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SÉRIE VAMPIROS DE SCANGUARDS

LIVRO UM

A AMADA MORTAL DE SAMSON

(SAMSON’S LOVELY MORTAL)

TINA FOLSON

Envio: Soryu
Tradução: Chayra Moom
Revisão Inicial: Chayra Moom
Revisão Final: Elena W. e Virginia
Leitura Final: Alcimar Silva
Formatação: Chayra Moom e Alcimar Silva
SOBRE A SÉRIE
Resumo

O cobiçado Vampiro Samson não aguentava mais. Nem


sequer seu psiquiatra podia ajudá-lo...

Isto muda quando a auditora, uma bela mortal chamada


Delilah, cai em seus braços depois de sofrer um ataque,
aparentemente aleatório. De repente seu problema de ereção
desaparece, bem, apenas quando Delilah é a mulher que está
em seus braços.

Seus escrúpulos sobre levar Delilah à cama desvanecem-


se quando seu psiquiatra sugere que é a única maneira de
curar seu problema. Pensando que tudo o que necessita é
uma noite com ela, Samson se entrega a uma noite de prazer
e paixão.

Entretanto, outro ataque a Delilah e um cadáver mais


tarde, ata as mãos de Samson: não só por tratar de ocultar o
fato de que ele é um vampiro, mas também averiguar que
segredos envolvem Delilah para que alguém queira lhe fazer
mal.
Comentário da Leitora Final

Alcimar Silva:

Meu Deus! Que livro é esse! Meninas vocês vão amar. Uma
história maravilhosa de um vampiro cujo objetivo era usar uma
mulher para “fins medicinais”, mas que no decorrer da trama
percebe que essa estratégia o levou ao seu verdadeiro amor.
A autora nos brinda com um romance maravilhoso em que não
deixamos de nos divertir com essa ideia chocante de ter um mocinho
que, digamos assim, tem o seu “material hidraulico avariado”. Das
peripécias de sanar esta situação ao romance quentíssimo que
leremos a seguir, muita água, ops, sangue vai rolar por debaixo
dessa ponte.
Divertidíssimo, quentíssimo, romanticissimo (se é que essa
palavra existe), eu garanto que esse livro vai conquistar a todos que
o lerem. E é claro, não poderia deixar de exaltar o maravilhoso
trabalho das nossas queridas: Soryu, Chayra Moom, Elena W e
Virginia que traduziram e revizaram maravilhosamente este livro.
Parabéns Pégasus Lançamentos por nos brindar com mais uma
série que, com certeza, todo o Grupo vai amar. Preparem-se para
suar muito, pois está série promete noites de quentura.
Beijos e até a próxima.
AGRADECIMENTOS

Muito obrigado à minha parceira e crítica Grace, por seu apoio


contínuo, pelas ideias de valor inestimável, por seu riso e sua
amizade. E ao meu marido Mark pela sua paciência, seu amor e
apoio.

Um grande OBRIGADO aos leitores e blogueiros que


ajudam a apoiar a minha escrita por espalhar a palavra,
recomendando os meus livros, e lendo-os.
CAPÍTULO 1

- Deixe-me te chupar.
A mulher vampiro puxou as calças de Samson. Liberou o seu
flácido membro da prisão de seus jeans e o sugou em sua preciosa
boca. Ele observou seus lábios vermelhos se fecharem fortemente ao
redor de seu membro, enquanto o sugava freneticamente, movendo-
o para cima e para baixo, na cálida umidade de sua boca lubrificada.
Com a mão massageava suas bolas, apertando-as em ritmo
perfeito com a sua sucção. Era talentosa, sem dúvida. Ele enterrou
as mãos em seu cabelo e moveu os quadris para trás e para frente,
tratando de aumentar a fricção.
- Mais forte. - Ele exclamou. Seu pedido foi acolhido com
entusiasmo e o quarto pouco iluminado se encheu com os sons
provenientes de sua boca.
Samson deixou que seu olhar contemplasse todo o seu corpo
com pouca roupa, suas curvas quentes, seu traseiro grandioso,
inclusive um rosto bonito. Tudo o que ele desejaria em uma parceira
sexual.
Ansiosa por continuar chupando-o, ela estaria provavelmente
disposta a engolir o seu sêmen, algo que ele particularmente
apreciava. Mas apesar de sentir sua língua tentadora movendo-se
para cima e para baixo sobre seu pênis e apesar do intenso
movimento, não houve ereção. Sua paciência havia sido inútil. Ela
não conseguiu nada.
Ela balançava a cabeça para trás e para frente, seu comprido
cabelo castanho roçava sobre sua pele nua chegando até seu pelo
púbico, mas seu corpo estava distraído, quase como se ela estivesse
chupando a outra pessoa.
Finalmente Samson a rechaçou, humilhado e frustrado. Se os
vampiros pudessem ruborizar de vergonha, seu rosto se tornaria tão
vermelho como os lábios pintados da mulher. Por sorte, o ruborizar
estava reservado só para os humanos.
À velocidade de um raio, ele colocou seu membro inútil
novamente em sua calça e subiu o fecho. Ainda mais rápido, ele
fugiu de sua companhia. Sua única esperança era que ela nunca
soubesse quem ele era. Menos mal que estivesse em uma cidade
estranha e não de volta à São Francisco, onde ele era conhecido
como um garanhão.

Uma semana depois do vergonhoso incidente, seu amigo


Amaury lhe fez uma sugestão.
- Só tente Samson - ele insistiu. - O homem é de confiança.
Não dirá uma palavra a ninguém a respeito disto.
Seu velho amigo não estava falando sério!
- Um psiquiatra? Quer que eu veja um psiquiatra?
- Ajudou-me muito antes. O que você tem a perder?
Sua dignidade, seu orgulho.
- Suponho que se você me recomenda, posso lhe dar uma
oportunidade.
E assim, Samson concordou. Foi desespero?
- E não o julgue pelo que você vê.
O lugar era um fiasco. Quando Samson entrou no porão
escuro, onde o psiquiatra consultava, quis sair correndo. Mas a
recepcionista já o havia visto. Com um sorriso doce ela se ergueu
mostrando seus grandes seios.
Grande, um psiquiatra trabalhando em um calabouço e uma
boneca Barbie de secretária!
- Sr. Woodford, por favor entre, o Dr. Drake o espera. - sua
voz harmoniosa convidou.
Uma vez que entrou no escritório de Drake, ele soube que
cometeu um engano. Em vez de um sofá havia um ataúde. Um dos
painéis laterais de madeira foi retirado, por isso uma pessoa viva
podia deitar-se nele comodamente, como se deitasse em uma
cadeira reclinável.
O tipo deveria ser louco. Nenhum vampiro moderno que se
respeite, quereria que o encontrassem em um ataúde! Os vampiros
em São Francisco estavam se modernizando, adaptando-se à forma
de vida humana. Os ataúdes estavam fora de moda, a novidade era
os colchões Tempur Pedic.
O homem magricela rodeou sua mesa e estendeu a mão para
saudá-lo.
- Se acredita que vou deitar no ataúde, deve pensar melhor. -
Queixou-se Samson.
- Já vejo que teremos muito trabalho. - Respondeu o doutor,
parecendo não alterar-se pelo seu comentário rude.
Ele assinalou o confortável sofá e a contragosto, Samson se
sentou.
O Dr. Drake se sentou na cadeira em frente a ele. À medida
que o médico o estudava nos primeiros minutos, Samson apoiou as
mãos sobre a cadeira e se sentiu nervoso.
- Podemos começar? Entendo que estou pagando por hora.
Há muito tempo, aprendeu que a ofensiva era melhor que a
defensiva.
- Começamos no momento em que entrou aqui, mas estou
seguro que já sabia disso. - Seu sorriso era evasivo, inclusive a sua
voz.
- Sei. - Disse Samson, entrecerrando os olhos tratando de
ocultar sua inconformidade.
- Desde quando vem tendo estes problemas de ira?
As palavras não eram o que ele esperava. Possivelmente uma
pergunta mais na linha do: Então, o que lhe traz aqui? Mas não este
assalto direto à sua mente já maltratada. Ele deveria ter perguntado
a Amaury mais sobre os métodos do doutor, antes de agendar uma
consulta.
- Problemas de ira? Eu não tenho problemas de ira. Estou aqui
para..., a questão é..., meu problema tem haver com... - Deus,
desde quando ele não conseguia dizer a palavra sexo, sem ficar
frustrado? Nunca teve nenhum problema em se expressar quando se
tratava de sexo. Seu vocabulário incluía muitas opções de palavras
para substituir aquela de quatro letras, que geralmente, não tinha
nenhum problema em sair aos montões de seus lábios quando era
necessário.
- Ah. - Assentiu o médico como se soubesse algo que Samson
ignorava. - Acredita que é um problema sexual? Interessante.
O homem era adivinho? Samson era consciente de que alguns
vampiros possuiam dons especiais. Ele mesmo tinha uma excelente
memória fotográfica. Sabia que outros de sua espécie viam o futuro
ou liam a mente, mas não estava seguro do quão extensos poderiam
ser esses dons.
Ele precisava saber se estava em desvantagem com este
homem. Não queria trabalhar com alguém que o lesse como a um
livro, quando ele não queria ser lido.
- Você lê mentes?
Drake negou com a cabeça.
- Não. Mas seu problema não é pouco comum. É bastante fácil
de deduzir. Você apresenta sinais de ira e frustração extrema. -
Pigarreando, ele se inclinou para frente enfatizando: - Sr. Woodford,
eu estou muito consciente de quem é você. Tem uma das
companhias mais bem-sucedidas no mundo dos vampiros, se é que
não é a mais bem-sucedida. Você é incrivelmente rico, mas lhe
asseguro que isto não influirá no que lhe cobrarei.
- É obvio que não. - Interrompeu Samson.
O charlatão lhe cobraria o que pensava que ele estava disposto
a pagar. Não seria a primeira vez. Estava acostumado a pessoas que
incrementavam seus preços, porque sabiam que ele podia pagar.
Mas geralmente conseguiam uma só vez. Ninguém o enganava e se
saía bem.
- O senhor é solteiro e não tem sido visto na sociedade há
bastante tempo, quando poderia estar ali cortejando as mulheres
formosas. Suponho que sua ruptura com Ilona Hampstead tem
relação com isto.
- Não estou aqui para falar dela. - Disse Samson e deixou sair
um rápido suspiro.
Negava-se inclusive a dizer seu nome. Ela não fazia parte de
sua vida, não mais, e só a menção do seu nome, fazia suas presas
picassem em uma viciosa mordida. Ele estalou os dedos e se
perguntou se esse seria o mesmo som que se escutaria se ele
quebrasse o pescoço dela. Seria música para seus ouvidos.
- Possivelmente não dela, mas talvez do que fez. Só pode
haver uma razão para isto e ambos sabemos qual é. Assim agora
pergunto: vai confiar em mim para lhe ajudar?
Seus olhos azuis acentuaram a pergunta.
Samson decidiu continuar negando, pois estava funcionando
até agora.
- Me ajudar a fazer o quê?
- A superar a ira. - O doutor era tão insistente como a teima de
Samson.
- Já lhe disse, não é um problema de ira.
Um sorriso conhecedor curvou os lábios do doutor.
- Eu acredito que sim. Seja o que for que ela tenha feito,
enfureceu-o tanto que está bloqueando seu desejo sexual, como se
não quisesse ser vulnerável novamente.
- Eu não sou vulnerável. Nunca fui, não desde que me tornei
vampiro.
A última coisa que ele queria sentir era vulnerabilidade. Para
ele era sinônimo de ser fraco. Se o doutor não fosse cuidadoso com
suas acusações, ele logo poderia encontrar-se com as consequências
do desgosto de Samson. Talvez uma briga física aliviasse sua
frustração.
Drake se dirige a ele novamente.
- Não no sentido físico da palavra, todos nós somos conscientes
de sua força e seu poder. Eu estou falando a respeito de suas
emoções. Todos nós as temos e em algum momento precisamos
enfrentá-las. Alguns mais que outros. Acredite, minha agenda está
completamente cheia com nossos companheiros vampiros, que
necessitam de ajuda para lutar com as próprias emoções.
O psiquiatra o olhou, mas ele não permitiria que se
aproximasse muito. Emoções, algo perigoso. Elas podem destruir um
homem. Samson saltou da cadeira.
- Eu não acredito que isto vá funcionar.
A opressão em seu peito, era testemunha dos efeitos que as
palavras de Drake tiveram sobre ele. Mesmo assim, não estava
disposto a admiti-lo. Nem sequer para si mesmo.
O doutor se levantou.
- Desde que começamos a nos integrar - continuou Drake sem
alterar-se. - meu trabalho quadruplicou. Adaptar-se à forma com que
os humanos vivem suas vidas, causou estragos em muitos de nós.
Agora temos que lutar com os problemas emocionais que
mantivemos enterrados durante séculos. Literalmente, não está
sozinho. Eu posso ajudar.
Samson negou com a cabeça. Ninguém poderia ajudá-lo. Ele
sairia disto por sua própria conta.
- Envie-me a conta. Adeus, Doutor.
Saiu furioso, sabendo que o doutor acertou o alvo.
Bem, o sexo estava supervalorizado de todos os modos. Pelo
menos, tentava convencer a si mesmo. Havia noites em que
acreditava nas suas próprias mentiras, mas nunca durava muito
tempo. A verdade era que gostava de ter sexo, muito. Mas nenhuma
das sexys mulheres vampiro, satisfazia-lhe. Não importava o muito
que tentasse, não conseguia ter uma ereção.
Nunca ouviu falar que tal coisa acontecesse a um vampiro. A
virilidade caracterizava um vampiro, e ser impotente, era um
conceito desconhecido em seu mundo. Só os humanos seriam
impotentes. Se a notícia se espalhasse, perderia todo o respeito dos
seus iguais. Seria inaceitável.
Finalmente sucumbiu. E um mês mais tarde, fez outra consulta
com a esperança de que houvesse algo que o doutor pudesse fazer
por ele.

Samson piscou e apagou as lembranças dos últimos nove


meses. Esta noite era seu aniversário. Trataria de divertir-se.
Enquanto caminhava do sofá para o bar, no extremo oposto de
sua elegante sala, seus movimentos eram fluídos, o corpo era alto,
musculoso e esbelto.
Samson se serviu de um copo do seu tipo de sangue favorito e
o bebeu como um ser humano beberia um gole de tequila, sem sal e
limão. O líquido espesso cobriu sua garganta e acalmou sua sede,
aliviando sua fome de outros prazeres no processo. Bom, nenhum
outro prazer seria satisfeito essa noite, igual às últimas duzentos e
setenta e seis noites anteriores.
Não é que estivesse contando.
Só sua sede de sangue estava acalmada, as outras
necessidades do seu corpo estavam temporariamente controladas,
mas continuavam insatisfeitas. Às vezes, gostaria de poder
embebedar-se e esquecer de tudo, mas por desgraça, ser um
vampiro significava que não podia embebedar-se como os humanos
o faziam. O álcool não afetava seu corpo. O que daria neste
momento por um pequeno adormecimento!
Havia enfatizado aos seus amigos que não trouxessem nenhum
presente ou que organizassem uma festa.
É claro, ele sabia que o pedido seria inútil e era só questão de
tempo até que eles estivessem em sua porta. Como bárbaros, eles
invadiriam sua casa, assaltariam seu esconderijo secreto de bebidas
de qualidade (as quais consistiam principalmente, do muito
apreciado AB-), e desperdiçariam algumas horas da sua vida, com
velhas histórias que já ouviu centenas de vezes.
Eles fizeram uma festa surpresa de aniversário quando chegou
aos duzentos anos, e não seria diferente agora, em seus duzentos e
trinta e sete anos, com quase o mesmo elenco de personagens.
Em antecipação à inevitável invasão de sua privacidade, ele se
vestiu com sua impecável calça preta e um suéter de gola alta na cor
cinza escuro. À exceção de seu anel gravado, não usava qualquer
joia.
O som do telefone rompeu a quietude da casa. Olhou o relógio
na parede e viu que era pouco antes das nove. Tal como havia
pensado, os meninos estavam a caminho.
- Sim?
- Ei, feliz aniversário. Como você está?
Não foi uma boa escolha de palavras, definitivamente não.
- O que acontece, Ricky? - Respondeu.
Apesar da herança irlandesa de Ricky, ele adotou muitas
expressões da Califórnia e agora soava mais como um surfista, do
que com o jovem irlandês que no fundo era.
- Só queria desejar um feliz aniversário e saber o que fará esta
noite.
Acaso Ricky não estava informado que ele já sabia de sua festa
surpresa? Samson não entendia por que continuava ocultando.
Assim, foi direto ao ponto.
- Quando todos vão chegar? - Perguntou.
- O que quer dizer? - Questionou seu amigo.
- A que hora vocês virão para me surpreender com a festa de
aniversário?
- Como sabe? Não importa. Os meninos queriam assegurar-se
de que estaria aí. Assim não saia de casa. E se a nossa outra
surpresa chegar antes de nós, a mantenha aí.
Outra vez, não. Ele deveria ter sabido. Tragou sua raiva, e lhe
disse:
- Quando vocês vão aprender que eu não gosto de strippers?
Nunca havia gostado, nem agora, nem futuramente.
Ricky pôs-se a rir, e respondeu.
- Sim, sim, mas esta é especial. Ela não é só uma stripper, faz
alguns extras.
Estaria disposto para algo extra? Muito pouco provável.
- Acredito que fará algo por ti, já sabe a que me refiro. Ela é
boa, conforme disse Holy, assim, lhe dê uma oportunidade, faria
isso? É pelo seu próprio bem. Não pode continuar assim. - Insistiu
Ricky.
Samson o interrompeu. A diversão da noite já acabando.
- Você disse para a Holy? Está louco? Ela é a maior fofoqueira
do inframundo! Disse-lhe isso em confidência. Como pôde?
Entrecerrou os olhos e suas fossas nasais se abriram e
fecharam. Com suas presas se sobressaindo de sua boca, poderia ter
assustado um campeão de luta livre daqui até a lua. Mas Ricky não
era um lutador e não se assustava facilmente, nem sequer até a lua.
- Tome cuidado de como fala da minha namorada, Samson.
Não é nenhuma fofoqueira, além disso, sugeriu esta stripper. Ela é
uma amiga da Holy.
Perfeito! Uma amiga da Holy. Claro, isto era garantido que
funcionaria!
Ainda estava furioso, mas reconheceu que era muito tarde para
cancelar tudo.
- Certo. - Finalizou Samson e desligou o telefone, sem dar a
Ricky a oportunidade de continuar falando.
Genial! Agora que Holy sabia a respeito de seu pequeno
problema, logo todo o inframundo de São Francisco saberia. Ele seria
o bobo de todas as festas, o tema de cada brincadeira.
Quanto tempo demoraria para difundir a notícia, um dia, uma
hora, cinco minutos? Quanto tempo, até que as risadas nas suas
costas começassem?
Por que ele mesmo não colocava um anúncio em uma página
no jornal "Crônicas de Vampiros de São Francisco", para lhe
economizar o trabalho?

