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PERIGOSAS NACIONAIS

PERIGOSAS ACHERON
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PERIGOSAS NACIONAIS

Copyright © 2018, Gamora Black

Idealização de Capa: Greyce Kelly


Diagramação: Greyce Kelly
Revisão: Greyce Kelly

Dados internacionais de catalogação (CIP)


Black, Gamora
Hades.
São Paulo, 2019
1.Literatura Brasileira. 1. Titulo.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma


ou por qualquer meio eletrônico,
mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo
ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de
19/02/1998).
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da
imaginação do autor qualquer semelhança com acontecimentos reais é
mera coincidência.
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todos os direitos desta edição reservados pela autora.

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Algo se move ao meu lado.


Demoro para conseguir me mover e tudo
está um bocado turvo, nem preciso abrir meus
olhos para saber que depois da bebedeira de ontem,
não vou colocar uma gota de álcool na minha boca
tão cedo.
Puta Merda Viviana, porque você sempre
bebe para afogar as mágoas?
Talvez porque é mais fácil esquecer, toda a
merda que deixei na Virgínia, todas as coisas
absurdas que me fizeram querer sair de lá e viajar
para Vegas, há tanto a ser pensado que eu nem sei
por onde devo começar.
Nem dá tempo.
Novamente tenho essa sensação de que algo
se move na cama, me ergo estranhando a claridade
do quarto coloco a mão no rosto tentando proteger
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meus olhos, vejo tudo de início bem embaçado,


meus olhos ardem e a minha cabeça pesa, então de
repente sinto uma mão pousando em cima da minha
coxa.
Meus olhos deslizam pela mão coberta de
tatuagens estranhas, fico dura enquanto a mão
desliza para dentro da minha coxa até que quando
vai chegando mais perto da zona proibida percebo
o quão isso é real, por mais que eu esteja acordando
de uma noite de bebida e farra.
—Ou, ou!—berro e dou um tapa na mão
atrevida.
A mão sai de imediato do meio das minhas
coxas, respiro fundo tentando dar voz a minha
consciência.
Ok, estou viva. Ok, estou bem, mas não tá
ok ter acordado nessa cama, não faço a mínima
ideia de onde estou, com quem estou, vou
começando a ficar apavorada, começo a sair da
cama tentando lembrar de tudo o que houve ontem,
estou sem calcinha!
Deus, seja misericordioso com a minha
alma, por favor, por favor...
—Bom dia Viviana.
Meu coração salta enquanto vou virando o
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rosto para o rumo da voz que me chama, sinto


vontade de cobrir os olhos ao ver a bunda dele
exposta e esse bocado de tatuagens nos ombros
dele, nas costas, fico dura enquanto o homem de
olhos escuros me olha, ele tem cara de sono e sua
barba é longa e escura.
Seguro com força o lençol contra meus
seios, ainda não quero acreditar no que estou
vendo, eu não quero, eu não vou, mas o que houve
por aqui porra? Quem é esse cara que está
emborcado todo pelado ao meu lado?
Ele sabe meu nome, ele me fita como se
fosse algo normal, como se já me conhecesse há
algum tempo.
—Essa é a parte em que você fala "Bom dia
Hades".
Hades?
Que nome é esse?
Engulo a seco, olho para a frente tentando
criar forças nas pernas contudo mal consigo se quer
mover um nervo se quer do meu corpo.
—O que foi?—persiste ele com voz
preguiçosa e baixa.—Você está passando mal?
—Um pouco — respondo com pavor. —Eu
acho que vou vomitar.
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—O banheiro fica na segunda porta à


esquerda.
Saio da cama puxando o lençol e vou
correndo rumo a porta da esquerda, tento manter os
lençóis presos ao meu corpo, ainda tentando
recuperar o pingo de dignidade que me resta, não
sei nem como dá tempo de chegar ao vaso,
enquanto vomito meu corpo todo se contraí, tento
respirar fundo e meu coração parece que vai sair
pela boca.
Não demora muito até que eu sinta duas
mãos quentes sob meus ombros, fico parada
fazendo ânsia, meu estômago virando e eu
colocando tudo para fora, eu nem lembro de ter
comido camarão ontem.
Deus!
Hades, ou seja, lá qual é o nome verdadeiro
desse cara, puxa meus cabelos para trás afastando-
os do meu rosto e fica abaixado ao meu lado
passando a mão nas minhas costas enquanto vomito
mais uma vez e de novo, e novamente.
Droga!
Fecho os olhos com força sentindo que
nunca irei parar e demora um bocado até que a
ânsia suma, depois disso ele segura meu braço e me
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ajuda a levantar, fecha a tampa do vaso e me sento,


ele fica em pé de frente para mim, já está usando
uma cueca dessas de dormir.
—Pelo visto você não tem jeito com bebida.
— ele diz e vai até o box do banheiro.
Às vezes, eu costumo beber com o meu
marido... Quer dizer, ex-marido, mas só em
programas de família, ou bebia, ah, nem eu sei mais
sobre toda essa merda de casamento, quando viajei
o advogado tinha dito que ele assinou o termo de
separação de corpos, então é questão de uma
semana até assinarmos o divórcio.
Eu e Carl estamos separados há um mês,
quando eu o peguei na cama com Trisha minha
irmã de 21 anos.
Aperto os olhos afastando a sensação de
enjoo, simplesmente não sei o que faço aqui, o que
aconteceu e nem quero imaginar como vim parar
nua na cama de um cara cheio de tatuagens, eu só
sei que quero logo que essa sensação acabe para
que eu possa ir embora.
—Vem— escuto a voz desse sujeito
chamando. — Vem tomar banho.
Tonta me ergo, a mão firme me segura
novamente pelo braço e eu caminho até o box, não
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solto os lençóis do meu corpo, eu o olho enquanto


me enfio debaixo da ducha gelada. Minha cabeça
dói, cada pequeno fio dela com o peso da água e
solto um gemido alto me encolhendo, nesse
instante ele puxa o lençol e o arranca do meu corpo.
—Te trago toalhas — Ele diz sem me olhar
e fecha a porta do box, vejo a silhueta alta e
musculosa através do vidro grosso e todo
embaçado.— Fique tranquila, não transamos sem
camisinha.
—Nós transamos?—arregalo os olhos.
—Claro que transamos Viviana, você não se
lembra?
Não!
Que golpe para o meu ego de mulher
ajuizada.
Me apoio na parede do box sentindo-me
golpeada por uma surpresa forte, olho para o
azulejo ouvindo o som da porta do banheiro sendo
fechada, então percebo algo reluzente e dourado em
meu anelar esquerdo.
Não pode ser, eu tirei a minha aliança de
casamento a exatos trinta e dois dias atrás quando
expulsei o Carl de casa!
Coloco a mão na boca evitando a vontade
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de gritar, ao mesmo tempo e que uma dor de cabeça


infernal começa a me atingir, fico imóvel querendo
morrer ao ver essa coisa no meu dedo esquerdo.
Fecho os olhos tentando lembrar-me de
ontem, do que houve, lembro-me que estava no
MGM Grand Hotel e Cassino bebendo um pouco
no bar depois de ter jogado três partidas de poker
sem nenhum sucesso, então um cara se ofereceu
para pagar minha bebida...
—Hades!
Arregalo os olhos, e lembro-me que recusei,
mas que ele insistiu muito depois disso me recordo
que ele me pagou um uísque e bebeu comigo, então
depois disso... Quase nada, acho que bebemos em
algum outro lugar, fomos a máquinas caça-níqueis,
por fim tive a impressão que bebemos de novo, mas
não nessa ordem.
Estou tão confusa.
Termino meu banho tentando lembrar-me
de mais coisas, mas só imagens turvas me vem a
mente, imagens e risadas, quando saio do box me
deparo com ele segurando duas toalhas, usa um
roupão preto e os cabelos dele estão úmidos.
—Se sente melhor Viviana?
Como posso me sentir melhor com você me
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vendo nua como se isso fosse normal?


—S-sim—digo e pego as toalhas.
Começo a me enrolar em uma delas quando
sinto algo incomodo logo abaixo do meu seio,
como uma ardência, faço uma careta.
—Tenho pomada — ele fala. — Já pedi
nosso café.
— Acho que não precisa, eu vou voltar para
o meu hotel.
— Por quê?
—Eu tenho que ir.
Acho que não devo satisfação da minha
vida para você, estava muito bêbada mesmo para
ter transado com alguém como esse tal de Hades,
ele não faz meu tipo em nenhum sentido e pior, tem
uma cara de vagabundo.
Passo por ele e saio do banheiro, começo a
me sentir envergonhada ainda que seja dona das
minhas ações, acho que ele teve uma péssima
impressão ao meu respeito, mas o que posso fazer?
Quando bebo nem gente eu sou.
Na época da faculdade eu lembro-me que
quando bebia ligava para o meu irmão ir me buscar,
uma cerveja e eu já me sentia como a dona do
universo, o álcool e eu não somos o que posso dizer
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de bons amigos.
Pelo contrário, me sinto sacaneada quando
uma garrafa de cerveja ou copo de bebida está por
perto.
—Viviana, porque não fica mais um pouco?
— Eu realmente preciso ir.
— Tem que ir ou quer ir?
— Os dois.
Enquanto procuro as minhas roupas pelo
chão do quarto, vejo algumas camisinhas
espalhadas pelo chão, fico tão estressada com isso
que mal consigo raciocinar direito, mal consigo
olhar na cara do sujeito.
Mas que situação!
Logo que consigo achar minha calcinha,
sinto um abraço intenso por trás, levo alguns
segundos até me recuperar, só que não consigo sair
do circulo dos braços dele.
— Vamos aproveitar esses dias, sem
compromisso, ambos estamos na cidade de férias, o
que tem de mal se passarmos alguns momentos
juntos?
— Melhor não... Hades.
—Viviana, nós estamos casados!
— Casados?—empalideço.
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— Sim— ele reforça e me solta. — Melhor


você ficar para resolvermos isso de forma sensata
não acha?
— Mas... Mas...
—Foi o que eu pensei —ele diz e começa a
se afastar.— Estou te esperando na cozinha, ah, e a
pomada para tatuagem está no criado.
— Que tatuagem?—pergunto confusa.
—A que você fez embaixo do seio com meu
nome.
Arregalo os olhos, tiro a toalha do corpo e
volto para o banheiro correndo, enquanto vejo que
embaixo do meu seio tem um nome cursivo que
começa com a letra H, vou soltando um grito alto e
apavorado.
Hades.

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—Acho que você já viu a tatuagem embaixo


do seu seio.
Sopro tentando me conformar, da vontade
de sair correndo porta a fora, mas não faço a menor
ideia de onde estou quem é esse cara que está
sentado na cama usando um roupão, os cabelos
úmidos, acho que assim como eu já tomou um
banho, demorei um bocado dizendo para mim
mesma que fiquei louca e muito pior, para não
acreditar que tudo isso é mais um sonho louco.
Infelizmente não é.
Ele levanta da cama e vejo que o quarto já
está limpo, as roupas de cama repostas, se quer tem
uma camisinha no chão, Hades joga o celular em
cima do colchão e se aproxima me olhando de cima
abaixo, fico constrangida.
O que dizer? Transei com um estranho e
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não lembro de nada, Senhor, nem bem me divorciei


e já me casei de novo?
Não vim para Las Vegas para me casar, vim
justamente para tentar esquecer meu casamento, ou
o que ele representou para mim nos últimos quinze
anos.
O que era.
— Pedi que lavassem a sua roupa, eles
trarão em duas horas— ele avisa.— Vem tomar um
café comigo.
—Tá.
O que posso falar?
Cruzo os braços, uso um roupão preto
também assim como o que ele usa, coloquei uma
toalha na cabeça, mas ainda sinto muita dor de
cabeça, um pouco de enjoo, sabe-se lá o que eu
bebi ontem além daquele uísque.
Porque diabos eu aceitei beber com um cara
como esses?
Eu nunca sairia com um cara tatuado na
minha vida, meu ex-marido é promotor de justiça,
ele se quer pode dizer que alguma vez na vida fez
um risco de caneta na mão para colar, tão pouco
uma tatuagem.
Hades passa o braço envolta do meu corpo
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antes que eu perceba e começa a me conduzir para


fora do quarto, eu o sigo fingindo que está tudo
bem, calada, imaginando que as coisas não são tão
normais assim no meu mundo.
Não no mundo de Viviana, a mulher de 37
anos que só transou com um cara a vida toda e
estudou muito para se formar em administração,
não a Viviana que coloca etiquetas em todas as
portas dos armários para deixar tudo em seu devido
lugar, não a Viviana que nunca ousaria dormir com
um homem sem estar casada com ele.
Se bem que...
Olho para a mão do sujeito, tem tatuagens
em formatos de letras e números, mas não vejo
aliança alguma.
— Você não usa aliança.— digo fora do ar.
— Eles não tinham duas lá na capela—ele
justifica com muita calma. — Você quer que eu use
uma?
—Não— respondo incerta.— Podemos
anular este casamento?
—Por quê?—ele questiona.
É tão difícil assim acreditar que eu não
lembro de nada? Que tudo isso foi um terrível
engano?
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—Porque temos que cancelar.—respiro


fundo.
Sinto o cheiro de café logo que entramos na
sala da suíte, a mesa mais adiante está posta para
duas pessoas e bem farta, frutas, torradas, geleia,
café, suco, tantas coisas quanto posso contar nos
dedos.
— Não temos que lidar com isso agora
Viviana — ele diz e puxa a cadeira para que eu me
sente. — Por favor, não vamos tornar nosso
primeiro dia juntos algo difícil.
Dentro do possível quero resolver isso
rápido e voltar para o meu hotel, mas esse rapaz...
Ele não parece muito disposto a querer briga, quem
sabe daqui a alguns minutos não resolvamos isso de
uma forma mais amigável?
Me sento, ele se senta ao meu lado e
percebo seu real tamanho quando ele começa a se
servir, ombros largos, peito reto, ele parece ser um
desses caras que andam na moda ou coisa assim.
Começando pelo corte de cabelo, parece um
desses jovens que cortam dos lados e deixam mais
cabelo em cima, sei lá...
— Quantos anos você tem Hades?—
pergunto e começo a me servir de café.
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Normal não é, mas fazer o que? Já fiz a


merda mesmo, agora me resta consertar.
— Fiz 29 mês passado, por quê?
Meu Deus!
— Nada!
— Você tem 37 certo?
— É.
Que jeitinho mais delicado de me chamar de
velha, puta que me pariu sentada—Desculpa mãe—
como alguém fala a idade de uma mulher à beira
dos 40 com tanta naturalidade?
— Não precisa ficar preocupada com isso, a
idade para mim nunca foi um obstáculo, na verdade
eu costumo gostar de mulheres mais velhas na hora
de me relacionar.
Ele ensopa uma torrada de geleia e começa
a devorá-la, fico olhando para a minha xícara de
café em silêncio, não gosto de ouvir isso,
principalmente no que tange a minha idade porque
sei que o Carl me trocou pela minha irmã por esse
motivo.
Não era mais jovem, Trisha tem 21 anos,
um corpo que eu não tenho mais e não tem marcas
de expressão no rosto, coisa que vem aparecendo
com frequência em mim depois dos 30. Carl tem 42
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anos, quando penso que quando eu o conheci ela


era apenas uma criança de colo, me sinto tão
estranha.
— Fique tranquila— ele diz e toca minha
face com o indicador.— O que foi?
— Nada—tento sorrir e começo a beber
meu café, prefiro não pensar naquilo tudo, me
deprime. — Então, você trabalha com o que?
— Tenho uma empresa no ramo de
comunicações, e você?
— Estou desempregada, fui demitida antes
de vir para cá.
— Com o que trabalha Viviana?
— Eu era gerente de marketing numa
empresa na Virgínia, sou formada em
administração.
— Legal.
— É, e você?
— Sou formado em economia e ciências
sociais.
— Bom.
Fico um pouco nervosa, não sei bem o que
falar, não sou muito boa em puxar assunto, ao
menos sóbria não.
— Você é uma mulher muito inteligente,
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fala duas línguas.


—É, espanhol e francês, mas como sabe?
Hades bebe um gole modesto de café, ele
me olha de um jeito que me faz sentir todo o corpo
quente, o calor vai subindo as bochechas.
Ah não... Ah não... AH NÃO!
— Você é muito boa mesmo em espanhol.
— ele fala com cara de quem quer rir.
Desvio o olhar e fico olhando para frente
toda dura.
Não acredito que transei com esse cara e
fiquei gemendo em espanhol para ele.
Não acredito!
— Assim, é legal esse seu lado de garota
hispânica, você ficava me chamando de Papi e tal,
não me importo aliás, até gosto.
—Acontece que eu não sou hispânica—
retruco.— Meu pai é descendente de espanhóis.
Não acredito que chamei ele de Papi, nem
mesmo ao Carl eu chamei de Papi em tantos anos
de casamento.
— De todas as formas, eu curti.
— Que horas mesmo eles trazem as minhas
roupas?
— Provavelmente as 19:00.
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— Mas já são 17:00?


— Mais de 17:00—Hades me fita. — O que
foi? Você não precisa ter medo Viviana, eu gostei
muito da nossa noite, você não precisa sair
correndo de medo, eu não lhe farei mal.
— Não é por isso—retruco encolhendo os
ombros. — É que quero ir para o meu hotel.
— Não tem que se preocupar com isso, já
pedi que meu pessoal buscasse suas coisas no hotel
onde está hospedada, trouxessem para cá.
— Com a autorização de quem?—me irrito.
— Com a minha autorização.
— Por quê?
— Porque sou seu marido.
Meu Deus.
— O estado de Nevada diz e eu assino
embaixo, então acho bem legal que você se
acostume com isso, porque eu não quero anular o
casamento.
Como?
— Acho que você está equivocado Hades.
— Não há equívoco algum.
— Eu não posso ficar aqui para sempre,
esse casamento foi um erro.
— Eu não cometo erros bebê.
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— Não sou sua bebê.


Me ergo, mas ele estende a mão e segura
meu pulso, me puxa e caio sentada em seu colo, a
mão dele desliza por minha barriga e se enfia
dentro do meu roupão, respiro assim de repente
sentindo o ar sair dos pulmões de vez, Hades toca
meu seio sem nenhum pudor ou receio, com
naturalidade, arqueio.
—Eu digo que é minha bebê — ele
determina. — Ontem você não estava tão arisca.
— Ontem eu estava bêbada.
— Eu confesso que eu também estava muito
bêbado, porque nunca me casaria com uma mulher
tão cheia de marra, mas sabe que isso é legal em
você?
— Não sou arisca—replico imóvel. — Eu
preciso ir.
— Não tem que ir, já disse, vamos
aproveitar esses dias juntos.
— Só porque você quer?
— Porque devemos.
— E depois divórcio?
— Como quiser bebê — ele fala e me solta,
com uma ponta de irritação, me ergo e volto para
minha cadeira. — Como quiser.
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Fico olhando a belíssima paisagem da


cidade de Las Vegas de onde estou.
Hades disse que tinha que atender uma
ligação então me deixou sozinha na mesa do café,
ou seria jantar? Bem nem sei. Só me sinto um poço
de incerteza enquanto estou nesta sala semiescura,
já anoiteceu e não posso dizer que não me apeteço
de todo esse conforto.
É muito bom ter mais conforto do que o
meu dinheiro pode pagar mesmo que eu não faça
ideia de quem seja este homem com quem acabei
de me casar.
Na realidade não encaro isto como um
casamento, ainda não se tornou um fardo e espero
que não se torne porque eu não sei se tenho
psicológico para lidar com isso neste momento, já
não me basta pensar na vida de merda que me
aguarda quando eu voltar para casa.
Mamãe e papai fingindo que nada
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aconteceu, Trisha morando em seu apartamento


com meu ex-marido e todo o resto da família
tentando me consolar porque me tornei uma
chifruda dentro da minha casa por conta da minha
irmã inconsequente, ou seja lá o que ela se tornou
para mim depois de tudo.
Agora sem emprego também terei que
pensar no que farei quando voltar em relação a
minha renda, o divórcio me rendeu o meu
apartamento e o meu carro, ele foi embora com as
roupas do corpo, mas desde que eu o peguei em
nossa cama com ela, não tive coragem de voltar lá,
fui para a casa dos meus pais tentando pensar.
Uma semana depois recebi a notícia de que
estava sendo demitida, não foi por tentativas de
Carl tentar falar comigo, ele me ligou bastante nas
primeiras semanas depois que saiu de casa, mas não
atendi, ele foi à casa dos meus pais, mas não o
recebi, acho que até mesmo meu antigo chefe ficou
sabendo de tudo e fez o favor de acabar de me
destruir me mandando embora.
Me abraço olhando para os cassinos e as
luzes berrantes da cidade dos jogos, não sei dizer se
estou dormente ou coisa assim, mas quando
lembro-me da merda de vida que me espera na
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Virgínia me sinto tão mal, porque não quero ter que


voltar para tudo aquilo.
Por isso viajei sem avisar nada, sem dizer
nada, porque eu não queria pensar em dar
satisfação da minha vida aos meus pais para que
eles ficassem me ligando, perguntando, Vih, você
está bem?
Depois de tantos anos presa a alguma
estabilidade nunca me passou pela cabeça que
sofreria tamanho golpe, estou com 37 anos, não
tive filhos porque o Carl estava muito focado na
carreira dele e eu fiz uso de anticoncepcional muito
tempo, depois de cinco anos de casados tínhamos
certeza de que um bebê não era nossa prioridade.
A empresa onde eu trabalhava exigia de
mim e ele estava trabalhando duro para conseguir a
vaga na época de assessor do Magistrado Chefe do
gabinete, me lembro como se fosse ontem sobre a
conversa que tivemos sobre ter filhos.
Eu não quis tentar naquele momento, dois
anos depois eu estava obcecada com a ideia de um
bebê, via minhas primas tendo filhos, minha avó e
minha mãe me pressionando, parecia o momento
ideal.
Só que Não.
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Não consegui engravidar e aqui estou eu,


uma quase quarentona sem filhos, recém
desempregada e divorciada, trocada por alguém
mais bonita, mais nova e minha irmã.
Tenho certeza que de todas as coisas mais
egoístas que a Trisha me fez na vida, essa é a
maior.
Não posso dizer que foi culpa dos meus
pais, ela nasceu quando eu era uma adolescente,
mas enfim, o que posso fazer?
Não vou ficar me culpando também pelas
decisões do Carl, mesmo que no fundo eu saiba que
nosso casamento para todos era perfeito havíamos
caído na rotina já há alguns anos, ele me dava
presentes, fazíamos sexo casual, mas não era como
no começo, nem nunca seria.
O casamento não estava bom o suficiente
para ele, enquanto eu estava cuidando da cama na
qual ele e eu dormíamos ele estava colocando
alguém em cima dela, minha própria irmã.
Me perguntei por muitas vezes se isso já
tinha algum tempo e mesmo que mamãe tenha dito
que ela falou que foi a primeira vez, não confio
mais, em nenhum sentido.
— Era da empresa.
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Saio do meu transe, Hades está se sentando


ao meu lado no sofá da sala, ele já usa um short de
dormir, o corpo enxuto e todo coberto por muitos
desenhos e tatuagens, desvio o olhar, porque não
quero nem pensar nos motivos que me fizeram
transar com ele, ainda é um total estranho mesmo
assim.
— Você parece triste Viviana.
— Não é nada.
—Não mesmo?
Ele estende a mão e toca a minha coxa com
intimidade, ele gosta de ficar colocando a mão em
mim mesmo que não tenha lhe dado liberdade, mas
de repente isso é tão insignificante, porque dormi
com ele, assinei um papel onde eu dizia ser sua
esposa, mesmo mal conhecendo ele eu transei com
ele a noite toda.
— Não—digo imóvel. — Então, já falou
com seu advogado?
— Você se preocupa demais—Hades segura
a minha face e faz com que eu o olhe. — Daria
tudo para que sorrisse para mim como fez ontem,
fica muito melhor quando está feliz Viviana.
Queria poder estar feliz, me sentir viva, nem
mesmo me lembro como estava ontem porque bebi
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demais, e esse cara parece legal demais para que eu


o cubra com todas as desculpas esfarrapadas que
venho dando para mim mesma para tentar ser feliz.
Talvez se lhe contar a verdade quem sabe
ele não se assuste e não assine a anulação do
casamento ainda hoje? Mas não, não quero tornar
nada disso pessoal demais.
Tento sorrir.
— Estou cansada—digo e olho envolta. —
Então, você é um jogador profissional?
— Na verdade odeio jogos de azar, vim a
Las Vegas a negócios.
— Legal.
Hades segura à ponta do cordão do roupão e
o puxa, ele abre e fico dura, aperto as mãos no
estofado.
— Vem para a cama?—convida ele e afasta
o roupão para os lados abrindo, deixando meus
seios expostos. — Você tem seios grandes, gosto
disso.
— Na verdade temos que falar da anulação
do casamento.
— Poderíamos aproveitar esse casamento e
fazer algo útil em nossas vidas.
Ele me fita, tem tanta malícia em seu olhar
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que me arrepio toda.


— Como, por exemplo...
— Trepar, de preferência quando nos der
vontade.
Engulo a seco.
— E se eu não estiver a fim?
— Ah, mas eu posso te fazer se sentir a fim.
Sorrio, ele é tão otimista que me sinto
realmente cativada, não estou exatamente nervosa,
mas não consigo me sentir tão segura do meu corpo
agora, estou envergonhada.
— Ok, então podemos ao menos ver um
filme juntos?
— Ou eu posso ir ao meu hotel e...
—Viviana, já falamos sobre você ficar aqui.
— Na verdade não falamos Judas.
— Meu nome é Hades.
— Ah.
Enquanto me corrige ele sorri, depois se
ergue e me estende a mão, suspiro, me levanto e
fecho o roupão, do mesmo jeito ele passa o braço
envolta da minha cintura, eu gostaria muito de
entender porque esse rapaz, se é que posso chamar
assim, está insistindo tanto.
— Vamos esquecer por um momento das
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nossas vidas lá fora e vivermos o hoje, Viviana. —


ele fala enquanto me conduz devolta para o quarto.
— Eu gostaria de pensar assim, mas lá fora
ma Virgínia a minha vida é uma droga.
— Tem alguém que te espera lá?
— Infelizmente o meu passado.
— Não deve se preocupar com o que já
passou, cuide do agora, e agora eu estou aqui.
Resumindo, quer sexo sem compromisso e
vai usar essa desculpinha do casamento para me
prender aqui.
Ah, isso é tão adolescente de 17 anos.
Hades me conduz até a cama, subo, ele liga
a tv e se deita ao meu lado puxando os cobertores,
nossos olhares se cruzam uma ou duas vezes antes
que ele se aconchegue e me abrace, fico um bocado
tensa quando ele estende a mão e enfia dentro do
roupão.
Acaricia meu seio sem pudor, fico presa
entre não permitir e deixar, não sei por que não
tenho tanta força de vontade agora, acho que só
estou exausta demais para tentar me convencer de
que devo ter senso de pudor.
Parece que nada mais importa, nem mesmo
a minha vida...
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—Viviana?
— Sim.
— Você tem certeza de que não quer dizer
nada?
— Tenho.
Ponto.

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— Então, você vai continuar calada com


cara de deprimida?
Já vi que ele gosta de conversar.
Faço que sim com a cabeça olhando para a
tv, Hades estende a mão e toca a minha coxa, finjo
que não me importo muito com isso, acho que já
faz mais ou menos uma hora que estamos vendo
Animal Planet, um documentário sobre o
acasalamento dos leões e reprodução dos mesmos.
Faz mais de um ano que não tiro um tempo
para ver tv desse jeito, despreocupada, calma, sem
pressa, na maioria das vezes em meu tempo vago
estava cuidando do meu antigo lar, cozinhando ou
passando, eu e Carl nunca tivemos funcionários,
não precisávamos.
Ele não faz muito a linha bagunceiro, eu
também e gosto de tudo organizado, no nosso
relacionamento não havia tempo para isso, ou nós
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estávamos nos organizando ou mantendo tudo


dentro do possível bem.
Combinamos muito nesse sentido ou
combinávamos...
Do nada Hades pula na minha frente e
empurra as minhas pernas para os lados, eu o olho
espantada, os olhos castanhos estão me fitando os
lábios dele estão muito próximos dos meus
enquanto percebo que ele suspende o corpo com os
braços e vão se formando músculos braçais dos
lados do meu corpo.
— Que tal se nós dois fizermos um
programa a dois?—sugere.
— Eu... Bem... Ah... Acho que...
Eu nem sei o que dizer, Hades se inclina e
me dá um selinho bem rápido.
—Vamos praticar o acasalamento do
mesmo jeito dos leões?— ele pergunta baixinho.
— Sério que você não tinha outra cantada
melhor? —pergunto engolindo a seco.
— Não é cantada, é uma pergunta.
Sorrio contrariada, Hades se inclina e sinto
o peso de seu corpo, ele me beija de leve, quando
seus lábios tocam os meus com mais calma eu fico
toda dura, ele puxa o cordão do roupão que uso e
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deixa os meus lábios.


— Que tal você começar a me mostrar um
pouco mais do que sabe fazer, além é claro de falar
espanhol?
— Você está tentando me seduzir?
— Talvez.
Ele beija o meu pescoço, fico parada, a
barba dele arranha meu pescoço e ao mesmo tempo
faz cócegas, rio involuntariamente me encolhendo.
—Hades, para!—repreendo achando graça.
— Ah, então você gosta de cócegas!
Sou muito sensível nas regiões do pescoço e
da barriga.
Hades continua a beijar toda a região do
meu pescoço e meu corpo vai passando de tenso a
absolutamente sensível, rio e ergo os braços,
pressiono as mãos em seus ombros empurrando-o,
mas ele é bem pesado.
Ele vai para o outro lado e fico gargalhando
quando sua barba arranha o cantinho do meu
ombro.
— Para!—ordeno fraca.— Por favor!
Rio a beça, ele vai para o lado, mas me
agarra e toca meu seio devagar apoiando a cabeça
no outro em silêncio, acho que ele tem fetiche com
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seios, não é possível.


— É muito raro encontrar alguém com
seios naturais nos dias de hoje, ainda mais durinhos
como os seus.
— Meus seios? Durinhos?—rio alto. —
Olha, agora sim você merece um beijo.
— Então beija logo.
Me inclino no calor da ordem e deixo um
rápido beijo em sua testa, Hades revira os olhos,
percebo em suas feições algo que lembra alguém
mais jovem, ele se quer parece ter 29 anos, é muito
bonito mesmo.
Acho que sei como ele conseguiu me trazer
para essa cama.
Um físico desses e um rosto tão angelical
assim, algo nele me lembra um bocado de
inocência, mas quando sorri dentro de mim tem um
alerta que grita claramente: SAFADO!
Não Vale Nada, Não Presta, Sem
Compromisso, Irresponsável!
Tão diferente do Carl...
— Eu confesso, não sou aberto à conversa e
você mais parece do tipo de mulher com quem eu
nunca me casaria, mas aconteceu então...
— Você sempre faz isso com as mulheres
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com quem bebe um uísque? As embebeda e casa


com elas?
— Queria ter tempo para embebedar
alguém.
Sorrio, estendo o braço e me ajeito na cama,
à mão dele aperta meu seio com delicadeza e os
dedos escorregam pelo meu mamilo com
tranquilidade, já deve estar bem acostumado a
transar com quem quer que seja e continuar a
manter a amante por perto.
— Eu não coloquei a bebida na sua boca —
ele esclarece.—Que fique registrado que eu
também estava muito bêbado.
— E fala tudo isso tranquilamente?
— Adiantará entrar em pânico?
É, meu estilo também não inclui sair
incendiando tudo e chamando os bombeiros, apesar
de que a tatuagem...
— Eu sou evangélica—digo e o fito.—
Desde criança, como me deixou fazer isso com o
meu corpo?
— Eu não deixei, você quem pulou em cima
da maca do tatuador e quis fazer—ele estende a
mão e puxa a lateral do short mostrando a
entradinha — Olha, eu fiz isso em sua homenagem.
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Está escrito Viviana em letra cursiva,


coloco a mão na boca, eu nem quero pensar no que
o pastor da igreja diria se visse esse absurdo.
— Eu nunca tatuaria o nome de nenhuma
mulher no meu corpo, nem quando eu fumo
maconha eu fico tão inconsequente.
— Fuma maconha?
— Claro que fumo, em que mundo você
vive?
— No real ora.
Meu Deus, eu transei com um drogado
cheio de tatuagens!
—Viviana eu faço uso recreativo da
maconha, é algo muito bom para relaxar —ele diz.
—, mas se preferir não fumo perto de você.
— Eu espero mesmo—me ergo chateada.—
Como tem coragem de falar isso na minha cara?
— Preferia que eu mentisse? Eu fumei
ontem, você não disse nada.
Arregalo os olhos, Hades estende a mão e
puxa o meu roupão para baixo, não me movo, ainda
incrédula com tudo o que acabo de ouvir.
— Vamos deixar isso de lado, vamos
aproveitar...
Enquanto fala ele começa a beijar meu
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ombro, as mãos tocando meus braços, me sinto


incomodada com seu toque, com a forma que ele
me beija os ombros, saio da cama pegando o
roupão, Hades fica me olhando enquanto visto o
roupão devolta, me sinto estranha.
— Eu quero ir embora para o meu hotel,
quero as minhas coisas!—exijo. — Vou procurar
um advogado e anular esse casamento.
— Você por algum acaso é bipolar?—
pergunta ele de um jeito muito sério. — O que está
acontecendo?
— Isso tudo foi um erro—crio coragem. —
Acontece que eu sou casada.
Ele fica calado sai da cama e pega um vaso
que tem no criado depois arremessa na parede, a
peça se espatifa toda, me encolho com o susto,
sinto que as minhas mãos tremem ao mesmo tempo
que vou dando passos para trás, meu coração
disparando, fico com medo.
Não digo nada, sinto vontade de chorar com
o susto, saio do quarto e não penso duas vezes antes
de sair da suíte.
Não importa quem seja ou o que faz, eu só
quero estar longe o suficiente para pensar.
Ponto.
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—Viviana!
Dou um pulo, escuto o som dos passos
apressados de Hades, ao mesmo tempo que aperto o
botão do elevador depressa, começo a entrar em
pânico conforme ele se aproxima, fico dura.
— Desculpe — ele fala apressado. —
Podemos voltar para o quarto e conversar? Perdi a
paciência.
— Eu quero ir embora. — digo nervosa.
Não quero acreditar que ele está usando
apenas um calção de dormir e eu um roupão num
corredor de hotel como se isso fosse normal, não é
normal!
— Eu não fiz por querer —replica. — Por
favor, vamos voltar para o quarto e resolver isso.
— Você quebrou um vaso.
— Eu pago por ele, o que tem isso? É só um
vaso!
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— Do mesmo jeito que quebrou o vaso é


bem capaz de que me quebre também.
— Você por algum acaso está se escutando?
O que quer que eu diga? Que legal Viviana que
você é casada, posso conhecer seu outro marido?
Olho para o elevador, nada, não sobe,
aperto o botão mais uma vez, meu coração fica
todo apertado porque ao mesmo tempo que sei que
menti sobre ser casada eu também sei que é muito
pouco racional que eu uma mulher feita me permita
passar por um papel desses.
— Olha, se você não quiser voltar ok, mas
esse hotel tem câmeras e com certeza daqui a pouco
algum segurança vai aparecer e te ver basicamente
nua nesse corredor, é isso o que quer? Chamar
atenção? Você sabe que eles chamam o CSI não
sabe?
—CSI é uma série idiota — reclamo e cruzo
os braços. — Você é um grande estúpido.
— Me desculpe — ele responde novamente.
— Poderíamos, por favor, voltar para o quarto e
resolver isso?
— Eu quero as minhas malas — exijo. — E
as minhas coisas.
— Ok, estão na sala você não viu?
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Passei direto, só queria sair da suíte, passo


por ele nervosa, Hades me segue e voltamos para o
quarto, assim que entro ele fecha a porta, procuro
minhas malas e a minha bolsa e percebo num canto
da sala tudo junto.
— Quer que eu peça sua passagem para a
Virgínia para que horário?—Hades pergunta num
tom de voz muito duro.
— O primeiro que tiver. — respondo indo
até a minha mala.
— Não quis te assustar, me desculpe. — Ele
fala de onde está.
— Desde que não se repita. — Falo
nervosa.
Ainda estou um pouco trêmula, me sinto
uma grande imbecil por ter deixado as coisas
chegarem neste ponto, porque eu me casei com esse
cara? Porque eu bebi tanto? O que se passava pela
minha cabeça quando fiz tudo isso?
Foi tudo um grande erro em todos os
sentidos.
— Eu sei que você encara o casamento
como um grande problema, mas realmente é isso o
que você quer?
Abro minha mala e olho depressa para
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Hades.
— Do que está falando Hades? Nós dois
mal nos conhecemos, tudo isso não passou de um
equivoco.
— Não vejo as coisas dessa forma — ele
retruca. — Eu gosto da ideia de estarmos juntos.
— Mesmo que sejamos estranhos?
Isso é tão louco quanto à ideia de estarmos
casados.
— Não somos estranhos — ele argumenta.
— Eu acho que tudo tem um começo e este foi o
nosso começo, está sendo.
—Essa ideia é muito absurda—retruco
chocada.— Você está querendo me dizer que acha
que devemos ficar juntos só porque enchemos a
cara ontem e transamos? Está se ouvindo?
— Como nunca. — ele desvia o olhar.
Às vezes tenho a impressão que ele fica
olhando para a minha boca, para os meus
movimentos ou coisa assim, ainda absolutamente
convencida de que isso é uma loucura coloco a
minha mala sob o sofá, começo a procurar algo
para vestir.
—Viviana— ele chama.— Por favor, eu
não quis ser rude, podemos resolver isso?
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— Resolver o que? Eu já disse que quero a


anulação do casamento.
— Ao menos que fique por essa noite, é
perigoso que saia assim de repente.
— Desde quando pegar um táxi é perigoso?
—Viviana uma das camisinhas rasgou,
pronto, está é a minha preocupação.
Fico dura, me viro, Hades está bem atrás de
mim, os punhos fechados, ele me olha com tristeza
ou coisa assim, nem eu mesma sei explicar, parece
melancólico.
— Eu não tenho nenhuma doença venérea,
mas tenho um pouco de receio quanto a uma
possível gravidez.
— Eu não posso ter filhos — argumento
apressada. — Sou estéril.
— Não acredito em você—diz.— Já
podemos voltar para a cama?
— Sério que você quer agir como se nada
houvesse acontecido?
— Você me disse que é casada! Tem
desgraça pior do que transar com a mulher de outro
cara?—pergunta exasperado. — Eu já me desculpei
Viviana.
— Não gosto do seu jeito de falar comigo
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Hades—berro.— Você é sempre violento assim


com as mulheres com quem transa?
— Claro que não, eu nunca se quer quebrei
nada na minha vida!—devolve. — Você é tão
teimosa, meu Deus, quer que eu goste e normalize
o fato de ser casada?
— Na mesma proporção que quer que eu
normalize seu uso “recreativo” de maconha.— digo
irritada.
— Ficou irritada com isso?—ele ergue as
mãos. — Meu Deus Viviana, é só erva, é como
beber chá.
— Como você é irresponsável...
— Olha, não vincula o meu fumo a pessoa
que eu sou, uma coisa não tem nada a ver com
outra.
Essa discussão já está passando dos limites.
— E você é mais novo que eu. —
argumento só para dizer alguma coisa.
—E daí Viviana?—ele passa as mãos nos
cabelos.—Pelo amor de Deus, eu só te conheço a
um dia e você já está me oprimindo? Parece a
minha mãe falando.
— É porque é errado.
— Fumar é errado?
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— É!
Cruzo os braços.
— Estar casada e trair o marido também é
errado Viviana, ser bígama também é errado!
Me irrito, Hades se inclina de um jeito
intimidador, vou indo para trás toda trêmula.
— Eu vou acionar o serviço de quarto, você
vem comigo para cama, amanhã decidimos o que
faremos ok?
— Não quero você pegando nos meus seios.
— rebato de imediato.
— Não se preocupe, eu não vou tocar nos
seus queridos seios.
No tom de ameaça ele se afasta.
Respiro fundo e caio sentada no sofá.
Droga parece que não tenho outra saída se
não sentar e esperar para resolver isso com Hades.
— E não demore. — ele berra indo para o
quarto.
Idiota.
Pego uma muda de roupa e uma calcinha,
começo a voltar para o quarto sem saber bem
porque agora que tenho as minhas coisas, não vou
embora, contudo me lembro que por um termo
estou presa a esse homem.
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Por enquanto... Mas estou.


Merda.

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Desperto.
Parece que meu corpo todo pede um pouco
mais da cama, aqui é muito confortável e muito
bom, travesseiros fofinhos, uma cama que me faz
sentir como se flutuasse, grande e espaçosa, há
tanto tempo não me permito dormir até tarde.
Acordo muito cedo todos os dias para
trabalhar, fico me perguntando como o Carl às
vezes arruma tempo para malhar, sorrio, o meu
marido é mais vaidoso nesse sentido...
Meu marido? Não!
Ele não é mais meu marido, ele é meu ex-
marido.
Me sinto situada no momento exato que
percebo que estou abraçando um mural de recados
ou seriam um caderno de desenhos? Porém, não me
vem à vontade de me mover se quer um centímetro,
porque mesmo esse estranho sendo um grosso e um
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completo troglodita, me sinto acolhida aqui, é


quente e muito bom.
O toque leve na minha nuca é um convite
maravilhoso para relaxar, o mais incrível é que eu
só consegui me sentir assim nos braços do Carl,
nunca estive ou me permiti estar nos braços de
nenhum outro homem com tal intimidade.
Eu acho que mais ou menos pode ter me
feito vir para a cama desse homem, é só que ele é
mais atencioso ou algo assim comigo, me faz
carinho, gosta de me tocar—ainda que não deva—e
tem algum interesse em mim.
Meu EX-MARIDO não tinha tanto interesse
em mim ultimamente.
Acho que com o passar dos anos para o
homem as coisas são muito simples, uma mulher se
torna algo descartável, inútil, quando ele vai
ficando velho quer uma mais nova, a velha entra
em desuso, porque não tem mais tudo em cima e
não é mais tão vistosa aos olhos dele, ela já não tem
a mesma disposição ou o tempo que ele quer para
si.
Enquanto a Trisha, tem amor para dar e
vender...
— Que bom que se acalmou—Hades fala
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baixinho.— Bom dia mon petit.


Agora além de maconheiro tatuado você é
francês!
— Bom dia—digo, mas não me movo.
Fico quieta, me perguntando por que me
irrito com o fato dele ser maconheiro,
simplesmente não é da minha conta, acho que
ontem só me assustei muito com as revelações de
Hades... Hades.
Que tipo de mãe coloca um nome desses
numa criança?
— Sua mãe gosta de mitologia grega?
— Infelizmente meu pai é um apaixonado
por mitologia, ficaria surpresa se eu lhe dissesse
que o nome do meu irmão mais velho é Zeus e da
minha irmã mais nova é Afrodite?
Comprimo os lábios, o riso começa a ficar
preso na minha garganta.
— Pode rir.— ele diz com naturalidade.
Respiro fundo oprimindo a vontade de rir,
mas não consigo.
Meu Deus, Zeus? Afrodite?
— Papai é historiador ele é formado em
história com especificação em mitologia grega, ele
e mamãe eram apenas adolescentes quando se
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casaram, então dai vem a criatividade.


—Hades—digo seu nome e ergo o olhar, rio
sem parar.—Desculpe.
— Já me acostumei—ele dá de ombros—A
vida não é justa de várias formas, meu nome é
curto, meu nome é Hades Rice Collins.
— Meu nome completo é Viviana Guerra
de Martín Silvestre Cortez Rawley.
—Gales?—ele indaga surpreso.
— Meu avô era Gales—respondo.
—Minha mãe é de Gales também.
Baita coincidência.
—Seu nome é bem comprido—Hades fala.
—Porque?
—Minha mãe quis usar o sobrenome do
meu pai ele é filho de espanhóis então ela registrou
a mim e a minha irmã com os sobrenomes do meu
pai, Guerra por parte do meu avô e Martin Silvestre
Cortez por parte da minha avó.
—Rice é o sobrenome da minha mãe e
Collins do meu pai, ele é americano, mas foi criado
na Grécia por uma tia, dai sua paixão por nomes
estranhos.
—Afrodite—repito e volto a rir.—Quanta
criatividade.
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—Ela não gosta, chamamos ela de Affie em


nossa casa e o Zeus chamamos de “Z”.
—O pior é que ele nem para colocar um
sobrenome bonito.
—É, o meu pai viajou mesmo, mas ele é um
homem de coração enorme.
—O meu pai é um bom homem, você é
filho do meio?
—Sim e você?
—Mais velha.
Não sinto em dizer isso, mas é tão estranho
pensar que quando eu voltar para casa ainda
continuarei com 37 enquanto minha irmã de 21 está
com o meu marido de 42.
— Sinto muito por ontem—Hades fala.—
Não é do meu feitio quebrar as coisas, perdi o
controle.
—Está bem—concordo e me sinto na
obrigação de tentar resolver isso da melhor forma,
sem brigar.—Podemos pedir a anulação hoje?
—Você não quer nos dar uma chance ao
menos de nos conhecermos melhor?
—Não poderíamos fazer isso sendo apenas
amigos?
—Se eu quisesse uma amiga com certeza
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não teria transado com você.


Ele olha para os meus lábios, parece esperar
uma resposta, desvio o olhar para o teto sem saber
o que devo dizer, quero anular tudo isso e ir
embora, só que saber o que me espera quando
chegar em casa é assustador.
O que vou fazer primeiro? Voltar para
aquele apartamento? Me acostumar com a ideia de
que meu ex está com a minha irmã? Ver meus pais
ignorando a minha dor e não opinando sobre o
assunto?
—Tenho que ir a Miami hoje pela noite, à
negócios, porque você não me acompanha?—ele
sugere.
—Deveria?—questiono.
—Está de férias não está?
—Estou desempregada.
Suspiro.
Literalmente na merda, fodida, ferrada, sem
marido, sem emprego, sem expectativas,
desconstruída.
—Então vamos, você não precisará pagar
por nada, é um jantar de negócios, tenho certeza de
que será ótima companhia.
—Hades eu não quero me envolver.
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—Acho que é um pouco tarde demais para


falar isso não acha?
Eu o fito, ele fica me olhando todo sério, as
sobrancelhas negras erguidas, de fato, não sei nem
o que devo falar.
—Não faço isso com frequência Viviana,
então apenas aproveite esses dias, vamos deixar
tudo acontecer.
—Você fala se relacionar com outras
mulheres?
—Ter um caso, não gosto.
—Por quê?
—Me tira tempo e isso é algo do qual não
ando dispondo todos os dias devido aos negócios.
—Posso entender, mas eu não quero o seu
tempo, quero resolver esse mal entendido.
—Que mal entendido Viviana? Porra!
Como você é travada, se você é casada esse
casamento nem válido é, porque a preocupação?
Porque eu não sou mais casada ora!
—Hades...
—Você pensa demais.
—E você fuma maconha!
—De novo esse assunto?
Ele se irrita, mas parece que a cada
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argumento dele fico mais balançada e vou só


querendo arrumar desculpas para não querer estar
aqui.
—Não gosto.
—Viviana eu não gosto de muitas coisas,
mas nem por isso vivo recriminando as pessoas ou
oprimindo.
—Eu só acho que não é certo.
—A linha entre o certo e errado se chama
moralismo, na minha língua hipocrisia.
Hades se ergue, fico olhando os ombros
largos cobertos por desenhos, costas desenhadas
com símbolos que nunca vi na vida, ele faz menção
de virar, olho para o teto.
—Vai ou não vai?—pergunta irritado.
—Ai, grosso!—reclamo.—Não precisa falar
assim comigo.
—Você só pega no tranco—apela.—Preciso
de alguém também que me faça companhia nesse
jantar.
—Você contrata acompanhantes de luxo
para esses eventos?
—Nunca precisei pagar para transar com
ninguém antes Viviana, já levei muitas amigas,
minha irmã, mas acompanhantes não, não é muito
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da minha natureza pagar por sexo.


—Moralismo ou hipocrisia?
—Um pau de 27 centímetros.
Vou ficando vermelha feito um tomate.
Cacete!
—Vai ou não vai Viviana? Preciso avisar
para o meu piloto.
—Você tem um piloto?
—Eu tenho muitas coisas.
Engulo a seco.
Hades pega o celular no criado e começa a
mexer nele, parece caro, me sento na cama
confesso que curiosa sobre esse homem sentado ao
meu lado, mesmo que não deva quero sim saber
mais sobre ele.
Fiquei curiosa.
—Hades—chamo.
—O que?—pergunta irritado.
—Eu vou, mas com uma condição.
Ele me encara surpreso.
—Não quero que conte para ninguém que
estamos casados, ok?
—Medo do maridão saber?—ele não
esconde o sarcasmo por trás de sua voz.
—Quer que eu vá ou não?
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Respira fundo, sei que vou me arrepender


disso, ela digita rapidamente na tela do celular
depois leva a orelha.
—Prepare o avião, partimos em duas horas.

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Observo as nuvens aqui do alto, é estranho


pensar que não há mais ninguém aqui, é um jato de
pequeno porte, mas bem luxuoso por dentro, Hades
mexe no celular, fiquei surpresa em ver ele
colocando uma camisa social engomada e terno,
agora, diante de mim tem um homem bem elegante,
coloquei um dos vestidos longos que eu trouxe, é
floral e de alcinhas, acho que faz pelo ou menos
uns cinco anos que não usava esse vestido.
Na verdade faz bastante tempo que eu não
uso roupas formais, minha vida na maioria das
vezes se divide entre calças longas e terninhos, em
casa costumo usar mais leggings e camisetas
folgadas, eu não faço muito o tipo que vive se
maquiando se não por obrigação.
Meu trabalho exige no mínimo cabelos
comportados e uma maquiagem leve nos dias de
apresentação ou ao menos exigia, não posso
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esquecer também dos sapatos que eu odiava usar


nos dias de reunião, em dias comuns usava
sandálias altas, às vezes quando chegava em casa
estava com as pernas ardendo.
É, foi um trabalho muito bom e
recompensador, mas pensando bem a empresa tinha
umas exigências tão bestas.
—Viviana!
O berro me faz dar um pulo no banco, olho
para Hades com o coração pulando pela boca, levo
uma fração de segundos para ver a xícara de café
em sua mão, a pequena mesa posta, uma aeromoça
toda arrumada com uma cafeteira na mão e
segurando uma xícara idêntica a dele.
—Aceita um café senhora?—pergunta ela
com um sorriso lindo.
—Ah, sim, claro—digo de repente sem
graça.—Desculpe, estava distraída.
Ela me entrega a xícara e indica a mesa, se
afasta empurrando um carrinho desses de avião,
olho para Hades com irritação, ele toma o café
muito a vontade na poltrona dele.
—Você é sempre distraída assim bebê?—
pergunta ele muito calmo.
—Estava pensando.—respondo e bebo um
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pouco do café, só o cheiro é maravilhoso, o gosto


então, me derreto na minha poltrona.
—Bom né?—ele questiona.—É
colombiano, uma seleção que ganhei de um
investidor de presente de aniversário.
É de fato, o gosto é acentuado e saboroso,
um gosto mais concentrado do que a maioria dos
cafés que tomo todas as manhãs.
—Estava pensando no outro marido?—
Hades está muito calmo.
—Não—pigarreio e me endireito.—Estava
pensando na antiga empresa onde trabalho...
Trabalhava.
—Ah—os olhos castanhos estão novamente
em mim, fico sem graça.—Entendi, mas me diga, o
que o seu marido faz?
—Ele é promotor de justiça—respondo.—
Do Estado da Virgínia, trabalha na suprema corte.
—Parece um bom emprego, mas ele é rico?
Como ele mantém a casa?
—Ser rico não é um atributo Hades, é
apenas um status, uma condição.
Saboreio o café, ele continua reflexivo,
acho que desde que saímos do hotel, ele tem meio
que me evitado, dito só o básico, porque ele sabe
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que eu não queria vir, só que para mim pareceu


mais interessante vir do que voltar pra a tristeza que
seria retornar a casa dos meus pais.
Não quero ver a Trisha, não quero ver o
Carl, não quero pensar em procurar um emprego
agora, eu só quero poder esquecer de todos os
problemas para saber como lidar com eles quando
eu voltar.
Acho que aconteceu tudo de uma vez,
rápido demais, por isso ainda não estou pronta para
lidar com as coisas assim.
—É que você parece ser uma mulher
comum, mas muito educada.
—Eu me formei em Administração na
universidade local, fiz uma pós em gestão de
pessoas, nada demais.
—Se casou cedo?
—Sim, mas eu já estava formada quando
me casei.
—Quantos anos juntos?
—17.
Iriamos fazer 18 em sete meses, mas enfim,
foda-se, não faremos.
—E não quiseram ter filhos?
—Não—dou de ombros.—No começo não
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era uma prioridade, depois eu descobri que sou


infértil.
—Seu marido não fez direito, por isso não
pegou barriga.
Ele começa a sorrir devagar e vou sentindo
o calor subindo nas minhas faces, desvio o olhar,
bebo mais um gole de café, acho que já passei da
fase de sexo quente, lembro-me que no começo do
meu namoro com o Carl parecíamos coelhos, nós
fazíamos sexo pelo ou menos quatro vezes na
semana, tinha noite que nós dois transavamos duas
vezes, depois isso foi ficando de lado, porque ele
chegava tarde do fórum, porque eu estava checando
a papelada da empresa, porque nós dois queríamos
apenas mais a cama do que um ao outro.
—Sou estéril mesmo—afirmo bem segura
disso.—Por isso não me preocupo com essa
questão da camisinha rasgada.
—Eu acho que quero ter filhos um dia,
minha mãe é louca para que eu e os meus irmãos
tenhamos filhos, mas temos nos dedicado muito as
nossas carreiras.
—Não posso dizer que acho que faz certo,
perdi a chance de ser mãe por me dedicar ao meu
emprego e veja, depois de 17 anos demitida, como
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se eu fosse apenas um número.


—Tem que aprender a ver a vida pelo lado
positivo Viviana, ao menos seu marido pode te
sustentar, aposto que você nunca precisou
trabalhar.
—Não é questão de precisar, eu gostava do
que eu fazia na C&C.
Ele se cala, fica me olhando calado, desvio
o olhar para minha xícara, já está vazia, me sinto
desconfortável em falar sobre isso, mas
incrivelmente à vontade em falar sobre o trabalho
com ele.
—Me senti descartável, ajudei a empresa
com grandes campanhas publicitárias, consegui
contas milionárias, eu trabalhava muito duro para
conseguir resultados e depois de quase 20 anos me
mandaram embora, o pior foi a desculpa que o meu
ex-chefe me deu, disse que estavam fazendo cortes
na empresa, mas só eu fui demitida no meu setor.
—Não parou para pensar que talvez eles
estejam passando por alguma reestruturação?
—Uma empresa daquele tamanho?—
pergunto bastante chateada— O dono da empresa
não me mandaria embora, tenho certeza que não, eu
batia minhas metas, eu às vezes ficava até tarde.
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—Posso imaginar, mas você nem procurou


a ouvidoria?
—Sério? Você acha que eu depois de tudo o
que passei iria me dar ao trabalho de abrir uma
reclamação que não iria dar em nada?
—Seria um início.
—Seria desperdício de tempo.
Suspiro, deixo minha xícara na mesa, olho
pela janela, nunca me senti tão inútil e pior sem
rumo, nem sei o que vou fazer quando voltar para
casa, sem um pingo de ideia.
—Às vezes você parece tão amargurada.
—Eu não sou assim—replico.— Eu
costumo ser bem calma e feliz, mas a vida não tem
sido muito grata comigo.
—Tudo isso por causa de um emprego?
Você pode conseguir outro Viviana.
Eu o fito, percebo que ele mexe as mãos em
silêncio, um pouco inquieto ou coisa assim, abaixo
o olhar e sinto uma imensa vontade de chorar.
— Desculpe, acho que não sou boa
companhia.—tento sorrir.
—Viviana—ele chama e eu o fito.—O que
disse?
—Não sou boa companhia—repito confusa.
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—Acho que agora você quem está distraído.


—Não estou—Hades pula da poltrona dele
e vem para a que fica ao meu lado.— Não fique
com cara de choro, logo você irá retornar para seu
maridão, ele te dará bons motivos para sorrir, tenho
certeza de que conseguirá um ótimo emprego.
Duvido muito.
—Obrigada pelo apoio moral.
Suspiro, ele estende o braço e coloca
envolta do meu ombro, não acho ruim, me sinto um
bagaço.
Acho que já finjo muito bem ser forte para
todos desde que levei um pé na bunda do meu
marido, não gosto que me vejam como uma
coitada, não sou.
—Não há de que—Hades toca meu braço.
—Tenho uma queda por mulheres choronas, a
começar pela minha mãe, então não chore.
—Ok.
—Tudo vai dar certo.
—Tomara.

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—Já veio a Miami?


