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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

PLANO DE APROVEITAMENTO ECONÔMICO-PAE

CAPE - Carbonatos de Pernambuco Ltda

Por

GUSTAVO ALEXANDRE SILVA

Projeto de Conclusão de Curso

Professor Júlio César de Souza


Orientador

Professor José Lins Rolim Filho


Co-orientador

Recife, 20 dezembro de 2006.


2

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Mário Apolônio Silva e Dulcineia Cajazeira da Silva, que tanto lutaram

para que eu obtivesse sucesso diante das grandes dificuldades, o eterno agradecimento do seu

filho.

A minha tia Maria Iva e minha prima Joselma, que sempre me incentivaram a seguir nesta

profissão de engenheiro, meu sincero reconhecimento.

A meu irmão Augusto Henrique, minhas avós - Maria Odete e Maria de Lurdes, minhas

tias Maria Lucia e Luciene Cajazeira, e meus amigos que tanto confiaram em meu potencial.

O autor
3

AGRADECIMENTOS

Aos professores José Lins Rolim Filho e Julio César de Souza, pela orientação segura e

precisa sem a qual este trabalho não teria mérito algum e pelo grande apóio que me foi

dispensado durante os dez períodos do meu curso de engenharia de minas.

Ao departamento de engenharia de minas da Universidade Federal de Pernambuco,

representado na pessoa de seu coordenador professor Prof.Áureo Machado, pelos subsídios

científicos fornecidos a minha integral formação.

Cumpre-se, agradecer, também, aos demais mestres que não mediram esforços para

transmitir parte dos seus conhecimentos e experiência.

A todos os funcionários do departamento de Engenharia de Minas, que sempre estão

prontos para ajudar nas horas que se faz necessário.

Por fim a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste

trabalho, o meu reconhecimento de que, sem as mesmas, não teria sido possível dar conta dessa

tarefa.

O autor
4

RESUMO

Este relatório versa sobre o plano de aproveitamento econômico da mina de calcário da

empresa CAPE (Carbonatos de Pernambuco Ltda). Trata-se de uma empresa fictícia, criada para

fins didáticos (projeto final de conclusão do curso de engenharia de minas da UFPE), enquadrada

nas exigências conforme as normas regulamentadoras de mineração (NRM) e o código de

mineração vigente. A área estudada abrange um total de 1000 ha e está localizada entre os

municípios de Tacaratu e Inajá.

Geologicamente, está localizada na bacia sedimentar de Jatobá e abrange uma seqüência

estratigráfica que se inicia com a formação Manari, composta de arenitos grosseiros até

conglomeráticos. Sobre a formação Manari repousa concordantemente a formação Inajá, onde

predomina os arenitos finos. Compõem ainda a seqüência estratigráfica, a formação Aliança de

idade jurássica e as formações candeias, Ilhas e Marizal de idade cretáceas, respectivamente. Por

fim temos os sedimentos recentes do quaternário, representados por aluviões. Neste plano de

aproveitamento econômico são apresentados os aspectos fisiográfïcos e geomorfológicos da

região, condições de infra-estrutura, geologia regional e local, a metodologia dos trabalhos

empregada, o cálculo das reservas de matéria-prima (calcário) e o projeto de lavra. Também são

feitas considerações ambientais, é enfatizado sobre a infra-estrutura existente e por fim, é

apresentado o planejamento de lavra e o estudo de viabilidade econômica, no intuito de

evidenciar a viabilidade de implantação desse empreendimento minério (Mina CAPE).

Empreendimento esse que tem como objeto Principal a explotação de calcário dolomítico,

para produção de fertilizantes usados como corretivos de solo na agricultura e também calcário

calcítico, para fins diversos.


5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------------9
2. ENCAMINHAMENTO DO PLANO DE APROVETAMENTO ECONOMICO (PAE)-10
3. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO-------------------------------------------11
4. ÁREA FINAL ENGLOBADA------------------------------------------------------------------------12
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA----------------------------------------------------------------------- 13
6. GENERALIDADES DO MUNICÍPIO DE INAJÁ-----------------------------------------------16
6.1-Localização e Vias de Acesso----------------------------------------------------------------------16
6.1.1 - Localização --------------------------------------------------------------------------------------- 16
6.1.2 - Acesso ----------------------------------------------------------------------------------------------18
6.2 - ASPECTOS FISIOGRÁFICOS E GEOMORFOLÓGICOS-----------------------------19
6.2.1 – Clima-----------------------------------------------------------------------------------------------19
6.2.2 – Temperatura-------------------------------------------------------------------------------------20
6.2.3 – Relevo----------------------------------------------------------------------------------------------20
6.2.4 - Solos e Intemperismo----------------------------------------------------------------------------21
6.2.4.1 – Solos----------------------------------------------------------------------------------------------21
6.2.4.2 – Intemperismo-----------------------------------------------------------------------------------22
6.2.5-Vegetação--------------------------------------------------------------------------------------------22
6.2.5.1 - O cerrado----------------------------------------------------------------------------------------23
6.5.2 - A caatinga------------------------------------------------------------------------------------------23
6.2.6 - Hidrografia----------------------------------------------------------------------------------------24
6.2.6 - Condições de Infra-Estrutura-----------------------------------------------------------------24
6.2.7 - Aspectos Socioeconômicos----------------------------------------------------------------------24
6.2.7 - Aspectos Socioeconômicos----------------------------------------------------------------------25
7. GEOLOGIA REGIONAL----------------------------------------------------------------------------- 27
7.1 - Características Gerais-----------------------------------------------------------------------------30
7.2 – Estratigrafia-----------------------------------------------------------------------------------------31
7.2.1 – Rochas do Embasamento-----------------------------------------------------------------------31
7.2.2 - Sedimentos Cenozóicos--------------------------------------------------------------------------31
7.2.3 – Sedimentos Paleozóicos – Grupo Jatobá----------------------------------------------------32
7.2.3.1 – Formação Manari-----------------------------------------------------------------------------32
7.2.3.2 – Formação Inajá--------------------------------------------------------------------------------32
7.2.3.3 – Formação Ibimirim---------------------------------------------------------------------------33
7.2.3.4 – Formação Moxotó-----------------------------------------------------------------------------34
7.2.4 – Sedimentos Jurássicos – Cretáceos – Super Grupo Bahia------------------------------ 34
7.2.4.1 Grupo Brotas (Formação aliança e Formação Sergi)---------------------------------- 35
7.2.4.1.1 - Formação Aliança--------------------------------------------------------------------------- 35
7.2.4.1.2 - Formação Sergi------------------------------------------------------------------------------ 35
7.2.4.2 – Grupo Santo Amaro (Formação Candeias)----------------------------------------------35
7.2.4.3 – Grupo Ilhas-------------------------------------------------------------------------------------36
7.2.4.4 – Grupo Massacará------------------------------------------------------------------------------37
7.2.4.5 – Formação Marizal-----------------------------------------------------------------------------38
8. GEOLOGIA LOCAL-----------------------------------------------------------------------------------39
9. MINERALOGIA E GEOLOGIA DO CALCÁRIO----------------------------------------------40
6

9.1 – Mineralogia---------------------------------------------------------------------------------------- 40
9.2 – Geologia do Calcário----------------------------------------------------------------------------- 43
9.2.1 -
http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=2Fo
rmação----------------------------------------------------------------------------------------- 43
9.2.2 -
http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=1Im
purezas-----------------------------------------------------------------------------------------43
9.2.3-
http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=3Ti
pos de calcário---------------------------------------------------------------------------------- 44
9.3 - Usos e Funções------------------------------------------------------------------------------------- 45
9.3.1 - Uso do Carbonato na Indústria de Cimento-------------------------------------------- - 45
9.3.2 - Uso do Carbonato de Cálcio Natural na Indústria de Papel--------------------------- 45
9.3.3 - Uso do Carbonato de Cálcio Natural na Indústria de Plásticos----------------------- 45
9.3.4- Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria de Tintas------------------------------------- 47
9.3.5– Uso dos Carbonatos de Cálcio e Magnésio na Indústria de Vidros-------------------48
9.3.6- Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria Cerâmica-------------------------------------49
9.3.7- Uso do Carbonato de cálcio na Alimentação Animal ------------------------------------50
9.3.8- Rochas Ornamentais ou Decorativas--------------------------------------------------------50
9.3.9- Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria Metalúrgica----------------------------------51
9.3.10 -Uso do Carbonato de Cálcio no Tratamento da Água----------------------------------51
9.3.11- Classificação e Especificação de Calcário para Uso Agrícola------------------------ -52
10. METODOLOGIA DOS TRABALHOS---------------------------------------------------------- -54
11-CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA ROCHA-------------------------------------- 57
11.1 - Propriedades físicas----------------------------------------------------------------------------- 57
11.1.1 - Massa Específica Aparente Seca e Saturada---------------------------------------------57
11.1.2 - Absorção de Água e Porosidade Aparente----------------------------------------------- 57
12. CÁLCULO DAS RESERVAS DE PRODUÇÃO DE CALCÁRIO--------------------------58
12.1 - Metodologia Para o Cálculo das Reservas--------------------------------------------------59
13. PROJETO DE LAVRA-------------------------------------------------------------------------------69
13.1 - Aspectos Gerais do Projeto de Lavra-------------------------------------------------------69
13.2 - Processamento----------------------------------------------------------------------- ------------70
13.3 - Dimensionamento da Perfuração---------------------------------------------------- --------74
13.4 - Dimensionamento do Carregamento--------------------------------------------------------75
13.5 - Dimensionamento do Transporte------------------------------------------------------------77
13.6 - Dimensionamento do Plano de Fogo---------------------------------------------------------78
13.7 - Geometria do Plano de Fogo----- --------------------- ------------------------------------- 80
13.8 - Afastamento------------------- ------------------------------------------------------------------ 80
13.9 - Inclinação das bancadas------------------------------------------------------------------- - 81
13.9.1 – Espaçamento----------------------------------------------------------------------------------- 81
13.9.2 - Altura das bancadas---------------------------------------------------------------------------81
13.9.3 - Sub-Furação------------------------------------------------------------------------------------ 82
13.9.4 - Comprimento dos furos---------------------------------------------------------------------- 82
13.9.5 – Tampão---------------------------------------------------------------------------------------- 82
7

13.10 - Especificação dos Explosivos---------------------------------------------------------------- 83


13.10.1 - Características da Rocha------------------------------------------------------------------- 83
13.10.2 - Explosivos a serem utilizados------------------------------------------------------------- 83
13.10.2.1 - Distribuição das Cargas Explosivas no Furo---------------------------------------- 85
13.10.2.2 - Razão linear de carregamento-----------------------------------------------------------85

13.10.2.3 - Comprimento das cargas---------------------------------------------------------------- 85


13.10.2.4 - Quantidade de explosivo na carga total por furo--------------------------------- 85
13.10.2.5 - Razão de Carga----------------------------------------------------------------------------86
13.10.2.6 - Energia desenvolvida-------------------------------------------------------------------- 86
13.10.2.7 - Volume de gases--------------------------------------------------------------------------- 86
13.10.2.8 - Razão energética total (Ret)------------------------------------------------------------- 87
13.10.2.9 - Razão volumétrica gasosa total (Rvt)------------------------------------------------- 87
13.10.2.10 - Lançamento da pilha-------------------------------------------------------------------- 87
13.11 - Altura da pilha formada------------------------------------------------------------------- 87
13.12 - Localização do ponto de ignição da coluna explosiva-----------------------------------89
13.13 - Dimensionamento da Produção Desejada-------------------------------------------------89
13.14 - Análise de Vibrações-------------------------------------------------------------------------- 90
13.15 - Resumo dos Equipamentos Necessários à Lavra-----------------------------------------92
15. INFRA-ESTRUTURA EXISTENTE---------------------------------------------------------------93
15.1 Planejamento de Lavra------------------------------------------------------------------------- - 94
16. MEDIDAS MITIGADORAS PARA CONTROLE DO IMPACTO AMBIENTAL------96
16.1-Procedimentos Previstos Para Controle dos Processos Agressivos ao Meio Ambiente
na Fase de Lavra da Mina CAPE----------------------------------------------------------------------- 96
16.1.1 - Controle de Poeira---------------------------------------------------------------------------- 96
16.1.2 - Controle Topográfico e Paisagístico------------------------------------------------------- 96
16.1.3 - Controle de Vibrações e Ruído------------------------------------------------------------- 97
16.1.4-Controle de Águas de Infiltração e Precipitação------------------------------------------98
17. PROCEDIMENTO PREVISTO PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS MINERADAS
NA MINA CAPE – SERTÃO DO MOXOTÓ - MUNICÍPIO DE INAJÁ-PE------------98
17.1-Recomposição Topográfica---------------------------------------------------------------------100
17.2-Aspectos Topográficos-------------------------------------------------------------------------- 100
17.3-Recomposição Paisagística--------------------------------------------------------------------- 101
17.4-Elementos-Chave na Recomposição Paisagística----------------------------------------- 102
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO OU MITIGAÇÃO PREVISTAS-----------------------103
19. ESTUDOS DE MERCADO-------------------------------------------------------------------------104
19.1 - Oferta Mundial---------------------------------------------------------------------------------104
19.2 – Produção Interna------------------------------------------------------------------------------105
19.3 – Importação--------------------------------------------------------------------------------------106
19.4–Exportação---------------------------------------------------------------------------------------106
19.5 – Consumo Interno------------------------------------------------------------------------------106
20. ECONOMIA MINERAL DO CALCÁRIO EM PERNAMBUCO: RECURSOS,
RESERVAS E INDÚSTRIAS DE ROCHAS CALCÁRIAS------------------------------------- 107
21. QUALIDADE DAS ROCHAS CALCÁRIAS---------------------------------------------------111
22. CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE PRODUTOR-------------------------------------------114
22.1 - Perfil das Principais Empresas-------------------------------------------------------------114
22.2 - Capacidade e Evolução da Produção------------------------------------------------------116
8

22.3 Comercialização---------------------------------------------------------------------------------117
23. CONSUMO ESTADUAL DE CALCÁRIO PARA FINS AGRÍCOLAS------------------118
23.1 - A Produção Agrícola de Pernambuco-----------------------------------------------------118
23.2 - Evolução e Estrutura do Consumo------------------------------------------------------- 120
24. BALANÇO PRODUÇÃO/CONSUMO----------------------------------------------------------124

25. PERSPECTIVAS DO MERCADO---------------------------------------------------------------125


26. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA--------------------------------------------------127
26. 1 – Introdução------------------------------------------------------------------------------------127
26.2 - Parâmetros para elaboração do estudo de viabilidade econômica----------------130
26.2.1 - Despesas de Pesquisa--------------------------------------------------------------------- 130
26.2.2 - Obtenção do Decreto de Lavra-----------------------------------------------------------130
26.2.3 - Preparação da Mina para Lavra-------------------------------------------------------- 131
26.2.4 - Preparação da Infra-estrutura---------------------------------------------------------- 131
26.2.5 - Aquisição de Equipamentos-------------------------------------------------------------- 132
26.2.6 - Aquisição de Peças, Equipamentos e Acessórios------------------------------------- 133
26.2.7 - Depreciação de Equipamentos----------------------------------------------------------- 134
26.2.8 - Receita Anual com a Produção de Brita----------------------------------------------- 134
26.3 - Estudo de Viabilidade Econômica-------------------------------------------------------135
26.3.1 - Mão-de-obra e Encargos Sociais do Pessoal-------------------------------------------135
26.3.2 – Transporte-----------------------------------------------------------------------------------136
26.3.3 - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)------------------136
26.3.4 - Taxa de Arrendamento--------------------------------------------------------------------137
26.3.5 - Material de Consumo----------------------------------------------------------------------137
26.3.6 - Custo de beneficiamento-------------------------------------------------------------------140
26.3.7 - Despesas Administrativas-----------------------------------------------------------------140
26.3.8 - Despesa com Seguros-----------------------------------------------------------------------141
26.3.9 - Despesas de produção----------------------------------------------------------------------141
26.3.10- Lucro Operacional-------------------------------------------------------------------------142
26.3.11 - Imposto de Renda--------------------------------------------------------------------------142
26.3.12 - Capital de Giro-----------------------------------------------------------------------------143
26.3.13 - Determinação do Tempo de Retorno do Investimento-----------------------------144
26.3.14 - Viabilidade do empreendimento-------------------------------------------------------145
27. CONCLUSÃO----------------------------------------------------------------------------------------147
28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------- 149
29. ANEXOS----------------------------------------------------------------------------------------------- 156
29.1 - ANEXO I: Dados da Topografia----------------------------------------------------------- 156
29.2 - ANEXO II: Dados Litológicos e Geológicos das Sondagens------------------------- 157
29.3 - ANEXO III: Tutorial DATAMINE para Modelagem--------------------------------- 162
29.4 - ANEXO IV: RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS EXISTENTES-----------179
29.5 - ANEXO V: FLUXO DE CAIXA DE OPERAÇÃO------------------------------------ 180
9

1 - INTRODUÇÃO

O estudo de viabilidade econômica da explotação de calcário principalmente para fins

agrícolas no município de Inajá Sertão do Moxotó Estado de Pernambuco, também está inserido

no propósito deste trabalho de graduação.

A partir do conhecimento dos recursos e jazimentos de calcário disponíveis, elaborou-se o

levantamento de dados dos mercados produtor e consumidor e uma análise interpretativa das

informações.

A metodologia aplicada buscou direcionar a execução do estudo para a geração de

informações que se constituam, de um lado, estímulos para novos investimentos na produção de

calcário agrícola, visando à instalação de uma unidade industrial (CAPE) em local mais próximo

do escoamento da produção o que implicará na oferta de corretivos de solos, a custos mais

competitivos ou até inferiores aos praticados na atualidade, favorecendo a produção de alimentos

no estado. Principalmente na zona da mata onde estão os maiores consumidores deste produto.
10

2. ENCAMINHAMENTO DO PLANO DE APROVETAMENTO ECONOMICO (PAE)

Ilmo Sr,

Dr Paulo Jaime Souza Alheiros, MD Chefe

4° Distrito Regional do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM-Recife - PE

Distinto Senhor,

Em cumprimento as normas do “Código Mineral Brasileiro” seguem em 03 (três) vias o


plano de aproveitamento econômico para extração minério calcário para fins agrícolas,
concernente a área Rio Moxotó, município de Tacaratu, Estado de Pernambuco. O aludido
documento é referente às atividades de explotação mineral visando à produção de fertilizante
agrícola, em área citada nos processos DNPM n° 844034/2002. Segue em anexo a anotação de
responsabilidade técnica dos autores do documento.

Atenciosamente,

CAPE – Carbonatos de Pernambuco Ltda Responsável Técnico


Augusto Henrique Silva – Diretor Gustavo Alexandre Silva
Engenheiro de Minas
CREA/PE: 8.450 – D
11
12

3. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO

Processos DNPM nº: 844034/02

Substância Mineral Requerida: Calcário


Substância Mineral Pesquisada: Calcário

Uso Previsto: Corretivo de solos agrícola

Denominação do Imóvel: Rio Moxotó

Município: Tacaratu
Estado: Pernambuco

Titular: Augusto Henrique Silva, Diretor – CAPE.

Endereço: Rio Moxotó – Tacaratu – PE.

Técnico Responsável pela Elaboração do Plano de Aproveitamento Econômico:

Gustavo Alexandre Silva


Engenheiro de Minas – CREA/PE: 8.450 – D
13

4. ÁREA FINAL ENGLOBADA

A área final engloba a área do Processo: DNPM 844034/02

Ponto de Amarração (P. A):

Coordenadas geográficas: Latitude - 08° 54’ 01,3”


Longitude - 37° 58’ 52,0”

Descrição do P. A.: Confluência do Riacho da Areia Com o Rio Moxotó.


Vetor de Amarração-Distância do Primeiro Vértice: 330m
Ângulo: 46° 59’ Quadrante: NW
Poligonal-Superfície Informada: 1000 Ha Superfície Calculada: 999,23 Ha
Nr. de Vértices: 8

Município do P. A. Tacaratu - PE

A área está localizada no imóvel denominado, Rio Moxotó entre os municípios de

Tacaratu e Inajá, o ponto de amarração está localizado no município de Tacaratu no Sertão do

Moxotó estado de Pernambuco sob a formação Marizal, no entanto a área de explotação

encontra-se localizada ainda sob a formação Marizal, porém no município de Inajá também

estado de Pernambuco, Sudoeste da cidade de Recife, a 383 km, que faz parte da bacia

sedimentar de Jatobá. A pesquisa geológica concluída em 2004 revelou-se positiva, motivando

a solicitação da concessão de áreas para explotação de calcário para fins de produção de calcário

(Dolomítico MgO >5% e calcário calcítico MgO < 5%), com identificação de consideráveis

reservas em maciços praticamente aflorantes.

O mineral bruto possui aspecto homogêneo, com presença de material metamorfisado

(mármore). O material explotado servirá basicamente como matéria-prima para produção de

fertilizantes corretivos de solo na agricultura e em situações economicamente apropriadas, o

material metamorfisado será comercializado como rocha bruta para fins ornamentais.
14

Participa da elaboração do presente plano de aproveitamento econômico (PAE) o

engenheiro de minas Gustavo Alexandre Silva.

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A história da geologia da bacia de jatobá data de mais de um século, havendo começado

no ano de 1860, quando F.Halfeld relatou a ocorrência de arenitos, considerados como cretáceos,

ao longo do Rio São Francisco.

Moraes, (1928), dedica grande parte de seu trabalho às formações cretáceas da série

Jatobá, abordando entre outros tópicos, feições gerais, as características individuais de várias

“serras” e relata observações de campo de várias localidades da bacia.

Alves e Moraes (1952) aduzem novas observações sobre a região de Jatobá e comentam

novas ocorrências de sedimentos, continuando a supor idade cretácea para todo o pacote

sedimentar.

Barbosa (1953) relata sobre as camadas da bacia de Jatobá e comenta a cerca das idades

das mesmas. Estudo complementado pela Petrobrás, através de Almeida (1963), e Correia (1965).

Quem, primeiro, chamou a atenção para a possibilidade de se encontrar sedimentos

paleozóicos na bacia pela grande semelhança com os sedimentos de Tucano Norte foi Almeida,

em (1962), quando a Petrobrás iniciou o mapeamento geológico em semi-detalhe.


15

Regali (1964) revela a presença de rochas paleozóicas na bacia de Jatobá, quando do

estudo realizado em amostras colhidas na perfuração, realizada pela Petrobrás, no município de

Ibimirim –PE.

Kegel (1965) dedica boa parte de seu trabalho ao “Grabem do Recôncavo – Tucano -

Jatobá” e considerando os dados obtidos por Regali (1964), admite uma estrutura bem mais para

esse tal “Grabem”, secundariamente revigorada no cretáceo.

Braun (1966) apresenta valiosos dados e observações sobre os sedimentos de Tucano-Jatobá,

atribuindo a Barbosa (1964) a idade Devoniana considerada para formação Inajá.

Almeida (1967), através de publicação da Petrobrás considerando os resultados do

mapeamento geológico da bacia, iniciados em 1962, divide os sedimentos paleozóicos de “A”,

“B”, “C” e “D”, em ordem decrescente de idade.

Barreto (1968), depois de estudos de determinações das seções típicas para as unidades “A”, “B”,

“C” e “D” da Petrobrás, designa formalmente de Formação Manari, Formação inajá, Formação

Ibimirim e Formação Moxotó, Respectivamente.

Barbosa (1970) et Alii, conseguiram identificar, em campo, as unidades “A” e “B” da

Petrobrás e sugeriram a designação “Tacaratu" para a unidade “A” que também corresponde a

Manari de Barreto (1968).


