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Educa¢ao Tele © 2020 by Zilma de Moraes Ramos de Oliveira © Direitos de publicagéo CORTEZ EDITORA Rua Monte Alegre, 1074 ~ Perdizes (05014-001 - Sao Paulo ~ SP ‘Tels (11) 3864-0111 Fax: (11) 3864-4290 corter@cortezeditora.com.br ‘www.cortezeditora.com.br Diregéo Jost Xavier Cortes Editor Amir Piedade Preparacio Alexandre Soares Santana Revisio Alessandra Biral Alexandre Ricardo da Cunha Rodrigo da Silva Lima Edigio de Arve Mauricio Rindeika Seolin Iustragdo de capa Cleido Vasconcelos Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) [brea cece reac annie olen asd cums tebe Gore omen enous van nsataps saan Psa sete 1. Educagao de criangas 2. Professores - Formagao profissional |. Titulo Il. Série, 19-29899, cpp-372.21 Indices para catdlogo sistemético: 1. Educagio Infancil 372.21 Tolanda Rodrigues Biode XX Educar e cuidar em tempos da Base Nacional Comum Curricular para a Educacao Infantil Como apresentado anteriormente neste livro, a Educagao Infantil em nosso sistema de ensino tem sofrido significativa transformagao, como aponta uma série de fatores. Sua aplicagdo na Educagao Bdsica pela Constituigéo Federal de 1988 e sua regulamentagao pela Lei n* 9394, de 20 de dezembro de 1996 (LDB) tirou 0 atendimento em creches da esfera assistencial e o integrou ao trabalho pedagégico realizado nas pré-escolas dentro de uma perspectiva de constituirem a primeira etapa da Escola Bdsica: a Educagéo Infantil, Além disso, a extensa produgdo cientifica realizada em diferentes dreas do conhecimento sobre os processos de aprendizagem ¢ desenvolvimento de criangas de até cinco anos de idade tem revolucionado a visto de crianga pequena e suas possibilidades de aprender, bem como destacado questoes como subjetividade, diversidade, justica social e garantia de direitos as criangas desde 0 nascimento e trazido novas perspectivas para 0 trabalho pedagdgico na Educagdo reitera-se a importancia Infantil. Nessa perspectiva, cada vez mais, i" de se conhecer 0 modo como cada crianga experimenta 0 mundo ¢ se percebe acolhida ou excluida em sua comunidade, na unidade educacional, e na sociedade como um todo. 191 ‘As DCNEI definem a crianca como “sujeito histérico ¢ de direitos ex ierge,brinct, imagina fantasia, desea, aprende, observa, exper spent, narra, questiona € consti sentidos sobre a natureza ea sociedade, produrindo cultura art. 4°, da Resolugio CNE/CEB n° 5, de 17 de de- sembro de 2009). O reconhecimento desse potencial aponta para o direito, desde onascimento, deas ciangas terem aceso a processos de apropraséo, cenovasioe articulagéo de saberes e conhecimentos, como requsito para a formacio humana, para a participagéo social e para a cidadania. Tal definigao explicita o modo de as criancas conhecerem o mundo socal e da natureza a0 se apropriarem das diferentes linguagens, tecno- logis € conhecimentos que af circulam, constituindo atitudes e ages de solidariedade aos demais ¢ de sustentabilidade da vida no planeta Terra. Para isso, elas precisam imergir em interessantes situagées, pesquisar as caracteristicas dos objetos de conhecimento investigados, tentar solu- ies, perguntar ¢ responder a parceitos diversos, expor ideias, em um process ligado &s possibilidades abertas pelasinterag6es infantis. ‘As DCNEI propéem uma concepsio de curriculo que difere tanto de uma posigéo que destaca a transmisséo unilateral do conhecimento pelos adultos, quanto de uma visio de que criangds devem ter acesso apenas © que suas culturas infantis Ihes apresentam. Segundo o art. 3® da Resolugio CNE/CEB n° 5, de 17 de dezembro de 2009, 0 curriculo Econcebido como {.} um conjunto de prétieas que buscam articular as experiéncis eo sa- beres das criangas com os conhecimentos que fozem parte do patrimé cultural, artistic, ambiental, cientffcoe tecnolégico, de modo a promover 0 desenvolvimento integral de criangas de 0 a5 anos de dade Nessa concepgio, o curriculo é constitufdo pelo conjunto de si- ‘tuagbes cotidianas organizadas em cada unidade de Educagéo Infantil com base em seu projeto pedagogico. O foco é mediar a formagio Pela crianga de uma visdo plural de mundo.e de um olhar que respeite 48 diversidades existentes entre as pessoas, apoiando as peculiaridades das ctiancas com deficiéncia, altas habilidades/superdoragio, transtor- ‘nos de desenvolvimento, distirbios orginicos ou outros problemas de 193, 194 vey cna eros na Bast Nona Comin CommcuLAt Pala A EI saiide que impliquem cuidados ¢ educagio diferenciada. Para tanto, as instituig6es de Educagio Infantil precisam conhecer ¢ trabalhar a, diversas culturas que constituem 0 espago da creche e da pré-escola, 4 riqueza das contribuigdes familiares, suas crengas e manifestagées, ¢ 1 saberes ¢ especificidades de cada comunidade. Isto possibilita uma excelente oportunidade para constante reflexio e intervensdo no co diano da Educagio Infantil no combate ao preconceito, a0 racismo e is discriminag6es de género, étnico-racial, de