You are on page 1of 69

MUITA GENTE ME PERGUNTA

ROBERTO MOTTA
3333333333
MUITA GENTE ME PERGUNTA

ENSAIOS E HISTÓRIAS SOBRE VIDA, LIBERDADE,


POLÍTICA E AMOR

INCLUI TEXTOS QUE VIRALIZARAM NAS REDES SOCIAIS

1ª EDIÇÃO – 2021
ATUALIZADO EM 21 DE ABRIL DE 2021

2
Capa do autor

Entre em contato comigo. Eu adoraria saber o que você achou desse


livro.

E-mail: osinocentesdoleblon@gmail.com
Site: www.robertobmotta.com.br
YouTube: youtube.com/c/RobertoMottaX
Facebook: facebook.com/RobertoMottaPagina
Twitter: @rmotta2
Instagram: robertomottaoficial
MUITA GENTE ME PERGUNTA

OUTROS LIVROS DO MESMO AUTOR:

Ou Ficar A Pátria Livre: Ideias Para O Combate Contra Pilantras,


Tiranos E Populistas E O Monopólio Ideológico Da Virtude

Jogando Para Ganhar - Teoria e Prática da Guerra Política

A Destruição da Segurança Pública Brasileira

4
Para minha família, sempre

Para meu amigo e companheiro de trabalho e idealismo, Fábio Sampaio.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

Uma sociedade que separa seus intelectuais de seus guerreiros terá sua
cultura produzida por covardes e suas guerras lideradas por tolos.

— Tucídides, general e historiador Ateniense

6
ARTIGOS

REFUGIADOS DA UTOPIA: A INCRÍVEL BATALHA DO


CONSERVADORISMO CONTRA MARX E PAULO FREIRE 12
“NÃO É NADA PESSOAL” – O BRASIL E A BANALIDADE DO MAL 18
OLHE BEM NOS MEUS OLHOS 21
ESTA NOITE, A LIBERDADE 24
GEORGE FLOYD NA PRAÇA TIANANMEN 26
POR QUE DEMORA A PRIMAVERA? 28
A FIRMA 31
A VITÓRIA DA LIBERDADE – DISCURSO DE KRISTI NOEM,
GOVERNADORA DA DAKOTA DO SUL, NA CPAC 2021 34
ENQUANTO ISSO, A CHINA: EDUCAÇÃO, CULTURA E A
SOBREVIVÊNCIA DA DEMOCRACIA 40
NÃO AO LOCKDOWN: APENAS MINHA OPINIÃO 42
O QUE NOS RESTARÁ? 44
A TIRANIA DOS DESPREPARADOS 47
REPÚBLICA FEDERATIVA DA INGENUIDADE: TUDO QUE VOCÊ
PRECISA SABER SOBRE LOCKDOWN EM 15 LINHAS 49
A OPERAÇÃO TRAÍRA – O DIA EM QUE O EXÉRCITO BRASILEIRO
DERROTOU AS FARC 51
CRIME NA PANDEMIA: ILUSIONISMO A SERVIÇO DO MAL 53
A GREVE DO BRT: A QUEM SERVE O TRANSPORTE PÚBLICO NO RIO
DE JANEIRO? 55
OS PROTAGONISTAS 58
PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DO JOE: A ORDEM EXECUTIVA
13.992 60
13 INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE POLÍTICA AMERICANA QUE
VOCÊ PRECISA CONHECER 64
O PAÍS DOS CRIMES HEDIONDOS 67
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Uma Pequena Oração Por Um Menino


Indefeso
Em junho de 2018 o menino Rhuan Maycon, de 9 anos, foi castrado
pela própria mãe, que cortou seu pênis com uma faca de cozinha.

Rhuan não teve atendimento médico.

Ninguém soube do seu sofrimento: nem seus vizinhos, nem os


professores da escola que frequentava e nem os membros do Conselho
Tutelar.

O ECA e a Constituição Federal, com suas palavras belíssimas sobre


direitos das crianças, não ofereceram qualquer ajuda a Rhuan.

Um ano depois, Rhuan foi assassinado com onze facadas, e teve a


cabeça decepada enquanto ainda respirava.

As assassinas foram sua própria mãe e uma amiga.

O pequeno corpo de Rhuan foi esquartejado e queimado em uma


churrasqueira.

8
Depois, os pedaços queimados do corpo do menino foram colocados
dentro de sua própria mochila escolar e abandonados em um terreno
baldio.

Bem-vindos ao país da impunidade

Pela lei penal brasileira, e baseado em inúmeros precedentes, eu


arrisco um palpite: nenhuma das assassinas ficará presa mais de 10
anos.

Rhuan é apenas uma das milhares de crianças vítimas de crimes


obscenos. Tenho certeza de que você conhece outras.

Se você quiser saber a origem desse mal, eu explico: é a impunidade,


promovida e transformada em lei pelos radicais de esquerda que
assumiram o controle do sistema de justiça criminal do Brasil.

Os radicais transformaram o Brasil no país da bandidolatria.

Eles tiraram do brasileiro o direito de se revoltar contra o crime. Você


pode sofrer os piores suplícios nas mãos de bandidos, mas não tem
jamais o direito de se indignar.

O bandido é um coitado. A culpa do assalto (ou do estupro, do furto


ou da facada) é exclusivamente sua. Você é um pequeno-burguês.
Você é que deve pedir desculpas ao criminoso.

É essa ideologia, convertida em dogma do direito penal brasileiro –


chamado de garantismo penal - que infiltra todas as instituições:
Polícia, Ministério Público, Defensoria Pública, Judiciário e Sistema
Prisional.

Ela é impulsionada por muito dinheiro.

Os direitos dos bandidos

Prestem atenção ao que a bandidolatria criou no Brasil:


MUITA GENTE ME PERGUNTA

-A "progressão de regime": o bandido só fica na cela 1/6 da pena,


depois passa para o Regime Semiaberto (dorme na cela à noite, e
durante o dia faz o que quiser). Esse “regime” vale inclusive para
criminosos hediondos (que ficam na cela apenas 2/5 da pena).

- O auxílio-reclusão: são mais R$ 1.200 por mês para o bandido que


foi contribuinte do INSS, enquanto ele estiver preso. “Mas o dinheiro
vai para a família do preso”, se apressam a dizer os defensores de
criminosos. E daí? Que diferença isso faz? A realidade é que a família
da vítima, com seus impostos, está sustentando a família do criminoso.

- As visitas íntimas: é o direito de fazer sexo na prisão com um


visitante, que vale para qualquer criminoso, inclusive estupradores.

- A remissão de pena por leitura: para cada livro “lido” o criminoso


reduz alguns dias da pena.

- As “saidinhas” em 7 feriados por ano.

- A demonização diária da polícia na mídia.

- A glamourização do tráfico de drogas.

Graças à bandidolatria, os traficantes que torturaram e mataram Tim


Lopes em 2002 passaram para o regime semiaberto e fugiram: um deles
escapou em 2007 (5 anos depois do crime) e outro em 2010 (8 anos
depois).

Graças à bandidolatria, os assassinos de Daniela Perez, Isabela


Nardoni, João Hélio e do casal Richtofen já estão soltos. Em uma
democracia de verdade, eles ainda ficariam presos por décadas (ou por
toda a vida).

Graças à bandidolatria o Brasil já superou 60.000 assassinatos e 2


milhões de assaltos (apenas nas capitais) por ano. São 4 assaltos por
minuto.

Quem fala pelos mortos?


10
O pior efeito da bandidolatria é calar as vozes das vítimas.

No Brasil é proibido dizer que o criminoso merece punição e que


alguns criminosos – pelos crimes que cometeram – não têm
recuperação.

No Brasil é proibido dizer que crime é escolha, e que para muitos


criminosos o crime é profissão altamente rentável.

No Brasil é quase um crime dizer a preocupação da sociedade tem


que ser com a vítima, e não com o criminoso.

Não há quase ninguém para falar pelas vítimas, enquanto uma legião
de ONGs financiadas em dólar e pilotadas por mocinhas bonitinhas
falam pelos bandidos.

Ninguém diz que, para cada criminoso em uma cela “lotada”, há uma
criança orfã, uma mulher traumatizada para sempre pela violação do
seu corpo, ou um pai que jamais verá de novo o seu filho.

No país da bandidolatria, todos os benefícios, cuidados e direitos vão


para o criminoso – tanto o corrupto poderoso, cheio de advogados
caros, que tem a Constituição reinterpretada a seu favor, quanto o
criminoso violento, que ameaça, mata ou estupra: nenhum dos dois
jamais será punido de verdade.

No Brasil, o criminoso recebe toda a atenção. Para a vítima sobra


apenas uma cova rasa e o esquecimento.

E o silêncio.

Hoje à noite, antes de dormir, reze uma pequena oração pelo pequeno
menino indefeso.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Refugiados da Utopia: A Incrível


Batalha do Conservadorismo Contra
Marx e Paulo Freire
Muito cedo, a experiência na política me convenceu da importância
dos valores morais. Política sem moral não é nada. No Brasil de hoje,
é preciso disposição e coragem para defender isso.

A posição que predomina na política é o relativismo moral. Segundo


esse pensamento, o que define se uma ação é certa ou errada é seu
objetivo. Os fins justificam os meios. Exemplos não faltam. Eu mesmo
sofri isso na pele, dentro de um partido que ajudei a criar e construir
(aguardem a história completa no meu próximo livro, Os Inocentes do
Leblon).

Mas, talvez, o exemplo mais ultrajante, violento e destrutivo tenha sido


a anulação das condenações de um certo criminoso, ex-presidente da
república, que havia sido condenado em todas as instâncias da justiça.

Por que isso acontece? Por uma mistura de ideologia e atuação política
sem qualquer base moral.

É óbvio que a moral deve preceder a política e a economia. Sempre


achei isso, mas nunca consegui nenhuma confirmação desse meu
pensamento. Até que um dia, lendo alguns autores – Edmund Burke,
12
Russel Kirk e Roger Scrutton – descobri que outros pensavam da
mesma forma. Eu, que comecei na política como liberal, me descobri
também conservador.

