You are on page 1of 18
Voices @ RESEARCH | PEER REVIEWED Intervencao Musicoterapica Para Mae-Bebé Pré-termo: Evidéncias de Um Estudo de Caso em Uma UTI Neonatal Brasileira ‘Ambra Palazzi"*, Rita Meschini” , Cesar A Piccinini" ‘Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Gras 2 Instituto de Reabilitacao S, Stefano, Italie *palazziambra@gmailcom Received: 22 February 2017; Accepted: 31 May 2017; Published: uly 2017 Ealitor: Helen Oosthulzen Reviewers: Depbie Bates Claire Ghett! Abstract © presente estudo investigou as contribuigdes da musicoterapia para a diade mae- bebé pré-termo, na UTI Neonatal. Foi realizado um estudo de caso tinico, envolvendo uma me e sua filha prematura (27 1G) que participaram de nove encontros da Inter- vencao Musicoterapica para Mae-Bebé Pré-termo ~ IMUSP, que tinha o objetivo de sensibilizar e acompanhar a mae a cantar para a filha. Apés a IMUSP e, na pré-alta e nna pés-alta a mae respondeu a entrevistas de avaliacao da intervencao e a diade foi filmada durante @ intera¢ao com o canto e nao-canto. As entrevistas e as descrigdes dos videos foram examinadas através da andlise tematica. Os resultados mostraram ‘que @ musicoterapia contribuiu: (1) no empoderamento da bebé, através do relax- amento, da estabilizacéo da saturagao de oxigénio, da apresentacao de novas com- peténcias, e da participacao e envolvimento no canto; e (2) no empoderamento da mae, através do relaxamento, da superacao da vergonha e do medo de interagir com a beb@, do fortalecimento das suas competéncias maternas e da autonomia no can- to. Em conjunto, os achados evidenciaram a importancia da musicoterapia para a in- teragéo mae-bebé, uma vez que 0 canto contribuiu para um contato face-a-face mais prolongado e para comportamentos de carinho mais diversifiados. Keywords: Prematuridade, UT! Neonatal, Musicoterapia, Canto materno, Interacdo mae-bebé Introdugao Bebés que nascem antes das 37 semanas completas de gestacao sao considerados pré termo, condicéo que atinge cerca de 11% dos recém-nascidos no mundo (WHO, 2010). nascimento prematuro pode impactar no desenvolvimento infantil a longo prazo, ¢ a internago do bebé na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTINeo) é uma experiéncia traumética para toda a familia, uma vez que tanto as mies quanto os pais podem apresentar maiores riscos de estresse, ansiedade e depressio (Flacking, Ewald, Nyqvist, & Startin, 2006; March of Dimes, PMINGH, Save the Children, & WHO, 2012; Shaw et al., 2014). 0 impacto da prematuridade na relagao mae-bebé ainda representa um assunto con. troverso. A recente metandlise de Bilgin e Wolke (2015), que investigou 34 estudos VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY | VOL 17 | NO2 | 2017 Therapy Research Centre, Uni Research Health Copyright: 207 The Author(s) DOE: hitps:/dxtohrg/075945/voicesw 72.910 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH publicados entre 1980 ¢ 2013, nao encontron diferencas significativas na sensibilidade ena responsividade entre mies de prematuros e maes de bebés a temo na interagio ‘com 05 filhos nos primeiros anos de vida, No entanto, alguns estucos mostraram que a prematuridade pode afetar o vinculo & a interagao mae-bebé (Forcada-Guex, Pierrehumbert, Borghini, Moessinger, & Muller Nix, 2006; Korja, Latva, & Lehtonen, 2012), A vulnerabilidade biolégica envolvida na prematuridade somada a fatores psicossociais adversos, podem constituir uma situagaio de nmiltiplo risco, requerendo ainda mais a realizacio de intervencSes precoces (Lin hares, Carvalho, Machado, & Martinez, 2003; Moreira et al, 2011; White-Traut & Nott, 2009). Nesse sentido, a musicoterapia representa uma disciplina emergente no contexto da prematuridade, seja na dea clinica, seja na pesquisa, mostrando efeitos positives para os bebés, para os pais e para a relagio entre eles (Haslbeck, 2012; Standley, 2012). Muitos estudos evidenciaram as capacidades precoces do feto e do recém-nascido de reconhecer e reagir & voz materna e & miisica (Al-Qahtani, 2005; Kisilevsky et al, 2003; McMahon, Wintermark, & Lahay, 2012; Moon & Fifer, 2000), Além disso, o dial ogo mae-bebé, definido por Malloch and Trevarthen (2009) como “musicalidade co ‘municativa”, possui elementos musicais especificos que favorecem a atengao do bebé, desenvolvimento da estrutura linguistica, a comunicacao das emocies a regulacio do comportamento social (Butler et al., 2014). Em particular, o canto materno, por enfatizar os elementos nusicais naturalmente presentes na fala ditigida ao bebé, é par ticularmente eficaz na formagio dos vinculos afetivos (Peretz, 2010; Trehub, Becker, & Motley, 2015). Conforme a recente revisio da literatura de Palazzi, Nu € Piccinini (2017), entre as intervengées baseadas em nnisica na UTINeo € possivel encontrar as de musi cotetapia, realizadas por musicoterapeutas (Bttenberger et al, 2014; Haslbeck, 2014; Loewy, Stewart, Dassler, Telsey, & Homel, 2013; Standley et al., 2010; Ulsten, Briks son, Klassbo, & Volgsten, 2016), e intervengoes de estimulacéo musical ou auditiva realizadas por outros profissionais da savide (Alipour, Eskandari, Almati Tehran, Bs hagh Hossaini, & Sangi, 2013; Keidar, Mandel, Mimouni, & Lubetzky, 2014) ou pelos pr6ptios pais (Arnon et al., 2014; Filippa, Devouche, Arioni, Imberty, & Gratier, 2013; Nécker-Ribaupierre, Linderkamp, & Riegel, 2015). Essas intervengdes podem empregar uma abordagem receptive com nisicas ou sons gravados (Alipour et al., 2013; Stan- dley et al., 2010), ou uma abordagem mais ativa através de mtisica ¢ canto ao vivo (Ettenberger et al., 2014; Haslbeck, 2014; Loewy et al., 2013; Malloch et al., 2012; Ullsten et al., 2016). A musicoterapia e a estimulagtio musical tém mostrado efeitos positivos pata o bebé prétermo no aumento da saturagéo do oxigénio, na regulacio da frequéncia cardia ca, na fiequéncia respiratéria, na promogae do sono, no reforgo da sucgéo nao-nutri- tiva, no ganho de peso e na reducao dos dias de hospitalizagao (Bieleninik, Ghetti, & Gold, 2016; Haslbeck, 2012; Standley, 2012). Entre as intervencdes musicoterdpicas destacamr-se as que empregam o canto ao vivo contingente ao estado do bebé, com canges de ninar, nisicas favoritas das pais ou voralizacées improvisadas (Malloch et al., 2012; Shoemark, 2011; Haslbeck, 2014; Loewy, 2015; Ulisten et al., 2016), Por exemplo, Haslbeck (2014) buscou investigar 0 potencial interativo da Musicoterapia Criativa (MTC) (Nordoff & Robbins, 1977) com 18 bebés pré-termo. A autora utilizou ‘uma abordagem