You are on page 1of 24
Chap tes. Desconstrucg, lo6 As teorias da tradugao examinadas até agora 4 n0gf0 de equivaléncia: @ mesma experigncia exrzyn” Ola: de al tena Tinguistica estrutural/dinémica (Cepia 5) (Capitulo 2) ondente (capitulo 4) ou semelhante correlacg ), Fungo literénia - aceitabilidade social na cultura-alvo (capitulo A formal gov, spord0 ges cada teoria é unificada por uma estrutura coneeina presen original e uma representacdo desta na socie dade oeae assume onat e Toury tentaram escapar da camisa-de-forga epistemolg a oder do texto original impde sobre a tradugio, avaliando 0 a que o tradugdo em termos do produto real, e nao do ideal de a ae mas, no fim, tiveram dificuldade para fugir as limitacdes soph tea raizes formalistas, sua abordagem cientifica e Pressuposi¢des epistemoldgicas dualisticas. Continua a davida se é ou nao Possivel pensar nos fenémenos de tradugao em outros termos que nao os tradicionais, Até hoje, todas as teorias de tradugdo tém feito distingdes rigidas entre textos originais ¢ suas tradu- des, distingdes estas que determinam subsequentes afirmagées a respeito da natureza da traduc’o. Os desconstrucionistas, porém, estio se encarregando de reformular, de maneira radical, as questées sobre as quais a teoria da tradugdo se fundamenta. Embora alguns praticantes se distanciem do ter- mo “desconstrug’io”, preferindo “produtividade afirmativa” (Vance, 1985: 135-6), por questo de clareza, usarei o termo desconstrucao. Algumas das questées apresentadas pelos desconstrucionistas sao: 0 que aconteceria se, teoricamente, alguém invertesse a diregdo do pensa- diferentes 183 ue 0 texto original «; se a hipdtese a tradugo, 0 texto of tie Iguem sugerisse vencit do original depende ng a pera an ele contenha, mas daquelas Walidage tug r E ta propria definicd0 do significado dey nts Ue gy ate Ho original, mas pela traducio? E se gu, lo fy * Getermindds ne e ee possa ser estética e cientificamente oo Ny idade iy ver que passat por uma traducdo? © que chine nada mudar a cad eia? Uma forma? Uma coisa? Nada? Podem, atey pes pré-originas, pré-ontol6gicas? Oy descon ences sas perguntas desafiando nodes fundamenat . odas as teorias discutidas antes, mas também quest va natureza do ato de fazer tais perguntas. Foucault, com, Vere a propria nal yestiona 0 questionador, sugerindo que ess, : mais aoe 2 rizada como umn periodo em que o homem faz Perguy ca nio é cara a qual surgem perguntas a partir de algo inerente a nie vonstrucionistas chegam a sugerir que talvez Sejao teat ‘escreve, € nao nds que escrevemos 0 texto traduzidg, as mento e apresen™ say, Cina le de condi nistas N80 dominantes em ‘Speci. sim como aera Tingua. Os desc ido que nos que di constugao desafa os limites da lingua, da escrta as definigBes dos proprios termos apontando para o fato de que as Cennigoes ¢ Fags LOS usados pe discutr conceitos impOem barreiras aS teonas especificas por elas deserias Apesar de nao oferecer uma “teoria de traducao” propria, a Aesconstrugiy contudo, “usa” a tradugdo tanto para questionar a natureza da |i 1a ¢ dg “estar-na-lingua” quanto para sugerir que, no Processo de traduzir texts, podemos nos aproximar ao maximo daquela elusiva nogao ou experiéncia de differance, que “subjaz” & sua abordagem. Esse modo de pensar na natureza da tradugo e na natureza da lingua, portanto, torna-se importante para gs tedricos da tradugdo, nao por definir necessariamente outra abordagem, mas porque aprofunda e amplia a estrutura conceitual pela qual nds definimos o proprio campo. Eu sugiro que a mudanga para uma posigéo mais filosé- fica, da qual toda a problematica da tradugdo pode ser vista, talvez nao s6 seja benéfica para a teoria da tradugiio, mas, depois de tal confronto, talvez discurso que limitou o desenvolvimento da teoria da tradugdo sofra uma transformagao, permitindo novas visdes e renovadas abordagens interdisci- plinares, rompendo um impasse de nogées e termos estagnados. Nos circulos anglo-americanos, a desconstrugio néo é uma aborda- gem normalmente associada com a teoria da tradugdo, seja por tradutores literdrios ou por linguistas; na Bélgica e na Holanda, poucos pesquisadores 7 a jonam sua existéncia, muito menos eS. Eu gostaria de sugerir, porém, a do processo de tradugao, Jacques Derrida, jesconstrugdo € a traducdo estio inexora ee no processo de tradugao, aquela elusiva ye se refere como différance Pode, até g ia ase po: jimites aos quais € possivel ou pelo menos Parece Brau, ser yi ~, pratica a diferenga entre significado ¢ significames 8 trad 20 joo escrito de Derrida, indepe (Dende, gt, 21). Te revolve-Se em torno de problemas gue § Or exemy ent intertigada que © “Nos ndentemente do “tema jpalmente 0 tradutor) a pensar e repensar cada momento em solugdo de tradugdo é apresentada, um item denominado, um, ata princ! a identidade fixada ou uma oraco inscrita, A cada gesto de denominagao, Derrida su gere que uma nota de rodapé, uma nota margem ou um Preficio também servem para invocar aqueles sutis significados suplementaes ivergentes ¢ nogdes tangenciais perdidas no processo de transcrigao, Com 0 foco da in- vestigacao filoséfica redirecionado da identidade para a diferenga, da pre- senga para o suplemento, do texto para o preficcio, a tradugao assume i posigdo mais central que secundaria, pois é aqui que Derrida cria tensio, langa dividas e oferece alternativas. O proceso de tradusiooerece de tro do possivel, um modo de divergit/procrastinar que subverte os modes de pensamento metafisico tradicional que dominam as Premissas acerca da tradugdo, em um sentido especifico, e da filosofia, no aspecto geral, Em contraste com todas as teorias discutidas neste estudo, na base do pensamento de Derrida, encontra-se a pressuposigdo de que nio ha nenhum niicleo (kernel) ou estrutura profunda ou invariante de compara- gio, nada que possamos discernir — muito menos representar,traduzir ou €m que fundamentar uma teoria. Derrida, de fato, “baseia” sua “teoria” de desconstrugao ou no identidade, ou no presenga na nao representativida- de. O que existe, segundo Derrida, sio diferentes correntes de significagio ~ incluindo o “ original” ¢ suas tradugdes em uma relacdo de simbiose — suplementando-se mutuamente, definindo e redefinindo uma fantasma- Soria de igualdade, que nunca existiu nem jamais existira como algo ccido ou entendido. Essa fantasmn, ais vel, conhecido ou entendido asmagoria fixo compres aigum eséncia ov unidade,reprime g yy Pog, ‘um desejo rma coisa em” movimento, em fluxo, “ery, agin ade definir, falar de si oy + fg; de tentar se ; Se fazer 5” gi rio process tradugao tem tradicionalmente envolvig, Presen, determindvel que pode Ser transferidg ran, feanio. A desconstrudo qUESIONA E582 form, 4 uy sistema de sign! rtica da traducdo para demonstrar a instabilida, le ing traducdo ¢ usa 4 P! ‘A desconstrugao resiste aos sistemas de, de Su rica. 7 cs Catep, i oe textofonte” do “text-alv0” ou “lingua 88, existéncia de formas subjacentes independentes da sas tedricas que Pressupoem Seres Originais, em gy 18% e é é . Ide ou forma. Em traducao, 0 que € visivel é a ingua em refer, oe ro e nio as coisas. Portanto, a corrente de si ignificacag ¢ ai a si mesma, — o texto traduzido se torna uma tradugao de outra ae oie ae plas raduzidss,embora Vistas pelos scons = teri . . aa significantes “materia representam nada mais que Outras Palayras aoveentando nada mais ainda que outTas palavras representando, represel A alternativa 5 ga, no fim da década de 1960, durante um periodo de Tevolugig zagao ficado”, nega 2 « questiona prem Fran as ¢ politica, Ao mesmo tempo em que os eventos de maig de 1968 ameagavam derrubar o regime de De Gaulle, um grupo de formal tas gp juntava a um grupo de esquerdistas € come¢ava a publicar, Coletivamente, seus trabalhos no jornal parisiense Tel Quel, o nome que ficou