You are on page 1of 280
RELATORIO DE GESTAO “1985 = 1989 VOLUME I =m meee eee eee eee ee II. III. Iv. vr. VII. VIII. Tx. XI. BIL: MET < XIV. xv. SUMARIO Introdugéo 3 Uma legislac&o para os arquivos 27 Estrutura organizacional 32 Nicleo de Desenvolvimento de Sistemas 39 © Sistema Nacional de Arquivos 45, Curso de Especializacao em Arquivos Piblicos 61 Associacdo Cultural do Arquivo Nacional 69. Guia Brasileiro de Fontes paraaHistériada Africa 79 Divis&o de Documentacéo Escrita 100 Divisdo de Documentacdo Audiovisual 153 Divis&o de PublicagSes 202 Divisdo de Pesquisa e Atividades Técnicas 309 Divisdo de Pré-Arquivo 329 Cooperagao com organismos internacionais 439 Participacao em congressos, seminarios, estagios assemelhados 454 Anexos 473 awe eee ete eee I. INTRODUGAO Ao assumir a direcdo do Arquivo Nacional, em junho de 1980, 34 conhecia a dificil situacéo funcional que se encontrava © érgao que deveria administrar e a dimensdo dos problemas insti- tucionais a serem enfrentados. No entanto, jamais poderia imagi- nar a situagéo de abandono fisico e de inadequacdéo do Srgéo aos formatos mais modernos da administragio piblica tampouco, eo que @ mais grave, o total desconhecimento sobre a metodologia adotada em outros paises e a incapacidade de reflexdo sobre os erros téc- nicos que vinham sendo adotados, ano apés ano, sem qualquer ques - tionamento. © Arquivo Nacional nao possuia um prédio adequado 4 guarda e & conservacéo dos documentos produzidos pela administra— Ao piblica federal; nao tinha uma lei que garantisse a autorida- de legal necessaria ao érgao para o exercicio de suas atribuicdes constitucionais; ndo dispunha de quadro cientifico e técnico ca~ paz de desempenhar as fungdes de recolhimento e guarda dos docu- mentos do pais nem de cérebros capazes de refletir sobre uma poli- tica nacional de arquivos, além de nfo contar com recursos finan- ceiros minimos para o desenvolvimento de suas atividades. Na realidade, tratava-se de um circulo vicioso. Sem xecursos financeiros, ndo podia melhorar o espaco fisico necessa rio @ sua instalacdo. Sem um prédio adequado e espaco —suficiente nao tinha condigdes de ampliar e melhorar o quadro de pessoal ne- cessario ao cumprimento de suas atribuigdes. Sem dinheiro, sem es- pago, sem pessoal e sem autoridade legal necessaria ao cumprimen- to de suas fungdes, o Arquivo Nacional ndo passava de uma ficcdo. Nao era arquivo porque dos 18 mil metros lineares de documentos sob sua guarda, desconhecia-se a metade. E nao era nacional por- que, na verdade, possuia apenas um depésito regional na cidade do Rio de Janeiro, além do depdsito de Brasilia, localizado nas depen- déncias do Departamento de Imprensa Nacional (DIN). A partir dessas constatagées e das tentativas de planejamento e redefinig&o metodolégica, elaborou-se um diagnéstico preliminar da situacdo do Arquivo Nacional, onde se concluia ser necessaria uma redefinigdéo institucional global. Assim, decidiu-se promover a obtengdo de soma conside- ravel de recursos para a execugao de projetos especificos, con- tando com a atuacdo de um corpo de profissionais especializados , bem como definir um programa de modernizacao institucional. ral programa resultou de um trabalho conjunto entre a diregdo do Arquivo Nacional, seus assessores e consultores da Fundagao Getalio vargas, recrutados por meio do Contrato de _Pres- tacSo de Servigos Técnicos Especializados, firmado entre o Minis- tério da Justica e esta fundacdo, em 10 de julho de 1981. A execugdo do Programa de Modernizacéo do Arquivo Na - cional foi concebida a partir da andlise dos principais problemas da instituigéo, desde sua criagéo em 1838, e do Diagnéstico da situacéo atual do Arquivo Nacional e suas perspectivas futuras ,do- cumento apresentado & Secretaria de Planejamento da Presidéncia da Repiblica, em 1981. Quando se elaborou esse projeto de execugéo, ndo se conhecia o estado de desorganizacio do acervo e a imprecisdo de grande parte dos instrumentos de pesquisa existentes no Arquivo Nacional. 