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A VIDA COTIDIANA E A CONSTITUIGAO DA LEGALIDADE" © estrut is como formadores do is pessoais. 48 Susan Silbey soviais: redes © organizagdes soci as de jantares, hospitais, cine- ‘mas, romances e movimentos sociais. Essa abordagem foca nas formas por meio das quais a legalidade (como um componente estruturante da ia através de didrias transagées e negociagdes. Nes- jocagbes de conceitos e terminologias legais, assim como por meio de associagdes imaginativas e associagdes no usuais entre lega- Tidade e outras estruturas sociais, que o estado de direita’ ¢ criado e rec do diariamente. Ao invés de ver a lei como um conjunto de instrugées que organiza as relagdes sociais (e, enti, qualquer desvio em relagio a formula é interpretado como uma falha de comando, aque! manente entre a lei prevista nos livros e a lei em aco), ‘busca pelos miltiplos e diversos sinais da presenga do direito, que com frequéncia podem incluir reprodugdes imperfeitas de comandos doutrina- rios. Essa pesquisa presta detida atengdo a linguagem e ao discurs neando as residuos dos conek sages sociais. Ao tragar um mapa das formas que as transagdes soci triviais se acumulam de forma a constituir uma estrutura duradoura, esse estudo da constituigo da legalidade poderd servir como um modelo para formas mais gerais de andlise cultural 1 © LUGAR DO DIREITO NA TEORIA SOCIAL Embora o direito tenha sido marginalizado como tema dentro da ene, ypava tal ica era mais ampla © menos circunscrita do lugar, sua cone que aquela que veio @ pr Sociologia Empirica do Direito 2 Em particular, to tornou-se a imacZo da consciéncia coletiva, em ui terdependéncia idade, Assim, no interior de sociedades com divisio avangada do 1, 0 direito tomou o lugar da reli ido as bases para uma nova ética civica, Para Durkhi emplo por exceléncia do fato social. um simbolo visivel de tudo é essencialmente social” (HUNT, 1978, p. laborando as ideias ikheim e a percepg20 de Oliver Wendell Holmes sobre o direito 10 um grande documento antropol autores mais recentes afir- 1a. armagio, wt lero como algu stituicdes e formas de as ito de qualquer sociedade, ter Is natureza, do ssieme social como sm tod 33, citado por COTTERRELL, 1992, p. 2) Para Weber o direito também era um foco central de suas teorias, sociologicas, a chave para a sua explicagao sobre os processos de muclan- e modemizacio. Nesse sentido, para o autor a modernidade era yacterizada por uma mudanga nas formas de dominagio (relagdes de Bppeando nar quais a obodiénci ¢experimentata tanto de forme volunis imento da ra 6 n excelente €3- FLETCHER, 1981, eas comm Weber, 6 movicieto. em idade for | trouxe com ela uma malismo © o procedimentalismo, assim como demandas ainda mais intensas por justica substantiva; primeiro pelos movimentos de trabalha- por uma grande série de movimentos sociais populares. € Weber apresentam andlises sem bre as formas e as fungdes do direito, ambas como expressdies ‘g0es sociais mais amplas, em especial como transformagdes em dirego & modemidade e, ainda, como canais para o desenvolvimento de sensibili- dades, interesses © agdes so% n outras palavras, na teoria social clissica, 0 dircito nao é simplesmente o receptaculo armado para valores , como na tradi¢ao do direito juco € 0 direito um mero mo ou na lade soc ica. No entanto, de troduco de The C Law (1881) Oliver Wendell Holmes sugere 0 que ulteriormente tornou-se Susan © valor cultural das insttuigdes legais éncia”. Holmes elaborou uma ri 0 triunfo da experiénci se, elaborou uma compreensio pragmética, que com o tempo pass: em termos culturais. Assim como Dewey, seu admira- dor mais jovem, usou o tern ra (MENAND, 2001, p. 437). Ao mover 0 foco da jurisprudk fia, de forma geral, para a ex ica empirica e cultural de a concepeao da vida como uma expe- dé nem progressivamente, net reconhecimento de qi i 0 poderi i defini geram Em vez de considerar 0 direito 5, és poderiamos a compreensio do século ea sociedade mudou: 0 ‘mente marginal para 0s s A visio comprimida do direito foi dese pria sociologia ¢ alegremente sustentada pelos profissionais do direito 08 em geral. a Empin jiwsim como pela academia. O trabalho de Parson fomece uma ligagio iiiire essas areas do saber por meio da sua limitada definigio do direito ccanismo capaz de manter 2 integracdo do sistema. Embora Parsons ‘em um papel