O conservadorismo é o aperfeiçoamento do liberalismo - é a defesa da


liberdade, não só nos planos econômico e político, mas também no
aspecto moral.

Conservadorismo sempre existiu como forma de pensamento desde a


antiguidade clássica, mas o marco do início do conservadorismo
moderno foi o trabalho do estadista irlandês Edmund Burke, por volta
de 1790.

Em sua obra mais importante, Reflexões Sobre a Revolução na França,


Burke previu que a Revolução Francesa terminaria em um desastre,
porque seus fundamentos abstratos, supostamente racionais,
ignoravam as complexidades da natureza humana e da sociedade
(como já expliquei em meu artigo Liberdade, Igualdade, Fraternidade
e Sangue: O Que Não te Contaram Sobre as Revoluções da França, ele
tinha razão).

O conservadorismo ressurgiu em 1950 graças ao americano Russell


Kirk, que era lido por Ronald Reagan (dono de uma grande biblioteca),
e cujo pensamento orientou até a campanha de Donald Trump. O inglês
Roger Scruton é outro autor importante do conservadorismo atual: seu
livro Como Ser Um Conservador é leitura essencial.

Os fundamentos

O primeiro fundamento do Conservadorismo é a crença em uma


ordem transcendente, uma lei natural que funciona como a
consciência da sociedade. Os problemas políticos são, no fundo,
problemas morais.

O conservador acredita em preceitos morais e éticos que independem


da época em que ele vive.

Ele sabe que uma racionalidade estreita não pode, sozinha, satisfazer
as necessidades humanas.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

A realização plena da vida humana não depende da construção de


uma sociedade perfeita, utópica, nascida dos devaneios de
planejadores todo-poderosos e implantada a ferro e fogo através da
destruição de todo o legado da humanidade.

Os homens não são anjos; portanto não é possível construir um


paraíso terrestre. O conservador reconhece nessa utopia política quase
uma religião, e se recusa a adotá-la.

A satisfação do ser humano depende, na verdade, do cumprimento de


um pacto transcendente, feito entre os que já morreram, os vivos e os
que ainda vão nascer.

É em nome desse pacto que nos dedicamos a proteger e cuidar de


nossas famílias, de nossa cidade e do nosso país, e a trabalhar para
conservar a liberdade, a lei, a educação, os empregos, a saúde e o
meio-ambiente. Conservar é o ato que dá nome ao pensamento:
conservadorismo.

Ao invés de se apegar a dogmas ferrenhos, o conservador guia sua


atividade política por princípios gerais. Esses princípios foram
formulados ao longo de anos, com equilíbrio, através do
desenvolvimento dos costumes e tradições.

Mesmo esses princípios precisam ser aplicados com prudência, de


forma adequada a cada nação e cada época.

Tanto o impulso de renovação quanto o desejo de conservar são


necessários ao perfeito funcionamento de uma sociedade. A hora de
adotar uma ou outra estratégia depende das circunstâncias.

É preciso reconhecer que nem toda mudança é positiva; inovações ou


reformas inadequadas ou mal planejadas, ao invés de sinalizar
progresso, podem representar o início de graves conflagrações sociais.
O conservador desconfia, acima de tudo, de mudanças radicais.

14
Ordem, Justiça e Liberdade

A ordem social, considerada essencial pelo conservador, é reflexo e


fruto da ordem interna pessoal de cada indivíduo.

Essa ordem, completada por justiça e liberdade, dá a cada indivíduo a


oportunidade de construir seu próprio caminho, usando como base os
costumes, tradições e instituições que herdamos dos nossos
antepassados.

Essa herança cultural e social orienta nossa vida diária usando toda a
sabedoria e experiência acumulada pela humanidade durante centenas
de gerações.

Toda a civilização que vemos ao nosso redor levou séculos para ser
construída, mas pode ser destruída em pouco tempo. Esse é o objetivo
dos revolucionários. O conservador sabe disso.

Por isso não existe “conservador radical”. No conservadorismo não


existem radicalismo, extremismo ou revolução. A essência do
conservadorismo é a busca da estabilidade, respeitando as tradições,
escolhendo o que funciona, separando o bom do ruim e promovendo
independência e o progresso pelo trabalho.

Os conservadores acreditam na igualdade diante de Deus e perante a


lei, mas reconhecem no conceito de igualdade material uma
impossibilidade lógica e moral – já que a condição de cada um depende
sempre, em maior ou menor grau, do resultado dos seus esforços – e
um instrumento de criação de regimes totalitários. Todos os homens
têm os mesmos direitos, mas não direitos às mesmas coisas.

Os direitos de propriedade e de liberdade estão intimamente


conectados. Quebrada essa conexão, o Estado se torna senhor de tudo
e de todos.

Conservadorismo em nosso tempo

A missão principal do político conservador é combater a ação nefasta


dos radicais de esquerda, erradamente chamados de “progressistas”.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Para esses radicais só existe uma única pauta: a destruição completa


das instituições e da ordem social para a construção de uma nova
ordem, criada a partir do nada, baseada na centralização totalitária do
poder nas mãos de um pequeno grupo de iluminados.

O século XX viu, inúmeras vezes, que esses experimentos acabam


sempre da mesma forma: em ditaduras sanguinárias, campos de
concentração, censura, miséria e fome.

A missão do conservadorismo é impedir isso, e conservar nossa


liberdade, segurança e direitos. Por isso, ser conservador nos dias de
hoje é combater a ideologia de gênero, o racismo “do bem”, a censura
nas redes, o “desarmamento” civil (que mantém o monopólio das
armas nas mãos dos criminosos), os ataques ao ocidente, o ativismo
judicial e o terror sanitário.

O conservador não deve ser confundido com o reacionário, que deseja


um simples retorno a uma época imaginária no passado, na qual tudo
era perfeito. Nunca existiu época assim. Na verdade, o reacionário é a
imagem espelhada do revolucionário: os dois desejam uma mudança
radical, o reacionário para voltar ao passado, e o revolucionário para
criar uma utopia.

O conservador sabe que o caminho para o progresso é uma evolução


cautelosa, com prudência, sem experimentos radicais, respeitando a
tradição, a liberdade e os direitos, e adaptando os conceitos teóricos às
exigências práticas da vida real.

Conservadorismo no Brasil

Os políticos brasileiros, em sua maioria, não são conservadores. São


raros aqueles que conhecem e acreditam nas ideias do
conservadorismo, e pautam sua vida e atuação política por essas ideias.

Há alguns meses, escrevi um texto nas redes sociais mostrando como


a esquerda sempre gera ditaduras, o que nunca acontece com o
conservadorismo. Lendo as respostas, fiz uma terrível constatação:

16
pensei que iria argumentar com discípulos de Marx, mas acabei
discutindo com alunos de Paulo Freire.

O grau de desconhecimento e demonização das ideias conservadoras


no Brasil é total, e pode ser ilustrado por uma pequena história.

Aconteceu na campanha eleitoral de 2020.

Fui convidado a participar de um debate com três outros candidatos.


Um deles era um rapaz que, embora se classificasse como “liberal”,
limitava-se a repetir clichês progressistas. Quando o tema passou a ser
segurança pública, vi uma oportunidade de desmascarar a verdade
sobre suas ideias.

Usei um truque que nunca falha.

Falei do tráfico de drogas e – citando fatos e dados – expliquei o papel


central que ele desempenha na catástrofe do crime no Brasil.

O jovem “liberal” – na verdade, um esquerdista, como todos,


profundamente despreparado – reagiu furiosamente aos meus
comentários.

Depois de defender o "uso recreativo" da maconha e a estatização do


tráfico de drogas, passou a atacar meu conservadorismo.

E aí vem a parte mais irônica, engraçada ou – dependendo do ponto de


vista – trágica, dessa história.

O jovem candidato narco-liberal, depois de dizer horrores do meu


conservadorismo, se despede dizendo que só prometia a seus eleitores
"sangue, suor e lágrimas".

Essa frase é de Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido


durante a Segunda Guerra Mundial.

Churchill foi o homem que enfrentou a Alemanha nazista.

Churchill foi dos maiores estadistas conservadores da história.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

“Não é Nada Pessoal” – O Brasil e a


Banalidade do Mal
É difícil conter a raiva ao assistir vídeos de guardas agredindo
ambulantes. É difícil conter a náusea diante das imagens de fiscais
multando estabelecimentos comerciais por estarem funcionando.

Era uma crise de saúde. Foi transformada, por inépcia, incompetência,


corrupção e ideologia em um desastre econômico e social.

Enquanto privilegiados em posições de poder ganham fortunas com


compras e gastos que nunca serão explicados, o pequeno empresário e
o empreendedor individual – o ambulante, o camelô, o prestador de
serviço – são esmagados pelo “fecha tudo” do Estado.

Enquanto isso, nas favelas – 1.400 só no município do Rio - vale tudo.

Nem os guardas e nem os fiscais vão lá, é claro.

Favelas são defendidas com fuzis e - mais importante - são produtoras


de votos.

Muitos votos.

18
É assim que sempre caminha a política brasileira: perigosamente
equilibrada entre o populismo, a corrupção, o crime e - agora - a tirania.

Voltemos aos vídeos: em uma das cenas, a fiscal diz que vai multar.

A dona da birosca - uma cidadã comum, sem nenhum poder - implora:


"por favor, não faça isso".

A fiscal diz: "não é nada pessoal"

Então: é isso.

Vamos transformar o país em um amontoado de gente apavorada,


pobre e faminta.

Mas não é nada pessoal.

Hannah Arendt, em seu livro Eichmann em Jerusalém, fala da


“banalidade do mal” - o mal monstruoso que acontece como resultado
da ação de milhares de funcionários que só estão cumprindo ordens.

O guarda municipal de Santos manda o ciclista parar e pergunta: "o


senhor está indo pra onde?". A resposta não o satisfaz. O cidadão será
multado. Não existe uma definição melhor do que é totalitarismo e
arbítrio.

Em alguma cidade paulista, outra fiscal – arrumada e maquiada – chega


em uma loja, cuja porta está meio fechada, e pergunta: "O senhor está
funcionando?". O dono nega. Não importa. Ela anuncia: “o senhor será
autuado”.

