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evi) ASSUNTO ESPECIAL VII — Doutrina Sebastiao Pereira de Souza SUMARIO: Introdugao 1 Da compra e venda; 1.1 Elementos da compra e venda ~ consensus, pretium ¢ res 1.2 Restrigdes & compra e venda; 1.2.1 Venda de ascendentes a descendentes; 1.2.2 Proibigées quanto a determinadas pessoas; 1.3 Venda a vista de amostra, protétipos ou modelos; 1.4 Venda ad mensuram e venda ad corpus, 1.5 Clausulas especiais 4 compra e vendas 1.5.1 Da retrovenda; 1.5.2 Da venda a contento ¢ venda sujeita a prova; 1.5.3 Da preempgdo ou preferéneia; 1.5.4 Da venda com reserva de dominio; 1.5.5 Da venda sobre documentos. NOVO CODIGO CIVIL - DOUTRINAS (V) A COMPRA E VENDA NO NOVO CODIGO CIVIL INTRODUCGAO um exercicio fértil de meméria da his- t6ria da humanidade, parece que 0 homem primitivo satisfazia o seu interes- se imediato pelo uso da forca fisica. Parece que cada um agia por si, catando na natureza prédiga o que lhe teressava ou tomando-o do individuo mais fraco. Ainda descnvolvendo a fertilidade do pensar, evocan- do nas pegadas do tempo as situagdes que deram ori- gem ao pensamento légico, ao discernimento inteli- gente, parece, também, que 0 individuo fraco, a0 re- conhecer a sua tibiez frente a hostilidade do viver sem conviver, buscou no agrupamento uma forma de, no bando, superara si mesmo, unindo esforgos contra ‘alagressdo externa, Parece ainda que ai nasceu a idéia de sociedade entre consangilineos ¢ no consangi neos. Debuthando mais ainda a nossa indagagio cur buscando no funil do tempo que alargou a ten- ncia aos juizos de valores éticos, parece que 0 ho- ‘mem, ainda primitivo em relagio a civilizagio que 0 seguia, mirando no desenvolver de cada bando, sepa- rados em territérios, cujo hiimus, aliado as estagées, prodigalizava diferente produgio, que mais comodo ¢ scm perigo de vida seria dispor do que the sobrava recebendo do outro, na mesma situagio © sem preo- cupar-se com o valor, aquilo que carecia, Parece, fi nalmence, que surgiu af o escambo. Trocava-se © que se precisava pelo que sobejava para o outro. O excambo teria transcorrido varios séculos como pritica de ne- gocio, até que a distancia, as intempéries constantes mesmo o transporte de bens in natura como meio de troca fornava cada vez mais dificil 0 rclacionamento, donde teria surgido a mocda, com um valor accito por todos € que substicuia o bem trocado. Nossa lucubragio histérica nos conduz, como CARVALHO SANTOS, a afirmar que a compra ¢ venda teve sua origem na troca. Scanned with CamScanner 148 Revista Sinteso de Dieta Civile Processual ivl~ N° 24 ~ JulAgo/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 1DA COMPRA E VENDA A compra e venda é uma espécie do género contrato, com caracteristicas préprias, mas que se aperfcigoa, como todo acordo de vontade, como um ato juridico ow na dicgio da nova = um negécio jurfdico,' que requer agente capaz, objeto licito, possivel, determinado ou determindvel e forma prescrita ou nio defesa em lei. Acrescentando, a0 negécio juridico, a coincidéncia de duas ou mais manifestagies unilaterais de vontade, visando ao provcito ¢ bem-cstar dos contratantes, temos ai, como conseqiiéncia, 0 contrato, A capacidade do agente que libera a sua vontade para contratar é ampla ¢ 86 encontra Timitagao no interesse social? art. 421 do CC, guardando as partes, tanto na concluso como na execugio, os principios da probidade ¢ boa-fé?— art. 422. principio da autonomia da vontade, ensina SILVIO RODRIGUES, parte do pressuposto de que os contratantes se encontram em pé de igualdade e que, portanto, sio livres de accitar ou rejeitar os termos do contrato. 1.1 Elementos da compra e venda Pelo contrato de compra ¢ venda um dos contratantes se obriga a transferir o dominio de certa coisa, ¢ 0 outro, a pagar-lhe o prego em dinheiro ~ art. 481 do CC. O contrato de compra e venda é o meio, o instrumento para se transferir o dominio. Tem efeito meramente obrigacional que se implementa com a execugio mediante a tradigio se coisa mével’ — art. 1.267 — ou pelo registro no Cartério do Registro Imobiliés jo’ — art. 1.245, se for coisa imével. A obrigagdo do vendedor € de transferir 0 dominio do objeto contratado. A obrigagio do comprador € de pagar o prego. Segundo expressa disposigio no art, 482, a venda é considerada perfeita desde que haja acordo sobre a coisa ¢ sobre o prego. Trés, portanto, s40 0s elementos da compra. venda: consensus, pretium ces 1 COM2—Validade do negécio juriico: “Art 104, validade do negéciojurdico requer: I-agente capaz; If ~objetolicito, posivel, determinado ov deverminivel; IT —forma prescrita ou no defesa em lei.” 2 CCJO2—Fungéo socal do conteato: “Art. 421. A liberdade de contratar serd exercida em razdo e nos limites da fungéo social do contrat.” “Art. 422, Os contratantes slo obrigados a guarda, assim na conclusio do contrat, como em sua exccugto, os prinepias de probidade e bos.” 4 ©C1O2—Dominio de coisa mével: “Are 1.267. A propriedade das coisas no se transfere pelos negocios jridios antes da tradi. Pardgrafo Gnico. Subentende-se a tradigio quando o transmitente continua a possuir pelo constituro possessério; ‘quando cede ao adquirenteodireitod restituigioda coisa, que se encontra em poder de tereei;ou quando oadquirente |estd na posse da coisa por ocasio do negéia jus 5 CC/02 —Dominio de coisa “Art 1.245, Transfere-te ente vivs a propriedade mediante 0 registro do titulo tanslativo no Registro de Iméveis. § 1° Enquanto nose registrar o titulo translaivo alienante continua a ser havido como dono do imével. § 2° Enquanto nio se promover, por meio de agio propria, a decrecagio de invalidade do registro, e 0 respectivo cancelamento, © adquirente continus a ser havido como dono do imével.” Scanned with CamScanner Revista Sinteso do Dirito Civil e Process 3 Civil - N° 24 ~ Jul-Ago/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 49 Consensus: 0 consenso ou consentimento é0 resultado