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Robson Jesus Rusche ERVING GOFFMAN E A ETNOGRAFIA DAS INSTITUICOES TOTAIS ‘ODO utilizado por Exwin Goffman fi ex. nido da antropologia e denomina-se Etnografy racionista. Estratura-se a partir da buses dor ificados relacionados aos aspectos da vida soc ‘deum determinado grupo ou cultura, Para tanto, énecessiia alinteragio com os participantes da pesquisa, no local em que convivem cotidianamente, por certo periodo de tempo, emcon- institucional ou comunitiria em que estdo imersos. Tal pro- uma das formas de interacionismo simbdlica, 3 limites do método no estudo das caracteristies dasinstituigdes totais, o autor comenta que ‘Sao evidentes os limites de meu método e de sua aplica- ‘lo: no fique, sequer nominalmente, internado,e,s¢0 tivese feito, minha amplitude de movimentos ep consequentemente, meus dados, teriam sido ainda mai limitados do que osio. Como desejava obter dadosetno- jcos com relagao a determinados aspectos da vidaso- io empreguei os tipos usuais de me- es. Supus que o papel e o tempo exgidos para reunir dados estaisticos necessiriosaalgumas afr magies impediriam que eu obtivesse elementos sobrea estrutura da vida dos pacientes (Goffiman, 1987, -8) 24 jenos wo ge de dos. Nodecorerdavivéncaetnogrficae, nainteragio com osinternos, @atengo constante aos sertipos preconceitos do prprio psquisadoré “ental A respeto de sa vive interaconisa em um Fel deieagi par doentes mens Goffman ela: Meu métodbo tem ainda outra limitagdes. A interpre- tagio do mundo dada por um grupo atua de modo a seus partcipantese deve dar a eles uma definiga0 idora de sua situagio e uma interpretagio. preconeituos as no participantes — neste caso, mé- tos, enfermeiras,atendentese parents. Descreverfel- smente a situacio do paciente equivale, necessariamente,a apesentar uma interpretasto parcial, (Quanto aestadl- tima deformasio, em parte desculpo-me a0 sustentar que 0 desequilirio esti, pelo menos, no lado certo da balan- sa poisquase toda literatura especializada sobre os doen- tes mentais é escrita do ponto de vista do psiquiatra e ‘este, socialmente, esti do outro lado.) Além disso, desejo advertir que minha interpretagio tem, provavelmente, muita coisa de um homem de classe médias talver eu tenha sofridoindiretamente com condigaes que pacien- atual (Goffman, 1987, p. 8). Olivro Manicomies, prises comventos tem como finali- dal expressa conhecer o mundo social dos internados em ins- titvigBes totais, na medida em que este mundo é subjetiva- ‘mente vvido por eles. O conceito de instituigio proposto por Goffman (1987), ness livo, se refere aos estabelecimentos 2s lenciae den tuigdes, : edetrabi, Tho com regras austeras eadministrasao forma, : Uma instituso total pode ser defnida como um logy de esidéncia etrabalho onde um grande nimere dei, dividuos com stuago semelhante,separados da socedy de mais arpa por considerdvel periodo de tempo, lng uma vida fechada c formalmente administrada. Asp encontrado em instituigdes cujos participantes ndo se comportaram de formailegal. Este lvro trata deinstin- Ses totais de modo geral e, especificamente, deum exem- ais para doentes mentais. O principal foco wundo do internado, ¢ nio 20 mundo do igente. O seuinteresse fundamental échegara uma versio sociol6gica da estrutura do eu (Goffman, 1987, p- 11). Aguas caracteristicas, citadas pelo autor, so fundamen- tas para ajudar na compreensio do conceito de institu tot: + As uésesferas da vida: trabalho, sono e laze, so feitas 1acompania sempre do mesmo grupo e no mesmo espagoe horirosdeterminados. 