You are on page 1of 723

t

I
/ -
fl.,·

'\-
\ . \
\

. \
COLLECÇAÕ .
DA
.....
LEGISLAÇAO
ANTIGA E MODERNA
DO

REINO DE PORTUGALe
PARTE I.
DA LEGISLAÇAÕ ANTIGA.

Por RifolufaÕ de S. MAcEsrADE de 2 de


Setembro de 1786.
,\
'
\

oP-
, r, , .- ti :i r C? u., J
fi ~~
" 3· '--' I '-( 0 -·~; . '-'
I Í I
I ~)
.,

•.

.... "'_;., ..... !

.'
..~

.' ' '

, ...

,,

·, ·.·' •t •
ORDENA~OENS -
DO

SENHOR REY
D. MANUEL.
LIVRO I.

COIMBRA :
NA· REAL IMPRENSA· DA UNIPERSIDADE~
ANNO•DE MocçL1f.Xxxvu. ,r ,
r ',
r

~.

~.
\'•
l

PRO L O G O.

DoM MANUEL, PER GRAÇA DE DEOS


Rey de ·Portugual , e dos Alguarues d' A quem, e
d' Alem mar, em Africa Senhor de Guiné, e da
Conquifl:a, e Nauegaçam, e Cõmercio da Ethiopia,
Arabia, Perfia , e da lndia: a todos No!Tos Subdi-
tos, e Va!Tallos faude &c. Confirando Nós, quam
nece!Taria h e em todo o tempo a Jufl:iça , affi na
. paz, cem o na guerra, pera boa guouernança, e con-
feruaçam de toda Repubrica, e Etl:ado Real, a qual
como membro principal, e fobre t-odas as outras vir-
tudes excellente , mais que todas aos Príncipes
conuem , e nella como em verdadeiro efpelho fe
deucm fempre revêr, e efmerar: porque como a Ju-
ftiça confifl:e em igualeza , e com jufta balança dar
o feu a cada huü ; affi o bom Rey deue feer fem-
pre hum , e igual a todos, em retribuir a cada hufi
fegundo feus merecimentos: e affi como a Ju~iça he
virtude nom pera fi, mas pera outrem, por apro-
.ueitar foo.m ente áq.uelles, a quem fe faz, dando-lhes
,o feu , e fazendo-os bem viuer, os bons com pJe-
mios, os máos com temor da pen·a , donde refulta
* paz>
P R O L O G O.

paz , e afeliCguo , porque h o •cafiíguo dos máos he


conferuaçam dos bons ; affi deue fazer o bom Prínci-
pe, pois que per Deos foi da~o principalmente nom
pera fi, nem feu pa-rlicula•r próueito, rnas pera bem
guouernar feu . j]OUO , . e apr~ueitar a feus fubditos ,
como a proprios filhos. E como quer que efl:e Efia-
do e Repubrica confifia · principalmen~e , e fe. fufte-
nha em duas coufas·, em Armas ,_e em Leys , e hüa
\ .
haja mefl:er a outra; porque affi como as Leys com a
força• das Armas fe mantem, affi a Arte Militar com
a·ajuda das Leys he fegura, e com cfl:as duas coufas
os Romanos grande parte do mundo fujuguarain ~
I ( •
Por tanto , po fi o·<,lue nas armas, <;! contmua guerra,
affi em Africa., como -em Afia fejamos o.ccupados t-.
defejando Nós cop.feruar, e manter Noffos VaffaJlos
em_perpetua- ~az 1, e bons eoftumes; ~ouuemos ~f11
ma1s nec·efi.ano. ~~ntender nefta Jufhça, que notn
menos. que as armas faz vencer pela concordia e
afeífeguo que fe ~ella' fegue: Pelo qual vendo Nós, \
como nas. Ordena<;:oês pelos Neys Noffos A · tecef.;.
fores, e per Nos \ategora feit:as , a muitds c::afes nom
(:ra prouitio , e ~~m <l'lgiJ:as. hauia- diuerros entendi-
mentos ; e af!i Pl~r andarem- efpalhadas , donde aos
Julgua.d1erel)· reúFfciam muitas duuidas , ~ aas·par...
tel
P R O L O G O. III

tes grande perda : E querendo niífo prouer, De-


terminamos com os do No.fio Confelho, e Letrados,
reformar eJlas Ordcnaçoes, c f:tzer noua Copilaçam;
de maneira que affi dos Letrados , como dos outros
fe pofiam bem entender. A qual obra bem exami-
nada , e emendada , Reduzimos em finco Liuros , e
Mandamos imprimir, e pubricar : e Aprouamos, e
Confirmamos , e ~eremos que em todos Noífos
Reynos, e Senhorios fe guardem , e pratiquem , .e
valham para fempre : Reuogando , Càncellando
quaesquer outra a: Ordenaçoes, que fóra clefla Copila-
e
çam fe acharem, Capitolos de Cortes que até aqui<
fam feitos ; faluo , as que fe acharem efcriptas' no
Liurinho da Noífa Rolaçam , que hora nouamente
Mandamos fazer, que per Nós fe-rá affinado ; por
que pofto que fejam feitas antes defia impreífam ,
-e neftes' Liuros n~m fejam encorporadas , Manda-
mos que fe _g uardem , como nellas hc cohtheudo.
....

.,

\
I

"<

\
\
\

I
I
I
D O P R I M E I R O L I V R O.

TITULO I. Do Regimento do Regedor


da Juitiça na Cafa da Sopricaçam. pag. I
TIT. li. Do Chanceler Moor. 33
TIT. lll. Dos Defembarguadores. do Paaço. 48 ·
TIT. IV. Dos Defembarguadores do Agrauo
da Cafa da Sopricaçam. 54
TIT. V. Do Correged~)r da Corte dos feitos
cnmes. 64
TlT. VI. Do Corregedor da Corte dos feit~s
CIUCIS. 76
TIT. VII. Dos Juizes dos Nolfos feitos. 8o
TIT. VIII. Dos Defembarguadores das Ilha8. H3
TIT. IX. Dos Ouuidores da Cafa da Sopri-
caçam. 89
TIT . .X. Do Ouuidor das Terras da Raynha. . 96
TIT. XI. Do Procurador dos Noffos Feitos~ 99
TIT. XII. Do Prometor da Juftiça da Cafa
da Snpricaçam. 102
TIT. .XIlt Do Efcriuam da Chancelaria. 106
TlT. XIV. l)o Meirinho Moor. I I 2
TIT., XV~ Do Almotace .Moor. I 13
.T IT. XVI. Do Meirinho que anda na Corte
em luguar de Meirinho Mooi\ 134
.TIT. XVII. Do Meirinho das· Cadeas, e do
que a · f~u Offi<:io pertence. . 139
_T lT. X.Vlll. Do Efcriuarp dos feitos d'ElRey. 142 .
vr T A v o A D A.

TI T. XIX. Do Rfcriuam das malfeitorJns.


TIT. XX. Dos Efcriuaes d'ante os Defem-
barguadores do Paaço , e dos Agrauos, e
Corregedores da Corte , e outros Def-
,embarguadores. 148
TIT. XXI. Do Solicitador da Juíliça. 166
TIT. XX II. Do Porteiro da Chancelaria da
Nolfa Corte. I-68
TIT. XXIII. Do Porteiro da Rolaçam.
TIT. XXIV. Do Porteiro dos Corregedores
da Corte, e dos Nolfos Ouuidores, e 'da
R_aynha.
TlT .. XXV. Do Preguoeíro da Corte.
TIT. XXVI. D,ls citaçoes, preguoes, procu-
raçoés , e in~uiriçoes , de que a ElRey
pertence auer dereiro. ' !73
TIT. XXVII. Do Carcereiro da Corte, e ~da
Cafa do Ciuel , e •do que a f~us Offioios
pe·rtence.
TIT. XXVIII. f ,>as catc~ragen.s tda Corte, e
como fe harq de leuar. r8o
TIT. XXIX. Dq Regim'f!hto tdo Guouerna-
dor da Juftiça ·na Cafa do ~iuel •
.TIT. XXX. Do Chanceler :da Cafa do Giael, \
eJdo que a tfeu Officio pertence. \ 209
TIT. XXXI. Dos IDefembarguadores 'do ~gra•
. . uo' e da tqUI!' a feus Officios pertence. I ~ ~U.4
ITIT. XXXII. I ,>os Sobrejuizes, e 1do que ' a
feu Officio -perttmce.
TA v o A D A. VII

TIT. XXXIII. Dos Ouuidores do <:rime, e


do que a feus Officios pertence. 221
TI T. XXXI V. Do Prometor da Jufl.iça, e do
que a feu Officio pertence. 2 23
TIT. XXXV. Do Efcriuam da Chancelaria,
e do que a f eu Officio pertence. 22 5
TIT. XXXVI. Do Efcriuam, que tem car-
reguo de Solicitador da J uíl:iça. 227
TIT. XXXVII. Dos Efcriuaes, que efcreuem
perante os Defembarguador.es , e Sobre-
juizes, e Ouuidores da dita Cafa. 230
TIT. XXXVIII. Dos Procuradores, e dos
que o nom podem feer. 233
'FIT. XXXIX. Dos Corregedores das Comar-
cas 1 e do que a feu Olllcio pertence. 2+7
TIT. XL. Dos Ouuidores, que por Nós fam
poHos em· algu,üs Luguares.
TIT. X LI. Em que modo ha de enquerer o
Corregedor nouo fobre o Corregedor da
Comarca paffado 1 quando acaba o tem-
po de feu Officio.
XIT. XLII. Das refiden.cias , que os Corre-
gedores da.s Comarcas , e Ouuídores ham
de fazer, acabados os tres annos de feus
Officios. ·
TIT. XLIII. Da Chancelaria das Comarcas.
TIT. XLIIII. Dos Juizes Ordinarios, e do
que a feus Officios pertence. 2 86
TIT. XLV. Em que modo fe fará a eleiçam
dos
vrrr T A v (} A D A.;

dos Juizes, e Vereadores , e outros Offi-


Ciaes. 3 r+
TIT. XLVI. Dos Vereadores das Cidades ,
e Villas, e coufas que a feus Officios per-
tencem. 322
TIT. XLVII. Das pe!foas que podem dar li-
cença pera as fintas, e quaes fam as pef-
foas que dellas fam cfcufas, e que os Con.
celhos nom ponham tença a alguem. 334
TIT. XLV li I. Da ordenança da bolfa que fe
ha de fazer pera defpefa dos dinheiros ,
e pr.efos que fe lewam dé huü luguar pe-
ra outro, e que os Juizes tomem os pr:e-
fos. 337
TIT. XUX J1os Almotacees , e coufas que a
feu Officio pertencem. 339
TIT. L. D.:> Procurador do Concelho; e cou-
fas que ao dito Officio pertencem. , ]56
TIT. LI. Do Tefoureiro do Concelho, ecou- I
1
fas que a feu O ffic io p ertencem. 3 57
TIT. LII. Do Eícriuam d a Camara, e coufas
que a feu O Hic io perten.cem.
TíT. Llll. Do Efcriuam da Almotaçaria, e
coufas qu~ a fen Officio pertencem.
TIT.LIV. Dos ~acirilheiros.
TIT. LV. D qs Alcaides Moores dos Caftel-
los. 370
TIT. LVI. Do Alcaide pequeno das Cidaaes,
e Villas, e _coufas que a feu Officio per-
tencem.
T A v o A D A. 11!:

· TIT. L VII. Das Armas que fam defeG1s , e


quando fe deuem perder affi de dia co-
mo de noute. E dos que fam .achados
defpois do fino de correr. .194
TIT. LVIII. Dos Carcereiros das Cidades, e
Villas, e das carcerages que ham de le-
uar. J93
TIT·. LIX. Dos Tabaliaes das Notas, e do que
a feus Officios pertence. 400
TIT. LX. Dos Tabaliaés Judiciaes., e do que
a feus Officios pertence. 4~"9 .
TIT. LXI. Do que ham de leuar os Efcri-
uaes da. Fazenda, e da Camara, das Car-
tas,e Defembarguos, e Aluaraes, e outras .
Efcripturas que fezerem. 443
TIT. LXII. Do que ham de leuar oo Efcri-
uaes da Corte, e das Comarcas , dos car-
retos dos feitos. · 447
flT. LXIII. . Do que ham de leuar os Taba-
liaes , e Efcriuaes de feu Officio. 448
'-TIT. LXIIII. Dos Tabaliaes geeraes, e co-
mo deuem vfar de feus Officios , e das
penfoes que deuem paguar. / 464
l'IT. LXV. Dos Enqueredores, e do que a.
feu Officio pertence, e. do que ham de
leuar de feu falaria. 467
TIT. LX VI. Do que ham de leuar os Por-
teiros, e Preguoeiros ., das penhoras~ ci-
taçoes, e remataçoes. 4 72
* lll
X T A v o A D A:
TIT. LXVII. Do Juiz dos orfaõs , e coufas
que a feu Officio pertencem. 475
TIT. LXVIII. Do Efcriuam dos Orfaõs, e
do que a feu Officio pertence.
TlT. LXIX. Do Curador que he dado aos
· bens do abfente , e aa herança do finado ,
a que nQm he achado herdeiro.
TIT. LXX. Do Contador dos feitos , e cufl:as,
e como fe ham de contar affi na Corre,
como nas Cidades, Vi lias, e Luguar~s de
Noffus Reynos e Senhorios.
TIT. LXXI. Como ham de contar o fala..
rio aos Procuradores. 543
TIT. LXXII. Do falaria que ham de '.Ieuar
os Camim.heiros. 5)2
TIT. LXXIU. Q!e os Offiéiaes fejam cle ida..
de d·e virfte e cinco annos. . 552
',flT. LXXIy. Dos que vendem feus Officios
· fern liceqça d'ElRey , 011 os renunciarri
efiando c,loentes, ou t~do feito nelles ai ..
guüs err9s : E que nom feruam ·feus Offi ..
cios por ~mtrem : E que fejam cafados.
TIT. LXXVr ~anto tempo duram as Car-
tas impet,:radas por ft ajji he. E do 1~ue
houue perdam depois de as di as Cartas
ferem irrypetradas.
TIT. LXXVI. C<:>mo ElRey pode tirar os Of-
ficios affi. da Júfl:iça, como da :Fazen-
da, fem feer por ello obriguado a fatisfa-
~am alg~a~ 551
I
\
TA v o A D A. XI

TIT. LXXVII. Do Regimento das Audien-


Cias.
TIT. LXXVIII. Q!e fe façam em cada ht.tü
anno duas Precilloes folenes aalem das
mais ordenadas> e que os moradores do
Termo aalem de leguoa nom fejam pera
.aas Precilfoés con.flrangidos. 566

IN
i,

\
\
~ . I

\
\\
\
'

\
\ I

. I'

/
PREFAÇÃO

A HrsTORIA Civil de toêlo·s os Povos molha que as


Leis , por que elles fe governaó, {oraõ feitas em diverfos
tempo~ · , trefcenúo á proporc;aó dos progrt:ffos da focieda-
de ' e accommodando-fe ás particulare-s ci-rcunfl:ancias da
occafião , em que fe efl:abeleceraó.
DeBa mapira foi cada hum dos Soberanos augmen- ,
t·a ndo a Legislaçaõ Nacion~l com providencias novas , as
quais ·deviaó necelTariamente fer analogas naõ fó ao obje•
_ él:o, que as haviá motivad~ 1 mas tambem ao ca,raéler ele
feu Auélül", ao genio da N açaó, e ás opinioens dominantes
da idade em que foraó ordenadas.
Com o numero e variedade das ~eis crefce forçofa,_
menre a tlifficuldade de ferem conhecidas : e como muitas
das antigas fe achaõ derogadas, ou emendadas por outras
pofteriores , he mui arriscado errar no Direito, ou por fa l-
ta de noticia da Lei originaria, ·ou por ignorancia da
Ordenaçaõ nova , que al~erou o. que por ella eílava deter•
minado.
Para evitar, on ao inenos diminuir, efl:c ÍHconveniente,
entraõ pelToas particulares no p~ojeélo de colligir as ditas
Leis em hum fó corpo, h umas vezes pela ordem do tem-
po , em que foraõ promulgadas ; e outras pela das mate ...
a rias
JJ

rias, que fizeraó o feu objeél:o : mas , por maior que feja a
àiligencia e perícia deítes Colleél:ores , nunca fuas obras
rem edêaó inteiramente o mal , em quanto por auél:ori-
dad e publica fe naó ch~ga a qrdcnar hum a -Collecçaó , a
q ue -exc.lu fiv <.mente fe dê fo!"ça de ohrigar.
Por mais defeituofa que fcja huma Collecçaó fimi-
lhante , he fçmpre muito util , co~p:uando-fe o dl:ado de
€erteza, e facilidade, çm que entaó fica a J urisprvdencia,
com aqudle, em que efiava (!nteriormente , em quanto
a ndavaó disp~lí-fas, e pQuco conhecidas ipnumerav(li.s Lei~,
qu e mutuamente fe contradiziaó ,_limitavaq , declaravaó,
ou ampliavaó. O Cidadaó tem deíla maneira prefente a
L egislaçaó, por que fe ha de governar , feq1 o risco de dar
obfclvancia a Leis • ql;le ja efl:aó xevoga~\f\s por QUt~as,
I
de que naó te1n noticia~ ·
He verda1e, que hun1 Codigo deíte genero formadQ
de Leis feitas por differcntes Al.lél:ores, e em taó diver-
fos tempos , tem neceífariamente inconvenientes\, que fe '
naõ podem evitar-; ainda qu ~ mlo a fua compofi<[aÚ he en-
carregada a hqmens fabios , e·bem intencionados.
Mas he i9ualmente certo ' que amm OS- Romanos' a
quem tivemos por Mefrres neíla fciencia , como nQffos
maiores feus ildmiradares , e imitadones 1 fe pre que fe
propofcraó orden~r hum fyfl:ema de r !egislaçaó ' ou foífe
por arbituio p;articular, ou por auétoridade publica , naõ
tiveraõ ontras viíhts mais , que colligir as Leis anteceden-
t~s, e referi li<,LS' hum as vezes pela ordem de fnas datf!S ,
outras pela da~ materias refpeél:i vas ; de manei1·a que longe
de
Ilf

rle -reinar em tais obras uniformidade G€ principias, e de


efl:ilo , fe enconfraó frequentemente , a par humas das ou~
tras , Leis <ie mui dilfcrentes datas , e que pot i'lfo i'llcul~
ca5 maximas naó fó diverfas J mas até muitás vezes con•
trarias ; e faó efcritas em linguagem, e efl:!lo inteiramen-
te desfimilhantes. Daqui vem que mal fe pode comprc,:-
hender o efpirito de cada huma das ditas Leis,, fem qlie o
interprete fe transporte {ucceffivamente ás fuas differentes
epocas, e as compare com outros monumentos coévos ,
infhuindo-fe nos princípios , maximas, ufos , e cofiu·
mes , -que em cada huma das mefmas epocas mais domi•
navaó ;rfim ., que elle nunca poderá confeguir, fem faber as
rfontes , de que· as referidas Leis, affim proxin11a ·1 eo mo re.o
motamente , foraó derivadas,
Elta neceffidadc fe torna ainda maior, quando os Com-
ilad'Ores , fem fe abalanyarern a crear huma J'10va Legisla·
aó, ufaraó toc\avia da libe-rdade de mutilar, oú interpelar
· h t1ns lugares , e reunir , ou dilacerar outros , como conftà
ue fizeraó entre nós todos os encarregado·s defl:·e genero
Cle trabalho clefcle o Reinado dó Senhor Rei D. -Mánoel ,
mais que todos os Compiladores elo Codigo Fil·ippino :
indo amm à fer humas vezes difficil' e ot'lfras 'id1poíTive'l
entender certos lugqres do di·to Codigo ,. fem que fe con-
fulte a fm'lte' e_m que elles fe achao em toda a fua intei-
reza.
EA:as confideraçoeus excitaraô o zelo da Univerfidade·,
para impetrar da RAINHA Nofla Senhora a permilf~ó de dar
·á luz !!.uma Col!ecçaõ da Legislaçaõ a'n'tiga e mod·e rna
a 2 de
]V

de flortugal ; procurando. affim ·falvar U0' efquecimento


eO:es monumentos de noffas primeiras Leis , e facilitar
aos efiudiof0s os meios de confultar ' as fontes, c de pode-
rem melhor interpretar o Direito prefent_!: , examinando a
origem , progre!fo , e ·mudança de ·c~da hum a de fuas de-
cisões.
Sendo pois o C'odrgo mandado ordenar pelo Senhor
Rei D . Manoel de feliz e faudofa memoria , no efiado erri
que fe publicou no anno de 1:521 , . huma das fontes pJOxi-
mas ma·is abunda-ntes do Codigo Fi.Iippino, elle devia por-
iffo entrar mui principalmente no numero d4s ;bras, que
a Univerfidade tem emprendido publicar; muito mais, 1

h a vendo-íe feito raro •. a pe:uar das repetidas ediço~ns , que


delle em outro tempo fe fizeraõ. Tais fa6 os motivos.,
que. houve paraffe fazer a :reimpreffaó. ,. que agora fe offe-
rece ao publicai , aos ,quais ferá conveniente ajuptar huma
fuccinta not.icia cla~ occafia6, auéto'res, e defignio defl:a
. l
obra, de feu merecimento,· de fuas (ucceffivas idiçoens,
.
e ultimamente do que na pnfente fe pra·ticou ' · para que
'
' 1\
fahiJTe mais correéta •. que todà-s as atltecedente;; •.
Ninguem Í gno~a. que desde o Reinado do Senhor:\R ei
D. Joaó l. começara a fa7~er:.-fe mais fenfivel a nece.ffiqa-
<1e de fe ordenar--; e publicar debaixo. da· fan9 õ publica\)
hum fyfl:ema 9e Leis gerais para. o regi ento ,do Re.ino ,
em ordem a fàcilitar . o conhecimento ; \ e obfervancia das
I "
muita~ Leis , e Ordena ções , que haviaó. fido pub~icadas ,
1
e que andav'aô clisperfas ; obra , que efle Príncipe effeéti.-
, '- \
vamente grincipiou ·, fem .a poder.I evar ao fim 1 e · que na.ó
f e.
\.
fe completando ainda no bT<eve Reinado do Senhor D.
I ~ \

Dt-Ja.rte , fó vei..o a concluir-Íe na minoridade do Senhor


/ ' - .
D. Affonfo V. e Regencia de feu Tio o Senhor Infante
D. Pe-dro.
O plano ,. vantagens , e defeitos àefte Codigo podem
ver-fe na erudi.ta . e elegante Prefaçaõ , que precede á
primeira ediçàõ delle , ha poucos annos dada por cita mef-
ma Uni verfidade-, aonde igualmen te fe molha q'tt'e pouco
depois ela fua publica~aõ fe c.:ome~ou a Íentir a neceilidade
e entender novamente. na reforma defta Compilaçaõ pe-
los defeitos.' que neJla íe obfervavaõ.
Porq,uanto, aindaque entaõ fe naó conheceífem bem os
in convenie ntes infeparaveis do fyaema ll..doptado ,por feus
uétores , nem as. i mperfeiçocns da execuça~ defle fyae-
a ;. a exp.e riencia devia neceffariame_nte mofl:ra r que _
quella Compilaçaó fe fazia . cada · vez mais diminuta ;
·.endo certo, que desde o anno de 1446 , em que fe acabou
o C ocl ig_o dÕ Senhor D .. Affonfo- V. ~ a t é o fim do feu ~ei­
nado, fe publicaraõ muitas Leis no~as , as quais fuppriaó,
addiaõ , e alteravaõ a Legislaçaõ conteuda no mefmo Co-

- P,igo ; o q.ue tam bem aconteceo por occafiaõ das outras


I
\
eis feitas nas Cortes , que por. varjas vezes no Reinad(')
- Elefl:e P~i nc i pe fe celebt'ara_õ.
' Naõ foi menor o numero, e importancia das . que fe
p ublicaraõ no Reinado do Senhor D. Joaõ I I. , e do mef~
- m o Senh0..r D. Mapoel, antes que 'elle mandaffe ordenar,
e publicaffe pela primeira vez o feu C cdigo. (a)

(a) _ Pode ver-fe o Catalogo del1:as Leis , ou ao menos dug mais importan,te~ ~,
aSynop. Chrollolog. _Tom. I. defde pag. 9 7 até p_ag. 176. '
'Vi
Era portanto nbfolutamente necelfati o recolher em
hum corpo a Legislaçaó d!fperfa ; e os graves incommo-
dos , que refultavaó do grande nu~ero de Leis extrava-
gantes , feitas depois da publicaça6 do Codigo Affonfino,
baftaria6 para fe dever entrar neíla obra , ainda quando o
dito Codigo naó tiveffe defeitos , que foiTe conveniente
reformar.
Sendo pois tal o eG.ado da Jurisprudencia Portugueza,
quando o Senhor D. Manoel fubio ao Trono ; e fendo
- -
efre Príncipe por extremo diligente na e)(pediçaó de to-
dos os negocias pertencentes ao bom governo de feus Rei•
nos ; com razaó fe pode conj eéturar que logo dcfde o
.p rincipio meditaria ordenar hum novo Codigo, e que efl:e
projeélo cobraria maior força , depois qtte o numero de
fuas proprias Lei s augmentou a neceffidade ,- que já ha-
via, de fimilhante C ompilaçaó.
Elle com effeito começou logo a dar providencias fo-
bre alguns artigo:1 , que mais as exigiaó; porque talvez
.diflrahido com os graves cuida?os do governo lhe naó
era ainda poilivel entrar na vafla empreza dâ reformaçaó
do Codigo Nacional ; de maneira que efla importante obra
!ó v&io aprinci piar- fe 1 fegundo parece, no anno de I 505,
que era ja o decirr10 do fcu Reinado, · \·
~e o dito ~nno folfe a epoca , em q te ella princi -
piou 1 fe colhe com toda a probabilidade da combinaçaó de
.d ous lugares da Chronica de Damiaó de Goes, (a) com
hum

(a) Chron. do Senhor D. Manoel PJrt. 1. C•p. 94 1 e Part. 4· Cap. 86,


vn
hum do Biípo Jeronimo Oíorio, (a) cuja auétoridade fe-
guiraó depois outros Efcriptores mais modernos. (b)
As palavras de· Damiaó de Goes faó as feguintes: El-
Rey D. Manoel foi naturalmente amador da honra , e dfze-
jozo de dúxar de fi memoria , e boas Leys , e Foros a Jeus
Jugeitos , e f?aJ!al!os : começou nefle anno ( I 505) hum m:.
gocio de muito trabalho, que foi mandar rifol:nUJr as Leys,
e Ordenações antigas dn Reyno , e aure(centar algumas cou-
zas , que pareceraõ necejsarias &c. ·
O mefmo attefl:a Oforio, aindaque em termos menos
expreffos , quando referindo os f~étos ·do anno de 1'505·
diz: Eorlem anno Rex leges multas vetu.flis /egibus addidit,
antiqua injlituta correxit : lugar , que · comparado com o
1 de Damiaó de Goes mofl:ra, .que deve entender-fe dÔ pro-
jcél:o de:: hum novo Codigo. ·
Mas o que prova mais decifivamente que a dita. obra·
fora encarreg!'lda' nefl:e anno de r 505, he a Carta Regia, que
o Senhor D. Manoel diri.gio d'Aimeirim, em 9 de Fe-
vereiro de 15o6 ,_ a~ Chanc~ller Mor Rny,.Botto, (c) ao Li-
cen·-
(a) De rebm Em. Liv. 4· ,
(b) Mariz: Dialog. 4· Cap. 13, e 19. Bento Cardofo Oforio: .1\Jiegaçaõ de
Direito a favor do Morgado de Bellas, l'art. 2. num. 182.
·(c) ~e Ruy Bolto fo!fc na quelle anno Chanceller Mor do Reino, confta
da Carta Regia de 5 de Fevereiro do mefmo anno, referida na Synop. Tom,
I.. pag. 161 , aonde fe diz que a Junta para os feitos dos Foracs era compoíl:a
do Chanceller Mor Ruy Botto, do Viga rio de Thomar , Doutor Joao Pires , e ·
Ruy da Grãa. O mefmo fervia o dito cargo defde o anno de 1499 , porque por
elle fe diz que. fora publicado na Chancellaria o Alvará de 20 de Abril do mef"
mo anno , dita Symp. pag. 148. Confta alem diífo que o mefmo Ruy Dotto fora ·
confervado no emprego de Chanceller Mor até ao anno de 1520 , emque falleceo; .
porque no Liv. 6 dos Mifticos do Real Archivo da Torre do Tombo fe conferva
h uma Carta Regia d1> mefmo Senhor Rei D. Manoel com data de 5 de Julho do
v:ar
-cenciado Ruy da Gráa , e ao Bachatel Joaó Cotrim , na
qual fe encontraó as palavras feguintes : Havemos por bem
que nas Ord. do Regno , fRI que ora por nofso mandado en•
' tendeis &c. (a) .
Serve tambem a referida Carta de nos da·r a conhecer,
quais fora6 os Compiladores de quem o Senhor D. Ma-
noel a>o principio fez efcolha, e fuppre ndla parte a falta
da Carta, ou Alvará, por que fe ordenou a compoíi)=aÔ do
novo Codigo , da, q~al na6 tem fido poílivel achar noticia.
P0de pois affirmar-fe naô fó que o Chanceller Mor
Ruy Botto , o Licenciado Ruy da Grã a, e o Bacharel Joa6
Cotr~m foraó encarregados da dita Compilaçaó , mas tam-
bem, que naó tiveraó mais focios neGe trabalho; pois qu~
de outra forte era na~ural, qiJe a mefma Carta os nomeaf...
fe, ou que ao menos os indicaffe por huma expreffaó geral.
Naó conGa com certeza, em que tempo os Compila-
dores deraó conta da fua commiffaó, porque as Or.denaçóes
\
mais antigas do Senhor D. Mano.el, q11e fe achaó na Torre
do. Tombo, fa6 as que fe p!o1blicar~6 em J5f4,• com de-
claraçaó de haverem lido corregidas neíla fegunda impref-
faó. Daqui fe conhe,,ce, naó fó que houvera huma Compi- ·
laçaó anterior , tnas que ella fo-ra depois reformada, e
emendada ; fem que eGa fegunda fe poffa coníiderar J como
huma íimples reimp reffaó da primeirà, \
Pode
mefmo anno de 1520, pela qual faz ~ercS do Officio de Chanceller Mor a Ruy
da Grãa , e nella diz : Q._ue lhe far: i:z ".fl" merc2 por frr o Dejt:111hllrgador mai<
antigo ddjua CaF da Sopp.-icaça:; , c 'JU' teria todos os privilegias . . .. como todo
havia, ' de todo uznva o D outor R.-ty Solto, ~U< o diw officio d, Cha11ce/l~ M•l'
tinha, ~ '1'" h'Jra fr fin~J/1·,
{-a) Sy11op. Cbronol•&· Tom. J. pag. 16z.
PeJe porem .affirmar- fe cotl'l alguma ptobabilldade ·que
feu primeiro Codígo foi publicado antes de Maio de I 512,
e depois d'Agofio de t5II. P~rquanto apparecem alguns
monumentos do tempo , que mediou entre o dito mez de
Maip de 1512, e a publicaça6da fegunda Ediçaó de 15!4- ·,
dos quais h uns f:~zem mençaó da Ordenaçaó do Senhor D.
Manoel (a) , e ontros da Ordenaçaó nova (b) ; termos •
que 4leceffaríameBte devem defignar o feu primeiro Codi-
go : affim tomo fe encontra hum Affento , que falia em
Ordenaçaó antiga, referindo-fe ao Codigo Affonfino (c) ,
o que igualmente prova haver já enta6outra , a que feda-
va ·G titulo de nova.
b Se
(a) Confta do encerramento do Liv. 2. do citado Codigo de IF4• que omefmo
fe acabara de imprimir a 27 de Dezembro , e já no Regimento da Fazenda, impref-
To a 2 7 de Setembro ·do me fmo ann.o ., Tit. ~ 8, 26 , 42 , e 48, o Legislàdor fe refere
a providencias <:onteúdas no Li v.?<. da Ord. Tit. 'I'"falia d~<s caufu dos •4idos •
e·Cap. 4J• c1ue naõ podia deixar de fer Ediçaõ "ntecedente. ·
-(b) O Al vará de 2 de Janeiro de 1)!4, Leaõ P art. 2. Tit. 5· Lei 6, deroga a
Ord. nova fobre os privilegias dos Moedeiros para trazerem feus contendores á Cor-
te, a ·qual Ord. nova naõ pode fer a de 15 '4. , naõ fó ·porque todos os livros de!la faõ
de pafterior data, mos porque no Tit. 6. do Liv. 'r. já fe naõ ' encontra veftigio al-
VJmdodito'j>rivilcgio. lgualment.., no Aírcntn do 1. de Julho de 1513 fe faz me.nçaõ
da diffcrença que havia entre os privikgios dos J;>efembargadores da• duas Cafas d:t
Suppricaça6, e do Cível, e fe diz que ella e~·a conteúda na Ord. que o mifmo Se-
whor fizera, a qual o mefmo Alfento veio revogar ; e com effeito nã Ord. de 1t; 14,
Li v. 3· Tit. I 11, já fe naõ acha tal differença , e fe obfervo. o Direito novamente
eftabelecido pelo dito Alfento. Livrinho ela Cafa do Civel f. 25. do Originai.
(<) No Alfento de 6 de Maio de 1512 fe faz mençaõ da Ord. antiga, a qual do
conte"to fe conhece fero Codigo do Senhor D. Affonfo V. no Liv. 5· Tit. 7· ~ · 5·
As palavras do Alfe'Bto, que fe acha no citado Li". f. 24 v. faõ as feguintes. A>S
VI de Maio de ISU t}Jando El- Rti No!Jo Se11hcr em Relaçaó f oi dtwidado , {<
poduia o pri11:eiro marido reconciliar f! mulher, 'JIU 1 vívt11rfo elle, ft cn :::.affi com
uutro mru·id'J fim avtr pena algu111a por a.f!y t:az.ar com dou r marid fJS , que pattritt
outra ifpede de mfllefi<io : e foi detuminado por Sua A ltez a, 'I'" 'f U01tdo tal cnfo
acontudfe, ptdindQ n primtiro 11/tlrido fua mulhtr, lbt f tJffi entrtg ue njj im rt)l/tO
por Ordenaça5 antiga ;,. determiu:zdo, 'JIIando a mulher ht arcufada d< jimpr.s
JJdulttrio. Ora
Se elles argumentos perfuadem qúe a primeira Ord~­
naçaõ Manuelina fora anterior ao dito termo , · ha tambem
outros da mefma natureza, cotn que fe pode moflrar que
ella fe naõ hávia ainda publicado em Agoílo de 15II. Por
quanto obfervamos geralmehte que os A !Tentos feitos antes-
defte tempo , quando fe referem a algum lugar da Onle-
naçaõ ,. fe explicaó !empre pelo termo de Ordenaçaõ fem
o epitheto d' antiga.ou nova, e que os lugares nelles cita-
dos fe achaõ con!lantemente no Codigo Affon!lno ; prova.
n1anifefla , de que ainda naõ exiftia outto na quelle tem-
po (a).
Defla maneira vem a fer mui verofimil a opinia6 do-
Abbade. Diogo Barbofa Machado , que affirma (b) que a
O r-

Ora a Ordeno~~ó antiga naó pode fer fenaõ o Codigo Affonfino no lugar ~itapo •
Gujo lheor he o feguinte: item fomos certo, que per uftmça antigafe acojlumou lon-
g a mtllft, fjlli! o marido , que acct'[ava a mulher de adultcri.fJ, lhe pr;día. perdoar,
~reconcilia,· em todo, o tempo ; c ln11lo rpte a.. pedia , logo lhe era. cnt,.egue , quando fá-
mente era accufada em cafo de fimpres ad ulterio. Porem Ma11damos , e pocmos po~
·Lry que aify fi cumpra , e guarde· da qui eln diante, porque acha"mos que talrifn71•
xa he guafi con_fLFrme afJ Direito tJmtzmunJ em fa7Jor do .Ai11rimonio. Do que ígua.J.-
mentc fe prova que o Affento, referin•do-fc á o,·d.m:çaú antiga, naó teve em vifta I
Lei alguma anterior ao Codigo Affonfiuo , mas o mefmo Codjgo, c.nde pela pri- \
me ira vez fe fe;. aquella declaraçap , por fer conforme naõ á OsdÓilaçaõ anterior,
mas á ufança, r analogia do Direito Commum. ·
(a) O Affento de2o de Dezemqro de T499, que applica a hum dafo fimil ante
a determinaçaó do Codigo Affonfino Li v. 5· Tit. 17. explica.fe neftef termos : s,.
guJJdo a Jbmm da Orden"ça6: Livrinho da cafa do Civel f. 22. v. O de 15 <le
Mar~o de r5 02 cita~ Ord, dofiv. 2. noTit. de como oJudeo t:oliverfo áflde
Jifus CIJrifk deve htrdm· a.feu Padre, e Madre : Tom. 3· dos Livros ined itos, pu-
lllicados pela Academia Real das Se iene ias de Lisboa pag. 582. O de 26 de j'vfarço
de 1505, que amplia a Legi sl a~ai) do mefmo Codigo Liv. 5· Tit. r6, ex rime-fe
por efras palavras: ulm1 das pmnr da Ordenaça"5: Livrinho, ibidem. UltimaJnente o
de 29 de Agofro de 1511 , que declara o Tit., 67 <lo citado Li v. 5 do mefmo. CÓdigo ,
ufa defra expreflàií: E 'I"'
nejla mmtdmft!-pratique a Órdmaça6 .' ibidem-f. z.}.
(b) Artigo Joaód'Liregas, Tom. 2. pag. 71'2. da Bibliot. L.u.fitana.
Ordenaçaó Manuelina fora im_preffa em Lisboa por J oaó
·de Kempis no anno de 1512: e por certo que a auélori-
dade de hum Efcriptor taó grave , e verfauo em no~
coufas , m,mca deveria fer defpre[ada , [em que razões
muito fortes o exigi[em ; quais naó podem reputar-fe as
-que _contra elle ordinariamente fe allegaó.
He vexdade ·que Barbofa molha ter ideas pouco exa- .
élas .da Hifl:oria da no(fa Legislaçaó , em quanto fe perfua;.
-dio que o Codigo ordenado por Joaó d'Aregas era o mef-
mo Codigo Affonfino , e que elle fe imprimirá em aquelle
anno de I 512 ; mas eíl:a falta de noticia de hum faélo an-
:tigo, e pouco averiguado em feu tempo, naó baíla pai'a ~he
«''egarmos o credito , quando affirma pofitivamente huma
·coufa, de que podia ter conhecimento, ou por haver viílo
algum Exemplar da pi"imeiraEdiçaó do dito Codig9, ou
.por achar a quella memoria em algnm dos livros, e mo-
numentos, de que fe fervia para a compofiçaó da fua obra,
-e que teve o defcuido de naó apontar.
Tarnbem naõ parece bafl:ante razaó rara duvidar deíla
auéloridade o defejo l que o Senhor D. Manoel mofl:rav~
'ile v.er con.cluida a mefma obra ; que1·endo dahi concluir·
fe, que o;; Compiladores naõ confumiriaó nella todo o tem-
po, que mediou entre .o anno . de r5o5 e o de 1512; por
que · efle efpaço naó deve parecer longo a quem attender
qu.e o Codigo Affonfin.o , mandado fazer pelo Senhor D.
Joa.ó I., fó fe acabem no_ Rei n~do de [eu Neto , e que o
methodo adaptado pelos Compiladores Manuelinos ( d~ ~
que logo fe tratará) ainda devi·a fazer a fua tarefa mais dif-
ficil e vagarofa. b 2 Aflim
.
XfJ

Affim como-naõ·deve· parecer demafiado o tem po , que


levou a compo!içaó do primeiro Codigo , tambem he pou-
ctl attendivel a reflexaõ , de que tendo apenas paffado·deus
annos depoi-s da fua p.ublicaçaõ, fe defle á luz huma nova
imprt./Juo com algumas cfJrrecfÕes, e emendas; pois que efl:as
furaõ provavelmente ele pouca importancia, \!Ífl:o que a obra
ficou ainda taõ imperfeita , como moftraó as con!ideraveis
mudanç.as , com que appareceo na fua ultima Ediçaó.
· Q1antD aos Auétores elefl:a nova reformaçaó do Codigo
Manueli.no, impreffa em I 54 , do principio de cada hum
de feus Livros confl:a terem fido o mefmu Chanceller Mor
Ruy Botto, e outros Letrados do Confelho, e Defembar-
go d'El·- Rei ; e parece muito natural que os focios do dito
Chanceller Mor foffem os me[mos , que a Carta, Regia ·
a c i m~ referida diz e_ftarem empregados nefta obra no an-
no de I 506 1 OS quais; aíJim como trabalharaÓ em fua com,.
po!içaõ , tr<Jba!h;triaõ igualmente em ·rua correcçaõ , e
e menda.
Reflaó hoje mui poucos Exemplares deftjl EdiÇ.aÕ,.e fó de
finco temos noticia., os 9_lol3.i~ fe achaó na Livrarià do Prín-
cipe Noffo Senhor, nu Re~l Archivo d~ Torre do Tombo,
na Livraria de Santa Cmz de Coimbra, na do Defem-
bargador Manoel da Cofl:a ·Ferreira , e na.. do lllufhi ílimo
M onf. Haffe, celebre pelo grande nume~o ele livro\ raros
I

e preciofos , principalmente no ramo da litteratura Por.tu-


guez a. A' fua generofidad~~ e zelo pelo progreffo das Scie~­
cias fe deve a co~municaçaó do .dito Exemplar , do qual
fe fez ufo para as nGticias, que foi· neceffario ex.trahir pa\a
a prefente E.rliçaõ. He

XIJ>J;

He o díto Exemplar imprelfo· em mui bom papel , ca,..


raéler redondo da quelle tempo, e muito bem confervado,
fcm mais falta do q·ue· a da terceira folha das primeiras
quatro , que naõ faó numeradas, na qual eflava impre!fo
e Frologo , de que , por fer clifferente do que he proprio do
Codigo de I 521' fe fez tirar h uma copia d' outro-Exem-
plar, para tambem fe dar á Juz.
Toda a obra h e dividida em finco Livros; dos quais cada
hum tem numeraçaú feparada de folhas . Nó encerramento
de cada Livro fe aponta a fua particular data, em que me•
rece notar- fe naõ fó que cada hum delles a tem diverfa ; .
mas ainda, que a dos dous primeiros he poíl:erior á dos ul'-
timos: fe ifl:o foffe fingular- em hum ou outro Exemplar, .
poderia prefumir-fe. que dentro de taõ pequeno efpaço de
tempo fe. te1:iaõ publicado diverfas Ediçõ.es da mefma obra,
e qll€ az:afo fe achariaõ huns LiHos pertencentes á P'rimei-
ra unidos a outros da fegunda·: mas comparados· entre fi os
referidos, Exemplares , em todos fe ·tem encontrado as mef~

mas datas . refpeélivas ; e por iffo .nenhum lugar pode ter


hum a tal conjeélura , fendo mais natural que cada hum ,
~ dosL i vr~s folfe encarrc.gado a diffcrente pefioa, e fe pu ... ·
?Iicalfe naó fegunrlo a ordem numerica , mas fegundo a
promptidaõ, com que feu Auélor o houveffe apprefen~ado.
O objeélo em geral de cada hum defles Livros he CJ

mefmo ! que havia fic.Io o do Cotligo Affonfino , e que de-


pois fe feg uio no Codigo de I52I, e ainda no Filippino-,
de que aêtualmente ufa·mos. Por tanto o Li v. L contem os
Regimentos das pefloas empregadas na adtniniflraçaó da,
J .ufli.,. .


XIlii

Jull:iç:t e Fazenda , aOim Magi!hados , cotno feus Of·


ficiais e Miniftros. No II. traéla-fe dos privilegias das
Igrejas, Moíleiros , bens , e pe!lo~s Ecclefiafticas ; do·s
Direitos, e bens da Corqa, e fua arrecadaçaó; privile-
gies, e jurifdiçaó dos Donatarios ; Capella~> , e Refiduos •
.No III. do proceffo judicial, c_ouíeçando pda citaçaó, e
diícorrendo .por todos os termos e autos delle até a fen-
tença final. No IV. dos contraélos, e fucceffoens. No V.
<los deliélos é ' das penas , com a forma e o modo de in-
firuir o ~roceffo criminal.
Porem, aindaque o plano e diílribu1çaó geral de mate-
r-ias foffe a mefma qne a do Codigo Affoníino , a execuçaó·
foi mu·i to differente; porque fendo a confuíaó do dito Co-
-digo hum dos principais motivos, que obrigara6 o Senhor
D. Manoel a mandar f."lzer efta reform açaõ (a), naó def-
einpenhariaó os Compiladores a fua commií.faó , fe tranf-
crevefTem pela meíma ordem as Leis , que nelle efl:avaó·
colligidas; eorilentando-fe com fupprirnir as revogada~ , e1
'Íilll'Oduzir as pofl:eriores nos lugares competentes.
Por tanto, bem qYe íe fervi!Tem par' afua obr:~ da maior
.parte das Leis , que acharaó na Ordenaçaó Affonfina , def-
• \ 1 Ímaó-fe comttido elo fyfiema ahi praticado , naó fó
1
Qtnittindo os nomes dos Auél:ores das ditas Le"s, ma al-
terando a ordem da col1ocaça6 dos títulos , e da diftri.bni-
ça6 dos artigos, que em cada hum delles fe continha6 ; e
deíl:a maneira viera6 a organizar tudo , como fe fofTe hum
Cmpo de Legislaçaó, eftabelecido pelo Soberano re\nànte,
e
(") Ruy de Pina: Chron. do s: nhor D. Vuarte ~ap. ?-·
1


e naó huma Collecçaó de Ordenações feitas por. d·iverfos-
Principes , e em differ'ente.s tempos.
Porem. , como nreuniaó de fragmentos colligidos de
lugares defvairaclos naó pode fo:mar hum todo exempto de
deformidade , por maior difcriça6, com Cj_lle fe faça a efco-
lha dos meímos fragmentos ; he muito provavel qne fe
eonh~ceffe logo a neci';Hidade de ap~rfeiçoar a nova Com-
pi laçaõ, mo(lrando a experiencia que el~"})elo methodo.
com que fora comporta. , tinha augment~ obfcuridade
e confufaô das Leis , , em vez de as pôr em maior clareza
e em mefhor ordem.•
Naó nos devemos pois admirar de que a Ordenaçaô,
Manueliua fahiffe já cof!'igida e emendada nefia fegunda.
Ediça6 de I 514; muito mais , ·vendo que ef1e novo traba-
lho. do- Chanceller Mor , e de Ieus Collegas , naó bafiou
' ainda p:ua fatisfa-zer o defejo, que ·tinha o Senhor D. Ma-
noel, de deixar hum Corpo perfeito. de Legislaça6 Patria . ;
empenho por certo digno de hum Rei , qué coníiderava·
a feliódade dos po-vos, como o monumento - mais folid0 e
ermanente de. fua gloria.
Foi tambem o reinado defie Príncipe mui fertil em n0•
vas Leis, e Regi rnentos , qtLe alterara6 no.taveln~ente a Ju..
r·ifprudcncia: Portugueza (a); e por coníeguínte cre~éia a
nereffiJade de as ·ínfe.rir na Compilaçaó , para mais facil:.
mente fe confervarem e conhecerern.
Eis-aqui as confideraçoens. E{lile o móveraõ · a recom-
mendar no teíl:ament~, que fez em 1517• que fe acabafferrt ·
de
· (a) Syllop. 'fpm. 1. pag . . l7 5. e feg,
:Xvi·

de cortigir ·os Foraes na fortna que havia tnandado , co~


·mo tambem as Ordenações (a).
Elle .porem teve a fatisfaçaõ de chegar a ver compri'dos
taó bons intentos ., publicando-fe a ultima r-eformaçaó das
Ordenações no anno de 152-1 1 que fo·i tambem o denadeiro
de fua vida.
E~e Codigo 1 que he -o meímo ·que agora fe reimprime,
foi effe6tivamen e publicado todo no dito anno, fem que
poffa fazer da a a e<i[uivocaça·ó , com qne Nos EAatutos
da Univerfidade fe affirma que os dous primeiros Livros fe
publicaraó em 1513, e os tres ultimas em ·rszr (b); p :J is
que 0 contrario [e prova, naó fó ,pela auél:oridade de Ca-
bede(c.), mas porque era.im,pofiivet·que te1~do o Livro li..
fahido á luz em 1513, nelle fe achaffem Leis promulgadas
·n a Chancellaria em Marçoe Dezembro de 1520 (d).
He certo que fó no fim do Li v. V. fe acha declarado o
ilia, , em que fe acab~u cle ·i inprimir por eflas palâvras ;' 'Foi
impre/Jo em a Cidade de Lisboa por Ja~obo Crõbcrguer Ali!:
maõ , aos onze dias do mez de Mat}O de mil e quinhento.s e
• I '

XXI annos: e que nos outros Livros {e naó encontra data,


I · \
rom de ·cada hum delles o lugar da \
1
referi.ndo--fe fórnent<::i no
impretraó, a 'faber o I, e IV. e:n Evora., e os de mais em
Lisboa, mas todos pelo mefmo Impreffor: que indica,
' \
ter o Cod·igo fido •acabado e publicado no mefmo anno, e
fó em raíaó da commíodidade do Editor impreíf? em diver-
fas Cidapes. ~ Hy-

(a) Soufa : Prov . da Hilt Genealog. da Cafa lt. Portug. Tom, l. pag. 333•
( b) Li v. I I. Ti\. 3. Cap. 9• ~ · 4· ' I ,
( () P art. 1. Dec. 2 r r. n. 6.
.(1) Veja-fe o Li v. z, '!'it, 37· ~ · 13. ibid. Tit. 47 · pr.
xvrr
Huma das maiores difficuldades , qúe te encontraõ na
Hiflori'a defle Codigo , ·h e affignar os. feus Auél:ores ; por.
que nem exifre a Lei , que o mandou ordenar, ou outr<~

documento , em que fe faça mençaõ do nome dos Compi·


!adores .; nem o mefmo Godigo contem em fi memoria
algu·ma ., de que fe poffa conjeél:urar, quem ·elles foffem:
fõ no fim do Livro V. achamos determinado , que os Li -
vros das Ordenaçqes naõ teriaó fé e au&oridade fem fe.
r-em alllgnado? por dous dos quatro Defembargadores fe.
guintes: e Doutor· Joaõ Cotrim ~ ·o Doutor Joaó de ·Faria,
o Doutor Pedro Jorge , e o Liceaciado Chrillcivaõ Eíle·
ves. Efla fimples nomeaçaõ feria certamente hum argu-.
menta de muito pouco pezo para fe affirmar, qúe fora~
~quelles os verdadeiros Auél:ores do Codigo ; affim como
~e ma:nifeíl:o , que ·o ·naó foi Mattheus Efieves , Juiz dos
Feitos da Fazenda, a quem o Senhor Rei .D. Sebafl.iaõ deo
emelhante auél:oridade para haver de af!ignar os Exem-
plares da Edi·çaõ de 1565. , Ha porem outras razões mais
attenmi·veis , para Julgar que ou todos os referidos quatro
lDefembargadores ,. ou ao menos alguHs del1es, trabalha-
aõ na dita obra,
Ja fica provado ., que o Chanceller Mor Ruy Botto fo-
ra desde o anno de 1505 hum dos encarregados de ordena.r
. o fyfletna do Direito Nacional, que o mefmo at:fociado
provavelmente com Ruy da Grâa e J oaõ Cotrim trabalha- .
ra na correcçaó pu·b licada em I 514. O Senhor 'Re i D .
. Man.~el, aindaque naó achaffe pe~'feitas as obras deites ho-
_tnens, e reconheceffe a neceffidad.e que tinhaõ de ferem
'C ainda
XVHI
:~inda eorregidas, t~davia levava moita a betn os feus fervi-
·ços, e reputav.a-os dignos de premio: portanto he muito
natural que aquelles ' que havia6 fido encarregados desde
o principio, e efl:ive!Tem capazes de trabalhar, .c ontinuaf-
fem a occupar-fe nefl:a tarefa até fe dar a obra por con-
cluída ; e trus eraó as circunilancias do Doutor Joa6 Co-
trim, hum dos nomeados ~a Carta Regia de xso6 para a
Compilaçaó do primeiro Codigo.
Outro dos Defernbargadores nomeados para fttbfcre-
ver os· Exemplares he o Licenciado ChFiflovaõ Efl:eves :e
fJ.Ue ellc f~ífe tambem hum dos Compiladores fe prova dos
apontamentos (a), que deraó .os Prelados do Reino depois
das Cortes <lo Senhor· D. Sebafl:iaó de 15-62 .. datados de
Lisboa a 17 de Fevereiro de 1563 .
.Apo11ta6 os Prelados primeiramente <'> que diz.iaó fe
na5 gua>rdava do.s quarenta Artigos acordados entre o Se.
nhor Rei D. Diniz e a Clercfia, c outros Capitulo& que
fe fizeraó em Cortes , que o Senhor Rei D. Affonfo V.
celebrou no anóo de 1455 , e 1456; e depois dits queixas
relativas a cada hum defl:es Artigos con-tinuaó dizendo:
, E o que agora parece aos Prelados , que vieraó a eflas
, Cortes , que por defcargo de fuas çrmfciencias, e pQr
, obrigaça5 , que a feu officio devem de lembra , he b
H feguinte. n
, Por-.
{n) Eíh ryoticia nos foi communi<:ada pela Doutor Joaó Pedro Ribeiro, Lepq:
de D)plomatica nefta Univerfidade , <JUC entre outras excc;lleptes copia• de rp.~­
Jlumentos raros e preciofos conferva huma dos citados Apontamentos, que afie era
fcr tirada do Original , que vira l'ffi cafa da herdoira d' Antonio Soares de M~n·
donça, no Li v. 3 s das Memorias para a Hiftoria. _, foi . 115; o qual com muitos Oll•
tros Originais fe dizia feparad~ para a Livraria de Sua Magellade,
xvnu

91
Porque . as Ordenaç5es do Reino feitas por man~
, dado d'ElRei D. Manoel, que fanta gloria haja ,
, por Chrijlovaõ Ejleves tçm muitas coufas contra o
,.. Direito Canonico ., e que féguido &c. (a)
Havendo pois taõ fortes motivos para julgar' que foi:aó·
Auaore~ do Codigo d.o,us _ dos auétorifados para fubfcre- .
ver os Exemplares, parece fe devem con.tar no mefmo nu-
mero os mais, a quem fe fez a· mcfma l;wnra ; principal-
mente, obfervan,do-fe que o Senhor D. Joaõ III. por feu
Alvará ,de 17 de Julho~ de I5-33 nomeou para iubfcreverem,
os Exemplares da< nova Edi.çaõ , que meditava, dóus d'en-
trc efl:es mefmos ; a faber, .'o Doutor Pedro Jorge , do feu
Confelli\0 , ·e. Chanceller da Cafa do Civel, e .o Doutor
Chrifl:ovaõ EO:eves, Defembargàdor do Paço e Petições •. ,'
Em quan.to porem nos· p€rf~:~adimos , que trodos efl:es
Defembargadores tiveraó alguma parte na compofiçaõ . do.
Co~go, naó negamos que nelle trabalha!Te affim o Chan;-
~eller Mor Ruy B-otto, como o feu fucceffor Ruy da Gráa.
Os Auétores de(l:e Codig,? feguiraõ -tambem Ó plan~
os anteced~rites ; mas_ fi.zeraÕ' nelle naõ f6 aq uellas· altera-
C2 ções,

'(a) Dell:a affitmaçaõ dos Prelados naõ fedeve deduzir, que elles reputavaõ·Chri-
fl:ovaõ E!l:cves unico Aué1:or da Compilaçaõ ; ma~ que julgavaõ, que elle tinha ti-
do parte na abra, . ou talvez, que, fendo o Li.v. 2. das Onf. affento dos lugares
de que elles feaggravavaõ, nomeaffem o Compilador, a quem tiveffe toaado por forte
Q~denar o mefmo Liv. Nem fe pode acreditar, que huma rcformaçaõ de tanta
impmtancia foffe enca~regada a hum fó homem. , por maior que foífe a fua au-
é1:oridade, , quandQ para a fimples correcçaõ de 1514 fomõ D eputados co')' D
Cl1ancellcr Mor Ruy. B'ottoJ outros LetYados do Ce>nfelllo e Defembargo d'EIRei.
~alquer defhs conjeé1:uras tem mais proba.Dilidade· do que a fuppofiçaõ , de que
homens in!l:ruidos ignoraífem il.um faél:o taõ reccnLe; até o ponto de imagi 11are1n
'lUI\ ,era Aué1:or aqu,e!le, 'lue fimplesmente fubfcrevera os Exemplares.
XX

~óes ~que ex.igiaó as mudan·c;.as polleúore~ , · pór que. tinha:


paffado a Legisl.-açaó, mas aind·a outras, rel'aüvas á difl:ri-
buiçaó. das mefmas materias que con:fervaraó , como he
facil ver da· fimples confrontaçaô dos feàs lndices. Por
ella. fe conhece que nas Ordenações de I 52 I fe transferi-.
raó' varios Títulos para differente. Livr-o ; que fe fuppri~

miraó alguns (a) , e fe accrefcentaraõ outroi em maior


numero (b) ; que h uns fe di vidiraó , e outros fe ajuntaraó ;
e finalmente,. que rios mefmos Titulas, . que os Compilado-
res transcreveraô, [e . inferiraó. Anigos, que naó vinhaó no,
Codigo antecedente (c), os quais foraó hurnas vezes co-
piados , ou extraél:aclos de·Leis· pon:eriores, e outras nova-
mente formados pelos mefmos Compiladores.·,.. como logo-
haverá lugar ele f e m.ofl:r.a~-.
Efl:as muda~ças faó pela maior- parte feitas com diferi-...
ça& e acerto; pofloque tambem haj_a exemplos do con-
tra-

(a) OTit.32 doLiv.z.de t514.falta nade r521; porque afuamat<riahavia


palfado para o Cap. 127 do Regimento da Fazenda do rsr6. O Tit. 33 do mef-
mo Liv. conftituia o Cap. 190 do.mefmo Regimento. Os Tit.34d)oe 36
os Cap. 67 , lJÇ, 106, 259 , 174. Do Liv. 3· 'f~Itaô os Tit,' 37,55 , . e 90,
que paíf~raõ para o dito Regimento Cap. 209, 2110.
(b) Li v. r. Tit. 40, 42 .S4• 76, e feg. Li v. 2. Tit. z, e 3, 28, 44• e feg. Li v. 41
Tit. r 5 , (ainda que de fua ma teria fe falle uo , §. final do Tit. 17 ~~ C:odig.,
de1514) Tit.39 até43, eTit, 82;.DoLi~ .. s.faõnovos osfit. J8, ,39•40r
57 ,s8 >59, 70, 8o, 82,. 96, 97, 109. •- \ .
(c) DoTit. 3 do Liv. J. da Ord. de 1514 fe formaraõ o 3 c 14f na de r:su: o
Tit. 3 g -da de 1521 correfponde ao Tit. 33 do Li v. 1., e 32 do Liv. 3· na de 1514 ..
wja mate ria fórrna o§. 10 elo dito Tit. 38:- ao. Tit-. 44 o Tit. 37 do mefm.,
Li v., e· 53 do Li v. 5 : a mateda do Tit. 56 he· cornpofta do Tit. 45 ibidem, e
dos Tit. 66, 67, 82. Ao Tit, •15 do Liv . z. na de I·S2I correfpondem •os Tit.
~5 do mefrno, e 57 do Liv. 5· Ao Tit. 12 do Liv. 3· carrefponde o 14, e 15
do mefrno Liv. Ao Tit. 13 o 13, e36. Ao r4 o 23, 38, 39· Ao rs o 6, e 48.
Ao 37 o 4-3, e -4:5· Ao 5? o.6g, e 7-7• Ao Tit. 71 o 8o, 81, 83, 87, S"S, ~9>,90•
XXI

trario , ja por terein deixado algumas coufas em lugar~s


pouco proprios , ja por terem tirado outras do feu verda-
deiro affento , para as collocarem com menos exaélidaô.
Em nenhum defl:es dous Godigos. do Senhor o.: Ma-
noel que comparamos , fe encontraó vefl:igios do Regi·
mento da Guerra, nem dos Ç)fficiais Mores da Cafa Real,
que -formaó. os ultimas Tit. do Li v. I. do Codigo Affon-
fino. E como naó confl:a, que os ditos Regimentos tivef-
em !ido revogados , efta. falta -faz mui provavel a conje-
él:ura , de que- elles naó fazi:aó parte do referido Coe-ligo, e
: ue foraó accrefcentados por algum Copiíla a'O MS. da.
C'!~ara do Porto ,, uni c~ exemplar, em que tem appare-
ci,do. (a.).
A Legi"slaçaô refpeéli'.'a á tolenmcia dos Judeos do
iv. li. 'do mencionado C_od.ígp do Senhor D • .Affonfo V •.
alta em ambos os do Senhor Rei D. Manoel :e comeftei-.
o. em nenhum··delles podia ter lngar a dita , Legislaçaó , .
. orque he bem. fabido, que depois de · ouvidos diverfos-
pareceres prevalecera em feu Confelho o de fazer expul-
ar deftes Reinos e Senhorios todos os Judeos·, e Mouros
forros , que na6. quizeff~m converter-fe á fé Chriílãa , e
sue· nefta conformidade no mez de Deze~bro de 14-96 ,.
fiando ElRei.em Muja, fe lhes ordenara que ou fahiffem,
o Reino , ou recebeffem a agoa.: do Baptísmo ~té o fim.
Outubro-doanno feguinte de- 1497 (h); tempo, em que-
ainda fe naó havia formado o, projeél:o de ordenar hum no-.
V6 •

(.a) . Veja-fe a Prefaçaõ do dito Codigo pag. 15.


(bl Chron. de Damiaõ de Goes ~- 1. C •. li·
:XX'fi

'VO Codigo. Pelo que em ambos elles (a) fó fe encontra a


dita Lei, q ue a1Iim impôs alternativa aos que profelfavaó
alguma d'aquellas feitas. (b)
El1:as obfervaçoens mol1:raó que os Compitailores foraó
au8:orifa.dos para alterar a ordem das materias ; Iuppri-
mir a Legislaçaó revogada , e accrefcentar a. nova. Mas.
. " ellas naó fixaó ainda exa&amente os limites da fua com-
miífaõ, pará ·cujo conhecimento cumpre indagar , fe
porventura , alem · do dito poder, tiveraõ tambem o de.
emendar a Legislaçaõ exiflente , e de augment<llr , ou di-
minuir o que lhes pareceífe conveniente em aquellas mef-
·mas Leis, que el1:avaó em aétual vigor e obfervancia. A
queflaó feria mui facil de decidir, fc exifl:iffe a Lei, por
que lhes foi dada a dita cõmilfaõ ; mas apezar da falta deA:e
monumento• pela combinaçaó de outros lugares fe pode
·conjeéturar com muita probabilidade , que os Compila-
·dores Manuelinos naõ foraó meros recopila~ores da Legis-
1açaó já eíl:abelecida , roas que feus poderes eraó mais am-
·.p los , e- chegavaõ a comprehender o de a emendar·, e
-corrigir. \
As razões, que há -p~ ra affim f e prefumir , faó I ,o por \
I

·que era Ú1UÍto 'natural, que a referida _cómiífaó .foffe ~na­


ioga 'á que fe havia daqo aos qu,e trabalharaõ ':por ordem
dp . Senhor D. Affrmfo. V, os quais fem du.vid_a< tilveraõ po-
' . \ \
·deres deíl:a natureza , de que fizeraó ufo , limitando , de-:
ela-.
(a) Liv._2.1Tit.48do ·Cod.dexsr4: Liv.z.Tit.4xnodexp.r . _ \ '
( b) He digno de fe notar , que feAdo ge ral a determ-inaçaõ , de que faz- mençaó
o Chronifta no ·cod. de 1514, Ú;mente fe falia nos Judeos, c nefte de I)'l.I fc
eomprehendem os Mouros forro~.
XXIH

~!arando , ampliando , ·e corrigindo as Leis que colligiaó , ,


e formando de novo muitos Títulos, extrahindo huns das
Collecçóes de Direito Romano, e Ecclefiafl:ico , ou das
doutrinas dos Gloffadores , e formando outros por feu pro-
prio arbítrio , tudo em nome do mefn1o Senhor Rei D .
.Affonfo V. (a)
Ora defejando oSenhor Rei D •.. Manoel , que o feu o

Codigo naó fo!fe huma mera Colleça·õ .das L eis publicadas


até o feu tempo' mas fim hum fyfl:ema completo e bem
ordenado da Legislaçaó ; era mui verofimil, que conce-
de!fe aos Jurisconfultos , para elfe fim deputados, os mef-
mos poderes, e auéloridade, que em tempos atrazados . ,
hav-iaó fido concedidos a outi·os em iguais circunfl:ancias.
2. 0 Pela auéloridade de Damiaó de Goes em ambos os .
lugares ja citados (b). Diz elle que o Senhor D. Manoel
andara reformar as Ordenações do Senhor D. Affonfo V.
nas quais rrwndou diminuir , e accrifcmtar tudo aquil/o, .
ue pareceo neceffario para o bom regimen/1} do Rrgno , e or-
'tlem de 'Juflifa , no que Je trabalhou muito , e tanto tempo. ,
gue foi a mor parte do que el!e regnou : e no outro lugar diz, _
t] lte o Senhor D. iVlanoel mandara reformar as Leis~ Or-
enafÕes antigas do R egno , e accrifcéntar nellas algumas ·
coujas, que J.he pareceraõ _necejfarias. Daqui pois fe. pro- .
va, que a intençaó do-Senhor Rei D. Manoel na6 era .
fi mpl~smente reduzir a melh.or·ordem as Ordenações anti-
. gas, e outras Leis feitas por elle mefmo, ou por .feus Au-
guftos ·
(a) l·le fuperfluo referit· exemplos , qu_c fe cncontraõ quaíi em cada pag. do re.
ferido Codigo.
(é) P arte ·I. Cap . 94: ·Parte 4 •. Cap. 86 • .
XXIIII

.guílos Predeceffores , mas que tambem queria corrigir, e
emendar o que .pareceffe digno de reforma; e accrefcentar
novas providenc-ias fohre os cafos omiffos nellas. ·
3. 0 Porque no Pro'logo, ou Lei de 'Confirmaçaó '· que
fe acha no principio de fuas Ordenações, refe-rind~ o Se-
nhor D. Manoel as razões que teve para mandar reformar · .
~s antecedentes ; diz na Ediçaó de I 514: Determinainqs -com
Qs do nofso confelho, e le1er(Jdos, reformar ejlas Ordenações,
e fazer nova ·compilaçaõ : 'tirando todo Jobejo e Juperjluo :
emaddendo rtll minguado :Juprindo os difellos: concordando as
contrariedades: decrarando o tjcuro e dijficel: ~le maneyra
que tif~y dos /eterados como de Íodos fe pofsa bem e perfeita:..
mente entender. E na de 152t diíl affim : . Porque nas Or-
tf,mações pelos Reys nofsos An·tectjsYJres , e por Nós até agú·a
feitas, -a muitos cazos naõ era provido , e em t~lgumas havia
I
. ·diverfos entendimentos. Ora como·fe daria remedio a qual-
quer deíl:es inconvenientes , fe a alçada. dos Compiladores
fe limitaffe á mera ordenança .das Leis exillentes ? Como
fe evitaria defl:e modo o mal , que reiulrava da falta de
Leis , que acautella!lem certos calo ? Como a perplexid~...
d~, ~ue nos Juize~, Advogados, .e a.inda part~cular.es, ha~\
v1a caufar a obfcundade, ou ambJg';udade ,. com que eraó·
·concebidas algumas dellas ? \
4. .A eflas prova.s fe podem ajuntar as q e te tira·ó do
0

1 '
ufo, que os Compiladores effeétivamente fizeraó defl:a li-
' .
herdade , irítroduzinflo alguns Títulos, e §§. ~avos, que
nem fe encontraõ -nos Codigos mais antigos, ne efl,1 Leis
pofl:eriores , e que, paios termos em que faó concebidos ,
· fe
XXV·

re conhece claramente haverem ficlo nrtígos accrefcelltados


por elles á fua Collecçaó, o que parece moíl:rar-fe dos
exemplos feguinte~.
x.o Huma parte do Titulo 65 do Livro I. deíl:a
Compilaçaó, a que correfponde o Titulo 58 na de 1514-. ,
he JJOVa, efpecialmente as providencias dadas aos §§. 3 é
.5 , dos quais mui particulaxJ,Uente o 3 fe mofha fer obra.
dos mefmos ·Compiladores, e providencia tendente a ·evi ..
· tar o abufo praticado até o tempo da publicaça6 _do Codi-
go, e fe vê das palavras: Como até aqui pralicavaíJ por Jazer

:i,,o A providencia dada ho §. 6 do Titulo 67


ao ·mefmo Livro , alem de fe na6 encontrar no lugar·cor..
, efpon·d-ente do Cudigo de 1514, que he o Titulo 6o, vê-fe
anifefhmente haver fido áccrefcentada pelos ultimos
ompiladores ; porque determinando-fe no §. feguinte ,
ue a obrigaça6 impofht ao cabeça de cafal de dar a in-
entario os bens , que ficar~m por morte de hum dos con-
'uges, que deixalfe filhos ·-orphaós , debaixo de certa pe-
aa, tem lugar naó fo a refpeito do futuro, mas tambem do
preterito , fc ajunta logo a declaraça6 feguinte: Nos cazo-s
pajjàdos damos lugar para que as Jobreditas p1foa• , que naã
tiverem feito inv7!nlario:r , os ditos os pojfr1õ fazer da pubri-
caçaií dejla Ordenaçaõ a quatro mezes ; e nom os Jazendo nr;
dito tempo , e pelo modo Jobredito, encorreraõ nas ditas penas:
o que feria inepto , e fuperfl.uo declarar-fe , fe comeffeito
a dita clifpofiçaó e fançaó eíliveffe já efrabelecida ,p or Lei
.anterior.
z.o o
"

XXVI

3.o O modo- por que faó concebidos os Títulos 7'1.


c 73 do mefmo Livro , de que fe naó encontraó velligios
no Codigo de 1514-, dá bem a entender que elles faó in-
teiramente novos; o que igualment~ parece fe deve affir-
mar do §. 4- do Titulo 74-; poisque fe lhe naó acha a.
fonte no dito Codigo antigo , onde efte artigo de Legis-
laçaó tem aífento no .Livro 1V. Titt~lo 5 ; e a daufula fi-
lial prova , que elle fôra aqui accrefcentado nas palavras:
E o que ja ao tempo da pu.bricafaÕ dejla OrdenafaÕ tiver tal!
ifjicio Jerá obrigado a ca;;,ar dentro.' de hum anno da pubrica-
faÕ del/a Job d dita pena •.
4-. 0 No §. final do Titulo 35 do Livro H. clara-
mente dizem os Compiladores , que aquella Ordena·ç aó·
contem artigos naó fómente novos , mas ainda contrarias
ao q_ue fe acha determinado no Regimento dos Contado-
res , font€ da mefma. Ordenaçaó, mas que todavia os ditos -
artigos fe deviaó obfervar como ahi fe contihhaó , e que
fó fublidiariamente fe devia rec?rrer ao mefmo Regimento.
5 ,o A clauful~ final da rubrica do Titulo 4-7 do
mefmo Livro , e os §§. I e 2 que lhe c0rrefpondem , pa-·
\
recem inteitamente noyos ; Forqua•n to fe tudo foífe tira- \
(ilo da Lei, que ·ahi fe diz publicada na Chancellaria a .
3 de Dezembro de 1520 , ou de q·l!lalquer 01:1tra , naól dei-
·a
. h.lO
~ar1a tambem de r dec Jarar
1e ' ; alem qc qull! \a maneua,

por que a dita Legislaçaó he expofta, bem indica naó fer
eHa mais q.ue huma d~:claraçaó accrefcentada pelos Com-
piladores, para decidir a du.vida, a que a .dita Lei compila- .
da poderia dar occafiav ..

I
\
:XXVII

Seria facil ap6ntar outros -exemplos do ufo que fizeraô


efles Compiladores da faculdade, que julgamos lhes fai da~
da para alterarem a Legislaçaõ eíl:abelecida, e para lhe ac-
crefcentarem novas difpoúções ; mas os~ ue fica·õ referi-
:d os faó certamente os que baO:aó , para provar que elles fe
- ferviraõ da dita faculdade, todas as vezes que lhes parece(}
conveniente~

Pelo que refpeita ao merecimento deO:a obra na6 fe po ...


de negar, que nella ha defeitos proprios do tempo em que
foi compoO:a , e da Legislaçaó que lhe fervia de fonte, e
que ha outms nafcidos inteiramente do defcuido de feus
Auél-ores. Saó proprias do tempo as o-piniões fundadas em
ideas pouco exaél:as de Direito Publico ; porque a igno~
' ranéia dos .princípios dcfle Direito tinha introduzido ge-
ralment6 as ditas opiniões , as quais fe achavaó já ado-
hdas nas Leis antecedentes. Tambem fe deve attribuir ent
grande parte á mefma caufa a falta de ordem queja nota-
os ; poisque as regras do methodo naó eO:avaó ainda na
,perfeiçaõ, a que ora tem chegado.
Com os fragmentos das diverfas Leis, de que efl:e Co ..
igo foi formado , paffaraó para elle frequentes vezes ·pa..
avras e exprefsóes, que· eraó antigas no tempo de fua pu ..
licaça<í , e que os Compiladores náó tiveraó advertencia
<de corrigir.
Alem diO:o , poíl:oque feja pda maior parte efc,rito
com muita pur~za, e com a elegancia propria do allum~
}Jto, naó deixaó de fe lhe achar huma ou outra vez :i!lguns
defc!lidos 1 e faltas de exaél:idaô grammatical. Finalment~
dl ~
XXV. I l i

a repetiçaõ fuperflua de alguns artigos he oÜtra-imperfei-


pó procedida da negligencia , e que jufl:amepte merece
cenfurar-fe (a).
Apezar defl:es defeitos devem as Ordenações do Senhor
D. Manoel confiderar-fe como obra de muito valor; prin·
cipalmente, fe fe compararem com os Codigos das Na-
ções mais civilifadas da Europa em aquelle tempo , nos
quais_ fe acha6 geralmente levada:; ainda a maior exceífo as
doutrinas dominantes ; fentlo alem d~fl:o o noífo hum dos
mais bem ordenados, e dos·que melhor regulava6 a fórma
da adminifhaçaó da jufl:iça, e venuo-fe que a fua Legisla- .
çaó criminal , pofloque excefEvamente _afpera, naó era
ailim mefmo taó dura e defapiedada, como a que nos ou-
tros fe havia auoptado.
Defie Codigo, acabaâo de imprimir pela primeira vez·
a ~I de Março de I 52 I f e fizeraó depois mais tres Edi-
,

ções , fendo a fegunda publicada em Lisboa por Germa6


Galhardo Francez a 27 de J ulbo. de 15.26 , reinando o
Senhor. D. Joaó III. Efl:e mefmo Príncipe encarregou hu-
ma nova ImprelTaó a Luiz Rodrigues, feu Livreiro, pelo
Alyará já·acima referido de 17 de Julho de 1533; decla- \
rando que , para os I~xemplares merecerem fé e credito , 1
devcriaó fer ailignados pelo Licenciado Chrifl:ova6 Efl:eves
da Efpragoza , feu Defembargador do Paço e Petiç'oens ,
e

{a) A- fórma do juramento para o Regedor da Cafa da Supplicaçaó (Li v. I.


Tit. I. ~· z. ) he fuperftuamtnte repetida no me fmo Li v. Tit. 29. ~ · z. para .o
Governador da Cafa do Civel ; entretanto que no ~ · 6. do mefmo Tit. :>.. fe pre.-
fcrcve a fórma do juramento , que devem dar os Corregodorcs , e outro&· Magiftra...-
QI)s, com mui!faõ á fórma dada no §. 4 ;n11tatf1 mHiamlis, .
XXVIII I

e pel o Doutor Peclro Jorge, do feu Confelbo, e Chancel-


~r da Cafa do Civel. Naó teve porem o dito Alvará feu
pleno effeito , pois naó apparece Ediçaó alguma por Luiz
Rodrigues ; e fó no anno de 1539 foi p_ublicada a terceira
Ediçaó por Joaô Chrombeger, e~ Sevilha )antes de cujo
J?rologo fe lê o Alvará mencionado.
Finalmente , durande a minoridade do Senhor Rei D.
ebaftiaó, no anno de 1565 fahio á luz pela quarta vez ef1e
Codígo, impreífo por Manoel J oaó em Lisboa, a que vem·
unto hum Alvará do mefmo Senhor , que cõmette do
mefmo modo a ailignatura dos Exemplares ao Defembar-
g ador Mattheus Ef1eves, Juiz dos feus Feitos da Fazenda.
Aindaque foífe incontefhrvel , que as tres ultimas Edi-
ções naõ eraó mais doque copias da primeira , antes de fe ·
omeçar efta houve o éuidado de averiguar a verdade do fa-
o por meio da mais exaéla confrontaçaõ de todas as qua-
ro Edições, e fe concluio que os reimpreffores naô fizeraó
m ais do que copiar a primeira Ediçaô , a qual nenhuma:
Clas pof1eriores iguala em nitidez , e correcçaó ; e poriífo ·
oi ella a que fervia para efla nova imprefTaô, a qual fe pro- -
urou fazer com a maior exaélidaõ pofTivel , tomando fó a
tberdade de corrigir os erros manifef1os de typographia, ds.
fu bfl:ituir a pontuaçaó moderna á antiga , de fazer ufo fre~
~uente de letras maj ufculas, e de fegu~ h uma orthographia·
menos varia , mas fempre conforme a que fe acha mais
geralmente obfervada no Original.
Para que as correções, por mais neceífarias que fof.:.
fem_, fe fizeífem com acerto, tivemos femp.re o cuidado de
COil-·
XXX

con.fultar naó fó as outras Edições, (em que com~IFeJt.o


achamos coallantemente repetidos os mefmos erros ) mas
tambem o Codigo de '~5I4·, e o po Senhor D. Affonfo V,
nos luga11es, que eraó fontes do ,que fe cleúa emendar ;
recorrendo igualmente ~o Codigo Fiüppino, q.uandg o di-
to lugar fe havia trasladado para elle. (a)

· (a) De!h maneira re!ütuimos a palavra Julgadur, que faltava no principio do


Til. I. do Li v. 3•, pela acharmo• no mefmo Livro e Tit. do Codigo Filippino,
'}lle he h11ma copi; ~ol do refewlo lugar.

'\
\

F O N'-
FONTES INTERNA$

Do Codigo Ma.nuelino de 152 r..

SENDO o Codigo· do Senhor D. Manóel, o'ra teimprer.:


fo , hum do·s mais incf.ifpenf.aveis f:utbfidiós pa:r,a a inter:pre•
taçaõ das Ordena<;ões eonteúdas na Compilaçaõ Fil-ippiAa,
deve contribnir ' muito para eífe utiliílimo fim tudo o que·:
facilitar a intelligencia de certos lugares àa düa-Cotn·pila-
põ, que fe achaõ mais inteir.os.em alguma 1las a-nteriores,,
9U nas Leis·extravagantes • que lhe fervira·ó de fonte.
He po~·etn tarefa difficil e laboriofa o dercobrir efta:s•
fontes ,. ailim porque a ordem e colloGapó das materias he-
diverfiffima. em cada hnm d0s t.res Codigos antigos , que.
hoje reílaó , como porque as Leis ex-travagantes , d'e E[Ne
FaÕ immediatam:ente derivad0s muitos a-r.tigoo dt> u•lti'mo , .
ordinari,a mente manufcritas , fie achaó fótnellté em alguns~
·rchivtJs , a que naó ' tem• fácil acceífo a maior parte dos
:ue fe da0 a eae gen~ro de indagações. Mas a utilidade;
~U:e fiaílicliofo é arcluo trabalho fez com que algun·s inve-
fi~gadotes das antiguidacles Civis de Potfugal o emprendef-
:em , dilliuguindo-fe entre todos o Doutor Joaõ Pedro·•
i beiro, Lente de Di p'lomat-ica neíla·Univetfidade , o qual
tem vi fitado e revolvido com toda a diligencía os €a-rtorios D•
em que fe achaó depofitadas noifas Leis ailim antigas co-·
mo mod·ernas ; e naÔ' fó tef!l anauj<ado riquiffi tnas· Collec..:.
ç6es de humas e outras , mas em todas co'lloçado recipre•
cas r_emiffoens •..
Das
xxxn FoNT. ' INTERN. Do C. MAN. DE 152r:

Das -fuas memorias , por elle mefmo communicada9


com a maior franqueza , nos fervimos , principalmente
para formar o Imlíte , que fe fegue ; e fazer allim mais
prÇ>veítofa ao publico eftà reimprelfaó.
·Todas as vetes que reconhecemos haver correfponden•
cia entre hum Titulo ou §§. defte Codigo com outros nos
li_Iltecedentes , ou Leis clCtravagantes anteriores á fua pu~
blicaçaó , fizemos huma fimples remiífaõ , pondo na pri~
meirà colunna o lugar defte rnefmo Codigo ; na fcgunda
o que lhe correfponde . no de 1514; na terceira o do Se·
nhor D. Affonfo V. ; na derradeira as Leis extravagantes ,
Artigo? de Cortes, ou A!Tentos. ·
Havia porem alguns lugares , que te naõ podi~ó coníi-
qerar como fontes, ou .que ao menos tinhaó fido muito al·
~erados pelos Compiladores do .ultimo Codig9 , os quais
todavia podem fervir de algum modo para illufl:raçaõ , e
poriífo os apontamos , porem marcados com aflerifco.
~ando hum ou mais Títulos dos differentes <::odiggs
c_oq-efpondem entre li , contentamo-nos de os apontar fo-
mente, aindaque a _ordem dos §§ \ tiveífe fido alterada
1
Acontecendo poret~ , que alguns §§. deiTes mefmos Titu·
los fo!Tem derivados de outra fonte, tivemos tambem cui-
1
dado ·de aponta-la , por parecer que allim era necelfario ,
para facilitar o trabalho dos efl:udiofos. \
Como a Synopfe Chron. he hnma obra que , fendo de
tnuito ufo n.efl:e gene:ro de eíl:udos , deve 'a ndar' nas ma6s
de todos; pa~a ella enviamos os Leitores, todas as 'vezes
que ahi fe acha cotnp1~ndiada alguma das Leis extravagan·
te~·,
FoNT. lNTERN. no C. MAN. DE J52I. XXXIII

tes, e que p-or meio della podem os mefmoi ~itores achar


as intregas das mefmas Leis.
Igualmente nos referimos ao Tom. 3. 0 dos Ined. pu ...
blicados pela Academia Real das Sciencias de Lisboa , ou
a qualquer outra obra impre!Ta ' em qu.e fe encontraó al-
gumas das fobreditas Leis. Mas a noticia das que efcapa-
raó aos AA. defl:es Livros deve fer bufcada nos Regifl:os
dos Archivoii publiços, fervindo para i!To o apontamento ,
que fazemos delles ; entretanto que a Univeríidaàe n~é
en~he o feu vafto projeél:o de publicar toda a Legislaçaó
antiga de Portugal: ·
Naó podemos ·a !fegurar, que efl:e lndice feja taô per-
feito, qu:: ac<:ufe todas as fontes, de que efl:e Codigo foi
derivado: o que porem affeguramos he, que puzemos todo .
o. cuidado em que nenhuma das remiffoe-?s foffe mentiro..
a , porque no cafo de o ferem , longe de aproveitarem a
quem dellas fe fervi!Te, lhe tornaria mais diffiéil e embara-
ado hum exame, ·que nós inculcamos e recómendamos
uito aos que fe quizerem dar ao eftudo analytico do Di·
reito do Reino .

LIV ..
LIVRO I.

Extravttg.
Tit.·li. Ti.t • .1. T.it. 'I, * C art-.de ~3 de Julh. an.
de .1452, e 19 de Outub. de
1473 ., e Cart. a f. 29 v. do
liviinho da Cafa da Suppl. ,
:Ined. daHift. Portug. t. 3•
pag. 562.
§. 8. • * Cart. ders-d'Abr.ôe I5I'9•
.S:Ynopf. Ohron. t. ~. pag.
234• .
- * Aíf. de 26 deJan, de 1478,
. -.!oporem •e outl'os a f. 2.6 v. do livri-
nho da ;Cafa da Suppl. , e
tde 21 de Novemb. de 1-4-76;
. Ined • .da Hift. Portug ..t. 3•1
I
P~· 538 n. 12 e pen.; Sy- \
nopf. t. I. pag . .no. ,
Ibio, v. Bnos - Aff. 1<1. , fem data , do Se-
outros nhor D. J oa6 II. na Syqopf•
. I
Chron. t. 2. pag. 305, e o
de "12 de Janeiro àe 1478.
Aff. fem data , no livrinho
da Cafa.- da Suppl. f. 51 ';
lned. t. 3• pag_. 572 n. 24;
;J!; Aff. de 14de Fev. de 1478,

L.ea~ P. x. t. 5· L. 4·
Fo.NT. !NTE.RN. no C. MAN• DE ·1521. :x~xv
LIV.I.
I 52 r, 1 s14. Aff. ExtraV,ag.
• Synopf. Chronol, t." 2. pag.
305 ; Ined. da Hifior. Por-
tug. t. 3· pag. 572.
§, 27·V• A Aif. do ai~. de 1457, Jan, 4-,
é fJ«and(J livrinl;o da Caf. da Suppl.
f. 21 ; Ined. daHifl:. fg(t.
t. 3· pag. 551•
• O mefmo , 2. duvida.
- * Aff. ne livrinho da Caf. da
Suppl. f. 1:1 v. ; Synopf. ·
Chron. t. 2. pag. 305.
§. 34· - * Ord. de 31 de Março d~
I so6 i Corp. Chron. :p. 3·
M. 3· D. g--; ,
* C. R.
ní\ Synopf. Çhron.
t. 2. Ng· 307.
- *C. R. iqiQ.. pag. _3 o8.
- * Aff. no livrinho da C~f. da
Suppl. f. s6., nf\ Syn.Chroq.
t. 2. pag.3o5; lqed. da Hil.l.
Port!Jg. t. 3• pag. 576.
it. 2. Tit. 2. Tit_. a.
- Alv. de IO de Dezembro
de .1518 ; ~ynopf. Cbr91}•
t • .,:. pag. 231 •.
l'i.t. 3·
I
Tit. 4· Tit. 4-· * Alv. de 4 ds: Fev. de Xff-90)
§·7·~ fe~. ibid. pag. 127. -
C2
xxxvi FoNT. lNTERN. DO C. MAN. DE 1521.
LIV. I.
152 r .. 1514. Aff. Extravag. ·
T.3.§.xt. - *Alv.de27deMaiodei5Y-'?•
ibid. pag. 218.
- AIT. no livrinho-da Caf. da
Suppl. f. 24 ; lned. da Hiít .
Pormg; t. 3· pag. 555·
.
§.IJ. - *C.de13 de_Nov.de 1478,
P. H. G. t. 5· pag_. 461.
·Tit. 4· Tit.4.pr.
§§. 1.'2.3·
4·5·e6.
§. 7· - * Alv. de 4de Fev. de 1490;
Syn. Chron. t. x.pag. 127.
• *Alv. de 26 de Jul, de 1516
f. 39 D. N;L.
Tit. 5• - Tit. 5.e Tit. 5· * AIT. de 5 de Fev. de 1488;
L. 5 .t. 5 2. Syn. Chron . t. r. pag.124; 1
. I
e 105.
:Princ. e
§§. feg. T. 105.
§·.7· L.5.t.52. L. ·~.t.56. I
I
e L.x.t.5.pr.
§.8. ~ * Aiv. de23 ele J J de 151 ,
ibid. pag. 172.
L._s.t.63.
§+
- AIT. de 15 de Janeir. anno
~e 1443, ibid. -pag. 30.
FoNT. lNTERN. Do C. MAN. D.E 15 21. xxxvn
LIV. L
1521. 15r4. Aff. Extravag.
T. 5. §. I 5. * A !f. de 5 de Fevereir ..de
1488 , ibid. pag. I 24.
,: Tit. 6. Tit.6,e Ti.t. 5· *Aíl'.dc6de]an.der486,e
L.5.t.5~· de 5 de Fev. de 1488, ibid. ... .
Fo · · ·· pag. 121.
§·5· · L. 5 .t.sz. L.s ..t.5 6.
§.6. - Aff.desdeFev.der488,íb-.
§. 7· Ibid.
§.8 .. lbid •
. Tit.7. Tít. 7· Tit. 6.
§. I. v, e Aff. no livrinho da Caf. da
ejlo . Suppl. f. 26; Ined. da Hiíl: •
. Portug. t.3; pag.557· n.u .
. 6. · . - · Aff. de n de J ulh. de IA-741
Synopf. Chron. t.l. p. r"o7.
it. 8. .. - *L. de q: de J un. de I454;
Liv. 2. do MS. Aff. d'Al-
co baça f. I 73 v.
~· 7·
'
A!v. de 6 d'·Abril de 1517,.

f
Synopf. Chron. t . I. p. 217.
ITit. 9: Tit. 8. Tit. 7· * A{f. de 3 d'Abril de 1486,
ibid, pag .. I 2I,
Tit. IO. Tit. 9 .. Tit. 8.
Tit. 11: Tit. 10, Tit. 9· Alv.de 28 de Març. déJsq.,,
i bid, pag. I 76.
Tit. 12.
Tit. 1 3 . Tit. II. Tit. IO.
xx>tvrrr FoNl'. INl'~N. no C. MAN •. D& 152r.
LIV.l.
I 52 r. 1 5 I 4· AJJ. . Extravo.g.
T. IJ. §. I:l. - • Reg.dez6deFev.der474;
L. I. dos Di r. R. de leitura
nova f. 52;* C~rt.de Lisb. de
1498 c.54,ed'E.vora de 1490
c.44, e Sent. ou Determ.R.
de 21 de Març. de.x 51 I, Syn.
t. 1. pag. 168; L. de 19 de
Jun. de 1518; Liv.deLL.do
Senh. D. M. f.6o v;~ Sent.
de2.6 deJulh. de1453i L. 2
do Cod. Aff. d' Alcob. í. 171.
Tit. 14· Tit. x~. Tit. 6o.
Tit. xs.T.[3. ~ T. 5.§. • Cart;de29deDezemb~do
L.s.t·77• 34.efeg. an. de t46o; L. da Ex.f.5t;
L. B. do Port. f. 31.
L.s.t;n.
lbid.
Tit. x6. Tit.J4.. T.n. *L. dezode Jan.de q85;
L. da Ex. f. 124.
Ti.t. 17. Tit.fS· T.rz.
Tit. x8. Tit:1;6. T.I4.
Tit. rg. Tit.17. T.15. '*'Cart. de~ deJu h.deiSI9i
e x6. Liv. das .II.IL. e Reg. do Se-
nhor D. M. f. 39 v.
Tit. zo. Tit.~:H • . T.15. e 16.
§. ~2. * LL. de 4 e 20 de Març.de
1465 , Leaó f. 4-0 , c f. 4~·
FoNT. INTERN. DO C. MA.'N.. DE I S'2.I.. XXXIX
LIV. I.
1 Sz 1. l 5 14. .Aff. . Extravag.
- *L. dexscleMarç.deq6s,
de io d'Agoft. rl.e 146S ,.1rb.
'i.3_9; e 25 ·de Març. de'l47,o,
L.da Ex.i.242 v.ib.f.gsv.

Ti:t • .rg. T.it. 17"·


Tit. 2o. Tit. x8_.
Tit. u. Tit.:r:19. e 21.
Tit. 25. Tit, 22. Tit. ~o.
Tit. z6. Tit. z·3. Tit. $Q• ·

§.,.
T :it. 27. !.ri.t. 4'$· lfit.o.2. e 32.
L.5. T. xos.
:ilit. 28. T.i•t. 418. 'Tit. 33·
~ 29. Tit. 24. .Prov. tle 28 d' Abr. de r~JI6,
e de 23 d'Ag. de 1518, Col.
de Leaó f. 29 e 30 ; * iteg•·
de28 de.Abr. de 14g6.
- Ditp Li1v.. :f. ~9 v.
Tit. 25. < '

Tit. ·2:_4.
T-it. 25·
'r.it. zv. ·lf,it.98• -* Aíl. de x8 deJ unh.deJsx8·~ .
do L.5.. L.das pofles da C. C. f.1.-8 t•
Tit. 27.
lfit. a.8.
- * Sent. ~de2'6,d,eJul. de:14,53; .
L. 2. Aff. deA!cob. f.~JJ:o.-

_ ___;_ .... __ ).
xr. FoNT. lNTERN. oo C. MAN •. DE 152r.
LIV. I.
152 r. 1514. Ajf. Extravag.
Tit. 36. Tit. 31.
Tit. 31· 'Tit. 32r.
Tit. 38. Tit. 33· Tit.r3. *L. de2o de Maio de 14-84;
L. da Ex.f.73 v.; Ord. de 4
de Julho de I 5 r 5 ; Synopf.
Chron. t. I. pag. 200.
§. 4· e 5· - Aíf. de 6 de Fev. de r_5r2,
ibid. pag. 190.
§. 17· L.3.T·5I·
§; 13· L. 3· t. r8. L. 3· t. 22.
§. 32. in -/ Detenninaç. de i de-Julho,
fin. an.de 1434, ib. p.27; e I7
deJunh.dei502, ib.p.I59•
§. 33· L, ,..de 3· d'Abril de 1500,
ibid. pag. I 56.
Cort. de Lisboa de 1498 ,
Art. ro.
Tit. 39· Tit. 34· Tit. 23. - , \
§.40. - Cort.ae Lisb.de r4g8, Art.
r8 e 28 ; e* Cort d'Evora
de 1490, CaP,. I 6.
§. 45· :.. Ditas Cort.- ó;ap. 2.
Tit. 40 •
.Tit. 41. · Tit. 35· Tit. 24.
Tít. 42. . - T-it. 24. * Cort. de Lisb. de 1498 c,6.
Tit. 43· Tit. 36.' Tit. fin. -
.§ .xz. - ~t< Cort.de Lisb.de 14g8c.37·
FoNT. lN'rERN. no C. MAN. DE 152!. xxxxr
LIV. I.
IS2I. 1514. A_f. Extravag.
Tit.44. Tit.37.e T.25.e26.
L.s.t·53·
§.I, L. 5•t.34•
Ver(. eJ~nd11 A!v. dP-29 de Julh. de lSI6;
Synop. Chr. t. r. pag. 206.
Cort. de Lisboa de .I498,
quaes Art. 14.
§. 4!. v. l - L.3-.t.. 38.
fendo
§. 43· l/, ~ Ditas Cert. Art. II.

paffanáo
§. 45· L.s.t·S3· L.s.t·59· Ditas Cort. Art. u.
§.46·47·e48•. lbid.
. so. L. de 26 de Nov. de 14-99;
Synop. t-.- I. pag. I 54·
. s6. Cort. ·de Lisboa de 1498 .,
Art. 42.
• 71. Cart. de 28 de Março de
1518.; Syn. t. 1. pag. 20tf..
Cort. de Lisboa de 14-98.,
Art. 49·
lbid.
* Provimento do Correged. '
de 13 de Setembro de 1486;
Liv. 15 das Ver-. do Porto
foi. 23. v•
. s. L. 3.t.xG> 9• L. 3.t. qs. f
xxxxn FoNT. lNTERN'. Do C. MAN. D·E I 52·r..·
1.1V. I.
1'5'2· I. I 5 I 4· Aff. Extravag~

Cort. de Lisboa de 1498 ,


Cap. 1 1. . .
§~ lO • . -. ..., Cort. d'Ev. ·de 1_46o,Art.3, ·
l<,;fp •. d~Entre Douro e Mi-
nhn, Cort. 'de Lisboa de
1498, §. t6.
§.li. Cort. de Lisboa. de 1498~

..
Art. 49~
§. z-g. * A:.iv. dê 20 d' Abr. de 1487;
LivL 15 das Ver .. do Porto
fol. 70 •.v·.
§. 18; Car.t. de Lisbpa de 1498 •
Art. 50.
* L. fem.data do Senhor D.
Joaó I I. citada em o Acord.
, de x8 de Novemb. tle 1497;
Li.v. 19 tlas.Ver. do Porto, .
I

••. L ..4. t. 24· . I


I
Ccm. di! L~sboa ide 149.8·~·.
Art. x6.
§.30·31· ... Ibid •
-e 37·
Tit. 47· L,4.t··<~'9·
§•.x•.v.poum ... Cort. de Lisboa de 149~;. .
~uando . Art. 25.
§. 2. L,4.t.~ • .
Fo~JT. INT.ERN. no . C. MAN. DE I5:2L xxxxuz
LIV. -I.
I 52 r. 15 r 4· . A.lf. Extravag.
Tit. 48. L-4-t.18.
L.if..t.2t-.
Tit. 39· Tit.-28. C?rt. de Lishoa de l498.
A.rt. 52 .
§. 2. v. Pe~ ·- lb.id. in mediõ.

·«·L. de 12 de Set. ~e I4-74}


~Li v. 4 da Efheínad. foi. ·r o.
"Tit. so. Tít.4o. _ Tit-.29.
Tit. 51. Tit.4t.
Tit. 52. Tit.42
'ifit. 53· Tit.43·
Tit.54.
'Tit. 55· T1t.44· Tit:6z.
''tit. 56. T.4·5. e Tit.3o-.
. L.s.t.6-t·
6ye8o.
·§. 2. * ·Cort. d'Evor-a. de 'J:4.8'1: •
.Cap. 31.
§. '):9· Ls.'t.Ú4. 'T.JI. e
L.5.t.75·
, L.s.t.So. L. 5 .t.1o2.
L._5.t.65 • L.s.t.76.
25· e26. L. 5.t.1ú:.
1t. 57· Tit. 46. Tit.JI·
-*L. oe 22 ~,e Outub. do an.
f 2,. de I4.6 o; L~ v. d.a Ex. f •.-59•
xxxnv FoNT •. INTEnN. no· C. MAN. DE r 521."
L.IV.I.
1 52. ·1. ·1 5' 14. Aff. _Extravag.
Tit. 58. Tir.4 9 . Tit.34·
§. 4:·. L.5.t.ro6.
Tit.59· Tít.sr. T.47· e48 .
§. r8 . Tit.37·
§. 33· Cort. de 1490, Cap. 41• ·
Tit. 6o. Tit.52. T·4-7· e48.
§:. r6. Cort.deLisb.der498,C.7.
§.32.e33· Tit,49• * Cort. dei49o, . Cap. 47•
Tir. 6r. Tír.so. * Regim. da Faz. de rsr6 ,
Cap. 58.
Tít. 62. Tit.53• Tit.4o.
· Tit. 63. Tit.54· T}t·35· * Regiment. do x. de Junho.
r/ e 36. de 1468.
§. 12. Tit.36 •.
§. r8. Tit . 38 ~ .
§. 21 . Tit·39·
§. 27. Tit.42.
§. 30.. "' . 'Fit•47·
Tit. 64. Tit.s5· L.2.t. 34.
Tit. 65. T.56 . e Ti.t.41 ·~
\
L. 5.r.4o.
P rinc.v.t L.s .r.4o. L.5. h 3)•
\ \
•.!Jim
§. 4· Tit. 41.
§·5· , Tit. 42.
Tit. 66. Tit.5'f· Tit. 43· ,
~it .. 6y. Tit.5~· · T.z6.pofl: mçd ..<·•
FoNT. lNT.ERN. Do C. MAN. DE 1521. xxxxv
LIV.. I.
I 52 r. 1 5'14· Aff.' Extravag. ,
.67. §·4· - l.4. t.87·
Liv. 4• L. de 3 de Ju nho de 1452;
t. II2. Synop. t . 1. pag. 96.
L+t. Cort. de Lisboa de 1498 1
82. e 85. Art. 26 •.
§. 18. L.4. t.9J·
§. 19· L.;j.. t-1~9 .-
f· 20. L.4.t.82. e 83.
§.. 24· -, ~-4.t.84. e 85. in p.r •.
. §. 25· Ib. §·.5 •.in.fin .•
§. 26. §. 6. eL.4.
t.8s.~ P!· e§~ I.
§• 27· §., 2.
§. 28., "I · §. 3·
§. 29· §. 4·
§ ~ 30· - §. 5•
§. 31• . L·4;.t.88. e ·
·br3.• t~124 • ., .
. §, 37· . ~+. t.86.pr. e. §.t. _
§. 38. "'- . • '" · §:2·.·
~· 39· §. 3· .
.§. 40· §, 4·
:§. 41. §. 5•;.
§~ 42··' -·- .. §. 6. .. .. ,.
§·55·.
~57· Cprt. d!< Lisb.oa de 14-9~ 1
Art. 27.
INTERN'~ rio C~ MAN.. DE 152r.
LI.V:. I.
1521. I)I4· Aff. Extravag~
T .67. §.64-. L.4-.t·93· .-
§. 'Jr'h ~ - ../' CDrt. -d'Ev. de 14-.Óo, Art. r, ,
e 2 ; Efpec. d'Entre Douro
e Minho,
Ti·t. 68. Tit. 58.
§. 6. L.t~-.t.~~·
Tit. 69. Tit. 6x. L.4-.t·93·
Tit. 7o. Tit. 62. Tit. 4-4-·
§. 4-I. •- c:de Lisb.de qgS, Art. I).
Tit.7I· Tit. fin. Tit. 4-5·
Tit. 72.
Tit. 73·
Tit. 74-· L.4-.t.8.e ~3·
§. I, *L. de 20 d'Agoft. de 14-68 ;.
L. de 'E x. r. 24-~~ v.
.- -
-- *L. de 9 de Nov~ de i517l
Synop. t. x: pag:- 222.
eorr. de Lisboa de 14-98 ,
Art. 35; * R.egim. da Fà'L •.
de rs-r 6 , Cap. i~3.. \.
'Tit. 75·
~-
L._s.t.t04--·
.. ~
Tit. 76.
Tit. 77·
Princ.v. e * A!f.. de 7-: o~f 1'2de :Abr~l
rJ Julgador de 14-94-, Leaó f. 120.
§. s; . ~ * Atv. de~7 de Ai>r. de_I4-9H
Synop. t, 1 • .pag~ 133•
FoNT. !NTERN. DO C. MAN.
, LIV. I.
1521. Ij14. .A.f!. Extravag.
T.n. §.s.v. - AL~t. de I 3 de Fev. de1 .1 509;
porem L. f. 120, Syn. ib. pag.r.66.
Tit. 78. • ,. L. de 23 de Maio de 1516 •,
ib.,pag. 204; L. 1 das Prop.
da Cam. do Porto f. 46~
L. de6 de]un.derso4;L.
antigo da Correiç. da Cam.
de Coi.mb. f.ro3; L.~. das
Chap. f.289; L. r-. das Prop.
da Cam. d(t .Poí:t. f. 2.8':9. V,.•.
'L I V R O li.
it. t• . L.~.t.h. 1-3·t.I5L
*·L. de 8 de Nov. do an. d'ê,·:
: :t457 .. Syn t. x.~·pag.9~· -··
Bulla de Pio li. e. Sent. de .·
13 d~ Outub. de 1461 ; L.
ua..Ex. f~ 197. v. or, L. p!lJt.• .
S! •. t'. 4· f. &:7. Cart. d0. St}Q;• .

f]e .I,.~sb. 4:A~ ~ull<t~!lh•.~~· .


.,. -11~·. <~nt. T, ?J~•• Jilag •.lp. t414>.· .
t. 2. - t,iv.3;• . Regirn • . da Fa.z. de 1516 • ·
t.15.§.27, Cí!p,. 242..
nnC' .. . Aff. de 8 d.yJu.~ 1 !fe I ~7·0 , !;:;.
r'!•qt:lJ ·.; J11~c\• \,j. P"!~· 39.91•
-i·h 3•. ~r •. :-. . .... Alv.•. ~C3'?· '.!~Ç}pt.q~ J5I61;
Syn. Ch,wn, t •. 1. pag. 2.16.
- L ~~-t.Ii,
XXXXVIli .foNT.._ . lNTERt{. DO C. MAN. DE 152i.
LIV. II.
I)l:;I. ··.I)If. Aff. . ~xtravag.
Tit, 4· Tit; 3· . Tit. 8. -
§. 8. Acord. de 20 d'Agoílo de
1515; Synopf. Chron. t, x.,
pag. 2GO,

Tit. 5· Tit. 3· Tit.9.


Tit.,. 6. Tit.4. Tít. n.
Tit. 7· Tit. 5· Tit.l3· L. de 8 de Nov. de 1457,
ibid. pag. 98; Reg. da Faz
de 1516, Cap. 229.
Tit. 8 . . :r.6.e 7· T.14.e 15.
§. 5• , Cort. de Lisb. an. de 1459
· ·Cap. 19; Cort. d'Evora de 1
1473 , Cap. 57·
§.S. L.4.t.48. L. de 27 de Nov. de 1499
L. 2. do Cod. Aff. d' Alco·
baça f. 169. v.
lbid.
Tit. 9· Tit. 8. \ Tit. r6.
Tit. ro. Tit. 9• Tit. r8.
\
"Tit. II. Tit. IO. L.s.t·45· e \ ..·
L.2.t.q. e 19.· \ ~
Tit. 12. Tit. n. Tit. 20.
Tit. 13. Tit. i2.
Tit. q .. . Tit. 14. Tíi:. ~3·
Tit. 15. T. 15. e Tit. 24. Regim. da ·Faz, de t5x6;
L5. t. 57· · Cap. 'l37•
Tit. x6, Tit. x6. Tit. 29'· e 35•
FoNT. INTERM. nó C. MAN. DE 152r. xxxxviJir
LIV. li.
152r. ISif. Aff. · Extravag.
* AfT. de 7 de Dez . de q.86,
livrinho cla CaCa da Suppl •.
f. 34· v. .
§. 19· *L. de 8 de J ulho de 1461;
L. ·2. AfF. d'Alcob.f. 179 ;·
dito AfT.
§. 20. *L.de8 deJ ul.dex461.
§. 2 r. Tit. 35·
§. 22-. * ' L. de ·4 de ..• de 146 q
L. da Ex. f. 240. v.
'§, 39· Regim. da Faz. de xs·t6,
Cap. 238.
Tit. I7· Tit. 17· - L. de 8 d'Abril de 1434; L.
• de 30 de Jun. do mefmo an.;
* Ord. de 3ode Jun. de; I sx6;
5yn . Chron. t . I. pag. 26.
T)t. t 8.. Tit. IB. Regim. da Faz. de xsx6,
Cap.241 ~ §.4 até o 7·
Y'it. í9. Tít. 19. Tit. 25.
Ti~• 2 0. Tít. 20. T.26. e Reg . da Fa~. de 1516, Cap~
L.3;t.44. 241 in pr., e §. I. 2. 3• 8.
9• lO. e II.
Ti.t. 2r. Tit. 3o.
Tk 22. Tít. 32.
Tit. 23. Tit. 38.
Tit. 25~ Tit. 48.
Tit.26 • . Tit.45. f;
L. Fo~ll". INT.ERN•, DO C. MAN. DE I52f,: ·
LJV. li.
I·Sl·r .. I5,I+ Aff.. Ex.trsvago.
Tít. 26,. Tit. 27·. T. tj.o.6.3. e 64-.
§.. 1. * Privil. de 4- de Dezemb.
de 14-88, Syn. Chron. t. 1.
pag.x26.
L. na Syn. Chr. t.2. p.3o6;
* Cort. d,ç: 14-81 , Cap. 27.•
§,.55· Tit. 39•
Tit. z 7. L.s.t.6 9 . L. 5 .t.8t~-.
'I)t. 28. Tit. 28. Tit. 42. '" Regim. da Fa.z. de xsx6,
Cap. 2Q4- , e L. de 28 de
Mªi9 de. 1507, L. do regiílo
de LL. do Senhor D. M.
F
f~ 9· v•.
'
'Tit. 29. Tit. 29. T. xi3. Regim .. da Faz. d; 1516s

Extr.I. Cap. 14-9até I53·


PrtJ_lC. Reg. Cap. 153, pr. e §.'I,
§:· J• -. Cort ~ cleI4-:Z2, e 14-73, C. 8'
dos Fidalgos ; Cort. d'E '•
\
de 14-8'x, Cap. 15; * Aíf. d'e
'

I
8 de N ov. de ' 49-3 ' rYTIOJ.il.
t ••x. pagJ.Í33i Reg. d'a Faz,

Cap~ ..:t4-9 in pr e Cap /SI·


§. 3· e 5· Ibid. Cap... 1·52 , · ·~
§. 6. lbid. Cap.• 14-~·· §..:L< __
§. 7· I-bjd,
§. 8. Jbid. §•.3..,
~:9·-.' l~id. §. 4· '
FoNT. INTERN. DO C. M,\N. DE l ·5 '2I. u
L'IV. IL
"'I 52 I. I 5 I 4· Aff. Extravag.
T. 29. ·§. 10. lbid.
§. u. · lbid. Cap. 158.
Tit. 30. Tit. 3o. Tit. 4-3· * Dito Regim. Cap. r9t;;.
Tit. 3r. T. 39· c JI'. 53· e
L.3 .t.85 . L. 3.t.xo 3•
. '
§. 5· e z6
-~ Reg.d_ de Fev.de I4H·
r§. 14. . Tit •. s5 . .
do L. 3· /

'it. 32. Tit.4o. Tit. 46.


it. 33· Th. 41. Tit. 56.
it. 34· TiL 4-2. Tit. S5·
. 3· Cort. de 1490, Cap. 15•
it. 35· Tit. 43· T. 58. e *L. de 6 de Jan. de 1486,
L+t.96.Leaô f. r8; e Rcgim. de27
de Setemb.. de 1514·
L. 4,t,I04·
·11-· L. de 9 de .J'an. de 1458,
Synop. t. I. pag. 98.
L. 4•t•4Io
L. de.r6 de Maio de 1469·~
Liv. qa Ex. f. 104, v.
··40· '*Reg, de 3 de N ov.de I 503)
_ -e L. de 9 .de Jan. de I45?•
§. 2. L. C. .
&•4'h L. de 9 de J aneir. de 1458,
-§. 2. itl medro • .
Reg. dos P,rov ed. t. I. §. 1.
LTI FoNT. lNTERN. DO c. MAN. DI; I s~:r.
1-IV. II.
I52I. 1514. Aff. Extravag.
T. 35· §. 5l· Reg. de 27 d~Set. de1514,
Tir. 36. T.44·e45·T.&r.6z. e 63.
Princip. · T. 6o. Cort, d'Ev. de 146o, Art.4,
Efp. d 'E n~r. Douro e Mip.
§. 3· Tit. 45· Tit. 6r.
'I,'it. 37. Tit. 24.
§. 9· e feg. L.. de 3 I de Març. de I 52ÇJ.
Ti~. 38. -- * Cort. de Lis.b:. era de 14.09,
Art. 32. 45· 91. z6. e 94;
Cort. da era de I 399 , Art.
i.S;_ Cort. de Portal. do an.
de I4IO, Art. I2; Cort. de
1473, Cap. 12.. da Nobrefa;
Gog. de1535• C~p. 151;
L.de4deMaio an. d,e 13.43•,.
Tit. 39• Tit. 4-6. Tit. 64.
1
Tit. t~,o. Tit. 47· T.6s.L.3~t·.S.O·- \
L,s..t.so~.
Tit. 4I . . Tit. 48.
Tit. 42. Tit. fin •• Ti~. 79• -· •
\
§.S.·· ·•·· -. Aff. dexsd Març.de 15021 .
Syn. Chron. t. 1. p<\g· I 5~·
Tit. 43 , L.3. t, ftn.. -. - A! v. de 1 de Jul. de IS\3;
L. da C. do·C. pu P. f. 25
do Orig.
* Aff. na Syl.l •. Chron.. t, 2·
pag. 309•
FoNT. lNTERN. :oo C. MAN. DE J 52t. LIII
LI V. II.
l 52 l. I 5 I+ Aff. Extravag. · ·
T. 43• §, u, v. e Aff. pe 24 de J ul. de 148 7,
(los ditos Syn. Chron. t. I. pag. I 23.
§. I4· * L. na Syn. Chron. t. ~.
p.ag! 307·
IT'it. 44·
.if, 45· . ~- * Cart.de 15 de .Dez. de
q81, e de. 22 de Nov • . de
14-97 ; L. I 9 das Ver. tio
Porto f. 20 ; Cart. de 5 de
F.ev. e de 9 . do mefmo . de
x.so6, Syn. Cbr; t. 1. pag.
161; der8 deOut. dei5Jo,
ib. pag.167·; .de 6 .d eJul • .
d.e .1517, 31 deJan, e I5 de
:Fev. de I520; jb. pag,2u1; :
P~rec. de Çaragoc. de Abr-• .
de 1497 ; de 2.7 de .Fev •. de ; ,
1;_5'30 J ihid. pag. 245._....
T1~r: 4~· ­
ri'ü.47 ~ *"Reg. da' }laz~- Ca.p-..r3&-~ ·
I I •. -. *'LL. antigas pag. m. r 34; :
L de 14 de Jul. d~ 1499',
Synop. t. 1. pag.·rso.
§. 2. '~ I~L. antig. t, 2. V· m. 71.•
it, 48 •..
Tit . .4 9 ~ .
[Tit, S~· ·.
urrr FoNT. lNTERN. no C. MAN. DE 1521.
L I V R O III. _
IS2L rsr+ Aff. Extravag. ·
Tit. L Tit. 1, Tit. i. * Aíf. de 3 r
de Dezemb. de
rsoz,Syn. Chr. t.x.p.I59·
Tit. 2. 'iit. 2. T ·it. 2.
Tit. 3· Tit. 3· Tit. 3·
Tit. 4· Tit. 4· T.4. t.43· ,
§. 4• Y. ~ Aíf. de 26 de Jan. ·de 1478,
tod1 ibid. pag. rro; livrinho da
Caf. da Sup. f. 27.
Tit. 5· Tit. 5· Tit. 5·
Tit. 6. Tit. 6. Tit. 7·
Tit. 7· Tit. 7· Tit. 8.
Tit. 8. Tit. 8.Tit. 9·
Tit. 9· Tit. 9· F Ti·t. 13 .'
Tit. IO. . ro.v T lt.-
T 1t. . 14.
§.tf.. Tit. ror. Tit. u6~
Tit. II. Tit. u. · Tit. r6.
Tit. 12. T.r3.e14.T.r8.er9. I
Tit. Il· Tit. 12. Tit. 17. *L. de\ 5 de Fev. de 1473 ~
e 35· - e •1-2· Synop. t. I. pag. ros.
Tit. q.. T.22..e38.Tit.27. *Ibidem. ,
I
e* 37· c.! 4-8. \
Princip. .- ~r·47· pr. \
Tit. 15. T.rs.e 47.Tit. 2o.
'§• lo * Cort. de qSx, Cap. 44;
eOrd.de20 de Jan. de 1519,
Syn. Chron. t. x. pa p. 231 •
.:feg.
FoNT. l~TERN. · no C. MAN. D-E 1521. :t.v
. LIV. III ..
I 5 2 .r. I 51 4· A.f!. Extravag.
T, rs. §. r6.
ibid. pag. 200.
§. I 7. · Ord.• r,! e 3 cl:A bri! de 15oo,
ibid. pag. xs6.
§. 20. Tit. 47· Tit. 59·
'I)t. I6. T.r5,§.2~. ÚFd..de 12 d'Agoffode ~499~.
e feg. ibid·. pag. I51.
Tit. 17· Tit. I6. -Tit. 21 •
. it . .t8. Tit. r8. Tit. 23.
it. 19. Tit. 19. Tit. 24.
i·t. 2o. Tit. zo. Tit. :ÃS· .
it. 21. Tit. 21.
it. _22~ Tit. 23: Tit,z8. * Alv. de I 5 de Out. do an~
de I448, e Acorçl. f. 58 de>
Hvrinho da Snp., e Onl, de .
31 de Jül. de I5o6•; Ined.
da Hiíl. Port. t. 3. p_ag:578 ...
n. 30.
"l· 3· v. nom-·· . Grd. trl'e 2·Z dé ]litl. dé' JSI•S', .
lhe...dando Syn. Chr. t. I, pag .. 2'2~ •
. 6. L.. ele 31'- de J uJI: c\ e I 506 , .
Syn. Cbr. t. I•. pag. i63~
~. 8. Orcài.de2.2 cleJun. de rsr8~ •.
já citada•.
fit. 23. Tit. 25. Tit. 30.
:Pin. 24~ Tít .. ·24. Ti·t~ 29.
I:it, .:us. Tit. 27~ . Tit....3;2.
Lvr FoNT. INTE!f.l{. DO C. MAN. DE 152r • .
LIV. III.
I 52 I. r 5 r 4· Aff. Extravag.
Tit. z6. Tit. z8. Tit. 33·
Tit. 27. Tit. 29. Tit. 34·
Tit. z8. Tit. 30. Tit. 36:
Tit. 29. Tit. 32. · Tit. 39·
Tit. 3o. Tit. 33· Tit. 4-o.
Tit. 3I. Tit. 34· T.41. eL,4.t·59·
Tit. 32. Tit. 36. Tit. 45·
Tit. 33· Tit. 39· Tit. 4-9·
Tit. 34· Tit. 4o. Tit. 51.
Cl02, eii7•
§. z. Tit . .102, T.u7. Alv. de3o de Out. de r5r6,
Syn. t. r. pag. zr6.
Tit. 3'5• Determ. de 2 de J ui. do an,
de 1434-, Syn. t.r. pag.27;
e 17 de Jui. de 1502 , ibicl • .
pag. 159·
'Tit. 36 . . Tit. 4"~• Ti't. :52. e 53· e
L 5· t. 36. e ôg.
Tit. 37· Tit. 42. Tit. 54. .
§. z. e 3· Tit. 56.
I
Tit. 38. T~43·e4-4-.'Ht. 55· ~

§. 3· Tit. 44-· Tit. 56. \


Tit. 39· Tit. 45· Tit. 57·
Tit. 40. Tit. 46. Tit. 58.
Tit. 4r. Tit. 48. Tit. 6<:>.
§. 8. e 9; Ord. de r6de Jun.de t518,
Syn. Chr. t. r. pag. 227.
FoNT. !NTERN. DO C. MAN. DE I 521. LVU
LIV. III.
ISl r. ISif. Ajf. Extravag.
Tit. 4-2. Tit. 4-9· Tit. 6r:
§. 6. Tit.6r. §.8.
§.Ú. §. 9·
Tit. 4-3· Tit. 5o. Tit. 62-.
Tit.44· Tit. 51. Tit. 63.
~· 5· L. . t. -89.
Tit. 4-5· Tit. 52. Tit. 64-.
Tit. 46. Tit. 53· Tit. 65··
Tit. 4-7· Tit. 54· Tit. 66.
Tit. 48. Tit. 56. Tit. Ô7··
Tit. 4-9· Tit.57· Tit. 68 • .
Tit. 5o. T.58.e26.Tit. 69.
§...s.v.pero Tit. 79infin.
~· 6. OrJ.de 24cl'Agofto de rsrS,
Syn. Chron. t. x-. pag. 230.
Tit. sr. Tit. s9. Tit. 70.
-~J:it. 52. Tit. 6o. Tit. 71.
it. 53· Tit. 6r. Tit. 7·2•
. 7.·e8, L. dé 14 de Nov. de 1517,
ibid. pag. 222.
ITit. 54· ·. Tit. 62. Tit. 73•
§. 4-· Cort. de Lisboa de 1498 •
Art. 7•
'T it. 55· Tit. 63. Tit. 74·
Tit. 56." Tit. 64 • . Tit. ~o.
Tit. 57 . Tit.. 65 . Tit. JS•
Tit. 5 8 .. · Tit, 65. Tit, 76.
LVIII FoNT. lNTERN. no C. MAN. DE 1521 .
LJV. III.
15 2 r. J:5 J 4· A!f. E~trnvag.
Tit.!J9· Tit. 67. Tit, 77•.
Tit. 6o. Tit. 68. Tit. 78.
Tit. 6r. Tit. 69. Tit. 79·-
Tit. 62, Tit. 7o. Tit. 8o.
Tit. 63. Tit. 7i. Tit. 8r,.
Tit. 64.. Tit. 72. Tit. 82~
Tit. 6 5• Tit. 73· Tit. 83._._
Tit. 66. Tit. 74· Tit. 8·4:.
Tit. 67. Tit. 75· Tit. 85.
Tit. 68. Tit, 76 .. Tit. 86 ..
Tit ..69. Tit. 7_7·. Tit·. 8.7 •.
Tit. 7o. Tit, 78._ Tit. 88.
Tit. 71.. Tit. 79·- Tit. 89. * Alf. de I·9 d'Abr. de 14-76,.
·e 8~. " IQ4, Sxn. t. 1.. pag. xo8.
§.I. T.95·§.r. T. rro. C. de Lisb. de49.8 ,An.8 •.
§·4· Tit. 82~ . Tit. 93·- I
§. 8. Ibid. I
§. 9·
§. 10.
Tit. 87. Tit. ibid._
Tit:88.. Tit--xoo...
\
§. II. Tik8.6.._ 7fit. '98"•.
I
§. J.2, T. ro6,. Ord. de .:t-2_, de AgaBo -de.
""
1499 , .--;n. t. o~.
\ pag •. I$1•
\
§. 15: Tít. 8.g. Tit. ri02 •.
§. 17• '(it . IQ5-~
§.. 2:1,._ ·Cql't·. de .Lisho.a de •1498,
':Art.~. ; e 0nJ .. d~I21fAg.

· de114.99., \Syn•. t. I •. p. 151•


FoNT. INTERN. Do C. MAN. DE I52I•. Lvnu
LIV. III.
1 S 2 1. IS r+ A!f. Extravag.
T.7l· §.23 .24-.e'25· Ditas Cort.
.§.~.e 29. Ord. de!22 de Jun. de r5r8,

e de 19 ·de Jan. de 1519,


Synop. C h~. t. I. pag. 228.
e 231.
§.. 3o. · , Tit. 8o. Tit. 91.
Tit. 72. Tit. 81. "Jit. 92. e
L. 5· t. 63.
Tit. 73· Tir; 83 • . T.94·96. e 104.
§. 2. Tít. 96.
Tit. 74 . Tit. 85 . Tit. 97 •
Tit. 75· Tit.9r. T.ro5.§.r.e2.
Tit. 76· Tit. 92· Tit. 107·
'Tit.77.. T.94--e95·T· 109. * L.de14 deNov. der51·7,
Syn. Chr. t. x. pag. 222.
· 5· *L. de -3 de Set, de 1517,
ibid, pag. 220.
· it.78. Tit·93· Tit. to8.
~· 2. -* L. cit. no L. das poffes
da•C. do C. f. 23; C art. de \
3 de Març. de 1515, Sya.
Chr. t: r. pag. I97·
:Verf. e '* Aff. de 5 de Fev. de I47l,
achandiJ ibid. pag. 105.
Tit. 79· Tit. g6. Tit. III,
Tit. 8o. Tít. 97· . T.u2.e L.2.t.37•
Tit. 8r. Tit. g8. Tit. _I I-3·
h-2
.r.,x FQNT. INTERN. no Ç. MAN. D.E l52I,
LIV. III.
I 51. I. I 5-I 4· .Aff.. Extravag ..
Tit. 82. Tit·-99· T. 114. * Cort.de 1481, C~p. 44.;
e L. de 20 deJan. de.l5l9>
· ibid. pag, 231 efeg.
Tit. 83. Ti-t .. IOO, Tit. li5·
Tit. 84· Tit. 103· Tit. I !8.
Tit. 85. Tit. ro4. Tit. rrg.
Tit. 86 . Tit. reg. Tit. !26 •.
§. 3· .. * Aff. tle ~o q' Abr. de 1486,
i.bid. pag. 12~,

Tit. 87. Tit. :~;o5. Tit. r2o. e.


L·4· t.g~.
Tit. 88.
Tit. 8g. Tit. 106._Tit. x-21-•
.Princ. v. ou -. L. de 24 de JuJ. de 1516.;
fe o dito Synop. t. I. pag. 206.
Tit. gq, Tit.. no. T.26.e 127~
L I VR O IV~
Tit. I . Tit, x. T.r,e rog ._ . · \ .
§. 13· ~ Tit. 2. · -
§.l4·.l5·!i! r6._ L. de 12 de Jun. de
1
1499-;
LL. antig. aoPort .f. J20.V,
Li v. grande f, 3. antes do lJld•
. \
Tit. 2-. Tit. 2. Tit. 4-.·
Tit. 3· Tit. 3· Tit. ·6• .
"Tit. 4• ' Tit. 4· Tit. 7·-
Tit. 5· Tit. 6•. Tit. 9·-
tit, 6. 'rit.!. 8._ 'I:it. l .I . \
F oNT. lNTRRN. DO C. MAN. DE I 52l· - LXI
LIV. IV.
15 2 1. 15 r 4· ·A !f. ·Extravàg.
T.6. §.I . . :L.2.t.u.§.6.
§. 2. L.3.t.4-6.
Tit. 7· Tit. 9• Tit. I2. Cort. de Santarem anno de
J4.68' c. 3•
Tit. 8. Tit, to. Tit. 13.
Tit.9. Tit. II. Tit, I4.
§. 4-· Cort.d'Ev. de 14go,Art,n •.
IJ'it. (O,, Tit. 12. Tit-._f5·
Tit. u. Tit. I3· Tit. I·.7.
it. 12. Tit.I4-· Tit . .I8.
'Tit. 13· Tit. 15. Tit. I6. *Reg. da Faz. Cap. 170.
Tit. I_4 · Tit. x6 •. Tit. I 9• * Cart, de 20 de Jun. de
1507;; Parec. de23 çleJan. ' ·
de I5.I2, Sy!J. t. I, P.· I7o.•
it. 15· . * '":C-~7.§·5•
Tit, I 6• . Tit-. I 9~ Tit. 22.~

'Tit. 17. Tit. ia. T.25.e 29~ -


Tit. x8. Tit. 21. Tit. 26. r
Ti t. 2:3· T.2·8.e 29 •.
it. 2o. , "Tit. 22. Tit. 27.
'I'it.2·I . Ti.t .24. Tit ~- 3'2·
-it. 22. · Tit. 25··:. Tit. 33·
Tit. 27. Tit. -35·-
Tit . 28. T,it, 36.
*Reg.do I • de Dez.de 1513•
í'.(it .. 25_• Tit. 29. Tit. 37· Synop. Chronol. t, 2. pag.
e 38. . 304·
.LXII FoNT. INTiiRN. DO C. MAN. DE 152r.
LIV. IV.
I s 2 1. 1 s14. · Aff. · Extravag.
Tit. 26. Tit. 30. Tit. 39·
Tit. 27. Tit. 31. Tit. 4-o.-
'Vit. 27. Til. 32. Tit. 42.
Tit. 29. Tit. 31· Tit. 43·
Tit. 30. Tit. 34· Tit. 45·
Tit. 31. Tit. 35· Tit. 46.
Tit. 32. Ti:t. 36. Tit. 47·
§.I. ~L. de 5 de Jul. de I)I9 •
Liv. de LL. e Regimentos
do Senhor D. Man. f. 101 ;
Alv.de rgde Maiode 15·r8,
Syn. Chron. t. I. pag. 227·
Tit. 33· Tit. 37· Tit. if-9·
Tit. 34· Tit. 38. Tit. 52.
Tit. 35· Tit.39· Tit. 53·
T~t. 36. Tit.43· Tit. 57·
. Tit. 37· Tit. 45· Tit. 6o •
.Tit. 38. Tit. 46: Tit. 6I. \
Tit. 39· lbid. • Regim. da Faz. de rsr6 ;
Cap. 193· '
·Tiro. 40 . lbid. Cap. 2t 9. ; e ~ · Alv.
de 17 d' Agoll de 1499 •
\
Syn. Chron. t. I. pag. 1 52·
Tit. 41. Regim. da Faz. de ·xsr6.
Cap. 217.
Tit. 42 • .
Tit,43· Cort. de Lisboa de 14,98 ,
Art. 32.

"
/

FeNT. !NTFtRN. DO C. . M.AN. ·f>E 15!2·1. ,x.xJu


LIV. IV.
1 Sl I. 1·5' 14. Aff. Extravag~
Tit. 44:· Tit. 47· Tit. 62. * Parec •. de 23 de Jan. de
·.I:SJ.2, Syn, C,hr.tt.I. p.~ 70.
Tit. 45· Tit: 48. T .it. lli· .
Tit.-46. Tit. 4.0. Tit. S4·
Tit.47· Tit. 41. J'lt. 55·
Tit.48. Tit. 42. Tit. s6.
'Tit. 49· Tit ..44· Tit1 5s.
Tit. so. Tir .. so. Tit. 65•
Tit. )I. Tif. 51. Tit. 66.
. Tit. 52. Tit. 52. T.67.e L.·5·.~_t,9a~ .
Tit. 53· Tit. 53·· Tit; 6-g.
§.I.v. epojla T.2o •.q9.9,~ .
'Tit. 54· Tit. 54·- Tit. 6.8 .
Tit. 55.• Tit. s5;. Tit. 7o.
1'it. 56 •. J'it. 56, Tit. 72.
T.it--.57· Tit. 57· ·J'i,t. 7-3··
T:1i.t• .~• · Ti~,._ "f~. o/-4·· .
. if.it. 59.• Tft. 59• Ti.t. ·75··.
· 1i!~~q. J.'ht,,~. ,Ti't. :7..6•
' .i~~JI .•
1'~t ..,q2. <rit· l'f7o..
[Th .~-·
'rit. ~3·T.it.J?.7• l\t. ~ 8.•.
Tit. 64. Tit~ 63. Tit. 7,9•
T~t. 65, Tit. 64. Tit <8.p.

§~ 3~ ·* Alv.• ,,de .2o 4.e M;a;i9 .d.c


.;r 504,; Cqrp o~Q)JT. ,Part. 2.
:Ma.~o.. 2. ~e ,LL ..n. 8, /
LXItii FoNT. INTEn.N'." :oo C. MAN.- DE I 521.
LIV. IV.
1521. 15.14_:_ Aff. Extravag.
TÍt. 66.•
Tit. 67. Tit. 65. Tit. 8r. * L. fobre fefmarias n_as
Cort. d'Ev. de 1472, e 73,
·cap. 67 até 77 dos Mifl-i- -
cos, e .refpoíl:a depois do
'Cap. 73·
Tit. 68.. Tit. 66. Tit. 92.
Tit. 69. Tit. 67. Tit. 95·
Tit. 70. Tit. 68 • . T.it. 97·
Tit. 71. Tit. 69. Tit. 98.
Tit. 72. Tit. 7o . . - Tit. 99·
Tit. 73· Tit. 71. Tít. 1oo.
Tit. 74· Tit. 71.. Tit. ror.
Tit.75. Tit.73. T. 'r o2. * L.de3odeMarç.der5t2>
Syn. Chron. t. r:. pag. I7h
* Alv.de 8 de Maio dh 151·2,
.. e 20 de Julho de 1517, 'ib.\
pag. 198. - \
\
§.6. L. de 30 cJe Març. de 1512,
Syn. Chr. t. x. p. 171, e,219;
*Alv.de8 deMaioder s r~ ,
. ·e 20 de Julho de h 7.
I ~\
Tit. 76. Tit. 74· Trt. ro3. ,
§. 5· T. ro 3 • §. 5 • 1
..
Tit. 77· L , I.t.57· Ti f. 107.
Tit. 78. Tit. 75· Tit. 105.
Tit. 79· Tit. 76. Tif· 106.
FoNT, IN'rERN.• no C. MAN. Di r 52 r.. L~V
LIV: IV.
1521. I5I4· A!f. . Extravag.
Tit. 8o. Tit. 77• Tit. ro8..
- Tit, 8r. Tit. fin. Aff. no livrinho da Cafa da
Supp. f. 23. v. , na Syno p.
t. 2. pag. 34; It1ed . da H~íl:.
Port . t . 3; pag. 554·

' L I V R O V.
Tit. r. - T. 4.e 71. 'T it. 4·:
P rin cip. v. e .Cart. 'Regi:: de I I d'A gofio
pronunciando de I 5 2 0 , Syn.--t·. I. p . .247
e .feg.
:§. 2 . Tit. 7r. Tit. 88.
§. 13. e L4· Cort, de Lisboa de. 149~,
_Art. 4 1.
T it. 2. Ti t. ~· T.1.eL.2.t.54·
Princip. ... L.2.t.94·e 120.
§.I. L.2.t.96.e 122.
Tit.3.. ':fit·3·• Tit. 2.
§. 9· L.2. -t·53·
'T it. 4· Tit. 3.· Tit. 3~
T.5. pr. v.e ~ Cort. de Lisboa de 149S i
11om paf!àraõ Art ..I2.
T it. 6. Tir. 6. T.5·39· :,. L. de 7 d'.Abr. de r5o'6,
. ' e .82. Corp. Chr.'de LL. do Se-
- nhor D. Man . .P. x. Maç.o
"' ·2. de LL. n. 16.
~Tü·. 7· .. ,T jt, s..-. Tit. 38. i
LXVl FoNT. fN'r'ERN·. oo. C. MA-N.• DE .qzr.
L.IV~ v.•
152r. I5lf. A./f. Extravag.
Tit.8. Tit. 7· T.37·.€J81
'
Tit_. 9· Tit. 8 ... Tit. 38.
Tit. I_o. Tit. 9·. T.32.e33• '
§. 7· L. de 25 de Julho de 1514,
Syn. Chron. t. I. pag. 176.
§.~o. A! v. de 27 de Jul. çle 1-51:9 ·
...
* Arr:..de 23 de Março de
15?1, ib. pag. 157, e· 235·
Tit. II. Tit. 9· Tit. 33·
~•. 2. Alv: de 27 deJul. de~ L5I'9•
Verf. (Je * Re(oluçáó de 23 de Matç.
cqm el/a de t5o1 , ibid. pag. 157·
Ti-t.y~. Tit~ 10. Tit..1-7. *L. de I7 de Abr·., de xso6;.
Corp. Chr. P. 3• Maço 2.
de L f,. n •. r:7.
Aff. de 20 ~e Dez. de I499P
li:vrinho da (;a f. dt~ C. f,zz ~
Alf. de 2 de Abúl de (50:1 ,
I ·, f·• 2J•
.· .1'•b'd \
Tit. 13·
Tit\0 14· Tit~ I-L Tit·. 6.
Tit. 15. Tit. 12. Tit. 7·
§. J!<i . ... - Ti-f" I z.. *-'kfl': ue3o.d' ~gGít. dertj:7(3·,
,
.
L • veFm.; I ned. t.3.' P•470·
\
~ An:. de 6 d.e Maio de xsrz,.-
. \
·livrin. da Caf. do C. f.2(1-.v.;
Air. de 2 ô'At>l'· d~ l5ó:t-,
ibid. f. 23· v..
FoNT. INTERN. Do C. MAN. DE I pr. .~>xvu
LIV. V.
152 I. 15 .14. Aff. Extravag.
T. 15. §. 6.. Atf. de I6 d'Abúl de 1')1·8,
ibid. f. 28.
Tit. I6. Tit. 13· T.it. I8..
Tit. IJ. Tit. 14· Til. 2'3-"'
Tit.t-8. Tit.I). T.u.eq.•
Tir. 19. Tit. z6.. Tit.l4-·, * A!r.de6deMalode 1512,
dito livrinho f-24. v·.
§. 3· v. e t}l9 Ibid.
Tit. 2o. Tit, .17. Tit. I5·
Tit. 2r. Tit. z8. Tit. 25. -
Tit. 22. •

Tit. 23. Tit. rg. Tit. 9·


Tit. 24. Tit. 2o.· Tit. 8, : *L. de ele Jun. de I5t 7 ,
20
' Corp.Chr. P. i. Maço 2i,
Documento 1) .
,'I •
- -- ·• *Cart.de 11.8 deJul. de I5I9,
I ··Syn. Chr. t. I. pag. 23·5.
I • 2. ,. l\Jv. de 26 de: Nov. de I499•
I I
·iiJicÍ·.' pag. I'5'3·~ · · · ··
íTit. ~5· Tit. 2r. Tit-. 20. * A !r. de 6 de Jan. de 1486,
ibid. pag. 121.
Princ. e §. 2. ~ ·L. do-Senhor D. Aff0n.fo V.
que vem no fÍm do Liv. S•
J1't> Cod. de Santarem.
* Cart.de 28 'de Jul. de15~ ·CJ,
~

Sy nop. t. I. pag. 235 • .. ··


Alv. de 26 de·Nov •de r.+99•
i 2 ibid. pag. 15 ;3 • .
Lxvrrr FoNT. !NTERN. oo C. M.1'N. oe-- 152 r.
LIV . .V.
15l.I. 1514·. A.ff. Extravag. ,
'T. 25· §. 7· AI v. de r o de Jun,_ele 1$I5,
_ ibiú. pag. 129 ..
Tít. 26. Tit 22. Tit. 19. e 121.
eL. ~. t. 22.
Princip. Alv. dcwdeJu'n. de 1515;.
Co:·t. de Lisboa de 14.98,
Art. 44•
I:.iv.. 5· L. ele 27-de Maio de 1454·,
t. 121. , Synop. t. I. pag. 97 •
Al'v. de26 de·Nov. de !499•,
ibid. pag. 15.3· · .:.
Tit. 27. Tit. 25. Tit. n ..
t ~it. 2S . 'F_it. 23'· Tit. 24,
. Ti~. 29. 1• 'I,'it. _24 . . Tir.l:r6.
§.5. .-. •' -. ., Aff.cle27cleMarç.clei504,.
liYrin. da Caf.~do C. f.~;3. v.
. 30; T'
T. 1t. ·· sy_n. Ch r. t. 2.• pag. 304 •.I1
c. J T'.1t.~22. ·:.
. 11,. ,2\:l,
/ I:it. 31·
Tit. 32. rr;it.
12.7• J:it:·.,13.· *L. de 1Lj'cle Jul. Je 14-99 ' ·
Íp~d?. t, } ·• ·pag. I 5Q• 1

Tit. 33· Tit. 2.8. Tit. 42· \


I
·Princ. §.. ~.e 2,-. Ord._ ele 22 qe I\,1ar.ço de
1499 , ibiCf, p~g. 147• .
Verf•.e .,. . AI v. de 9 de Agoíl:. de ~5r6, .
fllrilqutr i.Did. pa.g~ 207,
§. 3·. Ord. cit •.
Tir. 34· Iit. 29. Tit. 99• .
FoNT. INTERN. Do C. MAN. - DE 1521. Lxv:Un
LIV. V.
Ij"'2 1. I 5 I 4: Aff. Extravttg.
Tit.'35· Tit. 30. Tít. go.
Tit. 36. Tit. 31. Tit. 6.3._ * Ord. de 12 de Janeiro de
1490; Co'rp. 'Chron. P. 2.

§.r. v. e
pojlo
.§. 2:. v. Pe.rQ.,

§_. $·

·-
§. ~· ·

do -, e * o Afl: feguinte,
Aíf. de 27 de Jnn. de 15r6,
f. 26. v., e Alv. de 23 de
Ow. de r 5 r 5, Syn. Chrou.
t •. 1.. pag.~~QO,

Tit ..38. Tit. 27. e _


L,4. t.9 ...
LKX FosT. lNTER:N. DO C. ·M AN. DE I 52r.
LiiV. V.
IS2I. ISI+· A.lf. Extravag.
Tit. 38. Tit. 27. e
L. 4· t. 9·
Tit. 39·
Tít . .of.O.
Tit. 4r. Tit. 33· Tit. 54·
§.I. ""' *T.II4· L: d.e 2 de MarçCil do anno
de I459l L.2.do Cod. Aff.
d'Alcob. f. 176.
Tit .•p. T.34-·e83.Tit. 58.
§. +· * Cort. de 14-90, Cap. 8.
§. ro. Tit. '83. Tit. I07·
§. I.of.o Tit. 30 .
§. 19· . . :. , - C. de Lisb. de I 4-98, Art.4~.
§. 28. Alv. de 26 d'Abr. de 1515,
Syn. Chron. ta. pag. -r98.
Tit. 4-3· Tit. 39· Tit. 29.
Tit. #· Tír. 35· \
§. 8. * Aff.de 3od'Ago!l.de 14-73,\
L-. verm·.; Ined. t •.3. P•470;
.
Tit. 4'5. ·. Tit. ·36.
Tit.46. Tit. 37· 'T'' it. 27·
.,I

Tit. 4-7· Tit. 38. Tit. 28.


f \

\
Tit. 48. Tit, 4-Io Tit. 40. * Alv. de 27 de Novemb. 'de
e 41. I5I3, Syn. c.hr. t.x. P·I7S•
§. 4· Tit. 4-o,
Tit, 49· Tit. 4-:l· T.44. e 57· e
_I,. 3· t, 123·
/

lNiTE'RN. DO C. 'MAN. :Dg l5Z·l o


LJiV • .VL
I·S2 r. 1 S' 1 4 A!f.
T·49· §. 4· Aíf. de I 5 de Jancir.o :m110

de·1443, ibid.· pag. j:d.


1i'it .. _9o. Liv.3, _Liv.3. *Cart. de25 d~ Fev. dlt.
t~to7. t. 12.2. 1450; Liv. da Ex. f. 88.v.,
e de 15 de M~io era de I 39-4;
L. ant. do Port. f. 157• v.
e f. rs8.
Tit. 51. Tit. 43· Tit. 4)·
Tit. 52. Tit. 55· T. 61.e JI8.
/
Tit. 53·
Tit. 5+· T. 56. e 82.
§.I. Tit. ro5.
§. 3· Tit. 93·
§. 5· Tit. xo6.
§. 6. Tit. 6z..
§. 9· Tit. 77•
;Tit. 55· Tit. 57· Tit. 64>•.
I. íTit. s6. Tit. s8 .e T. 31· e * R egim. da Faz. de-J\5r6 J
L.2.t.3x.L.3·~·x:t8·.€ap. 194, 1;9·1, :i92, é.234;
. o Alv. dc:;3o -de Outub~ de
I·5I6; Syn. Chr. t.r, p.zx6-;
L. do I. de Març. d~1466;
Fned. t. 3· pag. 483.
§•.6. Tit. 31.
§· .7· L.2,t•3I• *L.de21d'Agoíl:.dersx7,
L. do regill:: d11s LL. do·Se:-
nhór D.)ffanod f. l"J· v. -
LXXII FoMT. lMTERN; Do C. MAN: DE I 52 r.·
LIV. V.
1 S_2 r. r S r 4· Aff. Extravag.
Tit.57·
Tít. 58. C. de Lisb. de 1498, Art.34.
§.r. e 3· Alv. de zo de Dezembro de
1518, Synop. Chron. t. r.
pag. 231 •
. Tit. 59·
Tit. 6o.Tit. 6r . . Tit. t;·o.
Tit. 6r.Tít. 62. Tit. 7I·
Tit. 62.Tit. 64. Tít. 75·
Tít. 63.Tit. 66. Tit. 78.
Tit. 64-.
Tit. 7o. Tit. 87.
Tit. 65.Tit. 72. Tit. 8g.
Tit. 66.Tit. 73· T.9r. e L.3,
I -
t.3o. e§. 2.
Tit. 67. Tit. 74· Tit. 94·
Tit. 68. Tit. 75· Tit. 92.
Tit. 69. ~it. 76 . . Tit. 95·
Tit.7o.
Tit. 71. Tit. 78. Tit. IOO.
Tit. 72. L.4.t.26. L.4.t·34·
\I
Tit. 73· Tit."JQ• Tit. IOI·
Tit. 7+·
Tit. 75· "Tit. 8z. Tit. IO..f.. I
§. l· Or<l. de I4 de Out. de I5.I4- 1-
Synop. t. I·· pag.. 196.
Tit. 76. Tit. 85 • T.6.eno.
T~t. 77 : Iit. 8 7• T ~t. 113.
FoNT. INTERNa DO C. MA.N, DE 1521. . LXXII[
LIV . .V.
I 521. I Sr 4· Aif. . ExtraV,f!g~ ~ ..
Tit. 78. Tit. 88. Tit. IIÓ".
Tit. 79· Tit .. 8g. Tit. 117 • .
Tit. 8o. Tit. go. Li v. 2. L. de 5 de Março de 1450,
· t. fio, ibid. pag. 94•
Tit. Ú. Tit. g_z ., Liv.4. Cort. de_14-77, Cap. 2. d<l
e 46.- t.63.e1 II .Aigarve, e Cort. de L4-~ I ,
'Cap. 146; * Alv~ de 18 de
Jun. de 1504, Corp. Chr.
P. 2. Maço 2. de 1L. n. 9·
§. 4· . * Aprefent. de 19 de Fev'•
. de 1485, L. 13 das Ver. do
Port. f. 33•
§. 5· Tit. 4-6. Liv. 4. - L. de 2& de Fev. de 1452 ·;
t, ' III. Synop. t. r. pag.95·
§. 6. L. de Setembro de 1473 ,
<JF

Ined. t. 3· pag. 470.


Tit. 82. * Alv. de 21 de Abril de
1499 , Syn. t. J, pag: 148. ·
Tit.-83. T:it.• 93~ .·
Tit. 84. Tit. 94· *L. 'de 31 de Out. de 1468,
_ibici. pag. 104.
§. 2. .. * Alv..de IS de Fev.de ISIS·
Tit. 8y · ' -.í .. Oí: •• T

Tit. 86. Tit. 95. Ord. de x6 de Nov. de 1499,


Syn. Chron. t, h pag. I55·
Tit.'87. Tit. g6•
.0 .l.. : k
·.Lxxnii FoNT. INTERN. oo ·c. MAN. DE I 52'l·
Lrv. ·v.. ·
J s~· r. . I 5 I 4· Aff. E:xtravag.
Tit . as.. Tit. 45• Tit. 41· * Aiv. de 19 de Março de
e48. J;485, L~ 13 das Ver, do,
Port. f;(39 ; e L. fem data
do ~nhor D. Joaó. Il, e L~
de 24 d~ Ma-rço d·e 1503, ·e
21 de Fev. de 1519, .Syn.
t:. I. pag. 233 ; Acord. d~
4 de Março de 1489, L. 17
d<\s Ver, do Port. f·..34•.
§. ]', L .•2. ~.36.
§. 8. Ç. d'Ev. de t490 , Art. 12 .. .
Tit. 8g.. Tit. 47• C .. d'Ev. de 1.490, Cap. 49•.
Tit., go. Tit. 48 .. Tit. •. s.o•.
I
.§ .r.. Di.tas. Cort. Art. 22 , ditas
de Coimbra,_e E v:. de 1472~.
e 1473 , Art. 24 da J ufti.ça•.
:rit~9l· Tit. 4-CJ.-. . · 1\
Tit. 92. - . ... . Alv. de 8, d'Agoíl •. de lj-I6,_
( Sy.n.Ch\-.. t.x. p.2o6~e '1,97.....
Tit. 93· T~t. 50 •.--T~t. 53· \ \
Tit. 94· ·Tlt. 51.. T1t. 55· \ \
Tit. 95• Tit ..54.· Tit. 6o ..
Tit. g6. -, I,.L. antigas pag.. m.. 20J.o..\

T-it. 97·
Tit. 98. Ti~. 91·
§. 2· . L. fem. data na Syn. Chr.o .
t,._~, l?a&· 3o6-.
FoNT. !NTRRN. oo C. MAN.
LIV. V.
I 52 L - I5 14· A/f.
T. 98. §. 3· .JC- Aff.de 30 de Nov.de 14-7S'•
L.venn.; Ined. t.3·. P·SII·
Tit~ 99 . Tit. 9 s:
Tit. too. Tit. 99•
Tit. Lor. Ti.t. 91. - *C.d'Ev.de149o,Cap.34-·
· . :Tit. to2• L de 27 de Junho de 1504 1
Corp. Chr. P. 2. Maço 2.
de L L. n. 1 o ; e L. de I 7
de Out. de 1499, Synop.
-Chron. t;.; x. pag. I-53··.
Tit. IOJ·
'Pit. xo4. Tit. xo~.
'l'i't. 105· Tit. IOI'.
Tit •. Jo6. Tit. ro.3. Tit. 96.
Tit. 10.7. Tit. J:o6 •. Tit. 67 . .Mr. fem dnta,. no livrj~hc)
estt- da Cafa do C. f. 22. v.
'Princip. ..- Aff. de 29 d'Agoll.ue xsn,
ibid. f. 24·
1t. xo8. Tit. I07·
it. zog.
Tit. zo8. L. da E:x:·. f. x8s, e Liv. r;
do Goad. f. 217. v.
Tit.ux. Tit.44· Tit.46. *Ord. dezd'~g.dersoz,
Syn. t. I. pag. 'I04, ibid~
pag.ro8.
Tit. 112. Tit. 109. - - "'*L, de 19 deOut: de 1470,
e 31 de Agollo de 1474 ~
k 2 Corp.
:LXXVI FóNT. lNTERN: DO c. MAN. r;E I 5H.·
LIV. V.
l s.z·l. .l sI 4- Aff. ) Extravag . . T
'I I~
Corp. Cnr. P. 2. Maço 2.
de LL. n. I 2 , e de 3 de
Nov. de 1504, e 12 deJun.
de 1515, t6de Dez.de 1517;
L. dos Regimentos, e LL.
do Senhor D. M~n. f. 35 ;
L de Jan. de 1518, 15 de
Fev. do mefmo anno , ibid.
f.44·
L. de 19 de Out. de 1470,
Synop. t. 1. pag. 104.
§.25. *Alv.de4deOut.dei512.·
Tit.113. Tit, no. - - *L. de xso4, Corp. Chr~
Maço :2. de ·LL. IWI4··
L.· de 1 3 . de Set'. d-e·t49/l ;
Extr. de Leaó f. 210. v.
I

\
\
I t
·. • J

•J .I. '{ ;

..
TA-
LXXVII

,; ·TAVOADAS, OU INDICES

Do Codigo Manuelino de I 5 I 4·

PARA fe .dar huma notici~


mais circúnfl:anciada do Co-
digCD impre1fo .em 15q, pareceo conveniente publicar as
Tavõaclas, ou Indicês de cada hum dos Liv-ros, com os
breves fummarios, ou ·introducçóes, que · precetlem cada
hum delles , .e os encerràmehtos por que acabaó.
Comparando-fe as Ta voadas com as rubricas dos_Ti-
tu~·o<S -~b;fefv·a-fé ·havér entre ellas variedade , em quanto
nas ditas Tavoadas as rubricas d'alguns Titulas faó dimi- -
nu tas , e em.. geral menos correél:as ; pelo que em regra fe
preferira6 as rubricas, as quais fe copíaraó'fem alte_ra·ça6 , .
á excepçaõ d~ cafo de erro manifefl:o. ,.
I ,. I I '

, ~ numeraç~6 efl:á errada em dous Títulos do l,ivro I ,


é. em hum do Livro !I I. Porquanto no ' I. fe encontraó
dous Titulas c,om o numero vij , e o Título , do Gover-

"
>J
.
nadc\r d;1 Cafa do Civel ,, fem numero algum; e poriffo
o 'Livro, que verdadeiramente confia de
~
LXIII Títulos' • .fe
• • I
diz no exemplar que tem LXI.

c . Pelo contrario no Livro li I. do Titulo VI! l i fe p::lffa .


. ao XI; donde nafce que, tendo fomente ~XI , fe d.i z que
i con~; de ~·~ II Títulos , ·e~ros, que nefl:a Ed-iÇaó fe a~haó
.• corregidos.
J
Os fummarios do I. III. e V. Livros fa6 exàél:os , e
·I_qdiçaó em mui poucas .palavras os objeéto.s da Legislnça6 •.
que
Lxxvrrr INDICES DO CoDIGO MAN. DE I5If.

que fe cQmprehende em. cada hu·m dellés. P6qin o do


U. he diminuto , como fe pode ver naõ fó permeio da
mefma Tavoada, mas pelo que ja acima fica dito. (a)
Tambem naó he exaél:o o fummario do Livro IV. ení
'
quanto affirma, que nelle fe trata dos qhaú contraél:os; po.is
no decurfo de todo Q Livro naõ _apparece Titulo, 'em que
fe trate delTa materia em geral , ou de algüa de fuas
efpecies em particular; e fó incidentemente fe falia de
quaíl contraél:os nQ Livro III. Titulo V. §. 3, nos mef-
mos termos que fe obfervaó no Cod. de ISZI , Livro III.
Titulo V. §. 4· (b)
As coufas que pareccraõ dignas de obfervl\çaé fa6 a.; t
que fe feguem.
L I V R O P R I M E I R O.
NA prim~ira
folha Huma Ell:ampa , 1lue occupa trcs
partes da impreífaó, e te;m ao lado cfqnerdo as Armas·
Reaes com Elmo, Coroa aberta , e Timbre , e á direita a
'\
Esfera fobre. hum pé alto, e enrolada nelle huma faxa 1
com a fcguinte infcripça6 em letras maiufçulas : Spera in I1
DeQ, €:! /ac bonitatem: e na Eclíptica com ell:as letras~ '
. I

C. A. O. A. T. G.
Por baix0 o titulo do Livro, que começa, com o L pre-
to, e fegue-fe até o.fim com tinta encarnada *a fórma
fegninte. , Liuro primeiro das ordenaçoes cõ fua ta:"
\
, , uoa-
(a) pag. XIIIT.
(b) Daqui fe infere manifeftamep:te, que .todas as nofià11 CompilafõeS fuppoem
as doutrinas dos quafi contraB:os, jll•• que feus AuB:ores deixaraõ de tratar~defta,
m>teria, por- fc perfuadi'r em, que no determinaç6es do Direito Romôlllo erao fuf.
lkic.Q.tCi, e em t~~~~~ confonnçs i j1Hlifa , e e'luidad;. '
INv:tcEs DO CoDIGo MAN. DE r 514. LXXÍ:J!:

,_, uoada .• que afigna os títulos: & folhas: & traÇ.'tafe nelle
,., dos officios de noffa corte : & da cafa da 'fuplicaçâ : &
, do ciuel: & daquel'les que per Nos teé carrego d~ 'mi.
,, ilhar dereyto: & julliça. Nouament~ corregido na fe-
" güda épreffam. Per efpecial rnâdado do muy alw &
, Ínuy poderofo Senhor Rey D~ Manuel noffo Senhór :
, Foy emprimido: Com priuileg,io de fua Alteza , ( co1n
tinta preta. )
No verfo da folha tem o fe~~.!Ínte ~
, Segue-fe a t.auoada, pera fe por ella achare . os tí-
tulos deíl;e 1. liuro das ordenações dtdtes Regnos,

Titulo pFimeiro do. regimento do reged.er-·da jufiiça


na cafa da fuplicaçam .. . fo. j.
Juramento do regeélor. fo. j. v.
Juramento do defembaP.gador que nouaméte
entt>a.r tia cafa da. fup·licaçarn •. fo. ij. '(},
Tit. ij. Bo cham:el<!P mooli. fu. viij.
Tit. iij. Dos veedores da fazenda. fo, x. v.
Dos veedores. da. faz~nda: as pefi'oas que de:-
uem feer es. veedores •.
Juramente. dos veedores :· como mã'd'iarão ar-
l'ecadar 0s dereytos , & afora-I', &. arrendá r. .,
& correger o que comprir. fo. . xij.
C~mo nõ receber.ã lâÇ,OS fem} 0s fazere faber
a EIRe)r,.. .
Como conhecerá dos feitos ~ , & como.os def-
~.mbargar~.

Como
LXXX IN orcEs DO Coorco MAN. DE r 5q ...
Como cónhecera cada veedor dos feitos , que "
lhe viere per detlribuiçã, e fara audiencia. fo. xij.v-
Como as fentenças e cartas outras ferã affi~
nadas per dous veedores. .
Como pelas manháas defembargarâ as partes,
& aa tarde oferuiço de E!Rey. t•
Sobre .quaes pelfoas , e officios hão de proueer
os veedores da fazenda.
Como cónhecerã per auçã noua na corte & a
cinco legoas: & a conthia em que fará fim
nos contadores , e juize~ das cifas. fo. xiij.
O que ha de fazer o contador moor de li~boa.
Como c6nhecerã os veedores das demandas
mouidas pelos rendeiros ou almoxarifcs, po-
íl:o que fejam fobre dereytos reaes. fo. xiij. v.
Cónhecerã de todollcJs feitos mouidos contra
os officiaes da faze 1nda fobre perdimento de
feus officios por erros , mas o crime remet- 1.
terá.
Qye cónheçã dos feitos de uns officiaeS com
outros , ou com qpaefq uer outras pe[oas fo-
bre coufas tocantes aa fazenda d'ElRey.
Como cónhecerã fobre os· defcontos & en-
cãpaçóes.
1
Cónhecerâ dos con~ uyos. fo./
Cartas & defpachos, que pertencem a no!Ta
fazenda, e a nella liurarem &"fazerem, foro
eft.es feguintes.
JNDICES no· Coorco MAN. DE I 514. I.xxn

De como há de proÍ.teer fobre as lifiras _, val-


la.s , .& pa:~íTus &c. fo. xiv. v.
Como defpacharâ as petições. f o, x.iv. tJ,
Qte-·nom molhe o perteim nem. moços I i-
uro alguü da fazenda. fo. xv.
QJ.te fe faça huü liuro de tomb.o de todallas
rendas & dereytos, que pertencem aa coroa
.do regno. fo. xv. v.
~te faibâ das coufas que pertencé a E!Rey ·
e as façã arrecadar. -
Qle faybã c0mo os cótadores & officiaes fer-
. .uem feus officios. fo. xvj.
-
·. Tit. iiij. Dos defembargadcnes .do paaço, que
cónhccé das IH::tiçóes -OI -agrauos · em noíTa
caía da foplicaçâ. ' f o. xvj. tJ •

.'rit. v. Do cprrege_d or na corte dos feitos crimes. fo. xx.


Tit. vj. Do corregedor da corte dos feitos ciuijs. fo. xx.iij.
Tit. vij. Do juiz dos noffos feitos .• fo.xxiv. tJ,
Tit. viij. _Dos Dt!Uit~ores. fo. · xxv. v.
Tit. viiij. Do ouuidor das terras da Raynha. fo. xxviij.
Tit. x. Do p.rocurador dos noff.os feit~s. fo.xxviij .tJ • .

Tit. xj. Do fcriuã !la chancelaria.• fo. xxix. tJ.

Tit. xij. D.o meirinho moer. fo. xxx. v •


.Ti·t. xiij,. Do almotacee moor. fo. xxxj.
Tit. xiiij. Do r.nei1 · ho , que anda na corte em
lugar de meirinho moo.r. fo. xxx.vj.v.
Tít, xv. D.o meirinho das cadeas: & do que a
feu officio -pertençe. _ fo. xxxviíj.
1
Tit. xvj. Do fcriuam d0s fêitos .delRey. fo. KXXNiij. "'·
Tit. xvij~ Do fcriuam das mal feitorias. fe. xxxix.
Tit. xviij~ Do~ fcriuaens · dat:~te os defembarga-
. do11es .do ipaaço: & dos agrailos : & cor-
. recedores
t>
da corte: & outros .defembar-
. . gador.es da rolaça;~. fo. xx.xix .0.
Tit. xviiij. f)Q .•pot~ei•ro da cM.ce\.aria de nolfa
.. ..·~ . corte. · fo. x'Xxxiij •
Tit. x~. Vo portei.ró da ro:la9am. fg, 'XXX>X'Í·Í'j; 'P•
Tit. xxj. Do porteirõ dos corr.egedoPes da ·cor-
te : & do~ nolfos ouuidores : & da Ray-
nha. ' fo. xxxxiij. "·
Tit. xxij. Do pregoeyro da corte. fo. xxxxiv. v.
Tit. x.xiij. Das citações: pregoés: proouraçóes: '&
inquirições d~ que a elRey pertence ,
'2Uer dereyto. fo. xxxxiv. ";
·(a) Tit. xxiv. Regimentp do gouernador dajuíliça
. . ~
·.na cafa do .ciup. fo. xxx:xv.\
''fit. xx.v. ~Do châceler da cafa do -ciuil : ·& do
que a feu ·officio pertence. fo. lij,
~.it. x:x.vj. ' Dos defembargadores dos agrau.os : · &
de que a feus t~fficios pertence. fo. Xliij~
Tit. -x:xvij. Dos fobreju/zes: '&do qu'e a feu
. . . \
oAI-
<CIO peitence. · fo·. Iiij f•
(h) Tit. xxvii-j. I:>os •óuuidores 'do cri : & do que
. .a feus officios •perteflee. f o. I v.
(o) Efte T-it • .nàó'ttm LnumerafaÕ -no'·B'Xemplar >impreffo, e •faz alteiar a or-
dem.
{b) ' Eíla 'rubrica Yem deminut~ na TFwo~dR, affim tomo al,umas das 'lue M:
fcg11~m. ~

-"'.
INnrcas Do Cóol'~o MA~. ·D~· .J 5r -f.~~ .u:~·ltU
Tit. xxviiij.• Do prometo r da jtilli~a i: & do fltle a ·
feu officio per~e:nce. fo. lv. "·
Tit. xxx. Do fcri.uam dar chancelaria: &.do que a
feu offici0 pertence. . fo. lvj.fl.
Tit. xxxj. Do fcriua~\ que teé. carrego de. fqli- ·
citado.r da jufti.ça. fõ. lvij.
Tit. Xxlflij·• .!;:>os fcriuaâes que efcreuem perante
os defembargad0res ., &. fobiiejui:z..es., &
mmidares da dita cafa. io. lvij.v.
Tit. xxxiij.. Dos procurach>res: & dos que nó po..:
" dem feer: & dos que os nô podem fazer. fo.lviij .tt,.
Tit. xxxiv. Dos con:eged[Jres das comarcas: .& as
. coufas qu~ a ftms offic;ios. pe!itenee. fo. lxj.
Tit, xxxv. Em que modo há de enquerer fobre o
corregedor clá comarca, quando acaba o
tempo de feu officio. fo. lxvj. fi.

Tit. xxx V.j. Da chancelaria da~ comarcas. f"' .: .lxl.'.iijl.


