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42 Teoria dos Cinco Fatores de Personalidade (TCF): uma introdugao teorico-conceitual e aplicada para avaliacao Marcela Mansur-Alves Renata Saldanha-Silva Introdugao Quando tratamos de resgatar a historia da Psicologia da Personalidade é possivel perce- ber momentos de grandes avancos e outros de relativa estabilidade. O inicio do século XX representou um claro avanco tanto da concei- twalizagao da personalidade quanto no desen- volvimento de testes para sua avaliagao, tanto do ponto de vista objetivo quanto compreen- sivo (Groth-Marnat & Wright, 2016; Martin- ‘Fernandez 8 Ben-Porath, 2018). Grande parte dos principais instrumentos (Inventé- rio Multiffsico Minnesota de Personalidade/ MMPI, Teste de Apercepgao Tematica, Rors- chach, p. ex.) e teorias da personalidade (Sig- mund Freud, Abraham Maslow, Henry Murray, Gordon Allport ¢ outros) foram desenvolvi- “dos cntrerorianos de do 20le 020: Contudo, 0 campo tinha elaramente alcangado Um E520 meme ¢ eetaya “sobrevivendo por aparelfios entre os anos de 1970-1980 (McAdams & Pals, 2006). O esgotamento esteve, em par~ fee aiveledetayamsvanee Coca ambien- foco da pessoa para ° talistas que deslocaram pest a aes desconsiderando a existéncia de fe npeianeasouraigpostecc tre cnc sare g pesos Ademals, © campo de estu- rentes & Pionalidade em si era marcado por ards 7 ta pefawiadie enorme de propostas tebri tama divers cas para sua descri¢ao, que tinham pouco ou nada em comum e que impossibilitavam um avango genuino no entendimento da mensura- a0, da estrutura e dinamica da personalidade (McAdams & Pals, 2006). Nao obstante, os tiltimos trinta anos tes- temunharam um renascimento da Psicologia da Personalidade, representado por progres- sos significativos na conceitualizacdo, descri- gdo e mensuragao (McAdams & Olson, 2010; McAdams & Pals, 2006). Esse renascimento foi possivel apenas a partir de uma reformula- gio na forma de teorizar e pesquisar propor- cionada pelo adyento do Modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGE), proveniente, especial- mente, das sistematizages oferecidas por Ro- bert McCrae ¢ Paul Costa nas décadas de 1980 1990. O modelo CGF vem se impondo pro- gressivamente desde a década de 1990, sendo um dos mais aceitos na psicologia contempo- nea para descricio da estrutura ¢ natureza da personalidade humana (Deary, Weiss, & Betty, 2010). Além da replicabilidade, 0 mo- delo CGF possui extensas evidéncias de vali- dade preditiva, tais como para desempenho no trabalho, satisfagio com o trabalho, bem-estar subjetivo, qualidade de vida, desempenho aca- démico, rendimento esportivo, envolyimento com 0 sistema juridico, divéreio, estabilidade Moe Marcela Mansur-Alves e Renata Saldanha-Silva no relacionamento, longevidade, satide fisica, satide mental, resposta 4 psicoterapia, ¢ao de vinculo terapéutico, apenas para citar alguns estudos (Deary et al., 2010; Iliceus et al., 2017; Judge & Zapata, 2015; Malouff, Thorsteinsson, Schutte, Bhullar, & Rooke, 2010; Poropat, 2009; Roberts et al., 2017). Ainda, o modelo proporcionou a realizagao de pesquisas transculturais, de psicologia compa- rada e de pesquisas sobre 0 desenvolvimento da personalidade (Church, 2016; Freeman & Gosling, 2010; McAdams & Olson, 2010; McCrae et al., 2005). O modelo CGF (descrito em detalhes em capitulos anteriores deste compéndio) ofe- rece, pois, um ponto de partida necessario importante para o entendimento da personali- cria- dade, bem como para sua avaliagao. Contudo, como qualquer outro modelo, é incapaz de explicar de forma mais detalhada e completa © funcionamento da personalidade, nem pode oferecer explicagées tedricas suficientes para resultados de pesquisa que parecem ser incon- sistentes. Por exemplo, como a personalidade pode ser estével e mudar ao mesmo tempo? Se ‘os tragos de personalidade (as cinco dimen- sdes do modelo CGF) sao fortemente influen- ciados pela biologia, como o ambiente fisico ¢ social afeta a nossa personalidade? Foi nesse contexto que, em 1999, McCrae e Costa pro- puseram um aprofundamento do modelo CGF por meio de uma teoria, ambiciosa, que eles chamam de Teoria dos Cinco Fatores (TCF) (McCrae & Costa, 2003). Nesse sentido, temos como objetivo prin- cipal apresentar ao leitor a Teoria dos Cinco Fatores, em seus aspectos tedrico-conceituais e em suas Possibilidades de aplicagao mais pra- tica para a avaliagao psicoldgica. Nao temos, ’= contudo, intengao de esgotar o a Ssunty -omplexo, 44 Ben 4 curiosidade 4, para as intimeras possibilidades °° kite