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Parte II Abordagem Histérica — A Evolucdo das Ciéncias Contabeis No decorrer da vida académica, por vezes nos deparamos com comentarios que apontam para a seguinte questio: “Coloque-me uma situago em que eu te- tha que calcular e encontrar um resultado, mas no me ponha a ler textos para interpretar conceitos, compreender significados e abordagens ou expor pensamentos.” Ou ainda: “prefiro questées priticas a debates filosésicos ‘Tais argumentagdes, confrontadas com o cendrio contdbil atual, nos levam a meditar sobre dois questionamentos bésicos: o primeiro diz respeito ao préprio perfil do profissional contébil. Conseguiria ele, no contexto presente, ser compe- tente e eficaz na sua agdo sem interpretar conceitos e normas legais, compreen- der significados de termos ndo sé contabeis, mas também econémicos, financei- 108 € juridicos, e, ainda, expé-los com clareza e com argumentages consistentes que fundamentem suas ideias e decisées? (© segundo diz respeito a um aspecto cultural. Sabe-se que, historicamen- te, nosso pais enfrenta sérios problemas de estrutura econémica e social, com Péssima distribuicéo de renda, e que isso afeta muitos setores, incluindo 0 educacional. Especificamente na educagfo, a histéria nos mostra que a populacio em ge- ral por muito tempo permaneceu sem qualquer acesso a ela. Apesar dos avancos em relagdo & questo, essa auséncia trouxe como consequéncia, ainda hoje, a fal- ta de um habito consistente de leitura. Isso afeta todas as camadas da populacio, sendo perceptivel mesmo naqueles que ingressam na educagéo superior, 0 questionamento decorrente desse segundo fato é: seria esse um argumento valido para a aversio de alguns alunos & disciplina teoria da contabilidade? A contextualizagao é uma caracterfstica fundamental em qualquer disciplina. ‘Compreender os caminhos ou as razies que conduziram temas, conceitos e defi- nigGes ao estagio atual insere-se nessa vertente. Os temas contébeis debatidos ¢ apresentados atualmente no slo frutos da imaginagio de alguém, mas so decorrentes de estudos, correntes de pensamen- to e concepgées muitas vezes bastante antigas. Conhecé-los pode nos dar uma razodivel explicagio dos fatos atuais. 4s escolhas néo so ing8nuas. Existe sempre um pano de fundo. Nao hé como ‘compreender 0 presente se nao sabemos 0 que ocorreu no passado © quais as etapas e estdgios percorridos no caminho. ‘Numa analogia & drvore genealégica, apesar de reconhecer que a sua vida & uma $6 e que ela esté ocorrendo agora, conhecer a histéria de seus antepassados ajuda a se entender como pessoa hoje € no s6 no contexto familiar De forma andloga, identificar origens de conceitos e ideias contébeis, os ar- gumentos favordveis ¢ contrérios a eles atribuidos no decorrer dos tempos € as opgdes que se fizeram em cada perfodo histérico, dentre as varias alternativas posstveis naquele momento, sempre referenda e explica o estdgio atual Eis a razio pela qual decidimos, na Parte Il deste livro, ainda que de forma breve, apresentar uma abordagem histérica da contabilidade. Entendemos que ela complementa e auxilia na compreensio do cenério atual da contabilidade, que estudamos na Parte 1 do material. 7 Eventos Histéricos e seu Impacto na Contabilidade ‘Objetivos do capitulo + apresentar um quadro evolutivo do pensamento contébil até os nossos dias; + demonstrar como eventos socais tém impacto no desenvolvimento da contabilidade, 7.2 A contabilidade no inicio da civilizagao A contaildade sempre estve presente na vida do homes. Meso nos tem: os mas primitvos, la pode ser encontrada ta socedage por uma Je Sus We {emres mais conhecids: © console _Acomtaildade, elém de Fungo de contol, tem também como caacterie- seas ange da condgio patrimonal, = mensurayio des components dese patiméni,«evidenciago ds lator contdbels,o esa informatio eo deal Trento expcatvo dos reutadosapurados, Tudo oto de aia o planejamento das ste; miiniar os cos de deisdes cue possam easar pres co patrindnloe autar acon ducdo gerencial do empreendimento. ms Como se observa, a contbiiade & bastante amplaeabrangente, No enta- to, hd que se reconhecer que o controle € uma premio basis fandasentl Pera que tos as demas preocupegoes conte se Fealzems conten Deseo infeio da evliago, ohomem se preocupou com aspect clativos a0 contol deseupasiménio, era que attaves dele passe cbr informagées relevantes ¢ confiveis que o ajudessem a wtlizé-lo da forma mais eficiente possivel. 