“Desire”, do disco Rattle and Hum, em homenagem à fã. No mesmo show, o
Franz Ferdinand havia sido a banda de abertura para o quarteto de Dublin,
revelando um som da Escócia feito por jovens que começaram seu grupo
havia pouco tempo. Na ocasião, o Franz tinha apenas quatro anos de carreira.
A última vinda do U2 ao Brasil ocorreu durante a turnê com maior
faturamento da história. A 360° Tour fez concertos em território brasileiro
nos dias 9, 10 e 13 de abril na cidade de São Paulo, em 2011. Para abrir os
shows, foi escolhido o grupo Muse.
O palco do quarteto irlandês na última vinda às terras brasileiras foi
apelidado de The Claw, e tinha o formato em círculo, ou seja, tinha 360°,
ficando no meio da pista, cercado pelo público. Nas quatro garras com caixas
de som, o U2 fazia diferentes projeções eletrônicas que transformaram seus
últimos shows em verdadeiros espetáculos visuais.

Dirani também escreveu outro livro sobre os irlandeses, chamado U2 –


histórias e canções comentadas, além do livro Paul McCartney – todos os
segredos da carreira solo. O jornalista é editor na rádio Alpha FM.
DE DUBLIN AO POP

Originário de um país fora do eixo Reino Unido-Estados Unidos, o U2 deu


uma aula, em seus quase quarenta anos de trajetória, de como crescer como
um grupo consistente de rock na Irlanda, sempre preocupado com seu futuro.
Em Dublin, a banda se esforçou para ganhar atenção em shows e até na
televisão. Na Europa, o U2 ganhou destaque em um gênero musical que virou
movimento social em Londres. Nos Estados Unidos e na América como um
todo, Bono Vox conheceu as iniciativas de filantropia e a pobreza, enquanto
os demais integrantes passaram a fazer referências ao blues e à música
interiorana, de áreas desérticas.
Com o fim da Guerra Fria, depois da queda do Muro de Berlim e a crise no
socialismo da União Soviética, o U2 passou a mergulhar ainda mais em
experimentalismos eletrônicos, sobretudo por influência do guitarrista The
Edge. Bono passou a ser um profundo admirador das músicas de discotecas.
A banda aprendeu a desenvolver espetáculos visuais que a deixaram em
evidência durante a década de 1990, mesmo com a recepção mista dos
materiais de estúdio, criticados por fugirem do rock que havia sido
consolidado nos anos 1980.
A história do U2 respira nas multidões atraídas aos estádios, nas visitas
diplomáticas que Bono Vox faz aos diversos líderes de Estado e políticos –
como Barack Obama, Dilma Rousseff, Lula e Aung San Suu Kyi –, além dos
experimentalismos tecnológicos e digitais da música popular e internacional.
Os garotos de Dublin cravaram sua importância na música pop competindo
com gigantes de vendas, como Madonna, Michael Jackson e até os Rolling
Stones, alcançando o topo das turnês no século XXI.
Bono entra para a história com sua espiritualidade, suas performances no
palco e suas letras antibelicistas e engajadas contra o IRA e contra os
conflitos que ainda afetam o mundo contemporâneo. Inspirado por Elvis,
David Bowie e John Lennon, Bono Vox marcou por composições
conceituais, algumas letras com ambiguidades e outras canções bastante
simples, sobre amor, amizade e felicidade.
The Edge vai para a história como um guitarrista simples e que sabe
aproveitar o retorno do som de seu instrumento. Ele também será lembrado
por experimentalismos eletrônicos e o uso abusivo de pedais de distorções e
outros equipamentos. The Edge também marcou por inúmeras parcerias com
Daniel Lanois e Brian Eno, que souberam criar harmonias com sintetizadores,
valorizando o som de sua guitarra elétrica. O guitarrista inclusive teve contato
com Jimmy Page, considerado uma lenda no instrumento, e com Jack White,
um músico da nova geração. Esses encontros tornaram o trabalho de The
Edge ainda mais vivo e renovado no último disco da banda.
Adam Clayton será lembrado por ser um autêntico rockstar, entrando na
banda sem saber tocar seu contrabaixo direito. Ele é responsável pelas
primeiras influências punk do grupo. As linhas melódicas de seu baixo nos
últimos trabalhos mostram um desejo de aprender e conseguir se destacar
com seu instrumental. Clayton também é conhecido por diversas parcerias
musicais com o amigo Larry Mullen Jr.
Larry Mullen Jr. entra para a história como o principal fundador do U2,
como um profundo conciliador das brigas internas da banda, especialmente
entre os egos de Bono e de The Edge. Mullen também foi conhecido por
acreditar em Bono Vox como um líder nato do grupo, abrindo mão de seu
orgulho sobre sua própria iniciativa de colocar o anúncio no colégio para
formar a banda. O baterista também soube lidar com a frustração de ter sido
colocado de lado quando a banda passou a se aventurar na música eletrônica,
o que passou a desvalorizar o som do instrumento de percussão.
Os quatro irlandeses inovam com recordes que colocam seu grupo no topo
do rock internacional. O U2 também será lembrado como uma banda que
soube voltar atrás e resgatar suas origens quando os integrantes sentiram que
estavam se perdendo no meio de suas carreiras musicais.
Até agora, foram 37 anos de estrada e quatorze turnês, se forem contados
os shows anteriores ao primeiro disco de estúdio, Boy. O U2 se moldou com
letras pessoais e com instrumental simples, em músicas conectadas com a
Irlanda, com os Estados Unidos e até com iniciativas globais. Bono, The
Edge, Adam e Larry formaram um quarteto que deixou de ser arte regional
para conquistar o sucesso no mundo todo.
DISCOGRAFIA E
VIDEOGRAFIA

ÁLBUNS DE ESTÚDIO

BOY (1980)

1. I Will Follow (3:36)

2. Twilight (4:22)

3. An Cat Dubh (4:47)

4. Into the Heart (3:28)

5. Out of Control (4:13)

6. Stories for Boys (3:02)


7. The Ocean (1:34)

8. A Day without Me (3:14)

9. Another Time, Another Place (4:34)

10. The Electric Co. (4:48)

11. Shadows and Tall Trees (4:36)

CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2008)

1. I Will Follow (remix não lançado anteriormente) (3:38)

2. 11 O’Clock Tick Tock (3:47)

3. Touch (3:26)

4. Speed of Life (faixa não lançada anteriormente) (3:19)

5. Saturday Night (faixa não lançada anteriormente) (5:13)

6. Things to Make and Do (2:17)

7. Out of Control (3:53)


8. Boy-Girl (3:23)

9. Stories for Boys (2:42)

10. Another Day (3:28)

11. Twilight (4:35)

12. Boy-Girl (ao vivo no The Marquee, Londres) (3:26)

13. 11 O’Clock Tick Tock (ao vivo no The Marquee, Londres – versão
não lançada anteriormente) (4:59)