do encontro da declaragio unilateral de vontades de um lado, do comprador sobre o bem, e, de outro lado, do vendedor sobre o prego. Avontade civada de vicio contamina todo o contrato. Anulivel, portanto, é o contrato de compra ¢ yenda quando viciada a declaragio de vontade por erro substancial, dolo © coagao nas unstincias delineadas nos arts. 138 ¢ seguintes do CC." Pretium: No contrato de compra c venda, o prego deve ser sério, em dinheiro, nfo podendo ser irtis6rio, e que consista numa soma que seja considerada equivalente & coisa, considerando a oferta e procura A época da contratagio. O preco vil pode levar A consideragio nfo de um contrato de compra ¢ venda, mas de doagio simulada, cujo efeito pode levar i sua anulagio como verbi gratia na doagio do ednjuge 6 Cane: “Art. 138, Sto anuliveis os negécios jurdicos, quando as decaragdes de vontade emanarem de ero substancial que ppderia ser percebido por pessoa de diligencia normal, em face das cireunstincias do negécio. ‘Art 139. O erro € substancial quando: I ~inceressa & natureza do negécio, 20 objeto principal da declaragio, ova alguma das qualidades a ele essenc Tl conceme 3 identidsde ov 3 qualidade essencal da pessoa a quem se refira a declargio de vontade, desde que tena ifluido nesta de modo relevance; III —sendo de direito e io implicando recusa A aplicagi da lei, foro motivo Gnico ou principal do negéco juridico, Are. 140, 0 falso motivo 56 vcia a declaragio de vontade quando expresso como razio determinante, ‘Art. 141. transmissio crrdnes da vontade por meiosincerpostos€anulével nos mesmos asos-em que o€ a declaragio, sircta [Amt 12. 0 erro de indicagio da pessoa ou da coisa, que se teferira declaragio de vontade, no viciar 0 negécio ‘quando, por seu contexto e pelascitcunstincias, se puder identfiar a coisa ou pessoa cogitad, Art. 143.0 erro de eileulo spenas autoriza a retficagio da declaacio de vontade. ‘Art. 144. O erro ndo prejudiea a validade do negécio jurédico quando a pessca, a quem a manifestagdo de vontade se dirige, © oferecer para executé-la na conformidade da vontade real do manifestante, Segio It Do Dolo ‘Art. 145, Sio 0s negécios juridicos anuliveis por dolo, quando este fora sua causa. ‘Ant. 146. O dole acdental s6 obriga satisfagdo das perdase danos,¢ € aidental quando, aseu despeito,o negécio seria realizado, embota por outro modo. Are. 147. Nos negscis jutidicos bilaeras o silencio intencional de uma das partes espeito de faroou qualidade que ‘2 outra parte haja ignorado consttul omissio dolosa, rovando-se que sem ela o negécio nose teria celebrado, Art. 148, Pode também ser anulado 0 nego juridico por dolo de terccro, se aparte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contréra, ainda que subsista 0 negécio juridico 0 texceio responders por todas s pperdas e danos da parte a quem ludibriou. ‘Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes s6 obriga 0 representado a responder civilmente até a Jmportincia do proveito que teve: se, porém, o dolo for do representante convencional, 0 representado responders solidariamente com ele por perdas e danos. ‘Art. 150, Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegé-o para anular o negécio, ou teclamar indeni- ago. Segio IIL Da Coagio ‘Art. 151. A coagio, para vieiar a declaragio da vontade, hi de ser tal que incuta 20 paciente fundado temor de dano) iminente e considerivel 3 sua pessoa, a sua familia, ou 208 seus bens. Purdgrafo Gnico. Se disser espeita.a pessoa ndo pertencente& familia do paciente juiz, com base nas ircunstincias, decidird se howe coagio. ‘Art. 152, No apreciar a coagio,ter-se-40.em conta o sexo, idade, acon todas as demals circunstincias que possim influ na gravidade dela [Amt 153, Nio se considera coagio a ameaga do exereiio normal de um direto, nem o simples temar reverencial. [Art 154, Vicia o nego juridieo a coagio exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter eonhecimento a parte a {que aproveite,e esta responders solidariamence com aquele por perdas e dancs.. ‘Art. 158, Subssteé 0 nego juridico, sea coagio decorter de teecio, sem que a parte a que aproveite dela tivese ou ‘devesse terconhecimento; mas o autor da coaco responders por todas 3s perdas edanos que houvereausado 20 co3eta." a saide,o temperamento do paciente © Scanned with CamScanner 150 Revista Sinteso do Direto Civil e Processual Civil N* 24 Jul-Ago/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL adéltero a0 seu cimplice que pode ser anulada pelo outro cdnjuge, ou por seus herdeiros necessarios, até dois anos depois de dissolvida a socicdade conjugal ~ expressa disposigao do art, $50 do CC, considerando, mais ainda, as demais disposiges* que impedem a doagao de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsisténcia do doador e, também, a doagio quanto A parte que exeeder a de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento ~ arts. 548 ¢ 549. O prego pode ser pago em moeda corrente nacional A vista, em mocda estrangcira pela cotacao do dia que converter em moeda nacional ou a prazo, em prestagoes. Sendo 0 preco pago com outro bem, compra ¢ venda no é, pois a moldura é do contrato de troca que in ies os efeitos nao divergem muito, porque as disposigées que se aplicam so as mesmas do contrato de compra ¢ venda, exceto quando se tratar de troca entre ascendentes ¢ descendentes - art. 533 ~ em que 0 negocio s6 depende da intervengio dos outros descendentes ¢ do cOnjuge, quando os bens trocados forem de valores desiguais: “Art. 533. Aplicam-se A troca as disposigdes referentes 4 compra e venda, com as seguintes modificacées: 1-omissis; II - € anulivel a troca de valores desiguais entre asccndentes ¢ descendentes, sem consentimento dos outros descendentes ¢ do cdnjuge do alienante.” Fica sem efeito 0 contrato de compra e venda se 0 tereeiro a quem foi deixado arbitrar 0 prego’ art, 485 — nao aceitar o encargo, salvo se concordarem designar outra pessoa. O prego estipulado