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MAIOR REFERÊNCIA EM VINHOS DO BRASIL

AM

15 SEGREDOS
PARA SE TORNAR
ANO XI - NO 151 - R$ 18,00 – € 4,00
ISSN 1808-3722

UM BOM SOMMELIER

HARMONIZAÇÕES
CLÁSSICAS E OUSADAS
PARA TEMPRANILLO

FELIPE MÜLLER
OS DESAFIOS DE SER
ENÓLOGO E CEO AO
MESMO TEMPO

DESCORCHADOS 2018
FESTA DOS 20 ANOS
E OS MELHORES VINHOS
SUL-AMERICANOS

POLÊMICA
CHAPTALIZAÇÃO É
CRIME OU RECURSO?

CHÂTEAU D’ISSAN
O VINHO QUE SELOU
O DESTINO DE BORDEAUX
AOS INGLESES

GRAND CRU
HISTÓRIA
Ó E ENCANTOS
DE 10 VINHEDOS
“NÃO MONOPÓLIO”
DA BORGONHA
0NFMIPSEB'SBOÎB
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&ODUHWV6¥R3DXOR &ODUHWV5LRGH-DQHLUR
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EDITORIAL |

Grand Cru DIREÇÃO


PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br

DIRETORA DE OPERAÇÕES

“A
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br
alma dos vinhos da terra”. Assim muitos vinhateiros gostam
REDAÇÃO
de deinir o terroir da Borgonha – uma região que é famosa EDITOR
pelos vinhos desde a época do Império Romano. Seus vinhedos Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br

foram minuciosamente estudados pelos monges que lá se instalaram na DIRETOR DE ARTE


Idade Média e mapearam cada palmo de chão para deinir quais eram os Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br

locais que geravam as melhores uvas e vinhos. ASSISTENTE DE ARTE


Aldeniei Gomes - arte@innereditora.com.br
Dessa forma, foram criados os vinhedos Grand Cru da Borgonha. Sécu-
los antes de o governo francês criar leis regulamentando e delimitando cada EDITOR DE VINHO
Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br
um, eles já eram conhecidos e venerados pelos produtores e consumidores.
Nomes como Montrachet, Chambertin, Corton, Musigny, Échezeaux e CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS
Patricio Tapia e Steven Spurrier
outros tantos sempre estiveram no imaginário de todo enóilo.
COLABORADORES
Sendo assim, nesta edição, ADEGA decidiu detalhar a história e os Beto Duarte, Christiane Miguez, Guilherme Velloso,
encantos de 10 dos 33 vinhedos Grand Cru da Borgonha. Fizemos uma Mauricio Leme, João Paulo Gentille e Juliana Trombetta Reis (texto)
e Luna Garcia e Máximo Júnior (fotos)
seleção eclética para que você possa ter um belo panorama do que me-
PUBLICIDADE
lhor é produzido em solo borgonhês. publicidade@innereditora.com.br
Depois disso (e sabendo que a Borgonha é uma das regiões onde a téc- +55 (11) 3876-8200 – ramal 11

nica tende a ser usada com certa frequência), decidimos entrar em uma REPRESENTANTES COMERCIAIS - BRASIL
das polêmicas mais em voga no mundo do vinho atualmente, a chapta- Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
Carminha Aoki - carminhaaoki.adegasabor@gmail.com
lização. Essa técnica (de acrescentar açúcar no mosto para aumentar o
volume de álcool) seria um crime ou apenas um recurso? Conversamos
RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA
Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br
com enólogos do mundo todo para saber suas opiniões. Antes de dar seu
MARKETING
veredito, vale a pena conferir o que eles falaram. marketing@innereditora.com.br

Outro grande destaque de ADEGA neste mês é o lançamento do Guia INTERNATIONAL SALES
Descorchados 2018. Apresentamos o melhor do que ocorreu nos dois Estados Unidos
Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
eventos que celebraram os 20 anos do grande guia de vinhos sul-ameri-
canos criado pelo jornalista Patricio Tapia. Você ainda confere os vinhos FINANCEIRO
inanceiro@innereditora.com.br
campeões de cada país.
PRODUÇÃO
E durante o lançamento do Descorchados, aproveitamos para con- Baunilha Editorial
versar com Felipe Müller, enólogo e CEO da Viña Tabalí. Em um papo
ASSINATURAS
descontraído, ele contou como é equilibrar o cargo de enólogo com o de assinaturas@innereditora.com.br

gerente geral de uma vinícola sem comprometer a qualidade dos vinhos e +55 (11) 3876-8200
Distribuição Nacional pela Treelog S.A. Logística e Distribuição
a saúde inanceira da empresa.
ASSESSORIA JURÍDICA
Nesta edição, temos ainda um artigo especial preparado por diretores Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br
da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) de São Paulo, com dicas IMPRESSÃO
para quem quer ser verdadeiramente um “bom sommelier”. Também EGB Editora Gráica Bernardi LTDA

vamos dar opções de pratos para harmonizar com vinhos feitos com a uva DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
Tempranillo. E contamos a história do Château d’Issan e o casamento Total Publicações

que fez com que Bordeaux icasse em mãos inglesas durante séculos. Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.
Tudo isso, mais as principais novidades do mundo do vinho e uma seleção A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos
sempre criteriosa de rótulos para todos os gostos e bolsos você encontra aqui. emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem
de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).

Saúde, www.revistaadega.com.br

Christian Burgos e Arnaldo Grizzo


Cubardi Primitivo
IGT Salento
A Primitivo elevada
a outro nível.

Rua Pascoal Pais, 50 - Vila Cordeiro - São Paulo/SP


Fone: (11) 2384.6946 - www.vindame.com.br
50

42

68

ENTREVISTA LISTA
10 Felipe Müller, da Tabalí, revela
como equilibra o cargo de
50 Selecionamos 10 vinhedos
Grand Cru que você
enólogo e CEO precisa conhecer

DEGUSTAÇÃO ESPECIAL
40 Adega Alentejana celebra 20
anos com portfólio ampliado
68 Aprenda 15 passos importantes
para se tornar um bom
e metas ambiciosas sommelier

GRANDES DEGUSTAÇÕES ESCOLA DO VINHO


42 A festa de lançamento do
Guia Descorchados 2018 e os
72 Chaptalização: crime ou
recurso? A opinião de enólogos
melhores vinhos sul-americanos de todos os cantos do planeta
CONTEÚDO |

82

78 85

GRANDS CHÂTEAUX
78 Château d’Issan, o vinho
que selou o destino de TODO MÊS
Bordeaux aos ingleses
8 | CARTAS

18 | PRESENTES
HARMONIZAÇÃO
82 Conira opções de pratos
certeiros e ousados para vinhos
20 | MUNDOVINO

feitos com Tempranillo 84 | CAVE

99 | CLUBE ADEGA

106 | QUEM DISSE


CARTAS | ESCREVA PARA REDACAO@REVISTAADEGA.COM.BR

DESCORCHADOS
Gostaria de parabenizá-los pelo evento e pela organização do
Descorchados 2018. Simplesmente perfeito. A organização está de
parabéns. Deram um show. Se me permitirem dar uma sugestão,
acredito que, para maior comodidade dos participantes, estações de
água poderiam ser espalhadas entre os estandes do evento. Isso ajudaria
muito os proissionais do vinho. No mais, tudo foi perfeito. Meus mais
sinceros votos de sucesso.
Athayde Delphino

VINHO F… HIM
Se for uma estratégia de marketing para conquistar o consumidor
anti-Trump faz sentido, mas se isso realmente tiver um viés politico
ideológico, acho uma grande besteira.
Cassio Edu

Rodolfo Moura Wilson Carraro Enoteca Cursino


@rodolfomachadomoura @wilson_carraro @enotecacursino
Mais uma excelente edição Boas notícias são sempre bem-vindas! É a lei da compensação...
para minha coleção! Aproveitando a hora do almoço para Não acham? #revistaadega
#revistaadega colocar a leitura em dia. #revistaadega

Walter Saes ARTE WINE - Sua adega online


@waltersaesoficial @arte_wine
Serra Gaúcha - Um Lugar Master Class (URUGUAYAN WINES) - Leitura da semana!
@serragauchaumlugar Descorchados 2018 - Wine Event about @revistaadega Adoramos
#vinho #casavalduga Brazilian, Chilean, Uruguayan and Argentinian a matéria “Abaixo a
#revistaadega Wines (Descorchados Guide - Guia Monotonia” #revistaadega
#serragauchaumlugar Descorchados de Vinhos Brasileiros, Chilenos, #materiadasemana #vinho
Uruguaios e Argentinos)! #revistaadega

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8 ADEGA >> Edição 151
ENTREVISTA | p o r ARNALDO GRIZZO

Enólogo na
essência
Felipe Müller, da Viña Tabalí, revela como conciliar
o trabalho de enólogo com o de gerente geral

unca vou deixar de fazer vinho”, garante Feli-

“N
pe Müller Est, CEO e enólogo da Viña Tabalí.
Com pouco mais de 40 anos, Müller é um jo-
vem determinado e consciente. Sua airmação
de que nunca deixará de fazer vinhos revela o
quanto ele aprecia o que faz, ao mesmo tempo
em que entende a importância desse trabalho mesmo tendo
que ocupar um cargo que, teoricamente, o afastaria dessa
função enológica.
Não é simples conciliar a enologia e administração de
uma vinícola. Não são muitos os que são capazes de fazer
isso, principalmente tendo de gerir uma empresa familiar
que não é de sua família. Müller é o homem de coniança
da família Luksic. Em 2006, foi contratado pelo empresário
Guillermo Luksic e, após sua morte, trabalha sob a supervi-
são de seu ilho, Nicolás.
A Viña Tabalí, fundada pelo visionário Guillermo Luk-
sic, nasceu em 2002, quando ainda poucos se aventuravam
pelo vale de Limarí, no norte do Chile. Com ajuda de Mül-
ler, a vinícola se tornou uma referência e hoje, como o enó-
logo faz questão de frisar, atua no vale todo, do Pacíico aos
Andes, explorando os mais diversos terroirs da região.
Nesta entrevista exclusiva, Müller conta como concilia a
enologia e a administração da empresa, sem medo de expe-
rimentar. Ele revela ainda suas apostas para o futuro do vale
de Limarí e da vitivinicultura do Chile.

10 ADEGA >> Edição 151


divulgação
Como você foi parar no mundo do vinho? isso foi o que me apaixonou. Não era somen-
Nossa Minha família não tem nenhuma ligação com te produzir laranjas ou maçãs, havia todo um
o vinho. Meu pai é advogado e minha mãe é mundo depois da produção da uva.
base é o artista plástica. Vim para o vinho, pois, desde
vinhedo e pequeno, gostava de tomar vinho. Em minha E depois de formado?
o vinho, e casa, meus pais tomavam e sempre gostei. Tive a sorte de ter uma boa escola depois. Tra-
Quando cresci, meus amigos tomavam cerve- balhei durante sete anos na De Martino, com
isso faz com ja e eu era o único que tomava vinho. Estudei meu grande amigo Marcelo Retamal. E tive a
que ela seja agronomia na Universidade Católica. Minha sorte de ter como assessor dois grandes enólogos,
paixão era mergulho, e queria estudar algo rela- Aurelio Montes e Adriana Cerda. Lá havia um
muito mais cionado à biologia marinha. Mas fui para eno- projeto enológico maravilhoso. Era uma equipe
sólida para o logia. Foi uma mudança radical. Fui tomando muito boa. Viajei o mundo conhecendo quase
crescimento da gosto pela ciência, pela arte, pelo negócio, pela todas as zonas vitivinícolas e também o Chile
parte agronômica – creio que a produção de vi- praticamente completo, procurando vinhedos
empresa nho envolve muitas especialidades distintas – e em todos os lugares.

12 ADEGA >> Edição 151


fotos: divulgação
Quem o chamou?
Era um empresário muito importante, Guil-
lermo Luksic, que era apaixonado pelos vi- Guillermo
nhos. Era um projeto pessoal que, para ele,
era extremamente importante. Ele pratica- Luksic me
mente fundou o vale de Limarí. Ele plantou disse: ‘Nos
as videiras quando todos disseram que era
louco. Quando me contatou, queria fazer
vinhos está sua
uma mudança importante e levar a vinícola assinatura,
para o lugar mais alto possível. Para mim, foi a vinícola é
interessante, pois acreditava muito no poten-
cial dessa zona, não somente para Chardon-
minha, mas os
nay, que era o que eu conhecia, mas também vinhos também
para Pinot Noir, Syrah, Sauvignon Blanc. são seus, e
O que fez com que aceitasse a proposta? você nunca
Em De Martino, era como jogar no Real Ma- vai sacriicar a
drid, mas quando se está só... foi um desaio.
E por que saiu?
Passou o tempo e vai-se querendo novos Mas foi uma decisão excelente. Tive a sorte de
qualidade ou
desaios. Houve uma época que tive várias trabalhar com o melhor empresário do Chile, fazer alguma
opções de trabalhar em outras vinícolas, alguém que realmente queria fazer o melhor besteira
mas sempre quis um desaio importante. possível e tinha paixão e loucura pelo vinho. Fi-
Se fosse embora de De Martino tinha que zemos muitas coisas, reconvertemos seus vinhe- somente para
ser um projeto que realmente valesse a dos, compramos vinhedos novos. Depois fomos apresentar
pena. Em 2006, contataram-me de Tabalí, desenvolvendo vinhedos em distintas partes do um número.
que era em uma zona que eu já conhecia. vale. Tabalí é a única vinícola que tem vinhe-
Estava fazendo vinhos fundamentalmente dos desde a cordilheira até praticamente o mar, Você tem que
de Chardonnay em Limarí com De Marti- e em uma só denominação. Temos Talinay, dis- preservar o
no. Sabia o potencial que o lugar tinha. O tante 12 quilômetros do mar, até Rio Hurtado,
que mais me chamou a atenção foi o com- que está a 1.600 metros de altitude nos Andes.
espírito da
promisso do dono e a vontade de fazer algo É um projeto muito interessante, pois desenvol- marca’
importante. vemos os extremos do vale.

Edição 151 >> ADEGA 13


“Antes, os enólogos
estavam fechados na Como foi o começo, como foi encontrar os diferentes ram às cegas com outros enólogos e nunca
vinícola e ninguém os lugares em Limarí? ninguém disse algo ruim. Coniam muito no
conhecia. Quem melhor
para contar como é feito Do vinhedo original, com 180 hectares, tive- potencial e a primeira colheita deve ser em
o vinho do que quem mos que reconverter 100, pois estavam plan- um ano. Será Chardonnay e Pinot Noir com
fez o vinho?”
tados com castas que não funcionavam. No método tradicional e coniamos que vai ser
começo, plantaram muitas castas, mas não um grande avanço para o Chile.
havia experiência. Foi quando começamos
a explorar distintas zonas do vale. Encontra- Tabalí também não era de propriedade da Viña San
mos Talinay, o único vinhedo no Chile com Pedro?
solo 100% calcário, com clima muito frio, A propriedade era 50% de Luksic e 50% Viña
onde temos Sauvignon Blanc, Chardonnay San Pedro, mas eles são muito grandes e nós
e Pinot Noir. somos artesanais; e Guillermo então decidiu
comprar o restante em 2011. Nesse minuto
Talinay é o seu vinhedo mais especial? ele disse: “Quero que você seja CEO da com-
Este vinhedo é tão especial, tão único, que panhia”. “Mas sou o enólogo”. “Nós vende-
irmamos uma joint-venture com a casa de mos vinhos, você é a pessoa que entende dos
Champagne Thiénot e estamos fazendo es- vinhedos, que faz os vinhos, conhece os solos,
pumantes com eles. Convidamos para ver se as pessoas, os clientes, preciso de alguém que
eles interessavam e viram que havia poten- pense sempre na marca Tabalí, não quero que
cial. Fizemos ensaios durante quatro anos. cometam erros por resultados de curto prazo,
Mandava os vinhos para a França e eles mas que pensem sempre no longo prazo”. “O
faziam a segunda fermentação lá. Degusta- que lhe faz pensar que vou fazer diferente se

14 ADEGA >> Edição 151


preciso trazer resultados?” “Nos vinhos está
sua assinatura, a vinícola é minha, mas os vi-
nhos também são seus, e você nunca vai sa-
criicar a qualidade ou fazer alguma besteira
somente para apresentar um número. Você
tem que preservar o espírito da marca”. E foi
incrível. Quase dois anos depois ele morreu
de um câncer de pulmão. A transição foi mui-
to suave com Nicolás. Tabalí cresceu todos os
anos e nunca sacriicou a qualidade, com pro-
jetos que vão melhorando o portfólio, explo-
rando zonas mais extremas. No fundo, é uma
vinícola familiar que investiu muito para ter
essa qualidade de matéria-prima.

É importante ser dono do vinhedo?


Eu pessoalmente creio que se você encon-
tra bons terroirs, se puder, ele deve ser seu
para poder desenvolver, estudar e mostrar ao

fotos: divulgação
mundo... Tabalí é um projeto muito especial
no qual seu enólogo é o gerente geral, que é
algo que não ocorre normalmente. Partimos
do vinho, ele é a nossa base, depois vem a co-
mercialização, o marketing. Nossa base é o
vinhedo e o vinho, e isso faz com que ela seja
muito mais sólida para o crescimento da em- Sauvignon e Carménère, mesmo colhendo
presa. Aqui tudo parte do produto. Tudo o que muito tarde. Os solos calcários produzem
Para
conquistamos vai ser produto da qualidade do vinhos mais elegantes, minerais, com muito mim,
nosso vinho. Tudo isso nos permite olhar para bom pH, que geralmente têm uma boa evolu- como enólogo,
o futuro com segurança que vamos ter uma ção na garrafa. Limarí é um maratonista. Ele
grande qualidade de uvas próprias para poder vai mudando com o tempo. é fácil colocar
seguir desenvolvendo nossos vinhos. 100% de
A essência de Limarí é Chardonnay?
Cabernet Sauvignon e Carménère são variedades
importantes do Chile, como não trabalhar com elas?
barrica nova
A primeira uva que saiu ao mundo de Limarí Há um tempo queria fazer a empresa crescer e acabou-se o
foi Chardonnay. Ela tinha frescor e estrutu- e as castas em que não estávamos focados terroir
ra, que é dada pelo calcário. Em Tabalí, co- eram Cabernet e Carménère. Ter essas duas
mecei a fazer Sauvignon Blanc, Pinot Noir, castas no portfólio de uma vinícola chilena
Chardonnay e Syrah fundamentalmente. São é muito importante. Se você quer ter um
as quatro castas mais fortes. Hoje temos um certo tamanho, sem isso, é muito compli-
Viognier que é uma maravilha. Em Talinay, cado. E tive a sorte de, em 2013, receber
fazemos ensaios com Cabernet Franc e Mal- uma chamada de um produtor dono de um
bec, que provavelmente vão estar no mercado vinhedo maravilhoso no Maipo. Pratica-
no próximo ano. Limarí tem algo muito in- mente o último vinhedo nas mãos de um
teressante, pois tem um clima frio, mas seco, produtor e não de uma empresa. Consegui-
portanto permite produzir algumas uvas tintas mos comprar e desenvolver um projeto de
de ciclo mais curto, como Malbec, Syrah e Cabernet Sauvignon para Tabalí com um
Cabernet Franc. Mas não tive bons Cabernet campo que está numa parte mais costeira

Edição 151 >> ADEGA 15


tintas técnicas enológicas, como leveduras
nativas, fermentações com cachos inteiros,
macerações carbônicas, foudres, diferentes
tipos de madeira, coisas que são tentativa e
erro. Sempre tenho uma porcentagem que
gosto de arriscar.

O que está por trás dessas experiências?


O que tento fazer como enólogo é mostrar
o terroir em uma garrafa. Não gosto mui-
to de madeira, leveduras, que mascaram o
vinhedo. Enologicamente falando, mos-
tramos muito bem os distintos vinhedos e
terroirs que temos, com muito frescor. Para
mim, como enólogo, é fácil colocar 100%
de barrica nova e acabou-se o terroir. A teo-
ria diz que, quanto mais caro o vinho, mais
barrica nova tem que ter. E não é assim.
Cada vinho, cada uva tem uma forma de
ser trabalhada. Não tenho receita. Tenho a
ideia, mas sempre vou mudando. Cada vez
divulgação

aparece uma situação nova em que tenho


que tomar decisão e tentar tirar o máximo
do potencial da uva. As possibilidades de
“Talinay, o único
vinhedo no Chile com do Maipo, plantado na cordilheira da costa, experimentação são ininitas, e isso é o que
solo 100% calcário, que, em geral, tem muito granito. Mas onde apaixona nesse trabalho. Isso é o vinho, não
com clima muito frio,
onde temos Sauvignon está o nosso vinhedo DOM (signiica casa) é é uma receita. É preciso mostrar o terroir,
Blanc, Chardonnay e um lugar de solo basáltico, vulcânico, mui- não o perder. E nós enólogos temos uma
Pinot Noir. Este vinhedo
é tão especial, tão
ta pedra, muito bom nível de argila, muito capacidade importante de perder. É preciso
único, que firmamos boa drenagem, as raízes exploram o peril ser menos intervencionista.
uma joint-venture com
a casa de Champagne
de solo muito bem e faz grandes Cabernet.
Thiénot e estamos A planta veio da poda de quarteis de Casa Como concilia ser enólogo e gerente geral?
fazendo espumantes Real, o top da vinícola Santa Rita. Em 2014 O mais importante é ter uma boa equipe.
com eles”
lançamos os primeiros vinhos já com resul- Sou a cara e a cabeça de uma boa equi-
tados incríveis. Então hoje Tabalí tem seu pe em todas as áreas. Sozinho é impossí-
pé em Limarí, mas também no Maipo, com vel. Sempre lembro de uma frase: quanto
80 hectares. mais você sabe, melhor para mim, que pos-
so me dedicar a pensar em outras coisas;
Sendo CEO da vinícola e enólogo ao mesmo tempo, você está trabalhando e eu estou tranquilo
como lida com as experiências que precisa fazer? que as coisas estão sendo bem-feitas. Essa
Nasci enologicamente experimentando. ilosoia eu aplico e me permite coniar nas
Em Tabalí, experimentei muito e assumi pessoas, capacitar essas pessoas. É um des-
muitos riscos procurando setores e vinhedos. gaste pessoal grande, pois tenho que estar
Experimentamos muito em zonas que não em Limarí (vinícola) e Santiago (escritó-
estavam produzindo vinhos. E internamen- rio), mas sou muito comercial. Hoje, um
te sempre estamos experimentando com dos erros dos enólogos é não transmitir o
manejos, podas, folhagem, coisas que não que fazem. Antes, os enólogos estavam fe-
se veem geralmente. E também com dis- chados na vinícola e ninguém os conhecia.

