You are on page 1of 14
Tea MEE EG Ee GES Ee ouemG eee para 0 trabalho) profissional ye Introougko 1.,/AS DIFERENTES COMPREENSOES DA INTEROISCPLUNARIOADE. 2. UMA LEITURA CRITICA DA INTEROISCIPLINARIDADE: PLURALISMO, MISTORICIOADE £ TRANSPOSICAO DE (IR) RACIONALIDADES CIENTIFICAS ‘Os Novos ESPAGOS OCUPACIONAIS DO SeRVICO SOCIAL € A INTERDISCIPLINARIDADE [REFERENCIAS BIBLIOGRARCAS Digitalizado com CamScanner = _____mreangaraumnesrssnmet 070 a 9 ena rsa IntropUcAo —_—= Nas Gllimas décadas deste século tem sido recorrente a referéncia ao termo interdisciplinaridade, tanto no Ambito estrito da produgdo de conhecimento, quanto no da intervencao em diferentes areas. No entanto, mutas vezes. o ter- mo ven sendo utilizado com conotagées diversas, nem sempre explicitadas ou ntentando objetivos cotneidentes. ‘De um lado, se faz presente o recurso a diferentes nomenciaturas como multi, pluri, Inter e transdiciplinaridade/profissionalidade. que ndo evidenciam o seu contetido. De outro lado, propostas de investigacéo ou intervencio interdisciplinares podem Indica, tanto allernativas propositvas ede resisténcia a uma organtzago fragmen- {ria do trabalho em diferentes espacos ocupacionais, quanto um reverso da meda- {ase crear ao seu uso una solngio de eee via calvadorade odos.o =, lesa producto téenlco lentes contemporannca, p 0 objetivo deste texto € o de oportuntzar a compreensio ¢ a discusséo da Interdiisciplinaridade como uma possfvel ferramenta para o trabalho pro- fissional do assistente social. Para tanto, sdo resgatadas algumas de suas diferentes compreensées e abordagens, a partir de uma breve revisdo conceltual. Em tm segundo momento, buscamos realcar a critica realiza da de um possivel contetido fetichizado no seu emprego. na diregéo de contribuir para o desvelamento das questées af implicadas e que sinall- zam as possibilidades ¢ desafios presentes no seu recurso. Posteriormen- te, procuramos travar a discussdo da interdisciplinaridade articulada. também, aos possivels novos espacos ocupacionals do Servico Social. p ‘Assim, compreendemos a questéo da interdisciplinaridade a partir de, pelos me= Q Ce nos, das pais &s quals pode estar relacionada. De um lado, a de uma Feria que pode levar a sucumbir A incorporacio apressada de manetrismos| ‘¢modismos to proprios e caros & atualidade contempornea. E, de outro, a de| uma concepedo que busca ferramentas metodol6gieas para a apreensdo das ques) \W tes que se colocam na atualidade dos novos espacos ocupacionals. ae Nasegunda compreensto, trata-se de imprimir marcas eriticas ¢ criativas a0 Pro itico (Netto, cesso de interver (onal que se dirijam a um projeto ético- 1999) capaz de construir alternativas ao atual: ‘das coisas fora do lugar. Com tsto dizemos das dificuldades para aprender a extensio do regresso, com as quails nos debatemos na contemporaneidade. Se as fillimas décadas deste breve século evidenciaram a consolidagéo, sem precedentes, do desenvolvimento clentifico ¢ lecnologico. representando conquistas significativas ¢ duradouras para a vida hu- mana, trouxeram, também, como sua contraface, a regressividade acentuada clas condicées mals brutalizadas ¢ leoricamente intolerdvels, que 86 encontram equiva Jentes nos padrées de barbarismo (Hobsbawm, 1995:22). da ot youn’ we, ® Digitalizado com CamScanner . 