14. Cartoon World (ao vivo no The National Stadium, Dublin – versão
não lançada anteriormente) (4:22)

OCTOBER (1981)

1. Gloria (4:13)

2. I Fall Down (3:40)

3. I Threw a Brick through a Window (4:55)

4. Rejoice (3:37)

5. Fire (3:50)
6. Tomorrow (4:37)

7. October (2:22)

8. With a Shout (4:03)

9. Stranger in a Strange Land (3:56)

10. Scarlet (2:54)

11. Is That All? (3:01)

CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2008)

1. Gloria (ao vivo) (4:43)

2. I Fall Down (ao vivo) (3:02)

3. I Threw a Brick through a Window (ao vivo) (3:52)

4. Fire (ao vivo) (3:32)

5. October (ao vivo) (2:22)

6. With a Shout (sessão na BBC) (3:34)


7. Scarlet (sessão na BBC) (2:46)

8. I Threw a Brick through a Window (sessão na BBC) (4:18)

9. A Celebration (2:57)

10. J. Swallo (2:20)

11. Trash, Trampoline and the Party Girl (2:36)

12. I Will Follow (ao vivo) (3:44)

13. The Ocean (ao vivo) (2:15)

14. The Cry/The Electric Co. (ao vivo) (4:28)

15. 11 O’Clock Tick Tock (ao vivo) (4:57)

16. I Will Follow (ao vivo) (3:52)

17. Tomorrow (Common Ground Remix) (4:36)

WAR (1983)

1. Sunday Bloody Sunday (4:38)


2. Seconds (3:09)

3. New Year’s Day (5:38)

4. Like a Song… (4:48)

5. Drowning Man (4:12)

6. The Refugee (3:40)

7. Two Hearts Beat as One (4:00)

8. Red Light (3:46)

9. Surrender (5:34)

10. “40” (2:36)

CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2008)

1. Endless Deep (2:58)

2. Angels Too Tied to the Ground (3:34)

3. New Year’s Day (versão do single de 7”) (3:56)


4. New Year’s Day (remixagem dos Estados Unidos) (4:31)

5. New Year’s Day (Ferry Corsten extended vocal mix) (9:42)

6. New Year’s Day (Ferry Corsten vocal radio mix) (4:37)

7. Two Hearts Beat as One (mixagem longa) (5:56)

8. Two Hearts Beat as One (remixagem dos Estados Unidos) (4:24)

9. Two Hearts Beat as One (versão do Club) (5:43)

10. Treasure (Whatever Happened to Pete the Chop) (3:24)

11. I Threw a Brick through a Window/A Day without Me (ao vivo)


(6:58)

12. Fire (ao vivo) (3:46)

UNDER A BLOOD RED SKY (1983)

1. Gloria (4:32)

2. 11 O’Clock Tick Tock (4:34)

3. I Will Follow (3:36)


4. Party Girl (2:52)

5. Sunday Bloody Sunday (4:55)

6. The Electric Co. (5:18)

7. New Year’s Day (4:29)

8. “40” (3:36)

THE UNFORGETTABLE FIRE (1984)

1. A Sort of Homecoming (5:28)

2. Pride (In the Name of Love) (3:48)

3. Wire (4:19)

4. The Unforgettable Fire (4:55)

5. Promenade (2:35)

6. 4th of July (2:12)

7. Bad (6:09)
8. Indian Summer Sky (4:17)

9. Elvis Presley and America (6:23)

10. MLK (2:31)

CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2009)

1. Disappearing Act (4:35)

2. A Sort of Homecoming (ao vivo) (4:07)

3. Bad (ao vivo) (8:00)

4. Love Comes Tumbling (4:52)

5. The Three Sunrises (3:53)

6. Yoshino Blossom (3:39)

7. Wire (Kervorkian vocal remix) (5:12)

8. Boomerang I (2:48)

9. Pride (In the Name of Love) (4:43)


10. A Sort of Homecoming (remixagem) (3:18)

11. 11 O’Clock Tick Tock (4:11)

12. Wire (mixagem do Celtic Dub) (4:36)

13. Bass Trap (5:15)

14. Boomerang II (4:50)

15. 4th of July (2:26)

16. Sixty Seconds in Kingdom Come (3:15)

THE JOSHUA TREE (1987)

1. Where the Streets Have No Name (5:37)

2. I Still Haven’t Found what I’m Looking for (4:37)

3. With or without You (4:56)

4. Bullet the Blue Sky (4:32)

5. Running to Stand Still (4:18)


6. Red Hill Mining Town (4:52)

7. In God’s Country (2:57)

8. Trip through Your Wires (3:32)

9. One Tree Hill (5:23)

10. Exit (4:13)

11. Mothers of the Disappeared (5:14)

CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2007)

1. Luminous Times (Hold on to Love) (4:34)

2. Walk to the Water (4:49)

3. Spanish Eyes (3:13)

4. Deep in the Heart (4:30)

5. Silver and Gold (4:37)

6. Sweetest Thing (3:04)


7. Race Against Time (4:02)

8. Where the Streets Have No Name (versão do single) (4:47)

9. Silver and Gold (versão Sun City) (4:42)

10. Beautiful Ghost/Introduction to Songs of Experience (3:52)

11. Wave of Sorrow (Birdland) (4:03)

12. Desert of Our Love (4:56)

13. Rise up (4:04)

14. Drunk Chicken/America (1:31)

RATTLE AND HUM (1988)

1. Helter Skelter (3:07)

2. Van Diemen’s Land (3:06)

3. Desire (2:58)

4. Hawkmoon 269 (6:22)


5. All Along the Watchtower (4:24)

6. I Still Haven’t Found what I’m Looking for (5:53)

7. Freedom for My People (0:38)

8. Silver and Gold (5:50)

9. Pride (In the Name of Love) (4:27)

10. Angel of Harlem (3:49)

11. Love Rescue Me (6:23)

12. When Love Comes to Town (4:14)

13. Heartland (5:02)

14. God Part II (3:15)

15. The Star Spangled Banner (0:43)

16. Bullet the Blue Sky (5:37)

17. All I Want Is You (6:30)


ACHTUNG BABY (1991)

1. Zoo Station (4:36)

2. Even Better than the Real Thing (3:41)

3. One (4:36)

4. Until the End of the World (4:39)

5. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses (5:16)