118 eerin és Canthiade © conho«Lne No inicio, a preocupacdo ocorria com relagZo a alimentagZo (caga, pesca e colheita). Mais tarde, com o surgimento dos primeiros reinados e monarquias, os reis tinham preocupagées primeiramente com 0 controle das riquezas, seja sob a forma de pedras preciosas ou terras conquistadas, ou mesmo o controle do exército e do armamento disponivel para protegso contra os povos inimigos. O conhecimento de tais informagées era fundamental para que se mantivesse con- tole sobre essas conquistas 0 fato é que varios eventos muito antigos, vinculados a algumas descobertas arqueolégicas, demonstram a existéncia de formas de controle, multas vezes, bastante complexas para a época e que nos permitem afirmar a existéncia da con- tabilidede, mesmo que de forma primitiva, na vida das pessoas daquele perfodo, EscavagGes realizadas na regio que hoje conhecemos como Oriente Médio, ber- (0 das civilizages mais antigas da terra, mostram, por exemplo, formas de controle feitas em épocas em que ainda néo existiam a escrita, as moedas ou os niimeros. ‘Um dos exemplos mais famosos sio os artefatos de barro utilizados na antiga Mesopotamia, na regifio onde atualmente se situa o Traque, na cidade de Uruk, ‘em que por mieio de estudos e andlises chegou-se & conclusio de que tais instru- mentos serviam como meio de controle contabil. Por meio de estudos arqueol6gicos, identificaram-se sistemas contibeis sofis- ticados que parecem ter existido na Suméria e na China ja em 2000 a. C. ‘A Biblia Sagrada também apresenta vérios eventos que denotam clara evi- dencia de controles sobre o patriménio. Um dos exemplos mais célebres encon- tra-se no livro de J6 que, segundo estudiosos de teologia, apesar de nao ser 0 primelro livro da Biblia, consiste possivelmente no mais antigo registro histérico. Nele, tanto no primeiro quanto no diltimo capitulo ha descrigées detalhadas do Conjunto de bens que faziam parte do patriménio de J6. No livro de Génesis, esse sim o primeiro livro no indice biblico e quase tao antigo quanto 0 livro de J6, hé ainda duas histérias ocorridas em momentos € lugares distintos que também retratam claramente a existéncia de mecanismos contabeis de controle. O primeiro caso ¢ a histéria de Jac6, fato ocortido por vol- ‘ta de 2,000 a, C. numa antiga cidade chamada Padé-Ara. Jacé era flho de Isaque e newo de Abraio, a quem Deus havia feito promessas de que seria pai de uma grande nacao. Fugindo Jacé da presenca de seu irmao Esa apds 0 haver enganado e com 0 consentimento de seus pais, retornow a antiga regifio onde seu avé Abraio havia nascido, LA comesou a trabalhar para Labi, seu parente préximo, que possula grande quantidade de gado, sendo ele mesmo, Jacé, responsével pelo controle do reba- rho (Génesis 30.29). Nesse mesmo capitulo, discorre-se a respeito da separacéio do rebanho tanto de gado quanto de cameiro entre aqueles que eram listados, salpicados e malhados daqueles de uma tinica cor. Também nisso identificam-se _formas de controle, eos ro impacs a Cnebiade 1B Um segundo relato, agora ocorrido no Egito, por volta de 1.800 a. C., mostra José, um dos doze filhos de Jacé, que depois de ficar preso por mais de dez anos, conduzido & diregéo da nagio, ficando subordinado somente ao Faraé na hie rarquia governamental egipcia daquele period. Em sua gestdo, José prope um sistema de controle que permitia a estocagem, a quinta parte da colheita dos frutos da terra a fim de permitir o abastecimento nos sete anos de fome que se seguiriam sobre a terra apés sete anos de intensa fartura, Esse evento se encontra registrado no Capitulo 41 do livro de Génesis ¢ de. ‘monstra que 4 havia naquela época sistemas de controle eficazes, visto que ts) evento néo sé limitava a controlar um empreendimento especifico ou uma org nizagio, mas era relativo a toda cothelta e armazenagem de uma nagSo grande © importante na antiguidade: 0 Egito. No Capitulo 47 desse mesmo livro, relata-se, ainda, o fato de que sendo @ fome grande sobre a terra e acabando-se o dinheiro, o povo passou a trocar, ini- cialmente, a comida pelo gado e, esgotando-se também esse recurso, passou-se a negociar lotes de terra. Verifica-se, ent, a complexidade dos registros de controle, visto que as ter- ras niio tinham todas a mesma extensio e localizacio, implicando, portanto, em avaliagées e valores diferenciados desses bens. Para reflexio ‘A contabilidade sempre presente na vida do homem. Podem-se encontrar em varias outrascivilizagées antigas, Sumérios, Asiros ¢ Gregos, por exemplo, muitos indicios de formas e métodos de contabilizagso que contibutam para o desenvolvimento dessas nagées nos tempos antigos. 