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O PAPEL DAS REGRAS NA SOCIABILIDADE: O SURGIMENTO DA ÉTICA

Rosa de Lourdes Aguilar Verástegui


Doutora em Educação. Professora da Fasul
rosaguilar@hotmail.com
O surgimento das regras é um processo inerente à humanização. A sociedade funciona a
partir de regras, temos regras gramaticais, científicas, políticas, jurídicas etc. Destas, temos especial
interesse pelo conjunto de regras que legitimam e mantêm os valores morais, estes são os princípios
éticos.

A ética é uma discussão sobre a conduta coletiva e individual dos homens que se
repete ao longo da história e vai modificando-se durante este percurso. Na procura da
ordem natural na sociedade, Aristóteles conclui que é a felicidade o objetivo da vida
humana. Esta felicidade está ligada, primeiramente, à virtude intelectual, mas, também diz
respeito à virtude moral, agir com moderação, com prudência. A ética grega é uma ética da
“meia medida”: tudo o que o grego deve fazer no plano moral é moderar os desejos, os
“impulsos”, por meio da razão, de modo a poder compartilhar tudo com a natureza e com a
polis. Esse caráter de integração entre o individual e o coletivo, que ao mesmo tempo
define e mostra um comportamento racional, é o ideal grego de perfeição moral.

Através da história da filosofia de ocidente, observamos que a ética passa por


diversos valores desde os gregos, os romanos, os medievais, os renascentistas, os
modernos, iluministas, até nós. Neste trajeto os valores mudam mas eles permanecem
sempre como o fundamento de sociabilização, eles manifestasse na moral que é relativa a
cada sociedade ela vai fundamentar o direito que surge a partir dela. A ética diferente do
direito não é coerciva, mas a sociedade tem seus recursos para punir ao infrator.

A FUNÇÃO HARMONIZADORA DA ÉTICA E ETIQUETA

Depois da ética, a etiqueta serve para reafirmar a importância das regras, selar os pactos e
manter o protocolo e o compromisso de seu cumprimento, sua natureza completamente simbólico
ritualiza essa função. A importância da etiqueta na formação humana é que ela é o eixo que
equilibra o homem dominado pela razão e também àquele dominado pelos sentimentos.

O contato com as regras de etiqueta devem ser contínuo elas devem converter-se
num hábito, como a ética. A prática é indispensável para introduzirnos na etiqueta assim
como a decodificação o significado, estes encontram-se intimamente ligados aos contextos
culturais: eles nutrem a cultura, mas também são nutridos por ela e só adquirem razão de
ser nessa relação dialética, só podem ser apreendidos a partir dela. Na prática social a moral
será guiada pela ética e a etiqueta terá que ser esse sublime produto estético, simbólico e
ritualístico, que como todo linguagem evidenciará nossas convicções e valores. A moral
encontra seu melhor aliado no sentimento estético da etiqueta.

O ENSINO DA ÉTICA E A ETIQUETA

As vantagens do ensino de ética unida à etiqueta é que elas podem equilibrar a formação
humana, dentro dos valores da sociedade a que pertencem. A educação é um processo que nos
permite o desenvolvimento e a inclusão na sociedade. A educação tem a missão de formar o
indivíduo segundo suas predisposições particulares, isto faz com que a sociedade se
estruture em diferentes tipos de profissões. Esta tarefa faz com que a educação seja um eixo
que tente ordenar à sociedade dentro de uma mesma ética e sob diversas etiquetas de
acordo a sociedade na qual se desenvolve.

Apesar de sermos indivíduos morais, nossa moral viu-se debilitada nesta sociedade
como conseqüência do individualismo que as formas de produção, da divisão do trabalho
produziram. Por esta razão, é necessário reeducarmos, para recuperar essa ligação com a
sociedade e a nossa responsabilidade social. Esta função tenta cumprir a ética e a estética.

Para fortalecer a moral podemos, de um lado, melhorar as regras e a benevolência


ou, de outro lado, afastar toda tentação ou oportunidade de obrar mal. Neste sentido, afastar
ao homem de toda tentação não é uma solução para que ele não erre, porque além de ser
impossível na prática, esta solução atenta contra a liberdade. Mas, a maneira mais adequada
de fortalecer a moral é através da educação de ética e etiqueta.

A estética não procura formar seres treinados e artífices de técnicas e destrezas


unicamente, eles têm que ser equilibrados. É uma etiqueta formadora do respeito,
preocupada pelos princípios da ética.

Conclusões

O equilibro social no se constrói pelo conflito de interesses egoístas, mas graças ao


respeito a um conjunto de regras de convívio, a ética. Em quanto existem o cumprimento
delas, pode-se manter o equilíbrio e harmonia social.
Dentro das regras sociais está a etiqueta, compreendida como o respeito a
particularidades estéticas de cada grupo social, que ajuda a mantê-lo coeso. Dado seu
caráter simbólico, a etiqueta educa para o respeito da ordem social.

A educação que considera o ensino da ética e estética deve ser crítica e consciente,
para poder entender o sentido e significado das regras. Sem este requisito a educação
degenera em treinamento, sobretudo no caso da etiqueta, que são regras completamente
simbólicas e que representam a cultura e protocolo de cada grupo social, cujo respeito deve
disciplinar e manter coeso ao grupo.

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. A Política, , Brasília: UnB, 1997.

SCHILLER, Friedrich. Sobre a Educação Estética do ser Humano numa serie de cartas e
outros textos. Lisboa: Imprensa Nacional casa da Moeda, 1993.

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