Tit. xxxvij. Dos juizes ordenairos : & do que a
feu officio pertence. fo. lxviiij.
IT'it. xxxviij. Dos vereadores. das cidádes & vil-
las : & do que a feu offici0 per~ence. fo. lxxiv.
Ti;, xxxi x. Dos almotacees.: & do que a feu officio _
pertence. · fo. lxxviij.
Tit. xxx.x. Do procurador do concelho ~ & coufa.s
que ao dito officio pertence; · fo, h:x·x .
Tit. xxxxj. Do thefoureyro do concelho: & cou-
fas. que a feu officio pertence. . fo. lxxx.t~.
Tit . xxx.xij. Do fcriuam da éa.mara: & coufas
que a feu eiicio pe~tencé. fo. l~xxj.
h
r,.xxnv lNorcEs Do Cimrco JYTAN. DE I 514.
Tit. · xxxx.iij. Do fcriuam da almotaçaria: &
couías que a feu officio pertence. fo.lxxxj.v.
Tit. xxxxiv. Dos alcaides moores dos caflei-
Jo·s . fo. lxxxij.
Tit. xxxxv. Do alcayde pequeno das cidades &
villas : & coufas que a feu officio per-
teence. fo.Ixxxiv.v.
Tit. xxxxvj. Das armas, que em todo tempo fom
defefas: & como fe deuem filhar: & am
quando geralmente ou em algum lugar
fore defe.fas. fo.lxxxvij.v.
Tit. xxxxvij. Do carcereiro da co~te: & da cafa
do ciuil: & do que a feu officio p crten ~
ce. fo. lxxxvi ij . v:
Tit. xxxxviij . Das carci~rages da corte: & como
fe ham de leuar. fo~ lxxxx.
Tit. xxxxviiij. Dos carcereiros das cidades & vil-
las : & das carcerages que ham de. le-
uar. fo. lxxxx.
Tit. 1. Do que ham 1 e leuar os fcriuaés da fa~
zenda, & da camara, das cartas & clef-
embargos, & aluaraaes, & outras ,feri- \
pturas que fezeré. fo. \ lxxxxj. 'ti.

Tit. lj. Dos taballiáes _d as notas : & do que a feús


officios pertence, f o. lxxxxij. v.
Tit. lij. Dos taballiaens judiciaes: & çlo que a
feus officios pertence. fo. lxxxxvj. v.
Tit. !iij. Do que ham <Je leuar os fcriuães da
- corte & das .comarcas dos carretos dos
fel tos. . . f0. e,
JNDICES oo Coowo MAN. DE I 514. LXXXV

Tit. liiij. Do que ham de Jeuar os taballi~es &


fcriuaes de feu falairo. f o. c• .
Tit. lv. Dos taballi ães geeraaes: & como deuem
vfar de feus officios : & das penfo6es
que deuem pagar. fo. civ.
Tit. lvj, Dos enqueredores: & do que a feu officio
pertence: & do que· ham ·de leuar de
feu falairo. fo. cv.
Tit. lvij. Do que ham de leuar os porteiros &
pregoeiros das penhoras : citações &
arrematações. fo. cv.j.
Tit. lviij. Do juiz dos orfaaõs: & coufas que a
feu officio per~ence. f o. cvj, v.
'Tit. I viiij . . De coma fe ham de fazer as parti-
~oões antre os irmaâos.. fo.cxvij .v •.
Tit, lx. Do fcrinam d<_?s orfaãos : & do que a
feu officio pertence. f o. · cxxij.
Tit. lxj. Do curador que h e dado aos beês do ab- .
f ente: & aa herança do finado a que iJõ .
he ach a·do herdeiros. fo, qx:iij.
Tit. lxij; Do contador dos feitos&. cufl:as : & co-
rno fe ham de contar: a !li ·na corre co- ~
mo nas cidatle:s villas & lugares de nof-
fos regnos & fenhorios. fo.rxxiij.'1/.
Tit. lxiij. Como ham de contar o falairo aos
procuradores. fo. cxxvij_~ .
Fim. da Tauoada.·

P R 0- ·
/

PRO L E G .U O.
, ·DOM Manuel per graç;! d•e Deos Rey de P<Jrtugal: &
., dos Algarmes rJ!aqu.em & dalem maa·r: é a Afúca fenf.lot:.
., de Gu i:nee: & da conqtFiíla & nauegaçam & comer-
tr ·cio d'Etiopia: ArabÍ:}: Perlla·: & dia India: a todos
, nolfos fubditos & valfallos fa-ude &c. Cõfi.r~e· noi
,. quá necefaria ern todo ~empô he a jMf.li·ça r alfy' na paz
, 1 · é'omo na guerra , pera boa ·gouernáça & c&níeruaçã de
., toda Reep~:~blica & e!làdo real: a qmrt como membro
,. principa1 1 e' mais que as outtas virtudes excellente, alfy
1t •rttais que todas aos príncipes CtHHJé , & neHa como C!n
., verdaMiro efpelho de confciencia fc deuem fetnpre Fe-'
u uer & e<fmerar: porque cemo a j~~fliça cenft·fie em ygua;-
., leza 1 & com jufl:a balláça dar o feu a cada hü; aff)d o bó'"
·" Rey deu·e fer fempre fí uu e~ retribuir
1
&; ygllal a toJos
· ,. a cada húü fegundo fetts merecimentos. E a!fy 'cortlo
., , a juíl:ifa he virtude nõ pera fy mas pera outrem , por
I
~. aprouei ta r f<>omente a , quelles à que fe faz , da'ndolhes I
I
., o feu: & fazendoos bé yiuer : os 1boós eom premies, os
, maos com temor da pena: donde refulta paz & afefeguo, .
\

, porque o caalgo dos ~haaos he conferuaçam,dós bo~~!


., alfy deue fazer o bó pt;incipe , pois per Deos\ foy dJdo
, principalmente nó perf fy nem feu partícula 1 prouei-
~
··; to , mas pera beé gouyrnar feu peuo, & aprobeitar
.. feus fubditos come a preprios filhos : a exemplo &
~. ymitaçam daquelle verdadeiro - pelicano, çuJ·o feptro
I . '
, tem na terra, que ·por ia geraçam humana, &por faluar
·. , feu pouo & filhos, nÕj foomentc ·o propxio & preciofo
• r . " [;m·
., fa,ngue derramou , mas na aru9re dJl Nel'3 E:,ru~ .quis .p~
., decer • .E como quer .que efk~!lado .& Re.epubli.c,a con.,.
, ..fiíl:a p.rinci.palrnente & ·(e foíl:e.nha Jem duas coufas •
, ·em arma~ , & em le~s : & Mia aja .meíler da outr.a ; '
,, .porq.ue alfy como as ley-s com .a força das· ar'?as f~
.., mante, ai!Y a arte militar com ajp.d~ das leys he Iegura :.
,, & cõ eílas ·duas c.o ufas os ~omâos quafy o mundo fub-
11; jugaraõ. ·Portan.tp pollo q\l.e na~ .ann.as & .continua ~
•• defuairad.a guerrl' , affy em afFrica , con.1o em afia , tíi
•• .diuerfas partes do mundo, & tâ longe apartadas, ·fe.ja-
~· -mos .taõ ocu,pado , depois de jaa te-rmos ordenado , &
.. , acabado a noffa . tor-re do tombo , obra muy diffiól ~
, necefari~ pera perpetua rnemoria , guarda , e fieldade
,, de todas as fcripturas e antiguidades de noifos regno~
,, & fenhorios: & affy o reg.imento & foraaes de todi\S
,. Í10ffas cidades vi \las & lugares, coufa certo a todo p.ouo
, .b em proneitofa: defe}a1,1d,o eon[eru'<!r & manter ·noifOi·
•·• .vaffaJL9s ,em ,j!>erpet;uil pa~ 1& .boõs cqfl:umes , ·.Guue-
•• wos por- mqy ..necefario eiltender ~efia jufl:il? , que •nó
., me\}OS que as ,armas faz venc~r pela coocordia & afe..,
•• feguo que fe dcJla fe.gu.e . E daqui naceo o .prouerbio
'·' q.ue os Romãos venci~ afentados •.f. com a hQa gm1er.-
,. nança {lJ. tregtm({~Ho ~~m q11e viM i~· , ~ con(elho c.9m
, que faziã fuas guerras, o qual fe nõ pode bem tomar
,, !em te.poufo tk Píl~ intr~niica_, -& ygualeza :de boós jui-
"'' zos, & tempe~ança .d~ viu~r, 9 ;que !tudo .e!la virtude n0s
,, .enfina & obriga; P9~S feps 1pr~<_ceptos sã viuer honefta-
,, ,IJl(;ntf;: .: -a ou~r~ ~ô l ~p,eç!lr: dílr .o feu a cacla hu,rn.
. .Pollo
Lxx.xvrrr borcrrs DO Coorco MAI'i. DE I 514•
, Pello qual vendo nos a confusa & -repugnãcias dat-
" gumas ordenações per os Reys noffus anteceffores fei-
, tas , affy das qu:! efl:auã encorporadas ·, como das· ex-
, trauagantes, donde recrefciã aps julgadores muytas du-
" uidas & debates , & aas partes feguia grande perda :
, querendo a yffo prouer polia obriguaçaó que temos por
, nos noffo Senhor teer poflo ·nefle eflado: Determinamos
n com os do noffo confelho & letetados reformar cfl:as
, ordenações , & fazer noua compillaçá: tirando todD
, fobejo & fuperfluo: e áddendo no minguado : fuprin-
" do os defeétos : conc ord ando as contrariedades: docra-
" ranJo o efcuro & difficel : de manéira que affy dos le-
" terados como de todos fe poffa bem & perfeitamente ·
·~ entender. A qual obra & comptll açã bem -~xaminad:l
I
" · & émendada reduzimos como dantes em cinquo lruros r,
, & mandamos imprimir, & publicar, & aprouamos, &
, confirmamos. Reuogando & anH1lando quaefq uer outra!l'
, ordenações ., que fora 4efl:a compillaçã fe acharem : fal- \
.., uo fe depois forem feitas per nos, ou per os Reys nof-
" fos fubceffores, mouidos da mudança dos tempos, ou no-
, uidades dos cafos que podem fobreuir: & efl:a quere-
" mos que -em todos os no[os regnos & fenhorio~ fo
,., guarde, pratique, & yalha pera fempr_e. Fim\ .
\
Na quarta folha hurpa Efta·mpa grande , que occupa
t-0da a i m~re!Taó , e rep1:,e fenta ElRey no trono com o fce-
ptro na direita , & a efquerda fobre hum liuro, em que
pega. hum homem de jodhos , veílido com roupa talar ,
barre-
INorcEs oo Coorco- MAI-r. DE I5f+· LXXX{X

~rrete aos pés, pareceNdo indicar o Chanceller mor Rui


BoHo; Archeíws da mefma parte , á direita c'oncurfo de
Doutores , ou Defembargadores , cobertos com feus barre-.
tes. No alto da cadeira hüa faxa com a irÍfcripçaô: Dea in ·
ccelo, tibi autem in mundo. No canto direito da Eltampa as
Armas Re:les em peqneno ,· co.m Coroa aberta-, que tocJ.
a orla da E(l:ampa, fem Elmo , nem Ti~bre, e á erquerd:~.
.a Esfera da mefma grandeza que as armas , e fem letras,
Segue-fe a quinta folha, e aprimeira numerada.
, Do Regimento do Regedor da Jurtiça.
, Aqui fe começa os cinco liuros das ordenações corre-
., g.íclas & 'emendadas pelo Doél:or Ruy Bot-o do côfe)ho
, de E!Rey & chanceller moor defl:es regnos & fenhorios
, com outros leterados do feu confelho & defembargo
.,, Rara ello deputados. Per mâdado do inui étií1i1no & muy
.., poderozo Senhor EI Rey D.. Emanuel no !To Senhor ,
,. & per elle v·ifl:as & exarninadas.
Segue-fe o Iiuro primeiro, (a) e ac:.1ba efl:e liuro no
verfo da folha cxxviiij. , ·
E na feguinte, que naõ e{lá numeratla , fe acha o que
fe fegue.
" Acabou-fe cle emprimir ho primeiro liuro das or..~
., denações , corregido & emendado p~r o Doél:or Ruy
, ' Boto do confelho d'EIRey no!fo Senhor & chance.Jier
, , moor. d!!fles regnos & fenhorios per autoridade & pre-
" uilegio de Su;t Alteza. Em Lyxboa per Joham Pedro
, d~ bqnhomini - aos . xx;sc dias de Oél:obro de mil e qui-
•• nhentos e qu~torze annos.
m E
(a J Em letra preta , poi'lue o mais p.1ra cima he çle tjnta ençarnada,
:LXxxx INDICES DO CoDIGO rVIAN. DE l' 5I4.

E no fim d1á hum c~~ çJe lampe , reprefenta.ndo nu-


ma cobra enrofcada ao redor de hum circulo com hum
nó por baixo, e cabe~a coroada, mordendo em huma J.i -
nha perpendicular , que fahe de dentro , e quali do meio
do cir culo.
· No fi 'm do Liuro I I. no meio de huma folha em branco,
qbe fe fegue a fol. lxj, e no verf. da foi. lx.xiv do Liv. V.
ha outra fimilhante. Os Livros Ill. e IV.naõ ~tem.

L I V R O S E G U N D O.
E Stampa igual a primeira.
, Liuro fegundo das ordenações có fua tanoada,
, que affigna os títulos & folhas : & traéla-fe nelle das
, leys & ordenações tocantes ·aas ygrejas & moefteiros
, & pefToas ,religiofas & ecleíiaflicas & outras pelfoas.
, Nouamente corregido na fegunrla emprerfam: Per efpe-
, cial mandado do muy alto & muy poderozo Senhor
, Rey dom Manuel nono Senhor: Foi empremido Com
,; preuitegio de fua Alteza. , .
, S·egue- f e a tauoada pera fe por ~lia aeharé os titulas. ~~
Tit. primeiro em q e cafos os clerigos & r ligia: \
[os deuem refponder perante as jufl:iças
fecnlares. \fo. j.
Tit. ij. Dos q'ue fe coutam aa ygreja em que ca-
fos gonui rã da ymunidaJ'e della: & em
qnaes nom. fo. iiij. v.
Tit. iij. ~1ando ~ ley contradiz aa de.c retal
qmJ.l dell~ fe deu.e guardar. fo.. v.~ .
JNDICES Do CooiGo MAN. DE 1514. txxxxi
i'

Tit. iv. QJe façam penhora nos bees dos cle-


rigu:a condenados per os juizes del-
Rey. fo. v. v.
Tit. v. ~te os creligos & ordees & outras quaes-
quer · peffoa~ eddia!licas nom pofhm
auer nem gançar bes alguüs nos re-
. guegos delRey. fo. v9.
Tit. vj. ~e .as ygrejas & ordees nom comprem
beés de -raiz fem licença de!Rey. fo. vij.
Tit. vij. ~e as ordeés & moefl:eiros nó ajam he-
rança de beés de raiz per morte .de feus
profeffos. f o. viij. v.
_Tit. viij. ~te os leigos nó t.o mem polle dos be-
neficios qeando vagarem. f o. viiij.
J'it. viiij. ~e os fcriuães dos 'Vigairos guardem
a .taxa Elas fcripturas, que he d.ada ao5 ·
fcriuães da corte: e n6 f<'çá elJes , nem
-outros alguüs fcriuães dos prelados ,
GU dos tr.oefl:eiros, & n0tarios apofl:oli-
cos fcri:l?twras, em qu.e algum leigo
feja-párte. fo. viiij. v.
Tit. x. Que os fidalguos ou feus moordomos nom · ·
poufem nas ygrejas & moefl:eiros: nem
lhe tomem o fcu coLJtra fu~ vontade. fo. x.
Tit.xj. ~te os fidal-guo; nó ponhã defefa em fu:1s
terras per que faça~n hermar as herda-
des das ygrejas, ou moefieiros. fo. x. v.
Tit. xij. ~e nó poífam :vender, · nem etnpe-
.· m -~ l\har
.LXXXXII INDICES DO CoDI'GO MAN. oe I sr4.
nhar prata alguüa das ygrejas- ou moe-
fieiros fem licéça delRey. · fo. ~ ..
.Tit. xiij. ~e as ygrejas & moefl:eiros & clcri-
-gos de ordeés facras , ou beneficiados
& frades nó paguem diz~ma , porta-
gem, nem !ifa. fo.. xj.
rit. xiiij. De· como íe ham de entende-r os pré-
uilegios per -e1Rey dados aas ygrejas·
& moefl:eiros pera feus. laur.adores & c a-
feiros. .fo.. xij•.
Tit. xv. Dos dereito~ reaes, que aos Reys pei't>en-
ce auer em feus regnos per dereito
c.omuü.. f.Q. xij. 'l!J.

Tit. xvj . Das jugauas, & como fe-deuem arre,


cadar, nas ·teuas jugadeiras. fo. xv-.·
Tít. xvij. Da maneifa que fe deue teer na ·;..,.
ceifam. das terras & beés da- coroa· do
I
' fo.
Tit •. xvíij. Em ·que temp~ as- cartas das doaçoés
& mereces depem feer affel~da-s & paf-
f.aclas pela chancellaria·, fo. XXVIJ "-

"rit, xv.liij. Que n6 feja criida. portaria lgua '\


de! Rey ,. ~lu o per f eu aluará , 9u· c~ rta
· aíellada dorfeu feel!o. \ fo. x ·viij ~.
.J"it. xx. ~te nó façam obra por ~arta ou alu~rtt
delRey , pem a.l gum feu-oficial , fem .
primeiro paffar pela chancellaria: &
I
q,ue as c.oufas que hâ. de durar mais de
llü ~nno. n~ I'alJem por aluaraes.. fo. xxviij~
lNDICES DO CaoiGO MAN. DE 1514. tJtxxxur
Tit. xxj. Em que modo & em qiJle tçmpo f€ faz
alguü vdinho pera gouuir do préuile-
gio dado aos velinhas. · fo, xxvi-ii}. v.
Tit. X)(ij. Q!Je os almoxarifes delRey ou outro
alguü nõ leuem coufa algüa do nauio
que fe perder. fu. xxx.
Tit. xxiij. Das cartas impetradas delRey per
}alfa infor.maçã, ou. callada a yeràade,
. ou. dadas per petiçam da parte. fo. xxx •.
Tit, xxiiij. Como fe ham de trazer as armas da·
nobreza" e os que as nam podem, nem
ueuem tl:azer. fo. xxxj.
Regras 'da maneira que fe podem e deuem.
trazer as armas •. fo. xxxj. v.
Tit. xxv, De como, a elRey foométe pertéce
apoufentat~ alguem por auer ydade de ,
fetenta annos. fo. xx·x ij •.
Tit. xx vj. ~e o pJeu i legio da exemça (a) dac\o;
ao morador da t~rra nõ faça: P.rejuífo
ao fenhor de)la.:, fo. xxxij. ~·
Tit. xxv:ij •. De como· as raynl;as -& ynfantes &
outros fenhores deuem vfar das jurisdi-
• ç.óes que por e!Rey _fom dadas. . fo. xxxiij~
'Tit. xxviij. J?os officiaes delRey q-ue lh-e furtaõ .
ou enganofamente leixã p~rder o que
porelle recebem. fo. xxxxj.v·,.
Tit. xxv.iiij. Em. que cafos d~uem ·os. rendeiros ·
delRey'

Í!Ü .Na rubüca fe lê c~wt<fr.<tn , erro maniíel1:o·, e 'lue porillo fe n.O t.ranfçl·cvilo.
Lxxxxrv IN orcEs oo CoorGo MAN. DE r 5lf·'
delRey gouuir do feu preuilegio & fe-
rem remetidos a feus juizes. (o. xxxij.
Tit. x.x.x. ~~e os thefoureiros, almoxarifes , ou
reeebedores de!Rey nom dee os di-
nheiros do dito fenhor a vfura, ne em-
preftem fem feu h1andado. fo. xxxxij. v.
Ti1:7xxxj. Da pena que hauerâ os thefoureiros,
almo~arifes, & outros officiaes da fa-
zéda , que lenam peyta çlos rendeiros,
ou por pagar os defembargos aas par-
tes : ou dam em cõta os defemb:ugos
que nom teem 'p agos. fo. xxxxiij.
Tit. xxxij. Qye os thefoureiros , almoxarifes', &
recebedores arrecadem, & executem as
diuidas elos 1 temi'e irós átee quatro me-
fes depois clo ãno de feus arrendame-
tos. f o. xxxxiij.
Tit. xxxiij. Qye os th~foureiros, almoxarifes , &
receb·e dores acabado ho tempo do feu
.r ecebimento entregué logo 'ífdo o que

.,
ficarê deué'1o ao que foceder feu offi-
cio ,,pofl:o q ,ue lhe f ua conta 116 fejl to- \

mada, •· fo. \xxxx.iv. vr


Tit. xxxiiij. ~1e os fclriuães dos thefoureÍJOS _'& '
. I
alm.oxarifadps fa-ç am efl:romerttos pu-
blicas dos arrêdamentos & vendas pe-
los ditos thefo1:1reiros & almoxarifes ·_ \
fcita,s. fo. xxxxvj.

/
LX XXXV

Tit. xxxv. Q!.te os dizitneiros, & almol(arifes, &


outros officiaes das alfandegas n6 c::õ-
p-rem mercadorias em ellas, nem eon- ·
fintam hy efiar em quanto dizimarem
fen6 os fenhores d.as mercadorias·. fo. xxxxvj.
Tit. xxxvj. ~~e os mercadores, que trazem mer-
cadorias d.e fora do reino ou leuã para
fora delle, nõ paguern fenõ h.u ma dizi-
ma. fo. xxxxvj.
Tit. xxxvij. De como fe ham de vender os beês
p.er diuida de!Rey: & q.uai~t.o tempo
deue.m andar em pregam. fo . xxx~vij.
Tit. ·x xxviij. De como os almoxarifes & arren-
.dadores de!Rey deué ao tepo das ven-
- das & arredamentos fazer apregoar ,
fe effes que querem comprar Gll arren-
'clar. tcem algu.üs credores a que p-ri-
mei:o (a) fejam obrigados. .fo. xxxxviij. v.
Tit. xxxviiij. Da ordenaçã , q~1e deuem .t eer os
faeadores. .de.! Rey, & os ~k>s que per
,efpecial graça pode rematar por fuas
.diuidas como polas delRey. fo. x:xx~x -viiij.
Tit. xxxx. Que as herdades fl@l!lamente gança-
- das. por e!Rey nom fejam auir,las por
.reguengos, nem gc.JUuá rlos "preuil.egios
~aos reguelilgos dade>s. fo. lj.
;tit. xxxxj. Que os que tem hc;:rdat~les nos.regpen-
gos .
(a) Na Tauoada fe lê fam.
uxxxvr lNDIC~s no Conrco MAN. DE I 514.
~Gsnó gouuá do priuilegio de reguen-
gueiros fe RÓ morarem em ellas, (a) fo. lj.
Tit. xxxxij. Dos rclegos, & como fe deuem ven-
der os vinhos delRey durando o tem-
po delle·s. f o. lj. v.
Tit. xxxxiij. Dos relidos , & a quem pertêce
ho-conh.ecimento delles, & em que ma-
neira fe há de arrecadar. fo. lij.
Tit. xxxxiv. ~te os fenhores & fidalgos nó to-
me mãtimentos fem autoridade d~
jufliça contra vontade de feus donos. fo. lvj. v.
"f.it. xxxxv. Q!te peffoa algüa nõ tome beíl:as ,
nem carretas pera feu feruiço. f o. lvij. v.
Tit. xxxxvj. Dos lauradores, moordomos, cafei-
ros & criadps dos fidalgos & va!Tallos •
que ham de feerefcufados dos encarre-
gas dos cõcelhos per os preuilegios q'ue
de nos teuefem. fo. lvii'.

\
Tit. xxxxvij. ~te os prelados. & -fidalgos nó fa-
c;ã nouamête cautos , nem honrras em
\
feus herdamentos. fo. lviiij. '
Tit. xxxxviij. Q.ue os judeus fe fayam deftes re- \
gnos' & no~n in orem ' nem efreem em
- ~
elles. • \ fo. hr.
Tit. xxxxviiij. De copo o xpáao que foi judeu
. deue de herdar a feu pay & a fua rnay
& a outros rarentes. f o. lx: •.
F jm ~a Tauoada.
(a) Nil rubrica f~ 1~ em e/i;~•·
INDICES oo Coorco MAN. DE r 514. Lxxxxvn

Na folha terceira outra Eílampa grande d'ElRey no


tr~mo pegando no liuro , em q u~ elle tem á efquerda
h~m Bispo de joelhos com o feu chapeo , ornado de bor-
las , aos pés: tem as mefmas infcripçóes , armas, e esfe- ·
ra: .á direita frades, bifpos , e clerigo-s : á efquerda rio,
na1<jos, montes ,.arvore.s &c. , e por baixo lavrador com
· arado , caçador , cães, coelhos, e outros ornatos ruflicos.
A quarta folha , e primeira .numerada, principia em le-
tra encarnada, , No primeiro liuro falamos dos officiaes
, de noffa corte , que por nos teem cargo ·de miniflra·r de-
'' reyto &' jufliça, & dalgu.üs outros que aa gouernãç.a
., do regno pertence. Agora no fegunào 'liuro & nos ou-
" tros d'hi em di:ante entend~mos falar & .traél:ar ·das leys
•• & ordenações., p.er que os noffos regnos fe gouernem,
, & os d.itos officiaes fe ajam de reger pera bóa .execli-
., çarn dellas. 'E primeiramente entendemos em eíle fe-
·•• gundo liuro traétar das leys, & ordenações tocantes
,. , aas ygrejas & moefleiros & peffoas religiofas & eclefi-
" aflicas. E porque an.tre os .reys noffos _precleGe(fores &
., os prelados .& clerezia deíles r.egnos foram feitas muy-
" tas determinações & artigos & ca_pitulos de cortes , os
, quaes fe' fempre guardaram .& vfarom & praticar<:Jm •
., Dos quaes alguns que pera booa gouernança & regi-
" mento da terra mais neceffarios parecem, mandamos
,; aqui poer as determinaçóes & decisóe:o delles em o ti-
" tnlo feguinte. ,
O verfo da folha LXI acaba com o feguinte :
, Acõlbou-fe de empremir ho fegundo líuro das ordena-
n , Ç·OCUS:
L xx xxviii -lN'bicts no ConiGO MAN. 'DE ·y5I 4·
,. çoens : corre'g ido & :emend-ado per ho do8or "Ruy Bo.
, to do c-onfelho délRey nolfo Sén'hor, & feu chancellei:"
, moor ddl:es regnos & fenhotios : Per mandado , autori-
" dade , & preu_ilegio delRey dõ Manuel noífo Senhor:
., em Lixbõa· per Joha pedra bomhomini a quinze dia10
-, de 'decébro de 'mil ·&quinhentos & quatorze annos. ,
Tem na folha immediatli. hum .· Cu de la'mpe como a
·do liuro primeiro. (a)

L I V R O ·T E R C E I R O .
.. L r uro te·rceiro das ordenações com fua tauoada ,,
, que afigna os titulas & fol~as : & traéla-fe. nelle do au-
" to judicial, nouaméte corregido na fegunda empref-
" fam: Per efpecial madado do muy alto & muy pode-
" rozo Senhor Rey dó Manuel : empremido Corn pre-
1

', uilegio de fua Alteza. , ,


, , Segue-fe a tauqada pera fe por ella acharem os ti tu.
, los deite terceiro \iuro das ordenações defi:es Regnos.

Tit. j. Das citações como há de fer feitas. · fo.


Tit. ij. Em que cafo? fe pode citar o procurador
do reo no começo da demanda. fo. ij.
. 11).
T 1t. . .. D os que no,. po dem rteer c1tados
' na\ corte \

ainda que fejam achados emella. fo ~ iij.v.


T.
1t..IV • .D os que podem trazer feus contendores \
a a corte pflr rázam de feus preui legi~s. f o. i v.
Tit. v. Dos que pocl~c!m feer citados & trazidos · aa
(a) Tudo até o fim he efc!·ito com tinta ençarnada; e no alto tem as armas
'reaes á direita, e i efquerda hlf~ Esfera com: a infcripçaõ pofta fuperiorm~nte ,-que
diz : Staa in D<•.
lNDICllS DO Coorqo M:t\N. DE: I s·q. kXXXXIX:

aa co.rte, aindaq).le · nó, fejiltn ach~dps


em e! la. f o. V. v.
Tit. vj. ~e c!)celho, , corregedor, ou jui'Z nom
. fejam· citados fem mandado efpecial
de!Rey. fo. vj. v.
Tit. vij. Dos que podem & deuem feer citados
que pareçam peffoalrnenteem juizo. fo, vij.
Tit. viij. Dos que nõ podem feer citados por
caufa de feus officios , ou per algüa
caufa legitima. fo. viij.
fit. viiij; Do que he citado pera refponder em

,.. huum tempo em desuayrados juyzos. fo. viiij.


Tit. x. Dos que podem feer citados pera~te os.
juizes ordinairos, aindaque ·nom fe-
r jam achados em feu territorio.(a) fo. x. f} ,
Tit. xj. Dos preuilegiados a que per noffos pre-
uilegios fum dados certos juizes pt;ran-
te que ajam de refponder. fo. x. v .
Tit. xij. Do autor que nom pareceo ao termo
pera que citou feu con.tendot:. fo. xj.
'.l"it. xiij. Se o dia em que hc affygnado termo a
alguu ferá contado i1odito t<:rmo. fo. xj.
Tit. xiv. Se o dia em que fe acaba alguu ter-
mo fe encl udirá em elle. fo. xj.v.
Tit. xv. Da orde· dojuizo. fo. xj. v.
Tit. xvj. Em que cafos o fcnhor do feito poderá
n 2 reuo-
(a )· Efie titulo he com effeito o decimo, mas no Codigo he o undecimo,
o que de11 uc<afiaii á diftêrente nulllcraçaõ , pàis fegue até o fim o me fmo erro.
c lNDICES Do ConiGo MAN. D~ 15q;.
· reuogar o procurador que em ellc fei-
to teuer. fo~ xvj;
Tit. xvij. Se poderá o procurador que nó pode
pr.ocurar fobilabelecer outro procura-
dor. fo. · xvj.v-~
Tit. xviij, ~1ando o fenhor do preit~. orre an-
te da lide conteftada efpira logo o offi-
cio de procurador. f o. xvj. Vr

Tit. xviiij. Q!lando ferá o autor obrigado for-


mar feu libello per efcripto. fo. xvij.
Tit. xx. Do reo· que he obrigado a fatifdar em
juizo por nom poffuir beés de raiz. fo. xvij.~
Tit. x.xj. Em . que cafos poderá o juiz cõstrãger
cada hüa das partes que refp.onda aas
preguntas c~ ue lhe fezer em juizo: & da
pena que hauerá o reo que negar pof-
fuir a co ufa ~ que lhe em juizo he de-
mandaria~ fo. xviij .
Tit. xxij-. . Em que rpodo fe procederá cótra o
reo, que for reuel, & nó pàrecer ao ter-
mo pera qpe foi citada. fo. xviij. v.'
Tit. xxiij. Como procederá o juiz no eito \
quando for recufado por fofpeito. fo. xi.x. v,'
Tit. xx}v. Das auçóe!i & recóuençóes. fo. ·· xxj.
'Tit •. xxv. Qye nom julgue o juiz em feu feito ,
nem dos officiaes, que perante elle
e.fcrenem.. • fo. xxij.:

\
':fít. :x..xv}. ~e o julgador deu e julgar fegüdo
I

achar
INDICES oo Coo:rco MAN. DE 1 514." CI

achar allegado & prouado no feito per


as partes. f o. xxiij.
Tit. xxvij. Dos que demanda em juizo mais
daquello que lhe he deuido . fo. xxiij.
Tit. xxviij. Do que demanda feu deuedor ante
do tempo a que lhe he obrigado. fo. xxiij. v .
Tit. xxix. Do qu~ demanda E> que ja erri fy
tem. fo. xxiiij.
Tit. xxx. Das· fereas-. fo~ xxiiij;.,
. Tit. xxxj_. ~1e maneira fe terá quando o procu-
r-ador de cada hüa das partes fôr en~
fermo ou em outra mançira êpedi-
do.. fo. · xxv-.,
Tit. xxxij. Do furaméto de calumnia. fó. xxvJ.
Tit •. xxxiij. Do que he demãdado por alguma
eoúfa., & nomea outr-o po~ autor que
ho venha defender. fo. xxvij •.
Tit. xxxiv. Em que cafos auera luguar as au-
torias. fo. xxviij. v:
'tit. xxx:v. Do·autor que fe aufenta do juizo an-
tes da lide contefhda ou depois. fo, xxix. v;
Tit~ xxxvJ. Que o marido nó p9fa litigar em jui-
zo fubre bêes de-raiz fem outorga de
fua molher.. fo. xxx•.
. Tit. x,xxvij. Do autor· que .he metido ê poffe
de algDüs bEes de raiz aa reuelia do reo·

I
como he theudo de os ap~eueitar. fo. xxxj.
T,it. _xxx:viij. Do reo que íe aufentou do juizo an-
te da lide conteíl:ada. ou depois. fo. xxxj. v .•,

/
cu: IN orcEs Do CoDIGo· MANo, DE I 514.
Tit. xxxv~iij. Do qul'l req,uere d,epois do feito
conclufo que lhe dem termo pera viir
com razam de nóuo., ou per<ll fazer no-
uo pro~urador. fo. xxxij.
Tit. xxxx. Em que cafos os fidalgos & caualei-
ros & clerigos & religiofos podera6 per
outrem procurar em juizo. fo. xxxij.
Tit. X·xxxj. ~e em feito de força noua fe pro-
ceda fumariamete fem owtra ordem
de juizo. f o. xxx,ij .v.
Tit. xxxxij. Das excepçóes dilatarias. fo. xxxiij.
Tit. xxxxiij. Das excepçóes pt;rentorias. f o. xxxiij .v.
Tit. xxxx..iv. Das excepçóes anormalas. fo.xxxiv.v.
':f.'t, xxxxv. Da con~efl:açam da lide. fo. x,x_x v.
Tit. xxxxvj. Em que1 modo fe deuem fazer os
artiigos, & c~uando a parte contra quçrn
fe derem ferá theuda refponder a
elles, fo. xxxv.~.
T.it. X:~X:xvij. Da contrariedade que o r.eo faz \
contr-a a auçam principal. fo. xxxvij)
Tit. xxxxviij. Das ~i i!ações que fe 'dan a as
p;r·tes pera fazerem fuas prouas. fo·.xxxvij.v..•
Tit. xxx-xviiij. Das yeflemunhas que deué f~er
preguntadas, f0. xxxviij.
Tit. 1. Da pena que a'ie.rá as , partes que falam
com as tefl:,e munhas depois qll'e farn
coutadas. fo. xxxx.
Tit.lj. Das côtradita~ & re~rouas. fo. xxxxj.
Ti r.
JNDICI>S DO CoDIGO MAN. DE .r 5I+· CIII

Tit.lij. Das prouas que f e deu em fazer per efc.ri-


turas pruuicas. · fo. :xxxxj. v.
--r;
fit,liij. Da fce ·q ue fe deue dar ao·s e/1ormétos
pubricos, & aas ·outras efcrituras. fo.xxxxiv.v.
Tit. liv. Dos embargos que fe .allegam ·aas inqui-
riçoés ferem aber~as & pubricadas. •fo. xxxxvj.
Tit. lv. Das razoeés ·que fe allcgatn .a embargar
a difineti ua f o. xxxxvij.
Tit. lvj. Das fentenças interlocutorias como po-
dem feer reuogad as. fo.xxxxvij v.
Tit. lvij. Q1e os juizes julgu•é .pala verdade ·fa-
bida fem embargo du err.o do pro-
ceffo. ·fo. xxxxviij.
Tit. lviij. Das fentenças difinetiuas. f9.xx_xxvi-i ij.
Tit. lviiij. Da condénaçã das cuflas. ! fo. 1.
.Tit. lx. Da ordem que fe deue teer rias ape:lla-
çoés affy das ·fentenças interlocutorias ,
como difinetiuas. . fo. I. v.
Tit. lxj. Das apellaçóes das fentenyas_interloc~­
torias , & q uãdo f e pode dellas ~pel-

lar. fo. lij.


Tit.' lxij. Das apellaçóes .das . fentenças difineti-
uas f o. liij.
Tit. Ixiij. Das apellaçóes que fahem das terras
das ordées, & das terras dos •fidalgos ! f o. liiij.
íit. lxiiij. ~1e todalas apellações dos feitos ci-
ues venham aa cafa do ciuel , & as
! dos crime~ _a;\-c.wrte, i fo. liiij. v.
Tit.
,,-

CIIII r~nnc:ss Do CoDIGo MA!f, DE r 514;


Tit. Ixv. Q!rando os juízes da alçada açharem
que h o apellado he agrauado , deu éno
defagrauar poflo que nó apelte. fo. lv,
Tit. lxvj. Se poderá o juiz de que foy apellado
.emnouar algüua coufa pédédo a apel-
laçam. fo. lv.
Tit. lxvij. Da maneira que fe deue teer quando_
o juiz nó recebe a apellaçam da fen-
teça interlocutoria , & manda .daar
ello;mento aa par .te. fo. 1v. v.
Tit. lxvíij. Que da fentença que per dereito he
nenhuüa fe nom requere feer apellado&
em todo tempo pode feer reuogada. fo. 1vj.
- Tit. lxviiij. ~ando poderá apellar da execu-
çam da fen'tença e da decraraçá feita
• ne11a. fo . lvij.
Tit. lxx. ~ando poderá apellar dos autos .que
fe fazem foía do juizo. f o. I vtj. 'I!•
Tit. Ixxj. Dos que ,nó deu em feer recebidos a
apellar.. fo.• lx\
Tit. lxxi.j. Quando muytos fom condénado\ em
1
hüa fentença & huü foo apella della. fo. lx. v.
Tit. lxxiij. Se pédéqo a apellaçã morrer ~ada
hüa das partes , ou .perecer a coufa Cie-
mandada. fo.
Tit. lxxiv. ~e os Iitigan~es po!fã allegar &
prouar na qaufa da apellaçá o que nom
t~ueré aleg~fdo na caufa principal. ·fo. lxij.
INDICES no Conrco MAN. DE 1514. cv
Tit. !xxv. Dos que podem apellar das fentenças
dadas antre as outras partes. fo. lxij.
Tit. lxxvj. Quãdo deue apellar da fentenç~ con-
clicional. fo. lxij. v.
fit. lxxvij. Como fe fará execuçã nos bées do
fiador que prometteo é juizo pagar
por o reo todo o em que foffe có-
denade. f o. hiij.
Tit, lxxv-iij. Do que prometteo aprefentar em
juyzo a tempo certo algüu demandado
.fob .certa pena quando fe ·executará
nelle a dita pena. fo. Ixiv.
Tit. lxxviiij. Das execuções que fe fazem' ge-
. ralmêre per -as fentenças , & embar-
gos que fe aleguá a nom fe fazerem. fo. lxiv.
Tit. Ixxx. Se ci-tará a parte condenada .ao tempCl
da ex:ecuçã. .fo, lxv. v.
Tit. ·Ixxxj. Da execuçá que fe faz per o por-
teiro, & do que lhe tolhe o penhor, fo. lxvj.
1
Tit. lxx·x ij. ·Q ue fe faça ·primeiro execuçã ·nos
'bées mouees que nos de raiz. fo. lxvj. v.
Tit. Ixxxiij. -Qpe nó aja porteiros efpeciaes
pera fazer 'as execuçoés nos lugares
1
·onde ouuennoordomos. fo. Jx.vij .
Tit. Ixxxiv. Da maneira ·que ham de teel" nas ex-
ecuçoés que fezer·em os moordomos
que dermos a algüas pefloas per efpe-
·cial grfl-ça, f o. Ixvij. v .
o Tit.
CVI !NDICES DO CoDIGO MAN. DE I 5r4.
Tit. lxxxv. ~te o creedor que primeiro ouuer
fentença & fezer execuçam preceda to-
doll~soutros, pofl:oque fejâ primei-
ros em tempo. fo.lxix. v.
Tit. lxxxvj. ~e nõ façã penhora nem execuçã
nos cauallos & armas dos vaffaflos &
acontiados. f o. lxx,
Tü. lxxx vij. ~e nom étrem os porteiros nas ca-
fas dos condenados a fazer execuçã fe
acharem penhores fora ddlas. f o. lxx.
Tit. l x.JiXv iij. Como fe hade fazer a execuçaó nas
caías dos fidalgos. · fo. lxx. v.
Tit. lxxx.v iiij. Do deuedur que emalhea os beés
mouees depois que he condenado por
nó fe faz er rxecuçaó nelles . fo. lxx. v.
Tit. lx.xxx. Em que te,:mpo fe poderaó demandar
as diuidas d.e!Rey: & atee quando fe
demandará ~s que elle deuer. fo.
Tit. lxxxxj. Como fe hã dar rematar os bées
dos morgados o.u capellas em que for
feita penhorr· fo.lxxj. v~
Tit. lxxxxij. Como fe; ham de arrecadar & r re-
1
matar as coufas achadas de vento. fo. l"'xij .'
Tit. lxxxxiij. Dos que pedem que lhe reuejá
os feitos dcfembargados per os juizes
da fupricaçam. fo. bai~.v.'
Tít. lxxxxiv. Dos a~G rauos das fentéças defi-
nitiuas , que fahe dãte .o corregedor
~ da
INDICES DO CoDIGo MAN. DE I5I+ cvii

da corte,.., & ouuidores , & fobrejuiÍei .,


como & quãdo ha~ de feer recebidos
e atempados. fo. lxxiv.
Tit. lxxxxv. Como fe deuê executa•r as fenten-
ças do corregedor da corte , ouuidores,
& fobrejuizes, quando dellas for fopri-
cado em forma diuida. fo.lxxiv. v.
Tit. lxxxxvj. Qye os deuedores a que E!Rey daa
eípaço deué dar fiança a pagar as di-
uidas. fo. lx-xv.
Tit. lxxxxvij. Do que impe_trou graça delRey
qu~ nó poffa fee.r clemãdado a tee cer-
to tépo co~no deue vfar della con-
tra íy. fo. lxxvi~
Tit. lxxxxviij. Des juizes aluidros. fo. lxxvij.v.
'Fit. lxxxX!viiij. Dos aluidradores que q.uer tanto
dize r .como aualiadores ou eflimado-
res. .fo. lxxviij .v.
Tit. c. ~1e nom dem cartas dereitas per enfor-
mações : fa'luo per eltormentos dagra-
oo .: ou cartas teaemunhauees com re-
pofl:a, dos juizes, ou corregedores. fo. lxxjx. v.
Tit. cj. Do que h_e demandado por algüa coufa
ante do aAno e dia , omle refponderá
};)OI.' e! la. f o. lxx x.
Tit. cij. Qye o podemfo por razaó dalgü officio
nó ptociJre por nenhuü em pubrico
nem efcéndiclo. f o. lxx JC•
o~ Tit.
CVIII lNDICEs Do CoDIGo MAN. DE 1514.'
Tit. ciij. Do que trasmuda a· coufa ou dereito
que em ella tem em algüu poderofo. fo.Ixxx.v.
Tit. ciiij. Do juramento que fe dá pelo julgua-
dor a praziméto das partes , ou em
ajuda de fua proua. fo. lxxxj.
Tit. cv. Do orfaaó menor de vinte e cinco annos,
que empetrou graça delrey por que fuf~
fe auido por maior. fo. lxxxrj.
Tit. c~j. Dos quedam lugar aos bées. fo, lxxxiij .
Tit, cvij. Das feguranças reaaes como & por que
deuem fe er dadas. fo. lxxxiv.'
Tit. cviij. ~1e o que for juiz em a]güa cidade
ou villa ho nom feja dy a tres annos.fo. lxxxv.
Tit, cviiij. Do n;1en vr de vinte cinco annos có-
tra quem f?i dada injuftamente algüa
fentença , & pede reílituiçá cótra
ella. fo. Ixxxv.
T it. ex. Do que he demãdado por coufa per elle \
poffuyda , 1& elle, nega eftar em po!Ie \
d-ella. fo. Ixxxvj.'
Tit, cxj. Dos preuilef ios & liberdades concedi-

.
das ao regedor , & gouernador,sà,def~
embargadmes da cafa. da fopricaç\ó ,
1
\

& do cy uiJ. foi, Ixxxvj.v.


Fim da taljoada do. tercey.ro liuro. , '.

,
No verfo da folha quarta Eftampa, mais pequena que
;!S grandes, delRey aff1:nt~do no trono , tendo. na efquerda
~
INorcEs Do Coorao MAN. DE r 5l4: crx:
o fceptro dependúrado , da dereita a esfera , cuja eclí-
ptica tem na esfera : Deo in ca:lo , tibi autem in mu11d1,
Na folha feguinte elRey no trono em audiencia com a
rnefma infcripção, armas , e esfera dos outros liuros,
tendo na mão direita hum papel enrolado, e na mão
efquerda o fceptro leuant:rdo , Alabanleiros e Doutores
de hum , e outro lado , aos pés dous Efcriuaês affe11tados
com penna e papel.
Primeira folha m1merada : , , Das citaçoês. ,
, , Porque toda a virtude das leys eflaa na pratica, e
, execuçã , que dellas f e faz em j uyzo. Portanto em efle
, terceiro tiuro trautaremos do auto judicial & ordem.
, del'le & primeiro das citaçoês , em as quaes toda ordem
., judicial fe começa. -(aJ
Acaba o verfo da folha 88 com o feguinte::
, Acaboufe de emprimir o terceiro liuro das ordena-
' çá,es ; corregido & emeend'a do per o doél:or Ruy Boto
, do concelho delRey noífo Senhor. , & chanceller moor
, defl:es regnos & fenhorios , per autoridade & preuilegio
, , de Sua AI téza em Lyxbóa per Joh á Pedro' de bonho-
" miny aos XI dias de Mar~o de mil e quinhentos e qua..-
''· torze annos •.

L r..
~·-------------------------------------
(") Dcfdc a palavra Por<JUI até fe comera tudO' hc efciito com tinta enca rn~Jla,
ex lNDICES no .Conzco MAN. DE
r.
15 r.,..:
L I V R O Q U A R T O.

D Epois da Eflarnpa , q_ue he·igual á pri:Ueira do liur<i


terceiro , eítá o titulo.
, Liuro quarto das orclenaç6es com fua tauoada,
,. qu~ aligna ~s títulos & folhas: & trata-fe nelle dos con-
" trautos & dos quafi contrautos, & dos teflamentos , no-
" uarnente corregido na fegunda ernpre1Ta6 : Per efpecial
, , mandado do rnuy alto, & rnuy poderozo Senhor Rey
., dom Manuel : ernprimido: Com preuilegio de fua AI-
, , teza.
, Segue-fe a tauoada pera fe por ella acharem os ti-
,. tulos defle I V liuro das ordenaç6es defl:es regnos.

Tit. j. Da, declaraçam da val-ia das liuras & dou-


tras moedas. fo. j.
Tit. ij. Como os mercadores efl:rangeiros ham de
c6prar & v~nder fuas mercadorias. f o. iiij. ,'1J.
Tit. iij. Dos contra~os firmados per juramento
ou a bôa ~,ee, fo.
Tit. iiij. Dos comtra1él:os defaforados. f0. v. v.
1
Tit. v. Do Taballiâ ou Efcriuâ que ve deo o
officio ou ho renuciou ao tempo que
nom deuia. \ fo. v. v.
Tit. vj. Qyé n6 pen~ore algue [eu deuedor: nem
filhe a po~e de fua coufa fem auél:ori-
dade da jufliça. fo. vj.
Tit. vij. Qye n6 có(trâgá algu€ que caze con-
tra fua võtade .. fo.
lNDICES Do Co DIGo MAN·. DE 1514. ~XJi

Tit. viij. ~e o marido nó polfa vender bees de


raiz fem oulorguamento de fua mo-
lher. fo. vj.
Tit. viiij. Como a molher fica em poffe & 'Cabe-
ça de cafal per morte de feu ma-
rido. fo. vij. v.
Tit. x . .Do homé cafado q·ue daa ou vende al-
güa co ufa aa fua barreguã. fo. v'iiij. v,
Tit, xj. Da doaçã feita pelo marido aa molher,
ou pela molher ao marido. fo. viij .
Tit. xij. Das veuuas que emalheâ & desbaratá
feus ·bees como nõ cleue. fo. x.
Tit. xiij. Das veuuas que fe cafã ante de huü
anno & dia. f o. x.
Tit. xiiij. Do beneficio de Veliano outorguado
aas molheres que 'fiá outrem , ou fe
· cibriguã por elle'. f o. x.
Tit. xv. Do homé cafado que fia alguem Tern
outorguamento. de fua ínolher. fo. xj. v.
'Tit. xvj. Das vfuras como fõ defefas & em que
maneira fe podem leuar. fo. xij.
Tit. xvij. Qu.e nenhüa peffoa cópre nem venda
nenhüas nouidades , né mantimentos
dante m·âo; nem a tempo certo: nem
emprefre , nem receba empreflado di-
nheiro , nem coufa algiia das fobredi-
tas no regno do algarue & ylhas da
madeira & .dos açores. fo. xiij. v.·
Tit.
cxu INDrcRs Do CoDIGo MAN• . DE r 5r 4·

Tit. xviij. Da ordênãça da bolfa que fe ha de ·


fazer pera defpeza dos dinheiros , &
prefos que fe leuã de hii lugar pera
outro. fo. xiiij.v.
Tit. xviiij. ~1e as beflas vendidas em euora fe
110m polfam engeytar Jepois que a ven-
da for acabada , & a befl:a entregue ao
comprad or. fo. xv. v. ,
Tit. xx. ~te todo home polf~ viuer com quem
lhe aprouuer. f o. xvj.
Tit. xxj. Do que viue có fenhor a bê fazer &
fe parte delle fem fua vontade. ]o. xvj. v.
Tit. xxij. Qie nom po!Iaõ demandar foldada fe-
nam atee tres ãnos. fo. xvij.
Tit. xxiij. Dos mancebo ~ & feniiçaaes que viuem
a bE fazer &,: -depois demandá fatis-
faça do feruiço que fezeram ·. fo. xvij. v.
Tit. xxiiij. Do fenhor que lança fora de caza o
mancebo de fpldada , & do mancebo
que foge de lia. f o. xviij.
Tit. xxv. Do amo que demanda o mãcebo que
lhe pede a fpldada o dãno .que lhe r
fez viuédo com elle. . fo. xviij.
I
Tit. xxvj . Dos que andaó vadios , & nõ querem
filhar mefler qem viuer com outrê. fo.
..
XVllj ,"
\

Tit. xxvij. Das compra~ & vendas como fe de-


uem fazer pof certo preço. fo. xviij. v.
Tit. xxviij. Das cópras l!c vendas"feit.as p~r fynal
dado ao vêrlerlor íimprefmente, ou em
parte de pagua, fo. xviiij •
!NDICEs Do Co DIGo M AN. DE 15 r 4· CXlll

Tit. xxjx. ~e cada hüa pdfoa porra yender íeu


herdamento & couías que tiuer, & nom
feja coníl:rangido de as vender contra
fua vontade. fo. xviiij.v.
Tit. xxx. Dos que apenham feus bees cô con-
diçã que nó paguamlo a certo dia fi-
que o penhor arrematado ao credor. fo. x:x.
Tit. xxxj. Do que vendeo algüa raiz fob condi-
çam que tornando ataa dia certo o pre·
ço que por ella recebeo fej a a venda
desfeita. fo. xx. 7),

Tit. xxx ij. Do que vende algüa coufa. duas vezes


a pelfoas defuairaclas. fo. xxj.
Tit. xxxiij. Do que vendeo a coufa. ele raiz ao
tempo que aja tinha arrendaóa, ou
alugada a outrem por tempo certo. fo. xxj. v.
Tit. xxxiiij. Do que quer desfazer algüa venda ,
por feer enguanado aalem da metade do
juíl:o preço. fo. xxij.
Tit. xxxv. Da coufa vendida que fe perdeo por
algü cafo ante que foffe entregue ao
comprador. fo. xxiij.
Tit. xxxvj. Do fid~lguo ou cleriguo que compra
pera regatar. fo. xxjv.
Tit. xxxvij. ~ando a coufa obrigada he vendi-
da ou emalheada, paffa fempre com
feu encarrego. fo. xxjv.
Tit. xxxviij. Do que compra algüa coufa obrigada
p a
C X' IV lNDICES no Coorco MAN. D:E rsr4.
a outrem & cófyna ho preço della em
juizo por nom ficar obrigado aos cre-
dores. fo. xxjv. v.
Tit. xxxviiij. Do vaffalo de!Rey que obriga ho
caualo & armas ou a conthia que do
dito fenhor teem. fo. xxvj.
Tit. xxxx. Da fiadoria d' muytos. fo. xxvj. v.
Tit. xxxxj. Do que confe!fou auer recebida algüa
coufa , & depois diz que a nom rece-
beo. fo. xx vij.
Tit. xxxxij. Qle o carniceiro, paadeira, & tau er-
neira fejam creu dos por feu j uraméto
no que lhes tleuerem de feus mefte-
res. fo. xxviij.
Tit. xxxxiij. Do que pr9meteo fazer eílromen-
to de contrauto, & depois fe arrepen-
cleo, & ho nó quer fazer. fo. xxviíj.v.
Tit. xxxxjv. Se valerá a pbrigaçam ou contrau-
to feito polo prefo na prifam. fo. xxjx.
Tit. xxxxv. Do comprador que recufa pagar o
preço da. coufa comprada porque foi
enformado que nó era elo vendedor. fo. xxjx.'v.
- \
Tit. xxxxvj. Que os corregedores elas comarcas '
& juizes orden~rios nó poffam comprar
beés de raiz nos lugares onde forem
officiaes, fo. xxx,
Tit. xxxxvij. Das penas conuécionaes & judi-
c:iaes,_ fo. xxx. -v.
Tit.
INDicns oo CoDIGO MAN. DE I5I4. ' cxv
Tit. xxxxviij. Das ventla5 & emalheamentos que
fe fazem em as coufas litigiofas. fu. xxxj
Tit, xxxxviiij. Q1e os concelhos das cidades &
villas n6 ponham preG:irno a alguem
fem autoridade de!Rey. fo. xxxiij.
Tit. l. Dos que tornam forçofamente a peiTe ela
coufa que outrem poiTue. fo. xxxiij .
Tit. lj. Da mudança que fc fez da era de Cefar
aa do nacimento de no !To Senhor Jefu
Chriíl:o. fo. xxxiiij.
Tit. lij. Dos que podem feer prefos por diuidas
ClllljS, ou cnmwaes. _) fo. xxxiiij.v.
Tit. liij. Do que engeita a moeda de!Rey. · fo. xxxv.
Tit. liiij. Das doaçooés que ham de feer inflnua- ·
das & confirmadas por elRey. to. xxxv.v.
Tit: lv. bas doaçooés que fe podem reuogar por
caufa da ingratidom. fo. xxxvj.
Tit. lvj. Das compenfaçoés como & quando fe
podem fazer de hüa diuida a outra. fo. xxxvij.
Tit. lvij. Dos alugueres das cafas & da maneira
que fe deu e teer acerca delles. f o. xxx viij.
Tit. lviij. Em que cafos poderá o fenhor da ca-
fa lãçar o aluguador fora della du-
rando o tempo do alwguer. fo. xxxjx.
Tit. lviiij. Dos aluguadores que acabado o tempo
do aluguer n6 querem deixar as ca-
fas a feus donos. c •
lO.XXXJX.V.
Tit, Ix. Do que deu herdade a parceyro de meias,
ou a terço, ou a quarto. fo. xxxx.v.
p ~ Tit.
cxvr hmro:s no ConiGo MAN. DE I 514.
Tit. lxj. Do que filhou algüu foro pera fy & cer-
tas peffoas , & nom nomeou algue a
ellt ante de fua morte. fo. xxxxj.
Tit.lxij. Do foreiro que nomeou algi.1ê ao foro,
& depois reuogou a nomea~am & fez
outra. f o. xxxxij.
Tit. lxiij. Do foreiro que vendeo o foro per au-
toridade do fennorio, ou [em feu con-
fentimento. fo. xxxxij.v.
Tit. lxiiij. Do foreiro que nom pagou o foro por
tres annos , & depois quer purguar a
mora oferecendo o foro devido. fo. xxxxiij. v.
Tit. lxv. Das fesmarias . fo. xxxxiiij.
Tit. lxvj. Em que cafo a madre repitirá a5 def-
pefas que com lfeu filho fez. fo. xxxx:vj.
/
Tit. lxvíj. ~1ando morre algüu homem abinte-
fiado & fem parentes, fua mulher her-
daríi. feus bêes, & aili hó marido aa
mulher. fo. xxxxvij.
Tit.lx.viij. ~1ando o padre no tefl:amento nom
faz mençâ do filho, & dispo~ foomente
da terça de feus bêcs. fo. xxxxviij.
Tit.lxviiij. Como o filho do piam herda a heran-
ça de feu padre. fo. xxx viij .. '!.(•
Tit. lxx. Da filha que fe r.;afa fem aútoridade de
f eu padre ante que aja vinte e cinco
annos. fo. xxxxj)C.
Tit. lxxj. Em que cafo foderá ho filho ou filha
defenlar ho p~dre ou madre. (o. 1•.v •.
JNDTCES no CoDIGO M.AN. DE I 514. cxvn
Tit. lxxij. Em que cafo poderá o hirrr.aó quere-
lar h o teflamento de feu hirma6. f o. lj •
Tit. lxxiij. Como hp padre & madre herda6 :10
· filho, & n6 o hirmaó. fo. lj ·v.
Tit. -lxxiiij. Do tefl:amento , que nó tem mais que
cinco terlemunhas. fo. lij. ~
Tit. lxxv. Se trazerá o filh~ aa colaçã ho qu e ga-
nhou em vida de feu padre. fo. lij. v.
Tit. lxxvj. Da doaçã que o auoo faz ao neto,
' como deue feer trazida aa colaçã. fo. liij.
Tit. lxxvij. Das prefcripçoés antre os irmãaos :
& quaefquer outras pe!foas. fo. liij v.
Tit. lxxviij. Cm~o os irmãos naçidQS de danado
coito pode foceder huüs aos outros.

Fim da tauoada do quarto liuro.

No ver fo da quarta folha E!Rey no trono em audi-


encia da rneftha forte, & fó com alabardeiros com va-
rias figuras , denotando caminho , & contraétos.
, , No terceiro Iiuro auemos tra~ttado dos juizos, &
, autos judiciaes. E porque a mayor parte dos juizos na-
" ce dos contrautos feitos entre as partes : & dos qua!i
., contrautos : & teflamentos: por tanto entendemos em
., efl:e quarto liuro trautar delles .
Acabá o verfo da folha liiij com o feguinte.
, Aeaboufe de emprimir o quarto liuro das ordena-
" çóes: corregido & emendado per o douélor Ruy Boto
,, do confelho de!Rey nofTà Senhor : & chanceller moor
u deltes reg nos & fenhorios : por autoridade & preuilegio
, de
cxvrrr INDICES Do Coorco MAN. DE r 514.

, de Suu Alteza: em Lix.boa por Joham pedro bonhomi-


" ni, aos xiiij dias ele Março de mil quinhentos & xiiij
, annos.
L I V 'If O Q_ U I N T 0;

,L luro quinto da s ordenações com fua tau oada, que


, affina os titnlCJs & folhas: & traél:afe nelle elas caufa$>
, crime> & penas daquelles que os cometerem, noua-
, mente corrigido na fegunda empreffam per efpecial
,, mandado do muy alto & muy poderozo Senhor Rey
, dom Manuel: emprimido: Com preuilegio de S. Alteza.
, Seguefc a tauoada para. fe por ella acharem os ti-
" tulos defl:e 5· liuro das ordenações deíles regnos.

Tit. j. Dos herege~. f o. j,


I
Tit. ij. Da lefa mageílade, & dos que cometem
treyçam contra ho Rey , ou feu real
efl:ado, f o. j.
Tit. iij. Dos que dizem m~.tl do Rey. f o. J.
11 1

Tit. iiij. Da ordem que ho julgador deue teer no


feito crime do prefo ou acuzado. fo. lllJ.

Tit. v. Da pena que auerá ho que falfar final ou \


\
felo do Rey : qu outro final ou, felo
autentico ,,ou fezer fcripturas falfas. fo. \ vj.
Tit. vj. Dos que fazem moed:t falfa, ou adefpen-
de , ou a cerceá. fo. vj.
Tit. vij. Do que differ tef1e;munho falfo, & do
que lho fezer diz,er. fo. vij. v.
Tit.
JNDICES DO Coorco MAN. DE r 514· CXIX

Tit. v_iij. Do que ufa de efcripturas, ou teflimu-


nhas falfas. fo. viij.
Tit. viiij. Da pena que auerá o que matar outro
na corte, ou em qualquer part.e do re-
gno : ~do que ferir ou tirar . arma na
corte. f o. VIIJ. v.
Tit. x. Dos que cometem pecado de fodomia. fo. viiij. v.
Tit. xj. Do que dorme por força com mulher
cafada, ou religiofa , ou virgem , ou
VlLIUa, f o. x. v.
Tit, xij. Do que dorme com mulher cafàda per
fua vont ade. fo. xj.
Tit. xiij. Do que matou fua mulher pola achar
em adulte rio. fo. xj.v.
Tit, xiv. Do que dorme com mulher cazach de
feito & n6 de direito per caufa de algüu
deuido 011 cunhadio ou ele outro impe-
dimento , ou que eflaa em voz & fama
de cazada. fo. xij.
Tit. xv .. Do que cafa ou dorme com parenta ou
criacla daquelle com que viue. fo. xiij.
Tit. xvj. Do q11e cafa com duas mulheres, & da
que cafa com dois maridos. fo. xiij. v,
Tit. xvij. Do oficial del Rey qu e dorme com mu-
lher que perante elle requere. fo. XIV.

Tit. xviij, Do judeu ou mouro que dorme com


algüa cri ftãa, & do crifia6 que dorme
com moura ou judia. fo. xiv. v.
Tit.
cxx: IN'I){CES no CoorGo MAN'. DE I 5lf·
Tit: xi x . Do que ci.onne com moça virgem ou
viuua honefl:a por fua vontade. fo. XI\', V.

Tit. xx. Q1e n6 traga nenhüu homé barregáa


na corte. fo. xv.
Tit. xxj. Dos barregueíros cafados , & de fuas
barregáas. fo. x vj.
Tit. xxij. Das barregãas dos creligos & dos ou-
tros religiofos. fo. xvij.
Tit. xxiij. Das barregaás que fogem aaque\les
com qu-e viue. fo. xviij . .
Tit. xxiv. Das alcouiteiras & alcayotes. fo. xviij.
Tit, xxv. Do frade que he achado com algüua
mulher que logo feja entregue <l feu
major. (a) fo. xvi ij. v.
Tit. xxvj. Dos refiaés q;ue tem mancebas na man-
cebia pubrifa por as defenderem &
auerem Jell<,~S o que ganhá do pecado
·ela mancebia 1• Jo. xviíj. \' ·
Tit. xxvij. Q1e nó fayá cafarnentos efconclidos,
nem cafe ~ lguü com tn\~ lher virge
ou vi uua, qpe efl:euer em poder de feu
p:lÍ ou mái ou auo fem fua vontade. fo.
Tit. vxviij. Dos feiticeiros. ~o. xx.
Tit. xxix. Dos que arrenegã & blasfemá de
\ .
Deos & dos feus Santos, fo. , XXI•
Tit. xxx. Dos que tirá. os prefos do poder da ju-
Hiça ou das ,Prifooés em que jafem. fo. xxij.
Tit.
(a) Os tit. ~~ , 23 , ~ '•', 25 , a<:ha5-fe IlO Origin~l infe.-idos entre os tit. 13 e "f•
INorcEs Do Coorco MAN. DE r 514. cxxx

Tit. xxxj. Dos que tolhem o penhor aos portei-


ros, ou tornaõ mão aa jufl:iça. fo. xxij.
Tit. xxxij. Dos furtos , & por quaes deue o la-
draó morrer. (g, xxiij. v.
Tit. xxxiij. Da pena que aueram os que aéhá
aues & efcrauos ou quaefquer outras
coufas & as nó entregam a fcus donos
nem as apregoá. fo. xxiv.
Tit. Xh."'Xjv. Em que cafos deue prender os mal-
. feitores & poer contra filies o feito
por parte da jufiiça , & a cuja culla f e·
fará a acufaçam. fo. xxv.
,..(i~t; xxxv. Em que cafos fe procederá por editos
- contra os malfeitores que fe aufenta-
-rem ou acolherem. aas cafas dos pode-
rofos por nõ ferem prefoi nem citados
•' · em peffoa. f o. xxvi j .v.
Tit. xxxvj. ~~e nõ faça vedas nem baptismos
. de fogaÇa. fo. xxix. v.
Tit. xxxvij. Dos ex.comungados& forçadores. fo. xxx.
T.it. xxx viij. Dos excomungados apellados. fo. xxx. v .
Tit. xxxix. Dos · que querelá maliciofamente ou .
- nó prouaó fuas querelas. fo. xx.x. v.
Tit •.xxxx. Q~e nas inquiriçoes deuaças & j:u-
diciaes fe pergüte pollo coilume. fo, xxl(j~
':fit. xxxxj. Dos jogos defefos & Ja. pena que
- au~rã os que jogare. cõ cartas ou dados
f<~lfos 01.1 fefer.e m ou vendere.m da-
dos, 'l .. .. Jo. ~xxj .
CXrXII lN-DICEs DO CoOIGO MAN. DE r 5 r4.
Tit. xxxxij. ~~e nó dem carta de fegurança- em
cafo de feridas abertas ata paffarê' trin-
ta &ias , & em cafo ds: morte ata tres
mezes. fo. xxxj. v.
T-it. xxxxi ij. De como fam defefas as affuadas
. no reg no. fo:. xxxij.
Tit. xxxxjv. Q1 e nõ. faça outrem coutada fenó
elRey. fo. xxxij. v •.
Tit. xxxxv. Q:1e nó leuê para fora do regno pam,· •
nem farinha , nem gados , nem ouro ~

nem prata, i1em caualos , nem armas,


nem vam fazer nem vender carauelas
fora do regno. fo. X'Xxiij •.
Tit. xxxxvj. Q:1e nó comprem canalos·aos mou-
ros , nem tireln catiuos per prata nem
per ouro, & ps mouros catiuos nó fe
forrem có ho dinheiro do regn.o. . [o. XXXtl'o
I
Tit. x::.xxvij. Do regimento dos alcaides das fa- I

ca~ fobre a paífagem. dos gados & ou-


tras coufas dl!fefas pera fora ·do re-
gno, f_o. XX•XV,.

Tit. xxxxv;ij. ~e os frelados- & fi~l!llgos nó


acouté os malfeitores em fe11s coutos
& honras & bairros ne cafas. fo-. ~X:XÍX•.v.t
Tjt; xxxxjX:. Q:1e nó fe}<f dado fohr.e fiança- pre-
fo por fei·to crime. fo·. xx·xxij.
Tit. 1. Q\1e nó faça algü-u defafiança nem- acoi-
mamento por· desho.n·ra· que lhe feja
feita, fo. xxxxij.tl.
JNDICES Do Coorao .MAN. DE J5L4· c~nu

Tit. lj. Em que cafos bo condenado 'lia morte


poderá fazer teframento. fo. xxxxiij •
.Tit.Iíj. Dos feitos & prefos que deuem· fer tra·
zidos aa corte. Jo. xxx-xiij.
l'it. Eij. Das injurias que ham de fer ·defem-
bargltdas polos juizes da tem~ & vcrea-
dores. fo. xxxxiij. v.
Tit. liv. Dos que arrancam marcos .fem autori-
dade da jufl:iça ou confentimento das
partes. fo. xx.xxiv.
~it. lv. Dos coutos ordenados pera Íe acoutarem
ps homeziados , & dos caíos em que
ne.lles deuê fer defefos. fo. xxxxiv •
.l:fit. lvj. Do alcaide ou carcereiro que folta o pre-
- fo fem.mandado da jufl:iça , ou o traz
falto, ou lhe foge por fua cu! pa & ma a
guarda : ou fa$ cade~ onde a nunca
ouue. fo. xxxxvj.
Tit. lvij. Dos aduogados & procuradores que
víam d'aduogar por ambalas partes. fo. xxxxvij.
Tit. Iviij. Dos officiaes de!R:ey que recebê ferui-
.c;os ou peytas , & das partes que lhas
dam ou prometem , & 'rlos que delles
defamam. fo. xxx xvij.
Tit. lix. IDo que foi degradado p.or.e!Rey & n6
manteue ho degredo. fo. xxxxviij. v.
Tit. Ix .. J?os almoxarifes que ,prendem os meílei-
. raes por nõ irem aa;s ob,ras delRey. fo. xxxxix,
q ~ Tit.
cx::xiv lNDICES Do Coorao MAN. DE I 5q;
Tit. lxj. ~e quando for dada fentença de morte
feja perlongada a execuçam della atee
vinte dias. fo. xxxxix.
Tit. lxij. ~e nos arroidos nó chamem outro
apelido ft: nó ho de!Rey. fo. xxxxix.v.
Tit. lxuj. Q:1e nom leuem pena nem com1a do
que tirar arma em defendimento de
feu corpo. fo. xxxxix~
-
Tit. lxiv. Dos· alcaides que deixaó trazer as ar-
mas defefas ; & dos almoxarifes & ren-
deiros q ne fazem auenças. fo. xxxxix. 11.

Tit. lxv-, Dos alcaides que entrá nas cáfas dos


bóos mofl:rando que bufcam hy algüus
malfeitores. f o. l;
T it. lx vj. ~e os corr~gedores & juizes nõ con ..
firangã homes do concelho pera gu:o.r-
dar os prefos faluo quando forem de
caminho. fo.
T it. lxvij Do que fe emforca ou cahe da aruore
& morre. foJ lj .-
Tit. lx viij. ~1e o fidalgo ou va!fallo nõ feja en~
fatnado p.or erro que faça • aintla que
por eHe feja condenado. fo. lj.'
Tit •. lxviiij. Da jun.liçã que foi dada ao capi ~á
de Cepta , e a maneira que hade t.eer
com os homiziados. fo. lj.'
Tít. lxx. Dos tormentos , e em que cafos feram
(a) dados a o.~ fidalgos & caual~iros . fo. lj. v•
IN'oicRs no CooiGO M.AN. DE T 5'1'4: · cxx'v
Tit. lxxj. Q!e nó roetâ a tormento a algüu fem
apelaçâ. fo. lij. v.
Tit. lxxij. Dos bulroês, & emliçadores. fo. lij. v.
Tit.lxxiij. Dos que fazem ou dizem enjurias aos
julgadores fobre feus officios. fo. lii}
Tit. lxxiiij. Em que cafos os caualeiros & fi.
dalgos & femelhantes pelfoas deuem
feer prezos. fo. liij. '1.1.
Tit. lxxv. Dos que fazem carcere priuado per fy
fem autoridade delRey. fo. liiij.
Tit. lxxvj. Q.ue os prelados & fidalgos nó lan.
ce pedidos nem emprefiidos em fuas
terras , nem leuê (erucntias dos mora.
dores de lias. fà. liiij.
Tit. lxxvij. (a) Q\1e os· morad'ores delRey nó
filhe patha atee duas legoas fenó por-
dinheiro. fo. _ lv. V•
~fi;e. lxxviij. Dos que encobrem o.s malfeito~
res. f o. !"v.
Tit. lxxviiij. Q\1e o que foi acufado por algüu
crime & li·ure por fentença del'Rey nó
feja mais acufado por elle, fo. lvj ..
Tit .. lxxx. Q\1e os alcaides pequenos façam fegu·
rança· quádo pera ello ferem r.eqneri:..
dos. fo. I vj ~
Tit .
.(a) A materia do principio deíl:e tit. correfponde a efta rubrica, como a ~Je •
f~ acha ~o tit. fl._u< n6 tom• prffoa alguma palha na cone fim A lllllrá do Al-
lflo/acu moor. :-mas a materia do ~· 1, ·que paífou para os~~· 3· e 4• do Liv. 1•.
éod; d~ 1p.1, n~5 çorrefpo,ndc a nenhuma dcllai,
tit. 15.· no
cxxvr IN orcEs DO -Cor!HGo MAN. DE 1 514;

Tít , lxxxj. Do .q ue aleuant.a volta ~m conc<i:lho


pu perante a j ufl:iça. f o. lvj.
Tíc. ixxxij. Qye o alcai,de Oll ·carcerei-ro nó ·haja
a roupa do prezo que fogir. fo. lvj.
Tit. lx)(xiij. Q1e nó recebam ao clerigo querella
fem dar nador leigo. fo. lvj.
Tit. lxxxiiij. Dos leigos que vaó fazer força em
ajuda dos cler igos. fo . . lvij.
Tit. Ixx.xv. Do que he ferido ou roubado de noi~
te e as deshoras. fo. lvij.
Tit. Ixxxvj. Dos que ham jurdiçam por graça
delRey que nó dem cartas .de fegu-
rança em cafo algum. fo. lvij.
Tit. lxxxvij. Dos que ajudam a fogir ou encobre
1 ••
os catiuos que fC?getn. fo. ,;VlJ• 'lJ,

Tit. l_x xxviij. Q.!.1e n& cort.fent;un aos morado-


res de Cafl:ella que venhâ ern affuadas
... \
a efl:es regnos pera mal fazer. fo. I \'IIJ •\
Tit. lxxxviiij. Das cartas defarnatorias que fe
lançam por maldizer, fo. lviij.
Tít. lxxl(.X, Dos que abré ·as car-tas, mandadeiras
delRey 0\1 d<~r Rayrtha eu doutras fe-
.u hores. fo~ lviij. •v.

Tit. lxx;xxj. ~1e nom paja hy alfeloeyros. fo. I lviiij.


Tit.lx.qxij. Das coufas, que farn defefas gue, nó
leué aa terra pe Mo uros. fo. lviiij.
T~t. lxxxxiij. -Da Fen~t que auerã os gue poem
fogos. fo. Jviiij.
Tit.
INorcEs no Con.IG'o· M'A-N. DE J-SI-41· Clx:x'VI-r·
Tit. lxxxx.jv:. <izye. nõ .oacem· perdize:s· l'l'em lebres
ne coelhos com boy, redes, nem fi0 , f'o. lxj.
Tít. lxxxx-v. Das• peclras< falfas & contrafeitas que
as n6 encaHoem em joya-algua. fb. lxj.
Tit. lxxxXlvj. Da pena que aue-rã o·s barqueiros
& almocreues .& carreteiros que rne-
lham o pa.m que traze;m : ou lhe lançá
terra. / · fo. lxj.
Tit. lxxxx-vij. Da. pena que- a.uerá os·que· foge·m
das armadas. fo. lxij.
Tit. lxxx.x•viij. Q;1e· todos; os- que• teuc;;r efcra..
uos de guinee os baptizem. fo. lxij. v.
Tit. lxxxxviiij. ~~e tanto que o gado fe· de<:e-
par para fe corta.r logo • fe' degole mate
& esfole naquella hora. fo. lxiij.
Tit. c. Q.te nenhüa peffoa · peça pera .inueeaç-am
algü.a fem rnoílrar. carta- ddRey -pera
eilo. fo. lxiij.
Tit. cj. ble como os efcriua:é'S·&·me.irinhos & ·ou-
tros officiaes harn detteer armas. f0. lxi·ij .
Tit. cij. Da pena: q~}e, auera' os ·acotHeadores '&· fa~
cadores•dos pedidos·, qaando aleu.anta-
ré oG abaixar-é' ·as contias·por ·p·e ita. fo. lxjv.
Tit. ciij. ~e nenhü·a peffoa tragtt'.l cotnlfygo . nb-
mens efcudados. fo, lxjv. 'li·

Tit. cjv. Dos ofm\!.iaeS"-onlpacloo · e~ ·a~u&s • male-


ficios que fe liuram por perdam . fo. lxv.
':Qit; cv• Em que, caf(J)r. o ·cor·regedór' da•·ccrte to-
mará '
cxxvrn INorcRs o o Cooxoo MAN. DE · I 5r 4.--

mará conhecimento dos maleficios co-


metidos na corte. . fo. Ixv •
Tit. cvj. Em que lugares nó, entrarâ os degrada-
dos da corte ou de certo lugar. fo. lxvj.
Tit. cvij. ~1e ao tempo da prjfam fe faça auto .
do habito & tonfura do prezo. fo. lxvj
Ti t. cviij. Da maneira que fe teerá com os pre-
zos que nó poderem pagar aas partes
as contias em que forem condena-
dos. fo. lxvj. v .
Tit. cviiij. Das penas que auerâ os que fem li-
. cença de!Rey forem ou mandarem aa
myna, ou qualquer parte de guinee, ou
.hindo per fua licença nom guardarem
f~u regiment~. fo. lxvij.
Tít. ex. Qye pe[oa algf a nó tenha conchas , co-
reis , contas pardas , nem outras per-
I
tencentes ao 1:rauto da myna, nem trau-
1
I

. té nepas , nqm traga da lndia efpecia· '


ria, nem drqgaria fem licença de!Rey,
\
nem. mais díl pera que tiuer licença J I
. I
. ne.m a tire no caminho , nem em efta \
- cidade:! fem deifpacho dos officiaes, & ~s
pena~ que pauerâ os que ho contrarib \
fezerem. fo. Ixxij. v.
' . Fim da Tau.oada ·do liuro quinto.

No rerfo da .quarta folh!l a mefma E(bmpa d'ElRey~·


~m
JNDIC!$ no Cooico M.AN. Dl!: I5I4· CXXIX

em audiencia com a efpada defembainhada , & levantada


na mão direita , varias prezas com cadeas de joelhos : á
efquerda por detraz deíles hum homem e_m pé com hum
papel na mão , que parece fenteoça.
A folha feguinte, que he a primeira que devia fer nu-
merada, principia :
_
1
, Dos hereges. , ,
, No quarto liuro hauemos traétado dos contraétos
, e teílamentos. Agora em e!le quinto tratemos dos cri-
, mes, & penas d'aquelles, que os cometerem. E por que
, fobre todos os deliél:os he maior & mais graue a here-
" fia por feer cometida contra noífo fenhor Deus , a
.. que por lei Diu.ina & Natural todos gecralmente deue-
, _mos fee & verdadeira creença , portanto entendemo•
., primeiro fallar della.
No verfo da folha LXXIV. , Acaboufe de empri-
,. mir ho liuro quinto das ordenaçoes, corregido & emen-
, dado per o doéto1.· R~y Boto éhanceler moor de!les re-
" gnos & fenhorios , per mandado autoridade & priui-
" legio de!Rey noífo Senhor: em Lixboa per Johã pedro
, bomhomini aos xx VIII dias de Junho de mil e qni-
., nhentos e catorze annos.
No fim defl:a folha hurna vinheta como a ultima das
do Liv. I. e H.

Liv. I. t P R 0-
..\ \
\
IN NOMINE DNI NOSTRI JESV XPI.

O PRIMEIRO LIVRO
DAS
._.

ORDENA COES. :S

T I T U L O P R I M .E I R O.

Do Regimento do Regedor da JuJ!t"ra na Grifa


da Sopricaçmn.

p ORQYE O MAIOR, E MAIS PRINCIPAL


Officio da Juftiça de Nolfos ·Reynos, e Senhorios, h e
o Regimento da Cafà da Sopricaçam , que pola
maior parte do tempo aa Noít1. Pelfoa Real he fem-
pre conjunéta, por tanto por Nó3, e Noffos Socef..
fores fe deue fempre procurar , que o Regedor della
com aprouadas , e mui vertuofas qualidades de fua
peffoa. feja fem pre pera e fie Officio efcolhido ; pe!o
qual elle deue feer homem Fidalguo de limpo Í::1.n-
gue , bom , vertuofo, e de muita auétotidade, e pera
mais perfeiçam Letrado , fe for poiliuel , temente a
Deos, e de faã vontade, e boa conciencia·, juflo, e
em bondades experimentado, inteiro, e confiante
pera fem alguu peruertimento , nem paixam guar-
dar, e fazer, que a todos igualmente o Dereito , e
Jufiiça fe guarde; e a.ffi abaftado dos bens tempo-
raes, e do animo principalmente, que fua particu~
. Liv. I. A lar
.2 O PRIMEIRO LivRo DAS ÜRDEN. TrT. I.

lar neceffidade nom dee caufa a algüa corrupçam


de Noffa Ju!liça; e affi deu e de feer de graciofo, def-
pejado, e fac il acolhimento aas partes, pera fem al-
güa difticuldade o verem , e fem pejo lhe poderem
req~1erer fua jufiiça , e fobre iffo caridofo, c de pie-
dofa condiçam , com que fempre tenha cuidado, e
· grande lembrança de prouer, e efguardar polo bom,.
e breue defpacho das partes, efpecialmente das pef-
foas de baixa condiçam , e miferaveis , por tal que·
fua caufa e juftiça _por defemparo , ou minguoa de
requerimento , ou por outros femelhantes defeétos
( quanto em clle for ) nom aja ra4-am de fe perder.
Jffo mefmo o Regedor deue feer No!fo natural, que
como bom ·, e leal Nos defeje feruir, e ame perfei-
tamente Noífa Peffoa, Eíl:ado , e Seruiço ; porque
affi como a Juíl:iça J1e a caufa mais principal, por-
que com a graça de: Deos por ella Reynamos , e a.
ella fobre todalas coufas deil:e mundo Tenhamos.
por iffo maior obriguaça.m, pera com equidade .fem-
pre a Guardarmos a todos, affi a razam , e ella mef-
ma Juíl:iça Nos acopfclha, que o Reged.or que por
Nós na dita Cafa ouuer de reger feja tal ,. de que
Noffo Senhor feja fe;ruido, e em que N ffo cu~dado
defcanfe , e No !fa cqnciencia quanto a iffo ande·fem ...
pre defcarreguada. r: pera o Regedor que' ora h'e , e·
qualquer outro que polo tempo for, mithor , e mais.
inteiramente cumprir em todo o que. a Noffo Serui..
ço , e a feu Officio pertence, Encomendamos-lhe
muito que e!l:e Regimento a miude veja.,_e paffe po..
. ~
Do REGHIENTo Do REGEDOR DA JusTIÇA. j

la memoria efl:a t.a m grande confiança , e tam efl:i-


mado carreguo , que nelle Poemas} por tal , que a
lembrança , e certidam diifo lhe acrecente por Nof-
fo refpeéto tal vontade, que fobre o prouimento da_
Jufl:iça , e depcndencias della o faça aíli deligente,
atentQ , e folicito, como fobre coufa que Deos mais
ama , e a que Nós fobre os terreacs Somos mais
obriguado , dé que fe feguirá, fazendo-o aíli bem, e
dereitarnente corno Efperamos , que por feus traba-
lhos , e tam dignos feruiços, e merecimentos , elle
ndle Mundo auerá d'e Nós, e NoiTos Soccffores hon-
ras , merces , e accrecentarnento , e de Deos Noffo
Senhor, que [obre todos he juíto e mifericordiofo,
no outro fua gloria por maior gualardam pera fern-
pre.
1 E TANTo que o Regedor for aíli prouido do
tal Officio , antes que comece feruir, nem faça cou-
fa algüa que ao dito Officio pertença, lhe ferá dado -
juramento polo Chanceler Moor em NofTa prefença
na Cafa da Rolaçam em pubrico, e prefente os Def-
cmbarguadores da dita Cafa na fórma feguinte.

'}urammto _do Reg-edor.

l , EU Foarn Regedor da Cafa da Sopricaçam


,, juro abs Sanél:os Auangelhos , em que ponho as · :
,, maõs, que nom dei a ninhüa pelfoa , nem darei, .
,, nem prometi de dar, nem mandar , nem manda-
,. rei coufa algüa a algua peifoa por caufa de me , ·
,A 2 . ,; fe:ér
4 o PtUMEIRO LIVRO DAS ÜRIYÉN. TIT. r.
, fc:er dado o dito Officio , c Carregue, nem pera o
,, diante o teer; e affi juro que qua_nto a mi, e aas mi-
,, nbas forças, e juizo for poílluel, eu feruirei o Offi-
" cio do Regimento da dita Cafa , de que Sua Alre:..
, za me fez merce , bem e fielmente C<1mo a fervi-
.,, ço de Deos , e defcarreguo da conciencia do dito
,, Senhor, e minha comprir, e trabalharei que o De-
,, reito , e Juftiça , inteira e igualmente fe guarde
, aas partes fem algua diflcrença, nem refpedo que
, aja de grandes , e pequenos , nem de ricos, e po-
:» bres , nem de eftrangeiros , e naturaes , por que
, quanto em mi for fempre procurarei, que a todos
,, fe faça e guarde por inteiro , e em efpecial terei
.,, cuidado dos prefos, e orfaõs, e viuuas, e pobres,
, e pefioas miferaueis; e t:rabalharei quanto em mi
,, for, e o Regirnent\) de meu Officio me dér poder,
,, que todos os feitos , e neguocios dos fobreditos fc
,, defpachern bem ,jf.lfl:a, e breuemente fem algúa
I
, paixam de adio, amor, afeiçam, parentefco, üem
,, d'outro femelhante refpeéto. E iífo mefmo juro, n
, prometo, que por mi, nem por antrcpofl:a peffoa
~· nom receberei dadiua, prefente , netn. feruiço al-
" guü de qualquer peffoa _que na dita c\ra tragua'
,, ou aa minha noticia vier , que hade tr~zer alguü
, feito ou demanda , faluo daquelles, · co'm. que eu
,, tenha tal diuido e parentefco, ou razam, a, que por
,, Dereito deua feer fufpeito : e pala dita maneira
1 , qua.n do o foubé,r, npm o leixarei leuar a alguü Def-
i,, embargua<ior ,nem Ofii.cial da Jufti~a da dita Ca~,
, fa.,
no RwiM~NTO DO Rf;GEDOR DA JusTIÇA. 5
~, fc1. -E affi com deligencia trabalharei, que os Def-
, embarguadores , Efcriuaés , Procuradores , Mei-
, rinhos , Carcereiros , e todolos outros Officiaes, e
, Miniíhos da Juítiça, que de baixo de meu man-
, dado, e juriídiçam efieuerem bem, e dereitamente
,, fegundo feus Regimentos feruam feus Officios , e.
,, fem efcandalo , cautela , nem delongua guardem,
, e façam aas partes em todo Dereito , e J ufl:iça, aos
, quaes inteiramente , e fem minguoa algua farei
, guardas todalas Leys , e Ordenaçoé~ do dito,Se-
, nhor, e guardarei as ditas Ordenaçoés; e .achando
, que elles, e cada huú delles affi o nom fazem,
, prouerei a iífo com aquelle remedio , e emenda,
, como Sua Alteza por fuas Ordenaçoês, e meu Re-
e
" gimento me Manda ; o que por elle nom poder
,, emendar, que a feu feruiço , e bem de Juftiça
, comprir , eu lho farei loguo faber pera o dito Se-
, nhor 0 prouer como for Sua Merce. E . ~ffi juro,
,, e prometo de em~ todo guardar fempre o meu Re-
e
, gimento , a fabendas o nom paflàr ; faluo quan-
, do; e na maneira que polo dito Senhor me for ·
, mandado ; e aili prometo teer fegredo . naquellas;
,, coufas , que defcobrindo-fe feria pe1juizo a ferui- -
, ço do dito Senhor, e a bem de Juftiça das partes:~ ,
,, ou contra meu Regimento ; e qualquer coufa que
,, eu fouber, que a bem de Jufbça cumpra afli"na di"':'
,, , ta Cafa da Sopricaçam., como em qualquer outra:
o.., parte de feus Reynos, e Senhorios, que toquem aos :
11 O.fficiaes de Jufti~a ,_e aíli peffoas que jurdiçoes de:.·.
~~- Ter.....

/
6 O PRIMEIRo LrvRo DAS 0RDEN. TrT. I.
, Terras tenham do dito Senhor, que necefiario feja
, de Sua Alteza o faber, e a que eu por mi, fegundo .
,, meu Regimento, e poder, nom poffa prouer, o fa ...
, rei log uo faber ao dito Senhor, pera o prouer co-
,, mo Sua Merce for : as quaes coufas todas como
, aqui fam declaradas outra vez juro aos Sanétos
, Auangclhos , e prometo e dou minha fee de intei-
, ramente as guardar e comprir quanto em mi fór. ,
O qual juramento fe efcreuerá no liurinho da Mefa
da Rolaçarp , e ao pee delle o Regedor ailinará , c
abaixo de Íeu final rodos os Defembarguadores, que
forem prcfentes , ailinaram ifio mefmo como tefte':"
rnunhas do tal auto.
3 OuTRO sr quando Nós Tomarg10s alguu Le-
trado pera a· Noffa Cafa da SopricaÇam , ante que
feito alguü defembargue, o Chanceler Moor lhe to-
rnará juramento na l\(Iefa grande prefente todos os
Defembarguadores, e o dito Letrado o fará na form~
que fe fegue, o qual ferá i!fo mefmo efcripto no di... I
to liurinho da Rolaçafn. ' '

Juramento do Difembarguctdor, que mmamente entrar


na Ceifa da Sopricaçam.
\
4 , EU Fuam juro aos Santos Auangelhos, em
,, qué ponho as maõs, que nom dei a ninhüa pef..
, foa , nem darei , nem prometi de dar , nem man-
, dar, nem mandarei coufa a-lgüa a algüa peffoa por
u caufa de me feer daçlo o dito Officio, e Carreguo~
,nem
.Do REGIMENTo oo RlGEDOR DA JusTiçA. 7

.r,, nem para o diante o teer. E affi juro, e prometo


,, que efie Officio do Dcfem barguo , ou .ta1 Officio
, de !la Cafa da Sopricaçam, de que ora ElRey Nof-
'' [o Senhor me fez merce, quanto aas minhas forças,
,, pro pio entendimento, e verdadeiro juizo for pof-
,, fiuel, eu o feruirei bem , dereira , e fielmente , e
, guardarei inteiramente o feruiço de Deos, c do di-
, to Senhor , c o Dereito e Jufiiça igualmente aas
, partes de qualquer natureza, forre , efiado , e pre..
,, minencia , e condiçam que fejam , fem fa1,.er fa ...
, uor, nem agrauo alguu em muitÇ>, nem em pou-
'' co, e fem odio , nem afeiçam , nem algüa injufia
, accpçam de peffoas. E affi juro, e prometo que as
, Leys, e Ordenaçoes do dito Senhor inteira , e fã·..
u mente guardarei , e as comprirei como nellas he
,, contheudo fcgtmdo meu verdadeiro juizo• E affi
,.juro, e p~romero que por mim, nem antrepofi~
, pefloa nom receberei dadiua :1' prefente , nem fer-
, uiço !llguu · de qualquer peífoa; que tragua, , ou a
, minha noticia vier , que hade trazer feito alguli
, ou demanda perante mim, ou pender·no Juizo, e
, M-efa em que eu poffa .defembargua-r, e dar voz;.
, faluo daquelles, a que eu por dereito deua feer fuf~
,, peito. E iílo rnefmo que em quanto em mim for,.
,, e meu juizo alcançar , comprirei em todo o que
,, ao dito meu Carreguo , e Officio pertencer. fem·
,, minguoa· algüa. E aJfi prometo teer fegredo na ..
,, quellas coufas , 'que defcobrindo-fe feria perjuizo
., ao feruiço do dito Senhor, e a bem da Juíliça da_.
•~· paJ:~
8 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. I.
, partes. E affi nom requererei por peffoa algüa na
, dita Cafa , faluo por aquellas, pera que me a Or-
, denaçam daa luguar que o poffa fazer. ,
5 E TANTO que o dito juramento affi for toma-
do, e efcripto, o dito Defembarguador abaixo delle
poerá feu final , e auerá no fobredito liurinho tanto
efpaço em branco, que abaixo dos ditos juramentos,
fem fe fazerem outros de nouo, poífam affinar os
outros Regedores , e Defembarguadores , que polo
tempo affi jurarem, fendo nouamente por Nós dos
taees Offi.cios prouidos.

Ju ramento dos Corregedores, e Ouuidores,


e Juizes de }ora.

~ OuTRO sr os c':orregedores das Comarcas, e


Juizes de Fóra, e Ouuidores que Enuiamos a algúas
Cidades, ou Villas d ~ Noffos Reynos , e Senhorios,
t.an to que por Nós forem prou{dos ante de em algua
coufa vfarem de feus Offi.cios , façam o fobredito ju-
ramento dos ditos D~fembarguadores, ( mutatis mu-
tandis) a qual forma ~e juramento ferá apartadamen-
te efcripta no dito lit,trinho da Rolaçam, ao pee do
qual ií!o mefmo affinaram fegundo forem prouidos,
e enuiados , por tal , que por efta maneira fe efcufe
efcreuerem-fe muito~ juramentos particulares: e em
quanto os fobreditos Corregedores, e Juizes de Fó"'
ra , c Ouuidores, ou f\lguü delles ·nom teuerem fei ..
-ço, e affinado o dito juramento, t9do o qtte fezerem..
em
Do REGIMENTO Do REcEDoR DA JusTIÇA. 9
em feus Officios por qualquer maneira que feja ferá
ninhuü , e de ninhuü valor como de nom. Juizes, e
d~ nom Officiaes , poilo que Noffas Cartas tenham ;
e elles feram obriguados aas partes a toda perda e
dãno que fe lhe por ello caufar.
7 E PORQJJE a primeira , e principal coufa que .
em todos os Autos e Officios temporacs fe deue fa-
zer , he encomendarem-fe os homens a Deos , para
que fuas obras aderence bem , e a feu fanél:o ferui-
ço, aili por fua infinda bondade os alumie, e esfor-
ce pera confeguir todo bem , e efta vertude nas cou-
f~s da Juíliça em cfpecial deue guardar, pois de to-
das as temporaes ella he a principal , por tanJo o
Regedor ordenará , e efcolherá huú Sacerdote , que
em todos os dias ~ala manham digua Milfa na Rola-
çam á entrada della naquelle luguar e cafa •. que pa-
ra iffo mais honefta e conueniente lhe parecer , o
qual Sacerdote ferá paguo por ailinado do dito Re-
gedor dos dinheiros apropriados pera as defpefas da
dita Rolaçam. E o mefmo Sacerdote pera as ditas
Milfas ordenado terá obriguaçam , e carreguo .. de
confeffar os homens que forem aa morte condena-
dos, e de hir com elles atee o luguar pera tal juíliça
deputado, dando-lhes confortos, enfinos, e esforços
taees com que moiram bons chriílaõs, e recebam fua .
morte em paciencia corn as milhares palauras que
poder, e viir que pera fua faluaçam podem apro.
ucitar.
8 ÜUTRO SI antre as coufas princ·paes do .Offi.~
Lív.J.__ B .cio ~
10 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. I ..
cio do Regedor he , que elle com grande cuidado,.
e vigilancia deue efcodrinhar, e faber como os Nof-
fos Oefembarguadores, e Officiaes, que pera admi-
niftraçam da Juftiça fam deputados, viuem e vfam
em feus Officios e Carregues : conuerri a faber , fe-
fam negrigentes, e remiffos em feus defemb~rguos,
ou de efcan_dalo aas partes , ou fe fam viftos e acha-
dos nelles outros defeéto3 raees , porque feus Officios.
a-ffi acerca de Noffo Senhor Deos , como de Nós.
nom fejam aili bem feruidos como o deuem feer;
porque quando am foffe por enformaçam) que defto
ouuefle, ou por fama, Mandamos ao dito Regedor,
que chame aquelle tal Noffo Defembarguador, ou
Official, que nos ditos feitos, ou cada huü delles f~f­
fe com prendido, ou infamado, e apartada mente an-.
tre ft o ap1oefie, e lhf digua que fe emende, e apar--
I -

te daquello em que a jn for infamado,. e-que confire-


como por refpeíto de Noffo Officio que-tem he hon.:.
-rad-o , conhecido , e eftimado antre os bons, e rece-
l5e de Nós merce, e fç: foO:cm ; c affi com. quaefquer-
outras mais palauras d,...amoeftaçam: fegundo a qua..
lidade da peffoa J e íeus feitos req~ererem ' e a ellel
bem parecer. E nom fe quereúdo ca!liguar, e emen-.
dar por aquella p.rim~ira vez , dir-lho-ha a fegunda.
em prefença d'outro~ Officiaes de femelhante_Offi-,
cio , pera que a vergqnha, que de feus feitos, e min-
guoa~ perante eUes recebe , o prouoque e obrigue a
emenda e bom coi:repimento. E quando de hi em.
diante .fe nom. a.chafi~: emendado~ e c_o ntinuaffe em..
fé."',

,
Do REGIMENTO Do REGEDOR DA JusTIÇA. 11

feu máo cofl:ume , nefl:e ca[o o dito Regedol" o dirá


a Nós pera com fcu bom confelho lhe Darmos aquel ...
le caftigo, que por fua culpa merecer. E porem fen-
do ·o dito Regedor por certa enformaçam enforma-
do , ou por fama pubrica, que o Defembarguador,
ou Official recebeu algüa dadiua , ou fez falfidade
em feu Officio , elle No-lo dirá loguo fem outra
amoeflaçam lhe fazer , pera fabida a verdade lhe
Darmos aquella pena , que por tam graues cafos fe
merece. E aquelles que achar , que viuem bem , e
vfam de feus Officios como deuem , louua-los-ha , e
honrará entre os outros, e Nos fará faber fua boa fa-
ma e vertude , pera receber de Nós a honra, fauor,
c merce que merece , por tal que a merce , e auan-
tagem que aos raees Fezermos por {uas vertudes e
bondades , e o cafiiguo qpe Dermos ao que tal nom
for por fuas culpas, feja exemplo aos outros pera
bem viuerem, e fe guardarem de máos cuflumes.
9 AcABADA a dita Miífa que em cada huü dia
fe hade dizer, o dito Regedor ordenará todos os No[..
fos Defembarguadores , os quaes em cada huú dia
fará viir mui cedo aa Rolaçam , e os repartirá por ·
todas as Mefas dos Officios ordenados, dando a cada
hua das ditas Mefas os Defembarguadores que lhe
bem parecer, fegundo a qualidade, e quantidade
dos feitos. Dando porem nos feitos crimes., em que
algüa peífoa feja acu[ado por cafo, que prouado me-
reccífe morte, ao menos quatro Defembarguadores,
pera com o Juiz do feito ferem cinco; e o que pola
B2 maior
1'2 o PÚMEtlZO LIVRO DAS ÜRDEN. Tir. t
maior paire for acordado fe dee a execuçam ; e feri:.
do em tal defuairo que nom fcjam tres em huü acor_.._
do , entim1 dará ourro Defembarguador, ou Defem.:.
barguadores em modo, que fempre fiquem tres con-
cordes a condenar, ou a abfoluer, ou remeter aas
ordens, ou em qualquer outro cafo em que fe-ouuep
de poer no dito feito [entença definitiua ,.ou interlu..;.
·c utoria ; e como os ditos tres forem concordes , lo ...
gu_o fe poerá defembarguo, e fe affinad. E nos ou ...
tros feitos crimes onde nom mereceria morte polo
dito cafo fe prouado foffe, dará ~o menos dolis, Def.;:
embarguadores , pera com o Juiz do feito feeremê
tres ; c o que por dous for acordado fe affinará lo-
guo; e fe dos tres cada huu for em defuairada ten·-
çam , fe dará huu terceiro , e concordando-fe com
cada huü ·dos tres, 4m fe ponha o defembarguo .; eJ
fe o terceiro for em outra noua tençam, dará outro.
atee que dous fejam concordes em huú defembar-.
g.uo ; e eíl:o fe fará a fli nas interlucutorias , ,como,na,s,
defi ni ti uas. ·
1 O · E D EsPors que forem-afHmtados os ditos r>ef..::

trnbarguadores, nom confentirá que.fe al~uantem das


Mefas onde efl:eueretn-pera algúa outra. parte; faluo.,
com tal neceffi~ade ~ ou impedimento J>. ~or, que fe
nom poffa efcufar-; e paffando a;.taL nece{Iidade. O$
fará: loguo tornar a feus affentos , _e -defembarguos ~ri ,
de maQ.eiraque [e npm f30ífà-perder, tempo alguü. : ·
.1 I TERA' Hfo mefmo grande refguardo, que (),
~m,eofe nom .guail~ em fala-s J,e. praétic.as nom ne-:-- ·
. ceft..
Do REGIMENTo no REGP.:DOR DA JusTTÇA. 13

ceífarias , nem <:~m outras femelhantes occupaçoés.-,


I
em que (e guafie o tempo como nom deue.
· 12 E o tempo que durar o defembarguo na Ro~
laçam ferá ao menos por efpaço de quatro horas in-
teiras pa!fadas por relogio d'area, que na· Mera onde
o Regedor efteuer ferá pofto, nas· quaes o mais acu-
radameate que for poffiuel , e com maior cuidada
defembar.guaram os.feitos,, que neffe dia' ouuerem de<
defpachar-•. ,
IJ' hEM- no tempo que affi o defemba-rguo du-
Par, o-Regcdor nom confentirá que os Fídalguos •.
nem outras peffoas venham aa·Rolaçam-, faluo quan•
óo forc:m·chamados ; c fe d-'outra· maneira· lá quife-
Fem entrar, nom o cnnfenta , e-feja,...lhe dito- q~e
.nom podem: por entam l-á hir , e que mtmdem po·r-
efcripto todo o-, que lhes comprir a quem . quiferem.-~
E os Porteiros. que efteuerein aa-p~rta teram -carre..:
guo de leuar os .taees efcriptos, e trazer· as repofias,
porque- d'outra maneira- fe impediria o tempo. do-
defembarguo; e os ditos-Porteiros feram - nilfo -mui
deligentes , fem por iffo leuarem coufa algüa.
· 14 hEM quando algüa parte fe agrauar por en-
forrnaçam d'alguü •Official da. Ju-fhça . da·dita Cafa ;
c no dito . agrauo apontar algib cou[a, que tragua
infamia ao dito -Official ', o .dito Reg~dor em Rola.
çam comacordo dos ditos Defembarguadores co- .
nheça delle , _e -fe acharem-que tal infamia que affi
foi pofia ao dito Official nom .he verdadeira, faram -
emendar~. e c.orreg~r aaquelle , _que- a dita. infa.mia;.
pos
I4 o PRIMEllW LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. i.
pos por prifam , e pena do corpo, ou de dinheiro •
ou por reprenfam ~de p~lauras, fegundo for a quali-
dade do feito , e condiçam das pe:ffoas ; e achando o
diro Regedor, e Defembarguadores, que o dito Of-
ficial foi difamado com razam , em tal cafo deue o
dito Regedor reprehendelo de praça perante os ou-
tros Officiaes da Rolaçam ; e fe o err~ for tal , que o
dito Official por ello mereça moor pena que repren-
fam , o diro Regedor em Rolaçam com acordo dos,
Defembarguadores , lhe faç!l todo correger, e emen-
dar , e caftiguar com aquella pena , que virem que
.merece fegundo a culpa for.
-··I 5 E AO dito Regedor pertence procurar merce ,
e honra aos Defembarguadores, e Officiaes outrÓs
da Juftiça da dita Cafa fobre que tem o Regimento,
fazendo-lhes guardar, e éomprir com efeéto todos
os priuilegios que de Nós, ou dos Reys, que ante
Nós foram, teuerem por Nós confirmados, e fe me-
fter for o efcreua a N,ós pera o affi Mandarmos comr
prir , pois os ditos Qfficiaes contínuadamente eíl:am
em No!fo feruiço.
I 6 AcABADAS as quatro horas fobreditas d-o def..
embarguo das Mefal,>, aquelles Defemb~rg!ladores •
que ordenados forer,n pera fazer as Audiencias na
Rolaçam, as hirafl) fazer, conuem a faber, Chan-
celer Moor, e o Juiz dos Noffos feitos; e os Deferv-
barguadores das Ilhas faram fuas Audiencias aa fe-
gunda feira, e aa qu t rta , e aa feíl:a , conuem a fa ..
per, o Chanccler MJor fará primeiro, e.apos elle o
Juiz
Do REGIMENTo no REGEDOR D.A JusTIÇA. T 5
Juiz do~ Noífos feitos, e por dermdeiro delles os
Dcíembarguadores das Ilhas.
17 E os Deícmbarguadores do Agraun, e· os
Noifos Ouuidores ,e Ouuidor das Terras da Raynha
fararn fuas Audiencias aa terça feira , e aa quinta, e
ao íabado, conuem a faber, primeiro os do Agra-
uo , e depois os Noffos Ouuidores, e defpos ellcs o
Ouuidor dàs Terras dà Raynha.
18 E Q!JANDO pola ventura pareceffe ao Rege-
dor, que e!to fe deuia em algüa via outra mudar
por algüas neceffidades , ou cafos taees que fobre-
vielfem pera affim fe deuer f.uer, ordenalo-ha como
' mais Noífo feruiço for , e proueitofo ao bom defpa-
cho dos feitos , e das partes , em maneira que norn
retardem feus defpachos , antes fejam com mais.
breuidade defpachados ; porque e!fe he o mais prin-
cipal fundamento que fe deue teer.
1 9 · E AO Regedor pertence prouer , e conferuar
os Efiilos, e bons Cuítumes acerca da ordenança dos.
feitos , que fempre fe cuítumaram ,- e guardaram na.
dita Cafa. E nom confentirá que ninhuü Deíembar-
guador entre , nem eftee na Rolaçam com efpada ,.
ne-m punhal.
· 20 ITEM o-Regedor hade mandar paguar das;
rlefpefas da Rolaçam as teftemunhas, que por bem.
rle Jufiiça forem mandadas viir aa Corte a· dar feus.
tefl:emunhos ; as quaes nunca mandaram viir pera:
fe paguarem das defpefas da Rolaçam ; fafuo por;-
man.d ado do Reg~dor ,: que. o mandará. com acord~
da\
r6 O PRIMEIRO L •I VRo DAs ÜRDEN. 1'1t. I.
da Mefa grande, ou quando forem cinco Dcfembar-
guadores Juizes da caufa fobre que mandam viir a~
teflemunhas _concordes , fegundo mais comprída-
mente h contbeudo nefie Liuro no Titulo Dos Ou-
la
uidores Gaja da Sopricaçam.
. 2I I TEM o Regedor [e enformará cada rnes fe as
Audiencias da Corte fam bem feitas, e [e os Efcri- 1

uaes de cada húa Audiencia varo continuadamente


primeiro que o Defembarguador, e fetomam os ter-
mos nas Audiencias, e os efcreuem loguo nellas em
· fe.us protocolos. E affi fe o Meirinho das Cadeas vai
<}as ditas A_udiencias como he obriguado, ou quan-
do for ocupado fe manda lá os homens que f.:<m or-
·qenados. E achando que os Defembarguadores que
as. Audiencias fa'?em nom oulbam por i !To, os amoe-
fie que o façam cornprir) cafliguando os que am
achar negrigentes cpmo for dereito, do que Man-
damos ao dito Regeclor, que tenha muito cuidado;
porque Somos enformados , que por os Efcriua~s
nom hirein cedo aas Audiencias, e nom efcreuerem
loguo os termos corno fam obriguados, fe retardam
os defpachos dos fei~os.
22
c-
O UTRO SI OS !eltOS . .
ClUelS, c
que \ao or.rege.-
dor, ou Ouuidores pertencerem , nóm fe'~efembar..
guaram em Rola~am, faluo por No!To efpecial Man-
dado, por fe nom tolher · o Agrauo delles pera os
Defembarguadores qos Agrauos.
· 23 . ITEM Mand ~ mos que os feitos ciueis, que
em Rolaçam forem ~iefembarguados , feja.ín relata-
dos
Do Rrwn.IENTO Do REGEDoR DA JusTIÇA. 17
dos perante as partes, ou feus Procuradores, e bem
affi leu das todas as inquiriçaes, efcripturas, e razoés,
que aos ditos feitos perte.ncerern, perante os Defem-
barguadores do feito, e aas partes ., ou a feus Prd-
curadores parecer que alguas das ditas efcripturas ~
e inquiriçoes , e afeguaçoes fam efcufc1das, e fe nom
deuem de leer; porque -em tal cafo fe lerá foomente
o que por todos eiles for acordado. E acabado de
leer o dito feito , as partes e feus Procuradores fe
fairam pera fóra, e o Juiz do feito .dará nelle fua voz
primeiro , e di por diante os outros Defembargua-
dores , que ao feito efteuerern , e o que pola maior
parte dos ditos Defernbarguadores for concordado
fe comprirá, e dará aa execufarn , fendo em os di-
tos feitos ao menos concordados tres Defembargua-
dores. E em todos os feitos .fobreditos· que em Ro-
laçam fe defpacharem po1as mais vozes, como dito
he , fempre a fentença ferá pofta, e efc·r ipta polo
Juiz do feito, pofto que .elle feja em defuairada ten-
çam , e ferá ailinada polos que no dito acordo fo-
rem ; e quando fe a fentença tirar do·proceffo ferá
affin~da polo mefmo Juiz do feito , pofto que nom
affinaífe no feito, e foffe em outra t·ençam. E fe o
Juiz do feito ao tirar da fentença for abfente, paíra-
rá por outro Defembarguador. E fe a fentença for
de qualidade, que quando fe tirar do proceffo haja
de feer ailinada por dous, ou tres Defembarguado-
res , e huü delles, ou dous_forem abfentes, paít1rá
polo que prefenú~ for , e o Efcriuam poerá ao _pee
- lAv.L C da
zS O PRI~fEJR~ Lr-vRo DAS ÜRDEN. TrT. I.

àa fentença com~ nom paífGu paios outros por fe ..


rem abfentes.
24 ITEM pera bom defpacho, e breuidade dos
feitos, Mandamos, que quando alguü feito -for final-
mente conclufo, e vifto em Rolaçam, e fe pofer em
elle al güa interlocutoria pera fe ainda auer de fazer
algua deligencia , o Juiz principal do feito ponha .
em lembrança ailinada polos Defembargut1dores,
que fe hi acordarem , o que fe fará tanto que a dita
interlocutoria fe comprir, e deligencia vier feita, affi
de nom , como de fi, pera fe entam loguo affentar a
fentença no feito, e fe ailinar fegundo a dita !em•
brança , vendo-fe foomente o que nouamente crécer
fem mais fe tornar a leer todo o feito , a qual lem-
brança ficará em 1poder do dito Juiz do feito, e par..
tindo-fe o Juiz fiqu~: a quem o Regedor ordenar.
25 OuTRO sr qu\:tndo algüa das partes teuer íuf-
peiçam a alguü do~ Defembarguadores, ao tempo
que os ditos feitos íe ouuerem de dêfembarguar na
Rolaçam , fará dello enforrnaçarn por palaura ao di...
to Regedor, e elle cqrn acordo dos ditos Defembar..~o
guadores, que fe hi acharem, a defem~arguará ,co..:.
mo virem que he D~reito ; e fegundo por elle com
a maior parte dos .Qefembarguadores fo acordado,
affi o mandará comprir ; e o dito Regedor cometerá
o tal feito a outro Defembarguador, que fufpeito
nom feja , e em qu<j.ntO efteuerem aas vozes fobre a
dita fufpeiça.m , o De[embarguador a que foi pofi:a
fe apartará , ~era outra parte atee fe fobre ella tomar
con~

..
Do RE~IMENTo DO REGEDOR DA JusTIÇA. t9
conc1ufam. E por femelhant~ modo fará o dito Re..;
gedor quando alguü fe agrauar do Chanceler Moor
d'alguu defembarguo, que por fi foo der, affi fobre
a fufpeiçam , corno qualquer outro cafo que por eHe
foo for defembarguado , o qual Chanceler Moor ao
tempo que derem as vozes fobre o dito agrauo fe
apartar.á pera outra parte, como dito he.
26 h EM quando fe ouuer de cometer alguü fei:.
to de nouo a alguü Defembarguador, no cafo on-
de nom ouue fufpeiçam procedida polo Chancelet
Moor , em tal cafo o Regedor deue cometer taees
feitos a quem lhe bem parecer, que fufpeito nom
feja. ·
~7 A~oNTECENDO-SE que ós Defembarguadores
d'algüas das ditas Mefas fejam affi em vozes defuai-
radas, que fe nom poffa poer defembarguo, em tal
cafo o dito Regedor fará ajuntar com elles outros
Defembarguadores, que vejam o feito fobre que for
o defuairo , e o que a maior parte delles todos affi
juntos acordar fe cumpra. E fendo cafo que em al-
guu feito vifl:o por todos os Defembarguadores , que·
prefentes forem , as vozes forem iguaes em conto •
em tal cafo o Regedor dará fua voz, e aquella parte
a que dle fe acofl:ar preualecerá , e fegundo ella fe
poerá a fentença. E quando o Regedor nom for pre..
fente, e os Defemoargua:dores forem diü::ordes quàn-
to aas cufl:as , fendo em vozes iguaes , ponha-fe na•
fenteAça que -feja fem cuítas, e os Defembarguado-
tes poder-am poer fob·feus finaes eràm cuni./umptibúsa
c2 ou
20 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TTT. I. ..

ou fine }i-1-mptibus , pera fe poder faber a rençarl} em


que cada huü era. E efio nom a:uerá luguar quando
o Reo for condenado; po~que fempre fegundo Noífa
I
Ordenaçam ao menos deue feer condenado nas cu-
fias do proceífo.
28 E sE o Regedor viir alguus feitos arduos, affi
ciueis , como crimes, e fentir que ha nelles alguas
taees duuidas , que lhe pareça feer bem ajuntar ai~
guüs Defembarguadores, mais que os ordenados ao
defpacho dos taees feitos, fará ajuntar aquelles que .
fufpeitos nom fejam , e neceffarios lhe parecerem, c
com elles defernbargue os ditos feitos, e efto faça
cada vez que lhe neceffario pareçer. Porem fe o def-
pacho do feito pender fobre embarguos d'alguü def-
embarguo, ou fentença, nom meterá outros Defem ..
barguadores ao defpacho, fe nom os que foram no
primeiro defembarguq, ou fentença; faluo fe lhe pa..·
recer que alguüs dos ditos Defembarguadores fam .
fufpeitos de tal fufpeiçam , que a parte nom po!fa
prouar, ou outra raz~ m que o moua a No-lo- fazer
faber; porque entam q1andará fobreftar no defpacho,
e Nos fará faber a caufa que o moue a querer meter
mais Defernbarguadores no defpacho dos ditos. ern.:.
barguos, p,era Nós niffo Prouermos como 1Nos bem
parecer.
29 E MANDAMos que em todos os feitos, que affi
em Rolaçam fe ouuerem de defpachar, fempre o
Regedor faça por dar ps Defembarguadores pera ei..·
lcs, fegundo cmc1ma; Di!!"emos, em numero que..
notn
Do REGIMENTO DO REGEDOR DA JusTIÇA. 21

nom fejam pares , affi como tres , cinco , fere.


30 E SE alguü Defcmbarguador fo~ abfente , oú
em tal maneira impedido, que nom poífa defembar-
guar os feitos , que a feu Officio pertencem, ou que
lhe forem cometidos , o dito Regedor poerá outro
em feu luguar , que os defei:nbargue , e faça as Au-
dicncias affi na Rolaçam , como fóra , fegundo per-
tencia fazer ao tal Defembarguador, que affi for im-
pedido, em tal maneira, que por minguoa dos Def-
embarguadores principaes os defembarguos dos fei-
tos nom fejam retardados : e tan to que cefiar 'O dito
impedimento , ou abfeneia, recolherá feus feitos no
ponto, e e!lado que os achar, fem lhe ·ficar feito al-
guú aaquelle a quem o dito Officio for: cometido.
Porem vindo algüa das partes com embarguos a al-
güa fentença interlucutoria , ou definitiua dada por
aquelle a quem o dito Officio foi cometido , elle co ..
nhecerá dos ditos embarguos, fe na Corte efteuer,
e nqm eftando na Corte , entonce conhecerá dos di-
tos embarg uos o proprio Juiz do Officio. · E Man ..
damos que no cafo onde foffem certos Defembar-
guadores Juizes d'algüas caufas, affi como os do
Ag rauo , ou das Ilhas , e em algüa interlucutoria ,
ou incidente defuairaíiem , ou foífem em diuerfas
tençoés por onde o feito foífe a outro Defembargua..,'
dor , a quem ouueffe de hir , ou a quem o Regedor
o cometeífe defp<_?ÍS que' for pofta a dita interlucuto-
ria, o feito tornará a aquelle que foi em defuairo ,e
conhecerá delle com os outros em todo o mais, que
f c;
22 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN.
'I
TIT. I.

fe no feito ouuer de proceff.u , affi como conhecera


fe dos outros nom defuairara, e ferá obriguado a fe-
guir o defembargno, que polos outros foi acordado,
po!lo que elle foffe em outra opiniam.
3 I E Isso mefmo M andamos, que fe gu.a rde
n os feitos que fe defpacharem nas M efas polos Def-
~mbarguadores , que o R egedor cad a di·a ordena',
o rlde fe acontece as mais das vezes cada- interlucu-
toria dos ditos feitos feer defpachada por diuerfos
D efembarguadores; porque feram obriguados os que
derradeiramente vierem aos defpachos dos ditos fei-
tos, affi pera as interlucutorias, como pera dar fen-
tença definitiua , feguitem as interlucutorias polos
outros poftas' ou pofto que já outra vez efieue!Te ao
clefpacho da dita interlucutoria, e foffe em contraí-
ra opiniam. E todo ejl:o que dito he, que os Defem-
l»arguadores fig uam as interlucutorias, poflo que fof-
fem em defuairada t:ençam , e que fiquem Juizes
€orno que nom forarr1 em tal defuairo, Mandamos
cque iiTú mefmo aja luguar , poflo que odefuairo .
foffe em nom receber o libelo , e o libelo folfe rece...
bido.
, 32 E POSTO oYE o Defernbarguador feja m'uda-.
do , o feito norn fah jrá da maõ do Efcri u1am orde-
nado , faluo por fufpdçam , ou por outro femelhan ..
te" impedimento. ·
33 I TEM nom confentirá: , que ninhuu feito dos
que Mandam0s def~mbarguar em Rolaçam feja
d~ipachado, ou vifto polas Cafas dos Defembargua-
do-
Do RE.GIMENTO no REGEDOR hA JusTI1fA. 23

dores , ou fóra da Rolaçam, foomente pala Juiz que


for do feito, o qual defpois de o tcer vifl:o o leuará aa .
Rolaçam pera ahi o defpachar, fegundo feu Regi-
mento; e prouanclo-fe que foi defpachado, ou vifl:o
palas cafas , ou fora da Rolaçam , pofio que o defpa...
cho feja pofl:o em Rolaçam , a tal fentença, ou def...
pacho feja ninhuu , e aalern diffo o Regedor lho
efiranhará, ft>gundo a qualidade do cafo requerer.
34 Ao Officio do Regedor pertence mandar fa-
zer os paguamentos áos Defembarguadores , e ao
Efcriuam dos Noffos feitos , aos quarteis por rol por
elle ailinado. E no mantimento dos Defembarguado-
res nom fe fará ninhuü em barguo por ninhuü Offi-
cial da Juftiça a requerimento de ninhuii creedor,
_ foomente por mandado do dito Regedor , e o Pa..
guador que ouuer de paguar ·nom guardará ninhuu
outro embàrguo feito no diro mantimento, o qual
lhe nom mandará embarguar o dito Regedor por ni-
nhüa diuida; faluo quando achar que o dito Defem-.
barguador fez algüa coufa em feu Officio por onde
lho deueffe embarguar.
35 E BEM Assr mandará paguar por feus Alua..
raes em cada huu mcs ao Carcereiro , e Guardas da
Cadea, e Porteiros, e Caminheiros da Rolaçam, e
Minifiros da Juíliça , e a quaefquer outros Officiaes
da dita Cafa , que mantimento de Nós teuerem or-
denado. Porem nom mandará paguar a ninhuu Def-
embarguador, nem Official do tempo, que nom fer-
uio ;· f.1luo efl:ando doente na Corte, ou hindo ·por
:NoHa licença, ou fua, fóra. 36 ÜR-.
24 o PttiMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. I.

, 36 ÜRDENARA' huü Recebedor, e Efcriuam que


tenha carreguo de receber os dinheiros apropriados
pera as defpefas da Rolaçam , e por Aluaraes por el-
Ie aHlnados fe faram as defpefas da Rolaçam, e fe le-
uaram em conta ao dito Recebedor; e as contas das
defpefas tomará ell'e dito Regedor, ou quem elle' or-
. denar , e mandará fazer a quitaçam da dita conta, e
com fua vil1:a ferá affinada por Nós .
• 37 ITEM o Regedor poderá dar os Officios dos
Caminheiros -~ e dos_freguoeiros da Cafa da Sopri-
. çaçam aas peffoas, que pera ello lhe parecerem per-
tencentes, e lhe paffará fuas Cartas.
· 3 8 SE alguús Noífos Defembarguadores , ou Of-
fi.ciaes teuerem algúas taees peceíTidades , por que
lhes conuenha leixarem de feruir em Nolfa Rola-
çam, em tal cafo o R egedor lhe poderá dar luguar,
1

e licenç<;1 pera a ello aFodirem por alguüs dias, com


tanto que nom paífern de vinte dias em partes , ou
juntamente por todo ~> anno. 1
: 39 Ao Regedor Plertence mandar em cada huu
anno efpaçar a Cafa po derradeim dia d' Agol1:o, e
mandará poer na porta da Rolaçam Aluará, por que
' \
no ti fica aos Defem barguadores como a <S:afa h e ~f-
paçada por dous mefes feguintes , e qu ~ venham
f:Ontinuar feus Officio~ , e defembarguos aq tercdiro
dia de Nouembro, onde Nós El1:euermos , ou e'm
qualquer outro Lugu~r que por Nós for ordenado ; e
mandará aos Efcriuae~ , e aos outros Officiaes qa di-
ta Cafa, que ao dito termo fejam todos no dito lu-
guar
Do RrcrMENTO no REGEElOR DA JusTIÇA. 25
guar prefentes , e naquelle meio tempo do efpaço
auerá por aleuantadas as refidencias aos que andam
por Carta de feguro, e os gue andarem prefos fobre
fuas menagens ficaram em Noífa Corte onde quer
que efleuc1:, e aili a huns como a outros mandará
que pareçam ao dito termo onde a Rolaçam efte- ·
uer.
40 ITEM o Regedor fará executar as pen:as fobre
os Corregedores das Comarcas, que parTado huü an-
no, des que houuerem poffe de fuas Correiç(!)es ; lhe
nom mandarem a inquiriçam que fam obriguados
tirar fobre o Corregedor que foi ante elle, fegundo
diremos no Titulo Em que modo hade enquerer &c.
E bem aili quando ihe a dita inquiriçam for enuia-
da , a vt:rá com os Defembarguadores que lhe bem
parecer , e achando o .dito Corregedor fobre que fai
tirada fem culpa, No-lo fará faber, dizendo-Nos fe
em todo comprio feu Regimento, e o que nella achai';
e achando que merece feer condenado , procederam
contra elle como for Dereito, e antes que fe pubri-
qne a fentença que f0bre ello derem , No-lo faram
faber.
41 E coM grande cuidado , e deligencia o dito .
Regedor fe trabalhará de faber como o Meirinho da
Noífa Corte •. e aili o das cadeas feruem feus Offi-
cios , e fe nelles fatisfazem com as coufas que fam
obriguados , e aili fielmente, como deuem fazer por
Nof!o feruiço, e bem de Jufl:iça; e fe trazem os ho-
·mens que lhe fam ordenados , e fe fam taees como
Liv. I. D . pe-
/

26 ' o PRIMEIRO _~lVRO DAS ÜRDEN. TIT. I.

pera as coufas da Ju!liça cumpre ; c;: achando que o


Meirinho da Cor.te faz o que nom. deue em feu Of-
ficio, amo.d lalo-ha, e fendo fuas culpas taees por
onde çom ju.!liça fe contra elle deua proceder, man-
da:..Jo~ha fazer fcgundo fuas culpas merç:cerem. P~ró
!JUanto aos hom.ens que .o u.u er de, teer , f~ ach_q.r !Z}U.<;:
nom fam taees como deuem, ac;uelles que taees norn
forem , e de que boa enformaçam nom mmer, lhos
mançlar:á lançar fóra, e tomará outros que bem pof-
fam feruir. E quanto ao Meirinho das cadeas, fe
achar que faz o que nom deue , e for comprendido
em alguns erros taecs , por que lhe pareça razam
fufpendelo do O.fficio, podelo-ha fazer, c met~r ou-
- ~ro em feu luguar, e mais aalem di fio mandará pro-
ceder contra elle COH'IO lhe parecér J u!liça , e No-lo
fará faber pera Man~armos acerca dcllo o que Qu-
uermos por bem , e for mais Noffo feruiço. E acer-
P dos homens guardará o que dito he nos homens
_óo Meirinho da Corfe. . 1
42 E PROVER A; o dito Regedor . fobre os Efcri~
:uaés da dita Noít• Qafa da Sopric ~ çarn na f!laneira
feg ui nte : conuern ' il faber, fe fazem fieldade em
feus Officios, e fam affi deligentes no fe~;uiço clelles
· ·como deuem , e fam obriguados por feus ~egimen­
tos , e fe no d e[paclw dls partes fam efcandalofo's. e
de maas repoftas, oplhcs lcuam de fua s tfc,ripturas
mais do que lhes .he prdenado, tirando ç:m_ cada huü
a nno inq.ui riçam d,e1..1affa fobre elles do q!le d~to he.
E iífo mefmo lhe D~mo,s poder, que quando fe al-
gua.
Do REGIMENTo DO RWEDOR DA JusTIÇA. 27
güa parte queixar d'alguu Efcriuam , que po.ffa fo-
bre ello tirar as teftemunhas que lhe b'em parecer,
e aquello que achrrr que mal fazem emenda lo-há,
e fará correger como fi."ja razam • e eiles fatisfaçam
com o que deuem: e achando alguús compreildidos
em erros taecs, porque mercçtm caíliguo nas péf-
foas, ou nos Officios, mandará proceder comra os
taees como com dereito deua, cometendo fuas cul-
pas ao Chanceler Moor a quem o conhecimento
pertence. E Damos-lhe poder que os po!fa fufpen-
der , quando em t~l culpa os achaffe pala dita de-
uafia , ou inquiriçam , porque com razam aili o dc-
ueile fazer, e fufpendidos No-lo fará faber , pera
Mandarmos a m~neira que com os t:.rees tenha. Nom
tolhendo porem de o Chanceler Moor poder enten-
der em os ditos Efcriuaés,. fegundo a feu Officio
pertence.
43 ITEM prouerá mui a miude fobre o Carcerei-
ro da Corte , fabendo fe fer,ue bem feu Officio , ou
nelle faz o que nom deue, mandando tirar fobre ello
inquiriçoes, e trabalhará como acerca do dito Car-
cereiro fempre feja prouido , de maneira · que por
mingüoa de bom cuidado e deligencia nom poífa
elle fazer coufa que nom deua.
44 PoRQUE pola ventura alguns Senhores de Ter-
ras, e petfoas que tem jurifdiçam , fe entremeteram
de vfar de mais jurifdiçam , que aquell'a que por as
doaçoes das ditas Terras lhe h e dada, de que fc fe.:.
.gue muito Noífo deferuiço, Mandamos ao dito Nof•
D2 fo
28 O PKIMEIRO LrvRo DAS ÜRDE~. TIT. t
fo Regedor íob carreguo do juramento que tem to..
mado ·de feu Officio , que fempre fe trabalhe de Ú\-
~er fc alguü Senhor de Terra, ou Fidalguo, ou pef-
foa que jurifdiçam tenha, em qualquer modo que
della a jurifdiçam lhe feja dada, vfa de mais jurifdi-
çam que aquella que por fua doaçarn lhe foi outor-
guada, e achando que alguü vfa em mais do que de-
ue , nom lho confenta , e procederá col)tra elles co-
mo coni dereito em tal caío deue fazer : e Manda-
mos ao dito ·Regedor, que nifio como por cou('\ mais
principal oulhe , pera feer prouido com todo Noffo
feruiço , e o mais amiude que lhé feja poiliuel ; e
quando pola ventura as peffoas cjue iílo fezeffem fof-
fem d~ tal qualidade , que elle No:-lo deueíTe fazer
faber, o falará a Nós~ ou enuiará dizer por fua Car-
ta, fe a Cafa nom eíleuer com Nofco,pera o Prouer-
.mos como foffe NofTo feruiço, e muito em efpecial
eíla coufa lhe Encomendamos , e Mandamos que
nella proueja.
45 O REcEooR nq cabo de cada huü anno man-
d ará fazer huü rol a cada huú Efcriuam de todos os
feitos que na dita Caía o dito anno fe defpacharem
finalmente, e afil quantos lhe ficam por defpachar,
pera por elle Sabermo,s os feitos que cada buü D,ef-
embarguador defpachou , . e os que. ficam po'( deípa-
char, pera com delige; nçia os mandar defpachar no
anno feguinte. ,
46 E BE:vt ASSI ca~a mes mandará huü Efcriuam
aa cadca , p era que fà.ça rol de todos os pr.efos que
na
Do REGIMENTO DO REGEDOR DA JusTIÇA. 29

na cadea efieuerem , no qual rol declarará o dito


Efcriuam os nomes dos ditos prefos , e donde fam
naturaes, e os cafos por que fam prefos , e quem he
feu Juiz, e Efcriuam, e em que termos efi{ o feito
de cada huu , pera que fe achar que alguü he retar-
dado, o fazer defpachar com breuidade. E os Efcri-
uaes todos da Noffa Corte faram os ditos roes por
defirebuiçam cada huü fua vez em cada mez.
47 A vEMOS por bem, que daqui em diante ni-
nhuü Deíembarguador tome petiçam algua·, em que
fe requeira mandar hir os Autos aa Rolaçam , e as
partes, que taees petiçoes quiferem dar, as dem ao
Regedor, ou aos Porteiros da Rolaçam, pera que as ·
dem ao dito Regedor na Mefa, pera as elle veer com
• os Defembarguadores do Agrauo ; e Mandamos aos
ditos Porteiros quando lhe as ditas petiçoés forem
dadas , as tomem , e com toda deligencia as apre-
fenrem ao dito Regedor, fem por iffo leuarem coufa
algüa. E as petiçaes que fe defpacharem , por que
.mandem leuar os Autos aá Rolaçam, que forem fem
final do dito Regedor , Auemos por bem , que nom
valham , nem fe faça obra algua polo defembarguo
.nellas pofio; e o Efcriuam que a tal petiçam cem
defembarguo , fem nella feer affinado o Regedor ,
ajuntar ao feito por onde os Autos venham aa Ro-
.laçam , feja fuípenfo de feu Officio por feis rriefes.
E o diro Regedor , ppfto que feja em opiniam· que
m; Autos nom venham aa Rolaçam·, fe os Defem-
barguadores do Agrauo forem ~m mais ~ozes que
ve-
30 o PRIMEIRO LIVRO DAS f>RDEN. TiT. I.'
venham , o Regedot poerá feu fimil na· dita . per!.:.
çam.
48 E o Regecl'o r terá cuidado, que tbdos os fd.:.
tos que teuet em Roia-çatií, que por petiçam os man•
da'ffe vi'ir , os fa·zer defpachar no's derradeiros dias
an·r-es q'ue o éfpi'fço venha, em modo que ninhuii dos
ditos feitos fiqué no cfpaço na Rolaçam.
49 E · PE-R,'\: o Regedor teer milbor ordem no
d'efpacho das petiçoês, Ma'ndamos·, que fempre na
Rolaçam ma1n'de efiar huu faca de dous reparti men-
tos , e em htiã delles mandará meter as pétiçoês que
ainda nom forem defpachadas, e· em outro reparti-
fnenro fé meteram a:s defpachadas , ·en'l modo que
(I} Ual'ldo- fe acabar a Rolaçam cada huu dia , nom fi•
que ninhüa petiça·rri nc,t Mefa, e fiquem todas reco~ ·
lhidas no dito fá'co. E as defpachadas feram tiradas
do faca polo Po!·teiro", e kuadas . a' Audre·ncia dos
.Àgrauos em ca:da hi\ia Audiencia, ·pera o Juiz que
a dita Alildiéncia· fezer as entreguar · aas partes , ou
feus Procura'dores, e nom eftando prefentes as tor-
ne a recolher , e' rrietet no dito faéo donde as f·irou.
50 E POR qbanto fe mouem alguàs vezes·duui-
das antre cs Deferribargtiadores da Cafà da\ Sopric·a..
çam ,· e os··da Caía· do Ciuel, fobre a!guus ei'tos fe
pertencem a hüa Caía, fe aa outra, Auemós pór bem,
que quando tal cafo acpntecer , que os Noffos Def-
embarguadores do Pa a ~o fejam diífo Juizes, os quaes
auida a enfonuaçam n,eceHaria , Nos faram de todo
rela.çan·l , e ·com ·Nofi~ .A:ut1oridade determinaram
em
Do RE9IM-E NTO no REG!i=DOR DA JusTIÇA. 31
em qual .clo/S Çafas fe cleuem os taees feitos traurar,
~o que por elles acerca ddlo for determina"o, Man-
damos ao . Regedor d4 Cafa da Sopricaçam , e ao
:Gt,wuern~dor pa C~fa do Ciuel , q,ue o façam em to-
.do comprir ~ guarp~r.
51 O REGEDOR terª c;:meguo de mandar apou-
fentflr todos os Defembarguadores, Procuradores, ç
;Efcriuaês, e outros Officiaes da dita C;afa , em qual-
.quer luguar pera onde a dira Cafa ouuer de hir , e
_mandará huü Efcriuam diante por ApoufentadoJ,'
com huú feu Aluará, c rol das poufadas, que ouue-
rem de feer a poufentadas , o qual dará as poufadas
.e camas pera o apoufentamento neceffiuio , e que
d' apoufentador.ia fe cuJlumam dar a cada huu· fe-
.gundo feu Officio e merecimento , e fegundo a Cafa
que trouxer , apoufentando primeiro os Defembar-
guadores , e defpois os outros Officiaes fobreditos.
E porque algüas vezes acontece ·, que efte apoufen-
tamento (e nom faz por ordem, e alguüs Defembar-
guiJ-dores e Officiaes mandam ao Lug uar pera onde a
Cafa ha de hir pedir poufadas a feus amiguos , 01,1
alugualas, de que fe feguia muitas vezes nom ferem
os Defembarguadores apqu fentados feguodo o que !1
:elles pertence., c as boas poufadas muitas vezes fe
11om dauam a aqu,elles a que dcui.a m qe f~er dadas ,
Mandamos , que daqui em diante ninhuü Defem-
barguador, nem outro alguü Officíal ,nem peffoa que
por qualgu,er. manei~a na dita Cafa andar, V<!a ; nem
mande requerer poufadas que fe podem dar d'apou-
fen-
32 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. I.
fentadoria a feus donos das cafas, nem as tome del-
les por aluguer, nem por outra algüa maneira , [ao-
mente as peçam, ou mandem requerer ao Apoufen-
tador, qu.e polo dito Regedor for ordenado , e tome .
as cafas , efl:rebarias , e roupas, que lhe polo Apou-
fentador forem dadas. E fe o Apoufentador achar
algüas cafas prometidas por feus donos , ou outrem,
ou já tomadas, as tomará , e dará a outrem , -pera
que · mais conuenientes lhe parecerem. E o Apou-
fentador , que aili polo dito Regedcir for ordenado ,
terá aquelles. poderes que ao tal carregue pertencem,
e que tem o Noífo Apoufentador. E fe alguas pef-
foas fe delles fentirem agrauados , conheça · o Rege-
do.r dos agrauos , e determine o que lhe por Dereito
parecer, e o que por ellc for determinado fe cumpra
em todo. E quando~ Cafa da Sopricaçam ouuer de
hir pera o Luguar ·on<le Nós Efteuermos, ou pera o
Lugua·r onde Nós Ajamos de h.ir, o Noífo Apoufen-
tador apoufentará a qita Cafa, e lhes dará o apou-
fentame,nto neceífa·rio ., e conueniente 1 fegundo aci-
ma dito he.
52 E QlJANDO o Regedor for abfen'te, ficará em
feu J.uguar o Chancel1~r Moor fe hi for, e nom fendo
hi , o dito Regedor 1eixará em feu lugua~ huü dos
Defembarguadores das petiçoes que for mais anti-
guo, e quando hi nqm efl:euer ) ficará o mais antí-
guo dos Agrauos , ou No-lo fará faber pera niífo
Prouermos o que for mais N_offo fenúço.

TI-
D o C n A N c E L E R Mo o 1\. 33

TI TU L O li.

Do Chanceler Moor.

o CHANCELER Moor he o fegundo Officio


da Caía da Sopricaçam , e apos o Regedor della, e
de grande confiança, e em que muita parte da J uâi-
ça pende , por tanto pola dignidade de feu OfficiB
Deuemos efcolher pera elle tal homem, que feja de
boa linhagem , e bom fiío, difcrcto, e letrado, e ver-
tuofo, de sã vontade , boa conciencia , e juíto, e de
graciofo e bom acolhimento aas panes, pera que 03
que com elle teuerem que neguociar fem algua dif-
ficuldade o virem requerer ; e de tal entendimento, .
C% memoria , que faiba conhecer os erros e minguoas

das efcripturas, que por elle ham de paffar, e que fe


lembre que nom fejam contraíras hüas das outras ;
e que inteiramente guarde os fegredos da Jufiiça ; e
de tam bons cufiumes e auél:oridade , que honre o
luguar em que pe por Nós poíto , e deue amar a
Nós, e a No!To Efiado, por tal que elle poffa e faiba
ferui.r feu Officio afJl inteiramente como a ello he
obriguado, e como compre a Noffo feruiço , e a bem
de Noffos VaíTalos e Pouo.
r E TANTO que do dito Officio·for prouido,an-
te de o feruir, nem delle coufa algüa vfar, o Rege-
dor da dita Cafa lhe tomará juramento na Mefa gran-
de perante todos os Defembarguadores, que entam
forem prefentes, neila forma e maneira feguinte:
Liv. I. E 2 EU
34 o PR.IMEfRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. 11.

2 , EU Foam Chanceler Moor juro aos San-


, élos Auangelhos , em que ponho as maõs , que
, norn dei a ninhüa pelfoa, nem darei, nem pro-
'' meti de dar , nem mandar , nem mandarei coufa
, algüa a algüa peffoa por caufa de me feer dado o.
, dito Officio e Carreguo, nem pera o diante o.teer•.
, E afTi juro e prometo , que fegundo meu ente!)-
" der, e verdadeiro juizo ferua bem, e dereitamen-
, . te erle Officio de que me ora E i Rey Noífo Senhor
, fez Merce, e guarde inteiramente feu Regimento
, a feruiço de Deos, e de Sua Alteza, nom encarre-
" guando minha conciencia, mas antes fielmente
, com m~Üta deligencía e cuidado faça e guarde
,juíhça, c dereito igual aas partes de qualqu~r na-
, .turrza, forte, eíl:ado, e condiçam que fejam, fem:
, odio, amizade, ira nem outra afeiÇam ou refpe-
1
,

" éto de caufas , ou JiCfiàas , dando a cada huü• feu


, dereito, grande, pewt eno, rico , pobre , natural ,
,, efhangeiro , íem lllf! rnouer roguo ', medo , peita •'
, 'o u interdfe. E affi ~ uro de norn :tomar por mim
, nem por outrem prefentes, daâtuas., ou ferUJços
"' de qualquer peífoa ctue tragua, ou a mi· ha noticia
, vier, q ue ha de traz<; r per~n.te mim demanda,, fal-
" uo daquellas a que eu por Oereito deua\ feer fuf-
. I
, peito. E affi prometo tee1i íegredo naquellas cou4
, fas , que deícobrinqo-fe feria. perjuizo ,ao feruiço
.,, do dito Senhol.', e a bem da juíhça clis partes, ou
•11 contra meu Regim1:nto. Ou[tr:.o, fi verei todas as
, Cartas deligentememe arite qúe as .affine, e nom
, as
Do Cr-rANCELER Moon.. 35"
,, as paffarei , nem affelarei fe nom fo_rem como de-
,, uem ', e am nom requererei por peffoa algüa na di-
, ta Cafa, fc1luo por agucllas, pera que me a Orde-
,, naçam dá luguar que o poffa fner, e todo eflo ju-
, ro, e doü minha fee guardar, e manter, fegundo
,, meu entendimento comprehcnder.,
3 Ao Chanceler Moor pertence veer com boa
deligencia todas as coufc1s , que por qualquer manei-
ra por Nós, ou por Noffos Defembarguadores, e Of-·
ficiaes pera effo ordenados, forem por Cartas defpa-
chadas , atee que fe afielem , e vendo pala decifam
da dita Carta , ou Sentença , que vai expreffamente
contra Noffas Ordenaçoes, ou_Dereito, fendo o erro
cxprefio na dita Carta , ou Sentença , por onde con-
ftaífe pola mefma Carta , ou Sentença feer em fi ni-
nhua , em tal cafo nom as alTeie , e ponha-lhe fua
glofa, e dto quando as Cartas forem allinadas por
os Defembarguadorcs , porque fendo aílinadas por
Nós, nom as deue glofar , nem chancelar , mas de-
ue-as trazer a Nós pera Nos dizer as duuidas que
nellas tem ; e as que am gl~far mande-as pol6 .Por-
teiro aa Rolaçam, e fale com o Defembarguador, ou
Defembarguadores, por que a Carta·, ou Sentença
paffou; e fe antre o Chancelêr Moor, e o Defembar-
guador , ou Defembarguadores que o defembarguo
affinaram , for differença fobre a dita glofa , dcter-
minar-fe-ha a dita differença perante o Regedor com
os Defembarguadores, que pera iffo lhe parecerem -
~ aecefiarios, e paffará como hL for. determinado po-
~ 2 la
36 . O PRI·MEIRO LrvRo DAS ÜRDEN. Tn. 11.
Ja maior parte. E efto auerá luguar affi nas Cartas 1
e Sentenças que forem dadas , e defembarguadas em
Rolaçam, como em as que por huu, ou dous , ou
mais Defembarguadores paffi1rem.
. 4 E SE achar algüas .deG1:aça contra Noífos De-
reiros, ou contra o Pouo , ou Clerezia, ou algüa ou-
•tra peffoa que lhe tolha, óu faça perder feu dereito,
nom a affinará , nem mandará aHelar atee que fale
com Nofco, ·ou com aquelles que-Nós Ordenarmos
pera fernelhantes duuidas determinar quando For-
mos abfente. E as Cartas por que· Nós. Damos do
Noffo norn as affelará, f.:1luo fe primeiramente fo-
rem regiftadªs na Fazenda polo Efcfiuam, que pera
ello for ordenado , e as Nós 'Defembargúarmos por.
Nofià Ementa, fend9 t~ees , e de tal qualidade, que
por Noffa Ementa d~uam de paffar; e quando paffar
as Cartas que por a dita Ementa forem paífadas •
nom as affinará atee primeiro veer a dita Ementa ,,a
qual o Efcriuam da C:hancelaria lhe leuará~ ou man.1.
dará leuar .
.5 O Chanceler j\1oor mandará aos Efcriuaes ,
que façam as Senten~:as, e Cartas do's defembarguos,
que em feus Officios ouuerem de fazer, àn maneira
que fejam bem feitas, e efcriptas, e por fu~ ming,uoa
nom fcjam glofadas 1 nem as panes ' por ello detheu-
das ; e fendo algüa Sentença , ou Carta glofadaju-
ftamente, de modo Rue fe deua fazer outra de no-
u:>, fe o tal erro for por culpa do Efcriuam , o Chan-
celer Moor lhe faça l,q guo tornar aa part~ todo o ~i ..
· nhei-
Do cHANcE L E R Mo o R. 37

nhei'ro que por ella recebeo, ou fazer outra de gra-


ça; e fe for por culpa do Defembarguador , ou Dcf-
embarguadores que a paffaram , elles a paguem ao
Efcríuam que a fezer , e o Chanceler Moor deter-
minará por cuja culpa fe glofou.
6 TANTO que as Cartas forem vifras polo Chan-
celer Moer, e achar que nellas nom ha duuida pera
leixarem de paliar , poerá nellas feu final acuftuma-
do, íegundo os !elos forem, e as mandará prefenre fi
affdar ao Porteiro da Chancelaria , e poer em huü
faco, que elle çarrará, e affelará, e affi bem çarrado.
e aírelado o leue loguo fem detença algúa dereita-
mente aa Caía da Chancelaria, pera fe auerem de
dar as ditas Cartas perante o Recebedor, e Efcriuam
della.
7 hEM o Chanceler Moor conhecerá de todas
as fufpeiçoés pofras aos Veedores da Fazenda, e Def-
emba-rguadores, e a todolos outros Officiaes da Cor-
te, e cometerá os feiras em que elle os ditos Def-
embarguadores , e Officiaes ouuer por fufpeitos , ou
fe elles lançarem por fufpeitos defpois de feer a fuf-
peiçam procedida por elle. E mandará fazer as co-
miifoes a taees peffoas , que fejam fem fufpeira , fa-
bendo primeiro das partes fe forem prefentes , ou de
feus Procuradores, fe tem fufpeiçam a aq\.lelles a que
os feitos por elle forem cometidos ) fazendo-o fem-
pre o mais a prazer das partes que bem poder; e eílo
fará affi quando fe ouuer de fazer comiffam por bem
de fufpeiçam pofta a alguú . Defembarguador , ou
qual-
3s o PRIMEmo LivRo nAs ORow. Tn. n.
qualquer outro Official da Corte; faluo nas fufpei-
çoes que julguar dos Veedores da Fazenda , defpois
de julguados por fufpeitos nom cometerá os feiras
a outrem em fcu luguar, mas as partes, ou feus Pro-
curadores fe louuaram , fegundo he contheudo no
Regimento da Fazenda no Titulo Dos Veedores da
Fazenda. Peró onde for pofta fufpeiçam em prefen-
ça do Regedor a alguü Defembar.guador, que ao def-
pacho do feito e!leuer em Rolaçam, ou no cafo em
que fe o Defembarguador der por fufpeito antes de
a fufpeiçam feer procedida polo Chanceler Moor,
nom conhecerá entam o Chanceler Moor diffo, r:~em
cometerá; por quanto ao Regedor pertence, fegundo
que he declarado em feu Regimento.
8 !:rEM ao Chanceler Moor pertence faber, fe
alguus Efcriua-és, ou T.ltbaliaés leuam mais de fuas
efcriptaras., ou bufcas, que aquillo que he comheu-
do ·em feus Regimentos 1 e Noffas Ordenaçoes , as
quaes fará em todo <:omprir e guardar.
9 I TEM ao Chanceler Moor pertence pubricar
as ~eys , e Ordenaçoês por Nás feitas , na fua Au-
diencia, e affi as mand'\r pubTica.r na Chancelaria ,
que com Nofco anda, ou com a Cafa da S'oprica-
çam , e mandar os treslados dellas fob fcu final , e
Noflo felo , aos Corregedores das Comarcas. Porem
como qualqCier Noffa Ordenaçam for pubricada em
cada hüa das ditas Chancelarias, e pairarem tres me-
fes dcfpois da dita pubricaçam , Mandamos que lo-
guo ajam efeéto, e vigor, e fe guardem em todo,
pofto
Do CHANCELER MooR. 39
pofto que nom fejam pubricadas nas Comarcas, nem
em outra algüa parte , ainda que nas ditas Ordena-
çoes digua , que Mandamos que fe pubriquem nas
Comarcas , por quanto as ditas palauras fam poftas
pera fe milhar faberem, trias nom pera feer neceffa-
rio , e leixarem de teer força como farn pubricadas
na Noff<t Chancelaria paffados os ditos tres mefes.
Porem em Nofia Corte aueram efeéto , e vigor, co..;
mo paffarcrn oitó dias defpois da di-ta pubricaçam.
10 · l ;rEM o Chanceler Moor dará eflas Cartas, e
de fe mbarguos qne fe !eguem , aí11nadas por elle , c·
em No!fo Nome : conucm a faber, as Cartas das
Aprefentaçoes das Igrejas a aquelles, que por ·Nós
a ellas forem aprefentadas.
11 hEM as Cartas dos Tabaliaes affi geraees co-
rno efpeciaes de todas as Cidades , e Villas , e Lu_.
guares de Noifos Reynos, que por Nós forem da-
dos.
I2 hEM todas as Cartas dos Officios dós Efcri ...
uaes afii na Corre-, como na Cafa do Ciuel, e de ro-
dos os Chancereis , e ~fcriua~s , e Prometores das
Correiçoés. E fe alguús' dos taees ham mantimento
com os ditos Officios, dar-lhe-ham os Veedores 'da.
Fazenda as Cartas dos mantimentos de cada huü
anno, e as dos Officios ·dará o Chanceler M'o or.
- · IJ' l, ITEM· as Cartas.-dos Efcri~1aes que farri dados
aos Tabaliaes por Merce que lhes Fazemos pera por
elles ferui_rem ; e bem affi as Canas, porque fe dam
Efcríuaes aos Chancereis , e Efcri,uaês das Correi-
.'• .
·~
40 o PRIMElRO LIVRO DAS 0RDEN. Tn. n.
çoes , por Merce que lhes Fezermos pera por elles
feruirem.
I 4 hEM ha de dar todas as Cartas d'Efcreuani-
nhas da Juíl:iça de todo o Reyno.
I 5 ITEM dará Cartas ·de Procu radares da Noífa
Corte, e Cafa da Sopricaçam, e aili da Cafa do Ci-
uel , os quaes feram examinados , fegundo Diremos
neíl::e Liuro no Titulo Dos Procuradorts.
16 I TEM dará as Cartas dos Porteiros affi da
Chancelaria , como da. Rolaçam , e dante os Cor:re-
gedores da Corte, e das Comarcas, e das Audiencias
das Alfandeguas.
I 7 I TEM dará Ca.rtas que pertencerem -ao Eíl:u-
do, e Lentes.
18 I TE~ ·darâ ~s Cattas dos Contadores das cu-
íl:as, e Deftrehuidores., -e Enque.redores em quaefquer
Luguares de Nofio~ Reyn0s. ,
119 I T·EM ·dará ·ç:anas dos -Qfficios dos Caminhei-
r-os das ·Coma-rcas..
20 hEM quanfio Nós" Ouuermos por bem fazer
Merce a alguüs Efcríuaes, que nas coufas que per-
tencerem a feu-s Offi.c-ios poífam fazer fi.naes pubri-
cos , e dar fee co~no Tabaliaes pubricos , pafiarain
\
as Cartas por o Chanceler Moor.
2I OuTRo SI pará as Cartas pera pedirem ~fmo-
las, e tirarem Confi·arias , -a aquellas peffoas que fo-
rem enlegidas , e flprefentadas polos Conuentos, ou
Officiaes das Confrarias, que pera dlo teuerem Nof-
fa licença. Dos quaes Officios todos fobreditos , que
Dif..
D G c l'l A N c! L ! R Mo o R. 41

DiJTemos que as Cartas pailaram polo 'Ç·hanccler


Moor , a dada ferá Noffa , e nom do dito Chanceler ,
Moor , ora parTem por os ditos Off1cios vaguarem
por qualquer modo , ou por erros de Je qfji he. As
quaes Cartas nom paífará fem veer Aluará por Nós
affinado., o qual h irá em cllas encorporado. ·
r.22 lnM o Chanccler .Moor dará os Off:icios dos
Tabaliados ., ,e EAqtieredores , e Defl:rebuidores , e
Contadores, quando lhe for-em pedidos por Je ajJi he •
em todos os Luguares , e Villas de Noifos Reynos .,
que nom forem Cidades , nem Villas notaueis, as
quaes Ví.Uas notaueis fam Santarem , Leria, e Oli-
uença, e Guünaraes. E fe em alguü dos Lug.uares •, e
Villas em que elle por fi póde da-r os -ditos Officios
por fg ajJi be , Nós primeiro Dermos ·c ada hu-ü dos
ditos Officios a algüa peffoa , elle lhe mandará fazer
' fuas Cartas por os Aluaraes que lhe di!fo Pairarmos..
E concorrendo a Noffa dada por Alua rã, e afii a do
Ch"!:nceler Moor por fua Carta pa.ffada por Noífa
Chancelaria , auerá efec1o aqueJle Aluará , ou ·Carta'
(}Ue primeiro for feita , com tant-o que aquelle que o
Noffo Aluará ouue o aPTefente na Noffa Chancela-
ria dentro de oito dias da feitwra delle.
· 23 E NAs Cartas de Tabal"iados ·que o Chanceler
Moor paf[ar mandará poer como cada huü dos Ta-·
baliaes, que affi leuar a dita Carta, leua o Reglm'en-
to de feu Offi.cio da NotTa Chancelaria, e que às Nof-
fas Juíl:iças lho façam pubricar no Concelho, e na
Camara do Luguar donde forem Tabaliaes. · ·
Liv. I. i-< 24 I n:r.t:
42 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDÉN. TIT. II.

24 hEM dará as Cartas c.om rreslado d'Ordena.


çoes , e artigwos, ou .d'outras quaefquer couf.:1s que
ú:jam regifl:adas, quando fe fob Noffo felo pedirem.
~5 ITEM dará Curas, por que os Tabaliaés dem
os efl:romcntos por as notas prefente as partes , e
com falua.
26 OuTRO sr paífará Cartas de execuçoés das di ..
zcmas das fentenças , que [e derem na Corre , e co~
nhecerá dos feitos que fobrc ello fe ordenarem J os
quaes dcfembarguará em Rolaçam.
2.7 I TEM o Chanceler Moor defembarguará em
Rolaçam quaefquer duuidas que fobreuierem, fobrc
o que deuem paguar de Chancelaria de quaefquer
Cartas que por elle paífarem , fegundo Diremos no
Titulo Do Efcriuam da Chancelaria.
28 ITEM dará ps Officios, e Cartas de Procura ..
9ores nas Correiçoes de Noífo Reyno , e dante os
Juizes da Terra, aas peffoas que graduados nom fo ..
rem , e ilquelles a que aili ouuer-de dar os ditos Offi ..
· cios feran1 examinados por elle, fe fam autos pera os
ditos Officios; e o~ que fem fuas Cartas, e Prouifoes
,procurarem , poíto que por auétoridade d'alguu Se-
nhor de Noffos Reynos o faça·m, Mandamos que fe..._
jam prefos , e da cadea paguem vinte cruzados •·
a.metade pera a Npífa Camara, e a outra n:tetade pe4i
xa quem os .acufar, e feja,m degradados huii anno fo..
ra da Villa e Termo onde procurauam ,. e nunca
)1lais ajam Officio de Procurador ; faluo fe os taees
Senhores teuerem Noífo efpecial Priuileg~o pera iflo~
. E
Do cHANcE L E R Mo o Jt. 43
)

E quanto aos Graduados de Gráo de Bacharel 1 e di


pera cima em Dereito Ciuel, ou Canonico, procura-
ram , e auogaram ·em todo Noífo Reyno fem pera
iffo auerem Carta do Chanceler Moor, faluo na Cor-
te e Cafa do·Ciuel, (por que neíles fe comprirá o que
Diremos no Titulo Dos Procuradores ) ou nas Correi-
çoês, ou Alçadas que Enuiarmos polo Reyno, onde
ouuer numero certo de Procuradores por Nós orde-
nado, por que eíles nom poderam hir procurar per-
ante elles fem Noffa licença.
29 I TEM dará Cartas de feguro aos Tabaliaes, e
Efcriuaés, e aos outros Officiaes , cujas Cartas de
feus Officios Temos ordenado por elle auerem de
paffar, quando as quiferem tomar de erros, ou fal-
fidades que fe diguam terem ·cometidos nos Offi-
1 cios 1 ou cafos que aos ditos Officios tocarem , por

que d'outros cafos que· aos ditos Ofiicios nom toca-


rem nom dará Canas de feguro. As quaes Cartas
de feguro que affi der hiram dirigidas pera os J ui-
zes das Cidades, e Vil las, e Luguares onde fe diffe...
I 1 rem os erros, e. falfidades contheudos nas .ditas Car-
1 tas ferem cometidos , pera perante elles fe liurarem.
1
dando apellaçam e agrauo pera: o Chanceler Moor i
nos cafos em que fe deue dar; faluo nos cafos que fe
1
rlifferem feer cometidos dentro de cinco leguoas ,
donde a No fia Cafc< da Soprica:çam, ou o Chanceler
Moor fe com Nofco andar apartado da dita Cafa, a<l
tal tempo eíl~uer ; por que erttonc.e paffaram dirigi ..
.das pera o Chanceler Moor , pera perante elle fe lio.
F 2 ura ..
44 o PRIMEIRó LIVRO DAS ÜRDEN. TiT. u.
urarem. E por.e!le modo Declaramos, que poffa co-
nhecer por auçam noua nos fobreditos cafos no Lu ..
guar onde por o dito modo efteuer , e a cinco le-
guoas derredor. E fora das ditas kgmoas conhecerá
de todo o Reyno nos- d·itos ~::afos por apellaçam\ e
agrauo. E todos os ditos feitos e eftormen-tos, affi os
d'auç~m nuua , como d'apellaçam e agrauo·, defpa~
chará em Rolaçam. Porem nos fo~reditos cafos d'Of~
ficiaes .da Caf.i do Ciucl, e affi da Cidade de Lisboa,
OU' d'outro qualquer Luguar onde a dita Cafa do Ci-
uel e!leuer, conhecerá o Chanceler da dita Cafa,.fe...
gund.o fe contem em eíle Liuro em. feu: Titufo •.
JO hEM todos os Tabaliaes, e Efcriuaes. a que
tlle o'uuer de paffar Cartas dos Officios por qJ..Jalquei.'
modo que fej d , h~m de feer examinados polo Chan-
celer Moor, fazendo-os leer , e efcreuer perante fi ,
e fe vi ir qY.e bem ~fcreuem, e bem leem,.. e fam per-
tencentes. p.era. os Offic ios » dar- thes-ha fuas Cartas ~
c: ficar.á o final" pubrico. do. Tabal'iam na Chancela.
ria , e affi aflina.Ni. com elle húa teílemunha como
dle he o. proprio-que pede o Officio~
3 I E DE'C LA I} AMOS, que todo. o·que Diffemos
nos Officios fobreditos , affi: nos da No!Ia dada, co..
mo·do Chanceler Moor, nom auerá Iuguar nos Of•
..:ficios , que por Noffas Doaçoes , ou- das Re)lS pafia ..
dos por Nós confirmadas, alguüs Senhores de Ter•
r-as ,. o~a Fidalguos. de Noffàs Reynos tenham poder
«!e os dar;· porqL~e em-taees cafos fc ·Co]llpr.iram·fuas
t)oaçoes , na. forma, que Diremos no~ fegundo.. Liuro
~ Titula..D.e com.o as RaJnba; e lnfante.s. 32::
Do cHANcE L E R- Mo o R: · 45
31 htM acontecendo que alguü Tabaliam, ou
Efcriuam feja enfermo , ou em tal maneira impedi"':
do, que pclloalmente nom poífa feruir feu Officio ,
o Chanceler Moor poderá encarreguar outro, qu_e
ferua o ·dito OH1cio, e faça pubrico , e dl:o foomc.n-
te nos Luguares onde a dada pertencer a elle ; peró
a Pr01:Jifam dilfo nom paíf.:trá fem primeÍ1<0· No-ló
fazer faber, e dello a'.uer Noffo Aluará.
33 ITEM conhecerá dos agrauos , que vierem
dante os Contadores das cuO:as ,.e Ltmbem conhece-
rá dos falarias dos Procuradores , e Efcriuaes , e Ta ..
baliaes ,, e Porteiros , e Enq.ueredores.
34 E MANDAMOS, que em todos os ,cafos que o
conhecimento pertence ao Chanceler Mdor, elle def~
pac.~e por fi foo,. e do que dcfpachar cada h úa da~
partes fe poderá agrauar. aa Rolaçarn por petiçam ,
fem paguar dinheiro d'agrauo , faluo._ nos càfos. que
nefl:e Titul:o Diffemos expre!famente 1 que conheça.
em RoLaçam ;. porque effe~ defpachará com os De[.;.
embarguadores, qu-é lhe o: Reg~dor der~
3?
i Ounw~r quando o Cha·nccler Moor fór im-
pedtdo ,, ou, abfente do Luguar onde a Caí.ã: eft.euer,.
lei xará os fel os. a cad'a ooü dos outros Defembargua-
dores, que·feja. qas Petiçoes, ou Agrauos ~ com pa-
. l·ece-r do Regedor; r o:qual; os terá., e defemba.rguará
~odos o~ feitos·, q_ue ao Chanceler Muor per-tence•
,z:em..- Porem quando por.- a-lguüs dias, ouuer de-fee~
Cu a abfencia , o·fará faber-a· Nós , pera· Vermos, fê.'
aqucdla.pdfoa ~. a q~e os..dito.s.. felos. leixa J Jle xatque:
dd;...
46 o PRrMEIRó LrvRo nAs ORoEN. TrT.II.
delles deua feer encarreguado. E efl:a mefma mál}ei.
ra fe · terá quando ele Nós a Cafa .0uuer ele efl:ar ápar.
tada , e o~· ditos feios fe ouuerem de dar a alguü;
que com Nofco aj a ele andar .
. 36 I TEM todas as Cartas que paffarem polos Def-
embarguadores do Paaço, que ouuerem de leuar
Noffti Pa/Je, e aili por quaefquer outros Noffos Offi-
ciaes, que ouuerem ~ de hii· .aa Ementa, nom as paf. ·
fará fem as veer na Emen'ta , ou Noffo Paf!e •
. 37 OuTRO sr o Chanceler Moor dará juramento
a todos os Officiaes,,t e pefloas abaixo declaradas,
quando nouamente lhes Dermos os Officios ,.e efpc-
direm fua~ Cartas. pela -Chancelaria: conuem a Ll-
·b er , ao Condefiabre , Regedor, da Cafa da Soprica--
.ç am , Guouernador da Cafa do Ciuel , Veedores da
Fazenda, Efcriu~lm da Puridade, Almirantes, Ma ..
richal, Capitaés \)os Luguares d? Alem, e·das Ilhas,
e a todos ·os Qffi~: iaes Moore.s; da Noffa Cafa , e do
Reyno, e Fron.tefi:OS Moores , e aíli a todos os Def4·
embarguadores da Cafa da Sopric~çam , e do Ciuel,
e aos Corregedores das Comarcas~ e Juizes de F:o~a.
E quanto he ao Ftegedor, .e Gubúernador, e Véedo...
1

res c!a Fazenda, lhes dará o juramentb na forma que


em os Títulos dí~ feus Officios he ·dec1larado. E aos·
Defembarguadores , e Corregedores da1s Comarcas , ,
e Juizes Çe Fora, dará o dito juramento na forma ,
qi.ré, nb Titulo pr~cedente he contheudo. E ao Con 4
deflibre ·,. € a nodos os:.outros Officiaes acima nomea-
dos ;ferá.por o dito . Chanceler Moor dado juramen-
to •
D C5 cH AN c ELER M o o R. 47

to, que bem ~ fi_elmente feruam· em todo feus Of-


fi cios , fegundo per feus Regimentos lhes he orde-
nado, e guardaram inteiramente Nolfo feruiço, e De-
reito , e Jufl:iça aas partes. E dará i!fo mefmo o di-
to Ch anceler M oot juramento a todos os que Fezer...
mos do No!fo ConCelho, o ·qual lhe ferá dado ao
tempo que tirarem fuas Cartas da Chancelaria, os
quaes jurar~ m em efl:a forma, que bem e fielmen-
te Nos dem feu confelho , quando por Nós lhe for
requ erido , e que inteiramente guardem Noffos fe-
gredos· fem os defcobrirem em tempo alguü, fe nom
quando lhe por Nós' for mandado, ou elles forem
p•Jbricados , e affi qualquer coufa de Noffo feruiço 11
que toque a No !Ta Pe!fmi , e Eftado , elles No. lo f.:1 ..
ram fàber o mais prefl:es que poderem.
38 E MANDAMOS ao Chanceler Moor, que tan~
to que a cada hüa das fobreditas pelfoas der o dit(j"1
óuramento ponha nas cofl:as da Carta fua fee por
feu final , como lhe deu o dito juramento; e a Car..;
t~ que paifar fem leu ~ r a dita fee, Mançlamos que·
feja nin'hria, ~ fe norrl cumpra , e ficará a Nós pro..;.
er dotal Officio, corno·for Noffa~Mercc.
48 O PRIMEIRO LrvRo DAS ÜROEN. Tri. 111.
T I T U L O III.

