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Sophia de Mello Breyner Andresen PROSA organizagio e proficio de Carlos Mendes de Sousa posficio de Maria Andresen de Sousa Tavares QQ ASSIRIO & ALVIM set Aa ee ‘Com as suas marinas diltadss es sus misculos tens, estes ca ‘alos paecem compor um avangatincessate. Os quaco corpos fogo- $0s,ébrios de vitaldade, langan-se no espago, devoradores do espao, como o iepétio de Alexandre 19. © HELENISMO ‘Aare greg uma conquina do teal mas osu movimento & de po: naturism e abxoacio, Atnsio dada ao fendmeno e busca de Is universe. © amor da vida, do pitorso, do movimento, da naturet eda sua dversidade io caareriicas eis gue contnuam a0 mundo jo ico e que penetrm a ate greg até a0 aul. Porém, a pari dis GGueras Médicas 0 gio dria centa a arte na ura burana © aa brea de un et ‘Com o perio de Alexandre a Gréia renconra Orene ea der side dora. Os crs deca enigam paca Pao ep Ale sand co epi projec no xpazp na experiencia da dead ‘Aare belnisca& diverse bus divenidade. © dasicmo, come a ane aaa, avo ras eacepys, epreseto sempre 0 carp « plea joentud, no momento da prego. Aart helena repre- sent chs e cana num reismo que alla eslasade de todas as formas, A ate lise quer na ago quer na imobildae,epsenta 4 nob, aa do homem. A ane hontai ads formas de cago decadncn de soimeno degrada. A ae csc cen ‘tows na Bigs do homme dos deseo elnino busca a formas Ibid © panos, no desgjo de capa a toraidade do re. Ea are de uma hurandade abera awa © cei, E também a are de ‘uma himnidade que prsersndo 3 rina do sca mundo tnt ee {a 08m antigo culos ds fogs nats. Aa de ma lingo Jntenacional que, concen das us conta, pers cm mil tiploscainhos ara da vata derided da ter. sa ate de ua grande importinia a0 corpo da muber, vendo le una forma menos abstract do que a forma asin ma ps 30 eda formas da natarcn. Asim, na Venus Cirene do esmas, que ua bla cpa de wm orignal do elo 4G, 0 excultor modificou a proporges cscs pars encontrar uma ‘nova expresso da armonia eda plenitude do corpo feminin. Da Aphrodite Acoeorada de Doidalsas, esultor bitinio, birbaro helenizado, do séulo aC. chegiram-nos numerosa cépiss, imita- ‘te variates, Nesta obra, onde o jogo das longas cura cia uma Continuidade que a si mesma se rodein num equilbvio exactamente ‘euaclonado, vemos uma extrem carnalidade simultaneamenteelis- tiea © tensa, contida pelo ritmo dos volumes, uma camalidade que lem. poipa de wm fro (Com 3 Vins de Milo, do sfulo 1! aC. rgressamos a um mundo ‘mais puramente greg. O corpo di uma exaoediniraimpresso de ca- ridade ede sanade,Eum compo irmio do ma eda uz, uma ra praia ‘que peo equlibrio, pla harmonia das proporces e pela serenade se reaproxima das obeas do casicismo, ‘A escola de Pérgamo, séeulo 0 2.C, €um dos moments mais in- tense vivos da ate heenistica, [No Gaulés Moribundo aparecem dois elementos profindamente novos: tengo dada ao sfrimentoe 2 atengio dada a um eoepo bi bro, Este corpo no & apenas o corpo de um povo diferente densi ‘ado peo torques que radia 0 pecogo:éo corpo rude, sem plenitude, ‘exito,nio cultvado do bitburo, corpo prfundamente diferente do compo educado do aera gogo. Mas, ao entender a sua valenia€a sun dor, arte helnitieadiz-nos que ele no perence& mesma clara mas pertence 3 mesma humanidad, 0 seu sofeimento & um soffimentoin- Alivia dito com um realism comovido eatento, ‘Mas