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Crimes Tributários - Noções Introdutórias:


Os crimes contra a ordem tributária não são apenas aqueles
previstos na Lei nº 8.137/90. Além desse diploma, existem também crimes
tributários tipificados no Código Penal.
Crimes Tributários na Lei nº 8.137/90:
Sonegação Fiscal (art. 1º); Crimes da mesma natureza de sonegação fiscal
(art. 2º); Crimes funcionais tributários (art. 3º)
Crimes Tributários no Código Penal:
Descaminho (art. 334); Sonegação de contribuição previdenciária
(art. 337 – A); Apropriação indébita previdenciária (art. 168 – A); Excesso de
exação (art. 316, § 1º); Facilitação de contrabando ou descaminho (art. 318);
Falsificação de papeis públicos (art. 293, I e IV).
A Lei nº 8.137/90, em seus arts. 1º e 3º, define crimes contra a
ordem tributária. Os arts. 1º e 2º da Lei trazem os crimes praticados por
particulares contra a ordem tributária. O art. 3º, por sua vez, prevê crimes
funcionais contra a ordem tributária, exigindo que sejam praticados por
funcionários públicos e em razão da função.

Princípio da Insignificância:
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de
crimes tributários e descaminho?
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Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e


de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
STF e STJ consideram como limite o valor de R$ 20.000,00 (vinte
mil reais) para a aplicação do princípio da insignificância aos crimes tributários,
com base no art. 20 da Lei nº 10.522/2002, com as atualizações efetivadas
pelas Portarias nº 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.

Procedimento Administrativo Tributário e a


Súmula Vinculante nº 24:
Súmula Vinculante nº 24: “Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes
do lançamento definitivo do tributo.”
A súmula vinculante nº 24 pode ser aplicada a fatos anteriores
à sua edição. A súmula vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos
anteriormente à sua edição. Como a SV 24 representa a mera consolidação
da interpretação judicial que já era adotada pelo STF mesmo antes de sua
edição, entende-se que é possível a aplicação do enunciado para fatos
ocorridos anteriormente à sua publicação. (Info 786 STF) e (Info 639 STJ).
Para fazer a prova da constituição definitiva do crédito tributário
não se exige a juntada integral do PAF. Para o início da ação penal, basta a
prova da constituição definitiva do crédito tributário (Súmula Vinculante 24),
sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento Administrativo Fiscal
correspondente. (Info 627 STJ).
A extinção do crédito tributário pela prescrição não influencia na
ação penal por crime contra a ordem tributária. O reconhecimento da
prescrição tributária em execução fiscal não é capaz de justificar o
trancamento de ação penal referente aos crimes contra a ordem tributária
previstos nos incisos I a IV do art. 1º da Lei nº 8.137/90. A constituição regular
e definitiva do crédito tributário é suficiente para tipificar as condutas
previstas no art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90, não influenciando em nada,
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para fins penais, o fato de ter sido reconhecida a prescrição tributária. (Info
579 STJ).
Investigação preliminar antes da constituição definitiva do
crédito tributário. Imagine que determinada empresa deixou de pagar
tributos, fraudando a fiscalização tributária (inciso II do art. 1º da Lei nº
8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda não terminou o processo administrativo-
fiscal instaurado para apurar o fato. É possível que seja instaurado inquérito
policial para apurar o crime mesmo não tendo havido ainda a constituição
definitiva do crédito tributário? SIM. Nos crimes de sonegação tributária,
apesar de a jurisprudência do STF condicionar a persecução penal à
existência do lançamento tributário definitivo, o mesmo não ocorre quanto
à investigação preliminar. Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda
a constituição definitiva do crédito tributário, já é possível o início da
investigação criminal para apurar o fato. (Info 819 STF).
Descaminho é crime formal e não é necessária a constituição
definitiva do crédito tributário. O descaminho é crime tributário FORMAL.
Logo, para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a
prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula
Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir
o Estado quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação
ou exportação de mercadorias. (Info 548 STJ).
É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com
a posterior constituição do crédito tributário para a configuração do crime
de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua natureza formal. (Info
904 STF).
Crime tributário, ausência de constituição definitiva e extradição .
Se o estrangeiro está respondendo a ação penal por crime tributário no
exterior, ele poderá ser extraditado mesmo que ainda não tenha havido a
constituição do crédito tributário no país requerente. O que se exige, para
o reconhecimento do pedido, é que o fato seja típico em ambos os países,
não sendo necessário que o Estado requerente siga as mesmas regras
fazendárias existentes no Brasil. (Info 716 STF).
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Parcelamento e Pagamento do Débito Tributário:


