You are on page 1of 7
Ano alpine 89°01 37 Variabilidade das técnicas de tratamento endodéntico em dentes deciduos: uma revisao de literatura Variability of endodontic treatment techniques in primary teeth: a literature review Camilla Pontes Azevedo', Roberta Barcelos'?, Laura Guimaries Primo! RESUMO Diversas so as técnicas de tratamento endodéntico em dentes decfduos, as quais variam, principalmente, quanto as substncias utilizadas na desinfecgo dos canais radiculares e pastas obturadoras A literatura odontolégica sobre este assunto ¢ ampla e complexa, apresentando diferentes conclusdes quanto a melhor modalidade de terapia pulpar para a dentigao decidua. Assim, o objetivo deste trabalho foi revisar a literatura odontolégica sobre a variabilidade de diferentes técnicas de tratamento endodontic em dentes deciduos e discutir os pontos que influenciam no éxito deste tratamento. Descritores: Endodontia. Pulpectomia, Dente deciduo. Irrigantes do canal radicular, Obturagao do canal radicular. INTRODUGAO ‘Apesar dos avangos na promogio da satide ‘em Odontologia, a prevaléncia da doenga cérie na dentigdo decidua, ainda é alta e pode levar & perda precoce desses dentes. Além da carie, o que também pode comprometer essa dentigao sio os traumatismos dento-alveolares. Quando essas situagdes levam ao comprometimento irreversivel da polpa dental, 0 tratamento pulpar torna-se importante para manter a integridade e satide dos tecidos orais e possibilitar a preservagio dos dentes deciduos, até sua época fisiolégica de esfoliagao. literatura odontolégica érica em trabalhos sobre a filosofia e téenicas para pulpectomia em dentes decfduos. A Academia Americana de Odontopediatria propde e, periodicamente, revisa referenciais sobre este assunto, porém afirma que pesquisas na area ainda sdo necessérias para auxiliar na definigao da técnica e materiais apropriados', As diferentes modalidades de tratamento variam, fundamentalmente, quanto aos farmacos utilizados na desinfeccao ¢ obturagdo dos canais radiculares. Contudo, parece ndo haver consenso quanto a um padrio de tratamento, pois a literatura sobre o assunto € ampla, descrevendo diferentes percentuais de sucesso das téenicas propostas. Assim, 0 objetivo deste artigo é apresentar uma revisio de literatura sobre a variabilidade de tratamentos endodénticos em dentes deciduos, discutindo as etapas que podem influenciar no éxito da terapi REVISAO DELITERATURAEDISCUSSAO. ‘A importancia do tratamento endodéntico, para a manutengao de dentes decfduos com comprometimento pulpar irreversfvel, €um consenso na Odontopediatria®*, apesar da viabilidade desta terapia ser questionada, principalmente, em molares, devido a dificuldade de manipulagéo dos canais ¢ sua complexidade radicular. éxito da terapia endodéntica é dependente de adequada sanificacdo dos canais radiculares, acompanhada de obturagdo satisfatéria. O saneamento consiste em eliminar tanto a parte organica quanto a inorganica e deve ser realizado através do preparo quimico-cinirgico, utilizando instrumentos endodénticos, solucdes quimicas auxiliares eficazes, para melhorar a agdo antibacteriana da medicagao intracanal nas paredes dentinérias € nos canais acessérios, através da remogao de smear layer, permitindo, assim, adequado selamento do material obturador. AS opgGes de tratamento para os dentes deciduos recomendam diferentes formas de instrumentagdo, substancias quimicas auxiliares, medicagao intra-canal € materiais obturadores, fo de Janel Scurso de Odontolog Contato eamillapazev RU, Brasil jo@yahoo.com bt fo de Odontopediatria « Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro . Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Rio de Janeiro, RJ, Bras conforme mostrado no Quadro 1. Contudo, pouca énfase € dada a instrumentagao e irrigagao, sendo, muitas vezes, 0 sucesso da terapia atribuido aos materiais utilizados na obturagéo 38 dos canais. O Quadro 1 exibe também os resultados clinicos e/ou radiograficos apresentados na literatura, para diversas terapias propostas. Quadro 1 - Protocolos de tratamento endod6ntico em dentes deciduos empregados em diferentes estudos clinicos e/ou radiograficos or te a) Sse Pastaobturadora | Material | TERPS, | Suceso wor | De im | eet (Gem denen) | ceturater | "alate | Sy out’ | ee Ken | claades | PMc (Smit) | (OZE(lina) | amilgrwon | 26 mp Kou comes Fea | Ty EAT yy wea | co Tice! iki’ ‘nocrosados 2 ae HO: (cemanescente | "Kri(seringa¢ leatalo) | amalgams 2 (tine) rele) EDTA 11% ital) ae Milton (7-lsias) wo "Dakin sa Guess En Pre “cundestine , ee | secede ver | FORTS | cto eb) a | ome faa oles Tan) et | immoral | oze contention | FRR LL eofals sso | Gms) codon) ; i ay | a Gas, | secon | 2 | Besse] Mocts | teks ‘esidemoy | tycoon | 24 | 956 Got te | Ho, | Guin) dennis » | mare sea] Ssocis | fommtest | ‘Oze endzasaar | mr [| no count’ | awe | 1 | im | mocise | Ses ze este ss | on Flaite etal? | anteriores |S, | stare gua ‘nea ‘OZE (lima) seme 6s 40 Teg] aa x com | RET ToRORERT | ceae | ae Reina" | necrosados - Kew soci se = (condensador + ima) ae 2 Lad wor mm O56 | “ome dic) oni | a | som | OSE | mate cuterrito | ora |p fete aie | eswomtn | 2 | ay | faire | “gap ‘en a fee Saracia en 5 cam] WEF TET mame | 2 Barerat™ [mos | 1 | er | igen Garten | coonseun | a2 | 03 Hotne | ota sen | Hoe a oe wens | ele Sm | se | smn | fozserciomto, | oanseas | cat | ES) oz "Da 368 fonugier | abo a al” ‘demificado Ker) tera. aa ‘Guedes Pa “ 0 O47 Fuca ox Natoe | setae sea gualanoe Gace | UI Se | ign | aman | viapexceines) | OSM! 20 | 090 ose? me ‘a Bonow’* [motes | 1 | ker | Naociire | meaham | “SERS Oete | mice [ag | 1000 Norrie sega {ozs ender | SRM vine) Weak | aoe | 2 | ae | RI | ear | ma Vie sis | 01490 ia sing) on Toe aaa Moskoyoe | melas | 1 | ee | ‘sooo | sotun | ‘eadons amis) | Snatamae | 6 | a0 a necro salina _resina com 7 ‘OCT 75 Gas | acorn | 2 | nor | “tice” | ewe eraian | ‘076 Comin) 8 0 Pi enti, (ela Naor feet | seus | 2 | Ker | saeide | emcee | ‘oze comin | BEES | a2 | 09 i ‘Solugdo Milton = NeOCI 1%, ifguido de Dakin = NaOCl 05%, “EDTA = dido dicilenodiaminotewactlico dissico, MCC paramonoclorfenol canforado “iquido Kei = pslorofenol 25% + clnfora 60% + mentol 15%, (OZE = oxido de zinco e eugenol,spasta Ke MCC + mentol + iodotSrmnio, ‘pasta Guedes-Pinto lodoféimio + PMCC + Riforcot, ‘pasta Vitapex = Ca(OH) ¢ iodofbemio, FEndoflas = éxido de znco (56.5%) + barium sulfate (1.634) + iodoform (40.6%) + hidrxido de Caleio (1.07%) + eugenol + pentaclorofenol, ‘CIV = cimento de ondmero de viro, Preparo quimico-cirdrgico Apesar da reconhecida importancia do ft Grgico do canal para o sucesso da endodontia, observa-se que pouca énfase é dada A instrumentagdo ¢ irrigagao, pois muitos estudos*” nao apresentaram a forma de instrumentagao dos canais, enquanto outros?" preconizam a irrigagao com substancias consideradas inertes, como soluca0 salina gua. A