pelo tercciro indicado vincula os contratantes, até que se provem vicios na claboragio do laudo que inquinem de nulidade os negécios juridicos em geral. A nova ordem civil considera Iicito as partes fixarem o prego em fungio de indices ou parimettos, desde que suscetiveis de objetiva detcrminagio ~ art. 487. As partes podem escolher um padrio objetivo ¢ de fonte isenta para a fixagao do prego, como e: g. 0s indices estipulados por érgios governamentais ou fundagdes de trato econdmico. Ocorre,a meu falivel juizo, que o indice ou parimetro no pode ter origem em entidade de uma das partes, como na compra e venda de iméveis feita entre construtoras e particulares com base em indice SINDUSCONYCUB elaborado pelo Sindicato das Empresas Construtoras, porque estaria, de forma transversa, deixando ao arbitrio exclusive da construtora, através de seu sindicado, entidade defensora de scus interesses, a fixagio do prego, fato que torna nulo o contrato por forga do art. 489.'° Nao havendo convencionado a fixagao do prego ou critérios para a sua determinagio € nao tendo a coisa tabelamento oficial, dispée a lei - art, 488 do CC ~ que as partes sujeitario ao prego corrente nas vendas habituais 7 CCIO2 -Doagio do cinjuge adltero: "Art. $50. A doagio do conjuge adiltero 20 seu edimplice pode ser anvlada pelo outro cdnjuge, ou por seus herderes necessérios, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal." 8 CGIO2—Nulidade da doagéo: “Art 548. nula a doagio de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsisténcia do doado ‘S19. Naa éambém dag quanto pa queexcder de que ends, no momento daiberaiad, pode ispor em testamento.” 9 CGIOZ— Fixagio do prego por terceira: "Are. 485.A fixagio do prego pode ser dei rem designat. Seo terceiranio aceitar a ‘antes designar outa pessoa.” 30 CCJ02 - Nulidade do contrato: “Art. 489. Nulo é 0 contrato de compra e vends, quando se deixa ao prego.” \da a arbitra de tercero, que os contratances log designarem ou promete- yeumbénea, fear sem efeitoo contrat, salve quand acordarem os contra rio excusivo de uma das partes a fixagio do Scanned with CamScanner Revista Sinteso do Dirito Civile Procossual Civil— N* 24 ~ JulAgo/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 151 do vendedor'' ~ art. 488. Convencionada a compra e venda de um vefeulo em determinada do ramo sem fixagio do prego, vale 0 prego que o vendedor aliena a mesma concession: marca nas vendas habituais. Havendo oscilagéo no prego, valerd a média. A dificuldade, porque no clucida a lei — parigrafo tinico do art. 488 do CC - é disciplinar qual o tempo que se deve considerar para tirar a média, Res: Em regra, ensina CARVALHO SANTOS, " sfo alienveis todas as coisas que esto no comércio, quer sejam existentes, ou futuras, certas ou incertas, contanto que estas se venham a verificar. Sem a coisa, incxiste contrato, por falta do objeto, elemento esseneial. Nao hé divida quando o objeto do contrato de compra venda se constitui de coisa presente, atual. Do art. 483, isposigo nova, a compra ¢ venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficard sem efeito 0 contrato se esta nio vier a existir, salvo se a intengio das partes era de coneluir contrato aleatério, E fucura a compra de determinada quantidade e qualidade da safra agricola ou de dererminado nimero de itens da produgio industrial, em que o adquirente toma para si 0 riseo de vir existir em qualquer quantidade. A venda no caso & de coisa certa esperada ~ emptio rei ‘Speratae." Vale 0 contrato para a quantidade produzida ¢ o vendedor tem direito a todo 0 prego, desde que de sua parte nio tenha havido culpa. Nada produzindo, mesmo em face de caso fortuito ‘ou forga maior, 0 contrato nio se forma, a venda é nenhuma, por falta de elemento essencial, 0 objeto, a coisa contratada— art. 459, pargrafo Ginico, do CC. “Art. 459, Se for aleatério, por serem objeto dele coisas fucuras, comando 0 adquirente a sio risco de virem a existir em qualquer quantidade, ters também direito 0 alienante a todo o prego, desde que de sua parte nao tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior A esperada. Parigrafo tinico, Mas, se da coisa nada vier a existi, alienagio nao havers, € 0 alienante restituira o prego recebido.’ Aleatéria & compra da esperanga. A compra da expectativa. © comprador aposta na existéncia da coisa no termo. Porisso mesmo, o objeto do contrato é a propria esperanga, a propria expectativa — emptio spei. Alguém compra toda a safta de feijio ou café que produzir a lavoura do vendedor, assumindo 0 risco de colher muito ou nada colher. Neste caso, 0 objeto do negécio no foram os grios, mas a esperanga de colhé-los. Vilido 0 contrato, a teor da norma do art. 458, mesmo que nada venha a colher. 11 C/02 ~ Prego ni fixado: “Are. 488, Convencionada a venda sem fixaglo de prego ov de ertérios para sua determinagio, se no houvertabela- ‘mento oficial, entende-se que as partes se sujcitaram a0 prego corrente nas vendas habituais do vendedor Parigrafo énico. Na falta de seord, por ter havi divecsidade de preco, prevaleceri a termo médio.” 12 SANTOS, J. M, Carvalho. In: CGP inerprtaio.9. ed. Livtaria Freitas Dastos,v. XVI, p10. 13 CCVO2 - Venda de coisa Fururas: “Are. 459, Se fr aleatéio, or serem objeto dele coisa fururas, comando o adquirente a siorisco de virem aexstirem ‘qualquer quantidade, tert também direito 0 alienante a rodo e prego, desde que de sua parte no tiver eoncortido culpa, ands que a coisa venha a existr em quantidade inferior @ esperads, Pardgrafo nico. Mas, e da coisa nada vier a exist lienacio nfo haves € alienante restiturs o prego reeebido.” 