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EUROPEAN RESUSCITATION COUNCIL Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu RECOMENDACOES ERC 2010 Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu Manual do Curso European Paediatric Immediate Life Support Portuguese translation Editores Agradecimentos Dominique Biarent (Presidente) Robert Bingham (Vice-presidente) Soubhail Alouini (Vice: presidente) Gudrun Burda Christoph Eich Boris Filipovic Jesus Lopez Herce Jan Maconochle Thomas Raja Antonio Rodriguez-Nune Patrick an de Voorde David Zideman Co-autores Paolo Biban Elabieta Byrska-Maciejasz Gérard Chévon Fotini anou Annick Dejzeger 40s Draaismna Tanya Esposito Miguel Fel Cuisine Fonteyne Silja Hunyad-Anticevic Francis teclore Anselm Luciano Sonia Marcos Alonso Fabio Pederzin| Kathrin Seidemann Sheila Simspon Csaba Szentiomal FredericTits Burkhard Wermter Ilustracées DDesenhos de Jean-Marie Brisart. Desenhos © algoritmos de Het Geel Punt bvba, Melkouwen 420, 2590 Berlaar, Belgium hopahetoeelpuntbe. Capa e composigio de Gret Demesmacker Belgium (arietdemesmaekereigmai.com), Studlo Grid, Belgium (vmwstudiogrc.be Agradecemos a Olver Meyer pela preparacao digital ‘das tras de ritmo ECG, a Annelies Picke (ERC) pela coordenagae administrativa, Publicado por European Resuscitation Council va, Drie Eikenstaat 661, 2650 Edegem, Belgium. IBN 9789070157303 Depsito logal ns B/2011/11.393/3, Impresso por ACCO cuba, Rijweg 173, 3020 Herent, Belgium ‘European Resuscitation Council 2010, Todos 0s direitos reservados. € proibida areproducao, ‘armazenamento.em base de dados ou transmissi0 por quaisquer meios(electrénicos, mecanicos, Fetocépia, gravagae ou outtos) desta publicaca fu partes da mesma, sam 0 consentimanto escrito prévio do ERC. 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A traducio fo efectuado e supervsionada polo Conselbo Portugues de Ressuscitaga (Rua Si da Bandeira 819 1es9, 4000-438 Porto) nico responsavel pelo seu contetdo. Se surgirem quaisquer questoes relacionadas com @ exactidao das informacdes contidas nesta traducao, deve ser onsultadaa verso nglesa do manual, que &@versdo oficial do document Quaisquer discrepancias ou dliterengas criadas na traducao ndo podem ser atibuidas ao European Resuscitation ‘Council endo posswem efeitos legis para fins de obrigacao ou responsabiliza;ao. This publication is @ translation of the original manual Furopean Paediatric Immediate Life Support (SBN 9789079157303}. The translation is made by and under supervision ofthe Conselho Portugués de Ressuscitagdo (Rua ‘Sé da Bandera 819 18:9, 4000-438 Porto}, solely responsible forts content. any questions arse related to the accuracy ofthe information contained in the translation, please refer tothe English version of the manual which is theofficial version of the document. Any discrepancies or differences created in the translation are not binding tothe European Rescusctation Council and have na legal effect for compliance or enforcement purposes. (principais abreviaturas usadas nos manuais pediatricos ERC) ce covs cn a cw DAE ECG FEM EPC ETCO, ML Via Aérea Respiracao Circulagao Neurolégico Exposigdo e Ambiente Actividade Electrica sem Pulso ‘A= Alerta, V=Responde a Voz, D=responde a Dor, Corpo Estranho Concentrado de Glébulos Veernelhos Cuidados intensivos Neonatais Compressées Toracicas Catéter Venoso Umbilical Desfibrilhador Automatico Externo Débito Cardiaco Flectrocardiograma Equipa de Emergéncia Médica Equipa de Paragem Cardiaca CO, no final da expiracao Frequéncia Cardiaca Fracgéo Inspirada de Ovigénio Frequéncia Respiratoria Fibrihagao Ventricular Intraéssea Intra-venosa Joule Mascara Laringea ovace PA PAS PcR PEEP Pic PP RCE Rep RN RPP RTvo sav sev sem spo, Tc Tv w var va VE vat CObstrucao da Via Aérea por Corpo Estranho Pressio Arterial Pressio Arterial Sistdlica Paragem Cardio-respiratria Positive End Expiratory Pressure Presséo Intracraniana Presslo Inspirat6riaPositiva Retorno de Circulagio Espontinea Reanimacic Cardiopulmonar Recém-nascido Ritmo com Potencial de Perfusdo Frequéncia Respiratéria, Trabalho Respiraério, Volume Corrente, Oxigenacéo suporte Avangado de Vida Suporte Basico de Vida Servigos de Emergéncia Médica Saturagio de Oxigénio Tempo de Reperfusio Capilar Taquicardia Supraventrcular Taquicardia Ventricular Unidade de Cuidados ntensivos Pedistricos Vio Aéres Volume Corrente Volume de Ejecsio Ventilago com Mascara e Insuflador Via Orofaringea @ Etiologias da Paragem Cardio-respiratoria Caracteristicas das Criancas Objectivos Me oer et enn car ae eros Pee OE ke eta Ge a CCU Ce ee CCEA ue em eeu rey Posner Etiologias da paragem cardio-respiratori ‘As paragens cardio-respiratérias sao. diferentes em ctiancas e adultos. Nas criangas, a paragem cardio-respiratéria deve-se habitualmente a hipéxia, reflectindo o limite da capaci- dade do organismo de lidar com a lesao ou doenca sub- jJacentes (Figura 1). 0 ritmo pré-terminal mais frequente uma bradicardia que evolui para assistolia ou activide- de eléctrica sem pulso (AESP}, ambas associadas a mau prognéstico A paragem cardio-respiratéria secundaria raramente € um evento sibito, mas antes uma deterioraca0 pro- ‘ressiva de uma insuficiéncia respiratéria ou circulatéria. ‘Ap6s uma fase inicial, em que 0 organismo protege 0 coragio € 0 cérebro da hipéxia,a descompensacao leva a falencia e depois a paragem cardio respratora ‘A paragem cardiaca primaria, devida a uma arritmi por exemplo fibrithagao ventricular ou taquicardia ven tricular sem pulso, é mais frequente em adultos; 0 inicio 6 stibito e imprevisivel, reflectindo uma doenca cardiaca intrinseca. A hipéxia nao é imediiata e um bom prognds- tico depende geralmente de desfibrlhacao imediata, Insuficiéncia respiraté: Insuficiéncia ciculat6- ‘a compensada ria compensada + + Insuficiéncia respiraté- Insuficiéncia crculaté- ria descompensada tia descompensada ee + end Morte Retomo de cir culagao espon- tanea aed) Falenciamul ——-Recuperacio tiorganica completa + Sequolas ou morte Figure 1 Consequénciasdeinsufcénci espatéla ou ckeulatria rogressvas endo watadas,emlactenteseciangas. @) C2» Introducao Progndstico da paragem cardio-respiratéria secundaria © prognéstico apés reanimacao de uma paragem car- dio-respiratéria secundaria ¢ desfavordvel, Antes de 0 coragao patar, a hipéxia tecidular jé comprometeu gra- vemente todos 05 6730s vitas, incluindo 0 cérebro € 0 coragao. A paragem cardiaca di-se como resultado de ‘uma hipéxia miocardica grave. ‘Mesmo quando se consegue 0 retorno de circulaga0, espontanea (RCE), 0 prognéstico mantém-se mau e mul tas criangas sa0 vitimas de faléncla multiarganica ou de lesdo organica grave (p. ex. cerebral) alguns dias apés a paragem, A identificago e reanimagao de uma crianca em para- gem respiratora, ainda com débito cardiaco, associa- se a uma sobrevida a longo prazo, com bor resultado neurolégico, em 50-70% das casos, enquanto a sobrovi- da sem sequelas neurol6gicas de criangas em paragem cardiaca ¢ inferior a 15%, Por esta razdo, 0 curso SIVP da énfase ao reconhecimento de situagies de risco e por: ‘dade aos primeiros passos da abordagem, como intuito de evitar deterioracao da situacéo. Caracteristicas das criancas As diferencas anatémicas e fisiologicas entre lactentes, criancase adultos sa0em grance parte responsaveis pelas diferencas na etiologia da paragem cardio-respiratoria, As principais diferencas sero consideradas pela ordem prioritéria de abordagem ABCDE. As Via Aérea (com atencao a coluna cervical no trauma) Bs Respiracao C+ Gireulagio {com contralo de hemorragia no trauma) D: Neurolégico (estado de consciéncia) E+ Exposicao- Ambiente Via Aérea (A) @ Relacao cabeca / pescoco Num lactente, 2 cabeca € grande em relagéo ao corpo e, em combinagao com o occipital relativa: mente grande, tende a causar a flexdo do pescoco ‘em deciibito dorsal, o que levara a obstrucao da via aérea a nivel da orofaringe, se houver diminuicao do estado de consciéncia, Com o aumento da idade a cabeca torna-se menor em relagdo ao torax e 0 pes- ogo mais longo, ® @ Boca ‘A face ea boca de um lactente sao pequenas e alin gua, relativamente grande, obstrul a via aérea quan- do a crianga esta inconsciente. 0 pavimento da boca 6 facilmente compressivel e uma pressao nos tecidos. moles sob 0 mento pode obstrui a via aérea M@ Nariz, faringe e laringe 0s lactentes sio respiradores nasais preferenciais nos primelras 6 meses. Qualquer obstruczo nasal fem recém-nascidos ou lactentes (p. ex. secrecoes abundantes durante uma infeccao respiratotia, son- des ou adesivos obstruindo as narinas ou onomalias, anatémicas) pode aumentar o esforco e causar insu: fieiencia respirator, Nos lactentes, a laringe é mais alta (aprox. a nivel da 3° — 42 vértebras cervicais} que nos adultos (a0 nivel do 5°-6° vértebras), Tem uma orientacao anterior e 6 vulneravel a obstrucao por pressaa externa nos recidos moles. Respiracao (B) 0s lactentes v as criangas pequenas tém volumes pul- :monares mals baixos e uma taxa de consumo de oxigé- rio duas vezes mais alta que 0s adultos e, portanto, os niveis sanguineos de oxigénio caem mais rapidamente em caso de compromisso respiratorio. M@ Mecanica respiratéria A mecénicatespiratriaaltera-se com aidade, No lac lente, a costelas a menos rigidas #8 mculos inter cosaissdorelatvamentefracose ineficazesem elagdo 20 daragma, ue & 0 principal misculo respiratorio. Obstéculos mecénicos 8 contracgdo do difragma (p ex dstenséo géstica ou intestinal, hiperinsflao nua bronquilte, asma ou aspracso de corpo estra- ho) podem levar a uma ventlacio neice Em criangas matores, os muisculos intercostais s80 mais desenvolvidos e contribuem significativamente para 2 ventilacao; as costelas, ossificadas, actuam como estruturas de suporte menos colapsiveis durante uma situacao de dificuldade respiratéria. Quando tém dificuldade respiratorie, devido