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CONPROVE TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS. ANALISE DE OSCILOGRAFIAS & DISTURBIOS Analise de Perturbagées em Sistemas Elétricos Rev. 2 Revisdo de Textos 15/05/2017 BGI/FCB ~ “Assuntos ~ 7 7 ANALISE DE OSCILOGRAFIAS - DISTURBIOS Instrutor Paginas: Moisés Junior B. B. Davi 106 REPRODUCAO PROIBIDA PENALIDADES DE ACORDO COM A LE! Rua Visconde de Ouro Preto, 75 - Custédio Pereira - Uberlandia - MG - CEP 38405-202 Home page: www.conprove.com br - E-mail: conprove@conprove.com br Pabx (34) 3218-6800 - Fax (34) 3218-6810 CONPROVE TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS ‘Sumario Lista DE Ficuras 4 4. REvisho GERAL 6 1.1 “P.U.” ou “PoRUNIDADE” 6 1.1.1 EFEITOP.U, Nos TRANSFORMADORES. 7 1.1.2 MUDANGA DE Bases 10 1.2 Componentes SIMETRICAS. a 1.3 MopELacem o¢ Equiramentos 4 1.3.1 LINHASDE TeANsmissfo 15 1.3.2 TRANSFORMADORES v7 1.4 AWAUSE DE CurTo-ciRCUITO 20 1.4.1 CurTo-Circuiro TaiFAsico 2 1.4.2 CurTo-Circuiro MonoFasico 23 1.4.3 CuRTO-CiRcUITO BiFASICO. 27 1.4.4 CuRTo-CincurTo Birasico-TeRRA, 30 14,5 Criterios Praricos 33 2. CONCEITOS GERAIS DE ANALISE DE PERTURBAGOES . 2.1 IMPORTANCIA D& ANAUSE DE PERTURBAGOES 4 2.2 DerimicdEs TeRMINoLOGIAS os 39 2.2.1 Glossério de termos técnicos 39 2.2.2 Metodologia de Classificosdo Estatistica 41 2.2.3 Conceituagdo quanto ao Sistema de Protecdo 46 2.2.4 Classificagdo geral das Perturbagées (ONS) 49 2.3 CONHECIMENTOS TECNICOS NECESSARIOS PARA A REALIZACAO DE ANALISES 55 3. REGISTROS OsciLocRaricos. 3.1 EVOLUGAO Dos ReGIsTRADORES OsciLOGRAFICOS s7 3.2 ESPECIFICAGAO DE REGISTRADORES DE PERTUREACAO 57 3.3. Arquivos No Formato COMTRADE . 58 3.4 SOFTWARES DE PARAMETRIZACAO E COLETA DE OSCILOGRAFIAS 60 Pagina ae 108 CONPROVE = _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS 3.5 SOFTWARES DE ANALISE DF OsciLOGRAFIAS. 62 35.1 Conceiros Basicos. oo 62 3.5.2 SOFWTARE SIGRA - SIEMENS 63 3.5.3. SOFTWARE ANALISE - REASON 68 4, ANALISE DE OSCILOGRAFIAS 4.1, Fendmeno de Curto-Circuito: 78 4.2, Protecdes de Tensao e Frequéncia: - 78 5, FUNDAMENTOS DE PROTEGAO 5.1, Filosofia de Protecdo de Linhas de Transmissao / Distribuicao: 81 5.2. Filosofia de Protecdo de Transformadores / Reatores: 82 5.3. Filosofia de Protecao de Barramentos / Protecac Local 83 6.1, Perturbacdes Tipicas Envolvendo Linhas de Transmissao / Distribuicao 84 6.1.1, PERTURBACAO PROVOCADA POR DESCARGAS ATMOSFERICAS: 84 6.1.2. PeRTURBACAO PROVOCADA POR VEGETAGKO: 87 6.1.3, PERTURBACAO PROVOCADA POR QUEIMADA 90 6.1.4. PERTURBACAO PROVOCADA POR DANIFICACAO DE EQUIPAMENTOS: -eeesne 90 6.1.5. PERTURBACAO PROVOCADA POR QUEDA DE TORRES ee 1 6.1.6. ATUAcao DA FUNCKO SOTF 21 6.1.7. ATuacio DA FUNCKO ECO / Weak INFEED: 92 6.1.8, ATUACKO DA FUNCAO DE OSciLAGAO DE POTENCIA 93 6.1.9. FALHAS EM CABOS SUBTERRANEOS: 99 6.2, Perturbagdes Tipicas Envolvendo Transformadores e Reatores 99 6.2.1, FALTA INTERNA AO EQUIPAMENTO PROTEGIDO — PROTECRO ELETRICA 99 BiBLIOGRAFIA 106 CONPROVE TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Figura 1 — Modelo de circuito de transformador de poténcia 7 Figura 2 — Modelo de circuito de transformador de poténcia, com as impedancias do secundario referidas parao primario 9 Figura 3 ~ Circuito em malha de uma linha de transmisso conectando duas barras (Xe Y) do sistema...... 