indutiva baseada nos principios da grounded theory (Glaser & Strauss, 1967; Strauss & Corbin, 1998) e da therapeutic narrative analysis (Aldridge & Aldridge, 2002). Analisando os videos das intervencdes ¢ as entrevistas dos pais, Haslbeck iden tificou diversas categories, entre elas: a “musicalidade comunicativa” a partir de episé dios de sincronia interacional entre musicoterapeuta ¢ bebé, a responsividade da ter: apeuta aos sinais do bebé, e o empoderamento do bebé e dos pais. Nesse sentido, con- forme Haslbeck (2013; 2014), attavés da “musicalidade comunicativa” na MTG, tanto as mies € pais quanto 0 bebé podem ser empoderados a se autorregular, se orientar, patticipar e se engajar na interagao entre eles. Os resultados sugeriram que a MTC fa Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 2 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH vorece a autorregulacéo, a orientacéo e um maior envolvimento do bebé, bem como promove a sensibilidade parental. ‘Além de ter beneficios para o bebé pré-termo, intervencdes baseadas em misica po- dem promover o bem-estar da mae, reduzindo o estresse ¢ a ansiedade matera (Ak, Lakshmanagowda, GC M, & Goturu, 2015; Aron et al., 2014; Bieleninik et al., 2016; Cevasco, 2008) € favorecendo o aleitamento (Ak et al., 2015; Keith, Weaver, & Vo gel, 2012; Vianna et al., 2011). Em particular, intervengdes que envolvem voz e canto ‘materno tém efeitos positivos tanto para 0 bebé quanto para a mae (Arnon et al., 2014; Filippa et al., 2013), Por fim, alguns estudos mostram que a musicoterapia contribui para a relagao e pata a interagao mae-bebé, promovendo 0 apego, a responsividade parental, a sincronia interacional e a “musicaliciade comunicativa” entre mae e bebé (Cevasco, 2008; Fttenberger et al., 2014; Haslbeck, 2014). A literatura aponta para maiores beneficios da musicoterapia quando realizada ao vivo (Amon et al., 2006; Garunkstiene, Buinauskiene, Uloziene, & Markuniene, 2014), enfatizando a importéncia da participacao e do acompanhamento da mae (Ettenberg- er et al, 2014; Edwards, 2011; Haslbeck, 2014). No entanto, a maioria das pesquisas foca nos efeitos da miisica gravada no bebé pré-termo, sem investigar as perspectivas ‘maternas ou a interacao mae-bebé (Haslbeck, 2012). Dessa forma, o objetivo do pre. sente estudo foi investigar as contribuicées da musicoterapia para a diade mée-bebé pré-termo, na UTI Neonatal, com base na estrutura de temas e embasamento tebrico detivados dos estudos de Haslbeck (2013; 2014). A expectativa inicial era que a musi coterapia contribuisse para o relaxamento do bebé e da mie, para a sensibilizacao da mae na utilizacao do canto como recuiso de interagao com 0 bebé e para a qualidade da interacao mae-bebé. Método Participantes Participaram desse estudo uma mée (Natélia)' e sua filha (Ana) nascida prematura, que nao apresentava sindromes ou malformagoes congénitas, e estava internada na UTINeo de unt hospital piblico de Porto Alegre (Rio Grande do Sul, Brasil). ‘Ana nasceu com uma idade gestacional de 27 semanas” e peso de 685 g. O Indice de Apgar® ao nascimento foi de 2 (1° minuto), 4 (5° minuto) e 6 (10° minuto). Logo apés fo nascimento, Ana apresentou sepse e disfuncio respiratéria, sendo por isso colocada em uma incubadora aquecida e submetida a intubacao orotuaqueal. Ana ficou interna- da por 118 dias na UTINeo e recebeu alta com peso de 2620 g, respirando autonoma mente e conseguindo mamar no seio materno. Natalia tinha 24 anos, era residente em Porto Alegie, possufa ensino fundamental completo ¢ estava desempregada. Ela tinha trés filhos: dois eram de relacionamentos anteriores, com idade de ume t18s anos; e Ana eta filha do seu terceiro companheiro, Joao, © qual estava preso ha cerea de um ano. A familia apresentava nivel socioe conbmico balxo. Delineamento, procedimentos e instrumentos Foi utilizaclo um delineamento de estudo de caso tinica (Stake, 2006) com cinco fases de coleta de dados. Na Fase 1 (Pré-intervencao), no 20° dia apds 0 nascimento da bebé, a mie foi convidada a participar do estudo, assinou 0 Termo de Consentimento Livre ¢ Esclarecido e respondeu as seguintes entrevistas: a Entrevista de matemidade no contexto da prematuridade (NUDIF/PREPAR, 2009a), utilizada para investigar a experiéncia da ‘maternidade no perfodo pés-parto; e a Entrevista sobre o histérico sonoro-musieal da mde (Palazzi, Meschini, & Piccinini, 2014a), que investigou 0 ambiente sonoro, as exper éncias e as preferéncias musicais da mie ao longo da vida e durante a gestagdo, As duas entrevistas sao estruturadas, mas foram realizadas de forma semi-dirigida. Ainda, nessa fase foi preenchida a Ficha de dados demogréficos (NUDIF/PREPAR, 2009b) bem Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 3 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH como a Ficha de dados clinicas do bebé prétermo e da mée/pés-parto (NUDIF/PREPAR, 2009e), que foi atualizada em todas as fases de coleta de dados. Na Fase 2 (Interven¢ao}, uma semana apés a Fase 1, a mae participou da interveneao Musicoterdpica para Mée-Bebé Pré-termo ~ IMUSP (Palazzi, Meschini, & Piccinini, 20140). A IMUSP é uma intervengao de musicoterapia, que visa sensibilizar e acom panhar a me a cantar para seu bebé na UTINeo, Foi desenvalvida para presente es tudo, com base em outros estudos de musicoterapia no eontexto da prematuridade. A IMUSP esté organizada em oito encontros, divididos em sessées com a mae, alternadas com encontios com @ diade mae-bebé na UTINeo. Entretanto, para atender a disponi- bilidade da mae e se adequar as restrigdes de espaco fisico da UTINeo, a estrurura da IMUSP precisou ser adaptada, no presente estudo, conforme desctito abaixo. Além dis- to, em fungao da instabilidade clinica ce Ana, os encontros com ela comegaram quan do ela estava com 31 semanas de idade pés-menstrual’. A IMUSP foi realizada em nove encontros (um por semana ao longo de dois meses), pela primeira autora deste artigo, musicoterapeuta, com a supervisao clinica da segunda autora, também musicoterapeu- ta. © Encontro 1 envolveu apenas a mie, foi realizado em uma sala da Unidade de Neonatologia € durou aproximadamente 45 minutos; os encontros 2, 3, 4 e 5 foram realizados na UTINeo com a mie e a bebé na incubadora; e, os encontros 6, 7, 8 € 9 foram realizados com Natalia em contato pele-a-pele com Ana (posictio canguru). Os encontros com a dade na UTINeo duratam de 15 a 20 minutos. No Encontro 1 foram realizadas atividades de canto das miisicas selecionadas pela mae (“Fico assim sem voce” de Claudinho e Buchecha e a cangao de ninar “Nana nené”), com e sem acon panhamento 20 violio. Os encontros 2, 3 e 4 objetivaram acompanhar a mie durante a experiéncia de canto para a filha, estimulando a observacio dos sinais da bebé aptofundando os aspectos relacionals do canto. Os enconttos 5 ¢ 6 focaram no canto improvisado a bocea chiusa com a dfade na UTINeo e, por fim, nos encontros 7, 8 € 9 foram realizadas atividade de parédia e composicao musical.” Na Fase 3 (P6s-intervencao), na semana seguinte & conclusao da IMUSP, a mae re- spondeu A Entrevista de avaliacao da intervencéo musicoterdpica para mée-bebé pré-termo (NUDIF/PREPAR, 20140), que investigou. 