a uma grelha toracica ‘mais complacente, as ctiangas mais pequenas podem apresentar retraccao estemal e intercostal marcada; {sto nao é tao evidente em criancas maiores mas, quan. do presente, indica compromisso significative. Mi Frequéncia respiratoria Devido a uma taxa metabolica e a um consumo de oxigénio mais elevados, a frequéncia respiratoria em tiangas e lactentes é mais alta que nos adultos (ver Capitulo 0, Circulagao (C) No recém-nascido (RN) 0 volume circulante é de 80 ml kg, diminuindo com a idade até 60-70 ml/kg no adulto. Num RN de 3 kg serdo 240 ml, aos 6 meses (com cerca de. 6 kg) serao 480 mi. Devido a estes volumes totais balxos as ctiangas sao, portanto, susceptiveisa perda de fluidos. M@ Frequencia cardiaca Tambéma frequéncia cardiaca é mais alta em crian- Gas que em adultos, devido a taxa metabilica e a0 debito cardiaco mais elevados. @ Pressao arterial A pressdo arterial (PA) é mais baixa nos lactentes & Ctiangas pequenas que nas criancas maiores e ado- lescentes (ver Capitulo 1) Neurolégico (D) E facil entender que uma crianga pequena possa sentir- se assustada, ao ser trazida ao hospital por pais pertur- bados eao entrar num ambiente estranho, onde pessoas desconhecidas poderdo submeté-la a procedimentos, desconfortaveis. Todos os esforcos devem ser feitos para ‘cuidar das criancas doentes de um modo amigavel e compreensivo. O conhecimento alivia o medo, portanto tudo deve ser explicado a crianca e aos pais de mado claro e directo. No entanto, uma das difculdades em lidar com criancas muito pequenas pode ser a incapaci- dade de estas comunicarem eficazmente. Os pais devem poder ficar sempre com a crianca, mesmo durante cui- dados mais avancados. A sua presenca durante proce- dimentos médicos pode reduzir o nivel de ansiedade € medo da crianca e o nivel de stress dos pais. Uma avaliagao répida do nivel de consciéncia da crianca pode ser feita na primeira abordagem, usando a esca- la AVDS (Alerta, Voz, Dor e Sem Resposta), para além do tamanho e reaccao pupilar e da postura (ver Capitulo 1) Esta escala avalia a resposta a estimulos. O cérebro e 0 coragio so 0s dois érgaos preferencialmente preserva- dos pelos mecanismos compensatérios na faléncia res- Piret6ria ou circulatoria, portanto a avaliagdo da fungao cerebral é importante para determinar 0 estado fsiolé- ico da crianca. Exposi¢ao - Ambiente (E) E importante garantir um exame completo da crianca depois de completada a abordagem ABCD. A crianca deve ser despida, com aten¢ao & protecao do frio e respeito pela sua dignidade. Nesta observagao devem procurar- se indicios para compreender 0 problema / doenga da crianga, Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu 3 SR rn rc ESSE Deve ser obtida uma breve historia da crianga (mnemé- nica AMPLE): + Alergia * Medicacdes (p. ex. no caso de doenga crénica) * Historia Prévia que possa explicar sintomas ou condicionar tratamento (Last) ltima refeigac aspiracao. pelo risco de vémito ou ‘* Envolvente e eventos que levaram ao problema actual Idade e peso © peso corporal 6 importante para a prescrigao de far 'macos por peso. Numa situagao de emergéncia nao ha tempo para pesar actianga. A formula seguinte fornece uma estimativa do peso em fungao da idade em anos (entre 1 e 10 anos de idade), Leer eal Cuts) Ha outros instruments eis, como a fita de Braselow, que relaciana a estatura da crianga com 0 peso corporal, as doses de farmacos de reanimacdo eas dimensoes cor rectas de equipamentos. eR UL See eR ee eee Try 6 mals frequente em criancas e ¢ 0 evento Ee eee eet ens Cee us Pros eee a een era oem Fe Cue Cece Otic.) pecs Reconhecimento da Crianga Gravemente Doente fe) rath erd Reed uur) Pees Fee Oe a nee ry een ae ee aS Abordar 0 tratamento de uma crianca gravemente doente pelas PEC een ans ‘A paragem cardio-respiratéria na crianga tem um mau prognostico e deve-se habitualmente a hipdxia, reflec tindo 0 esgotamento da capacidade do organismo de ‘compensar uma doenca subjacente, © problema inicial pode encontrar-se na via aérea, na respiracao ou na circulacao. © reconhecimento € a abordagem precoce destes problemas previnem a pragressao para a paragem cardio-respiratoria, reduzindo assim 2 morbilidade e mortalidade, Este capitulo descreve como reconhecer_proble- mas potencialmente fatais e como lidar com eles por prioridades. A identificagao de uma crianga gravemente doente e as intervengoes subsequentes sequem os principios ABCDE: A: ViaAérea B= Respiracao C: Greulacao D: Neurolégico E : Exposicdo- Ambiente Funcao respiratéria normal Uma fungao respiratéria normal requer entrada e saida de ar dos pulmoes e uma troca adequada de oxigénio (oxigenacao) e de didxido de carbono (yentilacao) Como o volume corrente na crianca é relativamente bai x02 asnecessidades metabdlicas e de oxigénia mais ele- vadas, a frequéncia respiratéria em criangas pequenas & lactentes é mais elevada. oer Uc ere) a 30-40 ike 24-30 7 20-24 as 12-20 Tabela 1.1 Frequinci espiratéria poridades ytd Frequéncia respira- toria (cpm) Frequéncia cardiaca (bpm) 30 20 4 130 100 70 Table 1.2. Frequanciacardiaca © respiratriaporidades a) (oe 6) Capitulo 1 Reconhecimento da Crianga Gravemente Doente 0 SE ESTEE SE SS Mecanismos de disfungao respiratoria A insuficiéncia respiratéria aguda pode ser causada por qualquer doenca que interfira com a entrada e saida de ar 'nos pulmées ou.com as trocas gasosas. Aincapacidade de manter uma respitacao adequada pode dever-se a obs- trucdo da via aérea ou a outros problemas respiratorios, 0 Capitulo 3 apresenta uma revisdo dos procedimentos pucitcos na abordagem da via aérea e ventilasao. Mecanismos de compensagao Estes mecanismos incluem © aumento da frequéncia respiratéria quando 0 volume corrente esti diminuido, ‘ou tentativas de aumentar 0 volume corrente quando a frequéncia respiratoria é baixa. A dificuldade respiratoria também se associa a aumento do débito cardiaco, princi palmente por elevacao da frequéncia cardiaca, para pro- curar melhorar as rocas gasosas e a perfusao tecidular. Problemas da Via Aérea (A) A obstrucao da via aérea pode ser parcial ou total, sibita ou insidiosa, progressive ou recorrente. A frequencia & 0 esforco respiratorios (ver adiante} geralmente aumen- tam com a obstrugao da via aérea, excepto se esta for devida a diminuigdo do nivel de consciencia, Ao avallar a paténcia da via aérea, é preciso lembrar que a existéncia de movimentos tordcicos nao garante que a via aérea esta livre, A entrada de ar deve ser avaliada ven- do 0s movimentos abdominals e tordcicos, ouvindo sons respiratorios e sentindo o ar exalado pela boca e nariz. movimentos da parede toracica & ‘eis abdominal PATTI 2075 respiratorios eruidos junto ao nariz, e boca (ou por auscultagao) FUL EEE movimento dear junto 20 narize boca bela 13. Ver ouvresentirarespiracao Uma obstrugao da via aérea comeca frequentemente por ser parcial mas pode acabar por levara insuficiéncia respiratoria, exaustao, apneia secundaria @ lesao cere- bral hip6xica. Uma obstrucao parcial pode passarrapida: ‘mente a total eresultar em paragem catdio-respirat6ria Uma depressio do sisterna nervaso central pode com- prometer a via aérea: em criangas pequenas o occipital ‘grande eopescaco curto causam flexaodopescooe,em_ Conjunto com uma lingua relativamente grande, podem ® rapidamente levar a obstrucao da via aérea se o nivel de consciéncia estiver diminuido. Independentemente da idade, a via aérea de qualquer crianga inconsciente deve ser considerada “em risco”, ja que 3 queda posterior da lingua pode causar obstrucao. Possiveis causas de depressio do sistema nervoso, central incluem trauma, alteragbes metabolicas (p. ex. hipoglicemia), alcool e férmacos (p. ex. opidides & benzodiazepinas) Re eed Oe Ou ue nasogastrica, cénulas nasais, corpos estra- perce cee! ee a a Pee ener ae era ary Serr ected Oe) Seu) ee De na eo Teo Ce erry Tabula 14. Causasadquiidas de obstrugio do via ares N.B. Algumas anomalias congénitas, entre as quais a atrésia das coanas e 0 sindrome de Pierre-Robin, podem também ser responsaveis por obstrucao da via aérea no ppariodo neonatal e em pequenos lactentes, Reconhecimento da obstrucao da via aérea Numa crianga consciente uma obstrugao da via aérea pode set facilmente notada por aumento do esforco ¢ da fre- quéncia respiratoria. Se a obstrugdo for parcial pode haver tuidos respiratérios anormais.Se a obstrucdo for total, nao se ouve ou vé sinais de respiracao. Abordagem da obstrucao da via aérea 0 objective da abordagem da via aérea garantir que esta se encontra patente e segura. Quando ha obstrugao parcial ou risco de obstrugao (p. ex, diminuicao do nivel de consciéncia), deve posicionar- se adequadamente a cabeca para abertura optima da via aérea e devem ser removidos secrecdes ou corpos. estranhos (ver Capitulo 2). A administracao de oxigénio suplementar minimiza o risco de hipéxia. Deve ser pedida ajuda adicional e/ou chamada a Equipa de Emergéncia Médiica (EM), Em caso de depresséo do estado de consciéncia deve assumir-se a existéncia de compromisso da via aérea. Deve ser de imediato pedida ajuda e/ou chamada a Equipa de Emergéncia Médica (EEM).Se a crianca respi ra adequadamente, deve ser colocada em posigao late ral ou noutra posicao segura, com apoio. ‘As manobras basicas de abertura da via aérea (extensio da cabeca com elevagao do queixo ou subluxacao da ‘mandibula) podem ser usadas até estar disponivel ajuda fe ser possivel a abordagem avangada da via aérea. Problemas da Respiracao (B) A insuficiéncia respiratéria pode resultar de uma ina- dequacao crénica ou aguda da respiracao. O problema subjacente pode ser pulmonar (congénito, adauiido ou ‘rauma) ou de origem nao respiratoia ip. ex. Faléncia cir culatéra, problema metabdlico ou neurol6gico} Reconhecimento da insuficiéncia respiratéria M@ Frequéncia respiratoria Num lactente, a taquipneia pode