276 les humanas sio contro ladas por uma or- ltadeconhecimento dos "Controle do tempo queesar clade dpi da vipedirigente. “#9 sabalho desmoraizado ncompasildae de savn como mundo extern). Asinstiniges totais so como ext fechads para trans- formar pessoas, representam experimentos que implicam o ¢s- tudo das formas de modifiasio do eu Disco decore o grande 1 das ciéncias soca nesasinstituiges. Ainstituigio total éum hibrido social, parcialmente co- rmunidade residencial, parialmenteorganizasio formal ai reside seu especial interesesocilégico, Hi também se por esses es- tabelecimentos. Em nossa sociedade, si as estufs para ‘mudar pessoas; cada uma € um experimento natural so- bre o que se pode fazer 20 eu Goffinan, 1987, p. 22). de cultura e de ientidade sto paraa compreensio das ideias de Goffinan. A cultura repre- sentaa forma de vida eo conjunto das atividadeseineresses subjetivamente vividos pelo individuo, A organiza pessoal esquemascrando formas de defe- ado descobre que perdeu alguns dog tude da barreira que o separa do mundo oprocesso deadmissio também len de perda e mortificagio, Muito fee gquentemente verificamos que a equipe dirigenteempre- gro que denominamos processos de admissio:obter una ria de vida, tar fotografia, pesa,tirar impresses buir nimeros, procurar e enuumerar bens pes- sons para que sejam guardados, despir, dar banho, desin- ar 0s cabelos, distribuir roupas da instituigag, igdes quanto a regras, designar um local parao intemado. Os processos de admissio talvez pudessem ser denominados “arrumagao” ou “programacio”, pois, 20 .quadrado",o novato admite ser conformado eco- ‘cado num objeto que pode ser colocado na méquina papeis cextemo. Geralms te pelas operagoes de rotina. Muitos desses processos dependem de alguns atributos — por exemplo, peso ou es digitais — que 0 individuo possui apenas porque € membro da mais ampla e abstrata das cate- sociais, ade ser humano. A agio realizada com ba- ributos necessariamente ignora a maioria de riores de auto identificagao (Goffman, rapes Nopeceewodes tigi total oser uma éimediatamente despido de todosentesanrice net va seguro de que um papel nao impeditia suas liga ‘outro, mas na instituigdo total nio € assim que ocorre. Esta 4 primeira mutilagao do eu. Abarreira que as instituigbes toaiscolocam entre o n= ternado ¢ 0 mundo externo assinala a primeira mutilagio do.eu, Na vida civil, a sequéncia de horirios dos papé do individuo, tanto no cielo vital quanto nas repetidas rotinas di instituigSes totais, ao contririo, a participagio automati~ ‘camente perturba a sequéncia de papéis, pois a separagio ‘entre 0 internado eo mundo mais amplo dura o tempo todo e pode continuar por virios anos, Porisso ocorre 0 despojamento do papel. Em muitas instituigbes totais, inicialmente se profbem as visitas vindas de fora eas saidas sito de Golfinan que indica» teri de mans nos pps € oda wentidade da pesos, 279 daaparéncia einstruss 8 - O ingressante icin ies oni Oem maquina administrativa do estabelecimento, tendo sido tam- ituigio total lida com muitos aspectos ernadios, com a consequente padronizacio lexa na admissio, existe uma necessidade especial de conseguir a cooperasio inicial do novato. A equipe dirigente muitas vezes pensa que a capacidade do novato paraapresentar respeito adequado em seus encontrosini- Fais fice a face € um sinal de que aceitaré 0 papel de internadorotineiramente obediente. O momentoem que as pessoas da equipe dirigente dizem pela primeira vez 40 internado quais sio as suas obrigagoes de respeito pode ser estruturado de tal forma que desafie nadoa serum revoltado permanente ou a obedecersem- ‘quebra de vontade; um internado que se mostra te pode receber castigo imediato e visivel, que aumenta até que explicitamente pega perdio ou se humilhe (Gof fman, 1987, p. 26). 