trutura conceitual oferece Para nose C5sa 0 mento de como a personalidade pe eteng, r momento € ao longo do ciclo de vid aa cad a. por definic4o, extremamente ue ¢ jamos, apenas, agucar Teoria dos Cinco Fatores Conforme apontado na secio anterior, ; TCF oferece uma estrutura para explicacies.y, sais dentro do campo da Psicologia da Person, dade. Um pressuposto importante desta estriny. ra € que ela opera como um sistema que possi diferentes niveis de andlise, representados pr componentes inter-relacionados e que softem diferencialmente influéncia da biologia ¢ do ambiente. Assim, pois, dentro desse referenc conceitual, a personalidade pode ser entendids como “um sistema no qual as tendéncias inata: da pessoa interagem com o ambiente social part produzir as acGes e as experiéncias de uma vidt individual” (McCrae, 2006, p. 215). A Figus! apresenta os componentes do sistema, comorm® propostos pela TCF. Uma primeira conclusio l6gics at "2" da observagao do esquema € que petsomle” de deixa de ser sindnimo de trag0s € iS incorporar outros elementos. E pos!"” es var neste esquema a presenga de Oe centrais (que sao representados pelos a los) e componentes que 0s autores © os coat ppses). Dente jo et como periféricos (as eli aes : paragie ponentes periféricos, ha uma sel (gen inputs e outputs. Bases bioldgicas ernas truturas cerebrais) ¢ influéncias cs ia, sim biente social, tais como cultura» fae a resem Ges) so inputs, uma vez que sados cinco Fatores de Personalade (TOF) __ que a personalidade estabelece com lagoes Areca (corpo) e externo, Por ou- iene piografia objetiva seria um output o fr ja que € 0 resultado observvel da 0 components centrais do sistema (ten- <0 ces bisicas ¢ adaptagées caracteristicas) Biologia Processos de desenvolvimento e . ima Introdu¢ao te6rico-conceitual e Biografia objetiva Comportamento ‘picada para avalagdo Sanat sOOe no mundo exte: ; Tho € interno. Em outras pa- avras, a biog S, a biografia objetiva representaria tudo © que a Que a pessoa faz, pensa ou sente a0 longo de toda sua vida e e da sua vida e em um momento particular (McCrae & Costa, 2003). S Processor dinimicos Adaptagoes caracteristicas Figura 1 Representacao esquematica do sistema de personalidade proposto pela TCF ‘Adaptado de McCrae e Costa (2003) Em relagio aos componentes centrais, McCrae e Costa (2003) destacam as tendén- Gs basicas, as adaptaces caracteristicas ¢ 0 autoconceito, sendo que este tiltimo seria tam- bem uma adaptagao caracteristica, que recebe Maior destaque pela importancia que assume ™estruturacdo da personalidade. As tendén- ‘as basicas sao disposigdes gerais, internas € ee que sao responsdveis pelas consistén- ane gas no comportamento, sentimento ae sa entre situacées ¢ ao longo do insur-Alves & Saldanha-Silva, 20175 Star, e Olson, 2010). Para a TCR, por 8 setany ersOnaldade, as tendéncas basi- dimenggen cPresentadas por cinco tragos ow mais gerais (aquelas que j4 conhe- cemos amplamente através do modelo dos cin- co grandes fatores), subdivididos em compo- nentes mais especificos, que seriam as facetas. Mais recentemente, alguns autores tem acres- centado outras evidéncias acerca da organiza- g40 hierérquica dos tragos de personalidade, propondo niveis de descrigao mais gerais do {que os cinco tragos (0 fator geral de persona- lidade, p. ex., cf. detalhes em Arias, Jenaro, & Ponce, 2018) e niveis mais especificos do que as facetas, chamados de nuangas ou respostas habituais (McCrae, 2015). © Quadro 1 apre- genta uma descrigio sintética dos cinco tragos bisicos e suas facetas, conforme proposta de Costa e McCrae (1992). ED Meets Mensur aves © Renata Saldanha-Silva ~ a 5 ab a Tendéncia basica Definigao =e WARNE Facotagp oe Refere-se a reatividade emocional do individuo, Vinewaese ee 4s tendéncias para preocupago, suscetiblidade ; lidade —~ ‘ao humor negativo (tristeza, raiva, ansiedade, Mpulsividade frustraco, inseguranga e medo) e a propensdo Hostilidade 8 psicopatologia (Shiner & Caspi, 2003). O termo Humor deprin, estabilidade emocional é, em geral, encontrado ido nos contextos em que esse trago é visto como uma ANsiedade qualidade positiva ou associado a resiliéncia. Constrangimenta Extroversao Pode ser entendida como um sistema que promove ——_Gregarismo a exploracdo e a abordagem ativa do ambiente, es incluindo 0 soctal (Shiner & Caspi, 2003) Assertividade Acolhimento Emogoes positivas Busca de sensagdes Amabilidade Diz respeito as tendéncias interpessoais, ou melhor, Complacéncia qualidade da orientacao interpessoal (Shiner & Caspi, 2003). Sensibilidade ‘Confianga Altruismo Modéstia Franqueza Conscienciosidade Refere-se as variagdes observadas nas capacidades Ordem de controle emocional, comportamental e cognitive. pejineragao Competéncia Busca por ealizagses Autodisciplina Dever Abertura a experiéncias pores @ profundidade, a complexidade e a nS qualidade da vida mental e experiencial do sujeito i (Shiner & Caspi, 2003). . ae Valores Estetica Agoes Sentimentos ‘40 das tendéncias basicas ¢ suas facetas, segundo a TCE ‘As tendéncias basicas (TB), também chama- das de tragos de personalidad; 840 inatas e ten- dem estabilidade (em individuos cognitivamen- teintactos), variando quantitativamente entre os, individuos (frequéncia e intensidade), mas quali- tativamente universais (McCrae & Sutin, 2018), {so significa dizer que as cinco tendéncias ba- sicas parecem se replicar nas culturas letradas, ja tendo se mostrado consistentes em mais de 50 paises distribuidos em todos os continentes (McCrae et al., 2005). Tais descobertas, associa- das a estudos que apontaram padrées semelhan- tesmesmo em outros primatas (chimpanzés, ava- liados pelos profissionais do zoolégico, p. ex.), seriam indicativos de que tais caracteristicas sao definidas biologicamente e podem ter apresen- tado importancia na evolugao das espécies, haja vista que todas as cinco grandes dimensdes re- Presentam, em algum nivel, maneiras como as Pessoas lidam consigo mesmas, com os outros € com a sociedade, elementos de extrema impor- tincia para a sobrevivéncia das espécies mais complexas, como nés, mamiferos. As facetas € as nuangas, entretanto, nao alcancam as mesmas tvidéncias de universalidade, o que nos leva 2 levantar a hipétese de que talver as diferencas culturais atuem nestes niveis, mais do que no Bt vel dos tracos mais amplos (Church, 2016)- sugerem que 5 estudos sug Por outro lado, algun: replicam em 88 cinco tendéncias basicas nao se TEP culturas nao letradas, como S™UPO® Ot Bolivia, onde, mesmo com adapracoes de auto ¢ heterorrelato, n40 fo} Pciniets Yon ficar as cinco grandes dimens6es (CT, Rueden, Massenkoff, Kaplan, & andlise, ¢ repli- Tais resultados requerem MAO" A exemplo, cago, haja vista que € POTN am, difieulta- que limitacoes 4 a tais grupos mals do a traducao das °° $80 leorico-conceitual ; aplicada para avaliagao SEA 5 it dificultaria a identificagao de ee ee sejam coerentes com ens. Pergunta comuns em eats den lato, como: “gosto de resolv ease At: r esolver quebra-cabecas”, N80 gosto de mendigos”, podem exigir um es. tudo de inteligibilidade criterioso para verificar que situag6es seriam exatamente equivalentes em uma comunidade onde nao houvesse quebra- cabecas ou mendigos. Outra possibilidade para que nao se encontre as cinco tendéncias bésicas se deve a limitagdes dos préprios procedimen- tos de anilise estatistica (geralmente correlacao € andlise fatorial), que dependem, em esséncia, de yariabilidade entre os respondentes para que determinada dimensao aparega. Assim, se em de- terminado grupo todas as pessoas apresentam os mesmos niveis de Gonscienciosidade, este fator nao aparecera como dimensio separada de per- sonalidade, nao porque nao exista na populacao, mas por nao variar neste grupo (0 que chama- mos de restri¢ao de variabilidade). Ainda assim, é possivel manter a conclusio de que as tendén- cias basicas sao, pelo menos, quase-universais, e passfveis de estudo na maioria das culturas. O outro componente central do sistema de personalidade sao as adaptacGes caracteristicas (AC). Estas sao estruturas concretas, resultantes da interagdo entre as tendéncias basicas e 0 am- biente (McCrae & Costa, 2003). Todos os as- pectos do nosso funcionamento psicolégico que sao aprendidos ou resultantes de processos de aprendizagem seriam adaptagées caracteristicas, ou seja, habitos, valores, atiudes, motivos, reli- giosidade, crengas, esquemas, autoconceito, es- tratégias de regulagio emocional ¢ outros mais. Elas sao adaptagdes porque sao fundamentais para nossa adapragao ao ambiente ¢ sao carac- teristicas porque remetem & combinacio tinica mes Marcela Mansur-Alves € "0" ©" s tendéncias basicas (McCrae & Cos- mplo, seria gias de en- entre nossa ta, 2003). Alto neuroticismo, por exe! uma tendéncia basica, mas as estraté| frentamento emocionais seriam adaptag6es ca- racteristicas, Alta abertura a experiéncias é uma TB, mas gostar de frequentar teatros e museus seria uma AC, pois dependeria de uma combina- ao entre a faceta de abertura, a estética ¢ por tunidades para que este gosto tenha se desenvol- vido (morar em uma cidade em que haja