16

Leal (1971) et. Alli, no Inventário Hidrogeológico Básico do Norte, Folha n° 20

(publicação SUDENE, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), apresentam vários

dados sobre a Hidrogeologia da bacia e adotam a designação Tacaratu para formação Manari de

Barreto (1968).

Viana (1971) designou formalmente, as formações, Aliança, Sergi, Candeias e o Grupo

Ilhas, citando ainda a designação da Formação Aliança, Formalizada pelo estudo da Bacia

(Relatórios Internos da Petrobrás, 1958).

A CNEN, distrito do nordeste (1972), elaborou um mapa geológico na escala de 1:100.

000 da bacia de Jatobá, onde expressou a presença da Formação Marizal, anteriormente citada

por Braun (1966).

Por estes detalhes, a cerca da bacia de Jatobá, observa-se que os estudos geológicos

desenvolvidos na bacia são muito recentes e impulsionados por interesse da petrobrás, CNEN e

SUDENE, as quais deram uma colaboração decisiva com seus acervos bibliográficos para um

melhor conhecimento de sua geologia.


17

6. GENERALIDADES DO MUNICÍPIO DE INAJÁ

6.1 Localização e Vias de Acesso

6.1.1 Localização

O município de Inajá é um município brasileiro do Estado de Pernambuco, está

localizado a Sudoeste da cidade de Recife, a 383 km, na mesorregião Sertão Pernambucano e

Microrregião Sertão do Moxotó, limita-se a Norte com os municípios de Ibimirim e Floresta, a

Oeste com o município de Tacaratu, a Sul com o município de Tacaratu e o Estado de Alagoas.

A área municipal ocupa 1094 km2, inserida na folha editada pela Diretoria do Serviço

Geográfico do Ministério do Exército, Poço da Cruz (SC-24-X-A-VI).

A sede municipal apresenta altitude de 355 metros e coordenadas geográficas 8º54’10,8”

de latitude e 37º49’37,2”de longitude. Na figura 1.0 e 2.0, podemos observar respectivamente a

localização do município no mapa do estado de Pernambuco com suas regiões de

desenvolvimento (de um total de dez regiões no estado de Pernambuco) e da micro- região (de

um total de 19 micro- regiões no estado de Pernambuco) onde o município está inserido.

Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco (RD)

RD Metropolitana - 14 municípios RD Agreste Meridional - 26 municípios


RD Mata Norte - 19 municípios RD Pajeú-Moxotó - 26 municípios
RD Mata Sul - 24 municípios RD Araripe - 15 municípios
RD Agreste Setentrional -19 municípios RD Itaparica - 7 municípios
RD Agreste Central - 26 municípios RD São Francisco - 8 municípios
18

N
Figura 1 – Mapa do Estado de Pernambuco-Brasil
Fonte: www.pousadapeter.com.br/indexpernambuco.htm

Figura 2 – Micro-Região, Sertão do Moxotó - Pernambuco.


Fonte: www.citybrazil.com.br/index.htm S
19

6.1.2 Acesso

O acesso à cidade de Inajá, partindo de Recife, é feito pela BR-232 até o povoado do

Cruzeiro do Nordeste, tomando-se em seguida a PE-360 por um percurso de 60 km até a cidade

de Ibimirim, finalmente se pega a BR-110 por um trecho de 50 km até a sede municipal, como

podemos observar na figura 3.

Figura 3 - Mapa de Acesso Rodoviário à Cidade de Inajá / Escala: 1:710. 000


Fonte: www.transportes.gov.br/bit/estados/port/pe.htm
20

Legendas

6.2 ASPECTOS FISIOGRÁFICOS E GEOMORFOLÓGICOS.

6.2.1 Clima

O município de Inajá está localizado no Polígono das Secas, no domínio da Bacia do rio

São Francisco. Apresenta um clima semi-árido quente, com alternância de duas estações: a

chuvosa; denominada de inverno, pelos nativos, e a de verão ou seca. A precipitação

pluviométrica média anual é de 392,9 milímetros, na sede do município. Estas precipitações

pluviométricas são caracterizadas por fortes chuvas de verão, concentradas, às vezes, num

pequeno período de novembro a abril, a partir daí tem-se o verão que se estende até setembro. O

período mais frio vai de maio a agosto. Os meses mais quentes são outubro e novembro.
21

6.2.2 Temperatura

Possui temperatura elevada (26 °C a 33°C), em média 27 °C, cuja variação entre a

máxima e a mínima oscila em torno dos 7 °C, sendo o mês de dezembro o mais quente e o mês

de julho o mais frio e predomina uma forte evaporação. Caracterizando-o, ainda, forte insolação,

com evaporação maior que a precipitação e um índice de aridez que oscila entre 10 e 2,

favorecendo o desenvolvimento de uma vegetação com acentuado grau de xerofilismo.

6.2.3 Relevo

Os aspectos morfológicos desempenham papel muito importante na área, tendo em vista o

seu relevo se apresentar suavemente ondulado e de formas bem distintas, possibilitando muitas

vezes a delimitação, com certo índice de precisão, dos contatos geológicos das unidades

estratigráficas, especialmente todas as faixas meridionais, compostas pelas formações, Manari,

Inajá e Aliança, que formam patamares escalonados, sendo o mais alto correspondente à latitude

de 750m até o mais baixo, no leito do Riacho Caraibeiros na cota 400m.

No contesto geral, a área apresenta uma topografia variada, mostrando uma diferença de

cota da ordem de 350m, sendo o seu ponto mais alto localizado a sul na altitude de 752m,

enquanto os mais baixos estão no centro-leste e em torno dos 380m.

Tem dissecamento em todo município. Mostra uma significativa elevação denominada de

Chapada do Peba.
22

6.2.4 Solos e Intemperismo

6.2.4.1 Solos

Na área, distinguimos dois tipos de solos: solos arenosos e solos sílticos – argilosos.

Os solos arenosos constituem camadas de areia depositadas pelos alísios ou formadas em “in

situ” pela desagregação dos próprios arenitos das formações: Manari, Ilhas e Marizal, que se

mostram quimicamente muito ácidos, em alguns locais, ricos em óxidos de ferro, que às vezes se

tornam avermelhados, chegam a ser lateríticos quando oriundos da formação Inajá.

Os solos sílticos – argilosos são de tonalidade castanha – amarelados a avermelhados, ricos em

carbonatos e pobres em húmus de caráter argiloso.

Há espalhamento de material arenoso dando origem a solos profundos e muito pobres.

Estes solos são classificados de LATOSSOLOS: solos profundos, bem drenados, ácidos e

fertilidade natural baixa; PODZÓLICOS: solos medianamente profundos, bem drenados, textura

média argilosa, ácida e fertilidade natural baixa; LITÓLICOS: solos pouco profundos, textura

arenosa média, pedregosa e fertilidade natural baixa. Nas vertentes dos vales predominam os

solos cascalhentos, contudo, mais férteis. As depressões retratam as planícies aluviais do Rio

Moxotó e Riacho Juazeiro, pertencentes à bacia do São Francisco.


23

6.2.4.2 Intemperismo

O intemperismo predominante é o físico, tendo em vista os fatores climáticos já

mencionados. Sendo que sua maior atuação é no período das secas, provocando a desagregação

das rochas que, nessa área, são relativamente friáveis. O intemperismo químico, de pouca

atuação, age na época das chuvas, provocando ataque químico e fornecimento de material à rede

hidrográfica que transporta - o, formando pequenos aluviões.

6.2.5 Vegetação

A Vegetação é conseqüência das condições climáticas reinantes, como em todo o sertão

pernambucano, faz se sentir os intensos efeitos das estiagens prolongadas que conjuntamente com

a exigüidade do solo, evidencia um revestimento florístico constituído de caatinga, daí ser ela

nesta área da jazida representada por elementos apropriados a suportar as demoradas estiagens e

fortes temperaturas. Dentre as espécies que mais predominam, podemos distinguir o cerrado e a

caatinga.
24

6.2.5.1 O cerrado

É encontrado em percentagem muito pequena, por sofrer a destruição do homem e

encontra-se representada (fora da área) pelas manchas úmidas das serras Negras e Tacaratu,

resultante dos efeitos combinados de exposição e altitude, ou seja, forma com a topografia se

dispõe no curso das massas de ar que anualmente convergem sobre o conjunto dominante na

região, está em fase de extinção. Raros são os remanescentes desta floresta serranas como: paud’

arco, ingazeira, Pau-ferro, cedro, jatobá, maçaranduba, etc.

6.5.2 A caatinga

É dominante e distribuída por toda a área, formada por hiperxerofita caducifólia adensada

e de pequeno porte. Representando esse tipo de vegetação temos uma grande variação de plantas,

desde rasteiras até pouco arbustivas.

As cactáceas (coroa - de - frade, facheiro, xique-xique, mandacarú, mancambira, etc.), são

as mais freqüentes e outras como: mamileiro, quebra-facão, unha – de - gato, maniçoba, etc.,

sendo que as cactáceas ocorrem com mais freqüência nos arenitos Manari e Ilhas. Fato

importante a ser registrado é a existência de verdadeiro campus, onde a ausência de vegetação é

quase total e ocorre em pequenas áreas da Formação Aliança e nos planos mais baixos da área.
25

6.2.6 Hidrografia

A ausência de cursos d’água nesta área é quase total, fato que é evidente devido alta

porosidade e permeabilidade dos sedimentos. Vale salientar, a cheia nos pequenos riachos da

área, é do tipo torrencial, por causa das grandes chuvas concentradas em curto espaço de tempo e,

ainda, de poucas dimensões devido a grande captação do solo, capaz de reter considerável

volume de água. Dessa forma, grande parte da precipitação é retida no solo e o escoamento

superficial é representado por uma parcela muito pequena das precipitações. Rio Moxotó

representa o principal responsável pela drenagem da área, recebendo na sua margem os riachos

Juazeiro e Caldeirão.

6.2.6 Condições de Infra-Estrutura

A área pesquisada oferece boas condições de infra-estrutura para a atividade de

explotação de calcário para produção fertilizante. Os locais selecionados para implantação das

futuras frentes de lavra situam-se próximas da rodovia federal BR-110. Tendo também uma via

estadual asfaltada e duplicada ligando Inajá a Tacaratu. A distância que separa a futura planta de

britagem do maior mercado consumidor (Zona da Mata) é de cerca de 400 km.


26

Além de contar com a sede municipal de Inajá, o apoio logístico mais simples às

operações de lavra, podem ser obtidos na cidade do Recife, que conta com centros comerciais de

serviços mais desenvolvidos.

A área dispõe de toda infra-estrutura básica para o desenvolvimento das atividades de

lavra de calcário tais como, disponibilidade de energia elétrica, água, meios de comunicação,

transporte e demais insumos e serviços.

6.2.7 Aspectos Socioeconômicos

As terras onde hoje está localizada a cidade de Inajá pertenciam a Jerônimo Bezerra de

Carvalho, posteriormente, a propriedade foi vendida a Cirilo Gomes de Araújo e Domingos

Gomes de Souza que construíram duas casas no local, dando início ao povoamento. A partir daí,

o povoado começou a evoluir até ser elevado à categoria de vila, com o nome de Espírito Santo.

Criada em 27 de setembro de 1897, até então, integrava o território do Município de

Tacaratu, atualmente, o Município é constituído do distrito de Inajá (sede) e dos povoados de

Caraibeira e Baixa da Alexandra.

Em 1948, a vila foi elevada à categoria de cidade pela Lei nº 14 de 08 de outubro, com o

nome de Inajá. A origem do seu nome vem do tupi-guarani e quer dizer "palmeira de palmito

forte". Administrativamente, o município é formado pelo distrito sede e pelos povoados de

Caraibeira e Barra de Alexandra, no dia 02 de janeiro se comemora a emancipação política de

Inajá.

Dados do censo IBGE/2000 afirmam que a população total residente é de 13.280

habitantes. São 6.551 homens e 6.729 mulheres. Os habitantes da zona urbana são 6.479,

enquanto que os da zona rural são 6.801.


27

Os indicadores demográficos apontam uma taxa de urbanização de 48,8%, densidade

demográficas de 12,1%, média de moradores por domicílio de 4,6 pessoas e taxa anual de

crescimento demográfico (91/2000) –2,08.

A renda média mensal do chefe do domicílio são 1,62 salários mínimos (388,80 abril

2004). Existem 2.238 pessoas responsáveis pelo domicílio, com renda. Por outro lado, sem

rendimento têm 657 pessoas responsáveis pelo domicílio.

A sede municipal dispõe de energia elétrica distribuída pela Companhia Energética de

Pernambuco – CELPE; terminais telefônicos atendidos pela TELEMAR; uma agência bancária

pública, uma agência dos correios.

Na área de educação, existem 1 estabelecimento de ensino médio e, 42 de ensino

fundamental, com 326 e 3.599 alunos matriculados, respectivamente. O número de habitantes

com 10 anos ou mais é 9.811, sendo 5.534 (56,4%) alfabetizados e 4.277(43,6%) analfabetos.

A rede de saúde dispõe de 1 hospital, 3 ambulatórios, 9 leitos e 18 agentes comunitários

de saúde.

No setor formal o número de estabelecimentos e empregados por atividade são mostrados

na tabela 1.0.

Tabela 1.0: Empregados e estabelecimentos por setor de atividade


28

A área deste município é ocupada por grandes e médias propriedades. Estes sistemas

agrários fundamentam-se na pecuária extensiva, na integração tradicional da pecuária e

agricultura, agricultura irrigada e agricultura de subsistência.

As principais atividades pecuárias são: suinocultura, caprinocultura, ovinocultura e

bovinocultura de corte. Nas atividades agrícolas, registram-se as de cultivo comercial e

subsistência. As comerciais são: banana, goiaba, melancia, maracujá e acerola; enquanto que as

de subsistência são: feijão, milho, mandioca, batata doce, fava e outras.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inaj%C3%A1_(Pernambuco)

7. GEOLOGIA REGIONAL

O município de Inajá encontra-se inserido, geologicamente, na Província Borborema,

sendo, constituído pelos sedimentos das formações Tacaratu e Inajá, do Grupo Brotas, e das

formações Candeias, Santana, Marizal e Exu, e dos Depósitos Colúvio-eluviais e Aluvionares

como pode ser observado na figura 4.


29

LOCALIZAÇÃO
DA JAZIDA

Figura 4 - Mapa Geológico do Município de Inajá.


Fonte: CPRM - http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/pernambuco/relatorios/INAJ075.pdf

CONVENÇÕES GEOLÓGICAS

Contato geológico

Falha ou Fratura Falha ou Zona de Cisalhamento

CONVENSÕES CARTOGRÁFICAS
Sede Municipal Limites Intermunicipais
Rodovias Rios e Riachos
30

UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS

Cenozóico
Q2s Depósitos Aluvionáres: areia, cascalho e níveis de argila.

N2c
Depósitos Colúvio-eluviais: sedimento arenoso, areno - argiloso e
Conglomerático.

Mezozóico

Q2e Formação Exu : arenitos calínicos de granulometria variável com intercalações


de pelitos.

Formação Marizal: conglomerados e arenitos conglomeráticos feldspáticos,


K1m
intercalações irregurales e descontínuas de argilitos síticos, calcários e
folheilhos betuminosos.

K1s
Formação Santana : Folheilhos escuros e calcários laminados, com
intercalações de argilitos, margas e gipsita.

K1d
Formação Candeias/grupo ilhas: sedimentos pelíticos com intercalações de
calcários e arenitos.

J3b Formação Brotas: arenitos, siltitos, marga, folhelho, evaporito, níveis de


conglomerado.

Paleozóico

DI Formação Inajá: arenitos finos, silticos e folheilhos, raros níveis de arenitos


Grossos.

3I
Formação Tacaratu: Conglomerados e arenitos grossos e médios.
31

7.1 Características Gerais

Localizada geograficamente entre os paralelos de 8°30’ a 9°10’ de latitude sul e entre os

meridianos de 37°10’ e 38°40’ a W de Greenwich, aproximadamente. A Bacia sedimentar de

Jatobá tem sido chamada de semigrabem, alongado na direção N 70° E, com forma

aproximadamente elíptica, onde seu eixo maior mede cerca de 155 km.

Com 6.200 km² de área, a Bacia de Jatobá, constitui o prolongamento nordeste da Bacia do

recôncavo – Tucano que no total, estende-se por mais de 500 km no seu eixo maior, essa

seqüência de sedimentos contínuos é apresentada no mapa geológico do Brasil (1960) e ocorrem

desde a cidade de Buique no estado de Pernambuco até o Recôncavo Baiano.

Situa-se ao norte do Rio São Francisco e bem individualizada, a chamada Bacia de Jatobá,

está em quase sua totalidade no estado de Pernambuco e tem às cidades Ibimirim, Petrolândia,

Inajá, Tupanatinga e Buique como pontos de referências principais, para uma situação

aproximada, uma vez que estas cidades batizam a referida bacia sedimentar.

F. Almeida (1963) definiu os sedimentos paleozóicos da Bacia de Jatobá, como sendo

testemunhos das antigas transgressões marinhas que ocorreram desde o Siluriano inferior até

possivelmente o Carbonífero Superior, abrangendo grande parte do território brasileiro no

Devoniano e atingindo as grandes bacias sedimentares, chegando mesmo a interligá-las nas fases

intensas.
32

7.2 Estratigrafia

7.2.1 Rochas do Embasamento

O embasamento da bacia de Jatobá é constituído por rochas graníticas que freqüentemente

são encontradas nos bordos da mesma e mesmo em contato com os sedimentos.

A N e W da bacia ocorrem os meta-sedimentos e migmatitos constituintes dos grupos

Caraíbas, Uaúa, Salgueiro e Cachoeirinha. A SE as rochas graníticas e migmatitos pertencentes

ao horst que separa as bacias, Tucano – Jatobá e Sergipe – Alagoas. As rochas que

frequentemente estão em contato com os sedimentos no bordo da bacia são granitos e gnaisse e

mais raramente os migmatitos. Ao sul da cidade de Inajá, na rodovia BR – 316 observam-se

nítidamente o contato dos arenitos paleozóicos com os gnaisses. Próximo à cidade de Tacaratu os

bordos da bacia são recobertos por um granito rósso, maciço, de textura variável, desde média até

porfirítica.

7.2.2 Sedimentos Cenozóicos

São representados por extensas camadas de areias, quartzosas, oriundas da desagragação

física das rochas paleozóicas e mesozóicas. Barbosa (1970) et. Alli, baseado em dados

geomorfológicos, admitiu tais sedimentos como de idade Terciária Superior. Os sedimentos

quaternários são representados pelos aluviões relacionados com o Vale do São Francisco e

Moxotó.
33

No Vale do São Francisco essas aluviões, ocorrem, principalmente, à montante de

Petrolândia, desde Belém de São Francisco (PE) até a foz do Riacho dos Mandantes. Nesse

trecho, há espessos depósitos aluviais, principalmente sob a forma de ilhas fluviais. No vale do

Moxotó, esses aluviões ocorrem formando uma faixa longa de 3 a 4 km de largura, como mais

destaque na porção do seu curso, compreendido entre cidades pernambucanas e Ibimirim e Inajá.

7.2.3 Sedimentos Paleozóicos – Grupo Jatobá

Composto pelas formações: Manari, Inajá, Ibimirim, e Moxotó as quais correspondem,

respectivamente, às unidades A, B, C e D, Inicialmente designadas pela Petrobrás na coletânea de

relatórios de Exploração (I) – Rio de Janeiro, 1967.

7.2.3.1 Formação Manari

É Equivalente a unidade “A” da Petrobrás, é composta exclusivamente por arenitos

grosseiros com níveis conglomeráticos, estratificados e raramente arenitos médios a finos. Os

conglomerados basais são granitos, todavia não possuem seixos com diâmetros além dos 3 cm.

Sua cor é creme, seixos sub – arredondados de quartzo e feldspato, cimento argiloso, em parte

compacto e freqüentemente friável. Aflora em forma de morros e serrotes, com escarpas muito

abruptas. Cobre toda a faixa sul da Bacia, desde a cidade de Petrolândia até a cidade de

Buique no estado de Pernambuco. Repousa discordantemente sobre o embasamento cristalino e

sua espessura total é estimada em 500 a 600 m. O contato superior com a Formação Inajá é

gradativo e, às vezes, por falhamento.


34

A presença material grosso abundante, a variação rápida do mergulho e direção das

estratificações obliqua, e variações laterais bruscas, indicam segundo Barreto (1968), uma

sedimentação sob condições de chuvas pesadas, ambientes de planícies de inundação lacustre

fluviais. A formação Manari é constituída de material clástico e granulação grossa de

quartzo e a presença de feldspato, com arestas frescas, sugerem que a fonte de fornecimento dos

sedimentos não se achava muito distante.

7.2.3.2 Formação Inajá

Correspondente a unidade “B” da Petrobrás, é composta principalmente por arenitos

finos, silticos e folheilhos e arenitos finos com pequenas ocorrências de arenitos grosseiros,

ocorrem na porção inferior dos sedimentos Devonianos da Bacia de Jatobá. Os arenitos são de

cor avermelhadas e ferruginosas, creme amarelado e branco bem selecionado quando finos e

maus selecionados quando grosseiros micáceos. Esses arenitos são protegidos em marcas

onduladas e frequentemente contem macrofósseis, representados por moluscos e braquiópodes

articulados e inarticulados.

Devido a grande quantidade fácies, Barreto (1968), cita a subdivisão, para a seqüência

estratigráfica da formação inajá, em cinco fácies respectivamente da base até o topo: “siltico

Basal”, “Arenito Feldspátio”, “Arenito Cacimba” e “Arenito Lages”.

As espessuras máximas e mínimas estão entre 180 a 200m e 140 a 150m, em termos de

afloramentos, os melhores, estão no Vale do Moxotó, próximo à cidade de Inajá e na Fazenda

Nunes município de Tacaratu.


35

7.2.3.3 Formação Ibimirim

Correspondente a unidade “C” da Petrobrás, dessa formação não se conhecem

afloramentos, foi detectada apenas na sondagem de Ibimirim e definida como formada de

folhelhos cinza – escuro, duro, micáceo, carbonoso, arenito esbranquiçado médio e grosseiro e

alguns folheilhos castanho avermelhado.

7.2.3.4 Formação Moxotó

Designada como unidade “D” da Petrobrás e formalmente de Moxotó por Barreto,

identicamente a anterior é conhecida na superfície. Litológicamente é constituída de arenito

esbranquiçado a castanho avermelhado, duro síltico, calcífero; siltico cinza médio a escuro, duro,

calcífero, micáceo e alguns finos leitos de calcários.

Seu contato com a formação Ibimirim, é gradual enquanto o contato superior com a

formação aliança é discordante. Seu topo foi alcançado aos 2.504m no poço Imst – e –PE da

Petrobrás e sua espessura medida foram de 170 metros.

7.2.4 Sedimentos Jurássicos – Cretáceos – Super Grupo Bahia

O super grupo Bahia compreende o Grupo Brotas, representado pelas formações Aliança e

Sergi; o grupo Santo Amaro (Formação Candeias); o Grupo Ilhas; o grupo Massacará, e a

Formação Marizal.
36

7.2.4.1 Grupo Brotas (Formação aliança e Formação Sergi)

7.2.4.1.1 Formação Aliança

Seu nome é devido a localidade de Mata da Aliança, no recôncavo Baiano. É constituída,

litológicamente, por folhelhos esverdeados, finamente laminados “Red beds” e suspeita-se da

existência de leitos de evaporitos, devido a grande quantidade de gipsita disseminada nas áreas de

afloramentos dessa formação.

Sua principal característica é, sem dúvida, sua cor que grada de vermelho nos lutitos para rosas

nos pisamitos.