280 Na sociedade civil, um individuo que fracassa num de seus papéis sociais geralmente tem o esconder-se em algum local a fantasia comercializada portunidade para tegido onde pode acsitar — ou empregar “consolos", como o cigarro awa bebids [Nasinstituigdes totais, principalmente logo depois da ad rissio, tais materiais podem nio estar ao seualeance. No momento em que tais pontos de repouso so mais neces~ sirios, podem ser mais dificeis (Goffman, 1987, p, Durante 0 processo de admissio,inicia-se a mortifcagio doeu que tem as seguintes caractersticas + Negasio da autoidentificagio: peda do nome, dos pa- péis sociaise das formas de adaptasio socal doeu. + Teste de obediéncia,rotulando a pessoa como revoltado permanente ou submisso, + Rebaixamento pessoal — peixe, calour, + Negagiio de aquisigées anteriores — 1mentos de uso pessoal (“estojo de id + Perda de seguranga pessoal mediante mutilagBes cor- poras, pancadas, choques, ete. —mortificagio do eu através docorpo. + Vocabulirio e posturas fisicas, gestos, etc, padroniza- dos —impossibilidade de manutengio da imagem usual de i mesmo, 281 iades — clas transparent, by, 10 de tipo fsico: tubercle territrios do eu—examesfsicos, aig, stura de grupos etirios,étnicos e raciais, nulagio. ios dados por outros internos, “Ap ‘ / + Censura de correspondéncia e comunicago (uma das s dou). = Visitas com restrigdes de contato e vigia permanente, **Caguetagem’. + Perseguigao as respostas que, no mundo civil, eram consideradas como defesas socialmente aceitas (mau humor, palates irons, et.) Como podemos ver, a mortficardo do eu implica uma «sé: deimpactos nas formas de adaptagao socal ena consttuigio daidentidade. Além das carateristicas apresentadas acima que se reerem, principalmente, & negagio dos modos com quea jdentidade se manifesta, pode haver justificativas constantese cotidianas para a mortficagio, sempre relacionadas &necesi- dade de controle e dsciplinarizagio das relagdes institucionais as insttuigdes totais dos trés tipos) as varias just as para a mortificacio do eu sio muito frequent rente simples raconalizasées, ,criadas por esforgos par, snaslo dristca do esl vida dia de grande mimero de pessoas strito €com pouco gasto de: x ideais pelo se Asinvasbes dos terrtérios do eu slo constantes:exames feos pscoigicos, mas também elas supeltadas, grades que permite ver todos 08 omportamento cotidianos da pesoa¢ 1c representam, portanto, a perda de todas formas de pri lade, portanto, uma série de mutilagdes do eu, inchindo + dificuldade de contato com objetos e pessoas vinculados a ‘ida antes da institucionalizagao. ‘Nasinstituigdes totais outra forma de morificagio,a partir da admissio, ocotre uma espécie de exposigio con- taminadora. No mundo externo, oindividuo pode man- ter objetos que se ligam aos seus sentimentos do eu — por exemplo, seu corpo, suas aes imediatas, seus pensa- ‘mentos e alguns de seus bens — fora de contato com coisas estranhas ¢ contaminadoras, No entanto,nasins- tituigBes totais esses teritérios do eu sio violados; a fronteira que oindividuo estabelece entre seu sere am biente é invadida eas encarnagées do eu sto profanadas (Goffman, 1987, p.31). A mortificagdo do ew envolve, portanto, uma mudanga ra~ dical na carreira moral doeu civil, uma especalizasio no papel deinternado, pois i sido investido em outras atividades nfo volta mais. Dessa for- yatiza-se a identidade e os territrios do eu sio para sempre violados e suas fronteiras invadidas. A gestualidade, as, 283 Oss modifcam pap, usual é subitamente retirado (Goffinan, 1987, p, aes Em relagio 20s internos em um hospital psiquitricn, desudaptagao ea mortificagio do eu deveriam levara uma tare. formagio no conjunto de erengas em relacio a0 mundo ¢, tam. bbém, a novas formas de concebera si mesmo. Noentanto, Gof. fan (1987) observou que esse renascimento, ou sejaa carta ‘moral do doente mental pode levar a uma idolatria do trata- ‘mento psiquiatrico ou ao desejo de participar como militante da lua pelos direitos dos pacientes da satide mental. No