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Revista Adega - 165 - Julho - 2019
Revista Adega - 165 - Julho - 2019
HUDSON CHÂTEAU
YARDS CLINET
CONHEÇA O O “VELOCISTA”
NOVO POINT DE DO POMEROL
ENOGASTRONOMIA
DE NOVA YORK
DICAS PARA
ACERTAR NA
ENTREVISTA COMPRA DE SUA
UMA VISÃO DA PRIMEIRA
ÁFRICA DO SUL ADEGA
SEM PINOTAGE
CLIMATIZADA
POSSO
LEVAR UMA
GARRAFA?
ENTENDA A
ETIQUETA DE
UM JANTAR DE
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DOURO
PRIMEIRA PROVA
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POMEROL
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MARGAUX
Margaux | Palmer
SAINT EMILION
Cheval Blanc / Ausone / Figeac
PESSAC-LEOGNAN
Haut Brion | La Mission Haut Brion
SAUTERNES
D´yquem
Chef Chef
Luca Gozzani Luiz Filipe Souza
Provas
primeiras
DIREÇÃO
PUBLISHER
Christian Burgos - christian@innereditora.com.br
DIRETORA DE OPERAÇÕES
Christiane Burgos - christiane@innereditora.com.br
REDAÇÃO
Os amigos e leitores muitas vezes dizem invejar nosso trabalho. É EDITOR
Arnaldo Grizzo - a.grizzo@revistaadega.com.br
normal, uma prova de vinhos costuma estar repleta de glamour, e
quem não quer “viver de beber vinho”? A maioria, porém, esquece que DIRETOR DE ARTE
Ricardo Torquetto - ricardo@innereditora.com.br
bebemos “com responsabilidade”. Faz parte do trabalho avaliar (com
ASSISTENTE DE ARTE
seriedade, respeito e treinamento), selecionar e indicar vinhos. E se quem Aldeniei Gomes - arte@innereditora.com.br
Joshua Kerry - arte2@innereditora.com.br
gosta do que faz não precisa trabalhar um dia na vida, sim, nos divertimos
trabalhando. EDITOR DE VINHO
Eduardo Milan - eduardo.milan@revistaadega.com.br
Em uma grande degustação estilo “en primeur”, como o Douro
CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS
Primeira Prova (que este ano avaliou tintos e Vinhos do Porto da safra Patricio Tapia e Steven Spurrier
2017 e brancos de 2018), os seletos participantes – entre eles ADEGA COLABORADORES
– têm a responsabilidade de avaliar os vinhos apresentados, dizer quais Beto Duarte, Christiane Miguez, Daniel Perches,
Felipe Granata Kosikowski, Guilherme Velloso, Mauricio Leme,
merecem a sua atenção e por quê. Assim, nesse evento criado pelos mais João Paulo Gentille e Juliana Trombetta Reis (texto)
seu país e não inclui o Pinotage nessa conta. Aqui também vamos contar RIO GRANDE DO SUL/SANTA CATARINA
Sônia Machado - sonia@vistamontes.com.br
a história do Château Clinet, um dos ícones de Pomerol.
Você foi convidado para um jantar de vinhos, o que fazer? Levar MARKETING
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uma garrafa? Está recebendo amigos e um deles trouxe um vinho, você
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precisa abrir? Descubra a resposta para estas e outras “delicadas” questões Estados Unidos
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típicos dessa época, sendo assim, ADEGA resolveu sugerir combinações CIRCULAÇÃO
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12 60
12 ENTREVISTA
Gottfried Mocke: a África do
Sul “Velho Mundo” e sem
64 ESCOLA DO VINHO
Descubra o que fazer e o que
não fazer em um jantar de
Pinotage vinhos
44 GRANDES DEGUSTAÇÕES
Seleção imperdível dos melhores
vinhos apresentados no Douro
70 ESCOLA DO VINHO
Vai comprar sua primeira adega
climatizada? Confira as dicas
Primeira Prova para não errar
60 ENOTURISMO
Enogastronomia de alto nível
no mais novo ponto turístico de
74 HARMONIZAÇÃO
Sugestões pouco convencionais
para cinco pratos típicos de
Nova York inverno
CONTEÚDO |
80
64
85
GRANDS CHÂTEAUX
76 A história de sucesso do
Château Clinet, um ícone do
Pomerol
TODO MÊS
CURIOSIDADES
80 Quais grandes vinhos já
foram citados em clássicos da
10 | CARTAS
85 | CAVE
99 | CLUBE ADEGA
19 DE OUTUBRO (SÁBADO)
África do Sul
sem Pinotage
O vinho “Velho Mundo” sul-africano na visão de Gottfried Mocke,
o jovem enólogo da vinícola Boekenhoutskloof
A
os 42 anos, Gottfried Mocke é o O nome da vinícola não
enólogo-chefe da vinícola Boeke- é muito simples de pronunciar...
nhoutskloof. O nome é difícil de Boekenhoutskloof vem do holandês clássico
pronunciar. É algo como “boque- do Cabo, que costumava ser uma colônia ho-
notscluf”. Mas a dificuldade de falar landesa, depois se tornou uma colônia ingle-
o nome da empresa não influencia em nada na sa... Há uma história longa no Cabo. O nome
excelência dos vinhos produzidos por ele em um é muito antigo. Boekenhout é o nome de uma
país que poucos lembram ter uma vitivinicultura árvore tipo faia, uma árvore local (muito usa-
tão antiga e, quando lembram, logo associam à da na indústria de móveis). Kloof significa ra-
uma casta que a Boekenhoutskloof sequer produz, vina, como um pequeno vale, e é como a área
a Pinotage. onde estamos é conhecida.
