Professional Documents
Culture Documents
Trabalho
Prof.ª Ms. Rosiléia Cíntia Fabian
Prof. Ms. Rodrigo Aparecido Engel
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
Eduardo Santini
UNIFATECIE Unidade 3
Web Designer Rua Pernambuco, 1.169,
Thiago Azenha Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
FICHA CATALOGRÁFICA BR-376 , km 102,
Saída para Nova Londrina
FACULDADE DE TECNOLOGIA E
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Paranavaí-PR
Núcleo de Educação a Distância; (44) 3045 9898
FABIAN, Rosiléia Cíntia.
ENGEL, Rodrigo Aparecido.
www.fatecie.edu.br
Saúde Mental e Trabalho.
Rosiléia. Cíntia Fabian.
Rodrigo. Aparecido Engel.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 112 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTORES
Prof.ª Ms. Rosiléia Cíntia Fabian – Possui graduação em Psicologia pelo Centro
de Estudos Superiores de Londrina (1995) e Mestrado em Educação pela Universidade
do Oeste Paulista (2004). Atua como docente de cursos de graduação e pós-graduação.
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, Psicologia
Organizacional e do Trabalho, Gestão de Pessoas e Supervisão de Estágios.
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/1642080419264818
Prof. Ms. Rodrigo Aparecido Engel – Possui graduação em Educação Física pela
Universidade Estadual Paulista (2010), graduação em Psicologia pela Universidade do
Oeste Paulista (2018), Especialização em Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade
Internacional de Curitiba (2012), e Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste
Paulista (2020). Tem experiência na área de Educação, Psicologia Positiva, Educação
Especial e Psicologia Organizacional e do Trabalho.
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/9171422211903893
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
UNIDADE I....................................................................................................... 6
Organização Social do Trabalho
UNIDADE II.................................................................................................... 20
O Trabalho como Apropriação Humana
UNIDADE III................................................................................................... 32
O Comportamento Organizacional
UNIDADE IV................................................................................................... 44
Fatores Influenciadores do Comportamento Organizacional
UNIDADE V.................................................................................................... 59
O Adoecer no Trabalho
UNIDADE VI................................................................................................... 71
Doenças Ocupacionais
UNIDADE VII.................................................................................................. 84
Competência Interpessoal no Trabalho
UNIDADE VIII................................................................................................. 96
Qualidade de Vida no Trabalho
UNIDADE I
Organização Social do Trabalho
Prof.ª Ms. Rosiléia Cíntia Fabian
Prof. Ms. Rodrigo Engel
Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o trabalho historicamente
● Demonstrar a associação entre trabalho e demanda social
● Definir a psicologia no contexto do trabalho
Plano de Estudo:
● 1 - A origem do trabalho
● 2 - O trabalho e suas transformações históricas
● 3 - A psicologia e o contexto organizacional
6
INTRODUÇÃO
Bom, você deve estar imaginando o que te espera ao longo dessas unidades,
inicialmente abordaremos a construção histórica do trabalho enquanto função social, afinal
nem sempre o ser humano se relacionou com outros a partir do trabalho e esse emba-
samento será necessário para as discussões seguintes nas próximas unidades, ou seja,
a partir de pequenos conceitos seremos capazes de construir discussões cada vez mais
elaboradas e complexas sobre o tema. É importante situarmos os conceitos historicamente
e é fácil entender o porquê dessa necessidade; muito provavelmente se você conversar
com pessoas mais velhas e questioná-las a respeito da maneira como eram as necessi-
dades, métodos e modos em que o trabalho se dava se espantará como essas relações
mudaram se comparadas com as que temos atualmente, e é realmente esse o movimento
esperado, as relações de trabalho são construídas socialmente, e conforme os valores
sociais mudam essas também são alteradas, e esse movimento está acontecendo aqui
e agora. Você acredita que em tempos antigos as pessoas se preocupavam em construir
conhecimentos sobre as relações organizacionais, e sobre o bem-estar do trabalhador?
Como você está fazendo agora? Exatamente! Dificilmente essa resposta será positiva,
e as justificativas para essas questões estarão permeadas nesta unidade, bem como a
entrada da psicologia como ciência em ambientes até então inexplorados: os ambientes
corporativos. O movimento necessário para que houvesse a valorização do trabalhador
não aconteceu por acaso, tão pouco por intermédio divino ou pela benevolência de donos
de grande capital, as relações de produção e lucro sofreram grandes influências para que
permitissem e reconhecessem a importância da psicologia e da manutenção do bem-estar
de seus colaboradores como é tão difundido nos dias atuais.
Como vimos ao longo da unidade o trabalho nos moldes que conhecemos hoje é
uma construção histórica, por muito tempo foi visto e operacionalizado como algo moroso
e até punitivo desde a etimologia de seu nome, por ser uma derivação da palavra tortura.
Durante décadas essa visão negativa assombrou os trabalhadores, especialmente após
a revolução industrial onde tivemos uma grande mudança nos processos de produção,
saindo das relações e equipes familiares que dominavam o todo de seu ofício e passando
para métodos solitários, fragmentados e mecânicos de produção do modelo taylorista. Esse
modelo garantiu um ganho de produção para as empresas, especialmente de melhor uso
do tempo e preconizava o uso de máquinas em detrimento ao fator humano, que perdeu
seu espaço de autonomia, pois comparado às tecnologias era considerável passível de erro
e preguiçoso. Entretanto esse modelo, que deixa marcas até hoje nos modelos de produção
adotados por muitas empresas, cometeu um grave erro que culminou com o questionamen-
to da viabilidade de mantê-lo em operação; ao desconsiderar o fator humano na produção
eu garanto o melhor rendimento? O que vimos claramente foi que não, pelo contrário, o
surgimento de grandes ondas de greves e do adoecimento em série de trabalhadores dei-
xou estampado para a sociedade que desconsiderar os processos subjetivos e motivações
dos trabalhadores não colaboravam para o aumento do lucro, mas sim no desengajamento
de trabalhadores e consequentemente prejuízo financeiro e, sobretudo social. Isto posto, e
dado o contexto histórico esse modelo de produção perdeu espaço para concepções mais
humanas de lidar com os processos organizacionais, foi então que a psicologia adentrou a
esses ambientes e configurou-se em uma área científica com conhecimentos específicos
aplicados a realidades das organizações, surge então a psicologia organizacional, focadas
nas relações pessoais dentro das organizações que promovam o bem-estar do sujeito e a
consequente melhoria de seu desempenho.
SAIBA MAIS
As organizações são cenários em que as relações interpessoais acontecem, estas re-
lações constituem mecanismos de construção e sustentação do clima organizacional
que, por sua vez, influencia o comportamento e o desempenho dos colaboradores ali
estão, assim, o clima constitui-se em um elemento de fundamental importância na com-
preensão do comportamento e efetividade da organização. O termo clima organizacio-
nal advêm de uma analogia com a meteorologia, varia em função de aspectos como as
estações do ano e ação de outros agentes da natureza, ou seja, é mutável e instável. O
clima influencia no vestuário, alimentação, e o humor das pessoas, em comparação, o
clima organizacional é visto como também mutável, um retrato da organização em um
dado momento, capaz de influenciar o comportamento e o desempenho dos indivíduos,
mas o clima organizacional é tão instável quanto o clima meteorológico? Não! Trata-se
de padrões característicos de comportamentos presentes no cenário organizacional e
sustentados na cultura ali posta. (PUENTE-PALACIOS, Kátia e FREITAS, Isa Aparecida
de, 2006).
Fonte: SILVA, Luiz Felipe Gomes e. A organização do trabalho na linha de montagem e a teoria das organiza-
ções. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 27, n. 3, p. 58-65, Sept. 1987 . Available from <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901987000300008&lng=en&nrm=iso>. access on 16
June 2020. https://doi.org/10.1590/S0034-75901987000300008.
FILME/VÍDEO
Título: Tempos Modernos
Ano: 1936
Sinopse
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma “máquina
revolucionária” para evitar a hora do almoço, o que culmina com
loucura pela “monotonia frenética” do seu trabalho. Após a interna-
ção longa em um sanatório ele fica curado de sua crise nervosa,
porém desempregado. Ele deixa o hospital para recomeçar a vida,
mas se depara com uma crise generalizada e acaba, equivocada-
mente, preso como um agitador comunista, que liderava uma mar-
cha de operários em protesto. Ao mesmo tempo uma jovem rouba
comida para salvar suas irmãs mais novas que estão famintas,
elas não têm mãe e o pai delas também está desempregado, mas
o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. O estado
com suas leis vai cuidar das órfãs, mas enquanto as menores são
levadas a jovem consegue escapar.