SSOciadg a0 grupo (ver Solers & Hayman, 1981; Kristeva, 1983; Bann, 1984), 14 Quel, no fim dos anos de 1960, era composto de publicagées dos mem- bros centrais Philippe Sollers, Julia Kristeva, Marcelin Pleynet, Jean Pierre Faye, Jacqueline Risset e Jean Ricardou, bem como de membros mais temporarios, como Roland Barthes, Tzvetan Todorov, Pierre Boulez, Jean-Louis Houdebine, Guy Scarpetta e Derrida. Todorov, que viera da Bulgéria, também era versado no estudo do formalismo russo. Vindo de outra diregéo, Louis Althusser, embora ndo considerado um membro do grupo, praticava uma forma de desconstrugao, ainda que retivesse uma dia- [ética marxista e uma metodologia cientifica, exercendo enorme influéncia. Os membros de Tel Quel leram ao mesmo tempo Jakobson e Marx, nem rejeitando nem se identificando com um ou com outro, deliberadamente se recusando a resolver a contradi¢ao de tal postura, a fim de abrir novas vias de pensamento, ont 580 we e ruetion ie “ost! lucdo refletir o tum : to de essa evol e ulto polit ° i década de 1960 é mais que coincidg, a ' = e po fir © ngs: Semiotic Counter-Strategies, Peter Wi i Sei xe consigo Tel Quel” (Wo) Nn, 1982: 219) Social na Frangg len a Readings SUBETE Gue maig ternativo de pensamento dos jovens rag cals dae Com certeza, lu ot doa Paap eventos imeii Publicoy a inérature, a primeira traducao de uma selecao de ca te s a surgir na Franca, que teve impacto gy yistas cane que entrou para o conselho editorial a be © grupo, bem versada tanto na linguistica chomskiang quanto na &m 1979, eo Be amirava Muito 0 tabalho de Baki pore 5 Profi’ seu ensaio The Ruin of a Poetics (1973), que ce ts em esséncia, correto, nio se aprofundava, Princip cl i tos socioldgicos e ideol « eoduzir aspec intr «de maio também. Em 1965, Tzvetan Todor os © trabalho almente ag - COS no arcabougo estrut (Kristeva, 1973). Derrida também admite 9 estagio Necessarig yo turalismo para a atividade da desconstrugo, Em Of Grammatology, ele sugere qUe Saussure face enisndell en SeU projeto até as Conclusies fj. ras; que aquilo que = rechagado Por sua tentativa de limita econter acabou voltando para “perseguir a lingua” (Derrida, 1974: 43.4) Os desconstrucionistas, assim como 08 estudiosos da traducao, anali- samas diferengas, falhas, mudancas e elisdes que fazem Parte de todo tex- to. De fato, é nessa nogdo de comparaco que se podem ver fatores Sociais e subjetivos atuando como restritivos. Assim como as raizes formalistas ajudaram os estudos de tradugdo a enfocar os textos em si,em vez de textos hipotéticos, também a desconstrugio é atrelada ao texto queela lé. Uma vez que as duas “areas” convergem para uma posicio que tenta evitar conceitos independentes, preconcebidos, dos quais se podem categorizar, interpretar eavaliar textos, o valor da desconstrugao para uma teoria pos-estruturalista da tradugdo agora se torna evidente. Entretanto, o formalismo Tusso, bem como a linguistica saussuriana, baseia-se em distingdes formalcon ido, distingdes significado/significante que fundamentam a filosofia metafisica tradicional; e o formalismo russo ainda perturba os estudos de tradugao. Esse pensamento dicotomizado e as hierarquias geradas por tais (privilegiando 0 literario sobre 0 nao literario, 0 metafisico sobre o refe- Tencial ou 0 pensamento puro sobre a estrutura de superficie) sto as mes- mas distingdes que a desconstrugio considera limitantes e contra as quais la atua, Em termos de teoria da tradugdo, que invariavelmente apresenta algum significado determinavel como algo que deve ser reconstituido em pda lingua de um significado identig, rna-se o alvo das perguntas qq de Chivg comegar 0 reexame g Song. te referéns 4 leo, "algo que n ora meus ACBUMENLOS, a Lingua gree c esti além do escopo da teorig da ne gue a tear da tradusdo no pode maig ‘Ady. rod Foucault: desestruturando o original janate de L Heeita Jonge Luis Borges: ous proprios prec Sone isc ge vt moditicard o : 1977: 8). A hut ae al @ introduzida pelos desconstrucioni ‘ tradutor © para cOrTONpEr e nogdo de sear una comparaglo de st descanstrucie . Prac Passa. OG’ de que istas ¢ Serve autoria ¢, com ela, a wutoridade em que s¢ ba. absequentes versdes traduzidas de um texto, Os as argumentam que OS textos originals esto sendo cons. tantomente reescritos NO presente € Ci sada leitura/tradugiio reconstrdi o texto. fonte, Em seu ensaio What is an Author? em Language, Counter-n Practice, Foucault aborda esses problemas observando que as nogdes tre dicionais de autoria original, de atos ory texto origin is de criagdo, da unidade de um de equivaléneia de tradugdo ou semelhanga ¢ de sistemas de valorizagdo constituem o fundamento de nossa compreensiio de literatura ¢ tradugdo, LugeTe que, ao ConcedermMoS status Primordial ao texto eseri- to, nds reinscrevemos em termos transcendentais uma afirmagiio da origem sagrada do texto, A teoria da tradugao tradicional valoriza as nogdes de au- toria ¢ do states primordial de um texto original. Qualquer tradugio de ‘um original para uma segunda lingua envolve uma violag’io do original, dai A Wupossibilidade de criar equivalentes “puros”. Foucault tenta contestar a neste tradicional do autor e suge: do autor™ (Foucault, 1977: 130-1 Te Que Pensemos em termos de “funcdo fixa, ele recomenda, que enfog ). No lugar de uma identidade originaria mec : luemos as relagdes de textos com outros tex- Nemes o discurso especifico de um texto e Particular dentro de sua situagdo historica. es Segundo Foucault, 0 trabalho do autor nio ¢ {nspiragdo espontanea, mas est4 atrel; de inspirag! z lado aos gi © ta epoca € do lugar dos quais © autor tinha go "8S ins. da “ato de criagdo” & na realidage, ow” comtole J0. POT on nado “eatee nade, uma série de oe a ocessos qwE # desiBNAGAo “autor” serve para simpliion ewe pr ensar no autor como um individuo teal, mas como uma pee Ao P tubjetivass determinadas nao por uma tinica harmonia d gia «bes 5 nas, descontinuidades e rupturas, 0 discurso © cits, por ae descontinuidades desestruturam essa! casas do texto Mostrar, um text com ‘do anistorico © transcendental. Com tal aborday jficad> gern hi i me m histor; os criticos aprenderdo a rir das “solenidadeg» tOrica, argu. entrardo, Por outro lado, na interagiio de forgas, de ge cone da Verdade ¢ err sut s jes € possibilidades. Lacunas, reversdes, iG de pos Ibjetividad ersbes, diferencas = ‘encios so tio importantes para determinar “Significad esiléne '» COntradigdes, aes : lo” quanto aqui @ coerente, unificado e explicitamente articulado, en cee que ‘Uma definigdo e um conceito do que Foucault chama de Era ys Era Classica sio cruciais em seu argumento desenvolyi versus thor? A teoria tradicional da traducio, baseada em is an ach textos unificados, uma ideia original que pode ser harmon "ndlogo, pode ser vista como fundamentada no rae conceito “classico” de representagio. No século Foucault, a lingua estabelecia relacdes de identidade — e ‘Moderna ido em What Conceitos de Capturada por que ele chama XVII, segundo : Ta percebida como uma forma de saber, € 0 saber ja era discurso. Assim como Os cientistas — como Lineu, por exemplo — pesquisavam as ciéncias naturais no decorrer desse periodo, também a “teoria” do mundo poderia ser vista Como estando entrelagada em uma teoria de palavras. A historia natural, por exemplo, sempre tentou revelar a verdadeira ordem, as verdadeiras fundagdes por tras da cena da vida cotidiana, usando nomes para dar as coisas sua ver- dadeira denominagao. No capitulo “Classifying” de The Order of Things (1973), Foucault sugere que, durante 0 século XVIII, “conhecer™ a nature- za era “construir” sobre a base da lingua uma lingua “verdadeira”, que te- velasse as condigées nas quais toda a lingua era possivel (Foucault, 1973: 161-2). Padrdes de realidade foram descobertos, taxonomias, iniciadas. caracteristicas abstratas, definidas