sero primeito sinal de insuficiéncia respirator. As frequéncias respira- torias normais variam com a idade (ver Tabela 1.2. ‘Uma taquipneia sem esforgo respiratorio (taquip- neia silenciosa) pode ter uma causa nao respiratéria {p. ex. faléncia circulatéria, cetoacidose dlabstica, intoxicacao por salicilatos ou insuficiéncia renal. Uma frequéncia respiratoria crescente representa uma tentativa de compensacao fisiolégica face a uma deterioragao da fungao respiratoria, M@ Esforco respiratorio © aumento do esforco respiratorio numa crianca manifesta-se por aumento da frequéncia respirato- ria; retraccao (ou tiragem) intercostal, esternal esub- costal; uso de masculos acessérios, tal como adejo nasal, balanceio da cabeca e cantrac¢ao dos miis- culos da parede tordcica anterior. Este aumento do esforco surge em criancas com doenga respiratéria (em progressao. Com 0 aumento do esforco respiratorio, aumenta @ proporcao do débito cardiaco dirigido para os mus: culos respirat6rios, com 0 consequente aumento do consumo de oxiqénio ¢ da producaa de didxido de carbono. Quando 0 esforco respiratorio ultrapassa a capacidade de transporte de oxigénio para os teci dos, inicia-se metabolismo anaerébio e uma acidose metabdlica associa-se a acidose respiratoria, com aumento do nivel de lactato. ‘A magnitude do aumento do esforco respiratorio é geralmente proporcional a qravidade da insuficién- ia respiratéria, excepto em tes situacoes: ¢ Depressao respiratéria central ¢ Doengas neuromusculares ¢ Exaustao:quando uma insuficiéncia respiratéria deixa de ser compensada, podem desaparecer (05 sinais de esforco respiratorio aumentado. ‘A exaustao implica assisténcia imediata e/ou inter- vencao da Equipa de Emergéncia Médica (EEM). Retraccoes {As retraces [ou tiragem) podem ser estemais,inter- castais ou subcostais. O grau de retraccao da uma dela da gravidade da doenga respiratéria. Os lac tentes e criancas pequenas podem apresentar uma retraccao significativa com insuficiéncia respiratéria ligeira ou moderada, devido 8 grande compliance da sua parede toracica. Acima dos 5 anos, quando hha menor compliance da parede toracica, a retraccao indica compromisso respirat6rio mals grave. Balanceio da caboca Quando 0 esfargo respiratério est aumentado 0 esternocleidomastoideu pode ser usaclo como mils: ‘culo acessério causando, nos lactentes, um movi mento de balancelo da cabeca. Na verdade, este movimento acaba por reduzir a eficacia de cada respiragso, Respiracao paradoxal Este tipo de respiragao representa um movimen- to de retraccao, paradoxal, da parede abdominal durante a inspiragao. Esta forma de respiracao é ine- ficaz visto que o volume corrente diminui a medida que aumenta o esforgo respiratério. BS ‘2 > Capitulo 1 Reconhecimento da Crlanca Gravemente Doente eine Fgura 1 Insufeincia respiratéria descompensoda numa cana om aficuldade respatel tagem sub e intercostal aflcela& ‘dejo nasal ediminuigio ds interac com o mesa. Ruidos inspiratérios e expiratérios ‘A presenca de um ruido inspiratorio de timbre agu- do (estridor) & caracteristica de uma obstru¢ao par- ial da via aérea superior extratoracica. Um estridor bifdsico (inspiratério e expirat6rio) indica uma obs- trucdo a nivel traqueal alto. Quando a obstrucao & ‘mais distal (a nivel traqueal baixo), o ruido torna-se principalmente expiraterio. A sibilancia (ruido expi- ratério prolongado audivel com e sem estetosc6pio) indica estreitamento das vias aéreas inferiores, habi- tualmente a nivel bronquico ou bronquiolar. Oruido torna-se mais alto a medida que a via aérea se estreita, até o fluxo aéreo ser muito reduzido. No entanto, a diminuicao do ruido pode indicar obstru- ‘Gao completa ou exaustao, Gemido Principalmente audivel em recém-nascidos, mas também pode ocorrer em lactentes e criangas mais pequenas. Resulta da expiragao contra uma glo. te parcialmente fechada, na tentativa de criar uma ppressao positiva no final da expiragao, evitando o colapso da via aérea e dos alvéolos nessa fase. O gemido pode ser ouvido em lactentes com situ- acdes predispondo a colapso alveolar e perda de volume pulmonar (edema pulmonar, pneumonia, atelectasia ou sindrome de dificuldade respiratéria ‘aguda). 0 gemido ¢ um indicador de gravidade. Adejo nasal (© adejo nasal é um sinal frequente em criangas com esforco respiratorio. Posigao ‘As ctiangas com dificuldade respiratéria procuram posigdes que optimizem a capacidade respiratoria, Na obstrugao da via aérea superior adoptam muitas vvezes uma posigo de extensio do pescoso, para melhorar a permeabilidade da via aérea. Noutras situacoes, muitas vezes sentam-se inclinadas para a frente e apoiadas nos bracos. Esta posigao melhora a utilizagao de miisculos acessorios. Deve permitir-se a crianga adoptar a posicao mais confortavel e/ou melhor para a via aérea. @ Eficacia da respiracao ~ Volume corrente ‘A expansdo tordcica e a entrada de ar podem ser avaliadas por inspeccao, palpacao, percussao e aus- cultacdo. A inspeccao e palpacao podem avaliar @ expansao e a sua simetria. A percussao pode ser lil na deteccao de areas colapsadas (macicez) ou de hipertessonancia, como num pneumotorax. A auscultacao da uma ideia da entrada de ar, Os sons respiratérios devem ser bem audiveis em toda a area pulmonar, Uma auscultacao cuidadosa de todas as, ‘reas, nomeadamente das axilas, deve ajudar na deteccdo de situacées como atelectasia ou pneu- motérax. A comparacso de areas simétricas € sem- pre uti Um torax silencioso é um sinal preocupante que indica uma reducao drastica do volume corrente. Deve ser imediatamente pedida ajuda e/ou cha- mada a Equipa de Emergéncia Medica @ Oxigenacao: cianose ‘A clanose ¢um sinal inconstante na insuficiéncia res- Piratétia. E mais aparente na mucoss oral (central) € 1nos leitos ungueais (periférica). No entanto, nalgu- mas criangas com cardiopatias ciandticas, 2 cianose uma situacao habitual Deve medir-se a saturacio de oxigénio por oxime tria de pulso em todas as criancas com potencial insuficiéncia respirateria. Uma saturag3o penferica {Sp0,) < 92% em ar ambiente ou < 95% com ox! génio suplementar indica insuficiéncis respiratoris. ‘Abaixo de 70%, as medicdes s30 menos exactas. Em situagdes de ma perfusao periférice ou chogue. 2s medigdes de SpO,, sao pouco faves ‘A clanose (ou sua auséncia) é um indicador pouco fidvel em certas circunstancias (p. ex. extremida- des frias, anemia, intoxicaco por mondxido de carbono...). Efeitos da insuficiénci outros 6rgaos respiratéria em Mi Coracao: frequéncia cardiaca Inicialmente, a hipdxa cause taquicerdis como tativa de compensar a insuficiéncia respiratria Mi Cérebro: estado de consciéncia Uma crianga com hipéxia ou hipercapnia pode ficar agitada ou sonolenta com 2 progress3o da insuficiéncia respiratéria. O evento final serd a perda de consciéncia. Os pais podem comecar por referir que a crianga nao reage ou nao lhes responde nor- malmente. A avaliacao inicial do nivel de consciencia deve ser com a escala AVDS (ver Figura 1.6), vert cando @ contacto visual ou a resposta a estimulos verbais ou dolorosos. @ Perfusao periférica A hipéxia pode causar vasoconstricao e palidez, que dificultam o reconhecimento da cianose. Com © agravamento clinico, uma crianca pode ficar ma moreada antes de surgircianose central Uma taquicardia crescente, pouca reacao a esti- ‘mulos e cianose central sao sinais preocupantes & exigem pedido de ajuda e chamada da Equipa de Emergéncia Médica. Problemas da circulacao (C) A abordagem adequada da via aérea e da respiragao é 2 prioridade em Todas as criancas gravemente doentes e deve ser efectuada antes de se dar atencao a situacao circulators, Insuficiéncia circulatéria ou choque ‘Ainsuficiéncia circulatoria é uma situagao clinica em que © fluxo sanguineo e a entrega de nutrientes (oxigénio, licose) aos tecidos ndo acompanham as necessidades metabdlicas, levando a metabolismo anaerébio, acumu: lagao de acido lactico e lesao celular. AAs causas mais frequentes de insuficiéncia circulatéria em criangas sao a hipovolémia, a sépsis e a anafilaxia. Menos frequentemente, uma insuficiéncia circulatéria pode ser de causa cardiaca primaria, O choque cardio- génico pode ocorrer em criangas com doenga cardiaca subjacente (p. ex. cardiomiopatia, cardiopatia congént ta, miocardite, arritmia) ou apds cirurgia cardiaca. Uma obstrugao ao fluxo de sangue, a entrada ou a saf- da do coracao (p. ex. pneumotdrax hipertensivo, tam= ponamento cardiaco ou pericardite constritiva) ¢ outra causa, pouco frequente, de insuficiéncia circulatéria, @ Choque compensado e descompensado Numa fase precoce de insuficiéncia circulatéria, a reducdo da perfusao tecidular é compensada por lum aumento na frequéncia cardiaca e respiratéria por uma vasoconstricdo em éreas relativamente redundantes da circulacao. Os mecanismos de com- pensagao tendem a manter a perfusao dos érgéos obres (cérebr0 € coracao, Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu (9) Quando surge hipotensio (descompensacao), a perfusao destes drgaos nobres esté ja gravemente comprometida. Figura 1.2 Insufiionciaccultéia descompensada numa cians com doenga meningoescic sinas de descompensagao diminuicso ‘denivel de conscienc). Reconhecimento da insuficiéncia circulatoria © reconhecimento de uma insuficiéncia circulatoria basela-se numa avaliacao completa da situacao cardiovas- cular em sinais de perfusao anormal dos érgaos nobres, M@ Frequéncia cardiaca A frequéncia cardiaca (FC) aumenta numa fase ini- cial para aumentar o débito cardiaco (DC) A taquicardia sinusal & uma resposta habitual & ansiedade, dor e febre, mas também acompanha a hipéxia, hipercapnia ou hipovolémia (valores nor- mais na Tabela 1.2) Um aumento mantido da FC é um sinal de descom- ppensagao iminente. Se o aumento da FC nao permi- te manter uma oxigenagao adequada dos tecidos, a hipoxia e acidose conduzirao a bradicardia, sinal