6. So Cruel (5:49)

7. The Fly (4:29)

8. Mysterious Ways (4:04)

9. Tryin’ to Throw Your Arms Around the World (3:53)

10. Ultraviolet (Light My Way) (5:31)

11. Acrobat (4:30)

12. Love Is Blindness (4:23)


CD BÔNUS (DELUXE EDITION 2011)

1. Lady With the Spinning Head (UV1) (3:53)

2. Blow Your House Down (3:30)

3. Salomé (4:31)

4. Even Better than the Real Thing (versão do single) (3:40)

5. Satellite of Love (4:00)

6. Who's Gonna Ride Your Wild Horses (Temple Bar Remix) (4:49)

7. Paint It Black (3:20)

8. Even Better than the Real Thing (Fish out of Water Remix) (4:09)

9. Mysterious Ways (The Perfecto Mix) (7:06)

10. Night and Day (Steel String Remix) (6:58)

11. The Lounge Fly Mix (6:27)

12. Fortunate Son (2:40)

13. Alex Descends into Hell for a Bottle of Milk/Korova 1 (3:37)


14. Where Did It All Go Wrong? (3:56)

ZOOROPA (1993)

1. Zooropa (6:30)

2. Babyface (4:00)

3. Numb (4:18)

4. Lemon (6:56)

5. Stay (Faraway, So Close!) (4:58)

6. Daddy’s Gonna Pay for Your Crashed Car (5:19)

7. Some Days Are Better than Others (4:15)

8. The First Time (3:45)

9. Dirty Day (5:24)

10. The Wanderer (4:44)


POP (1997)

1. Discothèque (5:19)

2. Do You Feel Loved (5:07)

3. Mofo (5:46)

4. If God Will Send His Angels (5:22)

5. Staring at the Sun (4:36)

6. Last Night on Earth (4:45)

7. Gone (4:26)

8. Miami (4:52)

9. The Playboy Mansion (4:40)

10. If You Wear that Velvet Dress (5:14)

11. Please (5:10)

12. Wake up Dead Man (4:52)

13. Holy Joe (5:08) (Faixa bônus lançada no Japão)


ALL THAT YOU CAN’T LEAVE BEHIND (2000)

1. Beautiful Day (4:06)

2. Stuck in a Moment You Can’t Get out of (4:32)

3. Elevation (3:46)

4. Walk on (4:55)

5. Kite (4:23)

6. In a Little While (3:35)

7. Wild Honey (3:45)

8. Peace on Earth (4:46)

9. When I Look at the World (4:15)

10. New York (5:28)

11. Grace (5:31)

12. The Ground Beneath Her Feet (3:44) (Faixa bônus lançada no Reino
Unido, Irlanda, Austrália e Japão)

HOW TO DISMANTLE AN ATOMIC BOMB (2004)

1. Vertigo (3:16)

2. Miracle Drug (3:54)

3. Sometimes You Can’t Make It on Your Own (5:05)

4. Love and Peace or Else (4:48)

5. City of Blinding Lights (5:46)

6. All Because of You (3:34)

7. A Man and a Woman (4:27)

8. Crumbs from Your Table (4:59)

9. One Step Closer (3:48)

10. Original of the Species (4:34)

11. Yahweh (4:22)


12. Fast Cars (3:44) (Faixa bônus lançada no Reino Unido e no Japão)

NO LINE ON THE HORIZON (2009)

1. No Line on the Horizon (4:12)

2. Magnificent (5:24)

3. Moment of Surrender (7:24)

4. Unknown Caller (6:03)

5. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (4:14)

6. Get on Your Boots (3:25)

7. Stand Up Comedy (3:50)

8. Fez-Being Born (5:17)

9. White as Snow (4:41)

10. Breathe (5:00)

11. Cedars of Lebanon (4:13)


SINGLES
Conheça todos os compactos antes de se tornarem álbuns de estúdio.

U2 3 (1o DE SETEMBRO DE 1979)

1. Out of Control

2. Stories for Boys

3. Boy-Girl

Produção: Chas de Whalley e U2

ANOTHER DAY (1o DE FEVEREIRO DE 1980)

1. Another Day

2. Twilight

Produção: Chas de Whalley

11 O’CLOCK TICK TOCK (1o DE MAIO DE 1980)


1. 11 O’Clock Tick Tock

2. Touch

Produção: Martin Hannett

A DAY WITHOUT ME (1o DE AGOSTO DE 1980)

1. A Day without Me

2. Things to Make and Do

Produção: Steve Lillywhite

I WILL FOLLOW (1o DE OUTUBRO DE 1980)

1. I Will Follow

2. Boy-Girl (ao vivo)

Produção: Steve Lillywhite

FIRE (1o DE JUNHO DE 1981)


1. Fire

2. J. Swallo

Produção: Steve Lillywhite

GLORIA (1o DE OUTUBRO DE 1981)

1. Gloria

2. I Will Follow (ao vivo)

Produção: Steve Lillywhite

A CELEBRATION (1o DE SETEMBRO DE 1982)

1. A Celebration

2. Trash, Trampoline and the Party Girl

Produção: Steve Lillywhite

NEW YEAR’S DAY (1o DE JANEIRO DE 1983)


1. New Year’s Day

2. Treasure (Whatever Happened to Pete the Chop?)

Produção: Steve Lillywhite

TWO HEARTS BEAT AS ONE (1o DE MARÇO DE 1983)

1. Two Hearts Beat as One

2. Endless Deep

3. New Year’s Day (remix)

Produção: Steve Lillywhite

PRIDE (IN THE NAME OF LOVE) (1o DE SETEMBRO DE 1984)

1. Pride (In the Name of Love)

2. Boomerang

3. Boomerang II

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois


THE UNFORGETTABLE FIRE (1o DE ABRIL DE 1985)

1. The Unforgettable Fire

2. A Sort of Homecoming (ao vivo em Wembley)

3. Love Comes Tumbling

4. The Three Sunrises

5. Bass Trap

Produção: Brian Eno, Daniel Lanois e Tony Visconti

WITH OR WITHOUT YOU (1o DE MARÇO DE 1987)

1. With or without You

2. Luminous Times (Hold on to Love)

3. Walk to the Water

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois


I STILL HAVEN’T FOUND WHAT I’M LOOKING FOR (1o DE
MAIO DE 1987)

1. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

2. Spanish Eyes

3. Deep In the Heart

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

WHERE THE STREETS HAVE NO NAME (1o DE AGOSTO DE


1987)

1. Where the Streets Have No Name

2. Sweetest Thing

3. Silver and Gold

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

ONE THREE HILL (LANÇADO APENAS NA NOVA ZELÂNDIA)


(1o NOVEMBRO DE 1987)