—Não, nunca vim.
—Nem a trabalho?
—Eu viajava só para treinamentos no
estado da Virgínia.
Estamos num táxi, pegamos assim que
desembarcamos no aeroporto, Hades disse que
estamos indo para um hotel, não foi uma longa
viagem, mas acabei cochilando boa parte dela, ele
ficou ao meu lado na poltrona, me fez carinho na
cabeça, então eu me senti um pouco melhor quando
desembarcamos a alguns momentos.
Segundo ele ficaremos no COMO
Metropolitan Miami Beach, e é lá que ele vai
encontrar seus clientes em uma jantar mais a noite,
não posso dizer que estou empolgada ou coisa
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assim, contudo bastante curiosa em relação a ele,


sobre a sua empresa, mesmo que por dentro eu
detenha essa vontade que tenho de querer saber
mais sobre meu indesejado marido de Las Vegas.
—Sua empresa é de pequeno porte?—
pergunto.
Estou olhando para todos as palmeiras que
dão um ar muito bonito a cidade, do outro lado da
rua é praia, mar, coisas que não conheço tão bem
quanto desejo, minha vida é mais longe disso, de
viagens e lugares turísticos, até porque não temos
contado com muito dinheiro, investimos muito nos
cursos que Carl fez para aperfeiçoamento durante o
doutorado dele.
—Sou CEO da minha empresa.— ele
responde mexendo no celular.
—Ah—abro um pouco da janela, aspiro o ar
da Florida, sei que não voltarei aqui tão cedo.—
Você é tipo dono da sua empresa.
— É eu fundei ela a 10 anos com a ajuda da
minha mãe, ela me ensinou tudo o que eu sei.
—Poxa, então era muito jovem.
—É, eu tinha entrado na faculdade a pouco
tempo, mas aprendi muito durante esse tempo,
minha mãe administrava comigo no começo,
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quando me formei comprei as ações dela e virei


único dono.
—Você deve ser bastante ocupado.
—Às vezes.
Me encosto no banco, também sou bem
ocupada, ou era... Tenho que me acostumar com o
tempo no que se refere a minha vida, ao passado,
pretérito mais que imperfeito.
—E você Viviana?—Hades enfia o celular
no bolso da calça—Nessa empresa onde trabalhava,
você gostava?
—Bastante—sorrio.—Sempre amei montar
projetos, é tudo o que sei fazer, montar
propagandas, mostrar através disso minha
criatividade, já consegui uma conta de dois milhões
para a C&C, foi uma das minhas melhores
campanhas, para uma empresa que fabrica fraldas
descartáveis.
—Você é uma mulher inteligente.
É, para mim sobrou à vontade de aprender,
para Trisha a beleza de mamãe e os olhos verdes de
papai, enquanto eu fiquei com cabelos ondulados e
olhos escuros como os de mamãe, olhos bem
grandes e um nariz meio estranho, não sou
completamente insatisfeita com o meu corpo, mas
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com certeza se pudesse escolher não iria querer


seios grandes nem quadris mais largos.
É estranho pensar que quando eu era mais
nova adorava meu corpo, agora só me sinto inteira
ou coisa assim.
Ser traída mexe com o ego, com a vaidade,
com tantas coisas...
—Me acha bonita?—eu o fito. —Tipo,
desejável?
—Se eu te acho bonita bebê? — ele começa
a sorrir se vira para frente e bate no ombro do
motorista.—Ouviu isso? A minha mulher me
perguntando se eu a acho bonita!
Nego com a cabeça oprimo a vontade de rir,
o motorista fica rindo, Hades se vira para mim e
estende a mão, toca minha face.
—Claro que é bonita bebê, você é uma
mulher linda.
—Obrigada.
Hades se inclina e me rouba um selinho,
não repreendo, valeu por ele me chamar de linda,
porque me faz bem mesmo que não deva, ele
segura a minha mão e ficamos em silêncio pelo
resto do caminho.
Seja como for, ao menos agora está me
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tratando um pouco melhor.

—Cansada?
—Mesmo que não estivesse com uma cama
dessas, “COMO” me sentiria mal?
Com uma vista dessas, com esse quarto
espetacular, com tantas coisas perfeitas nesse hotel,
como poderia me sentir cansada?
Bem aqui, ao meu lado tem uma sacada
aberta com uma vista expendida para o mar da
Flórida, o vento sopra e sopra e faz bastante calor lá
fora, tiro os sapatos jogando-os para longe, me
esparramo na cama, Hades deixa as malas no canto
do quarto e depois se aproxima.
Ele se senta na cama ao meu lado e fica me
olhando em silêncio, pisco em silêncio, ele se
inclina e me dá outro selinho leve, toca meus
cabelos, minha face, fico parada sem saber
exatamente se devo ou não afastar ele.
Devo porque é o certo, não devo porque é
complicado pensar nas razões de não dever.
Acho que vou deixar as coisas rolarem, não
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quero ficar pensando no amanhã, nem nos


problemas que isso pode gerar para minha vida,
porque não vai gerar problema algum, claro, o que
poderia acontecer além de uma anulação do
casamento e cada um seguir seu caminho?
Não preciso ser íntima demais dele nem
nada ou vice e versa.
—Quer comer alguma coisa?—ele
questiona me fitando.
—Não—falo.—Acho que só preciso de um
banho antes desse jantar, já parece bem tarde.
—Sim, será daqui a duas horas.
—Humm...
Hades sorri e olha para os meus lábios.
—É mesmo uma pena que você é casada e
não quer continuar no ramo da bigamia bebê.
—Na verdade, já que estamos
compartilhando algumas coisas, eu tenho que te
contar uma coisa sobre o Carl.
—Ah, ele se chama Carl.
—Sim.
Hades está preocupado com isso, o
incomoda, e por mais que eu não deva satisfações
disso para ele, sei que é errado continuar mentindo,
não gosto, inventei isso no calor do momento, por
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raiva, só que não quero mais nutrir isso dentro de


mim.
Ok, sou uma perdedora, ok sou uma otária e
tenho um par de chifres na cabeça e isso ele não
tem que saber mesmo, não os motivos, contudo ao
menos que saiba que sou divorciada, se fosse
comigo não iria gostar de saber por ninguém, nem
que é uma mentira.
—Tenho que te contar algo Hades.
—Por favor, só não me diz que ele tem um
pau maior que o meu e é mais bonito.
Desta vez, nem que quisesse conseguiria
conter o riso, gargalho à beça com a resposta.
—Se ele for um desses juízes sarados que
vivem armados...
—Não é juiz, é promotor!—corrijo
gargalhando.—Pelo amor de Deus, o que se passa
na sua cabeça?
—Ah sei lá—ele se inclina e se deita em
cima de mim, se apoia no cotovelo.—Eu não faço
muito o tipo atraente.
Porra, alguém tão bonito e jovem falando
isso logo para mim?
—Eu bem que tento, mas não consigo, deve
ser as tatuagens.
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—Sei.
—Juro que já tentei ter vários
relacionamentos sérios, mas não consigo, ninguém
me quer.
—Ah, mas que coitadinho meu Deus.
Dou duas batidinhas em seu ombro, Hades
sorri muito manso e isso contradiz tudo o que ele
representa para mim desde que eu o conheci, o lado
que ele me mostrou ontem quando teve aquela crise
de raiva.
—Sério—ele repete.— , mas agora falando
bem sério, eu acho que é porque eu só me envolvo
com quem não presta.
—Ah, e você presta?
—Presto até demais.
Ele sorri, toca a minha bochecha e fico
rindo atoa da afirmação, para mim ele continua
com cara de quem não vale nada, não presta, não
tem um pingo de futuro.
Hades se inclina e me beija, agora, com
vontade, abro a boca e me permito beijar ele
também, o beijo é tão intenso que acabo
esquecendo o que tinha que dizer quando ele deixa
meus lábios.
—Vem para o banho comigo?—convida
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ele, olhando nos meus olhos.


—tenho outra saída?
—Só há um caminho aqui bebê e ele te trás
até a minha cama.
—Então—digo criando coragem.—Já que
estamos aqui, podemos deixar o banho para depois
que usar ela não acha?
Hades me responde com um beijo.
Acho que não consigo pensar em mais nada.
Não quero.
Qualquer coisa é melhor do que ficar
pensando em casa, no que eu tinha e não tenho
mais, aquilo é apenas o resto, e eu não estou muito
afim do resto agora.
Quero Hades.

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Hades explora a minha boca devagar, toco


sua face sem pressa também beijando-o da mesma
forma, minha mão direita toca suas costas, seu
ombro e se enfia em sua nuca, em seus cabelos, são
tão macios, sua boca também é, quente, carinhosa,
ele beija com paixão.
Ele deixa meus lábios e beija meu pescoço,
fecho os olhos adorando a sensação de ser beijada,
tocada, me sinto realmente bem. Os lábios sobem e
me beijam intensamente, sinto uma pontada forte
na minha barriga, sua excitação é evidente e bem
firme, todo seus braços e suas costas, estou mais
quente, estou ótima assim, quero tocar mais, sentir
mais, quero...
Algo vibra no criado da cama, então de
repente, Hades está indo para o lado, meu corpo
fica todo quente e os meus lábios perdem o calor de

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repente, suspiro, ele se senta na cama pegando o


celular.
—Oi... Ah, sim, tudo de pé sim, acabei de
chegar na cidade com a minha acompanhante...
Acompanhante... Acompanhante...
A-C-O-M-P-A-N-H-A-N-T-E!
A palavra se repete uma centena de vezes
na minha cabeça, fico dura e demoro um pouco
para conseguir sair da cama, me sinto estranha e
pior, chateada, porque eu sei que isso tudo é uma
loucura, ainda mais agora depois de ouvir isso.
Pego minha nécessaire e minha mala, vou
para o banheiro e tranco a porta, a verdade é que
nem eu mesma sei direito porque aceitei isso, o que
esperar, como, tantas coisas.
Fico por alguns momentos olhando envolta,
dizendo para mim mesma que só estou sensível,
mas sei que não é bem assim que as coisas
funcionam no meu mundo.
No meu mundo eu queria ao menos uma
vez na vida ser o centro das atenções, que o meu
marido não houvesse mentido para mim e que a
minha irmã fizesse no mínimo seu papel de irmã.
—Bebê!—chama Hades do lado de fora do
banheiro.—Tudo bem ai?
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—S-sim—digo.— Vou tomar banho, ok?


—Quer companhia?
—Acho que não.
—Por quê? Eu desliguei o celular, não
seremos mais incomodados.
—Eu... Eu... A... Bem... Eu... Menstruei!—
exclamo—É, para valer.
—Ah—ele demora para falar. —Ok, precisa
de absorvente? Posso pedir que tragam.
—Não precisa, eu tenho na minha mala—
invento. —, mas pode deixar, eu não demoro.
— Não faz mal Viviana—Hades diz. —
Estamos casados, é coisa de mulher, eu entendo,
vou dormir um pouco está bem?
—Ok—digo. —Já me uno a você.
—Estou te esperando na cama bebê.
—Está bem.
Respiro fundo e começo a me despir.
Fico pensando nas chances de uma vez na
vida o Carl ter se oferecido para fazer algo assim,
não deveria ser fofo, mas porra, é!
Me enfio no chuveiro depois que me dispo,
tomo um banho quente tentando organizar as
ideias, toda aquela coisa ruim me vindo a cabeça,
pensamentos de merda que me fazem refletir se
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compensa mesmo eu ter sacrificado tanto minha


vida por causa de um homem, de uma empresa.
A última coisa na qual eu iria querer agora
era um outro marido.
Olho para a aliança em meu dedo, eu se
quer sei se estamos mesmo casados, ele nem me
mostrou o certificado de casamento nem nada.
Mas com certeza eu sei que ele não se daria
ao trabalho de mentir sobre isso, tão pouco me
trazer a Miami para um jantar se não fosse verdade.
Em pensar que a minha viajem a Vegas era para ser
um momento de férias e liberdade, acabei me
embebedando e me casando com um estranho.
Pensei que no auge da minha carreira eu
conseguiria algum reconhecimento na empresa, que
daqui a 3 anos faria uma festa de bodas de
Porcelana e viajaríamos para algum lugar para
comemorar os 20 anos juntos, eu comecei a contar
desde a época de namoro porque fazíamos
faculdade no mesmo lugar e Carl e eu vivíamos
mais inseparáveis do que nunca.
Pensar nele ainda dói, porque tudo isso foi
há dias atrás, é tão fácil ouvir as pessoas falando
“vai passar”, “aproveita, você é jovem”, “vai
viver”, “você supera”, “você é forte”, quando na
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verdade eu se quer encontro forças para prosseguir


depois do divórcio.
No começo me sentia enojada em lembrar
da Trisha em cima dele na cama, de toda aquela
cena que me fez ficar paralisada por mais de
minutos, fiquei tão dura que mal conseguia piscar,
até o momento em que o meu querido marido me
viu ali e todos os sorrisos dele sumirão.
A minha irmã saiu de cima dele quando
percebeu a minha presença então foi como um
estalo em minha mente, algo que me fez agir,
minhas pernas criaram forças, Trisha estava dura
ali tentando cobrir sua nudez enquanto Carl vestia a
cueca que há duas semanas atrás eu havia passado.
Eles estavam transando na cama que
naquela manhã antes de eu sair para trabalhar junto
com ele, eu havia arrumado, eu havia lavado
aquelas roupas e passado aquelas roupas de cama
por horas a fio, tinha suado porque era época de
calor na cidade, eu havia escolhido aquelas roupas
de cama e comprado com o meu dinheiro, aquela
cama era minha porque eu a escolhi quando
compramos a mobília, aquele era meu marido que
jurou me amar e me proteger diante de Deus e de
mais 200 convidados numa igreja e por fim aquela
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mulher era a minha irmã, uma bebê que eu segurei


na maternidade, cobri de beijos e carinho e prometi
a Deus que trataria ela como uma bonequinha.
Depois daquilo me lembro que comecei a
sair do nosso apartamento, ouvia os gritos de Carl,
ele chamava meu nome, mas eu estar ensurdecida
pelas imagens que me vinham a cabeça, sai dali,
queria vomitar, eu havia feito compras e chegado
mais cedo porque naquela tarde na empresa tiveram
que fazer uma dedetização.
O pior foi entrar no meu carro e dirigir por
horas sem saber para onde ir, meu celular tocava
incessantemente até que eu me irritei e desliguei,
naquela noite acabei com toda a gasolina rodando
pelas ruas de Roanoke, dormi num motel da cidade
e decidi não voltar para casa.
O mais óbvio, fui para casa dos meus pais
no dia seguinte, Carl me esperava lá, era sábado,
Trisha também, eu mal conseguia olhar na cara
deles, mamãe estava chorando e papai cheio de
preocupação, apenas disse:
“Eu quero o divórcio”.
Depois olhei para Trisha e não conseguia
dizer nada, Carl se aproximou e recuei, porque
sentia tanto nojo com a hipótese dele me tocar que
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aquilo me machucava, alguém que confiei por tanto


tempo me traiu com a minha irmã.
“Vih eu sinto muito...”
Tudo aquilo por parte de Trisha parecia tão
ensaiado, simplesmente lhes dei as costas e subi
para o meu antigo quarto dizendo:
“Quando eu descer, não quero ver vocês
dois aqui”

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Fiquei indo trabalhar todos os dias desde


então, encarando todos os olhares das pessoas na
C&C, a cidade não é grande, eu e Carl temos
vizinhos e um porteiro e não demorou muito para
eu perceber que todos na empresa já sabiam de tudo
o que aconteceu.
Todos os dias quando chegava da empresa
eu ficava trancada no meu quarto até criar coragem
e ligar para um advogado, mamãe me levava as
refeições, mas não conseguia comer, ela e papai
insistiram que eu deveria ouvir Carl e Trisha, mas
me recusei, não havia uma parte de mim que os
queria por perto.
Depois disso, acionei um advogado
conhecido dos meus pais e pedi para ele ingressar
com uma ação de divórcio sob a clausula de
adultério, ganhei a ação, fiquei com tudo, mas no
final quando assinei o papel, estava vazia e sem
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nada.
Eu não quis assinar na presença do Carl, foi
melhor daquela forma, não vi mais Trisha, uma
semana depois eu fui demitida com a prerrogativa
de corte de funcionários, então decidi viajar para
tentar me encontrar.
Acabei encontrando Hades, mais um
problema que tenho que resolver.
—Bebê!
Depois do grito dou um pulo, coloco a mão
no peito, sinto vontade de esmurrar alguma coisa.
—Porra Hades, não faz isso.— grito
devolta.
— Você está a mais de uma hora ai querida
—ele berra do lado de fora do banheiro.—Eu
também preciso tomar banho.
—Ok—digo e me enxáguo, desligo o
chuveiro.
Mal me dei conta de que estava aqui por
todo esse tempo.
Visto o roupão que está em cima da pedra
do lavatório, vou até a porta e a abro, Hades está só
de cueca, os cabelos bagunçados e com cara de
quem dormiu bastante.
—Que demora!—exclama impaciente.—O
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que houve?
—Perdi a noção de tempo—replico nervosa.
—Desculpe.
—Sei—pragueja e vai para o rumo do vaso.
—Você demorou demais, acabei dormindo sozinho.
—Peço desculpas Hades.—falo e caminho
até a pedra do lavatório.
Abro as portas dos armários, tem secador,
escovas, esses hotéis tem de tudo, até desodorante!
Nada que lembre os hotéis onde já estive,
eram bem menos luxuosos.
—Escuta—Hades chama.—Você tem uma
roupa mais adequada para um jantar menos formal?
—Algo que lembre um jantar de negócios
ou um jantar entre amigos?
—Amigos—Hades fica parado ao meu lado.
—São pessoas que já estão familiarizadas comigo e
alguns outros chefes de setor de umas filiais.
—Eu trouxe jeans, blusas de alcinhas, tênis.
—Ótimo—ele se inclina e me beija de leve.
—Pode se vestir como se sentir bem bebê.
— Humm...—digo e decido esclarecer
algumas coisas—Escuta, eu preciso te contar
algumas coisas.
—Pode ser depois do jantar?—Hades
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questiona.
—Bem, pode—fico sem jeito.— , mas é que
queria ver o nosso certificado de casamento...
—Viviana não insista nesse assunto agora,
por favor—pede.
—Hades você me deu isso—mostro a
aliança no meu dedo.—E olha, está desbotando, só
usei sabonete, que tipo de marido você é? Também
não usa aliança, esse casamento é mesmo de
verdade?
Ele respira fundo, se afasta com cara de
poucos amigos, estendo a mão e seguro seu pulso.
— Volta aqui, eu ainda estou falando com
você!
—Queria pensar com calma nisso tudo
Viviana, chapamos e nos casamos, acredite em
mim, o certificado foi enviado para o meu
advogado, ele vai verificar se é possível a anulação
como você pediu, não é isso o que quer?
Fico surpresa, deslizo a mão até a dele,
puxo ele para perto, Hades é... Bem, não sei o que
ele é para mim ainda, mas é muito melhor estar
com ele e tentar me distrair do que pensar na minha
dor.
—Seria legal se me desse uma aliança
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decente enquanto estamos casados não acha?


—Você quer usar uma aliança?—ele franze
a testa.
—Não sou sua acompanhante Hades, sou
sua mulher.
—Ah, entendi, ficou magoada.
Coro, ele é muito esperto.
—Não foi bem magoada, não gostei do
termo.
—Mas você disse que não queria...
—Eu sei o que eu disse, mas fiquei
pensando agora a pouco no que você falou sobre
deixar tudo acontecer.
—E quer continuar com isso?
—Talvez, ao menos durante as minhas
férias, o que acha?
Ele me analisa com cuidado.
—Não acho que esteja pronto para assumir
um casamento agora para minha família, eu pensei
bem sabe, mas isso não me impede de termos um
caso.
Não é injusto, mas me incomoda essa coisa
de “caso”.
—Está bem—digo.—Então posso ser sua
namorada de mentirinha.
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—Defina mentirinha Viviana. —provoca


ele e me puxa pela cintura.
—Só de aparência—ergo o olhar, ele é bem
mais alto que eu.—O que acha?
—Você ainda estaria na minha cama como
mais cedo?
—Isso depende...
—E o tal do Carl?
—Era isso o que eu queria te contar.
—O que? Ele já sabe que você casou
comigo também?
—Não, ele não sabe e nem precisa saber,
porque eu e ele estamos divorciados.
Ele me analisa com certa surpresa, fico
parada esperando por uma reação irritada.
—Você mentiu para mim sua safada?
—Menti—encolho os ombros.—Desculpa.
—Graças a Deus Viviana.
Depois que fala isso, Hades se inclina e me
abraça com tanta força que me faz perder o fôlego.
—Sendo assim, então, não precisaremos
anular o casamento por hora—determina ele.—
Quando acabar suas férias, pensamos nisso ok?
—Posso só colocar mais uma cláusula?
—Pode.
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—Sem infidelidade ok?


—Sem mentiras!
—Feito.
Hades me solta e se inclina, ele me beija
com cuidado, então se afasta.
—Tem minha palavra Viviana—avisa e vai
puxando a cueca para baixo.
Fico vermelha, me viro para frente e ligo o
secador.
Que bunda Branca... Mas que bunda bonita!

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Vesti uma calça skinny que trouxe para


passear em Las Vegas, calcei um par de tênis
simples e coloquei um camisão tentando combinar
tudo, Hades me deixou sozinha secando os cabelos
a uns vinte minutos, então aproveitei para me
arrumar, tentei não me enfeitar muito, deixei meus
cabelos soltos porque me sinto farta de ter que
prendê-los todos os dias para ir a empresa, eles são
longos precisão de um corte.
Assim, não sou um dos maiores exemplos
de beleza que conheço, mas também não sou das
mais feias, gosto dos meus cabelos, eles tem um
castanho mais claro, meus olhos não são
chamativos, porém são redondos e escuros, quando
passo máscara para cílios eles ficam mais
expressivos, passei inclusive uma base bem leve e
um batom vermelho carmim que tenho na minha
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nécessaire, não posso dizer que fico bem em tudo o


que visto, mas me esforço.
Ao menos isso, quando me arrumo eu fico
apresentável.
Deixo meu cabelo partido no meio e
organizo tudo no banheiro, passo perfume e checo
tudo antes de retornar ao quarto, depois que tudo
está no lugar retorno ao quarto e encontro Hades
sentado na cama, jeans, coturnos amarelos, uma
camisa cinza largada e uma camisa jeans folgada
por cima, não tinha reparado essas pulseiras escuras
que ele usa no pulso, junto de um relógio bem
moderno abaixo delas, arrumo minha bolsa no lado
do corpo e me aproximo.
Ele se ergue me olhando de cima abaixo
sorrio.
—Uau!—exclama ele.— Você está linda
bebê.
—Obrigada, tentei dar o meu melhor.
—Ah, mas que injustiça.
—oPor quê?
Não entendi.
Hades se aproxima e segura a minha mão,
ele a beija e me lança um olhar tão cheio de cobiça.
—O “seu” melhor, você só tem que dar para
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mim querida.
Começo a rir, ele se inclina e beija meus
lábios num selinho rápido.
—Então, vamos? Já estão me esperando lá
embaixo.
—Sim.
Acho que será legal poder jantar com
pessoas diferentes, descontrair, na verdade qualquer
coisa é melhor do que ficar lembrando de tudo o
que me cerca desde o mês passado. Saímos do
quarto de mãos dadas, o COMO Metropolitan
Miami Beach tem uma diária bem salgada, eu sei
por que é um hotel relativamente de luxo, mas é
legal saber que nas minhas férias me permiti
conhecer Miami, seja quaisquer os motivos.
Entramos no elevador e Hades ergue a
minha mão, depois ele retira do bolso algo pequeno
que reluz, logo, ele pega meu dedo médio e ergue
depois coloca o anel de pedra cor de rosa enorme
nele, fico paralisada olhando para a pedra imensa.
—Não perca—aconselha.— É um estrela
cor de rosa, não tem seguro.
—Tá.
Quase não consigo falar, acho que é
emprestado, olho a joia de perto, tem um formato
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redondo e o aro do anel é de cor amarela, é pesada


e muito bonita, nunca vi uma joia tão linda em toda
a minha existência, inclusive de cor de rosa.
—Você alugou?—ouso perguntar ainda
com os olhos na pedra.
—Eu comprei para você, mas o meu
advogado ainda não conseguiu encontrar uma
seguradora que queira se responsabilizar.
Engulo de novo a seco, fito Hades e começo
a tirar o anel do meu dedo, ele me encara todo
sério.
—Não posso...
—Pode sim, coloca no seu dedo, é um
presente.
—Hades...
—Eu já disse, não!
Depois que fala ele se inclina e me beija de
novo, agora sem pressa, passa os braços envolta de
mim e me puxa para ele, me seguro em seus
ombros correspondendo ao beijo, me sinto trêmula
em saber que ele me deu este anel, deve ser muito,
muito caro, mesmo que apenas de brilhantes.
—Obrigada—digo sem jeito.—Quando eu
for embora eu devolvo.
—Sem devoluções—ele se afasta um pouco
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e me dá um pequeno sorriso.—Seu batom me


sujou?
—Não—sorrio.—Ele é a prova de beijos
repentinos.
—Ah.
As portas do elevador se abrem e nós
saímos, de fato o batom não mancha nada, é mate,
fico olhando para o anel a todo momento ainda sem
acreditar que ele tenha me dado isso depois de
apenas 2 dias após me conhecer.
Parece muito, muito caro e é lindo.
Passamos pela recepção e vamos direto para
o restaurante do hotel, fico a todo momento me
perguntando sobre como viemos parar aqui se de
fato eu devo continuar com tudo isso, só que pensar
demais quando estamos juntos se torna uma tarefa
bem difícil.
Logo, entramos no Traymore, o restaurante
do COMO Metropolitan, somos recebidos por um
funcionário de terno e gravata, ele sorri e
cumprimenta o Hades com um breve aperto de
mão, depois a mim, é o gerente do lugar, ele nos
pede que o sigamos e caminho ao lado de Hades
segurando sua mão.
Observo toda a sofisticação do lugar, mesas
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redondas para quatro e até cinco pessoas, os


talheres caros, a louça cara, me pergunto se de fato
porque não parei para pensar mais sobre as
condições de Hades ou será que ele está fazendo
tudo isso para me impressionar?
Estávamos também hospedados num hotel
caro em Las Vegas, então não sei bem se é algum
motivo de preocupação, não parei para pensar que
não paguei por nada.
—Você quer que eu te ajude a pagar a
conta?—pergunto enquanto caminhamos pelo
restaurante.
—Ajudar?—Hades me fita surpreso.—Ah
não, não precisa bebê.
—A diária aqui deve ser bem salgada—
digo.—Insisto que me deixe te ajudar, não precisa
tentar me impressionar Hades, eu não me importo
com essas coisas.
—Não tenho porque tentar te impressionar,
costumo ficar em hotéis como estes quando viajo
pela empresa.
—Ah, então é a empresa que paga tudo para
você?
—Sim.
—Ainda insisto que não precisava do anel,
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deve ter sido caro.


—Não foi, não se preocupe, eu não me
importo de pagar nada para você.
Suspiro, é só que é estranho, não quero
sentir que me aproveito.
—Aproveite esses dias bebê, descanse, você
está de férias.
Fico calada, acho que não posso querer
discutir sobre isso agora, porque afinal de contas
estamos a caminho de um jantar de negócios, pelo
ou menos mais ou menos isso o que ele disse.
Tão logo nos aproximamos de uma mesa
com uns cinco homens e duas mulheres, sinto um
pouco de receio, fico nervosa, porque faz tempo
que não saio para jantar com ninguém além do
Carl, contudo, conforme a proximidade da mesa,
vou sentindo toda vida um tipo de sentimento
confuso ao reconhecer duas figuras sentadas lado a
lado à mesa.
—Você fica calada—Hades diz
discretamente.—Me deixe cuidar disso para você,
ok bebê?
OK?

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Zack e Ellie.
A dupla dinâmica da C&C
Empreendimentos.
Eu acho que nem se eu imaginasse essa
cena em um filme ela pareceria tão bizarra, eu
numa mesa com os meus dois antigos chefes, Ellie
está um cargo acima de Zack e Zack me demitiu
dias atrás.
A cara de espanto que Zack faz é
impagável, Hades puxa a cadeira para que eu me
sente, fico bem de frente para os meus ex-patrões,
ele se senta ao meu lado, não sei como agir, não
tenho a mínima ideia do porque eles estão aqui.
—Boa noite—Hades diz a todos. —
Perdoem o atraso, a minha noiva estava enrolando,
coisas de mulher.
Hades me olha muito calmo, um sorriso
bonito nos lábios que faria qualquer uma suspirar,
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as minhas mãos soam um pouco e me forço a sorrir


para todos a mesa, exceto por Zack e Ellie não
conheço mais ninguém nessa mesa.
—Você não demorou H—diz a loira
sentada na ponta da esquerda.—Estávamos nos
perguntando quem era essa noiva tão misteriosa
que você nos avisou de última hora.
—Viviana estes são os meus investidores
favoritos, Lunna Duarte e Pedro Campos, Zack e
Ellie são funcionários meus da minha filial na
Virgínia, Barth, Garry e Francis são meus três
advogados de confiança—Hades está indicando
cada um sem pressa— Está é a minha noiva,
Viviana, mas ela tem um nome bastante cumprido
por isso podem chamar ela apenas de Viviana
mesmo.
—Muito prazer. —digo para todos coberta
de vergonha.
Ao mesmo tempo que fico me perguntando
sobre a filial da Virgínia, meu coração vai
disparando com a ideia de que seja ele, porque
afinal de contas desde que me lembro a dona era
uma mulher.
—Viviana era gerente de contas da C&C na
Virgínia, mas Zack decidiu demitir ela, então a
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trouxe aqui porque acho que ela poderá ajudar


vocês com a nova campanha para o natal Lunna—
Hades explica.—Não é amor?
Senhor!
—Ah... Bem, claro—estou quase
gaguejando, me apavoro olhando para Zack e Ellie,
ambos estão tão chocados quanto eu, diria até mais.
—Ah, mas tenho certeza de que ela será
uma ótima promotora, me fale um pouco do seu
trabalho na C&C Viviana—pede Lunna com um
imenso sorriso.
—Trabalhei lá por 17 anos e meio, eu
comecei como estagiária no atendimento ao cliente,
a pouco mais de 7 anos comecei a me promover até
conseguir cuidar da minha primeira conta grande,
foi para a Baby Comp. É uma empresa de fraldas
descartáveis.
—Aquele da propaganda em que o pai vai
trocar o bebê e faz xixi nele?—Pedro bebe um bom
gole de vinha todo risonho—ora, mas você é a
mente brilhante por trás daquele comercial?
—Sim.—sorrio lisonjeada.
Porque na época, mesmo todo o escritório
sabendo que eu montei tudo e consegui a conta, o
Zack levou todo o credito, e a Ellie que é capacho
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dele—e namorada que todo mundo sabe—o apoiou


inteiramente.
—Achei muito criativo—Lunna fala.
Ela é uma mulher loira de olhos
chamativos, usa um vestido vermelho de decote
profundo e o Pedro um terno, os outros três homens
também estão de terno e gravata, tanto Lunna
quanto Pedro parecem ter seus cinquenta e poucos
anos.
O Garçom me serve uma boa taça de vinho,
enquanto outros garçons começam a servir o jantar.
—Tomei a liberdade de pedir o jantar,
porque estou faminta e vocês estavam demorando.
—Lunna avisa.
—Mas porque você demitiu a Viviana?—
Pedro indaga olhando para Zack.
—Corte.—ele responde todo tenso.
—Mas não houve cortes na empresa nos
últimos 3 meses, ao menos nem eu nem minha mãe
autorizamos—Hades olha para Zack ainda muito
paciente.—Eu pedi que vocês dois viessem porque
acredito que a Viviana mereça um bom pedido de
desculpas por terem demitido ela.
—Viviana eu sinto...—Zack começa.
—Na verdade a decisão de demitir a
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Viviana foi minha, não do Zack—Ellie corta.—Ela


estava passando por alguns problemas pessoais e
aquilo estava atrapalhando ela na empresa.
Isso não é verdade.
—Posso entender—Hades me fita. — Estou
feliz que tenha sido demitida, assim me deu a
chance de te conhecer pessoalmente, eu já havia
ouvido falar muito do seu trabalho na filial da
Virgínia, mas nunca tive a oportunidade de te
conhecer pessoalmente, quando me contou a
história da sua demissão não consegui pensar em
coincidência maior, Ellie é minha amiga de
faculdade e Zack é um outro amigo, tenho certeza
que tudo não passou de um grande engano.
—Está bem.—afirmo sentindo que meu
coração vai ficando apertado.
—Muito obrigado Viviana, sinto muito que
você tenha sido demitida por esses motivos, pode
ter certeza de que você terá um ótimo cargo em
qualquer filial que desejar.
—Sério?
—Bem sério.
—Obrigada.
Olho para Zack e Ellie, ambos estão
constrangidos, mas não ligo, ainda parece
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impossível acreditar que a C&C seja do Hades


mesmo, que eles são amigos dele.
—Te darei a conta da Lunna e do Pedro,
porque sei que você tem muita competência, eu iria
dar ela para a Ellie e para o Zack, mas dadas as
circunstâncias e ao erro que eles cometeram, a
partir de hoje você cuidará das nossas contas mais
altas.
—Obrigada—digo e sinto que meus olhos
se enchem de lágrimas.— Eu me sinto muito
lisonjeada Hades, eu prometo que não vou permitir
que os meus problemas pessoais atrapalhem meu
desempenho na C&C.
—Tenho absoluta certeza de que não vão—
ele estende a mão por baixo da mesa e aperta a
minha.—Vamos jantar, Lunna, conte um pouco do
projeto e do produto para a Viviana.
—Mas é claro, então Viviana, somos donos
de uma empresa de investimentos...
Enquanto Lunna fala, pego o garfo e a faca,
trêmula, toda tensa, mas ao mesmo tempo por
dentro tudo se enche de expectativa e felicidade.
Tenho meu emprego de volta!

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—Gostou do jantar?
—Muito, eu adorei poder conhecer a Lunna
ela é super motivadora.
Hades tira a jaqueta, me sento na cama e
tiro o tênis, eu o olho, não sei dizer nem como
agradecer pela oportunidade, ainda mal acredito
que ele é um dos donos da C&C Empreendimentos,
ele se aproxima e se senta ao meu lado no colchão.
—Não acha que deveria ter me dito?
—Fiquei tão surpreso quanto você bebê.
—Sobre eu ser exfuncionária da C&C?
—E sobre o fato da Ellie ter te demitido
sem motivo.
Ele tira o coturno depois à camisa, desvio o
olhar para as minhas mãos, tem um anel enorme no
meu dedo médio, é lindo, tive uma noite com um
jantar incrível e recuperei meu emprego, não
conseguiria me sentir mais grata.
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Toda vez que me lembro da minha


demissão ainda me sinto mal, porque eu tentei dar o
meu melhor todos os dias em todas as situações que
me cercaram na C&C, claro que eu estava péssima
quando o Carl me largou, contudo não creio que
aquilo fosse motivo para uma demissão, tive a
impressão de que eu só servia enquanto estava
casada e aparentava estar feliz, depois disso para a
empresa, se eu não fosse Viviana a mulher que
aparentava estar bem fora e dentro da empresa eu
não servia mais para o cargo.
Me senti sem valor.
—Lamento mesmo que isso tenha
acontecido com você na empresa.— ele fala e
coloca o braço envolta de mim.
—Também lamento.—digo sem graça.
—quando questionei a Ellie, ela falou que
na empresa as pessoas estavam falando muito ao
seu respeito, quer me contar sobre o que houve?
—Foi no meu processo de divórcio,
aconteceu a alguns dias, meu ex-marido é promotor
do condado e acho que a notícia se espalhou com
uma péssima repercussão pela empresa.
—Porque vocês se divorciaram?
—Porque ele me traiu com a minha irmã.
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Hades fica calado, estou nervosa em ter que


falar sobre isso com ele.
—Eu preferia não falar sobre isso.
—Não acho que fosse motivo para Ellie te
demitir.
—Eu sou gerente de marketing Hades, o
que se espera de alguém que vende algo além de
que no mínimo sua vida seja um exemplo?
Ele segura a minha face, faz com que eu o
fite.
—Espero que as pessoas sejam mais
humanas, que elas saibam que não devem usar um
momento tão ruim para demitir as outras, este não é
o tipo de postura que eu espero das pessoas na
minha empresa.
Ficamos nos olhando por alguns momentos
extensos, sinto um apelo imenso em seu olhar, algo
forte, mas não gostaria de pensar que é pena.
—Eu demiti a Ellie e o Zack, fiz uma carta
de recomendação para ambos e os indiquei numa
das empresas do meu irmão, em consideração ao
tempo de trabalho, eu não tolero esse tipo de
comportamento na minha empresa, espero que isso
não se repita na filial da Virgínia.
—Acha mesmo que foi necessário demitir
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eles? Não me sentiria bem em voltar e saber que


foram demitidos por minha culpa.
—Não foi por sua culpa, foi por culpa deles.
—Não quero voltar a empresa as custas da
demissão deles.
—Se sentiria confortável tendo que se
subordinar as ordens deles? Porque por bem ou
mal, eles se sentiriam desconfortáveis com a
situação.
—Pode me colocar em outro segmento
Hades.
—oVcê é a melhor neste segmento bebê.
Suspiro, Hades me beija com carinho, toco
sua face correspondendo aos seus lábios, mas ele se
afasta e fica me olhando calado.
—Você é minha mulher agora, tem que
aprender a se comportar como tal.
—Isso é uma ordem Hades?
—É.
—Vindo de você é quase um milagre que
não tenha dado um chilique.
—Eu não dou chilique.
Sorrio, me levanto e começo a tirar o meu
jeans.
—Como foi? Alguém te disse que o juiz
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estava com a sua irmã?


—Peguei eles dois na minha cama em plena
sexta as três da tarde, minha irmã é estudante de
educação física, eu nunca imaginaria ela naquele
horário no meu apartamento e ele é promotor.
—Que seja—Hades desabotoa o jeans.—
Pelo visto ele não é um homem correto nem de
princípios, não é bom exemplo para sua
comunidade nem para a família.
Ele parece um velho de sessenta anos
falando, mas tenho que concordar no sentido de que
é muito contraditório, contudo o Carl é humano, se
exigisse dele que fosse cem por cento certo em
tudo, ele seria um robô, que cumprisse com os
acordos do casamento pelo menos.
—Podemos descer para a praia amanhã,
porque à noite embarcamos para Califórnia.
—Partimos?—questiono e subo na cama
tirando o camisão.
—Sim, quero te levar até a casa dos meus
pais, para conhecer a Affie e o Z, e naturalmente o
senhor e a senhora Collins.
Me espanto.
—Mas você disse que não queria contar
para os seus pais sobre nós.
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—Me referia ao casamento querida, não me


importo de te apresentar para eles como uma
namorada.
—Entendo.
Puxo os cobertores até a altura do meu
pescoço e tiro o sutiã, me alívio escorregando na
cama e relaxo.
—Acho que a Ellie me desapontou sabe? Eu
não pensei que ela fosse assim tão superficial,
estudamos juntos na faculdade, o Zack e ela são
namorados há anos, nunca pensei que ela fosse
desse tipo.
Eu o encaro, Hades tira a calça e puxa os
cobertores. Ele está reflexivo, ele se aconchega e
passa o braço envolta de mim.
—Eu e ela namoramos por alguns meses,
ela sempre pareceu tão compreensiva.
—Você namorou com a Ellie?—arregalo os
olhos.
—É, isso foi há uns sete anos atrás, somos
muito amigos, foi numa época bem complicada da
vida dela.
—Tem certeza que estamos falando da
mesma Ellie?
Os olhos castanhos me fitam zombeteiros.
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—Ellie e eu namoramos e daí?


—Nossa, quanta agressividade, entendi
porque vocês dois combinam tanto.
Ellie costuma ser imparcial e dura com os
subordinados, ela também é um poço de frieza,
parece só demonstrar algum sentimento pelo Zack e
nada mais.
Hades beija meu pescoço e sua mão começa
a subir para o meu seio, lhe dou as costas e me
acomodo com a cabeça nos travesseiros.
—Posso tocar seus seios bebê?
—Pode.
Estaria mentindo se não gostasse do fato
dele estar me abraçando, seu corpo coladinho no
meu me dando conforto e carinho, é ótimo sentir
que alguém se importa comigo, que gosta de estar
comigo e que me dá carinho.
Hades beija meu ombro e aperta devagar o
mamilo do meu seio direito.
—Tudo bem para você continuar minha
noiva até o fim de suas férias?
—Tudo.
Bocejo, o sono vem bem depressa.
—Está cansada—ele sussurra.—Dorme
meu bebê.
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—Sim.
Tudo o que posso fazer é concordar.
Ele não me dá alternativas.

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—Você tem que acordar...


Me estico na cama, sinto um aperto forte no
corpo, Hades beija meu ombro, meu pescoço, fico
parada gostando disso, do jeito como ele me toca,
me acaricia.
—Bom dia Viviana.
—Bom dia Hades.
Me deito de costas, ele vem para cima de
mim, coloca um beijo quente nos meus lábios,
minhas mãos deslizam por sua pele das costas e se
enfiam em seus cabelos, nosso beijo é lento e
molhado, a coisa mais intensa que eu poderia
provar numa manhã de quarta.
—Você bem que poderia me dar o que eu
quero Viviana.
—Você quer alguma coisa?
—Quero.
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Toco seus ombros e respiro com


dificuldade, ele me puxa e me deixa por cima dele,
me apalpa e suas mãos se enfiam dentro da minha
calcinha, meu corpo sobe e meus mamilos ficam
ouriçados.
Mas ainda me sinto incerta sobre tudo isso,
presa entre o dever e o fazer, novamente. Não sou
muito boa com essa coisa de sexo sem
compromisso.
—Seria só sexo?—pergunto fitando-o.
—Defina sexo.— pede em contra resposta.
Fico sem resposta, percebo um pouco de
impaciência por parte dele e imagino que isso seja
bem justificável já que nós dois transamos na
primeira noite em Las Vegas, só que eu não estou
bêbada e aquela mulher que se entregou para ele
não era eu de verdade.
Simplesmente sou travada nesses sentidos,
não posso dizer que sou santa, mas não sou um
poço de experiência.
—Você quem disse que não queria
compromisso Viviana, estou tentando entender o
que você quer de mim.
—Está bravo comigo porque não quero
transar?
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—Você quer, mas fica tão focada no


amanhã que esquece de viver o hoje.
—E o que eu tenho hoje? Um anel caro no
dedo e um emprego? Por algum acaso tenho que te
retribuir tudo o que fez por mim com o meu corpo?
—Você deve ter algum problema mental,
não é possível.
Nossa.
—Grosso!
Saio de cima dele, Hades se ergue chateado.
—Quer saber, eu acho que eu sei o que você
quer, você quer mesmo é só alguém que transe com
você sem compromisso.
—Viviana pelo amor de Deus, do que você
está falando?
—Você não sabe nem disfarçar, você às
vezes é tão grosso comigo.
—Você é muito sensível, contraditória e
complicada, estamos casados ok, dai que falo que
quero ficar com você e você diz que não quer,
quando eu quero transar você fala que eu quem não
quero, não consigo entender o que se passa na sua
cabeça—grita irritado.—Meu Deus, eu estou
tentando fazer as coisas certas desta vez, você não
entende quando uma porra de um homem gosta de
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você? E eu só te conheço a sei lá, 72 horas?


Não gosto que ele grite comigo, não aprovo
que ele fale comigo nesse tom, o Carl nunca falou
comigo assim.
—O Carl não me tratava assim...
—Acontece que o Carl te trocou pela sua
irmã Viviana, ele está pouco se lixando para você
—corta ele impaciente.—Está escrito na sua testa:
Corna! Supere!
Sinto como se as coisas rapidamente
desmoronassem, meu coração vai ficando bem
apertado, sinto que as minhas mãos tremem, Hades
fica fechando e abrindo as mãos, as veias do
pescoço latejam, seu olhar é zangado e agressivo.
—Juro por Deus que se você não mudar
esse seu jeito comigo eu te largo no primeiro voo
para Virgínia Viviana.
—Você às vezes é um idiota.
Me ergo, tiro o anel do meu dedo e jogo na
cama.
—Fica com isso, eu vou fazer as minhas
malas e vou embora no primeiro voo, não tem que
se preocupar Hades, não vou mais te perturbar...
—Vai mesmo, sua covarde—acusa Hades
olhando para o anel jogado na cama com os olhos
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cobertos de um sentimento que desconheço.—Você


tem medo não é mesmo? Tem medo de esquecer
esse imbecil que não te quer e que não te merece,
eu não sei por que vocês têm queda por homem que
não presta, estou aqui tentando fazer tudo funcionar
para nós dois e você fica me ignorando e me
tratando mal.
Não tenho resposta.
Começo a chorar mesmo sem querer,
porque sei que ele tem razão nesse sentido e eu
estou tão machucada que mal sei como lidar com
tudo, eu deveria no mínimo ter maturidade e forças
para conseguir lidar com todos estes problemas,
mas não estou conseguindo.
Seria muito mais fácil se viesse tudo com
instrução na vida, mas não é assim, não tem como
você adivinhar que será traída pelo seu marido
depois de tantos anos de casamento, que se
divorciará, que a sua vida dará uma reviravolta tão
grande em questão de dias.
Deixo o lençol de cama e começo a me
afastar para o rumo do banheiro, só que muito antes
que alcance a porta, sinto uma mão insistente me
segurando pelo pulso, sou puxada para trás, tento
ter forças para empurrar esse cretino, fecho os
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punhos e bato em seu peito.


Ele segura meus pulsos e me puxa depois
passa os braços envolta de mim e me aperta com
força, soluço e começo a chorar tão alto que acho
que qualquer um pode ouvir meu choro, me
encolho me sentindo espremida, mas a dor se torna
mais densa.
Não a dor de ser traída, não a dor de ter sido
enganada, mas a dor que não permiti sentir por tudo
no momento em que passei por aquilo, eu a ignorei,
me fingi de forte e decidi continuar a tentar, parei
de chorar para parecer que estava superando, mas a
quem estive enganando além de mim mesma?
Tudo em minha mente parece que volta para
aquele dia, para aquela cena e a dor é cruel, Hades
me segura e vou perdendo toda a força que tenho
no corpo, enquanto caio ele me segura e quando me
sento no chão ele está me apertando, não me solta
por um segundo se quer.
—Isso vai passar.— ele determina e beija a
minha cabeça.
Soluço e ele continua a me abraçar, mesmo
que eu saiba que não vai passar assim de uma hora
para outra, que a dor será permanente e que nunca
cicatrizará, que toda essa merda está me corroendo
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por dentro.
Seja como for, eu sei que não vai passar.

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—Isso é seu.
Depois que fala, ele enfia o anel no meu
dedo, não respondo, não tem importância à beleza
dessa joia, nem essa viagem, eu só quero que tudo
isso acabe para que eu encontre algum lugar onde
eu possa refugiar a minha dor, algum lugar seguro e
bem longe dos julgamentos dos outros.
Dos olhos de Hades.
Porque me sinto envergonhada pela forma
como agi, pelo jeito como tudo aconteceu esta
manhã, ainda que tenha sentido um firme apoio da
parte dele sei que esse rapaz não merece ficar me
carregando como um peso inútil para todos os
lugares que for.
Eu tive que tomar um banho frio para
pensar depois da minha briga com ele e da sessão
de choro, Hades me deixou sair do círculo de seus
braços quando parei, me levantei e fui para o
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banheiro com tanta vergonha que mal sabia onde


enfiar a cara.
Depois do banho vesti um jeans e uma blusa
imaginando que teria que partir devolta para casa,
mas então ele me informou que o avião estava
pronto para a viagem até a Califórnia, para a casa
de seus pais, não queria discutir novamente, estava
destruída demais para brigar.
Bem, ainda estou.
Um carro veio nos buscar no aeroporto,
nossa viagem foi silenciosa e acabei dormindo a
maior parte dela, cansada emocional e
mentalmente, não conseguia pensar em mais nada,
a angústia ainda está dentro de mim, mas foi de
grande alívio chorar como eu chorei.
Tirei um peso que estava carregando desde
que embarquei para Las Vegas.
Não posso dizer que estou das melhores,
porém melhorei bastante depois do desabafo, Hades
está distante, fala só o necessário, evita me tocar,
viajamos em bancos bem longe um do outro, ele
ficou na maior parte do tempo nas poltronas do
fundo, ao menos a aeromoça me deu um café e me
tratou super bem.
Bom, ele não me trata mal, eu acho que ele
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só não tem paciência comigo às vezes, odeio esse


lado dele que fica berrando e gritando porque não
estou acostumada, mas reconheço que as coisas são
como ele disse que eram, não posso mentir em
relação a isso.
Ele está mesmo tentando fazer tudo para
que eu fique bem, independentemente se
anularemos ou não nem quando o casamento.
Hades é um desses rapazes que fazem tudo
o que pode, acho que até um pouco mais para
agradar a pessoa com quem se esta, porque afinal
de contas, qual homem que daria um anel de
brilhantes a uma mulher dois dias depois de
conhecê-la?
—Se sente melhor?—ele pergunta.
—Sim, obrigada.
—Meus pais nos esperam para o almoço,
Affie e Z também estarão lá, tenho que pedir que
você tente se controlar está bem? Eu contei para os
meus pais sobre o nosso relacionamento.
—Temos um relacionamento?—eu o fito
franzindo a testa.
—Temos!—afirma.—Ao menos até
conseguirmos anular o casamento.
—Entendo.
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—Eu não queria brigar com você, sinto


muito.
—Eu sei que sente.
Respiro fundo, olho pela janela, Hades
segura a minha mão e entrelaça os dedos nos meus,
fico parada vendo toda a cidade iluminada e quente,
ainda nem parei para prestar atenção no caminho
ou para qual cidade iremos.
—Para onde vamos?
—Palo Alto.
Não sei nada sobre Palo Alto, mas nunca
pensei que essa fosse a cidade dos donos da C&C.
—Você nasceu aqui?
—Eu nasci na Grécia.
—Você é grego.
—Sim.
—Um CEO Grego.
Hades sorri, sei que sim, ele aperta os dedos
nos meus como se dissesse “pare com isso”, me
viro para ele, os lábios vermelhos se curvam num
sorriso perfeito, dentes branquinhos e retos, o
sorriso de um cara que eu sei que merece coisa bem
melhor, ao menos melhor que eu.
—Apenas Hades—afirma ele.—Não gosto
de adjetivos.
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—Posso entender—digo.—Me desculpe


também pela minha instabilidade emocional, não
quis insinuar nada daquilo.
—Por mais que pareça, eu jamais iria ficar
por perto só pelo sexo Viviana, meu pai me ensinou
como tratar uma mulher.
—E isso inclui se casar com ela e encher a
cara em Las Vegas?
—Isso inclui você em muitos planos, se
assim desejar.
—Inclusive os de sexo.
—Casais transam bebê.
Bebê.
Sorrio, nego com a cabeça.
—Mas eu também sei fazer amor, se quiser
tentar...
Olho para o motorista do carro, ele está
atento ao caminho, fico vermelha, Hades desafivela
o cinto de segurança e me puxa, dois segundos
depois estou sentada em seu colo, me encosto em
seu peito e passo o outro braço envolta dele
apoiando os pés no acento do sofá.
—Você vai ficar bem Viviana, se permita
sentir isso.
—É tão maduro da sua parte entender sabe?
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Sinto muito por estar estragando seus dias.


—Você não estraga, entendo muito o que
está passando.
—Entende?
—Entendo.
—Sinto muito.
Não sei o que dizer.
—Não sinta.
Impossível não sentir, mas enfim, espero
que tudo se resolva.

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Não sei se posso chamar isso de casa.


Enquanto subimos os degraus rumo a casa
mais acima, Hades segura a minha mão. Fico
olhando envolta boquiaberta com toda a arquitetura
da propriedade, as árvores envolta de toda a casa, o
jardim da frente.
O motorista está entrando com o carro por
uma rampa lateral que fica na outra extensão do
terreno, os portões da casa dos Collins não são
muito altos, tão pouco os muros, mas o lugar parece
ser um dos mais seguros em que já pisei na minha
vida.
Tem uma portaria para entrar no
condomínio, seguranças, quando entramos pensei
que veria mais casas, contudo não há casa alguma
além desta imensa mansão em todo o terreno, as
luzes da casa estão todas acesas, olho para esquerda
e tem um quarto com cama de casal e tv na parede,
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através do vidro consigo ver a decoração bem


moderna do lugar, a minha direita a área externa
com uma piscina e espreguiçadeiras.
Mais adiante a casa principal, ao que me
deu entender, essa casa ao lado com um quarto é
tipo um lugar reservado para hóspedes.
—Não se sinta intimidada pela minha irmã,
ela é intrometida e o Z é meio bizarro, ele gosta de
vampiros e a Affie adora moda e essas coisas—
Hades avisa e me conduz rumo a direita onde tem
mais escadas.—Meu pai é surdo de nascença, então
não deve se preocupar com as perguntas dele, sei
que ao menos 90 por cento você não entenderá.
—Sério?—gesticulo rapidamente com as
mãos.
Hades para no meio da escada me
encarando como se fosse coisa de outro mundo, eu
sei a língua dos sinais porque durante a faculdade
encaixei o curso na minha grade de horas extras.
Foi algo que eu aprendi que nunca pensei
que usaria, estou surpresa com isso.
“Você fala a língua dos sinais?”—Hades
pergunta gesticulando rápido, mas também fala.
“Sim, falo, aprendi durante a faculdade”—
devolvo e sorrio.—Viu Hades, eu posso ser útil ás
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vezes.
Ele sorri, me puxa e me abraça, me seguro
nele rindo, não sei porque tão feliz com isso, posso
imaginar que para ele seja difícil apresentar alguma
namorada, o pai dele é surdo, é complicado se
comunicar.
—Só não vou te beijar agora porque se eu
começar eu não paro—Hades avisa e volta a subir a
escada—Mais tarde eu te beijo.
—Tá.
Eu o sigo, coloquei uma calça jeans e uma
blusa de estampas de alcinha, o mesmo tênis de
ontem, prendi meus cabelos num coque bem feito,
não passei maquiagem, estava bem indisposta,
Hades está de jeans e camisa de mangas, sapatos,
também bem informal.
Bem, não estou tão ansiosa, o desânimo me
pegou de jeito essa manhã, mas conforme vamos
entrando na casa dos pais dele confesso que meu
coração vai dando aquela disparada básica.
Olho envolta surpresa por ser uma casa com
blindex por todos os lados tornando-a uma casa
toda aberta, arejada, como aquelas casas que eu só
vejo nos programas de tv, o lugar é imenso e todo
bem distribuído, tão logo entramos na sala, vejo
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uma moça de olhos castanhos e lábios vermelhos se


aproximar correndo.
Ela corre na nossa direção e pula em cima
do Hades soltando gritinhos de alegria, ele solta a
minha mão e a ergue no colo abraçando-a, essa
deve ser Afrodite, ou melhor, Affie.
Ela é apenas uma garota, não deve ter mais
de 20 anos eu acho.
Cabelos escuros como os dele, bochechas
rosadas, um pouco magra demais e desengonçada,
mas tem um pouco de traços dele, ela se afasta de
Hades toda ofegante, ele se vira para mim com um
sorriso imenso.
—Affie essa é a...
—Viviana, eu sei, seja bem vinda—Affie
diz toda sorridente—Bem vinda ao nosso cativeiro.
—Não assuste a garota Affie—escuto uma
voz masculina rígida.
Logo em seguida, um homem de uns
quarenta e poucos anos se aproxima, ele abraça
Hades e depois da dois beijos afetuosos em suas
faces, ele também tem olhos castanhos, alguns
cabelos brancos, mas mantém o corte social, usa
uma camisa social e calça de malha, estende a mão
para mim.
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—Bem vinda Viviana.


—Obrigada.—aperto a mão dele.
Não esperava que fosse ser recebida de um
jeito tão pessoal ou hospitaleiro.
—Mamãe está cozinhando—Affie gesticula
enquanto fala—Ela está fazendo capeletti.
—Sério?—Hades passa o braço envolta da
minha cintura—Vem, quero te apresentar os meus
pais.
Fico olhando envolta mal acreditando que
alguém construa uma casa tão enorme como essa,
com uma sala enorme, não consigo imaginar o
trabalho que essa casa deve dar para limpar num
bom dia de faxina.
Vamos para cozinha, tão logo chegamos,
um senhor alto e de olhos claros se aproxima, ele
sorri assim que nos vê e em silêncio abraça Hades,
acho tão incrível todo esse carinho que eles
parecem sentir um pelo outro, porque mesmo
calado, o senhor está coberto de emoções.
Para mim é muito natural lidar com pessoas,
não tenho preconceitos, sou livre disso e sempre
fui, na minha área não tem tempo ruim,
trabalhamos com todos os tipos de públicos, sim,
trabalhamos, ainda eu acho.
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—Olá papai—Hades diz segurando as faces


do pai.—Que bom que você não foi para o Egito.
“E perder você trazendo uma garota até
nossa casa? Não mesmo”. —responde o pai dele
gesticulando rapidamente.
Hades sorri, ele se afasta do pai me dando
espaço.
“Olá”—comprimento. —“Sou Viviana,
muito prazer”.
Ele não esconde seu espanto, o senhor
Collins é um homem bem bonito, deve ter uns
sessenta anos.
“Lorenzo Collins, encantado”.
Depois segura a minha mão e a beija com
toda gentileza do mundo.
Sorrio, fico vermelha.
Logo a mãe dele se aproxima, ela apenas
me estende a mão com um sorriso nos lábios.
—Kellen Collins, seja bem vinda.
—Obrigada.—digo.
—Quer amendoins?—Affie pergunta
enquanto pega potes nos armários.—Podemos
beber um vinho enquanto o jantar fica pronto, eu
deixei tudo arrumado para você dormir no quarto
do H.
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—Ah, é muita gentileza—digo—obrigada.