LIVRO
Título: Introdução À Teoria Geral Da Administração - 10° Edição
Editora: Atlas
Sinopse: Chegamos ao século 21 enfrentando novos desafios na
área da Administração, com mudanças disruptivas, aprendizagem
organizacional, conhecimento corporativo, flexibilização, inova-
ção, capital intelectual, governança corporativa, competitividade e
sustentabilidade, além das relações interativas com uma enorme
diversidade de stakeholders. O uso intensivo das tecnologias
emergentes em um mundo cada vez mais conectado e complexo
afeta diretamente o universo da Administração.Este livro é des-
tinado ao administrador e a todos aqueles que necessitam de
uma base conceitual e teórica indispensável à prática administra-
tiva. Ele mostra as várias competências que o administrador veio
aprendendo ao longo de toda essa variedade de abordagens que
compõem a moderna Administração, com um único objetivo: tornar
as organizações mais integradas, flexíveis, inovadoras, competiti-
vas e sustentáveis e conduzi-las em direção a um futuro de ainda
mais sucesso.
Objetivos de Aprendizagem:
Plano de Estudo:
● 1 - A constituição social do trabalho
● 2 - O trabalho versus a subjetividade
20
INTRODUÇÃO
O trabalho como vimos até agora se constitui como a atividade humana por meio da
qual os indivíduos produzem sua própria existência, entretanto o ser humano não deveria
existir em função do trabalho, mas por meio dele produzir os meios necessários para a ma-
nutenção da vida, mas ora se o trabalho está ligada a existência da vida humana obviamente
o seu impacto exercerá grande influência na construção do sujeito, pois ao apropriar-se da
natureza por meio do trabalho, o sujeito muda também a sociedade em que está inserido,
ajudando no seu desenvolvimento, e em contrapartida realizando-se pessoalmente dentro
da mesma. Podemos afirmar que o trabalho compõe a vida do homem, e cada dia em
proporções maiores, é no trabalho que são construídas relações determinantes em nossas
vidas e que também surgem sentimentos como realização, frustração, apatia, motivação
etc. Esses sentimentos são a mola propulsora dos processos subjetivos relacionados à
profissão, afinal relação homem X trabalho é estabelecida de forma dialética, sendo res-
ponsável pela formação da identidade humana.
A partir dessas constatações várias áreas do conhecimento dedicaram-se apenas
a estudar as diferentes formas em as relações de trabalho e seus desdobramentos se dão
em nossas vidas, e não somente nesse micro espaço, já não é difícil articular que essas
relações também alteram o fluxo de nossa história e por ele são alteradas, basta relembrar-
mos o exposto na unidade anterior, as relações de trabalho mudam conforme mudam as
SAIBA MAIS
Desde 1978, os estudos do grupo Meaning of Work International Research Team (Grupo
MOW), tem abordado as temáticas relacionadas ao trabalho, seus sentidos e signifi-
cados em uma perspectiva tida como cognitivista. Em meados dos anos 1980 o grupo
MOW, realizou a mais ampla pesquisa já realizada sobre o tema, envolvendo uma equi-
pe internacional que coletou dados em oito países e uma amostra total de 8.749 pes-
soas, concluindo que o significado do trabalho é um construto psicológico multidimen-
sional e dinâmico, resultante de variáveis pessoais e ambientais. Seus significados são
explicados por três variáveis: a centralidade do trabalho ou o grau de importância e valor
que o trabalho tem na vida; as normas sociais do trabalho, como os deveres e os direitos
dos trabalhadores e, por fim; os resultados valorizados do trabalho, definidos aqui como
os produtos que os indivíduos buscam no trabalho e as funções que cumprem para eles,
assim como as necessidades que permitem satisfazer. A centralidade é definida como
o grau de importância que o trabalho assume no conjunto da vida das pessoas tendo
destaque nos estudos do Grupo MOW (1987). A análise desta centralidade é relevante
para compreender porque muitas pessoas, mesmo que não precisassem do trabalho
como forma de sustento, não deixariam de trabalhar (MOW, 1987).
Link:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932001000100009
Fonte: GUBERT, Andréa; KROEFF, Locimara Ramos. Versões sobre o trabalho na rua: significações na rela-
ção do retratista com a sua arte. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 21, n. 1, p. 84-93,Mar. 2001 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932001000100009&lng=en&nrm=iso>. ac-
cess on 16 June 2020. https://doi.org/10.1590/S1414-98932001000100009.
FILME/VÍDEO
Título: O Corte (Le Couperet)
Ano: 2005
Sinopse
A personagem Bruno Davert (José Garcia) é um executivo francês,
que perde seu emprego devido à crise. Após dois anos ele con-
tinua desempregado, o que perturba seu funcionamento mental
provocando uma atitude desesperada. Para recuperar o antigo
cargo, para ele só há uma solução, matar seu atual ocupante e
todos os candidatos da empresa em que trabalhava com potencial
para ocupá-lo.
LIVRO
Título: A Subjetividade sem Valor : Trabalho e Formas Subjetivas
no Tempo Histórico Capitalista
Editora: Appris
Sinopse: Contribuir para a construção de uma teoria crítica da so-
ciedade apropriada ao século XXI, compreender a crise profunda
na qual está imerso nosso tempo histórico, articular os diversos
aspectos das relações entre trabalho e subjetividade pondo em
evidência a inviabilização progressiva das possibilidades verda-
deiramente humanas dentro dos limites do capitalismo. Eis as
questões centrais a que este livro propõe-se a debater, analisar e
esclarecer. A subjetividade sem valor: trabalho e formas subjetivas
no tempo histórico capitalista mostra-se, nesse sentido, um livro
de caráter interdisciplinar, ao relacionar as teses fundamentais de
Marx sobre a lógica do capital que, conforme sustenta J-P. Sar-
tre, revelam a verdade de nossa época, com campos do saber
distintos, tais como a psicologia, a fenomenologia, a sociologia,
a medicina do trabalho, a antropologia, a economia e a história.
Seguindo a direção fecunda do filósofo alemão Robert Kurz, este
ensaio busca ir com Marx para além de Marx, em vez de sem Marx
para antes de Marx. A derrocada do socialismo real e a ascensão
da globalização financeira e da hegemonia neoliberal, longe de
significarem a eternização da sociedade produtora de mercadorias
e da vida restrita ao sistema de mercado, revelam, ao contrário,
uma crise profunda de nosso tempo histórico e de qualquer
possibilidade de realização de uma existência livre, autônoma e
saudável. A originalidade desta obra consiste em abordar esse
problema conectando dialeticamente as dimensões sociais e his-
tóricas desse processo com a dimensão subjetiva. A subjetividade
sem valor mostra-se, dessa maneira, como síntese de uma série
de aspectos da existência em nossa era, cada vez mais condicio-
nada às determinações mercantis e às forças de mercado, cada
vez mais restrita em suas possibilidades de vir a ser, cada vez
mais adoecida. Compreender com rigor e em detalhes todo esse
processo, mostrando a gravidade do estado atual a que chegamos
do ponto de vista do empobrecimento das possibilidades humanas
sob a égide do capital, evidencia-se uma condição fundamental e
necessária à emergência de uma práxis transformadora e emanci-
patória. Contribuir nessa direção é a função desta obra.
Objetivos de Aprendizagem:
Plano de Estudo:
● 1 - As organizações de trabalho
● 2 - O comportamento organizacional.
● 3 - Características do comportamento organizacional.
32
INTRODUÇÃO
É importante que tenhamos construído até aqui uma base clara sobre como os
processos subjetivos e de humanização são indissociáveis das demandas do mundo do tra-
balho, portanto uma área que Psicologia enquanto ciência deve manter sob sua supervisão
direta, afinal é também um espaço social mutável em que ambos os elementos são alterados
a partir da sua interação (ser humano e trabalho). Esses pressupostos são fundamentais
para a compreensão da real importância de se pensar e produzir conhecimento sobre os
espaços organizacionais. Estes temas surgiram primeiramente dentro da Administração
(como era de se esperar) e evoluiu recentemente como uma teoria de caráter interdiscipli-
nar, atualmente esses estudos objetivam testar, aplicar e organizar conhecimentos acerca
de métodos e conteúdos eficientes para o desenvolvimento, treinamento e integração dos
colaboradores de uma empresa, bem como ferramentas e instrumentos que possam ser
utilizados para o levantamento de necessidades dos colaboradores, possibilitando aos
mesmos conhecimento sobre o que deve ser feito e, também, habilidades específicas de
como efetivamente fazer o que deve ser feito em contextos variados da maneira mais eficaz
e saudável possível. Esses parâmetros e conhecimentos são sistematizados a partir vários
níveis de análise, desde os obstáculos e entraves e a construção de possíveis soluções/
ferramentas dentro das organizações. Nesse cenário veremos ao longo das próximas
discussões propostas nesse capítulo que o comportamento organizacional (interação que
acontece, especificamente, entre uma pessoa, outras pessoas e/ou em seu ambiente) está
determinando as relações construídas entre os pares, mas também vem sendo determina-
do por elas, independentemente do tipo de organizações e o contexto em que foram criadas
ou concebidas.