e esséncias, descritas; foram estabeleci- dos ordens e géneros que continuam até os dias atuais, incluindo algumas das teorias de tradugao discutidas neste livro. Para tal ‘empreendimento, a lingua exigia a similaridade de impressdes, dai a pressuposigio de um arranjo de realidade que se conformasse com 0 discurso do periodo - gst de ser, a primazia do sujcito con apresentasse Univer esses univers. hecedo, : de harmoniosa do mundo sofreu um choque ne 0 to intitulado “Labor, Life and Langua, fim q, rofunda no tema, sugerindg Be", ; «due, Ps The gi se tornou 0 sujeito do discurso. oO autor ja No Usa sfc x na fora dela; mas @ lingua é concebida como tang ei , io mm criag&o, tendo seu proprio efeitg 6 Mey Ua Tod, Aes «ote of Things, Fouca ee 0 discurs0 “dent to a i im ¢ outros comegam suas investig eae a filologia entra em cena ¢ as estruturag sramgy Comp, ae Foucault sugere que uma dupla ruptura ocorrey nent % as linguas romperam seus vinculos com a coisa Tepresentada ¢ quit elo com a continuidade geral da ordem natural, Banhando, Ai Taran, répria. Enquanto a “descontinuidade’ dos subsistemas, Tevelava ™, vidg E ‘orginicas” em toda a sua diversidade, também as linguas fo... Uturas : foray tadas de um sistema amplo, unificado, ¢ a heterogeneidade de a ate temas gramaticais veio 4 tona (Foucault, 1973: 292-3), Segunds 108 gig. enquanto a lingua se separa do objeto representado, ela Permanece pact xalmente o Unico meio pelo qual tal objeto pode se tornar Conhecici, ee gua, portato, fona-se ao mesmo tempo elevada e demovidanessench mi eas estruturas gramaticais S40 vita como uma prioridade do ue pode « expresso. As verdades filoséficas so, assim, enredadas na teia do cy aanilise deve funcionar de tras para a frente, a partir de opinides, verdad e até ciéncias, chegando as palavras que as tornam possiveis, A Produgig de qualquer coisa — desde bens de consumo até textos literarios — Jando mais concebida como estruturada em torno da consciéncia individual, mas sim da época ou, segundo Foucault, do discurso da época, que realmente cria o individuo. A lingua, principalmente a lingua “literéria”, portanto, assume um novo modo de existéncia; deixa de desempenhar o papel do revelador/mediador metafisico de verdades filosdficas e se torna cada vez mais autorreferencial, uma mera manifestacao de sua existéncia “precipi- tada”. Foucault afirma que ela rompe com toda a definicdo de géneros ese converte em uma mera manifestacao de lingua que “nao tem outra lei além daquela de afirmar” (Foucault, 1973: 300). Nesse periodo, enfim, formas de autoridade deixam de impor géneros e formas param de ser vistos como eternos, ¢ a estrutura de qualquer nocdo de originalidade se quebra. : Na “Era Moderna”, a lingua se tornou uma autoridade em si. 0 pr Prio autor se torna uma “fungdo” de discurso, dissolvendo-se no texto qv ¢ forma nossa fala e nossos Padrdes Que, entry oe inquirigao desconstrucionista, ao i sunta nao € mais: como a experiéncia puns necessérios? E sim: como o bomen pore sa; habitar, como que POF UMA Ocupaco muda, algo que dae wi 3° PE ‘com uma espécie de movimento congelado, aquela fom Ppa animar, toma a forma de uma exterioridade obstinade? Como homers Mesmo que vida cuja teia, cujas pulsagdes e energia soterrada constatener ser essa experiencia que ele recebe imediztamentedelas? Foul tre ae : Tespostas as suas guntas, ele nos indica uma Gimegho: a reflexio sobre o que é Sexes, a jluminago do que = ento obscuro © uma testauragio eu = quilo que era mudo. Esse “Outro” nao foi nem poderia ser ih nado no sen- tido de um conhecimento po: , Mas sim como um ponto ego ou regio ‘obscura que acompanha 0 pensamento consciente, Ele Concebe 0 “Outro” como o duplo do homem porque, “como uma sombra”, o tem: ‘acompanhado, “mudo ¢ ininterruptamente” desde 0 século XIX (Foucault, 1973: 326-1), A desconstrugo, portanto, redireciona as perguntas acerca do trabalho lte- rario e seu significado, do audivel para o mudo. O papel criativo do autor é reduzido, ¢ novas questdes so levantadas em torno da origem do discurso de qualquer texto especifico ou até do proprio autor. A originalidade do tex- to inicial também é questionada, e outros fatores determinantes emergem em relagéo ao que pode ¢ nao pode ser pensado dentro de um discurso em Particular. Mais importante, o “significado” de um texto reconsiderado, ¢ os elementos silenciosos retornam a lingua de um texto, v digdes, lacunas e omissdes. Além disso, significados (im)possiveis retornam as palavras, significados estes que sempre as acompanharam, mas eram en- cobertos pela natureza da evolugdo do discurso na cultura ocidental em geal €no século XVIII em particular. Assim, na pratica, 0s desconstrucionistas OFigem aos jul. RS "Th 192 ne com autores ¢ 5... jiferensa Pare eS © Signi exibir um? grande in tingua falando por si, escutangg te is tendem & a wpe esté ld € 80 MesMO tempo rig oa, -aqu ignificante. i compre significad© e signifi We ent : Penig, o int : entre SIE” tas 0 atraidos pel 1s textos traduzidos tn naquele stu a de paavas em si © desi mesmas nog, ek i set Hos podem reorat © de f8t0retornary ee ica vt ao presente. Por meio de sua pratica a implicit Tras “iloséficos” com todas as notas de r, 4 xt05 ndres € notas Nas Margens, + Deg, sents donb desconstruci Podem se, cios, sup em cig de traduga0 ~ 08 G8 ionistas estig Visig jugdo tradicional expandir suas fronteiras, mr a teoria proprias limitagdes, psicologia, Festrigdes i = ay considerar UH Fe sua retorica. Em traduco, a possibilidade ge Bs tes : ei lingua, exceto seu proprio padrio de infinita i. exista por ees eo mero jogo da lingua em sie por s poe coe abertura para o nada absoluto, para a morte, pata a Str, as io ensamento de Martin Heidegger, que deena é teoras metafisicas de traducio € 2 iu o caminho para se pensar wae, quea lingua nega. Heidegger: 0s limites da denominacio ‘Uma das primeiras tentativas de romper as amarras das abordags conceituais metafisicas da tradugio foi a obra Sein und Zeit (1927) (Sere o Tempo), em que se pode Jocalizar 0 inicio da pratica de desconstugin Tronicamente, nao foi uma alusao a nenhuma verdade filosofica que permit a Heidegger escapar das limitages metafisicas, mas sim 0 ato de escrever sobre questées de lingua, poesia e traduco, que revelou novas vias de pense mento, Em um retorno a pergunta mais basica e concreta sobre a qual se fun. damenta toda a filosofia ocidental, Heidegger se absteve de uma discusn do “significado” de ser e, no lugar dela, perguntou acerca das proprias cond Ges para a possibilidade do pensamento ontoldgico. Ser eo Teompo, pa, to, é menos uma descrigao filoséfica que uma investigagao ppré-ontologic. A lingua que enquadra tais questdes, porém, & paradoxal, uma vez que a (0 objeto) investigado ¢ definido exatamente por aqueles termos qu De retin pe davida. Entretanto, por causa da nat aos ojo tentva responder & pergunta, oe von : ium local e um contexto para que a pergunta Die jon ou quaisquer nogdes conceituais e, com j omer, ide er event 0 paradoxo. O texto nao ofeece we et con F orn? te ymento nem chega a Conclustio alguma, mas ¢| labora um — eum or lias de recomegar diversas vezes, de fazer a . é 7 de) que esta fazendo a pergunta de ser (Sein), ¢ ossa depose : jent rgunta, de experienciar a pergunia de uma maneira a pando das novoes preconcebidas ou defnigieshiticas dy ger ; mesmo) desestrutura a histéria da ontologia e de com ose tm ford jeionalmente interpretado, be ser eo Tempo, Heidegger sugere que 0 ser nao ex; ae muito menos do lugar onde ocorre a pergunt en? iste fora de ita, isa 8 ntece na pergunta; sO ocorre quando sio formadas eis 30 aco! sia e pensamento. Ser nao € uma resposta a coisa alguma, poi ing entidade, uma coisa, um Conceito, uma ideia comprensivel a, a divi, uma fala de presen, ums ansedde quan a spsotuto, sempre alem da