Professional Documents
Culture Documents
Sonhos Lúcidos e Espiritualidade - Cleber M. Muniz 2019
Sonhos Lúcidos e Espiritualidade - Cleber M. Muniz 2019
e Espiritualidade
- Cleber M. Muniz -
2
Sumário
Sumário........................................................................................................................................ 3
A Natureza Concreta Dos Conteúdos Psíquicos ........................................................ 5
Sobre a existência de um aspecto energético no homem .................................. 10
A possibilidade lógica da existência paralela e simultânea de vários universos
ou mundos de matéria .................................................................................................... 13
A multidimensionalidade da psique e as viagens internas ................................... 27
A percepção das alterações mórficas na matéria primordial ............................ 31
O que é a consciência e como cultivá-la ................................................................. 33
O Estado Não Usual Da Consciência Extra-Vígil....................................................... 41
O que é uma experiência onírica consciente? ....................................................... 51
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje........................... 53
Um paralelo entre os estados meditativo e onírico consciente .......................... 61
A viagem consciente ao mundo onírico como experiência religiosa ............... 75
As viagens da consciência através dos Eons ........................................................... 78
A ampliação do sentido de realidade que nos permite superar o ceticismo
unilateral .............................................................................................................................. 81
Reflexões e conselhos úteis relacionados com o trabalho de ativar a
consciência dentro dos sonhos e/ou durante a vigília .............................................. 83
Você pode ficar consciente durante o sonho ......................................................... 88
Transcendendo a preocupação com a concretude ............................................ 92
O presente como porta para a realidade onírica natural .................................... 96
A percepção consciente dos traços oníricos sutis ................................................ 102
O despertar no mundo interno por meio do conhecimento vígil da natureza
do sonho ............................................................................................................................... 104
A síntese de indicadores de realidades opostas na observação das cenas
circundantes .................................................................................................................... 107
As experiências oníricas conscientes como meio adicional de investigação
dos conteúdos ctônicos ................................................................................................... 109
O dês-condicionamento dos parâmetros observacionais ................................. 111
A técnica do relaxamento vigilante.......................................................................... 114
Como lidar com os sinais que antecedem uma experiência onírica
consciente ............................................................................................................................ 118
O problema da dinâmica usual do sono e de como superá-la........................ 120
A superação da paralisia do sono por meio da imaginação consciente ..... 124
3
Paralisia do Sono: Uma Dica ....................................................................................... 130
O reconhecimento da realidade intra-onírica durante o sono ......................... 131
O discernimento pela memória resídual .................................................................. 134
A Tendência de Buscarmos um Artificial "Algo Mais" ............................................ 136
4
A Natureza Concreta Dos Conteúdos Psíquicos
25 de agosto de 2011
Por Cleber Monteiro Muniz
5
O meu pequeno conhecimento não abarca a profunda natureza da
matéria (ou energia) componente do pensamento, porém percebo
que a mesma existe e pode perfeitamente ser chamada de matéria
mental sem nenhum problema.
Esta concepção não é nova e nem minha. Einstein nos falava sobre a
estreita relação existencial entre matéria e energia e sobre o caráter
relativo destes conceitos. A relatividade matéria/energia é a mesma
relatividade corpo/espírito: as formas são ora vistas como densas e ora
vistas como sutis. Isso aparece há séculos na mente do homem por ser
arquetípico.
6
Do mesmo modo que o tempo e o espaço são relativos, a matéria e a
energia também o são. Devemos entender que a matéria é energia em
outro estado, um estado de altíssima densidade e que a energia é
matéria em um estado sutilizado. Podemos perfeitamente afirmar que
há infinitos graus de materialidade no universo. Aquilo que é altamente
material sob um ponto de vista não o será sob outro. O altamente
denso apenas o é em relação àquilo que possui menor densidade.
Assim, é lógico que o pensamento, composto por energia, é matéria em
estado sutilizado e, portanto, real e concreto. Não há nisso nenhuma
impossibilidade lógica, nenhum misticismo ou concepção fantástica de
mundo.
7
está além do limite das experiências anteriores e inferiores a ela em
profundidade. Mas a profundidade depende da amplitude e do poder
de penetração e, na atual etapa de nosso desenvolvimento no mundo
ocidental, ainda não somos capazes, usualmente, de nos movermos
com desenvoltura e consciência por diversos níveis vibracionais.
8
imagens nessas experiências se equipara à numinosidade das imagens
acessadas pela consciência por meio das percepções comuns e às
vezes as ultrapassa. Segundo Harnisch (1999, p.7) os nativos norte-
americanos e os chineses não desconheciam isso:
Bibliografia:
HARNISCH, Günter. Léxico dos Sonhos: mais de 1500 símbolos oníricos de
A a Z interpretados à luz da psicologia. (Das Grosse Traumlexikon: Über
1500 traumsymbole von A bis Z psychologisch gedeutet).Trad. de Enio
Paulo Gianchini. Quinta edição. Petrópolis, Vozes, 1999.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/natureza-concreta-
dos-conteudos.html
9
Sobre a existência de um aspecto energético no
homem
Cleber Monteiro Muniz em 08/11/2000
As energias deveriam ser usadas para certos fins que são totalmente
distintos dos usuais. A energia dos seres humanos é desperdiçada e isso
se deve à existência e atuação dos complexos autônomos. Esses
agregados psíquicos queimam nossas reservas energéticas com infinitos
10
pensamentos, sentimentos e ações sem os quais passaríamos muito
bem. Por tal motivo, a única saída que nos resta é assimilá-los.
11
A sutileza das alterações energéticas torna seus efeitos inacessíveis à
percepção consciente. As alterações no sistema energético do corpo
nos possibilita a realização de prodígios normalmente raros como ficar
sereno ante perigos terríveis, curar-se de doenças com mais facilidade e
desprender-se de apegos materiais.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sobre-existencia-de-
um-aspecto.html
12
A possibilidade lógica da existência paralela e
simultânea de vários universos ou mundos de matéria
Por Cleber Monteiro Muniz, 8 de agosto de 1998
Atualizado em novembro de 2005 e maio de 2006
13
As imagens experienciadas durante estados alterados de consciência
tais como o sonho, a meditação ou processos de alucinação, são
totalmente reais para aqueles que as acessam. Possuem impacto
numinoso e realístico idêntico ou até mesmo superior aos verificados
durante contatos em estados usuais de consciência, o que indica a
relatividade da concretude e do real.
14
concebemos, corresponde apenas a uma faixa do espectro perceptual
da consciência. Os objetos concretos e sólidos, que nos parecem
espaços absolutamente impermeáveis e preenchidos, aos cientistas
revelam-se cheios de espaços vazios quando considerados no nível
subatômico, ou seja, quando as consciências dos investigadores focam
a realidade em outra escala, com o auxílio de equipamentos e cálculos
que influenciam suas percepções e, consequentemente, suas
representações mentais acerca do objeto mudam. A tecnologia tem o
poder de alterar a abrangência e a profundidade do campo de
consciência, revelando o novo a respeito dos objetos.
15
Posso até estar errado, mas não aceito em termos absolutos a
afirmação dos físicos de que a velocidade da luz é absolutamente a
mais alta possível...Considero mais coerente afirmar que a velocidade
da luz é mais alta possível dentro do alcance imaginativo dos cientistas
porque eles utilizam a consciência usual em seus trabalhos. Mas dizer
que não há mais nada além do alcance imaginativo de alguém me
soa estranho e ilógico... Pelo mesmo motivo, considero mais coerente
dizer que o elétron ultrapassa a velocidade da luz no salto quântico e
não que ele simplesmente "desaparece de uma órbita e aparece em
outra por encanto". A não-localidade é aparente e se deve a
movimentos em velocidades absolutamente inconcebíveis e
iniimagináveis para a mente humana.
16
inimagináveis. Quanto tempo ele levará para completar um giro e
retornar ao ponto de partida? Obviamente, levará menos tempo.
Multiplique agora esta velocidade por um milhão. O que acontecerá?
Para o hipotético observador, o elétron se transformará em uma
circunferência, do ponto de vista espacial, mas estará, do ponto de
vista temporal, retornando ao ponto de partida no mesmo instante em
que saiu. Acelere-se mais ainda, por uma infinitude de milhões de vezes.
O que ocorrerá? Não, o elétron não chegará ao ponto de partida antes
de ter saído... Ele simplesmente desaparecerá do campo de
consciência do observador por passar a existir em outra escala espaço-
temporal. O mesmo será válido para átomos, moléculas e corpos
constituídos por partículas nessas condições. Acrescentemos mais um
pouco: o átomo encerra dentro de si múltiplas possibilidades
combinatórias simultâneas das quais algumas são interceptadas pela
consciência no colapso da onda. Se os átomos as encerram, os objetos
constituídos por átomos também o fazem. E as outras possibilidades
excluídas do colapso ao não serem interceptadas? Correspondem aos
universos paralelos.
17
não consideraria seus irmãos elétrons muito mais velozes do que ele e
talvez até os visse como tartarugas. E por falar em tartarugas, um jaboti
deve se considerar muito veloz quando se compara com um bicho-
preguiça ou uma lesma... O mais engraçado é que uma estrela, que é
gigante (como a Barnard I, que os gnósticos modernos afirmam vir em
direção ao sistema solar, enlouquecendo furiosamente os astrônomos),
se desloca em velocidades inferiores às do fóton, que é tão minúsculo.
Ou seja: não é porque é maior que vai ser mais veloz... Outra
consideração interessante é que as rochas e montanhas se
movimentam e se mexem (sobem, descem, mudam de forma) em
velocidades que nos escapam, o que nos faz acreditar que elas são
eternas e imóveis mas, na verdade, seus movimentos se dão em um
universo paralelo ao nosso, em outra escala espaço-temporal. Se
pudéssemos filmá-las ininterruptamente durante um milhão de anos e
depois acelerássemos o filme, descobriríamos nelas interessantes hábitos
comportamentais muito semelhantes aos dos seres vivos.
18
grandes para serem percebidas. Como geógrafo, espero que
expedição dos americanos, marcada para junho de 2006, dê resultados
e esclareça de uma vez por todas se tal abertura realmente existe ou
não...
19
considerar. Quando um xamã clarividente afirma que há um espírito,
um fantasma ou uma entidade em tal ponto de sua aldeia e ninguém
além dele consegue enxergá-la, está se expressando mal. Em verdade,
as demais pessoas que não acreditam na presença da entidade por
não serem capazes de enxergá-la estão com a razão pois ela
realmente não está no local apontado. A entidade se encontra em
outra escala existencial. O que acontece é que a consciência do
clarividente, seja desperta ou não, está em contato simultâneo com
ambas as realidades. O clarividente percebe simultaneamente os dois
mundos ao escapar do condicionamento que o encarcera no nível
existencial cotidiano.