1. One Tree Hill


2. Running to Stand Still

3. Bullet the Blue Sky

Produção: Jimmy Iovine

IN GOD’S COUNTRY (19 DE NOVEMBRO DE 1987)

1. In God’s Country

2. Bullet the Blue Sky

3. Running to Stand Still

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

DESIRE (1o DE SETEMBRO DE 1987)

1. Desire

2. Hallelujah (Here She Comes)

3. Desire (Hollywood Remix)


Produção: Jimmy Iovine

ANGEL OF HARLEM (1o DE DEZEMBRO DE 1988)

1. Angel of Harlem

2. A Room at the Heartbreak Hotel

Produção: Jimmy Iovine

WHEN LOVE COMES TO TOWN (1o DE ABRIL DE 1989)

1. When Love Comes to Town

2. Dancing Barefoot

3. God Part II

Produção: Jimmy Iovine

ALL I WANT IS YOU (1o DE JUNHO DE 1989)

1. All I Want Is You


2. Unchained Melody

3. Everlasting Love

Produção: Jimmy Iovine

THE FLY (2 DE NOVEMBRO DE 1991)

1. The Fly

2. Alex Descends into Hell for a Bottle of Milk/Korova 1

3. The Lounge Fly Mix

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

MYSTERIOUS WAYS (1o DE DEZEMBRO DE 1991)

1. Mysterious Ways

2. Mysterious Ways (Solar Plexus Extended Club Mix)

3. Mysterious Ways (Apollo 440 Magic Hour Remix)

4. Mysterious Ways (Tabla Motown Remix)


5. Mysterious Ways (Solar Plexus Club Mix)

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

ONE (2 DE FEVEREIRO DE 1992)

1. One

2. Lady With the Spinning Head

3. Satellite of Love

4. Night & Day

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

EVEN BETTER THAN THE REAL THING (1o DE JUNHO DE


1992)

1. Even Better than the Real Thing

2. Lady With the Spinning Head

3. Salomé
4. Where Did It All Go Wrong

5. Even Better than the Real Thing (The Perfecto Mix)

6. Even Better than the Real Thing (Sexy Dub Mix)

7. Even Better than the Real Thing (Apollo 440 Stealth Sonic Remix)

8. Even Better than the Real Thing (V16 Exit Wound Remix)

9. Even Better than the Real Thing (A 440 vs. U2 Instrumental Remix)

Produção: Steve Lillywhite, Brian Eno e Daniel Lanois

WHO’S GONNA RIDE YOUR WILD HORSES (10 DE


NOVEMBRO DE 1992)

1. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses

2. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses (The Temple Bar Edit)

3. Paint It Black

4. Fortunate Son

Produção: U2 e Paul Barrett


NUMB VIDEO SINGLE (1o DE JUNHO DE 1993)

1. Numb

2. Numb (Video Remix)

3. Love Is Blindness

Produção: Lain Brown, Matt Mahurin e Trish Govoni

STAY (FARAWAY, SO CLOSE!) (1o DE SETEMBRO DE 1993)

1. Stay (Faraway, So Close!)

2. I’ve Got You Under My Skin

3. Lemon (Bad Yard Club Edit)

4. Lemon (Perfecto Mix)

Produção: Flood, Brian Eno, The Edge e Phil Ramone

LEMON (1o DE SETEMBRO DE 1993)


1. Lemon

2. Lemon (Jeep Mix)

3. Lemon (The Perfecto Mix)

4. Lemon (Bad Yard Club Mix)

Produção: Flood, Brian Eno e The Edge

HOLD ME, THRILL ME, KISS ME, KILL ME (5 DE JUNHO DE


1995)

1. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me

Produção: Nelle Hooper, Bono e The Edge. Com B-sides: temas do


filme Batman Eternamente (composto por Elliot Goldenthal), “Tell Me
Now” (de Mazzy Star)

DISCOTHÈQUE (1o DE FEVEREIRO DE 1997)

1. Discothèque

2. Holy Joe

3. Holy Joe Garage Mix


4. Holy Joe Guilty Mix

5. Discothèque Hexadecimal Mix

Produção: Flood

STARING AT THE SUN (1o DE ABRIL DE 1997)

1. Staring at the Sun

2. North and South Of the River

3. Your Blue Room

Produção: Flood

LAST NIGHT ON EARTH (1o DE JULHO DE 1997)

1. Last Night on Earth

2. Pop Muzik (Pop Mart Mix)

3. Hapiness Is a Warm Gun (Gun Mix)


Produção: Flood, Brian Eno e The Edge

PLEASE (1o DE SETEMBRO DE 1997)

1. Please

2. Dirty Day

3. I’m Not Your Baby

4. Please (ao vivo de Rotterdam)

5. Where the Streets Have No Name (ao vivo de Rotterdam)

6. With or without You (ao vivo de Edmonton)

7. Staring at the Sun (ao vivo de Rotterdam)

Produção: Flood, Brian Eno e The Edge

MOFO (8 DE DEZEMBRO DE 1997)

1. Mofo

2. Mofo (Phunk Phorce Mix)


3. If God Will Send His Angels (The Grand Jury Mix)

4. Mofo (Mother’s Mix)

5. House Flavour Mix Roni Size remixes

6. Mofo Black Hole Dub

Produção: Flood

IF GOD WILL SEND HIS ANGELS (9 DE DEZEMBRO DE 1997)

1. If God Will Send His Angels

2. Slow Dancing

3. Two Shots of Happy, One Shot of Sad

4. Sunday Bloody Sunday (ao vivo de Sarajevo)

Produção: originalmente por Flood. Produção adicional de Johnny Moy


para a Influx.