compreensio. Heidegger evita verdades floss ficas que sitvam apenas para obscurecer essa experiéncia pré-ontoligica ¢ tenta pensar na ausencia de preconceitos, na auséncia de veracidades atemporais. Seu pensamento, enfim, se volta cada vez mais para a lingua, no desenrolar do ensaio, continuamente levantando a questio do. ‘ser, vendo qualquer trago de resposta desaparecer enquanto ele se aproxima de uma estruturagao coerente da pergunta. Ambos se tornam intricadamente liga- dos e exclusivos, enquanto Heidegger tenta pensar por meio do discurso no qual sua pergunta é formulada, e a pergunta sem uma resposta se tora aquela que vai guiar seu pensamento a partir de entio. Por meio das tentativas de estruturar uma pergunta da qual se pode comecar a procurar uma resposta, Heidegger viu que as testtigdes de lin- gua/pensamento limitavam seu pensar, e ele comegou a desestruturar ou desconstruir tais limites. Seu método envolvia mais e mais o jogar com a lingua, deixando-a falar por si por meio de suas variagies e distorgies. Em um processo muito semelhante ao da tradugdo e que se tornou a me- todologia imperativa da desconstrugdo, Heidegger ~ deixando a lingua falar por si, deixando-a adquirir energia propria ¢ ressondncia etimoligi- — conseguiu indicar um modo pelo qual o pensamento fisico poderia Set superado. Nos escritos de Heidegger, hi uma nogdo de que, uma vez - . Contemporary Tray (ee Ady, UG ion He ies ae vel um retorno s, ¢ possivel 2 um m filosoficoss © ntoldgico pode ser MOmeny sos 08 escobor ensamett© Le oom cae Vipers? etimengae yarnide aquele ynstrugdo — Za de est . jginals © de desco! ti Tut peor imovirnent© a entrada possibilitada por UM salto de oe No sup pesto eios al -, a tradugdo entra na teoria (ver Ber, 908 que amento tradl de pensar a Thi 6; 80-94). A tradugdo passa a ser compreen, me 15-175 Krell, 1986: ré-originario, permitindo coors ser = 1985 ge wn rerorno #0 a roduzir uma fala original, pensar osiqye ia 10S, ‘ . Para Se eee : virginal 63 OE aos = isto 6, pensamento pré-metafisico ~é ores termos Foucault cdo é vista como aga, uma operacio a re fe ‘uma tradugao- A de nosso eu para 0 pensamento da outra lingua, ¢ "an. to, uma tradugao ‘stica, cientifica, de uma coisa para o presente, sransferéncia line ensamento de Heidegger em Ser e o Tem Se: rtante para a teoria da tradugio. Em Ser ¢ at ioe questbes cardeais pata a metafisica ocidenta i te jidegger discul a ina) a ideia de que ohomem € 0 se ‘Uma PO, Dor. © Tempo, , i que levantou a questio do ser, ana \do-se de sua ideia da importancia do sujeito como um se cian 5 : T sabedor, 9 to de Heidegger logo se volta para a importancia da li pensament a forga que desestrutura : anologi, (ees como sujeito e, assim, usando terminologia foucauttiana, se toma o sujeito da lingua. O ser, como Heidegger o igclizoy o homem se ingua: o discurso de Ser € 0 Tempo aponta para um mei, ea os limites do proprio texto literario. Heidegger avanga até o satire a que Foucault sugere ser caracteristico de certo tipo de pensamen. vot seeulo XX: em vez de uma pessoa falar, a lingua est falando por sie o homem escuta. Se esse tipo de escutar é possivel, 0 que o homem ouve? Heidegger afirma que nao ouvimos tudo, pois ha algo essencial A natureza da lingua que nao pode ser ouvido ou lido. Algo que i. Telia quando a lingua fala. As palavras ndo revelam 0 que esta ai* — “lingua €acasado ser” -, mas a lingua também se retrai. Se deixarmos a lingua falar por si, que se revela é algo acerca da natureza da lingua: as palavras nao mostram apenas o que existe, mas 0 que existe e ao mesmo tempo nao é (was es gibt und gleichwohl nicht ist) (Heidegger, 197 1a: 88). Em The Anaximander Fragment, em Early Greek Thinking, Heidegger nos permite vislumbrar sua teoria da tradugdo nas tradugdes que ele mesmo fez do Fragmento de Anaximandro, o mais antigo do pensamento ocidental, cuja interpretacio se torna crucial para as afirmagoes filosoficas de Heidegger. *N.T:: ou 0 ser-ai heideggeriano, CT 7 eee eitura do antigo pensamento grego, ae ge i a ra alternativa de ver o mundo, Be it iia de oorit : pré-aristotélicos de discurso. Faz um Pequeno e Modos pré. son co, ds aes Sint he is ietzsche em 1873 ¢ outra de Herman Diels em 1903 — de Mrece sun wraducdo (Heidegger, 1975: 13.14) Apes gar jot gid hy ¢ métodos dos dois tradutores, Heidegger Obuerva iferentes dugdes> nao apenas em termos de sua “fidelidad "litera man sreonceito” de Anaximandto que subjaz as duas oun = a filosofia pré-platénica ou pré-aristotélica ° mesmo, ae reosfilésof0s que o estabeleeram. Heidegger argument Fos P wee u firmemente inserida na filosofia ocidental (ena a vist0 i “ionvicgao universal” (Heidegger, 1975: 14), 18) 00 Ae caso, lemao — teologia cris. Heidegger pergunta se 0 fragmento pode falar CONOSCO, apds todos es- os. Sera que 0 tradutor pode, de alguma maneira, Contornar 0 peso da ses a 2 o dominio da explicagao hist6rica? Para desvelar 9 Significado do hist’ ento, o tradutor nao tem a ajuda da filologia clissica, da interpretacao fragitsca ou da psicologia. Em vez disso, viva, dese Para que haja uma sintonia coma wolve-se um “elo” que é “mais amplo e mais forte, mas muito menos e¥i dente”; e, nesse “didlogo pensativo”, o fragmento pode ser tra- duzido (Heidegger, 1975: 19). Ele Oferece, entio, sua versio, permitindo, segundo afirma, a manifestagio da esséncia do ser em sua retirada, Desas- sociando-se das conexdes literais e das associagdes preconcebidas, ele abre amente para outros significados possiveis. Nao traduz, por exemplo, adikia literalmente como “injustiga”, mas escuta, por outro lado, a-dikia, sugerindo que dikia esta ausente, que nem tudo esta certo e que ha algo fora do lugar, desajuntado, oferecendo “disjungao” como outra possibilidade. Heidegger esta claramente usando a traducao para alcangar uma espécie de dupla es- crita: primeiro, para deslocar e perturbar certas nogies preconcebidas que os leitores ocidentais trazem a lingua para deixar que outra coisa ocorra: se- gundo, para mais uma vez abordar a questo de ser, como em Ser e o Tempo. Se aceitamos ou nao sua tradugiio nao é a meta do ensaio; o que importa é a recuperagao/retorno da ressonancia silenciosa do que é dito. Se essa ativi- dade ocorre, lingua e pensamento cedem lugar a algum outro significado, nao a alguma entidade definitiva fora da lingua, mas algo que habita suas estruturas ©, ao mesmo tempo, é por elas encoberto. Apesar das evidentes diferencas, a teoria de traduciio de Heidegger nao é diferente dos primeiros estudos de tradugio. Ele presume que Teorias Contemporaneas q, are i Contemporary Translary Traduc, Station 788 ries as tradugdes S40 condicionadas pelas categorias conceituais cada época, a despeito das tentativas de contorné-las. Ele ido € contextualizagao histérica, pode Justio quanto 20 intent Es ue se chegue 4 um tipo de intento originario camad, antes de sua distorgao- Escolhe palavras que desfamiliarizam, ou Preseng, aim de maneira diferente na sociedade de hoje, para tentar obter, U%ic- Mesmo efeito ou resposta que a versio original evocou, no processo de d as categorias conceituais de seu leitor. No ensaio citado, ele pres, lecompor intangibilidade que foi encoberta pelos gregos; 0 poeta/tradutor ae uma ay traduzir/transportar-se para a cultura original e recuperar aquela q, Paz de nagio original que € obscurecida pela denominacao linguistica denon. intencional nao sé aplicaria menos as tradugdes de Heidegger Bit falacia gregos do que a qualquer teoria de orientagdo puramente Scie ee Apesar das restrigdes feitas quanto aos residuos da presenca ori : a teoria de tradugaio de Heidegger marca uma significativa mu ee tle nao esta descobrindo a intengdo original de nenhum autor, sim reou, perando uma propriedade da lingua em si. Heidegger lida com aquilo ee lingua nega € que nenhuma teoria exposta neste