museus ¢ teatros). As adaptagoes caracteristicas, embora possam ser diferencialmente estaveis, mudam mais (tanto intencionalmente quanto nao inten- cionalmente) do que nossas tendéncias basicas, refletindo contetidos que s4o social e cultural- mente especificos (McAdams & Pals, 2006). Neste sistema, uma importante adaptagao caracteristica € 0 autoconceito. Este seria um autoesquema acessivel & consciéncia, uma visio adquirida de self, construfda com base nas €x- periéncias de vida e em feedback social (Allik 8¢ McCrae, 2004). Do autoconceito fazem parte nossos tragos, nossa identidade social e nossa imagem corporal, por exemplo. O nosso auto- conceito esté associado a uma percepcao seletiva das informagées que nos rodeiam, de modo que seja consistente com nossos tracos (tendéncias basicas) e favoreca a manutengao de um senso de coeréncia ao individuo (McCrae & Costa, 2003). Por exemplo, uma pessoa com elevado nivel de conscienciosidade pode desenvolver um auto- conceito extremamente atrelado ao seu desem- penho, dando mais atengdo e valor a feedbacks provenientes de atividades e tarefas profissionais e académicas, do que a outros aspectos de sua vida. Por outro lado, alguém com elevado neuro- ticismo poderia ignorar seus talentos e conqui: tas, construindo uma imagem pessoal baseada nos fracassos percebidos. Outro aspecto do au- toconceito que vem sendo estudado pesquisadores € a narrativa de vida on gg de narrativa. Os estudiosos desse consias saltam que nosso autoconceito relatado ‘se ‘s se Buy organizado de maneita alfabética em listag sj pendentes, ao contrario, ele seria ered como um livro, uma histéria que integra nal e futuro, oferecendo unidade ¢ propésito of sas vidas (McCrae & Costa, 2003; MeAdane McLean, 2013). Empiricamente, a identi narrativa vem sendo estudada através de a trevistas semiestruturadas, buscando examingy a dinamica interna destas narrativas (estruturg ¢ contetido) € os fatores externos que model tiam os relatos ptiblicos dessa hist6ria privada (McAdams & McLean, 2013). © autoconceito € especialmente importante para a TCF porque os seus idealizadores enten dem que ele seria a fonte de informagio a partir da qual os individuos responderiam aos invent: rios de personalidade. Embora tenhamos como levantar informagées sobre a personalidade atte vés de didrios, entrevistas, outros testes € obser s escalas e inventarios de autorrelato método mnalidade re, umd vagoes, as ou relato de informantes sao, ainda, ° “padrao-ouro” para avaliagao da perso! (McCrae & Sutin, 2018). Nao obstant grande dificuldade com esse tipo de jinstrumen” to € que os itens dos inventarios so 20 oe tempo indicadores dos tracos € das adapet caracteristicas, ou seja, os itens de uma escalt a personalidade nao perguntam diretamente ° 4 Os tragos, mas sobre crengas, tamentos que estao associados aed mas que podem ter diferentes causas pio Sutin, 2018). A isto da-se 0 nome iagio dualidade, que nao é exclusiva © ava personalidade, mas esta, geralment> 2 . re mensuragao de qualquer variavel latent 4017). Vamos a0 seguinte exemplo: o octaes comporto de mancira honesta com as i'M oderia ser um indicador de Amabilida- gt Ae ee caidade, mnas também poderia ade Beni cultural ou mesmo um com- refletit Bafa sssompuma forma de superar esta di. ue erate a avaliacao de Satuloe psi- colégicos nao diretamente observaveis € 9 uso. seis ites (indieadores) para se refeie a um rrago, que, quando agregados, Possibilitariam a energéncia de uma medida mais pura do mes. ao. Ou seja, um item de uma escala, analisado isoladamente, poderia refletir um habito, uma norma cultural ou uma crenga, mas, quando agtegados, a interpretacio conceitual remeteria auma disposigao mais geral, tais c (McCrae & Sutin, 2018). Por fim, to que foi extensivamente ensinado fT -OMO Os tracos 0s tiltimos elementos da TCE sao que os autores chamam de Processos dinami- 8, que regulariam as interagoes entre os varios Componentes do sistema, McCrae e Costa (2003) ‘esaltam que hé varios Processos dinamicos ni *stema, tais como Percep¢ao, raciocinio, dicionamento oPerante, respondente, aa Por observacado ¢ imitagao, pla To “Playing © os processos maturacionais ¢ ‘AWolvimentais, = Esses_ processos operam em ie tOmeNtO, oferecendo um recorte do ae sentee tbém podem ser utilizados Wolve ap cnet come a personalidade se de- proces ME? HO ciclo da vida. Alguns des- os po, dea, Podem levar anos, enquanto ou- (MeCrae ne 2°>Rtecer em poucos 0 con- aprendi- nejamen- dias ou meses Mredacgy ui 2018). Vamos a um exemplo: Wengen, {8 Diveis médios