Dos Dejembarguadores do PaaÇo.

A OS Defembarguadores qo Paaço pertence def-


embarguar as petiçoes de Graça, que alguú Nos pe-
ça, · em caufa que aa Juftiça poffa tocar. E os def-
pachos que nas fobreditas coufas ouuerem de paf-
far , feram com No!To Pqjfe.
1 A ELLES pertence defembarguar com Nofco
as Cartas dos perdoes, que fedam aos homiziados,
os quaes iífo· mefmo fempre paífaram com Noffo
Pajje. ·
2 E No receber das petiçoes dos ditÓs perdoes
teram a manei'ra apaixo declarada • .
. · 3 I TEM em t,odo cafo onde ouuer parte nom
tomaram petiçam algüa fem trazer perdam de todas
a'S partes a que tocar , ou fe forem dos cafos con-
theudos no Titulp Daquel!es que dam aa prija11J os
1/Jaljtitore.s, e pofl:o que diguám que nom querem
:a.cuíàr, ou que lejxam o feito aa Juftiça-, e dello tra.
guam certidam , nom lhe feram recebidas as peti-
çoes , nem as ta~es certidoés lhe fer~m auidas por
perdam , faluo trazendo expreffo perdam das par-
tes.
4 E sE alguü pedir perdam de morte em rixa
paffados doze annos , em tal cafo façam viir as de-
uaffas, e tendo perdam das partes , prouando-fe as
mortes em rixa n,oua , feja-lhe dado perd~m , com
tan..
· Dos DEsEMBARGUAOORES Do PAAço. 49

tanto que vaa feruir a Cepta, ou a cada huü dos Lu-


guares Noffos d' Africa, cinco annos compridos con-
tinu.adamente·, fem lhe feer dada licença-pera di fa-
hir pera outras partes , e nom lhe feja mudado eíl:e
degredo pera outros Cautos, nem minguoado o dito
tempo. E fe as mortes forem por cajam, mandem.
trazer as inquiriçoes que fobre ellas forem tiradas, e
tendo perdoes das ·partes fejàm vi fias e examinadas,
e fegundo as prouas dellas, e culpas dos matado-
res , aili lhes fejam dados os perdoes ou .âe todo li-
uremente ) ou com algüa pena, fegundo o cafo me-
recer.
5 E PORQyE nas inquiriçoes deuaff~s que , afii
f:1m tiradas aas vezes nom fe proua claramente à
eulpa '·porem moíham-fe por cllas alguüs indicips ,
e prefumpçoes fufficientes pera tormertto , fe prefos
foffem os que affi fam culpados, que os ditqs per-
does pedem ,' ou alguüs outros indícios , que nom
am fufficientes pera tormento , Auemos por bem ,
J.ue em taees cafos poffam os homiziados feer perdoa-
,(los com algúas penas de degredos de certos annos
pera os Noífos Luguares d.'Africa , ou pera ·outros
Coutos , fegundo as- culpas em que fe moíl:rarem ,
CQm tanto que as ditas morres fejam em rixa, ç os
doze annos fejam paffados; e qu~ tenham. perdo~s·
das partes.
De feridas. . ,
6 I TEM fe a petiçam for de feridas, ou panFa...
das , pr~g_untem aa pane·que a d~r, quantas feori~a~ ·
Liv.1. '· · · ·· · G' fo-
R • Trr. llT.
rn fem
l~ lare

" fllrtos,
, lun·ua
l u 1 ' ~"' r1, 0n
u t 1 furto fi z ·, e

De a .ulleri •
SJE for 'aduLt;rio fuça declarar fe foi leuando
o e r crli a, ou por fi rça , ou f e leu ou com ellõt

e vL b • n ade-, declare fe fo·


p<l/P" fo~ , o 1 por vontade , ou fe
, e fe nom trouxer eftor-
m o d~ ~rda m a pare , e de [eu par , e mã}'·,
fe os te:Uer, ou de Í\! T u o r,. o , da uelle com que
.,. · · ao tempo e foi corrompida, nom a tome.
D. ogida da carka.
11 ·~ANDO alg - pedir perd<}m de fogida da
carlea, faça- e dec rar fe fogio [oo , fe com outros.,.
~ a rru.:te·ra per que fogio. E fe fogio com outros
laça. ·· a inq iriç~rn deuaifa da dita fog!da , e fe
pot
p ç. I

nf p :rr . l ;\(}
u rd. ~f .lhe trnz r
· [1·rnhnr u lh ftja
· .l':jblt' 11\ pr [i , to ...
arte d fi' urn , o i. artn. de
pc:rd m lhe :6 r d , a t!in~ dia , u moftre omo
ja deUo he li r or fcnten ,, !1na1.
D e Cam~.r. i -o , o:. oulr..~ eQõa 'Jift! fo · 1 :_pt'ifos.
L E for. 1 uü. ~i :dguü prcfo , ou
prefos , f."l.ça-lhe de larar
maldi ios a a huu jnúl , p r ue modo lhe fogi-
ram • e [e tinha m part s ue os acufa fiê m , ou eram
_acu fados por parte daJu r1 iça ; c declare fe eram Car..
cereiros , fe Meirinhos, ou Gu ar a , ou homens·que
os leuauam pera alguüs Luguares , ou fe os guarda,..
ua:m por coníhangimento, fazendo fempre viír as:
i nquiriçoés deuaffa.s por razam das ditas fogi<jlas ti-
radas , e dos que tinham partes façam trazer perdam
dellas, e dos que eram acufados pola Juftiça certi..
dam por efcriptura pubrica , de como as partes fo ..
raro citadas , e nom quiferam acufar.
De aleuantamento de degredos.
IJ SE forem d'alçamento de degredos decla..
rem por que malefic iQ foi degradado, e ·quanto ha
q ue mantem o degreqo; e. [e o degredo foi pera Lu ...
guar certo, faça;lhe mofhar certidam por efcriptu-
ra pubrica .c om o treslado da verba do liuro , em
q ue fe aífentou quando começou a feruir o dito de..
g redo , e prou.a de tefiemunhas ·que por juramento
G 2 di.
.. ~

52 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TI'i'. III.


diguam , que fabem clle teer feruido o dito degredo
··na man.e ira em fua periçam declarada. E em todo
cafo de releuanienro de degredo, aquelle que o pe-
'- dli· ferá obriguado moft rar fentença do liu.ramepto
que ouue, quando lhe o dito degredo foi pofto, c
delle fe fará mcnçam na Carta do perdam.
De manceba de O·eliguo.
14- SE for ·manceba de Creliguo, ou de Frade ,.ou.
de homem cafado, digua fe ouue ja do dito cafo ou-
tro pcrdam , ou foi por ello degradada, e fe rnante;..
\!e o degredo que lhe foi pofto . .
Dos cqfos em que nom ba de rece!Jer peliram.
I s· I TEM de morte de prepafito. Item .de moeda
.falfa, cerceamento delb. Item de falfidade .de efcri-
pturas , ou de finaes , y de teft.e munho falfo. Ite~' do
Carcereiro, ou Guarda, que faltar os prefos por pei..
ta. E de falteadores de caminhos~ .E de quebr~nta­
_mento de carcere. Item dos que ferem, , ouJazem
outro qualquer mal, pu dãno por dinhe.iro •. lt~m de
.pafiadores de gaados • .hem de. feiticeiros • .Item do
que der peçonha a alt;:uern, pofto que morre fe nom
figua. . .
.. E aalem da-.r.. Cartás fios perdo~s pa/Jaram com Nojfo
Pqjfo ....as abaixo•l:ontheudas.
16 hEM Cartas çle pri~:J-i}egios e liberdades, que
forem d'ordenança aíls· peffoas ,. qu.c por Nàífa.g.,Ür-
denaçoes forem outorguados , que nom fejam ~ nem
toque!TI Dereitos, R ~ ndas , e·Tributos Noffos •
1

.I 7 I T.EM Cartas de. legitimaç,oes .•. confinnaÇoe!l


de:
Dos DEsEMBARGUADORES Do PAAço. 53

ôe perfilhamentos ,-e de-doaçoes que alguüs' fazem


a outros.
-J8 hEM Cartas de reílituiçam de fama, e qu;~.l­
quer outra habilitaçam.
19 ITEM Cartas de finta.'
20 ITEM Cal[as d'Officios de fefmarias naquelles
Luguares que a Nós pertence a dada, e nom perten-
cer a ourros NoffiJs Officiaes por feus Regimentos.
E as Cartas que podem pa/Jar jem NojJo Pafli:
Jam as feguintes.
~I I ~EM Cartas de confirmaçoês das:eleiçoês dos
Juizes Ordinarios. ou dos Orfaõs, quando a elles vi c-
- . .
rem.
n h ·EM , daram Cartas d'emiz-áde em aquelles
c:;ak;~, em que por Dereito e Eíli.lo de nolfa Cor.te fe
d euem dar. As. quaes C arras nom· daram contra Nof-
.fos Corregeqores , . O~uidor.es ,. ] uizes.,. nem- alguüs•
outros Julguadores.
2'] ITEr.t Car.tas tuirimi's •.
24 ITEM Cartas de manterem em ·poffe os apel-
la nre~, ou torna-rem a çlla, fe defpois da·apellaçalll!
fo rem esbulhados. I fio mefmo Feílitutor·ias 'de quaef.-
'luer, poífu.intcs ,. e esbulhados, pofi(}.q_uc a·pellantes-
llom fejam . ·
. 25 hEM Cartas, de emancripaçam ,.as quae&.nom·
paffararn por pinhuús outt:os Defembarguadores ~
nem Officiaes de Juíliça , nem per quaefq,.t.ter pef-
íoas de qualquer qtia'lidade·que fejam-, que qualq}ler•
iqr.ifdiç,a m teuerern ,_ nem. por. fe.us Ouuidores ;. e
p.af,...
54 O PRIMEIRo LivRo DAS 0RD.EN. TrT. IV.
paífando-a , a dita Carta feja ninhua , e de ninhuü
cfeél::o, e p que a paífar perca o Officio que teuer, e·
nunca o mais aja , e mais pague cincoenta cruzados ,
ametade pera quem acufar , . e a outi-a tnetade pera
.os catiuos ; e fe for Senhor de Terra , pei:ca a jurtf-
Çiçam que teuef.l

------------~--~--------------------
1' I TU L O IV.
IJos Dejembarguadores do Agrauo da Ctifa
da Sopricaçam.

A OS Defem.barguadores do Agrauo da Cafa da


_Sopricaçam pertence· conhecer dós feitos , que por
agrauo a el!es viereh1 , fegundo he COntheudo no
1

terceiro LiUJ:o no Titulo ·Dos agrauos das Jentmças


definittitas ,. e a maneira que teram no defpacho del-
les ferá a feguinte.. Se 9 feito for fcntenciado por .os
Sobrejuizes da Cafa clq Ciuel , ou Ouuidores , oll
Corregedor· da Noífa c;orte, ou por qualquer OU:-
tro Julguador de que í'e poífa agrauar' pera a Noffa
Corte; [e- dous Defe(Í11barguadores dó Agrauo fe
acordarem com a fentençà dada paios fobred~tos , e
a confirmarem , lpguo eífe feito por êfies dous am
concordantes feja ·findo ; e determinado, e fe ponha
fenteriça. : .
r · KsE ós .ditos dóu'p Defembarguadores fe acor-
darem ambos em reuoguát tal fentença' , veja eífe.
' fei-
Dos DtsEMB. Do A cRAVO DA C.AsA DA SoP"inc. ·55
feito outro Defembarguador do Agrauo por 'tercei-
ro , e fe acordaT com os outros dous dem loguo to-
dos tres no feito final liu~amento, e ponham a fen-
tença ;. e fe effe terceiro for em defuairo dos outros
dous, em tal cafo vaa o: dito feito a quarto; e fe con-
cordar com os primeiros dous a reuoguar, ponha-fe
a fentença por elles tres ; e íe dfe quarto concordar
com o çerceiro, ou for em outra deíuairada tençam ;
vaa a quinto ; e fe o quinto concordar ,com algúas
das duas tençoés, ou a reuoguar, ou confirmar, po-
nha-fe fêniença fegundo o que por os ditos tres for
concordado ; e fe for em outra defuairada tençam ,
em maneira que nom fejam conformes rr.cs em hüa
tençam, corra os mais do Agrauo fe os h i ouucr· atee
a moor parte fe acordar em fiüa· rençam. · E 'tanto
q!Je -a maior parte for awrdada em hüa t<ençam }o.;.
guo fe ponha fentença. E fendo corridos .todos os do
Agrauo fem a maior. .parte fe acordar em hüa ten-
çam , e iwm ouuer mais do Agrauo , affi por alguú.
feer fufpeito, como por qu~lquer outra maneira. em
tal :cafo .ferá trazido aá Mefa, principal perante oRe..
gedor • ó qual verá fe pode concertar ·os ditos Def.l..
c:mbarguadores do Agrauo , que fuas t~nçoes tem
pofias ·pera fe poer fentença, e nom os podendo ~on- .
cerrar.
. enronce
/ meterá .na. dita Mef.'\
. os mais Def-
embarguadores que lhe bem par:ec~r,.. e tomadas as;
vozes dos do Agrauo. queja viram o feiro -com os:
mais que na Mefa efieuerem, c determinaram fe ...
gundo forem as rnrus._vozes ,_ e affi· f e poeiá. .a. fen-
cença.. a. li
s6 o PRI.MEIRO LrvRo DAS ' ÜROEN. TrT. IV.

• 2 E EM ca.fo que os primeiros Defembarguado-


res fejam defuairados em fuas tençoes, e huü for em1
reuoguar a fentença , e outro · em a confir~nar, feja ,
ó dito feito dado a terceiro ; e acordando-fe com o
que for a confirmar ~ poerá loguo a fentença fegun-·
do acordo. d'ambos; e fe o terceiro fe acordar oom.
~

o que he a reuoguar , ou for em outra noua tençam,


entonce hirá a quarto , e fe terá a propria fórma que
Diifemos n.o parrafo precedente •
.3 E o que dito h e , que tres ·aba fiaram concor-
des pera reuogu~r, nom auerá luguar nos feitos que
por agráuo vierem dante os Ouuidores das Ilhas •
'porque por as fentenças dos ditos Ouuidores paffa-
'rem ' p~r tres, nom abaftará pera·ferem reuoguadas
:outros trcs ·~ mas feralljl ao menos quatro concorde.s
·a reuoguar. :Porem p,ra confirmar abaftaram dous
concordes , e no mais modo do defpacho fe terá a
· fórma·, 4ue em ci-ma piffemos.
· '4 :E PORQYE muit~,ls vezes acontece;que nas ten-
. çoês fam concordes em parte, e defuairadoJ em ou.;.
tra parte, ou concordes no principal , e defuairados
lias cuítas, e por berr.a do dito defuairo.vai a outr9s
mais Debnbarguadores, t fegundo emcima Difl:e-
rnos , · Mand~mos que em tal caíj> aquelle Defcrn-
ba·rguador a que aíli for por tercéiro·.; ou quarto, ou
' qúinto , ponlp fua t{~nçam foomente 1-1a parte em
o
. que for dito defuair~; po;rque quanto nacparte em
.que já ós outros Dc(é;mbarguadores ficam concor-
des, h.ejá aquirido *rei to a aquelle. por q,u·e m f'}m
• con.- 1
/

Dos DEsEMB. no AGRAVO DA CAsA DA SoPRTC. 57 1

concordes , e fegundo as diras tençoes fe ha de poer


a fentença por. aquelles que concordaram ; pofl:o
que na outra parte, ou nas cufias em que era o def-
uairo, [e aja de poer por os mais Defembarguado-
res, que fobre o dito defuairo poferam as mais ten~
çoes , a fentença em aquello que acordarem fobre o
defuairo, fobre que foi a elle~.
5 ITEM os ditos Defembarguadores do Agrauo
defpacharam por tençoes os Eílormerttos d•agrauo ,
ou Cartas teftemunhaueis , que de qualquer Lugu~r
de Noifo Reyno a elles vierem , que a ·feitos crimes
nom pertençam , ou que a outros Ju lguadores efpe""'
cialmente nom pertencere,m por Nof1às Ordenaçoes,
e como forem dous concord~s , ora a confirmar ,
ora a reuoguar, poeram o defembarguo fegundo fuai
tençoé~ ; e fe forem em defuairo hirá a terceiro ; ou
quarto , e di por diante atee ferem dous em con..
cordía.
6 E QYANDO ouuerem de defpachar Eftormen..
t os, ou Cartas tefl:emunhaueis, em que alguü Con.
celho feja parte, o defembarguaram em Rohçam ,
e teram a forma de defpachar em Rolaçam , fegun-
do Dil1emos no Titulo Do Regedor que fe .auiam de
defpachar os feitos ciueis em Rolaçam. ..
7 hEM daram ajuda de braço fegral em .Rola.
çam, citadas as partes, e vifto o proceffo, e achan.
do que foi ordenadamente feit0, a qual .ajuda.d e.bra-
ço fegral . nom fe dará na Caía do Ciuel , nem em
"Iiv. L H ou-
'
58 o PtUMElRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. IV• .
outra algúa parte , fe nom em ·a Nolfa Caf.1 da So..
pncaçam.
8 E MANDA . tos, que fe alguü Defemblrguador
dcfpois que teuer porla fua tençam fe f.nar, ou for
abfente do Reyno, tal rcnçam feja auida por ninhüa,
e hirá. o feito a outro Defembarguador do Agrauo.
E efl:a .maneira fe terá em todos os outros feitos, que
~~or quaefquer o~tros Defembarguadores fe ouuerem
de defpachar por tençoês.
· 9 I TEM os Defembarguadores do Agrauo conhe-
ceram das petiçoês d'agrauo, que forem dadas ao
Regedor , fegundo em feu Titulo he contheudo , e
affi dos feitos que por defembarguo poflo nas ditas
petiçoes vierem aa Rolaçam. E os agrauos de que
por petiçam podem qmhecer a elles fe podem agra...
llar, f<un osfeguintesr
1o 1TEM de todas as interlucutorias , e manda...
dos de quaefquer Juizes, ou Juftiças da Cidade,
Vtlla, ou Luguar onqe Nós efteu·e rmos, ou a Cafa
da Sopricaçam, nom fendo fobre coufa de Noífa Fa-
zenda , nem de Noífos Dereitos, nom tolhendo po-
rem aas partes poderem agrauar das ditas Juftiças
por petipm pera o Corregedor da Corte, fegundo
em feu Regimento he contheudo, e do que elle nos.
o"itos agrauos mand'lr poderam agrauar tambem
pera os ditos Defembarguadores do Agrauo.
I c I TEM de todos os termos e mandados , que-
quaefqu.er Defembarguador.es da. Cafa. da Soprica-
Ç,'lffi·

,
Dos 'f.>ESEMB. Do AGRAVO DA CAsA DA SorRrc. 59
Çam mandarem cada huü por fi foo nas Audien-
cias, ou fora dellas em qualquer feito ciuel, ou cri-
me, que fe ha de deípacha r em Rolaçam _, c de que
-nom ha d'auer agrauo da fenrença definitiua. E bem
afli de qualquer interlucutoria , que C<~da huü do~
fobreditos Defembarguadores , que por feu Regi-
mento por fi foo pode' poer interlucutoria em feito
crime,_ pofto que aja de dcípachar em Rolaçam ,. e
pofer a dita interlucutoria por fi foo, poderam agra-
uar por petiçam pera os ditos .Defembarguadores.
12 E QyANTo aas interlucutorias e mandados,
ql:le o Corregedor da Corte dos feitos ciueis pofer,
ou mandar nos feitos , que clle conhecer por auçam.
noua , e aili o Ouuidor das Terras da Raynha nos
feitos ciueis, ou outro Defembarguador femclhante,
ou outro Defetnbarguador a que cometermos alguú
· feito, que por fi foo defembargue, de que aja d'auer
agrauo na fentença final , poferern , ou mandarem ,
nom auerá agrauo por petiçam aa Rolaçam ; . por
quanto no agra~o da fentença final fe pode prouer
aos femelhantes agrauos ; faluo quando tal agrauo
for de interlucutoria, em que fe nom receba por: ca-
da huu dos fobreditos algua contrariedade, ou de..
fefa, ou reprica , ou treprica ., mi parte de cada hü·a
dellas ; nom tendo ja outro termo pera poder corre..
ger, ou fazer outra, ou de interlucutoria, ou man-
dado fobre dilaçarn grande, ou pequena, que {e .der
pera fora do Reyno, ou de incompete-neia do Juizo;
por qu·e neHes cafoii, ou cada huü delles. ,.poderam
· · ' H ·z ·-. · ·, - ' por
6o O PRIMHRO LrvRo DAS ÜRDEN. TtT. IV.

por petiçam agrauar; e quando o agrauo affi por pe-


tiçam for. aa Rolaçam fobre a dita contrariedade ,. ott
reprica , ou treprica, poílo que achem que a derra--
deira de que fe agraua nom be de rccebll'r, [e lhe pa-
recer que a primeira, ou fegunda foi de receber, re ..
cebef-lha-ham os ditos Dcfembarguadar.es do Agra.
uo.
I3 E B ~M ASSI poderam agrauar dos mandados
das Audiencias , que cada huü. dos Ouuidores dos
feitos crimes da dita Cafa da Sopricaçam., ou quera
por elles a Audiencia fezer, mandar em QS . feitos. ci- '
\leis de que conhecerem como Sobrejuizes. 1

14 E POR quanto aas vezes os Defembarguado-


res que as Audiencias fazem , e affi os que por feu
Regimento cada huü por ü foo ha de defpachar,
I

por as partes nom poqerem agrauar dos termos , e


mandados que na Audjencia fe auiam de mandar, c
affi das interlucutorias flUe por elle foo auiam de paf-
far, de que podiam agrauar, nom querem mandar
fobre o que lhe requer~rn na Audiencia, nem qu e..
rem defpachar cada h4ü por fi foo, fegundo feu Re-
gimento , mas/ mandam fazer os .feitos conclufos fo-
bre os taees termos , e os defpacham em, Rolaçam ,
e afli defpacham em ~~olaçam. o que por cada huü
foomente auia de feer defpachado por tolherem o
I agrauo, ~er.endo euitar qu.e fe nom faça Manda-
mos, qJJe fe cada . hu~ dos Defembarguadores que
as Audiencias fazem nps termos, que (e nas Audien-
ciilS. focm mandar ," afii. comp dilaç.oes. aas par.tes ., . c
ou ....
Dos DEsEMB. DO AGRAVo DA CASA DA SoPRJC. 6r

outros femelhantes , e bem aili nas coufas que por


feu Reg imento ham de defpachar. cada huü por fã,,
e de que podem agrauar, e defpacharem os: ditos
termos , ou mandados , ou fentenças em Rolaçam ,
que em raees cafos fem embarguo de ferçm defpa-
chados em Rolaçam , que as partes poífam agrauar
dos taees defpachos afli poftos em Rolaçam , affi co-
mo poderam agrauar fe por fi foo defembarguara. a
t.al interlucutoria, ou termo na Audiencia.
I 5 E Ás petiçoes , porque fe affi agra:cJ.arem de
cada huü. dos fobreditos Defembarguad·ores con-
theudos ndl:e Titulo, feram affimidas-polo Procura-
dor do feito, e achando-fe que he contraíra aos Au-
tos, e nqm he feita na verdade do que jaz no feito,
ou he feita manifeftamente contra Dereito, paguará.
o tal Procurador por cada enformaçam que a!Ii fe-
ur mil reaes. pera as defpefas da Rolaçam.
16 E Q!JERENDO dar fórma que aos Defembar-
guadores do Agra~o fejam.deftrebuidos tantos feitas-
a huu como a outro., Mandamos, que daqui po~
diante aja huü. foo liuro de d<;fhebuiçam, pera fe
deftrebuirem. os. feitos; c Eftormentos. d~agrauo antre
os Defembarguadores do dito Agrauo por igual, tan • .
tos a huii como a outro, o qual liuro. de deíhebui-.
çam terá. aquelle, qu·e for Deftrebuiclor dos ditos fei- .
t os do Ag.rauo antre os Efcriuaes delle. E ao tempo,
que defhebuir os feitos antre os Efcriuaes., deftre..
buirá loguo a qual Defembarguador vai o -dito .feito, .
c. lho.carreguará. na.dita deftr~buiçflm -, _e poerá.loguo· -
Eon
62 o PRIMEIR0 LIVRO DAS ÜRDEN. TtT. IV.
por fua letra "!10 dito feito a que Defembarguador
~ai. E nos feitos que vem da Cafa do Ciuel, que
varn a alguüs Efcriuaes fem fe defirebuirem antre
os outros Efcriuaês, Mandamos , que tanto que fo-
rem trazidos ao Agrauo antes de as partes razoarem,
o mefmo Deftrebuidor os deíhebua antre os Defem-
barguadores , e lhe ponha a que Defembarguador
vai. E: pera os auer de deftrebujr, fará o dito Ocílre-
buidor no liuro da defirebuiçam dos Defembargua-
dores Titulo Dós feiios grandes, e outro Dos pequmos,
e affi dos -Efionnentos d'agrauo, ou Canas teílernu~
nDaueis , e_m modo que fejam a huã Defembargua-
dor defl:rebuidos tantos grandes, e pequenos, e affi
tantos eflormentos co.mo a outro. E aquelles feitos
.que ,dell:rebuir por grandes , ou pequenos aos Efcri-
1
uaês , affi .os de(l:rebuir á por grandes , ou pequenos
aos Defembarguadores.
I7 E PORQUE Somqs enformado, que os Ell:or-
mentos d'agrauo, que vem de quaefquer Jufl:iças de
N offos Reynos, fe nom deflrebuern polos Efcriuaés
antes que os Defembarguadores os defpachem , foo ...
mente qualquer Efcriuam dos Agrauos que quer
lhe poem hüa aprefen~açam , e com ella o daa aa
~ I
parte na maõ .-que o lepe ao Defernb.arguad0r 'a que
elle quer, do que fe feguem muitos inconuenientes,
por os euitar Ordenamqs, e Mandamos , que daqui
por diante todos os Efiormentos d'agrauo, ou Canas
tefiemunhaucis q11e vierem, fejam defirebuidos pa-
la dito Defirebuidor , que os feitos dos agrauos def-
tre-
Dos DEsEMB. Do AGRAVO DA CASA DA SoPRIC. 63
trebue , e o Efcriuam a que for defhebuido lhe po-
nha a aprefentãçam , e o faça conclufo ; e em quan- .
to nom for defl:rebuido , ninhuü ·Efcriuam.lhe nom
ponha aprefentaçam , fob pena de perdimento do
O fEcio; e ao tempo que o dito Defl:rebuídor o deflre- .
buír ao Efcriuam, os defl:rebuirá ao Defembargua-
dor, como em cima dito he. Dos qtiaes Efl:ormen-
tos os ditos Efcríuaé~ nom daran: a vifta aa parte
que os trouxer; [aluo fe a outra p:ute contraíra da-
quelle q\le agrauou for prefente, e confentir, e qui-
fer , que elle, e a fua parte ajam .a viíta do dito
Efl:ormento.l~orem fe o que agrauou ajuntar aoEfl:or- .
mento d'agrauo ante que o aprefente algüa petí-
çam, porque declare fet1 agrauo, nom lhe ferá tira:. .
da, e por a tal petiçam aili junta nom ferá contado,
ao Efcriuam vifl:a. E vindo a outra parte contraíra
do que agrauou, ahtes que o Efl:ormento feja defpa-· ·
chado finalmente , e achando que o dito Agrauahte
ajuntou algúapetiçam ao dito Eílormenro , fcja-lhe
dada a vifl:a do dito Eílormento fe a quifer, pera ré-
fponder aa dita petiçam, e aleguar de feu d.ereito ; é'
nefl:e cafo fe conta ri ao Efcriuam vifl:a defhi foo par-
te que a pedio. E fe de fpois de o J ulguador veer 0 '
dito Eftormento, mandar que a varre agrauante, ou:
outra contraíra declare qu-a lquer couf.:'l, neil:e cafo·
fe. contará tambç:m. ao Efcriuam vifia daquella par;..
t e, ou partes qu:e a ouuerem. E ferá. auifado o Efcri-
uam do Eílormento, ou Carta teíl:emunhauel , que·
1\J.d~pois. que o, dito, Efior.mento..for pubric.adq ,, e fox:-
dada,
64 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TTT. V.
dado a ellc dito Efcriuam, o nom entregue mais aa
parte , c o guarde como hc obriguado de guardar
todos os feitos, faluo fe o defpacho for, que perten-
ce a outros Juizes , porque entam fe dará aa parte
pera o leuar a quem pertence.

TITULO V.

D'o Corregedor da Corte dos feitos crimes.

AO Corregedor da Corte perte1~ce conh~ci


o
mento por noua auçam de todos os maleficios co-
...

metidos no Luguar onde Nós efteuermos , e derre-


dor cinco leguoas , cqm tal declaraçam, que fe alguü
Cortefam cometer alguü maleficio no Luguar onde a
NG!fa Corte efteuer contra outro Cortefam, ou con-
' alguü morador no Luguar onde a Corte efteuer ,
t~a
e a cinco leguoas derredor , ou contra alguíi de fora
do dito Luguar onde efteuer a Corte , e elle-Corte-
faro for acufado po~· ~ai crime perante o Correge-
dor, hu quer que a Corte entam eftee, que elle
nom poffa recufar fep Juizo, e pedir, que o reme-
t~m aos Juizes do l ,. uguar onde o dcliél:o,for come-
rido.
I E sE a parte ,Qu Juítiça o quifer acufar peran-
te os fobreditos Juizes do Luguar onde o deliéto for
éometido , e elle requerer que o remetam ao Corre-
gedor da ·corte, Mapdamos, que lhe feja remetido~
I ..

ora
Do 'CoRREc.• DA CoRTE oos FEITos cRIMEs. 65
ora feja acufado prefo ~ ora folto, pofto que a outra;
parte nom confenta.. Porem quando a aro balas par-
tes aprouuer que o feito fe traute perante os Juizes
do dito Luguar , Mandamos que poifam deHo co-
nhecer.
2 E ~E por vent)lra tal ddinquente qu'ifer to-
rnar Carta de fegurança , que a poífa tomar perante
o Corregedor da Corte ., e querendo-a tomar pemn-
te os Juiz.es do Luguar, onde o crime eflando hi a
Corte foi cometido, que o Corregedor lha poffa dar
com daufula • que fe a parte 'O ante quifer acufar
perante dle Corregedor , que o venha hi acufar a
certo tempo , que lhe na dita Carta ferá affinado~ E
fe parte algúa nom acufar tal delinquente, ou. por hi
a nom auer. ou por nom querer . acufar, e for tal
cafo em que aja I:uguara Jufiíça, ~cremos quefe
nom liure fe nom perante o Corregedor da Corte~
3 E sE efte, que o crime cometer no luguar on-
de affi efl:euer a Corte, nom for Cortefam , q~r feja
morador no luguar do maleficio , quer ·e m 'OUtra
parte, poderá feer acufado na Corte, ou no luguar
do malencio, como o Acufador ante quifer , quer o
tal acufador feja cortefam, quer morador no Luguar
onde a Corte eíl:euer, ou fora della em qualquer ou-
tra parte.
4 ·E sE o tal delinquente quifer tomar Carta, de
fegurança , e o ofenfo for morador no luguar do
maleficio , ou em feu termo , dee-lha o Correge.dor
pera os Juizes do dito lugu.ar dG rnaleficio com a
Liv. I. l fo.
66 o PRtMEfR(} LIVRO I)À;S ÜR.[)EN. TIT. v.
fobredita dallfuia, que fe o ante quifer acufar per-
ante e!lF: Corregedor,. que o venha hi acufar a certo
tempo, que lhe na Cana feja affinado. E fe o ofenfÇ)
for morador fóra do.lug.uar onde for feito o maldi-
cio,. e o ddi.nquente quifer Cana. de fegurança ,. de..
lha· o Corregedor pera fi; e fe defpo~:s. que perante
elle o ofenfo vier. aa ciraç.am ,. diífer que ante quer
acuG"'r o delinquente no luguar do. malefici(}~ reme-
• ta-os.laa o Corregedor , affinando-lhe certo ter.npo.
a que laa pareçam. E fe hi parte nom. ouuer, ~ereo..
mos. que o tal malfeitor poífa feeli acufado· pera.nte
as Juíbças. do luguar onde o crime fer cometido,.
ou perante o Corregedor da. Corte , como elle ante
quifer.
' 5 E NOM Tolhemos porem, que em todos. os ca.
fos fobreditos elle Col regedor com pareeer do Re-
gedor em Rolaçam poffarn mandar viir aa. Corte os
ditos feitos, quando·eprenderem que p()r alguu bom
· refpeito , e bt>m de jtJftiç.a he bc:m de fe affi· fazer,.
ora os delinquentes fejam prefos , ora folros , man•..
dando iífo mefmo vi jr as. peffoas dos acufados aa
Corte, foltos, ou pr~fos • como lhes bem. e razam
parecer.
6 ITEM mandará prender , e trazer aa 1cadea da
Corte todos aquelles d1~ que lhe for querelado de ma..
Ieficios cometidos na Çorte , e a cincG leguoas der-
redor, fendo as quen:las de cafos , porque deuam
feer prefos ; fendG çerto primeiro que na Corte fo-
ram cometidos os taees maleficios, e conhecerá del-
les no modo que em Cfma -D1ífemos. 7 E
Do CoRRI!G. DA CoRTE oos FEITos cRIMEs. 67

7 E rsso mefmo mandará prender, e trazer aa


cadea da Corte os de que lhe for querelado, ou fo-
rem culpados em cafo de traiçam , ou moeda falfa,
ou pecado de fodomia , ou tirada de prefos da ca-
dea , ai nda que na Corte nom ajam cometidos os
t aees maleficios. E deftes ca[os nom dará Carta de
feguro fenom o Corregedor da Corre, as ·quaes paf-
fará dirigidas pera el'le mefmo. E nos outros maldi-
cios fóra da Corte de que lhe for dada querela , ou
elle teuer culpas obriguatorias pera poderem feer
prefos , mandará que fejam prefos , e defpachados
nas Terras , e Luguares onde fe diffcr auerem co-
metido os malefic ios ; os quaes mandará prender por
feus Aluaraes , fegundo Diremos no Titulo Dos Cor-
regedores das Comarcas , no parrafo E vs ditos C-orreg~­
dores. Peró fe elle ouuer enformat;am , que. os dito&
malfeitores farn taees peOoas, ou acofiados a taees,
·que razoadamente osJuizes dos ditos Luguares nom
poffam delles fazer comprimento de Dereito, em tal
cafo éometdos-ha aos Corregedores das Comarcas ,
que façam delles Dereito, em tal guifa que a J uíliça
nom pereça. E eiJa mefma maneira terá nos maldi-
cios de qu,..e lhe forem requeridas Cartas de feguran-
ça.
8 I TEM dará Cartas , de feauro
o em cafo de mor-
tes d'homens, e outro alguü Julguador a nom paf-
fará em Nofios Reynos , e hirá derigida pera elle
r:nefmo, e no pafiar della terá a fórma que Diremos
no Titulo ~ue nom dmz Cartas de figtj-rança em cqfo de,
feridaõ ahertas. I2 9
68 O PRIMEIRO LIVRO· DAS ÜRDEN. TrT. V.
9 ITEM dará iífo. mefmo. Cartas de feguro de re-
fiíl:encia, ou ofenfa que fe digua feer feita contra
alguü Official da .Juíl:iça , e outro alguú Julguador
a nom paífará em No.ífos Reynos , e hirá derigida
pera elle mefmo , na qual Carta: fe poerá daufula· ,
que fe o dtto Official da Jufriça o ante quifer acufar
no luguar · onde foi feito o dito. malefi·c io, , que o
potTa fazer , e acuf:•r no dito luguar do maleficioo.
E nom querendo- o dito· Offi.c ial acufar ;. ou acufan ...
do na Terra defi.íl:ir da acufa~am ,. Mandamos-que o
ta1 feito feja· loguo remeüdo ao dito Corregedor da
Corte ,. pera n-elle· proceder , e o·detenninar em Ro-. ·
laçam corno for Dereito. ·
IO· E DE todos. os outros: makficios cometidos
no. Reyno fóra da. Corte I
dará iífo mefmo Cartas de
fegu·ro dirigidas pe.ttfl os Juizes- Ordir.tarioo dos lu""
guares onde fedifferern os maleficios ferem cometi--
dos , com tanto que nom fejam dos mateficios a-ci-
ma ditos, de que as Cartas. de feguro ha de paífal!
pera fi .
I I E Q!JALQ:!!ER petToa que teuer d'efembarguo
pera auer Carta de f~:gu·ro-, poderá ' com elle andar
feguro tres dias , contados do·dia que ouu.er o def- .
cmbarguo , os quaes lhe fc'lm dados pera: tirar fua
Carta, fendo a petiçatn conforme aa querela, e paf-
fados os tres dias lho norn guardem fem moftrar
Carta patTada pola Cpancelaria; faluo fe por culpa,
ou impedimento do Efcriuam a nom podeffe auer J
o qual Efcriuam neftq ferá crido por feu juramento.
12
Do CoRREG. DA CoRTE Dos FEITos cRIMES. 69

I2 I TEM ·o dito Corregedor defembarguará to -


dos os feitos , e procdTos crimes, que perante elle
fe trautarem, e affi os Eftormentos, e Cartas teíl:e-
rnunhaueis fobre feitos crimes·, que vierem por ag ra-
uo de qualquer parte de Noffos Reynos, e quaefquer
outros feitos crimes, que por remiífam dante quaef-
quer Juizes. aa Corte vierem; os quaes defembargua-
rá em Rolaçam com os Defembarguadores que lhe
por o Regedor forem em cada huu dia ordenados.'
E as interlucutorias dos ditos feitos ; e proceflo.s que
perante elle fe trautarem , poderá·o Corregedor por
fi foo poer , e quando as por fi foo pQfer , poderá
cada hüa das partes agrauar por petiçam aa Rola-
çam .
IJ ITEM conhecerá o dito Corregedor de quaef-
quer agrauos, que a elle por petiçam vierem ,de fá,.;
tos crimes dante quaefquer Julguadores, que de ca-
fos 'c rimes conhecerem, no Luguar onde a Corte
efieuer, e atee cinco leguoas derredor~ tirando aquel-'
Ies que por efpecial priuil'egio teuerem de flom re-
fp onderern por periçarn ao dito Corregedor , o qual
·Corr·egedor por fi foo poderá mandar que refpon-
dam , e defembarguará os ditos agrauos em R?la.;."
çam.
14 E sE alguú maTfeitor de graue feito vier per.:.1
ante o dito Corregedor, de que el1e aja tal enforma-
çarn por euidentes indicias, porque lhe pareça· qué
deue log u.o feer metido a tormento , e que féndo
efpaçado fe poderá percebei 0 dito prefo , em 'tal
guifa • ·
70 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. V.
guifa, que defpois a verdade nom poderia feer tam-
bem fabida, em tal cafo fc o quifer meter a tormen-
to, fale primeiro com o Regedor, e com alguüs
:pefembarguadores , que o dito Regeàor pera iífo
fará apartar loguo, e com acordo dos fobreditos o
poderá fazer , e d'outra guifa nom.
I 5 hEM tomará conhecimento, e defpachará
por fi foo por auçam noua na Corte , e a cinéo le-
guoas darredor as penas do fangue , affi de feridas ,
como de mortes de homens, e penas d'armas , e affi
das armas perdidas, e de excomunguados, que po~
Noffos Meirinhos forem prefos , e de todas outras
penas que por Noffits Ordenaçoés , ou Mandado~
forem pofl:as por· alguüs cafos , em que nom fej~
pofta outra pena de degredo , ou corporal , (oomen-
1e a pecun~aria. E das Óutras penas pecuniarias, que
çom pena de degredo ,1 ou corporal forem pofl:as ,
çonhecerá em Rolaçalll. E das que por íi foo ha de
1
çonhecer, nom fará lof1guos proce!fos ; e do que fo-
l;?.re iífo determinar po1:ieram as panes agrauar por
petiçam aa Rolaçam , e ~quello que por acordo ·da
Rolaçam for determinado, ferá o diw Corregedor
çbriguado de comprir, e mandar dar aa e~ ecuçam. ·
16 1TEM paflará as Cartas , porque ·Damos Offi-
çios a Corregedores, e Meirinhos das Comarcas, \e
~eirinhqs das Cadeas : e Carcereiros que Nós Der-
1
~n9s.

17 ITEM dará Cart~s de fegurança rçai, as quaes


Çará na fqr~a que Oir~mq~ no l;'itulo Das feguran.,
fa;S reaes. · ·1 8
Do CoRREG. DA CoRTE Dos FEITos CRIMES. 71
18 I TRM enq uererá nos Luguares onde Nós Efte.
uermos , e onde a Cafa da Sopricaçam fero Nós eftc..
uer, fobre todos os Officiaes da J uftiça polos c apito-
los, e na fórma contheuda no Titulo Dos Juizes Or-
dinarios. E fe já fobre elles as inquiüçoes ferem ti-
radas naquelle anno por os Corregedores das Co-
lllarcas , ou por os Juizes , proueja as ditas i-nquiri,.
çoes, e achando que nom foram tiradas como de-
uiam , tíre outras , e proceda contra os culpados 3
em maneira que ajam caftiguo de feus erros, e cul:.
pas.
19 OuTRo si Mandamos ao dito Corregedor,
que em todas as Cartas que paffar pera fe auerem de
fazer algüas execuçoés , ou deligencias , feja pofto
termo razoado aos Corregedores das Comarcas , Ou-
ui dores dos Meftrados, ou Juizes Ordinarios, que
. as ditas execuçoes , ou deligenci~s ouuerem de fa-
zer, que as façam no dito termo , e as enuiem polo
Ca'minheiro que lhe a Cana aprefentar, fob algüa
r;azoada pena que lhe__por etle Corregedor feja pofta,
fegundo a qualidad·e do neguocio, ou cafo ; a qyàl'
pena ferá pera o dito Caminheiro, fe a elle acufar,
e noin a acuf~mdo elle , feja pera quem a dita pena ·
demandar. Aas quaes juftiças Nós Mandamos que
· cumpram em todo o que lhe por o diro Corregedor
for mandado , dentro no termo que lhe for affinado
fob as p·enas por o dito Corregedor poftas.
zo hEM o dito Corregedor fará duas A11dien.:.·
das pubrica-s' e·m· cada f~~ana, .conuc:Ín a faber' , aa
terça , e aa feíta ü:ira a tarde. 21
72 O PRIMElRO LrvRo DAS Or{DEN• TrT. V.
21 ITEM quando alguü Nofio morador que an-
dar em Noffos liuros, e fór Creliguo d'Ordens Sa-
çras, ou Beneficiado, cometer alguü crime em qual-
quer Luguar de Noffos Reynos , e Senhorios, re-
fponderá perante o Corregedor da Corte , quanto ao
Çiuel que defcender d'alguns dãnos , ou crimes por
elle cometidos , pera fatisfaçam da parte ; e nom
querendo refponder, . ou fatisfazer ao que polo dito
Corregedor fobre os ditos cafos for mandado, Nós
~om corno Juiz, mas como Rey, e feu Senhor, por
os cafl:iguar , e correge~ , e euitar que taees coufas
nom cometam. lhes tiraremos as moradias, e quaef-
quer outras coufas que de Nós teuerem.
22 I TEM o dito Corregedor quando Noffa Corte
fe ouuer de mudar de qualquer Cidade ·, ou Villa ,
mande apreguoar por 1 qu~nze dias antes , que qual-
quer peffoa J a que teperem tomadas caras pera a
'}poufentadoria , que alguü. dano teuer recebido dos
que nellas poufaram, f~ vam ao Recebedor, e Efcri-
uam das m·alfeitorias , que pera iffo Ordenaremos.
que lhe vam veer os dã.nos das ditas cafas, aos quaes
Mandamos , que tantq que lhes requerido for , vam
á iffo, e fendo-lhe moftrado o dãno que lhe fezeram,
e jurando por juramento, que lhe ferá dado, polo di-
to Recebedor, e Efcr~uam , lho façam eftimar , e
aualiar por dous Officiaes ajuramentados, qqe polo .
dito juramento diguam o eftimo do dito dãno, pera
l.he feer paguo.
23 · hEM ta~to qu~! affi for eftimado, fe fará dif-
fo
Do CoRRW. DA CoRTE DOS HITos CRIMES. 73 ,

f<> affento em huü liuro, que fe polo dito Efcriuam


fará , o qual Efcriuam , e Recebedor requereram os
moradores que nas ditas cafas poufarem , que lho
paguem , e nom o querendo elles fa7.er, Mandamos
ao 'rra1:1tador, ou Paguador das Nof1as moradias, que
entam for, que de fu.as moradias entregue outro tan-
to em tresdobro ao dito Recebedor, que ·~eremos
que paguem por iffo ; o qual Trautador, ol'l Pagua-
dor o daram ern c9nta aos ditos moradores, e Man-
damos que lhe feja leuado em conta com o treslado
defte capitolo, e conhe;çimento do dito Recebedor
das malfeitorias, feito polo Efcriuam dellas, em que
declare como os taees dinheiros recebeo do dito
Trautador ~e lhe fam carregoados em recepta , pera
que da maõ do mefmo Recebedor fejam as ditas
pa-rtes paguas das düas malfeitorias.
'24 E NOM auendo ainda d'auer ao tal tempo al.
guns dos ditos moradores fuas moradias , affi por
nom feer vindo o quartel , como por lhe feer já pa-
guo , de maneira que fe nom poffa loguo recadar do
dito Trautador o dinheiro, que am fe ha de paguar
em tresdobro, Mandamos ao Noffo Efmoler, que
do dinheiro da Arca da Piedade lhe entregue em-
prefl:ado outro tanto dinheiro , quanto quer que for,
pera fe com elle auerem loguo ·de paguar as ditas
partes , e cobre conhecimento do dito Recebedor
feito por feu Efcriuam , com declaraçam de como
o .delle recebeo , e lhe fica carreguado em recepta ,
pera lho tornar a paguar como o receber das mora-
Liv. L K dias
74 O ·PRtMEIRo LtvRo DAS. 0RDEN. TrT.' V.
dias dos fobreditos. Ao qual Recebedor ilfo mefmo
M andamos 1 qu e como o dito dinheiro arrecadar das
ditas morad ias ; o torne loguo a entreguar ao dito
Efmofer , e cobre delle o conhecimento que lhe'lei-
xou, de como o ddle recebeo, pera 6 romper;. por...
que lhe nom ha de feer teuado em conta por feer
empreftido que lhe torna a paguar, e o dito Efmole1·
terá cuidado de tirar por elle, e arrecadar, e quan-
do fe loguo nom recadar polas ditas moradias que
teuerem, farã o dito Corregedor fazer execu-çam por
fuas fazendas , onde quer que as teuerem, de ma-
neira que o dito tresdobro fe arrecade de hüa ·ma-
heira, ou d'outra.
2 5 I TEM Mandamos ao dito Recebedor, e Efcri~
uam, que tanto que as, ditas mal feitorias forem vif..
I
tas, e aualiadas , e teLterem diifo feitos os aífentos
• no dito liuro, tenham qom cUidado de as requererem
aíli em tresdobro ao d;ito Paguador, ' ou Tra:utador
das moradias. E nom podendo auer o dinheiro diífo
delles, como emcima tàz mençam , ó requeiram ao
·· dito Efmoler pera de huü ou d~outro o receberem,
e fe carregU::tL' eÚl recepta fobre o dito ·Recebedor,
tomo dito he.
26 ÜúTRO si Ordenamos, que os paguamentos
que o dito Recebedor fez er aas partes das ditas mal-
- -reitorias, fcjam. por mandado do dito Corliegedor
perante o d.ito Efcriua1n , o qual Recebedor cobrará
os ditos mandados, e conhecimentos das ditas par..
tes , que feram feitQs polo·dito Efcriuam J e aalem
diífo
Do CoRREG. DA CoRTE oos FErTos cRIMEs. 75
rliílo o dito Efcriuam poerá as paguas no liuro na
margem dos diws aíTentos, pera fe faber como as
partes fam pag.u as , e ferem os diws dinheiros !eua-
dos em conta ao dito Recebedor. ·
27 hEM quanto aas cafas que forem dadas a al-:-
güas peffoas que nom teuerem de Nós moradias .•
nem as ouuerem d'auer , feram requeridos que pa-
guem as ditas malfeírorias, affi como forem:efl:ima-
das , como ja dito he ; e nom o fazendo, fe fará díf-
fo aHento, e o dito Recebedor , e Efcriuam o faram
faber em NofTa Fazenda , pera de fuas tenças , ou
a!Ientamentos que ·de Nós teuerem, as paguarern
affi em tresdobro : e Mandamos aos Veedores da
No!Ta Fazenda, que façam entreguar ao dito Rece-
bedor o que niífo montar, o qual fe carreguará ifio
mefmo fobrc elle.
28 E POR quanto alguns dos Noífos moradores~
e pe1foas ; éílãlldà NoiTà Corte d 'aíe!Teguo , fe' mu-
dam de hüas caías pera outras, ou·fe vam da Noffa
Corte , e leixam as r:afas em que poufam danifica-
das , fem paguarem as ditas malfeitorias, mandará
loguo o dito Corregedor apreguoar tanto que Naffa
Corte for affentf(da em cada huü luguar, em que
Ajamos d'efl:ar d'affento, que qualquer peífoa que
cafas teuer d'apoufentadoria, e fe guifer hir de Nof-
.f.'l Corte, ou mudar pera outras cafc1.s, que oi.t o dias
antes que fe vaa , ou mude, o notefique a elle dito
Cor~egedor, pera mandar veer po}o dito Recebedo.r,
e Efcriuam J as cafas em que affi poufarem 1 com<>
K 2 fi-
76 o PRIMEIRO LIVRO -DAS ÜRDEN. TrT. vr.
ficam , e fe dãno hi ouuer neHas , e as nom entre-
guarem como as receberam, feer aualiado na fórrna
acima contheuda; e que nom o fazendo. am' qu€ fe
fará a dita aualiaçam fem elle , e que fe pagua:rá da
fórma fobredita: ; e affi os donos das. ditas cafas o
vam fazer fab~r ao dito Corregedor dentro d'ou-
tfos oito dias do dia que [e o morador del!a partir,
pera fe loguo veer feu dãno, e [e faüs.fazer como em-
cima dito he, e que nom o-fazendo-faber dentro d@
dito tempo , nom ferá. mais acerca dello ouuido. O
qual preguam que affi ha de mandar lançar, O· dito
Corregedor comprirá em todo como neHe he con-
theudo. E quando fe ouuerem de fazer as aualiaçoes
fobreditas, fe verá primeiramente o liuro da apou·-
fentadoria • pera fe veer a ·maneira, em que as cafas
- I
foram entregues aa tal peffoa.

----------------r,------------·--------
TITULO VI.-

Do Corregedor dq Corte dos feitos ciueis.

Ü CORREGEDOF~ da Corte do: feitos ciueís


onde Nós Efl:euermos, ou a Noífa Cafa da Soprica-
çam , vfará inteiramente de todo o Regimento que
Temos ordenado aos Çorregedores das Comarcas,
em quanto nom contr(\.diífer ao que em efte Regi-
mento efpecialmente :,1 elle dado he contheudo ,
nom tocando em feitos crimes. E fará o dito Corre...
ge-
Do CoR REG. DA CoR TE nos FEITos civEis. 77

gedor em cada híía fornana dous dias audiencias pu ..


bricas, conuem a faber,. aa fegunda feira, e aa quin-
ta a tarde.
I ITEM tomará conhecimento geeralmente no
Luguar onde Nós efteuermos, ou a Cafa da Soprica-
çam fem Nós , e a cin<:o leguoas derredor , por au-
çam noua de todos os feitos ciueis. E quando Nós .
Partirmos do Luguar faça delles ementa , pera o Re-
gedor com alguns Defembarguadores, fendo prefen-
te o dito Corregedor, ordenar em Rolaçam quaes
harn de ficar na terra, e quaes leuará cornfiguo o di-
to Corregedor; o que ferá examinado fegundo a qua ..
lidade dos feitos ,. e das pelfoas antre que forem , e
o ponto em que os ditos. feitos efieuerem.
2 Os feitos ciueis que a feu Officio pertencem,
defembargualoS-ha fóra da _Rolaçam ; e da fentença
definitiua que elle por fi der , a parte que fe agra·-
ua.da fentir poderá agrauar , e feja-lhe recebido o
agFauo fe nom couber em fua alçada , na maneira
que he declarado no terceiro Liuro no Titulo Dos
agrauos das Jentenças definitiuas & c. E das interlucu-
torias , ou mandados que nos ditos feitos pofer , ou
der, nom poderam agrauar por petiçam aa Rolaçam,
faluo nos cafos que Diífemos f10 Titulo Dos Defim-
barguadores do Agrauo. E nos outros cafos poderam
poer por agrauo no auto do proceffo.
3 I TEM tomará conhecimento de todos os feitos
ciueis por noua- auçam dos Prelados ifentos , que
neíles Reynos nom tem Superior Ecclefia!l:ico Or-
di-
78 O PRIMEIR·o LivRo DAS ÜRDEN. Tn. Vl. ·
dinario, que de feus feitos poffa conhecer , fegundo
no fegu'ndo Liuro no Tiwlo primeiro he contheu-
do.
' 4 hEM dará Cartas pera citar quaefquer peffoas
que teuerem Jurdiçam, ou Luguar de Senhorio, quan-
do os Autores os qui ferem perante elle demandar ,
nom fendo coufas que pertençam ao Juiz dos Noífos
feitos, ou aa Faze'nda. ·
5 hEM conhecerá de todos os feitos ciueis, que
por remi.íTam vierem aa Corte ,ante da fentença de-
finitiua, dante quaefquer Juizes, Ouuidores , e Cor•
regedores.
6 I TEM terá carreguo das coufas que·ao Almota•
ce Moor pei·tencem , onde a Cafa ·da Sopricaçam
fem Nós eíleuer. ·
I
7 I TEM tomará conj1ecimento dos feitos ciueis
das viuuas, e orfaõs; e peífoas miferaueis, que o efco~
lherem por Juiz ; porqu ~ tem priuilegio de perante
elle demándarem, ou fe defendere1n, quando perante
elle quiferem litigu ar' fegundo he contheudo no ter-
ceiro Liuro no Titulo D()s que podt m trazer Jeus coJt-
tendores aa Corte.
8 E si por ventura outra algüa peífoa priuile-
giada , que tenha priuilGgio pera trazer feu conten-
tar aa Corte, quifer citar algúa ·peff{)a, ou peífoas
~o_radores nas Terras da Raynha , podelas-ha de-
mandar perante o Ouuidpr da Raynha, que na Cor-
te andar, ou perante os I'Juizes Ordinarios onde elle
he morador, e clles lh.e peuem mandar dar as Car-
tas
Do CoRREG.• DA CoRTE nos FEITos crvErs. 79
tas citatorias. E eílo fe nom entenda nos Defembar-
guadorcs, Ou ui dores, Juizes, e Procurador dos Nof-
fos feitos ,, que· na Corte andam, que a efles o Cor-
regedor dará Carta pera citar os feus contentare:.
. perante elle, onde quer que fejam moradores .
. 9 . OuTRo SI 9 dito Corregedor dará tal Carta aa
viuua , ou orfaõ, ou rniferauel peífoa, ou outra qu.al-
quer, que femelhante priuilegio. teuer, pofto que nas
Terras da Raynha, ou . dos Infantes feja morador,
quando quer que demandar outras pe!Toas, que nom
fejam moradores nas Terras dos fobrediros Raynha,
e Infantes , e efcolherem a elle Corregedor por feu
Juiz . . .
10 OuTRo si conhecerá de quaefquer agrauos
que a elle vierem de feitos ciueis por petiçam dante
os J ul guadores , onde Nós, ou a Noffa Cafa da Sopri-
caçam eft euer , e darredor atee cinco leguoas , pofto
qu e feja na Cidade de Lixboa. E dos -agrauos dos fei-
tos ciueis que vierem por Eftormentos , ot,J Cartas
teílemunha ueis de qualquer Luguar, pofto que feja
dentro das ditas cinco leguoas; conheceram os Def-
embarg uadores do Ag rauo, e nom o dito Corregedor.
I I O uTRo SI M an damos ao dito Corregedor,
que em rodas as Cartas que paífar, pera fe auerem
cle fa zer algúas execuçoes , ou deligencias , as pa!Ie
na fórm a , e com aqucllas claufulas que Diífemos no
Titulo Do Corregedor da Corte dos feitos crimes, no par..
rafo Outro ji Mandamos ao dito Corregedor.

TI.
8o O PRIMEIRo LivRo DAS 0RoEN~ TIT. VII:
T I TU L O VII.

Dos Juizes dos NoJ!os feiios.

M ANDA MOS que os Joizes dos No fi'os feitos


façam audiencias tres dias na fomana, conuem a
faber, aa fegunda feira, e aa quarta, e fe{l:a, e ou-·
çam os feitos , e defpois que forem conclufos os def-
pachem em Rolaçam na Mefa Grande com os Def-
embarguadores, que lhe por o Regedor forem orde-
nados, e poeram em elles. as fentenÇas, e defembar-
glllos , fegundo por todos , ou a maior parte delles
for acord ado , fem hi auer outro agrauo pera outra
ninhüa parte.
1 - lnM conhecerá em Rolaçam por auçarn no-
lla, e por petiçam d'ag rauo no_Luguar onde Nós
EO:euermos, ou a Cafa da Sopricaçam fem Nós , e a
c-inco leguoas derredor. E de fóra da Corte, de todo
o Reyno, por apelaçam, e por Eflormento d'agra-
uo , ou Cartas tdl emunhaueis de todos os feitos , e
demandas, que pertence.rem aa Coroa dos Noffos-
Reynos, affi par razam de Reguenguos, como de Ju-
guadas , e todos outros bens que a Nós pertencem ,
e aili fobre dizemas , portagens , e outros quaefquer
Dereitos Reaes, poflo q11e dos fobreditos bens, e De-
reitos Tenhamos feita r;nerce a algüa peífoa ; e efto
ainqa que fejam demanpados com nome , e qualida-
de de força, ou por qualquer outra maneira ; faluo
nos feitos das fifas , e feitos das rendas , e foros , e
tri-
Dos JuizEs oos Nossos FEITos. · ... 3r

tributo~ que fe pera Nós a~rrecadam; porque em efl:e$


cafos quando fe nom trautar íobre a pmprieçiade
clelles , mas foomente [obre as rendas , coftheceram·
os Veedores da Fazenda, e nom ·os Juizes dos Nof-
f.os Feitos. E em todos os cafos fobreditos -os dit.o~
Juizes dos Nolfos Feitos conheceram, ainda que fe~
jam antre partes , fe .dereitamente a effe tempo·, .ou
· ao defpois tocarem Noffos Dereitos, e a elles poff'lm
trazer algu.U proueito , ou dãno ao diante ; porque
fe a demanda foffc a-ntt:e partes , que nem neguaffem
Noffos Dereitos, entam .nom pertencerá ao Juiz, dos
Noffos Feitos.
2 E- Po LO fobredito modo conheceram de todos
os feitos, pofto que fej am antre partes ; que fe arde-.
narem por razam de doaçoes po1' Nós feitas •.affi de
bens que a Nós perten~am de alguü que mon·eo
abintefl:ado , ou outros ctuaefquer vaguos , ou outras
coufas a Nós deuolutas poT quaefquer cauías de q!Je
Fezeffemos merce, ou doa-çam a algúas peffoas.
- 3 PERÓ nom Tolhemos fe os Autores antes qu i.fe-
rem demandar as partes perante os Juizes a que per-::
tencia -o conhecimento , nem eftando h i a Corte, ou
Cafa da Soprícaçam, que as poffam perante elles de~
mandar, e a apellaçam e agrauo virá aos Juizes dos
Nofios Feitos , como dito he. ·
4 I TEM conhecerá em Rolaçam de todos os fei- ,
tos de paffadores , fegundo f~ contem no quinto Ü-
uro no Titulo Do regimento do Alcat'de das Jacas.
5 E NOM mandará viir citadas aa Corte ninhüas
. Liv. I. L - par-
82 o PRI'MECRO LIVRO DAS ÜRDEN. TtT. VII.
partes de fóra da Corte , e de cinco leguoas derre-
dor, atee primeiramente ferem vifl:as em Rolaçam
as enformaçoes , ou inquiriçoês, por que enter.1dam
que deuam feer citadas ;. e quando affi for acordado
por todos, ou a maior parte, entam dee cartas, por-
que citem fegundo for acordado, e paffitdo por def-.
embarguo ; fa!uo fe taees citaçoes. fc ouuerem de fa- .
zer pera as partes virem falar a feitos , que já fejam
trautados perante elle, porque as taees citaçoês po..
derá por íi foo mandar paffar fem acordo da Rola-
çam.
6 OuTRO st o Juiz dos Noífos Feitos tomará co.;:
nhecimento de todas as apellaçoês d~armas, e penas
dellas , e afli dos agrauos das ditas armas , .e penas
dellas , affi da Corte, como de fóra della ; faluo dos
I
agrauos que das ditas armas, e penas vierem dante
o Corregedor da Corte dos ·feitos crimes, porque
defl:es pertence o coryhecimento dos taees agrauos
aos Defembarguadore~ do Agrauo , fegundo Diffe-
mos no Titulo Do .Corregedor da Corte dos feitos cri..
mes.
7 OuTRO SI dará Carta?que pertençam aas aber..
tas, e valadores No!fc.>s , e conhecerá dos feitos que
aas ditas abertas , e v~las pertencerem.
8 OuTRO si conh~cerá das coufas que perte.nce..
rem aas Jurifdiçoês, e de quaefquer feitos, e conten...
das , que a ellas pertençam.
9 OuTRO si Mandamos ao dito Juiz, que em
todas· as Cartas que p<fífar, pera fe auerem de fazer
ai-
Dos DESEMBARGUADORES DAs ILHAs. 83

algüas cxecuçoês , ou deligencias, as paífe na fórma,


e com aquellas claufulas que Di!femos no Titul á' D~
Corregedor da Corte dos feitos crimes, no parrafo OuirrJ
fi Mandamos ao dito Corregedor.

-----------------------------------------
T I T U L O VIII.

Dos Dejembarguadores das Ilhas.

O S Defembarguad~res ·dos feitos das Ilhas ham


de feer tres, os quáes , h.àtn de teer ·cafa, e me_fa fo-
bre fi> na qual ham de defembarg'uar em R~laçam
todos os feitos ciueis , que por apellaçam , e agrauo
vierem de cada hüa das Ilhas de qualquer qualidade
que fejam , pofl:o que fejam de Dereitos Reaes , ou
de Capelas, ou d'orfaõs, ou outros femelhantes , . e
dante quaefquer Jufl:iças das ditas Ilhas, os quaes
feitos , e Efiormentos d'agrauo , que aili a elles vie-
rem , o Efcriuam dante elles os defl:ribuirá igual-
mente aos ditos Defembarguadores , erh modo que
tantos veja huü como .outr.b; e como ·oJeito fordef-
tribuido , aquelle a que ani for defiribuido o verá
em cafa , e o cotará , e Ieuará aa Rolaçam , pera hi
D defpachar com os outros dous feus parceiros.
1 E NAS fentenças definitiuas dos feitos ciueis ,
em q ue todos tres forem ccry.cordes , as affinaram, e
pubrícaram; e nom fendo concordes o Regedor lhe
<lará outro Defembarguador , oú Defembarguado-
L 2 res •
84 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT •. VIII.

res ~ atee que fe:jam tres concordes pera poerem a di-.


t~ fentença:
2. E QVANTo aas interiucutorias, em que dom;. fo.:.
rem concordes • fe affinaram , e pubricaram.
I
3 E DAS fentenças definitiuas , ou interlucuto-
rias , que forÇa d'edefinitiua teuerem , cuja coni:ia
paffar de cem mil reaes fem as cufl:as, poderam as
partes agrauar pera os Defembarguadores do Agra-
uo da dita Cafc'l ,. no-qual agrauo fe teria: Ordenan-
ça acerca da pagua, e profeguimento dell.e, que hç
contheu'do rro têrtelro Liuro·· no ·Titulo Dos agrau.oJ ·
das je12tmças.. deji12itiuas q.ue j ah n &c~
4 · ' ITEM '~ conheceram em' Rolaça:m de todos os
feitos crimes, que. por apellaçam , e agrauo vierem
das ditas Hhas dante 9uaefquer Juíliças,. nom fendo
cafo. que fe pvouado foffe mereceria o acufado. mor..
te natural , ou_talham~:nto de membro ; porque nef...
tes dous cafos' pertenq~ o conhecimento por apella-
çam , e agrauo aos Ot..ruidores. da Cafa do CiueL E
nos defpachos dos ditps feitos crimes , affl das fen-
renças definitiuas , como. de interlucutorias,. eftaram
todos tres ~ :e fendo dqu.s concordes fe poerá a fen-
tença, e fe pübricará .'
5 ITEM conhecer~m por auçam noua de todos
os feitos , em que os q1oradores-das Ilhas que·forem
achados em Noífa CaPte fo iem demandados , pofto
que: os·contraétos , ou a imes porque .forem derilan...
dados • ou acufados , foírem cometidos , ou contra-
dados nas Ilhas; faluq fe 'dos _crimes teuerem toma4
·· do
Dos DEsEMBARGUADORES DAS !LHAS. 85
do Carta de feguro , porque entonce , pofl:o que fe-
jam achados na Corte , [eram remetidos a quem as
Cartas forem derigidas. E aili quando forem deman ..
dados em alguü Luguar dos Noífos Reynos por al-
guns contraét:os , que nos ditos Luguares tenham
feitos , ou por razam de coufas fituadas nos ditos. Lu-
guares de No!Tos Reynos , ou 'crimes que em cada
buli delles ajam cometidos , pofto que os ditos con-
traét:os , ou crimes em Noífa Corte fejam celebra-
dos , ou cometidos; porque tanto que forem citado~
perante quaefquer Juftiças, loguo deu em feer reme-·
tidos aos ditos Defembarguadores -das Uhas , e elles
conheceram delles 1 e os defpacharam finalmente,
como emcima dito he.
6 PERÓ em todos os cafos acima ditos nefte Ti-
tulo, que forem fobre Noífos Dereitos, que pera Nós
fe arrecadarem, os ditos Defembarguadores das Ilhas
nom conheceram , antes -os remeteram aos Veedores
de Noffa Fazenda.
7 E sE for contenda antre Nós , e os Capitaes
de cada ·hüa das ditas Ilhas fobre cafo de Jurifdi-
.çam , o conhecimento ferá do Juiz dos Noffos Fei-
tos, e nom dos. ditos Defembarguadores.
8 ITEM cada huü dos ditos Defembarguadores
fará cada fomana as audiencias das ditas Ilhas aa fe-
gunda feira, e aa quarta , e aa fefia pola rnenhâ aa
faida da Rolaçam , defp~is da audiencia dos Noffos
Feitos acabada. E do que o que fezer a audiencia
.mandar , poderam as partes agrauár por petiçam
pera
S6 O PRIMEIRo LivRo DAS ÜrtDEN. TrT. VIII.

pera os Defembarguadores do Agrauo, e nom pera


'os feus parceiros, e efto, poflo que o feito feja de va-
lia de cem mil . reaes, e di pera baixo. Porem do que
os ditos Defembarguadores das Ilhas na Mefa man-
darem , pofro que feja em cafo que paífe de cem mil
reaes , nom agrauaram por petiçarn , faluo quando
a duuida for fobre incompetencia ; porque entonce
·pofl:o que feja fob_re contia, que nom achegue a cem
mil re<res , e feja em Rolaçam por elles defembar-
guado, podcram por petiçam agrauar danre elles pe-
·ra os Defembarguadores do Agrauo.
9 · ITEM daram Cartas de fegurança real, e de fe-
guro fobre maleficios, aos moradores, e efrantes das
Ilhas , em todos os cafos , e naquella fórma que o
Noffo Corregedor da f=orte as póde dar em Nofios
Reynos. E as Cartas de feguro dos cafos cometidos
nas Ilhas, pofto que feJam de morte, hiram derigi:..
'd as pera os Juizes das ~iras Ilhas, onde os maleficios
forem cometidos, e qelles viram por apellaçam a
quem ouuer de viir, f~gundo emcima Diffemos. E
·dos cafos cometidos em Noffos Réynos polos mora-
'Clores das Ilhas hiran) derigidas pera elles mefmos
Defernbar~uadores , e elles conheceram , e daram
niffo final fentença, pqfro que feja de morte. Porem
quando aili conhecerem em o dito cafo de morte ,
lhes dará o Regedor os mais Defembarguadores, que
pera defpacho de feito de morte fam neceffarios, fe-
gundo he contheudo n,o Titulo Do Regedor.
Io I TEM dos agrauos que vierem do Chanceler
do
Dos DESEMBARGUADORES DAS lutAS. 87
. .
do Mefl:rado, e Ilhas, conheceram o~ Defembargua..
dores do Agrau0 naquella fórma, e maneira que co-
nhecem dos agrauos do Chanceler Moor.
I I ITEM poderam tomar querelas dos crimes , e
maleficios cometidos nas Ilhas , e dos que' os mora-
dores das d~tas Ilhas cometerem em NoíTos Reynos,
e por as taees querelas mandaram prender, fegundo
fórma de Nofias Ordenaçoes. E porem nom Tolhe-
mos aas outras Nofi"as Jufl:iças , que poder tenham
de as. tomar , o auerem de fazer quando pera ello fo":"
rem requeridos.
12 hEM feram obriguados nos dous mefes do
efpaço de defpachar em Rolaçam todos os feitos , em
que ambas as partes nom quiferem gouuir do efpa-
ço, e affi o difi"erem expreffamente. E bem affi def-
pacharam no dito efpaço os feitos . crimes da Jufl:i-
ça , fe as partes acufadas o requererem. ' ·
IJ hEM Mandamos ao Nofià Regedor, que em
quanto os ditos Defembarguadores das Ilhas teue.;.
rem alguns dos fobreditos feitos que defpa,char, nom
tire os d itos Defembarguadores do defpacho delles s
pera os ocupar, e meter em defpacho d'outros fei ..
tos.
14 E POR quanto nas Nofi'as Ilhas falecem ai,.
gü as peffoas abintefl:ado, e as Noffas Jufii ças man..
dam poer em focrefl:o , e guarda as fazendas que fi ..
cam por fuas mortes , e algüas vezes ficam em po~
der de alguas pefioas fem as Noffas Jufiiças fobr~ el~
e
lo prouerem ) quando varn feus herdeiros ) ou fua '
mo-

I
S8 - o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TtT. VIIf.

mo1her requerer, que lhes entreguem as ditas fazen-


das e bens, as Noflas Juftiças lhes mandam que fa-
çafll primeiro certo de comD fam herdeiros , ou mo.
Ihh , e lhes pertencem os t.aees bens , e fazendas ,
por bem .do qual lhe he ne<::effario tornar·e m a Nof-
fos Reynos tirar inquiriçoes pera f.LZerem dello cer.
to, no que fe palra muito tempo, e .guaíl:am , e fa-
zem [obre eHo muitas defpefas , e ~erendo a efto
prouer, Determinamos, e Mandamos a todos os Jui-
zes, e Juftiças .dos Luguares onde os ditos herdeiros
forem moradores, que pafiem, e mandem dar Eftor-
mentos aos ditos f.lerdeiros _,-o.u molher, de como el-
les fam herdeiros , ou molher dos ditos defuntos , e
norn h a h i outros; tirando primeiro teftemunhas,
porque fe proue elles ferem herdeiros, e outros nam,_
declarando o pa:renrefco quejando he nos ditos
Eftormentos, e fe far:l filhDs , ou irmaõs , ou filhos
<:k irmaõs. ou qualquer outro gráo; e com a dita de-
ligencia , e declaraçariJ lhes pa!Tem , e dem os ditos
EftormerÍtos , os quaes [eram Ieuados aos ditos Def-
embarguadores das Ilhas ; os quaes faram qua1quer ·
exame que lhes parecer, que fe deue fazer de Derei-
~ to pera juftificaçam dqs taees Eftormentos, e achan-
do que vem como dcuem , e que por os taees Eíl:or-
mentos , e as mais deligencias que fezerem, lhe de-
uem feer entregues as taees fazendas , lhes palfaram
fua Carta pera as Juftiças das ditas Ilhas , de como
fam hérdeiros , ou mqlher , e nom ha hi outros , e
lhes fejam entregues a~ dit~s fazendas , e heranças ,
au
Dos OuviDORES DA CASA DA SoPRICAÇAM. ~9

aas quaes Ju!tiças Mandamos que cumpram as di-


tas Cartas por elles paífadas , e ailinadas por Nós.

TITULO IX.

Dos Ouuidores da Cafa da Sopriárçam.

'A OS Ouuidores da Caía da Soprica-çam perten-


ce o conhecimento de todas as apellaçoés de feitos
crimes de-todolos Luguares de Noffos Reynos , fal-
uo dos Luguares da Comarca da E!hemadura , que
nóm forem Terras. da Raynha, ou dos Meftrados 11
ou de Senhores' de Terras, em que por bem de feus
priuilegios nom entrem Noífos Corregedores da Co-
marca ; porque as apellaçoes que vierem dos -ditos
Luguat·es, fençio Terras da Raynha, ou dos Meftra-
dos ,ou dos ditos Senhores, viram aos ditos Ouui-
dores que andam em a Cafa da Sopricaçam ; <:an-
uem a faber, das Terras da Raynha ao feu Ouuidor,
e as dos Meftrados, e Senhores, aos ditos Ouuidores
da Cafa da Sopricaçam, e as apellaçoes dos outros
Luguares da Eftrernadura hiram aos Ouuidores que
eftam na Cafa do Ciuel; íaluo fe a Caía da Soprica-·
Çam efteuer em cada huu dos ditos Luguares da di-
ta Comarca da Eftrema_dura; por que entall'l. as apel ..
hçoês do dito Luguar em que affi efteuer, e dos
:Luguares que darredor delle efteuerem ~ que norrt
forem afaftados mais de cinco leguoas; poH-0' q·ue
· f..iv. I. lY:J; fe~
90 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TlT. IX.
fejam da dita Comarca da Efiremadura. , hiram aos
ditos Óuuidores da dita Cafa da Sopricaçam. E efto-
fe nom entenderá n~s apellaço€s da Cidade de Lix-
boa, e de feu Termo, porque efias t€>das hiram aos
Ouuidores da dita Cafa do Ciuel , pofio que a Cafa
cla Sopricaçam eftee na dita Cidade, ou dentro da s
cinco leguoas della ; porque em efte G:afo quando
ambas as Cafas efteuerem na Cidade de Lixboa, :oll
em qualquer Luguar -da Eftremadura ,, os Ouuido-
res da Caià do Ciuel conheceram das apellaçoês cri-
mes, affi . do dito Luguar , como a cinto leguoas.
derredor.
I OuTRO sr tomaram con·h ecimento das apella..
çoes dos feitos ciueis , que vierem do Luguar onde
efleuer a dita Cafa dt Sopricaçam ,.e·darredot: cinco·
leguoas ; faluo eftando a dita Cafa da Sopricaçam
em a Cidade de Lixqoa, ou em qualquer outro Lu-
guar onde a Cafa dq Ciuel eíl:euer , porque em tal
tafo conheceram os Sobrejuizes ~ fegundo· Di·remos
no Titulo Dos .Sobrej 11iz..es-~ _
~ Os ditos 9u·uidores repartam as audíencra~, e-
cada huü ouça os fei~os por femanas, a qual audien ...
c ia façam defpois que fahirem da Rolaçam. Os.quaes.
Ouuidores veram o~ feitos cada huü co~o lhe fo ..
J'em deftrebuidos , el!l maneira que tantos: veja huii:
como outro.
3 E Nos feitos Cfueis àe que eUes conhecerém •·
veja-os huü primeirp ' · e defpois o outro , e fe am ....
bos. concotd~rem. ,., ~em liuramento c.omo achar.elll
eor
/

Dos OuviDORES DA CASA DA SoPRJCAÇAM. 9r

por Dereito , e fe forem em dcfuairo , veja,.os outro


.Ouuidor por terceiro , e com o que acordar fe dee
liuramento.
4 E oEs:Pois que o feito for viflo polo primeiro,
~fcreua fua tençam larguamente no feira , affoman-
do ~ e decidindo fegundo feu entender , e em outro
dia elle de fua maõ o dee a outro Ouuidor, que o ha
de veer prefente o Efcriuam , e nom lho enuic por
outrem , e o Efcriuam o tire de fobre elle loguo do
liuro, e ponha-o fobre o outro, o qual affinará no
oito liuro do Efcriuam , como fez o primeiro, e affi
todos os que taees feitos receberem.
5 Os ditos Ouuidores teram efta maneira no vecr
rlos feitos , pera milhar, e mais breue defpacho del-
les : o primeiro Ouuidor que o feito viir comece o
feito , c defde o começo del!e atee fim nom leixe
termo, nem coufa que nom veja, e em o vendo vaa
<:otando cada huú ponto que de fubftancia feja, pera
àefpois quando o affomar, ou fezer relaçam , poder
hir mais de ligeiro ao amoftrar, e achar; affi como,
onde foi dada a querela, ponha na margem em de-
reito do começo della querela, e fe he jurada , poer
em dereito deffe luguar jurada, e fe forem nomeadas
te!l:emunhas , pocr em dereito dellas tdfemu11has, c
em fim poer no cotamento della perfeita.
6 E sE for denunciaçam fem juramento , e fem
tefi:emunhas, ou com teftemunhas, e fem juramen-
to, affi o ponha na cota falece tal couJa, fegundo o
feit9 for 1 e di hirá cotando polo libelo; e conclu.-
M2 fam,
. 91 o PRIMElRQ LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. IX.
fam , e conteíl:açam , fegundo for, e. artiguos fe .d~
dos forem , poendo a cada huü primei-Po , jegundo·,
terceiro, e quarto &c. E fe hi ouuer artig]..los contraí-
ras, ou de repricuçam , affi o poerá ;. e auendo con~
filfoés ou depoimento da parte, affi o poerá, .e ver.á
a confiffam , ou depoíiçam com o artiguo, e poelo.;.
ha de fóra quando viir o feito , poendo em hüa fo-
lha de papel tal artiguoje proua por confijJam ; e fobr~
os que neguados forem , veja a inquiriçam , e em a
vendo vaa cotando as teíl:emunhas, conuem a faber.,
h'iia, duas, Ires &c~, e onde a teíl:emunha differ, po..
nha-lhc final, por que quando fezer relaçam poffa lo-
guo hir a ella , e em a folha de fóra ponha tal arti~
. guoje proua por talteflemunha &c. E quando virem o
feito , e inquiriçam , vejam os nomes das tefiemu-
nhas que foram nemeadas na querela J ou no feito ,
fe o feito he crime, e vejam fe fam todas pregunta-
das, e quantas fo.t_:_am nomeadas; e [e algüas min-
guoarem fale com outro feu companheiro, e veja fe
fazem minguoa aa rroua, . e fe minguoa fezerem
mandem-nas preguntar, ou fe polas teflemunhas
v.iirem que foram preguntadas como nom deuiam .•
ou em luguar que nolfl deuiam por o feitq tal feer,
. em antre taees peífoas ~ mande Carta que fe pregun...
tem outra. vez em outro Luguar mais conuinhauel •
e ond.e poliam dizer ·llf verdade. ·E fe o feito for no·
Luguar onde Nós. formos 1 ou atee cinco •leguoas,
preguntem.-na.s elles , IJU 'cada huü delles , e fe mais
_alQngua.d~s ío.n:m ~· e ç1ks entenderem que cumpr~
de;
·Dos OuviDoREs DA CAsA, DA So-PRicAç·.uvr. 93

.de viir dar feuS'tdl:emt.mhos aâ Corte, mandem viir


· aquellas que lhe parecer neceífario por bem de Juf-
.tiça, fe todos os Defembarguadores, que ao defem-
barguar do feiro ·forem, niffo forem conc'.ordes, com
tanto que norn fejam menos de cinco, todos con-
cordes. E nom fendo todos concordes, ou nom fen-
do ao dcfpacho-cinc.o Defembarguadores , moflrern
cflo na Mefa Grande ao Regedor , e com feu acor..;.
.do , c dos da dita Mefa., fàçam o que entenderem
feer Dereito. E vindo as ditas tefl:emunhas por cada
.h uü dos ditos acordos por bem de Juíl:iça, [eram
paguas -das defpefas da Rolaçam ; e mandando-as
viir d'outra maneira, fe paguará aa cuh:a daquélles
Defembarguadores, que as mandarem vi ir , e o Re-
gedor lho mandará defcontar de feu mantimento•
E o ·que dito he acerca do mandar viir das teíl:eml'l-'-
nhas nos Ouuidores auerá luguar -no Corregedor d<11
Corte> e em todos os outros Defembarguadores •. E
quando affi -o dito Ouuidor viir as teílemunhas , e
inquiríçam , como dito he, fe por db achar que al-
güa coufa -proua- do feito ,.veja. loguo fe tem contn- _
ditas, e fe procedem -, ou n-am-,.ou -poíl:o que proce_-
da, fe hc prouada , ·e fegundo o-que--achcw-aíJi o po- ·
nha n~ margem ,_ e de f{íra na folha·onde poem tal .
Jejiemunha diz tal cezifa-- em-tal ctrligu-o , ponh-a tem con-
tradita que procede , ou nou'l, ou que proeedtJ·, e);e·pro't
Hada , fegundo for, affi vaa cotando -pblo p-rocem~, e -
aífomando de fóra. E fc; ach~w que- a tefl:emunha1·
110m diz coufa, q_ue ao feito to'lu.e_,,ponha.no,come--
iPJ
94- o PRIMEIRO LIVRO DAS ÓRDEN. TIT.lX.
ço della nibiL E acabado affi o feito de veer , e co.-
rado, guarde a folha que rem em memorial de fóra.
E fe o :feito for crime , leve-o ,a a Rolaçam , e hi feja
defembarguado ; e fe for ciuel , ponha em foma o
feii:o , e fua tençam t1o proce!fo , e dee o feito com
fua tençam a feu parceiro.
7 E ESTES Ouuidores no defemharguar das apel-
iaçoês tenham efta maneira que fe fegue ; conuem a
fàber , defeinbarguem primeiro- as que aa Corte pri-.
meiro vierem, o que polos termos das aprefentaçoês
poderam veer ; e dl:o fe nom· entenda nos _feitos
d'ambas as Mefas, porque efl:es tanto que forem
conclufos. e por cada huú dos Ouuidorcs viílos ,
~cremos que fejam loguo defembarguados por·el-
les ditos Ouuidores , Taffi por outros mais Defem:-
barguadores que o Noffo Regedor ordenar, fegundo
por Nós he mandado. ·
8 E ESTA regra te11ham em o veer. e cotar dos
feitos todos os outros pefembarguadores, que feitos'
c;rimes Ôuuerem de ve~r. ·
9 . E BEM ASSt eni todas as Cartas que paffarem
pera te auerem de faz~:r algúas execuçoêsI , ou deli..
gencias nos feitos dos -prefos, as paflem na fórma ,
-e com aquellas claufulas que Di!femos no titulo Do
'
Corregedor da Corte das feitás crimes, no parrafo Outro
.

fi lv/andamos ao dito Corrregedor.


IO. !"TEM Mandamos ,que das fenrenças que por
cllcs OuUidores foram dadas em feito ciuel de que
·-corihecer~m , . fe ·a. p~rfe quifer agrauar 1 e paguar o,
agra-
Dos OuviDoRES DA CASA DA. SoPRICAÇAM. 95
agrauo, recebam-lho, fe a condenaçam, ou abfolui-
çam pafTar a contia de quatro marcos de prata , J10m
contando as curtas; e aílinem-lhe tetmo a que o fi-
gua, fegundo lhe por Nós he ordenado no terceiro
)...iuro no Titulo Dos agrauo.s dasJenten~as definitiuas •
o qual agrauo hirá pera os Dcfembarguadores do
Agrauo da Cafa da Sopricaçam.
1r Os Ouuidores faram liuros , em que ponha~
cada huü quando viir os feitos , e inquiriçoes , os
malfeitores que acharem. culpados, e dalos-ham em
efcripto ao Corregedor da· Corte, pera os mandar
prender , e trazer ,. fe tae.es pefToas , e feitos forem •·
que fe ajam de liurar na Corte ., ou. os mandará ou-
\!lir nas terras onde os maleficios forem feitos.
I z TENFt.AM os Ouuidores fuas a.udiencias bem,_
e honeftamente ordenadas,, e façam. q).le fejam bem:
ouuidas,.e faibam fe os Efcriuaes, que ante·elles efcre..
Bem, guardam as.-Ordenàçoes que lhe fam ~adas· ,
ou fe dam l~uramente ,. e defpacho aas partes fern
delongua , eu fe lhos dam tarde,. e com. maas repo ..
ftas , ou fe leuam mais.do que çleuem. E fe acharem· .
alguüs.culpados ,,procedam contra elles, ou o.diguani•.
ao Noífo Regedor ,, pera em Rolaç,a m.lhe feer dí.\da
a.quella.pena que mer.-e.cerern ..

'l' f,...
)

96 0. P~uMEIRo LivRo DAS 0RDEN:TrT. X.

T I T U L O X.

Do Ouuidor das CJ"erras da Ray~tba.

O Q1J.E for Ouuidor das Terras da Raynha de..


ue andar continuadamente em Nafta Corte, e def-·
embarguar na Rolaçatn os feitos ·crimes que a ·ella
vierem das ditas Terras por apellaçam, affi como ca-
da huu dos No!fos Ouuidores. E defembarguará os
feitos ciueis por fi , e das fentenças definitiuas que
nelles der poderam agrauar as partes ·, que fe de lias
f.entirein agrauados, daquella contia de que he orde-
nado que poífam agrauar das fentenças do Conege-
dor de Noifa Corte. E das i1;1terlucutorias, e manda-:
QOS que mandar, e pofer nos fe.itos CÍUeÍs, fe terá a
fórma no agrauo della~, que Di fiemos nefte Liuro no
Titulo Dos Dejemhargtfadores do Ag'rauo.
r !TEM fará continuadamfnte fuas audiencias aa
faida da Rolaçarn , corno he contheudo no Titula\
Do Regedor.
· 2 CoNHECERA' de todos os agrauos, affi ciuei3,
como crimes, que fahirem dante os Juizes das Ter-
ras da Raynha , ou d<,mte o Corregedor da Comar-
ca , que por fua auél:oridáde faz correiçarn em ellas.
Peró fe os taees agrauos pertencerem a feitos cri-
mes , defernbargualo~-ha em Rolaçal.n com os Def-
embarguadores que o Regedor pera iífo ordenar. E
os agrauos dos feitos ciueis defembarguará por fi,
como dito he nos feit9s que vierem a elle por apel-
1ª.,
Dq OuviDoR: DAS TERRAS DA RAYNHA. 97
laçam. E quando fe acertar que elle paffe, ou atra.
ueíle per cada hüa das diras Terras , poderá fazer .
Correiçam, e conhecer dos feitos ciueis por auçam
noua , ou por agrauo dos ditos Juizes, ou do dito
Corregedor da Comarca, e poderá fazer todas as·ou-
tras coufas que pertencerem fazer ao Corregedor da
Noít1. Corte: com tanto qué o dito Ouuidor nom
eftee em cada huú Luguar mais de quinze dias, e
querendo hi mais eftar nom vfe mais do dito Officio
por ninhüa guifa. E viuendo o dito Ouuidor em ca-
da hüa das Terras da Raynha, poderá no tempo do
efpaço conhecer de todas as coufas , que dle por fi
poder fazer, e dcfembarguar fem Rolaçam.
3 ITEM nom paílará ninhuü defembarguó por
Aluará, foomente por Carta affelada com Nofio Se-
lo, ou da Raj!nha , e fazendo-o d'outra guiíct, Man-
damo~ aas Juftiças da Terra que o nom cumpram •
nem façam obra por ninhuüs feus Aluaraes, faluo
.Mandados pera prender os que o de\1em feer pode-
rá paffar por Aluaraes.
+ hEM nom conhecerá por auçam noua em ni-
nhuü cafo, faluo nos contheudos nefte Titulo.
5 I TEM o dito Ouuidor dará Cartas de feguran-
ça em todo tempo e luguar, que por efte Regimen..
to póde vfar de fua jurifdiçam. 1
6 I TEM n.pm tomará conhecimento de ninhúa
coufa que pertença aos Dereitos Reaes , conuem a
faber, Portagem, Juguada, ou qualquer outra coufa
que pertença ao auer Noífo ,·ou da Raynha ; porque
Liv. 1. ' ~ ., 1 .' • . . tal..;
g·S o ·FRIMEIRO LIYRO DAS ÜROEN. T"n·. X.
tal conhecimento pertence aos Vc:edores da Fazen.i
da, ou ao Juiz dos Noífos Feitos, fegundo a qual.i..:
dade da couf.-1 fobre que fof a comenda , como ~era
os Regimentos de feus Officios do que a cada hu.li
pertence Temds determinado.
· 7 E Q!JANDO acontecer que a Raynha eftee em
cada huG Luguar de fuas Terras fem Nós , e o feu
Ouuidor hi efteuú com ella , poderá tomar conhe..
ómento por auçam noua, e por agrauo de quaef-
qu.er. contendas dos ditos Luguares, em que aili efte..,.
uer, ant.re quaefquer pefloas, e [obre qüaefquei con-
iend~s ~ léQmo dito he. E das outras coufas que a elle
vierem, . que elle por fi foo fem Rolaçar:1 póde de-
terminar; conhecer~ de todas as Terras da Raynha.
E fendo Nós hi nom tomará· conhecimento por au ..
~am noua, nem por a!?;rauo de nínhuü feito; porque
,onde Nós Eftamos o conhecimento dos taees feitos
pertence ao Corregedor da No!Ta Cor'te , que prih-.
.cipalmence reprefent<,l Noffa .Peffoa , e quando elle
he fufpeito, o Chanceler Moor dará hi olltro Ju:iz
.fem fufpcita, que ouça as partes, e faça Dereiw e
Jufhça em Noffo Nome; ca onde o dito, Corregedor
·eftaa nom póde ·outra ninhüa Juftiça fa•zer Correi-
.ç-am, nem conhec_er dos feitos que ao dito Correge:..
dor pertencem. Peró por efto. que affi ·geeralmente
Ordenamos, nam he :t'Joffa Tençam deroguar em: al-
güa parte os priuilegios outorguados aas R aynha-s
polos Reys. Noffos Anteceffores ~ e por Nós confir'..
m~dos•, .. ame ~ Mandaras , que em todo lhe fejarn
guardados, como erriç.elles for cont):leudo.. . TI-
Po PRoCURADOR QOS Nossos f;EITQS. 9..9

TITULO XI.

Do Procurador dos NofJos Feitos•

.:0 PROCURADOR dos NoíTos Feitos deue feer


.Letrado , e bem entendido 1 pera f<tber efpcrtar 1 e
.aleguar a& coufas, e razoes que aos Noffos Dereitos
.pertencem 1 pnrque fcjam por feu bom auifo os Nof-
fos Defembarguadores bem cnformauos 1 e Noffos
Dereitos Reaes acrecentados. Ao qual Mandamos,
que com grande deligc ncia ,e muito a miude req uei-
.ra os Veedores da Fazendél , Contadores , e Juizes·,
ql.le lhe qem as enformaçoes 1 que ouuerem dos Nof-
.fos I)creitos, nos feitos que fe m~utam, ou trf}uta-
rem perante o Noffo Juiz, ou que comprir de fe or-
. dena.rem por razam de No !fàs Bens e Dereitos , fe-
gundo a e!ilforma.çam que lhe dada for. E :razoe. em
os f~itos corno n1ilhor entender por Noffo Se~uiço, e
fem malícia , afli peranre o Jui7, dos Noffos fe itos,
como perante os Vecdores da fazenda, e ,qutros
quaefquer Juizes que delles deuam conhecer. E re-
queira os Efcriua,es de Ne{f.os .Fçitps, que lhe dcn;t
em rol todos os feitos que. tem> ,e·.q~Je andam·peran- ·
Je o Juiz de Noffos Feitos, aifi; fobre Jt.~rifçliçoes, !=P-
mo dos Noffo!:i R.eguenguos, .e q.~~ Juguad.~s '· e de
todos outros Pereitos Noifos. E faber:í: o t.~ mpo em
que foram começado:;, e p.orqLJe n..P.!D darn 'nelles li-
urct.mento , e dilo-ha a N6s .~ o.q 1ap Regcdor ,_pera fe
.oar ordem cowq em brçue ~fej~m ~éf<;!UQargu~d~s,.
~~ ~
100 O PRIMEIRo LivRo DAS ÜRDEN. Tn. XI.
E feja bem deligente em feu Officio a fazer tirar as
inquiii.çoes que por NoiTa parte ouuer de dar, e fa-
ber dos Veedores da Fnentla , e Juizes, e Contado-
res, e Almoxarifes a milhar enformaçam que poder
l'era os Noífos Feitos , e artiguos dclles. E affi fajpa
por elles, e por onde milhor poder os nomes das te-
ftemunhas, por que fe porra prouar o Dereito que a
Nós pertence, e affi pera as contrad1tas. ou repva-
uas aas prouas dadas contra Nós.
1 E POR euitar muitos inconucnientes , Manda--
mos que o Noflo Procurador nom refponda a cita--
çam algüa , que lhe em Noffo Nome feja feita, pera
começar nouamente feito contra elle ~ nem menos
clle mande citar em NoiTo Nome outra peífoa algüa.
nem fe oponha, nem ailifta a ninhuü feito fem Nof-
fo efpecial Mandado e quando fouber que algtru
1
;

feito fe rrauta, ou lhe parecer qu~ deue citar alguem


por algüa coufa que Nos pertença , elle No-lo fará
:faber, pera Nós niffi> Mandarmos o que ouuermoo
por Noífo Seruiço.
l Pot~EM nom lhe Embarguamos que pofl'a pro..
curar, ou voguar nos feitos dos Fidaxlguos , que tra ..
zem Noíf.1s Terras, F;.endas , ou Dereitos • e d'omras
peíToas, que traguam alguas coufas No!las, e da Co..
fOa de Noflos Reyno;'l , ajudando-os contra outras
peffoas priuadas que lhe queiram embarguar , eu
·menos paguar d~ Noífos Dereitos, ou faze•· alguü
"dino, QU minguoamepto em elles, O que poderá fa ..
~r fem Noífo: Manda~•. E quando affi procurar em
·· aL~
Do PROCURADOR Dos Nossos FEITos. 101

a1guü feito dos ditos Fidalguos, poderá delles rece-


ber , e auer feu falario como os outros Procurado-
-res. E quando fe taees feitos ouuerern de defembar-
guar em Rolaçam, razoe, ou alegue qualquer ra.
zam , ou Dereito, que por parte dos ditos Fidalguos,
ou peffoas fobreditas milhar entender. E ao re·m po
que os Defembarguadores ouuerem de dar fuas vo-
zes fe aleuante da Meíà , e nom eftee aas vozes , e
os leixe ·defembarguar como por Dereito entende-
rem , pera mais fem pejo poderem dar fuas vozes.
E nos taees feitos , pofto que o Noffo Procurador
affifta , fe os ditos Fidalguos forem merecedores de
feer condenados em cuftas , nom feram dellas efcu-
fos por lhe o dito Noífo Procurador ailiftir, ou aju4
dar.
3 E Nos feitos que Nós auemos contra outras.
peffoas, ou ellas contra Nós-, ferá o dito Procurador
prefente ao dar das vozes, e defembarguar delles • .
4 I TEM o dito Noffo Procurador fe enformará.,
fe fe trautam alguüs feitos perante os Prelados , ou
feus Viguairos , que fejam contra os Notros Derei...
tos, e J urifdiçam, pera o por Nós defender, affi por
Dereito Comum , e Ordenaçoês, e Artiguos acorda..
tios, e aprouados polos Reys que ante Nós foram,
como por outro qualquer modo Jurídico. E fe viir
que vfurpam a Noffa J urifdiçam, ou alguü outro Pe-
reito Noffo, fal_e primeiramente com o Regedoo , .().
qual o verá com a1guüs Defembargu-adores que lhe
·filem parecer • e acordando-fe. que. per.tence: a Nós 1)-
wan-
102 O PRIMEIRo LrvRo DAS ÜRDEN. TrT.:XIJ.

mandaram chamar o Viguairo aa Rolaçam, e o dito


Nofio Procurador com o dito Viguairo falem, ~ dif-
purem fobre o-cafo, e fe o dito Viguairo nom qui ..
fer reconhecer que tal Jurifdiçam , e Dereitos per-
tencem a Nós , os Dtfembarguadores lhe .moftrem
por Dereito como o conhecimento do tal neguocio
pertence a Nós , c nom a elle ; e quando nom quife-
rem conceder, daram Cartas a aquelles contra quem
os Viguairos, ou Viguairo proceder, por que os nom
euitem , nem prendam por fuas cenfuras , nem le ..
uem delles penas de efcomunguados , nem guardem,
ne m executem fuas fentenças, nem mandados , co.,.
mo fempre f~ cuA:umou em femelhanres cafos.

TI TU L O XII.
Do Prometor da Jufliça da Cqfa da Sopricaram.

O PROMETOR da Juftiça deue feer Letrado, e


bem entendido pera faber efpertar, e aleguar as cau-
fas. e razoés que pera lume , e clareza da Jufl:iça , e
pera inteira conferuaçam della cnnuem , ao qual
Mandamos que com Prande cuidado, . e deligencia
requeira todas as cou ri3-s que pertencem a a J uftiça,
em tal guifa que por fua culpa. e negrigencia nom
pereça, porque fazendo ·o contrairo , Nós lho dl:ra-
nharemos fegundo a c ~ lpa que nello teuer.
I Ao Prometer da Juiliça pertençe (quando no
Lu~
Do· PROMET. DA JusT. DA CASA DA SoPRrc. 103 ·

Luguar onde Nós Eíl:euermos , ou a Cafa da Sopti-


caçam fem Nós, e as Juíl:iças Eccleíial1icas proce-
derem por fuas cenfuras co~tra os No!lcJS Defembar-
guadores, e Juíhças, por tirarem, ou mandarem ti-
r-ar alguü prefo da lgreja ) de fal~r com o Regedor ,
pera que veja o dito caro com alguüs D efembarg ua:-
dores, que lhe bem parecer, e acord ando -fe que he
bem tirado, mandaram chamar o Prometor Eccle-
fiaílico aa Rolaçam ~ e o dito Noffo Prometur com
o dito Prometor da Igreja falem , e difputem fobre
o cafo; e fe o dito Prometor da Igreja nom quifer
1:econhecer que he bem tirado, os Defembarguado-.
r-es lhe moftrem por Dereiw como he bem tirado ;
e quand o as Jufi:iças Ecclefiaílicas o norrt. quiferem
conceder, poeram defembarguo , por que os nom
euitem por fuas cenfuras , nem guardem • nem exe-
c-utem fuas fentenças _, nem mandados , como fem-·
pre fe cuCl:umou em femelhantes cafos.
: 2 lnM ferá obriguado veer todas as inqu-i riçoes
_ que vierem aa arca das mal feitoria s, as quaes o Efcri-
uam das malfeitorias ferá obriguado _lhe entreguar,
do dia que as receber a oito dias ,- fob a pena no Re ...
gimçnto de feu Officio cantheuda. E tanto que o di ..
to Pxor:netor viir qualquer das di(as inq ui'riçoes, ti-
r-ará a rol todas as peffints que por elbs achar culpa ...
das • o qual rol mo.fhará ao Corregedor da Corte
dos feitos crimes • e lhe r·e-1uererá. que os mande
prender • e proceder con.tra dles, fegundo fórma. de
Noifas Ordenaço.ês..
J hEM
I O+ O PRIMEmo LrvRo DAS ÜRDEN. TrT. XII.

3 hEM ao Prometor da Juftiça da dita Cafa~per-­


tcnce formar .libelos contra os feguros , ou prefos,
que por parte da Jufl-iça ham de feer acufados na:
Corte por Acordo ~a Rolaçam , faluo onde ouuer
querela perfeit~, ou /quando o Seguro conteífar o ma-
leficio na Carta de feguro; porque em cada huú dos .
ditos cafos o fará por mandado do dito Corregedor ,
ou de. qualquer outro Defembarguador, que do feito ·
Conhecer. E porem nos cafos onde nom ouuer que-
rela , nem confiifam da parte ; poerá fua tençam na
deuaffa , pera com elle dito Prometor fe veer em ·
Rolaçarn , fe deue feer acufado , ou prefo , ou abfo-
luto. E aíli fará nos ditos feitos quaefquer outros ar-
tiguos ,.e deligenci.as, que forem neceífarias por bem
de Juíl:iça. Porem nom curará de razoar nos ditos
feitos fobre final ,_ f.1luo em alguü feito de impor-
tancia , onde lhe for mandado por Acordo da Rola-
1

çam.
4 I TEM o dito frometor entreguará as Cartas
que fahirem dos feitos da Juíl:iça, e dos outros fei-
tos que o Noífo Procurador ouuer em Noff'a Corte,
que lhe por o Noifo Procurador, \OU Solicitador fo ..
rem entregues, e aíq as dos prefos pobres , e defem-
parados , e todas outras que a bem de \Juftiça , ou
aos Noff'os Feitos pertençam, aos Caminheiros da di-
ta Cafa, que as leuerp a aquelks Luguares pera @nde·
fürcm derigidas , e t raguam loguo certidam I da obra,
e deligencia que fe por ellas fezer. E o Solicitador
da Juftiça poerá el'I\ lembrança perante o Prometor
o dia,.
Do PRO.M ET. DA JusT. DA CAsA DA SoPntc. 105

o dia,em que as ditas Cartas foram dadas aos Cami-


nheiros, e o tempo em que com as repoftas dellas
tornaram , pera fe veer fe poferam em ello a deli-
gencia que deuiam. E os que forem negrigentes
apontalos-ha o dito Solicitador, e dilo-ha ao Rege-
dor , o qual lhes defcontará de feus mantimentos
aquello, que por fuas negrig·e-ricias nôm mérecàãin.
5 TERA' iífo mefmo cuidado de veer nas repo-
fl:as que os Caminheiros trouuerem , fe os Correge-
dores, ou Juizes, ou quaefquer outras pe!Toas a que
as ditas Cartas hiam derigidas , foram negrigentes
em comprir o que lhes por ellas era mandado, e re-
querer aos j' ulguadores ~ por que taees Cartas paffa-
ram , que procedam contra elles, e todauia mandem
comprir todo o que das ditas Cartas ficou por fazer. -
6 ITEM o Prometor ha de dar certidam aos Ca-
minheiros , como tem fer-uido como deuiam , pera
por fuas certidoes o Regedor lhe mandar paguar os
mantimentos.
7 E DEFENDEMos, e Mandamos que em ninhüa
Cidade , Villa , ou Luguar de Noffos Reynos, e Se..
nhorios ., nom aja Prometor da J uftiça , faluo . nas
.Noífas Cafas da Sopricaçam e do Ciuel , e affi nas
Correiçoes em cada hüa auerá huü Prornetor , que
por Nós ferá dado; porque nas outras Cidades, Vil.:.
Jas , ou Luguares de Noffos Reynos , o mefrno Ta-
·haliam, ou Efcriuam que for do feito fará o libelo,
.e dará as teftemunhas fegundo Diremos no quinto
Liuro no Titulo Da ordem que ft terá 120s feitos cri-
Liv. I. · O mes
106 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. XIII..
mts &c. E do que o Tabalíam, ou Efcriuaro feze),"o
como Prometor , nom lhe ferá contado fa)arío de
promei:oria, foomente lho contaram aas regras co-
mo outra efcriptura do feito ,_ que como Tabaliam

--
efcreue.

-----,
T I T U L O XIII.

Do Eftriuam da Chancelaria.

TANTO que o Efcriuam da Chancelària for pro..


uido do Officio, ante de o feruir jurará que bem e
verdadeiramente o ferua , guardando inteiramente
feu Regimento a feruíço de Oeos , e Noffo ,_ e bem
·das partes. ·
1 ITEM o dito Efcriuam nos dias das dadas dar
I

Cartas , que com ellc defpois de viftas , e pairadas


polo Chanceler Moor , fe ham de dar e defpachar
aas partes naqueHas que forem de Officios, em que
fe deua de fazer jura.mento na Chancelaria~ e nom
forem de qualidade a que o Chanceler Moor fegun-
do feu Regimento por fi o aja de dar , tomará os di-
tos juramentos por fl aos que de taees Officios· forem
prouidos , na maneira feguinte: Eu Foam juro aos
Sanélos Auangelhos em que ponho as maõs, que bem,fiel,
t v erdadeiramente jer~1a ejle Oificio , de qtte me E!Rey
Nqffo Senhor fez merce , guardando inteiramente o Regi-
mento que del/e me he 4ado ajen;i~o de Deos, e de Sua
.dl-
Do EscRtVAM DA CHANCELARIA. 107

Altrza, e bem , ejujliça das partes. E 11om leuarei fala-


Yio, TUJJJ percalço algrúi fóra do que me daa o meu Regi-
.tJJento , e Ordenaçoes do dito Senhor.
2 E TOMADO affi por elle o dito juramento, af-
fentará por fua maõ , e fob feu final nas cofias da
Carra do tal Officio :Eu Foam tomei por mim jttramell-
to a Foam, e dt:Ju diJJo fee: e fem dto nom pafiará Car-
ta de ninbuü Officio. E fe nom leuar a fee do dito
Efcriuam nas cofias, de como lhe o dito juramento
deu na maneira que dito he, nom lhe ferá tal C<.rta
guardada, nem poderá .feruir o dito Officio, e fer-
uinda-o lhe poderá feer pedido, como fe nelle fe-
zeffe taees erros , porque o por bem de Noffas Or-
denaçoes deueffe perder.
3 I TEM dará as Cartas como forem affeladas per-
.anre o Recebedor, e nom fero elle, e ponha em ellas
pagua por fua maõ , fegundo fórma do Regimento
da taixa da Chancelaria ; e como pofer a pagua na
Carta , efcreua-a no liuro , porque efTe Recebedor
ha de dar conta do que receber ,. e guarde bem o li-
uro ; porque afóra efTa arrecadaçam fe pÕdem mui-
tos liuramentos dar por elle. E fe elle duuidar, ou a
parte fe agrauar delle, leue-a ao Chanceler Moor; e
fe a parte, ou o Rendeiro, ou o Recebedor nom qui-
ferem eftar pola determinaçam do Chanceler Moor •
o dito Efcriuam leue a Carta fobre que for a duuida
aa Rolaçam, pera com o dito Chanceler Moor hi
feer vifia , e determinada.
4 ITEM regifie todas as Cartas que pera rcgiftar
O4 fo-
J08 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. XIII.
forem, conuem a faber, todas as que paffarem com
feio pendente, excepto fenrenças , Cartas de Vaffàl-
los , Seguranças Reaes, Cartas de merces de coufas
moueis, e regifte-as em tres liuros de bons purgu'a-
minhos, que pera efl:o tenham ordenados de boa !e...
tra,. e bem ordenadamente efcripta ; conuem a fa-
ber, em huü liuro regiftará Doaçoés, Padroes, Offi-
cios , e aforamentos; e em outro todas as Cartas que
paífam polos Defembarguadores do Paaço; e em ou-
tro priuilegios , liberdades, aprefentaçoes de Igrejas,
e todas as outras de quaefqu.er qualidades.
5 E NOM confenrirá que parte algüa regifte fua
Carta, nem outra peífoa, mas toda.Jas Cartas que fo.
rem pera regifl:ar , regifte-as elle, ou outro feu Efcri..
uam , que pera ello tenha Nofio Aluará, e que feja
ajuramentado. E qualquer pelfoa que fem Noffo AI'.;.
uará no dito Officio ~fcreuer , auerá a pena de falfa..
rio ; e porem o dito ;Efcriuam da Chancelaria nom
ferá defobriguado- das penas que os ditos Efcriuaes ,
que por elle efcreuem merecerem, por quaefqucr er-
ros que nos ditos Offiçios fezerem: e des que a Carta
por elle, ou por o dito. E.fcriuam for regiftada , a
concertará o dito Efcriuam da Chancelaria , e affine
por fua maõ em fim d_o regifto de cada' hüa Carta.
E feno regiíl:o ouuer rlgüa interlinha, ou ,refpança-
mento , ou borradura , referue-a affi o dito Efcriuam
em fim do dito regifto , e affine por fua ma5 , em
guifa que fe nom poffa em ello fazer falíidade. e fe
fe fezer ~ que loguo pareça; e todo efto comprirá affi
o di..
Do EscrHVAM DA CHANCELARIA. · · 109

o dito Eícriuam principal, fob pena de priuaçam


do Officio. 'J

6 E ToDALAS Cartas que forem de Graça, ,que


por Nós nom furem ailinadas , e o forem por aquel ..
les Noffos Officiaes , que por bem de feus Officios e
Reg imentos as taees Cartas deuem pa!far, ·ponha
em húa ementa, e tragua a Nós ao menos duas ve-
zes na fomana , e ponhá em effa e.menta todas as
forças das Cartas, e por quem paffam ,e as que Nós
Mandarmos que paHem , ou nom, fegundo o que
Nós Mandarmos affi ·o efcrcuerá loguo , na ementa ,
a qual ementa Nós aflinaremos, e o dito Efcriuam a
guardará muito bem. E a dita ementa defpois que
por Nós for ailinada, leuará o dito Efcriuam , ou
mandará ao Cbanceler Moor, pera ao tempo do af-
fel ar das Canas as concertar com ella , e loguo fe
tornará ao d ito Efcriuam.
7 E PORQQE a ementa he a maior confiança que
no dito Officio ha , fe o dito Eícriuam for doenre ,
ou ocupado em outras coufas, que por fi nom po-
,der defembarguar com Nofco a dita ementa, nom
dará carreguo a ninhuu que a Nós tragua; faluo fe
for homem a Nós bem conhecido, e por Noífo AI..
uará aprouado.·E aquelle que com Noíco. defembar..
guar a dita ementa, dará as Cartas della • e lhe poe...
rá as paguas. .
8 E QyANDO acontecer, que na dada das Cartas
alg ua das partes nom vier requerer fuas Cartas, e fi ..
carem por dar, Mandamos a eífe Efcriuarn , que ast
Car~
I ~· IO o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜR.DEN. TIT. XIII.

'Ca·rtas •que ficzarem ponha todas em hüa arca; de


que elle tenha húa chauc, e o Rec ebedor outra.
9 E QUÚIDo em outro dia 'ouuer de dar as Car-
·t as, que nouamente aífel arem , entaà1 dem as outra-s
:que ficaram, e as que ficarem por dar fempre fiqu em
•em .fua. guarda .fechadas na dita arca , em tal •g uifa,
/ '(jUe fe nom , poíiam furtar, .nem fazer em •ellas outra
m aldade algüa. · ·
10 ITEM o dito Efcriuam ha de f..1zer todas as
Cartas d os defembarguos, que penencem ao Chan-
,c;e]er Moor, e efcreuer os procefios que forem ordé-
.:nados perante o Chanceler Moor , que a fl!u Officio
' pertencerem.
1r E FAÇA em t-al guifa, que feja bem deligentc
·nas coufas que a feu Officio pertencerem , e reguei:..
~ra ao Chanceler Moor por feus defembarg uos, e fale
com elle cada vez qu e coinprir fobre as duuidas que
1

~teuer, ou' qtfando as P:artes .fe agrauarem das paguas,


, como dito h e.
I 2 E PERA o Efcriu ~ m da Chancelaria fc1be.r
•como fe ham d'arreq.dar as dizemas das fentenças-,
'aale m do que na taiXíl da Chancela't;ia h e contheude>,
··é affi pera a todos fee r notorio, Ordenamos , e Man-
damos por fazer merce ao Noli'o pouo , poft~:> que
· atee aqui as dizema ~ da s fentenças fe ar.recadali'em
d'outra maneira, qu er daqui em diante as di,zemas, e
, vintenas , ou quarentenas ·,de todas as fel'l ~<mças fe
-árrecadem por efta maneira. Se a fentença, condena-·
:toria nom paifar de cem tia de trinta mil reaes , o ven-
'. ) ce-
Do EscRIVAM DA CHANCELARtA. ~q

cedor pague loguo ao tirar da_fentepç~ da Chancela ..


ria toda a dizema que nt:lla montar ; faluo fe o ven..
cedor loguo hi amofl:rar, e fezer certo, como o con ..
denado nom tem bens , nem fazenda, por que fe por-
fa auer o que lhe he julguado , e mais a dizema, fe
a polo dito condenado p aguaffe ;·porque em tal cafq
ferá entregue a fentença ao vencedor fem paguar a
düa dizema, e ficará refguardado ao Noífo Receb.e-
.dor , ou Rendeiro poaer arrecadar a tal .d izema po-
lo condenado , [e ao defpois teuer bens , por que a
poffa paguar. E fendo a conde.naçam de maior con-
tia nom ferá theu do o vencedor paguar dizema,
nem vintena , ou quarentena d·a tal condênaçam ,
.mas tirar-fe-ha a verba da dita condenaçam , pera
por ella fe fazer Carta de execuçam , e f~ arrecadará
a dizema, vintena, ou quarentena, que em tªl cafo
couber, polos bens do condenado, e nom fe tir(\rá,
nem desfalcará coufa algüa do que ao vencedor for
julguado. E nom fe achando tantos bens, por que fe
todo poffa auer , ferá primeiro paguo o vencedor do
que lhe for julguado, e pala mais fazenda ·do con-
denado , fe a teuer, fe arrecadará pera Nós, ou pera
o Rendeiro qu.e neífe tempo for, a dita dizema, vin...
tena, ou quarentena, fem por ello o condenado po..
der feer pref0, ficando refguardado ao Noffo Rece-
·bedor, ou Rendeiro ( fe ao tempo que fe deuem ar-
r.ecadar as dizernas fe nom acharem bens do conde..
nado) fazer execuçam polos bens, que lhe ao.defpois
forem achados em qualquer tempo que feja.
/ TI... -:
I u o PRIMEIRO LIVRO DAS 0RDEN. TIT. XIV.
TI TU L O XIV.

Do Meirinho Moor.

-Ü MEIRINHO Moor deue feer ho~1em de gran-


de fangue, e mui principal , que as coufas de muita
·i mportancia, quando lhe por Nós forem mandadas ,
ou por Noffas J uíliças requeridas, pofia bem fazer.
J I TEM a feu Officio pertence prender peffoas
d'Eílado, quando lhe pot: Nós for mandado, e affi
-grandes Fidalguos , e taees, que as outras Juíliças os
nom poffam bem prender. E iffo mefmo aleuantar
forças , que por homens de femelhante maneira ·,
conuem a ftber , Senhores de Terras , e grandes Fi-
dalguos, fejam feitas quando por Nós lhe for Man-
dado.
2 !TEM ao que 'for Meirinho Moor pertence de
poer de fua maó huu Meirinho, que ande continua-
damente na Corte , pera aleuantar as forças , e fem-
razoés que em ella forem feitas, e prender os mal-
feitores, e fazer outras coufas J que famcontheud~s
em o Regimento de feu Officio. E efte tal ferá Ef-
cudeiro de boa linhagem , e conhecido por bom , e
· poílo por autl:orida1:ie Noffa, e que delle Ajamos co-
nhecimento pera o aprouar por pertencente pera fer-
. uir no dito Officio ; o qual auerá em quanto feruir
todos os proes , e dereitos contheudos em feu Regi-
Ulento.

TI-
Do AL M oT A c E Mo o R. 11.)

1 I TU L O XV.

JJo Almotare Moor..

O ALMOTACE Moor ha de andar continuada,.,


mente em Noffa Corte , e deue feer peffoa que com
boa conciencia e faber ferua o dito Officio, guar-
danho o que cumpr~ a Noffo feruiço, e bem do Nof...
fo pouo. E terá cuidado de bufe-a r tantos e taees re..
guataes , com que Nofla Corte fempre feja bem
abaftada de todos os mantimentos, e que fe obri.
guem a feru-ir com as mais aze~alas , e rnelhore3·
que poderem , e H}es dará Cartas de feus priuilegios
per elle affinadas, as quaes Cartas pairaram em Nof-
fo Nome , e hirarn aa Ementa, os quaes priuilegios
fará inteiramente guardar; e aos ditos reguataes fe
nom guardaram os ditos priuilegios atee nom terem
as Cartas deiles pairadas pela Noít1. Chancellaria, os
quaes regt~ataes elle mandará aflentar em hYÜ)iuro
que pera ello terá, pera faber quantos fam, e pera fe
auer de proucr acerca de feus feruiços , fegundo a
.neceffidade que dello ouuer. E bem affi conftrangerá
os ditos reguataes que cumpram em todo . aquello
que fam obriguados , affi pelas' Cartas de feus priui-
legi.os , como per efte Noífo Regimento; conuem a
faber , que traguam aa NQffa Corte , em qualquer
Luguar que Nós Efteuerrnos , pam, vinho, carne,
e pefcado , e toqolos outros mantimentos abaftada-
mente que necdfarios forem. Os quaes mantimentos
Liv. I . f. p.om
/
~ 14- O P~tiMU~to Ltv. DAS ÜRDEN. Tn.XV..
r.om traguam dentro de cinco leguoas donde Efie-
l:lermos , e achando-fe qu~ os trouxeram de dentro.
de cinco leguoas,. Mandamos que fejam p€rdidos '·
e ametade leue ·oAlmotace Moor,.eaoutra meta-
de o Meirinho de Nolfa Corte quando elle acufar ;·
e quando nom acufar , nom leue mais que a quar-
ta parte , e quem acufar. a outra quarta parte •.
E efia defefa, conuem a faber, que norn traguam·
os mantimentos de dentro d~ cinco lt?guoas , nom
aja luguar , . quando Nós Andarmos caminho ; por..
que entam poderam trazer os ditos mantimentos
a hua leguoa derredor. E outro fi nom auerá luguar.
nos pefcados ,. os quaes os ditos reguata~s podçram
comr.rar em quaesquer Portos de Mar, ou Rios; po..
fio que Nós em eHes ou acerca ddles Efi~mos .. E os,
ditos reguataes venderam os mantimentos que affi·
trouxerem d'alcm do dito !emite por Almotaçaria·
1

que o Almotac~ M<)Or lhe poerá •. fegundo Ih~ jufl:o. '-


parecer. E Defendçmos que os ditos reguatac:!s fe
nom partam de NoíTa C2orte fem lit:ença do Almota ..
<;e Moor ~o qual lha dará fe lhe parecer. neceffario 11,
l'eixand9 porem feu mancebo~ e befias que feruam
em Nofra Cor.te , em quanto elle for abfente.
1 E A todos outros reguataes e vendeiros dos
l.uguares onde f'ormos , o .Almotacc Moor fará·
vender os. mantimentos. pelo regimemto e efl:ado da
Terra , em que eft<j.uam ante de Noffa cheguada •.
E fobreuindo algüa fllOOr carefiia , fale com Nofco •
pera Nós .Pro~er.mos acerca do crecimento dos pre..
i~~ ~
D o A L .M "o 'f A cE M o o R. ú s
,·z S"ERA'·auifado t> Noffo Almotace Moor de fa ...
ber de N0s os Luguares per onde, e pera onde Aue-
mos de hir, pera mandar recado a cada huü dos di-
tos Luguares ., que façam preítes mantimento~ em
tal guifa, que quando Cheguarmos Achemos aba ..
·:flança daquello que neceífario for~ E tanto que Che-
guarmos ao Luguar ., faça ajuRtar os Juizes> . Verea-
dores, e Procurador, e Almotaces, e faiba d_elles co-.
mo eflâ o Luguar prouido de carniceiros , ãlmocre..
ues ., pade-iras., tauem.eiras., e d'outras c<mfas que ne..
·ceffarias fam pera mantimento de Noífa Corte , e
prouerá onde achar desfalecimeruo ~ e coftrangua a
-c"ada huü dos fobreditos ., queferua tom aquello q~e
:a feu Offic.io pertença., e bem affi prouerá que o Nof..
.fo camiceiro corte cada dia a carne que for obri-
guado.
3 E ENI cada Lúguar onde Formos, auerá logu<:»
<oo Efc.riuarn da Carnara t}S nomes das Vintenas, ot1
:dos Luguares, e Cafaes, f e h i vintenas nom otmer; e
faberá parte de todos os palheiros , e per feus Alua..
·raes mandará dar palha aos de Noífa Corte , e fell
·Efcriuam ·leunrá' de cada· huu A1uat'á âous reaes..
E no dar da clitã pa·lha auerá refpeito aa eftada que
hi Ouuermos d'efhr, 'fegundo a que na Comarca
.Ouuer ., dando a cada beila pera vinte dias h \ia · re ..
'de, e pagua-r-fe-ha ao dono da p~lha ci!lco reaes
por rede. E o azemel que tomar a palha fem o Al-
-uará -3 ou f em a _paguar , feja prefo ; e da cadea pa.,
P 2 gue
n6 O PRIMEIRo Lrv. DAs 0ROEN. TrT. XV.

·· gue quinhentos reaes , ametade pera quem o acufar •


e a outra metade· pe·ra feu dono da palha& ·
4 OuTRO si ~cremos, qu€ cada laurador que
laurar com hüa charrua .. ou com huü arado, e dahi
pera cima , fa.ça palheiro da palha que ouuer, de que
fe n.a m ha de aproueitar ; e qu~lquer que o dito pa-
lheiro. nom fezer , e leixar perder. a palha , pague de·
pena quatrocentos reaes. E os outros lau,radores que
laurarem com trilhoadq_, oufingel ,_e nom fezerem
os ditos palheiros ,. e leixarem. perd.er a: palha· como
dito he, paguem duzentos reaes, ametade pera quem
os acufa.r ,_e a. outra metade pera a piedade. · E efto
fe entenda em te.cmo de Lixboa, Sintra, Alanquer ·,.
Obidos, Torres Vedras, Santarem ,_ Tor,res Nouas~
Coruché , Salua.terra •. Benauente ,_ Monternor o No..
uo ,Euora, 1\rra.iolos, , Eftremoz,_Eu ora Monte, Ve..
mieiro,, e Beja-, d;oimbra-, e- Mont:emor o Velho •·
Temugal ' · Pereira,. Villa noua d'Anços ,_ e aili em.
quaesquer outros L;uguares a que for mandado dizer
pelo· Almotace -Mo,or. que. Nós Auemos. d~-hir · inuer...o
nar•.
5 O ALMOTA.C:~ Moor mand·à rá: poer hüa balan:.:.
ça pubrica. com. p~:fos aa porta do açougue onde o.
N:offo carniceiro cqrtar. a. carne , com a·. qual eftará o
porteiro d'Almota1;:aria , ou huü homem do Meiri...
nho, pera veer fe o pito carniceiro pefa beem, e como
deue., a <Zarne que corta-; -e achando que nam pefa
bema. e como deue a. carne como dito he , aja as pe~
nas
n·o A L MO TA C E MO O .R. I 17
nas que forem pollas pelo Regimento da Cidade, ou
Villa onde acontecer, aos que fam com prendidos
em a!TI nom pefar bem; e da pena do dinheiro aue-
rá ametade o que teuer a balança, e a outra metade
ferá pera a Piedade. E ella mefma maneira teram
com os carniceiros das Villas, e Luguares onde Elle-
uermos, quando a balança do Concelho h i nom eO:e-
uer.
6 E NOM confentirá, que no Lug uar onde For-
mos fe faça o pam mais pequeno do que he con-
theudo no Regimento aqui pofto ; e fe o rtlais pe-
queno fezerem, mande ao Meirinho que o tome,
e o dee aos prefos , e mande aas padeiras que dem
pam em abaftança, fegundo a Ordenaçam que lhe
por elle ferá dada i, e n0m "fazendo e! laS a!TI I paguem
as penas em que achar que caíram, as guaes feram
pera o Almotace Moor, ou pera o Meirinho , qua·l
delles as primeiro comprender ;- e fendo achado po..
los Almotaces do Luguar fejam pera. o Concelho •.
Per ejle Regimento f eram as padeiras cojlra~tgidas
dar o pam que vmderem.
7 ITEM valendo o triguo a quatro reaes o alquei-
re, fazendo delle quatro paens, vem a cada huú
pam de real feffenta e cinco onças.
8 I TEM valendo a oito reaes, e fazendo delle oi-
to paens, vem a cada huü pam de real trinta e duas
onças.
9 ITEM valendo o triguo a doze reaes J e fazen-
do
n S O PRI.M.EIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XV•
.do ddlé doze pa:emr, vem a cada huu pam de real
vinte e hüa onças e dous terços d'onça.
10 · ITEM valendo o triguo a dezafeis reaes, fa-
zendo ddle dezafeis paens , vem ·a cada pam deza-
feis onças e quarto d'onça.
r I I TEM v.alendo o triguo a vinte reaes o alq uei-
re , fazendG delle vinte paens, vem em cada huu
.pam de real treze onças.
r 2 ·I TEM valendo o triguo a vinte e quatro re-
aes, faze~do delle vinte e quatm paens • vem a ca-
da·huü pam de real dez onças e cinco fextos d'onça.
IJ ITEM valendo o triguo a vinte e oito reaes o
.a lqueire , fazendo em elle vinte e oito paens , vem a
cada huü pam de real noue onças e duas oitauas e
terço d'onça.
14 hEM valendo G triguo a trinta e dois reaes
b alqueire, fazendo em elle trinta e dois paens, vem
-a cada huü pam de refll oito onças e dúas oitauas.
I5 lTHf valendo q triguo a trinta e feis reaes o
alqueire , fazendG em elle trinta e feis paens , vem
a cada pam de real í~te onças e pouco menos de
quarta d'oitaua. . 1

. · 16 · ITEM valendo o triguo a qúarenta reaes , fa-


Zendo em elle quarenté\ paens, vem a ca'da pam de
real feis onças e meia.
· q ITE-M valendo o triguo a quarenta e cinco
D"eaes ·o alqueire. fazendo em elle quarenta e cinco
paens , vem a cada huü pam de real cinco onças e
'=is oitauas e quarto d' oitaua.
!8

\
Do A L M O TA cE MO O R. . 1 J9

1S lTE M valendo o triguo a cincoenta reàes o al-


queire , fazendo em elle cincoenta paens , vem a ca..o
da huü pam de real cinco onças e quarta d'onça.
19. hEM valendo o triguo a ci,{coenta e cinco
reaes o alqueire, fazendo em , elle citH::oenta e cinto·
paens, vem a cada huu pam de real· quatro onças
c cinco oitauas, e tres quartos d'oitaua. ,
20 ITEM valendo o triguo a fe!fenta reaes o ai:..
queire, f~zendo em elle fe1fenta paens, vem a cada
huú pam de real quatro onças e terço d'onça·.
2I ITEM_ valendo o triguo a fetenta reaes o ai ..
queire, fazendo em elle fetenta paens , vem a cada,
huü pam de real tres onças c .cinco oitauas e tre.s
quartos d'oitaua.
22 _ I TEM valendo o triguo a fetenta e cinco rea':"
es o alqueire , fazendo em elle fetenta e cinco paens.,.
vem a cada huú pam de real tres onças e tres oita-
uas e dous quartos d'oitaua.
23 lNEM valendo o triguo a oitenta reaes o ai..
queire , fazendo em elle oitenta paens , vem a cadJ.l·
huü pam de real: tres onças c quarto d'onça.
24 E MANDAMos que todas as medidas, e pefos.,
c varas, e couados fejam tamanhas como as da Nof-.
fa Cidade de Lixboa, e nom_ fejam maiores nem
menores. E o Almotace Moor trazerá cornfiauo os
b
padroés de todos os pefos , e medidas, e em cada
huü anno duas vezes no dito anno ( conuem a f.1ber
hüa em Janeiro, e outra em o mes de Julho) no Lu-
guar onde ·Efteuerrnos fará affinar , "e igualar aquel.;..
les;
120 O PRrMEIRo Lrv. DAS ÜROEN. TrT. XV.
les que per neceffidade de feus Officios ham de teer
pefos, ou medidas, per que compram e vendem,
affi da Corte , como do dito Luguar ; e qualquer
que for compreendido prefente duas tefl:emunhas,
ou per fua confiífam , com medida, ou pefo nom
marcado , e nom concertado , e concordante com u
padram , ou pofl:o que feja juflo e concertado com
o padram, fc marcado nom for, pague aquelle em
cujo poder for achado duzentos e oitenta reaes, e
mais feja prefo, e punido por Dereito, fegundo a fal-
fidade, ou malícia em que for achado. Porem no ca.
fo onde for achado. o dito pefo , ou medida marca-
da, e .nom concordante com o padram, fe fe moflrar
que foi por culpa do afinador, ferá releuado da dita
pena, e o afinador a paguará. E leuará o Almotace
Moor d'afinar os q itos pefos e medidas , o que fe
acufturnar de lel.far nos Luguares onde Efl:euermos.
2 5 E os carniceiros e pefcadeiras, affi da Corte,
como do dito Luguar, feram obriguados a afinar os
.pefvs cada dous mefes hua vez.
26 E sE os ditos pefos ou medidas forem marca-
das com as marcas do Concelho, ou com a marca
que traz o Almotace Moor , e nom forem jufl:os e
<:oncertados com Oi> padroes, em efl:e cafo fe tenha
a maneira feguinte.
2 7 ITEM o almqde de vinho, em que for achado
erro de canada, P<tgue aquelle em cujo poder for
achado 'duzentos e p1tenta reaes. E por erro de mea
canada cento e quarenta reaes. E por erro de quarti-
lho
Do A- L Mo TA c ! Mo o R. I 21

lho no almude fetenta reaes. E da hi pera fundo


nom pague coufa algüa. E na arroba em que for
achado erro de huü arratel, pague de pena duzentos
e oitenta reacs. E por erro de meio arratel na arro:..
ba, pague cento e quarenta reaes , e di pera fundo
foldo a liura.
28 E sr-: na vara ou couado for achado erro de
dous dédos, pague aquelle em cujo poder for acha-
da duzentos e oitenta reaes. E por erro de huü de-
do cento e quarenta reacs. E por erro de meio de-
do fetenta reaes.
29 E NO marco de prata, em que for achado er-
ro de me.ia onça ._ pague aqudle em cujo poder for
achado quinhentos e fefienta reaes. E por erro de
quarto d'onça pague duzentos e oitenta reaes. E por
erro d'oitaua d'onç.a pague cento e quarenta reaes~
E por erro de me·ia uitaua d'onça pague fetenta re-
ae~, e di pera fundo a eífe refpeito, e nos pefos d'ou-
ro , -fe for pefo de ciUzado, ou nobre, e for em elle
achado erro de huü graõ , pague aquetle em cujo
poder for achado cento e quarenta reaes , e por er...
ro de dous graõs pague duzentos e oitenta · 11eacs, e
di pera cima a effe refpeito. E fe for pefo de jufl:o,
ou ·dóbra, ou coroa, ou efcudo, ou qualquer outra
peça d'ouro, e for erro de huü graõ , pague fetenta
reaes , e por erro de dous g raC:s cento e quarenta
reaes , e di pera cima a e!fe rcfpeito, e de g raõ pera
fundo nom deue auer pena nos pefos d'ouro. " quan-
to aas outras medidas e pefos meudos q,ue ~qui norn
" Lv. L Q_ íarn
122 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XV.
fam declarados, que forem marcados e nom concet.
·tados com o padram , , guarde-fe acerca dello a Or.
denaçam , ou vfança de qualquer Cidade, Villa, ou
Luguar em que Nós Formos, e nom fe leuem ou-
tras moores penas do que pelas ditas Ordenaçoés ou
vfanças fe foem leuar ; e eftas penas fejam pera o
Almotace Moor, ou pera o Meirinho, qual delles
primeiro os ditos erros achar : e fendo achados pelos
Almotaces das Cidades, Vil las , ou Luguares, fejam
• 4iS ditas penas perá os Concelhos , e aa.lem deílo as
pefl"oas em cujo poder as ditas medidas , ou pefos,
forem achados , fejam, prefos , e punidos per Oerei-
to, fegundo a falfidade ou malícia em que forem
·achados.
30 E PORQ!lR os Officiaes dos Concelhos fai-
}>am quaes e quantos padroés , e medidas, e pe.
Jos fam obriguadc>s teer , e iffo mefmo as peffoas
que per razam de feus Officios fam obriguados teer
pcfos , e medidas, o Declaramos na maneira feguin-
te. Em as Cidades , e Villas' de Noífos Reynos , e
Senhorios, que fi>rem de quatro centos vezinhos e'di
pera cima teram os padrões de metal feguintes, con-
pem a faber, huú quintal que pefa cen~o e vinte oit();
arrates de dezafei~ onças o arratel, e tem em fi ?ez-
afeis peças, conuem a faber , a maior peça que he·
a caixa com fua copertura do mefmo metal, que pe..
fa meio quintal. Item tem outra peça d'arroba. Irem.
tem outra peça de meia arroba. Item tem outra. pe-
ça de quarta, que fefa oito arratés. Item tem outra
pe"'!
Do A L M oTAc g M o o R. 12J
....
péça d'oitaua, que pefa quatro arrate6. Item tem
outra peça , que pefa dous arrates. Item tem outra
peça, que pefa huú arratel. Item tem out.ra peça •
que pefa meio arratel , que he huü marco , qtJe f.1m
oito onças. Irem tem outra peça, que pefa quar_to
d'arratel _, que he meio marco, que fam quatro on~
ças. Item tem outra .peça que pefa duas onças, que
he oitaua d'arratel. Item tem outra peça, qu(: pefa
híia onça. J:tem tem outra que pefa meia onça. Item
tem outra peça , que pefa duas oitauas. Item tem ou.
tra peça , que pefa húa oitaua , que he huü cruzado.
Item tem duas peça.a de meia oitaua cada híia.
31 E os Concelhos que forem de duzentos vezi.
nhos atee quatrocentos teram foomente meio quin~
tal , e di pera baixo todos os pefos acima contheu.
dos. E os Conce.lhos que forem de duzentos v.ezi•
nhos , e di pe'ra baixo teram foomente hüa arroba, e
todos os outros ·pefos de hí.ía arroba pera baixo aei..
ma contheudos, fem os taees Concelhos de duzentos
vezinhos pera baixo ferem obriguados terem ni~
nhuús pefos d'ouro.
32 ITEM todas as Cidades e Vilias de Noffos Rey...
nos, e Senhorios , de qualquer numero de vezinhos
que fejam , teram padram de vara e couado , e me.
didas de pam , conuem a faber, alqueire , e 'meio
alqueire, e quarta d'alqueire; c medidas de vinho •
<:onuem a faber , almude , e meio almude , canada •
e meia canada , quarrilho, e meio quartilho. E _ me~
didas de azeite~ conuem .a faber 1 alq.1:1eire 1 e meiq:
Q..2 al...
~ 24 O PRIMEI.lf.O Lrv. DAs ÜRDEN. TrT. XV.
alqueire, e quarta d'alqueire, e aili as outras medi ..
das meudas, fegundo fe cufl:umam nos Luguares.
33 E Esns padrões de pefos, e medidas eftaram
em húa arca, ou a} mario do Concelho com duas fe ..
chaduras, a qual arca ou almario efl:ará na Camara, e
o Procurador do Concelho terá hua chaue, e o Efcri ..
uam da Camara terá outra , e per effes padroes fe
concertaram quaesquer · pefos e medidas outras, que
fe derem pera o dito Concelho, ou pera fóra delle , tt
feram marcadas da marca do Concelho aili eftes
·· como outras quaesquer medidas, ou pefos que por
elles fezerem , as quaes marcas dos ditos pefos e me..
didas efl:aram com os ditos padroés bem guardadas
Ha dita arca ou almario; e feram auifados que os di4
tos padroés nom fairam fóra da dita arca ou alma..
f'io., foomente per~ a cafa da Camara quando forem
Receffarios. E llOI1) os empreftaram a ninhüa peffoa,
nem pera por elles afinarem outros fóra da dita Ca.
mara , nem pera pPl' elles pefarem, foom.ente na di..
ta. Camara como qito he ;. e por cada y.ez. que o·c'on...
t:rairo fezerem , paguaram mil reaes os Officiaes, que
ndlci foiem · culpados , a· qual pena ferá pera o-Al-
motace Moor, ou pera o Meirinho d<t Nofla Corte .
qual delks os ditO!.; Officiaes na dita· c'ulpa primeim
<;:omprencter, ou pera. o Concelho. ; fe·o. Procu-rado.r
do Concelho.o,primeiro-requerer. Porem.es. afinado ..
r.es teram , outros ta ees. pefos ,. e·~di das concordan-
tes·com. os '{()breditos., pera por elles afinarem aQ
t;.onçdh..o~ tir.ando ,meia, arroba~_e di pera..,cima ~. por....
q~~
J) O · A L M· O T A C E M O O R. I 25

que e!1es· nom terá o afinador, <\ntes quando alguü


guifer afinar meia arroba , e di pera cima, hirá afi-
nar aa Camara.
34 E MANDAMOS que daqui em diante peffoa al-
güa de qualquer ef1ado ' c condiçam que feja , nom
feja oufado de teer outros defuairados pefo.s, nem
por elles vender, comprar, receber, nem entreguar
coufa algüa, -e todos comprem , vendam ,. e entr.e-
.guem por arratel de dezafeis onças, e a. ef1e refpei-
to o quintal, em que ha hi cento e vinte oito arrates
rlas ditas deza(eis onças, e pelos outros fobreditos
pefos. E qualquÚ que for achado teer os ditos pe-
.fos defordenados , e nom afinados pelos ditos pa-
~droês, ou com outros pefar qualquer coufa, porca-
da vez que em ello for comprendido ,. ou. lhe. for
prouado por verdadeira prol!a ,_Mandamos·que feja
condenado nas penas ,.que por Noífas Ordenaçoés
fam poftas aos que pef.:1m por pefos f:·\lfos, comQ.
emcima dito he.
J5 . E AS peJToas particulares, que fam obrigua..
pos <l teer·pe[os c medidas ,. fam as .feguintes.
36 Os Ouriuezes tera"mhüa. pilha de-quatro mar~
cos , conucm a faber , dous marcos na pilha ,. c dous-
nos outros pefos miudos. ·
_ 37 Os- Reguat~és da Corte ,.q_ue vendem pefca--
clo ,, t:eram oito a.rrates , e quatro ar._rates , e dois .
arrates, e hum arratel, e meio arratel , e duas quat'-·
tas d'arratel, pelo padram da Corte. E os .das Cida-
. des, Villas, e. ~uguare~ teram eftes pefos afinados:
p.elgs padroe_s dos Concelhos~- ' ~ ~.
n6 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TtT. XV•
. 3 8 ITtM os Carni'ceiros teram arroba, e meia ar-
rdba, e quarto d 'arroba • e quatro arrates, e d.ois
arrates , e arratcl , e meio arratel, e duas quartas
d'arratel.
39 Os Cerieiros teram arroba, e meia arroba.
e quarto d'arroba, e quatro arrates ,. e dous arra.:.
tes , e huü àrratel , e meio arratel , e duas quartas
rl~arratel, e de'fafeis onças pelo meudo, que fam
hu ü àrratel.
40 Os que -fazem candeas de feuo teram efte~
pefos, conuem a faber, dous arrates, e huú arratel ~
e. meio àrratel.
4 r ·Os Ciddeireiros teram arroba, e meia arro-
ba ·, e quarto d'arroba' , e quatro arrates, e dous ar..
rates , e huíí arratel, e meio arratel, e hüa quarta,..
e duas oitauas d~arn1-tel.
42 Os que fazem beeftas d'aço teram quatrõ
arrates, e dous arr~.tes , e huú arratel, e meio àr.:.
rate,l, e duas quarta~; d'arratel.
43 Os Boticairos ·teram · dous arrates , e mei'o
arratel , e duas ,quartas
.
d 'arratel ' , e dezafeis on\d
• I
polo meudo ~ que fim\ arratel, e•oito oitauas polo
rneudo, que fam hüa onça, pera pefarem as me..
finhas. 1 ·
44 As Fruteiras, que vendem ft:uita a pefo ,, te..
ram dous arrates, huü arratel', e meio arra:tel, e
duas quartai d'arra~el.
45 Os ·que verid~m fabam a pefo, teram arra.-
tel , e meio arratel , e quarto d'arratel.
0 O A L M O T A C E- M O O R. I '17
46 Os Marceiros , e Efpecieiros teram arratel,
e meio arratel , e duas quartas d'arratel , e huü ar-
/
ratel pelo n)eudo ds: onças e oitauas. . ,
4 7 Os Moleiros , e f\.tafoneiros ; e Acenheiros
feram obriguados ·teer meio alqueire , e maquia , e
[eram afinados duas vezes no anno como dito he ,
fob a dita pena.
4 8 E ESTAS peffoas fufo efcritas feram obrigua.-
das teer caha huúos pefos emcima declarados, e
nom os teram ,dobrados, e os hiram afinar duas ve··
zes no anno como dito he pelos padreés dos Con~
celhos onde forem moradores; e os que andam em
Noffa Corte, pelos padroes do Almotace Moor.
Porem os Regu_ataes qt.ie venderem pefcado , e os
Carniceiros feram obriguados afinar cada dous mefcs
hüa vez cor.no em cima dito he. E qualquer das ditas
peífoas, que o~ ditos pefos nom teuer , ou teuer do..
brados, ou os nom afinar no dito tempo como dito
hc , pague por cada vez duzentos e oitenta reaes.
49 I TEM os Tecelaes de pano de linho ·teram
meia arroba, e quarto d'arroba) e quatro arrates J -
c dous arrates , e huü arratel , e meio arratel , e
<luas quartas d'arratel.
50 ITEM os Tecelaes de pano de laã teram arro•
ba, e meia arroba , e quarta d'arroba, e q.u atro ar.-
rates , e dous arrates, huú arratel ~ e dou~ pefos de
Jneio arratel cada huü.
5l I TEM os Tintureiros teram hua arroba , .e·
meia arroba, quarto d'arroba., quatro· arrates , é·
dOU$
dous arrates , e huü arratel, e dous meios arrat-és,
e outro arratel feito em onças e oitauas.
52 I TEM as Tecedeiras de veos te·JJm oito on~
ças, e quatro onças , e duas onças, e húa onça, e
meia onça.
53 PoREM os ditos Tecelaes, e Tintureiros , e
Tecedeiras nom feram obriguados a hir afinar
feus ·peros mais que hüa vez em cada huü anno,
conuem a faber, no .rnez de Janeiro, Peró fe nom
-teuerém os ditos pefos todos , po{ qualquer que lhe
falecer paguaram a dita p~na, e affi fe os nom afi-
narem em cada huü anno ao dito tempo.
54 OuTRO si os Mercadores de pano de cor te.
ram vara e couado. E os Trapeiros, que cufl:umam
vender pano de linho, oú burel , ou alrnafegua , otl
outra qualquer "?ercadoria que fe cufl:uma vender
per varas, teram varas , e as ditas varas feram duas
vezes ·no anno afi Jadas, conuem a faber, hua em Ja ..
neiro , e outra Cfl11 J uiho , polos padroes dos Con.
celhos como dito he, fob a dita pena.
55 E os que çuílumam comprar 1 ou vender vi ..
n1ws em groffo, terarn almudes, e meios almudes,
-" E os que venderem vinhos atauernados, teram ca ..
·nadas, e meias q.nadas, e quartilhos, e meios quar..
til hos.
56· E os que çufiumarem de comprar e vender
azeite em groffo, teram alqueire, e meio alqueire,
e qua'rta d'alqueire. E os que venderem azeite pe ..
lo meudo teram a.quellas medidas pequenas, que
nas
Do A L Mo TA cE - M o o R. 129

nas ·Cidades , Vi lias , e Luguares onde venderem fe


cufiumam teer.
57 E Too.As as ditas medidas feram afinadas
duas vezes no anno , como dito he, e quem as nom
teuer, ou as nom afinar aos ditos tempos, pague a
dita pena. Porem todas as fobreditas peffoas parti-
culares,que por efie Regimento fam obriguadas teer
os fobreditos pefos ou medidas , fe viuerem fóra das
Cidades, ou Villas, e viuerem nos Termos, nom fe-
ram obriguados a afinar mais que hüa vez no an-
no, f. no mez de Janeiro ; e nom as afinando ao di-
ta tempo encorreram nas fobreditas penas.
58 E A ALEM das peffoas em cima declaradas •
que cuftumam comprar, e vender, e por razam de
feus officios fam obrigúados teer os pefos e medidas
a cada huü deputadas , nom feram outras peífoas
confl:rangidas que ajam de teer pefos ou medidas ; e
aquelles que alguns pefos ou medidas quiferem teer
per fuas vontades , nom feram obriguados ·as afinar •
nem marcar fe nom hüa foo vez quando as ouuercm,
é poderam dellas vfar em 'quanto boas e verdadeiras
forem, defpois que am marcadas forem , e afinadas.
Peró fendo-lhe achadas nom marcadas, ou nom ju-
ftas e verdadeiras com os padroés ;. encorreram nas
penas que emcima f.:1m declaradas.
59 E .AS fobreditas penas feram pera o Almo-
tace Moor , ou Meirinho de Noffa Corte, qual del-
les primeiro os erros achar. E efio fe entenderá on-
de a Noífa Corte efteuer, e nom em outra parre, e
Liv. I. R fen-
130 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDtN. TtT. XV.

fendo achadas pelos Almotaces das Cidades, Vi !las,


c Luguares, fcjam pera o Concelho, como dito he.
6o E MANDAMos que eftes padroes, pefos, e
medidas que o Almotace Moor ha de trazer comfi~
guo, fejarn feitos aa <:u!h da Noffa Chanccllaria , e
de hi fe pague hüa befta pera os leuar do Luguar
donde Partirmos ao Luguar. onde Ouucrmos de
hir. I
6 I O ME m TN H o de N offa Corte poderá trazer
outro fi padroés de pefos e medidas , pera veer·
mais a miucte fe os Reguataes·de Noffa Corte peCam
e medem verdadeiramente , e achando-os em erro
leue-lhes o dito Meirinho toda a pena. Porem o Al~
motace Moor proueja cada mez os padroes do dito
1\tlcirinho, e outro fi fe o fez bem; e fe o Almotace
l\.1oor achar que o Meirinho o nom fez como deue ._
leue pera fi as pe~as de quem o mal fezer, e digua-o-
a Nós pera o Cdliguarmos como merecer.
62 ~ANDO o Almotace Moor viir que he ne-
celfario, fará viir os mantimentos perfeus Alua~Taes.
dos Termos dos ~uguares onde Efteuerrnos , e affi
das Comarcas der·redor , nom ' paffando de oito le~
guoas, e a cada vintena dará Aluará sk conhecimen~
to do que trouuerem , e de c~da Aluará nom leuará
em
mais que dous rez~.es ; e fe algua peífoa Harticu~
lar quifer Aluará de çonhecimento do que ttiouxe,
nom leuará mais que huü real do dito conhecimen~
.to. E fe alguüs tomarem por força alguüs mantio~
menta~ , ou befl:as nos· Luguares , e Comarcas onde
afii
Do ALMOTAC-E MOOR . I jl

affi Efl:euermos , paguaram as penas que Diremos


no fegundo Liuro no Titulo .~e os Senhores , e Fi-
dalguos nom tomem mantimentos, e das ditas penas fe-
ram quinhentos reaes , fe a tantos cheguarcm as pe-
nas , arnetade pera o Almotace Moor , e a outra pe:..
ra o Meirinho da Corte, e o que mais for de qui-
nhentos reaes nas ditas .penas , ferá a pricado pera as
partes, ou Luguares ahi ditos.
63 MANDAMOs que todos os que d'alem de cin-
co leguoas, do Luguar onde Nós Efl:eucrmos, trou-
uerem mantimentos aa Corte , nom paguem, fc'lltio
meia fifa, com tanto que nom fejam moradores den-
tro das ditas cinco leguoas. Peró [e os que m0raJ·em
dentro das ditas cinco leguoas forem pelos. manti.,.
mentos aalem de cinco leguoas per confl:rangimen-
to , paguaram foomente a dita meia fifa , com tanto
que os nom traguam dos Termos dos Luguares •on-
de viuerem, pofto que os Termos fejam aalem das
~ inco leguoas, e vendelos-ham em luguar a_partado,
nos luguares onde bem fe pode fazer, em maneira
que fe nom mefl:urem com os da Vil la, os quaes veii'-
deram pelo rniudo aas pefloas que os ouuerem me-
fier , e nom a Regataés , nem a outras pe!Toas pera
reuender ; e fe as venderem em groffo paguem roda
a fifa. E Defendemos aos das Vil las, c Luguares on-
de aili Efl:euermos, e bem affi aos Reguataes , que
nom comprem pera reuender coufa algüa dos ditos
mantimentos, e os que o contrairo fezerem percam
o que a·ffi comprarem 1 ametade pera quem. os acu-
" . R2 far,
132 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TlT. XV.
far, e a metade pera a Piedade, e eílo aalem das pe..
nas .que por Noífas Ordenaçoês forem poftas aos que
compram pera reuender.- E quando o Almotace
Moor viir que os ditos mantimentos fam poucos ,
mande-os repartir.
64 E EsTo que dito Auemos do paguar da meia
fifc1, nom fe entenda quando Nós Eíl:euermos na Ci~
dade de Lixboa. ,
6 5 Ao Almotace Moor pertence mandar com-
.prir as Pofturas feitas fobre as eíl:erq ueiras , canos, '
fontes, chafarizes; e poços , e mandar penhorar os '
Almotaces que achar negrigentes, çada huü por tre-
zentos reaes por cada vez, a qual'pena ferá a metade
pera fi, e a outra metade pera o Meirinho. E nom
achando fobre ello feitas PoCI:uras, Mandamos que
.clle com os Officiaes deífe Luguar em Camara façam
I
Poftura, e ponham aquellas penas que razoadamen-
.te lhes parecer, as quaes_ loguo fará apreguoar, e
comprir , como dito he.
66 E BEM ASSI mandará apreguoar tanto que a
a1guü Luguar Cheguarmos, que tenham os Vezinhos
as praças , e ruas limpas, e que ninhuü nom lance
çugidade algüa nos ditos Luguares, f~b a pena que
Jhe bem parecer, nqm paífando de quinhentos reaes,
e mais ferem theudos a paguar o que cuftar a alim-
par a dita çugidade.
67 ' OuTRO SI aq Almotace Moor pertence man-
dar ali mpar , e ref<Jfzer os caminhos., e calçadas, e
pontes nos Luguar~s onde Efteuermos , e derredor
atec
Do A L M o T A c ]'; M o o .R. J 33

atee cinco leguoas , conftrangendo pera ello os Offi-


ciaes dos Concelhos.
68 . E PERA o Almotace Moor comprir inteira-
mente o que pertence a feu Officio, Mandamos aos
Mei rinhos de Noffa Corte , e aos Corregedores das
Comarcas , Ouuidores dos Mefrrados , e a todolos
Juizes , e Jufiiças , Alcaides, e Meirinhos das Cida-
des , Vi lias, e Luguares de NoiTos Reynos , que cum-
pram feus mandados acerca do que pertence a feu
Officio , como , e pela maneira que cumprem os
mandados do Corregedor de Noffa Corte. E da con-
denaçam das penas em que elle nom teuer parte •
nom aja delle apellaçam , nem agrauo, atee contia
de mil reaes. E nas penas em que elle teuer parte ,
Damos-lhe Iuguar que elle poífa mandar penhorar •
porem leixalas-ha julguar ao dito Corregedor da
Corte.
69 MANDAMos que todas outras penas de dinhei-
ro que elle pofer nas coufas que a feu Officio per...
tence , ametade feja pera o Meirinho de Noífa Cor-
te , e a outra metade pera fi , ou quem elle quifer.
E pera efto que dito he, lhe Damos Jurifdiçam , e
Alçada·atee a dita comia. E quanto ao julguar das
ditas penas ter-fe-ha a maneira fobredira.
70 O DITO Almotace Moor nom póde fazer Cor..
reiçam das coufas 1obreditas , que a feu Officio per-
tence, fe nom no Luguar onde Nós Efieuerrn~s, ou
Noffa Corte , atee cinco leguoas derredor.
71 E Dl"YE teer huü Porteiro pera fazer as cou-
fas ,
134 o PRBiEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. XVI.

fas , que lhe elle Almotace Moor mandar, nõ que a


feu Officio pertencer , o qual auerá mantimemo, c:
veftir, affi como o ha . o Porteiro d'ante o Correge-
dor da Corte.

T I T U L O XVI.

Do Meirinho que anda na Cor/e em luguar


de Meirinho Moor.

Ü QUE for Meirinho Moor ha de poer de fua


rnaõ huü Meirinho , que ande continuadamente na
Corte, pera aleuantar as forças, e femrazoês que em
el.la forem feitas , e prender os malfeitores , e fazer
outras coufas que fam contheudas neftc Regimento
das coufas que a-(eu O'fficio pertence. E efl:e deue de
- feer Efcudeiro de boa linhagem , e conheçido por
bom ., e pofl:o por auél:oridade Nol1a , e que delle
Ajamos conhecimento pera o aprouar que em tal
Officio aja de f~ruir ,o Hualleuará os dereitos em efte
Regimento contheudo~, que fam os que a elle per.,.
fencem.
I I TEM o Meirinho Moor , ou aquelle que na
Corte ·andar por elle, teu ará de todos os Reguataés ,
que n~ Corte andarefl1! , das pefcadas que aa Corte
t-rouuerern a vender, de cada carregua que c~da huü
trouuer hüa pefcada atee quatfo carrcguas; e fe
mais carrcguas trouxer de pefcadas, ou d'outro pef-
c~do , por eífa vez nor,n leuará mais. .2:
Do MEIRINHO QYE i'1NDA NA coRTE ETc. 135

2 I TEM de carreguas de congros , e toninhas , e


d'outro pefcado grande, affi como euos, chernes, e
outro femelhante ,Ieuará hüa poíl:a do lombo de huü
palmo de cada carregua atee quatro carreguas , e
mais nom. E fe nom for carregua aí11 como d'huü,
dous , atee tres peixes , nom leuará ninhüa col!fa, e
mais leuará feu dereito do outro pefcado miudo 1 fe
com elle o trouuerem, atee quatro carreguas, como
dito be.
3 hEM de cada carregua de faueis leuará huu
atee quatro carreguas , como diro he.
4 · hEM dé carregua de vefuguos, ou de muges,
ou d'outro qualquer pefcado rniudo , fe for pequeno
leuará atee quàtro carreguas hüa duzia de cada car-
regua , e fe for grande meia duzia.
5 hEM fe trouxer hüa carregtJa de canejas , ou
arraias , ou caçoês pequenos , Ieuará de cada carre-
gua huü peixe , e de cada carregua dos caçoes ~ ou
arraias grandes leuará hl"1a pofia aree quatro carre-
guas, affi corno dito h e dos congros ., e tori-inhas.
6 · hEM fe trouuercm huü folho, e o venderem
a po(las , hüa pofta; e fe o leuarem junto pera Nós,
ou pera algüa peffoa , nom leuará ninhüa coufa ; e
pofl:o que traguam mai1> folhas , nom leu ará mais de
hüa pofta de carregua aree quatro, como dito he.
7 hEM de linguados, e falmonetes, e peixe
efcolar, e lampreas, nom Ieue ninhüa coufa. -_,,
8 !TEM de büa carregua de vinho leue hüa ca•
aada atee quatro carreguas.
9
IJ6 o PRIMElRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. XVI.
9 !TEM de carregua de ceuada húa quarta atee
quatro carreguas.
10 lT.nM de panos .. calçado, triguo:; fruitas, ou
d'outros quaefquer mantimentos que trouxerem ,
nom leuará ninhÜa coufa.
I 1 I TEM dos que vie·rem de fóra da Cidade, Vil-
la, ou Luguar, e Termo donde Nós Efieuermos , _e
for por confirangimento ; e trouxerem ceuada, leua-
rá de cada carregua hüa quarta atee .quatro carre-
guas , como dito h e. E clos OL!tros mantimentos nom
leue coufa algua. E iíl'o mefmo nom leuará ninhúa
coufa dos que vie-rem de fóra por fua vontade. E dos
que vie.r em da Cidade, Villa , ou Termo a dentro ,
pof<to que venham por confirangimento, nom leuará
nada. ··
.[ 2 I TEM . dos ~eguataes , e Carniceiros que na
Corte andarem , ~ afóra o Noífo Carniceiro , e o da
. Raynha minha muito .amada: e prezada Molher, ou
do Príncipe , e o dos Infantes ) ieuar.á de cada boi
hu·Ú lombo, e de çada vaca huú lombo, e de cada
porco hui:i lombo dos pequenos, e de cada carneiro
às tuuaras.
I3 I TEM faça em tal guifa o dito Meirinho. que
os de rei tos que ha d'auer dos Carniceirps, e·d'outras
peífoas , que os rrqueira no dito dia ' ou atee outro
dia a mais_tardar f e nom o fazendo, Mandamos que
os nom poífa mai~ demandar , e fe os demandar bom
'ferá ouuido em ]4izo.
14 hiM dos (,ia Villa, e Tenno onde Nós For.
mos,
Do MEIRINHO QlJE ANDA NA CoR TE ETc. 137
mos , e aili de todos os que aa Corre trouxerem de
'fuas vontades a vender paro , viNho , carnes , e pef-
cado, e outros quaesquer mantimentos, nom leua-
rá ninhüa couÍ:'l.
15 !TEM em quanto Nós Efleuermos em a Ci-
dade de Lixboa, ou feu Termo, o Meirinho nom le-
uará ninhüa coufa, porque atee agora -nom o leua-
·ram, faluo dos Reguaraes da Corte, fe hi quiferem
dl:ar e vender.
16 hEM o Meirinho da Corte leuará penas de
efcomunguados, e dos barre-gueiros cafados, e de
fuas barreguans, e mancebas dos Creliguos, Fra-
des , e Religiofos que pTender, e acufar, e as coimas
das beftas que achar, e das mulas, e lindeiros meno ..
res de marca quandÓ forem defefos, e todas as ou-
·tras penas que ham de leuar fegundo as Ordena-
çoés , que exprefiamente mandam que fejam pera o
Meirinho, e afE as armas que o Meirinho da Corte
tomar na Corte. As quaes armas, e mulas, e coimas
fufo ditas , fe partiram por eíla guiCa : leuará o Mei-.
rinho am etade, e feus homens que com elle forem •
{lU as acharem , a outra metade.
17 hEM prenderá os que achar nos malefi.cios,
e arroid0s, ou lhe for requerido por qualquer peffoa
nos ditos arroidos, e antes que os leue aa cadea le~
ua-los-ha perante o Corregedor. E geeralmente
prenderá todos aquelles , que por o Corregedor ll-te
.for mandado por Atuará por elle affinado, ou po..r
quúsquer Officiaes No!fos por Aluaraes. por elles,_af..
- ·.Lá;. L . ·S- fina ...
-I38 o PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. xvr.
finados) no que a feus Officios pertencer , e poder
teuerem pera mandar prender.
18 h ~M .onde quer que Nós Formos, fejam da ..
das pouf.1das ao Meirinho pera elle e feus homens •
e pera os ditos Reguaraês, e Carniceiros que na Cor..
te andarem, e elle lhes dee as poufadas corno viir
que cumpre.
19 hEM o Meirinho he theudo de defender os
Reguataes, e affi todos aquelles que aa Corte trou ..
uerem os mantimentos, que lhe norn façam força
em tomarem o feu , contra fuas vontades ; e fazen-
.do-lha alguüs, acodirá a iffo como for Jufhça , e
nom o fazendo affi, paga-lo-ha por fua fazenda;
faluo fe a pefioa) que a!Ti forçof.1rnente o fobredito
fezer , for tal que elle por fi o nom polf.1 remedear;
entam elle o fará faber ao Corregedor do Crime de
Noffa Corte per4 niffo prouer. .
20 hEM ferá obriguado correr de noute o lu ..
guar em que Nóp Eíteuermos aquellas·oras que por
o Corregedor dos feito{ crimes lhe ·for ordenado •. e
com elle hirá fempre huü Eícriuam que pera ello
teuer Noffa Prouifam. E Defendemos, e Mandamos
ao dito Meirinhq, que nom leue mais dereiws) do
que agui nefl:e fe\.1 Regimento he contheudo, e faça
as coufas como lhe he mandado, fob pena de per-
der o Officio) e mais auerá a pena que por Nolfa
Ordenaçarn he ppíta a aquelles que leuam mais do
tontheudo em feu Regimento.
2-1 ITEM. o Iyleirinho hirá fazer execuçoés de
.pe--:
Do MEIRINHO DAS CADEAS n c. 139
penhoras , quando lhe for mandado polo Correge~
dor, com o Porteiro e Efqiuam, e leuará o Meiri-
nho de cada penhora , e execuçam vinte reaes aa
cuíla do condenado.
22 OuTRO sr Mandamos, que ninhuú homem
de qualquer dos Meirinhos de Noffa Corte, nem das
Correiçoés, e Ouuidorias , poffa encoimar fem huu
homem bom . ajuramentado pera ifTo elegido polos
Juizes , e Officiaes do Concelho , e fazenao-o fem o
dito homem bom, noJ;Il lhe ferá dado fee a coufa
que fezer.