0 volume da documentacéo nao identificada surpreendeu até os antigos funcionarios da instituicdo. Os instrumentos de pesquisa revelaram-se extremanente precérios, mesmo como auxilio A execugdo de novas tarefas. 0 trabalho tornou-se, afinal, = mais lento do que o suposto e varios produtos finais néo previstos no projeto original foram postos em andamento. Verificou-se rapidamente que 0 processo de moderniza Go nao poderia realizar-se sendo em todas as frentes de trabalho, ao mesmo tempo. Era fundamental, portanto, definir rigorosamente as orientagées que impediriam a disperséo ou o desvirtuamento das inimeras atividades a serem implantadas. A linha mestra do projeto foi o reconhecimento exten sivo da documentagéo e © rigor no registro dessas informagées, vi sando dotar o Arquivo Nacional dos instrumentos definitivos, neces- sérios ao recolhimento, organizagéo, controle e divulgagéo de seu acervo, condigéo basica para a sua agilizacéo institucional, como 6rgao central do Sistema Nacional de Arquivos. Em torno dessa linha diretiva estruturaram-se quatro grandes unidades de trabalho, a saber: identificagdo do acervo re colhido e a recolher ao Arquivo Nacional; arranjo de séries © ou 5 fundos documentais; apoio aos trabalhos de identificacéo e arran jor e implantacdo do SINAR. iptecitc on mesgpennMemeces| 0, medidas, tonnes’ * favor do Arquivo Nacional, o programa de modernizacao teve © Pro pésito de recuperar suas funcdes primordiais, quais sejam, © apoio Eaministrativo ao poder piblico; 0 apoio & pesquisa cientifica © ao desenvolvimento cultural do pais; © © apoio ao cidaddo, aten- dendo-o nos seus direitos de acess 40 conhecimento, 4 informacdo e as provas de seus direitos. Recursos humanos A uma estrutura axcaica e a parcos recursos financei- ros, somava-se uma questo de pessoal das mais graves e complexas. em 1980, 0 Arquivo Nacional tinha um quadro de 168 funcionaérios e desse total, apenas 64 tinham curso universitario; 15 formados no Gases pormannnte depReamivos, "IS cemibanes <> ° 11 em Bibliotecono- Sig) eagm de profissionaissaesipemee Etnhes & VS com a institui- do, tais como médicos, dentistas ¢ w™ engenheiro agrénomo. 0 Ar ~ quivo Nacional abrigava também um conjunto de professores de en ~ sino especializado e antigos funcionarios do S.A.M. (Servico de Atendimento ao Menor), da Companhia Nacional de Navegagio Costeira e do SPAS, érgéos extintos. © proceso de modexnizacao do quadro de pessoal do Ar quivo Nacional foi penoso. De junho & dezembro de 1980 a lotacao do érgio foi reduzida, por aposentadorias, on 208. Para minimizar as perdas, organizaram-se Cursos Com © apoio do Centro de Selecao, Treinamento e Aperfeigoamento (CETREJUS) do Departamento de Pes - goal do Ministério da Justica, visando 0 aperfeicoamento daqueles servidores com capacidade de se especializar nas modernas técnicas arquivisticas. Com a finalidade de suprix o Arquivo Nacional de especialistas capazes de formular uma nove politica arquivis - tica para o pais, obteve-se cinco Fungdes de Assessoramento Supe- rior (FAS) para compor um grupo técnico em planejamento, arquivo- logia, biblioteconomia, veatauragne del documentos: 6 +EAtREaDS de @ocumentos especiais, Reformulou-se un convénio assinado pela ges~ tio anterior entre a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) ¢ a secretaria-Geral do Ministéxio da gustiga,garantindo autoridade | ao Arquivo Nacional para gerir os recursos e superando dificuldades de ordem metodolégica ali encontradas. ‘Ao mesmo tempo em que eram tomadas estas medidas in- tervencionistas agravava-se a situacéo do corpo de funcionarios estatutarios que, em 1981, contava com apenas 63 servidores. Para minimizar esse quadro de esvaziamento institucio- nal e visando a introdugéo de um corpo técnico e cientifico jovem e qualificado, firmou-se o contrato entre o Ministério da Justica e a Fundagdo Get@lio Vargas, objetivando estabelecer a colabo - rag&o da Fundacao nos projetos do Arquivo Nacional. Além de introduzir um grupo técnico multidisciplinar com formacéo