16 Figura 4 — Transformadores do tipo nticieo envolvido e niicleo envolvente, respectivamente....smer 1B Figura 5 — Representaco do circuito de sequéncia zero de um transformador, com 4 chaves, e critérios de ligacao 18 gura 6 ~Circuitos equvalentes de sequéncia zero de transformadores (Fonte: Power System Analysis, STEVENSON, Willi) sures snnnnoe 19 Figura 7 ~ Diagram triflar de sistema simplifcado (falta trifésca) ~Z; pode ser flerente de zero, ca30 0 contato seja realizado através de impedancia . . 21 Figura 8 ~ Diagrama unifilar de sistema simplificado (falta trifasica) 22 Figura 9 ~ Fasores dos componentes de sequéncia de corrente durante operagéo normal e em falta trifasica: hd somente corrente de sequéncia positiva 2 Figura 10 - Oscilografia: Falta trifésica em linha de transmissao de extra-alta tensio. 23 Figura 11 - Diagrama trifilar de sistema simplificado (falta monofasico envolvendo a Fase A) -Z; pode ser diferente de zero, caso 0 contato seja realizado através de impedancia 24 Figura 12~Diagrama de sequéncia para fata monofisica envolvendo a Fase A eo diagrama dos fasores de sequéncia, oo 25 Figura 13 ~ Fasores dos componentes de sequéncia de corrente para a operacio em condicées normais e durante uma faita monofasica 25 Figura 14 - Fasores dos componentes de sequéncia de corrente durante uma falta monofésica 26 Figura 15 - Oscilografia simulada: Falta monofasica ao longo de LT (envolvendo a fase A)... 7 igura 16 - Diagrama trifilar de sistema simplificado (falta bifasica) ssnnnes 27 Figura 17 ~Diagrama de sequéncia para falta bitsica envolvendo as FasesB e Ce 0 diagrama dos fasores de sequéncia. oo snes 2B Figura 18 - Fasores dos componentes de sequéncia de corrente para a operacao em condigées normais e durante uma falta bifasica, 29 Figura 19 ~ Oscilografia simulada: Falta bifasica (sem contribuic3o de terra) ao longo de LT (envolvendo as fases Ae B) 30 ura 20 ~ Diagrama trifilar de sistema simplificado (falta bifasica) .. 30 Figura 21 ~ Diagrama de sequéncia para falta bifasica-terra envolvendo as Fases B e Ce 0 diagrama dos fasores de sequéncia . on 31 Figura 22 — Fasores dos componentes de sequéncia de corrente para a operacao em condicées normais © durante uma falta bifasica-terra oe 32 Figura 23 ~ Fasores dos componentes de sequéncia de corrente durante uma falta bifésica-terra 32 Figura 24 — Oscilografia simulada: Falta bifasica-terra ao longo de LT (envolvendo as fases B e C) 33 Figura 25 ~ Fluxograma basico do ciclo retroalimentado da andlise de perturbacées, 34 Figura 26 - Recursos necessarios para iniciar a andlise de perturbacdes = 35 ech yas : “= _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Figura 27 ~ Arquitetura padrao de um Sistema Automatico de Coleta de Oscilografias 38 Figura 28 - Fluxograma simplificado do processo de anilise de perturbacdo .. 39 Figura 29 ~ Fiuxograma da Funcao SSI (Sem Sinaliza¢3o) 47 Figura 30 Fluxograma da Funco SOR (Sem Operar Relé) . - semen AT Figura 31 ~ Lista de fungdes globais de protecao so . 49 Figura 32 ~ Diagrama elétrico simplificado (sistema hipotético), 49 Figura 33 Diagrama elétrico simplificado (sistema hipotético) 50 Figura 34 ~ Diagrama elétrico simplificado (sistema hipotético) 51 Jura 35 ~ Diagrama elétrico simplificado (sistema hipotético)..... 52 ura 36 — Diagrama elétrico simplificado (sistema hipotético) srsnmnnssnnnns 54 Figura 37 Registro oscilografico (Canais de tensdo / Canais de corrente) 56 Figura 38 — Arquivo de cabecalho (hdr) - COMTRADE 59 Figura 39 - Arquivo de configuracdo (.cfg) - COMTRADE 60 Figura 40 — Arquivo de dados (.dat) - COMTRADE 60 Figura 41 ~ Logo ABB PCM600 . . 61 Figura 42 ~ Logo SIEMENS Digsi 5 Premium. . . so 61 Figura 43 ~ Logo SIEMENS Digsi 4 - co - 62 Figura 44 ~ Logo Schneider Electric MICOM S1 Studio . 