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Revista Adega - 151 - Maio - 2018
Revista Adega - 151 - Maio - 2018
AM
15 SEGREDOS
PARA SE TORNAR
ANO XI - NO 151 - R$ 18,00 – € 4,00
ISSN 1808-3722
UM BOM SOMMELIER
HARMONIZAÇÕES
CLÁSSICAS E OUSADAS
PARA TEMPRANILLO
FELIPE MÜLLER
OS DESAFIOS DE SER
ENÓLOGO E CEO AO
MESMO TEMPO
DESCORCHADOS 2018
FESTA DOS 20 ANOS
E OS MELHORES VINHOS
SUL-AMERICANOS
POLÊMICA
CHAPTALIZAÇÃO É
CRIME OU RECURSO?
CHÂTEAU D’ISSAN
O VINHO QUE SELOU
O DESTINO DE BORDEAUX
AOS INGLESES
GRAND CRU
HISTÓRIA
Ó E ENCANTOS
DE 10 VINHEDOS
“NÃO MONOPÓLIO”
DA BORGONHA
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EDITORIAL |
DIRETORA DE OPERAÇÕES
“A
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br
alma dos vinhos da terra”. Assim muitos vinhateiros gostam
REDAÇÃO
de deinir o terroir da Borgonha – uma região que é famosa EDITOR
pelos vinhos desde a época do Império Romano. Seus vinhedos Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br
nica tende a ser usada com certa frequência), decidimos entrar em uma REPRESENTANTES COMERCIAIS - BRASIL
das polêmicas mais em voga no mundo do vinho atualmente, a chapta- Renato Scolamieri - renato@rscola.com.br
Carminha Aoki - carminhaaoki.adegasabor@gmail.com
lização. Essa técnica (de acrescentar açúcar no mosto para aumentar o
volume de álcool) seria um crime ou apenas um recurso? Conversamos
RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA
Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br
com enólogos do mundo todo para saber suas opiniões. Antes de dar seu
MARKETING
veredito, vale a pena conferir o que eles falaram. marketing@innereditora.com.br
Outro grande destaque de ADEGA neste mês é o lançamento do Guia INTERNATIONAL SALES
Descorchados 2018. Apresentamos o melhor do que ocorreu nos dois Estados Unidos
Inner Publishing - sales@innerpublishing.net
eventos que celebraram os 20 anos do grande guia de vinhos sul-ameri-
canos criado pelo jornalista Patricio Tapia. Você ainda confere os vinhos FINANCEIRO
inanceiro@innereditora.com.br
campeões de cada país.
PRODUÇÃO
E durante o lançamento do Descorchados, aproveitamos para con- Baunilha Editorial
versar com Felipe Müller, enólogo e CEO da Viña Tabalí. Em um papo
ASSINATURAS
descontraído, ele contou como é equilibrar o cargo de enólogo com o de assinaturas@innereditora.com.br
gerente geral de uma vinícola sem comprometer a qualidade dos vinhos e +55 (11) 3876-8200
Distribuição Nacional pela Treelog S.A. Logística e Distribuição
a saúde inanceira da empresa.
ASSESSORIA JURÍDICA
Nesta edição, temos ainda um artigo especial preparado por diretores Machado Rodante Advocacia - www.machadorodante.com.br
da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) de São Paulo, com dicas IMPRESSÃO
para quem quer ser verdadeiramente um “bom sommelier”. Também EGB Editora Gráica Bernardi LTDA
vamos dar opções de pratos para harmonizar com vinhos feitos com a uva DISTRIBUIDOR EXCLUSIVO PARA O BRASIL
Tempranillo. E contamos a história do Château d’Issan e o casamento Total Publicações
que fez com que Bordeaux icasse em mãos inglesas durante séculos. Revista ADEGA é uma publicação mensal da INNER Editora Ltda.
Tudo isso, mais as principais novidades do mundo do vinho e uma seleção A Inner Editora não se responsabiliza por opiniões, ideias e conceitos
sempre criteriosa de rótulos para todos os gostos e bolsos você encontra aqui. emitidos nos textos publicados e assinados na revista ADEGA, por serem
de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).
Saúde, www.revistaadega.com.br
42
68
ENTREVISTA LISTA
10 Felipe Müller, da Tabalí, revela
como equilibra o cargo de
50 Selecionamos 10 vinhedos
Grand Cru que você
enólogo e CEO precisa conhecer
DEGUSTAÇÃO ESPECIAL
40 Adega Alentejana celebra 20
anos com portfólio ampliado
68 Aprenda 15 passos importantes
para se tornar um bom
e metas ambiciosas sommelier
82
78 85
GRANDS CHÂTEAUX
78 Château d’Issan, o vinho
que selou o destino de TODO MÊS
Bordeaux aos ingleses
8 | CARTAS
18 | PRESENTES
HARMONIZAÇÃO
82 Conira opções de pratos
certeiros e ousados para vinhos
20 | MUNDOVINO
99 | CLUBE ADEGA
DESCORCHADOS
Gostaria de parabenizá-los pelo evento e pela organização do
Descorchados 2018. Simplesmente perfeito. A organização está de
parabéns. Deram um show. Se me permitirem dar uma sugestão,
acredito que, para maior comodidade dos participantes, estações de
água poderiam ser espalhadas entre os estandes do evento. Isso ajudaria
muito os proissionais do vinho. No mais, tudo foi perfeito. Meus mais
sinceros votos de sucesso.
Athayde Delphino
VINHO F… HIM
Se for uma estratégia de marketing para conquistar o consumidor
anti-Trump faz sentido, mas se isso realmente tiver um viés politico
ideológico, acho uma grande besteira.
Cassio Edu
Enólogo na
essência
Felipe Müller, da Viña Tabalí, revela como conciliar
o trabalho de enólogo com o de gerente geral
“N
pe Müller Est, CEO e enólogo da Viña Tabalí.
Com pouco mais de 40 anos, Müller é um jo-
vem determinado e consciente. Sua airmação
de que nunca deixará de fazer vinhos revela o
quanto ele aprecia o que faz, ao mesmo tempo
em que entende a importância desse trabalho mesmo tendo
que ocupar um cargo que, teoricamente, o afastaria dessa
função enológica.
Não é simples conciliar a enologia e administração de
uma vinícola. Não são muitos os que são capazes de fazer
isso, principalmente tendo de gerir uma empresa familiar
que não é de sua família. Müller é o homem de coniança
da família Luksic. Em 2006, foi contratado pelo empresário
Guillermo Luksic e, após sua morte, trabalha sob a supervi-
são de seu ilho, Nicolás.
A Viña Tabalí, fundada pelo visionário Guillermo Luk-
sic, nasceu em 2002, quando ainda poucos se aventuravam
pelo vale de Limarí, no norte do Chile. Com ajuda de Mül-
ler, a vinícola se tornou uma referência e hoje, como o enó-
logo faz questão de frisar, atua no vale todo, do Pacíico aos
Andes, explorando os mais diversos terroirs da região.
Nesta entrevista exclusiva, Müller conta como concilia a
enologia e a administração da empresa, sem medo de expe-
rimentar. Ele revela ainda suas apostas para o futuro do vale
de Limarí e da vitivinicultura do Chile.
fotos: divulgação
mundo... Tabalí é um projeto muito especial
no qual seu enólogo é o gerente geral, que é
algo que não ocorre normalmente. Partimos
do vinho, ele é a nossa base, depois vem a co-
mercialização, o marketing. Nossa base é o
vinhedo e o vinho, e isso faz com que ela seja
muito mais sólida para o crescimento da em- Sauvignon e Carménère, mesmo colhendo
presa. Aqui tudo parte do produto. Tudo o que muito tarde. Os solos calcários produzem
Para
conquistamos vai ser produto da qualidade do vinhos mais elegantes, minerais, com muito mim,
nosso vinho. Tudo isso nos permite olhar para bom pH, que geralmente têm uma boa evolu- como enólogo,
o futuro com segurança que vamos ter uma ção na garrafa. Limarí é um maratonista. Ele
grande qualidade de uvas próprias para poder vai mudando com o tempo. é fácil colocar
seguir desenvolvendo nossos vinhos. 100% de
A essência de Limarí é Chardonnay?
Cabernet Sauvignon e Carménère são variedades
importantes do Chile, como não trabalhar com elas?