16 ADEGA >> Edição 151


VINHOS AVALIADOS

AD 94 pontos
PAYEN 2013
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 443). Tinto composto de
Quem melhor para contar como é feito o 90% Syrah e 10% Cabernet Franc, com fermentação de 30%
vinho do que quem fez o vinho? O mais das uvas com grãos inteiros em barricas de carvalho francês
legal de tudo foi dar a forma que gostaria e posterior estágio de todo o vinho durante 18 meses também
em barricas francesas 90% novas. Ano após ano, o Payen vem
para o projeto, ter uma marca de exce- mostrando um estilo mais vibrante, austero e profundo, que
lência em que não importa o rótulo que privilegia frutas vermelhas e negras frescas, além dos taninos
as pessoas comprem, elas sempre coniem mais tensos e de ótima textura. Uma interpretação refinada,
que é um produto sério, de qualidade. Eu privilegiando o lado especiado da Syrah, agora temperada com
pessoalmente me preocupo muito que o as notas de ervas e de tabaco da Franc. Álcool 14%. EM
nível de entrada da Tabalí seja um vinho
AD 95 pontos
A
extraordinário por esse nível de preço, pois ROCA MADRE 2016
é a porta de entrada. Muitas empresas se T
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine - não disponível). Tinto elaborado
preocupam com os vinhos de gama alta e exclusivamente a partir de uvas Malbec cultivadas em solos
descuidam dos de baixo. vulcânicos, a mais de 1.600 metros de altura, na zona de
cordilheira do Limarí, com estágio de 18 meses em barricas de
carvalho francês. O resultado é um vinho extremo em sabores e
Parece cansativo, não pensa em deixar de lado a texturas, que combina frutas negras maduras com acidez vibrante,
enologia? muita profundidade e taninos de grãos mais espessos e cheios de
É muito trabalho, mas muito gratiicante. textura, tudo ornado por notas de violeta e curiosos toques salinos e
Precisa delegar e formar equipe, senão não de ferro. Mais que exótico e diferente, mostra novas e promissoras
funciona. Não me interessa ser gerente geral fronteiras para essa cepa em solo chileno. Álcool 14%. EM
se deixar de fazer o vinho, minha essência é AD 94 pontos
ser enólogo. Vou seguir sendo enólogo. TALINAY PINOT NOIR 2016
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 230). Elaborado a
Como vê essa revolução de enólogos atualmente, com partir de uvas Pinot Noir cultivadas em solos calcários, com 12
projetos próprios e experimentações? meses de estágio em barricas de carvalho francês. Aqui se sente
o lugar refletido na tensão da fruta vermelha fresca e na textura
É interessante, cada um com seu estilo,
lembrando giz de seus taninos, tudo emoldurado por vibrante
sem restrições. Mas o Chile precisa vender acidez, notas salinas e um lado de sangue cativante, que
melhor os lugares que têm uma qualida- confere um ar sério ao vinho. Profundo e longilíneo, tem final
de alta. Os vales possuem denominações encantador, com toques florais e minerais. Álcool 13%. EM
muito grandes. Temos que falar de lugares
pontuais. A generalização leva a uma com- AD 95 pontos
TA
ALINAY SAUVIGNON BLANC 2017
modity. É interessante o que está acon- Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 144). Elaborado a
tecendo no Chile hoje em dia, enólogos pa artir de uvas Sauvignon Blanc cultivadas em vinhedos
destacando zonas patrimoniais como Itata, de e solos calcários plantados a 15 quilômetros do mar,
valorizando vinhedos antigos com cepas seem passagem por madeira. O resultado é uma rocha
como País, Moscatel etc. Acho muito le- líq
quida, austero em seus aromas e sabores, vibrante e elétrico
em
e sua acidez, tudo num contexto de força, tenacidade,
gal, pois mostra a capacidade do Chile de
deliciosa textura, muita profundidade e final deliciosamente
fazer vinhos diferentes. Se icamos somen- salino. Álcool 13,5%. EM
te no padrão, torna-se uma commodity. O
pior que pode acontecer ao Chile é que AD 93 pontos
ique dominado por 10 marcas. Tomara TALUD CABERNET SAUVIGNON 2015
Tabalí, Maipo, Chile (World Wine - não disponível).
que mais e mais vinhedos apareçam. Isso
Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas
obriga os grandes a se modernizar, a me- Cabernet Sauvignon plantadas em Maipo Costa,
lhorar. E quando os grandes melhoram, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho
ajudam também os pequenos, pois melho- francês. Mostra deliciosas frutas negras e azuis frescas
ra a imagem do país. É uma revolução que acompanhadas de notas florais e minerais, que se confirmam
há pouco tempo era silenciosa, mas hoje na boca. Impressiona pelo estilo refinado, fluído, de acidez
vibrante e taninos de excelente textura. Tem final longo e
deixou de ser e celebro quem deu esse pas- carnudo, com toques de grafite e de violetas. Álcool 14%. EM
so para a inovação, pois é duro.

Edição 151 >> ADEGA 17


PRESENTES | ACESSÓRIOS COM ESTILO

Rolex Arco-íris
A Rolex está lançando
uma nova versão da linha
Daytona, agora com o Rolex
Tattoo Rainbow Daytona Everose.
O famoso tatuador norte-
Ele vem com 56 diamantes
americano Scott Campbell
e safiras de diferentes cores
colaborou com a Master &
para formar um arco-íris.
Dynamic para criar fones de US$ 100.000
ouvido de edição limitada www.rolex.com
com intervenções do artista e
tecnologia de ponta.
US$ 399
www.masterdynamic.com

SUV
A marca italiana Lamborghini resolveu entrar no
mercado de Sport Utility Vehicle (SUV) com o Urus.
Ele tem motor 4.0 V8 biturbo de 650 cv, 86,6 kgfm
de torque e câmbio automático de oito marchas.
R$ 1.700.000
www.lamborghini.com

18 ADEGA >> Edição 151


Vitrola
Kostas Metaxas criou um toca-discos cinético
feito à mão em alumínio aeroespacial, o
Phonographic Perambulator No. 1.
US$ 35.000
http://metaxas.com

Câmera
Com detalhes em cores luminescentes e tida
como a mais discreta câmera do mercado
atual, a Stealth Edition é baseada na Leica
M Monochrom (Typ 246) e foi criada em
colaboração com Marcus Wainwright, fundador e
CEO da marca de moda Rag & Bon.
US$ 15.750
https://en.leica-camera.com

Jaqueta pet
Doggy Armor e VeryFirstTo criaram esta
jaqueta para cachorro feita com ouro
24 quilates e ornada com diamantes.
O fabricante garante que a jaqueta é
uma verdadeira armadura, mais forte
que kevlar. Parte das vendas é revertida
para fundações de ajuda a animais
desabrigados.
US$ 137.000
www.doggyarmour.co.uk

Basquete e moda
Em mais uma colaboração com a Nike, a Louis
Vuitton criou uma edição limitada a somente 10 pares
do Ceeze Creative Studios x Relevant Customs ‘Off-
Louis’ Air Jordan 1s, uma recriação dos famosos tênis
da lenda do basquete, Michael Jordan.
US$ 4.000
www.ceezemc.com

Edição 151 >> ADEGA 19


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Gênio de Soave
Faleceu o grande promotor dos vinhos
dessa região italiana

No dia 13 de abril, a indústria Nino se formou em 1966


do vinho italiana icou mais em enologia em Conegliano
triste com a morte de Leonildo e começou a dirigir a
“Nino” Pieropan, um dos propriedade familiar um
líderes da denominação ano depois. Em 1971, ele
de Soave. Nino, como era produziu um dos grandes
carinhosamente chamado, vinhos de Soave, o Calvarino,
foi um dos pioneiros na que ainda hoje é um dos mais
promoção da qualidade dos procurados. Os ilhos de Nino,
vinhos locais. Ele faleceu em Andrea e Dario, acabaram se
Multado casa, aos 71 anos.
Em sua trajetória, Nino
juntando a Nino e sua esposa,
Teresita, na administração
Grupo que fraudou vinho de Bordeaux defendeu o reconhecimento da vinícola anos mais tarde.
foi condenado a pagar 200 mil euros dos vinhedos locais como Dario Pieropan é hoje enólogo
Um dos maiores escândalos de fraude “crus” e também o potencial na vinícola e Andrea é gerente
de vinhos em Bordeaux vai ganhando de envelhecimento dos vinhos do vinhedo.
seus contornos inais. Em abril, o brancos da região. “O que A propriedade de Pieropan
grupo Merchants Grands Vins de o Soave seria se ele nunca foi fundada em 1880 e
Gironde (GVG) foi multado em 400 tivesse existido? Seria uma acredita-se que tenha sido
mil euros por um tribunal no caso em denominação mais pobre”, a primeira a usar o nome
que é acusado de produzir cerca de escreveu Giancarlo Gariglio, “Soave” nos rótulos, em 1932.
600 mil litros de vinho que haviam que deiniu Pieropan como O Soave DOC só surgiu em
sido “misturados ilegalmente ou não um “monumento”. 1968.
tinham rastreabilidade” em 2014.
A multa, porém, foi abatida
em 50% e a GVG deve pagar 200
mil euros por rotular erradamente
quantidades signiicativas de vinho de
denominações conhecidas de Bordeaux
como St-Estèphe e St-Émilion. A
empresa também foi obrigada a pagar
3 mil euros de indenização para o
conselho de vinhos de Bordeaux. O
diretor de compras da GVG também
foi multado em 15 mil euros, mas teve
sua pena suspensa.
A quantidade de vinho implicada
no caso teve valor de mercado
estimado de 1,2 milhões de euros.
A GVG é de propriedade da família
Castéja, mas a acusação ainda não
sugeriu que eles soubessem do
esquema.

20 ADEGA >> Edição 151


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUN

Petrus versus Petrus


Château Petrus recorreu de decisão que autorizou
vinho da Côtes de Bordeaux a manter
o nome Petrus no rótulo
Uma decisão de um tribunal de foi registrada legalmente e quee
Bordeaux autorizou a continuação da atualmente comercializa a safra
venda do vinho Petrus Lambertini No. 2015. Ele produziu 20 mil garrrafas
2, um rótulo da Côtes de Bordeaux, de Petrus Lambertini No. 2 e 12
produzido pela CGM Vins, que desde mil garrafas de Petrus Lambertini da
2011 vem enfrentando um processo safra de 2011.
legal por conta do uso do nome Petrus. Coureau disse que o vinho
O mítico Château Petrus, porém, recebeu o nome do primeiro prefeito
p
airmou que vai recorrer da decisão. de Bordeaux, Pierre Lambert, ou em
“Um processo foi iniciado em 2011 latim, Petrus Lambertini. “Lammbertini
contra a CGM porque um vendedor defendeu a cidade de Bordeau ux
na internet estava tentando vender contra o rei da Espanha em 1208.
208 Por
Po
uma das garrafas comercializadas por seu heroísmo, ele foi parabenizado
esta empresa ingindo que era nosso pelo rei da Inglaterra, John Lackland. confusão, mas a advogada, Thial de
segundo vinho”, disse Petrus em Nosso vinho é um pedaço da história Bordenave, contesta: “Mesmo que não
comunicado. de Bordeaux e também da história da haja risco de confusão, há um risco
O diretor da CGM Vins, Stéphane Inglaterra”, airmou. de associação para o consumidor. Eles
Coureau, por outro lado airmou que A CGM argumenta que existem podem não pensar que é Petrus, mas
a marca “Coureau & Coureau Petrus diferenças suicientes entre os rótulos eles podem pensar que é o segundo ou
Lambertini Major Burdegalensis 1208” Petrus e Petrus Lambertini para evitar terceiro vinho da propriedade”.

Vintage 2016
Casas de Vinho do Porto estão apontando
2016 como safra Vintage
Abril tem sido um mês de Sottomayor, enólogo responsável
“declarações” no Vinho do Porto. pela Sandeman e Ofley.
Ao que parece, a safra 2016 foi Outros “declarantes” foram
bastante promissora no Douro e a Symington Family Estates em
diversas vinícolas já estão apontando todas as suas casas, incluindo a
que terão Vintages desse ano. Cockburn's, a Dow's, a Graham's
Um dos que declarou 2016 e a Warre's. A Sogevinus, com
como Vintage foi o grupo Fladgate, Burmester, Cálem, Barros e Kopke
com as marcas Croft, Fonseca também terá Vintage 2016. E a
e Taylor’s. O grupo Sandeman Quinta do Noval engrossou o time.
também seguiu a corrente. “Assim “Os vinhos foram maravilhosos,
que as uvas chegaram à nossa e temos a certeza de que o blend
vinícola da Quinta do Seixo, inal para o nosso 2016 será um dos
sabíamos que este era o melhor grandes Portos Vintage da Quinta
ano que vimos desde a última do Noval”, disse Christian Seely,
declaração, em 2011”, apontou Luis representante da Quinta do Noval.

22 ADEGA >> Edição 151


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Tudo normal Para os heróis


Segundo estudo, climas extremos estão Leilão de Sonoma prestou
se tornando comuns ao redor do planeta homenagens aos bombeiros que
ajudaram a combater os incêndios
que variam de local para do ano passado
Um relatório
local, mas mostram Nos primeiros três anos, os
do Conselho
que os eventos de organizadores do leilão Sonoma
Consultivo
granizo e chuva County prestaram homenagem a
Cientíico das
forte são mais inluentes vinicultores locais. Neste
Academias
frequentes. ano, porém, os homenageados foram
Europeias
Eventos de outros: os primeiros socorristas
(EASAC)
estresse são mais e líderes comunitários que se
apontou que
frequentes e mais empenharam durante os incêndios
o clima está se
longos”, aponta lorestais de outubro do ano passado.
tornando cada
o especialista em Em homenagem ao heroico
vez mais instável
mudanças climáticas trabalho em equipe, alguns dos
e extremo nos
Greg Jones. maiores produtores de vinhos do vale
últimos 36 anos. Eventos
“No início dos anos 90, colaboraram em dois lotes especiais
como incêndios lorestais,
quando comecei a observar as de barris: o barril Resilience foi um
secas e enchentes estão icando
mudanças climáticas e o vinho, Pinot Noir produzido por Alden Alli,
mais comuns globalmente
icou claro que havia tendências Arista, Benovia e Williams Selyem
devido às mudanças climáticas
em temperaturas, mas também que arrecadou US$ 70.000; e o barril
provocadas pelo homem. E isso
tendências a maior variabilidade nas Fortitude, um Cabernet Sauvignon
obviamente tem tido relexo nas
temperaturas também (aumento do 2016 da Aperture, Lambert Bridge,
regiões vitivinícolas.
desvio padrão). Isso signiicava que, Laurel Glen e Mauritson, foi vendido
Segundo os dados
embora o clima estivesse aquecendo, por US$ 29.000.
publicados em março deste ano,
estava se tornando mais variável. Esses lotes ajudaram o evento a
as inundações quadruplicaram
Ou, em outras palavras, oscilações atingir um total de US$ 840.700,
desde 1980. Já secas, incêndios
mais amplas de frio e de calor. Isso um aumento de 6% em relação ao
lorestais e ondas de calor
foi conirmado ao longo dos anos”, ano passado. O leilão, ocorrido de
extremo mais do que dobraram
apontou o diretor do Grace & Ken 18 a 20 de abril, atraiu mais de 500
no mesmo período de apuração.
Evenstad Center for Wine Education convidados em MacMurray Estate.
O estudo do conselho, formado
em Linield College, no Oregon. Os US$ 99.000 arrecadados dos
por 27 academias nacionais de
O EASAC pediu uma ação barris especiais foram para o Fundo
ciência na Europa, mostra a
urgente para diminuir as ameaças de Ajuda a Emergências do Condado
tendência de aumento contínuo
representadas pelas mudanças de Sonoma. Os nomes dos lotes
dos incidentes desde o estudo
climáticas provocadas pelo homem. homenagearam a força dos bombeiros
publicado anteriormente, em
“A adaptação e a mitigação devem e da comunidade. “Essas são pessoas
2013, e adiciona evidências de
permanecer como as pedras que estavam salvando nossas vidas
que a mudança climática está
angulares do combate às mudanças e lares quando suas casas estavam
criando um clima mais volátil,
climáticas. Esta atualização é queimando. Esses nomes – resiliência
assim como temperaturas mais
mais oportuna, já que a Comissão e fortaleza – realmente os descrevem
altas.
Europeia deve divulgar a avaliação e não poderíamos agradecê-los o
Isso tem sido notado
de sua estratégia climática este ano”, suiciente”, disse Michael Haney,
claramente nas regiões vinícolas
revelou o professor Michael Norton, diretor executivo interino da Sonoma
ao redor do globo. “Para as
diretor do programa ambiental da County Vintners.
regiões vinícolas, há evidências
EASAC.

24 ADEGA >> Edição 151


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Borgonha volta à normalidade


Dados mostram que colheita e exportações de 2017 aumentaram
As exportações de vinho da Cru. A categoria Crémant de
Borgonha aumentaram 0,7% em Bourgogne também cresceu,
volume em 2017 em relação a 2016, com os volumes exportados
e 10,7% em valor, alcançando €
906 milhões. “Esse crescimento em
atingindo um novo recorde de
7,2 milhões de garrafas, um
Circuito
termos de receita pode ser explicado aumento de 19% em relação a
2016.
de bebidas
por uma mudança nas vendas em Evento traz mais de 70 atividades
direção a mercados mais lucrativos Os cinco maiores mercados
de exportação da Borgonha
em 15 unidades do Senac pelo
para as denominações Premium estado de São Paulo
e Super Premium”, apontou o continuam sendo os Estados
Bureau Interprofessionnel des Vins Unidos, Reino Unido, Japão,
de Bourgogne (BIVB). Bélgica e Canadá – que juntos O Senac São Paulo preparou a sexta
Os vinhos brancos representam compram cerca de 60% das edição de seu Circuito de Bebidas.
65% dos volumes exportados (e exportações da Borgonha em Com o objetivo de difundir a cultura
49% do valor). O destaque nesse volume e valor. e o conhecimento sobre o universo
quesito icou para os vinhos de das bebidas, as ações ocorrem de 14
Mâconnais, que exportou 14,8 de maio a 29 de junho, e percorrerão
15 unidades da instituição, na capital
milhões de garrafas no valor de Colheita e no interior.
€ 80 milhões em 2017, com O BIVB aproveitou ainda para
aumento de 13,2% e 13,5% confirmar os números da safra de 2017 A programação conta com mais
em volume e valor em na Borgonha, que foi de pouco mais de 1,5 de 70 atividades, como workshops,
milhão de hectolitros, 5% maior que a média visitas técnicas, mesas redondas e
relação a 2016. dos últimos 10 anos. A colheita de uvas brancas
Os vinhos tintos da subiu 21% em relação a 2016. Os volumes de degustações de vinhos, cervejas,
Borgonha aumentaram vinho tinto aumentaram 41% em relação ao ano cachaças, vodcas, gins, saquês,
anterior e 26% acima da média das últimas cinco coquetéis, águas, cafés, chás, sucos
6,2% nas exportações safras. As AOCs tintas regionais cresceram 36%
do ano passado, em relação aos números de 2016. Mercurey,
afrodisíacos, azeites e keir. Um
especialmente para os por exemplo, deu um salto de 15% no dos diferenciais do evento são os
níveis Village e Premier
volume e os Hautes Côtes de Nuits e workshops de harmonização de
Beaune, 66%.
alimentos com diferentes bebidas. O
Desaio de Harmonização Senac terá
combinações de cachaças, cervejas,
vinhos, whisky, café, saquê e chá.
“Buscamos trabalhar com temas
inovadores e acessíveis. O evento
permite aos participantes aprender
algo novo sobre a área de alimentação
e compartilhar conhecimento num
ambiente proissional e descontraído”,
explica Juliana Reis, coordenadora da
área de bebidas, serviços e gestão do
Senac São Paulo.
Para se inscrever e conferir
a programação completa do
evento, acesse www.sp.senac.br/
circuitodebebidas

26 ADEGA >> Edição 151


BEBA COM MODERAÇÃO

Apresentamos
a Edição Limitada
do já consagrado Dal 1947,
um tinto único que nasce
para celebrar o aniversário
de 70 anos da .
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Ícone vendido
Gaylon Lawrence Jr. comprou a vinícola Heitz Cellars, no Napa
Por um valor não divulgado, os Lawrence nomeou Robert
donos da mítica vinícola Heitz Boyd, que já trabalhou com
Cellars, do Napa Valley, produtores Kendall-Jackson e Joseph Phelps
do ícone Martha’s Vineyard Vineyards, como o novo presidente
Cabernet Sauvignon, venderam a e CEO da Heitz. “Não há vontade
empresa para Gaylon Lawrence Jr. de mudar o que estamos fazendo
Lawrence é novo no mundo do do ponto de vista da vinicultura.
vinho, mas não na agricultura. Sua Não há planos para fazer mudanças
família é dona de terras em Illinois, estilísticas”, airmou Boyd.
Missouri, Arkansas, Mississippi “A família May está empolgada
e Flórida, onde possui uma das
maiores operações de cítricos do
em trabalhar com a família
Lawrence. Estamos ansiosos para Foto
estado. A família também possui
dezenas de bancos. Os Lawrences
produzir mais safras de Heitz Martha
no futuro e não temos planos de de vinho
estão baseados em Memphis, mudar nossa meta de produzir as uvas Conira as fotograias
Tennessee. de Cabernet Sauvignon orgânicas da vencedoras do Pink Lady Wine
“Sentimos que este é o mais alta qualidade possível”, disse Photographer de 2018
momento certo para passarmos este Laura May Everett, dona do vinhedo
legado para outra família. Quando Martha's Vineyard.
O fotógrafo Victor Pugatschew foi
nos encontramos com Gaylon, Joe Heitz fundou a Heitz Cellars
o vencedor da categoria geral de
parecia uma combinação perfeita. em 1961. Nascido em Princeton,
“Fotógrafo de Vinho” Errázuriz do
No setor de vinhos, somos todos Illinois, ele veio para a Califórnia na
Ano, que faz parte do Pink Lady
agricultores e, com a história da década de 1940 enquanto servia no
Food Photography Awards 2018. Ele
família Lawrence na agricultura, exército. Ele trabalhou para Gallo
venceu com sua fotograia, Spinning
achamos que a Heitz Cellars estará e Beaulieu Vineyard, no Napa, sob
Chardonnay. Esta é a segunda vez
em boas mãos”, airmou Kathleen a supervisão de André Tchelistcheff
que ele leva o prêmio. A primeira
Heitz-Myers. antes de começar sua própria marca.
havia sido em 2015.
Os prêmios são divididos em
três categorias: Produção, Pessoas e
Lugares. O vencedor da categoria
“Pessoas” foi Thierry Gaudillère,
com “Worker in Maison Champy”.
O ganhador da categoria “Lugares”
foi George Rose com sua foto
“Vineyard Flooding”.
Os vencedores foram escolhidos
por um painel de juízes e as fotos
ganhadoras foram anunciadas em
uma cerimônia no Mall Galleries
em Londres, no dia 23 de abril de
2018. O Pink Lady Awards 2018
recebeu mais de 8.000 inscrições de
60 países.

