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O Pensamento Geográfico e Sua Relação Com o Ensino de Geografia
O Pensamento Geográfico e Sua Relação Com o Ensino de Geografia
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2. Metodologia ..................................................................................................................... 3
4. Conclusão .......................................................................................................................... 14
5. Bibliografia........................................................................................................................ 15
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1. Introdução
Com o surgimento da geografia como uma ciência, também foram surgindo as primeiras
correntes do pensamento geográfico. A partir do século XIX, diferentes concepções e
abordagens tomaram o campo da geografia, no que diz respeito às relações entre ser humano,
sociedade, meio ambiente, espaço.
1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
Analisar categorias fundamentais do conhecimento geográfico: Espaço, Território,
Paisagem e População
1.2. Específicos
Definir as seguintes categorias fundamentais do conhecimento geográfico: Espaço,
Território, Paisagem e População;
Estabelecer a relação entre o Pensamento geográfico e o Ensino de geografia;
Descrever o papel do Determinismo geográfico para o meio ambiente.
2. Metodologia
Para realização do presente trabalho foi necessário a consulta de bibliografias recomendadas
pelo docente e outras confrontadas cujo foram do fruto da pesquisa pela internet.
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Segundo Harvey (2001),caso não haja uma atitude reflexiva, a educação ficará a mercê da
hegemonização do capitalismo monopolista, pois a sociedade actual tem vivenciado a
compressão espaço-tempo de forma contundente, o que implicações severas para o ensino de
uma disciplina que lida com conceitos de espacialização, lugar, paisagem, região, e
territorializações de fenômenos sociais e naturais, como a geografia são consequência de
transformações ocorridas nas políticas educacionais, bem como do surgimento de novas
abordagens da ciência geográfica, estas, por sua vez, também influenciadas pelo actual
contexto político, econômico e cultural.
Podemos mesmo afirmar com segurança que nenhuma outra disciplina escolar- a Matemática,
a Biologia, a Química, a História, a Língua Portuguesa etc. vem conhecendo uma pluralidade
tão grande de tentativas de renovação quanto a Geografia. Não que inexistam renovações,
tentativas de mudar conteúdos e estratégias nas demais disciplinas escolares. Existem sim,
mas elas, por via de regra, seguem caminhos mais ou menos previamente traçados e
amplamente discutidos. (VESENTINI, 2004; p. 220-221).
O contexto educacional segundo o autor precisa que o professor seja também um cientista,
que vá além das expectativas e se torne bacharel, geógrafo. Desse modo o ensino de geografia
passaa ser uma disciplina escolar fortalecida com o apoio da ciência, ligados a epistemologia
da geografia que é ao mesmo tempo cercada de dúvidas e incertezas.Destaca-se assim que o
professor de geografia, deve ter a compreensão de conceitos para entender o contexto onde
está inserido.
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Santos (2004) em seu livro “Por uma nova Geografia”apud, Camargo, (2004), argumenta que
a percepção de Espaço Social, para ele é uma aglomeração de trabalho que incorpora o capital
na superfície da terra, no que consiste uma distribuição de renda desigual, combinada para
privilegiar o burguês, que nesse sentido o Estado Capitalista manifesta sua forma de produção
em toda a terra.
Eles desenharam os contornos das costas; depois, com seus barcos mediram as distâncias, a
duração das navegações, identificaram as posições topográficas. Deram às terras descobertas
milhares de nomes. Foi subindo e descendo rios ou acreditando descobrir suas
desembocaduras ou mares interiores que os homens adentraram os continentes. As viagens de
exploração por via terrestre, mais difíceis, foram raras e tardias. (DIFEL, 1982. p. 11- 36.).
O que o geógrafo procura ver na paisagem não é a simples localização deste ou daquele
objecto geográfico particular (fazenda, cidade, capela e outros), mas a distribuição de todos os
objectos de uma mesma espécie (as casas, as cidades, as vilas, a vegetação, as florestas) e as
diversas fisionomias de conjunto que revelam o meio. (KOZEL & FILIZOLA, 1996, p.14).
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Veja que foi e ainda é normal que, inseridos em meios naturais diversos, os homens tenham
de retirar desses meios o seu sustento, os materiais para construir suas casas, as matérias-
primas para sua produção, dentre outras coisas. Bem como que se interroguem sobre as
influências desse meio no seu comportamento. (DIFEL, 1982. p. 11- 36.).
Por sua vez, no século XIX, o nível de descrição da superfície da Terra já permitia uma
visualização de sua totalidade. Além das descrições de lugares particulares, de inventários
sobre as diversas partes da Terra, o saber geográfico segue na direcção de compreender os
conjuntos de elementos naturais e humanos e a solidariedade entre seus componentes, numa
dimensão totalizante. (MERCATOR, 2004. p. 07-17).