instrumentagdo manual foi unanime entre os estudos revisados, predominando as limas tipo Ker, Quanto as solugdes irrigadoras, pode-se afirmar que sao essenciais na endodontia de dentes deciduos, pois os canais apresentam intimeras, ramificagdes que 6 podem set alcangadas por elas, por isso devem ser utilizadas em abundancia® Entretanto, poucos estudos citaram o volume utilizado para irrigagao™* ¢ maior atengao € dispensada na elaboragdo de pesquisas relacionadas aos materiais, obturadores ¢ medicagdes intracanais do que as solugdes irrigadoras”., F desejavel que a irrigagao do canal remova a smear layer (SL), decorrente do ptepato mecdnico, promova desinfecgao satisfatéria e aumente a permeabilidade dentinéria, permitindo, assim, maior difusdo dos medicamentos intracanais, € melhor adaptagao da pasta obturadora™*, tudos em dentes permanentes testaram diversas solugdes irrigadoras, em diferentes concentragées © tempos. Dentre as substancias pesquisadas, esto: hipoclorito de sédio (NaOCl), acido cittico, acido dietilenodiaminotetracético dissédico (EDTA), entre outras”” O NaOCl é uma das substincias irrigadoras mais utilizadas na endodontia por causa de sua ago antimicrobiana ¢ capacidade de dissolver tecido organico™. Porém, tem as desvantagens de ser téxico, corrosive para metais e de sabor desagradavel, sendo assim essencial o tratamento ser realizado sob isolamento absoluto™. Aproximadamente 40% das Faculdades de Odontologia americanas e brasileiras preconizam 0 NaOCl na itrigagio dos canais'™. Esse tem sido testado como agente irrigante tinico ou seguido de outras solugdes no tratamento endodéntico de dentes: deciduos:*#63* A seqiiéncia do dcido citrico com NaOCl tem sido estudada como opedo viével para 0 saneamento eficaz do sistema de canais radiculares de dentes deciduos, removendo SL, aumentando a permeabilidade dentindria e desinfetando os condutos™. Em 2003, Barcelos et al.® comprovaram que, apesar da seqiiéncia de NaOCl a 1% e Acido citrico a 10% apresentar a mesma capacidade antimicrobiana que 0 NaOCl a 1%, utilizado isoladamente, esta seqiiéncia promoveu remogiio de 39 SL muito superior, Primo et al.® ja haviam verificado este mesmo efeito sobre a SL ¢ também o aumento da permeabilidade dentinéria quando compararam este regime de irrigago com 0 NaOCl, seguido pelo peréxido de hidrogénio e a combinagao de liquido de Dakin, Endo PTC, e Tergentol Furacin. Ainda no estudo de Barcelos et al.®, verificou-se que nao houve diferenga estatisticamente significante na desinfecgio dos canais utilizando solugdo salina ou a seqtiéncia de Endo PTC, Tergentol Furacin, ¢ iquido de Dakin, ou ainda esta seqiiéncia combinada com 4cido eitrico. Concluiu-se que, apesar da lavagem mecanica promover desinfecgao dos canais, a utilizagdo de substancias com efetiva capacidade antimicrobiana favorece, significantemente, a desinfeceao, justficando-se, desta forma, o emprego destes faérmacos na pritica clinica Clinicamente, Gétze et al.” obtiveram a média de sucesso de 87,5% e Azevedo e Primo 100% de sucesso utilizando a seqiiéncia de NaOCl 2 1,0% € Acido citrico a 6,0% nos tratamentos endodénticos de dentes deciduos anteriores. Esta seqiiéncia de irrigagao so exemplos para uma limpeza eficaz dos canais radiculares, removendo SL, aumentando a permeabilidade dentindria ¢ desinfetando os canais™*”, Diversas pesquisas demonstraram a biocompatibilidade ¢ eficécia do Acido cftrico, testado em diferentes concentrages € formas de utilizagao, sendo rotineiramente usado na irrigagdo de dentes permanentes”*™"*", Entretanto, sio poucos os estudos clinicos empregando esta seqiiéncia no tratamento endodénticos de dentes deciduos” Medicago intracanal Nao hé consenso na literatura odontope- didtrica quanto ao medicamento intracanal mais, indicado para o tratamento de dentes decfduos, apresentando como opgdes 0 formocresol”*, paramonoclofenol canforado (PMCC)'™™, tricresol formalina’, ¢ liquido Kri*, Dentre estas, o PMCC. tem-se destacado por sua comprovada propriedade antibacteriana’*”. formocresol é uma substancia germicida ‘muito utilizada na terapia pulpar. Contudo, ha relatos, na literatura que questionam 0 seu uso devido os efeitos adversos sobre a polpa remanescente (no caso de pulpotomia), tecidos periapicais e germe do sucessor permanente. Além dos inconvenientes de absorgao sistémica, potencial téxico, mutagénico ¢ carcinogénico”. Devido tais efeitos adversos, pesquisadores estudaram alternativas de concentragao e toxicidade menores e em 1968, na Universidade de Michigan, através de uma série de pesquisas, péde-se concluir que uma solugao diluida de formocresol na concentracdo de 1:5, tao efetiva quanto & concentragao original, pois possui as mesmas. propriedades bactericidas e de fixacao tecidual, além de uma recuperagao mais répida das células afetadas, proporcionando assim um medicament mais seguro para terapia pulpar de dentes deciduos®™ © paramonoclorofenol (PMC) é um agente antimicrobiano potente que se apresenta sob a forma de cristais e com odor fenclico caracteristico. Possui dupla agdo devido as propriedades anti-sépticas do fenol e do fon cloro, que € liberado lentamente. No intuito de potencializar sua atividade antimicrobiana ¢ reduzir sua citotoxicidade, sugere-se a associagio do PMC com outras substancias, como a cénfora e © furacin, além disso, propicia maior poder de penetragéo do medicamento na dentina ¢ ramificagdes do canal radicular, fornecendo maior halo de inibigdo do crescimento bacteriano. A roporgo mais utilizada & a de 3 partes de PMC para 7 de cAnfora, e, no caso do PMC-furacin, 28mL, deste para Sg de PMC. O tricresol formatina é constituido por uma mistura de cres6is e formol, sendo um fixador tecidual de pronunciada eficécia ¢ um potente agente antimicrobiano que exerce efeito tanto pelo contato direto quanto a distancia pela liberagao de vapores ativos, além de inativar alguns produtos originados, da necrose pulpar. Entretanto, a agdo desta substincia nao € seletiva, podendo agir sobre os tecidos periapicais, 0 que pode ser evitado pela aplicagdo na cimara pulpar, em pequenas quantidades. Alguns autores recomendam 0 contato da medicagao por curto perfodo”*"*, enquanto outros preconizam a atuagtio por, no minimo, 3 diast!20™, Costa etal. verificaram, clinicamente, que quando © PMCC era aplicado em canais radiculares cuja SL havia sido removida, a resolucdo de sinais & sintomas era favorecida, confirmando que este medicamento é um coadjuvante importante na terapia pulpar em dentes deciduos. Pasta obturadora Dentre os materiais obturadores, os mais comumente empregados sio as pastas de dxido de Zinco ¢ eugenol (OZE), as iodoformadas ¢ aquelas & base de hidréxido de céleio*™. A pasta composta por OZE foi o primeiro material obturador a ser recomendado para dentes deciduos". Noventa por cento das escolas americanas de Odontologia preconizam este material para obturagao™, porém. Kramer et al.