28 ADEGA >> Edição 151


Chile
ODFJELL Chile
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Argentina
ANDELUNA

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BODEGA ANIELLO
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Argentina
ALTOS LAS HORMIGAS

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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Câncer de próstata
Vinho tinto bom, vinho branco, não Bordeaux-Londres
sem escala
Um m estudo aprofundado sobre o Uma linha de trem direta de Londres para
coonsumo de vinho e sua relação Bordeaux está sendo planejada
com o câncer de próstata revelou
que o consumo moderado de De acordo com as operadoras de trem entre a
vinho tinto pode reduzir o risco, França e a Inglaterra, uma nova linha direta está
em contrapartida, o vinho branco sendo planejada entre Londres e Bordeaux. O
pode aumentar esse risco. novo serviço de trens diretos entre as duas cidades
Pesquisas anteriores revelaram reduziria o trajeto para pouco mais de quatro horas,
uma ligação entre o consumo de acordo com a HS1, que administra o trem de
de álcool e um maior risco de alta velocidade do Reino Unido.
câncer de próstata, mas outras A rota mais rápida atualmente, através do
não encontraram nenhum Eurostar, envolve uma hora de escala em Paris, o
impacto. Quando se trata de vinho que dá um tempo total de viagem de cinco horas
especiiicamente, um recente estudo e 25 minutos. O retorno para Bordeaux leva mais
d
de H
Harvard descobriu que bebedores tempo, mais de seis horas, devido à necessidade
moderados tinham uma menor incidência de câncer de veriicações de segurança durante a conexão
de próstata. E uma pesquisa publicada na revista em Paris.
Cancer Science demonstrou que o resveratrol pode A nova rota proposta evitará a passagem por
aumentar a eicácia da radiação para destruir as Paris e usará uma nova linha de trem de alta
células cancerosas da próstata. velocidade que liga Tours a Bordeaux. O tempo
Agora, porém, um grupo de urologistas total de viagem será inferior a 5 horas. “O serviço
internacional realizou uma meta-análise de dados levará os passageiros direto do centro de uma cidade
focada especiicamente em descobrir se o consumo para o centro da outra, eliminando as complicações
moderado de vinho teria impacto sobre o câncer de da viagem ao sudoeste da França”, disse Dyan
próstata e se os efeitos variavam para o vinho tinto Crowther, diretor executivo da HS1 Ltd. “A rota
e branco. Os pesquisadores revisaram 930 artigos e está quase pronta para que um operador de trem
selecionaram 17 estudos que atenderam a diretrizes apareça e gire a chave assim que os governos do
rigorosas. Esses estudos avaliaram 611.169 pessoas. Reino Unido e da França concordarem com os
As descobertas foram publicadas na revista Clinical controles de fronteira”, apontou.
Epidemiology.
Os resultados mostraram que os bebedores de
vinho tinto tiveram uma queda de 12% no risco de
câncer de próstata. Porém, os bebedores de vinho
branco viram um ligeiro aumento no risco desse
tipo de câncer. Os pesquisadores acreditam que suas
descobertas exigem mais estudos sobre como o vinho
branco e o tinto podem afetar as células em nível
molecular.
O câncer de próstata é o tipo mais comumente
diagnosticado entre os homens americanos, com
estimativa de 161.360 novos casos em 2017.

30 ADEGA >> Edição 151


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Poeta encontrado na adega


Restos mortais de Samuel Taylor Coleridge foram redescobertos na adega de uma igreja
Um dos fundadores do romantismo na Inglaterra,
o poeta Samuel Taylor Coleridge, acesso de visitantes.
morto em 1834, aos 61 anos, icou Coleridge, autor de "The Rime of the
“desaparecido” durante anos, até Ancient Mariner" e "Kubla Khan", sofria de
escavações em uma cripta da igreja problemas de saúde e depressão. Bebia
de St. Michael, que servia de muito e se tornou viciado em ópio.
adega, descobrirem seu caixão. Portanto, encontrá-lo em uma adega
A igreja foi construída em pareceu “bastante apropriado”. “Tem
1831, em Highgate Hill, no sido dito que isso seria apropriado,
norte de Londres, e o caixão de mas, na verdade, o local não está em
Coleridge icou lá enterrado. um estado muito adequado para ele,
Com o tempo, porém, perdeu- e a família apoiaria os planos para
se a localização exata de onde melhorar”, disse Richard Coleridge,
ele foi sepultado. tataraneto do poeta.
A igreja planeja limpar e A igreja está planejando um dia
restaurar a cripta – que ainda especial para Coleridge em junho com
está cheia de escombros da mansão recitais e palestras, com a presença de vários
demolida Ashhurst House, que membros de sua família, para arrecadar fundos
antecedeu a igreja no local – e permitir o para o projeto de restauração.

Barricas diferentes
Fetzer Vineyards resolveu envelhecer vinho em barris de Bourbon

Todo bebedor de uísque sabe Zinfandel foi o resultado de uma primeiro a usar barris de Bourbon
que as destilarias costumam usar “sessão de brainstorming” quase cinco para dar sabor, outros estão usando
barricas usadas, inclusive de vinho, anos atrás na Fetzer e se tornou um barris da indústria de destilados para
para envelhecer seus maltes. Aliás, fenômeno de vendas no mercado inalizar seus vinhos. Por exemplo, a
recentemente, diversas empresas têm norte-americano, passando de 5 mil australiana Jacob’s Creek lançou o The
promovido algumas de suas bebidas caixas para 120 mil em três anos. Double Barrel Matured Shiraz em
envelhecidas em barricas de vinhos Bob Blue, diretor de viniicação da 2014, que usa barris de whisky escocês
especíicos. empresa, disse que quando começou envelhecido para inalizar o vinho. E
Mas agora a indústria do vinho a fazer vinho em 1982, na Califórnia, este ano uma vinícola do Napa lançou
parece que resolveu também icar era bastante comum comprar barris um Sauvignon Blanc envelhecido em
de olho nas barricas usadas pelos usados de Bourbon para inalizar o barris usados de tequila.
produtores de Bourbon – uísque vinho. Segundo ele, apenas as pequenas
americano. Desde 2014, a Fetzer vinícolas familiares, como Mondavi e
Vineyards – empresa de propriedade Montelena, usavam carvalho francês na
da Concha y Toro desde 2011 – época. Ele também garantiu que Fetzer
produz um vinho tinto feito a partir “é a primeira” a usar barris de Bourbon
de Zinfandel que foi envelhecido em na produção de vinho na era moderna da
barris de Bourbon usados. indústria vinícola californiana.
Chamado de 1000 Stories, o Enquanto o vinho pode ser o

32 ADEGA >> Edição 151


MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Recorde histórico, negativo


Segundo dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho
Espanha
produção de 2017 foi a mais baixa em 60 anos líder, mas
com preço
Parece que países.
baixo
os diversos Enquanto País lidera as exportações
problemas a produção de vinho no mundo
enfrentados em da Argentina
De acordo com dados compilados
várias regiões (11,8 mhl) e do
em 2017, a Espanha permaneceu
vitivinícolas do Brasil (3,4 mhl)
como o maior exportador de
mundo em 2017 cresceu em relação
vinhos do mundo em termos
– incêndios, geadas, a 2016, recuperando
de volume. O país vendeu
chuvas torrenciais, seus valores médios, a
22,8 milhões de hectolitros
ondas de calor etc. – produção chilena registrou
no mercado externo no ano
realmente tiveram o impacto queda pelo segundo ano
passado, superando a Itália,
negativo que se esperava. De consecutivo, atingindo apenas
com 21 milhões de hectolitros,
acordo com dados divulgados 9,5 mhl.
e a França, com 15 milhões de
pela Organização Internacional Já em relação ao comércio
hectolitros.
da Vinha e do Vinho (OIV), a mundial, a OIV revelou um “saldo
Os vinhos franceses, contudo,
produção mundial de vinhos caiu para positivo”, com volumes em 108
lideram em termos de valor, com
250 milhões de hectolitros em 2017, o milhões de hectolitros (aumento de
€ 9 bilhões no ano passado. Nesse
menor número em 60 anos. 3,4% em relação a 2016) e valor em
quesito, a Itália, com € 6 bilhões,
Apenas em 1957 a produção € 30 bilhões (acréscimo de 4,8%).
também supera a Espanha, que
foi menor, com 173,8 milhões de Este nível de comércio está ligado
icou com apenas € 2,8 bilhões,
hectolitros. Em comparação com especialmente ao crescimento das
em terceiro lugar.
2016, a safra representou uma exportações de espumantes – 11,2%
O preço médio da Espanha
queda de 8,6%. Em toda a Europa, em volume e 8,9% em valor em
por litro de vinho atualmente
a produção caiu 14,6%. No entanto, comparação com 2016.
é de € 1,25, enquanto o vinho
este número foi um pouco melhor do
francês tem € 6 por litro e vinho
que a estimativa inicial fornecida pela
CONSUMO E VINHEDOS italiano, € 2,78. Os baixos preços
OIV em outubro, quando esperava- Segundo a OIV, 243 milhões de do vinho na Espanha colocam o
se uma produção de 246,7 milhões hectolitros de vinhos foram consumidos
país atrás da Austrália e do Chile
de hectolitros em 2017. Na história em 2017. Com 32,6 mhl consumidos,
os Estados Unidos confirmaram sua em termos de valor médio por
recente, o menor nível registrado posição como o maior consumidor litro. Somente a África do Sul
havia sido em 2012, quando a global (desde 2011), seguido pela vende seu vinho por menos que
produção icou em 258 milhões de França (27 mhl), Itália (22,6 mhl),
Alemanha (20,2 mhl) e China (17,9 os espanhóis, com média de €
hectolitros.
mhl). 1,23 por litro.
Apesar da queda, a Itália manteve Já em relação à área de vinhedos no A Espanha continua
sua posição de maior produtor planeta, a OIV informou que o tamanho
hoje é de 7,6 milhões de hectares, dependente da produção de
mundial, com 42,5 milhões de
número estável nos últimos anos. A vinho a granel, com mais da
hectolitros, seguida pela França área de vinhedos da Espanha caiu em metade de sua produção total
(36,7 milhões) e pela Espanha (32,1 8 mil hectares, mas, apesar disso, o
no ano passado – 12,6 milhões
milhões). país continua sendo o líder com quase
1 milhão de hectares, à frente da China de hectolitros – vendidos dessa
A produção de vinho evoluiu de (0,87 mha) e da França (0,79 mha). forma.
diferentes maneiras em diferentes

34 ADEGA >> Edição 151


O REAL
PRIMITIVO
"Acreditamos nos velhos vignedos
e na condução em arbutos e o
mundo nos recompensou nos
recebendo em todas as partes."
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

A menor safra em 13 anos


Volume de colheita na África do Sul deve ser o mais baixo desde 2005

A VinPro, que representa a da África do Sul, foi gravemente & Leeu Wines, airmou que
indústria do vinho da África do afetada, mas os produtores os rendimentos na região de
Sul, está prevendo uma safra menores, focados em vinhos de Swartland caíram 50%, em média,
com volume 20% menor em alta qualidade, também. Cada uma este ano. “Há tempos desaiadores
comparação com 2017. Essa queda das 10 principais regiões vinícolas à frente, já que os volumes estão
deve-se às severas secas pelas quais o do país foi atingida de maneira muito baixos. Os preços para
país tem passado recentemente. diferente pela seca. uvas, vinhos a granel e premium
Foram aplicadas regras rigorosas “Certas variedades e tipos de aumentarão”, disse.
de preservação de água por causa solo se beneiciam de ter menos De acordo com a Wines of
de uma seca de vários anos que irrigação, enquanto alguns solos South Africa (WOSA), os preços
colocou a Cidade do Cabo sob têm maiores características de do vinho a granel já subiram 30%,
risco de icar sem água e, com retenção de água”, disse Kevin o que tem um efeito indireto nos
isso, foram implantados limites Arnold, de Waterford Estate. Há 20 vinhos engarrafados. Até o ano
rígidos à irrigação, o que impactou anos, a equipe da vinícola plantou passado, havia um excedente de
diretamente nos rendimentos dos estrategicamente variedades vinho a granel, que agora está
vinhedos. Os produtores de vinho a mediterrâneas resistentes à seca, esgotado. Siobhan Thompson,
granel, que tendem a irrigar mais, como Mourvèdre, Tempranillo, CEO da WOSA, acredita que, no
foram mais afetados. Barbera, Grenache Blanc e longo prazo, a seca pode ter um
A indústria de vinhos a granel Sangiovese. “Essa decisão efeito positivo para a indústria:
do Cabo, que responde por cerca literalmente nos salvou”. “Com desaios, sempre surgem
de 60% das exportações de vinho Chris Mullineux, da Mullineux oportunidades”.

36 ADEGA >> Edição 151


Los Intocables
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO

Escócia estabelece preço


mínimo para o álcool
País é o primeiro no mundo a adotar tal medida,
que já está gerando controvérsia
No dia comprovada entre consumo e danos, o
1º de maio, preço mínimo unitário é a forma mais
a Escócia eicaz e eiciente de combater o álcool
se tornou o barato que causa tantos danos a tantas
primeiro país no famílias”, airmou o primeiro ministro
mundo a adotar Nicola Sturgeon. Até na China
o preço unitário Por outro lado, a organização Empresa chinesa contrata Michel
mínimo para o álcool. Spirits Europe disse que a decisão Rolland como consultor
A lei havia sido “distorcerá a concorrência ao
aprovada em 2012, impedir que produtores eicientes A Wine World, empresa chinesa
mas só entrou em de bebidas alcoólicas de baixo custo de vinhos com sede em Shenzhen,
vigor agora, depois em outros Estados membros usem contratou o enólogo Michel
que as contestações essa vantagem competitiva contra Rolland como seu consultor de
nos tribunais foram enim recusadas produtores de maior custo”. vinhos. Rolland é um dos enólogos
em última instância. A partir de Joep Stassen, presidente mais inluentes de mundo e presta
então, cada unidade de álcool terá da Spirits Europe airmou: consultoria para empresas no planeta
o valor mínimo de 50 pence (meia “Continuamos convencidos de todo. Esta, porém, não é a primeira
libra esterlina). que há respostas mais apropriadas vez que Rolland trabalha com uma
Isso signiica que uma garrafa e eicazes para combater o uso vinícola chinesa.
de vinho não pode ser vendida por prejudicial de bebidas. Aceitamos, Desde 2011, o enólogo dá
menos de £ 4,69, um pacote de no entanto, que o MUP será agora consultoria para a Great Wall, de
quatro latas de cerveja de 500 ml introduzido na Escócia e esperamos propriedade do conglomerado de
por menos de £ 4 e uma garrafa ver uma avaliação objetiva do alimentos COFCO da China. Rolland
de uísque por menos de £ 14. Em seu impacto, tanto no uso nocivo é consultor em mais 12 de países
2016, a associação Alcohol Focus do álcool como na capacidade diferentes e tem mais de 150 clientes
Scotland alegou que a ingestão de as importações mais baratas espalhados ao redor do mundo.
semanal recomendada máxima de competirem no mercado escocês”. Ao nomear Rolland, o presidente
álcool (14 unidades) poderia ser A política do governo escocês da Wine World, Miao Jian,
comprada por apenas £ 2,52 na aumentará o preço de cerca de airmou que era uma maneira de
Escócia e isso estaria por trás do metade do álcool nas prateleiras dos fornecer conhecimento de vinho
“relacionamento doentio com a supermercados e afetará a maioria “mais proissional, mais preciso e
bebida” dos escoceses. dos consumidores de bebidas abrangente” aos amantes de vinho
“Não é segredo que a Escócia alcoólicas, especialmente os de chinês e trazer “mais e mais vinhos de
tem um relacionamento conturbado renda mais baixa. Questões sobre melhor qualidade” para seus clientes.
com o álcool. Há, em média, 22 o impacto potencial no comércio Além das consultorias, Rolland já
mortes especíicas por álcool todas as entre fronteiras e no álcool ilícito fez negócios recentemente com os
semanas na Escócia, e 697 internações estão sendo levantadas. Após chineses. Ele vendeu sua propriedade
hospitalares e, por trás de cada a implementação da nova lei, em Pomerol, o Château Le Bon
uma dessas estatísticas, uma pessoa, acredita-se que alguns escoceses Pasteur, e duas de suas propriedades-
uma família e uma comunidade possam cruzar a fronteira para a irmãs para o bilionário chinês Pan
gravemente afetadas pelo abuso Inglaterra e comprar bebidas mais Sutong, presidente do Goldin Group,
de álcool. Dada a ligação clara e baratas. de Hong Kong, em 2013.

38 ADEGA >> Edição 151


DEGUSTAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO

20 anos
para além do Tejo

N
o dia 8 de maio, a importadora cau, que pretende ampliar esse leque e atender
Adega Alentejana completou 20 clientes em pelo menos 500 cidades e continuar
anos. Como o próprio nome já diz, crescendo de forma sustentada em ritmo superior
seu foco inicial eram os vinhos do a 20% ao ano.
Alentejo, em Portugal, região de Vale lembrar que, recentemente, em um mo-
origem de um dos sócios. De três contêineres e vimento ousado, a empresa fez o maior investi-
apenas duas pessoas em 1998, hoje a empre- mento de sua história com a construção de um
sa chega à casa de mais 100 contêineres im- novo centro logístico climatizado em Mauá,
portados, com uma equipe de respeito, com que começou a ser operado outubro de 2015.
mais de 100 colaboradores, e não se restringe A Adega Alentejana não vem somente
somente aos vinhos alentejanos, abrindo seu contribuindo com a cultura de vinho no país,
leque para além de Portugal. mas também com a parte social. “Hoje doamos
“A empresa manteve sua alma portuguesa du- mensalmente 10% do nosso lucro a instituições
rante o percurso de 20 anos, e queremos que isso que se destacam na prestação de serviços à popula-
seja mantido. Além de Portugal, incluímos em Casal Rosely e Manuel ção menos favorecida. Atualmente, ajudamos regu-
nosso portfólio rótulos do Chile, Espanha, Itália Chicau estão à frente larmente o Projeto Somar, em São Paulo, o Hospi-
da empresa juntamente
e não vamos parar por aí. Como complemento e com os filhos Pedro e tal do Câncer, em Barretos, a Abrinq e o Médicos
evolução natural, também passamos a importar André sem Fronteiras”, airma Chicau.
alimentos e azeites”, apontou Manuel Chicau, que No dia 13 de abril deste ano, São Paulo rece-
gere a empresa juntamente com a esposa Rosely e beu uma das etapas do 10° Road Show da Adega
os ilhos Pedro e André. Alentejana 2018, acontece a cada dois anos. É um
A celebração dos 20 anos da empresa tem a ver evento de duas semanas que visita 11 cidades em
com o otimismo dos proprietários no mercado de diferentes estados do Brasil. Ele apresenta mais de
vinhos brasileiro. Segundo eles, em 2017, o fatura- 120 vinhos de diversas regiões de Portugal (Douro,
mento cresceu acima de 20%. “Atendemos direta- Dão, Tejo, Lisboa, Alentejo, Toro, Rueda, Ribera
mente mais de 3 mil clientes, distribuídos em 353 del Duero e Rioja), Espanha e Itália. ADEGA par-
cidades nos 27 estados do Brasil”, enumera Chi- ticipou e traz os destaques.

40 ADEGA >> Edição 151


AD 92 pontos AD 92 pontos
QUINTA DE LA ROSA PÓ DE POEIRA TINTO 2015
TINTO 2015 Quinta do Poeira, Douro,
Quinta de la Rosa, Douro, Portugal (Adega Alentejana
Portugal (Adega Alentejana R$ 209). Tinto composto
R$ 150). Tinto composto de de Touriga Franca, Touriga
Tinta Roriz, Touriga Franca e Nacional e Sousão, com
Touriga Nacional, com estágio estágio de 12 meses
de 18 meses em barricas de em barricas de carvalho
carvalho francês. Douro de francês. Frutado e
carteirinha, mostra ameixas, estruturado, impressiona
cassis e amoras em profusão pela profundidade e tensão
acompanhadas de violetas do conjunto, tudo num
e de ervas frescas, que se contexto de refrescante
confirmam na boca. Chama acidez, taninos de ótima
atenção pelos taninos de grãos textura e final persistente,
finos, pela acidez refrescante e com toques florais e de
pelo final persistente e carnudo, cassis. Álcool 14%. EM
com toques florais e de grafite.
Uma delícia. Álcool 14,5%. EM

AD 91 pontos
QUINTA DE CHOCAPALHA
AD 91 pontos BRANCO 2016
ALDEIA DAS SERRAS TOURIGA Quinta de Chocapalha,
NACIONAL 2014 Lisboa, Portugal (Adega
Adega de Silgueiros, Dão, Alentejana R$ 108).
Portugal (Adega Alentejana Branco composto de 90%
R$ 92). Tinto elaborado Viosinho e 10% Arinto, sem
exclusivamente a partir de passagem por madeira, mas
Touriga Nacional, com estágio mantido em contato com
de 10 meses em barricas de as borras por cinco meses.
carvalho francês. Refinado Mostra frutas brancas e de
e agradável, mostra a cepa caroço acompanhadas de
de um modo mais fresco e notas florias, minerais e de
austero, com as típicas notas ervas frescas. Estruturado e
florais escoltando os aromas gostoso de beber, confirma
de cassis e de ameixas, que as frutas do nariz, tem
se confirmam no palato. deliciosa acidez, bom
Estruturado e vertical, tem AD 91 pontos volume de boca, ótima
vibrante acidez, taninos cheios CEREMONY 10 YEARS OLD TAWNY textura e final persistente,
de textura e final persistente, Vallegre, Douro, Portugal (Adega Alentejana com toques salinos e
com toques especiados e de R$ 200). Tinto fortificado doce composto de cítricos. Álcool 13%. EM
tinta nanquim. Álcool 13%. Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz,
EM Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Amarela,
com estágio médio de 10 anos em cascos de
carvalho. Num estilo mais fresco e de menor
sensação de dulçor, mostra aromas de frutas
secas e em compota seguidos de notas florais
e de especiarias doces. Intenso e persistente,
tem acidez e textura de taninos que trazem
equilíbrio ao conjunto, tornando-o agradável e
nada enjoativo de beber. Álcool 20%. EM

Edição 151 >> ADEGA 41


GRANDES DEGUSTAÇÕES | p o r ARNALDO GRIZZO

42 ADEGA >> Edição 151


desbravador
Guia Descorchados completou 20 anos

P
erguntado sobre como começou o Guia Descor-
chados, Patricio Tapia recorda que foi durante
a primavera de 1998, quando ele degustou 600
vinhos chilenos. “Porem, é provável que, na ver-
dade, tenha sido menos. Não muito menos. Qui-
nhentos vinhos, talvez”, airma. No entanto, pouco importa
quantos vinhos ele provou em sua primeira edição, lançada
20 anos atrás. Hoje Tapia avalia mais de 4.500 rótulos sul-
-americanos diferentes e Descorchados é a grande referência
de vinhos da América do Sul, com mais de mil páginas.
Além de uma “bíblia”, como Tapia gosta de jocosamente
se referir ao guia (tanto pelo tamanho como pela importân-
cia), Descorchados também se transformou em um grande
evento. Na verdade, não apenas um, mas alguns. O lança-
mento do guia é celebrado com grandes provas no Chile,
no Brasil e nos Estados Unidos. No Brasil, este ano, a festa
foi dupla.

i >
>>
Evento em São No dia 10 de abril, mais de 100 produtores dos dos produtores desembarcarem também no Rio
Paulo reuniu quatro países pelos quais Tapia viaja para montar
Descorchados (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai)
de Janeiro. Centenas de enóilos cariocas tiverem a
felicidade de degustar alguns dos melhores rótulos
mais de 100 se reuniram no espaçoso e aconchegante Villagio sul-americanos ao mesmo tempo em que aprecia-
produtores JK, onde uma multidão de enóilos, proissionais vam a vista no encantador terraço do Village Mall,
ou não, puderam provar centenas de rótulos, en- na Barra da Tijuca.
de Argentina, tre eles, os mais bem pontuados de cada produtor.
Brasil, Chile e “Um evento como esse é uma oportunidade única Os melhores e as novidades
Uruguai de provar o que há de melhor nos vinhos da Améri-
ca do Sul. Aqui estão reunidos todos os produtores
Como faz tradicionalmente, Tapia apresentou os
vencedores em uma concorrida degustação para a
de renome e outros tantos menos conhecidos – que imprensa, grandes sommeliers e trade. Os presen-
também se destacaram – que apresentam seus prin- tes puderam conhecer os cinco melhores brancos
cipais rótulos. É imperdível para quem realmente e tintos sul-americanos apresentados por seus pro-
aprecia vinho e quer vislumbrar o que está acon- dutores, como Eduardo Félix, da Bodega Garzón,
tecendo de melhor e também prospectar possibili- que apresentou seu Single Vineyard Albariño 2017,
dades de compra para rechear a adega”, airmou o o melhor branco do Uruguai nesta edição. “A rele-
empresário e enóilo Jorge Tena. vância do Descorchados é inegável e alcançar 20
Mas, neste ano, não somente o público paulis- anos só mostra o quanto é importante”, disse.
tano teve a oportunidade de acompanhar de perto Felipe Müller, da Tabalí, apresentou seu Tali-
o lançamento do Descorchados. Dois dias depois nay Sauvignon Blanc 2017, considerado o melhor
do evento em São Paulo, foi a vez de uma parte branco do Chile, juntamente com o Errázuriz Las