20
A percepção da quarta dimensão e das demais dimensões além dela
requer um empenho psicológico específico que é indefinível por estar
absolutamente fora do cotidiano no qual e para o qual foi elaborada
nossa linguagem. As concepções de realidade são construídas
socialmente. Um ocidental moderno intelectualizado não vê os espíritos
da floresta e não os teme com a mesma intensidade de um indígena
por que seu aparelho psíquico foi condicionado a relegar o mundo dos
seres míticos ao reino da fantasia e a não aceitar a existência de outros
universos. Para um orgulhoso acadêmico de raça branca, os povos
indígenas são seres ignorantes, inferiores e estúpidos que não fazem
distinção entre o real e o imaginal. A crença de que nas culturas tribais
não há distinção entre a fantasia, o sonho e a realidade condiciona a
mente e a consciência, cristalizando a concepção de que o mundo
invisível é sinônimo de mentira ou, na melhor das hipóteses, ilusão. Para
a mente acadêmica ortodoxa, é inaceitável a idéia de que os xamãs
possuam uma ciência avançada nos domínios sensoriais do invisível.
Nem mesmo como uma possibilidade teórica tal idéia é cogitada.
A percepção dos outros mundos principia pela percepção direta do
sutil em nós mesmos, de tudo o que se convencionou chamar de
"subjetividade" ou "metafísico". O metafísico em nós mesmos somente
pode ser acessado sensorialmente por meio de um sentido distinto dos
cinco ordinários. Esta percepção pode ser sofisticada até extremos, até
atingir um ponto em que se descortinam outras realidades ante nossa
consciência.
21
dimensões. Um homem com corpo causal, deslocando-se através da
sexta dimensão do universo, verá cores, luzes, ouvirá sons, perceberá
distâncias, velocidades e tempos que lhe permitirão perceber formas
constituintes desse universo que, não por acaso, os antigos
denominaram "céu". O mais interessante é que ali nesse universo
paralelo superior ele encontrará seres vivos, montanhas e outras formas
similares às que temos aqui embaixo. Esta similaridade se deve ao fato
de serem moldados pelos arquétipos universais. Os mesmos princípios
que modelam a matéria componente deste mundo modelam a
matéria componente dos demais universos superiores e inferiores.
Além da sétima dimensão natural eu não consigo imaginar o que possa
existir. Os antigos gnósticos chamavam o que está além dela de "o
Incognoscível", ou seja, Deus em sua forma inacessível a nós, animais
humanóides com cabeças de vento.
22
vibrações correspondentes aos outros universos e que somente
poderiam ferir aparelhos sensoriais que captassem o ultra: os chacras e
seus correspondentes biológicos no organismo físico. A
multidimensionalidade do universo não é acessível à consciência
condicionada pelos sentidos físicos conhecidos.
A cognição do transcendente
É equivocado e ilógico condicionar a aceitação da existência de algo
à demonstração visual direta ou indireta, como fazem os pesquisadores
que descartam a auto-experimentação, porque há uma infinitude de
fenômenos que jamais serão demonstráveis aos olhos, uma vez que o
poder destes de penetrar o real é muito limitado. Há outros que
poderiam ser demonstráveis visualmente desde que o aparelho ocular
tivesse seu funcionamento modificado mas ainda assim exigiriam a
auto-experimentação. Portanto, um dos erros dos acadêmicos que
resistem unilateral, teimosa e tendenciosamente à consideração
imparcial da existência dos universos paralelos, recusando-se a pensar
em tal questão até mesmo como uma simples possibilidade teórica,
23
consiste em evitar a experimentação dos outros níveis da realidade em
si mesmos. E há ainda outro erro: a exigência de que as demonstrações
sejam repetidas e reiteradas coletivamente. Exigir reiteração coletiva, e
sob consciência usual, de fatos somente acessíveis à consciência
alterada, significa pressupor que a comunidade científica esteja apta a
perceber realidades que ultrapassam o alcance de seus aparelhos
cognitivos. Significa também pressupor que não há limites para tais
aparelhos. Tais pressuposições são obviamente falsas. Como demonstrar
de forma repetida para todos algo que somente alguns poucos podem
perceber? Como tornar visível um fato que exige modificação no
aparelho perceptual consciente àqueles que se recusam
terminantemente a realizarem tal modificação em si mesmos?
Além do universo sensorial conhecido, reina a infinitude do supra-
sensorial e do infra-sensorial, universos regidos por leis absolutamente
estranhas à consciência comum. Os princípios e leis que os regem
fornecem outras lógicas para o pensamento, absolutamente distintas
da lógica utilizada pelos materialistas em seus processos analíticos de
teorização, demonstração, comprovação, comparação e julgamento.
Esta diferença radical é o motivo pelo qual suas tentativas de
compreender os mistérios da consciência, da mente, da morte e da
alma falham pois tentam compreender e explicar tais fenômenos
tomando por base a pobre lógica sensorial estreitamente limitada às
percepções comuns, principalmente à visão, e se recusam a enveredar
pela auto-experimentação no terreno do supra/infra-sensível, ao qual
poderíamos chamar também de "endosensível".
24
paradigmas do limitado olho carnal, do visual. A visão, o tato e a
audição são as fontes da lógica materialista. Se fôssemos morcegos
racionais, conceberíamos as formas auditivamente e raciocinaríamos
segundo uma lógica sonora. Nossos critérios científicos, provas,
demonstrações etc. seriam a partir dos sons. Se fôssemos minhocas
racionais, desenvolveríamos uma lógica tátil.
25
alterado demonstram que o "objetivo", ou externo, pode ser vivenciado
como algo ilusório. Vale lembrar que os conteúdos vivenciados durante
a meditação e experiências similares, como a experiência da
ayahuasca e do peyote, possuem um impacto realístico mais intenso do
que a realidade cotidiana ordinária. Os mitos e as crenças religiosas
podem ser experimentados diretamente. Desafio os bribões a deixarem
suas velhacarias de lado pelo menos temporariamente e criarem
coragem para encarar uma experiência desse tipo.
Bom, isso é o que eu penso neste instante e lhes escrevi. Não estou
explicando processos externos mas internos e de cunho estritamente
conscientológico. Para chegar a estas conclusões, combinei as
explicações dos mestres Rabolú, Samael, Huiracocha, Rudolf Steiner, H.
P. Blavatsky, Lobsang Rampa, Eliphas Lévi, Paracelso, Sócrates e Platão,
permeando-as com minhas experiências pessoais até onde pude.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/possibilidade-logica-
da-existencia.html
26
A multidimensionalidade da psique e as viagens
internas
09 de fevereiro de 2002
Por Cleber Monteiro Muniz
Nossos corpos são feitos de átomos. Os mistérios que estão além das
fronteiras subatômicas conhecidas estão também em nossa carne, em
nossos ossos, em nosso sangue, em nosso coração e em nosso cérebro.
A multidimensionalidade do átomo está em nós.
27
Os processos psíquicos estão lá, em nosso espaço psicológico, vivos e
ativos, a despeito do que a ortodoxia científica unilateral conteste.
28
Se estivermos desfrutando de uma intensa situação prazeiroza no
trajeto, sentiremos o desejo de que a viagem se prolongue. Tenderemos
a considerá-la curta e breve. Seremos assaltados por sentimentos
relacionados com esse significado atribuído ao tempo-espaço.
Mas, sob estado alterado, vemos outras dimensões além destas três ou
quatro que pertencem ao universo vígil. Acessamos porções da psique
que estão além do tridimensional ou tetradimensional.
29
Haverá, então, o intra-oniricamente invisível e o visível. O visível possui
enorme impacto numinoso e nitidez. O invisível pertence a mundos
internos transoníricos. A meditação é uma viagem por dimensões
transoníricas em estado de elevada lucidez.
Devemos buscar o que está além das fronteiras conhecidas. O que nos
interessa é entrar nas regiões sombrias. Os covardes preferem restringir-
se ao conhecido. Estes postulados não são pseudo-científicos.
Pertencem a uma ciência não-ortodoxa que, na maioria das vezes, é
marginalizada.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
multidimensionalidade-da.html
30
A percepção das alterações mórficas na matéria
primordial
Por Cleber Monteiro Muniz em 19 de abril de 2002
Para dar forma à matéria primordial nos mundos internos temos apenas
que concentrar o pensamento em fusão com o sentimento. No mundo
físico, a matéria é difícil de ser moldada por ser densa. Sua moldagem e
modificação é mais lenta do que nos mundos interiores. No mundo físico
e nos mundos interiores, algumas formas são criadas espontaneamente.
Nesses casos, a matéria primordial é moldada por forças naturais sem a
participação do homem.
Há formas que nós criamos, formas que outras pessoas criaram e formas
que a natureza criou espontaneamente por sua própria inteligência. Os
elementos que vemos em sonhos são modificações da matéria onírica
primordial: formas assumidas por nossos impulsos de pensamento e
sentimento, pelos impulsos de outras pessoas e/ou pelos fluxos de força
naturais extra-humanos. A força mental e emocional existe na natureza
anteriormente ao homem, assim como a matéria onírica.
31
As formas do mundo físico são sombras. Quando despertamos
interiormente, contatamos formas com impacto realístico-numinoso
muito maior do que o experienciado no mundo físico pela consciência
egóica usual adormecida e extrovertida. Os objetos internos possuem
intensa concretude psíquica e ideoplasticidade.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/percepcao-das-
alteracoes-morficas-na.html
32
O que é a consciência e como cultivá-la
33
Arquetipicamente, a consciência é representada pela luz. A luz, que nos
permite conhecer o que a escuridão oculta, surge em mitos, contos,
sonhos e na literatura como imagem representante da consciência.
34
adormecido na cama. Caso nossa inteligência seja livre o suficiente
para aceitar a possibilidade de que o mundo dos sonhos pertença a
uma realidade paralela à comum, reconheceremos o caráter onírico
das cenas que nos rodeiam ao fazer a averiguação.
35
Uma vez tomados por um agregado psíquico, não vemos o objeto de
desejo tal como é. A percepção subjetiva nos leva considerá-lo
exageradamente bom e seu oposto (ou falta) exageradamente mal.
36
Em uma linguagem religiosa, a vigilância consciente é ensinada como
uma vigília da alma contra os pecados. A inteligência e sagacidade
dos complexos autônomos são representados pela astúcia de Satanás,
o gênio mitológico do mal. Helena Blavastky (1997) recomenda aos
discípulos que não permitam nem mesmo a aproximação da sua
sombra:
37
Uma consciência forte e maleável é uma consciência duradoura e
altamente receptiva a pólos contrários. Permite facilmente a
elaboração espontânea e natural de sínteses, por não estar
condicionada a extremos, e resiste ao perigoso poder hipnótico dos
agregados psíquicos que intentam enganá-la para atuarem na sombra.