livro sequer retndtaments aborda. O que se revela, quando Heidegser jdeixa alinguafelarpousiiéque “gq palavra implica a relacao entre 0 «6? que nao é e a obra, que é no mesmo caso de nao ser um ser” (Heidegger, 197 1a: 59). Heidegger aponta para um novo tipo de pensamento — nao pensar no ser-ai, o que € denominado, mas pensar no ser-ai que ao mesmo tempo ainda nao é denominado e que nunca pode ser denominado, porque nao &. Poderiamos associar essa nao entidade silenciosa trazida pela lingua ao que Foucault chama de O Outro, o irmao gémeo do homem, que € sempre carregado pelo homem e que passou a definir o modo de ser do homem moderno (p6s-moderno?). Pensar no que nunca pode ser denominado é dificil — Heidegger afirma que é uma situagéo “simplesmente incompreensivel” —, mas, apesar de toda a dificuldade, a si- tuago se tornou tedrica € “devidamente digna do pensamento” (Heidegger, de qualquer teoria 197 1a: 88) e pode forgar uma reconsideragdo por parte contemporanea da tradugdo. A pergunta de como o homem desapareceu como sujeito falante e como se pode iluminar aquilo que é silencioso 14 lingua nao € respondida, mas usada por Derrida, como tentarei mostrar tativas anteriores de na segao seguinte, coma finalidade de desmantelar ten! chegar a uma teoria da traducdo. qe goy, as de Derrida: tradugao e différance fo pensamento acerca da traduglo co me Pano de Mostrar qUe Ser-ai ao mesmo tempo mace 0 conceitor sSigferance, de Margins of Philosophy dome ne , Derrida cunha, Q neolO! «différance” para se referir nao ao que exis ma go existe, questionando qualquer abordagem ot iste ‘uma nogao de ser baseada em presenca. 0 os c tatino differe — que significa procrastinar, ah différance deriva nee remaporsl) © RO HSNO feRipS divergir Gist (sugerindo um ai) — com uma alteracdo distinta, porém: ee ti brite altera uma Jetra, cometendo um erro, embora inaudivel: e1 - liberadamente prence ~ o substantive derivado do verbo de eee de escre- ramatica —, le escreve différance, que soa parecido, rae as regras te forsa 0 Jeitor a pensar em termos do inaudito — Fe orares i i : , portanto, gubconsciente do leitor com um som nfo existente. Derrida, at faz mais que alterar uma letra para obter um mero efeito pulervains alienagao. O termo também evoca 0 geriindio derivado do participio pre- sente différant, que nao existe na lingua francesa atual. Assim, ele coloca tm ndo-termo entre Um verbo e um substantivo no existent, sugerindo um vyerbo/substantivo entre sujeito e objeto, algo que foi perdido (ou reprimi- do) no desenvolvimento da lingua. Derrida associa o termo a algo como a voz do meio, uma operagao nem passiva nem ativa, nem temporal nem espacial (Derrida, 1982a: 9; ver também Heidegger, 1962: 51; Scott, 1987: 67), uma voz, para todos os fins, perdida no discurso metafisico ocidental. Relembrando a definigdo de Foucault de “O Outro” como o gémeo mudo do homem, @ estratégia retrica de Derrida no ensaio Différance ngo s6 usa um termo que se refere de maneira explicita a cisio € divisio, mas também, por causa de sua violacao das leis de escrita com seu erro inaudivel e por lembrar subconscientemente um modo conceitual esque- cido, utiliza jronia “muda” para criar um discurso de desordem grafica, e tedrica abaixo da superficie da conformidade audivel e retorica. Para sermos francos, SeUS tradutores para © inglés nao lidaram muito bem com ele fica to evidente que se perdem oneologismo. Deixando-o em francés, ele fic ea pa a ironia muda e aS referéncias sutis. A técnica de Deri ests dicionais de referéncia e atrasar sua sul procrastinar nogGes tra fe discurso em que ocorrem — nao permitindo que sejam vistas, (lingua), ¢ sim ao \ogica que tente de- 198 reendidas ¢, Por fim, silenciadas. oO método no & difere de tradugdo, mas a estratégia de Derrida ¢ to as abordagens formalistas sio muito limi ladas para aleangar precisio erifica Hadas me precisa, @ de Derrida é, antes, um desvio empitico, hilo compas ey ilidade da filosofia, da tradigao, da evolugao da ‘etido com sistemas de pensamentos, enfatizando, por outro lado, um maa 0U de Jongo de uma superficie da lingua escrita, jogando sem céleyo a % sem um fim ou telos. » Magan Enquanto Heidegger fala de um aspecto da lingua que se ra, Derrida sugere 0 pensamento em termos de différance, de fae Sti. ret é ‘ nar/divergir, de um jogo indeterminado sem um fim, um referen; fungaio especifica. Derrida também ventilava a hipétese de que taj mento € impossivel em nossos dias, mas sugere que podemos oe pensando as margens do pensamento categérico metafisico e, espec ligt ‘os desvios da lingua em vez do caminho central estabelocian Em termos de tradugao, ele sugere no olhar a mensagem original ti codificagdo, mas as miltiplas formas ¢ interligacbes que ele deve ee para falar, para se referir. Derrida, portanto, especula, “supondo um jo t de formas sem substancia determinada e invariavel, e também supondo, : pratica desse. jogo, uma retengdo e protegao de diferengas, um espacamento e temporizagao, um jogo de rastros” (Derrida, 1982a: 15). Por extensi, também poderiamos projetar uma teoria de tradugdo visando proteger a sonancias etimoldgicas perdidas, comp! te de teorias formalistas Cettay ramen Tetrai ou se "© OU Um mente, seguir diferengas, revigorar a lingua com res abrindo, assim, novas vias de pensamento. Essa é, claro, a tal “situagao incompreensivel” que Heidegger dizia ser mais antiga que a escrita, mais antiga que as perguntas pré-ontoldgicas fei- tas por ele e, com certeza, mais antiga que a “verdade” do ser conforme perseguida pela investigacao filosdfica greco-ocidental. Essa abordagem é alheia ao discurso moderno que rege nosso pensamento, que nos forca a fazer referéncia a objetos, estreita os significados e bloqueia possibilidades alternativas. O projeto de Derrida tenta desvelar esse jogo de rastros enco- bertos, porém subconscientemente discerniveis, sem se referir a algum tipo de significado subjacente profundo. O problema, segundo Derrida, é¢ que 0 rastro (daquela coisa especifica que ndo é) nunca pode ser apresentado como se fosse um fenémeno. (Ele) esté sempre divergindo e se adiando, apagan- do-se no ato da exposigdo. Apesar da dificuldade de pensar esse pensamento 199 Derrida nos dé algumas diretrize, “conceito” de compreender um pensar ot de lento qalver amen tena 88e pensamento Hara toria do ser, cujo » C880 cjoso: que & histor HjO pensamento em ’steamenty cme roid Por meio da deena Ce 9 logs geo ag compere) UE EO er nana fae sado ou dito como tal, exceto em se dss Um “Sigiicady” mt ma maneira estranha, (€) “mais velho” que dif SCS, enti di rade do ser. Quando tem essa idade, pode serch emi ado de rag «+ COM inaugit. » P%e ms de ul verdi fort que io pertence mais ao horizonte do ser > < che, do err 0 sigifcado do SE: 0 jogo do rast, ou ips ieee significado e que nao é. © que nao pertence, Nao ies Ue nd tem fundeza nesse tabuleiro de xadrez sem fundo sobre 4 sustentacdo nem i jog0- (Derrida, 1982a: 22) © qual o ser € post en ‘Assim como Heidegger antes dele, Derrida Sugere ri” do pensamento greco-ocidental = onde quer que a ween a yize”, como no discurso ocidental — pode ser considerada u ica “nor produzida por diapherein interpretada como diferenca ont. rma ma nica época Derrida também suspeita da tradugio dos textos oS erpretagao- Referindo-se ao jogo heraclitiano de hen daten rece outra enguanto Se presencia, Derrida sugere que a margem de referéncia para 0 inte term¢ vergir” se perdeu assim que a definicao como diferenca ontolégi mei i ; gica chegou ao primeiro plano (Derrida, 1982a: 22). Derrida est4 interessado tan- tona ressondncia literal quanto metaforica da expresstio heraclitiana: 0 verbo diapherein se baseia na raiz diaphero, que significa “levar de um para outro, carregat, portar, transportar’”. Além disso, os gregos usavam o termo meta, foricamente