Extinção da punibilidade pelo pagamento integral do débito mesmo
após o trânsito em julgado. O pagamento integral do débito tributário, a
qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em julgado da condenação, é
causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, § 2º da
Lei nº 10.684/2003. (Info 611 STJ).
O pagamento integral do imposto sonegado extingue apenas a
punibilidade da sonegação fiscal, mas não influencia no delito de
corrupção ativa que foi praticado em conjunto pelo agente . O pagamento
da diferença do imposto devido, antes do recebimento da denúncia, não
extingue a punibilidade pelo crime de corrupção ativa atrelado ao de
sonegação fiscal. Ex: João, sócio de uma empresa, ofereceu e pagou propina
ao fiscal para que pudesse recolher um valor menor de imposto. Assim, em
vez de pagar R$ 400 mil de imposto, João pagou apenas R$ 100 mil. Os fatos
foram descobertos. João praticou, em tese, corrupção ativa (art. 333, CP)
e sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90). Antes que a denúncia fosse
oferecida, João pagou a diferença do imposto devido acrescido de multa,
juros e correção monetária. Esse pagamento irá gerar a extinção do crime
de sonegação fiscal, mas não da corrupção ativa que deverá ser julgada
normalmente. (Info 631 STJ).
Pagamento da multa tributária não extingue a punibilidade do
crime previsto no art. 1º, V, da Lei nº 8.137/90 . O pagamento da penalidade
pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às exigências da
autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos
fiscais não se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade
previstas no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003. (Info 598 STJ).
O prazo da prescrição da pretensão punitiva fica suspenso
durante o parcelamento do débito tributário . O que acontece se o réu de
um crime contra a ordem tributária aderir ao parcelamento da dívida?
Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária,
quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos
tributários, fica suspensa a pretensão punitiva penal do Estado (o processo
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criminal fica suspenso). Durante o parcelamento o que ocorre com o prazo


prescricional? Também fica suspenso. O prazo prescricional não corre
enquanto estiverem sendo cumpridas as condições do parcelamento do
débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, ao
final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade.
(Info 911 STF).

Crimes Tributários e Princípio da Consunção:


O crime tributário absorve o delito de uso de documento falso
praticado unicamente para assegurar a evasão fiscal . O réu foi
denunciado porque elidiu tributo, ao prestar declaração de imposto de renda,
lançando deduções referentes a despesas médicas fictícias, e,
posteriormente, para assegurar a impunidade do crime de sonegação fiscal
que havia cometido, apresentou à Delegacia da Receita Federal diversos
recibos contendo declarações falsas acerca do pagamento de serviços de
saúde. É aplicável o princípio da consunção quando os crimes de uso de
documento falso e falsidade ideológica – crimes meio – são praticados para
facilitar ou encobrir a falsa declaração, com vistas à efetivação do
pretendido crime de sonegação fiscal – crime fim -, localizando-se na
mesma linha de desdobramento causal de lesão ao bem jurídico, integrando,
assim, o iter criminis do delito fim. Assim, o crime de sonegação fiscal
absorve o de falsidade ideológica e o de uso de documento falso praticados
posteriormente àquele unicamente para assegurar a evasão fiscal. (Info
535 STJ).
Uso de documento falso em sonegação fiscal . O uso de
documento falso é absorvido pelo crime de sonegação fiscal quando
constitui meio/caminho necessário para a sua consumação. Constitui mero
exaurimento do delito de sonegação fiscal a apresentação de recibo
ideologicamente falso à autoridade fazendária, no bojo de ação fiscal, como
forma de comprovar a dedução de despesas para a redução da base de
cálculo do imposto de renda de pessoa física.