0 impacto da intervengao em virios aspec tos, entre os quais os sentimentos maternos em relacio & musicoterapia, A musicoter apeuta e satisfacdo com 0 atendimento, bem como suas pereepedes quanto &s mu- dancas em relagao a bebé e ao vinculo, Trata-se de uma entrevista estruturada realiza da de forma semi-ditigida. Também, foi realizada uma sesso de Observagdo da interagdo mae-bebé pré:-termo (Palazzi & Piccinini, 2014), enquanto a mée cantava para a filha na UTINeo, com 0 objetivo de observar os comportamentos da bebé e da me e as interacées mée-bebé, durante episédios de canto e ndo-canto. A mie foi orientada a interagir com a bebé aproximadamente de 2 a 8 minutos durante cada episédio. As sessoes de observagao foram filmadas pela propria musicoterapeuta, primeira autora deste estudo ou por una estucante de psicologia que a auxiliava. As filmagens focaram na interacao da mae com sua bebé e foram realizadas com uma filmadora GoPro Hero 3+, utilizada dentro da UTINeo, ou uma filmadora Sony DCR-s185, utilizada fora da UTINeo. Na Fase 4 (Pré-alta), realizada antes da alta hospitalar da bebé, a mae respondeu a uma nova entrevista de avaliacio, adaptada para a préalta, e foi realizada uma nova sessao de observagao, enquanto a mae amamentava a filha na UTINeo. Por fim, na Fase 5 (Pés-alta), uma semana apés a alta, quando retornaram para uma consulta, foi realizada uma nova sesso de observacéo em uma sala do hospital, que envolveu um ‘momento em que a mae cantava para a bebé e outto enguanto wocava a fralda. As entrevistas com a mae na Fase 1, todos os encontros da IMUSP € as sessoes de obser vvacao da interagao na Fase 3 e na Fase 5 foram realizadas pela primeira autora deste estuudo. J4, as entrevistas de avaliagao da intervengao nas Fases 3 e 4 e a observacao da interagao na Fase 4, bem como preenchimento de todas as fichas de dados clinicos da bebé ao longo das fases, foram realizadas por uma estudante de psicologia. Todas as observagSes da interacio mie-beb@ e todos os encontros da IMUSP, com excecio do Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 4 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH Encontro 2, foram filmados ou éudio-gravados. A transcrigo das entrevistas foi real izada por dois estudantes de psicologia. O presente estudo foi aprovado pelo Comité de Etica do Instituto de Psicologia da UFRGS (n° 985.941) e do hospital (n° 1.069.283). Analise dos dados Para fins de andlise, foram examinadas as entrevistas realizadas com a mie na pré- IMUSP (Fase 1), na pés-IMUSP (Fase 3) e na pré-alta (Fase 4), bem como os videos realizados com a mae-bebé durante a IMUSP (Fase 2) e nas sessdes de observacio (Fase 3, 4 e 5). As entrevistas iniciais foram utilizadas para a caracterizacto do caso. Jé as entrevistas de avaliagao na pés-IMUSP e na préalta foram examinadas através da anélise temética (Braun & Clatke, 2006), buscando compreender as percepgoes mater nas com relacio As contribuicées da musicoterapia para a diade m¥ie-bebé pré-termo na UTI Neonatal, em particular para o bebé, para a mae e para a interacdo mae-bebé, Os videos dos encontros da IMUSP foram analisados através dos seguintes passos: 1) Inicialmente, foram assistidos os videos e foi realizado um relato geral de todos os en- contros; 2) Dos seis encontros filmados, foram selecionados trés encontros (4, 6 € 9)", em que se identificou e selecionou 0 primeito episédio de nao-canto (3-4 minutos) € 6 tiltimo episédio de canto materno (3-8 minutos) do respective encontro, totalizando aproximadamente 14 minutos de canto e 11 minutos de ndo-canto’; 3) Em seguida, a autora fez. descricoes detalhadas dos comportamentos da bebé e da mae e das inter ages mae-bebé durante os episédios de canto e nao-canto. Foram registrados tempo inicial e final de cada comportamento observado, o que permitint ter também infor magoes sobre a duzacao dos comportamentos da mie e da bebé e das interagoes entre elas. Com relactio aos videos das sessées de Observacdo da interagdo mée-bebé pré-termo (Fase 3, 4 e 5), foi utilizado um procedimento semelhante: 1) Foam identificados ¢ selecionados os tiltimos trés minutos de cada video, totalizando aproximadamente seis minutos de canto e quatro minutos de nao-canto’; 2) Em seguida, a autora fez de- scrigées detalhadas dos comportamentos da bebé e da nile e das interacBes me-bebé durante os epis6dios de canto e nao-canto, destacando o tempo inicial e final de eada comportamento observado, o que permitiu ter também informacées sobre a duracio dos comportamentos ¢ das interagdes. Todas as desericdes dos videos foram posterior ‘mente checadas por tuma estudante de psicologia, buscando-se o consenso. As entrevis tas e os videos contribuitam para a triangulacao dos dados (Stake, 2006), permitindo ‘um aprofundamento sobre o caso com base tanto nas percepgoes maternas quanto nos comportamentos da bebé e da mie e das interacées entze elas. Os dados foram integrados e analisados attavés da anise temeéitiea (Braun & Clarke, 2006), por meio de uma abordagem dedutiva com base na estrutura de temas en basamento te6rico de Haslbeck (2013; 2014). A andlise baseou-se em dois temas: (1) empoderamento da bebé; e, (2) empoderamento da mae. Em particular, procedew-se & leitura e releitura das entrevistas e das descrigoes, identificando as vinhetas e os tre chos das desericées das observacées que retratassem cada um dos temas de anélise. A estrutura de temas de Haslbeck (2013, 2014) fol originalmente criada a partir de estudas envolvendo o processo terapéutico musicoterapauta-bebé pré-termo, foi adap- tada para o presente estudo para contemplar 0 processo de interacao mae-bebé pré-ter- ‘mo. Sendo assim, os temas que nos estudos otiginais referiant-se aos comportamentos do musicoterapeuta, foram adaptados e empregados para se analisar os comportamen tos maternos. A estrutura otiginal envolvia também 0 tema da responsividade entre musicoterapeuta-beba, que néo foi utilizado nesse estudo, uma vez que esta dimensio ¢ outras envolvendo tuocas mie-bebé foram inclufdas nos temas do empoderamento do bebé € do empoderamento da mae. Além disso, a estrutura original envolvia o tema da musicalidade comunicativa, que foi investigado nesse estudo também, mas que seré nalisado e aprofundado em uma futura publicacio. Por fim, aos temas derivadas da literatura foram acreseentados especificos aspectos originadas dos dados desse estudo.. Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 5 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH [——wiseor—) Sasso £0 grr spas “ seb ane aT as erates cnsenapto ine bots (Psst pee atimos 3 rin Figura 1. Flusograma do proceso de a Resultados s resultados serio apresentados em duas secdes: a primeira apresenta as entrevistas eas observagdes sobre o empoderamento da bebé, enquanto a segunda refere-se ao em: poderamento da mae. Durante a exposicao dos resultados, cada tema seré mais detalha do ¢ ilustrado com as vinhetas das entievistas € os techos das descrigdes das obse1- vacdes dos comportamentos da bebé e da mae e das interages mae-bebé, durante os episédios de canto e nao-canto. Empoderamento da bebé Conforme a definigao de Haslbeck (2013, 2014), 0 empoderamento do bebé se refere & capacidade do bebé de relaxar, se acalmar, aumentar a sua autorregulagao, orientagao ¢ interacdo, Este tema envolve o relaxamento do bebé, a apresentacao de novas com- pet@neias, a patticipagao e o envolvimento no canto e, no presente estudo, foi ampli do para englobar também a estabilizacio da saturacio de oxigénio Nos primeitos encontios da IMUSP, a bebé era ainda bastante instével, mostrando agitagao e quedas de saturacao. Por isso, no encontro 4 nao foi possivel identificar 0 cempoderamento da bebé durante o canto e nao-canto. J& no encontro 6, Ana mostrou-se relaxada ¢ em estado de sono tranquilo durante o canto e nao-canto. Ainda, no encon tno 9, evidenciow-se que o canto contribuiu para um maior relaxamento da bebé, em comparagao ao nao-eanto, Nesse encontro perceberani-se novas competéneias da bebé @ a sua patticipacdo e 0 seu envolvimento no canto. De fato, enquanto a mae cantava, a bebé estava em estado de alerta calmo, mexendo-se e voralizando: + (05:06)’ A mae esté com a filha no colo e a levanta, aproximando-a do seu rosto & continuando a cantar + (05:12) Ana vocaliza um glissando descendente (Li#4 Ré#4 Mid). A mie olha para a filha, continuando a cantar. + (05:28) Ana mexe a cabeca, vocaliza de novo (glissando de Lid até Mid aproxi madamente) e continua a se mexer. (E9/canto)'” Na pés-IMUSP ¢ na pré-alta, © empoderamento da bebé apareceu de forma mais ev- dente. Por exemplo, durante a entrevista de avaliacao da intervengao, Natalia relato que os encontros da IMUSP e as experiéncias de canto auténomo realizadas por ela ajudaram a filha a se acalmar quando estava agitada: ‘Mas depois vendo que ela gostava que eu cantasse pra ela, com ela no colo ou com ela ali na incubadota, tocando nela, eu sentia que ela ficava bem mais calma quando ela tava agitada, ela gostava muito, até agora ela gosta. (Ent3). Além de favorecer o relaxamento da bebé, a IMUSP contribuiu na estabilizagao da sat iagao de Ana, uma vez que a mae relatou que quando cantava sua saturagao aumen tava e se mantinha mais estvel, Natalia destacou o efeito positive conjunto do canto € da posigao canguru emi restabelecer a saturacao de oxigénio: “Quando comega a cair Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 6 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH a saturaséo dela, peso pra pegar ela no colo fico cantando, nanando ela, dat ela meio que se restabelece.” (Ent3), Além disso, a mie relatou que quando ela falava coma filha, Ana continuava a manifestar quedas de saturacao, enquanto durante o canto, a bebé conseguia manter mais a saturacao: Quando eu nao canto, ela fica quietinha no canto dela, dai ela ta sempre dando os picos {de saruragio} deta né. Quando eu canto, quando cla no meu cole, et eantando pra ela, la se mantém. Daf ela flea se mantendo, ndo tem tantos pos, do que se eu no 0 can: tando pre ela. sso eu noto, (Ent) © telaxamento durante o canto matetno também foi evidenciado na descrigao da sessfio de observacio de canto na pés-IMUSP. De fato, a beb® dormiu a sesso inteira, sem manifestar sinais de agitagdo, enquanto a mae improvisava um canto a bocca chiusa, embalava ¢ fazia carinho na filha. A mée também relatou que, a partir dos en contros de musicoterapia, a bebé mostrou reconhecer a voz matemna e reagir ao canto, abrindo os olhos e sorrindo: Eu sinto que ajudaram ela porque daf ela acho que observa mais as vozes, ela j4 reconhece né as vozes, ela ja reconhece @ minha voz das outras ... das outras enfermeiras, acho que cla ja recomhece,; E que ela ja reconhece a minha vor, As vezes, ela abre 0 olho, as vezes la nio [ ... ], s6 dé um sorziso no canto do lébio. (Ent3). Na pré e pés-alta, tanto a entrevista quanto as descrigdes das sessbes de observacio, evidenciaram 0 empoderamento da bebé através da apresentagao de novas competéncias € da participagio ¢ o envolvimento no canto, mais do que no relaxamento, como havia sido destacado na p6s-IMUSP. De fato, durante 0 canto e o niio-canto a filha interagia ativamente através do olhar, do contato face-a-face prolongado com a mae e das vo calizagies: + (02:43) A bebé olha para mae. + (04:34) A bebé volta a olhar a mae e para de mamar. + (04:36) A mie abre mais os olhos olhando a filha ¢ levantando de novo as so biancelhas, a bebé segue o olhar da mae e elas mantém olhar reefproco prolonga do até 04:41 quando a mae pergunta “Que que foi?”