You are on page 1of 18
cavirwiox “Teremos grandes desastres, se nao houver providéncias enérgicas imediatas”: a rebeldia dos escravos € a abolicao da escravidao ‘Maria Helena Pereira Toledo Machado EMANCIPACIONISMO E GRADUALISMO: COMO FAZER COM QUE OS PROPRIOS ESCRAVIZADOS INDENIZEM SEUS SENHORES? Como é sabido, no Brasil, a aboligao tardou, 6 se concretizando apés longa e dolorosa agonia, a qual, |, previa-se 4 época, nao teria termo antes do século XX.! Tao longo e socialmente penoso foi 0 processo de aboli- ¢40 que, aos contempordneos — acostumados a décadas de intermind- veis discuss6es parlamentares que acabavam resultando em tentativas fracassadas ou timidos projetos emancipacionistas e/ou gradualistas, que a todos frustravam e a ninguém atendiam —, parecia que nao viria nun- ca. Talvez por isso, apesar de tao tardia, tenha sido comemorada pelos populares como evento auspicioso e surpreendente que, de certa forma, parecia anunciar nova onda de esperanga e otimismo, capaz de restaurar acrenca na sociedade brasileira. No entanto, ao contrario do que apontavam as aparéncias e afirma- vam os parlamentares e a burocracia imperial, que correram para assumii as glérias do feito, 0 fato social da aboli¢do foi realizado em outra parte,} nas esferas menos visiveis da sociedade, nas dobras do mundo parlamen+! fas militancias populares nascentes € nas franjas dq tar, no contexto d { politica formalista e excludente do império.? A reboque dos eventos que, nas localidades escravistas e cidades mais importantes balangavam as bases do poder de controle senhorial e da policia, com revoltas, fugas € pro- testos de escravos, forros e populares ocorrendo em todo tempo e lugar onde a escravidio ainda significava algo, a politica formal, sempre cau- se na retaguarda, timidamente buscando ‘0 acompanhar das discussées abolicio- telosa e conservadora, manteve-s os movimentos sociais. De fato, 369 seen ern EA ae dog ii oa ra lca eee oe iol ce i ee cONTAA pc rea aps depen Se eet | cn py EB HL ae 13 epee aa endo dha como OME Aan In” | Seta pilin nasidades no mondo-nea- late ibe prt a conprende como se desenvolvern no Seer fen enone ma nie dpi, rego os ain Ie Gu ps’ Jevadas a cabo pelo Esta Se eancpaionsmo. Tendo srvido de aboratio, 0 proceso de ‘here or afcnos lies pretendewse como ua esratéia para |) fre noniberandos disiplina do aba compativel com suber 4 Genta qur esse espera, is através da ttcla, que deveriaenrizar J: feeds basendas ma ependénca pessoal e no controle do bert. De 4. fat, oacompanhar da politica de posergasio para aconcessio 5 tas de iberdade ds alianas apreendidos em tiico legal politica ristaslemancipacion eis para fat — CO “S) eSabelsda desde 1818 eralisada em 1831 pelo Estado nacional com: ada no tatamento da questo dos alrcanos, smo, que implementado ns je emancipaionismo, conduzu a questo prova que a estratégia ado cadas a segue, S05 a 1) escrava no Beall a5 ‘Ao esabelecet o prazo de 14 anos de trabalho para efetivasio da lr _berdade do “africano livre”, perfodo no qual 6 capturado poderiasetvir 1 “a0 Estado ou ser artematado por particulates, em ambos os casos fcan- J, dosubmetidoa formas de controle similares ds da escravidio eaté mes 4 mo trabalhando lado a lado com o& eseravos, mostra que o Estado bratleiro concebiaalberdade do africano —e de seus descendents apenas como produto final de uma longa trajetria, no decorrer d3 qu8l * deveriam ser inculeadas regras de as ia disciplina, dependéncia pessoal © _twtl Com esd dos dspstivospoteraore da Tiber dade 3° 70 “THAEMOE GRANDES oESASTIS, SE who woueenmowatncs et africano tes, 8 qa + Pitio,ogaam ¥ido 20 fto deo Gms du prva de writs pect spo ian to edn pn ee dames gah cranes cxomeraT ini an otc ts dereios de 1853 (pun afcanolinesem an eeoscdn) oot "AREA (para aquces servindo em repartee peas) ‘Neston pcan se dobar coninaa inpond nba meres ae anabelcndo aol tin abipnosrcnacen ea furor saudades pra deo ov mtd csp ou tprego? Como aia Ende erin so cular ala Svaseone porlierdade aciade eS, plica prep tutelar desenvolvida pelo Estado no trato daqueles que jd eram livres, “Gorstionamos samira dx aan epee mo cat grande ei rae al dr eer geal 0. tnt em que ascii seh” New mio ama ao CConsiderand es tual do ado dame dasemanipgiesdos cans ive, entendemos que hai uma perce ds efeitos esis cu nto ~ ageless conte proses “eemancpagt, Nese etd, significado seco dao dos frcanos irs eevetese de importa pti, tanto porgue ‘pos qo o interes do Exo eva muro aguém 3 o> apagao com a pets cro porgu evidnsou Pas 0” etna ovemancipadosenercerana fro de ensiopsa otal Tire tela lem dua expert de “era cot ‘tem dso, a impor anos de rao como const para ibs: devo arate exgn qu african sind gu ine, nung cipagio, de alguma form conagrandoo principio de qu ethan ipo em oie e ge iam Sto nec ore to pencil ul ibid, PTET TT incigio= afore 3 Tr eens