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‘A questes de semantia e pragmatica Bice eno Rin de Moura ] Revisio do ono Prieto prifio ero Fri ‘Stone Fab Mauro Ferra inion cent ated a gees Sows" Prine 3006 Trap Seiebiice aon.) ini 2 Semtde.1T, ora, SUMARIO. capfruto 1 Pressuposigio = nod. 7 1 Posto e presuposts 2. Peesuposto e scaretameato 5 Expresses que ativan presspasts 44 Pressuposgoe context. 5 DesergGosdfinids pressuposigio 6 Definindo wm cotexo pare x presuposigio| 77 Pressupostoou impliatua? ‘capfrvro 2 Contexto 1 Duss visses da sinitiagolingutsca 2 Sentdoe signifiado 3 lmensto e mundos poses. 4 Semftica e pragmatics 5 Asomintic dntmica ea andfore. 6 Referéciaecontento 17 Indeterminago semantic ¢ context 15 Os ites da semiotic eda pragmaien 9 Consrindo contextoe svn 10 Pressapasigs:revendo slits ds semntca da pragmatic Referéncias, yeageese % ® Capitulo 1 PRESSUPOSIGAO Introdugio ‘Aates de entrar na andlise da pressuposicao, é pret ‘exporalguns concetosbisicos de semintica. A proposicio corresponde ao contesdo semdntico de uma sentenga: Na Aefinigio mais wadicional, esse condo semiatico envel- ve tudo agulo que €relevane para a descrigHo de um certo estado de coisas no mundo. O que ndo for relevante, na Sen- tenga, para essa representago de um estado de coisas, deve ser exeluida do contetido propesicionl ‘Una assergio & a expresso de uma proposigio num cto context (Stalnaker, 1978315). Nesse sentido, vassero ‘um ato de fala qu faz uso do contetido proposicionl. A asserpo de uma proposio implica dizer qucela €verdadeira. Ligar a sergio a uma afimagio da verdad da proposicio significa que asemantica do uma sentenga es Tigada& nogio de verdade A verdad, nessa perspetva, etd conectaa for. ‘ma pela qual a proposido representa o mundo. As coniges de verdad de una proposigio so as condiges peas quis a6 uma representapio do munds, ou mais especiicamente, 8s condigdes nas quai a propsigdo €verdadeira (ou fal. /—“Draicicnatmente a seminic deur sentenga—seucon- |. te6do proposicional tem sid jgualada as sues condighes de | vemtade.O que io for relevanie para a determinacio das con. | digdes de verdad, nessa perspoctva, deve ser exclu do con | teddo poposiciona. | __Aolongo dolivro, esa redugéo ds semntca is cond- | Bes de vende seri questionads, Pasemios agora apres {ago dos conceitos de posto epressuposto, 1 Posto e pressuposto ‘Vamos comegar com as sentengs abaixo: (1) Pedro deixou de uma. @ Foiosodoque quebrowo vaso, @) OreidoBrasitématuco, 4 Ohomem que decretou Deserta como a capital doBrasileaumailtr, A andlve dessa sentengas nos leva a prceher dois niveis as informagbes que "Num primero nivel eres "7nformasées mum plano eal oy cnt no ei seat do das patavrs. Assim, em (1), somos infermadas de que foo no fama mais; em 2), somes informs de que Joo quel ‘© vaso; em (3), de que o Rei do Brasil nia regula bem da cabo ‘ee ¢#) de que um militar fio responsivel pea decretago de ester (tig nome de lianas) como capital do Bras 1 Quod cme wt ee scone sto demas Foderl oe ocmo mega ence ons ata es ‘om SENTENGA spies PROPOSTGAO. r Mas, num segundo nf somaslevaea considers pela simples enuncingio decada uma desis senfegss, tas nl ~ mages que mio so afirmadas iteralment, mas ineridas a pe- ~tirdessassentengas. Assim inferimos do (1) que Pedro fumsva antes de @), que 0 vasoem questo est quebrado; de (3), qbe existe um Rei do Brasil ede (8) que Desteroj foi deeretada capital do Bras ‘Vamos denominar de acd com Ducrot (1987), de contetido posto a