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Aula 02 - Direito Processual Penal Militar
Aula 02 - Direito Processual Penal Militar
Olá amigos,
Bom dia, Boa tarde e Boa noite!
Nosso objetivo de hoje:
Aula 2:
Denúncia.
Processo.
1
Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Persecução Penal Militar
"
Persecução = Investigação + Ação
Penal Preliminar Penal
1
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 220.
2
Feitoza, Denilson. Direito processual penal: teoria, crítica e práxis/ Denilson Feitoza. – 7ª ed., ver. e
atual. Niterói, RJ: Impetus, 2010, p. 222.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
No contexto da Ação Penal condenatória, deve-se inquirir sobre
seus elementos. Assim, são elementos da ação penal: as partes, a
causa de pedir e o pedido. Entenda-se por elementos os fatos
jurídicos que estão presentes em toda Ação Penal.
“Para visualização sistemática do processo penal comum, eis o
seguinte gráfico:
”3
3
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
sustenta a doutrina, utilizando-se a aplicação analógica do CPP
comum.
Outra cautela que se deve ter no âmbito militar, é que não se
fala em contravenção penal militar, embora se utilize o termo
contraventor. É importante saber que no âmbito militar, contraventor
é o militar que praticou infração disciplinar, ou seja, praticou uma
infração de natureza administrativa e não penal.
“Pergunta: Existe Ação Penal não condenatória no Brasil?
Resposta: SIM. São exemplos: o Habeas Corpus (ação penal
liberatória), a Revisão Criminal e o Mandado de segurança em
matéria criminal.
No contexto das ações penais não condenatórias teríamos como
partes no polo ativo: o réu, o advogado ou qualquer pessoa (no caso
do Hábeas Corpus onde a legitimidade ativa é universal); e no polo
passivo o Estado (Revisão criminal) ou a autoridade coatora (HC e
MS). Como causa de pedir teríamos o ato ilícito ou abusivo que
culminou na restrição indevida do direito fundamental. E como pedido
teríamos a anulação do ato processual, a declaração de inexistência
da relação jurídica e consequentemente o restabelecimento do
exercício do direito fundamental violado ou ameaçado de violação.”4
4
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição.
Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 122/123.
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Analista do Ministério Público da União
Como se sabe, o Brasil não adota o sistema da jurisdição
condicionada. Sobre o tema discorremos em nosso Direito
Constitucional Fundamental:
“O acesso à justiça também é garantido através da assistência
jurídica integral e gratuita. Art. 5º, LXXIV, CF e art. 134, CF.
Quando a CF/88 diz que a lei não excluirá, isso não é
uma mensagem só para o legislador. Serve também para toda e
qualquer autoridade. E essa lesão ou ameaça pode se dar de forma
direta ou indireta.
Ex.: o STF afirma, por exemplo, que quando é feita a análise da
vida pregressa do candidato ao cargo em concurso público, sem que
se revele quais são os critérios utilizados pela banca, isso inviabiliza
a defesa do candidato, e assim, de forma indireta, viola o Princípio do
Acesso à Justiça.
De acordo com o presente princípio se afirma que não é preciso
se esgotar a via administrativa para só depois se bater às portas do
Pode Judiciário.
Por isso se diz que não mais se admite no Brasil o sistema de
jurisdição condicionada, pois não é necessário o prévio esgotamento
das vias administrativas para a provocação da função jurisdicional.
Exceção legítima à esse princípio se refere ao previsto no art.
217, § 1º e § 2º da CF/88.
Dispõe o artigo: § 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações
relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se
as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. § 2º - A justiça
desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
A Lei 9507/97, lei do habeas data, e ainda, a Súmula 2 do STJ
– informam que o HD só é cabível quando há recusa ou demora de
determinado ente que preste serviço público em fornecer a
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informação solicitada. Assim, não cabe HD se não houver recusa de
informação.
Embora alguns autores reputem a hipótese de habeas data
como uma exceção à jurisdição incondicionada, entendemos que na
verdade se está diante da de condição para a propositura a ação
constitucional, que no caso reflete o próprio interesse processual (de
agir).”5
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CRUZ, Pablo Farias Souza. Direito Constitucional Fundamental. 1ª edição. Juiz de
Fora: produção independente, 2013, p. 264/265.
