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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – CENTRO DE EDUCAÇÃO

DISCIPLINA: Políticas Educacionais, Organização e Funcionamento


da Escola Básica
PROFESSOR: Raimundo Nonato Ferreira

ALUNOS: Gílson Celerino da Silva Filho e


Jorge Rodrigues Mesquita Neto

AVALIAÇÃO

Falar das Politicas Educacionais no Brasil é, em ultima instância, e em


termos atuais, pautar-se na Constituição Federal de 1988, promulgada com o fulcro
de garantir, de forma ampla e ampliada, os direitos humanos, alinhados a conceitos
e tratados internacionais, tornando-se, então, símbolo e referência mundial neste
tipo de abordagem. Um dos elementos elencados pelo constituinte, ao art. 205 da
referida carta magna, faz jus ao direito a educação, à medida em que garante o
direito a este e atribui ao Estado a responsabilidade de garanti-lo, não limitando-se a
elementos cognitivo-escolares, mas a um desenvolvimento de caráter Humano, em
toda sua integralidade, o conceito mais amplo deste, em seus aspectos motores,
cognitivos, socioculturais. Para tanto, é preciso abordar tal problemática de forma
macro, levando em consideração aspectos como a gratuidade, o acesso, a
obrigatoriedade, o financiamento e a valorização do corpo docente.
O ser individual, entendido aqui, em sua integralidade, e não a soma das
partes, é um conjunto complexo e interdependente de seus aspectos indissociáveis,
cuja evolução chamamos de desenvolvimento e que, ao que parece, é alvo, é meta
pretendida pela assembleia constituinte.
Contudo, para além da característica individual, psico-sócio-orgânica do ser,
numa escala básica de necessidade, do ponto de vista social, outra característica
muito humana, reina a necessidade pela busca da igualdade, mas que, no entanto,
encontra fortes obstáculos, sobre os quais passaremos a tratar. A discriminação
segregativa, balizada pela sede por poder e privilégios de classes de minorias
opressoras, está no foco dos óbices no que tange a busca pela igualdade, de tal
feita que se faz necessária a intervenção do Estado, no sentido de usar da
discriminação equalizadora, para tratar os desiguais de forma desigual, porém no
sentido de oportunizar de formas diferentes e, com isso, promover uma menor
desigualdade social.
Ao passo que, na transição de um Estado Liberal para o Estado Social, ao
último cabe assegurar o acesso e a garantia a direitos basilares do ser Humano,
como dito anteriormente, por isso a Constituição Federal de 1988, doravante CF 88,
é chamada de garantista. Para tanto, o Estado social irrompe com as barreiras que

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dificultem ou obstaculizem a promoção da igualdade, subjugando a liberdade,


quando necessário.
Assim, ligam-se, de forma visceral, a política de promoção à educação ao fim
público do estado, à medida que se fomenta a universalização do ensino, mais se
aproxima o Estado de um Estado Democrático e justo. Nota-se, portanto, o trajeto
rumo a uma educação humana e humanitária, que fecha, cada vez mais, seus olhos
a certas individualidades, tais como credo e etnia, e evidenciam outras, a fim de
corrigir os desvios, a ver aspectos socioeconômicos.
A CF de 88, modificada, a posteriori, garante a origem da verba, com um
percentual do Produto Interno Bruto, de tal forma que quanto mais rico o Estado
brasileiro maiores os investimentos em Educação, dando aos entes federativos,
autonomia para tratar de suas questões e diretrizes dentro da pasta, mas que,
porém, precisam estar de acordo com a legislação hierarquicamente superior, como
a Lei de Diretrizes e Bases, a própria CF de 88 e os Projetos de Educação, que ao
longo da sua história sofreram avanços e retrocessos, constituindo um dos maiores
gargalos gerenciais para tornar exequível mudanças significativas, pois na falta de
um plano de Estado, são aplicados planos de Governo, que por sua vez duram
quatro a oito anos, enquanto que o primeiro, em tese, dura gerações para ser
concretizado.
A criação do Plano de Desenvolvimento da Educação, doravante PDE,
implantado com objetivo de aprimorar o processo, a fim de sanar a questão do
financiamento, fora alcançada com o apoio financeiro de grandes instituições
privadas, que, embora tenham tornado o investimento possível, o tornam
conceitualmente vulnerável, uma vez que em contrapartida da injeção do recurso
financeiro, como parte do negócio, são usadas barganhas para torná-lo real.
Ainda sobre a problemática da descontinuidade de Políticas Públicas, o caso
do analfabetismo no Brasil, meta já há muito alcançada, com êxito, em outros
muitos países emergentes, mas que no Brasil foram usados diversos artifícios,
mecanismos fiscais de origem do recurso, mas que, por vezes, não são as verbas
repassadas adequadamente, os nomes e projetos mudam, porém a ingerência
sobre o capital continua, sem que ele cumpra seu papel Social.
A fim de que o cidadão brasileiro possa exercer plenamente o seu direito à
educação, o art. 206 da CF 1988 estabelece alguns princípios que devem nortear a
formatação do ensino. Orientada por tais princípios, a LDB aponta que educação
escolar no Brasil se compõe da educação superior e da educação básica, sendo
esta última formada por educação infantil, ensino fundamental e médio. E é
justamente na educação básica onde se encontram enormes desafios, por exemplo,
na educação infantil, que tem como objetivo principal que a criança se desenvolva
integralmente até o seu quinto ano de vida, e que esse desenvolvimento se dê nos
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, ou seja, considerando o
crescimento do indivíduo como um todo. Sendo a educação infantil uma
incumbência que cabe aos municípios, é preocupante que ainda nos dias atuais não
haja, a título de exemplo, creches suficientes em toda a parte, favorecendo e

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possibilitando às mulheres que ocupem cada vez mais o seu lugar de atuação no
mercado produtivo.
Já o ensino fundamental é apontado pela LDB como a formação básica do
cidadão, que será alcançada, por exemplo, através do pleno desenvolvimento da
leitura, da escrita e do cálculo, da compreensão do ambiente natural e social, do
sistema político, das tecnologias, das artes e dos valores fundamentais da
sociedade. Essa etapa do ensino, por força de lei, é obrigatória para crianças a
partir dos seis anos.
No caso do ensino médio, que com a aprovação da LDB em 1996 foi incluído
na educação básica, tornando-se a sua etapa final, devido à sua complexidade,
assistimos ainda nos dias atuais a um quadro desafiador para a implementação de
políticas públicas que possam atender de forma eficiente tanto ao seu caráter
profissionalizante quanto propedêutico, de forma que todos os estudantes possam
ter igual chance de acesso ao ensino superior.
Para concluir, podemos dizer que as políticas educacionais no Brasil têm tido
grandes na direção de garantir o direito à educação como um princípio
constitucional. Contudo, os desafios são ainda inúmeros e vão desde a
universalização do acesso à educação até a um aprimoramento da qualidade do
ensino, passando ainda por uma gestão escolar democrática, por uma formação
mais qualitativa de professores, por melhorais na infraestrutura escolar e, também,
pela valorização dos profissionais docentes. Superar esses desafios exige do
Estado brasileiro e da sociedade civil, bem como de todos os entes envolvidos na
formação de no desenvolvimento do cidadão um compromisso incessante com a
concretização do direito à educação em todas as etapas da educação básica,
conforme estabelece a Constituição Federal de 1988.

Referências bibliográficas:
Saviani (2008); Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 341 a 355); Cury (2013).

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