Samson Woodford, o elegante vampiro solteiro, está


incapacitado!
Os olhos de Delilah Sheridan doíam, mas ela continuou
revisando as colunas de transações, procurando algo que estivesse
fora do lugar. Esfregando o pescoço rígido com os dedos, ela
desejava uma massagem ou pelo menos um banho de quinze
minutos em uma banheira de água quente, nenhum dos quais teria
esta noite.
- Café? - Disse a voz de John atrás dela.
Delilah empurrou uma mecha do cabelo comprido e escuro
para trás da orelha.
- Não, obrigada, quero poder dormir esta noite. Tive insônia
nas últimas noites. Provavelmente, estou ainda no fuso horário de
Nova Iorque.
Seu olhar permanecia fixo na tela do seu computador.
Na noite anterior, ela quase não dormiu apesar do colchão
macio. Nas poucas horas que conseguiu dormir, foi atormentada por
sonhos que não tinham um pingo de sentido.
O escritório grande, espaçoso, estava virtualmente deserto. Os
dois foram os únicos que ficaram. John Reardon era o chefe da
contabilidade da sucursal de São Francisco, da empresa privada que
Delilah veio auditar.
- Sim, já sei o que quer dizer - disse John com compreensão. -
Não há nada como dormir em sua própria cama, verdade?
- Pelo menos me puseram em um apartamento corporativo em
lugar de um hotel. Não preciso me preocupar em ser incomodada
pelo pessoal da limpeza.
Era verdade, ela estava alojada em um apartamento
confortável que pertencia à empresa, mas o que importava isso
quando não conseguia dormir de qualquer maneira?
Antes de sua viagem à São Francisco nunca teve problemas
com insônia. Pelo contrário, era conhecida por ser capaz de dormir,
quando fosse e onde quer que colocasse a cabeça sobre um
travesseiro. Nem sequer precisava de um travesseiro.
Delilah esfregou os olhos e olhou seu relógio. Já passava das
nove da noite. Sentia-se quase culpada por haver ficado até tão
tarde. John insistiu em ficar ali o tempo que fosse necessário. Ele
não queria deixá-la só no escritório.
Ela supôs que John estava com ela só para que não pudesse
bisbilhotar muito na contabilidade. Se fosse assim, ele errou na
estratégia. Não é que ela pudesse chamar de bisbilhotar, pois tinha
todas as autorizações que necessitava. De fato, ela recebeu
instruções muito específicas.
Não estava ali só para auditar a sucursal da empresa, mas
também para investigar algumas irregularidades. Delilah estava
segura de que John não tinha ideia disto. Ela disse que era
simplesmente uma das auditorias habituais que a sede principal
realizava regularmente.
- Sinto muito, John. Estou certa de que está querendo ir para
casa.
Ela voltou-se para ele. Ele estava apoiado na borda de uma das
mesas, levando sua xícara de café para os lábios. Seu traje cinza
parecia mal ajustado, e o pescoço de sua camisa parecia desgastado.
Ele era bastante alto e parecia muito atraente para ser um contador.
Aborrecido, insípido, mas não feio.
É provável que não gostasse de ter que permanecer no
escritório até tarde. Bom, ela estava sobremaneira cansada, assim,
provavelmente, deveria terminar por hoje, apesar de saber com
certeza que daria voltas na cama toda a noite sem importar quão
cansada estivesse.
- Pronto? – Ela perguntou.
Um lampejo de alívio apareceu nos olhos de John. Ele levou
dois segundos para pegar seu casaco e agarrar sua maleta. Sim,
possivelmente ele tinha pressa para sair dali. Ela não poderia culpá-
lo. A família esperava por ele. E quem esperava por ela em sua casa?
Bom, que nem sequer era a sua.
Não é que sua casa fosse mais acolhedora que o apartamento
corporativo.
Ninguém a esperava. Nenhum homem, nem amigo. Nem
sequer um gato ou um cão.
Depois que terminasse a sua atribuição e ela retornasse à Nova
Iorque, sairia mais e teria mais encontros. Esse era o plano. Era um
excelente plano, o mesmo que fez durante cada uma de suas viagens
de trabalho, algo que ao chegar em casa, esquecia. Entretanto, desta
vez, ela pensava realmente em fazê-lo.
Mas, por agora, a única coisa que queria era comprar um
pouco de comida para viajem e ir dormir. John teve a amabilidade de
lhe dar a direção para chegar a Chinatown, onde poderia comprar
algo em seu caminho de volta ao apartamento.
Apesar de que já esteve em Chinatown antes, seu sentido de
orientação estava muito menos agudo em sua cabeça para os
endereços. Durante o dia, ela normalmente se arrumava, mas na
escuridão se convertia em uma causa perdida, quando se tratava de
encontrar seu caminho.
Havia começado a chover e ela não queria demorar-se muito.
Meteu-se no primeiro restaurante chinês que encontrou. O lugar
estava virtualmente vazio.
A mulher na entrada mostrou uma mesa, mas Delilah negou.
- Só comida para levar, por favor. - Disse-lhe.
A anfitriã lhe entregou o cardápio. Delilah procurou
rapidamente, não deixando que seus dedos permanecessem muito
tempo sobre a capa de plástico, que estava pegajosa. O cardápio
apresentava muitas opções. De quantas maneiras podia-se cozinhar
a carne? Carne com brotos de bambu, carne com cogumelos, carne
picante. Já era suficiente. Ela pediria o conhecido.
- Vou levar a carne da Mongólia com arroz integral, por favor.
- O arroz integral demora dez minutos. – A mulher chinesa foi
tão amável e bonita como uma víbora.
Se ela pensava que com seu olhar, Delilah mudaria de opinião,
indo para o arroz branco, estava enganada.
- Está bem. Eu vou esperar. - Disse Delilah e se sentou em
uma das cadeiras vermelhas de plástico, perto da porta.
Esta era sua primeira viagem de negócios em São Francisco.
Como auditora independente, ela fazia auditorias especiais por toda a
Costa Leste, e raramente viajava fora dela.
Quando as verificações estatísticas regulares do escritório
central revelaram que certas proporções na sucursal de São
Francisco estavam mal, eles decidiram utilizar alguém que não teve
nenhum contato prévio com o pessoal da Costa Oeste e contrataram
uma estranha. Era inteligente. Os auditores poderiam ser muito
sentimentais com o pessoal que eles auditavam. Uma mudança
regular nos auditores, era geralmente uma boa ideia.
Se alguém pudesse encontrar a origem do problema, essa era
Delilah. Sua especialidade era a contabilidade forense. Não era tão
emocionante como o trabalho policial, mas era provavelmente, o
campo mais emocionante no mundo da contabilidade, se existisse tal
coisa.
Uma contradição para alguns, mas não para ela. E, além disso,
estava ganhando a vida muito decentemente como consultora
independente.
Esta investigação não deveria apresentar muitas dificuldades.
Certas relações entre os ativos imobilizados e a depreciação1
estavam fora do normal, e sugeria que alguém era totalmente
incompetente ou estava enganando a companhia. Como? Ela ainda
não sabia, mas iria descobrir logo.

1
Despesa decorrente do desgaste dos ativos imobilizados (máquinas, móveis, imóveis) da empresa. A
depreciação do ativo diretamente empregado na produção é tida como custo, já os indiretos são
depreciações contabilizadas como despesa.
Delilah estava cansada e sabia que necessitava de um bom
descanso, mas também sentia medo de ir para cama. Alguns de seus
antigos pesadelos retornaram e se mesclavam com outros novos. Ela
não teve nenhum em alguns meses, mas quando chegou a São
Francisco há alguns dias, seus pesadelos começaram a reaparecer.
Eram, normalmente, sempre os mesmos. A velha granja
francesa em que viveu há mais de vinte anos, quando seu pai estava
em uma missão de dois anos no estrangeiro como professor
visitante.
Os campos de lavanda que rodeavam a propriedade. O berço, o
silêncio e logo os rostos de seus pais. As lágrimas no rosto de sua
mãe. A dor.
Mas desta vez os sonhos se mesclaram com outros ainda mais
incompreensíveis.

A casa de estilo vitoriano parecia enfeitiçada na forte chuva. A


luz provinha de uma das janelas, além disso, tudo estava às escuras.
Ela corria mais e mais rápido para a casa, para a segurança. Não se
atrevia a olhar para trás. Ele ainda estava ali, ainda a seguia. Mãos a
seguraram em seu ombro. De repente, seus punhos golpearam em
uma pesada porta de madeira. Algo cedeu. Ela tropeçou e caiu no
calor, na suavidade e na segurança. Sua casa.

- Carne da Mongólia e arroz integral. - Disse a mulher de voz


esganiçada, atravessando a lembrança de seu sonho.
Delilah pagou a conta e pegou a comida. Deteve-se em seco na
porta.
Maldição!
Começou a chover a sério. Deixou o guarda-chuva no
apartamento, pensando que não o necessitaria hoje, e em lugar de
optar pela gabardine, só vestiu uma jaqueta leve. Bom, resultou ser
uma má escolha.
Todo mundo lhe disse quão imprevisível era o clima em São
Francisco, e agora se dava conta por si mesma. O relatório do tempo
indicou que não haveria chuva até o fim da semana. Poderia ela
fuzilar o homem do tempo? Provavelmente não.
Não havia mais remédio além de ser valente. Delilah sabia que
não estava muito longe do apartamento, só umas três quadras.
Ficando perto dos edifícios, começou a correr pela calçada, logo fez
um giro na rua seguinte e outra uma quadra depois. O apartamento
não estaria longe agora. Olhou ao seu redor, mas com a forte chuva
não reconhecia nada. Era uma quadra mais adiante?
Sua roupa estava empapada e teria que tomar uma ducha para
se aquecer novamente. Onde demônios ela estava? Deu a volta em
outra esquina e se encontrou em uma pequena rua lateral. Não era
familiar absolutamente, mas esse não era o seu maior problema,
tampouco o era a chuva incessante. O problema era o homem que se
dirigia para ela.
Apesar de que ela não conseguia vê-lo com clareza, apostava
seu salario que ele não estava ali para lhe emprestar um guarda-
chuva.
A silhueta de sua imponente figura projetava-se contra a tênue
luz de um poste que havia atrás dele. A frieza de seu olhar se filtrou
no corpo dela, enquanto um débil raio de luz procedente de uma
janela, apareceu do lado esquerdo de seu rosto. A cicatriz que
franzia sua pele não inspirava confiança.
Delilah retornou de onde veio. Antes de poder dar dois passos,
uma mão agarrou seu ombro e sacudiu suas costas. A súbita
sacudida a fez perder o equilíbrio. Ela deslizou sobre a calçada
molhada, e suas pernas dobraram. A comida caiu ao chão, enquanto
tentava se equilibrar e salvar-se da queda.
A mão em seu ombro apertou com mais força à medida que ela
gritava e tentava se soltar da mão, caindo na calçada no processo.
Ele se agachou para levantá-la. Ela olhou ao redor. Pela primeira vez
via seu rosto com nitidez o suficientemente claro para fazer uma
identificação no caso de que fosse necessário. Ele era branco e de
uns quarenta anos. A intenção de desatar a violência contra ela
estava claramente escrita em seu rosto.
Delilah não permitiria que ele a arrastasse para uma rua
escura. O primeiro ponto no treinamento de sobrevivência era não
permitir que o atacante movesse à vítima a um lugar secundário. Ela
brigaria com ele ali mesmo, onde existia a possibilidade de conseguir
a atenção de um transeunte.
Falta de sorte!
Com esta chuva, ninguém estaria na rua. Nem sequer um cão.
Ele a levantou, agora a agarrando pela gola de sua jaqueta,
tendo soltado o agarre doloroso em seu ombro. Rapidamente, ela
estirou os braços para trás e deslizou para fora da jaqueta,
deixando-o com a jaqueta na mão.
Agora havia uma oportunidade de lutar.
Ele se surpreendeu, e ela teve um par de segundos de
vantagem. Foi corredora de velocidade na universidade, e isso era
muito útil, apesar de que o chão escorregadio não ajudava, nem
tampouco o salto alto do seu sapato. A vaidade a mataria um desses
dias.
Com grandes pernadas, ela correu até a rua seguinte, suas
magras, mas fortes pernas empurravam contra o piso com uma
veemência que era surpreendente para seu pequeno corpo.
Ele estava perto dela. Ela teve que correr mais rápido com todo
seu esforço. Sua respiração se acelerou quando seus pulmões
exigiram mais oxigênio.
Explorando a área diante dela, tomou uma decisão em uma
fração de segundos e saiu correndo por uma rua a sua direita. Um
olhar desesperado por cima do ombro confirmou que o valentão
continuava perseguindo-a.
Observando a rua, viu várias residências vitorianas do outro
lado. Todas estavam às escuras, à exceção de uma. Parecia
estranhamente familiar com a luz que brilhava através das janelas da
frente. Era sua oportunidade, provavelmente a única. Sem frear nem
por um segundo, cruzou a estreita rua, correu sobre a pequena
escada da velha casa vitoriana e golpeou a porta.
- Por favor me ajudem! Ajudem-me!
Freneticamente, ela olhou para trás enquanto seus punhos
continuavam golpeando a porta. Seu perseguidor estava a menos da
metade de uma quadra de distância e aproximando-se, com sua cara
zangada. Se conseguisse alcançá-la, lançaria sua fúria contra ela e já
não haveria lugar algum para onde correr.
CAPÍTULO 2

Quem diabos estava batendo na sua porta?


Samson teria que ensinar aos seus amigos boas maneiras.
Então se deu conta de que estava chovendo muito, mas isso não lhes
dava o direito de danificar sua porta. Lamentariam em um segundo.
Ele já estava de mau humor e eles chegavam batendo na porta como
bárbaros, não tinha a menor graça.
Ele abriu a porta com um puxão, e disse:
- Deixem de me foder!
Uma pequena figura com o cabelo molhado e com a roupa
empapada caiu em seus braços.
- Ajude-me, por favor!
A voz feminina tinha uma aflição que não podia ignorar.
Instintivamente a colocou dentro e fechou a porta.
- Obrigada. - O suave murmúrio era quase inaudível, mas
misturado com verdadeiro alívio.
Ela levantou a cabeça e o olhou. Grandes olhos verdes,
pestanas espessas e longas e suculentos lábios vermelhos. Sua blusa
branca estava empapada, e poderia ter ganhado qualquer concurso
de camisetas molhadas sem nenhum problema. Não é que ele já
tenha visto um, mas seu sutiã preto mostrava seus proeminentes
seios: 34C2, supôs.
A stripper!
Claro, ela tinha que ser a stripper. Assim, os meninos
conseguiram uma stripper que se fizesse passar por uma mulher em
apuros. Era diferente da habitual mulher polícial ou da enfermeira,
mas ainda assim, não funcionaria.