de paragem cardiaca iminente. A bradicardia € um sinal pré-terminal e indica necessiciade de assisténcia imediata, M@ Pressao Arterial (PA) Na maioria dos tipos de choque a PA mantém-se em, valores normais (Tabela 1.5) pela accdo de mecanis- mos de compensacao: © Vasoconstricao ¢ Taquicardia ¢ Aumento da contractilidade miocardica Quando j4 nao € possivel a compensacao, surge hipotens3o e descompensacao. O aparecimento de hipotensao € relativamente tardio no choque hio: volémico (apés perda de cerca de 40% da volémia). Noutros tipos de choque, a hipotenséo ocorre mais cedo (cardiogénico, anaflictico, séptico), @ 10°) Capitulo 1 Reconhecimento da Crianga Gravemente Doente E essencial detectar uma insuficiéncia circulatéria antes de descompensar e, portanto, antes de surgi hipotensio. Ahipotensao éum sinal de descompensacaoe deve ser tratada vigorosamente, dado que uma falencia paragem cardio-respiratoria podem estar imi nentes. Pedir de imediato assisténcia da Equipa de Emergéncia Médica, Cee De Oc TG Idade Normal Limite inferior 0-1 mas >60 ee 1-12Meses 80 Pn t-10Anos %42kidadeem 70+ 2xidade em anos ages >10 Anos 120 . Tabela 5 Volos normaise limits infrtores da Press Arterial PA) ‘Sstolicaporidade @ Volume de pulso © volume de ejeccio (VE) pode ser estimado ava- liando a amplitude do pulso (palpagao), Quancio 0 VE diminu, também diminui a amplitude do puls. Esta amplitude reflecte a diferenca entre as PA sis tolica e diastdlica. Numa insuficiéncia circulator, a amplitude dos pulsos distais ou periféricos (radial, tibial, pedioso} diminui mais rapidamente que a dos pulsos centrais(caratideo, braquial ou fernoral, A comparacéo entre pulsos periféricos e centrais pode ser uit, Os pulsos perifericos podem também estar diminuidos por vasoconstrigao devida a febre, frio ou ansiedade. A diminuigao de amplitude dos pulsos centr: um sinal de alarme de paragem cai ria iminente. Perfusio periférica Normalmente a pele esté quente e rosada, a menos que a temperatura ambiente seja baixa. 0 tempo de reperfusdo capilar (TRC) numa crianga saudavel & inferior a 2 segundos. Quando aumentam as resis- téncias vascularessistémicas ou diminul a perfusdo da pele, o TRC esta pralangado. @ Pré-carga A pté-carga deve ser avaliada pela observacio de distenso venosa jugular e hepatomegalia por sobrecarga de fluidos, como se vé no choque cardi génico. Outros tipos de choque esta associados a diminuigao da pré-carga. @) Efeitos da insuficiéncia circulatéria noutros 6rgaos Uma insuficiéncia circulatéria repercute-se rapidamente outros 61ga0s, comprometendo a sua perfusao. A pele, 105 Fins © o cérebro 50 os que melhor reflectem a quali- dade da perfusao organica, M Sistema respiratério ‘A taquipneia é um mecanismo de compensagao da insuficiencia circulator @ Pele: tempo de reperfusdo capilar (© tempo de reperfusao capilar permite avaiar a per- fusdo perférica. Uma perfusio cutanea diminuida (TRC protongado) indica vasoconstrigao perfética, um sinal precoce de choque. @ Cérebro: estado de consciéncia 0s sinais de hipoperfusao cerebral variam com a gra- vidade e duracio da situagdo causal. A hipdxia (por hhipoperfuso) e a hipercapnia causam inicialmente agi- taga0 e/ou sonolancia. Em lactentes e criancas peque- nas a hip6xia cerebral pode inicialmente ser dificil de detectar, mas os pais ou cuidadores podem referir que 8 crianga nao Ihes responde como habitualmente. As alteracoes de nivel de consciéncia causadas por hipoxia podem ser avaliadas pela escala AVDS (ver tabala 1.5) @ Rins: débito urinario Uma diminuigao do débito urinario (< 1 ml/kg hora) indica mé perfusao renal. Os pais ou cuidado- res podem referir diminuigao do numero de fraldas maolhadas, traduzindo oliguria ou andra, Problemas neuroldégicos - D Apés uma abordagem ABC correcta deve avaliar-se 0 estado neurolégico da crianga. Tal como as alteracdes respiratérias e circulatérias podem causar efeitos cen trais, algumas situagbes neurolégicas (p. ex. meningite, status epilepticus ou hipertensdo intracraniana) podem ter consequencias respiratérias e circulatérias. Avaliagao neurolégica central Nivel de consciéncia A escala AVDS permite uma avaliagdo répida do nivel de consciéncia de uma crianga, Peers iy Pen enor 4 Ree eee ey Tabla U6 A eseala AVDS © estimulo doloroso aplica-se por pressao esternal (ou supra-orbitaria. Se uma crianga apenas responde 2 dor, tem uma alteracao nourolégica significativa, equivalente a 8 na Escala de Coma de Glasgow. diametro e reactividade pupilar podem sor afec tados por diversos factores, incluinde farmacos e lesdes cerebrais. Uma assimetria,cilatagao ou nao reactividade pupil larindicam distuncao cerebral grave. Todas as criangas gravemente doentes devem ser avalia das e tratadas de acordo com os principios ABCDE. Tabela 1.7 Quando chamar a EM? Uma equipa de emergéncia médica (FEM) compoe-se de pelo menos um médica e um enfermeito bem trei nados na abordagem da erianga gravemente doente © em procedimentos de reanimagao, Pacem ser chama: dos em qualquer altura para avaliar uma crianca, decidir se est gravemente doente e iniciar ou continuar a sua abordagem. Suporte Imediato de Vida Pediattico Europeu Garantir a seguranca. Observar 0 aspecto geral da crianga e determinar a gravi- dade que aparenta (comportamento, interacc3o corn os pais) Falar a crianga e avaliar a resposta Podir aos pais que comparem a comportamento com habitual. Avaliar a resposta da crianga a estimulos (voz, estimulo téctil suave, estimulo dolor0so) Hé resposta (movimento, choro, fala)? A.ctianca respira (adequadamente ou no}? Fazer avaliacdo ABCDE completa (ver Figura 1.3 ¢ Tabela 1.8). Iniciar administracdo de oxigénio em alto débito ‘A monitorizagao de sinais vitais deve ser precoce (ECG, FR, SpO,, press3o arterial nio-invasiva). Um acesso vas- ular (ver Capitulo 4} deve ser obtido assim que possivel. Deve ser colhido sangue para avaliacdo laboratorial e para glicemia capilar imediata. Pedir ajuda adicional e/ou chamar a EEM. 42) Capitulo 1 Reconhecimento da Crianca Gravemente Doente eS ae EOS CL EM RISCO? CSUN Estabilizar/permeabilizar a via aérea | | Permeabilizar via aérea J + ¥ B ENVOY ae (0) Cag tr ur) Ue ery WOM) Cree) Oxigenar / ventilar } { Ventilagao } y v Cc PUNE Celta ve Lo) PSD) te eee Clear eel eur ey Deere Wee eed eet ty reer) Acesso vascular / Fluidos / Farmacos } { Compressées tordcicas vasoactivos NOt ceo aly EXPOSICAO - verificar AMPLE Fiqua 13. Algoritmo de avalagioetratamente ASCOE rine Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu (43 Avaliacao rapida ABCDE Sinais de alerta Funcao respiratoria A VIA AEREA Esta PATENTE e SEGURA? Est EM RISCO? Esté OBSTRUIDA? B_AVALIACAO DA RESPIRACAO ¢ Frequéncia respiratéria . ¢ Trabalho respiratorio ‘Adejo nasal Tiragem esternal, intercostal e infracostal Uso de misculos acessorios Respiracao paradoxal Volume corrente + Expansao toracica ‘Auscultagao i Ruidos adicionais estridor sibilancia, gemido) * Oxigenacao Cianose ou palider 5p0, Funcao circulato: C_AVALIACAO DA CIRCULACAO @ Frequéncia cardiaca # Pressao arterial Presentes / ausentes Amplitude © Perfusao Periférica Tempo de reperfusao capilar Temperatura cutanea (linha de arrefecimento) Corda pele, marmoreado © Pré-carga Distensao jugular Bordo hepatico Fervores pulmonares '@ Perfusdo renal: débito urinario D ESTADO DE CONSCIENCIA AVDS (ver texto) Reconhece os pais Interacgao com ambiente Tonus Pupilas E EXPOSICAO - ambiente AMPLE Exame completo . ‘Taquipneia ou bradipneia extremas, apneia, respiracdo agénica Diminuigao do esforco respiratorio Fadiga ‘Auséncia de sons respiratérios Gemido Cianose com 0, Taquicardia ou bradicardia extremas Hipotenséo Sudorese igo do nivel de consciéncia Hipotonia Tela 18. AvaliacSo pide ABCDE @ No que diz respeito ao SBV, um lactente é um bebe até 1 ‘ano deidade e uma crianga encontra-se entre 1 ano deida. dee a puberdade. £ inapropriado e desnecessirio estabe- lecer formaimente o inicio da puberdade; se 0 reanimador cr@ tratar-se de uma crianga deve usar as recomendacoes pedistricas. A expressao "ele" sera usada para designar uma crianca ou o reanimador, por uma questao de simpli ‘cidade, mas pretende-se englabar 0s dois géneros. ‘A sequencia descrita adiante ¢ para profisionais de sad- ‘de que habitualmente iniciam o SBV sozinhos mas rapida- mente estarao a trabalhar em equipa, NB ~ Excepto se explicitamente indicado de outro modo, a utilizacao da palavra “crianga” neste capitulo refere-se quer a lactentes (< 1 ano de Idade) quer a criancas (de 1 ano até puberdade). ‘Apesar de pouco habitual, a paragem cardiaca primaria ‘em fibrilhacao ventricular ou taquicardia ventricular sem. pulso ocorre ocasionalmente em criangas. Se esta situacao for provavel, como num colapso sibito fe testemunhado de uma crianca com uma doenca cardi ‘aca prévia conhecida, um bom prognéstico depende de desfibrilhacao precoce. Neste caso, se ha um sé reanima- dor, deve activar os SEM antes de iniciar SBV e usar um desfibrilhador automatico extemno (DAE), se disponivel No entanto, na maiorla das criangas vitimas de paragem cardio-respiratéria, a sequéncia de acgdes recomendada basela-se em dois factos: 1. Armaioria das paragens pediatricas tem origem hipé- xica e, portanto, a prioridade é permeabilizar a via aérea e administrar oxigénio de imediato (insuflacoes iniciais), 2. Aarritmia cardiaca mais frequente em pediatria é uma bradicardia grave com evolugao para assistolia, Assim, © SBV eficaz é mais importante que 0 acesso a um desfibrithador. No caso de um reanimador dinico, é fundamental que 0 SBV seja iniciado e efectuacio durante um minuto antes de se ponderar deixar a crianca para procurar ajuda. Se hé mals que um reanimador, um deles deve procurat @ C16) Capitulo 2 Suporte Basico de Vida {ajuda de imediato, activando os SEM ou a EEM intra hospi tala, enquanto ofs) outrots) inicia(m) SBV. (© SB deve ser efectuado sequencialmente (Tabela 21 & Figura 218). A ordem das accoes ¢ importante porque s& ‘uma manobra nao for executada adequadamente, a eficé- cia da préxima pode ser comprometida. Safety (seguranga) Stimulate (estimular) aca aa OE) Total iets-[) laren ct) Reassess (reavaliacéo) Tels 2.1 Sequéncia do SAV Pedra Seguranca (S) Em todas as emergéncias & essencial avaliar rapidamen te asituacéo e garantir primeiro a seguranca do reanima dor, depois a da crianga. Apesar de os riscos potenciais serem diferentes, esta regra ¢ tao importante no hospi tal como fora deste. Todos os fluidos corporais clevem ser considerados potencialmente infecciosos. Deve usar- se luvas, outras barreiras de protecgao e ventilacao com insuflador manual assim que possivel ‘Ao aproximar-se da crianga e antes de Ihe tocar, 0 1ea- rnimador deve rapidamente procurar pistas sobre 0 que possa ter causado a emergencia, Estes achados podem, modificar a abordagem (p. ex. na suspelta de trauma dda cabeca / pescoco considerar estabilizagao da coluna cervical) Estimular (S) E importante estabelecer a reactividade de uma crian’ {a aparentemente inconsciente, por estimulacao tactil ¢ verbal, jé que a situacao pode nao ser grave. © moda adequado de 0 fazer & estabilizar a cabeca, colocando uma maona frontee com a outra mao abanar ligeiramente um brago ou puxar o cabelo. Ao mesmo tempo, chamar em voz alta pelo nome, dizer “Acordal” ‘ouperguntar "Estas Bem?”