. + (05:02) A bebé para de suger, segue o olhar da mae e mexe a mao no peito da mae até 05:12. + (05:36) A bebé estende o braco. (Ob4/nao-canto); + (00:45) A bebé vocaliza mais prolongadamente. + (00:59) A bebé resmunga e voraliza de novo (Sol#4 Pa#4 Sol#4), enquanto a mie esté colocando de novo as roupas dela. (Ob5/ndio-canto) Durante o canto ocorreram muitos olhares reefprocos prolongados mie-bebé. Isso pode ser observado nos momentos em que Ana se engajou nao apenas através do olhar ot de pequenos gestos como durante # amamentacao sem canto, mas empregendo amplos ‘movimentos dos bragos, vocalizagoes diversificadas e varias expressoes faciais. A beb? olhava para a mie mais frequentemente durante o canto, em comparactio ao néo-can to: + (06:41) Na pausa do canto matemo, a bebé vocaliza de forma clara e prolongada, + (06:50) Depois de resmungar, a bebé olha a mide e mexe os bracos, enquanto a ‘mae continua embalando e cantando. + (07:30) Contato face-a-face e 0 olhar teefproco mae-bebé. Ana mostra a lingua, Natalia sorri enquanto canta. + (07:33) Contato face-a-face mie-bebé, a mae sorri, a bebé olha para outro lado. + (07:38) A bebé volta a olhar a mie, contato face-a-face, a mie sorri. + (07:42) A mae continua cantando, embalando, sortindo e olhando a filha, a beb& olha a mae, contato face-a-face. + (07:45) A bebé mostra a lingua e ao mesmo tempo a mae aproxima o nariz. ao nar- iz.da bebé (termina 0 contato face-a-face). (ObS/canto) Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 7 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH Empoderamento da mae Gonforme a definigao de Haslbeck (2013, 2014) 0 empoderamento da mde refere-se & capacidade da mae em relaxar, acalmar-se, interagir com o bebé e aumentar as com peténcias maternas. Esse tema envolve o relaxamento da mae, o fortalecimento das competéncias matemas e, no presente estudo, foi ampliado para englobar também a superacio da vergonha ¢ do medo de interagir com a bebé e a autonomia no canto. ‘Durante a 1ealizacdo da IMUSP, nos primeitos encontios a mie mostrava-se agitada @ ansiosa ao cantar para a filha. Entretanto, no encontro 4 ela preparava-se pata a experiéncia de canto, fechando os olhos apoiando-se na incubadora, indicando uma tentativa de relaxamento. As descrigdes do encontro 4 mostraram autonomia no canto materno, uma vez que ela cantava para a bebé a bocca chiusa, sem aguardar a musi coterapeuta: + (11:52) A mae recomeca a cantar de forma autnoma, sempre em tonalidade de Sib maior, a musicoterapeuta acompanha logo depois. + (12:16) Natalia recomeca autonomamente a estrofe, cantando de olhos abertos & controlando os sinais da bebs. (E4/canto) Orelaxamento da mae apareceu mais claramente nas descricdes dos episédios de canto dos encontros 6 e 9. Enquanto cantava em posigao cangurti com a filha, Natalia fecha va 0s olhos e apoiava a eabeca ou a boca na cabeca de Ana, por um tempo prolongado. Esse comportamento niio fol encontrado nos episédios de nao-canto da IMUSP, indi cando que provavelmente Natalia associava esta posicio com a experiéncia de canto para a filha. Ainda, destacaram-se a superagao da vergonha e do medo de interagir com a filha, que tinham sido relatadas como dificuldades da mie nas entrevistais ini ciais, e o fortalecimento das competéncias maternas, como o toque, 0 catinho para a filha e a capacidade de responder de uma forma contingente aos seus sinais: + (15:43) Natalia apoia a boca na cabega de Ana, fazendo carinho no corpo dela e cantando a bocca chiusa com intensidade pianissimo. A mae canta de olhos fecha dos, fazendo carinhos amplos e rftmicos no corpo da filha, Natalia permanece nes- ‘sa mesma posigao até 17:46. (E6/canto); + (05:04) Ana resmunga e a mae olha para ela, cerrando as sobrancelhas. (05:12) Ana vocaliza um glissando descendente (La#4 R6#4 Mid) e Natalia da um beljo nela logo depois, sortie fala algo com intensidade pianissimo para ela, (E9/ canto) Nos episédios de ndo-canto dos mesmos encontros (6 e 9) também percebewse o for talecimento das competéncias maternas, como tocar na bebé e mostrar comportamen tos de afeto, Entretanto, a mie frequentemente altemava o foco do seu olhar, as vezes na filha, as vezes na propria UTINE + (02:16) Natalia olha lateralmente. + (02:19) A mae volta a olhar a filha. + (02:32) A mie olha lateralmente e logo depois volta a olhar a filha. + (02:33) A mae faz.'sh’ para a filha ¢ da um beijo na cabeca dela. + (02:40) Natalia olha rapidamente para a frente e depois volta a olhar a filha. + (02:44) A mae faz. carinhos no corpo da filha dentro do jaleco e olha pata 0 corpo. de Ana, (E9/nio-canto). Por fim, se observou uma maior autonomia da mae com 0 canto em comparagéo aos encontros anteriores, uma vez que a me improvisou de forma espontinea cantos a bocca chiusa para a filha: + (18:01) A mite para de fazer carinhos e canta sem o apoio vocal da musicoterapeu- ta. + (18:10) A mae improvisa uma melodia, cantando a bocca chiusa de forma aut6no. ma, (B6/canto) [Na p6s-IMUSP, 0 empoderamento da me foi evidenciado no relaxamento matetno tanto na entrevista de avaliacio quanto na sesso de observacio. De fato, a mie relatou “se Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 8 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH sentir bem” ¢ mais “aliviada” durante os encontros de musicoterapia ¢ quando canta va para Ana. As falas da mae também destacaram que a musicoterapia a ajudou a se “soltar um pouco mais”, a “ter menos vergonha” de conversar com a filha e a superar 0 medo de tocar nela, uma vez.que 0 canto foi sempre realizado em conjunto a0 toque ou a posigao canguru. Isso contribuiu para “criar wn vinculo” entre mae e bebe, para estimular 0 interesse de Natalia pela filha e para ajud-la no seu ‘“jeito de cuidar” deta: ‘Me sjudaram, bastante. Em todos, em todos os sentidos. Me ajudaram muito com a Ana, ‘me ajudaram do A a Z, Porque no comeca, eu nio dava tanta bola, nio procurava tanto. Mas agora nao, cu quero saber, cu quero o porque, aqucla coisa toda, cu quero tocar, eu ‘quero pegar, eu quero mexer, eu quevo interagir com a Ana. Antes ndo tanto, né, eu ficava ais ... Agora ndo, agora eu quero, eu quero. E isso me ajudou, os encontros me ajudou bastante. (Ent3). Além disso, a musicoterapia contribuitt no fortalecimento das competéncias maternas ena autonomia no canto, uma vez que Natalia integrou o canto a bocca chiusa na sua rotina didria da UTINeo, utilizando-o como um recurso para acalmar a filha quando estava agitada ou durante as quedas de saturagio: Uma vee por dia aqui eu sempre fago. Pode ser s6 um pouguinho, mas... ; Ela ta quietinha nna Incubadora, mas geralmente é os picos [quedas de saturaco] que ela val dando né. Dai ‘eu procuro cantar, dai eu abraco ela e fico cantando pra ela, nanando. (Ent3). De forma semelhante, as descrigoes da sessao de observacao na pés-IMUSP mostraram que Natalia cantava autonomamente para a filha, improvisando a bocca chiusa, ¢ adi cionando ao canto muitos comportamentos de carinho prolongados e diversiticados: + (02:21) Natalia abe os olhos, olla a filha e dé um beijo nele. + (02:33) A mae olha a filha, segurando a mao © dando leves batidas répidas na bundinha dela. + (02:46) A mae toca no ouvido e na bochecha da filha e, ao mesmo tempo, acaricia com a sua bochecha a cabeca