A Boekenhoutskloof é uma propriedade an-
tiga, que remonta ao século XVIII, no entanto, Isso tem a ver com as cadeiras
seu sucesso é recente, e deve-se a um visionário desenhadas em alguns rótulos?
chamado Marc Kent, enólogo-empresário que Se você olhar no rótulo dos nossos principais
vem investindo pesado no desenvolvimento da vinhos, tem sete pequenas cadeiras, e esses
região de Franschhoek, mas também de certa móveis são clássicas cadeiras holandesas, algo
forma da indústria sul-africana como um todo. muito típico dessa época colonial, em que a re-
Graças a seus esforços, a Boekenhoutskloof vem gião era conhecida pela produção de mobília.
se tornando uma potência do vinho local. É um estilo específico de mobiliário do Cabo
Foi ele quem chamou o jovem Gottfried daquela época. E há sete cadeiras, pois são sete
Mocke, um dos mais brilhantes enólogos do sócios que começaram o negócio em 1996.
país, para fazer parte de seu time e dirigir a eno-
logia de uma das vinícolas mais promissoras do A história da vinícola então é recente?
continente. E o jovem tem liderado a empresa Boekenhoutskloof é uma propriedade antiga,
em um período complicado da indústria sul- mas representa a nova era, uma era moderna
-africana. Em visita ao Brasil, Mocke explicou da enologia no Cabo. Deve-se lembrar que a
o porquê de a África do Sul ter sucesso com seu África do Sul tem uma história longa e difícil.
estilo “Velho Mundo”. Dizemos que é o país mais antigo a cultivar
tam, pensam: “Interessante, há algo bem euro- em que não acreditamos, mesmo sabendo que Nos rótulos dos principais vinhos
há sete pequenas cadeiras
peu aqui sobre a comida, o vinho, as pessoas”. há pessoas que fazem Pinotages fantásticos. clássicas holandesas, típicas da
E dizem: “Tem muita coisa do Velho Mundo” Obviamente, fazemos variedades internacio- época colonial, em que a região
era conhecida pela produção
e ficam surpresas. Quando conhecem, pen- nais, mas você precisa lembrar que muitas de mobília. As sete cadeiras
sam em Velho Mundo. Isso é um fato. dessas variedades internacionais estão no nos- representam os sete sócios
originais. Marc Kent é um deles e
so país há muito tempo. Nós não fazemos Pi- também é um amante dos vinhos
O que acha do vinho da África do Sul notage, não acreditamos nela, não somos tão do Rhône, inspiração da vinícola
às vezes ser reconhecido pelo Pinotage? apaixonados por essa variedade. E acho que se
Não estamos restritos a variedades. Não temos está fazendo isso pelas razões erradas. Muitas
as mesmas denominações como na França. E pessoas pensam África do Sul com Pinotage,
isso é uma coisa boa. A África do Sul nunca vai mas não queremos fazer isso. As pessoas que
vender variedades. Não temos essa história de bebem Rioja não pensam em Tempranillo,
ter nossas próprias variedades. O consumidor pensam no estilo. Queremos que as pessoas be-
estrangeiro, quando pensa na África do Sul, bam Swartland e pensem Syrah ou variedades
pede Pinotage, o que faz sentido. Mas não po- do Rhône, ou sequer pensem nas variedades.
demos nos comprometer em vender variedades O mesmo com Stellenbosch. Quando bebem
100 anos em
grande estilo
British Airways lança
espumante para celebrar centenário
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
Celtas da Inquérito
Borgonha em andamento
bebiam Sindicância busca indícios de fraude em
vinho... rótulos de vinhos de Bordeaux
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
Reino Unido
em expansão
Vinhedos britânicos tiveram
um aumento expressivo neste ano
De acordo com a organização WineGB, cerca de três
milhões de videiras foram plantadas na Inglaterra e
no País de Gales neste ano, quase o dobro do volume
plantado em 2018. Isso significa que o Reino Unido agora
tem uma estimativa de 3.500 hectares de vinhedos, um
aumento de 24% em relação ao ano passado.
Um porta-voz disse que a maioria das novas plantações
devem ser de Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, Simon Robinson, presidente da WineGB, disse: “No
além de Bacchus, embora números precisos ainda não ano passado, definimos nossa visão de que nos próximos
estejam disponíveis. 20 anos, à taxa de crescimento atual, poderíamos produzir
Levará vários anos para que novas videiras produzam cerca de 40 milhões de garrafas por ano. Certamente
vinhos comerciais e o total ainda é pequeno em escala estamos indo em direção a isso”. Enquanto 69% dos vinhos
global – Champagne tem cerca de 34.000 hectares do Reino Unido são espumantes, tem havido também um
plantados –, mas o ritmo de crescimento reflete a interesse crescente no potencial dos vinhos tranquilos nos
confiança da indústria britânica após uma safra de alta últimos anos, particularmente de Bacchus, Pinot Noir e
qualidade como foi 2018. Chardonnay.
Barolo e Barbaresco
Massolino vai produzir também em Barbaresco
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Gala 4 2013 - Descorchados
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Nossas Enotecas:
z BELO HORIZONTE: (31) 3287-3618 z BRASÍLIA: (61) 3349-1943 z CURITIBA: (41) 3039-2333
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MUNDOVINO | EVENTOS DO MUNDO DO VINHO
Tudo mapeado
Toda a área de vinhedos da Austrália foi
mapeada por satélite
Novo presidente
Aurelio Montes foi nomeado
presidente da Wines of Chile
Vinhedo no teto
Designers querem usar vinhas para cobrir edifício em Milão
A empresa de design italiana Carlo desenvolvido em parceria
Ratti Associati (CRA) venceu uma com o grupo imobiliário
competição para transformar um local Covivio e com o consórcio
industrial em desuso em Milão em italiano Habitech.
um prédio de escritórios e centro de O antigo espaço
pesquisa que será adornado com 200 industrial vazio está
metros de videiras. localizado perto do museu
A CRA venceu a competição de arte contemporânea
“reinventing cities”, organizada pelo Fondazione Prada. O
C40 Cities Climate Leadership Group. projeto também inclui
O seu design apresenta um novo uma praça, mais de 5.000
edifício de escritórios que também metros quadrados de espaço
contará com um restaurante no público, e terraços e estufas
piso térreo e um centro de pesquisa para agricultura urbana e
molecular e oncológica. cultivo hidropônico.
O projeto, chamado Vitae, terá um A competição foi criada
caminho coberto por uma pérgola de para recompensar projetos
vinhas com 200 metros. A empresa urbanos neutros em
não comentou quais variedades de carbono, com o objetivo de tecnologias, agora é possível atingir
uva devem ser plantadas nem se vinho promover a sustentabilidade urbana. esse objetivo mesmo no coração
seria produzido a partir das videiras. A construção deve começar no final da cidade – isso é particularmente
Inspirado pelo design biofílico, um deste ano. “Estamos falando da relevante em um prédio dedicado à
princípio de construção que usa o tendência natural de nossa espécie em pesquisa científica”, afirmou Saverio
plantio para aumentar a conexão buscar nossa felicidade por meio da Panata, sócio da CRA e gerente de
com o ambiente natural, o projeto foi imersão na natureza. Graças às novas projetos da Vitae.