mais adequada ao funcionamento do érgdo,evidenciou-se a necessidade de enviar funcionarios qualificados a outros _ paises da América e da Europa, como objetivo de absorver a experiéncia internacional e de, a médio prazo, fornecer subsidios 4 formulacdo de uma politica nacional de arquivos para o pais. Nesse sentido, bus cou-se contato com a administragdo piblica federal, com os arquivos estaduais e municipais e com organismos internacionais da area. Obti. veram-se verbas junto a agéncias financiadoras nacionais (CNPq e CAPES), governo francés e internacionais (UNESCO) para a vinda de técnicos estrangeiros e formas de aperfeicoamento de servidores no exterior. Iniciou-se, assim, uma politica de cooperacao interinsti - tucional efetivada por intermédio de convénios e acordos com entida des nacionais e estrangeiras, objetivando implementar programas e projetos de assisténcia técnica e académica. As atribuigédes da instituigéo foram acrescidas, em 8 de abril de 1983, quando recebemos a antiga sede da Casa da Moeda para ser adaptada e restaurada como futuro abrigo do Arquivo Nacio- nal. Tratava-se agora de regularizar a situacdo da equipe contratada pela Fundacao Getiilio Vargas para levar a cabo o proje- to de transferéncia para a nova sede. De acordo com a _—legislacio em vigor, o Arquivo Nacional pleiteou, no segundo semestre de 1983, a concessao, de acordo com os Decretos n?s. 86.212/81 e 86.549/81, de autonomia limitada, criagéo de um fundo para cobranga de = seus servicos e aprovac&o, concomitante, de tabelas de especialistas e consultores técnicos, autorizagéo concedida pelo Decreto n¢ 88.71/83. Desta forma, foi aprovada tabela para contratar especialistas de ni yel superior e de niyel médio, sob o regime da _legislagio trabalhista, num total de 275 émpreyos a serem preenchidos em trés Stabae anuais, objetivando minimizar os custos decorrentes- A primeira etapa foi integralmente cumprida com & con- tratagdo de 122 especialistas, incorporando-se 0 conjunto de técni- cos que vinhan trabalhando no Arquivo Nacional, ha cerca de dois anos, através do Convénio fixmado com a Pundagdo GetGlio Vargas. mm 1985; ‘ap6eiquaweumvano © melo,sommescemaar > *T yo Nacional passou a ter wa sede no prédio mais recente, com sete pavimentos e um subsolo, do antigo complexo da Casa da Moeda. Os pre parativos da mudanca, levados a cabo desde © inicio de 1984, repre Sentaran esforgo de toda a equipe na eleboragao de wna metodologia original de planejamento e controle, que permitiu & transferéncia Aajgbatvo, sen nenkubia: pexta © idanciears 08, Socunen Sa Sagas inter- rupeéo da consulta probatéria ~ cabe ressaltar que, em menos ae dois meses, foram transferidos 18 Km de documentos- Finalmente, © acervo jA recolhido pode ser disposto de forma mals racional e ade- quada, com a previo de ampliacéo da area de estocagem, quando con cluida a restauragéo dos demais prédios. no dia 3 de janeiro de 1985, fol inaugurada a atual sede - um prédio de 16.000 2, moderno e com instalagdes climatiza — das, parte de uma drea construida de cerca de 30.000 m?, distribuida ne cinco prédios dos quais quatro tonbados, necessitando de obras. profundas de restauragio. Bra uia grande mudanga Pare a instituigao faplttea A sus casa’ =! solar doy sermgras UDA CON EESIES 4.000m*. viabilizaran-se recolhimentos de maior porte como = © da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro € 0S ainda em curso das Supe cintepiGneins de Policia Maritina, Adres © de Fxnteissl: go Depar tamento de Policia Federal, de todo o territério nacional. Ao mesmo tempo, na Divisao de Pré-Arquivo do Arquivo Nacional, em Brasilia , novas transferéncias e recolhimentos foram realizados, iimplementando-se politicas de avaliagio e selecao de docunentos © orientacdo de guar fae produgdo junto & propria administracdo. A tranafenéncia do Arquivo Nacional para Szicve sede aumentou a caréncia de pessoal agravando-a, poss permitia execucao oe atriboigdes e prajetos que as instalacdes anterionst néo viabili cavan, tais como implementagso