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CÓD: OP-040AG-23

7908403539833

PM E CBM - PB
POLÍCIA MILITAR E CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

Curso de Formação de Soldados


EDITAL N.º 001/2023 – CFSD PM/BM, DE 28 DE JULHO DE 2023
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e intelecção de textos........................................................................................................................................... 7
2. Tipologia textual.......................................................................................................................................................................... 14
3. Coesão e coerência...................................................................................................................................................................... 21
4. Figuras de linguagem................................................................................................................................................................... 21
5. Ortografia..................................................................................................................................................................................... 23
6. Acentuação gráfica....................................................................................................................................................................... 24
7. Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................... 25
8. Formação, classe e emprego de palavras.................................................................................................................................... 26
9. Sintaxe da oração e do período................................................................................................................................................... 33
10. Pontuação.................................................................................................................................................................................... 35
11. Concordância nominal e verbal................................................................................................................................................... 36
12. Colocação pronominal................................................................................................................................................................. 37
13. Regência nominal e verbal........................................................................................................................................................... 38
14. Equivalência e transformação de estruturas................................................................................................................................ 39
15. Paralelismo sintático.................................................................................................................................................................... 39
16. Relações de sinonímia e antonímia............................................................................................................................................. 39

Raciocínio Lógico
1. Lógica proporcional. Argumentação lógica. Raciocínio sequencial. Raciocínio lógico quantitativo. Raciocínio lógico analítico.
Diagramas lógicos....................................................................................................................................................................... 59
2. Análise combinatória.................................................................................................................................................................. 80

3. Probabilidade.............................................................................................................................................................................. 83

Geografia da Paraíba
1. Formação do território paraibano. Geografia física: relevo, clima, vegetação, hidrografia. Geografia humana: aspectos eco-
nômicos, sociais e culturais......................................................................................................................................................... 87

História da Paraíba
1. Origens e conquista da Paraíba (1574-1585). A presença de portugueses, franceses e espanhóis no território paraibano.
Povos indígenas do litoral ao sertão. A Paraíba no sistema de capitanias hereditárias e a conquista do interior. Holandeses
na Paraíba. Inquisição e expulsão de jesuítas. A Paraíba no século XIX. Independência. Primeiro Reinado. Período Regencial.
Segundo Reinado. A Confederação do Equador. A Paraíba e a Guerra do Paraguai. A Paraíba e o Quebra-quilos. O Ronco das
Abelhas. A Paraíba na República. A Paraíba no século XX. Oligarquias, coronelismo e cangaço. Revolta de Princesa. Revolução
de 30. Revolução Constitucionalista de 1932. Intentona Comunista 1935. A Paraíba no Estado Novo de Vargas. A Paraíba e a
Segunda Guerra Mundial............................................................................................................................................................ 93
ÍNDICE

Inglês
1. Compreensão de textos. Capacidade de compreender ideias gerais e específi cas por meio da análise de textos selecionados
de livros, jornais ou revistas, que abordem temas culturais, literários e científicos................................................................... 107
2. Itens gramaticais relevantes para a compreensão dos conteúdos semânticos.......................................................................... 109

Espanhol
1. Compreensão de textos. Capacidade de compreender ideias gerais e específicas por meio da análise de textos selecionados
de livros, jornais ou revistas, que abordem temas culturais, literários e científicos. Itens gramaticais relevantes para a com-
preensão dos conteúdos semânticos.......................................................................................................................................... 145

Noções de Informática
1. Conceito de Internet e intranet.................................................................................................................................................. 153

2. Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de grupos de discussão, de busca e pesquisa...... 160
3. Noções básicas dos principais aplicativos comerciais e softwares livres para: edição de textos e planilhas, geração de mate-
rial escrito, visual, sonoro e outros............................................................................................................................................. 165
4. Pacote Microsoft Office. Noções de sistema operacional (Windows e Linux)............................................................................ 170
5. Conceitos de proteção e segurança. Noções de vírus, worms, phishing e pragas virtuais. Aplicativos para segurança (antiví-
rus, firewall, anti-spyware e VPN)............................................................................................................................................... 179
6. Computação na nuvem (cloud computing)................................................................................................................................. 181

Noções de Direito Constitucional


1. Dos Direitos e Garantias Fundamentais em Espécie; Direito à vida; Direito à Liberdade............................................................ 197
2. Princípio da Igualdade (Art. 5° I); Princípio da legalidade e da Anterioridade Penal (Art. 5° ll, XXXIX); Liberdade da Manifes-
tação do Pensamento (Art. 5° lV); Inviolabilidade da Intimidade; Vida Privada; Honra e Imagem (Art. 5° X); Inviolabilidade do
Lar (Art. 5° XI); Sigilo de Correspondência e de Comunicação (Art. 5° XII).................................................................................. 198
3. Liberdade de Locomoção (Art. 5° XV); Direito de Reunião e de Associação (Art. 5° XVI, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI); Direito de
Propriedade (Art. 5° XXII e XXIII); Vedação ao Racismo (Art. 5° XLII);. Garantia às Integridades Física e Moral do Preso (Art. 5°
XLIX); Vedação às Provas Ilícitas (Art. 5° LVI); Princípio da Presunção de Inocência (Art. 5° LVII); Privilegia Contra a Auto-In-
criminação (Art. 5° LXIII).............................................................................................................................................................. 199
4. Dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (art. 42).................................................................................... 201
5. Da Segurança Pública (art.144).................................................................................................................................................... 201

Noções de Direito Penal


1. Princípios constitucionais do Direito Penal.................................................................................................................................. 207
2. A lei penal no tempo. A lei penal no espaço................................................................................................................................ 210
3. Interpretação da lei penal............................................................................................................................................................ 213
4. Infração penal: espécies.............................................................................................................................................................. 213
5. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal......................................................................................................................... 218
ÍNDICE

6. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. Excludentes de ilicitude e de culpabilidade................................................... 219


7. Imputabilidade penal................................................................................................................................................................... 227
8. Concurso de pessoas. .................................................................................................................................................................. 229
9. Crimes contra a pessoa (homicídio, das lesões corporais, da rixa).............................................................................................. 231
10. Crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, extorsão mediantes sequestro)................................................................ 241
11. Crimes contra a administração pública (peculato e suas formas, concussão, corrupção ativa e passiva, prevaricação)............. 246

Noções de Direito Processual Penal


1. Inquérito Policial......................................................................................................................................................................... 257

2. Da ação penal: Espécies.............................................................................................................................................................. 257

3. Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória.................................................................................................... 259

Noções de Direito Militar


1. Estatuto dos Policiais Militares da Paraíba (Lei 3.909/77): Da Hierarquia e da Disciplina (Art. 12 à 19), 1.2. Do Valor Policial
Militar (Art. 26), Da Ética Policial Militar (Art. 27 à 29), Dos Deveres Policiais Militares (Art. 30), Do Compromisso Policial
Militar (Art. 31), Do Comando e da Subordinação (Art. 33 à 39)................................................................................................ 267

2. Lei Complementar Estadual nº 87/2008..................................................................................................................................... 269

3. Crime militar: caracterização do crime militar (art. 9º do CPM); propriamente e impropriamente militar............................... 269
4. Violência contra superior (art.157 CPM).................................................................................................................................... 270
5. Violência contra inferior (art.175 CPM)...................................................................................................................................... 270
6. Abandono de Posto (art.195 CPM)............................................................................................................................................. 270
7. Dormir em serviço (art. 203 CPM).............................................................................................................................................. 270
8. Justiça Militar Estadual. Art. 125, §§ 3º, 4º e 5º CF/88............................................................................................................... 270
9. Art. 187 a 198 da Lei Complementar 096/10 (Lei de Organização e Divisão Judiciárias do Estado da Paraíba)......................... 271

Legislação Extravagante
1. Lei nº 13.869/2019 (Abuso de Autoridade)................................................................................................................................ 275

2. Lei nº 8.072/90 (Crimes Hediondos)........................................................................................................................................... 278

3. Lei nº 9.455/97 (Tortura)............................................................................................................................................................ 279


4. Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Das disposições Preliminares (Art. 1º à 6º), Das medidas de proteção
(Art. 98 à 102), Da prática de Ato Infracional (Art. 103 à 128), Das medidas Pertinentes aos Pais ou responsável (Art. 129 e
130)............................................................................................................................................................................................. 280
5. Lei 11.340/2006 lei Maria da penha (das medidas protetivas de urgência e do crime de descumprimento de medidas prote-
tivas de urgência)........................................................................................................................................................................ 285
6. Lei nº 10.826/2003; (Estatuto do Desarmamento)..................................................................................................................... 286
ÍNDICE

Noções de Sociologia
1. Reinvindicações populares urbanas. Movimentos sociais e lutas pela moradia. Movimentos e lutas sociais na história do
Brasil. Classes Sociais e movimentos sociais............................................................................................................................... 297

2. Movimentos sociais e educação................................................................................................................................................. 305


LÍNGUA PORTUGUESA

Uma pessoa que conhece todas as palavras do texto, mas não


COMPREENSÃO E INTELECÇÃO DE TEXTOS compreende o universo dos discursos, as relações extratextuais
desse texto, não entende o significado do mesmo. Por isso, é preci-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO so colocá-lo dentro do universo discursivo a que ele pertence e no
Cada vez mais, é comprovada a dificuldade dos estudantes, de interior do qual ganha sentido.
qualquer idade, e para qualquer finalidade em compreender o que
se pede em textos, e também os enunciados. Qual a importância Compreensão
em se entender um texto? Alguns teóricos chamam o universo discursivo de “conhecimen-
Para a efetiva compreensão precisa-se, primeiramente, enten- to de mundo”, mas chamaremos essa operação de compreensão.
der o que um texto não é, conforme diz Platão e Fiorin: A palavra compreender vem da união de duas palavras grega:
cum que significa ‘junto’ e prehendere que significa ‘pegar’. Dessa
“Não é amontoando os ingredientes que se prepara uma re- forma, a compreensão envolve além da decodificação das estrutu-
ceita; assim também não é superpondo frases que se constrói um ras linguísticas e das partes do texto presentes na apreensão, mas
texto”.1 uma junção disso com todo o conhecimento de mundo que você já
possui. Ela envolve entender os significados das palavras juntamen-
Ou seja, ele não é um aglomerado de frases, ele tem um come- te com todo o contexto de discursos e conhecimentos em torno do
ço, meio, fim, uma mensagem a transmitir, tem coerência, e cada leitor e do próprio texto. Dessa maneira a compreensão envolve
frase faz parte de um todo. Na verdade, o texto pode ser a questão uma série de etapas:
em si, a leitura que fazemos antes de resolver o exercício. E como
é possível cometer um erro numa simples leitura de enunciado? 1. Decodificação do código linguístico: conhecer a língua em
Mais fácil de acontecer do que se imagina. Se na hora da leitura, que o texto foi escrito para decodificar os significados das palavras
deixamos de prestar atenção numa só palavra, como um “não”, já ali empregadas.
alteramos a interpretação e podemos perder algum dos sentidos ali 2. A montagem das partes do texto: relacionar as palavras, fra-
presentes. Veja a diferença: ses e parágrafos dentro do texto, compreendendo as ideias constru-
ídas dentro do texto
Qual opção abaixo não pertence ao grupo? 3. Recuperação do saber do leitor: aliar as informações ob-
Qual opção abaixo pertence ao grupo? tidas na leitura do texto com os conhecimentos que ele já possui,
procurando em sua memória os saberes que ele tem relacionados
Isso já muda totalmente a questão, e se o leitor está desatento, ao que é lido.
vai marcar a primeira opção que encontrar correta. Pode parecer 4. Planejamento da leitura: estabelecer qual seu objetivo ao
exagero pelo exemplo dado, mas tenha certeza que isso acontece ler o texto. Quais informações são relevantes dentro do texto para o
mais do que imaginamos, ainda mais na pressão da prova, tempo leitor naquele momento? Quais são as informações ele precisa para
curto e muitas questões. responder uma determinada questão? Para isso utilizamos várias
Partindo desse princípio, se podemos errar num simples enun- técnicas de leitura como o escaneamento geral das informações
ciado, que é um texto curto, imagine os erros que podemos come- contidas no texto e a localização das informações procuradas.
ter ao ler um texto maior, sem prestar a devida atenção aos de-
talhes. É por isso que é preciso melhorar a capacidade de leitura, E assim teremos:
compreensão e interpretação.
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto
Apreender X Compreensão X Interpretação2
Há vários níveis na leitura e no entendimento de um texto. O Interpretação
processo completo de interpretação de texto envolve todos esses Envolve uma dissecação do texto, na qual o leitor além de com-
níveis. preender e relacionar os possíveis sentidos presentes ali, posicio-
na-se em relação a eles. O processo interpretativo envolve uma es-
Apreensão pécie de conversa entre o leitor e o texto, na qual o leitor identifica
Captação das relações que cada parte mantém com as outras e questiona a intenção do autor do texto, deduz sentidos e realiza
no interior do texto. No entanto, ela não é suficiente para entender conclusões, formando opiniões.
o sentido integral.

1 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.


2 LEFFA, Vilson. Interpretar não é compreender: um estudo preliminar
sobre a interpretação de texto.

7
LÍNGUA PORTUGUESA
Elementos envolvidos na interpretação textual3
Toda interpretação de texto envolve alguns elementos, os quais precisam ser levados em consideração para uma interpretação completa
a) Texto: é a manifestação da linguagem. O texto4 é uma unidade global de comunicação que expressa uma ideia ou trata de um assunto
determinado, tendo como referência a situação comunicativa concreta em que foi produzido, ou seja, o contexto. São enunciados constituídos de
diferentes formas de linguagem (verbal, vocal, visual) cujo objetivo é comunicar. Todo texto se constrói numa relação entre essas linguagens, as in-
formações, o autor e seus leitores. Ao pensarmos na linguagem verbal, ele se estrutura no encadeamento de frases que se ligam por mecanismos
de coesão (relação entre as palavras e frases) e coerência (relação entre as informações). Essa relação entre as estruturas linguísticas e a organiza-
ção das ideias geram a construção de diferentes sentidos. O texto constitui-se na verdade em um espaço de interação entre autores e leitores de
contextos diversos. 5Dizemos que o texto é um todo organizado de sentido construído pela relação de sentido entre palavras e frases interligadas.
b) Contexto: é a unidade maior em que uma menor se insere. Pode ser extra ou intralinguístico. O primeiro refere-se a tudo mais
que possa estar relacionado ao ato da comunicação, como época, lugar, hábitos linguísticos, grupo social, cultural ou etário dos falantes
aos tempos e lugares de produção e de recepção do texto. Toda fala ou escrita ocorre em situações sociais, históricas e culturais. A con-
sideração desses espaços de circulação do texto leva-nos a descobrir sentidos variados durante a leitura. O segundo se refere às relações
estabelecidas entre palavras e ideias dentro do texto. Muitas vezes, o entendimento de uma palavra ou ideia só ocorre se considerarmos
sua posição dentro da frase e do parágrafo e a relação que ela estabelece com as palavras e com as informações que a precedem ou a
sucedem. Vamos a dois exemplos para entendermos esses dois contextos, muito necessários à interpretação de um texto.

Observemos o primeiro texto

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2015/01/o-mundo-visto-bpor-mafaldab.html

Na tirinha anterior, a personagem Mafalda afirma ao Felipe que há um doente na casa dela. Quando pensamos na palavra doente, já pensamos
em um ser vivo com alguma enfermidade. Entretanto, ao adentrar o quarto, o leitor se depara com o globo terrestre deitado sobre a cama. A inter-
pretação desse texto, constituído de linguagem verbal e visual, ocorre pela relação que estabelecemos entre o texto e o contexto extralinguístico. Se
pensarmos nas possíveis doenças do mundo, há diversas possibilidades de sentido de acordo com o contexto relacionado, dentre as quais listamos:
problemas ambientais, corrupção, problemas ditatoriais (relacionados ao contexto de produção das tiras da Mafalda), entre outros.
Observemos agora um exemplo de intralinguístico

https://www.imagemwhats.com.br/tirinhas-do-calvin-e-haroldo-para-compartilhar-143/
3 https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/o-que-texto.htm
KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006. 
4 https://www.enemvirtual.com.br/o-que-e-texto-e-contexto/
5 PLATÃO, Fiorin, Lições sobre o texto. Ática 2011.

8
LÍNGUA PORTUGUESA
Nessa tirinha anterior, podemos observar que, no segundo assim como um pouco usado precisará de um grande esforço para
quadrinho, a frase “eu acho que você vai” só pode ser compreendi- ser recuperado. Existem alguns tipos de conhecimento prévio: o in-
da se levarmos em consideração o contexto intralinguístico. Ao con- tuitivo, o científico, o linguístico, o enciclopédico, o procedimental,
siderarmos o primeiro quadrinho, conseguimos entender a mensa- entre outros. No decorrer de uma leitura, por exemplo, o conheci-
gem completa do verbo “ir”, já que obstemos a informação que ele mento prévio é criado e utilizado. Por exemplo, um livro científico
não vai ou vai à escola que explica um conceito e depois fala sobre a utilização desse con-
ceito. É preciso ter o conhecimento prévio sobre o conceito para
c) Intertexto/Intertextualidade: ocorre quando percebemos a se aprofundar no tema, ou seja, é algo gradativo. Em leitura, o co-
presença de marcas de outro(s) texto(s) dentro daquele que esta- nhecimento prévio são informações que a pessoa que está lendo
mos lendo. Observemos o exemplo a seguir necessita possuir para ler o texto e compreendê-lo sem grandes
dificuldades. Isso é muito importante para a criação de inferências,
ou seja, a construção de informações que não são apresentadas no
texto de forma explícita e para a pessoa que lê conectar partes do
texto construindo sua coerência.

Conhecimento linguístico: conhecimento da linguagem; Capa-


cidade de decodificar o código linguístico utilizado; Saber acerca do
funcionamento do sistema linguístico utilizado (verbal, visual, vo-
cal).
Conhecimento genérico: saber relacionado ao gênero textu-
al utilizado. Para compreender um texto é importante conhecer a
estrutura e funcionamento do gênero em que ele foi escrito, es-
pecialmente a função social em que esse gênero é usualmente em-
pregado.
Conhecimento interacional: relacionado à situação de produ-
ção e circulação do texto. Muitas vezes, para entender os sentidos
presente no texto, é importante nos atentarmos para os diversos
participantes da interação social (autor, leitor, texto e contexto de
produção).

