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A BIOGRAFIA
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U2
A BIOGRAFIA
São Paulo
2013
© 2013 by Universo dos Livros
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora,
poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer
outros.
1ª edição – 2013
Diretor editorial
Luis Matos
Editora-chefe
Marcia Batista
Assistentes editoriais
Ana Luiza Candido
Raíça Augusto
Raquel Nakasone
Colaboração
Pedro Zambarda de Araújo
Preparação
Marina Constantino
Revisão
Mariane Genaro
Arte
Francine C. Silva
Karine Barbosa
Valdinei Gomes
Capa
Zuleika Iamashita
ANDREAS KISSER
Guitarrista do Sepultura e locutor da UOL 89 FM: A Rádio Rock
INTRODUÇÃO
Esta biografia ilustrada não é apenas sobre o U2, mas também sobre sua
discografia. O livro conta as histórias individuais dos integrantes que, de
formas diferentes, construíram uma banda que rompeu os limites do rock até
atingir – e mudar – o mundo do pop, do mainstream1, da música consumida
internacionalmente. Aqui você também encontra informações sobre as
composições da banda, que misturam religião, política, engajamento,
pacifismo e, claro, vários estilos, resultando num rock direto e objetivo.
Escrever sobre os quatro músicos que transformaram o rock irlandês em
um fenômeno mundial é uma atividade que esbarra em uma abundância de
dados oficiais que detalham como o sucesso surgiu progressivamente. A
trajetória do U2 parece uma ascensão improvável de um grupo que não parou
de se reinventar desde o primeiro sucesso no show business.
Este livro tenta explicar de forma mais aprofundada o fenômeno U2
usando sua própria música, passando pelos grupos e subgêneros do rock que
influenciaram Bono e seus companheiros, até outras bandas inspiradas pelos
irlandeses, nos anos 1980. A relação entre o pós-punk e as músicas simples
do início será apresentada junto às viagens que o U2 fez pelos Estados
Unidos, os experimentalismos eletrônicos e a música europeia que os
roqueiros do grupo passaram a fazer em Berlim e no resto do mundo.
Com diversas influências em mais de trinta anos de carreira, o U2
realmente exibiu todas as suas transformações no palco. Entre 2005 e 2006, a
banda realizou a Vertigo Tour, turnê de divulgação do álbum How to
Dismantle an Atomic Bomb, com duas apresentações no Brasil. Segundo a
revista norte-americana Billboard, Vertigo se tornou a maior turnê de 2005,
com uma arrecadação de 260 milhões de dólares, atraindo cerca de 3 milhões
de pessoas em noventa shows.
Em 2009, o U2 deu início àquela que seria a maior turnê do mundo, a 360°
Tour. As apresentações tinham como destaque o palco localizado no centro
das arenas e dos estádios, proporcionando uma interação diferente entre os
músicos e o público. A turnê acabou em 2011 e teve três shows no Brasil.
Seria o maior faturamento de todos os tempos, segundo a empresa Live
Nation e a Billboard. Foram arrecadados 736 milhões de dólares. E Bono,
The Edge, Adam e Larry ultrapassaram os ganhos de artistas gigantes da
indústria musical, como Madonna, Roger Waters, Rolling Stones e AC/DC.
Toda essa estrutura fez do U2 um sucesso de crítica e de público, mas isso
só foi possível graças a uma constante renovação promovida pelos próprios
membros. Os irlandeses nunca deixam de nos surpreender e são responsáveis
por uma reinvenção notável no rock do século XXI.
No entanto, nem sempre foi assim. O grupo nasceu da vontade de quatro
garotos, quase punks, que montaram uma banda na escola. Eles não tinham
experiência alguma. Ao longo da carreira, muita coisa mudou para esses
meninos de Dublin, que já somam doze álbuns de estúdio, 150 milhões de
discos vendidos e fãs no mundo todo. A banda já percorreu os seis
continentes, conheceu chefes de governo, apoiou grandes causas mundiais,
tocou com músicos como B. B. King, Frank Sinatra, Paul McCartney, Bruce
Springsteen, Luciano Pavarotti… e até ameaçou se desfazer. Apesar disso,
Bono Vox, Larry Mullen Jr., Adam Clayton e The Edge, mesmo após tanto
tempo lado a lado, nunca se separaram.
O U2 é um filhote do punk rock inglês que cresceu na Irlanda, dominou a
Europa e ganhou voz no mundo. A história da banda transita entre diferentes
estilos e subgêneros do rock, demonstrando uma grande capacidade de se
reinventar a cada trabalho. Digna de ser transformada em livro, a biografia do
U2 é um verdadeiro retrato de artistas que se consagraram ao vivo, em shows
que atingiram públicos que certamente nem os músicos esperavam alcançar.
“É isto o que eu quero fazer”, disse Larry Mullen Jr. à sua mãe quando ouviu
uma bateria pela primeira vez, em uma escola de música. Em setembro de
1976, um mês antes de completar quinze anos, Larry colocou um anúncio na
escola protestante Mount Temple Comprehensive School, onde estudava,
procurando outros garotos para montar uma banda.
Alguns rapazes atenderam ao chamado de Mullen, entre eles os irmãos Dik
e Dave Evans, que se encarregaram das guitarras. Uniram-se a eles o baixista
Adam Clayton e Paul Hewson, que assumiu os vocais. Os guitarristas Ivan
McCormick e Peter Martin também compareceram ao primeiro ensaio da The
Larry Mullen’s Band, que ocorreu na cozinha da casa de Larry. Porém,
Martin não apareceu nos ensaios seguintes, e McCormick deixou a banda
semanas depois. Com Mullen, os irmãos Evans, Clayton e Hewson, estava
formado o grupo que daria origem ao U2. A partir disso, os jovens
começaram a fazer música sem saber tocar seus instrumentos com muita
precisão.
Mullen era popular no colégio, mas não chamava muita atenção como o
chefe do grupo de roqueiros. Assim, em pouco tempo, Bono Vox assumiu a
liderança e eles passaram a se chamar Feedback – uma referência ao modo
como The Edge toca sua guitarra, prestando
OS APELIDOS
uma série de shows que projetava a banda para além do circuito alternativo
de seu país de origem.
Nos próximos trabalhos, o U2 colocaria mais do que suas experiências
juvenis nas letras. A religião cristã entraria na temática da banda de Bono,
The Edge, Larry e Adam, causando uma transformação em pouco tempo.
TO LET IT GO
AND SO TO FADE AWAY
TO LET IT GO
AND SO FADE AWAY
I’M WIDE AWAKE
I’M WIDE AWAKE
WIDE AWAKE
I’M NOT SLEEPING
OH, NO, NO, NO.
Bono disse em vários shows que a letra de “Bad” se refere a ele mesmo e a
um amigo que morreu por overdose de heroína. Outras versões contam que a
música fala de alguém que cresceu em Dublin e testemunhou a violência
local. A capital irlandesa enfrentava um surto de tráfico de drogas na época.
Os produtores Daniel Lanois e Brian Eno não intervieram na composição da
letra, pois estavam mais interessados nos experimentalismos instrumentais.
“Indian Summer Sky” tem uma guitarra elétrica mais tradicional, repleta
de frases abafadas e bem demarcadas. A letra de Bono, com significado
bastante aberto, parece falar das visões de um homem sobre a Terra e o céu,
que afetam seu próprio interior.
“Elvis Presley and America” é uma improvisação lenta da música “A Sort
of Homecoming”. A composição reflete um conjunto com o restante do disco
e mostra como a banda irlandesa realmente se aprofundou em sua visita aos
Estados Unidos. Já a última faixa do álbum é política e chama-se “MLK” em
homenagem ao ativista Martin Luther King. A letra foi inspirada no discurso
público mais famoso de King, batizado de “Eu tive um sonho”. Em sua
composição, Bono fala dos sonhos das pessoas e da esperança de que tudo
termine da melhor maneira possível. Com esse clima positivo, The
Unforgettable Fire se encerra, sendo tanto uma compilação de letras políticas
como uma experiência sonora inédita dos garotos de Dublin.
O Slane Castle permitiu que o U2 gravasse confortavelmente, aproveitando
o som diferenciado que a banda poderia captar nos espaçosos cômodos do
local. No mesmo ano do lançamento do álbum, a banda de Bono Vox e The
Edge saiu em uma turnê de 113 shows. Foi a
PARRA, Pimm Jal de La. U2: Live. Biografia da banda até o ano de 2003.
Grupo político dos anos 1960 que defendia o socialismo e os direitos dos
negros nos Estados Unidos.