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Obrigatoriedade
“O Ministério Público diante da convicção da existência de
indícios de autoria e prova da materialidade de uma infração penal é
obrigado a atuar, ofertando a denúncia respectiva. ”6
Enquanto o referido princípio sofre exceção da esfera
processual penal comum, como é o caso da transação penal, tal não
ocorre na esfera castrense, haja vista a inaplicabilidade da lei
9099/95 no âmbito militar.
Referido princípio é expressamente tratado no CPPM, conforme
se verifica no seguinte artigo:
Obrigatoriedade
Art. 30. A denúncia deve ser apresentada sempre
que houver:
a) prova de fato que, em tese, constitua crime;
b) indícios de autoria.
6
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição.
Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, no prelo, p. 170.
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Oficialidade
Somente órgãos oficiais podem propor a Ação Penal.
Obviamente tal afirmação só se aplica às ações penais públicas, já
que a ação penal privada subsidiária da pública poderá ser proposta
por advogado (pessoa privada com capacidade postulatória) como
regra, também podendo ser apresentada por defensor público, em
caso de necessitados.
Assim, no contexto do presente princípio se afirma que a ação
penal pública só pode ser promovida por órgãos oficiais (MP – art.
129, I, CF).
A oficialidade também se aplica na fase preliminar de
investigação => assim, a investigação será promovida por órgãos
oficiais (polícias judiciárias ou, no caso militar, encarregado militar –
superior hierárquico).
Sabemos que, geralmente, quem faz a investigação são as
Polícias Judiciárias (civis e federais), sendo que as polícias
administrativas não detêm tal atribuição, com exceção, é claro, das
hipóteses relacionadas ao Inquérito Policial Militar, estudadas na aula
passada.
Tecnicamente, a investigação particular é ilegal, constituindo
Usurpação da Função Pública, crime previsto no art. 328 do
CP7comum.
Na ótica do princípio da oficialidade, é possível sustentar que,
com base no art. 144, §1º, IV, CF, SOMENTE A POLÍCIA JUDICIÁRIA
poderia investigar.
Entretanto, há quem sustente que esse inciso, juntamente com
o §4º, denota que há diferença entre POLÍCIA JUDICIÁRIA e POLÍCIA
INVESTIGATIVA, sendo que, somente aquela, seria uma função
EXCLUSIVA da polícia, tendo em vista que a CF não utiliza palavras
7
Conforme sustenta Hidejalma Muccio, em seu: Prática de Processo Penal – Teoria e Modelos. São
Paulo: Método, 2009.
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inúteis. Tal distinção se torna relevante para o debate a respeito da
(im)possibilidade do Ministério Público presidir investigação criminal.
O entendimento que tende a prevalecer é o de que o MP pode
investigar por causa da: TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS, uma
vez que se o MP pode exercer a ação penal, por que não poderia
exercer as atribuições relacionadas à instrumentalização da mesma,
se ele pode o fim, por que não poderia o meio, se ele pode mais, por
que não poderia o menos?
Ademais se o MP tem o poder de exercer o controle externo da
atividade policial, pode também investigar, já que as atividades de
controle envolvem, justamente, a realização de atos de investigação.
Ainda segundo o art. 129, CF, se indaga: Se o MP pode
averiguar atos de improbidade administrativa, presidindo o inquérito
civil, por que não poderia investigar?
Por outro lado, se entende que é justamente porque o MP
realiza o controle externo, investigando a polícia, que ele não poderia
realizar a investigação, em respeito à Separação dos Poderes
(evitando a concentração de poder nas mãos de um único órgão)8.
Assim, não seria saudável que o ente controlador também pudesse
realizar a atividade controlada.
O STF tem caminhado no sentido de admitir a investigação
criminal pelo Ministério Público, vejamos a decisão da 2ª turma:
8
Para maior aprofundamento, conferir questão subjetiva, no fim da unidade, a respeito da investigação
criminal por parte do Ministério Público.