Até aqui falamos de uma maneira geral das organizações, utilizando por vezes
muitos de seus sinônimos como empresas ou instituições, mas a partir desse ponto sempre
que nos referimos a organização partiremos do conceito proposto por Chiavenato (2004, p.
20) que a define como um “conjunto de pessoas que atuam juntas em uma criteriosa divisão
de trabalho, para alcançar um propósito comum”, e participar de sua existência influencia a
vida social e privada de cada um.
As organizações são sistemas abertos e vivos, que se apoiam fundamentalmente
no meio ambiente externo para funcionar, pois ele é a fonte dos recursos que serão transfor-
mados ou ainda das informações sobre as necessidades dos clientes/mercado; inclusive a
mão de obra que compõe seu quadro de colaboradores também vem do ambiente externo.
Os produtos e serviços finais, ali dentro produzidos, retornam à sociedade para
serem consumidos, ou seja, retornam ao ambiente externo, após processamento de ma-
neira transformada. Ou seja, as organizações existem, pois, as relações de consumo em
que nossa sociedade se apoia seriam impossíveis sem os serviços ali prestados, pode-
mos dizer que a sociedade precisa das organizações para manter-se, inclusive gerando e
distribuindo, ainda que de maneira desigual, riqueza para seus cidadãos. A infraestrutura
organizacional se refere aos prédios, instalações físicas, materiais diversos, equipamentos
e matérias primas, já os colaboradores (pessoas) através de seu comportamento dentro
da organização, acabam construindo a própria forma de agir de uma organização, seus
SAIBA MAIS
O mercado de Coaching tem crescido de forma assustadora em todo o mundo, no Brasil
inclusive, o que tem levado a temática para dentro dos ambientes empresariais e orga-
nizacionais. A profissão de Coach ainda não é regulamentada em nosso país e temos
assistido uma grande confusão acerca dos papéis profissionais e da formação neces-
sária para a efetiva qualidade do serviço proposto. Talvez você já esteja até imaginando
alguns deles, provavelmente já se deparou com tais profissionais nas redes sociais, ou
mesmo já recebeu algum e-mail, ou ainda tem um primo que indicou. Como tudo que
está em alta houve a proliferação de instituições que oferecem cursos de formação em
Coaching, a entrada e a formação neste mercado de trabalho ficaram bastante facilita-
das, especialmente pela curta duração dos cursos. Em sua maioria as instituições não
cobram muitos pré-requisitos basta pagar o valor do investimento proposto e após con-
cluir o curso de formação a pessoa já está pronta para atuar na área. Qual será a qua-
lidade do trabalho ofertado por profissionais assim formados dentro das organizações
enquanto se posicionam como grandes salvadores do mundo organizacional?
Fonte: https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/papel-do-coaching-na-organizacao/
LIMA, Lidiane da Silva. O Papel do Coaching na Organização. 2015. Disponível em: https://www.rhpor-
tal.com.br/artigos-rh/papel-do-coaching-na-organizacao/. Acesso em: 16 jun. 2020.
Título: Comportamento organizacional
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901987000200005
Fonte: GOMES, Jorge Fornari. Comportamento organizacional. Rev. adm. empres., São Paulo , v.
27, n. 2, p. 30-35, June 1987 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0034-75901987000200005&lng=en&nrm=iso>. access on 16 June 2020. https://doi.org/10.1590/S0034-
75901987000200005.
FILME/VÍDEO
Título: O Sucesso a qualquer preço
Ano: 1992
Sinopse: Estamos em Chicago, em uma firma que trabalha com
venda de imóveis, ainda não temos uma crise mas os tempos estão
difíceis para os corretores Shelley Levene (Jack Lemmon), Ricky
Roma (Al Pacino), Dave Moss (Ed Harris) e George Aaronow (Alan
Arkin), que são fortemente pressionados por Blake (Alec Baldwin),
que agora chefia as vendas e promete um Cadillac Eldorado para
o melhor vendedor, para o 2º colocado o prêmio será um conjunto
de seis facas para churrasco e o 3º prêmio é o olho da rua, pois
não lá há lugar para fracassados. Quem tiver desempenho mais
satisfatório vai receber as boas dicas para conseguir ir bem nas
vendas, mas ninguém contava com o roubo das mesmas, deixan-
do a situação ainda mais tensa.
LIVRO
Título: Recursos Humanos: O capital humano nas organizações.
Editora: Atlas
Sinopse: As novas tendências para uma boa gestão de recursos
humanos. Com o avanço da era digital, há um desafio para a área
de RH: equilibrar e debater novos caminhos para as organizações,
sem deixar de lado todas as variações de personalidade dos seres
humanos. Por meio de uma linguagem didática, Recursos Huma-
nos – O Capital Humano das Organizações apresenta como a área
deve ser contingencial e situacional, sensível aos diferentes fatores
que envolvem as organizações e as pessoas e às características
do contexto ambiental, do negócio da empresa e de sua missão e
visão, além de destacar a importância de observar o conjunto e a
totalidade. Para trazer praticidade ao conteúdo abordado, esta 11ª
edição dá acesso à Sala de Aula Virtual do professor Chiavenato,
uma ferramenta que reúne diversos objetos educacionais, como
vídeos do autor, textos para reflexão e casos para discussão,
além de quizzes e um glossário interativo. Por que ler Recursos
Humanos?Com a transformação digital, as pessoas já não são
consideradas recursos apáticos e passivos da administração, mas
parceiros analistas e proativos. Elas constituem o capital humano
que agrega valor incomensurável à organização e à inteligência
do negócio e contribuem com as competências indispensáveis à
competitividade e à sustentabilidade da empresa?
Objetivos de Aprendizagem:
Plano de Estudo:
● 1 - A subjetividade humana
● 2 - Motivação Humana
● 3 - As atitudes
● 4 - Liderança
44
INTRODUÇÃO
É objetivo desta unidade que seja iniciado o processo de desconstrução das ideias
de senso comum em torno de aspectos psíquicos que envolvem a qualidade da atuação
dos colaboradores, expondo a construção do comportamento organizacional a partir de
fatores intrínsecos e extrínsecos e refutando a concepção de que o ambiente organizacio-
nal tem pouco ou nada a ver na promoção da saúde mental dos indivíduos. Sabemos que
especialmente a motivação e a liderança são temas que atualmente vêm sendo discutidos
com frequência em todos os âmbitos organizacionais, sendo temas fundamentais para
compreendermos o comportamento organizacional, pois apresentam direta influência nas
ações e atitudes das pessoas e dos grupos. Falar em liderança é especialmente falar em
grupo e em equipe, são esses grupos, agrupamentos e equipes que compõe as organiza-
ções e inevitavelmente a figura do líder estará presente. Outras questões recorrentes no
ambiente corporativo são as várias dificuldades de produtividade, de interação entre cola-
boradores, de interesse por crescimento pessoal e profissional, que podem estar resultando
da falta de compreensão, de reconhecimento dos interesses/desejos e necessidades das
equipes de colaboradores e dos mesmos enquanto indivíduos, o que afeta, diretamente:
o desempenho! Nas relações com o outro, é possível percebermos o leque de fatores que
fazem com que sejamos diferentes um dos outros e como isso interfere nas relações e in-
terações humanas. Faça suas apostas, o que mais diferencia um ser humano um do outro?
Irmãos de mesmo pai e mãe apresentam são capazes de apresentar comportamentos às
vezes extremamente diferentes? Qual seria a fonte de tamanhas mudanças? Essas ações
e reações são resultados das influências sociais e ambientais, hereditárias, que constroem
a vida do ser humano? Então, vamos em frente, aos nossos estudos!