no altar de Zeus de Pégamo, 197-159 a.C., a dor que apa- sce no & 0 sotimento do individu mas pathos, a grande dor uni vera, Este alo-relevo de enormes proporgSes (2,30 metos de altura) ‘conta a uta céxmies dos gigantes e dos deuses. Aqui a forma humana mistur-see combina-e com as formas animals, prolonga-se nas for mas animas. Os volumes so cavado erecavados, como buscando wm abismo, € fundense aum cumulto ordenado pelo timo. O altar de Zeus, embora clebre 3 dupla vitéria dos deuses gregos e dos ris de Perpaao, é na relidad, como Malraux vis, um erepisculo dos deuses pagios, um erepisclo onde cansborda uma vialidade atormentada © veemente, Masa arte de Pégamo & apenas ua dis cendéncis do he lenismo, Estas tendéncs so mips, pois as qualidades puramente sree se vo aerando e transformando ¢desdobrando sob a nflaén cia das cultura da Asa Menor, do Egipto, do Oriente ede Roma ‘Assim no Gladidor Borghese, para além da atiode cientifica de tum reaimo anatimico de disscagio, aparece aqula conquita da sterccira dimensios que continua o caminho de Scops ¢ Lsipo. Mas «do tealismo do Luzador de Boxe, de Appolinio, mostra com di- rez fore bruta do alta pofisional elem de uma extaoninia ‘obra de ae, um documento sobre a evlucto do alto greg. © ms romano & cpa, hs, mito e reflex da are greg Pois 0 Romano nem enfene © homem masta nude nem nea surpreeade 0 divine. As eabeasromanss tm sempre aad gente vestida ea nude ‘dos corps na arte romana nada em aver com esa busca do serene timo eexrutral do universe que €0 gee. ‘Mas Roma amou a Gréi e quis rsusil einegrt No séeulo da era eristd ese dejo toma com 0 imperador ‘Adriano ma conscicia mais aguda ¢ mais profunda. A exticua de Sabina, sua mulher, imitaaquea forma do nu que é0«drapeado mo- Thados dos Gregos.E a esis de Antinoo apaecem como tka ‘entativa para captar no corpo do omem pagio a imagem ¢ a subs tinea do divino, O toro um pouco peso dojovem bio obtiga 0 ‘sculor a akera as proporges elsicas de tl forma que podem di er que abeleza de Antinoo tikimo canon, Una humana bela de deus ede animal onde © pit largo se incha dear como uma vel fonde a eabera de testa cura se ineina sob 0 aneado dos cabelos © ‘onde em somibra ou claro, se fect 0 desabar de mitose de impe io. Uma belesaapuzonada epattea que € como que uma obec oda belers ‘Mas © mundo do divino interior 20 univeso eek orto. O ws rmuliuoso crepisculo dos dewses do altar de Pérgamo dissolve numa nostalgia dius, aqucla nostalgia que odeia as colunas de Pomp ‘On, tendo perdido o seu caricter regis oa se transforma cm ‘obras nostlgicas, ora se degrada em obras decorativas © desparece mesmo antes do triunfo do cisianismo. [No século tv da era cristo impersdor Juliano, 0 Apéstra, quis restauraro culo dos deuses pagios ¢ mandou consular 0 oréculo de Delphos. Mas a Pyehiarespondeu: tle dizer a rei que belo palicto cia pr tera quebrado,Phebo |i nso rem cabana, nem loueito profcce, nem fonte melodioa. Agua ‘que fila ealou-se orem, paralclamente 3 sua negago, a Givin permanece porque & sctal:porgue tf na podrs, ma liz, na noite, no bosque 90 liso do nar, na curva da vag nese seco que Byron diz que ose greg. 