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procedimento investigatório instaurado exclusivamente pelo
Ministério Público e que culminara na condenação do paciente,
delegado de polícia, pela prática do crime de tortura. Grifos
acrescidos pelo autor
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837)
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investigatório instaurado pelo Ministério Público não interfere
nem afeta o exercício, pela autoridade policial, de sua
irrecusável condição de presidente do inquérito policial, de
responsável pela condução das investigações penais na fase
pré-processual da persecutio criminis e do desempenho dos
encargos típicos inerentes à função de Polícia Judiciária. Grifos
acrescidos pelo autor
HC 89837/DF, rel. Min. Celso de Mello, 20.10.2009. (HC-89837)
9
Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo564.htm
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Ministério Público e investigação criminal
A 1ª Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se
pretendia o trancamento de ação penal, sob o argumento de
que a investigação criminal teria partido exclusivamente do
Ministério Público. Observou-se que a denúncia se baseara em
declarações prestadas, espontaneamente, pelo co-réu ao
representante do Ministério Público e que, a partir dessas
informações, o parquet realizara diligências, devidamente
acompanhado pela polícia civil, além de ouvir outras pessoas, o que
não implicara presidir inquérito policial e nem invadir seara reservada
à Polícia Judiciária. Afirmou-se, ademais, a desnecessidade do
inquérito policial se o Ministério Público já dispuser de
elementos capazes de formar sua opinio delicti. Concluiu-se não
ter havido ilegalidade nos procedimentos adotados pelo órgão
ministerial nem ilicitude das provas produzidas. Vencido o Min.
Marco Aurélio, que sobrestava o feito até o julgamento pelo
Plenário do HC 84548/SP, no qual se discute a distinção do
inquérito para propositura da ação civil e para ação penal. No
mérito, concedia a ordem por entender que o Ministério Público
procedera à investigação e que o acompanhamento da polícia
inverteria a ordem natural das coisas. Grifos acrescidos pelo autor
HC 96638/BA, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.12.2010. (HC-
96638)10
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investigação ministerial, estabelece as seguintes linhas restritivas
iniciais:
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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Por fim, no presente contexto deve-se ter cautela ao se
transportar essa admissibilidade ao contexto da caserna, pois,
conforme vimos, existem exigências, pautadas na proteção da
segurança nacional (hierarquia e disciplina), que demanda que a
presidência da investigação seja elabora por superior hierárquico, o
que poderia ser um obstáculo à uma investigação criminal a ser
presidida pelo Ministério Público Militar, que então só poderia auxiliar
o encarregado da investigação, conforme autoriza expressamente o
CPPM.
Em que pese tal reflexão informamos que a tendência é admitir
a investigação também por parte do Ministério Público Militar, isso
com base nos precedentes citados pelo STF e na fundamentação legal
seguinte:
Indisponibilidade
O princípio da indisponibilidade, decorrência da obrigatoriedade,
informa que uma vez instaurada a ação penal o Ministério Público não
pode desistir da mesma.
Destarte, caso o MP mude de opinião, entendendo que o
imputado não é autor da infração penal ou de que a mesma não
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http://www.jusmilitaris.com.br/uploads/docs/mpm_e_denuncia_anonima.pdf
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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ocorreu, ele não deve pedir a extinção do processo penal, mas sim
opinar pela absolvição do réu, já que um processo penal garantista
deve servir tanto para condenar o culpado como para absolver o
inocente.
Tal princípio decorre expressamente de duas disposições do
CPPM:
Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério Público não
poderá desistir da ação penal.
Proibição da desistência
Art. 512. O Ministério Público não poderá desistir do
recurso que haja interposto.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Ação Penal Pública Condicionada à Requisição
Conforme se afirmou anteriormente, o Direito Processual Penal
Militar admite a Ação Penal Pública condicionada à Requisição.
Assim, afirmamos que:
O art. 122 do CPM, lido adequadamente, nos informa:
Nos crimes dos arts. 136 a 141, se o agente for militar a ação
penal dependerá de requisição do Ministro da Defesa14 (para alguns
do Comandante da Força15), se no caso do art. 141, for um civil o
autor do fato, e não for o caso de concurso de agentes com um
militar, a requisição será feita pelo Ministro da Justiça.
Sobre o tema importante traçar alguns detalhes sobre a
requisição. Vejamos
Requisição do Ministro da Justiça: É um pedido e ao mesmo
tempo uma autorização de natureza política que condiciona o início
da persecução penal.
Natureza jurídica: é uma condição objetiva de procedibilidade.
Ela é uma condição para que a persecução seja deflagrada. Sem ela
não pode haver inquérito, processo, nem lavratura do flagrante. Sem
ela, providências criminais não podem ser tomadas contra o suposto
infrator.