É necessário fortificar a consciência mas é igualmente necessário que
esta não seja rígida.
38
Talvez uma exposição didática de passos ajude:
2) Sem tirar a atenção do que está fazendo, procure captar tudo o que
surgir em seu campo de atenção. Você começará a captar muito
sobre você: movimentos, expressões corporais, sentimentos evocados
pela situação que está vivenciando, pensamentos que tentam distraí-lo
para outras coisas, entonações de voz etc. A gama de elementos que
se enxerga é muito extensa e não pode ser apontada em sua
totalidade.
39
A atividade mental intensa ofusca a percepção das realidades internas
e externas. Não permitem que as vejamos tal como são. Atividade
mental intensa é o pensar insistente, autônomo e ininterrupto.
Referências:
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/muniz-c.html
40
O Estado Não Usual Da Consciência Extra-Vígil
(cap. III de "A Experiência Onírica Consciente: Viagens da Consciência ao Mundo dos
Sonhos" – monografia apresentada para conclusão do curso de especialização em
Abordagem Junguiana pela COGEAE da PUC-SP em 2001 e orientada pela Prof.ª
e Dr.ª Noeli Montes Moraes)
25 de agosto de 2011
41
tridimensional: seus elementos componentes não possuem, desde um
ponto de vista físico e externo, as características que chamamos
largura, altura e comprimento. As imagens noturnas não podem ser
medidas em centímetros ou pesadas. Entretanto elas são reais pois
estão vivas dentro de nós.
O homem possuiria recursos internos para acessar o que não pode ser
visto, ouvido, tocado e palpado com o corpo físico pois
suas "experiências multidimensionais transcendem o mundo dos
sentidos"(idem, p. 228), ou seja, conduzem ao contato com o que está
além do nosso universo sensorial. As figuras arquetípicas que surgem em
sonhos possuem formas e, algumas vezes, cores. Há, nos sonhos uma
forma de "visão psíquica" que nos permite descrever as características
morfológicas das imagens com as quais sonhamos. Porém, bem
sabemos que esse tipo de visão não pertence aos cinco sentidos
externos. Ela os transcende e, não obstante, ainda assim pertence ao
ser humano pois está presente nos relatos oníricos.
Corroborando essa visão, Harnisch (1999, p.7) afirmou que "os índios da
América do Norte consideravam os sonhos como visões de uma outra
realidade, que para eles traçava um paralelo com o seu mundo
desperto. De uma forma parecida compreendiam-se os sonhos na
China. Atribuía-se-lhes uma uma elevada qualidade vivencial e estes
eram vivenciados com uma intensidade tão extraordinária que as
pessoas se perguntavam: qual será pois a verdadeira realidade: o sonho
ou aquilo que que se vivencia no estado de vigília?" (grifo meu)
42
existente, embora sob outra forma. A esse respeito, Jung (1984)
escreveu:
"É muito difícil acreditar que a psique nada representa ou que um fato
imaginário é irreal. A psique só não está onde uma inteligência míope a
procura. Ela existe, embora não sob uma forma física. Ë um preconceito
quase ridículo supor que a existência só pode ser de natureza
corpórea [física]. Na realidade, a única forma de que temos
conhecimento imediato é a psíquica. Poderíamos igualmente dizer que
a existência física é pura dedução uma vez que só temos alguma
noção da matéria através de imagens psíquicas, transmitidas pelos
sentidos." (p. 14)
A existência psíquica seria real e válida como a física e talvez até mais.
Conclui-se, por extensão, que adentrar a uma cena onírica
conscientemente é adentrar a um mundo feito de imaginação mas
nem por isso menos verdadeiro. A realidade imaginal interna é paralela
à externa.
43
tradicionais e a nossa sociedade industrial/ocidental é explicada pela
‘superioridade filosófica’ da nossa visão ‘limitada’ de mundo. Depois de
trabalhar 40 anos nessa área do conhecimento, minha opinião sobre
isso é que esta diferença de visão de mundo tem mais a ver com a
enfermidade e com a ignorância da ciência ocidental em relação aos
estados não-usuais de consciência." (idem)
44
A abordagem exclusivamente intelectual seria um obstáculo que
dificultaria a compreensão do funcionamento psíquico de alguém. E,
parece-me, isso é sobremaneira válido no caso desse alguém pertencer
a um contexto cultural completamente adverso ao nosso. Por abrigar
tudo o que existe no universo, a psique precisa ser abordada também
sob prismas não-intelectuais. Isso não significa que o intelecto seja inútil
mas parcial. À abordagem intelectual, dever-se-ia acrescentar outras
que na sociedade atual não são utilizadas. Se buscamos a totalidade,
não podemos aderir teimosamente a apenas alguns instrumentos
cognitivos. Entre as abordagens válidas está a simbólica, com sua via
analógica que nos permite conceituar e expressar intelectualmente
aquilo que é inacessível à mente racional. A metáfora é a ponte entre o
compreensível e o incompreensível e nos permite a comparação. Uma
demonstração analógica torna o obscuro menos incompreensível.
Para Jung (1984) a extroversão excessiva dos dias atuais levaria a uma
negligência para com os acontecimentos internos, inclusive dentro da
ciência. Ele nos diz que o"preconceito, muito difundido, contra os
sonhos, é apenas um dos sintomas da subestima muito mais grave da
alma humana em geral. Ao magnífico desenvolvimento científico e
técnico de nossa época, correspondeu uma assustadora carência de
sabedoria e introspecção. É verdade que nossas doutrinas religiosas
falam de uma alma imortal, mas são muito poucas as palavras amáveis
que dirige à psique humana real; esta iria diretamente para a perdição
eterna se não houvesse uma intervenção especial da graça divina.
Estes importantes fatores são responsáveis em grande medida – embora
de forma não exclusiva – pela subestima generalizada da psique
humana." (pp.18-19). Embora tivéssemos grande desenvolvimento
técnico, teríamos grande atraso introspectivo. Haveria uma aversão
bem difundida contra as viagens do ego às vastidões profundas do si
mesmo e isso decorreria da ignorância a respeito da natureza da alma.
Nem mesmo as nossas religiões seriam capazes de preencher essa
lacuna. Haveria uma subestima da psique e um preconceito contra os
sonhos. Os sonhos lúcidos não seriam, portanto, cultivados ou vistos com
bons olhos em nossa sociedade.
45
experiências continuam sendo negadas pela comunidade
científica." (grifo meu)
46
aumentando a intensidade da experiência com o aparelho, fui
voltando ao meu corpo físico."(ibidem)
47
Essa modalidade especial de consciência seria uma variante da
capacidade de interferir conscientemente no conteúdo dos sonhos,
programando-os previamente. Isso facultaria ao ego a chance de
modificar sua forma de reagir ao contato dos elementos oníricos, desde
que este não tentasse impor seus caprichos ao inconsciente. Ao
modificar as reações no sonho, a pessoa poderia adquirir experiências
novas:
48
Possuiríamos vários níveis conscientes em nosso interior e estes poderiam
ser conhecidos particularmente pelo homem que "olha para dentro e
explora a sua consciência em seus vários níveis"(Capra, 2000, p. 227). A
existência de vários níveis de consciência dentro do homem e a
possibilidade de acesso a eles significaria que não apenas uma
modalidade de consciência, a do estado normal de vigília, seria a
realmente existente em nós mas haveria outras e estas seriam
conhecidas há muito tempo pelos orientais. Seus místicos "exploraram,
através dos séculos, vários modos de consciência e as conclusões a que
chegaram são, com frequência, radicalmente diferentes das idéias
sustentadas no ocidente" (idem, p. 225).
49
REFERÊNCIAS
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/o-estado-nao-usual-
da-consciencia-extra.html
50
O que é uma experiência onírica consciente?
51
1) Podemos assimilar informações depositadas em nosso inconsciente e
passar por experiências arquetípicas. Temos muito conhecimento
depositado no inconsciente. A consciência intra-oniricamente desperta
pode trazer esse conhecimento à existência vígil.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-que-
e-uma-experiencia.html
52
A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos
e hoje
(cap. I de "A Experiência Onírica Consciente: Viagens da Consciência ao Mundo dos
Sonhos" – monografia apresentada para conclusão do curso de especialização em
Abordagem Junguiana pela COGEAE da PUC-SP em 2001 e orientada pela
Profa Dra Noeli Montes Moraes)
04 de abril de 2001
"(...) enquanto nosso tempo ignora e despreza o assunto dos sonhos, nos
tempos antigos eles eram muito mais valorizados. Tanto quanto
conheço, não existe nenhuma cultura antiga na qual os sonhos não
fossem vistos como extremamente importantes." (p.12)
53
"O comportamento humano não é racional e a humanidade se
comporta em todo o mundo como se fosse possessa. Para o homem
primitivo tudo isso era sinal óbvio darealidade do mundo espiritual que
lhe aparecia nos sonhos. (...) Persistimos em nosso materialismo
racionalista, sob a ilusão de que somos racionais e os outros não. Se há
distúrbios em nossos sentimentos e em nossa afetividade, atribuímos a
causa ao que os outros nos fazem e continuamos pensando que só tem
sentido o que nos parece lógico e racional, que só é real o que vemos,
ouvimos, cheiramos, tocamos e provamos. Os sonhos tem sentido, mas
um sentido que não é lógico. São muito reais, mas sua realidade não é
apreendida por nenhum dos sentidos do nosso corpo." (idem, p. 14,
grifos meus)
Nos dias atuais, acreditamos que aquilo que não compreendemos não
existe. Segundo essa forma de pensar, a existência não possuiria um
aspecto desconhecido, um lado não entendido; o incompreensível
seria inexistente. Levada ao extremo, tal idéia nos leva a crer que
sabemos tudo, que não há mistérios. Trata-se de uma violenta inflação
egóica. Em decorrência dessa inflação, rechaçamos o mundo dos
sonhos enquanto modalidade especial de realidade por não
compreendê-lo. Nosso ceticismo arbitrário não nos permite aceitar a
existência daquilo que não conseguimos compreender através dos
cinco sentidos. Esses são os únicos instrumentos que sabemos usar em
nossos processos de cognição. Ignoramos que o problema está em nós
e não no mundo onírico e que temos uma consciência adormecida e
medíocre que nos impede de experimentar outras realidades. Não
colocamos atenção sincera na limitação dos nossos sentidos usuais.
