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Titulo original Invito a Platone © BY EDITRICE MORCELLIANA Giovanni Reale, Invito a Platone Via Gabriele Rosa 71 ~ 25121 Brescia =I ISBN 978-88-350-4038-5 Internacionais de Catalogagdo na Publicagéo (CIP) a (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Reale, Giovanni . * Romite a Plato / Giovanni Reale ; tadugdo Mauricio Pagotto Marsola, - $30 Paulo : Edig6es Loyola, 2022, -- (Colegao leituras filoséficas) Titulo original Invito a Platone Bibliografia. ISBN 978-65-5504-167-5 1. Filosofia antiga 2. Plato I. Titulo. Il, Série. 2.116059 Indices para catélogo sistemético: 1. Patdo : Filosofia 184 Cibele Maria Dias - Bibliotecéria - CRB-8/9427 Preparagdo: Maria de Fétima Cavallaro Capa: Inés Ruivo Diagramagao: Ronaldo Hideo Inoue Reviséo: Merta Almeida de S4 Edigies Loyola Jesuitas Rua 1822 n° 341 ~ Ipiranga 04216-000 Séo Paulo, SP 755 11 3385 8500/8501, 2063 4275 editorial@loyola.com.br vendasGloyola.combr worwloyola.com.br Tados os dritos repr as fasevados. Nena pate desta obra pode ser rac ens egPantmitile por qualquer forme efou quatqver nico, inclvindo fot ‘arquivada em qualguer a indo fotocépia e gravago) ou Szeto am aualuerssteme ou Banco de datos som perme SBN 978-65-5504-167-5 © EDICOES LOYOLA, Sio Paulo, Brasil, 2022 12581 capitulo IV AARTEEO- aMOR PLATONICO 1. A arte como distanciamento do verdadelro Atematica plat6nica da arte é tomada em estrita co- nexdo com a tematica metafisica e dialética. Platao, com efeito, ao determinar a esséncia, a fungao, o esta- tuto eo valor da arte, preocupa-se apenas em estabele- cer qual valor de verdade ela contém, ou seja, em que medida pode se aproximar do verdadeiro; se torna o ser humano melhor; se socialmente tem ou nao valor educativo. E sua resposta, como é sabido, é de todo hegativa: a arte nao desvela, mas oculta o verdadeiro Porque nao é uma forma de conhecimento; nao apet- feicoa o ser humano, mas 0 corrompe porque é men- tesa; no educa, mas produz um efeito contrario, Pois dirige-se as faculdades nao racionais da alma, He sdo as partes inferiores de nosso ser. ¥ pa Primeiros escritos, Platao assume uma Sem negativa diante da poesia, consideran- O valor de verdade da arte A poesia 197 do-a decisivamente inferior & filosofia poy AS sg es: Seguin, tes ra; ~ nfo se€ poeta por citnciae por conhecinnenyg por intuigio irracional,; mas - 0 poeta, quando compée, esta “fora de sj» Pm suido” e, portanto, inconsciente: nag sabe 7 zA0 aquilo que faz, nem sabe ensinar aos ‘er ta. aquilo que faz; tros ~ 0 poeta é poeta por “sorte divina’, No em vir i tud do conhecimento. le Repiblica, Mais precisas e determinadas sao as Concepcdes lwo X de arte que Plato exprime no livro X da Republica, a arte, em todas as suas express6es (seja como Poesia, seja como arte pictdrica e plastica), 6, do ponto de is, ta ontolégico, uma “imagem” do “paradigma” eterno da Ideia, portanto, dista do verdadeiro na medida em que a cépia é discante do original. Sendo assim, sea arte, por sua vez, é imitacao das coisas sensiveis, se- gue-se, entdo, que ela é uma “imitacao da imitacio’, uma copia que reproduz uma cépia, estando, por sua vez, “trés vezes distante da verdade”. Aare Sendo assim, a arte figurativa imita a mera apa- corrompe r€ncia e, de tal modo, os poetas falam sem saber e sem conhecer aquilo de que falam, e seu falar é, do ponto de vista do verdadeiro, um jogo, uma brincadeira. Por consequéncia, Platao esta convencido de queaarte diti- ge-se nao a melhor, mas 4 parte menos nobre de noss@ alma. A arte é, portanto, corruptora, sendoem larga me- dida banida ou, ainda, eliminada do estado perfeito, as lei FO. menos que se submeta as leis do bem e do verdadei mo ae 0 Platao — note-se — nao negou a existénc : nas po der da arte, mas negou que a arte valesse ape 