Autuado por trabalhar em uma atividade lícita e legalizada, dando


emprego a várias pessoas.

Em um restaurante, a mesma fiscal anuncia: "Eu vou fazer uma


autuação porque vocês estão com a porta aberta". O dono diz: “abri a
porta para colocar o lixo para fora, o restaurante está vazio”.

A fiscal responde: “você poderia ter aberto só meia porta”.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

É isso o que o Brasil se tornou: um campo de treinamento de pequenos


tiranos ocupados em banalizar o mal.

Esse é o legado que os gestores da pandemia deixam aos brasileiros:


um aprendizado de medo e subserviência; um estágio preliminar antes
que se escancarem as portas da falência, do desemprego, da fome e do
desespero.

Até que, finalmente, cheguemos à tirania institucionalizada.

Uma tirania plantada e regada com cuidado pelos mesmos homens


públicos – governadores, prefeitos, legisladores e magistrados – que
falam todos os dias em democracia, direitos e dignidade.

20
Olhe Bem Nos Meus Olhos
Uma televisão ligada o tempo inteiro gera dois efeitos:

Primeiro, ela injeta em sua mente, sem parar, histórias e fatos


selecionados para fazer com que você pense, aja e se sinta de
determinada forma.

Depois, ela impede o funcionamento pleno dos seus processos mentais


de pensamento, reflexão e amadurecimento de ideias e emoções.

Em outras palavras: o controle da sua percepção do mundo e do seu


estado emocional são sequestrados pela TV.

Ao ler um livro ou conversar com alguém, você controla o que está


absorvendo, como absorve e tem tempo para processar as informações,
intelectualmente e emocionalmente. Fazemos isso há milhares de anos.

Mas, quando passa algumas horas em frente a uma TV, você é exposto
a sequências aleatórias de imagens, histórias e fatos sem nenhuma
ligação entre si, com significados desconexos, contraditórios e em
flagrante conflito com a sua realidade.

A única coisa que esses programas de TV têm em comum é o fato de


serem produzidos, empacotados e selecionados para atrair e manter ao
máximo a sua atenção, com o objetivo de usá-la para a venda de
MUITA GENTE ME PERGUNTA

produtos e serviços, ou gerar em você sentimentos, atitudes e pontos


de vista específicos.

Tudo isso envolve grandes quantidades de dinheiro e poder. Basta ver


as mansões, jatinhos e iates de apresentadores de televisão.

Vamos fazer uma experiência. Vamos ligar a TV e assistir o que está


passando.

Primeiro é um programa de “variedades” em que uma apresentadora


milionária se finge de dona de casa comum e prepara um prato qualquer
no fogão, enquanto conversa com alguém cuja única realização na vida
foi aparecer dizendo e fazendo barbaridades em um “reality show”.

A seguir, um “telejornal” apresenta para você uma seleção de histórias


e fatos com variados graus de irrelevância, histeria e mentira. A
apresentação é, geralmente, feita por “jornalistas” cuja formação
cultural se resume a assistir à própria TV e cujo entendimento do
mundo equivale ao de uma criança (mal informada).

Mude de canal e uma cena de novela se desenrola em um cenário


belíssimo - uma casa que você jamais poderá possuir - enquanto os
atores dialogam de forma artificial e representam situações que
afrontam princípios e valores que você considera importante. O errado
só pode ser você.

No outro canal, uma dupla de jovens loiras dirige um ônibus por


alguma praia exótica enquanto experimentam esportes aquáticos em
cenários paradisíacos aos quais você jamais terá acesso.

Volta pro telejornal: agora descrevem um crime brutal contra uma


criança. São muitos minutos mostrando os criminosos, sua rotina, o que
aconteceu com a vítima. Você já viu matérias sobre crimes assim
muitas vezes antes. A matéria parece que não acaba nunca.

No espaço de poucos minutos, olhando a tela da TV, você se sentiu


entediado, ultrajado, enganado, furioso, triste, melancólico, excitado,

22
frustrado e deprimido. Tudo isso sem sair do lugar e sem realizar coisa
alguma.

Suas reservas intelectuais, emocionais e morais estão vazias.

Uma televisão permanentemente ligada é uma toxina para sua mente e


sua alma.

Liberte-se.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

ESTA NOITE, A LIBERDADE

Há escolhas que não admitem retorno. A escolha pela liberdade é uma


delas. Quem escolhe a liberdade não se conforma em ser gado humano.

O economista Thomas Sowell usa essa expressão para descrever as


massas que esperam ser “alimentadas pelo governo e arrebanhadas e
cuidadas pelos intelectuais”.

Para essas massas nada pode depender de esforço.

Autoestima é distribuída nas escolas como uma dádiva dos professores.

Adultos têm suas necessidades providas pela generosidade do Estado.

As pessoas têm que ser misturadas e combinadas de acordo com a cor


da sua pele, seu sexo ou qualquer outro critério que os políticos e
“intelectuais” desejem impor.

São muitas as soluções perfeitas para problemas que não temos.

Somos, todos nós, crianças dependentes, incapazes de tomar as


decisões mais simples sem a mão generosa do Estado e a orientação
iluminada dos intelectuais, políticos e – cada vez mais – de juízes.
24
As coisas que nos ajudam a ser independentes e autossuficientes –
sejam automóveis, armas, trabalho ou fé – provocam a hostilidade
instantânea desses seres iluminados.

Você não sabe o que é bom para você. O Estado e os intelectuais é que
sabem.

Você tem que comer menos sal (no estado do Espírito Santo uma lei
proíbe saleiros na mesa), usar uma tomada diferente, acreditar que o
criminoso é vítima da sociedade, assistir a uma certa quantidade de
filmes nacionais e ficar em casa – sem trabalhar - pelo tempo que os
poderosos mandarem enquanto, ao mesmo tempo, milhares de
criminosos são soltos em todo o país e os poderosos vão passar férias
em Cancun.

Não esqueça de pagar seus impostos. São eles que financiam o


mecanismo que trabalha para tirar a sua liberdade.

O que intelectuais e poderosos não sabem é que esse tempo acabou.

Descobrimos que vivemos em um mundo imperfeito, que não foi


criado por nós, com problemas e restrições das quais não podemos
escapar.

Qualquer escolha significa ganhos e perdas.

Não existe almoço grátis.

Se alguém está em casa, recebendo sem trabalhar, é porque muitos


estão trabalhando sem receber.

Mas o direito e a proteção de alguns não pode significar a servidão de


outros.

No mundo real não há soluções mágicas, há apenas escolhas.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

GEORGE FLOYD NA PRAÇA


TIANANMEN

O mundo inteiro conhece o nome de George Floyd, o americano que


morreu durante uma ação policial e foi transformado em símbolo da
luta pelos direitos das minorias.

Mas quem conhece o nome desse homem da foto, que barrou, sozinho,
a passagem dos tanques na praça Tiananmen, em Pequim, em 1989?

Quem sabe o que aconteceu com ele? Com sua família?

Essa é a diferença entre liberdade e socialismo.

Ver esquerdistas defendendo minorias é uma piada. A esquerda,


quando chega ao poder, ESMAGA as minorias.

Ano passado as escolas brasileiras falaram aos seus alunos sobre o caso
George Floyd.

Queria saber quantos alunos brasileiros aprenderam alguma coisa


sobre os protestos pela democracia que ocorreram na praça Tiananmen,
e sobre o massacre de estudantes e cidadãos que aconteceu em seguida.
26
Quantos protestos as esquerdas dos EUA e do Brasil fizeram contra o
massacre de Tiananmen?

Como estratégia de marketing, a esquerda abraçou as bandeiras das


minorias, do feminismo e da ecologia para se manter no poder.

Mas é uma piada de mau gosto ter socialistas e comunistas liderando


esses movimentos.

Basta perguntar: quantos negros já foram presidentes de Cuba ou


Venezuela?

Quantas mulheres já foram chefes do Partido Comunista Soviético,


Chinês ou da Coreia do Norte?

Basta lembrar a destruição ambiental que ocorre hoje em toda a China,


e o desastre da usina nuclear russa de Chernobyl.

Quando a esquerda defende minorias, ecologia e direitos humanos, isso


não passa de uma estratégia de marketing.

A esquerda só se preocupa com as minorias que servem aos seus


interesses de conquista de poder.

Por isso o mundo inteiro conhece George Floyd, e absolutamente


ninguém conhece o herói chinês anônimo que parou, sozinho, apenas
com seu corpo, uma coluna de tanques de guerra.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

POR QUE DEMORA A


PRIMAVERA?
Por que demora a primavera? perguntam os homens. Por que demoram
a justiça e a liberdade?

17 de dezembro de 2010 foi o último dia da vida de Tarek Mohamed


Bouazizi.

Esse nome provavelmente não lhe trará lembrança alguma.

Tarek era um homem sem importância.

Ele era um vendedor ambulante.

Seu pai, um operário de construção civil, morreu de infarto quando Tarek


tinha 3 anos. Tarek e seus seis irmãos foram educados em uma escola de
apenas um cômodo na zona rural de Sidi Bouzid, uma cidade da Tunísia
onde a taxa de desemprego era de 30%.

Tarek lutava para sobreviver vendendo frutas e verduras nas ruas. Ele
sustentava a mãe e os irmãos, e até pagava os estudos universitários de
uma das irmãs.

Mas desemprego e pobreza não eram os maiores problemas de Tarek.

28
O maior problema era a corrupção.

De acordo com amigos e parentes, as autoridades locais assediavam Tarek


há anos, impedindo-o de trabalhar e confiscando seu carrinho de
mercadorias.

A razão é a mesma de sempre – a velha conhecida de todos os brasileiros


que tentam ganhar a vida empreendendo: falta uma licença, falta uma
permissão, não é permitido vender isso aqui. A não ser que.

Tem sempre o a não ser que.

Na manhã de 17 de dezembro de 2010 os achacadores apareceram e


começaram seu ritual. Tarek não tinha dinheiro. Uma fiscal, com o apoio
de dois guardas, confiscou tudo o que ele tinha: duas caixas de peras, uma
caixa de bananas, três caixas de maçãs e uma balança eletrônica usada que
valia 179 dólares.