Denúncia:
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Denúncia no crime de sonegação fiscal deve descrever a


conduta do denunciado, não bastando apontar sua condição de sócio ou
administrador . É inepta a denúncia que, ao imputar a sócio a prática dos
crimes contra a ordem tributária previstos nos incisos do art. 1º da Lei nº
8.137/90, limita-se a transcrever trechos dos tipos penais em questão e a
mencionar a condição do denunciado de administrador da sociedade
empresária que, em tese, teria suprimido tributos, sem descrever qual
conduta ilícita supostamente cometida pelo acusado haveria contribuído para
a consecução do resultado danoso. O simples fato de o acusado ser sócio
e administrador da empresa constante da denúncia não pode levar a crer,
necessariamente, que ele tivesse participação nos fatos delituosos, a ponto
de se ter dispensado ao menos uma sinalização de sua conduta, ainda que
breve, sob pena de restar configurada a repudiada responsabilidade criminal
objetiva. (Info 543 STJ).
Não se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e
simplesmente, sem nenhuma outra prova . O diretor-geral da empresa de
telefonia Vivo foi denunciado pelo fato de que na filial que funciona no
Estado de Pernambuco teriam sido inseridos elementos inexatos em livros
fiscais. Diante disso, o Ministério Público denunciou o referido diretor pela
prática de crime contra a ordem tributária (art. 1º, II, da Lei nº 8.137/90). A
denúncia aponta que, na condição de diretor da empresa, o acusado teria
domínio do fato, o poder de determinar, de decidir, e de fazer com que
seus empregados contratados executassem o ato, sendo responsável pelo
delito. O STF determinou o trancamento da ação penal afirmando que não
se pode invocar a teoria do domínio do fato, pura e simplesmente, sem
nenhuma outra prova, citando de forma genérica o direito estatutário da
empresa para lhe imputar um crime fiscal que teria sido supostamente
praticado na filial de um Estado-membro onde ele nem trabalha de forma
fixa. Em matéria de crimes societários, a denúncia deve apresentar,
suficiente e adequadamente, a conduta atribuível a cada um dos agentes,
de modo a possibilitar a identificação do papel desempenhado pelos
denunciados na estrutura jurídico-administrativa da empresa. Não se pode
fazer uma acusação baseada apenas no cargo ocupado pelo réu na
empresa. (Info 866 STF).
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Dos Crimes contra a Ordem Tributária:


Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária SUPRIMIR ou REDUZIR tributo,
ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – OMITIR informação, ou PRESTAR declaração falsa às autoridades
fazendárias; (crime material)
Informativo:
Tipicidade da omissão na apresentação de declaração ao Fisco.
Se o contribuinte deixa de apresentar declaração ao Fisco com o fim de
obter a redução ou supressão de tributo e consegue atingir o resultado
almejado, tal conduta consubstancia crime de sonegação fiscal, na
modalidade do inciso I do art. 1º da Lei nº 8.137/90. A constituição do crédito
tributário, por vezes, depende de uma obrigação acessória do contribuinte,
como a declaração do fato gerador da obrigação tributária (lançamento por
declaração). Se o contribuinte não realiza tal ato com vistas a não pagar o
tributo devido ou a reduzir o seu valor, comete o mesmo crime daquele que
presta informação incompleta. A circunstância de o Fisco dispor de outros
meios para constituir o crédito tributário, ante a omissão do contribuinte
em declarar o fato gerador, não afasta a tipicidade da conduta; o
arbitramento efetivado é uma medida adotada pelo Fisco para reparar a
evasão decorrente da omissão e uma evidência de que a conduta omissiva
foi apta a gerar a supressão ou, ao menos, a redução do tributo na
apuração. Assim, segundo entendeu o STJ, a omissão na entrega da antiga
Declaração de Informações-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ)
consubstanciava conduta apta a afirmar a tipicidade do crime de sonegação
fiscal previsto no art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90, ainda que o Fisco dispusesse
de outros meios para a constituição do crédito tributário. (Info 579 STJ).
II – FRAUDAR a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela
lei fiscal; (crime material)
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III – FALSIFICAR ou ALTERAR nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou


qualquer outro documento relativo à operação tributável; (crime material)
IV – ELABORAR, DISTRIBUIR, FORNECER, EMITIR ou UTILIZAR documento que saiba
ou deva saber falso ou inexato; (crime material)
V – NEGAR ou DEIXAR DE FORNECER, quando obrigatório, nota fiscal ou
documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de
serviço, efetivamente realizada, ou FORNECÊ-LA EM DESACORDO com a
legislação. (crime formal)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo
de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior
ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento
da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.
Informativo:
Pagamento da multa tributária não extingue a punibilidade do
crime previsto no art. 1º, V, da Lei nº 8.137/90 . O pagamento da penalidade
pecuniária imposta ao contribuinte que deixa de atender às exigências da
autoridade tributária estadual quanto à exibição de livros e documentos
fiscais não se adequa a nenhuma das hipóteses de extinção de punibilidade
previstas no § 2º do art. 9º da Lei nº 10.864/2003. (Info 598 STJ).
Art. 2º Constitui crime da mesma natureza:
I – fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos,
ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de
pagamento de tributo;
Informativo:
Termo inicial do prazo prescricional do crime previsto no art. 2º,
I, da Lei 8.137/90. O termo inicial do prazo prescricional da pretensão punitiva
do crime previsto no art. 2º, I, da Lei 8.137/90 é a data em que a fraude é
praticada, e não a data em que ela é descoberta. Isso porque o referido
tipo tem natureza de crime formal, instantâneo, sendo suficiente a conduta
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instrumental, haja vista não ser necessária a efetiva supressão ou redução


do tributo para a sua consumação, bastando o emprego da fraude. Assim, o
fato de a fraude ter sido empregada em momento determinado, ainda que
irradie efeitos até ser descoberta, não revela conduta permanente, mas
sim crime instantâneo de efeitos permanentes – os quais perduram até a
descoberta do engodo. (Info 568 STJ).
II – deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição
social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação
e que deveria recolher aos cofres públicos; (apropriação indébita tributária).
Informativo:
O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de
apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do adquirente da
mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº
8.137/90. O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de
apropriação, deixa de recolher o ICMS cobrado do adquirente da mercadoria
ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90. O valor do
ICMS cobrado do consumidor não integra o patrimônio do comerciante, o
qual é mero depositário desse ingresso de caixa que, depois de devidamente
compensado, deve ser recolhido aos cofres públicos. Vale ressaltar, contudo,
que, para caracterizar o delito, é preciso comprovar a existência de intenção
de praticar o ilícito (dolo). (Info 964 STF).
A conduta de não recolher ICMS em operações próprias ou em
substituição tributária enquadra-se no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei
nº 8.137/90 (apropriação indébita tributária). A conduta de não recolher
ICMS em operações próprias ou em substituição tributária enquadra-se
formalmente no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90 (apropriação
indébita tributária), desde que comprovado o dolo. O não repasse do ICMS
recolhido pelo sujeito passivo da obrigação tributária, em qualquer hipótese,
enquadra-se (formalmente) no tipo previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90,
desde que comprovado o dolo. Em outras palavras, o tipo do art. 2º, II, da Lei
nº 8.137/90 não fica restrito apenas às hipóteses em que há substituição
tributária. O que se criminaliza é o fato de o sujeito passivo se apropriar do
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dinheiro relativo ao imposto, devidamente recebido de terceiro, quer porque


descontou do substituído tributário, quer porque cobrou do consumidor, não
repassando aos cofres públicos. (Info 633 STJ).
III – exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário,
qualquer porcentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou
de contribuição como incentivo fiscal;
IV – deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo
fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de
desenvolvimento;
V – utilizar ou divulgar programas de processamento de dados que permita
ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa
daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Súmula 609, STF. “É pública incondicionada a ação penal por crime de


sonegação fiscal.”

Art. 3º Constitui CRIME FUNCIONAL contra a ordem tributária, além dos


previstos no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código
Penal (Título XI, capítulo I):
I – EXTRAVIAR livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que
tenha a guarda em razão da função; SONEGÁ-LO ou INUTILIZÁ-LO, total ou
parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou
contribuição social;
II – EXIGIR, SOLICITAR ou RECEBER, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício,
mas em razão dela, vantagem indevida; ou ACEITAR PROMESSA de tal
vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou
cobrá-los parcialmente.
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
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*Atenção: Crime ESPECIAL em relação aos crimes de concussão e


corrupção passiva do Código Penal.
III – PATROCINAR, direta ou indiretamente, interesse privado perante a
administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
*Atenção: Crime ESPECIAL em relação ao crime de advocacia
administrativa do Código Penal.
Informativo:
Não pratica o crime do art. 3º, III, da Lei nº 8.137/90 o auditor
fiscal que corrige minuta de impugnação administrativa que
posteriormente é ajuizada na Administração Tributária . É atípica a conduta
de agente público que procede à prévia correção quanto aos aspectos
gramatical, estilístico e técnico das impugnações administrativas, não
configurando o crime de advocacia administrativa perante a Administração
Fazendária. (Info 639 STJ).