Diferentes Fases de Leitura8


Um texto se constitui de diferentes camadas. Há as mais super-
ficiais, relacionadas à organização das estruturas linguísticas, e as
mais profundas, relacionadas à organização das informações e das
ideias contidas no texto. Além disso, existem aqueles sentidos que
https://priscilapantaleao.wordpress.com/2013/06/26/tipos-de-inter- não estão imediatamente acessíveis ao leitor, mas requerem uma
textualidade/ ativação de outros saberes ou relações com outros textos.
Para um entendimento amplo e profundo do texto é necessário
Na capa do gibi anterior, vemos a Magali na atuação em uma passar por todas essas camadas. Por esse motivo, dizemos que há
peça de teatro. Ao pronunciar a frase “comer ou não comer”, pela diferentes fases da leitura de um texto.
estrutura da frase e pelos elementos visuais que remetem ao teatro
e pelas roupas, percebemos marca do texto de Shakespeare, cuja Leitura de reconhecimento ou pré-leitura: classificada como
frase seria “ser ou não”. Esse é um bom exemplo de intertexto. leitura prévia ou de contato. É a primeira fase de leitura de um
texto, na qual você faz um reconhecimento do “território” do tex-
Conhecimentos necessários à interpretação de texto6 to. Nesse momento identificamos os elementos que compõem o
Na leitura de um texto são mobilizados muitos conhecimentos enunciado. Observamos o título, subtítulos, ilustrações, gráficos. É
para uma ampla compreensão. São eles: nessa fase que entramos em contato pela primeira vez com o as-
Conhecimento enciclopédico: conhecimento de mundo; co- sunto, com as opiniões e com as informações discutidas no texto.
nhecimento prévio que o leitor possui a partir das vivências e lei- Leitura seletiva: leitura com vistas a localizar e selecionar in-
turas realizadas ao longo de suas trajetórias. Esses conhecimentos formações específicas. Geralmente utilizamos essa fase na busca de
são essenciais à interpretação da variedade de sentidos possíveis alguma informação requerida em alguma questão de prova. A lei-
em um texto. tura seletiva seleciona os períodos e parágrafos que possivelmente
O conceito de conhecimento Prévio7 refere-se a uma informa- contém uma determinada informação procurada.
ção guardada em nossa mente e que pode ser acionada quando
for preciso. Em nosso cérebro, as informações não possuem locais Leitura crítica ou reflexiva: leitura com vistas a analisar infor-
exatos onde serão armazenadas, como gavetas. As memórias são mações. Análise e reflexão das intenções do autor no texto. Muito
complexas e as informações podem ser recuperadas ou reconstruí- utilizada para responder àquelas questões que requerem a identifi-
das com menor ou maior facilidade. Nossos conhecimentos não são cação de algum ponto de vista do autor. Analisamos, comparamos e
estáticos, pois o cérebro está captando novas informações a cada julgamos as informações discutidas no texto.
momento, assim como há informações que se perdem. Um conhe-
cimento muito utilizado será sempre recuperado mais facilmente,
8 CAVALCANTE FILHO, U. ESTRATÉGIAS DE LEITURA, ANÁLISE E
6 KOCH, Ingedore V. e ELIAS, Vanda M. Ler e Compreender os Sentidos INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NA UNIVERSIDADE: DA DECODIFICAÇÃO
do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.  À LEITURA CRÍTICA. In: ANAIS DO XV CONGRESSO NACIONAL DE
7 https://bit.ly/2P415JM. LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é


LÓGICA PROPORCIONAL. ARGUMENTAÇÃO LÓGICA. verdadeira ou falsa sem mais informações)
RACIOCÍNIO SEQUENCIAL. RACIOCÍNIO LÓGICO
QUANTITATIVO. RACIOCÍNIO LÓGICO ANALÍTICO. ESTRUTURAS LÓGICAS
DIAGRAMAS LÓGICOS. Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições.
Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO atribuir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos.
Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver proble- Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.
mas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das dife-
rentes áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura Elas podem ser:
de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte • Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógi-
consiste nos seguintes conteúdos: co verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto,
- Operação com conjuntos. não é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Cálculos com porcentagens. - Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem?
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geomé- – Fez Sol ontem?
tricos e matriciais. - Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Geometria básica. - Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a
- Álgebra básica e sistemas lineares. televisão.
- Calendários. - Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, am-
- Numeração. bíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro
- Razões Especiais. do meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica. • Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO
valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será conside-
RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO rada uma frase, proposição ou sentença lógica.
Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de
Argumentação. Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém
ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas
figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
temporal envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envol- • Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógi-
vam os conteúdos: cas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
- Lógica sequencial simples. As proposições compostas são designadas pelas letras lati-
- Calendários nas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

RACIOCÍNIO VERBAL ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas


Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar por duas proposições simples.
conclusões lógicas.
Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de ha- Proposições Compostas – Conectivos
bilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma As proposições compostas são formadas por proposições sim-
vaga. Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteli- ples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que
gência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do podemos vê na tabela a seguir:
conhecimento por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um
trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirma-
ções, selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das in-
formações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as in-
formações ou opiniões contidas no trecho)

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) CERTO
( ) ERRADO

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

61
GEOGRAFIA DA PARAÍBA

População
FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO PARAIBANO. GEOGRAFIA
FÍSICA: RELEVO, CLIMA, VEGETAÇÃO, HIDROGRAFIA. De acordo com dados do IBGE2 a população da Paraíba, no úl-
GEOGRAFIA HUMANA: ASPECTOS ECONÔMICOS, SO- timo Censo em 2010 era de 3.766.528 habitantes, com densidade
CIAIS E CULTURAIS demográfica na mesma época de 66,70 hab./km².
Essa população em 2021 evoluiu para 4.059.905 habitantes
(estimativa)3.
GEOGRAFIA DA PARAÍBA1
Clima
Características Gerais
O clima da Paraíba é o tropical úmido no litoral, com chuvas
A Paraíba surpreende pelas singularidades que encantam seus
abundantes. No entanto, à medida que desloca-se para o interior,
moradores e seus visitantes. A Capital do Estado, João Pessoa, é
depois da Serra da Borborema, o clima torna-se semiárido e sujeito
considerada uma das cidades mais arborizadas do planeta e, por ter
a estiagens prolongadas e precipitações abaixo dos 500mm.
recebido distinção da coroa portuguesa já no ano de sua fundação,
As temperaturas médias anuais ultrapassam os 26°C, com al-
1585, guarda o título de terceira cidade mais antiga do Brasil.
gumas exceções no Planalto da Borborema, onde a temperatura é
Na Paraíba fica o ponto extremo oriental das Américas – a Pon-
de 24°C.
ta do Seixas, e a Estação Cabo Branco Ciências Cultura e Arte, uma
obra grandiosa de Oscar Niemeyer.
Relevo
Oficialmente, existem quatro regiões metropolitanas no Estado
da Paraíba: João Pessoa, Campina Grande, Patos e Guarabira, que
A maior parte do território paraibano é constituído por rochas
englobam municípios ricos em cultura, em potencialidades econô-
resistentes e bastante antigas, que remontam a era pré-cambriana
micas e em belezas naturais.
com mais de 2,5 bilhões de anos. Elas formam um complexo cris-
O Estado oferece aos seus visitantes uma infinidade de rotei-
talino que favorecem a ocorrência de minerais metálicos, não me-
ros, que vão das praias paradisíacas do litoral, passando pelos en-
tálicos e gemas. Os sítios arqueológicos e paleontológicos também
cantos das cidades históricas e pelos canaviais, até os mistérios do
resultam da idade geológica desses terrenos.
interior, que englobam sertão, brejo e cariri.
No litoral, encontra-se a Planície Litorânea que é formada pe-
As praias dos litorais Sul e Norte estão entre as mais bonitas
las praias e terras arenosas. Na região da mata, encontra-se os ta-
do Brasil. As urbanas de João Pessoa, como Tambaú, Cabo Branco e
buleiros que são formados por acúmulos de terras que descem de
Bessa, concentram praticantes de esportes e turistas. Para os natu-
lugares altos.
ralistas, a praia de Tambaba, no município do Conde, é a ideal, pois
No Agreste, tem-se algumas depressões que ficam entre os ta-
é permitida a prática do nudismo. A de Coqueirinho é considerada
buleiros e o Planalto da Borborema, onde se encontram muitas ser-
entre as mais bonitas do país por diversos guias turísticos. Na praia
ras, como a Serra de Araruna, a Serra de Cuité e a Serra de Teixeira.
Fluvial do Jacaré, pode-se ouvir o Bolero de Ravel ao observar o
Encontra-se no município de Araruna a Pedra da Boca. No sertão,
pôr-do-sol.
existe uma depressão sertaneja que se estende do município de Pa-
Já o interior oferece aos visitantes rupestres, rastros de dinos-
tos até após a Serra da Viração.
sauros, cachoeiras e antigos engenhos de cana-de-açúcar. Nos mu-
nicípios, o artesanato também encanta turistas, que podem conferir
Vegetação
peças únicas como a renda renascença, de reconhecimento interna-
cional, e o algodão colorido, usado por estilistas de renome no país.
A vegetação litorânea da Paraíba apresenta matas, manguezais
Isso sem falar na arte em marchetaria, estopa e argila, por
e cerrados, que recebem a denominação de “tabuleiro”, formado
exemplo. Além da diversidade de cenários, a Paraíba oferece di-
por gramíneas e arbustos tortuosos, predominantemente represen-
versão com eventos de porte nacional, como o Maior São João
tados por batiputás e mangabeiras, entre outras espécies.
do Mundo, realizado em julho em Campina Grande, e das prévias
Formadas por floresta Atlântica, as matas registram a presen-
carnavalescas em João Pessoa, que contam com as “Muriçocas do
ça de árvores altas, sempre verdes, como a peroba e a sucupira.
Miramar”, um dos maiores blocos de arraste do mundo. A cultura
Localizados nos estuários, os manguezais apresentam árvores com
é um dos fortes do Estado, que inclui artesanato, personalidades,
raízes de suporte, adaptadas à sobrevivência neste tipo de ambien-
música e diversas manifestações em literatura, teatro e cinema.
te natural.

2 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/panorama
1 http://www.paraibatotal.com.br/a-paraiba/ 3 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pb/panorama

87
GEOGRAFIA DA PARAÍBA

A vegetação nativa do planalto da Borborema e do Sertão ca- Símbolos


racteriza-se pela presença da caatinga, devido ao clima quente e
seco característico da região. A caatinga pode ser do tipo arbóreo, Brasão
com espécies como a baraúna, ou arbustivo representado, entre O Brasão da Paraíba foi oficializado pelo Presidente da Provín-
outras espécies pelo xique-xique e o mandacaru. cia da Paraíba, Castro Pinto (1912-1915). Ele é usado como timbre
nos papéis oficiais.
Localização Observando-se seu desenho, vê-se que é formado por três ân-
gulos na parte superior e um na parte inferior.
A Paraíba está situada a leste da região Nordeste e tem como Contém estrelas, que respeitam a divisão administrativa do Es-
divisas o Estado do Rio Grande do Norte ao norte, o Oceano Atlân- tado. No alto, uma estrela maior, com cinco pontas e um círculo
tico a leste, Pernambuco ao sul e o Ceará a oeste. central, onde se vê um barrete frígio significando liberdade.
Com 223 municípios, o Estado da Paraíba é dividido em 4 me- No interior do escudo, há duas paisagens: um homem guiando
sorregiões e 23 microrregiões. O Estado tem 98% de seu território o rebanho (sertão) e o sol nascente (litoral).
inserido no Polígono da Seca. Circundando-o, encontra-se uma ramagem de cana-de-açúcar
à esquerda, e à direita, uma de algodão. As duas ramagens são pre-
sas por um laço, em cujas faixas está inscrita a data de fundação da
Paraíba: 5 de agosto de 1585.

Economia

A economia paraibana se baseia na agricultura, principalmente


de cana-de-açúcar, abacaxi, fumo, graviola, juta, umbu, caju, man-
ga, acerola, mangaba, tamarindo, mandioca, milho, sorgo, urucum, Bandeira
pimenta-do-reino, castanha de caju, arroz, café e feijão. A bandeira da Paraíba foi adotada pela Aliança Liberal em 25 de
Nas indústrias, as alimentícias, têxtil, de couro, de calçados, setembro de 1930, por meio da Lei nº 704, no lugar de uma antiga
metalúrgica e sucroalcooleira se destacam. A pecuária de caprinos bandeira do Estado, que vigorou durante quinze anos (de 1907 a
e o turismo também são relevantes. 1922).
O transporte marítimo é fundamental à economia. As exporta- A bandeira como conhecemos atualmente foi idealizada nas
ções e importações são operadas principalmente por meio do Porto cores vermelha e preta: o vermelho representa a cor da Aliança Li-
de Cabedelo e pelas estradas. beral, e o preto, o luto que se apossou da Paraíba com a morte de
São mais de 5.300 quilômetros de rodovias, 4.000 km estaduais João Pessoa, presidente do Estado em 1929 e vice-presidente do
e 1.300 km federais. O sistema ferroviário faz o transporte de cargas Brasil em 1930, ao lado do presidente Getúlio Vargas.
entre João Pessoa e várias localidades do Estado. A palavra “Nego” que figura na bandeira é a conjugação do ver-
O Estado ainda conta com dois terminais aéreos: Aeroporto bo “negar” no presente do indicativo da primeira pessoa do singu-
Castro Pinto e o Aeroporto João Suassuna. lar (era ainda utilizado com acento agudo na letra “e”, isto quando
As cidades paraibanas que tem maior destaque no seu PIB são foi adotada a bandeira em 1930), remetendo à não-aceitação, por
João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Santa Rita, Bayeux, Patos, parte de João Pessoa, do sucessor indicado pelo então presidente
Sousa, Caaporã, Cajazeiras e Conde. Já o maior PIB per capita per- do Brasil, Washington Luís.
manece com Cabedelo desde 2003. Posteriormente, em 26 de julho de 1965, a bandeira rubro-
A distribuição espacial do PIB da Paraíba segundo, cada Região -negra foi oficializada pelo governador do Estado, Pedro Moreno
Geoadministrativa, demonstra uma forte concentração da econo- Gondim, pelo Decreto nº 3.919, como “Bandeira do Négo” (ainda
mia estadual em três pontos: João Pessoa, Campina Grande e Gua- com acento agudo na letra “e”), em vigor até os dias atuais. O preto
rabira – que, conjuntamente, representaram 75% do PIB estadual, ocupa um terço da bandeira; o vermelho, dois terços.
em 2009. Da mesma forma, o município sede de cada uma dessas
regiões foi o centro dinâmico da economia local.

88
GEOGRAFIA DA PARAÍBA

3.IBFC - 2018 - SOLDADO (PM PB)/COMBATENTE (E MAIS 1


CONCURSO)
As principais bacias hidrográficas da Paraíba são a do rio Pira-
nhas, a do Paraíba, a do Curimataú, a do Camaratuba, a do Maman-
guape, a do Miriri, a do Gramame e a do Abiaí. A principal bacia de
todas é a do rio ________, que nasce na serra do Bongá, na fron-
teira com o estado do ________. Ele tem uma relevante importân-
cia, uma vez que através da barragem de ________, em Coremas,
viabiliza a irrigação de muitasterras. O Rio _______, o mais famoso
do estado, nasce na serra de Jabitacá, em ________, no Planalto da
Borborema.
Fonte: http://www.pm.pb.gov.br/arquivos/Historia_da_Paraiba.pdf
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente
as lacunas do texto.
QUESTÕES
(A) Paraíba; Ceará; Mãe D’Água; Piranhas; Monteiro
(B) Piranhas; Ceará; Mãe D’Água; Paraíba; Monteiro
1.IBFC - 2018 - SOLDADO (PM PB)/COMBATENTE (E MAIS 1 (C) Piranhas; Pernambuco; Sobradinho; Paraíba; Medeiros
CONCURSO) (D) Camaratuba; Rio Grande do Norte; Mãe D’Água; Miriri; Me-
deiros
Leia as informações a seguir a respeito dos povos indígenas na
Paraíba. 4.IBFC - 2018 - SOLDADO (PM PB)/COMBATENTE (E MAIS 1
I. Durante o período do Brasil Colônia, os povos indígenas que CONCURSO)
ocupavam o território da atual Paraíba se dividiam em 3 grupos: Os Leia as informações abaixo sobre a divisão do relevo da Paraíba
Tupis- Guaranis que habitavam o litoral e eram divididos em Poti- e atribua valores de V erdadeiro (V) ou Falso (F).
guaras, ao norte do estado e os Tabajaras, ao sul. E havia um tercei- ( ) Praias: Depósitos arenosos ou terras de várzeas, que ficam
ro grupo, que era tido como Cariri. junto às embocaduras dos rios que lançam suas águas no Oceano
II. De acordo com dados da FUNAI (Fundação Nacional do Ín- Atlântico.
dio), existem atualmente quatro Terras Indígenas (TI) na Paraíba, ( ) Restingas: Depósitos arenosos em forma de “língua” ou “fle-
sendo três da etnia Potiguara e uma da etnia Tabajara. Apesar das cha”.
terras serem tradicionalmente ocupadas por esses povos, apenas ( ) Dunas: São montes de areia formados pela ação dos ventos.
duas TI foram regularizadas. ( ) Mangues: São planícies de marés com vegetação formada
III. Na Paraíba, seguindo a situação nacional, a Demarcação de por árvores e arbustos.
Terras Indígenas é um processo que ocorre de maneira rápida e não Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
envolve conflitos de interesses sobre a área a ser demarcada. cima para baixo.
Estão corretas as afirmativas: (A) V; F; F; V
(A) I e II, apenas (B) F; V; V; F
(B) III, apenas (C) F; F; F; F
(C) II e III, apenas (D) V; V; V; V
(D) I, apenas
5.IBFC - 2018 - SOLDADO (PM PB)/COMBATENTE (E MAIS 1
2.IBFC - 2018 - SOLDADO (PM PB)/COMBATENTE (E MAIS 1 CONCURSO)
CONCURSO) Leia os textos I e II abaixo para, em seguida, responder a ques-
De acordo com uma reportagem do portal de notícias G1- Para- tão.
íba, a música “Paraíba, joia rara”, de Ton Oliveira, que foi reconheci- Texto I
da como patrimônio imaterial do estado, foi inspirada na beleza da “O Produto Interno Bruto (PIB.) da Paraíba em 2015 caiu 2,7%
vegetação paraibana. Leia as afirmações a respeito do bioma Caa- em termos reais em relação a 2014, mas ainda assim foi o terceiro
tinga e em seguida, assinale a alternativa CORRETA. estado com melhor resultado no Nordeste, atrás apenas de Piauí e
(A) A pobreza da população humana nordestina é certamente Rio Grande do Norte.”
uma consequência da ecologia. As caatingas propriamente di- Texto II
tas são muito pobres em espécies frutíferas “Renda per capita (por cabeça.) do paraibano é inferior ao sa-
(B) O agreste paraibano está localizado na região litorânea do lário mínimo. IBGE divulgou rendimento domiciliar per capita re-
estado, apresenta matas, manguezais e cerrados ferente a 2014. Renda média de R$ 682 é a 7ª mais baixa do país.”
(C) A vegetação nativa do planalto da Borborema e do Sertão Fonte: Portal G1-Paraíba.
caracteriza-se pela presença da caatinga. Ela pode ser do tipo Atribua valores de Verdadeiro (V) ou Falso (F), nas afirmações
arbóreo, como a baraúna, ou arbustivo, como o xique-xique e abaixo.
o mandacaru ( ) Em 2015, o desempenho do PIB paraibano se destacou en-
(D) O agreste se destaca na Paraíba porque sua ocorrência no tre os maiores do Nordeste.
Nordeste está circunscrita apenas a este estado ( ) Assim como ocorreu com o índice do PIB 2015, a Paraíba
apresentou em 2014 um dos melhores índices nacionais de distri-
buição de riquezas, já que a renda per capta foi bem alta.