. Nunca sacudir uma crianga, Se a crianca responde, mexendo-se, chorando ov falando, avalia-se a situacao clinica e potenciaisriscos e, se necessério, chama-se ajuda, Se no ha resposta, continuar a sequéncia SBV como. descrito a seguir, Chamar ajuda (5) Se 0 reanimador esta sozinho, deve gritar por “Ajuda!” e iniciar SBV de imediato, Nao deve deixar a crianga para procurar ajuda ou atrasar 0 SBV para usar 0 telemével. Se ha uma segunda pessoa presente, deve pedir-se-Ihe que chame os SEM (112 -ntimero universal europeu ou 0 rntimero de um servico local de emergéncia) ou a equipa ‘de emerqéncia intra-hospitalar. ‘A pessoa que liga deve entao fornecer a sequinte informagao: Pee uy OCC ue a en Ur cd paragem cardio-respiratéria, crianca elec- fete eu Cane et it) Niimero e idade da(s) vitima(s) ee ue cree sea crianga necessita de SAV) Tabela 2.2 Informagaa necesina ao activo os SEM ‘ou equipa de emergenciainto-hospitaae A chamada 6 deve ser terminada quando o operador confirma que toda a informacao relevante foi transmit? da ¢ indica que nao precisa de mais informacao. A pes- s0a que ligou deve entao confirmar ao reanimadior que chamou ajuda. Se o evento ocorreu em ambiente de cul dados de saiide, deve ser levado equipamento clinico de ‘emergéncia para o local da reanimagao. Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu (17) REANIMADOR UNICO ACTIVACAO DOS SEM APOS 1 MINUTO DE SBV: CRIANCAS; VITIMAS DE AFOGAMENTO DE TODAS AS IDADES ACTIVAGAO DOS SEM PRIMEIRO PARA DESFIBRILHACAO PRECOCE: TODAS AS IDADES: COLAPSO SUBITO TESTEMUNHADO. MULTIPLOS REANIMADORES 1 REANIMADOR EFECTUA SBV E 1 REANIMADOR ACTIVA OS SEM EM SIMULTANEO Via Aérea (A) @ Permeabilizar a Via Aérea Numa crianca inconsciente é provavel que a lingua obstrus, pelo menos parcialmente, a via aérea. Assim, fo teanimadiar deve comecar par permeabilizé-la, Ito pode ser feito de dois mados. Extensio da cabeca ~elevacao do queixo. Esta é uma manobrainicial simples eeficaz. Para estender a cabeca, abordar a crianca de lado e, senecessario, deité-la cuidadosamente em decibito dorsal Colocar uma mao na fronte da crianga e inclinar a cabeca para trés cuidadosamente. Emlactentes, a cabeca deve ser colocada numa posi- .¢a0 neutra (eixo da orelha alinhado com o eixo do tronco) (Figura 2.1). Numa crianga & necessirio efec tuar mais extensao da cabeca (posi¢ao de fungador) (Figuras 2.2 € 2.3) ‘Aelevacio do queixa consegue-se colacando as pon- tas dos dedos da outra mao do reanimador na parte {6ssea da mandibula da crianga e elevando o queixo. Eessencial que os dedos nao pressionem os tecidos moles do mento, jé que pode aumentar a obstrucao dda via aérea, Subluxacéo da mandibula Esta é a manobra mais eficaz para a abertura da via aérea na crianga e ¢ preferida quando é necessaria imobilizagio da coluna cervical. Colocado & cabeca da crianca, 0 reanimador coloca ‘as mios nos dois lados da cabeca, As extremida des de dois ou trés dedos de cada mao colocam-se debaixo dos angulos da mandibula, elevando-a, com 0s polegares cuidadosamente apoiados nos malares (Figura 2.4), Para maior estabilidade, 0s cotovelos do reanimador devem estar apoiados na superficie em quea crianga esta deitada, Figura21 Extensi da cbega elevogio do quelxo num lactente Figura 22 Extensio dacabega- levagdo do queixa numa crianea pequena Fiqua 23 Extensio da (abeca—elevacio do queixa uma cranga malar Figua24 Subluracao da mandibula 18.) Capitulo 2 Suporte Basico de Vide Verificar a via aérea Independentemente do método usado para perme: abilizar a via aétea, é importante que o reanimador olhe para a boca @ verifique se nao ha um corpo estranho facilmente visivel, Se existe e o reanima- dor tem a certeza de que conseque remové-lo com um dedo, pode tenté-lo. Limpezas da boca com um dedo "as cegas’ nunca dever ser efectuadas. (A abordagem da obstrucao da via aérea por corpo estranho - OVACE - sera discutida adiantel, Com a via aérea (A) permeabilizada e verificada, 0 reanimador avanca para 0 passo seguinte. Respiracao (B) Ml Verificar Respiracao: ver, ouvir e sentir ‘Apés permeabilizar a via aérea o reanimador neces- sita de avaliar a presenga de respiracao espontanea eficaz. O melhor processo é "ver, ouvir e sentir movimentos toracicos (e abdominais) sons e ruldos respiratérios junto a boca e RAMAN ari (ou auscultar) ENUM movimento de ar junto a boca e nariz. Tabelo 24 Ver, ouvir semtira esptaga0 ‘Oreanimador coloca a sua face poucos centimetros. acima da boca e nariz da crianca e olha ao longo do corpo. Nesta posicao, procura observar elevago do. t6rax € abdémen, ouve se ha sons respiratérios & tenta sentir movimento de ar na face (Figuras 2.5 2.6) durante nao mais de 10 segundos. Sea crianca respira espontinea e eficazmente, man- tém-se a via aérea patente enquanto se procura € aguarda ajuda. Se nao houver suspeita de trauma da coluna cervical, crianca deve ser colocada em posi- {0 lateral de seguranca (ver adiante) enquanto se aguarda ajuda, Se 0 reanimador esta sozinho, deve activar entao os SEM, Se a crianca nao respira eficazmente ou tem ape- nas respira¢ao agénica, 0 reanimador deve efectuar insuflagGes iniciats com ar expirado. Respiragao agonica, ou “gasping’, sA0 movimentos respirat6rios irregulares e pouco frequentes; nao se pode confundir com respiracdo normal Figuea25, Avaliarcespiraga0.num lactente- ve, ouvir sentir com Calbeca em posqaoneuta Figura26 Avalarrespiragie numa crianca: ve ouvir e sent coma ‘cabeca em posicto de“fungador* @ Insuflacoes iniciais Devem ser efectuadas cinco insuflagées iniciais mantendo a via aérea patente. O objectivo é fazer cchegar 20s pulmées da crianca algum oxigénio. Até estar disponivel um dispositivo adequado para ven- tilagdo, € necessirio manter ventilagao de recurso com ar exalado. Esta ventilagao fornece 16-17% de coxigénio, Cada insuflacao deve ser lenta (cerca de | segundo}. Esta duragao maximiza a quantidade de ‘oxigénio que chega aos pulmées da crianca, com menor probabilidade de distensao gastrica, © reanimacior pode efectuar uma inspiragao profun- da entre cada duasinsuflagées, para optimizar 00, € ‘minimizar o CO, que administra a crianca ‘eficicia das insuflaoes iniciais avalia-se pela eleva- a0 @ descida do t6rax. 0 reanimador deve adaptar 2 pressdo e volume das insuflagdes as caracteristicas da crianca para garantir expansao tordcica com cada insuflagao, Se naa se observa movimento toracico com as insuflag6es, 0 reanimador deve tever a via a6rea, com reposicionamento da cabeca, e garantir que ha uma boa selagem entre a sua boca ea face da ctianga antes de tentar a proxima insuflacao. Se, ape sar de um cortecto posicionamento da cabega e boa selagem, 0 reanimador continua ndo conseguir boa expansio tordcica, deve ser considerada a possiil- dade de obstrucao da via aétea por corpo estranhoe deve passar-sedirectamente a compressBes toricicas {abordagem descritaadiante neste capitulo) Técnica boca a boca-nariz Esta 6 a técnica recomendada para insuflagoes ini- ais em lactentes. O reanimador coloca a sua boca em volta da boca e do nariz do lactente, criando uma boa selagem, e insufla como descrito antes (Figuras 27 2.8), Se nao for possivel cobrir a boca e © nariz, pode optar por insuflar através de qualquer dos dais. Em cada caso, as narinas ou a boca devem ser ocluidas para evitar fuga de ar, Fgua27 Suporte Imediato de Vida Pedistrico Europeu (19 Figuras 27 28 Insflages nical num lactente, com técnica boca boca nie Técnica boca a boca Esta é a técnica recomendada para ventilacdo com ‘ar exaladio em criangas. O reanimador coloca a sua boca sobre a boca da crianca, garantindo uma boa selagem. Com os dedos da mao pousada na fronte, pinga as narinas da crianca para impedir fuga de ar durante a insuflacao (Figura 2.9), Figura 29 Insflagées inca numa criana, com técnica boca aboca Apés as insuflacdes inicials, 0 reanimador passa & circulagao (Q. ® 20°) Capitulo 2 Suporte Basico de vida Circulagao (©) @ Pesquisar sinais de circulagao (ou ‘sinais de vida’) ‘Apés as insuflacées iniciais o reanimador deve deter- iminar se a crianca tem circulagdo espontanea ou se necessita de compresses tardcicas. Observar se ha sinais de circulagao: movimento, tos- se pur respiragao normal (no agénica. 