para transmitir a ideia de “pér a lingua em movimento, falar”, e Derrida relaciona a frase a linguagem, de modo especial 4 linguagem oral (c inaudivel). Hericlito, por sua vez, usava o termo para se referira “langar de um lado para outro, romper”; Aristételes o empregava com o sentido de cerar, desajuntar”; e, para Plutarco, o termo transmitia a nogiio de “des- viat” (Liddel & Scott, 1925: 417). S6 muito tempo depois, 0 termo se so~ ica em seu significado literal de “fazer uma diferenga”. Derrida esta tentando restaurar ao termo um sentido do antigo uso grego, ft ia de movimento ao longo de uma supel a palavra para transmitir a cie, ao mesmo tempo transmitindo e el Teorias Contemporiines, a. 0 Contemporary Ty li : jogo do rastro, portanto, “trangya. sstinando significado. aes ido. Derrida escuta 0 ag Porta ey procra revelando ¢ escondendo. £4 J PECtO dg Sh. erra’, sempre : sentido de algo que € desajy, Vor, cl _ ressuscitando 0 Se INtadg go meio do verbo a propria lingua — 20 contritio de algo separa, "tom, 7 =n ace Motor pido de aes ie fora ~ com distincia “objtiva”— e tentan dos outros, Lenk perdido de discurso a0 modo corrente, aquela voz 0 os de contribuigdo para a teoria da traducao, 9 + ak iio pertence a uma tradugdo que carrega sign a a entre as fronteiras, mas sim a um movimento ao long de tif — ausente, que se disseminou ou evaporou, de uma voz que fala 3 stra urada, um eco que desaparece enquanto ¢ ouvidg pes nie Pode rhea de “uma nooo de Modo" que é& melhor trans” feréncia pol A iti. 7 Jo movimento da prosa de Heidegger das invengses retrion < ae do que aquilo que eles estio tentando expressar literalmente, En tretanto, embora as técnicas sejam relacionadas, nado Sao as mesmas, Pois para Heidegger, principalmente em suas tradugdes, ha sempre o sentigg de estar buscando alguma espécie de presenca pré-ontoldgica, a qual, se po déssemos decompor nossa estrutura conceitual fechada, compreenderiamos ‘como (mais) significativa do que como culturalmente aceita, quanto ao Oras, Wen, Uma ificadg , sig. nificado. Derrida, por outro lado, parece Sugerir que 0 jogo do rastro Tunea pode ser apresentado, pois, quando ¢ denominado, quando alguém tenta deter-Ihe o movimento e seguré-lo, ele se dissemina, separa e continua se movendo, chegando por fim a outro lugar. A tradugdo também pode ser redefinida de um modo correspondente, Em vez de definida como uma mera travessia de um lugar para outro, para que algo seja compreendido, a tradugao também pode oferecer um lugar oy forum para a pritica de uma travessia que se dissemina e escapa. Em vez de fixarem o mesmo significado, as tradugées podem dar espaco para o jogo, para estender fronteiras e abrir novos caminhos para mais diferenca. A tra. dugdo pode ser concebida como uma ago na qual o movimento ao longo da superficie da lingua se torna visivel, o jogo sem calculo se manifesta, © foco de tal redefinicdo se desvia do “significado” de um texto, p segundo Derrida, o jogo nio tem significado. Nao existe uma différance de sustentagdo ~ & metaforicamente concebido como “esse tabuleiro de *adrez sem fundo sobre o qual o ser & posto em jogo”, As diferengas entre as visdes de Heidegger e Derrida em torno da ‘raduglo podem ser notadas de modo mais claro na resposta de Derrida a ‘ima pergunta feita por Rodolphe Gasché em uma mesa-redonda de tradue om The Ear ofthe Other (1985, Gasg jtua em relagao a Heidegger, principalmente no ida 5° vie mento deste de uma auséncia fundamental nl caso, a lingua BFEBA €, Por extensio, todas ag linguas 0; (ner ado 0 francés). Derrida responde, sugerindg que q gins jncluin de tradugo a de Heidegger é que este resume renga en. a dade arquioriginaria”, um “niicleg” (kernel) ae Spécie obero,esquecido © taduzio eroneamene peo? ° Sl, ae Essa resposta indica, de ‘Maneira justificdvel, nia se Meumido pel0s escritos de Heidegger, do qual Deni pas jgi08° *projeto desconstrucionista foro de desaiar a flosofa ted, Fatance e oa posigdo diante de Heidegger nao é ie distante quant, Na verdade, Dera historia dics de edeppr gas ‘ier greco-ocidental que sempre desejou. ~¢, em teora,presumiy— nga originaria intacta, esteja ela la 0U No. Se 0 “niicleo” unificado uma pr ficgao, Derrida reconhece que 0 desejo por tal entidade & ‘muito real, gon ni? “amente aguilo sobre 0 que toda frase, todo apelo — incuindo 9 da ¢ € preci filosofia - se baseiam (Derrida, 1985b: 116), jiveratura ando 4 questo aquilo em que se fundamenta a lingua, Derrida, Chamé da um passo a frente de Heidegger. Derrida questiona qual- a verdade, io de tradugo como transporte, reprodugio, representagio ou quer define fo “significado” do original. Sugere, por outro lado, que a comune a ser vista mais corretamente como um caso em que a lin- traduio Pre no processo de modificar 0 texto original, de procrastinar gua est ae qualquer possibilidade de compreender aquilo que o e afastar POY deseja denominar. De fato, a partir da posigi deseonstuco. texto oF cao & vista como uma atividade que continuamenteesconde nista, @ tra apa todo 0 desejo. Reforgando a posigio de Derrida, por a presen ato de que essa prOpriafrustragio de deseo & uma condigao ironia, hd 0 ra que 0 desejo se desenvolva, o gémeo ja sempre silencioso ec ain como a definimos, ¢ a presenga correspondente scampi manifetafesconde de maneia miserios, de acrdo com 0 impossvel Tria, De modo semelhantc, tradu pode ser inerpe- argumento de ss a operador de différance, um processo necessirio tada como um as ei enquanto, ao mesmo tempo, revela uma rede de que distorce 0 sig ibilitam quanto proibem a comunicagao interlingual. Sac cas calle essa redefinigdo de tradugio em seu ensaio de 1985, Des Tours de Babel, Derrida adota 0 conceito de Walter Benjamin gentada CF Pergunta res! ‘Como i ci diz espe. &™ toda lingua 2 . «éncia” da lingua, para explicar perleben, a “sobrevivencia : *pllcar como g oe eso suplementa 0 original. O titulo do ensaio novamente init, is a grifica do texto de Derrida, 0 toaue cstranko, a ambiguidag vita fory ‘ mada, a sobrecarg semantica que Derrida vé sempre tess Sobre, deere, "Des” para ele, ressoa com “algumas”, com “dag PM en toda pal de” (ver nota do tradutor, Derrida, 1985a: 206) Vind ” Maj Is aoe .e a conotagdo de “prolongar” ou de “sobre. Fa 1979: 76). “Tours” evaca nogdes de torres, distoredeg neteias (Der, ants “Des” “Tour” formam dt0ur, que faz lembray es de procrastinar/atrasar importantes para 0 neologismo difén S co, hem como a escita tangencial suplementar, que Derrida ve j plicng parte de qualquer texto estatico. “Bal é ainda mais complexo, con em do uma referéncia a “pai” (Ba em linguas orientais) ¢ “Deys” (Bet ie mesmas). pai, nesse caso, da Bal eo ‘ma proprios sempre tém ressonancia polissemantica, pois esse nome Proprio is pr onsigo nogées de “confusio”, como em um “palavreado incoeren.s ou uma “confusio de linguas” e como em um “confuso estado mental» quando uma estrutura permanente é interrompida (Derrida, 1985a: 166.7 Para Derrida, Deus é visto como um desconstrucionista, pois Ele interrom, pe a construc da Torre de Babel (Derrida, 1985b: 102). Nesse ato, Dex interrompe-se a si mesmo € produz “disschemination”, que uma Rota do tradutor de Joseph Graham nos explica significar disseminagao, desesque. matizagao, desemitizagao e desvio de um chemin (caminho). Diri; indo-se 4 tribo de Sem, Deus esta dizendo, segundo Derrida: “Vocés nao imporig seu significado ou sua lingua, ¢ eu, Deus, portanto, os obrigo a se subme- terem 4 pluralidade de linguas das quais vocés nunca sairio” (Derrida, 1985b: 103). Assim, s6 por considerar quatro palavras no titulo do ensaio, vemos como o texto de Derrida faz mais que apenas alienar ou distanciar: ele in- tervém ativamente em esquemas conceituais metafisicos, religiosos, ¢ ofe- rece uma alternativa. A “tarefa” do tradutor, diz ele, adotando o argumento de