62 Figura 45 ~ Logo Schweitzer Engineering Laboratories SELS030 AcSELerator. 62 Figura 46 ~ Pagina Inicial Software SIGRA 4. 63 Figura 47 ~ Arquivo de parametrizac3o (.rio) - COMTRADE 65 Figura 48 - Software SIGRA 4 (Deslocamento do Vetor impedancias) 65 Figura 49 - Software SIGRA 4 (Time Signals / Harmonics / Vector Diagrams). 66 Figura 50 ~ Pagina inicial Software SELS601 ~ AcSELerator Analytic Assistant ...£rro! Indicador nao definido. Figura 51 Software SELS601 ~ AcSELerator Analytic Assistant (Time Signals) ...Erro! Indicador nao definido. Figura 52 — Software SEL5601 ~ AcSELerator Analytic Assistant (Spectral Analysis / Harmonic Analysis)... Erro! Indicador nao definido. Figura 53 ~ Software SELS601 ~ AcSELerator Analytic Assistant (Anélise do Plano Alpha)...Erro! Indicador nao definido. Figura 54 — Pagina Inicial REASON Anélise Verso 0710. on 68 Figura 55 ~ REASON Andlise (Time Signals). 68 Figura 56 ~ REASON Andlise (detalhamento da grandeza selecionada) 6 Figura 57 - REASON Anilise (detalhamento do menu Grandezas Graficas) 70 Figura 58 — REASON Andlise (detalhamento do menu Conjunto Grafico).... nm Figura 59 - REASON Analise (Diagrama Vetorial) R Figura 60 ~ REASON Andlise (Configuragao da Barra de Ferramentas) 74 Figura 61 ~ REASON Andlise (Anélise Harménica ~ tabular e grafica) 76 Figura 62 ~ REASON Anélise (Sequencial de eventos) on 7 Taga ae 105 Tn « os CONPROV. sw TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS RevisAo GERAL Este captulo tem o intuito de revisar alguns conceitos basicos, porém fundamentais para o entendimento do Sistema Elétrico de Poténcia, bem como seu funcionamento, seus disturbios, etc. So tépicos que serdo amplamente utilizados durante 0 processo de anélise de perturbagées, mesmo que de maneira instintiva Abordaremos as definicdes de “por unidade” ou “p.u.” e de componentes simétricas ou de sequéncia; algumas nocées de modelagem de equipamentos sob a éptica das componentes visitadas © 0 comportamento do sistema sob diversos tipos de faltas. Isto nos auxiliard a reconhecermos 0 distirbio € saber como trata-lo e por onde iniciar a analise. 1.1 “P.U.” ou“Por uNIDADE” A representacio em “p.u.” pode ser entendida como uma mudanca na dimensao dos sistemas. Sabe-se que © Sistema Interligado Nacional é formado pela conexo de varios equipamentos com valores distintos de poténcia, tensdo, corrente e impedancia. Dessa maneira, a fim de facilitar a anélise sistémica, foi criado 0 sistema “p.u.” ou “por unidade” de modo que fosse possivel a comparacao entre os dados de equipamentos de diferentes tenses e poténcias de maneira mais significativa e correlacionada. Veja, caso haja uma linha de transmissao operando com a tensao de 95 kV, pode se afirmar que o equipamento esta com sobretensao? Este valor é grande ou pequeno? A resposta dependerd unicamente da tensdo de referéncia do equipamento, e 0 valor por unidade carrega esta informacéo, © valor por unidade de qualquer grandeza definido como a relacdo entre o valor real e 0 valor base (referéncia), expressa como um decimal. Em resumo, para encontrar 0 valor em “p.u.” de uma grandeza, basta dividir o valor real pelo valor de base. Valor Valorpy, = | Valorsase As grandezas de poténcia, tensao, corrente, e impedancia sdo to correlacionadas, que a selecao de valores bases para quaisquer dois deles determina os valores bases dos dois restantes para o sistema a ser estudado. Por exemplo, se especificarmos os valores bases da poténcia e da tensdo, a corrente base e a impedancia base podem ser facilmente determinadas através das equagGes basicas de eletricidade. Sabendo disso, cabe ressaltar algumas premissas: a) Os valores de base sao grandezas escalares, sendo geralmente apresentados nas seguintes unidades: L. S.