ciclo usual de socializagio de adultos, esperamos que aalienagio ea mortificagio sejam seguidas por um novo conjunto de crengas a respeito do mundo ¢ uma nova .de conecher 05 eus. No caso do paciente de hos- rico, esse renascimento ocorre as vezes, € ntaa forma de uma crenga muito forte na perspec- psiquidtrica, ou, pelo menos por um curto periodo, uma devogdo a causa social de melhor tratamento para doentes mentais. No entanto, a carreira moral do doente ‘mental tem um interesse singular; pode exemplifcar a possibilidade de que, ao tirar as vestimentas do antigo cu — ou ter suas vestes arrancadas — a pessoa possa nio 284 necessidade de uma nova roupa euma nova jante da qual se vista (Goffman, 1987, 3), semos, a mortfcaodoeujse inca no po- 40 insttuigio total, today ternado comesa a receber toda for~ made instrugio a respeito do sistema de beneficiose privilé- tuigio ¢, assim, poder iniciar cera reorganizagio pessoal, pois, como vimos, esta tltima fora tio dsaranjada Tpante o processo de admissio que se tomnou dftil mantera imagem usual desi mesmo, ‘Ao mesmo tempo em que.o processo de mortificagio se desenvolve 0 internado comega a receber instrugio for- ale informal arespeito do que aqui sera denominado sistema de privilégios. Na medida em que aligasio do internado com seu eu civil foi abalada pelos processos de despojamento da insttuislo, éem grande parte osistema de privilégios que da um esquema para a reorganizagio pessoal (Goffiman, 1987, p. 49) Esse sistema de privilégios éformado por trés elementos bisicos: a) regras da casa que especificam aausterarotina ternado; b) prémios obtidos em troca de obediéncia; ‘gos que sempre representam a pera dos prvilégios.Osinternos constroem um mundo, uma cultura, em tomo desses privilégos. Castigos e privilégios representam um modelo comporta- rmentalista e de condicionamento ¢ 0 problema da liberdade futura se insere nesse sistema. Sua finalidadeé conseguiraco- ‘operagio dos internados. Em primeiro lugar, existem as “regras da casa’, um con~ junto relativamente explicito e formal de prescriges © 285 -m gerar urna série de humilhasées que as formas de percepsio dointernados nstaona geandoconequtnsia profundas na carreira moral da pessoa. alquer que seja a forma ou a fonte dessas diferentes -consequéncias simbdlicas io incompativeis com sua cdo eu. Um exemplo mais difuso desse tipo de Ho ocorre quando é obrigado a executar uma ria de vida que considera estranha a ele — aceitar papel com o qual nao se identifica. Nas prisdes,a ne- sgacio de oportunidades para relagdes heterossexuais pode provocaro medo de perda da masculinidade. Em estabe- lecimentos militares, o trabalho obrigatério com mini~ cia evidentemente initeis pode fazer com que os solda- dos sintam que seu tempo ¢ esforgo nao tém valor. Nas es religiosas hd disposigbes especiais para garan- tirque todos os internados realizem, por turnos, os as- peectos mais “baixos” do papel de empregados. Um exem- plo extremo é a pritica do campo de concentrasio, onde (0s prisioneiros sao obrigados a surrar outros presos (Gof fan, 1987, p. 31). 286 CO proceso de adaptagio do eu 20 mundo deinternado radualmente e, dessa forma, a partirda carci ma idade vai se formando, J ecto importante equ est relacionadodadap- snqa0€éa gia institucional. Aequipe dirigentenosnvis inf também conhece essa gitiae a usa para comunica-se mnados. mos dos acordosinformais entre equipeinternae cuipe dirigente pode aparecer também o que se denomina de Sembrulhada” que tera finalidade de comun gas. Esta po undarios:priticas que pe dirigente, mas que permi- tem atingir satisfages proibidas e permitem sentit-se como ‘um ser humano que ainda possu autonomi ‘Alem disso, € frequente o sentido de injustsa comum, amargura contra 0 mundo externo forts lagos de solidarie- dade nos