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Apreensao de Mercadorias contrabandeadas e Descaminhadas na AT, Alfandegas de

Mocambique, como forma de aumentar as receitas e desencorajar actos ilicitos: Caso de


Fronteira de Ressano Garcia (Ano 2022).

Resumo

Diante da conjuntura económica e financeira que o nosso país atravessa, o estudo do contencioso
aduaneiro e das suas condicionantes reveste-se de elevada pertinência e actualidade, na medida em
que, muitos processos tributários ficam a aguardar decisão administrativa ou judicial por longo periodo
de tempo atrasando assim a colecta de receitas para o Estado.

Por conseguinte, este trabalho de investigação consiste num estudo de natureza exploratória, com
abordagem quantitativa, que tem por objectivo aferir sobre o papel das Apreensao de Mercadorias
contrabandeadas e Descaminhadas na AT, Alfandegas de Mocambique, como forma de
aumentar as receitas e desencorajar actos ilicitos: Caso de Fronteira de Ressano Garcia (Ano
2022).

As condicionantes do contencioso aduaneiro, nomeadamente, quais as causas que estão subjacentes


aos actuais níveis de litigiosidade fiscal e que medidas são necessárias para a sua diminuição.

Segundo os resultados obtidos, estima-se que, no contexto do contencioso Aduaneiro, factores como a
necessidade de lucro facil por parte dos contrabandistas, complexidade da legislação Aduaneira, a
carência de recursos humanos nos tribunais, a percepção desfavorável acerca da actuação da AT, (há
uma ideia generalizada de que as Alfandegas cobram percentagens muito altas dos direitos aduaneiros),
assumem uma maior importância na explicação dos elevados níveis de contencioso aduaneiro.

A metodologia do estudo, quanto ao tipo de pesquisa foi qualitativa, quanto a natureza, foi aplicada e
quanto aos objectivos descritiva, recorrendo ao procedimento bibliográfico e entrevistas para dar
sustento teórico sobre o tema em alusão. Apresentaremos aqui um breve histórico do contencioso
aduaneiro, localizacao da fronteira de Ressano Garcia, com recurso ao estudo de casos múltiplos, onde
se procederá a análise de demonstrações, bem como de outras obrigações declarativas e de reporte
associadas. A escolha desta metodologia é apropriada para este tipo de estudo, seguindo modelos de
identificação de variáveis que estão associados a omissões para a prática de incumprimento das
obrigações fiscais, com recurso a indicadores financeiros e fiscais, que evidenciam diferentes
comportamentos que permitem inferir estarem em incumprimento.

Palavras-chave: Contrabando de mercadorias, Contencioso Aduaneiro, Garantias dos


Contribuintes, Determinantes do Contencioso.
1.Introdução

A necessidade de lucro fácil por parte dos "Mukheristas", Percentagens muito altas dos
Direitos aduaneiros e outras imposições, como Iva 16% e ICE ( varia de 35 a 90%), complexidade
da legislação Aduaneira, a carência de recursos humanos nos tribunais, são factores que contribuem
para o atraso e incumprimento das metas estabelecidas naquela fronteira do País.

As mercadorias importadas passam pela introdução e condução à alfândega, apresentação,


depósito provisório, declaração do regime aduaneiro a que pertence, liquidação, pagamento e
autorização de saída.

Por outras palavras, o contencioso Aduaneiro tem particularidades técnicas e económicas


capazes de considerar os seus mecanismos jurídicos de intervenção no comércio internacional,
como um conjunto à parte, com uma técnica e originalidade independentes do Direito Fiscal,
bem como uma terminologia própria. Daí espraiar-se por várias áreas terminando no
contencioso aduaneiro.

Segundo (Cajueiro,2013), “toda pesquisa deve ter objectivos claros e definidos, pois assim
torna mais fácil conduzir a investigação”. Os objectivos podem ser gerais e específicos
(particulares). Assim, o trabalho vai ser pelo objectivo principal o conhecimento dos aspectos
relacionados ao contencioso aduaneiro e especificamente, contrabando de mercadorias na
fronteira de Ressano Garcia, definir o contencioso aduaneiro, descrever os passos a verificar
no caso de contencioso aduaneiro e por fim explicar os vários tipos de contencioso aduaneiro.