7.2, Moedas e mimeros no melhoramento dos controles contabeis Nao € dificil perceber que desde os tempos mais primitivos da civilizacdo, pela necessidade de convivéncia em grupo, 0 homem reunia-se em pequenos ‘ajuntamentos, constituindo tribos. Nelas, todos os membros tinham objetivos co- ‘uns de produgao de alimentos para subsisténcia e satisfagdo tanto de sua neces. sidade quanto da coletividade, No inicio, os bens de consumo, que poderiamos denominar como artigos, ‘mereadorias ou produtos, eram provenientes da agricultura, caga ou pesca, como ‘vimos inicialmente. 20 Teor & Conable > Coo eae ai fi rmuitas vezes alguns © fato é que, na produgio ou aquisiglo desses bens, muitas arsgos eram adguiido em exceseo outros em quaiidadeinsfcient,sendo possivel, até, no haver em determinada tribo um produto especifco. Sendo assim, era natural que as tribos comegassem a trocar entre si os pro- ‘dutos em excesso por outros pelos quais tinham interesse. Esse processo bastante primitivo é denominado escambo e representa a for- ma mais antiga de coméreio. sevocet iculdades com esse tipo de troca fo- Com o passar do tempo, no entanto, dif ra ram sugindo:algumas mercaories, por exemplo, estagnvamse com facades outras eram bastante volumosas, dificultando o transporte. Era natural a ‘buscassem formas mais préticas de realizagao de trocas comerciais. ‘A moeda foi eriada para facitara vida em comum,Através do seu surgimen- to, as trocas de mercadorias tornaram-se indiretas e a sua utilizagéo nos negéc possibilitou a realizacéo de troca de produtos tanto em quantidade quanto em variedade. 4 ‘Sendo assim, a primeira fungio atribuida & moeda ¢ a de troca, A segunda, intimamente ligada & primeira, é a medida de valor. 1 ‘momento atual, ara a contabilidade, tanto em tempos antigos quanto no aaa ‘uma de suas mais imports fangbesémensurar aequadamenteo patrin da empresa a fim de que ele reat, o tanto quanto posivel,«relidade, Flea fell entender, portanto, 0 auxilio que a descoberta da moeda trouxe para senvolvimento do pensamento contabil. A histria da moeda coincide com a descoberta do uso dos mei ¢ com 0 dominio das técnicas de mineragio e fundicio. Os metais sfo os mais antigo: exemplos de moeda conhecidos. 0 ouro, a prata, o cobre e alguns outros metals, serviram por algum tempo e em varias regides como base de troca de produtos. A elevatla vatorizacio do ouro e da prata como base de troca de mercadorias se deu pela raridade com que esses metais nobres eram enconttados e por sua resisténcia ao desgaste. sen Inicialmente, o valor dado aos metais era relacionado ao seu peso. Sendo assim, quanto maior fosse o peso do metal, maior valor lhe era atribuido, tendo, por consequencia, maior poder de compra. 7 Com o passar do tempo, porém, objetivando facilitar a comercializacio dos produtos, os comercantescomegaram a identificar nas moedaso peso que elas Possuam, Edesse modo elas eram reconhecdas ¢recebdas em confines, em necessidade de se gastar tempo pesando tais metais para atribuicdo de valor. Es prética visava a agilidade no fechamento dos negécios. es dos pesos inseridos nas Contudo, com o crescente aumento de falsificagdes dos pe as moedas, ocasionando fraudes e causando prejutzos a muitos comerciantes, so a Canby TZ autoridades de certas regides adotaram o critério de produzir moedas em forma ‘ie discos cunhados, o que dificultava sua falsificacao. As primeiras moedas, aquelas que segundo os historiadores tiveram sua cria- [40 historicamente comps rovada, foram as de Lidia na Asia Menor e na Grécia, ambas no século Vi aC. ‘Somente a partir dai que a cunhagem tornou-se of feita pelo Estado. Desse modo, ‘mente por todos os cidadios. cial, ou seja, passou a ser ‘45 moedas passaram a ser utllizadas indistinta- J4 no século TIL a. C., a moeda oficial de cada pals era de uso corrente em. guase todo 0 mundo civiizado na época e essa disseminagio do uso de moedas oficiais ajudou a organizacdo dos controles dos paises, auxiliando, assim, no