dos laboratories de restauracdo, enca aernagio, microfilmagem e fotografia, para citar apenas estes exe plos. 0 problema que seria sanado com @ contratacdo da segunda e ter ceira etapas da tabela de especialistas, aprovada pelo Decreto ne 88.771/83, ficou sem solugio com o advento do Decreto n? 91.403/85, que proibiu o ingresso de pessoal na administracao direta, © qualquer titulo, proibigdo que vem sendo periodicamente mantida. Por isso, o Laboratério de Patologia de Documentos fun cionava apenas paxa os trebaihol de higienizacio e pequencs = Feparoe os laboratérios de Fotografia e Microfilmagem mantiveram se parali sados, ndo atendendo & demanda crescente, impedindo um fluxo de traba tho articulado entre os laboratérios e os setores incumbidos a entra 4a e organizagéo do acervo, e atendimento aos usuarios. com a extingéo das tabelas em 1985, mediante avaliacdo, os especialistas xemanescentes foram incorporados a0 quadro = Perna = nente. A essa altura, os problemas de insuficiéncia de pessoal mos- travamese mais acentuados sem se poder contar praticamente com servi- gos de mecanografia e agentes de depdsito, fazendo com que © corpo técnico, bastante desfalcado, chamasse a si também essas atividades Ge modo a que se completasse todo o processo de trabalho. A emissao de certidées avolumou-se, os prazos para entrega aos requerentes = SH pliaram-se. 0s documentos sofreram um processo de deterioracéo acen- tuada por falta de material para acondicionamento adequado e Por fal- ta de técnicos capazes de interromper esse processo. A Divisdo de Administracéo, tal como as demais divisées, nao conseguia dar conta de suas atividades, demonstrando dificuldades para a manutengéo do sistema de ar condicionado, das‘instalacSes de una maneiza geral,stus Lizagdo do inventério do patriménio e para o expediente de rotina. © processo de modernizagéo institucional pode Prosse= guir devido & assinatura de varios convénios com instituicéo nacio- nais, estrangeizas e internacionais, impulsionando diversas divisses que, de outra forma, teriam que parar suas novas atividades, implanta das por forga dessa modernizacéo. © curso de Aperfeicoamento em Arquivos Piblicos que + gurante o ano de 1988, formou 19 funcionarios de arquivos piblicos es. teduais e federais, fol organizado’ com recursos do Prograne Nacional das NagSes Unidas (PNUD), da CAPES e do Ministério das Relagdes Exte riores. Um projeto como objetivo de levantar a aocumentacéo refe - rente a Africa e Escravidéo Negra recebeu impulso inicial da UNESCO e depois ajuda fundamental da Fundacio Ford, sendo realizado em qua torze meses, puas divisées foram praticamente implantadas no = novo préaio, A Divisée de Pré-Arquivo, responsavel pelo recolhimento dos documentos produzidos pela administracdo piblica (180 Kmno Rio e 120 Km em Brasilia, aproximadamente) foi dinamizada por um convénio assinado com o Instituto Nacional de Previdéncia Social (INPS) para organizacao de seu acervo, no total de 80 Km de documentos. A Divi- sio de Pesquisas e Atividades Técnicas, que tem por objetivo a con- servagiio e restauragéo de documentos depositados no acervo, foi in- centivada por um convénio assinado com a Fundacdo Banco do Brasil pa ra reformulacdo e adaptacdo de seus laboratérios de restauracdo, mi- crofilmagem e conservagao de filmes e fotografias. Além disso, fir- mou-se um convénio com a CORDE (Coordenadoria Nacional para a Inte- gracéo da Pessoa Portadora de Deficiéncia) para treinamento nos tra- balhos de conservagdo e restauracao de documentos histéricos. Muitas outras atividades foram dinamizadas por convé- nios, aumentando, assim, o efetivo de pessoal técnico e cientifico envolvidos com o Arquivo Nacional. Com a Ordem dos Advogados do Bra sil (OAB) promoveu-se a organizagao dos arquivos judiciarios. Com a Fundagio Nacional Pré-Meméria, a organizacéo dos arquivos dos Presi dentes da Repiblica. Com a Financiadora de Estudos e Projetos(FINEP) foi proposta a modernizacéo da Biblioteca do Arquivo Nacional e a criagéo do Centro