Como metodologia usamos a tese de Coelho (2010), ao afirmar que a “metodologia


corresponde em um estudo sistémico dos métodos caracterizados em diferentes técnicas
validas e avaliadas permanentemente, métodos aqueles que devem ser planeados e
apropriados aos objectivos de análise de cada disciplina em ordem a visão permanente e
crítica do conhecimento científico.” Para concretização do presente trabalho recorreu-se a
consulta de legislacao Aduaneiraincluindo a sua Pauta, artigos que continham a informação do
tema, pesquisa na internet, entreviastas, técnica de resumo e digitação, assim como as
pesquisas e bibliotecas com o intuito de trazer o essencial e melhorar o desenvolvimento
científico do trabalho.

Justifica-se este trabalho pela nossa ambição de compreender as causas geradoras do


contencioso Aduaneiro, concretamente ao contrabando de mercadorias na fronteira de
Ressano, possa contribuir para a adopção de medidas tendentes a diminuir o grau de
litigiosidade que se verifica actualmente, e que possa servir como ponto de partida a novos
estudos que visem alcançar a melhoria da justiça tributária e Aduaneira.

Mas, apesar de se considerar normal um certo volume de conflito tributário, este surge como
um problema quando o nível de litigância é tal que, para se obter uma sentença, em primeira
instância, que confira uma solução a determinada controvérsia entre cidadão e Administração
Fiscal, é necessário esperar cerca de dois a quatro anos , com todos os prejuízos que esse facto
acarreta, quer para o contribuinte, uma vez que pode estar em causa o direito à tutela
jurisdicional efectiva, quer para a sustentabilidade das contas públicas, visto que este atraso na
aplicação da justiça pode conduzir a uma diminuição das receitas fiscais, constituindo, em
última análise, um obstáculo à evolução do País.

Na actualidade é inquestionável o aumento da eficiência na fronteira de Ressano Garcia,


tendência essa que se verifica um pouco por todo o País, no entanto, é também inquestionável
que os contribuintes estão cada vez mais conscientes dos direitos que podem exercer perante
a administração tributaria. Estas, entre outras, são algumas razões que conduzem a um
aumento exponencial da conflitualidade fiscal, com todas as consequências que daí advêm.

.......................................................................................
CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

Direitos Aduaneiros
Sao tarifas e outros encargos imputados à circulação de bens e capitais através das fronteiras
dos territórios aduaneiros, sao impostos alfandegários cobrados com dois objetivos
fundamentais interligados: a obtenção de receitas fiscais e a proteção das economias
nacionais. Sao impostos indiretos na medida em que incidem sobre transações.

Contencioso aduaneiro
Segundo Caetano (1979) a palavra Contencioso pressupõe um conflito de interesses, entre
duas ou mais partes que leva à discussão da legalidade de determinados actos, ou apuramento
de responsabilidades, perante órgãos independentes imparciais com competência para
proferirem decisões tendentes a converte-se em coisa julgada.
Segundo o autor acima o Contencioso Aduaneiro de que nos vamos ocupar é o conjunto de
espécies processuais (processos), definidas pelas leis tributárias dirigidas aos tribunais fiscais e
através das quais os contribuintes exercem os seus direitos contra actos ilegais da
administração Aduaneira. É um contencioso de anulação.
Conforme ensina o Professor Nuno Sá Gomes (1994) Resulta de um pedido formulado
jurisdicionalmente, para anulação de um acto jurídico da administração. Corresponde a um
exame da legalidade dos actos administrativos, definitivos e executórios. O acto anulado deixa
de existir na ordem jurídica – o juiz anula o acto, não se substitui à administração, proferindo
outro acto legal em lugar daquele.
O Manual de Direito Fiscal (Volume II) salienta que o direito fiscal tem diversas fontes,
podendo esta expressão (fontes) ser empregue em diversas acepções, (históricas,
consuetudinárias, objectivas, subjectivas, jurídicas, etc.), mas as que aqui nos interessam,
serão sobretudo as fontes de direito fiscal objectivo, no sentido técnicojurídico. “A fonte de
obrigação tributária é sempre o facto objectivo da previsão das normas de incidência
tributária.”.
2.1.Direito Fiscal e Direito Tributário .................