=Poténcia de base, em MVA; Il Vs=Tensao de base, em kV; lll, = Corrente de base, em Ae IV. Z:=Impedancia de base, em 0. Taga 6 de06 CONPROVE = _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS b) Para um dado sistema elétrico, os valores base normalmente escolhidos so tenséo e poténcia, sendo que os valores de impedancia e corrente so obtidos pelas formulas abaixo. 1000 Sp, Vease [0] a Sease pase ASE V3 Vease c) Aescolha de um valor de base ¢ arbitraria, porém utiliza-se, convencionalmente, 100 MVA para o valor de Poténcia de base € o valor da tensdo é escolhido de acordo com a tensdo com a qual o equipamento opera (para Linhas de Transmissio de 440 kV, por exemplo, seu valor de tensio de base é 440 kV; para Transformadores, a tensio escolhida é a do lado de alta tensa); d) Quando se utiliza o sistema “p.u.", 0 Angulo de fase nao ¢ alterado, isto é, para transformadores que inserem defasagem no sistema, esta deve ser considerada; 1.1.1 Ereiro P.U. Nos TRANSFORMADORES Vamos analisar 0 modelo do transformador e suas equacées: Transformador ideal Figura 1—Modalo de circute de transformador de potancia Na figura acima, temos a representagao do circuito do transformador, onde: ‘+ Ve V, so as tenses primaria e secundaria, respectivamente; ‘+ R.e R, so as resisténcias dos enrolamentos primario e secundério, respectivamente, representando as perdas elétricas pelo efeito joule, ou seja, a energia dissipada no cobre dos enrolamentos; + Xe X, sio as reatancias de cada enrolamento, que representam a dispersao de fluxo magnético no Togna? de 106 CONPROV! TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS +R: € Xw So as componentes do ramo paralelo, correspondentes a5 perdas no ferro ou perdas no niicleo (perdas de Foucault, causadas por correntes induzidas (parasitas) no material ferromagnético € perdas por histerese) e as correntes de magnetizaco do nticleo ferro-magnético, respectivamente. Apenas a titulo informativo, um transformador de poténcia com fator de carga unitério possui rendimento aproximado de 98%, isto é, as perdas em plena carga representam 2% da poténcia nominal. A corrente de magnetizag@o mencionada acima, & cerca de 5% da corrente a plena carga no primério, podendo atingir, em alguns casos, 10%. A fim de simplificar os calculos do modelo apresentado, pode-se representar as impedancias do lado secundario referidas ao lado primario, por meio da relacdo de transformacao do equipamento, conforme abaixo: Sabemos que: logo " A | Desta forma, teremos: Assim, para representar 0 efeito da impedancia Z:no lado primério, basta multiplica-la pelo quadrado da relagao da transformagao, “a” Pagna8 ae 06 CONPROVE TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Figura 2 — Modelo de circuto de transformador de poténcia, com as impedanclas do secundario referidas para primério Com isso em mente, ao iniciarmos o trabalho com o sistema p.u., € comum surgir a divida de qual valor de base escolher: considerar o lado de alta tensao ou o lado de baixa? Devo referir a impedancia primaria a0 lado secundaria ou vice-versa? Note que as impedancias priméria e secundaria, em p.v. sdo escritas da seguinte maneira 2, Entretanto, foi mostrado que: Assim: # (acset/,y panda Zpu2 = Zour Tagens ae0e CONPROYVE sm _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Conclui-se, entdo, que quando da utilizagao do sistema p.u. nos transformadores, 0 valor da impedancia em p.u. € 0 mesmo para ambos os lados do transformador, ndo importando qual o lado escolhido para realizar 0 calculo das bases. 