- Destinatário: o chefe do MP = Procurador Geral Republica
- Legitimidade ativa: do próprio Ministro da Justiça.
Prazo: não tem limite de prazo, sendo possível requisitar a
qualquer tempo, desde que pretensão punitiva em relação ao crime
não esteja prescrita. Logo, não há que se falar em prazo decadencial.
Retratação do Ministro da Justiça: a doutrina majoritária
(Denilson Feitoza, Luiz Flávio Gomes e Eugênio Pacelli) vem buscando
equiparar a representação com a requisição, para também admitir a
retratação. Entretanto, longe de pacífica a questão, há entendimento
14
Enio Luiz Rossetto nesse sentido.
15
Célio Lobão nesse sentido.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
mais conservador, no sentido da inadmissibilidade do referido
instituto. Tourinho Filho afirma que se o Ministro da Justiça se
retratar é porque foi precipitado.
Segundo Tourinho Filho o ato é irretratável por ausência de
previsão legal e também pelo risco que a admissão poderia gerar no
sentido de demonstrar a fragilidade do Estado brasileiro.
Em que pese o debate exposto acima, o STF e o STJ não
julgaram a matéria.
Eficácia objetiva: a requisição do Ministro da Justiça goza de
eficácia objetiva, se restringindo aos fatos.
Não vinculação: esta requisição é um mero pedido de
providencias e não vincula o MP.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública na esfera militar
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denúncia, ou (b) de adotar medidas que viabilizem o
arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação,
ou, ainda, (c) de requisitar novas (e
indispensáveis) diligências investigatórias à autoridade policial
ou a quaisquer outros órgãos ou agentes do Estado.
Decisão monocrática Ministro CELSO DE MELLO Relator
(Brasília, 10 de agosto de 2009).16
16
Transcrições do Informativo 556 do STF. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo556.htm
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tratava seus subordinados com rigor excessivo; punira alguns
militares com rigor não permitido por lei; ordenara que dois militares
em prisão disciplinar ficassem sem alimentação por um dia; e ofendia
os subordinados, constantemente, com palavras. Decorridos dois
meses da representação, sem que tivesse havido manifestação do
MPM, a associação promoveu ação penal privada subsidiária da
pública perante a Justiça Militar da União, pedindo conhecimento da
demanda e, ao final, a total procedência dos pedidos, com
consequente aplicação da pena correspondente pelos delitos, além da
anulação das sanções disciplinares injustamente aplicadas, com a
respectiva baixa nos assentamentos funcionais. Considerando essa
situação, é correto afirmar que é da Justiça Militar da União a
competência para julgar ações judiciais contra atos disciplinares
militares e que, mesmo sem previsão no CPM e CPPM, se admite a
ação penal privada subsidiária da pública no processo penal militar,
bem como seu exercício pela pessoa jurídica, no interesse dos
associados, com legitimação concorrente nos crimes contra a honra
de servidor militar.
Certo ou Errado
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Analista do Ministério Público da União
AUTORIZADORES DA UTILIZAÇÃO DA AÇÃO PENAL PRIVADA
SUBSIDIÁRIA. OPÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PELO
ARQUIVAMENTO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
DE INVESTIGAÇÃO PENAL. MEDIDA QUE SE CONTÉM NA ESFERA
DE PODERES DO PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA (RTJ
57/155 – RTJ 69/6 ...
... QUANTO À FEBRACTA, A SUA QUALIDADE PARA AGIR EM
SEDE DE QUEIXA SUBSIDIÁRIA. INEXISTÊNCIA, NO
ORDENAMENTO POSITIVO BRASILEIRO, DA AÇÃO PENAL
POPULAR SUBSIDIÁRIA. MAGISTÉRIO DA DOUTRINA.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS EM GERAL. CONTROLE
PRÉVIO DE ADMISSIBILIDADE DAS AÇÕES NO ÂMBITO DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. COMPETÊNCIA MONOCRÁTICA DO
RELATOR. LEGITIMIDADE (RTJ 139/53 – RTJ 168/174-175).
INOCORRÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE
(RTJ
181/1133-1134). AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA NÃO CONHECIDA.