Esse era todo o seu patrimônio.

Testemunhas disseram que, antes de ir embora, a fiscal deu um tapa no


rosto de Tarek.

A banalidade do mal
Essa história é banal, e se repete milhões de vezes, todos os dias, em todo
o mundo.

Ela se repete nas cidades brasileiras, agora, sob nossos olhos.

Mas a história de Tarek não terminou da mesma forma que as outras.

Inconformado com a extorsão de que fora vítima mais uma vez, Tarek
foi ao palácio do governador para exigir seus bens de volta.

Quando o governador se recusou a recebê-lo, Tarek comprou um litro de


gasolina em um posto, voltou para frente do palácio do governador e
ateou fogo em seu corpo.

Ele morreu dos ferimentos alguns dias depois.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

A morte de um homem simples


A morte de Tarek deflagrou a Primavera Árabe, uma onda de
manifestações e protestos que varreram o Oriente Médio e o Norte da
África.

Houve revoluções na Tunísia e no Egito, guerras civis na Líbia e na Síria,


e protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Omã, Iémen,
Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara
Ocidental.

Em 2011, o vendedor ambulante Tarek Mohamed Bouazizi foi


condecorado postumamente pelo Parlamento Europeu.

Tarek recebeu o Prémio Sakharov Para Liberdade de Pensamento, por


sua contribuição para mudanças históricas no mundo árabe.

Nunca subestime a ânsia de um povo por liberdade.

Nunca subestime a importância de um homem.

Nunca subestime o poder dos símbolos.

30
A FIRMA

O negócio principal do Brasil é a dominação da grande maioria das


pessoas por um grupo pequeno.

Esse grupo pequeno tem acesso a informações, armas e muito dinheiro,


e trabalha permanentemente para que a grande massa não tenha nada
disso.

O trabalho é tão eficiente que a maioria das pessoas desenvolveu horror


a armas, consome fofoca e lixo como se fosse informação, e vive
mergulhada em necessidades e dívidas.

Você pode chamar esse pequeno grupo dominante do jeito que você
quiser. Eu chamo de A Firma.

Qual é o negócio da Firma? É retirar o máximo de riqueza da população


em geral e concentrar essa riqueza nas mãos de poucos. Isso já foi
explicado pelo Nobel de Economia Douglass North no seu livro
“Institutions, Institutional Change and Economic Performance”, por
James A. Robinson e Daron Acemoglu em “Porque As Nações
Fracassam” e por Niall Ferguson em “A Grande Degeneração”.

No Brasil a Firma implantou uma economia “extrativa”, onde a maioria


trabalha para o bem-estar de poucos. Sempre foi assim, mas na pandemia
tudo ficou evidente. O que estamos observando? Uma pequena parte da
população, instalada em casa ou em residências de praia ou campo,
MUITA GENTE ME PERGUNTA

vivendo uma vida melhor que a normal, recebendo salários e rendas em


dia. Enquanto isso, a população afunda em um lamaçal de desespero e
pobreza.

O trabalho que a Firma fez é tão eficiente que boa parte das pessoas ainda
aplaude essa distopia – batizada, pelo departamento de marketing da
Firma, de “Fique Em Casa”.

A Firma confisca quase a metade de tudo que você ganha (exemplo


aleatório: na compra de um aparelho de TV, mais da metade do preço são
impostos).

É necessária autorização da Firma antes que você possa abrir uma loja,
vender comida, casar, separar, comprar um imóvel, vender um carro,
contratar ou demitir um empregado ou até usar um remédio.

Quase nada pode ser feito no Brasil se a Firma não autorizar.

A Firma já controlava o sistema de educação. No sistema “público” o


controle é direto: a Firma contrata os professores e cria todos os
incentivos para que os professores sirvam à Firma, e não aos alunos. As
escolas privadas também são controladas pela Firma do jardim de infância
ao pós-doutorado através de normas e regulamentos. As escolas só
ensinam o que a Firma determina. A Firma controla os sindicatos de
professores. Na hora de fechar as escolas, ficou fácil.

No Brasil a Firma também controla a cultura, usando o melhor


instrumento: dinheiro. Filmes, livros, música, exposições de arte e
programas de TV só têm chance de sucesso – ou de existir – se a Firma
deixar. A situação no jornalismo é idêntica. As notícias que chegam até
você, 24 horas por dia, são as que a Firma selecionou.

O controle da Firma sobre a economia é total. É ela que determina tudo,


das taxas de juros à taxa de inflação. A meia dúzia de bancos que achaca
os brasileiros está à serviço da Firma.

A Firma faz as leis e decide como elas são aplicadas. A Firma julga e
condena, prende ou solta, quem ela quiser, quando ela quiser.

32
A Firma tem sempre uma oferta que não conseguimos recusar.

A Firma tem a solução para todos os nossos problemas. A menos – é


claro – que o problema sejamos nós.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

A VITÓRIA DA LIBERDADE –
DISCURSO DE KRISTI NOEM,
GOVERNADORA DA DAKOTA DO
SUL, NA CPAC 2021

A CPAC – Conservative Political Action Conference – é uma conferência política


anual com a presença de ativistas conservadores e mandatários dos Estados Unidos e
outros países. A CPAC é organizada pela União Conservadora Americana.

Esse ano a grande estrela da CPAC foi o ex-presidente Donald Trump. Mas o
discurso mais impactante e celebrado foi o da governadora Kristi Noem, do estado de
Dakota do Sul.

Aqui estão as partes mais importantes, traduzidas por mim:

Estou aqui hoje para compartilhar algumas das lições do meu estado.
Acho que a principal questão que precisa ser respondida é: por que os
Estados Unidos precisam de conservadores? Ela pode ser respondida
mencionando apenas um único ano, e esse ano é 2020.

Todos sabem que, da noite para o dia, passamos de uma economia em


expansão para um trágico lockdown nacional. No início de 2020, o
presidente Trump havia criado 7 milhões de novos empregos nos EUA.
Tivemos a menor taxa de desemprego em mais de meio século, e as taxas
34
de desemprego de negros, hispânicos e asiáticos atingiram os níveis mais
baixos da história. Mais de 10 milhões de pessoas foram tiradas da
pobreza e da dependência do Estado. Tudo isso mudou em março.

A maioria dos governadores colocou seus estados em lockdown. As


consequências foram desemprego recorde, empresas fechadas, a maioria
das escolas fechada e sofrimento nas comunidades. A economia dos EUA
parou. O COVID não esmagou a economia, quem esmagou a economia
foi o governo. E então, com a mesma rapidez, o governo se apresentou
como o salvador.

Mas nem todos seguiram esse caminho. Para aqueles que não sabem,
Dakota do Sul é o único estado dos EUA que nunca ordenou o
fechamento de uma única empresa ou igreja. Nunca instituímos toque de
recolher. Nunca obrigamos o uso de máscaras. Nem sequer definimos o
que é um negócio essencial, porque não acredito que os governadores
tenham autoridade para dizer que seu negócio não é essencial.

As escolas de Dakota do Sul não são diferentes das escolas dos outros
lugares da América, mas abordamos a pandemia de maneira diferente.
Desde os primeiros dias da pandemia, nossa prioridade eram os alunos,
seu bem-estar e sua educação. Quando chegou a hora de voltar para a
escola, colocamos nossos filhos na sala de aula. Professores,
administradores, pais e os próprios alunos estavam decididos a fazer as
coisas funcionarem para nossos filhos, e a melhor maneira de fazer isso
era na sala de aula.

Em Dakota do Sul, forneci todas as informações que tínhamos ao nosso


povo e, então, confiei que eles tomariam as melhores decisões para si
próprios, para suas famílias e, por sua vez, para suas comunidades. Nunca
nos concentramos no número de casos. Em vez disso, monitoramos a
capacidade dos hospitais. Dr. Fauci [assessor de saúde do presidente] me
disse que no meu pior dia eu teria 10.000 pacientes no hospital. Em nosso
pior dia, tivemos pouco mais de 600. Agora, não sei se você concorda
comigo, mas o Dr. Fauci se engana muito.

Mesmo em uma pandemia, a política de saúde pública precisa levar em


consideração o bem-estar econômico e social das pessoas. As
necessidades diárias ainda precisam ser atendidas. As pessoas precisam
manter um teto sobre suas cabeças. Elas precisam alimentar suas famílias.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

E elas ainda precisam de propósito. Eles precisam de sua dignidade.


Minha administração resistia ao apelo pelo controle de vírus às custas de
todo o resto. Analisamos a ciência, os dados e os fatos e, então, adotamos
uma abordagem equilibrada. Sinceramente, nunca pensei que as decisões
que estava tomando seriam únicas. Achei que haveria mais pessoas que
seguiriam os princípios conservadores básicos, mas acho que estava
errada. Pergunte a si mesmo: até onde as pessoas irão para obrigar o uso
de máscaras? Depois de iniciar os lockdowns, por quanto tempo você
pode sustentá-los?

É importante fazer essas perguntas. Temos que mostrar às pessoas como


são arbitrárias essas restrições e a coerção, a força e as medidas anti-
Liberdade que os governos tomam para aplicá-las. Frequentemente, a
aplicação de medidas não é baseada em fatos. A justificativa dessas
medidas tem sido tudo, menos científica.

Agora, muitos na mídia criticaram a abordagem de Dakota do Sul. Eles


me rotularam de mal informada, dizendo que eu era imprudente e até
mesmo uma negacionista. Alguns até afirmaram que Dakota do Sul era o
pior lugar do mundo quando se tratava de COVID-19. Isso é mentira. A
mídia fez tudo isso, ao mesmo tempo em que elogiava os governadores
que ordenavam lockdowns, que exigiam máscaras e fechavam empresas,
aplaudindo-os por terem tomado as medidas certas para mitigar a
disseminação do vírus.

Novamente em Dakota do Sul, fizemos as coisas de maneira diferente.