Nacional de Referéncia em Arquivologia (CNRA), bem como o financiamento do projeto Meméria da Administragdo Piblica Fe deral (MAPA). Uma vez que os projetos especiais se iniciam e se con cluem, © pessoal técnico por eles financiado sempre foi muito flu- tuante, criando situagdes de investimento em profissionais constan temente perdidos para a instituicao. Depois de cinco anos da incorporagao da equipe contra tada pela Fundagio Getiilio Vargas, o Arquivo Nacional via-se diante do mesmo quadro. Desta vez néo mais um convénio, mas varios convé- nios assinados com a instituicio mostravam a necessidade de se incor porar uma nova equipe de trabalho, evidenciando a permanéncia de se ter pessoal qualificado e remunerado, consoante o mercado de traba- Iho, integrando o quadro de pessoal, sob pena de nfo se implementar quase todas as atividades e de se perder todos os investimentos fei tos no sentido da modernizagao institucional: conservadores, encader nadores, restauradores de documentos para tratar do acervo danifi- cado, especialistas em tratamento de filmes e fotografias para se ocupar da documentagao especial carente de conservacao;especialistas em andlise documental para tratar do recolhimento de documentos pro duzidos pela administragéo piblica e para implantagao do Sistema Na- cional de Arquivos, bem como arquitetos e engenheiros,para se ocupar 10. da manutencao da atual sede e do encaminhamento do projeto de restau ragio. Assim, no inicio de 1987, o Arquivo Nacional pleiteou, através do Ministério da Justica, nova tabela de especialistas para suprir as deficiéncias j4 enumeradas, por meio de concessdo de excep cionalidade prevista na legislacao em vigor. A Comiss&o de Coordenagao Financeira, na reuniao n°? 006, de 23/7/87, aprovou, na integra, o Parecer SOF/INOR n? 302/87, que visava sobre a proposta de criacio de especialistas para o Ar- quivo Nacional e registrava que, caso a contratacao pretendida fosse considerada relevante para a politica arquivistica nacional, tal me- dida devia ser implementada de forma que seus efeitos financeiros ocorressem somente a partir de 1988. 0 Presidente da Repiblica auto- xizou a citada tabela em 14/12/87 (D.0. 15/12/87). Infelizmente, novamente foram frustradas as contrata Ses com a proibic&o contida no Decreto ne 95.682, de 28 de janeiro de 1988. Aguardamos mais uma vez nova oportunidade de atender as demandas de contratacdo de pessoal quando, em meados de 1988,através da SEDAP e do presidente do Conselho Interministerial de Remuneracdo e Proventos - CIRP, Ministro Aluizio Alves, tomamos conhecimento da possibilidade de contratagao de pessoal mediante o preenchimento de 75% dos empregos existentes - autorizacéo contida no Decreto ne 96.631, de 31/08/88. Diante da nova legislacéo, e devidamente autorizados pela Resolucéo PRE n? 004/88, do Presidente da CIRP, demos inicio ao processo de selecao para o preenchimento das vagas do Arquivo Na cional. No dia 29 de setembro de 1988, encerrou-se o processo sele- tivo e formalizou-se as contratagées, num total de 63 funcionarios de nivel superior e 119 de nivel médio. A tabela de especialistas significou a oportunidade de implementar os laboratérios de Restauracao e Conservacao, de Micro- filmagem, de Fotografias e de Filmes, compor um Nicleo de Desenvol- vimento de Sistemas para viabilizar um Plano Diretor de Informatica para a instituigdo, retomar em ritmo acelerado a produgéo do Guia do Acervo do Arquivo Nacional - instrumento de suma importncia para que 0 usuario se situe em frente ao universo de fontes documentais existentes, projetar a realizacao de um Cadastro Nacional de Pesqui- sadores em Arquivos, de um Guia de Arquivos Brasileiros, de um Guia tie Brasileiro de Fontes para a Histéria Indigena e do Indigenismo, este em fungéo das comemoracées dos 500 anos do descobrimento da américa «ao Brasil, promover una articulacdo mais estreita entre a institui gdo e os Grgios da administracio piblica federal, com o objetivo de vecionalizar a producéo de documentos e as atividades