Bono Vox escreveu letras que mesclam sensações de uma América que
tem, ao mesmo tempo, extensos desertos e cidades gigantescas. Com essa
temática nas canções, e transmitindo uma certa sensação de estar perdido no
“american way of life”, o estilo de vida norte-americano, as guitarras
frenéticas do country rock e do blues combinaram com toda a obra.
The Joshua Tree foi o maior sucesso entre os trabalhos de estúdio do U2,
vendendo cerca de 25 milhões de cópias. Nos Estados Unidos, foi o primeiro
trabalho de um grupo a chegar em um milhão de cópias vendidas. No dia 4 de
abril de 1987, o álbum estreou na 7ª posição do ranking Billboard Top Pop
Albums. Ficou atrás de Invisible Touch, da banda de rock progressivo
Genesis (6ª), e de Slippery When Wet, do Bon Jovi (2ª). A Associação de
Gravadoras da América (RIAA – Recording Industry Association of
America) certificou a obra com um disco triplo de platina.
Em 25 de abril de 1987, The Joshua Tree chegou ao topo da Billboard. Em
1988, o disco ganhou dois Grammy: Álbum19 do Ano e Melhor Performance
de Rock e também o de Melhor Videoclipe por “Where the Streets Have No
Name” – gravado no telhado de um prédio em Los Angeles, Califórnia, nos
Estados Unidos. Segundo a VH1, o álbum ficou no topo das paradas de 22
países. Em 2006, a revista Time colocou este trabalho na 72ª posição quando
elegeu os cem maiores álbuns de todos os tempos.
O lançamento do álbum foi seguido por uma turnê de 109 shows pelo
mundo. Bono Vox chegou a cantar uma versão da música “Help”, dos
Beatles, no Wembley Stadium, em Londres. A versão do vocalista do U2 foi
dedicada aos ingleses, que passariam mais cinco anos sob o governo
neoliberal de Margaret Thatcher20.
Nos Países Baixos, 92 mil ingressos para um show da banda foram
vendidos em apenas uma hora. A energia e a espiritualidade do som dos
rapazes de Dublin já tinham ultrapassado os limites da Irlanda e conquistado
o mundo todo. Esse sucesso atraiu a atenção do diretor de cinema Phil
Joanou. O cineasta se infiltrou nos bastidores da banda e começou a fazer um
documentário sobre o U2. O filme resultou em um novo álbum, Rattle and
Hum, com músicas novas, versões ao vivo e covers de bandas que inspiraram
o grupo liderado por Bono Vox. The Edge afirmou que o trabalho em vídeo
deveria ser pequeno no começo, mas que no fim se tornou um grande
material da banda. A produção ficou por conta de Jimmy Iovine, que já havia
trabalhado com John Lennon e Bruce Springsteen. O lançamento oficial do
disco ocorreu no dia 10 de outubro de 1988.
Rattle and Hum se tornou um álbum duplo, com versões de “Helter
Skelter”, escrita por Paul McCartney e John Lennon, e “All Along the
Watchtower”, de Bob Dylan. Durante a turnê na qual o disco foi gravado, o
U2 chegou a tocar com Dylan e até com o mestre do blues, B. B. King, em
1989. O trabalho de Joanou, que era fã do grupo, tornou-se um presente para
os admiradores da banda de Bono, The Edge, Larry e Adam. Joanou voltaria
a trabalhar com o U2 nos videoclipes de “One”, do álbum Achtung Baby
(1991), e de “All Because of You”, de How to Dismantle an Atomic Bomb
(2004).
Embora seja um trabalho misto, intercalando canções gravadas e ao vivo,
Rattle and Hum é considerado o sexto disco de estúdio por conta da grande
quantidade de material inédito. As gravações aconteceram no Sun Studio, em
Memphis, no mesmo local em que o rei do rock, Elvis Presley, costumava
cantar em sua terra natal.
No documentário do disco, Rattle and Hum é descrito como uma “jornada
musical”. De fato, o material foi uma verdadeira viagem para Bono, The
Edge, Adam e, sobretudo, para Larry Mullen Jr., pois os músicos circularam
por Memphis, Nova Orleans e Nova York, cidades musicalmente importantes
nos Estados Unidos. Os irlandeses também vistaram Graceland, e Mullen, fã
confesso de Elvis, emocionou-se muito na casa do ídolo, conferindo a
coleção de motos do rei do rock. O documentário foi lançado ainda em
novembro de 1988 nos Estados Unidos.
Rattle and Hum abre com “Helter Skelter”, cover dos Beatles. Bono Vox
cantou a música em uma apesentação feita no dia 8 de novembro de 1987, na
McNichols Arena, em Denver, no estado americano do Colorado. O cantor
começou a performance dizendo: “Esta é a música que Charles Manson21
roubou dos Beatles… nós estamos roubando-a de volta!”. “Helter Skelter”
também é conhecida por ser uma das músicas mais pesadas do famoso
quarteto de Liverpool. Por esse motivo, é apontada como um dos primórdios
de um dos maiores subgêneros do rock: o heavy metal22.
“Van Diemen’s Land” é uma das poucas músicas com letra do guitarrista
The Edge. O título da música é uma referência ao primeiro nome dado à Ilha
da Tasmânia, que hoje é parte da Austrália. A estrutura da canção, com
acordes simples e puxados para o blues, faz a música toda soar como uma
composição americana.
A quinta música, “Desire”, é mais folk, mesmo sendo inspirada no rock
quase punk dos Stooges de Iggy Pop. A música se transformou em uma
espécie de introdução ao cover “All Along the Watchtower”. No entanto, no
disco ela é seguida por “Hawkmoon 269”, música com potencial romântico,
semelhante às composições mais bem-sucedidas da banda.
Gravada originalmente em 1967, “All Along the Watchtower” é uma
canção de Dylan sobre as passagens bíblicas que ele passou a ler após um
acidente de moto em 1966. Há quem associe alguns trechos do Livro de
Isaías, especialmente o capítulo 21, do versículo 5 até o 9, à letra da
composição. O trecho fala sobre as sentinelas da torre de vigia na Babilônia,
reino que entrou em decadência. Na versão do U2, embora Bono Vox toque
violão, a música ganhou uma sonoridade mais elétrica e aguda, diferente do
folk de Bob Dylan, predominantemente acústico.
Sucesso em The Joshua Tree, Rattle and Hum também possui “I Still
Haven’t Found what I’m Looking for”, trazendo a música em novo arranjo,
acompanhada por um coral gospel, e novamente abordando a temática
estadunidense. O disco também tem a música “Freedom for My People”, de
Satan and Adam, dupla de blues composta pelos músicos Sterling “Satan”
Magee e Adam Gussow. Em vez de gravar um cover, o U2 registrou o som
da banda no bairro do Harlem, em Nova York, como uma forma de divulgar
a música tipicamente negra e americana.
No final dos anos 1980, o Apartheid ainda dividia23 negros e brancos na
África do Sul. Como uma música engajada contra essa separação baseada na
cor da pele, Bono Vox compôs a música “Silver and Gold” – um B-side do
single Where the Streets Have No Name. A letra pede o reconhecimento dos
negros como indivíduos livres com metáforas sobre as disputas sociais
presentes naquela sociedade. “Pride (In the Name of Love)” acrescenta ao
conjunto questionamentos levantados no álbum The Unforgettable Fire sobre
a falta de limites na luta humana pelo orgulho, com letra inspirada, como já
foi dito, em Martin Luther King e em Malcolm X. Em Rattle and Hum, essa
música parece estar em sintonia com as questões sobre o racismo na África e
em outras partes do mundo.
“Angel of Harlem” foi composta durante a turnê de The Joshua Tree e foi
gravada especialmente para Rattle and Hum. A letra escrita e gritada por
Bono Vox faz referência a diversos músicos negros, como os jazzistas John
Coltrane e Miles Davis. A música é dedicada a Billie Holiday, que faleceu
em 1959 e teve uma carreira brilhante como cantora de jazz e blues, mesmo
com uma vida pessoal conturbada por desilusões amorosas.
O disco contou com uma participação especial de Bob Dylan na
composição da letra de “Love Rescue Me”, que ganhou uma melodia típica
do U2 com o uso de uma gaita, o que a aproxima da música folk e das
composições acústicas norte-americanas. Sua temática aborda a vida na
estrada, o vaivém de pessoas à procura da individualidade.
Em Rattle and Hum, B. B. King, o “rei do blues”, fez uma performance
com o U2 na música “When Love Comes to Town”. Larry, Adam e The Edge
fazem os sons de fundo, deixando espaço para Bono Vox cantar livremente,
enquanto King sola e completa as frases do músico irlandês. Essa sintonia faz
parte da veia americana presente nos materiais do U2 no final dos anos 1980.