Aplicamos o bom senso e os princípios de governo conservadores. Nunca
ultrapassamos nossa capacidade hospitalar e nossa economia está
crescendo. Temos a menor taxa de desemprego do país. Somos o estado
número um do país em manutenção de empregos, negócios abertos e
dinheiro no bolso de nosso povo. O povo de Dakota do Sul manteve seus
horários e seus salários em uma proporção maior do que os trabalhadores
de qualquer outra parte do país. E nossas escolas estão abertas.

Os Estados Unidos precisam de conservadores em nível estadual e local,


mas também precisamos de conservadores no mais alto nível de governo
federal. Na América, temos governo do, por e para o povo. Nossos
fundadores estabeleceram nossa Constituição Nacional, e as pessoas de
cada estado elaboraram suas próprias constituições que estabelecem
36
limites específicos para o papel do governo. Esses limites são essenciais
para evitar que funcionários do governo pisem nos direitos das pessoas.

As próprias pessoas são as principais responsáveis pela sua saúde e bem-


estar. Eles são as únicas a quem foi confiada ampla liberdade, o livre
arbítrio para exercer seus direitos de trabalhar, adorar seu Deus e ganhar
a vida. Nenhum governador deve ditar ao seu povo quais atividades são
oficialmente aprovadas ou não. E nenhum governador deve jamais
prender, multar ou penalizar pessoas por exercerem suas liberdades.

Os governadores, os parlamentares e o presidente têm o dever de


respeitar os direitos das pessoas que os elegeram, mas parece que hoje os
conservadores são os únicos que sabem o que isso significa.

A responsabilidade pessoal é considerada um presente dado por Deus em


South Dakota. Responsabilidade pessoal não é um termo que os
conservadores abandonaram. Quando estava me preparando para falar
com você, deparei com alguns comentários fascinantes feitos em 1962.
Ouçam isto:

“A Declaração da Independência Americana, acima de tudo, foi um


documento, não de retórica, mas uma decisão ousada. A Declaração
desencadeou não apenas uma revolução contra os britânicos, mas uma
revolução nos assuntos humanos. Esta doutrina de independência
nacional abalou o globo e continua a ser a força mais poderosa em
qualquer lugar do mundo hoje”.

Isso é fantástico, certo? Essas são as palavras do presidente democrata


John F. Kennedy. É por isso que Ronald Reagan sempre disse: Eu não
saí do Partido Democrata, foi o partido que saiu de mim.

Houve um tempo em que ambos os partidos políticos se apegavam a


certos princípios fundamentais, mas hoje parece que nem mesmo
compartilhamos os ideais mais básicos. Os Estados Unidos precisam de
pessoas que defendam esses princípios fundamentais. A América precisa
de conservadores.

É fácil olhar para 2020 e lembrar de todos os problemas que tivemos com
o COVID, mas o COVID é apenas uma peça de um quebra-cabeça muito
MUITA GENTE ME PERGUNTA

problemático. Ele certamente nos mostrou quão profunda é realmente a


divisão e quão tênue é a barreira entre a liberdade e a tirania.

Devemos mostrar para o mundo que as pessoas prosperam quando o


governo é limitado e a engenhosidade e a criatividade das pessoas são
liberadas. Devemos também lembrar ao mundo o que acontece quando a
tirania e a opressão prosperam.

Atualmente, muitos estão abraçando a China, uma nação que esmaga a


liberdade de expressão e religião. A China literalmente coloca as minorias
religiosas em campos de internamento. A China respondeu ao vírus
COVID tentando encobri-lo. E uma de suas estratégias de mitigação era
fechar as portas das casas com solda para trancar as famílias em suas casas.
Amigos da China não são amigos da liberdade.

Não se engane, a liderança da América é necessária no mundo. Então,


agora vamos ter uma conversa realmente franca. Todos nesta sala e
aqueles que estão ouvindo em casa, eles sabem que a América precisa de
líderes agora. Esses líderes precisam de sabedoria. Eles precisam de
confiança para defender nossos princípios e vontade de agir. Esses líderes
precisam ser conservadores.

Não estamos aqui para lhe dizer como viver sua vida, ou para tratá-lo
como uma criança ou um criminoso porque você vai à igreja ou se
defende. Os conservadores respeitam as pessoas como indivíduos. Não
dividimos as pessoas com base em sua religião, cultura ou cor de pele.
Não evitamos pessoas que pensam por si mesmas. E entendemos que
cada pessoa é diferente. Cada pessoa, cada pessoa merece a oportunidade
de construir sua vida sem que algum burocrata governamental presunçoso
diga o que podem ou não podem fazer.

Não temos a mídia do nosso lado. Os conservadores devem ser mais


espertos do que os progressistas. Devemos conhecer nossa história.
Devemos saber o que funciona e o que não funciona. Devemos refletir
sobre as questões. E não se engane, os conservadores existem para lutar
pela América e por cada americano.

Deixe-me encerrar com isso. Como conservadores, muitas vezes


esquecemos que as histórias são muito mais poderosas do que fatos e
38
estatísticas. Nossas histórias precisam ser contadas. É a única maneira de
inspirar e motivar o povo americano a preservar este grande país.
Devemos entrar nessa luta pela liberdade com os olhos bem abertos,
conhecendo as táticas que os liberais usarão, mas totalmente puros em
nossos motivos.

Não se trata de nós. Estamos falando de nossos filhos e do seu futuro.


Trata-se da nação que vamos passar para eles. Trata-se de contar e repetir
suas histórias, para lembrar por que a América precisa dos conservadores
agora mais do que nunca. Então, obrigado por tudo o que você faz. A
América é abençoada por ter você ao lado dela. Deus abençoe cada um
de vocês e que Deus abençoe os Estados Unidos da América.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

ENQUANTO ISSO, A CHINA:


EDUCAÇÃO, CULTURA E A
SOBREVIVÊNCIA DA
DEMOCRACIA

Uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Qualquer ideia, por mais
absurda e equivocada que seja, quando apresentada como a única versão
oficial, e repetida incessantemente na mídia, na cultura e nas escolas,
acaba penetrando na consciência de uma nação.

E pode conduzi-la ao desastre.

Veja a França.

Depois da Primeira Guerra Mundial, as escolas francesas desempenharam


um papel-chave na supressão de fatos desagradáveis sobre o conflito,
tudo em nome do “pacifismo”.

Os livros de história foram reescritos para eliminar qualquer “inspiração


bélica”, em um esforço liderado pelo principal sindicato de professores,
o Syndicat National des Instituteurs.

Foi o “desarmamento moral”.


40
Não se podia mais falar sobre as batalhas, sobre o heroísmo dos
combatentes ou sobre os sacrifícios feitos para proteger a nação francesa.

O resultado foi uma geração inteira educada para esquecer o patriotismo


e considerar os combatentes de ambos os lados como “vítimas”.

O resultado foi que a França, que na Primeira Guerra Mundial lutara


bravamente durante quatro anos, na Segunda Guerra se rendeu aos
alemães após apenas seis semanas de luta.

Pierre Laval, o segundo homem no comando do exército francês, disse


ao líder sindical André Delmas: “Você é parcialmente responsável pela
derrota da França”1.

Nunca menospreze o poder das ideias.

Hoje, as democracias ocidentais são dominadas pelo politicamente


correto. Somos todos reféns de uma agenda ideológica que nos joga uns
contra os outros, glamouriza a ignorância e a pobreza, promove a
indolência e a dependência do Estado e oficializa em lei a leniência com
o crime e a corrupção.

Enquanto isso a China – uma nação gigantesca e milenar, governada por


um regime autoritário – torna-se potência econômica mundial
enfatizando disciplina, meritocracia e competitividade.

É possível ver qual será o resultado.

Nunca, nunca menospreze o poder das ideias.

1Fonte: Mona L. Siegel, The Moral Disarmament of France: Education,


Pacifism, and Patriotism, 1914-1940, p. 217.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

NÃO AO LOCKDOWN: APENAS


MINHA OPINIÃO

A defesa do lockdown é uma posição sem sentido. Ela significar tratar


uma tragédia – a morte de pessoas queridas pelo covid – provocando
outra tragédia – a destruição econômica da sociedade.

Atrás dessa destruição virão muitas outras mortes.

Apenas imaginem o que aconteceria se, em algum momento, começasse


uma onda de saques, depredação e descontrole das ruas.

Lembrem o que aconteceu em Nova Orleans, depois do furacão


Katrina, ou em Nova Iorque, naquelas duas noites de apagão nos anos
1970.

Respeitar e entender a dor de quem perdeu um ente querido para o


covid – quase todos nós – é completamente diferente de endossar uma
medida ilegal, arbitrária e irresponsável, que pode, no pior caso,
provocar nova tragédia.

Explicar isso é uma missão ingrata.

42
O inconsciente do brasileiro foi preparado, desde sempre, para
submissão à autoridade de um Estado onipresente e interventor.

O medo faz com que muita gente acredite que “qualquer medida é
válida”, mesmo quando as medidas são ordens insensatas e destrutivas,
que partem das pessoas – políticos despreparados e oportunistas – que o
brasileiro mais despreza.

Mas como explicar essa situação a quem está dominado pela dor e pelo
medo?

Não vejo solução fácil.

Mas a dificuldade de comunicação, e o custo alto que pagamos por


assumir essa posição, não podem ser desculpas para não nos
posicionarmos de forma clara contra a insanidade do lockdown.

Considero isso um dever moral.

Mas é apenas minha opinião


MUITA GENTE ME PERGUNTA

O QUE NOS RESTARÁ?

A quantidade de pessoas esclarecidas e inteligentes que aplaudem as


medidas de restrição da liberdade é impressionante. Essas medidas são,
quase todas, autoritárias, ilegais e ineficazes.

Esse aplauso deve ser motivo de reflexão.

Pessoas com cultura, informação, educação, inteligência e experiência de


vida estão entregando sua liberdade ao primeiro tirano que aparece. São
como uma vítima que entrega, sem qualquer reação, seus bens a um
ladrão.

Essa analogia é muito adequada.

Por que parte da sociedade se dispõe a entregar tão facilmente o que tem
de mais precioso? Resposta: porque tem medo.

O medo as convenceu a trocar sua liberdade e direitos naturais por uma


incerta – e, evidentemente, falsa – garantia de saúde e sobrevivência.