Não percebemos os sonhos diretamente pelos órgãos sensoriais externos
e, por isso, pensamos que eles não existem, nos esquecendo de que a
realidade possui níveis ou facetas usualmente não-sensoriais. Em tais
condições, tudo se passa, para nós, como se o usualmente não-
sensorial fosse o nada. Se isso fosse verdade, não haveria um espectro
contendo sons inaudíveis e feixes luminosos invisíveis ao olho nu,
detectáveis apenas recentemente com o uso de equipamentos
modernos.
54
bíblia e no cristianismo primitivo." (ibidem, p.14). O significado que o
mundo dos sonhos possui para os religiosos de hoje seria
completamente estranho às comunidades cristãs do século I. Ao
rechaçá-lo, nossa igreja teve suas bases espirituais minadas. A vitalidade
espiritual perdeu seu alicerce.
55
natureza que existem pessoas capazes, em dados momentos, de
desmaiar de modo que pareçam mortas e que [nos sonhos] ainda
percebam coisas que estão ocultas, ele o negaria [e exporia suas
razões para isso]. Não obstante, suas alegações seriam refutadas pela
experiência real." (apud James, 1995, p. 253)
Além de real, o mundo dos sonhos era visto como tendo conexões com
o mundo externo. Uma relação de correspondência dessa natureza
pode ser encontrada em um relato de Enoch, infelizmente depreciado
pela Igreja e pouco divulgado, a respeito dos momentos que
antecederam sua viagem através dos sete mundos celestes:
56
"E seus olhos permaneciam ainda abertos, mas a sua boca não proferia
mais palavras, e o seu espírito foi levado acima dele mesmo.
Ele, no entanto, vivia ainda; mas estava imerso numa visão celeste.
E o anjo que lhe fora enviado para revelar-lhe esta visão não era um
anjo deste firmamento, nem um desses anjos gloriosos deste mundo: era
um anjo descido do sétimo céu.
E a visão do santo profeta não foi deste mundo aqui, mas uma visão do
mundo misterioso no qual não é permitido ao homem penetrar."
57
A experiência mística era obtida enquanto se dormia. E nesse estado se
poderia obter a autoridade de quem teve uma revelação de Deus.
Uma autoridade de tal natureza, proporcionada pela experiência
religiosa profunda, pode, segundo Willian James (1995,) chegar a
destruir as bases da formal concepção lógico-racional de realidade
pois os"estados místicos, quando bem desenvolvidos (...) quebram a
autoridade da consciência não mística ou racionalista, que se baseia
apenas no intelecto e nos sentidos. Mostram que esta não passa de
uma espécie de consciência. Abrem a possibilidade de outras ordens
de verdade nas quais, na medida em que alguma coisa em nós
responda vitalmente a elas, possamos continuar livremente a ter fé." (p.
263, grifo meu). Para ele, há várias formas de consciência que dão
acesso a vários tipos de realidades e a religiosa, aquela que se tem nos
estados místicos, seria uma delas. Deste modo, as experiências religiosas
possuiriam um fundamento real, peculiar ao tipo de consciência que lhe
corresponde, e não falso. Foi o que ocorreu com Enoch e Isaías, que
tiveram experiências religiosas em estado extra-vígil e autênticas à sua
maneira, desde um ponto de vista espiritual.
58
Além disso, Jung (1986) entendia que o eu está contido em um mundo,
que esse mundo era a alma e que seria razoável atribuir-lhe a mesma
validade que se atribui ao mundo empírico uma vez que ela possui
tanta realidade quanto ele. Segundo seu pensamento, a psicologia
deveria reconhecer que o físico e o espiritual coexistem na psique e
que, por razões epistemológicas, esse par de opostos foi cindido pelo
homem ocidental.
Referências bibliográficas:
59
O Livro de Jó. In: A Bílblia Sagrada: O Antigo e o Novo Testamento. Trad.
de João Ferreira de Almeida. Segunda edição. Barueri, Sociedade
Bíblica do Brasil, 1993.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/realidade-do-mundo-
dos-sonhos-nos.html
60
Um paralelo entre os estados meditativo e onírico
consciente
7 de fevereiro de 2002.
61
"A mente agitada está sempre fixada no passado ou no futuro ao passo
que meditar é concentrar-se no presente." (em Morais, 2001, p. 74 )
62
não usuais de consciência apresentam uma mesma natureza mas
diferem na profundidade. O sonho lúcido corresponde a um estágio de
lucidez anterior ao da meditação e a ele conduz quando ultrapassamos
seu ápice de desenvolvimento, seu limite. Vivências semelhantes
podem ser obtidas nos dois casos como, por exemplo, transformar-se
em animal ou em planta, viajar ao passado ou ao futuro, participar de
contos mitológicos ou transformar-se em entes arquetípicos etc.
63
primeiras percepções alteradas. Então o processo em curso é revertido
subitamente.
Há uma diferença radical entre receber o novo tal como nos chega e
confrontá-lo absurdamente com conceitos estabelecidos a priori.
Qualquer que seja o alvo, precisa ser recebido pela consciência sem
nenhum medo ou preconceito por parte desta.
64
Durante a observação, precisamos esquecer toda a experiência e
princípios lógicos do passado. Se não o fizermos, o fluxo atencional livre
sobre as imagens que começam a se processar de modo autônomo
será interrompido.
65
Todos os pensamentos, recordações, possibilidades etc. são
abandonados para prestarmos atenção apenas no alvo escolhido e
acompanhá-lo. Teremos então um só pensamento que apresentará
transformações e não vários pensamentos distintos e desconexos.
A entrega ao ato de apenas nos darmos conta mais e mais daquilo que
o objeto nos revela faz com que penetremos gradativamente na
imagem psíquica que temos do mesmo. Deste modo, atingimos facetas
imagéticas que antes jaziam na escuridão do inconsciente. Toda
imagem interna correspondente a um objeto externo possui um lado
desconhecido e infinito.
66
O nosso comportamento diário é o meio de aperfeiçoarmos a atenção
contínua distensionante em estado de receptividade plena. Para tanto,
basta que observemos aquilo que estamos fazendo aqui e agora.
Temos que comprovar por nós mesmos que há algo mais além da forma
tosca de existir.
67
Uma coisa é provar por si e para si mesmo que existem outros mundos.
Outra coisa é provar para o outro.
68
Quando informamos as pessoas que dormem do fato de que estão
sonhando, elas dificilmente conseguem aceitar isso. Estão
condicionadas a crer que a única realidade possível é a tridimensional.
É claro que a pessoa não ficará louca. Ela não se condicionará no pólo
oposto, que seria o de sempre acreditar que toda realidade é onírica. O
que acontece é que passará a observar criticamente os
acontecimentos externos, com a real curiosidade de conhecer se são
tridimensionais ou não.
69
A consciência intra-oniricamente desperta nos fornece muitas
possibilidades de exploração experimental. Espero que os senhores as
aproveitem.
Parte II : A concentração
(Mensagem publicada no fórum do INTERPSI da PUC-SP em 23 de dezembro de 2001)
70
No caso de um objeto externo, temos que fitá-lo por alguns instantes até
que sua imagem fique gravada em nossa mente. Então o esquecemos
e trabalhamos apenas com a representação mental que teremos.
Temos que ser receptivos àquilo que a imagem nos traz, não forjando
pseudo-revelações de acordo com nossos caprichos egóicos.
71
Alguns esotéricos não gostam muito que se diga isso mas é verdade. Os
objetos e os mundos percebidos pela clarividência são imaginais.
Essa prática foi denominada por Jung de "imaginação ativa". Ele refinou
muito suas endopercepções, como vemos em "Memórias, Sonhos e
Reflexões". Contatou entes do seu mundo imaginal frente a frente e
com eles dialogou. Os enxergou com riqueza de detalhes. Alguns
ignorantes o consideram psicótico por causa dos seus relatos. Não
sabem o que dizem.
72
Não silenciamos os múltiplos pensamentos pelo esforço bruto e sim pela
atenção dirigida e receptiva.
Por alguma razão que ainda não entendo, os estudantes sempre caem
nesse erro. Há algo que sempre os leva a associar concentração com
esforço. Tensionam o entrecenho, apertam os olhos, adquirem dores de
cabeça e, ao cabo de algum tempo, desistem.
Em alguns casos, que nada têm a ver com o que tratamos, tal forma de
empregar a palavra está correta. No caso da concentração que visa
nos conduzir à meditação, no entanto, está errado.
73
Esta concentração à qual me refiro é uma observação dirigida. A
observação não é um ato de esforço mas, ao contrário, de
receptividade.
Referências bibliográficas
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-e-
meditacao.html
74
A viagem consciente ao mundo onírico como
experiência religiosa
Por Cleber Monteiro Muniz
75
"Os monstros do inferno são os pesadelos do cristianismo e (...) nunca o
pincel ou o cinzel teriam produzido tais fealdades se não tivessem sido
vistas em sonho." (Lévi, p. 397)
76
Referência bibliográfica
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
viagem-consciente-ao.html
77
As viagens da consciência através dos Eons
De acordo com o Pistis Sophia, Jesus ensina que os Eons, assim como os
Sephiroth dos hebreus, eram mundos internos. Essa característica os
torna objeto de interesse da psicologia.
78
Cada Eon, ou Sephiroth, corresponde a uma "zona" ou "estrato" do
inconsciente. Desse fato provém a afirmação, aparentemente
paradoxal, de que são mundos paralelos ao externo tridimensional (sem
excluir este) e, ao mesmo tempo, partes do homem. Ocorre que
concebemos a psique como algo vago e de existência ilusória
enquanto que os cristãos a viam como um conjunto de mundos cuja
existência objetiva em nada devia ao usualmente denominado
material.
Nesse ínterím, podemos dizer que há dois tipos de sonho: aqueles que
são reconhecidos pelo sonhador como tal e aqueles que são
confundidos com a realidade vígil. Devemos passar do segundo estado
para o primeiro. Em seguida, devemos passar do primeiro para a
ausência de sonho.
Do sonho usual temos que passar para o sonho lúcido. Do sonho lúcido
temos que passar para a vigília intensa durante a profunda letargia
corporal. Isso requer uma educação da consciência, um treino da
atenção.
Mas isso não será possível se, ainda dentro deste Eon, formos incapazes
de reconhecer a natureza das imagens que surgem em nossa mente a
cada instante. Temos que compreender que são múltiplos
pensamentos. Embora pareça estranho à consciência adormecida pelo
torpor egóico, tendemos a não reconhecer que as imagens dos
pensamentos são apenas imagens mentais. Por isso, quando dormimos
e sonhamos à noite, confundimos as cenas dos sonhos com cenas do
tridimensional. Se nos perdermos em devaneios da imaginação,
identificados com as cenas que se formam em nosso interior,
acostumaremos nossa consciência a não discernir o teor das imagens
com as quais entra em contato.