... esta Suprema Corte não tem reconhecido, a entidades
civis e sindicais, legitimação ativa “ad causam” para,
agindo em sede penal, ajuizarem, em substituição
processual ou em representação de seus associados, ação
penal, inclusive aquelas de natureza cautelar ou tendentes
a uma sentença condenatória
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e
as ações judiciais contra atos disciplinares militares,
ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,
cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do
posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
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Denúncia
Requisitos da denúncia
g) a classificação do crime;
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Assim, é possível se pedir uma coisa e “obter” outra. Exemplo: promotor pede a condenação por
roubo, mas o juiz condena no furto por entender que não existiu violência ou grave ameaça.
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h) o rol das testemunhas, em número não
superior a seis, com a indicação da sua profissão e
residência; e o das informantes com a mesma
indicação.
Dispensa de testemunhas
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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receber a denúncia quanto para rejeitá-la. Ademais, conforme dispõe
o CPPM:
Incompetência do juiz. Declaração
3º No caso de incompetência do juiz, êste a
declarará em despacho fundamentado,
determinando a remessa do processo ao juiz
competente.
Identificação do acusado
Art. 70. A impossibilidade de identificação do
acusado com o seu verdadeiro nome ou outros
qualificativos não retardará o processo, quando
certa sua identidade física. A qualquer tempo, no
curso do processo ou da execução da sentença, far-
se-á a retificação, por têrmo, nos autos, sem
prejuízo da validade dos atos precedentes.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Concisa, porque não deve se estender à descrição de
circunstancias divorciadas da infração ou do autor do fato. Ademais,
quanto maior for a narrativa, maior será o ônus probatório do
Ministério Público.
Já a clareza é necessária, porque é a causa de pedir que
oportunizará, em primeiro lugar, o exercício do direito de defesa e,
em segundo lugar, a fixação dos limites da prestação jurisdicional.
Portanto, a causa de pedir vai delimitar os limites de dois
princípios, quais sejam, ampla defesa e congruência.
No Processo Penal Militar, assim como no comum, o acusado irá
se defender da narrativa fática, bem como a prestação jurisdicional
será limitada por essa narrativa. O juiz está adstrito à causa de pedir,
aos fatos narrados pelo acusador. Sobre o ponto insta transcrever o
artigo do CPPM que prevê, na parte inicial, a denominada emendatio
libelli.
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essenciais, que são os necessários para identificar a conduta como
fato típico.
O que se admite, portanto, é a confecção da denúncia geral18,
impropriamente chamada, em alguns julgados, de genérica. O que,
numa prova objetiva, pode obrigar o candidato a marcar a alternativa
não tecnicamente perfeita, pois apesar de correta a distinção exposta
(em nota de rodapé) verifica-se muitas vezes que os próprios
tribunais utilizam o termo de forma não precisa.
Rejeição de denúncia
Art. 78. A denúncia não será recebida pelo juiz:
18
“...para a boa compreensão da matéria ora em apreço, a essencialidade da distinção entre ‘denúncia geral’ e ‘denúncia
genérica’. Entendida a primeira como a descrição clara e precisa do fato criminoso, na inicial acusatória, e a sua imputação a
todos os acusados (seja pelo fato de que todos dele participaram, seja pela impossibilidade de esmiuçar a conduta de cada
acusado, individualmente considerado), não se vislumbra maiores problemas à sua aceitação na doutrina e na jurisprudência
pátrias, uma vez que a denúncia geral possibilita ao acusado o conhecimento preciso da imputação que lhe é feita, não lhe
impedindo ou dificultando a defesa.
Por outro lado, a denúncia genérica caracteriza-se justamente pela não-individualização das condutas/fatos criminosos
narrados, de forma que todos são atribuídos, indistintamente, a todos os acusados – atitude esta de inegável desrespeito, pelo
órgão acusador, aos princípios constitucionais que tutelam o acusado e, em última análise, que asseguram o próprio "ius
libertatis".
Desse modo, a ausência de relação de pertinência subjetiva entre os acusados e os fatos narrados na inicial acusatória – traço
marcante da denúncia genérica – viola diversos postulados constitucionais, tais como o devido processo legal em sua vertente
adjetiva, em que se enquadram as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CF/88), o princípio da
não-culpabilidade ou da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF/88), o princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, da
CF/88) e, em última análise, o sobreprincípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). Destarte, defende-se a
impossibilidade de aceitação da denúncia genérica em quaisquer crimes, inclusive, nos denominados crimes societários.” (LIMA,
Marília Silva Ribeiro de. Da (im)possibilidade de denúncia genérica nos crimes societários. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n.