No final de 2019 um vírus saiu da cidade chinesa de Wuhan para


contaminar o planeta. Desde então a mídia tem cumprido um papel
exemplar de disseminar medo e desinformação.

44
As perdas que quase todos nós já sofremos – foram centenas de milhares
de vítimas no país – são ampliadas pelas notícias alarmistas, repetidas ao
infinito nas telas de TV.

De acordo com a mídia, todo dia é o dia em que você vai morrer.

Mergulhados nesse terror diário, muitos não percebem o óbvio: a maioria


das medidas decretadas pelos ditadores de plantão, além de arbitrárias e
sem fundamento, frequentemente têm efeito contrário ao anunciado. Elas
aumentam o risco da doença.

O exemplo mais óbvio: reduzir o horário de funcionamento de mercados


aumenta a concentração de pessoas e, evidentemente, o risco de contágio.
O mesmo vale para a redução da quantidade de ônibus em circulação.

O medo também camufla o caráter seletivo do autoritarismo. Os tiranos


adotam medidas dramáticas que, por não valerem para todos, têm como
único objetivo servir como sinalização de virtude.

Fechamento de bares, proibição de festas, uso obrigatório de máscaras e


restrições a aglomerações são medidas que jamais foram aplicadas nas
1.400 “comunidades” do Rio de Janeiro, onde vivem mais de UM
MILHÃO de pessoas. São essas pessoas que trabalham como garçons,
porteiros, motoristas, faxineiros e enfermeiros nos locais frequentados
pela turma que aplaude o “lockdown”.

(Na verdade, o cenário é ainda pior: por ordem judicial das cortes
superiores, operações policiais nas “comunidades” estão proibidas desde
junho do ano passado. O Estado está completamente ausente desses
locais)

“Mas essas medidas são melhores do que nada”, argumentam alguns. Esse
argumento tem duas falhas graves.

A primeira é que implantar medidas parciais é como lavar apenas uma


mão e deixar a outra suja: o único resultado é criar uma falsa sensação de
segurança, que beneficia apenas o governante. A população continua
sujeita aos mesmos riscos.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

A segunda falha do argumento é a mais grave: estamos admitindo a


violação de nossos direitos naturais mais sagrados – como o direito de ir
e vir – em nome da adoção de medidas ineficazes.

Se os bem informados entregam sua liberdade com tanta facilidade, que


esperança restará para os menos afortunados?

Cabe perguntar: entregues esses direitos, o que nos restará?

Quando vier a próxima crise – ou a próxima pandemia – o que iremos


entregar?

46
A TIRANIA DOS DESPREPARADOS

O Estado, os governantes, os burocratas e os juízes não têm a mínima


ideia de como funciona a economia. Isso já foi explicado por autores
como Hayek, Mises, Thomas Sowell, Nassim Taleb e muitos outros.

A economia de um país é formada por milhões de ações de indivíduos


que não se conhecem, e que trabalham, cada um, visando sua própria
prosperidade. O resultado final, paradoxalmente, é a produção de bens e
serviços que atendem às necessidades de toda a sociedade.

O conhecimento sobre o que precisa ser produzido e o que pode ser


vendido, e a que preço, está distribuído pela sociedade. Os burocratas
estatais nada sabem sobre isso.

Qualquer interferência do Estado na economia é danosa. É abundante a


literatura que demonstra isso. Para citar só um exemplo, Amity Shlaes
explica em seu livro O Homem Esquecido como as medidas tomadas
por Franklin Roosevelt agravaram os efeitos da Grande Depressão de
1929.

É claro que, para os governos, intervir é sempre bom. É raro o político


que não gosta de aumentar seu próprio poder. Além disso, muitos
políticos honestos são vítimas da falácia descrita tão bem por Nassim
Taleb: aquela que diz que é melhor fazer qualquer coisa do que não
MUITA GENTE ME PERGUNTA

fazer nada. Como explica Taleb, intervenções em sistemas complexos,


dos quais entendemos pouco – como é o caso da economia e do meio
ambiente – têm probabilidade muito maior de gerar consequências
negativas, impossíveis de prever, do que de produzir bons resultados.

A bem-intencionada eliminação de lobos de uma região, por exemplo,


pode desequilibrar um ecossistema e levar à reprodução descontrolada
de ratos, que acabam invadindo e destruindo plantações, causando
fome.

Em nome do combate à pandemia, alguns juízes, governadores e


prefeitos estão tomando medidas autoritárias e inconstitucionais que
restringem ou impedem totalmente o direito do cidadão de trabalhar e
fazer negócios.

Lockdowns, fechamento de lojas, proibição de atividades de lazer,


criminalização de atos que não podem ser criminalizados porque não
são previstos em lei como crimes (esse é uma regra básica da
democracia) – tudo isso vai prejudicar, quebrar ou destruir partes do
sistema que produz itens de consumo essencial e coloca alimentos em
nossa mesa.

As consequências dessas medidas são imprevisíveis. Mas elas serão


graves, e não demorarão a aparecer. Serão consequências econômicas,
sociais e psicológicas.

Uma coisa se pode prever com certeza: quando essas consequências


aparecerem, os responsáveis por elas vão usá-las como desculpa para
intervenções ainda maiores – e mais ilegais – em nossas vidas.

Os ratos não vão demorar a invadir as plantações.

Deus nos livre da fome.

48
REPÚBLICA FEDERATIVA DA
INGENUIDADE: TUDO QUE VOCÊ
PRECISA SABER SOBRE
LOCKDOWN EM 15 LINHAS

A constituição brasileira não reconhece a figura do “lockdown”. Isso não


existe no ordenamento jurídico brasileiro.

A única medida restritiva desse tipo que é prevista na constituição é o


Estado de Sítio.

Ele só pode ser decretado pelo presidente.

Mesmo assim, o Estado de Sítio só dá poderes ao Estado para restringir


a presença da população a determinadas áreas, nunca para obrigá-la a ficar
trancada em casa.

O Estado de Sítio tem duração limitada – no máximo, 30 dias – e só pode


ser prolongado em caso de guerra.

O Estado de Sítio também suspende, por esse mesmo período, a atuação


dos Poderes Legislativo e Judiciário.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Se o Estado de Sítio não foi decretado, o cidadão brasileiro é livre para ir


e ficar onde ele quiser, pelo tempo que quiser, com proteção
constitucional.

Quem não gosta do que está na constituição deve trabalhar para que ela
seja alterada seguindo os princípios da democracia.

Ninguém pode violar a constituição. Quando isso acontece, acabam as


regras do jogo democrático.

E aí, tudo pode acontecer.

Quem está implorando por lockdown – e muitas pessoas estão pedindo


isso, inclusive artistas, políticos e integrantes de nossa elite “intelectual” –
precisa entender o que isso significa.

E, depois, assumir a responsabilidade pelo monstro que será criado.

A primeira coisa que monstros fazem é devorar seus criadores.

50
A OPERAÇÃO TRAÍRA – O DIA EM
QUE O EXÉRCITO BRASILEIRO
DERROTOU AS FARC

No dia 26 de fevereiro de 1991 um grupo de 40 terroristas do grupo


guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que
formavam o “Comando Simon Bolívar”, penetrou no território do estado
do Amazonas. Ao chegar às margens do Rio Traíra os terroristas atacaram
de surpresa o acampamento do Destacamento Traíra do Exército
Brasileiro, que contava com apenas 17 militares, número muito inferior
ao dos atacantes. O ataque começou com tiros de precisão que abateram
as duas sentinelas armadas que vigiavam o local. Três militares brasileiros
morreram e nove ficaram feridos. Armas, munições e equipamentos
foram roubados.

Informações de inteligência indicaram que o ataque foi motivado pela


repressão ao garimpo ilegal na região, uma das fontes de financiamento
das FARC.

Imediatamente, as Forças Armadas Brasileiras, autorizadas pelo então


Presidente Fernando Collor de Mello, e com o apoio do Presidente
colombiano César Gaviria Trujillo, deflagraram secretamente a Operação
Traíra, com o objetivo de recuperar o armamento roubado e desencorajar
novos ataques.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

No dia 9 de março foi realizada uma reunião entre representantes dos


dois países em Leticia, na Colômbia, para traçar o plano e acertar o
compartilhamento de informações.

A Força Aérea Brasileira apoiou a Operação Traíra com seis helicópteros


de transporte de tropas UH-1H, seis aeronaves de ataque ao solo AT-27
Tucano e aviões transporte C-130 Hércules e C-115 Búfalo. A Marinha
apoiou com um navio patrulha fluvial, que ficou baseado em Vila
Bittencourt, dando apoio logístico e segurança.

O Exército Brasileiro enviou suas tropas de elite, Forças Especiais e


Comandos do Batalhão de Forças Especiais e do 1º Batalhão Especial de
Fronteira, para atacar a base das FARC em território colombiano,
próximo à fronteira.

A operação também teve o apoio de tropas do 1º Batalhão de Infantaria


de Selva, Batalhão Amazonas, principal Unidade do Comando Militar da
Amazônia. O Comando de Aviação do Exército transportou os
combatentes em 4 helicópteros de manobra HM-1 Pantera e 2
helicópteros de reconhecimento e ataque HA-1 Esquilo.

O resultado da Operação Traíra foram 62 guerrilheiros mortos, vários


capturados e a maior parte do armamento e equipamento recuperados.
Desde então, nunca mais aconteceram invasões das FARC ao Brasil ou
ataques a militares brasileiros.

Todos os anos, no dia 26 de fevereiro, o Exército Brasileiro homenageia


os heróis que tombaram defendendo nosso território.

“As pessoas dormem em paz, à noite, apenas porque alguns homens calejados e
corajosos estão dispostos a usar a força para protegê-las”.

-George Orwell

52
CRIME NA PANDEMIA:
ILUSIONISMO A SERVIÇO DO MAL
A pandemia é a desculpa perfeita que os ideólogos que dominam a
segurança púbica queriam para impedir o combate ao crime.