79
O direcionamento da atenção para as imagens internas é indispensável
para que o sono se instale e não deve ser evitado pelo aspirante a
onironauta. Entretanto, se esse direcionamento não for acompanhado
pelo discernimento do teor dessas imagens, o sono será apenas usual.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-as-
viagens-da.html
80
A ampliação do sentido de realidade que nos
permite superar o ceticismo unilateral
81
atingidos profundamente pela dúvida real: o que vemos são cenas
físicas ou oníricas? Caso contrário, os testes de realidade serão inúteis.
O ceticismo unilateral e a ausência de testes de realidade são os
principais fatores que nos impedem de despertar a consciência na
dimensão onírica paralela.
Ao testarmos e observarmos a realidade circundante, todo cuidado em
não concluirmos apressadamente que estamos no mundo físico é
pouco. A dúvida deve se aprofundar, indo muito além das primeiras
impressões, o que implica em não aceitar aquilo que a realidade nos
sugere à primeira vista: a idéia de que estamos sob forma tridimensional.
Mesmo que tal nos seja sugerido fortemente por muitas evidências,
ainda assim temos que duvidar e ir além, buscando mais detalhes e
informações que possam nos revelar se estamos ou não dentro de um
sonho.
Para a consciência egóica, adormecida, extrovertida e condicionada
pelo ceticismo unilateral, a realidade onírica sempre assume uma
aparência física que a engana. É como diferenciar duas salas idênticas
ou dois irmãos gêmeos: temos que ser profundos e detalhistas, indo
além das aparências e até mesmo duvidando das evidências. Aqui, ser
profundo significa: duvidar da aparência por mais tempo, exigir mais
evidências antes de concluir e nunca fechar possibilidades concluindo
definitivamente. Se vemos um amigo falecido vivo e alegre, atentemos
para esta incoerência e não nos deixemos enganar pela vivacidade do
seu olhar, a temperatura do seu corpo, a mobilidade e normalidade
vital que apresenta pois, a despeito de tudo isso, ele pode ser uma
imagem onírica. O amigo contatado naquele presente indubitável
pode ser o duplo psíquico da pessoa falecida introjetada por nós.
Podemos estar sonhando naquele momento.
A educação conscientiva aqui explicada conduz à síntese entre o
materialismo e o espiritualismo, duas tendências normalmente opostas.
Corresponde ao ceticismo levado a fundo e à capacidade de duvidar
bilateralmente. Nada tem a ver com o ateísmo e nem tampouco com
as crenças religiosas. Leva à investigação de uma realidade natural que
parece ser sobrenatural por ultrapassar as concepções usuais de
mundo.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
ampliacao-do-sentido-de.html
82
Reflexões e conselhos úteis relacionados com o
trabalho de ativar a consciência dentro dos sonhos
e/ou durante a vigília
25 de agosto de 2011
Por Cleber Monteiro Muniz
83
As imagens surgem na tela de nossa mente durante os momentos de
distração e as imagens oníricas são as mesmas. A diferença está
apenas na percepção que temos delas. Quando estamos dormindo, se
tornam espessas e realísticas porque as percepções externas cessam.
De modo que aprender a estar lúcido entre elas é aprender a estar
lúcido dentro de um sonho pois são sonhos em estado incipiente.
As imagens que indicam o início de um estado onírico são móveis,
autônomas e, em geral, de tipo visual. Se fecharmos os olhos e
relaxarmos, logo surgirão algumas. A chave está em conseguir
acompanhá-las conscientemente, apenas permitindo que se
desenvolvam. Durante todo o tempo, temos que manter o
discernimento de que são alucinatórias e não exteriores.
Se acompanharmos esse movimento, as cenas visualizadas vão se
tornando progressivamente compactas até que, por fim, chegamos ao
sonho profundo em estado de lucidez.
A imagem cujo desenvolvimento deve ser acompanhado por você
conscientemente e sem perda do discernimento de que é interna pode
ser escolhida porque lhe chama a atenção, ou capturada de repente
na tela da sua mente. Algumas vezes nos flagramos perdidos em
imagens de alto teor eidético-numinoso mas, infelizmente, sem nenhum
discernimento. Temos que nos descobrir dentro de tais imagens mas sem
espantá-las ou interrompê-las pelas reações do ego.
Assim que as percebemos, temos que identificar seu teor para dar-lhe
continuidade ou ela desaparecerá. Essa continuidade, se
acompanhada pelo discernimento, nos conduzirá ao sonho lúcido.
Se isso lhe parecer difícil, então apenas escolha uma imagem que lhe
chame a atenção (que você goste) e a acompanhe mantendo a
lucidez. Para que a imagem o absorva ela tem que ser interessante e
agradável. Desenvolva-a sem se desviar dela e vá embora,
mergulhando e desaparecendo sem medo.
84
doentes mentais não compreendem que estão em contato com
imagens interiores e cometem o erro de literalizar os símbolos.
Normalmente, esses grupos de enfermos chamam os sonhos lúcidos de
"viagem astral" ou "desdobramento astral". Seus líderes sempre possuem
um arzinho de mistério e dão a entender aos discípulos, por uma via
semi-inconsciente, que são grandes onironautas lúcidos que podem
bisbilhotar a intimidade das pessoas. Assim, os pobres canditados a
ocultistas ficam atemorizados.
As personalidades mais influentes nesses meios às vezes dizem aos seus
pobres discípulos que se relatarem para alguém que tiveram um sonho
lúcido nunca mais os terão. Isso é falso, pois muitas pessoas se
submetem a experimentos científicos e relatam os sonhos lúcidos que
tiveram repetidas vezes.
Nesses círculos cria-se a idéia de que o sonho lúcido é sobrenatural e
proporciona poderes sobre-humanos. Todos ficam obsecados pela
experiência e ninguém consegue resultado. Trata-se de um inteligente e
altamente efetivo estratagema sabotador.
Quanto mais conferirmos um caráter sobrenatural ao sonho lúcido,
tanto mais o mistificaremos. Quanto mais o mistificarmos, mais
ansiosamente o cobiçaremos. Quanto mais o cobiçarmos, por crermos
que nos transformaremos em entes divinos, menos os alcançaremos ou,
se os alcançarmos, isso terá efeitos patológicos.
A verdadeira viagem astral é muito boa e importante, jamais deve ser
condenada. O problema está apenas em usá-la como pretexto e ponto
de apoio para o fanatismo. Há muitos grupos espiritualistas verdadeiros
e sérios que não devem ser incluídos entre os charlatães que
denunciamos aqui e que prejudicam as pessoas.
85
uma tarefa difícil pois tendemos sempre aos extremos: ou as alterações
apresentam um movimento progressivo inconsciente ou então um
movimento regressivo consciente. O que precisamos é de um
movimento das alterações perceptivas que seja ao mesmo tempo
progressivo e consciente.
Para alcançarmos o movimento progressivo consciente temos que
deixar o ego "amarrado". Caso contrário, este reagirá contra o fluxo de
imagens com medo ou ceticismo arbitrário (para diferenciar de um
ceticismo lúcido), impedindo sua progressão no nível consciente da
psique. De acordo com os nossos propósitos, nada adianta uma
progressão eidética de imagens restrita ao campo do inconsciente. Isso
apenas nos conduz ao sonho usual. O que buscamos é um estado não
usual de lucidez intra-onírica.
86
Temos que ser absolutamente receptivos a essas imagens. O ego
sempre tende a reagir às mesmas confrontando-as com sua lógica ao
invés de se abrir à lógica que trazem. Ante a nova lógica, sente medo.
São reações que interrompem subitamente a observação consciente
do fluxo cênico interno.
Em última instância, tudo se resume a aprender a observar o imprevisto
sem medo e com receptividade total, abrindo-nos à lógica que se
revela ao invés de tentar relacioná-la ou compará-la à lógica
conhecida.
O que interessa é o desconhecido, o novo.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
reflexoes-e-conselhos.html
87
Você pode ficar consciente durante o sonho
Muniz, C. M. (2002). Você pode ficar consciente durante o sonho. Poder da Mente nº
7, ano 1, pp. 42-46.
88
Estando lúcidos, podemos ser exploradores da dimensão desconhecida
e viajar pelas longínquas do mundo interno.
89
Por fim, atingimos a paralisia do sono. É a última etapa. Nesta fase, o
corpo não obedece mais aos nossos comandos, apesar de estarmos
lúcidos, porque está em sono profundo.
A paralisia é inofensiva. Proporciona as primeiras visões e sons do mundo
dos sonhos. Para prosseguir a viagem, temos que receber as imagens e
sons internos que nos chegam, permitir que se configurem por si mesmos
como uma cena onírica.
A ultrapassagem do umbral entre os dois mundos efetivamente se inicia
quando os pensamentos e as imagens mentais se concretizam ante
nossa consciência, passando a ser percebidos com a mesma nitidez
com que percebemos os elementos do mundo exterior durante a vigília.
No instante em que vemos e ouvimos imagens e sons internos
objetivamente, como se fossem externos, estamos inseridos na
dimensão onírica.
A combinação das duas técnicas, a do discernimento diário e a do
relaxamento consciente, acelera a obtenção do sonho lúcido.
90
podemos voar, ir à países distantes, assumir a aparência de outras
pessoas e até nos experimentarmos como se fôssemos elas próprias.
O poder de interferir conscientemente no roteiro do sonho depende do
grau de discernimento e liberdade de ação que nossa consciência
possui; se não estivermos lúcidos, será muito pequeno.
Um novo mundo se abrirá ante aquele que aprender a viajar
lucidamente para o universo da alma. Sua vida será resignificada e
sua idiossincrassia (visão de mundo) renovada. As entidades da psique
demonstrarão que possuem realidade objetiva (Jung, 1963). Então, o
sonhador descobrirá por si mesmo que o universo imaginal anímico do
homem é, à sua maneira, concreto. É a porta que nos permite chegar
aos limites extremos da ciência no que concerne às questões espirituais
e até ultrapassá-los.
Referências:
EEDEN, Frederik Van. A Study of Dreams. Vol. 26. Proceedings of the
Society for Psychical Research, 1913. Disponível na internet via WWW.
URL: www.psychology.about.com/science/psychology/library/weekly C
apturado em março de 2001.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-voce-
pode-ficar.html
91
Transcendendo a preocupação com a concretude
92
numinosidade, que engana as almas ingênuas e as vitima com a
inflação por arquétipos.
A lucidez intra-onírica é o reconhecimento da situação em que estamos
enquanto o corpo dorme. Advém da faculdade de enxergarmos o
mundo dos sonhos como é, numinoso e concreto, e não como o
extrovertido homem ocidental moderno supõe normalmente: vago e
ilusório.