Pedal benevolente
Desafio de ciclismo feito por empresas da indústria do vinho ajuda instituto de caridade
O diretor do comércio de vinhos Fertuna, em Maremma e seguindo do Champagne Ayala no Bollinger
Mentzendorff, Andrew Hawes, criou para o norte em direção a Ciacci Family Group (SJB). Desde então,
um desafio de ciclismo de 350 km para Piccolomini via Montalcino, antes de foram realizadas nove “corridas”, que
ajudar a instituição The Benevolent. terminar em Siena. Todos os fundos passaram por alguns locais deslumbrantes,
Esse é o décimo passeio “Mentzendorff arrecadados com a viagem vão para incluindo Bodegas Roda, em Rioja,
Charity Ride”, que conta com a o The Benevolent, que têm como Domaine Chanson, na Borgonha, e
participação dos membros da equipe alvo problemas de saúde mental Taylor’s Port, no Vale do Douro.
de Mentzendorff, mas também com na indústria de bebidas. Este ano, O passeio anterior ocorreu em
pessoas de outras empresas. O passeio pretende-se alcançar um valor de £ 2015, indo de M. Chapoutier em
deste ano teve duração de quatro dias e 20.000. Tain Hermitage, no norte do Rhône,
percorreu regiões da Toscana. O primeiro Mentzendorff Charity via Mont Ventoux até Colliure, na
A rota de 350 km incluiu as Ride foi realizado em 2005 com uma fronteira espanhola. Todos os passeios
lendárias estradas “Strade Bianche” rota levando os participantes de Calais arrecadaram mais de £ 100.000 para o
da Toscana, começando em a Champagne para marcar a entrada The Benevolent.
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GRANDES DEGUSTAÇÕES | por CHRISTIAN BURGOS
Douro
Primeira
ProvaParticipamos da grande
degustação do que está
para ser lançado e fizemos
nossa seleção
C
omo você pôde acompanhar pelo Symington pontuou em sua abertura que este é um
Instagram da revista ADEGA (@ grupo que se uniu e que investe em suas iniciativas
revistaadega), participamos no co- sem qualquer financiamento do Estado português
meço de maio da primeira edição ou da União Europeia. As degustações ocorreram
do “Douro Primeira Prova”, uma diariamente das 9h até as 17h no Museu Casa do
espécie de en primeur do Douro, em que pude- Douro, numa linda sala onde são exibidos os nomes
mos degustar cerca de 170 vinhos, sendo brancos de vilas ao redor do Douro. Symington ressaltou
da safra 2018; tintos e Vinho do Porto de 2017, que se estivéssemos na Borgonha estes nomes de
que serão lançados, assim como os espumantes. vilas seriam os nomes dos vinhos, e que “é uma ver-
Esta é uma excelente iniciativa do grupo de 26 gonha que ainda não seja assim” nesta que é uma
produtores que se batizaram de “novo Douro”. Paul das primeiras regiões demarcadas do mundo.
fotos: divulgação
Produção média é de
apenas 4 toneladas por
hectare de uva
64 variedades de uva são
permitidas na região para a
elaboração de vinho
O solo do A safra de 2017 brio. Além disso, o normal nos Vintages já é esperar
vale do Uma das mais interessantes características de os taninos evoluírem junto com os outros compo-
Douro é uma degustação como esta é que, ao degustar
tantos vinhos de uma mesma safra lado a lado,
nentes em garrafa antes do consumo.
Já os tintos tranquilos fizeram os enólogos
de xisto, temos um panorama bastante preciso da safra, pensarem muito neste ano. Quando degustamos,
cercado de quase como um pequeno guia do que está che- estamos sempre pensando em curvas, a curva de
granito por gando do Douro. Este tipo de degustação com
tamanha possibilidade de comparação e com
maturação da fruta versus a maturação dos ta-
ninos antes da colheita, e depois da elaboração.
todos os tanta proximidade com os enólogos é uma prova Cada enólogo buscou seu caminho que, em ge-
lados da dedicação, transparência e desprendimento ral, se abriu em quatro vertentes: esperar os tani-
de todos os 26 produtores. nos chegarem e lidar com a fruta madura; usar
A safra 2017 foi muito desafiadora, sobretudo a madurez da fruta para fazer frente aos taninos;
para tintos, pois uma onda de calor de duas se- usar as barricas para domar os taninos; fazer ex-
manas ao final do ciclo de maturação teve como tração leve para evitar o excesso de taninos. Cada
consequência uma das colheitas mais precoces da caminho, executado com maestria, trouxe impli-
história da região, com rápida maturação da fruta cações para qual consumidor (gosto) se destinará
e, portanto, dos açúcares. O desafio foi encontrar o vinho, quando este estiver pronto, e qual seu
o caminho para harmonizar os taninos cuja matu- potencial de evolução. Mas definitivamente esta
ração demora mais que o dulçor da fruta. é uma safra na qual vale a pena se ater às avalia-
A safra foi considerada um ano Vintage para os ções e descrições ao escolher seu tinto.
Portos, curiosamente o terceiro seguido, e sendo ta- Por fim, os brancos de 2018 se saíram mais ho-
ninos poderosos e dulçor as características naturais mogêneos e muito bem, com fruta rica, alegria e
desses fortificados, a questão foi calibrar o equilí- equilíbrio.
NOSSA SELEÇÃO
BRANCOS 2018
Destaques AD 90 pontos Passeio na horta com muita erva e
ENTRE OS 3 BAGOS BRANCO 2018 legumes. Um vinho fresco e equilibrado.
Destaques Lavradores da Feitoria, Douro, Portugal Aliás, o equilíbrio é sua marca, mas
(Adega Alentejana). Corte de Viosinho, a fruta e textura contribuem, e muito.