‘ verificaram que, no Brasil, as pastas iodoformadas foram as mais recomendadas em 40 Odontopediatria, Como pode ser observado no Quadro 1, diferentes materiais obturadores séo utilizados em dentes deciduos, obtendo excelentes resultados. Os estudos comparativos de Holan Fuks!!e Mortazavi e Mesbahi encontraram sucesso mais significativo nos dentes obturados com Kri € Vitapex, respectivamente, quando comparados com OZE. © OZE é uma pasta obturadora que promove neoformagao 6ssea, facilmente introduzida nos canais radiculares, sem perder a plasticidade, além de mostrar-se densa, sem sinais de contragao € sem solubilidade aos fluidos orais. Em contrapartida, o OZE possui pouca adesividade & reabsorgao mais lenta quando extravasado pelo pice. A pasta Kri é um material obturador composto por iodoférmio, PMCC € mentol, possuindo aga bactericida, facilidade de insergao, capacidade de penetragdo nos tecidos, rapida reabsorgo do material extravasado, substituicdo do tecido de granulagao por tecido reparador, auséncia de efeitos desfavordveis nos elementos sucessores ¢ facilidade na remogao do material nos casos de retratamento, entretanto, ha relatos de escurecimento da coroa dental aps 0 término do tratamento. A pasta Vitapex contém hidrxido de célcio, iodoférmioe silicone em. sua composi¢ao. E um material de fécil aplicagao, radiopaco, nao apresenta efeitos téxicos aos sucessores permanentes ¢ reabsorve um pouco mais, rapido do que as rafzes dos dentes deciduos. Uma variagdo desse produto, actescida de OZE denomina- se Endoflas*® Sabe-se que € fundamental o saneamento do sistema de canais radiculares para o sucesso do tratamento endodéntico, uilizando diferentes solugdes irrigadoras, medicagSes intracanal ¢ materiais obturadores. Porém, pouca importincia tem-se dado a0 fator restauracdo pés-tratamento, Moskovitz et ail. observaram que 0 fator que mais afetou o indice de sucesso do tratamento foi a realizagio da restauragdo definitiva em curto prazo pés- tratamento, Varias sdo as conseqiiéncias que podem ocorrer devido ao tratamento endodéntico. Coll et ail.” observaram que dentes com pulpectomia e seus contralaterais, com pulpotomia, tinham reabsorga0 similar, porém aqueles pulpectomizados tendiam a reabsorver mais répido ¢ esfoliar precocemente do que o contralateral que nao tinha sofrido qualquer tipo de tratamento pulpar. Quase a metade dos casos apresentaram OZE retido no sulco gengival ap6s a esfoliagao do dente tratado endodonticamente. Em. outro estudo, Coll ef al" encontraram OZE retido em 73,3% dos elementos esfoliados. Sadrian ¢ Coll" num estudo retrospectivo (média de 90,8 meses) com incisivos e molares deciduos que receberam tratamento endodéntico observaram, na radiografiainicial p6s-perda do dente tratado, reten¢do de OZE em 49,4% dos casos, enquanto 27,3% ainda tinham OZE retido num tempo médio de 40,2 meses pés-perda. Os autores ainda relataram que canais sob-obturados (Imm aquém do pice) retiveram menos OZE (35,3>) do que os sobre-obturados (65,4%) ou aqueles obturados até © pice (52,9%). Do OZE retido inicialmente, 80% reabsorveram total ou parcialmente (tempo médio de 2,87 anos). No estudo de Guedes-Pinto et al, usando pasta obturadora composta de iodoférmio, paramonoclorofenol canforado ¢ Riforcot, nos casos, de extravasamento da pasta, esta reabsorveu em média 30 dias pés-terapia. Utilizando pasta & base de hidrxido de calcio e iodoférmio (Vitapex), Nurko € Garcia-Godoy” observaram que, quando pequena quantidade de pasta extravasava através do dpice, essa reabsorvia em 7 dias, mas, se a quantidade era ‘maior, reabsorvia em aproximadamente 2 meses. Quanto aos efeitos da endodontia sobre a formagao do esmalte e erupgao do sucessor permanente, Coll ¢ Sadrian” observaram que defeitos no esmalte do sucessor ocorreram em 18,7% dos casos, com 44,4% de chance desse defeito ocorrer se o dente tratado apresentasse grande reabsorgo radicular no pré-operat6rio (>1mm).. Oitenta por cento dos pré-molares erupeionaram na posigao normal, ¢ 21,6% dos dentes deciduos tratados foram extraidos devido & retengao prolongada. Como péde ser observado na literatura consultada, existem diversas modalidades de terapia endodéntica em dentes decfduos, que variam desde as substincias utitizadas na desinfecgao dos canais, radiculares até as pastas obturadoras. E dentre as vantagens e desvantagens citadas, a maioria dos estudos obteve excelentes resultados em seus tratamentos, mostrando que, apesar da complexa anatomia dos canais dos dentes deciduos, é possivel alcancar 0 sucesso no tratamento endodéntico desses elementos através de medicamentos utilizados no preparo e obturago do canal radicular, os quais, assumem considerdvel importancia em obter desinfecgao do canal, nao s6 criando condigées de assepsia durante 0 preparo do canal, mas, ¢ principalmente, em manter tal condigao asséptica pela obturagao, Com isso, estes medicamentos visam ‘manter o dente deciduo em condigdes funcionais até sua época correta de esfoliagao. 41 ABS TRACT They are many techniques for pulpectomy in primary teeth, which vary, mainly, according to the substances used in the disinfection of root canals, and filling pastes, Dental literature on this subject is ample and complex, presenting different conclusions, regarding the best modality of pulp therapy for primary teeth. Thus, the aim of this paper isto review the dental literature on the variability of different techniques of pulpectomy in primary teeth and to argue the points that influence the success of this treatment. Uniterms: Endodontics. Pulpectomy. Primary teeth. Root canal irrigants. Root canal filling, REFERENCIAS 1. American Academy of Pediatric Dentistry. Guideline on pulp therapy for primary teeth, Revised 1998. Pediatr Dent, 2004;27:41-6. 2. Guedes-Pinto AC, Paiva JG, Bozzola JR. Tratamento endodéntico de dentes decfduos com polpa mottificada. Rev Assoc Paul Cir Dent. 1982535:240-5. 3. McDonald RE, Avery DR, Dean JA. Tratamento da cérie profunda, exposi¢go pulpar ¢ dentes despolpados. In: McDonald RE, Avery DR. Odontopediatria. Ted. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. p.301-20. 4, Kramer PF, Faraco Junior IM, Feldens CA. Estado atual da terapia pulpar nas universidades. brasileiras: pulpotomia e pulpectomia em dentes deciduos. JBP, J Bras Odontopediatr Odontol Bebé. 2000;3:222-30. 5, Toledo OA. Topografia canalicular dos dentes decfduos como contra-indicagao do tratamento de canais. Rev Assoc Paul Cir Dent, 1961;15:24-8. 6. Rifkin A. A simple, effective, safe technique for the root canal treatment of abscessed primary teeth. J Dent Child. 1980; 47:435-41 7. Coll JA, Josell S, Casper JS. Evaluation of a one appointment formocresol pulpectomy technique for primary molars. Pediatr Dent. 1985;7:123-9. 8. Coll JA, Josell S, Nassof S, Shelton P, Richards MA. An evaluation of pulpal therapy in primary incisors. Pediatr Dent, 1988;10:178-84. 