1.1.2 Mupanca de Bases Normalmente, a impedancia dos equipamentos é informada em p.u., porém com base em seus valores nominais, que muitas vezes, sao diferentes dos valores do sistema estudado. Para a andlise ser correta, € necessario converter todas as impedancias para uma base comum, € isso pode ser feito por meio de uma equacao muito simples: Zpu tine Z(p.u.) = 70h) Ase Srase avrica Z'(p.u) _ Swova ease Viase anrica ZU)” Viova case Sease avrica Syova 2'(p.w.) = 2 (p.w.)(' Pagina 10 de 105 ce — CONPROVE c= _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS. 1.2 Componentes SimerRicas O sistema de componentes simétricas é uma ferramenta desenvolvida pelo Dr. Fortescue em 1918, que facilita 0 estudo de sistemas polifasicos em caso de desequilibrio. Esse recurso é essencial no calculo de curto-circuito para sua simplificac3o, uma vez que permite a utilizaggo independente de circuitos monofisicos. © método pode ser resumido pelo seguinte enunciado: “Um sistema trifésico desequilibrado pode ser decomposto em trés sistemas equilibrados e desacoplados; esta decomposicao é unica” Como apoio matematico, usaremos os seguintes operadores unitarios: 2 120° =-0,5 +) 0,266 \ Z 240° =~ 0,5 - 0,866 Z Sao chamados de operadores unitarios, pois sua fungdo € 0 destocamento angular ao serem multiplicados por qualquer fasor, NAO HAVENDO ALTERAGAO NO MODULO DO FASOR! Os sistemas resultantes sdo os seguintes ‘+ Sequéncia positiva (+): conjunto de trés fasores iguais em médulo, girando no mesmo sentido € velocidade sincrona do sistema original, defasados 120° entre si com a mesma sequéncia de fases dos fasores originais (presentes durante condicdes trifasicas equilibradas). Pode ser indicado utilizando 0 indice + ou 1. Note, na figura abaixo, que o fasor da fase 8 é constituido pelo fasor da fase A, deslocado em 240 graus; 0 mesmo ocorre com o fasor da fase C que ¢ deslocado apenas em 120 graus. Ao lado, as equagées dos fasores utilizando os operadores a e a° SEQ) Vere » Var ~S Var = Van Vor = a Vat Va= aVan Vea Pagina i de Tos CONPROV! = _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS, ‘+ Sequéncia negativa (-): conjunto de trés fasores iguais em médulo, girando em velocidade sincrona ‘em dire¢ao contraria ao sistema original, defasados 120° entre si com sequéncia oposta a sequéncia de fases dos fasores originais (desequilibrio existente no sistema). Utiliza-se o indice ~ ou 2. Dessa vver, 0 fasor da fase 8 & composto pelo fasor da fase A deslocado em 120 graus, e 0 da fase C, em 240 gfaUs. Is50, devido a sequéncia de fases oposta, caracteristica da sequéncia negativa; Vio = Vio Veo = @ Var Veo = a’ Va2 + Sequéncia zero (0): conjunto de trés fasores gerados por um campo magnético estatico pulsatério com fases iguais em médulo, sem defasagem angular entre as fases (desequilibrio existente no sistema com envolvimento de terra). Vao = Wao) Veo = Vao) Veo = Vao 0 sistema ¢ decomposto de modo que para retornarmos ao original, basta somarmos as componentes de cada fase, como pode ser visto na imagem abaixo: Ref Tigno iz de 106 CONPROVE ———_TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS De maneira matematica, representa-se essa operacao da seguinte maneira, com as equacdes de sintese: Va = Vai + Vaz + Vao Va = Ver + Veo + Veo Ve = Ver + Ver + Veo Utilizando 0s operadores unitarios e as equagées ja apresentadas, é possivel escrevermos as equacdes de sintese das fases B e C em funcao das componentes da fase A. Dessa maneira, de um sistema de 3 equacdes € nove incégnitas, passamos a ter um sistema de 3 equacées e 3 incégnitas, possivel e determinado, Va = Va + Vaz + Vao = ' aVa + aVan + Vao aa + 9 a Vat Vao Escrevendo estas equacdes em forma de matrizes, teremos: Va 1 1 177%a0 | = : a® a | {Var Ve 1_a_a7JLV,2 > x = Onde, P é a matriz das componentes de fase; A é a matriz transformacao e 5 é a matriz das componentes de sequéncia, A fim de obtermos as equacdes das componentes simétricas utilizando as componentes de fase, necessario manipular a equago matricial acima, mmanipulando a peas cute yep aes ort, ere 6 Vals a Viol 3la a2 3 at P Da equaco matricial acima, extrai-se o seguinte sistema de equacdes, denominadas equacées de anzlise: Pogo ta de 108 aa CONPROVE ————_TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Vao = 1/3 (Va + Ve + Ve) Vy1 = 1/3 (Vy +a Vp +a? Ve) Vaz = 1/3 (Va +a? Vp ta Vc) Vale lembrar que estas equagées sao validas para correntes também. Algumas conclusées podem ser inferidas a partir da analise dessas equacdes: * Em circuitos trifasicos equilibrados, ndo ha componentes de sequéncia zero: Va + Ve + Vc — Vio = 1/30) =0 + Em circuitos trifésicos equilibrados, no ha componentes de sequéncia negativa pen, ta( vere +ave)=Yscr+ Ve + Vg) =0 Ve v + Emm sistema trifésico com condutor neutro, temos: hao = M3 (la + Io + Ie) Iy = (a + Ip + Ie) Vygis "2 ty = the 1.3 MODELAGEM DE EquiPAMENTos Para possibilitar o estudo de um sistema desequilibrado utilizando as componentes simétricas (calculo de curto-circuito; seletividade de protecdo, etc}, é essencial saber como os equipamentos se comportam nas diferentes sequéncias apresentadas: positiva, negativa e zero. Os modelos para as sequéncias positiva e negativa so semelhantes entre os equipamentos. 8 0 de sequéncia zero difere dos dois, tanto em questo de valores, quanto pelo fato de depender do tipo de Pagina a de 10 een ae “————— _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Os elementos passivos do sistema, como linhas de transmissao e transformadores, operando sob condicées desequilibradas, podem ser descritos pela seguinte equaco matricial (Lei de Ohm): Vp = 2 Ip Sendo 2. a matriz da impedancia do equipamento, de tamanho 3x3, representando as trés fases (A, B eC). A fim de transformarmos a equaco acima, que utiliza as componentes de fase, em termos de componentes de sequéncia, basta utilizarmos a transformacao mencionada em item anterior: portanto AS 5 Vp =AVs; Ip =Als Logo AL Vs = Ze. Als Como 0 intuito obter a matriz de sequéncias, por meio da utlizacao da matriz inversa (A. A = 1}, € possivel isolar o termo de sequéncias. Multiplicando os dois lados por A AT. Zc. A Is A matriz A’. Z.. A que aparece no segundo membro da equagdo acima é definida como Z:, é uma matriz diagonal e representa a relacdo entre a tensdo e corrente de sequéncias. Assim, sabe-se que a partir da matriz de impedincias de um equipamento, pode-se chegar aos elementos de impedancia no sistema de componentes de sequéncia, ¢ ¢ isso que sera feito a seguir 1.3.1 LINWAS 0 TRANSMIssKo Para definir 0 modelo para Linhas de Transmiss4o, vamos analisar a seguinte malha: Pago ts de 105 CONPROYE ———_TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Figura 3~ Circuito em malha de ums linha de transmissfo conectando