Talvez, dos temas aqui abordados, essa seja o constructo que mais vertiginosa-
mente tem crescido como tema de interesse para gestores e colaboradores, os variados
estudos sobre o tema trazem aspectos importantes com algumas divergências, por isso há
uma enorme diversidade de abordagens a respeito de liderança, demonstrando assim a
relevância do assunto. Mas você sabe o que é liderança? Você é um líder?
Ao contrário do que muita gente pensa o comportamento de liderar não diz respeito,
a uma relação de gerente e colaborador, mas a qualquer tipo de interação entre pessoas,
em pequenos ou grandes grupos. A liderança pode ser considerada como um processo
que envolve dirigir o comportamento das pessoas rumo ao alcance de alguns objetivos,
preferencialmente comuns. Dirigir, nesse caso, deve ser entendido como levar as pessoas
a agir em uma certa maneira ou a seguir um curso particular de ação. É uma tentativa
interpessoal, dirigida por um processo de comunicação, para a consecução de alguma/as.
A liderança, assim como o comportamento atitudinal possui elementos que a caracterizam,
sendo eles quatro: a influência, a situação, o processo de comunicação e os objetivos a
alcançar.
Todos esses elementos devem confluir na habilidade de influenciar pessoas para
o alcance de objetivos de forma voluntária, e não imposta; o líder sempre estará envolvido
com outras pessoas para alcançar objetivos, sendo um processo recíproco e focado em
pessoas, desistindo das atividades burocráticas ou que visam, exclusivamente, a resolver
problemas. Obviamente liderar é saber organizar também o uso do poder e política.
A influência de um líder frente aos demais terá como via o relacionamento existen-
tes, através de características pessoais específicas que vão influenciar em sua forma de
agir junto ao grupo, voluntariamente, como vimos antes.
Essas características específicas de um líder podem ser relacionadas a determi-
nados tipos de personalidade? Os primeiros estudos sobre a liderança começaram com a
identificação e localização de traços de personalidade típicos de um líder, entretanto o fraco
embasamento teórica, pouca correlação, a dificuldade na mensuração dos traços e o não-
-reconhecimento de diferenças das situações fizeram com que essa teoria dos traços caísse
em descrédito, hoje considera-se que certos traços de personalidade, em combinação com
outros aspectos da liderança, como comportamento, atitudes, assertividade, os grandes
líderes capazes de influenciar equipes por inteiro. Hoje não falamos em traços inatos de
Diante disso, é bom salientar que, hoje, alguns traços são considerados necessá-
rios ao líder, devido, relacionados principalmente ao tipo de atividades que desenvolverá.
Espera-se que um líder seja assimilador, inovador, que compartilhe conhecimentos e infor-
mações, estar atento e responsável com as pessoas, acessível mantenha visão do todo
(global) e que ofereça suporte e apoio. Essas são as principais características encontradas
em líderes, mas é importante ressaltar que na literatura encontraremos tipos de liderança
com estilos distintos e bem próprios.
O líder autocrático é aquele que ditas regras e diretrizes sem que o grupo seja
escutado, ou seja, sem qualquer participação do grupo; impõe as ordens para a execução
das tarefas, é um tipo de liderança amplamente relacionado com objetivos de produção. Na
liderança liberal encontramos seu contraponto aqui o líder se omite totalmente e fornece
completa liberdade para as decisões individuais ou grupais; já na liderança democrática,
temos o equilíbrio, o líder democrático debate com os grupos as diretrizes e decisões
dando-lhes voz e corpo, fazendo com que os grupos planejem e sugiram providências e
técnicas para atingir os objetivos, está voltada para a liderança centrada no colaborador,
em que o foco é são as interações humanas.
SAIBA MAIS
Comentamos muito o que é esperado de um líder e quais características o tornam uma
pessoa que acaba por conduzir as demais, mas também é necessário dizer que por ve-
zes temos colaboradores ocupando posições de chefia/liderança que não apresentam
essas características tidas como essenciais, é importante saber também, além do que
fazer enquanto líder, o que não fazer; nunca assuma as obrigações que delegou a al-
guém, pois você transmitirá duas mensagens ruins a sua equipe, de que você não confia
nos colaboradores e que centralizar as ações é sempre o correto a ser feito, e o modelo
que deverá ser copiados por eles; nunca critique em público, afinal a crítica sempre deve
ser substituída por um feedback fundamentado e construtivo em que é dado ao colabo-
rador a voz e a chance de explicitar seus pontos de vista, perder o equilíbrio emocional
também é péssimo, afinal saber gerenciar crises e conflitos é o mínimo esperado de
quem está ocupando essa posição, usar o poder instituído pela hierarquia também não
é garantia de sucesso a figura do chefe detentor do poder e de meios de coação tem
sido substituídas por líderes inspiradores, desvalorizar seus colaboradores só os tornam
mais arredios e desmotivados, apesar de lidar e considerar os aspectos individuais dos
colaboradores envolver-se emocionalmente sempre será um erro pois o fará perder a
visão do macro e do planejamento estratégico privilegiando colaboradores e criando
intrigas na equipe, traçar metas absurdas só criará em você e na equipe um sentimento
de incompetência e stress, desconsiderar as crises pessoais dos colaboradores não te
faz um líder objetivo e sim desumano e finalmente não esqueça seus sonhos e propó-
sitos pois eles serão a base, a força e o incentivo para continuar na liderança rumo ao
objetivo traçado.
Fonte: SAGE. Liderança e motivação:: conheça os 8 segredos de uma equipe engajada. conheça os
8 segredos de uma equipe engajada. 2016. Disponível em: https://blog.sage.com.br/lideranca-e-motiva-
cao/. Acesso em: 16 jun. 2020.
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931999000100007
Fonte: MORAES, Paulo Wenderson Teixeira. Os processos produtivos na atualidade: abordagens macro e
micro em psicologia organizacional. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 19, n. 1, p. 76-89, 1999. Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931999000100007&lng=en&nrm=iso>. ac-
cess on 17 June 2020. https://doi.org/10.1590/S1414-98931999000100007.
FILME/VÍDEO
Título: Os Gigantes da Indústria
Ano: 2012
Sinopse
Os Gigantes da Indústria é uma série de documentários sobre
diversos personagens que construíram o império do capitalismo
norte-americano em momentos de crise. Todos eles possuem suas
qualidades e seus defeitos, como qualquer ser humano, mas são
empreendedores invejáveis com características de lideranças e
capacidades de marcar a história; muitos deles correram riscos
muitas vezes imensuráveis para a época em que estavam inseri-
dos.
LIVRO
Editora: Fontanar
Sinopse: O conceito de inteligência emocional se popularizou em
meados dos anos 90 a partir do best-seller de Daniel Goleman que
ressalta a importância do equilíbrio emocional para a forma como
indivíduos se relacionam entre si e também para a maneira como
líderes lidam com suas equipes e desafios profissionais. O estudo
serviu de ponto de partida para uma série de outras abordagens
que buscam legitimar o aspecto emocional para a satisfação pes-
soal e o alcance de bons resultados no ambiente de trabalho com
base nos avanços de diversas áreas do conhecimento humano.
O livro Inteligência positiva, de Shirzad Chamine - CEO de uma
das maiores organizações de treinamento de coaches do mundo,
representa um novo passo na identificação de como o equilíbrio
emocional é determinante na maioria das tentativas para melhorar
a vida pessoal e profissional. O autor afirma que apenas 20% das
equipes e dos indivíduos alcançam seu verdadeiro potencial e
atribui ao processo de sabotagem da mente humana a causa de
grande parte dos fracassos. Shirzad parte da premissa que a men-
te humana é a melhor aliada de cada indivíduo e, paradoxalmente,
também a pior inimiga. Os sabotadores internos estão sempre em
atividade, mas é possível identificá-los e assim enfraquecê-los, me-
lhorando significativamente a ação do cérebro a favor do indivíduo.
Para medir o fenômeno, Shirzad desenvolveu o conceito de inteli-
gência positiva (QP na sigla em inglês), que avalia a porcentagem
do tempo em que a mente humana atua como aliada e não como
sabotadora. Tal medida fornece a resposta para questionamentos
diversos, como, por exemplo, por que quase todas as resoluções
de ano-novo são deixadas de lado, ou ainda por que alguém su-
Objetivos de Aprendizagem:
Plano de Estudo:
● 1 - A patologia e a psicopatologia
● 2 - Sistematização da patologia do trabalho
59
INTRODUÇÃO
É direito fundamental do trabalhador que o mesmo possa usufruir de uma boa saú-
de e qualidade de vida sendo um direito humano básico, gradativamente essa preocupação
tem atingindo as organizações, especialmente no que tange as condições de trabalho as
quais os colaboradores são expostos. Historicamente os meios de produção têm sido
privilegiados frente a saúde humana; sabe-se, entretanto, é possível conciliar economia/
produção e saúde no trabalho. As doenças ditas modernas (stress, neuroses, fibromialgia,
depressão e as lesões por esforços repetitivos), já há séculos vem sendo diagnosticadas.