pré- prio desenvolvimento da contabilidade. ‘A mesma situagao ocorre também em relacio aos niimeros. A contabilidade, ‘no intuito de controlar e medir o patrimbnio, sempre se utilizou de nimeros ¢ Por essa razilo sempre esteve associada & matemdtica, muito embora reconhecs Gamente seja considerada uma ciéncia social aplicada. © fato & que a utiizago maciga de mimerose 0 desenvolvimento dos efleu- Jos mateméticosimpulsionaram grandemente os controles contabels.Até porque, com o desenvolvimento das civilizagées e melhor estruturacao das sociedades, ‘volume financeito dos negécios e da quantidade e variedade de produos nego. dos crescam grandemente, necessitando de formas mais eficazes de control. Além disso, “A medida que 0 comércio se expandia ea riqueza era acum. Jada, @ negociaclo individual ia sendo substitulda pelo comércio por meio de representantes associagbes” (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999), A histria dos niimeros no Ocidente, segundo Marion e Iudicbus (2000), co- susga com o ltr Liber Abaci (Livro do Abaco) esc em 120d. por Leonatdo Pisano, Esses mesmos autores apontam que esse lv traz em sou bajo intimeras contrbuigées, tals como céleulo de margem de lucro, moedas,cétabio ¢ jure, sssuntos fundamentais para uma boa pratica contd © abaco ¢ um instrumento de efleulo bastante antigo que provavelmente teve origem na Mesopotimia 5.500 anos antes de Cristo, haven indios de sua utilizagdo em povos como Babiléa, China, India, Japto, Gréci, Egito © pre, Heamente por todo o antigo Império Romano. Diante diso, & importante fivesr que Leonardo Pisano nfo fi o erisdor do baco. A importincia de seu lvoe 44 porque até Aquele momento o Ocidente se utlizava do sistema de numeracee 4greco-romana, A partir dt, houve uma populerizecdo, no ocidente, da uilieacao do sistema ardbico, ue utlizamos até o dia de hoje ¢ que, sem sonra de dav, das, tina uma composiio eestrutura numérica muito fclitadora ds edlealos ¢ apuragbes to necessérios ao desenvolvimento da contabldade. Pode-seafirmar com isso que o desenvolvimento da contabilidade no mundo teve uma importan- te influéncia érabe. RH Tee Gonealiade > oslo Ls 7.3 A contabilidade assume caréter de Ciéncia ‘0 Renascimento (ou Renascenga) foi um perfodo na histéria do mundo ocidental que marcou basicamente o fim da Idade Média e o inicio da deno- minada Idade Moderna. Incorpora um perfodo que compreende basicamente 6s séculos XV e XVI. Tal movimento iniciou-se na Itélia ¢ difundiu-se por toda 2 Europa ¢ representou uma transformacio cultural que afetou a filosofia, as fates e as ciéncias, fazendo parte de uma ampla gama de transformagées cul- turais, sociais, econémicas, politicas e religiosas que caracterizam a transi¢io do Feudalismo para o Capitalismo. Foi nesse periodo que ocorret a expanstio do comércio eo surgimento de orgenizacdes empresariais mais estruturadas. Foi também nesse contexto que a Contabilidade assumiu um caréter cientifico, desenvolvendo-se de forma mais Grenada e em grande proporeio. Inicia-se, entio, um periodo de maior estudo Sistematico e organizado da contabilidade, originando a formulacio de teses, conceitos e teorias. interessante analisarmos 0 contexto social da época para compreender- mos as razSes que transformaram a contabilidade em algo muito maior do que simples contioles e apuragées ainda que os avancos da civilizacio tornassem os mecanismos e procedimentos de controle mais consistentes. 7.3.1 © contexto financeiro (© surgimento dos bancos confunde-se com a prépria histéria da moeda, s0- brettudo quando esta comeca a ser negociada sobre bancos de maticira, Estudos arqueolégicos comprovam a existencia de atividades bancérias em tempos bas- ante remotos, em lugares como Babilénia ¢ Fenicia. Na Grécia, por exemplo, os primeiras centros bancétius estavam dirctamen, te relacionados aos templos religiosos, que representavam lugares seguros para ‘aqueles que quisessem proteger seus tesouros. Em Roma, no séculol a, C., a8 ope ‘ragbes bancérias eram privilégio de uma categoria de cidadaos ~ os publicanos. ‘Mas o grande desenvolvimento das atividades bancérias 96 ocorreu com & extraordinéria expansio do comércio, quando entéo surgiram of primeiros gran- des banqueiros e também numerosos estabelecimentos bancérios. Isso acontecett fexatamente nos séculos XV e XVI, 0 perfodo do renascimento. ‘A revoluco comercial - fundamental para o crescimento da atividade bancé- ria — comegot a ter forma a partir da descoberta do caminho das indias através Go Atlantico, pelo navegador portugués Vasco da Gama, em 1498. Esse percutso festabeleceu novas rotas comerciais entre o ocidente e 0 oriente. B isso, somado & Gescoberta da América pelo navegador Cristévao Colombo, originow o surgimen- to das grandes poténcias comerciais, As necessidades de controle toma vals ontrole tornavam-se mais complexas. O aumento dos vanes reais nos egies qe mvimentavay grands sommes Sificuldades de transport es dstincias facia com que multos negoctanes vem 208 “banqueiros” a incumbéncia tanto de guarda sos (our assem 20 "Banquets i iF SUS TecUTS0s (our © pedras preciosas) quanto de efetur pagamentosecobrangas em lugares ditntes, coset gn in ee me ee mss toy Vamp agi ecapoii sone cor et gis en fest) Socorro masa Sane sums eee apne pean mediante a apresentacio desse documento. ene Peery erage al etnepr Ga compa, preferiam enegar o bee ao vendedos para a retirar a quantia junto ao banqueiro. ® Par aue ete, esse © que se percebeu, com o pasar do temp, tanto por pane dos banquet rs quato ot coments ¢ qu ss hte’ cuit tenet, transferidos de mio em mo ¢ utilizados largamente nos negécios. 0 é que ase ninguém retitava do Banco or recursos depodtades Os banqueros vieam nits a possiblidade de 2 0 a poss emprestar para teers disheio (as moedes) que no extra sendo utlizado pelos depostantes, deste gue estes se comprometesem a pagar a quanta emprestadaeom aeteacon, seja, juros. " ontudo, tal empréstimo ni se dava por meio das moedas ou do our de- | Beso, sin através da emis de ut bilhete (nove reo), qv paso ihn gu date aces Eee a Feo en tac i oe ie Por conta dessa situagao, o Estado passou a se responsabilizar: + pela emissio dsses documentos, iso fot um | |__| ‘canteens enemss | _ Feondmicas por conta dessas demandas, havia por parte dos investidores nore ARES nog ama constante insatsfagio quanto &s informagées contabeiss cexigindo dos Jrofissionais melhora contnia dos procestos ¢ modelos de cevidenciacio. vain disso, e de forma complementar, as Fuses entre empresas HH6*= 2 urgimento de grandes corporagées que, em fungi de seu ‘tamanho e bragos de atuagio, requeriam procedimentos complex0s. + importance, entéo, observar que as primeiras escolss de Pens bi, que sero estudadas a seguir, so sempre europeias. Acscola norte-americana ee gomente uma das correntes que sero apresentadas posteriormnent®. ymento contd: 7.7.1 A escola contista ‘Acescola contistasurgin no século XV, especialmente com a obra de Pacioli, «fot smpulsionada pelos primeiros livros impressos de contablidads, Must cae err go a consideram efetivamente como wma corrente cleniica, 8% de fadogos J Schima (2000) foi oprimelro movimento que Feuniu contadores sob ‘o manto de uma linha de pensamento. ‘uae teorias permaneceram prascamente inalteradas até século XV Eis a ranio pela qual na literatura comrente se costuma assciar esse long? periodo a _tima era da estagnagio contébil next copes pinadal des Ina de pensmento era com ncn to das contas. Para o contismo, as contas eram 0 obj ered enol : 1 objeto de etuto da con. iblidae. se coment de pensamento feve grande nual em contcoes ‘Acorrente conta ganhou grande ‘ veoh ttt grande impulso tedrco a partir da propos iad des ot reps or Edmundo ‘Degranges em 1793. resumo, a dela central vesava sobre ofato de se imaginar que ocomés- io, segundo esta teoria, teria cin do, segundo ets ors cla cneoobjetivos principals, que continiamente the da a) mercadorias; b) dinheiro; ©) efeitos a receber; @) efeitos a pagar; ©) lucros e perdas. sah Pesci one, ter ae rename dead sane cr- tous ints, oda sari contempins a ana leon a eceber © mesmo acontece com cada uma das outras contas. conta efeiros a receher:O mesmo veges cs conta repens ego, a oul lino exarad, endo neces compre que dbiar ou cea ta cn oe eb ued ong Ita dai a ideia de que ao abrir uma cont ng : se manvtin ansoges a rac, devenvae abi aco cones per st mesmo, de Mercadorias Gerais, a de Caixa, a Mereadorias Gerais, a de Caixa, a de Efetos a Receber a de Efeitos a Pagar © a ‘escola contsta perdu intuenc devide aa Ge superte de sua enunlago, Em sumas a conta ndo ¢ a causa, devi fa de sore esa nunca. sma conta oct feito que expressa o fenmeno patrimonial. Logo, uma ciéncia nao se de- dica ao estudo