SWEETEST THING (1o DE OUTUBRO DE 1998)


1. Sweetest Thing

2. Twilight (ao vivo no Red Rocks)

3. An Cat Dubh (ao vivo no Red Rocks)

Produção: Steve Lillywhite, Brian Eno e Daniel Lanois

SWEETEST THING CD 2 (27 DE OUTUBRO DE 1998)

1. Sweetest Thing

2. Stories for Boys (ao vivo)

3. Out of Control (ao vivo)

BEAUTIFUL DAY (1o DE OUTUBRO DE 2000)

1. Beautiful Day

2. Summer Rain

3. Always

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois


STUCK IN A MOMENT YOU CAN’T GET OUT OF (1o DE
JANEIRO DE 2001)

1. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

2. Big Girls Are Best

3. Beautiful Day (Quincey e Sonance Remix)

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

STUCK IN A MOMENT YOU CAN’T GET OUT OF (16 DE


JANEIRO DE 2001)

1. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

2. Beautiful Day (ao vivo)

3. New York (ao vivo)

ELEVATION (1o DE JULHO DE 2001)

1. Elevation
2. Last Night on Earth (ao vivo da Cidade do México)

3. Don’t Take Your Guns To Town

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

ELEVATION (VERSÃO ALTERNATIVA) (1o DE JULHO DE


2001)

1. Elevation (Tomb Raider Mix)

2. Elevation (Escalation Mix)

3. Elevation (The Vandit Club Mix)

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

WALK ON (1o DE NOVEMBRO DE 2001)

Disco 1

1. Walk on

2. Beautiful Day (ao vivo do Farmclub.com)


3. New York (ao vivo do Farmclub.com)

Disco 2

1. Big Girls Are Best

2. Beautiful Day (Quincey e Sonance Remix)

Produção: Brian Eno e Daniel Lanois

U2 7 EP (22 de janeiro de 2002)

1. Summer Rain

2. Always

3. Big Girls Are Best

4. Beautiful Day (Quincey and Sonance mix)

5. Elevation (Influx mix)

6. Walk on

7. Stuck in a Moment You Can’t Get out of (versão acústica)


ELECTRICAL STORM (1o DE OUTUBRO DE 2002)

1. Electrical Storm (William Orbit Mix – edição de rádio)

2. Live Medley of Bad, 40 and Streets (ao vivo da Elevation Tour,


Boston)

Produção: William Orbit

ELECTRICAL STORM EP (1o DE OUTUBRO DE 2002)

1. Electrical Storm (William Orbit Mix)

2. New York (Nice Mix)

3. New York (Nasty Mix)

Produção: William Orbit

VERTIGO (8 DE NOVEMBRO DE 2004)

1. Vertigo

2. Are You Gonna Wait Forever?


3. Vertigo/Jacknife Lee 10

4. Neon Lights

Produção: Steve Lillywhite

SOMETIMES YOU CAN’T MAKE IT ON YOUR OWN (7 DE


FEVEREIRO DE 2005)

1. Sometimes You Can’t Make It on Your Own (edição de rádio)

2. Fast Cars (Jacknife Lee Mix)

3. Ave Maria (Jacknife Lee Mix)

4. Vertigo (Redanka Remix)

5. Vertigo (Trent Reznor Remix)

Produção: Chris Thomas, Steve Lillywhite e Nellee Hooper

CITY OF BLINDING LIGHTS (6 DE JUNHO DE 2005)

1. City of Blinding Lights

2. Out of Control (ao vivo da Brooklyn Bridge)


Produção: Flood

CITY OF BLINDING LIGHTS CD 2 (6 DE JUNHO DE 2005)

1. City of Blinding Lights

2. All Because of You (Killahurtz Fly Mix)

3. The Fly (ao vivo no concerto Stop Sellafield)

4. Even Better than the Real Thing (ao vivo no concerto Stop Sellafield)

Produção: Flood

ALL BECAUSE OF YOU (10 DE OUTUBRO DE 2005)

Disco 1

1. All Because of You

2. Miss Sarajevo

4. A Man and a Woman


Disco 2

1. She’s a Mystery to Me

Produção: Steve Lilly White

THE SAINTS ARE COMING (6 DE NOVEMBRO DE 2006)

1. The Saints Are Coming

2. The Saints Are Coming (ao vivo)

Produção: Rick Rubin

WINDOW IN THE SKIES (1o DE JANEIRO DE 2007)

1. Window in the Skies

2. Zoo Station (ao vivo em Buenos Aires)

3. Kite (ao vivo em Sydney, em 2006)

Produção: Rick Rubin


GET ON YOUR BOOTS (16 DE FEVEREIRO DE 2009)

1. Get on Your Boots

2. No Line on the Horizon 2

Produção: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois

MAGNIFICENT (30 DE ABRIL DE 2009)

1. Magnificent

2. Magnificent (Wonderland Remix)

3. Magnificent (Redanka 360 Version)

4. Magnificent (Adam K and Soha Club Mix)

Produção: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois

MAGNIFICENT CD 2 (4 DE MAIO DE 2009)

1. Magnificent

2. Magnificent (Fred Falke Full Club Mix)


3. Get on Your Boots (Justice Remix)

Produção: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois

I’LL GO CRAZY IF I DON’T GO CRAZY TONIGHT EP (3 DE


SETEMBRO DE 2009)

1. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight

2. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (ao vivo no Somerville


Theatre, em Boston. Gravado em março de 2009)

3. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Redanka Sparks of Light


Dub)

4. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Dirty South Full Remix)

Produção: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois

I’LL GO CRAZY IF I DON’T GO CRAZY TONIGHT (7 DE


SETEMBRO DE 2009)

1. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight

2. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Fish out of Water Remix)


3. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Dirty South Full Remix)

4. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Redanka Kick The


Darkness Vocal)

5. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight (Redanka Sparks of Light


Dub)

Produção: Brian Eno, Steve Lillywhite e Daniel Lanois

I WILL FOLLOW – LIVE FROM GLASTONBURY (24 DE


JUNHO DE 2011)

1. I Will Follow

VIDEOGRAFIA

U2 LIVE AT RED ROCKS: UNDER A BLOOD RED SKY (MAIO


DE 1984)

1. Surrender

2. Seconds

3. Sunday Bloody Sunday


4. October

5. New Year’s Day

6. I Threw a Brick through a Window

7. A Day without Me

8. Gloria

9. Party Girl

10. 11 O’Clock Tick Tock

11. I Will Follow

12. “40”

Edição remasterizada (2008)

1. Out of Control

2. Twilight

3. An Cat Dubh/Into the Heart


4. Surrender

5. Two Hearts Beat as One

6. Seconds

7. Sunday Bloody Sunday

8. Cry/The Electric Co.

9. October

10. New Year’s Day

11. I Threw a Brick through a Window

12. A Day without Me

13. Gloria

14. Party Girl

15. 11 O’Clock Tick Tock

16. I Will Follow

17. “40”
Produção: Malcom Gerrie, Gavin Taylor, Rick Wurpel, Doug Stewart e
Paul McGuinness

THE UNFORGETTABLE FIRE COLLECTION (1o DE MARÇO DE


1985)

1. The Unforgettable Fire

2. Bad

3. Pride (In the Name of Love)

4. A Sort Of Homecoming

5. The Making of the Unforgettable Fire Documentary Lyrics

Produção: James Morris, Windmill Lane e Michael Hamlyn

RATTLE AND HUM (27 DE OUTUBRO DE 1988)