É importante saber que não há espaço geográfico sem a presença e intervenção do indivíduo.
Ou seja, sem a intervenção do homem sobre a natureza. A agricultura foi um dos factores
importantes para a existência do espaço geográfico, já que ela e responsável pela grande
interacção entre os seres humanos e a natureza. (ROCHA,2013,p.22).
Para entender como ocorrem as diferentes relações humanas com a natureza, o espaço
geográfico é dividido em categorias geográficas, como: lugar, território, região e paisagem.
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O lugar é onde existe a afectividade, ou seja, se materializa o seu jeito de ser, a sua cultura e
costumes.
Exemplo de espaço geográfico (lugar): sua casa e seu quarto. Porém, há também os
lugares artificiais como os shoppings, por exemplo. São lugares artificialmente criados
para os indivíduos se sentirem bem.
Os territórios são espaços delimitados, onde o Estado impõe o seu poder de posse,
principalmente a partir de leis.
A paisagem é tudo aquilo como a nossa percepção distingue como natural ou construída.
Na visão do determinismo, o homem é um produto do meio – o que hoje seria visto como
uma visão preconcebida da sociedade. O determinismo surgiu numa época em que o
imperialismo tomava o mundo. As potências europeias, por sinal, encontraram nele uma
“explicação” adicional para validar os seus direitos de submissão e conquista de nações ao
redor do mundo.
Entre as principais ideias dessa corrente está a teoria do espaço vital, em que o espaço é
determinante e características físicas como relevo, clima, vegetação e hidrografia são
decisivas na formação da sociedade. Ainda que tenha mais de dois séculos, a corrente
determinista ainda é em muito utilizada pelo senso comum, para generalizar aspectos
regionais e locais de desenvolvimento.
La Blache dedicou-se à ideia de gênero de vida, com base na relação entre sociedade e
espaço. O homem não era mais um produto do meio – ao contrário – era o agente capaz de
modificar o meio através da técnicas, das revoluções tecnológicas e da sua própria ocupação e
estilo de vida. Ou seja, o ser humano consegue transformar o espaço, adaptando o relevo,
superando o clima, modificando o curso dos rios, construindo hidrelétricas, transformando
zonas desérticas em áreas férteis.
Também conhecida por geografia regional, essa corrente busca a separação e segregação de
características conforme áreas específicas, ou regiões. Por essa razão, por exemplo, o Brasil é
dividido em regiões, além da divisão política por estados. Cada região compartilha de
características climáticas, de flora e fauna, de relevo e até sociais que a distingue das demais.
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Assim, para entender melhor o espaço e as interações sociais dentro dele, a comparação e a
diferenciação de áreas são elementos fundamentais.
Essa corrente ganhou maior notoriedade na década de 1940, com Richard Hartshorne e Alfred
Hettner, que defenderam a importância de criar referenciais de análise por meio da
comparação dos lugares – a comparação se dá por fatores ambientais e humanos, englobando
aspectos defendidos pelo determinismo e pelo possibilismo ao mesmo tempo. Apesar de
recente em sua profundidade, a divisão geográfica por regiões era já comum no século XIX e
era defendida muito antes por pensadores, filósofos e estudiosos, tais como Immanuel Kant,
no século XVIII, e Karl Ritter, no século XIX.
Como exemplo claro de utilização dessa abordagem, grande parte dos estudos, dados e
pareceres desenvolvidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
empregam análises quantitativas – entre elas o Censo.
Essa abordagem também ficou conhecida como Nova Geografia quando surgiu, após a
Segunda Guerra Mundial, na década de 1950. Com dados e números, governos podiam criar e
desenvolver indicadores socioeconômicos, bem como de institutos de análise baseados em
recenseamentos para entender melhor a sociedade – entre eles o IBGE.
No Brasil, a geografia crítica foi defendida por Milton Santos, expoente da geografia
brasileira, que acreditava no papel de denúncia, crítica e transformação social dos estudos
geográficos. Também conhecida como Geografia marxista (ainda que não possua qualquer
influência directa do filósofo alemão), enxerga a sociedade procurando identificar seus
problemas, suas contradições.
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Essa nova corrente foi em muito influenciada por movimentos de rompimento com a
academia e o establishment – protestos “hippies” e contra a Guerra do Vietnã, o movimento
feminista, correntes anarquistas durante a Guerra Fria, assim como críticas intelectuais ao
regime militar no Brasil.
São claras as influências de Hegel e do filósofo Edmund Husserl (1859-1939). Sob o olhar da
fenomenologia, a geografia depende da valorização da percepção do indivíduo e do grupo
social na busca de compreender a forma de sentir das pessoas em relação aos seus lugares. É
uma geografia focada nas relações humanas e sociais, onde o lugar, fisicamente falando,
recebe menor atenção.