2
NT. Tamanho do sutiã
Na última vez que seus amigos o surpreenderam com uma
stripper, Oficial Indecente, a mesma tentou lhe revistar nu, o que
não causou nenhum efeito nele.
Nem sequer a tentação de um pouco de sadomasoquismo
conseguiu fazer o seu membro levantar do seu sono mortal. O que
fez Ricky pensar que uma prostituta em apuros poderia ser melhor?
Parecia suficientemente bonita, quase inocente. Pelo menos
continuaria com a brincadeira por alguns minutos, para ver se algo
ocorria. Claro, sem ter muitas esperanças.
- O que aconteceu? - Ele perguntou.
Ela cheirava como um cão molhado e algo mais, mas não
conseguia saber o que era.
- Um tipo me atacou - deteve-se para recuperar o fôlego, e
prosseguiu. - Tenho que chamar a polícia.
Ela estremeceu e soou acreditável. Obviamente a mulher teve
algumas aulas de interpretação.
Um bonito detalhe.
- Bom, por que não entra para se aquecer e nos desfazemos de
sua roupa molhada? - Essa certamente era a ideia que a stripper
teria em mente. Que melhor razão para tirá-la do que ter a roupa
molhada? Não lhe importaria esquentá-la com seu corpo.
Ela imediatamente franziu o cenho.
- Só uma ligação, por favor, eu posso me trocar em casa,
obrigada. - Sua voz se entrecortou como se estivesse irritada.
Ah, então queria jogar de tímida. Para ele estava bem.
Acompanhou-a para a sala de estar, onde ardia um pequeno fogo na
lareira. Ela parou na frente da lareira e esticou as mãos para o calor.
Sua roupa molhada se agarrava ao seu corpo, enfatizando as curvas
tentadoras. As proporções eram perfeitas. Não era muito magra,
tinha suficiente carne para que ele tivesse algo para agarrar. Pelo
menos Ricky escolheu alguém que fisicamente gostava. Era um bom
começo.
- Vai ter um resfriado com essa roupa molhada. - Ele sussurrou
atrás dela.
Seus ombros levantaram, com evidente tensão. Ela,
obviamente, não o sentiu aproximar-se. O que aconteceu com sua
atuação? À medida que tocou em seus ombros, ela gritou e se virou.
Ele reconheceu o seu olhar, era uma mescla de ira e medo.
- Tenho que ir. - Ela disse.
Agora estava ficando interessante. Ela estava se fazendo de
difícil. Ricky tinha razão, ela era boa. Talvez pudesse lhe colocar
duro, só talvez. Ele desfrutava de uma boa caçada como qualquer
vampiro. Não caçava fazia muito tempo. Todas as mulheres se
entregavam completamente em uma bandeja de prata e embora
muitas delas tivessem sido muito tentadoras, nenhuma o tentou o
suficiente para enrijecer.
- Não tão rápido, eu acredito que está se esquecendo do por
que está aqui. Vejamos o que tem para oferecer. - Fez-lhe saber que
ele estava disposto a seguir com o jogo. Só pelo prazer de fazê-lo.
A garota lançou outro olhar assustado e se dirigiu para a porta.
Samson foi mais rápido e cortou sua rota de fuga. Agora sim, ele
estava desfrutando. De fato, não teve tanta diversão em muito
tempo. O que fosse que Ricky lhe estivesse pagando, ela valia cada
dólar.
Ela respirava com dificuldade, parecendo estar assustada. Ele
quase cheirava seu medo. Era exatamente como gostava de suas
presas. Ele agarrarou seus ombros para aproximá-la. Sem se
importar que suas roupas molhadas arruinassem sua calça e suéter.
- Não, deixe-me ir! - Sua súplica desesperada ecoou na casa
imensa.
- Você não quer ir. - Ele se inundou de seu aroma. Sim, a cão
molhado, mas também a algo mais, algo diferente. Estava usando
um perfume exótico esta pequena raposa vampira? Cheirava
deliciosa e tentadora. Um leve aroma de lavanda chegou ao seu
nariz.
A mulher olhou-o aterrorizada, enquanto lutava para escapar
do seu controle.
- Estou seguro que Ricky te pagou o suficiente, e se não for
suficiente, darei a você uma generosa gorjeta. - Dinheiro não era
problema. De fato, se conseguisse fazer algo por ele, seria mais que
generoso.
- Pagou-me? - Sua voz era um grito, seu pânico foi acentuado
por seus olhos arregalados. Lindos olhos da cor verde, brilhando com
centenas de diferentes facetas.
Será que o descarado não pagou ainda? Bom, ele poderia
ocupar-se disso depois, mas por agora queria algo mais. Uma prova
desses lábios carnudos e de sua delicada língua.
Havia algo nela que despertou seu interesse. Samson baixou a
cabeça e apertou seus lábios contra os dela. Ela tentou soltar-se,
mas no melhor dos casos, seu intento foi débil e inútil. Ele sabia que
as vampiras eram quase tão forte quanto os machos, mas a
espécime em seus braços, obviamente, decidiu não usar a força
contra ele.
Seus lábios eram suaves, deliciosamente suaves. Samson
deslizou sua mão por trás de seu pescoço para mantê-la em seu
lugar, enquanto usava sua língua para incitar sua boca a abrir-se.
Queria saboreá-la, sentir sua língua, mas ela manteve seus lábios
firmemente apertados, aparentemente disposta a não se render tão
cedo.
A mulher seguia lutando, querendo escapar. Não importava. De
fato, quanto mais resistia, mais se dava conta que o corpo dela
roçava o seu e fazia que a desejasse mais. Ele continuou assaltando
seus lábios, varrendo-os com sua língua úmida. Apertou-a com mais
força contra ele, deslizando sua outra mão pelas costas para apertar
seu pequeno e lindo traseiro. Em lugar da roupa molhada, sentiu o
calor do seu corpo.
Os seios esmagados contra seu peito e o rápido batimento do
seu coração se sentia através do seu corpo. Ele desfrutava da sua
incomum suavidade.
Logo notou algo mais. Sentiu que reagia a ela. O sangue
repentinamente bombeou para seu pênis. Sua calça apertou. Mas
não se queixaria.
Samson lançou um gemido de prazer, ao sentir seu pênis
endurecido, pressionando seu estômago. Certamente ela o sentiu
também. Ele não sentia uma ereção fazia muito tempo, e ao dar-se
conta que seu velho corpo ainda funcionava, foi um presente de
aniversário que não esperava. Com a mão em seu traseiro,
aproximou-a mais do seu corpo e apertou o seu pênis contra ela, lhe
fazendo saber que ela obteve o impossível.
Ele a recompensaria abundantemente por isso. Por que seu
psiquiatra não pensou nisto? Tudo o que precisava era uma mulher
que fingisse que não o queria e seus instintos de caça aflorariam.
Psicologia inversa era tudo o que necessitava. Teria que
despedir Drake. Em todos estes meses, o charlatão não teve uma só
ideia que fosse útil.
De repente, seus lábios se abriram, e ele não duvidou em
introduzir sua língua com avidez.
Oh Deus, sim!
Sua boca, seu sabor, tudo era tão diferente do que provou
antes. Introduziu a língua profundamente, procurando a dela. Não
era o que ele esperava. Seu corpo esticou enquanto explorava sua
deliciosa boca e jogava com sua língua indecisa, provocando-a para
que lhe desse mais. Ele foi mais profundo. Oh Deus, ela era deliciosa.
Com a mão em seu pescoço acariciou com entusiasmo,
enquanto sua outra mão em seu redondo traseiro, não deixava de
acariciá-la e a pressionava fortemente contra ele. Seu pênis estava
duro como uma pedra e preparado para entrar em ação.
Samson não recordava ter uma ereção deste tipo, pelo menos
não nos últimos cento e cinquenta anos.
Não havia maneira de que ele a deixasse ir, antes que a
agarrasse fortemente. Queria inundar-se dentro dela pelo tempo que
pudesse, e encontrar nela o prazer que não desfrutava nos últimos
nove meses.
Samson ingeriu mais de seu sabor, aspirou mais de seu aroma
e de repente, assustou-se.
Maldição, que diabos estava fazendo?
Merda!
Ele não estava beijando a uma vampira. Ela era humana! Seus
amigos o estavam matando. Enviaram uma stripper humana! Eles
pelo menos deveriam tê-lo advertido. Ele poderia causar algum dano
se não tomasse cuidado. Se perdesse o controle, poderia mordê-la e
beber todo o seu sangue, esses idiotas!
E logo sentiu uma aguda e inesperada dor no pé.
Imediatamente a soltou e franziu a testa, saltando em um pé, em o
intento de aliviar a dor. Com todas as suas forças, ela havia
arremetido com o salto alto do sapato de desenho italiano.
Que caralho?
O que aconteceu com ela? Ela correspondeu e devolveu o beijo.
Não havia nenhuma razão para seu arrebatamento repentino. E,
além disso, Ricky havia dito que fazia extras.
Enquanto ele a olhava com incredulidade, ela o olhava com
fúria, e como se isso não fosse suficiente, ela lhe deu uma bofetada
no rosto.
Bam!
Risadas afogadas nas suas costas o fizeram voltar-se
rapidamente. Ali estavam todos os seus amigos, vendo-o ser
golpeado por uma mulher. Isto ficaria escrito nos livros da história. A
noite em que uma humana esbofeteou Samson. Que outra coisa
estava prevista para sua humilhação?
- Que demônios está fazendo, Samson? - Perguntou Ricky.
- O que te parece que estou fazendo? Estou me divertindo com
a stripper que você conseguiu para meu aniversário.
Desde quando era Ricky correto e formal? Depois de tudo, esta
era sua estúpida ideia.
- Stripper? - Gritou a mulher. - Não sou uma stripper!
Ricky negou com a cabeça, e os meninos atrás dele não
puderam reprimir os estúpidos sorrisos como se fosse um grupo de
jovens universitários e não vampiros adultos.
- Está cego, homem? Esta é a stripper.
Ricky virou a cabeça para a mulher com o uniforme de
enfermeira curto e liga, que estava entre seus amigos. Os olhos de
Samson comparavam a stripper com a mulher em perigo.
Finalmente, posaram sobre Ricky. A verdade estava escrita na cara
surpreendida do vampiro ruivo.
- Essa - disse Ricky e assinalou a mulher furiosa junto a
Samson. - É uma mulher seriamente zangada, a qual você deve uma
grande desculpa. Eu começaria neste momento.
Esse era um bom conselho. Samson se envergonhou.
- Feliz aniversário. - Disse Amaury, um de seus mais velhos
amigos.
Se ele estava tentando suavizar a situação, teria que fazer
muito melhor, porque com certeza não estava funcionando.
- E felicitações - acrescentou Thomas sorrindo, mas não estava
lhe felicitando por seu aniversário. Seus olhos estavam fixos na
virilha de Samson. Nada escapava dos olhos penetrantes de Thomas,
nunca, sobretudo quando se tratava de um corpo masculino.
Samson entendeu imediatamente, mas isso não fez a situação
mais cômoda. Eventualmente ele teria que enfrentar a mulher que
beijou com tanta paixão, o que era algo incômodo de fazer.
Principalmente com a furiosa ereção avultando suas calças. Uma
ereção que não queria baixar, enquanto tivesse o sabor da mulher
em sua língua.
Ela passou junto a ele para sair da sala.
Ele não a deixaria ir. Devia-lhe mais que desculpas. Ela o
curou, enquanto seu psiquiatra não foi capaz de resolver, inclusive
depois de muitos meses de sessões semanais. Ele precisava fazer
algo, qualquer coisa.
- Senhorita.
Ela seguiu caminhando como se não o tivesse escutado. Os
meninos se afastaram para deixá-la passar.
- Por favor. Sinto muito, eu não sabia. Pensei que fosse a...
sinto muito. Deve pensar que sou um selvagem. Por favor, senhorita,
me permita oferecer alguma roupa seca, algo para se aquecer. Vou
mandar o meu motorista levá-la para sua casa. - Disse tentando
persuadi-la.
Ela se deteve e vacilou na porta.
- Por favor.
Não importava que seus amigos estivessem vendo-o rogar.
Encarregar-se-ia deles mais tarde. Curiosamente tudo o que queria
agora era que ela não estivesse zangada com ele.
Não entendia por que se importava, depois de tudo, era só
uma humana. Finalmente, os ombros dela pareceram cair, liberando
a tensão.
Delilah se voltou e o olhou. Ela sabia que ainda estava
chovendo lá fora, e a ideia de roupa seca e que alguém a levasse
para casa era tentadora, sobretudo porque não estava muito segura
se encontraria o caminho de volta ao apartamento.
Além disso, o valentão ainda poderia estar em algum lugar ali
fora, à espreita, e então não estaria melhor que antes. Agora que ele
a olhava com seus olhos de cachorrinho, parecia quente e amável.
Não parecia assim minutos antes. Sentiu-se como se fosse sua
presa. Parecia um caçador. Seus beijos foram experientes, famintos,
quentes e por desgraça, exatamente como ela gostava, por isso não
foi capaz de resistir e finalmente respondeu a ele.
Delilah sentiu seu corpo pressionado contra o dela e suas mãos
tocando-a intimamente. Ele a fez estremecer. Supôs que era
simplesmente um reflexo que seu corpo produziu, mas no fundo
sabia que nenhum reflexo no mundo poderia fazer com que se
abrisse para um homem que a atacasse, a menos que ela o
desejasse.
Durante os beijos, sentiu chamas de fogo estendendo-se
através dela como se seu sangue começasse a ferver. Ninguém
nunca a beijou assim. Nenhum dos rapazes com quem ela havia
saído chegaram sequer perto de fazer com que seu corpo derretesse
como ele fez com seu tato.
Mas isto não estava bem. Acabava de atacá-la como uma fera,
porque pensava que era uma stripper. Não havia duvida em sua
mente quanto às intenções dele. Sua ereção era uma prova positiva
de que se ela não o tivesse detido, ele a teria possuído ali, na sala de
estar. Não era sua ideia de romance, não importa por quanto tempo
ela não teve sexo.
Ela olhou para a mulher em uniforme de enfermeira.
Asqueroso! Seus seios pareciam falsos, igual a quase todo o
resto dela. Parecia barata, e Delilah estava segura de que a mulher
não só era uma stripper, mas, provavelmente, também uma
prostituta. Só imaginava uma razão para que tivessem contratado a
prostituta: sexo.
Então tinha amigos loucos, que lhe deram um presente de
aniversário mais louco ainda. Por desgraça, desembrulhou o presente
errado. Poderia realmente ser confundida com uma stripper tão
facilmente, ou ele necessitava óculos?
Delilah se olhou e nesse momento se deu conta que sua blusa
branca estava completamente empapada fazendo-a transparente, e
sua última aquisição da Vitória Secret, brilhou. Ela secretamente
amaldiçoou seu amor por roupa intima preta. Não é de estranhar que
ele tivesse pensado que ela era uma stripper. Talvez tudo isto fosse
muito mais inocente do que ela inicialmente pensou.
- Roupa seca, você disse? - Ela finalmente perguntou.
Apesar do calor na casa, sentia frio e sabia que seus mamilos
estavam incomodamente duros, quase com dor.
Ele mostrou um sorriso suave e concordou.
- Posso conseguir um suéter e alguma calça esportiva. Pode se
secar no banheiro. Volto em um momento.
Ele parecia quase como um menino agora.
Ela o seguiu com o olhar enquanto ele subia a escada, com
pernas fortes que subiam os degraus de dois em dois, seu traseiro
apetitoso movendo-se dentro do tecido. Todo músculo e nada de
gordura.
- Sou Ricky - disse-lhe um de seus amigos, apresentando-se. -
Sinto muito, acredito que tudo isto foi por minha culpa. Disse ao
Samson que esperasse por uma stripper. Ele é normalmente um
verdadeiro cavalheiro. Por favor, não tome eh... o que aconteceu
contra ele.
Era alto e de aparência agradável, com um rosto de menino
cheio de sardas e uma cabeleira avermelhada. Ela detectou um
pouco de sotaque ao falar. Talvez irlandês?
- Certamente - outro amigo interrompeu. - Sou Amaury.
Parece amore? Como amor em italiano?
Um nome muito estranho para um homem. Ele estendeu a
mão. Ela hesitou, mas não a negou, todavia. Seu aperto de mão foi
firme.
- Esteve sob muito estresse ultimamente. Por favor, perdoe-o.
- Pediu Amaury.
Era um tipo grande e corpulento, com o cabelo escuro que
chegava até os ombros. Mas não era um hippie. O cabelo parecia
bem cuidado e o comprimento sugeria que não era desta época.
Parecia que pertencia a um filme de época, montando um cavalo
para salvar a sua dama favorita. Seus olhos azuis eram penetrantes.
Seu sorriso cativante, estendia-se pelos lábios dando luz a todo o seu
rosto.
Cada um dos amigos, pediram desculpas por Samson.
Pareciam muito unidos. Um homem com amigos decentes como eles,
não seria de todo mau. É obvio, Charles Manson3 provavelmente
também teve amigos em algum momento, e isso não o fazia ser um
bom sujeito. O mesmo acontecia com Jack o Estripador. O Assassino
do Zodíaco, veio à sua mente também. E sua imaginação disparava
de novo.
- Ele é realmente um grande sujeito. - Assegurou um deles se
aproximando. - Thomas. Encantado em lhe conhecer, madame.
Madame? Vá! Isso sim que era formal.
Seu caloroso sorriso estava absolutamente em contraste com o
traje, Thomas andava vestido completamente em couro, com um
casaco de motociclista sob o braço.
Um quarto homem estava no fundo. Parecia um pouco tímido e
se limitou a acenar. Estava vestido com um traje de motociclista
igual ao de Thomas.
- Ele é o Milo - Thomas o apresentou e pôs o braço
possessivamente ao redor de seus ombros.
A presença de um par de rapazes gay, a fez sentir-se um
pouco mais segura. Que tão mal poderiam estar as coisas, se havia
um casal de homossexuais na sala? Pelo menos ela teve a sensação
de que haveria dois tipos que não a seduziriam e que potencialmente
a protegeriam.
- Prazer em conhecê-lo Milo. Sou Delilah.

3
É conhecido como o fundador, mentor intelectual e líder de um grupo que cometeu vários
assassinatos, entre eles o da atriz Sharon Tate, esposa do diretor de cinema Roman Polanski. Condenado
a prisão perpetua cumpre pena desde 10 de Agosto de 1969 (43 anos).
Ela trocou de pé para aproximar-se. Sentia-se inibida pelo fato
de que os homens pudessem ver seu sutiã. Procurou um lugar
seguro para fixar seu olhar.
- Delilah? Igual a Samson e Delilah? - Perguntou Ricky com um
sorriso no rosto.
Os rapazes riram entre dentes. Ela viu como Amaury
acotovelava Ricky nas costelas, aparentemente tentando calá-lo.
- Sim, é Delilah. - Como havia chamado um dos rapazes ao seu
resgatador depois de que ela lhe deu uma bofetada? Teria escutado o
nome corretamente? Poderia seu nome ser realmente Samson?
- Esse é um nome bonito. - O elogio de Amaury soou como se
ele quisesse preencher o silêncio incômodo com algo, qualquer coisa.
- Samson, aí está você. - Thomas disse de repente, olhando
para a escada.
Delilah levantou o olhar e viu Samson descendo. Não conseguia
desviar o olhar.
Ela não deveria estar olhando idiotizadamente, mas não podia
evitar, inclusive se sua vida dependesse disso. Era alto, media mais
de 1,90cm, e fazia uma figura muito impressionante em sua calça
preta e o apertado suéter cinza, de gola alta. Seu quadril era magro,
seus ombros largos, e parecia que não era alheio a uma ginástica.
Seu cabelo preto era mais comprido do que estava na moda
atualmente, dando-lhe beleza atemporal. Seus olhos cor de avelã
demandavam sua completa atenção.
Ele deslizou pela escada como se fosse o dono do mundo,
irradiando um sentimento de confiança, com mais intensidade que
qualquer pessoa que ela conhecesse. Com cada passo, ela se sentia
mais atraída por ele, quanto mais se aproximava era menos capaz de
resistir aos seus encantos. Entretanto, ele estava silencioso, não
falando uma só palavra enquanto se aproximava.
Samson. O nome lhe caia bem. Este homem mortalmente sexy
a beijou? O que ela estava pensando ao estapeá-lo? Estava perdendo
a cabeça? Obviamente. Não havia outra explicação. Sabia
perfeitamente o que seus lábios podiam fazer com ela, o que essas
mãos despertavam.
Tão somente recordar essas fortes pernas pressionadas contra
ela, fez a temperatura do seu corpo subir vários graus. Alguns
segundos mais e teria uma febre que requereria atenção médica, ou
a atenção dele. Preferivelmente a atenção de Samson, já que um
médico provavelmente não ajudaria com o que estava sentindo, um
severo ataque de luxúria.
Ele deteve-se justo na frente dela, seus olhares se
encontraram. Delilah se deu conta de que esteve olhando-o por todo
o tempo que levou para descer a escada. Estava segura de que
percebeu como o examinava.
Incapaz de desviar os olhos, inalou seu aroma puramente
masculino.
Ele entregou a roupa. Sua mão acidentalmente tocou a dele e
quando o fez, criou uma faísca de eletricidade.
- Há um banheiro de visitas no final do corredor. Toalhas
limpas estão no armário. - Disse com voz suave e gentil.
- Obrigada. - Delilah sentiu sua voz tremer. Provavelmente
fazendo-a soar como uma adolescente apaixonada.
Enquanto caminhava pelo corredor até encontrar o banheiro,
escutou os homens sussurrando, mas não entendia o que diziam.
Olhou para trás antes de entrar no banheiro e viu Samson olhando-a.
Esses olhos cor de avelã seguiam cada um de seus movimentos.
Samson se voltou para seus amigos quando a viu fechar a
porta.
– Vocês, às vezes são uns idiotas, não sei por que continuo
saindo com vocês. - Samson acusou.
Logo pegou seu telefone celular da mesa e usou a discagem
rápida.
- É porque você não tem outros amigos. – Thomas como
sempre, mencionou o óbvio.
Sua chamada foi respondida imediatamente.
- Carl, por favor, traga o carro em quinze minutos.
- Certo, senhor.
- Obrigado. - Terminou a chamada e retornou ao grupo.
- Assim parece que as coisas estão melhorando - comentou
Thomas deliberadamente, com um sorriso de orelha a orelha.
- Ela é humana, idiotas! - Amaldiçoou Samson entre dentes,
mas suficientemente forte para que o grupo escutasse.
A mais quente que eu já toquei.
- Bom, nós não a mandamos aqui. - Ricky elevou os braços em
defesa. - Assim, quem é ela?
- Como diabos eu vou saber? Ela quase quebrou minha porta,
pedindo ajuda.
- Posso fazer isso, se isso for o que te acende. - Disse a
stripper.
Samson duvidou da sua afirmação e a ignorou.
- Bom, todo mundo para a cozinha, e me deixem a sós com ela
alguns minutos.
- Comigo? - Ronronou a stripper.
De maneira nenhuma. Samson franziu o cenho.
- Não, com a mulher humana, maldição.
- Ok, Ok. - Disseram os outros.
Olhou-os enquanto desapareciam através da sala de jantar
para a cozinha, na parte traseira da casa. A mão de Amaury já se
encontrava sobre o traseiro da stripper. Samson negou com a
cabeça. Seu amigo não conhecia uma mulher que não gostasse.
Se deixasse os meninos sozinhos por muito tempo,
provavelmente eles beberiam tudo o que havia na casa. Podia ver
suas reservas de sangue diminuindo a cada minuto.
Samson foi ao balcão do bar e serviu duas taças de brandy.
Acostumou-se ao sabor do brandy e gostava da sensação de calidez
que causava em seu peito quando tomava. Além disso, passaria
através de seu sistema sem efeito algum. Ser capaz de tomar
bebidas humanas era muito útil quando ele se reunia com humanos
em festas sociais.
Os vampiros se mesclavam livremente com seus homólogos
humanos, que não sabiam que eles eram diferentes. Algumas
pessoas eram consideradas simplesmente mais excêntricas que
outras. São Francisco era o lugar perfeito para sua espécie.
Virtualmente todo mundo era um pouco estranho, e ninguém se
importava nem um pouco.
A classe alta dos vampiros em São Francisco funcionava de
igual maneira como a sociedade de classe alta dos humanos na
cidade. Havia bailes, temporadas de ópera, sinfônica, inaugurações
de galerias, espetáculos de balet, recitais e estreias de peças de
teatro. Onde todo aquele que dizia ser alguém, queria ser visto.
Esta noite Samson tinha algo a celebrar. Seu sistema hidráulico
voltou a trabalhar de novo, de fato, inclusive melhor que antes. Seu
pênis esteve tão duro como um granito quando pressionou seu corpo
contra o dela e a beijou. Como isso aconteceu? Ele não sabia e não
se importava, o mais importante era que estava de volta. Maldição,
sentia-se bem!
Samson se virou para a porta, quando ouviu seus passos. Ela
vestia uma de suas camisetas e calças esportivas. Ambas eram
muito grandes para ela, mas ela dobrou várias vezes as mangas para
que servissem. Demônios, ela estava linda. Havia secado o cabelo
comprido e escuro com uma toalha.
- Por favor, entre, sente-se aqui. Venha aquecer-se. - Convidou
Samson.
Ela entrou na sala, seus movimentos eram vacilantes, seus
olhos claramente observando-o, para determinar se era seguro
aproximar-se.
- Obrigada.
- Brandy? - Ele perguntou.
Entregou-lhe uma das taças que havia servido anteriormente.
Ela esticou a mão. Samson roçou seus dedos com os dela quando
entregou a taça. Com frio, ela se sentou no sofá mais próximo ao
fogo e tomou um gole.
- Peço-lhe desculpas, eu não me apresentei ainda. Sou Samson
Woodford.
Ela o olhou e ele se deu conta de que estava ainda em pé.
Sentou-se em frente a ela para ficar na altura de seus olhos.
- Delilah, Delilah Sheridan.
Delilah? Um nome bonito para uma mulher formosa. Uma
formosa mulher humana. Fora do limite.
Seria sua ruína, igual a bíblica Delilah que foi a causa da queda
do seu xará? Entretanto, era uma boa razão para não tocá-la de
novo.
- Devo pedir desculpas. Fui grosseiro e é indesculpável.
Indesculpável, sim, entretanto, excitante. Queria voltar a sentir
o calor, a excitação, o seu corpo. Inclusive agora, vestida com
roupas sem forma, vários números maiores que o dela, parecia mais
tentadora que qualquer mulher vampiro na qual tivesse posto seus
olhos. Seu aroma tentava os seus sentidos, ameaçando dominar
suas boas maneiras, uma vez mais.
- Foi um mal-entendido. Seus amigos já me explicaram isso.
Começou a ficar acalorada. Suas bochechas ruborizaram-se,
provavelmente pelo calor do fogo e o brandy que estava bebendo. Se
ele pudesse lamber as gotas de brandy de seus lábios, talvez seu
corpo se apaziguasse.
- Como está seu pé? Sinto muito se o machuquei. - Ela
perguntou.
- Ficará bem. Não se preocupe.
Se o beijasse ficaria muito melhor.
- Obrigada por me ajudar.
- Não precisa agradecer. Uma vez mais, estou verdadeiramente
arrependido por ter atuado como um completo idiota.
Samson passou a mão no cabelo. Ele reconheceu o próprio
gesto, indicava nervosismo, quando não havia razão nenhuma para
sentir uma emoção tão estranha.
- Onde estão seus amigos? - Ela perguntou.
Teria medo de ficar sozinha com ele? Obviamente ele a
assustou. Não podia culpá-la. Estar a sós com o homem que a
atacou, beijando-a apaixonadamente enquanto esfregava sua
ereção, não seria uma situação que lhe inspirasse confiança. Sentia
seu pênis se movendo novamente, endurecendo por ela. Samson se
moveu na cadeira e cruzou as pernas.
- Enviei-os à cozinha para começar a festa. Eu te asseguro que
escutarão se sentir a necessidade de pedir ajuda. Não há nenhum
entre eles que não viria correndo para ajudar a uma mulher que
necessite amparo.
- Oh.
Sua cara de surpresa deu o que pensar a ele, igual ao rubor
repentino em suas bochechas. Talvez ela não se sentisse ameaçada
depois de tudo.
- Sinto muito, por interromper sua festa de aniversário. Melhor
ir embora.
Fazendo um movimento para levantar-se, ele a deteve.
- Eu chamei o meu motorista. Estará aqui em poucos minutos
para te levar para casa.
Delilah fez um débil movimento para rechaçar a sua oferta.
- Isso não é necessário. Eu posso chamar um táxi.
- Por favor, me permita. É o mínimo que posso fazer depois de
tudo o que fiz você passar.
- Obrigada! - disse ela, oferecendo um belo sorriso. - Isso é
muito generoso da sua parte.
- Diga-me o que aconteceu lá fora. - Virando a cabeça para a
janela, olhando a escuridão.
Ela engoliu a saliva, e respondeu:
- Um tipo me seguiu em um beco. Corri, escorreguei e ele me
agarrou. Consegui me soltar e correr novamente e ele voltou a me
seguir. Já estava muito perto de mim quando você abriu a porta.
Deu um suspiro, e voltou a viver seu calvário enquanto falava.
- Está segura de que não estava somente ajudando quando
caiu?
Ela negou com a cabeça.
- Estou segura. Vi seu rosto, ele não era amigável. Estava me
perseguindo.
Ela reagiu exageradamente? Talvez todo o incidente tenha sido
totalmente inocente. As mulheres às vezes veem as coisas de um
forma diferente da realidade.
- Você pode descrevê-lo? - Ele perguntou.
- Só o vi por alguns instante, mas era grande, branco, talvez
uns quarenta anos. Uma cicatriz na bochecha.
- Acredita que o reconheceria se o visse novamente?
Ela assentiu com confiança.
- Definitivamente sim.
Uma mecha de cabelo úmido estava agarrado na sua bochecha,
e ele teve que usar todo o controle de sua vontade para não
aproximar-se e tirá-lo. Não queria se permitir qualquer outro avanço
físico, nem sequer a tenra carícia que ansiava lhe fazer nesse
momento.
A ternura não era algo pelo qual os vampiros eram conhecidos,
muito menos Samson. Luxúria, paixão, sim, mas ternura? Era melhor
que não saboreasse este estranho sentimento.
Ouviu a porta se abrindo. Carl tinha a chave da casa, assim
como os seus amigos, à exceção de Milo. Poucos segundos depois,
Carl apareceu na porta da sala de estar.
- Senhor, desculpe a interrupção, o carro está preparado
quando o necessitar.
Eles levantaram de suas cadeiras e Samson lamentou não ter
dito a Carl que demorasse mais tempo.
Gostava da companhia da mulher e ficaria encantado em
desfrutá-la por um pouco mais de tempo. Desfrutar dela? Que
demônios ele estava pensando? Era melhor que ela se fosse agora,
antes que ele fizesse algo realmente estúpido. Terminaria aqui e
agora.
- Vou pegar a minha roupa. Deixei-a no banheiro.
- Não se preocupe, eu farei que lhe entreguem isso amanhã
depois de ter sido lavada e passada.
Manter a sua roupa por um pouco mais de tempo lhe permitiria
aspirar uma vez mais seu aroma.
- Mas, isso não é...
- Necessário? - Interrompeu-a e sorriu. - Por favor, permita-
me.
Sem dúvida não era necessário, mas seu sorriso era tão
encantador que Delilah não pode recusar.
Parecia que ele queria recompensá-la de alguma maneira.
- Carl, por favor, leve a senhorita Sheridan até sua casa -
indicou Samson a seu condutor. - Ela fornecerá o endereço. E
assegure-se de escoltá-la até a entrada e esperar até que ela esteja
segura lá dentro. Não quero que lhe aconteça nada.
- Sim senhor. - Respondeu o motorista.
Ela se sentiu adulada. Ele queria assegurar-se de que estivesse
a salvo.
- Muitíssimo obrigada. - Estendeu a mão. - E feliz aniversário.
Samson sorriu e pegou-lhe a mão, mas em vez de apertar,
lentamente a guiou até seus lábios e a beijou brandamente sem
romper o contato visual.
- Obrigado.
Ela sentiu uma onda de calor desde sua mão até seu torso.
Deus, era bonito e um perfeito cavalheiro, quando não estava
assumindo que ela era uma stripper. Isso era algo que talvez ela
pudesse esquecer facilmente.
Delilah hesitou um pouco antes de dar meia volta e seguir o
motorista que a levou para fora, protegendo-a sob um grande
guarda-chuva, enquanto a acompanhava a uma limusine escura.
Deixando-se cair nos macios assentos de couro, suspirou, dizendo:
- Que noite! - A lembrança do valentão que tentou atacá-la
ainda a fazia estremecer, mas como resultado disso, conheceu o
homem mais sexy e atraente da sua vida, assim, quem se
preocuparia com a primeira parte da história?
- Aonde, senhorita Sheridan? - Perguntou o chofer.
Ela deu o endereço do apartamento corporativo. Por um
segundo se perguntou se deveria pedir que a levasse a uma
delegacia de polícia em seu lugar, mas descartou a ideia. Não queria
passar a metade da noite em uma delegacia de polícia reportando o
assalto, quando o mais provável é que nunca apanhariam o tipo.
- Ah, isso fica somente a poucas quadras daqui. Estaremos lá
em dois minutos, Senhorita.
Delilah se acomodou no assento de couro e fechou os olhos.
Samson Woodford. Alto, moreno e belo. A estrela do sonho molhado
de qualquer mulher. Ela tocou os lábios, os mesmos lábios que ele
pressionou contra os dele.
O brandy apagou o gosto dele na sua língua, mas ainda sentia
o corpo dele apertando contra o seu, e a sua ereção instigando-a a
render-se a ele.
Entregar-se. Ceder ao seu controle. A ideia a assustou e a
excitou ao mesmo tempo. É claro, nunca aconteceria. Ela nunca
voltaria a vê-lo.
CAPÍTULO 3