“Heartland”, diferentemente de outras composições de The Joshua Tree ou
mesmo de Rattle and Hum, parece retratar em sua letra um Estados Unidos
ideal, uma terra prometida. Essa composição de Bono também parece ter um
aspecto messiânico e religioso ao falar que a “terra do coração” depende de
suas convicções e de sua fé, retomando as raízes cristãs do U2.
“God Part II” é a segunda parte de uma música que John Lennon compôs
em 1970 associando Deus a “um conceito que usamos para mensurar nossa
dor”. Seguindo a linha de composição de Lennon, Bono Vox escreve sobre o
ceticismo em relação aos anos 1960, “a era de ouro do pop”, e a drogas como
a cocaína. E, assim como John, Bono grita para que se acredite no amor.
Assim como “Freedom for My People”, “The Star Spangled Banner” é
outra música que não é do U2 no álbum Rattle and Hum. Trata-se de uma
versão do hino dos Estados Unidos da América transformada em melodia
pela guitarra elétrica agressiva daquele que ainda é considerado um dos
maiores músicos da história: Jimi Hendrix24. O solo instrumental é
acompanhado por “Bullet the Blue Sky”, uma das músicas mais críticas do
U2 sobre os Estados Unidos.
O disco acaba com “All I Want Is You”, música de Bono Vox sobre o
pouco valor das riquezas, como o ouro, os diamantes ou o próprio dinheiro. O
cantor lembra, no final do álbum, que o bem mais precioso é a vida.
O atentado à bomba que ocorreu na cidade de Enniskillen, na Irlanda do
Norte, em 8 de novembro de 1987, deixou onze mortos e 63 feridos. Na
mesma época, o IRA ameaçou sequestrar Bono Vox e chegou a atacar um
dos automóveis do U2. Esses incidentes impulsionaram o vocalista a
condenar os conflitos separatistas entre irlandeses e britânicos durante uma
performance da música “Sunday Bloody Sunday” na turnê de Rattle and
Hum. Esse envolvimento do cantor com os conflitos armados na Irlanda
marcaram sua carreira na década de 1980.
Em 1989, um ano depois do lançamento de Rattle and Hum, Adam
Clayton se envolveu com drogas e chegou a ser detido em um pub irlandês
com dezenove gramas de maconha. Essa não era a primeira confusão causada
pelo baixista do U2, que havia enfrentado problemas por dirigir alcoolizado
em 1985. Se o processo de Clayton por porte de drogas continuasse, ele
poderia ficar impedido de fazer turnês. Seu advogado, no entanto, apenas
teve de pagar uma fiança de 25 mil libras.
Com o crescente sucesso da banda, Larry Mullen Jr. disse a Bono Vox que
estava cansado do ritmo das turnês e que sentia que eles não estavam mais
gostando do que faziam. “‘Estou considerando seriamente dissolver o U2’, eu
disse para Bono. E ele respondeu: ‘Você tem um bom argumento’”, explicou
o baterista, em entrevista à VH1, em 2000. A banda chegou a anunciar em
alguns shows que aquelas eram suas últimas performances, recebendo vaias
do público como resposta. Foi com esse clima que o U2, em vez de acabar,
passou por uma transformação a partir dos anos 1990.
Willie Johnson era do Texas e morreu em janeiro de1945, pouco antes do fim
da Segunda Guerra Mundial. Além de músico, o cantor de blues também era
pastor religioso.
Thatcher (1925-2013) foi premiê do Reino Unido de 1979 até 1980. Ela foi a
primeira mulher a ocupar o cargo no país. Também foi a chefe de Estado
inglesa durante a Guerra das Malvinas.
Criminoso norte-americano famoso nos anos 1960 por ter criado a “Família
Manson”, grupo responsável por assassinatos em série. Charles Manson
afirma ter sido inspirado por mensagens subliminares em composições dos
Beatles, que previam um suposto conflito entre brancos e negros, no qual o
triunfo seria dos descendentes de africanos.
Hendrix foi, junto a Eric Clapton, um dos músicos que mais explorou a
guitarra na década de 1960, usando bastante a distorção nos amplificadores e
os efeitos tremolo (vibração das cordas) com as alavancas de seus
instrumentos.
ANOS DE
EXPERIMENTALISMO
Trecho de “One”
Achtung Baby (que em alemão quer dizer “atenção, baby”), começa com a
música “Zoo Station”, produzida por Daniel Lanois, parceiro de trabalho de
Brian Eno. A composição foi inspirada na estação de metrô Berlin
Zoologischer Garten, que fica próxima ao jardim zoológico de Berlim, no
coração da cidade que um dia foi dividida em duas pelo socialismo e pelo
capitalismo. O estilo vocal de Bono Vox, nessa composição, já parece
afetado pelo modo teatral de seu alter ego The Fly, que afirma estar pronto
para tudo o que possa acontecer.
“Even Better than the Real Thing”, segunda faixa do álbum “alemão” do
U2, nasceu de uma frase que The Edge criou durante a gravação de Rattle
and Hum. O simples fraseado instrumental serve de base para a letra de Bono
Vox sobre as sensações humanas, inclusive aquelas que extrapolam os limites
da realidade, como o consumismo e os vícios. A música reflete, de fato, a
sociedade decadente dos anos 1990 e se diferencia da crítica política engajada
feita pelo U2 dez anos antes.
Bono havia escrito uma conversa fictícia entre Jesus Cristo e o apóstolo
Judas Iscariotes25, que traiu o Messias. O resultado é revelado na música
“Until the End of the World”, que tem um tom apocalíptico, mas mantém a
serenidade cristã diante do inevitável. A música, de certa forma, também
traduz a própria transformação pela qual o U2 estava passando, deixando de
ser a banda que tinha se consagrado fazendo canções políticas e pacifistas.
“Who’s Gonna Ride Your Wild Horses” fala sobre os machucados
provocados por pessoas autênticas, pessoas que lutam pelo que acreditam. A
pergunta “Quem vai domar seus cavalos selvagens?” avisa ao ouvinte que ele
precisa transpor suas próprias barreiras. Bono Vox é bastante claro em uma
parte da letra: “You’re an accident waiting to happen” [“Você é um acidente
prestes a acontecer”]. Segundo os produtores, Daniel Lanois e Brian Eno, a
composição ganhou um grande espaço nas rádios graças a seu refrão
repetitivo.
“So Cruel” é uma balada grudenta, com poucos efeitos de guitarra,
marcando o estilo de composição da banda para a nova década. A letra de
Bono Vox aborda a decepção com o amor, com as pessoas e com a crueldade
envolvida nessas relações. A música está diretamente ligada ao divórcio entre
The Edge e sua primeira esposa, Aislinn O’Sullivan. O problema amoroso foi
uma das causas das brigas entre o guitarrista e Bono.
“Mysterious Ways” surgiu de uma linha de baixo criada por Adam Clayton
durante seus exercícios e improvisos em cima da base de uma bateria
eletrônica. A composição também abusa de efeitos eletrônicos do pedal Korg
A3, de The Edge. Ao vivo, a música contava com a participação de uma
dançarina de dança do ventre. Uma delas era Morleigh Steinberg, futura
segunda esposa do guitarrista do U2. Para Bono Vox, “Mysterious Ways” é
uma das canções que mais representa o rock dançante do qual ele gostava na
época.
Já a música “Tryin’ to throw Your Arms Around the World” fala sobre
estar embriagado em um bar e ser incapaz de abraçar o mundo. A música
original teve os teclados tocados pelo próprio produtor de Achtung Baby,
Brian Eno.
“Ultraviolet (Light My Way)” é mais uma música sobre religiosidade,
comparada, na letra, com o próprio amor. Bono Vox escreveu sobre as
interpretações erradas da fé e sobre como precisamos iluminar nossos
caminhos em direção ao divino. A canção é uma das poucas do disco que é
acompanhada por uma guitarra mais limpa e clássica.
A hipocrisia, a falsidade e os males sociais são o tema de “Acrobat”, outra
composição do cantor, que mostra os novos temas incorporados pelo U2. O
tom da letra é cético, especialmente em relação ao conformismo. O narrador
não se enxerga em nada neste mundo, sentindo-se como um acrobata em
movimento.
“Love Is Blindness” encerra o material de forma depressiva, com uma
composição novamente dedicada ao divórcio de The Edge. A falta de
otimismo, além do retorno de letras pessoais, mostram a mudança que a
banda passou na época, enfrentando dificuldades para conciliar o interesse
dos integrantes em relação aos rumos do grupo. A decadência retratada nessa
música é financeira, mortífera e totalmente sentimental. É uma das poucas
composições de Bono que não fala sobre algo de sua própria individualidade,
mas, sim, de seu amigo The Edge. A música acaba com ataques na guitarra,
que iniciam um solo instrumental com várias palhetadas alternadas e rápidas,
e encerra o disco de maneira satisfatória.