Essas questões explodiram a partir da Revolução Industrial e a primazia do maquinário
por sobre o homem e vem num crescente em proporção a evolução e a potencialização
dos meios de produção, com as questionáveis condições de trabalho e de vida das cida-
des. A OIT – Organização Internacional do Trabalho, em 1919, foi formulado e divulgado
do Tratado de Versalhes, uniformizou as questões trabalhistas buscando diminuir essas
questões, promulgando seis convenções destinadas à proteção da saúde e à integridade
física dos trabalhadores (limitação da jornada de trabalho, proteção à maternidade, trabalho
noturno para mulheres, idade mínima para admissão de crianças e o trabalho noturno para
menores). Até os dias atuais diversas ações foram e têm sido implementadas envolvendo a
qualidade de vida do trabalho, (mais recentemente no Brasil passamos por alguns retroces-
sos proposto por uma reforma trabalhista de intenções e caráter não tão claros), buscando
modificar diretamente as causas e não apenas lidar com os efeitos a que estão expostos
os trabalhadores após a patologia instalada envolvendo as condições e questões do meio
ambiente, esse será o foco dessa unidade o trabalho como causa de adoecimento e como
são classificadas essas patologias.
René Descartes famoso filósofo francês, muito citado até os dias atuais elaborou a
teoria cartesiana, partindo do pressuposto da divisão entre a cabeça e o corpo como enti-
dades diferentes, com funções e concepções distintas, ou seja, a cabeça teria uma forma
de pensar e essa seria totalmente independente do corpo, essa teoria foi a dominante por
muito tempo, hoje sabe-se que cabeça e corpo se relacionam de forma integrada, holística,
e, portanto, não se pode considerar o indivíduo como sendo formado por partes fragmen-
tadas ou diferenciadas que atuam por conta própria, é preciso entender o ser humano de
forma holística. Para Rodrigues e Gasparini (apud MELLO FILHO, 1992, p. 76):
A emoção é um fenômeno que ocorre simultaneamente no nível do subsis-
tema do corpo e no nível do subsistema dos processos mentais. Aquilo que
no nível dos sentimentos é medo, raiva, tristeza, alegria, fome no corpo, con-
comitantemente, se expressa através de modificações no somático, através
de modificações das funções motoras, secretoras, respiratória e de irrigação
sanguínea. (RODRIGUES; GASPARINI apud MELLO FILHO, 1992, p. 76).
Há algumas classificações que são utilizadas por nós para entendermos e definir-
mos cursos de ação frente as patologias, são exemplos mais comuns a CID – Classificação
Internacional de Doenças e o DSM-V, o famoso manual americano de doenças mentais,
há cerca de 300 anos Ramazzini construiu uma classificação empírica da onde, segundo
Mendes (1999, p. 37), podemos pegar algumas características para iniciarmos uma siste-
matização da Patologia do Trabalho:
a) As doenças diretamente causadas pela nocividade da matéria manipulada que
dão origem às doenças profissionais.
b) As doenças produzidas pelas condições de trabalho: posições forçadas, inade-
quadas, em pé, sentado, inclinado, encurvado.
SAIBA MAIS
O ritmo acelerado do mercado a que estamos submetidos hoje faz com que cada vez
mais colaboradores sofram com o estresse e se tornem workaholics (viciados em traba-
lho), afinal é difícil desligar das demandas profissionais quando conseguimos carregar
nossa caixa de e-mail no bolso junto com a linha direta com o chefe. Além destes pro-
blemas de afastamento e falta de lazer, há mais uma série de doenças do trabalho que
afetam o colaborador com uma frequência crescente na atualidade e talvez já tenham
até lhe afetado, é preciso observar o ambiente e o clima organizacional a que estamos
expostos.
A exigência em níveis desumanos impostas aos colaboradores é um dos principais mo-
tivos de aparecimento das doenças do trabalho, aliados a fatores que circundam a vida
de quem vive acelerado como a má alimentação, o sedentarismo, o tabagismo e a obe-
sidade que também contribuem muito para que o desenvolvimento das mais variadas
complicações, aliados a péssimos hábitos relacionados à rebaixamento de ansiedade
como tabagismo, uso de medicação sem prescrição médica, hiperfagia etc. Uma pes-
quisa realizada pela empresa Omnit em 2014 elencou as 20 doenças do trabalho mais
comuns, esse estudo contou com a participação de cerca de 20 mil executivos brasi-
leiros. Segue a lista por ordem, iniciando a mais pela mais comum: Rinite, alergias de
pele, ansiedade, excesso de peso, dor de cabeça constante, dores nos ombros ou no
pescoço, problemas na visão, bronquite/asma, insônia, pressão alta, dor nas mãos ou
no braço, dor nas costas crônica, depressão, tireoide gastrite crônica, diabetes, úlcera,
problemas na audição, artrite ou artrose e osteoporose.
SERVA, Maurício; FERREIRA, Joel Lincoln Oliveira. O fenômeno workaholic na gestão de empresas. Rev.
Adm. Pública, Rio de Janeiro , v. 40, n. 2, p. 179-198, Apr. 2006 . Available from <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122006000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 17 June
2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-76122006000200002.
Fonte: SILVA, Edith Seligmann. Os vínculos entre condições de trabalho e saúde mental. Psicol. cienc. prof.,
Brasília , v. 8, n. 2, p. 13-16, 1988 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&-
pid=S1414-98931988000200006&lng=en&nrm=iso>. access on 17 June 2020. http://dx.doi.org/10.1590/
S1414-98931988000200006.
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931988000200006
FILME/VÍDEO
Título: O diabo veste Prada.
Ano: 2006
Sinopse
Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem que conseguiu um
emprego na Runaway Magazine, a mais importante revista de moda
de Nova York. Ela passa a trabalhar como assistente de Miranda
Priestly (Meryl Streep), principal executiva da revista. Apesar da
chance que muitos sonhariam em conseguir, logo Andrea nota que
trabalhar com Miranda não é tão simples assim.
LIVRO
Título: As Doenças Ocupacionais e as Doenças Relacionadas ao
Trabalho.
Editora:LTr
Sinopse: “Esse é um livro cuja leitura é indispensável a todos
aqueles que trabalham direta ou indiretamente com doenças ocu-
pacionais, seja elaborando ou analisando méritos com pedidos de
ressarcimentos e indenizações, julgando, analisando as doenças
dos colaboradores das empresas, decidindo sobre a correta na-
tureza do benefício previdenciário ou securitário a ser concedido
(ou, ainda, contestando a natureza deste benefício), elaborando
laudos periciais, etc. Segundo a máxima de Claude Bernard,
“Quem não sabe o que procura, não sabe interpretar o que encon-
tra”. E você, realmente sabe o que é uma “Doença Ocupacional”?
E uma “Doença relacionada ao trabalho, o que vem a ser? Você
saberia diferenciar “Doença Ocupacional” de “Doença relacionada
ao Trabalho”? Você sabe qual a importância desta diferenciação
para a discussão sobre o nexo causal entre trabalho e doença? E
o que isso tem a ver com o Nexo Técnico Epidemiológico? Até o
momento, a experiência do autor faz crer que pouquíssimos profis-
sionais (incluindo peritos, advogados, juízes, médicos do trabalho,
sindicalistas, administradores de grandes empresas, entre outros)
saberiam realmente fazer esta diferenciação, que é de suma im-
portância para um correto estudo do nexo causal entre doença e
trabalho e, consequentemente, para a discussão quanto às res-
ponsabilidades civis e criminais dos empregadores, bem como da
litigência de má-fé contra pessoas ou empresas inocentes. Esse
livro foi escrito em uma linguagem de fácil compreensão e é um
convite para uma discussão aprofundada sobre estes conceitos e
as implicações de suas diferenças, assim como dos estragos que
podem ser causados quando não são bem compreendidos.”
