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Av.Jose Lino de Aviz, 49 – Centro - CEP 88390000
Barra Velha - SC - E-mail: kmdonansan@hotmail.com
Kathia Marcela Donansan
Psicóloga CRP 12/01066
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como também manter o foco. Após esse período e mesmo por ter ficado em débito de
mais de um ano de sessões, o denunciante passou a não nos responder. Bem como o
tratamento com o menor foi interrompido por ambos os genitores, que ao que tudo indica
haviam estabelecido uma trégua ao conflito.
Na sequência, em setembro de 2018, a genitora nos procurou com a queixa de que
Pedro estava se negando a ir ver o pai, pois alegava ter sido agredido, o tratamento de
Pedro foi retomado com a insistência da profissional de que não fosse interrompido dessa
vez. Nesse período emitimos um laudo onde justificamos a negativa do menor em ver o
pai. O trabalho nesse momento foi em conjunto com o CREAS do município que nos
procurou para informações acerca do tratamento, novamente chamamos o genitor para
entendermos o que estava se passando, as profissionais psicólogas e assistente social do
CREAS, e eu, em comum acordo, orientamos que a reaproximação de pai e filho deveria
acontecer de forma paulatina com o primeiro encontro na sede do CREAS, e assim
sucessivamente, mas de forma a respeitar os sentimentos e desejos da criança. Nessa
época os débitos com a psicóloga em questão foram quitados via permuta de camisetas.
Restabeleceu-se então a convivência entre pai e filho.
Crivillé (1997) afirma que, muitas vezes, o discurso dos pais é contraditório às
evidências, tanto aquelas físicas como as manifestas pelo comportamento da criança.
Em meados de 2019 o tratamento do menor teve que ser interrompido pois as
intervenções, somente via aplicativo, do pai chegaram ao nosso limite, as questões na sua
grande maioria eram queixas da genitora e não questionamentos sobre o filho, foram
inúmeras mensagens com violência psicológica e em horários não comerciais, que não
nos restou outra opção a não ser encaminhar Pedro a outro profissional para
acompanhamento psicológico e bloquear o pai . A nossa sensação era de ameaça,
intimidação, desrespeito e ofensas, pois as mensagens eram ameaçadoras, insolentes e
abusivas, portanto, não havia mais confiança entre as partes para a continuidade do
tratamento.
A ausência de contextos protetores e de cuidado à vítima, como os ofertados pela
psicologia, pode constelar complexos afetivos que distorcem o livre fluxo da energia
criativa na psique da vítima.
O analista junguiano James Hollis aponta que: É incontável o número de crianças
agredidas que se relacionaram com agressores, reproduzindo impotentemente o
paradigma primordial. (HOLLIS, 2002, p. 45).
Nesse período, mesmo tendo sido bloqueado, o denunciante ainda enviava
mensagens de outro número, via aplicativo, as quais foram ignoradas, pois nesse
momento não estávamos mais atendendo o filho dele.
Em dezembro de 2020 a advogada Daiane Ramos nos procurou, pois nós já
havíamos trabalhado juntas em outra época no CREAS do município, a mesma nos
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procurou via mensagens de aplicativo, dizendo que eu era a única profissional que poderia
ajudar no caso do Wagner e da Gabriela, dada a complexidade do caso e dada a minha
experiência como profissional, pediu encarecidamente que voltássemos a atender com
urgência o menor Pedro. Ainda salientamos para a mesma que não havia confiança de
Wagner para que atendêssemos o caso, pois já tínhamos encaminhado a outro profissional
justamente por esse motivo, mas a advogada disse que não só Wagner havia concordado
como a sua família também. Agendamos então um horário com a advogada de Wagner e
com o advogado da genitora ambos no mesmo horário, após os apelos, concordei em
reassumir o caso, mas com a ressalva de um contrato bem estabelecido. Os atendimentos
a Pedro eram em torno de duas a três vezes na semana, por solicitação do genitor, dada a
gravidade do caso, e também por causa das férias do judiciário, a expectativa era de que
Pedro aceitasse ver o pai, ainda que por vídeo chamada, antes mesmo do natal, porém o
menor estava temeroso, e frente a menção do nome do pai o mesmo começava a chorar e
pedia para finalizar a sessão, portanto respeitamos a criança e por esse motivo não foi
feita a vídeo chamada. O que ao que tudo indica frustrou ao genitor, embora tenha sido
explicado pela profissional o procedimento técnico e o quanto a criança estava abalada.
O contrato foi rompido pelo genitor no mesmo mês novamente por falta de pagamento.