0s profissionais de satide com treino em verificagao de pulso podem pracurar palpar um pulso central tenquanto procuram outros sinais de circulagao. Em lac tentes, 05 locals recomendados para avaliacao da circu lagi central so as artérias braquial ou femoral (Figura 2.10) Nas eriangas palpa-se a carétida (Figura 2.11) ou a femoral. Se nao ha sinais de circulacao, devem ser iniciadas compresses tordcicas, a menos que o reani mador tenha a CERTEZA de que consegue palpar um ppulso central com frequéncia de mais de 60/min. © tempo maxime para avaliagio de sinais de circu- lacdo ¢ de 10 segundos. qua 2.10 Palpagaa de puso beaquia e pesquisa ‘oe sins dectculagao pur lactone Se ha sinais de circulacao e/ou um pulso palpa- vel (> 60 / min), 0 reanimador deve reavaliar a res- piracao, Se nao ha respiracdo ou & inadequada (p. ‘ex. agénica) deve continuar-se ventilagdo. com at ‘exalado com uma frequéncia de 12 - 20 ciclos por minuto. A respiracao € circulagao da crianga deve ser reavaliadas frequentemente e deve ser mantido ‘SBV continuo ¢ adequado até chegada dos SEM, ou: até a crianga comecar a respirar espontaneamente. Se houver respiragao espontinea adequada, © na auséncia de suspelta de trauma, a crianca deve ser colocada numa posi¢ao lateral segura (ver “Posic3o Lateral de Seguranca’ adiante, neste capitulo). ‘se nao houver sinais de circulacdo, ea menos que se tenha a CERTEZA de um pulso central palpavel > 60/ ‘min, iniciar compressdes toracicas. Compressées tordcicas Principio das compressées tordcicas [As compressoes tordcicas s0 compresses seriadas, ritmicas, exercidas sobre a parede toracica anterior para conseguir um fluxo sanguineo para os érgaos vitais, numa tentativa de os manter vidvels, até 20 retorno de circulagao esponténea. Para serem executadas eficazmente, a crianca deve ser colocada em dectibito dorsal numa superficie plana e dura, mantendo a cabeca numa posic3o que permita a paténcia da via aérea. Relagdes compressao:ventilagao (C:V) ‘A rolagao CV a usar em criancas de todas as idades de 152. No entanto, um reanimador Gnico pode optar por usar a relacao CV de 30:2, como no adulto, para evitar perder tempo nas frequentes transicoes entre insuflagdes @ compressées, Por uma questse de simplicidade, os reanimadores leigos aprend=m usar uma telacdo CV de 30:2 em criancase adultos. Seja qual for a relacdo utilizada, as compresses tordcicas devem ser efectuadias tao eficazment= ‘quanto possivel, ‘Todas as interrupgdes devem ser minimizadas. A frequéncia de compresses deve ser de 100-120 por minuto (quando intercaladas com as insuifla~ ‘goes, o numero real de compress6es efectuadas sera menor que este) © abjectivo das compressoes tordcicas € deprimir 0 trax pelo menos 1/3 do diametro antero-posterior ‘com igual duragao de compressao e descompressso. ‘Apds cada compressao, aliviar toda a pressao do torax sem perder o contacto entre as maos €0 esterno. ee ee Aliviar completamente a presséo apés cada Coe Fgura 212 Localizacio do apéncice xfoide na junc ‘a costes inferiores Referencias anatémicas ‘As compressées toricicas devem ser aplicadas sobre ‘a metade inferior do esterna, em todos os lactentes criancas.Para evitar comprimir 0 abdémen, locali- zar 0 apéndice xiféide no angulo onde as costelas inferiores se encontram e comprimir cerca de um dedo acima deste ponto (Figuras 2.12 € 2.13) @ Compressdes tordcicas no lactente Técnica dos dois dedos Esta € a técnica tecomendada para um reanimador Linico fazer compresses em lactentes 0 reanimador coloca dots dedos de urna méo sobre a metade inferior do esterno (Figura 2.13).0 esterno € deprimido pelo menos 1/3 do diémetro antero- posterior do térax do lactente, Durante a descom- pressio que segue cada compressio, 0 reanimador liberta toda a pressio, mantendo os dedos er con- tacto com a parede do torax. Apos cada série de 15 compressoes, retira os dedos para fazer a elevacio do queixo e efectuar duas insuflaces eficazes com a via aérea correctamente aberta ‘Aoiecice noite JL Estemo inetado nono Figura 2.13, Compressestoricicas num actente: ‘nica dos doe dees Técnica do abraco (dois polegares) Este 60 método recomendado de compressao tora- ica num lactente, com dois reanimadores. Existe evidéncia de que este método permite um melhor didbito cardiaco que a métado dos dois dedos, mas. & muito dificil que um reanimador unico consiga executi-lo de modo eficaz @ atempado, fazendo insuflagoes correctas ao mesmo tempo. Esta técnica 6 geralmente usada por dois reanimadores usando. tum dispositive de ventilacao (ver Capitulo 6) Um dos reanimadores posiciona-se a cabeca do lac- tente para permeabilizar a via aérea e ventilar segundo reanimador, que pode estar aos pés ou 20 lado, coloca os dois polegares lado a lado sobre a metade inferior do esterno do lactente (como antes) Em bebés muito pequenos, os polegares podem ser colocados um sobre 0 outro. As maos do reanima: dor devem ser posicionadas de modo a envolver © térax do lactente € apoiar 0 dorso (Figura 2.14) Aplicar entéo compressaes como descrito acima. ‘Apéndice witside Estomo (molade inferior) Fu 24 Campsie rcs mle tei do obras olegare) @) 22>) Capitulo2 Suporte Basico de Vida M_Compressoes tordcicas na crianca Usando as mesmas localizagdes descritas acima, 0 reanimador posiciona-se a0 lado da crianga e colo- , Sequéncia de utilizagao de um DAE numa crianga 1. Garantir que 0 reanimador, a vitima e outros presen- tes estao em seguranca 2. Iniciar $BV adequado, Se ha dois ou mais reanimado. es, um continua SBV enquanto 0 outro chama ajuda e traz 0 DAE, se disponivel. No caso de um reanima: dor Unico, deve chamar ajuda e trazer 0 DAE apos ‘um minuto de SBV (a menos que seja muito provavel ‘uma causa cardiacal. Em qualquer circunstancia, ndo conectar 0 DAE antes de ter efectuado 1 minuto de Sy, 3. Ligar o DAE e conectar 0s eléctrodos (pediatricos se adequado). Se houver mais que um reanimador, con: tinuar SBV durante estas acces. Terminar 0s ciclos cde SBV (para analise e choque) com compressoes, 4, Seguir as indicacoes verbais e visuais do DAE. 5, Assegurar que ninguém toca na vitima enquanto 0 DAE analisa o ritmo. 6. Seestiver indicado choque, fazer 0 sequinte: ¢ Garantirque ninguém tocana vitima (Figura 2.17) Pressionar o botao quando indicado. Continuar SBV até serem detectados sinais de circulacio e/ou pulso palpavel 7. Senaoestiverindicado um choque, fazero sequinte: ¢ Retomar de imediato SBV adequado. ¢ Continuar a seguiras indicagbes do DAE 8, Continuar SBV até ocorrer um ou mais dos seguintes: @ Chegar ajuda que se encarregue da reanimagio, ¢ Avitima iniciar respiragao normal ¢ Oreanimador ficar exausto. Figura 2.17 Uilzago de umn DAE numa cranes, ‘pds 1 minuto de Sov 24>) Capitulo2 Suporte Basico de Vida Peary ae OECD aN TUR LN RESPIRACAO NORMAL Efe ents) Sem expansio torécica Reposicionar via aérea 5 INSUFLACOES INICIAIS . Ainda ineficaz? Pesquisar SINAIS DE VIDA e/ou pulso central Se sinais de vida adequados, continuar comAeBe vigiar C Rene ca ro Cole CREEPY ere ue Me td eo TNCs I Tce} REAVALIAR E continuar de acordo ACTIVAR EEM ou SEM ENCE LT od Figura 218 Algoritmo SBV Petco Obstrucao da via aérea por corpo estranho (OVACE) ou sufocacao Quando um corpo estranho entra na via aérea de uma cian: a, ha uma tentativa imediata de o expelir com tosse. Uma ‘tosse espontanea é provavelmente mais eficaze segura que qualquer manobra que um reanimador possa efectuar. No entanto, se nao houver tosse ou for ineficaz e se 0 cor po estranho ocluir completamente a via aérea, a crianca rapidamente ficara asfixiada. Assim, apenas so necessi- rias intervengGes activas quando a tosse se toma ineficaz, ‘mas nesse caso devem ser iniciadas rapida e decididamen: te Tabela 25 e Figura 2.24) Reconhecimento da sufocacao ‘A maioria das situag6es de sufocagao em lactentes & criangas ocorre enquanto brincam ou comem e, por isso, 30 muitas vezes observadas, o que permite que sejam tomadas medidas rapidamente se necessario. A sufocacao caracteriza-se pelo inicio subito de dificul- dade respiratéria associada a tosse, engasgamento ou estridor. Sinais ou sintomas semelhantes podem estar associados: a outras causas de obstrucae da via aérea, como laringite ou epiglotite, que requerem uma abordagem diferente, Deve suspeitar-se de sufocagao se: ¢ oinicio é muito sibito; ¢ nao ha outros sinais de doenga; ‘¢ ha pistas para o reanimador, por exemplo estar ‘@ comer ou a brincar com abjectos pequenos Imediatamente antes do inicio dos sintomas. Beer ee uC) Seer) eee) Historia recente de estar a comer ou a brincar com oS ood retuned Tosse eficaz eee ag een era Perec eet ecg creed rear ae Bt Cee Ore ery esac} Tabela 25 Sinais ce sfocagio Suporte Imediato de Vida Pedistrico Furopeu (25, ‘Abordagem da sufocacao Sea ctlanga tosse eficazmente, nao sa0 necessarias foutras manobras. Encorajar a tosse @ observar continuamente, Sea tosse & ou se esti a tornar, ineficaz, chamar ajuda de imediato e avalar o nivel de consciéncia dactianga Sufocagdo numa crianga ou lactente consciente ¢ Sea ctianca esta consciente, mas nao tosse ou tem ‘tosse ineficaz, 0 reanimador deve aplicar pancadas nas costas, ¢ Seaspancadas nas costas nao resolvema obstrugao, devem fazer-se compressoes toracicas num lactente, ‘ou abdominals numa crianga. Estas manobras simulam uma “tosse artificial’, para aumentar a pressao intra-toracica e desalojar 0 corpo estranho. @ Pancadas nas costas num lactente ‘* Oreanimador deveapoiarolactenteem decibito ventral @ de cabeca mais baixa, para que 2 gravidade ajude na remocao do corpo estranho. ‘* Seoreanimador esta sentado ou ajoethado deve cconsequir apoiar o lactente de modo seguro a0 seu colo, * Acabeca deve ser apoiada colocando o polegar de uma mao num dos angulos da mandibule, um ou dois dedos da outra mao. no mesmo ponto do outro lado da mandibula, * Deve terse cuidado para ndo exercer press3o ros tecidos moles debaixo da mandibula, 0 que poderia aumentar a obstrucao da via aérea @ Deve dar-se até 5 pancadas secas com a base de uma mao, nas costas, entre as omoplatas do lactente (Figura 219). '* Oobjectivo nao é