dela. + (03:06) Natalia volta a cantar, enquanto acaricia de forma mais anpla a filha, ol hando para ela. (Ob3/canto) Na entrevista na pré-alta (Fase 4), 0 empoderamento da mae apareceu mais através do fortalecimento das competéncias maternas e da autonomia no canto, do que através do relaxamento, evidenciando-se nessa fase 0 potencial interativo do canto. Em resposta a uma pergunta da entrevistadora sobre as contribuigdes dos encontros de musicoter apia, Natalia referiu: Alémn disso, de poder conversar com ela, sel 14, tudo. A ter um pouco mals de intimidade com ela, a me soltar, aariciar um pouguinho ela mais né, ndo ter tanto medo, eu, receio assim de .., icar perto dela e conversar com ela pensando que ela nao entendesse, mas ela centende tudo. (Ent4). Entretanto, na pré-alta Natalia relatou que no estava mais cantando para a filha, ex plicando que Ana nao estava mals agitada, que estava ficando mais no colo dela e que, por isso, ela estava preferindo simplesmente conversar com ela De fato, na pré e pés-alta, nos episédios de nao-canto, percebeu-se que a mie con- versava com a filha utilizando a fala dirigida & bebé*’ de uma forma contingente aos comportamentos da bebé, como o olhar e 0 mamar: + (04:41) Continua o contato face-a-face mie-bebe, a bebé nfo mama mais ¢ a mie repete “Que que foi?”. + (04:48) A mée solicita uma resposta da filha falando “Mmm?” (Pé#4) e embala Jevemente ela, a bebé olha para a mae, + (451) Contato face-a-face mae-bebs, a bebé nao mama, a mae pergunta “Nao quer mais mamar?”. + (04:54) A bebe volta a sugar e a mae fala “Ah! Quer, sim!” enquanto pega a mao da filha e faz carinho no rosto dela, (Ob4/nio-canto). Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 9 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH Embora na pré-alta a mie tivesse parado de cantar para a filha, ela afirmon que pre tendia utilizar 0 canto em casa, junto com toda sua familia, quando a bebé estivesse agitada, para ajudar ela a se acalmar e dormir. De acordo com as falas de Natalia, parece que a musicoterapia representou uma etapa de transicao para a mae despertar sttas competéncias matetnas, conectar-se com a filha e conversar mais com ela. Na pés alta (Fase 5) foi observado que, enquanto cantava, Natalia mostrava-se mais dedicada € com atengiio exclusiva para a filha, manifestando comportamentos de carinho mais diversificados e possibilitando mais contato face-a-face e interagées com a filha: + (08:05) Contato face-a-face mae-bebé, a mae continua dando leves batidas na bundinha e cantando, a bebé olla « mae, + (08:07) A mae faz carinho com o natiz. no natiz da filha, a0 mesmo tempo a bebs resmunga. + (08:13) A bebé mostra a lingua, a mae sorti, pega os bracinhos da filha e mexe os bracinhos. (ObS/canto) Na pré e na pés-alta percebewrse que a mie respondia de uma forma contingente aos sinais da bebé, por exemplo, imitando a sua expressio facial, respondendo ao contato visual da bebé e fazendo uma pausa no canto para aguardar as suas respostas: + (00:07) A bebé faz contato visual com a mae ¢ a mae fala “Calma” para ela. A Debs ola para a mae. + (02:45) A mie sorri e abre mais os olhos e vira a cabeca para a direita, depois d um carinho no rosto da filha, na eabega e no corpo, contato face-a-face mae-bebsé. (Ob4/nao-canto). Entretanto, quando a mae nao cantava mostrava wma alternéncia de foco no seu olhar, &s vezes olhando para a filha, outras vezes focando no ambiente da UTINeo: + (03:28) A bebé mexe os olhos e parece parar de mamar, A mae olha a filha sem fazer outros movimentos. + (03:36) A bebé recomeca a mamat, a mie olha a bebé sem fazer outros movimen. tos. + (03:55) A mae olha para frente, a bebé continua mamando. + (04:04) A mae volta a olhiar a filha, a bebé mame e ollta para a mae, + (04:06) A mae volta a olhar para frente, a bebé mamia. (Ob4/nao-canto) Ja, quando a mae cantava, os comportamentos de carinho e o contato face-a-face eram mais prolongados. De fato, na pés-alta, a mae olhou a bebé durante toda a sessao de observacai + (06:58) A bebé olha para o lado e depois de novo a mie e arrota. + (07:03) A mae sorri e faz um carinho com o natiz no nariz da filha, + (07:19) A bebé arregala os olhos, olhando a mae. + (07:22) Natalia imita a expresso facial da bebé. + (09:22) A mae para de embalar e faz uma pausa no canto onde faz carinho com 0 nariz na beb, faz. uma outra pausa ¢ levanta a cabeca para olhar as respostas da filha, e depois faz outro carinho com o nariz cantando. Contato face-a-face, (ObS/ canto). Discussdo © presente estudo investigou as contribuigoes da musicoterapia para a dfade mae-bebé pré-termo, em uma UTI Neonatal brasileira. Com base na literatura, a expectativa ini cial era de que a musicoterapia contribuisse para relaxamento do bebé e da mae, para a sensibilizacdo da mae na utilizacdo do canto como recurso de interagao com o bebé e para a qualidade da interagao mae-bebé. Com relacao ao primeiro tema analisado, o empoderamento da bebé, percebew-se que, nna medida que a bebé foi crescendo e seu estado de satide foi estabilizando, houve um aumento do seu empoderamento, uma vez que ela conseguin gradativamente relaxar ‘mais, estabilizar e manter a saturagao de oxigénio e apresentar pequenas competén Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 0 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH cias. Tais aspectos foram observados a partir dos iiltimos encontros da IMUSP, na pés IMUSP e na pié- e pés-alta, quando Ana apresentou novas competéncias, participando ese envolvendo no canto. & claro que esta evolucao est primeiramente associada e & melhora clinica ¢ ao desenvolvimento da bebé, mas as evidéncias sugerem que mu- sicoterapia também contribui, uma vez.que, quando a mae cantava, a filha patticipava € engajava-se mais na interacéio com ela, através de gestos, olhares, vocalizacdes ¢ ex pressées faciais mais frequentes, prolongados e diversiticados. Esses resultados apoiam achados de outros estudos que mostram os beneficios da ntisica ao vivo nas respostas fisloldgicas e comportamentais do bebé pré-termo (Amon et al., 2006; Ettenberger et al., 2014; Garunkstiene et al., 2014; Loewy et al., 2013), Em particular, as interveng6es ao vivo com canto contingente aos sinais do bebé fa- votecem a sua autorregulacao e 0 seu desenvolvimento (Haslbeck, 2014; Malloch et al., 2012; Shoemark, 2011), Além de ser uma interveng#io musicoterapica com canto 20 vivo, a IMUSP envolveu o canto materno. As intervencdes com voz e canto materno destacamse por