Benjamin, consiste em garantir a sobrevivéncia da lingua e, por exten- sdo, da vida. Derrida afirma que o prefacio de Benjamim ~ pois The Task of the Translator (ou A Tarefa do Tradutor) é um prefacio das tradugées feitas por Benjamin em 1923 de Tableaux Parisiens, de Baudelaire ~ fala de doar vida, transformar 0 texto-fonte, para que ele “continue vivendo”, que “viva mais ¢ melhor”, que viva “além dos meios do autor” (Derrida, 203 ita ¢ explica é 5a: 178-9). Ble . ies em parémteses sya leitura de 198 uintes termos: Benjamin 08 ‘assim come as manifestagdes da Vida estig int sem significar coisa alguma para ela, tne tee ligads com W680 proce, de do vid, a vid 1, na verdade, no tanto de sua vida quanto ey Sua Sobrevivincig Fine en], Pois a traduco vem do iperleben)- Original, e, para as (ul ‘inca encontram seu tradutor predestinado nag a Moran Nascimen. aracteriza 0 estagio da sobrevivéncia delas [For cia como continuago da vida, em Wel de rileben, dessa yep vi 2 da, 1985a: 178) portanto. para Derrida € Benjamin, 0 “original” sempre cont ura ou forma ~ um “estdgio” para a futura Sobrevivencia Hem outra estrul exto em si nunca seja traduzido. Essa estrutura néo é ‘in ed : vel, nig ida Post-mortem) nudada Porn ada poderi : dade 140 realizada poderia Ser expressa Como o interminavel dese; oe por parte do texto ¢ um desejo por traducao. Derrida seo de ¥ ura meio completa, cuja completude s6 podemos imaginar, * r, esta - oad como a que governa a traducdo e que Benjamin també an mo uma “d (Aufgabe) constitutiva da “tarefa” do 7 ve trega (aufgeben) na propria modificagio de si mesmo: ‘oe. original se ent peace a vive 2racas asua mutagao, 4 sua transformacdo. Como em sua renovacdo, o original é também modificado — ele cresee, amadurece. 0 crescimento por meio da tradugao responde ao original, preenchendo aquela estrutura aberta do texto-fonte (Derrida, 1985a: 188). Em tal processo, ndo s6 os textos, mas também as linguas rejuvenes- cem.A tradugao, para Derrida e Benjamin, marca ou “remarca” — no senti- do de “expressar” ~ a afinidade de um tnico texto com outras linguas, Para Derrida, as linguas nao sio desligadas e abstraidas umas das outras, mas sim sempre inter-relacionadas e mutuamente derivati 9 autor em contato com 0 conceito de Benjamin de Sprache). Transgredindo os limites da lingua-alvo, transformando textos originais da lingua-fonte, o tradutor estende, aumenta ou faz as linguas crescerem. O aumento nao cendo apenas em “pontos infi Pound de fragmentos de lingua, de escultura, tendo “detalhes luminosos”. Teorias Contemporineas dy Pois, assim con odo, devem ser contigui se assemelhar ao signi (W. Benjamin, 195 Para Derrida, nao existem formas platoni , nogdes conceituais, Nao temos uma especie de Conhecimento Original ag que €a "Vida" ou do que sio “familias”. Nao hai nada, nenhum signifieage puro por tris das palavras ou por tras da ingua. Em vez disso, para ele, g vida - ou o “continuar a viver”, sobrevivéncia (Uberleben) — i cialmente presente no termo “tradugao” ( Obersetzen) torna 0 ponto de partida de onde ele comega a compreender 0 que significam vida e fan O texto de Derrida nunca é desprovido de um senso de amor pela vida, pela lingua ¢ pelo jogo da lingua. Afirmando a vida, seus escritos so quase religiosos, 0 que poderia explicar sua atragdo por Benjamin e Heidegger, iva estendendo o corpo A desconstrugdo é concebida como uma forga po: da lingua nao sé em um sentido simbdlico, mas também fisico. Por meio de um proceso fisico, material, que toca ¢ abre, em vez de um processo abstrato que segura e fecha, reconstituindo e nao representando, a descons- trucdo permite receber ¢ dar, permite que o amor cresca. A tradugio, mais que qualquer outro modo ou forma, complementa ¢ reafirma, regulando a sobrevivéncia por meio de um Processo de nascimento e renascimento; dai a importancia da traducao no. esquema desconstrutivo das coisas. Benjamin escreve que, na traducao, o original se torna maior; Derrida acrescenta que a tradugdo Se comporta como uma “crianca” que nio é apenas um “produ- to” sujeito 4 lei da “reproducdo”, mas tem, além d so, “o poder de falar Por si” de uma maneira nova e diferente, suplementando a lingua, fazendo assegura o renascimento, a regeneragdio, a emengén- Cia, “o crescimento Sagrado” das linguas em i fi ral e, para Derrida, 0 meio pelo qual nés compreendemos a nds te 7 : as linguas, comp anto cerradica outros. Até as corregdes a POU, Mais uma ver 59 + Mas, de alguma mManeita, cm intactos nem objetificados sobrevivendo. ‘Ainda sentido tradis wolelo melhor de trans. N, que nds pensamos menos em termos de copia ¢ em termos de relacionamento entre tragos, afi idades com outras linguas estilo presente: ; apresentagiio aquilo que O texto alega tratar, Pois, nat setocam, ainda que de mancira miniscula e tangen tes de se sepa lades se apresentam antes que 0 ato de el um caminho pelo qual o significado foi redirecionado ou O principal ponto tedrico de Derrida parece ser o de que nio do projeto desconstrucionista, Semelhantemente a posig , Segundo os desconstrucio! uma corrente aquilo que existe, nua de sigt teragdo, suplementando-se mutuamente. : tas tendem a apresentar obras de arte unificadas segundo continua, os formal como uma meta dentro do um desenvolvimento acidental, sem fim. Assim, i formalismo. mas subjacentes 20 . . nti Desse modo, a traducio deixa de ser vista como uma Mera gdo executada entre duas ines eee aoe um Proce ee te operacio também em linguas sem par. Limites entre ge, conan ee ee vada sistema lingustico, varias linguas ja ge "8a cesar do todas as linguas contém elementos de onenttan een ‘uma instabilidade, uma ambiguidade, dentro de pa lin, prio termos. Histricamente, as teorias a tradugo ~ tanto ante Bue depois de Jakobson — presumem sistemas ivergentes e distintos, Segundo, Derrida, na tradugdo, as impurezas se manifestam, 08 acidentes corte ¢ 0 processo de desesquematizacao se torna vit vel. HA paralelos aa “traduzir” e “divergir/procrastinar”, dos pais Derrida ¢ os tradutores DI ticantes estio cientes. Em termos etimol6gicos, “traduzir” deriva da ts vra latina translatus, “transportado”. Translatus é 0 participio Passado 7 trangferre. Se dividido em trans e ferre, vemos a proximidade da palayg, adiae pherein.O termo latino ferre significa “conduit” ou “transporta como transportar um escudo, e costumava ser usado no sentido de portar i transmitir, com a nogdo de mogao (ou de movimento) (Homero), referindy.. se, por exemplo, a navios levados pela forga do vento. Significava também resistir, sofrer, como em suportar um peso mental, ¢ sobrevive em algumas expressies inglesas como “you're not faring very well” — vocé nio est indo muito bem (faring dando a ideia de ir no sentido de viajar, mas tam. bém de desempenhar, conduzir um empreendimento). Significativo para os desconstrucionistas é o fato de que a traducao se refere a um sentido de estrada ou caminho que conduz a um lugar, como uma porta que se abre para um jardim ou uma estrada que leva a uma cidade, transmitindo uma impressio de prolongamento ou extensdo (Liddel & Scott, 1925: 1922-3; Klein, 1966: 157). Por meio de experimentagiio com possiveis escolhas de palavras, o que se torna evidente sao as diminutas diferengas entre palavras muito semelhantes, uma pratica que expée os limites das linguas. Essa pro- pria exposicao dos limites e impossibilidades também da origem a novas alternativas em uma area cinzenta que no ¢ uma lingua nem outra, mas um espaco divergente silencioso nao limitado por nenhuma das duas. Colocan- do a caneta no papel, escolhendo uma possibilidade, o que ocorre é que 0 Pensamento silencioso que parecia possivel entre as linguas é postergado, atrasado, apagado pelo termo delimitador escolhido. cle demitotoging as f, ‘Or. iin, trabalho de Derrida sugere que a teoria, da! ge