89
HISTÓRIA DA PARAÍBA

Com o objetivo de povoá-la, a colônia portuguesa foi dividida


ORIGENS E CONQUISTA DA PARAÍBA (1574-1585). em 15 capitanias, para doze donatários. Entre elas destacamos a Ca-
A PRESENÇA DE PORTUGUESES, FRANCESES E pitania de Itamaracá, a qual se estendia do rio Santa Cruz até a Baía
ESPANHÓIS NO TERRITÓRIO PARAIBANO. POVOS da Traição. Inicialmente essa capitania foi doada à Pedro Lopes de
INDÍGENAS DO LITORAL AO SERTÃO. A PARAÍBA Souza, que não pôde assumir, vindo em seu lugar o administrador
NO SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E Francisco Braga, que devido a uma rivalidade com Duarte Coelho,
A CONQUISTA DO INTERIOR. HOLANDESES NA deixou a capitania em falência, dando lugar a João Gonçalves, que
PARAÍBA. INQUISIÇÃO E EXPULSÃO DE JESUÍTAS. realizou algumas benfeitorias na capitania como a fundação da Vila
A PARAÍBA NO SÉCULO XIX. INDEPENDÊNCIA. da Conceição e a construção de engenhos.
PRIMEIRO REINADO. PERÍODO REGENCIAL. SEGUNDO Após a morte de João Gonçalves, a capitania entrou em declí-
REINADO. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR. A nio, ficando à mercê de malfeitores e propiciando a continuidade
PARAÍBA E A GUERRA DO PARAGUAI. A PARAÍBA do contrabando de madeira.
E O QUEBRA-QUILOS. O RONCO DAS ABELHAS. A Com a tragédia de Tracunhaém[ Tragédia de Tacunhaém: Foi
PARAÍBA NA REPÚBLICA. A PARAÍBA NO SÉCULO XX. uma tragédia na qual índios mataram todos os moradores de um
OLIGARQUIAS, CORONELISMO E CANGAÇO. REVOLTA engenho. ], em 1534 o rei de Portugal desmembrou Itamaracá,
DE PRINCESA. REVOLUÇÃO DE 30. REVOLUÇÃO dando formação à Capitania do Rio Paraíba.
CONSTITUCIONALISTA DE 1932. INTENTONA Existia uma grande preocupação por parte dos lusitanos em
COMUNISTA 1935. A PARAÍBA NO ESTADO NOVO DE conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a ga-
VARGAS. A PARAÍBA E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL rantia do progresso da capitania pernambucana, a quebrada aliança
entre Potiguaras e franceses, e ainda, estender sua colonização ao
norte.
História da Paraíba Colonização; Resistência Indígena; Política;
Economia; Diversidade Cultural; Patrimônio Cultural e Histórico;
Conquista e Fundação da Paraíba
Movimentos Sociais[ O seguinte conteúdo foi baseado em um do-
cumento retirado do arquivo Histórico da Polícia Militar da Paraí-
Expedições para a Conquista
ba. Caso você queira lê-lo na integra, pode acessá-lo pelo seguinte
Quando o Governador Geral (D. Luís de Brito) recebeu a or-
endereço eletrônico: < http://www.pm.pb.gov.br/arquivos/Histo-
dem para separar Itamaracá, recebeu também do rei de Portugal
ria_da_Paraiba.pdf> ].
a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre, expulsar
os franceses e fundar uma cidade. Assim começaram as cinco ex-
Antecedentes da Conquista da Paraíba
pedições para a conquista da Paraíba. Para isso o rei D. Sebastião
mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.
Demorou um certo tempo para que Portugal começasse a ex-
I - Expedição (1574): O comandante desta expedição foi o Ou-
plorar economicamente o Brasil, uma vez que os interesses lusita-
vidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar no Brasil, Fernão tomou
nos estavam voltados para o comércio de especiarias nas Índias,
posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resis-
além disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que
tência, mas isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreen-
chamasse tanta atenção quanto o ouro, encontrado nas colônias
dida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
espanholas, minério este que tornara uma nação muito poderosa
II - Expedição (1575): Quem comandou a segunda expedição foi
na época.
o Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição foi prejudicada
Devido ao desinteresse lusitano, piratas e corsários começaram
por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras pa-
a extrair o pau-brasil, madeira muito encontrada no Brasil-colônia,
raibanas. Três anos depois outro Governador Geral (Lourenço Vei-
e especial devido a extração de um pigmento usado para tingir te-
ga), tenta conquistar o Rio Paraíba, não obtendo êxito.
cidos na Europa. Esses invasores eram em sua maioria franceses, e
III - Expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de
logo que chegaram no Brasil fizeram amizades com os índios pos-
que se ele conquistasse a Paraíba, a governaria por dez anos. Essa
sibilitando entre eles uma relação comercial conhecida como “es-
ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à
cambo”, na qual o trabalho indígena era trocado por alguma manu-
Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter que
fatura sem valor.
recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.
Os portugueses, preocupados com o aumento do comércio
IV - Expedição (1582): Com a mesma proposta imposta por ele
dos invasores da colônia, passaram a enviar expedições para evi-
na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquis-
tar o contrabando do pau-brasil, porém, ao chegar no Brasil essas
tar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Bar-
expedições eram sempre repelidas pelos franceses apoiados pelos
bosa desiste após perder um filho em combate.
índios.
Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu criar o
sistema de Capitanias Hereditárias.

93
HISTÓRIA DA PARAÍBA

V - Expedição (1584): Este teve a presença de Flores Valdez, tão que as características comerciais de Campina Grande nasceram
Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, que conseguiram desde sua origem. Campina foi elevada à freguesia em 1769, sob a
finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. Após a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Sua elevação à vila com
conquista, eles construíram os fortes de São Tiago e São Felipe. o nome de Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. Hoje,
Conquista da Paraíba Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste.
Para as jornadas o Ouvidor Geral Martim Leitão formou uma São João do Cariri: Tendo sida povoada em meados do século
tropa constituída por brancos, índios, escravos e até religiosos. XVII pela enorme família Cariri que povoava o sítio São João, entre
Quando aqui chegaram se depararam com índios que sem defesa, outros, esta cidade que atualmente não se destaca muito à nível es-
fugiram e foram aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras, tadual foi elevada à vila em 22 de março de 1800. Sua emancipação
Martim Leitão manda soltá-los, afirmando que sua luta era contra política é datada de 15 de novembro de 1831.
os Potiguaras (rivais dos Tabajaras). Após o incidente, Leitão procu- Pombal: No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo rea-
rou formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra lizou uma entrada através do rio Piranhas. Nesta venceu o confron-
traição, a rejeitaram. to com os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que inicialmente
Depois de um certo tempo Leitão e sua tropa finalmente che- recebeu o nome do rio (Piranhas). Devido ao sucesso da entrada
garam aos fortes (São Felipe e São Tiago), ambos em decadência e não demorou muito até que passaram a chamar o local de Nossa
miséria devido as intrigas entre espanhóis e portugueses. Com isso Senhora do Bom Sucesso, em homenagem a uma santa.
Martim Leitão nomeou outro português, conhecido como Castre- Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em home-
jon, para o cargo de Frutuoso Barbosa. A troca só fez piorar a situ- nagem à padroeira da cidade considerada uma relíquia história nos
ação. Ao saber que Castrejon havia abandonado, destruído o Forte dias atuais. Sob força de uma Carta Régia datada de 22 de junho de
e jogado toda a sua artilharia ao mar, Leitão o prendeu e o enviou 1766, o município passou a se chamar Pombal, em homenagem ao
de volta à Espanha. Quando ninguém esperava, os portugueses se famoso Marquês de Pombal. Foi elevada à vila em 3/4 de maio de
unem aos Tabajaras, fazendo com que os Potiguaras recuassem. 1772, data hoje considerada como sendo também a da criação do
Isto se deu no início de agosto de 1585. município.
A conquista da Paraíba se deu no final de tudo através da união Areia: Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi
de um português e um chefe indígena chamado Piragibe, palavra elevada à freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição
que significa Braço de Peixe. pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é considerada
também como a de sua elevação à vila. Sua emancipação política
Fundação da Paraíba se deu em 18 de maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje,
Martim Leitão trouxe pedreiros, carpinteiros, engenheiros e Areia se destaca como uma das principais cidades do interior da
outros para edificar a Cidade de Nossa Senhora das Neves. Com o Paraíba, principalmente por possuir um passado histórico muito
início das obras, Leitão foi a Baía da Traição expulsar o resto dos atraente.
franceses que permaneciam na Paraíba.
Leitão nomeou João Tavares para ser o capitão do Forte. Paraí- Primeiros Capitães- Mores
ba foi a terceira cidade a ser fundada no Brasil e a última do século
XVI. João Tavares
João Tavares foi o primeiro capitão-mor, ao qual governou de
Primeiras Vilas da Paraíba na Época Colonial 1585 a 1588 a Capitania da Paraíba. João Tavares foi encarregado
pelo Ouvidor-Geral, Martim Leitão, de construir uma nova cidade.
Com a colonização foram surgindo vilas na Paraíba. A seguir Para edificação dessa cidade, vieram 25 cavaleiros, além de pe-
temos algumas informações sobre as primeiras vilas da Paraíba. dreiros e carpinteiros, entre outros trabalhadores do gênero. Che-
Pilar: O início de seu povoamento aconteceu no final do século garam também jesuítas e outras pessoas para residir na cidade.
XVI, quando fazendas de gado foram encontradas pelos holande- Foi fundado por João Tavares o primeiro engenho, o d’El-Rei,
ses. Hoje uma cidade sem muito destaque na Paraíba, foi elevada à em Tibiri, e o forte de São Sebastião, construído por Martim Leitão
vila em 5 de janeiro de 1765. Pilar originou-se a partir da Missão do para a proteção do engenho.
Padre Martim Nantes naquela região. Pilar foi elevada à município Os jesuítas ficaram responsáveis pela catequização dos índios.
em 1985, quando o cultivo da cana-de-açúcar se tornou na principal Eles ainda fundaram um Centro de Catequese e em Passeio Geral
atividade da região. edificaram a capela de São Gonçalo.
Sousa: Hoje a sexta cidade mais populosa do Estado e dona O governo de João Tavares foi demasiadamente auxiliado por
de um dos mais importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Duarte Gomes da Silveira, natural de Olinda.
Dinossauros), Sousa era um povoado conhecido por “Jardim do Rio Silveira foi um senhor de engenho e uma grande figura da Ca-
do Peixe”. A terra da região era bastante fértil, o que acelerou rapi- pitania da Paraíba durante mais de 50 anos. Rico, ajudou financei-
damente o processo de povoamento e progresso do local. Em 1730, ramente na ascensão da cidade. Em sua residência atualmente se
já viviam aproximadamente no vale 1468 pessoas. Sousa foi elevada encontra o Colégio Nossa Senhora das Neves.
à vila com o nome atual em homenagem ao seu benfeitor, Bento Apesar de ter se esforçado muito para o progresso da capitania,
Freire de Sousa, em 22 de julho de 1766. Sua emancipação política João Tavares foi posto para fora em 1588, devido à política do Rei.
se deu em 10 de julho de 1854.
Campina Grande: Sua colonização teve início em 1697. O capi-
tão-mor Teodósio de Oliveira Ledo instalou na região um povoado.
Os indígenas formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia surgiu
uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se en-

94
HISTÓRIA DA PARAÍBA

Frutuoso Barbosa Em 1728, os jesuítas foram novamente expulsos. Em 1773, o


Devido à grande insistência perante a corte e por defender Ouvidor-Geral passou aresidir no seminário onde moravam os jesu-
alguns direitos, Frutuoso Barbosa foi, em 1588, nomeado o novo ítas, com a permissão do Papa Clementino XIV.
capitão-mor da Capitania da Paraíba, auxiliado por D. Pedro Cueva,
ao qual foi encarregado de controlar a parte militar da capitania. Os Franciscanos
Neste mesmo período, chegaram alguns Frades Franciscanos, Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres francisca-
que fundaram várias aldeias e por não serem tão rigorosos no en- nos, com o objetivo de catequizar os índios.
sino religioso como os Jesuítas, entraram em desentendimento O Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de fun-
com estes últimos. Esse desentendimento prejudicou o governo de dar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se concentrou
Barbosa, pois aproveitando-se de alguns descuidos, os índios Po- em várias aldeias, o que o tornou importante.
tiguaras invadiram propriedades. Vieram em auxílio de Barbosa o No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desenten-
capitão-mor de Itamaracá, com João Tavares, Piragibe e seus índios. dimentos, pois os franciscanos, assim como os jesuítas, não escra-
No caminho, João Tavares faleceu de um mal súbito. vizavam os índios. Ocorreu que depois de certo desentendimentos
Quando o restante do grupo chegou à Paraíba, desalojou e entre os franciscanos, Feliciano e o governador geral, Feliciano aca-
prendeu os Potiguaras. bou se acomodando junto aos frades.
Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Barbosa or- A igreja e o convento dos franciscanos foram construídos em
denou a construção de uma fortaleza em Cabedelo. um sítio muito grande, onde atualmente se encontra a praça São
Piragibe iniciou a construção do forte com os Tabajaras, porém, Francisco.
devido a interferência dos Jesuítas, as obras foram concluídas pelos
franciscanos e seus homens. Os Beneditinos
Em homenagem a Felipe II, da Espanha, Barbosa mudou o O superior geral dos beneditinos tinha interesse em fundar um
nome da cidade de Nossa Senhora das Neves para Felipéia de Nos- convento na Capitania da Paraíba. O governador da capitania re-
sa Senhora das Neves. cebeu o abade e conversou com o mesmo sobre a tal fundação.
Devido às infinitas lutas entre o capitão Pedro Cueva e os Po- Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do superior geral dos
tiguaras e os desentendimentos com os Jesuítas, houve a saída da beneditinos.
Cueva e a decisão de Barbosa de encerrar o seu governo, em 1591. A condição imposta pelo governador era que o convento fosse
construído em até 2 anos. O mosteiro não foi construído em dois
André de Albuquerque Maranhão anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação do sítio.
André de Albuquerque governou apenas por um ano. Nele, A igreja de São Bento se encontra atualmente na rua nove,
expulsou os Potiguaras e realizou algumas fortificações. Entre elas, onde ainda há um cata-vento em lâmina, construído em 1753.
a construção do Forte de Inhobin para defender alguns engenhos
próximos a este rio. Os Missionários Carmelitas
Ainda nesse governo os Potiguaras incendiaram o Forte de Ca- Os carmelitas vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henri-
bedelo. O governo de Albuquerque se finalizou em 1592. que, em 1580. Mas devido a um incidente na chegada que colheu
os missionários para diferentes direções, a vinda dos carmelitas de-
Feliciano Coelho de Carvalho morou oito anos.
Em seu governo realizou combates na Capaoba, houve paz com Os carmelitas chegaram à Paraíba quando o Brasil estava sob
os índios, expandiu estradas e expulsou os franciscanos. Terminou domínio espanhol. Os carmelitas chegaram, fundaram um convento
seu governo em 1600. e iniciaram trabalhos missionários. A história dos carmelitas aqui é
incompleta, uma vez que vários documentos históricos foram per-
As Ordens Religiosas da Capitania da PB e Seus Mosteiros didos nas invasões holandesas.
Frei Manuel de Santa Teresa restaurou o convento depois da
Os Jesuítas revolução francesa, mas logo depois este foi demolido para servir
Os jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à de residência ao primeiro bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda
Capitania da Paraíba, acompanhando todas as suas lutas de colo- Henriques. Pelos carmelitas foi fundada a Igreja do Carmo.
nização.
Ao mando de Frutuoso Barbosa, os jesuítas se puseram a cons- A População Indígena
truir um colégio na Felipéia. Porém, devido a desavenças com os
franciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos Na Paraíba haviam duas raças de índios, os Tupis e os Cariris
como os jesuítas, a ideia foi interrompida. Aproveitando esses de- (também chamados de Tapuias).
sentendimentos, o rei que andava descontente com os jesuítas pelo Os Tupis se dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram ini-
fato de estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os migos.
jesuítas pela rivalidade com os franciscanos e expulsou-os da capi- Na época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um
tania. grupo de aproximadamente 5 mil pessoas. Eles eram pacíficos e
Cento e quinze anos depois, os jesuítas voltaram à Paraíba fun- ocupavam o litoral, onde fundaram as aldeias de Alhanda e Taquara.
dando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras. Passado Já os Potiguaras eram mais numerosos que os Tabajaras e ocu-
algum tempo, fundaram um Seminário junto à igreja de Nossa Se- pavam uma pequena região entre o rio Grande do Norte e a Paraíba.
nhora da Conceição. Atualmente essa área corresponde ao jardim Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias
Palácio do Governo. para trás e formando outras. Com esta constante locomoção os ín-
dios ocuparam áreas antes desabitadas.

95
INGLÊS

• Informação não-verbal: é toda informação dada através de


COMPREENSÃO DE TEXTOS. CAPACIDADE DE figuras, gráficos, tabelas, mapas, etc. A informação não-verbal deve
COMPREENDER IDEIAS GERAIS E ESPECÍFI CAS POR ser considerada como parte da informação ou ideia que o texto de-
MEIO DA ANÁLISE DE TEXTOS SELECIONADOS DE seja transmitir.
LIVROS, JORNAIS OU REVISTAS, QUE ABORDEM • Palavras-chave: são fundamentais para a compreensão do
TEMAS CULTURAIS, LITERÁRIOS E CIENTÍFICOS. texto, pois se trata de palavras relacionadas à área e ao assunto
abordado pelo texto. São de fácil compreensão, pois, geralmente,
Reading Comprehension aparecem repetidamente no texto e é possível obter sua ideia atra-
Interpretar textos pode ser algo trabalhoso, dependendo do vés do contexto.
assunto, ou da forma como é abordado. Tem as questões sobre o • Grupos nominais: formados por um núcleo (substantivo) e
texto. Mas, quando o texto é em outra língua? Tudo pode ser mais um ou mais modificadores (adjetivos ou substantivos). Na língua
assustador. inglesa o modificador aparece antes do núcleo, diferente da língua
Se o leitor manter a calma, e se embasar nas estratégias do portuguesa.
Inglês Instrumental e ter certeza que ninguém é cem por cento leigo • Afixos: são prefixos e/ou sufixos adicionados a uma raiz, que
em nada, tudo pode ficar mais claro. modifica o significado da palavra. Assim, conhecendo o significado
Vejamos o que é e quais são suas estratégias de leitura: de cada afixo pode-se compreender mais facilmente uma palavra
composta por um prefixo ou sufixo.
Inglês Instrumental • Conhecimento prévio: para compreender um texto, o leitor
Também conhecido como Inglês para Fins Específicos - ESP, o depende do conhecimento que ele já tem e está armazenado em
Inglês Instrumental fundamenta-se no treinamento instrumental sua memória. É a partir desse conhecimento que o leitor terá o
dessa língua. Tem como objetivo essencial proporcionar ao aluno, entendimento do assunto tratado no texto e assimilará novas in-
em curto prazo, a capacidade de ler e compreender aquilo que for formações. Trata-se de um recurso essencial para o leitor formular
de extrema importância e fundamental para que este possa desem- hipóteses e inferências a respeito do significado do texto.
penhar a atividade de leitura em uma área específica.
O leitor tem, portanto, um papel ativo no processo de leitura
Estratégias de leitura e compreensão de textos, pois é ele que estabelecerá as relações
• Skimming: trata-se de uma estratégia onde o leitor vai buscar entre aquele conteúdo do texto e os conhecimentos de mundo que
a ideia geral do texto através de uma leitura rápida, sem apegar-se ele carrega consigo. Ou mesmo, será ele que poderá agregar mais
a ideias mínimas ou específicas, para dizer sobre o que o texto trata. profundidade ao conteúdo do texto a partir de sua capacidade de
• Scanning: através do scanning, o leitor busca ideias especí- buscar mais conhecimentos acerca dos assuntos que o texto traz e
ficas no texto. Isso ocorre pela leitura do texto à procura de um sugere.
detalhe específico. Praticamos o scanning diariamente para encon- Não se esqueça que saber interpretar textos em inglês é muito
trarmos um número na lista telefônica, selecionar um e-mail para importante para ter melhor acesso aos conteúdos escritos fora do
ler, etc. país, ou para fazer provas de vestibular ou concursos.
• Cognatos: são palavras idênticas ou parecidas entre duas
línguas e que possuem o mesmo significado, como a palavra “ví- A grande maioria das questões de língua inglesa são baseadas
rus” é escrita igualmente em português e inglês, a única diferença em excertos de textos de livros, artigos e matérias jornalísticas, qua-
é que em português a palavra recebe acentuação. Porém, é preciso drinhos, charges, tirinhas, entre outros elementos textuais, escritos
atentar para os chamados falsos cognatos, ou seja, palavras que são 100% escritos em inglês. Seus enunciados, porém, são escritos em
escritas igual ou parecidas, mas com o significado diferente, como português, o que pode auxiliar na compreensão do cerne da ques-
“evaluation”, que pode ser confundida com “evolução” onde na ver- tão.
dade, significa “avaliação”. São 5 questões de pesos diferentes referentes à língua estran-
• Inferência contextual: o leitor lança mão da inferência, ou geira na prova, sendo assim é possível que sua nota final sofra al-
seja, ele tenta adivinhar ou sugerir o assunto tratado pelo texto, e terações de acordo com os seus erros e acertos, sendo assim é im-
durante a leitura ele pode confirmar ou descartar suas hipóteses. prescindível estar atento à proposta de cada questão.
• Reconhecimento de gêneros textuais: são tipo de textos que Observar os todos elementos que se relacionam com o pró-
se caracterizam por organização, estrutura gramatical, vocabulário prio texto é primordial, os itens adjacentes, como o enunciado,
específico e contexto social em que ocorrem. Dependendo das mar- imagens/figuras que acompanham o texto, datas, local, referências
cas textuais, podemos distinguir uma poesia de uma receita culiná-
ria, por exemplo.