14 COM2—Venda de coisas aleatérias: 5 . "Art. 45B. Se o contrato for aleat6ro, por dizer respeitoa coisas ou fatosfuturos, eyo riseo de nfo virem aexisir um dos contratantes assuma, ters outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometid, desde que de sua parte nfo tenha havido dolo ou culpa ainda que nada do avengad venha a exist” Scanned with CamScanner 152 Revista Sinteso de Direito Civil e Processual Civil N* 24 ~ Jul-Ago/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL “Are. 458. Se 0 contrato for aleatério, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de nao virem a existir um dos contratantes assuma, terd 0 outro dircito de receber integralmente 0 que the foi prometido, desde que de sua parte nio tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avencado venha a existin.” Aaparente desproporgiio das prestagics nfo descaracteriza a comutatividade do contrato ¢justifica porque ambos os contratantes assumiram igual risco. O vendedor recebeu um prego, 20 adimplir o contrato, o que entregar pode valer o dobro ou mais. O comprador pagou um prego com uma expectativa de lucro que pode redundar em prejuizo. E ainda aleatério o objeto concernente A compra de mercadoria jd despachada, embarcada e sujeita 20 risco do transporte assumido pelo adquirente, mesmo que jf nao existisse no dia do contrato, no todo ou em parte, por naufrigio do navio ou qualquer outro acidente com 0 veiculo transportador, fazendo jus 0 vendedor a todo o prego, desde que ignorasse a consumagao do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa ~ arts. 460 ¢ 461 do Cédigo. 1.2 Restrigdes & compra e venda 1.2.1 Venda de ascendentes a descendentes © CC/I16 por enquanto em vigor é taxativo no art. 1.132 de que “os ascendentes ndo podem vender aos descendentes, sem que os outros descendentes expressamente consintam”. A venda efetivada ao arrepio do dispositivo legal entendia-se a presungio de simulagio de liberalidade do ascendente com o intuito de beneficiar um descendente em prejuizo dos outros por ocasidio da sucesso hereditéria. Uns entendiam fosse a presundo jurist dejure, outros entendiam fosse juris ‘antum, Fra rclativa a presungdo quando para a venda houvesse a intcrmediagao de interposta pessoa, como julgado pelo nosso TJ: “VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE - INTERPOSTA PESSOA - SIMULAGAO - PROVA ~ ANULABILIDADE ~ Anula-se a venda feita por ascendente a descendente, através de interposta pessoa, quando ha prova sériada simulagio, Para a anulagéo da venda de ascendente a descendente nao € necessirio que a aglo seja proposta por todos os. outtos descendentes no aquinhoados, bastando que apenas um deles no concorde com a alienagao para se posicionar validamence no pélo positivo da relagio processual.” (TJMG~ El 68.002 ~ 2 C. - Rel. Des. GUDESTEU BIBER — J. 22.12.1987 - JM 97/100-129) ‘Também do TJRS: “VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE ~ INTERPOSTA PESSOA ~ Necessidade da prova da fraude ¢ da simulagio, Enquanto na venda direta de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, a nulidade (art. 1.132 do CC), sem outras indagagdes, € corolirio imediato € insanavel, tanto inocorre com a interferéncia de terceiro, ‘em que é mister o exame ¢ apreciagiio da prova caracterizadora da fraude ¢ da simulagio. Apelo desprovido.” (TJRS ~ AC 591.074.273 - 3* C. ~ Rel. Des. LUIZ GONZAGA PILLA HOFMEISTER - J. 22.04.1992 - RJ 180/104) Anteriormente o mesmo egrégio Tribunal havia decidido considerando absoluta a nulidade: “VENDA DE ASCENDENTE A DESCENDENTE ~ A venda de ascendente descendente, feita por interposta pessoa, sem 0 consentimento expresso dos demais descendentes, revela-se ato nulo e nio meramente anulivel, violada a norma do art. 1.132 do CC. Os efeitos da inviabilidade remontam ao tempo da primeira operagio, nulificadas as que se sucederam. Se a venda ¢ realizada diretamente entre 0 ascendente ¢ o descendente, vindo teste mais tarde a alienar o mesmo bem a terceiro de boa-fé, corna-se anukivel o ato, invertidos 05 efeitos da declaragio. Nesse caso o descendente beneficiado com a operagio leva A colagdo Scanned with CamScanner Revista Sinteso de Dirsito Civil © Processual Civil~ N° 24 ~ Jul-Ago/2003 - ASSUNTO ESPECIAL = valor do bem.” (TJRS — AC 591.059.506 - 8" C. - Rel. Des. JOAO PEDRO RODRIGUES REIS ~ J. 19.12.1991 ~ RJ 178/101) Seria absoluta a presungio © nula a venda, quando efetivada diretamente do ascendente para o descendente sem a intermediagio de tercciro, Neste sentido um acérdio do STI: “VENDA DEASCENDENTE A DESCENDENTE - NULIDADE - PRESCRIGAO_ ~ QUOTAS DE SOCIEDADE COMERCIAL ~ A venda de ascendente a descendente, sem incerposta pessoa, € nul a pretensio presereve em vince anos, eontado o prazo da data do ato. Inclui-se entre os atos proibidos a transferéncia de quotas sociais. Precedentes. Recurso conhecido ¢ provide.” (STJ — REsp 208521 - RS - 4° T. - Rel. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR — DJU 21.02.2000 - p. 132) Essa divida ja no mais existe com a nova norma do art. 496 do CC: “Are. 496. E anulivel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes ¢ o cénjuge do alienante expressamente houverem consentido, Pardgrafo tinico. Em ambos 0s casos, dispensa-se o consentimento do conjuge se © regime de bens for o da separagio obrigatéria.” ‘Suprimento judicial consentimento dos descendents poderia ser suprido por provimento jurisdicional, no caso de injusta recusa? O que é anulavel esté sujcito A prescrigao. Nao é questo de ordem piblica que pode ser alegada pelo MP ou levantada pelo juiz, ex ofici. Pode ser expressamente convalidado pelas partes ou com o implemento do lapso prescricional. A norma visa, ainda, a proteger a legitima dos descendentes. De sorte que 0 suprimento judicial é juridicamente possivel, quando houver equivaléncia das prestagoes e injusta se revelar a recusa de consentimento por parte dos demais descendentes ¢ do conjuge do alienante, neste caso, quando 0 regime de bens nfo for o da separagio obrigatéria. A circulagio da riqueza, sim, € questéo de ordem publica. Os ascendentes podem trocar bens com os descendentes, desde que haja equivaléncia de valores — inteligéncia do inciso II do art. $33 do GC, Em ambos os casos hé cominagio de