BRANCOS 2018 Gouveio, Rabigato. Belo vinho, consegue
se posicionar entre o confortável e o
12,5% de álcool. CB
AD 90 pontos
DUAS QUINTAS BRANCO 2018
Ramos Pinto, Douro, Portugal. Corte de
Rabigato, Viosinho e Arinto. Muito bom
vinho. Amplo e fresco, guloso com muito
pêssego maduro com um toque de caldas
e ainda assim muito equilibrado. Para
agradar iniciantes e iniciados. 13% de
álcool. CB
AD 89 pontos
FLOR DE TECEDEIRAS BRANCO 2018
Quinta de Tecedeiras, Douro, Portugal
(Winebrands). Corte de Arinto, Viosinho,
Códega do Larinho. Fresco, franco e direto,
divulgação
um vinho delicioso de tomar. A fruta é pera
e tem cítrico de lima da pérsia. Delicioso e
nada pretensioso. 13% de álcool. CB
AD 90 pontos
GURU BRANCO 2018
Wine&Soul, Douro, Portugal (Adega e elegante, combinando estrutura e de Rabigato, Viosinho, Códega, Arinto
Alentejana). Um field blend de vinhas untuosidade. Em boca, sentimos também e Gouveio. A fruta, pera deliciosa, é
velhas que encanta e envolve. Temos a ervas e a laranja madura. E ao final do acompanhada de capim, que lhe dá uma
fruta, a acidez que vibra e a mineralidade palato é limpo e fresco. 12,5% de álcool. camada extra. Uma certa estrutura e
que aporta textura, terminando com uma CB textura lhe tornam muito gastronômico.
estrutura que pede um peixe regado ao 13% de álcool. CB
molho de manteiga. 12,5% de álcool. CB AD 89 pontos
PASSAGEM BRANCO RESERVA 2018 AD 89 pontos
AD 90 pontos Quinta da Rosa, Douro, Portugal (Adega TONS DE DUORUM BRANCO 2018
LA ROSA BRANCO RESERVA 2018 Alentejana). Corte de Viosinho, Gouveio, Duorum, Douro, Portugal (Casa Flora/
Quinta da Rosa, Douro, Portugal (Adega Rabigato e Códega do Larinho. Um vinho Porto a Porto). Corte de Viosinho,
Alentejana). Corte de Viosinho, Arinto, branco guloso e com boa acidez. O toque Rabigato, Verdelho, Arinto e Moscatel
Códega do Larinho, Rabigato e Gouveio. de ervas e pêssego é sua marca. Final a Galego Branco. Muito saboroso, deixa a
Aqui a fruta encontra o alicerce que mel. 13% de álcool. CB fruta brilhar amparada pelo frescor. Bom
precisa na madeira e, também pelo fato volume de boca e um final a camomila.
de ser mais madura e amarela, tem AD 92 pontos 12,5% de álcool. CB
laranja bem madura também. Ainda assim PÓ DE POEIRA BRANCO 2018
guarda o ligeiro amargor de agrião que a Quinta do Poeira, Douro, Portugal (Adega AD 92 pontos
tempera. Um vinho equilibrado e cheio de Alentejana). Um Alvarinho com nariz VALE D. MARIA VINHA DO
personalidade e vida. 13% de álcool. CB floral de primavera e um toque de floresta MARTIM DOURO BRANCO 2018
de pinus. A fruta é deliciosa, laranja e Quinta Vale D. Maria, Douro, Portugal.
AD 92 pontos nectarina. Acidez e um sexy dulçor ao fim Exuberante. O nariz é um lindo buquê
MEANDRO DO VALE MEÃO BRANCO 2018 de boca. 13% de álcool. CB de flores. Fruta amarela, nectarina doce e
Quinta do Vale Meão, Douro, Portugal damascos frescos. Tudo conjugado com
(Mistral). Corte de Rabigato e Arinto. Muita AD 91 pontos leveza. Tem força e equilíbrio ao mesmo
fruta amarela. Poderoso, com acidez na RAMOS PINTO DUAS QUINTAS RESERVA 2018 tempo com um final agradável que traz
medida, quase picante. Muito equilibrado Ramos Pinto, Douro, Portugal. Corte especiarias doces e anis. CB
(Mistral). Bela fruta no nariz, mas Touriga Franca. No nariz, a fruta azul e Quinta do Noval, Douro, Portugal (Adega
sobretudo na boca, que é vibrante. Ameixa madura já revela o equilíbrio que vamos Alentejana). Corte de Touriga Nacional,
suculenta daquela que mordemos e encontrar em boca. Um vinho suculento, Touriga Franca, Tinto Cão. Um vinho
escorre no queixo. Traz consigo um leve com ameixa bem madura, deliciosa com uma cara de Bordeaux em fruta do
perfil de feno e estábulo. E vai assim vibração e textura de taninos. Já nasce Douro. Sem sobre-extração ou excesso de
apresentando camadas até revelar tabaco belo e vai ainda evoluir muito. 14% de madurez. Tem um frescor que o conduz.
no retrogosto. Taninos de gostosa textura e álcool. CB Ameixa madura, madeira aristocrática,
mineralidade presente como pó de pedra. acidez para equilibrar, taninos potentes e
Vai evoluir muito bem por muitos anos. CB AD 92 pontos presentes. Um vinho clássico, já delicioso
QUINTA DA ROMANEIRA TINTO 2017 e com muitos anos pela frente. 14% de
AD 92 pontos Quinta da Romaneira, Douro, Portugal álcool. CB
QUINTA DA ROMANEIRA PETIT VERDOT 2017 (Portus). Delicioso aroma. Em boca, a
Quinta da Romaneira, Douro, Portugal groselha madura é sua marca. Taninos na AD 91 pontos
(Portus). Que surpresa e que delícia. O medida e a madeira colabora para o perfil QUINTA DO PESSEGUEIRO 2017
aroma traz ervas e um perfil carnoso. A de especiarias, como canela. O dulçor de Quinta do Pessegueiro, Douro, Portugal
fruta vermelha é suculenta e madura. Os alcaçuz no final. 13,5% de álcool. CB (World Wine). Corte de Vinhas Velhas
taninos são muito poderosos e também com Touriga Nacional e Touriga Franca.
apresenta uma textura mineral e quase AD 93 PONTOS Deliciosa ameixa madura. A acidez
salina. A acidez é marcante e o final QUINTA DO NOVAL PETIT VERDOT 2017 equilibra o conjunto e deixa os taninos
de boca tem um pouco de café. Uma Quinta do Noval, Douro, Portugal (Adega vibrarem em toda potência. O final de boca
excelente companhia para um rosbife Alentejana). No nariz, encontramos ameixa, a capim contribui para o equilíbrio. 14,5%
de filé mignon com aquele interior mal- floral e musgo encantadores. Potência de álcool. CB
passado. 15% de álcool. CB de fruta e taninos, com boa acidez e um
retrogosto fenomenal de mirtilo. 14,5% de AD 92 pontos
AD 93 pontos álcool. CB QUINTA DOS ACIPRESTES 2017
QUINTA DA ROMANEIRA RESERVA 2017 Real Companhia Velha, Douro, Portugal.