informacao conti no sentido literal das plavras de uma sentenga, © de contedido pressuposto ot Dressuposigi as informagSes que podem ser inferidas da ‘enumeiago desss sentengas. De uma mancira gers, pode- ‘mos dizer que o conte posto depende do conteido pres- suposto, ou sea, acetago da verdade do post leva ace ‘acto da verdade do pessuposto porisso que, paraacetar a vendade do posto da sentenga (3) (que o Rei do Brasil é ‘maluco),devemos aceitar também a verdade do pressuposto (queexiste um Rei do Brasil), Emoutrs palavra, par aceitar| essa informago no nivel do post, ¢ preciso acetar antes a informagdo no afvel do pressupost, ‘Como interpretamos entlo a sentensas (3) (4)? pre «iso que seus pressupostos seam aceitos pels interlocutor Nocase de @), a staagio¢ complicada, pos sabemos que 0 Brasil € umarepabica, emo possui re, Uma primeira solucao possvelé entender (3) num sentido metaférca, apelando para uma implictura | [Bima implicoiara € um tipo de * JinfereciapragmdticaDaseada no > foo sent tral das palavas, mas raquilo que o locutor pretenden teansmitia intesioentor “Rei significarianesse caso aquele que detém o poder _méximo epoderiaserefriao presidente daepiblicy, por exe plo. Nesse caso, aceitando ess interpretagso noltral, po Aeriamos averiguara verdad do post, dao que aceitamos a ‘verdad do pressuposto (que existe agus no Brasil que dete ‘poder méximo). Mas digamas que ocutor qe enti (3) Uilizov-sedo seotdo literal de ‘e'Comointerretarasenten sasnesse casa? ‘Uma segunds slug éimaginar que 0 locutor de (3) {stése refetindo a um outro perfodo de tempo que nfo tual (momento em que se di a enunciagio). Nesse caso, demos fazer uso da Intenso cf. Cap. 2, sede 3) dex. resso “rei do Brasil’ de modo a aplicé-Ia a umn onto per! ‘do de tempo em que de fato havin um rei do Bras (por ‘exemplo, na segunda metade do séeulo XIX), Ness iater- ‘retagio, devemos apenas ajstar a significagio do tempo Dresente da sentenga (0 Rei do Brasil malveo), como se referindo aque perfodo de tempo. 7 Quanto sentenga (4), podem observar que a acei- {ago do pressuposto envolve 0 conhecimento compact 4o dos interlocutores, Para a completa compreensio dessa Senteng, é preciso que saibamos que Florianépolis (antiga Destero) oi decretada capital do Brasil durante « Revo. Jugio Federalist). $6 com esse conhecimento compara {do é que poems interpretar 0 posto, segundo o qual era ‘um militar homem que decretou que Desterro era capital do Basi, Se ndo temos o conhecimento comparithade do _ressuposto, a acetagdo da informagio da sentenge (4) fica Drejudicada, ao ser que acrescentemas a0 nosso rept ‘io de conhecimentos o que essa sentenga apenas pressupe// Volare mais tarde a essa modificagdo de conbecimento com- parildo pelo aréscimo de pressupostos. 2- Pressuposto eacarretamento Considers que o pressuposto denna sentenga nao é airmado nessa sentenca, mas inferido a parti dela. Mas & preciso explcitar aqui o tipo de inferéncia envolvida, Em primeico lugar, ela se diferencia do acarvetamento (00 a- plicagio).A definighe de acarretamento 6 segvinte; se uma propos 2 implica uma proposiae b, isso signifies que sea 6 verdadeira entio b € necessariamente verdadere. ‘Vejamos as sentengas abaixo: (a) Jodo tem um gatosiamés emeasn (58), Jodo tem um bicho de estimagio em casa. (6a) Maria tem trios, (6), Masia tem alguns fos, Se se acetaa verdade de (Se), por acaretamento acei- ta-senecessariamente a verdade de (3b), visto que acatego- ria bichos de estimagio incui os gnos siamese, © se