de. neutoticiome 249 anor 4) 86 comeca a acontecer depois my cae Provavelmente em yirtude de ‘turacionais, tais como alteragao na aniinaa. Celtual e Seca0 5 aplicada para avaliagag = 513 Producio e liberacao de Ciados ao estresse Por outro lado, é de regulacio emo ca) em um intery. alguns horménios asso- (Processos desenvolvimentais) Possivel aprend ocion let novas formas al (adaptacao caracteristi- alo de alguns meses, em respos- taa Psicoterapia, por exempl importante no que micos é lo. Um outro ponto Concerne aos processos dina. a bidirecional que existe entre cteristicas, conforme a Figura 1, pela set sa. Se na proposta dos autores entre tendéncias bisicas, adapt cas e biografia objetiva é sem Significando que um comport criar um traco, da mesma fort uma adaptaca a influénci as adaptagoes cara Pode ser observado n ‘a preta mais espes- da TCR, a relacao ‘agGes caracteristi- pre unidirecional, mento ndo pode ‘ma que nao poderia '0 caracteristica criar um trago, uma adaptagao caracteristica Pode se desenyolyer a partir de outra, Para fins de ilustracao, se humil- dade € um valor importante para mim (AC), so desenvolver a crenga de que é errado expor e falar sobre as minhas conquistas pessoais (a cren- S@ seria outra AC), Nao obstante, os processos envolvidos no desenvolvimento de uma adapta- Go caracteristica qualquer podem ser diferentes Para pessoas diferentes, de forma que alguém poderia aprender a cozinhar lendo livros e outra Pessoa poderia aprender frequentando aulas de gastronomia. Segundo McCrae ¢ Sutin (2018), até esses processos dinamicos alternativos po- deriam refletir as nossas tendéncias basicas. No exemplo, introvertidos poderiam prefetir apren- der através de livros, enquanto extrovertidos po- deriam aprender melhor frequentando aulas. Um outro postulado de funcionamento do ani personalidade diz que os tragos nao so! oe fluéncia direta do ambiente que leve a mu: anges -Ficati les, embora os autores reco. significativas naqueles, aN hegam que possa haver excegde Mesraesd Costa 2003; McCrae & Sutin, 2018), pos- Marcela Mansur-Alves @ Renate recente, por exemplo, apontou que a exposigao a ‘cdes (um um desastre natural de grandes propor terremoto com alto impacto de destruigéo) pode levar a um declinio dos niveis de neuroticismo na populacao afetada (Milojey, Osborne, & Sibley, 2014), Ademais, parece haver mudangas em ex- troversao e neuroticismo como resposta 4 psico- terapia (Roberts et al., 2017). A TCE oferece, pois, a partir de tudo 0 que foi exposto nos paragrafos anteriores, um refe~ rencial mais completo ¢ claborado da estrutura ¢ funcionamento da personalidade humana, que permite superar as limitag6es e criticas apresen- tadas ao modelo CGF. Nao obstante, os autores da TCF ainda nao elaboraram de forma mais clara algumas quest6es importantes que perma- necem em aberto acerca da personalidade, a sa- ber: Como explicar, usando este referencial, os transtornos de personalidade? Como e em qual nivel de descrigao da personalidade a psicotera- pia funciona? Responder a estas questdes consis- te em desafios atuais da TCF, os quais tentaremos abordar de forma breve nos paragrafos seguintes. Por se tratar dos transtornos de personalida de, mais recentemente eles passaram a ser vistos a partir de uma perspectiva dimensional que os considera como resultantes de variantes extremas dos tragos de personalidade do espectro tipico, sendo esta perspectiva amplamente aceita pela comunidade cientifica (Gore & Widiger, 201 Griffin & Samuel, 2014). Isso quer dizer que os mesmos tracos poderiam descrever funcio- namento tipico ou atfpico, Ainda que esta com- preensio nao seja compartilhada por outros estu- diosos da area, havendo, portanto, discordancias, McCrae, Lockenhoff ¢ Costa (2005) pontuam que os tragos em si nao seriam patolégicos nem em seus extremos, o que levaria aos transtornos de personalidade seria uma combinacao de ele- a Saldanha-Silva ON vados niveis de determinados tragos g ee Song. lidade com experiéncias ambientais « AS espe, Poderiamos supor, entao, que o torno de personalidade seria uma adapy laptacig ce i condi, ividuo encog racterfstica considerando a TCE. normativas, € esperado que o ind; tre, em sua histéria de vida, formas de adap, APtacag tando suas limi. tagdes bioldgicas. Assim, por exemplo, uma » UMMA pes. ao ambiente em que vive, respeit: soa com nivel elevado de Neuroticismo tenders a ser mais vulneravel, mais irritével ¢ com mang dificuldade para lidar com estressores. F pros, vel, pois, que ela busque maneiras de compensr as