dar o total de cinco pancades, mas antes que cada uma delas consiga aliviar a obstrucao, @ Pancadas nas costas numa crianga * As pancadas nas costas so mais eficazes se a crianga estiver com a cabeca para bab. © Sea crianga & pequena, deve ser colocada a0 colo do reanimador, como um lactente. '* Seisso nao for possivel, deve apoiarse a crianca ‘numa posico inclinada para a frente e dar as pancadas nas costas. @ 26°) Capitulo 2 Suporte Basico de Vida 1 ee et RR ENTREE SE SEE AR ‘Se as pancadas nao removerem o corpo estranho, €@ 4 Olactente fica assim apotado ao longo do brago ‘rianga continuar consciente, o reanimador pode usar do reanimador, por sua vez apoiado na coxa, compresses tordcicas num lactente, ou abdominals numa crianga. As compresses abdominais (manobra + Localiza-sea referéncia para compressio toracica de Heimlich) nao devem ser usadas em lactentes, (metade inferior do estemo cerca de um dedo ‘acima do apéndice xifeide}, @ Compressées tordcicas num lactente ¢ Devem ser efectuadas até cinco compressées, (Figura 2.22), Estas sao semelhantes as * 0 reanimador deve deitar 0 lactente em compressées toracicas do SBV, mas mais secas e dectibito dorsal, com a cabeca mais baixa, ‘a um ritmo mais lento. colocando o dorso do lactente ao longo do seu brago live e apoiando o occipital sobre a mao. (Figuras 2.20 e 2.21, igura 2.19: Pancadas nas cosas num lactente cansciente pu 29 anced c Fiqura2.21 Manter aia aévea permesvel com a outa mio durante Fqura 220 Colocaro lactente em decibite dorsal com brace aolonga do dorsoe apoiand 0 occipital com uma mo Figura 222. Compressoestriccas num lactenteconsciente @) Compressoes abdominais numa crianga Oreanimador coloca-se de pé ou ajoelhado atris da crianca e passa as seus bracos por baixo dos bracos da crianga, envoluendo o tronco pela frente. 0 reanimador fecha um punho e coloca-o entre 0 umbigo e o apendice vifoide. Apertando esse punho com a outra mao, 0 reanimador puxa de modo seco para tris e para cima aplicando até 5 compressoes abdominals. (Figura 2.23) E necessatio culdado para nao aplicar pressao sobre ‘esterno @ a grelha toracica para evitar trauma, © objectivo nao é aplicar o total de cinco compress6es, mas antes que cada uma delas consiga, aliviara obstrucao. Reavaliar a crianca Seo compo estranho nao tiver saido © a crianca continuar consciente, continuar a sequéncia de pancadas nas costas e compressdes (toracicas fem lactentes ou abdominais em criancas). @ Chamar ajuda, ou mandar chamar, se ainda nao river chegado. Nao abandonar a crianga nesta fase. Suporte Imediato de Vida Pedistico Europeu 27 Se © compo estranho tiver sido expelido, avaliar a situacao clinica da crianga. Uma parte do objec- to pode permanecer no tracto respiratorio e cau- sar complicagoes. Na duvide, procurar assisténcia médica. As compressoes abdominais podem causar les0es internas, por isso todas as vitimas devem ser observadas por um médico. Figura 223, Compressio abdominal numa cian AVALIAR GRAVIDADE Inconsciente eo ey 5 pancadas nas costas 5 compresses, {roriccas no latent) ab lois nein > V3 Peimeabilizar via aérea Sinsuflagées Iniciar SV Encorajar tosse Manter vigilancia agravamento, tosse ineficaz oualivio da obstrugso Fqua 224 Algoritmo de atamente da Sufocagio em Pedatia 28.) Capitulo 2 Suporte Basico de Vida 1 ET @ Grianca sufocada inconsciente Colocacao em posicao segura ‘© Se uma ctianga com OVACE esta, ou se torna, inconsciente, o reanimador deve deits-la numa Uma crianga inconsciente, a respirar espontaneamen- supetiiie duals plans te, deve ser colocada numa posicéo lateral segura a z menos que haja contra-indicacao (p. ex. suspeita de * Deve entéo chamar ajuda ou, se houwer um Jreseda atu coer Segundo reanimador,mandé-locontactar osSEM. © abjectivo & prevenir a obstrucdo da via aérea por que- ‘* Se apenas houver um reanimador, ndo deve _ da da lingua e reduziro isco de aspiracao de vomito ou abandonar a crianca nesta altura, mas antes _secrecbes, Iniciar SBV como descrito antes neste Capitulo. Nao existe nenhuma posicao de recuperacso univer salmente aceite para a ctianca, mas os principios gerais @ Verificara boca baseiam-se em garantir que a crianca % Abrir a boca e procurar qualquer objecto fica numa posigao tao lateral quanto possivel facilmente visivel ‘¢-mantém a via aérea patente: Se vir algum, fazer uma tentativa de o remover ode ser facilmente vigioda com uma Unica passagem de um dedo. Nao ** cilmente vigiad tentar limpezas com dedo as cegas ou de modo «fica estavel e no vai rolar (em pequenos lactentes repetido, que podem causarlesdes ouimpactar pode ser necessério colocar uma toalha ou cobertor © objecto mais profundamente na fringe enrolada atris das costas); ‘* pode drenar facimente vomito ou secrecdes para M1 Insuflacoes ae ok Bees ‘+ Abra via aérea e tentar 5 insuflacdes com ar nag. tem pressao sobre 0 térax que dlfculte a exalado. respiracao; % Avaliar a eficacia de cada insuflagao; se nao produzir clevacdo do térax, reposicionar a ‘cabeca antes da préxima tentativa, ¢ pode facilmente ser colocada em decubito dorsal se for necessario SBV. Descreve-se de seguida um exemplo de posicao lateral M1 Compressées tordcicas e SBV de seguranca ‘* Tentar 5 insuflagdes iniciis e, se nao houver 0 Feanimador ajoetha ao lado da crianga e estende os resposta (moviments, toise, resplracho bracos e pernas da mesma. Se tiver éculos, devem ser esponténea),avancarparacompressbestordcicas. _removidos, bem como qualquer objecto grande ou pontiagudo e a roupa em volta do pescago deve ser + Seguir a sequéncia do SBV (ver acima) cerca de _alargada. A paténcia da via aérea deve ser avaliada e, se ‘um minuto, antes de chamar SEM ou EEM (se necessario, esta deve ser permeabilizada ¢ mantida, isto ainda nao foi feito por outra pessoa). (© braco da crian¢a mais proximo do reanimador éesten- * Coma via aérea permeabilizada para tentar as___—_didono chao perpendicularmente ao corpo (Figura 2.25). insuflagdes iniciais, procurar corpos estranhos visiveis na boca, Se vir algum, fazer uma tentativa de 0 remover ‘com uma tnica passagem de um dedo. 3 Se a obstrugio parece ter sido. aliviada, eee permeabilizare avaliara via aérea como descrito memes antes. Aplcarinsuflagdes se acrianca naoestiver a respirar © Sea crianga recupera a consciéncia e apresenta respiragao esponténea eficaz, colocar numa pposi¢ao lateral segura e monitorizar a respiraca0 © nivel de consciéncia enquanto se aguarda a chegada da equipa de emergéncia, Fgura 225 Pesice inci dos membros 0 brago do lado oposto é puxado por cima do corpo fem direccio ao reanimadior e colocado sob a bochecha do mesmo lado (Figura 2.26). Com a outra mao, 0 rea mador deve dobrar pelo joelho a petna da crianca mais afastada de si (Figura 2.27) Figura 226. Reposcionamenta dotbrago mals afastadodo Feanimados Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu (29 A cabeca pode posicionar-se ligeiramente inclinada para tds, se necessétio, para garancir a permeabilidade da via aérea (Figura 230), Figura 229 Vetifiarauséncia de Figura227- Reposicionamenta da pesna mats afostada do reanimador Puxando cuidadosamente 0 joelho dobrado, 0 reanima- dor rola a crianga na sua direcgdo (Figura 2,28). Figure 228 Rolarocorpo delado Deve agora verificar-se se a mo que foi colocada contra a bochecha nao esté a exercer pressao excessiva Figura 2.29) Fgura 230 Posigaode seguranca A respiracao e circulacao da crianga devem ser reavalia- das regularmente enquanto se aguarda ajuda. Em caso de qualquer deterioracéo, a crianca deve ser de imedia- to colocada cuidadosamente em decabito dorsal e uma avaliagdo ABCDE completa deve ser efectuada. Capitulo 2 Suporte Basico de Vida oS hee Rd eld behhs Ce ne ru ue prépria seguranca antes de iniciar SBV. ee ee eer ae fed een et rag rere eeu pre e are ocua Re Su ligado apés 1 minuto de SBV. Em crlancas com menos de 8 anos de idade o DAE deve ‘usado com atenuador, se disponivel. Pree ee Per crt dagem da sufocacso numa crianga Cee Pee Tee na nat tot Pera O sistema respiratério permite, com a circulagao, distr buir oxigénio (oxigenagao) e eliminar didxido de carbo: ro (ventilacac), Aabordagem da via aérea e da ventilacao ¢ a primeira prioridade em qualquer situagao de reanimagéo, inde- pendentemente da idade ou da causa da paragem res- piratétia ou cardio-respiratéria. (sto é particularmente verdade nas criancas,nas quals a progressao paraa para- gem cardio-respiratoria se faz habitualmente através de hipoxia e acidose, secundérias a uma insuficiéncia respi- rat6ria descompensada. O reconhecimento precoce e a abordagem correcta de uma potencial insuficiencia res- piratéria sao, portanto, essenciais (ver Capitulo 1). Este capitulo descreve a abordagem da insuficiéncia respira- t6ria em criancas, de acordo com a situacao fisiolégica A obstrugao da via aérea é um evento frequente em rea: nimacao pediatrica, Pode ser a causa inicial da paragem cardio-respiratéria (p. ex. aspiragao de compo estranho) ou a consequéncia de um proceso subjacente (hipo- xia) que condicione perda de consciéncia. Em criangas inconscientes, a queda da lingua pode obstruir a via aérea (Figura 3.2). Seja qual for a causa, a obstrucao da via aérea deve ser reconhecida tratada rapidamente de modo a prevenir a lesio dos érgaos vitais secundaria & hipéxia. A paténcia da via aérea deve ser avaliada pelo métado "ver, ouvir e sentir". Nesta avaliacao, deve terse em conta que a existéncia de movimento toracico nao. garante que a via aérea esta livre movimentos da abdominal parede toricica e sons tespitatérios e ruidos junto ao nariz e boca (ou por auscultacao} movimento de ar junto ao nariz e boca Se uma crianga doente ou traumatizada tem respiracso espontanea eficaz, deve ser abordada numa posi confortavel (de preferéncia aquela que adopta natural- mente para melhorar a permeabilidade da via aéreal. Nao deve ser forcada a deitar-se