Na semana de lançamento do disco, ele já entrou no ranking 200 Top
Albums da revista Billboard na primeira posição. A resenha da crítica Elysa
Gardner, da Rolling Stone, de um total de cinco estrelas possíveis, deu quatro
e meia ao trabalho, em janeiro de 1992. Achtung Baby é o segundo álbum
mais vendido do U2, atrás somente de The Joshua Tree. Em notícia publicada
pela agência Reuters, em 2009, de acordo com a empresa Nielsen Soundscan,
o disco vendeu cerca de 5,5 milhões de cópias nos Estados Unidos, além de
conquistar oito discos de platina da RIAA. Ao redor do mundo, o novo
material vendeu 18 milhões de cópias certificadas. Na Austrália, o álbum
recebeu disco quíntuplo de platina e, no Canadá, disco de diamante, a maior
premiação da categoria.
Um Trabant, carro comum na antiga Alemanha Oriental, foi pintado e
colocado no Hard Rock Café de Berlim para divulgar a turnê de Achtung
Baby. O carro colorido está até hoje no bar alemão. Esse modelo de
automóvel aparece em uma das três versões do videoclipe de “One”, na capa
de Achtung Baby e também compunham o palco da Zoo TV Tour.
OS VÍDEOS DE “ONE”
A Zoo TV Tour recebeu esse nome por conta da música que abre o disco
Achtung Baby, “Zoo Station”. A turnê teve 156 shows. O palco foi projetado
para refletir a massificação da mídia provocada pela televisão. Bono Vox
utilizou objetos tecnológicos que mostravam o advento da informática e da
computação pessoal, marcas da sociedade da última década do século XX.
Em algumas apresentações, na música “Satellite of Love”, acontecia um
“dueto” com Lou Reed – com a imagem do cantor projetada nos telões. De
forma muita rápida e vertiginosa, também eram projetadas nos telões frases
irônicas, palavras sem contexto ou mesmo jogos de palavras, que causavam
um clima caótico nos shows e reforçavam a crítica à sociedade de consumo,
tais como “Everything you know is wrong” [“Tudo o que você sabe está
errado”], “Watch more television” [“Assista mais à televisão”], “I’d like to
teach the world to sing” [“Eu gostaria de ensinar o mundo a cantar”], “Call
your mom” [“Chame sua mãe”] e muitas outras.
The Fly beijou e simulou sexo oral com a câmera que gravava uma
apresentação da música “Until the End of the World”, atitude que
dificilmente Bono Vox teria nos shows da década de 1980, com as músicas
mais politizadas. Mesmo com a presença desse personagem diferenciado, o
U2 ainda abordou o tema de conflitos armados em suas músicas, fazendo
verdadeiros videoclipes com a cobertura ao vivo da CNN durante a Guerra do
Golfo, que teve participação norte-americana no Kwait contra o Iraque
liderado por Saddam Hussein.
Outros dois personagens importantes criados por Bono durante a turnê
foram Mirror Ball Man, um homem com chapéu de cowboy prateado que
satirizava os televangelistas cristãos norte-americanos, e um veterano do
Vietnã nas músicas “Bullet the Blue Sky” e “Running to Stand Still”. O
hábito de se transformar durante a apresentação deixou o cantor do U2
distante do rock tradicional que consagrou a banda. As diferentes personas
foram criadas para aumentar a interação com o público.
O U2 tentou telefonar para a Casa Branca para conversar com o presidente
dos Estados Unidos George Bush, pai de George W. Bush, durante os shows,
em uma crítica às suas políticas bélicas. Os telefonemas começaram a se
tornar eventos recorrentes nas apresentações do grupo, para satirizar políticos
e figuras públicas e até mesmo somente para fazer humor. Bono chegou a
fazer ligações apenas para pedir um táxi.
Bono Vox também deu origem a uma quarta persona, chamada MacPhisto,
um demônio rockstar decadente. O demônio criado pelo vocalista lembrava o
Ziggy Stardust de David Bowie por sua ambiguidade sexual, além do
figurino, que lembrava o glam rock dos anos 1970.
Achtung baby é um álbum muito importante para a carreira do U2 por
vários motivos, mas principalmente por ter fortalecido a banda. Essa obra
consolidou o grupo irlandês no cenário da música internacional, provando
que eles sabiam se reiventar e surpreender a crítica e os fãs.
ZOOROPA: A MÚSICA DO U2
SOBRE A NOVA EUROPA
Ao contrário do que havia feito anteriormente, o U2 não encerrou a turnê
para gravar um novo álbum. A banda fez apenas uma interrupção de seis
meses, que resultou no álbum Zooropa, lançado oficialmente no dia 5 de
julho de 1993. A produção do disco foi realizada, novamente, por Brian Eno
e pelo próprio guitarrista The Edge. Logo na estreia, o trabalho chegou ao
topo das paradas dos Estados Unidos (eleito pela revista Billboard), Reino
Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, França, Alemanha, Áustria, Suécia
e Suíça.
The Edge deixou de tocar a guitarra em muitas partes do CD, adotando os
sintetizadores, mergulhando em mais uma das experências que o U2 queria
incorporar na década de 1990.
Logo na faixa-título, a de abertura do álbum, nota-se não só a presença de
elementos eletrônicos, mas distorções no vocal de Bono, que brinca com as
nuances de sua própria voz. A letra também mostra um retorno do U2 aos
assuntos europeus, diferentemente da viagem até os Estados Unidos realizada
pela banda em The Joshua Tree. De certa forma, Achtung Baby já havia sido
um retorno ao U2 dos três primeiros álbuns, porém com novos
experimentalismos.
Trecho de “Zooropa”
A GUERRA FRIA
Técnica de manipulação da voz que permite emitir sons mais agudos do que
alguém normalmente conseguiria.
Conhecido como “The Voice”, Frank Sinatra foi uma estrela da música entre
as décadas de 1940 e 1950. Faleceu em 1998, aos 82 anos. Uma de suas
parcerias mais conhecidas foi com o músico brasileiro de bossa nova Antônio
Carlos Jobim.
Filme com Nicolas Cage e Meg Ryan. Apesar de ser um remake, a história
foi alterada para realçar o romance entre um anjo, interpretado por Cage, e
uma humana, interpretada por Ryan.
Wenders narra a saga de um anjo (Bruno Ganz) que percorre Berlim. O filme
teve uma sequência chamada de Faraway, So Close!, que também teve trilha
sonora do U2.
Banda de pop rock originária de Dublin e formada por músicos amigos dos
integrantes do U2.
All that You Can’t Leave Behind ganhou três Grammys em 2001: a música
“Beautiful Day”, que abre o disco, ganhou os prêmios de Canção do Ano,
Melhor Performance de Rock de Duo ou Grupo com Vocal e Gravação do
Ano. Em 2002, “Walk on” levou Gravação do Ano, enquanto “Elevation” foi
eleita Melhor Performance de Rock de Duo ou Grupo, e a música “Stuck in a
Moment You Can’t Get out of” levou o troféu de Melhor Performance de Pop
de Duo ou Grupo. O álbum conquistou o prêmio de Gravação do Ano. All
that You Can’t Leave Behind foi premiado duas vezes nessa categoria, em
2001 e 2002.
Em março de 2001, a banda começou a Elevation Tour, com aqueles que
seriam os primeiros shows do U2 no século XXI. O palco da nova turnê não
contava com um design extravagante como na Zoo TV ou na PopMart.
Muitos shows foram realizados em arenas fechadas, e não em estádios, como
o U2 estava acostumado. O palco da Elevation Tour possuía uma pista em
curva que quase formava um coração. Foram, ao todo, 113 apresentações na
turnê.
Em 2001, o U2 fez uma apresentação fechada para a Rede Globo de
Televisão para promover o novo álbum no Brasil. Foi a segunda vinda da
banda ao país.
Em 3 de fevereiro de 2002, o U2 se apresentou no intervalo do Super
Bowl36 com a música “Beautiful Day”. O evento de futebol americano é
conhecido por ser um dos picos de audiência na televisão dos Estados
Unidos.
THE BEST OF 1990-2000
U218 SINGLES
Suu Kyi ficou presa durante 21 anos, tendo sido libertada apenas em
novembro de 2010. Recebeu amplo apoio do presidente Barack Obama e, em
2012, seu partido venceu as eleições para o Parlamento de Myanmar.