Autoridades tão rigorosas na hora de prender comerciantes em suas lojas


ou mulheres na praia, são incapazes de dar qualquer resposta ao fato
óbvio, notório e visível, de que nas “comunidades” nenhum traficante usa
máscara e nenhum baile funk pratica “distanciamento social”.

Fiscais e prefeitos que soldam portas de estabelecimentos comerciais


jamais terão a coragem de subir as favelas - onde lockdowns e quarentenas
nunca existiram - e tentar impor as “regras de ouro”.

Parlamentares preferem lacrar nas redes sociais a desmascarar a hipocrisia


que joga para os pobres todos os riscos e consequências do “fique em
casa” dos lacradores.

Repetidas decisões judiciais, inclusive de cortes superiores, impedem a


polícia de agir e devolvem criminosos perigosos à rua - sempre, é claro,
“em nome da vida”. Em vez de combater o crime que nos atormenta, a
polícia recebe ordens para prender cidadãos pelo grave crime de não usar
máscara.

Durante meses a polícia do Rio foi obrigada a andar pelas praias avisando
aos banhistas que não podiam ficar sentados na areia, só em pé.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Sou testemunha.

Enquanto isso, pelo país, o crime continua operando em todas as


modalidades, agora com segurança jurídica extra e uma vantagem
crucial:

Como naqueles shows de ilusionismo de Las Vegas, a plateia está olhando


para um lado enquanto a verdadeira mágica está acontecendo em outro
lugar.

54
A GREVE DO BRT: A QUEM SERVE
O TRANSPORTE PÚBLICO NO RIO
DE JANEIRO?
Em algum dia, no início dos anos 80, eu voltava da faculdade quando o
ônibus onde eu estava levou uma fechada de outro ônibus. O motorista,
ensandecido, pisou no acelerador e saiu pelas ruas do Rio furando sinais,
tentando alcançar o motorista ofensor.

Ele finalmente o encontrou, parado em um ponto. Sem pensar duas vezes


– e para terror de todos os passageiros – ele jogou o ônibus em cima do
outro veículo. Estilhaços dos vidros caíram aos meus pés. Por pouco não
me machuquei gravemente.

O tempo passou e pouco mudou nos transportes do Rio.

Os motoristas do BRT entraram em greve. O presidente do consórcio de


empresas que opera o sistema diz que não há dinheiro para pagar salários
ou combustível.

Como isso é possível?

Aqui vai outra história. Há alguns anos atrás, quando o BRT ainda estava
em construção, um de meus amigos teve a chance de conversar com o
então vice-governador do Rio, e lhe disse sobre sua preocupação com o
BRT que, na sua visão, seria um desastre.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

A resposta do político foi:

“Sabemos que o BRT não é a solução, mas é o que dá pra fazer até a
eleição”.

E isso resume tudo: os transportes do Rio vão mal porque obedecem a


uma lógica maluca na qual o que menos importa é o usuário.

Quem usa ônibus no Rio sabe do que estou falando. São carrocerias
adaptadas sobre chassis de caminhão, quentes, desconfortáveis, inseguros
e, frequentemente, conduzidos a velocidades letais.

É verdade que a queda do número de passageiros, causada pela pandemia,


está ferindo de morte várias empresas de transportes. É verdade que as
empresas tentaram alertar o poder público sobre o desastre iminente. Mas
esse golpe atinge um sistema que já era caótico, ineficiente e desrespeitoso
com o usuário.

O sistema de transportes do Rio serve principalmente aos políticos e às


empresas a eles associadas. O usuário que se vire.

O tempo de viagem entre casa e trabalho no Rio é o MAIOR de todas as


regiões metropolitanas do país. Os usuários de menor renda são os que
mais gastam tempo e dinheiro com transporte.

Vejam: o primeiro passo para que um sistema de transportes seja eficiente


é ter um trajeto adequado para a rede de linhas de ônibus e integração
total entre ônibus, trem, metrô e barcas. No Rio, além da integração ser
pouca, cara e ruim, muitas linhas de ônibus têm o mesmo trajeto que o
trem e o metrô. Ao invés de se complementarem, se canibalizam – e, no
final, perdem todos, principalmente o usuário, que sempre paga a conta
de um jeito ou de outro.

Os contratos que o estado e a prefeitura fazem com as empresas, através


de Editais de Concessão e Termos de Adesão das Permissões e
Autorizações, são cheios de inconsistências que reduzem a concorrência
entre as empresas e a sua eficiência.

56
Não existe, nesses contratos, um mecanismo de avaliação de desempenho
com penalidades e possibilidade de cancelamento da outorga. Não há uma
garantia clara de transferência de parte dos ganhos de produtividade das
empresas para os usuários. A especificação dos serviços oferecidos é
sempre frágil, ambígua ou incompleta, e os prazos excessivamente longos,
sem coerência com amortização de ativos

As exigências absurdas dos editais fazem com que as empresas habilitadas


a concorrer sejam sempre as mesmas.

Para completar, o poder público não tem acesso direto às informações


sobre número de passageiros e faturamento, que ficam em um sistema
sob o controle das empresas.

O que é preciso fazer? Não é nenhum mistério.

Se o objetivo é melhorar a qualidade do serviço, reduzir as tarifas e os


tempos de viagem, é preciso trazer eficiência e transparência aos
contratos, com uma operação que atenda à necessidade dos passageiros,
e não das empresas.

Para evitar o colapso do setor é preciso rever os contratos e redesenhar


os trajetos das linhas de ônibus, para que elas sejam realmente integradas
com trens, metrô e barcas, e estudar uma nova licitação que traga
inovação, transparência e redução de tarifas.

O sistema de bilhetagem, hoje operado pela RioCard, deve ser operado


pelo município ou por uma entidade independente, para que a
administração pública tenha acesso imediato e direto às informações.

E para que os transportes do Rio de Janeiro estejam, finalmente, a serviço


dos usuários.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

OS PROTAGONISTAS
Primeiro criaram a "progressão de regime", reduzindo as penas dos
criminosos a 1/6 da sentença, e nós ficamos calados.

Depois estenderam a "progressão de regime" aos crimes hediondos.


Achamos estranho, mas continuamos em silêncio.

Criaram a "visita íntima" para que os criminosos fizessem sexo na


prisão, e ficamos quietos. "Eles também têm direito", nos disseram. Até
os estupradores.

Criaram a "remissão de pena por leitura" para reduzir ainda mais a pena
para cada livro "lido" pelo preso, e achamos interessante.
Depois criaram as "saidinhas temporárias" em 7 feriados por ano, e
nada dissemos.

Criaram o “auxílio reclusão”, maior que um salário mínimo, a ser pago


aos criminosos presos, e muitos de nós o defenderam como uma
medida justa.

Quando o CNJ criou a "audiência de custódia", com a única finalidade


de verificar o bem-estar do preso e livrá-lo da cadeia em 24 horas, nem
fomos informados.

Depois criaram o ECA e a Lei do SINASE, garantindo a impunidade


dos criminosos com menos de 18 anos. Nem ousamos sussurrar
58
qualquer protesto, temendo ser acusados de querer "encarcerar nossas
crianças".

As ONGs dos "Direitos Humanos" se uniram contra a construção de


presídios. Depois, diante das celas superlotadas, pediram piedade para
os criminosos. "O Brasil prende demais", anunciaram em uma grande
campanha. Acreditamos em tudo isso. Esquecemos das vítimas.

Demonizaram a polícia, e assistimos passivos à caça aos policiais.

Ensinaram às nossas crianças, por todos os meios possíveis – até na


escola - que drogas são inofensivas, e fazem parte de um estilo de vida
descolado e moderno. Depois glamourizaram os traficantes - "meros
comerciantes varejistas" - e continuamos assistindo às novelas,
minisséries e filmes sem protestar.

Proibiram o cidadão de portar armas, ao mesmo tempo em que facções


passaram a portar armamento de guerra - e nos convenceram que assim
estávamos mais seguros .

Enquanto destruíam nosso sistema de justiça criminal estávamos


ocupados trabalhando, criando nossos filhos e pagando boletos.

Até que um dia percebemos que todo mundo já tinha sido assaltado.

Até que passamos a viver com medo permanente.

Até o dia em que o STF declara que só vai ser preso quem não tem um
bom advogado.

Até o dia em que soltam um político criminoso que chegou ao mais alto
cargo do país e mergulhou a nação na lama.

Esse dia é hoje.

E os protagonistas agora somos nós.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI


DO JOE: A ORDEM EXECUTIVA
13.992

Então. Eu amo os Estados Unidos. Nenhuma nação do mundo chegou


tão perto do ideal de liberdade e prosperidade.

Vivi vários anos na América (sim, é assim que eu chamo os EUA) e tenho
profundo respeito pelo país e por sua sociedade.

Mas preciso falar sobre o que está acontecendo por lá.

Veja: eu conheço um pouquinho da história americana. Nada demais: li


meia dúzia de livros, uns artigos aqui e ali, e vivi no meio do povo
americano. Consegui formar, na minha mente, um panorama razoável do
que vem acontecendo nos últimos tempos.

Tudo indica que o país mais poderoso do mundo se tornou – por razões
que nem sempre são fáceis de explicar – refém de um conceito de Estado
interventor que contradiz as próprias bases de sua fundação.

Isso já aconteceu antes.

60
Após a Grande Depressão de 1929 o mundo foi tomado por regimes
autoritários. Nos EUA, em 1933, foi eleito Franklin Roosevelt, que seria
reeleito três vezes e ficaria no poder até 1945, após a vitória americana da
segunda guerra mundial.

Roosevelt tinha fortes tendências intervencionistas. Várias de suas


políticas tinham como base o controle estatal sobre a atividade privada, e
alguns membros importantes de sua administração encontraram
inspiração na União Soviética de Josef Stálin. Tudo isso está fartamente
documentado.

Em seu livro O Homem Esquecido (The Forgotten Man), Amity Shlaes


recorda que “no período de um ano (em 1934) o governo federal criou
10.000 páginas de novas leis, comparado com 2.735 páginas de todas as
leis federais existentes até então”. Entenda bem: no período de apenas
doze meses Roosevelt gerou mais papelada do que toda a produção do
governo federal americano desde 1789.