Aplicamos a designação “direito fiscal” sobretudo para designar o conjunto de leis que regulam
os impostos propriamente ditos, (definindo imposto como a prestação pecuniária, unilateral,
coactiva, imposta por lei, sem carácter de sanção).

Na designação de “direito tributário” ou dos tributos, englobamos para além das leis fiscais
dos impostos, toda a legislação sobre taxas (prestação como contrapartida de um serviço
prestado, quer pelo estado, quer pelas autarquias) e outras prestações financeiras a favor de
entidades públicas (propinas, contribuições da segurança social, direitos aduaneiros, etc.) –
artº 3 da Lei Geral Tributária (decreto-lei 398/98, de 17 /12).

No edifício legislativo que rege o “Direito Tributário”, são essenciais à resolução dos conflitos
que se geram nas relações jurídico-tributárias entre a Administração Tributária e os
contribuintes, o Estatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais - Lei 13/2002 de 19/02 - que
define a competência e hierarquia dos Tribunais Administrativos e Fiscais, a Lei Geral
Tributária, o Código do Procedimento e Processo Tributário, o Código de Processo nos
Tribunais Administrativos e Fiscais, o Código do Procedimento Administrativo, e
supletivamente, o Código do procedimento administrativo, o Código Civil, e o Código de
Processo Civil.

2.2.Características essenciais do contencioso aduaneiro

Em termos teóricos, e numa primeira aproximação, pode afirmar-se que a relação jurídica
tributária é um vínculo de natureza jurídica que se estabelece entre o credor de um tributo,
grande parte das vezes o Estado, e um devedor, genericamente designado por contribuinte.

No âmbito de tal vínculo — ainda de um modo aproximativo e superficial —, costuma afirmar-


se que este último encontra-se investido num conjunto de deveres em face do primeiro, dos
quais ressalta, pela sua visibilidade e natureza marcadamente restritiva da esfera patrimonial,
o dever de pagamento do tributo.

2.3.Justiça Tributária

Segundo a CRM (2004) quando se fala de Justiça Tributária está-se a falar, nomeadamente, de
direitos e garantias dos contribuintes. Contudo, desconhece-se a existência de uma definição
legal para o termo, pelo que, recorrendo à mais significativa doutrina fiscal, se tenha chegado
ao seguinte conceito: “Justiça Tributária é o sistema de meios, mecanismos, formas ou
processos, criados pela ordem jurídica, destinados à resolução de litígios emergentes das
relações jurídicas tributárias.”

Para Rocha (2012), a justiça tributária é entendida como o conjunto de meios procedimentais
e processuais legalmente previstos, que materializam as normas jurídico tributárias ao caso em
concreto”.

Estando aqui em causa conflitos de natureza tributária e constituindo o Estado uma das partes,
terão os mesmos de assumir sempre natureza pública, e, para regulamentar a forma como
esses conflitos poderão ser dirimidos entre os particulares e a administração, existem um
conjunto de normas e princípios, um sistema processual específico e uma organização
judiciária especializada (Neto, 2004)

2.4.Contencioso Administrativo aduaneiro

O contencioso administrativo tributário constitui, nos termos da lei, a forma como os


contribuintes podem intervir no procedimento na defesa dos seus direitos e interesses,
reagindo perante os órgãos inseridos dentro da Administração Tributária contra os actos de
que são destinatários, dispensando formalidades e pagamento de custas. Pela sua
importância, destacam-se as garantias que de seguida se descrevem.

2.5.Reclamação Graciosa

Dentro das garantias impugnatórias no procedimento tributário vamos encontrar em primeiro


lugar, a reclamação graciosa prevista no artigo 68º do CP, que constitui o meio impugnatório
por excelência (Rocha, 2014, p. 229), e visa a anulação total ou parcial dos actos tributários por
iniciativa dos contribuintes, incluindo os substitutos e os responsáveis legais, devendo ser
dirigida ao órgão periférico regional da administração tributária.

2.6.Contencioso Judicial Tributário

O Contencioso Judicial Tributário pode ser entendido como o conjunto de meios processuais
definidos pelas leis tributárias e dirigidos aos tribunais fiscais, através dos quais os
contribuintes exercem os seus direitos contra os actos lesivos dos seus interesses perpetrados
pela administração tributária. A existência de meios que garantam o controlo administrativo e
judicial da administração tributária é essencial para a obtenção de uma verdadeira tutela
efectiva.