Objetivos de Aprendizagem:
Plano de Estudo:
● 1 - Estresse
● 2 -Síndrome de Burnout
● 3 - LER/DORT
71
INTRODUÇÃO
Nessa unidade trataremos das doenças propriamente ditas, lembrando que suas
causas estão engendradas no ambiente ocupacional a partir dos conceitos da unidade
anterior; não abordaremos aqui o adoecimento causado por agentes biológicos (bactérias,
vírus), químicos (solventes) ou físicos (má iluminação ou mobiliário inadequado). Foram
escolhidos três temas que tratam do adoecimento psicossomático. O primeiro tema abor-
dado é o estresse que como veremos não é por si só um indicativo de adoecimento afinal
o estresse é uma condição inerente a vida e não somente ao mundo do trabalho, mas a
exposição prolongada a situações estressantes que gera o ambiente propício ao desen-
volvimento de várias enfermidades. Partindo do conceito de estresse, causas e suas impli-
cações nós discutiremos a Síndrome de Burnout que por sua vez tem cunho intimamente
ligado ao ambiente organizacional, essa síndrome é definida a partir do comportamento
do colaborador que chega ao seu limite por falta de energia/motivação e engajamento,
impossibilitando ou limitando gravemente seu desempenho físico ou mental. Finalmente
trataremos da teoria acerca da LER/DORT que também está intimamente envolvida com
processos organizacionais tendo sua causa principal a sobrecarga musculoesquelética e
mental estando relacionada com fatores ergonômicos, organizacionais, psicossociais e
individuais. As informações a seguir foram baseadas no trabalho de Pesca (2011), essas
doenças, frequentemente presentes nos espaços organizacionais, alteram a maneira
como os colaboradores se enxergam e principalmente a forma de relacionamento entre
as pessoas, a individualidade, gravidade da situação e as intervenções propostas pela
empresa definirão a atitude de enfrentamento e as a intensidade das consequências frente
à instalação dessas doenças e seus resvalos certeiros no ambiente laboral.
A LER e a DORT, apresentam-se como doenças que tem como base uma so-
brecarga músculo/esquelética aliada a fatores psíquicos, estando relacionadas a fatores
ergonômicos, organizacionais, sociais e individuais. É consenso entre os profissionais de
saúde que ambas têm natureza multifatorial, o que tem provocado falhas na proposta de
tratamento, até o que sabemos hoje enquanto comunidade científica não é possível deter-
minar as variáveis fundamentais que geram os quadros, mas já podemos afirmar que são
biopsicossociais. São quadros fisiopatológicos, surgem sempre correlacionadas a um uma
individual interação mal adaptada entre trabalhador e suas tarefas (caso contrário todos
os trabalhadores desenvolveriam tais distúrbios), envolvendo sempre o caráter social pois
também devem ser considerados a organização e divisão do trabalho.
A Lesão por esforço repetitivo (LER) é uma lesão/ inflamação, que atinge, espe-
cialmente, os membros superiores, sendo a manifestação mais comum a tenossinovite (in-
flamação dos tendões), os primeiros casos registrados atingiram profissionais digitadores,
mas hoje já vem sendo diagnosticada em outros trabalhadores que desempenham funções
de caráter repetitivo. O principal sintoma é a manifestação de uma dor difusa impossibili-
tando a sua localização, de intensidade variável, podendo haver ou não vermelhidão dos
membros atingidos. Conforme avança pode gerar o total comprometimento funcional dos
membros atingidos culminando na perda da função o que gera a incapacitação do colabo-
rador em sua função original, em casos mais graves há o comprometimento da função de
preensão impossibilitando a realização pelo indivíduo de tarefas do dia a dia como pentear
o cabelo, escovar os dentes, segurar o garfo ou um copo com água.
As doenças osteoarticulares relacionadas ao trabalho (DORT) estão relacionadas
a dores na coluna, lombalgias ou dorsalgias, denominadas pelo senso comum como
dores nas costas, incluem-se aqui também os diagnósticos de LER quando esses estão
relacionados ao trabalho executado pelo indivíduo. Há grande incidência do distúrbio por
todo o mundo, não sendo exclusividade do nosso país, os custos de tratamento são muito
altos para os sistemas de saúde, mas a maior das perdas é o alto índice de retirada do
profissional e o surgimento de comorbidades como a depressão, pois é um quadro que gera
altos níveis de estresse e provoca sentimentos de menos-valia e incapacidade. Quando o
colaborador é readaptado para nova função gera a necessidade de treinamento e adapta-
ção às suas novas tarefas, podendo inclusive gerar problemas de relacionamento entre os
demais colaboradores; por tratar-se de uma condição que pode não ter nenhum sintoma
Ter acesso e tomar consciência dos conceitos básicos das enfermidades relacio-
nadas e frequentes do mundo organizacional é pré-requisito fundamental para todos os
profissionais envolvidos nos processos de gestão e liderança de equipes, pois é só através
da apropriação desses conceitos que podem ser planejadas políticas empresariais que
garantam a qualidade e bem-estar dos colaboradores, ou que quando for o caso ao menos
minimizem ao máximo os riscos a que estarão expostos; também auxiliará elaboração de
programas focados na prevenção das doenças que têm múltiplas causas e portanto devem
elaborados por equipes multiprofissionais, essas enfermidades quando instaladas alteram
por completo a vida pessoal e profissional dos colaboradores o que vai influenciar diretamente
no surgimento de conflitos dentro da equipe de trabalho, bem como colaborando para a
inexistência de um clima organizacional que corrobore para atitudes de respeito, empatia
e motivação na realização das funções de cada profissional, culminando de maneira óbvia
em perda de produção mas especialmente da qualidade dos serviços ofertados. Situações
essas que deverão ser manejadas pelos profissionais da área de psicologia e gestão de
pessoas que terão a responsabilidade de aliar seus conhecimentos sobre o manejo de
colaboradores a esses técnicos e biológicos, propondo intervenções eficientes realizadas
por meio de atividades desenvolvidas dentro da organização de maneira frequente, de
forma coletiva, com todos os profissionais no processo de trabalho, nunca descartando
quando necessário o uso de atividades individuais e encaminhamentos para serviços de
apoio oferecidos fora da empresa que também deverão estar cientes de como as relações
e demandas profissionais podem ser grandes causas de manifestação das doenças aqui
retratadas.
SAIBA MAIS
A ginástica laboral é uma prática que tem sido adotada por grande parte das empresas
como uma medida preventiva relacionada ao surgimento de doenças ocupacionais, es-
pecialmente a LER/DORT; seu principal objetivo é a prevenção aliada ao incentivo para
que os colaboradores pratiquem atividades físicas a partir da ênfase dada importância
desse hábito para a melhora na qualidade de vida e manutenção da saúde. A ginástica
laboral pode ser realizada, e geralmente o é, no próprio posto de trabalho ou em espa-
ços específicos dentro da empresa, dura cerca de quinze minutos, podendo ser realiza-
da diariamente ou semanalmente, dependendo da política empregada pela instituição.
A ginástica laboral possui classificações que atendem a necessidades específicas dos
colaboradores que dela se beneficiam, podendo inclusive de acordo com a carga ho-
rária disponível aliar um ou mais propósitos. São os objetivos básicos dos exercícios
propostos pelo profissional os seguintes vieses: preparatório; objetivando preparar o
organismo para o trabalho físico através da melhora da oxigenação dos tecidos, au-
mento de frequência cardíaca levando a uma melhora da disposição e concentração,
nessa perspectiva tem a duração média entre 10 e 12 minutos, aplicando exercícios
de coordenação, equilíbrio, concentração, flexibilidade e resistência muscular no iní-
cio. Compensatória: realizada, portanto durante a jornada de trabalho objetivando o
alívio das tensões musculares decorrente do uso excessivo de métodos e materiais de
produção, ou ainda por má postura e pelo esforço excessivo através de exercícios de
correção de postura, flexibilidade, alongamentos e exercícios respiratórios. E finalmente
com o caráter de relaxamento, realizada ao fim da jornada de trabalho com foco no alívio
de tensões e diminuição do estresse através da aplicação de técnicas que envolvem a
automassagens, exercícios respiratórios, alongamentos e meditação.
Fonte: ZEVEDO, Pedro Galoza de; GRANADO, Shirley Orçai. A importância da ginástica laboral na pre-
venção de LER/DORT. Efdeportes.com, Revista Digital., Buenos Aires, v. 148, n. 15, p. 1-1, set. 2011.
Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd148/a-ginastica-laboral-na-prevencao-de-ler-dort.htm.
Acesso em: 19 maio 2019.