Quinta da Romaneira, Douro, Portugal AD 93 pontos Corte de Touriga Nacional e Touriga
(Portus). Corte de Touriga Nacional e QUINTA DO NOVAL RESERVA 2017 Franca. O nariz é aristocrático, com pinho
divulgação
VINTAGE 2017 muito fresco, quase mineral e com
grama cortada. Em boca, é rico, com
fruta vermelha, acidez vibrante e muita
AD 95 pontos
textura. Os taninos são fortes e compõem o
QUINTA DO NOVAL VINTAGE 2017
conjunto. CB
Quinta do Noval, Douro, AD 93 pontos
Portugal (Adega QUINTA DE ERVAMOIRA VINTAGE 2017 AD 91 pontos
Alentejana). Chegou Ramos Pinto, Douro, Portugal. O nariz traz QUINTA NOVA NOSSA SENHORA DO CARMO
Noval, e foi capaz anis e frutas vermelhas. Em boca, tem VINTAGE 2017
de atender às fruta intensa, pimenta negra, bela textura e Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo,
expectativas. O nariz muito boa acidez. Os taninos são intensos Douro, Portugal (World Wine). Aroma é
mesmo tão jovem já e vão acompanhar muito bem a evolução peculiar com canfora e incenso. Em boca,
apresenta camadas por duas décadas. CB brilha com frutas vermelhas e muito mel.
e complexidade.
Boa acidez e taninos potentes e marcados
Muita ameixa em AD 92 pontos da safra. CB
compota com um QUINTA DE S. JOSÉ VINTAGE PORT 2017
toque de casca Quinta de S. José, Douro, Portugal. Belo AD 92 pontos
de laranja. A vinho, potente onde deve ser. O nariz QUINTA VALE D. MARIA VINTAGE PORTO 2017
fruta é intensa, tem boa fruta vermelha em compotas e Quinta do Vale D. Maria, Douro, Portugal. O
vermelha um toque de ervas. Em boca, a fruta em nariz traz pimenta negra junto com a fruta.
e negra, compota é acompanhada de especiarias A boca é densa e poderosa com excelente
opulenta doces. A acidez é vibrante e os taninos são fruta, textura e acidez. Os taninos potentes
e limpa. A poderosos, e levemente desafiadores. CB marcam um pouco ao final e são domados
acidez é
pela doçura e o final com melaço. CB
tão intensa AD 94 pontos
que chega a QUINTA DO CRASTO VINTAGE PORT 2017 AD 94 pontos
apimentar. Os Quinta do Crasto, Douro, Portugal RAMOS PINTO VINTAGE 2017
taninos são (Qualimpor). Nariz elegante a bosque e Ramos Pinto Douro, Portugal. Um dos
poderosos e flor de laranjeira. Em boca, tem um perfil mais equilibrados. Com deliciosa amora
lidam com medicinal que acompanha a fruta e refresca no nariz e um toque do campo. Em boca,
o desafio o vinho. Equilibrado, fino e com taninos é equilibrado, com taninos presentes e
da safra se poderosos que caminham em sintonia com elegantes, e também com gulosa geleia
apresentando a explosão da fruta. CB de morango. O fim de boca confirma seu
bravamente,
equilíbrio. CB
mas com AD 94 pontos
galhardia. QUINTA DO VALE MEÃO VINTAGE 2017 AD 92 pontos
O mais Quinta do Vale Meão, Douro, Portugal WARRE’S VINTAGE PORT 2017
preparado para (Mistral). Frutas vermelhas e floral de Symington, Douro, Portugal. O nariz tem
evoluir por décadas. Fim de lavanda no nariz. Em boca, é poderoso flores. Em boca, é mais doce e voluptuoso,
boca com delicioso calor se e suculento, muita fruta vermelha em com muita geleia de amora e taninos
você não cuspir ao degustar (o compota. Elegante pelo equilíbrio. bem potentes. A grande acidez ajuda
que neste caso não fiz...). CB Menos extraído, lidou muito bem com a equilibrar o conjunto, que deixa um
os taninos que alvejaram alguns de seus retrogosto doce de bolo de chocolate. CB
conterrâneos. CB
VINHO TIN TO
SÓ C OMBIN A COM
C AR N E V ER M ELHA?
65
5
O
NOVO
POLO TURÍSTICO DE
NOVA YORK
Além do impressionante The Vessel, o bilionário complexo de
Hudson Yards abriga um shopping com lojas famosas e variada
oferta de bares e restaurantes para diferentes gostos (e bolsos)
É
difícil definir o The Vessel, mais imobiliário da história de Nova York, possivel-
nova atração turística de Nova York, mente do país. O custo, quando estiver totalmen-
aberta ao público em março deste te concluído (a previsão é 2025), deve alcançar
ano. O próprio nome admite duas estratosféricos 25 bilhões de dólares em investi-
traduções: vaso ou navio/embarca- mentos privados (a maior parcela), mas também
ção. Mais do que o nome, é sua aparência que da prefeitura e do estado de Nova York.
confunde. The Vessel é uma grande estrutura de Além do The Vessel (a visita é gratuita, me-
aço e concreto, misto de escultura e instalação, diante senha obtida no local) e de seus números
que compreende 154 lances de escada em espi- superlativos, o complexo de Hudson Yards, que
ral, interconectados por mais de 2500 degraus, compreende prédios (residenciais e de escri-
equivalente a um edifício de 15 andares. Ela tórios) e um novo hotel, ainda em construção,
pode ser visitada por dentro a pé ou, para quem reúne motivos de sobra para atrair turistas inte-
tem mobilidade reduzida, por um elevador que ressados em combinar as indefectíveis compras
sobe (e desce) muito lentamente até o topo. com o melhor da enogastronomia nova-iorquina.