barrica nova
A primeira uva que saiu ao mundo de Limarí Há um tempo queria fazer a empresa crescer e acabou-se o
foi Chardonnay. Ela tinha frescor e estrutu- e as castas em que não estávamos focados terroir
ra, que é dada pelo calcário. Em Tabalí, co- eram Cabernet e Carménère. Ter essas duas
mecei a fazer Sauvignon Blanc, Pinot Noir, castas no portfólio de uma vinícola chilena
Chardonnay e Syrah fundamentalmente. São é muito importante. Se você quer ter um
as quatro castas mais fortes. Hoje temos um certo tamanho, sem isso, é muito compli-
Viognier que é uma maravilha. Em Talinay, cado. E tive a sorte de, em 2013, receber
fazemos ensaios com Cabernet Franc e Mal- uma chamada de um produtor dono de um
bec, que provavelmente vão estar no mercado vinhedo maravilhoso no Maipo. Pratica-
no próximo ano. Limarí tem algo muito in- mente o último vinhedo nas mãos de um
teressante, pois tem um clima frio, mas seco, produtor e não de uma empresa. Consegui-
portanto permite produzir algumas uvas tintas mos comprar e desenvolver um projeto de
de ciclo mais curto, como Malbec, Syrah e Cabernet Sauvignon para Tabalí com um
Cabernet Franc. Mas não tive bons Cabernet campo que está numa parte mais costeira
AD 94 pontos
PAYEN 2013
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 443). Tinto composto de
Quem melhor para contar como é feito o 90% Syrah e 10% Cabernet Franc, com fermentação de 30%
vinho do que quem fez o vinho? O mais das uvas com grãos inteiros em barricas de carvalho francês
legal de tudo foi dar a forma que gostaria e posterior estágio de todo o vinho durante 18 meses também
em barricas francesas 90% novas. Ano após ano, o Payen vem
para o projeto, ter uma marca de exce- mostrando um estilo mais vibrante, austero e profundo, que
lência em que não importa o rótulo que privilegia frutas vermelhas e negras frescas, além dos taninos
as pessoas comprem, elas sempre coniem mais tensos e de ótima textura. Uma interpretação refinada,
que é um produto sério, de qualidade. Eu privilegiando o lado especiado da Syrah, agora temperada com
pessoalmente me preocupo muito que o as notas de ervas e de tabaco da Franc. Álcool 14%. EM
nível de entrada da Tabalí seja um vinho
AD 95 pontos
A
extraordinário por esse nível de preço, pois ROCA MADRE 2016
é a porta de entrada. Muitas empresas se T
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine - não disponível). Tinto elaborado
preocupam com os vinhos de gama alta e exclusivamente a partir de uvas Malbec cultivadas em solos
descuidam dos de baixo. vulcânicos, a mais de 1.600 metros de altura, na zona de
cordilheira do Limarí, com estágio de 18 meses em barricas de
carvalho francês. O resultado é um vinho extremo em sabores e
Parece cansativo, não pensa em deixar de lado a texturas, que combina frutas negras maduras com acidez vibrante,
enologia? muita profundidade e taninos de grãos mais espessos e cheios de
É muito trabalho, mas muito gratiicante. textura, tudo ornado por notas de violeta e curiosos toques salinos e
Precisa delegar e formar equipe, senão não de ferro. Mais que exótico e diferente, mostra novas e promissoras
funciona. Não me interessa ser gerente geral fronteiras para essa cepa em solo chileno. Álcool 14%. EM
se deixar de fazer o vinho, minha essência é AD 94 pontos
ser enólogo. Vou seguir sendo enólogo. TALINAY PINOT NOIR 2016
Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 230). Elaborado a
Como vê essa revolução de enólogos atualmente, com partir de uvas Pinot Noir cultivadas em solos calcários, com 12
projetos próprios e experimentações? meses de estágio em barricas de carvalho francês. Aqui se sente
o lugar refletido na tensão da fruta vermelha fresca e na textura
É interessante, cada um com seu estilo,
lembrando giz de seus taninos, tudo emoldurado por vibrante
sem restrições. Mas o Chile precisa vender acidez, notas salinas e um lado de sangue cativante, que
melhor os lugares que têm uma qualida- confere um ar sério ao vinho. Profundo e longilíneo, tem final
de alta. Os vales possuem denominações encantador, com toques florais e minerais. Álcool 13%. EM
muito grandes. Temos que falar de lugares
pontuais. A generalização leva a uma com- AD 95 pontos
TA
ALINAY SAUVIGNON BLANC 2017
modity. É interessante o que está acon- Tabalí, Limarí, Chile (World Wine R$ 144). Elaborado a
tecendo no Chile hoje em dia, enólogos pa artir de uvas Sauvignon Blanc cultivadas em vinhedos
destacando zonas patrimoniais como Itata, de e solos calcários plantados a 15 quilômetros do mar,
valorizando vinhedos antigos com cepas seem passagem por madeira. O resultado é uma rocha
como País, Moscatel etc. Acho muito le- líq
quida, austero em seus aromas e sabores, vibrante e elétrico
em
e sua acidez, tudo num contexto de força, tenacidade,
gal, pois mostra a capacidade do Chile de
deliciosa textura, muita profundidade e final deliciosamente
fazer vinhos diferentes. Se icamos somen- salino. Álcool 13,5%. EM
te no padrão, torna-se uma commodity. O
pior que pode acontecer ao Chile é que AD 93 pontos
ique dominado por 10 marcas. Tomara TALUD CABERNET SAUVIGNON 2015
Tabalí, Maipo, Chile (World Wine - não disponível).
que mais e mais vinhedos apareçam. Isso
Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas
obriga os grandes a se modernizar, a me- Cabernet Sauvignon plantadas em Maipo Costa,
lhorar. E quando os grandes melhoram, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho
ajudam também os pequenos, pois melho- francês. Mostra deliciosas frutas negras e azuis frescas
ra a imagem do país. É uma revolução que acompanhadas de notas florais e minerais, que se confirmam
há pouco tempo era silenciosa, mas hoje na boca. Impressiona pelo estilo refinado, fluído, de acidez
vibrante e taninos de excelente textura. Tem final longo e
deixou de ser e celebro quem deu esse pas- carnudo, com toques de grafite e de violetas. Álcool 14%. EM
so para a inovação, pois é duro.
Rolex Arco-íris
A Rolex está lançando
uma nova versão da linha
Daytona, agora com o Rolex
Tattoo Rainbow Daytona Everose.
O famoso tatuador norte-
Ele vem com 56 diamantes
americano Scott Campbell
e safiras de diferentes cores
colaborou com a Master &
para formar um arco-íris.
Dynamic para criar fones de US$ 100.000
ouvido de edição limitada www.rolex.com
com intervenções do artista e
tecnologia de ponta.
US$ 399
www.masterdynamic.com
SUV
A marca italiana Lamborghini resolveu entrar no
mercado de Sport Utility Vehicle (SUV) com o Urus.
Ele tem motor 4.0 V8 biturbo de 650 cv, 86,6 kgfm
de torque e câmbio automático de oito marchas.
R$ 1.700.000
www.lamborghini.com
Câmera
Com detalhes em cores luminescentes e tida
como a mais discreta câmera do mercado
atual, a Stealth Edition é baseada na Leica
M Monochrom (Typ 246) e foi criada em
colaboração com Marcus Wainwright, fundador e
CEO da marca de moda Rag & Bon.
US$ 15.750
https://en.leica-camera.com
Jaqueta pet
Doggy Armor e VeryFirstTo criaram esta
jaqueta para cachorro feita com ouro
24 quilates e ornada com diamantes.
O fabricante garante que a jaqueta é
uma verdadeira armadura, mais forte
que kevlar. Parte das vendas é revertida
para fundações de ajuda a animais
desabrigados.
US$ 137.000
www.doggyarmour.co.uk
Basquete e moda
Em mais uma colaboração com a Nike, a Louis
Vuitton criou uma edição limitada a somente 10 pares
do Ceeze Creative Studios x Relevant Customs ‘Off-
Louis’ Air Jordan 1s, uma recriação dos famosos tênis
da lenda do basquete, Michael Jordan.
US$ 4.000
www.ceezemc.com
Gênio de Soave
Faleceu o grande promotor dos vinhos
dessa região italiana
Vintage 2016
Casas de Vinho do Porto estão apontando
2016 como safra Vintage
Abril tem sido um mês de Sottomayor, enólogo responsável
“declarações” no Vinho do Porto. pela Sandeman e Ofley.
Ao que parece, a safra 2016 foi Outros “declarantes” foram
bastante promissora no Douro e a Symington Family Estates em
diversas vinícolas já estão apontando todas as suas casas, incluindo a
que terão Vintages desse ano. Cockburn's, a Dow's, a Graham's
Um dos que declarou 2016 e a Warre's. A Sogevinus, com
como Vintage foi o grupo Fladgate, Burmester, Cálem, Barros e Kopke
com as marcas Croft, Fonseca também terá Vintage 2016. E a
e Taylor’s. O grupo Sandeman Quinta do Noval engrossou o time.
também seguiu a corrente. “Assim “Os vinhos foram maravilhosos,
que as uvas chegaram à nossa e temos a certeza de que o blend
vinícola da Quinta do Seixo, inal para o nosso 2016 será um dos
sabíamos que este era o melhor grandes Portos Vintage da Quinta
ano que vimos desde a última do Noval”, disse Christian Seely,
declaração, em 2011”, apontou Luis representante da Quinta do Noval.
Apresentamos
a Edição Limitada
do já consagrado Dal 1947,
um tinto único que nasce
para celebrar o aniversário
de 70 anos da .
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
Ícone vendido
Gaylon Lawrence Jr. comprou a vinícola Heitz Cellars, no Napa
Por um valor não divulgado, os Lawrence nomeou Robert
donos da mítica vinícola Heitz Boyd, que já trabalhou com
Cellars, do Napa Valley, produtores Kendall-Jackson e Joseph Phelps
do ícone Martha’s Vineyard Vineyards, como o novo presidente
Cabernet Sauvignon, venderam a e CEO da Heitz. “Não há vontade
empresa para Gaylon Lawrence Jr. de mudar o que estamos fazendo
Lawrence é novo no mundo do do ponto de vista da vinicultura.
vinho, mas não na agricultura. Sua Não há planos para fazer mudanças
família é dona de terras em Illinois, estilísticas”, airmou Boyd.
Missouri, Arkansas, Mississippi “A família May está empolgada
e Flórida, onde possui uma das
maiores operações de cítricos do
em trabalhar com a família
Lawrence. Estamos ansiosos para Foto
estado. A família também possui
dezenas de bancos. Os Lawrences
produzir mais safras de Heitz Martha
no futuro e não temos planos de de vinho
estão baseados em Memphis, mudar nossa meta de produzir as uvas Conira as fotograias
Tennessee. de Cabernet Sauvignon orgânicas da vencedoras do Pink Lady Wine
“Sentimos que este é o mais alta qualidade possível”, disse Photographer de 2018
momento certo para passarmos este Laura May Everett, dona do vinhedo
legado para outra família. Quando Martha's Vineyard.