—Vou mostrar a casa para ela H—Affie
pega um pacote de amendoins no armário.—Vem,
não precisa ter medo, somos ricos não canibais.
—Está bem—digo sorrindo e solto a mão
do Hades.—Já volto.
—Tá—ele olha para a irmã.—Seja gentil.
—Eu sou a gentileza em pessoa—Affie
retruca e me segura pelo braço.—Vem cunhada.
Cunhada?

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—Este é o quarto do H.
Pelo visto, não é só a Afrodite e o Zeus que
se tratam por apelidos, o Hades também, mas
pobres crianças ricas, tem tudo menos nomes
normais.
Olho envolta, Affie indica a cama e uma
coleção enorme de livros numa instante embutida
na parede, uma tv na parede oposta da cama e toda
a parede lateral de blidex dando uma vista
esplendorosa para um lote vago e uma mata
incrível, ela não para de falar desde que subimos
para o andar de cima.
Já me mostrou o quarto de Z, o dos pais
dela, o dela—muito cor de rosa—e agora o de
Hades, que mais parece um quarto de um
adolescente de 18 anos com tantos livros de ficção
e bonecos do Batman e do homem aranha lado a
lado.
Toco a prateleira com todos esses livros,
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Affie se senta na cama e fica me olhando, uma


garota com olhos expressivos e muito bonitos,
Hades tem olhos mais puxados que lembram os
olhos do senhor Collins, ela se parece mais com a
mãe.
Foi uma mistura que deu certo, os pais de
Hades são muito bonitos.
—Então, você e o H estão firmes mesmo?
—Ah, acho que sim.
Acho que firme quer dizer “sério”, não sei
se posso dizer que é sério, mas está sendo por
enquanto.
—Eu pensei que ele demoraria para te trazer
aqui, desde que a Xandra e ele terminaram ele tem
estado muito só, quase não vem em casa.
Xandra? Quem é Xandra.
—Imagino—esboço um sorriso.—Faz
pouco tempo que eles terminaram?
—Faz uns seis meses, ele não te contou
sobre as namoradas dele?
—Mais ou menos.
Acho que gostei de você Affie, você vai
falando e deixando tudo fluir.
—H teve cinco ex-namoradas, mas
nenhuma deu certo, papai pensou que a Xandra
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fosse a eleita, mas não deu certo, porque a mamãe


não aprovava ela, ela tinha um filho de dezesseis
anos.
Franzo a testa, me aproximo dela e me sento
na cama ao seu lado, olho envolta pensando em
algo para falar.
—Sua mãe não gosta que ele namore com
garotas mais velhas?
—A namorada mais nova do meu irmão
tinha 42 então já pode imaginar porque a mamãe
abomina as ex-namoradas dele, é quase um milagre
que ele tenha se envolvido com você.
Ok, isso é muito estranho.
—Ele gosta de mulheres mais velhas então.
— pigarreio.
—É, é tipo um fetiche, até que ele cansa
delas e as despacha, porque você sabe quanto mais
velha mais carga a mulher tem, ele só se envolve
com mulheres divorciadas, e isso é bem esquisito
para um cara de vinte e seis anos não acha?
26?
Empalideço.
—Tipo, você não parece tão mais velha que
ele, tem uns 28 né? Acho que a mamãe vai te
aprovar depois do segundo jantar.
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26.
Vinte e seis.
XXVI.
Vinte e seis.
—Não precisa ficar assustada, o H é bem
maduro para a idade dele, ele não te disse a idade
dele?
—Disse—falo num fio de voz.
—Ah, beleza, acho que muitas se sentem
intimidadas também com a fortuna dos meus pais,
ele expandiu a empresa quando ainda tinha uns 19
anos, é um cara inteligente sabe? Qualquer mulher
que for recebida por essa família tem muita sorte.
Eu a fito, ela está sorrindo como se fosse
muito normal me falar tudo isso, claro que gosto de
saber mais sobre o Hades, mas não esperava por
tudo isso de uma vez, ele mentiu para mim sobre a
idade dele!
—Tem também o fato dele ser surdo e tal...
—Espera —engulo. —O seu pai não é o
surdo?
—E mudo, o H só tem 15 por cento da
audição, ele é surdo de nascença, ele não te disse?
—É bem...
—Faz sentido ele namorar alguém como
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você, ao menos sabe a língua dos sinais, ele se


estressa muito rápido quando as pessoas falam
coisas que ele não entende, mas é bom na leitura
labial, muito bom.
Affie se ergue e bate no meu ombro.
—Bem, o meu trabalho aqui está feito,
melhor que você se prepare para a minha mãe, ela é
fogo.
—Tá.
Estou dura e boquiaberta vendo a garota se
afastar, ela sai do quarto toda contente como se
essa conversa fosse algo muito divertido, olho para
as minhas mãos e me recordo do jeito como ele fica
mexendo os dedos quando estamos conversando, de
quando ele me pediu para repetir o que tinha dito,
da forma como ele fica olhando para os meus lábios
enquanto falo.
As mãos inquietas, os olhos atentos, a
impaciência, obviamente um esforço de esconder
sua deficiência, só não consigo entender porque ele
quis me esconder isso, porque ele não disse antes?
Porque mentiu sobre a idade dele? São mais 10
anos de diferença, ele é tão jovem e bonito, a casa
de seus pais é muito maior do que qualquer outro
lugar que visitei em toda a minha vida, ele tem
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dinheiro, ele é dono de várias empresas e agora


estou casada com ele.
—Affie te perturbou muito?
Dou um pulo.
Hades se aproxima com as mãos enfiadas
nos bolsos do jeans, desvio o olhar sem saber como
agir depois de tudo o que ouvi.
—A minha irmã é meio ansiosa, mas ela
tem um coração enorme. — ele se senta ao meu
lado na cama. — O que foi?
—Ela é bem energética mesmo.—digo sem
jeito.
—É verdade.
Não consigo entender como ele
desenvolveu tão bem a fala e dicção e ainda sim a
irmã fala que ele é surdo, ele é tão natural, mal dá
para acreditar.
—O que foi bebê?
—Você mentiu para mim sobre a sua idade
Hades.
—Ah, a linguaruda te disse?
—Disse.
Ele não está irritado nem nada.
—O que tem a minha idade Viviana? São só
11 anos de diferença, te disse que só namoro
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mulheres mais velhas.


—É, a sua irmã falou.
—Ela também te contou do meu problema?
Me ergo, eu acho que tudo está ficando
sério bem depressa e não quero ter que me envolver
ainda mais com ele, Hades é legal, pronto, ele é um
cavalheiro—quando quer—e está me ajudando
muito desde que nos conhecemos, ele tem esse lado
que me protege e que me faz bem, mas isso não
significa que posso ignorar tudo e fingir que está
bem porque não tá.
Agora isso.
—Não vai atrapalhar em nada Viviana, eu
prometo...
—Claro que não vai Hades, que ideia!
Me irrito, não entendo o que ele quer dizer
com isso.
Eu o fito, ele ergue as mãos e começa a se
comunicar.
“Não quis falar por vergonha, a minha
limitação é uma droga às vezes, sobre a minha
idade menti mesmo, sinto muito”.
“Não deveria mentir”
“Eu sei que não, já disse que sinto muito”.
“Hades você não tem que ter vergonha de
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ser surdo, todos temos limitações”.


“Gosto de você Viviana e isso é um
problema, não sei como lidar com isso, até a minha
limitação é mais fácil do que você, e olha que eu
convivo com ela desde que nasci, temos um dilema
aqui...”
“Fala mais devagar”
Ele sorri, travesso, estende a mão e me
puxa, me sento na cama de frente para ele.
“Onde parei?”
“No dilema”
“Temos um dilema aqui, eu acho que você
está se precipitando ao querer anular o casamento,
não queria que isso fosse mais um motivo para que
você me afastasse”
“Não iria te afastar por causa disso”
“Tem certeza?”
“Porque isso Hades? Acha que eu seria
preconceituosa com você? Que tipo de pessoa você
acha que eu sou?”
“Você é uma mulher brilhante e me sinto
muito bem com você, por isso estou pedindo uma
chance para o nosso casamento”
“Desculpe, não sei se estou pronta”
—Você só vai saber se tentar—ele fala
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enquanto gesticula.
Suspiro.
—Hei, para de tristeza, sou mais novo, mas
não sou tolo, sou surdo mas não inútil, posso não
ser o seu ex-marido, mas eu tenho sim muitos
princípios Viviana.
—Não é questão disso, me sinto sufocada
quando lembro do Carl.
—Deixa ele de lado.
—É tão fácil falar não é mesmo?
—e ofereço mais Viviana, pode ter certeza,
ele não te merece.
—E você me merece?
—Se você ao menos me deixasse mostrar o
quanto a mereço.
Estendo a mão e toco sua face, ele me beija
e por alguns momentos me sinto de novo nas
nuvens, bem longe do chão, a sensação de leveza
me tomando todo o corpo.
—Você é tão linda, merece carinho e
cuidado, ser tratada como uma mulher precisa ser
tratada, eu farei isso, está bem?
—Eu preciso voltar para Virgínia Hades,
cuidar das minhas coisas.
—Não tem problema, daremos um jeito
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nisso, ok?
—Às vezes eu juro que te imagino como
um daqueles vilões dos livros de mafioso com essas
tatuagens, mas por dentro é um ursinho carinhoso.
—Sou?
—É.
Ele me rouba mais um beijo, me inclino e
ele me puxa para cima dele, rio surpresa.
A luz do teto ascende e apaga uma vez.
—Vamos jantar—ele avisa e saio de cima
dele.—Vem.
—Tá.
Saio da cama arrumando as minhas roupas,
ele passa o braço envolta da minha cintura e eu da
dele.
—Estou feliz que saiba a língua de sinais.
—Estou feliz que agora eu sei um pouco
mais sobre você, além do fato de que fuma
maconha e pega umas vovós por ai.
—Engraçadinha né?
Para descontrair.
Acho que não é a hora de brigar, não mais,
melhor tentar resolver da melhor forma.

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—Sem bagunça Affie.


Depois da repreensão da senhora Collins,
Hades puxa a cadeira para que eu me sente à mesa,
a mesa tem lugar para dez pessoas, a sala de jantar
é estonteante com uma luminária no teto cheia de
cristais, é uma sala de jantar e tanto e todo o
conjunto de talheres e pratos é simplesmente lindo.
De porcelana desenhada, os talheres de
prata, Kellen Collins caprichou em tudo, ela se
aproxima usando ainda o avental, os cabelos presos
por um laço simples, ela é muito bonita, quase não
vejo fios brancos em seus cabelos, Hades se senta
ao meu lado, a mãe dele coloca uma travessa funda
e oval que faz par com o conjunto de porcelana na
mesa.
—O capeletti da minha mãe é divino —Z
fala com um imenso sorriso.
Ele se sentou de frente para mim e Affie de

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frente para o Hades, o pai dele Lorenzo se sentou


na cabeceira da mesa, a mãe dele tem o lugar
reservado ao lado esquerdo na primeira cadeira, ela
indica os potes de porcelana com temperos e
condimentos.
—Queijo provolone, pimenta, tomates,
cebola, gergelim, queijo cheddar, queijo suíço e por
fim não tão importante, carne desidratada e pão—
avisa ela me olhando—então, você quer fazer a
oração?
—Ah, pode ser —respondo sem graça. —
Vocês são protestantes?
—Somos agnósticos, mas a Affie, o Z e o
Hades são batizados na igreja católica, ele não te
disse?
—Eu faço as orações mamãe.—Z replica
antes que eu responda.
Seguro a mão de Hades e estendo a mão
para o senhor Collins, me sinto envergonhada, vim
conhecer os pais dele e se quer sei sobre sua vida,
sua cultura familiar. Z faz um breve agradecimento
pelo alimento, então Affie mal espera o Amém para
começar a se servir.
—E você Viviana, tem filhos?—pergunta
Kellen enquanto se serve.
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—Não.—digo bastante nervosa.


—Mãe!—Hades enfatiza todo sério.
O pai dele começa a sorrir, me sinto num
primeiro encontro com a família de um namorado
adolescente.
—Eu só quero conhecer sua namorada ora
—Kellen justifica. — Fiquei surpresa de saber que
você trabalha na C&C.
Você já sabe disso?
—Pois é—espero que todos se sirvam.—Eu
sou gerente de Marketing da filial da Virgínia,
conhece?
—Conheço todas as empresas que construí
querida.—ela responde com certa arrogância.
—legal—digo e lhe dou um sorriso forçado
—deve ser muito legal ser dona de tudo aquilo,
somos 32 filiais em todo ocidente não é mesmo?
—É, os idealizadores desta expansão são o
Hades e o Zeus, Zeus cuida das filiais no Canadá e
América Latina e Central, o Hades das filiais aqui
nos Estados Unidos.
—Muito bom.
Pego o guardanapo e coloco nas minhas
pernas, Hades puxa a minha cadeira para perto da
dele com o pé, coro, ele passa o braço envolta de
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mim.
—O que quer no seu capeletti?—pergunta
baixinho.
—Nunca comi capeletti na vida—revelo
constrangida.—Com o que você come?
—Queijo e pimenta—Affie responde.—
Você não sabe do que ele gosta?
Isso é algum tipo de teste?
—Pai, eu vou embora.—Hades gesticula
irritado.
Nossa.
“Key querida, conversamos sobre isso”—o
pai dele gesticula muito rápido. —“ Você tem que
parar de assustar as namoradas do H, deixar o
garoto escolher quem ele quer”.
“Mas eu não disse nada”— ela se defende.
“Você e a Affie assustam qualquer uma”—
Zeus explica.
Kellen arregala os olhos de uma forma
fulminante para o filho mais velho, ele ri como se
não desse a mínima, pego a concha e Affie fica me
encarando com cara de quem comeu e não gostou,
o silêncio prevalece na sala de jantar, mas nunca
vi pessoas tão “falantes” por assim dizer.
“Não tenho nada contra você”—Affie diz
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—“mas não magoa meu irmãozinho, ele não


merece”.
“Falou a capacho da mamãe”—Z fala.
Mordo os lábios para não rir, coloco duas
conchas de capeletti no meu prato e pego tomates e
queijo, Hades faz a língua de sinais tão rápido que
fico um pouco perdida na conversa.
“Precisa parar com isso mamãe, você é
uma controladora, me deixa ser feliz, eu sou dono
das minhas decisões”—reclama.—” Para com isso
ok? Nunca venho em casa, quando venho você fica
se comportando como uma criança de 5 anos
ciumenta, chega!”
Nossa, ela não precisava dormir com essa.
“É você também Affie, ciumenta do
caralho”—Hades está inflexível.
“Filho, não xinga a sua irmã”—repreendo
Lorenzo e olha para mim—“Desculpe”.
“Tudo bem”—respondo—“Desculpe
senhora Kellen, não se preocupe, eu não vou
roubar o Hades da senhora, ele é muito dono de si
e autoritário”.
Ela me fita, Z começa a rir, Hades começa a
comer todo emburrado.
Começo a comer.
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“Ok, não vou mais falar nada”—Kellen


protesta chateada.
Ela pega os talheres e começa a comer
também, capeletti é uma sopa com uma massa
recheada e esta está deliciosa.
—Está ótimo—digo sincera.— Muito bom
mesmo.
—É receita da minha avó—Kellen responde
—fiz mista, de frango desfiado e de carne desfiada.
“Kellen nunca cozinha, mas ela capricha
quando recebemos convidados”— o senhor Collins
explica e volta a comer.
—Quantos dias você vai ficar H?—Z
pergunta servindo-se de mais queijo.
—Esse fim de semana—Hades responde.—
Tudo bem para você bebê?
—Tá, eu tecnicamente estou de férias. —
respondo.
E também não quero voltar para casa agora.
—Tenho que resolver umas coisas na
empresa amanhã—Hades responde.— Você vem
comigo Z?
—Claro—Z diz.— E você Viviana, nos fale
um pouco de você.
—Moro na Virgínia, sou divorciada, mas
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não tenho filhos, tenho duas formações e falo duas


línguas.
—É mesmo, que interessante, e quais
línguas você fala?
—Inglês e a dos sinais.
Depois que falo, ele começa a rir, Affie e
Kellen também, Hades elabora um sorriso, fico
vermelha sem entender.
“ É uma grande qualidade, admito, mas eu
já nasci falando uma língua jovem”—explica
Lorenzo Collins sorrindo.
Ele se quer emite algum som enquanto ri, e
demoro um pouco para entender o que ele quer
dizer.
—Não conta falar a língua dos sinais?—
gesticulo.— Ah, sinto muito.
Ele ri, um riso silencioso e feliz, ainda que
eu escute todos a minha volta rindo, acho tão
interessante a risada do pai do Hades.
É divertido ver ele tão feliz.
—Tivemos que aprender por causa do papai
e do H, não é grande coisa—Affie gesticula.—Eles
sabem ler e escrever também, por isso a ironia.
—Entendo—concordo e sorrio.— Eu já
tentei aprender alemão, mas infelizmente eu não
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tive muita paciência, as libras vieram como um


trabalho complementar da faculdade, para
completar as horas da grade, fiz estágio numa
escola onde só haviam crianças surdas e mudas, foi
um desafio muito bom.
—Não se importaria de ter um filho surdo
mudo?—Kellen pergunta interessada.
—Na verdade acho que qualquer pessoa que
é prestigiada em ter um filho com deficiência tem
muita sorte, a criança terá alguém que cuide dela,
que a ame apesar das adversidades—enquanto falo
gesticulo para o pai de Hades—mas infelizmente eu
não posso ter filhos.
—Entendo—Kellen responde. —Que pena.
—Não vejo como um problema.
—Eu queria ter tido mais, mas o meu
marido fez vasectomia, ele tem dois outros filhos.
Não esperava por essa.
—Entendo. — digo.
Volto a comer.
Hades passa o braço envolta de mim e beija
a minha cabeça, estar aqui ainda é bem assustador e
revelador, mas é bom, não dá tempo de eu pensar
no passado, nos problemas, é melhor estar aqui.
Com ele, com a família dele.
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—Porque não disse para os meus pais sobre


falar Francês e Espanhol?
—Na língua de sinais não seria tudo a
mesma coisa?
Hades sorri, ele me puxa para seu colo e me
sento, estamos na sala da casa de seus pais,
acabamos de tomar um delicioso sorvete de
chocolate com nozes e calda de morango, os pais
dele estão tirando a mesa, a irmã dele lavando a
louça e o irmão secando, quando levantei com o
intuito de ajudar, bastou apenas um olhar de Kellen
Collins para eu saber que não deveria fazer aquilo.
Então viemos para cá, ela avisou que fará
um café antes que subamos para o quarto.
—Seria—ele responde.— , mas ainda não
entendi porque não disse.
—Não lembrei—confesso. — Não acho que
seja grande coisa.
—Não se menospreze querida, você tem
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excelentes atributos, físicos e intelectuais.


—Obrigada.
—Desculpe por toda essa coisa com a
minha mãe, está bem? Ela é assim mesmo, super
protetora e rígida quando se trata de nós três e do
papai.
—Eu posso entender.
—Ela demora, mas se acostuma.
—Foi assim com as suas outras namoradas?
—Ah, mas não é possível que com você não
vá ser assim porque com as outras, meu Deus!
Começo a rir, Hades beija a minha cabeça e
me aperta com carinho, me encosto nele, toco seu
peito, faço círculos no meio de seu peito com o
indicador, olho para esse imenso anel no meu dedo,
para esses sofás escuros de couro modernos, ainda
que tente não me sentir a vontade estou.
Ele faz com que me sinta bem mesmo não
me encaixando em nada disso.
—Hei, pombinhos, escutem!—Affie chama
e se aproxima apressada. — Estava aqui falando
com a mamãe, que tal se ficarmos amanhã na
piscina? Socializar?
—Por mim tudo bem.— me endireito.
—Otimo — ela comemora—Trouxe
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biquíni?
—Não.
—Acho que algum dos meus te servem,
podemos jogar sinuca, baralho, vou ligar para a
vovó, ela adora jogos de azar.
Enquanto fala, Affie vai indo para o rumo
da cozinha, olho para a família reunida na cozinha
e confesso que não pensei que veria algo assim tão
bonito, meus pais são casados a quase 40 anos, eles
também lavam louça juntos, só que as vezes sinto
que papai é meio machista em alguns sentidos, ele
não gosta que a mamãe interaja com outras pessoas,
na cabeça dele ela nasceu para limpar a casa e
cuidar dos filhos, mamãe sempre foi do lar desde
que me lembro.
É quase um milagre que ela saiba ler, ela e o
papai se casaram muito jovens, ele é policial
aposentado, então às vezes falar com ele é algo
complicado, ainda que eu perceba nele um homem
íntegro e bondoso, acho que ele só não sabe se
expressar direito, não comigo, já quando a Trish
nasceu ele mudou bastante.
—Você vai gostar da minha avó—Hades
diz me trazendo para realidade. — Ela tem 89 anos,
mas tem um espírito bem mais jovem que nós dois
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juntos.
—Meus avós nos visitam no natal, seus
avós moram aqui perto?
—Sim, mamãe acha mais seguro, os pais do
meu pai moram em Denver com alguns tios, eles já
são menos sociáveis.
—Você não me disse que tinha irmãos.
—Isso é porque nem eu sabia até algum
tempo atrás.
—Tem muitas coisas sobre você que eu
preciso saber.
—Ah, mas que coisa mais bonita, e você
não fala nada sobre si mesma para mim?
—você já deve ter a minha ficha da empresa
com todos os meus dados.
—Confesso que nunca pensei que você
fosse brigadista.
Começo a rir, Hades me beija e toca a
minha face, de novo vou me sentindo quente.
—Vão para o quarto—escuto o berro de Z.
—O que ele disse?—Hades pergunta
olhando para os meus lábios.
—Para irmos para o quarto. — coro.
—Essa é uma boa ideia—Hades fala e me
fita.
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—Hades não...
Antes que eu complete a frase ele me ergue
no colo e me carrega pela sala, me seguro em seu
pescoço cobrindo as faces com a outra mão,
morrendo de vergonha, posso escutar as risadas dos
irmãos dele de longe, Hades vai se afastando e eu
vou desejando ser engolida por um buraco negro.
—Eu prometo que não vou fazer merda
dessa vez—ele diz enquanto me carrega pelo
corredor que dá para os quartos.— E você tem que
me prometer que não vai ficar falando asneiras.
—Eu prometo.
Hades entra em seu quarto e me coloca no
chão, ele fecha a porta na chave e me abraça por
trás, olho através dos vidros deste quarto à noite La
fora está linda, a lua, aqui tem uma vista e tanto.
—Podemos continuar a conversar sobre
você?— ele pergunta e coloca um beijo quente no
meu pescoço.
—Não há muito o que falar sobre mim
Hades, mas confesso que você tem uma bagagem
bem extensa.
—Por...
—Seus namoros, sua família, você é
importante e rico, não pensei que nessa proporção.
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—É besteira pensar em me ver como


alguém inacessível e metido...
—Eu não disse isso, só disse que é rico,
olha esse quarto, ele é maior do que a minha sala e
cozinha juntos.
Em pensar que eu queria rachar a conta do
hotel com ele...
—É importante para você?—ele começa a
caminhar para o rumo da cama. — Porque para
mim é apenas o que sempre tive, a casa dos meus
pais.
—Você entendeu.
—Você pensa demais bebê.
—É, infelizmente eu ainda sou sensata.
—Você é uma chata isso sim.
Sei que ele não quer falar sobre isso, não
gosto do tom rebelde em sua voz, cruzo os braços e
tento ter um pouco mais de paciência, não quero
brigar hoje.
—Ok, desculpa—ele se senta na cama.—
Vem cá.
—às vezes eu juro que você fala essas
coisas só para me irritar.
—E às vezes é verdade.
Me aproximo, Hades tira a camisa, começa
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a se livrar dos calçados, analiso todas essas


tatuagens me sentindo idiota por tê-lo subjugado
por isso. Realmente foi fútil da minha parte de ter
vinculado a aparência dele a de algum tipo de
vagabundo, eu tenho certeza de que se alguém do
meu circulo social—principalmente o meu ex-
marido—ver ele, vão pensar a mesma coisa.
Mamãe já diria logo de cara “pobre rapaz,
tão jovem, tão perdido”.
Meu pai o chamaria de vagabundo, a
Trisha... Bem, conhecendo ela bem sei que ela não
se insinuaria, mas depois de todas as experiências
que tive com ela e conhecendo ela mais a fundo
não coloco a mão em nenhum lugar por ela.
—Qual foi a sua história com o juiz?
—Eu já te contei Hades, ele me traiu com a
minha irmã, o que mais quer saber?
—Porque ele te traiu?
—Você já traiu alguém?
—Já, quer dizer, não, eu não era casado
com a pessoa.
—Não deixa de ser traição.
Tiro o tênis, abro meu jeans, ele fica me
olhando tirar o jeans em silêncio, claro que não
gosto do jeito como ele me olha, mas já não
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consigo me sentir tão envergonhada porque


começamos assim, ele já me viu nua e já transamos,
o que mais poderia ser pior do que isso?
—Eu trai a minha segunda namorada
quando nós brigamos porque eu estava desconfiado
que ela me traia.
—Muito maduro da sua parte.
—É como dizem, chifre trocado não dói.
Porque eu não estou surpresa em ouvir isso?
Será que só eu sou antiquada por não pensar assim?
—Ok, agora falando sério, eu só tinha 16
anos, e em segundo lugar eu não era tão maduro,
foi coisa de adolescente, uma semana depois
terminei com ela porque me sentia mal, eu sempre
fui meio ingênuo nesse sentido sabe?
—Imagina se fosse esperto.
Tiro a blusa, Hades estende as mãos e vem
com elas para o rumo dos meus seios e eu o encaro
elas param no meio do caminho.
—Desculpe—ele abaixa as mãos. —É que
seus seios são como imãs para mim.
Fecho a cara, ele morde o lábio inferior
olhando para os meus seios, abro o sutiã e
engatinho na cama puxando a roupa de cama.
—Vem logo—chamo. — Preciso de um
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abraço de ursinho carinhoso.


—Eu já disse que também gosto da sua
bunda?
—Você não estava tão soltinho mais cedo
Hades.
—Estávamos brigados.
Escondo o sorriso e me enfio embaixo dos
cobertores da cama, Hades tira o jeans e vem para
cima de mim puxando os cobertores, ele me beija,
não me nego o direito de beijar de volta.
Porque deveria? É bom beijar ele, receber
carinho, seu toque.
—Você é a primeira mulher que eu trago
para essa cama—ele me fita. — Não é só pelo sexo
Viviana, acho que é isso o que eu queria te dizer
hoje cedo, gosto mesmo de estar com você.
—Obrigada por ser honesto e por segurar a
barra, as vezes sinto que te sufoco, estou passando
por esse momento conturbado, não quero te
prejudicar Hades.
—Não prejudica, maridos servem para isso.
Toco sua face, ele beija a palma da minha
mão, a barba arranha, tem algo mais em seu jeito de
me olhar.
—Tenta não pensar nesse cara nem na sua
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irmã, ajuda muito se você pensar nos pontos


positivos de tudo isso.
Tem pontos positivos?

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—Eu só estou dizendo que ao menos você


sabe de toda a verdade agora, é melhor do que se
ficasse sendo enganada por eles dois.
É verdade.
Hades me beija sem me dar direito de
resposta, minhas mãos deslizam involuntariamente
por suas costas e o nosso beijo se torna mais lento,
ele mergulha a língua na minha boca com mais
vontade e me sinto presa por seus beijos, seu peso
me deixa afundada na cama, mas gosto.
Não me sinto a mulher mais sexy do mundo
nesse momento, nem a mais pronta, mas pela
primeira vez desde que eu o conheci sinto que o
meu corpo pede um pouquinho mais que beijos. As
pontas dos meus dedos deslizam por suas costas e
mais embaixo e o meu indicador sobe sentindo o
contorno das tatuagens em suas costas, toco sua

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espinha adorando quando sua boca devora a minha


e sem pensar me agarro a ele.
—Escuta—ele fala entre o beijo.—Vamos
deixar essa conversa para amanhã?
—Vamos sim—faço que sim com a cabeça.
—Não me deixa pensar se não eu desisto.
—Tá.
É tarde para pensar, caio na tentação, não
consigo evitar isso, quando ele começa a me beijar
e deixo, tudo muda, à vontade dentro de mim se
torna crescente e não consigo pensar em mais nada.
É inevitável.
E volta a me beijar, meu corpo todo vai
ficando arrepiado com a sensação causada pelos
beijos dele, Hades deixa meus lábios e sua boca vai
descendo devagar por meu pescoço, quando sua
língua toca a pontinha do meu mamilo direito
aperto os lençóis da cama.
Desejo ele, desejo muito.
Droga, é tão óbvio assim que me sinta
atraída por ele mesmo depois de tudo? Esse é o pior
momento da minha vida para me envolver com
alguém, mas também o momento é precioso demais
para que eu não me envolva, ao menos
sexualmente.
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Ele solta os meus cabelos do coque e me


puxa, me ergo e fico de joelhos com ele na cama,
sua mão se enfia nos meus cabelos tocando minha
nuca, ele fecha a mão pegando um punhado e puxa
com severidade, solto o ar pela boca porque seus
lábios começam a beijar com mais lentidão meu
pescoço.
Toco os lados de seu corpo, é quente,
grande e diferente do meu, tão diferente, ele é mais
novo, muito bonito e cheio de vida enquanto eu sou
uma mulher com tantas marcas, mais velha.
Ah Hades, não sou uma mulher inteira nem
tão jovem, ou tão bonita, mas acho que ainda posso
me sentir um pouquinho mulher com você.
Acho que agora nem que eu quisesse eu
conseguiria parar, a mão dele se enfia dentro da
minha calcinha na parte de trás e ele aperta a minha
bunda com força, seus lábios sobem deixando
chupões quentes pelo meu pescoço, ele mordisca
meu queixo e sua boca me toma de novo soltando
meus cabelos.
Lambe meus lábios bem devagar, não beija,
ele degusta eles um por vez, me fita e aperta a
minha bunda com mais força fazendo meu corpo ir
para o dele, as veias do pescoço saltando e sei que
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ele junta muita força de vontade enquanto me olha,


os lábios vermelhos devido ao nosso beijo.
Sua mão aperta meu seio e desce devagar
até a frente do meu corpo, ele puxa meus cabelos
de novo enchendo a mão esquerda com eles e a
direita vai descendo para dentro da minha calcinha,
perco o ritmo quando seus dedos tocam a parte de
dentro da minha intimidade.
Ele enfia o dedo em mim sem fazer
nenhuma cerimônia, meus quadris sobem e meus
olhos estão nos dele, estão sérios, a íris do olho
dele está mais imensa, seu dedo se enfia mais e ele
começa a mover lentamente o dedo em mim.
Contraio-me abaixando os quadris e
subindo com lentidão, ele solta os meus cabelos e
coloca a mão no meu pescoço, aperta com
suavidade e tira esse dedo, depois devagar enfia o
dedo médio junto com esse, me seguro em seus
ombros tomada por uma vontade imensa de gemer.
Ele aperta o meu pescoço, mas não muito,
começa a mover os dedos em mim, ele me olha, a
intensidade estampada em cada gesto e toque, a
velocidade na qual as coisas acontecem aqui não
me assusta, pelo contrário, me encanta.
Possessivo, ele me beija, fico molhada bem
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rápido, seus dedos exploram as cavidades mais


íntimas do meu corpo, entram e saem com cuidado,
minhas dobras se contraem em seus dedos, e seu
polegar delicadamente começa a massagear meu
clítoris.
O prazer é denso e delicioso, quando ele
solta meu pescoço sinto como se algo suave antes o
estivesse pressionando, ele cola a testa na minha e
puxa a minha calcinha para o lado me tocando com
mais rapidez, seu auto controle é invejável, me
seguro em seus ombros enquanto ele penetra mais
fundo os dedos dentro de mim.
Me movo num vai e vem natural e gostoso,
é um jogo que nunca joguei na vida, é um prazer
novo e delicioso, me inclino e ele tira os dedos de
dentro de mim, enfia na boca e chupa a umidade
que deixei nele, estou arfante e fico ainda mais sem
ar com a cena.
Hades me empurra e caio deitada na cama,
ele abre as minhas pernas e afasta a calcinha para o
lado de novo, meu coração fica disparando quando
ele puxa a cueca para baixo desvio o olhar, ele
estende a mão para mim.
—Lambe—ordena.
Obedeço colocando a língua para fora,
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depois lambo a palma de sua mão de um jeito tão


obsceno que começo a me desconhecer, os olhos
castanhos estão em mim, nos meus gestos.
Sinto-me fora de mim.
É como se a Viviana normal estivesse em
algum lugar fora do quarto e essa mulher na cama
fosse uma Viviana que eu nunca fui antes nem quis
ser.
—Eu vou meter com força na sua boceta,
não pode gritar, entendeu?
—Entendi.
Ele se inclina sob meu corpo e sinto sua
pontinha bem próxima de mim, ele se conduz para
dentro de mim e meu corpo sobe de repente porque
ele me penetra com intensidade.
—Ah—berro.
Sua boca toma a minha abafando o gemido,
toco seus ombros sentindo toda a extensão saindo e
voltando para dentro de mim de forma
arrebatadora, ele mete com tanta força que meus
seios pulam.
Não machuca muito, mas não é muito
confortável, porque ele é enorme.
Estendo a mão e aperto a bunda dele, ele me
fita e começa a meter com mais força dentro de
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mim, abro mais as pernas adorando a sensação, é


picante e maravilhosa, nossos olhos não saem um
do outro enquanto ele me penetra assim, respiro
pela boca porque tenho dificuldade em respirar pelo
nariz, perco o ar com cada investida forte dele.
Ele é como disse que era, mas não estranho,
porque sei que já transamos assim, ainda que não
me lembre.
Hades deixa meus lábios e beija minha face,
ele vem mais devagar, enfiando toda a extensão
dentro de mim, me seguro nele com a sensação de
incomodo em mim, queima um pouco, ele se ergue
e morde minha boca com suavidade, puxa as
minhas pernas para cima e apoio meus pés em seus
ombros me sentindo como uma daquelas mulheres
de filme pornô.
Estou rindo.
Ele se inclina e começa a meter rápido de
novo, meu corpo se enche dessa sensação quente,
estou totalmente aberta para esse homem, deixando
que ele faça isso comigo como nunca fiz antes na
minha vida e isso está sendo ótimo.
Me seguro em seu pescoço e ele me puxa
abaixando as minhas pernas, se senta na cama me
deixando por cima, o beijo, ergo os braços e meus
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quadris sobem e descem recebendo-o mais.


Ele aperta meus quadris, me apoio em suas
coxas e rebolo devagar, toco as tatuagens em seus
braços, isso de alguma forma o deixa tão sexy, ele
tem tatuagem até na virilha, ele me observa, tão
sacana...
Ele me abraça e puxa meus cabelos se
movendo comigo, sinto a aproximação de um
orgasmo divino, meus pés ardem e meus quadris já
não me obedecem, estou fora de controle, todo o
meu corpo queima tanto que parece que vou pegar
fogo.
Sentir ele metendo mais e mais comigo é
maravilhoso e indescritível, algo que me faz ser
gananciosa ao ponto de fazer isso durar, mas é
como se fosse uma busca, que quanto mais eu
procuro e acho mais eu quero.
Simplesmente delicioso.
Ele morde meus seios provocando algo
além da dor, aperto os olhos entregue ao prazer que
me toma todo o corpo.
Estou sensível.
Estou molhada.
E sou dele.
Dele, Hades, o meu marido, o meu...
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—Ai papi!—chamo e persigo as estrelas.


Sou apertada, e o nosso gozo é livre, Hades
me beija a boca com lascívia, mas eu gosto, ele
goza dentro de mim me aquecendo toda por dentro,
me tornando um pouco mais inconsequente do que
já estou sendo.
Estremeço entre seus lábios oprimindo
dentro de mim a vontade de gritar, mas me sentindo
tão livre que isso se torna torturante.
Acho que fazia pelo ou menos uns cinco
anos que eu não gozava assim.
Gosto disso. Gosto do que temos. É pecado?
Porque se for, quero morrer pecadora.

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—Como é a sua vida na Virgínia?


—Eu trabalho bastante, ou trabalhava.
Hades faz carinho na minha cabeça, está
tudo em silêncio, o quarto dele semi escuro, estou
com a cabeça em seu peito, abraçada a ele, estamos
cobertos por um lençol fino, faço pequenos círculos
em seu peito, não sabia o que dizer então fiquei
calada.
Ele me puxou e me deitei com o corpo no
seu, cochilei por alguns momentos, acordei a pouco
sentindo esse toque que tanto me faz bem.
—Viviana.
—Hummm...
—Você é incrível.
—Você também é incrível.
—Temos química na cama.
Não lembrava mais o que era isso.
Uma noite quente de sexo, algo que me faz
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pensar em como acabei esquecendo um lado meu


que tinha quando era mais jovem, eu fui deixando
todo esse lado para seguir com a minha vida e
rotina puxada do Carl, me dediquei demais a minha
carreira e ele a dele, deve ser por isso que ele
procurou em minha irmã algo que suprisse o que
ele queria.
—Por isso eu disse que nós dois tínhamos
que aproveitar.
—Eu entendo agora.
Beijo seu peito, ele vem para cima de mim,
toco sua face, seus cabelos. Tem esse cara super
fofo com quem eu me casei a menos de uma
semana, alguém que eu estou começando a
conhecer e que aprendendo a adorar cada dia que se
passa, mas ele é mais novo e eu tenho muitos
problemas ainda que me esperam na casa dos meus
pais. Meu coração... Meu coração já fica todo
agitado com a hipótese de voltar para casa e quem
sabe não ver mais ele? Porque eu acho que
enlouqueci por causa desse garoto.
—Se importa se eu ligar o abajur?—
pergunta baixinho.
—Não.
Hades estende a mão e liga o abajur, seus
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olhos estão centrados em mim, seus lábios


vermelhos e perfeitos, ele toca meus cabelos
olhando para a minha boca, fico envergonhada.
—Está tudo bem bebê?
—Sim.
—Você está envergonhada!
—Um pouco.
—Não tem que ter vergonha, você é minha
mulher.
Esboço um sorriso, toco seus ombros e o
puxo para um forte abraço.
—Obrigada—digo e beijo sua face. — Foi
uma noite incrível, todos esses dias estão sendo
incríveis, obrigada.
—Anjo—ele me aperta com força.
Beijo seu ombro e Hades me puxa fazendo
com que eu fique sentada de frente para ele.
“Você é muito especial para mim Viviana,
não tem que agradecer por nada”
“Me sinto grata pelas viagens”
“Não se sinta, sou seu marido, é o mínimo
que posso fazer por você”.
“Você fala que é meu marido com tanta
autoridade, quero ver na frente da sua mãe”
Ele ri, estendo a mão e toco seu peito, as
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tatuagens aqui são em formatos de rosas indianas


ou algo assim.
“São mandalas, fiz a cinco anos atrás, e
sobre a minha mãe ela vai aprender a aceitar a
nova nora”
“Você tem muita sorte de ter uma família
que te acolhe e que te ama, qualquer mulher que
entrar nesta família terá muita sorte”
“Você é essa mulher”
Desvio o olhar, não acho que seja, me sinto
angustiada porque não quero estragar nada, só que
ás vezes ele diz essas coisas e faz com que eu pense
que tudo isso é sério quando não é, sei que não, já
tenho tanta merda para resolver, não me arrependo
do que fizemos na cama, mas sempre tem o
amanhã, aquele dia que eu quero evitar e tentar
viver como se fosse normal, mesmo que não seja.
“Obrigado por aceitar e entender a minha
limitação, eu tinha muita vergonha das minhas
antigas namoradas, nenhuma delas soube que sou
deficiente auditivo”
Não falo nada.
“E difícil para mim aceitar essa limitação,
eu já nasci com perca auditiva progressiva, meus
pais pagaram aos melhores médicos para que eu
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desenvolvesse bem a fala, mas eu não consigo


escutar nada além de sussurros distantes”.
“Não tem que ter vergonha”
“Mas eu tenho, você já imaginou o que
poderiam pensar de um empresário que não houve
seus próprios funcionários? Por isso sempre deixei
a imagem de mamãe como dona da C&C”
“Hades, não tem que negar quem você é
para agradar ninguém, qualquer garota seria tola
de te dispensar por causa disso”
“Desde que essa garota não seja você tudo
bem”
Nego rindo.
“Você é linda”
“Obrigada, você também é lindo”
Ele toca a minha face, cubro sua mão com a
minha, Hades se inclina e me beija devagar, me
puxa e me sento em suas coxas, eu o abraço e as
mãos dele tocam minhas costas, minha cintura,
minhas coxas, fico quieta esperando mais uma vez
que tudo fique bem.
Eu quero que fique.

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—Bom dia pombinhos!


Com o berro as persianas do quarto são
abertas.
Me encolho puxando o cobertor para cima
da cabeça afim de proteger meus olhos da luz do
sol.
—Porra Affie!—Hades grita irritado.
Ele se ergue, seguro sua mão me sentando
na cama, coloquei a camisa dele para dormir, mais
pela madrugada estava fazendo muito frio, me
sento na cama vendo o semblante assustado dele,
assustado mesmo.
—Calma—aviso.
—Eu trouxe o biquíni—Affie explica e
deixa o conjunto em cima da cama.—Mamãe está
chamando vocês para o café, já são 09:00 da
manhã, papai já saiu com o Z para ir buscar os
nossos avós.
Sei que ela não faria isso intencionalmente,
Hades a encara furioso, aperto sua mão, tento sorrir
para ela, é apenas uma menina—intrometida—mas
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uma menina.
—Não faz mais isso. — Hades pede
chateado.
—Ai tá—ela arregala os olhos.—Imagina se
fosse a mamãe.
Depois que fala, Affie sai do quarto, ela já
usa o biquíni, não pensei que veria uma garota tão
branca quanto agora, Hades se levanta e vai até a
porta trancar na chave, minhas bochechas
queimam.
Fico olhando para o dia lá fora enquanto me
aproximo do vidro transparente, não lembro do
momento em que ele baixou as persianas, a vista
aqui é de tirar o fôlego.
—Desculpe a minha irmã — Hades fala
baixinho e me abraça por trás.—Bom dia.
Me viro para ele, é tão incrível acordar de
manhã e saber que alguém está bem aqui ao meu
lado, alguém que me faz esquecer tudo o que venho
passando nas últimas semanas.
—Bom dia—digo.
Enlaço ele pelo pescoço e o beijo, as mãos
dele descem até a minha bunda e ele a aperta.
—Vamos para cama...
—Sua mãe nos espera—digo e me afasto
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um pouco.—Hades, posso te fazer uma pergunta?


—Claro.
—Como consegue me entender tão bem?
—Acho que gosto muito de você por isso eu
te entendo bem.
Abro um sorriso.
—Não me importo de falar pela língua dos
sinais, tá?
—Só não faz igual a Affie.
—Está é outra coisa que eu não entendo,
você não ouviu ela entrando.
—Não, mas o chão e as paredes deste
quarto são muito sensíveis ao barulho, ele é todo
equipado para mim, mas de um jeito muito
diferente.
—Como quando as luzes se apagaram e
você disse que era a hora do jantar?
—Sim, mamãe tem um controle que fica na
parede da cozinha ligado ao sistema elétrico, ela
cansou de subir escadas para me chamar, quando é
o café, tem um sensor embaixo do colchão que
começa a vibrar, como um vibrador de celular,
gradativamente.
—Isso não te assusta?
—Me acostumei.
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—Mas quanto a Affie?


—Deita na minha cama do lado esquerdo e
fecha os olhos.
—Mas...
—Deita.
Volto para a cama, subo, Hades veste a
cueca bem rápido e se afasta para o rumo da porta.
Ele se afasta até a porta me acomodo,
depois de alguns segundos, sinto que algo pula
embaixo da minha cabeça, arregalo os olhos vendo-
o bater com os pés no chão de taco com força,
Hades corre até a cama e posso sentir as vibrações
embaixo de mim, é como estar em uma daquelas
cadeiras de fazer massagem ou coisa assim.
—Nossa!—exclamo horrorizada.
—O quarto é equipado com sensores no
chão para caso de assalto ou de alguém entrar sem
que eu saiba.
—Está me dizendo que toda vez que alguém
entra sua cama treme?
—Só se a entrada for brusca.
Coitado, por isso ele se assustou quando
Affie entrou correndo no quarto.
—O lado bom é que eu sei quando entram
no quarto, isso é coisa da minha mãe, papai não
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tem isso, mas é que ele é cem por cento surdo, eu


ainda escuto uns cochichos de vez enquanto.
—Você é sensível?
—Não sei explicar, eu sinto as vibrações, a
batida quando toco em algo, ainda que pareça um
som muito, muito distante, eu já fiz uma cirurgia
quando criança, porém não deu resultados, mamãe
e papai tentaram de tudo, não era para ser.
—Não faz mal que não foi, você é especial
do seu jeito.
—Não quero que me trate com pena por
causa disso, por isso prefiro continuar nosso
relacionamento do jeito que estava, você nem fazia
ideia de que eu era surdo...
—Hades—toco seu braço.— Não precisa
disso, eu gosto de você assim, só é diferente, não
me importo de falar na língua dos sinais com você.
—Não quero ser tratado diferente.
—Você não é tratado diferente, só é tratado
de um jeito mais especifico.
Quando eu o fito sinto que ele não gosta
muito disso, ele não gosta de ser surdo, não estou
em sua pele, mas com certeza pensar dessa forma
não o ajudará em nada, é um fato na vida dele.
—Você é muito bonita quando acorda, já te
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disseram isso?
Já, mas foi há tanto tempo atrás que nem
compensa lembrar.
—Obrigada—respondo.— Acho que
preciso de um banho.
—Eu também preciso de um banho.—
Hades me puxa.
Antes que me erga ele me pega no colo,
estou gritando e rindo, algo que não fazia há muito
tempo, tão feliz e repleta que nem me importo com
o que quer que seja.
Acho que é isso, devemos viver o momento.
Ponto.

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Fico com um pouco de vergonha de tirar o


short e a blusa do corpo, porque sei que não tenho o
corpo tão bonito, mas tão logo me sento na
espreguiçadeira, Hades pega o protetor solar de
Affie e indica a minha blusa.
Acho que faz de propósito.
Fico sem graça em tirar a blusa, mas tiro,
tomamos um banho tão rápido que mal deu tempo
de aproveitarmos, a mãe dele bateu na porta do
banheiro avisando sobre o café e que não queria
atrasos, fiquei constrangida, Hades emburrado.
Mas fazer o que? É a casa dos pais dele, e a
bem da verdade já está quase na hora do almoço
mesmo.
Kellen está na churrasqueira, usa um maio
muito bonito, é preto, um chapéu grande com um
lenço amarrado em cima, a alguns momentos vi
Hades sair do banheiro resmungando e descer
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primeiro para o café, enquanto eu estava


terminando meu banho e pensando na noite de
ontem.
Foi tão... Diferente.
Fiquei me perguntando se nossa primeira
vez foi daquele jeito e nada me vinha à mente,
parece que faz muito tempo, mas estamos juntos há
apenas uma semana, uma das semanas mais
surpreendentes da minha vida.
Affie tira a entrada de banho exibindo toda
a sua magreza e branquidão, usa um biquíni cor de
rosa cheio de babados, o que ela me emprestou
aperta um pouco meus seios, porque são bem
maiores que o dela, mas serviu, é branco e com a
parte de baixo maior, gostei muito do fato de cobrir
boa parte da minha bunda.
—Então, como se conheceram?—Affie
pergunta colocando o óculos de sol.
—Em Las Vegas, num cassino, enchemos a
cara e transamos a noite toda—Hades responde de
forma direta.
Arregalo os olhos, Affie começa a rir, ela
não acredita.
—Até parece que você faz essas coisas né
H, mas enfim, agora eu tenho uma nova
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cunhadinha, que dia você vai me levar para


conhecer sua família Viviana?
—É uma boa pergunta—respondo e sinto as
mãos dele espalhando o protetor solar nas minhas
costas, me viro para ele—você quer ir conhecer
meus pais?
—Seus pais?—franze a testa.— Sério?
—Affie quer ir, acho que sua mãe não
deixaria ela ir sozinha—explico e puxo ele.—Senta
aqui, eu também tenho que te proteger do sol.
—Mas que mulher aplicada que eu tenho—
ele diz e se senta de frente para mim, me da um
selinho.— Viu Affie? Eu não disse que ela era
especial?
—Como EU dizia Viviana, podemos
combinar um dia para irmos a casa dos seus pais,
você mora com eles?
—Tenho meu apartamento—não é grande
coisa.— , mas acho que vou vender.
—por quê?
—Ele lembra o meu ex.
—Marido?
—É, tem cheiro de podre.
Affie ri, Hades me olha, pego um pouco do
protetor solar e passo em seus ombros, em todas
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essas tatuagens que ele tem no peito, nos braços,


salivo, ele tem um corpo e tanto!
—Eu não queria sair do apartamento, mas a
ideia de voltar para lá me deixa doente, deprimida e
infeliz—confesso suspirando.
—Faz tempo que vocês dois se separaram?
—Um mês.
—Nossa!
—Ele traiu ela Affie—Hades protesta muito
sério.
—Nossa, nossa!—Affie exclama
novamente.— Que cachorro!
—Não tem que ficar lembrando dele—
Hades repreende.
—Não me sinto tão mal em falar do Carl.
—nome de trouxa—a irmã dele me faz rir—
me deixe adivinhar, ele é contador?
—Promotor.—dou de ombros.
—uhh, ele é estilo George Clooney com
uma mistura do Richard Gere ou faz o estilo Brad
Pitt misturado com Marlon Brando?
—Na verdade ele é normal mesmo, estilo
Carl—explico e olho para o Hades.—O que foi?
—Ele é ciumento.—os lábios de Affie se
curvam num sorriso.
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—Não é isso, é só que eu estou com você e


esse cara não merece se quer que você se importe
com ele.
—Não me importo, mas desde que eu
comecei a me abrir mais com você me sinto
melhor, não tenho mais medo de falar sobre o
assunto.
—Tipo, ele te traiu e você pediu o divórcio?
—Sim.
—Quantos anos de casados?
—Isso não quer dizer nada—Hades
pragueja.—Affie vai cuidar da sua branquidão, vai.
Nossa que grosso!
Hades me olha todo mal encarado.
—Você gosta dele, esse é o problema.
—Não é isso—toco seus ombros. — Vem
aqui.
—Sei—reclama.
Acho que tinha me esquecido também de
como é sentir que um homem tem ciúmes de mim,
porque o meu ex-marido já não era assim comigo a
um tempo, sinto vontade de rir, me aproximo e
passo os braços envolta de seu pescoço, Hades me
puxa pelos quadris e coloco as pernas envolta dele,
suas mãos tocam minhas ancas com força, ele faz
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essa cara de bravo que me deixa um pouco alterada.


—Está enciumado?
—Não sei dividir.
—Não vai.
—Não mesmo?
—Não mesmo!
—Nem com o Carl.
—Muito menos com ele.

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—Eu já disse para você não esquecer de


tomar os remédios Owen...
—Mas eu tomei Glenda, eu juro...
—Se houvesse tomado a caixinha não
estaria cheia.
Um casal de idosos se aproxima, um
velhinho apoiado em uma bengala e uma senhora
toda alegre, ela usa uma calça de moletom cor de
rosa e uma camiseta e o senhor, um conjunto
composto por uma calça de brim e uma camisa de
estampas.
Ela usa chapéu, ele usa boné, ele é magro e
alto, ela é baixinha, de longe percebo os fios
brancos e compridos dela, a calvisse do senhor,
ambos usam chinelas, Hades levanta da
espreguiçadeira indo ao encontro dos avós.
—Vóvo!
—H!

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Os Collins tratam seus filhos pelas iniciais,


não sei se por costume ou se porque os nomes são
incomuns, até imagino que Kellen só os chamem
pelos nomes quando está brava ou coisa assim.
Hades a abraça com afeição, fico olhando
para os lábios dele, são vermelhos, os dentes dele
são bonitinhos, os cabelos lisos e mais compridos,
nariz fino, sobrancelhas escuras e mais marcadas,
um rosto coberto por uma felicidade imensa.
Não sou apega a nada que lembre aparência,
bem, acho o Carl muito bonito, ele é meio grisalho,
tem olhos claros, não são como os castanhos de
Hades, contudo, toda aquela beleza quando me vem
a mente me lembra o quanto talvez seja tolice da
minha parte pensar nele como alguém bonito.
Ficou feio, todo o conjunto.
—Ele é um pitelzinho né?—Affie pula para
a minha espreguiçadeira.— Um pedaço de mal
caminho como diz a mamãe.
Affie é uma boa irmã, com certeza melhor
que a minha irmã, na verdade acho que qualquer
pessoa é melhor irmão no mundo do que a Trish.
—Sabe o que eu mais gosto no meu irmão?
—ela cochicha.
—O que?
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—O coração dele—Affie diz toda


sorridente.— Você está olhando para um cara super
família e legal.
—Entendo.
—Acho que é por isso que nós morremos de
ciúmes dele e do Z, o Z já teve várias namoradas,
mas ele não quer casar, ele adora a nossa casa, o H
é mais independente, porque ele viaja muito sabe?
Ainda mais depois que ele começou a investir em
alguns outros negócios.
Fico olhando para o Hades, ele abraça agora
o avô e o aperta, como um menino pequeno que
adora ter um carinho de alguém mais velho, sorrio.
— A mamãe foi com a sua cara.
Franzo a testa, olho para a Affie, ela
continua a sorrir, bate com o ombro no meu.
—Ah, vai, você está entrando para a família
agora, é difícil para mamãe confiar logo de cara, e
eu também, somos difíceis.
Rio ela também.
—Tem algum pré requisito para entrar na
família?—pergunto.
—Têm que gostar da vó Glenda—escuto a
resposta.
Me ergo parando de rir, acho que em 17
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anos junta com o Carl nunca me senti


envergonhada diante dos avós dele como me sinto
diante dos avós do Hades.
—Vovó!—Affie fala abrindo os braços.—
Que bom que chegou.
— Já pegou o baralho?—Glenda pergunta
com um sorriso aberto e abraça a neta.
— Viciada na jogatina—Affie diz apertando
ela.—Que bom que chegou vovó, parece que faz
um ano que não te vejo.
—Não seja sapeca menina, nos vimos há
duas semanas atrás.
Hades se apressa e fica ao meu lado, Affie
sai correndo.
—Vou buscar o baralho—avisa.—
Mamãaaeeeee...
—Vó, quero que conheça a minha
namorada, esta é a Viviana, bebê, essa é a minha
avó Glenda Collins Frost—Hades apresenta.— Vô,
esta é a Viviana, minha namorada, Owen Frost.
—Muito prazer—estendo a mão para a
senhorinha.— Viviana Guerra de Martín Silvestre
Cortez Rawley.
— Mas que nome cumprido minha jovem—
Glenda fala e se inclina, me dá dois beijinhos nas
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faces.— Muito prazer, me chame de Glenda,


qualquer garota que gosta da minha família gosta
de mim também.
Garota...
Troco dois beijinhos com o avô dele, Owen
sorri e depois, Lorenzo se aproxima com um sorriso
imenso, Kellen está na churrasqueira e sinto o
cheiro de carne assada.
“Que tal uma cerveja Owen?”—pergunta o
pai de Hades na língua dos sinais.
“Eu aceito rapaz”—responde Owen.
Percebo que ninguém na família se limita a
não se comunicar, fico encantada de saber que toda
a família sabe a língua dos sinais, é algo tão...
Humano.
—Vem vó—Hades segura a avó pelo braço.
—Bebê, poderia buscar um refrigerante no freezer
para os meus avós?
—Claro—respondo.
Ele me dá um selinho, vou até a área,
percebo o olhar da mãe dele quando me aproximo
do freezer, ela está mexendo na churrasqueira, tento
sorrir, mas Kellen permanece séria, os olhos
escuros fincados em mim.
Pego uma coca, limões e gelo, copos que
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estão na pia, tudo aqui é prático e fácil de achar.