A stripper não era tão sexy quanto Delilah, mas ela teria que
bastar. Samson não teve sexo em meses, e não esperaria um minuto
a mais. Ouviu seus amigos rindo na cozinha. Já começaram o
espetáculo sem ele?
Caminhou através da porta da cozinha e viu Amaury lamber
um líquido vermelho nos seios da mulher. Sangue. Seu uniforme de
enfermeira estava aberto na frente. Eram como meninos pequenos,
brincando com a comida. Os vampiros no geral não se alimentavam
de outros vampiros, mas isso não significava que não gostassem de
representar um pouco. Seu amigo, obviamente, forneceu sangue do
estoque de Samson à mulher e agora estava desfrutando lambê-lo
nela.
- Deixa de monopolizá-la, que agora é minha vez. - queixou-se
Ricky e empurrou Amaury para um lado. Amaury sorriu
diabolicamente, mas deu espaço para Ricky, concentrando-se em só
um dos seios em lugar dos dois.
- Compartilhamos? - Perguntou Amaury e sua sugestão foi
aceita.
Com um grunhido, Ricky deslizou a língua sobre o seio da
stripper que seu amigo acabava de abandonar. Lambeu as gotas
restantes do sangue, antes de fechar os lábios sobre o mamilo.
A mulher jogou a cabeça para trás e enquanto os dois homens
a chupavam, ela gemeu em voz alta.
- Sim, queridos.
Não que os dois rapazes necessitassem do estímulo da
stripper.
Milo e Thomas observavam com pouco interesse.
- A última vez que eu verifiquei, era meu aniversário. -
Interrompeu Samson.
Tanto Ricky como Amaury deixaram os seios da stripper. Todos
os olhos estavam postos em Samson.
- E? - Perguntou Ricky.
- O quê?
- Bom, tudo voltou a funcionar?
Ricky fez insistência em sua pergunta com um movimento
inconfundível em seus quadris.
- Suponho que farei um teste. - Disse Samson assinalando a
stripper.
- Aqui querido, lambe um pouco. - Ela ofereceu os seios se
voltando para Samson.
Ele negou com a cabeça.
– Para cima, para uma função privada.
Para seu primeiro ato sexual depois de nove meses de
abstinência ele preferia um pouco de privacidade. Porém, não se
incomodava que seus amigos o vissem agarrá-la.
Samson olhou aos rapazes com severidade.
– Vocês ficam aqui e deixem alguma de minhas bebidas boas,
pelo amor de Deus! Tenho uma celebração.
Samson seguiu a stripper pela escada.
Nem sequer perguntou seu nome. Não importava.
Tudo o que precisava era um corpo disposto no qual inundar-
se. Demônios, sentiu saudades de sexo. Por fim, satisfaria seu
desejo carnal e seria normal outra vez. Este era o melhor presente
de aniversário que poderia imaginar. Talvez os aniversários não
precisassem ser deprimentes, depois de tudo. Isto poderia ser muito
divertido.
Maldição, a mulher humana o acendeu. Ela poderia ressuscitar
os mortos e assim havia feito. Para todos os intentos e propósitos,
seu pênis esteve morto nos últimos nove meses. Ele se converteu em
um rabugento total e absoluto, sempre irritado, sempre tenso. Não
mais.
Depois desta noite, as coisas voltariam à normalidade. O sexo
não controlaria seu estado de ânimo, nunca mais. Voltaria a ser uma
parte normal da sua vida.
A stripper era um vampiro, o que significava que não precisava
ser amável com ela.
Não teria que conter-se. Melhor ainda, dado que estava
extremamente desejoso. Quando fechou a porta do dormitório, ela se
voltou para ele e começou seu sedutor strip-tease. Nada que não
tivesse visto antes. Seus amigos o arrastavam a clubes de nudismo
com suficiente frequência, e muito pouco poderia realmente
surpreendê-lo. Em seus mais de 200 anos como vampiro, ele já viu
de tudo.
Peça por peça, ela tirou seu uniforme de enfermeira. Primeiro a
blusa caiu ao chão, logo a saia curta. Com movimentos elegantes
soltou as meias das ligas e as enrolou para baixo, uma por uma.
Ela levou as mãos aos seios, apertando-os para enfatizar seu
tamanho. Melões. Samson realmente não gostava de mulheres com
peitos grandes. Preferia um lindo traseiro em seu lugar, mas nesta
noite não importava. Um por um despiu seus grandes atributos com
tamanhos de melões, fora das pequenas meias taças de seu sutiã
diminuto. Eles caíram sem o suporte do sutiã.
Ela abriu as pernas para lhe dar uma boa vista de sua vagina,
através de sua calcinha com abertura. Depilada. Não era de todo seu
gosto, mas serviria. Samson pediu que girasse para dar uma olhada
no traseiro. Sua tanga fio dental não escondia nada.
Lentamente, ela tirou o fio dental, que pretendia parecer uma
calcinha e, finalmente, estava de pé, nua, na frente dele.
Ela não lhe interessava, mais que como uma mulher que lhe
proveria do desafogo que tanto necessitava. Queria acabar de uma
vez.
Samson deu uma olhada a sua cama de quatro pilares, uma
antiguidade que adquiriu na época em que se considerava mobiliário
contemporâneo. Não, não queria fazer isso em sua cama. Fazê-lo
sobre o sofá reclinável bastaria. Iria virá-la e tomá-la por atrás e a
foderia até o cansaço. Pelo menos não teria que olhar seu rosto e
poderia fingir que era outra pessoa.
Um belo rosto brilhou em sua mente. Delilah. Podia fingir que
era Delilah.
Bem, esse era o plano.
O plano perfeito.
A stripper não se oporia. Depois de tudo, era pelo que a
estavam pagando. Faria o que ele quisesse.
Excelente.
Só havia um problema com seu brilhante plano.
Seu pênis estava completamente flácido.
Morto.
Malditamente morto!
Nenhuma só célula de sangue correndo por ele para despertá-
lo, nenhuma.
Enrugado como uma ameixa passa.
Que diabos estava acontecendo? Ele funcionou muito bem
alguns minutos antes, e agora, com uma mulher nua à espera de ser
agarrada, não conseguia fazer que se levantasse!
Nenhuma polegada, nem sequer a metade de uma polegada.
Movimento nenhum.
- O que está esperando, garotão? - Ela debochou dele,
olhando-o com suas pestanas cheias de rímel.
Samson a fulminou com o olhar. Estava zombando dele?
Deu dois passos para ele e pôs a mão sobre o zíper de suas
calças.
- Oh. - Ela deixou escapar um suspiro de decepção.
Com a velocidade do raio, agarrou-lhe o pulso e empurrou a
sua mão. Separou-a dele com seu próximo fôlego.
- Demônios!
Os rapazes na cozinha brindavam entre eles, quando
escutaram a voz de Samson proveniente do andar de acima. Nas
velhas casas vitorianas, as vozes faziam muito eco.
- Agora, isso foi um grande orgasmo ou... - Começou a dizer
Ricky.
- Maldição! - Gritou Samson, no andar de cima.
Uma seleção de palavrões se seguiu. Os rapazes olharam entre
si.
- Ou nenhum absolutamente? - Refletiu Amaury.
Levantaram a cabeça para o teto para escutar melhor, quando
ouviram fortes pisadas na escada.
- Nenhum absolutamente. - Confirmou Thomas.
- Caramba! - Disse Milo. - Pobre coitado!
Samson irrompeu na cozinha e escutou o comentário de Milo.
Estava furioso e disposto a matar alguém. Thomas de modo protetor
ficou na frente de Milo.
- Merda! - Com o poder de uma bola demolidora, Samson deu
um murro no balcão, quebrando o batente de granito. Quebrando-o
em vários pedaços.
Seus olhos brilhavam na cor vermelha, e suas presas se
estenderam. Mal podia controlar a ira.
- Amaury, traga um pouco de sangue, agora. - Ordenou Ricky
com calma, embora não tirasse os olhos de cima de Samson.
- Já estou nisso. - Amaury entregou a Samson um copo com o
morno líquido vermelho.
- Aqui está Samson, toma um gole. Necessita-o.
Samson arrebatou a taça da mão de Amaury e o bebeu de uma
só vez. Logo olhou para Ricky.
- Melhor esclarecer a essa stripper que se sussurrar uma
palavra disto a alguém, vou partir o seu pescoço em dois. Fica
entendido?
O olhar selvagem em seus olhos confirmava que o que ele dizia
era sério.
Ricky concordou com a cabeça.
- Será melhor irmos embora. Rapazes! – Ele fez um gesto para
que saíssem da cozinha.
Samson podia escutá-los no corredor, enquanto a stripper
descia a escada.
Thomas murmurou suficientemente alto para que os sensíveis
ouvidos de Samson o escutassem.
- Mas ele tinha uma ereção quando a mulher estava aqui. Eu
vi. De fato, era difícil não perceber.
- Suponho que estava funcionando com ela, infelizmente é uma
mortal. - Sussurrou Amaury.
Logo seu tom mudou.
- Querida, já que lhe contratamos durante toda a noite, que tal
se vier comigo? Tenho algo que poderia apertar entre suas grandes
tetas...
A stripper sorriu.
Segundos depois já não estavam ali. O lugar estava novamente
tranquilo. Muito tranquilo. Amaury estava certo. Funcionou com a
mulher. Samson sabia disso muito bem. Assim por que não pôde
levantar com a stripper? Ela tinha um bom corpo, estava disposta.
Mas ela não era Delilah. Não tinha seu aroma ou sua beleza.
Maldição, seus lábios e sua tímida lingua eram tão deliciosos, que
finalmente fizeram com que lhe respondesse. Céus. Que beijo, e
aquele flexível corpo pequeno com as curvas adequadas. Ele sabia
que foi recíproco. Sentiu sua excitação. E depois, quando desceu a
escada trazendo roupa seca, seus olhos examinaram cada centímetro
do seu corpo, e gostou do que viu. De fato, ela umedeceu os lábios,
apesar de que ele estava seguro que não o fez com intenção. Em
seus olhos havia calor.
Diabos, ele desejava-a. Ele tinha que possuí-la, não
importando como.
Samson discou um número. A chamada foi respondida
imediatamente.
- Consultório do Dr. Drake. No que posso ajudar? - A boneca
Barbie ronronou como um gatinho.
- Aqui fala Samson Woodford. Tenho que ver o Dr. Drake.
- Não temos horário esta noite. Que tal amanhã às seis horas?
- Ela ofereceu, com uma voz mais calma.
Ele nunca mostrou interesse em qualquer visita ao consultório,
e ela finalmente se deu por vencida. Deixou de gastar seus encantos
com ele. Igualmente Samson não conseguia suportá-la, nem ao seu
sorriso meloso.
- Acredito que pode fazer algo melhor. Tendo em conta a
exorbitante soma que as consultas me custam, não importa a quem
tenha que cancelar. - Isto era uma verdadeira emergência.
- Me permita um momento. - Ouviu-se um estalo na linha e um
breve silêncio, antes que ela respondesse novamente. - Ele pode vê-
lo em meia hora.
- Assim está melhor.
Samson desligou, agarrou seu casaco do gancho e se dirigiu
para a porta. Iria caminhando ao Pacific Heights. O ar da noite
clareava sua cabeça. Certamente necessitava disso.
Ele espreitou através da noite, com a gola levantada e com as
mãos enterradas nos bolsos do casaco. A chuva deu uma trégua. As
ruas ainda estavam cheias de humanos. Ele os ignorava. Depois da
meia-noite geralmente as ruas ficavam mais desertas e mais
vampiros se mostravam. Mas ainda era muito cedo para isso.
Samson não entendia por que esta mulher humana o afetou
dessa maneira. É certo que tinha um bom corpo e era bonita, mas
ele já estava acostumado às mulheres formosas. Como um dos
solteiros mais cobiçados da cidade, sempre escolheu a nata da nata
da sociedade.
Ele teve encontros com muitas mulheres formosas. Talvez,
"encontros" não fosse a palavra adequada. Teve sexo com muitas
mulheres formosas quando lhe dava vontade. Sempre havia um
fornecimento de mulheres desejosas, todas elas vampiros, é claro,
para satisfazer seus desejos carnais com a esperança de que talvez
escolhesse a uma delas como sua companheira.
Mas quando ele escolheu uma, todos os seus problemas
começaram.
Samson sempre apoiou algumas das organizações beneficentes
locais e assistia a dois ou três bailes de caridade ao ano. Em um
desses bailes ele viu uma mulher nova na cidade. Escutou mencionar
seu nome antes, mas ainda não a havia visto ou sido apresentado a
ela. No momento que viu a alta ruiva entre a multidão, caiu na
luxúria.
Havia rumores de que Ilona Hampstead veio de uma antiga
linhagem de Chicago e estava muito bem conectada no mundo dos
vampiros. Ela era por excelência, da alta sociedade e decidiu fazer de
São Francisco seu lar.
Ela fez o jogo de difícil, e os instintos de caçador de Samson se
apoderaram dele imediatamente. Levou mais de um mês para levá-la
para cama. Durante esse tempo, ele continuou fazendo com cada
mulher vampiro disponível, para superar sua frustração. Mas,
finalmente, obteve seu troféu e não era tímido ao mostrá-la em cada
evento social. Ela podia ser vista em seu braço cada vez que ele saía
para algum lugar.
As páginas dos jornais se encheram com fotografias,
mostrando-os em evento após evento. Contrariamente à crença
comum, os vampiros aparecem em imagens. De fato, muitos são
bastante fotogênicos.
Apesar de sua necessidade de privacidade, Samson desfrutava
da atenção e admiração de seus companheiros vampiros por ter
conseguido conquista-la. Ela era o que ele chamava de uma mulher
de alta manutenção, mas tinha seus encantos. Ela esperava
exclusividade e ele não se opunha.
Durante os meses seguintes se apaixonou por ela, e de algum
jeito ela se converteu em parte da sua vida. Ele esteve sozinho
durante muito tempo, e gostava da ideia de ter uma companhia
constante em quem poderia confiar. Todos os seus amigos
afirmavam que pareciam muito bem juntos, todos, exceto Amaury
que manteve seus sentimentos para si mesmo.
Eles tinham o mesmo círculo de amigos, a mesma posição na
sociedade. E o sexo era excelente. Eles formavam o casal perfeito.
Foi só questão de tempo até que os rumores de uma iminente
união, começassem a circular, e a ideia de formar um vínculo
permanente entre eles, excitava-o. Algo faltava em sua vida, e ela
poderia encher esse vazio, por isso tomou uma decisão.
Samson apartou os pensamentos daquela fatídica noite quando
seu mundo caiu repentinamente. O passado não tinha lugar em sua
nova vida. Só o presente.
Ele se perguntou se o fato de que Delilah era um ser humano,
tinha alguma relação com a forma como ele reagiu a ela. Ele já teve
relações sexuais com mulheres humanas, naqueles dias, quando era
um pouco mais selvagem e indomável. Mas pela fragilidade, não se
interessou realmente, assim, ele deixou de ter sexo com seres
humanos.
O sexo com as humanas sempre apresentou mais perigos que
ganhos. Amaury não compartilhava sua opinião sobre este tema. Mas
Samson sentia que sempre precisava se conter, e nunca foi capaz de
dar rédea solta ao seu verdadeiro poder e força sobre elas, sem que
as machucasse. No final, havia sentido mais como um fardo, para
continuar fazendo-o.
Era mais fácil com as mulheres vampiro, quando se tratava de
sexo. Elas aguentavam a força e a ferocidade de seus pares sexuais
e não se machucavam com facilidade.
Samson sabia que era uma loucura ter a mulher humana, mas
estava desesperado. Necessitava de sexo, e o necessitava logo, do
contrário se converteria em uma besta perigosa cujo estado de
ânimo não poderia ser controlado. Converter-se-ia em uma ameaça
não só para si mesmo, mas também para os que lhe rodeavam.
Trabalhou muito duro nos últimos dois séculos, para que todos os
seus lucros fossem para o lixo por uma frustração sexual.
Menos de meia hora depois que ele saiu de sua casa, chegou
ao consultório do psiquiatra e entrou depressa. O tempo era
essencial. Nunca sentiu este tipo de urgência antes.
- Obrigado por me receber em tão pouco tempo.
O Dr. Drake levantou uma sobrancelha.
- O que é tão importante que não poderia esperar até manhã?
- Algo aconteceu. - Respondeu Samson.
Ele o olhou e os olhos do psiquiatra piscaram.
- Oh. Me diga quem é ela e o que fez.
- É disso que se trata - disse Samson, se deixando cair no
ataúde e estendendo seu corpo sobre a suave almofada. - Não tenho
ideia.
O médico o olhou com incredulidade. Samson, em nenhuma de
suas sessões usou o ataúde. Sempre insistiu em sentar-se na
cadeira, ou andava impaciente pela sala.
Enquanto Samson recordava o incidente com Delilah, segundo
a segundo, Drake escutava com atenção, tendo em conta cada
palavra. Ao mesmo tempo observava a conduta, respiração e os
movimentos do seu paciente.
- O que significa tudo isso? - Perguntou Samson com
impaciência.
- Interessante. Você disse que com a stripper ficou frio, depois
que a outra mulher o excitou?
- Como eu disse. Foi como se entrasse em um congelador.
- Interessante. - voltou a dizer Drake, e juntou os dedos diante
do rosto com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira.
- Em nossa sessão da semana passada, mencionou que algo
lhe faltava. Pode me explicar isso?
- Agora? - Perguntou Samson com um olhar exasperado.
- Acredito que é importante em relação a este acontecimento. -
Respondeu o médico.
- Está bem - soprou Samson. - Eu só... não posso realmente
explicar. Havia um vazio, não importando o que fizesse, ou o muito
que tivesse conseguido da vida. Sempre senti como se não estivesse
completo, como se uma parte importante de mim estivesse perdida.
- Em que sentido? - Perguntou o psiquiatra intrigado.
- Emocionalmente - suspirou Samson. - Havia um desejo por
algo que finalmente me completaria. Eu acreditava que uma união
com aquela maldita, preencheria esse vazio. Parecia ser o que
faltava.
- A união com a Ilona? Eu duvido.
- O que lhe faz dizer isso doutor?
- Uma união de sangue não é mais que a culminação formal do
que já existe - explicou Drake a seu paciente. - O vínculo já está
estabelecido. O ritual só o formaliza. Não pode te completar se você
ainda não encontrou este complemento no seu par.
- Não o entendo. O ritual cria o vínculo. Isso é o que me
ensinaram.
Drake negou com a cabeça.
- Um engano comum entre nossa espécie.
- Não sentia o vínculo com a Ilona, não como você o descreve.
Pensei que seria evidente mais tarde, depois do ritual.
- Confie em mim, não é o único que acredita nisso. Se não
sentiu a conexão com ela antes, então não estavam destinados a
unir-se. Não é algo que se possa forçar. Em qualquer caso, agora
entendo melhor por que reagiu da maneira que fez quando as coisas
vieram abaixo. Agora tudo tem sentido.- Drake se levantou e
caminhou para o ataúde. - Está confortável?
Samson sacudiu a cabeça, e de repente, se deu conta de onde
estava. Imediatamente se levantou, pondo distância entre ele e o
ataúde.
- Que mer...?
Estava perdendo a cabeça, sem dúvida que a estava perdendo.
Não só não entendia a confusa explicação de Drake, mas também,
nada em sua vida fazia sentido nesse momento.
- Ah.
- O que? Maldição, o que? - Samson necessitava uma resposta.
Para que estava pagando ao charlatão?
- Acredito que sei o que pode ter acontecido. Ao ver-se
enfrentado por um ser humano vulnerável, permitiu-se ser
novamente vulnerável e tirou seu muro de proteção. E logo que
esteve com a mulher vampiro, a parede voltou a subir e seu pênis
voltou a baixar.
- Obrigado pela ilustração tão colorida. Suponho que me está
cobrando por esta ideia? - Como se necessitasse de uma imagem
mental de seu pênis flácido.
- Mmm, uma mortal. Quero dizer, talvez pudesse funcionar. É
muito possível. Muitos dos nossos, têm relações sexuais com seres
humanos. É claro, seria perigoso para ela, mas se tomasse cuidado...
Bom, sim, poderia funcionar.
Samson o olhou atônito. Sobre o que estava falando o
charlatão? Estava falando consigo mesmo?
- Maldição, doutor, que diabos faço agora?
- Escuta, e faz dessa vez o que sugiro. Só uma vez. Encontra
essa mulher e tenha sexo com ela. Tire isso do seu sistema. Eu te
prometo que uma vez que a tenha, seu corpo recordará como era e
voltará à normalidade. Confia no que te digo.
- Mas ela é uma mortal. Não entende? - O bom doutor não
podia ter esquecido este pequeno detalhe tão facilmente.
- Compreendo perfeitamente as implicações, me acredite.
Entendo o perigo que ela correrá.
- Não tenho certeza de que o entenda. Se perder o controle, eu
poderia mutilá-la seriamente, possivelmente até matá-la. No calor da
paixão, a cautela é minha menor preocupação. Não sabemos o que
poderei fazer. Mordê-la? Chupar todo o seu sangue? Matá-la?
Só a ideia era repugnante. Samson continuou:
- Depois de tão longa abstinência, como posso estar seguro de
que posso controlar meu corpo?
- O que ela é para ti? Nada, só uma mortal, um ser humano.
Toma o que necessita dela, e segue adiante com sua vida. É
necessário que tenha sexo com ela logo que seja possível, do
contrário, esta oportunidade poderia escapar. Não vê? É como se ela
fosse enviada para te ajudar. Faz e deixa de preocupar-se com as
consequências. Quem sabe, inclusive, ela poderia desfrutá-lo, tendo
em conta sua reputação...
Drake teve a audácia de rir.
Samson assentiu com a cabeça. Talvez pudesse fazê-lo. Sabia
o que era capaz de fazer na cama. Sempre manteve sua reputação.
Seria cuidadoso, seria amável para que ela pudesse desfrutá-lo.
Teria que assegurar-se disso. Era o mínimo que podia fazer, lhe dar
uma noite de prazer por excelência, uma bonita lembrança. E se seu
médico pensava que era assim fácil, talvez o fosse. Pelo menos uma
vez estava de acordo com seu psiquiatra. Maldição, ele só queria tê-
la sem remorsos, e agora tinha a permissão de seu médico para
toma-la.
Delilah afundou na banheira com água morna, queria um
longo banho. Estava com humor para um comprido e caloroso banho
e as borbulhas eram perfeitas. Doía-lhe o corpo da tensão. Tratou de
não pensar no valentão que a agarrou, concentrando-se em seu
salvador. Não foi capaz de desfrutar de seus beijos já que estava
mais preocupada em sua luta com ele. Agora já era tarde. Arruinou
tudo. Com sua sorte, ele encontraria uma participante mais disposta
na stripper, que foi obviamente, contratada para tal fim. Os homens
podem ser como porcos.
Se não tivesse sido tão dissimulada, talvez ele mandasse seus
amigos e a stripper embora... Ah! O que estava pensando?
Sonhadora. Romântica empedernida4.
Homens magníficos como ele, não saíam com pequenas e
aborrecidas auditoras como ela. E, além disso, estava muito faminta
por um pouco de carinho. Bom, talvez muito. Provavelmente não
saiu muito ultimamente, bom, talvez nem sequer um pouco. Deus, a
quem queria enganar? Não esteve com um homem fazia mais de um
ano e inclusive antes disso, apenas havia saído.
Por que um homem como ele ficaria interessado nela?
Provavelmente todo tipo de mulher desmanchava-se por ele.
Apresentava o aspecto de um solteiro perfeito. Sim, ela percebeu
que ele não usava uma aliança de casamento. Não agia como
casado. Vivia em uma antiga casa vitoriana em Nob Hil com um
motorista particular e uma limusine, ele cheirava a dinheiro, a