T I T U L O X VII.
Do Meirinho das Cadeas, e do qut aJeu Officz~
pertence.

O MEIRINHO das Ca.deas hade e!l:ar na Rola-


çam, todos os dias em que fe fezer, preíl:es com feu
Officio J pera fazer o que lhe mandarem , de pren~
der, e trazer 'prefos , e qualquer outra coufa que a
bem de Juíliça cumpra.
I E Q.YANDO acontecer que o dito Meirinho for
ocupado em algüa coufa que cumpra _a bem de Ju~
ftiça, em modo que por Noflo Mandado, ou do NoJfo
Regedor, ou Corregedor da Corte leixafle de vii'r aa
Rolaçam , em tal cafo o dito Meirinho Jeixará ca•·
da dia dou~ feus homens na Rolaçam, os quaes eíl:a..·
· S2 ran~
140 O PRIMEIRo Liv. DAS ÜRDEN. TfT .. XVII.

rarn nella atee fe acabarem as Audiencias todas.,


que fe fazem aa faida da Rolaçam. E o Me'i rinho
que fem o fobredito mandado kixar de eíl:ar na Ro-
laçam como dito he , ou quando nella nom efl:euer
por teer a fobredita licença nom leixar os ditos ho-
mens, ou poflo que os elle leixafle, os ditos homens»
ou cada huCr dclles, fe folfem antes das ditas Audi-
encias ferem acabadas, perderá dous toftoes por ca-
da vez, os quaes lhe fei-am defcontados de feu man-
~imento. Porem no cafo que elle leixar os homens,
e elles, ou cada huü delles fe forem, o dito Meiri-
nho fará diffo certo ao Regcdor, o qual mandará
defcontar do mantimento dos ditos homens , ou de
cada huü delles, os ditos duzentos reaes. E Manda-
damos a todos os Defembarguadore$, que as Audi-
enciàs fezerem , 1 que cada vez que na Audiencia
nom acharem o ~i to Meirinho ,ou os ditos dous feus
homens, o façam loguo faber ao dito Regedor, pem
os. punir , como dito he.
2 E TEKA' qÜdado em cada huü dia Ieuar ' por,
fi, ,ou fe~s homen~ ,_ todos os prefos da cadea da Cor..
te a faz er fuas nf.ceilidades , aos luguares que pera
iffo forem ailinac~os, quando outro remedio · nom
1
euuer pera fua hida fóra fe poder e fcufar. E elle e
. feus homens harr1 de leuar os prefos aà.s Aud'· encias.
do. Corregedor, e alli dos Ou ui dores, ou quanâo lhe
for por cadii huú delles mandado. E ha ele reqÚeren
o Carcereiro que ponha boa guarda nos prefos, e fe
.~. fa.z.er. n~m. qui;~~r. requerer ao Corregedor, que ~
~on:"!
Do MEIRINHO DAS CADEAS ETc. 141

coníhangua , e ponha hi 'tal prouifam como fejam


)Jem guardados, e d'outra guifa Tornar-nos-hemos·
a aquelle, por cuja negrigencia íe feguir alguü dano-
aa Jufl:iça. E ha de prender quando lhe for manda-
do por o Corregedor da Corte, ou por quem teuer.
poder de mandar prender por Aluaraes por elles af-_
:finados , ou achando as pdToas em taees maleficios
por que com razam deuam feer prefos; e em tal ca-
fo os leuará loguo ao Corregedor fem os leuar aa ca-
dea. E ha de feer Juiz das mancebas folteiras, que
andam na Corte, conuem a faber-, de arroidos que.
ajam hüas com G>u~ras ,. que ·foomente fejam de pa.-.
I auras.
3 ITEM ha d·e leuar de cada hüa dellas quatro
reaes em cada h~;~ú fabado, porque cllc h a de mandar ,
varrer as Audiencias do Corregedor da Corte , que
cllas auiam de var.rer fegundo cuftum(: antiguo.
4 hEM ha d'auer dos homens que mandam de-
guolar, e enforcar, ou morrer por J uftiça, do mo.n-
te moor húa carceragem por cada huü que affi for ~
jufhçado, e elle ha d'auer mantimento pera fi, e oi- ,
to homens que com elle andaram , pera fazer o que·
comprir a feu Officio.
5 ITEM todas as carcer-agens de Noífa Corte fe·
partiram em duas partes igua.e s, e o Meirinho Moor
ha ·de leuar hüa dellas , e da outra fe faram treze·
quinhoes , dos quaes o Meirinho das cadeas ha de;
!cu ar dez , e o Meirinho da Corte dous ,_ c o Carce-!.
~eiro huü~

' •.
14-2 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XVIII;
6 ITEM o dito Meirinho hirá fempre com a ca ..
dea da Corte, quando for de huu Luguar pera outro,
pera fazer re.ceber, e aprifoar os prefos nos Lugua ..
res onde t:heguar. E nom confentirá que os ditos
prefos fej am mal trautados , nem lhes feja feita ni-
nhüa femrazam por ninhüa peffoa.
7 E QyANDO a cadea da Corte ouuer de parti.r
daram tanta gente a o Meirinho das cadeas , qu~
abafl:e, pofl:o que aja bolfa , e pofto que tenham pri..
tJilegio pera nom receberem prefos; por quanto os•
taees priuilegios fe nom entendem , quando a cadea
da Corte vai por a dita Terra affi priuilegiada.

T I T U L O XVIII.
Do EJm+am dos feitos d' E!Rty.

O ESCRIVAWf dos Noffos feitos poerá boa dé..;


ligencia em guard;u os Noffos feitos, e faça delles
I"ol , e da-lo-ha ao Noffo Procurador , e fe viir que
o Juiz , ou Procuré,l.dor nom fam bem deli gentes ao
defembarguar e requerer , faça outro rol delles , po ..
endo o dia em que forem começados, fe por ap~l­
laçam vierem, e o dia que aa Corte cheguarern, e
ila-io-ha a Nós, ou ao Noffo Regedor pera o veer,
e fazer ·defembarguar a aquelles que entender que
<:umpre , e reprend~r aquelles por cuja negrigencia
fam detheudos.
Do EscRIV:AM nos FEITos o'ELREv. 143

1 hEM o dito Efcriuam com muita deligencia


fará loguo todas as Cartas de quaesquer defembar-
guos que fahirem pera fe fazerem quaesquer deli-
gencias, ou pera fe tirarem quaesquer inquiriçoes
em Nofios feitos, e as diHá a affinar ao Juiz, ou Jui~
zes dos NoHos feitos, por que ouuerem de fecr affina-
das, e tanto que for affinada a entreguará ao. Noffo
Solicitador pera a fazer aífellar; e como lhe for da ..
da o dito Solicitador, e bem affi o Noffo Procura-
rlor faram fazer a dita deligencia como nella for
contheudo.
. 2 E coMo o feito for defemoarguado por fcnten ...
ça definiriua, o dito Efcriuam fará loguo a dita (e_n-
tcnça , e fe for dada por Nofia parte a fará affinar, e
affelar; c tanto que for feita , e affinada, e affelada ~t
ferá loguo tresladada em huü liuro de purguaminh()
em boa letra, e defpois que for tresladada, e co.ncer-
tada, de-a ao Nofià Procurador, ou aos Noffos Vee...
dores da Fazenda, aos quaes Nós Mandamos que
façam.fazer execuçam, e defpois que for feita torne..
fe a fentença ao Eferiuam. E pera fe milhar guar-·
darem as Efcripturas, e feitos, e femenças, Manda-
m0s a efie Efcriuam, que defpois de os feitos fer~m
defembarguados por fentenças, ou as fenrenças exe-
cutadas, que os gmrdê bem. E quando for em Lix-
boa dê-as a aquelle que teuer a chaue da Torre dG
Tombo, pera nella fe auercm de lançar com as ou-
tras NoJI:1s Efcripturas, ao qual Mandamos que'Ihe
tome os ditos feitos J e fentenças , e os ponha elll\
hu~,
'1·4+ O PRrMURo L1v. DAS 0RDEN. TrT; XIX.
i1Uu almairo apartado pera eíl-o , e defpois que o li-
uro em que as Efcripturas e fentenças forem regifta-
"das , como dito he , for acabado , ponha-o em a di-
ta Torre no dito alrnairo. E as fentenças que defpois
furem dadas, tresladern-nas em outro liuro de pur-
guaminho de tamanha marca como o outro , e def-
pois que for acabado, façam-no enquadernar , e
ajuntar com o outro , e ponham-no na dita Torre;
e affi fe faça fempre defpois que o liuro que o Efcri-
oam trouxer dos ditos regiíl:os for acabado, o qual
liuro e fentenças em elle contheudas Mandamos que
façam fee. E Mandamos ao dito Efcriuam que feja
bem deligente em todas eíl:as coufas , em tal guifa
que por fua culpa fe nom percam ninhuús feitos,
ou Efcripturas, e que fejam os ditos regiíl:os feitos, ·
e boa guarda em elles poíl:a como dito he, fob pe-
na de priuaçam do Officio, e de lho Nó:> Efl:ranhar..
mos grauemente como for Noffa Merce.

----~·------------------------·-------
TITULO XIX.

Do Ejçriuam das malfdtorias.

O ESCRIVAM das mal fei torias fará huu liuro,


em o qual efcreuerá todas as fentenças que o Corre-
gedor der, que fej ~ m de quinhentos e quarenta reaes
pera cima , e poendo o dia em que he dada, e onde
moram a~ partes, e a caufa ou quantidade que he
jy.l~
Do EscRIVAM DAS MALFEITORIAS. 145

julguada, e onde he dada, fazendo tal declaraçam


dos nomes das partes, que em cerro fe poffa faber
quem fam , e ~nc.le moram.
I E ESsE Liuro leuará em fim de cada huú mez
aa Chancelaria , p.era por elle, e polo Efcriuam da
Chancelaria ·re faber fe fam tiradas todas as ditas
Sentenças , e a Dizerna, e a Chancelaria pera -Nós
arrecadadas, e as que norn forem tiradas, o dito
Efcriuam da Chancelaria faça a!fentar as verbas no
Liuro, e faça as Cartas da execuçam , per que as Di-
zemas das taees condenaçoés fe arrecadem.
2 Ao Efcriuam das malfeitorias pertence efcre-
uer todas as malfeitorias, que fe fezerem, e danifi-
camento de camas, e cafas das apou[entadorias da
No!fa Corte, tirando aquella roupa que parecer que
fe guafl:a em feu feruiç~. E o Corregedor dos feitos
crimes ha d'ordenar como fejam paguas da Arca da
Piedade, fegundo efl:á declarado em feu Regimen-
to, e deípois que .forern paguas entam o Efcriuam
as ha de hir tirar em rol, o qual ha de dar ao Por-
teiro d'ante o Corregedor, que vaa fazer as execuçoes
por mandado do dito Corregedor nos bens daquel-
les, que as ditas malfeitorias fezeram, as quaes mal-
feitorias fe ham d'arrecadar em tresdobro pera a di-
ta Arca da Piedade , por pena daquelles que as di-
tas malfeitorias fezerem.
, 3 hEM oEfcriuam das malfeitorias ha de cfcre-
uer , e poer em recadaçam todas as citaçoes , pre-
guoes, procuraçoés, inquiriçoes, e dizemas d'Aiua-
Liv. L T raes ,
146 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. liT. XIX.
raes, que fe perante o Corregedor paífarn, pera Nós ·
Auermos boa. arrccadaçam do Noflo.
4 I TEM ha de eícreuer, e poer em recadaçam to-
dolos dinheiros , que fam julguados pera a Arca da
Piedade.
5 ITEM tirará as deuaífas que o Corregedor na
Corte mandar tjrar fobr~ mortes , e arrancamentos
das armas , ou ferimentos que fe na Corte fezerem.
E dos cafos que deuaífar poderá receber querelas
com o dito Corregedor, e fará todos os liuramentos
que fe fobre as ditas deuafbs derem , em quanto fe
por ellas nom receber libelo ; porque como o libelo
for recebido, ora h i aja parte, ora fe dee o libelo por
parte da Juftiça, loguo perte.nce aos .Efcriuaês dan..
te o Corregedor , e [e deue deftrebuir antre elles.
6 1TEM ha de 1efcreuer rodas as penas das ar-
mas , e do fangue, que na Corte fe tirarem , que por
Noffa parte, ou do Noffo Rendeiro forem demanda-
das, e tirará íobre ~ !lo as inquiriçoes judiciaes. E
nom leuará dinheiro das que arri tirar por Noífa par--
te, ou do Rendeirq, por bem do mantimento que
por efto ha.
7 lnM ha de ·~razer todos os Reguataês, e as
Mancebas do mundo corref.:1ãs em huü Liuro, e aos
Reguaraé.s ha de fazer feus privilegias, arri como
fempre foi.
8 hEM todas a~ inquiriçoês, capitolos, e coufas
de malfeitorias de qualidade , que algüa púte po!fa
pretender fatisfaça111! d'alguma perda, ou dãno , Oll
m~
Do EscRIVAM DAs MALFEITORtAs. 147

intere!Te, pofto que a nom demande, que do Reyno


vem aa Corte, ora venham por Nofio Mandado, ora
[em elle, pofto que dt:fpois de ferem na Corte fe or-
dene proceffo, ou com a Juftiça, ou com a parte,
.ham de feer dados ao Efcriuam das malfeitorias ; e
elle as ha de teer , e fazer dello os liuramentos que
o Corregedor, ou outro qualquer Julguador a que os
Nós cometermos, [obre i fio der. Porem [e o feito vier
já proceflàdo da Terra , fendo já dado libelo, ora ve-
nha por Noffo Mandado, ou fem elle, nom perten....
terá ao dito Efcriuam das malfeitorias.
9 1TEM. todas as inquiriçoês deualfas de mortes ,
que os Juizes ham de mandar aa Corte, fegundo he
ordenado, ham de hir ao Eícriuam das malfeitorias,
e elle as ha de trazer , e outro Efcriuam ninhuü as
nom tomará. E as ditas deuaffas lhe ferarn entregues
perante o Deftrebuidor n~ Audiencia, ou em outro
luguar onde fe concertarem: o qual as carreguará
em recepta íobre elle em huü Liuro que pera ello fa-
rá. E os conhecimentos que federem aos que as di-
tas inquiriçoés entrcguarem, feram feitos pelo dito
e
Efcriuam, affinados pelo dito Deftrebuidor, e pe-
lo dito Eícriuam, e efto comprirá fob pena de pri-
uaçam do Officio ; do qual conhecimento Jeuaram
foomente fete reaes, conuem a faber, cada huü trcs
.reaes e meio, os quaes fete reaes arrecadará o dito
.Efcri!-Jam d'aq,uelle, que primeiramente fe vier li-
urar, e dará ametade ao dito Ddhebuidor. E do dia
que o dito Efcriuam qualquer inquiriçam deualfa
T 2 ou-
148 O PRIMEIRo Lrv. DAS 0RDEN. Tn. XX.
ouuer a oito dias, ferá obriguado a entreguar ao Pro.:.
meto r da Juftiça, pera de lia tirar a rol todos os cul. ·
pados, e requerer ao Corregedor .q ue qs mande pren-
der , e efto comprirá fob pena de priuaçam do Offi-
Cí:Ío. Peró fe as taees deuaflas vem aa Corte per Car.
ta, pera alguus omiziados auerem liuramento 'per via
de perdam , deuem viir aos Deíernbarguadores do
Paaço, e os Eícriuaes do defembarguo efcreueram os
liuramentos que fe em elles derem.

TITULO XX.

Dos Ejcrma'és d' ante os Difembarguadore s do Paaço , ~


dos Agrauos , e Corregedores da Corte , e outros Def-
embarguadores. 1

F I EIS., e enteadidos dcuem feer os Efcriuaes da


NolTa Corte, e qu1~ faibam bem efcreuer e notar ,\de
maneira que as Cartas e Notas que elles fezeren'l, 1
que de Noffa Corte faem, molhem ferem feitas pdr
homens de bom fifo, e entcndimenJV· ·
1 PoER Efcriuam pertence a Nós , e nom a ou-
tra pe ffi)a algüa , porque em elles h e poil:a gü(lrda,
e lealdade das Carfas , e Autos que fe fazem em 'Nof-
fa Corte, e por q.nto o luguar de tam grdnde .guar-
da, e fie Idade como eil:a, nom he conueniente que ni-
nhuü aja poJerio pera o outorguar fe nom Nós.
2\E
Dos EscR. o• ANTE os DESF.Mll. DO PAAÇO ETc. 149

2 E os ditos Efcriuaes antes de efcreucrem em


feus Officios juraram na Chancelaria , que o façam
bem e fielmente, e fem perlongua , e norn fe mouam
por amor, nem defamor, nem medo, nem roguo,
nem dom que lhes prometam , nem dem :e fobre to-
do guardem fegredo • e todas as outras coufas que a
Noffo feruiço pertencem , naquello que elles ham de
fazer em feus Officios.
3 Os Efcriuaes da Corte ham de feer examina-
dos polo Chanceler Moor, tanto que ouuercm Noffo
Mandado, porque lhe Fazemos Merce do Officio,
ante que ajam as Cartas delle , fe fabern efcreuer, e
notar em tal maneira, que fejam pera os ditos Offi-
dos pertencentes , ou fe fam cnfamados de tal infa-
rnia, ou fufpeiçam,que honeftamente nom caibam em
elles ; e fegundo o que achar pato exame , affi deue
mandar-lhes fazer as Cartas dos Officios , ou notifi-
a
car Nós feus defeét:os , pera Fazermos como for
Noffa Merce.
4 E SEJA cada huti Efcriuam bem au.ifado, que
foomente efcreua as co'tlfas que a feu Officio perten-
cem • e nom vfurpe o Officio al"heo por ninhüa gui-
fa, faluo fendo-lhe eípecialmente mandado polo Def-
embarguador principal a que o defembarguo perten-
ce, e do feito conhece , aa minguoa e abfencia do
Efcriuam ,. cujo principalmente for o dito Officio,
porque em outra guifa nom o deue mandar fazer·;
com tanto que a abíencia nom paffe de oito dias , e
bem aili que o Efcriuam, a que por o abfente man-
dar ·
. 150 O PRIMEmo Lrv. DAs 0RDEN. TrT. XX.

dar efcreuer; feja Efcriuam dante o mefmo Julgua-


dor; porque a outrÓ Efcriuam alguu o nom, poderá
/ cometer; c quando fe em outra guifa fezer, o Rege-
dor , ou Chanceler Moor proueja hi com dereito , c
juftiça; e fazendo alguü Efcrjuam o contrairá do que
dito he , pala primeira vez pague a aquelle cujo Of.
ficio vfurpar, em dobro todo aquello que affi ouuer 1
e pola fegunda pague em tresdobro.' e pola terceira '
aalem de o paguar em tresdo'!Jro feja fufpenfo do
Officio por huü anno.
5 Os Efcriuaes d'ante os Defembarguadores do
Paaço, e dos Agi·auos teram huü- Defl:rebuidor , affi
como tem os Efcriuaes d'ante os Corregedores da
Noífa Corte , e bem affi os Efcriua-és d'ante os Nof-
fos Ouuidores, o qual· deftrebuirá rodos os feitos ,
·cartas , e defernbrrguos que falürem d'ante os ditos
Ju.lguadores, ern tal guifa, que todos os Efcriuaes, em
as Audiencias em qu_e efcrcuerem , fejam igualados
nos feitos , e em as efcripturas que fezerem. E nom
ferá ouG1do ninhuú Efcriuam filhar alguu feito, ou
fazer cat'ta, ·ou qualquer outro defembarguo, fal\10
o que lhe for ddl:rebuido po1o dito D~ftrebuidor ; e
f-azendo alguu dd)es o comrairo, pague o intereífe a
outro Efcri uarn a que auia de hir por deftrebuiçam,
e mais p_ague pala primeira vez q'uinhen\tos rea,es pe-
e
,ra a Piedade , pola fegunda feja fufpenfo por fcis
mefes , e pala terceíra priuado do Officio.
6 'ouTRQ si Mandamos, que todos os fobreditos
Efcriuaés ponharrf as paguas p9r fuas rnaõs ,, affi nas
Car-

I
Dos Esc R. o' ANTE os DEsF.MB. oo PAAÇO ETc. r5r
Cartas, corno nos Procdfos, e Aluaraes, e em todas
as outras efcripturas de que deuem leuar dinheiro ; e
nas Cartas de que .nom deuern _leuar dinheiro, ou
pofto que o ajam de leuar, fe o norn leuarem ponham
nihi!. E na Carta nom pcnbm pagua de pubrica-
çam , nem de proceffo , mas foomente do que !eua-
rem pola efcriptura da Carta. E fe o connairo dello
fezerem, nom poendo pagua, como dito he, pola
primeira vez torne todo o que leuar aa parte , e pa-
gue pera os prefos outro tanto, e pola fegunda aja a
dita pena , c feja fufpenfo do Officio feis mefes, e
pola terceira priuado do Officio.
7 E MANDAMOS que os ditos Efcriuaés ponham
em todas as Cartas, e Sentenças , e Termo que
efcreuerem, o dia, e mez, e anno em que faz a dita,
Sentença , Carta, ou Termo, e affi o nome delle me f-
mo Efcriuam , fob pena de perdimento do Officio,
nom efcreuendo cada húa das ditas coufas ; e mais
paguar aa parte que por ello for danificada todo in-
terefle, e perda, e dãno que por ello receber.
8 E BEM ASSI- Mandamos, que quando alguus
prefos forem remetidos aas Ordens, e feus feitos ie
"traurarern, e começarem na Corte, ou o proprio ori-
ginal vier aa Corte , '<~fi] como fe faz onde eflá a Ca-
fa da Sopric'açam , ou em Lixboa, ou quando por
Noffo efpe,cial Mandado o proprio feito for trazido
aa Corte, os ditos feitos fe tresladem , e os treslados
concertados com os proprios fejam enuiados, cerra-
dos, e ~fielados, aos Juizes Ecclefiafticos. E quando
os
I 52 O PRIMEIRo Lrv, DAS ÜRDB-N. TrT. XX.
os feitos vierem aa Corte por apellaçam com o tres-
lado dos Autos proceHados na Terra , Mandamos
que o proprio treslado, que àa Terra vier, feja enuia-
do aos Juizes, e Viguairos Ecclefiafticos, a que os
prefos forem remetidos, quer na moor alçada, e cau-
fa da apellaçam creceffem nouos autos , quer nom.
Emperó ao Julguador da moor alçada fique, fe viir
que os nouos autos, que em a cauf.:'l da apellaçam cre-
CNam, fam compridoiros por bem de juftiça, os
mandar r.resladar primeiro aa cufta da parte remeti-
da, pera ferem leuados aa terra, e ajuntados com o
proprio original da a_peltaçam , e com e!Ies , e com
o proprio original da Terra teer a Juftiça Secular o
theor de todo, affi como vai nos autos.
9 l:r~M os Efcriuaés em todos os tennos dos
procelfos efcreuam os dias, que peffi>a.] mente as par-
tes em J uizq parecerem foltos, ou prefos. , ou forem
veer jurar as teftemunhas, pofto que Procuradores
tenham; e [e o afli nom fezerem paguem em dobro
aa pane todp o dãno, e perda que por ello receber.
ro E MANDAMOS aos ditos Efcrluaes, que as
Cartas que p.quelles Julguadores, -cujo he o dcfem-
barguo • lhes mandarem fazer , as façam loguo em
effe dia, ou atee 0 outro pola menhã, [e as n~m po-
derem fazer em effe dia. Pero fe elfe Julguador, cu-
jo o defemoarg uo he ~ viü que fe nom pode fazer no
fobredito tempo,affine tempo a que o effe Efcriuam
poffa fazer 1 e fcm malícia.
11 ITEM f<;ram obriguados continuar todos os
fei-
Dos EscR. o' .ANTE os DEsEMB. Do PAAÇO ETc. 153

feitos no dia que forem offerecídos , e os elles rece-


berem nas Audiencias, e no dito dia, ou a mais tar ...
dar no outro, os dem aos Deícmbarguadores , ou
Procuradores , que os ouuerem d'auer. Peró íe nos
ditos feitos forem offerecidas tantas, e taees eferipm-
ras que tam em breue fe nom po!fam trcsladar , o
Julguador, que de taees feitos conhecer, lhe ailine
termo conueçiente em que as poffam tresladar. As
quaes efcripruras tanto que forem -treslaàadas con-
certaram com outro Efcriuam , e effe com que afli
concertar, lhe poerá concerto. a~ pee , e ailinará de
feu final. E nom danqo .9s ditos feitos , ou nom fa-
zendo as ditas Cartas no dito dia , ou ao termo que
lhe for ailinado, paguará dez cruzados, ametade pe-
ra a parte, e a outra metade pera as deípezas da Ro-
laçam ; e defl:a metade da Rolaçam auerá quem o
acufar , ainda que fcja a propri::t parte, ametade. E
pera nom feer duuida quando deram os feitos, poe-
ram fempre nos feitos em que dia os deram aos Def-
embarguadores, ou Ijrocuradores. E o Efcriuam que
nom concertar as efcripturas, que no feito tresladar,
com outro Eícriuan1, e lhe nom fezer poer ao outro,
com que aili concertou , o final ao pee -, como dito
he , paguará aas partes, ou cada· hüa dellas toda per-
da , e dãno, e cufl:as que por ello receberem, ou fe·
caufarein.
12 E ASSI polo ditó modo faram concertar ~odos
os autos que derem e!Jl Carta tefl:emunhauel , e afli
nas· Cartas que fezerem pera fe tirarem inquiriçoe~
Liv. I. V por
154 O PRIMEIRO Lrv. DAS OrwEN. TrT. XX.

por artiguos ; e nom o poendo corno dito he , per-


deram os Officios , e paguaram aas partes toda per-
da , e dãno, e cuflas que por ello receberem , ou fe
cau!àrem. E os Julguadores ferarn auifados, que nom
aíTinem taees canas , nem autos, fern o dito concer-
to , n em o Chanceler Moor as norn paflará pala
Chancelaria , o que todo auerá Jugua-r em todos os
Eícriuaes d'ante os Corregedores das Comarcas, e dos
Ouuidorcs , e de todos outros Efcriuaes de Noffos
Reynos.
I3 E POLtQYE m ~ itas vezes acontece por negri-
gencia de cada huu dos Julguadores , ou de feus
Efcriuaês fe perderern alguüs feitos, de que aas par-
tes fe fegue rn11ito dãno, e perda a fua jufliça, Man-
damos, que o Eícr'iuam que teuer o feito, defpois de
I
feer conclufo , q leue ao Jul guador que o ha de veer
por primeiro, <! o nom entregue a outrem , faluo a
clle; e quando lho entreguar moftre-lhe o feito, fe
.he em elle feito algüa amrelinln , ou borradura , ou
alguú outro vicio, e íe for, loguo fc efcreua em huü
Jiuro, que o Efçriuam pera iffo tenha, e quantas fo-
lhas fam , poer~do-lhe a cor1ta por cima de cada fo-
lha , e como o entregua ao Julguatlor a tantos dias
do mez, e o Julguador aíTine dl:e liuro; e nom o
querendo aíTinar, nom lhe dee o feito, e vaa. em ou-
tro dia aa Rolaçam onde cíl:euer eiTe Julguador, e
digua-o ao Regedor pera o reprender, e lhe fazer pa-
guar as cuíl:as aas partes , as quaes lhe loguo feram
pag.uas.
Dos EscR. D' ANTE os DEsEMB. no PAÁço n c. 155
14 E o Efcriuam que feito alguü entreguar fem
lhe ficar o tal conhecimeJ{to, perdendo-fe o dito fei-
to, nom lhe ferá recebida proua algüa a dizer que o
tem entregue, mas loguo fe faça nelle ·execuçarn da
emenda, que aa parte, ou partes fe deue fazer, affi
das defpezas que no tal feito tinham feitas de fuas
peífoas , e proceífo ,-como pola dilaçam ., e perda de
fua jufl:iça , e mais auerá qualquer outra pena cri-
me, ou no Officio, fe parecer que polo tal cafo a me-
rece. E efta mefma execuçam fe fará no Julguador,
em cujo poder o tal feito for perdido , tendo recebi-
do, e affinado no liuro, como dito he. A qual pena.
ciuel , e crime determinará o Regedor com alguús
Defembarguadores que lhe bem parecer.
15 E sE for duuida antre o Efcriuam, e o Pro-
curador fobre o perdimento do feito, nom ferá cri-
do o Efcriuam , faluo fe o prouar corno lho entre-
gou.
16 - Os Efcriua'ês feram .auifados, qu.e requeiram
~os Juizes que ailinem as fentenças, affi definitiuas,
como interlucurorias, que por elles verbalmente fo-.
rem dadas nas Audiencias , e nom as affinando o dia
que as der, ou atee outro dia , paguará aas partes ro-
da perda, que por nom efl:arem affinadas fe lhe cau-
far. E affi façam afTinar aas partes as confiílàes , e re-
pofl:as que as partes derem a algüas preguntas, que
lhe forem feitas , que em Juizo, ou fóra do Juizo
perante clles. Efcriuaés ,em alguü auto que forem fa-
zer por man.dado do Julguador , as ditas partes feze-
Vl rem ·
156 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TtT. XX.

rem em feitos , ou caufãs·ciueis , o que todo affi fará


ariin a r ne!Te dia ; e nom o querendo a parte affinar,
o notifique ao Juiz do cafo, como a parte o nom
quer affinar , e o porque diz que o norn quer ariinar,
e o dito Juiz preguntará duas, ou tres teflemunhas
por o dito termo efcripro polo Efcriuam, que a par-
te nom quis affinar, e dizendo ~s te!lemunhas que
he verdade que a parte confeffou , ou diff$! o con-
theudo no dito termo , em tal cafo ferá dado tanto
credito ao dito termo, como que foffe pala parte af..
finado , e nom o dizendo affi as ditas tefl:emunhas , o
tal termo ferá de ninhüa fee.
17 E SENDO a dita confi(fam , ou repo!la feita
em algüa caufa c~ime, Mandamos, que o Efcriuam
lhe requeira neífe dia que ariine , e nom a querendo
nffinar, o digu<,t ao J ulguador como a parte nom
quer affinar ·, o que todo affentará por termo , e o
que diífer porq4e o nom quer alTinar ; e o dito Jul...
guador aflinará o dito termo da dita confi·film , e o
mefmo Eícriuam que a efcreueo, e o outro Efcriuam
que prefente efl: ~ uer aas ditas preguntas , ou confif-
fam· ; e nom auendo hi outro Efcriuam , ferá ailina-
do ?Or hüa teflemut1ha, que hi prefente efl::ará ao fa-
zer d:t:> preguntas, e confiffoé.; , e feita a dita deli-
gencia, ferá dada tanta fce a() dito termo de confif-
fam , ou rcpo!l~ , como que fo(fe aflinada pala parte.
r 8 E os termos das confitToés , ou repoíl:as , affi.
ua cauía ciuel , como c rime , que na fobredita ma-
neira nom rorem , os Auemos por ninhuús , e de ni~
nhuü effeéto. 19 E
Dos EscR. o' ANTE os DEsEMB. no PAAÇO ETc. r 57

19 E QYANTO aos outros termos prejudiciaes,


affi como renunciaçoes , fianças , cauçoes , louua-
mentos, paétos, conuenças , que em Juizo fe feze-
rem , procmaçoês apud afia , Mandamos ao-Efcri-
.uam, que requeira as partes dentro no dia que as fe-
zerem que as affinem , e nom as_qLferendo affinar,
.feram de ninhuü effeél:o. E os outros termos todos
que nom forem dos fobreditos , Mandamos que lhe
feja dada tanta fee , como que foífem a·ffinados palas
partes, poíl:o que por ellas nom fejam affinados. E o
Efcriuam que efcreuer os ditos termos , e nom fezer
affinar aa parte no dito dia, ou nem declarar ao Jul-
guador atee o outro dia como a parte nem quis, nem
foi affinar, fendo-lhe por elle requerido, fe for em
feito ciuel paguará aa parte toda perda, ou dãno que
por fua negrigencia , ou culpa fe caufar, e fe for em
feito crime ferá fufpenfo do Officio huü anno, e
mais paguará toda perda , ou dano aa parte fe a hi
ouuer, que por fua culpa receber.
20 OuTRO sr Defendemos aos fobreditos Efcri-
uaes fob pena dos Officios, que nom peçam aas par-
tes papel , nem purguaminho, nem lho façam .pa-
guar em ninh~a guifa, porque da Chancelaria ham
d'auer papel , e purguaminho pera as Cartas, que
por ella p:l!fam ; e quanto he ao papel pera os pro-
ceifas deaem~ no elles de comprar, e .nom as partes;
e fe <? contraíra fezerem , fejarn fufpenfos do Offi'cio
por'huü anno , e eífes Efc.riuaes nom façam Carta
ninhüa.fem mandado d'aqueHes, cujo for o defem.,.
barguo. 21.
158 O PRIMEiRO Lrv. DAS ÜRDEN. Trlf. XX.

21 ITEM nom voguem, nem procurem em nÍ-


nhuüs feitos, nem poffam fobíl:abelecer, pofto que
procuraçoes pera iffo tenham ; faluo [e for por Noffo·
Mandado, ou por feus feitos , ou daquelles que vi-
uerém continuadamente com e!J.es em fuas caías~
fob pena de perdimento dos Officios. E dem defpa~
cho aas partes benignamente fem ninhüa detença ,
nom lhes dando maas repoftas ; e fe o conrrairo fe-
zerem , e for ·prouado foornente por húa teflernu-
nha fem fufpei,~a , fejam fufpenfos dos Officios por
huü mez ~ C>U mais-, fegundo o ·exceffu das palauras,
e fcja log uo feito o corregimenro fem outra figura de
a
Juizo aquelles que affi injuriarem' ou derem maa
r epofta , em. tresdobro do que feria julguado, fe lho
outra pefioa diírefl.e ; e fe a parte nom quifer a dita
emenda , M andamos que fe arrecade pera a Arca da
:Piedade ; porem auendo h i Acufador, elle aja o ter-
ço, e a dita P iedade as duas partes , e o conheci-
mento defto pertença ao Juiz do feito, ou ao G:orre-
gedor do crime, qual a parte injuriada mais quifer.
22 OuTRo !l i Mandamos, que ninhuü Efcriuam
:num fe parta d ~ Noffa Corte fem licença , e manda-
co d'aquell es p~ rante quem efcreuer, e do Noffo Re-
g edor; e fazeJ)do ·o contraíra do que dito he, ferá
fufp enfo do O ilicio por huü anno, e partindh-fe com
licença dos fobrcd itos ( a qual lhe nom poderam dar
pera: mais que pe:ra tres mefes em cada huü anno )
lei xará todos feus feitos a cada huü do~> outros Efcri-
c r!uaês do Juizo, el,ll que aífi efcreu~r- , e lhe dará
ep.-
Dos Esc R. o' ANTE os D.EsEMB, no PAAÇ<>- ETc. 159

enformaçam delles, em tal guifa que nom fejam as


partes detheudas por efta ra·z am. E o que fe partir
fem leixar os feitos na maneira fobredita, pague to..
das as cuftas, perdas , e dãnos que pala dita razàm
as dicas partes fezerem ; e fe fe partir, pofto que fcja
com licença dos fobreditos, e andar laa mais de tres
mefes , perca o dito Officio. E fe no dito Auditorio
nom ouuq mais que eífe Efcriuam, nom lhe pode-
raro dar licença pera fe hir, Ílem poeroutro emfcu
luguar.
· 23 E os Efcriuaes nom deteram em maneira al-
güa os feitos , por di-zerem que as partes lhe nom
paguam , mas faram todo o que em elles. deuem fa-
zer, e requereram aos Julguadores que lhe façam
paguar o que ham d:'auer das. partes, os quaes lhes
mandem loguo paguar; e os que paguar nom quife-
rem fejam l.oguo penhorados ,. GU prefos ,_fe taees
pcífoas forem q.ue o d~uam feer , e da cadea lhe fa-
çam paguar•.
24 ÜuTIW sr todolos Efcriuaes d'ante o Corr-e-
gedor, e Ouuidores, ou quaefquer outros Defembar-
guadores, que efcreuerem em feitos crimes , com
muita deligencia efcreuam em os ditos feitos, . e fa-
çam loguo todas as Car-tas que fahirem pera fe faze-
rem deligencias, ou execuçoés , e as dem a affinar
a aqueltes Defembarguadores por quem ouuerem de
feer affinadas; e tanto que forem affinadas as entre..
guem ao Solicitador da Juftiça , pera a& log uo fazer
aífelar J e enuiar polos Caminheiros aos luguares pera
on..
160 O PRIMEI.Ro Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XX.
onde vam derigidas : c efto Mandamos que fe faça
affi nos ditos feitos crimes, por mais em breue ferem
defembarguados, quer deHes na Cone aja partes, ou
requeredor, quer nalll. '
25 E POKQyE aas vezes acontece, que as partes
fe vam da Corte tanto que feus feitos fam finados,
fem paguarem aos Efcriuaés o que tem merecido
nos ditos feitos, e fe os ditos Efcriuaés ouuelfem de
mandar requerer os paguamenros aos Luguares onqe
as ditas partes fam moradores , lhe feria fadigua , e
defpeza, e nom he razam, pois tam deligentes ~e­
remos que fejam em feus Officios, que ajam d'an-
dar em demandas polo que tem merecido, Manda-
mos que a parte que for vencedor, fe tirar fentença,
quer feja Auto~ quer Reo, aíli em feito ciuel como
crime, pague na dita Corre aos ditos Ef.criüaés dcl-.
la todo o que q1c for no feito contado de fua efcri-
pt.ura, alli da pane do vencedor, como do vencido,
e p.oer-fe-ha na fentença que o dito vencedor tirar ,
hua claufula que cl1gua: E bem ajji fareis execúçam tm
tunlos dos bem do dito condenaâo, porque o dito vencedor
aja mais .tanto, que paguozi por -el/e ao Ejcn·uam. dejle fei.
to em NqJ!a Corte ., que ao dito vencido pêrtenc ia paguar,
-e nom paguou . Pcró efto nom auerá luguar, 8uando a
fenteoça for d'abíoluiçam , e fem cuftas ; ü luo fe as
partes ambas, aili vencedor, como vep.cid~, forem
moradores em huü Luguar; porque fe forem mora-
dores em defuairados Luguares ,- nom ferá- aquelle
que ouue ;a .f~qt~nça d'abfoluiçam, e fem cuL1as, obri-
gua-

,.
Dos EscH. D'.ANTE os DESEMB. Do P.AAÇO ETc. 161

guado a paguar ao Efcriuam o que lhe a outra par...


te deuer ; cá pois elle nom ha de fazer execuçam
pola dita fentença pera auer pera fi coufa algüa •
nom deue feer confhangido auer de hir fóra de fua
oafa·arrecadar o que ao dito Efcriuam he deu ido •
mas. em tal pfo eífe Efcriuam mande fazer execu ...
çam nos bens daquelle que lho nom paguou , como
Jc faz palas dizemas das fentenças, que fc pera Nós
recadam.
26 E QYANTO he aos feitos dos prefos pobres '
que em Noffa Cafa da Sopricaçam por noua auçam
fe trautarem, ou por appellaçam ou aggrauo a ella
vierem _, fe defpois de finalmente ferem defembar-:-
guados, os ditos prefos, ou outrem por elles nom
tirarem fuas fentenças atee dous mefes, contados do
dia da pubricaçam das fentenças , por dizerem que
fam tam pobres que nom tem por onde paguar os
falarias aos Efcriuaés de feus feitos , Mandamos ao
Noífo Chanceler Moor, que f.:'lzendo certo de fua
pobreza mande contar os ditos feitos, e todo o que
-fe achar por conta que os ditos prefos fam obrigua-
_dos aos ditos Efcriuaes de feu falario,. e affi ao Pro-
curador dos pobres fe por elles procurou, lhes man...
de paguar ametade de feus falarias do dinheiro da
Arca da Piedade. E por feus mandados fará o Nof-
fo Efmoler, ou quem feu carreguo teuer, os pagua-
mentos perante o Efcriuam de feu carreguo , pera
lhe feerem leuados em conta. E pera a outra m-etade
lhe ficará feu dereito refguardado pera o auer dos.
Liv.l. X di-
162 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XX.

ditos pobres, defpois que teuerem por onde paguar.


27 E tooo o que dito he acerca do paguamen-
to dos feitos dos prefos pobres , nom auerá luguar
nos prefos que forem remetidos aas Ordens, ou tor-
nados aa lmmunidade da Igreja, ou a alguü Couto .
de Noífos Reynos onde ellauam acoutados.
28 ITEM fe algüa parte offerecer em Juizo al-
gua Efcriptura em ajuda de feu feito, e defpois de
feer em poder do Efcriuam, a parte que a aili deu a
tornar a pedir , nom lha dará fem confentimento
da outra parte, ou fem mandado do Juiz , o qual
ouuirá primeiro a pane, ou feu Procurador.
29 E POR nom feer duuida no numero dos Efcri.&
uaes quantos deuem feer, Mandamos que no Offi~
cio dos Defembarguadores do Paaço, e dos Agrauos
da Noffa Cafc1 ' da Sopricaçam aja hi quatro Efcri-
• uaes. E no Officio do Juiz dos Noffos Feitos huu
Efcriuam. E qo dos Corregedores da Corte íeis
Efcriuaes. E no Officio dos Noífos Ouuidores tres;
Efcriuaes. E no do Ouuidor da Raynha huu Efcri-
\lam.
30 I TEM em cada bua das Correiçoes de Noffos
Reynos auerá quatro Efcriuaés. E em todos os fo-
breditos Officiqs nom auerá mais numero de Efcri-
uaes do que dito he.
JI OuTRO sr Mandamos , que ni,nhuu dos ditos
Efcriuaes nom leue mais das Efcripturas, e procef...
fos que efcreu~r , d'aquello que lhe dereitamente
montar a e por Noífas Ordenaçoês he taixado; e fa ...
zen..
Dos EscR. D'ANTE os DESEMB. DO PAAÇO E-Tc. 163

zendo o contrairo , aueram as penas que Diremos:


no Titulo Da pena que aueram os Ojjiciaes que !euatf!
mais do contheudo etc. E bem affi os ditos Efcriuaês
nom tomem pam , nem vinho, nem carne , nem
outras coufas de qualquer qualidade que fejam , de
peffoa algüa no modo e maneira que Diremos no
~into Liuro , no Titulo Dos Ojjiciaes d' ElRq qu~
1'ecebem Jeruiços ou peitas, e fob as penas nelle con-
theudas. E nom fe poderá efcufar quando algua cou-
fa receber da parte que perante elle feito tragua,
por dizer que lho defcontou , ou defcontará de feu
falaria. E feram auifados os Efcriuaes que tanto que
o feito for findo , loguo dali a huü mez, pofl:o que
por ninhüa das partes nom feja requerido , mandem
o dito feito ao Contador das cufl:as pera o contar,
por tal que fe faiba fe leuou mais d'algüa das partes,
que o que de Dereito lhe cabia; e nom o mandando
ao dito tempo encorreram em pena de perdimen-
to do Officio. O que todo dito nefl:e parrafo auerá
luguar em todos os Efcriuaes affi das Audiencias •
como dos Efcriuaês de quaesquer Noífos Officios ,
e bem affi nos Tabaliaés, e Efcriuaés dos Conce..
lhos , e outros de qualquer qualidade que feja.
32 Tooos os Efcriuaés da Corte e de cada huú
Officioferam prefentes, e deligentes em cada huü dia
aas Audiencias dos Defembarguadores, e· Officiaes
perante quem efcreuerem , em tal guifa que nom
errem as ditas Audiencias; e nom o fazendo affi,
os ditos Defembarguadores , e Officiaes cometam
X2 feus
1.64 O PRIMeiRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XX.

feus feitos e de[embarguos, em que affi. forem negri-


gentes, a alguu outro Efcriuam, dos que perante el-
le eícreuem ; e aquelles que affi forem negrigentes
nom ajam mais proueito d'aquelle feito ou defem-
barguo, em que affi cometerem a dita negrigencia ,
como dito he , e mais aueram aquellas penas que
ao Julguador bem parecer, nom paifando de mil
reaes.
33 MANDAMOS que todos os Efcriuaês da Corte
efcreuam conrinuadamente por fi mefmos perante
aquelles Defembarguadores, e Officiaes a qwe Í:"\m
ordenados, e nom poífam por fi poer outros Efcri-
uaês em feu luguar por ninhuu cafo ; e fe Nós Fe-
zermos graça a alguu Efcriuam que poifa poer ou-
trem pera feruir em feu Officio, o dito Efcriuam
poerá em feu lpguar tal peifoa, que poifa e faiba
bem feruir como elle mefmo; ou quando Nós Der-
mos luguar a alguem que ferua polo dito Efcriuam
a feu requerimento, deue o fubroguado feer viflo e
examinado polp dito Defembarguador, ou Official
perante quem efcreuer, e fendo por elle aprouado,
poderá bem efcreuer em loguo do dito Efc-riuam
aquelle. tempo pera que ouuer licença e graça Nolfa.
como dito he, <.! d'outra gui[a nom. E quando eftes
Officiaes ouuerem de poer a dita peffoa , pera por
elles feruirem roia dita No!Ia licença , feram auifa...
dos que a bufqJ.lem tal , que nom poífa. fazer er.ro no
dito Officio, tal por que o perca ; porque fazendo-o,
clle perderá o dito Officio , como fe por fi fezeífe o
dito
Dos Esc R. o' ANTE os DEsEMB. oo PAAÇO ET c. J6 5
dito erro , fer.n auer outra mais pena ; e a peffoa que
o d ito erro fezer, pag uará o preço em que o tal Of.
ficio for eíl:imado pera quem Nós Mandarmos , e
mais auerá qualquer omra pena que por Dereito
merecer, fegundo a qualidade do cafo for. E eíl:as
mefmas penas aueram iífo mefmo luguar , poíl:o que
os ditos fubroguados fejam por Nós efcolhidos , e
poílos nos ditos Officios a requerimento do dito
Efcriuam. E efl:o mefmo fe guardará em quaesquer
outros Officiaes de Noífos Reynos de qualquer qua-
lidade que fejam , a que Nós as ditas licenças Der-
mos.
34 OuTRo sr Mandamos a todos os NoíTos Efcri-
uaes que por Noífa parte, ou por os Rendeiros, e Fei-
tor de N oífa Chancelaria forem requeridos, que
dem e mofl:rem por feus affinados as condenaçoes
das fentenç as , que elles as dem loguo fob pena de
priuaçam de feus Officios.
35 hEM os Efcriuaes faram, e tiraram as fen..i
tenças dos proceífos, na fórma que Diremos no
Terceiro Liuro, no Titulo Dasjmltnçczs definitiuas.
36 hEM os Efcriuaes teram a fórma de poer
aprefentaçam, e dar a viíla dos Eijormentos ou Car-
- tas teílemunhaueis , e de os guardar, que Diífemos
nefte Liuro, no Titulo Dos Dejewbarguadores de
Agrauo.

TI-
166 O PRIMEIRo Liv. DAS ÜRDEN. Tn. XXI.
TITULO XXI.

o
JJ.o Solicitador da Jujliça.

SOLICITADOR da Juftiça da Cafa da So-


·pricaçarn ferá bem deligentê, em maneira que por
fua minguoa , e negrigencia nom fe alonguem os
feitos da Juítiça, e dos prefos, e comprirá o Regi-
mento feguinte.
·1 PRI,MEIRAMENTE poerá em rol todos os pre.
[os que ouuer na cadea, poendo declaradamente feus
, nomes e alcunhas , e os cafos por que f.1m prefos, e
quem he Juiz de feu feito, e affi o Efcriuam , e
quem he o Procurador do prelo. E ferá prefente a,
todas as Audiencias que fezer o Corregedor da N of-
f~ Corte dos feifOS crimes, e affi os Ouuidores da
Noífa Cafa da Sppricaçam ; e nas ditas Audiencias
poerá em lembqmça os termos em que cada feito de
prefo ficar, e a~:ufará a negrigencia d_o Procurador
que tal feito auifl de trazer, fe o norn trouuer ao ter-
mo affinado; e f!.ffi terá cuidado de requerer os def-
pachos d'aquellc~s feitos de prefos , que forem con-
clufos ~ a aq uell1:s Ouuidores ou Corregedor que os
em feu poder teuerem.
2 E QyA:ND<l os feitos dos ditos prefos ef\euerem
em dilaçam , pera fe em elles auerem de tir~r inqui-
riçoés, faberá quaes te!l:emunhas fenos diros feitos
ham .de preguntar por parte da J ufriça , e fa-las-ha
com deligencía citar, que venham dar feus tefremu-
nhos,
Do SoLICITADOR DA JusTIÇA. 167

nhos, e fe nom vierem requererá aos Julguadores a


que pertencer, que os confhangua. E iffo mefmo
fará aas teftemunhas que os prefos pobres nomea-
rem , porqne o mefmo Solicitador da Jufliça as fará
citar , que venham dar feus tefl:emunhos. Peró fe
forem raees pe!foas que deuam feer preguntadas em
fuas cafas , faça com o Efcriuam , e Enqueredor
que as vam laa preguntar, e fe em ello forem negri-
gentes, digua-o aos Julguadores a que pertencer.
3 I TEM terá cuidado de mandar fazer as Cartas
dos defembarguos que fahirem nos feitos da Jufti-
ça, e affi dos prefos pobres , e defemparados , e as
fará allinar, e afidar , e as entreguará ao Promotor
da Jufl:iça pera as dar aos Caminheiros, e poerá em
lembrança perante o Promotor o dia em que as
Cartas fi)farrt dadas aos Caminheiros, e o tempo em
que com as repoftas dellas tornaram, pera fe veer fe
poferàm em ello a deligencia que deuiam; e quan-
do achar que .foram negrigentes, va-o loguo dizer
ao Regedor, e moftre-lhe o dito Iiuro das lembran-
ças , pera o Regedor lhe defcontar de feus manti-
mentos aquel~ que por fuas negrigencias nom me.
receram.

TI..
168 O PRIMEIRO Lrv. DAS 0RDEN. TrT. XXII.
TITULO XXII.
Do Porteiro da Chancelaria da NoJla Corte.

O PORTEIRO da Chancelaria hirá em cada


huu dia a cafa do Chanceler Moor, pola menham,
ou aa tarde, fegundo lhe for por elle ordenado , e
prefente elle affelará as Cartas ; e como forem aífe-
ladas mete-las-ha em huü faco çarrado e aífellado ,
e leua-las-ha aa cafa do Efcriuam da Chancelaria,
fem fe defuiar pera outra parte do caminho, e affi
as terá fem abrir o faco , atee que o dito Efcriuam
· e Recebedor da Chancelaria fé affentem pera as dar,
e prefente elles ahrirá o faco , e tirará hüa e hüa
Carta, entreguando-a ao Efcriuam; e defpois que
lhe pofer a pag~a, e o Recebedor for entregue, da-
la-ha aa parte a que pertencer , e tire outra Carta,
e affi todas as outras, tendo o faco fem outrem to-
mar . Carta algüa fenom elle dito Porteiro ; e ferá
em ello bem deligente, chamando as partes que o
Efcriuam differ; e defpois que as Cartas do faco to-
das forem dadas , o dito Porteiro pqnha ante fi as
Cartas velhas da arca da Chancelaria , que ficaram
por dar dos outros dias , e as dee ao dito Efcriuam
pola guifa fufq dita, fe hi eíl:euerem as partes a que
pertencerem , e as que ficarem torne-as aa dita
arca.
I E EM durando as ditas Cartas, fe alguü qui-
fer embarguar algüa, poífa-o fa~er, e pague o derei-
to
Do PoRTEIRO DA RotAÇAM. 169

to do embarguo aa-- Chancehiria , que he dez reaes


de cada embarguo, e o Efcriuam entregue a tal Car-
ta com os embarguos, que por parte do embarguan.
te forem dados·a nom paffar , ao Porteiro que a le-
ue a aquelle que a ailinou, pera a deípachar em Ro ..
laçam , fe tal defembarguo for dado em Rolaçam.
E o Efcriuam poerá nas cofl:as dos embarguos o dia,
mez, e era em que foi embarguada a dita Carta, e o
Porteiro auerá de feu trabalho de tal hida dez reaes.
2 E A ALEM defl:o ferá theudo de fazer qualquer
coufa, que lhe for mandado polo dito Chancelet'
Moor , e Officiaes da Chancelaria , por feruiço Nof~
fo que aa dita Chancelaria pertença.

--------------·-----
T I T U L O XXIII.
Do Porteiro da Rolaram.

Ü PORTEIRO da Rolaçam deue feer bem deli-


gente em cada huü dia cedo pola menhaã correger
as mefas, e bancos de feus bancaes , e campainha ,
e buceta de poo, e tinta , corno de tuftume he , em
tal guifa, que quando os Deíembarguadores chegua.
rem fe poffam Ioguo a!Ientar a defem barguar , e
norn ajam razam de fe deterem por mínguoa dello.
1 E TERA' cuidado de guardar os panos d'ar-
rnar, e bancaes , ·e campainhas, e bucetas de _poo,
em maneira que de todo dee boa conta, quando lhe
Liv. I. Y for
t70 O PRIMErrto Lrv. DAS ÜRDEI'f. TIT. XXIV.
for requerido, e todo eílo lhe ferá entregue por man..
dado do Regedor, e efcripto polo Efcriuam dos Nof-.
fos feitos, pera defpois viir a boa recadaçam.
2 E guardará a porta da Rolaçam continuada-.
mente cada huü dia, fem della fe partir em quanto
a Rolaçam durar, fe nom por mandado do Rege-
dor. E nom leixará entrar dentro na dita Rolaçam
fenom por fcu mandado ; e fazendo o contrairo, o
Regedor o caftigue como víir que he bem.

--------------------------·------------
T I T U L O XXIV.
Do Porteiro dos Corregedores da Corte, e dos Nojfos
Ouuidores, e da Ray11ha.

O
I

PORTEIRO dos Corregedores de Nofia Cor-


te deue feer bem deligente, e em cada huu dia pola
menham hir aa cafa do Corregedor do Crime, ante
que parta per~ a Rolaçam , e hir-fe com elle , e os
feitos que teuer vifros leua-los- ha em huü faco, que
pera eíto terá ordenado. E eftará aa porta da Rola-
p.m pera gu<~.rdar a porta onde eíleuer o Correge-
dor com os Defembarguadores defpachando os fei-
tos crimes, como pera fe o ouuerem meíler pera
mandar a algüa parte , que~ achem prefres ; e nom
fe partirá dahi em quanto affi efteuerem em Rola.
çam fem licença do Corregedor. E por o femelhan-
te modo defpois de comer. nos dias em que os Cor-
re-
Do PoRTElRO oos CoRR.I!G. DA CoRTE ETc. 171

regedores do Crime , e do Ciuel fazem Audiencias •


os deue hir requerer , fe as ham de fazer , e lhes le-
uar os feitos que bi deuem pubricar, e a vara, e o
pano pera a Seda , e ferá prefente pera citar e fazer
qualquer outra coufa, que lhe os ditos Corregedores
por bem de jufhça mandarem.
I ITEM citará aquelles, que os · Corregedores
mandarem , fegundo Diremos no Titulo Das cita-
çoes.
2 ITEM fe o dito Po'rteiro citar na Audiencia.
leuará de cada hüa peffoa onze ceptiis, e outro -tanto
citando .marido e molher, ou Prior , e Conuento •
que fam reputados por huú corpo; e [e hi citar her• .
deiros , e teftamentciros, pofl:o que muitos - fejam ,
Ieuará rres reaes e quatro ceptiis, como de duas pef-
foas. E citando de fóra da Audienci~ , affi na Vil-
la , ou Luguar, como fóra delle , leuará o dobro do
que leuaria fendo na Audiencia. Peró fendo fóra da
Vi!la , leuará mais o caminho da hida e vinda, de
cada kguoa fete reaes e dous ceptiis. E o que dito
he ·,que a cipçam dos herdeiros e teftamenteiros fe
p:1gue corno de duas peffoas, auerá luguar quando
for feit a na Audiencia, ou fóra della, morando todos
juntamente em hüa cafa, e fe nom morarem juntos
leuará de cada huú herdeiro ou teftamenteiro • que
fóra da Audiencia citar , tres reaes e quatro ceptiis.
o
E -das peffoas que Porteiro apreguoar leuará de
preguam outro tanto, como leuaria fe as na Audi...
encia cita.ífc:.
Y2 3
172 O P~IMEIRo Lrv. DAS ÚRDEN. TIT. XXV.

3 ITEM de todas as fentenças que forem dadas


pelo Corregedor de pequena contia, conuem a fa-
ber. de mil reaes a fundo, deuem Ioguo feer feitas
as execuçoês polo dito Porteiro , leuando Aluará af-
finado polo Corregedor ; e fe forem de maior con-
tia • far-fe-ham Cartas aífeladas, e nom por Aluará,
e neíle cafo quando paffar de mil reaes leuará Efcri-
uam pera com elle t1Zer as ditas execuçoês, e fem-
pre arrecadaram a dizema, e qualquer outro derei-
to, que a Nós pertença; e fe o nom arrecadarem,
affi o Porteiro corno o Efcriuam paguem a dizema
por a primeira vez em tresdobro, e pola fegunda
anoueada , e pola terceira percam os Officios.
4 E TODAS as coufas acima contheudas perten-
ce ifTo mefmo fazer aos Porteiros dos Noffos Ouuí-
dores , e da Ray\1 ha, prefente os ditos Ouuidores , e
por feus mandaqos , COJ?O neíle Regimento fe con-
;
tem , que o Porteiro dos. Corregedores da Nofia
Corte aja de fazer.

TITULO XXV.

Do Pregttoeiro da Cortf.

O PREGUOEIRO da Corte ha d'eílar nas Audi- ·


encias p.reíles Hera apreguoar qualquer que manda-
rem degradar com preguam na Audiencia, e !eua-
Já do dito preguarn dez. reaes aa cufi:a da parte affi
apre-
DAS CI'rAÇ. PREG. PROCUR. ! iNQ!JIRIÇ. ETC. J73
apreguoada, e fazer outras coufas que lhe forem
mandadas polo Corregedor , ou Ouuidores , fobre
algüa execuçam que feja neceffaria cumprir por
bem de Juitiça.
1 E ESTARA' fempre preíles pera chamar os ou-
tros Preguoeiros a cada vez que fe ouuer de fazer
juitiça.
2 I TEM ha de fazer todas as arremataçoell das
execuçoes das fentenças do Corregedor da Corte , e
dos Ouuidores • e quaesquer outras que lhe forem
encarreguadas por cada huú dos No!fos Defembar.
guadores da Cafa. ·
3 I TF.M fe nom fezer feu Officio como deu e. o
Corregedor lhe dará aquelle caítiguo que elle mere-
cer, ou o Regedor da Cafa, fe niffo quifer entender.
4 h .EM auerá de feu Officio palas execuçoes
que fezer , fc:gundo he contheuâo no Titulo Do qut
!Jam de leuar os Porteiros ... t Prtguaâros das pmhoras •
t arrcmataroés.

T I T U L O XX VI.
Das citaro"és .. prtguo'és , procuraroes , t inquiriçoes , át
que a ElRry pertmce azur 4erâto.

MANDAMOS ao· Efcriu~m de Noífos feitos~


c affi ao das malfeitorias , que efcreuam todas as ci-
taçoes, preguoes, procuraçoes. e inquiriçoes .. de
que
174 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XXVI.
que Auemos d'auer No!fos dereitos. Os quaes fam
de cada procuraçam tres reaes e meio, e de cada
dito de tellemunha tres reaes e meio , aalem do que:
o Enqueredor por íeu Regimento ha de leuar; e dos
p-reguoés , e citaçoes outro tanto quanto he ordena-
do ao Porteiro de leuar, qu::mdo cita na Audiencia ,
ou no Luguar , como he dito no Titulo Do Porteiro
dos Corregedores da Corte ~ fazendo deflo liuro em ca-
da huü anno; e façRm compridamente cflo receber
aos Porteiros, que eltam perante o Juiz dos ditos
feitos . e perante o Corregedor da No!fa Corte. Aos
quaes Porteiros Defendemos que nam recebam
1

coufa dos ditos Noffos dereitos, faluo pennte os di-


tos No!fos Efcriuaés; e eíla mefma regra fe tenha
perante os do Notro Dcfembarguo 1 e Ouuidores,
efcret,~endo rodo ·e fto aquelles Efcriuaes a que Der-
1

mos carreguo. E Mandamos a todos os outros Efcri-


uaes que tirarem inquiriçoes, que ante de as leuarem
aos Defembarguadores façam poer as paguas em
el1as polos ditos Noífos Efcriuaes, que teuerem car-
reguo daquello que a Nós pertence de cada dito de
tefl:emunha, e os ditos Porteiros perante elles rece-
bam os ditos dinheiros. E outro G Mandamos , e
Defendemos ao~ ditos Defe~nbarguadores, que fen-
do-lhe leuadas taees inquiriçoés fem paguas , nom
dcm a ellas Iiuramento, atee lhe ferem poílas a·s di-
tas paguas. E porque muitas vezes acontece os di-
tos Defembarguadores , efpecialmente o Correge-
dor, mandarer;n penhorar alguas pefioas por feus
AI..
Do CARC. DA CoRTE E DA CAs. DO Crv. ETc. 175

Aluaraes, e de que em N offa Chancelaria fe Ieuaria


dizema fe por Carta paífaffe, a qual diz em:1 fe nom
arrecada por affi paffar por Aluaraes, Mandamos, e
Defendemos aos ditos Defembarguadores , e Corre-
gedores , que nom paffem taees Aluaraes , faluo
naquelle cafo que he ordenado; e os Efcriuaes que
taees Aluaraes efcreuerem, nom os dem, nem en-
treguem aa parte a que pertence, nem ao Porteir0 1
nem a outra petToa algüa que por elles aja de fazer
execuçam , fem os primeiro amofirarem aos ditos
Nolfos Efcriuaés , que diíTo teuerem carreguo, per-
ante os ditos Porteiros, pera fe delles recadar, e
leuar todo Noffo clereito. E os Efcriuaés que o con-
traíra fezerem , e Noffo Mandado nom comprirem J
fejam fufpenfos dos Officios atee Nofia Merce.

T I T U L O XXVII.
Do Caretreiro da Corte, e da Cuja do Ciutl , e do qut
a Jeus O.fficios perlence.

PRIMEIRAMENTE o Carcereiro da Corte ha-


de trazer quatro homens , pera encadearem , e def-
encadearem os prefos , e os guardar.
1 O CARCEREIRO ha de dar hüa cadea de mon-.
te, e dous homens que andem polos caminhos , por
onde quer que Nós Andarmos, pera os que prende-
rem , e com elles ha de hir huü homem do Meiri-
rinho das Cadeas. 2
q6 O PRrMEIRo Lrv. DAS 0RDEN. TIT. XXVII.

2 ITEM ha de guardar mui bem fuas prifoés ~e


os prefos , e aprifoa-los fegundo os rnaleficjos em
que -o pt"efo for cu~pado , e a qualidade das peíToas ;
c bufcar em cada huú dia d1:1as vezes os prefos das
.prifoés , pera veei- fe farn bem prefos, e arre-cadados,
e fe tem feita algüa malícia· pera fe auerem de fal-
tar. Porque fe a1guus prefos lhe fogirem , ha d'auer
aquella pena que o prefo que fqgir deuera d'auer
fendo-lhe prouado o maleficio , por ·q·ue prefo era ,
fegundo he declarado no ~into Liuro, no Titulo
Do Alcaid~ ,.ou Carcereiro que falta prifo d c. E achan-
do algua coufa ma·l feita , notificalo-ha loguo a
_g ram preíTa ao Corregedor dos feitos crimes , e ao
Meirinho das Cadeas , pera prouerem 1oguo com
Jufti.ça. E 1eualos-ha a fazer fuas necelfidades o
Carcereiro. e <i> Meirinho ·c om feus homens , duas
vezes no dia, quando outro remedio hi nom ouuer
pera fua hida fora fe pode• efcufar.
3 !TEM ha de fazer todas as couías que lhe o
Meirinho das Çadeas mandar fazer por NoíTo ferui-
ço , que a feu Officio toquem.
4 OuTRo ~I quando os prefos andarem cami-
nho , ham ·de feer entregues aos Concelhos onde
·c heguarem , e affi de Concelho em Concelho.
5 ÜuToR sr o Carcereiro ha de teer cuidado ,
quando forem por caminho, de aprifoar os prefos
aa noute ond~ quer que cheguarem. E terá carre-
gue, e guarqa delles em cada hüa noute com o3
homens do Concelho que os leuam , a que forem
en-
D0 CARC. DA ·coRTE -E DACA~ oo Crv9 E'r c. 177
encomendados ., atee ferem -entreg~es oRde a Cadea
ouue--r de efl:a.r d'afeífeguo.
6 1 TEM nom ha de confenür, que ni:nhuú prefo
tra g ua ferros de befta, · que f.e fechem ., nem desfe-
chem com ohaue.; e fe os elle mandar t;r.a~er a -al-
guü ., ou cog:fent-ir l<l ue os tragua, perder -fe-ha m ,pe-..
ra 0 Mei-rinho -das Cadeas., que ·lhos b<J. loguo d~
ma-ndar t0mar.
'7 OuT-RO .sr quando<> Carcerei?ro vi ir que -algnú.
pre[o he foberbo, -e deshon~fto , ou briguofo , em -tal
guifa que por'feu aa.zo a -Cadea receba a-lguü peri-
guo ., .noteficalo-ha ao --diw Meiri.nho das Cadeas, ou
ao Co~regedor.., pe-ra ·lhe ferem 'lançadas"Úandes pri..
foés, em t:11 ,guifa qtte .por caufa dcllo [e nom .poífa
fegu.ir outro dãno alguü.
8 .!:rEM nom confentirá o diro Carcereiro, que
cometam ein a dita prifam alguüs maleficios , aí11.
comC3 j ugtta-r dados., ('}U 'canas , ou a:rreneguar. Nem
con.fent-irá iffo mefma, que os ditos prefos, -ou alguús .-
omros homens ·de fóra dürmam em a dita .prifam
com as mo1he-res hi ,prefas. E dormindo 0 Ca-rcerei-
-ro com algúa molher que affi -reuer ptefa, ou con•
fenti-ndo a alguü {)litro que -com ella durma, nom
fendo feu ma'ricto ., Mandamos que moura .por ello.
E fe .fe ·pr-oua,r que o cJ.iro Ca·rcer-eiro ve{) com a dita
prefa a -a·Iguü -auto deshonefl:o, -affi tomo .abraçar.,
ou .beijar , que feJa por fu-a vontade da .prefa , feri
degradado de-z aP!l1os :pera a Ilha de Sam Thome. E
fc alguü Carcereiro quife.ffe .por ~força dormir com a
Liv. 1. .Z pr-e-
I

~ 78 O PRIME'IRo. LI v .. DAs ÜRDEN. TIT. XXVII •.


prefa, pofto que com ella nom dormifre porJe ella
defender, ou lho tolherem , moura por ello. E pri-
meiro que fe f.1ça execuçam de mone em cada huii
dos fobr~ditos cafos , No-lo faram fabe:r..
9 hEM o dito Carcereiro nom leuará peita d,al-
guu prefo ,. por lhe deitar menos prifarp. que o feu
delitl:o merece, porque dlo h e caufa de os ditos pre-
fo~ auerem luguar de fogir , e fazendo-o perca o
O~cio, e mais fej a punido fegundo a peita. que le-
uar.
10 E, sENDO achados alguüs arteficios, ou armas
na dita, prifam pera romper as ditas Cadeas, e fal-
tar os ditos prefos ,, Mondamos que. as percam feus
donos, e fejam dos Carcereiros, ficando obriguados
os que taees arteficios, ou armas tr:ouuerem , a lhe
Mandarmos d ~ r, fe forem , oú. poderem feer prefos,
as penas que rr1erecerem.
I r I TEM Mandamos , que tanto que alguü pre-
fo for trazido, e cheguar aa porta da Cadea da Nof-
fa Corte , ou da Cafa do Ciuel , antes que dentro en-
tre , o Carcer(:iro faça auto por fua maõ acerca da
tonfura, e vefhdos) fegundo h e contheudo no Q!in-
to Liuro , no Titulo §(_ue afJ tempo da prija1n fi jaça
auto do habito e tonfura.
I2 E PoRq.Y E algüas vezes acontecia , que os
prefos afii da Cadea da Corte, como da Cafa do Ci ..
uel defobedecifl m a feus Carcereiros ,-nom querendo
_tomar o ferro , nem que os bufcaifem como cum-
pre pera boà ~~uarda delles, ~erendo Nós a efta
pro~
Do CARc. DA CoRTE E DA CAs. -DO Crv. ETc. I7CJ· )

prouer, Mandamos que todos os prefos obedeçam


em todo , e por rodo a feus Carcereiros , no que a.
boa guarda delles, e fcguraHça da ] uftiça pertencer.
afii como em os mandar apr-ifoar , u dobrar o fer-
ro, ou bufcar fuas camas, e et1:adas-, ou os 1p..udar de:
huü luguar pera oucro, ou :lhes mandar outra coufa
feme1h!lnte., e qmtlqoer qae o •contnüro fe-zer·., e llte
for reqi1ti:rido rres vezes jut1tamcnte po-r o Carccrei...
1·o ., ou Meirinho das Cadeas, e mandado cada h lia
das diras ·coufas .,-e o tal ptefo., ou prefos o nom qui~
ferem fazer, -e rd-itlirem a tada hu<ü dos d~tos Offi-
ciaes nom ·lhe obedecend-o, f6for piam feja tirado
aa port-a da Cadca de fóra .,'e com preguam ·Jhe fejam
dados vinte açoutes , por a e:Ue feer cafhguo ., e aos
outros -exemplo., e :logtto ·o tornem dentro a aprifoat
fegundo defc:riçam ., e jui,zo l'ios Officiaes da dita Ca ..
dea. E fe for Efcudeiro ., ou d'outra qualidade que
·nom fcja piam , pola ra:l defobedien:cia .por cada vez
pague ddus 'mil rca es pera as Ele-fpefas da Cadea , os
quaes recadará o Recebedor do dinheiro das defpe..
fas da Rolaçam , pera defpenderem nas defpefas da
Cad-ea quando tomprir ; os quaes fe os loguo norn
paguar lhe fejam executados em as camas , e rou-
pas, e vefl:.idos que em a Cadea teuerem -~ fem lhes
hi ficar coufa algtia ., e o que tn ingüoa'r da dita pe-
na , fe ·execme • e aja polo milhar parado que lhe
acharem. E aa]em defto {e e·m tal 'reíift:enóa, e def..
obediencia os ditos Officiaes ., ou ·cada nuü de'lles fe-
.ruem , ou matarem 'OS dir:os prefos , que o poO'an:A
Z 2 fa-
1 So O PRIMEmo Lxv. DAS Ü.RDHl~ Tn. XXVIII.
fazer fem peBa algüa , guardando a·te~perança que
fe deue teer. E quando os prefos fe achare~n agra-
uados dos Offi.ciaes da C;1dea. , poder.-fe-ham- agra-
uar ao Corregedor, o qual. os ouuirá, e prouer:á com
j.u íliça , ~ fe faça todo. com pr.idamente corno fe deu e
fazer..
1.3 hEM na dita· Cadea. ha·. d'auer dous, ou tres
M .inifiros da Juíliça ,. dos quaes o. Carc.er.eiro ha de
teer cuidado de os trave r prefos., em maneira que
nom fuguam, e ham d'auer feu mantimento orde-
nado cada mez ..fegu.ndo. lhe fof- ordenado _polo. Re:..
gedof. E. ham d.e leuar dos homens , pu. molheres
que morrerem por juftiça , os veftidos., e roupas de
cama ,,que na dita. Cadea. teuerem.
14 !TEM· Mandamos ,, que os ditos Car.cereiros
nom vendam.1 aos.prefos coufa,. algüa , fob pena de

________
perdimento dp Officio·,. e. mais auer a. pena que for
Noffa M'erce ~, pera qu.e m qJJer. que os a.cufar•
...,.._ .

'I' I TU L O XXVIH.
Das carceragens da Cor.!e , e comJJ Je ham dt !mar.

TODO hprnern que for prefo na Cadea da Cor..


te , pague de carceragem cincoenta e quatro reaes,
brancos da WfOeda ora corrente , conuern a faber , i
feis ceptiis o real, e quatro reaes d'entrada, e mais
pague quand<> o faltarem outros quatro reaes pera
~ aquel~
DAs CARCERACENS DA CoRTE ET c. 18r

aq:uelle que o desfernr, qua11do o· manda~em foltar;


ct por eíl:es quatro r.eaes d?entmda o Carcereiro ha
de dar candea com que os. prefos fe vejam de nau-
te , e mais aguoa pera. beberem .. E fe o prefo- for
acomiado .en"J- cauaUo, OU· V.aíf.:<llo, ou Meíl:re de nao
de caftello d'a.uan.te, ou. barca que feja de carregua
d'oirenta- toneis ,_ ou·outro- homem ele femelhance
condiçam ,. e quifer andar pola. Cadea- com ferros
fem jazer mais aprifoado na. Cadea , e feu feito for.
tam leue que ra-zoadamente lho deua ,. c poífa aíli
fazer , pague de carceragem cento e oito reaes.
L l.T.EM nom leue carc;er.agem de ninhuü que for
faLto ·a nte que feja a.prifoado,.. ainda que chegue aà
caÍc1.da.prifam por prefo, [e-o-mandarem faltar ante
que feja, aprifoado. Nem leu e carceragem do que for
prefo fem mandado do -Corregedor-, _ou Juiz ,,ou ou-.
· tra qualquer Jufiiça·, que poder tenha. àe mandar
prender ,fe elle achar que he mal -prefo ., e·o mandar
faltar por-- acharem-que foi prefo fem feu mandado, _
e fem c-ulpa. E bem a-t1i· nom-. leuará carceragem·.
d'aquelle·que for pr.efo por erro.. \
2 ITEM todos .aquelles que forem prefos por" feer
achados defpois do .fino de correr fem arma ., e fo-.
rem condenados na pena dos q~1e fam achados .def-.
pois do fino, e forem -aa cadea., paguaram mea car-
ceragem foomente. E os que forem prefos .por ferem
achados com arma defefa., e forem condenados em
pena d'arma , paguaram a carceragem inteira.
3 !TE.M: fe alguü: prefo for leuado-. pera · outra
pn-
-182 O PRIMEIRo Lrv. DAs ÜRDEN. TrT. XXVIII.

prifam., pague ametade de toda a carceragem , que


p.aguaria quando foffe falto . .E na oútra prifam onde
for leuado, quando ouuer feu liuramento ., e o falta~
rem , paguará a carc-eragem int6ra.
4 OuTRO sr Mandamos , que ,notn feja ninhuü
Carcereiro ·ou fado de mais leu ar de cada huid prefo
do que acima he declarado, que he o que ·lhe de De-
rei-to pertence auer , e mais nem ·; e fe o contra ira
fczer , auer.á as penas -contheudas no Q:!into Liuro,
no Titulo· Da pena que aueram os O.fficiaes que leuans
mais do co1ttheudo emfeu Regimento.
5 hEM os pt:efos nom feram faltos fern Alua-
·raes affinados polos Júlguadores, que ·os mandarem
faltar, .feitos no Liuro da ·ca-rceragem , nos quaes
Aluaraes feram efcriptas as paguas das carceragens
·por maõ do EfFriuam que teuer o feito do d ito .pre-
fo ,, pera viirerp todas a boa arrecadaçam. E o dito
Efcriuam leue por fazer o dito Aluará fere ·reaes ., e
-m ais nom.
6 · I Tll'M as carceragens da Corte f e 'harn de Te-
partir , fegundo he contheuào no Titulo Do M6iri..
11bo das Cadeas..

TI-
Do REG. DO Guov. DA JusT. NA CASA no C1v. I 83

'f 1 T U L O XXIX.

Do Regimento do Guouernador da]ujliça


na_Càfa do Ciu el.

POR quanto a Jufiiça. da Cafa _d o Ciud princi-


palmente entende , e pmuee fjbre as contendas ) e
litígios, que fam acerca dos be'ns , e fazendas dos
Nolfos vaffallos, e naturaes, e affi fobre o Regimen-
to da Juftiça da Noír.1. Cida.de de Lixboa , que he a
maior, e mais nobre de Noífos Reynos ,.e Senhorios,
em que muito confifte Noífo . feruiço , e vniuerfal
Juftiça dos ditos Noffos Reynos, e por tanto .teer. a
guouernança da d.ita Ca.fa he nella o Officio maior,
e mais principal , e affi acerca de Nós, e de Noffo .
Eftar;lo de tanto pefo 1 e efl:ima, que por Nós, e Nof-
fos Soceffores. fe deue procurar. , que o Guouerna-
dor della feja fempre c:om aprouadas e mui vertuo-
fas qualidades de fua peffoa pera efl:e Officio efco-
lhido. Porque dene feer homem Fidalguo, de limpo
fangue, bom , vertuofo, de muita audoridade , e
pera mais perfeiçam .Letrado ., f e ·for poffivel ·, te-
mente a Deos, de f..1m vontade, .de boa confciencia;
jufto, e em bondades exprementado , inteiro , e
confl:ante, pera fem _algüa contraíra inclinaçam, nem
paixam fazer, e procurar, que o Dereito, e Juftiça
a todos mui igualmente fe guarde. E deue feer affi
aba!tado dos bens temporaes, e do animo principal~
mente, que fua particular necefiidade nom dee a
elle
.1.84 O PRrMEnta Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XXIX.
elle cauta a algíía aorru_pçarn de Noffajufiiça. E affi
-de graciofo ., e defpejado acolhimento aas par-tes ,
.pera fem algüa drfficuldade ·o verç:m, e fem .pejo lhe
.poderem requerer fua JuA:iça ; e .fobre iffo deu e feer
-caridofo ., e de condiçam piadofo, com que fempre
.tenha .cuidado ., e grande lembraHça -de proue·r , e
-efguardar paio bam., e breue de(pacha das partes.,
. ·efpecialmente das peffoa-s miferauees.., pobres ., ·e de
baixa -condiçam ., por t-al que a·s-caufa-s, e jufl:iça def-
1CS por defemparo, ou minguoa cle -requerimento ,
ou por outr.os femelhant·es defeétos .,-quanto -em elle
for ., nGJm ajam -.razàm de fe ,perder.. Jffo ·mefmo e.
Guouernador -deue feer Noflo natu-ral ., que -como
'bom , e -leal Nos defeje ferui·r ,.e ame .p erfeitamente
Noffa Pdioa ., Eftado , e Serui.ço .; ,porque .aili com(!)
a Jufi,iça 'he "caufa mai-s principal, porque ·com a
graça de Deop .por ella Reinamos., e a ella .fob.re to-
dalas ·coufas ~efle mundo 4enhames •pO'r ·iffo ·maior
obriguaçam ., pera ·cO'm muita equidade a ·Gyardar--
mos fempre a. todos, affi a -ra-zam., e·ella mefma Ju-
fiiça Nos acopfelham , qtJe -0 Guouerna.dor, que na
di · Cafa .por Nós ·ouuer de , goo~:~ernar., feja ~;a! ,, de
_A e Noffo Sepher -feja -feruido ., e em que Noffo oar-
-r.eguo defcanfe ., ·e Noffa confcieHcia quanto a .iffa
ande fempfe Pefcar.reguada; -e ,pera, o Guouernador
que or.a .he. e q~mlqt:te-r outro que polo ·te.rnpo" for\)
.milhar e -mais inteira mente comprir em rodo o
que a feu Offici<1l ,pertence, Encemendarnos-1-he rnui-
tÓ, que efte Regimento arniude -veja , ·e pafie pola
me-
DJ Rw. DO Guov. DA Jusr. NA CASA DO Crv. I 85

memoria eíl:a tamanha -confiança, e tam eíl:imado


carreguo,q!.ile nelle Poemos, por tal, que a lembran-
ça, e conhecimento diffo, -lhe acrecente por Noflo
refpeébo tal vontade, que febre ·o pro ui rnento da J u-
ftiça , e dependencias della o faça afl! deligente,
atento , e folic:ito , como [obre a· coLifa que Deos
mais ama, e a que Nós fobre os terreaes Somos mais
obriguado; de que fe feguirá, fa.z endo-O affi bem, .e
dereitamente como Eí.peramos, que po.r feus traba-
lhos 1 ·e tam ~ ignos feru1ços , e merecimentos , elie
nefle mt.mdo auerá de Nós , e Noífos Soceífores a
honra , merce , e acrecenramento que merecer, e de
Deos Noffo Senhor, que foh-re t-odos he juíl:o, e bom,
no ou-tro fua gloria por gualardam pe.ra fempre.
I E TANTO que o Guouernador for affi prouido
de tal Officio, ante qae comece ferui-r, nem faça
coufa alglia que ao dito Officio pertença, lhé ferá
dado juramento em Rolaçam polo Chanceler da di-
ta Cafa em Nolfa Prefença, em pubrico, e prefente
os Defembarguadores da dita Cafa • na .fórma ~c ...
gui.nt-e..
'2 )) EU Foam Guo·uetnador da ·Cafa do Ciuel
;,juro aos Sané1:os Auangelhos , em que ponho as
,, maõs , que nom dei a ninh-tía peífoa) nem darei »
, nem prometi de dar., ne'!l mandar, nem manda-
, rei COtifa algüa a a-Igüa peífoa , por ·càufa de me
, feer dado o dito Officio , e carregue ., nem . pera. o
, diante o reer. E affi juro·., que qua-nto a mim , e
, minhas forças , ·e juizo for poffiuel) eu feruitei o
• L;:v. I. Aa , Of-
186. O PRIMEIRo l.rv. D.As ÜRDEN.-TIT. XXIX.
,, Offici{) da guouernança da dita Cafa ,. de que Sua
, Alteza me fez merce , bem e fielmente,. como a
, feruiço de Deos ~e defcarreguo da confc-iencia do
,, dito Senhor , e minha comprir. E trabalharei. que
,, o Dereito e Juítiça inteira e igual'men.te fe guarde:
~· aas partes fem algúa diffcliença,nem refpett:o, que
,, aja de grandes a pequenos, nem ricos a pobres »
, nem d'dhangeiros a naturaes; porque quanto em_
,., mim for: fempre pro.cural'ei,que a todos fe f<tÇa, e
,., gua-rde por inteiro. E em efpecia.l teFei cu.idado
» dos p>efo.S, orfaõs , e viuuas ,, e pobres ,. e peífo.as
~· miferauees,. e trabalharei quanto em mim for, e o
,, Regi'm ento de meu Qffi.c io me _d er poder,. que to ...
•, dolos feitos ,. e neguocios dos fobreditos fe defpa-
, chem bem,.jufia,e breuemente fem algüa paixam
,,'de odio, am'or ,_a.feiçaJn, parentefco, nem d'outro
,, feifielhante refpeél:o.. E a.ffi. mefmo juro e p11ome-
,~ to ,.que por p1im ,. nem por antrep0Ha _pefioa nom
~) receberei dadiua ~ prefente , nem feruiço alguu de
,) qualquer pefioa, que na dita Cafa tragua, ou a
, -minha neticia vier que ha de trazer feito ou dt!-
,, manda, fahw d'aquelles çom que cu tenha ta~ di-
,, uido •. e patentefco, ~ que eu por dereito deua feer
,, fufpeito. E pala dita maneira q~1ando o fouber,
,., 'nom o leix~rei lemu; a alguú Defemba•r guado·r 2
,~nem Officia/ de Ju!l:iça da dita Ca(a. E affi com
, deligencia trabalharei, que os Defembarguadores,
,, Procuradores , Efcrítiaes , Meirinhos , Car.~erei..
-,, ros, e todol:Os outros. Officiaes, e Müúftros dá Ju..
,, fti~ ~
D,l REc. DO Gu0v. DA JusT, NA CAsA no C1v. I S7
,, ft.iça, que debaixo de meu mandado, e jurífdiçarri
•n eR:euerem , bem e dereitamente > e fegu11do fcus
, , Regimentos, feruam feUs Officios, e fem efcanda..:
,J lo, cautela, nem ddongua guardem ., e façam aas·
, partes Dereito e Juíl:iça em todo, aos ql:laes intei-
,, ram.e1:tte e fem minguoa algúa farei guardar todas
,, as Leys, e Ordel~açoé.; do dito Senhor, e guarda-
u rei as ditas Ordenaçoes. E achando c1ue elles, ou

., cada huú delles o nom' fazem, prouerei a iffo com


, aquel1e remediG, e emenda, como Sua Alteza por
, Suas Orclenaçnes, e meu Regimento me .M anda;
,., e o q~:~e por elle eu nom poder emendar , que a feu
"feniiço e bem de Jufb;ça comprir, lho farei loguo
,, faber ., pera o dito Senhor o prouer como for fua
, merce. E am juro e prometo de em todo guardar
,., "fempre o diw meu Regimento , e a fabendas o
, , nom exced·er e paíTar , faluo quando, e na manei-
.,, ra , que polo dito Senhor me for mandado. E afli
,, prometo teer fegredo naqudlas coufas, que defco-
.. hrindo-fe feria pcrjuizo a ferui.ço do dito Senhor.
, e a bem de JÚíl:iça das partes, ou contra meu Re-
7 , gimento. E qualquer coufa que eu fouber que a

,. bem de Juíl:iça cumpra, a.fTi na dita Caf.'l do Ci-


, uei , c~mo em qualquer outra. parte de feus Rey-
,.nos, e Senhorios, que toqllem a Ofi1ciaes de Juíl:i-
" ça, e affi peffoas, que jurifdi'Çoes de Terras tenham .
., do dito Serihor , que ne·ceffar1o feja Sua Alteza o
, faber, a que eu p0r mim fegundo meu Regimen- ·
, to , e poder nom poffa prouer, o Jarei .loguo faber
Aa 2 · u áo
18g O PRIMEIRO Liv. DAs ÜRDEN. TIT. XXIX.

,, ao dito Senhor pera o prouer como for Sua Merce.


,, as quaes coufas todas corno aqui fam declaradas ,
,, outra vez juro aos Sanél:os Auangelos,e prometo,
,, e dou minha fee de inteiramente o afii guardar e .
, compnr. ,,
3 O QYAL juramento fe efcreuerá no Liurinho
da l\1efa deífa Rolaçam, e ao pee delle o Guouema ..
dor affinará , e abaixo de fcu final todos os Defem-
·barguadores que forem prefentes affinaram ifi'o mef-
rno, como teftemunhas do tal auto.
4 OuTRO si quando J"',ós tomarmos alguü Le-
trado pera a Cafa do Ciuel , ante que feito alguü
defcmbargue , o Chanceler della lhe tomará jura..
mento na Mefa perante todos os Defcmbarguado-
res , e clle dito Letrado o fará na fórma que fe [e..
gue, e fe efcrejuerá em o dito Liuro.
5 ,, EU Fpam juro aos Sa:nélos Auangelhos, em
, que ponho ~~s maõs , que nom dei a ninhúa pef..
, foa , nem dárei, nem prometi de dar , nem man ..
, dar , nem rn,andarei coufa algüa a algüa peífoa •
,, por caufa de me feer dado o dito Officio, e carre..
, guo, nem p~!ra o diante o teer. E affi juro e pro-
,, meto, que efl:e Officio de defembarguo ~ou tal Of..
1 , ficio defta Cílfa do Ciuel, de que ora E!Rey Nof-

, fo Senhor IDf Fez Merce, quanto a minhas forças,


, proprio entendimento, e verdadeiro\ juizo for ·pof..
, fiuel , eu o íeruirei bem , de rei ta , ' e fielmente , e
, guardarei in(:eiramente o feruiço de Deos , e da
,, dito Senhor,, e Dereito e Juftiça igualmente aas
,, par..
Do Rf:e. DO Guov. DA JusT. NA CAsA no C1v. 189

, partes de qualquer natureza-, forte ·, eftado-; e pre-


, minencia , e condiçam qtte fejam, fen1 odio , nem
, afeiçam , nem algüa injuíla acepçam de peffoas.
, E affi jmo, e pron1eto ,. qt1e as Leys e Ordenaço~s
, do dito Senhor inteira, e faã1nente gtJa-rdarei , ca-
wmo nella.s fegundo. meu verdadeim jwizo he con-
,. tbeudo. E afi.r juro, e prometo, que por rnim , riem
, por antrepofla P.etroa nom receberei dadiua, pre;..
, fente, nem feruiço algu~ de qualquer peffva que
, tragua , ou a minha noticia vier, que ha de trazer
, feito, ou demanda perante mim, ou pender no
, Juizo , e Mefa em que eu poff'a defembarguaF, e
, dar voz; faluo daguelles de que em. po:r DereÍto' de ...
,, uo feer fufpeito~ E iffo, mefmo,, que em quanto em
, n;im for , e meu juizo alcançar, com prirei em to~
,, do o que ao dito meu car.regua, e Officio perten-
, cer, e eu fou ob.riguado fem. minguoa aJgGa. E aHi
:u prometo teer fegredo naqueUas coufas, que defco..;
, brindo-fe feria perjuizo a feruiço. do dito Senhor 1
,, e a' bem de Juftiça das pat:tes. E affi nom regue;.;
, rerei por peff'oa :algüa na dita Cafa,. faluo por aquel-
, les pera que me a Ordenaçam daa luguar que o
,, poffa fazer. , \
6 E TANTO 'que o dito juramento for efcripto, o.
dito Defembarguador que o .fezer poerá abaixo del-
le feu final, e auerá no fobredito Liuro tanto efpaço
em branto , que abaixo dos juramentos· efcriptos ;
fem fe fazerem outros de nouo, poffam affinar os
outros Guouernadores, c Defern'barguadox·e.S, que po-.
lo
190 O PRIME(Ro L1v. DAs ÜRDEN. TrT. XXIX.

Jo tempo aili jurarem, fendo por Nós nouament~


dos taees Officios prouidos.
7 E PORQ!JE a primeira e principal coufa, que
em todolos autos, e Officios fe deue fazer, he enco-·
menclarem-fe os homens a Deos ., pera que fuas obras
aderece bem , e a [eu fanéto feruiço, e affi por fua.
.enl1nd..,~bondade os ·alumie , e enfine pera confegui('
todo ben1, e efl:a vertude nas coufas da Juítiça em
-efpecial fe deua guardar, pois de todas as temporaes
ella he a principal. por tanto o Guouernador orde-
nará, e e[coll~erá hum Sacerdote, que. em todolos
dias pola menhaa digua MiíTa na Rolaçam aa entrada
d~lla. naquelle luguar e cafa que pera iffo mais ho-
l'!eflo , ~ conucniente lhe parécer, o qual Sacerdote
ferá paguo por a (finado do dito Guouernador dos di- ·
r:theiros apr?priados pera as dcfpefas da dita Rola...
çam. E o mefmo Sacerdote terá obriguaçarn, e car-
regl!lo de corfeft1.r os homens , que forem aa morte
condenados ;• e de hir com elles atee o luguar pera a
tal Juüiça d~!putado, dando-lhe confortos , ·e eníi-
nos , e esforços taees ', com que elles mouratn bons
Chr.ift:aõs, e recebam fua morte em paciencia, com
as milhares palauras que poder, e viir que pera fu~.
faluaçam delles póde aproueitar,
g ANTR,E as coufas que ao dito O.~JOuernad,or
principalmeRte conuem , affi he , que faib{l por ver-
dadeira enfqrmaçam, como os Noffos Offioiaes, que
pera adrniLüflraçam da Juítiça fam deputados , vi-
uem, e vfarn, affi em teceberem d'algüas p~i·tes da.,.
. d~ ·
Do REG. oo Guov. DA JwsT. NA CAsA DO C1v. r91

diuas , como em ferem negrigemes, e remiífos em ·


feus deferpbarguo~ 1 e em quaefquer outr0s falee:i-
mentos, porque feus. Officíos affi acerca de Noffo
Senhor Deos 1 como de Nós no.m fejam bem ferui-
dos ; e qu.ando elle for em conhecimento de tal CQU-
fa por enformaçam que dello aja, ou por fama· ,.
Mandamos-lhe -que chame effe Officia:l de que tal
enformaçam ouuer,. e apartadamente, antre fi e elle,.
o amoefte, que fe guarde d'aqudlo de qtle aíli he in-
famado e con-fi.i-e como por bem de NoíJo Officio
1

he honrado ; c prezad('} antre os bons 1 e recebe de


~ós merce 1 e [e fofl:em 1 e affi lhe digua algüas ou-
tras razoés, que lhe pera ifto bern parecerem ; e nom
fe querendo cafl:iguar por a.quella. primeira r.epre-
henfam, deue-lho de dizer' outra vez em prefença
d'·outros Officiaes de femelha.nte Officio 1 porq~e re-
ceba ainda mais · verguonba de fuas minguoas ; e
continuando di em diante em feu mao pr.epofito ,_en-
tam o deue diz.er a Nós, pera com feu bom confe ..
lho lhe Darmos aquella pena, e caftiguo que por fua:
culpa merecer. E porem fendo 0 dità Guouernador
por cel'ta enformaçam, ou fama pubricél! enformado,_
que o Defembarguador, ou Official recebeo- algúa.
dadiua, ou fez falfidade em feu Officio ,. deue-o lo-
guo dizer a Nós fem lhe fa-zer outra amo,eftaçam:,.
pera fabida a verdade lhe Darmos aguella. pen_a-, que·
portam. graues·cafos fe merece·.. E aquell;es qúe a-char -..
que viuem bem , e vJam de feus Officios corn.e de-
uem; louualos-h:1 ,_e honra·rá muüo .antre os outros~
e
. 192 O PruMEU.O L1v. DAS 0RDEN. TIT. XXIX.

e Nos fará faber fl!la boa fama., e vertude, pera r·e ce-
ber de Nós honra, fauor, e mercc , por tal que a
merce, · c a vantagem que aos ta:ees Fez·errnos por
fuas ve-rtuêes., e mer-ecimentos, e -o caftiguo que Der-
mos ao que tal nom for por fuas culpas , feja exem.
plo aos outres· pera bem viue-rem , ;e .fe guardarem
dos -rnaos .qlfl:u-mes.
9 E o dito Guouernador deue procurar rnerce,
e honra aos Defembarguadores ', e Officiaes da dita
Cafa, fobre que liem o -regimento , e guouernança,
e fazer-lhes comprir e guardar com eife&o todos
feus Priuilegios , que dos Reys que ante Nós foram~
e No!làs teuerem .; e fe mel1er for., o efcreua a Nós,
. pera o affi Mandarmos compri·r., pois os ditos-Gffi-
cíaes .e.flam contilluadameAte em Noífo feruiço •
. H~ E ACABADA a Miffa, ordenará hüa mefa em
húa ca.fa ., qu,e pera ello feja pertenoente ,-em que e'l-
le eftee -coRtinuadamente em cada huú dia com os
Defembarguéifdores que pera eiJo ordeaa·r, ·e ,hucr dos
Oúuidores '> ~~ naque-lla rrÍefa defemba-rguará todo los
feitos c-r.imes,/ que a -efla.:Gafa .pertencerem ; os quaes
feit6S crimes feram. viftos e ~elatados por o dito' Ou~
u.idor peraAte eHe Gu6tterrrador., e, Defembargua-
dores, e as pa.rtes, ou feus Procuradores,fegundo ·mais
compr.idamep.tc ferá declarado .no Titulo D()s Ouui~
dores-.
· .r.r iTEt4 ordenará ou:tra meta em outra •cafa., e
d::!fem~argua~á ndla outro Ouuidor, com ·o ql'laf o
, dito GtJo~erníldor ordenará dous, oo tres Defembar-
guá-
Do REG. DO Guov. DA JusT. NA .CASA oo Czv. 19J

guadores, que ajudem o dito Ouuidor a·defembar-.


guar os feitos crimes de feu Officio.
12 hEM ordenará outra mefa ao Juiz dos feitos
de Guinee, e Indias, e lhe dará aquelles Defembar...
guadores , que forem neceffarios, fegundo a quali-
dade dós feitgs que effe dia ouuer de defpachar.
13 ITEM fará viir em cada huü dia todos os Def-
emba.rguadores , e Officiaes cedo pola menhaã aas
mefas a cada huü deputadas, pera vfarem de feus
Ofl1cios, aos quaes Mandamos, que com muita de-
ligencia. e faã conciencia vejam os feitos , e os def-
embarguem com jufi:iça, e dem aas partes que os
requerem boas e honellas repollas ; e fe algüa parte
fe agrauar d'alguú Official , que lhe retarda feu fei-
to, ou fez o que nom deue, proueja o Guouernador
f.obre ello em tal guifa, que nom receba agrauo. ·
14 E NOM confentirá, que alguús dos Defem ..
harguadores , defpois que forem aífentados em feus
luguares pera defembarguar, fe aleuantem donde
efteuerem; faluo fe for tal neceilidade, ou impedi-
mento , que nom poffit efcufar , e torne-fe a feu lu-
guar donde fe partio, como fua neceffidade acabar.
r 5 E TERA' iffo mefmo grande refguardo, que
o tempo fe nom guafte em falas , e praélicas , nem
outras coufas nom neceít·uias ; e o tempo que durar
o defembarguo na Rolaçam feja ao menos por efpa-
ço de quarro horas inteiras paffadas por relogio
d'area, que ferá pofto na mefa, onde o dito Guo-
uernador efleuer, nas quae~ o mais aturadarnentc
Liv. I. Bb que
I94· o PRIM~IR.O LIVRO DAS Ü!WEN.TIT. XXIX.
q1:1e for po!Ttuel, e com moor cuidadi> defembárgua.
rarn os feitos , que nelle dia ouuerem de defpachar.
I 6 E sE cafo vier , que hi aja muitos feitos cri.
mes , e as partes nom poderem auer tam afinha li.
uramento , polos Ouuidores nom poderem tanto
defemoargua-r , c~meta o Guouernador parte ' dos
(:fitos feitos a outros Defembarguadares , que bem ,
e em breue os po!fam defembarguar pera milhar
defpacho das partes , os quaes delles conheçam
como cada huu dos ditos Ouuidores.
· 17 E sE o Guouernador viir , que em alguüs
feitos crimes , e de graues maleficios ha taees duui.
das , que lhe pa.reça bem ferem juntos todos os
Defembarguadores, faça ajuntar todos aquelles, que
forem fem fufpeita, e com elles os defembargue.
18 E os feitos crimes , em que os acufados me-
1

receriam pena de morte natural, fe os cafos por que


fam acufado~ foífem prouados, mandará qefembar-
guar aa fefi'IL feira na mefa em que elle efieuer; os
quaes feiJos Ordenamos ferem defembarguados ao
menos por çinco Defembarguadores , e o que po-
la 111aior p,a rte for acordado fe dee aa execuçam.
E .e íbndo :,Nós onde a dita Cafa efteuer , antes de
fe ~azer execuçan_: da morte na~u.ral , ' :~ça-fe pri-
meiro faber a Nos. E os outros fenos cnmes, em
. que os acu!;ldos norn merecerem \morte· natural J
feram defembarguados ao menos por tres Defem.
barguadores ; peró fendo os dous delles concordes ,
ponha-fe o defembarguo , e affine-fe polos doua
que
D:> RE G. Do Guov. DA JusT. NA -cAs:A no Crv. 195
que forem concordados : e fe dos tres cada huü foi:'
em defuairada tençam, em tal cafo o dito Guouer ..
nador dará o feito a outro Defembarguador , que o
veja em fua cafa por terceiro, e concorde-fe com
cada huu dos tres, que o primeiro viram , e affi fe
ponha o defembarguo , e fe affime , e pubrique ; e fe
o terceiro for em outra noua tençam , de-fe a outro,
atee que dous fejam concordados em huü defem-
barguo. E dto fe fará affi nas interlucutorias, . como
nas definitiuas. ·
19 E MANDA Mos, qüe os feitos ciueis que fe em
Rolaçam defembarguarem , fejaiU- relatados perante
as partes , ou feus Procuradores, e bem affi leudas
todas as inquiriÇoes , e efcrituras , e razoes que aos
feitos pertençam, perante os Defembar guadores que
pera taees defembarguos fam deputados; faluo fe aos
Defembarguadores do feito, e aas partes , ou a feus
Procuradores parecer, que algúas das ditas inquiri-
çoés , efcripturas, e aleguaçoes fam efcufadas , e fe
nom deuem ler ; porque em tal cafo fe ler i Ioo-
mente o que por todos elles for acordado: e acaba..
do de ler o dito feito, as partes , e feus Procura-
dores fe fahiram pera fóra, e o Juiz do feito dárá.
nelle fua voz primeim , e di por diante os outrqs
Defembarguadores, que ao feito efieuerem , e o que
pola maior parte dos ditos Defembarguadores for.
concordado, fe comprirá, e dará aa execuçam , fen-.
do em os ditos feitos ao menos concordados tres
Defernba:guadores.
Bb 2 sz.o E
196 o PLUMEfRO LIVRO DAS 0ROEN. TIT. XXIX.
20 E EM todos os feitos, que fe defpacharem em
Rolaçam polas mais voe.es c·omo. diro he , fempre a
fenten ça ferá pofla, e efc-ripta polo'Juiz do feito.
pofto que elle feja em defuairada tençam. e fe rá
affi nada .polos que no dito acordo forem; e quando
fe a fentença tirar do proceiro ferá affi.nada polo
mefmo Juiz do feito, pofto gue nom ailinaífe no
feito, e foffe em outra tençam. E fe o Juiz do feito
ao tirar da fentença for abfente , pairará por outro
Defembarguador. E fe a fentença for de qual idade ,
que quando fe tirar do procefio, aja de feer affinada
por dous Defembarguadores, e huu delles for a:b-
fente, pairará polo que prefente for, e o Efcriuam
poerá ao pee da fentença , como paffou por aquelle
foomente, por o outro feer abfente.
2I O puouernador receberá todas as enfor-
rnaçoês das partes , que fe agrauarem de qualquer
DefembargL)ador, ou do Corregedor, ou de cada
huü dos Offi_ciaes da Juftiça da dita Cidade de Lix-
boa, e affi das fufpeiçoes, quando na rnefa forem
poftas a cadil huü dos Defembargtiadores , ao tempo
que os feito& fe ouuerem de defpachar, as quaes elle
com os Defembarguadores do Agrauo , e com .os
mais que fe hi acharem, defembarguaram como for
Dereito. e p que por as mais vozes for acordado fe
éomprirá; q em quanto efteuerem aas vozes o Def..
embarguador de que fe agrauarem • ou a que for
pofta ft1fpeiçam , fe apartará atee fe fobre ello to..
ma( conclufa,m~.
22 E
Do REG. DO Guov. DA JusT. NA CAsA DO C1v. 197

22 E QYANDO fe alguü agrauar por enforma-


çam à'alguü Official da dita Cafa, ou de qualquer
Official àa dita Cidade , e no dito agrauo apontar
algüa coufa, que toque á in~mia do dito Offi6al ,
o Guouernador com os fobreclitos Defembarguado-
res conheçam dello ; e fe acharem que tal infamia
poíl:a ao dito Official nom he verdadeira, faram
emendar , e correger a aquelle- que a dita infamia,
ou doeíl:o pos, por prifarn, e pena de corpo , ou de
dinheiro, ou por reprenfam de palauras , fegundo
for a qualidade do feito, e a condiçam das peífoas ;
e achando o dito Guouernador , e Defembarg~lado­
res , que o dito Official foi defamado com razam ,
em tal cafo deue-o reprender de praça prefente os
outros Officiaes da Rolaçam; e fe o erro for tal, que
o dito Official mereça maior pena que reprenfam,
o dito Guouernador em Rolaçam com acordo dos
Defembarguadores lhe dee aquella pena, e emenda_.
que fegundo fua culpa merecer.
23 Ao Guouernador pertence prouer, e confer-
uar os Efiilos , e bons Cufiumes acerca da ordena-
çam dos feitos, que fempre fe cufiumaram , e guar-
daram na dita Cafa; e nom confentirá que alguü
Defembarguador entre, nem eft ce com efpada, nem
punhal na Rolaçam. .
, 24 ÜUTlto si Mandamos , <que o dito Guouer-
nador nom mande fazer execuçam, nem·confenta
fazer por Ah.iaraes , nem Canas, ou, quaefquer ou-
tros defembarguos affinado.s por os Defembargua-
do-
I98 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TlT. XXIX.
dores da Cafa, da Sopricaçam , q\le fejam fobre al-
güas coufas, que por elle, ou por alguüs Officiaes
deífa Ca.fa fejam defembarguadas , ou [obre feitos
que perante elle pendam, ainda que as taees Cartas,
Aluaraes , ou defembarguos , fejam afieladas do
Noffo verdadeiro Selo ; faluo fe effes Aluaraes, Car-
tas, ou defembarguos forem por Nós mefmo affina..
dos, porque Noífa tençam he , que os ditos Defem-
barguadores da Sopricaçam nom fe entremetam
em ninhum modo fobre .os feitos e contendas , que
já forem mouidas , ou começadas em elfa Cafa do
Ciuel; faluo onde-fegundo as Ordenaçoes de Noffos
Reynos efpecialmente lhes he outorguado, que o
ajam de fazer. Peró o dito Guouernador nom con-
fentirá , que fe h i conheça de co ufa algüa , que aa
dita Cafa da S?pricaçam pertencer. ·
.2 5 E Q!! AN oo antre os Defembarguadores das
Cafas ambas for duuiàa fobre alguüs feitos, fe per..
tencem a hua Çafa , fe a outra , Mandamos que os
Noífos Defembarguadores do Paaço fejam das taees
duuidas e con ~ endas Juizes , os quaes auida pera
1

iífo enformaçarn neceffaría Nos faram de todo rcla-


çam, e com Noffa auB:oridade -determinaram, em
qual das Cafas fe deuem.:.- os taees feitos trautar ;
e o que por elles for determinado , Mandamos ao
Guouernador , e Regedor , que o façam em todo
comp~ir e guaqhr. · 11

· 26 I TEM o dito Guouern.ador com grande cui-


dado , e delíge~lCia , fe trabalhará de faber, como o
Al...
Do REG. DO Guov. DA JusT. NA CASA Do Civ. 199
Alcaide, e Meirinho das Cadeas feruem feus Offi-
cios , e fe nellcs fatisfazem com as couf.1s que farn
obriguados , e affi fielmente como o deuem fazer
por Nolfo feruiço, e bem da Juítiça; e fe trazem os
homens que lhe fam o"rdenados , e fe fam taees
como deuem pera as coufas da Juíliça, e achando
que o Alcaide faz o que nom deue em feu Officio,
amoefl:a-lo-ha que fe emende, e quanco fc nom
correger Nos fará faber feus vicios, pera niífo Man-
darmos o que Ouuermos por bem: peró quanto aos
homens que ouuer de teer , fe achar que nom fam
taees como deuem , aquelles que taees nom forem
lhos mandará lançar fóra , e tomar outros que bem
poffam feruir. E no que toca ao Meirinho das Ca-
deas, fe achar que faz o que nom deue, e for com-
prendido em alguus erros taees , por que lhe pa-
reça razam fufpende-lo do Officio, ·pode-lo-ha f.<t-
zer, e meter outro em ·reu luguar , e No-lo fará
faber; pera Mandarmos acerca dello o que Ouuer-
mos por bem , e for mais Noífo feruiço; e acerca
dos homens. fe os teuer , guardará o que lhe Man-
damos nos homens do Alcaide.
27 Üu'fRo SI prouerá fobre os Carcereiros da
dita Cafa mui a miude , e faiba fe fen1em bem feus
Officios , ou fazem nelles o que nom deuem, man-
dando _tirar fobre elles inquiriçoés ; e trabalhará
como acerca dos ditos Carcereiros fempr-e feja pro-
uido, de maneira que por minguoa de bom cuidado
e deligencia nom po!Iam elles fazer o que nom de-
uem. 28 E
200 O PRIMEIRo LivRo DAS ÜRDEN. TrT. XXIX.
2 8 E ASSI prouerá fobre os Efe-riua~s da Cafa
do Ciuel , fe fam fieis em feus Officios, e affi deli-
gentes no feruiço delles , como fam obriguados por
feus Regimentos , e fe no defpacho das partes fam
efcandalofos , e de maas repo!tas, ou de fuas efcri-
pturas leuam mais~ do que lhe he ordenado , tiran-
do em cada huü anno inquiriçam deuaifa fobre el-
les , da que dito he. E iffo mefmo lhe Damos po4
cler, que quando fe algüa parte queixar d'alguü
Efcriuam , que po!Ta fobre ello tirar as tefl-emunhas
que lhe bem parecer, e aquelle que achar que mal
faz , emenda- Io-ha, e fará correge_r como feja ra-
zam ; e achando alguüs comprendidos em erros
taees , por que mereçam caftiguo nas peffoas , ou
nos Officios , mandará proceder contra elles como
com Dereit0 deua, cometendo fuas culpas ao Chan-
celer da dita Ca.G1., a quem o conhecimento perten-
ce. E Dafllos-Ihe poder, que os poffa fufpender ,
quando em tal culpa os achaífe pola dita inquiri-
çam , ou deuaífa, por que com razam affi o deuefie
fazer , e defpois de os affi fufpender No-lo fará fa-
ber, pera Mandarmos a maneira que com elles te-
nha ; nom tolhendo porem o Nofio Chanceler da di-
ta Cafa pod~r. entender [obre os ditos Efcriuaês , fe-
gundo a fc\J Officio pertence.
29 E PPRQYE pela ventura alguüs Senhores de
Terras, e Fidalguos que J urifdiçam tem, [e antre-
rnetem de víar de mais Jurifdiçam, que aguella que
por as doaçoês das ditas Terras lhe he dada, do que
fe
Do REG. Do Guov. DA JusT. NA CASA no Crv. 20r

fe legue muito Noffo deferuiço, Mandamos ao dito


Guouemador fob carreguo do juramento que tem
tomado de feu Officio , que íempre fe trabalhe de
faber pelos feitos, que aa dita Ca!:1 vierem, fe alguu
Senhor de Terra, ou Fidalguo, ou pcffoa que Terra
ou Jurifdiçam tenha, em qualquer maneira que a
Jurifd içam de lia lhe feja dada, vfa de mais Jurifdiçam
que aquella , que por íua doaçam lhe for outorgua-
o
da, e achando que alguü faz nom lho confenta.
e 1úffo proueja de tal modo, que o mais nom faça ;
e contra aquelles, que o contrairo continuarem ~cf­
pois que lhe for mandado que o norh façam, pro ..
cederá como com Dereito em tal cafo deue. E Man-
damos ao dito Guouernador, que nifto como coufa
mais principal ou.lhe com muito cuidado, pera fecr
prouido como a Noflo feruiço cumpre: e quando
cftas peffoas foffem de tal eftado e qualidade, que
No.Io 'deua fazer faber, o falará a Nqs, ou enuiará
dizer por fua carta , pera o Prouermos como for
Noffo feruiço ,. e muito em efpecial efta coufa lhe
Encomendamos, que nella proueja fob carreguo do
dito juramento. ·
30 E PERA bom defpacho e breuidade dos feitos
Mandamos, que qu·ando alguü fciw for flnalme1~te
çonclufo, e vifto em Rolaçam, e fe pofe~ em elle
algüa interlucutoria, pera fe ainda auer de fazer al-
güa deligencia , o Juiz principal do feito ponha
hüa lembrança affinada polos ditos ·oefembargua-
dores, que fe hi acordarem, o que que fe fari tan-
. Lz'v. I. · · Cc · tQ
202 O PRIMÊIRo Liv.nAS ÜRD};N. TIT. XXIX.

to que fe a dita interlucutoria comprir, e a deli.


gencia vier feira, aili de nom, como de fi , pera fe
enram loguo affentar fentença no feir·o , e fe affinar
fegunclo ~d ita lembrança, vendo foomente o que
nouamente crccer , fem mais fe tornar a ler todo o
feira; a qual lembrança ficará em poder do dito
Juiz do feito, e partindo-fe o Juiz, fique a quem o
Guouernador ordenar.
31 E AÇONTECENDo, que os Defembarguadores
de algüas das ditas m eías fejam em vozes defuai.
rados, que fe nom poffa poer defembarguo, em tal
cafo o dito G t1ouernádor fará ajuntar com elles ou-
tros Deíembarguadores, que vejam o feiw fobre que
for o defuairo, e o que a moor parte delles aíli todos
juntos acordar, fe cumpra~ E vindo cafo, que em
I
alguu feito, viflo por todos os Oefembarguadores
que prefentes forem aJs vozes , forem iguaes , em
ral C?.fo o Guouern:~dor dará fua voz , e aquella par-
te a que fe elle acollar prcualecerá, e fegundo ella
fe poerá {entença. E quando o Guouemador norn
for prefente ~ e os Defembarguadores fore'!l dlfcor-
des quanto aas cuflas , fendo em vozes iguaes quan-
to ao principal, ponha-fc na fcntença, que feja fem
cuftas , e os Defembarguadores poderam poer fob
feus fignaes Eram cum fumptibus, ou ji11e fumptibus ,
pera fe poder faber a tenpm em que cada· huü era.
32 E sErmo alguü Defcmbarguado'r' abfente, ou
ern tal maneira impedido , que nom potra defem-'-
barguar os fçitos que ·a feu Officio. pertencerem, ·o11
que
Do REG • .oo Guov. DA JusT. ·NA CAsA oo C.iv. 203

que lhe forem cometidos, o Guouernador poerá ou-


tro em feu luguar , que os defembargue , e faç:1 as
Audícncias afli na Rolaçam , como fóra , fegundo
pertencia fazer ao tal Defembarguador que afli for
impedido , em tal maneira, que por minguoa dos
Juizes príncipaes dos feitos os defembarguos nom
fejam retardados ; e tanto que ceíiàr o dito impedi-
mento, ou abfencia, recolherá feus feitos no ponto,
e efiado , que os achar, fem lhe ficar feito alguü a
aquelle, a quem o dito Officio foi cometido. Porem
vindo algüa das partes com embarguos a algüa fen-
tcnça interlucutoria, ou definitiua dada por aquelle
a quem o dito Officio foi cometido, elle conhecerá
dos ditos embarguos , fe na Corte eíteuer ; e nom
eftando na Corte, entonce cónhecerá dos ditos em-
barguos o proprio Juiz do Officio. E Mandam·os •
que no cafo onde fo!fem certos Defembarguadores
Juizes d'algüas coufas, affi como os do Agrauo , e
em algua interlucutoria , ou incidente defuairaf-
:Cem, ou foffem em diuerfas ;.e~çoes, por onde o fei-
to folfe a outro Defembarguador a quem ouueffe de
hir, ou a quem o Regedor o cometeffe , defpois que
for po!la a · dita interlucutoría o feito tornará a
aquelle, que foi em defuairo, e conhecer:í delle com
os outros em todo inais que íe no feito ouuer de
proceftar , affi como conhecera, fe dos outros _nom
defuairára ; e porem -ferá obriguado a feguir o def-
embarguo, que polos outros foi acordado, pofio que
dle foffe em outra .opini_!lm.
Cc 2 33
20+ O PRIMEIRo 'Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XXIX~

33 E Isso MESMO Manda·mos que fe guarde no$


feitos, que fe defpacharem nas mefas polos Oefem-
barguaqores, que o Guouernador cada dia ordena ·,
onde fe acontece as mais das vezes cada interlucu-
toria dos dit-:>s feitos feer defpachada por diverfos
D~fcmbarguadores; porque [eram obriguados , os
que derradeiramente vierem aos dcfpachos dos ditos
feitos , affi pera as inrerlucutorias, como pera da.r
fentença definitiua , feguirem as intcrlucuwrias po-
los outros poflas, pofto que lhe outra coufa pareça
acerca das ditas interlucutorias que Í:1m po!las, ou
pofto que já outra vez c!l:eucfTe ao defpacho da dita
interlucutoria, e fo(fe em contraíra opiniam. E rodo
efto que dito he, que os Defembarguadores figuam
as interlucutorias, pacto que foffem em defuairada
tençam, e que fiquem Juizes 1 como que nom foram
em tal defuairo, Mandamos, que iffo mefmo aja lu-
guar , poílo que o defuairo foffe em nom receber o
libelo 1 e o libelo foffe recebido.
34 E POSTO Ql7E o Defembarguador feja muda-
do, o feito qom fe tirará do Efcriuam ordenado,
faluo por fufpeiçam , ou por outro fernelhante im-
pedimento.
35 O cuoyERNADOR mandará fazerem cada huü
anno liuro da entrada e faida dos feitos , affi ciueis
como crimes, no qual cada Defernbarguador que
te uer Officio ordenado tenha feu titulo , pera fe po-
d~r Í:'lber os feiws, e eftormentos que lhe cada mez.
nm J e os que fe defembarguam , e os que fam re-
ta.r-
Do :Ric. oo Gúov. riA JvsT: NÀ CAsA oo C1v. 205
. - . I
tardados , ·e por Cl)ja caufc1 fe retardam ; e aili man-
dará f a z'er rol de ·todos ·os prefos que entrarem na
Cadea, em -o qual fe declararam os nomes dos di~
tos prdos, e donde fam naturaes, e os cafos porqué
forem prefos; e eítes roles verá o Guouernador mui
a miude, pera fab'er como fe procedem os ditos fei-
tos, e mandar que em breue-fe .defpachem; o qual
liuro, e rol Mandamos que faça o Solicitador da Ju-
fliça, que o dito liuro terá em fua maõ, e o amoHra.:.
rá ao Guouernador cada vez que lho mandar, fazen.:
do no dito liuro titulo affi dos feitos, como dos
prc-fos que em cada mez vieram, e fe deferhbargua.:.
ram. Item todolos liuramenros finaes, que· federem
em feitos crim es, efcreuerá no dito liuro, e affi as
ínterlucutorias em que mandarem meter alg~u a
tormento . J

. 36 ·o GUOVERNADOR mandará fazer os paguamen-


tos aos Defembaiguadores aos quarreis, por rol por ·
elle affinàdo. E no mantimento dos Deíembargua-
d ores nom fe fará ninhvü embarguo por ninhuü ·· Of-
fi cial da Juíliça a reque'rimento de ni nhuu creéàor ~ ·
foomente por mandado do dito Guouei·nador, e o
pag uador que ouuer de p~guar nom guardará ni-
nhuü outr<? embarguo feito no dito mantimento, o
qual lhe nom mandará embarguar o dito Guouerna..:
dor por ninhü'a diuida; 'faluó· quarido achar·, que o
dito Defembarguador fez al'g üa coufa em feu Offi-
cio, por onde o deueffe embarguar. E bem aífi man-
dará paguar por feus Aluaraes em cada mez o AI.:.
cai-
~06 O PRIMEIRo Lrv. nAs ÜRDEN. TIT. XXIX.
caide 1 c feus homens 1 e o Carcereiro, e Guardas da
Cadea e os Porteiros, e Caminheiros da Rolaçam,
1

e os Minifl:ros da Jufl:iça ., e quaesquer outros Offi-


.ciaes da dita Cafa , que mantimento ordenado de
Nós teuerem.
37 E BEM ASSI ordenará huu Efcriuam, que te•
nha carreguo de receber o~ dinheiros apropriados
pera as defpefas da Rolaçam 1 as quaes fe faram por
I [eus Aluaraes , e fe leuaram em conta 1 e elle toma-
rá as contas dellas, ou quem elle pera iffo ordenar,
.e mandará fazer quitaçam do defpefo, e com fua
vifl:a ferá ailinada por Nós.
3 8 E NOM confentirá, que os Defernbarguado-
res nem Officiaes fe partam donde a Cafa efl:euer
fem fua licença, ou de quem feu carreguo teuer; peró ·
fe alguüs teberem taees neceilidades , por que lhes
conuenha leixar de feruir em Noffa Rolaçam, em
tal cafo o Gpoucrriador lhe poderá dar lug~ar, e li-
·cença pera a e! lo acodírem por alguüs dias~ com
tanto que nom paffem de vinte, em partes 1 ou jun-
't amente por ·todo o anno ; e fe lhe for neceffario
mais tempo 1 feja a 'licença pedida ·a Nós, pei-;1 lhe
Darm.os o timpo que for Nofla Merce . .
39 O cuovERN ADOR nom confentirá, que os Fi-
ôalguos , nem outra-s peiToas venham aa Rolaçam ;
.faluõ quando forern chamados; e ft:~d'outra,' maneira
láa quiferem entrar feJa..:Jhe diro, que nom podem
por encaro hp hir, e que ma.ndem ·por eft.ripto todo
o que lhe cqmprá a qu.em quiferem. , E a forteiro
que
Do REG. Do Guov .•. oo JusT. NA CASA Do Crv. 207
que eflet1er aa porta terá carregue de leuar taees
efcriptos, e trazer rcpoítas; porque d'outra maneira
fe impediria o tempo ordenado pera o defembarguo.
E o Porteiro ferá niílo muito deligente, fem por
iffo kuar coufa algüa.
4 o 1TEM quando o Guouernador for abfente, fica ..
rá em feu luguar o Chanceler da díta Cafà ; e nor:n
'\ fendo elle hi, o dito quouernador lei_xará em feu lu ..
guar o mais antiguo dos Agrauos , ou No-lo fará fa-
ber, pera niílo Prouermos o que for mais Nofio fer-
uiço. .
41 Ao Guouernador pertence mandar em cada
huü anno efpaçar a Cafa ao derradeiro dia de Ago-
11-o por Aluará , o qual mandará poer na porta da
•Robçam, porque nrtifica aos Defembarguadorés •
como a Cafa h e efpaçada por dous mezes feguintes,
e que venham continuar feus Officios, e defembar-
guos ao terceiro dia de Nouembro., onde a dita Ca-
fa a dfe tempo cíleuer ; e mandará aos Efcriuaês, e
aos outtos Officiaes na dita Cí!fa, que ao dito termo
fejam todos prefemes na dita Rolaçam ; e naquelle
tempo auerá por aleuantadas as refidencias dos que
andam por ' Cart:l de feguro. E aos que andam prefos
fobre fuas menagens lhe ordenará luguar onde ajam
rl'eftar , e affi a huus como a outros mandará , que
pareçam ao dito termo em o dito luouar.
b
42 I TEM o Guouernador dará os Officios de Ca..;.
rninheiros da Cafa do Ciuel a aqoellcs, que pera d-
lo lhe parecerem pertencentes, e as taee.s Cartcls paf;..
faFam por elle. 43
208 O PruME!RO Lrv. DAS ÜRDEN. Trr. XXIX.
43 OurRo sr o Guouernador terá carreguo de
.mandar apoufentar todolos Defembarguadores, Pro-
~uradores, e Efcriuaês, e outros Officiaes da dita
Cafa, quando da Noffa Cidade de Lixboa abalarem
pera alguú outro Luguar. E mandará huií Efcriuam
dia nte por Apouf~ntador com' feu Aluará, e rol das
p elfoas que ouuerem de fecr apoufentadas , o qual
dará as -poufaclas , .e camas pera o apoufentamento '
nece!fcuio ., e que d'ap0ufentadoúa fe cufturnam dar
a .c ada huü fegundo feu Officio, e merecimentos , e
fegundo a cafa que trouuer; apoufentando primeiro
os Defembarguadores, e defpo.is os OI:Itros Ofi1ciaes
fobreditos. E porque algúas ~e'Gcs acontecia , que
~efte apoufentamento fenom fazia par ordem, e al-
guús D efembarg I
uadore.s, e .Officiaes man,dauam ao
Lug uar, pera onde a Cara au.i a de hir, ,p edir pau-
f adas a feus a,miguos; 0u alugualas ., .de que fe feguia
nom ferem os ditos Defembarguad0res., e Officiaes
ªpo~fentadps ) fegundo o que a e!les per.tencia ~e as
boas poufadas mui~as vezeo f~ nom dauarn a aquel-
·1es que as rn1;reciam ., e a que deuiam feer dadas,
·M andamos ., q~ae daqui ~m diante n:it.~huü De'\em ..
.bargu.ador , nem outro alguü Official., ner:n .peífoa
que p or qualquer maneira. na dita Cafa andar, vaa,
. nem ll)ande requerer poufadas ( q u.e fe podem dar
d'apoufentadoria) a feus donos da~ cafas, nem as 1
t~mem delles por a1uguer ., nem por outra algüa
man.eira ., fooment-e as peçam, ()U mandem requerer
'· aq Apoufent~dor, que polo di~o Guouernador. for or-
. . · deq
Do CH.ANCELER D.A C.AS.A no CJVn ET c. 209

clenado , e tome as cafas , e eíhebarias, e roupas,


que polo Apoufentador forem dadas; e fe o Apoufen-
tador achar algúas cafas prometidas por feu dono ,
ou por outrem , ou já tomadas , as tomará, e dar~
a outrem , pera que mais conuenientes lhe pareçam:
e o Apoufentador que affi polo dito Guouernador for
ordenado, terá aquelles poderes , que ao tal carre-
' guo pertencem, e qUe tem o Nolro Apoufentador; e
fe algüas pdloas fe delle fentirem agrauados, co-
nheça o Guouernador dos agrauos, e determine o que
lhe por Dereito parecer , e o que por elle for deter-

_______ ____
minado [e cumpra .em todo.
, ---------~

TITULO XXX.
DiJ Cham·eler da Ceifa do Ciuel, c do que aftu Officia

o
pertence.

CHANCELER he o fegun~o Officio da Ca-


fa do Ciuel, e de grande confiança; porem he ton-.
ueniente, pola dignidade de feu Officio, que elle
f-eja bom , difcreto , e Letrado , por tal, que faiba
conhecer os erros , e minguoas das efcripturas, que
por elle ham de palrar; e deue feer de boa linha-
gem, porque aja verguonha de fazer coufa erra-
d~ ,·e de defcobrir os fegredos da Jufliça , ·nô que a
feu Offic:ío pertencer ; e de boa memoria , por fe
lémbrar das Cartas que . por elle palrarem, que n~m
· ·Liv. I. Dd fc~
2ro ·O .PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN, TIT. XXX.

fejam contrairas hüas aas o.utras , e de bons cuítu-


mes, porque honre o luguar em que por Nós he
pofto, e bem razoado, pera receber e honrar aqud-
les, que perante elle vierem,fegundo os merecimen-
tos de cada huü •
. l O CHANCELER verá todas as Cartas que ouner.
d'affin ar com boa deligencia, e fe achar algüa contra ,
N ,)!Tos Dereitos , ou contra o Pouo. ou contra a
Clerezia. ou cotltra algüa peffoa, que ·lhe tolha, ou
faça perder feu de rei to ~ nom a paffará, fem a pri-
meiro molhar em Rolaçam. prefente o Guouern.a dor,
e os outros Dt:fem.barguadores ; e o que hi foF acor-
dado· fe cumprirá. ,
2 E sE ao. Chanceler parecer, qu~ afgua Carta
ou fentença nom deue paffar pola Chancelaria •
poer-lhe-ha fua glofa, e manda-la-ha por o Portei-
1

ro·leu ar ao· outro dia aa R o laçam , pera [obre a dita


glofa falar cqm o Julguador, ou Julguadores , que
forem do tal feito· Juizes; e fe forem fobre a dita
glofa dilferen,tes , ver-fe-ha na Mefa gr.ande prefen-
te o Gu ;.merqador , e por acordo de todos o~ Def-
embarguadores que prefentes· na :t\'[efa forem, ou da
moor parte gelles, ferá defembarguada a dita glofa.•
3 E TANTO que as Cartas forem affeladas, e po-
, fias no faco ~ o Porteiro da Chancelaria o çarre, e
affelle, e affi pem çarrado, e affelad~ o leue ao Efcri-
uam, e Rece;bedor, ao luguar onde fc ouuerem de
d~~ '
4 O CHAijcE~ER conheça de todalas fufpeiçoes·
po-
Do CHANCELER DA CAsA oo CIVEL ET c. 21 r

pofi:as aos Defembarguadores , e a todolos outros


Officiaes da dita Cafa , e por fi as defembarguará ;
e quando ouuer alguu~! por fufpeitos, mandará f.:1.-
zer as comifioes a taed·pefioas, que fejam fem fu-
:fpeita, fabendo primeiro das partes que forem pre-
fentes, ou de feus Procuradores, fe tem fufpeiçam
a aquelles a que os feitos por elle forem cometidos ,
fazendo-o fempre o mais a prazer das partes que
poder.
5 PERÓ quando a fufpeiçam fur pofi:a em Ro~
laçam a alguu Defembarguador, que _ao defpacho
do feito eíleuer, em tal cafo fe deue julguar tal fu-
fpeiçam polos outros Defembarguadores, que ao def-
embarguo eíleuerem do dito feito , prefente o Guo-
uernador, o qual Guouernador poerá outro Defem-
barguador em luguar d'aquelle que for julguado
por fufpeito, fe ne'ccíiario for. E quan'do fe ouuer de
cometer alguú feito de nouo a alguu Defembargua-
dor, onde nom procedeo fufpeiçam, em tal cafo
o Guouernador, ou qu-em íeu carreguo teu e r, ,0 co-
meterá a quem lhe bem parecer, que fufpeito nom
feja; e em quamo eíl:euerem aas vozes fobre a dita
fufpeiçam, o Defembarguador a que for poíta, íe
apartará atec fobre ello fe tomar conclufam, como
rlito he no Titulo precedente.
6 OuTRo sr conhecerá de todalas fufpeiçoes ~
que forem pofias aqNalf]uer Julguador, e Officíal da
dita Cidade, affi de NofTas rendas e dereitos • c'o mo
da Jufiiça ; e efte fe emenderá naqweUes Officiaes , .
Dd 2 que
~12 O PRrMEI!W Lrv .. DAS ÜRDEN, TIT. XXX.

que ordenadamente nom teuerem Juizes, que das


fufpeiçoes a elles pofl:as ajam de conhecer,. as quaes
. determinará como as dos Defembarguadores 1 e Of-
iiciaes-da dita Cafa.
7 O CHANCELER dará Cartas, fe alguüs efl:or-
mentos pubricos forem furtados , ou perdidos , e fe
nom poderem achar 1 que chamada a parte a que
pertencer lhe fejam dados outros femelbantes. po..
ias nota$, nom mudando fubftancia nem a-fórma
delles-; e efto fará foomente na Cidade de Lixboa,
ou no Luguar onde a dita Cafa efl:cuer.
·8 I TE.M dará Cartas de fegurança aos Tabaliaes,
e Efcriuaes da dita Cafa, e aili da Cidade, prefen:..
te fi, quando fe fegurarem, por razam de erros q,ue
fe diguarn cometerem em feus Officios, c d'outra
guifa nam. 1

9 hEM faberá fe· alguus Efcriuaês da dita Cafa,


ou TàbaJiae\5 da dita Cidade leuam mais áe fuas
efcripturas, ou bufca , do que he contheudÇ nas ür..
denaçoes ,. as q uaes. lhe faça comprir 1 e guardar em
todo. - '
10 ITEM; fe os Tabaliaês da Cidade de Li"'hoa.
ou d'outro qualquer Luguar onde a dita Cafa efte..
uer, ou Efcriuaes da dita Cafa , ou Officiaes da
Chancelaria della, errarem em feus Officios, o Chan-
celer conhecerá de feus erros , e ~andará prender
aquellcs que achar culpados , ou de que lhe for que..
relado, fegur~do fórma da Ordenaçam, os quaes feito$
defembarguará em Rolaçam com acordo dos outros
Def~
Do CHANCELER DA CAsA no C1vn ETc. 213

D efembarguadores, que pera o defembarguo de fe-


melhantes feitos lhe forem ·depurados . .
1r ·1TEM p aflará as Cartas das dizernas das fen-
tenças, que fe na dita Cafa derem, e conh~cerá doJs
feitos que fe [obre as ditas dizemas ordenarem, os
. quaes feitos defembarguará em Rolaçam.
12 hEM defembarguará em Rolaçam quaesquer
duuidas, que fobreuierem fobre que fe deue paguar
de Chancelaria de quaesquer Carta~ , que por ella
paflàrem, fegundo Diremos no Titulo Do Ejrriuam
da Cbancrlaria. Peró fendo o Noffo Chanceler Moor
com Nofco, ou com a Cafa da Sopricaçam, onde a
Cafa do Ciuel efieuer, conhecerá o Chanceler da
dita Cafa foomente dos feitos, e coufas que tocarem
aos Officios della , - por razam de feus Officios, affi
como Efcriuaes, e Procuradores, e outros; e bem
affi das fufpeiçoes poíl:as aos Julguadores, e Officia-
es da dita. Cafa, de que lhe o conhecimento perten-
ce; porque todo o mais fará o Chanceler Moor [~..
gundo o Regimento de feu Officio.
13 hEM o Chanceler mandará a todoios Efcri..
uaes, da dita Cafc1., que façam as fentenças e Cartas
dos defembarguos , que ouuerem de fazer em feus
Officios, em tal maneira , que fejam bem feitas ,. e
efcriptas de guifa, que .por. fua minguoa e negt:i-
gericia nom fejam glofadas , nem as partes por ello
dethcudas; e fendo algúa fentença ,. ou Carta glofada
juíl:amente , de maneira que fe deua fazer outra de
nouo ) fe o tal erro for por culpa do Efcriuam • o
Chan~
214 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XXXI.
Chancelér lhe faça loguo tornar aa parte todo o di-
nheiro que por ella recebeo, ou fazer outra de gra-
·Ça; e fe for por culpa do Defembarguador, ou Def-
. \
bnbarguadores que a paffarem , elles a paguem ao
Efcriuam que a fezer • e o Chanceler determinará
por cuja culpa fe glofou.

T I l' U L O XXXI.
Dos Defem!Jart;ttadorts do Agrauo, e do que a feus
Oificios pertence.

:o S dous Defembarguadores deíl:; Officio ,. que


em ciTa Cafa f.1m ordenados, defpacharam todas as
'petiçóes , que aa Rolaçam vieren'l, perante o Guo-
- ~ernador , oom os outros Deíembarguadores qué
hi prefentes forem, e efles dous deíembarguaram
·todós os feitc;>s, e agrauos que a elles' viere~ por fu-
pricaçam quç: a elles pertencerem, e bem affi os 1eíl:or-
·mentos, e Ca-rtas teíl:emunhaueis, que das· Comar-
:: cas a elles v~etem de coufas ciue'is ; os quaes dcfpa~
' cbaram por aquelle modo que he ordenado aos Def-
, embarguadores da Sopricaçam , íegundo he con-
'" theudo no Titulo ·Dos Defembart)tadores do Ai,rauo
1
da Cafa da Sopricaçam. ' '
_ I EsTES pefembarguadores veram ,todos os agra-
uos , que fahirern d'ante os Sobrejuizes, a?ee con ..
';tia de oito marcos de prata , porqu'e ds de maior
con-
Dos SoBREJur'l. E no QYE A sw Ourc. PERT. 215

contia pertencem aa Caía da Sopricaçam, e velos-


ham por deftrebuiçam , que tantos veja huü por
primeiro , como o outro.
2 E o Defembarguador que viir o feito por pri-
meiro, fome-o, e ponha fu~ ten'çam comprida , e
dalo-ha ao outro feu parceiro podi, de. guifa , que
nom paffe a outra maõ, por fe nom fabet fua rén-
çam ; e fe forem conformes a confirmar, poeram·
a fentcnça ; e fe defuairarem , que huú for a confir-
mar, e outro a reuoguar, hir~ ao terceiro dos agra~
uos , que na dita. Caía he ordenado; e concordando
com o que he a confirmar , poeram a fentença ; e
concordando com o que he a reuoguar , ou fendo
em outra defuairada rençam , entonçe o leuaram aa
Mefa principal perante o Guouernador , o qual o
fúá defpachar, fegundo he conthcudo no Titul!:>
Dos Drjembarguadores do Agrauo da Cafa da Soprica-
fam. E elte mefroo modo fe terá, quando dous fo ..
rem a reuoguar, e huü .a confirmar.

-----
T I T U L O XXXII. ·

Dos Sobrejuizes • e do que a flu Officio perte11ct.

Üs Sobrejuius fam feis, repartidos em tres Au-


_diencias, conuem a faber, dous em cada hüa : dtes
~efembarguaram todos os feitos , que a elles h~m
de
116 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. T1T. XXXII.
de vi ir por apellaçam de todo o Reyno, faluo do Lu-
guar onde Nós Efleuermos, ou a Noffa Cafa da So-
pricaça'tn, e a cinco leguoas derredor ; porque effes
han1 de feer defembarguados em Noffa Corte, nom
fendo porem da Cidade de Lixboa , nem de feu
Termo, de que elles fempre ham de conhecer. Pe-
ró eflando a Cafa do Ciuel, onde Nós , ou a Cafa
da Sopricaçarn efteuer, quer em Lixboa , quer em
outro Luguar, os Sobrejuizes conheceram das apel-
laçoes do dito Luguar, e de cinco leguoas derredor,
como de todas as outras apellaçoês de Noffos Rey..
nos. E eftes Sobrejuizes veram os feitos por deflre-
buiçam , que tantos veja por primeiro huü, como
outro, e faram fuas Audiencias bem e honefla-
mente, cedo , defpois da ora da prima , no Luguar
cuílumado ', e façam que fejam bem ou ui dos ; ao~
quaes Manpamos, que com boa deliberaçam vejam
os· feitos ) e fem delongua; e como o feito for eon ..
clufo , pref~nte as partes , .'o u aa reuelia , ponha-o o
Efcriuam qo faco do primeiro que· o ouuer de veer,
de'·gu1fa, que nom paire mais a outra maõ; e o So-
brejuiz que o feito viir por primeiro, afome-o com-
prida mente, c vifio por elle primeiro pode-lo-ha
por fi foo profeguir , e poer em elle todalas interlu-
cutorias , que lhe neceffarias parecerem pera boa
ordenança do dito feito , fem feu parceiro ; faluo no
'recebimenfo do libelo, e contrariedade , e reprica-
çam , e outros artiguos affi de contraditas , e em-
"barguos a fe abrirem e pubricarem as inquiriçoes;
por-
Dos So3REJUIZ. 'E oo QJ!E A SEU ÜFFic. PERT. 217

porque em todos eftes cafos, e cada huG delles, co-


. mo nas fenten<;as definitiuas, tanto que o primeiro
e teuer víflo, o entreguará com fua tençam a feu
parcei.ro, que o ha de veer por fegundo da fua maó;
e viflo por ambos, fe forem concordes, Joguo ponha
G defembarguo. e feja pubricado, e fe nom forem
concordados , e quifere-m conferir pera verem fe fe
:poderam acordar , juntar-fe-ham no luguar onde
harn de fazer Audiencia, nos dias d' Audiencia. lo..
guo pola menham cedo, ·em maneira que ·fe nom
t{)rue de fazer a Audiencia ·; e fe fe nom concorda-
rem , ·v eja-o .por ter.ceiro outro ·S obrejuiz , e fe for
conforme a cada hu-u dos que o já viram , ponha-fe
e defembarguó fegu1;1do for acoi'dado, ·e pubrique.
fe; e fe for em outra noua tençam , feja dade a ·outro
Sobrejuiz, .atee que dous fejam concordes em húa
tençam ,, e (egundo acordarem, fe ponha o defembar-
guo, e fe pubrique. E ~erernoll que os ditos Sobre-
juizes tenham alçada , .e poffam julguar fem agrauo
a·tee cenria de quatrG marcos de prata, ou fua ver-
dadeira valia ao tempo que for demandado, e efl:o
fe entenderá foome.nte no principal ., nom contando
cuftas. .
I Os Sobrejuizes nam foomente conheceram das
apeUaço~s, como dito he ., mas ainda dos feitos que
lhe forem cometidos polo Guouernador , e affi dos
que vierem por remi·ffam a el'le~. ou aa dita Cafa do
Ciuel. . E affi dos feitos d'aquelles·que tem jurifdi-
çoes, e dos Prelados ifentos que neftes Reynos nom
Liv. L Ee tem
218 o -PRrMr:mo L1v. oAs ORoEN'. TIT. xxxn.
tem Superior Fcclcfiaílico OrdinariÓ, fegundo Di-
remos nr) Liuro Segundo no Titulo primeiro, e dos
feitos das viuuas, orfaõs, e pdfoas miferaueis,quan-
"io perante clles quiferem liriguar, fegundo he con-
theudo na Ordenaçarn fobre ello fei~a.
2 ln:M conheceram das efcriptu1·as defaforadas,
quando os Autores perante elles guiferem demandar.
3 hEM fe alguüs embarguos forem pofios per..
ante alguü Juiz, ou Corregedor da Comarca ,·a em-
barguar a execuçam d'algüa fente_nça por os Sobre.
juizes dada , e do que por elles for determinado a
parte fe agrauar , pertence aos ditos Sobrejui'i.es co-
nhecer do tal agrauo, pois que pende e procede d!t
fentença por elles dada , affi como pertence aos ou-
tros Dr.fembarguadores conhecer dos agrauos das
exeçuçoes c)e fuas femenças , fegundo Diremos no·
Terceiro Liuro, no Título Das execuçoes que ft fazem
,geeraJmenl e.
4 1TEM os Sobrejuizes deuem teer cuid'a do de
fal?er, fe o~: 'Efcriuaes d'ante elles dam aas partes
maas repoftílS , OU lhes retardam feus defpachos , OU
leuam mais do que deuem ; e achando alguü·s cul-
pados , procedam contra elles, O\} o diguam ao Ohan..,
celer pera lhes feer dado o cafliguo que merecem.
\
.Aos Sobrejub;es pertence dar eflas Car\as que,,.fe .feguem.
5 iTEM daram Cartas ciratorias aos Officiaes
deffa Cafa , que ham Noffo mantimento , que que.
rem demanc~ar alguü , que venha refponder perante,
ellc.s. 6 E
Dos SosREJUIZ. E no QYE A sw ÜFFIC. PERT. 2I 9

6 E Assr aos que quiferem demandar por au~


çam noua perante elks alguus Fidalguos _, ou outras
peiroas , que tenham Terras com Jurifdiçam, Õu Se-
nhorio, quando os Autores quifcrem perante elles de-
mandar, nom fendo coufas que per:tençam ao Juiz
dos NoíTos feiras, ou aa Fazenda.
7 E Q!JANDO algüa peíToa apreíentar perante el-
les dia d'aparccer, e requerer que apreguoem a par-
·tc, e ajam a apellaçam por deferta, por o termo feer
paffado com os tres dias de Corte, Mandamos, que
primeiro fejam por o Porteiro preguntados peffoal-
mente o Defhebuidor, e Efcriuaes de todas tres Au-
diencias, fe alguü àellcs tem tal apellaçam , no-
meando-lhes o Luguar donde he, e [obre que he , e
as partes por feus nomes ; e quando fe nom achar.
façam apreguoar em húa Audiencia o reuel , e lhe
dem termo aa fua reuelia atec primeira Audiencia ,
na qual o tornaram outra vez a aprcguoar, e nom
parecendo por fi, ou por [eu Procurador, ou nom
mandafldo a apellaçam, ajam a apellaçam por dcfer-
ta ; e fe defpois fe achar que a apellaçam era em
,maõ de cada huu dos fobredicos ao tempo que fo-
ram preguntados , e o nom diíTe, em tal cafo a·
a fentença da defertaçam por ninhü~ , e por la fe
nom faça obra, e toda a perda e dãno , que parte
.por ello receber, pague-lha o Efcriuam, c ma1s per-
derá o Officio, e o Chanceler o faça affi com~rir , e
realmente executar.
8 E fOSTo Q.YE feitas as ditas deligenclàs-a...
Ee :.1 apel-
220 O PruMEIRO Lxv. DAS ÜRDEN. TrT. XXXII.

ape\laçam íeja auida por deferta, e nom feguida, fe


o apellante parecer com a apellaçam ante que a ou-
tra parte feja partida com a fentença d;Y'defertaçam
do luguar onde. for dada , Man'd amos que elles a
defembarguem , ouuindo as partes com feu dereito,
fem embarguo de a já terem auida por deferta aa
reuelia do apellante, paguando porem primeiro a
parte que tardou aa outra todas as cufl:as que fez
por cau[a de fu·a tardança.
9 E PORQYE muÍt<\S vezes dé fpois que a fenten..
ça interlucutoria , ou definitiua he dada polos So..
brejuizes concordados etn hüa tençam, a parte con ..
tra quem he dada fe agraua ao Guouernador, pe ..
dindo-lhe que mande reuer o feito, de que a fenten.
ça fahio pr~fente fi na Mefa principal, Mandamos
que defpois que hü'a vez o feito fot: defembarguado
por os Sobrejuizes concordados em hüa tençam 1
nom feja mflÍS reuiíl:o por algüa guifa na Mefa prin.
cipal ; e a parte qu.e fede tal fentença. fenti'r agraua-
da , agrauc por via, ordin~ri .a , paguando o agrauo.,
e feguindo-p prefente 0,5 Defembarguadores d-a Nof;..
f.1 Sopricaç~m maior, ou menor,_ fegundo a Orde...
naçam por Nós fobre ello feita.
10 E o~ Sobrejuiz.es faram Audiencias tres dias
na fomana , conuem a faber , aa terça feira , e aa
quinta, e ao G1bado pola menham., conuem a faber,
em cada m 0;fa fua Audíencia defpois de conferirem,
como emcima dito he, e fará cada h~ü dos dous
parceiros f~a fomana Audiencia.
Dos Ouv. DO CRIM. E DO Q!!E A sEus Or. PERT. 221

r 1 ITEM o Sobrejuiz que por Nós for ordenado~


que ferua de Corregedor, quando a Cafa fe fahir fó-
ra da Cidade de Lixboa, pera fe afientar em outro
Luguar, vfará no dito Luguar em que fe affi aífentar,
e feu Termo , de todo o Regimento , e Jurifd-Tçam
que por Nós he dado em feus Regimen tos aos Cor-
regedores de Noffa Corte , affi do Crime , como do
Ci.uel. E efiando a Cafa aífenrada em alguü Luguar
do Termo de Lixboa, poderá vf.:u do dito Regimen-
to em todo o Termo de Lixboa, e na Cidade nam.

T I T U L O XXXIII.

Dos Ouuidores do Crime, e do '}Ue aJeus Officios


pertence.

Ü S OUVIDORES defembarguai-am todos os


feitos crimes, que a elles por agrauo vierem de Lix-
boa fooment~ , e feu Termo , aili do Corregedor da
Cidade, como de quaefquer outros Juizes, e Jul,.
guadores della.
I Ou1:Ro si conheceram das ape!Iaçoes dos fei-
tos crimes, que fahirem d'anre os Juizes, ~ Corre-
gedores, affi da dita Cidade , como de roda a Co-
marca da Efiremadura , que nom fejarn das Terras
da Raynha , nem dos Mefirados , ou d'outros Se-
nhores, que por priuilegios tenham, de nom entra-
rem em fuas Terras os Corregedores . da Comar('a,
por-
2·22 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XXXIII.

.porque as apellaçoes defles Luguares com todas a~


outras do Reyno de feitos crimes ham de viir aa
Cafa da Sopr.icaçam; e affi quando a Cafa da Sopri-
caçam efleuer .e m aJgu.ú Luguar da Eftremadura,
nom fendo na Cidade de Lixboa , fegundo Diremos
no Terceiro Liuro, no Titulo SS<Jte todas as apellaçoês
dos feitos ciueis.
2 EsTEs feitos crimes de que ham de conhecer,
leuaram aa Rohçam viftos , e cotados na fórma que
Di(femo~; nefte Liuro, no Titulo Dos Ouuidores da
•C.afa da Sopricaçam ~ ·re1atando-os prefente as partes ,
<>u feus Procuradores, fe a elles qui ferem e!lar, e len-
.do as inquiriçoés ,,e eft:onnentos., que aos feitos per..
.tencerem ., e por as partes forem aleguados, prefente
.os Oefembarguadores que ao defpacho dc;lles eíleue-
•rern. As qyaes apellaçoes , e agrauos veram , e def-
•embarguaram ., pofte que Nós , ou a Cafc'l da SoprÍ-
•Caçam Eftemós .dentro ern a dita Ciilade " ou qual-
.-quer outre Luguar.onde a Cafc1 do Ciuel etreuer. Pe- ·
!fÓ os agrauos de que o Corregedor da No!fa Corte
primeiro tornar co~1hecimento ,:dle os defembargua-
·rá em Rolaç:am.
3 ITEM r.e ceberam as querelas de todos os male-
ficios que forem feitos em Lixbo;1 e feu Termo , e
·daram Cart~s de feguro delles-em todos oafos ; faluo
·em herefia ~ t·raiçarn , aleiue, fodomia , moeda falfa,
.Oe qu.e as deue dar o Corregedor da Noífa Corte.
N.em .daram Cartas de feguro de guaefquer maleficios
cometidos em a dita Cidade , e .feu 'fermo , eftando
Nós~
Do PRoM. DA JusT. E oo Q!Jl A sEu Or. PERT~ 223

Nós, ou a Cafa -da Sopricaçam em ella, porque foo-


mente as dará o dito Corregedor ; e dos maleficios
an te cometidos, as poderam dar os ditos Ouuido-
res, ou o Corregedor a quem for primeiro requeri-
do.
4 hEM d aram Cartas das defefa:s, e penas, que·
pofercm antre partes por fe efcufart:m arroidos ·' e
efcandalos. E ~fto na Cidade de Lixboa , c na Co...
marca da Eftremadura foomente.
5 E NOM daram Cartas de imizade em cafo al- '
guü, nem as outras que aos Defembarguadores do
P aa ço pertencem dar , fegundo em feu Titulo he
contheudo.
6 E Q!JANTO he aas outras coufas que pertence-
rem ao Officio dos ditos Ouuidores, Mét-ndamos que
fe guarde o Regimento que he dado aoli Ouuidore&
da Nofià Cafa da Sopricaçam.

T I T U L O XXXIV.

Do Promdor áa Jujliça, e do qt{e afiu O.fficiD

o
pqtmct.

PROMETOR da Jufiiça deue feer Letrado, e


bem entendido pera faber efpertar, e aleguar as cau.-.
fas, e razoés que pera lume, e clareZa da Jufiiça, e
pera inteira conferuaçarn della conucm , ao qual
Mandamos , que com grande cuidado , e deligencia
Je~
requeira todas as coufas, que pertencerem aa Ju!li~
ça ,-e conferuaçam de Noffa Jurifdiçam, em tal gui-
fa, que por fua culpa ., -ou negrige~cia nom pereça
Juftiça., nem a. Nofla Jurifd.iç;am feja .v furpada; por-
que fazendo o contraíra ,, a Deo.s .nG ou.tm .mundo, e
.a Nós nefte dará d-iffo conta.
1 E -ENFORMA.R-s-E-I<IA :Ce a1gt.iüs feitos fe trau-
tam perante -os Prelados~ o~a fe11s Viguairos ., que fe~
jam contra os NoffGs Dereitos, e Jurifdi.çam , pera a
po.r Nós defender, ·affi por Dereita Comum~ e Dr-
denaçoés, .e Artiguos acordados ., e aprem.dos polos
Reys que ante Nós foram.., -como por outro qt~alquer
modo jurídico; e fe viir que vfurpam a Noífa Jurif~
diçam ., ou alguti outro Dereito Neffo.,fale primeira-
mente com o Guouernador.., pera que .veja o dito ca-
,. fo. cdm algu~.s Deú:mbarguadores que 'l he 'bem pa-
1

,recer, que prouejarn fohre. ello, e fe acordarem que


.a Nós pertençe ,tenha-fe.tal -modo, conuen\ a faher,.
.que o dito Npffo Prometor fe ajunte com os Vigoa1-
\TOS em fuguar heneflo, que fa·Jem ., e di(putem fobre

-o cafo; e fe ps ditos Viguairos nom quiferem reco-


nhec~r,que , Ç~l~ Jqrifd!ç~m pet:tenoe a .N;ós,, .pod.ç.ram
·Yiir aa Rolaç:arn , 'e os D~fembarguadores lho mo-
·ft:rem por De,r eito, como o conhecimento de tal àe-
guocio a Nó~;, pertence, ·e nom a e'lies; -e 'quand.o fe
.nom quiferem conhece-r , ,daram Cartas a aqu~Hes
eontra qYé ~ Viguai:ros procederem , porque os nom
.euitem , neq1' prendain1 por fuas cenfui·as , nem ie-
<\:Jem d~lles penas .de efc.omunguades, pem guardem,'
' ! nem
Do Esc. DA CHANC. E Do o.yr. A sw ÜF. PERT. 225

nem executem fuas fente:nças , nem mandados , co..


mofe fempre cuíl:umou em femelhantes cafos.
2 E QyANDO alguú Sobrejuiz, ou Ouuidor for
impedido, ou fufpeito, ou dous Sobrejuizes em dcf..
uairo, e norn ouuer oucro Sobrejuiz, ou Ouuidor que
os taecs feiros veja, Mandamos que o Noffo Prome-
tor os veja, nom fendo fufpeito , porem o Guouer-
nador por algüa juíl:a caufa os poderá cometer a ou-
tro D!!fcmbarguador.
3 !TEM veja, e procure bem todos os feitos da
Juíl:iça, e das viuuas, e orfaõs , e peffoas miferaueis.
que aa dita Cafa vierem, de que hi p!!rtença o co-
nhecimento, fem lhes leuar por ello dinheirq , nem
outra coufa; e nom voguará, nem procurará outros
alguüs feitos que a Nós nom pertençam , fem Noífo
efpecial Mandado.

T I T U T O XXX V.

Do Ejcriuam da Chancdaria , e do qu~ a fttt Ojjicit~


pertence.

O ESCRTVAM da Chancelaria da Cafa do Ci-


uel fará deíl:ribuiçam em cada huü dia de todos os
feitos ciueis, que vierem por apellaçam , e eíl:ôr-
mentos d'agrauo, e dos crimes que vierem de Lix..
boa, e.feu Termo, e d'aquelles Luguares da Eíl:re ..
madura que aa dita Cafa deuem hir , e fará a dit<l·
Liv. I. :F{ def~
!i26 o PRIMEIRO LIV. DAS ÜRDEN. TIT. XXXV•
.defhebuiçam naguelle luguar, e ora, onde fempre fc:
cufiumou, e aos Efcriuaés que forem prefentés dará
.defirebuiçam , e aos abfentes nam , mas paffará por
elles ; peró fe for alguü abfente por mandado do
Guouernador, cu por outro cafo que pertença a Nof-
fo Seruiço , ou por algüa euidente neceffidade, nom
lhe fe]a deneguada fua deíhebuiçam , e em tal cafo
feja crido por feu juramento , o qual lhe dará o
Chanceler.
1 E DARA:· as Cartas como forem affeladas pre...
fente o Recebedor, e nom fem elle , e ponha em el-
las a pagua por fua maõ , e efcreua-a no Liuro da
recepta ; e fe duuida for antre elle, e a parte fobre
a pagua da Chancelaria, leu e loguo a Carta ao Chan-
celer, e fe algüa das partes nom quifer efiar pola de-
terminaçarp do Chanceler, leue-a aa Rolaçam, pera
com o dit9 Chanceler fe hi determinar.
2 E QVANDo na dada das Cartas alguas ficarem
por dar, por as partes as nom hirem requ ~rer, o di ..
to Efcriuaq1 as ponha em hüa arca de que tenha hüa
chaue , e o Chanceler outra , e o Recebedor outra ,
por maneira, que fe nom poífam furtar , nem fazer
em ellas o11tra maldade, as quaes dará na outra dada
fegurnte , com as que fe defpois aífelarem, e dara~
as Cartas que ficarem de humà dada pera outra.
3 DE v~ feer bem deligeme, e mandado nas .eou ..
fas que a feu Officio pertencem , e requeira o Chan-
celer, e fa~·e com clle cada vez que comprir , fobre
~ duuidas 'lue teuer em feu Offü:io , ou quando fc
-~~
Do Escn. QJJl TEM CARR. DE Souc. DA JusT. 1.'21

as partes agrauarem das paguas , como dito he.


4 lTE.M affentará em feu Liuro todas as paguas
dos agrauos , que as partes condenadas paguarem ,
declarando o dia, e mez, e era em que lho paguam.
5 E PERA o dito Efcriuam faber quanto deue ar-
recadar de Chancelaria de cada hüa Carta, lhe Man-
damos , que tenha ·o treslado da taxa da Chancela-
ria, que Nós Mandamos fazer em hüa Carta tefte-
munhauel , ailinada polo Chancelcr Moor, e affela-
da do Noffo Selo pendente.

--------------------------·------·------
T I T U L O XXXVI.

Do Ejcriuam, que f(m carreguo d( Solicitador


da Jujtiça.

O ESCRIV A M que for Solicitador da Juftiça


ferá bem deligente, e tenha fempre em memoria-, e
lembrança o Regimento feguinte, que lhe he dado •
em maneira , que por fua minguoa , e ncgrigencia
nom fe alonguem os feitos da Juíliça, e dos prefos.
1 PRIMEIRAMENTE poerá em rol todos os prefos
que ouuer na Cadea , poendo declaradamente feus
nomes, e alcunhas, e os cafos porque fam prefos, e
quem he Juiz de feu feito , e affi o Efcriuam , ou
Tabaliarm que nelle efcreue , e quem he o Procura...
dor do prefo; e ferá prefente a todas as Audiencias
que fezerem os Ou.uidores da dita Cafa, e affi o Cor~
Ff~ fÇ~
228 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. Tr-T. XXXVI.
regcdor da Cidade , e Juizes do Crime , e nas ditas
Audiencias poerá em lembrança os termos em q.ue
cada feito de prcfo f1car, e acufará_ a negr.igencia do·
Procurador que tal feito aui.a de trazer,. fe o- nom
trouuer ao termo afTinado, e afh terá cú·idado .de re-
querer os cléfpachos d'aquelles feitos de prefos que
forem conclufos a aqu.clles Ouuidores, e Correge-
dor, e Juizes , que os em feu poder teuerem~.
2 E quando os feitos dns-ditos prcfos efleuerem·
em' dilaçam pera fe em elles auerem de tirar inqui-
riçoês, faberá quaes tcfl:emunhas fe nos ditos feitos
ham de preg~ntar por parte da JuJhça , e fal'as-ha
com deligencia citar, que venham dar feus teftemu ..
~1hos, e fe nom vierem requererá aos Julguadores a
que pertencer , que os cotlranguam. Peró fe forem
taees peí1oas que deu,1m feer preguntadas em fuas
cafàs , faça çóm o Efcriuam , e Enqueredor que as
v.am Jaa preguntar, e fe em ello forem neg'iigentes,
digua-o aos Julguadores a que pertencer. \
3 ITEM ferá cuidado de mandar fazer as.,Cartas,
dos defemba rguos ~ que f~hire_rn nos fei~os da Jufl.i-
ça , e am dos prefos pobres. e defemparados, e as.
fará afTinar, ~! àffelar, e as ent~·eguará. aos Caminhei-
J:OS, que as l~:uem a a1uelles Luguares pera onde fo- .
~m deregidas , e traguam loguo certidam da obra »
cr del}gencia que fe por ellas feier, poen.do em lem ..
brança o dia em que as <;li tas Cartas foram dadas aos·
Çaminheiros., e o tempo em que com as repofl:as .
. ·~<;liaS tOfnaff\ffi 1 pçra f~ VCef fe poferaffi CID ello a .
de~
Do EscR. QyE TEM CARR. DE SoLic. DA JvsT. :229

deligencia que deu iam , e os que achar negrigentes


aponte-os , e digua-o ao Guouernador pera lhes feer
defcontado de feus mantimentos aquello que por
fuas negrigencias nom mercce~am.
4 TcRA' cuidado de veer nas repofias que os
Caminheiros trouuerem , fe os Corregedores, ou
Juizes , ou quaefquer outras peífoas a que as ditas
Cartas hiam derigidas , foram negrigentes em com~
prir o que lhes ·por ellas era mandado, e requerer
aos Julguadores, por que taees Cartas paffaram, que
procedam contra elles , e todauia mandem comprir
todo o que das ditas Canas ficou por fazer.
5 ITEM efcreuerá em outro rol quaefquer pef-·
foas, que fe pelos feitos, que fe na dita Caía defem-
barguarem, fe acharem culpados em quaefquer ma-
leficios. E fará · as Cartas pera os Corregedores das -
Comarcas , e affi pera os Juizes dos-Luguares onde
os ditos culpados forem moradores , ou efteuercm, .
que os prendam, e façam delles comprimento de ·
Dereito ; e eftas Cartas fará affinar , e affelar , e as
entreguará aos Caminheiros· que as leuem , e tra- .
guam repoftas das delig.e ncias, que..fobre ello feze-
r.am.
6 I TEM fará em cada huü anno hum Liuro, em ·
que ponha todos os feitos crimes, . e ciueis, que · fe ·
na dita Caf.1. defembarguarem , poendo declarada- -
mente o dia, mez, e anno, em que cada feito fe co- -
meçou , e o tempo que durou , atee auer final liura--
mcnto.
230 O PRIMEIRO Ltv. DAS 0RDEN. TIT. XXXVII.
T I T U L O XXXVII.

Dos Efcriuaes, que e(crtuem perantt os De.fembarguada...


res , e Sobrejuius, e Ouuidores da dita Gaja.

