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Poesia na sala de aula: desafios e propostas

João Victor Macedo1, Maria Taynara Ribeiro Domingos2,


Raicia da Silva Izidório3, Sártry Araújo Silva4
Maria do Socorro Pinheiro5.
1
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, e-mail:
joaovictor.macedo@aluno.uece.br
2
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, e-mail:
taynara.domingos@aluno.uece.br
3
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, e-mail:
raicia.izidorio@aluno.uece.br
4
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, e-mail:
sartry.silva@aluno.uece.br
5
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu, e-mail:
socorro.pinheiro@uece.br

RESUMO. Tem-se percebido que a poesia ainda é pouco estudada nas escolas.
Diante disso, este trabalho nasce com o propósito de discutir a inserção da poesia
em sala de aula, apresentando metodologias e antologias que foram desenvolvidas
no projeto de extensão “Poesia na sala de aula: discutindo propostas
metodológicas”. Para tanto, utilizou-se primeiramente como método a leitura de
textos teóricos que fundamentassem as discussões. Em seguida, houve a
organização de antologias e a criação de metodologias para o ensino de poesia.
Este trabalho ateve-se aos estudos de Hélder Pinheiro (2018, 2014), Eliana
Kefalás (2012), Alfredo Bosi (1996), Antonio Candido (2006) e Paulo Freire
(1996), que abordam sobre a prática docente, a formação literária do(a) leitor(a) e
o prazer do texto poético.
Palavras-chave: Poesia. Metodologias. Sala de Aula.

1. INTRODUÇÃO
Não é novidade que no cenário do ensino de literatura, a poesia é pouco lida e estudada
em sala de aula e, em se tratando de poesia de autoria feminina, a prática de leitura é ainda
menor. Algumas razões para o pouco interesse podem ser aqui elencadas: desmotivação, falta

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de critérios para escolha dos poemas, tempo reduzido para leitura, metodologias inadequadas,
livros didáticos com pouquíssimos poemas, abordagens superficiais sem se deter na leitura, na
fruição e na construção dos sentidos do texto. Então, não havendo uma metodologia, é
provável o desdém dos estudantes e, consequentemente, frustração no objetivo de formar
leitores. Portanto, torna-se imprescindível, além de estudar referenciais teóricos, elaborar e
revisar metodicamente o projeto de inserir poesia na sala de aula.
Em torno da poesia há muitas verdades que precisam ser conhecidas, pois todo um
universo se espraia diante do leitor. A poesia tem chamado atenção de professores,
estudiosos e pesquisadores pelas suas especificidades temáticas e formais, bem como, pelo
seu poder epifânico. PAZ (1982, p.15) afirma que “a poesia é conhecimento, salvação,
poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é
revolucionária por natureza [...]”. Diante de todo o poder da poesia, não se pode tardar o
encontro da poesia com o(a) leitor(a) no espaço da sala de aula com a medicação do(a)
professor(a) para as possíveis reflexões que o texto provoca.
A poesia é arte, presentifica-se na vida a todo momento e nas mais variadas
formas. Neste sentido, nota-se a importância da poesia para o encontro do homem consigo
mesmo, com o outro e com o mundo, pois reúne temas oriundos do cotidiano e
ressignifica-os, dando ao(a) leitor(a) a possibilidade de viver outras realidades. Ou seja, a
poesia não se resume a um amontoado de palavras, mas é uma associação entre o texto e os
sentimentos que se relacionam com a vida em sociedade, como relações familiares ou
afetivas. Apesar de sua importância, percebe- se a ausência da poesia na escola. Segundo
Pinheiro (2007 p.17), “de todos os gêneros literários, provavelmente, é a poesia o menos
prestigiado no fazer pedagógico da sala de aula”. Portanto, quem lê poesia está tendo uma
vivência com o texto, que consegue traduzir os anseios do(a) leitor(a). Pinheiro (2007 p.20)
afima ainda: “É evidente que vale a pena trabalhar a poesia em sala de aula. Mas não
qualquer poesia, nem de qualquer modo. Carecemos de critérios estéticos na escolha das
obras ou na confecção de antologias”.
Tendo a poesia a capacidade de nos oferecer outra visão de mundo, mediante suas
especificidades, verificou-se a necessidade de elaboração de um material metodológico
para a poesia em sala de aula, de modo a atender aos interesses e necessidades dos(as)
professores(as) do Ensino Médio, com o foco na poesia e seu lugar na sala de aula. Este
trabalho, portanto, se justifica pela necessidade de ler poesia, pois dela avulta o
desenvolvimento intelectual, a formação leitora e a sensibilidade estética dos(as)
alunos(as).

2. METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos para a realização desse projeto baseiam-se em uma

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análise bibliográfica, pois “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2008), além de pesquisas em livros
didáticos, sites, antologias e revistas. Nesse campo bibliográfico, o projeto se desenvolve
numa ambiência mais propositiva ao elaborar material para o ensino de poesia.
As ações do projeto ocorreram em três etapas ao longo de três anos de estudo: na primeira
etapa, leitura e discussão de textos teóricos e literários; a segunda diz respeito à elaboração de
metodologias para leitura de poesia em diálogo com os(as) professores(as) do Ensino Médio;
a terceira foi a leitura de textos teóricos e literários. Acrescenta-se também a elaboração de
outras mais cinco metodologias ao material dos anos anteriores e a organização de uma mesa
redonda com a presença de professoras da Educação Básica, com o tema “Poesia e Leitura:
Por Uma Educação Poética”, que contou com a presença de docentes da cidade de Iguatu,
Jucás, São Pedro e de universitários(as).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O referido Projeto de Extensão já está no seu quarto ano de vigência, apresentando
os seguintes resultados:
● Durante o primeiro semestre (abril, maio e junho) dos anos de 2020, 2021, 2022
e 2023 foram realizadas leituras em torno de textos teóricos e literários, que
facilitaram a discussão do gênero poesia, ampliando a criticidade e reflexões em
torno da docência e do ensino de poesia.
● No segundo semestre do ano de 2020, foi elaborado um “Caderno de
Metodologias Para Trabalhar Poesia na Sala de Aula” e organizada uma
“Antologia da Poesia Contemporânea”.
● No primeiro semestre de 2021 (junho e julho), foram organizadas as “Antologia
dos anos 2000”, com diferentes temáticas, e a “Antologia de Poesia Erótica em
Língua Portuguesa”, com poemas para serem lidos em sala de aula, com a
mediação do(a) professor(a).
● Nos meses de julho, agosto e setembro do ano de 2021, o Caderno de
Metodologias foi ampliado contendo quarenta e cinco metodologias, com
atividades dialógicas e interdisciplinares, a fim de desenvolver reflexões críticas
e de colaborar com a formação de leitores(as) de textos literários.
● Na Semana Universitária do ano de 2021, foi ministrado um minicurso com o
tema: “Poesia na Escola: Metodologias Para o Ensino de Poesia”, em que foram
apresentadas algumas metodologias do Caderno e muitas propostas de leituras
de poemas diversos.
● Também na XXVI Semana Universitária, foi apresentado um trabalho oral
mostrando o Projeto e seus resultados.