—Não magoa o meu filho—Kellen diz
discretamente.—Ele merece muito alguém legal do
lado dele, se essa pessoa não for você não iluda o
H.
—Não faria isso—respondo incomodada.—
Gosto dele.
Eu acho.
— É que você é mais velha e tal, não pode
ter filhos, ele é muito novo para se prender a
alguém que não tem muito a oferecer.
—Entendo.
O que eu poderia dizer? Ela tem razão!
Se eu tivesse um filho eu com certeza iria
querer que ele fosse feliz ao lado de alguém de sua
idade, iria querer que ele me desse netos e tivesse
um casamento muito bem sucedido, ainda mais ele
que é tão família, um rapaz bom, percebo isso.
Ela quer protegê-lo.
Pego o saco de gelo e a coca, não me sinto
no direito de responder ela, ela está na casa dela, é
a mãe dele, o que eu poderia dizer?
Eu ainda não sei o que eu tenho com o
Hades direito, estamos juntos e esses dias tem sido
maravilhosos, apesar dos atritos iniciais, nunca
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pensei que ele se mostraria alguém tão


compreensivo e que se importa comigo.
—Com licença senhora Collins.
O olhar dela permanece inflexível, me
afasto, estou um pouco triste enquanto me afasto
dela, mas conforme me aproximo da mesa onde
Hades está com seus avós sinto que não devo
demonstrar.
Essa família é feliz, são pessoas muito boas,
é um fim de semana em família que não tem que
ser estragado por nada nem por ninguém, muito
menos por mim.

—A sua avó é mesmo viciada em jogos de


azar.
—A Affie também é.
Depois de duas partidas de baralho, eu vi
uma senhora de 89 anos jogando sinuca, bingo e
ainda para completar canastra no final da tarde.
Glenda é um amor de pessoa, Owen um senhor que
adora contar piadas, eles gostam muito de falar
sobre os “anos dourados” e de nadar.
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E como nadam.
Glenda insistiu em me ensinar exercícios
embaixo da água enquanto eu fiquei vendo o Hades
nadar ao lado do pai e do avô. Tive que me
conformar em não me aproximar da senhora
Collins, ela não deu brecha para que eu me
aproximasse para tentar ajudar ela, ao invés disso,
ela ficava dando ordens para Z e Affie a todo
momento.
Na hora do almoço ela quem recolheu todos
os pratos e quando pensei em me oferecer para
lavar, ela disse um curto “Affie, você fica com os
pratos hoje”, o resto da tarde na piscina com a
família foi boa, exceto pelo fato da mãe dele ficar a
todo momento me evitando, cheguei a conclusão
que ela definitivamente não gosta de mim depois
do que me disse sobre eu não magoar o Hades.
Foi como se jogassem um balde de água
gelada em mim.
Estava empolgada e me sentia acolhida,
agora só consigo ficar incomodada em pensar que
estou hospedada na casa de alguém que não me
quer aqui.
—Você está caladinha desde a hora do
almoço, o que foi bebê?
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—Nada, adorei seus avós.


Já entardece aos poucos em Palo Alto,
acabamos de subir depois de uma tarde muito
divertida em família, Hades me abraça e puxa o
feixo da parte de cima do biquíni, fecho os olhos.
Não tenho dúvidas de que não devo falar,
não quero estragar a minha estadia aqui dedurando
a mãe dele, sou madura o suficiente para entender
os receios dela e para compreender sua
preocupação, ainda que talvez se fosse eu,
abordaria a pessoa de uma forma diferente.
Foi como se ela dissesse: Você é velha
demais para ele, não serve, não pode me dar netos,
não serve.
Justamente algo que me machuca muito
após o divórcio, porque fui trocada por alguém
mais jovem que eu, com tudo em cima, mais
esbelta, sem toda essa bagagem de vida.
Mas confesso que quando ele me beija...
Quando ele me beija tudo dentro de mim
lentamente vai mudando, se dissipando.
Hades me ergue no colo, me seguro em seus
ombros e toco sua boca com a língua desejando que
tudo em mim fosse diferente, minha vida, meu
corpo, quem eu sou, porque quem sabe assim eu
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talvez o merecesse?
Poderia merecer ele? Deveria me sentir bem
com tudo isso mesmo sabendo que é a curto prazo?
Ele me carrega para o banheiro e entra no
box, me coloca no chão e nossas bocas não se
largam ele liga o chuveiro e somos atingidos em
cheio por um jato de água fria, arfo e ele sorri todo
zombeteiro.
—Hades!
—Já esquenta.
Dizendo isso ele me beija, a boca quente e
úmida, a língua cativa em busca de mais, ergo as
mãos e toco sua nuca, seus ombros, uma
necessidade mais densa dentro de mim que grita
por um toque, um beijo dele.
Ele puxa a parte de cima do biquíni e ergo
os braços deixando que ele a tire do meu corpo, a
boca dele traça beijos quentes por meu pescoço,
meu colo e as mãos vão puxando a peça de baixo
conforme sua boca vai descendo mais e mais.
Os lábios tomam o meu seio esquerdo
tocando a pontinha do meu mamilo com vagareza,
me seguro em seus ombros e aperto os olhos tão
sensível que não sei descrever, a mão dele se enfia
no meio das minhas coxas e suavemente toca a
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minha carne, como se checasse primeiro o que o


espera.
Ele abaixa e não consigo alcançar seus
ombros, Hades afasta as minhas pernas e sua boca
me captura o canto mais sensível do meu corpo de
repente, como ele faz quando me beija, do nada, me
seguro na parede do box perdendo o ar de novo,
sopro.
Ele move a cabeça para os lados me
sugando, como um cachorro faz quando morde algo
e não larga, seguro no vidro do box e aperto sem
saber como me equilibrar, meu coração dispara
com tanta violência que parece que vai pular pela
garganta.
E chupa com mais força e meu corpo vai
para frente quando ele puxa, Hades ergue a minha
perna e apoia a minha coxa toda aberta para ele,
depois me lambe de baixo para cima e me morde a
região da virilha.
—Ai papi.—sussurro perdendo o ar.
Parecem sussurros e gemidos, perco o ar
com frequência por causa do prazer delicioso que é
ser lambida por ele, não consigo controlar esse meu
lado que adora ser excitada, de estar sendo
instigada ao prazer.
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A boca dele volta a me beijar toda a parte


íntima, ergo a cabeça, a água fria caindo nos meus
seios com força, a língua massageia meu clítoris
com uma intensidade na qual não acompanho
direito, mas é perfeita.
Chupo o ar com os dentes e sorrio presa, o
pequeno orgasmo se aproxima enquanto a língua
dele me prova cada centímetro da pele íntima, ao
mesmo tempo que sinto essa necessidade sou
interrompida, ele se ergue soltando a minha perna,
elas tremem tanto que mal sei como consigo me
sustentar nelas.
Ele me vira e estende a mão, já sei o que
devo fazer, e quando lambo a palma de sua mão me
sinto como uma adolescente necessitada de ordens,
ele se conduz para dentro de mim e me penetra de
uma só vez.
Gemo baixinho e me seguro na parede do
box, a água cai nas minhas costas agora, Hades
estende a mão e puxa meus cabelos começando a
meter com violência dentro de mim. Ele se inclina
sob as minhas costas me empurrando e separa as
minhas pernas com as dele, coloca as minhas mãos
nas minhas canelas e depois volta a puxar meus
cabelos metendo assim.
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A posição me deixa sem fôlego, mas me dá


tanto prazer que não recuo, ele me segura pelos
quadris enquanto estoca com força, o meu corpo
todo se contrai em busca do prazer me segurando
nas canelas sinto a pressão deliciosa que é de ser
penetrada por ele.
—Papi—chamo institivamente.—Mete mais
forte.
—Ah querida—Hades sussurra.— Se eu
meter com mais força você vai bater com a cabeça
na parede.
Rio.
Ele me puxa pelos cabelos deixando claro
que quer que eu me erga, a judiação me excita, sem
sair de dentro de mim, ele desliga o chuveiro, me
segura pelo tronco e começa a sair para fora do
box, estou arfante quando Hades me coloca diante
do espelho do banheiro.
Cabelos úmidos, faces ruborizadas,
completamente nua para um completo estranho,
uma mulher morena de olhos escuros olha para o
espelho, a marca do biquíni que começou a
aparecer em seus seios que são bem maiores do que
os das mulheres que conhece.
Hades abaixa e sobe de uma vez enfiando
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tudo, me seguro no batente do lavatório, meus seios


pulam com o atrito delicioso, ele olha para baixo e
assim, começa a estocar com muita força.
Pego a toalha de rosto e começo a morder
ela oprimindo toda a vontade que tenho de gritar,
ele mete tão fundo que estrala na minha bunda,
puxa meus cabelos me obrigando a olhar para o
espelho quando abaixo o olhar, seus olhos estão
afiados e me fitam através do reflexo do espelho.
Minhas pernas começam a tremer, o peso
do prazer vai tornando a pressão dentro de mim
insuportável, aperto a pedra do lavatório cravando
as minhas unhas no mármore escuro, tento respirar,
mas não consigo, estou próxima de um orgasmo
divino e intenso.
Tão, tão forte que meu corpo está entrando
em colapso.
—Que pau na boceta bebê?—ele pergunta e
mete ainda mais forte.— Responde Viviana!
E para.
Ele judia de mim.
—Quero—berro e percebo que além de
molhada, eu também estou suada e começo a
chorar.—Por favor!
E mete mais uma vez.
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—O quanto quer?—questiona.
—Tudo!—gaguejo arfante.—Por favor
papi!
—Tudo o que?—e mete mais uma vez.
Mais uma e não aguento.
—Todo o pau Hades!—berro irritada.—
Mete logo essa porra caralho, mete esse pau grande
e grosso com força caralho!
Ele puxa os meus cabelos com um sorriso
sádico nos lábios, e enfim mete segurando meus
quadris, fico em pé e ele me beija nesse momento,
estendo as mãos alcançando a bunda dele e a aperto
pedindo mais, querendo mais.
A boca dele devora a minha com vontade,
ele sai e me vira de frente, me coloca em cima da
pedra do lavatório e abro as pernas descontrolada,
ele me penetra e começo a gozar assim, os olhos
dele estão em mim, nele enquanto vai metendo com
rapidez dentro de mim.
Ele aperta meu pescoço e seus lábios se
entre abrem enquanto ele vai gozando também, o
orgasmo faz com que eu me trema toda dos pés a
cabeça, com que sinta uma fraqueza involuntária na
virilha, ele segura as minhas pernas e me puxa
afastando os meus cabelos para trás, aperta meu
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pescoço com as duas mãos metendo mais uma vez


enquanto o faz, me levando ao prazer extremo.
Aperto os olhos.
Meu corpo suporta tudo isso enquanto as
minhas pernas tremem, enquanto eu choro, e dentro
de mim vai se fechando, fecho os olhos, algo me
queimando toda.
Fico parada até que passe, desejando que
não acabe, mas acaba, não consigo me mover,
Hades me ergue no colo e me leva para dentro do
box.
Quando ele me coloca no chão as minhas
pernas ainda estão bambas.
Ele liga o chuveiro e me beija.
Ele me faz esquecer de tudo nesse
momento... Ou ao menos por enquanto.

Sinto um toque no ombro e dou um pulo.


Ao mesmo tempo que me viro, estou um
bocado nervosa, a luz da sala se ascende e fico dura
encarando os olhos confusos do pai de Hades.
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Ele olha para a minha mala, para minha


bolsa e depois me olha, usa um pijama de cor azul e
meias.
“Para onde vai Viviana? Algum problema
por aqui?”
Deixo minha bolsa de lado e respondo
rápido.
“Nenhum”
“Então...”
Não consigo fazer nenhum gesto.
Quis sair quando todos estivessem
dormindo, porque sei que se amanhecesse ao lado
de Hades eu não conseguiria sair, já chorei um
bocado quando sai do quarto dele, por sorte, não
havia desfeito a minha mala desde que chegamos.
Me sinto péssima por ter que ir embora, só
que acho que não poderia continuar aqui depois do
que houve ontem na hora do almoço.
“O que houve?”
“Nada, apenas tenho que ir”
“O H vai te levar ao aeroporto? Algum
problema com seus pais?.
Depois que pergunta ele olha para o rumo
da escada confuso.
“Ele não me disse que você partiria nessa
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madrugada, que tal um café antes de irem?”


“O Hades não vai, eu irei sozinha senhor
Collins, obrigada”
“Sozinha? A esta hora da noite?”
Seu semblante se preocupa, tento sorrir
mais falho, não sei o que dizer, é só que eu pensei
bastante quando o Hades e eu fomos para cama,
tinha feito tudo aquilo com ele no banheiro,
havíamos tomado banho juntos e depois ele dormiu
me abraçando, fiquei vendo suas feições, seu corpo,
sua realidade.
Isso me deixou com medo, receio de que
não consiga mesmo ser suficiente para ele, ainda
mais agora que vi que a mãe dele não me quer perto
dele.
“Posso ajudar de alguma forma Viviana?”
“Acho que não, eu preciso ir”
“Foi algo que fizemos?”
“Não, não mesmo”
Ele não se convence, se aproxima e do nada
pega a minha mala.
“Vem, vou levar devolta para o quarto do
H”
“Não precisa, tenho mesmo que ir senhor
Collins”
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“Besteira”
E faz uma careta.
Me aproximo e pego a alça da mala, ele a
solta e me olha surpreso, sinto vontade de chorar.
—Fala para ele que eu adorei os dias aqui,
vocês são pessoas maravilhosas—falo enquanto
gesticulo.—Muito obrigada por me receberem.
“Foi a Kellen não foi?”
—Não—nego.— Não foi ela...
“Foi sim”
Ele fecha a cara, depois pega a mala pelo
puxador e se afasta.
“Suba, eu resolvo com ela, o H ficaria
arrasado se você fosse embora, conheço o meu
filho”
“Não me sinto confortável senhor Collins”
“Não liga para a minha mulher, ela é mal
amada, depois que entrou na menopausa só sabe
reclamar e reclamar, ás vezes da vontade de
devolver ela para o Owen e para a Glenda, mas
acho que nem eles aceitariam a devolução”
Sorrio, estou chorando, não queria isso, mas
é tão complicado pensar em tudo de um jeito mais
amplo.
“O H gosta de você e isso é o que importa,
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deixa a Kellen comigo que me resolvo com ela,


agora sobe e não deixa ele perceber que você saiu
da cama, se não ele acorda assustado”
É uma ordem bem clara.
Penso em pegar a mala, mas o pai dele
indica as escadas para que eu suba, fico dividida.
“Vaai”
E sacode as mãos para cima de forma
exagerada.
Rio entre lágrimas, me aproximo do senhor
Collins e abraço ele, não sei bem se é a melhor
decisão, porém decido aceitar a ordem dele. Ele dá
batidinhas leves nas minhas costas, me apoia,
mesmo que a mãe dele não me apoie.
Subo as escadas sem fazer barulho, entro no
quarto dele e fecho a porta bem devagar, ao mesmo
tempo que olho para cama me sinto um pouco feliz
de voltar.
Há alguns momentos pensava que não o
veria tão cedo.
Tiro o par de tênis e as minhas roupas,
deixo tudo num canto do quarto e volto para cama
de mansinho, me deito a sua direita e o abraço por
trás, puxo os cobertores.
Ele segura a minha mão e a beija, está
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dormindo, beijo seu ombro contendo um sorriso.


Eu não sei como será amanhã, mas hoje eu
sei que dormirei mais uma noite com Hades.
E estou feliz por isso.

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É bom acordar com beijos, com carinho,


com o toque e um sorriso que me faz querer ficar
aqui para sempre, sei que não posso, mas da
vontade.
—Quando você parte para a Virgínia?
Eu o olho, ergo a cabeça, Hades toca meu
braço com vagareza até alcançar a minha mão.
—Poderia ficar um pouco mais não acha?
—Você tem que trabalhar.
—Eu posso mudar a minha agenda, o Z vai
no meu lugar, adoraria que ficasse por mais
algumas semanas aqui comigo.
—Na casa dos seus pais?
—Está também é minha casa, eu moro aqui.
—Ah.
—Tenho um apartamento em Los Angeles,
mas quase não fico lá.
—Entendo, aqui é o seu porto seguro.

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—É.
Consigo entender, com uma mãe super
protetora e um pai daqueles, é totalmente
compreensível que ele queira estar aqui.
—Prometi para os meus pais que se um dia
eu casasse, construiria uma casa aqui, parecia uma
boa ideia, mas não pensei que me casaria com
alguém que mora na Virgínia.
—Hades...
—Desiste dessa ideia de que temos que nos
separar, você não percebe que o que temos é algo
legal?
—Eu sei que é.
—Então Viviana? Você é livre e
desimpedida eu também, porque não podemos
tentar?
—Eu não tenho 20 anos, não posso ter
filhos, eu acabei de me divorciar e de sair de um
relacionamento de muito tempo, não sei se poderia
ficar aqui com você com essa bagagem que carrego
nas costas.
Ele me olha tão machucado.
—Está dizendo que é velha demais para
mim e que acha que eu não seria um homem
completo para você?
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—Não, não mesmo—digo de imediato.—


Estou dizendo que não me sinto completa para
você.
—Porque não seria Viviana? Olhe para
você! É linda, jovem, atraente, merece um cara que
cuide de você e que vai te dar tudo o que você
precisar.
—Não tem a ver com o Carl—esclareço.
—E tem a ver com o que?
—Tem a ver comigo, com os meus
problemas, eu tenho que resolvê-los, conversar com
os meus pais, dai sim eu posso pensar com calma
em tudo isso.
—Pensar?
—Sim.
—E enquanto você pensa, como eu fico?
—Hades...
—Não, olha, você pode até voltar para a
Virgínia, mas tem que me deixar conhecer sua
família, quero fazer parte disso também.
Estou surpresa.
—Sabe que eu gosto de você, eu já disse
que temos que ficar juntos.
Olho para baixo, me deito de costas e não
sei o que dizer, ele não disse que tínhamos que ficar
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juntos, nem disse que gosta de mim, não dessa


forma tão direta, ele quer que eu venha para cá e
largue tudo por ele, para ser sua namorada, ter o
que temos.
—Você não quer que eu vá, não é verdade?
—Você seria feliz me vendo ficar velha e
sem filhos?
—Bem, para começar você não me
perguntou se eu quero filhos e em segundo lugar eu
adoraria envelhecer ao seu lado, já disse que não
me importo com a sua idade.
—Você faz tudo parecer muito fácil.
—Às vezes sinto que você procura
empecilhos para não ficar comigo Viviana.
—É que tudo está acontecendo muito
rápido.
—Está acontecendo como tem que
acontecer, o problema é que você não consegue
esquecer o seu passado e acha que eu sou como o
seu marido, não gosto disso.
Ele estende a mão e toca a minha face, eu o
fito.
—Tudo bem você ainda gostar dele, mas
seria legal se você pensasse com muito cuidado
sobre nós dois.
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—E como seria isso?


—Você não gostaria de morar comigo em
Los Angeles? Lá temos uma filial.
—Morar tipo como namorados?
—Querida nós somos casados pelo estado
de Nevada.
—Não estou vendo nenhuma aliança no seu
dedo Hades.
—Eu pensei em encomendar uma, mas
fiquei com receio de que você não gostasse da
ideia, porque você se divorciou recentemente.
—Ah, mas isso não me atingiria em nada,
porque quem estaria usando seria você e não eu.
—Mas eu seria seu não seria?
Ele se inclina e começa a me beijar, fecho a
cara tentando permanecer imparcial.
—Eu vou comprar uma aliança para mim,
ok? Não sabia que era ciumenta.
—“Chifre trocado não dói”—repito.
Ele ri, assim tão simples que me faz sentir
infantil, os olhos castanhos pousam na minha boca.
—Só diz que não vai embora e me deixar
sozinho aqui nessa casa com dois idosos e a minha
mãe, por favor.
—Não fala assim da Glenda e do Owen—
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repreendo, os avós dele ficaram aqui o resto da


semana, ficaram na casa de hóspedes.—Eles são
nota 10.
—Você é nota 10—Hades me beija e toca o
meu pescoço.—Não te machuquei certo?
—Não—respondo sem jeito.—Porque?
Tem marca?
—Você deixou marcas em mim—Hades se
ergue e me dá as costas, aponta para a bunda.—
Olha isso, marcas de unhas, sua canibal!
Arregalo os olhos e coloco a mão na boca
horrorizada, ele começa a rir.
Meu Deus.
—Eu sinto muito Hades, minha nossa, eu
não tinha a intenção...
—Não é?—ele se vira na cama e vem para
cima de mim.—Você gosta de sacanagem, adora,
confesse!
—Bem, eu... Bom... É que pensando bem...
—Eu gosto de sacanagem, você faz do jeito
que eu gosto, aguenta bem a metida do meu pau
duro e...
Tapo a boca dele, Hades para de falar, estou
com as faces em chamas.
—Sem detalhes sórdidos e sim, eu gosto de
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fazer amor com você desse jeito.


—Fazer amor?—pergunta ainda com a
minha mão abafando sua voz.—Querida nós
fodemos, fodemos muito, fazer amor é outro nível.
—Então quer dizer que você só sabe foder
né?
—Ah, mas eu sei fazer amor também, quer
que eu mostre?
—Hades!
Escuto sua risada, ele me beija de novo,
abraço ele, acho que teria mesmo sido um grande
erro ter ido embora sem avisar, ele teria ficado
muito magoado comigo.
—Ligue para os seus pais, avise que
voltaremos em uma semana está bem? Ai vamos lá,
conheço eles e voltamos a tempo do aniversário de
21 anos da Affie.
Não consigo pensar em ficar mais de um dia
assim tão longe dele.
Merda, puta que me pariu—desculpe mãe—
sentada!
—Está bem—digo.—Mas você tem que
colocar uma aliança no dedo e contar para os seus
pais.
—Sério que você deixa eu contar para eles?
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—Acho que a sua mãe não encara bem o


fato de eu ser mais velha, talvez se ela ver que é
para valer talvez...—eu a convença.—Ela mude o
que pensa sobre mim.
—Então eu converso com eles agora depois
do desjejum.
—Tenho medo de que ela ache ruim.
—Enquanto falo com eles, você conta para
os seus pais, tá bem?
—Está bem.
Hades sorri e me aperta.
Não estava nos planos, mas tentar seguir
algum plano vai adiantar?
Só que não.
Não com ele por perto e a última coisa que
quero no momento é ele longe de mim.
Não mesmo!

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—Alô?
—Oi mãe!
—Viviana!
Meu nome vem acompanhado de uma voz
cheia de alívio, acho que ela sabe para onde eu fui,
papai ainda é aquele cara que fica investigando
tudo quando se trata de mim e da Trisha, ele tem
uns contatos com pessoas da área de segurança.
É uma pena que não tenha sido bom o
suficiente para poder descobrir primeiro que eu
sobre a Trisha e o Carl.
—Graças a Deus, é ela Benedito!
—É ela?—escuto papai perguntar bem
perto.—Graças a Deus.
—Onde está Viviana? Estamos
preocupados?
—Eu estou bem.—respondo.
—Seu pai e eu fomos várias vezes no seu
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apartamento, ficamos preocupados.


—Eu já disse que estou bem mamãe.
—E ainda está em Las Vegas? O DDD é
diferente.
—Estou em Palo Alto, na Califórnia.
—Califórnia?—mamãe repete confusa.—O
que faz ai?
—Decidi tirar essas férias mamãe, para dar
um tempo.
—Carl está tão preocupado—mamãe
informa.—Sua irmã não para de chorar.
—ah, coitadinha dela.—ironizo.
—Viviana, por mais que não acredite todos
estamos muito preocupados com você.
—Entendo—prefiro não discutir.—Eu
conheci...
—O Carl disse que quer conversar com
você, ele e a Trish estão arrependidos filha, foi
apenas um grande erro.
—Eu e o Carl estamos divorciados mamãe.
Me irrita o fato dela ficar tapando o sol com
a peneira.
—Filha, sabemos que ele e sua irmã
cometeram erros, mas ambos se arrependeram.
—Na verdade eu não ligo para isso, só estou
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ligando para dizer que estou bem.


—Está sendo ignorante Viviana.
Me irrito.
—Respeito muito sua decisão de apoiar a
sua filha predileta mamãe, mas não sou obrigada a
gostar disso e fingir que está tudo bem porque não
está.
—Eu não a apoiei.
—Pois não foi isso o que pareceu.
—Eu conversei com a Trisha, eu disse para
ela que era errado, seu pai também, o que mais
poderíamos fazer? O mal já estava feito.
—Ai mãe, isso é tão você, ficar calada para
não fazer as pessoas te julgarem por isso quando na
verdade eu sou sua filha e estou acima de qualquer
outra opinião.
—Não poderia me pedir para escolher entre
as duas, Trisha sabe que está errada, ela sente
remorso...
Acho que quero saber de algo.
—Eles dois estão juntos?
Mamãe fica calada do outro lado da linha,
está é a minha confirmação.
Mesmo que não goste de me sentir assim, a
sensação ruim ainda me vem no peito.
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—Ok mamãe, em uma semana eu volto para


casa, tenho algumas coisas a resolver.
—Filha...
—Até mamãe.
Desligo.
Desligo o celular.
Que se foda também.

Desço.
Tão logo entro na sala, recebo um abraço
apertado da Affie, ela sorri de ponta a ponta com os
olhos cobertos por uma felicidade intensa.
—Eu sabia, sabia!
Olho para o rumo dos sofás, Lorenzo
Collins está emocionado, enquanto Kellen está
inflexível, Z sorri e Hades, ele está com cara de
quem comeu e não gostou, Affie me segura pela
mão e me puxa para o rumo dos sofás, ao perceber
o que realmente acontece aqui, minhas pernas
travam e sinto vontade de subir para o quarto de
novo.
—Bem vinda a família Viviana—Z fala e se
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aproxima abrindo os braços.


Ergo os braços e o abraço, sinto como se
um nervosismo intenso me consumisse.
—Estou feliz que o H tenha te escolhido,
você é uma moça muito legal...
—Moça?—Kellen pergunta entre dentes.—
Pelo amor de Deus!
—Mãe, pelo amor de Deus mesmo!—Z
replica.—Aceita logo, eles estão casados, a Viviana
vai cuidar bem do H, ela é da família agora.
—Mal acredito que terei mais alguém aqui
—Affie sorri toda empolgada.
Olho para Kellen, percebo uma fúria
extensa em seu olhar, fico com o coração apertado
porque entendo ela, mas ao mesmo tempo eu sei
que não funcionaria se escondêssemos dela, seria
errado porque o Hades adora eles, são muito
unidos, uma família diferente da que a minha se
mostra desde que me casei.
Não sei se foi porque me casei e sai de casa,
mas me afastei dos meus pais, me enfiei na minha
própria vida com o Carl e deixei meus pais meio
que de lado, claro que não posso comparar o
tratamento que me dão com o tratamento que eles
dão para a Trish, ela mora com eles, só que não
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sinto como se fosse algo voluntário, o que não é o


caso dos Collins pelo visto.
—Eu pedi a anulação do casamento, mas o
Hades não quis dar...
—E nem vou dar—ele me interrompe.—
Porque estamos casados e ponto.
—É mesmo? E o que pretendem fazer?
Construir uma casa na Virgínia e se afastar de nós?
—Kellen se levanta.—, mas que coisa absurda
Hades, você tem ideia da irresponsabilidade que
você cometeu ao se casar com ela? Os nossos bens,
nosso dinheiro, o nosso patrimônio, eu trabalhei
tanto para conseguir construir tudo isso com o seu
pai, com você!
—Senhora Collins não quero o dinheiro da
senhora...
—Não me chame de senhora—ela grita.—
Você tem idade de para ser irmã mais velha dele,
não percebe o absurdo no qual você o condenou?
Você é uma irresponsável!
Lorenzo se ergue, agora todo sério.
“Você está estragando tudo, este momento
é o momento do nosso filho, Viviana é a escolhida
por ele, não pode mudar isso, deixe disso Kellen,
está ofendendo a moça, ela gosta dele também”
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“Se gostasse daria a ele a chance de se


casar com alguém que tivesse mais a oferecer”—
Kellen responde.
Olho para Hades, não quero que ele se sinta
dividido, sabia que a mãe dele não reagiria bem, só
não sabia que ela ficaria assim tão furiosa e fora de
si.
Um silêncio estranho se faz na sala.
Kellen Collins me olha tão magoada que
sinto como se meu coração estivesse exposto, acho
que era por causa disso que eu queria ir embora,
porque sei que lá no fundo ela não vai me aceitar,
as outras pessoas também não e esse
relacionamento relâmpago não trará nada a minha
vida, irei prejudicar Hades e ele será o que sairá
disso tudo com mais marcas.
É um fato.
Porque ele não é imaturo, mas é jovem, ele
tem 11 anos a menos que eu, eu sou apenas 5 anos
mais nova que o irmão mais velho dele, não
poderei lhe dar nada além de dias como os que
estamos tendo.
—Eu vou embora—digo olhando para ele.
—Não!—Hades, Affie e Z berram de
repente.
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Fecho os punhos, olho para Kellen Collins


sentindo que me dói falar isso.
—Obrigada por me receber na sua casa
Kellen, eu não tinha a intenção de magoar você, eu
e o Hades nos casamos por engano e vamos
cancelar tudo isso, foi apenas uma loucura de Las
Vegas, ninguém precisa saber.
—Não vai embora, para de dizer isso—
Hades se aproxima, recuo um passo.
—Desculpe Hades, mas não posso ficar na
casa da sua mãe sabendo que ela não gosta de mim
e não me aceita, eu já fui bem rejeitada se quer
saber no último mês—digo.—Você sabe que eu
estou passando por um momento muito delicado da
minha vida e ouvir alguém me chamando de velha
e estéril não ajuda, eu não quero criar uma
contenda na casa da sua mãe, eu vou chamar um
táxi e vou para a casa, eu vou pedir para o meu
advogado entrar em contato quanto a anulação do
casamento, não se preocupe, eu não quero seu
dinheiro, eu não sou assim como a sua mãe pensa.
—Eu vou buscar a sua mala então—Hades
fala todo sério.—Me espere na varanda, já trago
suas coisas.
—Está bem.
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Affie começa a chorar, Z fica duro na dele,


me aproximo do senhor Collins e lhe dou um
abraço forte.
“Obrigada por me receber no seu lar”—
gesticulo.
“Fique Viviana, esta casa também é sua
agora”
“Sinto muito, não me sinto em casa”
Me esforço para sorrir, me afasto dele sem
olhar para Kellen, abraço Z e depois Affie, não
tenho o que falar, escuto o som apressado dos
passos de Hades descendo as escadas, então eu o
vejo se aproximando com uma mochila nas costas.
—Affie, você envia as malas da Viviana
pelo Kaio?—pergunta Hades inflexível.
—Hades o que significa...
—Significa que eu vou com ela mamãe, se
você não pode aceitar a Viviana então não me
aceita também, eu não vou ficar aqui vendo à
senhora controlar a minha vida porque eu sou dono
dela, sei que parece irresponsável a forma como eu
e ela nos envolvemos,mas nos gostamos e ela não é
uma oportunista, se ela for eu também vou, volto
para buscar as minhas coisas.
—Não tem...
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—Cala a boca Viviana, você também não


ajuda—reclama ele e olha para o pai.— “Pai, eu
estarei na Virgínia, o Z vai cuidando de tudo para
mim, qualquer coisa me liga tá?”
“Ótimo”
Lorenzo sorri, Affie abraça o irmão com
força.
—Venho para seu aniversário Affie, eu e a
MINHA MULHER.—Hades promete e beija a face
dela.
Z se aproxima e dá um beijo no rosto do
irmão mexendo nos cabelos dele.
—Vai ser feliz moleque—Z ordena
sorridente.
—Eu vou—Hades me olha.—vamos, Kaio
já pegou o carro, eu já pedi que arrumassem o
avião.
Não respondo, não ouso olhar para a mãe
dele, fico contendo a vontade de chorar a toda hora.
—Tchau mamãe—Hades diz e me puxa
pela cintura.—Vem, estou ansioso para conhecer
seus pais.
Se foi assim com os dele, nem quero
imaginar como será com os meus.
Estou tão ferrada, mas estou tão... Feliz!
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Hades vai, eu também vou.

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—Oi Lars.
—Boa tarde senhorita Silvestre.
É.
As notícias correm bem rápidas por aqui.
Lars é um velho de uns cinquenta anos que
trabalha no prédio há tanto tempo que parece que já
criou raízes, tem um bom coração, mas é
fofoqueiro demais, gosto dele, é prestativo, mas
sempre está especulando.
Ele junta os envelopes olhando para o
Hades, não me incomodo muito, mas acho que não
é tão comum que alguém tão cheio de tatuagens
entre no prédio, ainda mais porque a comunidade
aqui na cidade é bem conservadora.
Moro numa cidade relativamente grande,
Roanoke é uma metrópole com um dos maiores
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parques municipais do país, posso dizer que o que


mais gosto aqui são as feiras e as pessoas, sou
nascida e criada aqui, então suspeita para falar.
—Fez boa viagem Senhorita Silvestre?
—Fiz sim Lars, obrigada.
Ele me entrega as correspondências, são as
contas do mês, me afasto para o rumo do elevador e
Hades vem com a mochila nas costas, trouxe a
minha bolsa, a Affie levou correndo para o carro
logo que entramos, ao menos meus documentos eu
trouxe, segundo Hades a minha mala chega amanhã
com as minhas coisa.
Não pretendia voltar tão rápido até hoje de
manhã, mas anoiteceu e mais uma vez estou nesse
prédio infeliz, contudo, a caminho daqui estava tão
reconfortada que nem me passou pela cabeça que
estava voltando para o meu antigo lar.
Entramos no elevador e Hades me abraça,
beija a minha face.
—Cansada?
—Preciso de um café.
Os cafés que a aero moça nos serviu no voo
até aqui estavam bons, deliciosos eu diria, mas
estou bem cansada também, foi uma manhã bem
cheia, teve a briga com a Kellen, a discussão do
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Hades com os pais dele e ainda a minha quase fuga


para casa, que no final das contas acabou uma
vinda espontânea ou quase isso.
Me viro e o abraço, carente de um pouco
mais de atenção, acho que por conta da forma como
a mãe dele encarou tudo, ela fez eu me sentir um
lixo confesso, mesmo que eu sabia que ela não
tinha a intenção de me magoar ou me ferir
diretamente, ela só quer proteger ele contudo é algo
bem complicado, porque essa proteção em excesso
não faria bem para o Hades.
—Esse prédio parece caro.— ele comenta e
beija a minha cabeça.
—Eu vou vender esse apartamento—
informo.— Não suporto pensar em morar aqui.
—Imagino—Hades me beija.—, mas agora
eu estou aqui, eu cuido de você bebê.
Pego as chaves na bolsa, saímos do
elevador e vamos direto para o meu apartamento, o
lugar que venho chamando de lar a muitos anos,
logo que abro a porta fico imaginando como será
deixar esse lugar de vez, vender, vivi tantas coisas
aqui.
Quando me casei foi por essa porta que
passei com o Carl usando um vestido de noiva, um
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ano depois quando ele passou no primeiro concurso


nós estávamos brindando e comemorando na sala,
pouco tempo depois eu estava sendo promovida no
emprego e mais uma vez jantares de comemoração,
natais, anos novos, páscoas, dias de ação de graças,
não é tão fácil assim jogar todas essas incríveis
lembranças no lixo.
—Poxa, é bem decorado.
—Gostou? Eu decorei.
Eu gosto de manter tudo bem bonito e
organizado, quando tenho tempo eu mesma vou
comprando objetos em antiquários e quadros, eu
quem escolhi a cor da última pintura, o piso quando
trocamos a cinco anos atrás, a mobília, tudo, eu
decorei do jeito que eu achava bonito.
Carl nunca reclamou.
Tranco a porta e Hades já vai indo abrir a
porta da sacada, estive aqui há umas duas semanas
atrás pegando roupas, estava tão apressada para sair
que nem prestei atenção direito no que fazia, ficava
olhando para cama e me sentia enojada.
—Que tal uma cerveja e uma pizza?—
sugere ele pegando o controle da tv.—Tenho um
app no meu celular, deficientes tem preferência de
entrega!
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—Hades!—repreendo querendo rir.—Você


é impossível!
—Ué—ele tira o celular do bolso.—Vou
pedir de quatro queijos.
—Acho que tem vinho no armário—dou de
ombros.—Vamos beber o que temos.
—Ótimo—ele se aproxima.—Ainda quer o
café? Eu faço!
—Nossa, mas você está prestativo.
—Eu sou prestativo querida.
—Ah é.
—Quando nós dois estivermos morando
juntos eu posso te mostrar meus dotes culinários.
—Você sabe cozinhar?
—Torradas e dois tipos diferentes de café
com leite e achocolatado.
—Ah, mas é um garoto muito aplicado.
Enquanto falo, minhas mãos tocam os
ombros dele, ele fica olhando para a minha boca, se
inclina, sorrio e puxo ele para baixo colocando um
beijo quente em seus lábios.
Tudo é tão mais fácil com ele por perto,
porque ele faz parecer algo possível, eu e ele
juntos.
Mas afinal de contas, ele veio, ele está aqui,
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então isso significa que estamos sim juntos diria até


mais que isso.
—Porque não tomamos um banho enquanto
a pizza não chega?
—Não é má ideia—concordo fitando-o.—
Marido!
Ele sorri e do nada me ergue no colo, solto
um berro alto e me seguro nele.
—Onde fica o banheiro mulher?
—Por ali—indico e o beijo.
Estar aqui já não é tão ruim, ao menos não
por enquanto.

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—Gostei desse lugar.


—Humm... —bebo um gole do meu vinho.
—A vizinhança é bem tranquila.
Tomamos um banho bem rápido, porque a
pizza chegou em vinte minutos, vesti meu roupão
de banho e dei uma das toalhas para ele, acho que
agora estou um pouco melhor, já consigo lidar com
a ideia de olhar para cama sem querer vomitar.
Depois de tudo, pensando bem isso é meio
insignificante, também penso que seja porque ele
está aqui, porque ficar só nesse apartamento é
deprimente, fico pensando muitas besteiras, fiquei
sem chão quando tudo aconteceu, infelizmente não
estamos prontos para uma decepção tão grande.
Uns dia depois da traição, queria pular da
sacada, numa queda livre de 17 andares, só que
depois eu analisei bem as coisas e vi que era
egoísta demais da minha parte fazer aquilo, era
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injusto comigo e com a minha família, percebi que


a minha vida tinha um pouco mais de valor para
mim e que já que o Carl não havia dado o devido
valor em mim, eu decidi me valorizar um pouco.
—Então, você já pensou no que vai fazer
quando vender o apartamento?
Eu o fito.
Essa é uma boa pergunta, quando decidi
viajar só tinha fixo em minha mente que queria
sumir daqui, sabia que queria vender, contudo não
pensei se poderia comprar uma casa porque havia
acabado de ser demitida, tenho um dinheiro na
poupança, não quis sentir que tirava nada do Carl,
mas aleguei adultério e por isso ganhei um bom
dinheiro, tudo o que era dele ganhei metade, não
estou rica, porém não é um dinheiro que eu tenha
conseguido com base em algo digno.
Foi graças a uma deslealdade e a dor que
ganhei isso.
—Não faz a menor ideia né?
—Sim.
Hades sorri, estamos no sofá da sala vendo
tv e comendo a pizza, bebendo o vinho que eu abri,
está tudo ótimo, eu de roupão e ele com a toalha no
corpo, os cabelos úmidos, as tatuagens coloridas no
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corpo, estendo a mão e toco seu peito.


Tem uma flor bem no lado direito do peito,
uma flor de lótus toda preta com detalhes em azul,
é tão bonita, olhando bem todos os desenhos nele
são bonitos, imagino que tem muitos significados.
—Gosta de se tatuar não é?
—Gostava mais antes de assumir a C&C,
agora não ando com tempo, exceto pela que
fizemos em Las Vegas.
Está no meu corpo, mas me esqueço, nunca
em sã consciência faria uma tatuagem com o nome
de homem algum no meu corpo, mas tem o nome
dele na minha pele, em letra cursiva e bonita.
—Elas tem muito significado?
—Sim, eu fiz em muitos momentos da
minha vida, comecei com essa mandala no braço
desde então não parei— ele mostra a tatuagem.—
Essa eu fiz na índia, o tatuador é um cara com um
traço bem legal.
—Qual o significado dela?
Hades me olha e desvia o olhar para baixo,
ele sorri de um jeito meio estranho.
—Eu gostava muito de uma garota na época
do ensino médio, mas foi um amor não
correspondido, infelizmente ela já tinha namorado,
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então na minha primeira viagem para Índia eu fiz


essa tatuagem, sempre que lembrava dela, me vinha
uma flor na cabeça.
—Ela deveria ser mesmo especial.
—É uma grande decepção, mas eu superei,
coisa de moleque sabe?
—Seus irmãos também gostam né? Reparei
que o Z tem uma na perna, e a Affie uma na nuca.
—Sim, mamãe nunca nos proibiu nem
papai, desde que fizemos 18 anos eles sempre nos
deram muita liberdade para fazer tudo, e os seus
pais?
—Acho que eles são normais—bebo um
pouco mais do meu vinho.—Assim, mamãe é dona
de casa, papai policial aposentado, já foi militar, ele
é meio careta.
—Careta tipo republicano?
—Careta tipo “Viviana, eu te mataria se um
dia você namorasse um maconheiro”.
Ele começa a rir, eu também, nem acredito
que acabei de imitar meu pai, mas infelizmente ele
é assim.
—Mamãe acredita que tatuagem leva a
pessoa para o inferno—gargalho.—Eu não quero
nem ver a cara deles quando te apresentar a eles.
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—Eu quero—Hades ri e me dá um selinho.


—Acha que eles não vão gostar de mim?
—Na pior das hipóteses eles vão chamar a
polícia para você.
—Adoro ser preso por boas causas.
—Você não presta não é verdade?
—Para algumas coisas eu até sirvo...—
insinua ele de forma tendenciosa, coro.— , mas
para outras não posso dizer que sirvo, nunca fui
brigão.
—Eu costumo ser bem calma em muitas
situações da minha vida, mas ás vezes eu fico meio
que sem reação sabe?
—Eu entendo, não superei até hoje o final
dos Vingadores.
—Você vai me dizer que gosta da Marvel e
eu te direi que amo a DC.
Ele me encara visivelmente surpreso.
—Sério?
—É, mas eu preferia as versões do Batman
mais antigas.
—Alguns diretores pecam pelo excesso.
—Gosta de gibis?
—Mas é claro que eu gosto.
—Tenho uma coleção, eu juntei ao longo da
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minha adolescência.
Hades fica me olhando como se não
acreditasse, pois é, um dia eu também fui bem
jovem e na minha época tive a maravilhosa
oportunidade de viver uma infância normal e
divertida, nada de tablets, ipads, games, o único
vídeo game que eu joguei foi um Atari velho que
ganhei do meu tio quando eu tinha 10 anos de
idade, eu era a menina que adorava correr na rua
descalça e brincar com os garotos, Trish não foi
assim, também ela já pegou uma época bem
diferente da minha, assim como Hades.
—Adoraria ver, sou colecionador de gibis e
quadrinhos antigos, cartas, na minha casa em Los
Angeles tenho itens leiloados.
—Eu colecionava cartas da liga nacional de
baseball, infelizmente papai vendeu todas no e-bay
quando eu tinha 20 anos, para ajudar a pagar meu
casamento.
—Não achou ruim?
—Achei, mas eu tinha esse sonho idiota
sabe? De entrar de branco na igreja e fazer uma
festa para família.
—E foi assim?
—Foi, nós até viajamos para o Caribe, eu
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casei de véu e grinalda, tive daminha, tinha um


álbum de casamento lindo com umas 200 fotos.
—Tinha?
—É, eu joguei na lareira, queimei tudo
antes de viajar.
Foi como eu decidi que queria superar e
pensando bem foi até bom, porque não tem mais
fotos minhas com o Carl, acho que ele também não
faz questão porque se fizesse não teria me traído,
queimei tudo uma semana antes de eu viajar
escondido da minha mãe na lareira na casa dos
meus pais, me sentia mal, chorava a cada foto, cada
lembrança, mas quando não haviam mais fotos, no
fundo, bem lá no fundo, eu me sentia aliviada.
—Queimou?—Hades sorri.—Bebê você é
vingativa!
—Não sou, eu só queria me sentir mais pé
no chão sabe? Foi algo que eu vivi e ficou no
passado, se eu ficasse olhando só me sentiria mal.
—Mas...—ele pigarreia.—Não te passou
pela cabeça voltar com ele e tal?
—Passou nos primeiros dias, eu estava tão
confusa, só que depois concluí que não poderia
viver com ele sabendo que ele não me respeitava,
não me amava e eu não confiava mais nele, sabia
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que cada dia que eu saísse para trabalhar, iria ficar


imaginando ele com a minha irmã, ou quem sabe
com a vizinha? Entende? Aquilo iria me corroer e
me desgastar.
—Eu entendo, mas um casamento tão
duradouro... Digo, deve ser muito difícil tomar uma
decisão dessas.
—No momento em que eu permiti me amar
um pouco mais eu decidi não continuar com aquilo,
e também eu acho que ele está com a minha irmã,
meus pais só não querem falar.
—E o que vai fazer em relação a isso?
—Nada, eu e ele não temos mais nada.
—Não sente nada por ele?
—Deveria sentir?
—Nossa Viviana!
—Nossa mesmo—mordo a pizza e mastigo,
engulo.—Você acha que eu mereço viver um
casamento de mentira só para agradar meus pais e
os pais do Carl? Algo de aparência? Algo que eu
sei que não seria mais algo verdadeiro? Foram 17
anos que eu fui muito feliz, mas acabou, ele vive
com a Trish e eu vivo a minha vida.
—Comigo!—completa corrigindo.
Sorrio, eu o fito, ele tem algo no olhar que
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sei que espera que eu corresponda a isso, e sei que


devo e quero corresponder.
Vou deixar as coisas acontecerem, não vou
me preocupar, em menos de uma semana com esse
cara eu estou vendo o quanto ele se preocupa e se
importa comigo, o quanto tem consideração
comigo, ele deixou a família dele para trás e veio
comigo, cancelou sua agenda para ficar comigo,
então sim.
—Com você—respondo confiante.
—Demorou para responder, tem dúvidas
quanto a isso?
—Na verdade eu acabei de acabar com
todas elas.
Hades sorri, me beija, estendo os braços
tocando os lados do seu rosto, beijando-o sem
receio, sei que é a melhor decisão no momento,
contrariando tudo e todas as probabilidades.
Mas somos interrompidos, primeiro pelo
som da campainha, e logo em seguida por berros.
—Viviana!—escuto a voz masculina do
outro lado da porta—Você trocou a tranca da
porta?
—É o seu ex?—Hades nem me dá tempo
para pensar.
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—Não—digo encolhendo os meus ombros.


—É o meu pai.
—Ah—ele levanta.—Vou me vestir.
—Tá—ganho mais um beijo.
Hades levanta todo apressado, deixo a taça
e o prato em cima do centro, respiro fundo.
Hora de apresentar o namorado para
família.

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Abro a porta.
Estava até dois segundos sorrindo quando
percebo a presença da Trish, fico segurando a porta
e vendo papai e mamãe me analisando, e tudo fica
em silêncio.
Eu realmente não sei o que dizer, se devo
falar ou se não devo e olho para a minha irmã
sentindo que dentro de mim tudo se torna muito
confuso.
—Porque trocou a tranca?
—Porque eu quis papai, o apartamento é
meu.
Acho que desde que tudo aconteceu meus
pais tem medo de eu me jogar pela sacada, não que
eu já não tenha pensado nisso antes, mas é só que
não farei isso.
—E o que estão fazendo aqui?

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—Pedimos ao Lars para avisar quando você


chegasse, porque queríamos ver se estava tudo
bem.
—Eu estou bem pai.
Mamãe é aquela mulher loira de olhos
claros e papai é o hispânico de cabelos escuros e
olhos castanhos, eu puxei a papai, Trish misturou,
mas é bem parecida com mamãe, olhos verdes,
cabelos escuros e um corpo de dar inveja a
qualquer garota da idade dela.
—Podemos entrar?—mamãe pergunta
incerta e mostra sacolas.—Trouxe seu jantar.
—Pedi pizza—respondo.—Estou
acompanhada.
—Acompanhada?—papai pergunta confuso.
— Alguma amiga?
—O meu novo namorado.—falo.
Papai me encara como se fosse algo bem
absurdo, mamãe não está surpresa, já a Trish, bem,
ela fica me olhando com a cara de quem está muito,
muito arrependida, com coisa que eu caio nessa.
—Que namorado Viviana?—papai exige.—
Você é uma mulher...
—Divorciada—corto.—E eu espero que o
senhor seja bem educado com ele, porque a filhinha
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errada aqui nunca fui eu.


Papai se cala, ele ainda tem orgulho e toco
em feridas porque sei que ele se envergonha pela
atitude da minha irmã.
Acho que inclusive eles nem contaram para
a família os motivos do divórcio porque do
contrário meus avós teriam caído para a trás, a
super estudante e dedicada Trish passaria de
universitária gentil e bondosa para ladra do marido
da irmã.
Também não quero tornar a estadia do
Hades aqui ruim, primeiro porque ele não merece e
segundo porque esta é a minha casa, meus pais
devem respeitar as minhas decisões, eles são muito
bons em apoiar a minha irmã, portanto que me
tratem da mesma forma.
—Não seja antiquado Benedito—mamãe
apela.—Ela tem que seguir com a vida dela, vamos
conhecer o rapaz e ir embora.
—Que seja.—papai responde.
Abro espaço para que ambos entrem, Trish
fica parada me olhando quando entra, queria que
ela não estivesse aqui, queria não ter que receber
ela, só que acho que não nasci para ter uma
natureza tão bruta nesse sentido porque eu
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infelizmente ainda respeito meus pais.


Mamãe olha para a pizza no centro de para
as taças de vinho.
—O Carl já sabe?—ela pergunta.
—Ele e eu não temos mais nada—dou de
ombros e fecho a porta.—Não devo satisfação da
minha vida para ninguém.
—Nem para nós?—papai indaga chateado.
—Pai eu tenho 37 anos, eu não sou mais
uma criança.
—Foi irresponsável sumir por tanto tempo
Viviana.
—Foi o melhor para mim, o que esperava?
Que eu ficasse chorando e lamentando os atos
irresponsáveis da sua querida filha?
Trish abaixa a cabeça, papai passa a mão
nos cabelos, tem muitos fios brancos, mas também
ainda muitos castanhos, ele não faz a barba a algum
tempo, sei que está preocupado.
—E vai apresentar ele assim?
—Porque não papai? Suas filhas adoram
ficar nuas nesse apartamento.
—Você voltou uma completa revoltada.
—Cansei!
—Viviana!
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Escuto o chamado, depois Hades se


aproxima usando um jeans e uma camisa de
mangas, tênis, os cabelos penteados para trás,
mamãe fica olhando para ele como se visse um
fantasma enquanto papai fecha a cara.
Odeio essa hipocrisia dele, esse formalismo,
acho que ele só aprovou o Carl porque ele sempre
foi um cara certinho, ou fingia ser.
Agora a mascara caiu e não adianta mais
fingir que está tudo bem porque não está, meu
casamento foi destruído, acabou e ficar chorando
não tem me levado há nada, esses dias com o Hades
foram bons para isso, mesmo que a mãe dele não
me aceite me senti muito a vontade na casa dos pais
dele, ao menos são pessoas bem mais naturais que
os meus próprios pais.
Não posso culpá-los de não saber lidar com
a situação, mas trazer a minha irmã aqui para uma
conversa de conciliação não é boa ideia.
—Hades estes são meus pais, Benedito
Guerra de Martín Silvestre Cortez, minha mãe
Morgan Guerra de Martín Silvestre Cortez Rawley
e a Trisha, minha irmã mais nova, este é o Hades
Rice Collins, meu namorado.—apresento para os
meus pais.
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—Muito prazer senhor.—Hades estende a


mão para papai.
Papai estende a mão e aperta a mão dele
com firmeza, Hades se aproxima de mamãe e
segura a mão dela, depois beija com gentileza.
—Sua mãe é jovem Viviana—ele diz—uma
bela galesa.
—Ah, imagina—mamãe fica vermelha com
o comentário.
—Prazer Trisha—Hades apenas acena para
ela e me olha—Quer um café?
—Séria ótimo.—digo um pouco tensa.
—Ok, vou fazer—Hades sorri.— Com
licença.
Ele pega a pizza, empilha os pratos em cima
da caixa e recolhe as taças, depois vai para cozinha,
cruzo os braços, mamãe fica olhando para ele toda
encantada, não olho na cara da minha irmã, porque
sempre que olho algo dentro de mim se rasga.
Como uma sobre pele que por baixo dela
esconde um bocado de revolta e mágoa e essa parte
grita querendo saltar de mim, de dentro para fora
por tudo o que sofri mês passado e venho sofrendo
desde então.
—E desde quando está namorando?—papai
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indaga.
—Isso importa?—questiono.—Então, você
vieram para propor a paz entre eu e a Trisha?
—Não acho que seja adequado falar sobre
isso na frente de um estranho.
—Ele não é estranho, ele é o meu
namorado, ele já sabe de tudo inclusive.
—Assim? Do nada?
—Pai pelo amor de Deus, em que século
você vive?
—Estamos surpresos filha, só isso—mamãe
replica.—Sua irmã quer te dizer uma coisa, se
desculpar.
—Mas ela não precisa mamãe.
—Te disse que ela não iria querer me ouvir
mamãe—Trish fala.—Ela é teimosa.
—Teimosa?—questiono e enfim a olho.
—Viviana ela só quer...
—Entendi pai—interrompo ele ainda
fitando-a.—Vamos Trisha, fala porque você veio
aqui? Porque está se desculpando.
—Poderíamos conversar a sós?—ela
questiona.
—A sós por quê?—pergunto.
—Não quero te expor.—ela avisa.
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—O Hades já sabe de tudo, haveria uma


exposição maior que essa?
—Acontece que eu to grávida ta bom?
E só por um segundo da minha vida, essa
sobre pele se rasga.
Depois da palavra grávida, simplesmente
meus pés estão se movendo na direção dela, o meu
corpo e as minhas mãos estão se enfiando nos
cabelos dela.
Não consigo ouvir nada, nem sentir nada,
enquanto a minha mão acerta o rosto da minha irmã
diversas vezes, só sinto que isso dentro de mim se
solta e não consigo controlar.
A raiva acumulada, o desgosto, a mágoa, a
dor, tudo vem de uma só vez.
Ela não tem tempo de reagir à surra e eu
não tenho muito tempo para bater, alguém está me
puxando para longe dela e só agora me dou conta
de toda a gritaria que tem no meu apartamento, os
gritos da minha mãe para que eu a solte, os berros
de papai, e o Hades tentando me segurar, papai
ampara Trisha, que chora, os cabelos bagunçados, o
nariz sangrando e o rosto todo arranhado.
—Calma Viviana—Hades ordena me
apertando.—Calma!
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Respiro com dificuldade, quero me soltar


dos braços dele, sinto que em minha garganta tudo
queima, sinto vontade de gritar, mas é raiva, muita
raiva, tanta que me machuca por causa de tudo.
Trisha está grávida!
—Melhor vocês irem—Hades fala.—Por
favor.
—Eu não queria isso, eu juro—mamãe fala
para mim.—Juro!
—Sai da minha casa agora!—grito furiosa.
Ainda tento me soltar dos braços de Hades,
mas sem sucesso, papai também chora, mamãe,
Trish chora, mas tudo o que sinto é só raiva.
Quando eles vão embora, Hades não me
solta.
Ele não me solta por um segundo, me
aperta, e só assim consigo me permitir colocar a
dor para fora.
Choro.
Trisha está grávida do Carl.

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—Nós tentamos por um tempo — digo.— ,


mas não deu certo, um tempo depois fui ao médico
e ele disse que eu sou infértil porque eu tomei
anticoncepcional por mais de 10 anos, desde a
época da adolescência.
Hades me aperta, beija a minha cabeça.
—Nós evitamos bebês porque ele queria,
ele estava focado no cargo dele e eu na empresa,
quando eu disse que não poderia ter filhos ele disse
“ok, não faz mal”, me sentia péssima sabe?
Insuficiente, mas pensei “um dia aparecerei
grávida, não tenho que me preocupar”, então os
anos foram se passando e aqui estou eu, estéril.
—Não fique assim bebê.
—Tem como ficar bem Hades?
—Você não parou para pensar que um
divórcio com um filho a essas alturas seria um
grande problema? O que se passaria na cabeça
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dessa criança? E se fossem mais de um? É sempre


um trauma na cabecinha da criança.
—É?
—É sim, porque eu passei por isso, quando
eu tinha 10 anos, papai e mamãe decidiram se
separar, foi numa dessas que papai engravidou essa
mulher com quem ele morou por dois anos, mamãe
estava muito ocupada com as coisas da C&C e ele
achava que merecia mais, o Z começou a dar
problemas com drogas e a Affie só tinha quatro
anos.
Nossa.
Eu o fito, Hades toca a minha face, está tão
reflexivo, as feições duras.
—Me sentia um empecilho na vida dos
meus pais, nós três mais ficávamos mais com
empregadas do que com a mamãe, papai estava na
Grécia vivendo a vida que ele queria, enquanto
mamãe estava cuidando da empresa e tentando
arrumar os papéis do divórcio, quando por fim ele
retornou, ambos conversaram e decidiram que não
iriam se divorciar, papai mandou os empregados
embora e eles construíram aquela casa em Palo
Alto.
—Ele não tem contato com seus irmãos?
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—Tem sim, eles vem ás vezes, papai vai ver


eles, são bem próximos, mas eu só estou te dizendo
isso porque sei o quanto é complicado entender que
seus pais estão separados, eu vivia chorando,
recluso comecei a ter notas ruins na escola, me
sentia abandonado pelo papai apesar dele escrever
toda semana.
—Porque ele não vinha ver vocês?
—Porque a outra mulher não deixava, ela
ficava chantageando o papai, de contar para mamãe
que ele tinha outros filhos, eu era um menino que
sofria muito por ser surdo, papai era meu único
espelho apoiador e de repente ele não estava mais
ali, por isso sofri.
—Me sentia muito incompleta, estou
magoada porque eu sei que ela fez de propósito.
—Eu imagino que seja doloroso, mas se
sinta grata por não submeter uma criança a isso,
nascer fruto de um casamento destruído, de algo
que começou muito errado, eu sei que dói porque
ela é sua irmã, mas passa.
—Perdi a cabeça.
—É, eu vi, você deu uma de direita no nariz
dela que quase deixou ela desmaiada.
—Dei?
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—Deu!
Ele beija a minha cabeça, eu o abraço,
estamos deitados no sofá.
—Quer ir para cama?—questiona.
—Não, eu não suporto mais olhar para
aquela cama.
—Então vamos dormir no quarto de
hóspedes?
—Pode ser.
Era para ser o quarto de um possível bebê,
mas não é nem nunca vai ser, pelo contrário, quem
vai ter um quarto de bebê logo em breve é a minha
irmã.
—Cuido da venda desse apartamento para
você—Hades garante.—Você tem mais alguma
coisa a resolver aqui?
—Era conversar com meus pais, mas depois
de tudo eu estou tão enojada que acho que não
consigo nem conversar com eles.
—Eu imagino que sim querida.
—Hades, obrigada por estar aqui me
apoiando, eu nem sei o que faria.
—Não tem que agradecer, sei que é difícil
mesmo.
—Acho que só preciso mesmo fazer as
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malas e voltar para a Califórnia com você.