favorecerem efeitos positivos tanto para o bebé quanto para a mie, uma vez que a voz materna é tuma fonte de estimulacao privilegiada tanto para o feto quanto para o recém-nascido, promovendo o vinculo e a connnicagao afetiva entre a diade (Arnon et al., 2014; Butler et al., 2014; Gevasco, 2008; Filippa et al., 2013). Acredita-se que a contribuicio da musicoterapia pode ter se somado a outros fa totes, como por exemplo, o contato pele-a-pele entre mite e bebé realizado na posigdio canguru, que foi sempre associado ao canto a partir do Encontro 6. Arnon et al. (2014) compararam o método canguru junto ao canto materno, com apenas o método can- guru, em um estudo longitudinal randomizado com 86 bebés e stuas maes. Os resuh tados mostraram que quando as maes cantavam junto com 0 método canguru, os be: bés apresentavam uma melhor estabilidade do sistema nervoso auténomo e as mies ‘mostvavami-se menos ansiosas. No presente estudo, percebeu-se que o efeito conjunto do canto ¢ da posigao canguru contribuiram para o relaxamento, a estabilizagao da saturacao e 0 desenvolvimento das competéncias da bebé. Com relagao ao empoderamento da mae, a0 longo dos encontros da IMUSP e no follow up, ela conseguiu relaxar mais, superar a vergonha e o medo de interagir com a bebé ¢ fortalecer as suas competéncias matemnas, tanto nos episédios de canto quanto nos de nao-canto, Entretanto, quando a mae cantava, ela conseguia se engajar mais com a filha em comportamentos de carinho, toque e contato face-a-face mais prolongados ¢ diversificados. A literatura mostra que a musicoterapia pode reduzir a ansiedade ¢ 0 es tresse da mae (Ak et al., 2015; Arnon et al., 2014; Cevasco, 2008), favorecer seu relax- amento e ajudé-la a desenvolver as competéncias maternas (Ettenberger et al., 2014), De fato, o canto materno pode ajudar a diminuir o sentido de incompeténeia da mae frente & prematuridade, ajudando-a a participar do bem-estar do filho ¢ impactando na relacdo mae-bebé (Cevasco, 2008). Em particular, no presente estudo a intervengio ‘mostrot-se nmuito importante para o despertar de competéncias matemas cujo desen volvimento pode ter sido afetado pelo nascimento prematuro do bebé, por dificuldades pessoais da mae e pela experiéncia traumatica da intemacao nia UTINeo. Neste senti do, intervencées le musicoterapia deveriam ser implementadas precocemente durante a internagdo, para atender as demandas iniciais da maternidade, do bebé e da propria relagio mae-bebé, em especial no contexto da prematuridade. Ainda, é importante de senvolver intervencdes centradas na familia, incluindo ambos os pais na intervencio, orientando-os e apoiando-os a interagir vocalmente com o bebé prematuro (Fidwards, 2011; Haslbeck, 2014; Shoemark, 2011). Juntos, os achados do presente estudo apoiam os descritos na literatura, uma vez que 0s encontios da IMUSP contribuiram para o bebé, a mide ¢ interagdo mae-bebé. © fato da mae participar vocalmente da musicoterapia, ofereceu a possibilidade dela se engajar ativamente nos cuidados com a filha, reduzindo as suas vivéncias de im- poténcia dentro da UTINeo (Gevasco, 2008; Bitenberger et al., 2014). Em particular, a IMUSP nao apenas envolvia a patticipacio da mie, mas também oferecia um acom panhamento constante da diade e valorizava as preferéncias musicais maternas. Ant bos os fatores tém sido destacados como importantes na eficécia de intervencées ¢ Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 1 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH para a permanéncia das maes nos estudos (Blumenfeld & Eisenfeld, 2006; Ettenberg: er et al, 2014; Loewy, 2015), Tanto as mes como os pais de bebés internados em UTI Neonatais passam por dificuldades e desafios emocionais intensos, sendo por isso importante garantir intervencdes mais prolongadas que possibilitem o estabelecimento de uma relacao terapéutica entre musicoterapeuta e 05 genitores (Btrenberger et als, 2014). Nesse sentido, no presente estudo papel da relacio musicoterapeuta-mae-be bé foi fundamental, uma vez que a presenga da musicoterapeuta com sua atitude de escuta sensivel, apoio e valorizacao do canto matemno, ofereceu um suporte para que a mie adquitisse confianca sobre as suas competéncias ¢ conseguisse se dedicar mais a interacao com a filha. O canto da musicoterapeuta e 0 acompanhamento a0 vio a0 foram utilizados como recursos de interacao com a diacle mae-bebé, contribuindo dessa forma pata estabelecer uma relagao terapéutica, No entanto, estudos com estas caracterfsticas ainda nao tém sido muito usados e a maioria das pesquisas relatadas na literatura envolve intervencoes breves ¢ pontuais, raramente dirigidas & diade, mas prioritariamente ao bebé (Palazzi, Nunes, & Piccinini, 2017). Ainda, 08 episédios de canto evidenciaram uma contingéneia entre os comporta. mentos da diade, mostrando como 0 empoderamento da bebé e da mae contribuiu para a relacao entre elas. Apesar de ser unia minoria, alguns estudos sugeriram que a mu sicoterapia promove o apego (Cevasco, 2008), a responsividade parental (Walworth, 2007), a relagio mae-bebé (Ettenberger et al., 2014) ea sincronfa interacional da dfade (riaslbeck, 2014). Por exemplo, no estudo de Etrenberger et al. (2014), as maes re: lataram que a musicoterapia as ajudou a terem mais motivacio para estar com os fil hos, a conhecé-los e a comunicar mais amor pata eles, Nesta mesma direga0, no pre: sente estuco a mie relatou que inicialmente nao tinha muito interesse na filha e que os encontros de musicoterapia a ajudaram a ter mais motivacio ¢ vontade de conhecer, tocar, estar ¢ interagir com ela, Durante o canto matemo, tanto a bebé quanto a mie engajavam-se mais, compartilhando contatos face-a-face ¢ olhares reciprocos mais pro ongados e interagindo através das expresses faciais, do canto ou da fala materna das vocalizagoes da bebé. De fato, 0 canto materno parece favorecer tum miaior engaja mento da bebé e aumento de sua atencéo, contribuindo para uma maior coordenacio emocional entre a dfade (Nakata & Trehub, 2004; Peretz, 2010). Os resultados do presente estudo apoiam a expectativa inicial de que a musicoter apia contribui para o relaxamento do bebé e da mie, pata a sensibilizacao da mae na utilizacao do canto € para a qualidade da interagao mae-bebé. Gontudo, foi possivel também observar alguns resultados inesperados. Destacam-se, por exemplo, as dificul- dades da mae de cantar para a filha nos primeiros quatro enconttos da intervencio, assim como sua agitagao e ansiedade. Isso ressalta o