Concebida pelo arquiteto inglês Thomas A enorme estrutura fica numa grande esplanada,
Heatherwick, a obra custou aproximadamente que pode ser acessada pela rua ou pelo shopping
200 milhões de dólares e foi construída, em par- de luxo “The Shops & Restaurants at Hudson
tes, na Itália, antes de ser transportada para seu Yards”. Para quem não resiste a uma comprinha
habitat definitivo: o novo complexo de Hudson (quem resiste?), não faltam nomes conhecidos
Yards, que ocupa vasta área delimitada pelas ruas para atrair os dólares e cartões de crédito dos visi-
30 e 34, entre a 10ª avenida e o rio Hudson, no tantes: Banana Republic, Cartier, Chanel, Dior,
lado oeste da ilha de Manhattan. The Vessel é Fendi, Uniqlo e Zara são alguns deles, além da
a cereja do bolo do mais caro empreendimento loja âncora da Neiman Marcus.
mesas disponíveis no local ou levá-la para casa. pectiva diferente do The Vessel e do complexo de
A vertente gastronômica também está pre- Hudson Yards, esse trecho da High Line permite
sente em restaurantes especializados em carnes entender melhor a grandeza do empreendimen-
e grelhados (o Hudson Yards Grill, de Michael to. Parte do complexo foi construída sobre uma
Lomonico, outro conhecido chef local), em dois plataforma que cobre parcialmente o enorme pá-
ligados à grife Momofuku (Fuku e Käwi) e em tio de manobras de trens que chegam e partem da
espaços que vendem chocolates (Li-Lac), sorve- Penn Station, que fica próxima.
tes (Van Leeuuven) e cafés orgânicos (Jack’s). Ou Dica final para quem estiver programando Citarella Wines & Spirits,
anexa ao Gourmet Market
seja, dá para visitar o local várias vezes sem repe- uma visita a Nova York para as compras natalinas. do mesmo nome, é bom
tir cardápio. Até outubro, deverão estar concluídas as obras do local para comprar vinhos
Antes (melhor ainda, depois) da comilança, prédio que abrigará, em seu 100º andar, o mais
recomenda-se um passeio pelo trecho final da novo observatório da cidade. Com entrada pelo
High Line, que contorna o complexo à distância shopping, ele terá piso transparente e restaurante
e desemboca na rua 34. Construída sobre uma no último andar. A 335 metros, esta será a mais
ferrovia desativada, a High Line é o modelo que nova atração do complexo de Hudson Yards, com
inspirou a proposta de transformação do hor- a promessa de oferecer uma das mais belas vistas
rendo, embora prático para quem se desloca de do rio Hudson e da cidade que, nos versos da can-
carro, “minhocão” em São Paulo num espaço ção popularizada na voz do imortal Frank Sina-
público e de lazer. Além de oferecer uma pers- tra, “nunca dorme”.
V
quência colocar. Além disso, como já apontamos no
ocê foi convidado para um jantar na tópico anterior, a garrafa pode ser apenas um presen-
casa de um amigo. Ele lhe diz que te, como seriam flores ou algo do gênero, um agra-
preparará uma refeição especial e decimento pelo jantar por parte do convidado. No
escolherá alguns vinhos para degus- entanto, se o convidado sugerir que vocês deveriam
tarem. Ótimo, não? O que melhor abrir a garrafa, é de bom grado fazê-lo. Ainda assim,
do que uma noite de enogastronomia na compa- caso você acredite que não haveria espaço no jantar
nhia de amigos? Mas, após o convite, o que esse para ela, tente sugerir um novo jantar ou uma outra
seu amigo espera que você faça? Será que você ocasião para provarem a garrafa juntos.
deve levar uma garrafa de vinho também? Será
que precisa levar algo de comida? Eu não gosto dos vinhos que serão
Para dirimir algumas questões, ADEGA re- servidos, posso levar um de que goste?
solveu apontar aqui tópicos que às vezes podem Se você tem uma relação mais próxima com o
causar dúvidas ou desconfortos tanto para quem anfitrião e quer levar um vinho para ser degusta-
convida amigos para um jantar com vinhos tanto do no jantar, pergunte o que ele pretende servir
para quem foi convidado. Veja aqui as situações e e diga que gostaria de levar algo. Se a relação não
descubra o que fazer ou não fazer. é tão próxima assim, você também pode levar,
mas seja educado ao sugerir que a garrafa deve
Fui convidado para jantar, devo levar ser aberta (“Comprei esses vinhos e estou louco
uma garrafa de vinho? Ou devo levar para experimentar com você, por isso trouxe”).
alguma comida?
Antigas regras de etiqueta dizem que sempre que Fui convidado e comprei uma
se é convidado por alguém para jantar em sua garrafa especial para provar no
casa, é um bom costume levar alguma lembran- jantar, mas o anfitrião não abriu.
ça. Flores ou algum pequeno presente são sempre Posso pedi-la de volta?
uma forma gentil de agradecer o convite. Dessa Situação delicada. Antes de respondê-la, vamos
forma, uma garrafa de vinho também pode ser primeiro tentar mostrar formas de evitá-la. Se você
considerada um presente, assim como uma caixa vai levar algo especial que quer que seja aberto,
de chocolates ou algo do gênero. Portanto, não tente levar também outra garrafa (não precisa ser
estranhe se o anfitrião não abrir sua garrafa ou do mesmo vinho) que serviria como um presente
sequer cogite colocar seus chocolates na mesa ao para o anfitrião. Na recepção, deixe bem claro que
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* I M A G E N S M E R A M E N T E I L U S T R AT I VA
REALIZAÇÃO
e
ESCOLA DO VINHO | p o r ARNALDO GRIZZO
Sem treme-treme
Se um ponto crucial na conser-
vação do vinho é a não variação POR QUE
Quais vinhos guardar de temperatura, outro é a não TER UMA ADEGA?