Com vista à defesa dos seus direitos, o contribuinte, para além dos meios de tutela de carácter
administrativo, dispõe da possibilidade de recorrer aos tribunais, com vista a impugnar os
actos da Administração Tributária. Temos assim, que o contencioso tributário judicial não é
mais do que o corolário dos artigos 20º, n.º 1 e 268º, n.º 4 da CRM, onde é garantida a tutela
jurisdicional efectiva dos direitos e interesses legalmente protegidos dos administrados.

2.7. Impugnação Judicial

Dentro dos meios processuais principais, são as impugnações (lato senso) os meios mais
importantes do processo tributário. Assume especial destaque, pela sua tradicional
identificação com o ato tributário (que é o ato de liquidação administrativa de impostos), a
impugnação judicial.

Trata-se este do meio processual regra em matéria tributária (no fundo, o meio principal
dentro dos meios principais), apenas se deixando de a ela recorrer no caso de estarmos
perante uma das situações em que o meio (impugnatório) adequado seja a acção
administrativa (que são os casos referidos no artigo 97.º, n.º2, do CPPT), ou em caso de
desadequação relativamente ao objectivo da tutela efectiva dos direitos ou interesses
legalmente protegidos (artigo 96.º, n.º1, do CPPT), onde será, via de regra, adequado, como
veremos, um dos meios principais subsidiários.

O processo de impugnação judicial tem em vista, tal como sucede com a reclamação graciosa,
a anulação total ou parcial de actos tributários, tendo como base qualquer um dos
fundamentos previstos no artigo 99º do CP. É o meio processual adequado para obter a
anulação de um ato praticado pela AT ou a declaração da sua nulidade ou inexistência jurídica
(artigo 124º, n.º 1, do CP).
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
De uma forma geral todo o trabalho científico consiste em definição de um tema, em seguida a
definição do problema e dos objectivos. Para que esses objectivos sejam alcançados é
necessário que se seleccione uma determinada metodologia ou método que vai facilitar o
alcance dos mesmos objectivos.

A metodologia, de acordo com Lakatos e Marconi (2009, p. 44) ‟ é o caminho pelo qual se
chega a um determinado resultado”, quer dizer procedimentos técnicos racionais que
garantem a legitimidade do saber obtido. Para o manual de procedimentos de ISCED (2017), a
metodologia é o caminho, a direcção para o rigor científico. Oferece trilhas, normas, regras e
hábitos que orientam no caminho da pesquisa científica.

Assim, o presente capítulo descreve o tipo de pesquisa; o método de pesquisa, método de


abordagem, método de procedimento e as técnicas a usar para a recolha de dados.

3.1. Tipo De Pesquisa

O manual de procedimentos de ISCED (2017), explica que do ponto de vista da forma de


abordagem do problema, a pesquisa pode ser pesquisa quantitativa aquela que considera tudo
que pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para
classificá-las e analisá-las ou pesquisa qualitativa os factores que não são puramente
direccionados por números.

Portanto, com base neste esclarecimento, esta pesquisa quanto ao problema foi qualitativa.
Justificou-se a escolha da abordagem qualitativa pois atendendo ao esclarecimento de
Marconi e Lakatos (2009, p. 19) foi intenção contextualizar o contencioso aduaneiro.

3.2.Natureza na pesquisa

Do ponto de vista de sua natureza, seguindo o raciocínio do manual de procedimentos do


ISCED (2017), e também de Prodanov e Freitas (2013), as pesquisas podem ser básicas ou
aplicadas. As pesquisas básicas geram conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência
sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.

A pesquisa aplicada, objectiva gerar conhecimento para aplicação prática dirigida à solução de
problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais e a pesquisa aplicada, objectiva
gerar conhecimento para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos.
Envolve verdades e interesses locais.

Assim, esta pesquisa foi aplicada no sentido que, foi dirigida para descrever os passos a
verificar no contencioso aduaneiro.

3.3.Tipo de pesquisa quanto ao objectivo

Do ponto de vista de objectivos as pesquisas podem ser descritivas e explicativas ou


exploratórias, (Prodanov e Freitas, 2013).