Os afloramentos mais importantes podem ser observados em área no núcleo colonial de

Petrolândia e entre os quilômetros 13 e 17, à margem esquerda da rodovia Petrolândia – Ibimirim

em terrenos da Fazenda Mata Cabra, referidos por Muniz, 1976. Sua espessura está em torno dos

180m constatada na perfuração de Ibimirim (Imst-PE).

7.2.4.1.2 Formação Sergi

É representada por sua litologia típica arenítica, com granulação variável, as vezes

conglomerática. A variação de sedimentos grossos para finos é muito irregular. Os grãos são

arredondados e a estratificação cruzada é bastante evidente. Os arenitos arcoseanos dessa

formação são muitos espessos (90 a 150). Uma particularidade notável dessa formação é o

elevado número de troncos silicificados, sobre os quais ainda não existe um estudo sistemático e

paleológico que poderá fornecer subsídios para a interpretação faciológica da formação.


37

7.2.4.2 Grupo Santo Amaro (Formação Candeias)

Designação dada ao pacote de folheilhos e silticos contendo finas intercalações de

calcário dolomítico, espessos corpos de arenitos maciços, sob as denominações formais de

membros Tauá. Na bacia de jatobá, não está subdividida em membros e, está representada

por arenitos, siltitos e folheilhos. Os folheilhos são marrom - arroxeados e localmente ocorre

fragmentos de lignito já mencionados por muitos autores.

Muniz (1976), sugere um ambiente redutor, devido a colocação dos sedimentos, a

presença de FeS2 nos folheilhos e siltitos como também a presença dos fragmentos de lignitos em

determinados níveis (o chamado carvão jatobá). Todos esses caracteres evidenciam

indubitavelmente um ambiente redutor, de águas estagnadas e pouco arejadas. O mesmo autor

citado, afirma que as conchas de cyprides, ossos, dentes e escamas de peixes e répteis que

ocorrem nas localidades Atalho e Angico, ambas à margem esquerda do Rio São Francisco e a

alguns quilômetros e montante da cidade de Petrolândia, pertencente a esta formação e, em parte,

ao sobreposto Grupo Ilhas. Sua espessura está em torno dos 690m, constatada na perfuração de

Ibimirim (Imst -1-PE).

7.2.4.3 Grupo Ilhas

A categoria de grupo, formalizada para antiga Formação Ilhas foi proposta por Viana

(1971) et alli, levando, em conta peculiaridades do Recôncavo, permanecendo tal grupo indiviso

para a bacia Tucano. A antiga formação Ilhas compõe – se de espessos leitos de arenitos silticos

e folhelhos.
38

Essa formação é bastante fossilífera com pólen, Ostracodas (Cypridea), Moluscos

(Melanina, Poludina) e Lepidotos.

Os sedimentos correspondentes a essa formação, muito se assemelham aos sedimentos da

formação imediatamente sotoposta (Candeias) o que levou Braun (1966) a se basear em dados

micropaleontólogicos para fazer tal separação e atribuir – lhe uma idade cretácea.

Ainda, Braun (1966) afirma ser válida somente para o Recôncavo”a distinção feita pela

litologia, para esta formação e a Formação Candeias.

Contudo, vale salientar que a percentagem de arenitos e siltitos aumentam em

considerável percentual na Formação Ilhas e ainda são relativamente mais grosseiros,

apresentando uma textura fotográfica nitidamente diferente da formação Candeias. Contudo,

vale salientar que a percentagem de arenitos e silticos aumentam consideravelmente na Formação

Ilhas e ainda são relativamente mais grosseiros, apresentado uma textura fotográfica nitidamente

diferente da Formação Candeias. A coloração dos sedimentos varia desde arenitos cinza,

folhelhos esverdeados a arenitos amarronzados. A espessura atravessada na sondagem de

Ibimirim e atribuída a este grupo, foi de 300 metros.

7.2.4.4 Grupo Massacará

A designação formal desse grupo foi efetuada por Viana (1971), et alii. O nome é

proveniente da Vila de Massacará, situada no município de Euclides da Cunha situada no estado

da Bahia. Essa designação formal abrange uma seqüência arenosa com intercalações de argilas

silticas, folhelhos e raros calcários, que sobrepõem ao grupo Ilhas.


39

Na bacia de Jatobá esse grupo se faz representar pela Formação São Sebastião,

constituída, litologicamente, de arenitos e folhelhos. Os arenitos têm granulação fina a média.

Cor amarela e cinza e apresentam estratificação cruzada oblíqua.

Segundo A.Almeida (1967), a porção basal é formada por arenitos de granulação

média a porção intermediária é representada por siltitos ou arenitos argiilosos cinza, violeta ou

vermelho com fósseis (ostrácodas e peixes) e no topo predomina os arenitos cinza com variações

para vermelho, laranja e pardo. Muniz (1976) revela que os afloramentos mais conspícuos desta

formação estão localizados no limite norte da bacia, nas proximidades da cidade de Ibimirim,

julga, ainda, insuficientes os dados de campo disponíveis e as próprias revelações da sondagem

de Ibimirim, para identificar em Jatobá os membros em que a formação está dividida no

Recôncavo. Viana (1971) et. Alii atribuem – lhe uma idade cretácea inferior.

7.2.4.5 Formação Marizal

Ocupando grandes áreas de afloramentos e discordantemente sobre as rochas anteriores,

essa formação cujo nome é oriundo da serra do Marizal, existente na bacia do Tucano, encerra

espesso pacote de arenitos grosseiros, heterogêneos, de cor amarelo, róseo e mais raramente,

siltitos vermelhos e folhelhos cinzas. Na base encerra um arenito arcoscano e conglomerático,

que o corre, na sua maioria, capeada por um espesso manto eluvial. Viana (1971), et alli, em face

da presença de fósseis: resinas, ostrácodas, escamas de peixe, incluem-na no período cretáceo.

Identicamente a todo super Grupo Bahia, é uma formação continental, sua espessura

média está em torno dos 150m, não ultrapassando 50m no recôncavo e podendo atingir 300m em

Tucano-Jatobá.
40

8. GEOLOGIA LOCAL

Localmente, a área da mina CAPA está sob a Formação Marizal, definida por Brazil

(1947), essa formação representa a Tectonoseqüência Pós-Rifte (Ponte & Ponte Filho, 1996) na

Bacia do Jatobá, pois as formações Santana e Exu, na Serra Negra e na Serra do Periquito,

correspondem a testemunhos do Grupo Araripe, da bacia homônima.

Morfologicamente, é constituída de morrotes irregulares e suave ondulação, além de

tabuleiros com bordas irregulares. Em termos litológicos, se trata de uma unidade essencialmente

psamíticapsefítica, com pelitos subordinados, na bacia de Tucano, onde foi definida, inclui lentes

de calcário, folhelhos betuminosas e lâminas de evaporitos, tipicamente lacustrinos (Menezes

Filho et al., 1988).

No entanto, na Bacia do Jatobá, somente são observados afloramentos constituídos por

blocos de arenitos grosseiros a conglomeráticos, conglomerados polimíticos imaturos, contendo

seixos angulosos do embasamento cristalino, com matriz areno-argilosa ferruginosa,

extremamente silicificados.

Essa formação possui características que retratam uma sedimentação de sistemas de

leques aluviais e fluvial proximais, que preencheram as depressões logo após o estágio de

estabilização do rifte, inclusive ultrapassando os seus limites, assentando diretamente sobre

rochas do embasamento cristalino.

A Formação Marizal, baseada no conteúdo palinológico, possui idade mesocretácica

(Bruni et al., 1976) e é correlacionada ao Membro Carmópolis, da Formação Muribeca da Bacia

SE/AL, às formações Itapecuru (Bacia do Parnaíba) e Urucuia, do oeste da Bahia e também, às

porções de sedimentos encontrados na Série N’Zema Asso da Bacia do Gabão (Ghignone, 1979).
41

Podemos constatar que o material é muito interessante do ponto de vista comercial, pelo

fato do mesmo apresentar impurezas em quantidades relativamente baixas, embora apresente

algumas intrusões de granitos em pequenas quantidades, fato que não implica em maiores

problemas para produção de calcário.

9. MINERALOGIA E GEOLOGIA DO CALCÁRIO.

9.1 Mineralogia

As principais rochas carbonatadas mais comercializadas, em todo mundo são: calcário

calcítico e calcário dolomítico. São rochas sedimentares compostas basicamente por calcita

(CaCO3), enquanto os dolomitos são rochas sedimentares compostas, basicamente pelo mineral

dolomita (CaCO3MgCO3), de longe, a calcita apresenta maior valor econômico, comparada às

demais, dolomita, mámores e greda ou giz.

A similaridade entre as propriedades físicas dos minerais carbonatados resulta numa

dificuldade na identificação, ou melhor, na distinção entre eles. Em decorrência disso, São

utilizados recursos adicionais de identificação, além do uso convencional das propriedades físicas

desses minerais e / ou rochas. Desse modo, os recursos de análise químicas e de difração de raios

X, microscopia eletrônica, entre outros, são os mais utilizados.

A aragonita (CaCO3) possui a mesma composição química da calcita, entretanto, difere na

estrutura cristalina. Seu aproveitamento econômico acontece apenas para os depósitos de conchas

calcárias e olitas.

Trata-se de um mineral metaestável, cuja alteração resulta na calcita, a forma mais

estável.
42

Outros minerais carbonatados, notadamente, siderita (FeCO3), ankerita (CaMgFe (CO3)) 4

e a magnesita (MgCO3), estão comumente associados ao calcário e ao dolomito, contudo em

menor quantidade.

Figura 5 - Rocha calcário


Fonte: www.calcarioandreazza.com.br

Características Físicas da Rocha Calcária:

Densidade: 2,72 para calcita (CaCO3), 2,87 para Dolomita (CaCO3MgCO3), 2,96-3,1para

ankerita (Ca2MgFe(CO3)4), 3.7 – 3,9 para siderita (FeCO3).

Dureza: Calcita 3 e Dolomita 3,5 a 4.

Cor: Cinza com pequenas incrustações brancas (calcita). A Calcita a dolomita, quando

puras, são brancas.

Brilho: vítreo para calcita e dolomita e nacarado para calcário.


43

Clivagem: Perfeita segundo {1011}, {1010}, {0001}, {0221}, e {0112} conforme,

podemos vê os cristais de calcita mostrados na Figura 6.

0001
0112 0221
1010
1011

2131

1011

Figura 6 - Cristais de calcita


Fonte: Revista Brasil Cerâmica (www.brasilceramica.com.br)

Ponto de Fusão: A análise termodinâmica do calcário mostra um profundo pico endotérmico em

torno de 984 C°, onde existe dissociação dos minerais e desprendimento do anidrido carbônico

(CaCO3 CaO + CO2 ).


44

9.2 Geologia do Calcário

9.2.1

http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=2Fo

rmação

Os calcários, na maioria das vezes, são formados pelo acúmulo de organismos inferiores

ou precipitação de carbonato de cálcio na forma de bicarbonatos, principalmente em meio

marinho. Também podem ser encontrados em rios, lagos e no subsolo (cavernas).

No caso do calcário quimiogénico, a formação é em meio marinho: a calcita (CaCO3) é

um mineral que se pode formar a partir de sedimentos químicos, de cálcio e bicarbonato: Cálcio

+ Bicarbonato --> CaCO3 (calcita) + H2O (Água) + CO2 (dióxido de carbono) Isto acontece

quando os meios marinhos sofrem perda de dióxido de carbono (devido a forte ondulação, ao

aumento da temperatura ou à diminuição da pressão). Deste modo, para que os níveis de dióxido

de carbono que se perdeu sejam repostos, a equação química começa a evoluir no sentido de

formar CO2, o que leva também a formação de calcita e assim à precipitação desta que, mais

tarde, depois de uma deposição e de uma diagênese dá origem ao calcário.


45

9.2.2

http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=1Im

purezas

As principais impurezas que contém o calcário são as sílicas, argilas, fosfatos, carbonato

de magnésio, gipso, glauconita, fluorita, óxidos de ferro e magnésio, sulfetos, siderita, dolomita e

matéria orgânica entre outros.

A coloração calcária passa do branco ao preto, podendo ser cinza claro ou cinza escuro.

Muitos calcários apresentam tons de vermelho, amarelo, azul ou verde dependendo do tipo e

quantidade de impurezas que apresentam. O calcário é uma rocha sedimentar formada

essencialmente por calcita, apresenta varias cores.

9.2.3

http://enciclopedia.tiosam.com/w/index.php?title=Calc%C3%A1rio&action=edit&section=3Ti

pos de calcário

Não existe uma classificação rigorosa aceita para agrupar os tipos de calcários. Entretanto, de

forma grosseira, pode-se dividi-los em seis grupos:

 Marga: Quando possui uma quantidade de argila entre 35 e 50%.

 Caliche: Calcário rico em carbonato de cálcio formado em ambientes semi-áridos.

 Tufo: Calcário esponjoso encontrado em águas de fonte devido à precipitação do

carbonato de cálcio associado com matéria orgânica resultante da decomposição de

vegetais.
46

 Coquífero: Formado pelo acúmulo de esqueletos e conchas.

 Giz: Calcário poroso de coloração branca formado pela precipitação de carbonato de

cálcio com microorganismos.

 Travertino: São calcários densos encontrados em grutas e cavernas

 Recifal: é um calcário de edificação que resulta da fixação de carbonato de cálcio por

seres vivos, nomeadamente os corais.

9.3 Usos e Funções

9.3.1 Uso do Carbonato na Indústria de Cimento

Para cada tonelada de cimento produzido é necessário 1,4 t de calcário, no ano de 2003, o

Brasil consumiu cerca de 50 milhões de toneladas de calcário na indústria cimenteira, o que

corresponde a 70 % da produção de calcário no país (DNPM – 2004 – sumário Mineral).

9.3.2 Uso do Carbonato de Cálcio Natural na Indústria de Papel

Este setor consome cerca de 1,3 milhões de toneladas por ano de carbonato de cálcio

natural em todo o mundo, precisamente, numa granulometria que varia desde 4 até 0,5 µm, com a

maior parte das partículas entre 1-2 µm. O uso do carbonato de cálcio na indústria papeleira
47

cresce, sistematicamente, desde o seu ingresso no mercado, como substituto do caulim e de óxido

de titânio, nas aplicações como carga e cobertura (Luz, 1988). Há uma tendência, pelos

fabricantes de papel, para o maior uso de produtos carbonatados.

9.3.3 Uso do Carbonato de Cálcio Natural na Indústria de Plásticos

Neste setor ocorre igual consumo ao de papel, cerca de 1,3 milhões de t/ ano de carbonato de

cálcio natural moído formado essencialmente por calcita (CaCO3) e / ou aragonita (GCC) na

produção de resina e PVC, este com maior parcela do consumo.

O GCC com granulometria fina e os polímeros são adicionados à composição dos plásticos

para melhorar suas propriedades físicas e as características de processabilidade. Há muitas

vantagens no uso do GCC na indústria de Plásticos, entre outras, podem ser citadas.

 Por meio de dosagem e distribuição

Granulométricas apropriadas, o GCC proporciona aos compostos de PVC, dureza, propriedades

de tensão, textura, brilho superficial;

 controla a viscosidade e o coeficiente de expansão térmica do plástico na moldagem das

placas;

 proporciona resistência ao polímero e baixa o custo do produto acabado;

 favorece a manufatura de poliéster, saturado com 40% de GCC, usado com sucesso na

indústria automobilística, permitindo a obtenção de produtos competitivos com o aço e o

alumínio.
48

O GCC ultrafino (< 1,5 µm) é usado na produção de plástico, que resultam nas mais

variadas aplicações. Assim, são empregados na produção de: fraldas, filmes, móveis,

materiais de construção, produtos automotivos, sacolas de lixo, tubos, baldes de lixo,

embalagens de alimentos, papéis, garrafas sintéticas, além de outros. Sua adição, na faixa

de 15 a 30 % em peso, promove as propriedades físicas dos produtos e permite aumentar o

rendimento, porque sua condutividade térmica está cinco vezes acima do polietileno ou

polipropileno.

9.3.4 Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria de Tintas

As tintas são dispersões de pós, identificados como pigmentos ou cargas, em substâncias

macromoleculares, aproximadamente viscosas, chamadas de materiais filmógenos. Líquidos

voláteis, solventes ou diluentes, permitem regular a viscosidade do conjunto, facilitando a

fabricação e a aplicação.

Quanto à forma de secagem, as tintas podem ser classificadas em:

 Secagem física – o filme de tinta se forma pela simples evaporação do solvente;

 Secagem físico – química – a evaporação da água é acompanhada de coalescência dos

grãos em suspensão na água;

 Secagem por oxidação em contato com o ar – os óleos e as resinas de secagem que eles

encerram solidificam –se após uma demão fina.


49

Os minerais têm uma participação importante na composição das tintas como carga e

extensor. A indústria de tintas exige uma granulometria muito fina do produto mineral, isso

decorre da necessidade de se formar leitos muito finos sobre a superfície pintada. Os

produtos minerais, na indústria de tinta, são mais utilizados quando se considera a ação do

vento, da chuva, dos agentes corrosivos que atacam a superfície pintada, com mais extensão,

os aços. Assim, os minerais que atendem a demanda para pigmentos, cargas e extensores na

produção de tintas atendem desde 15% a mais de 30% da demanda.

Os carbonatos de cálcio são extensivamente utilizados em tintas para automóveis, como

também para outros setores de tintas. O carbono de cálcio usado como agente de pintura atua

como:

 Espaçador e redutor da quantidade de TiO2 necessário à pintura;

 Provedor das propriedades mecânicas dos vidros.

O carbonato de cálcio disponível no mercado para tintas de automóveis encontra-se em

duas granulometrias. A primeira, na faixa entre 10 e 3 µm, destina-se (10%) à produção dos

leitores de base tinta. O material ultrafino, com granulometria na faixa entre 1 e 0,7 µm, destina-

se (2 e 3%) à cobertura de clareamento. Este produto permite a aplicação da tinta sobre a

superfície, em forma de finos leitos, além de exibir um brilho mais intenso que o carbonato de

cálcio mais grosso. Por essas e outras razões, são produtos significativamente mais caros (More-

2002).

9.3.5 Uso dos Carbonatos de Cálcio e Magnésio na Indústria de Vidros


50

A dolomita e/ ou aragonita ocupam o terceiro lugar como insumo básico na fabricação de

vidro, depois da areia de quartzo e da barilha (Na2CO2). Esses produtos podem ser usados como

fonte de cal na composição, soda-cal-sílica, dependendo do tipo de vidro a ser fabricado.

A demais a escolha entre os dois produtos depende da disponibilidade, do preço e do teor

de magnésio projetado para o vidro. A cal atua como material fundente sobre a areia de quartzo,

aumentando a insolubilidade e a resistência, além de reduzir a fragilidade do vidro.

A composição da mistura ponderada das matérias-primas para manufatura do vidro

(conhecida simplesmente como “mistura”) segue um controle especial em função da qualidade do

produto final, o vidro.

A denominação vidro plano refere-se ao vidro fabricado em folhas planas ou chapas que,

posteriormente, podem ser usadas para outros fins, como o vidro automotivo.

Na fabricação desses produtos, a dolomita é usada, principalmente, em decorrência do

óxido de magnésio atuar como estabilizador para melhorar a resistência do vidro contra ataques

por gases e umidade, tanto de origem química como natural. A dolomita também atua na redução

da temperatura de fusão que aumenta a trabalhabilidade, como também inibe as reações entre o

estanho e o vidro no banho de estanho fundido para obtenção de vidros planos.

Dolomita pura, no senso estrito, nunca é usada de forma isolada, isto é, sem calcário, na

fabricação de vidro. Paradoxalmente, muita magnésia afeta a dissolubilidade. O ideal é um

calcário dolomítico com uma razão CaO/ MgO de 3/2. A dolomita, com essa composição, facilita

aos fabricantes de vidros planos balancear a mistura dolomitica / calcário. Na fabricação de

vidros para embalagem, a dolomita é usada apenas como fonte de cal, função inversa do mesmo

insumo, quando usado na fabricação de vidro plano.


51

9.3.6 Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria Cerâmica

A aplicação do calcário, calcítico ou dolomítico, na composição das massas cerâmicas

fornece ao produto final uma redução nas expansões térmicas e por umidade. Segundo Lira et. al.

(1997), a adição do carbono de cálcio reduz expansão, por umidade, do produto final quando a

massa cerâmica contém caulim e quartzo. O CaO reage com sílica livre amorfa resultante da

queima dos componentes da mistura e forma uma fase cristalina cálcica. Ainda, os mesmos

pesquisadores encontraram resultados análogos quando utilizaram carbonato de magnésio, porém

com concentrações mais elevadas e, também, mais elevadas as temperaturas de queima. Nestas

condições há formação de fases cristalinas na forma de alumínio – silicatos de magnésio, como

safirina.

9.3.7 Uso do Carbonato de cálcio na Alimentação Animal

O calcário calcítico puro e moído é muito usado como fonte de cálcio no

suplemento alimentar de animais e aves. Outras fontes de cálcio incluem conchas calcárias e

mármores britados. Em ambos os casos, não há uma demanda tão significativa, a exemplo do que

acontece com calcário.

O consumo de carbonato de cálcio é sazonal, mesmo assim, há uma taxa média de CaCO3

na alimentação de animais, ligado ao tipo de animal, em questão.

Por exemplo, para o gado de corte demanda-se de 1,1 até 1,2% em peso de CaCO3, na

composição do bolo alimentar, e, para o frango de corte, essa demanda cresce para 3% de CaCO3.

A granulometria do carbonato de cálcio deve estar com 95% abaixo de 150 µm e 80% abaixo de

74 µm, abaixo teor de sílica e elevadas restrições aos elementos arsênio e flúor.
52

9.3.8 Rochas Ornamentais ou Decorativas

As rochas carbonatadas, calcário, dolomito e mármore, em alguns casos são usados como

rochas ornamentais ou decorativas, os mármores em maior extensão. Calcário e dolomito são

usualmente cinza, todavia, são encontrados nas cores: branca, amarela, bronzeada ou preta.

O mármore branco é composto predominantemente do mineral dolomita. Certas

impurezas podem comprometer o uso do produto como rochas decorativas. As mais comuns, que

provocam escurecimento da rocha, incluem: ferro nas formas de carbonatos, óxidos e sulfetos,

sílica, sílex, sílica, argila grafita e matéria orgânica. De forma paradoxal, a cristalinidade, a

espessura da estratificação, a facilidade de polimento e a presença de fosseis, fazem do calcário

calcítico e do dolomito rochas decorativas muito atrativas.

9.3.9 Uso do Carbonato de Cálcio na Indústria Metalúrgica

O óxido de cálcio reage prontamente com as impurezas, entre outras aquelas com enxofre,
segundo a reação.

CaO (do calcário) + SO3 CaSO3 (na escória)

Reações desse tipo são importantes nos quais o CaO produzido pela decomposição do CaCO3
reage com as impurezas ácidas, por exemplo, nos fornos de fabricação de ferro gusa.
Várias são as funções do calcário na indústria do aço, dentre outras:
 escorificar as impurezas da carga, por meio do mecanismo acima;
 diminuir a temperatura de fusão da carga e a viscosidade da escória facilitando o seu
escoamento.
53

O calcário calcítico utilizado na siderurgia tem dupla função, fundente e fluxante. Esses calcários

devem conter no mínimo 49% de CaO; entre 2 e 4% de MgO e entre 2 e 5%de SiO2. A

granulometria deve ser entre 20 e 49 mm. A perda ao fogo deve ser em torno de 40%.