Dos Crimes contra a Ordem Econômica a as


Relações de Consumo:
Art. 4º Constitui crime CONTRA A ORDEM ECONÔMICA:
I - ABUSAR do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total
ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou
acordo de empresas;
II – FORMAR acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:
a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;
b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou
de fornecedores.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
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Artigos 5º e 6º (REVOGADOS)

Art. 7º Constitui crime CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO:


I – favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês,
ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de
distribuidores ou revendedores;
II – vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação,
peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que
não corresponda à respectiva classificação oficial; (pune-se a modalidade
culposa).
III – misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los
ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de
qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço
estabelecido para os de mais alto custo; (pune-se a modalidade culposa).
IV – fraudar preços por meios de:
a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais
como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica,
descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;
b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda
em conjunto;
c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em
separado;
d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na
prestação dos serviços;
V – elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços,
mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais;
VI – sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda
comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim
de especulação;
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VII – induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou


afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade de bem ou serviço,
utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
publicitária;
VIII – destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim
de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros;
IX – vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer
forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao
consumo. (pune-se a modalidade culposa).
Pena – detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.
Informativo:
Necessidade de perícia para demonstrar a configuração do delito.
Para caracterizar o delito previsto no art. 7º, IX, da Lei nº 8.137/90 (crime
contra relação de consumo), é imprescindível a realização de perícia a fim
de atestar se as mercadorias aprendidas estão em condições impróprias
para o consumo, não sendo suficiente, para a comprovação da materialidade
delitiva, auto de infração informando a inexistência de registro do Serviço
de Inspeção Estadual (SIE). (Info 560 STJ).
Venda de medicamentos vencidos e causa de aumento de pena
prevista no art. 12, III, da Lei nº 8.137/90 . Quando o produto vendido for
medicamento vencido, será possível aplicar a causa de aumento prevista no
art. 12, III, da Lei nº 8.137/90 na dosimetria da pena do crime previsto no art.
7º, IX, da mesma Lei. (Info 574 STJ).
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade
culposa, reduzindo-se a pena de detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa
à quinta parte.
MODALIDADE CULPOSA:
Dica: Os crimes que admitem a modalidade culposa têm o verbo
VENDER ou EXPOR À VENDA.
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II – VENDER OU EXPOR À VENDA mercadoria cuja embalagem, tipo,


especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as
prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial;
III – misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para VENDÊ-
LOS OU EXPÔ-LOS À VENDA como puros; misturar gêneros e mercadorias de
qualidades desiguais para VENDÊ-LOS OU EXPÔ-LOS À VENDA por preço
estabelecido para os de mais alto custo;
IX – VENDER, TER EM DEPÓSITO PARA VENDER ou EXPOR À VENDA ou, de qualquer
forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao
consumo.
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES:
As circunstâncias agravantes NÃO SE APLICAM aos CRIMES FUNCIONAIS
contra a ordem tributária – art. 3º. Aplicam-se apenas aos crimes previstos
nos arts. 1º, 2º, 4º e 7º.
Art. 12 São circunstâncias que podem AGRAVAR de 1/3 (um terço) até a
metade as penas previstas nos arts. 1º, 2º, 4º e 7º:
I – ocasionar grave dano à coletividade;
Para a incidência do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 em caso de
sonegação fiscal de tributos federais, é necessário que o valor da dívida
seja igual ou superior a R$ 1 milhão; se a sonegação fiscal for de tributos
estaduais ou municipais, deve-se analisar o que define a Fazenda local.
O art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 prevê que a pena do crime de sonegação
fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) deverá ser aumentada no caso de o
delito “ocasionar grave dano à coletividade”. A jurisprudência entende que se
configura a referida causa de aumento quando o agente deixa de recolher
aos cofres públicos uma vultuosa quantia. Em outras palavras, se o valor
sonegado foi alto, incide a causa de aumento do art. 12, I. Nesse cálculo
deve-se incluir também os juros e multa: Para os fins da majorante do art.
12, I, da Lei nº 8.137/90 (grave dano à coletividade), o dano tributário deve
ser valorado considerando seu valor atual e integral, incluindo os acréscimos
legais de juros e multa. A Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da
Fazenda Nacional, prevê que os contribuintes que estão devendo acima de
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R$ 1 milhão são considerados “grandes devedores” e devem receber