107
INGLÊS

bibliográficas, a fonte do texto, o nome do autor ou do veículo de comunicação, entre outros aspectos. Ao analisar atentamente estas
informações, durante o processo de captação de dados, pode-se notar indícios que facilitarão a identificação de seu gênero textual (artigo,
crônica, reportagem etc.), público-alvo, faixa etária e contexto.
Quando nos deparamos com um texto na língua inglesa, para que possamos realizar não apenas a leitura, mas uma interpretação
significativa e coerente, é necessário identificar elementos chave no decorrer da leitura que de algum modo sintetizam as informações
cruciais para a compreensão do texto. Estes elementos especiais podem ser encontrados em aspectos gramaticais do texto, mas podem
também ser captados através do contexto presente na narrativa textual. Elementos como o tipo de linguagem (formal, informal, técnica
etc.), o vocabulário presente, além de outros pontos estratégicos podem ser identificados para a interpretação adequada de um texto em
uma questão.
A fim que se possa entender o sentido do texto, antes de uma leitura direta, uma técnica simples deve ser realizada: um escanea-
mento inicial do texto à procura de palavras-chave e dados relevantes. O propósito pode ser relatar um fato, contar novidades, listar ou
enumerar itens, reportar um crime, expor uma opinião, dentre muitas outras possibilidades que deverão ser observadas no decorrer deste
escanear inicial. Alguns marcadores como nomes, datas, locais, dados, estatísticas, números em geral, pronomes de tratamento, podem
servir como indicativos do propósito do texto a partir da percepção do conteúdo presente e do teor da mensagem encontrada no texto.
Assim que este primeiro passo é tomado, uma leitura corrente se torna mais fácil e a busca pelo sentido completo do texto, mais coe-
rente. O sentido do texto diz respeito à ideia ou mensagem que o autor do texto pretende passar, e só é possível identificar esta mensagem
a partir do conhecimento de palavras, expressões, contextos, aspectos culturais e sociais, entre outros elementos que circundam a língua
inglesa e conhecimento de mundo, elemento de extrema importância para a realização da prova do ENEM. A prova de idiomas da prova
se baseia primordialmente na interpretação de diferentes gêneros textuais e para realizar uma boa interpretação, é necessário praticar a
leitura neste idioma com certa frequência.
Note a seguir alguns exemplos de gêneros textuais e suas principais características em breves descrições:
• Notícias: reportagens jornalísticas costumam apresentar temas diversos, entretanto se destacam por apresentarem assuntos rele-
vantes à sociedade de modo geral. Exemplo:

Scientists say cure for baldness could be close


“Help may soon be at hand for those who are losing or have lost their hair. A team of Japanese scientists has discovered stem cells that
are vital in the hair regeneration process. This is promising news for the millions of people worldwide who suffer from baldness.
A cure has eluded scientists for decades, despite extensive research and significant investment in research. The scientists are now
embarking on clinical research and laboratory trials. They hope to adapt the stem cells to finally create a therapy for hair loss. Baldness
predominantly affects men. By the age of 35, around two-thirds of men will experience some degree of hair loss. By the age of 50, up to
85 per cent will experience significantly thinning hair.

The scientists took fur cells from mice and cultured them in the lab. They observed that hair growth was a cyclical process within the
follicle. They analysed the stem cells and used 220 combinations of chemicals to make the hair regrow naturally.
Lead scientist Takashi Tsuji said: “Our culture system establishes a method for cyclical regeneration of hair follicles from hair follicle
stem cells and will help make hair follicle regeneration therapy a reality in the near future.” He added: “Losing hair is not life-threatening,
but it adversely affects the quality of life.” Sam Baker, a 52-year-old bank worker, hopes the therapy works. He said: “Having a full head of
hair again will make me look ten years younger”.

Fonte: https://www.japantimes.co.jp/news/2021/02/14/national/hair-loss-researchers/

108
INGLÊS

• Tirinhas/histórias em quadrinhos: os famosos personagens Early next morning, some people were passing by. On hearing
de tirinhas em inglês, como Calvin and Hobbes, Archie e Peanuts them, the Owl hooted. The people thought it was not a good sign
(Charlie Brown), são conhecidos no mundo todo, as tirinhas apre- to hear an Owl hoot. So, one of them wanted to shoot the Owl. The
sentam uma linguagem leve, engraçada e cômica, mas podem tam- Owl flew away and hid in a hole near the lake. The poor Swan did
bém expor mazelas sociais/culturais através de críticas sutis. Exem- not move. The arrow hit the Swan and she died.
plo: Never leave your friends in difficulty.”
• Anúncios publicitários: este gênero textual deve ser lido com
muita cautela, pois a imagem apresentada “conversa” com a infor- Fonte: https://shortstoriesshort.com/story/the-swan-and-the-owl/
mação escrita da propaganda, não é apenas uma simples leitura,
pois necessita que o leitor possua repertório e conhecimento geral Além dos gêneros mencionados anteriormente, é possível en-
para realizar a interpretação de uma simples peça publicitária, além contrar diversas outras informações online sobre gêneros textuais
do conhecimento do idioma por si só. Exemplo: em inglês para que seu estudo se aprofunde ainda mais. Confira a
seguir uma lista útil para estudo posterior:
• Sites de notícias: BBC News, The New York Times, Daily Mail,
The Sunday Times.
• Sites de tirinhas/histórias em quadrinhos/charge: Archie Co-
mics, Peanuts, Go Comics
• Site de literatura: Literature.org

Além desses sites, o estudo da obra de alguns famosos escritos


da língua inglesa é imprescindível para aprofundar seus conheci-
mentos, autores clássicos da língua inglesa, como William Shakes-
peare, Oscar Wilde, Charles Dickens, Jane Austen, entre outros.

— Dica: Diante de um extenso texto, um dos mais comuns


erros cometidos pelos estudantes é buscar entender cada palavra
presente no decorrer da leitura. Caso você não seja proficiente nes-
te idioma, é inútil concentrar todos os seus esforços em traduzir
letra a letra o que se lê. De fato, é muito mais produtivo enten-
der o seu contexto geral, o sentido do enunciado e dados isolados
que complementem a compreensão de um sentido global do texto.
Além disso, exercitar a leitura com constância e exercitar a mente
podem ser aliados nos estudos para esta prova tão importante.

ITENS GRAMATICAIS RELEVANTES PARA A


COMPREENSÃO DOS CONTEÚDOS SEMÂNTICOS.

Dentre os muitos tópicos gramaticais da língua inglesa, alguns


• Contos/ Fábulas: estes textos narrativos conhecidos em in- se fazem primordiais para a compreensão textual e a contextuali-
glês como “short stories” são de tamanho enxuto e contam histó- zação da comunicação no idioma. Os tempos verbais são as princi-
rias, por vezes possuem diálogos e elementos ligados à cultura de pais gramáticas a serem estudadas para uma melhor compreensão
uma sociedade, levando sempre algum tipo de reflexão à mente a do idioma por completo. Ao realizar a interpretação de um texto,
partir de sua conclusão. Exemplo: deve-se levar o tempo verbal em consideração para que se possa
contextualizar o momento ao qual a fala se refere. Confira a seguir.
The Swan and the Owl
“Once upon a time, there lived a Swan near a lake in a forest. Simple present
One night, an Owl saw the Swan gliding on the lake in the moon- O simple present ou o presente simples é marcado por dois
light. He praised the Swan and soon, the two became friends. They verbos auxiliares específicos DO e DOES. A conjugação verbal no
met near the lake for many days. tempo presente da língua inglesa é simples e se divide entre grupos
de sujeitos. No infinitivo, ou seja, quando terminados em “ar”, “er”,
The Owl soon got bored of the place and told the Swan, “I am “ir” no português, o verbo leva “to” em inglês, veja a seguir.
going back to my forest. You are welcome to visit me whenever you • Comer – to eat
want to.” One day, the Swan decided to visit the Owl. It was daylight • Beber – to drink
when the Swan reached the Owl’s home. She could not find him, • Andar – to walk
as he was hiding in the dark hole of a tree. The Owl told the Swan,
“Please rest till the sun sets. I can come out only at night.”

109
ESPANHOL

Guessing → É quando se ignora a tradução de palavra por pa-


COMPREENSÃO DE TEXTOS. CAPACIDADE DE lavra, apenas tentando entender o sentido geral da frase. Ressalta-
COMPREENDER IDEIAS GERAIS E ESPECÍFICAS POR mos aqui o cuidado com as palavras cognatas.
MEIO DA ANÁLISE DE TEXTOS SELECIONADOS DE
LIVROS, JORNAIS OU REVISTAS, QUE ABORDEM Selectivity → Também chamada de “leitura seletiva” é a técni-
TEMAS CULTURAIS, LITERÁRIOS E CIENTÍFICOS. ITENS ca na qual selecionam-se os trechos onde se deseja encontrar uma
GRAMATICAIS RELEVANTES PARA A COMPREENSÃO determinada informação.
DOS CONTEÚDOS SEMÂNTICOS
Cognates → Os cognatos são termos de origem grega ou latina
Compreensão Geral do Sentido e do Propósito do Texto bastante parecidos com o Português tanto na forma escrita como
no significado.
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre-
tação de texto em espanhol. Para isso, devemos observar as dicas Repeated words→ Quando certas palavras se repetem várias
que seguem abaixo. vezes no texto, mesmo com formas diferentes, normalmente são
importantes para a compreensão. As palavras repetidas aparecem
O Uso e Domínio das Estratégias de Leitura (Skimming, especialmente na forma de verbos, substantivos e adjetivos e nem
Scanning, Prediction e outras) sempre são cognatas.

Existem estratégias de leitura que podem facilitar a compreen- Typography → As marcas tipográficas (impressas) são elemen-
são e a tradução de obras e textos escritos em línguas estrangeiras tos que, no texto, transmitem informações nem sempre representa-
ou, ainda, selecionar rapidamente o que pode ser importante ou das por palavras. Reconhecê-las é um auxílio bastante útil à leitura.
não para quem lê.
Key words → Aquelas que estão mais de perto associadas es-
Atenção! pecificamente ao assunto do texto são as palavras-chave, podendo
Apesar de serem termos escritos em inglês, essas técnicas po- aparecer repetidas e algumas vezes na forma de sinônimos. Iden-
dem ser utilizadas no auxílio de interpretação de textos em todas tificar as key words através do skimming nos leva a ter uma visão
línguas estrangeiras, inclusive no espanhol. Observe: geral do texto.

Skimming → Essa técnica consiste em “se passar levemente Nominal groups → Grupos nominais são expressões de caráter
sobre”. Trata-se de uma rápida e superficial “olhada” no texto, pro- nominal em que prevalecem os substantivos e adjetivos, cuja or-
curando explorar suas informações. Nessa hora, o leitor deve aten- dem na frase ordinariamente não corresponde ao português.
tar-se para as pistas tipográficas (números, datas, gráficos, figuras, Critical Reading → Ao final de cada leitura, o bom leitor deve
fotografias, palavras destacadas, cabeçalhos, etc.), cognatos, falsos estar atento para tudo o que lhe foi transmitido através do texto,
cognatos e tudo o que possa ser tido como uma dica do que se trata procurando responder perguntas como: O texto é interessante?...
a ideia geral do texto ou seu tema. Ou seja, essa técnica serve para por que? A leitura do texto acrescentou algo novo aos seus conhe-
que o leitor tenha uma compreensão geral sobre qual assunto o cimentos? O texto foi apresentado de modo objetivo, superficial,
texto discorre. profundo, confuso..? Você discorda ou concorda com as ideias do
autor? O autor foi imparcial ou tendencioso? Você conseguiu captar
Scanning → Como o a palavra sugere, a técnica de Scanning alguma segunda intenção nas entrelinhas do texto? Você acrescen-
consiste em um escaneamento, uma varredura do texto em busca taria algo que não foi mencionado?
de informações objetivas. Essa estratégia de leitura é recomendada
para uma leitura mais específica: quando se deseja encontrar um Contextual Reference → É normal existirem no texto elementos
determinado significado, uma palavra-chave, uma informação em de referência que são usados para evitar repetições e para ligar as
particular. Ela é geralmente empregada quando buscamos palavras sentenças, tornando a leitura mais compreensível e fluente. Esses
em dicionários, um endereço ou número em listas telefônicas, e elementos aparecem na forma de pronomes diversos (Pessoais, De-
pode ser muito útil em situações cotidianas. monstrativos, Relativos, Adjetivos Possessivos, etc.).

Predicting → É uma estratégia usada a partir de palavras chave,


títulos e subtítulos, dos quais já se tem conhecimento prévio sobre
o assunto, levantando-se assim, hipóteses prevendo o assunto do
texto.

145
ESPANHOL

Compreensão de Ideias Específicas Expressas em Parágrafos e Como Segmentar?


Frases e a Relação Entre Parágrafos e Frases do Texto1 A segmentação requer a aplicação de uma série de estratégias
e técnicas para adentrar no conteúdo do texto e conhecer tanto seu
Ao responder às questões faça outra leitura, pois com isso se funcionamento como seu significado e poder assim selecionar as
identificará com mais facilidade a resposta correta. ideias principais e determinar seu sentido global.
Fazer uso de um bom dicionário é valioso para o desenvolvi- Para afrontar a leitura de um texto de forma eficaz temos que
mento da habilidade de ler e escrever em língua estrangeira. E ain- ter em conta a estratégia a seguir que definirá o objetivo que que-
da mais importante é perceber que a leitura de textos vai além das remos conseguir e a técnica utilizada para consegui-lo.
traduções feitas com auxílio do dicionário ou até mesmo de treino
exclusivo de leitura em voz alta para melhorar a pronúncia. Identificação das Ideias Principais
Ler em língua estrangeira também ajuda a aprimorar a sua ha-
bilidade em interpretar e relacionar informações, inclusive quando A ideia principal de um texto é aquela que expressa em sua
não se conhece as palavras. essência o que o autor quer transmitir. Constitui a causa principal
Quanto mais se exercitar a leitura de textos em geral, melhor do desenvolvimento das ideias subsequentes e sua eliminação pro-
os compreenderá; desse modo, passará a observá-los mais detalha- vocaria uma falta de sentido no resto do texto. Uma ideia pode ser
damente. principal porque resume o que está sendo dito ou porque o provo-
Sua atitude como leitor vai mudar. Em vez de fugir quando se ca. Portanto, contém a mensagem global do texto, seu conteúdo
deparar com um vocabulário novo, se passará a inferir sobre signi- mais importante e essencial, aquele que emana todos os demais.
ficados e exercitará a habilidade em relacionar fatos e contextos. Interessa aqui distinguir tema (aquele de que trata o texto e
pode expressar-se mediante uma palavra ou uma sentença) e a
Localização e Identificação de Informações Específicas em Um ideia principal (informada no enunciado ou enunciados mais im-
ou Mais Trechos do Texto portantes que o escritor utiliza para explicar o tema). As ideias
principais podem estar explícitas ou implícitas no texto, e não há
O emprego de estratégias e técnicas de análise da informação uma forma clara para identificá-las. Emprega-se aqui o processo de
nos ajudará a segmentar e a organizar a informação, a identificar ABSTRACÃO, um procedimento dedutivo que permite perceber a
as ideias principais e a inter-relacionar os conceitos, melhorando a essência do texto, eliminando os detalhes.
compreensão e a aprendizagem. Um texto pode estar composto por algumas ideias principais
com distinto nível de importância: desde muito importante a muito
Definições de Segmentação pouco importante com matizes intermediários. As ideias principais
Segmentar um texto consiste em decompor provisoriamente representam-se na memória em um nível superior frente as ideias
em proporções mais maleáveis mediante a divisão de segmentos, secundárias que ocupam uma posição inferior em uma estrutura
geralmente parágrafos ou sinais gráficos. É uma técnica que de- hierárquica de armazenamento. Por esse motivo, a informação
sassocia, recupera e avalia os elementos de um texto, tal como as principal se recorda melhor que as informações secundárias.
ideias, expressões, para determinar seu valor e importância. A seg-
mentação é uma ferramenta que nos permite filtrar a informação Como identificá-la
não relevante. Na hora de SEGMENTAR temos que analisar uma Nos artigos científicos, a ideia principal deve estar nos primei-
série de fatores. ros parágrafos, e as vezes é a primeira frase;
É a que gera maiores conexões lógicas;
Fatores Linguísticos É a que tem maior carga informativa.
Fonológicos: forma do texto
Sintáticos: estrutura do texto Seleção da Informação
Semânticos: significado do texto A estratégia da seleção opera de forma positiva extraindo do
texto a informação necessária e relevante. Sua aplicação possibilita
Fatores Linguísticos (Contextuais, Lógicos, Psicológicos…) reduzir a complexidade da estrutura física dos textos sem que se
A segmentação depende tanto das características dos fragmen- perca a informação, e há de permitir deduzir a partir da informação
tos a obter (parágrafos, orações...), como da fonte da qual se obtém selecionada.
(texto marcado, texto plano...).
Uma das múltiplas formas de fragmentar consiste em recopiar Recomendações
o texto com margem flutuante a direita mantendo em cada linha os Identificar a estrutura e posição dos parágrafos no texto.
conjuntos cuja coesão interna é suficientemente forte. Isto leva a Identificar as frases que desenvolvem uma ideia importante.
um desmembramento da informação explorando as partículas me- Selecionar as palavras chaves representativas, geralmente
nores até que as partes pertinentes da estrutura caiam expostas e substantivos, verbos, e expressões substantivas.
dispostas para serem compreendidas. A segmentação do texto per- Escrever as ideias com palavras chave.
mite sua análise fracionada. Reconhecer adequadamente os vínculos lógicos entre os pará-
grafos e as palavras de ligação do texto.