de avaliacdo, selecéo e recolhimento,além de prosseguir com as obras de restaura- cao dos prédios tombados. Embora o Arquivo Nacional nao tenha, ainda, alcancado a lotagéo ideal, as contratacées efetuadas através das tabelas de ¢s pecialistas possibilitaram 4 instituicéo melhorar qualidade de seus servicos, a exemplo da redugdo do prazo para emissao de certi aSes, da elaboracio de instrumentos de pesquisa, colocados a dispo sigo dos usuarios na Sala de Consultas, e do tempo necessério para entrega dos documentos solicitados pelos pesquisadores- ——_a wma wee eee eee ee ee ee ee oe 12. ESPACO FISICO © Arquivo Nacional foi estatuido pela Constituicdo Impe rial de 1824 e estabelecido sob a denominac&o de Arquivo Piblico do Império por regulamento de 2 de janeiro de 1838. Em 1840 tornou-se um érgGo auténomo, porém subordinado Secretaria de Estado dos Ne- gécios do Império, em cujas dependéncias encontrava-se situado, 4 Rua Guarda Velha (atual Treze de Maio) sendo seu primeiro diretor Ciro de Brito. Desde entdo, em virtude da precariedade de suas diver sas instalacdes, o Arquivo Nacional mudou de sede quatro vezes: em 1844, 1854, 1870 e 1907, esta Gltima 4 Praca da Repiblica n? 26, no prédio que anteriormente abrigara o Museu Nacional, na época Casa dos Passaros, em sua origem residéncia de Joao Rodrigues Pereira de Almeida, bardo de Ub&. D.Jofo VI adquiriu-o através do decreto de 6 de julho de 1818, e ao longo do século XIX realizaram-se diversas obras de ampliacdo e transformacéo. As Gltimas foram as de adaptacdo para receber o Arquivo Nacional, entre 1905 e 1906, quando sua facha da foi profundamente alterada pelo arquiteto Rafael Rebecchi, segun- do projeto do engenheiro Francisco Peixoto. © Arquivo Nacional permaneceu instalado nessa sede du rante 77 anos. A inadequacio do prédio e de suas instalacdes, bem como a falta de espaco, seria ressaltada ao longo desse tempo em de poimento de varios de seus diretores. As precdrias reformas realiza- das com vistas a adapté-lo a seu crescimento natural provocaram da nos irrecuperdveis 4 edificacdo, em virtude da complexidade dos pro blemas observados quanto 4 sua estrutura, instalagées elétricas e seguranga em geral. Devido a esses fatores, a transferéncia do Arqui vo Nacional para local mais amplo e adequado assumiu caréter de emer géncia, recebendo tratamento prioritario. Bm 1981, por sugestao de Aloisio Magalhaes, entdo Secre tario de Cultura do Ministério da Educacdo e Cultura, e apés consul ta ao Servico de Patriménio da Unido, do Ministério da Fazenda, le vantou-se a hipétese de ocupacdo do conjunto pertencente 4 Casa da Moeda para futura sede do Arquivo Nacional, j4 que aquela institui - cio estava se transferindo para seu novo parque industrial, em Santa Cruz. Ademais, o citado conjunto por suas dimensdes, equipamentos ¢ infra-estrutura, apresentava-se como o dnico na cidade do Rio de a, eee 183 em condicdes de atender 4s exigéncias do Arquivo Nacional. A confirmagio da possibilidade dessa mudanca, foi anunciada, pela primeira vez, em 10 de julho de 1981, durante a solenidade de assi natura de convénio entre o Ministério da Justica e a Fundagdo Get iilio vargas. Nessa ocasido, o Ministro de Estado da Justica, Ibrahim — Abi- Ackel, declarou j4 ter sido decidida a passagem da sede do Arquivo Na cional para o conjunto arquiteténico localizado 4 Praca da Repiiblica no 173, constituido de cinco prédios, perfazendo cerca de 31.000 m2 de rea construida. Havia sido consultado, inclusive, o Ministério da Edu cacio e Cultura, devido ao fato de existirem no conjunto prédios tomba dos pelo Servico do Patriménio Histérico. No inicio de 1982, os trés ministérios assinaram a exposicio de motivos que resultou no Decreto n@ 1.941, de 31 de maio, autorizando a permuta de bens iméveis, que foi efetivada, finalmente, pela portaria n° 96, de 2 de junho, do Ministro de Estado da Fazenda. No mesmo ano , © Arquivo Nacional promoveu, internamente, uma série de reuniées e semi narios, inclusive com a participac&o de técnicos