do efeito, ma die ao edo do fo, mat daca como oben de abervaso, boa, wae cece treo ees cies on aot eres eee = io Besta, mas nao conseguiu evitar o desenvolviment ne 7.7.2 Escola personalista Essa cozrente ou escola do a ax ittt coments ou ecla do pensamento con é também conhecda como ,€ surgiu em reacio aos conceitos e propostas da escola contista. aR GS snp wa Canale TSE TRS ar Conaaae + Cocina eas Acescola personalista, como o préprio nome assim o sugere, adere ao princi pio da personificagao das contas objetivando explicar as relacies de direitos e de obrigacoes. Francesco Marchi, estudioso italiano, props uma teoria de contas que iden- tificavam pessoas, que eram divididas em quatro grupos: Ca) conta do propiehio (2) contas dos geentes ou adminisradores; (@) contas dos agents consgnatrios;€ (4) contas dos agentes correspondents, que se esumiam em (a) conta patrons (b) conta dos gerentes¢ (© contas psoas ou dos correspondetes. roposigo tnha a clara inengfo de ornr fel o entendimento des sce prepa ih Sram nos eats das sci cones, pra MeL: Pudossem teruma fterenia de que a escola de uma cera forma tans {oeve conn em peso, As proposigesdaeaclapersonlista esto pautadas tha responsabilidade pessoal entre os gestores e colaboradores e também com a substancia patrimonial da entidade. (0s defensores dessa escola de pensamento contébil que vieram depois de Marchi e procuraram difundir os conceitos dessa escola, de um modo geral, par~ tiam do raciocinio de que as relagdes que motivam os direitos e as obrigacSes nos negocios empresariais sao tio importantes objetos de estudo para a contabilidade {que mereciam destaque na andlise de qualquer empreendimento, Para defender essa tese, os estudiosos apresentaram em seus escritos axi mas e corolérios que fundamentavam os pensamentos por ele defendidos. ‘Nota: ‘Azienda: complexo de obrigagées, bens materiaise direitos que constituem um pati rénio, representados em valores ou que podem ser objeto de apreciagéo econémica, considerado juntamente com & pessoa natural ou juridica que tem sobre ele poderes de administragio e dispontbilidade; fazenda. CCorolério: proposiqao que imediatamente se deduz de outra demonstrad, | ‘Axioma: premissa imediatamente evidente que se admite como universalmente verda deira sem exigéneia de demonstragio. Fonte: Dicionirio Novo Aurelio ~ Séeulo 20 (2002). ‘Um importante defensor da escola personalista, Giuseppe Cerboni, apresen- _ tou os seguintes axiomas: ‘Conaidole 137 1 AXIOMA: toda azienda deve ser administrada, todas possuem um ou mais proprietérios, e estes nio podem conseguir a gestio se nao entrar em contato com agentes e corvespondentes. Corolétios: * pode ser proprietério da azienda um sé individuo ou diversos constitut- dos em sociedade; * o principal em uma azienda, se ndo for o proprietério, ser sempre um representante seu, conservando este todos os poderes que aquele seriam pertinentes; © de direito é 0 proprietério que exercia a autoridade ou supremacia sobre aazienda, © autor nesse caso destaca que a participacéo das pessoas na gestio de qualquer organizacio é fundamental para caracterizar inclusive o tipo de negécio e que ¢ impossivel o funcionamento de qualquer empresa sem contato externo. 2* AXIOMA: uma coisa é desfrutar a propriedade, e outra é administrar. Coroldrio: quando 0 proprietdrio também administra, adquire a dupla ‘qualidade de proprietario e administrador. Destaca-se, nesse caso, a dissociagdo entre negécio e familia, tio pre- sente e quase sempre misturados na era mercantl (séculos XIV e XV), mas bastante distintos na época dessesescritos (século XIX). 3* AXIOMA: uma coisa ¢ administrar a azienda, e outra é custodiar sua substincia e por ela responder materialmente. Corolério: o administrador, tendo o encargo de dirigir e assumir por ccustédia a substdncia, seré a um s6 tempo gestor e agente consignatdtio. A pteocupaso,aese cas, diz respito&sresponsebildade daguele que administra. 4 AXIOMA: nfo se pode criar um devedor sem, simulaneamente, Coroldrio: toda soma derivada de qualquer operagao da azienda deve ser registrada em débito e em crédito. Tanto 0 axioma como o corolério representam to somente uma con- firmacio daquilo que jé hd tempos no era mais objeto de discussio por rrepresentar consenso entre os estudiosos. 136 Tova de Goaabldade © Goalie «Us 0s axiomas seguintes, inclusive, reforgam a ideia de débito ¢ erédito ja preconizadas na época. 