ou a adoptar uma posi- ao que recusa, A administragdo de oxigénio deve ser efectuada de modo que a crianga tolere (Figura 3.1). Os pais devern ser encorajados a ficar com a crianga. ® (32) Capitulo 3 Via Aérea e Ventilacio . Figura 3.1 Abordagem dainsufcincia espratéria compensada.O oxigénio€ administade de modo no asustador prs acionca, A crianga inconsciente Numa crianga inconsciente, com ou sem respiracio ‘espontiinea, a via aérea deve ser optimizada de imedia- to. Comeca por se executar uma extensio da cabeca & elevacao do queixo ou uma subluxagao da mandibula, Pode ser necessario aspirar vamito, secregbes ou san- ‘gue. Apenas com uma via aérea permeavel se pode con- seguir uma oxigenacao adequada, Permeabilizacao da via aérea Estas manobras (extensio da cabeca/elevacio do quei- x0 ou subluxacio da mandibbula) devem ser executadas como no SBV (ver Capitulo 2) (Figuras 3.2 a 3.4). Deve terse cuidado para nao flectir (Figura 3.6) ou estender demasiado (Figura 3.5) 0 pescoco, nem comprimir os tecidos moles sob 0 queixo, 0 que poderia agravar a obstrucao, @ Figuis32_ Giang inconscient: aqueda da lingua produ obstrugao Figuea 33. Apés 1 an0 edad a extensio ‘so pesca melhor patencia da vara (rmonobra correcta Figura 34. Extensio com elevagio do quet oaumentaa ptencia a via area manobea conecta) Figura 3s Hipetextensio causa lbstrugaoda ia area gui 36 Flexiodo escoco causando obs Stugae da via deca Aspiracao A faringe pode ser obstruida por secrecdes, vémito ou sangue, e mesmo por um corpo estranho sélido (ver Capitulo 2), Pode ser necessério usar um equipamento de asptagao para petmeabilizar a via aévea (Figura 37) © equipamento de aspiragao tipico de uma sala de rea- nimecio inclu um aspirador fix, geralmente com regu- lador de pressio negativa, um reservatirio, tubos de ‘aspiracio e uma sonda de aspiracao adequada. Noutras 4reas de um hospital ou em ambientes nao hospitalares, ‘como durante um transporte, os equipamentos podem ser aspiradores portiteis, operados por bateria ou bom ba manual [As sondas de aspiracao rigidas e de grande calibre (p. ex, sondas de Yankauer) sao especialmente dteis para a remogio de vomito ou secrecdes espessas e abundan tes. Sondas flexiveis sao mais adlequaclas para lactentes ou Criangas pequenas, porque s40 menos traumaticas; no entanto a sua capacidade de aspiragao é mais limita- da. Para se pader controlar a pressao de aspiracao pode usar-se uma peca em Y ou um orificio lateral que se oclui intermitentemente, Nas criangas com reflexo de engasgamento presente a aspiracao deve ser efectuada com precaucao pelo risco de induzir vorito. Uma aspiracdo mais prolongada ou enérgica pode causar estimulacao vagal e bradicardia Figura 37. Aspiagio Europeu (33, Figua 38 Via orfaringea Adjuvantes da via aérea @ Vias orofaringeas Uma via orofaringea (p. ex. Guedel) usa-se para permitir passagem de ar entre a base da lingua € a parede posterior da faringe. Existem em diversos, tamanhos, desde 0 00 (prematuros) até 4-5 (adultos) (Figura 38), Uma via orofaringea de dimenses adequadas, quando colocada sobre a face da crianga, vai descle a centro dos incisivos (ou onde estes estarao) até a0 Angulo da mandibula (Figura 3:9). Se for usado um tamanho incorrecto, pode ocorrer agravamento da cobstrugao, trauma ou laringospasmo. A insercao de ‘uma via orofaringea na crianga pode lesar 0 palato mole; isto pode evitar-se com insercao cuidadosa e sem forcar. Deve inserir-se com o lado céncavo para baixo, com uma espatula ou lamina de laringoscépio bbaixando a lingua, Este método permite visualizar a orofaringe eter algum controlo na introducao. Pode também ser aceitavel a técnica usada no adulto (insergao com a extremidade virada para cima, até chegar ao palato mole, seguido de rotacio de 180”) Figura339.Estimativa ca dimensio apropriada de va orofaringea (dos ncivos 20 angulo da mandibula) A via orofaringea impede a oclusao da via aérea superior pelos tecidos moles da faringe e da lingua (Figura 3.10) ® 34°) Capitulo 3 Via Aérea e Ventilacso Fgura 10 Via ortaringea colocada ‘As vias orofaringeas apenas devem ser colocadas em pacientes comatosos. Muitas vezes nao sao toleradas, por criangas semi-conscientes e podem causar vomito €laringospasmo. Uma via orofaringea nao elimina ori co de aspiragao de contetido gastric. ‘Apés insergao de uma via orofaringea, deve verificar-se a paténcia da via aérea e administra oxigénio, ou ven: tila, consoante necessirio, Vas nasofaringeas Uma via nasofaringea serve para manter um canal per meavel desde a narina até & faringe (Figura 3.11, S30 feitas de borracha flexivel ou silicone, tem a extremi- dade em bisel ea porcao exterior mais larga. Os tama- nhhos pedistricos mais pequenos podem nio estar faciimente disponiveis, mas pode usarse tubos tra- queais encurtados (um alfinete de seguranga deve ser passado pela extremidade exterior para impedir que © tubo entre totalmente na nina). © comprimento correcto do tubo determina-se medinda a distancia dda ponta do nariz 20 tragus da orelha e deve caber ra narina sem causar branqueamento da pele. Pode estimar-e o diametro pelo 5° dedo da mao da ctianca Avia nasofaringea deve ser lubrificada; depos insere- se com uma rotagio suave, ao longo do pavimento das fossa5 naszis. 0 tubo no deve ser dirigido para ‘ima para nao causar trauma / hemorragia [As vias nasofaringeas so melhor toleradas queas oro- faringeas por criangas conscientes. Estéo contraindicadas se ha suspeita de fractura da base do crario. Apésintrodugdo, deve ser verficada a paténcia da via aérea e administrado onigénio, se necessaio. Figura 3.11 Vi nasofaringeacolocada Administragao de oxigénio e suporte ventilatorio Métodos de administracao de oxigénio A administracao de oxigénio deve ser tao precoce quan to possivel. Inicialmente, deve ser fornecida a maior concentra¢ao disponivel. Preocupacoes com a potencial toxicidade do oxigénio nunca devern impadir a adminis- tragao em alto debito durante a fase inicial de uma rea- hima¢ao. 0 oxigénio deve ser administrado a partir uma fonte, fixa ou portatil, dotada de debitémetro capaz de fornecer pelo menos 15\/min, Deve, idealmente, ser humiclficado para prevenir a secura das secregoes ‘aquecido para prevenir hipotermiae laringospasmo. (© metodo usado para administragao de oxigénio deve ser adequado a situagao da crianca. Os niveis de oxige- ago devem ser monitorizados por oximetria de pulso. Diversos métodos podem ser utilizados. M Mascara de oxigénio com reservatorio ‘Uma mascara de oxigénio com reservatério é a pri ‘meira escolha numa crianca gravemente doente em respiracao espontinea. O débito de oxigenio deve ser suficiente para evitar 0 colapso do reservatorio durante a inspiracao. Estas mascaras esto equi- padas com valvulas unidireccionais entre 0 reser- ‘vatorio e a mascara e com valvulas que cobrem 0s ifcios expiratérios, para evitar a reinalagio. Desde que haja uma boa adaptagao da mascara a face, per- mmitem concentragbes de oxigenio de 90% ou m. com débito de 12.a 15l/min (Figuras 3.12, 3.13 € 3.14), Outros métodos de administragao de oxigenio, des- critos adiante, podem ser usados se uma FiO, mais baixa for aceitavel Figura 3.12 Mascara facia com valvulasunieccionas 0 oxigénio Fomeci opens apart doveseriotina eda fonte deangeaia Figura 3.13. Miscara facil removendo uma das valu unvecio. os permite seo entoda de ar ambiente durante ainspragbo Figura 4 Mascara fac villas unicreccionaspormitem exlaczo| Peta reinlagso Suporte Imediato de Vida Pediatrico Europeu (35, @ Oxigénio “a face” Este ¢ um metodo nao intimidatério de adminstrar ox ‘genio a uma crianca. Podem ser os pais diigo fu x0 de oxigénio a partir da fonte, em direcgao 3 face da caianga, permitindo assim aliviar o medo e a ansiedade. No entanto, a concentragao de oxigénio inspirado assim obtida € baixa, 6 sendo adequada para situa- ‘oes de menor gravidade. M1 Canulas nasais (‘prongs”) Existem canulas nasais de diferentes tamanhos, adequadas de recém-nascidos a adultos. O oxigé nio administrado depende do fluxo e da resistencia nasal. Um débito superior a 3V/min & habitualmen- te irtante e ndo melhora mais a oxigenacio. N3o se consegue atingir uma FiO, > 40% a nao ser com utiizagao de sistema de alto débito humicliicado aquecido. Estas cnulas so geralmente melhor toleradas par criancas em idade pré-escolar @ Campanula Este € um método que pode ser til em pequenos lactentes. Permite mediga0 © controlo fiiweis da FO, administrada, humidlficagao e temperatura. No entanto, se a campanula for retiada para avaliar a ctianga ou executar um procedimento, mesmo que brevemente, a FO, diminul muito rapidamente. Também dificulta um acesso rapido a cabega e via aérea da crianga, tormando-o um método inadequa do para reanimagao. M@ Mascara de oxigénio simples Uma mascara de oxigénio sem reservatério permite concentracées até 60% (dependendo do débito de Coxigénio e do volume/minuto da crianca),j que entra ar ambiente através dos oifcos inspitatorios. O débi to de oxigénio deve ser de pelo menos 6l/min para evitarreinalacéo. Suporte ventilatorio Quando uma crianca nao respira, ou 0 faz de modo: inadequado, manter a permeabilidade da via aérea é a prioridade, Depois, se a respiracao se mantém ineficaz £ necessétio apoiar a ventilacao. Inicialmente, o melhor meétodo @ usar um insuflador manual auto-insuflavel conectado @ uma mascara, um tubo traqueal ou uma mascara laringea. A entubagao traqueal apenas deve ser tentada por quem tenha competéncia e experiéncia nessa manobra. © reanimador deve efectuar ventilacao com pressio positiva com uma frequéncia de 12-20 ciclos/min em lactentes e criancas ¢ 30 ciclos/min em recem-nascidos. O volume corrente conseguido com 0 equipamento de ventilagao deve produzir uma expansdo tordcica visivel e sons audiveis na auscultagao pulmonar, ®

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