Além de ter seus vinhos à mão na
na adega climatizada? vibração. A maioria das adegas temperatura certa para consumir
Todos os vinhos devem ser manti- climatizadas possui sistemas de na hora desejada, um dos trunfos
dos em local fresco e abrigados da refrigeração por compressor, no de ter uma adega é manter os seus
vinhos em ótimas condições para
luz. Mas nem todos ganham com entanto, esses compressores de-
serem consumidos. Um dos grandes
o tempo de guarda. À princípio, vem ter baixa vibração. Segundo problemas de manter vinhos em
se houver espaço, mantenha todos estudos, a vibração pode arruinar locais inadequados é a variação
na adega. Se começar a faltar os vinhos mais rapidamente do de temperatura. Estudos mostram
que vinhos submetidos a grandes
lugar, dê prioridade aos de guar- que as variações de temperatura. variações de temperatura em pouco
da, no entanto, evite abrir espaço Além da vibração, é sempre bom tempo deterioram-se rapidamente.
retirando vinhos que estavam se atentar ao barulho, pois você Em lugares como São Paulo, por
exemplo, que durante a noite
acondicionados na adega que não não vai querer algo com ruídos podemos ter 15ºC e durante o dia
serão consumidos prontamente, inconvenientes no meio da sala. 30ºC, não é de se estranhar que os
pois a variação de temperatura tem vinhos sofram fora de uma adega.
efeitos danosos.
Edição 165 >> ADEGA 73
HARMONIZAÇÃO | p o r ARNALDO GRIZZO
fotos: divulgação
OUTRAS
RELAÇÕES
Ideias de harmonização pouco
convencionais para cinco pratos de inverno
H
á quem diga que dizer que muitas das regras de har-
harmonização não monização são maleáveis e isso abre
tem regras, apenas espaço para experimentação e a des-
“empirismo”. Mas, coberta de novas e interessantes in-
convenhamos, tem terações entre vinho e comida. Com
coisas que não combinam e nunca isso em mente, ADEGA separou al-
combinarão por mais “São Tomé” ternativas pouco convencionais para
que você seja. No entanto, pode-se cinco pratos de inverno. Confira.
Confit de pato
Um prato de preparo e cocção lentos, o giões próximas), pois congregam um tipo de
confit agrega sabores à carne de pato, com equilíbrio bastante similar ao que será en-
muitas nuances, especiarias, além da textu- contrado na receita. Contudo, se optarmos
ra macia da carne sutil. Um dos primeiros por algo um pouco menos direto, podemos
pensamentos para harmonizar esse prato esbarrar em vinhos feitos de Cinsault. A le-
clássico da culinária francesa é um bom veza e os tons picantes e herbáceos podem
Merlot (os blends de Saint-Émilion e re- oferecer um bom casamento com o pato.
Sopa de lentilha
Aqui não pensamos em sopa de lentilha to de sabores e aromas. Pares convencio-
apenas como um caldo simples de lenti- nais aqui podem ser Sangiovese e Syrah,
lhas, obviamente. A preparação costuma e também blends do Rhône. Todavia,
levar não somente a base dessa legumi- uma combinação menos usual pode ser
nosa, mas incrementos interessantes, criada ao lado de um belo Carménère,
como carnes e outros vegetais, gerando com estrutura e notas herbáceas que
um prato bastante substancioso e reple- complementam a rusticidade do prato.
Lasanha bolonhesa
A massa e a carne “clamam” por combina- co. Contudo, se você quiser sair um pouco
ções com alguns clássicos italianos, espe- dessas primeiras e certeiras opções, tente
cialmente toscanos, com Sangiovese, mas experimentar ao lado de um Aglianico. Os
também pode oferecer uma ótima pedida exemplares mais interessantes, que mesclam
com Barbera. Cabernet Sauvignon, Zin- taninos finos, acidez e dulçor equilibrado,
fandel e Tempranillo também são sempre fazem bom par com essa receita “da mam-
lembrados para acompanhar esse prato típi- ma”. Só evite os que tem álcool em excesso.
Fundista
e velocista
Enólogo por trás do sucesso do Château
Clinet gosta de correr maratonas
C
orrer maratonas não é para qual- Talentoso e determinado, ele abandonou as
quer um. Mesmo que você per- corridas para administrar Clinet, que pertence
corra os 42,195 quilômetros em à sua família desde 1999, quando seu pai Jean-
um ritmo lento, bem abaixo do -Louis Laborde comprou-a de uma empresa de
que um corredor profissional fa- seguros. Na época, Jean-Michel Arcaute (ex-
ria, ao final, com certeza estará completamente -proprietário) era o enólogo responsável. No en-
exausto. Uma prova tão longa requer não somen- tanto, Arcaute morreu em um acidente de barco
te do corpo, mas também da mente. É preciso em 2001. Tão logo tomou as rédeas do negócio,
muito treino e dedicação. Não se corre uma ma- Ronan, produziu transformações substanciais na
ratona “para brincar”. Deve-se estar completa- propriedade: replantando cerca de 20% do vinhe-
mente preparado. do (tido como um dos mais antigos do Pomerol –
Ronan Laborde gosta de correr maratonas e diz-se que há vestígios de vinhas que remontam a
já participou de algumas. Em 2004, aos 23 anos, 1595), implementando cultivos com práticas sus-
no auge da forma, além ocupar ótimas posições tentáveis, reconstruindo as instalações vinícolas e
em corridas das quais participava, ele já estava as- reorganizando a distribuição de Clinet.
sumindo a enologia do Château Clinet, uma das Antes de chegar aos Laborde, contudo, o
mais prestigiadas propriedades de Pomerol, em château havia sido propriedade da importante
Bordeaux. E aqui também se destacou, mas não família Arnaud no século XIX. Somente nos anos
como “fundista”, e sim como um velocista, pois, 1980 é que ele passou para as mãos de Georges
em pouco tempo, seu talento ajudou a forjar vi- Audy, um negociante de vinhos. Arcaute entrou
nhos que receberam excelentes críticas e altas no negócio quando se casou com a filha de Audy
pontuações. e, em 1987, chegou a chamar Michel Rolland
Escritos
Yquem, Gruaud Larose, Margaux, Taittinger...