tratamento prioritário na atuação dos Procuradores. O STJ utiliza, então,
essa Portaria como parâmetro para analisar a incidência ou não da causa de
aumento do art. 12, I: A majorante do grave dano à coletividade, trazida pelo
art. 12, I, da Lei nº 8.137/90, deve se restringir a situações especiais de
relevante dano. Desse modo, é possível, para os tributos federais, utilizar,
analogamente, o critério previsto no art. 14 da Portaria 320/PGFN, por meio
do qual se definiu administrativamente os créditos prioritários como sendo
aqueles de valor igual ou superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). E
se a sonegação fiscal envolver tributos estaduais ou municipais, como
deverá ser o parâmetro nesses casos? Em se tratando de tributos
estaduais ou municipais, o critério deve ser, por equivalência, aquele definido
como prioritário ou de destacados créditos (grandes devedores) para a
fazenda local. Dito de outro modo, em caso de tributos estaduais ou
municipais, não se deve utilizar a Portaria 320/PGFN, mas sim os eventuais
atos normativos estaduais e municipais que definam o que sejam “grandes
devedores” para o Fisco local. (Info 668 STF).
STF comunga do mesmo entendimento e utiliza como parâmetro
esses atos infralegais que definem “grandes devedores”? Não. Existe
julgado do STF no qual foi afastado esse critério: “Quanto à Portaria
320/2008 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, anoto que essa norma
infralegal apenas dispõe sobre o Projeto Grandes Devedores no âmbito da
PGFN, conceituando, para os seus fins, os “grandes devedores”, com o
objetivo de estabelecer, na Secretaria da Receita Federal do Brasil, método
de cobrança prioritário a esses sujeitos passivos de vultosas obrigações
tributárias, sem limitar ou definir, no entanto, o grave dano à coletividade,
ao contrário do que afirma o impetrante. (Info 882 STF).
Princípio da correlação (congruência), causa de aumento e
emendatio libelli. O princípio da congruência preconiza que o acusado se
defende dos fatos descritos na denúncia e não da capitulação jurídica nela
estabelecida. Assim, para que esse princípio seja respeitado é necessário
apenas que haja a correlação entre o fato descrito na peça acusatória e o
fato pelo qual o réu foi condenado, sendo irrelevante a menção expressa
na denúncia de eventuais causas de aumento ou diminuição de pena. Ex.: o
MP ajuizou ação penal contra o réu por sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº
8.137/90). Na denúncia, o MP não pediu expressamente que fosse
@diariodeumafuturadelegada

reconhecida a majorante do art. 12, I. Pediu-se apenas a condenação do


acusado pelo crime do art. 1º, I. No entanto, apesar disso, na exordial o
membro do MP narrou que o réu sonegou tributos em montante superior a
R$ 4 milhões. O juiz, na sentença, ao condenar o réu, poderá reconhecer a
incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 12, I, porque o fato
que ela representa (vultosa quantia sonegada que gera dano à coletividade)
foi narrado, apesar de não haver menção expressa ao dispositivo legal. (Info
882 STF).

II – ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;


III – ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao
comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

Informativo:
Venda de medicamentos vencidos e causa de aumento prevista
no art. 12, III, da Lei 8.137/90. Quando o produto vendido for medicamento
vencido, será possível aplicar a causa de aumento prevista no art. 12, III, da
Lei nº 8.137/90 na dosimetria da pena do crime previsto no art. 7º, IX, da
mesma Lei. (Info 574 STJ).

Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de AÇÃO PENAL PÚBLICA, aplicando-
se lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 - Código Penal.

Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos
crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre
o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos
de convicção.
Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou
coautoria, o coautor ou partícipe que através de CONFISSÃO ESPONTÂNEA
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena
REDUZIDA de 1 (um) a 2/3 (dois terços). (COLABORAÇÃO PREMIADA)

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