Barus-Michel (2011, p. 20): A violência é, então, multívoca em si mesma,
referindo-se à experiência de um caos interno ou a ações ultrajantes cometidas sobre um
ambiente, sobre coisas ou pessoas, segundo o ponto de vista de quem a comete ou de
quem a sofre. Porém, de um lado ou do outro, ela sempre se manifesta como excesso,
deixando transparecer nossa impotência, pelo menos momentaneamente, dado seu caráter
de exceção, infligindo aos sujeitos, se não a morte, feridas psíquicas ou físicas, de
natureza traumatizante.
É importante enfatizar, como fazem Azevedo e Guerra (1998, p.25) que “toda a
ação que causa dor física numa criança ou adolescente, desde um simples tapa até o
espancamento fatal, representam um só continuum de violência".
No final de janeiro de 2021 a genitora solicitou atendimento ao filho pois o mesmo
estava apresentando sintomas de TOC e Stress pós traumáticos, diagnosticados pela
psiquiatra que o acompanhava. Retomamos então com a permissão da genitora e
posteriormente comunicamos ao genitor para que o mesmo pudesse agendar uma sessão
inicial também. A sessão não só não foi agendada como também o mesmo voltou a ser
abusivo, intolerante, insolente e ter o tom ameaçador novamente. Considerando que antes
de reassumirmos o caso, ligamos para a conselheira de ética para termos orientações
precisas na condução desse caso em especial, como também buscamos por supervisão
para de fato não haver erros, pois já sabíamos do descontentamento do genitor com a
psicóloga em questão. Os atendimentos de devolutiva sempre eram feitos na mesma
medida com o genitor e com a genitora, porém os do genitor foi em um só momento de
forma presencial, onde o mesmo pôde ler todo o prontuário do filho, nesse dia pedimos
ao genitor que não nos enviasse mais mensagens via aplicativo, mas sim, que sempre
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viesse conversar de forma presencial, o que não acontecia. Os atendimentos a Pedro eram
permeados por queixas referentes a conduta do pai, a quem ele se referia como “aquele
cara”, Pedro inclusive disse que o “cara” havia sido agressivo com os avós, que havia
dado um tiro para o alto no portão da casa do avô materno, questionamos se não poderia
ter sido um barulho de pedra, mas o menor insistiu com voz trêmula que “foi um tiro sim”
e finalizou a fala dizendo que “jamais voltaria para aquela casa monstro” referindo-se a
casa do genitor e dos avós paternos.
Barus-Michel (2011, p. 22), pensando a questão da violência sofrida, pontua que
a vítima de violência “sofre uma fratura moral e física”, destacando os efeitos psíquicos
devastadores da experiência.
A violência, para Chauí (1985), é a ação que trata o ser humano não como sujeito,
mas como objeto. Há violência quando uma diferença é transformada e tratada como
desigualdade. Na situação de violência, o dominado interioriza a vontade e a ação alheia,
perdendo autonomia sem, entretanto, reconhecê-lo, por efeito da alienação. Assim, a
banalização da violência praticada contra crianças e adolescentes só é possível quando as
crianças e os adolescentes não são compreendidos como sujeitos, mas como objetos e
propriedade dos adultos.
Continuamos com os atendimentos, os atendimentos com o menor eram
presenciais, do genitor eram virtuais e eventualmente na presença da sua advogada,
consideramos que apesar de resistência do menor, tivemos algum progresso, como consta
no segundo laudo, em que ele aceitou os presentes do pai, e continuava aceitando,
inclusive em uma sessão Pedro permitiu o registro de uma foto, que sabia que seria
enviada ao pai, na qual recebia os presentes do pai, eram livros que o pai deixava em
nosso consultório para serem entregues ao filho, da primeira vez que os livros foram
entregues, o menor apesar da resistência, aceitou os presentes mas negou a foto.
No mês de maio, mais precisamente no dia 05, a criança nos enviou áudios com a
voz trêmula dizendo estar “muito nervoso” e também que “ele” havia enviado 40
mensagens, as quais algumas o menor nos reenvio e explicando que por isso ele iria
desligar o celular para que não recebesse mais mensagens “daquele cara”.
Em todos os momentos em que acompanhamos a família, sempre orientamos que
ambos os genitores buscassem por acompanhamento com outro profissional, inclusive o
fiz amparada na lei O art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha). Fizemos indicações de profissionais para ambos os genitores e é de nosso
conhecimento que a genitora acolheu nossa indicação e está em psicoterapia com o
colega Joel Fernando Brinco Nascimento, analista judiciário psicólogo/TJ/ e Analista
psicólogo Junguiano, ao genitor foi sugerido o colega Farley Janusio Rebouças Valentim(
http://lattes.cnpq.br/4626252813037241), sugestão essa feita através da advogada do
genitor, em um momento em que o mesmo estava em profunda crise emocional, enviando
mensagens a mim e a advogada que sugeriam potencial risco de suicídio.
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