44 ADEGA >> Edição 151


Lucas Burgos

Lucas Burgos
Lucas Burgos

“É um evento imperdível para quem


realmente aprecia vinho e quer
vislumbrar o que está acontecendo
de melhor na América do Sul e
também prospectar possibilidades
de compra para rechear a adega”
“Descorchados é um
trabalho fenomenal, um guia
com um panorama raramente visto
de vinhos em qualquer parte
do mundo”
Pizzaras Chardonnay 2016, e também fez questão
de reverenciar o guia e o trabalho de Tapia. “Nesse
tempo todo, ele não se contenta em apenas apre-
sentar os rótulos mais conhecidos, mas também
dar espaço para as novidades, catalisando e incenti-
vando algumas ideias que, aos poucos, ajudaram a
transformar a indústria tanto do Chile quanto dos
outros países”, apontou.
Como bem apontou Müller, Tapia nunca se
contentou com a mesmice. “No contexto de uma
cena tão dinâmica quanto a sul-americana, a verda-
de é que, muitas vezes, em Descorchados sentimos
a necessidade de tentar mais, de pesquisar mais.
Para estar atualizado, você precisa ter as antenas
bem alertas. Esse é o nosso objetivo”, airma o chi-
leno. Em 20 anos, Tapia não somente viu a cena
de vinhos sul-americana mudar, como foi um dos
agentes por trás dessa mudança. Um desbravador.
No Chile, por exemplo, viu o surgimento dos
primeiros Sauvignon Blanc de Casablanca, os
primeiros Pinot Noir e Chardonnay de Limarí, o
resgate da Carignan e dos pipeños. Na Argentina,
presenciou a transformação da Malbec, as tenta-
tivas com o Pinot na Patagônia etc. No Uruguai,
tem sido um grande incentivador do Tannat “sem
maquiagem”.
E agora, nesta edição, pela primeira vez avaliou
tintos e brancos brasileiros, além dos espumantes.
“Ficamos muito felizes em consolidar não só os es-
pumantes, mas os vinhos brancos e tintos no guia

fotos: Chico Cineasta


2018. É a primeira vez que o Brasil está despontan-
do com essas duas categorias e o país se classiicou
muito bem, com notas muito altas, com rótulos de
diversas regiões, como a Serra e a Campanha Gaú-
cha, mostrando a diversidade e a qualidade dos pro-
dutos brasileiros. Importante destacar que o Des- Village Mall, na Barra da
corchados não tem publicação apenas no mercado por seus enólogos. Entre os vinhos “um pouco Tijuca, recebeu o primeiro
nacional, mas internacional. O Brasil participará loucos”, como Tapia gosta de deinir, havia rótulos evento de lançamento do
Descorchados no Rio de
também dos eventos providos pelo guia em Nova de jovens produtores, mas também de gente con- Janeiro
York com o objetivo de promover os vinhos brasi- sagrada como Mario Geisse, por exemplo, com
leiros no exterior”, destacou o gerente de promoção seu Casa Silva Lago Ranco Riesling 2016. “Des-
do Ibravin, Diego Bertolini. corchados é um trabalho fenomenal, um guia
com um panorama raramente visto de vinhos em
Diferente qualquer parte do mundo”, airmou Geisse.
Dando vazão às novidades que sempre encon- Sempre de olho no que ocorre na América do
tra em suas degustações, Descorchados também Sul, Tapia foi capaz de perceber um interessante
promoveu um seminário intitulado “Ar Fresco”. fenômeno entre os produtores brasileiros, a grande
Nele, 10 rótulos de destaque foram apresentados quantidade de rótulos de vinhos laranjas. Assim, o

Edição 151 >> ADEGA 47


Brasil aparece como o único tes, brancos, rosés e obviamente alguns dos tintos
país onde há um ranking com uruguaios mais premiados. O segundo seminário
esse tipo de vinho. “É interes- abordou a Carménère e seus estilos variados em
sante perceber isso, pois mos- terroirs de norte a sul do Chile. Durante a degus-
tra a disposição dos produtores tação foi possível perceber um movimento da Car-
de tentar algo novo e também ménère em direção a fruta mais fresca e tensão. O
de um mercado que pode estar último contemplou os espumantes brasileiros nos
mais aberto”, revelou Tapia. seus mais variados estilos, a começar pelos nature,
UNIÃO EM “Sim, creio que temos uma geração com menos passando pelos extra brut e brut e terminando nos
PROL DO VINHO
Diego Bertolini, Angélica
amarras e livre para criar. E o reconhecimento do Moscatéis. A prova teve a presença dos enólogos
Valenzuela e Martín López Descorchados é fundamental para pavimentar esse Mario Geisse e Adolfo Lona, dois dos principais
caminho”, disse Bruno Faccin, que teve seu Faccin responsáveis pela introdução e desenvolvimen-
Moscato Antigo Malvasia 2016 destacado no semi- to do espumante no Brasil, que presentearam os
nário “Ar Fresco”. participantes com uma verdadeira e divertida aula
sobre a história da viticultura brasileira.
Uruguai, Carménère Segundo Tapia, provar toda essa quantidade
e espumantes brasileiros de vinhos que ele degusta todos os anos “é uma
Além dos dois seminários com vencedores e “novi- oportunidade única, uma maneira incrível de en-
dades”, Descorchados promoveu ainda outras três trar no mundo do vinho deste lado do planeta,
provas temáticas. O primeiro teve o tema “Uruguai mergulhando de uma vez, sem pensar”. E Des-
não é só Tannat”, em que Tapia pôde mostrar o corchados é um convite para que todos os enói-
melhor da produção uruguaia desde espuman- los façam o mesmo.

48 ADEGA >> Edição 151


OS MELHORES DO ANO

Argentina Brasil Chile


Ch Uruguai
ESPUMANTE ESPUMANTE ESPUMANTE
ESPUMANTE Adolfo Lona Morandé Chardonnay, Bodegas Carrau
93
PONTOS Orus Edição Especial 94
PONTOS Pinot Noir NV 92
PONTOS Dixième Brut Nature
Chakana Ayni Nature
Silvia 1972 Chardonnay NV
94
PONTOS
Sparkling Wine Pinot
Nature Rosé Clair NV
Noir N/V BRANCO
Casa Valduga Pizzorno Rosé Brut
Errázuriz Las Pizarras 92
94 Chandon Baron B 93
PONTOS
Sur Lie Natura 97
PONTOS Chardonnay 2016 PONTOS Nature Pinot Noir
PONTOS
Brut Rosé 2014 30 Meses 2016
Chardonnay, Pinot Noir NV
97 Tabalí Talinay
BRANCO BRANCO
PONTOS
Sauvignon Blanc 2017
Catena Zapata BRANCO Bodega Garzón Single
97 Adrianna Vineyard Pizzato 1.3 93 Vineyard Albariño
PONTOS

White Bones 92
PONTOS Sémillon 2017 TINTO
PONTOS

2017
Viñedos de
Luiz Argenta Cave
98
PONTOS Alcohuaz RHU 2013
TINTO TINTO
Gen del Alma
92
PONTOS
8 Anos Chardonnay
Deicas Valle de los
99 Seminare Malbec
2010 Viñedo Chadwick 95 Manantiales Tannat
PONTOS

2016
98
PONTOS 2015
PONTOS

2016
TINTO
Miolo Single Vineyards
93
PONTOS
Touriga Nacional
2017
Miolo Vinhas Velhas
93
PONTOS
Tannat 2015

VINHO LARANJA
Era dos Ventos
94
PONTOS
Peverella 2014
LISTA | p o r ARNALDO GRIZZO

No alto da
Borgonha ADEGA aponta 10 Grand Cru borgonheses
que você precisa conhecer

S
ão 33 os vinhedos considerados Grand produção de vinhos da Borgonha.
Cru na Borgonha. Só para lembrar, Os Grand Cru são os vinhedos mais impor-
Grand Cru é a mais alta classiicação lo- tantes da Borgonha. Suas delimitações come-
cal, seguida pelos Premier Cru, os Villa- çaram a ser apontadas ainda na Idade Média
ges e, por im, as denominações regio- com os monges cistercienses. Após anos e anos
nais. E devemos lembrar também, diferentemente de observações e análises, eles foram separando
de Bordeaux, aqui o que deine a classiicação é o o que consideravam as melhores terras, de onde
vinhedo, não o produtor. E como um mesmo vi- surgiam os melhores vinhos. As denominações,
nhedo pode ter diversos donos, muitos produtores como as conhecemos hoje, foram quase todas oi-
podem produzir um mesmo Grand Cru. cializadas ainda no século XIX.
Dos 33 Grand Crus borgonheses, 24 estão Então, se você quer saber o que a Borgonha
localizados em Côte de Nuits, oito na Côte de possui de melhor, precisa conhecer os vinhedos
Beaune e um em Chablis. Ao todo, 550 hectares Grand Cru. A maior parte deles é de tintos, po-
de vinhedos são da mais alta classiicação, o que rém, há diversos brancos tão icônicos quanto seus
representa apenas 2% da área de vinhas plantadas pares tintos. ADEGA resolveu então selecionar
na Borgonha. O vinhedo de maior área (excluin- 10 vinhedos que você precisa conhecer e provar
do os sete climats Grand Cru de Chablis) é Cor- entre os 33 Grand Cru. Apesar de entender a re-
ton, com pouco mais de 97 hectares. O menor é levância, evitamos selecionar os que são “mono-
La Romanée, com 0,84 hectare. A produção total pólios”, ou seja, pertencentes a um único produ-
de Grand Crus costuma ser próxima dos 2,5 mi- tor. Conira os selecionados ordenados de norte a
lhões de garrafas, que não chega a 1,5% de toda a sul no mapa da Borgonha.

50 ADEGA >> Edição 151


Clos de Bèze já foi
considerado Grand Cru
de “primeira classe”

1 Chambertin-Clos de Bèze
Em uma das primeiras classiicações dos vinhedos de
Beaune, em 1860, o comitê local considerou os vi-
nhedos de Chambertin e Clos de Bèze como Grand
Cru de “primeira classe” e os demais, como Chapel-
le-Chambertin, Mazoyères-Chambertin etc., como
5 mil caixas de vinho por ano.
Acredita-se que esse vinhedo tenha se origina-
do ainda no ano 630 e suas dimensões se manti-
veram inalteradas desde essa época. O local per-
tenceu ao Duque Amalgaire, que teria construído
sendo de “segunda classe”. Essa divisão não existe uma abadia no local para se redimir dos pecados.
hoje, mas há quem considere que esses dois vinhedos As terras depois foram doadas aos monges.
são os de maior qualidade entre os outros de Gevrey. O vinhedo é ligeiramente mais íngreme do
Gevrey, por sinal, é a localidade que possui a que Chambertin e seus vinhos tendem a ser mais
maior quantidade de Grand Crus, com nove, e a aromáticos, com notas de pimenta. Ele combina
segunda maior área, com 87 hectares, atrás apenas elegância e vigor, austeridade e potência, com
de Aloxe-Corton. Clos de Bèze tem cerca de 15 muita inesse. Alguns dos principais produtores
hectares de Pinot Noir divididos por mais de 15 pro- são Bruno Clair, Dujac, Faiveley, Robert Grof-
dutores diferentes que produzem aproximadamente ier, Armand Rosseau etc.

52 ADEGA >> Edição 151


A MELHOR
OFERTA DE
BORDEAUX
NO BRASIL.

Em Abril 2017, em Bordeaux, 20 Master


Sommeliers e 65 Masters of Wine pro-
Beba com moderação.

varam 17.200 vinhos, no evento anual da


Revista Decanter.

A maior surpresa do evento foi o Château


Larroque Bordeaux Superieur 2015, que
levou 95 PONTOS, a Medalha Double Plati-
num e o prêmio Decanter Best Value Tinto
2015.

Um Bordeaux de 95 Pontos pode ser ad-


quirido por R$59,90? Hoje, exclusivamente
pela Sonoma, sim.

Garanta o seu agora.


BORDEAUX.SONOMA.COM.BR
2 Charmes-Chambertin
Há quem diga que Charmes se deve ao “charme”
do vinho desse local, porém, a origem do nome é
provavelmente uma corruptela do francês “chau-
mer”, que signiica roçar ou ceifar, ou seja, provavel-
mente denota uma região ceifada e posteriormente
replantada. Charmes ou chaumes, aliás, são termos
considera-se os dois como um só na denomina-
ção Charmes-Chambertin. Porém, há quem diga
que as diferenças são importantes.
Somando então perto de 30 hectares Char-
mes representa mais de um terço dos vinhedos
Grand Cru de Gevrey, com mais de 60 produto-
recorrentes na Borgonha, aparecendo em outros res. O vinhedo ica logo abaixo de Chambertin.
nomes de denominações como Vosne-Romanée les Acredita-se que muito do caráter do Pinot Noir
Chaumes e Meursault Charmes, por exemplo. local deva-se ao ferro misturado nos cascalhos. Ele
Charmes-Chambertin tem pouco mais de 12 é comumente descrito como sendo mais gordo e
hectares de vinhedos e é vizinho à Mazoyères- rústico. É preciso um pouco de cuidado com os
-Chambertin, com 18 hectares. Vale dizer que, produtores, pois há variação de qualidade nas 12
durante muito tempo, os produtores desse vinhe- mil caixas feitas anualmente, portanto, vale a pena
do puderam colocar o nome Charmes no rótulo icar de olho em nomes como: Philippe Charo-
de seus vinhos e atualmente a área deinida para a lopin, Claude Dugat, Dugat-Py, Dujac, Géantet-
denominação abrange os dois vinhedos. Ou seja, -Pansiot, Georges Roumier, Armand Rosseau etc.

AD 95 pontos
PHILIPPE PACALET CHARMES-
CHAMBERTIN GRAND CRU
2008
Philippe Pacalet,
Borgonha, França (World
Wine - não disponível). O
enólogo Philippe Pacalet
é adepto a produção
de vinhos naturais, ou
seja, sem nenhuma ou
baixíssima quantidade
de produtos químicos. A
fruta madura (cerejas)
está muito bem situada
ao lado da madeira que
está milimetricamente
integrada ao conjunto ao
lado de tons especiados
e florais. Em boca é
sensacional, eletrizante.
A alegria desse excelente
Pinot Noir é a integração
da fruta, do álcool, da
acidez, dos tons florais e
herbáceos. Final de boca
muito longo.

54 ADEGA >> Edição 151


Clos de la Roche

3 De Gevrey, indo ao sul, chega-se a Morey-Saint-Denis, onde


se encontram quatro Grand Cru. Clos de la Roche (logo ao
sul de Mazoyères-Chambertin) é indiscutivelmente o maior
deles, com quase 17 hectares de vinhas e aproximadamente
40 produtores, que fazem, anualmente, cerca de 6 mil caixas
de vinho. O nome diz “Clos da Rocha”, o que indica que
provavelmente haveria uma pedra proeminente que batizou
o local. Um dos vinhedos, chamado Pierre Virante, ostenta
uma rocha que se acredita ter sido uma pedra sacriicial liga-
da a um culto celta. Suspeita-se que ela possa ser “la Roche”.
Diferentemente de outros Grand Cru, Clos de la Roche
aumentou consideravelmente de tamanho desde o século
Vista dos vinhedos vizinhos XIX, quando possuía apenas 4,5 hectares. Ele recebeu acrés-
de Clos de la Roche e Clos
St-Denis
cimos de sete vinhedos: Monts Luisantes, Mochamps, Fre-
mières, Chabiots, Genavrières, Chaffots e Froichots.
Este vinhedo é um dos mais importantes para a Pi-
not Noir na Borgonha e no mundo, pois foi plantado
com material selecionado pelo avô de Laurent Ponsot
em 1954 com os principais clones borgonheses, usados
até hoje em todo o planeta.
O calcário domina Clos de la Roche, onde o solo tem
apenas 30 cm de profundidade, com poucos cascalhos,
Clos St-Denis mas com grandes pedaços de pedras. Seu vinho é consi-
Colado e quase cercado pelo Clos de la Roche, derado amplo e rico, com tons terrosos. Notas de trufas
Clos St-Denis é o menor dos quatro Grand Cru também costumam aparecer no nariz. Diz-se que é uma
de Morey-Saint-Denis com 6 hectares, 20 pro- mistura interessante da elegância de Chambertin com a
prietários e pouco mais de 2,2 mil caixas de vinho opulência de Bonnes-Mares e a fragrância de Musigny.
produzidas por ano. Ainda assim, ele era menor Vale icar atento a produtores como Dujac e Ponsot.
no século XIX, com apenas 2,15 hectares. Com
o tempo, ele foi acrescido de parte dos vinhedos
Les Chaffots, Maison Brulée e La Calouère.
O suixo Saint-Denis, que então designava o
vinhedo, foi escolhido pela burguesia da vila de
Morey no início do século XX para complemen-
tar o nome do povoado. As origens do vinhedo
são do século XI, com os “Cânones do Capítulo”
de Vergy. Ele foi plantado por monges dois sécu-
los mais tarde e passou para as mãos da família
Marey-Monge, e depois se fragmentou.
Clos St-Denis ica no sopé da encosta, tem
solos calcários marrons, sem seixos, que contêm
fósforo (como o de Chambertin) e argila (como o
de Musigny). Seu vinho impressiona pelas nuan-
ces reinadas e há quem diga que ele é o “Mozart
da Côte de Nuits”. Ele funde profundidade e po-
tência com ótima fragrância. Aqui deve-se icar
de olho em produtores como Domaine Bertagna
e Philippe Charolopin, por exemplo.

56 ADEGA >> Edição 151


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dividem Musigny
em três partes

5
Musigny
Diz-se que a origem de Musigny, tido como um ma do Clos de Vougeot, entre o Premier Cru Les
dos melhores vinhos não somente da Borgonha, Amoureuses e Les Échezeaux, entre 260 e quase
mas do mundo, é do século XI, quando Pierre Gros 300 metros acima do nível do mar. Este terraço
doou seu “Champ de Musigné” para os monges rochoso e calcário é bastante íngreme (8 a 14%).
cistercienses. A etimologia do nome, porém, não Os solos rasos – de origem jurássica com cerca
é precisa. Acredita-se que venha de uma família de 150 milhões de anos atrás – são ricos com um
de Musigny extinta e que ocupou um importante pouco de argila vermelha na parte superior. Eles
cargo na corte dos Duques da Borgonha até o são geralmente mais argilosos e menos calcários
século XIV. O vinhedo tem pouco mais de 10 do que os dos Grands Crus vizinhos.
hectares com mais de 10 produtores, apesar de O Musigny branco tende a ser extravagante.
90% estar nas mãos de quatro grandes nomes. Um vinho branco feito em terroir de tintos, cheio
Especialistas falam em um vinhedo triparti- e robusto, e não pode ser comparado com os
do com a parte menor e mais baixa “Le Combe Grand Cru de Puligny e Corton-Charlemagne.
d’Orveaux” tendo subido de classe em 1960, de Apenas a família De Vogüé plantou 0,66 hectares
Premier para Grand Cru, depois “Les Petits Mu- de Chardonnay no local. Já o tinto é tido como
signy” e “Les Musigny”. Anualmente são produ- um dos melhores vinhos do mundo, com enor-
zidas 3 mil caixas de vinho, sendo a maioria tinto me complexidade, profundidade de boca e bu-
e uma pequeníssima parte branco. quê espetacular repleto de nuances. Deve-se dar
Musigny ica em Chambolle-Musigny, no atenção aos produtores Jacques Prieur, Domaine
coração da Côte de Nuits, e está localizado aci- Leroy e Domaine Comte Georges de Vogüé.

58 ADEGA >> Edição 151


Échezeaux é um
Grand Cru de “grandes
proporções”

Échezeaux
Este é um dos mais famosos e também mais Graças aos diferentes tipos de solo e climats, os
díspares vinhedos Grand Cru da Côte de Nuits. vinhos de Échezeaux tendem, como já dito, a ser
Muito disso deve-se à sua área, com mais de 35 bastante diversiicados. Há quem coloque os cli-
hectares de vinhas, e à quantidade de produtores, mats Em Orveaux, Les Pouaillères, Échezeaux du
com mais de 80. Divisão similar à do Clos de Dessus, Cruots, Champs Traversins e Rouges du
Vougeot (com o qual faz fronteira), outro vinhedo Bas como “segundos vinhos” no ranking dentro de
que também produz vinhos muito díspares para Échezeaux. Grands Échezeaux seria o primeiro
os padrões do que se considera Grand Cru na lugar e os climats restantes icariam em terceiro.
Borgonha. Falando de maneira geral, Échezeaux tem aromas
O vinhedo de Échezeaux ica localizado aci- que evocam rosa, violeta e cereja, com bastante
ma do povoado de Flagey-Échezeaux – entre equilíbrio e taninos suaves. Entre os inúmeros pro-
Vougeot e Vosne-Romanée. Acredita-se que o dutores, alguns se destacam: Robert Arnoux, Du-
nome derive de Aux Cheusots ou Les Cheseaux e jac, Jean Grivot, Anne Gros, Domaine du Comte
se referia a habitações. De raiz galo-romana, che- Liger-Belair, Méo-Camuzet, Jacques Prieur, Do-
saux signiica um grupo de casas. Ao lado, ica maine de la Romanée-Conti etc.
o vinhedo de Grands Échezeaux, que, apesar do
nome, é menor que Échezeaux, com menos de AD 95 pontos
DOMAINE DU COMTE LIGER-BELAIR ÉCHEZEAUX GRAND CRU 2007
9 hectares. Domaine du Comte Liger-Belair, Borgonha, França (Mistral US$ 773). Este Grand
Échezeaux apresenta solos diversiicados com Cru apresenta uma complexidade desconcertante. Com aromas límpidos e
climats diferentes e estão em uma altitude pouco elegantes, a fruta destaca-se na cereja e ameixa ainda no pé, seguido de ervas e,
acima de 300 metros do nível do mar (13% de ao fundo, um leve aroma de crème brûlée. Na boca, vem chegando em ondas,
declive médio). Na parte superior, os solos são primeiro a fruta, depois a acidez e, por último, os taninos presentes e perfeitos.
Com o tempo em taça, seu aroma evoluiu para um verdadeiro buquê de flores do
profundos, com 70 a 80 centímetros, e a base
campo. Um grande vinho, com excelente capacidade de evolução e que, segundo
tem cascalho, argila vermelha, marga amarela o proprietário Louis-Michel, é um vinho mais desinibido, que até 10 anos de idade
etc., um mosaico bastante variado e complexo. se mostrará mais que seu reservado irmão, o La Romanée Grand Cru.