classe social. A responsabilidade dos professores e das unidades de Educagio In- fantil cotidianamente esté em interagir com as criangas, observando seus modos de expressarem ¢ claborarem saberes. Com base nesse processo dindmico de acolhimento dos saberes infantis, o(a) professor(a) seleciona conhecimentos do patriménio cultural, artistico, ambiental, cientifico € tecnolégico que sejam os mais significativos para as criangas e plancja possibilidades de situag6es interativas e contextualizadas, néo se pautan- do em contetidos preestabelecidos ¢ lineares. Assim a apropriagdo € a construgio de conhecimentos pelas criangas nas unidades de Educagio Infantil, néo apenas urbanas, mas também nas éreas rurais, efetivam-se na participagio delas em diferentes priticas culturais mediadas pelo(a) professor(a) nas quais interagem com adultos © companheiros de idade. Nessas interagées, os bebés e as criancas pe- ‘quenas recriam as priticas sociais e se apropriam de formas culturais de observar o mundo fisico, social e natural a seu redor, de indagar sobre cle de criar hipéteses ¢ expor suas opini6es, em um processo em que mani- festam de forma integrada 0 afeto, a emogio, a linguagem, a ludicidade. 2. Direitos de aprendizagem na Educacéo Infantil Falar que aprender é um direito da crianga desde pequena imp6e algumas consideragées. A primeira delas é relativa 20 que se entende por aprender. Jé apontamos nos capiculos “A construgdo social da crianga’ € “O desenvolvimento humano ¢ uma tarefa conjunta e reciproca” qu®> oveat cue ou rors Micon Coma Cmca rn Eucla desde cedo, a crianca modifica seu comportamento € ¢ mais complenashabildades na interagdo com anions en ae cadores, entre outros sujitos. Embora elementos orginioos estcjam en. volvidos, essas modificagées sio muito mais devidas a0 que é entendido como aprendizagem, forma bisica de insergio da criansa em determi nada cultura com seus saberes e formas de sentir, pensar, agir, falar. Em segundo lugar, quando se fala em aprender, o foco difere muito da ideia de transmissio unilateral de saberes pelos adultos Considerando 0 disposto nas DCNEI, a BNCC estipula que seis direitos de aprendizagem devem ser garantidos is criangas, orientando- -se 0s projetos politico-pedagégicos de todas as unidades de Educacéo Infantil. Elas tém o direito de aprender a: * Conviver com outras criangas ¢ adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em relagio & cultura ¢ as diferencas entre as pessoas. © Brincar de diversas formas, em diferentes espagos ¢ tempos, com di- ferentes parceiros (criangas ¢ adultos) de forma a ampliar ¢ diversificar suas possibilidades de acesso a produgées culturais. « Participar ativamente, com adultos ¢ outras criangas, tanto do plane jamento da gestio da escola e das atividades propostas pelo educador {quanto da realizagio das atividades da vida cotidiana, como a escolha das brincadciras, dos materiais ¢ dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens ¢ laborando conhecimentos, decidindo e posicionando-sc. movim 5, palavras, + Expl imentos, gestos, sons, formas, texturas, COE, Pr ae sransformagées, relacionamentos, hstéras, bjetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando seus saberes sobre a on fem suas diversas modalidadest as artes, a escrita, a ciéneia ea tecnologia. riativo e sensivel, suas necessidades, + Expressar como sujitodislépico, Speen’ ve descobertas, opinides, ques- emogées, sentimentos, diividas, hipéteses, tionamentos, por meio de diferentes linguagens. 195 aaa Buch or, ovca cn rows ok Bas Nao Cont CURIA « Conhecer-se © construir sua identidade pessoal, social ¢ cultura, cconstituindo uma imagem positva de si e de seus grupos de perten. Cimento, nas diversas experiéncias de cuidados, interagoes, brincadei. ras e linguagens vivenciadas na instituigio escolar ¢ em seu contexto familiar € comunitério. Esses direitos atendem aos principios éticos, politicos e estéticos ppropostos pelas DCNEI ¢ destacam saberes que sio, 0 mesmo tem- po, meta da educagio ¢ recurso para 0 atendimento da erianga dentro de um contexto acolhedor e apoiador das iniciaivas infantis. Ou seja, as criangas aprendem a conviver democraticamente conforme convivem com diversos parceiros em um ambiente de escuta do outro, de respeito as diferencas, de negociagées e acordos. O mesmo vale para os demais direitos: aprende-se a brincar brincando, a expressar fazendo uso de lin- guagens expressivas, entre outros. (s direitos expostos devem permear o cotidiano das criancas, fun- damentar as propostas de atividades feitas pelo(a) professor(a) e ancorar © projeto politico pedagégico da unidade, pois diferem (felizmente!) em muito de outras possibilidades de orientar a proposta escolar, como aque coloca o direito/dever de aprender prioritariamente no obedecer, man- terse em siléncio, nao sair do lugar. ABNCC vai mais além em sua intengio de iluminar estruturas pfo-

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