1. Helter Skelter

2. Van Diemen’s Land

3. Desire
4. Exit

5. Gloria

6. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

7. Freedom for My People

8. Silver and Gold

9. Angel of Harlem

10. All Along the Watchtower

11. In God’s Country

12. When Love Comes to Town

13. Heartland

14. Bad

15. Ruby Tuesday

16. Sympathy for the Devil


17. Where the Streets Have No Name

18. MLK

19. With or without You

20. The Star Spangled Banner

21. Bullet the Blue Sky

22. Running to Stand Still

23. Sunday Bloody Sunday

24. Pride (In the Name of Love)

25. All I Want Is You

Produção: Phil Joanou, Jimmy Iovine e Midnight Films

ACHTUNG BABY THE VIDEOS, THE CAMEOS AND A WHOLE


LOT OF INTERFERENCE FROM ZOO TV (1o DE JUNHO DE
1985)

1. Interference
2. Until the End of the World

3. Interference

4. Mysterious Ways

5. One (Versão 1)

6. The Fly

7. One (Version 2)

8. Even Better than the Real Thing (Dance Mix)

9. Interference

10. Even Better than the Real Thing

11. One (versão 3)

Produção: Iain Brown, Phillippe Dupuis-Mendel e Bandits Productions

ZOO TV LIVE FROM SYDNEY (17 DE ABRIL DE 1994)

1. Show Opening
2. Zoo Station

3. The Fly

4. Even Better than the Real Thing

5. Mysterious Ways

6. One

7. Unchained Melody

8. Until the End of the World

9. New Year’s Day

10. Numb

11. Angel of Harlem

12. Stay (Faraway, So Close!)

13. Satellite of Love

14. Dirty Day

15. Bullet the Blue Sky


16. Running to Stand Still

17. Where the Streets Have No Name

18. Pride (In the Name of Love)

19. Daddy’s Gonna Pay for Your Crashed Car

20. Lemon

21. With or without You

22. Love Is Blindness

23. Can’t Help Falling in Love

DVD 2 (Edição lançada em 18 de setembro de 2006)

1. Faixas bônus
Tryin’ to Throw Your Arms Around the World e Desire
(ambas gravadas ao vivo no Zoo TV Special, Yankee Stadium, Nova
York, 29 e 30 de agosto de 1992)
The Fly e Even Better than the Real Thing
(ambas gravadas ao vivo no Stop Sellafield Concert, G-Mex Centre,
Manchester, 19 de junho de 1992)

2. Documentários
A Fistful of Zoo TV
Zoo TV – The Inside Story
Trabantland

3. Extras
Video Confessional
Numb Karaoke

Produção: David Mallet, Ned O’Hanlon, Rocky Oldham e Paul


McGuiness

POPMART LIVE FROM MEXICO CITY (22 DE NOVEMBRO DE


1998)

1. Pop Muzik

2. Mofo

3. I Will Follow

4. Gone

5. Even Better than the Real Thing

6. Last Night on Earth

7. Until the End of the World


8. New Year’s Day

9. Pride (In the Name of Love)

10. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

11. All I Want Is You

12. Desire

13. Staring at the Sun

14. Sunday Bloody Sunday

15. Bullet the Blue Sky

16. Please

17. Where the Streets Have No Name

18. Lemon (Perfecto Mix)

19. Discothèque

20. If You Wear that Velvet Dress

21. With or without You


22. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me

23. Mysterious Ways

24. One

25. Wake up Dead Man

DVD 2 (Edição lançada em 10 de setembro de 2007)

1. Faixas bônus:
Please, Where the Streets Have No Name, Discothèque e If You Wear
that Velvet Dress: ao vivo do Feyenoord Stadium, Rotterdam, 18 de
julho de 1997
Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me, Mysterious Ways e One: ao vivo
do Commonwealth Stadium, Edmonton, 14 de junho de 1997

2. Vídeos bônus:
Staring at the Sun (Miami Version)
Last Night on Earth – First Night in Hell (Remix Version)

3. Documentários
Lemon for Sale
The Road to Sarajevo
A Tour of the Tour
Last Night on Earth – One Day in Kansas
PopMart Tour Visuals Montage Curated by Catherine Owens
Produção: David Mallet

THE BEST OF 1980-1990 (ABRIL DE 1999)

1. Pride (In the Name of Love)

2. New Year’s Day

3. With or without You

4. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

5. Sunday Bloody Sunday

6. Bad

7. Where the Streets Have No Name

8. I Will Follow

9. The Unforgettable Fire

10. Sweetest Thing

11. Desire
12. When Love Comes to Town

13. Angel of Harlem

14. All I Want Is You

15. One Tree Hill

Vários produtores

ELEVATION 2001: LIVE FROM BOSTON (26 DE NOVEMBRO


DE 2001)

DVD 1

1. Elevation

2. Beautiful Day

3. Until the End of the World

4. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

5. Kite

6. Gone
7. New York

8. I Will Follow

9. Sunday Bloody Sunday

10. In a Little While

11. Desire

12. Stay (Faraway, So Close!)

13. Bad

14. Where the Streets Have No Name

15. Bullet the Blue Sky

16. With or without You

17. The Fly

18. Wake up Dead Man

19. Walk on
The Making of the Filming of “Elevation 2001: Live From Boston”

DVD 2

1. Another Perspective: Concert with alternative angles: fan cam,


director cam
2. Road Movie: Time-lapse footage of a day on the road

3. Faixas bônus:
Beautiful Day: ao vivo de Dublin, setembro de 2000
Elevation: ao vivo de Miami, março de 2001
Stuck in a Moment You Can’t Get out of: ao vivo de Hanover, Dublin, e
França, julho de 2000

4. Trailers
Zoo TV Live from Sydney
PopMart Live from Mexico City

Produção: Hamish Hamilton

THE BEST OF 1990-2000 (2 DE DEZEMBRO DE 2002)

1. Even Better than the Real Thing

2. Mysterious Ways

3. Beautiful Day
4. Electrical Storm

5. One

6. Miss Saravejo

7. Stay (Faraway, So Close!)

8. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

9. Gone

10. Until the End of the World

11. The Hands that Built America (Tema de Gangues de Nova York)

12. Discothèque

13. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me

14. Staring at the Sun

15. Numb

16. The Fly

Extras
1. Minidocumentários:
U2 Sur Mer
A Story Of One
Missing Sarajevo
2. Faixas bônus:
Please
If God Will Send His Angels
Who’s Gonna Ride Your Wild Horses
Lemon
Last Night on Earth
Mofo
The Ground Beneath Her Feet

Vários produtores

U2 GO HOME: LIVE FROM SLANE CASTLE, IRELAND (17 DE


NOVEMBRO DE 2003)