—Sério?
—Porque você sempre fica surpreso?
—Porque você está me escolhendo, é difícil
de acreditar.
—Pois acredite.
Acho que de hoje em diante, todas as
minhas escolhas frequentemente incluirão ele.
Novas e boas escolhas, assim espero.

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—O apartamento ficará fechado por tempo


indeterminado Lars, ninguém tem ordens para subir
exceto sem que antes eu seja avisada, está bem?
—Sim senhorita, mas é que...
—Sem mais.
Lars fica assim todo constrangido, mas
deixo logo tudo bem claro para que ele não cometa
o mesmo erro. Acabo de chegar da padaria, deixei o
Hades dormindo, acho que começo a arrumar as
minhas malas hoje, quero ir embora o mais rápido
possível.
—Doutor!
—Lars.
Escuto essa voz e vou me arrepiando toda,
meu coração vai ficando carregado e me sinto um
bocado impaciente, olho para o lado e vejo o olhar
azul, os cabelos brancos dos lados da cabeça, ele
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cortou o cabelo, usa terno e gravata como em todas


as manhãs, segura a chave da Mercedes que
comprou há alguns meses e tem todo esse charme
que o torna encantador aos olhos de qualquer
pessoa.
—Bom dia Viviana.
—Bom dia Carl.
Carl Bennet é promotor de justiça, um
homem correto e que costuma colocar atrás das
grades os piores criminosos, mas é só uma pena
que não exista mais prisão para quem não vale
nada, porque o que ele tem de bonito, ele tem de
imprestável.
Às vezes nem acredito que fui casada por
tantos anos com esse homem.
—Soube que havia voltado, vim de ter.
—Já viu.
—Podemos...
—Não, não podemos Carl, tenho que subir.
—Sua mãe me disse o que aconteceu
ontem.
Olho para o Lars, ela fica nos encarando
como se estivesse assistindo uma partida de
futebol, não quero isso, não aqui na recepção do
prédio.
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—Preciso subir—aviso e começo a me


afastar para o elevador.
—Viviana...
—Tudo bem Carl, tudo bem, eu entendo
tudo, o que mais você quer dizer?
—Não queria que as coisas tivessem
tomado esse rumo, mas infelizmente tomaram.
—Fazer o que né?
Ele me olha como se o que eu acabei de
falar fosse algo muito absurdo, mas é normal,
porque eu não sou muito de responder, só que
chega uma hora na vida que não tem como ficar
calado e agora chegou a hora.
—Por isso eu queria conversar com você.
—Para dizer o que? Que engravidou a
minha irmã? O honorável e admirável promotor do
Condado de Roanoke engravidou a cunhada de
vinte e poucos anos?—pergunto.
—Viviana você está descontrolada.—
repreende ele nervoso.
—Nunca estive tão bem.—retruco.
—Poderíamos ter uma conversa civilizada
lá em cima?
—No meu apartamento?—pergunto
surpresa. —No apartamento onde eu encontrei você
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transando na nossa cama com a minha irmã?


—Fale baixo!—ordena ele entre dentes.
—Tem medo de que Carl? Da opinião do
porteiro? Dos vizinhos? Você é o cara correto, o
exemplo do bairro.
—Olha, eu juro que não queria.—retruca
ele nervoso.
—Não?—eu o fito—não queria mesmo?
—Foi um erro que quero reparar.
—Como Carl? Deixando tudo de lado?
Esquecendo? Por algum acaso eu tenho cara de
trouxa?
—Viviana estou dizendo que sou homem...
—Ah, mas eu sou mulher, a mulher que por
anos e anos lavou, passou, limpou e cuidou dos
seus ternos, da sua casa, da sua cama, e nem
quando você viajava por um mês me atrevia a
pensar em se quer um homem, sabe por quê?
Porque isso não tem a ver com o fato de ser homem
ou mulher, tem a ver com caráter.
Estou tentando manter a minha voz o mais
baixa possível.
—Ela me atentou demais.
—E você cedeu, oh coitadinho do Carl.
Ele me fita, sei que odeia essa discussão
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tanto quanto eu, mas em todo o processo eu não


falei com ele, é a primeira vez que nos vemos em
mais de um mês.
—Se você fosse eu...
—Olha Carl, sempre irão aparecer coisas ou
pessoas que nos colocarão em teste, a Trisha
poderia estar de calcinha, era sua escolha estar com
ela, você quem quis, porque se não quisesse não
teria levado ela para a cama.
Ele fica calado.
—Quantas vezes eu não te ouvi falando
sobre justiça, honestidade, você era um homem
íntegro, o maior exemplo que alguém poderia ter,
no entanto se mostrou tão desonesto comigo, nunca
te dei motivos para que me traísse, você falhou
comigo e acabou, nosso casamento acabou, você
escolheu isso.
—Eu só vim aqui para tentar me desculpar e
explicar que as coisas não foram como você
pensou.
—Não precisei pensar, eu vi Carl, você
causou tudo isso e quer saber está passando, eu
estou prosseguindo e encontrei alguém que está me
ajudando muito a superar.
—Alguém?—ele repete todo tenso.
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—É, alguém—as portas do elevador se


abrem, entro.—Eu vou subir, faça favor, não
apareça mais na porta do meu prédio ou eu irei
entrar com uma medida cautelar contra você.
—Que?—ele franze a testa.
—É, por perseguição, o Lars está de
testemunha, não é Lars?
—Sim senhorita.—concorda Lars.
—Tchau Carl—digo.—Seja feliz, seja você!
Aceno e as portas do elevador se fecham,
deixo um homem parado na recepção do meu
prédio, boquiaberto e também nervoso.
Por dentro destruída.
Por fora intacta.
Mas espero que logo tudo fique bem.

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—Bom dia bebê.


Hades me abraça, sorrio e me viro, nos
beijamos, está apenas de cueca, não me importo, na
verdade começo a me acostumar mais com todas as
tatuagens e o jeito dele, quero que ele se sinta bem
no meu apartamento ainda que seja a curto prazo.
—Bom dia—sorrio.—Acabei de chegar da
padaria, comprei biscoitos e um bolo.
—Obrigado—os olhos castanhos pousam
nos meus lábios.—Está bem?
Este é o jeito dele de saber que está tudo ok,
através da forma como meus lábios se movem e a
verdade é que apesar de não concordar muito com
isso, de preferir falar a língua dele, não sei se posso
forçá-lo a ser diferente porque esta é a forma que
ele se sente a vontade de se comunicar comigo.

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—Sim—respondo.—Dormiu bem?
—Muito bem.—ele beija a minha cabeça e
me aperta com força.
Acho que o ruim de perceber o fim do
casamento é quando você entende que no começo
tudo era como está sendo agora, carinho, beijos,
sexo quente, mas depois os anos vão se passando e
parece que o cara esquece de você, ele te deixa de
lado e torna tudo entre vocês uma rotina que incluí
bons dias, boas noites e momentos a dois que se
resumem em sexo casual e dormir cada um num
canto da cama.
O lado bom de ter sido casada com o Carl
por tanto tempo, foi que eu tenho plena consciência
de que sempre fomos bons um para o outro, éramos
um casal ideal, dentro do que tínhamos éramos
companheiros um com o outro e por bem ou por
mal, foi um relacionamento bom durante boa parte.
Mas se tornou apenas normal.
Não sei se posso chamar meu casamento de
medíocre, pareceria ingrato porque consegui muitas
coisas por ser esposa dele, meu patrimônio
aumentou, eu era respeitada por que meu marido
tinha um título.
Só que de repente eu não era mais mulher
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dele e tudo desmoronou, agora refletindo sobre


isso, eu não sei dizer se poderia chamar a decisão
de me casar de arrependimento, claro que não, mas
me sinto equivocada, porque acho que realmente
nunca conheci ele como ele era realmente.
Me culpei demais no começo da ação de
divórcio, ainda me sinto meio que como um lixo e
descartável, mas a culpa não é exclusiva minha, a
decisão foi dele, estava nas mãos dele, nas mãos da
Trish, eles fizeram isso bem conscientes de tudo,
agora que arquem com as consequências.
—Você está calada.
Olho para o Hades, estava no automático,
coloquei a mesa, a garrafa de café em cima da
mesa, o que comprei na padaria, me servi e de
repente estou comendo um pedaço de bolo e
refletindo sobre tudo.
É estranho pensar que não estou triste por
ter visto o Carl, que ontem estava zangada e que a
partir de agora serei contra o mundo, divorciada,
mas é bom, ao menos é melhor do que viver uma
mentira ao lado de alguém que não teve
consideração alguma por mim.
—Estava pensando.
—No Carl.
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—É.
Ele coça a barba e coloca um pouco mais de
café, acho que faz uns dois anos que não faço café
de forma tradicional, o Carl usava muito a
cafeteira, ele gosta, eu particularmente gosto de
café de qualquer jeito, mas feito no filtro é bem
melhor.
—E no que exatamente estava pensando
nele?
—Ele esteve aqui à alguns minutos.
Hades me encara bem surpreso, não está
zangado, mas também não gostou.
—Eu disse para ele ficar longe.
—O que ele queria?
—Tentar justificar a gravidez da Trisha.
—E você...
—Eu disse para ele ficar longe Hades, eu
acabei de falar.
Bebo um gole do meu café, Hades sorri
contrariado.
—Porque eu tenho a impressão de que esse
cara quer voltar para esse apartamento?
—Ele não vai.
—O que ele disse?
—Que a situação saiu do controle e que a
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Trisha “tentou” muito ele.


—E você...
—Disse que estamos divorciados e que foi
escolha dele, que é bom ele ficar longe ou do
contrário entrarei com um pedido de medida
cautelar de distância—afasto meus cabelos para
trás do rosto.—Disse que acabou e que não quero
mais ele por perto.
—Não ouvi vocês conversando.
—É que ele não passou da portaria, não
deixei ele subir, não quero ele aqui, não quero
minha família aqui, eu só quero resolver minha
vida e prosseguir.
—Já tem uma ideia do que vai fazer?
—Inicialmente quero vender o apartamento
—confesso.—Preciso mesmo dar um tempo dessa
cidade, o Carl é influente e quero passar longe de
escândalos.
—Vem morar comigo?—ele estende a mão
e coloca sobre a minha.
—Que tal se eu comprar um apartamento
em Los Angeles? Seria legal ter um canto só meu.
—Mas eu moraria com você?
—Poderíamos nos ver aos fins de semana
Hades.
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Ele continua tocando a minha mão, ainda


que esteja um pouco decepcionado com a minha
resposta, é que pensei muito e acho que preciso de
um pouco mais de autonomia.
—Você quer pensar em tudo isso?
—Estou cansada de pensar Hades, eu quero
poder viver a minha vida sem ter a minha imagem
vinculada a ninguém, dar um tempo para
espairecer.
—Foi pelo o que os seus pais disseram
sobre você estar namorando comigo?
—Você não ouve, mas não passar de um
belo fofoqueiro.
Ele ri.
—Já sabia que eles não gostariam de mim
porque eu sou um cara legal e bonzinho.
—É, bem bonzinho.
Rimos, bebo um pouco mais do meu café.
—Porque não morar comigo Viviana?
—Porque eu não seria independente, só faz
um mês que passei por isso, não significa que não
estaremos juntos, você me deu um emprego
lembra?
—Será ótimo te ver na empresa sempre.
Entrelaço os dedos nos dele, o Hades tem
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tomado um espaço nos meus dias que não sei dizer


o quanto é grande, mas preciso disso.
—Ok, então vamos fazer o seguinte, que tal
se você ficasse no meu apartamento em Los
Angeles? Ao menos até você decidir o que fazer?
—Eu faria isso, mas quero poder comprar
meu canto, você pode ir me ver, dormir comigo ou
me deixar acordada.
—Eu concordo com a única condição de
que você vai me deixar ficar por perto e que vamos
continuar juntos.
—Feito!

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—Achei essa coisa aqui no closet.


Estou arrumando as malas, Hades se
aproxima segurando uma calcinha de rendas
vermelha fio dental, carrega como se fosse um
troféu.
Começo a ficar vermelha tanto quanto a
calcinha, me inclino e tento pegar a peça ele se
esquiva e ergue a calcinha para o alto, depois ele se
joga na cama analisando a calcinha como se fosse
um curioso objeto.
De onde diabos ele pegou essa calcinha?
Ela estava no fundo da gaveta junto com outras
coisas dentro de uma bolsa de coisas que nunca
usei na vida, na época pareceu boa ideia usar uma
dessas, eu ser quer cheguei a mostrar ou usar para o
Carl.
Porque uns dias depois que eu comprei ao
sonda-lo sobre apimentar nosso casamento, ele
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disse que abominava mulheres vulgares, me sentia


envergonhada por ter comprado a calcinha, no final
das contas guardei e mantive ela longe dos olhos
dele.
—Você usou para ele?
—Não.
—Usa para mim?
—Sério?
—Porque não?
Fecho essa mala e a tiro da cama, Hades
está sem camisa, ele está me ajudando a tirar todas
as minhas coisas do Closet, a guardar meus
utensílios de higiene pessoal numa caixa, eu nem
sei por que ele está insistindo nisso.
—Porque não!—determino envergonhada.
—E temos muitas coisas a fazer.
—Vai, usa—insiste ele e me olha de cima
abaixo vagarosamente, me arrepio.—Adoraria te
ver usando ela.
—Temos que arrumar as malas...
—Você sabe que temos todo o tempo do
mundo para organizar essas malas—persiste.—
Vamos, veste.
Me inclino e pego a calcinha da mão dele,
Hades se senta na cama, puxo a saia do vestido para
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cima e tiro a calcinha de algodão que costumo usar


no dia a dia, deixo em cima da poltrona ao lado da
cama e enfio as pernas dentro da calcinha vermelha
sentindo-me idiota.
—Tira o vestido também.—ele pede.
—Você não acha que está pedindo demais
não?
—Não.
Nem eu sei por que obedeço.
Tiro o vestido exibindo um par composto
por um sutiã bege sem graça e uma calcinha
vermelha que me deixa no mínimo com cara de
quem vai rodar a bolsinha na esquina por dez
dólares.
—Vem aqui—ele chama.—Quero te
mostrar uma coisa que eu percebi nessa calcinha.
Me aproximo da cama não tão bem quanto
queria, tomei trauma, eu fico tentando deixar as
imagens de lado, todas aquelas coisas ruins que eu
vi e que aconteceram aqui, porque é chato e sei que
de uma forma ou de outra este é o meu quarto e é
onde guardo todas as minhas coisas.
Nem que agora só colecione lembranças
feias a respeito deste lugar.
Infelizmente é a forma mais madura que
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encontro de lidar com tudo.


Hades coloca as pernas para fora da cama e
estende as mãos tocando meus quadris, seus
polegares alcançam os fios da calcinha e ele me
vira de costas para ele, ele puxa as alcinhas laterais
da calcinha para cima deixando o fio dental bem
marcado, arregalo os olhos.
—Bebê a sua bunda é tão redondinha—fala
ele baixinho.—Você é toda perfeita Viviana, não
deixe que ninguém diga o contrário, qualquer cara
na face da terra ficaria lisonjeado de te ter como
esposa.
—Obrigada—sorrio e o olho de lado.—
Acha mesmo que fico bem com esse tipo de
calcinha.
—Tenho certeza de que fica—ele me toca
as costas devagar. —Veja isso bebê, sua bunda é
linda nesse fio dental.
Me viro e fico de frente para ele, toco seus
ombros, Hades ergue as mãos e aperta os meus
seios por cima do sutiã, sorrio e eu o beijo, suas
mãos me causam arrepios por toda a pele, ele puxa
as alcinhas do meu sutiã para baixo e encontra o
fecho abrindo sem nenhum problema.
Ergo os braços sem deixar seus lábios, ele
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joga o sutiã para longe e subo em cima dele


apoiando os joelhos na cama, tão cheia de vontade
que mal sei explicar.
Ele me enlouquece.
Hades afasta as minhas pernas para os lados
e abre o zíper da calca, abro o botão do jeans dele
com pressa porque sinto que preciso dele nesse
momento, me aconchego me esfregando em sua
extensão, ele se inclina para trás puxando a
calcinha para o lado, lambo seu queixo e beijo seu
pescoço segurando-o entre meus dedos.
Ele me empurra e caio para trás, mas ele me
segura pelos quadris, solto um grito quando ele
começa a me penetrar assim, vejo tudo de cabeça
para baixo, apoio minhas mãos no chão do quarto,
mal acreditando na posição, ele me segura sem
nenhum obstáculo.
Inclina o corpo para trás e tento me apoiar
nas costas tentando me equilibrar, a pressão é
deliciosa, Hades puxa a calça para baixo todo
apressado e abaixa vou escorregando para baixo e
me deitando no chão, ele se inclina sob o meu
corpo e vem metendo assim de um jeito delicioso.
—Você precisa trepar comigo do jeito que
eu gosto querida, pode ser fantástico.
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—Assim não é bom?


Me movo rapidinho, Hades fecha os olhos
metendo comigo bem ligeiro.
—É sim—sussurra.— Você é deliciosa.
Nos beijamos e rolamos pelo chão do quarto
enquanto transamos freneticamente, em alguns
momentos ele segura as minhas mãos para cima
enquanto afunda dentro de mim e em outros ele me
permite tocar ele, arfo a cada beijo, a cada toque.
Ele me deixa por cima e me segura pelos
quadris, apoio os pés no chão e ele vem investindo
comigo, me seguro em seus braços deixando que
meta como quer, meu corpo todo esquentando com
a penetração intensa.
Estou tão molhada e viscosa por conta do
prazer que ele desliza para dentro e sai com mais
pressa, abro as penas e o olho, ele nos observa sem
pudor algum meus lábios se curvam num sorriso
tão pervertido que mal acredito que seja eu.
—Papi você faz isso muito bem.—gemo e
ergo a cabeça suportando o prazer que me provoca.
Hades puxa meus pés para cima de seu
peito e ergue o peso do meu corpo me deixando
toda sentada nele, arregalo os olhos totalmente
excitada, meus seios pulam com a violência que ele
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emprega para meter comigo, quando mete fundo


meu corpo se contorce com a força disso.
Minhas pernas tremem e caem para os
lados, ele puxa meus quadris para trás e me sobe
fazendo com que me esfregue em toda a sua
extensão, então se enfia em mim de novo metendo
com mais severidade em mim.
—Ai—grito.—Ai, Ai papi que delicia de
metida, mete con más fuerza papi, mete con fuerza
en mi boceta
—Porra Viviana!
Cravo as unhas em suas coxas e o escuto
gemer alto, Hades estremece metendo um pouco
mais dentro de mim, toda a minha carne treme num
orgasmo divino e lento, fico movendo os quadris
em cima dele até que cesse, sem saber como
capturar todas essas estrelas que enxergo.
Forte, brilhantes e intensas.
Meu corpo se entrega ao prazer e aos
arrepios, as ondas de calor que se espalham por
todo ele, caio exausta em cima dele, os braços dele
me acolhem e me apertam.
—Eu ainda acho que deveria ter contado
aos meus pais sobre o Espanhol—Hades diz sem ar.
—Pelo ou menos.
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Começo a rir, mordo seu peito como uma


forma de punição pelo o que ele acaba de falar, ele
geme baixinho não protesta.
Ficamos em silêncio no chão do meu
quarto, nossos corpos suados, quentes, até que ele
me segura e começa a se erguer, depois quando
estou de pé minhas pernas estão um pouco moles,
olho para a cama.
—Vem—ele convida.—É só uma cama
querida.
Sorrio e concordo, ele me puxa e nos
beijamos, caio deitada na cama ignorando o fato de
que a odeio, as lembranças ruins, Hades está aqui e
isso é o que realmente importa.

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Acordo com o som do meu celular tocando,


Hades se move na cama me apertando, fico parada
tentando me convencer de que não devo atender, só
que não consigo, na verdade não quero atender, só
liguei o aparelho para poder carregar e já estão me
ligando?
—Deixa tocar—Hades fala com a voz
coberta de sono.
Pego o aparelho em cima do criado e puxo
do carregador, deixo os fios de lado e procuro o
botão para atender.
—Alô.
—Bom dia Viviana, sou eu.
—Pelo amor de Deus, o que você quer a
essa hora da manhã?
—Já são 10:37, como você vai se mudar eu
decidi buscar algumas coisas que foram presentes
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dos meus pais.


—Não precisa se incomodar. —me sento na
cama.
—Quem é?—Hades pergunta confuso.
—Quem está ai?—Carl pergunta do outro
lado da linha.
—É o Carl—aviso para o Hades. —Carl,
vou deixar tudo aqui, meu corretor vai cuidar da
venda do apartamento, você pode vir quando eu for
embora.
—Eu já estou aqui na porta, tenho uma
ordem expedida pelo juiz, eu não peguei todas as
minhas coisas.
Ele se refere ao faqueiro que a mãe dele deu
de presente para nós dois, ou talvez ao quadro de
30,00 dólares que a irmã dele nos deu de natal,
aqueles muquiranas nunca deram presentes caros
para nós dois, é tão medíocre da parte dele aparecer
aqui exigindo isso.
—Ok—digo.—Eu já vou ai te receber, um
momento.
E desligo.
Respiro fundo, Hades se senta ao meu lado,
fico contrariada e ao mesmo tempo sinto como se
não ligasse muito para isso, porque vindo dele
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deveria esperar tudo.


—O que ele quer?
—Pegar algumas coisas dele.
—Nós empacotamos tudo ontem, certo?
—É, ao menos as minhas coisas sim.
—Então, vou pedir ao Kaio que venha
buscar tudo, que tal se irmos agora para casa?
Quando ele fala “casa” me derreto toda.
—Vai ser melhor—Hades toca a minha
face.—, mas preciso te pedir uma coisa.
—Peça.
—Podemos nos hospedar na casa dos meus
pais até eu pedir que deem uma organizada no meu
outro apartamento? Estava em reforma.
—Hades a sua mãe não gosta de mim.
—Ficaremos na casa de hospedes, a vó
conversou com ela, ela vai te aceitar, é questão de
tempo.
—Duvido muito.
—Estamos casados Viviana, não há nada
que ela possa fazer quanto a isso.
—Não posso ficar na casa dela sabendo que
ela não me aceita.
—Não ficaremos, é só por uns três dias,
para formalizar nosso compromisso diante do resto
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da família.
—Firmaremos compromisso?
—Claro que firmaremos.
Não sei se posso sorrir mesmo que queira,
ele é tão precipitado, contudo é isso o que o torna
tão fofo.
—Vovó quer dar um jantar de
comemoração ao aniversário da Affie, é perfeito
para anunciar nossa união.
—Hades concordamos que iriamos devagar.
—Ninguém precisa saber que moramos em
apartamentos separados Viviana, é só que a mamãe
contou para os meus avós e eles querem formalizar
isso.
—Tem certeza de que sua mãe não vai falar
coisas ruins para mim?
—Ela não vai, ficaremos na casa de
hóspedes, é separada da casa principal e só nós dois
teremos as chaves.
—Conversou com eles?
—Sim, ontem a noite via chamada de vídeo,
mamãe me prometeu que nos receberia, ela prefere
que fiquemos na casa dela até que você resolva o
que fazer, papai disse que ela está arrependida.
Antes que eu fale, escuto o som da porta da
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sala sendo aberta, em questão de segundos, Carl


esta tentando abrir a porta do quarto e ainda bem
que mantenho ela sempre fechada.
—Droga!—pulo para fora da cama.—Me
espera aqui, vou resolver isso.
—O que?—Hades pergunta confuso.
Ele não ouviu, nem poderia.
Visto minha camisola e vou até a porta com
o celular na mão.
—Viviana!—escuto o chamado dele.—
Abre essa porta.
—Eu vou chamar a polícia!
—Eu vou arrombar essa porta se você não
abrir, ele está ai não está?
—Me deixe em paz.—berro de volta e olho
para a cama.
“Vai para o banheiro, é o Carl”—peço
afim de evitar brigas.
Hades veste a calça e depois a camisa do
pijama.
—Eu só quero conhecer esse sujeito, seu pai
disse que ele tem cara de quem não presta, você e
eu fomos casados, abre a porta agora.
Que abuso.
Fico olhando para maçaneta com medo,
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nervosa, depois me aproximo e a giro abrindo a


tranca, mas abro apenas uma brecha, ele parece
muito alterado.
—Abre a porta.—ordena.
—Isso é invasão de domicílio.
—Eu sou promotor.
—Você não está acima da lei por conta
disso Carl.
—Abre á porta Viviana, eu tenho que pegar
as minhas coisas.
—Eu levo para você na sala—tento manter
a calma.—Pode ir pegando as coisas da sua mãe
nos armários.
—É bom que esse cara não tenha dormido
na minha cama.—avisa ele com um tom bem
ameaçador.
Sinto um puxão na porta, e do nada Hades
está ao meu lado, Carl fica parado olhando para ele,
sério.
—Bom dia, eu sou Hades—ele diz com
firmeza.—E você é...
—Carl Bennet, promotor de justiça do
condado de Roanoke—Carl fala cheio de marra.—
É o novo namorado dela?
—É, estamos juntos e você é o ex-marido
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dela—Hades o encara e fico nervosa.—Não deveria


estar cuidando da sua mulher grávida?
—Olha aqui rapaz...
—Carl—grito e ele recua.—Chega, chega
com isso, eu estou cansada, nós dois já
conversamos ontem, pegue as suas coisas e vai
embora da minha casa.
—Essa casa também era minha—argumenta
irritado.—Você nem esperou a cama esfriar não é
mesmo?
—Deixei você preparar ela para mim com a
minha irmã, bom né?
Ele fica calado, enfurecido com o que
acabei de falar, então bem rápido faz menção de
erguer a mão para mim, mas o Hades entra na
minha frente, ele abaixa a mão.
—Tenta.—ordena Hades Collins num tom
de fúria.
—Algum problema aqui?—escuto a
pergunta vinda do corredor.—Promotor Bennet?
Carl parece que vai avançar a qualquer
momento em Hades, mas ainda em seu terno caro
ele arruma a gravata no pescoço, Lars se aproxima
ao lado de um policial, Hades continua a encarar
Carl de perto como se não tivesse medo algum
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dele.
—Nenhum—Carl responde mal encarado.
—Vim conversar com a minha esposa.
—Ex-esposa—Lars corrige.—Senhorita
Silvestre, sinto muito, o promotor Bennet subiu
sem a minha autorização, portanto eu acionei a
polícia.
Fez bem Lars.
O policial se aproxima de Carl e estende a
mão, Hades não sai da minha frente por um
segundo, logo em seguida vejo Carl saindo do meu
apartamento seguido pelo policial e pelo porteiro.
—A senhora vai querer registrar a
ocorrência?—pergunta um outro policial se
aproximando.
—Sim—digo.—Quero sim.
—Vamos embora assim que terminar aqui
—Hades determina.—Vou procurar meu advogado.
Nem respondo.
Depois disso tudo acho que ele tem razão,
melhor me afastar daqui e ir para bem longe do
Carl.

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—Está mais calma?


—Bem melhor.
Acho que tudo aquilo nos assustou, mais a
mim do que ao Hades acredito, ele só estava
irritado demais pela ousadia do Carl. O policial
voltou e eu fiz um registro de invasão de domicilio,
porque o Carl subiu com um chaveiro
desrespeitando as minhas ordens e contrariando o
que o Lars pediu, o policial foi bem imparcial e
avisou que términos de relacionamentos eram
mesmo daquela forma.
Meia hora depois que os policiais foram
embora, tomamos banho, fiz um café, então Hades
estava no celular fazendo chamadas de vídeo com
os pais, não me intrometi, mas percebia a pressa
que ele possuía em resolver tudo.
Então nos vestimos, peguei uma mala com
roupas e meus documentos e dei adeus ao meu
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apartamento, deixei Lars por conta de contratar


outro chaveiro para trocar a tranca, também liguei
para o meu advogado, para pedir que entrasse com
um pedido de medida cautelar contra o Carl, porque
eu não o quero por perto.
Nunca pensei que em 20 anos ele levantaria
a mão para mim, ele nunca foi assim e eu nunca o
vi alterado, mas é melhor cuidar de tudo agora do
que ter dor de cabeça depois.
Sei que eu estando em Los Angeles ele não
virá me perturbar, mesmo que não entenda porque
ele faz isso, porque toda a nossa separação
decorreu-se por culpa dele.
Quer dizer que ele esperava mesmo que eu
ficasse esperando ou que eu o quisesse de volta?
Sempre é a mulher quem deve perdoar e aceitar
tudo? Ainda mais agora com a Trish grávida dele,
nunca aceitaria uma situação dessas.
O que eu acho mais incrível é a forma como
ele encarou tudo, quer dizer, ele pode tecnicamente
seguir com a vida dele e eu não? Ele pode transar
com outras mulheres e eu não? Ele pode trazer
outras mulheres para nossa cama e eu separada dele
e divorciada não posso trazer um homem para a
minha cama?
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É o cumúlo do machismo.
Todas essa viagens, idas e voltas, mudanças
me deixaram exausta, ainda mais depois dessas
brigas absurdas que veem acontecendo desde que
me envolvi com Hades, consegui me entender com
ele, mas já discuti com a mãe dele e com os meus
pais, com a minha irmã e com o meu ex.
Só quero poder descansar mais a cabeça e
pensar com calma.
Acho mesmo que uns dias bem longe da
minha família vão me ajudar, o Carl não sabe onde
estou e duvido que ele se atreva a vir atrás de mim,
ele não faz muito o estilo que se humilha.
—Vamos subir e descansar um pouco.
Já está bem tarde, nós decidimos que
iriamos direto para a casa de hóspedes, porque o
clima na casa dele não está dos melhores, mas com
certeza é bem melhor do que correr o risco de ver
meu ex-marido entrando na minha casa a qualquer
momento.
Saímos do carro, Kaio que é o motorista do
Hades não fala nada, pego a minha bolsa e o Hades
pega a mochila e a mala no porta malas, um dos
benefícios de viajar com ele é a questão de termos
um avião que carrega somente a nós, mas ainda sim
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não deixa de ser cansativo.


Subimos pelas escadas laterais e viramos à
esquerda, Hades abre a porta e ascende à luz, tão
logo entramos e sinto o cheiro de comida, a casa
também cheira a perfume feminino, posso apostar
qualquer coisa que a mãe dele esteve aqui e deixou
tudo pronto.
—O que achou?
—É bem maior por dentro.
—O quarto fica no andar de cima.
Tem uma pequena escada que dá para um
outro andar, onde fica uma cama de casal com um
vidro quadrado enorme com vista para a piscina.
—Agora teremos um pouco de sossego,
poderei trabalhar aqui e você poderá ficar
despreocupada.
—Obrigada Hades.
Eu o abraço, simplesmente grata demais por
tudo.
—Não tem que agradecer—ele beija minha
cabeça.—Que tal tomar um banho e jantar?
—É uma ótima ideia.
Excelente eu diria.
Respiro fundo olhando envolta.
Novo lar, nova vida, novo marido!
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Só espero que de tudo certo.

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Acordo com um beijo suave nos lábios,


passo o braço envolta dele e me aconchego
gostando do calor de seu corpo, do cheiro que ele
tem, Hades está me apertando, procurando meus
lábios para mais um beijo, eu o fito depois de
alguns momentos.
Fazia bastante tempo que não dormia tão
bem, que não estava tão à vontade, acho que por
conta do estresse do dia a dia, porque trabalhar é
muito bom, mas é cansativo demais.
—Se tiver algo mais incrível do que acordar
com você assim, você me avisa?
Sorrio um bocado envergonhada, nossos
lábios se unem devagar por um beijo que me causa
arrepios no corpo.
—Bom dia.—digo entre nosso beijo.
—Bom dia—Hades sussurra de volta e me
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fita.—Estou faminto.
—Eu também, acho que dormimos demais.
—confesso.
—Eu já tenho costume de viajar muito, mas
você não por isso está tão cansada, agora vamos
poder ficar aqui e termos dias mais tranquilos.
—Tá.
Ele coloca um beijo na minha cabeça,
depois escuto o som da campainha.
Hades me aperta.
—Estão tocando a campainha—aviso
fitando-o.
—Ah—ele me solta e se ergue.—Melhor se
vestir, deve ser a vovó e a mamãe com o nosso
café.
—Bom.
Sei que a Kellen não gosta de mim, mas
prefiro lidar com o não gostar dela do que com o
não gostar do meu ex-marido, até porque a forma
ameaçadora na qual o Carl nos tratou ontem deixou
bem claro que ele mesmo estando errado ainda não
sabe como lidar com o término do nosso
casamento.
Coloco um vestido qualquer e calço
sapatilhas, Hades coloca uma camisa e um jeans
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depois sai do quarto, porque novamente estão


tocando a campainha, vou ao banheiro e escovo os
dentes, lavo o rosto, prendo meus cabelos, estou
com o semblante bem melhor depois que dormi.
Desço para o bandar de baixo vendo daqui
Hades na cozinha, sua mãe e sua avó colocando
coisas na mesa para que nós comamos, seu pai está
abrindo a geladeira e Affie abrindo sacolas, Z não
está aqui, mas imagino que seja porque o está
substituindo na empresa.
—Viviana!—Affie berra ao me ver.
Ela deixa as sacolas de lado e vem correndo
me abraçar, parece que fiquei por quase um ano
fora pela forma como ela me abraça, lhe dou um
sorriso devolvendo o abraço.
—Fizemos compras—ela me larga.—A
vovó fez bolo e muffins de chocolate para vocês.
—Que bom—digo e vamos para cozinha—
Bom dia a todos.
—Bom dia criança—Glenda diz e vem me
abraça.—Seja bem vinda de volta.
—Obrigada Glenda—abraço ela também,
ela cheira a colônia de bebê.—Como foram esses
dois dias por aqui?
—Soube do que houve com o seu ex-
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marido, mas que homem mais atrevido querida—


Glenda responde toda séria.—O H deveria ter dado
uma boa surra nele para que aprendesse.
Acho que não concordo muito com isso,
apesar de que quando lembro que o Carl levantou a
mão para mim fico toda nervosa, me aproximo da
mesa e Kellen está no fogão preparando um café,
Lorenzo estende os braços e me abraça.
“Bem vinda minha jovem, que bom que
voltou”
“Obrigada”
—Bem vinda Viviana—Kellen fala de onde
está.— Sente-se, nós vamos tomar café juntos,
Affie quase comeu os dedos de tanta fome, mas
conseguiu esperar, papai foi buscar o Z no
aeroporto, eles chegam para o almoço que eu acho
que ficará mesmo para jantar.
—Obrigada.—digo.
Ela não está sendo grosseira, mas apenas
educada, o que eu acho bem melhor do que ela ficar
me rejeitando ou algo assim, mesmo que me rejeite
—e eu sei que ela rejeita mesmo—ao menos que
mantenha para si mesma.
Odiaria ouvir todas aquelas coisas que ela
falou sobre mim dela novamente.
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Me sento ao lado do Hades, Affie volta a


ajudar o pai a guardar as coisas na geladeira,
Glenda começa a fatiar o bolo que fez para nós dois
com todo carinho.
—Obrigada pela recepção—digo para ela.
— Não sei nem como agradecer Glenda.
—Você é da família agora querida—ela
sorri amigavelmente.— Estamos muito feliz de
saber que o H está casado com uma moça
responsável e gentil como você.
Hades passa o braço envolta da minha
cintura e me puxa para perto dele, eu o abraço
devolta e beijo sua face, me sinto grata demais para
reclamar do que quer que seja, estas pessoas estão
me ajudando, ele está acima de tudo me dando
muito apoio, não posso dizer que nosso casamento
é algo ruim, não mais.
—Tenho certeza de que você será muito
feliz nesta família.—garante Glenda com um
sorriso imenso.
—Eu também.—afirmo sorrindo.

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—Você quer ajuda com as malas?


—Ah, não obrigada, eu me viro por aqui
mesmo.
—O H foi a empresa com o pai, a Affie foi
para a faculdade, pensei em te chamar para
almoçarmos juntas, mamãe e papai estão no centro
do idoso.
Acordei está manhã bem mais disposta,
Hades deixou mesmo um bilhete avisando que iria
para a empresa, então a minha mudança chegou tão
depressa que foi ficando tudo amontoado na sala,
decidi tirar a manhã para começar a desfazer pelo
menos as malas de roupas do dia a dia, as outras
vou deixar num canto da casa de hóspedes, até ao
menos eu conseguir vender meu apartamento e
comprar um lugar para mim.
—Você já tomou café?
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—Já sim Kellen, obrigada por deixar tudo


pronto.
—Não a de que.
Ela se senta na cama, tem um pano de
pratos no ombro, os cabelos estão presos no alto da
cabeça, usa uma calça de malha e camiseta, tiro um
bocado de roupas de dentro da mala um pouco sem
graça.
Ontem foi um primeiro dia muito bom, ao
menos ela me tratou bem, foi educada e
basicamente não fiz nada, Hades ficou boa parte do
tempo com o pai enquanto Glenda e Affie ficaram
comigo na sala mostrando vestidos de casamento e
essas coisas.
Não posso dizer que não fiquei
entusiasmada porque fiquei, tudo o que sei é que
estamos casados, a família dele quer uma
celebração, contudo não conversei profundamente
com ele sobre isso, quero poder ter um momento a
sós com ele, mas tenho certeza de que quero morar
aqui mesmo na Califórnia até as coisas se
acalmarem.
Meu corretor me mandou um e-mail ontem
à noite falando que já colocou a casa a venda com
mobília e tudo, tinha enviado uma mensagem para
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ele antes, é o mesmo corretor que cuidou da


papelada de transferência daquele apartamento para
o meu nome junto do advogado, porque haviam
ainda algumas pendências que o Carl não tinha
pago.
Agora estou mais tranquila.
—Como está sendo todo esse processo para
você Viviana?
—De mudança?
—Não, da separação, o H disse que o seu
marido não está sabendo lidar com o divórcio.
—Você está tentando ser a minha amiga
agora?
Os olhos dela ficam me analisando em
silêncio por alguns minutos, não me arrependo da
pergunta, porque sei que ela não gosta de mim, não
tenho nada contra a mãe do Hades e não quero criar
picuinha na casa dos pais dele, só vim por
insistência dele, mas se for para eu ficar que tudo
fique bem claro entre nós duas.
—Não diria amiga, mas você é a esposa do
meu filho, portanto acho que devo te conhecer um
pouco mais.
—Eu e o Hades casamos em Las Vegas, eu
insisti para que ele anulasse o casamento...
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—Nós duas sabemos muito bem que ele não


quer e não vai anular Viviana, precisa ser cego para
não ver o quanto ele ama você.
Fico dura onde estou.
Não falamos de amor, claro, a química na
cama é indescritível, a atração, temos um carinho
imenso um pelo o outro, mas amor... Amor é coisa
bem mais séria.
—Você só tem que me prometer que não
vai machucar o meu filho—ela fala.—Ele é um
rapaz muito verdadeiro e carinhoso, eu não quero
que ele fique arrasado caso você queira ir embora
ou coisa assim.
—Eu entendo sua preocupação.
—Eu sempre protegi os meus filhos sabe?
Mas o H é uma criança muito diferente, ele nunca
quis ser protegido como a Affie e o Z, mesmo com
todas as limitações dele sempre foi um garoto
muito desafiador, teimoso, mas ele é muito
responsável, não tenho do que reclamar nesse
sentido.
—Não tenho muito a oferecer, mas eu com
certeza não magoaria ele.
—Acho que ele precisa sim de alguém
centrada e madura ao lado dele, porque ele merece
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ter uma família e tudo mais, eu sempre sonhei em


ver ele com filhos, casado, mas...—ela respira
fundo e me olha de cima abaixo.— Ele escolheu
você né? Fazer o que?
O jeito como ela parece contrariada me faz
sorrir, Kellen não tem cara de ser uma vilã, eu vejo
o jeito como ela trata a Affie, o Z e o Hades, até
mesmo o senhor Collins e os pais dela, é muito
atenciosa e carinhosa.
—Me sinto no dever de saber ao menos se
posso ter esperanças de que você pense em adotar
uma criança, ou pagar uma barriga de aluguel.
Sorrio.
—Eu prometo que vou pensar—digo.
—Você promete que vai cuidar do meu
filho direito?
—Prometo.
—Ótimo—ela levanta.— Eu vou ligar para
a minha cerimonialista, temos muito do que cuidar.
—Cerimonialista?—repito confusa.
—É, ou você acha que eu vou deixar o meu
bebê nas suas mãos sem que se casem no civil e no
religioso?
—Kellen eu...
—Vamos, eu fiz lasanha—ela avisa saindo
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do quarto.—Espero que goste de suco de uva, o


Lorenzo esqueceu de comprar laranjas.
Suspiro.
Olho para o anel no meu indicador, sorrio,
será que eles estão mesmo levando essa
possibilidade? Porque se estiverem eu estou tão
enrolada.

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—Bebê?
Hades entra no quarto carregando um
pequeno buquê de flores, meu sorriso se torna
automático, ele carrega sacolas escuras e balões.
—Oi—digo terminando de dobrar uma das
minhas calças jeans.
—Cheguei.
—Estou vendo.
Os lábios dele se abrem num sorriso muito
bonito, adoro pensar que ele só sorri assim para
mim mesmo que seja bem egoísta da minha parte,
foi uma longa tarde com a Kellen, ela saiu daqui
ainda agora.
Nem acredito que depois do almoço ela me
ajudou a organizar algumas caixas, não falou
muito, fez um café da tarde e agora a pouco foi
para casa, me sinto um pouco mais familiarizada
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agora.
—Para você—ele estende o buquê.—
Desculpe a demora, muito trabalho com o Z.
—Obrigada—aceito o buquê, é de rosas
azuis lindas, me inclino e lhe dou um selinho.—
Adorei.
—Trouxe algo para você—ele me puxa.—
Vem na sala.
É, porque a cama tem bastante roupa, nunca
me dei conta do quanto tinha roupas sociais como
agora, roupas para trabalho e sapatos. Saímos
abraçados do quarto, vamos até a sala, estamos a
sós.
—Seu dia foi bom? Mamãe te tratou bem?
—Sim, obrigada, vou colocar num vaso.
—Espera, quero te mostrar algo antes.
—Tá.
Vamos para o sofá, analiso seu semblante,
ele está de camisa social e jeans, tênis, os olhos
castanhos estão cansados, mas no fundo tem um
pouco de entusiasmo.
Hades abre à primeira sacolinha preta e
retira dela uma caixinha quadrada pequena, quando
ele a abre fico maravilhada com o par de brincos de
brilhantes, são pequenos e redondos, eu o fito.
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—Não precisava Hades.


—É um presente mon petit, para que use no
dia do nosso jantar de noivado.
—Obrigada, as flores são lindas também.
—Eu pensei em comprar isso para que
usemos—ele pega a outra sacola e enfia a mão,
então retira de lá outra caixinha maior e a abre.—
Alianças.
São de ouro, lisas e não muito grossas, fico
analisando as alianças por alguns momentos, acho
que não faz nem dois meses que joguei a minha
antiga fora, ainda me sinto um pouco travada
quanto a isso.
—Não gostou?—Hades questiona de
repente.
—Não é isso—digo incerta.—É que acabei
de me separar.
—Isso é besteira Viviana, é só uma
formalidade—ele replica e olha para as alianças.—
Você não quer usar?
—Não sei Hades, está tudo acontecendo
bem rápido.
—Eu entendo.—ele fecha a caixinha e a
coloca dentro da sacola.
Não está chateado, não está irritado, ele só
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está muito triste com o que acabei de falar.


—Hades—seguro sua mão.—Me desculpe,
eu sei que é importante para você.
—Entendo que é rápido, mas é que como
estamos casados pensei que não se importaria de
usar.
Ele pega as flores e vai para a cozinha
deixando as sacolas de lado, fico me perguntando o
quanto ele deveria estar empolgado para comprar
tudo isso para mim, o quanto ele quer isso, só que
eu infelizmente ainda não conversei com ele sobre
tudo isso.
Sai de um casamento de merda, me enfiar
em outro relacionamento só para tentar esquecer
tudo não vai funcionar para sempre.
Me lembro do que a Kellen me falou mais
cedo sobre o Hades me amar e meu coração fica
apertado, receio não conseguir corresponder ele se
de fato for isso, eu vim porque eu quis, eu quero
estar aqui com ele, eu adoro estar com ele e
mentiria se dissesse que ele não mexe comigo, mas
eu também tenho um lado que anseia muito por um
pouco mais de independência e autonomia.
Ele coloca as flores num vaso que pega no
balcão e lava as mãos, logo em seguida começa a
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colocar a mesa, Kellen deixou o jantar no forno, ela


fez uma lasanha extra para o nosso jantar.
Me aproximo sem saber bem o que dizer.
—Hades.—chamo.
Ele não me olha, continua a colocar a mesa,
estendo a mão e puxa a ponta da camisa, ele me fita
todo confuso.
—Desculpe—peço.—Eu ainda quero
conversar com você sobre tudo isso.
—Sobre morar aqui?
—Sobre nós dois.
—Ah, e o que seria?
—Não sei se quero me casar de novo agora,
estou confusa.
—Não seria um casamento grande Viviana.
—Sua avó e sua irmã estão pensando em
me levar para comprar um vestido de casamento,
sua mãe quer arrumar uma cerimonialista.
—É errado que a minha família queira me
ver bem ao seu lado? Eles incomodam?
—Não, só estou dizendo que está tudo
sendo bem rápido, só nos conhecemos a uma
semana.
—Entendi, você quer liberdade.
—Eu quero mesmo ficar aqui...
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—Mas não comigo, não desta forma que


estamos.
—Sim, mas não poderíamos repensar sobre
o casamento ser agora?
—Não, porque eu quero me casar agora.
—Mas eu não quero Hades, eu não quero
me casar agora.
—Ok.
Ele olha para os pratos na mesa.
—Sinto muito por te submeter a isso, eu
acho que me equivoquei então, vou para a casa dos
meus pais, você fica morando aqui até vender a sua
casa.
Isso não é nada justo.
Ele recolhe o prato que colocou e guarda
nos armários, me aproximo, Hades me dá as costas
e se afasta pela porta dos fundos.
—Vou dormir no meu quarto, acho que
precisa pensar um pouco sobre tudo—avisa.—Até
mais Viviana.
—Hades vamos conversar, por favor.
Mas enquanto peço ele sai pela porta dos
fundos sem nem olhar para trás, fico olhando para a
porta e me sentindo sem opção, sei que ele não me
escuta, mas só dessa vez tenho certeza que fez de
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propósito.

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—O H subiu—escuto Kellen falar.—Ele


veio buscar umas roupas?
—Sim—respondo ao entrar na cozinha da
casa dos pais dele.—Vim ajudar.
—Ok, sobe lá, já jantaram?
—Ainda não, eu coloquei a lasanha agora
para esquentar.
—Se quiser pode levar um sorvete, o
Lorenzo disse que fará novas compras amanhã.
—Está bem, obrigada.
Subo as escadas toda tensa, me sinto na
obrigação de vir e tentar resolver tudo, conversar,
sei que ele está magoado com o que eu disse,
mesmo que não fale, percebi há alguns instantes o
quanto é importante para o Hades tudo isso.
Acho que ainda não estou pronta para casar,

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não agora, só que eu deveria ao menos ter mais zelo


ao falar para ele, me aproximo da porta de seu
quarto e percebo que esta encostada, ao abrir eu o
vejo sem camisa deitado na cama de costas para a
porta.
O tênis jogado no chão e a camisa que ele
usava num canto da cabeceira, fecho a porta sem
fazer barulho e me aproximo de fininho da cama,
Hades está mexendo no celular, subo na cama em
silêncio e o abraço por trás, ele não se assusta, mas
está espantado.
Quando me olha eu vejo um bocado de
lágrimas escorrendo em suas faces, Hades esfrega
as faces no travesseiro e se ergue.
—O que foi?—pergunta baixinho.—Algum
problema?
—Não.—nego com a cabeça.
Ficamos nos olhando por alguns instantes
em silêncio, não sei o que falar, ele está chorando
por minha causa, por minha culpa.
—Desculpe—ele pede baixinho.—Não
queria te forçar a nada, queria que estivesse comigo
por querer e não porque encara tudo isso como uma
obrigação.
—Mas eu não encaro...
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—Não é isso o que parece Viviana, você


nunca quis de fato esse relacionamento, sinto como
se eu quisesse estar mais com você do que você
comigo, me equivoquei.
—Não é isso.
—Então o que é?—ele desvia o olhar feito
menino zangado.—Entendo sua posição, mas eu
quero que se entregue de verdade a mim, sem
medo.
—Não tenho medo.
—Então porque não quer me assumir?
Assumir o que temos? Você tem que parar de
pensar na idade, no que as pessoas vão pensar, no
seu ex-marido, já acabou e ficou para trás, temos
que prosseguir e tentarmos ser felizes juntos.
—Preciso de um tempo para mim e você
tem que respeitar isso.
—Tempo?—ele pisca.—Para que Viviana?
Para ir correndo para os braços do seu juiz?
—Claro que não Hades, eu não sinto mais
nada por ele.
—É uma droga se sentir insuficiente para as
pessoas, você é uma mulher e tanto, linda,
inteligente, gentil, adoraria ficar com você, mas
sinto que não está pronta para viver isso comigo.
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Olho para as minhas mãos, fico inquieta e


dentro de mim uma vontade gritante de chorar,
porque é um pouco verdade, não completamente.
Mas é.
—Você não será feliz nesta casa comigo
nem em lugar algum se não se permitir.
—Não sabe o que diz—replico com a voz
carregada.—Eu estou abrindo mão de tudo para
ficar com você Hades.
—Está mesmo?—pergunta com cara de
choro.—Você não quer casar porque eu sou surdo
não é?
—Não é isso...
—É sim, se você ao menos visse como me
olha às vezes, como olha para o meu pai...
—Não Hades você entendeu tudo errado, eu
me sinto encantada de ver vocês dois, seu pai...
—Não é verdade—ele me interrompe de
novo.—Me sinto mal em pensar que você tem
vergonha de se casar comigo por causa da minha
surdez, tenho feito tudo para que as pessoas não
percebam, para que pareça normal.
—Hades para com isso—peço nervosa.—
Você está me magoando com essas insinuações, eu
gosto de você assim.
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Ele nega e sai da cama se afastando até a


janela.
Me ergo e vou atrás dele, o abraço por trás e
aperto.
Não quero isso, não quero brigar, eu só
quero poder pensar com mais calma, saber lidar
com tudo.
Hades se vira e me fita.
—Vamos para o nosso lar—peço entre
lágrimas .—Por favor, para com isso, eu gosto de
você já disse.
—Não chora por minha causa Viviana, não
mereço—ele limpa as minhas faces com cuidado e
seus olhos estão cheios de dor.—Desculpe por ser
tão sentimental.
—Não é por sua causa, por favor, só me dá
um tempo para eu pensar em tudo com calma.
—Você promete que não vai demorar
muito?
—Eu juro.
—Está bem—ele beija a minha cabeça e me
abraça.—Não demore.
—Juro que não vou demorar muito.

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—Hades.
Puxo a ponta da toalha dele, acho que já
passa das 23:00, nós viemos para a casa de
hóspedes e jantamos, tomamos um banho agora, ele
se vira para mim, acaba de escovar os dentes, estou
penteando meu cabelo.
—Estou sem sono—digo.—Vamos ver um
filme?
—Ok—ele seca os cantos da boca.—Pode
ser bebê.
Acho que é o que mais gosto nele, mesmo
que tenhamos brigado ele não me trata com
indiferença, pelo contrário, desde que saímos da
casa dos pais dele nós estamos bem dentro do
possível.
Eu o abraço por trás, vejo no espelho o
reflexo de nós dois juntos, beijo o meio de suas
costas e fecho os olhos apertando-o.
—Não quero que se afaste de mim, só quero
que entenda meu tempo.
—Eu entendo você bebê.
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O solto, Hades se vira e me beija sem


pressa, os lábios tocando os meus sem receio, toco
sua face e seu peito, suas costas, sempre que eu o
toco sinto em mim uma vontade muito grande de
continuar e continuar.
—Tudo bem Viviana, eu não vou te deixar,
eu não sou como ele.
—Não quero que fique magoado comigo?
—Não posso prometer que não fico
magoado, só que entendo que você precisa pensar
com mais calma em tudo.
—Eu não quero ir embora, quero ficar aqui,
mas preciso mesmo analisar tudo sabe? Ser mais
independente.
—Eu sei, já entendi.
Ele sorri e me puxa pelos quadris, vamos
para a cama, Hades liga a tv e joga a toalha para
longe, tiro o meu roupão e me aproximo dele, ele
puxa o cobertor nos cobrindo, se encosta entre os
travesseiros me encosto com a cabeça no peito dele.
Toco essas tatuagens em seu peito.
—Quer ir a C&C semana que vem?
—Quero—afirmo e o olho.—Eu vou poder
ter meu antigo cargo?
—Claro, vou encaixar você em uma das
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turmas da filial daqui.


—Bom.
—Quando iremos para o seu apartamento?
—Em quatro semanas no máximo.
—Eu desfiz só duas malas e arrumei
algumas coisas de higiene pessoal.
—Ótimo, vou trazer umas roupas da casa da
minha mãe para cá.
—Eu cuido das suas roupas, tem uma
máquina de lavar lá nos fundos.
—Eu agradeço, como uso muita roupa
social talvez tenha um pouco de trabalho, mamãe
me ajuda quando estou aqui, quando estou em Los
Angeles mando para lavanderia.
—Tem uma coisa que eu observei, vocês
não tem muitos funcionários.
—Muitos?—ele sorri.—Não temos
funcionários, é coisa da mamãe, ela odeia ter
pessoas estranhas em casa, quando ela decidiu se
aposentar dos negócios da empresa estava
determinada a cuidar das coisas de casa, por causa
do papai também, foi um pedido dele.
—Eu não sei como ela consegue cuidar
desta casa deste tamanho.
—A Affie ajuda ela, o Z.
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—Seus irmãos?
—E eu—ele arregala os olhos, rio mais que
surpresa.—Mamãe nos ensinou afazeres
domésticos desde a infância, ela acha que temos
que ter autonomia e independência, ela nasceu
numa família de sete irmãos.
—Tem sete tios por parte da Glenda e do
Owen?
—Sim, e todos moram na Grécia, a vó é
meio que brigada com eles, porque quando ela
decidiu vir para a América para ajudar a mamãe e o
papai com a nossa criação, meus tios ficaram meio
que magoados.
—Queria poder dizer o mesmo da minha
família, meus tios vivem na casa da minha avó, só
tenho dois por parte de mãe e um casal por parte do
meu pai.
—Meus tios vem para o natal, eles se
reúnem sempre mesmo que fiquem no início com
cara de turrões, mamãe odeia a ideia de termos
empregados porque ela acha que é desperdício de
tempo e dinheiro.
Não posso acreditar.
—Que muquirana!
Ele ri.
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—Eu não gosto de cozinhar, mas sei lavar


pratos, limpar a casa, lavar as minhas cuecas e
passar camisas, o Z é mais chegado em panelas, a
Affie adora lavar as roupas dela.
Mal acredito no que acabei de ouvir.
—Mamãe nos ensinou tudo durante a
infância e adolescência, esse rostinho bonito sabe
muito bem como cuidar de uma casa, mamãe temia
que quando nós fôssemos pais, não soubéssemos
como cuidar de tudo.
—Não te perguntei, você não tem vontade?
—De ser pai?
—E.
Tenho receio e medo, mas preciso saber.
—Às vezes eu fico me imaginando sendo
pai de uma criança, mas profundamente é muito
egoísta que eu diga que não quero uma criança a
essas alturas da minha vida?
—Por...
—A empresa pede muito de mim, eu vivo
viajando, não tem horários para comer ou dormir,
às vezes tem dias que eu fico bem estressado, não
quero filhos, sinceramente nem tão cedo.
—Mas um dia...
—Você pensa demais no futuro, tem que
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parar com isso Viviana, um dia se eu quiser ter um


filho eu te aviso.
—Mas não posso ter um filho.
—E eu não quero ter um filho, e daí?
Hades me puxa, subo em cima dele, ele toca
meus seios e minha cintura me observando.
—Você não precisa ter filhos para me fazer
feliz Viviana, eu me sinto muito grato por te ter
aqui.
—Eu acredito em você, mas é que...
—Mas é que você é uma teimosa e fica
insistindo nisso.
E me puxa, me beija.
—Vamos praticar, fazer o que é bom,
depois pensamos nisso, ok?
—Praticar!—exclamo achando muita graça.
Sou puxada, não protesto.
É, realmente praticar é muito mais
interessante!