Assim, esta pesquisa foi descritiva na medida que apresenta-se em forma de levantamento,
que pretendia identificar as formas do contencioso aduaneiro.

3.4.Procedimentos técnicos da Pesquisa

Os procedimentos técnicos de uma pesquisa possibilitam uma aproximação do processo


investigativo com realidade a investigar, e é processo permanentemente inacabado (Fonseca,
2002).

O manual de procedimentos do ISCED (2017) esclarece que, do ponto de vista dos


procedimentos técnicos, as pesquisas podem ser Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Documental,
Pesquisa Experimental, pesquisa-acção e estudo de caso.

Uma Pesquisa é bibliográfica, quando elaborada a partir de material já publicado, constituído


principalmente de livros, artigos de periódicos e actualmente com material disponibilizado na
internet, (manual de procedimentos do ISCED, 2017).

Portanto, com este procedimentos foi possível a partir dos materiais, ler, seleccionar,
organizar, compreender o assunto da pesquisa, as fontes de direito fiscal e aduaneiro na
ordem jurídica moçambicana.

3.5.Métodos de Pesquisa
Os métodos de Pesquisa constituem a, forma ordenada de proceder ao longo de um caminho.
Conjunto de processos ou fases empregadas na investigação, na busca do conhecimento,
( manual de procedimentos do ISCED, 2017).

Os métodos de pesquisa dividem se, segundo Marconi e Lakatos (2009) em métodos de


abordagem e de procedimentos.
Quanto a abordagem, Marconi e Lakatos (2009) apresentam os seguintes métodos, método
indutivo, dedutivo, hipotético dedutivo e o dialéctico. A partir da explicação de Marconi e
Lakatos (2009), o estudo seleccionou a abordagem hipotético dedutiva, visto que o estudo
teve inicio com a delimitação do problema, no sentido de se procurar identificar as formas de
contencioso aduaneiro.

3.6. Colecta de Dados

Segundo o manual de procedimentos do ISCED (2017), nas pesquisas existem diferentes


métodos utilizados para colectar informações, que se enquadram em duas categorias, ou seja,
dados primários e dados secundários.

Atendendo a Chizzote (2000), as fontes primárias são matérias originais a partir das quais
outras pesquisas são baseadas como por exemplo dissertações, artigos, entrevistas,
questionários.

Os dados secundários constituem interpretações de fontes primárias derivados das obras


originais, cujo objectivo é analisar e interpretar fontes primárias. São exemplos de fontes
secundarias livros, manuais, materiais de referencia.

3.7.Técnicas de análise de dados

Para o tratamento e análise de dados, optou-se pelo método de análise de conteúdo, que
segundo Lakatos e Marconi (2009, p. 167), “ foi uma técnica de ler e interpretar conteúdo de
documentos, que analisados adequadamente nos abriram as portas ao conhecimento de
aspectos e fenómenos relacionados ao tema”.
4.Analise e discussão de resultados

4.1.Recurso Contencioso (Acção Administrativa)

O recurso contencioso, referido no artigo 97º, n.º 2, alínea p), já não existe com essa
denominação nos termos da actual legislação (artigo 191º, do CP), tendo sido substituído pela
acção administrativa.

A acção administrativa é um meio processual que está disciplinado nos artigos 50º e ss. do
CPTA e que tem como objecto questões jurídicas relacionadas com o exercício de poderes
administrativos de autoridade materializados na emissão de actos administrativos (individuais
e concretos) ou regulamentos (normas administrativas, gerais e abstractas). Em matéria
tributária, esta acção administrativa deve ser utilizada pelos contribuintes nas situações em
que esteja em causa a apreciação de actos administrativos relativos a questões tributárias que
não comportem apreciação da legalidade do ato de liquidação (por exemplo, o ato de
revogação de isenções ou outros benefícios fiscais, ou um despacho de sujeição a determinado
regime de tributação).

O pedido será, em princípio, a anulação do ato administrativo respectivo ou a declaração da


sua nulidade ou inexistência jurídica, e a acção deverá ser proposta no prazo de três meses a
contar da notificação. Em termos de tramitação segue as regras previstas no CP.