4
Que tem longa prática de.
fortuna ancestral. Inclusive não sendo de São Francisco, ela sabia
que Nob Hil era uma área muito cara.
Ela se deu conta da elegância da casa com seu rico mobiliário,
as pinturas antigas nas paredes, o caro cristal em que bebeu o
brandy. O banheiro em que trocou de roupa, mostrou o mesmo estilo
elegante. Ele comprou a casa em excelentes condições ou restaurou
cuidadosamente cada detalhe da época original.
Mas o dinheiro nem sequer figurava em sua atração por ele. O
homem transpirava atração sexual em cada poro de seu corpo. E ela
adoraria lamber cada gota.
Genial!
Agora não seria capaz de dormir toda a noite.
Estaria pensando no Príncipe Encantado. Príncipe encantado
que a beijou, porque pensava que ela era uma stripper. Teria se
atrevido a fazê-lo, mesmo se soubesse que era uma simples
auditora?
O trabalho. Esqueceu-se por completo dele. Precisava examinar
os arquivos que enviou a seu servidor virtual, sem que John se desse
conta.
A contra gosto, Delilah saiu da banheira e se secou. Algumas
horas de trabalho no computador provavelmente a cansariam depois
de tudo, para que ela pudesse dormir um pouco antes que
retornasse ao escritório pela manhã.
Enquanto seu computador portátil ligava, foi ao refrigerador. À
exceção das sobras do jantar de ontem à noite, estava vazio.
Colocou as sobras no microondas durante um par de minutos.
Delilah se conectou ao seu servidor virtual e descarregou os
arquivos. Longas filas e colunas de transações, ficaram à sua vista.
Isto poderia tomar um tempo. Comeu da massa restante,
diretamente da vasilha.
Três horas mais tarde, ela estava moída. Seus olhos ardiam e
inclusive os esfregando a cada dois minutos, não permaneceriam
abertos por mais tempo. Era hora de dormir.
Mas seu merecido descanso não vinha.
Ela atirou-se na cama e ficou dando voltas.
Deitou-se de um lado, de barriga para cima, de barriga para
baixo.
Não servia de nada. O sono não estava destinado a vir. Um
som a assustou. Não via nada na escuridão. Mas sentia um grande
peso sobre seu corpo, pressionando-a sobre o colchão. Mãos a
tocavam. Lábios a beijavam. Uma língua quente lhe lambia o
pescoço. Não era desagradável, mas era desconhecido.
Um corpo a manteve deitada, coxas fortes encerrando-a. Uma
mão afastando seu cabelo do pescoço. Uma boca beijando seu
pescoço. Até que de repente...
Não!
Dentes afiados como lâminas de barbear, aferravam-se ao seu
pescoço e lhe perfuravam a pele. Um líquido morno escorria pelo
pescoço. Mas a sensação não era dolorosa. Era agradável...!
A seguir, ouviu um forte som repetitivo.
Bip! Bip! Bip! O alarme. Despertou bruscamente. Ela se
levantou. Já era dia. Ela levou a mão ao pescoço, onde sentiu a
mordida, mas sua pele estava suave, perfeita como sempre.
Nenhuma ferida. Não havia sangue. Só outro pesadelo.
Pelo menos dormiu, embora não muito. Provavelmente só três
ou quatro horas no total.
Um olhar no relógio mostrou que ela teria de chegar ao
escritório, e logo. Finalmente, encontrou várias operações nos
arquivos que revisou durante a noite, que não fazia sentido.
Queria confirmar sua hipótese acessando a documentação
original, em papel.
Pressentia que estava certa.
Depois de uma ducha apressada, Delilah se vestiu rapidamente
e deu uma olhada na roupa com que voltou na noite passada, de
Samson. Pelo menos teria uma razão para voltar a vê-lo.
Bom, era uma desculpa. Poderia devolver a roupa.
Talvez ele a convidasse para entrar. Tentaria ir à noite depois
do trabalho, esperando que estivesse em casa. Sozinho em sua casa.
Uma olhada pela janela a fez saber que ainda estava
chuviscando. Seria melhor levar seu guarda-chuva ao trabalho hoje.
Enquanto procurava no armário do corredor, escutou um golpe na
porta.
- Quem é? – Ela perguntou.
- Gregory, da portaria. Tenho uma entrega para você.
Ela gostava do fato de que houvesse um serviço de zeladoria
no edifício. A fazia sentir-se um pouco mais segura, especialmente
depois do ataque da noite anterior.
Delilah abriu a porta e nem sequer via o rosto de Gregory atrás
das duas dúzias de rosas de cor vermelha que carregava.
- Bom dia, senhorita Sheridan.
O forte aroma quase a afligiu. Eram formosas e tão vermelhas
como sangue.
- Uau! Você tem certeza de que são para mim?
Ninguém da cidade a conhecia. Além disso, não era seu
aniversário ou São Valentin ou algum dia especial.
- Sim, o senhor que as trouxe me deu seu nome. E isto.
Entregou um cabide com roupas envoltas em plástico. Sua
roupa.
Samson. Como conseguiu limpar e secar a sua roupa tão
rápido? Samson estava lá embaixo? Seu coração se agitou com
entusiasmo e suas mãos suaram.
- Acredito que há um cartão com as flores. - Gregory deixou o
vaso com as flores na mesinha do vestíbulo antes de sair.
- Obrigada.
Depois de ter fechado a porta e pendurado a roupa no guarda-
roupa, procurou o cartão. Por que ele iria lhe enviar duas dúzias de
rosas vermelhas?
O cartão estava escrito à mão, em bonitas letras antigas.

Minhas mais sinceras desculpas por ontem à noite. Daria-

me a honra de acompanhar-me ao teatro esta noite? Posso te

pegar às 19:00?

Samson Woodford.

P.S. Meu assistente Oliver, está esperando embaixo por sua

resposta.

As mariposas em seu estômago começaram a dançar. Teve que


sentar-se. Ele estava lhe convidando para sair.
Em um encontro.
Um encontro!
O que deveria fazer primeiro? Descer e falar com seu
assistente, ou terminar de arrumar-se para o trabalho? Oh Deus,
estava nervosa. As mariposas em seu estômago estavam revoando.
Iam fazer isso durante todo o dia, estava certa disso.
Um jovem estava esperando pacientemente no vestíbulo do
edifício.
- Senhorita Sheridan?
- É você o assistente do Senhor Woodford? Oliver? - Estava
vestido com um traje formal escuro de negócios, assim como o
condutor de Samson da noite anterior.
- Sim, senhora. Pediu-me que esperasse por sua resposta.
Seu coração se agitou.
- Por favor, diga ao Senhor Woodford que ficaria encantada em
acompanhá-lo esta noite.
- Ele ficará feliz ao escutar isso.
Ela assentiu com a cabeça e se dirigiu às portas duplas para ir
ao trabalho.
- Ah, senhorita Sheridan?
Voltou-se curiosa por ver que mais queria.
- Sim?
- O Sr. Woodford também me pediu, que lhe oferecesse levá-la
aonde precise ir.
- Ah, isso não é necessário. Só vou trabalhar. Não está tão
longe. Obrigada.
- Por favor, me permita. A limusine está aguardando.
Galantemente abriu a porta para ela e a levou ao carro. Por
que Samson a tratava dessa maneira? Ou estava sonhando outra
vez? Isto não era real.
Delilah deu a Oliver o endereço do escritório e se acomodou
para uma suave viagem. O ruído da cidade não penetrava no carro.
Era quase como um pequeno refúgio seguro. Que luxo! Em algum
lugar, em algum momento, teria que pagar por este luxo, de algum
jeito. Nada era gratuito. Não em seu mundo.