OS Efcriuaés do defembarguo deuem. feer dous,


e eftes faram todas as Cartas, que paffam polos Def..
embarguadores do Agrauo por deftrebuiçam.
I E os Efcríuaes dos Sobrejuízes ham qe feer
feis , repartidos em tres Audiencias, em cada hüa
dous, e mais nom.
2 E PERANTE os Ouuidores feram tres Efcriuaês
foomente.
3 Esns Efcriuaês deuem feer bem deligentes
. em feus Officios, e viir cedo aas Audiencias, de gui-
fa, que por fua tardança os -Julguadores nom fcjam
detheudos , nem as partes percam tempo , e poffam
hir fazer o que lhes comprir. E fe algüa parte offe-
recer em Juizo algüa ~fcriptura em ajuda de feu fei-
to , e defpofS de feer em poder do Efcriuam, a par-
te que a affi deu a tornar a pedir, nom lha dará fem
confentime;nto da outra parte , ou fem mandado do
Juiz , o qu<.tl ouuirá primeiro a parte, ou feu Procu ...
radar.
4 E nqs feitos dos prefos pobres da Noffa Cafa
do Ciuel, que por noua auçam fe trautarem, ou por
apellaçam, ou agrauo a ella vierem, fe defpois de fi-
nalmente ferem defembarguados, os ditos prefos·, ou
outrem pof elles nom tirarem fuas fentenças atee
dous
Dos EscR. Q.YE ESCREV. PER. Qs DrsEMB. ETc. 231

dous mefes, contados do dia da pubricaçam das fen-


tenças , por dizerem que fam tam pobres~ que nom
tem por onde paguar os t·darios aos Efcriuaes dos
feus feitos , Mandamos ao, Chanceler da dita Cafa ,
que fazendo <lerto de fua pà,breza , mande contar os
ditos feitos , e todo o que fe àchar pG-r conta , que os
ditos prefos fam obriguados aos ditos Efcriuaés de
feu falaria, e affi ao Procurador que por elles na dita
Cafa procurou , lhes mande paguar ametade de feus
falarias do dinheiro da Chancelaria da dita Cafa,
c por feu mandado fará o Recebedor da Chancelarià
da dita Cafa, ou quem feu carreguo teuer, os pagua ..
mentos perante o Efcriuam da dita Chancelaria, pe-
ra com conhecimento do Efcriuam , ou Procurador
a que affi paguar, lhe ferem leuados em conta, e pe•
ra a outra metade lhe ficará feu dereito refguarda-
do, pera o auerem dos ditos pobres defpois que te..
uerem por onde paguar.
5 E TODO o que dito he acerca do paguamento·
dos feitos dos prcfos pobres nom auerá luguar nos
prefvs , que fórem remetidos aas Ordens , ou torna-·
dos aa imunidade da Igreja, ou a·alguü Couto de
Noflos Reynos ,onde efiauam acoutados.
6 ITEM deue cada huü Efcriuam affi do ciuel ,.
t orno do crime feer auifado , que foornente éfcreuà
as coufas que a feu Officio pertencerem, e nom ufur-
pe o Officio alheo por ninhüa guifa ; faluo fendo-lhe~
mandado efpecialrnente polo Gu<mernador, ou ai•
guü Defembarguador que pera ello tenha poder, a.
qual
232 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XXXVII.
qual coufa nom deuem mandar fem grande e mui4
to euidente caufa.
·7 E POl{Qy E muitas vezes acontece , que o Con ..
tador das cuítas nom pod~ contar cuítas ao vence-
dor de fua peffoa, porque no proceífo nom fam efcri-
ptos os dias que a parte pareceo, Mandamos a todo-
los E(criuaes da Cafa , que efcreuam nos proceíros
,todos os dias, que peífoalmente as partes parecerem,
faltas , ou prefas , ou forem veer como Juram as te-
~emunhas , pofto que Prpcuradores tenham ; e íe o
,affi nom fezerem , pague.m aa parte em dobro todo o
dãno , e perda , que por ello receber.
8 OÚ.TRo sr Mandamos, que ninhuu Efcriuam
da dita Cafa fe par.ta donde ella eíteuer fem licença
do Guoupmador , e do Defem~arguador perante
.quem efc.1;eue; e affi, fem leixar os feitos a outro Efcri ..
uam, fegundo mais larguamente he contheudo no
Titulo Dos Ejcriuaês d'antt. fJS Defembarguadorts df1
· Paaço ~ e ·O que fezer o contraíra 1 enco:rrerá nas pe..
nas hi deçlaradas..
9 E PORQyJ> outras muitas coufas pertencem ao
Officio di-fies Efcriuaês, que aqui nom fam dedara4
das , M~ndamos que guardem o Regimento dos
Eícriuae~ da Noíra Corte, em quanto fe a elles poder
~pricar , e fe nom CQmprirem o cmuheudo em eíte
Titulo, ou no dito Titulo Dos Efcriuaês d'a11tt os
Difemba!'guadsres do Paaço, que fe a·eftes pode apri 4
car, encorreram nas penas contheudas no dito Titu.
lo, fegut}do a differença dos cafos.
TI-
Dos PROCUR. l: DO'S 'QyE O NOM PODl::'M ·SEER; 2Jl
TI TU L O XXXVIII..
Dos .Procuradores., e -tks _que o nom podemfeer..

MUITO proudtota coufa he auer hi Procurado~


res Let-rados., e eBtendi-dos , que procurem os fe-itos-.
que f-e trautarem a:fii em Noffa Corte, como em a
Noífa Cafa do Ciue-1, e nas Cidades~ e Viilas de Nof-
fos Reynos. E porem Mandamos , que aquelles ·que
ouuerem de feer Procurador-es em Noffa Corte, e
Cafa -da 'Sopricaçam ~ antes que entrem -ajam Noífo
Aluará.., porque Nos Praz que poífam fe:er examina-
dos, e que fendo autos, entonce lhe feja paflada fua
Carta, o qu-a1 Aluar.á ferá aprcfent-a'do ào Noífo Re-
gedor, ·e fará ajuntar perante fi os Defembatguado-
res do Agrauo com o Chanceler Moor , e lhes affina-
r.am huú ponto em hüa Ley, qual lhes par ece:r , pe-
ra que ao outro dia aas mefmas oras a venha ler , e
difputar, e ferá notificado aos outros Procuradores ,
que já na Cafa andarem , que lhe venham ar,guir , ·e
feito o dito exame veram fe he auto pera procurar
na dita Cafa: e achando-fe que he auto , fendo
o Chanceler Moor prefente lhe mandará fazer fua
Carta , e nom fendo prefente o Regedor lha manda-
rá fazer , a qual ferá palfada polo Noífo Chanceler
Moor.
I E -Q.!J ANTO aos Procuradores da Cafa do Ci-
uel Mandamos, que os que forem graduados, e qui-
ferem procurar na dita Cafa. fejam a ello recebidos
Liv~ I. Gg polo
34 ó PlnMEmo :t~-:v. nAs .ORDEN. Tn.xxxvtn~.

polo.Noffo Guouemador. ,._o·q_Üá.I os.defhebuirá q_uan-


to he aas mefas..dos Sobrejuizes,,_pera que fejam tan-.
tos em huma, como. em. outra ,,ou mais em hüa M.e -
fa que em outra, fe vi ir q,ue na dita. Mefa, ha. mais.
meíler , por teen !I)aior: jurif.diçam.; porem primeiro.
qJ.le os.affi. deftrebua, os manda-r á examinar polo.
xnodo que Diffemos do exame da Cafa. da.Soprica-
~am,. conuem -a· faber. ,, por o-dito Giwuernador, e·
Chanceler, e Defembarguadores da dita·Cafa do Ci-
uel ,.e acha.ndo-fe q,ue fam, au-tos ,_lh~s mandará. paf...
far Carra,..a.qual paffnrá.polo·Nbíto·Chanceler M.ooro.-
E dle exame dos. Procuradores, da- Cafa do Ciuel fe:
fará .em, todos os.g,:aduados ,, faluo (e·forem.gradua..
clos na. Noífa Vnil)edidade do· Eft.udo. da. Cidade de
Lixboa'. ,. I?Orcl,ue eíl:es pmcuraram, na..dita· Cafa.fem
outro· exaljf.le•.
2:, E quanto-. aos Procttradbres das .Correiçoê's. ,.e-
CCida.des ,. I!· Villas ,. e Lug\-lares de Noífos- Reynos'P•
efl:es-.feram, examinados. polo Chaneele11 M;oor ,. ven ...
do fe fam <,lu-tos pera, iífo , , e eHe~ lhe dará·fuas . Cartas·.
auen.do enfbrmaçam. de quantos ha na, Corr.eiçatn)p.
ou Cidade ·~ ou Villa pera onde pedem·. as ditas Car-
tas de Procurador ,. e affi dos q.ue fam. neceífarios J),
em llli)do q}le nom f~jam. mais.., que os,q,ue- parecer
que abaíl:aram . ,. e q!fe razoadam.et1.te fe. poderam:
!Uanter. Porem os que forem graduados-de Bacharel
em qualqu~r Eftudo vniuerfal-por exame, ou"em ou-
tro gráo d~ Bacharel. pera-cima , poderam procurarr
nas. ditas Gl dades, ou Villas-, ou Luguares , .ou Cor..-:·
Dos PROCUR. E DOS QYE o NOM PODEM SEÉR. ~J) '

!"eiçoes., fem mais auerem Carta do Chanceler MoorJ)


fegundo em feu Titulo he declarado. Porem na&
Correiçoés, onde ouuer numero ·certo de Procurado-
res por Nós ordenado ., nom poderam procurar fem
.Noífa Licença.
3 E os que d'out-ra maneira procurarem, pofto
~ue Prouifarn tenham de qualquer outra peffoa .,
'COmo nom for Noífa, ou do Noífo Chanceler Moor 11
GUe lhe ferá dad~ na fórma fobredita, ou norn fo-
l'em graduados como emcirna dito he , fejam pre-
fos, e da Cadea paguem vinte cm:zados , ametade
pera Nós , e a outra pera quem os acufar, e máis
feram degradados por huü anno f-óra do Luguar , e
feu TcrmG donde procurarem , e norn poffam mait
auer Officio de Procurador. E eíl:o fe nom enten-
-derá em alguü • Lug.uar, que por .priuilegio tenha.
pera nelle nom auer Procuradores do numero , e
poder procurar quem quifcr; porque nos taecs Lu-
guares poderam procurar fern as ditas Prouifoés •
fendo pera eilo idoneos, e a que por Dereit-o Com-
muro, ou No.ff'as Ordenaçoes nom feja defefo.
4 E MANI)AMOS a eífes Procuradores , que te..
nham os Liuros todos das No!fas Or<ienaçoes , e
nom procurem contra ellas, e vfem bem de feu
Officio, nom fazendo perlonguas nos feitos , nem os
'dilatando maliciofamcnte ; e fazendo ó contrairo
paguaram aas partes todas .as cuftas, que por fua cul-
pa fezerem.
5 E PORQlTE Noífa tençam he • que Noffas Ot-
Gg l ~e~
!l.J6·O PRrM[rtto·L11v. DAS ÜRD·E N. TIT.XXXVHI.
denaçoê.s fejam m.uil.nteiramente guardadas~ De~
fendemos a. todos. os.. PJ:ocJJradores,. am.. da Noffa
Corte, e Cafc't da Sopricaçarn ,. como da. Cafa do C i-
Mel,. e a todas o.utras peffoas , q_ue em cada hüa das
ditas. Caf.u feito. trouuerem, ou procurarem , ou-re..
q.u ererem, que por pafaura·, . nefl! por efcr.ipto nom
al.eg!lem, nem requeiram -contra algüa O rodenaçam
por. Nós. ap.rouada ,. que fe . no.m deuem comprir &
nern guardar, nem por ella-.j_ulgua1! ,_djz.endQ; que he
c.mu:ra. Dereit{) Commum ,. ou, contra Dereito Cano..
nico.,,. em quanto a tal Ord.enaçp.m nom for por Nós
Ieuoguada; e qualquer. que 0: contraim ffzer > por
dfe. mefmo feito fem· fe.er neceffario outra, fentença. ~.
nem dedaraçarn ,_ Auemos. por bem> que _encorra:
em pena de v: in te cruzadCJs pera. as defpcfas da Ro--
1

laç,am, onde fe a-: tal duuida mouer ,_os quaes.logua


pag!lará ante que da Rolaçam palita.,, fe ai pFefente
cfteuer ; c; BOm eftando. hi., (e e O: o. for na Cafa da<
Sopricaçam o· Regedor da. dita Cafa· ,, 04 fe for na
Cafà Cíuel o · Guouer..na~or.-de!Ia:; fufpenda logpo ·Q
Proc.u rador que t-al r.azam teuer aleguada do Offióg
do Procunp;orio-, atee qu.e·pague a·dita p~na·. E ~om
fendo Pro<:urador o .que.·.o teu.er aleg~tado., m;,tnde-o
logllo peqhmar polbs. ditos, vime ct~uzados,, e cu-
fias.,_que ie na. ar.rec;:adaçam. ddtes. feze.rem •. e o di;.
nhei.ro da!,>. ditas penas ferá entregue ao. Recebedor
dos dinb.etros das.. defpefas da Rofaçam. perante o·
Efcriua:m de fe.u Officio ~ pera todo viir. a boa re...
cadaçam.,
Dos PROCUR. E DOS Q!JE O NOM PODEM SEER. 237

6 ITEM Mandamos, que fe dous Procuradores


mais auantajadoi forem em NoíTa Corte, fe hüa das
partes filhar ambos, nom lhe feja confentido, mas
cfcolha huü delles, qual antes quifer, e outro leixe
a feu aduerfario fe o pedir • o qual ferá. onftrangi-
do procurar por elle , pofto que já ten:ha recebido
o falaria , ou parte delle d'aquelle que o primeiro
tomou, e lhe foflem por elle defcubertos os fegre-
dos da caufa; e eíle que por Procurador da ourra
parte ficar , tornará a aquelle que o primeiro to-
mou o dinheiro, que já delle recebido, teuer;. e eílo
~eremos que. fe faça geeralmellte em todos os fei-
tos , a.ffi grandes, como pequenos ,. por cada hüa das
panes nom perder feu dere.ito por deflgualança dos-
Procuradores.
7· hEM a procuraçam, por que alguü faz Procu-
radot:, fej.a feita por Tabaliam pubrico, ou po,r
catta atrelada d.e tal feio que faça fee , e d'outra
guifa nom valha. Peró fe for efcripta e affin'ada por
maõ de Doutor feito em eftudo geeral po.li' e:xame,
vu Caualciro, ou de cada hüa das outras peífoas ~ a
cujos efniptos por bem de Nolfas Ordeaaç~ês fe
deue dar fee como a eícripturas pubúcas,. Manda ...
mos que faça fee , como- que fofre feita por maõ_de
Taba! iam , affi em fuas proiJrias, coufas a cornf>. nas
em que for Procurador..
8 E ESTofe nom entenàa nas procuraçoês. , que
fam feitas apud aéla , por.que as taees fe pod.em fa.-
zcr perante o J~iz polo. Efcriuam que no feito.
efoe-:
238 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT.XXXVIII.

efcreuer , fendo ailinadas pola parte , as quaes fe


poderam fazer, poHo que a parte contraíra nom fe-
ja a ello prefente.
9 E sERAM auifados eífes Procuradores , que
nom defe ~arem os feitos , nem fe vam da Corte J)

ou d'outros 1;--uguares onde os trautarem , faluo fe


teuerem tal neceffidade ou impedimento , que nom
, poífam al fazer, a qual notificaram ao Juiz do fei-
·~ to; e auendo o dito Juiz enfor'maçam do impedi-
', mento, ou neceffidade que lhe he aleguada , fendo
o impedimento tal, por que nom pode, ou nom deu e
feer Procurador, a parte, ou partes contraíras, que
os feitos quiferem feguir, hiram citar as outras par..
tes , pera profeguirem os ditos feitos. ·
I o E sE o Procurador for doente, e fe .nom fou-
ber fe a doençi1' he perlonguada , ou nam , deue eífe
Procurador fel!r efperado atee cinco dias , e nom
ceifando a dit~ enfermidade em o dito termo , nom
deue o dito P~·ocurador feer mais efperado, mas as
partes contraíras, que feus feitos quiferem feguir ,
. I .
Citaram as outras partes contrau·as.
I I E sE os ditos Procuradores leixarem os ditos
feitos fem taJ impedimento , ou neceffidade como
cmcima dito pe , e fem licença do Juiz, em tal ca-
fo o Juiz procefferá aa reuelia da parte , ou partes ,
e o Procurador que os aill defemparou paguará aas
_partes toda perda, e dãno que por ello recebeffem.
E nom tendo por onde paguar ferá prefo atee a
par~e , ou partes ferem fatisfeitas.
12 ITEM
Dos PRocvR .. l nos Q.YE o NoM PODEM SEER. z39-

12 ITEM fe a parte manda procuraçam, contra


a qual he poíta algúa exepçam , que impida a auer
efeéto, todo o que tal Procurador fezcr , ou diifer
no feito principal, nom valha aree feer julguado
por Procurador ,. ou a parte ratificar efpecialmente
o que am for feito.
IJ E QYAN.oo a parte que- .:ita vem por Procu-
Iador ,. e a outra. parte opoern contra a procuraçam. ,.
ou contra a peífoa dO>Procu.r ador tal razam, por que
a procuraçam por Dereito nom valha, e aili for jul-
guado ,. o citado ferá abfolto da inftancia do Juizo_.
e o Autor condenado nas cuftas :. e citando-o outra:
vez nom ferá. ouuido, atee q,ue as pague ; e fe o Ci-
tado vier po.r: Procura-dor,. e o Autor polo dito mo-
do lhe impedir a procu'raçarn .. o dito Reo fer:í aui-..
do por reuel ,. e em quanto procuraçam fuffi.cien-
te nom ouuer fe procederá no. feito aa ilia reuelia ....
E efto te nom entenda , q,u ando ao Procurador fof-
fe pofto tal impedimento:, ou inabilidade, q)Je veri-
:limel mente a parte ,.que O · conftituio , nom deueria.>
faber ;. porque em tal cafo ferá. nouamente citado,
pera. profegu ir feu feito, ou. fazer outro Procul'ador•.
14 hEM· todo homem pode feer Pr..ocurador em,
1 Noífa Corte ,. e Çafa do Ciuel., e- perante outros·
/ quaefquer Juizes, tendo-Officio ·& Procurador fe-
gundo· Noífas Ordenaçoes l> e p0der das partes . pera
poderem- por e! las procurar, faluo ·OS·a- que h e ·defe-
fo ; e os que Auemos por. bem. ,.que o nom fejam· ,.
fa:m.os feg!lintes •.
.1-40 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN.TIT.XXXVIII.
15 JT,EM o que for menor de vinte c cinco àn-
.nos, faluo fe for graduado em Dereito Ciuil, ou Ca..
nanico , e em efl:udo vniuerfal de gráo de Bach~uel,
ou Licenciado, ou Doutor.
I 6 h .EM o que for dado por fiel antre as partes,
que deue dar teftemunho por hüa pane ou por ou-
tra , affi como he o Corretor; e efto em aquelle fei-
to em que deue feer fiel, e teftemunha.
I 7 I TEM Fidalguos, Caualeiros, Creliguos , e
Religiofos , nom polfarn por outrem procurar em
· Juizo.; faluo por aquellas pelfoas, e em aquelles ca-
fos que fam conthcudos no Terceiro Liuro, no Ti-
tulo Das pc!foas a que he defejô que nom procurem ou
voguem &c.
I 8 I TEM o Tabaliam, no Luguar onde he Taba- 1
liam , nom fdá Procurador , nem o ferá em outro
Luguar alguü ror procuraçam que por elle feja fei ...
ta.
·I 9 I TEM ryinhuü Efcri~am da t\udiencia feja
Procurador, nem Aduogl.iado , faiuo em feu feito
proprio, ou d'a,quelles que viuerem continuada men-
te com eUes em fuas cafas , ou por No!fo efpecial

.
Mandado.
20 hEM p que for condenado por faliidade,
.
ou outro cnmif!, porque fique infame. -
2r E Q.Y 4LQYER pe!foa, que perdeffe qualquer
Officio por erro que nelle fezeffe, nom poderá feer
Procurador.
32. hEM ll que teuer recebido falario , ou parte
delle
Dos PtwcuR. E oos Q!!E o NOM PODEM sEER. 24r

clelle d'alguü pera procurar feu feito , nom poderá.


pola outra pane procurar; faluo fe efle ;de que o te ..
wer recebido , teu·er outro Procurador, e a outra
parte nom poder auer quem por ella procure , ou
forern ambos mais au:antajados; porqLie nefles cafos
o que· os affi. teuer tomados poderá eCcolher huü
delles , e o outro pro·c urará pola outra parte , poíl:o
que do prim~im teue!fe fabido os fegredos da cau ...
fa , e recebido o dinheiro , o qual lhe tornará como
emcima dito he, o qual fará por mandado do Jul..
guador.
23 E TODAS eí'tas pelfons) que nom podem feer
Procuradores, poderam antes de lhe feer pofla a
exccpçam da incapacidade f1.1be_flabekcer outros a
que nom feja defefo, tendo pera e!lo poder dos
conflituintes , ou fendo já feitos fenho!fes da lid·e
por feer conteftada ; porque ckfpois de lhes a dita
excepçam verdadeirament_e feer poft.a nom pode-
ram em e!Tes feitos fubeflabelecer outros Procura-
dores, ainda que a lide feja com elles conteftada ,
ou tenha procuraçam pera fubefl:abelec·e r.
24 I TEM todos os fobredltos' que am podem
feer Procuradores, nom poderam procurar perante
alguú ] ulguador, que feja feu pay , ou feu irmaõ &
ou cunhado no rnefmo gráo.

E os que nom pódem fazer Procurador Jam


· os .fe.guintu.
2 5 O .MENOR de hi_dadc, d'é quatorze annos notü
Li-v. I. Hh pode
242 o PRIMEIRo Lrv. DAs ORDEN.Tn.xxxvnr.
pode por fi fa.z er Procurador , mas. deue-o fazer,
feu Tutor.
z6 E o que for. de quatorze atee vinte e <::inco.
poderá fazer Procurador, auendo pera ello Noffa
auétoridade , ou-. do Juiz do feito,, e d'·outra guifa
nam.
27 E o a.cuf:ado ou demandado por feito crime,
em que ca.iba pena d'açoutes , ou outra aalem de
degredo temporal ,, nom fe pode liurar por Procu ..
rador , mas deu e parecer peiioalmente em Juizo ;
f'aluo fe for prefo f-egundo Diremos ~o Terceiro Li-
uro, no T~tulo Dos que podem, e deuemfeer citados ,.
que pareçam pdfoalmente em Juizo ; e em todo cafo
em que o Reo for prefo, ou por obriguaçam feguir
feu feito. em peífoa , nom poderá o Acufador- abfen-
te acufa.r, -~em feguir a acufaçam por Procurador ~­
mas comprir-fe-ha o que Diremos no ~into Liuro,
no Titulo D(l ordem. que o Julguador deue l«r nos feitos
crimes.
· 28. ITEM o que for citado que peffoalrnente pa ..
reça ,. nom ferá efcuío d~ v!ir, mandando Procura...
dor,. mas deue parecer. por pe!foa.
29. E M~NDAMos que fe as. partes por culpa·, oú
ignorancia 4e feus. Procuradores, receberem em feus
feitos algua perda , lhes feja todo fatisfeito por feus
bens. E iífo mefrno os ditos Procuradores paguaram
as cuftas aas partes ; que lhes fezerem fazer por
apellarem , ou agrauarem ,_ onde por Noffas Orde-
çoes nom cÇ>uber apellaçam , ou agrauo , e a parte
po~
Dos PRocuR. E oos QYE o NOM PODEM st·ER. '241

pod~rá por ello demandar o Procurador, fem elle


pode-r aleguar priu-ilegio geeral nem efpecial de fc~J
foro.
30 E o-E FENDEMOS a tode>s os Procu-radores, que
nom façam auença com as pa-rtes , que ajam certa
coufa, vencendo-lhes as demandas; e qualquer que
a fezer feja priuado de procurar huü anno., e pa-
gue dous mil reaes pera a Arca da Piedade. Mas
foomente leüaram e>s fala rios, que lhes dereitamenre
montarem , e por Noífa Ordenaçam he taxado ; e
fe lhe as partes mais derem em paõ , vinho, carne ,
{)U outras c0Üfas, e lhe requererem que lhe defcon-

tem no falaria , fera m obriguados os Procuradores


-l ie lho defcontar ,, ao te-mpo que lhe for contado fell
feito.
3 r E os Procuradores nom façam antre fi com ...
,p anhia fobl"e o .falario, fob pena de ferem priuade>s
.dos Officios , e degradados pera femprc pera a ilha.
·de Sam Tnome.
32 E POR milhar defpacha dos feitos M anda-
mos ., q~:~e os Procuradores -razoem , e diguam por
e fcripto todo o Dercito da fga parte em hüas foos
:razoes, affi fobre libelo, ou artiguos, como fobre
a definitiua-; e norn diram mais elles, nem as partes
por palaura _, nem J!>Or efcripto coufa algüa; faluo fe
a Nós quaf!do prefente Formos, ou aos Julguadores
do feira parecer necef1ario; porqtJe entam feram ou-
uidos , e nom tocaram nada do que já no feito te-
.uerem efcri_p to, e entol'lce I!om ouuiram huu Pro-
Hh 2 ÇU•
244 O PRIMEIRo Lrv. DAs ÜRDEN. TzT.XXXVIII.

curador fem outFO. Nem os. Julguadores ouçam os


Procuradores fobre os ditos feitos em cafa . .
33 E P OSTO QyE cada hüa das partes tenha mais
de huú Procurador, norn razoará no feira fenom
huü delles , e fa rá huu foo razoado, corno mais lar-
guamente ferá contheudo no Terceiro Liuro, no Tiq
tulo Da Ordem da J uizo.
34 E DEFENDEMos a todos os Procuradores; que
nom recebam coufa algüa d'aquelles contra quem
procurarem; e o que a receber aja a pena conrheu-
da no Titulo Das Aduoguados, e Procurador.es, que vjam
de aduoguar por ambas as Partes..
3 5 I TEM Mandamos. a todos os Procuradores,
G_Ue defpois que nos feitos, em que affi procurarem,
oferecerem em Juizo libelo, ou guaesquer artiguos,
ou razoes, nom poliam nos ditos libelo .. artiguos ,
eu razoés rifcar coufa -algüa, nem adder, nem de-
menuir fem licença ·do Julguador, que for Juiz do
feito, ouuida a parte fe for coufa de feu perjuizo; e
Q Procurador, que o contraim fezer, feja priuado do

Officio, e degradado por dous annos. pera cada huü


dos Luguares d' Alem em Africa. E bem affi nom
podefam efcreuer na margem em nin.hüa folha dos
feitos ninhüa razam , foomente poderam cotar, ~
poer aquellas 1=otas , que o Juiz pó de poer ,. fegun,.
do Diffemos 11efte Liuro, no. Titulo Dos Ouuidores
da Cifa da Sopricaçar.n; e fazendo o contraíre feram
fufpenfos dous mezes de feus Officios, ou aueram
outra maior pena, fegundo a qualidade das. pala~
\nas. 36
Dos PRocuR. E DOS QYE o NOM PODEM SEEtt. 245

36 E MANDA-MOS que todolos Procuradores,ql!l~


em Juizo ouuerem de procurar por algüas partes,
ajam en.formaçam das ditas partes de todo. (j): feito
que ouuerem de procurar , affi fobre o libelo, como
contrariedade, como fobre todolos avriguos, qu_e no
dito feito ouuerem de fitzer, em modo, que o dito
Procurador nom faça artiguo alguu, que nom feja
contheudo nas ditas enformaçoés; as quaes enfor-
maçoês lhe [eram dadas pelas ditas partes, ou por
Procuradores a que as ditas partes fezerem procu-
raçam pera a qita caufa , feita por Tabaliam das
Notas, ou por maõ das partes, fendo de qualidade-
. que a procuraçam feita por clle faça fee em Juizo.
Na qual procmaçam fe contenha, que lhe daa po-
der pera feguir a demanda, e pode~: fubeflabclecer
outro Procurador; e fe o mefmo Procurador, que em
Juizo ouuer de procurar, teuer femelhante procura-
çam pera fcguir a demanda , e fubeflabelecer, nom
auerá mefter enformaçam ; as quaes enforrnaçoes fe-
ram affinadas per as mefmas partes, ou per os Pro-
curadores, feitos da maneira que dito he, e nam
per os Procuradores que em Juizo nelles ouue-
rem de procura~ E os que nom fouberem efcreueF ,.
façam-nos affinar per outras peífoa·s conhecidas •.
que a.s per feu mandado affinem. E quando o feito
for de algüa 'peíioa, q.ue eftee fob admil)iftraçam de
feu pay, ou tutor, ou curador, ou adminiflrador , O·
admini(hador, tutor , ou curador dará, , e affi.nará
na. enformaçam p.er f1~ ou per outre.tn ,_pela man.ei ..
r a..
246 Q PRIMEIRO Ltv. DAS ÜRDEN. TIT.XXXVIII.

ra fobredita. E fe a demanda for d'alguu Concelho


ferá affinada pelos Vereadores ~ ou per dous delles ,
e polo Procurador do Concelho. E fendo a deman~
da d'algüa V n iuerfidade , a·ffinará o Reétor, e o Sín-
dico de) la. E fe for d'alguú Cabido, ou de Moeftei~
ro , ferá a enformaçam affinada pela principal pef-
foa do tal Cabido, ou Moeftcir6, e pelo Síndico , ott
Procurador dos neguocios, fe o hi ouuer. E em as
demandas que pertencerem a alguas Confra·rias ~
afTinaram os Moordomos per fi, ou per outrem , fe
nam [Quberem efcreuer, como dito he. As quaes
enformaçoes os ditos Procuradores teram em feu p~­
der bem guardadas, pera as amo(harem aos J ulgua-
dores, q~ando lhes for mandado , ali em [e trau-
tando os feitos perante elles ., c0mo defpois de fe-
rem fentenciap0s , pera fe veer fe os ditos Procura-
dGres procuraran'l os feitos verdade·i ramente , e fe-
gundo as enfqrmaçoes que lhes foram dadas. E fe
os Julguadores , que dos taees feitos forem Juizes >
acharem , qu~ alguü nam feguindo a enformaçam
da parte procurou fetl feito erradamente, e por fua
•culpa a parte recebeo dãno ., faça todo emendar, ·e
paguar aa parte pelos bens do Procurador, que em
tal culpa for achado~ fe a parte o requerer. E aalern
clefto o Procurador., q1.:1e por ma1icia nom fegui·r a
enformaçarn da parte, ferá punido fegund0 fua cul-
pa ., e 0 erro que niffo cometer. E poíto que algu.Us
"feitos fe trautem ., e determinem fem os Procurado-
·res anerem as enformaçoês das .partes, na maneira
que
Dos CoRREGEDoRES DAS Cc:>MARCAS ET c ; 24-7

que dito he, Auemos por bem, que as fentenças.


que em taees feitos forem dadas nom fejam por iffo
anuladas , nem impedidas as execuç0es de lias . Em-
peró ,. porque os Procuradores tenham euidado de
auerem as ditas enformaçoes áas fuas partes , M an-
damos, que qualquer Procu.r:ador que em a Noílà
Corte, ou em a Noffa Ç_a.fa do Ciuel procurar ~ e
}1om amoftrar a f'nfórmaçam da parte que dito he ,.
fendo já o feito finalmente det erminado,. encorra
por effe rnefmo feito em pena de dez c r uzados pera
as defpefas da Rolaçam €m que procurar. E nos ou-
tros Luguares encona em pena de cinco cruzados
pera os captiuos. Em as quaes penas os Auemos por
effe mefmo feit0 por eondenados huus e outros,_
que neJ.Jas encorrerem, :Lem feer neceflario outra fen-
tença, nem declaraçam. E a execuçam das ditas
penas.fará qualquer Julguador,ou Julguadores, per-
ante quem os ditos Procuradores encorrerem em.
cada. hua das ditas penas.

T 1 T U L O XXXIX.

Dos Corregedor;es das Cómarcas , e do que a flu. O.f!íciiJ-


per:tence.

O CORREGEDOR da. C:ornarca, tanto qúe fgr


em fua. Correiçam ,_· mandará aos Taba.fiaes do Lu ..
guar pera onde oúuer de hir ,_que lhes enuiem as
cul-
248 , O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜR.DEN. TIT.XXXIX.
culpas , querelas , e eftados que teuerem de quaes ...
·q uer pefioas, que fejam obriguada~ aa Juftiça.
1 E QYANDO os ditos Tabaliaes nom teuerem
enuiadas as culpas ao Corregedor ante que venha
ao dito Luguar , por lhas elle nom mandar peçiir,
Mandamos, que do dia que o dito Corregedor che-
gl(ar ao djw Luguar a tres dias lhe dem loguo as
ditas culpas, as quaes hi.ram efcriptas, e aítnadas
por fua maõ, e nom por letra d'outrem , e o dito
Corregedor as verá, e os que achar em taees culpas,
por que deuam feer prefos fegundo Noffas Ordena-
çoés , mandará por feus AluSlraes aos Juizes, e Al-
caides d 'aq uelie Luguar, onde affi efl:euerem os mal-
feitores, que os prendam. E fe alguü dos ditos mal-
feitores nom for prefo por culpa d'dfes Juizes , ou
Alcaides;, proFederá o Corregedor contra elles como
for Dereito. E fe alguüs Tabaliaes lhe foneguarem
alg~a quereiCif, ou ·inquiriçam , ou qualquer outro
auto, que a b~m de Ju~iça pertenceífe, quando affi
o Corregedor lhas manda pedir , ou as nom der to-
das ao ôito tempo dos tres ·dias, quando o Correge-
dor vier ao Luguar procederá cor1tra elles a pena de
priuaçam dos Officios, e qualquer outra que por De-
rei to merecerem.
2 E QyANDO mandar prender alguü malfeitor
por feu Meirinho fóra do Luguar, e Termo onde
efteuer, nom, lhe confentirá que Iene os homens
de huü Conc(!lho pera outro fem feu efpecial man...
. dado.
3
Dos CoRREGJWoREs DAS CoMARCAS ETc. ~4' .

3 E TANTO Q!JE chegnar a -cada huu Luguar de


fua Corrciçam , faberá fe he nece1Tario fazer-fe elei-
çam dos Juizes e Officiaes do Concelho , c ~erá nif-
f.o á manei,ra que nas taees .eleiçoés Temos determi-
nado, fegundo he contheudo nefl:e Liuro., no Titulo
Em que modo je deue fazer .a EleiÇam..
4 I TEM faberá pala i.nquirÍçam, que cada .anuo
fe ha -de .tira.r [obre os Offi·ciaes da Jufl:iça, fe os
Juizes fezeram fuas Audiencias ordenadas nos fei-
tos dos prefos, como lhes he mandado, e fe defem-
barguaram feus feitos 'fem delongua. E [e manda-
ram faltar alguüs prefos norn apellando em feus fei-
tos por parte da Juíl:iça, em aquelles cafos em que
fam -obriguados a apellar, pofro que a pa:rte n9m
apeHe; e em tal cafo elle apellará por parte da J ufti-
ça pera os J u lguadores a que pertencer ; e contra
os que achar culpados, affi em eíl:as coufas, como
em outras quaesquer que a feus Officios pertençam ,
proceda como for Dereito.
5. E - MANDARA' apreguoar, que venham perante
elle todos aqudles que fe fentirem agrauados dos
Juizes , Procuradores , Alcaides, Tabaliaes, ou de
· poderofos , e d'outros quaesquer , e que lhes fará
comprimento de Dereito. E que affi venham peran-
te elle todos os que ouuerem demandas , e que lhas
fará defernbarguar; e dado affi o preguam deu e cha-
mar os Juizes d'aquelle Luguar, e poe-los a par de
fi, e fazer-lhes pregunta quando vierem as partes
que feitos rem perante elles , por que os nom defpa-
Li'f.l. I. li cham,
:250 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDRN. TIT. XXXIX.

charn, mandando-lhes que loguo defembarguem


feus feitos.
6 E ELLE nom conhecerá por auçam noua, nem
auocará pera fi feito alguü Crime , nem Ciuel ; fal-
uo dos feitos, e caufas dos Juizes, e Alcaides, Pro-
curadores, Tabaliaes, e de Fidalguos, e dos Aba-
des., e dos Priores , nos cafos que a j nrisdiçam de-
reitarnente pertence a Nós, os quaes por Noffas Or.
denaçoes fam declarados.; e bem afii de quaesquer
outras pefloas poderofas , que ao Corregedor pare-
cer, que os Juizes da Terra nom faram delles i.n..
teiramente juftiça ; e bem affi dos feitos e caufas em
que os Juizes da Terra forem fufpeitos, porque de
todos _eftes fob.reditos poderá conhecer , em quant()
efteuer no Luguar, affi por auçam noua, como auo..
cando-os perú. fi, fe lhe parecer neceffario; e efl:o, po-
fto que os Juizes da Terra diguam , que fat:aPL dei ..
las de rei to, ~uer fejam Autores, quer Reos. E quan-
do fe o Corregedor quifer partir do Luguar, e Ju!.
guado, onde polo dito modo conhecer dos ditos fei-
tos , leixará todos os ditos feitos , de que polo dito
modo conhecer no dito Luguar, e Julgua.do, aos
Juizes da Terra, e fendo fufp.eitos,. a huii homem
bom d'effa ·vpla ; porem fe ao Corregedor parecer,
que alguüs dos taees feitos fam de taees peffoas que
os Juizes da Terra, ou aq uelles a que os deuiarn lei-
xar, nom poderam fazer delles juftiça , leualos-ha
comfiguo onde quer que for, atee acabar de nelles
dar liuramento ; faluo fe o menos poderofo dos liti-
guan-
Dos CoRREGEDOREs DAS CoMARCAS ETc. 251

guantes, quer feja Autor, quer Reo, quifer antes,que


o feito fique na Terra , porque entonce o leixará na
Terra. E efl:o nom auerá luguar nos feitos dos Jui-
zes, e Procuradores, e Tabaliaes, e Alcaides pe-
quenos, e outros Officiaes de Juftiça do mefmo Lu..
guar, porque efl:es ficaram na Terra , pofl:o que o
Çorregedor os queira comfiguo leuar, e ainda qu~
polas fuas partes contraíras lhe feja requerido que
os leuem comfiguo ; e quando o Corregedor tornar
por o dito Luguar , fe achar que alguús d'aquelles
feitos nom fam defembarguados por culpa ou mali~
. c ia dos Juizes , a que os leixar, procederá contra
clles como lhe parecer jufl:iça.
7 I TEM nom conhecerá por apellaçam em ninhuü
feito. E conhecerá dos eftormentos d'agrauo , ou
cartas teílemunhaueis, que da Correiçam a elle vie-
rem, de que os Defembarguadores do Agrauo, ou
o Corregedor da Corte dos feitos crimes podem co-
nhecer. E affi no Luguar ~nde efleuer poderá co-
nhecer dos ditos agrauos, mandando leuar os feitos
perante fi , e em todos os ditos agrauos dará deter-
rninaçam , fe he agrauado, ou nom he agrauado ; e
des que nos ditos agrauos der determihaçam, torna-
,rá ou mandará tornar os ditos feitos aos Juizes pera
·os procetfarem. Porem nom conhecerá de ninhuüs
agrauos de injurias verbaes, nem de que por Nof-
fas Ordenaçoês he · de;terminado, qu~ pertence aa
Camara [em apellaçam nem agrauo.Nem con9-eéerá
de feitos alguüs, que a elle veHham p0r maneir;.\
li 2 d'a..
252 O PRIMElRO Liv. DAS ÜRDEN. TIT. XXXIX.
d'agrauo , de quaesquer fentenças definitiua.s qwe
polo Juiz da Terra forem dadas, pera: tomar conhe-.
cimento dos merecimentos da caufa, e deter.minar
fe foi mal, ou .bem julguado. Mas poderá conhecer,
e determinar fe he cafo d'apellaçam , qua·ndo foo-
mente polos Juizes for. deneguada, e mandará ao
Juiz que lha receba, e ailine ter.mo a-as partes a que
a vam feguir perante os J ulguadores, a. que o conhe-
cimento della pertencer; e quando·os agraw:!>s forem
de o Juiz nom receber apellaçam. da fentença inter..
lucutoria, poíl:o que tenha força d~ definitiua·, guar-
dará o que Diremos no Terceiro Liuro ,. no Titulo
Das apellaçoris dasfintenças· interlucutorias. E quando
os agrauos forem de· o Juiz rccebeF apellaçam, quer
de fentença definitiua , quer deinterlucutoria aa. par..
te contraíra ~ o Corregedor nom conhecerá .de tal
eftormento, ou Carta tefremunhauel' ; porque em
tal cafà o cqnhecimento· do dito agrauo pertence
aos Defembarguadores do Agrauo , e o Corregedor
noin tomará delle conhecimento..
8 E MA~DARA' prender os que deuem feer pre..
fos por as c4lpas que lhe forem dadas, e aquelles
que forem prefos remeterá aos Juizes com fuas que-
.relas, denunc:iaçoês, e enformaçoês, mandando-lhes
que os defembarguem com feu Dereito ; faluo fe fo-
rem das peffoas fobreditas, de que elle ha de tomar
conhecimentp , como dito he , e dee-lhes por efcri-
pto quantos , e quaes, e por que razam fam prefos,
pera faber o défpacho, e deligencia dos Juizes. E 09
OU"'!
Dos CoRREGEDOREs DAS CoMARCAS E'r c. 253

outros que nom prender em quanto h i for,. dalos-ha


em efcripto aos Juizes daquelle Luguar ,. perante
huü, ou dous Tabaliaes 1 e mand.e -lhes que os pren-.
dam, e ouçam,. e defembarguem com feu De.reito,
e mande a:os Tabaliaes , que fe os Juizes defpois os
nom q.uiferem prender, nem trabalhar por iffo, fa ...
bendo onde Í:'lm , o efcreuam affi em feus Liuros ,.
de guifa, que por (!lles feja elle,ou oNoffo Correge-
dor da C0rte, quando Formos por h i, certos da obra
que os Juizes fobre efio fez.eram, pera lhes feeli
efi.r:anhado fegundo f-Uas czulpas~
9· E os.ditoê__ Corregedores-nem mand~ram pren-
der pe1foa algüa, faluo por os Meirin~s, e Alcai-.
des, ou polos Juizes dos-Luguar.es. E quando man.-
darem prender algüas peffoas. por. feus Aluaraes ,.
hiram declarados nelles os nomes d!aquelles, que ou-
uerem de f-eer prefos, e fem a dita. dedaraçam nom
os affinaram. Peró fe pera moor fegredo ,.e feguran-
ça das coufas da Juftiça , paffarem Aluaraes ,. que
prendam a peffoa, ou peffoas que lhes amofirar , ou
nomear, o que o tal Aluará lhes aprefentar , leuará
todauia fempre outro Aluar.á fecreto, em que vaa
decl a,mdo o nome, ou nomes dos que mandam pren-
. der, o qual ferá aprefentado ao Alcaide, ou Meiri-
nho ao tempo da prifam ,. e polo primeiro A:luará.,
que ferri nome lhes for dado -, poder.am bufcar o que
ouuerem de prender ; e porem nom o prenderam
realmente , fem verem o outro Aluará , em que o
nome vaa declarado. Porem no dito Aluará. que vai
f em
254 O PRIMEIRO Liv. DAS ÜRDEN.TIT. XXXIX.
fem nome, fará mençam corno a parte leua o outro
Aluará, em que o nome vai declarado; e fe por Al-
uará fem nome prend erem, pague cada huü que
o fezer dez cruzados pera o Efprital de Todos os
Sanél:os da Noílà Cidade de Lixboa, e a parte que
leuar o tal Aluará fem nome, fem fazer mençam do •
outro Aluará em que o nome vai declarado, pague
outros dez cruzados , e o Efcriuam , ou Tabaliam
que o fezer, outros dez pera o dito Efprital , e mais
cada huü delles ferá degradado huü anno pera
Alem , e fe for peffoa em que caiba pena d'açoutes,
feja açoutado ; e o Corregedor que tal Aluará pafiar
fem nome , e fem outro em que feJa declarado o
nome do que ha de feer prefo , quando o cafo for
de .tal qualidade em que fe requeira femelhante fe-
gredo, paguará ao que po~ tal Aluará fem nome for
prefo cem reaes por cada dia que jouuer prefo, e
mais ferá fqfpenfo do Officio em quanto Noffa
Merce for : ç: efta Nofia Determinaçam ~eremos
que fe cumpra, e aja luguar nom foomente nos
Co~regedores das Comarcas, mas tambem nos Cor-
regedores da Çorte, e Ouuidores, e quaefquer Def-
embarguador~s d'arnbas as Cafas, e nos outros Jul-
guadores, e peífoas que poder e auél:oridade te-
nham pera mandarem prender. \
10 E EM cada huú Luguar de fua Comarca
mandará apr~guoar, que ninhuú encubra nem ~o­
lha degradado , nem ladram , nem outro malfeitor,
nem receba fprto alguü em fua cafa, e que aquelle
que
Dos CoRR.EGEDORES DAS CoMA!tCAS ET c. 255
que o fezer, lhe ferá dada aquella pena que por
Dereito merecer.
I r ITEM faberá, fe os Juizes tem cuidado de
faber fe os Tabaliaes guardam os Artiguos,. que da
Chancelaria Ieuaram e juraram ; e achando que os
ditos Juizes em eíl:o fam negrigenres, proceda con-
tra elles fegundo fuas culpas , e iffo mefmo contra
os Tabaliaes que achar culpados, dando-lhes aquel..
las penas que em Nofias Orden.a çoes, e em os ditos
Artiguos , e Regimento da Chancelaria fam con-
theudas.
12 ITEM faberá fe ha hi competiçoes, ou.ban..
dos em cada huií d'aquelles Luguares em que ha de
fazer correiçam, e quaes fam os principaes d'dles · ~
e fe de!Ias competiçoes, ou bandos f e feguem pele-
jas, voltas, mortes , ou outro mal,. e dãno ;, e auen-
do-as h i, procederá contra elles come:> for Dereito •
fegundo o cafo for ). e aalem dilfo, fendo de quali-
dade que No-lo deua fazer fa.ber, No-lo fará faber.
13 hEM faberá fe os d''aguelle Luguar, ande
fezer coiTeiçam, recebem agrauos dos Almoxarifes,.
e Efcduaes , ou dos Porteiros, Sacadores , ou d'ou ...
tros quaefquer Officiaes , que ajam de tirar e pro-
curar Noífos Dereitos , agrauando o pouo corno
nom deuem ; e fe for po~ Fazam de feus Officios ~·
digua-lhes que o nom façam, e perfeuerando elles,
faça-lho correger (' nom conhecendo porem dos fei ...
tos ) e defpois de corregido faça-o faber a Nós..
E efto fe entenda, quando no ·Luguar onde efto
acon..
256 O PRIMEIRo Lrv. DAs ÜRDEN. TrT. XXXIX.

acontecer nem efteuer Veedor da Fazenda ., ou


Contador a que eíto pertence; porque fe hi efteuer
lhe notificará dl:o que fe af.Ii faz., que proueja a ello
como feja emendado4
14 OuTRO s"r deue f.1ber fe alguüs poderofos ou
outras peffoas embarguam Nol1às D ereitos , ou os
retem fem razam ~ e fará 1oguo que fe arr.ecadem
pera Nós.
15 I TEM fe 'trabalhe mandar em todos os Lu~
gua·res .da Correiçam ., que fe façam as bemfeiwrias
pubricas , conuem a faber, calçadas , pontes , fon.
tes , chafarizes , poços , caminhos ., e cafas dos Con-
celhos , picotas , e outras quaefquer bemfeitorias •
que forem neceffa.r.ias ., mandando ·loguo afft fazer
aquellas que comprir de nouo ferem feitas , como
repairar as que ·r epairo ouue·r em meíler, o que todo
1

f.uam das rend<.t-s do Concelho; e quando h i nom


ouuer dinheiro do Concelho , e ouuer nec-effidade
d'algüa tinta, affi pera o dito cafo, como pera ou-
tros que lhe pan~ ça neceífario , No-lo faram faber ,
pera Nós lhe D;trmos a Prouil:1m que Nos bem pa-
recer ; .porque [em Noífa Prouifam os ditos 'Corre-
gedores nom dC~-ram Ca·r ta , nem licença pera fint ar
em ninhuü cafo. Porem fe a neceffidade for tal que
fe poffa fazer com quantia atee quatro mil reaes,
(:m tal cafo o dito Corregedor poderá dar licença
pera a dita fin~a atee a dita quantia, fem mais viir
a Nós.•
r6 ITIZM fa.râ aproueitar as vinhas, e herdades ,
como
Dos CoRREGEDORES DAS CoMARCAS ·ET c. 'H?
como fentir que he prouei.to da Terra. E iffo mermo
confl:rangerá aquellas peffoas que fam pera feruir ,
e nom tem unto de feu que deuam d'ello fee_r creu-
fados, que viuam com amo3 por fold adas. E p era
os feruidores nom terem razam de fe efcufar de
fer~ir , e os bens de cada Luguar ferem aproueita.;.
dos , e os moradores nom andarem em demandas ,
guafl:ando o que tem, mande aos Juizes que âem .
os mancebos a aquelles que os meí1er ouuerem.
17 OuTRO sr nos Luguares em que for neceffa-
rio, e pera ello forem defpoíl:os , mandará pocr
quaefquer aruores de fruiro., que fe eni elles pode-
rem dar, conuem a fa_ber, oliueiras, vinhas, e amo-
re_i ~as fegundo a qualidade da terra • e affi fará en-
xer"iar todos os azambugeiros.
I 8. I TEM deu e faber em cada Luguar das Terras,
por ·onde andar de fua correiçam , achando alguús
Luguares defpouoados, por que fe defpouoaram , .
e por que modo fe ~ilhor poderam pouorar , e fa-,.
çam~no faber a Nós., pera Fazcrmos.fobre ello, o ;
que for Noffo feru iço. ,
19 E SE alguüs Concelhos ham demandas , ou
contendas antre fi , deue trabalhar quanto, poder de
os concertar, e av iir; e nom podendo, faç a-o .faber
a. Nós, e enu i~ -Nos dizer o feito todo <wmohe _.e a
o
razam donde. nace, e dãno que defto pode recre.;.'
cer, e aquello que entender que he bem de fe fazer,
e a razam que o a iífo. moue.
20 ITEM entrará em os . Caíl:elos que tem os .
.Liv. I. Kk AI-
258 O PRT!vr<:t'Ro Ltv. nAs ÜRDEN.TIT.XXXlX.

Alcaides t affi Noffos ~ como das Ordens , e vera


como eflam baítecidcs tambem d•armas, como da~ ­
outras coufas, que lhe forem neceffarias , c verá·fe
as torres, e muros ham mdler de fe corregerem; ·e
n·pairarem ; ~ deue iifo mefmo veer , e faber das
cercas das Villas , e rodo o que affi achar, No-1<>
faça faber: e Mandamos aos Alcaides, que lhe .lei..
x~m veer as coufas fobre<..litas.
21 ITEM mandará, tanro que for no Luguar, aos
Tabaliaes, e Juizes , qu~ lhe rnoílrem as inquiri ..
çoês deuaffils que hi ouuer, e dcue-as veer logqÓ ;'
e f e <1lguus .dos contheudos em effas inq ui riçoés fo ...
1·em liures polos Juizcs do Luguar, fuberá como os
defemb:uguararp, e fe acha·r· que o talliuramento
foi por conluio, ~u por falfa pruua, falo-ha corre-
ger, eni maneira que fe faça loguo Dereito, e nom
pereça Jufliça; e achando qt~e os Juizes ou outros
a,lguüs fam culpados em cffe conluio, por a fenteü-
ça feer dada por peita, ou afeiçam, ou por ,outm
alguü modo maliciofam_ente , proceda conrra elles
feg undo a culpa de cada h~1íÍ ·, e acerca de toâo o
que dito he t<.! rá a maneira que Diremos no Q~in­
to . Liuro ,. no Titulo Se o que for acujddo por a!gufi '
crime &c. ·
·22 hEM f21berá as prifoes de cada huu\ Luguar,
fe fam' taees C<)mo cumpre, de guifa · ~ que os prefo1
po{fam hi feer bem guardados ; e fe taees nom fo ..
rem , deue-as p1andar fazer a aquelles , que forem .a
iffo obriguado~ , tambem aos·No fios Officiaes, co..
ffi()
Dos Co.RRRGEDORES DAS CoMÁRCAS ETc. 259·
mo á outros quaesquer , e fazer que os homens, que
ouuerecn de guardar as prifoés , fejam bons ; e .d e
,boa fama, e arreiguados na Terra, e de bons cufiu-
·tnes' , e deue-os auifar, que guardem muito bem os
prefos que Jhe derem , e q\IC fejatn certos) que fe
lhes fogirem ,lhés ferá dado por ello graue pena ;
a qual lhes ferá dada aos que o afli nom ·fezerem ,
corno por Dereito , e Noífas O'rdenaçoes he deter-
'JTIÍnádo. ·
23 OuTRO SI verá o Corregedor os Foraes de
cada huG lugua.r, pera ve~r fe Nos tomam alguü dea
reiro que Nos pertença auer po~· elles, ou fe lhes Hi-
tnos contra feu foro. Outro fi deue faber fe Nos toa
tnarn No!Tos dereitos , que Deuamos auér tambem
das herdades, como das ] u risdiçoes • vfando dellas
como nom deuem, ou ~ais do que deuefl!, fegundo
Piremos no Segundo Liuro, no Titulo De como as
Rayubas e bifantes, e corregerá o que por fi poder ,
e o ai que por fi correger nom poder, enuie-no-lo
:dj·z er, e i!To mefmo faça , fe Nós lhe Leuarmos al-
güa coufa do feu fem razam.
24 E DARA' o Corregedor todas as Cartas de fe-
'guro a aguelles que lhas pedirem em fua Correi ..
·çam ; falüo em cafo de morte de homem , ou mo-
lher t ou de traiçam , aleiue, fodomia t moeda fal-
fa, oo tirada de prefos da Cadea , ou ofenfa , ou re-
·:fifiencia feita a Official de ]uftiça, que pertencem
ao Corregedor da Corte , ou de erros de Tabaliam
que fe digua teer cometidos em .feu Officio • e d'ou-
Kk 2 trolõ
I
2.6o O PRIMEI~o Lrv:·oAs ÜRPEN. T.rT. XXXIX.
tros Officia·es , de que o conheCimento pertencer. ao
Chanceler Moor. . ·
2 5 E AS Cartas de feguro neguatiuas de feridas,
ou pancadas, de que fiquem irtchaços, ou larda-
menro, .n om dará; faluo paffado~ trinta dias, conta:-
, dçs do dia que o maleficio for cometido ) e mande
o~uir os feitos dellas aos Juizes das Terras.
· 26 E PER.A faber fe os Juizes defembarguam os
feitos dos feguros como deuem, cada huú Correge~
dor terá huü liuro, em que ponha todas as Cartas
de feguro que der pera os Juizes de cada Luguar,
e o di·a· em que hám de pan~cer perante elles , ·pera
veet quando for per effes Luguares, fe os que as di-
tas Cartas guanharám pareceram perante os Jui-
zes em elfes feitos.
27 · E DEFEI'fDEMos a todos os Corregedores das
Comarcas~ e aos Ouuidore .~ que luguar de Correge-
_dores teuerem , que nom dem em ca[o alguü Carta
de imizãde, nem Cartas de emancipaçam aos me-
noresqe .vinte e cinco a nnos; e fe as·dereni, dias
iera m em ft nin,hüas, e de ninhuí:.í'efeéro, e o Cor-
reged or, ou qualquer .outra Jt,~fl:iça, que cada hua
· das ditas Carta der , encorrer:í na-s penas contheudas
nefl:e Liuro, no T itulo Dos De(embarguadores do Paa-
ço , no parrafo fin al.
28 OuTRO ~r terá ·cuidado de fab~~, que Taba-
lia€s ha cm·cada-húa Villa, e Julguado de fua Cor-
e
rei çam, fe fabem bem feu Officio, ou fe v(am
dclle como deuÇm J e fe fam neceifarios ·mais Taba-
liaés
Dos CoRUGEDPREs DAs CoMARCAS ET c. 261

liaes dos que hi ha ; e achaHdo que alguü pôr fea


máo ler, e efcreuer, ou outra in habilidade, nom he
p~rtencente pera o tal Officio femir, o fufpenda del-
Ie, e lhe affine ~àmo a que pare~a perante o Noffo
Chanceler Moor. , ao· qual enuiará dizer feus defe..
cl:os , e a caufa per que o fufpendeo, pera o dito
Chanccler Moor o' examinar. , e prou~r niffo como
for Dereito ; e fe o dito Corregedor achar que -aJguü
vfa mal de feu Officio , pwceda contra elle , e lhe
dee aquella pena que por Dereito merecer, dando
apellaçam e agrauo pera e dito Chanceler Moor,
nos cafos que deue. E achando que em alguü deiTes
LtJgu~res fam neceflàrios. ~ais Tabaliaes ; No-lo
faça loguo faber, declarando-Nos alguas peffoas ,
que em eífes Luguares ouuer pera iífo mais perten-
centes , pera Nós fobre ello Prouermos como Nos
bem parecer ; e dto fará· o dito Corregedor affi nas
Noffas Terras , como nas· das Ordens , e d'outras
quaefquer que Jurifdiçoés, e Tabaliados reuerem ,
onde por bem de feu Officio deue entra·r.
29 · E o Corregedor nom -poerá em feu luguar
Ouuidor fem muita neceffidad e , e auendo tal necef;.
fidade poderá poer peffoa pera ello pertencente por
efpaço de huü mez ·foomente em cada buli a·n no;
faluo quando for ocupíitdo ·em -coufas de Noffo fer-
uiço fóra de fua Correiçam , porque entam 0 póerá
em quanto durar fua ocupaçam por Noffo feruiço ;
e fe aalem do dito mcz tcuer neceffidade tal , :feró
por Nós feer ocupado) pera por fi nom pod,er feruir,
em
262 O PRrMIHRo Ltv. OAS OrwEN. TrT. XXXIX.

~m tal cafo No-lo fará faber , pera Poermos quem


por elle firua , em quanto fua ocupaçam e neceffi-
dade durar. E em quanto o dito Ouuidor teuer o
tal carreguo , nom tomará o Corregeâ.or conheci-
mento de feit<>, nem coufa algüa que aa Correiçam
pertença , affi eftando hi , como fendo fóra, ou.
h indo, ou tornando ; e fazendo o cof.ltrairo de qual-
quer coufa contheuda nefte par.rat~ , ferá fufpenfo
· ·do Officio atee No!fa Merce -~ e mais paguará vinte
.cruzados, ametade pera a Arca da Piedade, e a ou...
,tra metade pera quem o acufar.
30 E PERA o Corregedor fazer comprir ·dl:as
'Coufas ., e as outras que a fcu Officio pertencem ,- e
pera 0utro fi {aber ·fe ·os Juiz-es , e '-Outr<QS Officiaes
rda Terra cumprem , ·e guardam aquello, que lhes
· be :mandádo ., vfará de feu Officio , e andíuá por
1

'Cada hliü Lu;guar de fua C<~-rrei:çam no anno hua


vez ao menos "' e' HGlrn eftarâ nos Luguares graades
mais de ;trinta dias ; e nos outros mais pequenos
:atee vinte ~ias f faluo fe pera dlo ouuer Noffo 1 efpe-
·cial Mandado 1 ou f.e hi acontecer tal cafo, q u~ por
· 'b em de Jutl:iya feja necdfar.io efl:ar hi'alguü mais
t empo.·
31 F:4.R.A' efcreuer a huü Taba1iarn , ou Efcri •.
uam que com \:'lle and ar, todas as fer.ttcnças que der~
-e todas as outras coufas que mandar , affi em fe.ito
.da Juftiça ~ cqmo da guouemança da Terra , pera
Nos dar recado do que fez , e como o fez , ou a
.aquel.les
.. a que Nós .Mandarmos. Ao qual Tabaliam,
ou
, Dos . CoRRERGOORES DAs CoMARCAS ETc. 263

eu Efcriuam Mandamos , que outro fi efcreua ,


quando o Corregedor entrar em cada hüa Villa, ou
Luguar , e quantos dias hi efieuer , e quantos feitos
defembarguar.
32 OuTRO si verá fe os Juizes que fam por Nós
poll:os em effes Luguares , ou pofios pelos Conce..,
lhos, e confirmados por Nós, ouuem os feitos ciueis ~
e crimes, e os defembarguam fero detença como
por Nós he mandado; e fe achar que nom fam oe-
ligentes, eftranhe-lho, e mofire-lhes corno façam,
de guifa, que fe faça como deu e.
· 33 E ASSI faiba o Corregedor em qual quanti.a
os Juizes, e Vereadores leixaram as rendas do Con-
celho, e quanto rendiam ora ; e fe menos renderem,
faiba qual he a razam, e achando que he por cul-
pa dos ditos Officiaes , proceda contra elles corno
por Dereito deue.
34 O CoRREGEDOR deue trazer. taees homens ,
que nom façam dãno na Terra ; e nom fendo taees,
deite=os de fua companhia , e lhes dee aquelle caíH-
guo que merecerem.
35 Ouúo si faberá fe os priuiiegiados. apou-
!entados por hidade, doença , ou aleijam , fe o faro
fenr malícia, e fero enguano; e fe achar que nom
faro apoufentados como deuem , faça-o correger,
nom confentindo vfar do tal priuikgio, que mali-
cioramente foíTe auido.
36 IrEM fe nos Luguares de fua Comarca ou-
uer alguüs Creliguos reuoltofos, e traudlos, faça~o
fa-
\,

264 O PRIMEIRO Lrv. DAS 0RDEN. TrT. XXXIX.

faber aos Prelados pera q1.:1e os ca!liguem ; e nom


o querendo fazer , No-lo notificará pera a iílo Pro ..
uermos corno Nos bem e jufliça parecer.·
37 hEM cada huü Corregedor em fua ·Co'marca·
faiba em cada huü mez por ?i·nqu.iriçam ~ affi pdr eis
pref0s , ·como por outr:os., fe os •Carcereiros kuam
peitas; e fe achar alguús culpados ., faça-os prender
e fazer delles Dereito.
3 8 E .roRQyE alguüs malfeitores fe ·acheguam a
algüas peffoas .p odcrofas ., e fe ac()lhem a fuas .cafas,
por as Juftiças os nom prendeFem ~ nem fe fazer
delles comprimento .d e Dereito ., Mandamos âos
Corregedores, que fejam bem deligentes [obre ello,
~ fe trabalhem dles , ·e os Juizes de os prender .ém
quaefquer Luguares , e·cafas ·onde for..em achados,
guardando aFer.ca defto a Ordenaçam cdo Q0.n:to
Liuro , no Titulo f?(_ue os Fidalguo; e Rr:dados tiom
.acoulem os malfeitores.
~
· - '
. 39 ÔuTRo S•I Manda;mos , que faib'am
. \1
por
inqu.iripm nos Luguares onde ha Modl.-eiros de·
Donas , fe alguüs homens tem nelles conuyrfayarn:
desh0ryefh , pu farn oinfamados com algüás Donas
delles , e defenda-lhes qt1e nom ,varo ·m ais a el1es,
de noitie. nem çle dia .; e os q1;1~ ach,arem quelaa
p1ais vam defpois da dita defefa ., fejam d,eg-radado~­
d.e!fa .Correiç<1_m, a.tee Noífa Merce\; e fe fot:~m de.
pequena condr_çarn mande-os prender, e enure-Nos
a clefefa que lhes fezeram , e a~ Ü1quiriçç>es <:Jue te-
uerem c<:~ntr<~-- eUes J pera lhes Darmos a penr qú.e .
. . ~of;.
Dos CoRREGEDORES DAS CoMARCAS ETc. 26)

No!T.1. Merce for, e leixem mandado aos Juizes dos


Luguares , que afli o façam. Peró fe íe por proua
certa acharem alguíís culpados com algüas Freiras.
e Donas deífes Moefl:eiros , procedam contra elles ,
dando-lhes as penas que por Noífas Ordenaçoes me-
recerem.
40 E os Corregedores, e Ouuidores dos Meftra-
dos , c de quaefquer outros Senhores de Terras , e
Fidalguos , uom conílrangeram os Concelhos d~
fuas Comarcas , que dem camas de graça aos Pro-
curadores, e Efcriuaês , que <:om elles andarem ,
nef!) que lhes lcuem mantimentos de huü luguar a
outro, nem lhes tomem os ditos mantimentos por
, menos do que valerem comumente na Terra, nem
confentam ' que lhe feja tomada p,alha ' nem lenha
contra fuas vontades ; e os que ca-da hüa das ditas
couf:<s ouuerem meflcr, comprem-nas aas vontades
d'aquelles que as venderem. fegundo o dlado da
Terra . .Peró as poufadas Mandamos que fejam dadas
de graça aos fobreditos Officiaes , conuem a fabet ,
fe forem cafados hüa poufada a cada huu, e íe fo-
rem folreiros a dous hüa poufada ; e quando for ne-
ceífario mandar trazer mantiinentos de fóra , nom
os mandaram viir, faluo polos Officiaes do luguar ,
e feram foomente de pam , e vinho, e carnes que fc
vendam a pefo ., e a talho, e outras algüas nom.
41 OuTRo si nom conftrangeram pefl'oas algíía~
que lhes dem beftas d'albarda pera fuas carreguas ,
nem dos Officiaes que com elles andarem, nem
I.iv. I. Ll pera
266 o PRIMEIRO LIV. DA~ ÜRDEN. TtT. XXXIX.

pera outras pelfoas; faluo aquellas que cunumàm a


feer aluguadas, a:; qua.es pagua.ram fegundo cuítu.
me da Terra. ·-
42 E QYANDo o Corregedor cheguar nouamen.
te aa fua Correiçam, tirará inquiriçarn fobre o Cor-
regedor que ante elle foi em cada huü Iuguar , fe-
gunào o modo , e fórma contheuda. no Titulo Em
que mod'J ha d~ enqt-ierer o Corregedor, fe por outra pcf-
foa nom for primeiramente tirada por NoOo efpe•
cial Mandado.
43 E BE!\1 ASSI enquererá quando cheguar a ca ..
da huu Iuguar de fua Correiçam, hüa foo vez em
cada huü anno, fobre os Juizes Ordinarios, Taba-
liaes, Alcaides, Juiz dos orfaõs, Coudeis > e quaef-
quer. outros Officiaes, a !TI da Jufliça, como dos Con... __
celhos dos Luguares de flla Correiçam , por onde
. I
andar, pera h'lber fe vfàm de feus Officios como de-
uem , e cu)Tlprem o que Í:<m obriguados , e o que
por feus Regimentos lhes he mandado, e na di-ta in-
quiriçam nom pregunrará foomente polos erros, e
culpas, que os ditos Officiaes teuerem cometidas
naquelle anno em que tira a inquiriçam, e no outro
atrás , e mais nom , e contra os culpados proceda,
e os puna como por Dereito deue,dando apellaçam
e agrauo nos cafos que o Dereito ourorgua. E qual-
quer Corregedor que as ditas inquiriçoes 'nom tirar,
qL1ando aos Luguares de fua Correiçam cheguar,
pera hi fazer corrciçam, nom a tendo já tirada no
dito Lugllar no dito anno) feja fufpenfo atee Noffa
Mer-
Dos CoRREGEDOR.ES DAS CoMARCAS ET c: 267
Merce, ·e mais pague dez mil reaes pera quem o
acuf.1r.
44 E !'ERA QlJ ·E dos Corregedores , que acabam
' o tempo de feus julguados, fe poíra mais breuemen-
te fazer Dereito , f(~ algüas peffoas de fuas Correi.•
çoés os quiferem demandar, Mandamos, que tanto
que os Corregedores nouos entrarem a feruir feus
Officios ., os Corregedores paffados fe vam aos Lu-
guares onde os nouos efleuerem , 'C efl:em hi conti-
nuadamente huü mez, pera poderem hi feer citados,
e demandados por quaefquer pe!foas que contra el-
les entenderem teer dereita , por algüas ·coufas que
lhe tenham feitas , ou tomadas em tempo de feus
. Julguados; e o Corregedor que tal refidencia nom
fezer , encorra em pena de cincoen.r.a cruzados pera
No!Ta Camara, em que o Auemos por condenado, e
0 Corregedor nouo o mande log1:1o por elles penho-
rar , e executar, e ma-is pa!fará Carta pera lhe feer
tomada fua menage , onde quer que e!leuer , pera
fobre ella hir efbr" aa dita reíidencia. E efio nom
auerá luguar, quando o dito Corregedor teuer já fei-
ta fua refidencia perante alguü Defembarguador
por No!To Mandado, fegundo Diremos nefi:e Liuro,
no Titulo Das rifidencias.
45 OuTRO sr nom Ieuaram na fua Cadea os pre-
fos que acharem nas Cidades, Villas, e Luguares ,
pofi:o que de feus feitos conheçam , antes os leixa-
ram nos ditos Luguares onde forem prefo~ , faluo
quando _os crimes forem taees , ou os malfeitores de
Ll 2 tal
:268 O PRIMEIRO Lxv. DAS ÜRDEN. TIT. XXXIX.

t-al qualidade de criaçam, ou parentefco, de qt~e fe


veriffimelmcnte efpcre poderem íeer tirados, ou fo-
gir; porque nefles ca.fos Mandamos, que os leixem
nos Caftelos , ou Cadeas fortes dos Luguares mai&
comarcaõs , íe no Luguar tal Ca.dea , ou Cafielo
nom ouue\ em que feguramente poli:1m ficar. E
Mandamos aos Alcaides dos Caftdos , e Ca.rcéreiros
das Cadeas , que os recebam ; e os Carcereiros que
os nom receberem paguem quatro- mil reaes pera
corregimentó. da.s Cadeas da Correiçarn , das quaes
penas o Chancele~: de qualquer Correiça1n ferá exe-
cutor , fob pena de perder o Officio, e o Alcaide que
outro fi no·rri receber os ditos prefos feja loguo em-
prazado, q~ a vinte dias venha'" em pefloa aa Noífa
Corte-, pera lhe feer dada aquella pena. que por De-
rei to merecer.,
46 E ouT,n.o sr M.a ndamos a, todos os C,Qrrege..
dores das_Corrtaréas, e a, quaefquer outros Julgado-
res, que tanto qu.e os feitos dos, preLOs foret'n fen-
tenceados, ele que as apellaçoé·s deu-a m vi ir aa Nof-
fa Corte, os façam tresladali ,_e çarrar, e aífelar., fe-
gundo Diremos no Terceiro Liuro , no Titulo Das
npellaçoes, e fern aguardarem o defpacho dos Cami..
nlieitos, as e1wiem por quaefguer:,peífoas_ fem fu-
fpeita, que lhes por parte do prefo forem aprefenta..
das, tomando-lhes primeiro juramento, que bem_
c fielmente as traguam , e aprefentem dn Noffa Cor-
te aos Officiae~ a que deuem feer entregues , e le-
uem delles feu~ conhecimentos ; e quando as feme.
lha a~
Dos CoRREGEDous DAS CoMARcAs 269
.••
ETc.

Ihantes peífoas as trouxerem , os Caminheiros nom


leuaram co ufa algua , e ·o Corregedor da Comarca,
ou quaefquer outros Julguadores que o contheudo
nefl:e parrafo nom ·comprirem , fejam fuípenfos dos
Officios atce Noífa Merce , e paguem dez cruzados,
a.metade pera quem o acufar, e a outra pera o prefo.
47 E MANDAMos, que os ditos Corregedores
cumpram , e guardem todo o contheudo em efte Ti-
tulo, e em todos ·as Capirolos nelle contheudos, e
nom o comprindo , e guardando , aueram aguella
pena , que a Nós bem parecer, fegundo a qualidade
dos cafos; faluo nos Capitolos em que loguo exprcf-
famente lhes h e pofl:a certa pena , porque neíTes ferá
nelles executada a dita pena em cada huü delles de-
clarada.
48 E TENDo aJguüs Senhores de Terras Noffo
priuilegio,.ou dos Reys pairados, por Nós confirma-
do , pera qut! o Corregedor da Comarca nom entre
em fuas Terras, ninhuú Ouuidor dos taees Senhores
nom vfará nas. ditas Terras de correiçam., foornente
l'fará do que por fuas doaçoes, ou priuilegios lhe ex-
preffamenr-e for. outorguado, fegundo fórma de Nof-
fas OrdenaçoE:s. ·

TI-
270 O PRIMEIRo Lrv. DAS 0Rlll'EN. Tu. XL~~

T 1 TU L O XL.

Dos Ouuidores, que por Nós Jam pojlos em alguüs


Luguares..

Q UANDO pofermos por Ouuidor d'algúa Terra


alguü Juiz de Fóra , pofio por Nós em -algüa Cida-
~e , ou Villa , vfará de fua Ouuidoria na fórma fe-
guinte.
r ITEM quando efteuer no Luguar da fua Ouui-
doria conhecerá de todo o que conheceria o Corre-
-gedor da Comarca, e vfe de todo o que o dito Cor-
regedor por feu Regimento hi pode vfar., e terá a
.alçada que tem no Lu_guar de .feu Julguado ., e nom
agrauaram deHe pera o Corrl"gedor, fe nom pera .OQ-
~ae ,poderiam a~rauar do Corregedor·; fa'luo quando
·elle corihect"r p3r au.çam noua antre partes ., nos •ca-
fos que _por fe~ Regimento pode., par~ue entam po-
,deram delle agrau.a:r ., nem -cabendo em fua alçada.,
-OU pera o Corqegedar, ou pera ande poderiam agra-

'u ar d'ante o CÇ>rregedor. E ·nom efl:ando o -qito 'Ou-


. ,uidor no lug.m~·r da Outúdorla, as partes que quife-
.rem agrauar d'ant>c os Ju~zes do dito Lugua·r pode-
!l'am ag-rauar pí!ra el1e , ou pera o Corregedo-r~ qual
.a s panes quiferem. E ·efiando no diw Luguar nom
poderam agrat1ar f e nom pera elle. E quando .o Cor-
regedor e!l-euer no dito Luguar ., o Ouuldor nom
vfará do dito carreguo em couf.• algüa,.

TI-
EM QYE MODO J:IA DE ENQ:. o CoRR. N"OV. !T c. 271

TITULO XLI.
Em que modo ha de enquerer o Corregedor tJouo fllre o
Corregedor da Comarca paJ!atio , quando ataba o ltm-
po dejeu Ojficio.

PERA Sabermos como cada hutl Corregedor vfou


de feu Officio, e fegundo f~us merecimentos o Gua-
lardoarmos, ou Punirmos por feer aos outros exem-
plo , Mandamos, que tanto que o Corregedor en-
trar na Comarca , e tornar pofie de feu Officio, que
logt?o comece tirar inquiriçam fobre o Corregedor
paffado, como dito he no Titulo antes do preceden-
te; a qual acabará ~ e enviará, ao Regedor atee huü
anno a mais tardar, fob aqucllas penas que lhe no
dito Titulo fam poftas, quando nom tirar inquiri-
çam fobre os Officiaes, a qual tirará na maneira fe-
guinte.
PRIMEIRAMENTE começará no Luguar onde
primeiro entrar a fazer Correiçam , preguntando lo-
guo por juramento os Officiaes da Correiçam, e afli
os Juizes, e Officiacs que foram o anno paffado, e
os Tabaliaés , e quatro, ou cinco homens· dos mais
principaes deiTe Luguar, e por eíla maneira conti-
nuará di auante nos outros Luguares de fua Correi-
çam, que forem de cem foguos pera riba, pregun-
tando os Officiaes do anno paífado, e Tabaliaes de
cada Luguar, com alguüs bons homens que ranm
tenham de o faber; e preguntalos-ha por os feguin-
tes
272 O PRIMEIRo Lrv. DAS 0RDEN. TrT. XLI.
tes capitolos , declarando a cada huü delles, que o
dito Corregedor nom ha mais de tornar aa dita Cor-
reiçam ., e .o que Liifferem affi de bem, como docon.,.
trairo , mandará efcrcue.r , pera de todo Auerrnos
certidam.
2 E ENQlJERERA' fe em cada anno fez correi-
çam por todos os Luguares da dita Correiçam ~ e fe
em aJguú , ou aJguüs dos ditos Lug.uares leixou de
entrar , e fazer em elles correiçam , por roguo , ou
temor dos Senhores delles , e fe efreu.e mais tern.po
em cada hu.U dos ditos Luguares, do que lhe por a
Ordenaçam de feu Regimento he mandado.
3 hEM fe teue maneira que a jurifdi.çam Noífa
fofTe bem guardada , ou fe por feu prazer kixaua aa
Clerezia ., ol:l a algut:is outros Senhores de Terras vfar
della em Noffo pcrjuizo..
4 I HlVf fe tomGu aa Ckrezia ., e Fidalguos , ou
aos Concel~1os algüa coufa das Jurdiçoes que a .ellcs
pertencem. conhecendo das coufas de que nom de-
.Uera conhecer.
5 hE:vt fe fazia Audiencia aas part-es aos tem-
pos , que .ordenadamente Iha deuia fazer, que Í:'lm
tres d ia.s 11'!- fomana., e f.e defem barguaua feus feito~
defpachad<,t mente, guardando ,a cada huü feu De-
rei to.
6 hEi\! fe recebia peitas , ou daóiuas d'alguüs
Grandes, pu Fidalguos , por lhe feer fauorauel em
alguüs feus feitos, ou dos feus, ou de quaefquer ou-
tras peffoas de fua Comarca, e quejandas eram, e fe
OU•
EM rQ!!E MODO HA DE ENQ:. O CoRR. NOV. ETC. 273

ouue empreftidos , ou fez compr~s, ou trocas de


algüas coufas com algüas peffoas , qu e perante elle
requen:ffem alguú defembarguo , ou que já teuef-
fem requerido, ou d'outras pefioas a que feja defefo
por Noffas Ordenaçoes , ou fe tomaua alguús man-
timentos, 'ou outras coufas fem as paguar , ou por
menos preço do que valiam, ou fe faziam feruir al-
guús homens da dita fua Comarca com feus carros,
corpos, e btftas , ou outras feruen t ias , nem lhe
paguando aquello que lhe dereitamente he ordena-
do , ou fazia a algíías peffoàs outras femrazoes.
7 ITEM fe tinha cuidado de faber, fe em fua
Comarca auia aiguús malfeito res , e fa bendo-o , fe
os prendia, ou fazia prender, pera fe delles fazer
comprimento de J uftiça , ou íe lhes d eu fauor de
andarem na dita fua Correiçam , ou prefente elle ,
ou lhes de12 luguar que a feu faJtjo fe foífem.
8 OuTRo S'l fe fez paguar algüas malfeitorias,
ou tomadias que na dita fua Comarca foffem feitas
por alguus Fidalguos, ou Abades , e outras peffoas
poderofas, ou alguüs roubos que alguús homens
dos fobreditos ifio mefmo fezeffem em eUa, de guifa,
q ue os querelofos foffem contentes , e fati sfeitos.
9 ITEM fe nos Lug uares da dita fua Comarca,
por onde andaua, fazia correger as pontes, fontes ,
e caminhos, e prouer as prifoes das Cadeas~ fegun-
do em fcu Regimento lhe he mandado.
IO ITEM fe fazia aos Efcriuaes d'ante elle J e am
aos Tabaliaes e Efcriuaes da fua Comarca , guardar
J.iv. I. Mm · e man-
274 O PRIMEIRO Lrv. DAS 0RDEN. Tá. XLT.
e m<\nter os Artiguos que juratam na Noffa Chan.
celari-:i , ~ defpachar as efcripruras aas partes, e
nom lcuar p or ellas mais preço do que lhes hc ta4
xado, e fe confentia a alguüs, que com ell'e andaf4
fem, fa zer alguüs maleficios em dano ela. Terra.
r r OuTRO sr fe achou, que em a fua Comarca
antre al g uüs Fiçlalguos, ou alguüs Concelhos com
outros , eram alguüs bandos , e fe trabalhou de os
tirar e arredar, de guifa, que foífem todos em boa
- concordia.
r 2 I TEM fe achou algíías Vil las , e Luguares de
fua Comarca defpouorados, e fe trabalhou como fe
torna!fem a pouorar , e fe fez aproueitar as herdá-
rles , e vinhas , ·e fe mandou poer aruores em fua
·Correiçam, como em feu Regimento lhe he man-
dado.
13 E PRE ,G UNTARA' as tefl:emunhas, ·fe fabem
ellas algúas coufas aalem deftas que aqui fam con-
theudas, e que as digt~am por o juramento que affi
ham feito, e fe aíiente polo Efcriuam. '
14 E sE di !ferem algüas deftas coufas, ' feram
preguntados c;omo o f1b em, e por quem , e quaes
eram as peffoas culpadas em ello com o dito Cor.
regedor, ou que dello íaibam parte, e aili feram
declaradas; e referindo-fe as te!temunhas a álgüas:
-outras peffoa ~; fejam loguo preguntadas , em tal
guifa, gue a verdade feja compridamente fabida.
DAs REsiD. QYE os CoR. DAs CoMARC. n c. '-1S
T I T U L O XLII.
Das 1'e.fidencias , qru os Corrr.gedores das Comarcas • e
Ouuidores ham de fazer 1 acabados os Ires annos de
feus Officios.

ORDENAMOS, que todo Corregedor da Co..


marca , ou Ouuidor d'alguü MeUrado, ou outro
Ouuidor de Senhor de Terras, e Ju risdiçam , onde
o Corregedor da Comarca nom entra , antes huu
mez ou dous que acabe os tres annos de fua Correi-
çam , ou Ouuidoria , efcreuam ao Noffo Regedor da
Cafa do Sopricaçam, como os tres annos de fua
Correiçam fe acabam, pera lhe Mandarmos fazer
refidencia acabado o dito tempo ; e o dito Rege-
dor. tanto que ouuer as ditas Cartas , No-lo fará [a ..
ber > e Nós Mandaremos huü Defembarguador aa
dita Comarca , ou Correiçam , pera lhe fazer a dita
refidcncia. E o Defembarguador, que Mandarmos
tomar a dita reüdencia, h irá a huü Luguar do meo
da Comarca , e mandará feus Aluaraes a cinco ou
feis Luguares dos mais principaes da Comarca ,
ou Correiçam, pera deUes fe faber, e viir em noti-
çia em toda a Comarca, nos quaes Aluaraes notifi-
cará, que toda a pe!foa que quifer demandar o dito
Corregedor, ou Ouuidor, o venha perante elle de-
mandar, por qualquer cafo que feja , e e!lará o di-
to Dcfembarguador no dito Luguar huu mez com
o dito Corregtdor, .ou Ouuidor, que i.!fo mefmo
Mm 2 efia-
276 - O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XLII.
eílará no dito Luguílr , em quanto o D efemba rgua-
dor nelle efteuer; e o dito Defembarguador oul,li-
r á todos os que fe delle Cor~egedor, ou Ouuidor
queixarem , ou agrauarem , tirando fobre ell<? as te-
ftemunhas, que lhe forem apreü:ntadas, e lhes pro-
verá aas partes q1.1anto a· feus intereffes , ou coufas
que lhe foram por elles tomadas , ou leuadas , atee
contia de cinco mil reaes fi:1alm ente, dando aa ex-
ecuçam fuas fcntenças, fero mais ap ellaÇarn nem
agrauo. E fendo as demandas de maiores comias ,
ou de tal qualidade , que mereça pena corporal, en-
tam procelfará os ditos feitos , atee os fazer conclu-
fos , fe po~Ú no dito mez, os quaes affi conclufos, e
os que nom forem conclufos (paffado o dito mez)
trazeni aa Noífa Cafa da Sopricaçam, pera elle com
os mais Oef1mbarguadores, que ·p era iílo lhe [eram
ordenados _Ror o Regedor da dita Cafa , os. defpa-
char finalmente; e atempará tempo ao dito Corre-
gedor, ou Ouuidor,. e aas partes , a que pareçam na
Corte, por que nom vindo fe procederá aa .fua re-
velia do que 110m vier, como for Dereito ; ·e em
quanto o dito Defemb;::rguador lhe tomar a ditare-
fidencia, o dito Corregedor, ou Ouuidor ferá fufpen ..
fo do O :fic io, e v fará delle o dito Defcmbarguador,
nom fendo prouido de Corregedor, ou Ouuidor no-
uo na dita Cpmarca, ou Correiçam.
I E sE o dito Corregedor, ou O~tuidor, que affi
ouuer de fazer a refidencia , fogir, ou [e abfentar
do Luguar efU que lhe o Defembarguador efleuer
. tQ~
DA ~EsiD. QQE os CoR. DAS CoMARc. ET c. 277

toma.n do a dita rcfidencia , ou nom vier a· fazer a


dita refidencia , Auemos por bem, que wdos os cri-
mes , e exceífos , e caufas por que for demandado,
ou acufado, por caufa de feu Officio, perante o di-
to Defembarguador no dito Luguár, fejam auidos
por proua~os, e confeiTados, como que foifem per-
feétamente prouados por kgit'Ímas prouas , pofio
que a elles nom foífe dado ninh~a proua.
2 E QyJ\NDO affi o dito Corregedor, ou Ouuidor
efcreucrem ao Noífo Regedor, que fe querem acabar
os tres a.nnos de fua· Correiçam, lhe mandará a car-
ta por o·féu Caminheiro, ou por peffoa certa, que
lhe leue Certidam affinada por o dito Regedor, de
como lhe entreguou a· düa carta, é em que dia i e
na dita Certidam lhe mandará o dito .Regedor di ..
zer, a· que Luguar da Comarca, ou Correiçam vaa
efperar polo dito Defembarguador, que lhe ha·· de
toma.r a dita refidencia i e em que dia hi ferá, pera
fazer fua rdidencia , e o Corregedor que affi nom
efcreuer huíi mcz ou dous antes que fe acabem os
ditos rres annos , polo modo que dito he, Auemos
por bem, que feja priuado do Officio ~ e nunca mais
aja Officio de julguar.
3 E POR eila Ordenaçam nom Tolhemos aos ·
Corregedores, ou Ouuidores fobrcditos, que vie..
rem nouamente, poderem tirar inquiriçoes fo-
bre os Corregedores , e Ouuidores palrados , em ca-
·dq. huü Luguar da dita Comarca, fegundo Difie-
mos nos dous Títulos precedentes.
278 O PRrMEIRo Lrv. DAs 0RDEN. TrT. XLII.

4 'E t>oto mefmo modo os Juizes de Fóra, que


Nós Mandarmos a algüas Cidades, ou Villas de
Noffos Reynos, e affi os Ouuidores d'a.lgüs Senho-
res de Terras, e Jurisdiçam, onde o Cor.regedor da
Comarca entra, antes dous ou rres mefes., que fe aca-
bem os tres annos de feu Julguado , efcrcueram ao
·C orregedor da Comarca , como acabam os ditos
!res annos, que lhe vaa tomar a refidencia ~ e aue-
ram Certidam da dita carta que lhe efcreuer., e o
'Corregedor da Comarca hirá ao L uguar onde affi
for o dito Juiz de Fóra, ou Ouuidor; e quando fo-
.rem muitos Luguares d'Ouuidoria, lha hirá tomar
no mais principal delles ., e hi lhe efcreuerá que o
vaa ef~erar a dia cerro., e tanto que hi for., o Juiz,
·ou Ouuidor leixaram a Vara, e a do Juiz entregua-
:rá o Corregeg(l)r ao Veread0r mais antiguo , e a do
Üuuidor terá elle em fi, mandando dar os preguoês,
e
e ouuind0 as partes como acima dito he ; nos fei-
tos que couberem em fua alçada dará determina-
'çam [em a?ellaçam nem agrauo , e ~os OIJtro'> da rá
apellaçam e <tgrauo pera a 1Cafa da Sopricaçam , af-
1
íinando term<:> aas partes~ e a elle Juiz , ou Ouúi-
.dor ; e fe o achar por fem. culpa , e for , Juiz pofto
:por Nós , ou for Ouuidor ., qlie tenha ·[ kença pera
feruir mais de tres -annos, lhe tornará a Varã; e no
mais cor.npripm em todo os ditos Juizes, e Ouui-
dores ., todo o que emcima diw he nas refi.dencias
~0s Corre.gedores ., e foh as penas folneditas.

TI..
DA CHANCELARIA DA~ CoMARCAS. 279
T I T U L O XLIII.

Da Chanéelaria das Cotnarc~s.

TODOS os Tabaliaes das Cid~des, viiias, e Lu-


guares de Noífos Reynos, e Efcriuaes d'ante quaes-
quer Juizes, e Jufi:iças das Cidades , e Villas , e
. Luguares que poder e auét.oridade tenham de jul-
guar , daram em rói ao Chanceler da Correiçam
todas as penas , que em feu s protocolos teuerem ,
que pertençam ãa Chancelaria, no dia que lhe por
o dito Chanceler forem requeridas ; fob pena de
elles paguarem de fua cafa as penas que elles nom
-derem em rol , e aalem · defto fejam fufpenfos dos
O.fficios atee Noffa Merce.
1 I T EM Manda mos , que o Poi·teiro d 'ante o
Corregedor , ou Ouuidor da Comarca , feja mui
delige nte em feruir íeu Officio , e executar todas
as fentenças , e penas que lhe· fo re m dadas , aili as
que perte ncerem aa Chancelaria , como a outras
partes ; e fe o Corregedor achar que foi em ello ne-
g rigente , fa ça loguo pagoar por feus bens toda
perda , que por fua culpa fe feguiffe , e nom tendo
bens fej a priuado do Offi cio ; e fe. o Porteiro rece-
ber alg üa coufa da ~arte condenada , e a nom en-
treguar quando for requerido , feja prefo, e da Ca-
dea pag ue todo aquello que fe achar qu e tem rece.•
bido , e mais auerá aquella pena , que por Dereito:
merecer· , fegundo a culpa qu'e no cafo teuer.
z O•
280 . O PR-IMEIRO Lrv. nAs ÜRDEN. TIT. "XLIII.
2 O PORTEIRo arrecadará os dinheiros dos pre-
- guoes , procuraçoes , ~itaço~s , e dás tefiemunhas
qu'e fe to11Jam nqs feitos, que' pendem perante o
-Corregedor, ou Ouuidores, porque tÔdo efto fe ar~
.recada ria ·Audiehcia ;· e ás contias que fe ham d'ar-
rccadar Diffemos nefte Li!;J~O, nó Titulo Dq.s cita-
çoes, perguoes , &c. : e o Efcriuam da Chancelâria
. faça defto' liuro ·, em que ponha os ditos dinheiros
em recepta [obre o dito Porteiro, o qual feja theudo
de dez em . dez dias dar . conta com entregua: por
o dito liuro ao Cha.nceler do que affi recebeo; e fe
log uo nom paguar, o dito Chanceler lho defconte
em feu m~ntimento, em tal guifa , que a dita rece-
pta lhe fique loguo em defpefa, e por o ~ito Eferi-
uam lhe feja logúo pofta.. em recepta no liuro- das
paguas da.s àartas ao dito C hanceler; e fe o dito Por-
teiro citar npm quifer as ditas petroas que1o Chance--
ler por Noífo feruiço mandar citar , e!Le Chanceler
as mande citar aa cufta do dito Porteiro , e enuie-o
1
dizer aó Nofro C,h anceler Moor, pera dar o Officio
a outrem.... que
-r o milhar fi.'rua
~~ , ; e fe acont:ecer, que 0
dito PorteiqJ tenha recebido tanta contia, que a lo-
guo nom ppílh entregu.ar ao d'ito Ch, nccler , nem
fe poífa auer por feu m~ntimento , pag!Je da Cadea
.todo o qUE: i'lffi teu e r recebido.
3 I TEM as penas, c E:OL~fas que \o Chance ler de~
manda em ~oflo Nome) norri as pode o Julg uador
!el~uar, poílo que as panes dem razam poF fi, atee
feer ouuid.o o dito Çna~celer por Noffa p~rte.
4 E
-
DA CHANCELARIA DAs CoMARCAs. 28r

4 E sE o MeirYnho nom arrecadar as penas, que


forem julguadas pera. a Chancelaria, e que lhe for
mandado que arrecade, atee oito dias, do dia que
lhe for mandado , o Chanceler lhas contará em fcu
mantimento , e o EJcriuam dá Chancelaria o efcre-
ua aili, p~ra yiir a boa recadaçam; e (e mais montar
nas ditas penas que no mantimento, e vdlir que ha
d'auer ~ fcja ror ello prefo aree que pague ; porem
fe mofirar razam euidente por que o nom pode fa-
zer, feja-lhe dado outro efpaço, e nom as arreca-
dando feja prefo , e nom folto , atee que as arrecade
aa fu1l cuíla.
5 ITEM o Corregedor nom fe antremeterá a to-
mar conta ao Chanceler do dinheiro da Chancela-
:ria, mas toma-la-ha o Contador da Comarca ; nem
-mandará delle defpender coufa algüa fem Noflo
.Mandado, ou dos Veedores de Noffa Fazenda , e
moílrando tal Mandado , feja tresladado no Liuro
da Chancelaria , pera viir todo a boa recadaçam.
6. O CHANCELER nom dará parte das penas ,
nem coufa algüa por lhas defcobrirem , nem f.1ça
auença com os Concelhos , nem com as partes que
demandar, foornenre requererá o que Nos de De-
reito pertencer; e fazendo auença , pague ern ·dobro
todo o que fe montar na auença , ametade pera
quem o acufar , e a outra metade pera os catiuos.
7 E DEMANDARA' todo o que lhe parecer que .
de Dereito pertence aa Noffa Chancelaria per~nte o
Corregedor , e fe entender que o em algüa' coufa
Liv. I. Nn . agra-
282 O PRIMEIRo Lrv. DAs ÜRDEN. TIT. XLIII.
agraua , tome eftormento d'agrauo pera o Juiz dos
Notros Feitos, ou pera os Vcedores de Noíf.:'l Fa-
zenda , fegundo for a qualidade do cafo de que fe
agrauar.
8 E sE em algua pena cair algüa peffoa por Or-
denaçam , quc difponha que Ajamos Nós algüa par-
te , e o Meirinho ourra , proueja o Chanceler em
tal maneira que o Meirinho nom fe concerte com
a parte , e Nós Percamos Noffo Dereito, mas todo
.o que a Nós de Dereito pertence fe arreca<ie , e o
Meirinho, que o tal concerto ou auença fezer, pa•
gue em dobro todo o que fe montar na dita auença ,
ametade pera quem o acufar, e a outra metade pera
os catiuos.
9 OuTRo si o Chanceler terá o Selo , e affelará
tod:1s as Cartas 1, que por o Corregedor forem ailina-
das , fem as glof:·u , e fem ocupar acerca dello o
Porteiro da Correiçam em coufa algua.
1o I TllM o Chanceler, .ou o Rendeiro da Chan ..
celaria das Comarcas , no Luguar onde o Correge-
dor ef\euer , ppderá demandar as penas aos que ,elle
achar com pelos , ou medidas nom marcadas, ou
nom concertadas , ou que nom forem afinadas aos
tempos que d~ue m , e affi as peífoas particulares ,
que nom teuerem os pefos , e medidas , que fam
obriguados , O\l os teuerem dobrados, affi corno as
podem demandar o Alrtlotácee Moor, ou Almota-
cees das Cidades. e Villas ~ fegundo he contheudo
no Titulo Do Aimotarce Moor.
uE
Do CHANCELER DAS CoMARCAS. 283

1I E BEM. ASSI demandaram todas às penas ,


que por Noífas Ordenaçoes fam apricadas pera o
Concelho, ou que o Procurador do Concelho podia
demandar , fe achar que o Pl·ocurador do Concelho
as nom demandou já, com tanto que o dito Chan....
celer , ou ·Rendeiro as demandem dentro de huíí
anno , do dia em que nellas encorreram ás pe1foas ,
que por ellas ham de feer demandadas.
I2 E sE-as Chancelarias forem arrendadas, Man-
damos que os Rendeiros nom façam auenças com
os Concelhos em maneira algüa, fob pena de ferem
prefos , e paguarem em dobre-o que aili montar
na auença que fezeram , ametade pera quem os
acufar , e a metade pera os catiuos, e mais torna-
ram ao Concelho todo o que lhe por tal auença le-
uaram , mas foomente demandem as peífoas parti-
culares que culpadas forem, as quaes citaram, e
Çemandaram em quanto os Corregedores, ou Ou-
uidores efteuerem nos Luguares, onde os demanda-
dos forem moradores. E os Corregedores nom con-
fentiram que fejam citados pera outra parte , nem
leuaram comflguo os feitos, que [obre taees penas
forem começados, e os leixaram aos.Juizes das Ter-
ras, os quaes determinem em breue , dando apella-
ç:am, e agrauo. Peró nom Tolhemos aos ditos Ren-
deiros, que pofiam fazer auenças com as particula-
res pefloas , palas coimas, e penas que lhe já forem
juiguadas por fentença ; porque fe taees auenças fe-
zerem aríte de lhe ferem as penas , ou coimas jul-
Nn 2 gua..
284 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TlT. XLIII.
guadas, feram pubricamente açoutados pola Villa ~
ou Luguar onde taees auenças fezerem.
13 !TEM lVIandamos aos Nolfos Corregedores das
Comarcas, e affi aos Ouüidores, e Juizes, aHi de Fó-
ra, como Ordinarios, e aHi a todas outras Juíliças·
que poder tenham de poer penas, que ninhuü delles
ponha daqui em diante ninhüa pena pera a Chan-
celaria , fob pena, que qualquer pena -que pera elia
poferem , de pequena, ou grande cónria , a paguem
a"noueada, ametade pera quem o acufar, e a outra
p era os catiuos , e fejam fufpenfos de feus Officios
em quanto for Nolfa Merce, e mais a pena, ou
penas, que por elles affi forem poílas pera a dita
Chancelaria , no'm ajam efeéto, nem fe faça nellas
execuçam algua. E pera a execuçam das ditas pe-
nas Auemos Ror bem , que poifa feer o tal Corre-
gedo r, ou Corregedores, ou Juíliças fobreditas, de-
m aodadôs preíence o N oífo Corregedor da Corte ,
ou prefente qualquer outra J ufl:iça que a parte que
o quifer demandar mais quifer ; e poderam feer por
as ditas penas demandados, durando o tempo de
feu O fficio, e m~ is huü anno defpois de nom ferui-
rem as Correiçoes, ou Julguados. E foomente os di-
tos Corregedor1=s poderam mandar recadar ·pera as
ditas Chancelarias aquellas penas, que fam, ou forem .
por Noifas Ordenaçoés , Regimentos , e Mandados
ordenadas pera a Chancelaria, e outras alguas nom.
Porem Declaramo~, que as penas que os ditos Corre-
gedorcs1ou outrasJufl:iças virem, que faro neceífarias
fe
DA CHANCELARIA n..As CoMARcAs. iss
fe poer por bem da Juftiça , as poffam poer affi
como ju.ft:o , e honefio for , e como com razam o
deuam fazer , as quaes poeram , conuem a faber ~
ametade pera os catiuos, e a outra metade pera as
obras do Concelho, onde com a Correiçam efleuer,
ou onde for Julguador; e eftas mandara·m foomente
executar, e arrecadar, e o dinheiro dellas o manda-
ram loguo entreguar, conuem a faber, ao Procura-
dor, ou Tefoureiro do dito Concelho, a fua metade
pera as obras delle, e a outra metade ao Mempo-
fteiro dos diros .catiuos, em tal modo, que nunca o
dinheiro das ditas penas vaa á maõ d'outras algüas
peffoas. E das fobreditas penas que afii polos ditos
Corregedores, ou Juftiças forem pofias por bem de
Juftiça , e executadas, e arrecadadas, lhe Manda-
mos , que cada huü em fua. Correiçam , e Julguado
mande fazer huü Liuro , em que fejam affentadas
por huü Eícriuam, CJUal pera iffo mais auto. lhe pa-
recer, declarando a foma de cada büa, e o porqu
foi poft:a, .e a quem, e como foi executada, e a p -
te que della rec ebeo o Procurador do Cone; " o , e
affi o Mcmpofteiro dos catiuo~ , pera fe poder fem-
pre faber as penas que foram poHas , e que fe arre-
cadaram. E Mandamos aos Efcriuaês das receptas
dos Procuradores dos Concelhos , e dos Mempo-
ft~iros dos catiuos , que façam feus Liuros ordena-
dos , em que afientaram em recepta f-obre elles o
que aili das ditas penas receberam , com roda a
boa declaraçam , pera fe faber por elles o que das
ditas penas recadararn , e dárem diífo conta. 14
286 O PrtiMEIRoLtv. DAs ÜRDEN. TrT. XLHII.

14 E PORQYE Somos enformado, q11e os Chan..;


cereys da'> Comarcas aas vezes poem o feio , e re-
cebem a Chancelaria das taees Cartas , fem lhe feer
poíl:a a pagua polo Efcriuam da Chancelaria , De-
fendemos, e Mandamos, que nom ponham ninhuü
felo em Carta algüa , de que fe deua paguar Chan--
celaria, fem primeiro o Eícriuam da Chancelaria
poer. na dita Carta a pagua do que monta nella ; o
qual Efcriuam ferá auifado, que nunca ponha a pa-'
gua na Carta, fem primeiro aíTentar no Liuro do
recebimento da Chancelaria , como o Chanceler a
recebeo; e fazendo qualquer delles o contra iro, per-
ca o Officie , e nunca o mais aja.

-----·-----·-------
T II T u L o XLI III.
Dos Juizes Ordinarios, e do que aftus O.f!icios
pertence.

Ü S Juizes Ordinarios, e quaefquer outros que


Nós de fóra M<,m darmos , deuem feer del·igentes , e
trabalhar que na Cidade, Villa, ou Luguar onqe
forem Juizes , e feus Termos, no~ fe façam male-
ficios , nem malfeirorias ; e fazendo-fe, 0~1 outros
alguüs dãnos , tornem a ello, e procedam contra os
culpados Cúm grande deligencia fem tardança.
1 E PosTo Q..UE polos Reys Nolfos Antece.lfores
foffe ordenado, c feita Ley, que todos os Juizes
das
Dos Juiz. ORo• .E no Q!!E A sEUs ÜFPI-c. PERT. 287

rlas Cidades, Vi !las, e Luguares defies Reynos , ca-


da huüs em feus Julguados, tiraffem inquiriçoês
geeraes deuaffas em cada huü anno ' · por cerras ca-
pirolos em fua Lcy declarados , por quanto Nós
Ouuemos por certa enformaçam , que de fe tirarem
taees deuaffas geeraes era pouco feruiço de Deos ,
e Noílo , e dellas fe feguia muito dãno , e perda a
Noífo Pouo, por fe veer por experiencia, que mui-
tos com pouco temor de Deos tefl:emunhauam fal-
famente em as ditas deuaffas contra outros, a que
defejauam ernpecer, e por taees tefl:emunhos pren-
d{am muitas peffoas, e outras fe abfentauam , e <ll-
guüs eram punidos _, nom tendo culpa nos malefi.o
cios, em que os as taees teltemunhas culpauâm, e
outros em feus liuramentos guaftauam fuas fazen-
das , ou grande parte dellas ; ~erendo Nós a dl:o
prouer, e tirar os ditos inconuenientes, e por fe
nom dar azo aos perjuros, e fe efc uíarem muitas
demandas , defpefas , e perdas que fe dellas feguem,
e porque pera alimpar, e purguar a Terra dê máos
homens , e os maleficios poderem feer fabidos , ·e
por Dereito punidos, parece aba!l:ar a ProuiÍc•m,
que por NoiTas Üi denaçoés h.e dada , Eílabelece-
mos, e Mandamos a todolos Corregedores , Ouui ...
dores , 'Juizes, e Jufl:iças de No/Tos Reynos, e Se-
nhorios , que nom tirem as ditas inquiriçoés deuaf-
Í:1.s geeraes , mas foomente tirem , e fejarn theudos ·.
tirar as deu affas particulares, fobre as morres , for-
ças de rnolheres, que fe queixarem que as forçaram,
fo-
288 O PRIMEmo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. XLIIII.

foguos poíl:os, e fobre fogida de prefos , ou que-


branta menta de Cadea , moeda falfa , rdiftencia,
ou ofenía de Juftiça , ou carcer priuado, ou furto
de valia de marco de prata , e di pera cima; e fen-
do da dita valia pera baixo , nom deuaffar~m. Peró
fendo requeridos polas panes , a que os furtos de
. menos valia de marco de prata , e di pera· baixo
(com tanto que nom dcçam de valia de duzentos re-
aes.) forem feitos , que tirem febre iífo inquiriçam ,
tira-:la-ham ~ dando primeiramente juramento aos
Sanél:os Auangelhos aa parte ., fe fe queixa bem , e
verdadeiramente, e [c lhe foi feito funo juntamente
de duzen.tos reaes , ou di pera dma , ou fua valia ,
e jurando que fi, tiraram foomente atee oito t_eíl:e-
rnunhas ·aa .cufb das partes que lho requererem ;
faluo fe cada püa das ditas oito tefl:emunhas fere-
ferir a outra aJgua teftemunha, que ainda nom feja
preguntada, ~ue em tal ca[o preguntaram as em
que am fe referirem , aalem das oito tefl:em'unhas.
E Mandamos iffo mefmo, que vindo aa noticia dos
Juizes, como a algW.a pelfoa foi feit0 alguü roubo, QU
furto em alguií caminho, ou no campo, fendo-lhe
am dito por ~ lgüa pelfoa , ou pola mefrna parte a
que o dito fu-rto foi feito , o Juiz ferá obriguado
tirar deuaffa , pofl:o que ·o furto feja de valia de
marco de prata, pera baixo, em qualqper quantida-
de que feja. E bem affi tiraram i!1quiriçam deuaffa
fobre arrancamento d'arma em Igreja , ou Precif-
fam, ou em qualquer Luguar onde efieuer, ou for
o
Dos Juiz. ORo. E oo Q.UE A sw Orric. PERT. 289

.o Corpo do Senhor, poíto que ,h i nom aja ferimen-


to. E iífo mefmo [obre qualquer ferimento, que de
noute for feito a ·aigüa peífoa , ora a ferida feja gran-
de,ora pequena; e bem affi fendo algüa peffoa fe-
rida no rofto, ou aleijada d'alguü membro, ou fen-
do ferida com beeíta, ora o ferimento feja de dia,
ora de noute ; nos quaes cafos, e cada huü delles ti-
raram inquiriçam deualfa, tanto que vier á fua .n or
ticia, que em feus Julguados fam cometidos: e fetl,-
do os taees rnaleficios, ou cada huü dclles cometidqs
(:m Cidade, ou Villa, os Juíze's começaram tirar fo7' 1

bre elles inquiriçam do dia que cometidos foretp


a dous dias , pofl:o que de taees malefícios norp feja.
dada querela , nem fejam por algua parte requeri-:-
dos. E fendo cometidos no Termo de qualquer Ci-:-
dade, ou Villa , os ditos Juizes com eçaram tirar as
ditas inquiriçoés do dia que á .fua noticia viera. tres
dias , e paffados oito dias defpois do malefício co--
metido nom poderam os Juizes aleguar, que nom
com,eçaram a tirar fobre tal rnaleficio. inquírjÇam ,1
porl)orn faberem que era .cometido; porque 1.10111
he de creer, que quando alguü dos fobredito_s male-
.fic!os fo,r co!1_1etido no Termo d'algüa Cidade , ou
Villa, que çm oito di.as nom ven}la aa,;n,oticia dps
Juizes de tal qdade, oq Villa , em cujo Termo for.
cometido. As quaes inquiriçoes acabaram de tiralj
do dia que os rnaleficio~ forem co~etidos .a trinta
dias. E qualquer Juiz que nom tirar a inquiriçam
deu.affa e111 _çad.,a h!J.Ü dos fol;>reqit9.s cafq~.., Ol! a.-t:9• .
L/~· I. · 09 · ~eça~

,
290 O PRIMErRO Ltv. DAs ÜRDEN. TrT. XLtV.
meçar de tirar, e nom acabar nos tempos aqui deda;...
rados , feja degradado dous annos pera c~pta fem
remiíf.1m , e mais· pague aineo mil reaes, arnetade·
pera quem o ael!lfar, e a outra !"era a Pied"a de.
2 E os Juizes, e Juftiças que fobre outros cafos..
e maleficios, afóra os fobreditos-, ou alguüs, em que.
por outras No!fas Ondmaçoes expreifamente Man4
·da·rmos àeuaifar , tirarem inquiriçam deuaífa gee-
ral ou efpecial , paguaram todas as cu fias, e p~rdas ,.
e dãnos que fe por as ditas deuafias caufarem a quaes:..
quer partes, e a dita inquiriçam deuafTa ferá ninhu<r,
e d~ ninhuü efeéto, e por ella fe nom poderá pro..
·.c-eder· <:ontra peffoa algüa; e o que por ella prender
a-lgüa peffoa en<:orrcrá na pena , em que encorre o,
J•ulgt:~ador· que prende fem culpas obriguatorias.
3 E AQ!!Ei f ANDO-SE algüa peífoa que lhe foi
feito alguü dano em orta, ou pomar, por algua pef.:..
[ba, ou peffoas·, que nom fabe quem fam, em tal ca-
fo o Juiz pregumará a requerimento e aa cufta da.
parte,quc o affi re-querer, atee oitoteíl:emunhas de-
uaffamente, e açhando alguü culpado, procederá;
fegundo for· Dere·ito.
4 E PORQYE os Julguadores, e outros Officiae&
da Juíl:iça nom tornem atreuirnento per21. vfarem
de feus Officios como -nom deu em , Mandamos a·
todo los Juizes d;ts Cidades, Villas .• e ,L uguares de
Noffos Reynos , e Senhorios , que do dia que come.-
çarem a feruir feus Officios a dez dias primeiros fe-.
g uintes carneçem tirar inquiriçoes deuaffas fo.
pre
Do'S Jurz. OR.D·. E Do Q!YE A sEu O.r-nc. 'i?'ER'T. '21)1

bre as Juizes qt.1e ante elles .foram , a qual acaba-


.ràm de ti.rar atee trinta dias , do dia que for C@me-
çada, .em a qual pregunta.ram as tdl:emunhas que
mais razam tenham de o faber , e fe,jam pregunta-
das a@ rneaas a:ree trinta teílemunhas por efl:es ca-
pitolos que fe feguem.
5 l1'EM fe os Juizes faziam -as Auàiencias ao·i
t empos .().r.det~ados , e fe dcípacha·wam os f\ekos fem
delongua.
6 !T.EM fe .ki:xauam de fazer dereito por temor,
.peita, amor, ·odio., ou negrigencia.
'7 h'&M fe trabalharam de pr0uer as inquiriçoes,e-
querelas, e faber fe em feus J ulguados auia h\ alguus
malfeitores obriguados aa J uftiça ~ pera os prender~
ou mandarem prender; ou fe deram fauor a alguüs •
que fabiam ·que eram obriguados aa Juftiça, que an-
daffem prefente elle, ou na Terra, e fe nom trabalha•
ram de os prender, ou mandàr prender, ou fe os aui..
faram , ow deram fauor que a Jeti fa1uo fe foffem.
8 I TEM fe leuaram feruiços, ou geiras , ou ou-
tras feruentias, ou receberam dadiuas d"alguús Fi..
clalgl:los , ou d'outras peffoas~
9 hEM fe com poderio de fel.is Officios toma...
ram .a1guiis mantim·entos, ou outras couf.1S fem
dinheiro, ou por memos preço do que valiam.
10 hEM [c deram alguíls prefos por fe~icos cri•
mes fobre fiança.
11 lnM fe littrara.rr1 alguüs feitos crimes fem:
a.pcllarem por parte da, Juftiça. fendo, os caLOs taee$~
Oo ~ qu~
'~9. 2 O PruMEIRO Liv. o.i\s ÜR.DEN. Tr'i'. XLIV.:
que fegundo. NoíTas Ordenaçoés deueram apellar:
- 12 I TEM fe dormiram com algúas molheres, que
perante elles trouxei'Iem demandas, ou .requerefie'm
alguüs defernba.rgl:JOS.
- . .lJ lnl'\1 fe tiraram as inquiriçoes fobre os Jui~
zes que ante elles foram , e fobre os. ou-tros Officiaes
tia Jl>lfhça ~e fohre os ma:leficios que ndla Ordena~
çam farri deda·rados , fobre que Mandamos deLiaf.:.
far aos tempos nella limitados.
' . I-'4 --' E B;~M ASsf Í'nquirám [obre os 'Atcaides 'fe
·fezeram pedidos de pam , vinho·, guados, ou oútrél'S
coufas ·, ou f e leuaram geiras ,. ou receberam outras.
quaesquer dadiuas.
, · I·5 I TliM f e prendem • ou faltam f em mandadO'
da Juíliça.
• 16 I TEM f~ prendem com deligencia os que os
Juizes mandam prender, ou fe leixamde pre:nder al...
guüs por peitas que recebdfem, ou mandam ~tuifar­
os que lhe m •:tndam prender, pera fe guardarem~
e nom ferem prefos. '
17' hEM f<.: h':ixam traZer armas defefas , Oll aoi
tempos defefos, a algüas pe.fioas, e fe por lhas leixa~.
Jem t.ra'ter req:bem algüas peitas~
18 ie
hEM leuam por prend~r OS maffeitores·
alguü cl:inhdro, ou outro alguü intereífe: das pattes
q,Ue11elofas.., Ol\ I.euarn dos prefos aigúa cüufa pólos
leuarem aas A).ldiencias. · · '
I'9 ·ITr::M inquereram fobre os Tabaliaes, fe
~uardam ..os. J).rtiguos que em No!fa Chancel;uia'
Juraram •.
Dos Juiz. ÜRD. E no QYE A SEU ÜFFic. PERT. 293

20 I TEM fe dam fem delongua os eílormentos,


e efcripturas aas panes, quando lhe f.:·un requeri-
das, ou os leixam de dar a alguüs que os requefem
contra alguüs Juizes, eJuíl:iças,ou peffoas podero-
fas, ou fe leuam mais por dias do que he taxado.
2r I TEM fe teueram parte com alguas molhe-
res, que anda!Tem em demanda perante · os Juizes ,
de cujos feitos foífem Tabaliaes . .
22 I TEm fe por refpeiro de feus Officios leua-
ram geiras , ou outras feruentias de graça.
23 hEM fe defcobriram os fegredos da Juíl:iça,
ou auifaram os de que f(lbiarn que era querelado,.
ou por qualquer outra maneira foífem obriguados-
aa Juíhça , ou deneguaram aos Juizes, e Correge-
dores as culpas que delles tem.
24 ITEM fe defcobriram a algüa parte o que fe
contem nas inquiriçoês , pofto que fejam de feito·
ciuel, ante de ferem abertas e pubricadas.
25 !TEM fe fezeram .algüas falfi:dades tm -efcri-.
pturas, ou inquiriçoés ,c~u em qu aesquer outros au..
tos, ou fazem alguüs outros erros em feus Officios.
26 E BEM ASSI tiraram inquiriçam fobre todos
os outros Officiaes, e Miniílros de Juftiça, aíTi Ve-..
read_o res, Juizes d•orfaõs, Efcriuaês, Almo-~arifes •
R,ecebedores, Almotacees, e Alcaides das facas, Con-
tadores dos Refidos. , onde 0s ouuer, fe erram em
feus Officios •. e em efpecial fe leuaram peita de feus
Julgt1ados-, ou fe _c ompraram algüa coufa fiada, ou·
fc: receberam algua Ci:oufa cm.prcítada ' preguntan-
do
294 o PRIMEIRo Lrv:. nAs ORo EN. T1x . .XLIV.

cdo em as inquiriçoés pdioas de boa·fama, de que


fe prefuma que ajam de dizer verdade, e que deuam
faber parte das femelharirc:s coufas ., e lhes faram
qu~esquer outras interrogaçoês, que neceffarias fo-
rem , pera fe faber como de feus Officios v.fam , e fc.
proceder contra os culpados como for Dereito. E na
dita inquiriçam nom preguntaram, foomente polos
erros , e culpas, que os ditos Officiaes tcuerem co-
metido o annô ,paffado, e o outro atrás , e mais
nom.
27 E Isso MRSMO na dita .inquiriçam pregunta-
ram ~ fe a1gúas pe~oas paífaram guado pera Caftela ,.
e affi fe algüas pefiàas venderam, ou compraram, ou
apenharam algl;as co'u.fas da~ Igrejas; conuem a :fàber,
joias, alf.1ias, ou ornamentos d'ou.ro, prata , ou de
feda 4 ou de laã f GU de linhG ~ ou d'outros quaesq uer
corregimentos .qas ditas Igrejas .~ e tanto que os acha ..
rem em maqs d{f quaesquer pelloas os t-omaram, e cn-
treguaram aa Igreja donde foram tirados , e proce-
deram contra o~ vendedores e compradores, fegundo
as culp.s de cada huü .1 e fegundo fórma de Noífa~;
Ordenaçoés.
2·8 E Bel\t .A3SI ·preguntaq.m na dita inquiriçam ..
fe a~güas pdfoa~, de qualque-r qualidade que fejam,
águafalham em fuas cafas algüas Frei.ras fem Nofii
Licença , fem ~-mbarguo de q11aesquer Pmuifoês
Eclefiaftica.s que tenham: e nos que as affi -teuerem
executaró\m as penas de No!Ia Ordenaçam.
29 E BEM A~~.I preg-untaram na d-ita itlqu.i,riçam.
fc
Dos Juiz. ÜRD. E no QYE A s:ru ÜrFic. PERT. 295

fe algüas peffoas c;açarem com boi perdizes nos


Luguares expreffarr:ente nomeados na Ordenaçam
do ~into Liun:y , no1T:itulo .f(_ue 110112 cactm prrdi-
z es ti c. Inquirindo foomente cada huü polo caç·ar
com boi no diw. Luguar de fua: Jurisdiçam onde
aili he dcfefo.
30 E NOM tirando as ditas inquiriçoes , ou co-
meçando-as, e notn as acabando nos ditos termos,
feram degrad·ados dous annos pera- Cepta fem rernif-
fam, e affi cada- huú paguará•cinco mil r~.aes, a me-
tade pera quem o a<mfhr , e ·a outra pera a Piedade.
3 r E DAS coufas,que acharem, que elles loguo pol!
fi podem correger, prend-am, e correguam , dando
apellaçam c agrauo nos cafos que deuem; e fe taees
coufas fqrem, que por fi nom podem correger, fa ..
çam-no faber a aquelles a: que p ertence, conuem a fa.-
ber, dos crimes e malfeitorias ao Corregedor da Co-
marca,ou ao Corregedor de No/Ta Corte, quando mais.
perto for; c das outras coufc1s, que ao Concelho per-
tencem , aos Regedores, c Officiat s do Concelho ; e
dos da Fazenda, aos Contadores , c Veedores della.
32 InM as deuaffas, que os Juizes tirarem fo-
bre os Juizes do anno paffado , e fobre os outros-
Officiaes da Jufl:iça, er'luia ram aos Corregedores das
Comarcas do dia que forem acabadas a"tee huí.í:
mez , e cobrem delles conhecimentos , pera em .to-.
do tempofe faber c0mo lhas cnuiaram , e em que
rempo;· e efto compriram fob aquella pena, que aci.
ma lhes: he pofta, fe ·as ditas inquiriçoés nom tira-
rem. 3l
!296 . O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDF:N. TrT. X.L lV.

33 E QY A~Do hi ouuer Juizes de Fóra, tiraram


em cada huü anno as ditas deuaífas fobre os Offici-
aes fobreditos palas capitolós acima ditos , e fob as
penas fobreditas.
34 hEM em todos os feitos de mortes d'homes,
e molheres, e forças, e roubos, e d'outros malefi.,.
cios acima declarados, em que·efpecialmente Man~
damos deuaífar, c..leuetn tirar per fi as inquiriçoes,
nom as cometendo a outro ninhuü ; e como forem
acabadas enuiaram o treslado das que forem tira-
das fobre as ·mortes á arca das malfeitorias, e o pro-
prio ficará na ma0 do Tabaliam que a tirou , a que
foi deftrebuida ·,,Pera dar conta clella. As q uaês de-
uaffas de morte fe paguaram polos querelofos , fe os
hi ouuer; e nom os auendo, paguaram a·quelles que
por ellas fe adharem culpados ; e nom fe moftrando
poias ditas inquiriçoés quaes fam os culpados nas
ditas m'ortes , querendo-fe alguü liurar, efte tal pa-
gue ao Taba~iam , ou Efcriuam , nom foor'nente o
tr es lado da inquiriçam , mas tambem o que lhe mon-
tar d'auer do ori ginal. ~ - Mandamos qUe fe nom le-
ue pagua das taees ii'lq uiriçoés aos herdeiros, do
morto. \
3 5 E QlJ ~ NTO aas outras deu;~as que. nefte Ti-
tulo fobre certos cafos parriculares \ Mana,amos ti-
rar, fe p.or ellas conftar quem he o c,ulpad@, de tal
culpa, por que mereça feerprefo, paguar-fe-ha a de-
uaffa aa fua cufta, pofto que fc nom venha Iiurar;
e nom fe ach<1,ndo nella culpado alguu, paguar-fe.
- ha
Dos Juiz. 01w. E DO Q.11.E A sEU ÜFFIC. PERT. 297

ha ametade do que nella montar aá cuíla do Conce-


lho, onde fe cometer o maleficio, e da outra metade
nom Jeuará o Taba liam 1 ou Efcriuam, coufa algu~ ,
por fe affi tirar p"or bem de Juíl:iça. ,
, 36 E Q!!ANTO aas deuaflasgeeraes,que Manda-
mos tirar em cada huu anno fobre os Officiaes , I
dl:as tirará cada huü Tabaliam por deíl:rebuiçam
' \
-em .cada huu ann.o 1 e nom leuará .coufa algúa della, - ,
nem do tre.~lado que mandar ao Corregedor • foo ..
. mente quando hi ouuer culpados paguaram o que
m·ontar aas fuas culpas, ali do original , como do.s
treslados.
7
- 3 E DEFENDEMos a todos ·o s Juize3, e Juíhças de
.Noffos Reynos, e Senhorios , que de feitos conhece-
rem , que nom remetam feito alguü a Nós , nem a
NoJra Rolaçam, nem a outro al g \.iü feu Super:ior ,
Jem NQ{fo efpecial Mandado, faomente procefTem
.os feitos , e dem nelles fc:ntença final, e entonce da~
ram apellaçam ou agrauo, ou apellaram fegundo os
cafos forem , e por Noffas Ordenaçoês forem obri-
guados; faluo naquelles cafos, em que por Noff'as
,O rdenaçoés lhe expreífamente Mandarmos, ou Der-
.m os luguar que os remetam ; e remetendo-os d)ou-
tra fórma , todo o que fe proceífar polo Superior a
.quem forem remetidos, ferá ninhuü e de ninhuu
' , viguor, e o Julguador que a tal remifTam fezer, e
affi o que della conhecer·, ferafn condenados nas cu-
fias.
38 I TEM ttabalhem.:..fe de faber dos malfeitores ..
Liv. I. Pp e
298 O PRIM!HRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XLIV.
e os prender-; e fe na Terra nom forem, faber on-
de fam, e enuiaram recado aos Jtlizes, e Jufl::iças qu~
os prendam , e lhos enuiem.
·39 E MANDAMos aos ditos Juizes, que nom
mandem prender pelfoa algüa, faluo pÚ o Alcaide~
oü Meirinho ~ e por feus Aluaraes ; e nos Aluaraes,
que paífarem pera ferem prefas quaesquer pefioas,
fejam declarados Os nomes dos qu,e mandam pren-
der, e fem declaraçam dos ditos nomes os nbm af-
finem , nem paífem ; faluo fe' pera maior fegredo e
fegurança das coufas da Jufl::iça, fendo o cafo- ·de
qualidade de que fe aili deua fazer, mandarem paf-
far Atuará, pór que prendam a peífoa, que lhe dif..
fer, ou mofl::rar o·que lhe o dito Aluará aprefentar,
leuando todavia outro 'Aluará fecreto , em que vaa
declarado o non~e· da peífoa que ouuer de feer pre-
fa ; os quaes Alu;araes fera-m feitos, e aprefentados ·'
e por élles prenderam, e mandaram prender na fór ...
ma, ··e fob as pe.nas que Diífemos no Titulo Dos Crn--·
regedores das Com(l rcas. no parrafo E o.s ditos- Correge-...
dores. ·
- 40 ITEM fe alguüs Flda!guos • e feus homen~. ,
ou quaefquer ou.tras peíToas fezerem algüas malfei-
torias , ou tom1 dias , trabalhem-fe os Juizes de os
penhorar , e faz~r paguar o dâno que fezerep-~ , ou
couÍ:1s que tom arem , e prender os qué merecerem
feer prefos ; e fe por fua culpa alguü nom fot prefo,
ou penhorado no$ cafos em que 6 deuem feer , -Ma11...
damos que por fe;us bens os- ditos Juí~es p~guem o~
di-
Dos jurz. ÜRD. E DO Q!!E A SEU ÜFFIC. PERT. 299

ditos dãnos, e malfeitorias, e m ais aueram qualquer


outra pena criminal , que no calo co~ber.
41 I TEM trabalhem-te que façam ambos as Au ..
rliencias aos -tempos que deuem , conuem a fa.ber.
onde os Concelhos, Víllas , ou Luguares p1ffiuem
de fetenta vezinhos , faram dous dias na fomana , e
fe forem de fetenta vezinhos, e di pera baixo, faram
fiuu dia na foman.a Audiencia; e fe em cada hü·a de
todas as Cidades, Villas, e Luguares de Noffos Rey...
nos efteuerem em cuftu me de fazerem mais Audien-
cias cada fomana, guardar.;.fe-ha o dito cuíl:ume.
Porem nos feitos dos prefos fempre faram, aalem das
fobred:itas Audicmcias ord~nadas, mais duas Audien-
c.ias em cada fomana, quando os Concelhos forem
cde fetenta vezinhos pera cima ; e fendo de [etenta.
vezinhos, e di pera b:tix:o, - fc~ram aos prefos maiS> .
hüa Audiencia em cada fomana , aalem da fobred i~
ta ordenad-a. E cada huü Juiz , onde ferem dous
Juizes Ordinarios; fará as Audiencias fua fomana.,
e a fomana que cada huü delles fezer Audicncia
à-elpachará por-fi foo os feitos., e cada huü feguirá
as interlucutorias , e mandados do outro · Juiz feu
parceiro1 : e quando alguü delles for doente, ou im-
pid·ido deju!la caufa, e o in:1pedimento, ou abíen-
cia, ou doença nom for perlongua·da, ficará íeu par-
ceir9 foomente; e, fendo ambos. abfentes , ou impi- ,
didos, ou doentes de doença , ou abíencia nom per-
longuada , façam-no f.1ber aos Vereadores , e elles
daram . a dito carregue a hu ü dos Vereadores ma-is
Pp 2 ve-
300 O PRIMEIRO Ltv. DAS O.n.orm. TLT. XLIV.·

velho de dias ; e fendo a abfencia , o.u doenp per..


'\ longuada , guardar-fe-ha o que Diremos n.o Titulo
feguinte.
42. OuTRO s1 íaibam íe os Almotacees vfc1m de
fc:us Offi.cios como deuem i e fe o contrairo fezerem
do que lhes he mandado , ou forem oegrigentes. •
conftraguam-nos pera e !lo, fegundo. he contheudo 110
Regimento. de feus Officios •-e fob, as penas hi decla..
r.tdas.
4-3 ITRM nom thes coníentir-am que dos· feitos
da: Almotaçaria ordenem. proceffos , nem grandes
efcripmras , mas mandem-lhes. que breuemente os
limem. E os Juizes liu.raram por. fi os agrauos ., e
apeHaçoes que perante· elles vierem,. quer. fejam fd...
tos antre partes , quer fobre penas. pecunia-rias ,. Oll•
coirnas , f..·vz.end0-lhe o Almoracee por palatt.ra rela-
çam , n.om paffando a contia de feiscentos reaes ; e
paffando a dica- con.tia , e di pera cima, liurern-noi
os ditos Juizes com os Ver-eadores em Cama·ra fem.
. mais apellaçam ~ nem agr.au:a pera ninhu.ü Senhor
de Terra , nem fiera Nós. Porem. fe as. penas pofta-s ,
polos Almotacee!) forem corpora·es., ou forem pecu .. ·
niarias, que paífem de feis mil reaes., as apellaçoês,
que dos taees cafos d'ante os Almotacees fahirem ,
venham aos Noífos Defembarguadores a qu.em de..
reitamente pertef'\cerern, fem hirem aos Juizes, nem
Officiaes d:t Cama ra.
44 ITEM dos furtos dos efcrauos de que elles pri.. ·
meiramente teuerem tomado conhecimento , qu~r
fe~
Dos Juiz. ORo. E Do Q.YE .A SEU ÜFFIC. PER'l'. jOJ

fejam Chrifhõs·, quer Mouros, atee quan:ia de qü:t..;:


trocentos reaes conheceram os Juizes , e defemba11~ ·
gualos-ham em Camara com os Vereadores fem apel~
laçam, nem agrauo, dando-lhes pena d'açdutes aos
qlJe acharem culpados , ou qualquet; out~a que me.:..' ·
recerem , fegundo fórma de Noífas Ordenaçoes. :
45 OuTRo si os Juizes conheçam dos feitos dat··
injurias verbaes , que alguüs demandem a o1-mos , e·
os façam conclufos em breue , nom fazendo longuos.:
procelfos , e fem darem· vi!la aas pa:rtes vera raz~a.:.'
rem a final JDOr efcri pto , e fem lhes darem os no.:
rnes das teftemunhas pera contraditas' , e os leuem·
aa Camara ranto qu.e forem conclufos, e 0s defem-·
barguern com os Veread0res na primeira Vereaçam;'
e fe alguü ddles for fufpeito, tomem dos 01:1tros ho-
mens bons· deíla Cidack, 9u ViHa·, huti· em ü:u lo:J
guo , qu.e nom feja fufpeito a-a-s partes , l'endo- os dr-·
tos feitos perame as partes, fe hi quiferem e!h·r ,. oú·
aa fu·a reudia, fe a hi nom quiferem eflar; e- quando·
affi e!le~erem prefentes ao ler do feito em final , po- '
deram apontar quaefquer contraditas ,.q1:1e n0toria~. '
e pubricas fejam , pera. verem quanta fee- lhe- deuer
feer dada ,. e a-s fenrenç.as que derem façam-as da-r
aa execuçarn, fem ma-is dellas receberem apella-çarn~
ne-:m agrauo·; porque Queremos que em as femelhan-
t es injurias verbaes ten'Aam alça-da· fem mais apella--
çam , nem agrauo ,. atee contia de fef.s mil reaes , e
nom poffam em maiores C0ntia:s cond·ena-r as pa-rtes:,
que affi femelhantes. injurias <l: outros d1íferem ; e fe
mais
JOl O PRIMEIRo Lrv. DAS. ÜRDEN. TIT. XLI V.
mais julguarem, o dito excelfo de maior comia íeja
auido por ninhuü, e de ninhuú viguor, e feja redu~
tido aa dita contia dos ditos [eis mil reaes.
46 ;f>ERÓ quando cada húa das partes for Caua..
Jeix;o , ou Fidalguo de Solar , ou de Cota d 'armas, ou
molryer de cada húa das fobteditas qualidades , ou
quando as fobreditas injurias verbaes forem fobre
f.egurança, ou ditas a ·alguü Official, que tenha lu ..
gua,r de Juftiç_a , em f~u Officio, ou fobr-e feu Officio,
Q& Juizes conheceram dos ditos feitos, e os deter.
J;Pinaram finalmente pqr íi fem os Ve-readores, e da ...
ram apellaçam, e agrauo aas partes , que de fuas
(entenças, e mandados apellar, ou agrauar quife-
rFm.
47 E POSTO QYE nas.petiçoes ponham tal qua·li ..
dadr; , que provada no~ pertenceria aa Caf)lara , a{fi
como ft! diffeffe que o doeftou, e que ·lhe deu panca-
das, ou que lhe diffe as injurias [obre fegurança, ou
qu~ he Caualeiro, fe deípois polas inquiriçoés fe
nom mofl:rar auer hi cad:J.• hüa das ditas qualidades,
ou outras femelhante~ C)Ue prouadas nom pertence-
riam aa Camara, em tal cafo o Juiz o defpac~a­
rá em Camarafem mais apellaçam, nem agrauo, co-.
p1o dito he. ·
48 EMPERP as partes que .fe fentirem agrauadas
de quaesquer dos cafos acima ditos dcípachados em
Camara, de que fe, nom pode apellar, nem agrauar ,.
poderam fazer firnpres petiçam a Nós , e Nós os
Proueremos quando Nes bem parecer.
49
Dos JuiZ. ÜRD. E Do Q!!E i\ s.Eu 'ÜF'Flc. PERT. 303

49 E MANDAMOS a todos ós Juizes das Cidades,


Villas, e Luguares de Noífos Reynos , e Seúhorlos . ~
' e quaesquer outros Julguador.es ~e - Corregedores das _
co·rni\rcas , e Ouuidores , e Corregeda'res- da Noffa
Corte ., que daqui em diante nom prendam, · ném
mandem prender peffoa algua de qualqüer quahda-
de, e.éondiçam que feja, p;ór petiçam,; ou queixutr{e
d'injuria verbal, que outrem de !la faça, né'm por in-
quiriçafl'\ que por ella feja tirada, poíto que a peífoa
que fe ouuer por injuiríada féja de maior forte·, con-
diçam , e qualidáde que o injuriante ; faluo quando
por final fentença for determinado , que a tal peífoá
feja prefa, por mane·ira que ante da fentença defini ..
tiua nom feja peífoa algúa prefa por·caufá d'injuria ·
verbal corno dito he.
50 E Q!! AN oo alguü ·Fidãlguo, OH Caualeiro, ou
·Efcudeiro Noffo criado, ou Efcudeiro ·c riado de qual:
quer dos Grandes, ou Prelados de Noffos Reynos,
injuriar de pal~mras ou de feito algüa outra pefioa,
de qualquer forte e condiçam que f~ja, em qualquer
-l"uguar de Nofios Reynos, ·e Senhorios, e o injuriado
fe queixar, e der fuas rr:Jquiriçoes, e defpois de as teer
dadas defiftir d'acUf.1çam ,. ou lhe perdoar, ainda
que o cafo feja t·a l, que fegundo as Ordenaçoes de
Noífos Reynos as Nofias Juíliças nor':n pollam mais /
proceder p.olo feito em diante , por affi a parte defi-
.ftir, todauia em tal cafo ~cremos, e Mandamos;•que
a J uftiça proceda polo feito etn' diah.te , e dee fen ..
tença no feito> condenando a parte ria ii1juria. em.
que
304- O P1UMEIRP Lrv. DAS ÜRDE!'l. TIT. XLIV.

R_U.e o condenaria, fe a outra parte-injuriada acufafie;


a qüal condenaçam.fcja apli·cada aa parte injuriada ~
e fe ella nom quifer receber a dita condenaçam da.
dita injuria~ ou lha teue-r perdoada, entarn feja pera.
a Arca da Piedade. E no cafo fobrediw nom fe quei-
xando a pa,-rte injuriada, oY qu:eixando-fe,e defiftin ..
do antes de dai' as inq ui.riçoes ( pofto que feja em
cafo que a JuH:.iça fegundo Nofias Ordenaçoes nom
aja luguar) ·ficará a Nós Mandarmos proceder nq
-dito cafo 1, coma Nos parecC~r jtfftiça. -
· , p IT·EM porque o~ · Jui2;es Ordinarios com os
homens b@ns ·tem o reg-imento da Cidade,ou 'Villa •
.elles ambos quan'do podcr.tm, o~;~ ao menos huu, hi-
- um fempre aa Vereaçam da -Camara, quando fe
fezer, pera com os outros ordenar o que entende-
'c;m ·por pro'l- comum, Dereite>, ' e juft:iça~
1

~2 hEM ·cmafl.rangeram o Alcaide; e feus ho-


Jrn,e ns, q11e tqtg~am os prefos á Audiencia , e pren-
·dam os que lhe elles mandarem ~ e faltaram por feu
-mand~do. ·'
53 . OurR~> sr C<'mfhangeram o Alcaide que fer-
ua , .e gua>rde 11 Cidade, oti Villa~ de noute e de di!!,
1
com os _home-ns jurado~ q·ue Ihe forem dados\ na
Camara , fegu;ado lhe he ordenado em cada húa Ci-
dade, ou Vill<t; e façam-lhes. p,agu~r, o q e ham de
auer, por o. Alcaide Moor, onde he ordenado por or-
denança , ou çuftume , que os Alcaiàes Móores os
paguem ; e nom lhes paguando , tomem-lhe tantas
de fuas rendaS; , por que os paguem do que affi ham
d'a-
Dos Jurz. Orw. E DO QYE A sEU OtFic. P-ERT • . JOS
cl'auer, fegundo m ais coropridament-e Diremos no
Titulo Do Alcaide pequeno.
54- hEM os Ju~zes rnanda:rarri tanger o fino de
correr polos Alcaid-es ., ond e nom ouuer peffoa or-
denada pera .iffo; e eíl:o -, naqudles Luguares onde fe
t:uíl:ur-nou tanger. E nas Cidades, e Villas Notaueis
.de Noffos Reynos, fe corra o fino hiia l:iora inteira.
E começaram a tanger defde o começo d'Outubro
atee fim de Março aas oi-to h ~ras da noute , e tan-
gera!Il atee as noue; e defdc começo de Abril atee
.fim de Setembm -começaram a-·tanger aas noue ho-
ras , e tange.ram atee aas dez :; e nas outras Vi.! las, e
Luguares ahaftará -tawger o 'fino hiiia mea hora, po-
,Fcm acabaram fempre de tanger aas noue horas 11()
inucm0~ e aas dez no veram .. x:1os mefes que emci-
ma Dilfemos. ·
55 ITE~ os juizes Ordinarios traguam varas
'V ermdhas cont.iHuadamente, quando pola Villa an ..
darem ., fob .per, a de q·ui n hemos reaes por cada vez
que fe-tn. dla .for achado; e·os Juizes de Fóra, que
Nós Man8arrnos a algua·s C-idades , Víllas , ou Lu;.
guatês, trazeram as. ditas váras brancas , fob a dita
pena.
-56 I TEM proucrarn as Eftalagees das Cidades ,
.:Villas , ,e .Luguares., e feus Termos onde forem Jui-
z.es , fe , tem fuas Eíl:alagees prouida~ de camas , e
'tllàntirnemnas como fall'l oiurigua:dos··; e norn as ten-
do c~m0 cleúem J, lhes .fejam loguo tDma<do~ ·os pri--:-
' Liv. 1. Qg, uile-
3·o6 O PRIMEIRO Lrv. DAS. ÜRDEN. Tn. XLIV&

uilegios que teucrem de Efralajadeiros , e lhes nom


fejam mais guardados.
·57 E SEJAM auifados os ditos Juizes., que nom
confentam a Arc~biJpo,. nem a Bifpo ,. nem 'a feus
Viguaíros ,. que tomem Noífa Jurifdiçam, nem vam
E:ontra Noífos. Dereito&, fazendo os Leiguos. perante
fi refpon.der n0s cafos que nom deuern ;. e confen-
tindo. o coatrairo , e nom o fazendo faber a Nós,.
Tornar-nos-hemos a elles , e lho Efrranharemos.
graueroente nos corpos ,. e nos bens.. ,
5S. I TEM fe algulis vierem perante eHes á Audi ...
encia, que fejam Caualeiros , ou Efcudc:iros, ou
outras peífoas. poderofas , ouçam loguo feus fe.itos IJ,
e os enuiem d'ante fi, e nom lhes confcntam que hi
mais efrem ;. e fe quiferem akuantar palauras ,. de-
fendam-lhes qpe nom venham hi' mais, e por feus.
Procuradores requeirám feu derei-to,. nos. cafos em
que por Pro.curadmes o podem requerer.
59 hEM fer"'m os Juízes a ui fados ,. que nom de~
~ pefloa algüa licenç.a pera comprar guado a.lguíi
pera o. tornar a re.uender, fa-luo aqueHes, que fe obri-
guarem em caóa hul1 Luguar de Noífo& Reynos.' a.Q
cortar ; e efres· nom poderam mais comprar ,' qble
aquella -copia· q11e forem obriguados ,cortar,_ dn qual
leuaram cert.idí:\m dos Juizes., Vereadores,. Procu~
radores , feita polo Efcriuam· da Camara ,_ ou per
Tabaliam pubrico da dita Villa, em que forem ohri-:
guados >. ~~a qu~l certida.m ferá declarado em ·quanto
he

.)
Dos Jurz. Orm. E oo QlTE A sEus ÜFJ,TC. I'ERT • . 307

he a obriguaoçam; e os Jui'zes, que ta:llic·e nça derem


a outras pelloas, paguaram a extimaçam .do guacl(!)
que fc aili comprar poJa dita licença em dobro,
-ametade pera o acufador , e a outra pera Noífa Ca-
mara ; e aqudles que o guado comprarem fem as
-ditas Jjcenças, c deligencias> encor;reram nas penas
'COntheu:das no Tit-ulo Do Regimento dos Aicaides .dat
J acas no ~into Lium, e ac e1·ca dello fe guardará.
.o que 110 dito Titulo hc contheudo.
-6o I TE-M nom confentiram que os gua-dos, que
de fóra de No'ffos Reynos vierem pallar a elles ., an-
dem paftando a menos de cii1c'O leguoas denfro d()
eflremo, e fe menos quiferem andar, que 'OS maio-
raes ., e pa'fiores dem flança abaftante a nom tor-
·na-r em, e pa{fan.>m os :ditos g-uados f-óra de Nofios
.Rcynos. fl:.m ferem vifl:os > e -contados por o 'Con-
tador dos .guados pe-rante o Alcaide das far:as da
Co.ma:.ca onde andarem ., -e(hndo hi ; ·e fe hi nom
-efkuer- ~ perante o P-o rtage·Ím ; c efl:ando todos no
Luguar ,perante todos feram contados ,_querendo o
Port<\geiro ellar .á dita conta : e efl:a mane-ira fe terá
aili na entra-da , co·mo na fr.hida do dito guado, e
a fahida f-erá por ·o mcfmo porto por onde foi a
ent.rada ; e fazendo ·o 'CO:Otrairo -deílo os ·mai-oraes ~
ou pafiores , Mandamos , que p-ercam todos feus
gu ados , e fejam prefos, ·c -a jam a pena dos paífa-
dores dos guados , fegundo mais larguamente Dire-
mos .n o ~J into Liuro, no Titulo Do RegimCiJto d'os
.dlcaides tielS ja-cas~ ··
Q_q 2 6I ITEM
308. O PRIM~EIRO Lrv. DAs ÜRD'EN. TrT. XLIV~·

6r !TEM os Juizes Ordinarios-, onde nom ou-


t:Jer Juizes dos orfaõs., guardaram ,.e compriram em
todo com muita deligencia o Regimento,. que efpe-
cia-1 mente h e ordenado ao Juiz dos orfaõs.
62 E PORQY E Somos enformado, que muitas
vezes os Juizes, e outras Jufl:iças, que poder tem de
prender, acodem aos arroidos onde acham algua.
peffoa ferida , e lhes he dito affi polas partes feri-
. ridas , como por algüas pe!foas que fc hi acertam,
quem he o que fez o dito ferimento,. moítrando-
lho pera que o prendam, ou lhe moflram como vai
fogindo,. em modo que o podem prender,. e as di-
tas Juftiças nom oufam de os prender por ainda
nom terem querela, nem deu alfa, por que os poít1m
prender, e por bem de Noít1. Ordenaçam, que de-
fende, que no~ ptendam fem querela, ou culpa
obriguatoria, qs leixam h ir; e defpois, quando as
partes querelam , os. nom podem mais auer aa.
maõ, e aiTL perece juíl:iça, e pera Prouer nilro Man-
damos, que quando affi as ditas Juíliças acudirem
aos ditos arroidos, onde acharem algÜA peíloa , ou
peíloas feridas, e lhe for dito, e moílrado aquelle ;>"

ou aquelles que fe diíferem feer culpados, os pren-


dam Ioguo , como que delles teueífem. querelas
obriguatorias p~!ra prifam ; e poíto que lhe nom
feja requerido-por parte algüa, nem dito , qual he
o culpado , [e ao Juiz no dito a-rroido parecer que
alguús fam culpados, poderá prender atee feis pef-
f.oas, e tanto ~ue prefo ,_ ou prefos forem , loguo
ndr~
Dos Jurz. ORo. E oo Q!JE A sEu ÜFFJC. PERT. 309

ne!Ie dia preguntem aa parte fe quer querelar ,. e


querelando,. o l.eixai-am jaz:ef prefo, f.e a querela for.
obr!guatoria pera a prifam , atee fe liurar por feu
dereito; e nom querendo querelar,. entonce vejam
loguo neífe dia a qualidade das ditas feridas, e fe-
nom forem pera deuaffar, loguo neífe dia o faltem,
fem mais apellaçam nem agrauo, fazendo difro
huü auto,. que fique em maõ do Tabaliam, pera a
todo tempo fe faber como o Juiz fe om1e niifo ,. 0
qual auto paguará o dito prefo, que aili mandam
foltar ; e [e o cafo for pera deuaifar, tire loguo nef-
fe dia, e a todo mais atee o dia feguinte, a deuaífa ;
e achando que nom he culpado,. e q~c~e o nom cul-
pa tefl:emunha algüa , o foltem itro mef!'no loguo
pelo modo que dito he, fem mais apellaçam, nem
agrauo; e achando que algü.a tefl:emunha o culpa,
entonce procedam COL\tra elle, fazendo citar a pane;·
e fe a parte o ·quifer acufar, vaa polo feito em diante;
e nom o q.uerendo acufar a parte , entonce procedá·
contra elle por parte da Jufl:iça , achando que a Ju-
fiiça ha luguar • pofto que a parte nom queira acu:..
far, como he no cafo da aleijam , ou ferimento polo·
rofl:o ; e achando que a J ufl:iça nom ha lug.uar, e a·
parte nom quer a.cufar, e o ferimento foi em rixa ,.
pofto que foífe de noute , entonce o mande foltar
pola fórma fobredita., [em mais apellaçam, nem·
:~grauo· , na fórma que dito he ; e fendo cafo qu_e o
ferimento nom feja d'aleijam, nem ferida de rofto,
c: o Juiz. no dito. arroido pr.ender algüa peífoa d~
fór.~
JIO O p;UMEIRO Lrv. DAs ÜRDEN. Tn.XLIV.
fórma que dito he, e defpois de o teer prefo , nom
querendo a parte que.relar, achar que as feridas fam
mortaes , tire huü fumario conhec-imento de duas
ou tres teftemunhas , que mais razam tenham de
faber, fe o dito prefo he culpado , e achando que G>
he , o nom foltc atee o ferido nom feer feguro de
morte das ditas feridas polos milhares dous Ce-
lorgiaes que na Terra ouuer ~ e nom auendo dous,
por o Celorgiam que o curar, fendo examinado; e
achando polo dit~ fumaria cpnheómento que nom
he culpado, ent0nce o fohe l0guo, pofto que o fe4
rido nom e_(lee feguro.
63 E 'ESTE mefmo -modo teram os Juizes, quan-
rlo lhe o Alcaide.; ou Meirinho , ou qualquer do
pouo ., trouxe:r alg;uü. prefo" polo acha.rem. em al-
guü. maleficio. 1
64 Üu1',RO sr , por quanto Ouu·emos por enfor-
maçam, que rr1uitos moradores nas Atdeas de Nof-
fos Reynos., que eíl:arn afafladas por húa Ieguoa, e
mais ,das Cidades., e ViHas ,.de cujo Termo, e Ju ...
rifdiçam fam., perdiam muitos dias, e geiras;'por
~irem requerer fua jufii~a fobre ·os dãnos , e coi-
rnas., e outras contendas de pequena quaçtidade ,\ e
quantia, aas d iras Cidades , e Vil1'\' -de cuja Jurif-
·d içam fam , ~crendo a eíl:o prouer , Man'(;iamos ,
que em qualque.r Aldea , em que ouuer vint~ vezi-
1!1hos ~ e .di pera,. cima atee cincoenla , ' e for hüa Ic-
gu oa afaflada, ou mais, da Cidade, ou Villa de cujo
Termo for, os J u.izes da dita Cidade, ou Villa, com
os
Oos Juiz. ÜRo~ E oo Q.YE A sEus ÜFFTc •. PERT. 311

os Vereadores, ç- Procurador , efcolham em cada:


huü anno buli homem bom da dita Aldea, que feja
nel.la Juiz,. ao qual dara.m juramento em Camara ~
que bem e verdadeiramente conheça , e determine
verbalmente fem procefro alguü .as contendas , que
forem antre os moradores da dita Aldea , de contia
de cem reaes pera baixo, fem apellaçam, nem agra-
uo; e fua determinaçam, c fentença dee log uo aa ex-
ecuçarn com efeéto. E bem aili conhecerá dos dá-
nos,. e coimas antre os ditos morapores, e as de ter-
minará fegLÍndo as Pof1uras do Concelho, fem apel-
laçam, nem agrauo •.E poderá prender os malfeitores~
que forem achados cometendo os maleficios em a
dita Aldea, e feu limite, ou lhe for requerido polas
partes que os prenda, fendo-lhe mofirados manda-
dos, ou querelas., por onde o deuam feer; e tanto
que f<?rem prefos, os mande entreguar a0s Juizes
prdinarios de cujo Termo for a dita Aldea.
65 E SE.NDO a Aldea de cincoenta vezinhos atee
cento, conhecerá. o dito Juiz atee duzentos reaes ~
e das coimas, e dãnos, fem. apellaçam, e agraLJo ; e
prenderá os malfeitores,. e- os remeterá polo modo-
fobredito.
_66 E sE for Ald~a de cem vezinhos atee cento
e cincoenta ,. conhecerá de contia de trezentos r.e;.
aes, e di pera baixo, e dos dãnos , e coimas a-ntre
os ditos moradores, fem apellaçam, e fem agrauo ;
e prenderá. , e remeterá os. malfeitores. poto mod()
fobreditoL '

/
312 O PRIMEIRO Lrv. DASÜRDEN. TIT~ XLIV.
• '67 E s·E a dita Aldea for de duzentos vezinhos,
e di pera cima, conhecerá o di.ro Juiz aree quantia.
.de quatrocentos reaes, fem apeliaçam , e agrauo ,
fem [obre ii.fo fazer procdfo , e das coimas , e dá-
nos, e dto antre·0s moradores deífa Aldea; e pren-
derá , e remeterá os malfeitores aos Juizes Ordina-
.-r-ios como [u[o dito he; e os ditos Juizes das taees
Aldeas daram' aa execuçam realmente com ·efeél:o as
-ditas fentenças.
· 68 E NOM conheceeram de ·con~enàa algüa que
feja [obre bens de raiz, nem fobre crime. alguú, foo-
meilte quanto aa prifam dos malfeit0.res , como di-
te:<> , e declarado he.
·6 9 !TEM os Juizes Ordinarios das Cidades , e
Vi !las de Noffos Reynos, que paff;;trem de duzentos
·vezinhos ., ter~rn Jurifdiçam fem apeUaçam , nem
agrauo, atee q uai:}tia de mi·l reaes , ou fua vaiia nofl
bens moueis. E fendo de .duzent-os ve:zinhos, ou di
pera baix~, tera m JLJrifJiçam atee feifcentos 1reaes ,
fem apellaçam~ nem agra-uo nos moueis. E fendo em
bens de raiz,, teram Jurifdiçam affi huüs, como ou-
tres atee quatrocentos reaes , fem apellaçam , nem
agrauo ; e .paffc1ndo a valia de quatrocentos reaes.,
daram apdlaç~m a qual das part~s apeHar quifer.
E no proceffar das ditas demandas affi hu U's Juizes ,
como outros, tcram a fórma feguinte : fe a -c ontia
. '
·nom paffar de quatroceAtos reaes , nom fendo fobre
bens de ·r aiz, <muirarn as partes verbalmente, e re-
cebendo-lhe f4as prouas fe neceffario for.;..fem. Ja-
zer
Dos Juiz. ÜRD. E DO QYE A SEU ÜFFtC. PERT. JIJ

zer proceffo alguü , foomente o Tabaliam no pro-


tacolo fará affentq de como os Juizes o condenaram
m
ou a bfoluera m • o qual ferá a nado pelos Ju ize~ ,
do qual afiento nom leuará rnais que tres reaes e
meo , e do que niffo mandarem , mandará fazer
execuçam por hum Aluaní, de que o Tabaliam le-
uará quatro reaes foomente; c palrando a contia dos .
ditos quatrocentos reaes atee mil reaes ( nos que
paffarem de duzentos vezinhos , aom fendo fobre
bens de raiz) mandaram efcreuer todo o que as
.partes , ou feus Procuradores diíferem, por huü'
Tabaliam d'ante fi; e fe quiferem dar proua ao que
diíferem, tomar-lha-ham, affinando-lhe pera ello
dilaçam fe comprir, e ouuindo-lhe todo o que qui-
ferem dizer de feu dereito. E todo faram efcreuer
fem diffo darem vifl.a aas partes, nem a feus Pro-
curadores , e a fentença que derem , ferá por elles
ambos affinada , e a da~am aa exccuçam.
70 E SEN no a contenda fobre bens de raiz de
qualquer contia que feja , ou pafiar de mil reaes em
bens ínoueis, procefhram o feito fegundo fórma da
ordem do Juizo, que po.r Noífas Ordenaçoés Te-
mos ordenada.
71 · E Qyi!REMOS , e Nos praz , que ninhuü Juiz
· Ordinario, que por eleiçam fahir por Juiz, nom fe.
ja condenado em ninhüas cufl.as., faluo quando con-
fiar que interueo fua malícia, no cafo em que mere-
ce feer condenado. E ell:o nom auerá luguar nos Jui-
zes das Cídades 1 e Villas Notaueis, e outras 1 onde
Li'fl. I. Rr al-
314 O PRIMEIRO Lrv. DAs ÜRDEN. TIT. XLV.
algüa ora já Mandamos, ou Acullumamos mandar
Juües de Fóra, nem em os Juizes d'outras Villas
de Nolfos Reynos, que fam Vi lias cercadas, e gran-
des,. e femelhantes · aas fobreditas Villas Notaueis ;
porque os raees Juizes podcram feer condenados
em culTas , fegundo fua malícia 1 ou culpa, ' ou ne-
grigencia for 1 como fe achar por Dereito , e Noffas
Ordenaçoes que o deuem feer. E em todo cafo que
ouuerem de condenar quaefquer de· todos os [obre-
ditos Juizes, affi de Cidades, como de quaefquer
Villas, nas culTas, fe a dita condenaçarn for em ca-
da húa das NofT.1s Cafas da Sopricaçam , ou do Ci-
uel , no rn íc f;u(t fem o Regedor , ou Guouernador
feer prefente; e fendo prefeme, fegundo as mais vo-.
zes , ferá ncllas condenado , ou rekuado.

TITULO XLV.

Em que modo j ( fará a eleiçam dos Juizes, e Yerea-


4orej, e outros •O.fftciaes.

A
\
1

NTES que os Officiaes' do derradeiro anno lJa


c:leiç~m palfada acabem de feruir f<\_us Officios , nas
oitauas de N:1tal do dito anno fejam juntos em Ca ...
\ .
mara com os homens bons, e pouo chamado \1 Con-
t:elho, e o Juiz mais velho requer~rá a todos os que
prefentes forem, que nomeem íeis homens pera En-
legedores , os. ql!laes lhe feram nomead0s fecreta.
men..
EM Q.!J'E MODO SE FARA' A ELEIÇ. DOS JUIZ. ETC. 3~'5

mente , nomeando-lhe cada huu feis homens pera


ello mais autos , os quaes tomará em efcripto o
Efcriuam da Camara , andando por todos com o di--
to Juiz, fem outrem ouuir a voz de cada huu fe:1om
os fobreditos; e tanto que todos forem preguntacios,
e fuas vozes efcriptas por o d ito Efcriuam, .os Jui-
zes com os Vereadores v eram o rol das vozes , e os
que mais vozes teuerem eícolheram pera Enlcg edo-
res, aos quaes ferá loguo dado juramento dos Auan..;
gelhos, que bem e verdadeiramente efcolham aquel-:
las peffoas, que pera taees carregues lhe parecerem
mais pertencentes , e que tenham fegredo ; e nom
diguam os que aili nomearem a outra peffoa algua ;
e eíl:es fcis homens fará o Juiz apartar de dou s- em
dous , nom fendo eíl:·es dous parentes aaq.uem do1
quarto grao , nem etmhados dentro do dito grao , e
fejarn apartados em outra cafa onde peffoa algu::t
nom eflee, fenom os ditos Enleg edorcs , e eftaram
aili. apartados dous e dous, em-maneir-a que fe nom ·
falem huüs com eis outros, e mande-lhes que cada
hu.U deíl:es dous dee em efcripto apartado por fi ,
quaes lhe parece que fam pertencentes pera Juizes.,,
c em outro titulo dem quaes fam pertencentes pera
Vereadores, e em outro quaes pera Procuradores ·, e
em outro os que fam pera Tefoureiros • onde Te~
foureiros ouuer , e em outro ritul9 outros homens
bons , que forem perteócentes pera ferem Efcriuaes
da Camara, e bens deffes Luguares, c affi .Juizes.., e
Efcri,uaes dos orfaõs onde cuftumam andar por elei-
Rr 2 çam

. I
3I 6 o PRI1fEIRO LIV. DAS ÜRDEN. TIT. XLV.
çam do Concelho; e alli em outro titulo lhe dem
qu aefi1uer que forem pertencentes · pera Juizes dos
Efpriraes nos Luguares onde fe cuíl:uma, que o nom
feja.m os Ju izes Ordinarios, e .o uue·r Juiz apartado
por fi; e affi mefmo pera quaefquer outros Qfficiaes
(jUe por eleiÇarn fe cuíl:umam fazer. E quando os Lu-
guares forem tam peque_nos, que nom poffam os En-
1egedores achar dentro na V~lla, ou pouor~çam todas
as peffoas que ham d e dar no rol pera Juizes; enle-
g eram huü do Termo, e o ~1 tro da Vi lia, ou pouora-
çam,em modo, que fem p re feja huü da Villa. E po-
rem os di tos Enlegedores, cada dous em feu rol, nom
nomea ram ma is peffoas que aqu ellas que forem ne-
ceffarias pera feruir os ditos Officios tres annos, e
efies tres ro les f<1ra m cada dous Enlegedores deíl:es
feis huü" rol, e111 tal g uifa , que fejam tres roles por
dles affinad os , conuern a faber, cada dous affinem
feu rol ; e fe ac ~ rtuem dous Enlegedores que nom
faibam efcreuer , o ou tro Juiz , ou huü Vereador
I
m ais antiguo efcreaerá com elles , e nom fabondo
efcreuer , fer-l~es-ha dado huü bom homem que
com elles efcreua , com juramento que nom defcu-
bra , _os quaes Enlegedores tanto que o juramento
lhes for dado nom falem huü s corn os outros; fal-
.uo os dous ·que forem apartados huü com o outro', e
nom alcem maõ, nem fe partam dahi atee que fc ..
jam acabados 01> ditos roles. ; e como forem acaba ..
dos, dem -nos ao ditó Juiz mais antiguo, o qual pri ..
m e'íramente ·tomará juramento prefente todos , que
a

I
EM Q!!E MODO SE FARA' A. ELEIÇ. DOS JuiZ. ETC. 3 l7
a peffoa algüa nom digua , nem dee conta dos Offi-
ciaes , que na elei~am feitos ficarn ; e como lhe os
ditos roles forem entregues , veja-os por fi fee , e
concerte huús com os outros, e efcolherá por aquel-
les roles, que os feis Enlegedores lhe derem, aquelles
que mais vozes teuerem , e tanto que os affi apura-
dos teuer , efcreua por fua rnaõ em hüa folha, que
fe chama pauta , os que ficam efcolheitos pera Jui-
zes, e em outro titulo os Vereadores , e em eutro as
Procur.adores, e aili de cada Officio; porem defpois
de apurados,. no ajuntar pera auerem de feruir huus
·c om os outros terá tal auifamento, que ajunte os
mais conu~nientes. , afli por nom ferem parentes ,
como. tambem os menos praétic~s com os que o
mais forem, e affi oulhande aas condiçoes, como ou-
tra qualquer. coufa. que fe deua efguardar no tal a~un­
tarnento, pera a Terr-a fecr milhar guouernada ; e .
efl:a folha ferá. affinada por o dit-o Juiz ,.e ferá cerra-
da , e affelada. E tanto que a. dita paura for feita, e
affinada corno dito he, fará pelouros dell:a guifa,
conuem a faber , tres pera, Juizes , e tres -de Verea-
dores , e tres de Procuradores ·, e tres de Tefourei-
. ros , e affi de cada Officio em cada pe)ouro ,. e nos
pelouros dos Juizes e Vereadores nom ajuntaram
parentes, ou cunhados dentro do quarto gr.ao, pera .
em huú anno auerem de feruir . E ell:es pelouros fe
poeram em huü faca apartado fobre fi , no qual faco
fe faram tantos repartimentos, quantos forem os Of-
.ficios que no dito faca ouuerem de eftar, e em cada
r e-
3rS O PRIMEIRO Lrv. DAS OaõEN. TrT. XLV.
repartimento fe poerá o titulo de cada Officio, e em
eftes repartimentos fe meteram em cada huü os pe-
louros d'aquelle Officio de que for o titulo , e am fe
fará outro rcpartimento em que fe poerá a pauta no
dito faco com os ditos tres roles dos Enlegedores, a
qual pauta com os ditos roles fe verá nõfim dos tres
annos , pera fe faber fe os ' Officiaes que nella foram
poftos f;1hiram, ou fe foi nella feita algüa f-ªlfidade,
pera fe dar caftiguo a quem o merecer.
r E tSTA eleiçam fe fará polos Juizes no modo
que dito he , quando o Corregedor hi nom for na
.Cidade, ou Vilta, onde a dita eleiçam fe ouuer de fa--
zer ; porque e!tandà h i , pertence a elle ·de a tner ,
e elle fará a apuraçam dos Juizes, e Officiaes por fi
foo. A qual eleiçam o dito Corregedor poderá fazer
em qualquer te111po do derradeiro anno da eleiçam
paífada.
2 - E o dito íàco fe meterá em cofre forte bem
fechado com tres fechaduras , das quaes teram as
chaues os Vereadores que forarn o anno paffado, ca-
da huü fua; e eíles que aíli teuerem as ditas chaues
do cofre, nom as daram a outro alguü , que cada
hüa das ditas ch~ue,s tenha, porque nunca em alguü .
tempo · em hüa rnaõ fejam duas chau\es do dito co-
fre, mas cada· hiJu dos fobreditos hirá por fi abrir a
fua fechadura quando comprir; e fazendo o contraí-
ra, a !li o que -a chaue der a quem a outra tinha, co-
mo aquelle que a receber tendo já outra , ferá de-
gradado por huu anno fóra da Cidade, ou Villa, e
feu
EM QyE MODO SE FARA' A ELlliÇ. DOS jUIZ, ETC. 319 '

feu Termo, e mais paguará cada huú quatro mil


reaes , ametade pera os catíuos, e a outra pera quem
os acufar. ·
3 E SENDO cafo que alguú dos que teuerem eftas
chaues :fideça, ou lhe feja neteffario hir fóra do Lu-
guar, auendo de feer por tanto tempo, que pareça
que ferá neceffario de fe abrir o dito cefre , em tal
cafo por ordenança dos Officiaes que effe anno fo-
rem , fe dará a dita chaue, ou chaues a outra peffoa,
ou pefioas, que nos pelourps dos ditos Offic'ios foem
andar.
4 E NO tempo que ouuerem de tirar os pelouros
dos ditos Officiaes , fegundo feu foro , e cuftume , .
mandaram apreguoar a Concelho , e prefente todos,
huü moço de hidade de fete annos meterá a maõ ,
em cada huu repanimento do dito faco, e reuolue-
rá bem e!Tcs pelouros, e tirará de cada repartimcnto
huü pclouro, e aqüelles que fahirem nos pelouros
fejam Officiaes effe anno , e outros nom.
5 E sE aconrecer que cada huü dos ditos Offi-
ciaes, que nos ditos pelouros fahir, for falecido, ou
~fteurr abfente de abfencia perlonguada, em manei-
ra que fc; nom efpere ,vi ir .tam cedo, ou for impedi~
do d'outro impedimento . perlonguado, juntar~:Ce­
ham os Officiacs da Camara com os homens bons
da Cidade, ou Villa , que nos pelouros da Camara
foe!Jl andar, e aas mais vozes efcolheram quem fer...
ua o dito Officiq em luguar .d'aquelle fi1~ado, õu ab ..
fcnte , em. quanto foomente durar .fua abfencia ) ou
im-
320 O PRrMEIRo Lrv. DA} ÜRDEN. TIT. XLV.
impedimento. E efla mefma maneira fe terá, quan-
do deípois que cada· huü dos ditos Officiaes come-
çar de feruir o dito Officio fe finar, ou abfentar de
abfenCia perlor.Jguada, ou l·he vier a~guü impedi-
, .mento perlonguado, em quanto durar o dito impe- ·
dimenro, ou abfencia ; e a eíle que aili fezerem da-
ra.m juramento .e m Camara , que bem e '.<;erdaàei-
ramente fen1a o dito Officio.
6 E sE defpois eíle que affi for eRlegido pera
feruir em luguar do finado, au abfenre ., ·ou impe-
dido , acontecer fahir em outro anno por Official
d~alguw Officio dos ditos pe-louros, fcruirá toda·u:a o
dito Officio, e !'lom fe e!fcufará por affi teet" já ferui-
do no outro Officio, pera que foi erÍI~gida por ab-
fencia, ou morte., ou impedimento do outro.
7 E os Juites ·qt.le fahirem .por pelouros ~ màn ..
dararn requerer a-s Cart-as, pera vfafem de feus Offi-
cios de Julguaqo, aos Defembarguadores do Paaço,
ou ao Corregedpr da Comarca , ou ao Senhorio da
Terra ., fe pera iífo · por fua . doaçam~ ou ·priuikgio
lhe for dado poder ; e atee que ajam a dita Carta
.nom ufaram do dito Officio ., e os que · o 'tontra>iro
fezerem , . auer~m por ello .aquella pena , que Noffa
Merce for. ,
· 8 E MANDJ~Mos que o qne em ·alg~a Ci~hde, ou
· Villa f(i)r huü anno Juiz, ou Vereador ~ ou Procura-
dor , ·ou Tefoureiro, nom poff"a auer ·e m eífe Con-
celho nin.huii dps ditos Officios, que-já ouue. e fer- ·
111io, at~e tres aqnos cantados do dia que fahio de ca.
da huü doi ditos Officios. 9
EM Q!TE MODO SE FAR.A' AELI!f_Ç. DoS JU-IZ.; li:l' C. J2t
,9 -EM P.-ER-Ó dl:o norn a.uerá .l~goar nt;>s Luguare~
peq.ueJ1os ., onde f.e nom ,poderem .achar-pe:ffoas ~aecs.•
gue fej~m _pera íer~ir os ·ditos Officios .; porque em
eA-es .taees Luguares ,poderarn feer Officiacs huü an-
no ., e -o utro norn..
. :I.o 'E AVE'Mos .por<bem que dos Officios de Jui-
zes , V:Creadores _, Pro.curadores ,, e AJmo.tacees do&
Çonc~rh~s,, -nom feja.m -efcufos Nin.hlias pe1Toas , po-
Jl:o -q.u.c .de Nós rcnbam ,pr.iui:l-egio que fejarn efcu-
fos dos Offi:::ios dos Con-celhos., por<J:tle Noffa ten-
çam ~-e ,, que .nom fejam ·dcufos .deites .quatro por
pri-uiJeg~ que .tenham _; _porque -os taees Offióos 010
mi'lhores d0S Lu_gwrres os deHem :w~r., faluo fe ex ..
lprefTamen'te no priuilegio diifer ., que defl:es Officioli\
,prqprios os Efcu.fa..mos..
n -E MANou·~os que qüalquer Senhor de -Ter...
ras ., ou outra pdfoa que p0det teue·r ·de fazer a elei-
·Ça~11 1, ot~ _cqnJirmaça~ ?os fobredi.tos Officiaes .., Ciltte
.de(pois âe affi íerem orde1-1ado~ , 'fegundo :emcima
Difletnos , tornaTem a abrir (i)S pelaur@s , ou ~ira-
- r~IT} )1uQs ·• ~ ~et-er~m outros ' ou mudarem os de
~yü ,qnno ,pera ~utro. , ,o a efcufarer.n alga üs. Officiae$
~ps ·que fahem ordenadamente -, e metererfl outros
,em feu .luguar -, :Qu quebrar o modo do fazer da ·di-
ta. fleiça.m que cmcima Temos <n·denada ., ou man...
da'r fazer cada hüa d.ts íobreditas coufas ., ql!e fej~
I?~iuacl_:g d~ Ju.rifdiça.m ''·q~e a fti N~ d:ita ele içam , Oll.
~9nfirmaçam -til1ha ~ e nai1ca ma-is a pofia fazer : e
M.<:t.n.da:mo~ aqs Juizes ., ou Officiaes que forem ·ar..
<: • Liv. l. 'Ss dena..
32.-z O PRIMEIRo Lrv. DAs ÜRoE·N. TIT. XLVT.