9. Flaitz CM, Barr ES, Hicks MJ. Radiographic evaluation of pulpal therapy for primary anterior teeth. J Dent Child. 1989;56:182-5. 10. Rontani RM, Peters CF, Renci J. Tratamento endodéntico de dentes decfduos: emprego do formocresol como medicagao de espera. Rev Assoc Paul Cir Dent, 1989;43:62-4. 11, Holan G Fuks A. A comparison of pulpectomies using ZOE and KRI paste in primary teeth molars: a retrospective study. Pediatr Dent. 1993;15:403-7. 12. Nurko C, Garcia-Godoy F. Evaluation of a calcium hydroxide/iodoform paste (Vitapex) in root canal therapy for primary teeth. J Clin Pediatr Dent. 1999;23:289-94. 13. Barr ES, Flaitz CM, Hicks MJ. A retrospective radiographic evaluation of primary molar pulpectomies. Pediatr Dent. 1991;13:49. 14, Mortazavi M, Mesbahi M. Comparison of zinc oxide and eugenol, and Vitapex for root canal treatment of necrotic primary teeth. Int J Paediatr Dent, 2004;14:417-24, 15. Gould JM. Root canal therapy for infected primary molar teeth preliminary report. J Dent Child. 1972;39:269-73. 16. Reyes AD, Reina ES. Root canal treatment in necrotic primary molars. J Pedod. 1989;14:36-9. 17. Rontani PR, Peters CF, Worliczek AM ‘Tratamento endodéntico de dentes deciduos com necrose pulpar. Rev Assoc Paul Cir Dent 1994;48:1235-8 18, Bonow ML. Tratamento endoddntico de dentes deciduos/Root canal therapy of primary teeth, IBP, J Bras Odontopediatr Odontol Bebe. 1999;2:19-22. 19. Moskovitz M, Sammara E, Holan G. Success rate of root canal treatment in primary molars. J Dent. 2005;33:41-7. 20, Gotze GR, Primo LG Dentes decfduos anteriores submetidos & pulpectomia utilizando-se écido cittico: avaliagao clinica de 12 meses. Braz Oral Res. 2006;20:291 21, Alacam A. The effect of various irrigants on the adaptation of paste filling in primary teeth. J Clin Pediatr Dent. 192;16:243-6. 22. Azevedo CP, Primo LG Estudo controlado e randomizado de pulpectomia em dentes deciduos iizando NaOCl 1% seguido ou nao do acido citric 6%. Braz Oral Res. 2007;21:187, 23. Mass F, Zilberman UL. Endodontic treatment of infected primary teeth, using Maist’s paste. J Dent Child. 1989;56:117-20. 24, Primo LG, Chevitarese O, Guedes-Pinto AC. Efficacy of irrigating solutions in removing radicular smear layer from anterior primary teeth. JDent Res. 2002;81:411 25. Barcelos R, Primo LG JR Siqueira JF, Magalhaes F, Uzeda M. Efetividade de substancias quimicas 26. 21, 28, 29. 30. 31 32. 33. 34, 35 38 2 auxiliares na desinfecgao ¢ saneamento de canais, radiculares de dentes deciduos. Braz. Oral Res. 2003;17:63, Gdtze GR, Cunha CB, Primo LG, Maia LC. Effect of the sodium hypochlorite and citric acid association on smear layer removal of primary ‘molars/Efeito da associagao de hipoclorito de sédio ‘0 na remogdo de smear layer de ‘duos. Braz Oral Res. 2005;19:261-6. Loel DA. Use of acid cleaner in endodontic therapy. J Am Dent Assoc. 1975;90:148-51 Wayman BE, Kopp WM, Pinnero GJ, Lazzari EP. Citric and lactic acids as root canal irrigants, in vitro, J Endod. 1979;5:258-65. Baumgartner JC, Mader C. A scanning electron microscopic evaluation of four root canal inrigation regimens. J Endod. 