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Contestação JOTAGE X Max Assis de Araujo (Acidente Por Oleo Na Pista)
Contestação JOTAGE X Max Assis de Araujo (Acidente Por Oleo Na Pista)
PROCESSO Nº 0001157-87.2021.8.05.0250
I. DA HABILITAÇÃO.
II. PRELIMINARES.
1. DA ILEGITIMIDADE PASSIVA.
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COMÉRCIO E INCORPORAÇÕES LTDA.
Por certo que o serviço de coleta não é realizado unicamente por um motorista de
caminhão, mas sim por uma equipe de trabalho. No momento do evento em debate nos autos o
caminhão não possuía qualquer relação com a dita coleta ou prestação de serviços, de modo que não
há qualquer legitimidade para que a Ré seja mantida na ação.
Neste sentido a jurisprudência pátria é clara, visto que a situação é muito distinta,
por exemplo, de um caminhão de coleta que no momento do serviço colide com um veículo. Esta não
é a situação dos autos. Para tanto, merece destaque o julgado adiante:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
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permanecer no polo passivo da lide.
Diante do quanto exposto, pugna deste D. Juízo se digne a acolher esta preliminar
de ilegitimidade passiva, determinando a extinção do presente feito sem resolução do mérito no que se
concerne a esta Contestante, com espeque no artigo 485, VI do Código de Processo Civil.
2. INÉPCIA DA INICIAL.
A inépcia da inicial ora apontada prejudica sobremaneira a defesa, posto que não se
sabe o que o Autor imaginou pedir contra esta. Não se diga que a simplicidade assim resolve, pois
estamos diante da total falta de causa de pedir e fundamentação, logo, qual seria a condenação
almejada para impugnação.
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exercício do seu direito de defesa, pelo que merece ser declarada a inépcia do pedido, com fulcro nos
artigos 485, inciso I, e 330, §1º, incisos III e IV, ambos do CPC, de aplicação subsidiária e necessária.
III. DO MÉRITO.
1. DA PRETENSÃO AUTORAL.
Não há nos autos qualquer demonstração da mancha de óleo que teria ocasionado a
queda, ou até mesmo a identificação da motocicleta caída. O que se tem é o registro de óleo embaixo
do caminhão, no momento em que o 1º Réu realizava o reparo no seu veículo.
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Ao realizar um reparo na parte mecânica de um caminhão, é possível que seja
retirada ou trocada uma mangueira, e nesta oportunidade ocorra algum vazamento de óleo. Todavia,
tal derrame ocorreu unicamente embaixo do caminhão e fora da pista.
Não houve vazamento nem há qualquer lógica na dedução do Autor, sendo negado
completamente o fato em tela, que jamais ocorreu.
Cabe destacar que o primeiro Réu agiu em perfeita consonância com as Leis de
Trânsito, ao contrário do que foi relatado. As imagens demonstram que o caminhão se encontrava fora
da pista enquanto houve a necessidade de verificação do veículo, evitando a ocorrência de qualquer
acidente.
As alegações autorais não merecem qualquer acolhimento, pelo que deve ser
julgada totalmente improcedente a ação.
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Portanto, não há que se falar em procedência do pleito indenizatório.
Ademais, não seria devido o pagamento do maior valor orçado, mas sim o menor.
Neste sentido, segue entendimento jurisprudencial.
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CESSANTES OU DE MAIORES DANOS MATERIAIS. Ainda que se trate de relação de
consumo, onde a parte presumir hipossuficiência, para reconhecermos como devido o pagamento a
título de lucros cessantes, necessário se faz que o autor efetivamente comprove quais foram as
perdas a este título, ao passo que, em se tratando de indenização por danos materiais, impende
a prova concreta de prejuízo, que não pode ser indenizado por mera presunção. Apelação
conhecida e improvida. Unanimidade. (AC 366632005 MA. Relator: ETELVINA LUIZA
RIBEIRO GONÇALVES. Julgamento: 12/06/2007. Órgão Julgador: VARGEM GRANDE.
Disponível em: http://tj-ma.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4728318/ apelacao-civel-ac-
366632005-ma)
(grifos nossos)
Por fim, os valores apontados pelo Autor não poderiam jamais ser considerados, já
que se afiguram unilaterais e claramente aleatórios, em nítida majoração indevida.