àenados contra fórma; da dita Ordenaçam ~- que nom


íeruarÓ os ditos Officio~ ; e feruindo-os, Auemos
por be.m q,ue·fejam priuados. dos Officios ,_ e nunca
mais ajam Offiçio ci.e julguar ,_ e fejam degradados
àous annos pera as partes d' Afr:ica. E efl:a mefma
pera auerá o_Ouuidor: de qualquer Senhor , que a
d'ita deiç.a m q.uebraF ,. ou r.nudar os Officiaes della
por cad.a. hüu dos modos acima declarados .. E a to.
dos os Officiaes, ante de com-eÇarem fttruir f~us Qf._
:ficios ,, feja dado-juramento fobre os San.étos Auan ..
gelhos ,_q:ue bem e verdadeiramente vfem de feus,
Officios , guardando a 'Nós Noífo; feruiç'o ~.~- e a as,
partes fe.u Dereito.. ~~ · ? •
1
·

'
T 1 T U L O XLVI..
1

Do~ P'ereadores das-Cidadés, ~ Vil!as-, e cotiftiS qíJé .,


a.Jeus Officios·pertencem.

TANTO QyE os Vereadores ·tomeçarem-- fer. .·


ui r feus. Officio? hani de fabé'r·, e·veer ,.·e requcrér
~odos os.- bens.dp. Concelho, affi proprieaades, her"'
dades., cafas ,. ~ foros·, fe fam aproueitados como
deuem ~- e os q4e acharem mal aproueitadoà, falos ..
ham aproueitar, e correger •. ~ \ ·
11 lT-EM fararri meter todas ás rendas. do 'C'once~
lho ' em ' preguam =; re as qu~ viirem que he . bem.
de fe arrematarem •· fa-las-ham. arrematar ~ e faram.
Ol
i

Do5 VERRADORES. oú CIDADES , E VILLAS ET-c. J2J

~.s:f conn:attos OOI'J1 os Re'ndei·ros , ·e recehe:ram as


-fianças~ e as que :acharem. que. .nq:m. he.pvol ào Col'll-
,celho !fe .arrematarem·., mandà:.lai-l:Jam correr, e
colher pera o Cencelho , e poeram ·em dias bons
.Ar.recatlador-es , <e Reque.r.eclon~s ~ (! ,falas-ham v i.i-r a
boa recadaçam~
c · "'1 +r.EM • faberam fe- algü~s p>~ffiffo~s, ou ca:mi-
•nhos , ou· reflos, o~· feruidoés do Concelho ., andam
~malheadas, e tira-lÇ>s-har.n pera o Concelho , de-
.mandand9 <11s qt:~e ·os tra ~em' phan:te os Juizes, que
,;.~sJxú:Xem ·a:tee •realmente ·(e.teill.11:o:rnadas, e reftitui.:.
!das1ao Concelho. Pero' fe:aohátém que -a!gi,las ptf).
i:Gas alarguam os _va'ladgsr das . fua-s hÚdades polo~
.caminh0s ·clos Conce~l<\os , e com el!-es t()màm ·dos
.;cam.irnhos ,.. :ou,fe·ruidoés algüal'parte -, ~ ern ta·ees cafos
~ltçs-.l'()gct-e potrfi e:o.n1 a•1g~uu (\liltlÚio col'lih<!ôment'a
.dct <tefiemlumhas, · prefellte "às ·p>n.rtes\ ·o1:1 .feus -cafeit.
ll'os, om' 'moordomos, fem -tnais outra -cita~am de mo;.
~ m<etes ., tG.>rnar~m ós 'c aminhos, ou feruidoês no
ponto que d 'antes ·efhauaim •' 1fernJ receberem apella..
~rn· )~ n6111 agrál~é ;J•f.i"tãndGI p O!'t5111> Tefguard'a ddlaOS:
.St:'1ifi~0Ijiõs ~ fe CBten'derevi'l' qu<!lfam -ághtuâdós .;· f pd~
~eutn ·de-rnandar o ''COikelao 'fobte a; ·pro1xieaád~
1®1'di.naríarttenr~ r .

li rJS FJ hi';NII,,fc1bc:tam: Jfe"tomam, - oà~ trazem alguus


.QJS t J01iifdtço'€-s; do··cw,~·é~l1~ó\ êu-' a's emhargl:!!:rm ,(dl
fuo t:l.<)).m d~ueftli, ~(l ou as :.for"7ç.am";'·OU q'tler(':rríi forÇà~r' ,
~ .J:eq·ueirc.ra m qtÍe ife ton1êm. áól Co-nét!lh~! ·, · "
rn 4 :· o.u-tl~ô RI<fáberàm fc. os 1 •Ne.fios · 0fficia~s, oa
• J I, ss z . Al-
32-4 OPRI:M:EIRO LI:v. DAS ORDENA. TrT. XLVI.·
:>Alca·i dd, OU: OI,Jt'fa'S ~quaefquer peifua-s que poD Fo...
raJ.,. ou. por ·?utro- q,ualq~eli Der:eit.o ,,bam. d'fluer a}.
guüs foros ... e der.eit9s,.. cls. t:iraa1-e_omo. d<mem! ~· ·oa
leu a m. mais .do, que det1em ,_e. nom a confentiniin ,
-requez;endo-os. .q.ue , 0; nom faç.a m ,, e fe o fezerem,
demandem.-nos.. . . r . r'

5 hEM" fabér,am-comG-os caminhos , ;e fontes ,


·€ chafàrizes:, e-pontes, e ca:lçadas.,.e poços do Con-
celho , e· cafas 1 , e- affi quaefq~er outras coufas. do
Conçeth.o- fum repaü;adas ,. e as que com-prir de re-
fazer., e ag'ubar .. :ce coJ;r;eger ,..manda-las-bam fuzer ~
~ repa-ir.ar, e a-br:i-r os caminhos,,. e tefi·adàs., em: tal
gl)ifa: ,_que ·fe poí:rU;n't bem· íeniir ·por ell'e.s ... fu,z-endu..
o.em. raJ' maneira·,. que·aa fua: mioguo<l! as elít-as-cou-
fas nom receban'l danifi.<ea.çam ;; porqtHt d~mifica.n...
do~fe · aa. fu-a, fliljngt~pa, ,.. por. feus-_fuens. fe coir.ege-
r-am. os dit98 da.nificame_nws., que ·poP tuas negvi•
gencias fe fezcr11m ,. e os Cerfege.dor.es quando. vie..
r.emt pol<>s Lugtpres.~ Mandamos que o, ex~tcutem i
e façam corr:€g~H' per feps ,b ens.. J :: •,,

6 E M·ANDArMOS , . que/quand'o affi for:em .fôra .da


~Villa a. faze11 a~,; <1oufas, que a· feus Officios per·ten.:.
cem , ao mais ijtle em cada, hid~ guaftar·a m em ca-
da hu.ü dia que affi fôra· anda t>e m ,_f~a- qu~tfo€entos
reaes ;_porem a, ViUa. m>m p;;l:ffar d ~q~arenta JVÍI
f~
re~s çle r-enda, v· nom, poder~(n ma·is- g~ aftar em _to..
.do, O· anno· nas· ditas €omidas ,. qp<fl are.e clohs mil
reaes ;. e fe ma.i s guafiarem ,, ou for ne.ceffario htir
mais vcz.es fóra, feja aa f(Ja cufta, pgrq.uéd'outr~
ma-
Dós V. REAóoR•Es ois Gm_A;DEs; .E V1L LAs E'f c. 3,25
.maneira": QS r.Conéelhosj fic.ariám muito clani-fkados.
E Dd~ndemos,·, ..qu~ .os ·clite>s Officiac:..s àa Ca.mara
nom,Jeuem dos QÇi1S do. Copcelho outros. perrals;os '
nemt,ctihh.cii"o ,, p.o11 affi hireJJ.1 fóra.., nem por faze.-
lrot!l Pi.ecifroéj; ·, Jnern. por-outra qualquer coufa que
~eus:t 0tti:cio.s pertqn<J:a·;,, pofto que por cuftum~ ' an ...
tigu.o-.•,.Quqmr AluaÍiaes No fios 0: at_ee aq_ui Jcwa ffem •.
01:1 poflo. que efteueífern. em pofi«-.de. fazerem maio ..
J'es -co-mclias ,; e· (a;'Ziendo o contr.aiJ-o enc()rrer·am-
nas....peoas toot.b.~8_chts. na. üçd.ena.çarn. Dos q_u.e leuam
maí-S. ao .contb_e.udo...emJ.jcus. R:egirp,ento.s._ _j
;; -~r l:n:M-r prq.u:e.rárn .as Poftur.as. •,. e v.:éreaço~s - , -e
Cuft.um.e.s. da: <!:idade j_ OU, Villii'· ,,antiguas ,_ e as. que
.v,i~htin ·q,u.e fam boas, fegúndo. ó tempo.,, faç_ am--nas
g~a1;dar:; ·e as óutras.fapro corr:eger-, ~- ourr.as façam
-rle rn.ouo.. ,, .fe' comp'dtr.;.ac- p.nol' ,. .e bom-·r.egimento da_
Ten;a.,..e·o {aram na fárma -Rguinte•. ·
- ,t8 J liEM!' conijraramc crn-· r.od~s as czoufas que
co,rp~ir; a -p~.o.t éomí.im,; e ':defpoi.Hjue a-ffi confira-
reml;:::<rntc queJaçam-..as:l?ofbur:a s, e Verea.ç oe.s , ou
asr. ~~sfa~m, ; 6:ai mitú:.as. <:oufa-s. ',_ chamem os. ]ui....
zes_, e home_ns bons ,_que focm a:Hdar no regimento,
d~ Terra,,~e, diguam-Ihes, aq.uello que vii-rem, _ e -con-.
firar.em, •·e•(!)' que a_dm clres. aco11darell) fe C0l,lfa- }eu e
.for-.:; fa~am-.na; logua. P.(l)<fr. em ~fc-ripto- , e gua-rdar ;;
e çmJ a-s-.d)ufas1gll.1ndes.·~1 e .g.r;aues ~- dcfpois que-por.
todos.ffi>.n a.Cbt~~;' 9n.. por a.· tnaiór parte -d.elles-.
façam.chamar r-0. eaneelhrr, 'e diguam-Jhe-as c_oufàs
q_uaes~rram ~; c t .O. :pr.Oueito ,_ou : dãno q~e lhes pode
' f J :t re..
recrec~r; affi como fe outreffe;m:.demânda fobre fua
Jurifdiça.m , ,ou· fé. lha .cfilham;. ou~lhe':J)-.am. t:o'"dnir~
.feus foros, e cufturnes ,·.de .g.uifa..· que M11D ~ ~o1fa~A
e.(cufar ~emanqa,- , rou em outr.G>s· feita,s .fém~lliantes :·;
-c o .q!Je 1po.r '!iOdos , .ou.. pol~ 'maior :paitf9<tlélles fm·
.acor-dado. , .a (fi p : f{LÇa.m:>Jpgurrt?tJCG_emÍWCt:LIJtolln.G
Liurp ., d<i V;:erea:ça m ~ )i!cd:ern .,fuU' acor.dp 1aa ,e'lfe<;tà:L.
çam. ·!1 _ ·•. ~ ~;, <.·f1 • •
9 E . .As Pofi:uras , e VereaÇoes Cille •.affi, forem
feitas •· ~ _ó.utorguadas., ~.o ·.êo:nrbgedor .,d~ I C01_P1:n-rra
nom lhas poífa reuogu~, · n~ ,Ol!ltLD'ii.inbuÜ Üfir.
!_ÇÍal ~- Qu D_êfetnl;>argu<tdares.NoJfosJ,r!éipt·e a façam
..comprir, e guardar, c Tab:er fe. as idarrí •a boa exê...
cuçam 1 ql!a·ndo ·poJ.a Cida_siê ·, rou' ViH!a ·o dito . cor~
.Jegedor vi.er.« PoJ·~m~ fc ao fazez:-cla,P-oftura os que
mai.s poucos .forfm en;t voz.es. qtúferem., agrauar, .por
lbes parecer que, a .fua rençanl"~ he milhor que.os das
mais vozes .- p9deram agrauar perru os Defem'ôar-
guadores do Agrauo :da :t'loífa .. Roraça.m ; ·i~qual
agrauo ·tiraram aa [ua cú!b-~.. e J't<át:n.dp Co!ilcçlhOrl
~o que f01; dcte·l''l'Í'Jlado em. N0ffa.;l~.o~acp.;Jl\lwgwo.r10.
.dará, e comprir.lÍ(. , 'I • :.• :. • ;.,-,d ;.~: :-~ r 1 ::J. 'J
1,0 E Ao fa'?er das taecs Pofr.ura ;,~·mero a..-aut'Pa
couf:1. que -11a·G mara os d'itos-.V.erfta ores pnu.€r:em
de faz r 1 nqr:n çonfentiram: q1f1~0§Sf:n.hgres.pls ')?mil.
fas ··JIJ.;ell) rf~u~ ·Üttijidores:: eftem:11!<12flü.àL€am.atmj e
fe l<ta '.el]-tra:rpn~ : , ,l'eq:.ue!'J!~m.,l~esLcp;u::ditt d.~umn~
que qpere~n 1, ·e -o ~fçci~;un · Q~E:»rnatat íu.ctb-«ua')J ~
jaijlm:-f~ 1§>-&_blo.,.q ~J:~a.ra- !ol.tlliq façarQ fwilV.o:oa:-
çam,
\

Dos VEREADORES DAs CmAbEs, E VIL iAs E.T e. 3i7


pm;; ~ h'lfm '- fe':: qúer.endo fahir, fa.ram loguo diífo
huü auto com o Efcriuam da Camara, e leixem de
faici l:aqueWr'Verêa'Çam ,-e 'mãnd'e.m'' lcguo o auto ao
Corregedor da 'Corte dentr-o de huu· mez ; e o Se-
nh'o r da Terra que tal fczer paguará cem cruzados,
:iii:l'etade -pera quem 'o acufut; e a out·ra metade pera
os· catluós. ; e te ftir-feú: Ouuidor ·, feri conde nado.
emíâóüs anho.~ Élt)déiretlo -~e priuado do Officio; 'e
()srv·e~eadores. qú'e é ·átfl '·nom compr'i rem , encerre•
· ;a.ffi nas rriefmas p~n:as, e ma-is paguaram cada huü
vinte quzados, e dfas mefma!f pena-s aueri·o Eícri·~
1aa'ffi -d~ : QJa' mafi.t. qi.J{! •ria faze1i do tal auto fo r negri-
gen·te.> Pbf-e-:jrf, .aes €fu'e 'j:>'ot' futts ·rloaçoes , ou .. por
priuilegios po'r N ó's cónfirni.ad.os-, for outorgu-ado ,.
que poirâ·m ·-e \Ürar ,, e e'fl:ar nas Camaras, guardar- .
fe-ha o q~te por ', [j.J<t-S' do-<1çocs:;, ou priuilegios lhe
expref.Iá ·one·#~e=: for- ldutbrguado. :
·.. ·i r J.!tJ!lM:~•os ÍNer_e:Worcs fararn guardar em hüa
attl~ gtf<t<!'lde, - e~-oôà- , 'tod0los Foraes, Tombos , Pá~.
uileg ios ,_ c quaefquer-. 0ilÚas Efc1:ipturas ,. qúe per.-
t~neêrê-rb fao- ,Corkelhd ';: 'e efta 'arca terá' duas fecha ..
dara·s·;failJ.s -qua'e\;} J1iU'k.J c~a·tJe r'etá o Efcriuafn da Ca:.
inará' j 1é!'@Ultfa::huü do~ Vereadores, e· nunca. fe t>ira-
.rá Eíhipmfá algüa: da.dita a-rca, fàlu'o q~:.1ndo algiia.
for neeeffa.ria pera Je veer • ou~ trasladar , entam
foomérite ti' ti;aram· em a- düa- cafa da Camara , em
que c à: ~itàr~_r'éa . efteuer ' e aca-bado: aq ue llo pera que

fór. r heceífa,ria•) :fe torné·t0guo •aa· dita a:rca, e efto ,


fob pena. dô 'Efcriuam da. Camara perder o Offi.cio,
. -·~
.328 .. .O PRIMEIRO Ltv. JHs OrÜ)EN.TI~. XLVI..

e ·o Vereador que a outra chau.e te:.Ue.r <lUçrá aquel-


la pena que Nelfa Meroe fer1 . .. ·
I2 IT-EM COrF)E> entrarem tomaram a corna aos
Procuradores ,, -e aos Tefour-ei.ros de ·C-oncelho , que
.foram o anne pa tTade ., e afii dos ·outros arntos, f e Lhe
tomadas nom foram:; e to.de o ql!le acharem qu.e d_e.,.
.uem ·façam .lqgyo ;por -feus .pens. ·çKeç.uFar., ·f! dl-aj
.contas, e exycuçoes fa:am ..Go •.•diª quç "eptr~arn;m , J
deus ine[es ,; fob ,pena de pagt~ar.ern outr.ó tanto ,pot:
feus bens , quanto affi 'leixarern .de execu:t;ar ., a qu;d
pena ferá pera os catiuos. .,
.IJ !.TEM .poeram -~lmbtaçapl~ a~ O$ciaes ma,-
-carticos t e jornaleiros·., e .ma1\c,~bos i., ~ !'·J.!IniKeb_a.s 4;~
íoldada ., e ·louça, e calyado.,·e 'aas qutras coufas q-\.IC:
fe comprarem ,, e ·ve11derem., .fegwndo a~.de(pofiçara
.da Terra., e a 9ual!dade ·clo · t~p<:>... (: ~'T . . ·....
·14 hEM f2fram ·recadaT tod;:ts ;as:J4iiui.das ., ·.qu~
.forem deuidas :.w Concélho ., · e ~~.ffi. p,o{}!i~.m 'em poa
guarda quaefqupr coaras ql;le hi ouue~ do ..Conc,;e-lho ,
.em maneir-a que fe .nom ·dallinque-l!n. _ . , ·•
' ', . .\
.J 5 ·Ü.uTR:o sr ·rnandaFam-Jazet!, ' qunn~9..forem
nece(fariqs ,, os cofr~s ,pera"~ e!~içqé_,s .,. e~~lp,ur1s: ~
e affi as arcas ., ·e a1ma:dos p~r:a"l\s.;Ef<:l(it~ tyra-s. ,, .e
·coufas ., que n.e~-las ·ha·m de feer bem 'gt:gudad~s:. -
,z6 i{'!1EM o ~> Vereadores
.
com ·os' Juiz(; ~. J iura ..
'ram em ·Carnq;,ra fem1 applJaç,<:):m -ps, -k~q~ ,Qa.s •.ipilft
rias verbaes ., :e fu•rtos .peque~ws _., 'tf '. Q'àl_m_ot~çarja., _de
que lhe \1e dadq ·cmihecimen~ÇJ, r f~g411dl? ;a .d~~Ja~~+
· çam q_uc_,çm Q 'fi~ulo 'Qçs,!tuf?é~s...•Qrçfjnt];r.io-s T~·tne-$
fç-i ta. 1'7 Óa-
Dos VEREADORES DAS CIDADES, E V:rLLAS ETc. 329

17 OuTRO sr fen!m auifados ·de prou·e r , fe a


Terra e fruitos della fam guardados como deuem »
c fé guardam as Pofiuras e Verea-çoes do Concelho ;
e fe acharem que fe nom guardam, confhanguam
es Rendeiros, ·e Jurados., e os outros que dello teue ..
rem carregue., que as façam guardar , fegundo fam
pofl:as, :fOb pena de paguarem por feus bens todo
o dãno que fe por ello feguir e recrecer.
I 8 I TEM ninhuú Vereador, nem OHtro qualquer
Official da Camara quite ninhua coima, nem pe-
na ., a ninhüa pefioa que em e!! a tenha encorrido ,
nem diuida , nem outra coufa que ao Concelho fe-
ja deuida, e qualquer que o contrairo fezer pague
todo o que affi quitar anoueado pera o Concelho, e
aalem dello aquelle que na dita pena ou coima en...
correo feja por ello coníhangido, e todavia pague.
E a execuçam defio faram os Vereadores que for~m
no anno feguinte , fob as ditas penas.
I 9 I TEM fejam auifa~os dar aos Rendeiros , ou
ao Procurador, em quanto as rendas nom forem ar...
rendadas, Jurados que auondem, que bem guardem
a Terra, e fe nom façam em ella ninhuüs dãnos, fob
pena de por feus bens paguarem todo o dãno , que
fe por fuas culpas fezer, affi ao Concelho , coma
aas partes.
20 E QlJANDo nom acharem quem queira feer
Jurado : confhangeram as pefioas que forem piaes;
e que cufiumem trabalhar por jornal, que norn fo-
.rem efcufos por alguü priuilegio.
Liv. L Tt ;21
330 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. T1T. XLVI.
21 E Q!!ER EMOS por euitar os dãaos , e refrear
os daninhos, que quandoalgua pefToa achar em fuas
herdades, ou vinhas, ou pomares alguú guado, ou
befia, ou peffoa, em luguar, e tempo gue feja de-
fefo por a Poftura do Concelho, que elle, ou feu
criado , ou cafeiro , ou moordomo poíla com hüa
teftemunha emeoimar, e dar a coima ao Concciho ._
a qual tefiemunha ferá crida por feu juramento, e
efio quer hi ·aja Jurado, quer nom.
22 OuTRo sr nom confentiram a ninhua peffoa
por poderofa qwe feja, que contra as pofiuras f.:1.ça
ninhua coufa, e fe o fezer , loguo requeiram aos
Juizes que tornem hi, e fe o fazer nom quiferem,
ou nom poderem , façam-no faber ao Corregedor,
ou a Nós , pe~ em el!O. Prouermos , e Mandarmos
dar a emenda que for razam.
23 I TEM -os Vereadores viiram todos aa Verea...
çam aa quarta f'tira , e ao fabado , e nom fe efcufa ..
ram fem jufta caufa; e o que hi nom vier pague
pera as obras ·dq Concelho por dia cem reaes bran ...
COJl , os quaes loguo o Efcriuam efcreuerá em rece-
p ta fobre o. Pro~:urador, fob pena de os paguar anp-
ileados. Peró f e for doente, ou ouuer alguü neguo~
cio, que nom ppffa viir , feja efcufado, fazendo-o
faber ante a feu.s parceiros. E porem nos lJuguares
onde efieuer por cuftumc em menos dias fazerem
Vereaçam, guardar-fe-ha feu cuftume.\
24 ITEM os Vereadores ham de teer carreguode
todo o regimento da Terra, e das obras do Conce ...
lho a
Dos VEREADORES DAS CIDADEs, E VILLAs ETc. 33r

lho , e de qualquer coufa que poderem faber e en ...


tender, por que a Terra, e moradores della pf>fiam
bem viuer, e efto ham de trabalhar ; e fe fouberem
que fe fazem na Terra mal.feitorias , ou que nom he
guardada por a Jufl:iça como deue, requereram c,tos
Juizes que tornem a iífo, e fe o fazer nom quiferem 11
façam .. no íaber ao Corregedor da Comarca , ou a
Nós..
25 !TEM Carta ninhüa nom ferá ·efcripta em no..
me do Concelho , [aluo na Camara delle, onde fe
ajuntarem os Juizes, e Vereadores, e Procurador,
e homens bons) que forem em acordo de fe tal Car-
ta f.1zer , e hi ferá por elles ailinada , e nom fe affi...
nará pola:s cafas , ·e tanto que por todos for affinada,
a façam aífelar com o felo do Conc:dho. E fe al ...
guús do Concelho quiferern ·fazer outra Carta em
'Contrairo d;aquella , ajuntem-fe na dita Camara, e
ahi a façam , e ailinem, e façam affelar como dito
he ·; e nom fe fazendo as Cartas em eO:a maneira ,
~eremos que por ellas fe nom faça obta algua ,
-nem lhe feja dado credito, nem auétoridade. E eO:o
nom auerá luguar em Cartas que pertençam a de-
mandas, que fejam antre partes; porque efias pode..
ram feer feitàs polo Efcriuam da Camara , ou por
qualquer outro a que pertencer, e affinar-fe-ham
-onde quer que eO:euerem os Officiaes , que as ouue ..
Tem d'affinai, pofto que nom feja na Camara, e o
que teuer o feio as affelará , tanto que aillnadas fo ..
'i'em. pera nom ferem as ditas Cartas detheudas, nem
Tt 2 ' , as.
3'3'Z O' PRIMEI'RO Lrv'. DAS ÜRDEN. TrT. XLVf..;'

as demandas prelonguadas~ E os Officiaes ql:le affi.,.


11arcm por cafa-s., e n('}m na Camara como dito he ~
J!.laguaram poF cada vez dous mil reaes . e o que atre-
.1ar tres mil rea es , e outro tanto o Efcriuam da Ca-
mara qu e a efcreuer ,_e percderam os Officios, e ame-
tade ddl.as penas- feram pera quem os acufa.r ;.e a ou~
na metade ferá pera os captiuos. E Defendemos aos
Corregedores, e Juizes, e a outras quaesquer pelfoas
q ue Jurisdiçam teuerem , que nom tomem os felos
dos Concelhos , e os leixem teer aos Chançereis ; I!
nos Luguares onde os nom ouuer, os leixem teer e
guarda!j a aqudlas peífoas a que polos Juiz_es e Offi~
ciaes dos Concdh0s fegundo feu antiguo. cufl:ume
forem encarreguados ~
:26 h:EM os Vereadores ham-de fazer auenças
polos joniaes., f- empreitadas com os que fezerem as
.®bras, e as ou tras coufcts que cumprem ao Conce-
lho, ~ talhar. foldadas com os. Po-rtei·ros-», e eom os
outros que harp de feruir ao Concelho , e .por feu
mandado fera n:!_ paguos ,. e d'outr,a. guifa nam. '
27 lT EM hél;m d,e dar Carniceiros , e PaadeiJ:as ~.
e Almocreues, que dem ·os mantimentos •. e mart~ar
t alhar com os Carniceiros~ e com. as Paadeiras, e ! ~ e
taixar guanhos honeftos , e ccmftran.ger qJ-ze feruam
€. vfem de fcus paef\:eres ,_e aífi os oufros-- M~fteiraes.
2 g, OuTRo ~I nom afo.raram ninl uüs. bFns do·
Concelho, fenom em · pregua:-m, feb-pena de pa..
guarem a noue<,Ldo. ao Concelho o-foro, por que afo-
ra-rem~ e mais Q· contraél:o fe{ánip.hufí~. e de ninhuíl
:v-alor;. 2.~
Dos VEREADORES nAs .CmADEs, "& VILLAs ETc. 3-33
29 OuTRO SI Mandamos, que quando fe feze-
rem as eleiçoes dos. Juizes , e Vereadores. e Officia-
es do Concelho, e affi quando fe feze}·em as Verea-
çóes , os Alcaides Moores nom eftem ao fazer del-
las , por {e eui.rarem algüas toruaçoes , e deuifoes "
que por fua efl:ada fe podem feguir; e os Vereadores,
c Officiaes que o contrairo confentirem , encorram
em pena de dous mil reaes , ametade pera os cati-
uos, o a outra metade pera quem os acufar. E Man-
oamos aos ditos Vereadores, e Officiaes, que requ ei-
tam aos femelhantes AlCaides ~que fe faiam da Ve-
reaçam ;-e nom o querendo fazer, o Efcriuam dá
Camara o afn:nte aili ,e Nolo faça loguo faber, pera
niífo Mandarmos prouer como for Noífa Merce~
30 E ESTO n.om fe entenderi naq.ueHes Alcaides
Moores, que por Foral da Terra. ou Noíio priuile-
gio podem efl:ar nas ditas _eleiçoes, e Vereaçoes.
31 PERÓ nom Tolhemos a.o,s Alcaides Mo01·es ,
que nom poífam hir requerer aas ditas Camaras e
V crcaçoes, o que lhes comprir , e acabando de re-
_querer, fe faiam loguo da dita .Vereaçam ,. e nom
efl:em hi mais ;, e Mandamos aos-ditos OfEciaes ,. que
em quanto afii hí efl:euerem os ditos Alcaides Moo-
res requerendo fuas coufas ,. nom façam nas Verea.-
çoês couíà algúa.
32 E BEM ASSI nom confentiram , que efiem ao
faz:er das eleiçoes, e V~reaçoés as ·peífoas poderofas,.
que Officiaes da CamaFa nom forem ; faiuo quando
quiferem hü· aas Ver.ea.çoês requerer o que lhes com:..
pnr ~
3J+ O PRIMEIRO Lrv. DAs O~tDEN. TrT. XLV li.

/ ·prir; porque em tal cafo Mandamos que fejam oti.-


uidos • e acabado de requerer o que lhes comprir
fe faiam "loguo da dita Vereaçam, e nom efl:em hi
mais, e em quanto hi efl:euerem requerendo fuas
coufas nom façam nas VereaÇoes coufa algüa.

-----·-
T I T U L O XL VII.

Das pe.J!oas que podem dar liunça peta as fintas , e


quaes Jam as pef!oas que de !las Jam efcufas , e que o~
·. Concelhos 11om ponham tença a alguem.

'p ORQyE muitas vezes acontece qúe as ~endas


. 'do Concelho nofr1 abaíl.arn pera as coufas que os
Officiaes da Carrpra fam obriguados por feus Regi..
mentos prouer, e fazer , Mandamos , que quando
'hi pera as ditas çoufas nom ouuer dinheiro das ·etí...
·das do Concelho , e lhes parecer neceffario lançar
finta , que efcreuam aos Defembarguadores do Pà'a...
ço a c aufa, ou Cfl.ufas pera que querem lançar a d'r ..
c
ta finta, e lhes h necelfario o dito dinheiro, e quan...
to dinheiro lhe bafl:ará pera o dito .n~guocio, e em
·que fe defpendeo o dinheiro do Con~elho ; e fe os
ditos Defembarguadore,s viircm qué he neceffario ,
daram a dita Carta perà poderem fintar', com Nof•
·fo paffe , atee a çontia que Nos bem parecer ; e ':fe o
-~ho Concelho qtlifer lançar a dita fi.nta pera fegufr
~ · al-
DAS PESS. Q!!E POD. DAR LIC. PERA AS FINT. ETC. 335
alguü feito , e demanda que com outrem aja em a
No!fa Corte, e Cafa da Sopricaçarn, ou do Ciuel,
efcreueram ao ] uiz, ou Juizes do feito, os quaes lhe
daram Cana pera fintar, com auétoridade do Rege-
dor, ou Guouernador, atee contia que lhe neceffario~
e bem parecer ; porem fe a finta nom ouuer de feer
mais que atee quatro mil reaes, poderam efcreuer ·
ao Corregedor da Comarca , o qual lhe dará licen-
ça pera a dita finta, fegundo em feu Titulo he con-
theudo, e fem a dita Carta de cada huü dos fobredi-
tos, como dito he, norn poderam os Officiaes da Ca-
mara, nem o Concelho lançar finta pera coufa al-
gúa ; faluo pera a criaçam de meninos engeitados D
fegundo Diremos no Tituio Do Jui:<. dos Oifaõs.
1 . E AS peffoas que faro efcufas de paguar na di ..
ta finta, quando aili for lançada , fam as feguintes,
conuem a faber, os Fidalguos, e Caualeiros, e Efcu-
deiros de li.nhagem, ou de criaçam d'alguü Fidal-
guo , ou outra peffoa que o em fua cafa criar , e fe-
zer Efcu'deiro, trazendo-o a caualo, e fendo tal Fi-
dalguo que cufl:uma teer em fua cafa Efcu.dciros ; e
.d l:o, tendo os ditos Efcudeiros lanças, que pafiem de
.dezoito palmos , e couraças : e i ffo me f mo todas as
peffoas de maior qualidade qu~ as fobreditas, e aili
mefmo os Doutores , ou Lecenciados, ou Bachareis
-em Theologia , ou Canones , ou Leys , ou Medici-
na , que forem feitos por exame em efl:udo geeral _,
e aili os Juizes, Vereadores , e Procurado;es.. do Con-
celho, e Tefoureiro no anno em que feruirem, e al-
guas

.~
336 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRD!N. TIT. XLVII.
gúas peffoas que tam pobres fejam , que principal-
mente viuam por eímolas , e bem aíli. os que tiue ....
rem por priuilegio efpecial que nom paguem nas
·fintàs do Concelho. Porem quando a finta for pera
defenfam , ou gual'da da Cidade, Villa , ou Lu-
.guar , e feus Termos donde viueá:m, ou pera fazi-
mento, ou refazimento de muros, pontes, fontes, e
calçadas, nom feram efcufos ninhuús dos fobredi-
tos ; faluo fe moftrarem priuilegio por que expreífa-
menre fejam das ditas fintas de fazimenro, ou refa-
zimento de muros , pontes, fontes, e calçadas, ou
defenfam, ou guarda da Cidade, ou Villa; por que
entam lhe guardaram os rriuilegios como nelles for
contheudo.
2 E MANDAMOS que Concelho alguú, poflo que
de Cidade algüa 1feja, nom po!T'a dar, nem poer ten-
ça a peffoa alglíéj: fem Nofia efpecial licença , e au-
él:oridade , e doutra _guií:1. nom valha : e pofio que
~lgüas peífoas ajam de Nós Cartas de roguo pera al-
guüs Concelhos , que lhe ponham alguas tenças •
Auemos por beq1, que taees Cartas lhe nom guar ...
dem, fe o nom f~ntirem por prouéito deffes Conce...
lhos ; por quantq por importunidade dos requeren ...
tes algúas vez~s Poderemos paffar femelhantes
Cartas, e porem nom he Noffa . tença 'in ,
que aquel-
les, a que as Enuiarmos , fejam necetfaria:mente
conflrangidos com prilas.
DA ORDEN. DA BOLSA Q!lE SE HA DE FAZ. ET C. 337

T I T U L O XL VIU.

Da ordenanra-da bo!fa que .fe ha de fazer pera difpeja


dos dinheiros , e prejos que Je lwám de huü luguar pt-
ra outro , e que os Juizes tomem os prifos. -

.Ü RDENAMOS, que de cada Luguar,nos Lugua-


res onde por NoOa Ordenaçam , ou cuftume fazem
bolfa }'era O leuar dos prefos, Oll ao diante ouu erem
Noífa Prouifam pera ello , fe tenha ef\a mane ira ,
que em cada h-üa Freguezia fe faça huú S.tc ador, ao
qual feram dados em rol as peffoas moradores na
dita Freguezia , que com razam deuam pera a dita
bolfa paguar. o qual Sacador arrecadará , e recebe-
rá de cada huü os dinheiros .que lhe forem ordena-
dos, c lhe fer:i a'ilinado termo a-que os aja de tirar,
e tanto que tirados forem , entregualos-ha ao Rece-
bedor abon~do, que pera dto feja ordenado a pra-
zimen.to dos que na dita bolfa ouuerem de paguar ,
c lhe feram entregues perante o Efcriuam do dito
carreguo , ou perante o Efcriuam da Camara, don-
de Efcriuam efpecial p"era dto nom ouuer; ao qual
Mandamos que efcreua efto, e faça huü liuro apar-
tado, em que efcreua a recepta, e dcfpefa ddles di-
nheiros , e feja a ello bem deligente.
I E ESTES dinheiras fe tiraram em cada huü
anno, e os roles que forem entregues aos Sacadores
fejam concertados com os Officiaes em Carnara., ou
. Liv. L Vv com
338 Q PRIMEIRo Liv. DAS ÜRDf:N. TIT. XLVIli.
com aquelles a que oral carreguo Teuermos dado,
e acabado o anno fe tomará de todo conra , pera fe
faber o que fe recebeo, e defpendeo, e viir todo a
boa recadaçam.
2 E POR .quanto fe todolos priuilegiados foffem
de!te p:~guamento releuados, ficariam poucos pera
em e!to paguarern, Mandamos que nom fejam de!to
efcufos, faluo aquelles que teuercm Noilos priuile-
g ios ) em que expreffamente declare que nom pa-
g uem em eítes dinheiros da bolfa ; e fe tal declara-
çam nom teuerem, poíto que digua que nom feruam
com prefos , nem com dinheiros, l\1;rndamos que
todauia paguem. E bem affi noni paguaram os Bee-
fteiros de caualo, nem os Efcudeiros, e Caualeiros,
e di pera cima , qu.: Diífemos no Titulo precedente
que nom paguaffem nas fintas.
3 OuTRO SI nom paguaram na dita bolfa os Ren-
deiros ·das Noffas Rendas, e Dereitos, e os Requere-
dores da No!Ia Sifa, e Portagem, que por No!fa br-
denaçain fam de~o efcuf..-ldos , e alguas peffoas que
tam pobres fejam , que principalmente viuam por
efmclas.
4 E MANDAlVfOS, que qúando quer que os ditos
prcfos affi forem leuados de Concelho em Concelho,
am por os leu:l9ores que pera iffo forem ordenados J
como pJr quaefquer pe!Ioas que os leuarem por con ....
ftrangimento, que os Juizes das Cidades, Vi !las, ou
Lugllares onde com os ditos pre[os cheguarem , os
recolham loguo com deligencia , e os entreguem e.
f a-

. ..
Dos ALMOT. E cous. Q!JE A sw ÜF.FIC. PERT. · 33'
façam tomar aos Carcereiros das taees Cidades , ou
Villas; e fendo os Juizes nello negrigentes, os Aue-
mos por condenados em vinte cruzados , arnetade
.per"a quem acufar, e a outra metade pera a Noífa
Camara , e mais feram degradados huü anno pera.
cada huu dos Luguares d.' Africa, _e alem del!o lhe
ferá dada a mais pena que merecerem , fegundo o
dãno que de fua negrigencia, e de nom quererem
tomar os prefos fc fegúir.

T I T U L O XLIX.
Dos Almotacus, r coufas qur afiu OjjiciiJ pertmum.

Ü S Almotacees fe ham de fazer no começo do


anno por eíla guifa, conuem a faber , o primeiro
rnez ham de feer Almotacees os Juizes do anno paí..
fado.
1 hEM o fegundo dous Vereadores os mais an-
tiguos , e o terceiro huíi Vereador, e o Procurador
do anno paffado. E no Luguar onde ouuer quatro
Vereãdores, feruiram no terceiro mcz os outros dous
Vereadores, e no quarto mez feruirá o Procurador
com outro~
· 2 hEM pera os noue mezes os Officiaes do Con-
celho com o Alcaide Moor, onde por Fora! , Óu pri-
uilegio elle ha de feer prefente ao fazer dos Almo-
tacees , tornando a todos primeiramente juramento
' '\ Vv z de

.. -
340 O PRIMEIRO L1v. DAS ÜRDEN. T1r. XLIX.
\

de fazerem aquclles que pera ello mais idoneos fo~


rem, eniegeram aas mais vozes noue pares d'homens
bons, dos milhares que ouuer no Concelho, que efie
anno nom forem Officiaes deHe, que fejam perten-
centes pera o feer , e feram efcriptos erp~hüa pauta
affinada por os ditos Officiaes, e fe çarrará, e afiela-
rá, e meterá no cofre da eleiçam , pera fe faber. no
fim do anno fe fahiram aquel!es que foram ordena-
dos , e feram poftos em noue pelouros, e como fo-
rem feitos, tiraram em cada huü mez huü pelouro ~
prefeme os ditos Officiaes,. e Alcaide Moor, e co-
mo tirarem cada pelouro ,_ os efcreuam no liuw da
Vereaçam cada mez como fahirem,. e tanto. que o
mez vier confiranguam-nos ql'Je venham jurar co..
, mo efieuerem efcriptos , e quando lhe derem jura-
mento , feja charnado o dito Alcaide Moor , fe elle
hi ouuer de eflar) que venha , ou enuie alguü pera
veer como jura·Cll , e fe viir, ou cnuiar norn quifcr,
dcm-lhe juramento na Camara, em maneira·qu(t to-
dos ante que comecem fcruir tomem juramento ,.que
feruam feus Officios como dcuem, guardando Noífo
feruiço, e ao POliO feu dereito :-e fe a1guü deftes que
enlegidos forem fe finar , ou por outra razam nom
poder feruir feu mez , os OfE.ciaes do Concelho , é
o Alcaide Moor enlegeram outro em feu lugu~r que
o feja, e ferua. Pcró fe o filho d'alguü bom cafar
nouamcnte no Luguar, que feja honrado, e tal, que
deua d'aucr os Officios do· Concelho , efte feja AI~
mot'\Cee com hu~ dos que forem efcriptos em eífe
mez

. ...,.
Dos ALMOT. r cous. QlJE A sEu Üf'FJC. PERT. 341

mez feguinte, chamando ambos . os que fam efcri-


ptos; e fe alguü delles quifer leixar_de o feer por fua
vontade, por lhe fazer honra , em feu luguar entre
o que aili nouam~nte caíar; e fe ninhuü deftes o qui-
fer leixar - 1tam lance antre ·ambos fortes qual fi-
cará , e com e_lle o feja o que afi1 nouamente cafar.
3 ITEM os Almotacees fejam bem auifados, que
o primeiro atee o fegundo dia a mais tardar, como
entrarem , mandem loguo apreguoar, que os Carni-
ceiros, Paadeiras, Reguateiras, Almocreues, Alfaia-
tes , Çapateiros , e todos os outros Mefteiraes vfem
cada huú de feus rnefieres , e dem os mantimentos
em abaftança, guar.dando as Vereaç0ês, e Pofluras
do Concelho. E os Almotacees que forem no rnez
de Janeiro, e Julho de cada huü anno, mandaram
apreguoar, que em cada huü dos ditos mezes ve-
nham os que teuerem medidas , ou pefos , que fam
obriguados a afinar, que as vam afinar nos ditos me-
zes \ f-ob as penas contheudas- no Titulo Do A/mofa~
cee Moor. Porem quando os fobreditos, que obrigua-
dos fam a teer pefos , os trouxerem a afinar nos di-
tos tempos, poflo que os d itos pefos que affi leuam
a a·finar , e concertar , fejam achados que norn fam
concordantes com· o padram , nom lhe feram por if.:.
fo leuadas penas algüas.
4 I TEM dado rfte preguam , faberam, e enque-
reram perguntando algüas teflemunhas em palaura·,
fem fobre iffo fazerem efcriptura algúa , fe effes Me-
fteiraes, e Officiaes guardam as Poilu~as do Conce-
lho,
342 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜR:DEN. TIT. XLIX.

lho, e fe as· nom guardam, fe as demandam os Ren ..


deiros , e Jurados; e ·f e as nom demandarem , faben-
do que cahiram nellas , diguam-no ao Procur-ador
do Concelho, qne as demande pet·a o Concelho , e
elles julgu·em as coimas ao Concelho, ~guando-as
os que acharem em culpa 1 e o Rendeiro outro ra.n-
;o, quando fe prouar 1 que fabendo parte das taees
t:=oimas as nom demandam. ·
5 ÜUTRO SI os Almoracees que forem nos mezes
I

de Junho, e Dezembro, tirem itrquiriçam fobre os


Rendeiros,(! Jrtrados, affi dos que éntonce feruirem,
como dos que já feruiram naqueile anno, e teuerem
acabado feu tempo, fe efl:es Rendeiros , ou Jurados
fezeram auença com as partes , e com os danadores
antes de lhe ferem as coimas ju1guadas ; e (e acha-
rem que as fazdn , prendam-nos loguo pera fe del-
les fazer dereito por as ditas deuaiTas, ~ os remetam
aos Juizes Ordin.arios, pera procederem contra elles 1
\ .
orden,a damente.
6 I TEM como entrarem dem pefo aas Padeir~s,
e aas Candieiras , e defpois fiibam fe vendem por
eífe pefo que ~he~; foi dado, e fe ·a charem menos, pe-
la primeira vez Hague cincoenta n!aes, e pola fegun ..
da cento pera o Çoncelho, e pola terceira fejam em-
picotadas,; e aalern de fias penas as Paadeiras, e Can..
clieiras perderam todo o parn, e candeas que lhe for
ftChado menos d<> pefo que lhe foi dado, o qual pàm,
e candeas feja p{,:ra os prefos. E efta pena auerá o
Carniceiro fe pef11r mal a carne , e a Reguat~Ítil <i}UC
nom
Dos AtMOT.! cous. Q.!JE A sEu ÜFFic. PEkT. 343

nom guardar a almotaçaria que lhe· for pofta, e o~


que mal ·pefarem ou medirem. E fe o Carniceiro pe-
fa:r por falfo pefo , ou a Medideira , ou Medidor por
falfa medida , fejam prefos, e faça-fe delles dereito
e juftiça, e)lalem dello os fobrediros ajam as penas
que fam contheudas no Titulo Do Almotacee A1oor.
7 OuTRO SI os Çapateiros ,. Alfaiates, Ferrei-
ros, e Ferradores, e todos os outros Mefl:eiraes, a que
he pofta taixa fobre feus lauores, e obras , fe as Po-
fturas nom guardarem , pola primeira vez paguem
cincoenta reaes , e pala fegunda cento pera o Con-
celho , e pola terceira duzentos , e fe mais forem
achados em culpa, feja-lhe defefo que nom vfe mais
delfe mefter , e fe mais vfar feja prefo , e nom feja
falto atee Noífa Merce.
8 hEM os Almotacees feram bem auifados, e
deligentes em feus Officios , e os dias que o pefcado
vier cheguem aa Praça , e ponham em elle almota-
çaria fegundo feu cufl:ume , poendo o maior, e o
. meam, e mais pequeno fcgundo fua valia , pocndo
as mofl:ras em luguar ond~ as vejam os que compra-
rem. E fe o pefcado for pouco eftem h i ambos , ou
huu delles que o reparta por os maiores e menores,
· cada huü como merecer , e fegundo o pcfcado for,
em tal guifa, que os ricos, e pobres ajam todos man-
timento'· e nom fe partam dahi atee que feja dado,
e repartido como dito he ; e nom vindo hi , ou fe
partindo atee que o acabe de reparti r, pague pera ·a s
obras da Cidade, ou Villa cem reaes por cada vez, e
o
344 O PR'IMnRo Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. XLIX.
o Efcriuam d' Almotaçaria o efcreua loguo , e da lo-
ba efcripto ao Ef~riuam da Camara, que o ponha
em recepta fob-re o Procurador, fob .pe!lla de priua-
çam dos Officios , e de os l)aguarerh em dobro ; ,e fe
o pefcado for muito, defpois que almotaçado for, e
- poftas fuas mofl.ras ., nom fer.á theudo de hi mais
efiar.
9 I TEM fc~ram , e confhangerarn os Carniceiros,
que dem carneiros , e vacas ., e porcos., e as outras
carnes, e a!Tr .as Enxerqueiras fegundo lhes for man-
dado nas Vereaçoés do Concelho ., e eftaram como
for menham ne açougue ate-e ora de te,rça ;· nom fe
partindo dahi., e fazendo dar as carnes, ·e ;repartir
polos ricos , e pobres, auendo cada huü como o me-
rece ; e nom vindo , ou fe partindo ante deffe tem-
po pague as pe~fas fufoditas, e os Efcriuaes as efcre-
uam fob as penas fufodüas. Os quaes Almotacees
leuaram po.r feu trabalho do repartir a carne aquello
que d'antiguan1ente na tal Cidade, ou Villa os Ca.r-
niceiros ll:te cufl:u maram dar ., _e e·i~o fooment:e nos
K

Lug~ares onde ouuer o tal/·cufiume ·; e de ninhüa ou-


tra coufa que rçpartam, ou aja:m d~almot?pr. ou na
Cidad e ., ou Villa fe vender, nom leuaram coufa al-
·güa , ·fem ernbarguo de qualquer cufiume , ou fen-
tenças que hi aja '
em cont-rairo; fob pena d~\ encor-
rerem nas pen~s que fam pofl:as aos Officiaes , que
leuam mais do contheuda em feus Regimentos.
. 10 hEM p~ra fabercm fc os Carni-ceiros pefam
bem a carne., ponha-fe a balança c pe[os do Cotlce-
lho
Dos ALMor.. E cous. Q!!E A sEU ÜFFIC • .PER"T.. .345

i.ho em que fe pefe , e v·eja Te he ·bem pefada , c os


pefos dereitos , e o Pefador efl:ee hi fempre refi-
dente, fob pena de .v.int.e reaes .cada dia q ue nom
efte11er pera t-l Concelho.
•l -I I TEM os Alrootacees quando nom·teuerem Car-
niceiros, Paadeiras ., Reguúeiras, ou Enxerqu.eirast
Moftardeiras , e Almoct<eues , que ajam de feru ir ao
Concelh0, •re.queiram .aos Vereadores gu.e lhos den"t,
e _!iili os requeiram quedem Jurados~ quando virem
que ·os hi nom há, ou gu.e ham .t:ecado, que fe a
. Terra dãna por ·minguoa de .gwarda.
I 2 1T E·M cada huü em feu ·mez prouerá com o
~Efcriuam d' Almota_çaria os .pefos , e medidas das
pd1oas q.ue fam obriguadas ·de os teer ., fegundo he
.contheudo no Titulo Do Almotacr1e Moor ..; e aq1Jd!es
-~ que fe nom ac-ha.rem juítos , ·e ,coHcordantes, fe-
-ram punidos fegundo no . di~o Titulo he contheudo.
·r 3 -I rE'M requerer-am , e anda-ram pola ·Cidade,
·ou Villa , em tal guifa, que [e nom façam ·ern e! las
.efl.erque iras .., nem lancem arredor do muro efkr.co ,,
:nem ..QUtr-o 1ix0 , nem fe at-upam os·canos da Cida-
.de, ou Vi !la, nem a feruidam .das aguoas.
14 .hEM cada mez faram al-im_par a Cidade, ou.
ViF!a, a cada h~ú ante as fttas ,portas das ruas.; dos
.eftercos", e máos cheir~s , ·e faram tir,ar cada mez:
~odas a-s efterqu.eiras do· Luguar , .e lançar ,o efterco
rf6ra nos ,Jugnares ., onde -for ordena de _pgtos Vere a- .
.dores, em que feram poftas .eftacas . , as .quaes fe ti"'
nram aa clifl:a clos vez.inhos .,-e moradores ., que Ú!~
. Liv. I. Xtc ma~
346 O P1UMEIR.O L1v. DAS ÜRDEN .. T'LT. XLIX.
mariamerite lhe confiar por teffemunhas, que por·
palaura. preguntaram., que as fezeram , ou manda-
r-am fazer. ,. fem priuilcgiado alguú- feer efcufo délt
dita pagua. ;. e os. Almotacees-que nom fezer.em ti-.
.rar· as eflerqueiras. no feu mez-, como he ordenado,.
paguaram- quinhentos reaes por cada efterqueira ·,
que ficar po-r tirar no. feu mez, e os Juizes execu-
taram . as ditas penas nos ditos Almotacees ,. e nom
as executando , eHes encorreram. nellas._
15 I TEM- nom- c:onfen tiram que lancem beftas ,
nem caes ) nem-outras coufàs çujas, e fedorentas '
na: Cidade, ou Vílla ; e os donos das befias , e ca·e s,
os . [aterraram- fóra da Villa , em modo - que fejarn
bem cubertas , e nom poifam cheirar;. e quem affi
os nom foterrar paguará duzentos reaes- pola be-
fta , e cento pol'o caõ , e cincoenta. polo guato· pera
o Concelho, ou-pera quem o acufar._
16 Our-Ro si· mandaram apreguoar em cada
huü- mez, que a-limpem cada huú fuas tefbd;ts de .
fuas vinhas , e herdades, que aes caminhos pubri-
r b
.
€os vterem teq, 10 certa pena;. e üs q1:1e. as nom
\
alimparem , fe .as os Rendeiros nom tirarem, fa-
çam-nas recadar, e poer. fobre o Procurador.
17 ITEM f~çam as Audiencias\nos dias que he
cuftume de fe fazer , e ante d' Audiencia derradei-
ra de feu mez faram. dar preguam , GJUe todos os
que tem feitas coimas , e fam penhor~dos , e nom
fam lim·ados , que vam liurar feus penhores, e fei-
~QS em aquelle dia; e os que laa nom forem aa fua
o
H0s ALMoT. E cous. Q!JE - A .SEU ÜFFIC. PERT. .347
.reuelia julguem as coimas, e dem liuramento a
todo.
18 E os Rendeiros feram au1fados de dentro
de tres di1s affentarem. e efcrcuerem as-coimas .,
e as dem:tndarem dentro de huü rne.z, do tempo
qlle foram .feiras, e nom o fazendo a'fl1 ficaram de-
-uoluta-s ao Concelho , e defpois de julguadas as
executaram dentro de huã mez., do dia que a fen-
tença for dada .; e nom as C!ICecutando no dito tem-
po fiquem deuolutas ao Concelho, e o Efcriuam
-d'Airnotaçaria, tanto que o -mez for..aca:bado, fem
as fentenças ferem executadas .. as dará ao Procu-
rador do Concelho pem as executar dentro d'outro
-mez, do dia que ll:l.e forem dadas ; -e quando as affi
der as fará. iífo mefmo aífentar ao- Efcriua:m da
Camara em recepta fobre o Procurador do Conce-
lho, e nom as arrecadando o dito Procundor do
:Concdho no dito tempo, as paguará de fua cafa ao
·Concelho , e nom as poderá nunca -mais arrecádal'
-das partes condenadas, elle, -nem outra peífoa algi1a.;
·e o Efc-riuam d'Alrnotaçaria ., que o fribredito nom.
'CompPir no dito tempo, perderá o ·Officio, e pa-
:guar.á em dobro pera o Concelho todo o cont-hcud®
nas d-itas fentenças.
19 I TEM todos os feitos 1iuraram bem , e de...
Teitamente., -e com b-reu idade fem pwceffos, e gran ..
-des -efcripturas , e de qualquer 1iuramento que de..
·rem , fe a parte apellar, ou agrauar ) elles lhes dertt
apellaçam , ou agrauo pera os Jui'zes , fazendo-lhe
Xx 2 re..

,/{
348 O PiuMEIRo.LI.v:. DA& ÜRDEN. TIT. XLIX~

telaçam do feito. por palaura , e loguo hi feja por


dles vi1ta a. apellaçam., e agrauo, e julguado fegun-
do entenderem. por Dereito , nos feitos que nom
palfar-em c-on1ia. de feifcentos reaes ; e·como paffar·
a dita. conr.ia. defembarguem os Juizes efJes agra-
uos, e a- pelia.çoes. ,. com os Vereadores na· Camara ,.
fegundo Diffe.mos no Titulo Dos Juizes Ordinarios ..
29, E . s,E os Almotacees for-em. negrigentes , a
nom fezerem. comprir as coufas fufo ditas , e cada
húa dellas,. por cada hüa vez· paguem as coimas , e
penas~ que·paguaúam os que ham de·fa~er as ditas
coufas •. e as nom fazem; e os Juizes conftranguam-
nos polos.bens,. e polos G:orpos, quando, e cada vez
que vi irem q_ue cumpre;. e fe os. Juizes a ello nom
tornarem., p~guem-nas elles , e o. Efcriuam d' Al-
motaçaria. efcreu'e rá todo ,. e o dee ao Efcríuam da
Camara , que a~ efcreua fobre o dito Procurador •
fob pena. de o dito Efcriuam d' A.lmotaçaria paguar
em dobro pera O· Concelho as penas que ·affi notn·
efcreuer, ou no O'\ der ao Efcriuam da Camara.
2I hEM no·feito d' A.lmoraçaria os Carniceiros,
e Paadeiras, defpois que fe obriguar,em ao.Con.celho•
pera fazer feu Officio ,. aquelle que fe delle quifet
fahir, e nom fer1,.1ir ate huü anno, que o conftran-
guam por o corpo , ou polo. auer., que o faça atee·
que o anno feja: cpmprido.
22 hEM o .Efcriuam d' Almotaçaria· efcreuerã.
todas as achadas, affi· de guados , e beftas, como
~os Mclkirae.s,. Carniceiros) Paadeir.as, Reguateiras.
~
.D0s. A.t.MOT. E eous. QYE A SEU Onrc. PERT. 349
e Enxergueir~s , e outros que nas coimas cahirem ,
que polo Rendeir:o , e Jurado forem acoimados, c
()S outros que elle poder faber, que vam contra as

Pofturas, e cada tnez as amoíhará aos Almotacees ;


.e fe os A lmotacees nom tornarem a efl:o , mofircm-
nas aos. Jui-zes,.e aos homcms bons da Camara, pera
fe verem quaes fam os daninhos, e fazerem em elles
comprir as Pofturas , e Ordenaçoe.s do Rcyno , fo-
hre os dani11hos feitas.
23 E os. Almotacees nom julguaram coima al-
güa ao Meirinho da Corte, e da Comarca , e aos
feus homens, que encoimarem fem huü homem
bom ajuramentado: , fegundo Diffemos no Titulo
Do Meirinho da Corte.
24 ITEM os djtos Alrnotacees conheceram de
todas as demandas ,. que fe fezerem fobre o faz-er ,
(i)U nom fazer de paredes de cafas , ou quintaes. , e

affi de portaes, janelas, freílas, ou eirados , ou to-


mar, ou nom tqmar d'aguoas de cafas, ou fobre
meter traues, ou qualquer outra madeira nas pare-
des , ou fobre efte.rcos, e çugidades , ou élguoas, que
fe lançam como nom deuern , e fobre canos, e en•
:xurros ,_e fobre fazer de calçadas., e ruas.
25 h .EM aos Almotacees pertence embarguar ·
qualquer obra de edifício , que fe dentro na VJ!Ia,
vu feus arrabaldes fezer , a- r-equerimento de qual-
quer pane , poendo-lhe aquella pena que lhe bem
parecer, atee feer determinado por Dereito fobre
eUo; e fe defpois. fezer mais obra )· fem mandado
de
· .350 O Prt:rM&.IRO Liv. DAS ÜRDF.N. Tn. XLlX.
·de Juftiça, que pera ello tenha poder, élalem de
<encorrer na dita pena , desfar-fe-ha toda obra que
hi defpois fezer ·, pofto que quei·ra moíl:rar, ou me-
ftre , que de Dereíto a podia fazer.
26 !TEM qualquer que te1:1er cafas , ou •cafa, .po-
,de nellas fazer eirado com peitoril., e janelas., e fre-
:ftas, e portaes, quantos eJ.le qu-ifer, e alçar-fe quan-
:to quifer, e -tolher -o ·lume a qualquer .outro feu ve-
lhinho d'antc G , fe quifer. Porem ninhuü nom po-
derá fazer frcfta , nem janela, nem eirado ·com pei-
·torit fobre cafa, nem fobre quintal d.,outm., porque
·o defcubra ., que eftee conjunto aa parede ·oade afH
·. quer fazer a janela ., ou frefta, on eirado, fem cou-
fa. algua fe meter em meo. E b~a1 poderá fazer ·ei-
:.rado com parede tam alta , que .fe nom poffa geitél'r
fobre ella, per4 veer a cafa ., ou quintal d'outrem.
E afli qttem quifer poâerá 'fazer na fua parede Í-<'lcrre
o telhado, ou c~uintal d'out.rem" feeteira por onde
'foomente _poffa auer claridade .; e quando o outro"~~
.fobre que.fe faz ., fe quifer a'leuanta-r ., poàer-lha-ha
fazer tapa r , pofto que feja paffado anno .e dia , ou
·Outro qualquer .r,nais tempe , que ·efl:eueffe feita.
27 E TENDO alguú -feita janela, ou frefta, oa
eirado com peitoril.., em cafo que a nom podia fa ...
zer , de fpois de feer paffc1do ·anno e -dia _, fe a .parte
era preíe!Tte no ~uguar - onde fe fez ., já lha nom po ...
derá fazer desfazer ., poA:o que fe aleuantar queira.
2 & h~M em beco norn poderá. fazer alguõ ja~
nela , nem porta,l ~ faluo _por licença dos Alrnota ..

,__
cces ..
Dos ALMOT. E cous. Q.YE A sEu ÜFFIC. PERT. 351
cees, e Officiaes da Camara, a qual lhe daram fe
virem que tem neceffidade •. e nom traz muito per.
JUIZO.
29 I TEM quando algüa peffoa tcuer a lgüa jane-
la aberta em fua parede [obre algua azinhagua ,.
{]_Ue for _tam efl:reita. que nom paffe de quatro-pal-
mos-, e que no1n aja· nella portas , foomen te correm.
as agúoas dos telhados por ella , nom fe pode o ou-
~ro vezinho alçar tanto, que lhe tolha o lume da ja-
nela, mas poder-fe-ha alçar atee dereito Ja janela ,
em modo que lhe noro tolha. o lume, e mais nom •.
30 hEM fe algüa pe!foa teuer janela, ou beiraS<
de telhado em algüa pared e , que feja. [obre cafa·
d'outrem , e desfezer effa. parede, ou lhe cahir, e a
rquifer renouar , ou refazer de nouo, nom poderá hi
,fazer maior janela , nem beiras , nem em outro lu-
guar, [.e nom como -a d'ante auia ,. nem poderá hi
fazer ma.is janelas.
31 !TEM fe aJgÚa peffoa· teuer hua• cafa de hua .
•parte da rua, e· outro feu vezinho·quer fazer cafa
da outra. parte da rua·, ou fe já d~an.tes a· cafa era.
feita, c. quer nella abrir portal de nouo, ou quer hi.
fazer janela , ou frefl:a, nom a . poderá abrir , nem
fazer dereito do portal, ou da janela , ou da frel1a
.do outro feu vezinho, que mora da-outra- parte da.
rua ; faluo fe d'ante hi ouue já·o dito portal , ou ja-.
nela,. ou fr.efl:a , onde o ora·q uer abrir·,. porque ·en-
4

tonce a poderá fazer no proprio modo, e maneira~ .


.que d'ante ·eftaua •. E I?Orem.de(uiado do outro, .o
poderá fazero 32. E
352 O PRIMEIRO L1v. Dl'\s 0RDEN. TrT. XLIX.
32 E BEM ASSI nem poderá petfoa algãa poer
efcada em a -rua dereito fio portal de feu :vezinha ,
porque lhe embargue a en~rada do feu portal.
33 E seM ASS-I norn fe poderá fazer na 1-ua
.efcada,, nem ramada ., nem alpendere, nem outra
couf..'l alguJ., que faça embarguo aa feruentia da di-
ta rua , e fe o fezerern nom -lhe ferá confentido , e
.os Almoracees lho mandaram derrubar•
.;34 Ou:rRo s.r fe algüa pdfoa ouuer duas cafas,
.que íejam h·ua d.e hüa patre, e outr<\ da outra parte
da rua , e hi teuer .lançadas trat,.!s ·por cima da dita
.rua de hua .parte pera outra ., ·C teuer bi feito bal •
.cam com fobrado , ou abobada, e de.fpois acontecer
que hua cafa da parte da rua he de huã hereo , e a
outra caía da outra .parte he.d'outro ·hereo com o
.bá!carn, ou ab4lbada, ·OU ametack della., e ambos.,
ou cada huu delles -fe quifer a1çar, podem-no fazer.,
·e huu ,, e outrô - ~ e cada huü por fi poderam fazer
janelas , e Jreftas febre aquelle ba.Jcam :; por quan-
to pofto que o dito balcam , ou abobada eA:ee na&
paredes , fempre afii o debaiKo do balcam ., como <J
aar d'emcima fica do C011celho ; e por tanto cad<P.
vez que o Concelho quiíer, vindo a caufa pera ello»
o pode Í:'lZer derribar ., porque .por tempo alguíl
nunca poderá aquirir poffe em o dito balcam o [e ..
nhorio .da dita cara, ou balcam.
35 .l!I'EM fc 'llgnü teuer janela fobre alguü quln-
·. tal, ou ca:mpo 4'eutrem, e aquelle .cujo for o quin-
ttal.1 ou campo .• quifer hi .fazer .cafa ,, nom poderá
fa-.


Dos ALMOT. E cous. QlTE A sEu ÜFFic. PERT. 353
fazer parede tam alta , que tape a janela que ante
hi era feita, fe paffar de anno e dia que era feita;
porem fe o que quifer fazer a dita-cafa quifer lcixar
azinhagua de hüa vara e quarta de medir pano, em
larguo , bem poderá fazer a dita cafa , e alçar-fe
quanto quifer. ,
36 hEM fe hüa cafa for de dous fenhorios, de
guifa, que de huü delles feja o foram , e d'outro o
{obrado, nom poderá aquelle cujo for o [obrado fa-
zer janela fobre o portal d'aquelle cujo for Q fotam ·,
nem outro edifkio alguõ.
37 ITEM ninhuü nom poderá meter trau-e em
parede, em que nom teuer parte; porem fe lhe qui-
fer paguar ametade do · que a dita parede cuftou.
poderá nella madeirar, fendo a parede pera iffo.
• 3 8 E sE em algüa parede d'antre dous vezinhos
. dl:euerem metidas algüas traues, ou traue , e nom
confiar que eíte , que as taees tra.ues tem metidas,
tenha parte na dita parede, e o outro vczinho teuer
madeirado na me f ma parede mais alto, que o feu
madeiramento, efle que mais baixo tcuer madeira'"!
do poderá meter quantas outras traues qui.fer,
donde teuer metidas as primeiras pera baixo, e di
pera cima nom poderá meter outras mais traues,
nem madeirar; [aluo fe comprar ao dito feu vezi-
nhó , que efiá madeirado mais alto • ametade da di-
ta parede. ou fe auier com elle.
3 9 hEM fe dous ouuerem hüa cafa comua, ' e
huü delh:s quifer partir, e o outro nom , partir-fe-
Liv. f. Yy ha
35+ O PRIMEIRO Ltv. DAS 0RDEN. TIT. XLIX.

ha, pofto que huú deHes nom queira , e amqos da.


ram o luguar na cafa pera fe fazer parede de re..
partimento, e o alicerce della. E fe anrre eHes for
diferença que huü q ueira que .fe faça de tauoado ,
e outro de taipa, ou de pedra> os Almotacees vejam
a cafa e luguar, e fegundo o que acharem ~ que fe
deue fazer mais proueitofamente pera as partes ,
affi o façam fazer. Porem fe ambos. nom forem con-
cordes de fe fazer a dita parede aas fuas cuftas ,
aquelle que requerer a partilha a faça aa fua cufta ;
porem o outro nom fe poderá ndla madeirar, nem
lograr della em coufa algüa, fenom quando. lhe pa..
guar ametade do·que cuftou.
40 I TEM fe alguem teuer cafa que verta aguoa de
feu telhado fobre a cafa de feu vezinho, o qual vezi-
nho quifer fazer parede no feu) pode-fe alçar, e po ..
de-lhe britar as beiras, e cimalhas, e·encanamentos ..
e alçar-fe quanto qllifer , fe o. feu vezinho hi nom
teuer frefta, ou jaqda; e quando fe aili alçar , tomar..
lhe-híl as aguoas, e darii feruentia pera ellas, em tal
maneira , qu·e o dito feu vezinho nom receba dãno.
"41 E sE algue1n tt:uer parede de perrneo com
outro feu vezinho, e a cafa de huü he mais alta que
a do outro, e telljl a cal por que verte a aguoa do
feu telhado na dit~ parede , e o que tem a cafa mais
baixa quer-fe ale~antar pola parede mais 41.lto que
o outro , pod~r-fe-ha alçar por toda a parede , em
tal guifa , que lhe leixe· tamanho luguar de parede,
per que colha a a~uoa do telhado d'aquelle , que
ante
Dos AtMOT. E cous. Q!JE A sEu ÜFFic. PERT. 355

ante hi tinha a cal , porque recebia a aguoa ; em


modo que lhe nom venha por ello dãno.
42 E SE alguü quifer verter todalas aguoas de
fua cafa a huü -luguar da rua, pode-o fazer por cal,
por onde as aguoas venham por fua parede; porem
nóm poderá fazer a cal tam longua, que feja fóra
em a rua , por que faça nojo, nem mal a feu vezi-
nho, ou aos que paffarem pola rua; e fe alguem te-
uer já feita cal longua, nom a poderá mudar Fera
poer hi Ol,ltra maior, nem d'outra feitura da que
era dante em aquelle mefmo luguar; porem a tal caf
affi longua nom poderá prefcreuer por tempo alguu,
fe nojo fezer ao vezinho ,. ou aos que pafiàrem pala
rua, como diro he.
43 E TODA PEssoA que teuer campo, ou pardi-
dro a par do muro da Villa, pode-fe aco'flar a el-•
le, e fazer caG1 fobre elle, porem fica fempre obri-
guado, fe vier guerra, ou cerco~ de a derribar, e dar
por elb corredeira , e feruenria ; e fe o muro f<ibre
que affi ouuer a cafa , ou a que fe acoftar, cahir •
aquelle que aili teuer a dita cafa ferá obriguado a
tornar a fazer o dito muro aa fua cufta.
· 44 E MANDAMos que fe algua peífoa fe agueixar
d'outrem , ou o demandar perante os Almotacees •
por razam d'algüa feruentia de caía, ou qualquer
outra coufa de feruentia, que pertença aa Almota-
çaria, e defpois paffarem tres mefes fero feguir a·
dita demanda, ou fem fe tornar a queixar, ncn1 po-
derá j-á mais feguir -a di-ta cau[a ·, nem tornar-fe :r ·
Yy 2 quc1-
3.56 o PtUM~IRO LIVRO DAS 0ROEN. TIT. L.
queixar dello; e fe feguindo a dira demanda leixar
de falar a dia tres mezes inteiros , nom ferá mais
ouu ido fobre ella, norri auendo alguu jufto e lidimo
impedimento.

TITULO L.
Da Procurador da Concelho , e cou_fas. que aa dito Officio
pertencem.

DESPOIS'~ue as re.ndas do ·Concelho forem ar-


rendadas., faberá o- Procurador do Efcriuam da Al-
motaçaria • e affi dos outros Officiaes do Concelho,
fe algüas pelfoas cahira:m em penas ,'ou coimas, que
o Rendeiro nom qernandaffe a tempo deuido, e d'e-
manda-las-ha pera o Concelho, porque a elfe per~
tence, quando as o Rendeiro· nom demandar no dit()
tempo ; e tanto que forem julguadas pera o Cone~­
lho, as fará carre~uar fobre o Tefou·reiro·, e affi as.
que forem julguadas , e nom executadas em tempa
deu ido , as fará carregua:r fobre o dito Tefoureiro,
fob pena de pagu~r de fua cafa as ditas coimas e pe-
nas, e as ditas den;l'andas , e cu fias , que fe nellas. fe..
zerem, fe paguararn polas ditas penas e coim~s •
. I hEM requererá bem todos os adubios e cor..
regimentos, que comprirem aas eafas,. e 'pontes,. e
fontes, chafari.zes , poços , calçadas , caminhos, e
todos os outros bens do Concelho ; e affi pcocura rá
to ..
Do THEs. no CGNC. E cous.Q!JE A sw ÜFF. PERT. 357

todos feus feitos em tal maneira , que fe nom per.


cam, nem danifiquem por fua minguou; e o que mal
corregido for, requeira aos Vereadores , c Officiaes
a que pertencer , que o mandem correger , o qual
requerimento lhes fará perante o Efcriuam da Ca-
rnara, o qual efcreuerá o dito requerimento , por-
que nom fe fazendo como deue , fe faiba por cuja
culpa fe leixou de fazer , e fe fazer paguar a perda ,
por quem dereiro for.
2 ITEM quando o dito Procurador acabar feu
Officio dará razam aos Vereadores,. perante o Efcri.
uam da Camara , como ficam as coufas do Conce-
lho, e em cujo poder, pera os Officiaes, que noua.
mente entrarem , fabcrem como as ditas coufas
efiam, c o que fobre cllas deucm fazer.

TITULO LI.
'rtjourúro do Conctlho , e coujas qru tt fiu O.fficio
pertencem.

O TESOUREIRO na de receber todas as ren-


das do Concelho , e ha de fazer todas as defpefas ,
que polos Vereadores forem mandadas fazer.
I E NOM receberá nem defpenderá coufa algfia,
fenom prefente o Efcriuam da Camara , o qual lo-
guo affenta rá em o liuro, que pera ello ha de fazer •
em o qualliuro feram aífentados os mandados das
defJ?C:-
35S O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LU.
clefpe[as, que elle ouuer de fazer , os quaes man-
ldados feram affinados no dito liuro polos Vereado-
res que os mandarem, e d'outra maneira nom def-
penderá coula algüa das dcfpefas groflas , fob pena
de lhe nom ferem Ieuadas em conta; e quanto he aas
de fpefas miudas , falas-ha prefente o Efcriuam da
Cam ar a , o qual de lias terá canhenho, e o -molhará
aos Vere a dores, fcgundo no Regimento de feu Ofli-
cio he contheudo.
, 2 In: M quando as rendas do Concelho nom fo-
rem arrendadas, as arrecadará em guifa, que fe nom
perca m , fob pena de as paguar de feus bens , e
compoer todo o dãno, que o Concelho por elle re-
ceber.
3 E Nos Luguares onde nom ouuer Tefoureiro
o Procurador d? Concelho feruirá o dito Officio , e
guardará , e comprirá em todo eíl:e Regimento.

----.- (
TI T U L O LII.
Do Ejcriuam dt~ Camata. , e coufas qut a ftu Ojjici~
perte11cem.

Ü ESCRIVAM da Carnara fará em cada huü


anno liuro da recepta de todo aqLJello que as ren-
das do Concelhp renderem , poend-; cada hüa ren-
da f obre fi , e a quem h e arrendada , por quanto pre-
s;o, e os tempos a que fc ham de fazer as paguas,
e quaes fam os fiadores. .. 1
Do Esc R. DA CAM. E cous. Q!JE A sw On-. PERT. 359
1 I TEM em outra parte defl:e liuro poerá · todas
as defpefas que o Tefoureiro ou Procurador do Con-
celho, onde Tefoureiro nom ouuer, fezer, as quaes
defpef..1s afientará por o miudo bem declaradas, em
maneira que fempre fe poífa tomar a conta dellas.
2 hEM nom [e faram defpefas · algüas, fenom
por acordo dos Vereadores, o qual acordo efcreuerá
o Efcriuam no dito liuro em ·titulo apartado fobre
fi , e o dito acordo ferá ailinado polos Vereadores , e
Officiaes, e homens bons do Concelho, que no dito
acordo forem , e em outra maneira nom efcreuerá o
dito Efcriuam deípefa aigüa no dito liuro.
3 OurRo si todas as defpefas miudas que fe fe-
zcrem , (açam-fe perante o Efcriuam da Camara ,
o qual fará canhenho apartado fobre fi , em que po..
nha as ditas defpefas miudas. e leuará o dito fanhe-
nho aa Vereaçam, .c o amoftrará aos Vereadores; e
aquellas defpefas, que os ditos Vereadores ouuerem
_,::::--o._or boas e bem feitas! affentará no Iiuro da Cama:-
ra' , iífo me f mo aífentará per quem , e per cujo
mandado as ditas defpefas foram feitas, e os ditos
Vereadores as ailinaram.
4 hEM todos os Mandados c Acordos-, per que
fe ajam de fazer algüas coufas , efçreuerá em huú
liuro pera ello ordenado, os quaes Acordos e Man-
dados feram affinados por aquelles , que os acorda-
lem , e mandarem.
5 ITEM ao Efcriuam da Camara pertence efcre..
uer em os feitos das injurias ve.rbaes .a que em Ca..
mara
, j6o O PRIMEIRO Lrv. DAs ÜRDEN. TIT. LII.

tnara forem defembarguados, fe defpois que o fei-


to for conclufo pera finalmente fe defpachar, for ne-
ccffario por mandado dos Juizes e Vereadores efcre-
uer algüa coufa. no dito feito ; porem em quanto fe
o feito proceífar perante o Juiz, aos Tabaliaês ·, que
efcreuem perante o Juiz, pertence efcreuer no di-
to feito ; e affi Mandamos , que defpois que a fen-
tença for dada 11'? dito feito, e pubricada na Cama-
ra, tome o feito ao Tabaliam que o proceffou ; e fe
o Efcriuam da Camara nom tcuer efcripto no dito
feito mais que a pubricaçam, leuará fete reaes da
dita pubricaçam , fem mais fobre dles hir o dito fei-
to ao Contador.
6 OurRo sr a elle pertence efcreuer todas as
Cartas teflemunhauees de quaesquer requerimentos
que fe fezerem aos Vereadores , e Offi.ciaes da Ca-
1

mara , que ou~erem de paffar fob final dos ditos


Vereadores , .e ferem affeladas com o. feio do Con-
celho.
7 . I TEM o Efcriuam da Camara terá hüa das _áá~·
ues da arca do Concelho, em que ham de ell:ar os
Foraes , Tombos , e Priuilegios , e outras Efcriptu-
ras, o qual .Efci;iuam nom confentirá, que co ufa al-
gúa das fobredi fas , que na dita ·arca ell:euerern, fe
tirem fóra de!h,t pera ninhü·a parte , faluo quando
algüa Efcriptura for neceffaria [e tirará na cafa da
Camara , onde tal arca eíl:euer, e tanto que fe v-i-ir,
ou tresladar, f~ torne á arca , e efto cumpra affi o
Efcriuam fob pena de priuaçam do Officio.
s
:Oo EscR. DA CAM. E cous. QYE A SEU Or. PP.RT. 36r

8 I TEM o E!criuam da--camara em começo de


cada huü mez, na primeira Vereaçam que fe fezer •
lerá, e publicará fcus Regimentos aos Officiaes da
Vereaçam , e aos Almoracees , e todas as ditas pu ..
blicaçoes feram affinadas polos fobreditos Officiaes.
fob pena de paguar duzentos reaes pera as d e fpc:fa~
da di-ta Camara cada vez que o affi nom fezer, os
quaes o Procurador do Concelho fará efcreuer fobre
o dit-o Efcriuam da Camara ao Efcriuam da Almo-
taçaria.
9 I TEM de todos os affentos que fezer em feus
liuros por mandado dos Officiaes a requerimento
das partes , aili como de obriguaçoes , e fianças , e
outros femelhantes , leuará de: cada huü tres reaes.
IO ITEM dos Aluaraes que fezer, que ouuerem
de feer aílinados polos Officiaes da Camara , ou por
cada huú delles, leuará de cada Aluará quatro reaes.
E porem fe em alguüs Luguares eftam em cufiume
,, d ~ leuar menos do aqui contheudo , ou de nom le-
uar . . oufa algüa , nom leuaram mais coufa algúa. E
J10 mais que nom f-or prouido expreffamentc: pol"
efte Regimento do que ham de leuar, leuaram aas
f egras , como os outros Efcriuaés do Judicial.

:z,·v. 1. TI~
•.

362 O PRIMEIRo Lrv. DAS 0R.DEN. TrT. LIII..

T I T V L O LIII.

Do Efcriuam da Abnotat;aria, e coufas que afiu


Olficio pertencem.

O ESCRIVAM da Almotaçaria efcre~c~á todas


as achadas , affi de guados , e beflas, como e Me-
fteiraes , Carniceiros , Paadeiras, Reguateiras, e ou-
tras quaefquer que cn1 coimas cahirem; que polos
Rendeiros, e Juátdos lhe for notificado.
1 OuTRO si efcreuerá rodas as outras peffàas que
elle fo uber , que vam contra as Pofluras do Conce-
lho, e cada mez amoflrará as ditas achadas aos Al-
motacees , e fe os Almotacees 'n om procederem con-
tra os culpados, moftre. as o dito Efcriuam aos Jui-
zes , Vercadore~ , e homens bons da Camara , pera
faberem quaes 1àm os daninhos , e pera fe executar
em elles as Ordenaçoes, c Pofluras do Concelho, e
nom o fazendo affi , o dito Efcriuam paguari;,o;:- (1
dobro pera o Cqncelho todas as coimas, e penas 'que
affi nom amoflrar aos Almotacees, ou Juizes, e. Ve-
readores.
2 I n:M trab;alhe-fe de faber, fe os Rendeiros ,
ou Jurados tem feitas auenças com aquelles que po-
dem cahir em coimas ante de as terem feitas, ou lhe
ferem julguadas; e fe achar que taees auenças fazem
ante de as ditas ç:oimas lhe ferem julguadas por fen-
tenç,a , o notifiquem aos J uizcs pera os. pumrem fe:..
gundo fórrna de No!fas Ordenaçoes; e efto co,mpri..


Do EscR. DA ALM. E cous. QyE A sEu OF. PERT • . 363

rá aili o dito Efcrtuam , fob pena de feer fufpenfo


do Officio ern quanto Noífa Mcnce for.
3 hEM cfcreuerá todas as pen~s em que encor-
rcrem os Almotacees por nom comprircm aquellas
çoufas, que em feu Regimento lhes fam mandadas ,
fob pena de paguar em dobro pera o Concelho as
ditas penas que aili nom efcreuer; e em fim de cada
mez o dito Efcriuam leuará aa Camara eflas renas,
em que aili os ditos Almotacees teuerem encorrido,
e as amo(hará aos Juizes pera as mandarem execu-
tar em os ditos Almotacees • que em cUas encorre...
ram.
E o dito Ejcriuam d' Almotaçaria lcuará defeufalario
o que Je jegue.
4 I TEM de hua auçam , e contefl-açam , e m3.n..
dado pera fe preguntarem teíl:emunhas, tres reaes , ·
e nom auendo mandado p.::ra fe preguntarc:m tefte-
munhas, leuará foomente daus reaes.
' " "::) I nM de hüa abfoluiçam da inftancia do J ui..
zo a íTentada no q uaderno dous reaes.
6 h.I'.M de hüa apellaçaiif ai:ttre partes pera o
Juiz, ou Camara, tres reaes.
7 I TEM de hüa teftemunha tres reaes.
8 ITEM de hua fentença quatro reaes.
9 I TEM de hüa pena pofta antre partes quatro
reaes.
10 hEM do prouimento pola Villa , ou Cidade
aos Marceiros, Boticairos , Mercadores de panno de
Zz 2. coor
364 O PRIMETRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LIV.
coor e linho, e Reguateiras , dous reaes de cada ca-
fa, quando os acha~~m em culpa , e dos que nom
acharem em culpa nom leuaram coura algila.
I r E sE ouuer algüas cauras , em que fe ouuer
d'ordenar feito alguü , e guardar a ordem do Juizo,
leuaram o que he ordenado aos outros Efcriuaês ,
fegundo he contheudo no Titulo Do que bam de /e-.
uar os 'Tabaliaes, e Ejcriuaes de jeu Officio.

T I T U L O LIV.

Dos Zuadrilbeiros.

E M todas as Cidades , e Villas , e Luguares ,. e


feus Termos auc:rrá ~adrilheiros , pera que milhor-
fe prendam os It1alfeirores ~ e fe euitem os malefi-
cws.
1 E PERA fe fazerem os ditos Q!.adrilheiros fe- :- { ~
ajuntaram em Camara os-Juizes , e Vereadores f'~ .
teram em huü rol todos os moradores da dita Cida-
de , Vi\la , ou Lu~uar , e feu Termo , e a cada vin.
te moradores que;: ajam de feruir em quadrilha , que
mais vezinhos eíleuerem , ordenaram huü ~adri­
lheiro, que pera ello mais auto, e penencente lhe
parecer; e feitos ~ffi os ditos ~adrilheiros , ficaram
efcriptas no Iiuro da Camara polo Efcriuam della
pera feruirem tres annos çom a quadrilha que lhe
~ffi for ordenada.
Do ·s Q u A D n I L H E 1 R o s. 36 5
2 E SERA' dado juramento em Camara aos que
affi forem ordenados por ~adrilheiros, que bem c
verdadeiramente cumpram o Regimento ndl:a Or-
denaçam conrheudo. E aca·bados os tres annos or-
denar_?m ourros ~adrilbeiros na maneira fobredita;
e fe durando os ditos tres annos falecer cada huü
dos ditos ~adrilheiros , ou fe abfcntar de abfencia
perlongada, os mefmos Juizes, e Vereadores faram
outro em feu 1uguar, que acabe de feruir os ditos
tres annos, ou atee o outro viir, quando for feito por
fua abfencia perlonguada.
3 !TEM cada ~adrilheiro terá vinte homens de
fua quadrilha , os quaes lhes feram dados em rol ao
tempo que receber juramento, e o tr.eslado do dito
ro} ficará na Camara pera fe faber os que lhe foram
ordenados ; c:: feram obriguados todas as ditas vinte
peffoas a terem c::ontinuadamente lança de defoito
palmos pera cima , -ou ao menos mea lança boa ; e
\ ,. " 'n.Qrn a tendo paguará cincoenta reaes pera o Meiri-
. nh que o acufar.
4 E os moradores dos Termos, e Terras chans
trazeram configuo continuadamente lança , ou mea
lan.ça; e pofto que em feus feruiçós andem, hi as te-
ram , pera tanto que ouuirem alguü apelido, ou os
chamar o ~adrilheiro , poder:em loguo dahi hir on-
de lhe for mandado, ou comprir por Noífo feruiço,
·c bem de Juftiça; e quem for achado fem as ditas
armas, pague por cada ve~ . dncoenta reàes pera o-
pito Meirinho. ·
s-
36~ O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LIV.
5 I TEM ferá cada ~adrilheiro muito deligente
em faber pera fua enformaçam , fem fobre i1.fo tirar
inquiriçam, fe em fua quadrilha fe fazem alguús
furtos 1 01,1 outros crimes, e quaç:s fam as pe!Toas que
niffo tem culpa, pera quando por hi vier o Correge-
dor lho fazerem fabe:r, e aili. o faram faber ao Juiz
pera fazer aquello, que por bem de No1.fas Ordena-
çoes pod em 1 e deuem fazer.
6 OuTRO sr feram muito deligentes em f.:1berem,
fe em fuas quadrilhas andam alguüs homens vadios,
ou de maa fama, ou alguüs eftrangeiros, e loguo
lhes tomem conta qo que hi fazem; e nom lhes dan-
do elles algüa jufta, e verd~deira razam, per que te-
nham caufa de hi andarem , os prendam, e leuem
ao Juiz antes de ferem metidos na Cadea , o qual
Juiz lhe tomará C~)Jlta de quem fam, e do que hi fa-
_zem , e achando-qs em cuipa os prendam , e façam
<1elles juflip com apellaçam, e agrauo; e dando o
tal homem algüa razam per que pareça claram_ente _-·«
1

que tem neceili.da~ e de eflar na Terra , o Juiz tf-íê -~


mande que em c~rto tempo, .que lhe parecer que
abaftará 1 acabe o que hi reuer pera fazer , fob pena
de feer prefo ; e [(lndo mais defpois achado, paífadq
o termo que lhe q Juiz der, os ditos ~adri.lheiros
o prendam, e leuçrn ao Juiz como ditohe. E qual.,.
9uer ~adrilheirq , que em fua quadrilha con(entir ·
a:ndar as fernelha{\tes peffoas, fem comprirem o qu<:
lhes-aq ui he man9ado) encorreram em pena de tre.. ·'
zentos reaes -pera p .Meirinho ) ou Alcaide , e alern
diffo
D o s Q__u A D R I L ·~ E I R O s: 367
cliífo fe a tal peífoa vadia, ou eftrangeira fezer alguü
furto , ou dãno a algua pefioa , o dito ~adrilheiro
com os de fua quadrilha , que confentirero antre fi\
andar a tal peífoa, paguará aa parte danificada o dã-
no que receber.
7 hEM pera milhar execuçam da Juftiça, e os
malfeitores , e homeziados nom andarem pala Ter-
ra , os Juizes tanto que os Tabaliaes lhes derem os
roles dos culpados , os daram a cada ~adrilbein~,
huü rol dos que deuem fe·er prefos, o qual lhes en-
treguará perante huu Tabaliam , e os ditos ~adri­
Jheiros faram de maneira, que fe cada huü dos ditos
culpados (que lh~s os Juizes derem em rol ) andar
em fua quadrilha, o prendam, lançando loguo onde
quer que o virem ape-lido , dizendo Prmder Foam
da parte d' El-Rei · nojJo Senhor; aa qual voz fahiram
loguo todos os de fua quadrilha, e de quadrilha em
quadrilha o figuam atee feer prefo ; fob pena de
. . ) ;.r " fjuelle 02adrilheiro, ou quadrilha, per cuja culpa,
ou' minguoa o tal homeziado dejxar de feer prefo,
paguarem aa parte danificada o que lhe paguara o .
dito homeziado fe fora prefo, e aalem difio o Qga-
Jrilheiro, que em fua quadtilha deixar andar algüà
peífoa das que lhe fore·m dadas em rol, encorreram
ém pena de quinhentos reaes pera o Meirinho, ou
Alcaide que o acu[1r.
8 hEM feram os ditos O!:!adrilheiros, e ·homens
de fuas quadrilhas muito deligentes em acudirem
àas voltas , e anoidos com. fuas armas, e faram de
ma-
368 O PRIMEIRo Ltv. DAs ÜRDEN. Tn. LIV.
maneira que prendam os culpados ; e fe l:oguo nos
arroidos os nom poder.em prender , corram apos el-
les com apelido no modo fobredito de huma qua-
drilha em outra atee ferem prefos .; e deixando os cul~
pados de ferem prefos por fua minguoa, feram abri-:
guados paguar aa parte danificada o dãno que rece-
beram, e poderam auer do malfeitor fe fora prefo ;
e aalem deíl:o o ~adrilheiro que nom acudir aos
arroidos paguará cem reaes , e as outras peffoas da
fua quadrilha paguaram cada huu cincoonta .reaea
pera. o Mci.rinho , ou Alcaide que os acufar.
9 ITEM fendo cafo ~ qt1e feguindo alguü ~adr1-
.lheiro alguu homeziado pera o prender , e elle fe
acolher a cafa de alguü. poderofo , o. dito ~adri~
lheiro lhe requererá que lho enr.regue , ou lho deixe
bufi:a-r em fuas calfas , e nom querendo lho haja por
prefo em fuas m~.õs ., e tendo hi Tabaliam faça de .
todo auto,, e no~ fendo Tabaliam tome de todo te ...
ftemunhàs , e logpa ante que torne a fua cafa fe ~ai!.--<~
ao Juiz da Terra, o qual Juiz fará de todo auto ('é
procederá per ellq a lhe feer ~nvegue o di r~ malf~i-
tor fegundo fór~a da Ordenaçam, ou enuie .o dito
auto ao Corregedqr da Çomarca, o qual Corregedor
guardará acerca qello a dita Ordenaçam. E eíl:e re-
quer_imento (aos poderofos em auer-l~e por prefos
os malfeitores err.a fuas maõs ) nom faram os Q..ua ..
drilheiros, faluo 9nde' nom eíteuer Juiz; porque on..
de efl:eu.e r Juiz , pu loguo poder feer chamado, o
dito Juiz fará o dito requerimento J ç guardará ~
fór.ma ~as Ordena,çoês. · - {Q
Do ;s Q_u A oRI Lu E r tt os. · 369
- 'lO E SENDO · a peífoa onde fe o.dúa n1alfc~tor
acolher peífoa Ecclefiaftica , ~ nom o querendo en_,
treguar·, nem confentir que as caías fc lhe ~ufquema
por eífe feiro ferá fuípenfo de qualquer Jurifdiçam
que tcuer tee Noffa Mercc.
11 · hr:M porque ·Somos·enfor-mado-, que alguu1
dos ditos Prelados trazem configuo, .e acolhem em
os Cautos de feus Moel1eiros cs malfeitores , nom
efguardando como lhe já foi defefo per Noffo Mnn ..
dado, nem olhando o que deuem a Nollo feruiço,
e fua honeílidade, Q!eremos .qúe tanto que os Jui~
zes, ou ~adrilheiros. fouberem, que .alguú malfei~'
tor [e-acolhe em cafa dos ditos Priores, e Dom Aba-
des, lhe diguam , e ·requeira-m que cJs lancem fora.,
flOtificando-lhe.. como fam omiziados; e tendo-os-
cJks mais~ ou trazendo-os configuo , façam d'iffo
auto, .e o onuiem ao Corregedor, o qual procederá
.contra dles a.fufpenfam d·a dita Jurlfdiçam, como
dito he •
. .' 12 · E .Esu requerimento ;fe lhes nom fará quan~
do o tal omiziado teuer cometido o crime, per que
merece fee.r prefo no Couto do dito Moefteiro; por.. ·
que em tal cafo pela mais obriguaçam em que os
ditos Dom Abades, e Pr-iores el1am , de os· nom aco ...
!herem, nem empararem , .nom fe lhes. fará requeri ..
w~nto , que os: lançem fóra • .mas .Prendelos-hain em
fuas cafa~ ,. fc: o poduem fazer fem fe f.eguír cauf.:t
cpntra .Noífo feruiço.; e em outra maneira façam au~
t-o, e Q .çnuiem ao d1to _Correged<;>r•.
~v. 1. Aaa ·, 13 E
J!'J.CI.:, o PR.IME!RO LIVRO DAS 0RD. TtT. LV.
- . ""I s; ' E O /I) Corregedores pelos Luguares onde an-
darem , ou efteuerem )· fabcram com1 dcligencia , fe
O) G.!!adrilheiro~ cumprem efte Regimento, e pro..;
ccdat;n contra os que acharem em c·ulpa.

.-
(' "
Dos Alcttides MáorfS dos Cafielos.

T. E~R: Caftelo .d'El'l~ey , /ou d'outro Sen~or. fe;.;


gúndo fqro '<l"nÜguo deít.es Reynos , he couf..1. em que
jaz muito gt·ande periguo, que pois ha de. cahit· em
· penã de. traiçam o q).le o teue-lfe , [e o pcrdefie por
f.ua culpa, múito deuem os que os teuerem feer pre-
c-e~iàos d~ bs,gua'rdar, de -malíieÍra rque nom ·c aiam
·C:.ln eU a .; e p.era dl:a gua:r.da -feer f~ita comprida.men-
t~, deupn feer dgua;rdad.as -cinco çoúfas : a primei ..
ra , que fejam os Alcaides taees como cotmem J?e.ra .,. ·.....{
gu'êlrqare.m iOS C::a:t' ldos ·; a. f~gunda couf.a, · que fa-
ç.am dles tu~fmos o que demem ; e ·a 'terceira, que te..
nham hi_ aba-fl:ariç~ de ·br@men5; 1e a quarta ., deman...
cimentos ; e ~upú1,1ta, <i'armas. E pm:em todo 1\lcai-
rle que teuer Otíl~lo Nn-Bõ, .o'l!l cl'alg.uú Senhor~ ·de:.
ue ~e r de boa.· linhagem de pad>i·e e .madr,.e , po,rque
·fe 0 f0r fempr.e. a~~râ v-eçgt.mnha ·.d:e ~ f.aze.r tou;Íià que
lhe eíiee maJ , : ne1n pot:q ue feja~ doe:fil:ado ', némr ·dS
~ue deUe rlefc:endtrem. Outro. fi dea~· feed!eal :. pch"•
qu.c o Rey, e o R;eyn;o. n"Ol!l'l p:er.ca1n o Catíte1o q~
. ·. elle
Dos ALCArDES MooR's oos C.~sTnos. 311
:~lle teuer ; e ainda ha rnefler que· .fcja ~sf{)rçado ~
,porque nom duuide de foportar os periguos , que .ap
.CaHelo vierem, e conuem que feja fabedor , -porque
faiba fazer as cou fas que conuern aa guarda, e d.efen-
dirnento deHe. Outro fi nom deuc feer muiro efcaf-
fo , porque r.1jam vontade os··homens de·fica.rcm em~
clle. E affi.ferá mal feer muito guaílador das -c ou ..
fas, que forem meíler pera guarda do Cafielo. Ou-
tro fi deue feer difcreto, pera faber partir o que te-
ver com os homens, quando lhe meíl:er foil"e, e nom
deue feer muito pobre , porque nom aja cobiça d.c
enriquece-r daqucHo que lhe derem pera a tença ldiJ
Caíl:clo, e ·muito del~gente deue feer· em guardar
bem o Caílelo que teuer , e nom fc partir dclle em
o tempo do periguo ; e fe aqueceffe que lho cercaf-
fem, e o cmbargua!Tem, deue-o emparar atec morte;
e por veer atorme1;1tar., ou fer.ir, ou matar os filhos,
ou a molher , ou outros hon1em quaefq.ucr, que
atnaífe, nem por dle feer prefo, ou atormentado ,
ou ferido de morte, ou ameaçado de o matarem ,
nem por outra razam que feer podeffe de mal • · 011
rle bem que lhe tezelkm • ou prornctei.Tem de fazer,
nom delile dar o Caftelo, nem mandar que o dem ;
porque fc o fezeffe cahiria em cafo de· traiçam , I
c.omoaquelle que trae o Cailelo d'EIRcy, ou Senhor.
. 1 E IPORQ.yAN'W efcufar nom pode o A1caid~
· Moor , que nom vaa algüa·s vezes fóra do Caílclo
que tem a outra parte, por coufas que lhe fam ne-
cc1fõlL'Íai ., 'nem deue eHo peró fazer .em tempo que
Aaa 2 en-

,_I
371- o PRIMEÍRO LtVRO DAS ÜRDEN. TIT; LV•
•entendétre, que o Caftelo fe poderia perder ·pór fua·1
hida ;· e quaod0 flffi ·ouueffe de hir a . alguü Lugua:r-,
· d~ue· hir fe'g undo. foro de Nof1os Reynos, con'uem a
faber, leíxando hi outro em feu luguar por Alcai::.'
de, que feja Fidalguo dereitamente de padre e ma-
·dre; e que, ·n<Dm aja feita .traiçam , nem aleiue,. nem ·
venha de ho!nes que a ouudTem feita, e que feja tal''
coin que ajà diuido de parente{co, e de amor gran-
de., de maneira que te1lha xazam de fiar o Cafielo em
:elFe, .con1o em· fi mefmo , podendo.fe bem auer ; e
tal como dl:e deu e lcixar em feu luguar, e dar-lhe ·as ·
chaues do Caftelo , e fazer que lhe façam menage
q~ntos hi forem ; aGi como a e!Le mefma auiam
feita, pera guardar o dito Caftelo bem e lealmente
em todas' as coufas , atee que elle venha. Porem
fempre o dito ·Alcaide ficará obrigNado aa mena-
gem ; na fôrma ·e nà n1aneira que a deu ,. Ol.'.l era
i>b,rigtJad9 de a d:l!r; pofto que a nom deffe.
• 2 E ESTANDO o, Alcaide no Cafrelo fe acontece["' ·-
.fe que morreffe .fi:m fal~ ~de guifa, que nom potld"-. ·
f e leixar outro .qe fua maõ • d ~ue ficar ao ·mais prp-
pinquo parente , que; em o CafreJo·ouue-r, fe for de -
hidade., .e _tal- homem , ·que feja pera efio ; e fe tal
homem hi nom aJharem, deuem faz.er ·os. que efteue~
rem rio Caftelo Alcaide o milhar homem , que no
Caftclo for , pe:ra o teer. E deuem logl:!b efcreuer a
Nós , que Prouej amos de Alcaid~ como for Noffã
I .
Merce .. Peró- todavia deuem o catar-mui leal, e mui
amiguo. do S.eoho.l' · do. Ca.fl:elo ;. e tal Alcaide como
eftc
1)ps ALCAIDES MooRES Dos CASTELos. .37.3
eft"e·he theudo de fazer, e 'guardar, e comprir toda~
as coufas em guarda do Cafielo, aili como emcim~
ditas -fc1m.
3 · E TODA peffoa, a que for encarreguada guarda ·
de Caftdo, ou ouuer delle poile por qualquer ·modo·
que feja, o.ra feja Alcaide Moór delle, ora nom, fe-·
.rá obriguado fazer menagem na fôrma feguinte.
4 · , M u 1 TO Alto , muito . Poderofo Rey ·Dom
,, Manuel, meu verdadeiro,_é natural Rey, e. Senhor~
, eu Foam vos faço preiro e menagem pelo Voffo
,» Caílelo ,• c-Fortaleza de tal Luguar, de qu·e óra
,, Voffa Alteza me encarregua; e dá cárreguo, que a
, te_nha e guarde , e Vos acolhçrei ~receberei no
,, alto, e no baixo della, de noute e de dia, é a quaef- .
_,,quer oras e tempos que feja , irado , e paguado ,
, com muitos e com poucos; vindo Vós em Voffo
, liure poder ;. e delle farei guerra , e manterei tre-
P guoa e paz fegundo me pu Vffffa A1teza for man-
, dado , e a nom entreguarei a algua pefloa de qua.l-
,. quer gráo ·, dignidade·, preminencia que feja , fe- ·
, . narn a Vós Meu Senhor , ou a Voilo certo reca...
,., -:'d" o, loguo fem delongua, arte , nem caute1a , a to-
, do tempo que qualquer pcffoa me der Voífa Carta ~
,;ailinada per Vós , e aífelada com ·Voífo Selo, ou·
, Sinete dç Voífas Arma~ ,.- porque me quiraes efie
,~ dito preito e rnenagem. E fe fe acontecei, que eu:
,., 'no diw Caftelo aja de leixar algua peífw por J)J-
, caíde , e Guarda delle , eu , !he tomarei ~efte dito.
n preito e menagem na fó.rma. ,_e. maneira, e com -a-5l
, . ,,_clau,...
37+ o PRrMElR.O LIVRO DAS ÜRD.!N. TiT. LV•
... claufuias , condiçoes , e obriguaÇoes nclla conthe.
u udas, e eu por iífo nom ficarei defobriguado deftQ
•• dito preito e menagern, e das obriguaço'és e cou•
•~ fas que fe nclla contem , mas antes me obriguo,
.., quo o dico Alcaide e peffoa, que affi leixar no dito
u Ca!l:elo , tenha, mantenha, guarde , e cumpra to..
,. das eftas coufas , e cada hüa dellas inteiramente.
'~ E et1 <> fobredito Foam faço preito e menagem nas
., Maõs de Voifa Alteza, que a de mim rece~e, hua •
•• duas , rres vez.es , fegundo vfo e cofiume defies
;, ValTos Reynos • e Vos prometo~ e me obriguo •
tt que cumpra c guarde inteiramente e~e dito prei ...
~.to ,.e menagem ,e ·rodalas daufu!as , e condiçoê's,
. 5 ,' e obrigmaçoes , e todal~s coufas , e cada hüa dei.

~· Iiu em ella éontheu·das, fem arte , cautela, engua-


u -no, t~em mínguoamento alguíí, e por firmeza dei •
., lo affignei aqui por minlía maõ -: teftemunhas que
., a efio foram prefentes , Foam • e Foam, e Foam 1
u e eu Foam qtae o·efcreui.
5 E PosTa que qualquer Alcaide Moor nom fa.
-ça a dita menagem, ferá obrigu:tdo tanto que tor~ar
pofTe do Cafielo a todas as coufas contheudas ne!la
menagem acima efcrip~a, affi como fe folenemente a
tl\:ue(fé feita ; e ~om a coroprindo encorrerá no ·caf<J
-de traiçam, que Fncorreria , fe em Noffas Maõs fo-
lêttemente a ouuefTe feira.
6 E Q.lTANl'>O o Alcaide Moot ouuer <le leixar ai•
gtia peífoa por A' caide, e Guarda do dito Cafielo, e
-lhe ouwer àe ta.rnar ot meaagem • tomG emcima di-
i .
t~J
to he ) o fará por au~o feito por Tabaliam pubrico,
com tefiernunhas , que'-ao rnerios fejam tres, e affi...
nado pala dita peffoa a que' o affi l~ixar.
. 7 E DESPOIS de o dito Alqide Moor tcer feit3
a rnen;:gem · fobredita , huu Porte_ir.o da Maça lhe
hirá dar a pofle da dita Fortalq.a , e lha entreguar4.
perante huü Tabaliam pubrico, o qual Porteiro çia
Maça trazerá eftormento pubric9 , fe.it'? po_r o ditQ
Taba liam , de como lhe aill entreguou a düa -po.ffe • -
o qual ·eftorrnento entregu~rá ao Ef-criuam da Puri-.
dade, que gu~rd;~rá os ditos efl:or-mentos. E o ditq_
Alcaide Mqor fará g:raça' ao dito Porteiro. da Ma<?,.,
que lhe afii fo.r dar a dita poffe ~ d'aquello que por·
bem teuer, com tanto q~e norn deça de dez peças.
d'puro .. .E tomai1do alguíi Alcaide Moor poífe do di..-
to Cafl;elo e 'F ortàleza, fem lha dar o düo Porteiro-
da Maça, pofto, que ihe feja dad_a_ por auétoridade·
de Jufiiça , fcrá ninhüa a tal poff.e ·' e -de ninhu·u .efe.
élo , e ~IDom ve1ncerá rencl.as <Ug.üas da dita Al'caida ..
, ria ; e fe as tru.er JT.ecehü:jas .as. per.der.á, ~metade .
pera. quem o acufar, e a·outra metade pera a Noffa:.
Catrlara. E porem ·por' qualquer rrlll<ll_eira ·que ouúê~
a poífe da dita A1caidaria , fe'rá obrigua·do ao COll'-
theudo Jila·íobliedita.. rnenag~m , . 1Çb as per~as .folm;: ....
d~~ .
• S. OU'.R 'EO SI O· Al~wi.de M.G>or, !.la cre· fazer. du~;
éoufanto.1Ca'fh:b; a h:iiia ,.defe~<ile-Jla com. ardimen•
mcnto ,, e com ~Bfot.~ , e a ·@ULra · co.rn, fibeG!•o ria e.·
deferi.~. : •e ..O· <l}~e- ha d.e. fazer com· a·rdà,meAto ·, .e·
I ·C:Om
37~ O PRIMEIRO 'Ltvn.o nAS ÜRDEN. TrT. LV.
tom esforço he, que dei.1e defender o Cartela mui
ardidamente, ferindo, e matando os imiguos, o mais
rijo que poder , por maneira que os non1 leixe
cheguar a elle , e -em dto nom deue poupar padre,
nem filho, nem fenhor que ante teueífe , nem outro
homem do mundo alguü, q.ue d'ourra parte fo!Te,
que o ·Cafl:elo lhe qui[effem tazer perder ; porque
muito fem razam , e contra Dereito feria guardar
homem aqueHes que- o qui ferem fazer treedor. Ou ..
t.ro fi deue auer grande esforço em fofrer todo _me..
do, e todo o trabalho que lhe venha, affi em velar,
como em fofrendo fede , e fame, :e frio , e rodo ou-
tro trabalho que hi tomar ; porque 'pois nom ha de
dar o Cafi:elo fe nom a feu Senhor, mcfrer he que to..
me esforÇo em fi, porque o po'ffa fazer , e nom caia
... por fua culpa 'em erro de traiçam ; e porem morte,
nem outro periguo .que lhe poffa viir, nom deue
tanto temer, çomo maa fama, que he coufa que lhe
ficaria fempre a elle, e a fua linhagem , fe norn fe .._
~e(fe o que dej.uelre, em guarda-r o dito .Caftelo. ··

~ E aos Alcaiqes MqOI'(f pertmce auer tjl~s dtreltos , .


-· t cortjqs qut ft adianJe ftguent. '
- • t I •

. 9 PRIMI?.\RAMENTE a? _Alcai-d e Moor . pertence


auer todas as c~rceragens dos prefos , e todas as ar..
;mn que á A)caidaria fore·m ·j'ulguadas , e as pé:nas
dellas • qu~ fétm duzentos reaeS: ,. QGS quaes. ametade
.he pera o "lcaide Moor_, e a· o.utra : metade pera
quem as acoutar; faluo fe em aJgu~s cafos efpeciaes
fO~;em orden~das outras penas.. 1a
. Dos ALCA.I DES MooRES nos CASTELos. 371

10. I TEM leuará o Alcaide Moor arnctade das


armas , .e bem affi das penas que fe com ella.s ouue ...
rem .de paguar, quando forem cootadas por o Al-
·.caide pequçJlo , ou por feus homens , e bem affi
polos Meirinhos da Nolfà Corte, e da Comarca, e
polos feus homens_, quando Nós, ou a Nolfa Cafa da
Sopácaçam nom Formos no Luguar a'n.çie às am fi-
.lharem ; e a outra rn,e.tade das di~as armas e penas
.feram :,dos ditos -Meirinhos, e feus homens, que as fi ..
:lharem ; e fe os Meirinhos e feus homens da Nolfa
.Corte, {)U de!fa Coroare~, no Luguar onde Nós For-
mos , ou a Noifa Cafa da Sopricaçam • ·filharern ál:
.gúas armas , ou as coutarem como deu em,·as ditas
-armas, e as penas deuem feer todas deífes Meiri-
·nhos, e feuS' homens que as filharern.
II l'l'EM auerá o Alcaiqe Moer pera fi todas
·as' ·pe·nast pecuniaiia's dos barregueiros cafados • e de
barre:guaãs:, a qual he de ca.da quarenta mil reaes
.que o. barregueiro reuer de fázenda (tirada a parte
defua molher} mil rcaes, e a elle refpeito do mais,
-e do menos ; 'bu trcs mil reaes ',quando á quarente-
na: -n~m -cheguar.a eHes ~- e · a 1fua bárreguarrr·p~gua­
rá. ametade de:.t].taanto a ellé montar de paguár, ot1
dous m.if reaes, qua:ndo ametade da quarentena do
lbar.regu-arrt~ ta elles no:ttí cheguar. E affi auerá todas
<'i.S !Jé~ tque ham de paguaíi a§' l::far~egira-ãs~ dclJClé­
~tiguos -~· e Frades, c~ d''o\Úras•ptrroas
.
Rdi-criofas
o
~' q'tie
.
'fàth d'óús mil·reaes de feis ceptíis ' o ·real~ e 'efl:o pe-
:,ó-a-uérá lugllat', quando--o Alcaide Moor ·a-cufar, e
. "- - .Li'IJ. L Bbb de-
·378 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LV•
. dem~nda.r ~s fobredítas peffoas , ·e oliuer contraellas
fentença , , por fi ·, o.u .por o4trem ; e fendo. ellas de-
mandadas per o Alcaide pequeno , ou p.er cada huü_
dos homens, que cdm elle feruem , ou por qualquer
outra pcifoa que feja. , auerá o -Alcaide Moor foo-
mente a terça parte das ditas penas, e as duas par..
. ~e~ feram pera o acufador. · .,
, 12 lTE.M ha d'auer -pera fi a terça parte da pena,
que ham. de paguar os·que forem efcomunguados·,
fendo pqp· iffo prefos , fegun.do a fórrna de Noifa
Orden~Çatn ; e he de pena por cada noue dias que
jov.l.,lere-m !Dre[os ce1it.o. e oito reaes , e aíli pol.o tem.
po que na d.it~ · efcomunham ell:eue'rem , atee que
Jejam abf~ltos; e dell:es dinheiros,. que affi os efco.-
munguados gaguar~rm , . <-1 tet:ça par-te ;ferá pera .íl
1 Fab,riqa _da.,f greja: h ç ,a. QUtr~ .~erça parte p~r_a o
.:] ;:fpr!taJ, QU ~~~fpr:içae-s . GJ.qe ; qefJe Luguar.ouu{lr_, e .oUfo
,,tr5l :terçja ·:Ptctra o Alc<llid~ ..,M opr,; ; ~ dl;o. (e e.ntenúla .
:.: nos Luguan;s·, oº-~e pqr f.or;ll nom,for em ou;ra m~
neira or,d.~nado ... , .. .. .. . ~lJ ·
~ · , 113 ,, In:~ 1 ha q'aHer Jtaçla<S as fotças :que;julgua;-
"cas fw~:m. ':~ çp~ e,.eJle·i rqQit~it:,pQr~mao~~do d~: u.iZ;,J
_O}I q'outr~ pe;_lf9a qu~ gÇJde,r ten.héil de~ p mandar ,, ~
.pa d'a.uer pÇ>r ç:1da f%ça <;en.to. e- ~itq r~ a e~ . ~.
•G
-
l4. h P :t h:a ~'~51~r ~meta.de 9~ t,c;>do.pH<~0·, ou '
. _pr~q~. ,r) e ,_qinhe~-r:o.r qp 1, ~1; açh::~_do.: t;t9S~.nJi.eJS: de.s:
:~ta(uJ~ ,; e ·I,U~is 1!~-.c~fft.S,.àel ]9d9s;1s ta-liét:nas.' j C].U.e
.Js>r~.m,. ac~ad1~ aber ta~ çiefp~!s do, íjqa,, d.~acolher
. ~~e~ ~mel,l!JaJf cla~.'l~-. .]2:· ~u~CJ~ -- ~ais. .o. d.iço. Alca\d~
'--~ •• .Mqor .a.
Dos ALcAIDEs MoeREs Dos CAsTELos. 379

Moor das ·.pénas , qué ·forem pofias polos homens


·d' Alcaidaria , por mandado da J uftiça , aas molhe-
res que fam. vfeiras de bradar , cento e oito reaes de
coima, por cada vez que nella cahir. '
I 5 · OuTRo sr h a d'auer o Alcaide Moot• as coi•
mas, que fam portas aas barcas , e batees , que fam
achados tomando aguoa, ou laftro de noute defpois
,do fino de correr , e fam poí· cada vez que a)fi fo-
,rem achados ento e oito reaes, e mais perderá to-
- da a louça que frouuer pel.'a tomar a dita aguoa; e
ha ·de auer mais todas as armas-; que forem achadas.,
leuando-as alguü Mouro, em alguü nauio que vaa
·pera Alein Mar, afóra hüa que leuar pera a defen-
fam de feu corpo; e fe obrigue tornar efia arma, e
/ (lee a ello fiadores ; e nom tornando a dita arma
que affi leu ar ,. que .Pague por ella tres armas , ou
t res vezes aquello que valer. .
16 ITEM ha d'auer todo o pefcado que fe ma..
tar aos DOtninguos , e Feftas de Jefu Chrifto, e-~ de
Sanéta Maria, e dos Apoftolos , e nas noutes dos
.ditos dias., conuem a faber , as noutes antre as
Nefperas e 0s dias dos fobreditos Sanél:os; e efto
fe nom entenderá naquelles pefcados , de que os .
pefcadores teuerem licença do· Sanc'l:o ·Padre , ott
dos Prelados que os poffam ll)atar_nos ditos dias. -
17 hEM todo Mouro que fe forrar', pera fe·.hir
fóra da Terra, c paguar a dizema , paguará a redi..
zema á Alcaidaria, e aue-la-ha o Alcaide Moor.
I 8 · hEM ha d'auer o Alcaide Moor.de qualqu'ef
B_bb 2 na~:
G·80 O PRIMEmo L1v. DAS ÜRD:EN. TIT. LV-
nauio , que for achado deípois do fino de correr
. filhando carregua ; oü defcarregtúmdo , ou metendo
homens , ou molheres , ou pefcado, ou outra qual~
quer coufa, cento e oito reaes por cada vez que affi
for achado;
19 h.EM poderá pacTo Alca.ide Moor hum bom
Etcudeiro, que continuadamente aode com o Alcai~
de pequeno, affi d~ nome, como de dia, quand()
ou11erem de andar ; e o dito- Efcurlcitro requeira a()
Alcaide pequeno, que f~ja bem deligente em regue.
rer tod0s os dereitos, que pertencem aa dita A !cai~ (

daria , e que fe alguü'i dereítos fe ·perderem por fua


minguoa, ou negrigencia , que elle feja theudo , e
vbriguado aos paguar por feus bens ao dito Alcaide
Moor ; e o dito Alcaide Moor ' poderá ·poer dous
Efcriuaes per fuas Ca rtas , quü na ALcaidaria da
Villa, e ourro na Alcaidaria dos montes, onde a
ouuer, q'lle ~11dem continuadamente com os ditos
Alcaides das Villas , e dos montes. 1
20 E Q!!1tM QYER que procurar em com'(a que
1

toque á Alcaiparia , íenOlU teuer auétoridade No!fa


pera procurar em Ju izo, e procuraçam da parte a
que pertencer , pagu e nouecentos reaes pera a ~1-
caidaria , aal1~m de enco.rrtrr nas (!)Utra~ penas , que
.film portas. a\)S que procuram ferl\ Noffa Cartas,
que fam decl~rada.s no Titu('o Do...s Pfifcurad'Qres.
21 E MAN' 'A.Mosque todo efto,qu,ehe contheudo
· tm efl:e Titulp Dos A!~aidn Mowes , f~ Ct!rnpra , c
gua.rJe afli» 'romo. .em. eUes 'apitolos adma efcri....
ptos
Do Ate. PIQYENO DAS CID. E Vn. ETc. 3!1
ptos he declarado ; fuluo fe por algüas Cartas, ·ou
Priuilegios Noífos, ou dos Reys que ante Nós fo., .
ram , for acutlumado o contrairo, por quanto ·Man.o
i! amos , que fc.guardem as ditas Cartas , ou Priui..
Jegios. ·
22 E NOM deuem feer poíh~s Alcaides Moores,
faluo nos Luguart>s que ceuerem Caftelo qe mena-
gem , ou onde já ouue os diros Cafidos , ou em ou..
tros alguüs Luguares, em que de tempo antiguo
fcmpre ouue os ditos Alcaides, pofio que nclles
nunca ouu.effe Caflelo.
· 23 E EIM aquelles Luguares em que os Alcaide$
Moores fam obriguados poer Carcereiws , quandc:J
fogir o Car·cereiro , ou por outro qualquer modo fi..,
car o dito Officio vnguo, Mandamos , que o Alcai.;.
rle Moor feja loguo requerido .que dee outro; e nom
.o dando do dia que lho requerem a der. .dias ~ os
Ju.iz.e&, e Officiacs ponham ental'n outw aa cufia da.
~ito Alcaid.e Moor.

-----------·---------------~·-------
TI TU L O LVI.

n~ Ateai~ Pf't'JIW1? das Cidmfu • I: f/ittas , .e rot{at·


que afat O.fftcio pertenmt1.

O S Alcaide-s pequenos feram feitos por eíb


gu.ifa : os Senhores dos Luguares • ou os A·lcaides;, ·
M.oores ~ atJr.e.íeatar.am i,o_. J;uiz.es ~ .:e V,ereaJ.or.es. ern.
ca..
382 O P..R.tMEIRo Lrv. DAS Ü!tDEN. TIT. LVI.
Caq1ara t~:es homens bons , cafados na Cidade , Vil-
la , ou Luguar, que fejam ·abonados, e nom fejam
ellrangeiros, mas Iuturaes de Nofias Reynos; e Sé-
nh0rios 1 c os Juizes , e Vereadores efcolheram huü
d' aquelles, que p era ello feja idoneo, e pertencen-
te; e nom fendo os ditos J~iz es, e Vereadores con-
tentes de ninhuú delles ,.. o dito Senhor, ou Alcaide
Moor lhe ap refentará olftros tres , que fejam mais
;idone0s, 'qUe aquelles q1.1e já aprefentou ~ ·e lhe nam
foram recebidos; e nom fendo os ditos Juizes , e
Vereadores contentes de ninhuü dos tres, que a fe-
gunda vez l~e foram a-prefentados , entam f~ja o Se-
nhor do Luguar , ou Akaide Moor obriguado apre-
fentar m1tros tres 1 e deí.tes noúe feram os ditos Jui...
zes , e Vereadores obriguados tomar huü o IPais
ide:meo delles , o qual feruirá o dito Officio por tres
annos, e maii nom • os quaes acabad-os, fe · fará ou-
tro na m, neira fobredita: ç feruindo mais que os
ditos tres ~ nnos , ou feruind0 fern feer ap' efentado "
e recebídq na fobredita maneira , Mandamos , que
feja degradado dous annos pera Africa , e que nun..
c a mais po;fla feruir d' Alcaide ; e nas mefmas pena~
cncorrerarn os Juizes , que leixareiTI feruir o dito
Alcaide paffados os ditos tres a\lnos, .o u norn fendo
aprefentado como dito h e: e nom TolHemos d~fpoi~
que paffarem outros tres annos 1 acabados os anpos
.que elle feruio , que poffa feer enlegidl) por outros
tres annos. 1
,

;. 1 E 4~in de o dito Alcaide feJ:Ulr , lhe ferá em


Ca~

boAte. PEQ!JENO DAs Cm. E Vn. ETc. 3 _83

-Camara dado juramento fobre os Sanél:os Auange..


%os , que bem e verdadeiramenté ferua o dito Otli ..
.cio , e guarde todalas coufas nefta Ordenaçam con-
theudas, e affi que tenha fegredo nas coufas que lhe
forem encarreguadas por bem de Jufl:iça , guardan-
-do em todo a Nós Nolfo femiço, e ao pouo feu de~
reito. E antes que lhe demo dito jura-mento·, o di-
to Alcaide dará fiança , pera que. fe alguu dano ~
fezer com o qito Officio ~ fe auer pala dita fianij:a ~
atee a contia della, a qual fiança ferá nas Cida<ies
trinta mil reacs, e nas Villas vinte mil , e nos' Con~
celhos das Terras chaãs dez mil· reaes-; e os Juizes ;
e, Offidaes da Caman... que lhe leixarcm feruir o di-
to- Officio fem a dita fiança, paguará cada huü vinte
cruzados , amétade pera quem acufar, e ametade
pera Noífa Camara. ' 1

" · z PERÓ os ditos Alcaides· Moores feram auifa ...


do~ , que nas dita~ aprefen.raçoes _nom vfem d~ ar-guü
~nguano , ou ma a . catítda ., : aprefet<)!tanclo 'peífoas
nom_idoneas. pera. tal Officio·, por lhe feer reéebido·
aq.uell~ que qúifercm fa!Jorecer; pótque ~fejam •cer-
t0s q~e Jazendo em ·dlo frque nom .deuem., Nó$.,
DaFemos tal prouífam , que fe faça como. deu~. : 1

- 3· OuTRO SI- nos Luguares onde o A-lcaide por


Nós .ha _d e feer pof.l:o,, os ditos Juizes, e VereadoresJ.
__e ~hqrrtens· bons cfcolheram huu btomem botrí_pera
ello pe~t:encente , e No-lo enuiern co_liÍ,ftJa Garta'}11 ,
pera o Confirmarmos , ou .' Poermos outro, quàl
Virmos que cumpre , o qual feruirá . tres annos ', _~
1
. ··ma~
38 4 ·o Pn.rMtrao Ltv. :D'AS On.o&N. Txr. LVI•
.mais' nom.. fob as penas fobredrtaS:. E f~ a11tes qui-
ferem mandar pola dita confirmaçrrm au Ccu;regedor
.da Comarca , elle lhe poderá dar a dita Carta de
,c.o !lfirmaçam.
. 4 E Nos Luguares onde por Foral o Alcaide
pequeno fe ha de poer por o Concelhc) Cem o·apre-
fent are m ao Alcaide Moor, Mandamos, qu·e vfem
do dito Fora! , como fcmpre vfaram ,. feruindo po .
r em fempre tres annos , e mais nom ,. fob as penas
fobredita~. Peró nom hc Noffa tença.m de por eft:o
Tolher aos Concelhos feu dereito Y onde a eleiçam
~os Alcaides pequenos a elles pertence; e .o Akai-
.d é Moor reoebe o pot elles apref.entado ;. porque
Q-nde os Concelhos eilam em pofic de o affi fazer •
Mandamos que affi fe faça.
5 E MANDAMos aos ditos Alcaides, que façam
cl1'l tal gaif.'l • qLte affi &: noute, como de dia guar-
derri bem as Cidades , ou V.illas ., com o~ homéns
1

Jurados q1.1e lhe forem dados por os Qffidaes dot


Concelhos, naturaes , ou moradores, onde por F oral
fore.m ooúguado.s a llios . dar; e quànd(j âe noute
, anõ'a rem ., tràguam fempre huü, Tabalia.m, <q(fe lhe
.o Juiz dar~ cada noute por deft:rebuiçam , e Ó' con-
ftranger:í . pera ello ; e efro on'dc nom .dquer Efcri-
JJam deputado p::-ra eft:o. o qual dará .f~ , e teftemu:.. ·
nho. das.coufas; qu.e os Alcaides fezerem., e acharem·0
.c m .tá.l gu\Ja' que por fua m inguoa ', e negrigenci'a. ~
· fe norn fa ya mal , nem farto, .netrt roubt> nas Cida-
.dades., eymas ; porque. faz.endo.fe <J. contrairo, pa.-
&<Ul.,lo-ha.m por feus bens. . · 6E
Do Ar.c, PEQVElfO oA..s C co, t Vr r., E Te, · JSS
, 6 E cada húa noute fejam todos juntos~
·EM
qua:ndo tangerem a Ave Maria , em cafa do Alcai..
cle pequeno , e ·e'fie Alcaide ·e Eícriuam ihe affinem
como ham de guardar a dira Cidade, ou Villa ; e iffo
mefmo os ditos homens guardem a dita Cidade, 011
Villa de dia, fegundo .for acordado pelos ditos Al-
caide pequen'O e Efcriu~m , e nom [e apartem os
ditos homens a andar de noute , atec que c'heguern
aa cafa do dita Alcaide, e que lhes por eHc e polo
dito Efc.r<iuarn feja dito , po'la guiía que aj iun de fa-
zer: E os prefos que prenderem diguam ao Carce-
reiro por que cada huü he prefo ,, pera ·o guardar o
. dito ·Carcereim , e faber a quem ha de requerer f~o.
liuramento. E Mandamos q~e qmt lqucr homem do
AlcaiGie , q.tie cad;:-. hüa das fobreditas coufc}s nom
fezer, e for negrigente, por a primeiTa vez perca o
mant-imento d.'oito dias , ~per a fegunda de huü
mes, e por a ter{; eira feja prefo, e nom folto fem Nof-
fo Maudado ; faluo moftrando ta-l razam .) porque
a efto nom feja theúdo..
_ 7 E .o Alcaide quando affi prender algua pcf-
foa, ou for na prifam çleUa, fa-rá fazer o auto do
habito e tonfura, fegundo Diremos no, ~into Li·
uro , no Titulo ff<.,ue ·ao tempo dá prifam fi faça auto d(
habita.
8 l .TEM' a eftes 'homens dará e rraguani o Alcai-
de Moor feus mantimentos , nos Luguarcs ond e os
Alcaides Moores fam obríg uadcs _de os dar} c norn o
Liv. I. Ccc tà ...
38·~ o l!RIM~~RO tiVB.Q )2~S 0RE>E~. TliT. LWf.
fa~end~ aiJ\, os Juizes tor.nem tanta,$ dç fuas remias,.
por que l0guo fejam paguos.
~ ITEM:. os A~caides nom poeram em eftes Offi,...
cios , nem trazeram outros homens configuo ,. fal-
uo eíl:es que jurados forem , efcriptos no liuro do-
C~I;lcelho;. e fe outros trouuerem, por (e; delles fer-
uir , ou ajuqarem ao dito, Officio , tral?alhen:}-fe que
J;I.Om faç,am mal nem dã,n o; e fe q·fezerem , elles. fe-
jam theudos q., pag~ar por elles ,_ ou. o,s- ent~eguar all.
Jl,líl:iça.
10 OuTRo sr todo Alcaide ferá d~ligente por fr.
~por feu,s homens guard~r as Aud1encias ,.. e trazer-
os prefos perante os Juizes., q.uando lhe mandarem:..
E prenderá por feu. mandado, e d'outra guifa nom;..
faluo achando alg~ü em fraguante maleficio , ou.
f.endo-lhe requerido por-qu:1lquer peífoa em) alguíi
arroido, ou fendo-lhe moftrada querela, e nom fe·
~çertando o Juiz no Luguar ao -dit-o tempo, ou algua.
pefioa (ufpeita d<e no~te-, ou Gom armas dcfefas !t
ou fem ellas defpois do fino de correr : e os que elle
ppr fi prender r I_cue-os pernnte o Juiz , ante que
v,a.1ll a~; Cadea; peró fe for dé nou.t e·, ou a taees ho-
ras que o nom pofia aGhar , ou nom for na Cidade ,.
QW for tal peffoa o pr~(o, que f,e-ria periguofa. coufa
de o trazer por a Villa , . leue-o aa prifam que teuer-
em fua cafá , ou·algüa outf<l q4~ pera ello feja affi-
nada, polo Alc<fide Mpor, e venha loguo ·, ou· pela
Jllellhí\!Jl,f<;.o ~a n_oute prender , ~ao ]lliz i e fe mere-.
cer.
.éer de feer prefo) feja-~ ' e fe õ hbm rllereêer • r~!:.
tén1-no fém -carceragem~ P9rem l\o ·éàf0 ôndê fó'r
feer kl:lado defpois do fino ,(jé ·c órrcr.,
·é dlítra pena: fendm dê d1nhéhó , ie !o-
ar, o Juiz o màrtcle faltar, Cerrl hir âà Câ-
e fera pãgt.i~r cal!ceragem.
í 1 E 0inàndado do Julguaà~r, pb>r que ó À !Cai~
.de hade prender., ferá em efcript<:> , e affinado por
.ellt!, p>efqwe defpois rtéguiddo o Juiz 41 ue o riorn
1nànddu prénàe:r , n~m ferá retébido aa Aica.íde
. proua dé reftemúnhas ; e efto nam auerá 1Jguar 1l
qtiaiido o Ju-lguador mandar ao Alcaide, que lhe '
-preifda liuü homem . , o!J rriolher ~ e cfu-e o. tt~gliá
perante ene " potque em tal cafo nom a-uerá hieft~f
Aluará., f<~oínet'lte quancla óouuér de ·meter .na Cá ..
. àea. .
I •
r i hÊ:M fejá àinda Bem déligente á gua·rdar o1
Alrndtáéees; ·e at;óugues , e praça , em tal gUifa quê
nõm ef1trern fi6s <tçbugues , né'm tt>mem ~ carM ,
nem pefcad<? , e as outras coufas que aa praça verti
p0r forÇa , foo pená: de a:s paguarem a fcud doh~s ,
·c hán'J atl'ererri e quê -de1les de·o·e m 1eaar pb'r o fo'td
da Gldadê. '
13 hf.M fe o A-ldiéle :féier pÓ'r fi, ou pdtt ouh·em
pedidâ de pam, ou d'e éeuàCla', óu de Oliltras coufas,
, na Cidade, \li'l-la , ou Luguar , e feu Termo' dondé
hé .AFêa·ide , ou tomar , e leuar ~lgúa- couíâ ; oh re.;
€eber crcó~a'inentb ; ou tenÇa â"~âgii'a pdfoa da diti
Gidade, Vi'H~ , ou Lugu'ar, ou· f'é'u Termd, úl.:
Ccc .l cor- •
3S.8 O PRTM.lU;Ro LrvRo nAs 0.RDEN._TrT .. LVI.
E:or.rerá nas penas que Diremos no ~into Liuro, no
Titulo Dos Officiaes d' El Rey que rfCebem &c. E nom
fe efcuf~rá o dito Alcaide das ditas penas., por dizer
e prouar q_ue Lho deram por fuas fem
lho elle pe.dir; m~s. como quer que- fe , que
algúa coufa leuou, fem por ella. paguar aquelle pre-
ço gue r~Zoi,tdam.e4te v.akr. na. Terra,, auerá as ditas.
, penas.. :
14 OuTRO. sr· o .t;\lcaide 11om penhore-, nem con-
ftrangua ninhuú pot ninhüa diuida , nem por outra
/ coufa; fcüuo fe lhe for mandado por os-Juizes.;. ou,
por o Almoxarife , ou por. o.utro.alguú. que pera el-.
lo ~ja Noífa. auéto~idad.e, por feu. mandado affinado.
por o dito Offi.cial ,. ou. leuando a fentença de con-
denaçam. E paífando :1 exccuçam. de mil reaes nom-
fará fe.rn. Efcriuam., e fazendo o contrairo do .que
dito h e, pagu~rá. de pena qtlinhentos 11eaes,. a metade·
pera quem. o.a1,: ufar, e ametade pera os captiuos, e
mais paguará aa parte toda a emenda e corregi- ·.
rnento.
15 Iiúr o Alcaide norn.folte prefo fem man•
dado dos Juizes, e ~ o faltar, e. fe perder. a J ufriça>
ou algúa ouw~ parte receber por ello -perda ou dã-
l,lo, o Alcaide, ou aq.uelle-que ·o foltar, feja theudo,
e lho façam loguo os Juizes emendar, e correger ,.
fe for feito de corregimento ; e fe for feito crime ,.
e nom for Alc~ide Mõor do Cafr.elo ,. prendam-no; ·
loguo , e fáçarn deHe Dereito, e Jufl:iça i e fe for o
Alcaide Moor do Caftello ~ - nom no pr:endam, e en-
Ulem--
Do Ate. PEQ!J'ENO DAS Cm. E Vn. E.T c. 389
uiem-no dizer a Nós , pera Mandarmos o que fo
Nolfa Merce.
16 I TEM fe o Alcaide nom trouxer os pre_fos á
Audiencia perante os Juizes, ou os nom faltar por
feumandado ~os Juizes lhe façam todo paguar, e
· correger por os bens deffe Alcaide.
17 E sE o Alcaide pequeno teuer neceffidad.e de
infirmidade , ou outra femelhanre , que por fi ~10m
1
poffa feruir, o potifique ou mande noüficar aos Jui-
zes , e Vereadores , e Officiaes daquella Cidade. , ou
Vi lia, ou Luguar onde for, c com feu acordo e apra-
zimento do. Alcaide Moor ponham outro p.era cllo
.pertencente, que feu }uguar tenha,. atee que fóra· fe-
ja da dita neceflldade, e mais nam ~e o Alca·ide que
em outra maneira o pofer, perca o Officio , e pague
dous mil reaes pera quem o acu:lar , e quem o fer-
uir paguará outros dous mit reaes pera quem acufar,
e mais auer:í aquella pena que merecia qualquer d()
pouo , que fem auétoridade algüa fer.uifle o dito Of-
ficie>. E efta. mefnia pena auerá oqae fer.uir por man-
dado do Alcaide Moor ,. nom tendo a dita auéforida-
de dos Juizes,. e Officia:es, e norn refpondam a eíres,.
que affi pofer ,, em ninhüa cou(a , nem. façam por
feus mandados ,. nem os ajam por Alcaides ; e fe o
Alcaide do Caftelo. o pofer ,, t:açam~no faber a Nós,
pera lho Eílranharmos. com~ Noffa Merce for.
r 8 hEM os homens que o Alcaide euüer· rle
trazer, fejam aprefentados perante os Juizes, e Offi-
ci.aes, e ll1e dem juramento na. Camara.). e efcriptos
11g
390 O PRrMHRt> LrvRo DAS ÜRD4 TrT. LVI.
o liuro da Vereaçam , pera ferem conhecides , e
os temerem como homens da ] uftiça.
I9 I TEM o Alcàide nom leixe trazer as armas ,
que em todo tempo fam defefas , a ninhutí , n~ríl
as outras no tempo que forem defefas , e as tome é
coute aos que as trouuerem , fegundo Diremos nó
Titulo feguinte ; nem dem licença e luguar a ni-
nhuu , pofto que do Alcaide Móor feja , € viuam
co~n elle, que as tragua, nem façam auençà com al-
guü por as coimas, e penas que ham d•auer daquel-
les a que fam defefas , ante da fentença. ; fob pena
de paguar, fe_for Alcaide Moor, d0us mil reaés pe:..
ra a Piedade, e fe for Al€aide pequeno ·-pagué mil
reaes pera a Piedade por cada vez, que o .cohtrairo
fezetem , e fe defpois da fentença as quitarem a al-
guüs, pofia:_m-ryo fazer húa véz , é mais nom ; e fe
a mais quitlrem a aquella pefioa , paguem a pena:
em dobro , que quitarem a aquelle que a dêtiia de
paguar ,. pera os <::aptiuos. E Mandá mos aos Taba-
liaes fob pena dos O~cios , qüe o efcreuam , e dem
€-lli efhrdo ITOS J urzes, qúaes 1fam OS qtt:Je as affi tra.,.
zern pgr fua lirf ença , ou fabendo-o eífe A:lcalde;
ou a quem as eyte vío , e riem as quer cbatat' e to-
mar, e os Jwites f:1ç::tm•lhe tegl!lo ll'a-gua<r a pen·a fa•
brecli.t a , fob pena de' à pagúare·r.n· per feus beri's ; e
da obra qcre os Jui-zes fe·z erem, affi o d~'m ae Co·r..(
Fegéd<tn· da C6ma•rca· pera V <:ler·como ie deu aa ex-
ecuç·a m, ou a: üzer elle exéGutar. , fe!J pena de a' pà""
gaar6m em. m·0trr-(!). E t'O'ciGJe!le f<i c:nt:e!tda rio i~m'....
po
Do Au!. P~~Et{o DAs: Clo. E Vu. I.T c. 391
po em que as arma~ forem defefas, e fendo a defefa
q~~ ar.ypas alelJ_anté!dél ~ como he ao prefente, entam
nom ãs :Plhc;rp a nin:l~uu ; faluõ aquellas que em to-
dq tempo faro d~feüt~, ou as o.ul!ras, trazendo-aa
de noute ,-aa~ ddbras, o.u de dia, fazendo com dias
o que nom deuer:p , ent[lm as· perderam , e feram
clem<rndadas fob a.s penas, e c.laufutas foh11edita.s.
20 hr;M fe a<;> Alcaide for tooandad0 por a.iguü
Julguado~, que ponha fegl!lrancp antré argll'u~, an-
tre que aja. ~lgíía~ it:r.~·iz<tdes , loguo fem taJ.Sdanq:a a•
ponha, ~ nom leuç por eNG>- coufa algtia, e non1 po ..
nha qu~Fa d<i;Iongu~ que 1-~uo taa nom vaa.; e. fl!l o
a,.ifi norn fezel' ,. e por·eJ!o fe fegu·ir: alguú mal, feja .
po( eUo e. Alcaiqe .t:hel!l:~lii> , o. qual A}eaiqe nnnea·
poerá a dita fegmança , fe nom por. mandado da
Ju.f1ila , Q:Qlil1() dite;> !'ler
2I E BEM A~SI DefendemoS; aos 1\.fcúvinh.fils, e
A kaid<rs , c a f~Ms, hQJ,;uern_s, €! MoordolWJos, que FlORl!
elíltr~m em ea.fa cl'a.lg~ú lD.om h0ro~~ ,. ou boa iilil0~ -
llp.e .~; , FJCfa, h~ bufç_
a;.rell'l, e; prenclercm al§ti:Ü! maH,â-
, tor ; e auendo por enformaçam ,. que algu\i. malfei ...
tor. e!lá em cafa d~ a:lgtüí dos fobt:edntos , cl'euem ..
no llOtiijcar aos Corn~ged:O\'.es , ou Juiz:eis da. Tar.ra--,
e corn (u,a auét:ot'ÍQ}.,tde ,. fab-icla a,v.erdade ,. ent1•em.
em cafa. deífe b.pmem bom•" li'era pr.end.ctr. o m-a·lfú-
!or ; faluo fé o cafo· for de tal qualidade ,. "!ue· nor.n
padeça tamarlha- ciiJ-:açam ,- e~ que .taz·o adam.e nte .
po!Ta bufcar, e requerer . á. dita. Juftiça , pera- ama~
iua. auÇ'&Qr.id~de ;; çá. en~m, die A:lcaiciie , oUJ M·eini-
nho,
392 O PaiMEm.o LrvH.O DAS OrmiN. TIT. LVI.
nho , por fi mefmo.; corn o Efcriuam das Armas, ou
com huü Tabaliam pubrico poderá entrar na dita
cafa , para prender e!fe malfeitor que em ella efle-
uer , fendo primeiramente em conhecimento verda-
deiro per certa enformaçam, como eflá -dentro na
dita cafa , e d'outra guifa nom ~ntrará em ella ; e
entrando, ferá thcudo a toda a perda, e dãno, e qe-
famamento que hi fezer, como dito he; e fe eífe
eh1 cuja c~fa efl:euer o malfeitor , for alguü grande
Senhor, affi como Prelado , Conde , Meíl:re, Almi-
rante , Rico Homem, Fidalguo , ou Caualeiro de
grande efrado e poder, em t-al cafo Mandamos que
fe guarde o que he contheudo no ~into Líuro , no
Titulo ftue os Fidalguos e Prelaqos nom coutem os mal-.
feitores.
22 hEM f~ ça em tal guif.1. o Alcaide , que os
dereitos que ha d'auer dos Carniceiros e d'outras
peffoas, que os requeira no dito dia, e nom o fa-
zendo afii, que os nom ,polfa defpois demandar ; e
fe os demandar, que os Juizes os nom recebam a
tal demanda.
23 I TEM 9 Alcaide e Carcereiro nom Ieue ma-
ior carceragem, que ha de leuar , fegundo he con-
theudo na Üt'denaçam fobre ello feita; e o que mús
leuar aja a pena que he contheuda no Timlo Das
carceragnes.
24 OuTRO sr nom leuem carceragem dos que
forem foltos , qnte que vam aa prifam , ou dos que
leuaram .aa Cadea fem mandado dos Juizes , ante ·
que
- Do ALe. PEQYENó DAS Cro. E VII,. ETc. 39j
.que os lêuem perante elles, fe os Juizes os manda-
rem fo1ta1" , por nom merecerem feer prefos.
- 25 OuTRO sr o Alcaide-, e feus homens nom fe-
ja oufado de leuar dinheiro, 'nem outra coufa d'a1-
guü prefo, por o leuar onde o ajam d'ouuir; e q~1al:..
quer _que o contrai-ro fezer , pola primeira vez pague
o tresdobro do que leuar, e por a fegunda anoueado
pera os catiuos , e por aterceira feja loguo açoutado
por a Villa, fe for homem do Alcaide, e fe for o Al-
caide perca o Officio, e feja prefo atee Noífa Met-
ce.
26 I TEM o Alcaid'e Moor; e pequeno norn _9e...
uem t-razer configuo homens. daninhos , e trazen ...
do-os , Mandamos aos Juizes, que fe trabalhem que
faibam parte guaes el1:o :f.1Zem, e mandem loguo re-
querer ao Alcaide, que corregua o dãno , e pague a
coimá em dobro por os feus home~s, ou lhos entre-
gue, e fe lhos entreguar façam delles Dereito; e nom·
os entreguando, polos bens deffe Alcaide façam lo-
guo paguar o dãno aa parte, e acoima ao Concelho,
ou Rendeiro em dobro , fob p~na de a paguarem -
1
por feus 'bens.
27- ITEM t~das as coimas, ou penas que o AI:_
taide ouuer d' auer d'aquelles que achar em coima,
am' como os que -fazem f()rças J e elles as forem refl:i-
tuir por mandado da J ufl:iça , ou lançam de noute
aguoas, ou outras íemelhantes ,-demandem.nas do
dia que as coimas forem feitas a tres d.ias ~e nom as
demandando atec eífe tempo, que as nom pótfam
Liv. L Ddd mais
394 o·PuiMEYRO Lrv. DAS ORDENo TIT. LVII.
mais demanElar. ·E quanto aas a.x;mas que as ·poífarn
demandar atce oito dias , .fegundo Diremos no Ti-
tulo feguinte. ·
28 I TL\t ninhuü Alcaide,. nem Meirinho qual-
quer que feja, nom auoguará,. nem procurará no Lu-
gua.i- ond~ for Alcaide , ou Meirinho por algüa pcf-
. foa , nem aceptaram procuraçarn algüa pera por el-
la fobc!labelecer ; faluo por feus feiras , 01:1 d'aquel.
les que viuerem con.tinuadamente eom elles em üia~
cafas , fob pena de perdimento dos Officios. -
29 hEM o Alcai.de pequeno nom ferá Rendeir()
das armas ,. nem d'outra ninhí.ia renda da Alcaida.
ria, nem d'outra ninhüa Nofía, nem d'outra peffoa
algüa , no Luguar onde for Akaide ,, :Cob pena: de
perder o O fficio ~ e feja prefo atee Naífa Merce. ·

T I T U L O L VII.
Das armas quefam defifas, e quando ft deutm per.det
ajji de dia ,. como de 1wute. f dos que Jam achados-
defpois do jir;o 'de correr.

D ~FENDEMOS,
1..._

que pelfoa aJgüa, de qual-


<.luer condíça"l que feja, nom tragua em q-ualquer
parte de Noífo,s Reynos pélla de €humbo,. nem . d-e
ferro , nem de pedra feítiça ; e fendo achado com
dla feja prefo, e jaça na Cadea hu\1 mes , ,e pague:
qpatro mil Jeaes , e mais. feja açoutado p bricameru-
te
DAS ARMAS Q11E UM DI:;F.RSAS ET c. 3?5
te com baraço e preguam pala Cidade , Villa , ou
Luguar , onde for achado; e fendo pcfioa de quali-
dade em que' nom caiba açoutes , aalem das [obre-
ditas penas , ferá degradado dous annos pera cada
huü dos Lugt!.ª.res d' Alem. . . :
. I E DEFENDEMos iífo mefmo, que ninhüa peíroa,
de qualquer forte e qualidade que feja , em ninhúa
parte de No!los Reynos poífa trazer armas ofenfi-
uas , nem defenfiuas de dia , nem de noute ; falLH>
fe for efp~da , ou punhal, ou adagua, como abaixo
Diremos ; fob pena de perder as ditas armas , e pa-
guar duzentos reaes de pena da Cadea fe for piam ;
porque fendo Vaffalo, e di pera cima, ou Meftre de
nao, ou d.e femelhante, ou de maior condiçam, fer-
lhe-ha coutada a dita arm!l, e paguará a·. dita pena
fem hir aa prifam. Porem na Cidade de Lixboa, ou
~m qualquer Luguar onde Nós Efleuermos ,· ou a
Noffa Cafa da Sopricaçam fem Nós, fendo achada.
com ·qualquer ar'ma ofenfiua, ou defenfiua , que
nom for efpada , ou punhal ; ou dagua, âefpois que
· as Aue Marias forem dadas atee que feja menham ~
c
~cremos que feja prefo, jaça na Ctàea huü mcs •
e pague dous mil reaes. Per6 eflo todo qúe dito he .,
nom auerá lúguar em aqudla~ peíroas ~que andarem
caminho, ou que forem veer feus bens que teueret;n
fóra dos luguares onde viuerem, em quanto pera laa
forem , e la'a andarem , ou tornarem pera fu~ qtfa.
2 E QYANTo a efpada, ou punhal, oú '"dagua,
t~da pefloa a poderá trazer, 'am ein · N~~Ià Corte ,
Ddd 2 co-
.396 O PRIMEIR0 Lrv. DAS ÜRDE.N. Trr. LVII.
como em qualquer parte de Noífos Reynos de ~ia~
e atee o fino do correr feer tangido; e acabado o fi-
no, fendo a.chado com efpada, pl!mhal, ou adagua<,
.pagu a.rá duz.cntos reaes , e perderá as ditas armas
com que for achado ; .e os qye forem achados def-
pois do fino fem arma paguararn foomente fem~nta
reaes pera quem o prender , o que tod(i) paguaram
. da Cadea ,. quando o loguo _nol'!l quiferem pag~ar
perante o:Juiz, a que ham de feer leuados ante que
vam aa Cadea. E el1o fe nom entenderá guanto aa
pena nos. que forem achados defpois do di.ro fino na
Cidade de Lixboa, ou por cada buü dos Meirinhos
da Nofia Cort.e onde quer que Nós Efleuermos, ou a
No.lfa Cíitfa da. Sopricaçam fem Nós ; porque em eftes
(:a fos, poftúl que fem a·rrna_fej.am ãchados , paguaram

de pena duzentes r.eaes pera quem @S prender. Peró


em roda parte os quz forem. achados defpois do·fino
de con:~r fem axma com candea acefa. , ou alenter-
na , Oll outro lurPJC , hindo poJa rua pera aJgui1 cer-
to luguar,. nom feram prefos , ne_m. p01guaram pena
algüa. E qutcmto he aos. moços q11e nom pafiàrem de
quin.ze annos, pofto que fcjarn achados défpois do
::fino. do cor.rer, J:ern candea, oa outl'O·1urne, Manda-
1

mos que nom fejam p.t:efos, nem pagueru pena al-


güa. .
3 E AS diqts. arma·s poderam feer C(!mtadas por
qu.ü lquer Mei,r inho de Noff..:t Corte, ou da Comar-
€;a ,. otLAkaide da Cidade, Vill-a , ou Luguar , ou
pm· cada hu Li do& f cus homens ,_onde com ellas ,. 011
ca-
DAs ARMAS QJJE SAM DEFESAS ETC. 397
cada hüa dellas forem achados ; das quaes a-rmas, e
penas auerá o Alcaide Moor a metade, fe no .Luguar
onde foram coutadas ouuer Alcaide Moor, e aquel-
le que as coutar outra metade ; faluo fe forem couta~
das por cada huú dos Meirinhos da ·Corte, ou por
o Meirinho da·Comarca, eíla1t1do ·Nós, ou a Cafa da
Sopricaçam no Luguar onde forem coutadas, como
Difiemos no Titulo Do Alcaide Moor. ·E fe no dito
. Luguar nom ouuer Alcaide Moor, auelas-ha o que
as coutar: ' i efto que Díz€mos que o Alcaide Moor
auerá ametade _d as penas no 'dito Luguar, e modo
em que a3 pode auer , Entendemos das penas de
duzentos reaes ; porque nas penas de quatro mil
reaes, e de dous mil reaes, que emcima Di fiemos;
leuará o Alcaide Moor foomente das dita's penas
(nos cafos fobreditos em que tem ametaàe das ar-
mãs)'êeiri reaes, e da dem àíia Ieuará que!'n as cou-
tar ·a metade, e a outra metade ferá pera a Piedade.
4 OuTRO sr porque aos Crelíguos d'Ordens Sa-
cras, e Beneficiâdos he defefo por DereitQ, que nom i
traguam arri1as, Nós affi Mandamos que fe cumpra,
e fe forem achados com ellas, Mandamos qué lhe
fejam coutada:s , e pedidas ; e fe as nom quíferem
loguo dar, fejam-lhe tomadas por o~ Meirinhos, ou
Alcaides, e feus homens, quando lhas affi acharem:
e efto fe nom entenderá quanâo os ditos··Crcliguos
d'Órdens Sacras , ou Beneficiados forem ,aas Mati-
nas , ou dellas vierem d,e reitamente pera fl1as caí.1.s,
ou andarem caminho , ou forem fóra da Cidade 1
Vil-
398 O PRU4EIRO Lrv. DAS ÜRDEN. ·TrT. LVIII.
Vil la , ou Luguar onde yiuerem , e em quanto laa
dl:euerem, e tornarem pera fuas cafas ; porque em.
taees cafos Mandamos ,_ que lhe nom fejam cauta-
das , nem tomadas.
5 E A v E Mos por l;>em que as ditas armas e pe...
nas , nos cafos que nefre Titulo Diífemos que fe p0..
dem coutar •·c pedir, fejam demandadas do dia que
forem camadas a oito dias , e fendo as ditas armas
tomadas polo Alçaide , ou Meirinho , ou cada huü
de feus homens, a parte a que forem tomadas fe en-
t:ender q4e lhe fam mal tomadas., as poderá iffo mef-
mo demandar ao que lhas tomou do dia que lhe fo-
ram tomadas a outros oito dias ; e nom demandan-
po atee o dito tempo , nom fe poderam mais de..
mandar.

T I T U L O L VIII.
!Jr;s Gàtaréiros das Cidades, e Villas, t das carc&r(Zgtn~
que ham d~leuar.

TODO prefo tan~oque 'fbr n'a pri(arn paguará


qu<,~troreaes d'entrada , pera o C~rcereiro , polos
quaes ha de dar candea de noute , com que geeral-
mente os pre~:>s
I fe vem ,. e mais aa-uoa
o pera Ibeber ~
~ mais p~guará qt~ando o faltarem quatro reaes pera
aquelle gue o desferrar, e eftes paguará e~ qualquer
~aneira que pr~fo for. \
:t: E
Dos CARérumos bAs CIDAD. E Vn. E'i' é; · 399
1 E MÀis. o que fór pr-efo por feira crime ·pagua-
r.c:í de caorceragem cincoenta e quatro _reaes brancos .
Ça moeda ' corrente de feis é:eptiis o real ; e o que for
prefo por feito ciuel · paguará de carceragem nou~
reaes brancos ; e r~ o prefo for acontiado em caua-
lP , o~ Vafià.lo , ·ou for M.eíhe de nao de ca:íl:elo
d'auante, ou barca que feja de carregua de oitenta.
toneis , ou•outro homem de femelhante qualidade ,
e condiçam , e quifer andar pela Cadea com ferros
fem ..mais jazer apri[oado na Cadea , e o feu feito for
tam leue, que razoadamente lho deua, e pofià fazer,
pague de carceragem cento e oito reaes.
2 I TEl\'l Mandam~s qüc todo los Aluaraes , pot·'
que mandan'l- ioltar os prefo&, fejarn efcriptos p0lo
Efcríuam do feito, ond'e o ouuer, ou por Efcriuam·
da·Aicaidaria onde Efcriuam do feito • nom ouuer,
e leuari pot' fazer huu Aluará fere reaes '1 e mais
nom ; ·e em fim de cada huü delles ponha a pagua,
que o prefo ouuer. de paguar da carceragem., por. taf, ,
que pola dita pagua venham as ditas caréeragens a
boa arrecadaçam.
3 hEM o dito .Efcriuam da Akaidaria faça huU.
liuro apartado, ·ern que ponha todas as carce1·agens
que os ditos p.r-efos paguarem , fegundo a:s pag:uàs
~ue elle pofer nos ditos Aluaraes, po.r ·que os prefos
forem f<>ltas -, e coAcertará' eífe Iiuro cada fo>tTlana_
hii'a vez; com o .outro que teuer o Carcereiro, em
que fam contheudos (}S A [u.a .rae~ <:om as dita'S, pa"
guas , por4w.e pgr ~O:e ·liul'O,.fer.á tomada ·coma da<S
di.tacs carceragens a aquelle que as receber. 4
400 O PRIM'I!.mo Lrv. 'riAs ÜRDEN. Tn. LIX.
4 I TEM Mandamos que fe por~f0gida d'alguüs
prefos ficarem na prifam algüas roupas , oCJ quaef-
quer outras coufas , nom as tomem os Alcaides ,
Meirin~os , ou Carcereiros, nem homens feus, ·mas
repairem-fe, e correguam-fe palas ditas couf.1s as
prifoés, e ferros da dita C~dea, ou quaefquer outros
dãnos que fe feze1:em na prif.1m.
, 5 ·E PORQ!JE outras muitas coufas pertencem ao
Officio dos Carcereiros, que aqui nom fam declara-
das, Mandamos que guardem, e cumpram o Regi-.
mento do Carcereiro da Corte ., fegundo em feu Ti-
tulo hc conthcudo , e am no Titulo Das carceragms
da Corte, em quanto fe a elles póde aplicar, fob as pe-
nas contheudas nos ditos Titulas , fegundo a defe-
- rença dos cafos.

- - -,,----·---·---·---
TITuLo LIX.
Dos 'fabalia~:s das Notas , e do que a ftus Ojjic ·os
perten·u .

pRIMEIRAMENTE os TaBaliaés das Notas


efcreueram todas .as Notas dos contraétos que feze-
rem em feu .lifro de Notas,· que cada huG ha de
teer,, e como filrem efcriptas, loguo as leam prefen-
te as partes, e teftemunhas, as quaes ao menos fe-
:

ram duas ;e tr nto que as partes outorguar,em ~ afii-


1

naram as ditas panes , e 'teftemunhas.; e fe cada hüa.