Quando em sonho e durante a educação vígil da atenção, a auto-
indagação a respeito de onde estamos precisa ser acompanhada pela
observação consciente da realidade circundante sem a contaminação
pela idéia de que um mundo de objetos sólidos é físico. A observação
correta não se pauta pela concepção de que a solidez é exclusividade
da modalidade tridimensional de existir.
O ato de testar o teor da realidade circundante por meio da
observação exige que partamos do pressuposto de que, caso
estivéssemos em um sonhos, estaríamos em um mundo idêntico ao
exterior no que se refere ao impacto realístico das imagens, concretude
inolvidável dos objetos e nitidez de percepções e sensações.
O reconhecimento do estado onírico exige que dispensemos a
concretude como meio de identificação do teor da realidade
observada. A observação correta recebe as imagens circundantes sem
reações racionais e permite que seu teor onírico ou físico se revele
espontaneamente através dos acontecimentos presenciados no nível
imediato.
É preciso esclarecer, quando afirmamos que o mundo dos sonhos é
concreto, que o estamos fazendo levando em consideração a
relatividade matéria-energia. É claro que, de um ponto de vista
exclusivamente tridimensional, suas cenas são abstratas. Mas do ponto
de vista da realidade intra-onírica imediata, isto é, do ego que as
vivencia e saboreia sem o intermédio da recordação posterior, é
concreto.
Durante o sono o ego se desliga, em grande parte, do corpo físico e das
exopercepções. Passa a ser, então, energia quase pura. As imagens do
inconsciente com as quais estabelece contato são igualmente
energéticas, tendo a mesma natureza psíquica. Devido a essa
afinidade vibracional, consciência e imagens oníricas assumem uma
configuração reciprocamente sólida. Daí a tangibilidade das imagens
internas no sonho.
Sobre a percepção da materialidade dos sonhos
(em 25 de abril de 2002)
Ao tentamos discernir se estamos ou não sonhando, temos que fazê-lo
partindo do princípio de que o mundo onírico é tão material quanto o
físico.
Quando, dentro de um sonho, observamos a realidade circundante e
nos questionamos a respeito de estarmos ou não em uma dimensão
paralela, a materialidade dos objetos que vemos nos engana, nos leva
a acreditar que vemos cenas físicas.
93
A educação ocidental nos inculcou a idéia errônea de que o espírito se
opõe à matéria e de que a alma se opõe ao corpo. A idéia de que o
espírito e a alma sejam imateriais condicionam nossa percepção e nos
impedem de despertar no interno.
Nos condicionamos a sempre duvidar da possibilidade de estarmos em
uma dimensão paralela. Quando estamos em sonho e nos depararmos
com a concretude da realidade onírica, somos enganados por sua
materialidade e acreditamos estar sob forma física.
A concepção de que o interno é imaterial, abstrato e ilusório impede a
aceitação de que as cenas vistas sejam "astrais" (no dizer dos ocultistas).
Ao concebermos, ainda que inconscientemente, as cenas oníricas
como imateriais, nos tornamos incapazes de reconhecê-las quando nos
são apresentadas.
O mundo dos sonhos é tão material quanto o mundo físico, embora o
seja sob outra forma. Para despertar, é importante concebê-lo como
realmente é.
O discernimento não dá resultado quando é realizado sob uma base
falsa. A idéia de um mundo interior ("onírico" para a ciência ou "astral"
para os ocultistas) abstrato é uma base falsa para o discernimento.
A observação fundada sobre uma base verdadeira revela o teor da
realidade circundante. A quinta dimensão concebida como universo
concreto, material e paralelo é a base verdadeira pois corresponde à
realidade dos fatos.
Esta dimensão existencial em que vivemos, a física, não é "a dimensão
por excelência". É apenas uma das muitas existentes. A crença de que
outros universos sejam menos reais e concretos tem a mancha do
materialismo cético unilateral que aborta as viagens interiores.
O fato de atuarmos conscientemente no universo físico não significa
que este seja o único universo material existente. Os mundos da quarta,
quinta e sexta dimensões são reais e feitos de matéria. A idéia de que
são abstratos provém da alucinação materialista e gera um
condicionamento psíquico que obstrui a passagem interdimensional à
consciência.
Há que se inverter a usual concepção de realidade e radicalizar esta
inversão até o final sem medo da loucura. A loucura não vitima quem
ativa e desperta a consciência. Conseguimos a inversão ao aplicarmos
durante o dia um exercício ensinado por Tholey que consiste em
observar o mundo físico, com todo o seu impacto realístico de
concretude, como se fosse um sonho. Se formos capazes de sentir em
profundidade os sabor emocional desta observação, quebraremos a
crença materialista arraigada em nossa mente.
94
Referência bibliográfica
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
transcendendo.html
95
O presente como porta para a realidade onírica
natural
Muniz, C. M. (2001). O Presente como Porta para a Realidade Intra-onírica
Natural. Catharsis, ano 7, número 38, pp. 14-16. Marigny & Kerber.
96
da consciência que estão além das nossas atividades cotidianas
normais. Estar aqui exige uma fixação da mente, uma concentração e
uma atenção. É a velha frase dos cassinos de Las Vegas: ‘Você tem de
estar presente para ganhar’. " (p. 160)
"É muito difícil acreditar que a psique nada representa ou que um fato
imaginário é irreal. A psique só não está onde uma inteligência míope a
procura. Ela existe, embora não sob uma forma física. Ë um preconceito
quase ridículo supor que a existência só pode ser de natureza
corpórea [física]. Na realidade, a única forma de que temos
conhecimento imediato é a psíquica. Poderíamos igualmente dizer que
97
a existência física é pura dedução uma vez que só temos alguma
noção da matéria através de imagens psíquicas, transmitidas pelos
sentidos."(p. 14)
Além disso, JUNG (1986) entende que o ego possui seu próprio mundo,
no qual está contido, e que esse mundo é a alma, sendo sensato
considerá-lo tão válido quanto o mundo empírico uma vez que possui
tanta realidade quanto ele. Segundo seu pensamento, a psicologia
deveria reconhecer que o físico e o espiritual coexistem na psique e que
por razões epistemológicas, esse par de opostos foi cindido pelo homem
ocidental.
98
À medida em que educamos nossa consciência para viver no presente
e não reagir evitando a visão do desagradável, ela vai amadurecendo.
Isso provoca o seu aumento pela descoberta do novo. Se a disciplina
prossegue, atingimos um ponto em que ficamos lúcidos dentro dos
sonhos enquanto o corpo físico dorme (Harari & Weintraub, 1993). Então,
podemos explorar as distantes terras interiores pois "da mesma forma
que o inconsciente age sobre nós, o aumento da nossa consciência
tem, por sua vez, uma ação de ricochete sobre o inconsciente."(Jung,
1963, p. 282). Esse ricochete é uma mudança na forma dos sonhos se
processarem: seus conteúdos se modificam como resultado da
ampliação da consciência do/no aqui-agora. Levamos para dentro
deles essa vigília, esse viver imbuído da realidade presente. Passamos,
então, a viver acordados no sonho, plenamente lúcidos.
Essa outra dimensão começou a ser estudada pela ciência apenas nos
últimos cem anos. Os desafios cognitivos que ela lhe lançou estão sendo
investigados cada vez mais seriamente:
99
estabelecidos a priori. Isso seria uma anti-ciência que acarretaria num
agnosticismo (a negação do conhecimento). Aquele que se intitula
agnóstico é um ignorante pois adota para si um nome cujo significado
literal é: "aquele que desconhece’’, ou seja, assume para si próprio e
para os demais um rótulo que o identifica como um desconhecedor,
desqualificando os conceitos que emite sobre alguns aspectos da
realidade, em geral incorretamente abordados sob a alegação de
serem falsos. Orgulhar-se disso é orgulhar-se de estar contra o
conhecimento, ou seja, em favor da ignorância. Esses são os que
negam a existência de uma realidade usualmente invisível em uma
dimensão supra e infra-sensível dentro do homem e o fazem por duas
razões: ela não se encaixa em suas estruturas intelectuais, instrumento
único de cognição que possuem, e ameaça a visão de mundo que
construíram durante toda a vida e sobre a qual erigiram os castelos de
areia de suas existências. Entretanto, a teoria deve se modificar para
acompanhar os fatos e não o contrário. Além do mais, é melhor
aprofundar e ampliar, pela observação e exploração, a compreensão
da maneira como se processa um fenômeno do que ficar imóvel
especulando sobre suas causas a partir de uma lógica excludente e
supervalorizada como única.
Por enquanto essas regiões naturais da psique ainda não são facilmente
acessíveis à exploração científica, no atual estágio do seu
desenvolvimento, mas a consideração séria das mesmas enquanto
realidade passível de investigação livre e dos relatos de pessoas que
realizam viagens oníricas conscientes (sonhos lúcidos) podem abrir
novas portas nesse campo e ajudar a dissipar a ignorância a respeito,
além de ocupar um espaço que de outra forma poderia ser destinado
a charlatanismos mistificatórios.
100
Referências bibliográficas
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
presente-como-porta.html
101
A percepção consciente dos traços oníricos sutis
09/05/2001
Por Cleber Monteiro Muniz
Nossa casa com um quadro novo, nosso carro com um arranhão que
não possuía no dia anterior, nosso computador fora de lugar ou com um
comando diferente não são impossíveis e nem absurdos para a lógica
em que vivemos durante o dia. No entanto, podem auxiliar a
reconhecer um sonho.
102
A percepção consciente do sutil precisa ser exercitada com cuidado e
disciplina durante o dia. As leves alterações na configuração dos
acontecimentos diários precisam ser tomadas como motivo de
observação e auto-questionamento a respeito da dimensão da
existência em que estamos num dado momento.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
percepcao-consciente-dos.html
103
O despertar no mundo interno por meio do
conhecimento vígil da natureza do sonho
04 de março de 2001
Por Cleber Monteiro Muniz
104
correspondem à configuração de fatos de nossa vida particular e atual
como, por exemplo, o sonho de uma senhora de setenta anos de idade
no qual ela se vê dançando heavy metal ou o de um ateu que se vê
orando fervorosamente em uma igreja. Embora possíveis na existência
vígil, essas imagens não devem ser muito comuns em tal estado, sendo
mais provável que pertençam aos sonhos. Por destoarem do
tipicamente cotidiano, servem como aviso de que podemos estar
sonhando, embora não dêem a certeza disso. Não são indicadores
inequívocos, uma vez que não desafiam violentamente a lógica deste
mundo, mas nos estimulam a desconfiar do caráter físico da realidade
com a qual estamos em contato.