voce tem um gato siams entlo voc tem um bicho de estimagao, Por outro lado, ses¢ acta (6a), enti se acitanecessaria- ‘mente (65) na medida em que ter 3ihos impli er alguns filhos. Em outras palavra, podemos infer (5) de (Sa), © (60) de (6a), Mas note que bé uma diferenga bisica entre «tipo de inferéncia por acarcetamento ea infertacta por pressuposiglo, Vejamos o que acontece quando negamos a Sentenga (5a), como em (Se) aba: (Se) Jot nfo tem um gata siamésem case Obviamente, a inferénciacontida em (5b) no & mais ecesaiamente vera A rela leacanetamentn ene ds proposigtes «eb s6 pode ser defini a partir da verdad dea, ‘mas no apatidaflsdade dea Em otras plays, sea fala, pode ser tanto verdad quant fas ‘Com pressuposigio ocore algo bem diferente, A ne- ago do posto nto afta a necessidade deacetarios como verdadeiro o pressuposto. Vejamos isso através da negacio {os exemplos (1) e 2): (Pedro io deixoudefurar (8) NiofeioJoto que quebrouo vaso, Cae ore ry ee reeeran weunee ee ere eee eae Bee ene eer eee ae weed arate mrs re jSieuet manenete cee Sateen seater See ee ei eer preteens one eee ering een eee ee err enero ee eens eae ee arent TEE chee cater pee eet Soha ee {0 por exerplo). = ener ddoconhecimento compari dos ntesocutores. Assim nio iampota se Pedro ainda fuma cu nao ma mais; continaa send verdade que Peso fumavn anes essa informago fz parted conhacimento compartihado dos inerlocutores, [0 conhecimanta comparihade € | | formato por um conju de prop | sigdes que so aoeitas tanto pel alae | ano petocuvine (0s pressupostos soo pane de fund da conversacio (cf. Ducrot, 1987), Ao falarmos,patimos da hipstese de que nossosintrlocutores dominem um epetia de informasées, semas quaisasinformagies novas que fomecemes nio podem sercompreendides 3- Expresses que ativam pressupastos ‘Vimos que os pessupostos poem se infers a partir do sentido literal das palavras de ua senteng embora nto estejam contidos no send dessa palavras Iso ocore por- ‘que certs palavras tém a Fungo de ativarpressupostos, ‘ej, clas indieam a presenca de pressupostos, Existem die rentes propostas na literatura sobre o conjuntodessas pala ‘ras. Basear-me-ci aqui na relagio proposta por Levinson (1983). Alguns dos exemplos so também reirados dessa ob, ssarelagio nao se pretendeexaustiva, Deserigies definidas: Sao expresses que fazem uma ‘cera descrigio de um ser espeifco-Esses ints nominas (que, a terminologiade rege (1978), indicam o sentido de ‘um refernte)servem paca fazer referencia assim como os \, nomes propos bo om GSR e Sri ae ome | Pca nel a ee eee rns eee ares eee she Bae een esse modo, podemos nos referir 40 inviduo Mac ‘thado de Assis de pelo menos duss formas; (a) pelo nome proprio Machado de Assis ou (b) por descrigtes definides (o.autor de Memarias Péstumas de Bris Cubs, 0 fundador sta Academia Brasileira de Letras, et), 0 uso de uma des. crigto defini pressupée a existéncia do ser 4 que ela se refere, Esse tipo de pressuposigao é chamado também de Dressuposto de existéncia (a abreviatura pp indica, parte ‘de agora, pressuposo). (a) Jodo vivo homem com duascabeges (8) pp. Existcumhomem com duas cabegas (0a) 0 re de Franca cave, @ (100) pp. Existoumreida rang. (la) A vontade do pove sempre predomins. (118) pp. Exise algo que coxrespond& vontade do pave, 2) Verbs fativos: So veros que inroduzem oxagbes subordinadas que epresentam um ito que pressuposto. Em ‘ura alas, os actives ntoduzem fabs qu sods como (128) Jodo lamentouter bebido ito, (125) pp. Fouobebeu mito (13a) O