60 ADEGA >> Edição 151


+ de
1 MILHÃO
de leitores
Richebourg surgiu da
junção de dois climats
em 1920

7 Richebourg
Os vinhedos de Vosne-Romanée são certamente
os mais famosos da Borgonha. Não há quem
nunca tenha ouvido falar de Romanée-Conti, La
Tâche, Romanée-Saint-Vivant, La Grande Rue, La
Romanée e Richebourg. Este último tem cerca de 8
dos papéis durante a noite, criando uma designa-
ção “Richebourg ou Veroilles”, como se os dois
nomes fossem alternativas, o que foi aprovado na
comissão e o domaine obteve seu Richebourg.
O vinhedo ica entre 260 e 280 metros de al-
hectares divididos em 10 proprietários, produzindo titude sobre solos de apenas 30 centímetros de
cerca de 2,7 mil caixas de vinho por ano. profundidade compostos principalmente de de-
O vinhedo é uma junção de dois climats, o pósitos calcários misturados com argila. Há pon-
Les Richebourgs (que pertenceu aos monges cis- tos onde se encontram depósitos marinhos. Os
tercienses) e o Premier Cru Les Verroilles, que pontos mais altos tendem a ter maturação mais
foi reclassiicado e incorporado em 1920. Ri- lenta e a chaptalização costuma ser necessária.
chebourg ica separado de Échezeaux e Grands O vinho proveniente de Richebourg, sempre
Échezeaux pelo Premier Cru Les Suchots. Ele tinto, costuma ter uma textura irme, robustez
faz limite ainda com La Romanée e Romanée- e grande estrutura, muitas vezes descrito como
-Conti, além de Romanée Saint-Vivant. suntuoso. Muitos deles precisam de alguns anos
Uma lenda diz que um poderoso domaine em garrafa para serem melhor compreendidos.
queria que seu vinho fosse classiicado como Dez anos seria uma boa espera. Alguns produ-
Richebourg e pediu que seu Richebourg-sous- tores de destaque são: Jean Grivot, Anne Grous,
-Veroilles fosse reclassiicado. Curiosamente, Méo-Camuzet, Domaine Leroy e Domaine de la
duas letras de “sous” misteriosamente sumiram Romanée-Conti.

62 ADEGA >> Edição 151


Vinhedo fazia parte
do jardim da igreja de
Saint-Vivant

8
Romanée Saint-Vivant
O suixo Saint-Vivant vem da abadia de Saint-
Vivant. O vinhedo está grudado na vila de Vosne-
Romanée e diz-se que apresenta um contraste
marcante com os outros vinhedos de Romanée,
especialmente seu vizinho Richebourg.
Com pouco mais de 8 hectares, Saint-Vivant
tem cerca de 10 proprietários e produz aproxi-
madamente 3 mil caixas de vinho por ano. Ele
já foi conhecido como Clos Saint-Vivant e per-
tenceu à abadia de mesmo nome, que fazia parte
dos domínios de Cluny, anterior ao período dos
cistercienses. O vinhedo era parte do jardim da
igreja. Uma parte dele, tida como de qualidade
inferior, foi rebaixada para o Premier Cru Croix
Rameau. A primeira vez que o preixo Romanée
foi incorporado foi em 1651, graças à proximida-
de com Romanée-Conti.
A parte mais baixa é conhecida como Les
Quatre Journaux. Journal equivale a uma antiga
medida de terra, representando um terço de um
hectare. Essa parcela costuma receber o nome
cuvée Les Quatre Journaux de seus proprietários.
Duas outras parcelas, conhecidas como Au Plans
e Clos du Moytan foram reunidas na Cros des
Cloux, que pertence ao Domaine de la Roma-
née-Conti.
O vinhedo tem ondulações gentis entre 255
e 260 metros, com a parte superior tendo mais
concentração de calcário crinoidal e a parte mais
baixa com mais argila. Diz-se que o vinho de Ro-
manée Saint-Vivant é o mais delicado e feminino
dos Grand Cru de Vosne-Romanée, muito seme-
lhante a Musigny. Um vinho etéreo. Alguns de
seus melhores exemplares são feitos por produto-
res como Robert Arnoux, Dujac, Domaine Leroy
e Domaine de la Romanée-Conti.

AD 95 pontos
DOMAINE DE LA ROMANÉE-CONTI
ROMANÉE-SAINT-VIVANT 2011
Domaine de la Romanée-Conti, Borgonha, França
(Optim € 1.000). Um misto da força e intensidade do
Grands Échezeaux com o ar aparentemente delicado
e sutil do Corton. Exuberante e sedutor esbanja
cerejas maduras seguidas de notas terrosas e de
cânfora, que convidam a mais um gole. Tem acidez
vibrante, taninos de excelente textura e final puro e
elegante. Por sua qualidade e estilo, mostra-se muito
acessível mesmo tão jovem.

64 ADEGA >> Edição 151


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Vista do vinhedo
de Montrachet

Corton-Charlemagne
Aqui chegamos nos domínios da Côte de Beau-

10
ne. Corton-Charlemagne é uma das denomina-
ções de brancos mais célebres da Borgonha. O
vinhedo tem cerca de 70 hectares e se estende
por três vilas (Aloxe-Corton, Ladoix-Serrigny e
Pernand-Vergelesses) com 75 climats. São produ- Le Montrachet
zidas mais de 23 mil caixas anualmente. Mont Rachet, monte calvo, é a pequena elevação
Acredita-se que o nome Corton derive de uma AD 94 pontos a oeste da vila de Puligny-Montrachet. O vinhedo
contração de Curtis d’Orthon. Curtis signiicaria LOUIS JADOT CORTON- Le Montrachet é considerado a fonte dos maiores
CHARLEMAGNE GRAND CRU
“Domaine” e Orthon teria sido um imperador ro- 1999 vinhos brancos do mundo. É o Chardonnay mais
mano que era dono dessas terras. Charlemagne, Maison Louis complexo, expressivo e intenso que existe.
não é preciso muito esforço para supor, vem do Jadot, Borgonha, Ele ica entre os vinhedos de Chevalier-Mon-
imperador Carlos Magno. Aliás, reza a lenda que França (Mistral Não trachet e Bâtard-Montrachet e se divide quase que
disponível). Os vinhos
sua esposa, Luitgarde, teria solicitado que fossem igualmente entre as comunas de Puligny-Montra-
originários deste
plantadas uvas brancas no lugar de tintas para terroir tendem a ficar chet e Chassagne-Montrachet. São pouco menos de
que a barba do imperador não icasse manchada melhores depois de 8 hectares com mais de 15 proprietários e produção
de vinho. uma década em garrafa anual de aproximadamente 3,5 mil caixas.
O vinhedo foi um presente de Carlos Magno, e é o que se constata Acredita-se que a qualidade desses vinhos já era
em 775, para igreja de Saint-Andoche de Sau- neste exemplar, conhecida desde o século XVIII apesar de apenas
que exibe linda cor
lieu. Entre os diversos climats há também alguns amarelo-palha de
na segunda metade do século XIX terem sido plan-
históricos, como o Clos du Roi, dedicado aos reis reflexos dourados e tadas as vinhas de Chardonnay. Antes, havia uma
da França que dominaram a região, ou Les Ma- aromas pronunciados mistura de cepas indígenas, como Aligoté e Gamay.
réchaudes e La Doix. Bonneau du Martray talvez de abacaxi em calda, Montrachet já foi descrito por ninguém menos que
seja o vinhedo mais famoso, com vinhas somen- bem como notas Alexandre Dumas (Os três mosqueteiros). Até 1990,
florais lembrando
te em Charlemagne, e que teriam pertencido a quando o Domaine Lelaive comprou 0,08 hectare,
copos de leite,
Carlos Magno. além de agradáveis nenhuma parcela do vinhedo pertencia a um produ-
Corton-Charlemagne ica em encostas íngre- toques minerais, de tor de Puligny.
mes (20 a 23%) e na parte mais alta da montanha mel e de camomila, Em Montrachet, os solos – entre 250 e 270 me-
de Corton, entre 280 e 330 metros, com solos do tudo permeado por tros acima do nível do mar – são pouco profundos
cativantes notas
período Jurássico, de 145 milhões de anos, ricos sobre um calcário duro, atravessado por uma faixa
amanteigadas e de
em argila e bancos calcários se alternando. O baunilha. Em boca, é de marga avermelhada. A proteção de Mont Rachet
vinho Chardonnay local é de uma delicadeza exuberante, classudo, contra os ventos é decisiva no terroir. Diz-se que seu
ininita, com aromas de manteiga, maçã assada, muito equilibrado, vinho “abre as portas do paraíso”. Ele é untuoso e ir-
citrinos, abacaxi, notas de mel etc. Ele apresenta tem ótima acidez e me, seco e sedoso, envolvente e profundo. Tem fruta
grande concentração e muito equilíbrio. Vale a final persistente e madura, acidez na medida, concentração, comple-
profundo, confirmando
pena icar de olho no que produzem Bonneau du o nariz. Cremoso e
xidade, textura suave e equilíbrio. Entre os produto-
Martray, Domaine Bertagna, Bruno Clair, Jean- diferenciado, tem estilo res de maior destaque estão Blain-Gagnard, Comtes
-François Coche-Dury, Faiveley, Louis Jadot, mais delicado e sutil, Lafon, Domaine Lelaive, Jacques Prieur, Ramonet,
Domaine Leroy etc. uma delícia. Domaine de la Romanée-Conti etc.

66 ADEGA >> Edição 151


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Guia prático do bom


sommelier 15 passos importantes para seguir

S
ommelier é o responsável pelo serviço com naturalidade pelo salão dos restaurantes – e
de vinhos (e outras bebidas) num res- de dicção – para melhor se comunicar com os
taurante, embora muitas vezes também clientes. Exagero? Talvez. Mesmo assim, isso
tenha atribuições administrativas como mostra que ser um bom sommelier não é sim-
comprar e administrar o estoque de be- plesmente ouvir o pedido, trazer o vinho e servi-
bidas alcoólicas do estabelecimento. Mas, como -lo aos clientes.
tornar-se um proissional diferenciado nessa área? Nem seria preciso mencionar que conhe-
No livro Cork Dork (“obsessão por rolha”, em cimento técnico e teórico sobre vinho e sobre
tradução livre), ainda sem edição no Brasil (ver o trabalho que se espera do sommelier são pré-
seção Enocultura no número 147 de ADEGA), -requisitos indispensáveis. E que isso pressupõe
a norte-americana Bianca Bosker dá algumas formação em cursos sérios e muitas horas de prá-
pistas. Bianca decidiu entrar no mundo do vinho tica. Vale à pena registrar também que um bom
para entender a paixão quase insana, pelo tempo sommelier nunca deixa de estudar e de aprender.
e dedicação exigidos, que move esses proissio- As recomendações reunidas a seguir, que não
nais, deinidos por ela como “os hedonistas mais têm a pretensão de esgotar o assunto, podem ser
masoquistas”. Uma de suas primeiras surpresas úteis para quem está começando na proissão. E
foi descobrir que alguns dos futuros colegas (ao dão uma ideia dos cuidados a serem tomados no
inal, ela própria acabou abraçando a proissão) dia a dia para executar seu trabalho da melhor
frequentam aulas de dança – para se deslocar forma possível.
fotos: divulgação

Para começar Verificar


Foi-se o tempo em que ter- o salão! Carta de vinhos Carta de
no (ou smoking) eram parte Assim como, antes de iniciar A carta de vinhos deve Vinhos II
indispensável da indumen- um voo, pilotos e comissários contemplar uma seleção Ofertas em meias-garrafas
tária. Hoje, tudo depende checam os itens de segurança eclética em termos de e de vinhos em taça são
da proposta do estabeleci- do avião, cabe ao sommelier regiões, uvas e faixas de sempre bem-vindas, inclusi-
mento (restaurante, bar) no veriicar as condições de seu preço. Obviamente, de ve para atender situações em
qual se trabalha, que pode ambiente de trabalho, antes um restaurante italiano que nem todos os comensais
ser menos ou mais formal. mesmo de o restaurante abrir espera-se uma carta focada, bebem vinho ou para servir
Mas há regras que valem as portas. As taças (de vinho e principalmente, em vinhos um casal em que um prefere
para todos. Pela natureza de outras bebidas) e decanters italianos. Ainda assim, é tinto e o outro, branco.
do trabalho que exerce, o devem estar limpos e em local desejável que disponha de
sommelier não deve usar, pré-determinado, que facilite algumas garrafas de outras
por exemplo, perfume, o serviço. O estoque deve ser procedências para atender
loção pós-barba (no caso veriicado (provavelmente há solicitações especíicas dos
dos homens) e até mesmo rótulos que se esgotaram) e os clientes. Se o sommelier for
desodorante com aromas vinhos devem estar “adega- o responsável pela compra
muito intensos, porque isso dos” de forma adequada. Há dos vinhos/bebidas, o que
interfere na avaliação dos restaurantes que se dão ao nem sempre é o caso, não
vinhos (a dele próprio e a luxo de manter uma adega custa lembrar que ele/ela Carta de
dos clientes que atende). maior, para o estoque, e deve ser absolutamente Vinhos III
outra no próprio salão, com os ético nessa escolha. De preferência, nunca
vinhos que normalmente têm deixar na carta vinhos
mais saída ou que são ven- que não estão mais dis-
didos em taça, o que facilita poníveis.
o serviço. Infelizmente, são
exceções.

Edição 151 >> ADEGA 69


Sabe
S er a safr
ra é Que
Q em paga
p
im
mpo
ortaante
e a co
ontaa é o liente
Se na carta
car a nã
n constar a “Não
o dar aula!” Respeitar sem
emp e a escolha
oferecidos Aboordaar o cli nte de o que não
(e é altamente recomendá- ma aadequada. Não
form concorde com ela. Esse
vel que conste), é bom ter ser nem arrogante ponto é particularmente
à mão uma relação com as nte. Pri- sensível no que tange à sele- Só indicar,
indic ,
que estão disponíveis, para meiro, ouvir o que ele ção do vinho em função do se soliicitaad
não ter que ir até a adega tem a dizer. Não dar prato escolhido. Se o cliente Em princí
pr ncípio, somme-
veriicar a informação se o “aula” de vinho, mas não consultar o sommelier erir um
cliente perguntar. prestar as informações e pedir um Tannat para vinho se for especiica-
que forem solicitadas acompanhar o “Linguado a mente solicitado pelo
por ele. belle meunière”, não cabe cliente. Mesmo nesse
ao proissional fazer cara feia caso, deve preocupar-
ou tentar dissuadi-lo com ar- -se em entender seu
gumentos técnicos. A decisão gosto (“só bebo tinto”),
do cliente é soberana. É ele idiossincrasias (“detes-
quem paga a conta e, por to rosés”) e limitações
extensão, o salário de todos inanceiras, para evitar
os proissionais do estabele- constrangê-lo ao sugerir,
cimento. por exemplo, um vinho
mais caro do que ele
gostaria de pagar.

C mpo
Com ortaamen
nto
O sommelie
mm er devve
p manec jjuntto à
permanecer
l empo A tude
Atit
necessário para efetuar o Cabee ao som
C mmelier
serviço. Obviamente, se t
tomar r a inici
iniciativaa de
um cliente antigo tomar -
a iniciativa de puxar tamente, servi-lo na
conversa, esse tempo será temperatura e taça
maior. Mas é bom não se adequadas e decantá-
esquecer dos outros clien- -lo se for o caso. Aqui a
tes e de que ninguém competência é do som-
gosta de se sentir tratado melier, a menos que o
como se fosse de “segun- cliente faça alguma ob-
da classe”. Também por jeção do tipo “preiro
isso, não icar de costas que este vinho não seja
para o salão, ignorando decantado”. Aí, vale o
clientes que solicitam dito no item 8.
atenção.

70 ADEGA >> Edição 151


Nome dos vinhos
Se possível, o somme-
lier deve aprender pelo
Reposição menos a pronunciar cor-
Repor o vinho nas taças retamente o nome dos
no ritmo adequado ao vinhos listados na carta,
longo da refeição, ou ainda que difíceis, como
seja, nem muito lento no caso dos alemães.
(sinaliza falta de atenção)
nem muito rápido (dá a
impressão de querer forçar
o cliente a pedir outra
garrafa).

fotos: divulgação
Cuidado com as
redes sociais!
Ainda que sejam ferramen-
Vinhos raros e tas úteis para networking,
caros é preciso muito cuidado
No caso de o cliente ao usar as redes sociais. Recado inal para os clientes: não tenham medo de
trazer um vinho raro e Por exemplo, jamais postar recorrer ao sommelier. Ele é um proissional qualiicado
muito caro de casa, cabe fotos ou comentários a que está a seu serviço e para que a sua experiência no
ao sommelier solicitar a respeito dos clientes e dos estabelecimento seja a melhor possível.
garrafa quando o cliente vinhos que consumiram, a
chegar e fazer o serviço não ser, é claro, se autori- *Com contribuições de Arthur Azevedo e Nelson Luiz
normalmente, sem cha- zado pelo próprio. Pereira, ambos diretores e professores da Associação
mar a atenção. Brasileira de Sommeliers – SP. Nelson é também um dos
sommeliers mais experientes de São Paulo.

Edição 151 >> ADEGA 71


ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO
Aurelian Ibañez

72 ADEGA >> Edição 151


Com ou
sem açúcar?Polêmica envolvendo o Château Giscours retoma o tema
da chaptalização: recurso ou “crime”?

P
ode parecer controverso – em um sièmes Crus de Bordeaux, por ter chaptalizado
mundo em que cada vez mais se ilegalmente alguns de seus vinhos da safra 2016.
fala de aquecimento global e o con- Os diretores do château não negam ter acrescen-
sequente aumento do grau alcoólico tado açúcar a uma barrica de Merlot, mas air-
dos vinhos – ainda ser necessário que mam que não tinham a intenção de agir contra a
enólogos lançem mão da chaptalização. O nome lei. Alegam, aliás, terem solicitado ao órgão regu-
da técnica está ligado a Jean-Antoine Chaptal, lador e terem recebido uma resposta airmativa.
químico francês que teria proposto esse método Logo, a polêmica explodiu.
no século XVIII. Em entrevista Gonzague Lurton, presidente
Chaptalização é a adição de açúcar durante a do Organisme de défense et de gestion (ODG) de
fermentação, com o objetivo de aumentar o teor Margaux (órgão que regula a região de Margaux,
inal de álcool do vinho. Você pode ser pergun- em Bordeaux) e proprietário do Château Durfort-
tar: “por que alguém faria isso?” Nas mais varia- -Vivens, airmou que houve, sim, uma primeira
das regiões do mundo, os vinhos, por lei, preci- comunicação em que a autorização para chapta-
sam ter um teor mínimo de álcool, portanto, caso lizar estava conirmada, mas, logo em seguida foi
as uvas não tenham em si mesmas a quantidade enviada outra dizendo que todas as outras cepas,
de açúcar suiciente para chegar a isso, essa adi- exceto a Merlot, estavam autorizadas.
ção garantirá. Alexander Van Beek, diretor do Château Gis-
A chaptalização é uma técnica mais comum cours, criou ainda mais polêmica ao revelar que
em regiões frias, onde as uvas tendem a sofrer os pedidos de chaptalização são “banais” e feitos
para atingir a maturação necessária. Mas essa “sistematicamente” na maioria dos anos e para
“falta de açúcar” pode ocorrer não somente pelo todas as variedades de uvas. No entanto, ele diz
frio, mas por períodos de chuva e outros fatores. que, apesar disso, o método é raramente usado.
Ainda assim, quando pensamos que o planeta
está sentindo os efeitos do aquecimento global e Todo mundo pode usar?
a indústria do vinho é uma das que vem notando A fala de Van Beek deixou muita gente de cabelo
isso mais fortemente, é curioso ver explodir no em pé, especialmente aqueles que defendem a não
noticiário do vinho uma polêmica sobre o uso da intervenção ou a mínima intervenção possível nos
chaptalização. vinhos. ADEGA então resolveu questionar enólogos
das mais variadas partes do mundo, que abordam
O caso Giscours diferentes realidades, para saber o que eles pensam
Em março, as autoridades francesas abriram pro- a respeito do tema. Diante de um tema delicado,
cesso contra o Château Giscours, um dos 15 Troi- algum preferiram não responder. Outros optaram
dos vinhos. É uma ação necessária e não deve ser
banida, mas tem sido muito menos praticada nos
últimos 20 anos. É um método muito controlado e
cuja autorização é submetida à autoridade regional.
Essa autorização é anual, por variedade e por deno-
minação, por isso é muito regulamentada e adap-
tada às condições locais e à safra. O aquecimento
global em curso pode nos permitir um dia libertar-
-nos disso, mas isso também pressagia muitos outros
problemas”, alerta.
Ou seja, mesmo em locais onde costuma ser
permitida, a chaptalização é vista com certa caute-
la, apesar de ser considerada indispensável. Para o
enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, “a chaptali-
zação é um recurso válido em condições especiais,
mas que não deveria ser uma constante”. “Acres-
centar 1% ou 2% de álcool através desta técnica
não afeta a qualidade do vinho, o problema é o
que há por trás disso ou o porquê da necessidade
dessa correção. E essa correção é feita porque nes-
sa região ou naquela safra especíica as uvas não
chegaram a um nível de maturação para atingir
uma graduação ótima para o vinho”, aponta.
fotos: divulgação

Para ele, a questão a ser observada não é a


qualidade do vinho inal chaptalizado, mas a
qualidade da uva. “Uma fruta que não alcança
a quantidade de grau requerido para o tipo de vi-
nho desejado dará um vinho desequilibrado ou
O nome da por respostas mais políticas, como François Perrin,
por exemplo: “Eu não tenho muita opinião sobre
com notas verdes – no caso dos tintos. Isso faz
com que o chaptalização não seja um problema,
técnica está o assunto, porque no Vale do Rhône não temos mas sim a qualidade da fruta”, diz.
ligado a problema com grau alcoólico. A chaptalização em No entanto, ele airma que, antes de apontar o
Jean-Antoine Beaucastel nunca foi usada, não porque seja boa ou
ruim, mas porque nunca precisamos disso”.
dedo acusando alguém, é preciso ponderar algu-
mas coisas. “No quesito qualidade da fruta, é pre-
Chaptal, Já Véronique Sanders, diretora do Château ciso separar duas coisas. Ou essa fruta não chega
químico Haut-Bailly, de Graves, não teve receio em defen- à sua melhor condição porque é um ano muito
der a chaptalização. “A chaptalização é um método chuvoso, ou porque essas frutas são de uma região
francês tradicional usado pelos viticultores desde o século fria ou chuvosa que se adaptam àquelas condições.
que teria XVIII para aumentar o teor alcoólico do vinho. Os Ainda assim, nessas regiões deve-se buscar, na par-
proposto esse romanos já usavam mel para aumentar a potência
de seus vinhos. A chaptalização torna possível ter
te de manejo vitícola, que as uvas cheguem ao seu
potencial, por exemplo, baixando rendimentos,
método no um melhor equilíbrio nos vinhos quando os graus podas, sistema de condução, exposição solar etc.
século XVIII potenciais são muito baixos. Isso permite, em geral, Não se pode colocar a culpa na região para não
ter vinhos mais redondos com um equilíbrio entre se fazer o trabalho de campo. Mas volto a salien-
ácido e álcool mais favorável. Na nossa região de tar que há anos de condição chuvosa acima do
clima oceânico (bastante fresco) bem como nas normal, ou dentro da safra há semanas de chuvas
regiões de ‘viticultura de clima frio’, o uso da chap- intensas que atrapalham todo o bom manejo e aí
talização é indispensável e muito frequente para não tem muito o que ser feito”, airma.
manter o lado fresco e maduro das notas frutadas Visão similar tem o enólogo chileno Francis-

74 ADEGA >> Edição 151


co Baettig: “Acredito que a uva para a produção
de vinho requer certos equilíbrios e que, se você
não os alcançar, deve questionar a qualidade do
terroir para produzir uvas para vinho. Isso em
geral, mas entendo que pode haver anos parti-
cularmente difíceis, como os muito quentes ou
extremamente chuvosos e frios, em que recursos
como correção de acidez ou chaptalização, res-
pectivamente, são válidos para garantir a qualida-
de dos vinhos”.