105
Referências bibliográficas:
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
despertar-no-mundo.html
106
A síntese de indicadores de realidades opostas na
observação das cenas circundantes
107
O ato de observar a cena circundante durante o dia visando discernir
exige que sejamos sensíveis à continuidade que caracteriza o mundo
físico e, simultaneamente, aos traços típicos da realidade fantástica. A
síntese dos dois modos de receptividade origina o estado conscientivo
adequado à obtenção da lucidez intra-onírica.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-sintese-
de-indicadores.html
108
As experiências oníricas conscientes como meio
adicional de investigação dos conteúdos ctônicos
04 de Março de 2001
Por Cleber Monteiro Muniz
109
Na verdade, os sonhos sempre compensam as carências da vida
consciente e, quando são lúcidos, essas compensações entram no
campo visível, sendo assimiladas na vida. Incursões conscientes às
remotas paragens de nós mesmos, às vastidões interiores, são
acompanhadas por natural e espontânea assimilação do que se passa
em nossas profundidades.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-as-
experiencias-oniricas.html
110
O dês-condicionamento dos parâmetros
observacionais
111
O número de indicadores existentes no mundo onírico de cada um de
nós é muito grande, senão infinito. A consciência pode assimilá-los a
partir da análise vígil dos sonhos. Nas anotações, são identificáveis
situações tipicamente oníricas não reconhecidas no momento em que
se processaram.
112
Um grande impecilho ao despertar desse modo especial de
consciência é a incapacidade de crermos que podemos estar em um
sonho aqui e agora. Tal incapacidade deriva da crença de que não há
outros mundos além do tridimensional. Há pessoas que chegam a se
perguntar se estão sonhando em plena noite e, não obstante, não
conseguem aceitar tal possibilidade nem mesmo quando estão diante
dela. Em tais casos, chegamos a observar o mundo onírico mas não
somos capazes de reconhecê-lo, sendo vitimados por nosso próprio
ceticismo. Ao nos depararmos com cenas nítidas e altamente
numinosas, somos incapazes de aceitar tal possibilidade e não
despertamos para a realidade interna.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
descondicionamento-dos.html
113
A técnica do relaxamento vigilante
Por Cleber Monteiro Muniz em 27 de abril de 2002.
Publicado na revista Viva Melhor.
Muniz, C. M. (2002). Sonhos Lúcidos: A Técnica do Relaxamento Vigilante. Técnicas de
Relaxamento e Meditação, nº 9, ano 1, pp 44-48 (edição especial de Viva Melhor).
114
removendo conscientemente os obstáculos para a instalação do sono:
as tensões musculares.
115
com plena lucidez e discernimento. Então compreendemos que
estamos em uma dimensão existencial paralela à vígil e exclamamos:
"Eu, agora, estou dentro de um sonho."
***
116
1. Escolha uma posição que lhe pareça cômoda e relaxante para
dormir. Sinta-se adormecendo com toda naturalidade (mas sem perder
a lucidez) focalizando a atenção em si mesmo.
2. Procure desfazer todas as tensões musculares que detectar (as piores
são as da cabeça e do rosto). Aprofunde um trabalho incansável de
encontrar e desfazer tensões.
3. Quando perceber o corpo físico bem relaxado, esqueça-o. Comece
então a acompanhar conscientemente a procissão de imagens que
desfilam em sua mente e as emoções que lhes correspondem. Observe
o teor de cada uma delas: o que dizem, o que contém, a que se
referem. Escolha uma e a acompanhe. Prossiga assim até vê-la e ouvi-la
interiormente com a mesma nitidez com que normalmente são
escutados ou vistos os objetos físicos quando estamos com os olhos
abertos.
4. Receba as primeiras imagens oníricas tal como lhe chegarem. Não
tente contê-las ou compará-las a nada. Nesta altura você deverá estar
no sonho lúcido.
4. Tente deslocar-se dentro do sonho e boa viagem.
Referência:
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
tecnica-do-relaxamento.html
117
Como lidar com os sinais que antecedem uma
experiência onírica consciente
Por Cleber Monteiro Muniz
118
essa recordação for perdida, ele fica submetido ao poder hipnótico das
imagens, se torna vítima de sua numinosidade e perde o estado positivo
alterado de consciência, caindo em um sono/sonho usual. A
experiência transcendente fracassa quando nos esquecemos que
estamos em contato com cenas de um mundo onírico. Não devemos
confundir a realidade externa com a interna, devemos discernir.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-como-
lidar-com-os-sinais.html
119
O problema da dinâmica usual do sono
e de como superá-la
04/03/2001
Por Cleber Monteiro Muniz
120
Para se carregar a consciência para dentro do sonho é preciso algo
mais do que a não-identificação com o veículo físico (embora esta seja
indispensável) e o contato com as imagens internas. A elas precisamos
acrescentar a consciência do caráter psíquico dessas imagens. Essa
consciência é a compreensão de que as cenas não são do mundo
externo e pertencem ao mundo interior.
A partir do momento em que nos deitamos, temos que ter bem clara a
idéia de que dali em diante, nos próximos instantes, todas as cenas que
visualizaremos serão oníricas. Se essa recordação for esquecida,
cairemos no sonho usual.
121
conscientivo usual. Esse querer é egóico e caprichoso: o ego quer
controlar a prática e impor sua vontade. Os processos psíquicos não se
submetem a isso e se rebelam.
122
Referência bibliográfica:
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
problema-da-dinamica.html
123
A superação da paralisia do sono por meio da
imaginação consciente
06 de abril de 2001
Por Cleber Monteiro Muniz
Revisto e atualizado em 02 de janeiro de 2005
124
Por meio da imaginação consciente, também chamada imaginação
ativa, podemos superar essa etapa e prosseguir o trabalho até
conseguirmos um sonho lúcido denso.
Se construirmos, por meio da concentração, uma cena mental em
plena letargia e imobilidade do corpo e a vivenciarmos como
vivenciaríamos uma cena deste mundo, porém sem perder a
recordação de que pertence a uma realidade psíquica e paralela,
penetraremos conscientemente no mundo interno. A cena construída
se transforma em cena onírica enquanto o corpo adormece mais e
mais profundamente. Prosseguindo com a prática de imaginação,
chegaremos à fase em que a cena não é mais a que criamos
voluntariamente. A partir de então as cenas são numinosas, nítidas,
densas e se processam e se moldam por si mesmas.
A estratégia para transcender a fase da paralisia é, portanto,
simplesmente imaginar um sonho e vivê-lo como tal lucidamente,
aguardando os resultados.
Durante a paralisia, nosso fluxo de atenção ainda está muito voltado
para o corpo físico e isso nos leva a sentí-lo como se fosse a essência do
que somos. Precisamos, em tais momentos, entrar em afinidade com o
mundo psiquíco e desligar os sentidos externos. Para tanto, basta não
ter medo, esquecer o corpo paralisado e imaginar uma cena qualquer
(preferencialmente bonita para que não tenhamos um pesadelo). Esta
cena imaginada será o sonho lúcido inicial, dentro do qual poderemos
então viajar com pleno discernimento.
Enquanto a cena onírica é elaborada, precisamos ter o cuidado de não
esquecermos de que estamos em contato com imagens interiores. Caso
nos esqueçamos disso, perderemos o discernimento e passaremos a
sonhar de modo usual, acreditando estar em contato com o mundo
exterior ou físico.
A paralisia do sono é natural. Ao adormecer, o corpo precisa ser
desativado. Todas as funções ficam muito reduzidas. Os movimentos são
desacelerados, inclusive os diafragmáticos, cuja redução proporciona a
falsa sensação de asfixia e, às vezes, a de que temos "alguém do além"
sentado sobre nosso tórax. Os únicos movimentos que conservam
desenvoltura semelhante à vígil são os das pálpebras. Sob alguns
aspectos, o sono é semelhante a um estado de quase-morte. Apresenta
defunção parcial e é a inofensiva e leve simulação de um "coma" que
pode ser aproveitada para que nos acostumemos a abandonar o
corpo temporariamente, ou seja, esquecer que ele existe e nos
concentrarmos mais no universo imaginal. Uma vez bem guardado e
seguro, o corpo pode perfeitamente ser deixado de lado sem nenhum
problema. Não há nisso nada de místico ou perigoso. O que há de
místico em diminuir os movimentos de braços, pernas ou cabeça no
sono? É uma função humana natural. Todos sabem que o corpo diminui
os movimentos ao dormir. Entretanto, nem todos presenciam
conscientemente a diminuição em si próprios. Também não há
misticismo no ato de tomarmos consciência de que estamos sonhando,
125
pois isso não é nada mais do que percebermos que estamos
imaginando cenas, que adentramos ao mundo interior.
Muitas percepções alteradas acompanham a paralisia do sono.
Podemos sentir formigamento, arrepios ou algo que se assemelha à
passagem de uma corrente elétrica pelo corpo. Algumas pessoas
escutam sons e vêem imagens interiores como se fossem físicas, com a
mesma nitidez. Também pode ocorrer uma interpenetração de
percepções: sons ou imagens do mundo exterior real que se mesclam
aos produzidos em nossa imaginação.
Quando a letargia penetra no campo de consciência de quem está
adormecendo, é percebida como incapacidade de movimentos.
Aquele que se percebe paralisado na cama, transportou a consciência
vígil a um nível de adormecimento corporal mais profundo do que
usualmente é transportada. Pode, a partir daí, experimentar
conscientemente a vida no mundo dos sonhos e até mesmo atingir
lucidamente um nível transpessoal, sendo e sentindo-se
temporariamente como parte da natureza (rio, águia, rocha, lobo,
árvore...) ou vivenciando o papel de heróis míticos e entes arquetípicos.
Em todo caso, se ainda assim quisermos deter a paralisia e evitar
experiência tão agradável, teremos que reativar novamente as funções
vígeis, o que não se consegue subitamente. Será preciso reativar o
corpo físico por meio das funções que permanecem controláveis
durante a paralisia. Deveremos começar movendo os olhos, emitindo
gemidos (os únicos sons que conseguimos emitir nesses momentos)
agudos, movimentando os dedos e respirando com intensidade
crescente. É preciso ter paciência pois a máquina orgânica em sono
profundo é como um computador que demora muito para ser ligado.
Podemos ainda nos valer de outro procedimento adicional: dormir com
alguém por perto. Pedimos à pessoa que nos acorde assim que ouvir
nossos gemidos e perceber nossa inquietação. Então retornamos ou nos
entregamos ao sonho usual. Entretanto, o sonho lúcido é muito mais
interessante. Não é à toa que é cultivado nas culturas indígenas e
orientais desde tempos imemoriais.
A dinâmica da paralisia
Inconscientemente, acreditamos sempre ser uma simples forma física. A
associação equivocada que estabelecemos entre o Ser sua forma
tridimensional de expressão é o maior responsável pela paralisia do
sono. Por não compreendermos que o corpo físico é apenas um veículo
de expressão exterior da psique, resulta inconcebível para nós a idéia
de que possamos ser "alma".
