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Noges Fundamentais Nogdes Fundamentais 1. Definigdes de economia O que € a economia? Podemos dizer que a economia é uma ciéncia social, mas diferente de todas as outras porque estuda os factos sociais numa perspectiva econémic a) analisa quais os bens que so produzidos, como so produzidos ¢ para quem so produzidos. Assim temos trés problemas de organizacio econémica: 1. Quais os bens a produzir? Tem de se escolher se produzimos bens de consumo ou bens de capital. 2. Como sao os bens produzidos? Que recursos utilizar na produgao ¢ como combiné-los (em termos de mao-de-obra e tecnologia) e quem vai produzir (estado ou sector privado?) 3. Para quem sio os bens produzidos? Quem os vai consumir? Depende do rendimento gerado c quem fica com ele. A repartigo do rendimento é determinante. Como 6 repartido o produto entre as familias. Samuelson faz uma questiio: “Deve a sociedade proporcionar aos pobres um minimo de subsisténcia ou para comerem tem de trabalhar?” b) analisa os movimentos globais de economia, isto é, tendéncias de pregos, de produgio, do desemprego e do comércio externo, Depois ajuda a desenvolver politicas com as quais os govemos podem melhorar o funcionamento da economia do pais. 1 p.1de11 @arosa Noges Fundamentais 1) “Economia é © estudo da forma como as sociedades utilizam recursos escassos para produzir bens com valor e como os distribuem entre pessoas diferentes” (Samuelson e Nordhaus, 2005, p. 4); 2) “a ciéncia econémica tem por objecto o estudo de como os individuos ¢ a sociedade decidem 0 emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, para produzir coisas e servigos e reparti-los para serem consumidos agora ou no futuro pelos agentes econémicos” (Sousa Andrade, 1998, p. 8); 3) “Economia é 0 ramo cientifico que estuda a aplicagao eficiente de recursos escassos para satisfazer necessidades virtualmente ilimitadas” (Alfredo Sousa, 1987, p. 21). As trés definigbes de economia tém em comum uma ideia bisica: a economia € Uma eiéncia de escola onde os individuos estudam como usar os recursos escassos (recursos naturais, trabalho, capital) para produzir mercadorias da forma mais eficiente possivel e distribui-las ao consumidor. Os recursos! correspondem aos Factores produtivos que necessitamos para produzir: « Recursos “naturais (vulgarmente chamados terra na_ literatura econémica) engloba a terra agricola ¢ todos os outros recursos como petréleo, carvao, madeira, minerais ete. Trabalho, corresponde ao esforgo humano despendido na produgao, normalmente medido em horas; © Capital, corresponde aos bens duradouros produzidos para ajudar 0 processo produtivo de outros bens, como miaquinas, estradas, computadores ete. 2 p.2de11 @arosa Noges Fundamentais A BEASSEZ GOS FECUISOS AHBUETKE ih ValOF ECOHSMIS, motivo pelo qual os diamantes so mais caros que a Agua, nfo obstante a Agua ser necessaria & nossa sobrevivéncia, Devido escassez, a fungdo do economista é estudar a aplicagio eficiente desses recursos. Gonsumidores. Os consumidores esto dispostos a consumir o que necessitam efectivamente para satisfazer as suas necessidades primarias e 0 que os produtores, através de publicidade, poem a disposigdo do consumidor criando-lhe uma necessidade que até ai era desconhecida. 2. Areas da Economia Actualmente a economia divide-se em duas grandes areas: Maeroeconomia © Microeconomia. Até a crise de 1929-32 nao havia esta distingao. A economia classica, cujo fundador foi Adam Smith que escreveu “A Riqueza das Nagées” (1776) onde estuda a determinagio dos pregos dos factores produtivos ¢ os mercados, foi evoluindo ao longo do tempo com varios economistas, entre eles Jean Baptiste Say, 0 qual ficou conhecido com a Dende Say de que 84 oferta Gtia a Sua propria procura™, isto é, de acordo com a economia classica bastava produzir os bens que isso criava rendimento nas familias que permitia a estas adquirir os bens produzidos. (Ai Gris /ae 1929) Goldea em CAUSA) a Lei AE |SAY, porque o excesso de produgao nio é escoado por inexisténcia de procura para a oferta existente. Entio a Lei de Say deixa de se verificar. Os economistas da época interrogam-se sobre a situagio ¢ defendem a intervengio do estado na actividade econémica dinamizando a procura através do consumo piiblico. 