Agora, vamos falar do Joe.

O presidente dos EUA pode decretar ordens executivas (executive


orders). Esse é um instrumento parecido com as medidas provisórias
brasileiras, com uma diferença crítica: as ordens executivas não são
provisórias, e nem precisam da aprovação do Congresso.

É um superpoder.

Uma vez decretadas, as ordens executivas permanecem em vigor até que


sejam canceladas, revogadas, julgadas ilegais ou expirem (conforme
determinado em seu texto).

O presidente pode alterar qualquer ordem executiva existente, sua ou de


um de seus predecessores. Um novo presidente costuma fazer uma
revisão das ordens executivas em vigor nas primeiras semanas após a
posse no cargo.

Foi isso que o Joe fez.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

Na confusão dos primeiros dias após a posse, quase ninguém notou a


ordem executiva 13.992 assinada por ele. Mas seu impacto potencial é
gigantesco.

Como observa o editorial da revista “Issues and Insights”, essa ordem


tem um título fofo: "Modernizando a Revisão Regulatória". Já
conhecemos esse truque de dar nomes fofos e inofensivos às medidas
políticas mais fortes.

Essa ordem executiva não é exceção.

Ela não tem nada a ver com modernização de regulamentação. Na


verdade, seu objetivo é facilitar a intervenção estatal.

A história é a seguinte: até agora toda a regulamentação proposta pelo


governo federal dos EUA precisava passar por uma análise de custo-
benefício. As regulamentações em que o custo de conformidade
ultrapassava em muito os benefícios podiam ser bloqueadas pelo
Escritório de Informações e Assuntos Regulatórios da Casa Branca.

Não mais.

Joe decidiu que o processo de revisão vai ser "uma ferramenta para
promover regulamentações afirmativas". Não é mais necessário avaliar se
os benefícios compensam o custo.

O site Huffington Post aplaudiu a notícia – nenhuma surpresa – dizendo


que a ordem de Biden “muda o jogo” e que “a ordem executiva pode
desencadear uma onda de regulamentações mais fortes para reduzir a
desigualdade de renda, combater as mudanças climáticas e proteger a
saúde pública”.

Quem diria que regulamentar era a solução para tudo. A turma do


Huffington nunca leu Mises, Hayek, Sowell, Scruton ou Bastiat.

O editorial da “Issues and Insights” lembra que “uma das maiores – e não
celebradas - conquistas de Trump na Casa Branca foi seu esforço para
controlar o estado regulatório”.

62
Uma das primeiras medidas de Trump foi determinar que, para cada
regulamentação nova criada, duas regulamentações antigas deveriam ser
canceladas.

Segundo o Competitive Enterprise Institute, Trump excedeu essa meta -


ele eliminou, em média, 4 regras antigas para cada regra nova implantada.

Eu aposto que você não sabia disso.

Essa nova ordem executiva assinada por Joe Biden libera o poder
regulatório do Estado sobre as empresas e famílias americanas, em
praticamente toda e qualquer atividade, independentemente de uma
análise dos custos e benefícios resultantes.

O Leviatã desperta de um sono profundo, e está com fome.

Deus proteja a América.


MUITA GENTE ME PERGUNTA

13 INFORMAÇÕES ESSENCIAIS
SOBRE POLÍTICA AMERICANA
QUE VOCÊ PRECISA CONHECER
1 - O Presidente americano é eleito para um mandato de 4 anos. Os
deputados federais americanos, porém, são eleitos para um mandato de
DOIS anos. Portanto toda a Câmara de Deputados (chamada de House
of Representatives) é renovada a cada 2 anos. As eleições que ocorrem
no meio do mandato presidencial são chamadas de “mid-terms”, e são
muito importantes porque testam a popularidade e o poder político do
presidente.

2 - Uma eleição a cada dois anos significa que os 435 deputados


americanos estão o tempo inteiro em campanha eleitoral.

3- Os senadores americanos têm um mandato de seis anos. A cada dois


anos 1/3 do Senado é renovado. São 100 senadores, dois para cada
estado.

4 - O voto não é obrigatório nos EUA. O dia das eleições não é feriado.

5- O Vice-Presidente dos EUA também atua como membro do Poder


Legislativo, no papel de Presidente do Senado. Nessa função, o Vice-
Presidente tem poderes para presidir as deliberações do Senado, mas
não pode votar, exceto em caso de empate.

64
6 - Os deputados federais são eleitos por um sistema de voto distrital.
Cada estado é dividido em distritos eleitorais, e cada um desses distritos
elege um deputado. Nos Estados Unidos não existe equivalente ao
sistema brasileiro de “eleição proporcional”, no qual um deputado
muito bem votado ajuda a eleger vários outros candidatos. No caso dos
senadores, os distritos eleitorais correspondem ao estado inteiro (é igual
ao Brasil).

7 - Como os Estados Unidos são uma federação, a organização das


eleições é de responsabilidade dos estados. Isso significa que cada estado
é livre para adotar os procedimentos que achar mais adequados. Não
existe, como no Brasil, uma autoridade federal que regulamenta,
organiza, fiscaliza e julga o processo eleitoral. Existe apenas a Federal
Election Commission (Comissão Federal de Eleições) que tem, como
única atribuição, garantir o cumprimento da legislação sobre
financiamento de campanhas.

8- Alegações de fraudes não são raras. Como cada estado tem seu
sistema de votação, alguns sistemas são melhores que os outros. Por
exemplo, dos 50 estados americanos, apenas 36 estados têm leis
exigindo que os eleitores mostrem um documento de identificação antes
de votar. Ficou famoso o caso da eleição presidencial do ano 2000,
disputada entre George Bush e Al Gore. Muitas seções eleitorais da
Flórida usaram máquinas perfuradoras de cartão, e em alguns casos os
buracos nos cartões ficaram parcialmente perfurados. Esses votos não
foram contados pelas máquinas de apuração. A discussão foi parar na
Suprema Corte, que decidiu parar a recontagem dos votos, dando vitória
a Bush.

9 - Há muito menos restrições a doações de campanha nos EUA do que


no Brasil. Entidades chamadas de Political Action Committees (Comitês
de Ação Política) recolhem contribuições de doadores e transferem a
candidatos e campanhas. Um tipo especial de PAC, chamado de Super
PAC, pode receber doações ilimitadas, inclusive de empresas e
sindicatos.

10 - Além de ter o equivalente às nossas Assembleias Legislativas, onde


deputados estaduais exercem seus mandatos, quarenta e nove dos
cinquenta estados americanos também possuem um Senado estadual. A
única exceção é Nebraska.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

11 - Nos EUA é possível cassar-se o mandato de um político através de


uma eleição especial chamado de “recall”. Um recall é iniciado depois
que um determinado número de eleitores assina uma petição. O número
mínimo de assinaturas e o prazo para obtê-las variam entre os estados.
Em alguns deles um recall gera uma eleição especial simultânea, na qual
o eleitor vota no recall e no candidato substituto usando a mesma
cédula. O recall já foi usado para cassar governadores, prefeitos,
vereadores e deputados.

12 - Nos EUA é possível votar pelo correio. Uma cédula é enviada para
a casa do eleitor, que a preenche e envia de volta ou deposita em caixas
de coleta especiais. Os estados exigem que as cédulas sejam recebidas ou
postadas até o dia das eleições. Nas eleições presidenciais de 2020
aproximadamente 65 milhões de votos foram recebidos pelo correio.

13 – É possível votar antes do dia das eleições - é o chamado “early


vote” ou votação antecipada. Em vários estados o período da votação
antecipada pode variar de quatro a cinquenta dias antes do dia da
eleição.

66
O PAÍS DOS CRIMES HEDIONDOS

Você acredita que os assassinos do menino Henry serão punidos? Vou te


contar uma história.

Em 1990 o Brasil vivia mais uma crise de criminalidade.

A Lei dos Crimes Hediondos (8.072) daquele ano foi uma tentativa de
responder à crise.

A lei enumerava os crimes considerados hediondos e determinava que,


nesses casos, a pena do criminoso deveria ser cumprida integralmente em
regime fechado. Ou seja, o criminoso deveria ficar preso de verdade.

Em 1992 a atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada a tesouradas.


Apenas SETE ANOS depois o casal assassino já estava livre.

O crime - homicídio qualificado - não era considerado hediondo.

A mãe de Daniela, a novelista Gloria Perez, juntou 1 milhão de assinaturas


para incluir homicídio qualificado na lista de crimes hediondos. Ela
conseguiu.

Durante anos a esquerda, liderada pelo PT, tentou, de todas as formas,


derrubar essa lei.
MUITA GENTE ME PERGUNTA

Até que em 2006 três ministros do STF recém nomeados mudaram a


posição do tribunal sobre o assunto. O STF, então, considerou
inconstitucional a proibição de progressão de regime para os criminosos
hediondos.

Criminosos hediondos ganharam o direito à progressão de regime após


cumprir dois quintos da pena.

O sujeito estupra, tortura e mata com requintes de crueldade e, antes de


cumprir metade da pena, já está de volta às ruas.

Isso não é tudo:

Puxe um cadeira e sente para ouvir isso:

A decisão do STF foi proferida no julgamento de uma ação de habeas


corpus a favor de Oséias de Campos.

Oseias era um estuprador.

Fora condenado por molestar sexualmente três crianças, entre seis e oito
anos de idade.

---------------------

Proibido o cumprimento integral da pena aos criminosos hediondos, o


Legislativo ainda tentou, mais uma vez, uma solução para evitar a
impunidade que sangra o Brasil.

Tratava-se da Lei nº 11.464, de 2007, que dizia, entre outras coisas,


basicamente o seguinte: então, se não podem cumprir toda a pena no
regime fechado, que, ao menos, o INÍCIO da pena seja cumprido assim.

Sabe o que STF decidiu?

É INCONSTITUCIONAL a imposição de regime INICIAL fechado


automático aos presos por crimes hediondos.

68
Veja, não se trata nem de cumprir toda a pena nesse regime, era apenas o
caso de COMEÇAR em regime fechado.

E, assim, o país deu um passo gigantesco na direção do abismo.

You might also like