Como os acontecimentos oníricos são governados pelos fluxos de libido
(formas de pensar e sentir), a crença de que somos o corpo exterior de
carne e ossos atua como um poderoso agente condicionante dos
acontecimentos. A experiência de nos levantarmos da cama, seja com
o corpo físico ou com o corpo onírico, é sabotada pela idéia
inconsciente de que somos o nosso próprio veículo de expressão
exterior. Identificados com a "matéria", ou melhor, com idéia
126
equivocada de matéria que nossa cultura extrovertida nos inculcou
desde a infância, tentamos arrastar o corpo físico adormecido no ato
de levantar. É claro que ele não responderá à tentativa pois está
desativado. O resultado é a sensação de paralisia.
Tentamos levantar o corpo físico e o onírico simultaneamente porque
nos identificamos com este último. E o fazemos porque apenas somos
capazes de conceber a realidade em termos de percepção exterior.
Erroneamente, acreditamos que apenas as coisas externas são
verdadeiras e que os objetos e acontecimentos psíquicos são
inexistentes, falsos e abstratos. O pior é que nem sequer
compreendemos tal equívoco que, não reconhecido e não admitido,
fica causando dano por via subliminar. Não adianta fazer de conta que
o problema não existe pois ele continuará lá, causando seus prejuízos. A
letargia do corpo físico faz com ele não obedeça ao nosso comando
inconsciente de se levantar.
Os acontecimentos nos sonhos resultam de uma combinação dos
infinitos fluxos de libido. Nossos medos, amores, paixões, angústias,
terrores, aversões e, o que é mais importante no caso que ora tratamos,
nossas crenças se combinam e dão forma às cenas que se
desenrolarão. Na criação das cenas, quase sempre prevalecem as
forças do inconsciente: sentimentos e pensamentos de vários tipos que
temos mas que não sabemos que temos e nem sequer admitimos. Nos
sonhos, esses elementos tomam forma e interagem entre si, gerando um
autêntico mundo, infinito e com leis próprias. Eis a razão pela qual a
crença de que somos apenas a matéria densa se concretiza na etapa
preambular ao sonho, que é a fase transitória entre estar acordado e
adormecido.
Algumas vezes, entretanto, experimentamos uma saída incipiente do
corpo físico, uma "quase-saída", proporcional à nossa pequena
capacidade de verdadeiramente nos sentirmos alma. Embora seja
incipiente, é uma capacidade que pode muito bem ser aproveitada
para superarmos a paralisia.
Quando estivermos presos à cama, incapazes de sair dela para
qualquer coisa, temos que procurar nos sentir vaporosos e sutis.
Mantendo esse estado de sentimento, tentemos a saída. Para facilitar e
garantir ainda mais o êxito, podemos, ao mesmo tempo, tentar
visualizar-nos no próprio ato de nos erguermos saindo do leito, tomando
a cena visualizada como se fosse real porém sem perder o
discernimento de que é imaginal, onírica. Se a cena for sentida
intensamente e o mais lucidamente possível, se concretizará
psiquicamente e em seguida nos veremos dentro de um sonho,
completamente conscientes.
É imprescindível que esqueçamos o veículo físico completamente e
focalizemos totalmente nossa atenção nas imagens oníricas à nossa
volta. A simples recordação do corpo faz a experiência retroceder à
etapa intermediária da paralisia.
Passos para indução de sonho lúcido a partir da paralisia
127
Podemos obter sonhos lúcidos a partir da paralisia. Para tanto, baste
seguirmos os seguintes passos quando estivermos paralisados:
Perca o medo.
Procure sentir que este acontecimento (você paralisado na cama) já é
o princípio de um sonho. Sinta e perceba as coisas como tal.
Considere tudo o que você percebe, escuta ou vê neste estado de
paralisia como sendo onírico, ainda que sejam exatamente as mesmas
coisas que você percebeu há pouco, quando acordado.
Sinta e conclua, por meio da vontade, que está livre para se
movimentar em forma sutil. Não duvide.
Tente movimentar oniricamente um braço ou uma perna de forma
lenta, relaxada mas alerta. Se você conseguir, já estará no sonho lúcido.
Não é necessário levantar e mover o corpo todo.
Se continuar paralisado, comece a prestar mais atenção nos sons ao
redor. Alguns serão sons do mundo externo real e outros já serão sons
oníricos mas ouça-os considerando, para todos os efeitos, que todos já
são oníricos. Preste atenção naqueles sons que se intensificam.
Deixe os sons aumentarem por si sós até se incorporarem totalmente em
sua percepção consciente.
Tente movimentar-se novamente na cama. Se tiver êxito terá adentrado
ao sonho. Caso contrário, repita novamente os passos.
Estes procedimentos visam desfocar a atenção do sonhador de seu
corpo físico de modo a liberá-lo para o sonhar sem as travas da
identificação com a paralisia.
A paralisia e os sonhos ocorrem todas as noites. Na maioria das vezes
não os percebemos e por isso não temos sonhos lúcidos.
O reconhecimento do estado de paralisia do sono e do estado onírico
geralmente é algo assim como "já está acontecendo...achei que ia
demorar mais!". Isto significa que entramos em tais estados antes do
momento em que esperávamos entrar e por isso não os vemos.
Passamos por tais estados sem nos darmos conta por acreditarmos que
ainda não chegamos aos mesmos.
Em questões de sonhos lúcidos ou, se preferirem uma terminologia de
tipo ocultista, de viagens astrais, desdobramentos astrais, experiências
fora do corpo ou projeções astrais, a identificação com o corpo físico é
sempre um grande problema que sabota a prática e nos estanca. É
pela identificação com o corpo físico que ficamos presos ao estado de
paralisia ou retornamos involuntariamente no meio de uma experiência
importante. Vamos tentar resolvê-lo.
Quando você estiver paralisado na cama, naquele ponto em que não
há avanço e nem tampouco retrocesso, a primeira coisa a fazer
é passar a considerar tudo como se já fosse um sonho lúcido a partir
dali. Isto atinge seu inconsciente e remodela a experiência. Em seguida,
mantendo este ponto de vista, experimente tentar mover os braços. Se
não conseguir, aprofunde mais o relaxamento muscular ao invés de
ficar ansioso. Tente novamente mover os braços, se ainda não
conseguir, aprofunde o relaxamento mais ainda. Espere pacientemente
128
e repita o quanto for necessário. Chegará o momento em que você
poderá movê-los livremente. Então levante-se mantendo a lucidez, não
para fazer uma viagem astral mas simplesmente como se fosse pegar
alguma coisa, algum objeto.
Uma vez que tenha se levantado, você estará no sonho (ou no mundo
astral, se preferir) lúcido. Para não retornar involuntariamente, esqueça
que possui um corpo, tire esta idéia da mente. Viva aquela realidade
paralela como se não houvesse outra aqui fora. Crie uma base sólida
do outro lado não se identificando com este. Sinta o outro lado como
real, material. Veja-o como um mundo concreto mas regido por leis
diferentes no que se refere à mudança de formas de objetos, contextos,
ambientes e situações.
O brincar de "faz-de-conta" auxilia muito nos sonhos lúcidos. Atinge a
mente inconsciente sem afetar a lucidez. Se você tiver problemas em
permanecer no sonho, se for daquelas pessoas que possuem
instabilidade e não conseguem ficar muito tempo sem acordar, faça de
conta que não há corpo algum para o qual retornar. Quando estiver
paralisado, faça de conta que já está sonhando, considerando, para
todos os efeitos, que até mesmo a paralisia, seu corpo físico, e todos os
objetos que você vê em seu quarto sejam oníricos, ainda que sejam
idênticos aos que você viu há pouco, quando acordado.
Não esqueçamos que o reconhecimento do estado onírico no fundo é
sempre mais ou menos intuitivo, nunca apenas perceptual e menos
ainda intelectual. Há sempre um "não sei o que" sentido no coração
que nos permite discernir à revelia do medo que nos assalta de
perdermos o senso lógico ao aceitarmos que estamos sonhando. Os
grandes mestres e onironautas veteranos simplesmente sentem e
concluem, de forma direta. Os novatos necessitam analisar e refletir
considerando os dados de que dispõem.
Referência:
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-
superacao-da-paralisia.html
129
Paralisia do Sono: Uma Dica
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2013/06/paralisia-do-sono-
uma-dica.html
130
O reconhecimento da realidade intra-onírica durante
o sono
Por Cleber Monteiro Muniz em 25/04/2001
Algo oposto ocorre nos sonhos usuais. Enquanto o corpo físico repousa
na cama, o ego sonhador saboreia vivamente as imagens que desfilam
diante dele. Não há, no estado onírico usual, o discernimento de
estarmos sonhando. O teor das cenas contatadas não é
compreendido. Em decorrência disso, acreditamos estar "acordados"
(vivendo no mundo vígil) em pleno sonho e, a despeito dos muitos sinais
indicadores presentes, não nos damos conta de nossa inserção em um
universo imaginal. Dificilmente temos um sonho como o relatado por
Jung em "Memórias, Sonhos e Reflexões", no qual lhe apareceu a
imagem da esposa já falecida e havia a lucidez de que a cena era
onírica.
131
Identificados com as imagens, não nos ocorre, em situações normais,
uma auto-indagação de que podemos estar em um mundo de sonhos.
132
quando muito, existem sob a forma "virtual". Em razão desse
funcionamento consciente polarizado e fixo, não temos ainda uma
avançada e oficialmente reconhecida cultura de sonhos que se
equipare a de certos povos que resistem ao furacão etnocida que varre
o planeta. Parece-me importante que aprendamos a arte do sonhar e o
cultivo da consciência intra-onírica com as culturas primitivas, antigas e
orientais. É importante que resgatemos o conhecimento que possuem e
que as ajudemos a preservá-lo e difundí-lo.
Referências bibliográficas
EEDEN, Frederik van. "A Study of Dreams". (1913) Reprodução via internet
em março de
2001. Psycology.about.com/science/psycholgy/library/weekly/aa103000
a.htm
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
reconhecimento-da.html
133
O discernimento pela memória residual
134
1. Sonhos que apresentam anormalidades que os
denunciam.
2. Sonhos idênticos à realidade exterior.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/sonhos-lucidos-o-
discernimento-pela.html
135
A Tendência de Buscarmos um Artificial "Algo Mais"
Cleber Monteiro Muniz em 3 de junho de 2002
136
Quando raciocinarmos sobre o que estamos percebendo, ainda que
levemente e de modo quase imperceptível, paralisamos a consciência
e nos distanciamos do discernimento.
Fonte: http://cleberlucido.blogspot.com/2011/08/tendencia-de-
buscarmos-um-artificial.html
137