Link: https://www.periodicos.unifra.br/index.php/disciplinarumS/article/view/1050
Fonte: LEAL, Ana Talita Araújo et al. O EFEITO DA GINÁSTICA LABORAL NAS DOENÇAS OCUPACIONAIS
EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR. Disciplinarum Scientia., Santa Ma-
ria, v. 2, n. 14, p. 227-232, fev. 2013.
FILME/VÍDEO
Título: Um dia de fúria
Ano: 1993
Sinopse: Prendergast é um policial em seu último dia de trabalho
antes de poder aproveitar sua aposentadoria que arrisca sua vida
para tentar deter William Foster, que por sua vez é um homem
estressado a níveis patológicos que perdeu seu emprego está indo
ao encontro de Beth sua ex-mulher, e da filha, sem reconhecer que
o seu casamento já acabou há muito tempo, entretanto William vai
eliminando quem cruza seu destino.
LIVRO
Editora: Atlas
Sinopse: Este livro proporciona ao leitor a oportunidade de co-
nhecer e refletir sobre o desafio de conviver no mundo do trabalho
com pessoas e situações inesperadas nos diversos cenários das
empresas. Como a pessoa independente, totalmente isolada, é
uma abstração, ela é levada a manter constante interação com
outra e a concordar com metas, objetivos e valores propostos
pelas pessoas com quem convive, ou a discordar de tais decisões.
Objetivo da aprendizagem:
● Iniciar os estudos e reflexões dos conceitos de competência interpessoal e inteligên-
cia emocional, bem como o seu valor no ambiente organizacional.
Plano de estudo:
● 1- Habilidades Interpessoais e Inteligência Emocional
● 2 - Inteligência Emocional
● 3 - Desenvolvimento Profissional
84
INTRODUÇÃO
Quando nos remetemos a inteligência logo vem à nossa mente temas referentes ao
quociente intelectual ou quociente de inteligência, o tão famigerado, criticado e por que não
ultrapassado: QI, esse resultado numérico foi construído para retratar e quantificar sobretu-
do a capacidade do indivíduo apresentar raciocínio lógico e habilidades linguísticas. Entre-
tanto esse tipo de habilidade refere-se somente aquele necessário em ambientes escolares
sendo inclusive desenvolvido nesses espaços, está associado às nossas características
genéticas e estímulos a que somos apresentados durante a vida. A inteligência emocional
requer muitas outras habilidades que infelizmente não contempladas na vida escolar, a
capacidade de fazer-se entender, autocontrole emocional, as percepções próprias e do
outro, o reconhecimento de nossos pensamentos como grande direcionadores de nossos
sentimentos e comportamentos e ações, entre outros.
Desenvolver as habilidades interpessoais e intrapessoais é fundamental para
nos posicionarmos em busca do sucesso profissional, o QI elevado não é suficiente para
garantir excelente desempenho e desenvolvimento profissional, apenas o conhecimento
técnico ou o domínio da área do saber não se faz mais como pré-requisito mínimo, é preciso
adquirir e desenvolver controle emocional, ser capaz de relacionar-se, de lidar de maneira
eficaz com as situações conflitantes. O diferencial dos colaboradores agora reside na forma
como reagem, diante das situações, e como a superam desafios, o que é o contraponto do
que infelizmente temos observado nos ambientes organizacionais, tantos colaboradores
Não há um roteiro que se seguido passo a passo tornará o indivíduo mais equili-
brado e mais inteligente emocionalmente, para esse autor há a distinção de duas mentes:
uma que sente, e outra que pensa, “a mente racional não decide que emoções devemos
ter, o que ela pode fazer é controlar o curso dessas reações”. (GOLEMAN, 1995, p. 105).
Em uma primeira instância o indivíduo sente a emoção através dos impulsos nervosos que
levam os estímulos do meio externo ao cérebro, então ocorre o seu processamento junto
com as emoções reafirmando que o quociente emocional (QE) é tão importante quanto o
intelectual, um não deve ser superior ao outro, mas estar em uma sincronia, essas duas
mentes devem operar em estreita harmonia entrelaçando conhecimento e emoção, afeto
e razão, indivíduo e coletivo, se uma dificuldade se estabelece nesse processo teremos
consequências na capacidade de concentração e atenção no trabalho, com provável redu-
ção do raciocínio lógico, da percepção do todo, dificuldade de comunicação e todo o foco e
atenção focado para as emoções.
Já para Gardner (1994), há a inteligência intrapessoal e interpessoal, a primeira
está relacionada com o autoconhecimento e controle emocional voltada para a autocom-
preensão, enquanto que a segunda se refere ao reconhecimento de emoções em outras
pessoas e habilidades em relacionamentos interpessoais, voltada para a compreensão
do outro o que possibilita trabalhar de maneira cooperativamente em processos grupais
voltados para a cooperação espontânea, iniciativa, trabalho em equipe, maior capacidade
para negociação de conflitos e empatia. Para Oliveira (1997, p. 36), “é preciso lembrar
que o aparecimento do fenômeno humano se deu por uma transformação nas relações
emocionais”. Não há como proibir as emoções sejam expressas nos diferentes ambientes
elas são o combustível que alimenta a ação, a prática. Dar atenção às nossas emoções é
trilhar um caminho em busca do bem-estar frente às situações que enfrentamos no dia a
dia, é sobretudo desenvolver empatia para possibilitar vínculos positivos entre as pessoas,
respeitando as diferenças individuais, promovendo relacionamento com as pessoas por
meio do autocontrole e da empatia.
A autora Moscovici (1999, p. 13) vai nos trazer uma grande e moderna reflexão a
partir da sua fala pois lamenta que “o objetivo final da empresa ainda não é a felicidade do
homem, mas o seu lucro maior”, com isso a autora quer dizer que, os aspectos técnicos
e tecnológicos são priorizados frente as pessoas e que muitos gestores não conseguem
dar o devido valor as emoções nos ambientes de trabalho por diversos motivos; supomos
que talvez, em decorrência deles mesmos não saberem lidar com este contexto, ou da
crença instalada em muitas empresas de que não há espaço na cultura organizacional
para emoções o que culmina com uma grande dificuldade em aceitar mudanças. Outro
fator a ser levantado é que a maturação emocional não é simples ou fácil de ser alcan-
çada; pressupõe-se que o colaborador queira e seja capaz de aprender e acumular suas
experiências sobre experiências anteriores, isto é, a capacidade de evoluir conforme os
anos passam tirando dessas situações valiosas lições. Desenvolvimento interpessoal exige
um tempo, dedicação e condições especiais de tecnologia, coordenação e organização,
constituindo-se em um processo mais demorado e trabalhoso, ao lidar com dimensões
psicológicas emocionais e atitudinais que podem ser, e provavelmente serão, mais com-
plexas que as intelectuais. Outro dilema que se impõe é o seguinte a busca por resultados
rápidos, tangíveis, aparentemente positivos, versus a adoção de uma filosofia humanista
de desenvolvimento de potencialidade, atitudes e valores, que vai necessitar certamente de
uma ação social de longo prazo, sem resultados imediatos visíveis, em um lento e gradual
crescimento pessoal, interpessoal, grupal e organizacional em busca de sua plenitude e
máxima eficácia. Finalmente nos apoiamos num conselho de sabedoria oriental de ensinar
a pescar em vez de dar um peixe para matar a fome do momento, nas organizações esta-
mos matando a fome ou ensinando a pescar?
SAIBA MAIS
Link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901981000200002
Fonte: MOSCOVIA, Fela. Competência interpessoal no desenvolvimento de gerentes. Rev. adm. empres.,
São Paulo, v. 21, n. 2, p. 17-25, June 1981. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art-
text&pid=S0034-75901981000200002&lng=en&nrm=iso>. access on 20 June 2020. https://doi.org/10.1590/
S0034-75901981000200002.
FILME/VÍDEO
Título: A origem
Ano: 2010
Sinopse: São temas abordados no filme trabalho em equipe,
integração e planejamento. A história do filme trabalha a questão
da quebra de confiança entre líder e liderados, que nesse caso é
superada pela maturidade da equipe e pela possibilidade de uma
recompensa boa logo à frente. Refletindo os ambientes corpora-
tivos e interpessoais, em que todos estão passíveis de cometer
erros.
LIVRO
Editora: Atlas
Sinopse: Esta quinta edição tem como objetivo atualizar biblio-
graficamente aqueles assuntos relativos ao ajustamento dos
seres humanos à situação de trabalho, uma vez que já é fato
consumado o reconhecimento de que as pessoas representam um
forte diferencial competitivo entre as organizações na atualidade.