professor sen que tinh pisadona bola, (136) pp. O professor pisou na bola. (14a) Marta compreendeu quetni una divide (146) pp. Marana uma vida (15a) Pedro soube que ganhou o prémnio. (5b) pp. Pedro ganhowoprémio Observe que hi dois subtipas de verbosfactivos. Aque- les que so epistsmicos (compreener, saber, reconhece,des- cobrirt6)eaquees queinieansensapes cu emogtes (sentir (cansitivo)lamentar, arepender-se slegra-s). Observe tar ‘bém que alguns doses verbos de sensagio so valraivos eles Mo apenas pressupem que o fato indica pela subordinads avonteceu, mas também pressupem umn cero Valor paraesse fato. Assim, (12a pressupdeduas cosas: Jogo bebeu mito cb) Jotote feito issodruim, Uma diiculdsde aqui équeen- ‘quanto oprimeiro pressupost €arbatdo tanto ao locutorde (122, quanto ao sueitn da sentenga (loa), segundo press post (pp Joto ter bebido muito rim) étibuldo apenas a0 réprio Jodo, ma no neessriamente so locator da fase. Esse ode perfeiumente nfo achar rim que Joo tenha bebide mai {0 (€L Levinson, op. ct: 12). 23) Verbs implicativos (161) Jodo conseguiuabeiea porta (160) pp. oo tentou abrira port, (179) Fedo exquecen de fechar a porta, (17) pp. dot deveri ou desejavafechara porta, 4) Verbos de mudanga de estado (8a) Jodo deivou de farar. (180) pp. Soto fumava. (198) Joo comecoua fora (19%) pp. Jodo no farnava, 5) Iterativos. Pressupem que a seo indicada pelo verbo ji tina acontecidoanteriormente. (202) 0 isco voador aparecen de nove, (200) pp. Osco voador nha aparece ates. (218) Oprofessorretomou a0 trabalho. (21) pp. O professor trabathou antes, rT 6) Expresses temporais (221) Maria desmaiou depots de encontrar (22h) pp. Maria encontrou Foto. (232) Mara chorou antes de erminar sua ese. (23) pp. Mariatemninou sustese 1 Sentengas clvadas. Sentengas em que uma sen- tenga simples €diviida em duas oragbes fim de destacat tum eerlo consticuinte da sentenga, enfatizando-s a infor magio relat a esse constitute. Elas tm a forma: (No) foi o X que (oragdo). Semanticamente, a segunda oragio contin um fat pressuposto, (24a) nap foto Soto que bejou a Maria (246) pp. Alguém bijou Maria (258) Nao fot a Maria que 0 Joto bijou. (25) pp. todo beijouslgué. 4+ Pressuposigo e contexto Umleitor tonto poder ters perguntado: sas pres- suposiges so introduzidas por ceraspalavras, enti como ‘las poem fizer parte do repertérode conhecimentospeévios ‘dos interlocutores? As pressuposiges So inroduzidas pores ss plavas, ou faiam parte do conbecimento compart: ‘do? Essa vida surge porgue estiverns analisando as Seaton ¢s fora de context; mas as pressuposiges fncionam no fxo a 2 conversacona Observe qefol dito que as pals aalsas {ego anton arias pressiposies. O papel Janes palavas, da um certo content, rcuperr cert pesuipe f. | Se8esque se consider como faendo parte doconkermeats {| ompatthadodosinterocutres. As pressupesgtis jeu, J | Yamlé.noconjntode propsigdesaceias como verdateits | Pelositeocuores plata nalisedsepenesavamcose — = Yejamos un exemplo de discus (0 jrnalistica em ue se supe gue os interlocutor (no caso, o letoes cos masts) comparilham cera informagées, Analitaoe 2 das frases a seguir retiadas do Didro Catarinene (26) Orelatorreclamou da confusto que cereao po ‘eso de impeachment da governador Paulo ‘Afonso, (21) IML divulga hoe laud do médic assassin, Ase (26) atm mo favo fle comoila soars pos apeamposts deans Srstesn a) inaconasongmenssonet {govt arise Palo ton Paar essen dss comes cbvanone ste Presnpsn pssst eno taeryetinanes eto cons Mar clsueadeee