estudo” para comecarmos a explorar ess vate gades que so encobertas enquanto fala lan poss bt i MOS, A teori il wipada, como demonstrou Popovit, par a teoria da i S, problemas, acidentes, insuficiéneias, i aii ie ra ainda nao seja aquilo a que Derrida alude ase Aiferencas tra oO UG0 pode *omehoy MaUditos, esas, fos 08 e770 embo! com seu term, jo se pode manter ou Compreendr- al ane ve = gue mae el de revelar essa propriedade silenci 0 possivel de silenciosa da jin pemgildades, como a tori da traduto tem feo ng deme _ Pp faz perpetuar a propria insuficiéncia. Derrida Peete 0 tenn storia, st Mgo egulada” a0 term traduso, pos argument que 0 “transfor. mi transporte de puros significados de uma lingua para a Muunea teremos A diferenga nunca é Pura, tampouco € a traducao: dugio, teriamos de substituir Por uma de transformagdo: uma ‘transformaci regulada de uma lingua por outra, de um texto por out, tamale sta Ta verdade, nunca tivemos ~ de lidar com algun “tanpore” de sens significados de uma \ingua para outa, ou dentro de uma mesma lingua, que o instrumento significantedeixariavigem eintocada. Der, 1981.2 Com certeza, tal abordagem tenderia a solapar o poder do siarileade sranscendental ¢ libertar 0 campo das tradugées avalatives em temos de sua proximidade A equivaléncia pura. ‘Talvez também libertasse os estudiosos fiterarios das constriges de denominagio para poderem escutar e pensar — go em termos apenas de uma lingua para outra, mas naquela érea cinzenta que ainda nao tem fronteiras, que mal é visivel, que no tem nome e nio é, 0 différance hegar o mais % Dara anos de tae Discussdes de tradugio pés-Derrida As repercussoes da alternativa desconstrucionista ds abordagens tra- dicionais de tradugdo s&o grandes e se acumulam, tornando tal alternativa dificil de caracterizar, Nesta segdo, quero tratar brevemente de quatro reas nas quais tem havido discussio: a primeira, de dentro do Tel Quel; a segun- da, nos estudos de tradugo; a terceira, na teoria literaria anglo-americana, a quarta, na filosofia da lingua. Nos circulos franceses, grande parte da discussio em torno de ba construgio, tradugiio e natureza da lingua enfoca o texto de James ae © as estratégias preferidas por seus tradutores. Talvez 0 ened = da pratica de “produtividade afirmativa” como preferida pelos descons ———— in _Teorias Contemporineas de, Gears Contemporary Translay ion Thane propria tradugio de James doyee de duas passa Finnegans Wake. Seu ultimo trabalho a a lever demons ey eet lumina e eslarece 0 original, dando 20s estudigggg M0 uma tad Matureza transitoria do original. Jacqueline Rigger ¢ thor sentido da Mi jugio de Joyce no periddico Te! Quel em gna Pe. aa publicr a tae ese de Derrida de que a traducag yg. S4@ee que 0 texto demonstra a oe le - ; ‘adugao. transforma i. original quando 0 transpoe para uma seguni la lingua. Ela argumenta qu o texto italiano de Finnegans Wake nio pode ser chamado de trad 8 “ ‘mas sim uma “reescrita”, uma “elaboragdo”, que nao se opée ao orig; L i sonst uma “obra em andamento” (Risse, 1984: 3) Claramente, 9 em inglés de Finnegans Wake é um exemplo das maltiplas possibitid, os linguisticas dentro de (uma) lingua em geral, desafiando, assim, a traducig como o mundo ocidental a compreende. Em algumas linguas, Finnegan, Wake nao foi traduzido, sendo disponivel apenas no original, nio s6 poy causa da dificuldade de tradugio, porém mais ainda porque 0 texto nap & visto como sendo inglés, e sim plurilingue. Quase todas as palavras no livro sdo tao ricas de referéncias de linguas estrangeiras que a obra forca og parimetros do monolinguismo ao extremo. Em teoria, j4 parece represen. tar 0 iltimo grau de fragmentacao de apresentagao; assim, qualquer tradu- gio se torna sem sentido ou, em outras palavras, s6 serve para encaixar jogo livre das unidades léxicas em alguma estrutura que produza e, assim, limite o sentido. A estratégia de tradugo empregada por Joyce, porém, aumenta exponencialmente mais uma vez as opgdes para a tradugio, se isso pode ser imaginado, nfo por reter a estrutura multilinguistica, impor- tando morfemas da lingua estrangeira, mas sim explorando os limites da lingua a partir de dentro. Em vez de cunhar novos termos ¢ neologismos, Joyce conta com miltiplos niveis jé existentes na lingua italiana — diversas expressdes idiomaticas, dialetos e arcaismos — com 0 intuito de obter as miltiplas ressondncias do original. Em um artigo intitulado Joyce Translates Joyce (1984), Risset argu- menta que Joyce nao buscava equivalentes hipotéticos do original, mas estendia o original a um novo estagio, “uma variagdo mais audaz sobre 0 texto em processo” (Risset, 1984: 6). Nao por coincidéncia, Risset também é Poeta € tradutora, tendo como mais recente projeto uma tradugao da Divina Comédia, de Dante para o francés, cujos dois primeiros volumes Jé esto completos ¢ foram publicados pela Flammarion. Sua estratégia de tradugio parece ser “desconstruir” trucionistas seja 2 Bens do pe 0 Dante canonizado na Franga e, em rsio, tomar acessivel o Dante divertido e coloquial, que qualquer score — eri —n De ya iia pode Te €Apreia. El afmg des heterogéneas em uma lingua, Tealiza semetha wis de significado no italiano; potém, sem a me Jee etiinou dé modo sistematio aga nt Rise fe ire, substituindo-a por uma verséo monolingue ng a Aingua ses sao passadas em italiano. Por exemplo,na frag n oaeS & gefloree es okrat Nivia,dochter of Sense and Ar, with oy tt o¢ ens ith Spark worn funkling her fran, Joyce elimina todas a wt rer grepo © eseeve “Annona genata asia Nie, ue alet a “arte, it ventaglio costellato di filgettant” (Risse 19g 9) se extensfo e da profundidade da histria da cultura italiana cn Por ens di auras aristcrtias © aes lssicos qu comin eae das res ¢ 08 fONS regionais, incultos e Turais, a lingua italiana desfruta d ane essondncia tao rica quanto 0 inglés distorcido por lingua estrange z va raid de italianizagio radical revela as qualidades plingusies Tab ees a qualquer lingua, € de uma manera ainda mais dramatica que ¢ ine original. Risset conclui que aestratégia de traduo de loyee sey, ue “cerca da natureza da lingua e da “iberdade de dialeo" A crigio de _ alavras esta sempre em processo, € 0 estudo do dialeto, portanto, & ri para compreendermos melhor os fendmenos de traduglo. A esta- tiga de Joyce envolve mais queousoca citagdo de varios dialetos; em sua abordagem, “lingua em si” € “atada como dialeto”. Risset argumenta ue, na “operagao” de tal estratégia, nos tornamos cientes de “algo mai iso 4, “da lingua cujo campo & perturbado, mexido de acordo com uma triatividade esquecida” (Risset, 1984: 13). justamente esse “algo mais” Risset quer “devolver” a Dante em suas tradugGes. Joyce, na atividade de escrever ena atividade de traducio, forgou os limites da lingua além das margens até entdo contempladas. O inglés se exterioriza e 0 italiano se interioriza; entretanto, ambos esto sempre des- fazendo e questionando a estabilidade e a definicao, criando novos termos eabrindo novas vias de pensamento. Em sua atividade de tradugio, porém, Joyce enfatizava, com maior veeméncia que no original, o sentido de algo destrutivo na natureza da lingua, que brota de dentro ¢ nao € oriundo de uma fonte estrangeira. Assim como Derrida tende a cometer = a tados para criar desordem grafica, também Joyce deliberadamente wie a lingua em um contexto coloquial e muito falado para obler pprvany semelhantes, atrasando/procrastinando sua propria subsungdo € _ . = Esse aspecto subversivo da lingua ¢ da traducdio empregado por Joyce Ate JoyC6, 20 recorneg is acida' les efeitos ay. que —— 2 social, 0 que talyy i de vista pt 0 e'socrl : q '€2 exp); 50 0 ponto io de medida para avalign » SU Por Perigo SO oP tomou o arti ua tradugdo se (01 Bray ee de de publicagio de que certas culturas destrutam, Quandg e _ liberda

You might also like