1987;13:147-57. Bystrin A, Sundqvist G. The bacterial action of sodium hypochlorite and EDTA in 60 cases of endodontic therapy. Int Endod J. 1985;18:35-40, Barroso LS, Habitante SM, Silva FS. Estudo comparativo do aumento da permeabilidade dentinéria radicular quando da utilizagéo do hipoclorito de sédio, EDTA e dcido eftrico apés © preparo quimico-cirirgico. JBE, J Bras Endodontia, 2002;3:324-30, Gutiérrez JH, Jofré A, Villena F. Scanning electron microscope study on the action of endodontic inrigants on bacteria invanding the dentinal tubules, Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1990;69:491-501 Clarkson RM, Moule AJ. Sodium hypochlorite and its use as an endodontic irrigant. Aust Dent J. 1998;43:250-6. Primosch RE, Glomb TA, Jerrell RG. Primary tooth pulp therapy as taught in predoctoral pediatric dental programs in the United States. Pediatr Dent. 197;19:118-22. Salama FS, Abdelmegid FY. Six percent citric acid better than hydrogen peroxide in removing smear layer: in vitro pilot study. Pediatr Dent. 1994;16:424-6. . Scelza MF, Antoniazzi JH, Scelza P. Efficacy of final irrigation: a scanning electron microscopic evaluation. J Endod. 2000;26:355-8, . Scelza MF, Daniel RL, Santos EM, Jaeger MM. Cytotoxic effects of 10% citric acid and EDTA- Tused as root canal itrigants: an in vitro analysis. JEndod. 2001;27:741-3. Garcia-Godoy F. Evaluation of an iodoform paste in root canal therapy for infected primary teeth. JDent Child. 1987;54:30-4. 39. Orstavik D, Haapasalo M. Disinfection by endodontic’ irrigants and dressings of experimentally infected dentinal tubules. Endod Dent Traumatol. 1990;6:142-9. 40. Hunter ML, Hunter B. Vital pulpotomy in the primary dentition: attitudes and practices of specialists in pediatric dentistry practicing in the United Kingdom. Int J Paediatr Dent. 2003; 13:246-50, 41, International Agency for Research on Cancer. IARC classifies formaldehyde as carcinogenic to humans. Press release no. 153, June 2004, Disponivel em: http://www.iare.fr/pageroot PRELEASES/pr153a.html. Acesso: 27 jul. 2007. 42, Hingston EJ, Parmar S, Hunter ML. Vital pulpotomy in the primary dentition: attitudes and practices of community dental staff in Wales. Int J Paediatr Dent, 2007;17:186-91. 43, Straffon LH, Ham SS. The effect of formocresol on hamster connective tissue cells. A histologic. and quantitative radio-autographic study with Proline —H’. Arch Oral Biol. 1968;13:271-88, 44, Loos PJ, Straffon LH, Han $S. Biological effects of formocresol. J Dent Child. 1973;40:193-7. 45. Costa LM, Ferrari L, Souza RB, Primo LS. Influéncia da remogio da smear layer na evolugao Recebido em 02/05/2007 - Aceito em 17/12/2007 8 clinica de bio/necropulpectomias em dentes deciduos. In: XXVIII Jomada Giulio Massarani de Iniciagdo Cientifica, Artistica e Cultural da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2006; Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2006. p.363. 46. Azevedo CP, Primo LG. Remogao de smear layer e técnicas de pulpectomia em dentes deciduos utilizadas por pés-graduandos no Rio de Janeiro (RJ). Braz Oral Res. 2005;19:222. 47. Sweet Jr CA. Procedure for treatment of exposed and pulpless deciduous teeth. J Am Dent Assoc. 1930;17:1150-3. 48, Cunha CB, Barcelos R, Primo LG. Solugses irrigadoras e materiais obturadores utilizados na terapia endodéntica de dentes decfduos. Pesqui Bras Odontopediatria Clin Integr. 2005;5:75-83. 49. Sadrian R, Coll JA. A long-term follow up on the retention rate of zinc oxide eugenol filler after primary tooth pulpectomy. Pediatr Dent. 1993;15:249-53, 50. Coll JA, Sadrian R. Predicting pulpectomy success and its relationship to exfoliation and succedaneous dentition. Pediatr Dent. 1996;18:57-63.

You might also like