9.3.10 Uso do Carbonato de Cálcio no Tratamento da Água

Por dureza entende-se a característica conferida à água pela presença de sais de metais

alcalinos e alcalinos terrosos (cloro, cálcio, magnésio, sódio, potássio e outros) e alguns metais,

porém em menores concentrações. A maneira mais prática para identificar a dureza da água

consiste na ausência da espuma, quando se usa o sabão nas operações de lavagens.

No transporte do líquido para o abastecimento é comum, em decorrência do equilíbrio

químico desfavorável, a formação de incrustações nas tubulações, com mais intensidades quando

se trata de água quente. As incrustações decorrem da existência dos campos químicos que

tornam a água dura. Tais fatos são mais evidentes nos radiadores de automóveis, hidrômetros,

caldeiras, entre outros.

Os campos responsáveis pela dureza da água também respondem pelo custo elevado da
água utilizada nas indústrias de bebidas, tintas, têxtil, operações de lavagem, consumo doméstico,
entre outros. Nestes casos, a remoção de compostos que provocam dureza da água torna-se
necessária.
54

9.3.11 Classificação e Especificação de Calcário para Uso Agrícola

Os corretivos de solos, de acordo com o Decreto n° 86955, de 18.02.82, do Ministério da

Agricultura, são produtos que contém substâncias capazes de corrigir uma ou mais características

dos solos que sejam desfavoráveis ao desenvolvimento das plantas.

Os solos podem ser atualmente ácidos devido ao seu material de origem ou podem

desenvolver a acidez por ação de chuvas e temperaturas elevadas, pelo cultivo intensivo de

plantas, pelo uso de fertilizantes e pela erosão superficial.

A correção da acidez dos solos é realizada pela aplicação de rocha calcária moída,

também denominada de calcário agrícola ou pó calcário, e seus produtos derivados: calcário

calcinado agrícola, cales virgens e hidratadas agrícolas, escórias e outros.

Além de atuar na correção dos solos ácidos, os calcários agrícolas são fontes de

macronutrientes secundários, importantes nos desenvolvimentos das plantas, como o cálcio e o

magnésio, que são absorvidos sob as formas de CaO (óxido de cálcio) e MgO (óxido de

magnésio). Segundo a Portaria nº 03, de 12.06.86, da Secretaria de Fiscalização Agropecuária, os

calcários agrícolas são classificados de acordo com a concentração de MgO, sendo denominado

calcário calcítico quando apresente teor menor que 5%, calcário magnesiano entre 5% e 12% e

calcário dolomítico acima de 12% de MgO.

Em razão da composição química, os principais compostos presentes nos calcários, A

capacidade de neutralização, chamada de Poder de Neutralização de Ácidos (PN), é geralmente

expressa em relação à do carbonato de cálcio (CaC03) puro, que é tomada como 100% ou
55

equivalente em carbonato de cálcio (equação CaCO3). No caso do pó calcário, o PN deve ter o

mínimo de 67% de equação CaCO3 e 38% da soma dos teores de CaO + MgO.

Na agricultura, os corretivos são utilizados sob a forma de pó, para aumentar a sua

Reatividade (RE) e produzir melhor assimilação pelo solo. O tamanho das partículas é

inversamente proporcional ao tempo de reação do produto com o meio ácido dos solos, ou seja,

partículas menores apresentam maior reatividade (RE). A fração retida na peneira ABNT-10 teria

RE igual a 0. O material que passe na peneira ABNT-50 teria uma RE 100%.

As normas para os corretivos de acidez exigem que 100% do produto passe pela peneira

de 2 mm, (ABNT-10), com tolerância de 5%; 70% passe na peneira de 0,84 mm, (ABNT-20), e

50% em peneira com 0,3 mm de abertura, ABNT-50 (Portaria nº 03, 1986 da Secretaria de

Fiscalização Agropecuária).

A classificação dos corretivos agrícolas quanto ao PRNT, Poder Relativo de

Neutralização total é calculada a partir da expressão PRNT (%) = PN x RE/100. Este índice

indica a fração do total de corretivo utilizado que efetivamente corrige a acidez do solo, num

período variável de dois a três anos.

A legislação brasileira adota quatro faixas de variação de PRNT para os calcários

agrícolas, desde um PRNT de 45% até 90%. No comércio de calcário agrícola, entretanto, não

são aceitos produtos com PRNTs menores que 67% (op. cit.).

10. METODOLOGIA DOS TRABALHOS

O plano de aproveitamento aqui apresentado para avaliação junto ao Departamento

Nacional da Produção Mineral (DNPM) foi desenvolvido a partir dos resultados indicados no

relatório final de pesquisa do processo 844034/02.


56

No local de implantação do presente projeto extrativo mineral já existe uma unidade

completa de cominuição e classificação, composta de conjunto de britagem, moagem e sistema de

peneiramento vibratório a seco havendo, portanto, toda uma infra-estrutura de beneficiamento

completa e praticamente amortizada. Em função desse fato para o cálculo da exeqüibilidade

econômica da lavra consideraram-se apenas os custos de implantação da lavra e os custos

operacionais do processamento.

Para definição do custo de implantação da lavra considerou-se apenas um investimento

inicial na adequação das frentes de lavra já existente na área, no sentido de adequar as

configurações geométricas da cava as especificações definidas no presente projeto de lavra. As

operações unitárias necessárias à operação da mina serão na maioria terceirizadas, tendo-se como

atividade própria da empresa apenas as operações de carregamento e transporte do minério.

Como já existem equipamentos para essas tarefas, o investimento inicial em equipamentos

é praticamente inexistente. Considerou-se também que esses equipamentos existentes já estão

amortizados, não havendo, portanto custos referentes à sua aquisição.

O custo de lavra em conseqüência dessas premissas refere-se basicamente a operação do

sistema produtivo composto pelas despesas de terceirização das operações e custos com materiais

de consumo, insumos, despesas de manutenção e mão-de-obra.

Foi elaborado o projeto de lavra adequando-se os procedimentos técnicos a situação atual

da mina existente nas áreas de pesquisa, objetivando-se a aplicação de um método de lavra de

baixo custo unitário, boa produtividade e controle ambiental das atividades minerarias.

A configuração geométrica da mina prevê a formação de bancadas altas, com alturas

compreendidas entre 10 e 15 m, preferencialmente 15 m de altura, inclinação de 15º dos taludes

para melhorar as condições de segurança e aproveitamento energético do explosivo, e bermas de

20 m de largura, que possibilitam uma boa área de manobras e operação visando melhorar as
57

condições de segurança e produtividade. A inclinação geral dos taludes operacionais da cava será,

portanto de 1,33: 1 ou 75%, o que é considerado adequado em termos operacionais e de

segurança para a resistência mecânica apresentada pela rocha. Para definição das condições

geométricas da pedreira foram levadas em consideração as características tecnológicas do

material, que mostraram uma rocha de excelente coesão, apropriado, portanto para a confecção

de bancadas altas e íngremes.

A cubagem realizada na fase da pesquisa mineral indica a existência de 2 (duas) áreas

potenciais para a lavra, divididas em dois blocos, denominados de (AB) - Calcário dolomítico e

(BC) calcário calcítico, os quais possuem reservas medidas da ordem de 29.454.206,35 m³ de

material “in situ”.

Considerando a sazonalidade e uma produção anual de 228.500 m³ de material na mina

tem-se uma reserva suficiente para cerca de 148 anos de produção ininterrupta para calcário

dolomítico e 20 anos para calcário calcítico.

O fluxo de caixa de operação do investimento previsto foi elaborado para um período de

20 anos de operação, com as premissas econômicas citadas anteriormente, de acordo com o ritmo

de produção e participação dos produtos. Essa participação dos produtos baseou-se no balanço de

massas médio obtido na operação normal da planta de britagem existente.

O fluxo de produção estimado levou em consideração a capacidade instalada de

processamento e também as perspectivas de colocação no mercado.

O mercado a ser atendido compõe-se do estado de Pernambuco e estados vizinhos,

considerado o maior pólo consumidor de calcário agrícola (dolomítico) a Zona da Mata.

A empresa vislumbra a possibilidade de colocação de cerca de 19.042 m³/mês de material

cominuído e classificado em média, levando-se em consideração a sazonalidade histórica de

vendas da empresa. Considerando-se a sazonalidade do mercado tem-se uma maior produção nos
58

meses de verão, com produções na ordem de 24.000 a 30.000 m³/mês, e uma produção menor nos

meses de inverno, com produções na ordem de 9000 a 15.000 m³/mês. Para atender às

necessidades de material bruto para processamento definiu-se uma capacidade de produção na

lavra de cerca de 30.000 m³/mês de minério ROM.

11. CARACTERÍSTICAS TECNOLÓGICAS DA ROCHA

11.1 Propriedades físicas

11.1.1 Massa Específica Aparente Seca e Saturada

Figura 7-Corpos de Sondagens.

Foram obtidos os seguintes resultados referentes à determinação das massas específicas

aparentes seca e saturada verificadas com 10 amostras do material da Mina CAPE nos corpos de

sondagens feitas na área da reserva pesquisada:

γseca = 2.712 ± 0.068 ton/m³ Coef. de variação = 2,50%

γsaturada =2.731 ± 0.069 ton/m³ Coef. de variação = 2,52%

Como o coeficiente de variação em relação à massa específica está entre 0 e 5% pode-se

concluir que o material é muito regular em relação a essa propriedade.


59

11.1.2 Absorção de Água e Porosidade Aparente

Foram obtidos os seguintes resultados referentes à determinação da absorção de água e

porosidade aparente verificadas com 10 amostras do material da Mina CAPE coletadas dos

corpos de sondagens.

Absorção = 0.733 ± 0.039 % Coef. de variação = 5,32%

Porosidade = 1.987 ± 0.123 % Coef. de variação = 6,19%

Como o coeficiente de variação em relação à absorção e porosidade está entre 5 e 25% pode-se

concluir que o material é muito regular em relação a essa propriedade.

12. CÁLCULO DAS RESERVAS DE CALCÁRIO

A superfície topográfica foi obtida com o software SURFFER7, com espaçamento entre
curvas de níveis de 2m. O resultado pode ser observado na figura 8. Os dados da topografia
encontram-se no anexo I. Enquanto que os dados litológicos das sondagens no anexo II.
60

Z 9004000

386
Calcário Dolomítico 9003500
384
382
380
378
376
374
9003000 372
370
368
366
364
9002500 362
360
358
356
Calcário Calcítico 354
352
9002000 350
348
346
344
342
9001500 340

X=N
622500 623000
Y=E

Superficie Topográfica Mapa Topográfico

Figura 8 - Mapa Topográfico da Área de Estudo

12.1 Metodologia Para o Cálculo das Reservas

A determinação das reservas geológicas de minério bruto foi feita através do software

DATAMINE STUDIO. Usando como base de estimação, o método de triângulos.

Em Resumo foi Seguida a Seguinte Seqüência de Rotinas:

- Importação e Validação de Dados de Sondagem;

-Observados os procedimentos de importação de dados;

-Criação do Procedimento para Atualização de Dados (Interpretação e Geológica);

-Criação da Legenda de Rocha;


61

-Criação da Legenda de Teores;

-Importação e Criação do Procedimento para Atualização Topográfica;

-Importação de dados Topográficos;

-Linkagem das strings das camadas;

-Criação da DTM da Superfície;

-Criação dos sólidos das camadas;

-Preenchimento das wireframes;

-Adição de Modelos;

O método utilizado pode ser seguido pelo exemplo que se encontra detalhado no anexo

III (TUTORIAL DATAMINE PARA MODELAGEM, páginas 3 – 17, todo em português).


62

Strings para
Contorno dos Furos das Sondagens
Corpos

Figura 9 - Construção das strings corpo dolomítico 1, para posterior linkagem .

X= Norte (UTM)
Y= E (UTM)
Z = Cota
63

Figura 10 - Fechamento das wireframes (superfícies) a partir das strings criadas e linkadas
anteriormente nas seções geológicas do corpo dolomítico 1.

X= Norte (UTM)
Y= E (UTM)
Z = Cota
64

Figura 11 - Modelo geológico calcário dolomítico do corpo1, pronto para o cálculo de volume.

X= Norte (UTM)
Y= E (UTM)
Z = Cota

O mesmo procedimento foi seguido para obter as outras duas superfícies (calcário

calcítico, e o segundo corpo de Calcário dolomítico), obtendo os corpos de calcário da jazida

como podemos observar na figura 11.

Com os modelos prontos, por ultimo, foi calculado o volume dos dois blocos (calcário

dolomítico 1 e 2 e Calcítico), com a seguinte seqüência de comandos:

WIREFRAMES BATCH TOOLS CALCULATE WIREFRAME VOLUME


65

Figura 12 - Modelo geológico da jazida de calcário (corpos calcítico, dolomítico1 e 2).


X= Norte (UTM)
Y= E (UTM)
Z = Cota

Após os procedimentos para o calculo de volume, foi gerado um relatório com parâmetros

utilizados para cálculo e os resultados obtidos. Estes resultados podem ser observados nas figuras

12,13 e 14.
66

Figura 13 - Cálculo do volume (corpo calcítico).


67

Figura 14 - Cálculo do volume (corpo dolomítico 1).

Os dados topográficos da área são mostrados no anexo III do presente relatório.


68

Figura 15 - Cálculo do volume (corpo dolomítico 2)

Logo temos os seguintes volumes de reserva medida.

BLOCO Reserva medida (m³)

Calcário 28.775.984,30 Bloco1: 24.761.481,1


Dolomítico Bloco2: 4.015.503,19

Calcário 678.222,05
Calcítico

TOTAL 29.454.206,35
MEDIDA
69

Para determinação da vida útil do empreendimento realizou-se uma avaliação junto à

empresa CAPE (Carbonatos de Pernambuco Ltda), verificando as perspectivas de venda dos dois

tipos de produtos, em função do comportamento histórico do mercado e do desempenho médio da

planta de beneficiamento existente. Através das referências citadas chegou-se a uma definição

das possibilidades de obtenção de produtos finais (calcário dolomítico e Calcítico), de acordo

com o quadro abaixo:

Calcário dolomítico - 85%

Calcário Calcítico - 15%

A capacidade de produção mensal da mina foi definida em cerca de 30.000 m³,

considerando o pico de produção estimado para os meses de verão, em especial o mês de

fevereiro, e também as possibilidades de expansão dos negócios da empresa futuramente. Foi

levada em consideração a sazonalidade nas vendas que representa a variação no volume de

produção entre os períodos de inverno e verão, que refletem as características históricas do

mercado consumidor e desempenho da empresa. Para simulação dos efeitos da sazonalidade

considerou-se a seguinte distribuição percentual de ocupação da capacidade de produção desejada

para a mina, Tabela 2:

Tabela 2 - Sazonalidade.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

95% 100% 70% 60% 50% 35% 30% 45% 65% 75% 80% 90%

28.500 30.000 21.000 18.000 15.000 10.500 9.000 13.500 19.500 22.500 24.000 27.000

228.500 / 360.000 = 0,6347 X100 = 63,47 % ou 63 %


70

Através das estimativas de flutuação na produção e conseqüentemente no faturamento da

empresa, tem-se uma utilização anual média da capacidade instalada de explotação na mina de 63

%. A produção anual estimada será, portanto de 228.500 m³/ano ou 19.042 m³/mês de minério

ROM (“Run of Mine”).

Para as reservas medidas calculadas anteriormente tem-se uma expectativa de vida útil de:

Para o Calcário Dolomítico 28.775.984,30m³ = 148,15 anos ou 148 anos


194.225 m³/ano

Para o Calcário Calcítico 678.222,05 m³ = 19,78 anos ou 20 anos


34.275 m³/ano

O faturamento anual foi estimado a partir da produção mensal de cada tipo de calcário

obtido no processo produtivo, considerada a sazonalidade mensal do mercado consumidor

estimado acima, multiplicada pelo preço de venda médio dos produtos britados, estimados

conforme determinado anteriormente calcário dolomítico (85%) e calcário calcítico (15%).

O faturamento anual estimado é apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 - Receita Anual

Produto Produção anual Preço de venda Faturamento anual

(m³) (R$/ m³) (R$)

Calcário dolomítico 194.225 12,00 2.330.700

Calcário Calcítico 34.275 13,00 445.575

Total 228.500 2.776.275

Estima-se, portanto uma receita anual R$ 2.776.275.


71

13. PROJETO DE LAVRA

13.1 Aspectos Gerais do Projeto de Lavra

Na maior parte das minas de calcário, a lavra é feita a céu aberto e são chamadas, na

maioria das vezes de pedreira.

O método de lavra tradicional para aplicação nas pedreiras (minas) de calcário prevê a

utilização de perfuração rotativa ou roto-percussiva para execução de furos com diâmetros

medianos a grandes, em bancadas altas (na faixa de 12 a 25 m). Os explosivos mais utilizados são

aqueles a base de nitrato de amônia, principalmente em função de seu baixo custo e segurança no

transporte e manuseio. A utilização de explosivo tipo ANFO atende a essas características, mas

possui o inconveniente de não poder ser aplicado em situações com presença de água.

Nesses casos opta-se normalmente pelo emprego de explosivos a base de emulsões, lamas

e encartuchados em filmes plásticos. Sempre é recomendado utilizar cargas mistas na base e na

coluna explosiva visando aumentar a eficiência do desmonte e evitar problemas de geração de

repés na praça da bancada inferior, geração de matacões e “over breaking” na bancada

remanescente.

O carregamento do minério desmontado na pilha via de regra é realizado através da

utilização de grandes unidades escavo-carregadoras entre as quais as mais freqüentemente

encontradas em mina de calcário são a “shovel” e a pá carregadeira. Alternativamente pode-se

empregar retroescavadeiras hidráulicas para essa operação unitária.


72

O transporte interno do material desmontado, das bancadas da mina até a planta de

britagem, é realizado normalmente com a utilização de equipamentos do ramo rodoviário. De

acordo com a capacidade de produção prevista, tamanho médio dos blocos gerados nas

detonações, distância de transporte e número de frentes de lavra pode-se optar pela utilização de

pequenos caminhões tipo caçamba (capacidades na faixa de 5 até 25 ton) até a utilização de

grandes caminhões tipo fora de estrada (capacidades na faixa de 35 até 250 ton).

13.2 Processamento

A cominuição do calcário calcítico é feita via seca, segundo as etapas de: britagem,

classificação, moagem com moinho de rolos tipo Raymond, como mostrado na figura 16 ou

futuramente em moinho tubulares com bolas, neste caso, levando em consideração os cuidados

especiais para evitar a contaminação com ferro. A moagem do calcário calcítico natural para

indústria de papel, plásticos, tintas, entre outras, considera importantes duas faixas

granulométricas.

A primeira chamada grossa na qual o produto encontra-se abaixo de 45 µm, a segunda,

chamada ultrafina, com produto final da moagem abaixo de 10 µm, operando em circuito fechado

com adequado sistema classificação granulométrica dos produtos em estágio simples ou múltiplo

com peneiras vibratórias a seco.

No caso do calcário para fins agrícolas as normas para os corretivos de acidez exigem que

100% do produto passe pela peneira de 2 mm, (ABNT-10), com tolerância de 5%; 70% passe na

peneira de 0,84 mm, (ABNT-20), e 50% em peneira com 0,3 mm de abertura, ABNT-50.p
73

Figura 16 – À esquerda uma imagem do moinho Raymond e à direita um diagrama do Circuito


básico de moagem e classificação do calcário com o mesmo.
Fonte: Rochas e minerais industriais – CETEM - Rio de Janeiro, Novembro de 2005.
74

O fluxograma de obtenção dos produtos (Calcário dolomítico e Calcário Calcítico) pode

ser esquematicamente representado através da figura 17.

ACESSO

PERFURAÇÃO

SERVIÇOS DETONAÇÃO
AUXILIARES

CARREGAMENTO
- fornecimento energia
- bombeamento de água
- transporte de pessoal e materiais
- manutenção
- sistemas de controle (topografia, supervisão, etc)

TRANSPORTE

BRITAGEM

MOAGEM

CLASSIFICAÇÃO

PRODUTOS FINAIS

Figura 17 - Fluxograma de Obtenção dos Produtos (Calcário dolomítico e Calcário Calcítico)


75

Entre os serviços auxiliares necessários à lavra destacam-se: a manutenção

eletromecânica, o fornecimento de materiais e insumos, fornecimento de energia, drenagem das

águas de infiltração e superficiais, sistemas de controle e recomposição topográfica e paisagística

das áreas exauridas.

Para a lavra da Mina CAPE Ltda, estabelecida no município de Inajá, PE, estimaram-se os

seguintes parâmetros geométricos para desenvolvimento do projeto operacional da cava:

Altura das bancadas: 15 m

Inclinação dos taludes: 15°

Largura das bermas: 20 m

Inclinação da cava operacional: 1,33 / 1 (75%)

A configuração geométrica e disposição dos espaços para desenvolvimento das operações

unitárias nas bancadas de explotação da pedreira são apresentadas de forma simplificada na

figura 18.

Figura 18 - Desenvolvimento das Operações Unitárias nas Bancadas


Fonte: PAE - Pedreira USIBRITA- José Lins Rolim filho e Júlio César de Souza.
76

13.3 Dimensionamento da Perfuração

A perfuração utilizada será do tipo roto-percussiva com utilização de carreta de

perfuração tipo ROC série 600 com acionamento através de martelete tipo “top hammer”

pneumático e malha de furação de acordo com o plano de fogo apresentado nas próximas

páginas. São previstos furos com diâmetro de 3” e comprimento total de 16 m inclinados 15° com

relação a vertical. Pela malha prevista de furação tem-se um afastamento de 2 m, espaçamento de

5 m e altura de bancada de 15 m. Para tal configuração temos uma perfuração específica de:

16 m = 16 = 0,107 m/m³
2 m x 5 m x 15.5 m 150

Para a produção mensal máxima desejada que foi estimada em 19.042 m³/mês temos uma

necessidade de perfuração de:

19.042 m³ x 0,107 m/m³ =2.037,4 m lineares / mês

Considerando uma velocidade de penetração média para o tipo de rocha existente na mina de 15

m/hora, para o equipamento escolhido, tem-se uma necessidade de:

2.037,4 m/mês = 135,82 horas/mês de operação


15 m/hora
77

Conclui-se, portanto que apenas 1 carreta de perfuração é necessária para atender a

produção desejada, operando em regime de trabalho abaixo indicado.

Horas de perfuração diária: 8h

Regime de trabalho: 22 dias/mês

Horas mensais de produção possíveis: 235,82 horas/mês

Horas mensais de perfuração necessárias: 135,82 horas/mês

Horas para movimentação e manutenção: 100 horas/mês

Capacidade utilizada na perfuração: 57,59%

13.4 Dimensionamento do Carregamento

O sistema de carregamento projetado para a Mina CAPE utilizará pás-carregadeiras sobre

rodas com capacidade de caçamba de 3,0 m³. Considerando a massa específica do material seco

(γ = 2,72 ton/m³) o peso de cada caçambada será de 8,16 ton, sendo a capacidade mínima de

potência da pá-carregadeira a ser utilizada estabelecida em 10 ton.