3.5.7. Geopolítica
Entre as maneiras de estruturar o pensamento geográfico, a partir do século XIX ganha
destaque o avanço da geopolítica. Nesse sentido, evidencia-se o teórico da expansão
imperialista Halford Mackinder. Por definição, a geopolítica é uma geografia centrada no
poder e na forma com que ele intervém e influencia o ambiente – os conceitos de território,
ocupação, estratégia, delimitação, guerra são essenciais nesse sentido.
Mackinder estabeleceu, ainda em 1904, uma divisão do mundo baseada em duas grandes
faixas circulares, as quais denominou “crescente interior” ou “marginal” e “crescente
exterior” ou “insular”, tendo como centro aquilo que chamou de “Heartland” – uma região da
Ásia Central jamais conquistada por qualquer uma das potências navais imperialistas do
século XIX. Sob sua visão, o domínio geográfico desse “coração do mundo”, em conjunção
com uma saída para o mar, criaria a “potência final” em termos imperialistas. Uma nação
capaz de dominar toda a Eurasia e o mundo.
Apesar da contribuição de Mackinder, coube ao sueco Rudolf Kjellen empregar pela primeira
vez o termo geopolítico que conceituava a ciência do Estado como dominador do espaço.
Dessas premissas a geografia emergiu, no século XX, como uma forma de estratégia e
domínio – e, porque não, gestão por parte de um governo.
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Na segunda metade do século XX, a geopolítica abrandou um pouco a sua visão imperialista –
e passou a juntar componentes econômicas, assim como diplomáticas. Hoje, quando se fala
em geopolítica, não falamos apenas de eixos de poder e territórios: também falamos de
aspectos econômicos, tratados internacionais, políticas externas e comércio exterior.
Os problemas enfrentados pela geografia, tem deixado parecer que professores e alunos não
possuam um modelo para seguir, como também a opção pelo senso comum, deixando dessa
forma, de interpretar a ciência geográfica visando as mais diversas noções. Actualmente a
geografia é entendida como uma ciência social, mas que enfrenta vários problemas em relação
a seus métodos, a busca de uma identidade, a utilização de novas metodologias para revigorar
a ciência, como também desprender da amarra positivista. (MERCATOR, 2004. p. 07-17).
A relação geografia e educação deve priorizar o diálogo entre docente e discente, o professor
deve ter uma leitura ampla de vários temas, o diálogo com vários textos, e relaciona-los ao
cotidiano do aluno, entender que há uma pluralidade de realidades em sala de aula.
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Actualmente a geografia é entendida como uma ciência social, mas que enfrenta vários
problemas em relação a seus métodos, a busca de uma identidade, a utilização de novas
metodologias para revigorar a ciência, como também desprender da amarra positivista. A
relação geografia e educação deve priorizar o diálogo entre docente e discente, o professor
deve ter uma leitura ampla de vários temas, o diálogo com vários textos, erelaciona-los ao
cotidiano do aluno, entender que há uma pluralidade de realidades em sala de aula.
(BUITONI & SANTIAGO,2010,p.17-21).
Portanto, o professor de geografia deve abordar em suas aulas, questões que possibilite uma
visualização reflexiva da zona rural, urbana, a ligação campo cidade, as mais diversas
culturas, as histórias, as novas linguagens tecnológicas.
4. Conclusão
Desta feita conclui-se que, o pensamento geográfico ao longo dos tempos foi se aprimorando,
como também o ensino de geografia quanto a sua natureza. A imposição capitalista marca o
processo educacional com implicações sobre o processo de ensino e aprendizagem tratados
em sala de aula. É através da concepção crítica que o ensino de geografia, sairá das amarras
alienantes imposta pelo Estado Maior, pois esta possibilitará um norte, para a constituição de
futuros cidadãos, com plena autonomia, capacitados de criticidade, reflexivos, sujeitos de sua
própria história.
Nesse contexto, pode-se dizer que a Geografia Critica trata de questões sociais desvendando
os problemas gerados pelo sistema, propostas formuladas pelos Marxistase nas grandes
Revoluções Socialistas, estudo de extrema importância para se entender o mundo actual onde
reina as desigualdades e as constantes luta de classes. Em parceria com as outras ciências a
educação geográfica passa a estudar afundo movimentos sociais, passa reflectir o passado,
para entender o presente, as transformações no espaço, e os elementos que transformam esse
espaço.
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5. Bibliografia
1. CAMARGO, Jose Carlos Godoy; ELESBÃO, Ivo. O problema do método nas
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