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—Com quantos anos vocês se conheceram?


Olho para o lado.
Tem um homem suado e pensativo deitado
junto a mim, olhos centrados e boca vermelha,
estou toda aberta sem conseguir me mover, ele
coloca a mão em cima do meu sexo e começa a
tocar os pelinhos num canto íntimo, beija meu seio
e volta a me fitar.
—17—digo.—E nos casamos quando eu
tinha 21.
—Eram melhores amigos?
—Não exatamente, mas nós fomos amigos
sim.
—Eu conheci minha primeira namorada
com 14 anos, perdi a virgindade com ela aos 15,
mas se eu soubesse a merda na qual me enfiaria
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nem teria começado.


—Por quê?
—A mãe dela chegou bem na hora que
estávamos tendo a nossa primeira relação.
—Sério?
Disparo a rir, Hades coloca a cabeça ao lado
da minha no travesseiro, fico de lado e repouso a
perna em cima de seu quadril, ele sobe com a mão
e toca a minha coxa, transar assim me deixa
esgotada e a ele também.
—Bem sério, ai eu tive que me esconder
embaixo da cama e fiquei lá por uns dez minutos
até a mãe dela ir para o quarto, depois ela não
estava mais a fim e eu tive que sair de cueca pela
janela, foi uma droga.
Fico imaginando a cena, é engraçado.
—Eu perdi minha virgindade com o Carl
aos 18 anos, depois disso decidimos namorar,
quando eu fiz 20 anos ficamos noivos e quando eu
fiz 21 nos casamos, foi um casamento simples e
bonito, tradicional.
—Ele te tratava bem?
—Muito bem.
—Tenho inveja dele.
—Tem?
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—Sim, ele conseguiu fazer com que


confiasse e amasse ele por muitos anos, ao mesmo
tempo me sinto grato por ele ter te dado um pé na
bunda, porque assim você é só minha.
Ouvir isso não me deixa mal, pelo contrário.
—Só sua.—afirmo com um sorriso.
Ele vem para cima de mim e toca os
contornos da minha face com o indicador, ainda é
de se admirar que um homem deste tamanho seja
tão carinhoso dessa forma, principalmente porque
sempre ligamos a imagem de um homem grande a
de alguém grosso, mas ele não é assim, não mesmo.
Me enganei bastante por ter julgado ele
pelas tatuagens e pelo fumo, ok, ainda abomino a
ideia dele fumar maconha, só que em vista do que
tenho passado nas mãos do meu ex-marido isso não
parece um grande problema.
Acho que isso não tem a ver com caráter
afinal de contas, é apenas uma questão de gosto.
Hades coloca um beijo quente nos meus
lábios e meu pé desliza por sua perna sem pressa,
toco suas costas, seus ombros largos, minhas mãos
se enfiam em seus cabelos e eu o fito quando ele se
afasta, Hades sorri, ele tem dentes retinhos, é muito
mais bonito quando sorri, devolvo o sorriso e o
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beijo mais uma vez.


—Estamos fazendo muito sexo sem
camisinha—ele fala depois de alguns instantes.—
Acho que temos que ir a um médico.
—Eu não posso ter bebês.
—Eu sei, mas tem que cuidar da sua saúde
íntima, é mais seguro que façamos exames de
sangue para sabermos se estamos bem nesse
sentido.
—Está bem.
Eu entendo, já fui casada, sempre me cuidei
nesse sentido, faço papa nicolau uma vez a cada
seis meses, por dentro só não funciona os óvulos, o
resto está tudo bem.
—Eu sempre uso camisinha—os olhos dele
analisam meus lábios.
—Não andava fazendo sexo nos últimos 3
meses, o Carl estava viajando muito para resolver
alguns casos.
Ao menos foi isso o que ele falou.
—Quantos dias?
—Acho que uns 90 dias.
—Acha que ele já estava com a sua irmã
antes?
—Com certeza, ela não daria tanto azar de
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engravidar na primeira vez.


—Ele não merece você bebê.
—Não mesmo, mereço alguém assim
tatuado sabe? Olhos castanhos, 1,85 de altura...
—1,87 bebê—corrige ele rindo.
—Enfim, um super ceo gostoso que gosta
de sexo selvagem no banheiro.
—Tenho que confessar que com você em
qualquer lugar é muito bom.
—Você tem uma libido bem aguçado.
—Eu não era assim, acho que estou
chegando perto dos trinta e estou começando a ser
mais bruto.
—Acha?—questiono.
—Ok, mas é que eu gosto de sexo assim,
você não sente prazer?
—Sinto, bastante, já faz um tempo que eu
não consigo sentir tanto prazer com alguém, estava
pensando, acho que meu casamento acabou a
bastante tempo sabe? Eu me acostumei com o Carl,
mesmo amando ele percebo que nós dois já não
fazíamos tantas coisas juntos, ele foi se afastando e
eu conivente com aquilo.
—No meu caso com a minha ex...
—A tal Cassandra?
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—É, ficamos juntos por uns 4 meses, mas o


filho dela era um rebelde, ele não me aceitava e foi
realmente difícil lidar com o relacionamento, não
queria ficar entre ela e o garoto.
É maduro demais da parte dele dizer isso,
outro não agiria assim.
—Eu e ela nem chegamos a fazer sexo,
porque ele ficava na cola sabe?
—Posso entender.
—Fazia uns 9 meses que eu não tinha
relações, por isso eu meio que vou com sede
demais ao pote.
—Já deu para perceber.
—Ele não era assim com você?
—No começo tudo é ótimo, mas depois
com o casamento e o trabalho a vida se torna
normal.
—Ah, mas comigo não vai ser assim não
viu? Você tem que me dar pelo menos uma ou duas
vezes na semana.
Gargalho, Hades me aperta.
—Você me deixa fora de controle Viviana.
—Você também me descontrola querido.
—Que fofo, você me chamando de querido!
—Porque você é—estou rindo enquanto
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beijo ele.—Meu, só meu querido.


—Ah querida vem cá, vem!
Ainda rindo puxo os lençóis, quero dizer
que irei para onde ele for, nem precisa me pedir.

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—O H disse que vocês vão se planejar


melhor quanto ao casamento, fico contente que
vocês dois estejam fazendo planos.
—Eu também Kellen, sinto que eu e ele
temos que nos permitir mais ter esse tempo para
nos conhecermos.
—É verdade, gosto da ideia de que casem,
mas vocês que vão se casar não eu, e também é
bom que vamos pensando no local e numa data
mais flexível para vocês dois.
Acho que ele não quis dizer que desistimos
completamente de casar e ele tem razão, só não
quero me casar agora.
—Podemos celebrar o namoro de vocês no
aniversário da Affie.
—Por mim tudo bem Kellen.
Ela está me tratando bem melhor agora,
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acho que quer mesmo fazer com que dê certo o


relacionamento comigo.
—Ótimo.—ela coloca o café na mesa.
—Você não precisa ficar vindo todas as
manhãs cozinhar para mim, eu sei preparar comida,
não quero ser um estorvo.
—Você não é, fico muito só durante o dia, o
Lorenzo da aulas e vai a empresa com os rapazes, a
Affie está na faculdade o dia todo praticamente, ai
eu fico cuidando da casa sozinha.
—O Hades me disse que vocês não tem
funcionários.
—É, não temos—ela se senta diante de mim
e abre os sacos de papel.—Fiz croissant,
experimenta, são de queijo.
Pego a xícara de café e o croissant, está bem
bonito e enrolado na massa de manteiga, quando
mordo sinto que vou ao céu, o Hades saiu bem mais
cedo hoje, não sei como ele conseguiu levantar
porque nós dois ficamos a madrugada toda
conversando, levantei a pouco e já eram nove da
manhã.
Kellen estava tocando a campainha, ela
trouxe o café e disse que ele tomaria café na
empresa com o Z.
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—Eu estava com uns quarenta anos,


esgotada, cansada e meu casamento tinha passado
por uma crise imensa, foi quando eu decidi ficar em
casa e coloca a empresa mais de lado, cuidar das
crianças e do Lorenzo, foi uma decisão bem
complicada.
—Posso entender.
—Sacrificar a carreira em nome de um filho
ou de um marido para alguém como eu era nunca
foi uma opção, era viciada em trabalho, ainda mais
quando a empresa começou a expandir, eu sempre
quis que meus filhos tivessem tudo, mas dei a eles
muita responsabilidade, são bons administradores o
Lorenzo é mais coração mole, ele deixa as crianças
fazerem as coisas como querem.
—Hades ama e respeita muito vocês.
—Ele é um menino de ouro não é?
Ela sorri, tanto orgulho estampado em seu
semblante me faz sorrir também, mas é verdade, ele
é sim um cara de ouro.
—Quando o Lorenzo decidiu ir morar com
aquela lá, eu sofri um bocado, mas demorei para
entender que o trabalho estava destruindo meu
casamento.
—Os filhos do senhor Collins vem aqui
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com frequência?
—Na verdade não são filhos biológicos, ela
mentiu sobre a paternidade dos garotos, são
adolescentes, o Lorenzo assumiu e paga pensão, o
pai biológico deles era um alcoólatra que vivia
infernizando a vida de todos no vilarejo onde
aquela lá morava.
Rio do jeito como ela se refere à outra.
—Os meninos sabem que não são filhos
dele, mas foi como uma adoção, hoje moram na
casa da minha sogra e são vigiados de perto por ela,
eles vem no natal e na páscoa, ou eu e o Lorenzo
vamos ver eles.
—Foi muito maduro da sua parte Kellen.
—Eles precisavam de um lar, a mãe não
vale nada eu também não sei o que o Lorenzo viu
nela, era uma prostituta que vivia as mínguas por
conta do marido alcoólatra, ele conheceu ela num
puteiro.
—O senhor Collins num prostíbulo?
Estou chocada.
—Você não conhece o meu marido—Kellen
ri a beça.—Ele ia a casas noturnas quando éramos
jovens, para dançar.
—Dançar?—arregalo os olhos.
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—É, foi em uma dessas casas que nos


conhecemos em Vólos, eu morava em Athenas e
estava de férias na casa dos meus tios e ele morava
lá, eu não sabia que ele era surdo, chamei ele para
dançar e de repente ele estava rindo e dançando
uma coisa que não tinha nada a ver, só tínhamos 14
anos, uma semana depois nós começamos a nos
encontrar escondidos e até hoje ele ainda me tira
para dançar.
Poxa, que história linda!
—O Lorenzo tem um enorme coração, mas
acho que tudo o que ele queria provar para si
mesmo quando se envolveu com a mãe dos
meninos era que ele era normal, que poderia ter a
mulher que quisesse mesmo sendo mudo e surdo,
eu também estava numa fase bem corrida na
empresa, ficamos separados e nesse meio tempo
muita coisa aconteceu, foi bom para nós dois.
—Ai decidiram voltar?
—Ele veio visitar as crianças certo dia e
disse: “sinto sua falta, podemos tentar de novo?”
Eu só fiquei pensando no quanto sentia falta dele e
que minha carreira estava nos separando já a algum
tempo.
—Acho que foi assim comigo e o Carl, nos
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últimos dois anos ele estava viajando muito sabe?


—Sei bem, eu era um Carl na vida, até que
eu perdi meu marido e tive que me separar dele
para me dar conta de que o amava de verdade.
—Acho que não é o meu caso.
—Acha que o Carl não te amava só porque
ele te traiu?
Bebo mais um gole de café, é bom
conversar com a mãe do Hades, me sinto mais a
vontade.
—Acho que ele me traiu porque eu não
estava mais satisfazendo ele na cama.
—Traição não tem a ver com amor Viviana,
nem sempre.
—Mas quando acaba o amor, acaba o
respeito e a confiança, não há sexo que segure, eu
acho que não é porque ele não me amava, era
porque nosso casamento estava assim bem sem sal,
nós dois não conversávamos mais e não tínhamos
momentos um com o outro.
—Isso é verdade, sem diálogo nada da
certo.
Não é assim com o Hades, mas não era
assim com o Carl no começo também.
—O seu marido queria voltar?
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—Queria.
—E você?
—Eu não consigo parar de pensar nele na
cama com a minha irmã.
Kellen se engasga com o café que bebe, fico
constrangida pelo o que acabei de falar.
—O que? Com a sua irmã?
—Sim, o Hades não falou?
—Ele disse que ele te traiu com alguém
próxima de você, pensei que talvez fosse uma
amiga.
—Não foi, foi a minha irmã mais nova,
Trisha, ela tem a idade da Affie, eu os peguei na
cama, na nossa cama.
Kelle limpa os cantos da boca, não estou
sentindo nada enquanto falo, está até se tornando
normal, machucava demais, mas me abrir está
ajudando muito.
—Posso entender agora porque você não
quis voltar para o seu marido e nem deve.
—Não é questão de perdão, não confio
mais, sei que isso vai nos destruir.
—Sim, com certeza, você pode sempre
contar com o nosso apoio Viviana, não pensei que
fosse algo tão grave, e sua família? Está te
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apoiando?
Ela estende a mão e segura a minha, não
com pena, mas com muita compreensão, me sinto
acolhida.
—Não muito...
Enquanto falo vou sentindo que aos poucos
posso confiar um pouco mais nas pessoas, na
família do Hades, ele tem razão, a família dele é
composta por pessoas que querem mesmo fazer
parte de tudo.
E isso é muito bom.

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—Eu estou vendo miragem ou vocês duas


estão vendo fotos juntas?
—Estava mostrando para a Viviana suas
fotos de infância meu filho.
Hades se aproxima tirando o terno, Affie
vem atrás dele seguida o Z e do Lorenzo Collins,
ele é o último a entrar e trás pizza, acho que eu e
Kellen nem vimos o dia passar, ficamos a tarde
toda juntas, fomos para a casa dela e eu a ajudei
com alguns afazeres domésticos, depois ela fez
nosso almoço e voltamos para cá, coloquei umas
roupas na máquina ouvindo-a falar da infância da
Affie, do Z e do Hades, agora já no fim da tarde ela
trouxe esses álbuns para que nós duas víssemos as
fotos do Hades quando criança, da família.
Ele era um menino rechonchudo e de olhos
bem grandes, cabelos escuros, um lindo bebê,
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depois um garotinho que sorria para câmera


banguela, até a adolescência, como um jovem
cabeludo pescando com o irmão e o pai.
Kellen se afasta indo na direção deles, olho
para este álbum agora, são fotos dos herdeiros
Collins sentados em um sofá grande vendo tv, entre
eles Affie ainda muito pequena, Hades é o menino
barrigudo da direita e Z o da esquerda, são
parecidos, mas ele...
Bem, fiquei pensando que se um dia eu
tivesse um bebê iria querer que se parecesse com
ele, isso me faz me sentir um pouco idiota, porque
por dentro tinha matado todas as chances de pensar
em bebês, mas ver fotos de bebês me faz sim
pensar como seria a minha vida sendo mãe.
Kellen é tão feliz como dona de casa, ela é o
que eu nunca pensei que fosse, acho que depois que
eu contei a minha história ela começou a me
entender mais, está mais compreensiva, sinto que a
partir de hoje ganhei uma nova confidente e amiga.
—Boa noite querida.
—Boa noite querido.
Ele se inclina e me dá um beijo, depois se
senta ao meu lado no sofá, me abraça.
—É legal saber que você está aqui quando
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chego depois de um dia de cão.


—Dia difícil?
—Bastante, muita coisa.
—Mas o Z está te ajudando não está?
—Ele tem as coisas que deve resolver, mas
está dando sim para trabalhar, é que com tantas
reuniões eu fico meio bitolado.
—Você consegue, tenho certeza.
Lhe dou um beijo quente, ele me puxa e me
sento em seu colo, estou sorrindo, abraçando-o,
mais tranquila do que nunca de saber que estou
segura aqui, de que ele chegou para ficar comigo,
não tenho tido tempo de me sentir solitária mas
com ele por perto é melhor.
—Papai comprou uma pizza—revela.—Eles
podem ficar para o jantar?
—Claro que podem—afirmo fitando-o.—
Está muito cansado?
—Um bocado—seus lábios tocam a minha
testa e ele me abraça com força.
Não parece bem em nenhum sentido, está
cansado, mais que o normal eu diria.
—O que foi?
—Podemos falar depois do jantar? Quando
eu estiver bem mais calmo.
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—Não está calmo?


—Nenhum pouco.
Estou encarando-o bem mais que séria
agora.
—Está bem.
—Viviana, H, jantar—Kellen avisa.—
Venham logo ou a Affie vai comer tudo.
Me levanto e estendo a mão para ele, Hades
se levanta e segura a minha mão.
Alguma coisa aconteceu, mas, o que?

—O que houve?
—Eu fui ver um médico hoje, para falar
sobre a minha saúde e tal e pedir um check up, pedi
à mamãe que te leve amanhã, mas ele me examinou
e descobriu uma coisa bem estressante sobre mim.
Fico preocupada.
—Segundo ele eu tenho taxas bem mais
acima do normal de produção de esperma.
—E porque está preocupado?
—Bem, é que vai lá que você engravida.
Começo a rir, Hades me encara todo tenso,
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acho meio que bobagem se preocupar com isso.


—Eu não posso ter filhos eu já disse.
—Talvez não com ele.
—Está tentando se convencer disso?
—Eu só estou dizendo que eu sou muito
fértil.
—Mas eu não sou.
—E por isso amanhã você vai no médico e
vai fazer exames de sangue e papa Nicolau ok? Um
ultrassom para saber se está tudo bem com seu
útero.
—Está bem.
Estou despreocupada.
Ele tira a camisa e se senta na cama ao meu
lado.
—Tem outra coisa também—ele me fita
todo sério.—Eu vou perder todo o resto da minha
audição em alguns meses, meu tímpano não se
recupera de nenhuma forma de nada, portanto eu
ficarei surdo de vez.
—Eu entendo—toco sua mão e entrelaço os
dedos nos dele.—Eu estou aqui para o que der e
vier, sou sua família agora.
—É?—ele está bem surpreso.
—Sim, eu sinto que estou pronta para
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vivermos isso agora, um relacionamento sério, você


não tem que ter medo da sua limitação.
—Talvez eu não consiga mais falar de
alguma forma controlada, eu não vou poder sentir
que falo—ele olha para as nossas mãos juntas.—
Não poderei falar tanto quanto agora.
—Não importa, você não precisa falar ou
ouvir para que eu goste de você—replico magoada
por que sei que isso o machuca.
—Queria poder te ouvir pelo ou menos uma
vez falar um sim para mim, dizer que sente algo
mais além de um simples gostar, mas nem para isso
eu sirvo—diz e solta a minha mão, ele levanta.—
Vou para o banho.
Fico sentada na cama vendo-o ir para o
banheiro.
Acho que nesse momento sei o que sinto,
sei o que quero, mas não quero me precipitar de
nenhuma forma.
Agora não.

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—Como foi no médico?


—Foi bom.
—Colheu sangue?
—Sim, colhi, e fiz ultrassom e papa nicolau,
algo mais senhor Collins?
—Nada mais.
Ele se senta à mesa, eu o sirvo, hoje decidi
preparar nosso jantar, pela manhã ele foi trabalhar
bem antes que eu acordasse, já por volta das 08:00
eu levantei e tomei um banho, me vesti e fiz um
café para esperar a Kellen, ela me levou a sua
ginecologista no centro de Palo Alto.
Foi uma boa manhã no final das contas.
Depois que fiz os exames ela me levou para
almoçar num restaurante japonês e conversamos
bastante sobre o Hades, sobre nossas vidas, sem
sombra de dúvidas acho que nos julgamos muito
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mal antes de nos conhecermos, temos até alguns


gostos incomuns, como, por exemplo, gostamos de
música romântica dos anos 80, fiz até piada quando
acertamos os nomes dos nossos cantores favoritos
daquela época.
Então viemos para casa, Palo alto é bem
tranquila e uma cidade também desenvolvida,
gostei do passeio, Kellen me deixou aqui e foi para
a casa dela, tinha que preparar o jantar, avisei que
eu e Hades jantaríamos juntos aqui.
Ele chegou agora então decidi servir o
jantar.
Fiz salada e bife bem passado, suco natural
e purê de batatas, me dediquei tanto para fazer esse
jantar que tudo tem um gostinho delicioso.
Cheira.
—Está ótimo—Hades começa a comer.
—Como foi na empresa hoje?—pergunto
me sentando de frente para ele.
—Foi bem produtivo, mas não estava tão
estressado quanto ontem.
—Eu fui ao médico com sua mãe e
almoçamos no centro, a cidade é bem legal né?
—É, mamãe gosta daqui.
—Posso entender por que.
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Ele devora um pedaço do bife em silêncio,


me sinto grata por vê-lo se alimentar com vontade,
mas também acho que preciso contar algo que
pensei hoje durante meu passeio com a mãe dele.
—Eu percebi que a sua mãe precisa de uma
mão por aqui—digo.—Eu pensei em te propor uma
coisa.
—Fale.—ele pede muito tranquilo.
Ao menos está mais calmo que ontem,
dormiu de costas para mim e nem me abraçou, mas
eu o abracei, porque o quero sempre perto e mais
perto de mim.
—Sua mãe disse que tem umas áreas aqui a
venda, pensei: acho que quero comprar um terreno
nesse condomínio, o que acha?
Hades franze a testa, me encara todo
incrédulo.
—Eu pensei em investir em um terreno aqui
nesta área, para que moremos perto dos seus pais, o
que acha?
—Sério?—ele limpa os cantinhos da boca.
—Bem, é, sei que você quer morar aqui.
—Eu moro em LA bebê.
—é, mas percebo que é feliz aqui, podemos
construir uma casa no terreno ao lado, seria ótimo,
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assim você moraria perto dos seus pais.


—Quanto a sua “liberdade”?—ele pergunta
e bebe dois vastos goles de suco.
—Eu não me sentiria bem morando longe
de você, você não me proíbe de nada e é um cara
bem para frente, maduro, sei que você com certeza
me apoiaria em tudo o que eu decidisse para a
minha vida.
—E se nós nos separarmos?
—Não vamos nos separar Hades.
—Bem, mas é uma possibilidade.
—Não para mim, eu já disse que quero
mesmo isso, podemos construir uma casa só nossa,
tenho certeza de que viveríamos muito felizes aqui,
é seguro e tranquilo.
—É, quanto a segurança tudo bem
tranquilo, temos uma portaria bem vigiada.
—Então, seria uma oportunidade muito boa.
—Acho que não deve investir seu dinheiro
aqui, quando você vender seu apartamento, eu
passo o meu em LA para o seu nome, se quiser
morar aqui posso pedir aos meus pais para construir
uma casa no terreno, eles com certeza vão gostar da
ideia.
—Mas eu quero ajudar.
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—Não precisa ajudar bebê, eu cuido disso.


—Você ainda está chateado?
—Um pouco, estou estudando algumas
possibilidades com o médico de tentar outra
cirurgia ou usar aparelho auditivo para ver se eu
desenvolvo mais o meu sistema interno auditivo.
—Eu te apoio no que decidir querido.
—Eu sei que sim, me desculpe por ontem,
estava chateado.
—Todos temos dias ruins.
—Casamento.
Sorrio.
—É, casamento.
Acho que é isso.

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Hades me acorda com um beijo quente no


pescoço.
Me viro na cama desistindo de dormir
depois do terceiro beijo, me deito de costas e ele
puxa a minha calcinha para baixo, tomando os
meus lábios num beijo imenso e vagaroso.
Toco suas costas adorando o som que
nossas bocas fazem juntas, minhas mãos deslizam
até sua bunda e eu a aperto, ergo as pernas puxo a
calça do pijama com os pés ouvindo-o rir, minhas
mãos sobem até sua face e a toco sentindo a barba
serrada arranhando as palmas das minhas mãos.
Ele me beija a face, os olhos, o nariz, o
pescoço, com muito carinho, seus gestos cobertos
de afeto e gentileza deslizo a mão até a frente de
seu corpo e seguro seu membro puxando-o para o
meio das minhas pernas.
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Tenho sono, mas também tenho vontade.


Hades se inclina para frente e segura as
minhas mãos mantendo-as longe dele, depois sua
boca vai traçando mais beijos quentes por minha
pele, meu pescoço, meus seios, as mãos apertam
eles depois quando ele desce mais e mais até o meu
ventre, respiro com dificuldade.
Ele desce mais e mais, até que começa a
beijar os cantinhos da minha virilha, os arrepios no
meu corpo vão se intensificando conforme ele
beija, suas mãos vem para o meu quadril fazendo
com que sinta o fogo na região sensível quando sua
língua me toma.
Ele me segura.
Fico um pouco assustada com o jeito como
meu corpo treme com a sensação, ele está me
fazendo sexo oral!
Sorrio, ao mesmo tempo que deixo escapar
um gemido alto, afundo a cabeça no travesseiro me
deliciando com a primeira sensação de ter uma
língua me chupando.
Nunca fiz sexo oral antes com o Carl, ele
nunca fez em mim nem eu nele.
Não sabia nem como era a sensação...
Agora eu sei.
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Estendo as mãos apertando os travesseiros,


meus pés ficam se abrindo e se fechando com o
prazer que ele me proporciona, toda a gentileza e
carinho, parece que ele beija a minha boca, com
tanto cuidado, tanta lentidão.
Me provoca todo o corpo deixando minha
pele sensível e ouriçada, parece que meu corpo
todo vai derreter a qualquer momento, fico arfante
com a tentação, a língua vai descendo e subindo,
provocando com gestos circulares.
Ele me provoca tanto que sinto que estou a
ponto de qualquer minuto explodir, até que ele me
puxa e me vira na cama me deixando de bruços,
meus lábios se curvam num sorriso coberto de
gemidos, Hades monta na minha bunda e ele entra
bem devagar me atiçando a cada segundo com
toques nas costas, ele se inclina e afasta meus
cabelos cobrindo minha nuca com úmidos nos
lábios.
Seu corpo cobre o meu enquanto ele me
penetra, sua lentidão é densa, maravilhosa, me
apoio nos cotovelos e nossas bocas se encontram
em mais beijos quentes, ele afunda dentro de mim e
anseio por mais e mais.
Me estico na cama, meus quadris subindo e
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descendo na sua demora, abalada pelo agrado de


ser possuída me movo, as mãos apertam a minha
bunda com uma motivação acumulada, a minha
carne se comprime e ele puxa meus cabelos sem
parar de se mover.
Quanto mais coloca mais quero que
coloque.
Quanto mais enfia, mais molhada eu o
recebo.
Hades vai para o lado me puxando, me
acomodo vendo a luz do abajur ser acesa, me apoio
nos joelhos e meus quadris se mexem indo para a
frente e voltando, ele afasta as minhas nádegas e
me olha sentando nele.
Gosto disso.
Estou sem ar enquanto acelero nosso mover,
Hades ergue as mãos e do nada mete dois tapas
ardidos nas minhas nádegas, dói, mas só desperta
em mim a vontade de me mover ainda mais nele,
me torno ainda mais apressada.
Porque queimo, porque escorro em cima
dele e meu corpo todo anseia por mais e mais, meus
seios latejam, meu sexo pula com o atrito de ser
tomada por ele.
Sinto-me sufocada enquanto não gozo é
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como tentar respirar e se torna difícil, por isso a


busca se torna ainda mais interessante e
maravilhosa, ele puxa os meus cabelos.
—Papi!—chamo e o olho de lado.—Por
favor!
—Senta no pai—ele ordena e arranha as
minhas costas.—anda!
Obedeço deixando um grito alto sair da
minha garganta, o arranhão desperta em mim uma
vontade gritante de querer mais e mais, meu corpo
sobe e desce sem controle algum, sem força de
vontade, apenas obedece e obedece ao que ele
ordena.
Eu o olho de lado enquanto escuto os
estalos que fazemos juntos, ele morde os lábios e
afunda a cabeça nos travesseiros soltando um
gemido alto, sinto o gozo dele me tomando,
enquanto meu orgasmo vem me enchendo todo o
corpo também.
Quente, forte e único.
Assim é Hades Collins.
E ele é só meu.

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—Bom dia!
Estendo a bandeja de café da manhã e
coloco diante dele, fiz tudo com muito carinho,
estava sorrindo enquanto preparava o café, as
torradas e tudo mais, Hades se senta na cama todo
surpreso, acho que ele perdeu a hora de ir para a
empresa hoje.
—Bom dia bebê—ele fala e me dá um
selinho.—Não precisava disso tudo, poxa!
—Precisava sim—toco sua face.—Come,
eu fiz tudo só para você.
—Obrigado.
Lhe sirvo uma xícara de café, coloco um
pouco para mim na caneca que trouxe e me sento
diante dele, Hades começa a comer em silêncio, me
sinto estupidamente feliz por nossa noite de ontem,
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por tudo o que fizemos na cama, mas


principalmente porque aos poucos sinto que cada
dia a mais estamos mais juntos.
—Planos para hoje?—pergunto puxando
assunto.
—Hoje é sábado.
—Ah.
—Não irei a empresa, você não quer ir para
a piscina na casa dos meus pais?
—Você vem comigo?
—Aham, chamo a Affie, o Z foi para
Seattle a trabalho ontem a noite, podemos chamar
meus avós, papai e mamãe, o que acha?
—Ótima ideia.
Sorrio.
Ele continua a comer e olha para o prato de
um jeito muito grato.
—Obrigado mesmo—ele diz.—Nunca
ninguém me trouxe café na cama.
—Não precisa agradecer—replico e me
aproximo, eu o abraço, o beijo, Hades me olha.—
Ontem foi muito especial para mim, obrigada por
tudo.
—Foi é?—pergunta maldoso.
Avermelhada faço que sim com a cabeça.
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—Bom—ele da de ombros.—Aqui é
eficiência ou pode devolver o produto.
—Seu bobo, esse é o lema da empresa.—
repreendo achando graça.
Ele ri.
— É o meu lema também—retruca—já
disse que você me enlouquece na cama, não disse?
—é diferente—me envergonho.—Eu nunca
fiz essas coisas na cama.
—Que coisas?
—Essas coisas Hades, coisas imorais.
—Imorais?
—É, sexo oral, tudo isso o que fazemos eu
nunca fiz antes com o Carl ou ninguém na vida.
Ele me encara meio chocado, bebo um
pouco do meu café morrendo de vergonha em
confessar isso, não fui educada para ser uma
mulher libertina na cama, meus pais são bem
conservadores e o Carl também, nós dois sempre
fizemos sexo, mas dentro do que se pode falar de
liberdade, o máximo que fazíamos era papai e
mamãe e eu ficar por cima, as vezes quando eu o
procurava no chuveiro ele me repreendia por
querer.
Pensando bem, com o Hades é tudo tão
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diferente!
—Eu gosto—confesso sem graça.—Você
me faz dizer e fazer cada coisa.
—18 anos com um cara e ele nunca te
chupou na vida?
—Nossa, não precisa falar nesse linguajar.
—Ele mandava você chupar ele?
—HADES!
—Pelo amor de Deus Viviana, você nunca
fez sexo anal na vida?
—Meu Deus do céu!—reclamo.—Você está
mesmo me perguntando isso?
—Bem, estou—protesta espantado.—
Responde.
—Não—digo.
Me levanto, Hades estende a mão e segura
meu pulso, ele me puxa, eu o encaro coberta com
essa vergonha estranha, sei que não deveria me
sentir assim, tenho quase 40 anos e tive que me
divorciar do meu marido para poder saber o que é
sentir prazer de verdade com alguém mais novo,
isso é constrangedor.
—Tudo bem—Hades determina.—Você
gostar é o mais importante, se sentir bem e
confortável.
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—Me sinto segura com você—revelo.—


Estou feliz de saber como é estar com alguém que
me dá liberdade.
—Que bom bebê—ele procura meu olhar.
—O que foi?
—Estou envergonhada, nunca fiz isso na
vida Hades...
—Não tem que ter vergonha de ser minha,
você é só minha bebê, aos poucos vai perdendo a
vergonha.
—Ontem foi a noite mais maravilhosa da
minha vida—confesso.—As outras foram muito
boas também, mas ontem você me tratou com tanto
carinho e atenção.
—Gosto disso em você, é tão humilde e
inocente bebê, mas quando está na cama comigo
vira um furação.
—Seu furacão!
—É, só meu.
Ele ri, cubro as faces e ele me abraça de
lado, beija a minha cabeça.
—Minha esposa.
Beijo seu peito.
Sua esposa.

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—Vó, olha, a Viviana me deu essa entrada


de banho, não é linda?
Enquanto Affie se exibe para Glenda, fico
rindo, bebendo um pouco da cerveja que Lorenzo
acaba de me entregar, Hades está usando um
avental azul enquanto ajuda Kellen a fatiar os
petiscos, viemos para o terraço depois que Glenda e
Owen chegaram, vamos ficar esse fim de semana
na piscina.
Me sinto um pouco mais a vontade na casa
dos pais dele, acho que porque a Kellen está mais
receptiva e com certeza porque ela não me julga
mais apenas em me olhar.
—Ela já não deveria ter passado dessa fase
mãe?—Hades pergunta para Kellen, ela está

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mexendo na lenha da churrasqueira.


—Por mim não vai crescer nunca—Kellen
responde.—Sua irmã é uma criança crescida.
—Ela não precisa ser diferente. —
concordo.
—Talvez seja difícil, as pessoas a enganem.
—Hades replica e me estende um bloquinho de
queijo.
Aceito, ele se inclina e lhe dou um selinho,
é bom sentir que tem alguém carinhoso e realmente
interessado em mim, ele não tem vergonha de
demonstrações de afeto, o Carl já era mais
reservado, há tantas diferenças entre eles, mas
prefiro mil vezes o jeito como o Hades me trata.
—Affie sabe se cuidar, ela apenas não tem
malícia como a maioria das garotas da idade dela,
não gosta de sair e prefere se concentrar nos
estudos. —argumenta Kellen.
“Ela não perde nada”—Lorenzo gesticula
—“Ela é uma garota inteligente e bonita, no
momento certo irá encontrar um namorado legal”.
“Vira essa boca para lá Lorenzo”—Kellen
devolve na língua dos sinais—“Ela é a minha
bebêzinha”.
Rio, Hades nega com a cabeça, sei que os
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Collins tem esse lado protetor demais com os


filhos, meus pais eram assim também quando eu
era mais nova exceto pela forma de me tratar, eram
conservadores e super protetores, mas não muito
carinhosos.
Fui uma garota apegada aos meus pais só
que nós nunca fomos assim tão próximos, acho que
porque papai trabalhava muito e mamãe cuidava
demais da casa, eu estava muito preocupada em
tirar boas notas para ir para faculdade.
“E vocês Viviana? Pensam em adotar
algum bebê um dia?”—Lorenzo se senta na
cadeira à mesa de frente para mim.
“Pai”—Hades gesticula com exagero
—“Vai começar?”
“Deixa ele”—replico sorrindo—“Ainda
não falamos sobre isso, eu nunca pensei em adotar
uma criança antes, estava muito focada no meu
trabalho.”
“Imagino que sim, o H também não pensa
em ter filhos, mas quero ter pelo ou menos a
possibilidade de ser avô, o Z não quer filhos
também”
“Posso imaginar, eles são jovens ainda”
“Z?”
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“É, ele parece muito jovem”


“Ele já tem 42, já está fazendo hora extra
na solteirice”
“Nisso eu concordo”—Kellen faz uma
careta.—“Mesmo que prefira ele aqui em casa, o Z
deveria ter pelo ou menos uma namorada”
“Fofoqueiros”—Hades provoca e se afasta
carregando uma bandeja com bloquinhos de queijo
e salsichas—Vôoooo, olha o que eu fiz para o
senhor? Bloquinhos de queijo, vem aqui.
Owen está nadando na piscina, enquanto
Affie está passando protetor solar nas costas de
Glenda, sorrio, fico me derretendo toda pelo jeito
como ele trata os avós dele.
Queria ter esse tipo de relacionamento com
os meus avós.
“Estamos felizes que esteja aqui Viviana”—
Lorenzo afirma—“esperamos que vocês venham
aqui sempre, será muito bem vinda”.
“Obrigada, não se preocupe, eu virei”.

—Liguei para o meu engenheiro e para o


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arquiteto, pedi que viessem dar uma olhada no


terreno para que possamos começar a construção.
—É uma ótima notícia.
—Não é?
Vou para cima dele, decidimos ver um
filme agora pela noite depois que viemos para a
casa de hóspedes, Hades me olha afastando os
meus cabelos para trás, tomamos um banho gostoso
e permiti que ele me lavasse, eu o lavei, gosto do
jeito como me toca, é tão carinhoso.
—Você pode cuidar da decoração bebê.
—Eu concordo.
—E sobre o que os meus pais disseram a
respeito de adotar uma criança...
—Hades, tudo bem, eu entendo seus pais é
normal que eles se sintam assim.
—Não quero que se sinta forçada a nada,
quero aproveitar esse tempo com você, explorar
nossa intimidade.
—Eu também.
Ele me empurra e fica por cima, me beija
sem pressa.
—Estou gostando muito de ficar aqui, acho
que sua mãe e eu podemos ser grandes amigas.
—Mamãe é protetora demais, mas ela é
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uma pessoa maravilhosa.


—Sua família é tão unida.
—aAfamília dele não era?
—Os pais do Carl são muito na deles, não
era amiga da minha sogra, ela era muito seca
comigo, impessoal.
—Mamãe diz que é mal de grego, não
queira ver toda a família reunida, é muito barulho.
—Gostaria que a minha vida tivesse
barulho, mudanças, me dediquei tanto ao meu
casamento que esqueci de viver a minha vida, de
me permitir conhecer outras pessoas, eu me fechei
no mundinho onde era só eu e o Carl, ele estava ali
para me dar um beijo na hora de dormir e tudo
estava bem, um casamento bem sucedido, um
salário bom, um bom cargo, parecia tudo tão...
Normal!
—Meus pais dizem que você se acostuma
tanto com a pessoa que chega ao ponto de você
saber até o que a pessoa gosta ou não.
—Eu sabia tudo o que o Carl gostava, a cor
da gravata, o jantar preferido, as cuecas, como ele
gostava de selecionar o jeans dele aos sábados, as
frutas que ele levava para o tribunal, eu sabia
exatamente o que ele queria jantar todas às vezes
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quando ele chegava de viagem—recordo.—Eu só


não sabia que ele não gostava mais de mim.
Ele fica calado me encarando, não consigo
me sentir mal com isso, é só como se o pensamento
estivesse aqui, mas a dor fosse algo a recordar e
não a sentir.
—Eu nunca pensei que me divorciaria dele,
juro por Deus.
—Você não se casa com alguém pensando
que vai largar a pessoa bebê.
—É, mas sabe quando você confia tanto em
alguém que parece que seu mundo gira em torno da
pessoa? E perceber que o mundo da pessoa não gira
em torno de você é tão auto destrutivo.
—Eu posso imaginar, você parece ser
dessas esposas bem dedicadas, faz de tudo para
agradar as pessoas a sua volta.
—Nem por isso, mas pela forma como tudo
aconteceu, ainda mais com a minha irmã.
—Acha que ele pensou que você voltaria
para ele depois de tudo?
—Eu não sei, mas ele parecia disposto a
tentar explicar, se desculpar.
—Você estava tão brava por causa da
gravidez da sua irmã.
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—Fiquei cega, porque senti que ela fez isso


de propósito, para me passar na cara que pode ter
bebês e eu não, que eu tentei por muito tempo ter
filhos com Carl e não consegui enquanto ela na
primeira oportunidade engravidou dele.
—Isso te causa raiva?
—Na hora causou, agora eu só quero poder
tentar ser feliz, amo meus pais só que de todas as
formas eu já havia decidido me afastar deles,
quando fui para Las Vegas só queria esquecer tudo
aquilo.
—Posso imaginar.
—Eu me sinto mal em pensar que eles
optaram por escolher ela ao invés de mim.
—Talvez para eles seja mais fácil, porque
eles sabem que você é forte, mais velha e mais
consciente das coisas, eles sabem que você é o elo
mais forte da família enquanto ela é fraca, talvez
sem apoio ela sofra mais que você.
—É, mas eu nunca deixaria de apoiar um
filho que tem razão para apoiar um errado.
—Não se trata disso, apenas eles não
souberam como te apoiar sem desapoiar ela,
quando eu vi o desespero da sua mãe na hora da sua
briga com a Trisha, eu percebi que ela estava muito
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dividida, seu pai também.


—Não vi isso em nenhum momento.
—É porque você não está de fora da
situação.
—Pode até ser mas...
—Mas você está zangada com eles e tem
toda razão, só que penso que você deve deixar
essas coisas de lado e tentar prosseguir.
—Eu estou deixando de lado, eu gosto
muito de estar aqui com você, não quero estar em
mais nenhum lugar com mais ninguém Hades.
—Ás vezes quando você fala essas coisas
me bate uma emoção que o meu coração até
dispara.
Minhas gargalhadas se espalham pelo
quarto, lhe dou uns beijinhos.
—Seu bobão—vou falando enquanto o
beijo.—Sabia que eu adoro você? Que adoro estar
com você?
—Humm... Adora né?—questiona puxando
a minha camisola.—Vem aqui vem, vem para o
papi.
Não resisto, nem ele.
Me sinto uma tarada, me sinto uma insana,
me sinto apaixonada.
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Por ele.

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—Oi.
—Sou eu!
Afasto o sono.
Me ergo e olho para o lado, Hades dorme
agarrado ao travesseiro, saio da cama sem fazer
movimentos bruscos, depois saio do quarto levando
meu celular comigo.
—O que quer?—pergunto irritada.—Para
de me ligar Carl.
—Você acha que vai se livrar de mim tão
fácil?—questiona.
Não tenho medo de seu tom ameaçador.
—Não te troquei pela minha irmã Carl.
—Você se quer me ouviu.
—Não posso fazer nada.
Vou até a cozinha, ainda que irritada,
continuo a ligação, eu nem vi no visor do celular,
só senti vibrando no criado e atendi, foi
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automático.
—Você acha que vai viver feliz ao lado
desse garoto?
—Ele não é um garoto Carl, me ligou para
isso?
—Você não sabe o tamanho do erro que
está cometendo.
—Espera ai, me deixa ver se eu entendi,
você me traiu com a minha irmã e esperava que eu
voltasse para você depois de tudo e fingisse que
estava tudo bem?
—Foi um erro perdoável.
—Entendi e qual é a parte em que você não
pensa que eu quem deveria perdoar e não as suas
suposições?
—Você não conseguiu esperar também e já
foi logo se envolvendo com esse maconheiro não é
verdade? Você acha que eu não sei o passado do
seu querido namorado?
—Não me importo...
—É questão de tempo até esse cara te dar
um pé na bunda Viviana, ele é mais novo, tem
dinheiro, ele nunca levaria você a sério, sabe por
quê? Você não é da mesma classe dele, nem tão
jovem.
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—Isso não é verdade.


—Você sabe que ele só tem 26 anos né?
Que era um encrenqueiro, esteve envolvido com
crimes contra uma mulher ano passado, ele bateu
nela Viviana, ele é um cara violento.
Engulo a seco.
—Posso ter falhado com você, mas eu sou a
única pessoa no mundo que te aceitaria de volta,
podemos encarar isso como um erro.
Não acredito no que estou ouvindo.
—Trisha não quer o bebê, ela pode nos dar
ele, podemos criá-lo juntos, mudamos, qualquer
coisa.
—Não posso acreditar que está me
propondo isso Carl—digo angustiada.—Como
pode ser tão frio?
—Eu já disse que foi um erro, eu nunca
ficaria com a sua irmã, ela é muito fútil.
—E não pensou duas vezes antes de levar
ela para cama não é mesmo?
—Já disse que ela me tentou demais
Viviana, o que quer que eu fale? Eu também tive
culpa, mas estou tentando me redimir.
—Me dando seu filho com a minha irmã
para criar?
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Ele fica calado do outro lado da linha.


—Não posso aceitar isso, me dediquei a
você por muitos anos e se você ainda tiver um
pingo de dignidade assuma essa criança, ela
merece ter uma família e o amor, comigo você
nunca poderia ter um filho.
—Não me importo.
—Deveria ter se importado mais antes de
ter feito toda essa merda Carl, eu peço que em
consideração ao que tivemos você ao menos
assuma a criança.
Novamente silêncio.
—Não adianta me ligar porque eu não
quero voltar para você, nosso casamento acabou,
eu nunca seria feliz sabendo que você dormiu com
ela, eu vi Carl, você seria feliz em me ver numa
cama com outro homem.
—É diferente!
—Porque é diferente?
—Você e eu temos que ficar juntos.
—Querer e ter são duas coisas distintas, e
agora eu não quero e nem tenho que ficar com
você, adeus Carl.
—Viviana, espera...
Desligo. Desligo o celular. Desligo ele da
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minha vida.
Ponto final.
Precisei trocar de marido, agora preciso
trocar de número, de muitas coisas.

—Hades?
—Humm...
—É verdade que você bateu em uma mulher
ano passado?
Ele franze a testa, para de mastigar a
omelete, logo em seguida me fita todo sério.
Só pela forma como ele me olha, sei que é
verdade.
—Quem te disse isso?
—É verdade?
—Sim Viviana, é verdade!
Engulo calada a angústia que carrego desde
que ouvi o Carl falando sobre isso a alguns
momentos, pensei bastante enquanto o Hades
dormia em tentar descobrir sozinha, mas não achei
justo não tentar saber por ele, porque talvez fosse
mentira e sei que ele é alguém público, os tabloides
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são tubarões loucos por informações para sair


difamando quem quer que seja.
—Viu nos jornais?
—Não importa.
—As coisas não foram como você está
imaginando, eu não bati nela da forma como você
pensa.
—Existe uma forma diferente de bater em
uma mulher?
—Ela era a minha funcionária, me envolvi
numa briga por culpa dela.
Hades deixa os talheres sob o prato, me
encara todo tenso, sua boca fica cerrada.
—Peguei o marido dela batendo nela perto
do meu prédio, quando fui bater nele ela tentou me
segurar e acabei acertando uma cotovelada na boca
dela, eu mesmo chamei a polícia e fiz o boletim de
ocorrência, ela registrou como agressão e me
processou porque o marido dela fez a cabeça dela.
Não acreditaria nisso se ele não estivesse
tão sério, eu também sei que ele nunca mentiria
para mim, vejo em seus olhos.
—Vivia chegando com o olho roxo, uma
vez a segui e peguei o sujeito dando uns tapas nela,
foi tudo um grande mal entendido, ela ganhou o
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processo e eu a indenizei, tudo isso uma mixaria,


no tribunal ela alegou que eu bati nela por querer,
que tinha um caso com ela e já pode imaginar toda
a merda que foi.
—Não recorreu?
—Tinha testemunhas, nem precisei, mas
para que ela não ficasse me difamando paguei
dinheiro para ela e para o marido, algumas semanas
depois soube que ele a abandonou e a deixou sem
nenhum centavo do dinheiro que ganharam as
minhas custas.
—O que ela fazia para você?
—Serviços domésticos, ela trabalhava para
mim há um ano, achava que poderia confiar, era
uma garota jovem sabe? Mas infelizmente muito
iludida em relação ao marido, achei pouco o que
ele fez com ela, no final das contas acho que ela era
muito influênciada por ele e fez tudo porque ele
mandava, era um malandro covarde.
—Posso imaginar.
—Quem te disse?
—O Carl.
—O Justiceiro?
Seu sarcasmo é tamanho que sinto vontade
de rir, Hades volta a comer.
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—Ele me ligou no celular, eu posso te pedir


uma coisa?
—Ele te ligou?
—Poderia pedir para sua mãe me levar ao
centro para eu comprar outro chip? Trocar de
número?
—Claro bebê, mas ele te ligou para isso?
—E para falar que você fuma maconha.
—Isso não é verdade, eu não aperto um
fumo desde que te conheci, com que liberdade ele
fala isso?
—Mesmo que seja, ele não tem nada a ver
com isso, ele queria me atingir, mas eu o ignorei.
—Vou comprar um celular novo para você
bebê, com um chip muito bom, para você poder ter
mais liberdade, vou cadastrar no nome da empresa
a linha telefônica, só para não ter o risco dele
descobrir.
Estendo a mão e toco a dele.
—Não importa o que ele diga, acredito em
você.
—Eu sei bebê, você é uma mulher que às
vezes nem eu mesmo sei se mereço.
—Merece sim.
—E... Você acha que me merece?
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—Absolutamente!

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—Os preparativos para o aniversário da


Affie estão a todo vapor, que tal me ajudar a
escolher uma roupa para usar no dia?
—Claro.
Entro no quarto acompanhando Kellen,
chegamos a alguns momentos do centro, ela me
levou ao shopping e me comprou um novo celular,
quando o Hades me disse que me daria um novo
aparelho pensei que seria um igual ao meu, segunda
linha e mais antigo, mas não, ele mandou a mãe
dele me dar logo um iphone desses que eu nunca
pagaria para ter na vida.
Eu fiquei me remoendo por dentro ao
perceber a felicidade da Kellen em me levar a loja
da Apple, ela me fez o favor de comprar também
um ipad novo e vários acessórios, nossas compras
ficaram muito caras, quando me ofereci para pagar
ela disse que não precisava.
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“Você é da família, não precisa pagar por


nada”
Entendo que seja muito generoso da parte
dela e mesmo não precisando de metade daquelas
coisas, não recusei porque sei que foi o Hades que
mandou, almoçamos juntas em um restaurante
mexicano, Palo Alto é um centro comercial de
tecnologia muito grande, consigo entender porque o
Hades tem uma filial aqui também por conta disso.
Eu não sei se é muita vantagem sair com a
Kellen, ela nunca me deixa pagar nada mesmo, só
que hoje foi um dia bem excepcional, ontem foi
domingo e o Hades teve que atender uma ligação
da empresa, quando chegou já era hora do jantar, eu
fiquei o dia todo na casa dos pais dele, foi um bom
dia.
Owen e Glenda são dois velhinhos muito
amáveis, a Affie não parava de fazer planos para o
aniversário dela, fiquei aliviada porque eles não
ficaram mais falando do casamento para mim.
Kellen indica a cama de casal imensa, me
sento olhando envolta, um quarto gigantesco com
janelas de vidro e toda sofisticação que poderia ter,
os Collins levam um estilo de vida bem
confortável, eles não luxam, mas vivem no luxo,
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cercados por uma tecnologia que eu não conhecia


antes, a casa toda tem alarmes e tudo mais, Hades
disse que aqui é um dos lugares mais seguros da
cidade.
Da para entender, eles tem muito, muito
dinheiro.
—Você já escolheu o vestido que vai usar
no aniversário da Affie?
—Ainda não Kellen.
E eu acho que até eu abrir todas as minhas
malas para encontrar um levará um tempo, o
aniversário da Affie já é sábado que vem agora.
—Podemos comprar algo para você, tenho
uma amiga dona de uma loja no centro que atende a
domicílio.
—Acho que não precisa.
Kellen é tão prática que sinto inveja, ela
entra no closet, fico tentando mexer no celular sem
saber ao certo como desbloquear, ser pobre às
vezes é uma desgraça, bem, ao menos eu sou perto
dessa gente.
—Você está gostando de morar na casa de
hóspedes?
—Sim, é uma casa bem confortável Kellen.
Aponto o celular para o meu rosto e ele
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ascende, então uma mini janela aparece diante de


mim, desbloqueio facial, e de repente, leio a
mensagem sorrindo feito uma idiota.
“Oi bebê, que bom que já ativou o celular,
hoje chego mais cedo meu bebê”
Tão fofo!
Suspiro, de repente a Kellen está voltando
do closet com alguns vestidos em cabides.
—É o H? Ele já falou um oi?
—É—sorrio.
—Bom—ela ri.—Não pode devolver viu?
Eu não aceito devoluções.
—Eu nunca irei devolver.—afirmo
envergonhada.
—Veja, estes vestidos eu nunca usei, são de
noite, acho que se dermos uma apertada ficarão
lindos em você, Dior, Versace, Herrera, pode
escolher qualquer um desses.
Analiso os vestidos que ela coloca na cama,
um mais lindo que o outro, um preto básico, um
vermelho longo e um azul todo de véus frente
única, o tecido é lindo e brilhoso.
—Será um baile a noite, a Affie convidou
todas as amigas dela da faculdade—avisa Kellen.—
Faremos na casa de veraneio da família porque
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nossa casa não está pronta para receber tantas


pessoas.
—Seria aqui em Palo Alto mesmo?
—O H não te falou? Nossa casa de veraneio
é em Miami!
Senhor!
—Acolheremos 400 convidados.
—Mas não seria só a família?
—É a família.
Ela ri como se fosse muito normal chamar
400 pessoas para um aniversário.
—Nós viajamos no sábado e retornamos na
semana seguinte.
—Não sei se posso pagar por tudo isso
Kellen...
—Não precisa pagar, você é da família
agora, você não tem que se preocupar com nada
além de seu vestido e de malas com roupas leves,
teremos atividades ao ar livre e brincadeiras, o H
adora jogar golfe com os primos dele, o Z também,
esperamos que dessa vez toda a família vá.
Engulo a seco.
—Comemoraremos no sábado e no
domingo teremos um almoço, durante a semana
Affie quer dar almoços para todos, esperamos
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arrecadar uma boa quantia para a instituição do Z.


—Entendo.
—Você não gosta da ideia de ser em
Miami?
—É que não estou acostumada a viajar
tanto.
—Nós quase não viajamos, só em épocas de
aniversários e natal, nosso último natal foi em
Athenas com os filhos do Lorenzo, tentamos ficar
juntos em épocas assim, o H conseguiu ir e o Z
também.
—A Affie sempre tem aniversários tão
numerosos?
—Desde que ela tinha 10 anos, os meninos
nem tanto, ela é muito consciente, leiloa todos os
presentes e doa todo o dinheiro, na maioria das
vezes ela pede que façam depósitos, temos ajudado
muitas crianças e pessoas na Namíbia com esse
projeto, em países que vivem em conflitos.
Não sabia disso também, mas só de ouvir
ela falando já vou ficando admirada.
—Se eu puder ajudar de alguma forma
Kellen, ficarei muito feliz.
—Pensei que não perguntaria—ela ri.—
Preciso de uma cobaia para escolher o buffet e a
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decoração, o H disse que você tem um ótimo gosto


para decoração, é verdade?
—Eu tento.—coro.
—Então, vamos planejar—Kellen estende a
mão e coloca sob a minha.—Estou feliz que vocês
dois vão morar aqui, não imagino minha vida com
meus filhos longe de mim Viviana, você não tem
noção do quanto me faz feliz por ter decidido morar
aqui perto de nós.
—Nunca afastaria o Hades de vocês—
admito com o coração apertado, ela faz cara de
choro.—Não precisa me agradecer.
—É que eu te julguei tão mal.
—Tudo bem, nos enganamos muito às
vezes a respeito das pessoas.
E comigo não seria diferente.
—Obrigada.—Kellen diz e me abraça.
Sinto sua gratidão e sorrio, sei que cada dia
mais estabeleço laços com essa família e adoro
isso.
Seja como for, agora também é minha
família.

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Subo na cama.
Hades me puxa e fecha o notebook, coloca
no criado, ele me beija e começa a puxar a alcinha
da minha camisola, sorrio, bem, como posso dizer
isso para ele sem morrer de vergonha?
—Eu acabei de menstruar.—aviso e puxo a
alcinha para cima.
—Ah—ele suspira.—Assim do nada?
—Ué, uma vez no mês eu fico menstruada
Hades.
Também me sinto exausta porque não tem
sido uma semana bem tranquila se é assim que
posso chamar as outras, desde que cheguei aqui
nunca tinha andando tanto, dado tantos
telefonemas, resolvido tantas coisas, até a senha do
e-mail da Kellen eu tenho para ajudar ela com os
orçamentos, acho que ela deixou para ultima hora
mesmo, mas estamos a três dias da festa e está
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dando tudo certo.