1. Elevation

2. Beautiful Day

3. Until the End of the World

4. New Year’s Day

5. Out of Control
6. Sunday Bloody Sunday

7. Wake up Dead Man

8. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

9. Kite

10. Angel of Harlem

11. Desire

12. Staring at the Sun

13. All I Want Is You

14. Where the Streets Have No Name

15. Pride (In the Name of Love)

16. Bullet the Blue Sky

17. With or without You

18. One

19. Walk on
Extras

Mysterious Ways

Making of de The Unforgettable Fire (1984)

Produção: Ned O’Hanlon

VERTIGO 2005: LIVE FROM CHICAGO (14 DE NOVEMBRO DE


2005)

DVD 1

1. City of Blinding Lights

2. Vertigo

3. Elevation

4. Cry/Electric Co.

5. An Cat Dubh/Into the Heart

6. Beautiful Day
7. New Year’s Day

8. Miracle Drug

9. Sometimes You Can’t Make It on Your Own

10. Love and Peace or Else

11. Sunday Bloody Sunday

12. Bullet the Blue Sky

13. Running to Stand Still

14. Pride (In the Name of Love)

15. Where the Streets Have No Name

16. One

17. Zoo Station

18. The Fly

19. Mysterious Ways

20. All Because of You


21. Original of The Species

22. Yahweh

23. “40”

DVD 2

1. Beyond the Tour – Documentary

2. Surveillance Cuts:
Love and Peace or Else
An Cat Dubh/Into the Heart
Cry/The Electric Co.
Running to Stand Still

3. Sometimes You Can’t Make It on Your Own (vídeo alternativo)

Produção: Ned O’Hanlon

U218 VIDEOS (2006)

1. Beautiful Day

2. I Still Haven’t Found what I’m Looking for


3. Pride (In the Name of Love)

4. With or without You

5. Vertigo

6. New Year’s Day

7. Mysterious Ways

8. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

9. Where the Streets Have No Name

10. Sweetest Thing

11. Sunday Bloody Sunday

12. One

13. Desire

14. Walk on

15. Elevation

16. Sometimes You Can’t Make It on Your Own


17. The Saints Are Coming

Extras

1. The Making of Vertigo

2. A Story of One

3. Beautiful Day – Eze version

4. Pride (In the Name of Love) – Slane Castle version

5. Vertigo – Lisbon version

6. Vertigo – HQ version

7. One – Buffalo version

8. One – Restaurant version

9. Sometimes You Can’t Make It on Your Own – Single Take version

Produção: Ned O’Hanlon

U2 3D (23 DE JANEIRO DE 2008 – LANÇADO APENAS NOS


CINEMAS)

1. Vertigo

2. Beautiful Day

3. New Year’s Day

4. Sometimes You Can’t Make It on Your Own

5. Love and Peace or Else

6. Sunday Bloody Sunday

7. Bullet the Blue Sky

8. Miss Sarajevo/U.N. Declaration of Human Rights

9. Pride (In the Name of Love)

10. Where the Streets Have No Name

11. One

12. The Fly

13. With or without You


14. Yahweh

Produção: Jon Shapiro, Peter Shapiro, John Modell e Catherine Owens

U2 360° AT THE ROSE BOWL (7 DE JUNHO DE 2010)

1. Get on Your Boots

2. Magnificent

3. Mysterious Ways

4. Beautiful Day

5. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

6. Stuck in a Moment You Can’t Get out of

7. No Line on the Horizon

8. Elevation

9. In A Little While

10. Unknown Caller


11. Until the End of the World

12. The Unforgettable Fire

13. City of Blinding Lights

14. Vertigo

15. I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight

16. Sunday Bloody Sunday

17. MLK

18. Walk on

19. One

20. Where the Streets Have No Name

21. Ultra Violet (Light My Way)

22. With or without You

23. Moment of Surrender


Produção: Tom Krueger

FROM THE SKY DOWN (8 DE SETEMBRO DE 2011)

Documentário sobre a produção do álbum Achtung Baby, dirigido por


Davis Guggenheim

Produção: Ted Skillman, Belisa Balaban, Davis Guggenheim e Brian


Celler

COMPILAÇÕES

THE BEST OF 1980-1990 & B-SIDES (1998)

The Best of

1. Pride (In the Name of Love) (3:48)

2. New Year’s Day (4:17)

3. With or without You (4:55)

4. I Still Haven’t Found what I’m Looking for (4:38)

5. Sunday Bloody Sunday (4:40)


6. Bad (5:50)

7. Where the Streets Have No Name (4:35)

8. I Will Follow (3:36)

9. The Unforgettable Fire (4:53)

10. Sweetest Thing (Single mix) (3:00)

11. Desire (2:59)

12. When Love Comes to Town (4:17)

13. Angel of Harlem (3:49)

14. All I Want Is You (6:31)/October (faixa escondida) (2:20)

Faixa adicional lançada no Japão

15. One Tree Hill (5:24)/October (faixa escondida) (2:20)

B-sides

1. The Three Sunrises (3:52)


2. Spanish Eyes (3:14)

3. Sweetest Thing (3:03)

4. Love Comes Tumbling (4:40)

5. Bass Trap (3:31)

6. Dancing Barefoot (4:45)

7. Everlasting Love (3:20)

8. Unchained Melody (4:52)

9. Walk to the Water (4:49)

10. Luminous Times (Hold on to Love) (4:35)

11. Hallelujah Here She Comes (4:00)

12. Silver and Gold (4:37)

13. Endless Deep (2:57)

14. A Room at the Heartbreak Hotel (4:32)

15. Trash, Trampoline and the Party Girl (2:33)


THE BEST OF 1990-2000 & B-SIDES (11 DE NOVEMBRO DE
2002)

1. Even Better than the Real Thing (3:39)

2. Mysterious Ways (4:02)

3. Beautiful Day (4:05)

“Electrical Storm” foi lançada como single na versão


4. promocional do álbum e foi produzida e mixada por
Electrical William Orbit. “Gone”, “Discothèque”, “Staring at the
Storm Sun” e “Numb” foram remixadas por Mike Hedges para a
(William compilação. “Mysterious Ways” é idêntica à versão do
Orbit álbum, exceto pela letra, que é a do single. “Miss
Mix) Sarajevo”, que teve como coautor o produtor Brian Eno,
(4:37) foi originalmente incluída no álbum Original Soundtracks
1, que foi lançada pela banda sob o nome Passengers.