Apesar de já haver luz do dia lá fora, Samson continuava


acordado. Estava cansado, mas não queria dormir ainda. Queria
saber se Delilah aceitaria seu convite para o teatro.
Depois de voltar do consultório do Dr. Drake, passou o resto da
noite revisando os informes dos distintos ramos de sua empresa, a
Scanguards.
Quando foi convertido em vampiro no início do século XIX, deu-
se conta muito rapidamente, de que inclusive um vampiro
necessitava de dinheiro para viver. Por um capricho, começou
empregando seus serviços, para proteger os viajantes da noite.
Resultou que a área de segurança se mostrou um setor rentável.
Também significava que sempre haveria uma grande quantidade de
malfeitores e delinquentes de quem poderia alimentar-se, enquanto
ao mesmo tempo protegeria a um rico viajante ou a um
carregamento valioso.
Mais tarde, converteu seu negócio de um só homem em uma
companhia, e contratou a outros vampiros com ideias afins. Como
um vampiro, finalmente alcançou o êxito econômico que não obteve
como ser humano. Era irônico que, como vampiro, ele fosse capaz de
proteger as mesmas vidas que muitos de seus colegas vampiros
queriam destruir. Foi a forma que Samson encontrou para preservar
sua humanidade.
Agora sua empresa estava estendida por todo o país,
proporcionava guardas de segurança e guarda-costas a corporações,
celebridades, dignitários estrangeiros e outras pessoas. Enquanto
manteve a sede da companhia em Nova Iorque, decidiu retirar-se
para São Francisco e viver uma vida mais tranquila e mais normal.
Tão normal como poderia ser a vida de um vampiro.
Muitos dos seus empregados eram vampiros, em sua maioria
trabalhavam como guardas noturnos ou guarda-costas. Preparou
vários diretores humanos, que se converteram na cara diurna da
Scanguards e assim poder tratar com o público. Poucos de seus
empregados humanos o conheciam ou já o viram, e Samson não
reconheceria a muitos de seus empregados humanos, se topasse
com eles na rua. Ele gostava dessa maneira.
Mantinha-se fora do dia-a-dia da empresa, mas gostava de
estar ciente de tudo que acontecia mediante a revisão de todos os
relatórios importantes dos diversos ramos. Só intervinha quando as
coisas começavam a desviar-se. Sempre havia pequenos problemas
em alguma parte, mas confiava em seus diretores para cuidar das
coisas pequenas. Não gostava de dirigir problemas pequenos.
Ricky, Amaury e Thomas trabalhavam para ele. Ricky estava a
cargo da contratação de vampiros, Amaury tratava dos imóveis e
Thomas era o chefe de Informática. A amizade não se interpunha no
trabalho, bom, a maioria das vezes, pelo menos. Milo começou a
juntar-se com eles, desde que ele e Thomas se converteram em
casal quase nove meses atrás.
As cortinas escuras do quarto de Samson, luxuosamente
decorado, estavam fechadas enquanto ele se sentava em sua cama
de quatro pilares e olhava os relatórios, cada poucos segundos
olhando para o seu telefone celular. Enviou o seu assistente Oliver ao
apartamento de Delilah faz mais de meia hora e ainda não recebeu
uma mensagem de texto como resposta.
Oliver era humano. Era os olhos e ouvidos de Samson durante
o dia, um dos poucos humanos que sabiam que Samson era um
vampiro. Samson salvou Oliver de uma vida de crimes e seu
protegido lhe pagava com lealdade e dedicação.
Carl era vampiro e era seu motorista, mordomo e assistente
pessoal da noite. Os empregados pessoais de Samson ganhavam
mais que muitos diretores de grandes empresas. Não é que fosse
extraordinariamente generoso, mas conhecia a natureza humana e
dos vampiros muito bem. Se pagasse o seu pessoal muito bem e se
os tratasse ainda melhor, seriam leais. E a lealdade era primordial
para ele.
O que estava detendo Oliver por tanto tempo? Delilah não se
levantou ainda? Olhou o relógio antigo sobre o suporte da lareira. Já
passava das oito da manhã, e ele estava muito cansado. Como um
vampiro, podia ficar acordado durante o dia, mas com capacidade
reduzida. Os sentidos não eram tão desenvolvidos, e a energia era
mais baixa que o normal. É claro que não poderia sair na rua, porque
os raios do sol o reduziriam a cinzas. Mas conseguia mover-se dentro
de casa, sempre e quando a luz direta do sol não o tocasse.
Um zumbido o alertou de uma mensagem em seu celular. Ele
leu.
Ela disse sim.
Sim! Sim! Sim!
Samson não recordava quando foi a última vez que esteve tão
entusiasmado para ver uma mulher. Ou entusiasmado com o que
fosse. Ele iria se assegurar que fosse perfeito. Como a desejava! Já
imaginava as coisas que faria com ela, a forma que a tocaria, como
iria inundar-se nela até que estivesse completamente esgotado. Este
seria seu real, mas tardio, presente de aniversário.
CAPÍTULO 4

Delilah negou com a cabeça, contendo sua irritação pela


relutância de John em cumprir com sua petição.
- Não, os registros eletrônicos não são suficientes. Vou
necessitar dos documentos impressos para respaldo destas
operações.
Ela insistiu e olhou para John que rondava no seu escritório,
um gesto que interpretou como uma intimidação. Não funcionaria
com ela, além disso, havia o fato que odiava quando alguém que
pouco conhecia, se aproximava tanto dela.
O treinamento que recebeu a respeito de como tratar com
clientes difíceis, ensinou-lhe a não mostrar suas emoções. Enquanto
ela o olhava , o suor se acumulava na fronte de John. Mas seu rosto
se mantinha firme, tal e qual praticou frequentemente em frente ao
espelho. Ela não necessitava ver seu reflexo, sabia exatamente como
seus músculos faciais se sentiam quando o fazia bem.
- Não os temos aqui. Estão em um depósito em Oyster Point.
Não era uma boa desculpa. Não que qualquer desculpa
funcionasse com ela.
- Onde fica Oyster Point? - Ela perguntou.
- Ao sul de São Francisco.
- Bom, isso não deveria ser um problema muito grande então.
Traga-os esta tarde.
Apesar de que não estava familiarizada com São Francisco e
seus arredores, sabia onde ficava o sul de São Francisco, já que
passou por alí, quando veio do aeroporto.
Não poderia demorar mais que vinte minutos para chegar à
instalação de Oyster Point.
- Vou fazer o pedido, mas não posso garantir que os enviarão
esta tarde. É um provedor externo que utilizamos para isto, e não
tenho nenhuma influência sobre a rapidez com que trabalham. - Ele
encolheu os ombros.
- Está bem. Só traga-os aqui. Se não estiverem aqui esta
tarde, quero-os amanhã pela manhã à primeira hora. Amanhã já é
sexta-feira, e a verdade é que não quero passar meu fim de semana
no escritório. Suponho que você tampouco.
Ela lhe deu outro olhar firme, assegurando-se de que sua
máscara inflexível ainda estava em seu lugar. Se ela precisava
ameaçá-lo de trabalhar no fim de semana, assim seria. Não queria
dizer que tivesse a intenção de trabalhar neste fim de semana. Ela
mantinha a esperança de fazer um pouco de turismo no sábado e no
domingo. O plano era concluir a auditoria na quarta-feira da semana
seguinte. Estava segura de que até então, já teria resolvido o
mistério oculto nos livros.
O que descobriu até agora era comprometedor. Parecia que
alguém estava manipulando as entradas de depreciação nos livros.
Ela confiava em seu instinto, que dizia que havia algo suspeito. Era
feito de forma muito metódica, e parecia que estava acontecendo
durante quase um ano.
Só um ano, estranho. Delilah olhou as datas em sua tela de
novo, e confirmou o período de tempo. Por que os registros do ano
em curso e do anterior já estariam no depósito? A maioria das
empresas só enviava para o depósito os registros com mais de três
anos... Não gostava como soava, nem um pouco.
A razão pela qual pediu os documentos originais para John, era
porque precisava saber quem iniciou e autorizou as transações. As
entradas no computador, não o demonstravam. As entradas dos
dados eram feitas por empregados de nível inferior e as aprovações
eram outorgadas, geralmente, pelos funcionários de nível superior.
Delilah estava plenamente consciente de que, apesar de que
estava totalmente contra a política da empresa, muitos empregados
compartilhavam as chaves de início de sessão, quando se
encontravam em uma crise e necessitavam que as coisas fossem
corrigidas com urgência. Portanto, embora ela não soubesse qual
usuário aprovou as transações em questão, os documentos originais
confirmariam quem realmente seria o responsável. E quem esteve
iniciando e aprovando estas transações, terá sérios problemas
quando ela escrever seu relatório.
- Eu vou comer dim sum5 em Chinatown - disse John
repentinamente. - Quer me acompanhar?
Delilah recordou que na noite anterior não chegou a desfrutar
de sua comida chinesa e agora sentia desejo por ela. Deu-lhe um
sorriso de agradecimento.
- Na realidade, isso seria genial. Estou morta de fome.
- Então vamos.
Pegou o casaco no cabide junto à porta e seguiu John. Apesar
de que ela já estava em São Francisco à quase uma semana, esta
era a primeira vez que John lhe chamava para almoçar. Todos os
outros dias, sempre demonstrava muita pressa na hora de almoço,
saía correndo do escritório antes que ela saísse para seu descanso.
Dim sum seria uma distração bem-vinda e esperava que o dia
passasse mais rápido. Ela estava ansiosa para que chegasse às sete
horas e o seu encontro com Samson. Como seria? Não tinha nada
realmente elegante. Talvez passasse por uma loja depois do trabalho
e comprasse algo adequado.

5
Dim sum refere-se a um estilo de comida chinesa preparada em pequenas porções de tamanho
mordida ou individual de alimentos, tradicionalmente servidos em cestas pequenas ou vapor em pratos
pequenos. Dim Sum é também conhecida pela forma única como é servida em alguns restaurantes,
onde totalmente cozida e pronto-a-servir, os pratos com dim sum são servidos aos clientes para que
escolham seus pedidos, enquanto sentados em suas mesas.
Ela caminhou pelas ruas inclinadas em direção a Chinatown, ao
lado de John. Ele parecia estar muito em forma, embora não
aparentasse assim.
- Você já provou dim sum antes? - Perguntou ele.
- É claro. Como sempre em Nova Iorque. Mas acredito que o
nosso Chinatown não é tão grande como o de vocês.
Pensava que devia manter um pequeno bate-papo superficial
com ele.
- Li em alguma parte que o Chinatown de São Francisco é o
maior nos EUA. Não estou certo se é verdade, mas poderia ser. -
John parecia surpreendentemente falador. - Por aqui há muitas lojas,
e se for a poucas quadras para o Stockton, há algumas lojas de
comidas muitos decentes. Aqui embaixo, há sobretudo, souvenir,
lembrançinhas e toneladas de turistas.
- Sim, me dei conta. Passei ali ao meio dia, e as calçadas
estavam tão cheias que nem se podia caminhar.
Ela olhou a Grant Street, a rua principal de Chinatown. O lugar
estava cheio de turistas e comerciantes.
- Estará ainda mais cheia neste fim de semana. É o Ano Novo
Chinês, e haverá um desfile no sábado à noite. É possível que queira
vê-lo. Normalmente vou com os meninos. Eles adoram. Haverá um
dragão e todo tipo de coisas divertidas.
- Talvez eu dê uma olhada.
Ela seguiu John ao restaurante chinês de aspecto descuidado.
Estava cheio, principalmente por clientes chineses, o que sempre era
um bom sinal. A anfitriã os conduziu a uma mesa. A toalha de mesa
vermelha estava sob uma superfície de vidro que ela limpou
rapidamente.
- Para beber? - Perguntou a garçonete de maneira cortante,
quase ao ponto de ser hostil.
- Chá. - Disseram ambos em uníssono.
- Aposto que está ansiosa para retornar para casa e dormir em
sua própria cama.
- Certamente. - Ela sorriu. Não. Não depois de conhecer
Samson. Agora desejava prolongar sua estadia, para ver aonde as
coisas chegariam. Mas tudo estava muito incerto.
- Deve ser duro ter que viajar constantemente a trabalho.
Delilah concordou distraidamente. Nunca pensou nisso. Na
realidade, era uma bênção ficar fora tanto tempo. Ao menos não
teria que admitir quão sozinha se sentia realmente em seu pequeno
apartamento em Nova Iorque.
Quando ela estava na estrada e hospedada em hotéis, fingia
que levava uma vida interessante. Ninguém chegava a conhecê-la o
suficiente para ver através dela e dar-se conta que não havia
nenhum motivo para voltar.
Não havia irmãos ou irmãs. Sua mãe sempre teve problemas
para conceber, e Delilah rogou para ter um irmãozinho ou irmãzinha
por anos, quando ainda era uma criança. Quando sua mãe
subitamente ficou grávida de novo, com a idade de quase trinta e
cinco anos, toda a família ficou em êxtase. Pouco mais de um ano
depois, o mundo caiu, seu irmãozinho morreu. Sua mãe nunca mais
foi a mesma depois disso.
Seu pai era quase dez anos mais velho que sua mãe e agora
estava em um lar para doentes de Alzheimer. Ele já não a
reconhecia, e enquanto ela se ocupava dele economicamente, deixou
de vê-lo. Ela era uma estranha para ele, e isso lhe doía cada vez que
o via.
Sua mãe morreu há dois anos atrás. Foi uma bênção que seu
pai não soubesse. O Alzheimer já havia reclamado muito do seu
consciente para que ele soubesse que sua amada esposa por mais de
quarenta anos, morreu de câncer. Os médicos lhe informavam da
sua condição, mas não havia nada que pudessem fazer. Ele era bem
tratado, a casa que ela escolheu para ele era uma das melhores. Já
não restava nenhum outro membro de sua família, e nenhum deles
foi feliz no final.
- Delilah, quer algum destes? - John a tirou de suas
lembranças deprimentes.
A garçonete lhes mostrou uma bandeja com bolas de massa
pequena.
- Sim, claro.
Ela colocou uma bola de massa no molho de soja e a comeu.
- Isto está delicioso. Vem aqui frequentemente?
- Pelo menos uma ou duas vezes por semana. É
convenientemente perto do escritório. Minha esposa odeia comida
chinesa, por isso normalmente recebo minha dose durante a
semana. Ah, o que me recorda que minha mulher perguntou a que
hora eu voltarei para o jantar hoje à noite. Porque vai cozinhar seu
prato especial.
Delilah notou o estranho e curioso olhar de John.
- Bom, eu estava pensando em deixar o escritório às cinco da
tarde.
Ela provavelmente poderia comprar alguma roupa em menos
de meia hora, e depois...
- Às cinco? Tão cedo? Algum plano? - A pergunta dele foi tão
casual, que ela quase não o escutou...
E logo tomar uma ducha, depilar as pernas, arrumar as unhas
dos pés...
- Na realidade, eu vou ao teatro.
Talvez rosa para as unhas dos pés. A cor vermelha seria muito
agressiva?
- Isso soa divertido. Qual espetáculo?
Ela adorava o palco e sempre se emocionava quando assistia
uma peça de teatro. Mas, desta vez, a razão de seu entusiasmo tinha
um nome diferente.
- Não sei realmente.
Delilah evitava seus olhos, por medo de que refletissem seu
entusiasmo pelo encontro que se aproximava. Não importava o que
iria ver, sempre e quando o homem sentado ao seu lado fosse
Samson Woodford.
- O que quer dizer com não sabe? - John pareceu confuso.
- Sairei com um conhecido, e esqueci por completo de lhe
perguntar que peça nós veríamos.
Um conhecido. Ela queria que Samson fosse muito mais que
isso, pelo menos um conhecido com quem pudesse ter sexo. Muito
sexo. Quantidades de bom sexo. Se fosse tão bom na cama como o
seu beijo prometia, haveria montões de bom sexo.
Estava ficando quente no restaurante?
- Muito picante?
- O que? - Delilah levantou a vista para encontrar o olhar
inquisitivo de John.
- O bolinho. - Respondeu John assinalando seu prato.
- Sim, sim. Acredito que molhei com muito molho picante.
Provavelmente era melhor não pensar mais em sexo, enquanto
comia com John. Ou no escritório durante o resto do dia, sobretudo
porque não havia ar condicionado no edifício.