—A mamãe está te explorando né?
—Não, eu adoro me sentir útil, é só que
como ela tem que cuidar da casa e da parte dos
convidados, eu estou tendo que cuidar de todo o
resto, não posso reclamar, está sendo ótimo, sua
mãe é 10.
—Gosta de fazer essas coisas não é? A
Affie está em época de provas por isso ela não pode
ajudar muito.
—Mas ela já me disse o que quer no início
da semana, eu já até escolhi as flores para colocar
no jardim da casa, as tendas, o DJ.
—Teremos um DJ? Mamãe deixou?
Rio.
—Eu dei uma forcinha para a Affie, até as
22:00 orquestra, depois disso um DJ, afinal de
contas, ela é jovem.
—Poxa, que grande conquista, mamãe deve
mesmo gostar de você.
Meu corpo hoje está um pouco estranho, já
sabia que ia menstruar, mas não tanto, meu fluxo
esse mês está vindo um bocado e eu estou com uma
cólica infeliz, apenas não disse para ele, acabei de
tomar um remédio para ver se passa.
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Parece que alguém pegou meus ovários—ou


o que resta deles—e está espremendo um a um,
como quando alguém tira leite de uma vaca.
Me deito de bruços procurando uma posição
confortável, espero que até sábado eu esteja melhor
para acompanhar o ritmo da mãe dele, do
aniversário, estou adorando toda a parte de escolher
as coisas, adorei principalmente poder resolver tudo
com a florista pessoalmente, Kellen me deu cartão
verde para decorar como eu achasse que deveria
fazer, nós iremos para Miami depois de amanhã,
todos nós.
—O que foi bebê?
—Estou com cólica.
—Cólica? Quer um remédio?
—Eu já tomei.
Hades se aconchega e me abraça, beija a
minha cabeça.
—Quer uma bolsa de água quente? A Affie
sempre usa uma nos dias ruins.
—Seria pedir demais?
—laro que não bebê, eu pego, já volto.
Fico quieta, ele sai da cama, o Hades gosta
de dormir de cueca ou de calça de pijama, mas eu
sei o dia que ele chega querendo sexo e hoje foi um
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dia porque ele está nu, é uma pena que eu não estou
bem nem disposta, desde que chegamos aqui eu e
ele temos tido momentos tão bons juntos, sejam
sexuais ou apenas momentos a dois, estou tão bem
que mal acredito.
Ele retorna bem antes do que eu perceba.
—Levanta um pouco bebê.—pede.
Obedeço, ele coloca a bolsa embaixo do
meu ventre, quando me encosto sinto o calor e fico
quieta tolerando a dor chata, fazia uns cinco anos
que eu não sentia tanta cólica, costumo ficar
menstruada sem nem ver.
—Tente relaxar meu bebê—ele passa a mão
na minha cabeça.—Tadinha.
Fico sorrindo, penalizada com o jeito como
ele me olha, estendo a mão e puxo ele para perto,
Hades me abraça e puxa os cobertores, assim é bem
melhor.
—Vou marcar a data—ele beija a pontinha
do meu nariz.—Para me abastecer com bastante
chocolate.
—Não preciso de chocolate, você já é um
doce.—argumento.
Ele ri, não me movo, a mão dele toca as
minhas costas, minha nuca, relaxo aos poucos.
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—Dorme meu bebê.


—Sim.
Estou mesmo sem saída, o sono vem bem
rápido.

Hades está sentado no sofá da sala da casa


de seus pais, estou um pouco indisposta tanto que
acabei me deitando aqui sem nem perceber, estou
com a cabeça em suas coxas ele acaricia minha
cabeça com carinho, afasta meus cabelos para o
lado, estamos esperando a Affie descer para que
possamos ir para o aeroporto, embarcamos as 15:30
para Miami.
Lorenzo e Kellen já levam as malas para o
carro com a ajuda de Caio, o motorista deles, é o
único funcionário que eles tem e que vejo às vezes
andando por aqui, acho que ele também cuida do
jardim e da piscina, ele é mais como um faz tudo
mesmo.
—Ainda sente muita dor?—pergunta Hades.
—Não muita, mais incomodo.—digo.
—Acho que teremos que ir a um hospital
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bebê, essa dor está incomum.


—Eu também concordo—Kallen comenta
da cozinha e nos olha.—Que tal se vocês forem ao
médico e depois irem para lá?
—Não, não eu posso aguentar...
—Tudo bem querida, temos um avião para
isso, para imprevistos—ela garante.—Podem ir
amanhã, vamos na frente com as coisas.
—Mas e a decoração?
—Não se preocupe qualquer coisa eu peço
para o Z me ajudar, ele sabe carregar as coisas e
colocar no lugar e também temos a decoradora.
—Vocês podem ir na frente—olho para
Hades e me ergo.—Eu vou amanhã então.
—Não mesmo—Hades replica.—Eu fico
com você meu amor, mãe, amanhã por volta das
11:00 estaremos lá, certo?
—Combinado—Kellen sorri.
Me sinto mal por isso.
Affie desce as escadas correndo, ela carrega
uma mochila rosa nas costas, os cabelos presos
num rabo de cavalo, não queria estragar a viagem
da família.
—Desculpe—peço para Hades e para Affie.
—Me sinto culpada por não irmos hoje Affie...
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—Que bobagem, nos vemos amanhã—Affie


se inclina e me abraça.—Vai no médico, você anda
bem para baixo mesmo esses dias.
Bem mais do que o comum, costumo só
ficar indisposta, mas a cólica não passa, fico
incomodada e irritada a todo tempo.
“Cuidem-se, até amanhã”—Lorenzo avisa.
Me levanto e me despeço de todos com
abraços, Hades os acompanha até a porta, fico
sentada no sofá péssima de saber que não iremos
hoje.
—Vou avisar para a médica—ele avisa.—
Ver se ela nos atende no pronto socorro.
—Ainda não acho que seja para tanto Hades
—retruco. —Eu poderia aguentar até Miami.
—não quero que aguente, quero que fique
bem. —replica.—Vou mandar mensagem para ela,
já é bom que olhamos nossos resultados de sangue
e tudo mais.
Por esse lado...
—Desculpe—peço.—Por favor...
—Escuta, você é a minha mulher, ok ficar
doente às vezes bebê, vamos à médica, você toma
medicação e nós voltamos para casa, amanhã
embarcamos.
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—Não queria dar trabalho.


—Que trabalho você daria querida?
—Bem, a gasolina do seu avião, sei lá.
Hades acha graça, me chateio.
—Bebê, combustível nenhum no mundo
pagaria seu bem estar, vamos.
Me ergo sentindo que a cólica só piora, mas
enfim, não quero nem discutir, não agora, estou
péssima.

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O que eu tenho?
Nada.
Quanto tempo tive que ficar sendo
medicada?
5 horas.
O que o Hades fez?
Ficou me tratando feito uma criança.
E eu só sei que acabo de acordar em casa,
sem cólica, mas sei que meu absorvente está
ensopado, fiquei no soro e tomei um remédio na
veia para aliviar as dores de cólica, minha pressão
baixou e tive que ficar em observação durante toda
a noite no hospital.
Eu não me lembro nem a última vez que
estive internada no hospital, nunca passei por
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cirurgias muito sérias, acho que eu tinha uns dez


anos quando quebrei meu braço e foi a única vez
que me lembro que fiquei por horas trancada num
quarto de hospital.
A médica que nos atendeu era plantonista,
ela imprimiu todos os nossos exames de sangue que
fizemos há alguns dias no hospital e meu papa
Nicolau, tudo ok com meu útero, ela inclusive me
receitou anticoncepcionais, fiquei rindo da cara
dela ao lembrar do fato de que não preciso de fazer
uso de proteção alguma.
Simples: Não posso ter bebês.
Isso também não parece tão importante em
vista do que eu passei ontem, me sentia uma
completa incapaz depois que sai do hospital, aquele
gosto ruim de álcool na boca e o Hades a cada
segundo passando na minha cara que havíamos
feito muito bem em não ter ido para Miami.
Gosto dele, mas não sabia que ele tinha esse
lado que adora passar as coisas na minha cara.
Outra coisa que eu observei foi o jeito como
ele se preocupa comigo, às vezes parece que ele
tem medo de que algo muito ruim aconteça e não
desgruda, pergunta se estou bem, se sinto dor e isso
me faz perceber seu real valor e significado na
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minha vida.
Havia mulheres ali, jovens, bonitas, mas ele
só estava ali preocupado com a minha dor infeliz,
queria que eu ficasse bem e não me deixou sozinha
em nenhum momento.
Eu acho que é isso, estou apaixonada por
esse garoto 11 anos mais jovem que eu, que cuida
de mim e zela pelo meu bem estar, que poderia
muito bem ter ido com sua família e me deixado
para trás, mas aqui está ele dormindo ao meu lado.
Tatuagens, corpo sarado, semblante jovial e
tudo o que mais abominaria num cara, mas que
adoro nele.
—Hades—chamo e checo o celular,
arregalo os olhos, já são mais de 13:00 da tarde.—
Nossa!
Sacudo ele pelo ombro, chegamos por volta
das 04:25 da manhã, tomei um banho e desmaiei na
cama, estava mole, ele se ergue e me encara todo
confuso, indico a tela do celular, Hades faz uma
careta.
—Amor, descansa, esse aniversário é só
amanhã.
—Hades, perdemos nosso voo.
—Que voo bebê? Nós podemos ir mais
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tarde, calma!
Suspiro, saio da cama e vou para o
banheiro, me sento no vaso e descarto o absorvente
fazendo uma careta. Não sinto mais cólica alguma,
nem dor, só uma sensação estranha de inchaço no
pé da barriga, tiro a camisola e a calcinha, até grata
por não ter vasado nada.
—E aliás, bom dia bebê.
O bom dia vem acompanhado de um beijo
na cabeça, fico parada, olho para ele, estou até mais
disposta.
—Que horas nós vamos?
—Acho que as 15:00, chegaremos lá rápido,
o jato já está no aeroporto.
—Sinto muito por todo o contra tempo.
—Não é contra tempo amor, para, já disse,
primeiro você, todo o resto vem depois.
Ele tira a cueca e vai para o box, liga o
chuveiro, sorrio mesmo sem querer, ele agora me
chama de amor, nunca pensei que ele me chamaria
de amor assim de forma tão simples.
Me ergo e vou para o box também,
incomodada confesso, mas a cada dia tenho mais
certeza do que temos.
Ele me puxa e me coloca um beijo nos
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lábios.
Eu o abraço.
É tudo o que mais quero nesse momento.

Saio do banheiro e entro no quarto, deixei o


Hades terminar o banho sozinho, ao mesmo
instante que vejo alguém parado na sala ao lado do
porteiro, sinto um calafrio forte na espinha.
Carl está apontando uma arma para a cabeça
do homem.
Fico paralisada, meu coração dispara tão de
repente que parece que vai sair pela boca. Seu olhar
certeiro me acerta em cheio e logo que me vê,
percebo em seu olhar uma confusão que eu nunca
vi em mais de 20 anos de convivência.
—Vem aqui—Carl ordena de imediato.—
Anda, você vem comigo, por bem ou por mal.
Engulo a seco a ordem, as mãos do porteiro
do condomínio tremem, já o conheço, não tão bem,
mas o suficiente, ele tem porte de armas e tudo
contudo, ao que me parece o Carl o rendeu.
—O que está fazendo Carl? O que pensa...
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—Desce—berra ele com firmeza.—Anda


Viviana, não me obrigue a matar esse cara aqui.
—Está bem, calma—peço tomada pelo
nervosismo repentino.—Eu posso ao menos colocar
uma calcinha?
—Seja rápida.—Carl diz.
Ele não está nervoso.
Ele não está irritado.
Ele só está frio, de um jeito que eu nunca vi
na vida e isso é o que mais me deixa apavorada.
Vou até o closet e pego uma calcinha e um
absorvente, sou rápida em vestir, pego um vestido
de tecido e desço bem rápido as escadas, me
aproximo sentindo que cada nervo do meu corpo
está tremendo.
—Pronto—digo.—Agora vamos embora e
deixar este homem em paz.
—Cadê ele Viviana? Cadê o seu amante?
—Carl...
—Me diz onde ele está!
Quando ele grita dou um pulo, o porteiro
me olha e sua, é um homem de trinta e poucos
anos, ele mantém as mãos para cima, vejo daqui
sua aliança de casamento, tem filhos e família, não
quero que ele acabe machucado por minha culpa.
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—Acabou Carl—digo.—Eu vou com você,


ele não é nada para mim.
—Você fica bem aqui—Carl fala e empurra
o porteiro, aponta a arma para mim.—Vem comigo.
—Tá.
Ergo as mãos segurando o vestido, ele me
olha de cima abaixo e depois estende a outra mão e
me puxa pelos cabelos, oprimo o gemido de dor,
meu coração dispara conforme ele vai me puxando,
para fora da casa de hóspedes, não tenho tempo de
olhar nada, segundos depois estou sendo arrastada
para fora da casa onde moro com a família Collins
há duas semanas.
Meu futuro agora é incerto e só depende de
uma coisa.
Espero que funcione.

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Fico parada sob a mira da arma enquanto


Carl dirige pelas ruas da cidade em silêncio, não
consigo parar de olhar para essa arma, nunca a vi
na vida, sei que ele como autoridade local tem todo
o direito de andar armado, ele inclusive tem porte,
mas nesses anos todos de convivência nunca o vi
armado.
Não o olho, estamos calados desde que
entramos em seu carro, ele não para de apontar a
arma para mim, não entendo de armas portanto não
sei se está engatinhada. Carl soa, está calado, usa
um conjunto de terno e gravata e um casaco preto,
fico me perguntando como ele consegue
transparecer tanta frieza numa situação como essas.
—Estavam transando quando eu cheguei?—
pergunta ele olhando para a estrada.
Fico sem reação.
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—Responde!—grita de repente.
—N-não...
—Mentira!—ele aponta a arma para minha
cabeça.—Mentirosa!
Não consigo esboçar emoção alguma, Carl
afasta a arma e coloca no porta luvas, depois ele
fecha o punho e do nada me acerta um soco no
meio do nariz, fico tonta e a ardência me deixa
totalmente imóvel, ele estaciona o carro no meio da
estrada, ainda estou bem tonta quando escuto o som
da porta sendo aberta, então ele enfia a mão nos
meus cabelos e me puxa com violência para fora do
carro.
—Vagabunda!
Depois que xinga ele me acerta outro soco
no rosto, tudo vira uma vertigem sem tamanho, eu
não tenho tempo de pensar direito, caio no chão,
então meu corpo se encolhe automaticamente com
os chutes que começo a levar na barriga, coloco as
mãos na frente do corpo, mas não adianta.
Ele chuta e chuta, e mais uma vez.
A dor é impactante e vai se espalhando por
toda a região abdominal, meu corpo, minhas pernas
se encolhem e ainda que não atingidas pelos chutes,
doem, começo a tossir sangue, sem ar, a dor é tão
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forte que mal sei descrever, não tenho tempo de


sentir essa dor porque sou puxada pelos cabelos,
meus braços se erguem e tento alcançar a mão dele,
esperneio em vão, Carl me joga no rumo do meio
fio e me chuta mais duas vezes na barriga.
Um grito alto sai da minha garganta, um
grito de pura dor.
Sinto que dentro de mim algo se rompe e
mal consigo me mover.
—Vagabunda—xinga e escuto o som dele
cuspindo em mim.—Puta, vadia.
A violência em suas palavras me fazem
sentir repulsa, nojo, porque ele se refere a mim
como se eu não fosse uma pessoa, ele se refere a
mim como se fosse sua posse, algo dele e que por
não servir em determinado tempo em sua vida,
deve ser punido.
Isso me faz perder a reação e os sentidos.
Começo a sentir medo pela dor, medo pela
violência, apenas o medo que nunca senti em toda a
minha vida, temo por ela, porque sei nesse
momento que ele não vai parar, não vai.
Eu vou morrer hoje!
Escuto os passos dele pela brita do asfalto,
passos apressados e impacientes, mas meu corpo
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dói tanto, que mal consigo raciocinar.


—Você deveria ter voltado para casa,
deveria, era seu dever ter voltado para mim porque
eu sou o SEU MARIDO!—grita ele furioso.—Você
merece isso Viviana, merece apanhar para aprender
que o seu dever é ficar ao meu lado, sua obrigação
é cuidar para que tudo fique bem, puta desgraçada.
Consigo abrir os olhos, é tudo tão rápido
que mal consigo acompanhar direito, logo, sei que
ele se aproxima, me encolho me preparando para
sentir mais dor.
Mas abruptamente, os passos param, e
escuto o som de mais passos, aperto os olhos e o
medo me toma de cima abaixo, porque não consigo
enxergar mais nada.
Tenho a sensação de que estou desmaiando,
quando algo me ergue, alguém, não sei, meu corpo
está todo mole.
—Bebê!
É a última coisa que escuto.
Ao menos se hoje eu morrer, eu tenho o
único consolo de que vou ouvindo a sua voz.

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Algo quente acaricia minha mão quando


acordo.
Aquele velho e péssimo gosto de álcool na
boca, não consigo nem pensar em me mover,
porque com a consciência me vem também a dor.
Em cada pequeno pedaço do meu corpo.
Cabeça, abdome, braços, pernas, tudo.
Abro os olhos devagar, apalpo a coisa
quente e percebo que é uma mão.
—Amor!
Escutar esse “amor” é tão aliviante.
Olho para o lado, Hades está em pé me
olhando, ele segura a minha mão, não consigo nem
mover meu pescoço, tem um desses colares
cervicais nele, umedeço os lábios e sinto algo
áspero no meu lábio superior.
—Graças a Deus—Hades fala me olhando.
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—Mãe, ela acordou!


—Ah, Graças a Deus.
Em questão de segundos, Kellen está ao
lado dele, fico olhando para ambos e me
recordando de tudo o que houve, sentindo dentro de
mim como se o medo retornasse, contudo, só de ver
ambos aqui é algo que me diz claramente que
aquele homem não está por perto.
—Oi querida.—Kallen fala.
Hades tem olhos fundos e ela tem olheiras.
Não consigo falar, meus lábios tremem um
pouco, porque vou olhando para meu corpo e estou
enfaixada, minha barriga, exposta com uma faixa,
minhas coxas, meus olhos ardem.
O Carl me machucou tanto, mas tanto, só
que mais por dentro do que por fora, a dor dentro
de mim é imensa, forte e estranha.
Pensei que ele iria me matar.
—Que bom que acordou, estávamos
preocupados—Kellen diz sem me dar tempo para
lembrar.—Seus pais chegaram ontem com a sua
irmã, todos estávamos muito preocupados com
você.
Olho para essa mulher sem maquiagem
alguma, cabelos escuros, olhos cansados e olheiras
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imensas, para o garoto ao lado dela, não sei se


merecem passar por isso por minha culpa.
É tudo minha culpa!
—Querida...
—Ainto muito por ter estragado tudo—digo
interrompendo-a.—Me desculpe, eu não pensei que
ele faria isso Kellen, me perdoe por permitir que
isso acontecesse com o seu filho, na sua casa.
—Não foi sua culpa—ela alega.—Está tudo
bem agora, você ficará bem.
Duvido muito.
Hades me olha e começa a chorar em
silêncio, isso me parte o coração, não queria ter
submetido eles a isso, ele não merece passar por
nada disso por minha culpa, mas não digo nada,
porque sei que isso o machucaria muito mais.
—Eu vou avisar para os pais dela que ela já
acordou—Kellen diz e se inclina, beija a minha
testa.—Hoje você me fez acreditar um pouco mais
em Deus, Viviana, fique firme.
—Obrigada—falo.
O que eu poderia falar?
Ela sai do quarto, Hades se senta na beirada
da cama e segura a minha mão ainda chorando
calado, é tão ruim vê-lo chorando.
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—Ele nunca mais vai te machucar, eu


prometo.—ele fala depois de alguns momentos.
—Eu sinto muito Hades—digo incerta.—
Você não passaria por isso se não fosse minha
culpa.
—Não foi sua culpa amor, para com isso,
você não tem culpa de nada—alega ele e ergue a
minha mão.—Eu sou responsável por isso, não ouvi
nada, se eu ouvisse nada disso teria acontecido,
Graças a Deus levou o celular com você ou não
teríamos te achado a tempo.
Não pensei duas vezes antes de enfiar no
meu bolso do roupão.
—Eu não pensei que chegaria a esse ponto,
ele nunca me bateu na vida.
—E nem vai mais bater.
O semblante dele fica duro, Hades se
inclina e me abraça, é só um jovem rapaz
apavorado por tudo o que houve, detesto a ideia de
que ele se sinta culpado por sua limitação, não foi
culpa dele.
—Hades, estou machucada.
—Ah!—ele se ergue.—Fiquei com tanto
medo de te perder bebê, só pensava merda.
—Ele... Ele...
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—Ele tentou fugir Viviana, pegou a arma e


apontou para a polícia—Hades limpa as faces com
força.—eles abriram fogo, você não ouviu?
—Não—digo incrédula.—Então ele... Ele...
—Sim, o Carl faleceu.
Engulo e minha garganta dói.
—O corpo dele foi levado para Virgínia e
enterrado lá.
—Enterrado?
—Você estava em coma a duas semanas
Viviana.
Ouvir isso também me deixa fora do ar. Mal
consigo acreditar no que ouço.
—Teve hemorragia no útero, suas trompas
estouraram, ele conseguiu quebrar duas costelas sua
e o nariz, você teve que ser induzida ao coma,
estávamos esperando que acordasse.
Não consigo falar nada.
—Carl teve a chance dele se render, mas ele
não quis, eu acho que ele percebeu que não haveria
outra saída se não a prisão.
—Você chamou a polícia?
—O porteiro chamou, ele entrou no
banheiro dizendo que o Carl havia te levado, que
estava armado, entrei em pânico, mas percebi que
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seu celular não estava no closet, então acionei o


rastreador pelo notebook e achamos você.
—Eu pensei que poderia achar pelo GPS.
—Sim, foi o que eu fiz.
—Quando eu e a Kellen fomos à loja, o
vendedor nos disse que este celular pode ser
encontrado em qualquer lugar, por isso coloquei no
meu bolso sem que ele visse.
—Ainda bem.
Hades se inclina e beija a minha testa.
—Sinto muito pelo aniversário da Affie...
—Isso é o de menos—ele fala.—Agora,
você ficará bem bebê.
Talvez quem sabe, eu não fique?

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Ver a mamãe...
Não sei descrever o que me deu, mas
comecei a chorar assim que ela e papai entraram no
quarto, fiquei com o coração apertado em vê-los
chorando tanto, acho que em todos os meus anos
com meus pais só vi papai chorando no dia da
minha formatura, todas as outras vezes mamãe
estava lá chorando muito.
Sentir que estão aqui me deixa mais segura.
Mamãe me tocou as faces, soluçava
inconsolada, papai segurou a minha mão cheio de
pesar, tinha dentro de mim um imenso medo
quando acordei e isso só se consolidou quando eu
os vi, porque me fez perceber que se eu morresse
eu nunca mais os veria.
Nestas horas sei que a família se une, não
importa o que tenha acontecido.
Não falamos nada, eles choraram e
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choraram, me olhavam, mamãe me abraçou e ali eu


vi o Hades e a Kellen saírem do quarto, foi um
momento em que encontrei um pouquinho de paz
depois de tudo.
Meus pais se importam comigo, eles me
amam, mesmo que não falem ou demonstrem, sei
que sim.
Não vou conseguir esquecer tudo o que
houve com a minha irmã, só que isso é muito
pequeno em vista de tudo o que passei a alguns
momentos, meu corpo está frágil e dolorido, mas
por dentro sinto como se aos poucos minha mente
se situasse.
Por fim, depois de muito choro, eles saíram
do quarto, o Hades voltou e uma enfermeira me
medicou, então eu dormi, dormi muito, acordei
agora a pouco, o Hades não está mais aqui, só a
Kellen, fico lembrando do jeito como meus pais me
olharam e me sinto ainda mais segura de algumas
coisas.
Não desejei por um segundo ver minha
irmã, mas saber que meus pais vieram me
confortou, afinal de contas são meus pais.
—Hora da comida querida!
Fico olhando para essa mulher, ela sorri
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mantendo a bandeja de hospital perto, ontem não


comi nada, não queria comer, hoje continuo sem
fome, mas me sentindo mais desperta e com menos
dor na cabeça ao menos.
Se eu não me mover ok, se eu se mover
tudo dói, principalmente minha barriga, fico
olhando para a parte enfaixada no meu ventre,
parece que fizeram uma cirurgia de parto, tem uma
cicatriz bem lá embaixo.
—Eles tiraram meu útero?—pergunto
criando coragem.
Sei que não servia para nada, mas é o meu
corpo.
—Não—Kellen pega o prato de sopa.—
Vamos, você tem que comer para poder ter alta
mais rápido.
Se for assim tudo bem.
A enfermeira mexe na cama, minhas costas
doem conforme a cama vai se erguendo, quando
fico numa posição mais para sentada, Kellen indica
a colher.
—Abre a boquinha.
Ela está me tratando feito um bebê.
Fico constrangida, mas obedeço, porque não
consigo nem pensar em mover os braços mais que
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necessário, tem uns aparelhos ligados no meu peito,


estou toda enfaixada, acho que tem ponto até na
minha boca, é inútil pensar que não preciso de
ninguém.
Claro que não pensei que esse alguém fosse
ela, porque até uns dias atrás ela me detestava, só
que agora sua generosidade e carinho mostram que
ela é uma pessoa maravilhosa, mesmo que às vezes
um pouco dura.
A sopa não tem gosto algum, sopa de
hospital, água costuma ser melhor, faço uma careta,
ela sorri.
—Eles reconstruíram suas trompas a lazer,
felizmente a hemorragia foi controlada, como é um
órgão que pode se reconstruir com o passar dos
anos com certeza vai se recuperar.
—Eu não pensei que isso seria possível.
—Estamos no melhor hospital de Palo Alto,
o Lorenzo pediu a um amigo de Stanford que viesse
cuidar de você, ele é especialista em ginecologia e
obstetrícia.
—Ah!—estou surpresa, ela me dá mais uma
colherada e aceito.
—Não se preocupe, você está sendo bem
cuidada—ela sorri.—Logo, logo estaremos em casa
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querida, o H ficou completamente louco quando


você deu entrada no hospital, Caio nos ligou e
viemos de imediato.
—E o aniversário da Affie?
—Viviana, você não é menos importante do
que um aniversário, eu já disse, não precisa se
sentir culpada, aniversário é um gesto simbólico,
você é uma pessoa, alguém que amamos, que o H
ama, tem que parar de se minimizar.
Fico envergonhada pela repreensão.
—Não tem que se preocupar com isso, o
aniversário da Affie pode muito bem esperar.
—Só não queria submeter vocês a isso.
—Você está se culpando por ter tentado
viver a sua vida e o seu ex-marido louco te
machucar? Sério?
Ela está indignada, mas é assim que me
sinto.
—querida não é sua culpa que o Carl não
aceitou o término, ele quem estava errado do início
ao fim, ele deveria ter aceito o divórcio e seguido
com a vida dele porque se ele tivesse um pingo de
consideração por você ele não teria feito isso.
Sei que ela tem razão, mas o peso na
consciência é maior.
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—Ele fez tudo isso para que se sentisse


culpada, porque uma pessoa abusiva sempre faz
com que a vítima se sinta assim.
—Não adianta muito Kellen, porque ele está
morto—digo com remorso.
—Ele procurou isso, não você.
—Talvez se eu tivesse escutado ele quando
foi ao meu prédio...
—Ele fez tudo de caso pensado Viviana,
não importava o que dissesse, ele faria isso, haviam
passagens no carro dele, ele planejava matar você e
o Hades e ir para o Havaí, ele fez tudo de caso
pensado.
Engulo a seco.
—Ele espancou você, iria te matar, ele é o
culpado por você estar sentindo tanta dor, por estar
machucada, ele não merece que se sinta assim, nem
morto nem vivo, você não merece se sentir assim
por esse cara.
Começo a chorar, não sei se pelo o que ela
fala ou em constar que o Carl se foi, é difícil pensar
que vivi tantos anos da minha vida com ele e agora
ele está morto, é fácil conviver com a imagem dele
vivo, até mesmo com a Trisha, mas agora não, ele
não estará mais aqui.
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É estranha a sensação de falta, ainda mais


de alguém que me deixou numa cama de hospital,
mesmo ouvindo todos esses absurdos ainda percebo
que parcela da minha parte vivi com ele, dormi
com ele, fui sua namorada, ele foi um cara legal
comigo uma vez e me tratou super bem, me levou
ao cinema e disse que me amava todas as vezes que
estávamos juntos.
Ele se foi.
—Ah querida!—Kellen fala num tom de
repreensão e deixa o prato em cima da bandeja,
depois se inclina e me abraça com cuidado.
Foram muitos anos da minha vida para o
Carl me deixar tão rápido em todos os sentidos.
Deveria me sentir bem?
Não é por ele, é por conta da pessoa que ele
foi para mim por um tempo, agora nesse momento
minha vida deu uma reviravolta imensa, só espero
que tudo fique bem.

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—Oi amor.
—Oi.
Ele entra no quarto com todos esses balões
e um buquê de flores, é quase impossível não sorrir,
ainda mais me chamando de amor, a enfermeira
fica suspirando, eu também, porque ter um Hades
na vida é algo inexplicável e maravilhoso.
—Mamãe, pode ir, fico com ela hoje.
—Tá ok.
Ontem a Affie ficou, antes de ontem foi o
Lorenzo e antes foi o Hades, eles tem revezado dia
a dia para ficar comigo, hoje inteira uma semana
que acordei do coma, estou melhor, os ossos se
recuperando, e alguns pontos já estão melhores,
Hades se aproxima e prende os balões na cabeceira
da cama, entrega as flores para a enfermeira, Kellen

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se aproxima e me dá um beijo na testa.


—Nos vemos amanhã querida.
—Tá, obrigada.
—De nada.
É só que ela cuida tão bem de mim que eu
fico me perguntando como ela consegue, Lorenzo
na maioria do dia é um acompanhante silencioso,
me comuniquei com ele escrevendo numa lousa,
Affie trouxe esmaltes e pintou as minhas unhas do
pé, mas a Kellen é como uma psicóloga comigo,
conversamos tanto sobre mim nesses dias.
Papai e mamãe vem na hora da visita, eles
ainda parecem bastante receosos, só que tem vindo
me ver, mamãe fica me abraçando, eles trazem
flores e balinhas, confesso que não esperava isso
deles, ao menos não que viessem todos os dias.
—Como estamos hoje amor?
—Bem, dentro do possível.
—Ainda muita dor no corpo?
—Só quando me mexo muito.
Tem muitos hematomas na minha barriga,
no meu rosto, quando fui retirada para meu
primeiro banho a Kellen me colocou diante de um
espelho e eu estava vendo as marcas escuras que o
Carl deixou no meu rosto, meu nariz tem um
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curativo e dois tampões, eles tiveram que dar


pontos na minha boca, em um canto da minha testa,
e na cabeça, porque ele me machucou muito.
Não consigo sentir raiva, só me sinto
estranhamente aliviada.
Ele se foi, foi e levou com ele tudo de ruim
que me fez, o preço que ele pagou por ter atentado
contra a minha vida já é o suficiente, é pecado
pensar assim, mas é a verdade, nunca desejaria sua
morte, mas ele morreu.
Não posso fazer nada.
Estava muito sensível no início da semana,
mas a Kellen e eu conversamos e depois de saber o
que ele pretendia, foi como um consolo saber que
ele não está mais aqui, sinto muito pelos pais e
familiares dele, mas não foi minha culpa.
Que culpa tenho de ter tentado prosseguir?
Que culpa tenho dele ter me traído e eu feito o
melhor para mim? Por algum acaso ele era meu
dono? Eu era um bicho que ele deveria dar atenção
quando quisesse e descartar para depois me querer
de volta?
Fiquei refletindo muito sobre isso nos meus
primeiros dias depois que acordei porque sentia a
culpa, mas agora ela está me deixando, a
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consciência vem tomando mais espaço, chorei sim


por tudo o que tivemos, pela lembrança do que ele
representou na minha vida, mas acabou.
Carl quase acabou com a minha vida.
—Se tudo der certo semana que vem você
tem alta—Hades diz e me dá um beijo na testa.—A
vovó mandou um abraço.
—Diga a Glenda que eu mandei outro—
sorrio e aperto sua mão.—Obrigada por tirar esse
tempinho para vir ficar comigo.
—Não tem que agradecer, é o meu dever
como esposo, não consigo nem pensar direito
quando estou na empresa, fico lá mesmo por
obrigação.
Hades estende a mão e toca a minha face,
tão logo percebo a aliança em seu dedo, fico
ligeiramente emocionada.
Ele está usando aliança.
—Sei que não gosta da ideia, mas a mamãe
disse que prefere que eu use, para que ninguém me
roube de você.—ele fala sem graça.
Hades Collins é o cara mais gentil, sincero e
honesto que conheço em anos.
Ele fisicamente não é a figura perfeita, nem
vive engravatado ou falando de casos bem
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sucedidos do estado da Virgínia, eu ainda não sei


qual seu prato predileto nem qual a cor favorita
dele, mas sei que ele gosta de mim o suficiente para
merecer tudo o que possa lhe oferecer, mesmo que
não seja muito.
—Pode usar—digo e sorrio.—Eu também
quero usar.
—Quer?—ele indaga.
—Quero—digo. —, mas sem casamentos
grandes.
—Você quer casar mon pettit?—questiona
incrédulo.
—Não é o que você queria?
—É sim, eu aceito.
Rio.
Hades se inclina e me abraça com todo zelo
do mundo, sinto o cheiro do perfume dele e estou
novamente suspirando.
—Eu te amo tanto Viviana—ele diz
baixinhinho. — Obrigado por aceitar.
Meu coração fica disparando com isso, não
estou surpresa em ouvir, mas surpresa em me sentir
assim ouvindo, pensar que ele me ama é uma coisa,
saber é outra totalmente diferente. É algo forte e
maravilhoso.
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—Obrigada por não pedir.


Rimos.
Ele me fita com cara de choro.
—Não é óbvio que eu te ame também?—
pergunto com lágrimas nos olhos.
—Não, você não disse...
—Mas eu amo, amo você—interrompo ele.
—Amo mais que qualquer coisa que já amei, estou
apaixonada por você Hades, meu marido
inconsequente de Las Vegas.
—Está?—ele sorri tocando a minha face.—
Não sabe o quanto isso me deixa feliz Viviana.
—Eu sei porque também estou feliz—
replico.— Eu te amo.
—Poderia te apertar muito agora se não
estivesse tão machucada.—Hades sorri
emocionado.
—Você poderá apertar assim que nós
estivermos em casa.
Hades me ama.
Eu o amo.
É isso, e será isso, até o resto da minha vida,
me apaixonei por ele, porque devo esconder os
sentimentos? Valeria apena?
—Te amo—Hades me dá um selinho.—Te
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amo muito.
—Se eu conseguisse levantar os braços
agora com certeza te agarraria pelo pescoço.—
confesso.
—Não importa, eu te agarro bebê.
Ele se inclina e me abraça de novo, todo o
cuidado do mundo em seu jeito, o calor em seu
corpo, e meu coração se derretendo todo por ele,
sorrio, porque daqui vejo através da janelinha da
porta, três pessoas muito especiais para ele, e que
agora farão parte da minha vida para sempre.
Sua família, minha família.
Affie, Lorenzo e Kellen, eles sorriem e nos
olham através da janelinha da porta, choro um
pouco, vejo o rosto do Z surgindo na janelinha e
sorrio ainda mais.
Esta é a minha nova família, meu novo lar.
Sei que sim.

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—Calma mãe, vai devagar ai...


—Hades eu estou bem.
Fico vendo ele todo nervoso enquanto
empurra a cadeira de rodas até a sala, Affie vai na
frente toda falante, Lorenzo aparece com um
avental cor de rosa, hoje ele quem está cuidando do
almoço, Kellen foi até o hospital me buscar com o
Hades, desde que ganhei alta ele não para de repetir
o quanto devem tomar cuidado comigo, que não
temos que ter pressa, ele está me tratando como se
eu fosse de vidro.
E olha que eu já me recuperei da maioria
das fraturas, agora, segundo o médico é questão de
tempo até que as marcas escuras despareçam do
meu rosto, ainda hoje tirei os curativos do meu
nariz, os tampões, alguns pontos que tinham na
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minha testa já caíram.


Também, depois de quase um mês no
hospital, se não caíssem...
Felizmente tenho uma ótima recuperação,
rápida, cicatrizo mais rápido.
—Bem vinda—Affie indica uma faixa que
pendurou na sala da casa de hóspedes com orgulho.
—Ao seu lar.
—Ai, obrigada.—digo com um sorriso
imenso.
Não há espaço para tristeza nem tem
havido.
Está tudo tão bem assim que mal cabe em
mim toda a felicidade que tenho sentido em fazer
parte dessa família, meus pais partiram ontem para
casa, depois de mais de vinte dias longe eles enfim
decidiram ir, combinamos de que viriam me ver em
alguns dias.
E foi melhor assim.
Soube que a Trisha não está sabendo como
lidar com a gravidez e com tudo o que houve e que
por este motivo ela decidiu interromper a gravidez,
meus pais são contra, eu não a vi porém mamãe me
disse que ela está nessa encruzilhada.
Acho que ela pensou mesmo que o Carl
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ficaria com ela, que a apoiaria, assim como eu


pensei que seria, mas não foi assim, infelizmente
para ela essa criança se caso nasça não terá um pai.
Meus pais entendem que não quero vê-la e
sabem que ela se me ver talvez se sinta ainda pior,
só que tiveram que voltar para casa porque ela não
está nada bem.
Foram dias em que contei mais com a
presença deles, eles reversaram para ficar comigo
de acompanhante e com a Kellen e o Hades, porque
o Hades teve que voltar ao trabalho firme e a
Kellen teve que voltar para casa, para resolver as
coisas de Owen e Glenda.
Foi um bom mês, ainda que tenha ficado
presa naquele hospital, mal via a hora de sair, de
poder respirar longe do cheiro de álcool, quando o
médico me disse ontem que eu ganharia alta mal
conseguia acreditar.
Escutei um pouco do lado da minha mãe,
um pouco do lado do meu pai, havia muito
arrependimento neles, ainda há, eles estão tentando
se redimir, eu só estou tentando ficar bem, cuidar
das feridas internas, às vezes quando lembro de
toda a história meu coração vai me dizendo que
devo esquecer, deixar de lado e prosseguir.
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Porque não vai adiantar ficar chorando, eu


já estava ficando bem antes do Carl aparecer
novamente na minha vida e causar tudo isso, agora
só quero seguir com a minha vida ao lado das
pessoas que amo.
—E eu fiz lasanha com o papai.—Affie
revela sorridente.
—Obrigada Affie.
Me levanto da cadeira, ela me abraça com
bastante cuidado, ainda me recupero dos pontos no
pé da barriga, das costelas, mas todo o resto dentro
do possível está bem.
—Que nada.—ela fica vermelha.
Hades me pega no colo e me carrega até os
sofás, fecho a cara.
—Aqui—ele me coloca lá com cuidado
demais.—Nada de fazer esforço.
—Eu estou bem—retruco.
—Mas tem que manter repouso.—retruca.
Reviro os olhos, Hades se senta ao meu lado
e me dá um selinho, suspiro, odeio quando ele me
irrita e depois fica mansinho.
—Está bem.
Hades enfia a mão no bolso, retira de lá um
anel que eu já conheço, mas que não uso desde que
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entrei no hospital, ele segura a minha mão e coloca


o anel no meu dedo anelar, fico sorrindo, estendo
os braços e o abraço, estou tão feliz de saber que
voltei para casa, para ele.
—Estou tão feliz de estar em casa.—
confesso sincera.
—Eu também bebê.
Me encosto nele, ouço as batidas de seu
coração, a tagarelice de Affie, as reclamações da
Kellen, mas estou muito feliz, mais que isso, estou
em meu lar, lugar de onde nunca quis sair.
Ao lado do homem que eu amo.

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Hades contratou uma fisioterapeuta, uma


professora de natação e um instrutor de ioga.
No começo do mês eu estava assustada com
aquela agenda cheia de afazeres para mim durante a
semana, mas agora estou começando até a gostar
das sessões com as meninas, que na realidade são
todas da mesma empresa que atende a domicílio.
A Kellen tem sido um anjo, vem e prepara
as refeições, me acompanha em tudo, cada dia que
passa me sinto um pouco mais próxima dela e da
família dele, aos fins de semana os avós do Hades
tem vindo nos ver, tem sido dias muito tranquilos e
ao mesmo tempo, domingos cobertos de alegria.
Ontem tive meu retorno com o médico,
graças a Deus está tudo bem agora, os pontos da
minha cirurgia caíram sozinhos, os hematomas no
meu rosto já começaram a clarear e meu nariz está
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bem, totalmente recuperado, apesar das cicatrizes


estou me recuperando muito bem.
É bom estar aqui cercada por pessoas
positivas e que cuidam de mim, Affie me faz
companhia às vezes quando o Hades demora, Z
veio duas vezes este mês para nos visitar, e o
Lorenzo é um poço de cultura, me trouxe
excelentes livros para que eu leia nas horas vagas.
Hoje é, o último domingo do mês.
Hades tem dormido comigo na cama, adoro
poder sentir o calor dos seus braços pela manhã,
como agora, ele dorme feito pedra ao meu lado, em
boa parte, a verdade é que acho que ele me motiva
a me recuperar rápido, ele tem ido trabalhar, mas
aos fins de semana me ajuda a nadar na piscina e a
fazer exercícios recomendados pela fisioterapeuta,
se tudo ocorrer bem até o mês que vem eu não
precisarei mais de acompanhamentos tão
frequentes.
—Amor.—sacudo o ombro dele com
cuidado.
Aprendi bastante esse mês, principalmente
como ter cuidado para não assustar o Hades ou o
Lorenzo, a Kellen me ensinou a me comunicar
melhor de várias formas.
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Hades abre os olhos e me fita sonolento, ele


demora para ficar mais desperto.
—Bebê—ele diz.—O que foi?
—O que quer para o café?
—Waffles—ele estende a mão, toca minha
face com carinho.—Bom dia meu amor.
—Bom dia meu amor—estendo a mão e
coloco sob a dele, beijo a palma da mão grande.—
Me deixa pelo ou menos preparar seu café hoje?
—Bebê você tem que ficar de repouso.
—Mas eu já fico a semana toda, não vai me
fazer mal, minha menstruação já nem vem mais,
não há risco, o médico disse lembra?
—Lembro.
Ele me acompanhou no médico.
—Então.—digo.
—Está bem, mas eu fico com a parte difícil.
—Combinado.
Me inclino e lhe dou um beijo, ele passa a o
braço envolta de mim, sua boca começa a tomar a
minha com mais vontade, fico sem ar conforme ele
vai aprofundando mais o beijo. Sei que ele sente
falta.
Muita falta, também sinto, só que agora é
diferente.
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—Quero que fique bem logo amor—ele se


afasta me fitando.
—​Me acha desejável mesmo assim?
—Se eu acho? Poxa meu amor, já faz mais
de dois meses.
Ainda não conversamos sobre sexo nem
sobre nosso relacionamento, sei que o Hades e eu já
temos algo bem concreto e sério, ele quer casar e eu
aceitei, estou feliz em morar com ele, só que ainda
não tivemos tempo para falar profundamente sobre
o assunto.
—Espero que fique bem logo para que
possamos voltar a ter nossa vida conjugal.
Não tinha percebido nem dado tanto valor,
mas ele tem encarado esse casamento de forma
bem séria desde o começo.
Ele me trata como sua esposa, como alguém
que ele cuida e respeita, alguém que ele ama, acho
que eu tinha um tampão na visão para não perceber
o quanto ele gosta de mim desde o começo, não
pela pouca idade, mas por quem eu sou de verdade,
ele me ama do jeito que eu sou.
—Você quer se casar na igreja?
—Na verdade se nos casarmos no civil tudo
já estará ótimo.
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—Hades eu não tive a oportunidade de dizer


para você sobre como me sinto em relação a você.
Tem sido tão bom estar aqui, eu adoro cada
momento com você, com sua família, eu me
apaixonei por você desde que você me trouxe para
cá, não sei em qual momento, mas já te amava, eu
só tinha muito medo de falar e parecer que era
precipitada ou tola.
—Não é—ele repreende.—Eu te amo já a
algum tempo Viviana, eu não pensei que por
alguma eventualidade nós nos casaríamos em Las
Vegas, mas aconteceu e eu não me arrependo.
—Nem eu.—sorrio.
—Eu me lembro que quando eu te vi eu
estava decidido a te ter para mim e não me
arrependo—ele revela.—Já faz uns 10 anos desde a
primeira vez que eu te vi.
10 anos?
—Estranho né?—ele sorri e se afasta um
pouco.— Sei que ficaria brava se eu houvesse
falado, mas eu sabia que estaria em Las Vegas,
também já sabia do seu divórcio, eu apenas não
contava com o fato de que você me daria mesmo
uma chance.
Fico calada encarando-o, Hades me fita e
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todas as coisas dentro de mim vão ficando mais


fortes, minha memória não retornou desde aquela
noite, mas nunca pensei que ele me falaria isso em
toda a minha vida.
—Chame de persistência—ele diz.
—Persistência?—repito ainda incrédula,
não consigo entender nada.
Como assim há 10 anos? Nunca o conheci
antes de Las Vegas.
—Mamãe disse que eu deveria te contar,
mas tive que esperar você ficar bem para te dizer
que eu estou apaixonado por você já a algum
tempo, é difícil lidar com isso desde então, porque
sempre houve o seu marido na sua vida, desde a
primeira vez em que te vi na C&C, na filial da
Virgínia.
—Hades do que está falando?
—Eu estou falando que te amo a 10 anos
Viviana.
—É muito tempo.
—É o nosso tempo.
Ele me analisa, não está triste, mas também
não está tão animado, parece apenas tomado por
um medo discreto.
—Eu tinha 16 anos quando te vi pela
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primeira vez na empresa, mamãe me levou lá para


conhecer aquela filial, me lembro que eu estava
jogando vídeo game quando você passou pelo
corredor e foi buscar uma caneca de café, você
estava usando uma saia longa e uma blusa de seda,
seus cabelos estavam presos e calçava um sapato
preto alto, fiquei olhando para sua bunda.
—Hades!—exclamo horrorizada.
—O que?—ele ri.—Sua bunda é muito
bonita.
—Você foi como visitante?
—Mamãe tinha negócios a resolver lá, por
isso eu fui, depois daquele dia não parava de pensar
em você, mesmo sendo casada eu ficava querendo
saber mais sobre você, tantas coisas—ele suspira—
só que eu tinha entrado para a faculdade e aquela
fantasia de adolescente logo virou uma lembrança,
me ocupei com os estudos e com as empresas da
mamãe, por uma infeliz coincidência, eu soube
através de um relatório que você havia sido
demitida, liguei na sua filial e procurei saber o que
aconteceu.
Porra!
—Eu realmente queria ter uma chance de ao
menos te conhecer pessoalmente, soube que você
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havia ido para Las Vegas.


—Você me espionou?
—Não, eu paguei alguém para fazer isso,
são duas coisas bem diferentes.
Estreito os olhos, Hades sorri.
—Em Vegas tudo aconteceu e eu mal
acreditava que você era minha, foi uma loucura
mas não me arrependo nem por um segundo de ter
ido atrás de você—ele continua.—Eu não esperava
mesmo que você me desse uma chance e tal, mas
você deu e eu a peguei, agora você é minha esposa
e não vou permitir ficar mais dez anos longe de
você de novo.
Fico fitando-o sem saber o que falar,
constantemente me deixa sem palavras, mas isso?
Isso foge de qualquer realidade.
—Contei para mamãe que você era um
antigo amor da adolescência.
—O amor não correspondido?
—Sim, essa mesma.
—Mas... Mas...
—Não fique brava.
—Não estou brava.
—Não?
—Absolutamente não.
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—Você vai continuar me olhando como se


eu fosse um bicho de sete cabeças?
—É que é difícil acreditar nisso tudo sabe?
Não em você mas...
—Eu sei, acredite, eu realmente tentei não ir
atrás de você, mas não consegui.
Me ergo, fico sentada na cama encarando
cada afirmação e sento adulta o suficiente para não
surtar.
Hades tem uma paixão oculta por mim há
dez anos!
Hades foi atrás de mim em Las Vegas!
Ele já me conhecia, sabia sobre minha vida.
Ele não mentiu para mim, mas me omitiu
isso, contudo dadas as circunstâncias, estou mesmo
ciente de que se ele houvesse dito eu com certeza
ficaria assustada.
Nunca se quer me passou pela mente que
ele poderia me conhecer antes de Las Vegas, eu
quase não me lembro direito do que aconteceu.
Lógico, porque eu bebi tanto, mas tanto que
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nem tive tempo para lembrar.


—Você está zangada não é?—Hades
questiona, os olhos castanhos cobertos de incerteza.
—Não queria te assustar, nem que isso fosse
motivo para você se aproximar de mim, queria que
gostasse de mim por quem eu sou.
—Eu gosto de você por quem você é Hades,
só que Dez anos é muito tempo.—retruco nervosa.
—Eu não me importo com isso, vivemos o
que tínhamos de viver.
—E se eu não houvesse me divorciado?
—Você continuaria sem saber.
—Não seria justo com você.
—Pode não parecer Viviana, mas eu te amo
tanto, tanto que não suportaria a ideia de te ver
infeliz, só de saber que você estava bem eu já me
sentia confortado.
Cada palavra vai provocando em mim algo
que me deixa ainda mais balançada por esse
homem.
—Eu tive notícias suas a cada dois anos,
mas sabia que era algo impossível, você tinha um
casamento estável e duradouro, era feliz, nunca me
atreveria a arruinar o que você tinha com ele.
—Então você me espionou?
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—Não espionar, paguei a alguém que


vigiasse você às vezes, só que nos últimos dois
anos com a expansão da empresa confesso que
fiquei meio afastado.
—Você sabia tudo sobre mim?
—Tudo, tudo não, mas só que continuava
casada e que morava no mesmo lugar.
Hades olha para o lado, está envergonhado.
—Sinto muito bebê, precisava saber se
estava segura, bem, quando soube que se divorciou
eu não queria saber de mais nada, cancelei minha
agenda e fui para Las Vegas, te encontrar lá sem
aquela aliança no dedo me deixou tão feliz, só
queria poder te conhecer, saber o seus hobbies, no
final da noite nós dois bebemos bastante e fomos
para o hotel, te ter na cama superou todas as
expectativas.
O calor vai subindo as minhas faces.
—Eu também bebi muito, mas acho que
você é mais fraca para bebida.
—Só me lembro de termos nos conhecido
no bar do cassino.
—Sim, te ofereci uma bebida, você aceitou
então começamos a conversar, acho que depois da
sétima doze te chamei para ir para meu cassino e
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você concordou.
—Depois fizemos amor.
—Sim, fizemos amor, e depois transamos e
logo em seguida fizemos amor de novo.
—Ok, me poupe dos detalhes sórdidos.
Hades se inclina e me rouba um beijo.
—O que importa é que te amo, te amo
demais bebê.
—Isso explica porque insistiu tanto para
que eu não anulasse o casamento, porque não quis
me deixar ir.
—E não vou deixar, nunca mais.
Quando me arranca um sorriso, ele me
beija.
—Tenho certeza que não meu amor
persistente e teimoso.
—Agora tudo o que quero é apenas que nós
dois fiquemos juntos, sinto muito não ter dito.
—Você fez bem, eu teria te largado na
primeira chance.
Olho para as minhas mãos tão consciente
dos sentimentos.
—Eu tive medo de te amar Hades porque
tinha saído de um relacionamento bem longo,
queria me sentir auto suficiente e autônoma, queria
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sentir que eu era dona da minha vida e não que a


minha vida era atribuída ao Carl e ao nosso
casamento.
—Não poderia te deixar ir.
—Sei que não, só que eu precisava pensar,
estava tão confusa, havia deixado meu ex para trás
e você apareceu na minha vida, tive medo de que as
coisas não fossem bem entre nós.
—É normal bebê, eu também tenho medo às
vezes.
—Mas você me cativou e me ensinou que
nem todos os homens são como ele era, é carinhoso
e cuida de mim, eu aprendi a amar você Hades,
pelo o que você é para mim e não me arrependo de
nada.
—Nem eu.
Nos olhamos por um extenso momento.
—Eu te amo e isso é o que importa.—
afirmo segura de mim.
—Eu também te amo bebê.
Quando ele me beija tenho certeza de que
todo o resto é irrelevante.

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—Tá nervosa?
—Não muito.
Não posso dizer que é um tipo de
nervosismo, só estou tensa.
Papai me estende o braço e fico me
perguntando por que Kellen inventou toda essa
coisa de eu entrar de véu e grinalda, imagino que
seja uma idealização pessoal do Hades que ele não
quis me dizer e que, contudo é um fato de que para
se casar diante de um padre, eu tenha que estar
tradicionalmente de noiva, só que não acho que
precisasse de tanto.
Quem diria que eu aos 37 anos me casaria
novamente de véu e grinalda? E agora, ainda por
cima usando um vestido de quase quarenta mil
dólares?
Não consigo ter recordações do meu
primeiro casamento nessa hora e conforme papai
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vai me conduzindo até o lugar do jardim onde estão


as fileiras com os convidados, meu coração vai
disparando e disparando.
Não vejo o Hades desde ontem à noite.
Ele não teve despedida de solteiro, na
realidade a despedida que ele teve foi bem mais
puxada e complexa, trabalhou até de madrugada
com o Z para que pudéssemos viajar em nossa lua
de mel, ele insiste nessa viagem desde que me
pediu em casamento há duas semanas.
Confesso que não esperava que ele fosse
pedir, mas ele pediu, formalizou durante um jantar
em nossa casa—de hóspedes—com toda a família
dele, nessa mesma noite, Affie comemorou seu
aniversário de 22 anos.
Cantamos parabéns para ela e Kellen exibiu
um bolo cor de rosa que fez para a filha, mas
durante a sobremesa tudo o que Kellen e Affie
falavam era sobre meu casamento, que Hades fez
questão de que fosse hoje, ou seja, duas semanas
depois do pedido.
Não que ache ruim, já estamos casados, só
que tudo acontecesse tão rápido que ainda me sinto
meio por fora de tudo.
Foram duas semanas de consultas a uma
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estilista, decoradora, recebemos a visita de um


organizador de festas e fiz teste de todo o buffet
que iriamos ter em nosso casamento.
Nos aproximamos do caminho que dá para
o altar que montaram no jardim dos Collins, tem
uma fileira com pessoas que nunca vi na vida,
poucos rostos conhecidos, e na outra, estão minha
mãe e alguns tios, meus avós, faz tanto tempo que
não vejo algumas dessas pessoas que fico
impressionada.
Affie vai na frente carregando um buquê de
madrinha, Kellen arrumou uma criança para ir
ainda mais adiante jogando flores, tem um lindo
altar mais adiante com um arco de flores que eu
mesma escolhi para hoje, no centro, um padre de
idade e a direita, meu marido.
É, o Hades já é o meu marido, tudo isso é só
uma formalidade.
Peito estufado, barba feita e completamente
tirada, cabelos cortados e um smoking caro
definem a aparência dele agora, as mãos para frente
e toda essa altura incrível dele, ele realmente ficou
muito bem de smoking.
Ele é lindo.
Estamos morando juntos e tem sido tão
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incrível poder conhecê-lo, contar com ele, com o


apoio de sua família, tem sido muito bom desde
que ele me contou sobre me conhecer antes, me
sinto honrada e orgulhosa de saber que agora me
caso com um bom homem, responsável e que me
ama.
Alguém que eu sei que não me machucará
apesar dos defeitos.
Papai segura as pontas do véu e me olha no
fundo dos olhos, em seu terno impecável vejo o
homem que já me levou ao altar uma primeira vez,
só que agora ele mantém muito mais humildade e
carinho por mim do que antes.
Ele beija a minha cabeça e segura a minha
mão, a entrega a Hades.
—Cuide dela rapaz.—aconselha e dá um
rápido abraço nele.
—Oh—Hades deixa escapar todo nervoso.
—Cuido sim, pode deixar.
Não pensei que ele ficaria nervoso, mas ele
está.
É a primeira vez dele em tudo isso, com
certeza ele nunca viveu algo parecido, é normal que
se sinta nervoso, sorrio e entrego meu buquê para
Kellen, ela está ao lado dele usando um vestido
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azul de seda lindo, chora bastante.


Me viro para o padre segurando a mão do
Hades, meu anel de noivado é o mesmo que ele me
deu quando nos conhecemos, não é um anel de
vidro ou de brilhantes, é diamante, um diamante
caro e raro que a Affie me revelou ter custado
milhões de dólares.
Mas isso não faz diferença.
Se ele é um CEO super desejado e rico não
vai mudar nada o que sinto por ele, porque eu o
amo e assim será até o resto de meus dias.
Hades Collins é meu, só meu e eu dele.
A partir de hoje um pouco mais.