grupos, todavia pode aparecer, também, a descon- fianga, igagBes sexuais entre os internos,briga outrassirua- peradas. ia careira moral dentro dainsttuigdo, ointemnado pode utilizar virias formas para adaptar-se ao processo de mortifca- si0.eaosistema de privilégios que Goffman denomina reorga- nizagio do eu. Essas titicas de adaptasio slo: afastamento ou regressio, intransigéncia, colonizasio, conversio, junto delas que é denominado se vias”. Cada titica representa uma forma de enfrentar a tensio entre o mundo original eo mundo institucional. A mo- ratéria pode ser tal que 0 efeito desorganizador é sempre maior que o organizador. [.. .] As titicas mencionadas representam comportamen- tos coerentes que podem ser seguidos, mas poucos inte nados parecem segui-las por muito tempo. Na maioria 287 alimentos, entre outras coisas, que vém ora, passam a ter grande relevincia no decorrer dda adaptagio. Tudo se passa como se essas diversas taticas de roe defesas tivessem de ser utilizadas para baixara te da mortifcasio do eu, & consequent perda 288 nfrentar a tensio entre 0 mundo origi Se alPAG eae ee al 0 mundo rnadbo foi de tl ordem que o Sombrio mundo da is pecessidade delevar muito longe um exquema cane Ge adaptago. Algunsdoentes dele banathe ba pits paradoentes mentais,quevivenam sempre emer, fanatos, formation ecadiastendem aver oxy apenas como outra o total na qual podem apli- caras téenicas de adaptacio apendidas eapertionas tem instiuigBes semelhantes. Paraessaspeseons,scrne ‘io” milo representa uma mudanga em sva cara mond ‘mas uma titica que jé faz parte de sua segunda natureza, De forma semelhant os ovens dailha Shetland, quando recrutados paraoservigo da marinha mercaneinglesa aparentemente nfo se sentem muito amea 5 Sec tnigu dos eaieipegarane ainda mais dificil so marinheros sem quixas, pois, de seu ponto de vista, tém pouco de que se quesae (Gof. fman, 1987, p. 62). ‘A cultura do internado é mareada por histéria trstes, seu eu internado € 0 foco de suas conversas eo tempo ésubje- tivamente vivide como tempo perdido. Dess vivénca do tem porresulta o alto valor atribuido as atividades de dstracio. Nos papéis sociais, quando o individuo fracassava, podia seesconder empregando formas de se consolar. Na instituiso total isso nio € possivel, o que gera muita ansiedade. No envio de volta & sociedade pode ocorrer também a angtstia da libertagao. “Seri que posso me dar bem i fora?” ‘Aosair tende a ficar maravilhado com as iberdades. ‘A reabilitagio, objetivo da insttuigio total, como meca- nismo autorregulador dos internos raramente éconseguida. O que ocorre a especializasio no papel dointemado eo desenvol- vimento de uma carreira moral marcada pea instucionalizasio 289 lessesnivesradicalmente dverog uci, para © eu, dos am. crave, climate ésdaimeragiocomosoutes gute isdes que se desenvolvern nam, mbeneficiode seus partcipantes (Goffman Paraque posamos concur este breve trabalho arespito dasideias de Gofliman, hi também que se comentar prebie, a qual pouco falamos neste texto por vo principal. smos, segundo Goffiman (1987), nas inst- desenvolvem-se dois mundos sociais e culturaiy ferentes que caminham juntos com pontos de contato off. cial, mas com pouca traci. te €formada por um pequeno grupode tio voltadas as interpretagdes ¢ incluido o nome do edificio onde se «stabelecem, dando a sensagio de que o edificio pertence aessa equipe. interno ¢responsabilidade da instituigao e, portanto, dda equipe dirigente. Com isso, os erros que aquele vier acome- terdentro ou fora dos muros,a equipe tenta evitar,restringin- doassim alguns beneficios possiveis. (Ogrupo dedirigentes toma uma postura de tentar regular ‘© comportamento das pessoas interna, “regulando a tempera- tun” da insttuigdo e assim oferecem tratamentos generalizados 4 seus objetos de trabalho, incluindo