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Processo de Indenização Da Gleba
Processo de Indenização Da Gleba
Documento assinado via Token digitalmente por VICTOR NUNES CARVALHO, em 04/09/2023 19:05. Para verificar a assinatura acesse
Autos nº 1000465-52.2018.4.01.3603 (ACP)
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conclusão (id. 1408161748 - Pág. 44):
14.0 - CONCLUSÃO
O imóvel foi avaliado com fulcro em valores reais de mercado, todos os
imóveis que compuseram a avaliação situam-se na mesma região e foram
devidamente homogenizadas com base na situação e no percentual de áreas
produtivas.
Foram avaliados os 214 lotes em 03 (três) épocas diferentes, 2017/2018,
levando em consideração informações dos últimos 5 anos e valor atual.
Resultando num valor médio de R$7.861,58 para 2017/2018, R$16.648,95
para a aferição considerando as informações dos últimos 5 anos e R$
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26.155,43 para 2022.
Considerando impactos de difícil reparação financeira e o estudo dos
dados, este profissional optou por utilizar o limite superior do campo de
arbítrio.
[g.n.]
Breve síntese.
I - DA IMPUGNAÇÃO DO INCRA
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homogenização e análise, eis que a perícia não teria observado normas técnicas (NBR) da
ABNT para avaliação de imóveis rurais, em especial quanto à utilização da variável
"percentual de área aberta" em detrimento da Nota Agronômica, na qual se combinam a
"classe de capacidade de uso" e "situação" do imóvel.
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do mercado e inclui-se dentre as variáveis independentes previstas na NBR-14.653-3, donde
se extraiu a metodologia utilizada na perícia.
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descartados pelo expert, pois servem somente de referência e levam em consideração a área
produtiva enquanto a perícia deveria fixar apenas o valor da terra nua.
13. Quanto aos valores sugeridos pelo INCRA, que foram extraídos de
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planilhas referenciais de preços, verificou-se que são apresentados valores
de terras de pastagem em Diamantino e Nova Mutum obtidos da revista
IEG/FNP. Entende-se que são de regiões diferentes e sua extrapolação
para Sinop, como sugere o INCRA, é temerária.
14. Da mesma forma, aplicar a planilha referencial interna do INCRA
também não é adequado. Essas planilhas, quando bem elaboradas,
refletem tendências de mercado e podem embasar a tomada de algumas
decisões, mas não se prestam para definir o valor de um imóvel
específico. Para um imóvel ou conjunto de imóveis específicos, o laudo
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Como ressaltado pelo expert, a indicação de valores para épocas diferentes é
decorrente da quesitação homologada e a apuração dos lucros cessantes visa auxiliar o
Magistrado no arbitramento da justa indenização, sem que com isso esteja obrigado a acatar
as conclusões do laudo.
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Nesse ponto, ressaltou-se no PARECER TÉCNICO Nº 901/2023 – SPPEA
(documento anexo):
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nesta ação coletiva.
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O que pretende a ré em última análise é que o técnico acolha a descabida tese
defensiva em detrimento das conclusões que ele próprio chegou ao realizar extensa análise
documental e trabalho de campo, nos limites do objeto da perícia, os quais não foram
ultrapassados, frise-se, pela colheita da percepção dos interferidos sobre a formação do lago
da UHE Sinop, como quer fazer crer a CES, já que é etapa sabidamente relevante para se
mensurar o impacto socioambiental da obra e constituem-se em fator importante para o livre
convencimento do Juízo acerca do pedido de condenação.
41. Segundo o perito, a CES contestou a resposta dada ao quesito 8 (fl. 42),
que versava sobre suposto abatimento de 40% no valor da terra nua devido
ao fato das áreas serem consideradas de posse, visto que se tratava de um
assentamento rural que ainda não estava com suas terras definitivamente
regularizadas para os assentados.
42. Nesse contexto, os técnicos da usina argumentaram que esse tipo de
imóvel, por sua própria natureza, teria um valor abaixo do mercado regular,
dado que as negociações seriam diferentes daquelas propriedades com a
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documentação em dia.
43. Entende-se que essa posição da usina não deva ser acatada, pois o
assentamento não está irregular e não se trata da área devoluta. Ao contrário,
o PA é diretamente ligado ao INCRA, está regular e possui matrícula
registrada no Cartório de Registro de Imóveis de SINOP/MT (Mat. 66.523)
(fl. 42).
44. Devido a essa regularidade, não é cabível a aplicação de um fator
depreciativo com vistas exclusivamente a reduzir o valor a ser
indenizado. Essa posição vai ao encontro com a opinião do perito judicial.
Assim, o perito acertou ao não considerar os lotes como sendo área de
posse, tendo, por conseguinte, feita a avaliação como propriedades
regulares.
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4 5 . Ademais, se a CES considera os assentados simples posseiros,
deveria então indenizar o INCRA que era o titular da área antes do
desmembramento da gleba em lotes. Mas nesse aspecto a CES se
manteve silente, querendo apenas reduzir a indenização em 40%.
[...]
54. Entende-se que o expert se posicionou de forma correta ao não utilizar
os
elementos solicitados sob a justificativa de que se tratava, à época, de
comércio irregular de lotes e que devido a essa situação os valores seriam
O risco assumido por quem "transmite" terras públicas afetas à reforma agrária
é, de um lado, a rescisão do documento titulatório do assentado que cede a exploração e, de
outro, a retomada do bem de quem o adquiriu. É, nessa toada, uma transmissão insubsistente,
caduca, que se reflete no preço do negócio, abaixo do que comumente se vê no mercado,
diferente da expropriação em favor da CES, que está amparada pela legislação e não sujeita a
concessionária às cláusulas resolutivas próprias dos contratos de reforma agrária.
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expectiva em vir a exercê-lo, estando então a ré obrigada a indenizar os afetados nesses
termos.
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Em sua manifestação sobre o laudo pericial (id. 1533809395), este Parquet
Federal já ressaltou a substancial validação do resultado obtido pela perícia judicial à
pretensão do autor, impugnando somente alguns erros materiais na transposição de dados,
conforme indicado pelo assistente técnico (Parecer Técnico nº 199/2023 – SPPEA - id.
1533838846), o que foi prontamente corrigido no laudo complementar, com a retificação das
tabelas de valores das áreas expropriadas para o ano de 2018 e para a evolução dos últimos
cinco anos com utilização do limite superior.
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O aspecto temporal é relevante porque os valores relativos à época da
desapropriação confirmam o vício de lesão, enquanto aqueles obtidos na data da perícia serão
adotados para o cálculo da indenização devida, consoante a legislação e entendimento
jurisprudencial consolidado já citados no parecer ministerial sobre o primeiro laudo.
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IV - CONCLUSÃO
assinatura eletrônica
VICTOR NUNES CARVALHO
PROCURADOR DA REPÚBLICA
(em substituição neste Ofício)
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