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—O que achou?
—É lindo.
Não tive muita chance de me divertir na
festa, mais fiquei sentada cumprimentando todos os
convidados do que tudo. Vi um Z todo feliz
dançando com uma Affie que parecia uma
bailarina, meus sogros—sim, agora oficialmente—
dançavam como se o mundo fosse acabar e meus
pais enfim se entregaram aos encantos dos Collins
e aceitaram se divertir um pouco.
Não quis pensar na minha irmã, ela não foi
e foi melhor do jeito que foi.
Não perguntei sobre ela para os meus pais e
nem eles fizeram questão de falar, mas acho que as
coisas melhoraram um pouco.
Hades me tirou apenas para a valsa
tradicional logo que fomos para as tendas no
jardim, o dia estava ensolarado em Palo Alto,
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mesmo que calor, eu tirei muitas fotos com ele a


pedido da Kellen, no jardim, durante a festa de
casamento, depois troquei de vestido e voltei para a
cadeira.
Conheci os parentes gregos do Hades, os
Galeses e alguns hispânicos, papai se identificou
com alguns amigos do Lorenzo, ele até encontrou
um jeito de se comunicar com ele, no final da tarde
eu e Hades partimos sob uma chuva de arroz
ouvindo nossas mães trocando receitas de bolo.
Me perguntei intimamente se em algum
momento meus pais tinham essa intimidade com a
família do Carl e só uma palavra me vinha a
cabeça: não.
E foi melhor assim, vivi tudo o que tinha de
viver com ele, vivi o luto de ter que lidar com a
separação e o divórcio, a dor de ser traída, agora é
prosseguir e ser feliz, ele não está mais aqui e de
nada me vale ficar lembrando ou tentando
comparar ele ao Hades.
São pessoas diferentes e eu amo que o meu
atual marido não lembre nem sombra do meu ex-
falecido marido. Não esqueci o Carl, mas não fico
lembrando muito dele, não porque não mereça, mas
porque fico deprimida quando lembro, é ruim
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pensar que ele me fez tanto mal, quase me matou.


Por isso prefiro não lembrar dele.
Meus pensamentos são abruptamente
interrompidos quando Hades me ergue no colo, rio,
ele me carrega pela casa e sobe as escadas em
silêncio.
Chegamos há umas duas horas na Espanha,
estamos em Ronda, Malaga, ele me trouxe para
essa cidade bem longe de tudo e de todos para
passar duas semanas, não soube para onde iriamos
até chegarmos no aeroporto, foi um voo cansativo e
longo, mas tão logo chegamos me senti revigorada,
também dormi bastante a caminho daqui.
Hades alugou essa casa para nós dois, um
carro, ele pensou em tudo.
Ele me coloca no chão assim que entramos
no quarto, depois abre as cortinas da janela
exibindo a vista panorâmica dos penhascos
íngremes de Ronda, toda a vista é de arrancar o
fôlego dos pulmões, envolta de nós apenas mata e
penhascos, o céu e a cidade antiga sob as rochas
altas.
Sou abraçada por trás, ele beija a minha
bochecha, meu ombro, meu pescoço para depois
subir para a orelha e demorar, fico parada
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recebendo o beijo quente e úmido de seus lábios em


minha orelha.
Me arrepio dos pés a cabeça com o beijo.
Ele enfia a mão nos meus cabelos e os puxa
para cima deslizando a língua até a minha nuca, me
inclino para frente apertando os olhos.
Suas mãos descem até meus ombros
puxando meu sobretudo para baixo, não o impeço,
me viro e minhas mãos estão desabotoando sua
jaqueta, ele beija minha cabeça e depois meus
lábios puxando o vestido que uso para cima, ergo
os braços deixando que ele o tire também.
Compreendo sua urgência, por mais que ele
pondere, eu também tenho sentido falta dele na
cama neste sentido. Temos muita química e ficar
sem sexo por tanto tempo não ajuda muito. Ele
puxa a camisa para cima e a tira do corpo, toco seu
peito, ele puxa a calça jeans tirando-a, vou para a
cama tirando o sutiã, deixo as sandálias no chão e
subo no colchão arrumado.
Me deito de costas e sinto um puxão nas
pernas, sorrio, ele tira a minha calcinha do corpo e
se inclina cheirando ela, seus olhos se mantém nos
meus, estão profundamente escuros e cheios por
um desejo que já conheço.
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Ele segura a minha perna e a puxa para


cima colocando-se dentro de mim bem devagar,
enquanto me penetra sua boca toma a minha sem
pudor, mas sem pressa, suas mãos libera a minha
perna e apalpa minha nádega me causando gemidos
na garganta, seu peito sobe e desce e minhas mãos
se enfiam em seus cabelos trazendo sua boca mais e
mais para a minha.
Toco sua face enquanto ele me penetra, seus
braços erguidos dos lados da minha cabeça, seus
quadris dançam em direção aos meus me invadindo
lentamente, sei que ele não quer me machucar,
ainda que sinta muita vontade, ele sabe que passei
por uma cirurgia bem séria.
Podemos ter relações, eu já estou bem, mas
me casei com um cara cheio de tatuagens que tem
cara de quem não presta, mas é um filho aplicado e
super dedicado a família, um marido bom e zeloso
comigo.
Toco seus ombros e suas costas, ele me
toma a boca e entra mais em mim fazendo meu
corpo subir e descer com o seu, sobe e deixa minha
boca espalhando beijos no meu pescoço, descendo
para os meus seios.
Ele esfrega as faces no meio deles e começa
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a chupar um a um com dedicação, o prazer que me


provoca fala mais alto do que todo o carinho que
ele me faz, solto gemidos e me movo com ele,
seguro seus quadris e nos observo mexendo, ele
sorri apertando meu seio direito enquanto fica meio
de lado, se ergue e puxa minha perna, me estico na
cama, ele morde meu pé enquanto faz amor
comigo, sorrio abrindo mais as pernas para ele.
Estico a mão e toco os pelos pubianos, ele
puxa a minha outra perna e mordisca meu outro pé
me dando mais e mais prazer, depois coloca a mão
no meu sexo e o aperta envolta de seu pênis me
preenchendo, me fazendo sentir seu cumprimento
todo.
Apoio os pés em seu peito e subo os quadris
para ele, Hades se inclina e me beija soltando um
gemido forte, aperto os olhos me encolhendo, o
orgasmo me alcança bem depressa.
O clímax dele me reveste toda e ele goza
com força dentro de mim.
Respiro com dificuldade, vejo seu sorriso e
ele se inclina mais para mim ficando todo dentro de
mim, liberando mais prazer para nós dois.
A lua de mel nem começou e já estou
adorando.
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—Estava aqui pensando.


—Hummm...
—Você estava linda quando chegou ao
altar, ficou perfeita de noiva.
—Você também ficou lindo.
E agora tem uma aliança de ouro em meu
anelar esquerdo, é uma joia simples e linda,
delicada, minha aliança de casamento. Faço
caracóis com seus cabelos, ele está relaxado ao meu
lado, beijo seu peito, seu sorriso me faz querer ficar
aqui para sempre.
—Você é adorável bebê—ele toca minha
face com a pontinha do indicador.—Amo cada
pequeno detalhe em você sabia?
Eu o abraço.
Me sinto tão bem ao seu lado, segura,
protegida, amada, feliz, são tantos adjetivos que
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não sei mais quais usar para atribuir a forma como


sempre fico quando o Hades está por perto.
—Fui ao médico—incerto me fita.—Ele
disse que terei que usar aparelho auditivo para me
estimular a ouvir mais e melhor, ele quer que eu
coloque eletrodos na cabeça para que funcione
melhor, pensei bem e acho que vou fazer isso.
—Não vai te prejudicar?
—Não, eu perdi um pouco da audição mas
segundo ele ainda tenho chances de ficar melhor.
—Só quero que você fique bem.
—Eu ficarei.
—Não tem que ter medo de se comunicar
comigo do seu jeito tá? Eu te amo assim.
Hades tem vergonha, ele não gosta de sentir
que precisa de ninguém, acho que inclusive ele
demorou para me falar a verdade por medo de que
eu o rejeitasse por conta da surdes.
—Só não quero que isso seja ridículo aos
olhos das outras pessoas, passei toda a minha vida
aprendendo a controlar a minha dicção, a falar
direito, tenho receio de que as pessoas fiquem rindo
de mim como quando eu era criança.
—Não vão rir—respondo.—Eu não vou
deixar ninguém te machucar meu bebê.
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—Mas que coisa mais linda, colocando


manha em mim logo no começo da lua de mel hein
senhora Collins?
Rio, subo em cima dele, Hades toca a minha
cintura e os meus quadris, minha barriga, meus
seios, ainda tenho marcas roxas por todo o corpo,
mas tudo sara. Ele se levanta e fica sentado, toca as
minhas nádegas e me puxa para junto dele.
—Sabe o que mais amo em você?
—A minha bunda?
—S sua generosidade, sua capacidade de
querer me ver bem, de me aceitar.
Minhas mãos deslizam por seus ombros.
—Só não quero que você fique preocupado
com isso, eu não me importo que você fale com a
língua de sinais.
—Confio em você bebê.
—E eu em você.
Sou puxada, ele me aperta e me abraça com
força, devolvo o abraço e beijo seu pescoço.
—Te amo tanto, parece um sonho que esteja
mesmo aqui, que nosso casamento seja real bebê.—
ele fala baixinho.
—Não é um sonho—aviso e o fito.—Eu
estou bem aqui meu amor e não irei embora por
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nada.
Hades me puxa pelos quadris e começa a
beijar meu pescoço, fecho os olhos.
—Amor...
—Te quero um pouco mais querida—ele
confessa.—Como minha amante, mais quente e
úmida para mim.
Se ele quer, quem sou eu para negar?

—Quando voltarmos para casa, teremos


tempo de receber o engenheiro e o arquiteto.
Concordo.
Estamos jantando, dormimos o dia todo
basicamente, acordei há alguns instantes e vim
preparar nosso jantar, a dispensa está bem
abastecida e a geladeira tem o bastante para nós
dois nestes dias.
Fiz frango frito com salada, não me ocorria
nada para preparar, porque eu estava faminta e não
queria fazer sanduíches.
Hades toca minha coxa, estou apenas de
calcinha, ele está nu, gosta de andar pelado quando
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estamos a sós, agora já até imagino nossa lua de


mel, ele andando para cima e para baixo assim.
—Está ótimo querida.
—Eu cozinho algo melhor amanhã, estava
com pressa.
—E te deixei de castigo né?
—Exatamente.
Não comemos desde que chegamos ontem,
nós mal conseguimos sair da cama, a noite foi mais
para descanso, mas antes disso nós dois fizemos
sexo por horas a fio, estava esgotada quando
consegui dormir.
Hades gosta de me tocar e me olhar, de me
agradar na cama e eu adoro nossa intimidade.
—Você já pensou se vai querer voltar para a
C&C?
—Bem, tem sido divertido não trabalhar
para fora, sua mãe já dá trabalho suficiente durante
o dia.
Ele ri, sabe que ela é difícil e durona, mas
faz de tudo para nos agradar, para preparar tudo
para todos na família do jeito que cada um gosta.
—Eu gosto da ideia de ter meu emprego de
volta, mas também gosto da ideia de ficar em casa
com a Kellen cuidando das suas cuecas.
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—Quero que decida fazer algo por você.


—Eu estou decidindo por mim amor, não
quero ter que me estressar com nada agora, o final
do ano está ai, agora vamos começar a mexer com
construção, há tanto a ser feito em casa que nem
consigo me imaginar administrando tudo.
—Por esse lado podemos contratar alguém
para te ajudar.
—Seria desrespeitoso com a sua mãe, ela
não gosta de ninguém perambulando pela casa dela.
Hades está reflexivo, ele coça a barba todo
duvidoso.
—Então não quer trabalhar na empresa?
—Por que você parece não gostar disso?
—Bem, é que eu pensei que veria você mais
vezes no dia na C&C, seria ótimo dividir um tempo
do meu almoço com você bebê.
Fico sorrindo, lisonjeada e contente em
ouvir isso.
—Por outro lado eu te entendo, mesmo que
você seja bem independente em muitos outros
sentidos.
—Você bem que poderia trabalhar uns dias
em casa não acha?
—Eu estava tentando fazer isso, mas não dá
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com a mamãe andando para cima e para baixo e


tagarelando.
Nós dois nos entreolhamos e rimos, é que a
Kellen é assim, muito pró-ativa e cheia de
iniciativa, ela fala sozinha as vezes, dá vontade de
rir do jeito dela.
—Vou conversar com ela—digo.—Porque
você não entende a Kellen.
—Puxa saco.
—Sou mesmo.
Eu a entendo, acho que encontrei nela uma
mãe nesses meses que fiquei de repouso, sempre
disposta a cuidar de mim, preocupada, eu gosto da
minha sogra, ela é uma pessoa muito boa para mim,
fez coisas por mim que mamãe nunca fez, também
ela é mais para frente, menos conservadora.
—Gostei do seu corte de cabelo—Hades diz
me observando.
—Você percebeu?—toco as pontas.—
Cortei pouco para o casamento.
—Ficou ainda mais linda.
Acho que o que mais aprendi a amar nele é
o fato de que ele não vive me criticando, mas não
por não se importar e sim porque ele me aceita da
forma que sou, não faz comentários ruins a respeito
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da minha aparência, ele sempre me elogia, me dá


atenção, tantas coisas que fazia tanto tempo que eu
não tinha na minha antiga vida.
—Obrigada—lhe dou um selinho.—Você é
um fofo amor.
—Estou dizendo a verdade bebê.
Fico embaraçada, Hades toca a minha face.
—É linda, linda demais.
Depois que diz me beija, me puxa para seu
colo, eu o abraço e nossos corpos estão colados de
novo, ele se ergue me levantando em seus braços.
—Não iremos muito longe assim.—digo
entre o beijo.
—Não devemos ir para nenhum outro lugar
se não o sofá nesse exato momento.
Concordo.

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Lua de mel.
Casa nova.
Construção.
Nova Vida.
Novo marido.
Novos planos.
Tudo novo.
Poderia continuar listando meus
pensamentos se não fosse todo esse barulho de
caminhões e homens andando para cima e para
baixo tão cedo. Hades está dormindo em cima de
mim e eu estou rezando para que ele acorde logo
porque estou faminta.
O único defeito que o meu marido tem
quando dorme é que quando ele está estressado às
vezes ronca, mal podia acreditar quando chegamos
de viagem depois de duas semanas ele estava
roncando, no dia seguinte quando questionei ele
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negou veemente.
Não é o caso de hoje, mas tem dia que ele
ronca tanto que dá vontade de colocar algodão na
boca dele, o pensamento me faz rir.
Três meses de casados hoje e já estou
pegando as manias, os modos, a forma dele ser, eu
já sei muitas coisas sobre ele, cor predileta é azul,
sua fruta favorita é morango, Hades odeia jiló e
adora sorvete de mirtilos, ele também gosta de
cinema e músicas eletrônicas nada do qual não
esteja já familiarizada.
Ele tem me levado ao cinema da cidade
uma vez a cada quinze dias, tenho preparado
jantares especiais às sextas feiras e aos fins de
semana fazemos programas em família, é bom
morar perto dos pais dele por isso.
Sei que ele se sente mais seguro também
por conta de tudo o que houve, acabou que a Kellen
contratou um segurança armado para dar ronda no
condomínio, todo o susto que passamos serviu para
que os Collins fiquem mais espertos sobre um
segurança.
—Amor—chamo e beijo sua cabeça.—
acorda vai.
—Não—reclama ele ainda dormindo.
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Sorrio, beijo sua testa e seus olhos, a boca


dele sobe rapidinho e encontra a mim, ele se ergue
toco seu corpo, sua bunda e seu peito.
—Você é uma chata sabia?
—Sabia, agora sai!
Ele vai para o lado praguejando, dou um
tapa na bunda dele e Hades enfia a cabeça embaixo
do travesseiro.
—Não vou te perdoar por isso esposa.
—Você ainda vai rastejar para cozinha atrás
dos meus waffles.
Escuto sua risada, saio da cama procurando
uma calcinha, é comum dormir nua, é libertador na
verdade não ter que dormir de camisola às vezes,
principalmente porque aqui faz muito calor,
estamos em outubro, segundo a Kellen até o final
do mês já começará a esfriar.
Vou para cozinha assim mesmo, bem segura
porque a Kellen não tem a chave daqui somente nós
dois.
Me sinto grata que depois de tudo o que
passamos encontrei aqui um bocado de sossego,
paz, um cantinho só meu onde tenho pessoas que
me tornam cada dia um pouco melhor, tenho me
esforçado para ser uma pessoa mais afetuosa,
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porque eu não sabia bem como me expressar antes,


agora eu sei.
Vou para o fogão e começo a preparar
nosso café, pego os ingredientes da massa no
armário e frutas na geladeira, o Hades gosta do
waffle dele com recheio de morango pela manhã,
desde que fiz o primeiro não tem sido outra, ovos
mexidos e torradas, ele também adora frutas, eu
costumo tomar um café e comer pão de forma com
queijo, quando ele acorda primeiro que eu ele quem
prepara.
Sorrio quando sinto o calor incomum me
agarrando por trás, seus braços me apertam e ganho
um beijo quente no pescoço.
—Já levantou?
—Claro né? Você me arrancou da cama.
Ele perde o sono bem fácil, eu não, mas
estes dias tenho levantado mesmo mais cedo.
—Seu pai me ligou, te disse?
Papai?
Eu o olho, ele fica parado ao meu lado, está
de cueca agora, os cabelos bagunçados e a cara
amassada, fico intrigada.
—Ele disse que a sua irmã vai dar o bebê
para adoção, ficou com medo de te ligar e falar.
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Fico horrorizada com o que ele acaba de


falar.
—Sério?
—Sim—Hades me olha e respira fundo.—
Ele sabe que falar da Trisha com você te irrita
então me pediu para te falar, os pais do Carl não
querem o bebê e sua mãe disse que não sabe se
pode assumir a responsabilidade.
—Isso não está certo, a Trisha deveria ao
menos cuidar dele.
—É, foi o que o seu pai disse que falou para
ela, mas ela ficou traumatizada e se culpa por tudo
o que o Carl te fez, eu realmente não soube o que
falar, seu pai disse que ele e sua mãe não tem
condições financeiras no momento de pegar a
criança, é uma menina.
Nossa.
Não tinha mesmo notícias da Trisha nos
últimos meses, ela não veio ao meu casamento e
preferi que fosse dessa forma, porque eu ainda
estava cheia de marcas no que se referia ao Carl e
ela, ela chegou a pensar em tirar o bebê, mas não
tirou, agora irá dar ele para a adoção?
Que irresponsabilidade Meu Deus!
—E agora?
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—E agora ela quer dar o bebê e terminar a


faculdade dela meu amor, o que podemos fazer?
Não sei.
—Eu achei irresponsável da parte da sua
irmã, mas seu pai me disse que realmente é
complicado cuidar do bebê na idade que eles estão,
senti que eles meio que querem tirar o corpo fora,
ofereci dinheiro e ele se recusou.
—Papai é muito orgulhoso.
—Exatamente.
Hades estende a mão e toca meu ombro,
seus olhos tem essa coisa que me lembra muito
algo bom, pensamentos positivos, ele me acalma
tanto.
—Poderíamos ficar com ele se você quiser.
—Como assim Hades?
—Podemos adotar esse bebê.

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Fico dura onde estou.


A sugestão do Hades é uma coisa linda e
pura, mas não é exatamente o que eu esperava
ouvir dele ou de qualquer pessoa que eu conheça e
saiba de toda a história.
Ele toca a minha face e sei o quanto é
valoroso, bondoso e carinhoso comigo, percebo em
seu olhar uma imensa vontade de sempre me ver
bem, ele tem o maior coração que eu conheço, mas
realmente não sei se estaria pronta para viver isso
agora.
Um bebê da Trisha e do Carl?
Ok, Carl morreu, ok não tenho contato com
a Trisha, mas todos os dias quando eu olhasse para
esse bebê seria como um lembrete do que eles dois
viveram pelas minhas costas.
—Ela precisa de alguém para cuidar dela.
—A Trisha é essa pessoa amor.
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—Talvez ela se quer a mereça.


O Hades é muito humano, vejo muito dele
nos pais, descobri esses meses que os Collins são
uma família envolvida em muitas causas sociais e
projetos que ajudam milhares de crianças em áreas
de risco, também sei que porque é da natureza dele
querer ajudar, é prestativo como a Kellen, todos os
filhos deles são prestativos.
—Só estou dizendo “ok” se ela não quiser o
bebê, podemos tentar cuidar do bebê não acha?
—Há um bom motivo para eu não poder ter
filhos Hades, eu não levo jeito com crianças, ainda
mais sendo um bebê que é fruto de algo que
destruiu minha vida.
—Ela não tem culpa.
Ele fala como se fosse muito normal pegar
um bebê e criar.
—Você está mesmo falando isso para mim
Hades?
Seus olhos agora ficam bem sérios.
—Bom, a Trisha é sua irmã e este bebê é
seu sobrinho...
—Ele não é minha responsabilidade!
—Você está se isentando da
responsabilidade porque não quer um filho ou
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porque ele te faz lembrar do Carl e da sua irmã?


A pergunta me deixa calada, ele se afasta
cruzando os braços.
—Eu sei que é difícil para você e tal, mas o
bebê irá para um abrigo se você não quiser ou se
sua irmã não mudar de ideia.
—Vou conversar com meus pais.
—Eles não vão querer.
—Se eu falar com eles podem sim.
—Acontece que o bebê tem síndrome de
down Viviana—retruca.—É isso, por isso seus pais
não querem, porque sabem que ele vai dar trabalho.
Não tenho resposta novamente.
Não quero sentir pena ou remorso por dizer
não para ele, mas com certeza eu nunca poderia
tomar uma decisão dessas de uma hora para outra.
Ainda mais assim.
Nunca conversei com ele profundamente
sobre ter bebês, ele sabe e a família dele também
sabe que eu sou estéril, só que ele ainda é mais
novo que eu e tal e sei que em dado momento ele
vai sim querer ter filhos, filhos que eu não poderei
dar.
Ele só tem 26 anos, é jovem e sadio, isso foi
algo que me deixou com muito receio no início,
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ainda que ele diga que não se importa de ter filhos,


olhando-o agora vejo um pouco desse desejo em
seu olhar.
Se ele não quisesse ter filhos porque iria
querer adotar esse bebê?
—Você quer um filho não é mesmo?
—Do que está falando Viviana?
—Bem, eu não posso ter filhos e não
falamos sobre isso.
—Porque não há o que falar—reclama
irritado.—Você não pode ter filhos o que eu posso
fazer? Mas isso não nos impede de tentar ajudar
essa criança Viviana, ela não tem culpa de nada.
Acho desnecessário que ele fique nervoso
assim, desligo as chamas do fogão e ligo a
cafeteira.
—Viviana, vamos conversar...
—Estava muito bom para ser verdade não é
mesmo?—pergunto magoada.—Sempre a Trisha
faz coisas para tentar me afetar, ela poderia
simplesmente cuidar desse bebê, agora quer jogar a
responsabilidade dele para mim.
—Ela não me ofereceu o bebê, seu pai me
disse e eu apenas estou colocando em pauta o
assunto porque eu sei que o bebê irá precisar de
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alguém para cuidar dele—alega Hades com


firmeza.—Ela nem sabe que eu sei.
—Sei.
—Amor...
E se aproxima, recuo um passo largo.
—Sei que você quer filhos, no fundo bem lá
no fundo quer, seria ótimo se você reconhecesse
que tem esse sonho e não usasse essa desculpa para
pegar esse bebê para criar.
—Não é por causa disso, para Viviana, do
que você está falando?
—Estou falando que não é minha
responsabilidade, se você quiser fazer isso faça
sozinho, mas não conte comigo, eu não vou cuidar
do bebê da Trisha com o Carl.
—Você ainda sente alguma coisa por ele?
—Tem noção do que você está me pedindo?
Desta vez ele fica calado.
—Sinto muito, não posso ser sua esposa
apenas porque me vê como uma idealização do
passado Hades, você tem que respeitar as minhas
decisões.
—Eu jamais te trataria assim Viviana,
respeito suas decisões sim, por isso estou te
perguntando, mas se é assim que você quer tudo
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bem.
Ele sai da cozinha todo sério.
Me aproximo da pia e respiro fundo,
começo a chorar, é involuntário.
Depois de tanto tempo brigamos, e mais
uma vez por culpa da minha irmã.

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—Viviana? O que faz aqui há essa hora?


—Vim visitar vocês mãe.
É que é muito cedo em Roanoke.
Não conseguia mais fazer e pensar em nada
depois da minha briga com o Hades, comprei as
primeiras passagens que vi pela frente e vim. Dada
a urgência de tudo isso creio que será melhor que
eu resolva com meus pais.
Entro na casa onde cresci e vivi por anos da
minha vida, ainda são 07:17 da manhã, o dia ainda
nem nasceu direito e já estou aqui pensando no que
falar para os meus pais, em como abordá-los e ver
uma forma de ajudá-los sem me prejudicar ou
prejudicar eles.
Tive que desligar meu celular porque estava
decidida a fazer isso sozinha, não é um problema
do meu marido nem de sua família, sei que nessas
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horas o Hades iria tentar interferir e que todos


ficariam muito agitados com uma viagem minha
mesmo que eu avisasse, por isso deixei um bilhete
para ele no balcão da cozinha.
Ele havia saído, sei que foi porque
brigamos, a Kellen e o Lorenzo estavam ocupados
demais conversando com os funcionários da obra
para me ver pegando um táxi, disse ao porteiro e
segurança do condomínio que iria no shopping,
enfim, estou aqui.
—O Hades não veio?
—Não, eu quero resolver isso sozinha, onde
está a Trisha?
—Dormindo.
—Ok, eu vou subir e falar com ela tudo o
que devo e quero falar e não quero ser interrompida
está bem mamãe?
—Não vão brigar, por favor.
—Só não quero você e o papai
interrompendo ok?
—Está bem Viviana.
Mamãe me dá um abraço, deixo minha mala
de mão num canto, trouxe o suficiente apenas para
um dia, já comprei minhas passagens de volta para
casa para hoje à noite.
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Tenho que resolver isso sem que ninguém


interfira.
Não sei o que farei, mas sei que não posso
continuar me corroendo ou permitindo que de
alguma forma minha irmã entre na minha vida.
Já não me basta todas as coisas que me fez,
agora isso?
Não!
A Trisha precisa aprender a ter
responsabilidades e assumir as consequências dos
atos que ela pratica, sejam bons ou maus, um filho
não é um brinquedinho que se pode querer e jogar
fora quando se cansa.
Abro a porta do quarto dela e a fecho na
chave, retiro a chave e coloco no bolso, depois vou
até as janelas e abro as cortinas juntando toda a
força e coragem que tenho dentro de mim.
Não nos vemos há tantos meses, nunca
fiquei sem ver ela mais de que pelo menos uma vez
no mês.
É só que eu também não iria adivinhar que
ela ficava mais tempo na minha própria casa do que
eu mesma com meu marido.
Eu a vejo se encolher embaixo dos
cobertores, aqui já está mais frio devido à
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aproximação de fim de ano, neva bastante durante a


época de natal, depois ela se ergue afastando os
cabelos para o lado e fazendo careta.
A barriga dela está redonda e maior,
percebo que ela engordou um pouco também, os
olhos claros ficam confusos quando me aproximo
da cama, não consigo imaginar como alguém que
tem tanta sorte de engravidar na vida, não possa se
apegar ao bebê, não possa querer ele.
—Viviana?
—É, sou eu!
Ela se senta na cama sem falar nada, depois
daquela surra não pensei que a veria tão cedo, mas
enfim, estou aqui e decidi fazer isso por mim
mesma, colocar um fim nessa história do Carl,
porque ele já morreu e porque eu decidi que não
vou mais permitir que tudo o que houve se torne
algum tipo de muro na minha vida.
Já sofri demais por conta do divórcio e
quase morri por causa de tudo o que houve entre
nós três, mas passou, ficou para trás, não posso
continuar dando passos para frente vivendo no
passado.
—Cadê a mamãe?—ela está me olhando
com um certo tipo de medo.
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—Mamãe está lá embaixo, não se preocupe,


eu não vou bater em você—respondo escolhendo
bem as palavras.—Mamãe e papai disseram que
você não quer o bebê, gostaria de saber porque
você não o quer.
—É um crime não querer ter um filho?
—Vamos ter uma conversa sincera?
—Por mim...
—Você amava o Carl?
Ela desvia o olhar, não havia notado, mas
por acaso vejo que ela se envergonha disso, nunca
iria imaginar que se orgulhasse, porém não pensei
que seria um motivo tão grande de vergonha, chega
a ficar vermelha.
—Eu queria te contar—ela responde. — ,
mas eu não tinha coragem, só aconteceu duas
vezes, foi um erro.
—Certo—digo e não consigo sentir nada.—
, mas já passou e agora você está grávida, este bebê
precisa de você.
—Eu não quero ele.—ela diz com
veemência.
—Não quer ele porque ele é filho do Carl
ou porque ele tem síndrome de down?
—Eu não o queria desde o início, mas
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mamãe e papai me convenceram a não abortar.


—Então sob nenhuma possibilidade você
iria querer vê-lo crescer nem cuidar dele?
Ela não responde.
—Porque se este for o caso eu ficarei com
este bebê, mas eu irei adotá-lo e vou mudar de país
com ele, você nunca o verá e nunca terá
convivência com ele.
—Está dizendo isso para me convencer de
que devo ficar com ele?
—Estou dizendo isso porque é o que vai
acontecer, você sabe muito bem que eu nunca
permitiria que você o enviasse para um orfanato,
duvido também que depois que ele nasça papai e
mamãe não queiram ele, mas só ajudarei eles
financeiramente se você sair desta casa, porque eu
não irei ajudar você em nenhum sentido.
—Isso é uma pequena vingança, é isso?—
ela me encara cheia de raiva.
—Você tem 21 anos, não trabalha, vive as
custas do dinheiro da aposentadoria do papai,
mamãe lava suas roupas, passa elas, você não é
mais uma criança, está na hora de você aprender a
viver Trisha—falo.—Agora você está grávida e
quer se livrar dessa responsabilidade também.
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—Você está falando isso porque você se


casou e conseguiu reestruturar a sua vida né?—
questiona indignada.—Enquanto eu só pego a fama
de vagabunda que foi pega na cama com o marido
da irmã.
—A culpa é minha?—logo que pergunto ela
não tem resposta.—Ok, então assuma as suas
responsabilidades pelos seus erros, ou você acha
que foi fácil para mim Trisha? A pessoa que mais
feriu fui eu, você é jovem e tem todo um futuro
pela frente, eu nem filho posso ter.
Escuto seu silêncio, intacta e bem mais
calma do que eu pensei que fosse ficar.
—Você não sabe o tamanho do mal que fará
a essa criança se der ela para alguém, ela não
merece ser tratada dessa forma, você deveria se
sentir grata por tê-la na sua vida, talvez ela seja a
maior chance que você terá de ser feliz em toda a
sua existência.
—Não quero ficar lembrando que ela é o
resultado da destruição da sua vida, eu me sinto
culpada.
—Eu te livro da culpa—retruco.—O Carl
fez as escolhas dele e você as suas, pelo menos uma
vez na vida seja adulta e menos egoísta, não deixe
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essa criança desamparada.


—Eu não sei se quero ela.
—Ah, mas abrir as pernas foi muito fácil
não foi?
—Esperava de você um discurso menos
machista Viviana.
—Ah, então agora você é feminista, dona
do seu corpo e das suas atitudes, a garota que nunca
fez nada por ninguém na vida vem me ensinar
sobre feminismo.
—O Carl não quis usar camisinha.
—E você aceitou?
—Eu não achei que fosse acontecer.
—Se você é tão dona do seu corpo deveria
tratá-lo melhor do que se submeter às vontades de
um homem, se cuidar e se preservar, eu entendo
que não desejava essa gravidez e que não quer esse
bebê, que provavelmente só vai ter ele por causa
dos nossos pais, mas eu só estou avisando para
você que se você não quiser ele, darei um jeito de
cuidar dele.
—É uma menina.
—Que você não terá a oportunidade de
conhecer se der ela para adoção—começo a me
afastar da cama dela.—Eu vou ficar aqui até a hora
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do jantar, pense com muito cuidado na sua decisão.


—Está me pressionando Viviana?
—Estou te dando uma chance.
Abro a porta e saio do quarto.
Papai e mamãe me esperando no corredor.
Não faço a mínima ideia do que ela vai
decidir, mas eu sei o que eu quero.
Espero agora que Trisha seja no mínimo
responsável.

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Estou sentada na minha antiga cama


olhando envolta.
Fotos antigas do Leo de Caprio estampam
uma parede com tarrachinhas, do Brad Pitt e de
Friends, sorrio abraçando uma antiga pelúcia.
Pensando bem eu até fui feliz nessa casa,
tive uma boa infância e uma boa criação, não posso
dizer o mesmo do que meus pais deram para Trish,
não sei se também foi porque a mamãe teve ela já
mais tarde ou se porque eles queriam muito ter
outro filho depois de mim, a nossa diferença de
idade é imensa.
Me lembro de quando mamãe chegou da
maternidade com ela, era um pacotinho cor de rosa
muito feliz, um ano depois eu conheci o Carl e tudo
na minha vida mudou, acho que pensar que em
algum momento ele a conheceu ainda criança me
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afetou e por outro, me feriu bastante.


Ele sabia que a Trish era muito mais nova
até do que ele, apenas uma jovem garota de 21 anos
que não teve muitas experiências na vida e ainda
sim a condicionou a esta realidade complicada de
ser a amante, não a isento da culpa, mas para mim
os dois são culpados.
Não existe mais ou menos culpados.
Os dois erraram ao decidir terem um caso,
não existe da mulher ser mais sem vergonha do que
o homem, para mim os dois não prestam, os dois
queriam, os dois estavam cientes, então porque só
culpar a Trisha?
Seria muito mais machista da minha parte
ficar culpando ela e passando a mão na cabeça do
Carl, tanto que na época do divórcio eu muito mais
me divorciei dele por causa disso do que pela culpa
dela em si.
Mas isso passou.
A minha vida deu uma reviravolta tão
grande nesses últimos meses, uma reviravolta que
no começo foi muito ruim, mas que depois me fez
analisar melhor as minhas prioridades.
Há 6 meses atrás eu estava viajando para
Las Vegas para tentar esquecer meus problemas,
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então do nada conheci o homem com quem me


casei.
Hades.
Tantas coisas mudaram depois dele, sou
muito feliz em tê-lo hoje comigo, e foi justamente
em nome dessa felicidade que decidi vir até aqui e
resolver tudo, sei que ele quer o melhor para mim,
para o nosso casamento só que é uma decisão que
eu devo tentar resolver sem afetá-lo.
—Filha—papai chama.
Me ergo.
Já troquei de roupa, coloquei um short e
uma blusa de mangas, uso meias, me aproximo da
porta e tão pouco a abro fico surpresa, arregá-lo os
olhos, papai sorri com cara de tacho.
—Oi AMOR!
Esse jeito sutil de me chamar de amor quase
me arranca um sorriso, faz 3 horas que cheguei
aqui, tomei café com meus pais, mas não
conversamos sobre nada, mamãe estava calada e
papai pensativo.
—Oi—digo e pulo em cima dele.—Você
veio atrás de mim?
—Lógico—Hades responde e me espreme.
—Não faz mais isso Viviana, fiquei preocupado.
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—Mas eu disse que viria para cá no bilhete.


—Eu sei e eu vim atrás de você.
—Eu vou avisar para a sua mãe colocar
mais comida na panela—papai diz com um sorriso.
—Fique a vontade rapaz.
—Obrigado senhor Silvestre.
É que o Hades é bem respeitoso com meus
pais.
Papai se afasta e fecho a porta, ele usa a
mesma roupa que usava quando saiu de casa, jeans
e uma camisa, carrega uma mochila e usa tênis,
boné, mal acredito que ele tenha vindo.
—Não faz mais isso tá?—pede sério.—Pelo
amor de Deus, quando mamãe me disse por vídeo
chamada quase fiquei louco de preocupação.
—Tinha que vir resolver isso—digo.—Me
desculpe por mais cedo, fui estúpida com você não
queria brigar...
—Não, não desculpo porque não foi sua
culpa, você está totalmente certa amor—ele me
interrompe.—Eu recebi uma mensagem do Z e tive
que ir a empresa, tivemos problemas com um
cliente, eu não deveria ter ido.
—Queria resolver esse problema sozinha—
confesso.—Eu não sei se estou pronta para isso
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Hades, é um grande passo.


—Eu sei que é, só quis tentar ajudar amor—
ele replica e me abraça.—Viviana não faz mais isso
ok? Fiquei com medo de que você me largasse,
tantas coisas me passaram pela cabeça.
Beijo o cantinho de seu pescoço e nego com
a cabeça.
Queria não sentir tanto medo da situação,
mas é tudo tão complexo, tenho receio de que
talvez tudo desande depois desse bebê, não é nossa
culpa, porém isso nos afeta porque a Trisha é
minha irmã e o Carl e eu fomos casados, poderia
simplesmente fingir que não é comigo, mas como
posso me isentar dessa responsabilidade? Minha
briga com o Hades me fez enxergar uma verdadeira
necessidade de vir aqui e resolver as coisas mal
resolvidas.
Tentar convencer a Trisha é minha única
forma de conseguir lidar com tudo, caso ela não
aceite, realmente conversarei com meus pais,
tentarei ajudá-los na criação deste bebê, em último
recurso poderei cuidar dele, mas sob minhas
condições.
Ponto.
—Eu não me importo se não tivermos um
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bebê ok?—ele me fita.—Eu não posso negar que vi


nesse bebê uma oportunidade de termos um filho,
mas se você não quiser tudo bem, eu só queria
ajudar.
—Eu sei que sim—afirmo.—Foi grosseiro
da minha parte ter dito aquilo, sei que quer ajudar
da melhor forma.
—Não queria brigar, não queria te
machucar, sei que você não pode ter bebês e aceito
isso, te aceito Viviana—ele segura a minha mão e
entrelaça os dedos nos meus.— Me casei com você
por amor e não para ter filhos, sei que isso te
machuca, mas isso não será um obstáculo entre nós
dois, você não é uma idealização, é tudo o que eu
mais quero.
Ele não sabe o quanto isso me deixa feliz.
Quero chorar em ouvir tudo isso.
—Queria me sentir mais completa, acho que
um bebê nos faria completos um para o outro—
digo um pouco triste.—Sinto muito por não poder
ter filhos.
—Não completaria Viviana, um filho é um
filho seja gerado no ventre ou não, eu já me sinto
bem completo de te ter comigo, fiquei desesperado
em pensar que você me deixou lá e veio sozinha,
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peguei o avião e deixei o Z na empresa falando só.


—Eu não queria...
—Sei que não, mas eu jamais te deixaria
sozinha nesse momento.
—Eu só não queria te magoar com as
minhas decisões.
—Não vai.
Ele me beija, algumas lágrimas caem de
meus olhos.
Eu o amo tanto e ouvir isso só confirma o
fato de que ele é a pessoa certa para mim.
—Nunca transamos naquela cama ali.—ele
sussurra entre o beijo.
Começo a rir.
—Sempre tem uma primeira vez.
Ele me pega no colo e me leva para cama.
—Papi—chamo colocando outro beijo em
seus lábios.—Te amo.
—Ah, Viviana você me enlouquece sabia?
Eu sei e adoro isso.

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—Estava tudo ótimo senhora Silvestre.


—Obrigada.
A mamãe fica assim toda derretida quando
ele sorri para ela, depois de uma tensa manhã,
enfim meu marido chegou e tivemos momentos a
sós muito bons, tomamos banho juntos e
conversamos durante a tarde, tive que adiar a minha
viagem para amanhã pela manhã, vamos juntos
para casa, Trisha fica me olhando calada, mas sei
que ela já decidiu o que vai fazer.
Ela disse que iria nos falar agora logo após
o almoço.
Acho que nossa conversa para alguma coisa
serviu, ao menos estou mais calma e mais tranquila,
ter o meu marido aqui também está me dando muita
força para prosseguir com tudo.
Mamãe começa a tirar a mesa.
Conversei com meus pais a pouco, nosso
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almoço acabou virando um jantar, expliquei sobre o


jeito como encaro tudo e minhas condições caso
eles não possam cuidar do bebê, não disseram nada,
mamãe chorou calada.
Eles sabem que são culpados em boa parte
em relação à Trisha, porque eles mimaram muito
ela e fizeram todas as vontades dela, não souberam
dizer não. Acho que deixei eles com peso na
consciência no que se trata do bebê.
Mas foi preciso.
—Eu pensei bastante no que você falou e
acho que tem razão—Trisha diz de repente.—Eu
tenho mesmo que assumir as minhas
responsabilidades quanto a bebê, eu decidi que não
vou dar ela para adoção, pensei em cuidar dela até
o sexto mês e trancar a faculdade, arrumar um
emprego e trabalhar para ajudar nas despesas.
É a coisa mais sensata que eu já ouvi dela
em toda a sua vida. Acho que andou chorando
também, mas sei que la no fundo, ela não quer dar
esse bebê, mesmo que o encare como um erro, as
pessoas da nossa família são extremamente
católicas, começando pelo meu pai, ele é antiquado
de tão relegioso que é.
Não sei se acolheu a Trisha na época da
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nossa briga por que eu sou mais velha ou porque


sabia que ela era imprudente, mas sei que se fosse
eu ele também não teria virado as costas.
Não é questão de saber quem está certo ou
errado, foi o jeito como tudo aconteceu que
complicou as coisas.
—Eu não vou dar ela para a adoção, esta é
uma decisão minha e para que não ache injusto com
nossos pais eu vou arrumar um emprego.
—É o certo.—digo olhando para papai.
—Eu também concordo, nós apoiaremos
você no que precisar.—ele fala todo sério.
—Acho que fiquei confusa por conta de
tudo o que houve—Trisha revela pensativa.—, mas
a bebê não tem culpa de nada, eu irei cuidar dela e
irei dar a melhor educação que eu puder.
—É o melhor querida—mamãe responde
voltando da pia.—Nós iremos te ajudar como
pudermos.
—Posso lhe dar um emprego na empresa de
meio período—Hades diz.—Ao menos para você
conseguir montar o quarto do bebê.
Sei que ele não fala por que é muquirana, se
eles pedissem ele daria tudo a esse bebê, afinal ele
mesmo queria adotá-lo, mas ele entende minha
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posição quanto a minha irmã ter certas mordomias.


—Como home office—sugiro.—Assim
poderá trabalhar em casa.
—Ajudaria bastante—ela responde.—Eu
posso montar o quarto dela no meu quarto, colocar
um berço e as coisas dela.
Hades estende a mão e toca a minha
embaixo da mesa.
Não teremos bebê, mas tudo bem, ao menos
esse problema está sendo resolvido.

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3 Anos Depois, Damasco, Capital da Síria.

—Você está pronta?


—Estou sim amor.
Saímos do carro, logo Hades está segurando
a minha mão todo confiante.
Demoramos um pouco para tomar essa
decisão, mas foi a melhor coisa que poderíamos
fazer em 4 anos de casamento.
Viajamos por vários lugares por bastante
tempo em nossas férias e decidimos que iriamos
adotar uma criança, não importava de onde ela viria
ou quem seriam seus pais, nos inscrevemos no
banco de adoção internacional há um ano atrás,
então, seis meses depois nós fomos chamados para
as primeiras reuniões de adoção.
Foi meio complicado por conta da empresa
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e de alguns contra tempos, mas deu tudo certo.


Queria não me sentir tão nervosa assim, sei
que a Kellen e o Lorenzo nos esperam no hotel
super ansiosos, o Z está viajando com a Affie por
conta da empresa, mas sei que eles irão para casa
para nos encontrar para as festividades de final de
ano.
Nada me vem à cabeça, vi fotos dele ainda
muito pequeno, um bebê de dias, mas agora ele já
está com 6 meses de idade, pelo o que soube perdeu
seus pais em um confronto na Síria. Eu não poderia
estar mais feliz com tudo isso, não porque sinto que
vou ajudá-lo a ter um lar, mas porque sei que serei
muito feliz em tê-lo na minha vida.
Fui bastante confrontada há alguns anos por
não poder ter bebês, mas agora eu tenho o meu e
sei muito bem que estou pronta para o que der e
vier.
Não me tornarei mais feliz e completa por
causa deste bebê, sei que não, me conheço o
suficiente para saber que ele virá para nossa família
como parte dos planos de Deus, mas estou tão
contente de compartilhar isso com o meu marido,
com nossos pais.
Imagino que será uma felicidade tê-lo em
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nosso natal e tudo mais.


Estou com 41 anos, mas nunca me senti tão
disposta, meu esposo segura a minha mão com
firmeza enquanto vamos até o local onde as
assistentes sociais mantém as crianças, tivemos que
dar a volta no ocidente para vir buscá-lo, nós
escolhemos o nome, montamos o quarto, para ele
não faltará nada, tudo o que ele terá e amor e
carinho.
—Estou um pouco nervoso—Hades
cochicha.
—Não precisa ficar amor—aviso também
nervos.—Mal acredito que ele chegou.
—Eu também não—ele sorri.—Acha que
estou pronto para ser pai de um menino?
—Mas é claro que está—afirmo.—Vamos.
Me casei com um rapaz sensato,
responsável e que as vezes não me dá sossego, mas
o Hades mostra para mim todos os dias que mesmo
eu sendo 11 anos mais velha não há limites para
saber ser feliz, a idade não é mais um obstáculo na
nossa relação, pelo contrário, acho que nos casamos
nos momentos certos de nossas vida.
Hoje ele tem 30 anos, os 30 anos muito bem
investidos, todas essas tatuagens e um senso de
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responsabilidade e cuidado imenso, ele ainda é o


cara que me trata todos os dias muito bem, que
discute comigo por coisa pequena e que me leva
para cama quando quer se desculpar,
desenvolvemos nossa forma de conversar e ele
agora usa aparelho auditivo, mas isso não mudou
em nada a forma como ele é para mim.
Eu o amo tanto por não ter desistido de mim
durante todos os anos do meu antigo
relacionamento.
Me sinto grata e feliz em ter ele na minha
vida, se ele não houvesse me arrastado para aquela
capela em Las Vegas talvez nem aqui eu estivesse
hoje, quem sabe o que teria acontecido.
Carl se foi, Trisha prosseguiu com a vida
dela, inclusive conheceu alguém ano passado, está
noiva e cuida muito bem da Sofia, ela é uma
criança linda e doce, não sei se há espaço para
rancor ou mágoa dentro de mim.
Eu não falo com a minha irmã, não convivo
com ela, mas desde que a Sofia tinha um ano meus
pais levam ela para me ver nas épocas especiais do
ano, porque a Sofia não tem culpa de nada e
realmente não poderia deixar que aquilo afetasse o
que eu poderia sentir por ela.
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Quero que a Trisha seja feliz e que cuide da


filha cada dia a mais, segundo meus pais ela é uma
ótima mãe, agora ela trabalha e já está pensando em
comprar sua própria casa, meus pais se apegaram
muito a Sofia, ela tem down, mas isso não interfere
em nada em seu desenvolvimento.
É uma criança linda, assim como está que
iremos adotar.
—Vocês são os Collins certo?—pergunta a
assistente social.—Sou a senhorita Peterson, vamos
buscar seu filho?
—Sim—respondo de imediato.
Quero segurá-lo, beijá-lo, dizer o quanto foi
esperado e permitir que ele tenha um cantinho
maior em meu coração para sempre.
Hades e eu a seguimos até uma das salas do
lugar, eles promoveram tudo isso em um prédio nas
redondezas de Damasco, esta área está segura,
Lorenzo e Kellen morrem de medo de que aconteça
alguma coisa, mas nós dois decidimos correr o
risco.
Ele precisa de nós, sei que sim.
Nós ajudamos essa ONG para manter essas
crianças e bebês longe das áreas de perigo, mas por
problemas com o governo Sírio não podemos tirá-
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las do pais tão fácil, a ONU tem tentado ajudar


todos como pode, mas infelizmente não tem como
invadir um país e tirar as crianças daqui, se eu
pudesse levaria todas comigo, mas não tem jeito,
tem muitos outros casais aqui também.
A guerra destrói muitos lares nesse
momento lá fora, mata muitas pessoas, os pais
deste bebê foram mortos por conta de uma bomba
que jogaram no prédio onde eles moravam, ele foi
encontrado em meio a escombros chorando depois
de um dia de resgate, quando soubemos sua história
decidimos que ele era o bebê certo.
Está sala tem tudo colorido e letras
grudadas nas paredes, alguns casais já conversam
com assistentes sociais e sorriem segurando seus
filhos, sejam eles bebês ou crianças maiores, os
olhinhos brilham de felicidade.
A assistente social indica um cercadinho,
onde vejo dois bebês sentados, uma menina e um
menino, ele está todo distraído com bloquinhos de
montar enquanto a menina pega uma boneca barbei
e enfia na boca.
A senhorita Peterson se apressa e toma a
barbie da mão da menina, mas meus olhos não
saem dele. Me aproximo, meu coração começa a
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disparar rapidamente, em meio a tudo isso, ele


ergue o olhar e fica me encarando, seus olhos
castanhos redondos e grandes, o nariz achatado e
sobrancelhas quase transparentes, tem cabelos
castanhos e escuros, bochechas e é um pouco mais
renchonchudo demais.
Hades começa a chorar.
Sempre assim, só tem tamanho, tudo ele
chora.
Costumo ser mais durona na maioria das
vezes, mas hoje confesso que está sendo bem
diferente para mim, experimentar a sensação de
poder ser mãe desta forma é indescritível.
É como se o amor de repente me acertasse,
mas de uma forma tão rápida que fico inerte,
dormente.
—Posso pegá-lo?—pergunto a senhorita
Peterson
—Claro—ela avisa.—A menina também
precisa de um lar, não gostaria de levar ela
também?
Hades me olha e fico sem saber o que
responder.
Infelizmente vir a um momento desses
querendo pegar um e levar dois não era bem o que
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eu esperava, me sinto num supermercado—é chulo


pensar dessa forma—onde preciso de um e acabo
tendo que levar dois.
—Desculpe—a senhorita Peterson fala.—É
que ela foi a única que não conseguiu encontrar
pais.
Me inclino e fico de joelhos diante do
cercadinho, ele me olha e eu o pego no colo, o
abraço com força.
A sensação de ser mãe é maravilhosa.
—Não daria trabalho para vocês por conta
da papelada?—Hades pergunta e fica de joelhos ao
meu lado olhando para menina.—Amor talvez ela
precise também de nós, aqui está difícil de entrar e
nunca se sabe...
—Eu sei—digo olhando para menina.—
Olá.
Ela sorri, meu coração se enche de
felicidade também.
—Nós daremos um jeito—Hades diz
choroso.—Por favor amor...
—Tá—digo e beijo a cabeça do meu
menino.—Nós ficaremos com eles dois então.
—Ótimo, irei preparar a papelada.—a
assistente social diz e se afasta depressa.
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Sei que dadas às circunstâncias as coisas


não seriam fáceis para essas duas crianças, estamos
aqui nos arriscando para buscar elas, porque para os
líderes destes países é muito mais fácil brigar por
espaço e dinheiro, do que brigar pela vida dessas
crianças.
Eles não se importam com elas.
Mas eu me importo.
Hades a pega no colo, aquela felicidade
imensa estampada em seu sorriso, lhe dou um
beijo.
—Você vai ter que se desdobrar na
empresa.—falo contente e lhe dou um beijinho.
—Eficiência ou pode me devolver para os
meus pais.
Nem tem jeito.
E eu também não quero, nem hoje nem
nunca.
Hades é meu, hoje e sempre.

—Tudo bem princesa?


—Sim, estou feliz que enfim eles dois estão
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seguros e bem.
Arrumo Megan no meu seio, ela mama toda
afoita, é apenas um bebê de um aninho sedenta por
leite materno, e olha que antes de eu viajar deixei
várias mamadeiras de leite para mamãe dar para
ela, ela também já toma leite em pó a uns quatro
meses, come papinha e sólidos.
Meu marido me abraça por trás, toca a
minha barriga.
As vezes até me esqueço dela, sim, eu estou
grávida, mas antes de ontem mesmo durante todo o
processo de adoção eu mal me lembrava disso, mal
me lembrava de Megan.
Eu e Hades não tivemos muitos problemas
para ter filhos nos ultimos 2 anos, no começo de
nosso casamento sim, mas hoje não.
Eu não havia pensado bem quando descobri
que estava grávida da nossa primeira filha, mas
ainda sim eu queria entrar com o processo de
adoção, porque vinha pensando nessa chance
durante meu primeiro ano de casamento.
Ser mãe da Megan é a coisa mais
maravilhosa do mundo, e ser mães destes novos
bebês também é, não a levei na viagem porque
tinha medo de que acontecesse alguma coisa, por
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isso meus pais vieram e ficaram com ela para mim.


Estamos com a casa cheia para o natal,
nosso ano novo também será coberto de felicidade
com os nossos dois bebês.
Ainda não sabemos o sexo deste bebê que
está dentro de mim, foi gerado sem planejamento
algum, mas sabemos que é um menino, minha
barriga ainda não cresceu muito, mas já dá sinais de
que logo ficará grande e redonda.
Megan olha para o pai, olhos redondos e
como os dele, cabelos castanhos e como os dele, ela
é toda ele, uma versão comprida e de olhos
chamativos, nosso primeiro milagre nasceu e mal
acreditávamos que ela estava aqui.
Ganhamos mais dois a dois dias e chegamos
em casa hoje cedo, Hades e eu acabamos de
acordar, ela pulou do berço dela e veio para nossa
cama, ela mama todos os dias bem cedo e a noite
para dormir.
Amamentá-la é meu hobbie predileto.
—Bom dia minha pequena pérola do mar—
Hades sussurra e toca a face de sua herdeira mais
velha.—Fala oi para o papai.
Megan o olha e larga meu seio, ela se ergue
e se senta no meu colo, logo em seguida vai para o
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colo do pai enfiando a chupeta na boca.


Como Kellen costuma dizer, ela veio em
uma escapada dessas que nunca se espera
acontecer, quando descobri a gestação estava com
quase 3 meses.
Meu esposo lhe da tapinhas nas costas com
cuidado e me olha de forma sugestiva, arrumo o
sutiã no busto.
—Mais tarde eu quero mamar também viu?
—Você não sossega esse seu faixo não é
mesmo?
—Ah, mas você bem que gosta não é
verdade?
Fico rindo, claro que gosto.
Me apaixonei por essa criança crescida e
maliciosa desde o primeiro momento, as vezes fico
me perguntando e tentando me lembrar de como foi
em Vegas mas só me vem lembranças vagas de nós
bebendo e em alguns instantes no cassino, mas para
mim não faz diferença.
Estamos aqui hoje graças aquela noite de
anos atrás.
—Acha que eles já acordaram? —pergunto
me erguendo.
—Podemos ir ver.
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Escolhemos os nomes lá mesmo, colocamos


o nome da menina de Gewn e do menino de
Avalon, são nomes galeses, ambos foram recebidos
com muito amor pelos pais de Hades no hotel, que
ficaram bem surpresos em verem que chegávamos
com um bebê conforto a mais, uma malinha cor de
rosa, mas o Lorenzo não cabia em si de felicidade.
Eu ouvia seu choro silencioso e chorava
também, a Kellen se sentiu bastante emocionada
também, eles dois são avós maravilhosos para
Megan, tenho absoluta certeza que serão para
Avalon e Gwen também.
Papai ficou com ciúmes porque os nomes
são galeses, então decidimos colocar o próximo
nome do nosso próximo bebê em espanhol, em
homenagem ao papai.
Saímos do quarto e vamos para o quarto dos
bebês, nós temos uma casa bem grande no
condomínio dos Collins, tem 5 quartos sendo 3
suítes, o escritório do Hades e uma sala com
cozinha espaçosa, optamos por não colocar muitas
sacadas na casa, mas com o nascimento da Megan
tivemos que colocar redes nas que temos nos
quartos, Lorenzo contratou um paisagista e fizemos
um jardim, colocamos redes protetoras na nossa
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piscina e deixamos tudo bem seguro para que ela


não se machuque indo para a casa dos avós.
Moramos atualmente a 20 metros da casa da
Kellen, mais ficamos lá finais de semana do que
aqui, mas é ótimo sentir que os pais dele respeitam
nossa privacidade, seus irmãos.
Entramos no quarto dos nossos novos
bebês.
Gwen já está sentada no berço enquanto
Avalon está deitado na outra ponta, tivemos que
colocá-los juntos, ainda hoje compraremos um
berço para ela também.
—Olá—digo toda sorridente.—Bom dia!
Avalon sorri e começa a se sentar,
rapidamente fica em pé se segurando nas grades,
Gwen tem olhos claros e cabelinhos mais pra cor
ruiva, eu o pego no colo e o abraço com força, me
inclino e beijo todo o rosto de Gwen, ela segura
minhas faces com suas mãos miúdas.
—Bom dia meu amor.
—Neném—Megan aponta para a nova
irmãzinha—Neném mama!
—É, a sua maninha querida—Hades lhe da
um beijo na cabeça e fica parado ao meu lado perto
do berço.—Da para acreditar que somos pais de 4
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bebês?
—Você é muito eficiente senhor Collins.
—E você é o amor da minha vida.
Meu sorriso se alarga.
É que muitas coisas mudaram desde que ele
entrou na minha vida, um invasor que todos os dias
me faz mais feliz, me torna uma mulher forte e
capaz de fazer qualquer coisa. Não voltei a
trabalhar, hoje sou dona de casa e cuido de nossa
filha, mas todas as decisões nós tomamos juntos,
ele me respeita e me ama.
E isso é o que realmente importa.
—Pronta para esse novo desafio senhora
Collins?
—Mais que pronta.
Avalon me abraça e lhe dou a chupeta, meu
marido passa o braço envolta de meu corpo me
abraçando, ele me beija.
—Eu te amo Viviana.
—Eu também te amo Hades.
E é isso.
Acho que posso novamente desejar ter um
feliz para sempre, só que agora é de verdade.
Com o cara certo.
Eu serei, sei que sim.
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Fim.

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