· ·· das
Dos TAB. DA·S NoT. E DO Q.!JE A sws ÜFFI<:. PEf{T, 401

ilas partes affinar nom fouber, affinará por e1la hüa.


peíroa, ou outra reílemunha que feja aalem das duas
ve!l:emunhas, fazendo :mença·m éomo affina pola
parte ou partes, por quanto ellas nom fitbém affinar~
E fe em lendo a dita Nota for corregido, emadido ~
ou rninguoado por antrelinha, ou rifcadura, algüa
coufa ~ o Cli-to Tabaliarn fará de todo mençarn no
fim da dita Nota , ante de as e
partes teítemunhas
affinarem, ern guiíà, que ao defpois nom polia fobre
ello auer duuida algúa.
" I E MANDAMos e Defendemos aos ditos Taba-
liaés, que quando forem requeridos pera fazerem
algüa eícriptura de qu·a lquer contraél:o ou fermidarn
antre partes, que as nom efcreuam em canhenhós ,
nem tauoas·, nem por ementas, mas que as notem
Ioguo em feus ·liuros de Notas, como dito he ; e fe
os ditos liuros ahi nom teuerem, que vam por elles ~
e em elles ·fejam notadas , e as nom dem nem paf..
fein fob feu final pubrico, nem priuado , atee as di-
tas Notas ferem prefeme as partes /lidas J e affinadas
como dito h e. '
2 E SE acontecer que · os ditos Tabaliaes nom
conheça in algüas das partes, ·que os ditos contraél:ás
querem afirmar, elles nom façam t~e~s efcriptt.itas ~
faluo [e as ditas partes trouuerem duas tell:emunhas
dignas de fee, que os ditos Tabaliaes conheçam ~
que diguam que as conhecem, e em fim da Nota
os Tabaliaes f:1çam menç.a m , como as ditas tefte-
munhas conhecem a dita parte ou. partes, as quaes
Lh;. I. Eee tefte...
402 O J'~P·~EI~o L1v . .p*.s QRDEN. Tr.r- LIX.
fe!t.etl),unh~s jífo mefrno affina,q m Q.a Nota.
3 ITEM o~ ditos Tabaliaes n.as e(qipPJfé\S qu.e
fezerem gonhflm (empre o m.e~; dja, e anrn.o ~ e a
Cidad~; Vi·lla; ou kt:g,uar 1 e cafa, erp gQe 9S feze- ·
rer;n , e affi ps feu,s nom,es delles Tabaljaes , qu.e íl.ll
flzem. · ·
4 ·h~M o~ di~os Tabaliaes daram as efcdpt~nt~
gue o~~~rem de fazer a feus donos, OQ ,dia que ~s
notarem ater tres dias, }: ·fe lh').s elles l).OO) pt:di,..
rem, nom fejam culpados.~ !=JUanro he aas efcri-
pturas gr~ndes? pprque as pom podem t:!rn tam pe-
fjUeno ~e1npo dar , q}le lhas Liem do dia ql!e lhas as
partes _p~diren:. atee oito dí<js , ç norp lhas d<\ndo
119. dito terpr.o, ferarl'! obriguaqqs d~ p~g!lar aa par,.
,te ~~ p~r.d5l.s ~ e d~nos, ç iq~ereife que ppr o çlito re.,.
tfr?arnc:ntq fe l_h~ caufarem , e p1.ai§ lh~ darem a
ef.criptur.a em tal cqfo d~ g\~Ç~ 1 fem Jb.e por dla
fe~r obrigqada a parte !faguar dinhcúro alguü.
5 OuTRO lq o~ dito~ Tabóilliaes feram rnuito · de~
,ligenç~s , e a~ifados ~e guar~açem mui bem _os di~
tos)iuros das Notas em roqos os dia~ de fua y··d a,
\ . -
e p.~r fua morte (eus hcn·deirQ~ ft:~qm oprigu_ado~ de
as entregua~; flOr inuen_ti!.iro zyo :Lo~çQ'-çr (\}9. c\ito Of~
fi.cio 1 o q.u,al fe,:rá ob_rig~a.do. dç ~ g_u;:t_rdar ~te~ qu<l(~
freJJ~a annos , ÇC)n,t~.dçs_ do tempo qu,e; a,s eÍÇFip.tl[l_l1<\~
fw;em feitas , <~t,n guifa 1. qu,e quando. forem reqlll.e ri-
.4P~ pera moQ:~arem ar; l:'Jotas ,. qt,1e as ar.r.u;~firem
fpns, r: lÃmpasr, enquader~d~.s em per;gljl,~liiÜJi!;QOS,
()~ n9 qu~ ~' 'l:,~t~ferçm ~ e 'p9r (~ll. tf.').~'!lho <,le él§·
lauf~

/
Dos 1"AB. r5A'S NoT.. É oo Q.YE A sws·OFFrc'. PERT. 403
' I

bufc~r aueram aquello que lhe por Nós ao dial'l.te


h e -taxado. fem !Declircm nem [eu arem por . el1o ou-
tras dadiüas ; e fe as dit~s Notas· nom móftraren\
boas e fans, e fem·duuida algúa, e enquadernadas,
como dito he, todo o dãno e perda. que fe aas par.
tes dello feguir , o paguáram por feus bens, e mais
perderam feus Of.Ecios. nom tolhendo porem de el-
les aÍ,terem as outras penas, que por Dereiw .e Leys .
de Noflo Reyno deuem auer. .
6 I TEM em quak1uer Cidade, Villa, ou Luguar
onde' ouuer cafa deputada pera os. Tabaliaes de No-
tas, os ditos Tab~liaês eftaram pola menhaã e aa tar-
de !'la dita cafa, por tal, que as partes .que os mefler
ouuerem, pera fazerem algua ekriptura, os poffan\
mais prdles achar em a dita cafa ~ que lhes affi for
ordenada.
7 I TEM quando fezerem algüas efcripturas, qué
pertenyatn e deuam feer dadas a ambas as pártes •
fe cada hüa dellas pedir ·cada hua efcriptura, feja ..
lhe dada ·, . ainda que a outra parte nom peça a fua.
8 I TEM feram betl;l deligentes, cada vez que fo.:.
l'em 'c hamá·dos pera hirem "fater alguüs contraétos ~
du teftamehtos a: algüas peffoas hontada's , ou enfer:.
mas. que 'razoadamente nom poffitm , nerri deuarn
viir.aa dita cafa, e Paaço dos Tabaliaes, que vain lo.
guo a fuas cafas, ou poufadas daquelles a cujd re.:
quetimento aíii forem chamados.
9 OuTRO si que em' todolos contraél:os d'obri-
gua~oés~ · afetamentos, e arrendani.entg~, compraS.
Eee 2 ç
404 o PRIMU!l.O-LIV. DAS ÜRDEN. TJT. LlX.
e vendas_, e apenhamentos, e quaefquer ot:Ítros fe- ·
melhantes , em que algüa parte fe obrigue a outra·
fazer ou dar algua coufa, de fpois que o Tabaliam
àer hüa vez efl:orm~nro pola Nota aa parte a que
pertence, nom lhe dará mais m1tro eftQrrnento po11
piríhüa coufa, nem razam, que lhe pera eUo alegue;
[.1luo auendo pera e !lo Nofià Carta , porque lhe feja
dada a dita eícriptura, a qual Carta 1he manda.rá
dar o Chanceler . Moor prefente as partes, e ~om
falua fegwndo fórma acoft1:1mada, e fazendo 0 C(:m-
1
~rairo perderamfeus Officios, e mais auer.am qual-
quer outra pena .em Noffas Ordenaçoês ec:mtheuda.
19 ITEM os Tabaliaes das Not~s f~Eam, todfllos
teftamentos , cedo! as, codicilos , e quaefquer outras
vitimas vontades, e todolos inuenraiws _que os her-
deiros, c tefl:atenteiros dos finados, e outras quaef-
quer pefl0as lhc:s quiferern HHindar fner .. por qt:Jal-
quer guifa que feja; faluo. Gs. inuentaiws dos meno•
res, orfaõs,ou prodiguos,ou cleíafifados,onde ~feri ..
uam d;orfaõs onuer·, porque entam o fará o Efcri-
\um d.os orfaõs. ;. e onde Efciiu.ar.n d'orfaõs. nom \!lu-
u.er, o faram or Tabaliaês do Judicial:, e pofto qu,c
9s inue.mairos aJam de feer feiras·. antr.e m1mores, e
maioue~. , oU pwdiguos, e -defafifados ,. em tal €afo
;M:andan1os. quei fêmpre o Ef~riuam dos. orfaõs. faça
çs ditos. inuerÚ\! iros .. Nem faram ifio, mefmo ps in-
ltentair.os ,, qqe os Juizes de feu Offiqio 1')1andarem
{<l~er. d'~Jguu,<> bens de pefToas aufentes- ·~ ou que
~;norr.er.~.m, (e.m. h~rd~ir.o,s ,. P-orq~e os tae1es inuen...
tai..
Dos TAB. DAS NoT. l DO Q..YE A sEus OrFIC. PER T. 405
táiros d~uem fazer os Efcriuaés das Audiencias ..
que perante elles efcreuem..
11 !TEM os ditos Tabaliaês das Notas·faram to-
dolos eflormenros. das poífes , que forem ~adas ou
tomadas por poder e vertude das €fcr.ipturas das·
vendas, e efcãimbos • aforamentos, e empr-azamen-
tos, e d'eutros quaesquer contraél:os , fegundo he
contheudo no ~arto Liuro , no Titulo Dos que to-
mam forçofamenw a po/Je da couja que outrem pqflue. E
quanto aas pofTes que furem tomadas por viguor de·
fentenças , ou mandados de J uize&, faram os efi:or-
mentos difio os Tabaliaes Judiciaes,.. como.adiante·
fer.á dec~araào em -feu Titulo•.
. I2 hEM efcreueram os ditos Tàbaliai!s das No-·
tas as recepras, e defpelfas dos bens do~s finados, que ·
feus tefl:amenteiros recebem,. e·defpendem per vi-
guor de feus _! eíl:amentos, e efto, quando os ditos,
finados em feus, tefl:amentos nom ordenaram Efcri-
-uaes certos. pera efcreuer as diras reeeptas, e·defpe-
fas ; ca fendo pGr elles ordenad~s· effes Efcriuaês =
efcreueram as ditas receptas e defpefás ; porem as·
Çartas das vendas e remaraçoes dos-ditos bens fa.,...
~am os Tabaliaés das .Noms-.
. IJ OuTRo si os 'fabal-iaês das· Notas faram
quaefquer Cartas de -vendas,. compras, . efcaimbos,
arrendamentos •·e aforamentos, . que fe fezerem dos-
qrfaõs, e de feus·bens , quando paífarem -de tres an--
nos , e os-preços dos ditos arrendamentos , ou foi--
dadas paflarem de. trinta ~il-reaes; por.q ue o~ arren":-
da...-

·'
damen.t:'os atee nms'annos, e: que J:}(i)!1ll.'patffit1fe.ffi dd
trinta mil reaes, h a de fazer li> Efcriuam dos·orfaõs 1
fegundo he couthc:mdo em feu Titiulo.
14 E ASSI faram os ditos Tabali:aes quaefquel!
obriguaçoes ,. e contra"étos , que· a:lg.uus prefus feze-o
rem em fendo prefos. , pofto quet tae.es. e~[Gripturas f~
ajam de fa~er p·el' mandado·J e auétol'idarl-«' . e em
prefença elos Juizes.
I 5 ITEM faram quaefquer eftorrnentos d'empra-
zamentos, obriguaçoês , arrend:tmenros ,. ~ dla{ugw: ..
res de ·cafas, .e· qua-efque"r outros contraétos de con..
uenças J que· [e fezer.e m <rntre·partes ·, pofl:o que a~
ditas efcripturas de confentimenm da-s -partes· por
maior firmefa_fe ajam de julguar p(l)r, fcntença de
q!Jaefguer. Juigua.dores. E quanto' aos efl:ormentos
d'afrontas, e ~equeriment0s, e proteftaçoés, que aí..
güas peífoas fpzerem a outras fóra do Juizo~ e alli
das citaçoés que fe fa.zem por No!fas Cartas, ou de
quae~quer ~o~as Jufl:iça.s, e de emreguas d'e! prefos
·a alguu·s Jutze:s, ou Alcatdes ., que fe delles dam por
entregues , ou de certidoes \ como alguas Cart, s, e
Aluaraes No fios, foram aprefentados a alguüs Juizes;
e Offici:J.es, o11 quaefquer. outra~ ~eífoas, ou de f~e,
e c.ertidarri com.o algüas Nolfas Ca.rtas , ou d'out'ras
· Nofi"as Jrufl:iças , ou·d·0s Prelados, e feus Viguairos 4
foxana: preguadas nas·pot:tas das Igrejas , ou lugua...-
r.es pubr.icos

' to?ás
'
eftas
,,
. eft:riptíú.rás,
( • J '
ç .efl;ó~;mentos'
dàs , coufas nefte Capitolo declaradas, ,.e ' d'outras .
___.. quae[quer .de femelhante qualidade~ , faratn e pa·lfa-·
ram
Do$ 'f AB. J;>I\S NoT. E no Q1TE A .sEu·s O:Fnc. l'ERT. 407

rarn qu_aefqJ.Jer Tabaliaes, ou da-s Notas , ou das


A.~tdiencj~s , quFtes as partes pera ello quiferem
ef.çplJ1er, e acharem mais prefies e deligentes.
- ~9 E os ditos Tabaliaes çlas N0tas l.euaram das
~fçr_ipturas, que affi f<:zerem notadas em :!ieus liur.os,
~dos ~efiamentos , e cartas q~:~e efcreuerem palas
óitas Notas, e_das buíças dellas, eflo que fc fegue~
. 17 h EM fe feier tal efcri ptura tirada da Nota~·
que encha toda ·hua pele de perguaminho bem
~fcripta de hGa banda fem malícia, leuaram da taJ:
c;~çriptura fetei1ta ~ dous reaes, e da Nota della que·
b~ pofta e;m fe\.1 liuro lel!la-ram cento. e oito reaes' ,.
qu~ he mais a t~rça parte; e efta maioria aj.a, porque
leuam mais trabalho. na Nota, que- na efcriptura que
{ç: por ella tira , que nom tem d.e fa'Zer fenom tref-
~adar : e fe for efcriptura que nom ençha fenorn
tpea P,ele , leu<1rá trinta e feis reaes , e de fua Nota·
çincoenta e quatro rea·es : e fe nom leuar mais que·
quarto de pel~, leu e vinte e dous reaes ;. e de fua No-
ta vinte e fe~e , e affi. di pera baixo po·r efie refpeiro.
E eijo fe ~ntef!,derá, qu<.lndo o Tabalia:m nom fói·
fóra do ' Paaço fazer tal cfcriptura· ,. pol.'que fe fot·
:(óra qá P~aço fazer efcriptura.s, que feja na Villa ou·
ir,rab~;~.l.de onde elle eíl:euerr, aalern de le.utar o, que-
çli~o )le dM efcrjptu,ras , le:uará. m.ais.Je,te. J;eae.s: da,
hida. ·
_ I 8 I TEM das ~fcl'iptura;<; que os· ditO! Tabaliaês.
qas Notas fezer<;.m ern p,<Jpel ,. fe for tal efcuipthlra.
que. çn_c~ lúia.JiJ;tea. fo}ha. de papel-e:íái.pua. cd'ambas;
ai;
408 O PRx.MgrRo Lrv. DAS ÜRDE·N. TrT. LIX.

as laudas • leuará dclla vinte e dous reaes , e da fua


r.tota vinte e oitG reaes ; e fe for .efcripta de húa foo
lauda leuaram onze reaes , e da fua Nota quatorz-e
reaes , e di per-a fundo por eífe r.efpeito, com tanto
que leue cada lauda villte e cinco regras pouco mais
ou meuos, em modo_que contando quatro OLt cinco
laudas faiam huas .po.r outras a vinte e cinco regras'
cada lauda , e aili cada regra leL:Iará ao menos trinta
letras pouco mais ou menos , em modo que contan4
do as letras de fete ou oito regras , fique cada regra'
ltuas por oatras de tri.nta·letras ; e nom tendo a dita'
lauda as ditas regras como dito he • .aom lhe conta4
1~am as ditas laudas fe nom aas regras , a cinco re-
gras por huu real ; e nom ferdo as regras das letras
que dito he, nom lhe coB.taram dellas coufa algüa.
E fe for fóra do Paaço fa~er tal efcr·i ptura • 1eue a
hida como dito he. E quando acabarem de efcreuer·
a:s taees efcriptu.ras _nas Notas , leuaram o qué nas
Notas montar ; e quaado én,treguarem as efcripturas
. que das ditas Notas tirarem aa parte, entam lhe pa-
guaram o que nas taees efi:cipturas affi tiradas da~;
Notas monta f4
19 E SE eífes Tabaliaês fezerem outras efcri.
pturas, affi cqmo inuentairos, ou outros autos feme.
lhantelõ , fejam-lh.es contados aas regras , conuem a
faber. de c~9co regras efcriptas como ditp he huií
real, affi coqto leuam os outros Tabaliaê:; dos pro.
c.eífos , como adiante hirá declarado no Titulo D~ ·
qut. ham de !.t:rtar os 'Ia.baliaes , e mais de hida fetc
reaes fe for 1la Villa, ou arrabalde. 29
Dos TAB. DAS No·r. E DO Q!!E A Úus ÜFFIC. PER T. 4-09

. ao ITEM os diws Tabaliaes quando bufcarem


algua Nota por feus liuros , ou -alguüs Efl:orme.ntos
que das Notas tenham tirados , e nom .forem .reque..
ridos palas partes a que pertenciam de os auer, de
maneira que nom efl:eue polo Tabaliam > Jeuaram
fàomence de bufca ametade do que he ordenado de
fe kuar da bufca dos· proce!fos , e outras Efcriptu-
ras, como adiante ferá declarado no Titul-o Do qu~
bam de leuar os Tabalia"Js , e Ejcriuaês~ ·
2r E os Efcriuaes nom feram Juizes em ninhuü
tempo que forem Tabaliaes , nem voguaram , nem
procuraram em Juizo por algüa pefioa ; falu0 por
ieus feitos, ou daquelles que viuerem -continuada ...
mente com elles em fuas cafas > fob pena de perde..
1·em os Officios.
2.2 OuTRo sr os ditos Tabaliaes feram obrigua.oi
dos de viuer, .e morar continuad.amente na Cidade~ ­
Villa , ou Luguar, ou Concelho em que affi forem
TabaEaes, fob pena de perderem os ditos Officios ;
e nom poderam feer T~baliaes em defuairados Lu-
guares, ou Concelhos , faluo fe forem tam pequenos
os· ditos Luguares, e affi conjuntos, que nom ajam
!pais de huu a outro que duas leglioas ; e efl:es que
em defuairados_ Luguares affi forem Tabali.aes , vi..
ueram e moraram em cada huu dos ditos Lugua ...
res , ou Concelhos. ·
23 . E sE algüa parte pedir Efl:ormento ao Taba-. ·
liam, ora feja das Notas, ou das Áudicncias., ou,
;Efcriuam dos Contos, ou d'outro qualquer Officio
Liv. I. . Fff de
4 x0 O PRIMEIRo Lw. t>As OR·DE·N. TzT. LIX.
de Nolfa Fazenda, naf!uelles cafos q\le cada huii
rlelles lhe pode paífar Efl:ormentos , ou Cartas Te..
ftemunhaueis d'ante os Córregedores, Ouuidores ,
Juizes, Contadores, ou quaefquer outros Offici'!.eS ~
e·Juffiças, dizendo que lhe nom querem fazer de.
niito, íe o Julguador differ que lhe feja dado o dito
Eítormeflto , ou Cana com fua repofta , ferá obri...
guado dar a dita· repoíta a dous dias primeiros fc-
guintes, contados de momento a momento do d.ia ..
e moment-o que lhe o requerimento for feito por
palaura , ou fe a parte quifer viir com requerimento
por efcriipto do <!lia , e momento que lhe for apl·e-
fentado a dous dias primeiros feguintes, contado&
de momento a momento , como dito he ; e fe a par..
te a que tocar quifer refponder 1 refponderá eq1 ou-
tro tanto termo' ; e fe o Requerente quifer repricar ~
· e-·a durta parte trepricar , ou o Juiz l póde-lo-ham
fazer, por-em p·F a a reprica· nom auerá mais de hu·u
dia de termo , -e owtro pera a treprica , CQ,fltado.
cbmo diro he. E o dito Tabaliam, ou Efcriuam,.
ferâ_ deligente em aprefent'ar o ' requerimento aa
Ju.iz, na hora que lhe for daclo , e iffo mefmo'em
pedir ao dito Juiz a dita repoíl:a, ou aa parte a re:.-
pofta, e trepriFa ne> fim d~ cada huu dos di-tos ter-
·mós ,. e nom lha dmdo cada huu dos fobreditós a9
dito termo , o pito Tabaliam , ou ·Efcúuarn ~à fiará
· p ·E.ftormeri~o, yu Carta aa parte: que lho peaii\ fem,
a · tlitt~ rref>oíl:a ·, ou J·eptica , ou tte-prica qt1e lhe ·aBi
noín 'f-ar tlââa :;_ 'e d<i'fta guifà a.•faça :a.n~re as •partes..a,
quan.·
boa T:Aü .. DAS NaT~ E DO Cl.YE A sws ÜFFIC. PER1'. 41t

quando lhe algüa das partes·pedir Eftorrnenta d_e re..


querimento , ou proteftaçam , ou d'outro q.ualquer
auto fóra do Juizo, fe a outra par~c lhe nom der
repofta ao dito termo de dous dias; porque he cer-
to que fe o Juiz, ou á parte com que h e a cont.endà
mais alonguaíTe de dar a dita repofta J nom o faz '
faluo por alonguair a demanda , e tolher ao R~que-
rente feu dereito. .
24 E o Tabaliam, ou Efcriuam ãm da Juftiçà,
como da Fazenda, que loguo nom der o Efior-
mento • ou Carta aa parte que lho requerer a ou- .
t.ro dia fegt!Ínte , defpois de paffados os ditos ter...
tnos, ora feja com repoíl:a do Julguador, ou parte,.
. ou fern ella, fe no dito termo a nom quifer dar 8
O!:!eremos que por effe mefrno feito perca o Offi.
eio, e nunca o mais aja, nem outro alguu Officio
da Juftiça, e fcja prefo , e da Cadea pague vinte
(;ruzados pera a parte fe os quifer acufar, e pedir ;
e nom os' querendo a parte demandar, ferá a metade
pera qu~m os a1cufar, e a outra pera os catiuos; e
nóm auendo Acufador feram todos pera os catiuos ,
e efto fern embargao que per os Defembarguadores
que a algüas partes Mandamos com Alçada , pofto
que Prefidenté leuem, oU per os Cotregedores; Ou ...
uídores, JuiZ'es de Fóra, Contadores , e todos ou-
'rõs Officiaes de Juftiça , ou Fazenda a que wcar,
ou polos· que jurifdiça~ teuerern nos Luguares ,
ónde: fe táees Eftormentos requererem, lhes feja de~
fefo qué os rtom dem ~ e pofl:o que os taees Officiae$
Fff2 à
/
O PRIMEIR~ Liv. DAS ÜRDEN. TrT. LlX.
da Jufiiça, e Fazenda tenham Noffa AlÇada n~ tal
caro; porque toda via os daram fob as ditas penas,
declarando como o dtto·Julguador lho defendia que
o nom deffe, e elle por bem deita NafTa Ordena-
çam , e Re-gimento lho deu. E no cafo que alguü
Ettormento for tirado d'ante alguüs Defembargua-
dores que com Alçada Mandamos, como dito he,
o tal Eft9rmento nom hirá a ninhüa das Cafas, mas
yirá a Nós.
. 25 E sE defpois que o Tabaliam, ou Efcriuam
encorrer em as ditas penas , por deneguar o Eftor-
JTiento aa parte, fezer mais Efcriptura ·, ou outra
;:tlgüa coufa que a feu Offici~ pertença, Mandamos
que feja prefo, e da Cadea pague vinte cruzados ,
ametade pera os catiuos , e a outra pera quem o
,acuíar, e mais lerá degradado por dez annos pera a
Ilha de Sam Thome, e as partes o poderam de-
mandar paio qpe lhes leuar por as taees Efcriptu-
ras ' e nom [eram valiofas J nem teram viguÓr al-
guü. E aos Juizes, e Officiaes affi da Nolfa Juftiça,
como da Fazenda, Defenderhos que com o tal Ta-
b.aliam ~ ou Efcriuam nom façam coufa algüa que
a feus Officios pertença ; e o que Q cont.rairo fezett'
pague dous mil re.1es , ametade pera a rendiçam
dos catiuos., e a outra m·e tade pera quem o aeufar.
. 26 E MANDAM OS a todos· NofTos Corregedores 1
Juizes , 'e Officiaes de Noffa Jufriça, e affi aos Nof-
fos Contadores t AI mox·arifes , Juizes das ·Sifas, e
Offic.ia.es da No~a Fazenda). e Contadores do& Re.-.
. fi~
Dos·TAB. DAS NoT. E np Q.!JE }. sEus Orne. PERT; 41 j.

iidos , Ouuidores Noífos, e das Raynhas, c Me-


ftrados, e affi de Senhores de Terras, e Grandes de
Noffos Reynos , e Senhorios, que quando quer que
femelhantes requerimentos lhes fezcrern , e pedi-rem
diffo Eflormentos , que no tempo aqui conrheudo
dem fua repo!1:a , e nom a dilatem mais ; e fe paffa-
do o dito termo a nom derem , Mandamos, que
nom impidam, nem tolham aos ditos Tabáliaes , e
Efcriua~s- , que nom paiTem os à i tos Efiormentos ,
ou Cartas Teflemunhaueis , e lhos leixem fazer , e
dar aas parteS,_ fegunclo a feus Offi(ios pertence ;
e nem foomente lhos nom impidirarn, mas [eram
obriguados a lhe fazer dar os ditos Eflormentos ,
ou Cartas Tefiemunhaueis , nos termos acima éon-
theudos. fob pena de qualquer que o contraíra fe-
zcr, e femelhantc E!1:ormento , vu Carta impidir·..
ou lha nom fezer dar como dito he , perder por effe-
rnefmo feito Officio,. e ferá inhabel pera nunca•
mais teer Officio de Juftiça , nem outro algll'u de·
Çidade, Villa, ou Luguar, e ma·is pagCJará. vinte··
cruzados , os quaes feram pera a parte fe os quifer
acufar ,. e pedir, e nom os querendo a parte de-.
mandar , ferá ameta·de pera quem os act~far, e a ou~
tra metade pera os catiu_o s, e norn auendo Acufa-
dor , feram todos pera os catiuos , e fe mais 1:1.far do
dito Officjo, fem 'di!Io auer Noífa. Prouifam , auerá
aquella pena , que aueria qua-lquer peífoa que fem
Nolfa auél:oridade minifhaffe jufliça ; e fe o que te-
uer a Jurifdiçam da Terra, o defeader·_que lJQtn.
dem.
I

4!4· O PRIMEIRO Lrv. ·DAS 0R0EN~ Tn. LIX.


dem tal Efiorrnento, feja fufpenfo de:Ua em qúànto
G Nós Ouuermos por bem.
27 E SERAM auifados 'os ditos Tabaliae's, que os
taee.r Eftormentos fezerem , que fe os feurem pet
cedula$ que lhes as pa:_rtes derem, qtle tanto que as
ditas cedulas foreni por elies t'rash:tdadas , fejam li:.
das -, e co,ncertadas perante as partes fe f)'l'di'entes à
dlo quiferem feer, e quando as partres norh fótem
prefentes, fejam concertadas com ou.tro Tabaliam ~
o qual poet;á o co~cert0, e affinari de feu final pri-
uado ; e nom lhe poendo o dita concerto como düo
he , ferá priuado do Officio , e paguará , aa• p~ute
toda perda , e dâno, e cuftas q.ue por ello receber.
28 E li>"EFEN !};E Mos aos ditos Tabalifes das No-
tas ,·q.ue nom faCfam nilnhuüs corttt:áél:o.s , nem con.
uenças. em 1que as pàrtes f(;! obriguem por jura-
mei'lto , m1 á boa f ee-, _d e comptir , -~ . ma,nteer os
dttos contraétos; fob pena q:ue -o que o Gontrra:iro fe.-
ze·t enCOrfell 11<\IS penas que Dir-ern10S IÍ()., \~art<)
Liu·ro , n0 Titulo· ~tu ninhuu tt~m fdça conf.raélo'S,
uení dijtPaéMs ~ em qu~ prmh'ã,jurarttento; . nem boti''/tt.
2'9 ÜllTRO ·SI .Ma:nd<Hil\')S, que 0S Qiitos-1\;.tba.o
·liaés ponha·wr por fua:s 'letra:s ~rn t6dás as Efcri ..
ptüras , qúe Wtffarem aas partes, \s p·agu-as· , perci, fé
fat>er ·f<t leu~m mais do que lbe·s he taixaMo, e rr~ ..
qü-ellas Efcripturas de que nom oun~r€m , ou nom
quifercm leuar qinheiro, ponhia n!hil : é fe o édn,.
trairo dello· ~:zerem , norh poendo p'âgl:!<l 'G0'rfio dito'
he , pola· primeira· vez tornem 1!0®· o que leuárern
aa
\
Dos TAB. DAS NoT. E DO Q.YE A -sEus Orn-e. P!nT. ·4-IS
' '

aa pa·rte , e p~guem outro tanto pera os prefos ~ e


pola fcgunda vez ajam a dita pena, e feja fufpenfo
do Officio por feis mefes , e pola terceira vez feja
priuado 'do Officio. E o Tabaliam que mais 1euar
do que lhe he ordenado, auerá as penas s ontheld-
das no ~into Liuro , no Titulo 'Da pena que aue-
ram os Officiaes qtlt· /euam mais do contbeúdo e_mjms
R egi1!ten tos.
·:30 OuTRO si Mandamos, que onde ou:tler dous;
Tabaliaés das Notas, ou mais, o mefmo Defl:rebui-
dor que for antre os Tabaliaes Judiciaes , fej.a iffo
mcfmo Deftre.buidor anu·e os Tabaliaes das Notas,.
o qual defirebuir,á antre elles todas as Efcripturas ,. ·
que ouuerem ·de fazer, em tal guifa , que os ditos.
Tabaliaes da·s Notas. fejam igualados , e .nom·.ferá .
oufado ninhuu Tabali'<lm das _ Notas fazer algúa
Efcr-iptura de qualquer qualidade 'JllC feja , de ,todo.
o que a feu Officio pertence ~azer , fal~o o que lhe
for defl:rebuido polo dito Defirefuuidor ;. e .fa.z-endo
aJguü delles o contráit:o, pola primeira vez feja
fufpenfo .por feis tnefes , e pola fegunda ;priuado-do
Officio, e pague .dous mil reaes pera-quem o·acu·-
:f.àr. E o Deíl:rebuidor leuar.á de·~ada coufa que de- .
_ ftrebuir ·tres reacs ~ re ferá ohóguado tettr ·Liuro de··
defl:rebuiçam bem enquadernado ,. c de o,guardar, .e
dar cont<t d'eHe atee trinta annos , ·e nom ·leu ará (1m-
fca, fenom quando paffal' de cinco annos, que·tal
Efcriptura for deftírebuida. ·E p@rem nas .Lugt:tares,
onde o.uue1· .copia de .Taba.liaês. das .Nouas , JNós.
A par-
416 O PRIM·t lRO Lrv. DAS ÜitDEN. T.fT. LIX.
A parta remos o. feu Deftrebuidor dq Defl:ribuidor
dos Tabaüaês do Judi<::ial , e fendo am apartado ,
ferá obriguado eftar no Paaço dos Tabaliaes _das
Notas tres ho-ras pala menham, e tres aa tarde con"~
tin~adamente; e o dito 'Deftrebuidor) que as ditas
Efcripruras antre os Tabaliaês das Notas de!l:rebuir,
affcntará no di.to LiHro da deflrebuiçam os nomes.
das partes qBe o contÍ·aB:o fezercm , e o nome .do
- c-ontraél:o, e a coufa fobre que fe fez o contraéto 1
affi como dizendo: ·l!em a Foam 'I'abci!iam hü,t Efcri·
ptu.ra de venda de buas cajas , que FMm vende a Foam.
J r E QYANDO as Efcripturas fe forem fazer fóra
· do Paaço, e nir~húa das partes nom for. ao dito _Paa-
ço pera o declarar , em tal cafo o. Defl:r~buidor lhe
. carreguará a Efcriptura que ouuer de hir fazer na
defhebuiçam ', poendo ·o nome foomente do que affi
manda chamrr o Tabaliam ; e leixará em branco
pera defpois-<!fcreuer .os nomes das outras ·partes, e
fubfl:an.cia da Efcriptura como emcima dito 'h e ; e o
dito Tabaliarp ferá obriguado de no dito dia , ou
atee o outro dia a mais tardar, declarar a0 Oefl:re..
buidor os nomes das partes , .e fubfl:ancia do con-
traél:o , fob wna de perder o Ofliicio, e. fe o Taba-
liam o nom declarar no dito tem~o, o Defl:rebt.ti..
dor lhe nom pará mais defhebuiçam. \
32 E ACONTECENDO q1:1e defpois de fee~ deftre-
btiida a alguü ·Tabaliam das Notas algüa Efcriptu-
ra pera fazer, as partes fe arrependeren•l , ou por
qualquer -marleira a nom quiferem fazer, o tal Ta ..
1
· . ba~
Dos TAB. DAS N0T. E ·oo QYE A sEu-s Orne. p!E.RT, 417
baliam a -que a Oi for de.fl:tebuida u noteficará ··da hi
a dous dias ao Defirebuidor, o qual aífentará na
margem donde afii a tal Efcriptura efieuer deflre..
buida,.como o dito Tabaliam diífe que a nom ferz.e:...
. ra , e o Tabaliam affinará ao pee, e lhe fer.á de fpois ·/
dada outra t al na deílrebuíçam ; e nom {) notefi-
cando affi no dito termo, pofro que clefpois queira
prouar que as partes nom fczeram a tal Efcriptura ,
nom f~rá a dlo recebido. , E porem ,fe no ·cafo em
que 'O diw Taba liam fezer a EfCriptura que lhe for
deílrebuida, e for dizer ao D el1rebuidor que a nom
fez , ferá punidu .como fàlf'ario.
33 lT1> M feram auifados os ditos Tabáliaes, que .
tiunca, c:m quanto T abaliae-s forem , traguam coroa
aber.ta grande nem pequena , e fazendo alguú o con-
. t rairo , por effe mefmo feitú , fem mais feer citado, ,
perca o Officio e nunca o mais aja.
34 OuTRo si Mandamos a todas os Tabaliaês ,
que feruam feus Officios por fi, e nont ponham em
elles outras peífoas que os por elles feruam ; e qual-
quer que outrem pofer em feu Officio que ferua por
clle, nom tendo pera ello Noffa auél:oridad·e ·e fpe-
cial , por effe mefmo feito perca ,o dito Officio. E o
Tabaliam .<i]Ue todo o contheudo ne!l:e Regimento
nom comprir , perderá o Officio, 'e pag\.iará o d~rio
e perda aas partes; faluo nos capitolos em que lo-
guo expreífamente he pofta certa pena , porque nef-
fes aueram a dita pena nelles declarada. ·
3 5 I TEM os ditos Tabaliaes daram fiança, antes.
L.v. I.. · Ggg que
-sps OPRIMtrRo L1v. nAs ORnEN. TzT. LIX.. ;·
que comecem fcruir, a todo o dãno ou perda ·que·
a algua parte fe caufar por .fua malicia ou culpa •
conuem a faber, nas Cidades trinta mil reaes , e nas
·Villas vinte mil, e nos Concelhos de ··Terras chãa$
dez mil reaes, e feruindo fem dar a dita fiança ·per~
d.eram os Officios.
36 E MANDAMos gue em cada hüa Aldea,.que ou..
uer vinte vezinhos, e di pera ci-~a, que .efteuer afa.- .
fiada hüa leguoa, ou mais, de qualquer Cidade, Otl
Villa, aja hüa peffoa eCcolhida polos Officiaes da
Camarada tal Cidade, ou Villa; pera poder fazer o&
teftamentos aos moradores ·da dita Aldea, que efte.
Uerem . d0entes 'effi carna , a qual peffoa affi pala
dita Camara cfcolhida terá poder de fazer os ditos
teltamentos, affi como faria o Taba liam ' das Notas
da tal' Cidade 1, -0u Vil la, de cujo Termo for a dit<!l
Aldea, c lhe ferá dada a fee e auétoridade,. fendo os
taees · teílamentos. feitos fegundo fórma_ de N'Oífa·s.
Ordenaçoes , fomo que foram feitos por Tapaliam
das Notas da dita Cidade, ou ViHa :· e aos O'~ciaC$
d~ dita Camafa Dam~s ~o9er , ·que poíf~m efcplhe.11
hua pelfoa m s)radbr na d1ta Aldea a mats auta pera:
tllo , ao. qual pem j urament~ em\ Camara, que bem.
e-_v:rdadeira~~l1!te ferua o ~i to Ofncio ,, G qual ~er-
. ·m ra ern ft:~a v'H.h ." no que drtto- he , orno Tabaham
pubrico. E. cometen-do- qua.Jguer ·en;o ou ..,aH1dade
nos dir~·s· Uflamentos , ern.correrá nas l?ena.s gue en•
correra qual ~uer Tabaliam pubrico , qwe os dito~
~r~:os ·ou falâdades.. comet-era ;:.a qt~al peffoa, affi efcó..
· .,- , ..~ ..~ ; . ~~hiôa
Dos TAB.- Juo. E oo' QiJE A sws ·Onrc. PERT. 4r~

:thi:da ferá . obriguado teer quaderno bem co:fida 1


~m que efcreua os ditos teftamentos, quando 1hos
mandarem fazer em Notas. E porem nom Tolhe-
mos , que os moradores da dita Aldea poflàm fc1Zer
GS teíl:amentos ,. pofto que doentes eftem , com os
Ta~aliaes da Cidade , ou Villa, ou como antes qui-
.férem , fegundo fórma de Noffas _Ordenaçoés. E as
taees peffoas que affi forem emlegidas·pola Camara,
leixaram feu fir1al pubr_ico feito na Camara ao pee
<\g juramento .que lhe for dado.

TITULO LX.
J?os <:J'a!Jaliaes :Judiciaes, e do que aJeus Oificios
ptrtence. ·

MANDAMOS aos Tabaliaes Judiciae~,


tanto
que o ~uiz entrar por Juiz. loguo né!fe mes lhe
de.m as querelas que teuerem de quaesquer pelfoas,
e affi lhes moftrem as inquiriçoes em que teuerem
alguüs cuipados , fob pena de priuaçam dos Offi_ci"'
~s ,.e affi di .em diante em cada huu mes lhe dem
todas as ·mais,quenlas, que no dito mes receberem,
,()U .culpas que mais otJuerem, fob a dita pena de
•priuaçam ·dos OfficiGs ; e pera certidam de como
lhas .amoftraram , faram huü "rol de todas <!-S ditas
quere1as e.inquiriçoês que lhes mofharem., ~o qufll
.íicará ,o +raslado na mai5 do Juiz • e.oqtrp .naJnaõ
Ggg 2 do
4-20 O PRIMEIRo Lrv. DAS. ÜRD.EN .. TrT. LX.·
do Taba}iam affinado polo Juiz: o que iffo mefmd1
Queremos que aja luguar nos Efcriuaés, que peran-
te ,algqüs Julguadores efcreuerem , que querelas ou
in.quiriçoes teuerem ~ em que alguüs fej'am culpados,
fe as nom moftrarern aos Julguadores ,a que tal co-
nhecimento ··pertencer.
l Os Tabaliaés Judiciae~ feram mui prefies e
deligentes, affi pera nas Audiencias, em que fam or•
denados. efcreuerern todolos Autos que perante os
Juizes paífarem , co.mo .pera em todolBs outros Au.. ·
tos ; que a bem de jufliça pertencem, fazerem e
· e.{; reuerem o que a feus Officios pertence, e lhe for
mandado polos. Juizes, e requerido p.olas partes, em .
tal maneira que po.r fua negrigencia a Ju.fliça nom
pereça nem as partes percam feu derei11~ E p>era;
efto todo fa'Zjerem como deuem , viram pola rne.-
nham cedo ras Audiencias, de maneira que elles
, aguardem po~os Juizes , e nom os Juizes por elles.,
e efcreuera.m todo.Ios termos dos feitos: que t he de-
ftr.ibuidos f0fem mui dedaradamente , e o menos
prolixo. que ~ode rem' poendo fempr~ enr cada ter-
I .
mo. o. dia , te· 1nes., e anno , ~Jeu nome·, fob perla de
pr.iu~çarri dos Officios ;.. e os tertbos qu€'. forem pre.. .
· judiciaes , ou em proueito d'alg~a das. pà-rtes, fararn
affinfl.r aas partes, fegundo he·contheudo.ndre Liuro,
no Tit~lo Dl!s Ejcriuaes dante os Dej'embargufdores da
Paaço, e fob. as. penas hi. contheudas ; c os, outros
termos da. ordem. de Juizo,,acerca do continuar. dos
proceffos ,. pode~:am poer ·em. Porta.col.o . por len1-:
bran"'!
Dos 'fAB. Jun. E no Q.lTE A sEus OFF xc. P.ER.T. 4~1 ·

brança, pera os continuar rlefpois dedaradament~ •


e como pafia,ram. E feram auifados os ditos Taba-
liaés , que façam affinar aos Juizes as fentença·s , afii
definitiuas ,. corno interLucutorias que por elles ver-
balmente forem dadas nas Audiencias ; e nom o fa .. .
zendo affinar o dia que as der, ou atee outro dia. ·
paguaram aas partes toda a perda que por no~ eftar -
affinada fe lhe caufar.
2 E POERA' na continuaçam dos ditos termos , e
affi no começo do feito, e affi nas Sentenças e Car-
tas que paífar-, o nome do Julguador , e o nome d<>·
Officio foomente , porque conhece do dito feito , e:
nom lhe poeram outros nomes , ne~ dignidades~
pofto que as tenha; e o Tabaliam, ou qua-lquer ou-·
.rr-o Efcriuam que o contrairo fezer 1 paguará dous
mil reaes , ametade pera quem o a!:ufar ,_e a outra.
metade pera os captiuos.
3 , E QY ANDO aconteceífe ,. que· todos os Taba,...
1iaes _do Judicial de huü Lugua-r faffem fufpeitos.
em algüa caufa , entam huú Tabaliam · das Notas ·
efcreuerá na dita çaufa; ~fendo fufpeitq., eiereuerá:
· .o Efcüuam da Cama-r.a ;· e fendo fufpeito , entonce
virá huü Tabalian1 do mais. acheg!Jado Lu.g~ar ) ·e.
. efcreuerá na dita. cau:G1 ... í
. ·4 E MANDAMos que os ditos Tabaliats façam
eada huü. feu Lium enquadernado· de quadernos.
iguaes ,. de tantas- folhas- huü. como outro , e de papel
ck hüamarca e grandeza, pera: nelles efcreuerem
as.q1Jerelas obriguatorias '·'1.-.ue polos Juizes .e Juf!i-
~~
4'22

ps forem :recébidâ.s- aos querelofos , nos <:afos em


-que porNoífas Ordenaçoes deuem feer reeebidas aos
querelofos ; e. o Tã.baliam que a c0t'ltrai·ra fezer, e
foF comprendido em malicia , ou negrigencia , per-
derá o dito Officio. ·-
, 5 ...,:E os dit0S Tabaliaés feram auifados de nom
p0er, nem efcreuer, Rem de léixar de efcreuer mais
palauras , nem menos ~ daquellas que lhe forem cl-i-
. ~s pÔlas partes quÚeldfas, as ·qua:es defpois àe te-
rem -·efcriptas as ler-am todas cle verbo a verbo aos di-
tos queJreldfos , perante o Juiz que lhe a dita •quere-
·la__receber) e defpois de ,Jidas amas ·ditas querelas'
fe r:am afUmtdas pe[@ querelofo , e poló Juiz ; e o Ta...
baliam que o contrairo fezer, 'percaloguo o Officio 11
e Ieja prefo pev.a 1he Ma~darmos· dar a pena ·-de fal-
fa, ou outra ·,'• qual Neffa Merce 'for• .
, 6 OuTRO sr os ditos Tabaliaes J udiciaes feram
,mui preftes, P!era vii.rern •cç:>m os Jui'Zles, ou por feu
mandado, tfaz-,er quaes.quer Autos que •perteJ cem a
hem de g-ufl:iç<~, e a tirar quaesquer inquiriÇoes, que
polos Jui:t.es lhe for manda\ilo , aíll âeuaífas , 6:pma
. judiciaes • gerraes ' e ·efpec'iaes ·em ·todo los malefi-
cios, -affi por ~ar.re da J ufl:iça, c~\ro ~ _req...ueriment~
das partes dan lfl.cadas , as -quaes n1<qumçoes deuaffas
1
.lhdieram pagpas ~ fegundo fliífemos nefte -Liuro •
no Titul·o 1[?os Juizes Qrdina1-ios. .
'7 E-sE p:or ventura algüa ·part:e·por ·fe ftmtir do
Juiz '.agrauad~. pedi·r Eftormento d'"J\grauo, eu de
·- ij.Ualquer ·out1;a proteftaçam dante..o Juiz·· pera feu
I su.,
Dos TAB. Juo. E no I'UJ! A SEUS OF:rtc·. PIB:T. 4f2'J,

S~:.~perior , o dito Tabali~m Judicial a· que for pedido


lho dará, guardando em todo e por todo acerc34 del~
lo o que Diffemos no Titulo precedente , e fob as
penas hi poilas.
8 E os Eftormentos ,. que fezer por ceduJ·as c(cri""
ptas palas partes , concertará prefente elles , o~ pre-
ferire outro Tabaliam que ponha o concerto • e affi·..
ne de feu final priuado ; e nom lhe poendo o. dit:@
concerto como -dito he, ferá priuado do OfficioA
. 9 . E POLo díto mod? :faram concertar wdos os
Autos que derem em pubrica fôrma -, e aJii as Cartas
que fezerem pera fe tirarerri inquiriçoes por artiguos;
~ nom o poendo como dito he,. feram i fio LJlefroo
priuados dos Officios , e paguaram aa.s p.arte.s. toda
a perda, e dãno , e cuilas que por eUo rec.eberem ..
: 10 MANDAMos aos ditos Tabaliaes, que as C.ar-
tas, que aquelles cujo for o defemb.arguo lhes man...
darem fazer , as façam loguo em effe dia , OU atee O ·
outro pola menha:m , fe as m>m poderem fazer em
effe dia; peró fe ·o Jui'Zl cujo o defembarguo· for .viir
que fe nom pode fazer no fobredito· tempo·, affine
tempo a. que o effe Taba! iam pofia fazer,. e fem ma~.
lida.
H JT~M feram obriguados continuar toclolos.
feitos · no dia que forem offerecidos, e os eltes re.-
ceber,e m nas Audiencias , e np dito dia .ou a màis-
tarâaF no ou·tro os dem aos Juizes, ou ProeuradoreSi
que os ouuerern .d'auer; peró fe nos dite>s feitos fo-
renl olfereci.das tanta~ . e.. taees e[c:ripturas., .qut; tatft,
· em

/
424 · O P~t~MEIRO trv. DAS ÜRDEN. TrT. LX.
erri br:eue fenom pairam tresladar, o Julguador que
de taees feitos conhecer lhe affine termo conueni-
ente , em que as poífam tresladar; as quaes efcriptu-
ras ta,nto que forem tresladadas, concer;tàram com
outro Tabaliam , e dfe com que aili concerrar lhe
poerá concerto ao pee , e affinará de feu final ; e
nom as concertando na dita fórma , paguará a:as
partes , ou cada hua dellas, , toda perda , e dãno , e
cuftas que por _ello receberem._,- ou fe caufarem.
E nom .dando os ditos feitos , ou nom fazendo ·as
ditas Cartas no dito dia , ou ao termo que lhe foi
affinado , paguará dez cruzados • ametade pera a
parte , e a outra metade pera os captiuos, e defta
metade dos captiuos auerá quem o acufar, ainda
que feja a propria parte, ametade •.E pera nom feer
duuida qu~ndo deram os feitos, poeram fempre no
1
feito em que dia os d.eram aos Juizes, ou Procura.
dores.
12 ITEM todo TaJ:>aliam e Efcriuam dç Nofi'os
Reynos e Se~horios, que nom for da Corte, nem das
Sifas, poder~ em cada hu ~ anno 'hir fora do Luguar
onde for Tabaliam , ou Efcriuam , fem licença do
J ulguãdor perante quem efcreue , oito dias. foomen-
te , e mais nom. E hindo fóra do dito Luguar fem
fua licenç-a, 'F andando fóra mais dos ditos oito dias
em cada huu anno, ferá fufpenfo do Officio .por
huü anno , e paguará aas partes toda perda , e dãno
que por fua hida e abfencia f.e lhe caufar-, a qual
~d.cença lhe ppderá o dito Julguador_, perante quem
efcrc~

Dos T :AB. Juo. E Do 'QYE A swt> 0Fnc. PllitT. 42 s


efcreHer, foGIT!ente dar a todo mais atee tres mefes
em cada huü anrw, fe perã tanto ~empo viir que o
dito Official .tem neceili(bde , e andar.~do fóra mais
q_ue os d.i.tos tres mefes, pofto que feja com licença
do Julguador, ferá priuado do Officio ; ·e quando
llie aili der a dita licença-, ficará feu carregu.o a ou-.
tro Eícriuam , .ou Tabal.iarn do mefmo Oflicío, ou
Auditorio, a quem o eiie leixar, e lhe dará enfor-
maçam dos Feitos e Autos que leixar ~em modo que
nom fejarri as partes detheudas po.r effa razam , fob
pena de paguar as cuftas e perdas aas panes que po~
o affi nom leixar fe lhe cauf.arem. E nom auendo hi
outro üffic'ial de feu Offici.o a que feu carreguo aj~
pe ficar, o dito Julguador lhe nom dará a dita li~
ccnça, e dando-lha ferá ninhüa•.
13 E QYANr_o aós Efcriuaés da Corre e das Si-
- fas ., [.e guardará o que por outras Noffas Ordenaçoês
~e determinado.
14 hEM quando quer que os dito~ .Tabaliae$
algúas apelaçoes ouuerem de dar aas partes, primei-
;ramente as con-certem perante e11es , em guifa que
no~ poílam dizer ao defpois , onde taees apelaçoês
.ou treslados de efcripturas forem viftas , que fam
,minguoadas ou emadidas, e pera efto tolher fara~
,ailinar o concerto aas ditas partes , quando forem
prefentes , ou a outro Tabaliam ·• fob pena de priua-
çam dos Officios ~ e de lhe paguarem as perdas , 'e
' dãnos , e cuftas que fe lhe por .ello caufarem.
15 E As.sr poeram no fim das ditas apelaçoês;
Jj'l!. 1.. Hhh ,ames
42~ O '{lRIMEIRO Lnr. DAS ÜRDEN. ~IT. LX.
:mtes que as mandem ' o tresl;:kdo da conta que cj
Contadór fez, do que montou auer ao dito Taba-
Üam, ali do proprio feito, como do treslado ; e man-
dando adira apelaçam Íein a dita conta:. ferá pri- '
úado do Officio.
16 · E Q.UANDO as demandas forem fobre bens de
raiz, o Taba liam ou Efcriuam que a apelaçam ou.
uer de fazer, ou o feito d'agraüo ouuer de mandar~>
f e das fentenças. que os Juizes das apelaç?ês derem
for agrauauo·, nom a çarrará, nem emreguará ao A pe-
lante ou Agrauante , fem em a dita apelaçam ou
feito d'agrauo primeiramente ferem poftas as pt:o-
cur'aço.es das molheres dos litiguante_s. fe cafados fo-.
:rem, pera proífeguimento das. ditas apelaçoes, ou
fótos. d'agrauo. E fe aJgúa das panes Apelantes ou
AgrilUantes no'm quíferem trazer procuraçam de fuas
molheres, o Juiz do feito lhes nom ailinará termo
pera feguirern. fua. a.pelaçam ou agraúo, antes paira-
dos os tempÜs da Oràenàçam, que fam lirhitad9s
perà os Apela9tes ou Agrauantes feguire'm feus agra-
uos Óu apelaçoes, Ílom poderam mais os ditos }~p'eo.
lantes ou Agrauantes feguir fuas apelaçoes ou agra-
uos; ·e quanto aas partes apeladas ou agrauadas,. eftas
nom feram ohriguadas trazer procuraçam de fuas
molheres , m<\s os Juizes qHe a apelaçam ou ag,rauo
ouuei-em d'aternpar, mandaram· aos ditos Apelantes
ou Àgrauantes que. citem as ditas fuas molheres, '
qua':ldo c_ita~em os marl.dos agrauados ou ape!ad0s.
E à Tahaliam ou ·Efcriuam que o. feito."da apelaçarn
ÓL!
~u agrauo entreguar fern ~s ditas procuraçoés , ou
d~Ftçoes, encorrerá em pena de perdimento do ,Offi-
~io. Porem fe a molher , cuja procuraçam ou cita-
çam f~ requere pera o cafo da apelaçam ou agrauo,
teuer daçlo procuraçam a feu marido abaíl:ante , pe-
,ta feguir a dita apelaçam ou agrauo , :1 qual procu-
raçam çíl:eueífe ja oferecida no feito, nom ferá ne-
~efrario outra procuraçam , nem ci_ t açam da dit~
wolher.
17 E PORQ!!E nas fufpeiçoes quG fe põem aos Jui-
~es Ordinarips , ou a quaefquer Ol1tro~ J Lilgu"d~res
d~s ÇipaQ.es, Villas , e Lugua_res , ou Com~rca~ de
~offo.s ~€rnos e. S~nhorios., e ~ffi ~os EJcriü,a\!s e Ta-
t>àlia~s dante elles, ou Enqueredo~e~ , .fe faz gr<ti1de
J.eCl:pJi:t , e q\l~nd,o fe tr:esladam as. apelaçoes fe . tres:-
lada todo o. procelfo affi como eftàa , e porqtle tres-
Jadar o ,q ue toca aas fufpeiÇoes nom tra~ proueito
.fllguú , Mandamos que·11inhuü Tabalia~ nem Efcri-
,uam nom -tresla.d e nas ditas apelaçqes ~s fofJ?eiçoés 8
nem tefternunhas , nem terll)os que fobre as ditas
fufpeiçoes. forem . tirados e feitos , foomente poerá
huü termo como foi pofta fufpeiçarn ao J ulguador ,
.ou Efcriuam, _ou Tabaliam , O!l Enqueredor, e foi
JulgtJ.<;tdo ou 119m julguado por [ufpeit<?, ·e foi a ou-
tro, fegundo confta nos Autos da fyfpeiçam qu,e em
fua m;lÕ ficam ; faluo fe por cada húa das partes lho
for requerido que tresladem o que dito he das fu~
fpeiçoes ,, porque entam o t.resladaram , e ant.e que
(Çan:e . a ap~~açam: fará o d,itq Tabaliam 01:1 ,E(çr.i-
Hhh ~ 9:<\m
. '

42 8" O PRIMEIRo Ltv. ·O:AS ÜROEN. TrT~ LX.;


nam affinar aparte que lho affi requerer, no mefmO'
treslado d'a apelaçam que ao Superior ha de viir;
como he verd·ade que lho requereo. E quando affi
os Autos· da dita fufpeiçam fe trestadarem a reque-
rimento d•a!gúa parte, á rneíma partf que o affi re-
quereo, paguará ·o dito treslado, e affi p~guará na
caufa d'ape laçam a vi-fia que fe neHe mon-tél'r, affi da
fua· parte·, como da parte contraíra ; e pofto· que a
dita parte que affi requereo o treslado dos ditos- Au-
tos da fuípeiçam ;feja vencedor- em euftas ,.nom lhe
fe.ram· contadas as qtJe fe fezerarrt- no· tal treslado ,.
o
nem qLte paguou da vifta delles na caufa da ape--
laçam. E o Eícriuam, OH Tabal.iam· que o <tffi nom
comprir _c omo emcima dito he, perderá todo .o- quê
fe lhe-montar no· tt:es1ado. de toda apela~am pera
aparte que o a'c ufar. '
I 8 E RE'-1:· affi Mar1damos fõb a difa· pena· , que
nas apelaçoes que os· ditos Tabaliaés tresladarem ,.
nom tresladerYJ Ca-rta a·lgüa, por ql:l-e f-e qualq er inL.
quitiçam tiraffe por arriguos que no Feito· eftem· ~·
porque abaftam 0s ditos artiguos que no feito eftam,.
donde fc•hira-m as ditas Carta-s:; faluo fepor cada hü'a
das ditas part~s for requer-i do, porque entonce\ fe
comprir.á en1 todo o·que em cima· dito- he nas fu'o.
fpeiçoes.
19 hEM.frram m11i dHi'g entes os ditos· ífabali:...
a€5 Judiciaes , pera hirem fazer as execuçóês-, e to-
madas de·poff~s de bens de raiz, penho as, remata~
· ~oê3 .1> e ennegpas li- e to dolos. out-r0s- au-tos--, quand~-
. . ' que.c.·
Dos TAB. Juo. E oo Q.!!E A SEUS 0FFIC. PERT. ·P9'
quer que polos Juizes forem mandados , em manei-
ra, que por fua culpa e negrigencia nom fej am re-
, tardadas as ditas execuçoes ; e faram , e paffaram de ·'
todolos ditos autos, e cada huú delles , as Efcriptu-
ras e EO:órme~tos que lhe forem polai> partes reque-
ridos.
20 ITEM faram os inuen~airos , que os Juizes de
feu Officio mandarem fazer d'alguGs bens de pef-
foas aufentes , ou que morre!rem fem herdeiros ;'por- -
que os taees inuentairos mandaram fazer qe feu Offi-
cio , pofio que lhes requerido nom kja por algüa
parte.
21 E QyANTo aos EO:ormentos d'afrontas, e Te-
querimentos , e proteftaçoes, que algüas pe!roas a
outras fazem fóra de ~ulzo , e de citaçoés que fe fa-
zem por Nofias Cartas, ou de quaefque~ Noífas Ju- '
fiiças , e de entreguas de prefos a alguus Juizes , ou
Alcaides ·,. que fe deHes dam por entregues, · ou d<e
mandados e auél::oridades de Juizes ·pera alguús pre-
1-fos poderem fazer contrautos nas Cadeas ·onde ja-
zem , ou de certidoes como algüas Nofias Cartas ou
Aluaraes foram aprefentadas a alguús Juizes, ou Ju:..
ftiças, ou quaefquer outras peJToas, ou de fec e cer-
··tidam como algüas-Notf.'ls Cartas, ou d'outr.as Nof-
~fas Juftiças , ou dos Prelados e feus Viguairos , fo-
ram preguadas nas portas das Igrej-as , ou 1uguares:
pubricos, todas efias Efcripturas nefte capitolo de-
claradas, e outras quaefquer de femelhante qualida,..
de •. fararn quaefquer Tabaliaes , ou os das Audren-
Clas-lll
-4-30 O Puun~to Ln. DAS 0RDEN'. TIT. LX.
.cias, eu os das Nota$, quaes as partes pera ello qui..
/ ferem efcolher, e acharem mais prefies, e mais de.li..
·gentes.
· 22 E As Efcripturas que fe fazem com treslado
· d'outras em pubrica forma por auéloridade dos Jui ..
zes , e i.lfo mcfmo das apel~Çoes q~1e ·algüas parte$
intimam d'ante 'quaefquer Juizes, affi Ecleiiaflicos,
.como Seculares , ou Cartas de vendas e remataço~s
que íe fezerem por vertude de Noífas Sentenças, Oll
de quaefqtJer Noffas Juftiças, façam-nas os Tabali ...
aes das A~diencias, que perante os Juizes efcreue,.
rem.
23 !TRM nom feram Juizes em -ninhuü tempo
que forem Tabaliaes, nem voguaram , nem pro.c ura.
raro em Juizo por' algüa peífoa·, nem aceptaram
procuraçam algüa pera por ella fubeftabelecer; faluo
por feus feito~ , ou daquelles que viuerem continua..
damente com elles em fuas cafas ; fob pena de per•
derem os Offi cios~ 1
24 ÜuTRP si <porque fe eu item alguüs incon{le..
nienú:s, que for caufa do parentefco dos Tabaliaes
do J udic.ial fe poderiam feg\x,ir, fe'"pay, e filh~ , . o.u ·
ou_ü-os parent~s muito chcguado~ , e cq.nhados J~f­
fem em huü f.ugLtar Tabaliaes, N\andattws ·que da-
qui .em dianter em ninhúa Cidade, Vil! a, ou Con.-
ce!ho de Nollos' Reynos e Senhorios , nom fejam:,
nem poft1.m fper junt.{lmente em huü tempo pay . e
·filho -Taba! ia'f s do Judicial, nem. dou~ ~r,maõs , otl
P rimos

cJm irmaõs
I
J nem tio e fobrinho filho d'ir-

n1aõ
Do$ 'J..AJ3.~ Juo. E oo QYE A s!us Orrrc. PÉRT• 431

n1aÕ ou irmaã , ou cunhados Gafados com duas ir-


mã~~ , ou huú caíado com a tia do outm, irmãa dê
pay , ou mai , ou auoo , ou huü com irmãa do ou-
tro , ném poderá feer huí:í Tabalia'm, e outn;) Procu-
ra'dór em aqudla Audiencia ; e dto Qyeremç~, e
~andamos que iffo ri1efmo aja luguar, e [e guarde
no's ,Chancereis, ·e Efcriuaes, Procuradores, e Mei-
rinhos , e Contadores, e' De!lrebuidores , e Engue-.
redores , <,tili de quaefquer Luguares , como nos das
Correiçoe~ , e quaefquet O~:~uidorias fe ar1tre elles
ouucr cada huü dos ditos parentefcos, ou cunhadios ,
pofto que fejam Officiaes de defuairados Offiçios ; é
qualquer que cada huu de!les Officios feruir con-
tra for.nia defia Ordenaçam , perderá o dito Officio
aquelle que derradeiramente cóntra ella o ouuer.
25. iTEM nom urendaram rendas algüas, fegun-
do Diremos no·~ano Liuto no Titulo Dos Offici-
-aes _qué nom podemje-er rendeiros.
26 E ~A-NDAMos que ninhúa pe!Toa poífa feer T~­
•o aliam em defuairadas Cidades , Villas, ou Lugua-
res , e Concelhos , faluo fe os ditos Concelhos forem
- ta'm pequenos e áili conjunélos , que do Luguar on-
de o~ ditos Taba.Jiaes morarem , aos Loguares em
que fç_ fezerem as All'diencias , no'ra aja mais que
'duas leguoas ; e efl'es que em defuairados Concelhos
forem Tabaliaes ou Efcriuaes, fe'ram obPiguadps
viue'r em cada h't!ü dos ditos Concelhos , e h irem a ·
todas as Audiencias que nos d'itos Càncelhos 'd e qlie
forern Taba·liáes fe f&<trem , aífent~mdo ·com os
Jui-
432 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LX.'
Juizes os dias e oras , em que fe as ditas Audiencias
fezerem, em maneira que poifam em todas ber;n fer-
uir, e que ao tempo que forem obriguados feruir
em hum Concelho nom fejam nec.effarios ·em ou-
tro •. E quando alguü Tabaliam de defuairados Con...
cdhos for aas Audiencias d'huu Concelho ao outro ,
nom leuará do caminho dinheiro alguü aas partes.
27 E AQYELLEs que foomente ·forem Tabaliaes
em algüa Cidade, Villa, ou Luguàr, feram obrigua...
dos morar continuadamente dentro-na dita Cidade,
Villa , ou Luguar em que ·am forem Tabaliaes , e
nom fora delles, fob pena de perderem os Officios ; e
os que forem Tabaliaés em huí:í foo Concelho, em
que aja mais que huí:í Luguar, feram obriguados
cont.inua9amente morar em qualquer Luguar do di-
to Concelho', que lhes prouuer, com tanto que nom
feja afafl:ado do Lugqar do dito Concelho, onde fe fa-
zem as Audfencias, mais de duas leguoas como em-
c;ima dito he, fob pena dos Officios. \
28 EsEI,~Al\~ ol;>dguados cadavez- queforem ·re~
qqeridos por be.rn de j ufiiça, pera h ir aos Luguares
do Concelhp , onde affi frrem . Tabaliaes, à1fazer
quae[quer autos ou efcript.uras ~. que por' razam d~
feus O(ficios fam qbriguados fazer, de hirem logu~
com muita peligencia , fem leuarem dinheiro alguíí
.da hida, foqmente leuaram o qm: lhes dereitament,e
.mon_t'lr nas efcripturas, e autos que fezercm , como
adiante íerá declarado. I \ ' ~
1
29 E o~FJ::NDEMos a todos os Tab aliaes de Nof-.
1 foi.
\
Dos TAB. Juo. E no QYE A sws Orrrc. PUT. ·433

fos Rcyr.tos _e Senhorios , que nom recebam tença,


nem acoflame.nto de ninhuus Fidalguos ., nem fe
ocoílem a elles, nem recebam qe.Jles quita da.s pen-
foes, que por fuas doaçoes que de Nós tenham dos
ditos Tabaliaes .deuam . auer; e qualquer Tabaliam
que 9 comrairo fezer por effe meímo ·ca.fo perca o
Officio> .e Nós o Poderemos dar aquem Nofia Mer-
ce for.
· 30 OuTRO sr Mandamos a todolos Eícriua~s das
Audiencias, affi da Nofia Corte , como da Caía do
Ciuel , e das Correicçoés , e ·ouuidorias ) e aili a to:-
tlolos Tabahaes Judiciaes , e Éfc.riua.es das ·Cidades,
·Villas , e ·outms quaef.quer Lt1guares de Noffos -Rey-
nos, que quando quer que duas, 01:1 mais pe!foas
forem prefas , ou demandadas juntaJYlente por buü
-crime ; ou cafo, ou fe delle per Carta de fegurança,
•ou por outra man-eira .quiferem juntamente liura_r,
--nom façam fenom húü feito, em que todosjunta-
mente fejam ouuidos ·, e aGufad·os; faluo fe ·cada büa
· das part"es reque,rer aó Julguador ., que do dito feito
'Conhecer , que l'he fàça fobre fi feito apartado .; e
qu.alquer Efcriuam, ou Tabaliam que o contraíra fe ..
-zer, ~cremos que encorra por cada hüa v~z em
pena âe dous mil rea-e~ pera a Mifericordia ; porem
.;.wm Tolhemos que cada parte poffit . tirar fua fen-
-tença de feu Euramento , pera a cada huü çeer em
-feu poder, como fe atec ora cofiumou.
· JI OuTRo sr onde ouuer dous Tabaliaes "do Ju-
dicia,l , ou mais , a.uçrá fem pre huú Deíl:rebuidor., o
Liv. I. 1ii · qual

I
434 O PR.IMRIRo- Lrv. DAS 0RDEN. T:rT. LX.
gual .deflrebuirá antre elles todos os feitos, cartas , e
d.efembarg.uos, õu autos, que· a elles pertencerem.
:fazer, em tal guifa , que tôdos. os Tab~1liaés fcjam
igualados nos feitos >· c em as efcripturas que feze~
rem; e nom. ferá ou.G1.do. ninlmü Taba! iam fjlhar al-
guü feito , ou fazer Carta, ou qualquer, outra Efcri.
p.tura ,.[aluo o qwe 14e for dcfi:rebu.ido polo dito Def-
trebuidor ; e·fazendo alguü delles o contrairo , pa.
gu.e pola primeira vez duzentos reaes pera·,a Pieda-
de, e pola fegunda feja fufpenfo por feis mcfes , e
pola terceira priuado do·Officio.. E o Deftrebuidor
leuará de cada coufa que deftrehuir tres reaes, e fení
obriguado teer liuro de deftrebuíçam bem enqua-
dernado, e de o guardar, e·dar conti:l- d_elle atee trin-
t.a annos , e nom·leuará bufca fe nom quando paliar
.de cinco annos,. que o tal Feito·ou. Auto for ddlre-
puido. E M<mdamos que ninhuü Tabaliam poífa
teer, n.e m. feruir Officio de Defi:rebuidor ,, nem Con-
tador , nem Enqueredor ~ fob pena de pendimento
d o~ ditos Officios , e dos que a-ffi teuer , 01~ feruir.
E os ditos Offici.Qs de Contador, ~ Deíhebuidor ,. e
Eoqueredor , ~eremos , e Mandamos que andem
todos tres emhua foo peffea daqui por diante, qufln-
do cada huü deftes tres Officios vaguar ,. e o falario
do dito Enqueredor ferá contado por o Juiz da Ci-
~;tde ,--ou Villa, e nom ferá contado por ninpuü Ta-
baliam , rye9 outro Official de Jufriça : e·f~m em,.
hargua de aíli Ordenarmos que em cad,a Vílla aja
~nqueredor,. iq uaado o.dito Enqueredot, for ab~nte,
ou
Dos TAB~ J uo. E Dó Q.UE A SEus Onrc. ·PER T. 43 r;

ou ocupado , que nom pofia acodir a tirar toda's a!_


inqniriçoes que fe ouucrcm de ti.r ar, o Juiz podení
mandar a qualquer Tabaliam, que enqueira com o
Tabaliam que a dita inquiriçam ouuer de efcreuet;
e como p:or o Juiz for mandado, val~fá a dita inqui-
riçam como que paio dito EnqueredGr fora tirada. '
. 32 ·E sERAM a"uifados os .d:itos Tabaliaes, que
nunca em alguü teinpo em quanto 'fabaliaê's fõr€m,
traguam coroa aberta., grande, n{'fli. p~uena ; e fa-
zendo alguií o contrairo, pe.r ef.fe 'meÜnó feito fen:\
mais feer citado perca o Officio, e nunca o mais aja.
33 OuTRO sr Mandamos a todos és Tabaliaes,
que fcruam feus Officios por fi , € norri poJ:I.ham em
elles outras peífoas que os por elles feruam; e qual-
qu~r que outrem pofet €:m feu Officio, que ferua por
elle, 11om tendo pera ello Noffa au&or.idade efpe-
cial , por cífe mefmo feito perca o Officio.
34 E MANDAMos que todos os Tabaliaés, e Efcri..
uaés, quando tirarem algúas inquiriçoes judiciaes.,
fem.pre preguntem as teftemtmhas no começo de
feus ditos, e tellemunhos, polo collume; .e bem am
a"s .preguntem polo collume em todas as inquiriçoes
deuaífas , affi geeraes, como efpeciaes , no fim de
cada huü teftemunho, fob pena· de perde-rem os Qf...
ficios, c nunca os mais auerem.
' J5 E DEFENDEMOS que daqu-i pór diatlt~ ninhÜá
peffoa, que for criado d' AlcaideMoor d'algua Cida•
'd e, Villa, ou Luguar, ou d'alguG Fida1guo, nom
aja ·Qfficio de Tábalia.m do Judicial; nem o feruà·
Iii 2 . por
..
~36 O P!tiMEIRo Ltv. DAS ÜRDEN. Trr. LX.
por o~trern no Luguar onde o dito feu Senhor for,
Alcaide Moor , ou o dito Fidalguo viuer : e auendo
o dito Officio feja priuado delle, pera o Darmos a
quem for Noffa Merce; e fcruindo-o por outrem ,
perderá a extirnaçam do dito Officio •. ametadé per~
qqem o acufar, e a outra pera os catiuos.
36 ITEM os ditos Tabaliaes dararn fiança, antes
que comecem feruir ~ a todo o dãno, ou perda que
a algüa parte fe cat~far por fua malícia, ou culpa,
conuem a faber, nas Cidades de trinta rni.l I'eaes , e
nas Vi1las de vinte mil ~ e nos Concelhos. de Terra~
Chãas de dez mil reaes; e feruindo fem dar,as ditas
fia.nças perderam os Officios ..
37 hEM todos os Tabaliaes que leuarern Cartas
ile feus Officios da Noff.'l Chancelaria , le.uaram nifs,
coftas da Cana por afi)nado e fee do Efcriu.an:1 d ~
dita Chancelaria ; como tomol:l juramento na dita
· Ch-ancelaria : [ob pena de perdimento do Officio •
. 3.8 hEM ninhuü Tahaliam J)om totnarf p~m ,
nem vinho, pern outra qualquer coufa de pinhüa
pane,
.
que pera-nte
,
elle trouxer
. I
feito, pofl:o. g,ue -di-
gua que lho-9ifcontou , ou difc~mta·rá do f.1la-rio. K
bem aGi terá cuidado, tant~: que o fei,to for findo ,.
pollo.que norp. feja requerido por ninhü.a das par-
tes, de mandar dahi a huü mez o dite fci 'o ao Con-
~ador, e o fa21~ex: cont,ar , fob as penas que Diifemos
.no ·~ itulo Do.r Ejcriuaés d' ante os Defimbargu~zdores.
39 l.TEM{eram os ditos Tabaliaes obr! gu ado~ de ,
dar todas. as f Ulpas que teuerem ao C0 !"rcg~dor d,a
Co...
r

Dos TAB. Juo. E no Q!JE A sEus 0Fnc: PER.T. 437

Comarca, do dia que cl1eguar ao Luguar: onde fo-


rem Tabaliaés a tres dias , fob pena que nom Ih.as-
dando, ou foneguando algüas , feer' priuado do Offi-
c~o, fegundo mais larguamente he contheudo no
TitÚlo Dos Corregedores. das Com'arcas 1 no parrafo fe-
gundo.
40 I TEM o Taba liam que nom der em rol todas
as penas , em que algüas pelfoas encorreram pera a
Chancelaria , ao Chanceler da Comarca 1 ferá fú-
fpenfo do Officio, e m;1i}; pâgua.rá .as ditas penas, fe-
gundo Diifemos no Titulo Da Chancelaria das Co-
tuarcas , em principio, ·
41 I TEM quando o Taba! iam viir , que o Alcai:-
Çe faz auença com algua 'peU"qa fob~;e 1~ leixàr. tra-
zer armas def.efas , o~ qu,e :daa liceJ'lÇa .. ou . confent~
que as traguam fem as_coutar ,,e acufar, 9 poerá em
~ftado, e o dará ao Juiz, fob pena de ptiuaçam do
Officio , como he contheudo no Titulo das, Alcaides
ptquenos.
42 · I TtM os Tabaliaés demandaram feus faia rios
do dia que as fentenças defiiütiuas forem dadas nos
fe.i.tos a tres mezes ; e nom os demandando no diro
tempo, nom o póderam mais demandar, fegundo·
be conrheudo no Tit1,1lo , Do que bam de leuar os 'Ta-
hafiaes, ou. Efcr:iuaes dejeu falaria.
_ 43 hEM os ditos Tabaliaes ham de Iepar os Re-
gimentos de feus Officios da Chancelaria , c teelos
fempre ; e nom o fazendo. affi., encorreram nas pe-
nas contheudas .no Titulo Do que ha.11J de ltu.a r o-f Ta-
batia~s, ou. Efiriuaes &c. 44
4J8 O P:ttfM'ÚRo· LIV. BAS ÜRDEN.:Írt. LX.
-· 44 E o'T.abàlia:th que feruir fem 1 Carta fetá dcr-
gra.dado dez annos .pera- a Ilha de Snm Thome ., co-
mo h c contheudo no ditb Titulo Do que bam ..de leuar
'rJs'1 'f\a:/JMt'aês {ou .Ê.fér'iuà"é!S'·&c. '
45 - ~ItlfM t'is TabàHttes, quando dratém a1gúas te~
fiernunhas, .c a ·alguüs artiguos di,{ferem 1tibil, .o
efcreuéram., e affentar-am ná fórma que Diffemés no
Titlilo D()s Enqueredores.; ne parrafo E.ferá auifado o
·rtábaliall~; ~uT'E.fcr'iumfz~- · " •· ' -
4G · l'rE:M ninhu~ Tal5itl<iá:rh coi:itari o feite @'ffi
que ouuer d'auer fàlaí-io ~ feb pena de .príuaçarq do
'Officio , ·-ct}mo he co.nt!Ú:udo nd Título Do Contador
dd.s éujlas.
' '47 • -I~ E~ 'niiihu-ü Taba1iarn nom pddetá vender;
tréfpliffar·, ·nefn"reatfÁ-~'iát' ,o r~u · Officio ém ·OUha
peffoa·, fen1 .ryb'il.a: efpeciàllíeénçá ,;hem menos ore_.
nunciará qúandd éfl:eher doente; óu quai1do fel::ler
nelle feitos alguüs erros , .fegunao mais Eom_prida-
rnente Di~e~os no Titulo Dos ·qu~ veJtdem jeus (Jjji ...
'Nos:fem !i"ée)tçá.; efób àS periàs 'R!'aôntl:ieüélas. E afli
ferii obf.iguãdo de fe ta~ar, como na dito / fitül0 lié
conihcudo •.
48 I TEM qualqner Tabaliarh que fe chamar po-
10 Sennor da Terra, ~ue peta elFà 111óm teuer e1Cpr.ef-
fa <tloaçam, perderá o Óffkio -, g pagu'ar~ vinte ·C'1'11J..
iados, fegurtqo fe càntem ·no feguhdo Liuró; no Ti-
tulo De cotno ás Raynhas, ~ I;ifantes &c. na pa1~í·afo
E hem q(ji nofl'~je chamaram. ·
49 ,ITEM qualquer pefioa que ac-ept,ar ·Óffido de ·
/ ~ Ta,.
Dos T AB! JvD. E De;> q_y.E A .st~s Qrnc. PERT. 4~~

Tabaliam nouamente criado por qualquer Senhór


de Terra , auerá pena de falfario, e eíl:o fegundo he
.conth<;;udo no dito TituLo _De-como as RayJZbas , no
.parrafo E porque criàr. · .; · ·, . )
50 bEM o qu~ aceptar Officio àe Tabalia~
d'algüu Senhor d~ Terras ,. que _nom. teue.r mais po-
der que pera aprefentar: , e o. feruir f.em viir- tirar
Carta., e Regimento ~a Cha.nçela.ria, perderá 0 Of-
ficio, e. auerá. as rnai~ p,enC)S que fam contheuJas no.
dito Titulo, no p~;rrafo E qualquer- dos ditos Sen!Jores.
5I hEM qualquer peífoa que ouuex: OH-I cio de
Tabaliado , por lh9 dar alguu Senhor de Te,i-ras,
que ten.h~ poder de lho .d ar f.ein viir aa . Noff~ ÇhaH~
celaria , fc o. _tal Tabaliam aceptar do tal Sçnhgr Rc-
gjmento de feu ,Qfflcio .- qyç nom for t::al como . o
Noffo Chanceler Moor daa aos Tabalia.és na Noffa·
Chancel;:t.ria ~ perder~ o Qfficio, e auerá a m<1is pena.
contheuda nç Titul() l)e como qs Raynh(Zs , e J,ifan-
tes &c. no parrafo E aquel!çs Set.Jhores.
52 ITEM qualq1:1er T,abaliam que perder o .Qffi:_
cio (.que lhe for dado por alguu Senhor) por fenten-
.ça} e o tomar a auer de fua· maé fcm Noffa expref-
fa Fcença , perd~r.á o Officio, e auerá as mais pe-
nas. qu~ f.<tm contheudas-no. dito Ti,r~Jp ,_no parrafo .
E Mandtirnos q.ue os ditos 'l'ab,?lia"is. ,
5.3 ITEM, q,ualquer Tabaliam que fonegua-r Ó te-
Hamento a.o Contador _.dos Refi dos quando.· lhe for
mandaÇo 1 -perderá-() Offici0 , como h.e contheudo,
no Título Dj)s refi.dós; no panafo E porqru aos CoJJia:-
_4ores. - 54
440 O -PR-IMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LX.
54 ITEM o Taba1iam he obriguado, -quando paf-
far alguü Efl:ormento a qualquer parte. declarar to-
tla a verdade dos Autos, que polas partes, 01:1 polo
Juiz for apontado em fcus requerimentos, ou repo-
ftas, fob pena de .. priuaçam do Officio, como he
"Contheudo no tercei-ro Liuro , no Titulo Da waná-
ra que je Úrá, quando o Jr.tiz 11om re·c·ebe apela~am &c.
. ' 55 h -EM Qs Tabalíaes ham d'àffentar no auto da
penhora : que fezerem·, como 'áparte foi requerida,
fob pen·a de perd@-r o Officio, fegundo he contheu<;io
no Titulo Das execuçoes, no parrafo ·primeiro.
56 I TEM os Tabaliàes ham de ·poer na pubrica-
çam nas fente'nças , fe foram as partes prefehtes ao
pubrícar da fentença , fob pena de perderem os Of-
ficios , como he conth'eudo no Titulo Das execuçoes ,
, no parrafo E pera fe.
57 . hEM os Tabaliaês) quan_do mandarem algúa
-apelaçarn foqre bens d~ raiz, poerarn na dita apela-
çam a aualiayam dos ditos bens, fob as penó\s; e co-
mo he conthpudo no Titulo Dos agrauos dasfenten-
çãs dejinitiuczs.
·s8 lTEM-ninhuü T<!baliam fará Eftripturas. por
li tiras , fob p,en:a de perder o Offjci.o· , como h e Óon-
theudo no qtfatto Liurci, no Titu:l J)a éleclaraçam da
V()lia das liur(l s ~ no parafo Mandou 1.,_naís o 'dito Smhor.
59 I TE~ qualquer Tabaliam que em \feu poder
receber nin~uií · depofito, nem qualquér- tondena-
çarn , perder á o Offi'Cio, como he contheudà no Ti-
• ·.tulo Do que compra alg;üa coufa &c. ·
6o
Dos TAB. Juo. E no Q.YE A úus ÜF:n c. I'ERT. 441
I

{;o I TEM p Tabaliam que pofer renunciaçam da


Ley, que fala dos LX dias que tem o que confeffou
qtte recebera emprefiado para dizer que o nom re.
cebeo , perderá o Officio , como fc contem no Ti-
tulo Do que corifef!ou auer recebido.
6 l ITEM o Tabaliam das -Notas qu,c fezer Eftor-
mento d'aprouaçam em tefiamento, fem feer aili-
nado polo terl:i!dor , e terl:emunhas , perderá o Offi-
cio , fegundo fe contem no Titulo Em qne forma ft
faram os teflawentos. E teram a forma do fazer dos te-
ftamentos, que Diremos no dito Titulo, e fob as
penas e daufulas nelle conrheudas.
62 hEM os Tabaliaês d'alguüs Feitos de prefos
poeram nos Feitos o auto da prifam , fob pena de
priuaçam dos Officios, fcgundo máis compridamen-
te he contheudo no quinto Liuro, no Titulo Da l)r-
dem que o.Julguador terá 11os Feitos Crimes.
63 lTEM todo Tabaliam ferá obriguado, fob
pena de perder o Officio , tanto que alguü Feito de
feguro, de que f<4r Efcriuam, eíteuer quinze dias fem
fe falar a elle, de o notificar ao Julguador, como he
contheudo no dito Titulo Da ordem que o Julguador
terá nos Feitos Crimes.
64 ITEM o Tabaliam nom dará mais tefiemu-
nhas no feito em que for Efcriuam, que as da que-
~;ela , ou dcuaffa, ou nella referidas ; faluo como Di-
remos no fobredito Titulo Da ordem que o Julguadr;r
ter-á &c. , e fob a pena hi 'Contheuda.
6 5 hEM o Tabaliam que foneguar as culpas na
Liv. I. Kkk fo-
~42 O PRIMEIRo Lrv. nAs 0RDEN. TIT. Lx.· -
folha ferá punido de falfario , corno he contheud'o
no Título Comofl pajJará a folha.
66 ITEM qualquer Tabaliam que fezer efcriptu ..
ra fà.lf.:1, ou auto falfo, morrerá rnoFte natural, e per-
derá roda fua fuzenda , como he comheudo no Titu-
lo Da pma que auerá o que fitljar final.
,67 ITEM os Tabaliaes terarn cuidado de notifi..;
·c ar aos Juizes ~ q ua.ndo teuerern algüa querela , que
paífar de huü anno. que he dada , fem por ella fe
proceder , que façam citar por edit0s os de que affi
for querelado, a qual notificaçam aflinará o Juiz ao
pee da querela , foh pena de priuaçam. dos Officios,.
fegundo mais comprida mente he cqntheudo no Ti-:
tulo Em que cafos deuem prender os malfeitores. ·
68 hEM os Tabaliaes ekreuera.in os au.t os, e
~rnprazamen'tos , e efcrip~uras , que lhes por os At--
caides Moores das Silcas for requerido, de graça, foh
pena de perdimento dos Officios ~ fegundo he con:-
theudo no T irtulo Do regimmto do Alcaide·da } Sacas:.
69 I FEM todo Taba liam que leu.ar mais do con-
theúdo em feu Regimento 1 perde o Officio , . !'lla-is
auerá as pen~-s , q.ue fam c~ntheudas no Titul'01; Da·
pma que auemm os OJ!iciaes.. · \
70 lnM os Tabaliaes ham d' ·
poer em eftado;
quando os Jylguadores nom procederem ,. contra Ci>S
que aleuantarem volta em Juizo., como he contheu-
do no Titu·lo, Do qtte aleuanta volta· em Juiz()-~ .
71 lTii:M os Tabalíaês ham de teeli contÚ1ua~
me11te .em fu,a. cafa. couraças ,. capace.te ~, oR cafco,,.
· adar~
.
'
Do Q1Tlf HAM Dl LEU AR os Esclt. DA F.Az. n-c. 443

.f dargua , e lança , e os d'algüas Cidades , oú Villas


<Contheudas no Titulo Como os Ejcriuaes e ft1eiri7thos » •
ham de teer 'caualos, fegundo no dito Titulo he cona
theudo , e fob as penas hi polhs.
72 hEM os Tabaliaes que forem prefentes aapri~
fam de qualquer homem, ham de efcreuer o ·abito
e tonfura , em que for achado, fob as penas con-
. theudas no Titulo Jtue ao tempo da prijamfefaça aut~.
73 E AALEM dos cafos aqui conteudos nefte Ti-
tulo , feram obriguados os Tabaliaes fazer , e com ..
prir todo o que lhe mais por Noifas Ordenaçoes)
Regimentos , e Dereito for mandado , [{)b as penas
,ndlas contheudas.

TITULO LXI. .
])o que bam de leuar os Ejcrittaes da Fazenda;~ tia Ca..;
mara , das Cartas, e Dljembarguos, e Aluaraes, e
outras Ejcripturas que fezerem. ·

J TEM de Cartas, e Aluaraes de papel , quaefquer


que fejam, huü real de prata de cento e dezafete em
n'larco , de ley de onze dinheiros , que fam de moe-
da ora corrente em huú real vinte reaes de feis· ce..
ptijs o real.
1 !TRM de Cartas de tença, huu real de prata de
· vinte reaes. · xx. reaes.
2 hEM dos Defembarguos de merée ,. hum real
de prata ~e xx. reaes. _xx. rea~s ..
Kkk2 ·

I
444 o PRIM.E!RO LIVRO DAS ÜJ.U>EN. TIT. LXI.:
3 I TEM d'outros AluaFaes pequenqs, huu real d'é
prata de xx.. reaes. xx. reaes.
4 I TEM de Cartas defe ajji he , tres reaes de
prata. LX. reaes.
5 I TEM de Cartas d'Officios, tres reaes de pra-
ta: LX. reaes.
6 -1 TEM de Cartas de padroes de rendas, tenças,
ou aíTen tamentos ,- cinco. reaes de prata. c. reaes....
7 ITÉM de Cartas de priuilegio, quatro reaes de
prata. Lxxx. reaes.
8 ITEM de cada Caita d'aforamento; cinco reaes
de prata~ c. reaes.
9 hEM rle Cartas de Doaçam de:f'erra.ou.Terras.,
huu cfpadim d 'ouro. ccc~ reaes.
Io ITE-M de Cartas de Doaçam de Cafl:elo liuu
efpad_im d'oüro. ccc. reaes.
! I I TEM de contraétos, hum cruzado. cccc. reaes.
12. ITEM de lanço de·vendeiro, ou-rendeiros, quer
fejam muito1-, quer pÕucos, huü efpadint d'ouro.
ccc. reaes.
13 E POr.tQ.yr:: da·s Carvas das Confirmaçoes, nom
lil<mem os Efcriuaés
I
d'autilr tanto- fa.tario-, c:;omo
quando-de nquoas fazem, por o{menos-trabalho que
em éllas leuam , Manda-mos-que xie qualquer Carta
de Confinua~~am de Úoaçam de Terras ,. aj-am foo-
mente cinco-reaes de prata·. c. reaes.'
1-4 ITEM qe Con.firmaçam dalguús-dereitas, qua..;
t.ro reaes de prata-., · x.xxx·•. rea~s.. ,
· I 5 I 'F EM de Confirma.ça·mde qualqtler fadram ,
,;tes reaes de prata. ' L'x. reaes!J·
Do o.yE HAM DE L!UAR os EscR. DA FAz. E Te. 445

16 !TEM de Confirmaçam de Carta de.Cafiela,


cinco. reaes de p!iata. e. r-eaes·.
I 7 lnM de Confirmaçam de priuikgíos, tres
reaes de prata. LX. reaes~
18 I TEM de Confirmaçam de Carta de qualquer
Officio , dous reaes de prata. XL. reaes'. _
19- E DEFENDEMos a todolosditos Efcriuaes, que
nom leuem mais dinheiro das panes palas Efcriptu-
li'as que fezerem , do que aqui por Nós -he ordenado,
pofto que as partes. lho queiram dar de graça ; nem
leuem mais dinheiro ,.pofio que nas Cartas ou Alua-
r aes fejam. muitas. pe!foas.,. do que leuariam fendo.
hua foo peífoa~
20 Ou T RO si Mandamos aos fobreditos qne em to-
das as Cartas e Efcripturt'.s que fczerem ponham as
paguas ,_quer as ditas Cartas e Efc::riptu-ras que feze-
ú:m ·ajam de feer affinadas por N~s, quer por guae.f-
quer Nofios Officiaes. E quando por Nós forem af-
fmadas, poeram as paguas. nas coHas das Cartas em
huú cabo dellas ,. e g.ualq,uer dos Efcriuaes que nom
pofer as paguas como dito he , por a primeira \\e'lí
torne aaparte todo aquello que leuar, e mais pague
v dobro para os. prefos ;_e por a fegunda. vez aja a di-
ta pena do-dinhei-ro-, e feja· f-ufpenfo do Officio por·
huü· ~es; e por a terceira vez aja a dita pena do di--
nheiro,.. e feja. fufpenfo. do Officio ate€ Noffa. Merce , .
ce nCJm-lhe feja. recebida efcufa, pop·d'izer gpe por ef-
quecimento, ou pr.effa, ou outra fadígua o ·nom fez;;
e qualquer dos ditos Efcr-iuaes , que inais leuar q_ue-
0\
.446 o PR IMEI!tO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. LXI.
o. contheudo nefta Ordenaçam e Regimento , auerá
as penas çontheudas no Titulo Da pena que aurram
'OS Ojjiciaes , que leuant mais do contbeudo em Jeus Regi-
mentos.
21 E MANDAMos aos Noffos Veedore~ da Fazenda •
e a ·quaefquer outros Noffos Defembarguadores , e
Offi.CÍáes a quem pertencé;, que nbm aflinem Cartas
nem Aluaraes, que paguas nom leuarem. E ao·Efcri-
uam da ?midade, ou a qualquer outro que ouuer de
poer a vifta , que a nom ponha em qualquer Carta
ou AÍuara que pagua nom leuar , e ao no!Io Chan ..
celer Moor Mandamos que as nom affele.
22 E POREM nom he Noffa Tençam por efta
Ordenaçam reuoguar, nem limitar as oútras · Orde-
naçoes , feitas acerca do que ham de leuar os outros
Efcriuaés: e Tabaliaes de Noífo~ Reynos e SenhÓ..
rios , affi das ;Notas, como das Audiencias, e de. to..
dolos outros , que por efcreuerem ham de leuar fa ..
lairo , e dinheiro de Efcriptura judicial, ou xtraju ..
dicial ; antes Mandamos , que fe guardem como em
ellas he conthrudo.

T 1~
Do Q.!lE HAM DE Í.EuAR os EscR. DA Co~TE ETC. 447
T I T U L O LXII.

Do que ham de leuar os Efiriuaifs dtz Corte, e das Co-


m{lrcas , dos carretos dos feito.s.

A OS Efcriuaes da Corte , e dos Defembargua-


dores , e dos Corregedores das Comarcas, e dos
e
Ouuidores da Raynha, Princepe , e dos Infantes-,
e d'outros Senhores de Terras, e Meftres , e aos
Eferiuaes dos Contadores das Comarcas , pertence
'auer das partes. carretos dos feitos que configuo tra-
zem, por quanto fe abalam de huü Luguar p.era
outro; e porem quando acontecer, que taees Efcri-
uaes fe abalam com o J.ulguador, ou fem elle por-
feguir feu Officio, de huu Luguar pera outro, fe for-
tamanho efpaço que paffe de dez leguoas , leuará
efie Efcriuarn de carreto de cada huü feito fete reaes.
de cada parte, e fe nom for maior efpaço de huii
Luguar pera outro que dez leguoas e di pará baixo.,
nom leue effe Efcriuam de cada feito de carreto, fal-
uo tres reaes e. meo de cada parte. fero fe ~ efpaço·
for tam pequeno , que nom pafie de cinco leguoa~.
acima , nom leue o Efcriuam mais do carreto. do.
feito J que dous reaes de cada parte..
+t8 O PRIMEnto Lrv. DAS 0RDEN. TrT. LXUf.
T I T U L O LXIII.

' v~ que bam de !el!ar os CJ'abaliaês e f!,Jcriua"!s


de Jeu O.fficio.

PRIMEIRAMENTE em todas as Efcripturas


que fe ham de contar por regras, afii como as in-
quiriçoes , c ~pela~oês, rreslados , e termos de' pro-
ceffos, leuará o Tabaliam de cinco regras huG real,
e -o Efcriuam de cinco regras e mea; e efb maioria '
auerá o Tabaliam do Efcriuam, por bem da pen-
fam que pagua a Nós em cada huú anno; nas quaes
regras po~ euitarmos algúa malícia que no efcretler
muito !arguo fe cometia , Mandamos que ao menos
em cada hüa reg.ra aja trinta letras pouco mais ou
menos , em modo que contando .as letras de fete ou
oito regrai;, fique cada regra hüas por outras de trin-
ta letras ; e Bafio que alguü Efcriuam feja pubrico
em aiguús Lupuares que pofla fazer Efcript ra pu-
brica como Tjtbaliam , tal como efte fe nom paguar
a Nós penfam como pubrico Tabaliam, nom leuará
falu.o .d e cinc9 regras .e mea huü. real , como outro
Efcriuam ; e pofro que alguú Tabaliam ~feja p,riu'iJe;.
giado por Nós, que nom pague pinfam, nom 1eixa-
rá p_orem de leuar de cinco regras huü real; porque
fem razam fq'ia fazerlhes perjuizo feu pri~.:~ilegio:
e em todolos outros autos, que ao Officio do Taba-
. liam ou Efcrit!am pertencem, nom aja,algua outra
diferença, qu;mro ao leuar dos falarias.
I lnM
Do QYE HAM DE L'EUAR os TABA L. E Esc·~. ET'C. 449

I I TEM de hüa Comiffàm efcripta no proceífo 't


por que Nós , ou aquelle que Noffo luguai.- teuer '•
cometa o Feito a alguu Julguador , leuará o Taba-
l-iam , ou Efcriuam tres_ reaes e quatro ceptijs ,
da'quelle em cujo fauor a Comiífam he feit1 ; e fe
for aprazimento d'amb0s, ou em feu fauor, Ieuari
de cada huu onze ceptijs, e mais nom. ·
2 I TEM das Procuraçoês feitas em proce!fo apud
afla , leuará o Jabaliam , ou Efcriuam da parte ~ue
fezer effa Procuraçam , tres reaes e quatro ceptijs,
ainda que faça muitos Procuradores; e fe duas, ou
tres pdfoas fezerem huú Procurador, ou Procurado-
res, de cada húa peffoa leuará tres reaes e quatro ce.:;
ptijs; faluo fe forem marjdo e molher,_ou innaôs em
hüa herança, ou Cabido, ou V niuerildade, ou Con-
celho, que nom paguaram, fenom como .hüa .peífoa.
3 E OE tq,dalas outras Efcdpturas norp leuaram
·os ditos Tabaliaes, nem Efcriuaês, pofto que fejam
de Noffa Corte, ou das Correiçoes, ou outros q4aes-
quer Efcriuaês de Noffos Reynas e Senhorios , mais
clinheiro , pofto que em eilas fejam muitas pe!foas,
do que dereitarncnte lhes pertence leuar fendo hua
fco peffoa.
4 I TEM de querela , ou fiadoria, ou conucnça ~
óu outro termo femdhante, que o Tabaliam, ou
Efcriuam ef-creuer perante alguú. Julgm. dor, ou por
feu mandado for fazer em alguu Luguar , dentro
na Villa, ou arrabalde onde o Julguador cíl: u r ,
kuará eíre Tabaliarn ~ ou Efcríuam feLc rcaea , : Ot.
Li'V. L 1...11 COCUP
450 O PRIME'IRo Lrv. t>A:S 0RDEN. TrT. LXIII..
como leua de hüa affentada de teftemunbas , e mais
auerá o ·que montar neífa Eícriptura que fezerc, con..
tada aas regras como dito he~
5 hEM de qualquer termo ei:ll que for efcripta
1'euelia, e fezer mençam como.a parte foi apreguoa-
.da, leuará o Taba! iam , ou Efcriuam da parte em
cujo fauor fe fezer o dito termo, tres reaes e quatro
ceptijs. · '
6 E DAS pubricaçoês das fentenças definitiu.as.
leuará o Tabaliam, ou Efcriuam fete reaes, e das.
in'terlucutorias tres reaes e quatro ceptijs, da parte
€m cujo fauor forem ; e fe a fentença fezet: por am-
balas panes, paguará cada hüa feguP...ào a fentença ~>
vu interlucutoria for em feu fauor.
7 E DAS conclufoes , affi corno da €onclufam
fobre o libelo , ou fobre artiguos , ou. fobre outra
qualquer .coufa, ou fobre a definitiua , de cada hüa.
conclufam Ieuará. o Tabali.am, ou Eícriuam dous
l'eaes d'ambalas partes, conuem a faber, hut:í real
ee cada ht:ía parte; e fetal concluíam for aa reuelia-
ce hüa das p~~rtes , Ieuará fl .reuelia, e a concluíam
da parte em cujo- fauor he tal concluíam, e reue,Iia~
Peró fe for concluiãm anre' o- Juiz da apelaçam, e·
.for fobre a definitiua. ' · fe eífe Efc riuam nom ouue
do feito vifta, ou outro proueito de eícriptl!ra , fal-
uo a dita conclufam , como muitas vezes acontece.
o
affi em Feitos Crimes, como Ciueis, leuará Efcri..
.uam de tal concluíam dezoit.o reaes d'ambalas par-
es,. conuern a faber , noue reaes de cada·.parte ; e fe-
nom.
nom ··parecer 'fen·a m· hua p<rrte, e for conclufo·á<t
reuélrá da outra ~ leuará 1'i.oüe reáes deffa parte qúe
for prefente, e mais a reuelia d'aquellá·em cujo fa,.
UOf· he. .
·8 ·I TEM dos mandados que 6J'ulguador-mândar ,·
aili como qúando aUinar termo a alguá d·a:s páttes ,.
a que. veHha raw·ar·, ou venha ·com algúa ·EfctiptúJ..
ra) ou lhe manda dar <f;tráslado d'algúas razoes) ol!t•
o. lançam da. proua , ou -razoado. , ou d1outra coufa,
Oll d'outros taees femdhantcs rnandados, ieuàr;i o
Tabaliam·, ou_. Efcriuam da pane erh cujo fauor fo:r
·t~'l ma-ndado , onze ceptijs. ·
9 ·E DAS inquiriçoes que tomar· o Taba liam, ou
Efcriuarrr, aalem d'aquello que lhe montú de fua
efcriptura· ·contada aas regras , leuará' as affentadà~
das tellemunhas por ·efta. guifa , conuem a faber,
tle: cada h'Üa a:fTentada· {ete reà€S , e do dito das te..o_
ftemunhas nom·Ieuará coüfa algüa; faluo· fua efcri ..
ptura coino dito he ! e efl:ás aífehtadas féjam taees ,
.qu·e énr cada hüa aja ttes-·ditós ·de"tefl:emU'n'has ; e fe ·
met1as fgr , norn lhe ·éotft'em aHentada, 'falüo ' onze
ccp'Eijs do dito . da 'tefl:emttrihà, e fua efcriptu'ra.
E ·o Taba liam, ou Efc'riuatn fará-duas' aíféntadàs no
di'a, çónáem ·a·faber, hua da horá da ter~a atee méo•
di~ , é outra defpois de comer atee-fa11ida ·de véfjJo-
rá, é dlará deligente' a recebet·qtiantás tefl:cmunhãs ·
poder no ''dito rempb em cada affentadá ·: e porqtie·
3as ve'zes ·a-contece, que em hua ·aífentáda o· Tahá...
ha1n , ou -Efc.i-iú.am -toma qóa:iró, ou·cineo tefiêmu ...·
Lll2 nhas 11
452 O PRIME:IRO Lrv. DAS Ü.RDEN. TIT. LXII!~

nhas, e em ou.tra nom toma mais de duas, e húa , e


c:fl:o acontece ou polas tefl:emunhas dizerem muito Y
ou pouco, ou a parte por cntam nom poder mais. .
dar, e nom por culpa do Tabaliam, ou Efcriuam ,
em e!l:e cafo refaçam-fe as te!lemunhas de hua af-
{entada pola outra- , de maneira que leue de cada
tres tefl:~munh-as hua affentada ; e efl:o fe entenda
quanto aas tefl:emunhas que·o Tabaliam , ou EfcrÍ-'
\)am pregunta,r em luguar acofl:umado. E fe acon..
tecer que vam pola Villa preguntat algúas tefie-
munhas em fuas cafas, por ferem peffoas honradas ,
ou enfermas, que mereçam , e deuam' feer pregun-
tadas em fuas cafas , ou andarem tirando algüas in-
quiriçoes deuaffas polas F1·eguefias , leuem de cada·
tres teíl::emunhas por hua affentada, am como fe a·s
· preguntaffem em luguar acoftumado; porque tam
gram trabalho he de as andarem am pregutando ,
como efl:ar refidente em certo luguar.
10 hEM das penhoras que fezer o Tabaliam ,:
ou Efcriuam ~ quando for com o Po{tciro, leuará o·
dinheiro que lhe montar na efcriptura que efcreuer,
c~r:nada aas regras -como já dito he ) e mais auer~
de hida fete rfaes, e outro tanto leuará quando elle-.
uer aa venda dos penhores, cada vez que hi eíl:euer,.
conuem a faber, cada dia duas vezes,_ b,üa atec:! jan-
tar , e outra dFfpois de: comer atee vefpora, fe tanto
durarem effe~ penhores que fe ve!lderem ; e fé a
parte penhorada quifer paguar, e lhe tornarem efies;
penhores ,_leuará o Tabaliam, ou Efcriuatn a.efcri,..
ptura.
Do QYE HAM DE. LEuAR os TAB:AL • . E Esc'fl.. Efc. '45·3
ptura que fobrê ello efcreuer, co~tada aas regras· ,
e mais de fua entregua fete reaes ;'.e efto fe emenda
quando a penhora for feita nq. 'Villa , ou arrabalde
d9 Lugmu onde o Tabaliaii1 cfteuer , porque· fe
mais longe for, leuará maior falario ,. como fc ao
diante drrá. "
·I I E DAS fentenças dcfiniti:uas, que os ditos Ta·-
baliaes, e Efcriuaes tirarem do procelfo , fe for t~m
grande a fenten.ça que leue hüa pele de carneiro
chea de boa efcriptura, feita fem malícia,. leuaram.
nouenta reaes, e de mea pele quarenta e _cin.co re-
.aes , e de quarço de pele vinte e dous reacs c me o~·
Peró fe tàl fei1tença for dada em. C~rta , ou for Cu-•
ta Tefternunhauel , ou for Eftormento que fe faz.
por traslado d'outras Efcripturas , nom lcuaram de
~.al pck chea fenom . fetenta e dous reaes , e de mea·
rele trinta e feis, e de quarto de pele dezoito reaes ;-
e cfto, com tC;lnto que eftas peles; ou rncas peles .,rou
quartos fejam . inteiros, e bem, efcriptos de tedà,,
que Jhe nom rirem fenom os cercilhos; e aque-lla.
maioria -que leuam da fent,ença ,. ou- Cana tirada do.
proce!fo , he porque leuam mai.or traL1alho, que,
em tresladar hüa, couJa po.r qutra. E fe a Cart_a , ou
Efl:orm.ento fof t~m pequeno, que nom leue quartq,
_ de pele, leue della por refpeíto do que ditq he , . fe-,
gundo fua quantidade:. .
I2 E DA fentença , ou Eít.ormcnto que fez,erem:
em papel ·, fe for tirada do procelfo , ·ou d~ Eftor-.
mento d'agrauo,..e foÍ: hua mea folha de papei chea~
· ckr~
'"4'54- o PH.IMEr~o . Liv. oAs ORoEN. TlT. LXIII. ·J

efcripta d.'afuba~ as laudas, 1euai-á- delhi vinte e no.-


ue·reaes ; e ft fo;· efcri"pta de hua• íoo lauda-, leuari
·q.uatórze rea.es e ·aieó,' e affi' por effe refpeitó,.fégun~
·do "fua quantidade; e fe 'for Carta ·Teftemunhauel,
ou outra dereita , aíli como Carta' de fegurançà, ou
de poffc, ou de imizade, ou Carta feita por' peti..-
çam qae nom fam de mu.ito trabalho, leuaram de
hüa mea folha chea , efcripta _d'ambas-as laudas ,
vinte:·e: dous reaes , e f~ for efcri pta de h ma.. foo lau.
da, leuara m onze reaes, e affi do menos por effe re ..-
fpeito , c0m - tanto que cada hü1 lauda leu e vinte e·
cinco regras· pO<uco mais ou -menos, em modo que :
contando quatro) ou cinco laudas, fejam hüas por
ou eras a. vinte e. cinco regras cada lauda , e affi cada
regra: hwará. w menos trinta let_ras potil,co mais ou
menos , ctn · moda que contando as letras de feté ,
on .oito regras , fique cada hüa, hüas -poF outras , de
I'
trintaYle·Çms ; e nom tendo as dttas -la-udas as dita'S'
regras como dito he , nom lhas contaram , fenom aas
t'egras , ót c in co regras por ·h uü real ; e nom fendo
as regr~s das letrá.s que dito. he, notn. lhe (tonta-ram
dellas coi.ifa· a/gú·a.
i3 E DEFENDEMos a todos Ós Tabal-iaês, e?Efçri,.;
U1ês de N9ffor5 Reynos. e Senhorios, quê nom efcre.;.
uam ninhüa·s Cartas TcO:érnunhaJis, nem direitas,
nem E.ft<?rmento_s d'agrauo, ~~n) a'peláçoés, nem
outras· quaefquer_Efcript=uras -de_qualquer forte que
fejam ·, q~1e- a.jam de feer 'feitas .em p~pel , que as·
- ' - I
nom façam e~n bandeira, ou rolo·. -nem efcriptas a"G
· - lon..
Do·Q!m HAM DE . .tE.U.AR·os TAB>A_t. 'E· EscR. n'i c. -455
longuo, foomen~e. as façam dat maneira que fe ·efcre-
ue no proce!To; e fa:zen'd1G>as .d''Outra rm~neira, - per..
cam t@da a .Efc'riptut'a qrwe affi. fezeram ,. e nom pGf-
fam della leuar co-ufa algüa.
14 . E QYANDo alguu Tabalram, ou Efcrittam fe.J
zet: algüa ·carpa Teflemu,nhauel em papel, ou EA:or-
mento d~a'grauo, ou outra qualquer Carta qtJe No!fo.
Selo leu ar, fecrlheam . conta·das, as priméiras Ues fo ..
lhas que fim 'feis, latJ'das , cor:wem .a·fàber, a vin-te' .
e dous reaes cada d1.1as .laudas , as quaes..Jhe affi
Mandamos contar . em ·lugu.ar das tres folhas intei--
Jas de longuo, que. cofturnauam a fa\zer em r~lo, e·
lhe fohiam .a.dill fee~ contadas. E fe ·cada , hJía. das di-
_tas efc-ripturas for de mais folhas ; -contarlheam to-
das as mais folhas ·, ·e efcripruras aas regias , ~on­
\leiT! a faber :,, cinco regras. por hum real' a:o Efcri-
u~m, e cinco e mea ao Ta.baliani~ . fendo fempre as
ditas folhas da1> regras:fobreditas, e às.regras. do
fo-
bredrto ·conto, de letras~ E quanto he aas apelaçq~s ,..
<;ontarlhas-ham todas , desd'o co~'eç_o ~as regr,a s.
'1 .6 E QyANDO taees Efcri:pturas viere,m aa Nofia,
Corte , ou aa Noífa Ca·fa do c ·iuel , feja contado-
aquello que ' moqtar dellas aos Tabalia~s ~ e Efcri-
uaes que as fezerem ' , affi C0[;1()i dito he ; . e aq,uefl.Q.
que for achado que ma:is íe.uaram ' · façarn-l~@ torna:r
aas partes loguo em dobro, dec!araádo. em··dta gw-i-
f., , conuer:n a íàber , fe forem hi meradores os ditos
Tabaliaês, eu 'Efcriua;es ~ •e ·Contador das cuftas os
fa~ loglilo. chamar , -e faÇa-lho .Wg.uQ·tocle . paguar
real-
·4-56 O PruMi>tRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXIII • .

reJ1metne <:Qm -efeél:o ; e fe forem moradores erri


outra parte, façam Ioguo a Carta, e paffe polos Def-
embarguadores que do feito -conhecerem ; porque
todo aili feia realmente executado como dito hc; e
· ' mais auera~ a pena corÍtheuda no quint·o Liuro, no
Titulo Da pena que mterartJ os OJ.'lic~·aes qúe leumn mais
&c., da qual fe tirará o que aili a parte leuar, fe-
gundo mais larg~umente hi Diren:\os. ·
16 IrEM dGs Aluaraes pequenos, que nom enche-
rem húa buda , alii como Aluaraes pera prender, c
foltar prefos, ou pera ci.tar teftemunhas, ou d'outros
femdhantes , leuem effes Tabaliaés ou Efcriuaes
fete reaes de cada huü. Peró fe o Atuará for tam
grande ,que encha hüa lauda ,leuem della '9ez reaes:,
e fe maior for leuaram por eífe refpeüo.
17 E ' MArN-DAI\iOS qu·e os d,itos Tabaliaé!s, e Efcri-
uaes ponham por, fuas rnaõs as pagas , aili nas Car-
u ·s , como r~a s Senten~as , e Pro~elfos, e Aluaraes , e
Eftorment-o1;,
l
e em .todalas
'
outras ef<eripturas que fe-
zerem , de que deuaJJ) ·leuar dinheiros , e nas efcri-
pturàs ·de que nom ouuer:~m, ou nom quiferem Ieuar
dinheiro • ponham nihi!, c na Carta nrom ponham
paguà' de pubrió.çam , nem de procdfo, mas . foo~
meote do ·que ieuarem pala efq iptura da Carta' ; e
todos aqücÚes que 'q contrairo fezerem, nom poe'rn.~
do pagua como dito he, pola primeira vez tornem
todo o que leuarem aa parte , e paguem outro tanto
pera os prefos , e pàla fegunda vez ajã 1a dka pena ,
.e fejam fúfljlenfos ?os Ç)ffi~it:>s por fei~ 'm efes ,J e po-
: · . , la

•I

.,.
De· Q.UE tUM DE I.·EUÁR. os TABAL. E Es.cR.. ETc. 457
la terceir-a vez .fejam priuados dos Officios, fegímdo'
cito Auemos no Titulo Dos Ejcriuaés dante os JJ,ejenz-
/Jarguadores do Paaçó..
18 ITE~t da vifl:a do Feito l:euará o Ta.b aliani, QU
EfcriHa:m que o efét'eucr do começo., a terça part-e
de qea111.to montar na efcriptura da inquiriçam .deffe
Feito atee onde a yiíta foi peâidí;l, contando-a-toda
aas regras ; ·aili como díw he; c pofio que a, viíta
feja pedida muitas vezes , nom leuará efl:e Taba-
liam .ou Efcriuam v.ifta , fenom húa vez. Peró fe
defpois que a vifta foi pedida húa· vez .,u Feito ,cre-
cer mais per inquii:içam , ou por efcriptura qua·l-
. quer . qúe feja, fejalh€ contad!.l a vifl:a do que mais
creceo, aalem donde a outra vifl;a foi ped~da, e efl:g.
com tanto que llle nom contem viíta , donde lhe
contaram ó treslado.
19 · ITEM perante o Juiz da apelaçam letiará u
·Efcriuam da vifta deiTa apelaçam onze ceptijs -de
cada folha, e efl:o, porque antiguamente kua·uam a
quinto do· que montaua na dita ape!açam ~ e porqt:Je
.em a maior parte de todos os feitos em ·cada húa
.fulha ~ monta noue reaes pouco mais ou menos, · ·1~.~­
:uar.am .dé ·cada folha onze ceptijs, · que he o quintç>
-c_orp.(!) dito he; emperó fe acontecer, que o Juiz da
..apelã.çam mandar ·tirar alguas inquiriçoés em effe
rFeito, defpois que perante' eÜe pender • ora fe tir~
ma Gorte , ou em outra- parte~, e for · dellas _pedid.a a
l.~ifta ~ leuar~ o. Efcriúam .o terço-dellas, . , ·affi . ,como
:.f...iv: I. - Mmm f~
45~ O PrnMEIRO. L'tv. DNS OrtD:EN •. TrT. LXIJJ~·--­

:fe:o .feiro fo!fe começado perante. ~effe Juiz da ape.J


laçam , como dito he.
20 lT::M fe acontecer que hutt Feito feja findà
por fentença, e defpois for por ·algua parte dado em
fua ajuda em outro Fei[O, e for delle pedida a vifia
por algüa parte, de tal Feito nom leua:rá o Taba-liam
ou Efcriuam vifl:a , faluo arnetade do que kuària o
Efcriuam perante o !Juiz d'apelaçam ; e 1eíto he
por ~lle ja do Feito findo efie Ta-baliarn , 011 Efcri ..
uam que oxinha ,' leuou a vifl:a. Peró fe ainda delle
nom outte :algãa vifta, faluo entam foi·a. pri!J1~ira
:vez p ~dida , em tal ca{o, leuará fua vifia toda em
.cheo, a !Ti •. do Feito comn d'apelaçam, , pala guifa
que dito he, e defl:a vith leuará nmetade o Taba-
liam ou E(Griuam que tinha o Feito, que he dado
em pro'ua •I e a outra metade l.euará. o Tabaliam ou
tEfcriuaín que tem o Feito, em que o dam em proua.
• '(2 I · E T~)oo . Taba liam, ou Eforiuam que Feito te;.

ltler em-feu poder , d efpois que f61· ·findo por íenten.


- 'ça,, ou anq~ que o feja , fe he reta.r.dado ~- '€ nom fe
.- ' . \
fa1a à elle por culpa da S~ partes., quando lbe ·for re;.
-qúerído por algüa cbs. pa:rt1es, que 0 tragaa,. aqJuiz(),_,.
~er·a fal~r ·a ellc., ou1pera tirar , ddle fen:t(mç;:t :; ·on
'Outra efcri\Jtura'1 ou- pera o·d <it"" 1em aju'cla- de f.tiatpro..
'Ua em outrq· Feito, ou pera "al!let por elle alguu ou;.
•t!Fo prôueipo ,. !eaará effe ·'ifi:~bal-ia.m ou l3fcril,Jam·,da:
thur<th. ~~ _r~H!'eiro:. de ,ca:da -p_H~s. noue r.ea~s •; é ' dln
:compr1do·,_que ,fam1por anna.
.
131í:ée. ·o~ pnq,l.elro,·ann.o
'.,
Do:·o.yE iiAM t>t:. LEU AR os TABA L• .E Esc R•. ETc. 4,59

.cento e oito r~~es branws ; e fe for màis- tempo que


. paffe o anno, lcuará no fegundo anno de cada mes
quatro reaes ·e meo, que fam no fegundo anno <':in-
coenta e quatro reaes; e fe paffar ·de dous annos le..o
.uará .polo·terc:eir:o anno dczoitó reaes, e fe ·p affar de
,tres arinos , di em .diante nom kuará de bufca ' coú-
fa algüa , falwo dos ditos tres annos , 'em que l.he
monta cento e oitenta .reaes ; e efta bufca ferá dada
!1 effe Tabaliarn ou· Eferiuam, 110m tam. foomente
polo trabalho que lcua em bufcar b Feito, h1as pot...
que he theüdo de o guardar atea v·i·rfte annos 1 dos
Crimes , e atee trima dos Ciueis. ·.
22 ITEM tal bu>fca como·efl:a norh aja luguar nas
Efcripturas, que a pane deu em Juizo pera prouar
· foa tenç;arp ,. ql<le fej'am taees, que no·· fim d0 .Feitb fe
deuam de' tornar ·aa 1parte: pofto' que as o Tabaliám
ou Efc.huam · r~nha em', feu poder o dito tempÓ,
durando o ditó Feito, .como aas vez·es acontece.
23 E DESP0.Is que o dito Feito for findo por fenten-
ça,.fe a ·parte nom requerer flllas Efcripturas, e ás 'lei_;
KUr efl:ar ·em c~fa rlefie Tabaliam , dH' Efctíuam : Ie:.
ue ·de!Ias·a .bufca.., Mii .como d'outm Feito, QU Efcri-
pturas ., que teuer.em em fua guarda-, pola guifa que
dito he , falu.o fe clla 'Pól'rtc ngm [QI· na Terra pera a~J
pedit· Ç! re~uorer. E €f:tã hYfca a}a i'uguat ém. todos
pro.cetfos., inqutri'fpe.s ,. e"êft:dpturàs que ·effe 'Taba-
liam, ou Efcti.uàm teQer em fua guàrda -, como .dito
n e_ l?cró. fe eíf'ª Tabalialn ou Efcriuam for requeri-
do, que dec as ditás Ef0t~pttiras-, e maliciofameiite
' ·~ Mmm 2 p~r
~6o O PuMrmo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXIII. -
por leuar bufca as reteuer , nom ~a dellas bufca , e
pague aa parte outro tanto quanto lhe demanda de.
b.ufca.
24 E QJJAN.To aas Efcripturas , que o Tabaliam
ou Efcriuam ha d~ bufcar por liuro, afli como No-
tas de comraél:os ,. ou querelas, ou denunciaçoés ~
que·tenham efcriptàs. em feus líuros, de taees comó
dks nom leuaram de bufca, faluo ametade do qu ~
leuariam dos Proce!Ios, e das Efcri pturas. fufo ditas ;..
auendo refpeito ao que cli..to he;. e outro 'tanto leua..;.
rá o dito Tabaliún por bufcar o Eftormento, que ja
teuer tirado da Nota , e nom lhe foi requerido pola
parte a ·que pertencia ,. e affi nom. efteue por elle Ta ...
baliam~ -
25 E QV•A:NTO aa bufca dos i'nuentarios, que fo.;
_rem fei t?os. por os·Tabaliaes dos bens dos Orfaõs, on ..
de Efcriua:éis nom ouuer do-dito Officio , ' leuaram
de bufca 9os ditos. inuentarios, aqueilo que adiante
vai declarado no-Titulo Do Ejcriuam dos. Qifaõs• .
26 E EM todos. os fobred.itos cafos. de bufcas on~
de as.'deuem auer como d ·to.h e·, n.óm :fe con~a,rá buf-4
.ca dos pri ~'leiros feis mefes.' faluo ai em diante ;
porque def.!~ois que p.aífam os feis mefes fem fe falai!
ao Feito, nom efiando . concluf'O ,. ou eftando con4
clufo huü anno fem fe fa.l ar a elle\, nom fe_pode fa"'
lar ao Feito, atee qué a parte .fej a noua:mente dta·..
da., e por tanto do tempo que cor-rer defpois dos
,ditos feis mefes (e ·contará. foom.e nte a b,ufca , c;
aom do.s dit 9S primeiros feis mefe:i.,
1
'
pp Q.l!E HAM DE LEU AR os TABA L. :E EscR. !T c. 4-6!,

. 27 E Q.YANDO alguü Tabaliam, ou Efcriuam, ou:.


Enqueredor for fóra do Luguar tirar inquiriçarn,..
ou fazer outro auto, feJeuar befta fua e moço, le-;
llará pera fi e pera mantiment-o da befta e moço fe-t ·
tenta e dous rçaes por cada dia, e affi di em dian-<
.te, fe mais, dias ndlo andar fora de fua cafa ·; e a'Ll~­
rá mais eífé Tabaliam ou Efcriuam fua efcriptura,..
e aflentada de teftemunhas, ou a penhora fe a fezer,..
e o Enquereàor leuará .· as aifentadas, e m~üs o di-
nheiro que lhe montar dos ditos de teftemunhas ~:
como dit5> he; e fe em tal atJ.to nom andar, feno.m ·
ametade de huíí dia , Jeuará ametade , e aili mais .
ou menos , fegundo o efpaço do dia qu.e laa efteuer; .
Porem fc a parte d~er be.fta fua a eífe Tabaliam, ou
Efcriuam , ou, Enqueredor, norn leuará, fah!o trinta.
e feis reaes pera fi e pera mantimento do moço ; e:
nom comerá eífe Tabal.iam,.ou Efcriuam, ou Enque_.
redor com a parte,. porque por aazo do com-er po-,~
Ôerá.feer afeiçoado aa dita parte , faluo fe no·Luguat·.
onde tal auto fot fazer norn achar a vender outro-t
.mantimento ,[aluo o que lhe a. parte deer;.. e fe co-'
mer aa cufta da parte eUe,.e e moço ,.e a befta, nom>J
~euará . ,. faluo trinta ·e fei& reaes; e fe nom leuar be-
ftá ... auer~ foomer1te quarenta e cinco- reaes, e co....
merá dell.es ; e fe comer aa <;;ufl:a da parte, nom !e...::.
uarido befla, nom. aja ma.is .q.ue vinte e fete reaes. ·
, 2.8 E . MANDA-MQs· que fendo as partes pflefeqteS\
no Lt1guar onde os Tabaliaes,. ou Efcriuaes forem~
moradores ,. demandem I í~us falar .
i o$ qa. dia em·quO< ~
íc.
fe pubricar a fcnrença definitiua ém·os Feiras e Cau-
fas, em que elles forem Tabaliaés, ali Efcriuaes-.
a tres mefes; e nom os demandando no dito tempo,
u;m os poffam mais demandar, nem fejam fobre
ilfo mais ouuidos.
29 E MANDAMos aos ditos Tabâiiaes, affi do Ju-
dicial, como das· Notas , que cada huü faça aquel-
l.as Efcripturas que lhe fam deélaraclas.em efl:es R~­
gimentos de feus Officigs , e huüs nom tomem as
Efcripturas que aos outros pertenaerem de fazer-; e
qualquer que o contrairo fezer ·, Mandaínos que fe-
jã prefe, e fufp~ nfo do Officio atee Noffit Merce ; e
fe fezér as Efcri.pturas que lhe nom p~rtencerem, fc-
jam n.inhüas' , e mítis pague aa:s partes todas as per-
das. dinos, e interefres que por ello receberem.
Jó E MANDA]Mos a t&áol.os Tabaliaés de Noffos
Reynos e Senhorios, que ao tempo qu~e ouuerem
as Cartas dos Officios , leuem da, Noffa Chancelaria ·
toçio cfl:e Regim \~nto , affirn como pertencer a' cada .
hnu; c'onuern a C:1ber, o Tabaliam das Notas leua•
~á o que a: feu 0 1n :: io pertence,- e o do Judicial 'le-
urará it1~ rnefrhq o qüe pertencer a feu Officio; e
pdrqu·e em a.lguqs Luguares de Noffos Reynos, por
f€tern pequenos , farh õs Tabaliaes (.ia:s Notas e do
.Ju.dicial juntamente, Mandamos que os femelhán ..
tes. legem os Re§~imentos d'am bos os ditos Of{iciós,
og quaes Regirnentos f eram obriguados R:mpre 'teer ~
p"ét'a em todo tempo que lhe fot requerido o pode-
rent_mofttar ; e cumpram , e gl!ardetn todos eftes
aa-
Do Q.YE HAM DE LEU AR os T J\BAl. E Esc R. E'I' c. 4~3

capitolos , e cada huü delles como nelles l1e con..


theudo :e qualquer que nom leuar o dito Regimen-
to, e o nom teuer , per eífe mefmo feito perca ~
Officio, e nunca o mais aja , nem outro alguú Offi ..
cio de Juftiça, e paguará da Cadea vinte cruzados,
ametade pera os catiuos , e a outra metade pera
quem o acufar.
3 r E o que feruir fem Carta Noffa , ou de quem
poder teuer pera lha dar, aalcm de encorrer nas
ç}itas penas, feja degradado pera a ilha de Sam Tho•
me por dez annos; e os Juizes que os leixarem fer..
uir fem as rditas Cartas , ou fem os ditos Regimen-
tos, en<Zorram em pena ele dous mil reaes , ametade
pera os catiuos , e a outra metade pera quem os acu ..
íú: e _orydc Nós , ou os, Reys NoiTos Anteceífores.
Teuermos feito Doaçoes a algüas Ordes , ou outras
quaefquer pdfoas. , em tal fórma que polfam em
fuas Terras poer os Tabaliaés por fuas Carcas, fero
auerem Confirmaçam No!Ia , ou do Noffo Chance-
ler Moor, em tal cafo leuaram os ditos Tabaliaes -
()S Regimentos de feus Officios, fegundo Diremos

no fegundo Lhuo,. no Titylo De cormJ as Raynhas • ~


.J'!fanLfs..

TI-
·464 .. 0 PRIMEIRo 'Liv: DAS OttDEN. TI-r. LX{!II.
T I T U L O LXIIII:
Dos 'rabaliaes garau , e· como deuenz vjar de
ftus Oificios , e das pn!foés que deuem paguar.

,Q s Tabaliaes geeraes que forem dados po~·


Nós
em todos Noffos Reynos e Senhorios , ou em algúa
Com marca, ou Bi!pado delles, nom poderam mais
efcreuer em qualquer Cidade, Villa, ou Luguar, ou .
Concelho que dous mefes do anno , . e efies dous
mefes poderam efcolher quaes elles quiferem ; ·e
ende ouuer Tabaliaes Judiciaes apartados dos da~;
Notas , poderam efcolher em quaes dos ditos Offi-
c'ios· quiferem efcreuer , e nom faram Efcriptura~
algüas fem defirebuiçam , fob 1:ena de priuaçatn
dos Officios , e efto foomente auerá luguar onde os
1

Feitos e Efcrip,turas fe repartirem ature· os outros


1

. ífabaliaes per defirebuiçam.


• 'I I TEM os dit_os Tabaliaes geeraes feram obri-
guados de Nos paguar em. cada huü anno de pen.:.
fam d()US mil r<,!aes, e e·m fras Cartas, quando lhe
os ditos Officior forem dados, ferá ·poíta a çJauíbla
que fe poem ao~ outros Tabaliaes, per que Mand~
mo:; que lhe ryom feja confentido vfar dos ditos
Offi.cios atee da m fiadores ·abaíl:antes aos No!Tos
, Almoxarifes, pJ>r que Nós em cada huli anno Poffa~
mos auer delles a dita penfam.
2 E POSTO <l!JE- em fuas Cartas feja contheudo
.que pofiam todo o anno , ou mais dos ditos dous
me"!
1 De ·s ·TA·BÁLtÁEs rn:tRAEs ··rnrê. 465 .
mefes, efcretrer ·em qualqu·er Cid·a d'e, Villa, ou Lu-
- .guar que lhes, aprouuer, e fem deíl:rebuiçam , e que
nom fejam theudos a Nos paguar penfam algüa.
Mandamos, que feim -embarguo dello, fe cumpra
dla '.No!fa Ordenaçam em todo; fa.luo fe por outra.
Noffa Carta efpedal [obre ello paffada, e por Nós
affinada , e alfe.Jada do Noffo Selo , Nos prouuer por
alguüs juíl!os -re'fpeétos difpenC:1r com efta Noff~
Orclenaçam , fazendo della cfpocial e expreífa r.x1en-
çam.
3 E PERA os ditos Tabaliaes faberem onde ham
de dar as. ditas fianças , ·e paguar ;Is ditas pen[oês ..
o Dec.lararnos aqui·; conuern a faber , os da Coma:r-
,ca dlantre DoirQ e Minha ao Noífo Almoxarifc da
:Noffa Cidade do. Porto. ·
t4- E ·os da.Comarca de Tralosmontes ao Almo.o
·:xarife· da- Torre de Mencoruo.
~. 15 E .os ,da Comarca da Beirá ao, Almoxarife da:
.Nf>.flà, Cidarltt.de Vifeu.
6 E os da Comarca' da E!hemadura ao Alma ...
·Xarife.·das aúenças·da Noffa. Cidade. de Lixboa.: ·
.. '7 ''' E os ·da Comarca d'antre Tejo e·Odia11ar ao
.AJmox_,arife da Nofia Cidade d'Euora • . '. ·
; ;•8 , E os do Reyno ·do Alguarue ao NofTo Alma..
::xarife 'de Tau'ila. · · · -
,!. -9' · E POSTo Q:!JE ·as penfoes .dos Tabaliaes de al~
-guüs Ll!guares fejam dadas aos Mdlres das Ordens a
ou outras quaefquer peffoas, nom f~ entender,á, lhe
ferem d~da~ ' cftas que ,h~m dç .p~gua~ .o~ . Tab~.Ha~s:.
- ~·71· 1.,_ · Nilll .. • gec::~
geera~$ ~ p_orque efl:as _fe a.rrecadruram p.era_ Nós, por' ·
9~ d_itos Qfficio_s ferem - a:mge.eraes , e nom efpe"":"
,çiaes em. ca.da buguar. . -
_ 10 E MA,NOAMos aos. djte~s Almox~rifes, que nom
re_c~bi\m p~or fiadores , fe;10m peilaa:s' abonadas· , e
taees-por.. q1,1e Nó..s: poít·unos auer as ditas. perrfoes· ,
-fe as: nom paga1.:em os d-itos_'f:abaliaês; fendo ccrto:s
e.s ditos: Almoxari-fes -, que fe-_taees• fiadores .nom' re;.
c.cbm-e.m:, gue :por feus _hens i.&uer.emos. todo aqndl0
que p0-los ditos Tabaliaes e feus fiadores fe num
podér auerr.
• I I ÜU.TRiO ·S[ Mandamos- aos eorr.cgedor~s.., dás
ditas. Comarcas , e .atodolos Juiz~ ;, e : Juftíças. de
Noifos Reynos . c: Senhori"os!, .quo.; noín 'étJnfentarm
a ninhuú dos ditos Tabaliaes gecraes ·, ·que vfem das
dit:os Officios a'nt:e·-dé -dárem aS 1 ditas fianças ; e -
achando que _vfj1m ddles nom as-teendO- d:ada:s,, •01l
€fcreuem em 2lll§uÜ · Lugú.ar ·- mais•. tempo, do ;que
aqui he ordenadp, que os prendam, €- nO-'wt.;oslf~l;l!~
fem Noffo .efpe<!:Íàl Mánd'ado.,~ . ,- ;l
12. E POR U!;,' ANTo por" Nó; he -ot:~errado'i, ~ q,ue
com a Noffa C2ffa da Sopric~çarn ande huú~ Taba.
liam geeral, e o,u.tro com a No.íf.a, Cafa do Giu~t, e
em
I .
aíli cada hÜI<l Gor·reiçam. 'dé' ~ofii'\s ~eyn0s com
1

os Corregedores em cada Córreiçam-tmü Tabàli~~m 1


geeral, os quaes nom ·ham cle -paguar pe.nfam algüa,
_Mraad·a mos que eft'>a, · Orcd€naça.m. n<'>IR a~a· ldguar
neUcs ·, mas fér [11· emlilarguo deHa. elles - pod~ram
/
1

~t(eu_ep nos · .ll!Jg~ares (l)n_de:a$_~Í'ta~.· (lafot~ '.i eur'ÇoJ;4


..t -' ), •
' \ [C.l"'!
Dos El>lQ.!iE'Rl!D. E no QYE ASEU ÜFFIC. t>ER.T. Etc. 4-67

reiçoes efieuercm, e fazerem todas as Efcripturu


pubricas que lhe forem requeri·d as, guardando po-
rem o Regimento, e ta.ixa dos outros Tabaliaes, Jj

quanto ao fazer das ditas Efcripturas.


13 PoREM todolos Tabaliaes geeraes, de que n-e ...
fia Ordenaçam he feita mençarn , feram obriguados
·de guardar , e comprir os Artiguos e Regimente ,
que leuam os outros Tabaliaes particulares de Nof.:..
fa ·Chancelaria , o qual Regimento lhe ferá dadCJ
C(J)ffi fuas Cartas ; e nom leuaram mais das Efcri~
pturas, e quaefquer Proceffos, e Autos que fezerem.
que aquello que he ordenado aos outros Tabaliaes
particulares das Cidades , Villas , e - Lugua.r~s , c
Concelhos de Noffos Reynos, fob as penas que aos
ditos Tal3aliaes particulares fam poftas.

TITULO LXV.

·Dos Ettquer~d~res ,, e do qu1 aft.u Oificio perténú, e


do que bam de kua.r de /eu fala rio.

Q S Enqueredores deuem feer btm difcretos , e


deligentes em feus Officios , em mmd'o que com boa:
·difcciçam fa.ibam preguntar , e enquerer as tdle.:.
munhas par aquello Ji>eta que fam trazid~s ; e ante
que a teftemunha> féj'a preguntada , lhe ferá dada1
juramento nos San<fros Auangelhos corporalmenr~
tangidos., que bem-e der.eitamcntc digua a- verdade·
Nnn l àQ
. :468 O.·PRIMEIM Liv. DAS ÜRDEN • .Tn. LXV•.
do. que fouber acerca do Féito pera que he cha...
rnado, do qual jura·mento o Tabaliam, ou Efcri-
uam.· dará_ fee· no dito da tefiemunha que efcreuer •
e o dito juramento lhe ferá dado perante a parte
contra que he chamada , fe ella quifer veer dar o
dito. juramento, e defpois que ~ffi jurar dará feu te-
ftemunl1o fecretamente, fern ninhüa das partes d'elle·'
ferem fabedores · atec as inquiriçoes ferem abertas ,
e pubricadas ; e affi as preguntara loguo p,o r o co-
ftume, e coufas que a elle pertencem, conu_em.a fa~
per, fe tem diuido, ou cunhadio com algúa da~
partes, e em que gráo, e [e tem tam eflreita ami .•
zade, ou odio télm grande a algua de !las , por. que
leixem de dizer a verdade, e fe receberam d'algj:ia
dellas, ou d'ou.trem .e m feu nome, alguas dadiuas J e
fe foram roguadas ou fobornadas , que diífeífem em
fauor d'algü-a das par-tes ; e todo o que diflerem
efcreuerá o. Tabaliam , ou Efcriuam que a inquiFi-
çam efcreuer; ~Joio qual coílume preguntararr fe~­
pre as tdl:emUnhas , · fob pena de perdimento dos
Officios, affi nas inquiriçoes deuaílas ,. como.judi-
ciaes.
1 · E .:s.EM · ~ss1 . preguntaram· mu-ito declarada--
mente- polo. qu.~ fabem dos artiguos por que forem\
preguntad<:>s ,. ~e nom preguntaram rp~r -ninfi'Üa cou- ·•
fã que. feja fóra do. comh eudo, nos ditos, artiguos , e
da materia , ·e. fubJtancia, e cafg delles , foomente ·
polo contheud9 nos, .a rtiguos com as dedrraçoes fe-
gu'inte.s_, <:Pnue_ntl <\ .fab.er, fe diífer.em quf f~b\em al~
r. gua.
1
Dos ENCUJ:ERED. E DO <t_UE A SEU o~·Frc. PERT. ETc. 469

güa coufa daquello por que fam preguntados , pre..


gut:~tem-lhe como o fabem? e fe differ~m que o f<r-
bem de vifta, preguntem-lhe em que tempo, e luguar.
o viram ? e fe ao . te_m po que o elles viram eftauam
hi outras peffoas que o tambem viilem ? e todo o
que diilerem façam efcreuer ~ e fe diilerem que o
fabem d'ouuida, pt.:eguntem-lhe a q~em o ouuiram ,
e em que tempo , e luguar? e todo o qu.e di!ferem
·façam efcreuer , fazendo-lhe todas Clutt;as preguntas..
que lhe parecerem necel1àrias, p.or que milhar e mais.
çlaramente fe poffa faher a verd~de daquello por que·
forem preguntadas • e efguardem. bem com. que-
afpeél:o, -e com que conftancia as teftemunhás.fa-
1? m , e fe variam , ou vacilam , ou enruiuecem , ou
fe fe mudam ·de fua cor ~ ou fe fe toruam em fua
fala , em ral guifa que lhe pareça que fam falfas ou.
fufp~it.as ~ e qu.ando tal coufa vijr ou fentir, deue-o.
notificar ao Julguador do Feito, fe for prefente no.
Luguar onde fe úr.ar a dita inquiriçam ; e fe f-or ab-
fente, mandará ao Efcriuam ou Tabali;,nn,, que·
c;fcreuá as ditas toruaçoes e defuaüos da teftemu-
nha, _a que acontecer , pera o Juiz que ouuer de:
j,ulguar o..Feito , fobre ello pr.ou.er como lh.e parecer-
dereito. E fazendo outras, preguntas afóra. as· neft<~: .
Ordenaçam contheud'as,. ·por effe mefmo. feito . o
Enqueredor perca o O~cio, e nunca. o mais. aj·a ; e ·
o Tabaliam eu Efcriuam ,que as .efcreuer ,. feja fu- .
iflenfo do Officio atee Noila Merce. E pofto que a
tcftemunh!l queira. dizer mais. .do contheudo :no..di--
t o,.
4-70 D ·P.n.I-MHRO Lrv. DAS OttDEN. TIT. LXV. '
t() artiguo, .ou da materia, ç fubfiand'-, c c-afo delie,
pofro que lhe, IWm feja pr.cg-untado, e Tabaliam, ou
Eft:riuam q nom efcreuerá fob a JTief_rna pena..
2 OuTR.O sx o Enqu~redpr que nom preguntal'
por fadas as coufas contheudas nos ditos artiguos, e
leixar algüa parte dellas por preguntar , ajà a fobre~
dita pena de perdimento do Officio.
3 E sma' auifado o Efcriuam , ou Tabaliam ·que
· a dita inquiriçam com o dito Enqueredor- tirar, que
qtnndo a _tefl:emunha differ d'alguü artiguo, ou arti..>
guos nif;il, que nom efcreua, nem ponha em cada>
artiguo particularmente preguntado po_r tal :Jrtiguo,
e feita pregunta que era o que dello fabia &c., dilfe
a todo nihil, como atee aqui co'fiumauam poer por
fazer muita leétura. faomente em huu .foo capitolo
efcreuerá todos os artiguos a que differ nihil, o qual
capitolo poerá no fim do tefremunho , defpois de
acab.ar de eícrpuer e poer todos os artiguos em que
a tefl:,cmunh<). diífe algüa coufa , o qual capitolo di-
rá affi, ~ pregu11tado por. tal artiguo, e por tal, poendo
íoomente o nurneto, affi c0mo.primeir.o, fegundo •
terceiro, ou como o numerQ for, a' todos dilfe nihil;
e o Tabaliam , ou Efcriuam que o contrairo fezer ,
ferá fufpe.nfo do Officio atee Noffa \\vtcrce.
4 ITEM os En.queredores leuaram as afl:entadas
das te_Llemunhas , affi e pala guifa que fam contadas
aos Tabaliaês e Efcriuaes, conuem a faber , cle c~..
da húa affentacla fete reaes , e mais leu~ram de ca • .
~ dit«? ~ teí;temunhtl tr-CS l'Caes Cffi~O 1 fegund<J
~~
DosJEN~QY·E-RED. Eno ~uE A s1w Orric. PERT. n e. 47I'
.(loftu~e e ordenan<;a antigua. Péró fe a teftemn-
~ nha-diífer tam ,pouco em feu dito, que nom·chegue
·a vinte regras ·, n0m. lhe . éont~i.n mais 'q:tle dou·s
.teaes ;. e fe paffar cle vinte" r~gra<s ,. €ntam lhe con..
tem tres reaes e meo, como di.to·he • .
5 E s~ os Enq1.1eredores forem · fóra do ~uguar:·
tirat algú'ls: i'nqJliriçoes•, le~ram aalem do que cli·ro
.be ., :de fua ;hi:da fe' for JJIDra dt> ~uguar, e leua~ be-
Jl:a fua e moÇ~i', fetenta e:dous ·reaes por cada d.ia , c
am di em diante. , fe mais dias nello · ahda~r fóra. d~
fua cafa. Porem fe a parte der befta a eífe Enquere-
dor- por a·elle nom·teer, nom leuará-, faluo trinta e
feis reaes pera fi.F pera ma-ntimento d9 moço. E nom
comerá dfe Enqueredor com a parte, porque por
aazü' .dd-·ll'Om'er paderá,'fe'er afeiçoado a elfa; faJuo fe
no Luguar··s-ôl1dec o ta1 .âutQ·f0r faz~r , nom achar a.
vender outro mantimento , faluo o que lhe a pa:rte.-
,der; e fe comer' act.cl.ffl:a ;dar-pa.rte elle, é o:rrioço",
.e·a :Oefla, nem .\etH\1·á. .faluo·trinta e feis•reaes·.··E .!e
u0m ·leuar l:>efta , · aueJ.:á foomeme quarentâ' é cim~<>·
!l'eaes, e comerá·clell<t$'; e fe comev aa c.ufta da: pa-x:-.....
te nom leúancl<J·beftil:,nam aja· mais que·vinte· e ·fe--
tc rea<!:S. •
· ,6 E Q!!ANDí>: fe• ouuerem~de·.tirar a·l guas inqui•
riçoes jtidícjae.s fobr.e c.afo de q1cirte ,. ,ou .de aleja'.lo-
m ·e rrto, ou di~órmidade de.roftro ,. ~ om ·de· fu.rto qu~ ·.
prouado mereceíle morrer, ; efa{fi 'nos Feitos Ciueis-.
fobve quantidade de cem' cru~adosJ.e :di penr cima. , .
ou·.fuar va.li.a·J. os, J.uizeSJ·Ollf Jw~eS! das dita,~r
ca~
, 47 2 o Prtn1EIRo ..Ltv. oAs ORDEN. Trr. ·Lxvr::
caufas , fe ·nos tLugu:ares onde fe os Feitos ttauta-
rem ft; (ürarerp as ditas inqúiriço~s..> . Üf-aJ:arh.pot fi ·
.as ditas inquiriçoês ', .e leua'r am' l> 'mefrno.ú.ládd ·qw::
. arrás he ..ordenado aos Enqueredorts ; e nom fé ti-
rando nos mefmos Luguàres ~nde fe os Feitos trau-:..
tartm , áuendo de palfar Carta pera ,out.ros Lugua-
res. , pera fe tirarem as ditas 'inquiriçoes, os Juizes,
.-ou Jufguadores a: que as ditas Cartas forem .dirigi..'
·das··, as tiraram por fi. ·) leuando o falario fobredito
como dito he.

-----
Tl T U ·L tO LXVI.
----------
. J . r .J .. ,... ~ •1

Do !]Ut, ham de leuar os Por.!ru'ro! ,, ~ Preguotir~Z


pO,nhoras ~ citaçoes 1 ~t -remataçoes. · .

~0 s ·. Por!.:eiros q~:ndo .. ;ez~~em as· penhor~s ·:~


Lugu~r ·au :ifrrabalde onde·fóre:m Ínorador~s , teua..
rarri de!fa Pl~nhora noue reàes , ·e quando vi'á a ar..
.remataçam , fe OS · arrematarem~; leuaram de _quantO
montar nc!f, venda dos ditos pinhores , fe fam mo~
ueis, de cincoenta reaes huü, e e,fio leuaram atee que
poffamil. aâey de feu' falariCi> centb e·oitenta reaes·, e
norri leuararp mais, aindá que a quanti·a feja grande
da arremata\çam, e dure , muito; e fe effes penhores
nom forem ~rremátados , ·e a .parte loguo paguar de
[cu g.rado , lc11ará effe Porteiro da ontregua deffea
pen,hores nouci .Ee~s "~ . quando os entrcguar aa parte•.
:, Pera
. .
.. .~

\\
Do Q!!k: H AM oE L·Eu Art os PoRTEI Rios E.T ,c. 473
:Pero fe os trouuerem em prcguam o te,mpo con-
l!:heudo na Ordenaça.m., ou alguü pouco menos ., e
os nom ar.rematarem., leuem ametade do que leua-
.riam , fe arrematados fo fiem.; e fe a rienhora for fei-
-ta por o Por-teiPo' .e elle nom vender cOS penhores .,
··Í<lluo o Preguoeiro, entam leuc o Porteim fua penho-
.ra ., e eo Preguoeiro fua a.rremataÇam como dito he .;
:e fe a penhora for féita em bens de raiz, leue de fua
.penhora noue reaes., e da .arremataçam ,de cincoen-
ta reaes huú., atee qu.e chegue · a trezentos e fefienta
reaes, e mais nom, poílo que os bés muito v.alham~
I hEM Maadamos que eíla taí~a ·e orélena!lça,
:que os Porteiros e Preguoei!:_OS ham de teer naquellG
que ham de leuar dos bens moueis e de raiz que afli
arrematar-ém , e dos que tronuercm em preguam ,
e os nom arrematarem como dito hc, e!Ta mefma ·
tenham os Sacador.e s, e por e·fta guifa leuem o iell,
Í1lari<:>, e affi lhé fej~ contad?, e nom dol.!tra manei-
ra; e por efla guifa leuaram as Adeelas dos penho-
res e coufas que lhes dama vender. E qualqu·er Por-
teiro, ou Preguoeir.o ., ou Sacador. , . ou Adeela que
ffiftÍS leuar da parte do que lhe aqoà he ordenado e
taix:ado, aucrá as penas contheudas no ~into Li-·
uro, no Titulo Da pena que aueram os Ojficiaes ,.que le-
rtam mais do conjheudo em feu regimento.
2 I n:M todo ·o que dito he dos fala·rios dos Por"'t
teiros~ e Preguoeiros(~eremos q~:~e aja luguar, quan-
do venderem alguüs bens por mandado dos herdei·
ros e teftamen.teiros dos finados , ou Tlltores., e Cu.
. Liv. L Ooo radó~ :
474- . O PRIMEJRO Liv. DAS ÜRDEN. Tn. LXVI.
radares, e quaefquer miniíl:radores de bens , ou ou-
tras quaefquer pdfoas, que lhos affi mandarem
vender. E quando effes Porteiros fórem fóra do Lu- .
guar fazer as penhoras , leuaram por cada dia de feu
trabalho, Cpera mantimento, vinte e fete reaes, afO":""
.ra. aquello qLie lhe montar de fua penhora- , ou en-
tregua ;. e fe mais dias andar fóra .. cada dia leuará
vinte e fere reaes; e 'fe for tam perto. ·do Luguar, que
nom dure de hida e vinda fenom meo di-a, teuar~...
tl'eze reaes e meo~ e affi fegundo mais e menos. tem...
podo dia por effe reípeito.
3 E ESsE me'fmo. falaria auerá o dito Porteiro ,.
quando for citar alglia peHoa fóra do Luguar·; e fe
cüar algüa peílo<1 no Luguar , auerá por fcu traba..
lho aqucl!o que he ordenado no Ti,tula Do Porteiro,
do Corregedor dq Corte·; conuem a f<1ber ~ (e citar na
Audiencia hGa. peífoa leuará onze ceptijs , e autro
tanto leuará , po.flo que cite marido com molher,..
ou Priol por fi e por feu Conuento na dita A1udien,..
eia:, porque farn auidos por huü corpo;, e fe citar n at
í:lita Audienci2L herdeiros, 1~ teftamenteims •· pof'i0:
que mwites fej ~t;m, leuará t)l'es reaes e quatro ceptijs ;,
e fe forem. apr<l:guoadas.
!
na dita Aud.ieneia.
... .
leuará \ o,
P-orteiro do pregua1.111 0n:ze cept,~s , como da ci.ta-
çam ; e [e eíl:as peffc;~as forem citÁ'tias no·Luguar fór.a.
da Audierneia ,_leuará o Port_çj/o,_de cada hua peífo~
tres reaes ·e quatr-o-ceptijs; faluo fe fonem het;deiros
e ~e-ftamenteiros,
, que leuará fete rea:es eI dous . ce-
pt!ijs, porque :fitm duas,. e affi de mais, fe'.mais forem
qu~-
Do Juiz oos ORFAÕS nc. 475

que dous , e nom morarem em hua cafa ·; c:\ fe todos


morarem em húa cafa rÍom leuará mais que fete
rcaes e quatro ccptijs.

T I T U L O LX VII.
Do Juiz dos 01jaos, e coufas qut aftu OJ!icio
pertencem.

M ANDA MOS- que em toda\.as Vil las e Lugua-


res, onde na Villa e Termo ouuer quatrocentos ve~
zinhos e di pera éirna, aja fempre Ju\z dc;>s orfaõs
apartado; e onde os nom ouuer, os Juizes Ordina-
rios do dito Luguar feruiram o dito Officio de Juiz
dos orfaõs com os Tabaliaês da dita Villa ; faluo fe
nas ditas Villas e Luguares que a quatrocentos vezi-
nhos nom cheguarc:rn, cíleuerem em coílume e pof-
fe anrigua de auer os ditos Juizes dos orfaõs, ou fo-
l·em por Nós oi·denados , os quae.s Ordinarios feram
()briguaàos em todo comprir e guardar todo o con-
theudo neíle Titulo, fob as penas .nelle contheudas.
r E o que .ouuer de fecr Juiz dos orf.'lÕs; fáá de
trinta annos e di pera cima 1 e nom cheguando a'a
dita hidaàe, ora a dada feja Noílà. , ou da Camará,
ou d'alguüs Senhores de Tctras, perca ó dito Officiô,
e nunca o mais aja, e Nós o Daremos aquem NofTa
Merce for, e mais perderá amctade d~ fua fazenda.
2 E o Juiz d-os orfaõs deu e com grande deli-
Ooo 2 genCia
.476 o PRIMEIRO LIV. DAS ÜRDEN. TiT. LXVII.
gencia e cuidado faber quantos orfa_õs ha em a Ci:..
dade., Villa, ou Luguar de que elle he Juiz, e f:1-
zelos todos eícreuer em huü Liuro ao Efcriuarn ddle
OfficiO , declarando o nome de cada huú orfaõ , e
cujo filho he, e de que hidade, c onde viue ,-e com
quem , e quem he feu Tutor , ou Curador ; c iífo
mefmo deu e faber quantos bens tem, affi moueis ,
como·de raiz, e quem os traz, e fe andam bem apro-
ueitados , ou fe fam dãnificados, ou perdidos , e por
cuja culpa ou negrigencia, pera os fazer correger e
a:proueitar, e am fazer paguar aos ditos orfaõs to-
da a perda e dãno que em feus bens reçeberem , per
aquelles que. em ello achar negrigentes ou culpados;
e o Juiz que o affi nom comprir paguará aos ditos
orfaõs toda perda e dãno que por ello receberem.
'3 hEM tanto qu_e algui:i, que filho ou filhos me-
nores de 'vinte e cinco annos tenha, falecer, o Juiz
dos orfaõs terá cuidado do dia .de feu falecimento a
h.uü mes fazer inue-ntario de todolos bes moueis , e
de r~iz, que p~r morte do d-ito defunto ficarem , e
dará juramento aaquelle em çujo poder as ditos bens
ficarem, que faça o dito iriuent;Jrio de-todos os di-
tos.bens, bem e verdadeiramente, declarando as con ..
o
fro!1taçoés dos. bens de r-aiz , e luguar ~mde farn , e
dos moueis poerá taees finaes , por onde em todo
tempo fe poífam conhecer, e fe nom faça fobre _elles
duuida ; c affi fe poeram no dito inuentario todalas
I .
diuidas) que a erres orfaõs ou orf:1Õ forem diuidas,.
I I
ou em que elles a outrem forem deuedores ; e fe al-.
guas
l Do J tr I z Do s (J R FAõ s ET ·~.. 4 77
~

' gtí'!s coufas alhea's hi forem achadas, fcja declarado


no dito inuentario cujas fam, e por que modo vieram
a poder do defunto, em cuja cafa forem achadas , e
fe tem os ditos orfaõs alguú dereito nellas , pera fe
faber o que fica ou pode ficar aos orfaõs por fakci-
mento de fcu pay , e loguo entam fe faram as parti-
tilhas das taees fazendas ordenadamente. E porque
acontece, quando as taees fazendas ham de feer en-
tregues aos ditos orfaõs, por ferem cafados áu em an-
cipados, ou por qualquer outra razam por que lhe
ajam de feer entregues, as dirás coufas_ferem gua-
. fiadas e dãnificadas, eQ'l que os orfáõs recebem niil.o
grande perda, Mandamos que loguo ao tempo em
que fe os ditos .i nuentarios e partilhas fezerern com.o
dito he , fcjam aualia:das, todas as crmfas que aos di-
tos orfaõs pertencerem polo dito Juiz dos orfaõs , e
feus Efcriuaés , e dl)as , ~u tres p.effoas outras aj.ura-
mentadas, q~e ncllo bem entendam, e os preços das
.ditas coufas) fejam Ioguo .efcr.iptos nos ditos i~uen- ·
tarios e partilhas ,. p,era que quando ~o tempo .da en.-
tregua as di&as coufas forem guafl:~das , ou dãniflca~
das por fe dellas feruirem as mãys dos ditos orfaõs,
fe em f~u poder ficaram , ou feus Tutores fe logua
lhe fo~em e~treg~es, rpagua,rem ,as ~aee~>, FqLl{.a.s palas
ditas auali,aço~s' e affi [eram rremelt.ia<;i.os. psA_itos
orfaõs , 1e nom receberam perd~ nem çngu.ano. Po.-
rem fe forem mou eis de que os orfaõs . Ie feruir.em ,
ou em feu vfo fe gua8:arer.n , em tal ca.fr;J hom fení
fua mãy ou .íeu Tutor obriguado a lhos éntreguar ~-
fe-
478 O PRIME.tRo Lxv: DAs ÜRD.EN. TrT. LXVII.
-
fenom affi como efteuerem. E affi .far.á o dito Juiz
poer no diro inuentario toda las Efcripturas, que aos
ditos orfaõs pertençam, norn tresladando porem to-
dalas Efcripturas no dito inuentario-, mas :foomente
poendo o de que cada hüa EfcriptLtra he, e em qu~
-1:empo foi feita, e o nom~ do Tabaliam ou Efcriuain
que a fez, pera em todo temp<> fe faber qiiaes e quan-
tas. Eferipturas ficaram, e pera o Te~-tor do dito or-
faõ dellas dar coíita , porque os proprios lhe harri de
feer entregues polo dlto .inuentario.
4 E sE .a may d'alguíí menor de viQte e cinco
annos fe finJr, 6 dito· Juill ferá obriguado dentro do
dito mes .n 1andar ao pay deffa peffoa ou peffoas, que
fa~a inuentario <de todolos bens, affi mou ~ is como de
raiz; que epc tinha e poffHia ao tempo da morte da
dira fua molh~r, dandolhe pera ello juramento nos
S~nétos A_uan9elo~; c tanto q~e e~dito inue~Ê~rio for
fefto ; fara as 1prtllhas e allahaçoes como d1to he no
precedente capitolo,
I '
e ·leixará os oen!!', em poder do-
pay , porque epe pordereiro he·[eu leg·itimo admi-
niftrado·r , e !:':~Orem he obriguado ~onferuar osl\ditos
bens a feus fiH,10s quanto aa {vopledade, e foomenté
pode _guaftar alS rendas e aoui'dacles dos ditos ben ,
1

em quanto reus filhos teuer ' em p\der J polo di'to\.


inuentarió he pbriguado lhos enüegtar ~. quando foi:.
re,m etnartcipad'os, bu cafar'é~; p,o rque fegu do efti-'
lo de Noífo Reyno fernpre · como he c'afc1do he aui-
do p6r e~atKipado, e fora do poderio qe fJu pay~
Porem fe fórefn · moueis de que os orÚõs .fe ferui-
rem,
Do Ju I z Dos o R FA õs ET e. 4 79

rem, ou em feu vfo fe guaftarern , em tal cafo nom


ferá feu pay obriguado a lhos entreguar , fenom affi
como,efteuerern. Pera fc' o pay for toruado do en-
tendimento , 01:1 doente de tal infirmidade, que os
bens dos ditos feus filhos nom poffa reger nem mi-
niíhar, nom lhe feram entregues em tal cafo os bens
que aos ditos feus filhos por morte de fua mãy per-
tencerem, mas feer-lhes-ba dado Tutor, ou Cura-
dor , na maneira que adiante ferá declarado.
5 E BEM ASSI mandará fazer inuentario de toda.
fazenda e bens que pertencerem herdar , ou auer a
alguú menor de vime e cinco annos por morte d•al'-
güa pe!foa , d0 .dia que [ouber que lhe pertencem 4
huü mes , no modo e maneira que emcima Manda-
mos que fe faça , quando fe lhe fina o pay ou mãy.
E todo o que dito he comprirá affi o dito Juiz fob
pena de priuaçam do Officio.
6 EBE,M ASSI Mandamos • que por falecimento
do marido ou da molher, cada huü delles que viuo.
ficar a que ficarem filhos, ou netos menores clc vin-
te e cinco an.nos, dentro de dous mefes , do dia do
.dito falecimeruo,. qtnndo a~nda per mandado do
Juiz dos orfaõs nom teuer feito inuentari.o., pofto que
lhe per elle norn feja mandado que o faça ·, feja
obriguado de f.1Zer inuentario de todolos bens mo-
ueis e de raiz , que per morte do dito, defunto fjca:- ·
rem, com as declaraçoês acima ditas, o qual inuen-
tario fãrá com..o Efcriuam dos orfaõs per juramen~
to das. Sanéto& Auangelhos , que lhe per .o Juiz ferá
· da.do ,,
·:4so o PIIIMEIRo Ln~. oAs ORonN. TI_T. LXVII.
dado, o qual juramento fe a!fentará pelo dito Efcri-
.Yam em cuja maõ ficará o diw inuentario , ailina-
do por aqueUe que o fezer, pera fempre fe delle .Po:..
<derem ajudar a ·pcfioa ou peíToas a que pertencer;
e nom o fazendo aili dentro do dito tempo, ·e polo
modo que dito he, o pay ou auô que o aili nom fe-
zeF~ por effe me fmo feito ferá priuado ·da herança
dos filhos , ou defcend'e ntés , que .ao dito tempo te-
. uer , pera nunca mais em t~mpa alguü -lhé podett
foceder, e mais fe for feu pay ou auô , fe-rá priua-
do dü vfofruito de feus bens , e fe for mãy ou auoo
{ aalém da priuaçam da herança' €omo dito. he) non1
poderá feer fcu Tutor , nemllioteer mais feus filhos
-em fu·a:· guouernança. ' . ·
· 1' ·O QyE auerá luguar affi n9s cafos qú,e daqui por-
diante.acónte1c erem, tomo nos pafiados , das p~f­
foas que ain9a nom teuerem fei.to inuen_tario_; c po:.
rem II'lbs. éafo~ paít·dos Damos luguar ·pera que as
•fobredipas peHoas , 'que ainda nom teuerem feitos os
dit@s~ in:uenrários, que os pofiam fazer da pubrica-
Çam d-efta Ordenaçam a q atro mefes ; e nom os fa ..
-zendo no dit91 rempo , e pelo modo fobredito , en..
correram em fadas·as ditas pena.s. . · ·
" 8 :E,..ó p~y · ~u ,rnãy ,.ou qual~uer outl!a pe!foa.. ~
que inuentarip"fezer por mandad0 da Julliiça, e no
düq inuentario que am fezer fobneguar e encobrir
algí.ía :co ufa ~ - aili mouel como de raiz ., que foíTe do
defunto ao · ~empo , de~ fua morte , p.e.r derâ pera os ·
menores todo aquello que aili fobnegu'a~, em ma..
neua
Do J t1 z z nos . o lt F A õ s ETc. 4Sr.

11eira que nom auerá parte algua ( fe a teuer na dita


'COUÍ:'l ) daquello q{,Je fobneguar , e mais paguará em
dobro pera os menores a valia da couíà ~ ou coufas
·que aíli fobneguar 4 e no inuentario nom pofer, po-
fio que na dita coufa, que affi fobneguou , nom te.:..
nha parte algüa ~ e aalem diífo auerá a pena de per...
.Juro.
9 E SE alguus orfaõs · nados de legitimo matrl.-
monio ficarem em tam pequena hidade , que' ajam
meftet criaçam , fe teuerem madres , a ellas os da-
raro a criar, em quanto fe ellas norn cafarem, a qual
criaçam feram obriguadas fazer atee os ditos orfaõs
auerem tres annos compridos, e efto de leite foo-
mente , fem por ello leuarem coufa algüa, e todo o
al lhe ferá dado dos bens dos ditos orfaõs , aquello
que razoada mente na dita Cidade, Vi lia ou Luguar
fe cofl:uma dar por criaçam aas a'mas ~ que alguus
meninos · criam , e efta criaçam ·fc paguará atee o
tempo que os ditos orfaõs fejam em hidade de que
poílani merecer algi:ia coufa por feu feruiço. Pero
fe a mãy datguü orfaõ for de tal qualidade e condi-
çam, que nom deueffe com razam criar feus filhos
aos peitos, ou por alguu impedimento o nom po- '
der criar , em tal cafo ferá o tal orfaõ dado a ama
que o crie , affi de leite , come de toda outra cria-
çam que lhe for neceffaria, aa cufta dos bens do dito
orfaõ ; e (e os ditos orfaõs nom teuerem bens por
que fe poffa paguar fua criaçam , fuas madres feram
con!1:rangidas que os criem degraça de_ toda cria-
Liv. I. · Ppp çam ,
'4S2 O PRIMEIRO Lrv. DAs C1RoEN. TIT. LXVII.
• ' r
çam , atee ferem em hidàde de que poífam merecer-
algüa coufa por feu feruiço.
10 PoREM fe alguus orfaõs que nom forem de
legitimo matrimonio fórem filhos d•a]g~lÜs homens
caf.:1dos, óu de folreiros , em tal cafo primeiramente
feram conílrangidos feus pays, que os criem; e nom
tendo elles por onde os criar, fe criaram aacufta das.
mãys ; é nom tendo huüs nem out~os por onde os
ériar, 1ejam requeridos feus parentes que os man~
dem criar; e nom o querendo faz:er, ou fendo filhos
de Reii'giÇJ[os, ou Frades, ou Freiras, ou· de molhe--
tes cafadas, por tal que as crianças nom mouram por
fuí11guda éfe criaçahl ·, os mandaram criar aacufta
dos bens dos Ofpitaes , ou Albergaarias , fe os ouuer
• I . .
na Cidade,, -Villa, QU Luguar ordenados. pera cna-
çam dos engeirados ; e nom auendo hi taees Ofpi-
faes ou Albergbarías , fe criara1m aacufta das rendas-
tio

Concelho;
f
e 'nom te'n do.•o Coi1celho tendas por
onde fe poffam criar, fe lançará finta por aqueDas
peffoas que nas fintas , e ·encarreguos do Concelh<>
~am de pagu~r ,a qual lançaram o~ OfÊciaes da C::t ..
mara.
n 'rrE:M o Juiz dos 01·fâó:s'fará apreguoar em fim
de fua 'Audiencia qu;efquer orfa~'S de fua jurifdi:..
çám, que fe ajam de dar por foldada, oa;a peífoas.
que fe ajam de obri'guar de os cafar , tanto que fo-
rem em hidade de fere annos, e iwm os dar'á fenom-
'aaquellas peffiJas que pôr elles ·mais derem :·e .quan-
do lheforem dados fará óbriguar pór Efcrípturas pu-
oribs.
Do Jv r z Dos -o R F .A õ s I:T~. 483
b~icas aquelÍes a ·que os der , que lhe paguaram
feus feruiços, cafamentos, ou foldadas. fegJJndo lhe
foram dadas, aos tempos que fe obriguarampaguar,
e .daram fi(\dores abaftaAtes pera comprirem o em que
fe aili obrigparem ; e fe alguús orfaõs fore:m -fjJ.bos
de Jauradore:s , fe outms lauradores os quiferem pera
,o mefter ela lauoira ·nom lhe ferarn ·tirados 1taato por
tanto ; e fe fuas madres os ouuerem rpefter pera la-
uoira , e forem viuua1i que cftem em fua honra , a
ellas fedem primeiramente tanto por tanto; e fe
nom teuerem madres, e feus auoos os quiferem pera
o dito meftcr da lauoira , a eftes fe dem tan~o por
tanto ; e nom tendo auoos , fe outros parentes teue-
rerm que mantenham lauoira , e pera ello os quife-
·rem., . a elles íejam dados tanto por tanto ; e fendo
.muitos que pera efio os queiram ·, fejam dados aos
parentes mais cheguados atee o quarto grao , e fen-
do dous .em igual grao, precederá o da parte do pay
que for mais abafiante ; e nom feram dados pera ou-
tros meíl:eres os filhos dos lauradores, fenorn pera
o
lauoira , e Juiz que efto nom com prir, paguará ao
arfa0 toda perda e dâno que por efto fe lhe caufar;
e o Juiz que o filho do laurador a nom laLirador .der
pera outro mefter ou feruiço, principalmente achan-
do laurador que o queira tomar, .paguará mil reaes.
e o Tutor que em fal çlada confemir p:~guará outros
mil reaes , ametade pera quem os acufar, e a outra
metade pera as obras do Concelho. Pera norn To-
lhemos aos lauradores a que os ditos orfaõs pera Ia-
Ppp 2 urar
'484 o PRIM:EIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT. LXVU.