O fotógrafo Victor Pugatschew foi
nos encontramos com Gaylon, Joe Heitz fundou a Heitz Cellars
o vencedor da categoria geral de
parecia uma combinação perfeita. em 1961. Nascido em Princeton,
“Fotógrafo de Vinho” Errázuriz do
No setor de vinhos, somos todos Illinois, ele veio para a Califórnia na
Ano, que faz parte do Pink Lady
agricultores e, com a história da década de 1940 enquanto servia no
Food Photography Awards 2018. Ele
família Lawrence na agricultura, exército. Ele trabalhou para Gallo
venceu com sua fotograia, Spinning
achamos que a Heitz Cellars estará e Beaulieu Vineyard, no Napa, sob
Chardonnay. Esta é a segunda vez
em boas mãos”, airmou Kathleen a supervisão de André Tchelistcheff
que ele leva o prêmio. A primeira
Heitz-Myers. antes de começar sua própria marca.
havia sido em 2015.
Os prêmios são divididos em
três categorias: Produção, Pessoas e
Lugares. O vencedor da categoria
“Pessoas” foi Thierry Gaudillère,
com “Worker in Maison Champy”.
O ganhador da categoria “Lugares”
foi George Rose com sua foto
“Vineyard Flooding”.
Os vencedores foram escolhidos
por um painel de juízes e as fotos
ganhadoras foram anunciadas em
uma cerimônia no Mall Galleries
em Londres, no dia 23 de abril de
2018. O Pink Lady Awards 2018
recebeu mais de 8.000 inscrições de
60 países.
Argentina
BODEGA ANIELLO
ESTE PRODUTO É DESTINADO A ADULTOS
Argentina
ALTOS LAS HORMIGAS
Argentina
BODEGA ATAMISQUE
Argentina
VALLISTO Chile
VIÑA BISQUERTT
Chile
VIÑA TABALÍ
Chile
CLOS DES FOUS
Uruguai
BODEGA GARZÓN
Argentina
FINCA SOPHENIA
Câncer de próstata
Vinho tinto bom, vinho branco, não Bordeaux-Londres
sem escala
Um m estudo aprofundado sobre o Uma linha de trem direta de Londres para
coonsumo de vinho e sua relação Bordeaux está sendo planejada
com o câncer de próstata revelou
que o consumo moderado de De acordo com as operadoras de trem entre a
vinho tinto pode reduzir o risco, França e a Inglaterra, uma nova linha direta está
em contrapartida, o vinho branco sendo planejada entre Londres e Bordeaux. O
pode aumentar esse risco. novo serviço de trens diretos entre as duas cidades
Pesquisas anteriores revelaram reduziria o trajeto para pouco mais de quatro horas,
uma ligação entre o consumo de acordo com a HS1, que administra o trem de
de álcool e um maior risco de alta velocidade do Reino Unido.
câncer de próstata, mas outras A rota mais rápida atualmente, através do
não encontraram nenhum Eurostar, envolve uma hora de escala em Paris, o
impacto. Quando se trata de vinho que dá um tempo total de viagem de cinco horas
especiiicamente, um recente estudo e 25 minutos. O retorno para Bordeaux leva mais
d
de H
Harvard descobriu que bebedores tempo, mais de seis horas, devido à necessidade
moderados tinham uma menor incidência de câncer de veriicações de segurança durante a conexão
de próstata. E uma pesquisa publicada na revista em Paris.
Cancer Science demonstrou que o resveratrol pode A nova rota proposta evitará a passagem por
aumentar a eicácia da radiação para destruir as Paris e usará uma nova linha de trem de alta
células cancerosas da próstata. velocidade que liga Tours a Bordeaux. O tempo
Agora, porém, um grupo de urologistas total de viagem será inferior a 5 horas. “O serviço
internacional realizou uma meta-análise de dados levará os passageiros direto do centro de uma cidade
focada especiicamente em descobrir se o consumo para o centro da outra, eliminando as complicações
moderado de vinho teria impacto sobre o câncer de da viagem ao sudoeste da França”, disse Dyan
próstata e se os efeitos variavam para o vinho tinto Crowther, diretor executivo da HS1 Ltd. “A rota
e branco. Os pesquisadores revisaram 930 artigos e está quase pronta para que um operador de trem
selecionaram 17 estudos que atenderam a diretrizes apareça e gire a chave assim que os governos do
rigorosas. Esses estudos avaliaram 611.169 pessoas. Reino Unido e da França concordarem com os
As descobertas foram publicadas na revista Clinical controles de fronteira”, apontou.
Epidemiology.
Os resultados mostraram que os bebedores de
vinho tinto tiveram uma queda de 12% no risco de
câncer de próstata. Porém, os bebedores de vinho
branco viram um ligeiro aumento no risco desse
tipo de câncer. Os pesquisadores acreditam que suas
descobertas exigem mais estudos sobre como o vinho
branco e o tinto podem afetar as células em nível
molecular.
O câncer de próstata é o tipo mais comumente
diagnosticado entre os homens americanos, com
estimativa de 161.360 novos casos em 2017.
Barricas diferentes
Fetzer Vineyards resolveu envelhecer vinho em barris de Bourbon
Todo bebedor de uísque sabe Zinfandel foi o resultado de uma primeiro a usar barris de Bourbon
que as destilarias costumam usar “sessão de brainstorming” quase cinco para dar sabor, outros estão usando
barricas usadas, inclusive de vinho, anos atrás na Fetzer e se tornou um barris da indústria de destilados para
para envelhecer seus maltes. Aliás, fenômeno de vendas no mercado inalizar seus vinhos. Por exemplo, a
recentemente, diversas empresas têm norte-americano, passando de 5 mil australiana Jacob’s Creek lançou o The
promovido algumas de suas bebidas caixas para 120 mil em três anos. Double Barrel Matured Shiraz em
envelhecidas em barricas de vinhos Bob Blue, diretor de viniicação da 2014, que usa barris de whisky escocês
especíicos. empresa, disse que quando começou envelhecido para inalizar o vinho. E
Mas agora a indústria do vinho a fazer vinho em 1982, na Califórnia, este ano uma vinícola do Napa lançou
parece que resolveu também icar era bastante comum comprar barris um Sauvignon Blanc envelhecido em
de olho nas barricas usadas pelos usados de Bourbon para inalizar o barris usados de tequila.
produtores de Bourbon – uísque vinho. Segundo ele, apenas as pequenas
americano. Desde 2014, a Fetzer vinícolas familiares, como Mondavi e
Vineyards – empresa de propriedade Montelena, usavam carvalho francês na
da Concha y Toro desde 2011 – época. Ele também garantiu que Fetzer
produz um vinho tinto feito a partir “é a primeira” a usar barris de Bourbon
de Zinfandel que foi envelhecido em na produção de vinho na era moderna da
barris de Bourbon usados. indústria vinícola californiana.
Chamado de 1000 Stories, o Enquanto o vinho pode ser o
A VinPro, que representa a da África do Sul, foi gravemente & Leeu Wines, airmou que
indústria do vinho da África do afetada, mas os produtores os rendimentos na região de
Sul, está prevendo uma safra menores, focados em vinhos de Swartland caíram 50%, em média,
com volume 20% menor em alta qualidade, também. Cada uma este ano. “Há tempos desaiadores
comparação com 2017. Essa queda das 10 principais regiões vinícolas à frente, já que os volumes estão
deve-se às severas secas pelas quais o do país foi atingida de maneira muito baixos. Os preços para
país tem passado recentemente. diferente pela seca. uvas, vinhos a granel e premium
Foram aplicadas regras rigorosas “Certas variedades e tipos de aumentarão”, disse.
de preservação de água por causa solo se beneiciam de ter menos De acordo com a Wines of
de uma seca de vários anos que irrigação, enquanto alguns solos South Africa (WOSA), os preços
colocou a Cidade do Cabo sob têm maiores características de do vinho a granel já subiram 30%,
risco de icar sem água e, com retenção de água”, disse Kevin o que tem um efeito indireto nos
isso, foram implantados limites Arnold, de Waterford Estate. Há 20 vinhos engarrafados. Até o ano
rígidos à irrigação, o que impactou anos, a equipe da vinícola plantou passado, havia um excedente de
diretamente nos rendimentos dos estrategicamente variedades vinho a granel, que agora está
vinhedos. Os produtores de vinho a mediterrâneas resistentes à seca, esgotado. Siobhan Thompson,
granel, que tendem a irrigar mais, como Mourvèdre, Tempranillo, CEO da WOSA, acredita que, no
foram mais afetados. Barbera, Grenache Blanc e longo prazo, a seca pode ter um
A indústria de vinhos a granel Sangiovese. “Essa decisão efeito positivo para a indústria:
do Cabo, que responde por cerca literalmente nos salvou”. “Com desaios, sempre surgem
de 60% das exportações de vinho Chris Mullineux, da Mullineux oportunidades”.
www.decanter.com.br
MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
20 anos
para além do Tejo
N
o dia 8 de maio, a importadora cau, que pretende ampliar esse leque e atender
Adega Alentejana completou 20 clientes em pelo menos 500 cidades e continuar
anos. Como o próprio nome já diz, crescendo de forma sustentada em ritmo superior
seu foco inicial eram os vinhos do a 20% ao ano.