anulabilidade, sem, contudo, estabelecer prazo para pleitear-se a anulacio. O prazo prescr portanto, seri de dois anos," a contar da data da conclusio do ato ~ art. 179 do CC. 1.2.2 Proibicées quanto a determinadas pessoas Ensinava CLOVIS BEVILAQUA, comentando o art. 1.133 do CC/16, que “as proibigées deste artigo tém um fundamento moral transparente ~ manter a isengio de animo naqueles a quem se confiam interesses alheios”. De sorte que é nula, nfo vale a venda, feita as pessoas elencadas no art. 497 do CC/02, que substituiu o art. 1.133 do CC/16. Diferentemente do CC/ 16, 0 que vai entrar em vigor nao comina proibigio de serem comprados pelos mandatirios os bens de cuja administragio ou alienagio estejam encarregados. Cautela deve ser mantida quanto a disposigao do art. 122 do NCC, verbis: “Sao licitas, em geral, todas as condigdes no contriias a lei, 8 ordem pablica ou aos bons costumes; entre as condigdes defesas se ineluem as que privarem de todo efeito o negécio juridico, ou o sujeitarem ao puro arbitrio de uma das partes”. ‘Ou entio, ainda, do art. 489 que reproduziu o disposto no art. 1.125 do CC/16: “Nulo é 0 1s cCh2: “Art. 179, Quando a lei dispuser que determinado ato € anulivel, sem estabelecer prazo pars peitear serd este de dois anos, contar da data da conclusio do ato.” a anulagio, Scanned with CamScanner 154 Revista Sinteso do Direito Civil o ProcessualCivil~N* 24 - Jul~Aga/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL ccontrato de compra ¢ venda, quando sc deixa ao arbftrio exclusive de uma das partes a fixagio do prego”. Assim, por cautela, para beneficiar 0 mandatério,o instrumento deve contera cléusula “em causa propria” ~ art. 685 — ¢ mais os clementos essenciais do contrato de compra e venda consensus, res ¢ pretium. No regime de comunhio universal de bens 6 vedada a compra e venda entre os conjuges, pois ja Ihes pertencem mesmo, porque na linha de sucessio heredicéria um é herdeiro do outro ‘em concorréncia com os descendentes © ascendentes = art. 1.829, I ¢ I. “Todavia,!” mesmo esse regime ou se outro for o regime matrimonial, como o de comunhio parcial, tal venda scrd licita relativamente aos bens excluidos da comunhio” ~ art. 499 do Cédigo.!* 1.3 Venda a vista de amostra, protétipos ou modelos Efetuada a venda por amostra do produto," que provocou o asscntimento do comprador, hia presungio legal de que o vendedor assegura ter a coisa alienada as mesmas qualidades do que serviu de paradigma ~ inteligEneia do art. 484 do NCC. Havendo contradigao ou diferenga na qualidade da coisa entregue ea amostra, exibida por ocasio da contratagao, considera inadimplente ‘ovendedor que responde por perdas ¢ danos® e mais as cominagées do art. 389. 1.4 Venda ad mensuram e venda ad corpus O are. 500 do CC/02" substicuiu as disposigdes do art. 1.136 do CC/16 sob a venda ad ‘mensuram ¢ a venda ad corpus com suas conseqiiéncias. A venda de imével ad mensuram ou por medida é aquela em que se fixa 4rea determinada ¢ estipula o prego por medida de extensio. E 16 "TANG-Procuago em ous propia. Requses e,prition,coma, A procure em causa ppt pos opera Tanseréna de cc el, deve cone odos os equi dota de compra vena rei srs, peta de neil nse seo & que ncsntenia de eferencia 0 prego esac una dis partes obo nero abi dt cuirao que évedado peloar. 115000. (TANG -AC 026290647 -1*C.Ci~ReP Jia Vanesa Verdolim Andrade J. 23.03.1999) 17 DINIZ, Meri Helena, In: CC ont 8.e4 Sasva, 200, p. 348, Nota oar. 499 eo NCC. 18 CC/02— Compra e venda entre cinjuges “Are 499. E licta a compra e vend entre eajuges, com relagioa bens xcluides a comunhio.” 19 CC/02 Venda por amostr “Art 484, Se a venda se realizar vista de amostras, protétipos ou modelos, entender-se-§ que o vendedor assegura tet a coisa as qualdades que a clas cortespondem. Parigrafo nico. revalece a amostra,o pot6tipo ov o modelo, se howwer contradigio ou diferenga com a manera pela ‘qual se descreveu a coisa no contri.” 20 CCI02~Inadimpéncia: “art 389. Nao cumprida a obrigagio, respond o devedor por perdas ¢ danos, mas jos © avalizagio monerisia segundo indices ofciais regularmente estabelecidos, e honoritios de advogado.” 21 COWN2 = Venda ad mesure ad corpus “Art 500, Se, na venda de um imével, se estipularo prego por medida de extensio, ou se determinatarespectiva ica, esta nio corresponder,em qualquer dos casos, s dimensées dads, ocomprador texto drcto de exigi o complemen to da drca ni senda isso posivel, ode reclamararesolugio do contra ou abatiment properconal a0 prego. 41" Presume-se que a referéncia 3s dimensbes foi simplesmente cnunciativa, quando diferenga encontrada no cexceder de um vigésimo da ea total enunciada, ressalado ao comprador odireito de provar que, em tas cireunstin- clas, io cera realizado 0 negécia. 2" Se em ver de falta houver excess © 0 vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da Srea ‘endida, eaberi ao comprador 8 sua escolha, completa’ ovalr eoreespondente 20 prego ou devolvero exces. § 3° Nio havers complement de rea, nem devolugio de exceste, 40 imével for vendo como coisa certa serimi- ‘nada, tendo sido apenas enuneitiva a referénea is suas dimensSes, ainda que no conste, de modo expreso, ter avendaad corpus” Scanned with CamScanner Rovista Sintesa da Dieito Civile Processual Cvil~ N° 2¢~ Jul-Ago/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 155 interessante a distingio entre a venda por medida ¢ a venda ad corpus, porque os efeitos sio diferentes. Na pritica, a venda ad mensuram constitui-se de gleba retirada de frca maior. O comprador adquire uma determinada metragem de terreno. O vendedor tem de entregar a quantidade vendida, observado pelo comprador um limite legal de tolerdincia em favor do vendedor deaté menos de 1/20 da drea total enunciada. Se a érea vendida foi de 100 hectares, o vendedor tem de entregar a0 comprador (100 : 20 = 5. 