ee ‘stim pln as nines aera Inpescimenteracontoechiodcchnas hecag aire pared cect ee soiree Ove von ata ins omer Ont co eco asetna 27, Tes aa cris dnd ‘omen asin gic eee n accra a pessoa espectfica. Para nés, que estamos fora do eontexto,& Jmpossve determinar quem €essemsédico,emboraa descrsao definida contenbaa pressuposigio de que cle exist, Para os Ieitores da noticia na época,o pressuposto de existncia era faciimente sastito (com idenificagiodoreferidométic), ‘Uma demonstrago de qu os pressupostos de uma sen- ‘engaenvolvemofluxo converscional, podeser encanta numa série de exempls, citados naiteaturasobreoassuntoem que ‘determinaco ou nfo do pressuposto de uma setenca depen: ‘ded contextoconversacioal eda concimento compartilha- ‘do dosintrlocutores. (28) Joanadooces ane determina sua tess (Levinson, op.cit) (29) Sceadescubroqueo AntbinestéemFlerandpais, vai dar confusio (adaptado de Chierchia & MeConnell-Ginet, 1990-285) (G0), Nao sere o primeiro presidente americanoaper- deruma guerra (Duero, 1977:125). (G1) Bu no me arependerei de ter voto em FHC (adaptado de Levinson, op. cit). Fm Q8), mos aexpressio temporal antes, queintdo- ‘riauma pressuposicdo (no caso, que Joana terminou sua es). “Masessa€ apenas uma interpretagopossvel, qu sea, Joana efatoterminou sa ese mas ames ficou dente. Todavi, exile gunlmeate uma our possbilidae de interpretao, que anala apressuposigo. Nessa segunda interpreta, Joana adoeceu {cess (oi um motivo para elandoterminara tee. Temosentio ‘uma smbigdidade quanto &presenga ou no da pressupesic “Joana teminoa sua tese™. Esse ambigtdades6 pode erresol- vida no contexte conversicional, em fangSo do conhecimento samente,negase 0 fato de que olocutor sero primeiro pesi- ‘dente a perder uma guerra. Fm (306), anegagio incide sobre "sero primeiro presidente amerieano& perder uma guera,de modo que, perdendo a guera 0 locator ndo srs primeira presidente ase ver nessa situacio de perdedor. ‘Em (31), a ambigdidadeem relagio a pressuposicio 6 ‘menos transparent, porque, soluda de contexto, esse sentenga ‘6normalmenteinterpretada como indicando que oloeutoe vor touem FHC, eaparentementeelenso vé motvos para se arre- pends de feito essa escola, Essa interpretagio € de flo a mais esperada, jf que ‘se amepender’ & um verbo factvo,& ‘comp tal sealguém se arependedep,p épressupoto. A neea- (io (‘nome arependere’), em fun disso, nao atinge esse ressupesto (de que o ocular votouem FHC),mas sim ofato ‘dequeclese arependers por algum motivo. ‘Masimaginemaso seguine context conversacional An- ‘Gnio e Beatriz esto conversando sabre politica AntGnio diz ‘que se arependeu de er voladoem FHC. Beatriz que é uma militate de esquerds, depos de ouviro mea culpa de Anténio, fina (31. Ora, Antinio sabe que Beano votou em FHC € porissonto pode incerpretaress sentenca como uma neg (lo de um arrependimento por Beatriz ter voto em FHC. Na ‘verdad, oe (51) fa 6 extamente negara possibilidade de rrependimento de algo que Beatriz nfo fez. Pm outraspala- ‘ras, Beatriz ngo pode se arepender deter votado em FHC, smplesmente pone no voiouem FHC. ‘Temos novamente aqui uma ambigUidade de escopo da negago. Na primeira interpretago (a mais comum), & negacao ince sobre se arepender' eo pressuposto (de que 6 locutor votou em FHC) é mantido. Ne segunda interpreta- a lo, a negasoincide sobre ‘ter votado'edesse modo cancela A pressuposigao. Haviamos visto que a principal caracterstica do pes. suposto € que ele nto éatngido pela negasdo, Como expi car entio que a