'A Gréciarecomega sempre que alguém busca a sua alianga com a imanéncia «com o aparecer da coisas, Sempre que alguém eré que 0 apaceetpertence 20s ‘Se entendemos as formas grgas & porque clas sto intisecas 20 asso proprio ear no mundo € po soa sua verdade por si mesmo se enor, alimentads pela nossa prope vida, Por isto as reconhecemos ‘como justas, como neces e no como exis ou oeramentas. Por ‘so para née nfo so curisidade ou diversio ou erudicio mas busca da ross propria vida, Se as formas gogas nfo se eaotaram & porque ente las e ns existe um nex, & porque es partem da mesma necesidade de que nés partimos. A Gréia rcomesa sempre que reconhecemos ‘como vedade, eno como exo, come aio, como allenario ou itr S$o, 0 mundo em que estamos, Sempre que buscamos ua reco com ‘era em que nada dens se demir, adie ou tansira, ‘Se procuramos as ftmas gegis € porque Fundamentalmente para ns lat nio so pasado, histeae cultura mas relago actual e wit. De facto a nos pita aprendizagem da Gréia no comegou em nenhum livo erudite, em nenhm compéndio, nem mesmo comesou no poem ‘ou na ests, mas na praia eno bosque da nos inca, no da mais Primordial de ns mesos, qsando nas luminou um sorrio de espanto ‘ede maruilhamentoperante a form da concha eda pina e eran a Firma do nos ombro e da aossa mio. Olmos ess formas como quem esc a verdad, E fo a parr dese olbar e dese eseutar que mais tanleentendemos Homero eo Kouros de Mio, E assim a formas gregas ‘nos aparecem simultanesmente como lotensamentedivinas, intense mente maternase intenamentefratemas. Divinas porque io verdad, ratemss porque aos sjudam a ascer, a emergit, a vie la, fternas porque naicem da mesma necsidade da qual nds pris nascemes. or iso nos voltamos para a Grécia— nfo porque ela esta au reolada pelo mitico prestigio de um pasado gloioso — mas porque da € para nds aculidade © cxemplo, Apesar de todos os seus prest- osc fcnios nfo procuramos recomecar o Fgipro ou a Assia Mas através dos sculos vemos que de Adiano a Halden e de Hlderlin 20s noses dis os homens procuram recomar 0 caminho reg. Por iso em Parr Marlo Mendes exreve: *Nunea scapase- ‘mos esses gregoss Por iso Luckas parte de Homero, Niewsche de Fs- ‘ull, Heidegger dos pr-seriticos. Ese para Pessoa Caio &0 mest & porque em Catto ele vé um gogo. E cada din aparece mais evidente que mo encontraremos acordo| ‘com nds pris nem com a fera em que estamos se no consegulrnos ‘merge da civizagio exlnte € mutlance onde nos emaranhamos ¢ se ‘alo consegurmosretomaro caminho que a Gréia acca ou. Porque para 0 Grepoo ser esi na physi. Para ce o aparece. 2 ape inci, pertence a ser, O mundo que ele busca e habia €o pais da ima nénela sem evdcula. Fle consti uma cultura il ao desabrochar da imanéncs, Conscéi uma cultura terestre. Const uma poédica que ‘emerge do estar na tera, que rota da trea como aespiga eo Kours Eifildicr 0 momento precio em que a wtalidade se uebra © ‘er que o pensamento greg dea de crer que o ser estima physi A ds- tingSoente sere aparénci princpi em Parnes. Mas & em Sécraces- “Pato que a rupura € evidente. © olhar que vé fenémeno perde & sit simplicdade primeira. A aparéela pasa ase peas como iui, Aveda deixa de esa no eaparccers pasa a estar na idl. Para. o- ‘mem areaico divi susurava no univeso. Quando ele invoca oe, ‘omar ea his invocavaodivino,invocavao veradeizo crea plenitude do ser, invocava uma verdade vba eeuelar.O homem araico, al eomo ‘0 vemos nas Kauri e na Kora, €0 homem que cola. No seu soto ‘io lemos 2 inabldade do artesio. No Seu soriso,na sua aude, na

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