' urar principalmente forem dados, que fe Bom fer:..


uam delles em guarda. de bois , e vacas , guados , e
befl:as, e outros femiços quando. lhe comprirem ,.
com tanto que pgla maiot parte, e pri·ncipalmenre
os acupem no meftà de lauoira. E em todo eafo
quando o 01:faõ fé ouuer de dar por foldada, nom fe-
r.á. tirado a íua mãy em quanto fe nom cafar 1 ou
auoos, tanto. por tanto •.
I2 E' o Juiz cios orfaô's ,. ou Ef<:riuam dante elle ,
nom tomaram pera fi por foldada· ,, nem em outra
maneira.ainhuí:i orfaõ- d~ fua ju-risd'içam., poCFo·que
lhe queir-am dar- mais preço , que outra algüa pef-
foa, nem compraram coufa- a.J.gua· dos. bens dos or..-.
fáõs, por .fi., n€m por outrem, fob pena ,de perderem
os Officios, e mais o preço que por as taees coufas
darem anouec;tdo., e aíli o que derem ou prometerem
de foldada anoueado ;. as quaes. noueas íeram a meta-
de pera quenl acufar., e a outra pera o.orfaq,_,e mais
o tal JuiZ; OU' Efcriuam ficará i.nhabile pera nunca
. pod.er. auer- Officio de honra , ~ as ditas. vendas fica.:.
ram ninhüas ..
IJ Ê BEM A:ss-r nom tomaram por fi·, nem por ou ..
trem , nem re:ceberam, nem teram em feu poder di ...
nheiro alguü ~ ou bens, ou qualquer outra coufa qpe
feja des ditos orfaõs, pofl:o que fe lhe nom proue ,
ne-m alegue ferem compradas ; por-que foomente por .
lhe affi ferem · achadas. em feu poder , ou lhe feer
prouado que em íeu poder o teuerat ·, ~eremos
que per.cam. qs.Officios:, e paguem o dinheiro· que
affi
Do JuiZ oos on.FAÕS ETC. 48•5

affi tomarem , ou receber~m , anoueado pera o dito


orfaõ ; e quando tomarem, ou em feu poder teuerem
outra coufa ,. que nom fej a dinheiro, aalem do per-
dimento-do- Officio., em que affi encorreram , tor-
naram a dita coufa ou coufas. fendo auidas , ou fua
extimaç.am nom fendo auidas, e todo anoueado pe-
ra o dito orfa.õ. E efias mefmas penas ~uerá o Con ..
tad'or dos Refidos, que cada húa das fobreditas cou~
fcu comprar·, ou em feu pod'e r teuer..
1·4 hEM· fe o Juiz dos orfaõ achar, que algíh1.s
pe!foas eriaram alguús·orfaõs pequenos, fem !eua-
rem por fua-criaç:am alguü preço, fe a dita criaçam
fezeram ante de os ditos orfaõs cheguarem 'a h idade
de fete annos , a eftes que affi CJ\iaram os 'leixa-
r á teer de graça outros tantos annos defpois de
elles au~rem fete annos •. quantos os afli criarem fern.
preço.
I 5 I TEM fe alguü·s orfaõ's fórcm filhos de taees
peífoas , que nom deuam feer dados por fold.ad.as , o
Juiz lhes ordenará o mantimento que lhes for necef-.
far.io , affi pera comer e beber , como pera· veftir e
czalçar, e tÓdo .o al·que lhe for neceffario em cada·
huú anno, e efto que lhe affi Olrdenar mandará
efcreuer ao Efcriuain dos orfaõs no inuentario, pera
fe auer de leu ar em conta a feu Tutor, ou Curador, .
e os mandará el_lfinar a ler e efcreucr , aquelies que
forem pera i.ífo , atee hidade de doze annos, e di por
diante lhe -ordenará fua vida e enfino, fegundo a qua:-
lidade de fua pefloa •. e fazenda •.
16 E
4'S6 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXVII.
I 6 E sE alguüs orfaõs forem filhos d'Officiaes de
quaefquer Officios macanicos. feram poíl:os a apren-
der Officios de fcus pays , ou outros pera que fejarn
pertencentes , e que mais proueitofos lhe fejam fe-
gundo fua defpofiçam, e inclinaçam, fazendo Efcri-
pturas pubricas com os meíl:res , a que os derem a
c::nfinar, que atee certo tempo razoadamente fe obri ..
guem aos dà r bem enfinados em aquelles Officios ,
obriguando p~ra ello feus bens ao aili comprirem; e
~Tutor ou Curador com auél:oridade do Juiz obri-
guará os bens dos ditos orfaõs , e fuas peffoas, a elles
feruirem os ditos m efl:res, por aquel!e tempo que OS·
ouuerem de dar enfinados, em aquelles feruiços que
taees aprendizes cofl:umam fazer, e o Juiz que eíl:o
nom comprir paguará ao orfaõ toda perda e dãno
que por ello fe '·lhe cau.fi:ll'. E fe os ditos orfaõs fogi-
rem por culpa daqu clles que os tinham, polos trau-
tare m mal fem cuLpa dos d·itos orfaõs, entam feus
amos ferarn COi1firangidos a lhe p.aguar aú!l!lelle tem-
po , que os feruiram, fem mais ferem obriguados os
orfaõs ac abar qe feruir o tempo da obrig':!açam; e fe
a fog ida for p01: culpa dos or[aõs , feram toda via
coníl:mng idos ·~>tornar a feruir todo o tempo. con-
thc.u~o na obri g uaçam , e mais outro tanto quanto
.os ditos orfaõs leixaram de feruir, o tempo que affi
.andaram fogido s por fua culpa , oom paífaodo de
feis mefes todo o tempo que am por pena ouue-
rem de feruir. Porem fe aquelles que os tinham
nom quiferern que os acabem de feruir ·, nom ,feram
obri-
Do J uI z Dos oR FAõs ETc. 487

obriguados aos tomar, nom lhe fendo tornados den-


tro de huú mes do dia. que fogiram ;- e fe al g uü
dinheiro teuerem recebido dame maõ tornaloam fel-
do aa liura , do tempo que o orfaõ cfleue feruindo.
q !TEM o Juiz dos orf.1õs terá cuidado de dar
Tutores, e Curadores a todos os orfaõs e menores , .·
que os nom teuere m, dentro de huú mes, do dia que
affi ficar orfaõ ,_aos quacs Tutores e Curadores fará
cntreguar todos os bens moueis e de raiz, e dinheiro
dos ditos orfaõs e ·menores, por conto e recado e in-
uentario feito polo Efcriuam de fie Officio, fob pena
d'e· priua·çam do Offieio.
1 8 I TENI terá cuidado de faber como os bens deffe.
orfaõ fam aproueitados , e fe o nom forem faça-cs
loguo aprouei:tar, e os que danificados forem fai-
ba por cuja cuJ.pa, e polos bens daquelles que en.1
cllo forem culpados os faça COITeger, e aprouei-
tar, e tornar a fcu ef1ado com os fruétos e rendas
que delles poderam auer, fe aproueitados foram~
19 hEM os que forem pera arrendar coníhan-
gua os Tutores que os arrendem, os quaes Tuto-
res fàra'm meter em preguam os ditos bem;, ·e arre-
matar aquem por elles mais der ' fendo fempre as
ditas árremataçoes com aucl:oridade do Juiz dos or-
faõs, e achando que nom da m por elles coufa ra-
zoada, os fararn aproueitar os ditàs Tutores ou Cu-
:radores, ·e o que renderem de fruél:os e nouidades
teceberam os ·Tu to res por con to e tccado , e todo
fohre os ditos Tutores e Curador~~ ferá ·carreguado.
em,
48& O PJ.\I.MEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXVII.
·em ·re~epta no 1iuro do inuentario do dito orfaõ ou
menor polo Efcriuam do dito Officio. E nom faram
.contraélos alguüs dos bens e d-inheiros dos ditos or-·
faõs , em que aja algüa efpec.ia de .yfura_, nem .con-
Ientiram que fe faça .; e faz.endo-fe, o que o àffi .fezer
encorrerá nas penas contheudas no Titul-o .Das vfu-
·ras, affi corno, encorrera fe o tal dinheiro ou bens
foram Je~Js .; e porem o dinhei-ro ou bens dos di.to~
.orfaõs fe nom perderam por ello..
20 E PORQY E o Juiz dc.:>s orfaõs -h e obriguado dar
Tutores ou Curadores a.os orfa:õs menores , faberá fe
o pay ou auo do orfaõ leixou .em feu}eflamento Tu-
·tor , 0u Curador a fcu filho ou fi l h o s~ ou ne.to 011
.netos , e fe dl:e q~J~e tal Tutor ou Ctuador .leixqu ,
era peflàa qlte podia fazer te;,11:amento, por quanto
1
.algüas pdfoas 1o nom .podem fazer., conuem a h'lber,
o menor de quatorze annos ., e o feruo , -e 0 fat!ldeu ,
e o prodiguo a que he defefa e tolhisJa a adminiíha-
çam de feus 8ens., ou 0 mudo e fwrdo, ou 0 hereje,
nu o condenaG,lo a morte natural oti cíuel, e o Reli-
giofo , ·e outws fem elhantes,; e [e leixou por Tutor
.eu Cur,a dor p~ífoa qt~e o per dereito .p@de feer,. quç:
.nom feja menot qe vinte e cinco annos, ou fand~u,
..OU prodiguo 1 p1.1 Í m:iguo da orfaÕ >\ 0U pWI:lC ao tertl-
p0 do f<tlecirn pnto Jo finado, eu fe\.uo, mt_-iafame, /
..ou Religiofo ., ou irn.pedido dout-ro alguu perpetuo
.l mpedimento .; e onde tal Tutor hi dado ouuer em
tcftarne.n.to perfeéto e fo-lene, nom ferá dapoao orfa6
.ou menor outro Tut.or ou Cu,rador pele Juiz, mas
aqÚelle
aquelle ·que ihe for dado em re·flamento o ferá em
\ -quanto o elle bem fezer ,-e como deue, a proueito do
orfaõ ·ou·menor , e -nom feZ:er co ufa por que deu a fcer
-tirado da dit11 tutot·ia ou curadia. E eH:es Tut0res
ou Cur~dores dados em · teftamento palas peífoas
{obredi.tas, que os por Dereito podem dar.., norn fe-
ram obriguados dar fiança. aigúa.
21 E st::. ~Igü pay em teframento leixaffe Tutor
-ou Curador a feu filho na tu rol e nom legitimo., ou
a .mãy le-ixa.fie tal Tutor ou Curador em feu tefta-
menw a· feus filhos , eítas femelhantes·tutorias ou
curadias deuem fecr c:onfi.r madas polo Juiz dos or-
faõs, [e viir que taees Tutores ou Curadores .fatn
pera CJ!lo penencentes.
. 22 E SE alguü orfaõ nom teuer Tutor ou 'Cura-
dor, qt•e 1he foife ieixado .em te.ftamento, e teuer
mãy ·ou auuo, fe fua mãy ou auoo viuerem ·hondt.a-
mente , e nom forem cafadas com outros maridüs .,
c quiferem teer as tutorias ou curadi3s de feus-fiJhos
Ol1 tle!:OS ., TIQrll <CGJRfemÜá. que de taees 'tUtorias Olt
<:u·radias ajam de vfar, ·atee que primei;ra:mente per-
ante o Juiz dos orfaõs fe obriguem de bem e fiel-
mente adminifuarem os bens, e peffoas de feus fi~hos
ou netos , e que auendo de 'cafc'lr :\'nte que cafem
pediram, que •l he fejam dados Tutores ou Curado~
res, ·aos ·quaes entregua.ram todolos bens que aos ·di-
tos feus filhos ·o u netos pertencerem , ·e pera cfto re-
nun·ciaram perante o dito Juiz dos orfaõs , que lhe
a tal .tutoria ou curadia de·r , o beneficio d.f\ k y do
Li·u.. L Qgq ' c--
49q O PRI:MEI:RO. Lrv .. DAS .0RDEN. TrT. LXVII.
Velei<l'rio , a qua:l diz que ninhüa rnolher. nom pode
feer fiador , nem fe obrigua.r por outrem ,. a qual lhe
ferá. declarada, q,uejanda he ,. e o fauor que per ella:
lhes . he da.çio, e a.ffi ren.u(;lciaram todos os ouu;os.de-
lieitos e. püuilegios em fau.or das- molheres introdu-
zidos ,. que ferp. emb.a-rgmo ddl'es comprirarrí todo
a.quello ,. a que fe a,ffi obriguarem~ E efte auto, . e re-
nunéia.ç am ,, ·e oer-iguaçam far.á o }uiz €fcreuer ao·
Efcriuam dante elle n0 inueFltarie dos. bens dos ditos
erfaõ•s , (! o affinará de feu final. , e ai!i o f.1..rá affina·r
a tr.es. teftemÜnhas ,. que ao menos a cl.lo fer.a~n pre-
funtes, das -qua.e s hüa fobfcveucná , e dirá que affina
poJa -dita Tutor Otl· Curador, qpe fe aili obriguou por
lho e! la mandar,. quando. ella nom foubet: efct:euer;
e ·tani?o q_ue o dito auto for feito,, ent:am. lhe leixa-
J'am te e r: Ú.s d ttos Qrfaõs .ou .m,énores,. e :Ceus bens ,. em
quanto o- bem1 fezerem ,. e fe nom cafarem. E outras
molheres algqas nom feram. dadas ·por Tutores n.em
Curadores , 1lem lhe·ferá. confenti:do: q!le \•Jem de
t.al carreguo., poil:o qu.e o q:ueiram: feer •. E nom ten ..
do,-netm po.íi·~ indo as ditas..rnadrcs e auoos.dos .ditos
Or.fá:Õs ,. que Íuas tl:ltorias. OU{Curad.ias querem · teer ,
l:l~ns de •r:aiz por que poil:Tm €o.mprir. a obriguaçam
fubr.edita,. daram fiança abaftante ·e fegu'ra· a roda a
faJi.e nda d0s ·d•~ U<i>S orfaQS , q~1:e lhe affi fiçar. em po...
clier, a . .q~al fiança: o dito Juiz aJfi far.á efcrfuer> ,, e
afllnar nos ditos inuenta.rios com tdl:.e munhas,_eomo
I '
em q~1a.Jquer 'lmtJ'a JíJ.o!ia de . ili€melbantes 1qontnaétos
fc ·coibúma ,_e fecr-lhe-ha,dada.fee comb a. q.walquer
al1!Na
~
...
Do J :u .rrz; r> ·o S ·o ·R ·F A O S EI' C.

lJtltra Efc1·~.ptura feita por Ta'baliam das Notas.


'2J E sE algüa maiher fendo v.i uua for dada por
Tutor ou Cmado1· de feus filhos , ou netos ., na ma ..
•neira que dito he, e cll~ ea:G1r • e por e:llo lhe forre-
mou ida ·c tirada .a dita t~toria 01:1 cut·adia , fe ella
dcfp<:is viuuar~ ~ quifer tor.na:r aa turoria, ou curadia
dos ditos feus filhos ·ou netos , no_m ·l he ferá con-
-fentido. .
24 · E sE o orfaõ ou me'lior nom teuer Tutor ou
Curador dado em teihmento ., nem .mã_y ou auoo que
feja fua Tutor na maneira que dito he, o pa•rente
~aü cheguado que tel:le.r na Cidade, Villa , ou Lu-
gu:lr, ou feu Terrn0, ende fam 0s :bens cio orfa.õ., feri ·
confhangido <que feja feu Tutor ou Cui·ador; e f e te-
uer r-nu i tos parentes em igual grae, o J wiz efcolhe-
tá huú de1Ies., aquelle qlile rera el10 ft~r mais ·Ídoneo,.
e pet:reRcente, e elle conllrangerii que.fejã f eu Tu-
{Or ' OU Cwrador, peró ante de lhe eHtreguar o dito
orfaõ on menor e fe,us bens~ dará fiador abonado ao
Juiz, o qual fiador pr01ueterá e fe 0br.iguará por G
~iro Tutor -ou Cmador, que gnarda:rá c aproueitaní
bem .e lealmemte os bens do dito Mfaõ,,e·os ;fi·utl:os e /
-r endas delles .. e aalem deito o ditQ Tutor ou Cura- ·
dor jurará de fazer wdalas couG1s que forem a pro-
u.eito do orfaõ , de que for Tutor ou Çu:rador, e iffo
meft:no guaràaT.á berÍ1 e fielmente foa peff0a e bens.
Porem fe o dito Tutor for abonado em tantos bens
de -raiz por que o ·oJfa'õ razoadamente poífa .au r fc-
guran~a de feus bens ~ rençias delles., 110 tempo que
·Qgq 2 etn
4-92 O PRIMEIRO Lrv. D>AS 0RIDEN. TrT. LXVII.
~r-n poder do dito Tutor forem, em tal cafo nom fe-
rá confirangido da·r·ir dita fiança ; e nom fendo elle
abonado, fe ji:Jrar, aos Sa.nétos Auange-lhos que norn
tem.~ nem /pode a-uer o di ro fiador ,. peró fezeífe tio-
da. deligen.ci'!- em o bufe ar .. f e o Juiz ou uer por ·en-
f<Jrmaçam verdadeira que ellc he pe!Toa honefl:a e
digna de fee ,·e. que be~ rege e .gum.Íerna fua peffoa-
e fazenda, de que razoadamente fe deua e poffa fiar-
a·peífoa e bens do dito orfilõ, concorrendo todas· e !las
coufas, feja releuado da dita fia.[.Jça, .c fej,a con-f iran-
gido pera reger e minifrrar a dita tutoria. E em
<:}Uí:"Jnto, o Juiz achar parente do.orfaõ abonado- pera
f-eer Tutov, nom. conftrangci'á o qt~e nom for abona-
{\g , pofl:o que feja parente mais cheguado em gráo
que o abonado·, em tal gu.ifa que foomente aa min-
g~oa do abonfdo feja confuangid.o o, nom abonado~
25 OuTR:o sr em quanta fot; achado. parente de>
orfaõ , -idonep e pertencente pera feer feu Tmtor ,.
nom feja confhangido alguu eftrar1ho. pera ello.
26 E sE alguu parente mais. cheguâ:do d'alguu
orfaõ fe efcufaife de feer ,ifutor, em tal. cafo nom
herderá ta1 p~rente os bens qo dito orf;õ, fe moudfe
ante de auer· Huatorze a-nnos fe foffe baram ,. e fe fof-
fe femea m~;>rr.eife antes dos ,doze .;. e morrendG o Gli~
to orfaõ defpfis da dita' hi.Elade , n~m per'bl,erá o dito
feu parente o de rei to q.ue teuer pera herdar em feu.s
bens ,.por fe ~ ffi, efcufa-r da di:ta tu.toria ~ .
2 7 , E NoM fe a-chando pa.rente ao q1;fãô1 , pera
p.oder fee.r c.onfl:~:ang~dó q).le feja feu. Tbtor na ma-
neira-:


Do Ju J z Dos oR p A 0 g. ET c. 493'
neira .fobredita,em tal ca[o o Juiz confl:rnngc rft. huú
homem bom da Cidade, Villa, ou Luguar , que fcja
abonadu, difcreto , digno de fc:e , idoneo e pertcn-
_cente, que feja Tutor e Curador do dito erfaõ pera
guardar e miniílrar fua. pdToa c bens, afTl mou eis co-
mo.d'e ra-iz ·, -e dinheiro que effe orfaõ. ouuer n effa
Cidade, Villa. , ou Luguar , ao qual fa·ça entreguac
o dito orfaõ , e·todos feus bens por e fcri pto~
2 & E sE o dito orfa.õ teuer alguus bens em outro-
Luguar fora da j urisdiçam do dito Juiz, com dcli-
gencia o Juiz loguo efcreuerá ao Juiz deife L~:~guar
onde os ditos bens efleuerem, recontando-lhe decla-
radamente a e~1formaçam da coufa como he , e re-
que·re;dolhe da Noffa pa,rte, que faça loguo dar huü
Curador abonado a eífes bens, e os faça loguo entre-
guar a eífe Cm:ador por efcripto, fendo-lhe primeira-
mente dado"jur.amento , que os 1:eja e mi..niílre bem
e fielmente, e dee conta e recado dclles , e affi dos
fruét:os e rendas que renderem, a todo tempo que
pera ell:o. for rcqueridm ;-e·o dito· Ju.iz tenha cuidado
d'auer a repoíla por efcripto do. outro Juiz a que tal
recado enujar , e da Glbra• que por. elle fez,. e t
faça efcreuer ao Efcr.iuam de feu Officio no inuen-
.tario dos bens do ditG orfaõ pena todo. viit; a b a ane-
.ca.daçam , e faça o ditó Juiz em guifa, que por fu.
culpa e negrigeneia os bens dos orfa0s 1101 1 r c brm
àãno , por-que todo o dãno e perda que rcc
p.aguaram por feus bens •.
1.91 E Esn:s Tutotes que nom fendo :trent
494 O PRIME-IRo Lrv.. DAS 0R.DEN,.TrT. LXVII.
r.em confh·angidos ·nom fer.am obriguados 'teer as
ditas tutorias centra fu~ vontades mais- que dous
annos ccmtinuados, os quaes fe contaram do dia que
.os taees Tutores cemeçarem de .reger e miniHar : ·e
·tanto q11e o dito tempo for acabado requeira lCJguo
ao Juiz dos orfaõs , que .dee ao dit-G orfa:õ outra Tu-
tor, qu.e feja pêra eÍlo idoneo ., e penenrente; e o
dito Juip. conílraagerá loguo outro na máheira que
eito he; ao quáll'nandará entreguaT por efcri_pto to-
dolos bes, e rendas do dito orfaõ., con!l:rangendo e!Ie
qlie ante for~ que lhe faça Jqguo a dita entregua
:realmente e ·com e{eÇlo .; e ,fi0!Jl lhe fltzendo 1ogua a
-dita entregua do d-i-a éJ.Ue ac~mta for a·cabada atee
f1oue dias primeiws (eg~rínte-s, feja loguo o dito 'i\r·
·tcn· prefe , ate e que da Cade:t re.1lmen. te e .com efe-
é1ie pague, e emregae ao dito Tutor nouaa'lel~te Íei~
't-0, todo áqH!í:1lo em ~ue po.r conta f0r ·achado f~e-r
~euede r ao dim orf<tõ ., e am fe faça tada v_ez qme a\-
-guü Tutor f<!>f remo,u do,. _e dado ~~tro de n(')uo.'
30 . E s-E algt:ía pefifou ,, ROrlll fert.do pa;rente do Ór-
'/ faõ ., quifer feer f-eu Tu:tór mais "tempo que os ditos
dous annos ., ach~ndo. que a~iniftrou bem o tempC'>
-pafiaào., ·e éJ.Ue 11e abanado p~ra íffo, e nom hai <?U·
'tora ca-ufa pe-ra 1he fee-r remouida, le-i 'ar..:lhe~ha teer a
·thta tutor.ia , -em quatuo .e be·m :fezer ~ ·e ao dite> Juiz
bem parecer..
3'1 E ·PoRQj,rE aqúllns peflàas que fam qados
por Tutores· muitas vezes fe efcuí:1.m de o f~er .;'pera
ql:ie o dito Juiz faiba. quaes efcufaçoés fam legiti-
mas.,
Do Ju r z D ê s o R F· A õ s ET e. 49 s
mas , e .qua~s nom, DecJ'ar;trn-os. que por p-riuilt1:gio
qu.e a.lgüas p.effoas ·teJ~h-am , llL!.11Ca fe e-t~tendem. fe-
cem p.riuilügiados de fe<!!r TLttm~es .de fe.u.s. .parent~s,
as GfUacs tutoria-s fe· em Dc.~:eito· chamam. ·.Lidimas i .
mas fo.ornen~e a~w~ll'e qu€ .a.ffi for .priuilegiado feri
efcwfo de feef Tutor .datiu0 ,. ~on.uem a. faber , da-
queDes que faro dad~s. polo Juiz a pdf.oaseftranhas •.
Peta fe alguü .teudfe C<inco filhos lidimos antre ma-
chos e femeas , ou teuetfe cinco netos, 6lhos .ou fi-
lhas d'alguü few •filho. ou filth os., ou fi)ha GU fiolha.:; .
.3a fililctdos , ou effa,filha niã.y dos ditos net0s fej-a cá-
fa.da coJm outro ma.rido, fe effe pa·dre ou auo te-
ueffc todos os ditos ci·nco. filhos. 0u netos em. fell f10"'
der, ferá . efe~~Jado de toda.las t_utorias. ~ quer .feja
leixàdo. e.m te:írt.a:mento , om pa~en•te do.orfaõ, ou da-
do polo Juir: ern desfalecimento de pa.remes. ;·€ po-
fl:o que os ditos·tjnao ·filhos , · ou netos nom ,f qffem
viuos, a.o. t.empo ..q.ue a- dita tutoria· foífe encar.:regua• .
da a .feu p.aty:ou ·aL,Jo, fe elles ou cada h~1Ü . delles.
morreram em auto. de guerra , ou hintlo 1pera . .cdht
cm .Noffo Set~u~iç.o. ,. dh:s que a ffi· morr~ram, fera.m .
co.ntados '· pe'ra·efc.u fur o. dito feu. pay ·e· auo de toda.
tutoria a·ili como fe fofi.em viu.os.
32. E s.E .cdguu regeffe ou miníftraff.e·coufas N9f.:,
fas, ou· pertc!J.<Centes aa Repubrica , catiluern a faber ,,
fe folk Veedor·da Fazenda, ou Officíal da Juíliça , ,
co1mem a fab <E r, Defembarguador, ou Sobrcjuiz, ou•
Ouu.idov , ou Procurador do s Noffos Feiras , ou da·
Noifa· Juft.iç,a , ou Tefow·eir.o ,, ou Contadox, ou AI- -
mo-.
4.~6 o P.~I.MURO LIV.RO D.AS ÜRDEN. TlT. LXVII.
moxarife ., ·ou Rendeiro, nu Efcr'i·uam de ·cada huü
dos ditos Oíficios , ·e todolos outros Officiaes que
fa-m dep11tados pera Jemir ante elles _, ·conuem a fa-
per , Procu.radores, Efcr.iuáés , ·P.oáe.iJ:eJs , Carce-
;reiros .• Caminheh·os ., eu.l'ro fi Juizes., Vereadores
.de qualquer Ci.dade ., V1lla , ·OU Lugua·r de N0~os
R<eynos., todos dl:es e -cada .huü d.olles f.eram efou:Ca-
.dos de t0dala-s tutorias~ quer.fejam Jeixados em ce.f-
.fhunentos ·~ ou ~egitimas , .qhle .he daqueUes que farn
:parentes , ·ou da.tiuas., qtre he dos dlranhos.: PerGl 'OS
.Juizes ·e Vereadores ·nom :fera-m ·releuaoos ·das lmto-
J"ias ., cle que ja fofrem encarreguad~s., cante que :·0 u-
.ue.lle.m os dims'Üffi'Cios; fa{ue fe Nós Em.iiaffem.oi
algüa peffoa~ por juiz. a a·lgüa Cidade, 'Óu V.illa de
Noffos Re.ynos., em qyán.t o Noffa Mcr-ee far, ia·l .oo-
mo etl:e ferá efc:ufaclo de roda :rutonia ~ ·,Po{1:6 que ·ao
ttempo g.ue o -a [fi .Enuiaffemos ja della . encan~rcgwad@
.foffe., -c ·eU e a 't1:ueffe aceprada , ·e com o dito o.rfaõ
fe terá aquella maneir-a ., ·que fe -te:uera fe -t<tl ill'uto.r
hi P.óm .ouuer.:t.
33 1 TE'l\1: todo inenor de v'inte e ·c'i nco :.mnos, ou
maior .de f6tenta ., fer.á efoufado deloda tutor·ia lei-'
xada em tefta:mento , ·ou legi:t.fína., ou' datiua .; :e .p o-
'f lo que o ·m~rwr · .ae vinte e cinco .a~Jm.os t-euefie aui-
da Noífa CarEa ,·por que fofie ·auido por maior, e lhe I
fo~.em · entreg~e~ feus berJ.s, ·~em 'e~barguo de] o ~om
. fera ··c onftrangu:lo .para tu·to-rra algwa~ em quant'o nom
for de vinte e cinco ain:ws; e pofto que tal menor
queir.a feer Tu1:or, nom lhe feja confentido.
. I
341T·EM
Do Ju I z Dos o R F A õs E T c. 497

34 hEM fcrá efcufc1do de toJa tutoria aquellc,


que for enfermo de tal enfermidade , que rawada-
mente nom poiTa reger e miniflrar fua fazenda, em
quanto tal enfermidade durar.
35 hEM ferá efcufado de toda tutoria o Fidal-
guo de linhagem , ou Caualeiro, ou Doutor em
Leys, ou em Canones, ou em Fifica feitos em Ou-
do geeral por exame; e pofioque cada huü dos fo-
breditos queira feer Tutor, nom deue feer a ello re-
cebido. Pero _a eflas pelfoas, em que Dizemcs que
poílo que queiram feer Tutore~, nom fejam a ello
recebidas , fempre ficará feu dereito refguardado
de foceder na herança do orfaf>, fe ao tempo da
fua morte lhe pertence!Te por dereito; cá pois a cul-
pa nom he em elles, nom lhe deue feer imputada ,
pera perderem o dereito de foceder ao orfaõ.
36 E PORQYE aalem de(les Tutores que fàrn da-
dos aos orfaõs , em quanto nor:n cheguam a hidade .V
de quatorze armas fe fc·un baroes, ou atec doze fe
fam femeas, defpois que paffam da dita hidade, e
nom cheguan1 a hidade de vinte e cinco ~nnos , lhe
f..1m dad·os Curadores , todo aquello que em cima
Diffemos acerca daspeiToas que podem feer Tuto-
res, affi leixados em tefiÚnento, como daquelles .
que fam conf\rangidos por ferem parentes dos or-
faõs, como dos que fam dados polo Juiz em desfa-
lecimento dos parentes , e tambem acerça das efcu-
façoes que por ft pódem poer , como em aquclles
que o nom deuem feer , auerá Iuguar em os Cura-
. Liv. L Rrr do-
498 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXVII.

dores que forem dados aos menores de vinte e cinco


annos.
37 E PORQYE aalem dos ditos Curadores que
ham de feer dados aos menores de vinte c cinco an-
nos, fe deuem dar tambem Curadores aos defafifa-
dos, ou que mal guafl:arem ruas fazendas, que fam
em Dereito chamados prodiguos , Mandamos qu.e
tanto que o Juiz fouber, que em a Cidade, Villa, ou
Luguar, h a alguü fandeu, que por caufa de fua fan-
d ice poffa fazer mal ou dânq algu ü na peffoa, ou fa.,
~enda, fe efl:e tal teuer pay deue-lhe feer entregue ,
e mandado da Noffa parte, que di em diante ponha
He!le boa guarda, afii em a peffoa, COmO em a fazen-
da, fe a teuer; e fe comprir, faça-o aprifoar, em tal
guifa que nom poffa fazer mal com que outrem dã-
.no.receba: e fe de f pois que lhe afii for e·n carreguada
a guarda do dito feu filho , e!le feztr alguú mal ou
d,iíno a. outrem ~:m a peffoa, ou fc1.zenda , o dito feu
pny ferá theudo , e obriguado de todo correg~r, e
emendar paio. cqrpo e bens, por a culpa e negrigen-
cia. que a(fi teue, em nom guardar o dito.feu filho.
E os bens, que· o dito fandeu tcuer, feram entregues
ao dito. feu pay por. inuentario feitp por Efcriuam
dos orfaõs, c o Juiz ordenará certa dufa ao 'dito feu
pay porque o aja de manter.
3.8 E SENDo o dito fandeu, ou deíimemo iado
€atado '· fer~ entregue a feu pay fe o teu€:r , ~ ferá.
feito polo .Juiz inuentario de todolos bens •, 'affi mo•
\leis como de ra.i:r;, feito, polo Efcriuam d~s orfaõs ;
e da
Do Ju I z . D os o R F A õs ET c. 4:99

e da renda dos ditos bens aíTinará o Juiz aa dita


fua molher pera feu mantimento e de feus f. I tos, fe
os teuer , e aili pera veílir e calçar, como manti-
mento quotidiano , e alfaias de cafa , e qualquer.
outra coufa que lhe for neceíTaria, fegU+Jdo a quali-
dade e condiçam de fua peffoa, e fegundo os bens
e fazenda, e patrimonio que o dito fr:u marido te-
uer; e ferá dado juramento ao dito feu pay, que lhe
he dado por Curador, que bem e fielmente reja , e
guouerne a fazenda, e bens do dito feu filho, e faça
delle curar com boa deligencia a Fificos, e a Me-
ílres, fegundo lhe for neceliario, e a condiçam dt
fua peífoa requerer; e mandará o dito Juiz efcreuer
ao Eferiuam todalas defpefas, que o dito Curador
fezer a11i acerca da cura , e mantimento do dito
{eu filho, como do mantimento e defpefa que Íezer
-çom fua molber e filhos , fe os teuer, pera todo vijr
a boa recadaçam. Peró fc a dita fua molher for de
.bom e honefi:o viuer e entendimento, e quifer tomar
carreguo do dito feu marido, feer-lhe-ham entregues
todos feus bens.
39 E BSTA curadia regerá e minif:lrará feu pay,
ou fua molher , em quanto o dito leu filho ou ma- -
·rido durar na fandice ; e tornando elle a feu veràa-
'deiro ftfo e entendimento , lhe feram tornados , e
·reftituidos feus bens, caril toda liure admini(haçam
·delles • comó a tinha ante que perdeífe o entcndi-
.mento, e o pay ferá theudo de dar conta, e recado de
•4;;omo os regeo, e miniíl:rou em qua.nto.affi foi feu Cu-
Rrr 2 ra-
500 O PRIMEIRO L1v. DAS ÜRDEN. TrT. LX VII.
radar ; e fe algüa duuida for antre elles [obre a dita
conta, detreminc-a o Juiz como achar por Dereíto.
40 E SENDO o dito f.1.ndeu ou defmemoriado por
anrerualos e· interpofiçoes de tempo , em tal cafo
nom leixarâ feu pay , ou fua molher fe a teuer , de
feer feu Curador, no tempo que aili parecer fefudo,
e tornado a feu entendimento; porem em quanto
clle for em feu Jifo e entendimento elle poderá
guouernar fua fazenda tam compridamente, como
qualquer outro de perfeéto fifo; pero tanto que elle
tornar aa fandice, logo o o dito feu pay, ou fua·mo-
lhe r vfaram da dita curadia, e regeram, e mini-
Hraram a peffoa , e f:.Zenda do dito feu filho , Oll
marido. am como dante.
4r E NOf-1 tendo o dito def.:--d1íàdo pay , nem
·molhe r , e tenqo alguü auo aili da parte do pay ,
·como da mãy., Mandamos que o Juiz encarregue
na dita curadia aquelle auo, que pera efto for mais
idoneo, e perteJ;teente, e eJ1:e conftrangerá que 'ace.i-
te o diro carregpo. ~
42 E No cafo que o dita defaGfado nom teuer
pay, nem molher, ou auo , feja confhagido pera
feer feu .Cu·rador' feu filho baram, fe o teuer tal, que
pera ello feja i~oneo , e maior de vinte e cinco an-·
·nos ; e nom teqdo tal fil!1o, feja conftrangido feu .
irmaõ fe o· teuer idoneo pera ello , e maior de, vinte
e cinco annos , e que viua em cafa mantheuda ; e
nvm auendo hy irmam idoneo p~ra ello. , íerá con-
ftrangido feu p~trente mais cheguado , affi da parte
do
Do J u. r z Dos o R F A õ s E T c. 501

do pay, como da may, que pera ello feja idoneo, e


-abonado em tantos bens, que abafiem fegundo a
fazenda , e patrimonio do djto defafifado.
43 E NOM tend~ o dito defafifado parentes, fe).a
pera ello confhangido qualquer outro efiranho, 'que
feja pera ello idoneo, e pertencente, e abonado como
dito he.
44 E sE o Juiz por inquiriçam fouber, que em
a Cidad e, Villa.,ou Luguar de feu Julguado, ha al-
güa peffoa que como prodiguo defordenadamente
guafia , e deftrue fua fazenda , mandará poer Alua-
raes de Editos nos Juguares pubricos , palas quaes
mande, ·que di em diante nom feja alguü tam oufa-
do, que com tal pefioa venda ou efcaimbe, ou faça
alguu outro contraéto de qualquer narura e eondi-
çam que feja, fendo certo que todolos contraétos
que com o dito prodiguo forem feitos, feram aui ..
dos por n inhuus; e alem dello fe o dito prodiguo
por vertude de taees contraétos algua coufa receber ,
nom poderá mais feer demandado. E efto mandaní
o dito Juiz apreguoar por Preguoeiro pubricó palas
praças , e outros luguares pubricos da Cidade ,.
Villa, ou Luguar onde efio acontecer. E feito affi to-
do efi.o , e efcripto. polo Efcriuam dos orfaõs , en~o.
tam o Juiz dará Curador aa fazend a , e bens do tal
prodiguo ,. da fórma e maneira que em cima Dif..
femos que o dará ao defafif.•do, guardando em to-
do o que Diífemos no dito defafifado.
45 E-ESTA curadia durará em quanto o dito pro;..
di,.
502 O P .RIMEIRO Lrv. D!\S QRDEN. J:rT~ LXVII.·
diguo perfeuerar em fua maa guouernança ; e tor.
nando elle em alguú tempo a bons cofl:umes, e
temperança de fua defpefa por fua fama, e aluidro,
e bom juizo de feus parentes, amigu.os, e vezinhos 1
que dello ajam fabedoria, e o diguam por juramen.
to dos Auangelhos, em tal cafo lhe fcram entregues
feus bens , pera os liuremenre reger e minifl:rar.
46 E ESTES Curadores dados affi aos defafifados,
corno aos prodiguos, nom feram obriguados a fer •
.uir mais em cada húa curadia, que dous annos com-
pridos , e mais nom, fegundo em cima hc ordenadq
.acerca do Curador datiuo, que he dado ao menor
..de vinte e cinco annos ; faluo no cafo onde lhe for
dado por Curador feu pay, ou fua rnolher, ou auo;
porque em eíles Mandamos que ' dure a curadia em
:quanto o fandeu l durar na fandice, ou o prodiguo
durar em fua mart guouernança.
47 E POR QQANTO em cima Diífemos, que a
todolos Tutores , e Curadores deuem feer entregues
os bens por inuentario , Declaramos que eílo ·nom
auerá lúguar, ql.lando a molher for dada por Cura-
dor a (eu marido , por feer defafifado, ou prodiguo.
48 E ACHANI)O o Juiz que os orfa5s tem alguús
bens moueis, qL,le ferá mais feu prmJeito fe vende-
rem , qu'e efl:arerp affi, os mandará vender em pre-
guam em almoepa a quem por elles mais der; e
dos dinheiros que fe delles fezerem , e de qualquer
outro dinheiro q~ e teuer ; mandará aos Tuteres, e
Curadores, , que comprem com auétoridade delle
Juiz
Do Ju1~ Dós . o ·R F A õ s. I T c. 503
Juiz bens de raiz pera o~ ·ditos orfaõs, que' lhe ren-
dam; e achando herdades de pam , antes as com.
prem , que yinhas , nem outras heranças que ajam
mefier adubios , e deíl:as heranças que affi wmpra-
rem, faça o dito Juiz fazer as Efcripturas das com-
pras com toda fegurança que pera os ditos orfaõs ·
for neceífaria, em maneira que os bens que affi
.comprarem, nom lhe poífam feer em alguü tempo
tirados 1 por fe dizer que nom eram daquelles que
lhos venderam , ou por defeéto d'algüa folenidade
nas ditas Efcripturas. E antes de fe as ditas com-
pras fazerem 1 faça o dito Juiz fo~re ello toda a de-
Iigencia que comprir, pera·fe faber fe elres bens, que
fe affi harn de comprar, fam liures, e defembargua-
dos , ·e forros , e fóra de toda a cibriguaçan1 a algüa
pefloa , por onde a dita venda nom fique firme, e
Jegura.
49 E NOM achando bens de raiz que fejam pro-
ueitofos pera fe comprarem como dito hc , o Juiz
dos ditos orfaõs dará · o dito dinheiro a mercadores
abonados ·, que com o dito dinheiro trautem ; e fen-
do em lugar em que nom aja mercadore~ a que o
clem , ou clles o nom quizercm tomar , entam o di-
to Juiz dará o dito· dinheiro a cericiros , carniceiros,
ppateiros, almocreues, e outros ofi1ciaes macani-
E:os, que trautem com o cabedal; e quando o dito
dinheiro affi derem aos ditos mercadores e ofl1ciaes ,
es ditos Juizes feram a.u izados que tomem delles
boas feguranças por fuas fazendas fe as reuerem ;
que
504 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDI!N; TIT. LXVII.

que loguo efpecialmente pera i!To obriguararn , e


hypotecaram , ou per fiadores abonados e íeguros,
e taees, por onde o tal dinheiro, e os guanhos poffiun
cO:ar feguros : porque fe per falecimento de boa fe-
gurança affi de fiadores, como das fazendas , os di-
tos orfaõs receberem no dito dinheiro, ou guanhos
algüa perda , os ditos Juizes [eram obriguados d.e
a paguarem por feus bens e ·fazendas. E quando fe
tomarem fiadores , fe obriguaram por principaes
paguadores, e loguo nas obriguaçoes que do dito di-
nheiro fezerem fe declarará, que nom trautem com
elle por mar ·, e que em todo o trauto que com elle
por terra fezerem paguem bem todos os dereitos ,
aJli a Nôs , como a quem forem obriguados ; e fe os
leuarern fóra. do Reyno , que os nom metam em
mercadorias defctías, porque perdendofe por nom fa-
zer algüa das couf.1s fobreditas, ou por outras algüas
qu.e fe~a por fu~ culpa e negrigencia , a tal pefloa
que a{li. o dito d~nheiro trouxer, o perderá por feu.
50 ·E os dito~ Juizes nom daram ninhuu dinhei-
ro dos ditos orf~ õs a pefloa algúa , faluo das [obre-
ditas ; nem iffo mefmo a peífoa algüa de qualquer
qualidade que f~ja, ainda que feja das íobreditas •
fabendo que ' o nom quer pera fi rnHmo , e que o
toma pera o~trem fimuladarnente , dizendo que he
pera fi ; e o Jui~ que o der por e fia maneira, per-
derá a fazenda e o Officio , e íerá degradado pera .
fempre pera a Ilha de Sam Thome ; e e!là mefrna
pena de perdinwnto de fazenda ~ degredo. auerá
aquelle
. Do Ju I z Dos o R F Aõ s :E T c. sos
aquelle que affi tomar o dito dinheiro norn fendo
pera elle.
51 E NOM achando o dito Juiz peffoa das fo ~
breditas , que tome o dinheiro de cada huü dos or- '/
faõs ou menores a gL~anho , como dito he, mandará
lançãr preguam nas praças , e luguares pubricos
por dez d-ias contínuos, que quem quifer tomar o
dinheiro dos orfaõs, que vel1ha ao Juiz que lho d a- ..-\-"
1·á, os quaes preguoes affentará o Efcriuam dos or-
faõs no inuentario de cada huü orfaõ, que o tal '/
dinheiro teuer ; e fe feita a dita deligencia norn
achar quem tome os ditos dinheiros, mande aos di-
tos Tutores que o tenham a bom recado, pera quan-
do vier peffoa das fob.reditas que o queira tomar
lhe fee·r logo dado • .
52 E SERÁM as diras peffoas, a que affi o dito di-
nheiro for dado a guanho , obriguadas darem de
guanho aos d-itos orfaõs ametade de todo aquello
que por juramento dos Sanétos Auange.Jhos, qu<:
lhes por o dito Juiz ferá dado , jurarem que com o
dito dinheiro dos dit0s orfaõs guanharam, e a outra
metade lhe ficará por o trabalho , e cuidado que
tem de -o bem aproueitarem. E pera todo andar effi""'
boa ordenança, Mandamos aos ditos Juizes, que
em cada huü anno tomem COI'lta aas ditas peffoas, a
que o dito dinheiro for dado , do que affi com elle
gua~haram , e façam loguo carreguar os ditos gua-
nhos fobre o Tutor que dos ditos orfaõs for em feu
inuentario; e quand-o nom for nccdfario pera repai-
Liv. I. Sss ro
~o6 O PRrMlnRo Liv. DAS 0RDF.N. Tn. LXVII.
ro dos orfaõs, ou pera outra coufa pera que Beceffa.-
riamente fe aja rneíl:er, ficará na rnaõ da dita pdioa
qué o affi traz, e lhe ferá carreguado no conto do
Cl\bedal , e feer-lhc-ha tornado fegurança pera def..
pois refponder com o guanho de todo, affi do que á
primeira lhe foi dado, como do m<ãis que -lhe do ta-l
guanblo foi carreguado [obre o primeiro cabedal. E o
Juiz que affi Hom tomar conta do dito dinheiro em
cada huü ahno, e nom pofer em boa recadaçam os
guanhos delle , como dito he , feja fu.fpcnfo atee
Noffa Merce, e mais pagl!le ao orfaõ todo o gaanh(l)
do dito dinheiro, que am for dado a guat:lho' em
cuja arrec~daçam Horn cornprio efl:e Regimento, em
dobro; e fem em'barguo de o dito Juiz _paguar o di-
to guanho ao, orfaõ em dobro , tod·a via o dito orfaõ
auerá o guanho :d a parte , a que o dito dinheiro afii
foi dado.
53 E sE o Juiz vijr que a tal peffoa nom 'refpon-
dc com os ditos guanhos como for bem , e parecer
que, fegundo o Fa:uto e maneo qt-Je tem, o dito di-
nheiro poderia rpais- guanhar ~ entarn o dito Juiz to-
mará dLJas peffoas do mefmo mefter, e qme bem o
entendam, e lhe~ dará juramento nos Sanétos Auan-
gelhos , e por elle diram o que o di o dinheiro lhes
parece que po~eria guanhar ao todo , fegundo 6
trauto e d.e ligen,cia que conhecerem da peffoa que o
traz) e diffo qu~ am aluidrarem paguará am'étade
-aÓs ditos orfaõs f e qwando for a dita peffi a ,cal , qu-e·
pareça que nom. tero. bom trauto ,. ne.m poem a de li-.
' g~n .. ,
Do Ju I z o o S. o .R ~ A: 0s E T €. so·y

gene ia q_u€ deue , por; onde venha. proueito aos d.itos


orfaõs , nem refgonde b@rn com os ditos guanhos ,
o dito Jui.x lhe tira.d o dit-o dinheiro, e o -dará a ou-
tra peífoa q,ue o milhar faça..
54 E ~>NL ca.fo alguü norn fe venderam bens al-
guüs de raiz dos orfaõs, ,ou menores ; fal1.1.0 por tal
o.eceffidade , de q,ue efcufar fe nom poír.1. : e quand.o.
fe ~ffi ouuer de vender , f<!mpre fe venderá aqu~lla.
propri~dade que menos proueitofa for a.o dito orfaõ~
c vendendo-fe em outra. ma,nefra, Mandamos que
tal venda feja ninhüa ; e o Tutor, ou Curador que ;I
tal venda fezer , e o Juiz que a, ella der fua auétori-
dade· paguará ao orfaõ toda a perda- e dãno, que por
r.azam de tal ''enda. receber.
55 . E M AN.QAMOS que os Tutores e Curadores
nom comprem por fi, nem por. 0utrem·, bens alguüs
mo ueis ou de raiz· daquelles, cujos Tutores ou Cu-
rad mes forem , poflo que por elles. queiram dar o
f.e.u juflo e verdadeiro valor ; e poflo que os ta.ees
be11s fe vendam por mandado de Juftiça pubrica ...
mente, . e em1preguam , nom lhes poífam os Jui-
zes, dar liccmça., nem auétoridadfl pera os poderem
comprar, nem íífo mefmo em tempo alguü os ·pof-
fam auer. pon ninhum t-itulo, pofio -que defpois nom
fejam . Tutores, faluo fe for por via de foceífam ; e
tomprando-os, ou auendo-os, nom valha a. dita v.en-
da, rtem contraéto, mas feja ninhuú e de ninhuü
efeét:o , e mai~ . percam o preço que por elles ·derem
anoueado , ametade pera o. dito orfaõ , e a outra
metade pera quem o acufar. Sss 2
so8 o PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXVII.

s6 E PORQyE _ os Tutores e Curadores com mi~


lhor vontade fe ocupem em aproueitar , reger , e
adminiilrar os bens dos orfaõs , aueram por feu tra-
balho em cada huü anno a vintena das rendas que
os bens dos orfaõs renderem , e affi a vintena do
guanço que com o dinheiro dos orfaõs fe aproueitar,
nom paífando a contia da dita vintena de todos os
ditos bens e dinheiro d~ cincoenta mil reaes em
.c ada buli anno ; e eflo fe entenderá nom foomente
nos Tutores e Curadores datiuos , mas ainda em os
parentes a que for encarreguada a tutoria ou cura-
dia, e í!To mefmo nos Tutores ou Curadores que
forem leixados em refl:amento : empero na efcolha
deftes, que forem leixados em tefl:amento, ferá ave-
rem antes a d)ta vintena , ou nquello que polo tefla- -
dor lhes foi leix ~ do; nem fe entenderá nefla vinte-
na aquello, que o orfa õ ou menor guanhar por foi-
dada de feu corgo : e os ditos Tutores e Curadores
nom receberam nem tomaram pera fi a dita vinte.:
na, fa:luo por Aluaraes affinados polo dito Juiz·., e
feito polo Efcriui! m dos orfaõs ;o qual Efcriuam 'I e-
uará por cada huü Aluará defl:es foomente quatro
reaes aa cufta dq Tutor.
57 ITEM Orde;namo:;; , que o Juiz ' os orfaõs nom
leue por fazer qualquer parti-lha d'orfaõs mais de
cinco reaes por 1nilheiro, atee cor1tia de trinüf mil
re_aes, que fat,n cento e cincoenta reaes ; e por fazer
qualquer inuentario nom leue mais que v\nte reaes,
deQa moeda qu~ ora. corre de [eis ceptijs o real ; e
de:
Do Ju I z D os o R FA õs E T c. 509
de tomar a conta a qualquer Tutor nom leue mais
de trinta reaes : e eftas cont;ts nom tomaram aos
Tutores ou Curadores datiuos , faluo de dous em
dous annos, que ha de durar fua tutoria ou curadia;
e aos Tutores ou Curadores legítimos, ou teftamen-
tarios nom a tomará, fenom de quatro em quatr?
annos, fe tanto durar a dita tutpria ou curadia, e
bem- a t1i em fim do tempo de fua tutoria ou cura-
dia. Pera em todos os Tutores e Curadores legíti-
mos , ou leixados em tdl:amento , ou datiuos , cada
vez que o Juiz dos orfaõs for enformado , que elles
mal regem as ditas tutorias ou curadias ·, ou que fa-
zem em ellas o que nom deuem, tanto que o Juiz
efto fouber, loguo lhes tomará a conta, e achando
que o mal fezeram, os p riu ará das ditas tutorias ou
curadias , e fará ,outros Tutores ou Curadores, fa-
zendo-lhe entreguar t'odos os bens dos orfaõs 04 me-
nores , e con!l:rangendo efle Tutor ou Curador que·
foi , que loguo entregue todo ao .Tutor ou Curador
nouo, com todas as perdas e dãnos que os orfaõs.
ou menores i·eceberem per culpa ou negrigencia
do dito Tutor ou Curador remouido. Nem coníin-
tam aos ~artidores, que as partilhas dos ditos orfaõs
fezerem, que leuem mais que cinco reaes por mi-
lheiro, atee contia de trinta mil re,\es, em que mon-
ta a ambos os Partidores cento e cin.coenta rea es : e
fe os bens de que fezerem partilha rnenos valerem ,.
leuaram polo fobredito reípeito ; e po!l:o que muito,
mais valham, norn leuaram os ditos .Partidores mais
que
5_:1:0. o PIUMJili!RO tiV• QA,S ÜRDEN'... TIT. LXVII.
que- os di cos cento e ,c i ncoenta reaes-; e efto q_u er f~
a.s pa..rtilhas. façam na, Ciclade, Villa, ou Lug-uar, otJ_
em; feu Termo. Pe,ro fe- a fi1zenda. dos ditos o.rfaõs
valer mi.l cruzad.o;;· d:out'Q _,_leuará. o Juiz, q,ue ao fa~
zer de tal pa-rtilh<ll eft·c-tJer: ,. huli cruzado d'our:_o, e
OSt Partidores arnpo~j outr:o . cruzado m'ouro. Pero.
n..orn, he N.o!Et renç.a.rn , _ q~e - fe ern ~.lgüa. Cidade,
Villíl ., ou L.ug~ar de: No~o.s: Reynos. l.eu.am menos,
o ,Juiz e Har.tidores·, do que a.qui he d~clar.ado, que
poífam leu ar, faluo aquello_ que fe em. taees Cida-
des , Villas, ou Luguares acoftuma, leuar. E [e o
dito Juiz ou Partidar~s mais, Leuarem do .q.ue: dita
he , aucram as penas contheudas no Titulo Da p:m.a::
que aueram os Offidaes, qur:.·leuam mais do conthéudo em.
fiu Regimento. E quer as partilhas fe façam na Villa.,
quer no Termo., 'n om com.eram o Juiz, nem. Parti ..
dores, nem Efcri11am~ aa cu:fta dos .arfa:õ_s, poCI:o que·
a:tec. a.qur o .contra~iro vfaffer.n·, ou ~eer.a ello quaefguen
f-emenças tenham ; e faz.e ndo o contrairo , aueram
as penas por Nó~ 0rdenadas aos. que leuam. mais do
que be contbeuda em .feu Regimenro.
58 E SE o Juiz dos_orfaõs leuar. ülla(rio alguü db
inuentario , ou partilha , ou conra , a que . elle nom
for pre(eme , q_l;!eremos que por dfe rnefmo feira
perca o .-0fficio pera aquella. peífoa· qu~ o acu{ar, fe
pera. el!o for idopeo-.; e nom fendo idoneo , Nps·lhe
J)aremos - luguar, que o golfa vender , e auer. pera .fi
(!) ·preço. q,uc por ellq lhe der_em, ou lhe·Faremos ou-
. /tra. merce. que l',l:os .bem parecer. Kfazendo.outr.e.m
a
Í) o JU l Z !D O S 'O R .F A Õ s -1: T C. 5J I
a con:ta ,por abfenci-a ou im pedi'mei1to do Jui.z , ou
auendo em alguü Luguar Official deputado pera
tomar as ditas contas , nom leuará mais dellas
do que por efte Regimento o Jui.z dos orfaõs póéle
leuar.
59 E sE alguus orfaõs ou menore's de vinte e v·'
cinco annos , que teuerem Tutores ou Curadores ,
cafc·uem fem auétoridacle do 1uiz dos orfaõs, fc tal
cafamento for feito por vontade do d·ito orfc'lÕ , fem
induzimento de peffoa -algi!i-a , fe efl:e cafa·mento foi
menos daquello que o orfaõ poclera achar, fegtmde Y
quem hc, e os bens que tem , pofl:o que o dito or-
faõ affi feja cafc'1do, nom lhe mandará o Juiz entre-
guar feus bens, atee cheguar á hidade de vinte an~
nos; e pofl:o qt~e leL1e Noffa C-art-a, ou dos Nolfos
Defembarguadores, porque lhe fejam entregues feus
b'ens , fé em eJI.a nom fez er e'xpreffa meúça·m, como
fe elle cafou f em au&oridad·e do 1uiz dos orfc1Ôs,.
nom corn prirá o dito 1uiz tal Carta , nem lhe man-
dará entreguar feus bens, atee cheguar a hidade de
vinte annos, como dito he. E efta pena auerá outro
qualquer , que cafar com algüa orfaã ou menor de
vinte e cinco annos, que Tutor ou Curador teuer,
fe tal cafamento fezer fem auc1oridade do Juiz dos
orfaõs.
6o E CASANDO alguü orfaõ, pofio que Tutor V
ou Curador nom ténha , por enguano ou in.duzi-
merito que lhe P-or algua peffoa feja feito , fem au-
ét:oridade do Juiz dos orfaõ$ , aquelle q:ue tal indu-
~ L-
sr2 O PuMEIRo LTv. DASÜRDEN. TrT. LXVII.
zimento ou enguano fezer, ferá confhangido per-
fazer ao dito orfaõ, [obre a f:Uenda da dita peffoa
com que am cafou, tanto quanto lhe deuera feer
dado em cafamento com a. dita pelfoa com que alli
càfou.
6r E sE alguu Tutor, ou Curador induzir alguü
orfaõ , ou menor de idade de vinte é cinco annos ,
cujo Tutor ou Curador for, c o cafar fem auétorida-
de do] uiz dos orfaõs, ferá confl:rangido dar de fua
fazenda ao dito orfaõ outro tanto, quanto elle reuer,
e aalem dello ferá prefo atee Noffa Merce, e pagua-
rá mais pera a Noffa Camara o quinto daquello que
por bem defl:e Noffo Regimento ao dito orfaõ ha de
fatisfazer de pena , nom fe defcontando polo tal
quinto coufa, algüa do que ·ao dito orfaõ Mandamos
dar.
v 62 E sE alguü Tutor, ou Curador, ou outra
qualquer peffoa 'que teuer algüa orfaã, ou menor de
vinte e cinco annos em fua cafa, em guarda, O!J por
foldada, po!l:o que orfaã nom feja , efl:ando em fa-
ma de virgem ~ pofl:o que ~irgem nom feja, com
ella teuer parte, aquelle que tal fezer aa dLta orfaã,
ou menor, cujq Tutor ou Curador for, ou que em
'rua guarda, ou por foldada teuer, :f( rá con(l:rangido
paguar aa dita orfaã, ou menor , o cafamento em '
dobro que ella \nerecer, fegundo a qualidade de fua
peffoa; e aalem derto -, aquelle que tal feze'r ferá
prefo , e .dcgra1iado por oito annos perr c,ada huü
dos Noffos Luq;ares d' Alem mar em Africa; e nom
ten-
DoJurz DOS ORFAÕS ETC. 513
,tendo por onde fatisfaz~r e dito cafamento em do-
bro, fcrá degradado pera fempre pera a Ilha ·de Sam
Thome; c porem vindo defpois a teer p()r onde pl-
.gue, lhe paguará o cafamento fingelo.
_ 63 E o Juiz dos orfaõs, ou Efcriu:tm dellcs, que
.com algüa orfaã dormir, que feja de fua jurisdiçam,
perderá o Officio, e ferá degradado dez annos pera
cada huu dos Luguares d' Alem , e mais lhe pagua-
_rá o cafamento que ella merecer en~ dobro.
64 E DEF·ENDEMOS ao Juiz dos orfaõs, que nom
mande entreguar os bens a ninhuú orfaõ, faluo fe
.ouuer vinte e cinco annos compridos, ou for cafado
por fua auétoridade, defpois d'auer dezoito annos ,
ou leuar Carta de f0primento de hid.1de , paflada
.polos Defembarguadores do Noífo P,taço a que per-
_tence, e nom por outros Officiaes, nem Corregedo-
·dores, nem Contadores dos Refidos ; a qual Cana·
Será dada aos baroês que ouuerem vinte annos, fe
forem de tal fifo, entendimento , e difc.ríçam , e aas
.femeas de dezoito annos fendo de .tal fi[o e difcri-
çam , com.o dito he.
65 E AUENoo o menor tal Car.ta, .ou fendo ca-
fc1do, e de h idade de vinte annos, fendo-lhe feus bens
. entregueS por vertude da tal Carta , ou ca.famento ,
ferá di em diante em todo cafo auido por maior de
vinte e cinco annos, em tanto que vendendo elles ,
ou em alheando, ou obriguando algúa poaJíTam de
. ra.iz com confentimento, c auél:oridade de Jultiça •
. a.inda que os ditos menores fejam lefos, c danifica-
Liv. L , Ttt dos ,
-do"s, ·nom p-oderath vfâr ·do benincio da reftitU-içam,
~ue por Dereitó ne mitor.guado aos ·nH~n·ores ' q.mm-
-do fam lefos ; 'e fazerfdo •cl1es ·<J. ·dita emlheaçarn ou
obriguaçam .fem auét:óddade ·de Juftiça. , em .tal é'a'-
fo 'O tál 'co'ntraét:o ·de etnlheaçatn, dm ~Obl;igu.ft'çam :de
,1Jens de raiz púr elles feito • .fêrá ninhuü ) re de :ni-.
'nhuú valor , affi como fe o di'to mel'íor -nóm >()~1l:lmie
·impetrada a d~·ra Carta ., ou nó'ltn fofl"e ca'fGdo.
66 hEM o Jtüz dos orfaõs terá jori'Sdiçam Gm
todolos Feitos Ciueis, que os orf.aõs ora fejam A ato-
res, ora Reos trouuerem, ·em quanto nom forem
<emancipados, ou cafados, 'e aili dos defafifados ,íolil
.prodiguos, que Curadores teuerem, com qua:e.fquer
-peffoas, ou as peffoas com elles, affi Autores, como
·Reos ; e pofl:o que nas taees coufas demandadas , ou
'êluçoes fobre quf fe litigua, alguús maiorés tenham
'parte ·por aind\l nom terem ,partido , toda via ·fe
'·trautarâ a dita fie manda perante o Juiz dos- orfàõs •
·affi polo que pertence aos or.faõs , e menores, como
-aos ' maiores; faluo fe as contendas .fór€m com· ou-
tros orfaõs, ou peífoas priuilegial:las de femdhantes
. ··priuilégios, pórque em fáees caf0s o A.ut.Or f~guirá
·o foro do ·Reo ·, fe d'outra júrisdiçám fõr.
6t; E ASSI terá ·o diêO Juiz dos o'tfaõs jur-isdiçam
' em ·rodos' os :FeiK1s Ciuéis ·, que fe •p@r ost di~os"ór­
f-aõs,. poftb qúe élnàrici-padõs:Jou ·cáfados fe:J'am ,~ n10-:
u.crém fobre 'partilhas , ou inuêntatíós~,' ou 1q0ando
quifer:em deína,ndarfeus Ttitof.és ,Jou]ui:Zê's<'d os o~
-faõs , ou.; Preuedores pa·fiadõs .. , : fó9te ar.entrteguaL•u
ma-a,guou.e rnanç.a. de;fLia fazenda.
· lJ Q J~ 1 ~ ~ 9. ~ Q n.. ,p, 4 ~ ~: ' r c. 51 s.
)
6~ ~ AS #p~·J~~<3f.~ q!lt! QfltH.e o~ PÍfQ~ Jpi~~S. \
dQs. off~q~ f~htrçrn , [e fqre.rn ªJl_tr!! q. ,qrf'\P e Ql!tras )
p~rtç~ , oq antr(j Qs. o~faÕ$ fqbre P.~rtilh<J.s , , l).iran1
aos $ol;l.r~jl..li'4{{~. E fe; fopmi fqbre im.Jent~rjqs, o~
illtf~ p oFfaõ e o Tutor, ou Jui~, qu frqueqor, hi-:
nrn ;:}S ~pel,aço~s a\1 Cafa da s~pricaçam , ~os Def-
(;fJ}b4rguaqores qye pera ell<Js na dit~· Ca(a fam de- 1
py~d~. I

6.9 E NOS Feito$ ÇrirQes nom fe entrerneta o


Juiz dos orfaõs, porque o conhecimento deUes p,cr-
t~nce áos Juizes Ordjnari.os.
70 E PORQYE ~lguas peffoél's p,odt~ofas tomam
ilgu\Ís Qrfa.õs , e fe fer.t,~em dellt:~ fem lic~nça, r).em
.auétorid(,l.de Qo J~tiz do~ qrfflÕS , .e pofto qt!e lhe fe-:-
jfl.m .requerid,os çs ~om ÇJ.l;Jer,e~l çlar, 11em eJltregu~.r
Tuto.r.es, O!l Cura_dÇ>r,(fs, Pefendemos,que ne:-
;t f~1;1s
.n,híia peffQ'!- de qu;llquer q,u,aljdade qu~ feja nçm
·~~!11~ ,njn~1uu orfaõ , n.em fe feru_a d elle no Lugua,r
• pnd~ tey.e:r fe'U Tutor 0~1 Curador ; faluo fe lhe for
~~l:jo por fe1,1 T~J;tor, QU Curador com auétoridade
~9 Ju:ir. ~9s .o.rfaõs , ao qual Mandamos, que quem- ·
~lil om~er d~ dar os dito,<; orfaõs por foldada, que Ç>S
. d{}e !\ ·t;:tee!l p€íroaç; de qt~e fejam bem trau,tados , e
t:0.~n act~tellas feg\trfl,nças .e condiçoes, que atras fi-
. <.:.arw -óee,Iar.adaç; : e quaefquer peffoas que o contra-
JF'Í9 [eze_r_em _, e o~ c;li-tos. Qrfaõs .d'outra maneira to-
rma.re_m ., e fe ®elles feru.ir.e m , p2lguaram por cada
. mes a.(l) ~~it.o o-r:faõ tn.il r-€ae~ ~ e outro tanto pera Q~
,cat•ÍUQ.S,; ,~ 9 'rut9r .9.~ Çuraçior que o dito orfaõ a.tft
'f.;t J. lei-
516 O P1üMEIRO Lxv. ·nAs ÜRDEN. TIT. LXVII.

leixar eftar J paguará efta pena em dobro ' conuem


a faber , ametade pera o dito orfaõ , e ametade pera
os catiuos; e o Juiz que em ellb for negrigente, po-
la primeira vez fcrá fulpenfo do OfficiQ huü armo ,
e pol::t.-fegunda perderá o dito Officio , e pagua-rá
outro tanto como ·. hade paguar aquelle, que o dito
ort1õ affi teuer fem fua licença c auétoridade. E to-
mando-o fora do Luguar onde affi teuer feu Tutor ,
ou Curador, paguará ao dito orfaõ o que merecer
pala foldada. ·
7 r E .PER A os di ms orfaõs terem algüa mais fe-
gurança de fuas fazendas, Mandamos que os Juizes
dos orfaõ.s de todalas Cidades , e Villas principaes
de Noífos Reynos, fejam theudos e obriguados tan_.
to que os ditos Officios ouuerern , ante de os come-
çarem feruir, ~e darem fiança de quatrocentos mil
reaes , dando pera ello fiadores abaftantes e abona-
dos. , os quaes fe obriguaram a compoer e pagua:r
\ .
toda p~rda ou qãno , que por maticia, ou culpa dos
ditos Juizes f e feguir aos ditos orfaõs , atee a dita
comia de fua fiança; e a did fiança ferá -deíàforada,
e com declarayam , que os orfaõs ajam o feu por
cada huü delle~ in folido, qual os orfaõs mais qui-
ferem , e polo mi-lhor parado. E eíl:a fiança ferá
efcripta e notada por Taballam pubrico das Notas ,
c tresladada nq liure da Camara, pera a todos feer
notorio. E-nos outros Luguares de Noffos Reynos
ferá a fiança dç trezentos mil, e duzentos miLreaes,
fegundo a po-LJOHÇ.a m e grandeza d~Hes. E n9-_s mais
pequenos ferá :de cem mil! reaes. 72
\
Do EscR. DOS ORY. E DO Q!J:! A SEU ÜF:FIC, PERT. 517
72 E o Juiz dos orfaõs, que o dito Officio feruir
fern dar a dita fiança , perderá o dito Officio , e o
Eícriuam que CC!m elle feruir perca iffo mefmo feu
O.fficio , e os Officiaes da Camara, que lho leixarcm
feruir fem teer dado a dita fiança , pague cada huú
vinte cruzados, ametade pera quem o acufar , e a
outra metade pera os catiuos ; e aos ditos Officiaes
ficará a extimaçam da fobredita quantia das fian-
ças, auendo reípeél:o aa grandeza do tal Luguar ,
como dito he.
7J hEM ninhuú Juiz, nem Eícriuam dos or-
faõs, nom poderam feer Juizes Ordinarios em quan-
I
to affi forem Juizes , ou Efcriuaes dos orfaõs, ainda
que o elles queiram feer.

T I T U L O ' LXVIII.

Do Ejcrluam dos orfaõs, e do qut a Jeu Ojjicio


pertence.

Ü Efcriuam dos orfaõs ferá muito deligente aÜi


~m efcreuer , e poer em boa recadaça.m os bens, e
rendas dos ditos •orfaõs , .. como em oul har por fu as
peffoas ; porquanto pera ello foram- efpecialmenre
críados , e ordenados efl:es dous O.fficios de Juiz-, e
Efcriuam , os quaes antjguamente pertenciam aos
Juizes Ordina"rios, e Tabaliaés de Noifos Reynos ' ,
c por fuas ocupaçoês ferem muitas, nom podia m
Jeer
srs o PRI'ME1RO LIY. D:A:S ÜitDEN. TIT. LXVII-f.
(eer tambem prouidog os ditos orfaõs , e f~as fa~en­
das como deu·iam feer, por lhe nom fe.re-m d4do$
Officiaes efpeàdmente p<tra ello dep.utados. E por
tanto Mandamos ao Efcriuam d~s ditos orfaõs, qutt
com o Juiz dellcs faíbam quantos orfaõs haa em
Q Cidade, Villa, ou Lugua1 r onde for Efcriuam ; e
efcreuel.os-ha todos em huu liuro, declarando o no-
me de cada huú orfaõ , e cujo filho foi , e de que
hidade he , e onde viue, e cotn quem , e por que
maneira , e quem he ieu Tmor, ou Curador ; e effo
rneftno efcreuerá o inuentario de fe.us bens, alft mo-
ueis, como de raiz, o qual fará do dia que fale cer
o padre, ou madre dos ditos orfaõs, ou orfaã~, a huü
mes , declarando em elle as confr:oliltaçoés dos bens
de raiz, e o Lu9uar onde fam , e dos rno~eis poerá
taees fii1aes, pórr onde eu1 todo tempo fe po!fam
bem conhecer , <;: fe nom faça nelles duuida ; e affi
poerá no dito inuentario todalas diuidas, que a effes
orfaõs forem deu~das ., .ou .em que elles a outrem\fo-
rem deuedores : e fe al.güas coufas alheas hi forem
achadas , feja declarado no dito inuentario cujas
'fam , 'e por que rrtcmeira vieram a poder do fin_a.d-o
·em cuja cafa f0t:,a m ac:ha.da.s , e {e tem .os :ditos or...
faõs alguã dereit9 ne:lla:s. E 'por quanpi) ·N·ós .M.a·a.,.
·damos ao Juiz dos ottfa:õs :em-feu Regimento~ que
'por .falecim·ellto ên Jifao/ , ou mãy dos ovfaõs , lfc1:ça
J(!}guo ·a ualiar e pat<tir os b~rrs cl·0s ditos mfa'5s ,, ~
Ma·ndll.mÓs ao 'Efcriua.m , que mu;i · cl~claradamenl!e
'cfcFeü<l :nos inuentarricrs ..a-s .atr.a.l~.awes 1c pltrtilr~:as ,,
aili
.D0 Esc.R •.DOS OR::f-;1!' Íl0•JW-ll iA::Sl:'D :Ü.i".flr. 'I'FlB.'T, ·5I 9
,aJíifi ;pala gwifa que iforeht feita:s , p:eira ao ·teri1po .&
·emregua n.om <am:.r 1aa1tre-ns :henl:eiros í.\lu~~:údas , ..nem
contendas .; e ·bre ~n ,affi pot2r.á nos .cHws Ímll1entari.Qs
~todala-s RL'criptur«t's., que aos .d itos :nr.fa:õs p.erü:n~;:"em,
•!ilom fe tresladando ·porem as ~ditas.:Efcri:ptm.r.a>S t0-
·das • .foomen.te o d·e ·q,u:e c.ada :h üa lE:fcriptur~ ih e.
IJ: E T!ANTC:> QyE .e n:iitas im:ttenta.Tios )fiDrt:n1 ii'ei-
"tos como cdit.o h e , ·affentará noccabo JdeUes .as tuto-
rias , poendo .declararadam:elil'te <fe i[a;rn ,tefia·menta-
.r·ias ., -G.onuem ;a ;fcrb:er ., ,Jei.!Xa-d.as c.in :treíbamento., ou
~<legtrima-s, ou datiuas, e affi ;affrrnm:á -as dianç<l's , )e
..fiadores, ou quaefquer ounras rolDriguaçdés, CJtle pe(a
fe.gmança de :boa adm!niftr:ayam ·.da:s.ditas tuto liias
-.os jui2es dos orfaõs :tramarem .a<Ds ·ditos Tutores.,
como em feu Rcgim.enio 1-he:s·he--m:atYd~1do.
2 ·hE-M ro ,Efariuam ..dos ·.o rfaõs •efcrcewerá 110
:o abo ;dos ditos:inuentar.i<Ds .torlolos arrendamentos ,.
• ·que .o JuiLfez:en:los.nr&iaõs,r.e.tk. feus bens,. que norR-
..pafiarem"de trces ·- amws.,,e as .preqos ~dos ~dirns anl':'n-
..darrorentos, ou ~ folda:das ,, .no:m :pafiarem lil·e ~.trinta :rnlil.
reaes ; porque tQdos GS .! outros arretrdamentos ,, r. qu.e.
•. nb:m foram ·da:s .ditas·:q.ualiila:des , .efcreuerá ~o 1\aba,..
~liam das..Notas,, ::f égundo he :contheudo· em :feu m.i-
;tulo. :E dos ~rendamentos , que ~forem ' feit.(J)s polo
·wrobalig:m 1d>.:rs rNous ·, .:fará :aíf-ento ~o '. Ef<t:riuam, dos
..c;>Ffa:os -;oos :di.wsr:ca:l.ilos-:dos ..;inuent-arios , e as>pa:gwas.
tdeHes., tem ttna.I;rei.r.a !qtre a.tr€e.epta': feja:.bem eert-a ,
;..pera .:{e ,fitber momo fe ~"f.azemcas -clefpefas crlo-s cdi.t:es
4l>tfaõs. , aos~.qlliaes ~ de~éfa·~effu.:mefmo ·affiD1t~ránws .
di-
520 O PLtrMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXVIII~

: dito~ inuentarios, pera todo vijr a boa recadaçam,


quando os Tuwres derem fuas contas , e fezerem
enrregua aos orfaõs , ou a outros feus Tutores.
3 I TEM quando alguüs orfaõs forem dados por
foldada a algüas peífoas , como no Regimento do
Juiz he ordenado, poerá o dito Efcriuam no dito
- inuentario mui declaradamente a quem fam dados,
por quanto tempo, e por quanto preço, e em que
tempo fe hade paguar a dita foldada.
4 !TEM poerá no dito inuenrario todo aqueUo,
que h e ordenado ào ] u iz , e Tutores , e Partidores
por feu trabalho, e falaria ; e polo diro modo poe-
rá todalas defpef.:'ls que forçm feitas polos Tutores,
oú Cu:radores por mandado do Juiz , pera todo vijr
a boa recadaçam como dito he. ·
I
5 hEM o diro Efcriuam nom tomará pera fi por
foldada , nem por outra ninhüa maneira , ninhuü
orfaõ de fua j yrisdiçam, pofto que lhe quei.ra dar ·
mais . preço, nrm outra ninhüa coufa dos ditos or-
. faõs , fegundo Ditremos; no Titulo Do Juiz dos or-
faos, e fob as penas hi conth~ udas.
6 E ó dito Efcriuam nom' le~ará mais da efcri-
ptura que efcrcuer, affi nos ditos ~nuentarios , ·co-
. ·mo ern. quaefqúer outros Autos, d que leuam os
. outros Efcriuae;; , conuem a faber, por cinco regras
huü real , e mais da hida, fe for na Villa, ou arra-
balde , fere re~ es ; e efio mefmo lhe feram contadas
as hidas, que forem .a alguüs Luguares fóta da Ci-
dade , ou Vilh1, fazer os dito~ inuentarios. ~ quan-
do
Do EscRiuAM oos ORFAÕs ETC. 521

do fe fe~erem as partilhas , e bem affi quando fe to-


marem as contas aos Tutores, leu~nam os Efcriuaes·
dos orfaõs, aalem do que fe lhe montar aas regras,
fuas a!Tentadas , duas em cada dia , conuem a faber ,·
hüa pala menhã, e outra aa tarde, fe tanto durarem
as ditas partilhas ou contas. E de cada affentada Ie-
uaram fete reaes; e d'affentar ~üa tutoria leu ará tres
reaes e meo; e d'affenrar as dadas dos orfaõs a falda-
das leuará fcis reaes, os quaes paguará. aquelle que,
o tomar a foldada.
7 E Q!!ANDO Ü: derem alguüs bois , ou vacas,
ouclhas , ou cabras d'arrendamento, de que fe re-
queira huu foo termo, leuará d' affentar o ditto ãrren-
damento tres reaes e meo ; e fe huü foo boi ou va-
ca for dado d'arrendamento, daquelle foo leuará tres
reaes e meo.
8 I TEM quando affentarem as defpefas dos or-
faõs nos inuentarios leuaram de cada affentada de
defpefas dous reaes, ou aas regras, qual elles Efcri-
uaes mais quiferem.
9 E EM todo o mais que por efle Regimento nom
for prouido exprdfamente do que ham de leuar, e
em quanso a efte nom contradiffer, leuaram todo o
que he ordenado, que os outros Efcriuaes ham de
leuar, e doutra guifa nom , fegundo he contheudo
no Titulo Do que ham de leuar os '1abalia"'is , e Ejcri-
uaes.
10 E PORQ!TE nom feria razam que os ditos
Efcriuaes por cada vez que efcreuerem no.s ditos in-.
. ~iv~ 1~ Vvv yen~
522 O PRIMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXVIII.

uentarios , que muitas vezes pode durar por vime


annos, leuem bufca como paffa de feis mefes, Man-
damos que os ditos Efcriuaés dos orfaõs nom leuem
ninhüa bufca dos ditos inuentarios , faluo trinta e
{tis reaes por anno, na fim do anno , e e!lo atee tres
annos compridos, que fam por os ditos tres annos
cento e QÍto -reaes , e di em diante nom leuem mais
bufca ninhüa, pofl:o que paffe muiw tempo e annos
que fe nom efcreueffe coufa algüa no dito inuenta-
rio, e que feja neccffario bufcar-fe muitas vezes os
diros inuentarios pera fe efcreuerem as coufas dos
orfaõs. Norn Tolhemos porem, que os ditos Efcri-
uai:s poffarn leuar bufca dos ditos inuentarios, quan ...
do lhe forem requeridos por algüa parte, que nom
feja por parte dos orfaõs, ou de fcus Tutores, o que
Mandamos aos 'fabaliaés que leuem dc -bufca dós
feitos retardados. E os Efcriuaes que mais leuarem
aueram a pena contheuda no ~into Liuro no Ti..
tu lo Da pena q_ue aueram os Officiae.i, que {tuam maiS
do contheudo.
1r E MANDAMOS que e_m !todas as Villas, e Lu-
guares, onde n<jl Villa e Termo ouuer quatrocentos
vezinho~, c di pera cima, aja fempre Efcriuam dos
I -
orfaõs apartado ; e onde os nom ouu'er, os T,abaliaes
da dita Villa, e Luguar fc:ruiram o dito Officio de
Efcriuam dos orfaõs com os Juizes Ordinarios;
faluo fe nas ditas Villas, e Luguares, que a quatro-
centos vezinhos nom cheguarem, efteuér~m ~ em co..
ftume e poffe antigua auer os ditos Efcriuaés do~
orfaõs t
\
Do Esc R r u A M D os oR F. A õs .E T c~ 52.3
()tfaõs, ou forem por Nós ordeoadGs (em emb4rguo
}!e nom a.uer os ditos vezinhos.
12 E PERA os orfaõs terem algüa oma~s feguran-
ça de fuas fàzenàas, Mandamos que os Efcriuaês
dos orfaõs de todas as Cidade3 , e Vi·llas principaes
de Noffos Reyne>s, feja-m theudos e obriguados, tan-
to que os ditos Officios ouuerem, antes de os come-
yarem feruir, de darem fiança de duzentos mil reaes,
dando pera ello fiadores abafl:anres e abonados , os
quaes fe obriguaram a compoer toda perda e dãno,
·que por malicia ou culpa dos ditos Efcriuaes fe fe-
guir a.os ditos orfaõs, atee a comia de f11as fianças; e
a dita fiança ferá ddàforada, e com .claJufu.!a, que os
orfaõs .ajam o feu por .cada huü dolles in foliçlo, qual
os orfa.õs mais quiferem, e polo milhar parado; e
·e.fl:a fiaPiça fe;rá efcripta e notada per Tabaliam pu-
brico clas Notas, e tresladada no liuro da Camara
.pera ·a todos feer notaria. E nos outros Luguares de
Noifos Reynos ferá a fiança de cento e cincoenta
mil , e de cem mil, fegundo a pouoaçam e grande-
za delles , e nos mais pequenos ferá de cincoenta
mil reaes.
13 E o Efcriuam dos orfaõs, que o dito Officío
femir tem dar__a dita fiança, perca o dito Officio; e o
Juiz, q1:1.e .o perante fi c<::mfentir que ferua, perca iíf0
mefmo feu Officio; e os Officiaes da Camara , que
lho .lei,xarern feruir fem teer dada a dita fiança, pa-
gye cada.huü vinte cruzados, ametade pera qu<lm o
t~cufarr, e ·a O{!tra pera os catiuos. E aos ditos Offi-
Vvv 2 c1~es
•524 O Pu MuRo Lrv. DAS O.ttoEN. TrT. LXIX.
ctaes ficará a exti maçam da fobredita quantia das
fianças, auendo refpeito aa grandeza do tal Luguar
como dito he.

T I T U L O LXIX.
Do Curad~r que bt dado aos bens do a~fente, e oa he-:
rança do finado , a que nom he achado herdeiro.

PORQ!JE muitas vezes acontece ferem alguú,s


catiuos em terra de imiguos, ou fam abfentes , e fe
nom pode f.1be-r fe fam mortos, fe viuos, e feus bens
efl:am defemparados por hi nom auer quem delles
tenha carregue, qual deue, Manciamos que fe o que
for catiuo nom t~uer molher, óu padre, fob cujo po•
der efl:eueffe ao tempo que o catiuaram, que feus
·bens deu a admipifl:rar o Juiz dos orfaõs; ou aquelle
que teuer carreguo de· prouer acerca dos beqs dos
menores, e dos outros a que deu e feer dado Cura-
dor, fegundo. Qiífemos no Titulo Do Juiz dos orfa'ós,
proueja acerca dos bens daquelle que aíli for cati-
uo, e lhe dee Qurador aos bens tanto que lhe for
requerido, e notificado por qualque do pouo,. e elle
qe
· for certificado feu éatiueiro; e tenha aquella ma-
neira em dar o pito Curador , e em fazer arr~cadar
-e adminift:rar feus bens , que Mandamos teev nos
bens dos menorrs. E efl:a mefma maneira , Manda-
-· mos que fe tenh<,L.acerca dos bens daquelles ~que fam
abfen-!
D()CukAD. Q.!JE _Ht: DADo Aos BENs Do A:BS-ÉNTE. · 525

abfentes , em ta.l mane'ira que fe nom pode faber


-onde fam , nem fe fam mortos , fe viuos.
1 OuTRo sr finando-fe alguu hbmem ou mo-
lher, que nom tenha herdeiro alguú que fua hcraAça
queira aceptar , nem molher que fua herança quei-
ra auer fegundo Noffa Ordenaçam , em tal cafo o
Juiz o fará loguo faber ao Mempofteiro Moor-Elos
catiuos deífa Comarca, a que das taees heranças Te-
rnos feita merce, pera a mandar arrecadar em nome
. dos ditos catiuos , oLt dizer que a nom quer aceptar:
.e nom a querendo elle auer, nem defender, enram
dará Curador aa dita herança , o qual com o d-ito
Juiz faça inuentario de todos os bens que aa dita
herança pertença-m ) fe ainda o nom teuer- feito ) e
adminiftrará a dita herança affi como Di.ífemos nos.
·Curadores dos prodiguos , e furiofos ; o qual defen-
derá a dita: herança das demandas , que os Credores
.contra ella quiferem poer, bem e fielmente , fob
pena de paguar todas as perdas e dãnos , que por~ fua.
culpa ou negrig(lncia fe· recrecerem ..
526 O PRIMEIRO Lrv. DAs ÜRDEN. TrT. LXX: .

TITULO LXX.

Do Contador dos j'eitos, ·e cujlas, e como Je ham de contar


ajji ua Corte , como uas Cidades ., l/illt!S, e Luguares
de Noffos Re)'?tos e Se1zborios.

Ü S Col'\tadores das cufl:as contaram todas as cu-


ftas aili. peífoaes, que fam pera mamim.enro das pef-
foas, como ::ts do proceff.o, que fam o que os Efcri-
uaes e Tabaliaes ham d'auer da efcriptura , e o fala-
rio dos Procuradores, e outros quaefquer Officiaes.
As quaes nom contará outra algüa peffoa aíli em a
Noífa Corte, e Gafa do \Ciu.e l, corno em as ·Cidades,
Vmas, e Luguares _, onde Contadores Lie cu !las ou-
uer ; e fendo a conta p~ outrem feita feja nirihua e
de ninhuü efeél::o, e torne-fe a fazer por o Contador
a que pertencer ; e aquelle que a outrem a der a fa-
zer pague ao Corrador de pena o dobro do que ha
d'auer da tal conta, aalem do feu falaria ordenado
que lhe della mor tar. P..er.o fendo o "Contador fuf-
peito, ou fe por alguü outro impedimento a nom
poder fazer , ou qefpois de feita as partes aleguarem
erro de conta, eq1 taees cafos fe for em Noífa Corte
o Cbanceler Moor, e na Cafa do Ciuel o Chance-
ler della , e nas Cidades e Villas e outros Luguares
o Juiz do feito cometeram as taees contas ao Re-
ueedor. fe o hi ouuer por Nós pera ello ordenado; e
nom o auendo hi, a outrem que as bem e fem fuf-
peita poffa faur •.
Do CoNTADOR DOS FEITOS E CUSTAS ETC. 527
r E BEM ASSI faram as outras contas , que os
Julguadores antre partes mandarem fazer nos feitos
que fe perante elles trautarem ; porem nefic cafo
os Julguadores poderam mandar fazer efl:as contas
dantre partes a feu requerimento , ou de cada hüa
dellas , por outras peffoas em que fe louuem , auen-
do hi pera iffo caufa legitima, ou fendo a qualidade
das contas tal, que lhe pareça bem fazer-fe aili. E os
que affi fezerem as ditas contas antre partes nom
poderam leuar maior falario da dita conta , que o
que lhe for tax~do poló Juiz do feiw que a conta
mandou fazer ; c leuando mais, ou leuando fem lhe
feer t'axado , auerai1Y a pena que por Nós he pofla
aos Officiaes que leuam mais do contheudo em feus
Regimentos. E do que polo Juiz do feito aili for
taxado nom auerá apelaçam, nem agrauo, fe a con-
tia do prin.cipal , fobre que fe o feiw tra1:1ta:, couber
na alçada do dito Julguador;. e nom cabendo o prin-
cipal fobre que fe o feito trauta em fua alça,d a, pode-
raro os Contadores ou as partes agra.uar da dita taxa-
çam da conta por petiçarn na Cafa da Sopricaçam ,
ou do Ciuel , pera a Mefa grande de cada hüa das
ditas Cafas , e dantre outros J ulguadoz:es por Eftor-
mento d'~grauo pera os Defembarguadores do agra-
uo de cada hüa das ditas Cafas, a qual(:}uer de lias que
por Noffas Ordenaçoés o conhecimento·pertencer. E
defpoís de taxado o, falario da dita conta o feito tor-
nará aa maõ do Contador, da qual nom fahirá atc:e
lhe feer paguo o que lhe affi for taxado.
2E
5~8 .O PRIM:qRO Lzv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX:

2 E PORQYE as cufl:as peífoaes fe ham de contar


aos litiguantes, a que forem julguadas, mais e menos
fegundo a deferença das peífoas, e de fua honra, qua-
lidade, c eflado, Mandamos que em o contar das di-
tas cuftas fe tenha a maneira feguinte; conuem a fa-
ber, fe a parte, a que taees cuftas forem julguadas,
for Caualeíro, ou Vaífalo, ou Cidadaõ, ou Bacharel,.
ou Efcucleiro , ou Acontiado em caualo , ou doutra
maior condiçam , ou for mercador , e fezer certo
que dezimou pouco ou muito aquelle anno, que o
feito trautou , em cada húa de Noífas Alfandeguas
algüa mercadoria fua, ou Meíhe de nao de caflelo
dauante , ou de barca que feja de carregua de oiten-
ta toneis, e di pera cima, c::ontar-lhe-ham quarenta ·
reaes por dia pera fua peffoa, e quinze reaes pera
huü feruidor , e q uinze pera o caualo , fe o trouuer•.
1
3 E Qy AN op \llgüas partes forem de tal eftado e
qualidade , a quq fe deuam contar mais fenúdores,
affi de pee , como efcudeiros , como ao diante 'ferá
declarado , contar-lhe-ham pera cada huú feruid r ·
de pee a doze rea ~~s por dia, e aos efcudciros, que lfie
ouueren:t de feer rontados, a quinze reaes ·por di~ a:
cada huú , e q ui9ze pera o caualo.
4 I TEM aos Moedeiros, e Efpinguardeiros , c
Beefteiros do Cor/to, e do Monte, affi apoufentados 1

como por apoufeptar, contaram a quarenta reae~ por


dia ; e fendo prefo cada huü de todos os fobreditos
contem-lhe cincoenta reaes por dia , quer t nha fer ..
~idor, quer nom1
Do CoNTADoR nos :r·EITos E cuSTAs ETc. 529
5 I TEM todos Noífos moradores , que por orde-
nança ajam d'auer ceuada quando teuerem caualo,
aueram as cufl:as camo Noífos
~ . Efcudeiros ; e os ou-
tros Noífos criados que por Noífa Ordenança nom
ajam .d'-auer ceuada, pofl:o que cau<l.lo tenham, aue-
.ram trinta reaes por dia.
6 E sE alguü homem que Efcudeiro nom feja
aleguar, que he homem abaíl:ado., e que coftuma teer
caualo, e qu·e em quanto andou na demanda trouxe
,fempre caua.lo no Luguar onde f~gL io a demanda.
contar-.lhe-ham a~ cuftas de fua pefioa como em ci-
ma Di fiemos , _q ue fe contem ao Vaífalo~
7 E QYANDO as molheres de qyaefquer peífoas
acima nomeadas feguirem feu feito por fi , afli em
vida do marido CQmo defpois ~ em quanto em fua
honra efteuerem , contar-lhe-ham fe em ellcs forem
vencedores, como fe deueriam contar a feus maridos.
- 8 E Aos Cre·liguos d'Ordens de Miífa, e Benef1-
.ciad8s , contaram as cuftas como aos Vaífalos, e Ca-
ualeiros.
9 E sE a peffoa a que as CLifl:as ouuerem de feer
contadas for piam , -contem-lhe a tr.i nta reaes por
dia, andando folto; e fe fer prefo, Mandamos que
aja cincoenta reaes por dia, quer tenha feruidor ,
quer nam : pero fe o tal prefo for Offi.cial macanico
Auemns por bem, que lhe contem a fetfenta reaes
por dia , fe elle na Cadea nom vfar de feu Officio
affi liuremente como faria fendo falto, E aas molhe-
res dos ditos piaens contaram a trinta .reaes por dia,
Liv. L Xxx fendo
530 O PRIMErRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX.

fendo faltas , e fendo pref.1s lhe contaram quarenta


reaes , quer tenham quem as ferua , quer nam.
10 E QyANDo alguü ·Iitiguante nom feguir feu
feito por fi em pefioa, e o mandar requerer por ou-
tn:m, auerá de cuil:as fegundo for a qúalidade do re-
querente , nom paffando do que ouuera o que o am
enuiou , fe por fua pe1Toa a dita demanda requerera.
I I E Q!!ANDo a parte vencedor for morador no
Luguar, ou feu Termo onde fe trauta o .feito, con...
taT-lhe-ham foomente os dias que polos termos do
·feito fe rrióftrar , que pareceo nas AudieBcias , ou
deu inquiriçam , ou for veer como juram as tefie.
'Inlmhas, que fe contra elle derem.
I 2 E POR quanto aalem dos ditos dias as partes
vaam outros muitos dias feguir feus feitos , e eftan-
do conclufos em poder do Julguaclor aguardando as
Audiencias quando feus feitos ham de fahir , c por...
-que taees dias fa 1m incertos, dará o Contador jura-
memo aa parte, que digua quantos fam effes dias
que polos tei·mos do feito fe nom moftram , e os
·que jmar, fe vijr que p0dem cáber no t:empo que o
proce.ITo clúrou , ~:rto lhe contar~ ; com tanto que
por muito tempo que lhe jure lhe nom .conte mais \
,que quarenta dia~ em cada huü anno, no·tempo que
o feito durar , e falarem a elle ; porq e efto fe co-
ftumou affi f(}mp e, e chamarn -fe por ello . dia~ do
coíl:ume , os qu~es dias do cofturne aueram foo-
rnente luguar na.quclles que forem .moradores no
Luguar onde fe'trautar a demanda.
-13 E
· Do CoNTADOR nos FEIT0S E cus·TAS ETc. 531
I 3 E sE a parte vencedor nom ·for do Lüguar e
Termo, onde fe trautar o feito, e vier a effe feito
doutro Julguado, a tal como efte fe contaram os dias
que h i for dctheudo por effe feito, e os dias da h ida
e vinda atee que chegue a fua c~fa , contando a feis
·Ieguoas por dia, e nom mais, e mais tres dias.para.
fc fazer e tirar a fentença; e efto fe entenderá, f e elle
nom ·veio h i por outra coufa, cá fe por arrecadar ou-
tra coufa ve-io mais que por feguir o feito ( o que
ficará em feu jura menta ) entam norn auerá cufi·as,
fenom dos dias que parecer em Juizo , ou der in-
cquiriçam, ou vijr jurar as· teftemunhas como dito
h e , e os dias d.o coíl:u me como fe .foffe morador no
Luguár , e doutr.a guifa nom , e·efte conhecimento
pertence ao . Contador ; e fe jurar que veio ma-is hi
por feguir o feito ; que por outra coufa, contar-lhe-
ha as c.Uftas , p.oílo que hi neguoceaffe outras couÚlS,
.;:orno lhas contara ·fe hi nom n.eguoceara outra cou-
íà, fenom a demanda. Porem quanto aos feitos dos
moradores das Ilhas, e Luguares d' Alem, que vie.r em
a éne Reyno "feguir alguü feito, G:ontar-lhe-ham pera.
a tornada os dias que ao Contador parecer , que fe
B.O caminho pode deter; Porem fe o feito [e acabou
em tempo que nom auia' h i nattio pera partir defte
Reyno pera as Ilhas , por fe nom coftumar naueguar
em tal tempo, feer-lhe-ham tarnbem contados os
dias, que fe po.r cau.fa de affi nom achar• paílagem
ell:euer retardado ; e. fe acerca de !lo. lhe recreccr al-
güa du.lllida fale-o com o Chantder Moor; e fe for
Xxx 2 na
.531 O PRIM!TRo Ltv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX.
na Cafa do Ciuel f.1le-o com o Chanceler da dita Ca-
fa, e nos outros Luguares com o Juiz do feito.
I4 E PORQ!! E acontece muitas vezes , que e!las
partes· que vem dolltros Julguados de fóra fam Al-
faiate , ou Çapateiws, Oll Officiaes doutros. mefl:e-
res, dos quaes vfam continua.damente ne!Ies Lu-
guares onde fe trauta a demanda , e foomente vaam
aas Audiencias os dias que as fazem., e as Audien-
cias acabadas tornam-fe toguo a feus Officios , e fe
de tae.es mefl:eres nom vfaífem poeriam maior deli-
gencia em requerer feus feitos, e aLieriam mais afi-
nha l:iuramento, a taees como etl:es que affi 'vfam
continuadamenre dos ditos meíreres ; e deHes ham
proueito nom lhe contem , faluo os dias que ·fe mo-
firar qwe pareceram em Juizo , ou deram inquiri-
pro, ou vtjram jur-ar tefl:emunl1-as, e os dias do co-
ftume como dito he ; e efl:a mefma .regra fe tenha
naqueUes,_que durando a demanda viuem por falda.
das, ou andam a Ja,rnaes continuada mente no Lu..
guar da demand"'• \
15 ITEM fe alguü Va!Ialo· for peífoa honracfa ,
que nagua configuo alg.uu homem de caualo, ou de
pee, que com et!'e viua , o tal como efte aja cuftas
pera fi e pera feu homem ; conuem a f-aber,. o de ea-
ualo leue a quinze reaes. pera. fi, e quinze pera oca--
ua!o, e o de pee que mais trouxeL aa1em do feu fer-
uidor a doze reaçs por dia-. E eftas mefmas cuftas
leuem as molhen,~s de cada huú· dos fobreditos, que
configuo. trou.uen,~m os femelhantes feruidor:es ., ho-
meni
Do CoNTADOR DOS FEITOS E CUSTAS ETC. 533

mens ou molheres ; e eflo fe entenda, que os que affi


trouuerem fejam de hidadede quatorze annos a d-
ma , e nom lhe contem fenom huü feruidor, pofto
que mús tragua; faluo fe for das peífoas que mais
femidores Mandamos contar. ·
16 !TEM quando algüa parte traz dous , ou
t res feitos, ou mais, como fe muitas vezes acon-
tece , ora os tragua todos com hüa parte , ora com
diuerfas , e for huü feito fentenciado com venci-
mento de cuflas , e os outros feitos efleuereril ainda
por fentenciar a·o tempo que fe contam as cuftas
do dito feito vencido , entam contem ao vencedor
todas as cuílas no dito feito findo, como que nom
trouxefle outro feito . n.inhuü. Porem defpois quan-
do os outros feitos fam fentenciados , e nelles ou
em alguü delles ouuerem de feer contadas cufta-s
ao mefmo vencedor a que ja foram contad·as , o
Contador nom lhe contará· todos os dias, que lhe ja
no outro feito fora-m contados, pera que o Contad0r
dará ruramento ao dito vencedor fempre , quando
lhe ouuer de contar cufl:as, fe lhe foram ja contadas
outras cuffas daquelle tempo que o feito, em que
lhas entonce conta , mais durou. Pbrem aquellf!
ou aquelles , fobre que afil nom fom contadas as cu-
fias dos dias, que O·outro feito em que o ven€edor
primeiro venceo. du-rou, ferá obriguado pagua·r as cu-
fias dos dias, que os ditos feitos duraram, em quanto
o feito que primeiro foi fentenciado durou , foldo
aa liura per r.epartiçam dos dias que·os feitos junta-
meu-
534 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX.
·mente fe trautaram, os quaes fe paguaram aaqu.elle
que ja foi primeiro condenado que as paguafie ; e
norn eílando elle ' no Luguar onde fe a.dita conta
o
fezer, Contador as fará entregua-r ao Mempoílei-
ro dos catiuos do dito. Luguar; e fe efte que pri-
meiro foi c::ondenado, e a que as ora Mandamos tor-
nar, as vier demandar atee dous mefes, do dia que
,forem entregues ao Mempofteiro , o Mempofteiro
lhas entreguará ; e nom as vindo pedir no d1to tem-
_po ficararn deuolutas aos catiuos. E fendo cafo que
ao tempo que o Contador conta as ditas cultas os
·outros feitos forem fentenciados com vencimento
de .cuftas de peí1oa, entam repartirá o Cont~dor as
ditas cuílas de dias de pei1oa por o Otltro feito, ou
feitos em que lhe foramjulguadas cufl:as, que forem
fentenciados ao 9ito tempo que am çontarn as ditas
cull:-tts; porque os feitos em que nom for vencedor
em cufl:as nom ham d'entrar em repartiçarn pera
por elles lhe ferem defcontados dias alguus.
17 · ITEM mu ttas vezes acontece, que molheres
que nom fam de Vaffalos , nem das peffoas que cu-
Has de Vaffalos deuem leuar, e iffo mefmo homens
'
velhos ,·ou mancos , ou doentes , que norn podem\
vijr de pee, e trazem beftas aluguadas em que ;vem,
quando taees .peflbas forem vencedores em cufias,
.contar-lhe-ham os alugueres que fezerem cert ~ que
deram por erras beftas em que vieram , e efta groua
daram por tefl:e~unhas, ou por Efcriptura , .~ "fe dif-
1
ferem que nom t 1~ m teHemunhas, nem Efçriptura ,
fkará
Do CoNTADOR nos FEITos E cusTAs ETc. 535
ficará em feu juramento , com tanto que o que affi
jurarem nom paffe de duzentos reaes. .
18 !TEM quando forem julguadas aa parte ven,..
cedor as cufl:as do proceílo foomente , contem todars
as cufl:as que a parte fezer no proceffo-, e mais nam;
e quando achar que as cufl:as farn julguadas em do-
bro ou rresdobro, contará tod~1s as cufl:as, que fe mo,.
fira r que a parte fez, em dobro ou tr esdobr.o ; .faluo
affinatura , e o falaria do Procurador, e feitio da fen-
tença, e Chancelaria della, e a conta do Contador.
I 9 I TEM contará aas partes vencedores em cu-
fias todalas barcas que paffarem a traués em vindo
ao feito , e tornando pera fua cafa quantas vezes as
paffarern ; e nom lhe contem barcas de longuo do
. rio ; pofto que o aleguem , foom ente os dias da pef-
foa, contando a feis leguoas por dia como d.i to he.,
porque affi fe coftumou antiguamente.
20 E AOS que vierem por mar de tal Luguar,
que fe quiferam bem podéram vijr por terra, . con-
tar.-lhe-ham a feis leguoas por dia. E fe vierem de tal
Luguar, que norri podi.am vijr fenom por mar, con-
tar-lhe-ham todo tempo que andou .no mar, quan-
:to aa vinda.
2r I TEM muitas vezes acontece alguas ;partçs
vijrem aa Corte, e feguirem feus feitos, e_fe che-
guarem a alguüs Fidalguos _, ou .Gffid<!eS de Noffjl
Cafa , ou femelhante.s peffoas, per diuido, ou cria_-
çam , ou amizade que co.m elles ham , e-os acom-
panham e feruem' e lhes dam _d e comer, e . gu_áfa-
lhado
536 O PRIMEIRO Liv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX.
lhado de poufada e cama, porem porque pala maior
parte fempre paguam o tal guafalhado e comer em
outras taees obras , ou femelhantes , e affi as partes
recebem perda de fua fazenda em virem , ou man-
darem requerer os ditos feitos, Mandamos que as
ditas cuftas lhe fejam contadas, como que comeram
aas fuas cuftas.
22 ITEM fe o feito fe trautar na Corte, e a parte
vencedor for Defembarguador , ou Procurador, ou
Efcriuam, ou tal Official, que por bem de feu Officio
deue eftar cada dia nas Audiencias , ou fe fe trautar
perante o Juiz, e a parte he Tabaliam, ou Procura-
. dor , Oli Porteiro , a tal como efte nom fe contem
dias de peffoa, nem de coftume; porque ainda que
tal feito nom ouueffe, auiam de hir a Audiencia por
razam de feu Olficio.
2.3 ITEM aos Meflres·, Arcebifpos , Bifpos , e
Condes , e Priol do Eíprital contaram atee vinte
encaualguadura9 a cada huü ; e fe menos trouxerem
lhe COntaram [OI,:iOS OS que trouxerem, que fejam feUS
proprios , e alheos nom ; e fe mais trouxerem '4ue
vinte , nom lhe contem mais.
24 ITEM ao Abade d'Alcobaça, e aq Priol de
Santa Cruz confaram atee noue ; e (e menos trouxe-
rem contar-lhe-ham todos os que trouxerem, e ain-
·da que mais rrapuam nom lhe contem mais ; , e por
· femelhante conyaram aos outros Abades Bentos qua-
tro , e di pera fundo , e mais nam.
· 25 hEM aa,s Comendadores Moores, ou Fidal-
guos,
: Do CoNTADOR DOS FEITOS E CUSTAS ETC. 53 i
gu~s, ou Caualeiros honrados de femelhantes con·-
diçoés , ou maior, fcis encau alguaduras , e di pera
fundo; e fe menos trouxerem, contem-lhe todos os
.q u e trouxerem feus proprios , e alheos nom ; c fe
m ais trou xerem , nom lhos contem.
26 ITEM a outros Caualeiros , Oll' Defembargua-
dores , ou Doutores~ ou Licenciados , ou Meihes
e,m Theologia feitos. por exame em Efludo geeral ~
o_u Efcudeiros de qúalidade mais fomenos-; que os
fobreditos Caualeiros, atee quatro encaualguaduras;
e.fe menos trouxerem • contem-lhe todo~ os qu e
trouxerem , fendo feus proprios como dito he ; e fe
rpais trou~erem, nom lhe contem mais.
_27 E A OUTROS Caualeiros, e Efcudeiros mais ba-
xos, contaram huü homem de caualo, fe em fua cafa
o. co!l:umauam trazer, e dous de pee, íe os trouuerem •
. 28 E A TODAS as peífoas, a que em cima Manda-
mos contar encaualguaduras , lhe feram contadas
q uando as elle coftumaua de trazer C(:mfiguo, quan-
do hia fora de fua cafa a outra parte , ou aa Corte ,
nom feguindo demanda ; porque fe as nom co!l:u-
maua trazer, quando hia fora de fua cafa a outra par-
te, nom lhe feram contadas quando as traz para fe-
guimcnto do dito feito ; foomente lhe contaram as
que affi coflumaua trazer , quando hia fora de fua
çafa.
29 E -BEM ASSI nom lhe terá contada encaual-
guadura algüa a ninhua peífoa das fobreditas, quan-
do cada húa .das ditas pefloas trouxer a demanda 1)0
•. Liv. I. Y yy Lu-
SJS 0 PRIMEIRO Lrv; DAs ÜRJ5EN. Tr-:r. LXX.

Luguar ond'e he morador~ pofto qll'e nas Audiencias;


pareça, e que as ditas encaualguaduras ou mais ou·me··
nos configuo tr:~gua ; !àomenre lhe feram contadas ,
quando br fora de fua cafa a feguir a demanda , e a
demanda fotTe com pcfloa igual a elle, ou de mai't>r
condiçan>; e na-m fendo a demanda com petToa igual
a elle , ou fendo a demanda em o Luguar onde he
morador, contaram foomente as cufl:as dos dias da
peífoa a huü requeredor feu , fe _o. teuer, fegundo a:
Llualidade do rcqueredor ; conuem a fab€1 .. fe for·
piam , como a piam ,.e fe for Efcudeiro, ou homem
de caualo,_como a Efcudeiro, ou homem de caualo•.
30 E Nos · ditbs cafos em que affi Mandamos.'
contar as dit\ls enca,ualguaduras a cada' hüa das. dítas.
pdioas , fe nom t~puxerem tantas cncaua.Iguadurél's,
e trouxerem fewido~·es de pee ,, ou. hüa a.z.ema.Ja ·, -ou
duas, e req uer.erem ~ ue lhe contem tantos. feruidores,,
c.:>u azemalas em lugua.r das. encaualguaduras, contar'-
lhe-ham os femidon.:s que trouxerem, cmltando-lhe'
a. cada feruidor a dój~e reaes, como homem de pee,
affi cada húa azema\a com feu -a~emel por hüa en.. \
caualguadura, em q:t,J anto couber n.o nu mero das ehl"' \
cGualguaduras; e i(fS' mefmo fe tro'oxer mais de·huti;r
caualo de fua peífoa l contar-lh'e-harn atee dous' ca.:;.
ualos pera íua peflo<y, e huü delles fetá etn como das-;:
encaualgua-duras., cqntando-lhe foomente· a quin e:
reaes pera. o ca-ualo •
. 3 r ITEM aas molheres d~e cada hLtÚ dos fobredi-~·
t@sh outros tant.os h.ofilens ·e_mo!.h.cr.es por tod<:>s, co;.
\ IDa,
Do CoNTADOR nos FEITos E cusTAs :f.T c. 539

mo" aos maridos, fe os trouxerem feus, e alheos nom,


e da maneira que em cima Diífemos ; e efl:o fe en-
tenda tambem em as molheres dos fobreditos , que
viuuas forem; e fe mais trouxerem, nom lhe con-.
:tem mais.
32 ITEM em todos eftes capitolos que falam das
·encaualguaduras, que ham de feer contadas aos Me-
ftres, Priol , Arccbifpos , Bifpos , e Condes, Aba-
de d' Alcobaça , Priol de Santa Cruz, e Comenda-
dores Moores , e aas peífoas de femelhante maneira p
nom fe contaram nas ditas encaualguaduras as fuas
peífoas principaes ; porque aalem das ditas encaual-
.guaduras lhe contaram as fuas peffoas.
33 E PORQYE muitas vezes acontece ferem cha-
madas algüas peffoas aa Corte, 6 a outras parres pera
tefl:emunharem em feitos , que a elles nom perten-
cem, aos quaes os Julguadores mandam algüas ve-
.zes paguar as cuftas da vinda , efl:ada , e tornada ;
Mandamos que em taee21 cafos lhes feja paguo fe-
gundo o Regimento fobredito das cuíl:as , e mais
o que de feus officios e mefl:eres perderem por hi-
.rem affi fora dar feus teftemunhos.
34 E o dito Contador contará pera fi da conta
das cuftas que affi fezer feu falaria por a maneira que
fe fegue ; conuem a faber , nos feitos que fe trauta-
rem por auçam noua leuará de cada conra que fe-
zer dezoito reaes, affi da que fezer do que monta ao
Efcriuam, ou Tabaliam da parte do Autor, como da.
que fezer do que lhe monta auer da parte do Reo, e
Yyy 2 affi
I
540 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX;

affi leuaní d'ambas as ditas contas trinta e feis reaes;


e pofto que aja rambem de fazer conta de dias de
pelfoa, por o Autor ou Reo as vencerem, ou poílo
que aja de contar a ambos, nom Ieuará mais coufa
algüa. E eíl:o auerá luguar em todos os Contadores ·
.affi da Corte, como da Cafa do Ciuel, como em to..
dos os Contadores de Noífos Reynos.
35 E Nos feitos que por apelaçam vierem aa Cor"'
te, ou Cafa do Ciuel, ou a qualquer Julguador que
por apelaçam poífa conhecer , fe vierem dante al-
guüs . Corregedores, ou J ulguadores de cujas fenten--
ças fe deua paguar dizema , e os ditos feitos forem
fentenciados,. e fem cuflas, ou cufbs do procdfo foo-
mente, c as panes ambas ouuerem viíl:a, leuar<Í foo-
mente dezoito reaes de cada conta , como em cima
dito he; conuem ~ faber, dezoito da parte do Au~
tor, e dezoito da parte do Reo. E [e nos ditos fei..:.
tos forem ju!.guadas cuftas ele peífoa a hua [oo par-.:.
te, poíl:o que nom puuefle vif1a, leuará mais outt'os
dezoito i·eaes , e affi leuará por todo cincocnta e
r. . ~. d ~
q u·a tro reaes ; con~e~m a 1a!)er, tirlnta e rets a conta:
daquelle a que conpm cufl:as da peífoa , e ·dezoitó \
da outra parte. E fe a ambas as partes ouuer de con- ·
ta r cuítas de pelfoa·, leu-ará de cada hüa trinta e fei3
reaes , e afli fam por todos fetenta e dous reaes , os
quaes lhe Mandamps leuar, por quanto- ha de fat-er
maiores contas p0r caufa da·dizema.
36 E sE das d itas apelaçoes nom ouuq vifta,
nem cnflas de pefrqa , leuará íoomente da con.~a qtw
f e...
Do CoNT~\DOR nos HITos E cusTAs ETc. 541

fezer noue reaes. E fe hua foo parte ouue viíl:a , e


outra nam , feuará da parte que ouue vifta dezoito
reaes, c da outra· nom leue nada.
37 E QYANTO heaas apelaçoes que vierem dan-
te os Juizes Ordinarios, e de cujas fentenças fe nom
deua paguar dizema , fe nas ditas apelaçoens ouuer
viíl:a dambas as partes , ora aja condenaçam de cu-
fias de peffoa , ou do proceífo ,. ora nam , Ieuará da
conta de cada huü dezoito reaes. E f~ hua foo pa rre
ouuer ,viíl:a, e outra nam , leuará da conta daquella
parte que ouue vi(la dezoito reaes , e da outra
que norn ouue viíl:a nom ·leuará nada. E fe hua
parte nem 01:1tra nom ouue viíl:a , e a fentença foi
fem cuíl:as , leuará foomente noue reaes; e auendo
·vencimento de cuíl:as, ora feja do proceífo, ora de
peifoa, Ieuará daquella conta que faz da parte em
que ha y cuíl:as dezoito reaes, e da outra parte nom
leuará coufa algua.
3 8 E QlJ ANTO a as contas que fezerern nos feitas
d'agrauo, leuaram de cada conta aquello que e m ci-
ma Di!Temos, que leuem dos feitos das apelaçoes,
'fegundo a diíl:inçam que em cima Diifemos nas di-
tas apelaçoes.
39 E PORQlJE muitas vezes acontece, que quan-
do ham de contar a~ ditas cu!las aas partes ambas,
as ditas partes :nom fam ambas prefentes, pera aue-
rem de paguai- ambas ao Contador feu trabalho,
quando tal coufa for , pcnha-fe a pagua da s ditas
contas fobre a parte que for prefente, e· ella aspa-
gue,
542 O PRIM:EIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXX.

gue, e no .encerramento, e cabeça das curtas, carre.


gue o Contador .na foma a outra parte, de guif.1 que
a parte que as paguou as leue na fua foma , per.a
lhas auer de paguar a parte que nom foi prefcnte
aa dita conta, como dito he.
40 E SERAM auií.1dos os Contadores no contar
dos feit.os , que faibam das partes quanto he o que
lhe leuaram os Efcriuaes , e Tabaliaes, e Porteiros ;
e fe acharem que mais lhe leua'tam, que aquello que
rpor Noffas Ordenaçoes ou feus Regimentos lhes he
taxado, façam.lho loguo tornar a effa pane eifo
que lhe mais leuaram em dobro, fegundo he con,...
theudo neíte Liuro, no Titulo Do que ham de leuar
.os 'J'abaliaes, e Ejcriuaes ; e quanto aa mais pena que
por ello os ditos Officiaes merecem, a aueram quan-
do por ello forem A<:ufados perante feus Juizes com-
petentes.
41 E o CoNTADOR das cuftas nom contará feitqs
:alguüs, em que elle aja d' auer falaria como Efc'ri-
uam ou Enquercdor ; e iffo mefmo Mandamos,
que ninhuú TabaJlam, nem Efcriuam, nem Enque-
red<>r, nom feja Contador do feito, de que aja d'auer
falaria; e fazendo cada huu dos fobredítos o con-
trairo , perca o Officio pera o Darmos a quem No!fa
Merce for.
42 E l\1AN o,~ Mos que a parte , que vencer aon':"
tra alguü prefo , faça leuar loguo ao outro dia fe-
guinte o feito ao Contador; e fe mais tardar, em o
fazer leuar , que pague as cuftas do retardamento :
e
éoMO HAM DE CONT. O S'ALA:r{. AOS PRdCt1-R. 543
-e ilfo mefmo ferá a dita parte vencedor obrigado le-
uar a fentença, que affi guançar contra o prefo , o
dia que lhe por o Contador foi dado, pera chegua·r
aa terra onde o prefo eftaa; e nom a leuando ao dito
tempo , que lhe pague as cuftas do que mais retar-
dar em dobro. E bem affi Mandamos , que o .Con-
tador conte todos os feitos. dos prefos do dia que-
lhe derem o feito a dous dias, fob pena de lhe pa-
guar as cuftas do retardamento em dobro.
f •

T I T U L O LXXI.
Como ham de contar ofalaria aos Procuradores.

A OS Procuradores dos feitos contaram de falaria


dos fdtós· ciueis a quarentena do que vencerem, ou
defenderem , atec contia de fetecenros e -vinte reaes;
e· por quanto em eftes falarias haa alglias duuidas , .
.Declarando acerca dello, reer-fe-ha efta maneira,
quando fe ouuerem ·de contar.
- I ITEM porque muitas vezes acontece orde-..
nãr-fe huü feito de gra1Íde contia fobre Efcriptura·
pubrica , e pofto qué a parte contra que fe dá a tal
Efcriptura peça o treslado, e venha· com em barguos,
nom lhe he ddles conhecido , mas o Ju·iz fem em-
barguo delles procede polo feito, dando em elle final
deterrninaçam , em tal cafo auerá o dito Procura-
do.r o terço do dito falaria.
2 E
54'1- O PrUMEIRo Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXXI•

. 2 E SE effc1 auçam aili pofta por Efcriptura pu-


brica he julguada que procede , e a parte pede o
treslado de !la, aleguando algúa razam , de que he
conhecido, e daa em proua outras Efcripturas, e fe
. razoa fobre ello, e o feito he loguo determinado [o-
bre taes Efcripturas , fem outra proua de teftemu-
nhas , entam aja ciTe Procurador as duas partes do
dito falaria.
3 E sE. a parte de tal Efcriptura pede o treslado,
e vem a ella com embarguos, e os embarguos fam
taees que procedem , e for fobre ello filhada proua
de teftemunhas , e fobre effa proua for dada fenten-
ça, cntam ajà o Procurador que vencer ou defen-
der p falaria inteiro, fe cheguar effc vencimento
aa contia, por que o deua de leuar, fegundo ao dian..
te ferá declarado.
4 I TEM effo me,f mo fe acontece por vezes ordc-
nar-fe huú feito fobfe muito pequena c?ntia, affi fo-
bre herança, como fobre coufa3 mouers , e dura per
longuo tempo, e o Procurador leua em ello grande
trabalho , aas vezes pm: feer em por1to de Dereito, e
lhe conuem de eftu~ar fobre ello, ou por ferem mui-
tas Efcripturas que,: aja de prouer , e fe aconteçe de
tal feito nom monttH a effe Procurador de quarente-
na de feu falaria de dez atee vinte reaes , fem razam
feria nom auer gualardam de feu trabalho ; porem
quando o Contador femelhantes feitos contar alui-
drará eíie falaria que lhe parecer, que razoadamen-
te merece , com ~ anta qJ.le nom chegue ao falaria
m-
CoMO HAM DE CONT. O SALAR.• AOS PROCUR. -545
inteiro e fe duuidar em ello 1 fale com o Chanceler
Moor 1 fe o feito fe trautar em Noffa Corte 1 ou em
a Cafa do Ciuel com o Chanceler da dita Cafa , e
nos outros Luguares com o Juiz do feito. E eftes
falarias fe entendam i1os feitos que cfles Procurado-
res nouamentor.críam, e procuram atee definitiua.
5 hEM em feitos ciueis que vem por apelaçam
ou agrauo aos Sobrejuizes , e Ouuídores da Corte, e
0!. outros Defernbarguadores , de raees feitos como
eftes contaram aos Procuradores a quarentena do
que vencerem ou defenderem atee contia de trezen-
tos e feífenta reaes , e mais nom j por quanto nem
leuam tanto trabalho 1 como aquelle que cria o feito
de nouo.
6 E PORQ!JE mliit51s vezes fe acontece vijrem
feitos aa Corte por ape laçam, ou agrauo, foomente
fobre o libelo , e ficam lt>guo na Corte , e defpois
crecem tanto em leétura , que leua o Procurador em
elles grande trabalho, em tal cafo como efl:e con-
taram ao Procurador de falaria quinhentos e qua-
renta reaes 1 que famas tres partes de maior quaren-
tena 1 fe for de contia de q Lie o deu a leu ar ; e nos ou-
tros'· fcitos de que ja vem tiradas as inquiriçoes, e
defpois crecem na Corte por Efcripturas que em el-
les dam , ou per interlucutorias, de que recrecem
i-nquiriç0es outro ta~to como aquello que vem da
terra ., ou pouco mais ou ·menos , em taees feitos
. <:orno ·eftes) contaram a e.ífe Procurador a quaren-
-!=ena do que vencer ou defender atee contia de qua-
Liv._ I. . Zzz · tro...
546 O PRIMRIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TIT. LXXI.

troccmtos -e fetenta e noue reaes, que he as 9uas par-


tes da maior quarentena.
7 hEM nos feitos das injurias verbaes, em que
nom Gabe pena de J uíl:iça, contaram aos Procura-
dores a quanmtena do que vencerem, aili como nos
feitos Giueis, e teram em ello a regrat:ontheuda ne-
fta Ordenaçam.
8 I rEM muitas vezes acontece vijrem aa Corte
EO:ormentos d'agrauo, e Cartas Teíl:emunhavtÚs, ou
EO:ormentos de dia d'aparecer, e as partes fazem em
elles Procuradores , ou fem procuraçam lhos darn as
partes que razoem, porque os trazem abertos, e
foomente poem nas coíl:as huum razoado , e o le-
uam affi ao Julguador, e fe he dia d'aparecer fazem
àpreguoar a parte , e ficam loguo conclufos fem
mais em elles efcre'u er, em tal cafÕ como efle norn
contaram aos Proc~radores quarentena de!To que a·
parte vencer, foomente lhe <::ontaram vinte ou trin-
ta reaes, fegundo fqr o trabalho, e crecimento defre
Ellortnento , em q~e áfli razoar. . . ·
9 hEM fe a parte manda da Terra alguü Procu-,
radar aa Corte, que folicite e procure·fru feito, e efla
parte por fi razoa, fem tomar Procu,rador , e tal
parte como efla for vencedor em cuflas , faram pre...
gunta a effe Procuria.dor fe quer ante leuar a quaren-
te:-la do que venceo ou defendeo, affi como he a..
xado ~os Procuradores do numero , fe ante os dias
da peffoa, fegundo a declaraçam feita em efla Orde....
naçam; e qual deftas efcolher eifa lhe contem, d~
tal
CoM.O. HAM DE coNT. o SALAR. Aos PRocuR. 54 7

tal guifa , que onde leuar dias de peffoa nom leue


falario., e fe leu ar falar i o nom leu e dias de pelloa ,
faluo os dias que pofer no caminho de h ida e vinda ~
IO hEM fe algüa parte pr inci pai, ou feu Solici-
tador, ou Requeredor, nom quifer tomar Procura-
dor , nem elle por fi nom o fa be procurar , e buf-
car de fóra alguu Letrado que lhe fa ça as razoes fem
veer o feito, e efla parte apreíentar as razoes nas
Audiencias, quando tal parte como eA:a for vence-
dor em cuíl:as dar-lhe-hamjuramento, quanto deu a
.effe Letrado por effas razoes que lhe fez , e tanto
lhe contem, fe vijrem que fam feitas por: Letrado;
com tanto que eífo que contarem nom paífe de du-
zentos reaes , fe taees razoados fam em que fe me-
reçam, poíl:o que a contia do que vencer feja gran;
de ; porque de' razam fe moíl:ra nom auer em ello
grande trabal~g effe Letrado , pois fez razoés a dito
,da parte , e nom vee o procello.
. · I 1 I TEM feram ~uifados, que gom cont~m fala.,.
r~o ao Procurador do numero , fe lhe procuraçam
.nom acharem feita no proceffo ;- e fe o contarem
.paguem-no de fua cafa aa parte C(;mdenada ; falu<?
cllOS feito~ crimes dos pre(os , que por cofrume anti-
guo os ·Procuradores ·podem procurar p9los prefos
COI!'O ajudadores, poíl:o que nom tenham procura-
çoes , em eíl:e cafo lhes contaram feus falarios fegun-
do fe adiante declarará.
12 E POR nom feer duuida , corno f~ h~m de
çontar eftes falarios) quanto pertence ao venc~r, e
Zn ~- de..
543 o PRIMEIRO LIVRO DAS ÜRDEN. TIT •. LXXI.·

defender, verá o Contador aqueiro, que ao Autor


he julguado do principal na fentençà, fern efguardar
aquello que he pedido, e detto que he julguado
contará a feu Procurador a quarentena atee a dita
contia como dito he. E ao defendedor, verá o que
o Autor pedia no libelo , e daquello que o Reo vai
abfoluto contará a [eu Procurador a quarentena atee
· contia de fetecentos e vinte reaes , como he decla:..
rado no primeiro capitolo ; e fe todo o que o Autor
pedia no feu libelo lhe for julguado , de todo feu
Procurador auerá a quarentena atee a contia fobre..
dita. E fe o Reo for abfolto de todo o que contra
elle ped1do era , de todo effo que he abfol'to conta'-'
rá a feu Procurador a quarentena atee a dita corr..'
tia, como declara?o he. E Mandamos que a dita
quarentena , que aJii o dito Procurador haa de leuar
de feu falaria, que fe entend·a de toda a· condena-..·
çam, ou abfoluçam, em que o Reo feja condenado
ou abfoluto, affi do principal, corno de qualquer.
ace!lorio, aJii de penas, como de intereffés, fruitos ~·­
ou· dânificarnentos, oll' qualquer outra coufa feme-.
lhan-te, em tal guifa qu:e a: dita· quarerntena nom féja
contada por refpe}to feomente da co denaçam do
principal, mas de toda· a dita condenaçam·, affi'do
principal e aceflorio , como dito ·he.• E fe em toda
a·dita quar~ntena montar mais que os ditos feteaen-
tos e vinte reaes, nom Ieuará mais , como em cima
he declarado. Pero Mandamos que fe nom entenda
em a-dita qtiarentrna:·a·condenaçam das cuftas ·, por,
qu~
/

CoMo HAM DE CONT. o SALA R. Aos PRocun . . 549 .

que as cultas fe julgua m tanto e mais per aluidw


do· Julguador, qlle por rigllor de Juftiça ; e por
tanto nom he razam, que por refpeél:o dellas fe
julgue a qu-arentena do Procurador; fa·luo fe as dita~
curtas forem julguadas per vertude dalgüa c~rigua­
çam que algt:~ü prometa. que nom comprindo· a
principal , que pague todas as cufl:as que fobre ello
forem feitas; ca em tal cafo ferá contado a quaren-
ten-a ao dito Procurador Iam por refpeél:o das cuftas,
como do principal , fegundo em cima dito he da·
condenaçam aceíforia dos fruitos e penas.
13 hEM nos fúros crimes d« grandes malefki.-
os, afii como mone de· homem , ou aleiue ,. ou fa._
droice , ou moeda falfa , ou· outro maleficio feme-
1hante 1 o qual fendo prouado contra· o·acufado mor-
t:eria por taees crimes 1 conta-ram. ao Procu·rad·o r no-
uecentos reaes brancos; e efl:o· [e entenda fe o·Procu-
rador começa-ffe eff-é feito, e 0 feguir e procurar atee
definitiua. E quando taees· crimes graues vierem por
apelaça.m aa. Corte·, ou aa Cafa do Ciuel , contaram;
ao. Procuraclor que vencer , ou defender, quatrocen-
eos e cincoenta reaes 1 e mais nom ; e porque aas ve:..
z·es acontece crecer no cafo da apela-çam· outro tanto.
e mais , que aquello que vem da Terra, quando tal.
feito. for vifto por elle , contará a· efk Procurador
quinhentos e quarenta reaes , fe vij't que o feito he:
ta1•, que com jufl:a· razam o merece.
1·4 hr::M fe for feito crime em que nom caiba
pena- de-morte , pofto que lhe prouado fofie o ma-
leficio ~ .
550 O PRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. TrT. LXXI.
leficio, e deua feer degradado, ou açoutado, ou lhe
deceparem maõ ou pee, ou outra pena femelhante, .
em tal cafo como é:rTe contaram ao Procurador que
vencer, ou defender, quinhento~ e qu.a renta reaes ~
fe o feito começar de nouo, e trautar atee definitiua .
E [e vier por apelaçam, contararn ao Procurador
que vencer, ou defender) duzentos e íetenta reaes,
fe vijrem que o feito he tal, que com juft:a razam o
deue-Jeuar.
I· 5 I TEM porque acontece por vezes , que cftes
feitos, que affi vem po·r apelaçam, {am tam ·peque-
_nas; e de tam pequeno volume, pofl:o que fcjam
grandes rnaleficios, que o Procurador nom poem em
os veer foomente húa hora, e fe h e com a J u fl:iça norn
faz em elle fe nom huü foo razoado , e fem razarn
feria leuar tam grande falario como ~os outros fei•
1

tos grandes , em que trabalha mais tempo_, porem


quando taees feitos co~-tarem., contàram a cífe Pro-.
curador, que vencer G>Ll defender, aquello que com \
confciencia e juftamet1te merecer fem ninh.üa afei-
çam; e fe duuidarem f4.!ern com .o .Chanceler Moor., \
\
ou Chanceler da Caía c,lo Ciuel j ou ao J ui1z do feito,
que em Noffo Nome ~Jefembarguar as ta~çs apda-
çoes ; nt>m fendo em .ninhüa das -Noífas ,çafas da
Sopricaçam, ou do Ciuel.
I 6 ITEM quando o~ taees feitos vierem por apela-
çam perante os Ouuid9res dos Mdhados, o~ outros
Senhores, contaram ~ o.s Procuradores am~tade clo
que Màndamos contali· aos Procuradores ,c\a CÇ>r-te.
CoMo HÃM DE coNT. o SALAR. Aos PRoCuR. 551.
E fe perante os ditos Ouuidores fe rraut'arem alguüs
feitos por noua auçam , por terem pera e-llo Noffa
P:rouifilrri, contaram aos Procuradór~s todô o falario,
que em cima Mandamos contar aos Procuradores
nos feitos das auçoes nouas.
I 7 I TEM feram a ui fados os Contadores no contar
dos feitos, que faibam das partes quanto lhe os Pro-
curadores leuaram , e fe acharem que mais lhe le-
uaram do que per efte Regimento lhes he taxado ~
e as partes requererem, que lhe faça torna"!- o que
afli mais leuaram , elle Contador lho fará . tornar ,
fem mais por ello o Procurador auer ·outra pena
algüa.
I 8 E os falarias dos Procuradores nos feitos que
nouamente começarem, ham de feer paguos em e !la
guifa: a terça parte ham dauer, quando o libelo for
julguado q!je procede ; e outra terça parte , quando
as inquiriçoes forem abertas e pubricadas ; e a óutra
'terça parte, quando 'o feito for findo por fentença
definitiua. ·
19 E MANDAMOS que fendo as partes prefentes
no luguar onde os Procuradores forem moradores ,
demandem feus falarias do dia em que fe pubricar
a fentença definitiua , em que elles forem Procu-
radores , a tres mefes ; e nom .. os demandando no
dj~o tempo nom os pdtfam mais demandar, nem
fejam fobre iffo mais ouuidos. ·

T r..
}52 O PRHIEIRO Lrv. DAs ÜR)}EN. Tn. LXXIII.
T I T U L O LXXII..

Do Ja!ario que harn de levar os Cami11beiros.

POR quanto ~os Caminheiros nom he dado Re- . . .


gimento certo , do que ham de leuar das partes de J
trazerem as apelaçoes aa Corte , Mandamos que os
ditos Caminheiros leuem daqui em diante de cada
apelaçam que trouxerem aa Corte a cinco reaes por
cada huüa leguoa, que ouuer do Luguar donde par...
tir atee onde a Cafa dl:euer, e dl:o atee o dito feu
falario poder cheguar a cento e cincoenta reaes , e
mais nam ; porem Mandamos, que polo dito modo
fe co11:te o fa1ario aos ditos Caminheiros por manei-
ra que nam leuern mais, que os ditos cinco reaes .
por leguoa como dito f~e. E fe as leguoas forem tan ..
tas , que ·contando a cinco reaes por leguoa lhe
montaria mais de cada hüa apelaçam, que cento e
cincoenta rcaes , nam leuaram , nem lhe contaram
mais, que os ditos cento e cincoenta reaes por cadíi_.
apelaçam. · ~

---------------,-~---------------------
T I T U L O LXXlii.
J<ue os O.!Jiciaesjejam {le idade de-vinte e cinco a'n1tos~

M ANDAMOS qpe ninhua. pe!Toa po!Ta feruir


-Officio alguü de Jufti~:a, nem da Fazenda de qual-
,g,u~t:
Dos Q.UE VENDEM SEUS ÜFFICIOS ETc. 553
qüer qualidade que feja, nem ·da gouernança das
Cidades, e Villas, e Luguares de Noífos Reinos, que
lhe dado feja, nem menos o poffa feruir em nome
doutrem , pofl:o que licença aja pera ello, fe nom
paliar de vinte e cinco annos ; e fazendo o contrairo
(e o Officio for feu perca o Officio, e nunca o mais
aja , e no,m fendo feu perderá a extimaçam do düo
Officio, ametade pera quem o acufar , e a outra.
metade pera os catiuos.

T I T U L O LXXIIII.
Dos que vendem je143 O.fficios fem licmça d' ElRey, ou os
renunciam ejlando doentes, ou tmdofeito 7telles. alguíis
. erros : E que nau jeruau1 feus O.lficios por ou/rem :
: . E que Jejam cajados.

M ANDAMOS que os Tabaliaes, e Efcriuaes, e


.quaefquer outros Noffos Officiaes nom poíTc1m ven-
:der os Officios que de Nós teuerem a nin~üa pefiúa,
,nem os trefpafiem, nem renunciem em outrem fem
.Noffa efpecia1 licença ; e vendendo-os, o vendedor
.perca o preço que por tal venda receber, ou efperar
de receber , e mais perca o dito Officio, e o com-
_prador o nom polfa auer, e fiqu~ a Nós pera o Dar-
. :mos aquem for Noffa Mercê.
_ I E As.sr MESMO o nom poderá renunciar quan-
Jdo ,efl::euer doente Qe poença periguof~ de mort~ ; e
Liv. I. Aaá~ fe
!5~ O PttrMnrto Lrv. DAs ÜRI:>EN'. Tn. LXXIIII.
r~ r:en-unciar eftando doente de doença periguofa
(!)

'de morre , ·ou ·eftando doente de qualquer ck>ençll


dle f}'lile te finar do dia que a renunciaçam fczer a.
t'.ri1ita dias, nom valerá a dita renunciaçam, e o di-
to Officio fe perdcFá pcFa o Nós Darmos a quem for
Nofla Mercê, ·pofto que o O.fficio foffe já dado por
Nós) ou por quem poder teueífe de a daF a. ·Ollitliem
poF, bem ·da düa. renunciaç.am ..
2 ·E ASSI MEsMo o nom poderá reFlunciar, nem
vender, pofto que Noífa auél:oridade tenha pera o
vender, quando nelle teuer feitos alguus erros per
que o deua perder.. e renunciando-o, ou vendendo-o
como dito he, poderá defpois feer acufado por os di..
tos erros , pofto que o Officio efteja em poder dou.·
tro Officia}, a·quem Tenhàmos feita mercê -do d{to
Officio por vertude 'd a dit.a renunciaçam ; e ·ferá
condenado aquelle que o dito. Officio·renunciou na
valia do dito Offi.cio J•. ametade pera quem o acufar,
e a outr:t metade pera a Nofla Camara , e mais aue.
rá qualquer outra per~a de ju.ftiça, a que com derei ..
to por os taees erro1 for obrigua:do ;, porem nefte
cafo pola pena da Víllia do Offi.cio ~ fobredito , fe ·o
ttom começarem a acufar do dia que a tal renuncia-
çarn fez a dous annos, nom poderá mais por ella feer
ácufadO", nem demandado. E qt:1anto aa pena crime
pod~rá feer ácl1fa t e punido dentro no tempo -que
o Dereiro quer , que ps taees crimes poffam feer acu-
fados. E aquelle a qqe Teuerinos feita mercê do di-
·to Officio por vertude da di~a renunciaçam, f?' nom
..... p!r~.
, - Dos ~. E vF.N.DEM' sEus 0FFa:C.i~ ~E:r .c~ · S•H
perderá pol.os e.rro.s '}.Ue . !Jin.ha feito. aque.lle 'ílue o
renunc10u.
3 E MANDAMos a todos os Tabaliaes, e Efcriuaes,
e a 'todos us Officia-es -de Naffos R-eynos , -e Senho-
rios, que feruam feus Officios por íi ., e nom po-
nham em elles outras peífoas, que os por elles fer-
ua-m ; e qualquer que outrem pofer ·em feu Officio
que fer-ua par dle '* nom tendo pera ello Noífa Au-
él:oridade efpecial , ;per e!fe .me.fmo feito perca o
Officio em que o afii pofer, e aquelle que o feruir
pevca a va.li.a ,de.l.le, ametade . per,a quem acufar. ~e
.a •outra -metade pen a Noífa .Çamaríl .; e fe no dito
.O.fficio :fezer algu~ euo ,, tf,rrá pttnid~ em todas .as '
penas 'i}Ue merecera., fe O:ffici..al ,pr.Q~·i,o.fôra do di to
;O.ffi.oi.o_, em que . affi con:ret@o o dito erro, ou -erros.
~ 4 ·E QYA-LQ,!LER pe!j'Oa a que for ·d.a?q Officio de
~l!lrlguar; ou d' ·e[creuer, fe nomfor .eafado,.ao tem_po
..que lhe .affi.for ·dado.1o djt.(') O.ffici.o ,, Man.d amos que
.dentro de huú ..anno .do dia que 1lhe .for dado o di to
. .Officio_fe cafe., e .nomfe cafando dentro ·no dito tem-
..J><D per.derá..o dito Officio. .E fe de(pois ~de [éfer ~afado
.. enui.uuttr .f.erá . ob.r.ig~do d.e f.e ~orn.<p- a cafa,r dentro
. ,de huu _anno ,do .dia .g ue affi en.uiuuar., fob a mefma
:,pena .cl.e .perpim.ento 1do O.ffió0? falt;o fe ,aQ te~f?O
-Q.Ue .ouuer o dito Officio ., ,ou ao.temp<? ·q-ue enuiu-
·u ar paf:fa:.r àe quarenta annos ., worque em 'tal ca-fo
nom ferá obiiguado a fe cafar• .E 10 qlJe ja ao temp,o
. ••' .• f
da pubricaçam defl:a Ordenaçam teuer tal · Offic10
Aaaa 2 ' {erá
556 O PRIM EIRO Ltv. DAS Oa.oEN. TrT. LXXV.

ferá obriguado a fe cafar dentro de huu annoda pu. ·


bricaçam delta fob a dita pena.

T I T U L O LXXV~

~rtcmtotempo duran~as Cartas Í11tpetradas por fe affi he.


E do que ouue perdam depois de a-s di/as Cq.rlas
ferem impet-radas..

P OR quanto muitas peffoas impetram de Nós


ou de Nolios Officiaes, que pera eHo Noifo poder
~
tem , Cartas de dadas de Offi-cios , ou datgtia faz-en~
da, ou outras coufas porft a.Jli. he, e defpois de as te.;
rem fe leixam eftar fem citarem, nem demandarem
I

as partes. contraíras, de que fe feguem muitos incon-


uenientes., Ordenamos , que quando aTgüa pe!foa.
impetrar tat Carta for fe ajJi he, cite a outra parte
contraíra . dentro de feis mefes , do dia que a d-ita
Carta for feita ; e nom o começando a demandar
dentro do dito tem Bo, nom poderá ja mais pala d'lta
Carta demandar fe ~ aduerfario em' tempo alguu, 'e
a dita dada e ·mercê que lhe affi era feita pola dita
Carta ferá de ninhu'}í efeéto. E pofto que nefle tem..
po dos feis mefes 3r parte contraíra a:i'a Noífo pet-
dam, nom prejudicará aa parte que já tihha Nofia
Carta paífada pola Çhancelaria.. ·

TI,
CoMo ELREY PODE TIRAR. os ÜFPICios IT c. 55.7
T-1 TU L O LXXVI.

Como El Rey póde tirar os Officios aJ!i da Jufliça ,


como da .Fazenda , [em Jeer por e/lo ob,.iguado
a fntisfaçam algiia.

P O R quanto por Confiarmos dalgúas peffoas


que nos feruiram bem e fielmente, e corno compre a
Noffo feruiço, e bem de Noífa Juftiça, e defcarre-
guo de Nofla confciencia , e affi a proueito da NoHa
Fazenda, os encarreguamos d'alguíís Officios de Nof-
fa Jufliça , ou Fazenda ,' e a.ífi por · lhe Fazermos
mercê, a qual mercê porem lhe nom Faríamos ,
pofto que boa vontade lhe Tenhamos , fenom fofie
a confi~nça qu.e nelles Temos pera o a cima dito, e
defpois de os a,ffi Termos enca.rreguados nes taces
Officios· vem a:as vezes á Nofla· noticia elles na1n
os feruirern affi bem e fielrn.,ente , como fam obri-
guados , e como era a confiança que delles Ti.nha.- ·
mos , com que dos. taee.s Officios os Prouemos, e
· pofto que nas coufas que afli dos fobr.editos Sabe.
mos , e que- á No-ffa noticicr vem, aas vezes nellas
nom haa prouas tam claras, porem haa quanto aba~fta
pera ·sermos certe, Sermos delles ma·l feruido, e fa-
z-uem mal feus Offidos, e erra·rem nelles , em tal
modo, que ferá mais fcruiço de Deos, e Noffo , os
fobreditos Officios lhes ferem tirados , que leixalos
eftar nelles) polo qual·, e por outros refpeétos que
Nos mauem de muito· ferui~o de Deos, e No.ffo,, e
bem
bem de Juítiçà., eguoaernança de No1fos Reynos c
Senhorios , Determinamos , que · daqui por dian-
te , q uadquer Oln.otos que Derrn0s ,/ a'.ffi de J u-
ftiça, C@mro de No'(fa F.a!l'eroda ~ ~mo de q~alquer
outra forte e qua!~illade ·que .feja , quando quer que
Nós foubermos, e em Nolfa confciencia Formos ~·e:P­
to, GJ.I:le alguií <daquelles, a que 9$ la-e-es Officioà Der-
·ID0S, N0s fe·ruem mal nelles , e faum o q1:1e aom
detaem, e encarreguam Nofia confciencia , ou dani-
nca·m ·e roubam N0ífa Fazenda, os Poffamos tirar
. dos fo!Jredüos , e os dar aquem Noífa mercê for .,
fem por iífo lhe Sermos erm ·obriguaç·a m a-lgüa, affi
, no foro da confciencia, como no foro do judicial.,
pera por illo auerem de d ~man~a·r Noífo Procura-
dor , nem a Nos requererem fatisfaçam , porque de
t:odo os excludiml!l-s; p0rem Fiz-ernos difio ella Ley,
. e Ordenaçam., perr Je nt>m pode-r aleguar ignorancia.

---------- ,1" - -

'T -1 1' ~u LO LXKV:tr.

Do R4gimento das AtfditJnâas.

.ham
P ERA.
I

QYE 9s Jl!llguaà0res faibam .o.mOO<''<}lJe


de te~r no fa.:~~r ·~as A<~:tC:MeFltias . , ·e raai os -Qf,i._
I
ciaes qae a e!las ham àe hir, Grden-amog,, e Manàa-
Jil.0S ~ qwe nos dias em q úre fe !Ol!JU~r ille farle:r .J.\urtli-
enda -es .Oefemby-w-guad0res da ~afa da Soprica-
çarn"' •e do Ci~el ., e .a:ffi •toà0s Ju-~guadorel'6 • e ·Os
Ju..
]!)'e RE c li M 'E :tf 'U> 1u.s Av I) 1 uu: 1 A 'S.. S:5.9
Juiz-e-s de quaeL"quer Cidades , Villa.-s , ou- Lll·gl:lar.e:s
Clle Nofi'os Reynos aeuham ordell}ado ho~;a. .(·~r,ta, a q~:~e
ham de começar a faZ:er Audiencia , aa. qual hora. as
Tabalia.e s. e Efcriua.es., e P11ocurad0res, e Deftrebm-
dor bjram ao luguar da .Audiencia ~ .Cm modo .qlte
quando o Julguado·r fM a Audien:eia elles· chegu.erm,
Obl. eftem ja laa, e o Juiz fe nom det~nh:a por elleS;..
E o Alcaide, e o Meirinho o.nd.e 0 otmer~ hirai:lit ccot'líl
feus h.omés aa c-afa do Julguador, e .vi.ram çom dle
a, Audiencia, e alli o Porreiro hirá a fua ~afa ,. e lhe
ttlazerá os feitos, que defernba.J,"guados .teuer pera (e
pubric~rem. E o Julguador pubricará loguo - todos,
os feitos, que leuar de[pachados ; e acabados de pu-
bricar ouuirá os prefos que efteuerem na Audien""'
cia, fe os hi ouuer, e a pós os prefos ouuirá os Pro..
curadores cada hulí affi como efteuer affentado , ou-
uindo primeiro huíi de hüa banda, e outro da outra,
fegunda cad a hulí primeiro efteuer affentado. E .ca•.
da huú quando falar dará primeiro ·os. feitos q,ue.te-
uer pera·dar, e defpois falará por feu rol por as par..
tes cujo Procurador for, ou que nouamente o feze-
rem Procurador; e acabando de falar., fe nom teuer
dado ·todos os feitos qu·e o.uuera de dar ,. o acufaram
os outros Procuradores; acufando.. o primeiro. o Pro-
curador que a primeira voz pera, fa.I~r tem , e defpois
6utro que após elle ouuer de falar~ e. aJfi, todQs os majs
que o quiferem acufàr,
1 EACABADOS d' ouui.ros Procuradores,. fará ler
o •tol ·dos .pref~s . , -e acu.fa.dos, fe ·em as·ditas .Audi-
encias
s6o o ·pRIMEIRO Lrv. DAS ÜRDEN. Tn. LXXVII.
encias taees feitos ouuer ., em, o qual rol dlaram
efcriptos todos os prefos que h i oliuer, ç defpoís dos
prefos todos os feitos da J uftiça, e dos feguros; que
por Carta de feguro andarem ; e em affi Íendo cada
huü pelo dito rol, poerá feu feito em termos , fe j.<ta
por os Procuradores, ou quando aos prefos fe falou,
nom for p3ll:o. E acabado o dito rol faberá dos
Tabaliaes , fe ha hi outro alguü prefo ou feguro,
que nom eftee no rol , e o fará poer nelle, do qual
1·ol teram cuidado os Efcriuaes , ou Tabaliaes • cada
huutl feu mes ; e· poeram nelle todos os prefos , e
acufados que hi ouuer.
2 E AC ."-BADO o rol dos ditos preíos; e feguros,
fc na Audicncia efteuerem alguas pefioas Religiofas
as ouuirá loguo ', e defpachará pera fe loguo hirem ,
e entonce ouuirá quacfquer molheres que hi efteue-
rem , primeiro q(te ouça ninhuü homem, e defpois
ouça os homes que na Audiencia efteuerem, os quaes
viram huü e huü aa vara com aquelle acatamento
que aa Juftiça he deuido. E em quanto a ella efre..
uerem , eftaram f~~ inpre com o barrete na maõ, fal-·
uo fe o Julguador por algüa caufa ou qualidade de
fua pefioa os mandar cobrir. E ouça primeiro os !a-
madores, e hom :! ~ de tora parte que hi efreuererp.
E dtfpois que .acapar de ouuir toda a gente que na
Audiencia efteuer , e falar quiferem ·, antes que fe
a leu ante da Seda, mandará ao Porteiro , que .pre-
gunte em alta 'foz fe alguem quer requerer algua
coufíl_, e nom vimlo ninguem, entonçe fe aleuante J
1

I' ~
.:o·c, ·R "G 1 M
E E N T o nAs AunrE N c r A s. 561

e o_Alcaide e Meir!nho fe tornem com elle pera a


poufada.
e 3 E FAÇA de guifa que fua Audiencia feja bem
ouuida ; e quando as partes, ou Procuradores fala-
rem , que outra peffoa algüa, que na cafa da Audien-
cia e!l:ee, nom fale de modo que poffa fazer torua ..
çam algüa; e aos que a fezerem o Juiz poderá ape-
nar no que lhe bem parecer pera os prefos pobres.
nom paffando de cem reaes. Porem fe a toruaçam • .
ou cou[as, que fe na Audiencia paffarem, forem dt:"
qualidade pera fazer auto, falo-ha fazer, c procederá
fegundo forma de Noffas Ordenaçoes.
4 E ANTES que fe vaa da Audiencia, faberá fe
ha hi algüa inquiriçam da Juftiça por tirar, e man--
dala-ha acabar. , . ·
5 E os Procuradores teram feu.s affentos ordena-
dos, e daqui pordiante fe affentará cada huü fegun-
do for mais antigl!o na dica Audiencia n0 procurar,
p~íl:o que _menor gráo tenha, que o que mais mo-
dérno ·for ,no prac~urar. Porem onde ouuer Procura-
dpres graduados, e outros de lingoagem, ou que gra-
duados nom fejam, fempre fe aifentará e falará pri-
meiro o que for graduado, pofio que o nom gradua.:.
do feja mais antiguo no procurar na, 9ira Audiencia.
~ . E Isso mefll}o os ·Efcriuaês, e Tabaliaes fe af-
fentaram em feus. bancos ordenados , cada huü fe-
gundo for mais antiguo no Officio ·affi fe afientatrá
p.dmeiro. E <ipós .~s Tabaliaes fe aifentará o Deftre..
Ji>!J.idÓç da di til Audiencia. E. os Porteiros eftaram
;". ,~v. I._ Bbbb fero""~
562 0PtttMt:tR'<> Liv:Ro DA:s ORo. Tn. LXXVn.·
f~mpre em pee , e quando apreguoarem femprc
eíl:aram fem barrete.
· 7r E -os Alcaides e Meirinlí.os efiara-m a1I'entados
ao i ma dos Procuradores, ou Tabaliaes; e nom fe af:..
fentaram com os Juizes na Seda elles. nem ninhulú
Efcriuam de qualquer qualidade que feja, pofto. que
wja Eícriuam dos Nofios Feitos.
8 E Nos Luguares onde nas Audiencias ouuer ·
grades ; nom [e a.(fentará peffoa algüa das graclG:s
a. dentro , [e nom for Offi.cia'i da Audiencia , faluo
quando o Julguador lho mandar. E onde nom ouue~
grades nom fe affenraram nos affentos, que forem
o.Fdenadós pera os Officiaes da Audiencia; e affen..
tando-fe_fem fua licença, o Porteiro teni .cuidadu de '
lhe dizer que fe faia fóra das grades, . ou fe aleuantc
dos ditos affentos:I.
. 9 ITEM os Efcriuaes e Tabaliaes qüenom efi:e..i
v(!rem já nas Au~iéncias ao tempo que . o Julgua~
dor come~ar a publicar os feitos , o dito Julguador
os contdenará· nQ que lhe bem parecer., fcguudo
:fur fua tardaqam ;I nom paffando porem de duzen.J
tos reàeS, quando vier aaquella A:udiencia.
. 10 E os- dir:o~· Ta:baliaes e Efcriuaes f'<!ta'ttí riui..l
t'ld'O·s·, que todos leu em ef<1:reuaninhas aáS Aa~H~n!.;,
éias·., e·cádar.l1uõ . .lel!I •Prótdcolo , e ponham · loguo
llos Prdtocfolos ,a<~embrança- dos rermos que pa'flà'fíl,
p~?ra dC1!1Jóis em drfa o!> poeJ:fem 1\'os féitós , quatldQ
loguo rios feitos Ô!f ribm pbd'en:n1 po~r . .E etn qt\an.,
w na' Audieá.riar éfteoeil:m· nom--e("rt.Ueram (<tri~
....
.\

-
,';' Do 'R~ _e;IM~ ·NT ·ó · D11s AuE>IE :N·c ·:rAt. iE'63

nem outras coufas, foG>me'nte -os tet' m'C1>s ·das Andi..


encias , e em 0utras cou.fàs fe nom a c1,r;pcm , 1por rta>l
qille .fempre efl:em prontos a dar ·razam ·dos feitos,,
em Gj_tü~ os Ptocumdores fa.Jar,ern , ·e pera t:a'm arem
perfeél:amente o ·q11e n·a A.udiencia .paífar. E nom ·o
camprindo affi, os poderá condenar por ·cada hüa
das ditas coufas no que lhe bem parecer, nom paf;.
.f-ando de cem rea·es.
_ II . E NlNHliM dos ditos Officiaes affi .Procura-
dores, como Efcrit.Jaes" ou·Tabaliaes, como os ou-
ttos, Ah:aide, e Meirinho, e feus homes , e Defire-
b'túdor, e ·Porteiros fe nom f1hiram da Audieocia,
hem fe alcuan:Cé;\rarn de feus affeoros , nem fahiram
da cáf.1. da,Autlienóa, •( fem lícença' do dito Julgu-
~dor) ~u:ec o dito_Julguadorfe fahir da dita cafa da
Aqdi'e nciá ; -:porem téndo alguü ddles algüa neceffi;..
·dadê cl'e fe hi·r _, ell-dhe dará ·licenÇa pera éllo •
. 12. . E. QY ANUO os ditos Julguadores affinarem
termo aas partes, ou Procuradtn-es, affi peta libelo .,
.como pera: ·éontra'rrerlade, ·repricn ·, OH 't reprica , ou
'.{iera outros qua·efquer artigu"Os, como pera fàtisfa-
,z-ér -com qualquer 'cou.fa, aílin·a ram os .ditos termos
..por ·numero cerro ae -dias ., e nom per Aü'âiencias.
'I J E os fabreditos Julguadores f~'ràrn aó>ifados.
que nom diguã pala'ura:s âlgúa:s d'~fcârídal'o nem re-
.,moque·aos Procuradores , netn Efcriuaes , ·ném ou-
"tros "Officiad clá Audiencia , n~tn a ninhüa parte
que ·perante elib vier reqüet.cr fua }uftiça ; e fe 0s
-~itos--Qffic?a~s, ou p'àhes norn forem deligentes em
· Bbbh 2 . com-
·564 o PRtMimo L1v. nAs ORoEN. TI't. LXXVII.·

comprir o que lhe por elles Julguadores for manda~


:do , ou. lhe nom teuerem aquelle acatamento que
.deuem, procedam contra elles, e os apenem fegun-
.do neíte Regimento, e por Noffas Ordenaçoés o po.;. .
·dem, c deuem fazer , fem lhe por ello dizer coufa
que tragua injuria , ou efcandalo; e fazendo o con-
.trairo, os O.fficiaes , e peffoas fobrediras fe poderam
quei xar , ou agrauar aos feus Superiores, aos quaes
.Mandamos que óiffo 'prouejam, e lhes dem a fatis.-
.Íaçam , e emenda, que o cafo requerer. ·
14 E MANDAMos que nas Cidades , e Villas de
.Noffos Reynos, onde efteuerem por Nós Juizes d~
.Fóra , fempre em cafét dos ditos Juizes eftee huú
.Taba liam do Judicial, comuem a faber, tres horas
.pala: menham, e tres aa tarde, que . começaram a
.aquelle tempo qbe lhe por o Juiz for ordenado, os
quaes Tabaliaes fiiruiràm corno dito he cada huü. fua _
:fom.ana , ou por dias , por deftrebuiçam fegundo
. antre dles for ordenado.
I 5 E MANDJ\.Mos a todos os fobreditos Julgua..;
dores que cumpr<fm , e façam em todo comprir cfte
.Regimento, poendo nos cafos em que nelle nom he
pofta certa pena aquellas penas que lhe bem pare..
. cer , e forem ju,'l:as ; as quaes daram aa execuçam
tendo alçada pe r~ e!lo, e nom a tendo daram apela-
. çam e agrauo, ·qur l no cafo couber. Porem fe em ca-
da hüa das ct'mfais contheudas nefte Titulo for em
outra maneira prpuido por algua No!fa Ordenaçam,
guardar-fc-ha o que na dita Ordenaçam for contheu...
do, fcm embarg~o deft~ Regimento. !6
Do REG I ME N T o DAs A u D J E N c I As. 56 5

16 E RosTo QYE por NoiTas Ordenaçces ninhuü


Tabaliam poífa fazer coufa algüa, fem lhe feer dc-
·ftrebuida , Mandamos que quando o Juiz teuer ne-
ceffidade de mandar fazer alguü Auto, ou Efcri-
ptura fem fe deftrebuir, ou por hi nom eflarem os
outros Tabaliaes, oú o Deftrebuidor, ou por h i nom
auer tempo pera fe deftrebuir , que o Tabaliam a
;que elle mandar que o faça fem ddlrebuiçam o faça
loguo. Porem o dito Tabaliam da hi atres dias que
.o tal auto acabar ferá obriguado de o dizer ao De-·
ftrebuidor pera lhe carreguar na- defirebuiçarn ; e
nom lho dizendo auerá a pena que aueria, fe o fezera
fem mandado do Juiz, e fem defirebuiçam. E quan-
-do o Defhebuidor for doente, ou em tal maneira
empedido, que nom po!I:1. feruir, ou por qualquer
maneira nom for feruir a dita defirebuiçam, o J~,.~iz
poerá huú Tabaliam da Audiencia, que fcrua em
·quanto o dito empedimento durar; ou por Nós nom
·for prouido.
I 7 · E QYANDO o Defirebuidor das Notas fcr em-
pedido, o Juiz pelo mefmo modo dará huú Taba-
liam das Notas , que ferua o dito Officio ·qual lhe
,milhar parecer, em quanto o dito empedimento du..
rar como dito he.

T 1~
5'66 O PIUM'EIIto Lí.v. ·D/.S Oimw. Tn~. LXXV~Il .

T I T U L O LXX VIII.

J5<tte Je façam em cada buu mzno duas Precif!oiúJolm~s


aalem das mais ordena lias~ ·e que·•os moradores do 'l'er-
tno aalem de legtfoa nom Jejam pera aas Precif-
.foes con.ftrtmgidos.

Ü RDENAMOS , e Mandamos que em todos


Noffos Reynos-, e Senhorios, em cada huú anno em
• o dia da Vifitaçam de Noíl"a Senhora , que vem aos
dous dias do thes de Julho, fe faça húa Preciffam fo-
lene a louuor de Noffa Senhora, pera que aili como
.ella quis vifitar -corporalmente a Sanéla Ifabel , affi
cípiritualmente nos vifite, e. a todos os fiees Cri-
. íl:aõs , pera que noffas obras fejam feitas , e aderen-
çadas a ferui·ço de Noffu Senhor, ·e Teu.
I E ISSO mefmo Mandamos , que em cada huü
anno no terceioro njmingo domes de Julho polo di-
to modo fe faça outra Preciffam _[olene , poT comé•
moraçani do Anjo ,C uft'odio, qae tem cuidádo de
.nos guoardar e defettder, pera que fempre féja em
noíf.a gua-rda e defenf..tm. A.s quaes Prec1ffoes fe fa ..
, ram, e ordenadm com a-que lia fefta e forenidade,
com que fe faz a Preciffam do Corpo de Deos •.
2 PottEM affi pera as ditas Preciífoês, como pera
a de Corpo de Deos. como pera qualquer outra, que
fe antiguamente acqítumar fazer neítes Reynos. co-
mo em quaefquer que Nós Mandarmos fazer, ou
forem ordenada.s affi por os Prelados .. ou quaefquer
outras
~8 SE }'AÇA CADA HUM ANNO DUAS PRECJSS. 567
outras peffoas , como por os Concelhos , e Camaras,
nom feja coníl:rangido vijr aas ditas Precifioes nin-
huu morador do Termo d'algua Cidade , ou Villa ;
faluo O$ que morarem derredor hua Jéguoa da tal Ci..:.
dade, ou Villa, por aquelles que poder teuerem de
r
os conft:range_r. E poíl:o que os conftranguam em
outra maneira ; nom feram obriguados a hir , nem
paguar penas alguas, que lhe forem pofl:as.

F IM.

Aqui acaba o Primeiro Liuro das Ordenaçoes.

.d pag. 127, liff. 9· caha lea·fe cada


197 , lin. 21 e 22. ordena~am lea-Je or-
denança
~03 , /in. 18. coufas lea-Je caufas
333, /in, 9· o a outra /ea-fe e ~ outra
/.

/.

f·'
/
,'
/
I
1

You might also like