98 | Convite a Platéo sma: a arte ou estd a servico do verdadeirg ou ervigO do falso, tertinm non datur, Abandonads o set 1a, a arte serve ao falso, Portanto, se pel arse deve se sujeitar 4 filosofia, tinic de apreender ° verdadeiro; do mesmo oh ove submeter-se as regras do filésofo, si me tende ‘a Capaz © poeta 2, Aretdrica como mistificagao ” go verdadeira Na Antiguidade classica, a retérica tinha enorme im- portincia, tal como, por exemplo, junto aos sofistas, Ela nao era, como para nés, modernos, algo relacio- nado ao artificio literario ¢ que, portanto, coloca-se as margens da vida pratica, mas era uma forca civil e politica de primeira ordem. Segundo Platao, a retérica (a arte dos politicos atenienses e de seus mestres) é mera adulacio, lison- ja, bajulacao, contrafac¢o do verdadeiro. Assim co- mo a arte pretende retratar e imitar todas as coisas sem delas ter verdadeiro conhecimento, a retorica pre- tende persuadir e convencer a todos acerca de tudo, sem disso ter qualquer “conhecimento”. E, assim co- mo a arte cria meros fantasmas, a retérica cria vas Petsuasdes e crengas ilusérias. O retor é aquele que, embora nao sabendo, tem a habilidade, nos confron- £5 com os outros, de ser persuasivo para além do ue sabe verdadeiramente, jogando com os sentimen- tose as Paixdes. A tetérica (assim como a arte) volta-se, portanto, Pataa pior parte da alma, para a parte crédula e ins- tavel, Assim, o retor est tao distante do verdadeiro A arte e 0 amor plata © Gorgias: a retérica € adulagio nico | 99 quanto o artista e, antes, ainda mais di. que Fornece deliberadamente a0s fantasmae dadeiro o estatuto de verdadeiro, revelands ° vez, uma malicia que 0 artista ndo tem, oy nas em parte. Assim como a poesia é substituida pela fi fa, a retrca & substvutda pela “verdadeits pur ca”, que coincide com a filosofia. Poetas e retores cn tio para o filésofo como as aparéncias estig aoe realidades e como os fantasmas da verdade esto a ra a verdade. Fedro: Esse Aspero juizo sobre a retérica, Pronunciado averdadeira no Gérgias, € ao menos suavizado no Fedro (ver a sin- aReTeeeS ese dos didlogos nas p. 103-105), em que se reconhece a arte do discurso, ou seja, A retdrica, um direito de existéncia, contanto que ela se submeta a verdade e a filosofia. Somente conhecendo a natureza das coisas, mediante a dialética, e a natureza da alma humana, a qual os discursos sao dirigidos, sera possivel construir uma arte retérica verdadeira, uma forma verdadeira Stante, 56, + Por. ver. » POr sua fem ape. de persuadir por meio dos discursos. 3. O amor plat6nico como via aldgica para o absoluto A tematica da beleza nao é vinculada por Platio 4 tematica da arte (que é imitago de mera aparénci2, e nao reveladora da beleza inteligivel), mas 2 tem tica de Eros e do amor, tomado como forga media dora entre sensivel e suprassensivel, forga que da ¢ eleva, por meio dos varios niveis da beleza, # en taempirica beleza em si, E, na medida em ques PE 0s gregos, o Belo coincide com 0 Bem, ou, por ve? 100 | Convite 3 Piatao capitula vl QO ESTADO (POLITEIA) IDEAL |, A Republica platonica Platio faz Sdcrates pronunciar, no Gérgias, estas pa- Filosofia lavras: “Creio ser daqueles poucos atenienses, para ¢ Politica nao dizer o tinico, que busca a verdadeira arte poli- tica, eo Gnico dentre os contempordaneos que a exer- cita” (521d). A “verdadeira arte politica” é a arte que “cuida da alma” e a torna “virtuosa” 0 maximo possi- vel, sendo, por isso, a arte do filésofo. Portanto, a tese Republica: a que do Gorgias em diante Plato amadureceu e expres- wtedsis sou de modo tematico na Repiiblica (ver a sintese nas Perdadeins p. 137-138) é precisamente a tematica da coincidéncia filosofa da verdadeira filosofia com a verdadeira politica. So- ‘

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