Algumas marcas ficaram eternizadas em livros clássicos
“D
epois de acordar, pe- Assim Fiódor Dostoievski descreveu a cena de
diu almôndegas, uma um suicida “incidental” em uma de suas obras
garrafa de Château mais contestadoras, “Os Demônios”, do início
d’Yquem e uvas, pa- dos anos 1870. Nessa época, Yquem já era um vi-
pel, tinta e a conta. nho famoso em toda a Europa, inclusive na Rús-
Ninguém notou nada de especial nele; estava sia czarista. Foi o escritor russo, contudo, quem
tranquilo sereno e amável. Tudo indica que se ajudou a tornar Yquem a “bebida dos suicidas”
suicidou por volta da meia-noite, embora seja es- graças a esse trecho. Mas, convenhamos, o rapaz
tranho que ninguém tenho ouvido o disparo e só poderia ter bebido a garrafa toda...
o tenham descoberto hoje, à uma da tarde, de- Assim como Dostoievski, na história da litera-
pois de baterem na porta e, não obtendo resposta, tura inúmeros autores se valeram do vinho para
arrombarem-na. A garrafa de Château d’Yquem criar cenas inesquecíveis. A maioria, contudo,
estava consumida pela metade, sobrara também raramente nomeia uma “marca” específica de
meio prato de uvas. O tiro fora dado com um vinho como o escritor russo fez neste caso. Ainda
pequeno revólver de três tiros diretamente no assim, há citações célebres de marcas conheci-
coração. Correra muito pouco sangue; o revól- das em grandes obras – isso sem falar de clássicos
ver caíra no tapete. O próprio jovem estava meio da antiguidade que apontavam vinhos de locais
deitado num canto do divã. Pelo visto a morte específicos que, na época, podíamos chamar de
fora instantânea; não se notava nenhum sinal da “marcas”, pois, muitas vezes, não havia uma no-
agonia da morte no rosto. A expressão era serena, ção tão clara do produtor como o nome por trás
quase feliz, faltava pouco para estar vivo”. de um vinho de qualidade.
ENCONTRO MISTRAL ENCONTRO MISTRAL JANTAR GRAMONA – TUJU JANTAR GRAMONA – TUJU VINHOS DE PORTUGAL
PEDRAS
A Zuccardi atualmente está entre
os cinco melhores produtores de
toda Argentina e, desde 2016,
conta com uma das vinícolas
Neste mês, o Black une o que há de mais modernas e bonitas do vale
melhor no Velho e no Novo Mundo. do Uco para elaborar seus vinhos
Da Toscana, na Itália, selecionamos um ícones, na Finca Piedra Infinita.
Chianti Classico Riserva orgânico, cheio
de tradição, qualidade e com grande
capacidade de envelhecimento, o Badia a
Coltibuono. Viajamos até o vale do Uco,
onde conseguimos trazer o inovador e
ótimo Concreto, um tinto 100% Malbec
de pequena produção e mínima interven-
ção da família Zuccardi, que simboliza
TRADICIONAL
toda a filosofia praticada pela vinícola nos
A Sangiovese é a variedade
últimos anos.
tinta mais plantada da Itália,
correspondendo a 10% do total de
vinhedos plantados no país da
bota.
DE OLHO
Apesar de a Argentina ser
reconhecida pelos Malbec que
produz, também se destacam os
Cabernet Sauvignon de Mendo-
za, que respondem muito bem
ao clima da região, mostrando
perfil frutado e, muitas vezes, de
taninos mais macios.
8MRXSGSQTSWXSHI1EPFIGI7]VELIQTVSTSVʡʮIWMKYEMWGSQIWXʛKMSHIWIMW
meses em barricas de carvalho francês e americano. Sedoso e gostoso de
FIFIVQSWXVEJVYXEWRIKVEWHITIVƼPQEMWQEHYVSEGSQTERLEHEWHIRSXEW
ƽSVEMWXSWXEHEWIHIIWTIGMEVMEWEPʣQHIXSUYIWHIIVZEW(IGSVTSQʣHMS
XIQEGMHI^REQIHMHEXERMRSWQEGMSWIƼREPEKVEHʛZIPGSQXSUYIWHI
EQIM\EWʀPGSSP )1
PINOT
Reputada por sua linha de
Pinot Noir, que inclui o ícone
Ócio e o Bicicleta, a chilena
Cono Sur possui o maior
vinhedo da cepa no planeta.
ÓLEO E VINHO
A Herdade do Rocim está
situada entre a Vidigueira
e Cuba, no Baixo Alentejo,
aí tem uma propriedade de
120 hectares, com setenta de
vinhedos e dez de oliveiras.
BE ADEG
LU A
C
SILVER
ALDEIA DAS SERRAS DOC TINTO 2015 | AD 89 pts
Adega de Silgueiros / Adega Alentejana (R$ 51)
Região/País: Dão, Portugal
PARCERIA
A Anakena, situada em
Cachapoal, foi fundada
pelos amigos Felipe Ibáñez
e Jorge Gutiérrez no final
da década de 1990.
DE GUARDA
Apesar do Douro e do Alentejo
estarem mais em voga atualmen-
te, o Dão foi e continua sendo
uma das regiões mais tradicionais
de Portugal quando o assunto
são vinhos tranquilos com grande
capacidade de envelhecimento,
tanto tintos quanto brancos.
BE ADEG
LU A
C
se torna instantaneamente
um herói” vinho
John Seethoff, publicitário Dan Fishman, enólogo
VISITE NOSSAS LOJAS: SÃO PAULO • Jardins – Rua Padre João Manuel, 1269 • Itaim Bibi – Rua Amauri, 255 • Vila Nova Conceição – Rua Jacques Felix, 626
Shopping Cidade Jardim – 3º piso • SÃO ROQUE • Catarina Fashion Outlet • RIBEIRÃO PRETO • Vila Ana Maria – Rua Raul Peixoto, 749 • CAMPINAS • Cambuí – Rua Coronel
Quirino, 1.859 • RIO DE JANEIRO • Shopping Fashion Mall – 1º piso • Bossa Nova Mall - Térreo • CURITIBA • Pátio Batel – 3º piso – Avenida do Batel, 1.868
TELEVENDAS: 4003-9463 (capitais) 0800-880-9463 (demais localidades) • VENDAS ON-LINE: www.worldwine.com.br • SIGA-NOS: worldwinebrasil orldwine