Melhor ou pior?
Em sua fala, Baettig, da Viña Errázuriz, levan-
ta a questão de outra correção, a de acidez. Se a
chaptalização tende a ser uma técnica usada em
regiões frias, a acidiicação é mais comum em re-
giões quentes. A acidiicação é a adição de ácidos
(geralmente tartárico ou málico) para aumentar
a acidez de um vinho. Ela é usada quando as
uvas são colhidas muito maduras e, como resul-
tado, produzem vinhos com baixa acidez e alto
pH. Um pH elevado torna o vinho instável, gera
sabores desagradáveis e pode fazer com que ele se
deteriore rapidamente.
E é pensando por esse lado que Angelo Pa- (taninos etc.) e agentes de reinamento que são per-
“Sem
van, enólogo da vinícola canadense Cave Spring, mitidos em quase todas as regiões e denominações. chaptalização,
atesta: “Acho que a chaptalização é um recurso Quando falamos e deinimos ‘terroir’, não são essas a Borgonha
válido para regiões de clima mais frio, e não há práticas e adições, ao menos, tão adulteradoras do
absolutamente nenhuma razão para que não seja terroir quanto a chaptalização?”, questiona.
não existe!”,
permitida. Acho que a chaptalização é um dos afirmou
aspectos mais respeitosos das práticas de viniica-
ção, e muda a estrutura do vinho de uma maneira
Questão de vida ou morte?
Há cinco anos, em uma entrevista para ADEGA,
Pierre-Henry
menos signiicativa do que o que precisa ser feito Pierre-Henry Gagey, presidente da Louis Jadot, Gagey
nas áreas vitícolas de clima quente. Enquanto os foi enfático: “Sem chaptalização, a Borgonha não
fenóis nas uvas estiverem bastante maduros numa existe!” E ele demonstrou sua noção de maneira
vindima mais fresca e o vinho resultante não for muito simples: “Uma boa uva tem três caracterís-
excessivamente “verde”, uma pequena quantida- ticas. A primeira é a madurez, de açúcar e fenó-
de de chaptalização dará mais peso ou corpo ao lica. Um dos desaios é alcançar a madurez dos
vinho sem alterar a sua autenticidade”, garante. dois ao mesmo tempo. A segunda característica é
Segundo Pavan, “em regiões de clima quente, o a excelência, para que a uva esteja impecável. E,
mosto de uvas é geralmente acidiicado, o que reduz por im, a acidez. Nós não temos esse equilíbrio
o pH e aumenta a acidez, o que muda deinitiva- sempre. Às vezes, temos boa maturação fenólica,
mente a estrutura do vinho de uma forma mais sig- mas não temos açúcar suiciente. Então, temos
niicativa do que a chaptalização”. Ele cita ainda ou- que fazer chaptalização. Isso é uma coisa que as
tras técnicas que “alterariam” o vinho tanto ou mais pessoas não falam. É melhor fazer isso do que es-
que a chaptalização. “Existem outras práticas de vi- perar muito para colher e deixar a uva apodrecer.
niicação que também alteram o vinho de maneira O equilíbrio ideal conseguimos em 2009, quan-
signiicativa. Pense na fermentação em barricas, no do tudo estava perfeito. Mas não é sempre”.
envelhecimento em barricas e em todos os produtos Bem menos radical é o neozelandês Blair

Edição 151 >> ADEGA 75


talvez mais elegância e transparência seja o cami-
nho a seguir.”
Ele admite que prefere não fazer qualquer
tipo de adição ao vinho, mas “às vezes, são ne-
cessárias adições para produzir vinhos de melhor
qualidade. É claro que seria bom se nunca tivés-
Luna Garcia/Estúdio Gastronômico

semos de fazer quaisquer acréscimos”.


Walter resume seu pensamento de forma in-
teressante: “Em algumas áreas e safras em que as
uvas não icam suicientemente maduras, a chap-
talização é vista como necessária para dar mais
textura e volume no palato com um álcool mais
elevado. Posso concordar com isso, mas acho que
Blair Walter, Walter, da Felton Road. Ao ser questionado sobre deve ser limitado ao suco de uva concentrado,
partidário o tema, ele se mostrou espantado, pois, curiosa-
mente, a safra 2018 foi a primeira vez que eles
em vez de cana, beterraba ou outros tipos de açú-
car. Exatamente da mesma forma que, às vezes,
da não usaram chaptalização. Acalmem-se quem já está não há acidez suiciente e uma pequena adição
intervenção, com os cabelos em pé pensando: “mas eles são de ácido tartárico pode melhorar muito o vinho
biodinâmicos!” Walter deixou bem claro que a e assegurar um equilíbrio muito melhor, estabili-
chaptalizou chaptalização foi usada como teste. dade microbiológica e aumento do potencial de
vinho, como “Tivemos um verão quente com os sabores envelhecimento. Pelo menos, o ácido tartárico é
experiência, parecendo estar suicientemente maduros, mas
os açúcares baixos. Fizemos uma colheita mais
derivado das uvas”.
Falando da Itália, onde a chaptalização é proi-
pela primeira cedo em algumas partes das vinhas, mas eu es- bida, aliás, só permitida em “safras desfavoráveis”
vez na safra tava preocupado com o baixo teor de açúcar no para “enriquecimento” dos espumantes – na to-
2018 vinho e a potencial falta de corpo. Normalmente,
nossos vinhos têm entre 13,5% e 14%, em alguns
mada de espuma –, o enólogo Gianmario Ce-
rutti, da vinícola Coppo, do Piemonte, diz que o
momentos até 14,5%, então será interessante “enriquecimento” poderia ser um recurso, mes-
para sabermos se há alguma reação negativa ou mo quando se opta por outras práticas que permi-
percepção de falta de corpo e textura nos vinhos tem não ter necessidade disso – como viticultura
em torno de 12,5%. Só tivemos dois lotes tão bai- com exposição adequada das vinhas, diminuição
xos (dos cerca de 30) e izemos uma tentativa de do vigor das plantas, desbaste etc. “Diria que é
chaptalizar versus deixar como está, versus colher algo lícito, mas apenas em safras especiais adver-
cinco a 10 dias mais tarde com um nível de açú- sas para ajustar moderadamente o teor de açúcar
car mais alto. Normalmente, não percebemos natural e com regras precisas que devem sempre
a maturidade do sabor em níveis tão baixos de ter em mente o conceito básico de singularidade
açúcar, mas tivemos uma primavera e um verão e excepcionalidade. O que usar? Açúcar comum
muito mais quentes do que o normal. Suspeito (de cana ou de beterraba), mosto de uvas con-
que o vinho chaptalizado vai produzir um pouco centrado, em forma líquida ou cristalizado, para
mais de volume, mas não o ‘peso da fruta’ que mim deve ser permitido tudo e deixar a escolha
gostaríamos de ver e que normalmente obtemos para o produtor que decide com critérios técni-
depois da colheita”, airmar Walter. cos e não políticos”, aponta.
“Mas a questão permanece: é o peso da fru- Prós e contras listado, nota-se claramente que
ta e o aumento da sensação de boca que é im- antes de demonizar o uso da chaptalização, tal-
portante, ou vinhos mais precisos, elegantes e vez seja preciso levar em conta fatores que vão
delicados de uma colheita antecipada? No Novo além da índole humana, pois o vinho apesar de
Mundo, é a primeira opção que tem recebido ser algo natural, um produto da natureza, ele é
toda a atenção até o momento, mas a agricultura feito pelo homem e para o homem, e nessa equa-
biodinâmica nos ensinou a ser mais respeitosos e ção há muitas variáveis.

76 ADEGA >> Edição 151


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GRANDS CHÂTEAUX | p o r ARNALDO GRIZZO

Pacto
nupcial
A
beleza de Leonor, ou Eleanor, du- mulher inluente, de muita presença, não so-
quesa da Aquitânia, é comentada por mente pela beleza, mas pelas opiniões e atitudes.
diversos cronistas do século XII. “Per- Diz-se que, graças a ela, Luís VII, O Jovem, seu
pulchra”, ou formosa, era um termo marido, tomou partido das aspirações papais e
bastante comum quando se referiam lançou-se na campanha desastrosa da Segunda
a ela. No entanto, não foi necessariamente sua Cruzada. O casamento, porém, durou apenas 15
aparência, mas sua herança que motivou grandes anos, sendo anulado, entre outras coisas, por ela
disputas entre França e Inglaterra durante séculos. não ter gerado um ilho homem que herdasse o
Nascida por volta de 1.120, ainda muito jovem reino francês.
ela herdou as terras da Aquitânia – um dos maiores
ducados da Europa na época, abrangendo a maior O vinho da festa
parte do que era o território francês – de seu pai, Leonor, contudo, não perdeu tempo e oito sema-
Guilherme X, um dos principais vassalos do rei da nas após a anulação, casou-se novamente, desta
França. Pouco antes de morrer no trajeto do Cami- vez com Henrique Plantageneta, duque da Nor-
nho de Santiago de Compostela, o duque se mu- mandia, de quem era prima em terceiro grau. O
dou para Bordeaux. Receoso de que algum lorde casamento ocorreu em 18 de maio de 1152. Diz-
raptasse a ilha para se casar a força (algo muito -se que a festa teve muito menos pompa que em
comum na época, especialmente quando envol- seu primeiro matrimônio. Segundo cronistas, o
via famílias e reinos tão inluentes), deixou-a aos vinho servido, que selaria o destino da região da
cuidados do monarca Luís VI, O Gordo, que não Aquitânia, e consequentemente de Bordeaux, foi
perdeu tempo e a casou com seu ilho. o do Château d’Issan, de Margaux.
Tão logo se uniu ao príncipe, em 1137, o rei Dois anos depois, em 1154, Henrique II foi co-
morreu de disenteria e Leonor já era rainha da roado rei da Inglaterra e Leonor novamente se tor-
França. Historiadores descrevem-na como uma nou rainha. Assim, toda a região de Bordeaux, sob

78 ADEGA >> Edição 151


Após a derrota na
famosa batalha de
Castillon, em 1453,
as tropas inglesas
teriam ido a Issan
e consumido seu
estoque
Casamento domínio do ducado da Aquitânia, terras que per-
tenciam à Leonor por herança, icaram sob con-
século XII, o que faz com que ele seja considera-
do uma das vinícolas mais antigas de Bordeaux.
entre trole inglês, o que gerou conlitos durante séculos. O Château d’Issan passou pelas mãos de di-
Henrique Graças a essa união, Bordeaux foi território da versas famílias inluentes como os Ségur, os Sa-
Inglaterra por cerca de 300 anos, o que fez com lignac e os La Vergne. Acredita-se que o nome
Plantageneta que os vinhos bordaleses fossem tão favorecidos Issan deve-se ao Chevalier d’Essenault, então
e Leonor da pelos ingleses. O domínio inglês só terminou em conselheiro do parlamento de Bordeaux, que
Aquitânia foi meados do século XV, após o im da Guerra dos destruiu o antigo o castelo e ergueu o atual edifí-
Cem Anos. Diz-se que aqui também Issan teve cio no século XVII. Essenault foi encurtado para
celebrado papel fundamental, quando o que restou do exér- Issan. Na época, o vinho era um dos favoritos do
com vinho cito inglês após ter sido derrotado na famosa bata- Príncipe de Gales, que enviou ordens de compra
lha de Castillon, em 1453, adentrou suas adegas em 1723.
do Château e tomou todas as garrafas estocadas para afogar as Durante a Revolução Francesa, a proprieda-
d’Issan mágoas antes de partir de volta para a Inglaterra. de, que estava nas mãos da família Candale, foi
coniscada e arrendada para os camponeses lo-
Os mais antigos cais. Já em 1855, Issan foi classiicado como um
Nos primórdios, as duas principais propriedades dos 15 Troisièmes Crus. Mas foi a partir de 1866,
de Margaux eram Mothe-Margaux e Mothe- sob o comando de Gustave Roy que o Château
-Cantenac; que atualmente são Château Mar- d’Issan prosperou. Roy construiu as primeiras
gaux e Château d’Issan. As primeiras referências caves por gravidade e replantou os vinhedos que
a Issan são justamente da época de Leonor, no haviam sido devastados pela iloxera.

80 ADEGA >> Edição 151


fotos: Patrick Durand e F. Poincet
“Regum Mensis
Aris Que Deorum”
(da mesa dos reis
Foi nessa época que Issan se tornou o vinho lot. Outras 60 mil garrafas são feitas do segundo para o altar dos
deuses) é o lema
favorito do imperador Francisco José, da Áus- vinho, Blasson d’Issan, em que as variedades são da propriedade
tria, que cunhou o lema que até hoje acompa- as mesmas, mas a proporção de Merlot é maior
nha os vinhos da propriedade: “Regum Mensis que a de Cabernet. Há ainda outros dois vinhos,
Aris Que Deorum” (da mesa dos reis para o altar o Château de Candale e o Moulin d’Issan.
dos deuses). Ainda hoje, o Château d’Issan tenta recupe-
Em 1945, Emmanuel Cruse comprou a pro- rar o prestígio de outras épocas, e nada apaga seu
priedade, que naquela época tinha apenas dois estigma de ser o vinho que selou o destino de
hectares de vinhas em produção. A família Cruse, Bordeaux aos ingleses.
de origem dinamarquesa, também administrava
os Châteaux de Laujac, Pontet-Canet, Giscours,
Rauzan Ségla e Taillan, e investiu uma fortu-
LEONOR E ROBIN HOOD
na para renovar a propriedade, que hoje conta Rainha da França depois rainha da Inglaterra. Há quem possa pensar que a vida
com 120 hectares, sendo 53 de vinhedos. Em de Leonor de Aquitânia foi de desfrute nas cortes pelas quais passou. No entanto,
2012, Françoise e Jacky Lorenzetti, que também mesmo tendo concebido oito filhos (sendo cinco homens, entre eles Ricardo
Coração de Leão e João Sem-Terra) ao lado de Henrique II, ela sofreu nas mãos
possuem o Château Lilian Ladouys, em Saint- do marido mulherengo. Durante anos, ela viveu afastada dele na corte até que,
-Estèphe e o Château Pedesclaux, em Pauillac, em 1173, foi presa por supostamente ter incentivado os filhos a se rebelarem
uniram-se aos Cruse no comando de Issan. contra o pai. Dezesseis anos depois, foi solta quando Henrique morreu e Ricardo
Coração de Leão assumiu o trono. O filho, porém, foi capturado e morto em sua
O château produz anualmente cerca de 100 volta da Terceira Cruzada, passando o trono para João Sem-Terra. Vale lembrar
mil garrafas de seu primeiro vinho, um blend de que, nessa época, nasceu a lenda de Robin Hood.
Cabernet Sauvignon, majoritariamente, e Mer-

Edição 151 >> ADEGA 81


HARMONIZAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO

Tempranillo Sommelier Gustavo Cunha sugere pratos


certeiros e ousados para combinar com
a variedade símbolo da Espanha

A
fama de alguns vinhos faz com
que certas variedades iquem vin-
culadas a determinadas regiões e
países. O reconhecimento mun-
dial dos grandes tintos de Ribera
del Duero e Rioja, muitos deles feitos com base
na uva Tempranillo, fez com que essa casta se
tornasse um dos símbolos do vinho espanhol.
E hoje, toda vez que falamos em Tempranillo,
logo pensamos na Espanha.
No entanto, esta casta não se restringe so-
mente ao território espanhol e tem mostrado
bons resultados em diversas regiões do plane-
ta, inclusive no Brasil, com ótimos exemplares
na Campanha Gaúcha, principalmente. No
entanto, também não podemos nos esquecer
de seus sinônimos. Em Portugal, por exemplo,
a Tempranillo pode ser conhecida como Ara- 100% Aragonez do Alentejo
gonez (especialmente no Alentejo) ou Tinta (com passagem por barrica)
Roriz (no Douro). Mesmo na Espanha, a Tem- 1. Cozido Português
pranillo recebe outros nomes como Cencibel A fruta intensa, as especiarias, assim como a
ou Tinta del País, entre outros, dependendo textura encorpada e generosa de um Arago-
da região. nez alentejano, fundem-se bem à riqueza
Ou seja, há uma enorme variedade de ró- de aromas e sabores do Cozido Português,
tulos de Tempranillo no mundo e muitos deles e também com a textura mais cremosa dos Foto: Divulgação/Adega Santiago
no mercado brasileiro. Por ser uma uva bastan- legumes e das carnes.
te eclética em termos de harmonização, ADE-
2. Rabada com polenta mole e agrião
GA convidou Gustavo Cunha, sommelier
A textura cremosa do ragu e da polenta
executivo e embaixador de marcas da importa-
ligam-se perfeitamente à boca generosa,
dora Portus, para sugerir alguns pratos que po-
gulosa, do Aragonez. O sabor picante do
dem combinar com os estilos de Tempranillo
agrião faz um delicioso contraponto às notas
que costumamos encontrar. Conira sugestões
especiadas do vinho.
certeiras e ousadas.

82 ADEGA >> Edição 151


Tempranillo de La Mancha
(sem passagem por barrica)
1. Atum selado em posta alta,
com legumes salteados no
azeite
Essa é uma ótima alternativa
para quem não abre mão dos
tintos, seja qual for o tipo de
comida. O Tempranillo não
barricado é uma opção para
acompanhar peixes mais
gordurosos, como o atum, por
exemplo. O estilo jovem, pron-
to para beber, de taninos leves
e ausência de barrica, não dei-
xará a desagradável sensação
metálica na boca, que ocorre
em muitas das harmonizações
de tintos com peixes.
Foto: Divulgação A Bela Sintra/Mauro Holanda

2. Hambúrguer (o clássico
cheese salada)
A juventude, a intensidade
aromática e os sabores de fru-
tas vermelhas do vinho casam
muito bem com a riqueza
de sabores do cheese salada,
com a fruta levemente ácida
do tomate e frutado doce do
ketchup.

Ribera del Duero Reserva


1. Cordeiro assado, marinado no vinho tinto
com ervas (alecrim, tomilho, louro) e especiarias
Aqui temos um exemplar de Tempranillo com maior estrutura e
acidez em relação aos vinhos anteriores. A carne de cordeiro, de
sabores acentuados e textura mais gordurosa, estará em perfeita
sintonia com o vinho e suas notas defumadas.
2. Arroz de pato ao forno, com favas e chouriço português
O sabor levemente defumado do prato, com o rico sabor do pato e
do chouriço, será potencializado pela fruta negra, notas tostadas e
especiadas do vinho.

Edição 151 >> ADEGA 83


CAVE
Para esta edição, a
C A D E R N O D E AVA L I A Ç Ã O D E ADEGA
Tabela de avaliação
equipe de avaliadores Classificação Pontos
de ADEGA provou mais Extraordinário 95 A 100
de 1.000 vinhos, dos Excelente 91 A 94
quais selecionamos 63, Ótimo 89 A 90
que estão em nossas Muito Bom 87 A 88
páginas
Bom 85 A 86
Regular 82 A 84
Fraco ABAIXO DE 82
Avaliações por
Evolução
Editor de vinho:
Eduardo Milan (EM) = Beber
= Beber ou Guardar
Beto Duarte (BD), = Guardar
Christian Burgos (CB), Observações
Christiane Miguez (CM),
= BEST BUY - Melhor custo-benefício
Guilherme Velloso (GV),
Os
O preços são aproximados no varejo e
João Paulo Gentille (JPG), itos à variação.
Juliana Trombeta Reis (JTR) = Vinhos degustados em ocasiões
ciais – lançamentos e raridades –
e Mauricio Leme (MSL) e, portanto, não às cegas.
www.oMelhorVinho.com.br
Degustações realizadas no restaurante
Praça São Lourenço com ajuda do sommelier
Espumantes, página 86
Gustavo dos Santos Barros
Brancos, página 86
Rosés, página 89
Tintos, página 89
Doces, página 96
Eventos, página 96

Hora do saca-rolha
ESPUMANTES BRANCOS

AD 91 pontos AD 90 pontos AD 88 pontos AD 88 pontos AD 87 pontos


130 SPECIAL EDITION BODEGA CZARNOBAY RIO BRAVO MOSCATEL TERRANOVA CHALET DU CLERMONT
BLANC DE BLANC BRUT PEDREGAIS BRUT ESPUMANTE BLANC DE BLANCS BRUT CHARDONNAY 2017
Casa Valduga, Vale Bodega Czarnobay, Mioranza, Altos Miolo Wine Group, Cooperativa Vinícola
dos Vinhedos, Brasil Encruzilhada do Montes, Brasil (R$ Vale do São Francisco, Garibaldi, Serra
(R$ 151). Elaborado Sul, Brasil (R$ 48). 32). Espumante Brasil (R$ 46). Um Gaúcha, Brasil (R$
exclusivamente a Espumante branco brut branco doce elaborado espumante que passa 32). Branco elaborado
partir de Chardonnay, elaborado pelo método pelo método Asti a frescor desde o nariz. exclusivamente a partir
mantido por 36 meses Charmat a partir de partir de Moscato. Notas lorais e um de Chardonnay, sem
em contato com as Chardonnay, Cabernet Apresenta peril toque cítrico e tropical. passagem por madeira.
borras. Além de ótima Sauvignon e Merlot. mais herbáceo, com Na boca, é seco, tem Apresenta cor amarelo-
cremosidade, mostra Limpo, redondo, notas de tomilho e de cremosidade, frescor palha de relexos
gostosa acidez, fruta cremoso e fresco, é arruda que envolvem e boa intensidade de esverdeados e aromas
tropical e de caroço cheio de frutas cítricas as frutas brancas e de sabor, que lembram de frutas tropicais e
pura e viva, bom e tropicais maduras. caroço maduras e que limão e maracujá. A de caroço maduras
volume de boca e inal Impressiona pela seduzem e transmitem persistência é média. acompanhados de
persistente, com toques gostosa textura e pelo uma sensação de maior Álcool 12%. BD notas lorais, minerais
minerais e cítricos. equilíbrio do conjunto, frescor. Tem gostosa e de ervas frescas. No
Equilibrado e untuoso, tudo em meio a textura, vibrante paladar, tem médio
difícil vai ser icar só na vibrante acidez e inal acidez e inal médio, corpo, vibrante acidez
primeira taça. Álcool persistente, com toques com toques salinos e e inal frutado, com
12%. EM minerais e cítricos. cítricos. Álcool 7,5%. toques minerais e de
Álcool 12%. EM EM abacaxi. Álcool 13%.
EM