1 ean rata 9 sano morn Fone rosie / glessario ‘Asiomnatica - Relerese 20 ‘coryunto das notes primetas ou ‘don aiomas.Esies mes signticarn 25 proposkbes ndo-demonstravels, mas que so dades de pots € _2ceitas como verdadelras € universais ‘por ums dicipina, uma cibocis, um raciocino. Fetiche da pan- interdisciplinaridade - A idéia de parinterdsciptinaridade faz parte do conjunto das eiicas produzidas pelos teéricos de inspiracso macrsia 2 concepsto de interdiscipinaridede proposta pelos tedricos da Mosofa ‘co sueto, As ciicas remetem 20 conic fetichizado ou magico da interdiscipinaridade proposta por aquela tendéncia, aristrica, focada ‘exclusivamente na vontade do ‘seta, apoiads na férmuta simales do somalério de individualidades. O sujeito coletive que a eauipe representa néo seria, assim, muito distante do que a fibrica moderns busca produzic Logo, 9 intencéo de sompimento com a ordem insthulda ‘contida na proposta de interdisciptinaidade se esvazia, confundindo-se com 0s produtos 63 propria order. Sistema de Créditos das Universidades ~ A critica processada se reese 3 reforma riverstvia do perfodo ditatorial ‘que, além dese diecionar para uma ‘poltica educaconal prvaizante, ‘com exremado controle das Iestuges e uma concepeso de etcasso a serio do \esenvohimento econdmio, ‘mplanicu 0 wstema de erkdtos em ‘slr v0 vegime seiado. 1. AS DIFERENTES COMPREENSOES DA INTERDISCIPLINARIDADE Inicialmente, abrimos espaco para precisar 0 uso do termo interdisciplinar. Nunca é demais registrar que existem diferencas entre disciplina € profissio. Um trabalho pode ser interfulupronisstonal Jquando hé mats de um profisio/ nal envolvido) e isso nfo se confunde cont fmultidiseiplinaridade Ydisetplins que abordam o objeto sem relagdes((interdisciplinaridade frelacio de disciplt- nas a partir de relacdo hlerérquica de uma dfsciplina integradora ¢ coordenado- ra_de_ disci que recombinam seus elementos internos) ¢ sdisciplinaridade Jexiomtica geral compartilhada, integrando diferentes entre as disciplinas, com tendéncia & horizontalizagio das rela. ‘Goes de poder ¢ eriagéo de campos novos de conhecimento ~ radicalizagéo da {interdisctplinaridade). Como desdobramento desta diferenciacio. ao realizar a leitura de alguns aulo- res que desenvolveram o debate acerca da inter/transdisctplinaridade nos anos 80 e/ou deram continuldade a ele na década de 90, Almeida (2000) argumentou que o uso da ipterdisciplinaridade agrega diferentes objetivos ¢ 08 agrupou em pelo menog{ire) tum conheciftehto mats completo plinaridade como resposta aos objetos complexos). Este sera. também aqui - de forma aproximada ~, 0 tratamento dado as diferentes compreensbes presen- tes no debate acerea da interdisciplinaridade. O uso do termo interdisciplinaridade ganhou relevancia ¢ foi divulgado. entre outros, por Japlassu (1976). que se tornou referéncia nacional quanto a utliza- ¢ao dessa abordagem no Brasil, tendo fornecido as bases desta discussio. Os tedricos desta primeira tendéncia - a interdisciplinaridade para um conhect- ‘mento mais completo -, sob a égide ainda ditatorial da transicao politica bras; Ieira dos anos 70/80, ambiclonavam em varios Ambitos como a satide e a edu ‘40, rebelar-se contra os estragos proporcionados pelo sistema de créditos ak tuniversidades, caracterizado pela fragmentaco dos saberes cm diferentes pro-/ fissdes e que contribuia para uma estanque ¢ acéfala. Surge, naquela| ‘€poca, a Idéia do educador interdisciplinar, cujo maior compromisso eral |elaboragéo de uma teorla geral da cultura capaz dle integrar todos os saberes| jem vista do fazer, centro do conjunto da envergadura do espirito e do sentido da totalidade humana (Japtassu, 1992: 86). ‘A compreensio de Interdisciplinaridade formulada por esta tendéncia é mats uma atitude de esplrito que se vive, feita de curlosidade, acerca das relagies| existentes entre as colsas € que escapam A observagao comum (Japlassu, 1992:89). A'superespectaltzagho