Pesquisando, mesmo que superficialmente, material disponível
sobre o assunto, percebe-se que o campo da Psicologia Organi-
zacional está constantemente sendo ampliado e enriquecido cada
dia mais. Gerir pessoas de maneira eficaz já não representa mais
usar o simples ?bom senso?. É necessário mergulhar fundo nas
intenções delas e nas razões que dirigem seus comportamentos.
É necessário ir além do significado aparente do comportamento
para descobrir aquilo que as motiva, portanto é indiscutível o valor
da pesquisa científica, para evitar que se ocasionem verdadeiros
desastres capazes de romper a produtividade de cada um. Livro-
-texto revisto, atualizado e ampliado para a disciplina Psicologia
Aplicada à Administração dos cursos de graduação e especializa-
ção em Administração de Recursos Humanos.
Objetivo da aprendizagem:
● Conceituar de maneira embasada o processo de qualidade de vida no trabalho.
Plano de estudo:
● 1 - Origem histórica da Qualidade de Vida no Trabalho
● 2 - Programas de Qualidade de Vida
96
INTRODUÇÃO
O autor que fez análises históricas para determinar uma espécie de origem do
conceito de qualidade de vida no trabalho é Rodrigues (2001); iniciou suas pesquisas con-
temporaneamente a George Elton Mayo (1880-1949), que já citado em unidades anteriores
foi o psicólogo americano conhecido com um dos fundadores da escola de relações huma-
nas da filosofia da administração graças a sua experiência pioneira em 1927 que tratou das
influências da iluminação do ambiente na produtividade, no índice de acidente e na fadiga,
incluindo análises a respeito da monotonia em ambiente de trabalho, demonstrando assim
como aspectos psicológicos e sociais contribuem para a qualidade de vida do trabalhador.
Para Rodrigues (2001) é necessário associar a hierarquia de satisfação das ne-
cessidades de Maslow – classificadas em fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e
de autorrealização – com os fundamentos das Teorias X e Y de Douglas McGregor (1906-
1964), para então sermos capazes a partir dessa abordagem da administração científica de
descrever a natureza do comportamento humano a partir de duas premissas, para a Teoria
X, há pessoas que apresentam uma inerente aversão ao trabalho e portanto o evitam a todo
o custo, essas pessoas comportam-se de maneiras a evitar responsabilidades, possuem
relativamente pouca ambição, e principalmente buscam somente estabilidade profissional.
A Teoria Y propõe o inverso, acredita que os indivíduos são entusiasmados pelo trabalho,
dedicados aos objetivos organizacionais, automotivados, responsáveis e criativos, sendo,
1979/1983 Tudo A QVT é vista como conceito global e como uma forma de
enfrentar os problemas de qualidade e produtividade.
Previsão fu- Nada A globalização da definição terá como consequência inevi-
tura tável a descrença de alguns setores sobre o termo QVT. E,
para estes, QVT nada representará.
Fonte: NADLER & LAWLER, 1983
SAIBA MAIS
O conceito de Trabalho Decente foi formulado pela primeira vez oficialmente pela Orga-
nização Internacional do Trabalho em 1999 e resume a sua missão construída histórica
e socialmente de promoção de oportunidades para que homens e mulheres tenham
acesso a postos de trabalho produtivos e de qualidade, necessariamente em condições
de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. O Trabalho Decente tem por
conceito o ponto de convergência máximo de quatro eixos estratégicos: a promoção
dos direitos no trabalho, a geração de empregos produtivos e de qualidade, a extensão
da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. A noção de Trabalho Decente
deve, portanto, integrar as dimensões quantitativas e qualitativas do emprego e é uma
tentativa de publicar em linguagem acessível, a integração de objetivos socioeconômi-
cos a partir da união das dimensões do emprego, dos direitos trabalhistas, da seguran-
ça e da representação, em uma única unidade de coerência tamanha que considera
toda a totalidade do contexto. Segundo Martinez (2005, apud ABRAMO, 2015) a grande
novidade no conceito de Trabalho Decente é ser exatamente uma unidade multidimen-
sional, acrescendo novas dimensões de caráter normativo (regras), de segurança e de
participação/representação, condições econômicas de emprego e qualidade de vida,
envolvendo ainda o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras, e não somente apenas
aqueles/as que têm um emprego regular, estável, protegido, no setor formal ou estrutu-
rado da economia.
Fonte: ABRAMO, L. Uma década de promoção do trabalho decente no Brasil: uma estratégia de ação
baseada no diálogo social / Organização Internacional do Trabalho - Genebra: OIT, 2015
Dado a extensão do tema, faça a leitura do artigo abaixo selecionado que trará
detalhes importantes para a construção desse conceito tão importante dentro da psicologia
organizacional que é a qualidade de vida no trabalho.
Link: https://periodicos.utfpr.edu.br/rbqv/article/view/3015
Fonte: FORNO, C. D. FINGER, I.R. Qualidade de vida no trabalho: conceito, histórico e relevância para a
gestão de pessoas. REVISTA BRASILEIRA DE QUALIDADE DE VIDA. v. 07, n. 02, abr./jun. 2015, p. 103-112
DOI: 10.3895/rbqv.v7n2.3015
FILME/VÍDEO
Título: The True Cost
Ano: 2015
Sinopse
O documentário explora a ligação entre a pressão dos consumi-
dores por alta-costura de baixo custo, consumo desenfreado e a
exploração de trabalhadores nas fábricas.
LIVRO
Editora: Atlas
Sinopse: Esta obra busca novos paradigmas na administração de
empresas por meio de três vetores conceituais nas questões de
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). As escolas de pensamento,
os indicadores empresariais BPSO (Biológicos, Psicológicos, So-
ciais e Organizacionais) e os fatores críticos de gestão. O intenso
trabalho de pesquisa visou a uma nova Modelagem Conceitual,
com base nas Interfaces da Gestão da Qualidade de Vida no
Trabalho (QVT) da administração de empresas. Os conceitos aqui
tratados foram construídos com base na combinação do método
quantitativo - utilizando-se a análise documental e do estudo
quantitativo exploratório - por meio de pesquisa de campo com
administradores, alunos e professores da área de Administração e
ampla análise documental, inclusive com alunos do MBA-RH (FIA)
em convênio com a USP, em projeto de pesquisa de livre-docência
da autora. O livro traz dados e instrumentos conceituais para
ampliar a visibilidade e subsidiar as ações estratégicas, gerenciais
e operacionais em níveis coletivos e individuais nos desafios da
busca e reconstrução do bem-estar nas empresas. Leitura de
relevante interessa para administradores, psicólogos, médicos do
trabalho, assistentes sociais, enfermeiros, advogados, engenheiros
e especialistas da área de saúde e segurança do trabalho. Alunos
e professores que atuam direta ou indiretamente com gestão de
pessoas.
ABRAMO, Laís. Uma década de promoção do trabalho decente no Brasil: uma estratégia de
ação baseada no diálogo social / Organização Internacional do Trabalho – Genebra: OIT, 2015,
p. 28.
ALMEIDA, C.M. As reformas sanitárias nos Anos 80: crise ou transição? Tese de doutorado. Es-
cola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz: Rio de Janeiro, 1995.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio
de Janeiro: Campus, 1999.
FRANÇA, Ana Cristina Limongi et al. Stress e trabalho. São Paulo: Atlas, 1999.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto Alegre:
Artes Médicas, c1994.
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2006.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteli-
gente. 85. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
HERSEY, P.; BLANCHARD, K. Management of organizational behavior. 5th ed. Englewood Cliffs,
NJ: Prentice-Hall, 2007
HERSEY, Paul et al. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacio-
nal. 11. reimp. São Paulo: EPU, 2005.
KONDER, L. A derrota da dialética: a recepção das idéias de Marx no Brasil até o começo dos
anos 30. Rio de Janeiro: Campos, 1987.
MELLO FILHO, Júlio et al. Psicossomática Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
P473p Pesca, Andréa Duarte. Psicologia organizacional / – Natal: Edunp, 2011. 268p. : il. ; 20 cm
QUINN, Roberto E. et al. Competências Gerenciais: princípios e aplicações. Rio de Janeiro: Else-
vier, 2003.
VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de pessoas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
WEIL, Pierre. Relações Humanas na família e no trabalho. 49. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
ZANELLI, José Carlos et al. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed,
2007.