100 ~5 = 95) no minimo % hectares. Se a medida for menor, o comprador teri o dircito de exigir o complement da drea ¢, ndo sendo possivel, ode reclamar a resolucio do contrato ou abatimento proporcional do prego. A presungao de que a diferenga encontrada nio excedente a 1/20 foi meramente enunciativa é juris tantum, porque a Lei ressalvou ao comprador o direito de provar que, em tas circunstancias, nao teria realizado 0 negécio. Por outro lado, © que nao cra previsto no CC/16, s¢ a Area encontrada for maior do que a declarada no titulo, 0 vendedor tem dircito, por escolha do comprador, de receber a complementagio do prego ou a devolugio do excesso, desde que o vendedor possa provar que tinha motivo suficiente para ignorar a medida exata da drea vendida. Considera-se ad corpus a compra ¢ venda de uma glcba determinada de terra, com limites € confrontacées conhecidos por ambos os contratantes ¢ colocados na descricio no titulo. Neste tipo de operagio as partes nio estio interessadas em medidas, mas no todo que compie a gleba. Neste caso nao havera complementagio da area ¢ nem devolugao do excesso. Havendo limites certos ¢ confrontantes determinados, a referéncia as dimensées é apenas enunciativa, mesmo. que nio conste de modo expresso haver sido a venda ad carpus. Com muito mais razo ainda, quando em tais circunstiincias, a dimensio é seguida da locugio adverbial “mais ou menos”, significando que para mais ou para menos nao faz. diferenga para os contratantes. ‘Tanto 0 vendedor quanto o comprador tém o prazo de um ano” para reclamarem em juizo ‘a. complementagio da drca faltante, ou a rescisio do contrato ou 0 abatimento proporcional do prego, contado a partir do registro do titulo, ou, entio, a partir da imissio na posse se houver atraso por culpa do alienante — art. 501. 1.5 Cléusulas especiais 4 compra e venda 1.5.1 Da retrovenda Retrovenda,” instituto do CC/16 ¢ mantido no de 2002, € 0 dircito que tem o vendedor de readquirir 0 imével que vendeu, dentro de certo prazo, devolvendo ao comprador o prego mais ‘as despesas feitas pelo mesmo. Eocontrato de compra venda, com a cldusula adjeta em que sc estipula que o vendedor terd o direito de resgatar a coisa vendida, dentro de determinado prazo, niio superior a trés anos, pagando 0 mesmo prego ou diverso, previamente convencionado, Dois s40 0s pressupostos pata retrovenda, que o objeto da venda seja imével e da escritura piblica ¢ registro imobilidrio conste cldusula resolutiva para a retomada em prazo nunca supe! 22 CCIO2—Decadén “Art. 501. Decai do direito de propor as agdes previstas no artigo antecedente o vendedor ou 0 comprador que nio 0 fizer na prazo de um ano, a concar do registro do titulo, Pardgrfo tinio, Se houver atraso na imissfo de posse no imével,atribuivel ao alienante, a partir dela fuirdo prazo de decadéncia.” 23 CG/02- Rettovenda: “Art, 505. O vendedor de coisa im6vel pode esenar-se o dirito de recobré-la no prazo maximo de decadéncia de és ‘anos, testituindo o prego reeebido e rcembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante 0 periodo de ‘eigate, se efetuaram com a sua autorizagio escrta ou para a realizagdo de benfeitorias necessias.” Scanned with CamScanner sta Sinteso do Direito Civil o Processual Civil— N® 24 ~ JulAgo/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 155 a trés anos. Mesmo que convencionado entre as partes, considera-se niio escrito 0 tempo que sobejara trés anos ¢ limitado a esse tempo quando, expressamente, nio 0 estipularem as partes, ‘A retomada nio tem a natureza de nova venda, mas de desfazimento do negécio, voltando tudo ‘20 status quo ante. De sorte que para o implemento da condigio a obrigagio do vendedor é de se prontificar, dentro do prazo acordado, a promover a rctomada pelas vias administrativas oferecendo 6 prego. Por outro lado, a obrigagio do comprador é se dispor a comparecer no ato piblico™ para accitar o pagamento c devolver 0 dominio. Caso o comprador se recuse,’ esté 0 vendedor legitimado a excrcer o dircito de resgate, na via judicial, no procedimento de consignagio em pagamento,”* provando a mora do comprador. O dircito de retrato s6 € cessivel ¢ transmissive!” por causa mortis. Na retrovenda, 0 vendedor, seus herdeiros ¢ legatirios conservam a sua agio contra os terceiros adquirentes da coisa retrovendida ~ art. 507 do NCC. Se a duas ou mais pessoas couber o dircito de retrato sobre ‘o mesmo imével, caso de condominio ou sucessio hereditéria, ¢ s6 uma o exercer, a questao deve se resolver na via judicial, prevalecendo 0 pacto em favor de quem haja efetuado 0 depési contanto que seja integral." 1.6.2 Da venda a contento e venda sujeita a prova ‘Trata de cldusula especial, inserida na avenga, mediante a qual 0 contrato s6 se aperfeigoa apés o implemento de condigao suspensiva que beneficia o comprador. Na primcira hipétesc, a do art. 509, mesmo que a coisa tenha sido entregue ao comprador, a venda s6 ora perfeita quando o adquirente manifestar 0 seu agrado. Nao se cexige doadquirente justificativa de forma objetiva para aceitar ou rejcitar o produto. O comprador rejeita a coisa nio por conta de vicio material ou qualquer outro defeito. A coisa pode estar perfeita para qualquer outra pessoa, Rejeita-se, simplesmente, porque essa é a vontade do comprador. O vendedor, no caso, ao entregar 0 produto ao adquirente, tem uma expectativa de 24 Lein? 6015/73 —Registros pblicos: “Art. 167. No Registro de Iméveis,além da matriula, serio feitos: To registro: 0. 29) da compra e venda pura € da condicion 25. CCI02-Retrovenda ~ Mora do comprad "Art, 506, Se o camprador se recusar a receber as quantias a que fiz jus, 0 vendedor, para exereero dircito de resgate, 1s depositars judicialmente, ParSgrafo nico. Verficada a insuficiéncia do deposi judicial, nio seréo vendedor estituido no dominio da coisa, até ‘eenquanto no For integralmente pago 0 comprad 26 CPC Consignagio em pagamento: “Art, 890, Nos casos previstas em li, poderd 0 devedor ou tereeiro requerer, com efeito de pagamento, a consignagzo dda quanti ou da coisa devida, 27 CONZ— Direito eng ones: “Art. 507. O direito de retsato, que & cessivel ¢ transmis ‘etceito adquicente.” 