Um dos fundadores do Ramones, Joey sempre foi uma referência para Bono
Vox. O cantor do U2 disse, em entrevista à revista Rolling Stone, em 3 de
novembro de 2005, que os Ramones influenciaram mais os garotos de Dublin
do que o The Clash. “Eu não tinha o grave de Joe Strummer. Joey Ramone
cantava como Dusty Springfield… era uma voz melódica, como a minha”,
explicou o vocalista.
The Velvet Underground foi uma banda criada pelo cantor e guitarrista Lou
Reed com o músico John Cale, em 1964. Ficaram famosos pelo disco The
Velvet Underground & Nico, de 1967, com participação da atriz alemã Nico,
que também era cantora. A capa do CD, com a imagem de uma banana, é
uma das mais famosas do mundo do rock. Por conta do som da banda ser
mais pesado e denso em comparação às músicas dos Beatles e dos Rolling
Stones, a banda é apontada como uma das prováveis responsáveis pela
origem do punk rock.
Fotógrafo famoso que divide seus trabalhos entre Tóquio e Nova York. Já
exibiu suas fotos até no Neue Nationalgalerie (Nova Galeria de Arte
Nacional), em Berlim.
Parker foi um dos saxofonistas de jazz mais famosos dos Estados Unidos.
Faleceu em 1955, aos 34 anos. Era conhecido pelo apelido “Yardbird”.
O registro foi colocado em vídeo por Eno no site U2.com. O produtor disse
que todos deveriam ter “esse privilégio” de ver um trabalho do U2 sendo
criado para as rádios.
Frickle é editor sênior da Rolling Stone e ficou famoso pela cobertura sobre o
Nirvana na época da morte de Kurt Cobain. Ele foi um dos jornalistas que
entrevistou a viúva Courtney Love na época do suicídio do cantor.
OS QUATRO ELOS DO U2
5
PAUL DAVID “BONO VOX”
HEWSON
“Eu acredito na poesia genial de um criador que escolheu expressar esse
poder em uma criança que nasceu na pobreza. Por exemplo, a história de
[Jesus] Cristo faz todo o sentido para mim”, disse Bono ao jornalista e
fundador da Rolling Stone49, Jann Wenner, em 2005. Criado em uma família
judia, Wenner criou a revista com 7,5 mil dólares dados por seus parentes em
São Francisco. Com a publicação, o jornalista cobriu a crescente
contracultura de 1967 e o movimento hippie do período.
Diferentemente de Wenner, Bono Vox nasceu no meio dos movimentos
sociais que consolidaram o rock’n’roll como o fenômeno que ainda é hoje em
dia. O vocalista nasceu em 10 de maio de 1960, cresceu ouvindo o punk rock
inglês dos anos 1970 e, a partir dos anos 1980, trilhou seu caminho para se
tornar o centro das atenções em estádios do mundo todo.
“Eu cresci naquilo que você chamaria de bairro de classe média baixa (…)
Classe alta trabalhadora?”, perguntou Bono ao jornalista da Rolling Stone,
tentando estabelecer uma comparação entre seu local de nascimento e a
sociedade americana. Da origem humilde de sua família, Bono Vox extraiu as
raízes de sua própria musicalidade.
Em toda a sua carreira, a religião sempre foi um ponto importante. Seu pai,
Brendan Robert “Bob” Hewson, era católico, enquanto sua mãe, Iris Hewson,
era cristã anglicana, frequentadora de uma igreja irlandesa. “Eu sabia que
éramos diferentes em nossa rua porque minha mãe era protestante. E ela tinha
se casado com um católico. Em uma época de forte sentimento de separação
no país, eu sabia que aquilo era algo especial. Eu herdei a coragem que eles
tiveram para continuar com seu amor”, explicou Bono Vox a Jann Wenner.
As duas influências cristãs na vida do jovem Paul David Hewson, antes de se
tornar Bono Vox, tornaram-se inspiração para suas futuras composições.
Como cantor, Bono Vox sempre teve a capacidade de transitar entre tons
agudos e graves sem muitos desequilíbrios. O apelido Bono surge a partir da
frase em latim “bonavox”, que significa “boa voz”. Diversos vocalistas de
sucesso foram inspiração para o vocalista do U2. “A música que realmente
me deixa ligado é tanto aquela que corre até Deus quanto aquela que foge
Dele”, explicou Bono.
Quando a banda ainda não se chamava U2, Bono cantava e tocava guitarra.
Aos poucos, seu estilo performático o transformou no líder da banda, em vez
do baterista Larry Mullen Jr., fundador, de fato, do grupo.
O baixista do U2, Adam Clayton, viajou para Londres no verão de 1977, e
voltou para Dublin trazendo influências de bandas como The Clash, que
Bono Vox incorporou a seu estilo de cantar. Na época, Bono já havia sido
influenciado pelos Rolling Stones, por Elvis Presley e pela maioria dos
cânones do rock’n’roll no período.
“Gigante, o Elvis inglês. Bowie foi muito mais responsável pela estética do
punk rock do que imaginam […]. Eu coloquei pôsteres dele em meu quarto.
Nós tocávamos ‘Suffragette City’ naquela primeira fase da banda”, explicou
Bono a Jann Wenner, mostrando uma de suas principais referências como
vocalista. Com cabelo repicado e o famoso mullet comprido na primeira fase
do U2, Bono Vox se parecia bastante com David Bowie em sua performance
dançante no palco. Essa influência afetou muito Bono até a década de 1990,
quando ele criou os personagens The Fly e MacPhisto para a turnê Zoo TV,
assim como Bowie havia criado o rockstar Ziggy Stardust nos anos 1970.
Chris Salewicz do New Musical Express, como dissemos anteriormente,
fez uma comparação curiosa com a performance do U2 no começo de
carreira, afirmando que o U2 não passava de uma banda comum de hard rock,
com um vocalista que gostaria de ser o Rod Stewart50. Bono Vox diria a Jann
Wenner, 25 anos depois, que eles não pretendiam soar como uma banda hard
rock nem com nenhum tipo de música desenvolvido dos anos 1970. “Eu
queria tocar como os Rolling Stones da época de High Tide and Green Grass,
e os Beach Boys. Eu já estava cansado daquele esquema hard rock. Cabelos
longos e solos de guitarras gigantescos. Eu ficava dizendo: ‘Vamos voltar pro
rock’n’roll’”, disse o cantor ao jornalista.
O estilo de composição de Bono Vox reflete essa vontade de tocar um rock
cru, direto, sem muitos adornos. A maioria das letras do U2 tem Bono como
autor integral ou coautor. Além da religiosidade expressa claramente em
muitas delas, embora sem defender credos específicos, Bono Vox também
trata sobre a transição da infância e da adolescência para a vida adulta, além
de realizar composições mais pessoais, que abordam a perda de sua mãe, aos
catorze anos, em decorrência de um aneurisma cerebral.
Sem a presença materna, o músico cresceu sob a influência austera de seu
pai católico Bob e de seu irmão, Norman Robert Hewson, oito anos mais
velho. Segundo o próprio Bono, era “uma casa de três homens” que estavam
brigando constantemente. Por causa de seu pai, o cantor sentiu na pele a
perseguição religiosa que tomava conta do país e não teve o apoio emocional
da mãe – o que o fez se tornar um artista focado em suas composições.
Religião, política e conflitos da época de sua adolescência se transformaram
em temas recorrentes em seu trabalho no U2.
Apesar do tom pessoal das músicas de Bono, os temas simples também
tornam as composições da banda familiares a diferentes grupos. Esse fato fez
com que a banda alcançasse um patamar universal de forma rápida, em
apenas dez anos de carreira. “Antes de me interessar pelo The Who, os
Rolling Stones e o Led Zeppelin e esse tipo de som – me lembro de
“Imagine”, de John Lennon […] Aquilo me incendiou. Era como se ele
estivesse sussurrando em seu ouvido… as ideias dele sobre o que era
possível”, disse Bono para a Rolling Stone, sobre os primeiros trabalhos
musicais que ainda têm impacto em sua carreira. “Maneiras diferentes de ver
o mundo”, completa o vocalista do U2.
Em 1976, logo no começo do U2, Bono conheceu Alison Stewart na
escola. Eles se casaram em 1982, e convidaram Adam Clayton, o baixista da
banda, para ser padrinho. Na época, Clayton estava tendo brigas com Bono
Vox por sua fé religiosa estar atrapalhando o trabalho da banda. O casamento
do cantor do grupo foi encarado por todos, na época, como uma forma de
mantê-los unidos.