quanto a presenga de um musi coterapeuta no ambiente ameacador da UTINeo pode contribuir para apoiar e acom panhar o canto materno, O musicoterapeuta nesse contexto pode desempenhar um pa- pel de mediador na transigao da mae para a maternidade, para o despertar das stias competéncias maternas e pata facilitar a interagao mae-bebé. Limitacoes Antes de encerrar é importante destacar algumas limitacoes deste estudo. Em primeiro lugar, tendo em vista a complexidade da situaco envolvendo prematuridade, no foi possfvel respeitar todos os critérios de inclusao e exclusao previstos inicialmente. Por exemplo, 0 fato da mae nao ser primipara e ter ja 0 habito de cantar para os filhos ‘maiores contribuiu para reforcar os beneficios da intervengao, Por outro lado, 0 fato dela niio morar com o pai da bebé, sua limitada disponibilidade de tempo, as preocu pagdes com os outros filhos ainda pequenos em casa e a fragilidade da rede de apoio familiar, podem ter dificuldado seu envolvimento com a intervengao. Soma-se a isto © fato de termos evidéncias de apenas uma dfade e por esta razao ¢ importante que a IMUSP seja usada em uma amostra maior. ‘Também, nao investigamos a ansiedade e depressdo matemna antes e apés a inter venciio, 0 que se sugere que seja feito em estudos futuros. A presenca de depressio Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 2 VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH ‘materna poderia ter constituido uma dificuldade a mais para a intervencio, dificultan do o envolvimento da me com canto para a filha e na interacdo com ela. Além disto, a aplicagao da IMUSP teve de ser flexibilizada em fungao das circun- stancias envolvendo a bebé, a mae ¢ a UTINeo, sendo realizado apenas um encontro individual com a mae e todos os outros com mae-bebé. Contudo, apesar de ser consid erada uma limitagio, a flexibilizacio na implementacao da IMUSP representou tam ‘bém_ uma vantagem ao possibilitar uma intervengiio mais individualizada e adaptada fs necessidades da diade, o que no final pode ter contribuido para fortalecer a mae na interagdo com a filha. De fato, actedita-se na importéncia de intervengdes que estejam proximas a realidade da clinica (Fittenberger et al., 2014) e, por isto, € importante que na utilizacao da IMUSP se esteja sensivel as demandas de todos os envolvidos com es- ta intervengao, Cabe também destacar que esse estudo foi realizado em um hospital piiblico de Porto Alegre, onde a maioria das familias dos bebés internados possuem um nivel socioeconémico baixo, ¢ isso acabou afetando em certa medida a implementacao da IMUSP, como previsto no seu protocolo original. Outra possivel limitagao foi o uso para fins de andlise dos dados da estrurura de temas (Haslbeck, 2013, 2014) originalmente voltados & interagao musicoterapeuta-be é, e que foi adaptada no presente estudo para ser empregada com a dfade mae-bebé, ‘Também, o fato da analise ter sido baseada em uma abordagem dedutiva a partir de dois dos temas propostos por Haslbeck (2013; 2014) pode ter contribuido para que al {guns aspectos possam nao ter sido devidamente destacados. Gontudo, procurow-se lint itar esse risco, acrescentando aos temas outros aspectos especificos originados dos da- dos do proprio estudo. Ainda, os temas foram avaliados qualitativamente, permitindo aprofundar a anilise, mas sem ter dados estatisticos sobre a frequéncia dos compor tamentos observados. Por fim, tratando-se de um estudo de caso tinico, nfo permite uma compreensio exaustiva do fendmeno e, obviamente, a evolugdo da dfade mae-be- bé também deveutse a fatores de amadurecimento da bebe. Consideragées finais, Apesar destas limitagdes, pode-se também destacar contribuigoes metodolégicas desse estudo: 0 emprego da abordagem qualitativa e a énfase na perspectiva da mie ena interagio mae-bebé, aspectos raros nas pesquisas nessa érea (Haslbeck, 2012); além da triangulacao dos dados, através da utilizacao de entrevistas para compreender as percepcoes maternas e da observacio direta da interacao mae-bebé. Além disso, a in- tervengao proposta no presente estudo apresentou contribuigoes relevantes: incluiu a participacio da diade, proveu apoio emocional para a mie, ofereceu a oportunidade da mae desenvolver novas habilidades através do canto junto a filha prematura, con tribuiu para o empoderamento da diade e para humanizar e “harmonizar” o ambiente ameagador da UTINeo (Cleveland, 2008) e, por fim, teve um efeito potencialmente multiplicador para as maes que nao participaram da intervengao e que foram também sensibilizadas a cantar para seus filhos intetnados nia UTINeo. O presente estudo apoia a literatura ao ressaltar as contribuicdes da musicoterapia para o bebé pré-termo, a mae e para a interagtio mie-bebé. A mnisica e o canto mater no, por serem elementos universais, precoces ¢ importantes no estabelecimento dos vinculos afetivos, contribuiram para aproximar mae-filha, mesmo em um contexto téo adveiso como 0 da UTINeo. ‘A musicoterapia contribuiu também para a constitui¢ao psiquica desta mie e para a relacao com sua filha nascida prematura. Neste sentido, destaca-se a relevancia de in cluir a musicoterapia entre os cuidados da UTINeo, uma vez que é uma intervencao de baixo custo, que favorece o desenvolvimento infantil, o bem-estar materno e o vineulo mae-bebé. Investir na relagao mae-bebé é fundamental tanto para o desenvolvimento infantil quanto para a satide ptblica, ao contribuir para a promogao e a prevengao da satide e a redugio de gastos no contexto da prematuridade. Tenclo em vista as evidéncias iniciais apresentadas no presente estudo, sobre a im: portneia da IMUSP, novos estudos se fazem necessérios para continuar examinando 0 Palazz, Meschini and Picinini. Voices 201,172). https:|/éxdoiorg/1025845 voices. 172916 w VOICES: A WORLD FORUM FOR MUSIC THERAPY RESEARCH potencial de uso desta intervencéo. & necessdrio que se desenvolvam novas pesquisas nessa érea que utilizem, por exemplo, um delineamento longitudinal, pata que se possa investigar os efeitos da musicoterapia para a mae-bebé a longo prazo. Além disto, & importante que os estucos envolvam nao s6 a mae nas intervencoes, mas também o pai, focando na interacao da dfade e da trfade e investigando as perspectivas maternas € paternas sobre a musicoterapia no contexto da prematuridade. Notes 1, Todos os nomes foram alterados para preservar a privacidade dos participantes. 2, Alidade gestacional obstétrica calculada foi de 23 semanas, enquanto o teste de Ballard in

You might also like