Acção para Reconhecimento de um Direito ou Interesse em Matéria Tributária

A impugnação judicial e a acção administrativa têm uma dimensão essencialmente reactiva:


pretende-se, como pedido principal, a remoção da ordem jurídica de actos praticados pela
administração que se consideram feridos de ilegalidade.

Ora, tal pode não ser suficiente para assegurar uma plena tutela jurisdicional dos direitos e
interesses legalmente protegidos dos cidadãos, pois pode mostrar-se necessária uma
intervenção judicial de carácter constitutivo. Através deste meio processual, procura-se obter
do Tribunal apenas o reconhecimento de determinado estatuto jurídico ou direito (v.g., o
estatuto de portador de deficiência para efeitos fiscais), pressupondo-se que o mesmo não
tem vindo a ser reconhecido pela AT.

As principais características distintivas deste meio processual são:


i. É uma Autêntica acção, instaurada ex novum no Tribunal tributário, não tendo,
portanto, natureza recursiva, assumindo as características de uma verdadeira
acção declarativa de simples apreciação (o interessado não está a colocar em crise
nenhum ato lesivo anterior);
ii. Ter atrás de si um comportamento, positivo ou negativo (por acção ou por
omissão) de não reconhecimento administrativo;
iii. Ter por finalidade a definição futura de situações jurídicas semelhantes. Este meio
processual tem natureza subsidiária em relação aos restantes meios
impugnatórios já analisados, tanto assim é que o CP no seu artigo 145º, n.º 3 prevê
que “as acções apenas podem ser propostas sempre que esse meio processual for
o mais adequado para assegurar uma tutela plena, eficaz e efectiva do direito ou
interesse legalmente protegido”.

Em conclusão, sempre que o contribuinte puder utilizar outro meio, como o processo de
impugnação judicial, deverá fazê-lo, pois, este sim, será o “meio adequado” para tutelar a
sua posição jurídica.

4.2.Oposição à Execução Fiscal

O processo de execução fiscal é um meio processual que tem por objectivo realizar um
determinado direito de crédito, trata-se de um processo de natureza judicial, sem prejuízo
da participação dos órgãos da administração tributária nos actos que não tenham natureza
jurisdicional (artigo 103º da LGT).

Quanto às dívidas que podem ser cobradas em processo de execução fiscal, elas deverão
ser i) certas – no sentido em que não existem dúvidas quanto aos sujeitos devedores nem
quanto à natureza e conteúdo das prestações em que as mesmas se materializam –, ii)
líquidas – no sentido em que não existem dúvidas quanto ao respectivo montante – e iii)
exigíveis – no sentido em que não existem dúvidas quanto ao momento para serem
reivindicadas –, o que se afere em face do título executivo em causa.

Os principais intervenientes neste processo são o órgão da execução fiscal e o executado,


podendo nele intervir, consoante os seus desenvolvimentos, o juiz, outros credores, o
Representante da Fazenda Pública, ou o Ministério Público, entre outros. É com a citação
que o contribuinte executado tem conhecimento de que corre contra ele um processo de
execução fiscal (artigo 35º, nº2 do CPPT), sendo que a mesma é sempre acompanhada de
cópia do título executivo e da comunicação do prazo para deduzir oposição à execução,
requerer o pagamento em prestações ou requerer a dação em pagamento (artigo 189º do
CPPT).

A oposição à execução fiscal, embora com tramitação autónoma em relação ao processo


executivo, funciona na dependência deste, assumindo a função de contestação à
pretensão do exequente. O ato jurídico de oposição, enquanto meio processual adequado
para concretização do direito de resistência constitucionalmente previsto (artigo 103º, n.º
3, da CRM), deve observar determinadas exigências, sendo uma delas os fundamentos que
servem de base à dedução da oposição, os quais se encontram taxativamente previstos no
artigo 204º, n.º 1, do CP.

4.3.Recurso dos Actos Praticados no Processo de Execução

Os actos praticados pelo órgão da execução fiscal, susceptíveis de lesar os direitos e


interesses legítimos do executado, podem ser objecto de reclamação judicial nos termos
do artigo 276º do CP. Tal como refere o artigo 103, n.º 2, da LGT “é garantido aos
interessados o direito de reclamação para o juiz da execução fiscal dos actos
materialmente administrativos praticados por órgãos da Administração tributária”, ou
seja, estamos aqui em presença de um instituto típico do processo de execução fiscal que
visa o controlo jurisdicional das decisões administrativas proferidas pelo órgão de
execução fiscal que afectem os direitos e interesses legítimos do executado.