a Sn as vigents na soca SS i comum de obtensio da liberdade, como comproya eri co contimow ma pli eMSNpaGoning gp sa ersje da séclo XIX. Tanto com lei de 1871 a wwoea compra daslfortiaa paticdese, opecilio adquirido pelo eer rope aise oconnd Sexapenirios, de 1885 — gue, ve forma de ressarment,inipanka aos tiberTandOs Maiores de 6p so rpancad seri sexs senhores por mais és anos ov até oy g§ ron feavaconsagrado o rineipio da indenizago dos senhores,cujo srepeane devia ser acumslado pelo proprio esravo, eee gadalamo fi una calculada politica desenvolvida desde mes. E eodo ual XIX plo Exido com vistas a controlar a aqusgfo da fesdade pelos afcanose seus descendents, assim protegendooaceso dossenhores uma mio de obra consderadanaturalmentefadada seve potencalment indiscplinadae bérbar, é também verdade que na | {nplemencasd das poltica emancpacionistas, q Estado acabou sendo| brigado a se defronta com o poderio privado dos senhotes. A iner- eno dese nas relagiesantes prvadas. entre se io deve asec note ese eravosé as principal caroctersins da poieaemancpacionita dor To XIX tendo sido uns i Was de consoldagio de poder do Estado" ronquico, Denre a panacea de Tis €deeretos por meio dos quis 0 pio buscva rexringir 0 poder senhoral,tomando a dianteira do process gradualita de restrigioe porencialextingio da esravidso, si- inham- asf menionadas les do Ventre Live, de 1871, ¢ dos Sex seniros de 1885. primeira, embora oferecesse a tutela dos ingénuos, ~ até a mairidade de21 anos aos senores de suas mies, fi mas eftva X__emaspecto menos conbecido, mas de maior impacto pritico na vida dos «scravos. De ato, ao lesitiaro dieito de oescravo possur pecilio ps 1 | rie de, eeresentt parm mem lives na igura de um cade "Sina jutiaacompra dw alors cm parcel alain \ | dosprincipsis feos detensto, 0 mesmo tempo que leitimava o poder 4, | do ado como med dregs ene scores ere” >} brecas juris abertas pela lei de 1871 justfcaram a organizagio do 1, tins movnenoaolionsa nor bums de io Paulo e io de E, ¢ aS { p . Jaro no ined ‘ies, bul esimpatzanes,povenemiaeiecs uubini decors ascare pane aque levamavam findos pir rns nes ae ea elon. co es ta de: str vilentos€sidicos. O mais oma repsenane dan ene ose a ‘cendéncia eserava, Luiz Gama. Sees a et drag tem oc po do mai ebscaramsa esto cements aa nnesece nce Gio encanta pit spc nantes {ch gular ae Ea ase tole un oe opera erent ay lpede rotr pacts es bee ea Soe flan deen No ean see ena Iigualforiraos onvsssaeinr nap sande tinted te gee ere tector tron anon ens pen plc se ge pro cnn den eta Go ec th mona ures sapien gu eso i ‘bee essa lei ainda formar st os nat de ‘péncia da escravidto.* ™ Estabelecendo os nexos entre as eis dos Sexageniios ¢ do Ventre Live ana eres plo or pera oP tao So enna los ni rls tro Enreandr ert cee ide als ‘de 1870 0 palco principal no qual se daladiavam diferentes tend ‘eee re mercado de mio deca ive er politico TuTdin.Fssa stuagio se deve 20 ato de que dese a prom dats Rib ero Oe er cnn me mes shoo € ee A mete ids pox anes sais snder judicialmente pelo escravo em suas ce are eres ne Faecal et cen gsno els emANCPAGOS do gee os ze easing — Aopen ee ae deca 81 py cei to dacs ds ro Nate jig ao cm nepal nga een ac tod opin vie ray al etna lie? 40 eal um pe ere eno dx cos deat ede et vb enc ar ri tel 0 peo noaor ds egy Ba pier donk sobre a via dear cr Gt ds 0, como ocean proses sar a on mero usd compra pelo cava coarse ee it cmant dx vorade Bec wberana ds wnbooe, SoSN CE tem prints regime no al alee fr au, seats, oa elameno lel em art cater rover feu ncotordre ma bx do ema Gamo ros Conn cere da dco dads Sexgeiin 3) -edraemtarn dquo din ide via enh i) cannes ee anes aes 3) farms as pore dee Wal, como via consgrado Lda 3) Ventredirrexotegiliar op yea coatiagio? Se, porém, osescravos 35 game ecrns ro o trabalho que porvntragerasem ea wr. cans propredade dos senhores. Que sentido teria ent para 0 propre: trios cra como indenizasScagilo que naturalmente Tes pertensia?® — Pisoni ligica de defes da propriedade e das ambivalncas ) dis do que o dado pelo emancpacionism conserva, abou desc brindo na pele o lado mais obscuro do poder sear: peep, ameagado,caluniado edie more fame, sebou send com lid, pela presso dos exravitas herd daguescongeponem {oro do Clube de Lavora loa suri mina mito mara do que se podia epear xe levarmos em contac iniode na tei” ‘Anal decontas, osboliconiza rata, rst con code Mago, joel qu prac 1864, ainaborsessocssasito forma leitima de def, hia nia ua cre bison Sind a participa, em TORT, i Sociedade Libertador Camps Bae oF OY anpeosaeradaes G6 ‘ala aie rene eran come oma pete ks: EB mobilidade aque pasavam asc oskandos A eseteOrST wy SSTioe Revol, simples Fino ta calada TOES cf Ea ee ered dea rand dn fed em B08 | tandos caianeads po gus age ce cidade, om grupos deesraves passa —_—_—[_$_ $=

You might also like