finamente equilibrado e inevitavelmente pre- s suia compreensio, embora no n acabaram reduzindo a visto da ce a tornd-lo um mero instrumento de p jesse cumprir o papel em que Durkhei wternas da vi Ges locais. Desse modo, a pesquisa er sobre a c xduzindo novas e diversas geragdes de pesquisadores do dir buscam mapear as formas culturais do dis qualquer fundamentaco supernatural e jor sugere que o direito ndo é um para Holmes e Dewey, como uma norma pra traste com muitos outros autores que produzem sobre o dir se Susan Silbey lidade é um conceito empiricamente derivado e de medida variav nick escreveu -velaram amplas variagSes © con vive nas atividades de pessoas cor designa diferentes atos, organizagdes e pessoa vuma série de va icados por concepedes idealizadas ¢ rmidade, a coeréncia ou a aul dade de formas, agdes, atores © ‘es locais, com a integridade ontolégica que que pesquisadores vém atribuindo a ele por tanto tempo. Espe tentamos entender como a legalidade é experimentada e compreendida por pessoas comuns quando se comprometem, evitam ou resistem ao direi 10 6, por vezes, mencionado como o estudo das percepgdes sobre o di BEY, 2001). Entretanto, o estudo das percepgdes sobre 0 direito sofre com as isoliiveis que atormentam a sociologia do direito Se adotissemos um conceito de percepgio determinado , para além d m modelo estrutura- ito pensante ¢ capaz de conhecer ficaria apagado. E muito ista uma descrigao da ago legal que venha a obscurecer 0 traba~ soas e acabe por criar o que depois viré a ser observado como ” legal. A partir dessa perspectiva, nio haveria uma forma de +o rico trabalho interpretativo, as penetragées ideologicas € as to, assim como naquelas narrativas contadas pelas pess q : semos uma nogdo de percepsao do ypazes de conectar as descrighes das pessoas com suas experiéncias vividas, incluindo coagbes Sociologia Empirica do Direito 3 que atuam em situagdes especificas. Tratar a percepgio como um conjun- to de prioridades claras deixa de oferecer um relato cocrente sobre as ‘opgdes finitas ¢ limitadas que as pessoas dispdem ao moldarem suas in- terpretagdes e comport os. Ademais, uma abordagem focada somen- te nas opinides nao fornece uma explicago para as mudangas que podem ocorrer € que muitas vezes ocorrer Imente, uma concepeao indivi- dualista e atitudinal poderia nfo o! talquer ajuda para explicar a 10s e eriar uma con humana, cada um ma parte do processo que nés queremos descrever como algo mandonamos qualquer nog’ ito como comando, 0s ideais e as doutrinas do maior parte, mas ndo englobam toda sua experiéncia e representago, em- bora sejam, de alguma forma, ges das priticas em vigor. almente, essa perspectiva ci rej 10 do direito como uma agregacao linear de vontades autodeterminadas; antes, as agdes individuais e 0s desejos sio mediados por simbolos e instituigdes legais. Ao rejeitar as concepgdes excessivamente idealistas ou materia~ listas, usamos a palavra legalidade para nos referirmos aos significados, de autoridade e as priticas culturais que sao reconhecidas como dependentemente de quem ou para quais fins, os emprega, & um termo analitico ao invés de um estado de coisas social- Inente aprovado, Nessa representacio, as pessoas podem invocar e usar a legalidade em formas nao aprovadas ou reconhecidas pelo di descritas como leigas ser uma di ¢ respeitada pelas pessoas que pesquisam edo conceitual usamos a palavra “ uigdes, atores e agdes formais. ireito” para nos referirmos a insti- so Susan Silbey Trabal ages e interpretagdes reali mundo ~ ¢ 0 di vivem — tom: ficados, por mei j discursivos e mat significados. Ao det processo de construgao soci formas pelas quais e concretas de tuigdes e estrutu- is (EWICK; SILBEY, 1998, 2003), Documentamos situagdes processos locais recursivamente reprod mpo, fornecem abertura para eriativ , essa ansilise const descreve 0 processo por meio lores da mos com uma nogdo de proceso reciproco no qual \das pelos individuos em relagéo ao seu gais sio parte do mundo em que 190; YNGVESSON, 86), nos casos de inagao de género, raga ou idade (BUMMER, 1988), a partir de tadoras de deficiéncia (ENGEL; MUNGER, 2003) da pobreza e da assisténcia soci ‘Nés compreendemos que a legalidade é um compo da sociedade. Ou seja, a legalidade consiste em esquemas onizar a vida s do ciei , 1992). Por | legais © da termi carro, que entreg: xamos um guarda, 