estaria expressa no préprio concelto de disc lina: uma estrutura centraltzada, que irradia argumentos dle autoridade, O co Digitalizado com CamScanner nhecimento interdisciplinar supre a exigéncia de Ubertar 0 saber tolégica em que se encontra, ¢ o especialisia da determinagio de bre o nada. O projeto interdisciplinar que combina, solidariza, desmitifica est4, ~ pols. em franca oposicao aquele projeto disciplinar: que distingue, privilegia, consagra (Portella, 1992:6). A interdisciplinaridade nao é sindnimo de ~ sobreposigdo de wirlas faculdades no mesmo lugar, ou do ajuntamento de vdrlos especialistas com suas linguagens particulares sentados um ao lado dle outros (Minayo, 1994:50). Nesta tendéncia, as clénclas humanas e socials serlam _guardias do projeto interdisciplinar, Essas idéias foram tio fortes ¢ inovadoras, que influenciaram importantes movi- 05:80 _ | mentos contemporaneos. como a Reforma Sanitiria, a luta antimanicomial e os no- vos projetos em Satide Mental (Vasconcellos, 1997). o campo da Satide do Traba- ‘Norval ¢wabatheds por Thomas, thador (Minayo-Gomez e Thedim-Costa, 1997), entre outros. Todavia, se para india, om sen cians ten A autores como Minayo (1994), Japlassu (1976), Marlins de S4(1995),anecessida- sana das Revougoes Centiias, de de integragao das disciplinas é uma exigéncia do percurso reflexivo de qualquer onde hé a teve de que a Giéncia Pesquisador, hoje Jé existem substancials crilicas as Idélas de Japiassu. Umia de- _passaia por tés momentos: Génce las, é a hipertrofia da decisio do pesquisador/téenico, como se estruturar traba- Normal (quando hi uma Ihos interdisciplinares fosse atribuicdo tini itade individual, que valeu a _ homogeneidade de pressupostos classificagdo de suas idéias por Frigotto (1995) e outros (Jantsch & Sm. 35 uilicas sé0 rechacadas & (0s tedvics trabalham sob Bianchetti,1995a/b), de filosofia do sujetto, Psp daaites : ‘um conjunto de conhecimentos, Acontribuicao de Frigotto (1995), ao lado de outras, fol entendida por n6s, COMO —aivessinentereconhecido.; critica ao fetiche da pan-interdisciplinaridade. Tals autores do uma importante — feyokcdo e Cre (quando hi contribuicdo & discussao da interdisciplinaridade, ao vincwlarem as caracteristicas —_ressténda das eglidadesnointsior ‘do modo de produgao clentifica ao modo de produgSo capttalista como um todo. En- da inca e tora necessrio trevemos nos seus argumentos uma critica marxista da interdisciplinaridade, que incrementar nova invesigagdes © nomeamos como a segunda tendéncia (Coimbra, 1990: Frigotto, 1995: Jantsch & __Pessvisas). Asintese destas CGéncia Normal - Aida de Citncia invesigngbesexoordndras leva Bianchetti, 1995a/b; Minayo,1994). jcc ‘momen o autores denunciam 0 fetiche da pan-interdisciplinaridade caractertzado ‘to monnie Sauces S— ‘uma constante argumentagéo em favor da interdisciplinaridade, sem a reall- cael tienen eae zagao da necessaria reconstrucio histérica, ¢ fazendo dela uma panacéia PALA.O conhecimento Gentiico combate a todos os males do campo cientifico (Minayo,1994:43). Esse fetiche “contempan Tque oi kve a | Seria-o responsdvel pela nossa ignordncia de que o desaflo da integracio dos sa- — reve’ os paradipmas ¢9 propor ume beres nao ¢ s6 te6rico-conceltual-epistemolégico, mas também € ético-politico, _Neva cncia, sendo que aguns a ‘onbmico ¢ cultural. e depende da futa simultinea em todos esses planos. Tra- _deveminam Cenc Postonrah € i, importante adver que ea € va sips visio fundada.na parceria submersa.na.vontade dos Sule. ee escame los (Frigotto, 1995) na e pela histérica. A questo fundamental nfo ¢ parceria "OMNI sim ou