af alguns ajustamentos 290 .ecundisios.Ointemo torna-s, assim, objetivo, Como, ‘erdade, tratase de pessoas com necessidades, diversas, a ye acaba por instru direcionaros compe oss, que posibilitam, porum lado mais contd cote, mas liberdades. ace em, equi- Ftamentos por vias ais, existe uma divisio bisica entre um grande grpo conta, que asm dcominar a rupo dos internados,e uma pequena equipe de supers. So. Genlmentssinteados seminar contato resrito com o mundo exstente fora de sus pa reds; equipe dirigente muita vezes trabilha mum is. tema de oito horas por dia e esti integrada no mundo cexterno. Cada agrupamento tende a concebero outro atm vvés de estere6tipos limitados e hostis —a equipedii- gente muitas vezes v8 os internados como amargos, eser- vados € no merecedores de confianga; os iternados ‘muitas vezes veem os dirigentes como condescendentes, arbitririos e mesquinhos. Os paticipantes da equ rigente tendem a sentirem-se superiores ¢ corre internados tendem, pelo menos sob alguns aspect: sentirem-se inferiores, fracos, censuriveis ¢ culpados (Goffman, 1987, p. 18). Os resultados declarados nos estatutos das instituigdes totais sio: reeducagio, tratamento psiquitrico, purificagio re~ ligiosaespiritual, reabiltagio, entre outros. Geralmentefica- -selonge de alcangar tais objetivos chamados de ofciais. No centanto, a equipe dirigente precisa defender a instituisio seus ‘objetivos congessadose, dessa forma, procura encontrar crimes para justificar as formas de tratamento. Atui-se de maneira {que traduza o comportamento dos internos em teorasares- peito da natureza humana. "Como uma prteimplictada pes pectiva institucional, essa teoria racionalizaaatividade,dimeios sutis para manter a distancia social com relagio aos internados wt ficagio do eu na medida em que reduz au aspossibildades de desempen do i liza no papel de interno e sua identidade é tigmatizada : Podemos considerar que um dos objetivos: Drincipais dy proposta metodoldgica de Gofliman €0 de compreendera ft acto do eu apatirdas concepg6es de cultura, papel, denne dade via otdiana nas instituigdes. A especilizasdo nop pelocorreem rio do fato de se viver numa insttusao wey do da representaio de uma diversidade de possiidetc presentes na vida social ¢ representando, durante um Jongo periodode tempo, um nico papel, o que gera um amilgares entre a identidade esse papel que é preconizado pela ine, tigi. Transforma-se, assim, a carrera moral da pessoa social, mente c individualmente, produzindo um estigma que mar. cari toda sua vida social posterior. Essa conclusio, historicamente, acabou por fortalecer 9 ‘movimento da luta antimanicomial eda luta anticircere, pro ~ ‘novendo a negasio dessas instituigdes totais ea busca de no= vos modelos de trtamento. Desde a segunda metade do séeulo XX, tivemos a aprovagio da reforma psiquistrica em diversos i, a qual ocorreu somente em 2001. ‘io de século, ainda num processo de consolidago de novos paradigmas para a satide mental. As rmudangas no modelo carceririo foram mais imperceptiveis, Duzentos e cinquenta anos de especializacio de priticas nos modelos hospitalocéntricos e carcerdrios deixaram como lega- do uma série de concepgées e priticas cristalizadas que preci- ‘sam ser superadas continuamente e, portanto, as lutas que ci- tamos acima nao podem ser abandonadas, sob o risco de ainda termos retrocesos, 292 tbr sobre a manipula da idewidade dete Zahas, 1982. es ecomcents. Sto Paul: Perspecti- Referéncias iana Sio Paul: sm tulsom pride wrado. Sio Pauk ‘om um grupo de pres stituto de Psicologia Uni ‘Mestrado, Sao Paulo: Si Paulo, 1997. 293 ds s i Adriana Rodrigues Domingues ~ sh. Solange L’Abbate Robson Jesus Rusche ORGANIZADORES ontemporaneas, | [Ketel SER Memon. ¢ pT eCer Nae

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