Alentejo, em Portugal, região de Vale lembrar que, recentemente, em um mo-
origem de um dos sócios. De três contêineres e vimento ousado, a empresa fez o maior investi-
apenas duas pessoas em 1998, hoje a empre- mento de sua história com a construção de um
sa chega à casa de mais 100 contêineres im- novo centro logístico climatizado em Mauá,
portados, com uma equipe de respeito, com que começou a ser operado outubro de 2015.
mais de 100 colaboradores, e não se restringe A Adega Alentejana não vem somente
somente aos vinhos alentejanos, abrindo seu contribuindo com a cultura de vinho no país,
leque para além de Portugal. mas também com a parte social. “Hoje doamos
“A empresa manteve sua alma portuguesa du- mensalmente 10% do nosso lucro a instituições
rante o percurso de 20 anos, e queremos que isso que se destacam na prestação de serviços à popula-
seja mantido. Além de Portugal, incluímos em Casal Rosely e Manuel ção menos favorecida. Atualmente, ajudamos regu-
nosso portfólio rótulos do Chile, Espanha, Itália Chicau estão à frente larmente o Projeto Somar, em São Paulo, o Hospi-
da empresa juntamente
e não vamos parar por aí. Como complemento e com os filhos Pedro e tal do Câncer, em Barretos, a Abrinq e o Médicos
evolução natural, também passamos a importar André sem Fronteiras”, airma Chicau.
alimentos e azeites”, apontou Manuel Chicau, que No dia 13 de abril deste ano, São Paulo rece-
gere a empresa juntamente com a esposa Rosely e beu uma das etapas do 10° Road Show da Adega
os ilhos Pedro e André. Alentejana 2018, acontece a cada dois anos. É um
A celebração dos 20 anos da empresa tem a ver evento de duas semanas que visita 11 cidades em
com o otimismo dos proprietários no mercado de diferentes estados do Brasil. Ele apresenta mais de
vinhos brasileiro. Segundo eles, em 2017, o fatura- 120 vinhos de diversas regiões de Portugal (Douro,
mento cresceu acima de 20%. “Atendemos direta- Dão, Tejo, Lisboa, Alentejo, Toro, Rueda, Ribera
mente mais de 3 mil clientes, distribuídos em 353 del Duero e Rioja), Espanha e Itália. ADEGA par-
cidades nos 27 estados do Brasil”, enumera Chi- ticipou e traz os destaques.
AD 91 pontos
QUINTA DE CHOCAPALHA
AD 91 pontos BRANCO 2016
ALDEIA DAS SERRAS TOURIGA Quinta de Chocapalha,
NACIONAL 2014 Lisboa, Portugal (Adega
Adega de Silgueiros, Dão, Alentejana R$ 108).
Portugal (Adega Alentejana Branco composto de 90%
R$ 92). Tinto elaborado Viosinho e 10% Arinto, sem
exclusivamente a partir de passagem por madeira, mas
Touriga Nacional, com estágio mantido em contato com
de 10 meses em barricas de as borras por cinco meses.
carvalho francês. Refinado Mostra frutas brancas e de
e agradável, mostra a cepa caroço acompanhadas de
de um modo mais fresco e notas florias, minerais e de
austero, com as típicas notas ervas frescas. Estruturado e
florais escoltando os aromas gostoso de beber, confirma
de cassis e de ameixas, que as frutas do nariz, tem
se confirmam no palato. deliciosa acidez, bom
Estruturado e vertical, tem AD 91 pontos volume de boca, ótima
vibrante acidez, taninos cheios CEREMONY 10 YEARS OLD TAWNY textura e final persistente,
de textura e final persistente, Vallegre, Douro, Portugal (Adega Alentejana com toques salinos e
com toques especiados e de R$ 200). Tinto fortificado doce composto de cítricos. Álcool 13%. EM
tinta nanquim. Álcool 13%. Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz,
EM Tinta Barroca, Tinto Cão e Tinta Amarela,
com estágio médio de 10 anos em cascos de
carvalho. Num estilo mais fresco e de menor
sensação de dulçor, mostra aromas de frutas
secas e em compota seguidos de notas florais
e de especiarias doces. Intenso e persistente,
tem acidez e textura de taninos que trazem
equilíbrio ao conjunto, tornando-o agradável e
nada enjoativo de beber. Álcool 20%. EM
P
erguntado sobre como começou o Guia Descor-
chados, Patricio Tapia recorda que foi durante
a primavera de 1998, quando ele degustou 600
vinhos chilenos. “Porem, é provável que, na ver-
dade, tenha sido menos. Não muito menos. Qui-
nhentos vinhos, talvez”, airma. No entanto, pouco importa
quantos vinhos ele provou em sua primeira edição, lançada
20 anos atrás. Hoje Tapia avalia mais de 4.500 rótulos sul-
-americanos diferentes e Descorchados é a grande referência
de vinhos da América do Sul, com mais de mil páginas.
Além de uma “bíblia”, como Tapia gosta de jocosamente
se referir ao guia (tanto pelo tamanho como pela importân-
cia), Descorchados também se transformou em um grande
evento. Na verdade, não apenas um, mas alguns. O lança-
mento do guia é celebrado com grandes provas no Chile,
no Brasil e nos Estados Unidos. No Brasil, este ano, a festa
foi dupla.
i >
>>
Evento em São No dia 10 de abril, mais de 100 produtores dos dos produtores desembarcarem também no Rio
Paulo reuniu quatro países pelos quais Tapia viaja para montar
Descorchados (Argentina, Brasil, Chile e Uruguai)
de Janeiro. Centenas de enóilos cariocas tiverem a
felicidade de degustar alguns dos melhores rótulos
mais de 100 se reuniram no espaçoso e aconchegante Villagio sul-americanos ao mesmo tempo em que aprecia-
produtores JK, onde uma multidão de enóilos, proissionais vam a vista no encantador terraço do Village Mall,
ou não, puderam provar centenas de rótulos, en- na Barra da Tijuca.
de Argentina, tre eles, os mais bem pontuados de cada produtor.
Brasil, Chile e “Um evento como esse é uma oportunidade única Os melhores e as novidades
Uruguai de provar o que há de melhor nos vinhos da Améri-
ca do Sul. Aqui estão reunidos todos os produtores
Como faz tradicionalmente, Tapia apresentou os
vencedores em uma concorrida degustação para a
de renome e outros tantos menos conhecidos – que imprensa, grandes sommeliers e trade. Os presen-
também se destacaram – que apresentam seus prin- tes puderam conhecer os cinco melhores brancos
cipais rótulos. É imperdível para quem realmente e tintos sul-americanos apresentados por seus pro-
aprecia vinho e quer vislumbrar o que está acon- dutores, como Eduardo Félix, da Bodega Garzón,
tecendo de melhor e também prospectar possibili- que apresentou seu Single Vineyard Albariño 2017,
dades de compra para rechear a adega”, airmou o o melhor branco do Uruguai nesta edição. “A rele-
empresário e enóilo Jorge Tena. vância do Descorchados é inegável e alcançar 20
Mas, neste ano, não somente o público paulis- anos só mostra o quanto é importante”, disse.
tano teve a oportunidade de acompanhar de perto Felipe Müller, da Tabalí, apresentou seu Tali-
o lançamento do Descorchados. Dois dias depois nay Sauvignon Blanc 2017, considerado o melhor
do evento em São Paulo, foi a vez de uma parte branco do Chile, juntamente com o Errázuriz Las
Lucas Burgos
Lucas Burgos
White Bones 92
PONTOS Sémillon 2017 TINTO
PONTOS
2017
Viñedos de
Luiz Argenta Cave
98
PONTOS Alcohuaz RHU 2013
TINTO TINTO
Gen del Alma
92
PONTOS
8 Anos Chardonnay
Deicas Valle de los
99 Seminare Malbec
2010 Viñedo Chadwick 95 Manantiales Tannat
PONTOS
2016
98
PONTOS 2015
PONTOS
2016
TINTO
Miolo Single Vineyards
93
PONTOS
Touriga Nacional
2017
Miolo Vinhas Velhas
93
PONTOS
Tannat 2015
VINHO LARANJA
Era dos Ventos
94
PONTOS
Peverella 2014
LISTA | p o r ARNALDO GRIZZO
No alto da
Borgonha ADEGA aponta 10 Grand Cru borgonheses
que você precisa conhecer
S
ão 33 os vinhedos considerados Grand produção de vinhos da Borgonha.
Cru na Borgonha. Só para lembrar, Os Grand Cru são os vinhedos mais impor-
Grand Cru é a mais alta classiicação lo- tantes da Borgonha. Suas delimitações come-
cal, seguida pelos Premier Cru, os Villa- çaram a ser apontadas ainda na Idade Média
ges e, por im, as denominações regio- com os monges cistercienses. Após anos e anos
nais. E devemos lembrar também, diferentemente de observações e análises, eles foram separando
de Bordeaux, aqui o que deine a classiicação é o o que consideravam as melhores terras, de onde
vinhedo, não o produtor. E como um mesmo vi- surgiam os melhores vinhos. As denominações,
nhedo pode ter diversos donos, muitos produtores como as conhecemos hoje, foram quase todas oi-
podem produzir um mesmo Grand Cru. cializadas ainda no século XIX.
Dos 33 Grand Crus borgonheses, 24 estão Então, se você quer saber o que a Borgonha
localizados em Côte de Nuits, oito na Côte de possui de melhor, precisa conhecer os vinhedos
Beaune e um em Chablis. Ao todo, 550 hectares Grand Cru. A maior parte deles é de tintos, po-
de vinhedos são da mais alta classiicação, o que rém, há diversos brancos tão icônicos quanto seus
representa apenas 2% da área de vinhas plantadas pares tintos. ADEGA resolveu então selecionar
na Borgonha. O vinhedo de maior área (excluin- 10 vinhedos que você precisa conhecer e provar
do os sete climats Grand Cru de Chablis) é Cor- entre os 33 Grand Cru. Apesar de entender a re-
ton, com pouco mais de 97 hectares. O menor é levância, evitamos selecionar os que são “mono-
La Romanée, com 0,84 hectare. A produção total pólios”, ou seja, pertencentes a um único produ-
de Grand Crus costuma ser próxima dos 2,5 mi- tor. Conira os selecionados ordenados de norte a
lhões de garrafas, que não chega a 1,5% de toda a sul no mapa da Borgonha.
1 Chambertin-Clos de Bèze
Em uma das primeiras classiicações dos vinhedos de
Beaune, em 1860, o comitê local considerou os vi-
nhedos de Chambertin e Clos de Bèze como Grand
Cru de “primeira classe” e os demais, como Chapel-
le-Chambertin, Mazoyères-Chambertin etc., como
5 mil caixas de vinho por ano.