no, mas, quando.e-em que.condigses-(Jantech-o-Dianchettl, 19950:18), ( essag yukzada pra s ‘4 ciinas exaas a natess as Exaste u upo de autores que, partindo da critica i NOLL, Goma, por eernph, & HOA €2K defende a inter/transdisciplinaridade, na qual os pesquisaciores gravitan eM — maaniticas, nde peeno st y/Agrno de objetos complexos. Entre cles, destncamos Almeida Filho (1997), wansportads, som problemas, pave © Garefa (1994), Morin (1990; 1998) Funtowicz ¢ Ravetz (1994; 1997), De forma —_intevior das Caewins Seis Digitalizado com CamScanner semethante as outras tendénclas, a integracao das disci 7 sciplinas ¢ clescrita como _Recessaria para abrir a ciéncla a questionamentos mais globals e fundamentals. Seria ne lemas globais a ciéncia gerou com ‘cessiva fragmentagio. 1a ex Compreender 0 conterido disciplinar seria ir & génese da ciéncia ocidental mo- derna que trouxe no experimento e no método a idéla da decodificagdo das par- tes para que pudesse se desenvolver ¢ operar 0 conhectmento cientifico. Os auto- Fes, majoritariamente ligados & teoria sistémica ¢ ao pensamento complexo, orlundos ou interlocutores das ciénelas duras, procuram resgalar um atributo do cartesianismo, relegado a segundo plano ao longo da histérla da cléncia ocl- dental: a capacidade de gerar sinteses. Hoje, a necessidade de que a produgdo do conhecimento nao trabalhe mais sobre a destruicao, se tornaria imperativa na construcdo de objctos, através de um proceso de composicéo ou montagem de seus elementos constituintes de forma a permitir uma integracéo totalizadora — a sintese (Almeida Filho, 1997:10). Essa necessi T do defapagamento das fronteiras } caracteristico do nosso tempo — entre sujel- ‘ to e objeto; individual e coletivo; local ¢ global: pessoal ¢ politico; privado epi \_blico: sagrado e profano etc. Esse apagamento faz a tarefa de pesquisa mais dificil de ser executada e gera um mal-estar ao clentista, motivando a descrigao por alguns. de uma crise paradigmatica da ciéncla contemporénea (Santos, 1989; Funtowicz e Ravetz, 1994; 1997; Morin, 1990:1998.); de uma necessidade de nao mais poderem se deter em (out serem detidos por) questées clentificas localizadas, tornando- se especialistas num s6 tema, A cultura tecnolégica moderna chegou a um ponto em que precisa mudar consideravelmente para que possa lidar com problemas como, por exemplo, os amblentals. “Tals autores argumentam em favor de uma nova metodologia que contemple va- lores e a critica dos fatos para lidar com os novos problemas, que nfio pode ser ‘a mesma que ajudou a crid-los. O sucesso da ciéncia tradicional negava a exis- téncia de valores ¢ incertezas nos conhecimentos ¢ se apolava em fatos inquestiondvets, apresentados dogmaticamente ¢ assimilados acriticamente (Puntowicz ¢ Ravetz, 1997:221). O sucesso da ciéncia hoje, passaria pela admis- sho ¢ incorporacéo dos dilemas politicos, da imprevisibilidade ¢ das diivides éticas, Seria necessério assimilar que o real ¢ miiltiplo, nem sempre preciso. nem sempre passivel cle ser abordado a partir de solugdes téentens pontuais. 0 real precisaria ser abordado de uma nova manelra, distante da tendéneta chiss+ ca do pensamento ocidental que é a de dominar 0 real pelo uso da técnica, ¢ nio entendé-lo, Recuperar.a.complexidade so real.(oculta pelo objetivismo ¢ pelo reductonismo caracteristicos do pensamento ocidental) seria importante para fazer com que as abordagens paradigmiticas, responsivels por wy mundo (ee “aicamente cada vez mals salisfalérlo, sejam também integracins, mals Prositns da existéncia colidiana ¢ dos problemas con BO} Digitalizado com CamScanner dp Osh se compreende por interdiseplinaridade e pelos diferentes termos % acla relacionados? Existem, pelo menos, trés diferentes referenciais que debatem, academicamente, a interdiseiplinaridade. Desereva quais sto ¢ as principals caracteristicas que os diferenciam? 