Compreensão da Informação
A estratégia de compreensão permite captar a estrutura do
1 http://www.miniwebcursos.com.br/curso_aprender/modulos/aula_3/segmentar. texto e integrar de forma coerente a informação nova aos próprios
html conhecimentos e esquemas de quem lê.

146
ESPANHOL

O leitor, para avaliar a compreensão utiliza referências:

Referência sintática, considera o significado das frases individuais e sua relação lógica com o texto considerado como um todo.
Referência semântica, agrupado em cinco categorias:
• coesão proposicional comprova se a ideia expressa nas proposições adjacentes pode ser integrada com lógica e sentido.
• coesão estrutural comprova que as ideias expressam no texto são tematicamente compatíveis.
• consistência interna constata que as ideias expressam no texto são consistentes entre si.
• consistência externa constata que as ideias do texto são coerentes com o que sabe o leitor.
• claridade informativa constata que as ideias expressas no texto estão expressas com clareza.

Técnicas de Segmentação

Sublinhar
O sublinhado consiste em colocar um risco destacado em baixo da frase que queremos marcar, são ideias ou dados fundamentais do
tema que merecem serem destacados para serem assimilados e aprendidos. Esta técnica facilita o estudo posterior já que permite que a
atenção se concentre somente nos aspectos do texto que estão destacados com antecedência.
Sublinhar os textos possibilita:
Fixar a atenção e selecionar as ideias principais do texto.
Economizar tempo. Ao realizar uma nova leitura onde fizemos a sublinhação somente as ideias principais terão destaque, descartando
dessa forma as partes do texto que não acrescentam informação. Com isso ganharemos tempo e teremos menos esforço.
A elaboração de resumos, esquemas e mapas conceituais.
Favorece a concentração e facilita a compreensão da informação.
A quantidade de informação a sublinhar dependerá do objetivo que tenhamos as estudar do tema, da estrutura do texto e do conhe-
cimento que se tenha da matéria.

Recomendações
Não sublinhar na primeira leitura porque ainda não temos uma ideia geral do tema.
Sublinhar somente o essencial do texto (palavras chaves, ideias principais ou dados importantes como datas e nomes).
Destacar graficamente as ideias secundárias das principais.
O sublinhado deve ter sentido, pois devemos evitar sublinhar aqueles conceitos que não entendemos.

Tipos de Sublinhado

Sublinhado Linear
Traçar distintos tipos de linhas (reta, dupla, descontinua...) para destacar a importância da informação. Exemplo

147
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CONCEITO DE INTERNET E INTRANET

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção
global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co-
municam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa-
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem- gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down-
plo. load), etc.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender- • Sites
mos o conceito. Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar
web sites para operações diversas.

153
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre ou-
tras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

154
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

155
NOÇÕES DE DIREITO
CONSTITUCIONAL

Direitos Fundamentais de Terceira Geração


DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
ESPÉCIE; DIREITO À VIDA; DIREITO À LIBERDADE pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
— Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi-
cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se-
no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são guintes características:
estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de a) surgiram no século XX;
proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu- b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade),
ratório. que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos
No ordenamento jurídico pode ser feita uma distinção entre bens da coletividade;
normas declaratórias, que estabelecem direitos, e normas assecu- c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes
ratórias, as garantias, que asseguram o exercício desses direitos. As- povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de
sim, os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitu- interesse coletivo;
cional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos quais d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente,
se assegura o exercício dos aludidos direitos (preventivamente) ou de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani-
prontamente os repara, caso violados. dade, do patrimônio histórico e cultural, etc.
Convém ressaltar que as garantias de direito fundamental não
se confundem com os remédios constitucionais. As garantias consti- Direitos Fundamentais de Quarta Geração
tucionais são de conteúdo mais abrangente, incluindo todas as dis- Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his-
posições assecuratórias de direitos previstas na Constituição tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo.
— Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais Também são transindividuais.

Direitos Fundamentais de Primeira Geração Direitos Fundamentais de Quinta Geração


Possuem as seguintes características: Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen-
a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução taria o direito fundamental de quinta geração.
Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina-
ram todo o século XIX; Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição São características dos Direitos e Garantias Fundamentais:
ao Estado Absoluto; a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua
c) estão ligados ao ideal de liberdade; índole evolutiva;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen-
em favor das liberdades públicas; dentemente de características pessoais;
e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro- c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos;
teção em face da ação opressora do Estado; d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia;
f) são os direitos civis e políticos. e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não
possuírem conteúdo econômico-patrimonial;
Direitos Fundamentais de Segunda Geração f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen-
Possuem as seguintes características: do pelo decurso do tempo.
a) surgiram no início do século XX;
b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais
Estado Liberal; Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são
c) estão ligados ao ideal de igualdade; destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação compatíveis com a sua natureza.
positiva do Estado;
e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos. Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su-
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega-
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven-
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado.

197
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais


Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ART. 5° I); PRINCÍPIO
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa DA LEGALIDADE E DA ANTERIORIDADE PENAL (ART.
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- 5° LL, XXXIX); LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DO
tituição (princípio da reserva legal). PENSAMENTO (ART. 5° LV); INVIOLABILIDADE DA
INTIMIDADE; VIDA PRIVADA; HONRA E IMAGEM (ART.
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais 5° X); INVIOLABILIDADE DO LAR (ART. 5° XI); SIGILO DE
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- CORRESPONDÊNCIA E DE COMUNICAÇÃO (ART. 5° XII)
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos – Direito à Igualdade
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
constitucionalmente consagrados. ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
formal.
Os quatro status de Jellinek A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo encontra- didos aos membros da coletividade por meio da norma.
-se em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan- Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
do-se como detentor de deveres para com o Estado; da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos; princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi- desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
seu favor; a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for- que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi- pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto. formação social.

Referências Bibliográficas: — Legalidade (Art. 5°, XXXIX, CF)


DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con- Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. prévia cominação legal → real limitação ao poder estatal de
interferir na esfera das liberdades individuais.
– Direito à Vida O princípio da legalidade se divide em dois subprincípios:
O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito reserva legal e anterioridade.
de permanecer vivo e o direito de uma vida digna. – Reserva legal: não há crime ou pena sem lei em sentido
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem- estrito, ou seja, diploma legal emanado do Poder Legislativo.
plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla- – Anterioridade: não há crime ou pena sem lei anterior ao fato
rada). praticado, ex.: a partir de hoje, beber cerveja é crime, porém quem
Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais bebia até ontem não pode ser criminalizado → a anterioridade gera
básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura, o princípio da irretroatividade da lei penal.
penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
Liberdade de Pensamento (Art. 5.º, IV e V, CF): É importante
– Direito à Liberdade que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o
O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém seu pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assu-
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir- ma aquilo que está manifestando caso haja danos materiais, morais
tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia ou à imagem. O limite na manifestação do pensamento se encontra
privada. no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco- – Direito à intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de (Art. 5°, X, CF)
expressão. O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti-
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por
tal motivo, são previstos no Código Penal.
Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
de sua violação.

198
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

TÍTULO II à liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá ser obrigado


DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS a reunir-se. Para a caracterização desse direito, devem ser observa-
dos alguns requisitos a fim de que não se confunda com o direito de
CAPÍTULO I associação. São eles:
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS a) Pluralidade de participantes: Trata-se de uma ação coletiva,
ou seja, deve haver várias pessoas para que possa haver uma reu-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- nião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- entre as pessoas reunidas, diferentemente da associação, em que
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à as pessoas estão vinculadas juridicamente.
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: b) Tempo: A reunião tem duração limitada, enquanto na asso-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos ciação, a duração é ilimitada.
termos desta Constituição; c) Finalidade: A reunião pressupõe uma organização com o pro-
(...) pósito determinado de atingir certo fim. É a finalidade que vai dis-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o tinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade deve
anonimato; ter determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma
(...) finalidade lícita, pacífica e não deve haver armamento.
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- d) Lugar: Deve ser predeterminado para a realização da reu-
gem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- nião. Não é necessária a autorização prévia para que se realize a
terial ou moral decorrente de sua violação;    reunião, no entanto, o Poder Público deve ser avisado com antece-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo dência para que não se permita que haja reunião de grupos rivais
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- em mesmo local e horário. O objetivo do aviso ao Poder Público
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015)  (Vigência) com segurança.
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunica-
ções telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam:
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a - Não pode ser uma reunião que tenha por objetivo fins ilícitos;
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução pro- - Não pode haver reunião que não seja pacífica e não deve
cessual penal;(Vide Lei nº 9.296, de 1996) haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV). A presença de pessoas
(...) armadas em uma reunião não significa, no entanto, que a reunião
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena deva ser dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de
sem prévia cominação legal; desarmar a pessoa, mas sem dissolver a reunião. Em caso de passe-
ata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (ART. 5° XV); DIREITO ela será realizada;
DE REUNIÃO E DE ASSOCIAÇÃO (ART. 5° XVI, XVII, - Durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado
XVIII, XIX, XX E XXI); DIREITO DE PROPRIEDADE (ART. de Sítio (art. 139, IV), poderá ser restringido o direito de reunião.
5° XXII E XXIII); VEDAÇÃO AO RACISMO (ART. 5° - Este direito poderá ser exercido independentemente de pré-
XLII);. GARANTIA ÀS INTEGRIDADES FÍSICA E MORAL via autorização do Poder Público, desde que não frustre outra reu-
DO PRESO (ART. 5° XLIX); VEDAÇÃO ÀS PROVAS nião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
ILÍCITAS (ART. 5° LVI); PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO exigido prévio aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso é
DE INOCÊNCIA (ART. 5° LVII); PRIVILEGIA CONTRA A fundamental para que a autoridade administrativa tome as provi-
AUTO-INCRIMINAÇÃO (ART. 5° LXIII) dências necessárias relacionadas ao trânsito, organização etc.

Liberdade de Associação (Art. 5.º, XVII a XXI, CF): Normalmen-


Liberdade de Locomoção (Art. 5.º, XV, CF): É a liberdade física te, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma reu-
de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF nião. Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade de
como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para que reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para
se exerça o direito das demais liberdades. Todas as garantias penais que se exerça a associação, visto que normalmente a associação
e processuais penais previstas no art. 5.º são normas que tratam da começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de
proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas corpus algumas ou muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com
é voltado especificamente para a liberdade de locomoção. Essa nor- o objetivo de atingir um fim lícito sob direção unificante. A associa-
ma também é de eficácia contida, principalmente no que diz respei- ção, assim como a reunião, é uma união de pessoas que se distin-
to à liberdade de sair, entrar e permanecer em território nacional. A gue pelo tempo, visto que o objetivo que se quer alcançar não po-
lei pode estabelecer exigências para sair, entrar ou permanecer no derá ser atingido em um único momento na associação, enquanto
país, visando a proteção da soberania nacional. na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado.

Liberdade de Reunião (Art. 5.º, XVI, CF): É a permissão consti-


tucional para um agrupamento transitório de pessoas com o obje-
tivo de trocar ideias para o alcance de um fim comum. O direito de
reunião pode ser analisado sob dois enfoques: De um lado a liber-
dade de se reunir para decidir um interesse comum e de outro lado

199
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

o princípio da reserva legal, pois a conduta está sendo discrimina-


PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL. da na norma penal, apenas que o legislador não tem como colocar
todas as minúcias do tema na lei.
— Legalidade (Art. 5°, XXXIX + Art. 1°, CP + Documentos Inter-
nacionais) Irretroatividade da Lei Penal
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem – A lei penal só se aplica aos fatos ocorridos durante a sua
prévia cominação legal → real limitação ao poder estatal de vigência, não atingindo fatos anteriores.
interferir na esfera das liberdades individuais. – Existe exceção? Sim, a lei penal mais benéfica ao agente terá
O princípio da legalidade se divide em dois subprincípios: aplicação retroativa.
reserva legal e anterioridade.
– Reserva legal: não há crime ou pena sem lei em sentido Individualização da Pena (Art. 5°, XLVI, CF)
estrito, ou seja, diploma legal emanado do Poder Legislativo. – “A lei regulará a individualização da pena”: nenhum caso é
1 – E contravenção penal? A doutrina entende que as idêntico a outro caso, mesmo se for possível realizar a mesma con-
contravenções/infrações penais também não podem ser aplicadas duta criminosa, portanto cabe à lei individualizar a pena conforme
sem lei. as circunstâncias inerentes ao caso (reprimenda exata), sendo ve-
2 – Além da pena, entende-se também que a medida de dada uma condenação “genérica” a todos que realizam determina-
segurança não pode ser aplicada sem prévia lei. da conduta.
Medida legal é outra espécie de sanção penal (resposta dada – A individualização visa respeitar o princípio da proporciona-
a alguém por uma infração penal), na qual a culpabilidade não é lidade.
um pressuposto, mas sim a periculosidade, ex.: agente não pode – Este princípio não se aplica somente ao Juiz ou Promotor, mas
ser condenado em função de doença mental, porém ele sofre também em 03 (três etapas).
a aplicação de medida de segurança (tratamento ambulatorial, 1 – Etapa legislativa: o legislador não pode produzir uma nor-
internação, por exemplo). ma que viola a individualização, elaborando uma lei que retire do
Juiz os poderes para fixar parâmetros na aplicação da pena, por
– Anterioridade: não há crime ou pena sem lei anterior ao fato exemplo, (“quem cometeu tal crime terá pena de x anos, sem ex-
praticado, ex.: a partir de hoje, beber cerveja é crime, porém quem ceção).
bebia até ontem não pode ser criminalizado → a anterioridade gera 2 – Etapa judicial: o juiz, ao analisar o caso concreto sub judice,
o princípio da irretroatividade da lei penal. condena ao agente e prossegue à dosimetria da pena, onde ocorre-
rá a individualização.
Atributos da Lei Penal: a lei penal deve ser: 3 – Etapa administrativa (execução penal): o Juiz da execução
I – a norma penal deve ser escrita. Os costumes influenciam penal também deve analisar cada caso concreto, de modo a verifi-
no direito penal e servem para aclarar determinados textos (ex.: car quem receberá um benefício, por exemplo.
repouso noturno). Segundo o MPSP, o costume não pode revogar
crime (v. Súmulas 502 e 574, STJ); Intranscendência da Pena (Art. 5°, XLV, CF)
II – A norma penal deve ser certa, sem margens de dúvidas – O efeito penal primário da sentença condenatória não pode
para sua interpretação; passar da pessoa do condenado, isto é, somente ele poderá ser pre-
III – Deve ser taxativa, de forma a evitar que a norma seja so → a morte é uma das causas de extinção de punibilidade (Art.
aplicada a uma gama variada de condutas, violando o princípio da 107).
reserva legal; – Já os efeitos secundários (extrapenais), notadamente a obri-
IV – A norma penal deve ser necessária, uma vez que o direito gação de reparar o dano e/ou a decretação do perdimento dos bens,
penal deve ser o último recurso do Estado para proteção do bem podem ser estendidos aos sucessores e contra eles executados, nos
jurídico. termos da lei, até o limite do valor do patrimônio transferido (limite
do valor da herança).
Tópicos relevantes – Os herdeiros também terão que pagar as multas do condena-
– Medidas Provisórias em matéria penal, a rigor, a Medida Pro- do falecido? A multa se insere no efeito penal primário, logo ela não
visória não pode tratar de matéria penal (v. Art. 62, § 1º, “b”, CF), passa aos herdeiros, pois estes só recebem os efeitos civis da pena
porém o STF entende que a Medida Provisória pode tratar de ma- e não os efeitos punitivos.
téria quando beneficiar o infrator (reduzindo penas, discriminando
condutas, por exemplo). Limitação das Penas ou Humanidade (Art. 5°, XLVII) → cláu-
– Normas penais em branco, isto é, as que exigem um comple- sula pétrea
mento para ter eficácia, violam o princípio da reserva legal? Preva- – Não haverá penas:
lece o entendimento que as normais penais em branco não violam I – de morte, salvo em caso de guerra declarada;

207
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II – de caráter perpétuo; 3 – Revogação da suspensão condicional do processo pela prá-


III – de trabalhos forçados; tica de novo crime (Art. 80, Lei 9.099/95): se o agente praticar o
IV – de banimento; ou novo crime, o benefício do SURSIS será revogado, mesmo sem o
V – cruéis. trânsito em julgado do novo crime.
– Prisões cautelares não ofendem a presunção da inocência.
– “Trabalhos forçados”: contrário ao que se imagina, o trabalho
do preso não é forçado pois o labor do preso não é pena e tampouco Ofensividade
é forçado → o trabalho é um dever, porém ninguém forçará o preso – A conduta criminalizada pela Lei deve, necessariamente, ser
a trabalhar se não quer. capaz de ofender significativamente um bem jurídico relevante/
– “Caráter perpétuo”: a pena não precisa ser explicitamente importante para a sociedade. Em outras palavras, o legislador não
perpétuo, bastando que ela possua o caráter de perpétuo. pode tipificar uma conduta cotidiana como crime, quando ela não viola
um bem jurídico relevante para a sociedade (ex.: andar de chinelos).
Presunção de Inocência ou Não-Culpabilidade (Art. 5°, LVII, – É também conhecido como princípio da lesividade.
CF)
– “Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado Alteridade
da sentença penal condenatória’ → regra taxativa. – O fato deve causar lesão (ofender) a um bem jurídico de ter-
– A presunção de inocência é uma regra probatória (de julga- ceiro.
mento), ou seja, somente a certeza da culpa pode gerar a conde- – Deste princípio decorre que o direito penal não pune a au-
nação → em razão disto, incumbe ao acusador o ônus da prova a to-infração.
respeito da culpa pela prática do fato. 1 – O crime de fraude contra seguro seria uma exceção ao prin-
1 – O ônus da prova não será do acusador quando houver ale- cípio da alteridade? Não, porque o bem patrimônio protegido não
gação de excludente de ilicitude ou culpabilidade → neste caso, o é do ofensor mas sim o da seguradora, que teria que pagar um prê-
ônus será do acusado, porém, mesmo se ele não conseguiu provar mio injustamente.
uma excludente, o Juiz mesmo assim poderá absolvê-lo, caso en-
tenda que exista fundada dúvida sobre existência  da culpa (Art. Confiança
386, CPP). – Todos possuem direito de atuar, acreditando que as demais
2 – Da presunção decorre o “in dubio pro reo” → havendo dú- pessoas irão agir de acordo com as normas que disciplinam a vida
vida acerca da culpa, o Juiz deve decidir a favor do réu. em sociedade. Ninguém pode ser punido por agir com essa expec-
tativa.
– A presunção de inocência também é uma regra de tratamen- – A confiança serve como vetor de interpretação nos crimes
to: o acusado deve ser sempre tratado como inocente, seja na di- culposos, uma vez que nestes crimes o agente viola o dever objetivo
mensão interna quanto externa. de cuidado. A confiança ajuda a analisar se houve descuido ou não.
1 – Dimensão interna: o acusado deve ser a todo tempo tratado
como inocente dentro da persecução penal (fase de investigação, Adequação Social
processo penal), ex.: prisões antecipadas equivocadas violam a – Uma conduta, ainda que tipificada em Lei como crime, quan-
presunção de inocência. do não afrontar o sentimento social de justiça, não será crime em
2 – Dimensão externa: o acusado, fora da persecução penal, sentido material, ex.: crime de adultério (mesmo quando estava
também deve ser tratado como inocente, ex.: acusado não pode ter tipificado a sociedade não tratava esta prática como crime).
sua nomeação em cargo público impedida por estar respondendo a – A adequação social é raramente utilizado na jurisprudência.
um processo penal.
“Non Bis In Idem (Ne Bis In Idem)”
– “Relativização” da presunção de inocência: o STF, em deci- – Ninguém pode ser punido ou sequer processado duas vezes
sões recentes, adotou o entendimento que, como nenhum princí- pelo mesmo fato → não se pode, ainda, utilizar o mesmo fato, con-
pio é absoluto, a presunção da inocência pode ser relativizada para dição ou circunstância duas vezes;
fins de permitir a execução provisória da pena privativa de liber-
dade, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença penal con- Proporcionalidade
denatória, bastando para tal que a referida tenha sido referendada – As penas devem ser aplicadas de maneira proporcional à
por um tribunal superior, sem prejuízo de eventual REsp ou RExt (v. gravidade do fato, bem como serem cominadas de forma a dar ao
HC 126.292). infrator uma sanção proporcional ao fato abstratamente previsto;

Questões relevantes Intervenção Penal Mínima (“Última Ratio”)


1 – Inquéritos policiais e ações penais em curso configuram – O direito penal não pode ser a primeira opção, devendo ser
maus antecedentes? Não → “É vedada a utilização de inquéritos reservado para casos excepcionais.
policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.” (Sú- – Quando a intervenção penal é necessária? Para saber, é ne-
mula 444, STJ). cessário analisar os caráteres fragmentariedade e subsidiarieda-
2 – É possível a regressão de regime de cumprimento da pena de;[.
pela prática de novo crime? O STF e STJ entendem que o Juiz da exe- 1 – Fragmentariedade: o direito penal só deve intervir os bens
cução pode proceder à regressão de regime mesmo sem o trânsito jurídicos mais relevantes para a sociedade → fragmento = só uma
em julgado do novo crime. parte.