estrangeiros, tais co mo Charles Kecskeméti, diretor executivo do Conselho Internacional de Arquivos; Michel Duchein, inspetor-geral dos Arquivos Nacionais de Fran ca e especialista em construcao de prédios de arquivos; Wolf Buchman , subdiretor do Arquivo Federal da Alemanha; e Frank Evans, do Arquivo Nacional dos Estados Unidos e na época assessor do Programa Geral de informagdes da UNESCO, a fim de determinar os critérios, procedimentos e dimensionamentos dessa transferéncia. Os estudos realizados na ocasi o demonstraram que o conjunto de prédios da Casa da Moeda era capaz de abrigar a documentacdo custodiada pelo Arquivo Nacional e aquela ainda por. recolher, tendo em vista sua capacidade potencial de armazenamento de cerca de cem mil metros lineares de documentos. Além disso, possuia uma infra-estrutura basica para instalacdo de laboratérios de restaura- gio, microfilmagem e tratamento de material especial. [A nova sede do Arquivo Nacional compée-se de um conjunto ar quiteténico edificado em diferentes épocas, a partir de 1858, a fim de atender as exigéncias de expans&o da Casa da Moeda. 0 conjunto tem fren te para a Praca da Repiblica, fundos para a Rua General Caldwell e late val esquerda em toda a extensdo da Rua Azeredo Coutinho; a lateral di- reita confronta-se com o terreno pertencente ao Ministério da Educacao e Cultura, onde se acham instalados os servicos da Radio MEC e da Embra filme. 0 prédio principal, inaugurado em 1866, conserva suas feicdes neo-classicas e possui diversos elementos construtivos de esmerado 4. acabamento. Os demais s&o de estrutura metélica e possuem acabamen- to mais simples, coerente com seu uso anterior de "fabrica de moe das". 0 jardim interno, desenhado pelo paisagista francés Glaziou , foi posteriormente destruido e ocupado por servicos da Casa da Moe da. Em 8 de abril de 1983 foi entregue ao Arquivo Nacional, em ceriménia realizada no Gabinete do Ministro da Fazenda, no Rio de Janeiro, o conjunto antes ocupado pela Casa da Moeda do Brasil.A partir dessa data passou-se a administrar, além da sede que abriga va © Arquivo Nacional, composta do prédio situado na Praca da Repi blica, 26, 0 anexo na Rua da Constituic&o, 35, 0 depdsito no Depar- tamento de Policia Federal, 4 Avenida Rodrigues Alves, 1, e 0 depé- sito de Brasilia, localizado nas dependéncias do Departamento de Im prensa Nacional, 0 novo conjunto de prédios, tendo por referéncia principal o im6vel especialmente projetado em 1858 para sediar a Ca sa da Moeda, 4 Praca da Repiblica n° 173, os trés prédios em forma- to de U, e 0 edificio de sete pavimentos, construido em 1969 pa ra servir de fabrica de cédulas, e denominado Edificio Papel Moeda. © inicio dos trabalhos técnicos que serviriam de base para o planejamento da nova sede do Arquivo Nacional s6 foi possi- vel apés a cessdo oficial. Diante das limitacdes orcamentarias das dificuldades de tempo, optou-se pela reforma imediata do edifi cio Papel Moeda, deixando para uma segunda etapa a reforma dos pré dios tombados, que necessariamente iriam exigir um detalhamento ar quiteténico mais aprimorado e recursos financeiros mais vultosos.As sim, 0 prédio foi dotado dos mais eficientes e avancados equipamen- tos e sistemas de infra-estrutura. As obras de adaptagdo conclu: ram-se em outubro de 1984, e em 5 de novembro iniciou-se a mudanga para as novas instalacées. Anteriormente, em 25 de outubro de 1983 comecou-se a pensar na restauracio dos prédios tombados. Nesse sentido, foi fir mado um convénio para a prestacao de servicos técnicos especializa- dos e assessoria, entre o Arquivo Nacional e a Fundagéo — Nacional Pré-Meméria, com a interveniéncia da Subsecretaria do Patrimonio Hist6rico e Artistico Nacional, e colaborac&o do Centro de Desenvol vimento e Apoio Técnico & Educacao, para elaboracao de projetos de restauragao e adaptacdo do conjunto tombado, de modo a conciliar os interesses arquiteténicos com as finalidades especificas da insti- tuigio. Em 1984 foram entregues ao Arquivo Nacional os

You might also like