78

A capacidade de produção de cada equipamento de carregamento pode ser estimada a

partir da fórmula postulada por Vidal, que possui o seguinte formato:

Ch = 60 x 60 x Ce x Ef x Vc (m³/h empolado)

Cg x tc

Onde: Ch: Capacidade horária

Ce: Coeficiente de enchimento da caçamba

Ef: Eficiência mecânica

Vc: Volume da caçamba

Cg: Coeficiente de giro máximo

Tc: Tempo de ciclo mínimo

Os parâmetros da fórmula para o tipo de equipamentos de carregamento escolhido são:

Ce: 0,8

Ef: 0,7

Vc: 3,0 m³

Cg: 1,1

Tc: 72” (50 ciclos/h)

Segundo esses parâmetros temos a seguinte capacidade de produção horária para o equipamento
escolhido:

Ch = 60 x 60 x 0,8 x 0,7 x 3,0 = 73,04 => 70m³/h


1,1 x 72
79

Considerando um regime de trabalho de 8 horas/dia e 22 dias úteis/mês, temos a seguinte

capacidade de produção mensal por pá-carregadeira:

70 m³/h x 8 h/dia x 22 dias/mês = 12.320 m³/mês

Podemos cncluir, portanto que serão necessárias 3 unidades com as características definidas

acima para atender a produção desejada, operando no regime de trabalho abaixo indicado:

Horas de operação diária: 8h

Regime de trabalho: 22 dias/mês

Número de unidades: 3 unidades

Capacidade de produção total: 36.000 m³/mês

Capacidade utilizada na perfuração: 62,5%

13.5 Dimensionamento do Transporte

O sistema de transporte projetado para a mina CAPE será realizado por caminhões tipo

caçamba convencionais com capacidade de caçamba de 8 m³. Considerando a massa específica

do material seco (γ = 2,72 ton/m³) o peso a ser transportado por ciclo de operação será de 22 ton,

sendo a capacidade mínima do caminhão a ser utilizado estabelecido em 25 ton.


80

O número de caminhões programados para atender cada uma das pás-carregadeiras

projetadas para a lavra pode ser estimado a partir da relação técnica:

Número de caminhões = Tciclo cam x Ef (carreg) / Tcarga x Ef (cam)

Onde: Tciclo cam: Tempo de ciclo do transportador

Ef (carreg): Eficiência da carregadeira

Tcarga: Tempo de carga do caminhão

Ef (cam): Eficiência do caminhão

O ciclo mínimo do transportador é determinado considerando-se os tempos de carga do

transportador, translado do transportador cheio e vazio, descarga no britador e a distância de

transporte. Abaixo é apresentado o cálculo para determinação do tempo de ciclo mínimo do

transporte.

Tcarga = 8 m³ x 1,38 min/caç = 5 min


2,4 m³/caç

Capacidade da caçamba = 3 m³/caç x 0,8 (coef. enchimento) = 2,4 m³/caç

Tempo de carga do transportador = 50 ciclos/h x 1,15 (coef giro) = 1,38 min

Percurso total Lavra – britador: 1.000 m

Velocidade de translado: caminhão cheio: 25 km/h = 417 m/min

caminhão vazio: 40 km/h = 667 m/min

Tempo de translado: caminhão cheio: 1.000 m = 2,5 min


417 m/min
81

Caminhão vazio: 1.000 m = 1,5 min


667 m/min

Tempo de descarga no britador: 1 min

Tempo de ciclo total: 5’ + 2,5’ + 1,5’ + 1’ = 10 min

Capacidade de horária dos caminhões: 8 m³/caç x 0,9 (Ef) x 0,8 (Ce) x 6 ciclos/h = 34,56 m³/h

Número de caminhões necessários por pá-carregadeira, considerando uma eficiência no sistema

de transporte de 90%:

N° de caminhões = 10 x 0,7 = 1,56 => 2 caminhões / carregadeira


5 x 0,9

Portanto são necessários 6 caminhões para atender a produção desejada, mais 1 unidade

de reserva. A frota total projetada para a empresa corresponde, portanto a 7 caminhões caçamba

com capacidade 8 m³, operando no regime de trabalho abaixo indicado:

Horas de operação diária: 8h

Regime de trabalho: 22 dias/mês

Número de unidades: 7 unidades

Capacidade de produção total: 36.000 m³/mês

Capacidade utilizada na perfuração: 62,5%


82

13.6 Dimensionamento do Plano de Fogo

O presente plano de fogo foi elaborado visando acima de tudo à segurança das operações

e o pleno controle ambiental em termos de vibrações, lançamento de fragmentos e geração de

ruídos. Com essas medidas espera-se que a mina atenda as exigências em termos de produção

mensal desejada, segurança nas operações de lavra e controle de possíveis danos relacionados ao

desmonte primário.

13.7 Geometria do Plano de Fogo

O material a ser desmontada é um Carbonato, que possui as seguintes características

tecnológicas:

If – índice de fraturamento = 0,7

Densidade média “in situ” = 3,1 ton/m³

Velocidade de propagação de ondas elásticas = 3.000 m/s

Impedância = 3,1 x 3.000 = 9300 ton / m² .s

13.8 Afastamento

Valores normais para determinação do afastamento:

25 . φ < A < 45 . φ φ = diâmetro do furo = 3”

Intervalo do afastamento: 1,90 m < A < 3,42 m

Afastamento adotado = 2,0 m (próximo ao limite inferior para melhor controle de vibrações e

fragmentação da rocha).
83

13.9 - Inclinação das bancadas

Intervalo de variação entre 10 e 25°, foi adotado uma inclinação de 15° com o propósito de

melhorar as condições de segurança no trabalho, melhorar a estabilidade dos taludes

operacionais, reduzir a ultraquebra da bancada remanescente e aumentar a eficiência do fogo.

13.9.1 - Espaçamento

Será utilizada uma malha retangular direta. Para essa configuração têm-se os seguintes

valores limites para o espaçamento:

2,6 m < E < 6 m

Espaçamento adotado: 5 m haja vista as condições geoestruturais do maciço associados a

uma menor interferência de vibrações. Com essas condições impostas na malha nos é assegurada

uma boa fragmentação com um mínimo de vibrações, conforme indicado no item Análise de

Vibrações.

13.9.2 - Altura das bancadas

Altura de bancada básica, de acordo com as fórmulas propostas por Ash & Smith (1976) e

Hemphill (1981): 50,8 φ < L < 260 φ

Intervalo da altura de bancada: 3,87 m < L < 19,8 m

Adotou-se uma altura de 15 m.


84

13.9.3 - Sub-Furação

A sub-furação refere-se a perfuração dos furos abaixo da linha de praça da bancada inferior,

executada com o objetivo de evitar a formação de repés.

Intervalo da sub-furação: 0,4 m < Sf < 0,6 m

Adotou-se uma sub-furação de 0,5 m

13.9.4 - Comprimento dos furos

O comprimento dos furos é obtido a partir da seguinte relação geométrica

Lb = L / cos α + Sf = 15 / cos 15° + 0,5 m = 16,12 => 16 m

Reconfiguração dos furos para comprimento adotado: 16 m

Altura da bancada: 15,5 m

Sub-furação: 0,5 m

13.9.5 - Tampão

O intervalo de altura do tampão varia de acordo com a seguinte relação:

0,5 A < T < A

Intervalo de altura do tampão: 1m<T<2m

Altura de tampão adotada: 1,5 m


85

13.10 - Especificação dos Explosivos

13.10.1 Características da rocha:

ρr = 2,72 ton/m³ vr = 3.000 m/s Ir = 8.160 ton/m².s

Fator de compatibilização de impedâncias: 0,5

13.10.2 Explosivos a serem utilizados

Carga de coluna: explosivo granulado ρ1 = 0,58 ton/m³ v1 = 3.000 m/s

Adensamento do explosivo: 40% => ρ1’ = 0,81 ton/m³

Carga de fundo: explosivo tipo emulsão ρ2 = 1,15 ton/m³ v2 = 5.000 m/s

Impedâncias:

Carga de coluna: I1 = 0,81 . 3.000 = 2.430 ton/m².s

Carga de fundo: I2 = 1,15 . 5.000 = 5.750 ton/m².s


86

Il = 0,5. Ir = 8.160.0,5 = 4080 ton/m².s

Il = X . I2 + Y . I1’

X+Y=1

4080 = X. 5.750 + Y. 2.430

4080= (1 – Y).5.750 + Y. 2.430

4080 = 5.750 – 5.750 Y + 2.430. Y

4080Y = 2.000

Y = 0,49 (49%)

Os explosivos a serem usados, portanto são:

Carga de fundo: 51 % da carga total com explosivo tipo emulsão com as seguintes

especificações: densidade de 1,15 ton/m³, velocidade detonação de 5.000 m/s, volume gasoso de

982 l/kg e energia absoluta de 950 kcal/kg

Carga de coluna: 49 % da carga total com explosivo granulado com as seguintes especificações:

densidade de 0,58 ton/m³, adensamento de 40% no carregamento, velocidade de detonação de

3.000 m/s, volume gasoso de 1.070 lt/kg e energia absoluta de 912 kcal/kg.
87

13.10.2.1 Distribuição das Cargas Explosivas no Furo

Área dos furos: φ². π / 4 = 0,0456 m² (φ = 3”)

13.10.2.2 Razão linear de carregamento

A fórmula para cálculo da razão linear de carregamento é:

1 m . π . φ² / 4 . ρexpl

Carga de fundo: 1 . 0,0456 . 1,15 = 0,00524 ton /m

Carga de coluna: 1 . 0,0456 . 0,81 = 0,00369 ton /m

13.10.2.3 Comprimento das cargas

Carga de fundo (Lf): (16 – T ) . 0,28 (28%) = (16 – 1,5).0,28 = 4,1 m

Carga de coluna (Lc): Lb – Lf – T = 16 – 4,1 – 1,5 = 10,4m

13.10.2.4 Quantidade de explosivo na carga total por furo

Carga de fundo: 4,1 m . 0,00524 ton/m = 21,48 kg (36%)

Carga de coluna: 10,4 m . 0,00369 ton/m = 38,38 kg (64%)

Carga total por furo: 21,48 + 38,38 = 59,86 kg


88

13.10.2.5 Razão de Carga

Volume total desmontado por furo: L . A . E = 15,5 . 2 . 5 = 155 m³

Razão de carga = 59,86 kg / 155 m³ = 0,386,19 kg/m³ => 386,19 g/m³

13.10.2.6 Energia desenvolvida

Carga de fundo: 21,48 kg . 950 kcal/kg = 20.406 kcal

Carga de coluna: 38,38 kg . 912 kcal/kg = 35.003 kcal

Energia total por furo: 20.406 + 35.003 = 55.409 kcal

13.10.2.7 Volume de gás

Carga de fundo: 21,48 kg . 982 lt/kg = 21.093 lt

Carga de coluna: 38,38 kg . 1070 lt/kg = 41.067 lt

Volumo gasoso total por furo: 21.093 + 41.067 = 62.160 litros


89

13.10.2.8 Razão energética total (Ret)

Ret = Energia total / Volume desmontado: 55.409 / 155 = 357,48 kcal/m³

13.10.2.9 Razão volumétrica gasosa total (Rvt)

Rvt = Volume gasoso / volume desmontado: 62.160 / 155 = 401,03 lt/m³

13.10.2.10 Lançamento da pilha

O lançamento da pilha pode ser estimado pela relação empírica:

Lançamento (m) = ¼. Razão volumétrica gasosa = 401,03 / 4 = 100,25 m

Área de segurança mínima considerando um coeficiente de segurança igual a 2 (distância 100%

superior a maior distância prevista de lançamento) será de 200 m.

13.11 Altura da pilha formada

A altura máxima de pilha formada pode ser estimada pela seguinte relação empírica:

Altura máxima = ¼. Altura da bancada = 15,5 / 4 = 3,90 m

A configuração geométrica da pilha formada pode ser visualizada abaixo e compreende

dois segmentos: aquele onde se concentra o material desmontado (segmento1, próximo a

bancada) e o segmento correspondente ao espalhamento máximo estimado como pode ser visto

na figura 19.
90

100,25 m

3,9 m
α1

0,4 m α2

16,7 m 83,55 m
1/6 . lançamento

Figura 19 - Configuração geométrica da pilha formada

Ângulo de espalhamento segmento 1: α1 = 13,15°

Ângulo de espalhamento segmento 2: α2 = 0,27°

Conferência dos cálculos:

Volume desmontado total = volume calculado

Volume desmontado total = volume “in situ” x empolamento

Volume desmontado total = 155 x 1,55 = 240 m³ (empolamento: 55%)

Volume calculado: Área dos segmentos. espaçamento

Segmento 1: (3,9 . 16,7 / 2) . 5 m = 162,82 m³

Segmento 2: (0,4 . 83,55 / 2) . 5 m = 83,55 m³

Volume calculado = 246,37 m³ (está ok).


91

13.12 Localização do ponto de ignição da coluna explosiva

O ponto de iniciação deve estar posicionado a uma distância cerca de 1/3 do comprimento

da carga de fundo, situado abaixo do limite superior da carga de fundo. Considerando que a carga

de fundo possui 4,1 m, tem-se que o ponto de iniciação deve ser posicionado a 1,4 m abaixo do

limite entre a carga de fundo e a carga de coluna, ou seja, a uma profundidade de 13,3 m (1,5+

10,4+1,4) abaixo da boca do furo. Para iniciação será utilizada uma carga de “booster” de 150 gr

a base de nitropenta.

A amarração do desmonte será em malha tipo “pé de galinha” com utilização do sistema de

iniciação não elétrica.

13.13 Dimensionamento da Produção Desejada

Está prevista uma produção mensal de cerca de 30.000 m³/mês de material empolado,

para fazer face a essa produção desejada deve-se lavrar um volume “in situ” igual ao volume total

dividido pelo empolamento médio da rocha. Assim tem-se:

Volume desmontado “in situ”: 30.000 m³ / 1,40 = 21.429m³/mês

O número de furos a serem detonados por mês é determinado dividindo-se a produção total “in

situ” pelo volume total arrancado “in situ” por cada furo. Assim tem-se:

Número de furos: 21.429 m³ / 155 m³/mês = 138 furos/mês


92

A necessidade em termos de metros perfurados mensalmente é obtida dividindo-se a

metragem total a ser perfurada, obtida pelo número de furos multiplicado pelo comprimento de

cada furo, pela perfurabilidade específica do equipamento de perfuração. Considerando a

operação com uma carreta de perfuração tipo ROC 601 e admitindo-se uma perfurabilidade

média nesse tipo de rocha de 15 m/h, tem-se:

Metragem a ser perfurada mensalmente: 138 furos. 16 m/furo = 2.208 m/mês

Número de horas de perfuração: 2.208 m / 15 m/h = 147,2 horas => 19 dias

A produção desejada pode ser obtida através da operação de 1 perfuratriz de carreta tipo

ROC 601, operando 19 dias/mês em turno de 8 horas/dia.

A perfurabilidade específica é obtida dividindo-se a metragem total perfurada por furo

pelo volume “in situ” explotado. Assim tem-se:

Perfurabilidade específica: 2.208 m /21.429 m³ = 0,103 m/m³

13.14 Análise de Vibrações

A carga de espera individual refere-se à detonação de apenas 1 furo carregado, detonados

separadamente com a aplicação de retardos individuais de 40 ms.

Carga de espera total: Q = 59,86 kg


93

Para avaliação da segurança do desmonte recorreu-se a análise das vibrações através da

determinação da velocidade de pico de partícula (VPP) que indica o grau de periculosidade da

onda de choque em meio contínuo. Se a velocidade de pico de partícula for superior a 50 mm/s

haverá riscos de prejuízos as possíveis propriedades do entorno.

Como critério de segurança fez-se o cálculo das velocidades de pico de partícula para uma

distância de 300 m do ponto de detonação, comparando=-se esse valor com os limites sugeridos

pelo US Bureau of Mines, que varia entre 30 e 50 mm/s, dependendo do tipo de construção.

Para cálculo da velocidade de pico de partícula utilizaram-se as seguintes formulações:

1. Vpp = 47,697 . (Q / D3/2)0,557 (EXPLO, solos argilosos saturados)

2. Vpp = 1.327,85 . (Q / D1/3)-1,69 (EXPLO, solos argilosos não saturados)

3. Vpp = 210 . (D / Q1/3)-1,69 (Ambraseys e Hendron, longa distância)

4. Vpp = 60 . (Q / D3/2)1,30 (Basalto bacia do Paraná)

5. Vpp = 400 . (D / Q½)-2 (Basalto bacia do Paraná)

Os valores calculados para o desmonte individual dos furos do presente plano de fogo, para uma

distância de D = 300 m do ponto de detonação, considerando uma carga de espera Q = 59,86 kg

são:

1. Vpp = 39,2 mm/s

2. Vpp = 8,5 mm/s

3. Vpp = 2,0 mm/s

4. Vpp = 1,7 mm/s

5. Vpp = 2,6 mm/s


94

Pelos resultados obtidos no cálculo das velocidades de pico de partícula fica demonstrado

que a partir de 300 m do ponto de detonação, mesmo na condição mais desfavorável, obtém-se

uma Vpp de cerca de 40 mm/s, bem abaixo do limite do USBM, que é de 50 mm/s.

Conclui-se, portanto que não existe nenhum risco de danos ao meio ambiente ou

construções circunvizinhas, num raio > 300 m, em função das detonações previstas.

13.15 Resumo dos Equipamentos Necessários à Lavra

Para operação da Mina CAPE dentro dos parâmetros especificados no presente Plano de

Aproveitamento Econômico são necessários os seguintes equipamentos principais na

lavra:

1 Carreta de perfuração tipo ROC série 601

3 Pás-carregadeiras com capacidade de caçamba de 3 m³ e potência de 10 ton

7 Caminhões tipo caçamba com capacidade de 8 m³ e potência de 25 ton

1 Compressor com capacidade de 600 cfm e pressão de 110 psi

1 Camionete para supervisão

1 Caminhão pipa para controle de poeira

1 Trator de lâmina frontal (bulldozer) tipo D4 para limpeza de frentes de lavra


95

15. INFRA-ESTRUTURA EXISTENTE

A empresa CAPE Ltda já possui a maioria dos equipamentos necessários à lavra da mina

não havendo necessidade de novos investimentos no empreendimento. Além disso, algumas

operações unitárias serão terceirizadas, como por exemplo, a perfuração e detonação, o que

resultará em pequenos investimentos iniciais, basicamente referentes ao desenvolvimento de

novas geometrias previstas para as bancadas operacionais de explotação e abertura de novos

acessos às frentes de lavra.

No local do empreendimento, grande parte das instalações para os trabalhos de lavra e

beneficiamento encontra-se construída devido às atividades operacionais da concessionária, a

lista de equipamentos existente se encontra no anexo IV.

Nas proximidades das jazidas as vias de acesso são transitáveis durante todo o ano. As

edificações: escritórios, garagem, galpões, paióis, reservatório de água e demais instalações

necessárias para o empreendimento, encontram-se em boas condições de uso. Caso seja

necessária a ampliação ou reforma de alguns imóveis ou mesmo construções, os custos serão

relativamente pequenos que não irão influir no orçamento previsto para o projeto.

Estima-se, portanto um investimento inicial, da ordem de R$ 100.000,00, basicamente

para adequação do “lay-out” atual da mina para as condições especificadas no presente Projeto de

Lavra e recuperação de alguns equipamentos já existentes e que necessitam de manutenção.


96

15.1 Planejamento de Lavra

O nível de produção desejado para a mina da CAPE é de cerca de 30.000 m³/mês de

material empolado. Considerando um fator de empolamento médio de 40% para o litotipo local,

chega-se a uma necessidade de desmonte de material “in situ” de aproximadamente:

30.000 m³/mês = 21.429 m³/mês


1,4

Pelo plano de Fogo previsto tem-se um volume desmontado de rocha “in situ” por furo da ordem

de: 2 x 5 x 15,5 m = 155 m³, o que nos leva a uma necessidade de:

21.429 m³/mês = 138 furos/mês


155 m³/furo

Considerando que teremos 2 frentes de lavra em explotação simultânea na área da mina deve-se

proceder em cada uma das frentes de lavra ao desmonte de:

138 = 69 furos/mês
2
97

Planejando-se a execução de 1 detonação por semana na mina ou seja, 1 detonação em

cada frente de lavra a cada 15 dias, num regime alternado de desmonte primário, onde haverá 1

detonação semanal em frentes de lavra diferentes, tem-se a necessidade de detonação semanal de

36 furos por desmonte. O avanço previsto nas bancadas seguirá aproximadamente a malha de

furação indicada na figura 20.

Figura 20 - Avanço previsto nas bancadas (desenho executado com auto cad 2006).

A área total de avanço semanal na Mina: 60 m x 6 m = 360 m²

Pela configuração apresentada na figura 18, temos um lançamento lateral da pilha o que
possibilita uma melhor configuração da mesma e maior segurança, evitando-se o lançamento de
fragmentos para as bancadas inferiores.

Para cada detonação são previstos os seguintes materiais: 1 mantopim de 2 m, 11 retardos


de 40 ms, 36 iniciadores (“booster”) de 150 gr, 472 m de nonel, (21,48 kg x 36) de explosivo tipo
emulsão (carga de fundo) e ( 38,38 kg x 36 ) de explosivo tipo ANFO (carga de coluna).

O consumo médio mensal estimado de explosivos e acessórios para a produção desejada


são apresentados abaixo e será fornecido por empresa terceirizada, que será também responsável
pela detonação:

Mantopim: 4 un
Retardos 40 ms: 44 un
Booster de 150 gr: 144 un
Nonel: 1.891,11 m
Emulsão: 3.093,12 kg
ANFO: 5.526,72 kg
98

16. MEDIDAS MITIGADORAS PARA CONTROLE DO IMPACTO AMBIENTAL

Com a finalidade de informar os procedimentos previstos para efetuar o controle dos

possíveis impactos sobre o meio ambiente decorrentes da explotação de calcário na indústria de

mineração CAPE localizada no município de Inajá – PE fazem-se às considerações técnicas a

seguir discriminadas sobre as operações e técnicas implantadas e previstas no plano de lavra da

mina.

16.1 Procedimentos Previstos Para Controle dos Processos Agressivos ao Meio Ambiente na

Fase de Lavra da Mina CAPE.

16.1.1 Controle de Poeira

Está prevista a aspersão de água através de caminhão pipa nas vias de trânsito principal na

área da mina, com o objetivo de redução da geração de pós e poeiras e conseqüentemente da

emissão de particulados sólidos causadores de poluição do ar.

16.1.2 Controle Topográfico e Paisagístico

Está prevista a separação do horizonte vegetal, quando existente, nas operações de

descobertura de áreas para lavra, que será armazenado em pilhas separadamente para terra

vegetal e manto de alteração. Esses serão utilizados futuramente como elementos para a

recomposição topográfica e paisagística das áreas mineradas (taludes finais de lavra).


99

Os procedimentos planejados englobam a suavização topográfica das escarpas finais

formadas ao longo da vida útil da mina com construção de terraços de pequena inclinação que

permitam a revegetação do local com plantas nativas e reinserção na paisagem original do local.

Está prevista a construção de um viveiro de mudas nativas da região para utilização futura

na etapa de recuperação da área minerada e recomposição topográfica e paisagística dos locais de

lavra, harmonizando-o com a topografia e paisagem local.

16.1.3 Controle de Vibrações e Ruído

Foi elaborado plano de fogo específico para a operação de lavra na mina CAPE com

aplicação de técnicas de desmonte controlado de maciços rochosos que prevê a utilização

intensiva de retardos para diminuição das cargas de espera, garantindo dessa forma a geração de

pequenas velocidades de pico de partícula (VPP), e conseqüentemente de pequenas vibrações ao

longo do meio de propagação, eliminando-se dessa forma os problemas de possíveis danos

estruturais em edificações em áreas superiores a 300 m do local de explotação.

Para diminuição dos ruídos das explosões é especificada a utilização de iniciação não

elétrica com elementos tipo Excel.