5. One (4:35)

6. Miss Saravejo (4:30)

7. Stay (Faraway, So Close!) (4:58)

8. Stuck in a Moment You Can’t Get out of (4:31)

9. Gone (4:32)
10. Until the End of the World (4:38)

11. The Hands That Built America (Tema de Gangues de Nova York
(4:57)

12. Discothèque (4:40)

13. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me (4:44)

14. Staring at the Sun (4:48)

15. Numb (4:21)

16. The First Time (3:44)

17. The Fly (4:28) (lançada apenas no Reino Unido e Japão)

B-sides:

1. Lady with the Spinning Head (Extended Dance Mix) (6:06)

2. Dirty Day (Junk Day mix) (4:40)

3. Summer Rain (4:07)

4. Electrical Storm (4:26)


5. North
“North and South Of the River” foi escrita com Christy
and
Moore. “Happiness Is a Warm Gun” foi escrita pela dupla
South Of
Lennon-McCartney, dos Beatles. “Your Blue Room” foi
the River
escrita pelo U2 com Brian Eno.
(4:36)

6. Your Blue Room (5:26)

7. Happiness Is a Warm Gun (The Gun mix) (4:45)

8. Salomé (Zooromancer Remix) (5:51)

9. Even Better than the Real Thing (Perfecto Mix) (6:38)

10. Numb (Gimme Some More Dignity Mix) (5:50)

11. Mysterious Ways (Solar Plexus Club Mix) (4:08)

13. Lemon (Jeep Mix) (5:29)

14. Discothèque (Hexidecimal Mix) (5:45)

DVD bônus:

1. The History Mix (7:40)

2. The Best of 1990-2000 DVD Trailer (2:27)


3. Please (Live Mural Cut) (5:00)

4. Beautiful Day (Eze version) (4:04)

U218 SINGLES DELUXE (20 DE NOVEMBRO DE 2006)

1. I Will Follow (lançada no Reino Unido, Austrália e Japão) (3:37)

2. Beautiful Day (4:05)

3. I Still Haven’t Found what I’m Looking for (4:38)

4. Pride (In the Name of Love) (3:49)

5. With or without You (4:56)

6. Vertigo (3:10)

7. New Year’s Day (4:18)

8. Mysterious Ways (4:02)

9. Stuck in a Moment You Can’t Get out of (4:33)


10. Where the Streets Have No Name (edição) (4:47)

11. Sweetest Thing (single mix) (3:01)

12. Sunday Bloody Sunday (4:40)

13. One (4:36)

14. Desire (3:00)

15. Walk on (4:29)

16. Elevation (3:49)

17. Sometimes You Can’t Make It on Your Own (5:07)

18. The Saints Are Coming (3:22)

19. Window in the Skies (4:07)

DVD Bônus: Vertigo 05: Live from Milan

1. Vertigo

2. I Will Follow

3. Elevation
4. I Still Haven’t Found what I’m Looking for

5. All I Want Is You

6. City of Blinding Lights

7. Sometimes You Can’t Make It on Your Own

8. Miss Sarajevo

9. Original of the Species

10. With or without You

OUTROS

PASSENGERS: ORIGINAL SOUNDTRACKS 1

(Projeto experimental com Brian Eno)

1. United Colours (5:31)

2. Slug (4:41)
3. Your Blue Room (5:28)

4. Always Forever Now (6:24)

5. A Different Kind of Blue (2:02)

6. Beach Sequence (3:25)

7. Miss Sarajevo (5:41)

8. Ito Okashi” (com Holi) 3:25

9. One Minute Warning (4:40)

10. Corpse (These Chains are Way too Long) (3:35)

11. Elvis Ate America (com Howie B) (2:59)

12. Plot 180 (3:41)

13. Theme from The Swan (3:24)

14. Theme from Let’s Go Native (3:07)

15. Bottoms (Watashitachi No Ookina Yume) (4:11) (Faixa promocional


lançada apenas no Reino Unido e Japão)
FONTES DE PESQUISA

LIVROS
CALHOUN, Scott (Editor). DECURTIS, Anthony (Prefácio). Exploring U2:
Is This Rock’n’Roll? − Essays on the Music, Work, and Influence of U2.
Scarecrow Press, 2011.
COGAN, Višnja. U2: An Irish Phenomenon. Pegasus Books, 2008.
CORBIJN, Anton. U2 & I. Schirmer/Mosel Verlag Gmbh, 2008.
DIRANI, Claudio. Na Rota da BR-U2 − a saga da invasão irlandesa no
Brasil. Produção independente, 2011.
DIRANI, Claudio. U2 − história e canções comentadas. Lira, 2006.
FLANAGAN, Bill. U2: At the End of the World. Delta, 1996.
IGNATIEV, Noel. How Irish Became White. Routledge, 2009.
MCCORMICK, Neil. U2 by U2. It Books, 2009.
MCGEE, Matt. U2: A Diary. Omnibus Press, 2008.
MCNEIL, Legs. MCCAIN, Gilian. Mate-me por favor. Volumes 1 e 2.
L&PM Pocket, 2004.
PARRA, Pimm Jal de La. U2: Live − A Concert Documentary. Omnibus
Press, 2003.
STOCKMAN, Steve. Walk on: The Spiritual Journey of U2. Relevant Books,
2001.
STOKES. Niall. U2: The Stories Behind Every U2 Song (Stories Behind the
Songs). Carlton Books, 2009.
VAGACS, Robert. Religious Nuts, Political Fanatics: U2 in Theological
Perspective. Cascade Books, 2005.
WENNER, Jann S. LEVY, Joe. As melhores entrevistas da revista Rolling
Stone. Larousse, 2007.

SITES
Em inglês
Website oficial do U2 − http://www.u2.com/
Canal oficial do U2 no YouTube − http://www.youtube.com/user/U2official
Página oficial do U2 no Facebook − http://www.facebook.com/u2
U2 no Myspace − http://www.myspace.com/u2
Website de fãs “@U2” − http://www.atu2.com/
Website de fãs “U2 Station” −http://u2station.com/
Website com dados de turnês “U2gigs” − http://www.u2gigs.com [Perfil do
U2 no site de rádio e de informações Last.fm −
http://www.lastfm.com.br/music/U2
Perfil do U2 na MTV norte-americana − http://www.mtv.com/artists/u2/

Em português
Portal em língua portuguesa do U2 “U2BR” − http://www.u2br.com/portal/
Notícias sobre o U2 no site de rock e metal Whiplash.net −
http://whiplash.net/bandas/u2.html
Website do fã-clube brasileiro “Ultravioleta” − http://www.ultraviolet-
u2.com/
Músicas do U2 na Rádio UOL −
http://www.radio.uol.com.br/#/artista/u2/2905
Este livro foi composto nas fontes Palatino e Folio LT, e impresso em
papel Offset 90g/m2 na Intergraf.

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