2592, 6 ago. 2010 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/17111>. Acesso em: 25 jul. 2012.)
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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a) se não contiver os requisitos expressos no
artigo anterior;
b) se o fato narrado não constituir evidentemente
crime da competência da Justiça Militar;
c) se já estiver extinta a punibilidade;
d) se fôr manifesta a incompetência do juiz ou a
ilegitimidade do acusador.
Preenchimento de requisitos
1º No caso da alínea a, o juiz antes de rejeitar
a denúncia, mandará, em despacho fundamentado,
remeter o processo ao órgão do Ministério Público
para que, dentro do prazo de três dias, contados da
data do recebimento dos autos, sejam preenchidos os
requisitos que não o tenham sido.
Ilegitimidade do acusador
2º No caso de ilegitimidade do acusador, a rejeição
da denúncia não obstará o exercício da ação penal, desde
que promovida depois por acusador legítimo, a quem o
juiz determinará a apresentação dos autos.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Para elucidar a questão propomos o seguinte quadro
comparativo:
CPPM CPP
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a
Art. 77. A denúncia conterá: exposição do fato criminoso, com todas
... as suas circunstâncias, a qualificação do
f) as razões de convicção ou acusado ou esclarecimentos pelos quais
presunção da delinquência; se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das
... testemunhas.
Prazo
Prorrogação de prazo
1º O prazo para o oferecimento da denúncia poderá,
por despacho do juiz, ser prorrogado ao dôbro; ou ao
triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver
prêso.
2º Se o Ministério Público não oferecer a denúncia
dentro dêste último prazo, ficará sujeito à pena disciplinar
que no caso couber, sem prejuízo da responsabilidade
penal em que incorrer, competindo ao juiz providenciar no
sentido de ser a denúncia oferecida pelo substituto legal,
dirigindo-se, para êste fim, ao procurador-geral, que, na
falta ou impedimento do substituto, designará outro
procurador.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Processo
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Art. 69. Considera-se acusado aquêle a quem é
imputada a prática de infração penal em denúncia
recebida.
Esquematizando:
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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Da leitura do dispositivo pode se extrair dentre outras
conclusões, a natureza jurídica do processo.
Afirma-se que o processo tem natureza de relação jurídica,
relação essa composta por três personagens, visualizada da seguinte
forma:
Juiz
Autor Réu21
21
Representação gráfica inspirada na realizada por Adolf Wach seguindo as idéias de Oscar Von Bülow.
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Questões a respeito da aula:
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de um oficial que era comandante de batalhão de infantaria
motorizada, superior hierárquico de 20 sargentos desse batalhão,
todos associados à ANSAREX, uma vez que ele, diuturnamente,
tratava seus subordinados com rigor excessivo; punira alguns
militares com rigor não permitido por lei; ordenara que dois militares
em prisão disciplinar ficassem sem alimentação por um dia; e ofendia
os subordinados, constantemente, com palavras. Decorridos dois
meses da representação, sem que tivesse havido manifestação do
MPM, a associação promoveu ação penal privada subsidiária da
pública perante a Justiça Militar da União, pedindo conhecimento da
demanda e, ao final, a total procedência dos pedidos, com
consequente aplicação da pena correspondente pelos delitos, além da
anulação das sanções disciplinares injustamente aplicadas, com a
respectiva baixa nos assentamentos funcionais. Considerando essa
situação, é correto afirmar que é da Justiça Militar da União a
competência para julgar ações judiciais contra atos disciplinares
militares e que, mesmo sem previsão no CPM e CPPM, se admite a
ação penal privada subsidiária da pública no processo penal militar,
bem como seu exercício pela pessoa jurídica, no interesse dos
associados, com legitimação concorrente nos crimes contra a honra
de servidor militar.
Certo ou Errado
35
Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
A denúncia no processo penal militar difere da denúncia no
processo penal comum, primordialmente, por exigir que o Ministério
Público explicite as razões de convicção ou presunção de
delinquência.
Certo ou Errado
36