dificuldades que possa ter em consequéncg dos tragos, desenvolvendo determinados tipos de adaptagGes caracteristicas (neste caso, p. ex,, ela poderia aprender a usar o humor para expressar momentos de irritabilidade, evitando ser agres siva, ou poderia desenvolyer um bom repertiro de habilidad is, a fim de conseguir suport dos outros em momentos de estresse). so Para desenvolver estes padres mais adapts tivos de expressao do trago, no comego € neces: io que o individuo conte com um ambiente propicio, previsivel ¢ estavel, onde os cuidado res principais saibam como reagit a expreso° ywadas, © culo de apego seguro com a crianga. Em casos em at ‘4 crianca jé apresenta determinados niveis ¢ rag que, combinados, indicam vulnerabildade Pe algum transtorno de personalidade (Gore & ‘ diger, 20135 Griffin &¢ Samuel, 2014) fl um ambiente propicio ao desenvolvimen” adaptagées protetoras pode levar a0 a mento de adaptagées extremas, (Ue fi no momento em que se desenvolvem ~ A i S or ext! familia desestruturada ou violenta, PY v0 adaptativo® emocionais e comportamentais inadeq que sejam capazes de construir um vin plo ~ mas que deixam de ser via dos C1" quando muda o ambiente. Como aquela empor wpraio ovavel que . ia, ps ex: ela consiga mudar suas formas Ge responder, preferindo, muitas vezes, mar ambientes em que seus padres con- funcionando (um ambiente semelhante sdeonde cresceu). Como exemplo, podemos muinar uma crianga que apresente elevados ni das extremamente elevados de Neuroticismo ¢ ‘naremente baixos niveis de Conscienciosidade i construida cedo na vida € pouco gem uma intervengao externa (psi- coreraP tipicas selecio ie ¢ amabilidade (padres comuns ao transtorno de personalidade limttrofe, ou borderline). Esta ctianga, que apresenta tendéncia basica asso- ada a maior irritabilidade, desorganizacio, dificuldade de lidar com estresse, vive em um ambiente estressor, com cuidadores que punem 4s expresses emocionais de tristeza ow raiva, agredindo ou ridicularizando, e pontuando sem- pre o quanto ela é desagradavel ou indigna de amor, Como complemento, imaginemos que sta ctianca sofreu uma experiencia de abuso sexual por um parente, que comeca 4 oferecer atengio presentes como forma de pagamento pata que guarde segredo. As adaptagdes carac teristicas que esta crianga desenvolve — set OF cessivamente amével, usar sua sexualidade como forma de conseguir atengao, inibir 4 expressao ths emocdes até no aguentar mais ~ permite Que ela se adapre, do ponto de vista psicol6Bic®s tanto quanto possivel, € port isso passa ood tus a fazer parte de seu “jeito natural oe Com o tempo, mesmo que esta Pess?® pS Teja mais sob os cuidados dos pais abustY>" ot do parente responsavel pelos abuso® noe ter estes mesmos padroes de ae © que levara a muitas dificuldades 7 Toon o Mterpessoais e sofrimento, diagnéstico de personalidade Pore ada «250, 08 niveis de cada um 4 co Fatores de Personalidade (TCF): uma introdugao teérico-conceitual ¢ aplicada para avaliagao ram, mas a forma de expressi-los, 0 que levou a0 desenvolvimento do transtorno, Mas o que distinguiria, entio, um transtorno psiquidtrico qualquer (ansiedade ou depressao) dos transtor- nos de personalidade, ja que podemos supor que ambos seriam resultantes de uma combinacao de vulnerabilidades individuais e ambientais? A diferenca estaria em que, diferente dos demais transtornos mentais, a combinagdo entre as vul- nerabilidades individuais ¢ os estressores pode ter ocorrido muito cedo no desenvolvimento, a ponto de os sintomas se misturarem com a pr6- pria personalidade do individuo. Nesses casos, io indissociaveis da os padrées desadaptativos propria identidade do sujeito, que no consegue identificar um momento na vida em que os sin- tomas apareceram. No que se refere as inferéncias acerca das mudangas na personalidade por meio de inter- vengoes, atualmente € possivel dizer que a gran- de maioria das estratégias e protocolos de trata- mento que apresentam eficacia cientificamente comprovada estio direcionados para promo- go de mudangas nas adaptagées caracteristicas (comportamentos, crengas, esquemas, autocon- ceito, autoestima, estratégias de enfrentamento, estratégias de regulacdo emocional, valores) ¢ nos processos dindmicos (processos de aprendi- zagem, p. €X.), uma ver que estas sio mais direta- mente acessadas pelo clinico e mais responsivas a mudanca do que os tragos. Assim, entende-se © mecanismo de agio das estratégias interven- tivas por meio de um eixo bottom-up, ou seja, parte-se dos nfveis mais especificos e superficiais de descricio ¢ funcionamento da personalida- de para niveis cada vez mais gerais e profundos (Allemand & Fliickiger, 2017). Alguns autores defendem que um aciimulo de mudangas nos niveis mais especfficos (adaptag6es caracteristi- cas, respostas habituais e facetas) poderia levar, em tiltima instancia, a alteragées nas tendén- cias basicas. Entretanto, as evidéncias existentes para mudangas em tragos de personalidade nao s4o provenientes de intervengoes especifica- mente elaboradas para alterar os tragos, ¢ sim yém como produto de ensaios clinicos que tém como alvo transtornos mentais, mais comumen- te transtornos de ansiedade e depressao, embora mais recentemente dados de uma meta-anilise tenham apontado que as mudangas poderiam acontecer nos tracos e serem duradouras (para detalhes Roberts et al., 2017). Um aspecto importante da TCF € que ela emergiu de estudos populacionais e de grupos (abordagem nomotética). Contudo, pretende ser uma moldura para descrever e explicar 0 desen- yolvimento ¢ funcionamento da personalidade em nivel individual. Nesse sentido, faz-se importante pensar em como a TCF poderia ser til e aplica- vel A avaliagao do individuo. Na secdo seguinte, abordaremos de forma breve as possibilidades de aplicagao da TCF a avaliacdo psicolégica. Exemplo de caso: aplicagao da TCF no contexto de avaliagdo psicolégica Conforme abordado nos t6picos anteriores, a TCF pode auxiliar na compreensao de trans- tornos psiquidtricos, especificamente os de per- sonalidade, além de auxiliar no entendimento de como as pessoas desenvolvem formas tipi- cas de lidar com adversidades e se relacionar com 0s outros. Do ponto de vista da avaliagao psicolégica, compreender como se estruturou a personalidade pode ser util para a realiza- go de uma anélise mais ampla dos padroes de funcionamento do indivfduo avaliado, para a construgao de diagnésticos mais precisos, Mercola Mansur-Alves e Renate er ee CRETE SPIE além de auxiliar na compreensio de dades, e nas melhores indicacées de cao, encaminhamento e prognéstic, Comorsj, interven, : eG Rodriguez-Seijas, Carragher, & hie Rodriguez-Seijas, Eaton, & Krueger 201. » 2015), As. sim, por exemplo, dois assassinos com mr historico de violencia prévia e tendo come, o mesmo tipo de crime podem apresentar po, bilidades diferentes de ressocializacio de acor. do com a configuragao de suas caracteristca de personalidade (Walters, 2018). Aquele com maiores niveis de amabilidade teria mais chan ces de desistir de uma vida de crimes, jé que esta dimensdo aumenta as chances de criagag de vinculo com o terapeuta, além de facilitar a criagao de novas formas de adaptacio sem m9 ido ssi. violéncia. Poderiamos supor que tal individuo com elevada amabilidade desenvolveu seus pa- drées agressivos como adaptacao caracteristica em resposta a uma histéria de vida em que se valorizou a violéncia, e nao por uma dificulds de biolégica de desenvolver vinculos e empatia. Assim, as estratégias terapéuticas para um cri minoso com alta amabilidade tenderiam a surtit efeito mais rapida e facilmente. Como forma de ilustrar as interagGes en'te tragos, adaptagdes e demais processos associados 4 constituicao da personalidade, bem como suas implicagoes para a avaliacao psicolégica, asegi" sera apresentado um caso clinico. Barbara tem 20 anos e tem se sentido ms! confusa, desorganizada, ansiost © 0%, ficuldades para planejar ¢ tomar &C") Os motivos principais da procura Beriaravestgiemiseuldycuso Coe do e nao esta satisfeita (fez um pen administragio, um de artes ¢ 3 ic est no segundo periodo do oe isi" logia), (2) tem apresentado difiew a portantes para manter relacionam™ 4 tivos, tanto de amizade quanto &¢ eoria do: (0s pais so separados desde que tinha 2 nos e, desde entao, viveu com a mae, visi- sindo o pai apenas 0s feriados € algumas férias. Mudou-se pata a casa do pai e ma- drasta hd seis meses, apds uma briga com a mae, em que Barbara a acusou de té-la alie- nado de seu pai na infancia (tal percepcio, por parte da paciente, se deu deyido a uma disciplina da faculdade que abordou o tema da alienacdo parental). A mae nao aceitou as acusagoes ¢ expulsou a filha de casa, Neste novo contexto (casa do pai), Barbara tem se percebido como ainda mais desa- tenta, desorganizada e com dificuldades para lidar com suas escolhas profissionais ecom as relagdes interpessoais. A propési- to das relagdes, a paciente informa que tem dificuldades principalmente em namoros, que costumam ser conturbados e de curta duracao. Tem poucos amigos e muitas difi- culdades para confiar neles ¢ compartilhar