Acredita-se que esse vinhedo tenha se origina-
do ainda no ano 630 e suas dimensões se manti-
veram inalteradas desde essa época. O local per-
tenceu ao Duque Amalgaire, que teria construído
sendo de “segunda classe”. Essa divisão não existe uma abadia no local para se redimir dos pecados.
hoje, mas há quem considere que esses dois vinhedos As terras depois foram doadas aos monges.
são os de maior qualidade entre os outros de Gevrey. O vinhedo é ligeiramente mais íngreme do
Gevrey, por sinal, é a localidade que possui a que Chambertin e seus vinhos tendem a ser mais
maior quantidade de Grand Crus, com nove, e a aromáticos, com notas de pimenta. Ele combina
segunda maior área, com 87 hectares, atrás apenas elegância e vigor, austeridade e potência, com
de Aloxe-Corton. Clos de Bèze tem cerca de 15 muita inesse. Alguns dos principais produtores
hectares de Pinot Noir divididos por mais de 15 pro- são Bruno Clair, Dujac, Faiveley, Robert Grof-
dutores diferentes que produzem aproximadamente ier, Armand Rosseau etc.
AD 95 pontos
PHILIPPE PACALET CHARMES-
CHAMBERTIN GRAND CRU
2008
Philippe Pacalet,
Borgonha, França (World
Wine - não disponível). O
enólogo Philippe Pacalet
é adepto a produção
de vinhos naturais, ou
seja, sem nenhuma ou
baixíssima quantidade
de produtos químicos. A
fruta madura (cerejas)
está muito bem situada
ao lado da madeira que
está milimetricamente
integrada ao conjunto ao
lado de tons especiados
e florais. Em boca é
sensacional, eletrizante.
A alegria desse excelente
Pinot Noir é a integração
da fruta, do álcool, da
acidez, dos tons florais e
herbáceos. Final de boca
muito longo.
VIN HO TINTO
SÓ C OMBIN A C OM
C AR NE V ERMELHA?
5
Musigny
Diz-se que a origem de Musigny, tido como um ma do Clos de Vougeot, entre o Premier Cru Les
dos melhores vinhos não somente da Borgonha, Amoureuses e Les Échezeaux, entre 260 e quase
mas do mundo, é do século XI, quando Pierre Gros 300 metros acima do nível do mar. Este terraço
doou seu “Champ de Musigné” para os monges rochoso e calcário é bastante íngreme (8 a 14%).
cistercienses. A etimologia do nome, porém, não Os solos rasos – de origem jurássica com cerca
é precisa. Acredita-se que venha de uma família de 150 milhões de anos atrás – são ricos com um
de Musigny extinta e que ocupou um importante pouco de argila vermelha na parte superior. Eles
cargo na corte dos Duques da Borgonha até o são geralmente mais argilosos e menos calcários
século XIV. O vinhedo tem pouco mais de 10 do que os dos Grands Crus vizinhos.
hectares com mais de 10 produtores, apesar de O Musigny branco tende a ser extravagante.
90% estar nas mãos de quatro grandes nomes. Um vinho branco feito em terroir de tintos, cheio
Especialistas falam em um vinhedo triparti- e robusto, e não pode ser comparado com os
do com a parte menor e mais baixa “Le Combe Grand Cru de Puligny e Corton-Charlemagne.
d’Orveaux” tendo subido de classe em 1960, de Apenas a família De Vogüé plantou 0,66 hectares
Premier para Grand Cru, depois “Les Petits Mu- de Chardonnay no local. Já o tinto é tido como
signy” e “Les Musigny”. Anualmente são produ- um dos melhores vinhos do mundo, com enor-
zidas 3 mil caixas de vinho, sendo a maioria tinto me complexidade, profundidade de boca e bu-
e uma pequeníssima parte branco. quê espetacular repleto de nuances. Deve-se dar
Musigny ica em Chambolle-Musigny, no atenção aos produtores Jacques Prieur, Domaine
coração da Côte de Nuits, e está localizado aci- Leroy e Domaine Comte Georges de Vogüé.
Échezeaux
Este é um dos mais famosos e também mais Graças aos diferentes tipos de solo e climats, os
díspares vinhedos Grand Cru da Côte de Nuits. vinhos de Échezeaux tendem, como já dito, a ser
Muito disso deve-se à sua área, com mais de 35 bastante diversiicados. Há quem coloque os cli-
hectares de vinhas, e à quantidade de produtores, mats Em Orveaux, Les Pouaillères, Échezeaux du
com mais de 80. Divisão similar à do Clos de Dessus, Cruots, Champs Traversins e Rouges du
Vougeot (com o qual faz fronteira), outro vinhedo Bas como “segundos vinhos” no ranking dentro de
que também produz vinhos muito díspares para Échezeaux. Grands Échezeaux seria o primeiro
os padrões do que se considera Grand Cru na lugar e os climats restantes icariam em terceiro.
Borgonha. Falando de maneira geral, Échezeaux tem aromas
O vinhedo de Échezeaux ica localizado aci- que evocam rosa, violeta e cereja, com bastante
ma do povoado de Flagey-Échezeaux – entre equilíbrio e taninos suaves. Entre os inúmeros pro-
Vougeot e Vosne-Romanée. Acredita-se que o dutores, alguns se destacam: Robert Arnoux, Du-
nome derive de Aux Cheusots ou Les Cheseaux e jac, Jean Grivot, Anne Gros, Domaine du Comte
se referia a habitações. De raiz galo-romana, che- Liger-Belair, Méo-Camuzet, Jacques Prieur, Do-
saux signiica um grupo de casas. Ao lado, ica maine de la Romanée-Conti etc.
o vinhedo de Grands Échezeaux, que, apesar do
nome, é menor que Échezeaux, com menos de AD 95 pontos
DOMAINE DU COMTE LIGER-BELAIR ÉCHEZEAUX GRAND CRU 2007
9 hectares. Domaine du Comte Liger-Belair, Borgonha, França (Mistral US$ 773). Este Grand
Échezeaux apresenta solos diversiicados com Cru apresenta uma complexidade desconcertante. Com aromas límpidos e
climats diferentes e estão em uma altitude pouco elegantes, a fruta destaca-se na cereja e ameixa ainda no pé, seguido de ervas e,
acima de 300 metros do nível do mar (13% de ao fundo, um leve aroma de crème brûlée. Na boca, vem chegando em ondas,
declive médio). Na parte superior, os solos são primeiro a fruta, depois a acidez e, por último, os taninos presentes e perfeitos.
Com o tempo em taça, seu aroma evoluiu para um verdadeiro buquê de flores do
profundos, com 70 a 80 centímetros, e a base
campo. Um grande vinho, com excelente capacidade de evolução e que, segundo
tem cascalho, argila vermelha, marga amarela o proprietário Louis-Michel, é um vinho mais desinibido, que até 10 anos de idade
etc., um mosaico bastante variado e complexo. se mostrará mais que seu reservado irmão, o La Romanée Grand Cru.
7 Richebourg
Os vinhedos de Vosne-Romanée são certamente
os mais famosos da Borgonha. Não há quem
nunca tenha ouvido falar de Romanée-Conti, La
Tâche, Romanée-Saint-Vivant, La Grande Rue, La
Romanée e Richebourg. Este último tem cerca de 8
dos papéis durante a noite, criando uma designa-
ção “Richebourg ou Veroilles”, como se os dois
nomes fossem alternativas, o que foi aprovado na
comissão e o domaine obteve seu Richebourg.
O vinhedo ica entre 260 e 280 metros de al-
hectares divididos em 10 proprietários, produzindo titude sobre solos de apenas 30 centímetros de
cerca de 2,7 mil caixas de vinho por ano. profundidade compostos principalmente de de-
O vinhedo é uma junção de dois climats, o pósitos calcários misturados com argila. Há pon-
Les Richebourgs (que pertenceu aos monges cis- tos onde se encontram depósitos marinhos. Os
tercienses) e o Premier Cru Les Verroilles, que pontos mais altos tendem a ter maturação mais
foi reclassiicado e incorporado em 1920. Ri- lenta e a chaptalização costuma ser necessária.
chebourg ica separado de Échezeaux e Grands O vinho proveniente de Richebourg, sempre
Échezeaux pelo Premier Cru Les Suchots. Ele tinto, costuma ter uma textura irme, robustez
faz limite ainda com La Romanée e Romanée- e grande estrutura, muitas vezes descrito como
-Conti, além de Romanée Saint-Vivant. suntuoso. Muitos deles precisam de alguns anos
Uma lenda diz que um poderoso domaine em garrafa para serem melhor compreendidos.
queria que seu vinho fosse classiicado como Dez anos seria uma boa espera. Alguns produ-
Richebourg e pediu que seu Richebourg-sous- tores de destaque são: Jean Grivot, Anne Grous,
-Veroilles fosse reclassiicado. Curiosamente, Méo-Camuzet, Domaine Leroy e Domaine de la
duas letras de “sous” misteriosamente sumiram Romanée-Conti.
8
Romanée Saint-Vivant
O suixo Saint-Vivant vem da abadia de Saint-
Vivant. O vinhedo está grudado na vila de Vosne-
Romanée e diz-se que apresenta um contraste
marcante com os outros vinhedos de Romanée,
especialmente seu vizinho Richebourg.
Com pouco mais de 8 hectares, Saint-Vivant
tem cerca de 10 proprietários e produz aproxi-
madamente 3 mil caixas de vinho por ano. Ele
já foi conhecido como Clos Saint-Vivant e per-
tenceu à abadia de mesmo nome, que fazia parte
dos domínios de Cluny, anterior ao período dos
cistercienses. O vinhedo era parte do jardim da
igreja. Uma parte dele, tida como de qualidade
inferior, foi rebaixada para o Premier Cru Croix
Rameau. A primeira vez que o preixo Romanée
foi incorporado foi em 1651, graças à proximida-
de com Romanée-Conti.
A parte mais baixa é conhecida como Les
Quatre Journaux. Journal equivale a uma antiga
medida de terra, representando um terço de um
hectare. Essa parcela costuma receber o nome
cuvée Les Quatre Journaux de seus proprietários.