Alison, conhecida pelo apelido Ali, foi inspiração para muitas baladas
românticas escritas por Bono. Atualmente, eles ainda moram na terra natal do
vocalista, a capital irlandesa Dublin. Bono teve quatro filhos com Ali: Jordan
(10 de maio de 1989), Memphis Eve (7 de julho de 1991), Elijah Bob
Patricius Guggi Q (18 de agosto de 1999) e John Abraham (21 de maio de
2001).
Os álbuns Boy, October e War, além de abordarem suas paixões e sua
religiosidade, são registros sobre o começo do engajamento político do U2 e
de seu vocalista. O começo de carreira foi fundamental para que, com o
sucesso no mundo todo, a banda se envolvesse em projetos humanitários nos
países subdesenvolvidos e nos conflitos da África.
O engajamento, especialmente de Bono Vox, começou a aumentar, de fato,
com a apresentação do grupo no Live Aid, em 1985. Bono participou dos
shows beneficentes do A Conspiracy of Hope, uma turnê realizada em 1986
junto ao baixista e cantor do The Police, Sting.
Bono também se envolveu com Bob Geldof, cantor e criador do Live Aid.
O vocalista do U2 fez uma performance da música “Do they Know it’s
Christmas?/Feed the World” com a Band Aid de Geldof. Além de Sting, a
banda contou também com a participação de Phil Collins, ex-baterista do
Genesis, Paul McCartney, ex-integrante dos Beatles, Boy George, do Culture
Club, Roger Daltrey, do The Who e Andy Taylor, do Duran Duran. A mesma
performance foi repetida duas décadas depois, no Live 8, em 2005.
Após o Live Aid, Bono Vox viajou com a esposa, ainda em 1985, para a
América Central, visitando a Nicarágua e El Salvador, países que sofreram
intervenção dos Estados Unidos. Na Nicarágua, os revolucionários
sandinistas, de esquerda, enfrentavam os Contras, de orientação
conservadora. O conflito acabou na década de 1980 com a ascensão dos
conservadores ao poder. El Salvador tinha sofrido um golpe de Estado em
1979 pela Junta Revolucionária, que nacionalizou empresas. Os dois países
deram a Bono uma dimensão da pobreza e dos movimentos sociais que
existiam nos países subdesenvolvidos da América. O vocalista do U2 entrou
em contato com a população afetada pelos conflitos entre militares e
guerrilhas.
Em 1990, Bono fez uma campanha com o Greenpeace contra a usina
nuclear em Sellafield, no norte da Inglaterra. O cantor do U2 apoiou
movimentos sociais contra o uso de energia radioativa. Em 2002, sua mulher
Ali continuou os protestos contra a política de energia nuclear no Reino
Unido.
Na África, Bono Vox empreendeu ações contra a epidemia de AIDS no
continente. Também realizou o documentário Miss Sarajevo, mesmo nome da
música composta em conjunto com Brian Eno. Em seu filme o cantor
denuncia o massacre que ocorreu na Bosnia, durante a década de 1990, com a
Guerra da Iugoslávia, que se fragmentou em vários países devido à limpeza
étnica defendida pelos grupos da região.
Em agosto de 2005, o furacão Katrina passou por Cuba e pelos estados da
Flórida, Louisiana, Mississipi e Alabama, nos Estados Unidos. O desastre
natural matou aproximadamente 1.800 pessoas e foi um dos piores incidentes
do Atlântico durante o governo de George W. Bush nos Estados Unidos. Para
levantar recursos em prol das vítimas do furacão, Bono Vox lançou um single
em novembro de 2006 em parceria com a Music Rising – organização
filantrópica fundada em novembro de 2005 e mantida pelo guitarrista The
Edge, o produtor Bob Ezrin e o presidente-executivo da Gibson Guitars,
Henry Juszkiewicz com o objetivo de financiar músicos de Nova Orleans
afetados pelo Katrina. O material se chamava The Saints Are Comming e teve
participação da banda de punk rock Green Day. A produção ficou sob
responsabilidade de Rick Rubin. A gravação ocorreu no Abbey Road Studios,
em Londres, mesmo local em que os Beatles finalizaram seu último álbum de
estúdio, Abbey Road, de 1969.
No mesmo ano, a revista Time, uma das publicações mais influentes da
imprensa mundial, elegeu como “Pessoa do Ano” três personalidades que
foram chamadas de “Os Bons Samaritanos”. O magnata da Microsoft Bill
Gates e sua esposa, Melinda Gates, foram escolhidos por trabalhos de
filantropia bilionários, mantidos com a fortuna que conquistaram na indústria
de tecnologia. O terceiro samaritano era Bono Vox. Foi a primeira vez que
um cantor de rock’n’roll entrou em uma lista que, normalmente, elege apenas
políticos e figuras públicas como personalidades de destaque.
Em 2006, durante a Vertigo Tour, Bono Vox visitou o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva51. Presidente com formação na esquerda brasileira e
partidário de programas sociais, Lula criou o programa Fome Zero para
combater a miséria que afeta a população brasileira. Bono decidiu, durante
sua passagem em São Paulo, doar uma guitarra ao programa social, que foi
leiloada para ajudar a população carente do país.
No mesmo ano, Bono e o ativista Bobby Shriver criaram a iniciativa
Product RED, em parceria com as empresas Nike, American Express do
Reino Unido, Apple, Starbucks, Penguin Classics, Gap, Emporio Armani,
Dell, SAP, Beats Electronics e Hallmark. Durante a campanha, os produtos
vendidos por essas empresas com o selo Product RED teriam 1% de seus
lucros revertidos para o Fundo Global. A iniciativa visava financiar os
estudos ao combate à AIDS, malária e tuberculose, doenças que matam
pessoas em diversos países subdesenvolvidos.
Quando visitou o Brasil em 2011, durante a turnê 360°, Bono Vox, The
Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. tiveram uma reunião com a
presidente Dilma Rousseff. O encontro foi a segunda reunião do vocalista do
U2 com um governante brasileiro.
Em entrevista a jornalistas de diversas emissoras, segundo um vídeo
publicado pelo Palácio do Planalto, Bono Vox disse que “Dilma estava triste,
como todos nós estamos, com o que aconteceu na escola Tasso de Silveira”.
Na escola pública mencionada por Bono, no
dia 7 de abril de 2011, ocorreu o assassinato de várias crianças e
adolescentes, na tragédia que ficou conhecida como “Massacre de Realengo”.
O homem que cometeu os crimes era Wellington Menezes Oliveira, um ex-
aluno do local. O assassino matou doze pessoas na escola e depois cometeu
suicídio. Além de falar sobre o triste fato que ganhou tanta repercussão no
Brasil em 2011, Bono também conversou com Dilma sobre programas de
combate à pobreza e combate à corrupção na política, como o projeto Ficha
Limpa.
Em outubro de 2011, o vocalista disse ao jornalista Brian Hiatt, da revista
Rolling Stone, que gostaria de desaparecer com sua esposa, seus filhos,
alguns livros, um iPod Nano e um violão. E passou boa parte do ano de 2012
fazendo mochilões ao redor do mundo com sua família. Bono Vox já foi
indicado ao Prêmio Nobel da Paz três vezes, nos anos de 2003, 2005 e 2006.
As indicações ocorreram, sobretudo, pelos empreendimentos filantrópicos de
Bono, que vão desde iniciativas criativas no setor privado para doações aos
pobres do mundo todo até trabalhos musicais dedicados exclusivamente ao
combate à miséria em países em crise.
O QUE É FILANTROPIA?
THE CLASH
Lula foi presidente do Brasil por oito anos, entre 2003 e 2006, sendo reeleito
para o segundo governo, entre 2007 e 2011. O Fome Zero foi um programa
criado no primeiro ano de sua primeira gestão, em 2003.
Em 1977, Dik formou a banda Virgin Prunes para tocar pós-punk e rock
experimental. O grupo acabou em 1986, mas continuou com o nome The
Prunes até 1990, quando acabou definitivamente.
Marty Friedman tocou com Becker em várias ocasiões, sendo, inclusive, seu
companheiro de banda no Cacophony.
NO BRASIL
Com a fama internacional que a banda de Bono Vox alcançou na década de
1980, sobretudo com os álbuns War e The Joshua Tree, grupos de rock do
Brasil foram influenciados tanto pelo punk rock que ganhava destaque no
Reino Unido quanto pelo pós-punk do U2. Os acordes simples, as
performances ao vivo e o sucesso da banda de um país diferente como a
Irlanda serviu de inspiração para as jovens bandas roqueiras que surgiram em
São Paulo e na capital do país, Brasília.