208
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2 – Subsidiariedade: O direito penal só vai intervir quando as Tópicos Importantes: Reincidência


demais formas de controle social, incluindo os demais ramos do – A reincidência: prática de um novo crime após o trânsito em
direito, forem insuficientes → atuação “não principal” do direito julgado da sentença condenatória - afasta ou não a aplicação do
penal. princípio da insignificância? Embora polêmico, prevalece o enten-
dimento de que a reincidência, por si só, não afasta o princípio
— Princípio da Insignificância (Bagatela) da insignificância → ela pode ser afastada, todavia, a depender da
análise do caso concreto.
Conceito
– Uma conduta que não ofenda significativamente o bem jurí- Tópicos Importantes: Impossibilidade da Insignificância
dico penal protegido pela norma não pode ser considerado como – Furto qualificado: embora tenha sido pacífico o entendimen-
crime (atipicidade) → a conduta foi realizada no mundo fenomêni- to quanto à não aplicação da insignificância no furto qualificado, recen-
co, porém foi de forma a ser tido como irrelevante. temente os tribunais superiores têm abandonado esta corrente.
1 – Tipicidade formal: a adequação/substanciação do fato à – Crime ambiental: recentemente, os tribunais superiores têm
norma. admitido a aplicação da insignificância aos crimes ambientais, a de-
2 – Tipicidade material: a conduta, além de ser típica, também pender da análise do caso concreto.
deve produzir uma ofensa relevante ao bem jurídico protegido pela – Crimes em que não se aplica a insignificância:
norma → se a conduta não produzir a ofensa relevante, mesmo 1 – Crimes contra a Administração Pública (Súmula 599, STJ),
sendo típica, ela deixa de ser crime. salvo no caso de descaminho (ver acima).
2 – Moeda falsa: o bem jurídico afetado não é o patrimônio de
Requisitos da Insignificância → “Mari” um particular mas sim a fé pública.
– Mínima ofensividade da conduta. 3 – Tráfico de drogas: não há como falar em um reduzido grau
– Ausência de periculosidade social da ação. de reprovabilidade (trata-se de crime hediondo, inclusive).
– Reduzido (ou “reduzidíssimo”) grau de reprovabilidade do 4 – Roubo ou qualquer crime cometido com violência ou grave
comportamento. ameaça à pessoa.
– Inexpressividade da lesão jurídico. 5 – Violência doméstica e familiar contra a mulher (v. Lei Maria
da Penha).
1 – Qual o patamar para que se considere haver insignificância
penal? Em linhas gerais, o STF e STJ entendem que o patamar é de — Disposições Constitucionais Relevantes do Direito Penal
um 1/10 do salário mínimo vigente quando da realização da con-
duta → este patamar não é rígido, servindo apenas para auxiliar os Mandados de Criminalização
Magistrados na hora da aplicação do princípio. – A CF/88 não tipifica condutas, porém ordena que o legisla-
dor proteja determinadas condutas, trazendo ainda, algumas con-
Bagatela Imprópria dições.
– Ocorre quando o Juiz, ao verificar que o agente praticou o ato 1 – “A prática de racismo constitui crime inafiançável e impres-
tipificado ilícito e culpável, deixa de aplicar a pena por entender que critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (Art. 5º, XLII,
a pena é desnecessária. CF).
Tópicos Importantes: Descaminho (Art. 334) 2 – “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
– Conceito de descaminho: é a conduta do agente que ilude o graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpe-
pagamento devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria centes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes he-
em nosso país (ex.: trazer um aparelho celular escondido, que foi diondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os
adquirido nos EUA). que, podendo evitá-los, se omitirem” (Art. 5º, XLIII, CF).
– Descaminho (Art. 334) ≠ contrabando (Art. 334-A): no des- 3 – “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru-
caminho, o crime não está na importação do produto, mas apenas pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
na ausência do pagamento devido, ao passo que no contrabando o Estado Democrático” (Art. 5º, XLIV, CF).
agente importa produto proibido no país. – Todos os mandados preveem a inafiançabilidade, isto é, a
1 – O descaminho é um crime que ofende a ordem tributária, impossibilidade de concessão de fiança, o que não impede, todavia,
ao passo que o contrabando é um crime que ofende a soberania a concessão de liberdade provisória, de acordo com STF.
nacional, tanto que não se aplica o princípio da insignificância ao – Os crimes de RACISMO e AÇÃO de grupos armados (“Ração)
contrabando. são imprescritíveis.
1 – E a injúria racial (Art. 140), seria imprescritível? Existem al-
– O princípio da insignificância é aplicada ao descaminho, uma guns julgados que entendem que a injúria racial – que é a ofensa
vez que a lei 10.520/02 estabeleceu uma dispensa para a Fazenda dirigida a uma pessoa – seria imprescritível, porém isso não é pa-
Nacional, isto é, ela não precisaria executar para cobrar valores ins- cífico.
critos na dívida ativa que não excedesse R$ 10 mil, logo, se tributa-
riamente o valor é insignificante, para o penal também será. – Os crimes de Tortura, Terrorismo, Tráfico e Hediondos
– Posteriormente, algumas portarias do MF atualizaram o valor (“TTTH”) são insuscetíveis de graça ou anistia (institutos relaciona-
da dispensa: o STF, consequentemente, aumentou o valor do prin- dos à extinção da punibilidade).
cípio, porém o STJ manteve entendimento que o valor da dispensa
devia ser igual o da lei, ou seja, R$ 10 mil. Recentemente, o STJ pas-
sou a entender que é de R$ 20 mil do tributo sonegado.

209
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL
PENAL

INQUÉRITO POLICIAL. DA AÇÃO PENAL: ESPÉCIES.

— Inquérito Policial O titular da ação penal pública é o Ministério Público, todavia,


O Inquérito Policial possui natureza de procedimento de a ação penal pode ser privada, tendo por sujeito ativo o ofendido
natureza administrativa. Não é ainda um processo, por isso não se ou o seu representante legal. Ademais, mesmo a ação penal de
fala em partes, munidas de completo poder de contraditório e ampla titularidade do MP (pública), divide-se em:
defesa. Ademais, por sua natureza administrativa, o procedimento
não segue uma sequência rígida de atos. Ação Penal Pública Ação Penal Pública
Nesse momento, ainda não há o exercício de pretensão Incondicionada Condicionada
acusatória. Não se trata, pois, de processo judicial, nem tampouco
de processo administrativo. O inquérito policial consiste em um Atuação do MP condicionada
conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa. a representação da vítima/
O Inquérito Policial é definido como um procedimento Atuação apenas do MP. representante legal ou
administrativo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delegado requisição do Ministro da
de Polícia, com vistas a identificação de provas e a colheita de Justiça.
elementos de informação quanto à autoria e materialidade da
infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal — Condições Gerais da Ação
possa ingressar em juízo. – Possibilidade jurídica do pedido: os fatos narrados na inicial
Para que se possa dar início a um processo criminal contra acusatória encontram previsão dentro da lei penal incriminadora;
alguém, faz-se necessária a presença de um lastro probatório – Legitimidade para agir: pertinência subjetiva para a ação;
mínimo, apontando no sentido da prática de uma infração penal e Legitimidade ativa: apenas a pessoa cuja titularidade da ação
da probabilidade de o acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do penal é garantida pela lei tem o poder de ajuizar a ação;
inquérito policial, instrumento usado pelo Estado para a colheita Legitimidade passiva: somente o responsável pelo fato definido
desses elementos de informação, viabilizando o oferecimento da como infração penal pode figurar no polo passivo da ação;
peça acusatória quando houver justa causa para o processo.
Muitas vezes o titular da ação penal (Ministério Público) não – Interesse processual: a ação penal precisa ser útil, necessário
consegue formar uma opinião sobre a viabilidade da acusação sem e adequado para o crime em comento;
as peças informativas do inquérito policial. Portanto, a finalidade – A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial para a
do inquérito é colher esses elementos mínimos com vistas ao satisfação do interesse pleiteado pelo titular da ação, ex.: não há
ajuizamento ou não da ação penal. utilidade caso ocorra uma causa de extinção da punibilidade.
O IP é o principal instrumento investigatório usado pelo Estado. – Justa causa: condição geral da ação que obriga a existência
Procedimento administrativo (não é processo judicial, nem de um lastro mínimo de prova capaz de fornecer base à pretensão
administrativo – do inquérito não resulta a imposição de sanção) acusatória. Inclusive, cabe HC em caso de coação ilegal com
inquisitório (contraditório diferido – não há contraditório nem ausência de justa causa na ação penal.
ampla defesa) e preparatório (conduzido pelo delegado para colher
elementos para o MP ou querelante poder ingressar em juízo), A ação penal pública pode ser:
presidido pela autoridade policial (delegado de polícia), com o – Incondicionada: exige apenas atuação do MP;
objetivo de identificar fontes de provas (anteriores e independentes – Condicionada à representação da vítima ou seu representante
ao processo – pessoas e coisas que tenham alguma informação do legal;
fato delituoso) e colher elementos de informação (são colhidos – Condicionada à requisição do ministro da justiça, ex. casos de
em investigação/não é obrigatória a observância do contraditório crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do território
e ampla defesa/juiz intervém quando necessário e provocado/ nacional, crimes contra a honra do Presidente da República e contra
tem como finalidade ensejar a decretação de medidas cautelares chefe de governo estrangeiro.
*fumus comissi delict – fumaça do cometimento do delito* e
auxiliam na formação da opinio delict – convicção do titular da ação A ação penal pública é regida pelo princípio da oficialidade, uma
penal, não é prova – prova passa por contraditório judicial) quanto vez que os órgãos responsáveis pela persecução penal são públicos/
à autoria e materialidade da infração penal, a fim de permitir que o oficiais. Isso se fundamenta porque o Estado detém a titularidade
titular da ação penal possa ingressar em juízo. exclusiva do direito de punir. Ademais, na ação penal pública incide
o princípio da obrigatoriedade, também conhecido por legalidade,
de maneira que estando presentes elementos suficientes para a
propositura da ação penal o MP é obrigado a oferecer a denúncia.

257
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Todavia, esse princípio é mitigado pela transação penal, por exemplo. a) Ação civil ex delicto: A ação para ressarcimento do dano
E, decorre da obrigatoriedade o princípio da indisponibilidade da poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime. Caso
ação penal, uma vez que, o MP não pode desistir da ação penal nem seja intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspendê-la
de eventual recurso interposto. até o julgamento criminal definitivo.
A doutrina divide-se sobre a (in)divisibilidade da ação b) Execução ex delicto: após o trânsito em julgado da sentença
penal pública. Todavia, o STF no caso mensalão entendeu pela penal condenatória, o ofendido poderá promover a execução do
divisibilidade, no sentido de que o processo penal pode ser título executivo judicial no juízo cível.
desmembrado. O oferecimento da denúncia contra um acusado
não exclui a possibilidade futura de ação penal contra outros Não impede a propositura da ação civil:
envolvidos, ex. o MP adita a denúncia. – O despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
De acordo com o princípio da intranscendência, a ação penal informação;
somente pode ser ajuizada contra os responsáveis pela infração – A decisão que julgar extinta a punibilidade (ex. prescrição);
penal, excluindo sucessores e responsáveis civis pelo criminoso. – A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
Por fim, a ação penal pública obriga que os órgãos encarregados constitui crime, pois ainda assim, pode haver infração civil.
pela persecução penal atuem de ofício (princípio da oficiosidade).
Essa regra, todavia, não se aplica à ação penal pública condicionada, Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória,
pois consiste em condição de procedibilidade a representação poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, bem reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus
como, requisição do ministro da justiça, nos casos expressamente herdeiros.
exigidos por lei. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença
O direito de representação pode ser exercido no prazo condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos
decadencial de 6 meses, contados do conhecimento da autoria. termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo
Decorrido esse prazo ocorre a extinção da punibilidade. Ademais, da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.
uma vez oferecida a representação, a retratação pode ocorrer até o Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para
oferecimento da denúncia. ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o
A requisição do ministro da justiça cuida-se de condição de autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil.
procedibilidade consistente em ato de natureza administrativa Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil
e política, revestido de discricionariedade. Diferente da poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo
representação, a requisição não tem prazo decadencial. Dessa daquela.
forma, pode ser lançada a qualquer tempo, enquanto não extinta a Art. 65. Faz coisa julgada no cível a sentença penal que
punibilidade pela prescrição. reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade,
A legitimidade para a propositura da ação penal privada em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no
pertence ao ofendido ou a quem legalmente o represente, ex. se o exercício regular de direito.
ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo. Art. 66. Não obstante a sentença absolutória no juízo
A ação penal será privada nos casos expressamente indicados criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido,
pela lei. Quando a lei se cala sobre a espécie de ação a ser utilizada categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
é caso de ação penal pública. Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
Assim como na representação, o prazo da queixa-crime é de 6 I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de
meses, contados do conhecimento da autoria. informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
Princípios da Ação Penal Privada III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não
– Oportunidade: o ofendido tem discricionariedade para iniciar constitui crime.
ou não a ação penal. Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for
– Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação penal, bem pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art.
como de eventual recurso. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento,
– Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer dos autores pelo Ministério Público [defensoria pública].
do crime obrigará ao processo de todos, e o MP zelará pela
indivisibilidade. Por fim, atente-se que, nos casos de violência doméstica,
– Intranscendência: a ação penal somente pode ser ajuizada é possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de
contra os responsáveis pela infração penal, não abrangendo dano moral, desde que haja pedido expresso da acusação ou
sucessores, nem responsáveis civil. da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia, e
independentemente de instrução probatória.
Efeitos civis da ação penal: o crime ocasiona consequência civil,
isto é, a necessidade de reparar eventuais danos causados pela
atividade criminosa. Existem duas vias para que isso ocorra:
a) ação cível;
b) execução no juízo cível de sentença penal.

258
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

• Espécies de flagrante:
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA
LIBERDADE PROVISÓRIA.
Está cometendo ou acaba de
Flagrante Próprio
cometer
— Prisão É perseguido logo após, em
Em primeiro lugar, é importante saber que somente existe a Flagrante Impróprio, irreal,
situação que faça presumir ser
possibilidade de decretar a prisão quando as medidas cautelares quase flagrante
autor da infração
diversas da prisão se revelarem insuficientes.
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão:     É encontrado, logo depois,
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi- com instrumentos, armas e
Flagrante Presumido, ficto
ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;   objetos que façam presumir
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares ser ele autor da infração
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado A autoridade policial espera o
ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco Flagrante Esperado
início da execução delitiva
de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada O agente é induzido a cometer
quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado o delito S145/STF: Não há
Flagrante Preparado/
ou acusado dela permanecer distante; crime quando a preparação
Provocado
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanên- do flagrante pela polícia torna
cia seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; impossível sua consumação
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de A autoridade policial tem
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho a faculdade de aguardar o
fixos; momento mais adequado
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade para realizar a prisão, ainda
de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio que sua atitude implique na
Flagrante prorrogado/diferido
de sua utilização para a prática de infrações penais; postergação da intervenção.
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes Obs. só na lei de organização
praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con- criminosa basta a comunicação
cluírem ser inimputável ou semi-imputável(art. 26 do Código Penal) prévia do juiz (e não a
e houver risco de reiteração; autorização)
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu an- Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado
damento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; não impede a prisão. O preso será imediatamente apresentado ao
IX - monitoração eletrônica. juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência
§ 1º (Revogado). de custódia.
§ 2º (Revogado). Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo
§ 3º (Revogado). de 24 horas (contadas da realização da prisão), o juiz deverá promo-
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Ca- ver AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA, com a presença do acusado, seu ad-
pítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas vogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro
cautelares. do Ministério Público.
Se transcorridas as 24 horas, a não realização da audiência de
— Prisão em Flagrante custódia (sem motivação idônea) ensejará a ILEGALIDADE DA PRI-
De acordo com a CF/88: SÃO, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
Art. 5º (...) possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. Ade-
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- mais, a autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, realização da audiência de custódia no prazo estabelecido respon-
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- derá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
litar, definidos em lei; Todavia, o dia 22/01/2020, o Ministro Luiz Fux suspendeu a
Qualquer do povo poderá (flagrante facultativo); as autorida- eficácia da liberação da prisão pela não realização da audiência de
des policiais deverão (flagrante compulsório) PRENDER EM FLA- custódia no prazo de 24 horas.
GRANTE DELITO. Na audiência de custódia, o juiz decide fundamentadamente:
• Relaxar a prisão ilegal;
• Converter a prisão em flagrante em preventiva, quando pre-
sentes os requisitos, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão;
• Conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Atente-se para a jurisprudência correlata:


É válida aprisãoemflagranteefetuada por guarda municipal?