Duas outras parcelas, conhecidas como Au Plans
e Clos du Moytan foram reunidas na Cros des
Cloux, que pertence ao Domaine de la Roma-
née-Conti.
O vinhedo tem ondulações gentis entre 255
e 260 metros, com a parte superior tendo mais
concentração de calcário crinoidal e a parte mais
baixa com mais argila. Diz-se que o vinho de Ro-
manée Saint-Vivant é o mais delicado e feminino
dos Grand Cru de Vosne-Romanée, muito seme-
lhante a Musigny. Um vinho etéreo. Alguns de
seus melhores exemplares são feitos por produto-
res como Robert Arnoux, Dujac, Domaine Leroy
e Domaine de la Romanée-Conti.
AD 95 pontos
DOMAINE DE LA ROMANÉE-CONTI
ROMANÉE-SAINT-VIVANT 2011
Domaine de la Romanée-Conti, Borgonha, França
(Optim € 1.000). Um misto da força e intensidade do
Grands Échezeaux com o ar aparentemente delicado
e sutil do Corton. Exuberante e sedutor esbanja
cerejas maduras seguidas de notas terrosas e de
cânfora, que convidam a mais um gole. Tem acidez
vibrante, taninos de excelente textura e final puro e
elegante. Por sua qualidade e estilo, mostra-se muito
acessível mesmo tão jovem.
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Vista do vinhedo
de Montrachet
Corton-Charlemagne
Aqui chegamos nos domínios da Côte de Beau-
10
ne. Corton-Charlemagne é uma das denomina-
ções de brancos mais célebres da Borgonha. O
vinhedo tem cerca de 70 hectares e se estende
por três vilas (Aloxe-Corton, Ladoix-Serrigny e
Pernand-Vergelesses) com 75 climats. São produ- Le Montrachet
zidas mais de 23 mil caixas anualmente. Mont Rachet, monte calvo, é a pequena elevação
Acredita-se que o nome Corton derive de uma AD 94 pontos a oeste da vila de Puligny-Montrachet. O vinhedo
contração de Curtis d’Orthon. Curtis signiicaria LOUIS JADOT CORTON- Le Montrachet é considerado a fonte dos maiores
CHARLEMAGNE GRAND CRU
“Domaine” e Orthon teria sido um imperador ro- 1999 vinhos brancos do mundo. É o Chardonnay mais
mano que era dono dessas terras. Charlemagne, Maison Louis complexo, expressivo e intenso que existe.
não é preciso muito esforço para supor, vem do Jadot, Borgonha, Ele ica entre os vinhedos de Chevalier-Mon-
imperador Carlos Magno. Aliás, reza a lenda que França (Mistral Não trachet e Bâtard-Montrachet e se divide quase que
disponível). Os vinhos
sua esposa, Luitgarde, teria solicitado que fossem igualmente entre as comunas de Puligny-Montra-
originários deste
plantadas uvas brancas no lugar de tintas para terroir tendem a ficar chet e Chassagne-Montrachet. São pouco menos de
que a barba do imperador não icasse manchada melhores depois de 8 hectares com mais de 15 proprietários e produção
de vinho. uma década em garrafa anual de aproximadamente 3,5 mil caixas.
O vinhedo foi um presente de Carlos Magno, e é o que se constata Acredita-se que a qualidade desses vinhos já era
em 775, para igreja de Saint-Andoche de Sau- neste exemplar, conhecida desde o século XVIII apesar de apenas
que exibe linda cor
lieu. Entre os diversos climats há também alguns amarelo-palha de
na segunda metade do século XIX terem sido plan-
históricos, como o Clos du Roi, dedicado aos reis reflexos dourados e tadas as vinhas de Chardonnay. Antes, havia uma
da França que dominaram a região, ou Les Ma- aromas pronunciados mistura de cepas indígenas, como Aligoté e Gamay.
réchaudes e La Doix. Bonneau du Martray talvez de abacaxi em calda, Montrachet já foi descrito por ninguém menos que
seja o vinhedo mais famoso, com vinhas somen- bem como notas Alexandre Dumas (Os três mosqueteiros). Até 1990,
florais lembrando
te em Charlemagne, e que teriam pertencido a quando o Domaine Lelaive comprou 0,08 hectare,
copos de leite,
Carlos Magno. além de agradáveis nenhuma parcela do vinhedo pertencia a um produ-
Corton-Charlemagne ica em encostas íngre- toques minerais, de tor de Puligny.
mes (20 a 23%) e na parte mais alta da montanha mel e de camomila, Em Montrachet, os solos – entre 250 e 270 me-
de Corton, entre 280 e 330 metros, com solos do tudo permeado por tros acima do nível do mar – são pouco profundos
cativantes notas
período Jurássico, de 145 milhões de anos, ricos sobre um calcário duro, atravessado por uma faixa
amanteigadas e de
em argila e bancos calcários se alternando. O baunilha. Em boca, é de marga avermelhada. A proteção de Mont Rachet
vinho Chardonnay local é de uma delicadeza exuberante, classudo, contra os ventos é decisiva no terroir. Diz-se que seu
ininita, com aromas de manteiga, maçã assada, muito equilibrado, vinho “abre as portas do paraíso”. Ele é untuoso e ir-
citrinos, abacaxi, notas de mel etc. Ele apresenta tem ótima acidez e me, seco e sedoso, envolvente e profundo. Tem fruta
grande concentração e muito equilíbrio. Vale a final persistente e madura, acidez na medida, concentração, comple-
profundo, confirmando
pena icar de olho no que produzem Bonneau du o nariz. Cremoso e
xidade, textura suave e equilíbrio. Entre os produto-
Martray, Domaine Bertagna, Bruno Clair, Jean- diferenciado, tem estilo res de maior destaque estão Blain-Gagnard, Comtes
-François Coche-Dury, Faiveley, Louis Jadot, mais delicado e sutil, Lafon, Domaine Lelaive, Jacques Prieur, Ramonet,
Domaine Leroy etc. uma delícia. Domaine de la Romanée-Conti etc.
os
D
20
anos
Apoio:
ESPECIAL | p o r GUILHERME VELLOSO
S
ommelier é o responsável pelo serviço com naturalidade pelo salão dos restaurantes – e
de vinhos (e outras bebidas) num res- de dicção – para melhor se comunicar com os
taurante, embora muitas vezes também clientes. Exagero? Talvez. Mesmo assim, isso
tenha atribuições administrativas como mostra que ser um bom sommelier não é sim-
comprar e administrar o estoque de be- plesmente ouvir o pedido, trazer o vinho e servi-
bidas alcoólicas do estabelecimento. Mas, como -lo aos clientes.
tornar-se um proissional diferenciado nessa área? Nem seria preciso mencionar que conhe-
No livro Cork Dork (“obsessão por rolha”, em cimento técnico e teórico sobre vinho e sobre
tradução livre), ainda sem edição no Brasil (ver o trabalho que se espera do sommelier são pré-
seção Enocultura no número 147 de ADEGA), -requisitos indispensáveis. E que isso pressupõe
a norte-americana Bianca Bosker dá algumas formação em cursos sérios e muitas horas de prá-
pistas. Bianca decidiu entrar no mundo do vinho tica. Vale à pena registrar também que um bom
para entender a paixão quase insana, pelo tempo sommelier nunca deixa de estudar e de aprender.
e dedicação exigidos, que move esses proissio- As recomendações reunidas a seguir, que não
nais, deinidos por ela como “os hedonistas mais têm a pretensão de esgotar o assunto, podem ser
masoquistas”. Uma de suas primeiras surpresas úteis para quem está começando na proissão. E
foi descobrir que alguns dos futuros colegas (ao dão uma ideia dos cuidados a serem tomados no
inal, ela própria acabou abraçando a proissão) dia a dia para executar seu trabalho da melhor
frequentam aulas de dança – para se deslocar forma possível.
fotos: divulgação
C mpo
Com ortaamen
nto
O sommelie
mm er devve
p manec jjuntto à
permanecer
l empo A tude
Atit
necessário para efetuar o Cabee ao som
C mmelier
serviço. Obviamente, se t
tomar r a inici
iniciativaa de
um cliente antigo tomar -
a iniciativa de puxar tamente, servi-lo na
conversa, esse tempo será temperatura e taça
maior. Mas é bom não se adequadas e decantá-
esquecer dos outros clien- -lo se for o caso. Aqui a
tes e de que ninguém competência é do som-
gosta de se sentir tratado melier, a menos que o
como se fosse de “segun- cliente faça alguma ob-
da classe”. Também por jeção do tipo “preiro
isso, não icar de costas que este vinho não seja
para o salão, ignorando decantado”. Aí, vale o
clientes que solicitam dito no item 8.
atenção.
fotos: divulgação
Cuidado com as
redes sociais!
Ainda que sejam ferramen-
Vinhos raros e tas úteis para networking,
caros é preciso muito cuidado
No caso de o cliente ao usar as redes sociais. Recado inal para os clientes: não tenham medo de
trazer um vinho raro e Por exemplo, jamais postar recorrer ao sommelier. Ele é um proissional qualiicado
muito caro de casa, cabe fotos ou comentários a que está a seu serviço e para que a sua experiência no
ao sommelier solicitar a respeito dos clientes e dos estabelecimento seja a melhor possível.
garrafa quando o cliente vinhos que consumiram, a
chegar e fazer o serviço não ser, é claro, se autori- *Com contribuições de Arthur Azevedo e Nelson Luiz
normalmente, sem cha- zado pelo próprio. Pereira, ambos diretores e professores da Associação
mar a atenção. Brasileira de Sommeliers – SP. Nelson é também um dos
sommeliers mais experientes de São Paulo.