3 p.3de 11 @arosa Noges Fundamentais Um economista inglés, Kéymes, pode ser considerado o fundador da Macroeconomia, tendo escrito “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” (1936), onde a economia & analisada como um todo ao nivel do pais, das relagdes entre os paises e 0 todo pode ser considerado como diferente da soma das partes. Assim, a economia classica fica quase toda na 4rea da Microeconomia, onde se estuda o comportamento dos componentes individuais tais como as indistrias, as empresas e as familias; (I EDANSEREREORSNSSESHNS minimizar os custos e maximizar os lucros, enquanto 0 consumidor tem com objectivo optimizar 0 consumo. ‘A Macroeconomia estuda 0 funcionamento da economia como um todo. Estudo os GiGl08/GEOHOMICOS, como sao determinados o nivel ¢ GFeSCiMEntO AOIFOEW, as GSES; analisa a {RMBQESIWIMESEMPIEBS; a determinagdo da MI, investiga a razio porque certos paises prosperam, enquanto outros estagnam etc. 3. Economia Normativa versus Economia Positiva Ao raciocinar sobre questdes econdmicas devemos distinguir entre Economia Normativa — 6 gue deve Se? — onde se fazem apreciagdes valorativas ou diz respeito a objectivos inerentes as _politicas governamentais que so objecto de debate e discussio, e Economia Positiva — @ forma Como as eoisas sao — onde se faz uma anilise de factos ¢ de informacio, normalmente com recurso aos dados estatisticos. Exemplos de Economia Normativa versus Economia P 1. A distribuigdo do rendimento em Portugal nao é igualitéria. - Positiva, porque todos sabemos, pelas estatisticas, que a distribuigdo do rendimento é diferente entre as familias. 4 p.4de11 @arosa Noges Fundamentais 2. A distribuigao do rendimento em Portugal é injusta. - Normativa, porque estamos a emitir um juizo de valor. Hé quem ache injusto e quem no ache. 3. A distribuicdio do rendimento em Portugal deveria ser alterada. - Normativa, porque estamos a dizer o que deveria ser e nfo o que é. 4. O facto de a taxa de juro ser alta dificulta o investimento. - Posit ‘iva, porque 0 aumento da taxa de juro, aumento o custo de pedir dinheiro emprestado para investir, logo dificulta o investimento. 5. O governo deve preocupar-se mais com a inflagao -Normativa, porque estamos a dizer 0 que o governo deve fazer. 6. A desvalorizagdo implica aumento da taxa de inflagiio. - Positiva, porque a desvalorizagio da moeda, aumenta o prego dos bens, nomeadamente dos importados, logo gera inflagio. 7. O estado deveria reduzir os impostos sobre os carros. - Normativa, porque estamos a dizer 0 que o estado deveria fazer. 4, Abordagem cientifica e armadilhas do raciocinio econémico Abordagem Cientifica A Economia, como ciéncia, utiliza 0 método cientifico. Tradicionalmente, 1) Experimentacio: A experimentagio fi80/(6mi Niga® Gi Economia, f as ciéncias sociais. O que existe é a Historia que nos fornece informagao cto que é inerente sobre experiéncias reais passadas. O passado ajuda a prever o futuro, mas existem sempre novos condicionalismos, pelo que a previsio é sempre dificil em economia. 5 p.Sde11 @arosa Noges Fundamentais 2) Observacio: ‘A observagio directa dos fenémenos & a RMNGSIFONtS UGliNTOHNEGaO 2 Economia; a recolha e o tratamento de dados econémicos (estatistica) deu origem ao desenvolvimento da economia. 3) Andlise cientifica: O cientista fenta explicar © fendmeno Observado; da observacdo do comportamento dos agentes econémicos nascem as teorias econémicas, que podem ser validas hoje ¢ mais tarde estarem completamente erradas; Bascado na observagdo construem-se modelos. Utilizando estatistica aplicada & economia vamos fundamentar ou refutar a teoria © assim se vai construindo a ciéncia econémica. Como a realidade econémica & complexa, para se estudar um determinado fenémeno tem de se isolar cada factor que possivelmente 0 determine ¢ ASsumit que tudo 6 resto!se'mantém consiante. Estamos a falar da condigao ceteris-paribus que significa manter 0 resto constante. Por exemplo, para concluir que uma inflagdo de 2% é benéfica para o crescimento econémico, tem que se assumir que o valor das outras varidveis que possam influenciar o crescimento econdmico se mantém constantes. 4.2 Armadilhas do raciocinio econémic« As principais armadilhas ou falacias do raciocinio econémico sao trés: 1. Falicia da composiedo ou da Agregaci Verifica-se quando admitimos que, 0 gue \é verdade para’ a parte, pois em economia, frequentemente o todo é diferente da soma das partes. trata-se de uma generalizagio incorrecta, 6 p.6de11 @arosa Noges Fundamentais Exemplo: A seguinte declaragio é verdadeira, mas dificil de entender se cairmos na falacia da agregagao: Se um agricultor obtiver uma boa colheita, 0 seu rendimento provavelmente aumentaré; se todos os agricultores obtiverem uma boa colheita, 0 rendimento total da agricultura iré provavelmente diminuir. Porqué? Se um agricultor obtiver uma boa colheita, o seu rendimento aumentara, mantendo-se as colheitas dos outros, porque ele tem pouco peso para influenciar o prego de mercado do bem produzido. No entanto, se todos os agricultores obtiverem uma boa colheita, aumenta a produgdo da economia nesse bem especifico 0 que provavelmente originaré uma diminuigao do prego de mercado, ceteris-paribus a procura, e o rendimento agricola certamente diminuird, a nfo ser que 0 aumento da produgio compense a diminuigao do prego. 