ABORTO ELÉTRICO
“Todo dia eu via aquele rapaz punk, com aquelas calças todas recortadas e
aquele cabelo estranho, lá naquele canto. Ele, todo dia, assistia a um
espetáculo. Ele ficava no fundo, recolhido, era muito tímido. Daí um dia
falei: ‘Vem cá, quem é você?’. Ele respondeu: ‘Sou professor de inglês, mas
eu gosto de música, eu tenho uma banda e eu queria lançá-la’. ‘Qual o nome
da sua banda?’. Ele disse: ‘Aborto Elétrico’. ‘Legal, vamos então montar um
espetáculo?’. O Renato [Russo] já estreou com um espetáculo em cartaz. Ele
entrou, pegou e tocou aquela música ‘Que país é esse?’. Quanto ele terminou
de tocar, ele pegou a guitarra, destruiu o instrumento e jogou para a plateia. O
cara se lançou”, explica Jesus Pingo, ator e animador cultural, no
documentário Rock Brasília, Era de Ouro.
Nos últimos anos do regime militar instaurado no Brasil desde 1964, um
grupo de estudantes ligado à Universidade de Brasília (UnB) começou a fazer
um som parecido com os Ramones e com o The Clash. O nome da banda,
criada em 1978, era Aborto Elétrico, e tinha como vocalista um menino
introvertido chamado Renato Russo, que também tocava contrabaixo. Na
bateria e na guitarra estavam or irmãos Fê e Flávio Lemos filhos de um
professor da UnB.
O hino do Aborto Elétrico era uma música que ficaria famosa no país
inteiro com versões de outras bandas: “Que país é esse?”.
No dia 21 de outubro de 2011, o cineasta Vladimir Carvalho62 lançou um
documentário chamado Rock Brasília, Era de Ouro. No filme, o diretor relata
a trajetória de três bandas que surgiram em decorrência e por influência do
Aborto Elétrico: Plebe Rude, Legião Urbana e Capital Inicial. Todos esses
grupos, por sua vez, além das referências do punk rock, foram afetados por
bandas como Joy Division, The Cure e até mesmo o U2.
Assim como o movimento punk entrou em decadência no Reino Unido, as
bandas de Brasília passaram a incorporar elementos eletrônicos que
aproximavam suas composições com a música feita internacionalmente. E,
justamente na década de 1980, esse era o começo do sucesso mundial do
grupo formado por Bono Vox, Adam Clayton, The Edge e Larry Mullen Jr.
Álbuns como War e Joshua Tree eram referência no período, junto com a
decadência gótica de Robert Smith, do The Cure63.
LEGIÃO URBANA
CAPITAL INICIAL
PLEBE RUDE
PARALAMAS DO SUCESSO
IRA!
TITÃS
ENGENHEIROS DO HAWAII
NO MUNDO
O U2 também influenciou diversas bandas que surgiram no mundo entre o
fim dos anos 1990 e início dos anos 2000. Algumas delas foram bandas de
apoio das turnês Elevation, Vertigo e 360°, como Franz Ferdinand e Muse.
Outras já tiveram a oportunidade de realizar shows junto com a banda de
Bono, The Edge, Larry Mullen Jr. e Adam Clayton – este é o caso de The
Killers e Coldplay.
COLDPLAY
THE KILLERS
KEANE
FRANZ FERDINAND
Escoceses de Glasgow, o Franz Ferdinand surgiu por causa do guitarrista e
cantor Alex Kapranos e do baterista Paul Thomson. O grupo foi formado em
2002, mas o primeiro trabalho em estúdio só foi lançado em 2004, após uma
reunião dos integrantes com o baixista Bob Hardy e o guitarrista e tecladista
Nick McCarthy.
A própria banda participou como produtora até o disco de 2006, You Could
Have It So Much Better. Na mesma época, o grupo abriu para o U2 na turnê
Vertigo nos shows do Brasil. Apesar de serem bandas com estilos diferentes,
o quarteto irlandês ajudou a projetar os jovens da Escócia, que tinham
influências diferentes em suas carreiras, de bandas como The Karelia e
Embryo, que faziam mais jazz e rock progressivo na década de 1990.
O último trabalho de estúdio do Franz foi Tonight: Franz Ferdinand, de
2009. Nesse disco, a banda teve produção do londrino Dan Carey, que
também fez uma remixagem das mesmas composições em dub, com
percussão parecendo um reggae jamaicano.
O Franz Ferdinand se apresentou durante o 16º Cultura Inglesa Festival, no
dia 27 de maio de 2012. O show foi gratuito e realizado no Parque da
Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. A banda de rock
independente reuniu, dentro do local, 20 mil pessoas, a lotação máxima. Parte
do público viu o espetáculo do lado de fora, longe dos palcos. As pessoas que
não puderam ver o show chegaram a entrar em confronto com a polícia
militar paulistana, que disparou bombas de efeito moral e gás de pimenta. A
banda escocesa se apresentou novamente em São Paulo no dia 30 de março
de 2013 durante o festival Lollapalooza Brasil, com um público de 55 mil
pessoas.
MUSE
STARSAILOR
O Legião Urbana era frequentemente comparado ao The Cure por suas letras
depressivas. No entanto, as danças de Renato Russo no palco lembravam a
performance do vocalista Ian Curtis. Os acordes de guitarra de “Shadowplay”
(Dó, Ré e Mi), do Joy Division, também são similares aos de “Que país é
esse?”, do Legião.
Logo após o final do Aborto Elétrico, Renato Russo teve uma breve carreira
solo, que durou apenas alguns meses. Nesse período, ele compôs com o
pseudônimo Trovador Solitário.
Ken Nelson foi produtor dos três primeiros trabalhos do Coldplay, até o disco
X&Y. Depois a banda recebeu o trabalho de Brian Eno.
A gravadora alemã migrou para o Reino Unido e revelou músicos de jazz.
Sob o selo da Parlophone, os Beatles gravaram o bem-sucedido álbum Sgt.
Pepper’s Lonely Hearts Club Band.
Tim Buckley era pai de Jeff Buckley e morreu aos 28 anos, em 1975. Em sua
música folk, incorporou elementos de jazz e psicodelia.
ÁLBUNS DE ESTÚDIO
BOY (1980)
2. Twilight (4:22)
3. Touch (3:26)
13. 11 O’Clock Tick Tock (ao vivo no The Marquee, Londres – versão
não lançada anteriormente) (4:59)
14. Cartoon World (ao vivo no The National Stadium, Dublin – versão
não lançada anteriormente) (4:22)
OCTOBER (1981)
1. Gloria (4:13)
4. Rejoice (3:37)
5. Fire (3:50)
6. Tomorrow (4:37)
7. October (2:22)
9. A Celebration (2:57)
WAR (1983)
9. Surrender (5:34)
1. Gloria (4:32)
8. “40” (3:36)
3. Wire (4:19)
5. Promenade (2:35)
7. Bad (6:09)
8. Indian Summer Sky (4:17)
8. Boomerang I (2:48)
3. Desire (2:58)
3. One (4:36)
6. So Cruel (5:49)
3. Salomé (4:31)
6. Who's Gonna Ride Your Wild Horses (Temple Bar Remix) (4:49)
8. Even Better than the Real Thing (Fish out of Water Remix) (4:09)
ZOOROPA (1993)
1. Zooropa (6:30)
2. Babyface (4:00)
3. Numb (4:18)
4. Lemon (6:56)
1. Discothèque (5:19)
3. Mofo (5:46)
7. Gone (4:26)
8. Miami (4:52)
3. Elevation (3:46)
4. Walk on (4:55)
5. Kite (4:23)
12. The Ground Beneath Her Feet (3:44) (Faixa bônus lançada no Reino
Unido, Irlanda, Austrália e Japão)
1. Vertigo (3:16)
2. Magnificent (5:24)
1. Out of Control
3. Boy-Girl
1. Another Day
2. Twilight
2. Touch
1. A Day without Me
1. I Will Follow
2. J. Swallo
1. Gloria
1. A Celebration
2. Endless Deep
2. Boomerang
3. Boomerang II
5. Bass Trap
2. Spanish Eyes
2. Sweetest Thing
1. In God’s Country
1. Desire
1. Angel of Harlem
2. Dancing Barefoot
3. God Part II
3. Everlasting Love
1. The Fly