2. UMA LEITURA CRITICA DA INTERDISCIPLINARIDADE: PLURALISMO, HISTORICIDADE E_TRANSPOSK DE (IR)RACIONALIDADES CIENTIFICAS A partir desta sintese do percurso académico sobre o tema da interdisciplinaridade, trazemos a discusséo sobre(pluralismo e ecletismoltra- vada por Coutinho (1991), uma vez que observamos ai uma pertinéncla ¢ ana- logia. tal como verificado, também, de forma préxima, por Vasconcellos (1997). Trata-se de chamar a stengéo as duas dimensées do pluralismo — poli- tUcas ¢ teGricas - que devem ser, também, consideradas para se contemplar a interdisciplinaridade como problema. Dimensées fundamentals, mesmo no plano interventivo, quando a interdisciplinaridade instrumentaliza o trabalho {éenico-profissional e quando consideramos que a prética profissional, tam- bém contempla uma dimensao investigativa. ‘Assim, para além da dimenstio politica do pluralismo - traduzida, hoje, pela transformacao democratica da sociedade -, em sua dimensio tedrica, trata-se_ de discutl-1o caractertzando-o pelo exereicio do debate, pela abertura para o diferente, de respeito pela posigéo alhela, conside- rando que essa posigao, ao nos adlverlir para os nossos erros ¢ limites, € 20 fornecer sugesiées, € necessiria ao préprio desenvolvimento de nossa posigio , de modo geral, da cléncia (Coutinho, 1991: 14). ‘Trata-se, pois, de considerar os desaflos postos para a apreensio tedrica pré- xima da complexidade do real, embora considerando que este conhecimento € sempre aproximado ¢ munca se esgota (Coutinho, 1991). risco do ecletismo é imperativa, tend: congruéncia de que se possa pensar, no terreno da cléncia. na. elliar los de vistas inconcilldvels. a da jungao de tcorias incompativels ‘Coutinho, 1991:13). No que se refere & dimensdo tedrica, a interdisciplinartdade tem sido objeto daquelas polémicas sistematizadas anteriormente ¢ que exigem um ‘exame de maior envergadura que este texto nio pode contemplar. No entanto, wetoandener soceainin denna produgfo académica sobre & interdisciplinaridade, algumas demarcagdes podem ¢ deve ser felts, tendoem vista 0s limites e desaflos af colocados. Neste sentido, o problema se coloca _primetra ¢ fundamentalmente|...1.no plano ontoldgico (...) na forma hist. “Hea concreta mediante.a.qual os seres hum: tabelecem siias rela _ gbes soclats de produgio. Secundarta ¢ concomitantemente este problema» ® Digitalizado com CamScanner ‘s¢ manifesta no plano especificamente cpistemolégico, teérico ¢ na praxis (Frigotto.1995: 33). | Aperda deste carater histérico gera 0 risco de tratar a questo como uma espé- le de fetiche de conceltos que consiste em atributr-thes um significado neles ‘mesmos (Frigotto,1995:38). Trata-se de reconhecer que a interdisciplinaridade. 9f| se toma uma necessidade na produgio de conhecimento quando se considera 0 41A1"| cardter dialético da realidade soctal, Np enlanto, cate sariler € uno ¢ diverso.na— ‘Sua apreensao ¢, portanto, distintivo dos limttes reals dos sufeltos que investt- _gam e dos limites do objeto trwestigado (Frigotto, 1995:271. As caracteristicas do conhecimento cientifico sao vistas, aqui. como expres- s6es localizadas das Iulas das classes sociais ¢ suas fragées. A compeléncia profissional ~ que é socialmente atribuida - ¢ os saberes dai oriundos. afasta- riam 0s trabalhadores da possibilidade de uso do conhecimento produzido. Ela funcionaria, assim. como um