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● No ano de 2022, além das leituras teóricas e literárias já citadas, o Caderno de
Metodologias foi ampliado contendo atualmente cinquenta metodologias.
Também foi organizado no mês de outubro uma mesa redonda com o tema:
"Poesia e Leitura: Por Uma Educação Poética”, por meio da qual professoras da
Educação Básica apresentaram suas reflexões como docentes e algumas
experiências sobre o ensino de poesia.
● Na Semana Universitária XVII foi ministrado o minicurso "A erótica verbal em
prosa e em verso", no qual, além de ter sido brevemente explicado o percurso
desse gênero textual ao decorrer da história, foram lidas diversas poesias
eróticas, inclusive as de autoria dos próprios participantes que se sentiram à
vontade para divulgá-las.
● No ano de 2023, desde o dia 3 de maio, vêm sendo realizados quinzenalmente
encontros com bolsistas e interessados, para leitura, debate e reflexão de textos
poéticos. No mês de Dezembro de 2023, o projeto realizará uma roda de
conversa e sarau poético intercalado com música e dança.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A poesia é, em si, uma fonte de conhecimento que desperta os mais variados
sentimentos e a criatividade dos(as) leitores(as). Seja ela erótica, épica, não importa a
temática e nem suas variadas formas, a poesia possui o potencial de despertar os sentimentos
e os sentidos .
Sendo assim, é notória a necessidade de trabalhar a poesia na sala de aula, logo, é a
partir do contato com a leitura que o estudante pode experienciar esse gosto apaixonante pela
poesia. É através do conhecimento que o texto literário traz, que se desperta o olhar crítico e
reflexivo para as coisas que estão para além dos muros das escolas.
Por isso, o professor deve ter em mente que são necessárias, para conseguir êxito no
tocante ao trabalho com poesia na escola, uma didática atrativa e a utilização de poemas com
que os discentes simpatizem, porque a poesia faz parte do cotidiano dos estudantes. Pinheiro
(2018) assevera que “estudante gosta de poesia. Não de qualquer poesia nem de poesia dada
de qualquer forma”.
O professor tem que ter a experiência de leitura teórica e de obras literárias suficiente
para escolher o texto adequado ao seu aluno, tanto em relação ao conteúdo programático que
ele tem que cumprir, quanto à necessidade de formação do aluno como ser humano – algo
que só o professor no contato, quase sempre diário, pode perceber. O professor precisa
colocar-se na posição do seu aluno para individualizar/contextualizar o ensino. Afinal, o
livro didático – e todos os manuais de cunho didático - é produzido a partir de conceitos

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teóricos para necessidades e potencialidades gerais de uma faixa etária/série.
As particularidades são de competência, não só do professor, como também da
equipe pedagógica de cada escola. Neste sentido, compete à escola, não só a criação de
novos pretextos para a leitura, como revitalizar o prazer de ler. Portanto, trabalhar poesia em
sala de aula não se torna apenas uma prática docente, mas é também uma ação humanitária,
pela qual o(a) professor(a) pode por meio de suas ações estimular os(as) alunos(as) a ter uma
melhor atuação crítica e participativa no meio em que vivem.

5. REFERÊNCIAS
ASSIS, Renata Machado de. Pesquisa interventiva e formação profissional: experiências
desenvolvidas nos cursos de educação física da UFG/REJ/Brasil. MLinguagens,
Educação e Sociedade, Teresina, Ano 22, n. 37, p. 254-274, jul./dez. 2017. Disponível
em: file:///C:/Users/cliente/Downloads/7586-27604-1-PB.pdf. Acesso em: 23 out. 2021.

BOSI, Alfredo (org.). Leitura de Poesia. São Paulo: Ática, 1996.

CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. 5ª Ed. São Paulo: Associação


Editorial Humanitas, 2006.
FERREIRA, A. B. H. MiniAurélio século XXI escolar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).
KEFALÁS, Eliana. Corpo a corpo com o texto na formação do leitor literário.
Campinas, SP: Autores Associados, 2012. (Coleção formação de professores).
PAZ, Octávio. O arco e a lira. Trad. Ari Ritman e Paulina Wacht. 2ª. ed. São Paulo:
Cosac Naify, 2014.

PINHEIRO, Hélder. Poesia na sala de aula. Campina Grande: Bagagem, 2007


RAMALHO, Christina Bielinski. A poesia é o mundo sendo: o poema na sala de aula.
Revista da Anpoll, Florianópolis, n. 36, p. 330-370, jun. 2014.

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