28 CGN2- Herdeirose legair “Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o diteita de retrato sobre © mesmo imével, es6 uma o exercer, pod m, prevalecenda o pacto em favor de quem haja efetuado 0 depésito, rl a herdeiros € legatiios, poder ser exercido contra 0 ccomprador intimar as outras para nele acorda contanto que seja integral.” 29 come: "Art 509. A venda feta a contento do comprador entenide-serealzada sob condigio suspensiva, ainda que a cosa Ihe tenha sido entregue; € nfo se reputaré perfeita, enquanco o adquirente no manifestar seu agrado.” Scanned with CamScanner Revista Sintose de Dirito Civil o Procossual Civil N° 24 - Jul-Ago/2003 - ASSUNTO ESPECIAL 157 venda que s6 se aperfeigoa se 0 comprador agradar da coisa. Nao agradando 0 comprador, contrato nio hi A mingua do clemento essencial - o consentimenta, que deve ser reciproco. A venda a contento do comprador nao se presume, deve constar expressamente do contrato, Hd casos de venda a contento quando o vendedor oferta, mediante propaganda impressa, determinado produto ¢ 0 envia ao adquirente sob a condigio de receber de volta o produto ¢ devolugio da quantia paga se, num determinado lapso temporal, o adquirente nao gostar. O vendedor tem certeza da aceitagio do seu produto de tal forma que langa 0 repto - ou adquirente satisfeito ou © negécio nao se faz. Na segunda hipétese," a do art. 510, do contrato deve constar que se trata de venda sujeita a constatagio pelo comprador das qualidades asseguradas pelo vendedor de sorte a servir, de forma iddnea, a0 objetivo do comprador, assim consignado expressamente no contrato. ferentemente do que ocorre com a venda a contento, em que 0 comprador nao precisa fundamentar a sua recusa, aqui, na venda sujeita a prova, o adquirente, para recusar a coisa, tem de demonstrar, por meios objetivos, que a coisa nfo tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor ou que, as tendo, ainda assim a coisa se revela inidénea ao fim a que se destina. A coisa, um dos elementos essenciais do contrato, pelas qualidades que porta, nio serve a0 desiderato do adquirente € por isso nfo hi o consenso para aperfeigoar 0 contrato de compra ¢ venda. Registra-se que em ambas as hipéteses ~ art. 511 ~a posse do comprador, enquanto nio ‘manifestar a accitagdo, 6 de mero comodatirio."' O efeito pritico é que uma vez no aperfeigoada compra c venda, ¢ sendo do negécio a natureza juridica do comodato, se o bem vier a perder por ‘caso fortuito ou forca maior, o prejuizo é do vendedor,” no caso comodante, se 0 comodatario dispensou todos os esforgos para salvar os bens do comodante” ~ art. 583. Para sc evitarem disputas judiciais, em ambos os casos, deve constar do contrato prazo certo paraa declaragio do comprador. Nao havendo prazo estipulado paraa declaragio do comprador, 0 vendedor teri dircito de notificé-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faga em prazo improrrogivel — art. 512 — que deve ser assinado, guardando o principio da razoabilidade. O siléncio do comprador, em qualquer situagio, é corolério do seu assentimento, ¢ compra e venda se revelam perfeitas. 1 3 Da preempgao ou preferéncia® Ea cléusula segundo a qual o comprador sc obrigaa oferecer ao vendedor a coisa objeto do contrato, antes de ser vendida a terceiro. 30 cqio2: “Art, 510, Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condigio suspensiva de que a coisa tena as quaida- des asseguradas pelo vendedor esejaiddnea para o fim a que se destns.” 31 Cj: “Art SUL 103 0s casos, as obrigagées do comprador, que recebeu, sob condigio suspensiva, coisa comprada, sio, as de mero comodatério, enquanto no manifeste aeité-la.” 32 ccyo2: “Art. 393. O devedor nfo responde pelos prejulzos resultantes de caso fortuito ou forga maior, se expressamente no se hhowver por eles responsabilzado.” 33 came: “Art, 583. Se, corendo riscoo objeto do comodatojuntamente com outros do comodatiti, antepuser este a salvagio dds seus, abandonando o do eomadante, responder pelo dano ocortido, ainda que Se poss atribuira caso foruito, ou forga mai 34 CCIN2— Dircito de preference: “Art 513.A preempsio, ou preferéncia, impbe ao compradora obrgagto de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai ‘ender, ou dar em pagimento, para que este use de seu dircto de prelago na compra, tanto por tanto.” Scanned with CamScanner 158 Revista Sitexe do Direto Civil e Processuol Civil~ N* 24 Ju-Ago/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL Direito de preferéncia que tem o ex-proprictirio de um bem de adquiri-lo novamente, prego por preco, em caso de o comprador desejar vendé-lo posteriormente, tudo segundo estipulado ro contrato de compra e venda. A preempgao, também chamada preferéncia ou prelagio, aplica- se também dago em pagamento. Nio se confunde a preempgio com retrovenda, Nesta, 0 objeto & coisa imével. Na preempgao, tanto pode ser coisa mével como imével. No retrato, 0 prazo de decadéncia é de até trés anos. Na preempgio, € de até 180 dias para movel e até dois anos se imével. Na retrovenda, compra ¢ venda s6 se revelam perfeitas apés 0 prazo acordado no contrato, € a retomada nio é considerada venda, mas extingio do negécio originério. Na preempgio, compra e venda estio perfcitas; tio logo ocorridas a tradigio e a retomada do bem, considera-se um novo negécio. Na retrovenda, € 0 ex-proprietirio quem tem a obrigagio de procurar 0 comprador, dentro do lapso aprazado, para resolver 0 negécio. Na preempsio, é 0 comprador, que dentro do prazo acertado, se desejar se desfazer do bem, por venda ou dagdo em pagamento, quem esté obrigado a procurar ‘ex-proprietirio para ofereccr a coisa, tanto por tanto. Na retrovenda, 0 prego da coisa ¢ justamente ‘0 mesmo que 0 comprador pagou ao vendedor ¢ mais as despesas que fez. Na precmpgiio o prego €0 do mercado, ou aquele que