5° AXIOMA: o proprietério, administrando ou nfo a azienda, é, de fato, credor da substincia e devedor das passividades pertinentes aquela, ‘a0 contrdrio do que ocorre com os agentes ¢ com os correspondentes. Corolério: o crédito do proprietério corresponde ao débito dos agentes © dos correspondentes, e vice-versa; 0 administrador situa-se como em tuma balanga de débito e crédito, entre os proprietdrios de uma parte e os agentes e os correspondentes de outra; o administrador nfo pode ser de- Yedor nem eredor da azienda, sendo junto como agente consignatério ou correspondente estranho Aquela. 6" AXIOMA: o débito ¢ 0 crédito do proprietério no variam senfo em azo de perdas ou lucros, ou ainda por acréscimos ou redugbes do capital originatio. Corolétio: a permuta de elementos do capital da azienda ou a soma de passagens de um agente ou correspondente a um ou outro, se esas forem Paenticas, no modificam a situagio do proprietario, nem aquela dos agen- tes ou correspondentes. © que este tltimo axioma proposto por Cerboni intenta afirmar & que nem todas as operagées realizadas pela empresa modificam-na da mesma maneira. Existem fatos que podem representar somente uma troca, nio ocasionando, na: {quele momento, qualquer aumento ou diminuigio na riqueza do proprietério, ssa linha de raciocinio foi mais amplamente analisada pela escola azienda- lista, como veremos mais adiante. 7.7.2 Escola Administrativa ou Lombarda Varios nomes so apresentados para nomear essa escola de pensamento contabil, Escola Administrativa, Lombarda, materialista ou ainda materialista substancial. Seja como for, a concordncia entre os estudiosos é que tal escola originou-se no norte da Itélia, no século XIX, fortemente influenciada, na época, pelo dominio politico da Austria. ‘Um de seus principais expoentes foi o estudioso Francesco Villa, por meio de sua obra intitulada La contabilité applicata alle aministrazione private e publiche. esse perfodo, a administrago das entidades passow a ser 0 alvo central dos estudiosos de contabilidade. A partir desse foco, essa corrente de pensamento _entendia que a implantagio de qualquer empreendimento deveria ser precedida Samia a de um estudo de viabilidade econdmica, que é atualmente um pressuposto bésico para o inicio de qualquer negécio. Previa, ainda, a necessidade dle se realizarem agées ainda hoje altamente relevantes, como por exemplo estimar uma projecéo de retomo sobre o capital investido (preocupacio financeira) e estabelecer um tempo estimado de perma- néncia do produto novo no mercado (preocupacio de marketing). Com base nesses pressupostos, a contabilidade deveria entdo ser uma disci plina destinada a interpretar a dindmica das empresas e, portanto, deveria estar voltada ao efetivo controle da gestio. ‘A base doutrindria enuncia que a contabilidade nio é uma técnica de infor- magio, mas algo maior que se preocupa em conhecer o que é efetivamente subs- tancial e que se encontra muito além do mero registro. Essa escola entendia ser @ riqueza da azienda a substincia de estudo da contabilidade. 7.7.4 Escola controlista ou Veneziana Essa corrente de pensamento contdbil que teve em Fabio Besta um de seus ais proeminentes defensores entendia a contabilidade como a ciéncia do con- ‘role econémico. ‘uma andlise mais acurada das bases de fundamentagio dessa linha de pen ‘samento nos leva a identificar a preocupaco com o usuério interno e a distingéio entre administragao geral e administracéo econdmica. Para os defensores dessa cortente, o patriménio é a soma de valores positives (ativo) e negativos (passivo). Na proposta elaborada por essa escola, a administragio econémica era divi- ida em: © Gestdo: que visa & administraco do patriménio. += Diregio: que busca a harmonia entre administragdo econémica e as re- IuySes internas ¢ externas da entidade, + Controle; que visa impedir 0 desperdicio, antes, durante e depois (papel da contabilidade), © controle, por sua vez, compreendia as fungGes da contabilidade e era en- tendido sobre trés aspectos: + Controle antecedente: forma de controle jé previamente estabeleciéo ou delimitado e que se expressa por meio de estatutos,contratos, nots, polices, ordens esrtas, inventarios, prospectos e demonstragbes. + Controle concomitante: o processo pelo qual se controla a vgilancia por parte de quem exerce 