duas barras (ke ¥) do sistema Em condigdes normais de operagao, sistema equilibrado, as correntes e tenses em ambos os terminais s30 simétricas, portanto, a soma fasorial das grandezas das trés fases 6 nula, isto , Iy=0. Dessa maneira, ndo ha diferenca de potencial entre os neutros locals (Vex = Vay = 0) Sob condigdes desequilibradas, a soma das correntes sera diferente de zero, ou seja, I = I, + Is +L provocando uma queda de tensdo na impedancia de neutro z.. Assim, escrevendo as equacdes de malha do circuito acima, teremos ly =(h + 1p + 1c) AZ. + (la + Ip + leew BZ + (la + Ip + Ie)an Z, + (a + Ip + Iedz Na forma matricial Vax — Vay 2, + 2y Zn an Ia Vex—Vav]=| 2x Zit 2n tN I Vex = Vey Zn ay + 2nt Uct We Tape Te de 105 CONPROV' = _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS: Para obtermos a matriz de impedancia de sequéncias, basta aplicarmos a equacao demonstrada acima, onde multiplicamos a matriz impedancia nos termos de fase pelas matrizes de transformacao (Z:= A”, Z: . A) Assim, teremos: Por fim: Z, 0 0 Z=|0 Dy 0 0 0 2, +32 A matriz Z., como ja apresentado acima, fornece as impedancias de sequéncia de uma linha de transmissao: Z=Z 2=Z, Zo = 2, + 32, Conclui-se que em linhas de transmissao as impedancias de sequéncia positiva e negativa séo iguais e a impedncia de sequéncia zero € funcao do caminho de retorno da corrente. 1.3.2 TRANSFORMADORES No caso de transformadores, a sequéncia positiva é simplesmente um parémetro série, obtido através de ensaios, geralmente realizados pelo fabricante. Sendo o transformador um elemento passivo e estatico, a impedancia de sequéncia negativa ¢ idéntica a de sequéncia positiva Por sua vez, a impedancia de sequéncia zero depende de dois fatores: tipo de nticleo do transformador e 0 esquema de ligac3o, No que se refere ao tipo de niicleo, existem basicamente dois tipos: nicleo envolvido (core-type) e niicleo envalvente (shell-type). Pago? de 105 CONPROVE = _TREINAMENTO - CONSULTORIA - INSTRUMENTOS PARA TESTES ELETRICOS Figura 4 Transformadores do tipo nicleo envolvido ¢ ndcleo envolvente, respectivamente © transformador de ntcleo envolvido é de fabricacdo mais facile barata, no entanto, menos eficiente. J8 0 transformador de nticleo envolvente, apesar de requerer tecnologia mais avancada na sua fabricaco © em Virtude de possuir uma concatena¢o maior entre as bobinas, apresenta reatancia de dispersio menor. ‘A impedancia de sequéncia zero também dependers do tipo de conexio adotada, nos lados primério e secundario: estrela, estrela aterrada ou delta. Contudo, ha uma maneira simples e prética de entender e determinar © modelo da sequéncia zero para transformadores. 0 critério consiste em conectar a impedancia de sequéncia negativa do transformador com quatro chaves, duas conectadas em série (uma de cada lado do transformador) e duas conectadas paralelamente a referéncia (também uma de cada lado do transformador). Se a chave se mantera aberta ou fechada esta unicamente relacionado ao tipo de conexao dos enrolamentos do transformador sob estudo. oy Para o lado ESTRELA ATERRADO: fechar a chave | 2% | série e manter aberta a chave shunt; t \ Para o lado DELTA: Fechar chave shunt e manter | | aberta a chave série; * a Para o lado ESTRELA: Manter ambas as chaves abertas; ‘Chaves shunt Figura 5 ~ Representaco do circuito de sequéncia zero de um transformador, com 4 chaves, e critérics de ligacdo Seguindo essas regras, teremos as seguintes possibilidades: Pagina 18 de 106

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