Samson desejava poder ver seu reflexo em um espelho, mas


dado que os vampiros não podiam refletir-se nos espelhos, teve que
conformar-se com Carl.
- Como estou?
- Arrumado. - Carl não era um vampiro de muitas palavras.
Samson jogava com a gola de sua camisa.
- Muito? Deveria trocar para algo menos chamativo?
Vestia calças escuras e uma simples camisa branca com os dois
primeiros botões abertos, sem gravata. Queria ver-se casual, mas
não muito. Ele brincou com a gola da camisa novamente.
- Se não o conhecesse tão bem senhor, diria que está nervoso
esta noite.
- Você já me viu nervoso alguma vez, Carl? - Desviou Samson.
- Nunca, senhor. Nenhuma só vez nos quase dezoito anos em
que estou a seu serviço. Você é a confiança personificada, o que faz
estranha esta ocasião, se me permite dizê-lo.
Bom ponto.
- Já faz tanto tempo assim?
- Sim, de fato.
Samson recordou muito bem a escura noite de outubro,
quando tomou a fatídica decisão. Salvar Carl ou deixá-lo morrer?
- Você se arrepende disso? - Perguntou Samson.
Na realidade, ele se arrependia de ter submetido Carl a uma
vida como vampiro, mas naquele momento, só teve alguns segundos
para tomar uma decisão. Os atacantes de Carl o deixaram ferido de
morte. Se não o convertesse, a vida de Carl terminaria.
Carl levantou as sobrancelhas.
- Lamentar por trabalhar para um cavalheiro?
Sacudindo a cabeça, Samson respondeu:
- Não sou um santo. Ambos sabemos.
- Nenhum de nós o é. Mas você é um cavalheiro. Acredito que
sua mãe, que descanse em paz, estaria orgulhosa de você. Deve ter
sido uma mulher extraordinária, tendo criado um filho como você.
- Você teria gostado dela. - Samson sorriu e fez uma pausa. -
Carl, alguma vez você pensou em fazer outra coisa? Quero dizer, não
deseja iniciar uma carreira diferente?
- Não há mais nada que prefira fazer, do que trabalhar para
você.
- Alegra-me ouvir isso. Sabe, estaria muito perdido sem você.
Minha casa e minha vida seriam um desastre se eu não tivesse você
comigo.
- Obrigado senhor, vamos? - Carl assinalou a porta principal,
como sempre, tratando de mantê-lo na hora prevista.
- Está seguro que pareço bem? - Samson sentiu sua testa
enrugar.
- Sim, senhor. - Carl assentiu com a cabeça e lhe ajudou com o
casaco, antes de abrir a porta principal. A chuva cessou um pouco,
provavelmente o tempo permaneceria bom, por algumas horas pelo
menos.
Enquanto Samson se acomodava no assento traseiro da
limusine, perguntou-se como deveria agir. Casual e doce? Agressivo?
Sexy?
Maldição, não fazia ideia do que funcionaria com ela. Além do
seu nome e de onde vivia, não sabia absolutamente nada a respeito
dela. Bom, Oliver também informou onde trabalhava, mas não tinha
ideia do que realmente fazia. O edifício em que Oliver a deixou,
albergava a mais de vinte empresas diferentes.
Talvez devesse ter instruído Oliver para investigá-la um pouco
mais, dessa forma estaria armado com algo mais, que apenas o seu
encanto para confrontar a noite e colocá-la na cama. Sua cama.
Sabia que precisava ser cuidadoso, dado que arruinou a noite
anterior, atuando como um idiota. Talvez um enfoque doce e
encantador, funcionasse melhor com ela. Tentaria isso primeiro. Uma
conversação despreocupada, muita risada, nada pesado. Era um bom
plano. Poderia fazer isso.
A viagem foi curta, muito curta para que ele pudesse ordenar
seus pensamentos. Deteve Carl para que não saísse do carro.
- Obrigado Carl, eu mesmo irei pegá-la.
Samson saiu da rua escura e entrou no vestíbulo. Amava os
meses de inverno, já que o pôr do sol chegava cedo, as noites se
tornavam mais longas, ocasionando mais oportunidades para estar
fora de casa.
O porteiro o anunciou pelo interfone.
Samson esperou pacientemente, preparando-se para uma
espera de pelo menos dez minutos. Ele sabia como eram as
mulheres.
Certamente as mulheres vampiro com quem ele saía,
deixavam-no sempre esperando, como se fosse uma lei não escrita,
nunca estar prontas a tempo. As mulheres humanas sem dúvida não
seriam diferentes.
O vestíbulo era decorado com um grande mural, ele admirou a
obra de arte. Nunca visitou o local. Sua empresa possuía um par de
apartamentos no edifício. Eram usados pelos associados de fora da
cidade, mas ele nunca inspecionou algum deles por si mesmo.
Amaury estava encarregado de lidar com todos os seus bens
imóveis.
- Samson.
A voz de Delilah o fez girar sobre seus sapatos. Demorou
menos de dois minutos para descer. Era realmente ela? Estava ainda
mais formosa do que recordava. Na noite anterior estava molhada,
mas agora seu comprido cabelo negro caia como uma seda. Seu
rosto era claro, e se usava algum tipo de maquiagem, não era
visível. Seus olhos verdes brilhavam. Vestia uma saia negra rodada e
uma blusa violeta atada a um lado. Estava desejoso de desatar esse
nó e despi-la.
- Delilah. - Tomou sua mão e levou-a a boca, lhe dando um
suave beijo. - Obrigado por aceitar meu convite. - Seu perfume o
apanhou imediatamente e se envolveu ao seu redor como um casulo.
Ela deu-lhe um sorriso encantador.
- Alegro-me em ver você.
- Vamos? - Perguntou ele, oferecendo o braço esquerdo.
Delilah enganchou sua mão. Querendo sentir mais dele, pôs
sua mão direita sobre seus dedos, pressionando-os brandamente
para baixo.
Ela era suave e cálida. Nesta noite, esses dedos o tocarão em
todos os lugares corretos, assim como as suas mãos memorizarão
cada centímetro de seu corpo.
- O que vamos ver?
Samson não tinha nem ideia. Pediu ao Oliver que conseguisse
as melhores entradas em qualquer teatro, desde que fosse
considerado o melhor espetáculo na cidade e esqueceu
completamente de perguntar do que se tratava. Guardou as entradas
no bolso sem sequer olhá-las.
- É uma surpresa.
- Eu adoro surpresas.
Teria muitas surpresas com ele. Esperava que ela gostasse de
todas.
Ele a ajudou a subir no carro e se dirigiu ao seu condutor.
- Estamos prontos, Carl.
À medida que a limusine se afastava da calçada, Samson abriu
o bar em frente a ele. Tirou um prato pequeno com sushi e canapés.
- Pensei que provavelmente ainda não teria comido.
- Obrigada, isso é muito amável da sua parte. - Delilah
ruborizou, e a cor se via bem nela. Talvez ele pudesse encontrar
outras maneiras, para que o sangue chegasse a suas bochechas.
- Champanhe? - Ofereceu enquanto abria a garrafa. Serviu
duas taças e lhe deu uma. Fizeram um brinde e a olhou.
- Estou tentando causar uma melhor impressão que a de
ontem à noite.
- Já está conseguindo.
Isso foi inesperado. Poderia agora passar de doce e
encantador, a sexy e ardente? Uma parte de sua anatomia sem
dúvida mostrava o voto de um "sim!", desde esse momento.
Tenha calma, menino!
Samson se moveu em seu assento e assinalou os canapés.
- Qual deles você quer?
Ela esticou a mão para uma parte de sushi. Ele assentiu com a
cabeça, pegou a peça e a guiou para sua boca.
- Abra. - Pediu em voz baixa.
Ela obedeceu imediatamente, e brandamente colocou a
pequena peça de sushi em sua boca. Brevemente seu dedo roçou
seus lábios enquanto o fazia, e não foi acidental. Ela comeu.
- Você não vai comer?
- Não, tive um jantar de negócios mais cedo - ele mentiu. -
Além disso, eu gosto muito mais de alimenta-la.
Não é que não lhe encantasse a ideia de que ela o alimentasse,
mas o sushi não estava exatamente em seu cardápio. Os vampiros
não comem alimentos sólidos. Deu-se conta do crescente desejo em
seus olhos, enquanto olhava sua boca. Ele imaginou esses lábios
sobre sua pele nua. Como reagiria sua pele ao roce de sua boca?
- Pode me dar outro? - Sua voz era suave, sedosa, tentadora.
Acaso ela sabia que se tratava de preliminares?
Samson colocou um canapé em sua boca e provocativamente
deixou seu dedo em seus lábios, até que ela respondeu fechando-os
sobre a ponta de seu dedo. Em câmara lenta, retirou seu dedo e
deixou que deslizassem sobre seus lábios fechados.
Já sentia seu corpo respondendo a ela.
Dez segundos mais, e aconteceria outra furiosa ereção.
- Você gosta da minha escolha de comida?
Não era sobre escolha de alimentos que queria discutir.
- Poderia conseguir qualquer outra coisa que quisesse.
A pergunta “o que mais você quer?” estava implícita. Queria
oferecer uma parte do seu corpo. Preferivelmente a que atualmente
pedia mais espaço em suas calças.
- Não, está absolutamente perfeito. - Seus olhos percorreram o
corpo dele, enviando um calafrio de antecipação a suas vísceras.
- Mais? - Quanto ela poderia resistir antes de parar em seus
braços, nua, quente e exausta?
- Hoje estou faminta.
Delilah jogava o seu jogo, e gostava. Não havia nada de
timidez nela. Mostrou-lhe o que queria e não se envergonhava disso.
Um sinal de uma mulher forte. Estava ansioso para ver como seria
na cama, se é que acaso chegariam em uma cama, e não lhe cairia
em cima em algum outro lugar. O que era uma clara possibilidade.
- Acredito que terei que continuar te alimentando. Não quero
que ninguém comece um rumor que não alimento os meus
convidados. Ninguém sai faminto de qualquer alimento depois de
estar comigo.
Ela reagiu às suas palavras lambendo o lábio inferior, e parecia
que nem sequer sabia que o estava fazendo. Ele dirigiu seu olhar
para seus seios involuntariamente, enquanto sua visão periférica
notava uma mudança neles, seus mamilos endureceram e se
pressionavam através do tecido de sua blusa. Seu pênis respondeu
da mesma maneira inclinando-se para ela.
Quando lhe deu o canapé seguinte, ela pegou sua mão, e logo
que engoliu a comida, seus lábios se abriram novamente. Lenta e
deliberadamente, puxou um de seus dedos para sua boca e o lambeu
para limpá-lo. Ele conteve o fôlego. Ela o chupou com suavidade, e
seus olhos se cravaram nos dela.
Ela fez o mesmo com o dedo seguinte. Samson sentiu que seu
pênis tencionava para ela, pedindo para ser o seguinte a sentir esses
deliciosos lábios. Quando ela o soltou, ele acariciou seus lábios com o
dedo úmido.
- Delicioso. - Delilah se moveu em seu assento, trocando a
forma em que cruzava as pernas, atraindo seus olhos para suas
panturrilhas. Ele admirava as suaves curvas de sua pele perfeita.
Ele não queria nada mais que beijá-la, mas precisava esperar.
Por agora queria elevar a temperatura do corpo dela ao ponto de
ebulição e desfrutar da vista de seus mamilos endurecidos.
Por desgraça, era sua própria temperatura corporal que já
estava subindo. Talvez devesse pedir a Carl que ligasse o ar
condicionado.
O trajeto até o teatro era curto, sobretudo porque estava se
divertindo muito. Como iria fazer para se manter firme pelas duas
horas da peça, não fazia nem ideia. Estava no estado de ânimo
adequado para dar de presente as entradas a qualquer transeunte
que aparecesse, e levá-la de volta a sua casa imediatamente. Mas
estava preocupado que seu incontrolável desejo por ela a assustasse
e a fizesse retroceder. Não queria correr o risco.
- Senhor, nós chegamos. - Anunciou Carl enquanto o carro se
detinha.
Delilah olhou para Samson com atenção enquanto ele a
ajudava a sair do carro como um perfeito cavalheiro, como se os
poucos minutos de jogo erótico não tivessem ocorrido. Ele era
mortalmente sexy, e só o toque dos dedos dele em seus lábios,
excitou-a mais do que quisesse que alguém soubesse. Se um simples
toque lhe fez isso, estaria dirigindo-se ao abismo em breve. Custava
acreditar quão audaz havia agido no carro. Normalmente não era o
tipo de mulher que seduzia um homem, mas todas as suas inibições
se foram pela janela logo que ele deu-lhe a primeira peça de sushi.
Potencialmente, toda a situação poderia ter sido vergonhosa,
sobretudo se ele tivesse retirado os dedos. Mas não o fez. Havia
participado.
Na marquise do teatro, deu-se conta de que a peça que iriam
ver, era o musical Wicked. Ouviu críticas boas sobre o musical e
desejou vê-lo quando esteve em cartaz em Nova Iorque.
Enquanto Samson a guiava através da multidão, pôs a mão
possessivamente na parte baixa das suas costas. Era um gesto
usualmente aceito para um encontro, mas depois do que
compartilharam no carro, sentiu-se mais sensual que qualquer outra
coisa, e ela não queria mudar nada a respeito.
Eles sentaram nas filas do meio, próximos ao poço da
orquestra, com uma grandiosa visão do cenário. Seu ombro roçou
contra o dela enquanto se sentavam um junto ao outro. Ele estendeu
a mão com o programa.
Suas mãos se tocaram quando ela o pegou, e sentiu uma onda
de fogo atravessando-a até seu ventre. Nunca conheceu ninguém
que pudesse enviar esse tipo de sensação através do seu corpo, com
um simples toque. Ela não queria olhá-lo pelo temor que ele visse
em seu rosto o quanto excitada ela estava.
- Espero que desfrute. - Ela sentiu o sussurro no ouvido, e não
estava segura que se referia à peça. Ou era a única com uma só
ideia na mente? Voltou-se para ele para tentar lê-lo. Não, não era a
única. O brilho perverso em seus olhos o confirmava.
- Acredito que desfrutarei. - Ela respondeu.
Sua boca estava a tão somente um par de centímetros da sua.
Quão fácil seria beijá-lo?
- Garantirei isso.
Ele se asseguraria de cumprir sua promessa.
As luzes suavisaram, e pouco a pouco as vozes na audiência
cessaram. Tudo ficou em silêncio, à espera. Quase sentia as cócegas
da eletricidade entre eles, quando ela de repente, sentiu a mão dele
sobre a sua. O homem mais sexy que conhecia, estava segurando
sua mão na escuridão de um teatro.
O toque evocava imagens de sexo quente, e ela sentia a
temperatura do seu corpo aumentar como resultado.
Samson segurou a sua mão durante todo o primeiro ato e só a
soltava nas ocasiões para aplaudir. Ele notou que ela o olhava de
lado várias vezes, mas ele não retornava o olhar. Preocupava-lhe
muito que suas boas maneiras o abandonassem, como ratos que
abandonam um navio que afunda, e a tomasse ali mesmo, no teatro.
Não necessitava ou queria nenhuma audiência para o que queria lhe
fazer.
Quando ascenderam as luzes para o intervalo, ele soltou sua
mão.
- Está ficando muito quente aqui. - Ela abanou o rosto com as
mãos.
- Muito quente. Quer algo para beber?
O que ela necessitava, era salpicar um pouco de água em seu
rosto antes que espontaneamente entrasse em combustão. Ou talvez
uma ducha de água fria para apagar as chamas que sentia através
de seu ventre.
- Isso seria muito bom.
Levantaram-se e abriram passo entre a multidão para o bar.
Samson estava justo atrás dela, com a mão na sua cintura, guiando-
a na frente dele. Quando chegaram a um congestionamento na
porta, ela parou bruscamente, incapaz de ir mais longe. O corpo de
Samson de repente se amoldou nas suas costas. Seu peito era forte
e duro, e sua mão, que havia descansado em sua cintura, agora
deslizava ao redor de seu estômago para mantê-la perto dele.
- Acredito que ficaremos presos aqui por um tempo.
Apesar do seu comentário, ele parecia despreocupado pela
situação. Sua mão estava intimamente posta sob seu estômago,
seus dedos sentiam as bordas da roupa íntima através de sua saia.
Sutilmente, ela pressionou seu corpo contra ele e sentiu a silhueta
rígida de sua ereção contra suas costas baixas. Suas mãos sobre o
ventre, mantinham-na em seu lugar de maneira que não pudesse
roçá-lo mais. Deu-se conta do que ela estava fazendo?
- Delilah, teremos que ser pacientes.
Ela sentiu o fôlego quente em seu pescoço e seus lábios quase
lhe roçando a pele. Suas palavras disseram que notou seus
movimentos travessos e que sabia exatamente o que ela estava
fazendo. Por que não se sentia envergonhada do seu comportamento
descarado?
- A paciência é supervalorizada, não te parece?
Sua réplica provocou um sorriso nele, mas não a soltou da
íntima posição em que se encontravam. Pelo contrário, parecia ter se
aproximado mais dela, ou sua ereção estava crescendo? Seus dedos
pareciam deslizar-se ligeiramente mais abaixo, provocantemente
pressionando contra a parte superior de seu púbis.
- Desculpa. Está ficando muito quente?
Sua voz soava quase inocente, enquanto suas mãos eram
justamente o contrário.
- Eu gosto do calor. - Respondeu ela.
Nenhum dos outros espectadores viram a resposta à sua
afirmação, mas Delilah sentiu nas costas um leve pulsar.
Samson lentamente esfregou seu polegar contra seu sexo, o
fino tecido de sua saia proporcionava uma pequena barreira. Seu
nariz sentiu o aroma dela, o doce aroma da excitação. Ela o
surpreendia com o longe que o deixava ir, e se não houvesse muitas
testemunhas ao seu redor, ele a tomaria ali mesmo, de pé.
Tudo o que ele precisava fazer era levantar a saia, tirar a sua
roupa íntima e ela seria sua para tomá-la. Sem sequer tocá-la, sabia
que ela já estava molhada, o suficientemente úmida para que ele
deslizasse sem resistência. O que faria se a levasse a um canto
escuro em algum lugar do teatro? Estaria disposta?
Antes que pudesse formar um plano, o congestionamento se
dissolveu, e ele teve que soltá-la de seu íntimo abraço. Eles se
moveram para o bar.
- O que quer? - Tinha problemas para fazer com que sua voz
soasse normal. Só conseguia sentir a luxúria e o desejo do seu
corpo, o que dificultava o controle.
- Só um água, por favor.
Depois do pedido, Delilah se desculpou, precisava encontrar o
banheiro feminino e o deixou no bar.
Samson a seguiu com os olhos. Ela tinha curvas em todos os
lugares corretos. Como poderia uma mulher como ela estar sem
companheiro? Esses tipos humanos, lá fora, estavam todos cegos?
Se assim fosse, ao menos não teria que lutar contra a concorrência.
Ela seria toda sua logo. Muito em breve.
- Senti sua falta. - A voz atrás dele era a que não queria
escutar nunca mais. Deveria ignorá-la e sair?
- Disse... - Ela repetiu.
Samson deu a volta.
- Eu a ouvi na primeira vez, Ilona.
Sua voz tinha a borda afiada como uma navalha de barbear,
que sempre empregava quando tratava com inimigos. Jogou uma
olhada a beleza de alta estatura na frente dele. Estava vestida
extravagantemente, seu cabelo comprido, avermelhado, repousava
artisticamente sobre seus ombros nus. O espartilho do seu vestido
acentuava seus seios, e a cor verde escuro, complementava a cor do
cabelo e da pele.
Era impressionante, mas ele não se deixou enganar, não mais.
- Um pouco tenso, não?
- Nada que seja da sua conta - respondeu ele. - Não deveria
estar no caminho para alguma festa à fantasia em alguma parte do
inferno?
Samson pegou a garrafa de água que o garçom lhe entregou e
pagou.
- Definitivamente tenso. Assim é verdade, então?
Ele lhe deu um olhar penetrante, negando-se a sequer
adivinhar, aonde se dirigia ela com sua insinuação.
- Vá jogar com outra pessoa. Você já deveria ter se dado conta
que não me importa sua companhia.
- Uma vez desejava. De fato, procurava-me. Não se lembra?
Oh, ele recordava.
- Não recordo muito desse tempo, dado a que eu estava
temporariamente louco, então. Assim por que não segue adiante?
Deve haver muitos homens ricos na cidade com quem não se deitou
ainda. Ou tem feito seu caminho se deitando com todos eles?
- Pelo menos eles levantam.
Seu tom suave desmentia o veneno em suas palavras. Tomou
um gole de sua taça de vinho, com indiferença.
Samson murmurava entre dentes. Como gostaria de romper
seu pequeno pescocinho! Quase podia ouvir o ruído que faria quando
se rompesse.
- Deveria ser cuidadosa com as mentiras que pulveriza -
advertiu em voz baixa. - As mentiras podem matar as pessoas.
Inclusive gente como você.
- Não se chamam mentiras se forem verdades. Assim, parece
que te desarmei.
Maldição! Ele não conhecia ninguém que difundisse rumores
mais rapidamente de que ela.
- Não tenha ilusões. Não a quero. - Não queria voltar a sentir o
toque de Ilona de novo. Só a ideia lhe repugnava. Como desfrutou de
suas malignas mãos sobre ele, constituia um mistério.
- Se voltar para mim, posso dar um jeito. - Fanfarronou ela,
obviamente, convencida de seu poder de sedução.
- Não pode arrumar o que não está quebrado.
Verdade. Ele esteve assim até um dia atrás, mas agora, graças
a Delilah, tudo estava funcionando bem.
- Mentiroso.
- Não te tocaria nem que fosse a última mulher sobre a terra,
portanto, me deixe em paz.
Samson se virou e ela agarrou seu braço.
Ele voltou e lançou um olhar venenoso, sacudindo seu braço
longe dela.
- Querido, sinto muito por me demorar tanto. - A voz de
Delilah de repente soou ao seu lado.
Ele sentiu sua cálida mão sobre seu braço, instantaneamente
relaxando seus músculos tensos. Agradecido, voltou-se para ela.
- Aqui está a sua água, querida.
De lado, podia ver Ilona surpreendida. Ela ficou congelada
observando-os, enquanto ele colocava a mão nas costas de Delilah
para afastarem-se.
- Obrigado.
Ela manteve a voz baixa enquanto caminhavam pela zona do
bar.
- Parecia que queria se afastar dela. - Havia uma pergunta não
formulada em sua voz.
- Sim, queria.
- Alguém que você conhece?
Deveria dizer-lhe? Não faria nenhum dano.
- Ex-noiva.
- Ah. Ela é muito bonita. - Delilah comentou com voz baixa.
- Só no exterior. - Samson sentiu que ela alterou-se. As
mulheres, sejam humanas ou vampiros, eram previsíveis de uma
maneira, sempre se comparavam com outras mulheres. Ele tinha que
fazê-la deixar de preocupar-se com isso. Levou-a até um canto,
olhou-a fixamente nos olhos.
- Você é mais bonita que qualquer mulher que já conheci. E se
não houvesse tanta gente aqui, eu demonstraria quão desejável
acredito que é.
Seus dedos lhe acariciaram a bochecha com suavidade. Queria
beijá-la, mas não ali, porque sabia que não seria capaz de deter-se
uma vez que começasse. Em seu lugar, levou sua mão até a boca e
lhe beijou a ponta dos dedos. Sua pele era cálida e doce. Mordeu-lhe
seu dedo indicador e o pôs entre seus lábios, fechando-os a seu
redor, deixando que sua língua jogasse com ele.
- Samson... - Sua voz não era mais que um sussurro.
Ele olhou-a, ela retribuiu o olhar e aspirou profundamente, até
que ele soltou seu dedo. Estava mais que satisfeito com o efeito que
exercia sobre ela. Ela respondia a cada um de seus movimentos
sedutores, e nem sequer estava usando o controle mental dos
vampiros.
Era assim mesmo, ele não o estava fazendo! Nem sequer
considerou o fato. Cada interação com ela foi total e absolutamente
carente de qualquer controle mental de sua parte.
Os vampiros utilizavam o controle mental para pôr
pensamentos na mente de suas vítimas, que lhes permitia
aproximar-se e alimentar-se deles, e logo, para apagar suas
memórias, para que não lembrassem dos acontecimentos.
Posto que Samson não se alimentava de seres humanos a
menos que fosse uma emergência, raramente necessitava utilizar o
controle mental. Bebia sangue adquirido através de um banco de
sangue e estava contente com isso. Não era exatamente o mesmo
que o sangue quente e palpitante que vem diretamente das veias de
um ser humano, mas era o suficiente para satisfazer sua fome e
nutrir seu corpo.
É claro, quando ele era um vampiro novato, e não havia tal
coisa como um banco de sangue, bebia o sangue diretamente dos
seres humanos. Às vezes, ele se alimentava muito e por isso matava
acidentalmente alguns humanos. Com os anos aprendeu a controlar
melhor a si mesmo. Quando o sangue se fez disponível no mercado
comercial, trocou imediatamente.
Não utilizava o controle mental fazia tanto tempo, que não lhe
ocorreu usá-lo com Delilah, embora quisesse estar absolutamente
seguro de ter relações sexuais com ela esta noite. Usar o controle da
mente lhe teria assegurado isso.
Mas a resposta ao seu toque, deu-lhe a certeza absoluta de
que ele não precisava utilizar suas habilidades de vampiro com ela.
- Devemos voltar para nossos assentos. Não acredito que
iríamos querer perder o segundo ato.
- Não, não queremos perder nada. - O tom rouco da sua voz,
indicou a ele, que não estava falando do musical.
Samson sentiu que sua calça se ajustava instantaneamente.
Este não era o momento de ter outra ereção, mas por desgraça, não
tinha nenhum controle sobre isso. Melhor era esconder-se na
escuridão do teatro.
Ele a olhava de lado, enquanto observavam o segundo ato em
silêncio. Desejava-a tanto, que era doloroso esperar. Na escuridão,
pegou a mão dela e a encontrou com vontade de aceitar seu toque.
Necessitava mais. Era uma tolice sentir-se como um menino,
procurando doces na escuridão, mas não conseguia evitar. Vacilante
guiou a mão dela para sua coxa onde a deixou. Ela afastaria a mão
dali?
Não prestava atenção na peça, pois havia um mistério muito
mais excitante ao lado dele. Enquanto lhe soltava a mão, seu corpo
ficou tenso. Era o momento para que ela se sentisse livre para retirar
sua mão, ou deixá-la onde estava, ardendo através do tecido de sua
calça, enviando ondas de choque e calor através do seu corpo.
Delilah não o decepcionou, sua mão não se afastou, mas não
ficou onde a deixou. Pelo contrário, sua mão se moveu brandamente
ao longo de sua coxa, acima e abaixo, acariciando-o, agora,
movendo-se mais acima. Maldição, ela o estava matando! Sua
ereção lutava contra sua calça, e não havia maneira de acomodar o
espaço reduzido para sentir-se mais confortável.
Sua cálida mão subiu ao topo de suas coxas. Ele estava a
ponto de gozar. E então, quando vai acabar esta maldita peça?
Samson conteve o fôlego até que se deu conta que ela o olhava. Ela
riu em silêncio. O que era tão engraçado?
Delilah se apoiou nele, e sentiu sua boca perto de seu ouvido
enquanto lhe sussurrava:
- Não deve brincar com fogo se não pode suportar o calor.
Por todos os demônios, estava tocando-o como a um violino,
convertendo-o em purê com suas mãos. E ela sabia muito bem.
Sempre pensou de si mesmo como o predador, mas ela deu um giro
no jogo, trocando o seu papel habitual. Não via a hora de trocar os
papéis mais tarde. Ele o desfrutaria muito.
- A vingança será doce.
- Shh! - Repreendeu uma voz atrás dele.
Samson segurou sua mão de novo, parando as acaricias, mas
ainda assim, mantendo-a em sua coxa. Ele podia dirigir isso, só isso.
Não se divertia tanto com uma mulher desde que foi um
adolescente e humano. Como um vampiro, tudo relacionado com o
sexo, era quente e pesado, sem verdadeira diversão e jogos. Bom,
isto era muito quente e pesado, mas ao mesmo tempo sentia o
humor em tudo. Perguntou-se se ela despertaria o seu lado mais
tranquilo e lhe faria se sentir despreocupado e depravado de novo.
Não recordava a última vez que brincou com uma mulher, mas
com Delilah, tudo parecia tão fácil. Ela não tomava as coisas muito a
sério, fazia quase fácil esquecer-se do que ele era. Tratava-o como
um homem normal. É claro que o faria. Não tinha ideia do que ele
era. Mas não importava, não esta noite. Hoje a levaria para sua
cama, e ele seria só um homem, um homem que a desejava.
Esqueceria que era um vampiro.
CAPÍTULO 5