P
ode parecer controverso – em um sièmes Crus de Bordeaux, por ter chaptalizado
mundo em que cada vez mais se ilegalmente alguns de seus vinhos da safra 2016.
fala de aquecimento global e o con- Os diretores do château não negam ter acrescen-
sequente aumento do grau alcoólico tado açúcar a uma barrica de Merlot, mas air-
dos vinhos – ainda ser necessário que mam que não tinham a intenção de agir contra a
enólogos lançem mão da chaptalização. O nome lei. Alegam, aliás, terem solicitado ao órgão regu-
da técnica está ligado a Jean-Antoine Chaptal, lador e terem recebido uma resposta airmativa.
químico francês que teria proposto esse método Logo, a polêmica explodiu.
no século XVIII. Em entrevista Gonzague Lurton, presidente
Chaptalização é a adição de açúcar durante a do Organisme de défense et de gestion (ODG) de
fermentação, com o objetivo de aumentar o teor Margaux (órgão que regula a região de Margaux,
inal de álcool do vinho. Você pode ser pergun- em Bordeaux) e proprietário do Château Durfort-
tar: “por que alguém faria isso?” Nas mais varia- -Vivens, airmou que houve, sim, uma primeira
das regiões do mundo, os vinhos, por lei, preci- comunicação em que a autorização para chapta-
sam ter um teor mínimo de álcool, portanto, caso lizar estava conirmada, mas, logo em seguida foi
as uvas não tenham em si mesmas a quantidade enviada outra dizendo que todas as outras cepas,
de açúcar suiciente para chegar a isso, essa adi- exceto a Merlot, estavam autorizadas.
ção garantirá. Alexander Van Beek, diretor do Château Gis-
A chaptalização é uma técnica mais comum cours, criou ainda mais polêmica ao revelar que
em regiões frias, onde as uvas tendem a sofrer os pedidos de chaptalização são “banais” e feitos
para atingir a maturação necessária. Mas essa “sistematicamente” na maioria dos anos e para
“falta de açúcar” pode ocorrer não somente pelo todas as variedades de uvas. No entanto, ele diz
frio, mas por períodos de chuva e outros fatores. que, apesar disso, o método é raramente usado.
Ainda assim, quando pensamos que o planeta
está sentindo os efeitos do aquecimento global e Todo mundo pode usar?
a indústria do vinho é uma das que vem notando A fala de Van Beek deixou muita gente de cabelo
isso mais fortemente, é curioso ver explodir no em pé, especialmente aqueles que defendem a não
noticiário do vinho uma polêmica sobre o uso da intervenção ou a mínima intervenção possível nos
chaptalização. vinhos. ADEGA então resolveu questionar enólogos
das mais variadas partes do mundo, que abordam
O caso Giscours diferentes realidades, para saber o que eles pensam
Em março, as autoridades francesas abriram pro- a respeito do tema. Diante de um tema delicado,
cesso contra o Château Giscours, um dos 15 Troi- algum preferiram não responder. Outros optaram
dos vinhos. É uma ação necessária e não deve ser
banida, mas tem sido muito menos praticada nos
últimos 20 anos. É um método muito controlado e
cuja autorização é submetida à autoridade regional.
Essa autorização é anual, por variedade e por deno-
minação, por isso é muito regulamentada e adap-
tada às condições locais e à safra. O aquecimento
global em curso pode nos permitir um dia libertar-
-nos disso, mas isso também pressagia muitos outros
problemas”, alerta.
Ou seja, mesmo em locais onde costuma ser
permitida, a chaptalização é vista com certa caute-
la, apesar de ser considerada indispensável. Para o
enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, “a chaptali-
zação é um recurso válido em condições especiais,
mas que não deveria ser uma constante”. “Acres-
centar 1% ou 2% de álcool através desta técnica
não afeta a qualidade do vinho, o problema é o
que há por trás disso ou o porquê da necessidade
dessa correção. E essa correção é feita porque nes-
sa região ou naquela safra especíica as uvas não
chegaram a um nível de maturação para atingir
uma graduação ótima para o vinho”, aponta.
fotos: divulgação
Melhor ou pior?
Em sua fala, Baettig, da Viña Errázuriz, levan-
ta a questão de outra correção, a de acidez. Se a
chaptalização tende a ser uma técnica usada em
regiões frias, a acidiicação é mais comum em re-
giões quentes. A acidiicação é a adição de ácidos
(geralmente tartárico ou málico) para aumentar
a acidez de um vinho. Ela é usada quando as
uvas são colhidas muito maduras e, como resul-
tado, produzem vinhos com baixa acidez e alto
pH. Um pH elevado torna o vinho instável, gera
sabores desagradáveis e pode fazer com que ele se
deteriore rapidamente.
E é pensando por esse lado que Angelo Pa- (taninos etc.) e agentes de reinamento que são per-
“Sem
van, enólogo da vinícola canadense Cave Spring, mitidos em quase todas as regiões e denominações. chaptalização,
atesta: “Acho que a chaptalização é um recurso Quando falamos e deinimos ‘terroir’, não são essas a Borgonha
válido para regiões de clima mais frio, e não há práticas e adições, ao menos, tão adulteradoras do
absolutamente nenhuma razão para que não seja terroir quanto a chaptalização?”, questiona.
não existe!”,
permitida. Acho que a chaptalização é um dos afirmou
aspectos mais respeitosos das práticas de viniica-
ção, e muda a estrutura do vinho de uma maneira
Questão de vida ou morte?
Há cinco anos, em uma entrevista para ADEGA,
Pierre-Henry
menos signiicativa do que o que precisa ser feito Pierre-Henry Gagey, presidente da Louis Jadot, Gagey
nas áreas vitícolas de clima quente. Enquanto os foi enfático: “Sem chaptalização, a Borgonha não
fenóis nas uvas estiverem bastante maduros numa existe!” E ele demonstrou sua noção de maneira
vindima mais fresca e o vinho resultante não for muito simples: “Uma boa uva tem três caracterís-
excessivamente “verde”, uma pequena quantida- ticas. A primeira é a madurez, de açúcar e fenó-
de de chaptalização dará mais peso ou corpo ao lica. Um dos desaios é alcançar a madurez dos
vinho sem alterar a sua autenticidade”, garante. dois ao mesmo tempo. A segunda característica é
Segundo Pavan, “em regiões de clima quente, o a excelência, para que a uva esteja impecável. E,
mosto de uvas é geralmente acidiicado, o que reduz por im, a acidez. Nós não temos esse equilíbrio
o pH e aumenta a acidez, o que muda deinitiva- sempre. Às vezes, temos boa maturação fenólica,
mente a estrutura do vinho de uma forma mais sig- mas não temos açúcar suiciente. Então, temos
niicativa do que a chaptalização”. Ele cita ainda ou- que fazer chaptalização. Isso é uma coisa que as
tras técnicas que “alterariam” o vinho tanto ou mais pessoas não falam. É melhor fazer isso do que es-
que a chaptalização. “Existem outras práticas de vi- perar muito para colher e deixar a uva apodrecer.
niicação que também alteram o vinho de maneira O equilíbrio ideal conseguimos em 2009, quan-
signiicativa. Pense na fermentação em barricas, no do tudo estava perfeito. Mas não é sempre”.
envelhecimento em barricas e em todos os produtos Bem menos radical é o neozelandês Blair
ACESSE JÁ O MELHOR
CONTEÚDO DE VINHOS DO
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GRANDS CHÂTEAUX | p o r ARNALDO GRIZZO
Pacto
nupcial
A
beleza de Leonor, ou Eleanor, du- mulher inluente, de muita presença, não so-
quesa da Aquitânia, é comentada por mente pela beleza, mas pelas opiniões e atitudes.
diversos cronistas do século XII. “Per- Diz-se que, graças a ela, Luís VII, O Jovem, seu
pulchra”, ou formosa, era um termo marido, tomou partido das aspirações papais e
bastante comum quando se referiam lançou-se na campanha desastrosa da Segunda
a ela. No entanto, não foi necessariamente sua Cruzada. O casamento, porém, durou apenas 15
aparência, mas sua herança que motivou grandes anos, sendo anulado, entre outras coisas, por ela
disputas entre França e Inglaterra durante séculos. não ter gerado um ilho homem que herdasse o
Nascida por volta de 1.120, ainda muito jovem reino francês.
ela herdou as terras da Aquitânia – um dos maiores
ducados da Europa na época, abrangendo a maior O vinho da festa
parte do que era o território francês – de seu pai, Leonor, contudo, não perdeu tempo e oito sema-
Guilherme X, um dos principais vassalos do rei da nas após a anulação, casou-se novamente, desta
França. Pouco antes de morrer no trajeto do Cami- vez com Henrique Plantageneta, duque da Nor-
nho de Santiago de Compostela, o duque se mu- mandia, de quem era prima em terceiro grau. O
dou para Bordeaux. Receoso de que algum lorde casamento ocorreu em 18 de maio de 1152. Diz-
raptasse a ilha para se casar a força (algo muito -se que a festa teve muito menos pompa que em
comum na época, especialmente quando envol- seu primeiro matrimônio. Segundo cronistas, o
via famílias e reinos tão inluentes), deixou-a aos vinho servido, que selaria o destino da região da
cuidados do monarca Luís VI, O Gordo, que não Aquitânia, e consequentemente de Bordeaux, foi
perdeu tempo e a casou com seu ilho. o do Château d’Issan, de Margaux.
Tão logo se uniu ao príncipe, em 1137, o rei Dois anos depois, em 1154, Henrique II foi co-
morreu de disenteria e Leonor já era rainha da roado rei da Inglaterra e Leonor novamente se tor-
França. Historiadores descrevem-na como uma nou rainha. Assim, toda a região de Bordeaux, sob
A
fama de alguns vinhos faz com
que certas variedades iquem vin-
culadas a determinadas regiões e
países. O reconhecimento mun-
dial dos grandes tintos de Ribera
del Duero e Rioja, muitos deles feitos com base
na uva Tempranillo, fez com que essa casta se
tornasse um dos símbolos do vinho espanhol.