0 comando. & expresso por meio das decisbe prdpras do gerenciamento de umm negécio, da divisso do trabalho que ze { sulta em documentos, fichas, aparelhos mecdinicos de contagem, medida e controle. * Controle subsequente: exame dos fatos contébeis ocorridos durante @ gestio, em seus aspectos juridicos e econémicos, compreendendo escrituragao sistematica dos fatos contabeis, os balangos e as prestagées de contas. -7.5 Escola reditualista Era a corrente de pensamento contabil que enunciava ser o resultado (lucro 0u prejuizo) o objeto de estudo da contabilidade, ou seja, o reconhecimento da erda ou do lucro como fonte principal da continuidade da atividade empresarial era 0 objetivo magno da contabilidade. © fato & que os defensores dessa corrente de pensamento contébil preocupa- ‘vam-se em estudar a dindmica da riqueza patrimonial; no entanto, desprezavam @ estrutura dos elementos desse mesmo patrimdnio, gerando assim certa incon: sisténcia nas suas propostas, No entanto, o estudo dos reditualistas, como eram denominados, trouxe grande contribuigdo & contabilidade, pois visualizava a dindmica dos fendmenos gue movimentavam a riqueza pattimonial associada ao ciclo operacional e néo 0 ano calendério, © que se percebia nesse caso é que se deveria medir o lucto de um produto considerando o periodo em que se inicia o seu proceso de criagio até o momen. ‘0 do recebimento da venda do produito pronto, cujo recurso daria inicio a um novo cielo, Como se observa, essa escola teve como propriedade o reconhecimento do valor dos fluxos em contabilidade, ou seja, a elaboracio de estudos sobre a dina ‘mica patrimonial, sobre a relatividade do luero, c, ainda, da realidade de funcio. ‘amento e organizagio da prépria empresa, Essa linha de pensamento, porém, ndo ganhou forga como escola, pois diver- 508 apreciadores das enunciacdes emanadas pelos estudiosos reditualistas criti- cavam seu objeto de estudo argumentando que o redito (resultado) é 0 efeito da Goo Uae Exercicios 1 10. Alguinas pessoas afirmam que a contabilidade existe desde os primérdios da civilizagao. Outros defendem que a contabilidade s6 tomou forma a par- tir da Idade Média por meio de sua sistematizacéo. Qual sua opinio a res- peito da questo? ‘Quem foi Luca Paccioli e qual a sua importincia para a contabilidade? Faca ‘uma pesquisa sobre sua vida em revistas, livros e artigos da Internet a fim de se conhecer um pouco mais a sua histéria, Quais foram as questées sociais eos eventos econémicos da Idade Média que ajudaram a impulsionar a contabilidade naquele momento? Qual a relagéo dos prineipios de Administraglo Gientifiea propostos por Fre- derick Taylor e a contabilidade? Quais foram as principais dificuldades encontradas pelos contadores para adaptar a contabilidade mercantil a um contexto de revoluglo industrial? . Quais foram os periods de “hegemonia” contébil de paises como Italia, In- slaterra e Estados Unidos? Quais foram os principais aspectos que favoreceram o crescimento da conta- bilidade norte-americana no século XX? Relacione a segunda coluna de acordo com a (A) Escola contista () disciplina destinada a interpretar a dinar cca das empresas ) Escola reditualista _( ) distingo entre administragao-geral e admi- nistragao econémica (0 revultado é 0 objeto de etudo da conta. bilidade () contabilidade era uma ciéncia matematica nna sua esséncia (0 patriménio ¢ o objeto de estudo contdbil (Jas contas eram 0 objeto de estudo contabil () objetiva explicar as relagies de direitos e de obrigagoes (© Eeeola patrimonialista (©) Escola administrativa (©) Escola matemstica ®) Escola personalista (G) Escola controlista Quais das escolas de pensamento contébil tinham uma linha de raciocinio ou uma tese de defesa mais equivocada? Justfique sua resposta. Quais so as vantagens conceituais que a escola patrimonialista tem sobre as demais escolas de pensamento contabil? i | | 11. Classifique os eventos contébeis abaixo em sequéncia do mais antigo para © mais recente: () Ascenséo dos ativos intangiveis (.) Surgimento da contabilidade de custos () Elaboragio das bases da teoria patrimonialista () Método das partidas dobradas (.) Surgimento da Demonstragio dos Fiuxos de Caixa () Livro do Abaco (compéndio sobre céleulo comercial) (©) Llivro do Frei Luea Paccioli () Crago dos mimeros () Balango social

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