100

16.1.4 Controle de Águas de Infiltração e Precipitação

Está prevista e encontra-se em implantação a primeira fase do reaproveitamento das áreas

mineradas através do método de lavra tipo “open pit” com a construção de bacias de acumulação

de água para utilização futura como viveiro para criação de peixes e crustáceos, oferecendo

assim, além da recuperação ambiental da área, uma opção econômica de rendimento para a

população local.

Durante a fase de operação da mina essas áreas de acumulação de água serão utilizadas

para a drenagem e decantação das águas de infiltração e precipitação nas áreas de explotação,

minimizando dessa forma a descarga de águas e assoreamentos nos mananciais hídricos da

região.

Será implantado um sistema de captação e drenagem das águas da área de explotação, que

são desviadas para uma bacia de acumulação construída, onde ocorre a decantação e

sedimentação dos sólidos em suspensão, evitando-se assim o assoreamento dos cursos de água a

montante da mina.

17. PROCEDIMENTO PREVISTO PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS MINERADAS

NA MINA CAPE – SERTÃO DO MOXOTÓ - MUNICÍPIO DE INAJÁ-PE.

O processo global de recuperação da área minerada está baseado em procedimentos a

curto, médio e longo prazo, de acordo com o quadro 2 que relaciona o período aplicativo das

medidas mitigadoras e os processos envolvidos na sua execução.


101

Quadro2 – Relação entre o período aplicativo das medidas mitigadoras e os processos

envolvidos na sua execução.

Período Aplicativo Processos Envolvidos

Curto prazo - recomposição da topografia do terreno

- controle da erosão do solo

- revegetação do solo

- correção dos níveis de fertilidade do solo

- amenização do impacto na paisagem

- controle na deposição de estéreis e rejeitos

Médio prazo - surgimento do processo de sucessão vegetal

- reestruturação das propriedades físicas e químicas do solo

- ocorrência de reciclagem dos nutrientes

- reaparecimento da fauna

Longo prazo - auto-sustentação do processo de recuperação

- inter-relacionamento dinâmico entre solo-vegetação-fauna

- utilização futura da área

Os principais procedimentos utilizados na recuperação de áreas mineradas podem ser

decomposto nas seguintes etapas principais, previstas para implantação na mina CAPE:

Recomposição Topográfica, Aspectos Topográficos, Recomposição Paisagística, Elementos-

Chave na Recomposição Paisagística.


102

17.1 Recomposição Topográfica

 Preparo do relevo para receber vegetação

 Estabilização do relevo formado

 Configuração do relevo final

O relevo final criado deverá atender aos seguintes objetivos:

 Estabilidade de taludes tanto em solo como rocha

 Controle erosão

 Aspectos paisagísticos e estéticos

 Uso futuro a ser definido em conjunto com a comunidade local

 Alguma similitude com relevo anterior

17.2 Aspectos Topográficos

 Nivelamento de terreno plano ou com baixas classes de declividades

 Terreno com altas classes de declividade, fazer bancadas conforme situação local e tipo de

material remanescente a ser estabilizado.

 Consideração de aspectos paisagísticos e estéticos enquadrados no contexto regional

 Previsão de um sistema de drenagem atual e futuro

 Manutenção da vida selvagem existente e por ser introduzida

 Uso futuro da área com relação às declividades remanescentes, de acordo com as

indicações da figura 21.


103

Uso Declividade
Futuro
90 % (40 graus)
to
en 70 % (35 graus)
m
esta
r
eflo
R 25 % (15 graus)
gem
sta
Pa

vo
Culti
10 % (5 graus)

Figura 21 - Possibilidades de uso futuro das áreas recuperadas x declividades remanescentes.

17.3 Recomposição Paisagística

 Determinação da paisagem típica regional e local a ser usada

Descrição da paisagem local das áreas de lavra e arquivamento na forma de fotos, mapas e

pontos de monitoramento.

 Observação da paisagem antes, durante e depois.

 Consideração dos elementos da paisagem (atributos): linha, forma, textura, escala,

complexidade e cor.

 Integração entre estética e atributos considerados: sistema hídrico, topografia, vegetação,

etc.
104

17.4 Elementos-Chave na Recomposição Paisagística

 Atenção aos pontos sensíveis na paisagem:

- Pontos em locais onde há linhas paralelas e convergentes (as encostas de um vale) que

conduzem o observador para seu término

- Linha de intersecção de dois planos (horizonte de fundo chama a atenção)

- Locais de grande valor cênico (florestas primárias, atrações históricas, objetos culturais,

tais como estátuas ou outras formas de arte). Como mostra a figura 22.

Figura 22 - Atributos a serem considerados na recomposição paisagística


105

18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO OU MITIGAÇÃO PREVISTAS

 Preservar paisagens de destaque como formas, vegetação, parques ou reservas.

 Complementar a paisagem natural (imitar, acentuar e interpretar o caráter estético)

 Eliminar estruturas de apoio após exaustão da mina (prédios, máquinas, etc).

 Melhorar a paisagem (remanejar o relevo e introduzir novas plantas ou árvores)

 Manter a exuberância da vegetação, usando técnicas adequadas que sustentem a

situação natural.

Na figura 23 estão caracterizados os procedimentos operacionais previstos para

recuperação topográfica dos taludes finais da mina, tanto para as áreas onde serão aplicadas

bancadas baixas (até 5 m), como para as áreas onde serão utilizadas bancadas altas para lavra

(entre 5 e 15 m).

Figura 23 - Procedimentos para recomposição dos taludes finais da mina.


Fonte: PAE - Pedreira USIBRITA- José Lins Rolim filho e Júlio César de Souza.
106

a, b, c) Recuperação topográfica em áreas com bancadas baixas (até 5 m)


d, e) Recuperação topográfica em áreas com bancadas altas (entre 5 e 15 m)

Após recomposição topográfica e estabilização das bancadas finais, suavizadas e

harmonizadas com o relevo local, será feita a revegetação dos locais minerados com a

utilização de plantas nativas da região, oriundas dos viveiros de mudas da empresa.

19. ESTUDOS DE MERCADO

19.1 Oferta Mundial

Dados preliminares sobre a oferta mundial de cal em 2005 apontam para uma quase

estabilidade se comparada com a produção de 2004; houve crescimento na ordem de 1,2%, nível

bastante inferior aos 5,3% observados, quando comparados os dados revisados da produção de

2004 com os de 2003. Tal estabilidade observou-se individualmente por países. A China continua

liderando a produção mundial seguida de perto pelos Estados Unidos; ambos são responsáveis

por um terço da produção global de cal. Nesse panorama, o Brasil responde por cerca de 5,1%,

quase empatado com a Alemanha, na quinta posição do ranking mundial dos produtores de cal.
107

Na tabela 4 podemos observar dados sobre as reservas e produção mundial de calcário.

Tabela 4 - Reservas e produção mundial de calcário

19.2 Produção Interna

A produção interna, estimada para 2005, manteve praticamente o mesmo nível observado

em 2004. A estrutura da produção também permaneceu praticamente inalterada, mostrando uma

participação da fração de cal virgem de cerca de 70% da produção nacional e a fração hidratada

correspondendo a 30%.

Em termos regionais, também foram mantidos os índices, ficando os principais números

com a Região Sudeste, tradicional produtora, que respondeu por mais de 80 % da produção de cal

hidratada e 90% de cal virgem, a Região Sul que produziu 9 % da cal hidratada e 3 % da cal

virgem, a região Nordeste com 5 % da cal virgem, o Centro Oeste com 4 % da cal hidratada.
108

As Unidades da Federação mais importantes neste contexto foram:

São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Cerca de 20 % da produção

interna de cal é cativo, ou seja, a empresa produz para consumo próprio, 70 % é de produtores

integrados, que detêm as próprias minas de calcário.

19.3 Importação

As importações de semimanufaturados de rochas calcárias em 2005 corresponderam a

3.565 toneladas no valor de US$ 491,000. 00, sendo a principal componente (95% ou US$

491,000. 00) a cal viva procedente da Venezuela (62%), Argentina (19%), Tunísia (9%), Espanha

(6%) e China (2%).

19.4 Exportação

Em 2005, as exportações brasileiras de semimanufaturados de rochas calcárias foram,

predominantemente, de cal (viva, apagada e hidráulica), totalizando 10.509 toneladas no valor de

US$ 1,021,000.00 FOB, 3,6 vezes o volume exportado em 2004.

Os principais destinos foram: Chile (37%), Paraguai (32%), Uruguai (29) e Libéria (1%).

19.5 Consumo Interno

O consumo interno se manteve estável, acompanhando o ritmo da produção, que é quase

integralmente absorvida pelo o mercado interno; o nível das exportações e das importações é

insignificante.
109

Na tabela 5 podemos observar uma estatística da produção brasileira nos anos 2003, 2004 e 2005.

Tabela 5 - Estatística da produção brasileira nos anos 2003, 2004 e 2005.

20. ECONOMIA MINERAL DO CALCÁRIO EM PERNAMBUCO: RECURSOS,


RESERVAS E INDÚSTRIAS DE ROCHAS CALCÁRIAS.

A geologia do Estado de Pernambuco é predominantemente constituída de rochas

cristalinas, pré-cambrianas. Sobre este substrato antigo ocorrem coberturas fanerozóicas

representadas por sedimentos que constituem diversas bacias sedimentares, destacando-se as

situadas na região litorânea (Cabo e parte da PE/PB), Jatobá, Araripe, São José do Belmonte e

Fátima (Afogados da Ingazeira), dentre outras podemos observar na figura 1. No total são mais

de 15.200 km² de área de sedimentos, cerca de 15,5% da área do Estado. Na figura 24 são

mostradas as Bacias sedimentares em Pernambuco


110

INAJÁ

Figura 24 – Bacias sedimentares em Pernambuco


Fonte: CPRM - Superintendência Regional do Recife ano 2000.
111

As reservas que constituem a fração dos recursos já estudados, pesquisados e aprovados

pelo órgão oficial, o DNPM, apresentam-se em quantidades apreciáveis. No quadro 3 são

mostradas as reservas de rochas calcárias dos estados nordestinos que representam cerca de 20%

do total nacional e no quadro 4 as disponibilidades do Estado de Pernambuco, que totalizam

241.447.530 toneladas.

Quadro 3 – Reserva de rochas calcárias (Nordeste, 1996).


112

Quadro 4 – Reservas de rochas calcárias (Pernambuco, 1996)

No que se refere à situação legal destas reservas, em Pernambuco, 72 áreas estavam

tituladas junto ao DNPM, em dezembro de 1999 (quadro 5), correspondendo a cerca de 37.800 ha

de áreas para pesquisa e lavra de rochas calcárias. Entretanto, a soma das áreas requeridas para

calcário dolomítico, de uso como corretivo de solos, representam menos de 1,0 % das áreas com

diplomas legais para calcário.

As áreas com títulos de pesquisa mineral, lavra e licenciamento para rochas carbonáticas

no Estado, estavam oneradas no DNPM da forma mostrada no Quadro 5.


113

Quadro 5 - Distribuição Quantitativa dos Diplomas Para Rochas Calcárias no Estado de


Pernambuco.

21. QUALIDADE DAS ROCHAS CALCÁRIAS

O poder de neutralização (PN) de ácidos de um calcário é função dos teores de MgO e

CaO que influenciam na qualidade do corretivo de solos. No quadro 6 são apresentadas as

características químicas de amostras de calcário coletadas em alguns dos depósitos metamórficos

indicados na figura 25 e os respectivos poderes de neutralização calculados pela conversão dos

teores de cálcio e magnésio em equivalentes de CaCO3.


114

Quadro 6 - Poder de neutralização dos calcários metamórficos

Os dados mostram que os calcários metamórficos apresentam um padrão do poder de

neutralização numa faixa que varia de 89,82% a 101,26%, com os percentuais mais elevados

indicando preliminarmente os alvos geologicamente mais interessantes para prospecção.

Ressalte-se que os depósitos sedimentares muito embora apresentem reservas significativas, são

constituídos de calcários impuros com elevados teores de resíduos insolúveis e grandes variações

na composição química não sendo possível, portanto, estabelecer um padrão para estas rochas,

motivo pelo qual não estão incluídos no Quadro 6.


115

Figura 25 Alguns dos Depósitos Metamórficos


Fonte: CPRM - Superintendência Regional do Recife 2000.
116

22. CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE PRODUTOR

22.1 Perfil das Principais Empresas

A produção de calcário moído para corretivo de solos está concentrada nos municípios de

Vertente do Lério e Santa Maria do Cambucá, na região Agreste, onde estão localizadas oito

empresas. No município de Itacuruba, nos arredores do perímetro irrigado Manga de Baixo, do

projeto Itaparica, da CHESF, foi instalada (1998) uma nova unidade produtora, com objetivo de

atender, principalmente, os projetos de irrigação existentes no Sertão, nas margens do rio São

Francisco.

Existem informações de produções anteriores de calcário para corretivo, nos municípios

de Floresta, Petrolândia e também do Vale do São Francisco. Das nove empresas produtoras de

calcário para corretivo de solos existentes em Pernambuco, à exceção de uma, considerada de

porte médio, produtora também de cal, as demais são microempresas.

Cinco empresas são do tipo integrado, ou seja, beneficiam minério de suas próprias

jazidas; uma delas, embora dispondo de jazida, adquire de terceiros parte das suas necessidades.

Três empresas não dispõem de jazidas, adquirem minério de terceiros. Na unidade de

beneficiamento de Itacuruba, em fase pré-operacional, estava sendo utilizando calcário extraído

no próprio município.

É semimecanizada a lavra de rocha calcária realizada pelas empresas do pólo de Vertente

do Lério/Santa Maria do Cambucá. A produção nas minas é, em grande parte, obtida

artesanalmente. Normalmente é executada com pouca ou quase nenhuma tecnologia apropriada e

utiliza mão-de-obra de baixa ou nenhuma especialização. Em todas as situações, a operação é

executada a céu aberto, com o uso de explosivos e furação com martelete manual.
117

Basicamente, as plantas de beneficiamento são constituídas de um britador, correia

transportadora, um moinho de martelo, peneira vibratória e ensacadeira. Uma empresa, mais

estruturada, dispõe de alimentadores mecânicos, rebritadores, sistema de correias transportadoras,

silos reguladores, ensacadeiras e até produção própria de sacos plásticos para embalagem.

O dimensionamento destes equipamentos nem sempre foi realizado com critério,

considerando o balanceamento de suas capacidades, como pré-requisito para um bom

funcionamento do sistema.

O controle de qualidade é pouco utilizado, talvez porque seja pouco exigido, embora de

reconhecida importância pelos empresários, já que a reatividade do pó calcário é basicamente

dependente da sua granulometria. Muito embora não tenham sido feitas análises da qualidade do

calcário de cada planta, referências bibliográficas indicam que os produtos das maiores indústrias

instaladas no Agreste apresentam PRNT na faixa compreendida entre 75 e 90%, classificado

como de boa qualidade.

As três maiores empresas possuem uma capacidade efetiva de produção da ordem de

306.000 t/ano de pó calcário beneficiado e 144.000 t/ano de calcário na mineração. Isto

representa, respectivamente, 76% e 80% das capacidades totais do setor no Estado, propiciando a

este grupo uma participação crescente na produção estadual.

O outro grupo de seis microempresas complementa a capacidade produtiva do setor no

Estado. Duas estão também localizadas em Vertente do Lério e têm como objetivo principal à

produção de calcário moído para uso como carga nas indústrias de argamassas, tintas etc.

E, eventualmente, se voltam para produção de pó corretivo de solos. Três outras estão

localizadas no município de Santa Maria do Cambucá, das quais uma já havia paralisado

temporariamente a produção e as outras duas apresentam dificuldades para continuarem no

mercado. A unidade implantada em Itacuruba vem produzindo em escala experimental.


118

22.2 Capacidade e Evolução da Produção

De acordo com o quadro 7 as nove empresas produtoras de calcário agrícola em

funcionamento no Estado têm uma capacidade de produção de 180.000 t/ano de rochas e 407.800

t/ano de calcário beneficiado.

O desbalanceamento observado entre as capacidades de produção na mina e no

beneficiamento é considerável, estimado em mais de 50 %, mesmo considerando que três

empresas produtoras de calcário para calagem de solos são também produtoras de cal, brita e

carga para outros usos industriais.

A análise da produção de calcário agrícola, nos últimos cinco anos, mostra que o setor

apresentou um desempenho de crescimento positivo de 1994 a 1997, tendo crescido numa média

superior a 10% a.a. neste período e atingido a produção de 82.092t em 1997.

Em 1998, entretanto, houve uma queda brusca na produção, retornando ao nível alcançado

no início do período, que não foi menor por conta da entrada em produção da unidade do

município de Itacuruba, no Sertão do São Francisco.

A explicação do recuo de vendas é atribuída à queda de compras do principal segmento

consumidor de Pernambuco, o canavieiro da Zona da Mata, que passou a conviver com a mais

séria e complexa fase de ajustes da sua economia, além do enfrentamento de condições climáticas

adversas.

Os empresários anotaram também a questão da atual restrição de crédito e também dos

financiamentos existentes, do custo bastante elevado e incompatível para a economia agrícola e

da indústria em geral.
119

Quadro 7 - Capacidade Instalada de Produção e Vendas das Empresas Beneficiadoras de Calcário


Para Corretivo de Solos em Pernambuco (1994/1998).

22.3 Comercialização

As vendas do calcário bruto são feitas diretamente pelo pequeno minerador às empresas

de beneficiamento que não tem produção própria e estas efetuam a distribuição do produto moído

aos usuários da agricultura.

No levantamento das informações junto às empresas produtoras foi constatado que no

período 1994/96 cerca de 85% da produção estadual de calcário para corretivo de solos foi

destinado à cultura da cana de açúcar na zona da mata pernambucana, 10% da produção foi

vendida nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, ficando os 5% restantes

destinados à horti-frutifloricultura estadual.


120

Os preços de comercialização situam - se na faixa de R$ 8,00/t a 15,00/t para o produto

moído a granel e ensacado respectivamente, variando conforme o volume da transação e o prazo

de pagamento.

Foram registradas transferências de calcário de outros estados para Pernambuco, para

atender à demanda de zonas fronteiriças, como o Agreste Meridional (fornecido por Alagoas) e

Sertão do São Francisco (fornecido por Sergipe e Bahia). Estas transferências não foram

quantificadas, mas não devem superar as vendas feitas para outros estados, estimando-se que a

balança comercial de calcário em Pernambuco deve se aproximar do equilíbrio.

O produto é entregue ao consumidor onerado com um frete rodoviário em torno de R$

0,10/t/km que ao lado da qualidade do pó calcário, condiciona a competitividade no mercado.

23. CONSUMO ESTADUAL DE CALCÁRIO PARA FINS AGRÍCOLAS

23.1 A Produção Agrícola de Pernambuco

Na maior parte da superfície do Estado de Pernambuco (Agreste e Sertão), cerca de 80%

predomina a agricultura de subsistência (feijão, milho, mandioca, etc.), sob condições de sequeiro

e criação extensiva de animais, atividades exercidas com investimentos tecnológicos de pouca

expressão, à exceção de alguns bolsões de terra constituídos pelos perímetros irrigados no vale do

médio Rio São Francisco (fruticultura). Os 20% restantes (Zona da Mata) são ocupados

primordialmente com o cultivo de cana-de-açúcar.


121

No quadro 8 são apresentados os produtos agrícolas estaduais e respectivas áreas de

colheita no período 1990/97 com uma taxa de crescimento médio de 0,8% na área de colheita e

mostrando a importância do cultivo da cana-de-açúcar e o nítido declínio da sua área de colheita,

como também de outras importantes culturas estaduais como o algodão herbáceo e arbóreo, o

arroz, a batata doce, a fava, a mamona e a mandioca.

Quadro 8 - Pernambuco - Área colhida com as principais lavouras (Hectares)


122

Por outro lado, excetuando o ano de seca de 1993, verifica-se o crescimento da área

colhida em sequeiro de feijão e milho e das frutas (melancia, melão, uva, manga, banana)

cultivadas em projetos de irrigação sob administração pública (CODEVASF, CHESF e DNOCS)

cujas localizações e áreas em operação totalizando 49.266 hectares, são relacionadas no quadro 9.

Informações coletadas em instituições ligadas à agricultura dão conta da existência de mais de

50.000 hectares sob a administração privada.

23.2 Evolução e Estrutura do Consumo

O consumo de calcário agrícola, em Pernambuco, é fortemente concentrado nos solos do

Litoral e Zona da Mata, aplicado, principalmente, na cultura da cana-de-açúcar. Seguem, em

termos de quantidades anuais utilizadas, as áreas dos projetos com irrigação das microrregiões de

Petrolina e Itaparica (Sertão), que incluem, entre outros, os municípios de Petrolina, Santa Maria

da Boa Vista, Orocó, Belém de São Francisco, Petrolândia e Floresta e, por último, outras áreas

agrícolas dispersas nas zonas do Agreste e Sertão. No quadro 10 estão contidas as quantidades

aplicadas em cada uma destas três áreas de consumo, para o qual foram utilizadas informações de

produção e vendas das empresas produtoras estaduais (Quadro 7) e das empresas fornecedoras

dos estados de Sergipe e da Bahia, que colocam o insumo nos perímetros irrigados do Sertão do

São Francisco, além de informações das instituições públicas CODEVASF, CHESF e DNPM.

Foram desconsideradas algumas informações do uso intermitente de calcário proveniente

do estado de Alagoas, para aplicação em áreas agrícolas restritas da Zona do Agreste Meridional.

Assim, constatou-se que o consumo de calcário agrícola na Zona da Mata, no período estudado,

1994-1998, apresentou uma fase de relativo crescimento, entre 1995 e 1997, tendo chegado a

crescer 33% no ano de 1995 em relação a 1994.


123

Em 1998, entretanto, houve uma queda brusca no consumo, retornando para o nível do

início do período, algo em torno de 52.000 t/ano, acompanhando a redução da área de colheita da

cana-de-açúcar. O consumo médio anual de calcário no Sertão (Vale do São Francisco),

segundo comerciantes de fertilizantes locais seria da ordem de 3.500 t anuais. Eles vem

As consultas realizadas junto às instituições públicas permitiram levantarem quantitativos

do consumo no período de 1995 a 1998, embora fortemente influenciados por conta de aquisições

feitas pela CHESF nos últimos dois anos, de 5.500 e 8.000 t, respectivamente. Os investimentos

que vem sendo realizados nos perímetros irrigados desta região, explicam o porquê do consumo

crescente de calcário. Existem informações do uso de calcário agrícola em áreas localizadas

dispersamente, em municípios das zonas do Agreste e Sertão. Estão situadas em regiões de

brejos, e nos perímetros irrigados dos açudes públicos.

São lavouras de tomate, abacaxi, horticultura, banana etc, que vem absorvendo,

aproximadamente, 4 % da produção de calcário das empresas beneficiadoras de Vertente do

Lério/ Santa Maria do Cambucá, e, recentemente, a partir de 1998, da produção do município de

Itacuruba.

Em resumo, o consumo de calcário na atividade agrícola de Pernambuco, no período

1994-1998, apresentou uma média anual de consumo, calculada em 69.390 t, sendo de 61.998 t a

média de consumo específica da área canavieira, 4.274 t na região do Sertão (São Francisco) e

3.118 t nas outras áreas do Agreste e Sertão.

A superposição dos dados dos quadros 8 e 10 permite ainda quantificar a média anual de

calcário consumido por área colhida no Estado em 52 kg de calcário por hectare cultivado.
124

Quadro 9 - Pernambuco - Região do Submédio do Rio São Francisco


projetos de irrigação de administração pública, localização e áreas em operação.
125

Quadro 10 - Evolução do consumo de calcário agrícola em Pernambuco (1994-1998)

– Área que aplica, aproximadamente, 85% da produção anual de calcário agrícola do pólo de

Vertente do Lério e Santa Maria do Cambucá.