instrumento de intimidagao. de reprodugao da diviséo social do trabalho € dos sistemas de exclusio social, como um dos pilares da tecnocracla. O discurso da competéncia, como expresséo simbélica dos especialismos do mundo académico, instrumentaliza os territérios bem demarcados ¢ fechados. onde prevalece a excluséo de um saber por outro € ‘onde se delimitam os monopélios do conhecimento. Os cursos universitarios serlam 0 mecantsmo privilegiado através do qual esse modelo de ciéncia se efetiva: os formadores dos especialistas técnico-clentificos. (A interdisciplinaridade se apresenta como um problema de dupla face. Por | um lado, cla é uma evidente necessidade. reafirmacéo de uma utopia perse- 3 | guida historicamente pela ciéncia (Minayo.1994:43), ¢. por outro lado. esta | lotada na materialidade das relacées capitalistas de producao da existéncia, gn ndo podendo ser descrita, exclusivamente, a pariir de elementos intrinsccos i _ eat atividade intelectual. oe Remetendo os termos da discussio ao inicio da Idade Moderna, ao horizonte constitutive da Ciéncia Ocidental, no século XVII c seguintes. podemos observar que a racionalidade all instaurada teve, no contexto {értil do Renascimento. a ante- cipagao das ferramentas com as quais iria operar, onde tima nova imagem do mundo se forjou eo homem se abriu a técnica. &s inovagées. & decifragao clos signif cados que as coisas ocultam, em um contexto no qual emergia a responsabilidade humana ¢ social frente as explicagées divinas ¢ miticas do periodo anterior, uum Instrumen MANA NAO existe | desvinculnda-das condigbes histOricas em que eln se cleecnvolve, Assim, 9¢ oi tasias rvs lest pero ds ella alison da salutes | Vida em sociedade constituiram transformagées substanciats 1os planos (loso- [fe> cultural, foram determinadas no conterto do modo de predugta capt Digitalizado com CamScanner ta. A universalidade e o atr dem com o cardter ace _gbes socials de allenacdo ¢ exclusio. O incremento da divisio social do trabalho em todos os dominios de sua reall- zaglo se viabilizou. portanto, por uma cléncia capturada que tem, também, na ‘Separagéo entre concepgao ¢ execugio do trabalho, nao apenas a fungao exclust- va de uma superioridade tecnolégica. mas os objetivos de controlar. hierarquizar, fiscalizar e disciplinar (no sentido do adestramento) e que teve no binémlo organizagSo-burocracia a sua expresso maxima (Chaut, 1982; Covre.1986; Coimbra, 1990). ‘Assim, se pressupde 0 reconhecimento de uma racionalidade onde os metos Jus- Uficam os fins, os cargos, os ocupantes, sinalizando a reciprocidade entre infer!- ores superiores ¢ as diferencas de competéncia especifica de cada um, segundo © posto que ocupa e distanciando-os da condigao de sujeitos socials, como se esta racionalidade fosse prépria, inerente ao social. Chauf representa esta ractonalidade como fundada no discurso competente - aquele aceito como verda- deiro, autorizado de ser proferido e sintetizado na expresséo ndo é qualquer um que pode dizer a qualquer outro, qualquer coisa, em qualquer lugar ¢ em qualquer ctrcunsténcia (1982:7 ). lisciplinar que busque superar a allenacdo ¢ exclusio socials. a tur dos debates plurais com os diferentes, deverd transpor esta raclonalidade ainda’ Desta forma, podemos tratar do segundo caso em que o proble- | ma da interdisciplinaridade se coloca: 0 seu tratamento no plano interventivo, ten- doem vista a insergio do Servico Social nas novos espacos ocupactonais. Trata-se de seu recurso na dimensio pratica. instrumentalizadora da atividade téenico-pro- Aissional em face da realidade sobre a qual se propée sua atuaco.

You might also like