4.4.Arbitragem Tributária

Ainda no âmbito do contencioso judicial tributário há que considerar a chamada


“arbitragem em matéria tributária”, que é apresentada como uma “forma alternativa de
resolução jurisdicional de conflitos no domínio fiscal” e que tem como um dos seus
principais objectivos o reforço da tutela eficaz dos direitos e interesses legalmente
protegidos dos contribuintes.

No que diz respeito ao seu objecto, de um modo simplista, pode dizer-se que a arbitragem
pode genericamente incidir sobre:

a) Declaração de ilegalidade de liquidação de tributos, de autoliquidação, de retenção na


fonte e de pagamento por conta;

b) Declaração de ilegalidade de actos de determinação da matéria colectável e de actos de


fixação de valores patrimoniais;
c) Apreciação de qualquer questão, de facto ou de direito, relativa ao projecto de decisão
de liquidação

3.Conclusão

A realização da justiça tributária concretiza-se sempre que se encontra assegurada a plena


garantia dos direitos e protecção dos interesses legítimos dos contribuintes, o que implica
o direito de obter, em prazo razoável, uma decisão definitiva que aprecie a pretensão
deduzida pelo interessado e garanta a sua execução (Serra,2000).

E só a plena e efectiva concretização destas três dimensões permite induzir nos


contribuintes a percepção de que as receitas tributárias são um bem público em benefício
da comunidade, e na ausência das quais se compromete o regular financiamento da
actividade do Estado através da cobrança de impostos (Catarino et al, 2000).

No entanto, constata-se que a realização da justiça tributária é, hoje em dia, um objectivo


de difícil concretização, devido a várias razões que importa analisar e que serviram de
mote ao presente trabalho. Neste sentido, com a realização deste trabalho procurou fazer-
se uma incursão pelo contencioso tributário com o objectivo de se conhecer o actual
paradigma em que o mesmo se encontra.

Foi igualmente nosso objectivo, perceber quais os factores que operam como causas dos
elevados níveis de litigiosidade fiscal que se verificam actualmente no nosso país, e que
comprometem a realização da justiça tributária, conduzindo a uma diminuição das receitas
fiscais e pondo em causa a sustentabilidade das contas públicas. Com este intuito
abordámos, em primeiro lugar, os principais princípios, garantias e meios que se
encontram legalmente à disposição do contribuinte como forma de acautelar e reagir
contra um possível exercício ilegal das funções da tributação.
4.Bibliografia

Alves, José António Costa e Martins, Jesuíno Alcântara (2002). Procedimento e Processo
Tributário. Administração Geral Tributária – Instituto de Formação Tributária.

Alves, José António Costa e Martins, Jesuíno Alcântara (2007). Manual de Procedimento e
de Processo Tributário. Ministério das Finanças e da Administração Pública (Direção Geral
dos Impostos, Centro de Formação).

Araújo, António Manuel Cunha, (2014). A Reclamação Graciosa em Direito Fiscal.


Dissertação de Mestrado. Instituto Politécnico de Bragança.

Barnett, V. (1991). Sample Survey Principles and Methods. Hodder & Stoughton.

Campos, Diogo Leite de / Benjamim Silva Rodrigues / Jorge Lopes de Sousa (2012). Lei
Geral Tributária - Anotada e Comentada (4ª Edição). Lisboa: Encontro da Escrita.

Novoa, César García (2002). Mecanismos alternativos para la resolución de controvérsias


tributarias su introdución en el derecho español. In Rivista Di Diritto Tributario
Internazionale n.º 2/2002.

Oliveira, T.A. (2004). Estatística Aplicada. Universidade Aberta. PEDHAZUR, Elazar J. &
Schmelkin, Liora Pedhazur (1991). Measurement,Design, and Analysis: An Integrated
Approach. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates. Consultado em 16/10/2016, em
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PEREIRA, Manuel Henrique de Freitas (2011). Fiscalidade (4ª Edição). Coimbra: Almedina.

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