2 – Áreas de consumo de calcário agrícola levantado a partir de quantitativos de compras e

vendas fornecidos pela CHESF/CODEVASF/DNPM e por empresas fornecedoras, produtoras e

do comércio de fertilizantes e corretivos, localizadas em Vertente do Lério, Santa Maria do

Cambucá e Itacuruba, PE e Juazeiro, BA.

3 – Áreas que aplicam, aproximadamente, 4% da produção de calcário agrícola do pólo de

Vertente do Lério e Santa Maria do Cambucá, acrescida da produção e venda relativas ao ano de

1998, de empresa produtora do município de Itacuruba, PE.


126

24. BALANÇO PRODUÇÃO/CONSUMO

Como visto anteriormente, a oferta de calcário agrícola em Pernambuco está concentrada

nos centros de produção localizados nos municípios de Vertente do Lério e Santa Maria do

Cambucá, na Zona do Agreste nas proximidades da Zona da Mata, que por sua vez, é a região de

maior consumo e nela, também, estão localizados os maiores depósitos conhecidos de rochas

calcárias do estado, sem, no entanto, dispor de estrutura de beneficiamento voltada para a

produção de pó corretivo de solos.

A Região do Sertão do São Francisco que compreende as microrregiões de Petrolina e

Itaparica constitui um outro centro consumidor de menor importância, mas em crescimento, onde

a produção local é insuficiente para atender ao consumo. Confrontando-se os registros de

produção e consumo (Quadro 11) verifica –se que no período levantado (1994/98) o Estado de

Pernambuco apresenta um pequeno excedente de produção que é comercializado nos estados

vizinhos. Este fato não impede que uma parte da demanda estadual, na mesorregião do Sertão do

São Francisco ainda esteja sendo atendida pela produção de fora do Estado. Como não é usual

por questões econômicas a prática de formação de estoques no mercado de calcário para

corretivos, pode-se considerar que a produção acompanha as flutuações do mercado consumidor,

as transferências interestaduais ocorrem basicamente em função dos menores preços de entrega

ao consumidor final e nestes casos o ônus do frete assume uma importância capital.

Por outro lado, relacionando-se a capacidade instalada de beneficiamento de calcário para

fins agrícolas (407.800t/ano) com o consumo médio anual (69.390 t), deduz-se que o parque

estadual opera com uma ociosidade de mais de 80%.


127

Quadro 11 - Balanço produção/consumo de calcário agrícola em Pernambuco

25. PERSPECTIVAS DO MERCADO

No levantamento das informações junto às empresas produtoras foi constatado que 85%

das vendas foram utilizadas nos canaviais de Pernambuco e cerca de 10% nos canaviais da

Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. A cultura da cana-de-açúcar é, portanto a atividade

agrícola de maior consumo de calcário para calagem de solos no Estado de Pernambuco e ocupa

cerca de um terço das terras cultivadas. Esta atividade vem apresentando declínio da produção

nos últimos anos existindo estímulos governamentais para substituí-la parcialmente por outras

culturas. A área do Sertão e do Agreste, especialmente no Vale do São Francisco está se tornando

potencialmente importante para o mercado de calcário agrícola, face à expansão prevista dos

projetos de irrigação para fruticultura e oleicultura. Desta forma as taxas médias de crescimento

observadas no período 1994/98 refletem bem a tendência do mercado para os próximos anos.
128

Aplicando-se a metodologia da equação de regressão linear aos dados de consumo

observados no Quadro 10 (1994/98) são apresentadas no Quadro 12 as projeções de consumo do

calcário em cada mesorregião para o horizonte 1999/2005.

Deduz-se daí que a capacidade instalada estadual é suficiente para atender à demanda até

2005, mas desdobrando-se a análise por mesorregião, a capacidade instalada no Sertão (12.000

t/ano) já seria insuficiente para atender ao consumo local em 1999.

As perspectivas de se realizarem cifras de consumo acima das projetadas, dependem de

uma aceleração nos investimentos dos empreendimentos de irrigação e um aumento da

produtividade agrícola pela melhoria das relações de consumo de calcário/ área colhida das

diversas lavouras.

Com efeito, esta relação foi de 0,052t/ha, como média do período 1994/97, entretanto

estudos recentes realizados pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, dentro do Programa

Insumos Minerais para Agricultura, com a utilização dos levantamentos pedológicos realizados

pelo Ministério de Agricultura/ EMBRAPA/SNLC, informam que as áreas de expansão da

fronteira agrícola estadual são constituídas de solos que carecem de calagem, com níveis de

necessidade C1, C2 e C3 (baixa, média e alta necessidade de calcário) cuja correção demanda

uma aplicação de calcário na base de 1,38 t/ha.


129

Quadro 12 - Projeção do consumo de calcário nas áreas agrícolas de Pernambuco (ton/ano)

26. ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA

26.1 Introdução

Na indústria de calcário, a linha de produção resultante da lavra da rocha está dividida em 3

estágios que fornecem os seguintes produtos:

1. Material fragmentado;

2. Material cominuído em circuito de britagem e moagem;

3. Material classificado em circuito de classificação granulométrica a seco.

O esquema de explotação na mina compõe a primeira etapa do processo de obtenção do calcário

e pode ser visualizado no diagrama de blocos do sistema produtivo na figura 26.


130

Lavra a Céu Aberto em Frente de Mina

Seleção da Frente de lavra

Decapeamento

Perfuração da Malha de Desmonte

Carregamento do Explosivo e Detonação

Carregamento do Material Fragmentado

Transporte do Material Fragmentado

BENEFICIAMENTO
Cominuição e Classificação Granulométrica

Figura 26 - Diagrama de blocos do sistema produtivo (processo de obtenção do calcário).


131

Está prevista inicialmente para a explotação na mina CAPE a produção de cerca de 30.000

m³/mês de calcário, através da aplicação de método de lavra a céu aberto com utilização de

desmonte a explosivos em bancadas altas. A produção prevista será direcionada em sua maior

parte para atender o mercado de Pernambuco e estados vizinhos, onde constantemente são

demandadas grandes quantidades de matéria prima (calcário).

O material a ser lavrado constitui-se, de arenito calcífero de médio a fino, com ligeiras

intercalações de argila de cor cinza. Material de boa coesão e de excelentes características para

emprego como calcário agrícola. Os trabalhos de extração serão realizados entre as cotas de 315 e

390m, o que minimizará a remoção de cobertura. A própria estrutura aflorante da rocha inibe a

formação de manto de intemperismo de grande espessura.

A análise de viabilidade econômica da área de pesquisa foi realizada através da

elaboração de um fluxo de caixa convencional definindo-se:

- Tempo de retorno do investimento inicial a uma Taxa Mínima de atratividade (TMA) de

18 % ao ano.

- Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto, admitindo que o empreendimento tenha no

mínimo 20 anos de duração após sua efetiva implantação.

- Valor atual líquido do empreendimento, supondo que o projeto terá 20 anos de vida útil,

com uma taxa de retorno de 18% ao ano.


132

O fluxo de caixa será constituído com moeda constante e por isso, a taxa de 18% ao ano

não tem relação com inflação, representando na realidade um valor adicional acima da inflação.

A escolha da taxa de 18% ao ano deve-se ao fato de ter-se verificado que a taxa de captação da

maioria dos empréstimos pelo mercado financeiro ultrapassa os 13% de juros ao ano.

26.2 Parâmetros para elaboração do estudo de viabilidade econômica

26.2.1 Despesas de Pesquisa

O item despesas de pesquisa é composto por:

1. Requerimento de pesquisa

2. Mapeamento geológico/topográfico da área pesquisada

3. Ensaios petrográficos e tecnológicos

4. Elaboração do relatório final de pesquisa com estudo de pré-viabilidade econômica

A despesa com trabalhos de pesquisa realizados na área da mina CAPE somam R$ 100.000,00

(cem mil reais).

26.2.2 Obtenção do Decreto de Lavra

Para obtenção do decreto de lavra da área em questão, a empresa deverá requerer a lavra e

apresentar o Plano de Aproveitamento Econômico da jazida. Atualmente as despesas com um

requerimento de lavra completo e elaboração dos demais relatórios técnicos são da ordem de R$

6.000,00 (seis mil reais).


133

26.2.3 Preparação da Mina para Lavra

O início da lavra permanente na mina da CAPE em Inajá deverá ocorrer a partir de 2007,

quando se espera ter o Requerimento de Lavra aceito pelo DNPM e publicado no Diário Oficial

da União, etapa está que permitirá a implantação definitiva do empreendimento.

Esta lavra se dará inicialmente nos locais onde já ocorreu a lavra anteriormente através de

concessionária localizados próximos ao local da Planta de Britagem. O custo de extração para

uma produção de cerca de 30.000 m³/mês foi estimado em cerca de R$ 4,00/m³ de material

fragmentado.

26.2.4 Preparação da Infra-estrutura

Sendo a área requerida dotada de boas condições de infra-estrutura, pois fica próxima a

cidade Inajá e Tacaratu, pode-se instalar nesses municípios próximos o almoxarifado central e a

administração, como também residir os operários. Quanto às vias de acesso deve-se salientar que

a área alvo para início da lavra localiza-se a cerca de 1.000 m da Planta de beneficiamento, com

acesso extremamente facilitado no local.

Para dotar a área de ótimas condições, estão previstos trabalhos de melhoramento da

estrada terraplenada que dá acesso à frente de lavra e construção de novos acessos às frentes da

lavra, essas obras foram estimadas em cerca de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
134

26.2.5 Aquisição de Equipamentos

Para extração de 30.000 m³/mês de material fragmentado, serão necessários os seguintes

equipamentos.

1 Carreta de perfuração tipo ROC série 601

3 Pás-carregadeiras com capacidade de caçamba de 3 m³

7 Caminhões tipo caçamba com capacidade de 8 m³

1 Compressor com capacidade de 600 cfm e pressão de 110 psi

1 Camionete para supervisão

1 Caminhão pipa para controle de poeira

1 Trator de lâmina frontal (bulldozer) tipo D4 para limpeza de frentes de lavra

2 Marteletes tipo BBC ou similar para fogacho

O custo estimado para os equipamentos necessários à execução das atividades de lavra é

de cerca de R$ 770.500,00 (setecentos e setenta mil e quientos reais).

A tabela 6 discrimina os principais itens de custo de equipamentos e materiais necessários à

lavra.
135

Tabela 6 -Relação de equipamentos necessários à extração de 30.000 m³/mês de material


fragmentado

Equipamentos Quantidade Preço Unitário (R$) Preço Total (R$)


Compressor* 01 30.000,00 30.000,00
Carreta de perfuração 01 25.000,00 25.000,00
Pá-carregadeira* 03 80.000,00 240.000,00
Caminhões* 07 50.000,00 350.000,00
Afiadora de broca* 01 2.500,00 2.500,00
Camioneta 01 35.000,00 35.000,00
Caminhão-pipa 01 30.000,00 30.000,00
Marteletes 02 4.000,00 8.000,00
Trator de lâmina frontal 01 50.000,00 50.000,00
Total 15 - 770.500,00

* Equipamentos já adquiridos pela empresa CAPE Ltda

26.2.6 - Aquisição de Peças, Equipamentos e Acessórios.

É necessário que a empresa instale um pequeno almoxarifado nas proximidades da frente

de lavra, pois à distância até Recife, que é a principal cidade para aquisição de peças

sobressalentes e acessórios, é de cerca de 383 km. O estoque deste almoxarifado deve constar

inicialmente de brocas, engates, mangueiras, lubrificadores de linha, óleo diesel, graxa, cabos de

marreta, etc. Este estoque deve ser em quantidade superior às necessidades preliminares.

O custo destas peças, equipamentos e acessórios foi estimado em 2,5% do valor total do

investimento previsto. Sendo assim, serão necessários R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) para a

despesa inicial com o almoxarifado.


136

26.2.7 - Depreciação de Equipamentos

A depreciação é calculada de acordo com as orientações do Código de Tributação e

Normas da Receita Federal, IN-SRF-2/69, Portaria 407/76 IN-SRF-72/84 e IN-SRF 103/84. De

acordo com essas especificações o valor da depreciação é apresentado na tabela 7.

Tabela 7 - Depreciação de Equipamentos

Equipamentos Taxa de Depreciação Valor Total (R$) Depreciação (R$)


Compressor 10% 30.000,00 3.000,00
Carreta de perfuração 10% 25.000,00 2.500,00
Pá-carregadeira 10% 240.000,00 24.000,00
Caminhões 10% 350.000,00 35.000,00
Afiadora de broca 10% 2.500,00 250,00
Camioneta 10% 35.000,00 3.500,00
Caminhão-pipa 10% 30.000,00 3.000,00
Marteletes 50% 8.000,00 4.000,00
Trator de lâmina frontal 10% 50.000,00 5.000,00
Total - 580.000,00 80.250,00
Fonte: Receita Federal
O custo anual de depreciação será, portanto de R$ 80.250,00/ ano.

26.2.8 Receita Anual com a Produção de Calcário

A produção de calcário na mina da CAPE está prevista para 30.000 m³/mês, de acordo

com a distribuição percentual de produtos apresentada anteriormente. A receita anual estimada

para o empreendimento foi calculada levando-se em consideração a sazonalidade mensal nos

níveis de produção em função de expectativas de mercado. A tabela 8 apresenta a produção

esperada e a estimativa de receitas anuais do empreendimento:


137

Tabela 8 – Produção esperada e estimativa de receita

Produto Produção anual Preço de venda Faturamento anual

(m³) (R$/ m³) (R$)

Calcário dolomítico 194.225 (85%) 12,00 2.330.700

Calcário Calcítico 34.275 (15%) 13,00 445.575

Total 228.500 2.776.275

Estima-se, portanto uma receita anual R$2.776.275.

26.3 Estudo de Viabilidade Econômica

26.3.1 Mão-de-obra e Encargos Sociais do Pessoal

A tabela 9 apresenta a estimativa em termos de mão-de-obra para a operação da mina de

calcário CAPE, no município de Inajá - PE. O pessoal inclui assessoria técnica (engenheiro de

minas) e supervisão das atividades (encarregado geral). A mão-de-obra administrativa será

computada no item despesas de administração, como mostra a tabela 9.

Tabela 9 - Custo de Mão-de-obra e Encargos Sociais do Pessoal

Função Quantidade Salário Mensal (R$) Custo Total (R$)


Assessor técnico 01 1.000,00 1.000,00
Encarregado geral 01 800,00 800,00
Operários 10 350,00 3.500,00
Subtotal - - 5.300,00
Encargos sociais (110%) - - 5.830,00
Despesa mensal - - 11.130,00
138

A partir da tabela 9 se verifica que a despesa de mão-de-obra direta e encargos sociais

num período de 12 meses custarão para a empresa R$ 133.560,00 (cento e trinta e três mil

quinhentos e sessenta reais), conforme cálculo abaixo.

Despesa direta mão-de-obra anual = R$ 11.130,00 / mês x 12 meses/ano = R$ 133.560,00.

26.3.2 Transporte

Como o mercado consumidor principal. Da empresa localiza-se na Zona da Mata de

Pernambuco necessário estimar-se o custo de frete para envio da produção até os consumidores

finais. Esse valor deverá ser ressarcido pelo consumidor e, portanto não afeta os custos do

projeto. O frete de cada carga de 8 m³ ou cerca de 22 ton métricas custará para o consumidor a

quantia de R$ 0,10/t/km. Como há previsão de transportar cerca de 228.500 m³ / ano, o custo

total de frete anual dependerá da distância média do transporte efetuado no ano.

26.3.3 Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Com a promulgação da Nova Constituição do Brasil em 04 de outubro de 1988 foi extinto o

antigo Imposto Único sobre Minerais (IUM) sendo esse substituído pelo Imposto sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), cuja alíquota para comercialização de calcário é

de 17%.

ICMS = (Faturamento bruto anual) x 17%

ICMS = (2.776.275) x 17% = R$ 471.966,75


139

26.3.4 Taxa de Arrendamento

De acordo com o Regulamento do Código de Mineração, o proprietário do solo onde está

localizada a jazida deve participar do resultado da lavra, auferindo um dízimo do valor do ICMS

(artigo 86). Como a empresa é proprietária das áreas previstas para lavra o valor referente à taxa

de arrendamento é nulo.

26.3.5 Material de Consumo

Os equipamentos que trabalham movidos a óleo diesel apresentam um consumo médio de

14 litros de óleo por hora de trabalho e 0,075 de lubrificantes/hora. A previsão é que o

compressor trabalhe 8 horas/dia, durante 364 dias/ano. Desta forma, o consumo previsto de óleo

diesel e lubrificantes será de:

-Consumo de óleo diesel:

Compressor: 264 dias/ano x 8 horas/dia x 1 unid x 14 lt/hora = 29.568 litros

Pás-carregadeiras: 264 dias/ano x 6 horas/dia x 2 unid x 20 lt/hora = 63.360 litros

Caminhões: 5.200 km/mês / 4 km/lt x 12 meses = 15.600 litros

Caminhonete: 1.000 km/mês / 6 km/lt x 12 meses = 2.000 litros

Trator de lâmina: 264 dias/ano x 4 horas/dia x 1 unid x 14 lt/hora = 14.784 litros


140

- Consumo de lubrificantes:

Compressor: 264 dias/ano x 8 horas/dia x 1 unid x 0,075 lt/hora = 158,4 litros

Pás-carregadeiras: 264 dias/ano x 6 horas/dia x 2 unid x 0,268 lt/hora = 849,1 litros

Trator de lâmina: 264 dias/ano x 4 horas/dia x 1 unid x 0,144 lt/hora = 152,1 litros

- Consumo de pneus:

Pás-carregadeiras: 3.168 h operação/ano / 5.000 h vida útil x 4 unid = 2,53 unid/ano

Caminhões: 62.400 km/ano / 40.000 km vida útil x 6 unid = 9,36 unid/ano

Para a execução da perfuração do Plano de fogo previsto para desmonte de calcário na

mina são necessárias à utilização de brocas e hastes de prolongamento. Para cada m³ de material

fragmentado são perfurados em média cerca de 0,107 metros com as brocas, ou 2.037,45 m de

furação por ano. Como o tempo de vida útil das brocas em calcário oscila em torno de 100 metros

e a produção anual de material “in situ” será de 19.042m³, deverão ser consumidas anualmente

245 brocas.

O custo do desmonte do material prevê a utilização de desmonte por explosivos. A

quantidade de explosivo definida no Plano de Fogo está indicada na tabela 10, que inclui também

uma estimativa de custo para esses insumos.


141

Tabela 10 - Custo do Desmonte

Item de Custo Consumo Mensal Custo Unitário (R$) Custo Mensal (R$)
Mantopim:* 4 un 1,50 6,00
Retardos 40 ms: 44 un 1,20 52,80
Booster de 150 gr: 144 un 4,00 576,00
Nonel: 1.891,11 m 0,50 945,56
Emulsão: 3.093,12 kg 2,50 7.732,80
ANFO:* 5.526,72 kg 1,50 8.290,08
TOTAL: - - 17.603,24

* Incluídos os insumos necessários para fogacho

Custo anual com explosivos e acessórios = 17.603,24 x 12 = R$ 211.238,88

Para os equipamentos adquiridos são necessários trabalhos de manutenção, conserto e

substituição de peças. O custo desses trabalhos foi estimado a uma base de 5% do valor de

aquisição dos equipamentos por ano de operação.

Na tabela 11 tem-se o custo de material de consumo o qual foi calculado em


R$766.130,10 (quinhentos e onze mil seiscentos e cinqüenta e dois reais e vinte centavos).

Tabela 11 - Despesas anuais de materiais de consumo na Mina CAPE

Despesa Quantidade Custo Unitário Custo Total


(R$) (R$)
Óleo diesel 250.592lt 1,50 375.888,0
Lubrificante 1.584.03lt 6,50 10.296,19
Pneus 12,82 unid 10.000 128.200,00
Explosivos e acessórios - - 120.496,80
Brocas 245 unid 250,00 61.250,00
Peças e material de reposição (5%) - - 35.000,00
SUBTOTAL 731.130,10
Outros materiais não listados (5% subtotal): 35.000,00
TOTAL - - 766.130,10
142

26.3.6 Custo de beneficiamento

O custo de beneficiamento foi estimado como sendo da ordem de 2,50 R$/m³, valor esse obtido

junto ao levantamento histórico de custos da empresa em empreendimentos semelhantes. Esse

custo refere-se basicamente as etapas de cominuição e classificação granulométrica executadas na

Planta de Britagem existente na área de explotação. Dessa forma o custo anual de beneficiamento

pode ser definido como segue:

Custo anual beneficiamento: 228.500 m³/ano x 2,50 R$/m³ = R$ 571.250,00

26.3.7 Despesas Administrativas

A despesa administrativa é formada pelo salário do pessoal da administração central, o

material de expediente, luz, comunicações, despesas de viagens e despesas de comercialização.

Feita uma análise dos balanços das empresas de produção de calcário no Brasil, verificou-

se que as despesas administrativas representam em média de 5 a 10% das receitas anuais com a

venda de minério. Para a nossa análise de viabilidade econômica vamos considerar a taxa de 6%

da receita anual.

Despesa Administrativa Anual = Receita Anual x 6%

Despesa Administrativa Anual = R$2.776.275 x 6% = R$ 166.576,50


143

26.3.8 Despesa com Seguros

O valor aqui calculado se refere basicamente ao seguro contra os riscos de incêndio ou de

roubo. Esse seguro se faz necessário para as máquinas, equipamentos e veículos.

Para as máquinas e equipamentos a taxa média contra incêndio, roubo e riscos diversos é

de 0,42%. Já para os veículos a taxa sobe para 8% do valor dos bens.

A expressão abaixo nos dá a despesa anual com seguros:

Despesa com seguros = (valor equipamentos e máquinas x 1,50%) + (valor veículos x 8%)

Despesa com seguros = (R$ 770.500,00 x 1,50%) + (R$ 35.000,00 x 8%) = R$ 14.357,50

26.3.9 Despesas de produção

A despesa total de produção é obtida somando-se os valores referentes à mão-de-obra de

operação, material de consumo, custo de beneficiamento, despesas administrativas e seguros.

Assim tem-se a seguinte estimativa para o custo de produção na Mina CAPE conforme a tabela

12.

Tabela 12 - Despesa total de produção

Item de custo Valor anual (R$) Custo unitário (R$/m³)


Mão-de-obra operacional 133.560,00 0,58
Material de consumo 766.130,10 3,35
Beneficiamento 571.250,00 2,66
Despesas administrativas 166.576,50 0,72
Seguros 14.357,50 0,06
Total 1.649.374,10 7,22
144

As despesas de produção anual são, portanto estimadas em R$ 1.649.374,10 (um milhão

seiscentos e quarenta e nove mil trezentos e setenta e quatro reais e dez centavos). O custo

unitário de produção foi calculado em R$ 7,22 (sete reais e vinte e dois centavos) por metro

cúbico produzido (228.500 m³).

18.3.10 Lucro Operacional

O lucro operacional foi calculado a partir da relação abaixo, levando em consideração as

receitas e despesas de produção anual da Mina CAPE.

Lucro Operacional = Receitas – Despesas de produção (exceto impostos e depreciações)

Lucro Operacional = R$2.776.275– R$1.649.374,10 = R$ 1.126.900,90

26.3.11 Imposto de Renda

O imposto de renda no Brasil corresponde a uma alíquota que incide sobre o lucro tributável.

Define-se o lucro tributável como o lucro operacional, deduzidas as despesas com:

- Depreciação dos bens ativos, representativa da diminuição anual do seu valor devido ao

desgaste do uso, a ação da natureza e obsolescência normal;

- A amortização do capital empregado.