2. Faldcia de post-hoc A abreviatura! post-hoc significa depois disto, logo devido a isto; esta falcia verifica-se quando admitimos que pelo facto de um fendmeno acontecer depois de outro, ele é uma consequéncia do primeiro, Exemplo: As acgdes na bolsa descem apés subir um imposto, entio deduz-se que a queda da bolsa foi causada pela subida do imposto. Estamos a cometer um erro, porque uma coisa pode nao ter nada a ver com a outra. Temos de apelar & teoria econémica e isolar todos os factores que podem estar na origem de determinado acontecimento, para evitar cair nesta falacia. Post-hoe & a abreviatura de post hoc, ergo propter hoe (depois isto, logo devido a isto), 7 p.Tde 11 @arosa Noges Fundamentais . Falha em manter o resto constante: Se nos esquecermos da condigdo ceteris-paribus cometemos erros. Exemplo: Ceteris-paribus, 0 aumento da taxa de imposto normalmente implica aumento da receita fiscal. Esta preposigio & verdadeira admitindo que o rendimento se mantém vonstante, Se esquecermos a condigdo ceteris-paribus, permitindo a diminuigdo do rendimento, podemos aumentar a taxa de imposto e a receita fiscal nao aumentat, porque a diminuigao do rendimento pode compensar o aumento da taxa de imposto. Podia acontecer que a taxa de imposto baixasse e a receita fiscal até aumentasse e@ por isso nio podiamos concluir que quebra da taxa de imposto originava aumento da receita fiscal, porque esse aumento da receita podia acontecer devido ao aumento do rendimento e nfo a quebra da taxa de imposto. Além destas trés armadilhas outra fonte de erro a evitar é a inerente 4 economia na sua condigao de ciéncia social. 8 p.8de1l @arosa Noges Fundamentais 4. Escolha entre as possibilidades de produsio Vimos antetiormente que existem {i@Sleategorias Nae crores de produgae (recursos naturais, trabalho ¢ capital) ¢ és) problemas @eondmiCes (0 que produzir, como produzir e para quem produzir). Como os recursos sfo escassos, o que produzir ¢ como produzir é limitado, logo temos de fazer escolhas. Essas SS€oIhas) podem Set representas através de uma fronteira de possibilidades de produgio (FPP): Figura I: Fronteira de Possibilidades de Produgao. Fronteira de Possibilidades de Produgéo wA BRE Espingardas (milhares) 0 1 2 3 4 5 6 Manteiga (milhdes de kg) Na figura 1 supde-se uma economia hipotética que produz 2 bens econémicos: espingardas e manteiga. - Se produzisse sé espingardas, podia produzir no maximo 15000 (ponto A); ~ Se produzisse s6 manteiga, podia produzir no maximo 5 milhdes de kg (ponto F) 9 p.9de11 @arosa Noges Fundamentais A fronteira de possibilidades de produgio (FPP) representa _as quantidades maximas de produg%o que podem ser obtidas por uma economia, dados 0 seu conhecimento tecnolégico ¢ a quantidade de factores de producio disponiveis. © ponto H, é um ponto exterior 4 fronteira, logo é inatingivel, porque no hd recursos suficientes para o obter. © ponto G, & um ponto intemo da fronteira, logo ¢ um ponto de ineficiéncia produtiva, porque nao esté a utilizar todos os recursos disponiveis, o que acontece quando por exemplo existe desemprego. Eficiéncia produtiva- Acontece quando uma economia nao pode produzir mais de um bem sem que produza menos de outro bem. Ento ao longo de FPP temos pontos de eficiéneia produtiva. No interior da FPP temos pontos de ineficiéncia produtiva, porque & possivel produzir mais de um bem sem deixar de produzir de outro, porque existem recursos disponiveis. A FPP pode ser visto como no exemplo de o governo gastar recursos para produzir bens piiblicos, menos recurso ficam para produzir bens privados. Bens Publicos - so bens que todos podem utilizar ¢ no ¢ possivel excluir alguém da sua utilizagdo (no hé rivalidade, nem exclusio), como por exemplo a iluminagao piblica e a defesa nacional. 10 p.10de 11 @arosa Noges Fundamentais Quando se faz uma escolha, temos um custo de oportunidade. Custo de oportunidade — valor de bem ou servico de que se prescinde para produzir outro. Na realidade, o custo de oportunidade pode ser visto como o que deixamos de fazer para fazer outra coisa, Na FPP podemos analisar os custos de oportunidade. Se estivermos no ponto D quisermos produzir 4 milhdes de kg de manteiga (mais 1 milhdo que anteriormente, no ponto E) temos um custo de oportunidade de 4 milhares de espingardas que deixamos de produzir. Para produzir mais manteiga, substituimos espingardas por manteiga, por ao longo da FPP, no podemos produzir mais de um bem sem deixar de produzir outro, porque ao longo da FPP temos pontos de eficiéncia produtiva, como vimos anteriormente. Na realidade, quando temos desemprego, fabricas fechadas, terra abandonada, estamos no interior da FPP, onde ha ineficiéncia produtiva, porque podemos sempre produzir mais de um bem sem deixar de produzir de outro. ll p. Ide 11 @arosa

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