86 ADEGA >> Edição 151


>>

AD 89 pontos AD 88 pontos AD 90 pontos


JP AZEITÃO BRANCO 2016 KING RABBIT BLANC 2016 LFE SELECCIÓN DE FAMILIA
Bacalhôa, Península King Rabbit, GRAN RESERVA
de Setúbal, Portugal Languedoc-Roussillon, SAUVIGNON BLANC 2016
(Portus R$ 60). França (La Pastina Luis Felipe Edwards,
Branco composto R$ 55). Um blend Leyda, Chile (Pão
de 56% Moscatel das castas Ugni Blanc de Açúcar R$ 83).
de Setúbal e 44% e Colombard sem Branco elaborado
Fernão Pires, sem passagem por madeira, exclusivamente a
passagem por que trazem frescor partir de Sauvignon
madeira. Mantendo e notas lorais nos Blanc, sem passagem
praticamente a aromas e bastante fruta por madeira. De boa
mesma composição branca e de caroço na tipicidade, mostra
da safra 2015, boca, que persistem frutas brancas e
continua a mostrar por algum tempo. Seu cítricas seguidas de
cativantes notas lorais rótulo alegre combina notas herbáceas,
e de ervas frescas com o conteúdo lorais e minerais,
envolvendo os aromas despretensioso e muito além de toques de
de frutas tropicais fácil de beber e de especiarias picantes.
e cítricas, que se agradar. Ótima opção Frutado, refrescante e
conirmam no palato. para um brunch em gostoso de beber, tem
Fresco e de corpo um dia quente. Álcool acidez vibrante, boa
médio, tem vibrante 11,5%. CM textura e inal médio/
acidez, boa textura longo conirmando o
e inal com toques nariz. Versátil, pode
minerais e de limão acompanhar desde o
siciliano, que pedem aperitivo até carnes
uma segunda taça. brancas magras em
Álcool 13%. EM geral. Álcool 13%. EM
AD 91 pontos AD 92 pontos AD 89 pontos AD 90 pontos AD 89 pontos
MAXIMO BOSCHI BIOGRAFIA MEURGEY CROZES PARRÓNE GRAND RESERVE PUKLAVEC & FRIENDS RIBEIRO SANTO
CHARDONNAY 2011 MACON UCHIZY 2015 SAUVIGNON BLANC 2015 FURMINT 2015 PINHA BRANCO 2015
Maximo Boschi, Pierre Meurgey, Agricola Alchemysta, Puklavec & Friends, Magnum Vinhos,
Campanha Gaúcha, Borgonha, França Leyda, Chile Podravje, Eslovênia Dão, Portugal
Brasil (R$ 119). (Decanter R$ 162). (SemiD’oro R$ 70). (Latin-Link R$ 85). (Winebrands R$ 69).
Branco elaborado Branco elaborado Típico Sauvignon Este 100% Furmint, Branco elaborado a
exclusivamente a exclusivamente a partir Blanc. No nariz, tem é um vinho bastante partir de Encruzado,
partir de Chardonnay, de uvas Chardonnay caráter mais herbáceo, interessante para quem Malvasia Fina e Bical,
com estágio de seis advindas de vinhas de com notas de grama gosta de brancos com sem passagem por
meses em barricas mais de 35 anos de cortada, aspargos e notas que lembram madeira. Atualmente
de carvalho francês. idade, sem passagem também um pouco de petróleo e pedra se discute muito a
Não se engane com as por madeira. Mostra fruta cítrica. Na boca, de isqueiro, mas os mineralidade do vinho,
notas amanteigadas, aromas de frutas é bem equilibrado aromas não icam só se ela existe ou não.
lorais e de especiarias tropicais mais maduras e fresco, tem boa nisso. Tem toques Neste vinho, quem
doces que envolvem acompanhadas de acidez, equilíbrio de casca de limão e já sentiu o cheiro de
os aromas de frutas notas lorais, herbáceas e persistência. No de maçã. Na boca, é uma pedra de isqueiro
tropicais maduras. e minerais. Frutado inal, as frutas como seco, equilibrado e vai se identiicar.
A sedução e o lado e estruturado, tem grapefruit, maracujá e persistente, tem boa Notas cítricas também
amável param por aí. abacaxi em abundância maçã verde aparecem intensidade de sabor, aparecem. Na boca, é
Na boca, o que reina na boca, gostosa mais. Álcool 13.5%. BD repetindo as impressões um vinho fresco e seco,
é sua gostosa textura, acidez, boa textura e sentidas no nariz. tem acidez refrescante,
a acidez vibrante e o inal persistente, com Álcool 13%. BD boa persistência, com
inal persistente, com toques minerais e de toques da parte branca
toques minerais e de especiarias doces. do limão. Tem 12,5%
abacaxi fresco. Uma das Álcool 13%. EM de álcool. BD
melhores versões desse
branco, que mostra
juventude até na cor,
mesmo com mais de
seis anos em garrafa.
Álcool 13,5%. EM

88 ADEGA >> Edição 151


ROSÉ TINTOS >>

AD 89 pontos AD 87 pontos AD 92 pontos


SALTON PARADOXO AURORA RESERVA A LISA 2012
CHARDONNAY 2015 MERLOT ROSÉ 2017 Bodega Noemía,
Salton, Campanha Aurora, Serra Gaúcha, Patagônia, Argentina
Gaúcha, Brasil (R$ Brasil (R$ 48). Rosado (Vinci US$ 52). Tinto
57). Branco elaborado 100% Merlot, sem composto de 90%
exclusivamente a partir passagem por madeira. Malbec, 9% Merlot
de uvas Chardonnay, Apresenta coloração e 1% Petit Verdot,
com estágio de 20% rosé salmão bem fermentado somente
do vinho em barricas brilhante. Os aromas com leveduras indígenas
de carvalho americano de frutas frescas vão e posterior estágio de
durante seis meses. tomando conta com nove meses de 25%
Muito gostoso de beber o tempo na taça. No do vinho em barricas
e de boa tipicidade, paladar, mostra sabor de carvalho francês de
esbanja frutas de morango e lichia, 3º e 4º usos, 30% em
tropicais e cítricas, com acidez vibrante e tanques de cimento e
acompanhadas de boa persistência. Álcool o restante em tanques
notas lorais e de ervas 13%. CM de aço inoxidável.
frescas, além de toques Sempre consistente,
de especiarias doces. é uma delícia de
De médio corpo e de suco de ameixa e
boa estrutura, tem amoras acompanhado
vibrante acidez, textura de notas lorais,
quase cremosa e inal especiadas e minerais.
agradável, com traços Estruturado e reinado,
salinos e de abacaxi. tem textura sedosa,
Álcool 12%. EM refrescante acidez
e inal persistente,
aliando intensidade
com volume de boca.
Seguramente, um dos
melhores exemplos do
que a Patagônia é capaz
de produzir. Álcool
13,5%. EM
AD 89 pontos AD 91 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos AD 90 pontos
ALTO DE LA BALLENA AMARANTA DI ULISSE BOCELLI CHIANTI 2016 CAPITEL DELLA CROSARA CENTINE ROSSO 2015
RED BLEND 2015 MONTEPULCIANO Bocelli Family Wines, VALPOLICELLA Castello Bani,
Alto de la Ballena, D’ABRUZZO 2014 Toscana, Itália (Italia RIPASSO 2015 Toscana, Itália (World
Maldonado, Uruguai Tenuta Ulisse, Abruzzo, Mais R$ 150). Tinto Cantine Giacomo Wine R$ 110). Tinto
(Winebrands R$ 67). Itália (Domno R$ composto de 80% Montresor, Vêneto, composto de 60%
A combinação da 186). Mostra aromas Sangiovese e 20% Itália (Cantu R$ 116). Sangiovese, 20%
emblemática Tannat complexos de fruta Merlot, com estágio de Tinto composto de Merlot e 20% Cabernet
(60%), com um pouco madura em conjunto seis meses em tanques Corvina e Rondinella Sauvignon, com breve
de Merlot (30%) e com traços de de cimento e de inox. e elaborado através passagem em barricas
ainda um toque de especiarias, de madeira Mostra frutas vermelhas do método “ripasso”, de carvalho francês.
Cabernet Franc e Syrah de Bourbon, além de acompanhadas em que as cascas das Mantendo o estilo mais
(5% cada) entrega sensação de dulçor que de notas lorais, uvas secas fermentadas polido, redondo e de
um nariz bastante já prepara o paladar. Na terrosas, de ervas e de para fazer o tradicional fruta vermelha mais
vivo e gostoso. Frutas boca, aparecem muitas especiarias picantes. Amarone são madura da casa, tem
vermelhas e negras se camadas de sabor. Sim, Tem taninos de boa adicionadas ao mosto boa acidez, taninos
combinam, aparecendo a doçura prevalece, mas textura, refrescante para fermentarem sedosos, médio corpo
por vezes in natura, por com ingredientes que acidez e inal médio/ novamente. O e inal agradável e
vezes compotadas. Em fazem desse distinto longo, conirmando resultado é este tinto suculento, com toques
boca, é bastante macio Montepulciano um o nariz. Redondo, encorpado, suculento especiados, terrosos
e com ótima acidez, grande vinho. Acidez suculento, agradável de e muito complexo no e de ameixas. Para as
tornando o seu beber marcante e sabores da beber e gastronômico nariz. Mostra aromas massas ao molho de
algo bastante agradável. madeira estão muito por natureza, é de frutas maduras carne. Álcool 13,5%.
Álcool 13,5%. MSL integrados e encontrados difícil de imaginá-lo e em compota, EM
com taninos suculentos desacompanhado de acompanhados de notas
e de qualidade, e inal massas ao molho de lorais, de especiarias
que dura bastante tempo. tomate. Álcool 13%. doces, de frutos secos e
Vinho muito complexo, EM de chocolate amargo.
com proposta que agrada Álcool 14%. EM
o paladar brasileiro e
encanta os convidados.
Deve acompanhar bem
aves com frutas assadas,
além de carne suína.
Álcool 14%. JPG

90 ADEGA >> Edição 151


>>

AD 90 pontos AD 89 pontos AD 89 pontos


CHÂTEAU DE DRACY CS TEMPRANILLO 2016 DESQUICIADO
PINOT NOIR 2013 Carlos Serres, Rioja, EL CORTE 2016
Albert Bichot, Espanha (La Pastina Desquiciado Wines,
Borgonha, França R$ 55). Sempre Mendoza, Argentina
(Winebrands R$ consistente, este 100% (Mar & Rio R$ 119).
171). Tinto elaborado Tempranillo, sem De coloração rubi
exclusivamente a partir passagem por madeira, intensa, esse corte de
de uvas Pinot Noir, é elaborado no estilo Malbec, Cabernet
com estágio de 50% “jovén” e mostra frutas Franc e Merlot tem
do vinho em barricas vermelhas e negras aromas de ameixas
de carvalho francês frescas em abundância, e de outras frutas
durante oito meses. acompanhadas de negras acompanhados
Consistente, bem feito notas lorais, minerais, de nuances lorais e
e de boa tipicidade, é de ervas frescas e de especiados. Na boca,
uma boa introdução a especiarias, que se seus taninos cheios de
essa uva emblemática conirmam no palato. textura se destacam
da Borgonha. Esbanja Frutado e refrescante, impondo sua presença,
frutas vermelhas como tem gostosa acidez, porém com suavidade,
cerejas e morangos, taninos macios e inal inalizando com boa
além de notas lorais, médio/longo, que persistência. Álcool
especiadas, terrosas e pede a companhia de 13,5%. CM
herbáceas. Tem taninos embutidos em geral.
de boa textura, acidez Álcool 13%. EM
refrescante e inal
persistente e agradável.
Álcool 12,5%. EM
AD 88 pontos AD 91 pontos AD 89 pontos AD 92 pontos AD 88 pontos
FINCA LA FLORENCIA GARCIA + SCHWADERER LE CLOS DE REYNON 2011 LE PETIT LION DU MARQUIS LIBURNA NERO
MERLOT 2016 MOURVÈDRE 2014 Denis Dubourdieu, DE LAS CASES 2012 D’AVOLA 2016
Familia Cassone, Garcia Schwaderer, Bordeaux, França Château Léoville Cantine Birgi,
Mendoza, Argentina Itata, Chile (Porto a Porto R$ Las Cases, Bordeaux, Sicília, Itália (Adega
(Família Cassone (Winebay R$ 220). 114). Tinto elaborado França (Clarets R$ Alentejana R$ 69).
R$ 82). Tinto 100% Tinto elaborado exclusivamente a 570). Tradicional Rubi brilhante com
Merlot, com breve exclusivamente a partir partir de Merlot, com produtora da região toques violáceos. Notas
passagem por madeira. de uvas Mourvèdre estágio em barricas de Bordeaux, a família de frutas vermelhas,
No início, o nariz cultivadas no vinhedo de carvalho francês. Delon elabora este ameixa e ervas frescas
estava um pouco Pedra Lisa, em Itata. Mostra frutas vermelhas tinto, que é o segundo no nariz. No paladar,
discreto. As notas de Impressiona pela e negras de peril mais vinho do mítico também é bastante
morango, baunilha e mineralidade e tensão fresco, acompanhadas Château Léoville Las frutado, aparecendo
tabaco aparecem com do conjunto, tudo de notas lorais, Cases, a partir de 48% um toque de café e
o tempo na taça. Na num contexto de tostadas, de ervas Cabernet Sauvignon, de notas tostadas.
boca, é seco, tem corpo muita fruta vermelha, secas e de especiarias. 44% Merlot e 8% Tem taninos macios
médio e os taninos com refrescante acidez, Gastronômico, tem Cabernet Franc, com e aveludados, acidez
textura bem macia dão taninos de boa textura taninos de boa textura, estágio de 10 meses em vivaz e inal de boca
elegância ao vinho. e inal persistente, com gostosa acidez e inal barris de carvalho 20% agradável. Álcool 13%.
É bem equilibrado, toques especiados e persistente, com novos. Firme e austero, JTR
tem boa acidez e de ervas, que pedem toques minerais. Na mostra cassis e ameixas
persistência. Álcool a companhia de companhia de carnes envoltos por notas
14%. BD embutidos. Álcool vermelhas ensopadas lorais, terrosas, de
13,9%. EM deve icar ainda couro e de especiarias,
melhor. Álcool 13%. que se conirmam na
EM boca. Ainda jovem,
surpreende pela
qualidade de fruta
e pelo equilíbrio do
conjunto, tem taninos
de ótima textura,
gostosa acidez e inal
persistente e reinado,
com toques de graite.
Álcool 13,5%. EM

92 ADEGA >> Edição 151


>>

AD 89 pontos AD 93 pontos AD 92 pontos AD 90 pontos AD 93 pontos


MARLBOROUGH SUN MATROJANNI BRUNELLO MEANDRO DO VALE MENA KAHO RESERVA PÉREZ CRUZ CHASKI
PINOT NOIR 2016 DI MONTALCINO 2008 MEÃO TINTO 2013 TANNAT 2014 PETIT VERDOT 2014
Saint Clair, Mastrojanni, Toscana, Quinta do Vale Mena Kaho, Bento Pérez Cruz, Maipo,
Marlborough, Nova Itália (Domno R$ Meão, Douro, Gonçalves, Brasil (R$ Chile (Casa Santa
Zelândia (Grand 574). Tinto elaborado Portugal (Mistral 65). Bela surpresa Luzia R$ 139).
Cru R$ 79). Tinto exclusivamente a US$ 56). Tinto depois que a garrafa Tinto elaborado
de coloração rubi partir de Sangiovese, composto de 35% foi revelada (nossa exclusivamente a
translúcido, 100% Pinot com estágio de Touriga Nacional, degustação é sempre partir de Petit Verdot,
Noir, sem passagem 36 meses em 34% Touriga Franca, às cegas). O produtor com estágio de 14
por madeira. Apresenta botti de carvalho 20% Tinta Roriz, informa que usou meses em barricas de
aromas levemente francês de 16, 33 6% Tinta Barroca, 25% de Alicante carvalho francês 50%
tostados e defumados e 54 hectolitros. 3% Tinto Cão e 2% Bouschet no corte. novas. Seguramente,
acompanhando as Complexo no nariz, Sousão, com breve No nariz, notas de essa é a melhor versão
frutas vermelhas mostra aromas de estágio em barricas frutas vermelhas deste vinho até agora.
maduras, como cerejas e framboesas usadas de carvalho bem maduras, toques Mostra a cepa de modo
morangos e cerejas. Na envoltos por notas francês. Fresco e defumados e de café. domado e reinado,
boca, segue a mesma lorais, minerais, de vibrante, mostra Na boca, é encorpado, sem comprometer
linha, conirmando o especiarias doces, de muita fruta negra os taninos são bastante seu corpo, mas
nariz, mostrando bom tabaco e de couro. envolta por notas potentes, mas tem boa privilegiando
corpo, persistência e Estruturado e potente, lorais e de chocolate. acidez, que faz o vinho profundidade e fruta
frescor. Álcool 13,5%. tem acidez vibrante, Estruturado, tem ser equilibrado. Tem de peril mais fresco.
CM taninos marcantes ótima acidez, taninos boa persistência com Tenso e preciso, tem
e de ótima textura de boa textura e inal uma nota de chocolate acidez vibrante, taninos
e inal persistente persistente, com aparecendo no inal. de ótima textura e inal
e equilibrado, com toques terrosos e de Álcool 12,5%. BD persistente, com toques
toques terrosos e couro. Álcool 14%. minerais e de folha de
de frutas vermelhas EM tabaco. Álcool 14,5%.
maduras. Álcool EM
14,5%. EM

Edição 151 >> ADEGA 93


>>

AD 88 pontos AD 92 pontos AD 91 pontos AD 92 pontos AD 88 pontos


PUNTO MÁXIMO QUINTA DA FALORCA RAFAEL CAMBRA DOS 2014 RIVETTO ZIO NANDO SANTA DIGNA RESERVA
MERLOT 2015 T-NAC 2010 Rafael Cambra, BARBERA D’ALBA 2015 CARMÉNÈRE 2015
Vignobles Bellot, Quinta da Falorca, Valência, Espanha Rivetto, Piemonte, Torres, Curicó, Chile
Bordeaux, França Dão, Portugal (World (Grand Cru R$ 109). Itália (Cantu R$ (Devinum R$ 65).
(Obra Prima R$ 65). Wine R$ 174). Tinto composto de 35% 350). Tinto elaborado Tinto composto de 85%
De cor rubi escuro, Tinto elaborado Cabernet Sauvignon, exclusivamente a de Carménère e 15%
esse vinho 100% Merlot exclusivamente a partir 35% Cabernet Franc partir de uvas Barbera, Cabernet Sauvignon,
provém da margem de Touriga Nacional, e 30% Monastrell, com fermentação com estágio de seis
direita do estuário da com estágio de 50% com fermentação espontânea e breve meses em barricas de
Gironde, onde a casta do vinho em barricas espontânea e estágio passagem por madeira. carvalho francês. As
é majoritária. Fruta novas de carvalho de oito meses em barris Mostra cerejas e típicas notas herbáceas
tipo ameixa escura, leve francês. Sempre usados de carvalho ameixas envoltas por e de especiarias
herbáceo e um toque consistente, mostra francês. Mantendo o notas lorais, herbáceas picantes emolduram os
tostado proveniente ameixas, cassis e amoras estilo vivaz e puro da e minerais. Fresco e aromas de frutas negras
da madeira moldam escoltadas por típicas casa, esbanja frutas estruturado ao mesmo maduras como ameixas
o peril aromático. notas lorais, herbáceas vermelhas maduras tempo, tem ótima e amoras. No palato,
Na boca, mostra e de especiarias, que se acompanhadas de acidez, tanino de grãos é frutado e carnudo,
boa acidez, bastante conirmam no palato. notas lorais, de ervas inos e inal agradável, tem boa acidez, taninos
fruta, e corpo médio. Estruturado e austero, e de especiarias. Num com toques de frutas macios e inal médio
Embora não chegue tem taninos de grãos estilo mais austero e vermelhas. Reinado, e cheio, com toques
a ser macio em boca, inos e de boa textura, gastronômico, tem gastronômico e muito especiados, tostados e
característica de muitos acidez refrescante e acidez refrescante, gostoso de beber, não de chocolate. Álcool
Merlot, os taninos não inal persistente, com taninos de ótima é possível imaginá- 14,2%. EM
incomodam e o álcool toques terrosos e de textura e inal lo distante da mesa.
está equilibrado. Poderá couro. Álcool 14%. EM persistente, com toques Álcool 14,5%. EM
fazer boa parceria, minerais, de cedro e de
como componente amoras. Álcool 14%.
do molho e depois na EM
mesa, com um coq au
vin, ainda que seja um
prato da Borgonha.
Álcool 13%. GV

94 ADEGA >> Edição 151


DOCES EVENTOS >>

GAMBERO ROSSO

AD 90 pontos AD 92 pontos AD 92 pontos AD 94 pontos AD 92 pontos


SCHOLA SARMENTI VALDEHERMOSO CASTELLO DI AMA QUINTA DO CRASTO FERRARI MAXIMUM BRUT
CRITÈRA PRIMITIVO 2014 CRIANZA 2013 VIN SANTO 2010 PORTO COLHEITA 1998 Ferrari, Trentino,
Schola Sarmenti, Bodegas y Viñedos Castello di Ama, Quinta do Crasto, Itália (Decanter R$
Puglia, Itália Valderiz, Ribera del Toscana, Itália (Mistral Douro, Portugal 232). Espumante brut
(Vind’Ame R$ 129). Duero, Espanha (World US$ 100). Branco (Qualimpor R$ 528). 100% Chardonnay,
Tinto elaborado Wine R$ 174). Tinto doce composto de 65% Tinto fortiicado doce com pelo menos 36
exclusivamente a partir 100% Tempranillo, Malvasia Bianca e 35% composto de Vinhas meses de contato com
de uvas Primitivo, com fermentação Trebbiano, elaborado Velhas unicamente as leveduras. Mostra
advindas de vinhedo espontânea e estágio com uvas passas da colheita de 1998, notas tostadas e de
localizado na região de de 18 meses em (sofrem processo de com estágio em pipas pão acompanhando
Nardò, na península carvalho 30% novas, secagem até perderem de carvalho de 550 os aromas de frutas
de Salento, fermentado sendo 80% francês 70% do peso), com litros durante 19 tropicais e de caroço.
com leveduras e 20% americano. fermentação e estágio anos. Mostra aromas No palato, tem boa
indígenas e sem Como todo bom tinto de seis anos em barricas de igos, tâmaras e cremosidade, gostosa
passagem por madeira. dessa região, esbanja usadas de carvalho frutos secos, além acidez, ótima textura
Muito bem feito nesse fruta e suculência francês. Mostra de toques lorais, de e longa persistência,
estilo de frutas negras bem equilibradas frutas cítricas e de especiarias doces e de com toques salinos
e vermelhas quase por taninos de ótima caroço em profusão, mel, que se conirmam e de fermento, que
em compota, tem textura, vibrante acidez principalmente no palato. Denso e conferem ainda mais
taninos de boa textura e e inal persistente, damasco, tanto no estruturado, apresenta complexidade ao
refrescante acidez, que com toques minerais, nariz quanto na boca, equilíbrio entre conjunto. Álcool 12%.
trazem certo equilíbrio de ervas frescas e de tudo envolto por doçura e refrescante EM
ao conjunto. Suculento especiarias doces. gostosa acidez e ótima acidez, tudo num
e carnudo, tem inal Muito gostoso de textura, com inal contexto de taninos de
frutado, com toques beber, está bom agora, cheio e persistente, ótima textura e inal
especiados e de mocha. mas deverá icar ainda apresentando toques persistente, com traços
Experimente-o com melhor nos próximos de mel, de lor de de cascas de laranja.
queijos curados, você cinco anos. Álcool laranjeira e de frutos Álcool 20%. EM
não irá se arrepender. 14,5%. EM secos. Álcool 13%. EM
Álcool 13,5%. EM