145

No caso em apreço foi calculado com base na alíquota de 30% do lucro presumível, de acordo

com a legislação vigente.

Lucro operacional: R$ 1.126.900,90

Despesas com ICMS: R$ 471.966,75

Despesas com depreciação de equipamentos: R$ 80.250,00

Imposto de Renda = (lucro operacional – ICMS – Depreciação) x 30%

Imposto de Renda = (R$1.126.900,90 – R$ 471.966,75 – 80.250,00) x 30% = R$ 172.405,245

26.3.12 Capital de Giro

Na avaliação de jazidas minerais, o capital de giro representa um fator de grande

importância, devendo ser suficiente para cobrir as parcelas com estoque de minério na mina e em

trânsito nos mercados, correspondentes ao custo de produção, transporte, embarque e

comercialização, almoxarifado, caixa e bancos, contas a pagar relativas ao material comprado a

prazo, etc.

Na determinação do capital de giro se observa que ele está ligado ao fator custo direto de

produção. Com base em experiência em outras minas, o capital de giro para a Mina CAPE em

Inajá, será considerado como equivalente a 1,5 meses de produção em termos de custos diretos e

administração. Como custo direto de produção, entendemos as despesas que entram diretamente

na operação da jazida, excluindo-se, portanto os gastos com ICMS Imposto de Renda e gastos

administrativos.

O custo anual de obtenção de calcário na mina da CAPE é igual a R$ 1.126.900,90 então, tem-se:

Capital de giro = (R$ 1.126.900,90 x 1,5 / 12) = R$ 140.862,61


146

26.3.13 Determinação do Tempo de Retorno do Investimento

De acordo com os valores acumulados dos custos de implantação, os valores de produção

e do faturamento anual tem-se o retorno do investimento em aproximadamente 35 meses, como

podemos observar nas tabelas 13 e 14 respectivamente.

Tabela 13 - Despesas de Implantação

Despesas de Implantação Custos (R$)


Despesas de Pesquisas 100.000,00
Obtenção do Decreto de Lavra 6.000,00
Preparação da Infra-estrutura 10.000,00
Despesa com Equipamentos 770.500,00
Capital de Giro 140.862,61
Total do Investimento 1.027.362.61

Tabela 14 - Despesas de Produção

Despesas de Produção Produção Faturamento Lucro Líquido


Itens de Despesa Custos Anual (m³) Anual (R$) Operacional
Anual (R$)
Mão-de-obra 133.560,00 360.000 R$2.776.275
Material de Consumo 766.130,10
Depreciação 80.250,00
Seguros 14.357,50
ICMS 471.966,75
Imposto de Renda 172.405,245
Administração 166.576,50
Custo de beneficiamento 571.250,00
Custo Total 2.376.496,09 399.778,91

Tempo de retorno do investimento =1.027.362.61 / 399.778,91 = 2,56 anos => 30 meses

Lucro líquido operacional / Faturamento = 399.778,91/ 2.776.275 = 14,39%

Com Taxa Mínima de Atratividade (TMA): 18 % / ano.


147

Taxa Interna de Retorno (TIR): 37.05%

Valor Presente: R$ 1.053,228 (Um milhão cinqüenta e três mil duzentos e vinte e oito reais).

A planilha com o fluxo de caixa encontra-se no anexo V deste projeto.

26.3.14 Viabilidade do empreendimento

A viabilidade da lavra de material para produção de calcário da CAPE Ltda localizada na

entre Inajá e Tacaratu, ficou demonstrada ao longo desse projeto, já que o valor atual das

despesas versus o faturamento, nos permite um lucro líquido operacional de 14,39% do

faturamento bruto anual. O tempo de retorno do investimento inicial foi calculado com base na

divisão do capital investido pelo lucro líquido operacional e nos deu como resultado o retorno do

investimento em um período de 30 meses após a implantação da lavra.

Os resultados do cálculo do fluxo de caixa indicam a viabilidade econômica do empreendimento

na mina, gerando um valor presente líquido de R$ 1.053,228 (Um milhão cinqüenta e três mil

duzentos e vinte e oito reais) e uma taxa interna de retorno de 37.05% ao ano.

Convém salientar que a Planta de Britagem da empresa CAPE Ltda já está instalada e

praticamente amortizada, portanto levou-se em consideração no cálculo da viabilidade econômica

do empreendimento apenas o custo operacional do processo de cominuição e classificação.


148

Parte das operações de lavra tais como perfuração e detonação, deverá ser terceirizada o

que refletirá numa diminuição dos investimentos fixos e pequeno aumento nos custos de

produção (referentes a serviço de terceiros).

Também na lavra existem equipamentos já adquiridos pela empresa e em condições de

operação (pás-carregadeiras e caminhões) o que também influirá numa redução do investimento

total para implantação da lavra na Mina CAPE Ltda.

Sendo assim, a CAPE – Carbonatos de Pernambuco Ltda,, Sr.Augusto Henrique Silva ,

solicita a aprovação deste Plano de Aproveitamento Econômico, de acordo com o Regulamento

do Código de Mineração, e a expedição do diploma legal para início da produção na mina CAPE

, na localidade denominada Rio Moxotó, localizada no Sertão do Moxotó entre – Tacaratu e

Inajá – PE.
149

27. CONCLUSÃO

Conforme foi destrinchado ao longo deste trabalho de conclusão de curso, o plano de

aproveitamento econômico apresentado não encontrará problemas para ser aprovado pelo órgão

competente (DNPM), já que o mesmo apresenta bons argumentos para sua viabilidade, entre

outros são eles: a infra-estrutura da área onde será implantado o empreendimento é boa, pois a

mesma encontra-se na região de fácil escoamento da produção, a cidade de Inajá pode acolher os

operários que trabalharão nas atividades da empresa sem problemas. Outro ponto que favorece

muito a infra-estrutura da área é a proximidade da rodovia BR-110, que passa a cerca de 10 km

da mina. Na área requerida encontra-se material de excelente qualidade para a produção de

calcário, rocha formada essencialmente por carbonato de cálcio (calcita-CaCO3) e dolomita

(CaCO3MgCO3),além de SiO2, Fe2O3, Al2O3.

As reservas dimensionadas para as rochas carbonatadas na área de pesquisa são da ordem

de 29.454.206,35 m³, sendo desse valor 28.775.984,30 m³ de calcário dolomítico e 678.222,05 m³

de calcário calcítico.

Considerando o ritmo previsto de lavra, as reservas medidas na mina CAPE Ltda em

Ínajá, são suficientes para manter o ritmo de trabalho por um período de 148 anos para a

produção de calcário dolomítico e 20 anos para produção de calcário calcítico, que indica a

possibilidade de ampliação da produção assim que houver maior demanda por parte do mercado

consumidor.
150

O mercado para o calcário (calcítico e dolomítico) produzido na Mina CAPE- Inajá –PE é

bastante promissor, pois, será fornecido às diversas regiões do estado de Pernanbuco

principalmente Zona da Mata e estados vizinhos, além de possível exportação no futuro.

Quanto à viabilidade econômica do empreendimento, está inteiramente comprovada

mostrando uma lucratividade de 14,39% do faturamento anual, um tempo de retorno do

investimento de aproximadamente 30 meses, um valor presente líquido de R$ 1.053,228 e uma

taxa interna de retorno de 37.05% aa.

Com este trabalho de conclusão de curso, pude fazer uma revisão completa dos

conhecimentos que adquiridos durante os 5 anos de meu curso de graduação em engenharia de

minas. Partindo dos conhecimentos de geologia passando pela engenharia de minas, economia e

administração que são disciplinas indispensáveis para formação de um engenheiro, isso me

proporcionou uma excelente visão geral da realidade da qual irei conviver apartir de agora com

minha conclusão de curso.


151

28. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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158

29. ANEXOS

29.1 ANEXO I: Dados da Topografia

BHID XCOLLARS YCOLLARS ZCOLLARS


FS02L04 9002093.9 623032.2 367
FS03L04 9002004.8 623050.2 369
FS04L04 9001900.2 623104.8 355
FS05L04 9001120.3 623144.3 357
FS06L04 9001724.9 623186.8 350
FS07L04 9001639.9 623152.9 354
FS08L04 9001537.7 623134.6 349
FS09L04 9001470.2 623097.4 344
FS10L04 9001399.8 623026.9 351
FS11L04 9001317.9 622980.9 352
FS12L04 9001230.8 623038.7 345
FS13L04 9001254.4 623054 338
FS01LEX 9001819.9 623275.6 356
FS02LEX 9001881.1 623342.9 353
FS03LEX 9001930.1 623401.1 347
FS04LEX 9001982.1 623447.1 339
FSE3Q3 9003773.3 622292.2 365
FSI3Q3 9003776.3 622942.2 362
FSU2Q2 9003659.5 622355.9 358
FSO1Q1 9003576.3 622456.9 356
FSO2Q2 9003361.8 622358.9 359
FSO3Q3 9003705.7 622319.5 359
FS01LEXQ13 9001789.2 623241.9 350
FSE1Q1 9003566.9 622496.2 357
FSE2Q2 9003684.1 622359.1 357
FSU1Q1 9003640.5 622551.4 357
FSU3Q3 9003739.5 622310.4 359
FSA1Q1 9003554.7 622486.9 356
FSA2Q2 9003668.7 622368.2 356
FSA3Q3 9003742.5 622334.9 356
FSI1Q1 9003591.6 622447.4 356
FSI2Q2 9003549.7 622989.5 358
FS01L01 9004454.7 622592.9 360
FSAUX01ENTL0203 9002306.6 622816 383
FSAUX01ENTL0102 9002337.8 622654.3 372
FSAUX02ENTL0203 9002189.8 622824.8 388
FS02L03 9002260.3 622886.1 378
FS03L03 9002109.8 622879.5 380
FSAUX01ENTL0304 9002315.4 622959.5 363
FS01L04 9002268.8 623102.9 350
FS01AL04 9002410.4 623011.7 347
FS02BL04 9002557.8 623030.5 353
FS04L05 9002376.2 623161.3 350
FS02L01 9002273.5 622583.8 363
FS03AL01 9002126.1 622580.3 366
FS03BL01 9002104.6 622580.3 369
159

29.2 ANEXO II: Dados Litológicos e Geológicos das Sondagens

BHID FROM TO CaO Si02 Fe2O3 T MgO AL2O3 PF LITO


FS02L04 0.00 2.70
FS02L04 2.70 3.70
FS02L04 3.70 5.50
FS02L04 5.50 7.10
FS02L04 7.10 12.50
FS02L04 12.50 15.30
FS02L04 15.30 16.00
FS02L04 16.00 21.60
areia
FS07L04 0.00 5.20 calcifera
FS07L04 5.20 6.15 47.1 6.27 0.3 6.18 0.54 39.01 cal
FS07L04 6.15 9.90 36.5 1.87 0.3 17.09 0.03 44.08 cal
FS07L04 9.90 12.90 35.04 1.47 0.26 20.05 0.09 43.07 cal
FS07L04 12.90 17.30 39.09 10.73 0.66 11.2 2.16 36.1 cg
FS08L04 0.00 1.90 34.16 8.7 1.64 16.18 2.67 36.02 cal
FS08L04 1.90 8.45 33.86 1.69 0.17 20.12 0.09 43.63 cal
FS08L04 8.45 10.90 39.2 2.49 0.53 14.07 0.32 43.06 cal
FS08L04 10.90 18.20 32.12 23.81 0.5 13.29 0.61 29.03 cg
FS08L04 18.20 18.40 32.67 2.33 0.24 20.02 0.19 43.18 cal
FS08L04 18.40 18.50 48.71 3.56 0.19 4.25 0.41 42.08 cal
FS08L04 18.50 23.30 sem analise
FS09L04 0.00 1.90
FS09L04 1.90 5.00
FS09L04 5.00 13.10
FS09L04 13.10 16.50
FS09L04 16.50 19.60
FS09L04 19.60 21.40 granito sem analise
FS10L04 0.00 2.20 36.33 0.84 0.09 17.1 0 44.23 cal
FS10L04 2.20 3.50 38.28 3.73 0.17 15.21 0.88 41.1 cal
FS10L04 3.50 6.50 sem analise
FS10L04 6.50 11.10 sem analise
FS11L04 0.00 3.60 35.02 2.08 0.17 19.1 0.24 43.01 cal
FS11L04 3.60 5.70 33.6 3.34 0.42 20.17 0.16 42 cal
FS11L04 5.70 8.90 35.13 15.34 0.29 15.11 0.07 33.31 cg
FS11L04 8.90 16.10 33.67 2.08 0.12 20.11 0.3 43.16 cal
FS12L04 0.00 2.20 32.71 4.64 0.44 20.01 0 41.15 cal
FS12L04 2.20 3.50 33 3.26 0.08 21.09 0 42.05 cal
FS12L04 3.50 6.50 38.19 5.36 0.28 15.22 0 40.37 cal
FS12L04 6.50 11.60 33.28 1.21 0.16 20.19 0.25 43.97 cal
FS12L04 11.60 12.50 32.84 3.2 0.14 20.15 0.04 42.71 cal
FS12L04 12.50 17.00 33.45 2.42 0.29 20.2 0.46 42.13 cal
FS12L04 17.00 20.00 31.63 8.6 0.67 19.4 1.03 38.08 cal
FS12L04 20.00 23.50 32.8 3.33 0.16 20.15 0.09 42.16 cal
FS13L04 0.00 2.00
FS13L04 2.00 3.00
FS13L04 3.00 4.90
FS13L04 4.90 10.00
FS13L04 10.00 11.85 granito sem analise
160

FS01LEX 0.00 2.13


FS01LEX 2.13 6.90
FS01LEX 6.90 9.60
FS01LEX 9.60 11.60
FS01LEX 11.60 12.10
FS01LEX 12.10 16.90
FS01LEX 16.90 17.35 sem analise
FS02LEX 0.00 9.20
FS02LEX 9.20 9.40
FS02LEX 9.40 14.65
FS02LEX 14.65 16.80
FS02LEX 16.80 20.10
FS02LEX 20.10 21.50
FS03LEX 0.00 1.10
FS03LEX 1.10 5.60
FS03LEX 5.60 8.30
FS03LEX 8.30 11.50 sem analise
FS04LEX 0.00 6.20 granito sem analise
FSE3Q3 0.00 1.25
FSE3Q3 1.25 4.30
FSE3Q3 4.30 6.10
FSE3Q3 6.10 9.50
FSI3Q3 0.00 1.60
FSI3Q3 1.60 4.20
FSI3Q3 4.20 6.50
FSU2Q2 0.00 1.10
FSU2Q2 1.10 7.80
FSU2Q2 7.80 7.85
FSU2Q2 7.85 9.50
FSU2Q2 9.50 10.20 sem analise
FSO2Q2 0.00 4.30
FSO2Q2 4.30 5.90
FSO2Q2 5.90 10.20 sem analise
FS01LEXQ13 0.00 1.60
FS01LEXQ13 1.60 6.30
FS01LEXQ13 6.30 8.10
FS01LEXQ13 8.10 11.35
FS01LEXQ13 11.35 13.80
FS01LEXQ13 13.80 16.00 sem analise
FSE1Q1 0.00 1.70
FSE1Q1 1.70 3.80
FSE1Q1 3.80 11.80
FSE1Q1 11.80 14.30
FSE1Q1 14.30 14.85
FSE1Q1 14.85 16.10
FSE1Q1 16.10 18.50 granito sem analise
FSU1Q1 0.00 3.80
FSU1Q1 3.80 5.60
FSU1Q1 5.60 8.00
FSU1Q1 8.00 12.60
FSU1Q1 12.60 14.30
161

FSU1Q1 14.30 16.70


FSA1Q1 0.00 1.60
FSA1Q1 1.60 8.75
FSA1Q1 8.75 10.15 sem analise
FSI1Q1 0.00 1.60
FSI1Q1 1.60 8.75
FSI1Q1 8.75 11.30

29.2.1 Geologia

BHID FROM TO ROCK


FS02L04 0.00 2.70 CAL
FS02L04 2.70 3.70 CAL
FS02L04 3.70 5.50 CAL
FS02L04 5.50 7.10 CAL
FS02L04 7.10 12.50 CAL
FS02L04 12.50 15.30 CAL
FS02L04 15.30 16.00 CAL
FS02L04 16.00 21.60 XIS
FS07L04 0.00 5.20 PO
FS07L04 5.20 6.15 CAL
FS07L04 6.15 9.90 CAL
FS07L04 9.90 12.90 CAL
FS07L04 12.90 17.30 GRA
FS08L04 0.00 1.90 PO
FS08L04 1.90 8.45 CAL
FS08L04 8.45 10.90 CAL
FS08L04 10.90 18.20 CAL
FS08L04 18.20 18.40 CAL
FS08L04 18.40 18.50 CAL
FS08L04 18.50 23.30 CAL
FS09L04 0.00 1.90 CAL
FS09L04 1.90 5.00 CAL
FS09L04 5.00 13.10 CAL
FS09L04 13.10 16.50 CAL
FS09L04 16.50 19.60 CAL
FS09L04 19.60 21.40 GRA
FS10L04 0.00 2.20 CAL
FS10L04 2.20 3.50 CAL
FS10L04 3.50 6.50 CAL
FS10L04 6.50 11.10 XIS
FS11L04 0.00 3.60 CAL
FS11L04 3.60 5.70 CAL
FS11L04 5.70 8.90 CAL
FS11L04 8.90 16.10 CAL
FS12L04 0.00 2.20 CAL
FS12L04 2.20 3.50 CAL
FS12L04 3.50 6.50 CAL
FS12L04 6.50 11.60 CAL
FS12L04 11.60 12.50 CAL
162

FS12L04 12.50 17.00 CAL


FS12L04 17.00 20.00 CAL
FS12L04 20.00 23.50 XIS
FS13L04 0.00 2.00 CAL
FS13L04 2.00 3.00 CAL
FS13L04 3.00 4.90 CAL
FS13L04 4.90 10.00 CAL
FS13L04 10.00 11.85 GRA
FS01LEX 0.00 2.13 CAL
FS01LEX 2.13 6.90 CAL
FS01LEX 6.90 9.60 CAL
FS01LEX 9.60 11.60 CAL
FS01LEX 11.60 12.10 CAL
FS01LEX 12.10 16.90 CAL
FS01LEX 16.90 17.35 XIS
FS02LEX 0.00 9.20 CAL
FS02LEX 9.20 9.40 CAL
FS02LEX 9.40 14.65 CAL
FS02LEX 14.65 16.80 CAL
FS02LEX 16.80 20.10 CAL
FS02LEX 20.10 21.50 CAL
FS03LEX 0.00 1.10 CAL
FS03LEX 1.10 5.60 CAL
FS03LEX 5.60 8.30 CAL
FS03LEX 8.30 11.50 XIS
FS04LEX 0.00 6.20 GRA
FSE3Q3 0.00 1.25 CAL
FSE3Q3 1.25 4.30 CAL
FSE3Q3 4.30 6.10 CAL
FSE3Q3 6.10 9.50 CAL
FSI3Q3 0.00 1.60 CAL
FSI3Q3 1.60 4.20 CAL
FSI3Q3 4.20 6.50 CAL
FSU2Q2 0.00 1.10 CAL
FSU2Q2 1.10 7.80 CAL
FSU2Q2 7.80 7.85 CAL
FSU2Q2 7.85 9.50 CAL
FSU2Q2 9.50 10.20 CAL
FSO2Q2 0.00 4.30 CAL
FSO2Q2 4.30 5.90 CAL
FSO2Q2 5.90 10.20 CAL
FS01LEXQ13 0.00 1.60 CAL
FS01LEXQ13 1.60 6.30 CAL
FS01LEXQ13 6.30 8.10 CAL
FS01LEXQ13 8.10 11.35 CAL
FS01LEXQ13 11.35 13.80 CAL
FS01LEXQ13 13.80 16.00 CAL
FSE1Q1 0.00 1.70 CAL
FSE1Q1 1.70 3.80 CAL
FSE1Q1 3.80 11.80 CAL
FSE1Q1 11.80 14.30 CAL
163

FSE1Q1 14.30 14.85 CAL


FSE1Q1 14.85 16.10 CAL
FSE1Q1 16.10 18.50 GRA
FSU1Q1 0.00 3.80 CAL
FSU1Q1 3.80 5.60 CAL
FSU1Q1 5.60 8.00 CAL
FSU1Q1 8.00 12.60 CAL
FSU1Q1 12.60 14.30 CAL
FSU1Q1 14.30 16.70 CAL
FSA1Q1 0.00 1.60 CAL
FSA1Q1 1.60 8.75 XIS
FSA1Q1 8.75 10.15 XIS
FSI1Q1 0.00 1.60 CAL
FSI1Q1 1.60 8.75 CAL
FSI1Q1 8.75 11.30 XIS
164

29.3 ANEXO III: Tutorial DATAMINE para Modelagem


165
166
167
168
169
170
171
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177
178
179
180
181

29.4 ANEXO IV: RELAÇÃO DE EQUIPAMENTOS EXISTENTES

CONJUNTO DE BRITAGEM 02
Alimentador vibratório 40090 com motor de 10/20 HP – FAÇO
Britador primário 10060 A com motor de 100 HP – FAÇO
Moinho de Rolos Tipo Raymond
Transportadora de 18” de 8,0 m com motor 5 HP – FAÇO
Transportadora de 30” de 7,0 m com motor de 7,5 HP e redutor – FAÇO
Transportadora de 30” de 30,0 m com motor de 15 HP e redutor – FAÇO
Transportadora de 30” de 31,0 m com motor de 7,5 HP e redutor – FAÇO
Alimentador vibratório 27070 com motor de 10 HP – FAÇO
2 Britadores 6240 com motor de 40 HP – FAÇO
Transportadora de 30” de 14,0 m com motor de 10 HP e redutor – FAÇO
Transportadora de 20” de 24,0 m com motor de 10 HP e redutor Sauer – principal
Transportadora de 18” de 26,5 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – pó
Transportadora de 21,4 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – B19
Transportadora de 20,4 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – B25
Transportadora de 18” de 32,2 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – B38
Transportadora de 18” de 7,1 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – Retorno Cone
Transportadora de 15,15 m com motor de 5 HP e redutor Sauer – Retorno Peneira classif.
Hidrocone HP 200 com motor de 200 HP e alarme – NORDBERG
Rebritador 8013 com motor de 20 HP – FAÇO
Peneira classificadora 68080 com motor de 25 HP - FAÇO
2 Calhas vibratórias com motor de 7,5 HP – pilha pulmão – FAÇO
3 Calhas vibratórias com motores de 5 HP – pilhas de estoque – FAÇO
3 Transportadores de 9,0 m com motor de 7,5 HP e redutores – Carregamento de brita
Munk estacionário modelo 540 com motor de 5 HP, completo
Forca de ferro com talha de 10 ton
Uma sirene
Balança de 35 toneladas – TOLEDO
Subestação elétrica capacidade 450 kVA completa.
Um Ciclone coletor
Um Filtro de Manga
29.5 ANEXO V: FLUXO DE CAIXA DE OPERAÇÃO
Projeto: Mina CAPE Ltda
Nome do arquivo: Projeto de Lavra (Gustavo)- Revisado1 (PAE) Gustavo
Diretório: C:\Users\gusta\Documents
Modelo:
C:\Users\gusta\AppData\Roaming\Microsoft\Templates\N
ormal.dotm
Título: RESUMO
Assunto:
Autor: LAB PLANEJ LAVRA 1
Palavras-chave:
Comentários:
Data de criação: 02/01/2007 01:06:00
Número de alterações:57
Última gravação: 10/01/2007 00:32:00
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