1. Mysterious Ways
1. One
3. Satellite of Love
3. Salomé
4. Where Did It All Go Wrong
7. Even Better than the Real Thing (Apollo 440 Stealth Sonic Remix)
8. Even Better than the Real Thing (V16 Exit Wound Remix)
9. Even Better than the Real Thing (A 440 vs. U2 Instrumental Remix)
2. Who’s Gonna Ride Your Wild Horses (The Temple Bar Edit)
3. Paint It Black
4. Fortunate Son
1. Numb
3. Love Is Blindness
1. Discothèque
2. Holy Joe
Produção: Flood
Produção: Flood
1. Please
2. Dirty Day
1. Mofo
Produção: Flood
2. Slow Dancing
1. Sweetest Thing
1. Beautiful Day
2. Summer Rain
3. Always
1. Elevation
2. Last Night on Earth (ao vivo da Cidade do México)
Disco 1
1. Walk on
Disco 2
1. Summer Rain
2. Always
6. Walk on
1. Vertigo
4. Neon Lights
4. Even Better than the Real Thing (ao vivo no concerto Stop Sellafield)
Produção: Flood
Disco 1
2. Miss Sarajevo
1. She’s a Mystery to Me
1. Magnificent
1. Magnificent
1. I Will Follow
VIDEOGRAFIA
1. Surrender
2. Seconds
7. A Day without Me
8. Gloria
9. Party Girl
12. “40”
1. Out of Control
2. Twilight
6. Seconds
9. October
13. Gloria
17. “40”
Produção: Malcom Gerrie, Gavin Taylor, Rick Wurpel, Doug Stewart e
Paul McGuinness
2. Bad
4. A Sort Of Homecoming
1. Helter Skelter
3. Desire
4. Exit
5. Gloria
9. Angel of Harlem
13. Heartland
14. Bad
18. MLK
1. Interference
2. Until the End of the World
3. Interference
4. Mysterious Ways
5. One (Versão 1)
6. The Fly
7. One (Version 2)
9. Interference
1. Show Opening
2. Zoo Station
3. The Fly
5. Mysterious Ways
6. One
7. Unchained Melody
10. Numb
20. Lemon
1. Faixas bônus
Tryin’ to Throw Your Arms Around the World e Desire
(ambas gravadas ao vivo no Zoo TV Special, Yankee Stadium, Nova
York, 29 e 30 de agosto de 1992)
The Fly e Even Better than the Real Thing
(ambas gravadas ao vivo no Stop Sellafield Concert, G-Mex Centre,
Manchester, 19 de junho de 1992)
2. Documentários
A Fistful of Zoo TV
Zoo TV – The Inside Story
Trabantland
3. Extras
Video Confessional
Numb Karaoke
1. Pop Muzik
2. Mofo
3. I Will Follow
4. Gone
12. Desire
16. Please
19. Discothèque
24. One
1. Faixas bônus:
Please, Where the Streets Have No Name, Discothèque e If You Wear
that Velvet Dress: ao vivo do Feyenoord Stadium, Rotterdam, 18 de
julho de 1997
Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me, Mysterious Ways e One: ao vivo
do Commonwealth Stadium, Edmonton, 14 de junho de 1997
2. Vídeos bônus:
Staring at the Sun (Miami Version)
Last Night on Earth – First Night in Hell (Remix Version)
3. Documentários
Lemon for Sale
The Road to Sarajevo
A Tour of the Tour
Last Night on Earth – One Day in Kansas
PopMart Tour Visuals Montage Curated by Catherine Owens
Produção: David Mallet
6. Bad
8. I Will Follow
11. Desire
12. When Love Comes to Town
Vários produtores
DVD 1
1. Elevation
2. Beautiful Day
5. Kite
6. Gone
7. New York
8. I Will Follow
11. Desire
13. Bad
19. Walk on
The Making of the Filming of “Elevation 2001: Live From Boston”
DVD 2
3. Faixas bônus:
Beautiful Day: ao vivo de Dublin, setembro de 2000
Elevation: ao vivo de Miami, março de 2001
Stuck in a Moment You Can’t Get out of: ao vivo de Hanover, Dublin, e
França, julho de 2000
4. Trailers
Zoo TV Live from Sydney
PopMart Live from Mexico City
2. Mysterious Ways
3. Beautiful Day
4. Electrical Storm
5. One
6. Miss Saravejo
9. Gone
11. The Hands that Built America (Tema de Gangues de Nova York)
12. Discothèque
15. Numb
Extras
1. Minidocumentários:
U2 Sur Mer
A Story Of One
Missing Sarajevo
2. Faixas bônus:
Please
If God Will Send His Angels
Who’s Gonna Ride Your Wild Horses
Lemon
Last Night on Earth
Mofo
The Ground Beneath Her Feet
Vários produtores
1. Elevation
2. Beautiful Day
5. Out of Control
6. Sunday Bloody Sunday
9. Kite
11. Desire
18. One
19. Walk on
Extras
Mysterious Ways
DVD 1
2. Vertigo
3. Elevation
4. Cry/Electric Co.
6. Beautiful Day
7. New Year’s Day
8. Miracle Drug
16. One
22. Yahweh
23. “40”
DVD 2
2. Surveillance Cuts:
Love and Peace or Else
An Cat Dubh/Into the Heart
Cry/The Electric Co.
Running to Stand Still
1. Beautiful Day
5. Vertigo
7. Mysterious Ways
12. One
13. Desire
14. Walk on
15. Elevation
Extras
2. A Story of One
6. Vertigo – HQ version
1. Vertigo
2. Beautiful Day
11. One
2. Magnificent
3. Mysterious Ways
4. Beautiful Day
8. Elevation
9. In A Little While
14. Vertigo
17. MLK
18. Walk on
19. One
COMPILAÇÕES
The Best of
B-sides
5. One (4:35)
9. Gone (4:32)
10. Until the End of the World (4:38)
11. The Hands That Built America (Tema de Gangues de Nova York
(4:57)
B-sides:
DVD bônus:
6. Vertigo (3:10)
1. Vertigo
2. I Will Follow
3. Elevation
4. I Still Haven’t Found what I’m Looking for
8. Miss Sarajevo
OUTROS
2. Slug (4:41)
3. Your Blue Room (5:28)
LIVROS
CALHOUN, Scott (Editor). DECURTIS, Anthony (Prefácio). Exploring U2:
Is This Rock’n’Roll? − Essays on the Music, Work, and Influence of U2.
Scarecrow Press, 2011.
COGAN, Višnja. U2: An Irish Phenomenon. Pegasus Books, 2008.
CORBIJN, Anton. U2 & I. Schirmer/Mosel Verlag Gmbh, 2008.
DIRANI, Claudio. Na Rota da BR-U2 − a saga da invasão irlandesa no
Brasil. Produção independente, 2011.
DIRANI, Claudio. U2 − história e canções comentadas. Lira, 2006.
FLANAGAN, Bill. U2: At the End of the World. Delta, 1996.
IGNATIEV, Noel. How Irish Became White. Routledge, 2009.
MCCORMICK, Neil. U2 by U2. It Books, 2009.
MCGEE, Matt. U2: A Diary. Omnibus Press, 2008.
MCNEIL, Legs. MCCAIN, Gilian. Mate-me por favor. Volumes 1 e 2.
L&PM Pocket, 2004.
PARRA, Pimm Jal de La. U2: Live − A Concert Documentary. Omnibus
Press, 2003.
STOCKMAN, Steve. Walk on: The Spiritual Journey of U2. Relevant Books,
2001.
STOKES. Niall. U2: The Stories Behind Every U2 Song (Stories Behind the
Songs). Carlton Books, 2009.
VAGACS, Robert. Religious Nuts, Political Fanatics: U2 in Theological
Perspective. Cascade Books, 2005.
WENNER, Jann S. LEVY, Joe. As melhores entrevistas da revista Rolling
Stone. Larousse, 2007.
SITES
Em inglês
Website oficial do U2 − http://www.u2.com/
Canal oficial do U2 no YouTube − http://www.youtube.com/user/U2official
Página oficial do U2 no Facebook − http://www.facebook.com/u2
U2 no Myspace − http://www.myspace.com/u2
Website de fãs “@U2” − http://www.atu2.com/
Website de fãs “U2 Station” −http://u2station.com/
Website com dados de turnês “U2gigs” − http://www.u2gigs.com [Perfil do
U2 no site de rádio e de informações Last.fm −
http://www.lastfm.com.br/music/U2
Perfil do U2 na MTV norte-americana − http://www.mtv.com/artists/u2/
Em português
Portal em língua portuguesa do U2 “U2BR” − http://www.u2br.com/portal/
Notícias sobre o U2 no site de rock e metal Whiplash.net −
http://whiplash.net/bandas/u2.html
Website do fã-clube brasileiro “Ultravioleta” − http://www.ultraviolet-
u2.com/
Músicas do U2 na Rádio UOL −
http://www.radio.uol.com.br/#/artista/u2/2905
Este livro foi composto nas fontes Palatino e Folio LT, e impresso em
papel Offset 90g/m2 na Intergraf.