96 ADEGA >> Edição 151


CLASSIFICADOS • PARA ANUNCIAR, LIGUE 11 3876 8200 • CLASSIFICADOS

CLASSIFICADOS • PARA ANUNCIAR, LIGUE 11 3876 8200 • CLASSIFICADOS


||

GAMBERO ROSSO GAMBERO ROSSO GAMBERO ROSSO MALBEC DAY MALBEC DAY

AD 94 pontos AD 91 pontos AD 93 pontos AD 90 pontos AD 91 pontos


GAJA BARBARESCO 2014 LUNADORO PAGLIARETO MASI AMARONE ALTOS LAS HORMIGAS NIETO SENETINER
Gaja, Piemonte, VINO NOBILE DI COSTASERA 2012 CLASICO MALBEC 2016 MALBEC DOC 2015
Itália (Mistral US$ MONTEPULCIANO 2013 Masi, Vêneto, Itália Altos las Hormigas, Nieto Senetiner,
490). Tinto elaborado Lunadoro, Toscana, (Épice R$ 580). Mendoza, Argentina Mendoza, Argentina
exclusivamente a partir Itália (Cencosud R$ Tinto composto de (World Wine R$ (Porto a Porto R$
de Nebbiolo, com 120). Tinto elaborado 70% Corvina, 25% 77). Tinto elaborado 75). Tinto elaborado
estágio de 12 meses em exclusivamente a Rondinella e 5% exclusivamente a exclusivamente a
botti e mais 12 meses partir de Sangiovese, Molinara, com estágio partir de uvas Malbec partir de Malbec, com
em barricas de carvalho com estágio de 24 24 de meses, sendo advindas de Medrano, estágio de 12 meses em
francês. Complexo, meses em tonéis de 80% em tonéis e Barrancas e Lunlunta, barricas de carvalho
mostra notas lorais e carvalho francês de 20% em barricas de sem passagem por francês. Seguramente
de tabaco envolvendo 20 e 30 hectolitros. carvalho. Privilegia o madeira, mas com a melhor versão até
os aromas de frutas Mostra aromas de equilíbrio, transitando estágio de nove meses agora desse tradicional
vermelhas frescas e ao frutas vermelhas mais com maestria entre em tanques de concreto vinho. Austero nos
licor, depois aparecem maduras seguidos de o estilo clássico e o sem epóxi. Sempre aromas, mostra
toques especiados, toques de couro e moderno, mas sempre consistente e de boa ameixas acompanhadas
terrosos e de cacau. de especiarias, além num contexto de tipicidade, mostra de notas lorais,
Ainda jovem, tem boca de notas lorais e de elegância, esbanjando groselhas, ameixas e minerais, de ervas e
exuberante, taninos erva secas. Apesar groselha e cereja amoras, além de notas de especiarias doces,
de ótima textura, da juventude e da madura, tudo envolto minerais, lorais e de que se conirmam
acidez vibrante e inal madeira ter papel ainda por ótima acidez, ervas. Suculento, cheio na boca. De ótima
persistente, com toques importante, a fruta, taninos domados e inal de fruta e gostoso de tipicidade, surpreende
minerais e de cerejas. os taninos de ótima persistente e cheio, beber, tem refrescante pela acidez vibrante e
Álcool 14%. EM textura e a acidez com toques lorais. acidez, taninos de grãos pelo frescor da fruta.
refrescante trazem Álcool 15%. EM inos e inal agradável, Tem taninos macios e
equilíbrio e sustentação com toques de graite de ótima textura e inal
ao conjunto, pedindo e de violeta. Álcool persistente e cativante,
mais gole. Austero, 13.5%. EM com toques de violeta.
tem inal cativante e Álcool 14%. EM
delicioso, com muita
cereja ao licor. Álcool
13,5%. EM

98 ADEGA >> Edição 151


INFORMATIVO
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CONEXÃO DOURO E ALENTEJO


A histórica Quinta dos Murças foi com-
prada pelos proprietários da Herdade do
No lançamento da categoria Black, Esporão, do Alentejo. Desde então vem
iniciamos com dois pesos pesados. produzindo vinhos no Douro melhores a
Produtores conceituados e ieis re- cada ano, valorizando a tipicidade única
presentantes do que melhor pode destes vinhedos.
ser produzido na Itália e em Portu-
gal. Do Piemonte, vem o Franco
Francesco Barolo, um tinto de es-
tilo clássico, com toda a tipicidade
da Nebbiolo cultivada nessa mí-
tica região italiana. De Portugal,
selecionamos o Quinta dos Mur-
ças Reserva, um vinho que mostra SAN DAMIANO
toda a força e estrutura dos vinhos Uma das vinícolas mais tra-
do Douro, mas de modo reinado dicionais do Piemonte, Franco
e preciso. Francesco começou a plantar
videiras na região de San Damia-
no d’Asti em 1933. Atualmente
é administrada pela segunda
geração da família.

AD
AD
93
94
pts
pts QUINTA DOS MURÇAS RESERVA 2011
Quinta dos Murças / Qualimpor (R$ 412)
REGIÃO/PAÍS: Douro, Portugal

Tinto composto de Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Miúda,
Touriga Nacional, Touriga Francesa, Sousão e outras variedades advindas de
vinhas de mais de 40 anos, com estágio em barricas de carvalho francês e
americano durante 12 meses. Notas florais e minerais envolvem os aromas de
ECUUKUGCOGKZCUSWGUGEQPƒTOCOPCDQEC(TGUEQHTWVCFQGIQUVQUQFGDGDGT
VGODQCCEKFG\VCPKPQUFGȕVKOCVGZVWTCGƒPCNNQPIQGGNGICPVGEQOVQSWGUFG
ITCƒVG0GUUCXGTUȆQOQUVTCUGOCKUEQORCEVQGRTGEKUQGUDCPLCPFQVGPUȆQ
mas sem perder o seu lado exuberante e untuoso. Álcool 14,5%. EM

FRANCO FRANCESCO BAROLO 2010


Franco Francesco / Vind’Ame (R$ 339)
REGIÃO/PAÍS: Piemonte, Itália

Tinto produzido exclusivamente a partir de uvas Nebbiolo advindas de um vinhedo


de 35 anos localizado em Castiglione Falletto, com estágio de três anos em barris
de carvalho do leste europeu. Apresenta aromas típicos de frutas vermelhas
envoltos por notas florais, de tabaco e de especiarias doces, além de toques
minerais e de ervas secas. Fresco e elegante, num estilo mais clássico e austero,
mostra fruta deliciosa e em equilíbrio com acidez vibrante e ótima textura de
taninos, que apesar de marcantes estão muito bem domados. Álcool 14%. EM
CALCÁREO RÍO DE LOS
CHACAYES MALBEC 2014
SuperUco / Grand Cru (R$ 239)
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina

Tinto elaborado exclusivamente a partir


de uvas Malbec cultivadas em solos
com grande concentração de calcário, AD

localizados em Los Chacayes, com 91


pts
No Platinum deste mês, mais uma vez
fermentação espontânea e estágio de 14 trazemos o melhor do Novo e do Velho
meses em barris de carvalho francês de AD Mundo. De Abruzzo, na Itália, escolhe-
500 e 225 litros. Intenso e austero, reflete
o que melhor a Argentina vem produzindo
92
pts
mos o Tre Saggi, um Montepulciano
atualmente em termos de Malbec no vale
puro sangue, que demonstra todo o po-
do Uco. Profundo e estruturado, é calcado tencial dessa variedade. Do vale do Uco,
em vibrante acidez, na ótima textura de na Argentina, vem o Calcáreo Río de los
taninos e na fruta negra radiante e de Chacayes, um Malbec fresco e vibrante
RGTƒNOCKUHTGUEQ'UVȄFGNKEKQUQCIQTC elaborado pelos irreverentes irmãos Mi-
OCUVGOVWFQRCTCƒECTCKPFCOGNJQTPQU chelini. Atravessando os Andes, pinça-
próximos cinco anos. Álcool 14%. EM AD mos o chileno Coyam, um ícone entre
93
pts
os vinhos orgânicos. Elaborado pela Viña
COYAM 2013 Emiliana que pratica não somente a agri-
Emiliana / La Pastina (R$ 220) cultura orgânica como biodinâmica e
REGIÃO/PAÍS: Colchagua, Chile umas das maiores autoridades mundiais
Chile do assunto.
Adepta da agricultura orgânica e
biodinâmica, a vinícola elabora esse tinto
fermentado somente com leveduras
indígenas, a partir de 48% Syrah, 24%
Carménère, 11% Merlot, 10% Cabernet
Sauvignon, 3% Mourvèdre e 3% Malbec e 1%
Petit Verdot, com estágio de 13 meses em
barricas 34% novas, sendo 85% de carvalho
francês e 15% de carvalho americano.
Esbanja equilíbrio, frescor e vibração, tudo
envolto por frutas vermelhas e negras, notas
floras, especiadas e minerais. Tem ótima
VGZVWTCFGVCPKPQUDQCCEKFG\GƒPCNNQPIQG
persistente. Por sua estrutura e maior corpo, DE FAMÍLIA
pede a companhia de carnes vermelhas Muito conceituada na região de Abruzzo, a
mais gordurosas e de sabor mais intenso. jovem vinícola Talamonti foi fundada em 2001
Álcool 14,5%. EM pela família Di Tonno e conta hoje com cerca
de 32 hectares de belos vinhedos próprios.
TRE SAGGI 2013
Talamonti / Winebrands (R$ 145)
REGIÃO/PAÍS: Abruzzo, Itália
IRMÃOS
SuperUco é o projeto
Tinto elaborado exclusivamente a partir de conjunto dos quatro
Montepulciano, com estágio de 12 meses em irmãos Michelini (Gabriel,
barricas de carvalho francês. Mostra aromas Gerardo, Matias e Juan
de ameixas e cassis seguidos de notas
Pablo) com Daniel
florais, especiadas e de ervas secas, além
Sanmartino, um apaixonado
de toques de tabaco, de chá e de chocolate
por vinhos, que resolveu
COCTIQSWGUGEQPƒTOCOPQRCNCVQ6GO
gostosa acidez e taninos de ótima textura,
expressar todo seu amor
que trazem sustentação a toda sua fruta. Seu pela bebida investindo nesse
ƒPCNȌRGTUKUVGPVGEQOVQSWGUOKPGTCKUGFG lindo projeto mendocino.
mocha. Álcool 13,5%. EM
DEG
A

GO

VOCÊ SABIA QUE...


além de estar entre os mais
tradicionais e melhores produtores AD
da Espanha, a família Torres
também desbravou vinhedos no
91
pts AD

No Grand Gold izemos uma verdadei- Chile e Estados Unidos. 90


pts
ra seleção mediterrânea. Começamos
nosso percurso pela linda Sicília, na
Itália, de onde vem o Alhambra Syrah,
produzido pela Principi di Spadafora, AD
uma das vinícolas que mais entende 91
pts
dessa variedade na ilha. Dali partimos
para a Espanha, onde selecionamos o
Altos Ibéricos Reserva, um autêntico
Tempranillo de Rioja. Terminamos
nossa jornada no Douro, onde esco-
lhemos o Assobio, um blend de castas
portuguesas, que comprova que se pode
fazer vinhos complexos também sem a
passagem por madeira.

TERREMOTO
Fundada por Don Pietro dei
Principi di Spadafora, a vinícola
sofreu muito durante o forte
terremoto de 1968 que atingiu a
ilha, mas Don Pietro comprometeu-
se com a reconstrução da adega,
reavaliando inúmeras uvas nativas
e introduzindo novas variedades
internacionais na Sicília.

ALTOS IBÉRICOS ASSOBIO TINTO 2016 ALHAMBRA SYRAH 2013


RESERVA 2012 Quinta dos Murças / Qualimpor (R$ 109) Principi di Spadafora / Vinci (R$ 120)
Torres / Devinum (R$ 125) REGIÃO/PAÍS: Douro, Portugal REGIÃO/PAÍS: Sicília, Itália
REGIÃO/PAÍS: Rioja, Espanha
Tinto elaborado a partir de uvas Touriga Tinto elaborado exclusivamente a
Elaborado a partir de Tempranillo, Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, partir de uvas Syrah, sem passagem
com estágio mínimo de 16 meses sem passagem por madeira, mas por madeira, mas com estágio em
em barricas de carvalho francês com estágio em tanques de concreto. tanques de cimento durante seis
parcialmente novas e mais 20 meses Sem dúvida, essa é a melhor versão meses. Descontraído e mais complexo
em garrafa. O resultado é um vinho que deste vinho, que ano após ano vem do que aparenta, apresenta as notas
esbanja tipicidade e complexidade, com caminhando em direção a um estilo de especiarias picantes típicas da
cerejas e framboesas acompanhadas de mais frescor e tensão. Cheio de variedade escoltando os aromas
de notas florais, minerais, de especiarias frutas vermelhas e negras crocantes FGCOGKZCUGCOQTCUFGRGTƒNOCKU
FQEGU G FG VCDCEQ SWG UG EQPƒTOCO e vibrantes acompanhadas de notas fresco. Carnudo e de boa estrutura, tem
no palato. Estruturado e equilibrado, tem florais, minerais, de especiarias e de VCPKPQUUGFQUQUȕVKOCCEKFG\GƒPCN
taninos de ótima textura, refrescante ervas frescas, tudo num contexto de agradável, com toques minerais, florais
CEKFG\ G ƒPCN RGTUKUVGPVG G EJGKQ EQO gostosa acidez, taninos de ótima textura e de ervas. Álcool 13%. EM
toques terrosos, de couro e de alcaçuz. G ƒPCN RGTUKUVGPVG EQO VQSWGU FG ITCƒVG
Álcool 14,5%. EM e de violetas. Álcool 14%. EM
BE ADEG
LU A
C

LE MAESTRELLE 2015
Antinori / Winebrands (R$ 105) GOLD
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália
Tinto composto de 60% Sangiovese, 20% Merlot e 20% Syrah, com
estágio de 15% do vinho em madeira entre oito e 10 meses. Redondo,
cativante e muito agradável de beber, mostra aromas de cerejas e ameixas
acompanhados de notas florais, herbáceas e de especiarias doces, que
UGEQPƒTOCOPCDQEC6GOCEKFG\TGHTGUECPVGVCPKPQUFGDQCVGZVWTCG
ƒPCNRGTUKUVGPVGEQOVQSWGUFGHTWVCUXGTOGNJCUȄEKFCUSWGGZKIGOC O Gold deste mês reúne tintos versáteis,
companhia de embutidos ou massas ao molho tipo sugo. Álcool 13%. EM que podem ser bebidos sozinhos regan-
do uma boa conversa entre amigos ou na
companhia das mais diversas preparações.
CASAS DEL BOSQUE RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2015
De Rioja, na Espanha, vem o Ramón Bil-
Casas del Bosque / Domno (R$ 81)
bao Black Label, um blend de Tempranillo
REGIÃO/PAÍS: Rapel, Chile
e Garnacha ideal para escoltar embutidos
Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Cabernet Sauvignon, em geral. Da Itália, trazemos o toscano
com estagio de 10 meses em barricas de carvalho. Mostra aromas Le Maestrelle, um corte majoritário de
de ameixas e cassis acompanhados de notas florais, de ervas e de
Sangiovese, perfeito para harmonizar com
especiarias doces e picantes. Estruturado, tem bom volume de boca,
massas ao molho de tomate. Já do vale do
ȕVKOQUVCPKPQUIQUVQUCCEKFG\GƒPCNEJGKQGCITCFȄXGNEQOVQSWGU
minerais, de canela e de chocolate. Álcool 14%. EM Rapel, escolhemos o Casas del Bosque Re-
serva, um típico Cabernet Sauvignon chile-
no, com suiciente estrutura para suportar
RAMÓN BILBAO BLACK LABEL 2015 carnes vermelhas mais gordurosas.
Ramón Bilbao / Cantu (R$ 65)
REGIÃO/PAÍS: Rioja, Espanha
Tinto composto de uvas 50% Tempranillo e 50% Garnacha, advindas de
vinhedos de mais de 43 anos, com estágio em barricas de carvalho 50%
francês e 50% americano. Aqui a acidez refrescante e os taninos de boa
textura, trazem sustentação ao conjunto e a sua fruta negra madura AD
acompanhada de notas especiadas, tostadas e de ervas secas, que
CRCTGEGOVCPVQPQPCTK\SWCPVQPCDQEC6GODQOXQNWOGGƒPCNEJGKQ
90
pts

com toques minerais e de chocolate amargo. Álcool 13,5%. EM

AD

89
pts
AD

GRANDE PORTE 89
pts
Uma das mais tradicionais
regiões produtoras de
vinhos da Espanha, Rioja
foi a primeira região do
país a conquistar fama
internacional.

JOVEM CHILENA
Fundada em 1993, a jovem
vinícola Casas del Bosque
possui cerca de 230 hectares
de vinhedos próprios e um
restaurante estrategicamente
localizado no caminho entre
Santiago e Valparaíso.
BE ADE
LU A
C

SILVER ARGENTO BONARDA 2015


Bodega Argento / Domno (R$ 51)
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina

Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Bonarda advindas de Rivadavia, com


estágio de quatro meses em barricas de carvalho americano. Apresenta aromas de
frutas negras como amoras, ameixas e cerejas seguidos de notas florais, tostadas
e de especiarias doces, além de toques defumados e de ervas secas. Suculento,
O time Silver é composto neste mês de concentrado e untuoso, esbanja fruta madura, tem taninos macios, acidez na medida e
verdadeiros achados, que além de mos- ƒPCNCITCFȄXGNSWGGZKIGCEQORCPJKCFGDKHGFGEJQTK\QCQRQPVQǩNEQQN'/
trarem ótima relação qualidade-preço,
são ótimos exemplos de tipicidade va-
rietal e têm a virtude de serem versáteis FOLINO CAPITO! CABERNET SAUVIGNON 2016
na hora da harmonização. Do Vêneto, Sacchetto / Mistral (R$ 61)
na Itália, vem o Folino Capito!, um Ca- REGIÃO/PAÍS: Vêneto, Itália
bernet fresco e jovial, gostoso de beber
Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Cabernet Sauvignon cultivadas no
e fácil de agradar. Já da Espanha, o sele- Vêneto, sem passagem por madeira. Num estilo menos untuoso e mais gastronômico,
cionado foi o Posadas Viejas, um Tem- mostra notas de ervas frescas e de especiarias acompanhando os aromas de frutas
pranillo de peril gastronômico, naquele PGITCUGXGTOGNJCUSWGUGEQPƒTOCOPQRCNCVQ&GOȌFKQEQTRQGFGDQOGSWKNȐDTKQ
estilo mais clássico, tão cativante e sedu- VGOXKDTCPVGCEKFG\VCPKPQUFGDQCVGZVWTCGƒPCNEQOVQSWGUVGTTQUQUGHNQTCKUSWG
tor. Por im, de Mendoza, na Argentina, pedem a companhia de massas escoltadas por molhos que tenham carnes e/ou
elegemos o Argento Bonarda, um tinto embutidos em seu preparo. Álcool 11,5%. EM
suculento e estruturado, dessa cepa tão
cultivada por nossos vizinhos.
POSADAS VIEJAS TEMPRANILLO 2013
Cosecheros y Criadores / Mistral (R$ 42)
REGIÃO/PAÍS: Castilla, Espanha

Tinto elaborado exclusivamente a partir de Tempranillo, com estágio de seis meses


AD em barricas de carvalho. Um ótimo exemplo do estilo mais clássico espanhol,
esbanja frutas vermelhas acompanhadas de notas florais, terrosas, de couro e de
88
pts GURGEKCTKCU&GOȌFKQEQTRQGFGRGTƒNICUVTQPȖOKEQVGOCEKFG\TGHTGUECPVGVCPKPQU
OCEKQUGƒPCNCITCFȄXGNGECVKXCPVG8GTUȄVKNRQFGCEQORCPJCTFGUFGECTPGU
brancas até vermelhas ensopadas. Álcool 12,5%. EM

AD AD

88
pts
88 pts
VOCÊ SABIA QUE...
um dos melhores e mais conceituados
enólogos da atualidade, o italiano
Alberto Antonini é o consultor e um
dos responsáveis por elaborar os vinhos
da Bodega Argento?

DA ITÁLIA
A Croatina, conhecida como
Bonarda na região da Emiglia-
-Romagna nada tem a ver com
a Bonarda tão plantada e
difundida na Argentina.
BE ADEG
LU A
C

CHAN DE ROSAS BRANCO


CLÁSICO ALBARIÑO 2016
Chan de Rosas / Porto a Porto (R$ 113)
AD
REGIÃO/PAÍS: Rías Baixas, Espanha
90
pts
Branco elaborado exclusivamente a
partir de Albariño, sem passagem por AD

madeira, mas mantido em contato com


AD

90 89
pts
Neste mês selecionamos três cepas
as borras por alguns meses. Mostra pts brancas tradicionais em seus países
típicas notas florais, minerais e de produtores, que merecem ser co-
frutos secos envolvendo as frutas de
nhecidas ou revisitadas. Da África
caroço e tropicais, tudo num contexto
do Sul, vem o L`Avenir, um Chenin
FGIQUVQUCCEKFG\DQCVGZVWTCGƒPCN
Blanc que esbanja caráter e compro-
persistente e equilibrado, com toques
salinos e cítricos, pedindo mais um va mais uma vez a vocação desse país
gole. Álcool 13%. EM com essa cepa. Da Espanha, vem o
Chan de Rosas, um Albariño de cor-
po e alma produzido em Rías Baixas.
L’AVENIR CHENIN BLANC 2015 Já de Mendoza, na Argentina, traze-
L’Avenir / World Wine (R$ 110) mos o Los Andes, um Chardonnay
REGIÃO/PAÍS: estruturado e muito frutado, que foi
Western Cape, África do Sul um dos destaques de nossa última
degustação para a seção Cave da re-
Branco elaborado exclusivamente
a partir de uvas Chenin Blanc, sem
passagem por madeira, mas mantido
em contato com as borras por alguns
meses para ganhar textura e volume
de boca. Refrescante e muito frutado,
mostra pêssegos e frutas tropicais
acompanhadas de notas florais,
minerais e de ervas frescas. De boa
VOCÊ SABIA QUE...
tipicidade, tem certa cremosidade, ótima
a Familia Cassone tem alguns
CEKFG\GƒPCNECVKXCPVGEQOVQSWGU
salinos e de mel. Álcool 13%. EM dos vinhedos mais antigos de
toda Mendoza, alguns com
mais de 100 anos?
LOS ANDES SELECCIÓN
EXCLUSIVA CHARDONNAY 2015
Familia Cassone /
Família Cassone (R$ 58)
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina

Branco 100% Chardonnay, com


breve passagem por madeira.
Parece que o enólogo buscou DO LOIRE
elaborar um vinho mais complexo PARA A ÁFRICA
e de certa forma conseguiu. Os
A casta Chenin Blanc,
aromas no nariz lembram açúcar
queimado, pipoca doce, amêndoas muito cultivada na região
e nozes, depois aparece um toque francesa do Loire, tem
de melão. Na boca, é untuoso, com mostrado na África do Sul
sabor intenso e uma pontinha de resultados excepcionais.
oxidação que traz complexidade
e um ar intrigante e cativante.
É equilibrado, tem boa acidez e
persistência. Álcool 13,5%. BD

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QUEM DISSE | para BEBER e COMENTAR

O vinho é um produto tão nobre que,


pouco a pouco, vamos pegando gosto e hoje
não passo uma refeição sem ele
Antonio Saramago, enólogo

“Quando você está numa degustação


e tem um vinho tão incrível, é difícil
explicar, eu chamo de epifania”
Paul Hobbs, enólogo

“Acho normal sempre tentar fazer um


vinho melhor que a geração passada.
Até brinco com meu pai: ‘Está vendo,
está muito melhor hoje’”
Jean-Charles Cazes, produtor

“Se não tiver uvas em perfeitas condições,


se aquela combinação não for perfeita,
não consigo fazer um vinho perfeito”
Jorge Serôdio Borges, enólogo

“O sócio majoritário é o Senhor lá


em cima, que decide a qualidade da
uva. A qualidade da uva determina a
qualidade do vinho, não é a vinícola,
nem a técnica. O homem tem 49% na
sua mão, é o que pode controlar”
Maurizio Zanella, produtor

106 ADEGA >> Edição 151


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brasileiros consumidores de vinhos importados) mostrou que o fator #1 para a escolha do vinho
no restaurante é encontrar marcas conhecidas na carta. Estes são os vinhos que o consumidor
busca, e por isso os vinhos que vendem mais.

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