emogées e informacées intimas, Sobre a infancia, informagées coletadas com Barbara e com seus pais indicam que era uma crianga de temperamento facil, bastante ativa e amvel. A mae recebeu diagndstico de Transtorno de Personalidade Borderline quando Barbara tinha 6 anos, e desde entao faz acompanhamento psicolé- Bico © psiquiatrico. A propria mae admite que sua relagio com a filha era afetuosa, porém simbidtica. As duas moravam juntas © a crianga conyiveu com poucas pessoas além da mae, j4 que a mesma acreditava ter que defender a filha de mas influéncias, e da Possibilidade de se magoar. Dizia frequente- mente a Barbara que as pessoas nao sio con- fiaveis, sto maldosas, incluindo 0 pai que 4 teria abandonado por achar que eram feias e burras”. A mae admite ter dito a fi- muitas mentiras sobre o pai e a madras- fa, além de ter sempre tentado restringir 0 Contato de Barbara com a familia paterna € ae com amigos da mesma idade. A mae na, ainda, que Barbara foi uma crian- muito dependente, ¢ que tendia a aceitar Sempre suas sugestées de roupas, amigos, RN ENE ante Roe Ce CONCEUST aplicada para avaliagao Passeios € opinides. A mae primeiros cursos de graduacéo que Barbara iniciou. © curso de psicologia foi escolhi- do por sugestao da madrasta, que também € psicéloga, o que deixou a mae bastante frustrada. Segundo a mae de Barbara, ter seguido a sugestio da madrasta fez com que Barbara se tornasse hostil com ela ¢ mais préxima da familia paterna No processo de levantamento de perfil geral de funcionamento, foram avaliados os tracos de personalidade de Barbara. Nos focaremos, para este exemplo, em seu perfil de Neuroticismo, embora outras dimensdes — como niveis mais baixos de Conscienciosidade, geralmente asso- ciados a maior dificuldade para planejar e se- guir metas — também desempenhem um papel importante para a compreensio geral do caso. Seu nivel geral de Neuroticismo foi médio, mas observou-se um padrao de discrepancia entre as facetas: embora a maioria indique niveis mé- dios a baixos, as facetas ansiedade e hostilidade se apresentaram em niveis elevados. Na mes- ma diregao, 0 processo de avaliagdo revelou padrées de crencas desadaptativas associadas principalmente a estas facetas: acreditava que o mundo eas pessoas eram pouco confiaveis e pe- rigosos, e que ela mesma era uma pessoa fragil e incapaz, Tais crengas podem ter sido desenvol- vidas gracas a um estilo de criacao muito pro- tetor, com longa hist6ria de alienacao parental, em associagéo com suas tendéncias basicas de ansiedade e desconfianga nas pessoas. Tais pa- droes, juntos, podem ter motivado comporta- mentos de busca por reasseguramento, dificul- dades para fazer escolhas e esquiva de convivio intimo, Como os comportamentos de Barbara parecem ser resultado de uma combinagao en- tre facetas — mais maledveis do que os fatores gerais ~ ¢ 0 estilo de criagao muito controla- do que viveu ~ também mais passiveis de serem (a Mansur-Alves e Renata SS" relativizados agora que vive em context die rente, em terapia é possivel que ela desenvo'vs novas adaptagées € que dé novo significado a ria de vida de maneira relativamente sua hist6i es entre os tra répida. Compreender as relago r suas variadas formas de adaptagio permi- 0s es : desenvolver fe, conforme apresentado acima, modelos de intervencao e prever resultados de maneira mais consistente, além de permitir uma Compreensio clinica mais apurada de como mesmo perfis semelhantes de tragos podem se associar 4 historia de vida, criando formas tni- cas de ser e funcionar no mundo. Consideragées finais Este capitulo teve como objetivo central ofe- recer ao leitor uma introdugao aos principais postulados te6ricos-conceituais da Teoria dos Cinco Fatores (TCF). A TCF fornece uma mol- Referéncias Allemand, M. & Fliickiger, C. (2017). Changing personality traits: Some considerations from psycho- therapy process-outcome research for intervention efforts on intentional personality change. Journal of Psychotherapy Integration, 27(4), 476-494 (doi: 10.1037/int0000094). Allik, J. & McCrae, R.R. (2004). Toward a geogra- hy of personality traits: Patterns of profiles across 36 cultures. Journal of Cross-Cultural Psychology, 35, 13-28 [doi: 10.1177/0022022103260382), Arias, ViB., Jenaro, C., & Ponce, FP. (2018). Te be are of the general factor of ae exploratory bifactor approach. Personality and Individual Differences, 129, 17-23 i: ate paid.2018.02.042}. “ easel Church, A.T. (2016). Personality traits across cul- tures. 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