3 8 porque pertencem a eles; 3s no lado correto porque € esperado que fagamos isso, Nos rara- dos abaixo, apesar da i transagdes individuais so elaboradas a série limitada do que esti amplamente disponivel nos es- S gerais, mais AS NARRATIVAS DO DIREITO Entre 1990 ¢ 1993, condu: 430 pessoas residentes em quatro 1 SILBEY, 1998), Pe ios ~ quando 0 mas no era menci navam o diteito, Coi assim de forma apropriada ou ee ‘a que mencio- lanto tempo a Q © que nao gostay ro @ en ee ‘se parecidos ou di S tae ‘ e \eiro lent a s 2 Conflitos que os entrevista ter vivid ages didrias em seus re Apes uct problemae ea eviar oportunidad © interpretagicn, ‘suas vidas aco 0 sas De © papel do dieio sm g0 dos eventor lente definidos com la-se buscar on identes m remédio ©, disputas de propriedade, ae ‘ionad cionados a0 mbém incluia eventos ¢ dos 8s categorias ¢ reméd lho doméstico, muitas das b Pessoa pode invocar abordavamos frequ Se 0 entrevistado intévamos como ha iaviam foram consideradas e, fin ia per entrevista. Esper as respostas de no: Pensada para acess acordo cor trés esqu le, correndo como um trangado plano dentre as hist "as que as pessoas nos contavam, Cada uma dessas percep- as e valores; cada uma traz diferentes exp] , para a agdo legal; e, finalmente, cada uma si ferente no tempo e no espaco, a depender da 0 com a questo, se como requerente, parte ou opositor. Bssas diferen- chamamos de normatividade, con empo e espago legais essada, Opera io de regras conhecidas e fixas em espacos cuidadosamente d dos, 0 direito é descrito como formalmente ordenado, racional, e como ra a ago indivi : descontinua, distinta, autoritaria e previ © diteito aparece como sagtado, no sentido Dur stou es em uma banana esmagada em mei processou o estabelec to comercial, alegou que o fez porque o m dela estavam dos e poderiam sofrer danos. “Outras pessoas, criangas, qualquer p. poderiam t mente feridos” em razéo de tais priticas ne gentes, ela afirmou. Como ness galidade € caracterizada pelo s versal e objetivo, cla é reforgada pelas normas que asseguram sua novida de qualquer carter ts podem lidar Elas so previsiveis, teru objetividade e que permi individual, Nas pa muito bem com os pi Nao se possa aci 2” sinha medo, no inicio, quando peta primeira vee recor estava nervoso.. era uma experiéncia nova, vocé sabe, em um pouco nervoso. Os tribunais cia, esse assistente social tornou-se um detetive explicou-nos, voeé descobre que ga. E para vocé ter justica”. Enfati ‘madas, ele adicionou que ao menos s também encontrar estava forca”. Mas Particular, © m lugar que vocé vai para ter justi. indo ‘0 senso de organizaga0 im bom lugar para comegar’ fa sobre 0 direito, relato que chamamos Aqui a legalidade € descrita e tratada iimplantndse oe? arena limitada onde regras precxistentes poder ae Plantadts ¢ novas regras podem ser inventadas para servir daeae wo pla gama de interesses e isd do direito apresenta a legalidade como uma iticas e competitivas em que a busca de interesses pessoais ¢ esperada ¢ 08 j iabeis podem ter ganhos estratégicos. Ao invés de coloc e da vida cot ana ¢ de seus interesses este é, por ela, modificado. As fren ara separar o direito a dia so compreen orosas. Entretanto, 0 dreito como um jog ial (diferentes regras. po iplicadas, diferentes leis papéis podem operar; diferentes fontes, poder ser ‘consideradas) mas se necessario, essas excecdes podem ser abandonadas Ins Sitfevistados descreveraiAceitar as construgées fon te para atingir objetivos especifico: revistados mostram menos prec gitimidade dos procedimentos legai © ¢; @ preocupagao € voltada para o aleance de seu vem umn Parecem menos preocupados com o pod com o proprio poder e, ainda, cor sucesso ao envolverem-se com o din da legalidade, esse seria o Profano, ou seja, asso. Sobre os advogados, assim como is séries de TV e aos fines Associado com uma concepcao I as pessoas r apds esse pe pelo primetre, procurou a Delegacia Regio uma investigagio. O caso acabou sendo 10. O trabalhador perdeu e atrib n cae as criadas nente o entrevistado descreveu 0 suicessos mais regulares no jt Possam ter ice sagrada los as piadas struia a como se comportar em relagio a0 dade de maar es crctrsticn dos ssi der como sobrevive aceitou a necessidade de aprend ie e, que as pessoas que trabalham idos e aprendeu a usar tais restri-

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