259
NOÇÕES DE DIREITO MILITAR

Capitão PM
ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DA PARAÍBA (LEI SUBALTERNOS
3.909/77): DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA (ART. 12 Primeiro Tenente PM
À 19), 1.2. DO VALOR POLICIAL MILITAR (ART. 26), DA Segundo Tenente PM
ÉTICA POLICIAL MILITAR (ART. 27 À 29), DOS DEVERES PRAÇA ESPECIAL
POLICIAIS MILITARES (ART. 30), DO COMPROMISSO Aspirante-a-Oficial PM
POLICIAL MILITAR (ART. 31), DO COMANDO E DA CÍRCULO DAS PRAÇAS (GRADUAÇÕES)
SUBORDINAÇÃO (ART. 33 À 39) Subtenentes PM
Primeiro Sargento PM
Segundo Sargento PM
LEI No. 3.909, DE 14 DE JULHO DE 1977
Terceiro Sargento PM
Cabo PM
Dispõe sobre o ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTA-
Soldado PM
DO DA PARAÍBA, e dá outras providências.
Parágrafo 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial conferido
O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA:
por ato do Governador do Estado da Paraíba.
Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a se-
Parágrafo 2º - Graduação é o grau hierárquico da praça conferi-
guinte Lei:
do por ato do Comandante-Geral da Polícia Militar
Parágrafo 3º - Os Aspirantes-a-Oficial e os Alunos Oficiais PM
CAPÍTULO II
são denominados Praças Especiais.
DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
Parágrafo 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos
Quadros e Qualificações são fixados, separadamente, para cada
Art. 12 - A hierarquia e a disciplina são a base institucional da
caso, em Lei de Fixação de Efetivos.
Polícia Militar. A autoridade e a responsabilidade crescem com o
Parágrafo 5º - Sempre que o policial militar da reserva remune-
grau hierárquica.
rada ou reformado fizer uso do posta ou graduação, deverá fazê-lo
Parágrafo 1º - A hierarquia policial-militar é a ordenação dá au-
mencionando essa situação.
toridade em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Militar.
Art. 15 - A precedência entre policiais militares da ativa do mes-
A ordenação se faz por postos ou graduações. Dentro de um mesmo
mo grau hierárquico é assegurada pela antiguidade no posto ou na
posto ou de uma mesma graduação se faz pela antiguidade no pos-
graduação, salvo nos casos de precedência funcional estabelecida
to ou na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no
em lei ou regulamento.
espírito de acatamento à seqüência de autoridade.
Parágrafo 1º - A antiguidade de cada posto ou graduação é con-
Parágrafo 2º - Disciplina é a rigorosa observância e o acata-
tada a partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção,
mento integral das Leis, regulamentos, normas e disposições que
nomeação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver taxativa-
fundamentam o organismo policial militar e coordenam seu funcio-
mente fixada outra data.
namento regular e harmônico, traduzindo-o pelo perfeito cumpri-
Parágrafo 2º - No caso de ser igual à antiguidade referida no
mento do dever por parte de todos e de cada um dos componentes
parágrafo anterior, a antiguidade é estabelecida:
desse organismo.
a) entre policiais militares do mesmo quadro pela posição nas
Parágrafo 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
respectivas escalas numéricas ou registros de que trata o art. 17;
mantidos em todas as circunstâncias da vida, entre policiais milita-
b) nos demais casos, pela antiguidade no posto ou na gradua-
res da ativa, da reserva remunerada e reformados.
ção anterior; se, ainda assim, subsistir a igualdade de antiguidade,
Art. 13 – Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência en-
recorrer-se-á sucessivamente, aos graus hierárquicos anteriores, à
tre os policiais militares da mesma categoria e têm a finalidade de
data de inclusão e a data de nascimento para definir a precedência
desenvolver a espírito de camaradagem em ambiente de estima
e, neste último caso, o mais velho será considerado mais antigo; e
confiança, sem prejuízo de respeito mútuo
c) entre os alunos de um mesmo órgão de formação de policiais
Art. 14 – Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica na Polí-
militares, de acordo com o regulamento do respectivo órgão, se não
cia Militar são fixados no Quadro e parágrafos seguintes:
estiverem especificadamente enquadrados nas letras “a” e “b”.
CÍRCULO DE OFICIAIS E PRAÇAS
Parágrafo 3º - Em igualdade de posto ou graduação, os policiais
CÍRCULO DE OFICIAIS (POSTOS)
militares, da ativa tem precedência sobre os da inatividade.
OFICIAIS SUPERIORES
Parágrafo 4º - Em igualdade de posto ou graduação, a prece-
Coronel PM
dência entre os policiais militares de carreira na ativa e os da reser-
Tenente Coronel PM
va remunerada que estiverem convocados, é definida pelo tempo
Major PM
de efetivo serviço no posto ou graduação.
INTERMEDIÁRIOS

267
NOÇÕES DE DIREITO MILITAR

Art. 16 - A precedência entre as Praças Especiais e as demais V - Ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na apreciação
praças é assim regulada: do mérito dos subordinados;
I - Os Aspirantes-a-oficial PM são hierarquicamente superiores VI - Zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico e tam-
às demais praças; bém pelos dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da
II - Os Alunos-Oficiais PM são hierarquicamente superiores aos missão comum;
Subtenentes PM. VII - Empregar todas as suas energias em benefício do serviço;
Art. 17 - A Policia Militar manterá um registro de todos os dados VIII - Praticar a camaradagem e desenvolver permanentemente
referentes a seu pessoal da ativa e da reserva remunerada, dentro o espírito de cooperação;
das respectivas escalas numéricas, segundo as instruções baixadas IX - Ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lingua-
pelo Comandante-Geral da Corporação. gem escrita e falada;
Art. 18. Os Alunos-Oficiais PM são declarados Aspirantes-a-Ofi- X - Abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de matéria
cial PM pelo Comandante-Geral da Corporação. sigilosa relativa à Segurança Nacional;
XI - Acatar as autoridades civis;
CAPÍTULO III XII - Cumprir seus deveres de cidadão;
DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAIS MILITARES XIII - Proceder de maneira ilibada na vida pública e na particu-
lar;
Art. 19 - Cargo policial militar é aquele que só pode ser e exer- XIV - Observar as normas de boa educação;
cido por policial militar serviço ativo. XV - Garantir assistência moral e material a seu lar e conduzir-
Parágrafo 1º - O cargo policial-militar a que se refere este artigo -se como chefe de família modelar;
é o que se encontra especificado nos Quadros da Organização ou XVI - Conduzir-se mesmo fora do serviço ou na inatividade, de
previsto, caracterizado ou definido como tal em outras disposições modo que não sejam prejudicados os princípios da disciplina, do
legais. respeito e do decoro policial militar;
Parágrafo 2º - A cada cargo policial militar corresponde um XVII - Abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para ob-
conjunto de atribuições, deveres e responsabilidades que se consti- ter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar
tuem em obrigações do respectivo titular. negócios particulares ou de terceiros;
Parágrafo Único - As obrigações inerentes ao policial militar XVIII - Abster-se o policial-militar na inatividade do uso das de-
devem ser compatíveis com o correspondente grau hierárquico e signações hierárquicas quando:
definidos em legislação ou regulamentação específicas. a) em atividades político-partidárias
b) em atividades comerciais;
SEÇÃO I c) em atividades industriais;
DO VALOR POLICIAL MILITAR d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a respei-
to de assuntos políticos ou policiais militares, excetuando-se os de
Art. 26 - São manifestações essenciais do valor policial-militar: natureza exclusivamente técnica, se devidamente autorizado; e
I - O sentimento de servir à comunidade estadual, traduzido XIX - Zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um dos
pela vontade inabalável de cumprir o dever policial militar e pelo seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos da
integral devotamento à manutenção da ardem pública, mesmo com ética policial-militar.
o risco da própria vida; Art. 28 - Ao policial-militar da ativa, ressalvado o disposto nos
II - A fé na elevada missão da Policia Militar; parágrafos 2º e 3º, é vedado comerciar ou tomar parte na admi-
III - O civismo e o culto das tradições históricas; nistração ou gerência de sociedade ou dela ser sócio ou participar,
IV - O espírito de corpo, orgulho do policial militar pela organi- exceto como acionista ou quotista, em sociedade anônima ou por
zação policial-militar onde serve; quotas de responsabilidade limitada.
V - O amor à profissão policial-militar e o entusiasmo com que Parágrafo 1º - Os policiais militares na reserva remunerada,
é exercida; e quando convocados, ficam proibidos de tratar, nas organizações
VI – O aprimoramento técnico-profissional. policiais militares e nas repartições públicas civis, dos interesses de
organizações ou empresas privadas de qualquer natureza.
SEÇÃO II Parágrafo 2º - Os policiais militares da ativa podem exercer di-
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR retamente a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o dispos-
to no presente artigo.
Art. 27. O sentimento do dever, o pundonor policial e o decoro Parágrafo 3º - No intuito de desenvolver a prática profissional
da classe impõem, a cada um dos integrantes da Polícia Militar, con- dos integrantes do Quadra de Saúde, é-lhe permitido o exercício da
duta moral e profissional irrepreensíveis. Com a observância dos atividade técnico-profissional no meio civil, desde que tal prática
seguintes preceitos da ética policial militar: não prejudique o serviço.
I - Amar a verdade e a responsabilidade como fundamento da Art. 29 - 0 Comandante-Geral da Polícia Militar poderá deter-
dignidade pessoal; minar aos policiais militares da ativa que, no interesse da salvaguar-
II - Em Exercer com autoridade, eficiência e probidade as fun- da da dignidade dos mesmos, informem sobre a origem e a natu-
ções que lhe couberem em decorrência do cargo; reza de seus bens, sempre que houver razões que recomendem tal
III - Respeitar a dignidade da pessoa humana; medida.
IV - Cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as instru-
ções e as ordens das autoridades competentes;

268
NOÇÕES DE DIREITO MILITAR

CAPÍTULO II Art. 39 - Cabe ao policial-militar a responsabilidade integral pe-


DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES las decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos que
praticar.
Art. 30 - Os deveres policiais militares emanam de vínculos re-
lacionais que ligam o policial militar à comunidade estadual e a sua
segurança, e compreendem, essencialmente: LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 87/2008
I - A dedicação integral ao serviço policial militar e a fidelidade
à instituição a que pertence, mesmo com sacrifício da própria vida; Prezado(a),
II - 0 culto aos Símbolos Nacionais; A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
III - A probidade e a lealdade em todas as circunstâncias; será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é re-
IV - A disciplina e o respeito à hierarquia; servada para a inclusão de materiais que complementam a apostila,
V - O rigoroso cumprimento das obrigações e ordens; sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relaciona-
VI - A obrigação de tratar o subordinado dignamente e com ur- dos a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
banidade. cabem na estrutura de nossas apostilas.
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
SEÇÃO I organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
DO COMPROMISSO POLICIAL MILITAR dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
Art. 31 - Todo cidadão, após ingressar na Policia Militar, me- Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
diante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará compromisso de lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
honra, no qual afirmará a sua ACEITAÇÃO consciente das obrigações apostila.
e dos deveres policiais e manifestará sua firme disposição de bem Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
cumpri-los. link a seguir:
SEÇÃO II http://sapl.al.pb.leg.br/sapl/sapl_documentos/norma_juridica/9126_
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO texto_integral
http://sapl.al.pb.leg.br/sapl/sapl_documentos/norma_juridica/13213_
Art. 33 - Comando é a soma de autoridade, de deveres e res- texto_integral
ponsabilidades de que o policial militar é investido legalmente,
quando conduz homens ou dirige uma organização policial militar.
0 comando está vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prer- CRIME MILITAR: CARACTERIZAÇÃO DO CRIME
rogativa impessoal, em cujo exercício o policial militar se define e se MILITAR (ART. 9º DO CPM); PROPRIAMENTE E
caracteriza como chefe. IMPROPRIAMENTE MILITAR
Parágrafo Único - Aplica-se à Direção e à Chefia de Organização
Policial Militar, no que couber, o estabelecido para o Comando.
Art. 34 - A subordinação não afeta, de modo algum, a dignidade CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ
pessoal do policial militar e decorre, exclusivamente da estrutura
hierárquica da Policia Militar. Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
Art. 35 - 0 Oficial é preparado, ao longo da carreira para o exer- I - os crimes de que trata êste Código, quando definidos de
cício do Comando, da Chefia e da Direção das Organizações Policiais modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer
Militares. que seja o agente, salvo disposição especial;
Art. 36 - Os Subtenentes e Sargentos auxiliam e completam as   II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legis-
atividades dos oficiais, quer no adestramento e no emprego dos lação penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei nº 13.491,
meios, quer na instrução e na administração; poderão ser emprega- de 2017)
dos na execução de atividades de policiamento ostensivo peculiares   a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, con-
a Policia Militar. tra militar na mesma situação ou assemelhado;
Parágrafo Único - No exercício das atividades mencionadas   b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em
neste artigo e no comando de elementos subordinados, os Subte- lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
nentes e Sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo exemplo e reformado, ou assemelhado, ou civil;
pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-lhes assegurar   c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em
a observância minuciosa e ininterrupta das ordens, das regras de comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do
serviço e das normas operativas pelas praças que lhes estiverem lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou
diretamente subordinadas e a manutenção da coesão e do moral reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
das mesmas praças em todas as circunstanciais.   d) por militar durante o período de manobras ou exercício,
Art. 37 - Os Cabos e Soldados; são essencialmente, os elemen- contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
tos de execução.   e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, con-
Art. 38 - As Praças Especiais cabe a rigorosa observância das tra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem adminis-
prescrições dos regulamentos que lhes são pertinentes, exigindo- trativa militar;
-se-lhe inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico-pro- f) revogada. (Redação dada pela  Lei nº 9.299, de 8.8.1996)
fissional.

269
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

§ 2º  A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6


LEI Nº 13.869/2019 (ABUSO DE AUTORIDADE) (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para ofe-
recimento da denúncia.
CAPÍTULO I
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE
DIREITOS
Art. 1º  Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, co-
metidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de
SEÇÃO I
suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
tenha sido atribuído.
§ 1º  As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abu-
Art. 4º  São efeitos da condenação:
so de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo
específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a ter-
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na senten-
ceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
ça o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
§ 2º  A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de
considerando os prejuízos por ele sofridos;
fatos e provas não configura abuso de autoridade.
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos;
CAPÍTULO II
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
DOS SUJEITOS DO CRIME
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III
do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidên-
Art. 2º  É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qual-
cia em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, deven-
quer agente público, servidor ou não, da administração direta, indi-
do ser declarados motivadamente na sentença.
reta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo,
SEÇÃO II
mas não se limitando a:
DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equipara-
das;
Art. 5º  As penas restritivas de direitos substitutivas das privati-
II - membros do Poder Legislativo;
vas de liberdade previstas nesta Lei são:
III - membros do Poder Executivo;
I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
IV - membros do Poder Judiciário;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato,
V - membros do Ministério Público;
pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
e das vantagens;
Parágrafo único.  Reputa-se agente público, para os efeitos
III - (VETADO).
desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser apli-
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contrata-
cadas autônoma ou cumulativamente.
ção ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, manda-
to, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos
CAPÍTULO V
pelo caput deste artigo.
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA
 
CAPÍTULO III
Art. 6º  As penas previstas nesta Lei serão aplicadas indepen-
DA AÇÃO PENAL
dentemente das sanções de natureza civil ou administrativa cabí-
veis.
Art. 3º  Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que
incondicionada.
descreverem falta funcional serão informadas à autoridade compe-
§ 1º  Será admitida ação privada se a ação penal pública não
tente com vistas à apuração.
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar
Art. 7º  As responsabilidades civil e administrativa são inde-
a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em
pendentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, inter-
existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido
por recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
decididas no juízo criminal.
retomar a ação como parte principal.

275
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 8º  Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no ad- II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado
ministrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido ou defensor público, sem a presença de seu patrono.
o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de di- de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou
reito. invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade:     (Incluído
pela Lei nº 14.321, de 2022)
CAPÍTULO VI I - a situação de violência; ou      (Incluído pela Lei nº 14.321,
DOS CRIMES E DAS PENAS de 2022)
II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento
Art. 9º  Decretar medida de privação da liberdade em manifes- ou estigmatização:       (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
ta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.      (In-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. cluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena a autoridade judiciá- § 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a víti-
ria que, dentro de prazo razoável, deixar de: ma de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; pena aumentada de 2/3 (dois terços).     (Incluído pela Lei nº 14.321,
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de 2022)
de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; § 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos,
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando mani- gerando indevida revitimização, aplica-se a pena em dobro.   (Inclu-
festamente cabível.’ ído pela Lei nº 14.321, de 2022)
Art. 10.  Decretar a condução coercitiva de testemunha ou in- Art. 16.  Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao
vestigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante
comparecimento ao juízo: sua detenção ou prisão:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 11.  (VETADO). Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, como respon-
Art. 12.  Deixar injustificadamente de comunicar prisão em fla- sável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
grante à autoridade judiciária no prazo legal: infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mes-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. mo falsa identidade, cargo ou função.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem: Art. 17.  (VETADO).
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão Art. 18.  Submeter o preso a interrogatório policial durante o
temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
indicada; Art. 19.  Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) pleito de preso à autoridade judiciária competente para a aprecia-
horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da ção da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua cus-
prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; tódia:
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de pri- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
são temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que,
de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de ciente do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providên-
executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de cias tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que
legal. o seja.
Art. 13.  Constranger o preso ou o detento, mediante violência, Art. 20.  Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reser-
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: vada do preso com seu advogado:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
pública; Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem impede o pre-
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não so, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reserva-
autorizado em lei; damente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comuni-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem car-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no
prejuízo da pena cominada à violência. caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 14.  (VETADO). Art. 21.  Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou
Art. 15.  Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa espaço de confinamento:
que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guar- Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
dar segredo ou resguardar sigilo: Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem mantém, na
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de ida-
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem prossegue com de ou em ambiente inadequado, observado o disposto na  Lei nº
o interrogatório: 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen-
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; te).
ou

276
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

Art. 22.  Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou Art. 30.  Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad-
à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên- ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina- inocente:
ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 31.  Estender injustificadamente a investigação, procrasti-
§ 1º  Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste nando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:       (Vide ADIN
artigo, quem: 6234)       (Vide ADIN 6240)
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fran- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
quear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, inexistindo
II - (VETADO); prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou
21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). do fiscalizado.
§ 2º  Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, Art. 32.  Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces-
ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado,
do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
Art. 23.  Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de in- infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob-
vestigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem pratica a con- Art. 33.  Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclu-
duta com o intuito de: sive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por ex- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
cesso praticado no curso de diligência; Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem se utiliza de
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informa- cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público
ções incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privi-
ou do processo. légio indevido.
Art. 24.  Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcio- Art. 34.  (VETADO).
nário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a Art. 35.  (VETADO).
admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com Art. 36.  Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de
o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apu- ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o va-
ração: lor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demons-
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da tração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
pena correspondente à violência. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 25.  Proceder à obtenção de prova, em procedimento de Art. 37.  Demorar demasiada e injustificadamente no exame de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem faz uso de pro- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
va, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conheci- Art. 38.  Antecipar o responsável pelas investigações, por meio
mento de sua ilicitude. de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
Art. 26.  (VETADO). concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Art. 27.  Requisitar instauração ou instaurar procedimen- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
to investigatório de infração penal ou administrativa, em desfa-
vor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de CAPÍTULO VII
ilícito funcional ou de infração administrativa:            (Vide ADIN DO PROCEDIMENTO
6234)         (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 39.  Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos
Parágrafo único.  Não há crime quando se tratar de sindicância previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº
ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei
Art. 28.  Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou
a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou CAPÍTULO VIII
acusado: DISPOSIÇÕES FINAIS
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29.  Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, Art. 40.  O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse passa a vigorar com a seguinte redação:
de investigado:      (Vide ADIN 6234)        (Vide ADIN 6240) “Art.2º ........................................................................................
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. ...............
Parágrafo único.  (VETADO). ....................................................................................................
....................