segunda interpreta de (31) sea possvel, ‘Hique af o pressuposto & negado? Hi daas maneiras de ex: plicarisso. A primeira & defender que existem dos tipos de gogo, uma que ni afeta a pressuposig e outa gue 2 anula (ef Kartunnen, 1973) A negacio, nessa perspectiva, ‘seria ambjgua ent duas fungSes: a negagi intema (nega ‘odo posto) ea negapio externa (negagdo de pressuposto), A segunda seria manter a unicidade semntca da nogagio © sustentar que, dado um certo context, apressuposigao pode sereancelad (f. Gardar, 1979:105-6), Nessa bondage, ambighidade de (31) seria devida do context, e nlo 8 se Antica da negago. Ou sea, a negagio no anulao press posto, menos que o contexio assim o indique®. "Esse contexto, a0 contrrio de (31), pode ser expresso a prpra senteng (62) Oaluno nfo perdeuaprova porque simplesmente ‘Mo houve prova sa sentenga nfo pressupse que howve uma prova, tio ‘omen porque ss énegadoexplicitamente, cancelando wma ‘renga do repertério de conbecimentos compeatlhados do interlocutor. Se aceitissemos prin altemativa (ambit. ‘dad entre doistipos de nega), ambigtidade exist tam Ibsmemexpressdes como anterde(exemplo28 cin). Mas 7 neta os del (199 pes epost tte aie, pode er eter ts prs ams {eiechana eps tpn Cap og Oe a também a diferenga de interpreta depende dirctamentedo ‘next (Conbecimentocompartiliao) A espzifcagio do cam texto pode se darna propria sentenga (63a) Joana morrevantes determinaratese, (G30) Joo foi para um lugar seguro antes dea panlade pressivexplodi. (G2 Jotopuxouavélvulade sepuranea antes dea pane> lade pressioexplodir (Gazdar op. cit p. 100) [Em (33s), obviamente 0 verbo “meer” no abre ne _shuma possibiidade de que Maia tea terminado sua ese, Em (33b), a expresso antes de introduz 0 pressupos- {ode que a pancla de pressio de fato expldi. Em (3), dado o eontexto expresso na pra senten ‘esse peessuposto €canceado. Esse uso do context evita Iipétese de que existam dois signifcados de ants de. Existe apenas um significado, que introduz um pressuposo, a nio ‘ser que 0 contextoindigue 0 conirrio (Como € 0 eas0 de 338, 332), Em esumo, a doterminaco do pressuposto depende {o context (mas pecisamente, do epertériodeconhecimen- tos compartilhados dos intriocutores)e 0s pressupostos po ¢ ?” 60 simbolo de acarretament, [Existem assim duas maneirsde se ‘completa’ uma sen- fenga com uma veriével: (1) substtinde a vardvel por um nome préprio; (2) fazendo uma quanificagio sobre avarével (CE. Hegenbers,1973:12-14) a ‘Uma sentengacomuma variveléde- ‘nominada uma rentenga aberta Porexemplo,aparirda sentenca com vaivel (363) bei- x0, que ndotem um sentido completo, podemos constui ums seatenga completa de duas maneiras (1) substitindoavarivel por um nome prépeio, como em (366); 2) fazendo uma ‘quantficagio sole a varvel,como.em (360) (26) x6.camtr. (368) Chico Buarqu 6 ant. (860) Todos os cantores 550 felizes vx FO) onde: cantare F=feliz. Lé-se: para todo. e-x6um cantor, entio x eliz ‘Vinnos no inicio dessa segéo que, desde que o pressi= posto de existecia sea saiseito as describes definidas tam ‘bem servem para fazer a eferéncia. Como vimos também, ppodomos nos referr ao ingividvo Chico Buarque, par exer plo, de és diferentes manera: (1) inserindo-o na denotasio de “eantor"; 2) designando-o pelo nome pr6prio “Chico Buarque'; G3) referindo aele por uma varivel, comoem ‘Ele ‘cantor. Mas podemos além desestrés modas,nosefrira ‘ess individuo cam as desergbesdefnidas ‘a compositor de A Banda’ ‘0 autor do romance Estoro' ou ainda ‘O com