a0 comprador foi ofertado, Na retrovenda s6 & transmissivel por causa mortis. Na preempgao, 0 direito de preferéncia é personalissimo, nao se pode ceder por atos inter vivos e nem por sucessio hereditaia - art. 520, 1.5.4 Da venda com reserva de dominio Trata de cléusula suspensiva em que o comprador de coisa mével tema expectativa do dominio adquirida a prestagées, tfo logo ultime o pagamento. O instituto de garantia do vendedor nfo cra disciplinado pelo CC/16. A reserva deve constar de forma expressa no contrato ¢ ter como objeto ‘coisa mével que possa seridentificada, individuada, caracterizada, no universo de outros bens. Portanto, 86 slo objetos do contrato de compra venda coma cldusula de reserva de dominio os bens infungiveis, perfeitamente caracterizéveis para extremévlos de outros congénercs. Para valer contra tercciros © contrato deve ser registrado no Tabelionato do Registro de Ticulos e Documentos do domiciio do comprador.” Constituido o comprador em mora mediante protesto do titulo ou interpelagio judicial, ‘ovendedor pode cobrar as prestagdes vencidas e vincendas ou entio recuperar a posse da coisa vendida arts. 525 ¢ $26 do Cédigo. A cobranga das prestagées vencidas c vincendas, ¢ mais 0 que for devido, pode ser feita pelo procedimento comum ou monitétio, sc as prestagécs nao estiverem representadas por titulo executivo, fato que impede a recuperagéo da posse da coisa vendida com annus domini, mas sim como cautclar, visando a garantir a execugio da sentenga condenatéria, ou do titulo executive extrajudicial em que se fundar 0 crédito, Agora, se o vendedor optar pela recuperagio da posse, apésa apreensio, o comprador serd citado para contestar em cinco dias, ou entao, no mesmo prazo, se houvet ago mais de 40% (quarenta por cento) do prego, requerer a0 juiz que Ihe coneeda trina dias para reaver a coisa, liquidando as prestacdes vencidas, juros, honorérias c custas ~ § 2° do art. L071 do CPG. Sea coisa nio for encontrado procedimento nfo obsequia espago para a conversio em agio de depésito, como no caso do Decreto-Lei n? 911/69 da alienagio fiducitia, No procedimento ordinéti, 35. Lei n 6.015/73 - LRP — Registro reserva de dominio: "Are, 129, Estio sujeitos a registro, no Registro de Titus e Documentos, para surtit efeitos em relagio a rerceios 5°) 08 contrat de compra e venta em prstagss, com resrea de donno ou ni, qualquer que seja forma de que revistam, os de alicnagio ou de promessas de venda referentesa bens miveis eos de alienago fiduciia; 36 CCH: "Art. 522.A eliusula de reserva de dominio ser estipulada po escrito edepende de registro no domiclia do comprar para valer contra tereciros.” Scanned with CamScanner Revista Sinteso Direto Civile Processual Civil - N° 24 ~ JulsAgo/2003 ~ ASSUNTO ESPECIAL 159 0 réu 6 citado, ¢ a agio busca sentenga condenatéria de entrega de coisa cert, — OS phar aplicando-sc, na fase de execugio, o disposto no art. 627 do CPC, verbs: "Art. 627. Ocredor tem dircito a reccher,além de perdas c danos, o valor da coisa, quando Ser ale esta nao Ihe for entregue, se deteriorou, nio for encontrada ou néo for reclamada OSuar do poder de cerceiro adquirente”. Efetivada a retomada da coisa, responde 0 comprador pela sua depreciagio, servindo as prestagées pagas © o produto da jai pind venda para a quitacio da divida, O que exceder seri devolvido ao compradore 0 "25 ing Cul gue faltar ser cobrado em procedimento proprio ~ inteligéncia do art. 527 do Belo HorizmulMG. Cédigo. Se 0 vendedor ceder 0 crédito A instituigio financeira, cede também os direitos e agdes decorrentes do contrato, devendo apenas cientificar 0 comprador — Tribunal de Justis: Estado do Rio de Janci 1.5.5 Da venda sobre documentos RISLIOTECA Nesse tipo de venda agora regulado pelo direito comum — arts. 529 a 532, a tradigao se aperfeigoa com a entrega do titulo que identifica a coisa, e de outros documentos exigidos pelo contrato. Exemplo pritico é a venda de mercadoria depositada que é representada pelo contecimento de depésite © pelo warrant. O warrant & 0 titulo descritivo ¢ representativo da mercadoria depositada que € acompanhado do titulo de depésito denominado “conhecimento de depésito”. Dispic 0 art. 15 do Decreto n® 1.102 que: “Art. 15. Os armazéns gerais emitiréo, quando thes for pedido pelo depositante, dois titulos unidos, mas separiveis a vontade, denominados conhecimento de depésito © warrant” 2? Como observa J. X. CARVALHO DE MENDONGA, “o warrant serve de instrumento de crédito sobre as mereadorias; o conhecimento de depésito, de meio de circulagio das mereadorias” (qpud TJRJ - AC 3.521/ 98 - Reg, 271198 - Céd. 98.001.03521 ~ RJ ~ 1° C. - Rel. Des. AMAURY ARRUDA DE SOUZA - J. 08.09.1998 - colhido de Juris Sinese Millennium). O conkecimento € 0 tivulo que formaliza e serve para a transferéncia da mercadoria em depésito. O warrant atua como instrumento as caugées que se fazem sobre ‘© conhecimento ou sobre mercadorias. Adverte DE PLACIDO E SILVA, “quando, juntamente com o conhecimento de depésito, tenha sido emitido o warrant, nio se pode retirar a mercadoria dos armazéns em que se encontra sem a entrega dos dois titulos: conhecimento © warrant" A professora MARIA HELENA DINIZ acentua que “a venda sobre documentos, decorrente de sos e costumes, 6 muito utilizada nos negécios de imporcagio € exportagio, ou seja, nas vendas internacionais, ligando-se A técnica de pagamento denominada crédito documentado (frusr receipt)”.” Dispie 0 art. 178 do CP que emitir conlecimento de depésito ow warrant em desacordo com disposigio legal, incorre o agente na pena de reclusdo de um a quatro anos ¢ mula. 37, Fonte eletrdnica de consulta via Internet: heep:liwww:dji.com.be/decretos/1903-001102-ag/ 1g 0154027-hem, 38 DE PLACIDO ESILVA. Focabulirio juridico, Rio de Janciro: Forense, v. 4, 1982, 39 DINIZ, Maria Helena, In: CC anotado, Saraiva, 2002, p. 361. Scanned with CamScanner

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