277
NOÇÕES DE SOCIOLOGIA

sociais. Para estes, o que vem a qualificar um movimento como Mo-


REINVINDICAÇÕES POPULARES URBANAS. vimento Social é o elemento constitutivo: a contestação, o protesto,
MOVIMENTOS SOCIAIS E LUTAS PELA MORADIA. a insatisfação, o conflito, o antagonismo.
MOVIMENTOS E LUTAS SOCIAIS NA HISTÓRIA DO Movimento é aqui entendido no sentido dado por Gohn (1985):
BRASIL. CLASSES SOCIAIS E MOVIMENTOS SOCIAIS. Os movimentos se expressam através de um conjunto de práticas
sociais nas quais os conflitos, as contradições e os antagonismos
existentes na sociedade constituem o móvel básico das ações de-
Nas diversas conjunturas históricas tem ocorrido à necessidade
senvolvidas. E continua Gohn, o movimento social também expres-
da população em geral e da população de baixa renda em particular,
sa a consciência possível da classe que representa.
de lutar pela sobrevivência e pelas necessidades humanas básicas.
Todo Movimento Social carrega o germe da insatisfação, do
Isso tem levado essa população a mobilizações organizadas e às ve-
protesto contra relações sociais que redundam em situações inde-
zes desorganizadas ou a formação de movimentos sociais urbanos
sejáveis para um grupo ou para a sociedade, sejam elaspresentes
de caráter reivindicatórios em diversas sociedades ou setores des-
ou futuras. Sendo assim, todo Movimento Social inscreve-se em
tas.
uma problemática relacional de poder, e, como tal, é preciso com-
Os movimentos sociais de modo geral existem desde muitos
preendê-lo como uma relação de força, de confronto, de disputa e
séculos. O autor Beer, usando a denominação de lutas sociais narra
conflito entre lutas de classes, dominantes e dominados, de relação
sua existência na mais remota Antiguidade e, atravessando guerras
capital/trabalho, com todas as complexidades e implicações que
e conflitos que marcaram a vida dos povos, passando pelos tempos
envolvem estas categorias, hoje.
modernos chega à época Contemporânea (década de 1920, do sé-
Esta luta nem sempre é pela direção da produção da sociedade,
culo passado).
mas protestam contra formas de direção vigentes ou anunciadas,
Hofmann (1984) afirma que ―todo o pensamento do movi-
e de suas consequências para a classe dominada, Andrade enfati-
mento social contemporâneo encontra a sua origem nas grandes
za que a história e o processo de produção do espaço constituem
ideias da Filosofia do Iluminismo. Para ele é ― pela primeira vez
assim uma interminável luta entre os grupos sociais dominantes
na história do mundo, o Iluminismo traçou a imagem de uma hu-
entre si, e da classe dominante como um todo, frente às classes
manidade libertada. Isto faz com que o homem coevo crie e rea-
dominadas.
lize as suas utopias ou busque realizá-la. E continua Hofmann, “o
O jogo dialético da luta dentre as classes dá origem e se origina,
que constituiu uma esperança para o Iluminismo, passou a consti-
a um só tempo, do sistema de relações de trabalho dominante em
tuir para o movimento social um programa ainda não cumprido e
face do nível de desenvolvimento, de utilização das forças produti-
passível de ser realizado.” Para Gohn (1982), os movimentos sociais
vas. Daí a ligação direta que há entre o tipo de espaço produzido e
europeus, anteriores ao século XX, e principalmente os do século
o modo de produção e/ou a formação econômico social dominante.
XIX, caracterizam-se por suas ideologias e práticas revolucionárias.
Sendo assim, o antagonista visível dos Movimentos Sociais
A unidade básica destes movimentos era dada no próprio plano da
pode ser o Estado ou outros representantes diretos da exploração,
produção. As péssimas condições de vida dentro das fábricas leva-
enquanto responsáveis por relações sociais consideradas indesejá-
vam à sua eclosão.
veis. Os representantes dos Movimentos Sociais podem ser, uma
Movimentos e mobilizações de grupos sociais são encontrados
classe social, uma etnia, uma região, uma religião, um partido po-
em diferentes épocas, lugares, situações e em distintas sociedades,
lítico, ou inúmeras outras categorias. Mas Gohn (1985) e Ammann
com maior ou menor significação. Como exemplos podemos nos re-
(1991), nos alerta que, tanto a classe dominante como a classe do-
ferir às revoltas de escravos, aos movimentos de mulheres da Idade
minada, com suas respectivas frações, podem constituir-se em su-
Média, às guerras camponesas do século XVI, aos conflitos étnicos,
jeitos sociais dos movimentos, insatisfeitas com as relações sociais
aos movimentos religiosos como o franciscanismo, o protestantis-
vigentes ou propostas. Entretanto, aqui se faz necessário alertar
mo do século XVI. Na história do Brasil, encontramos vários deles,
que apesar dos Movimentos Sociais encontra-se regidos por uma
de diferentes características e dimensões, como movimentos eman-
lógica de exploração do capital, este produz outras formas de opres-
cipacionistas, messiânicos, culturais, políticos... Os dos anos 70 e 80
são e dominação específicas, entre as quais figura as problemáticas
têm seus predecessores nos movimentos de bairro, de camponeses
dos índios, homossexuais, étnicos, ecológicos entre outros, que não
e operários das décadas anteriores. Ao se falar dos movimentos das
se reduz em relação capital/trabalho. Esses movimentos específicos
últimas duas décadas, os autores procuram distingui-los dos ante-
têm objetivos particulares, não podendo ser reduzidos as relações
riores, denominando-os de novos movimentos sociais.
de classe como adverte Ammann (1991); em outras palavras, ape-
Como vimos, os Movimentos Sociais decorrem das desigual-
sar de estar no interior do regime capitalista, quando dentro desses
dades de classes ao longo da história e, do avanço do processo
movimentos suprimir-se a oposição entre capital/trabalho não se
urbano-industrial, que no início do século XX, compreendia quase
enquadrando como movimentos sociais. Entretanto, as necessida-
exclusivamente a organização do proletariado industrial, isto é, os
sindicatos. Entretanto, Ammann (1991) destaca que os Movimen-
tos Sociais só recentemente mereceram a atenção dos cientistas

297
NOÇÕES DE SOCIOLOGIA

des cotidianas dos moradores pobres e miseráveis do nosso País se - Nem todo Movimento Social tem caráter de classe;
inserem nas questões de lutas de classes, apresentando-se como - Nem todo movimento Social luta pelo poder;
movimentos. - O objetivo dos Movimentos Sociais pode ser a transformação
Isto mostra-nos que são as intencionalidades dos processos de ou, contrariamente, a preservação de relações sociais dadas, quan-
contestação que define o que será ou não um Movimento Social, do as mesmas se encontram ameaçadas.
em outras palavras, são os ―processos de contestação que obje- Diante do exposto, concordamos com o conceito formulado
tivam a contraversão ou a preservação da ordem estabelecida, a por Ammann, movimento social é uma ação coletiva de caráter con-
partir das contradições específicas da realidade. testador, no âmbito das relações sociais, objetivando a transforma-
Para superar as imprecisões e ambiguidades do conceito de ção ou a preservação da ordem estabelecida na sociedade. Sendo
Movimentos Sociais básicos que conhecemos Gohn (1985) elabora assim, os movimentos sociais em sua maioria lutam por melhorias
um quadro geral, denominado de Principais Movimentos Sociais; o sociais (de bens, equipamentos e serviços), e não pela tomada do
qual transcrevemos abaixo: poder (do Estado), como veremos a seguir.

Principais Movimentos Sociais Movimentos Sociais Urbanos Reivindicatórios

1) Movimentos Sociais Ligados à Produção: Como vimos acima, as lutas e reivindicações por menores desi-
- Movimento Operário gualdades e exclusões sociais, ou seja, melhores condições de vida
- Movimento dos Produtores em sentido pleno (de cidadania), não são novas nem exclusivas do
- Movimento Sindical: Operário e Patronal Brasil, mas tem acompanhado a humanidade desde que surgiu a
2) Movimentos Sociais Político-Partidários divisão social do trabalho (divisão de classe), contudo apresentam
- Partidos Institucionalizados particularidades no tempo e no espaço.
- Grupos e Facções Políticas Não Institucionalizados No entanto, os estudos propriamente ditos dos movimen-
3) Movimentos Sociais Religiosos tos sociais reivindicatórios de melhorias urbanas datam de época
- Movimentos de Igreja Católica recente. Segundo Gohn (1982), eles se desenvolveram principal-
- Movimentos de Igrejas Protestantes e Outras mente a partir de uma abordagem derivada de uma leitura estru-
- Movimentos Messiânicos turalista de Marx. Na Europa, o maior número destas análises tem
- Movimentos Religiosos Ligados a Tradições Culturais e Fol- ocorrido na França, sendo Manuel Castells um de seus principais
clóricas representantes.
4) Movimentos Sociais do Campo Esse autor foi um dos que mais influenciou na literatura sobre
- Proprietários Movimentos Sociais na América Latina. Para ele, um movimento so-
- Trabalhadores Rurais cial nasce do encontro de uma dada combinação estrutural, que
5) Movimentos Sociais de Categorias Específicas acumula várias contradições, com um certo tipo de organização.
- Movimento Feminista Todo movimento social provoca, por parte do sistema, um contra
- Movimento Negro movimento que nada mais é do que a expressão de uma interven-
- Movimento de homossexuais ção do aparelho político (integração/repressão) visando à manu-
- Movimento de Defesa do Índio tenção da ordem.
- Movimento de Estudantes e Professores E continua Castells, o movimento social urbano é um sistema
6) Movimentos Sociais a partir de Lutas Gerais de práticas resultando da articulação de uma conjuntura do sistema
- Lutas pela Preservação do Meio Ambiente — Movimento de agentes urbanos e das outras práticas sociais, de forma que seu
Ecológico desenvolvimento tende objetivamente para a transformação estru-
- Lutas pela Democracia (Ex. Movimento pela Anistia e Luta tural do sistema urbano ou para uma modificação substancial da
pelas Diretas) relação de forças na luta de classes, quer dizer, em última instância,
- Lutas contra inflação e a Política Econômica do Governo (Ex. no poder do Estado.
Movimento contra a Carestia) Outro autor a influenciar teoricamente os movimentos sociais
- Lutas de Defesa dos Consumidores urbanos na América Latina foi Alain Touraine. Para ele, Movimentos
- Movimentos dos Desempregados Sociais são a ação conflitante de agentes das classes sociais, lutando
7) Movimentos Sociais Urbanos: pelo controle do sistema de ação histórica. Touraine deixa mais cla-
- Populares: Movimentos Econômicos, Reivindicatórios de Bens ra a definição quando afirma que os Movimentos Sociais são forças
e Equipamentos. Movimentos Sociais Populares Urbanos de Caráter centrais que lutam umas contra as outras para dirigir a produção
Marcadamente Político da sociedade por ela mesma, a ação de classe pela direção da his-
- Burgueses: Ações Reivindicatórias de Bens e Equipamentos toricidade.
Urbanos Defensores de Privilégios e anti-igualitários. Para nós os movimentos sociais urbanos reivindicatórios, ou
Já Ammann (1991), enumera seis princípios para conceituar o seja, os movimentos populares de bairros são organizações da clas-
que seja Movimento Social, que descrevemos a seguir: se destituída de poder, que demandam através das reivindicações,
- É a contestação o elemento construtivo dos Movimentos So- por direitos básicos de acesso à participação e cidadania, não se di-
ciais; rigindo à luta pelo domínio (controle) político do Estado. Mas, ten-
- Os Movimentos Sociais contestam determinadas relações so- do no Estado não apenas o destinatário de suas reivindicações, mas
ciais, no contexto das relações de produção; também um adversário e, às vezes, paradoxalmente, até um aliado.
- Os protagonistas podem ser classes sociais, etnias, partidos
políticos, regiões etc.;

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NOÇÕES DE SOCIOLOGIA

No Brasil Viver nas áreas metropolitanas, além de exigir a integração a


No Brasil, as contradições urbanas decorrentes do desenvolvi- novos padrões de consumo, que garantissem uma sociabilidade
mento do capitalismo se iniciam após 1930, com uma lógica no pro- adequada à vida moderna (de que a televisão talvez seja o melhor
cesso de acumulação do capital que cria como precondição, para exemplo), exigia também, da população, o desenvolvimento de
seu funcionamento e desenvolvimento, a participação controlada uma rápida capacidade de resposta ao ritmo urbano de vida (longas
das massas populares no processo econômico e político (RAICHELIS, distâncias, tráfego congestionado, mobilidade rápida no trabalho,
1988). Gerando um novo tipo de sociedade urbana, especialmente acidentes, surtos epidêmicos, etc.). E a integração nesse ritmo rápi-
nas duas principais metrópoles do país, Rio de Janeiro e São Paulo, do e violento de vida, indispensável para o funcionamento da me-
baseando-se na superconcentração de atividades produtivas e de trópole, não podia mais se dar no âmbito das soluções individuais,
sua reprodução. Concentrou-se nessas regiões, já que ai se centrali- tomadas por cada família dos componentes da força de trabalho.
zava os demais fatores indispensáveis para sua ampliação. Ela dependia de soluções globais situadas ao nível das macro deci-
Para Moisés (1985), as enormes massas de população foram sões, só passíveis de serem tomadas ao nível do Estado.
formadas neste contexto, sendo obrigadas a se acomodar ao fe- É interessante observar do exposto acima, como o processo
nômeno que se poderia chamar de urbanização por extensão de de industrialização/urbanização não só alterou a vida da popula-
periferias, fenômeno que adquiriu as feições de um verdadeiro pro- ção pobre (da classe trabalhadora), com novas necessidades, como
cesso ecológico de discriminação social. E continua ele, a formação também levou a um agravamento do estado de pauperização desta.
das principais áreas metropolitanas brasileiras foi acompanhada do Além de transferir com uma nova ideologia criada pela classe do-
surgimento de uma série de contradições sociais e políticas especí- minante, segundo a qual cabia agora ao Estado ser o provedor de
ficas que apareceram na forma das distorções urbanas conhecidas, toda a população, isto é, um Estado acima das classes, responsável
por exemplo, por cidades como São Paulo, Rio, Recife, Belo Hori- a atender às necessidades mais prementes da população, e assim,
zonte, Salvador e Porto Alegre, entre outras. Desde os anos 40 e, resolver a problemática urbana, que crescia sempre mais. Levando
mais intensamente, após a industrialização que se inicia em mea- também, a alteração, no transcorrer do tempo, da importância do
dos dos anos 50, o aprofundamento da divisão social do trabalho antagonismo entre proletariado e burguesia nos conflitos sociais in-
no país provocou a emergência de necessidades sociais e urbanas duzindo a uma nova contradição, que é o confronto entre as massas
novas para a sobrevivência da população. Aumentou a demanda populares e o Estado.
por serviços de infraestrutura (água, esgotos, asfaltamento de ruas, Este processo de metropolização que vai formando-se nas prin-
iluminação privada e pública, etc.) e por um sistema de transportes cipais cidades brasileira, só foi possível entre outros fatores, graças
coletivos mais rápido e eficiente, pois a expansão da periferia torna- aos movimentos migratórios do campo, que apresenta verdadeira
va bem maiores as distâncias entre o local de moradia e o local de inversão quanto ao lugar de residência da população apontada nas
trabalho da mão-de-obra. Por outro lado, o novo desenvolvimento taxas de urbanização do país entre 1940 e 2000, melhor dizendo,
criou necessidades (reais ou ilusórias) infinitamente maiores para o em 1940, a taxa de urbanização representava 26,35% do total, pas-
sistema educacional, em todos os níveis, pois a modernização eco- sou para 36,16% em 1950; alcançando 45,52% em 1960; em 1970
nômica impôs expectativas novas à mão-de-obra e, ao mesmo tem- chega 56,80%; em 1980 vai para 68,86% e em 1991 e 2000 atinge
po, uma ânsia de valorização (qualificação e especialização) para o 77,13% e 81,25% respectivamente.
conjunto da força de trabalho; de outra parte, ampliou considera- Estes recém-emigrados do campo se fixam na periferia das
velmente a demanda por serviços de saúde (pronto socorros, pos- principais cidades, em condições muito precárias de vida, estando
tos de saúde, maternidades, hospitais, etc.), pois a complexificação disponíveis, abaixo preço para investimento do capital, tanto na
de vida urbana, com a intensidade e a rapidez de sua concentração, agricultura (os boias frias), como nas atividades urbanas (indústrias
altas taxas de densidade, circulação rápida e veículos, trânsito, etc., e serviços), como à construção civil; se constituindo em um subpro-
e ao ritmo cada vez intenso do trabalho e da vida social, aumen- letariado (GOHN, 1982) que subsiste mediante a venda da força de
tou os acidentes de trabalho e de trânsito, as doenças nervosas, as trabalho diária, sem desfrutar das garantias da legislação trabalhis-
epidemias e as enfermidades em geral. Criou uma demanda nova ta, constituindo o proletariado urbano. Em outras palavras, os tra-
por equipamentos sociais e culturais (creches, maternidades, par- balhadores e seus familiares constituem a força de trabalho predo-
ques infantis, bibliotecas, centros de recreação, locais de práticas minante nos grandes centros urbanos, necessitando que aumente
de esportes, áreas verdes), pois não apenas as crescentes levas de a demanda dos serviços de infraestrutura urbana que necessitam,
migrantes recém-chegados à cidade exigiam atendimento social es- e ao mesmo tempo, que eleva e acelera as proporções de mora-
pecial, como as condições urbanas aprofundaram a qualidade das dia em condições inadequadas, de forma geral, agrava também,
expectativas, provocando a emergência de uma demanda inteira- conforme o perfil social, a cidade. Surgindo assim, as favelas e os
mente nova para o sistema. A incorporação da mulher à força de bairros periféricos, além de novas formas de organização e estru-
trabalho criou problemas sempre crescentes, como a necessidade tura de poder que se materializa nos movimentos sociais urbanos
de hospitalização durante a gravidez e a assistência à população in- reivindicatórios.
fantil durante o horário de trabalho. Além disso, a atomização da
vida social e a diluição da vida familiar exigiu o surgimento de novos Movimentos Sociais no Brasil e Cidadania
padrões de sociabilidade da mesma forma que lançou os agentes
dessa vida moderna a um tal grau de complexificação de sua exis- A análise dos movimentos sociais no Brasil revelam forte enfo-
tência, que seria inevitável a emergência de problemas como as que teórico oriundo do marxismo, sejam eles vinculados ao espaço
chamadas enfermidades mentais, a prostituição, a criminalidade do urbano e/ou rural. Tais movimentos, quando se referiam ao espaço
menor, etc. urbano possuíam um leque amplo de temáticas como por exemplo,
as lutas por creches, por escola pública, por moradia, transporte,
saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversida-

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