positorhomenagead pela Mangueiraem 1998", entre outa, "pelo menes dass maneias diferentes de bord fun ‘6 referencal dura descrigio define, Em primeio Inga, ode encar-la como um carzelato dos names pps: a expresses qu designam um individ espectic, Essa éapo- sigio de Frege (1978). ‘Uma segunda posicio éanaisarasdesrigbes definidas como diferentes dos nomes propos, ois as descrigdes en volveriam quantificagi sobre varisveis. Essa 6a posigao de Russell Assim, para Frege, a descrigées dfinidas so propria mente referencias (como es names pps), ao paseo que par Russell elas sio expresses quantficacionis, Em outs pala ‘ras, para Russel, descrgbesdeinidas se eneaixam no modo ereferéacia através de varies. Essiferenga fundamental para entendermos o papel uid, por esse autores, 0 pres- suposto de existéneia nas desig defini, CCitemos aqua sentengacléssica de Foge (197875), due den origem a todo odebete posterior ens tora da pes suposigr G7) Quemdescobiva forma cipicadas bias pane ‘ras momen isi ‘Temos aqui dus oragescompando essa sentenga com plex. A primeira seriaasabordinsda "quem descobru a forma elipica das rts planetiris' A segunda seria. aoragoprin- ‘cipal _momeu a miséris’. (Qual fungso da ora subordinada nesse caso? Se- _gunda Frege, apenas ccuparo pape de sujito da oragio prin- ipa. Como vimos,esse papel éreservado aos emesis, ‘de moo que acre subortindaem questo fneiontia como ‘um nome prépria. Essa oragio subordinada designa um ser cespectio, através douma descrigio dfinida: ‘aque que des- cobra forma elipcca da eis planetérias =o descobridor da forma etipca das ébita plants s ‘A questo colocada &a seguinte: essa nada (que corresponde aura descrgHodefinida)afirma que tite alguein que descobrina forms cliptica das rbitaspla- netias? A tesposta de Frege € que (37) to afirma aexistén- ‘a dese individuo, ela apenas a pressupse, O que (87) afi- ‘maéqucesse individuo morreu na miséta, Ele compara essa sentenga com a seguinte (rege, iii): (37a) Kepler morreuna mis. [Nesse caso, precnchemos 0 espago vaziode “___mor- ‘reunamiséria” com onome prprio "Kepler. "Kepler"« quem ‘escort das its planta’ designamomes- ‘moindviivo Mas (372) G0 firma que “Keple’exsin apenas _presupeaso, Asi, pra Free, nto os ndm=s Pps com se descrigesdefinidas conémum pressposto deeistfaca, mas ‘esse pressuposto no semi (no armada na senteaga) "Ess pressupostodepende das condies dso das sentenga, ‘on doque chamarfamoshojeem dade contexto pragmatic. Ou se), pogo de Frege em ego &presuposito comesponde defend agi. Chierchia & McConnell Ginet,1990:292), Segundoa qualospressupestos dependem do conhecmmentocem> panilhado dos intrlocutores, Os locutores de (37) e (37a) 86 ‘briana conhecimento compartado da exiténcia de Kepler ‘Em termos mais geri, sempre que so usidos nomesproprios ‘ou deserigdes denies, pressupde-se que ose designado poe ‘essay expresses de fato existe, mas essa pressuposica0 é ‘contextual en et lgada is condighes de verdad das propo sigdes (cap 2 seg 10, votaremasadscutiranamrezaprag- ratca os semantics da pressupesico) Foi Frege quem plaprimeim vezmoston queanegago io tinge a pressuposglo, de modo que se deduz que o pres ‘uposto no ¢afirmado na entena. Se negamos 37) ¢ (37a) ‘omessuposto de existéncia contin nao (370) Quem descobrina forma cipcadas rita plane- ‘sia ado momou na mis (Ge) Kepler ndomoreu na mista Essa duas sentengas negam apenas que Kepler tenha ‘morridona mista, e no aexistnsiade Kepler. O pressuposto

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