A conduta humana seja ela ação ou omissão é o ato da pessoa que causa dano ou
prejuízo a outrem. É o ato do agente ou de outro que está sob a responsabilidade do agente que produz
resultado danoso seja por dolo, negligência, imprudência ou imperícia. Este ato gera a obrigação de
reparação. A conduta humana pode ser no sentido da prática por parte do agente de ato que não
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deveria fazer, ou do fato de deixar de praticar ato que deveria ter feito. Sílvio Rodrigues (2002, pag.
16) em relação a conduta humana afirma que:
“A responsabilidade do agente pode defluir de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a
responsabilidade do agente, e ainda de danos causados por coisas que estejam sob a guarda deste.
A responsabilidade por ato próprio se justifica no próprio principio informador da teoria da
reparação, pois se alguém, por sua ação, infringindo dever legal ou social, prejudica terceiro, é
curial que deva reparar esse prejuízo”
Maria Helena Diniz (2003, pag. 37) define conduta humana como sendo "o ato
humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio
agente ou de terceiro, (...) que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do
lesado”. Afirma ainda que a ação ou omissão que gera a responsabilidade civil pode ser ilícita ou
lícita e que a “responsabilidade decorrente de ato ilícito baseia-se na idéia de culpa, e a
responsabilidade sem culpa funda-se no risco, (...) principalmente ante a insuficiência da culpa para
solucionar todos os danos”. E continua sua lição afirmando que o comportamento pode ser comissivo
ou omissivo, sendo que a “comissão vem a ser a prática de um ato que não se deveria efetivar, e a
omissão, a não-observância de um dever de agir ou da prática de certo ato que deveria realizar-se.”
Outro requisito que não é observado, é nexo causal, pois não há qualquer relação
com a suposta queda do Autor com o caminhão do 1º Réu, menos ainda com a Contestante.
Por fim, para que a responsabilidade fique caracterizada, bem como o dever de
indenizar, devem ser observados como pressupostos básicos três elementos fundamentais, quais sejam,
a culpa, de forma que só o fato lesivo intencional ou imputável ao agente por omissão de dever
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autoriza a reparação; o dano, como lesão provocada ao patrimônio ou à honra da vítima, e o nexo de
causalidade entre o dano e o efetivo comportamento censurável do agente.
Todavia, na lide posta, não houve conduta humana por parte de algum preposto da
empresa-requerida, quedando-se ausente a configuração da responsabilidade civil.
Assim, no que se refere aos danos, ainda que se cogitasse da sua existência, os
mesmos haveriam de ser provados, não sendo a simples alegação suficiente ao deferimento de
indenização, mormente no caso em tela, em que inexiste a mínima exemplificação dos danos morais
supostamente sofridos.
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Mas, na remota hipótese em que se encontre o mais leve indício de
responsabilidade, não se poderá admitir o ressarcimento pleiteado de forma aleatória e sem critério
legal, uma vez que a questão da tradução em dinheiro da reparação de dano moral puro é tormentosa,
na medida em que não existem tarifas pré-determinadas capazes de mensurar a dor alheia.
Dito isto, ad cautelam, entendendo de modo diverso este Douto Juízo, o que não se
espera, pelas lições extraídas da doutrina e da jurisprudência nacionais, vale lembrar que, na
quantificação do valor de eventual indenização, deve ser observada a condição sócio-econômica-
intelectual da vítima, além da extensão do dano e a publicidade do evento danoso.
Os orçamentos juntados, por seu turno, Id. 109047534 - Pág. 22, Id. 109047535 -
Pág. 23, Id. 109047536 - Pág. 24 e Id. 109047538 - Pág. 25, foram impugnados de forma específica
em tópico específico da defesa, tratando-se de meras estimativas de valores produzidas
unilateralmente, restando igualmente rechaçados. Ademais, os próprios documentos fazem a ressalva
que “NÃO COMPROVA PAGAMENTO”.
O vídeo juntado em Id. 109047541 - Pág. 28, em nada corrobora com a tese
apresentada pelo autor, pois sequer foi realizado no dia acidente, de modo que não havia o caminhão
no local nem se pode relacionar o que se apresenta ao quanto descrito na ação. Ademais, não se pode
associar qualquer rastro ou sujeira na pista ao quanto relatado, até mesmo porque o Autor grava o
vídeo a todo momento se posicionando em cima da suposta marca da pista, sem qualquer deslize.
Resta, portanto, impugnado diante da não comprovação dos fatos apresentados em exordial.
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Por fim, foram juntados o comprovante de residência, documento do veículo e
habilitação, documentos necessários à distribuição da queixa, que não necessitam de impugnação.
Nestes termos,
Pede juntada e deferimento.
Salvador, BA, em 04 de agosto de 2021.
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