E hoje, toda vez que falamos em Tempranillo,
logo pensamos na Espanha.
No entanto, esta casta não se restringe so-
mente ao território espanhol e tem mostrado
bons resultados em diversas regiões do plane-
ta, inclusive no Brasil, com ótimos exemplares
na Campanha Gaúcha, principalmente. No
entanto, também não podemos nos esquecer
de seus sinônimos. Em Portugal, por exemplo,
a Tempranillo pode ser conhecida como Ara- 100% Aragonez do Alentejo
gonez (especialmente no Alentejo) ou Tinta (com passagem por barrica)
Roriz (no Douro). Mesmo na Espanha, a Tem- 1. Cozido Português
pranillo recebe outros nomes como Cencibel A fruta intensa, as especiarias, assim como a
ou Tinta del País, entre outros, dependendo textura encorpada e generosa de um Arago-
da região. nez alentejano, fundem-se bem à riqueza
Ou seja, há uma enorme variedade de ró- de aromas e sabores do Cozido Português,
tulos de Tempranillo no mundo e muitos deles e também com a textura mais cremosa dos Foto: Divulgação/Adega Santiago
no mercado brasileiro. Por ser uma uva bastan- legumes e das carnes.
te eclética em termos de harmonização, ADE-
2. Rabada com polenta mole e agrião
GA convidou Gustavo Cunha, sommelier
A textura cremosa do ragu e da polenta
executivo e embaixador de marcas da importa-
ligam-se perfeitamente à boca generosa,
dora Portus, para sugerir alguns pratos que po-
gulosa, do Aragonez. O sabor picante do
dem combinar com os estilos de Tempranillo
agrião faz um delicioso contraponto às notas
que costumamos encontrar. Conira sugestões
especiadas do vinho.
certeiras e ousadas.
2. Hambúrguer (o clássico
cheese salada)
A juventude, a intensidade
aromática e os sabores de fru-
tas vermelhas do vinho casam
muito bem com a riqueza
de sabores do cheese salada,
com a fruta levemente ácida
do tomate e frutado doce do
ketchup.
Hora do saca-rolha
ESPUMANTES BRANCOS
GAMBERO ROSSO
GAMBERO ROSSO GAMBERO ROSSO GAMBERO ROSSO MALBEC DAY MALBEC DAY
AD
AD
93
94
pts
pts QUINTA DOS MURÇAS RESERVA 2011
Quinta dos Murças / Qualimpor (R$ 412)
REGIÃO/PAÍS: Douro, Portugal
Tinto composto de Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Miúda,
Touriga Nacional, Touriga Francesa, Sousão e outras variedades advindas de
vinhas de mais de 40 anos, com estágio em barricas de carvalho francês e
americano durante 12 meses. Notas florais e minerais envolvem os aromas de
ECUUKUGCOGKZCUSWGUGEQPƒTOCOPCDQEC(TGUEQHTWVCFQGIQUVQUQFGDGDGT
VGODQCCEKFG\VCPKPQUFGȕVKOCVGZVWTCGƒPCNNQPIQGGNGICPVGEQOVQSWGUFG
ITCƒVG0GUUCXGTUȆQOQUVTCUGOCKUEQORCEVQGRTGEKUQGUDCPLCPFQVGPUȆQ
mas sem perder o seu lado exuberante e untuoso. Álcool 14,5%. EM
GO
TERREMOTO
Fundada por Don Pietro dei
Principi di Spadafora, a vinícola
sofreu muito durante o forte
terremoto de 1968 que atingiu a
ilha, mas Don Pietro comprometeu-
se com a reconstrução da adega,
reavaliando inúmeras uvas nativas
e introduzindo novas variedades
internacionais na Sicília.
LE MAESTRELLE 2015
Antinori / Winebrands (R$ 105) GOLD
REGIÃO/PAÍS: Toscana, Itália
Tinto composto de 60% Sangiovese, 20% Merlot e 20% Syrah, com
estágio de 15% do vinho em madeira entre oito e 10 meses. Redondo,
cativante e muito agradável de beber, mostra aromas de cerejas e ameixas
acompanhados de notas florais, herbáceas e de especiarias doces, que
UGEQPƒTOCOPCDQEC6GOCEKFG\TGHTGUECPVGVCPKPQUFGDQCVGZVWTCG
ƒPCNRGTUKUVGPVGEQOVQSWGUFGHTWVCUXGTOGNJCUȄEKFCUSWGGZKIGOC O Gold deste mês reúne tintos versáteis,
companhia de embutidos ou massas ao molho tipo sugo. Álcool 13%. EM que podem ser bebidos sozinhos regan-
do uma boa conversa entre amigos ou na
companhia das mais diversas preparações.
CASAS DEL BOSQUE RESERVA CABERNET SAUVIGNON 2015
De Rioja, na Espanha, vem o Ramón Bil-
Casas del Bosque / Domno (R$ 81)
bao Black Label, um blend de Tempranillo
REGIÃO/PAÍS: Rapel, Chile
e Garnacha ideal para escoltar embutidos
Tinto elaborado exclusivamente a partir de uvas Cabernet Sauvignon, em geral. Da Itália, trazemos o toscano
com estagio de 10 meses em barricas de carvalho. Mostra aromas Le Maestrelle, um corte majoritário de
de ameixas e cassis acompanhados de notas florais, de ervas e de
Sangiovese, perfeito para harmonizar com
especiarias doces e picantes. Estruturado, tem bom volume de boca,
massas ao molho de tomate. Já do vale do
ȕVKOQUVCPKPQUIQUVQUCCEKFG\GƒPCNEJGKQGCITCFȄXGNEQOVQSWGU
minerais, de canela e de chocolate. Álcool 14%. EM Rapel, escolhemos o Casas del Bosque Re-
serva, um típico Cabernet Sauvignon chile-
no, com suiciente estrutura para suportar
RAMÓN BILBAO BLACK LABEL 2015 carnes vermelhas mais gordurosas.
Ramón Bilbao / Cantu (R$ 65)
REGIÃO/PAÍS: Rioja, Espanha
Tinto composto de uvas 50% Tempranillo e 50% Garnacha, advindas de
vinhedos de mais de 43 anos, com estágio em barricas de carvalho 50%
francês e 50% americano. Aqui a acidez refrescante e os taninos de boa
textura, trazem sustentação ao conjunto e a sua fruta negra madura AD
acompanhada de notas especiadas, tostadas e de ervas secas, que
CRCTGEGOVCPVQPQPCTK\SWCPVQPCDQEC6GODQOXQNWOGGƒPCNEJGKQ
90
pts
AD
89
pts
AD
GRANDE PORTE 89
pts
Uma das mais tradicionais
regiões produtoras de
vinhos da Espanha, Rioja
foi a primeira região do
país a conquistar fama
internacional.
JOVEM CHILENA
Fundada em 1993, a jovem
vinícola Casas del Bosque
possui cerca de 230 hectares
de vinhedos próprios e um
restaurante estrategicamente
localizado no caminho entre
Santiago e Valparaíso.
BE ADE
LU A
C
AD AD
88
pts
88 pts
VOCÊ SABIA QUE...
um dos melhores e mais conceituados
enólogos da atualidade, o italiano
Alberto Antonini é o consultor e um
dos responsáveis por elaborar os vinhos
da Bodega Argento?
DA ITÁLIA
A Croatina, conhecida como
Bonarda na região da Emiglia-
-Romagna nada tem a ver com
a Bonarda tão plantada e
difundida na Argentina.
BE ADEG
LU A
C
90 89
pts
Neste mês selecionamos três cepas
as borras por alguns meses. Mostra pts brancas tradicionais em seus países
típicas notas florais, minerais e de produtores, que merecem ser co-
frutos secos envolvendo as frutas de
nhecidas ou revisitadas. Da África
caroço e tropicais, tudo num contexto
do Sul, vem o L`Avenir, um Chenin
FGIQUVQUCCEKFG\DQCVGZVWTCGƒPCN
Blanc que esbanja caráter e compro-
persistente e equilibrado, com toques
salinos e cítricos, pedindo mais um va mais uma vez a vocação desse país
gole. Álcool 13%. EM com essa cepa. Da Espanha, vem o
Chan de Rosas, um Albariño de cor-
po e alma produzido em Rías Baixas.
L’AVENIR CHENIN BLANC 2015 Já de Mendoza, na Argentina, traze-
L’Avenir / World Wine (R$ 110) mos o Los Andes, um Chardonnay
REGIÃO/PAÍS: estruturado e muito frutado, que foi
Western Cape, África do Sul um dos destaques de nossa última
degustação para a seção Cave da re-
Branco elaborado exclusivamente
a partir de uvas Chenin Blanc, sem
passagem por madeira, mas mantido
em contato com as borras por alguns
meses para ganhar textura e volume
de boca. Refrescante e muito frutado,
mostra pêssegos e frutas tropicais
acompanhadas de notas florais,
minerais e de ervas frescas. De boa
VOCÊ SABIA QUE...
tipicidade, tem certa cremosidade, ótima
a Familia Cassone tem alguns
CEKFG\GƒPCNECVKXCPVGEQOVQSWGU
salinos e de mel. Álcool 13%. EM dos vinhedos mais antigos de
toda Mendoza, alguns com
mais de 100 anos?
LOS ANDES SELECCIÓN
EXCLUSIVA CHARDONNAY 2015
Familia Cassone /
Família Cassone (R$ 58)
REGIÃO/PAÍS: Mendoza, Argentina
89%
das pessoas,
é encontrar
vinhos
conhecidos*
A importadora
dos melhores vinhos.
* A pesquisa Wine Intelligence Report 2013 (Vinitrac® Brasil novembro de 2012, n=705,
brasileiros consumidores de vinhos importados) mostrou que o fator #1 para a escolha do vinho
no restaurante é encontrar marcas conhecidas na carta. Estes são os vinhos que o consumidor
busca, e por isso os vinhos que vendem mais.