Ilona jogou os ombros para trás e saiu da sala. Perdeu o


interesse em ficar para o segundo ato. Poderia alguém culpá-la? Não
via Samson desde a ruptura. E vê-lo depois de tanto tempo na
companhia de uma humana, pegou-a despreparada, especialmente
porque ouviu que ele estava sofrendo de disfunção erétil. Então o
que ele estava fazendo com uma mulher humana? Como se uma
simples mortal pudesse satisfazer a um homem como Samson. O
que era um conceito ridículo!
Ilona era amiga da recepcionista do Dr. Drake, portanto sabia
sobre as sessões do Samson com o psiquiatra. Não é que ela se
importasse se era capaz de levantar ou não, certamente já não tinha
nenhum interesse nele, sobretudo porque era evidente que nunca se
uniria com ela.
Ela passou junto a um casal que havia chamado um táxi, e o
roubou quase arrancando a porta do passageiro, tratando de abri-la.
- Desculpe, mas... - Ilona ignorou o protesto do homem e
grunhiu. Sentiu-se melhor quando se acomodou.
Deixou-se cair no assento traseiro e, sem pensar, deu um
endereço ao condutor do táxi, enquanto fechava a porta
rapidamente.
Só quando terminou de se acomodar no assento, deu-se conta
de que o endereço, não era o seu. Ela suspirou. Talvez fosse melhor
não ir para casa, tendo em conta o estado de ânimo que se
encontrava. Seu subconsciente parecia saber o que ela necessitava
de todos os modos.
Distração.
Menos de dez minutos depois, ela estava na porta de um
apartamento, depois de haver tocado a campainha para ir ao andar
de cima. Apenas teve tempo para endireitar seu vestido, quando a
porta abriu.
Amaury lhe deu um olhar rápido. Como sempre, ele se via sexy
como o demônio, exatamente o que ela necessitava essa noite.
- Olha o que trouxe o gato. - Disse ele.
Ela passou por ele para a sala de estar com espaço amplo.
- Não sabia que fosse alguém de clichês.
Amaury encolheu os ombros e deixou que a porta se fechasse.
- As coisas mudam. Mas vejo que você não.
Não. Ela estava tão bonita e tão insensível como sempre.
Algumas coisas nunca mudam.
Observava enquanto ela se apoiava contra o bar.
- Como você está, Amaury?
Levantando a sobrancelha, não se incomodou em responder a
sua pergunta.
- O que você quer Ilona? Quebrou seu vibrador? Ou por que
outra razão poderia estar aqui?
Ela franziu os lábios.
- É sempre frio assim?
- Só contigo querida, porque assim é como você gosta, não?
- Então? - Fez uma pausa. - Está pensando em me satisfazer?
Amaury olhou seu relógio de pulso.
- Tenho uma hora para matar. É uma opção.
Ele ficaria bem com um pouco de sexo. Sempre queria um
pouco de sexo.
- Se só tem uma hora, será melhor não perder tempo
conversando como se fôssemos velhos amigos.
Ela separou os lábios, permitindo que sua língua saísse.
Lambeu o lábio inferior, e ele seguiu seu olhar, enquanto descia para
sua virilha.
Amaury sabia o que ela via, um vampiro preparado para a ação
entre os lençóis. Sempre estava preparado. Nada mais que falar de
sexo conseguia despertá-lo. Era ambos, um dom e uma maldição.
Não seria a primeira vez que se deitava com Ilona e
provavelmente não seria a última. O corpo dela era lindo e gostava
de sexo rude. E rude funcionava para ele. Especialmente com uma
mulher como ela.
- Por que esta noite?
Ele não estava disposto a deixá-la sair-se com as suas. Quanto
mais tempo demorava, mais quente ficava. E uma Ilona quente
prometia uma grande pegada.
- O que te importa? Estou aqui, não?
Poderia dizer que ela estava ocultando algo, lhe fazendo
acreditar que aquela era uma noite qualquer para ela, mas ele
percebia sua frustração. No fundo, algo a fez zangar-se. É por isso
que o necessitava, ela precisava soltar a tensão. Ele sabia
exatamente como.
Amaury deu vários passos para ela, detendo-se a centímetros.
- O que está vestindo debaixo desse vestido?
- Nada.
Justo como o pediu depois que tiveram o primeiro encontro
sexual. Deixou escapar um grunhido de agradecimento. Preferia que
suas mulheres viessem preparadas. Não fazia sentido perder tempo,
tratando com roupa íntima irritante. Ele nunca usava nenhuma
tampouco.
- Dado que ambos sabemos que você não gosta de chupar
pênis, vamos passar ao evento principal, de acordo?
Amaury não lhe deu a oportunidade de responder. Em seu
lugar, carregou-a sobre seu ombro e a levou até o sofá. Ela não
mostrou nenhuma reação quanto a sua forma de tratá-la, e ele não o
esperava tampouco. Deixou-a cair de barriga para baixo sobre as
almofadas de cor nata suave.
Amaury se deixou cair sobre ela depois e a sujeitou por baixo
dele. Apertou seu quadril contra ela, pressionando sua ereção em
sua entre perna.
- Sentiu saudades do meu pênis, verdade?
- Arrogante filho da puta. - Disse entre dentes e tentou
empurrá-lo.
Ele a agarrou pelos pulsos, deixando-a brigar por um tempo.
- Entretanto, continua retornando. Suponho que há algo que
quer de mim. E ambos sabemos que seguramente não é pelo meu
encanto, então o que resta, é o meu pênis.
Sabia que tudo era um jogo para ela, fingindo que não queria
isso. Mas o aroma de sua excitação tinha-a traído. Ele absorveu seu
aroma, e sabia o que ela queria.
- Que tão forte quer desta vez? - Perguntou sem lhe permitir
desviar o olhar.
Teria que lhe dizer o que queria, e logo ele decidiria se o daria
ou não. Talvez o fizesse, talvez não. Tudo dependia do seu estado de
ânimo.
Ilona apertou os lábios e ele não pôde reprimir um sorriso.
Como sempre, ela não estava disposta a pedir. De todas as formas
não importava.
- Acredito que já tenho minha resposta então. Talvez uma
palmada na bunda solte a sua língua.
Um brilho de interesse animou seus olhos.
Tal e qual o suspeitava.
- Selvagem! - A voz de Ilona não levava ira suficiente para que
considerasse um protesto. Era mais um convite, na realidade.
Não que ele precisasse de incentivo.
Um segundo mais tarde, girou para um lado e a derrubou
sobre o estômago. Agarrando seus pulsos com uma mão, ele usou a
outra, para levantar seu vestido.
- Vamos ver se você mentiu, ou se realmente não usa nada por
baixo. Já sabe como me posso pôr quando alguém mente para mim.
Muitas mentiras desatariam uma besta dentro dele.
Uma respiração entrecortada foi a resposta. E logo um
comentário.
– Eu sei.
Provocador.
Amaury soube imediatamente o que iria encontrar por debaixo
da seda verde de seu vestido de noite. Assim se preparou para
empregar um bom castigo.
Sua mão empurrou o tecido deslizando acima de seus joelhos,
e suas coxas. Deteve-se por um segundo ao chegar as suas nádegas
redondas. Enquanto subia o tecido sobre a bunda e a deixava
enrolada na altura da cintura, jogou uma olhada. Pálida, cremosa e
delicada pele.
Quase nua, mas não de tudo. Levava uma tanga qualificada
como uma mentira.
Lentamente uma de suas mãos deslizou sobre sua bunda. Seu
dedo enganchou na tanga e a estirou. Um momento depois, deixou-a
cair novamente sobre sua pele. Fez um som de desaprovação com a
língua.
Um suspiro espectador veio de Ilona.
- Ui, me esqueci que a vestia.
Outra mentira.
Ela o necessitava muito forte. E ele o faria. Não era conhecido
por decepcionar uma mulher na cama. E, além disso, acabava de lhe
chegar o humor para fazer algo mau.
Sua mão se levantou da suave pele de suas nádegas.
- Sem mais mentiras esta noite. - Sua ordem foi seguida pela
palma conectando-se com a nádega direita de sua bunda, com um
golpe breve, mas agudo.
Ela gemeu sobre a almofada, enquanto lhe dava um segundo
de pausa antes de lhe dar a próxima palmada no outro lado. A marca
da palma de sua mão só se mostrou por alguns instantes e logo
desapareceu. Em uma mulher humana isso teria ficado mais tempo,
não na mulher vampiro debaixo dele.
Ele separou suas pernas com seu joelho. Ao não cumprir com
suficiente rapidez, deu-lhe outra palmada. Esquerda e direita. Uma
vez mais. Imediatamente suas coxas se separaram, mas a tanga
obstruía a visão clara de sua vagina. Tinha que tirar-lhe depois de
tudo, ele era do tipo visual.
- Sem mais calcinhas. - Ele a arrancou, jogando-a no chão.
- Sim. - Ela sussurrou, e sua voz colorida com excitação,
despertou seus sentidos.
Ele baixou a mão e deslizou entre suas coxas, empapando os
dedos com sua nata. Ela vibrou, quando sua mão encontrou seu
clitóris e o fez rodar entre seus dedos polegar e indicador.
Mas só a deixou desfrutar por um segundo, antes de seu dedo
afundar em sua vagina. O movimento quase a levantou do sofá.
- Necessita-me muito. - Ele comentou.
- Sim, muitíssimo. - Ela concordou sem fôlego.
- Tenho justo o que necessita. Uma coisa muito grande e
grossa.
A velocidade dos vampiros era uma boa habilidade para
quando queriam liberar o pênis de forma rápida. Este era o momento
quando, definitivamente, se tornava muito útil. Sua ereção se
sobressaiu com orgulho logo que baixou o zíper. Nem sequer se
incomodou em baixar as calças por completo.
Sabia que era grande, maior que a média dos vampiros. Muitas
mulheres não seriam capazes de adaptar-se a ele imediatamente,
mas Ilona já fodeu com inumeráveis homens, estava acostumada a
uma dose extragrande de pênis. E ele estava disposto a lhe dar uma
grande dose. Polegada a polegada duro como o ferro.
Centrando-se atrás dela, agarrou seu quadril com ambas as
mãos e afundou em seu calor. Sua vagina escorregadia, quente e
úmida, deu-lhe as boas-vindas. Ele se moveu dentro e fora dela,
tomando seus gemidos pelo que eram, estímulos.
- Mais forte! - Ela gritou em um tom zangado.
- Não me dê ordens. - Tirou o pênis um pouco e logo o
empurrou mais profundo, logo seguiu uma palmada na bunda. E
outra. Ele estava no assento do condutor, e ficaria muito claro para
ela.
- Oh Deus, sim!
Amaury sorriu diabolicamente. Ele sabia exatamente o que ela
necessitava. E o que ele queria.
- Acredito que necessita meu pênis na sua bunda, para que
saiba quem está no comando na minha cama.
Uma advertência que ele estava disposto a fazer realidade.
Sentiu que os músculos de sua vagina apertavam. Não, ele não
a deixaria gozar, ainda não. Ele o tirou imediatamente e a manteve
quieta.
- Maldição, filho da puta! O que acredita que está fazendo?
Foda-me agora! - Gritou, soando como o inferno em um trem fora de
controle e selvagem.
- Ah, eu vou te foder à minha maneira. - A sua vagina bem
gasta, não era suficiente para ele.
Ele introduziu seu dedo em sua abertura quente e o molhou
com sua nata. Enquanto o deslizava para fora, correu-o até a divisão
de sua bunda, até que encontrou o seu outro buraco. Ela ficou
completamente imóvel. Com o dedo rodeou seu buraco com bordas
enrugadas, umedecendo-o com seus sucos.
Em questão de segundos ela relaxou, e ele sentiu que
arqueava para cima e empurrava a si mesma contra seu dedo, lhe
tentando para entrar. Ele não necessitava nenhuma persuasão.
Seu dedo entrou em sua estreita abertura e seus músculos o
seguraram firmemente.
Soltando o quadril, ele procurou por baixo do sofá o lubrificante
que mantinha ali para eventos como este e afundou seus dedos nele.
Passando uma generosa quantidade por cima do seu buraco, entrou
nela com os seus dedos, era quase tão agradável como fodê-la.
Mas não de todo.
Desde já, ela estava ofegando, gemendo cada vez que seus
dedos entravam e saíam. Dois dedos agora, preparando-a para seu
enorme pênis, estirando-a.
- Diga-me agora, ou eu vou te deixar na mão. Diga-me o que
quer.
Um momento de vacilação. Ele não esperava menos. Então, ela
disse:
- Eu vim aqui para que você me foda no ânus. Está feliz agora?
Feliz? Amaury nunca se sentia feliz.
Satisfeito? Sim. Satisfeito, poderia ser. E ficará mais satisfeito
em poucos minutos.
- Então, veio ao lugar certo.
Liberou os dedos e pôs seu pênis em sua escura passagem,
empurrando para frente. O anel apertado, resguardando sua entrada
relaxou, e o lubrificante permitiu deslizar-se para dentro, uma
polegada e logo outra.
Os gemidos de Ilona se converteram em um grito.
- Sim!
E logo o empurrou mais profundamente, para o fundo dela,
sentindo os músculos se ajustarem ao redor dele, apertando com
tanta segurança, como se ela o agarrasse com o punho.
Amaury sabia que ela não sentia nenhuma dor, porque ele só
percebia o seu prazer. Bom. Em qualquer caso, não o tiraria. Agora
não. Não quando seus músculos lhe davam justamente a pressão
que desejava. Seria uma fodida curta, mas uma muito boa.
Tirou-o, logo o afundou profundamente. E uma vez mais,
encontrando o ritmo que o punha selvagem e prometia liberá-lo.
- Sim, você gosta que te foda assim, não? - Perguntou. - É por
isso que continua retornando, porque ninguém lhe pode dar isso
assim.
- Mais!
- Tenho mais. Muito mais. - E empurrava mais forte, levando
seu pênis mais profundo, mais rápido. Vários golpes mais frenéticos
e terminaria na liberação. Seu corpo estava muito ajustado, muito
quente. Era muito potente.
- Você tem a bunda mais apertada que já fodi.
Sua mão deslizou para sua vagina, encontrando seu clitóris
imediatamente. Um só toque e o corpo super excitado dela, entrou
em erupção. No momento em que ele sentiu seu espasmo muscular,
perdeu o controle e se uniu a ela em seu clímax.
Seu pênis disparou rajadas curtas de sêmen dentro dela,
imitando os espasmos de Ilona. Segundos depois, caiu sobre ela.
- E não te ocorra tentar me dar ordens outra vez.
Para falar a verdade, dava boas-vindas a qualquer desculpa
para espancá-la, o qual o punha mais quente que o inferno.
- Enquanto me dê o que eu quero...
- Não nos enganemos, Ilona. Nenhum de nós conseguirá o que
quer.
Ela soprou:
- Como se tivesse alguma ideia do que quero.
- Não é tão diferente de mim, embora não queira admiti-lo.
Mas se você crê que pode encher seu coração vazio com dinheiro,
poder e sexo sem sentido, está mais delirante que eu. Não vai
esquentar seu coração frio. Pode me perguntar. Sou um perito nisso.
Sim, ele era. Amaury fechou os olhos diante da dor que
recordava, e logo a tragou imediatamente. Condenado a sentir as
emoções de outras pessoas, ele carecia de sentir amor. Lealdade,
amizade, ira, culpa, inclusive dor e luxúria, não tinha nenhum
problema em senti-los. Mas amor? Não havia lugar em seu coração
encolhido para isso.
- Está equivocado. O dinheiro e o poder me levarão por um
comprido caminho onde eu quero estar.
Amaury se separou dela e encolheu os ombros.
- Se quer enganar a si mesma, por mim está bem. Não muda
os fatos em nada.
Ela virou o rosto para ele.
- De verdade acredita que me importa um pouquinho o que
você pensa?
Ele soltou uma gargalhada.
- É claro que não. O único que te importa um pouquinho é meu
pênis. Eu não sou o que está delirando.
Ela tentou esbofeteá-lo, mas ele a agarrou pelo braço sem
esforço.
- Parece que alguém necessita outra palmada.
- E outra fodida rápida.
Amaury olhou seu relógio. Podia prescindir de outros vinte
minutos antes que tivesse que fazer um pouco de trabalho.

Quando a cortina caiu por fim, encerrando o espetáculo e


diminuíram os aplausos, Samson olhou a mulher magnífica ao seu
lado.
- Está tentando causar um distúrbio na plateia? - Ele fez uma
brincadeira.
- Como eu poderia fazer isso? - Perguntou inocentemente
Delilah, olhando-o através de seus grandes olhos.
- Me olhando dessa maneira, é um começo. - Se continuasse
assim a arrastaria para trás de uma cortina e a tomaria ali mesmo.
Ela negou com a cabeça.
- Não, mantenhamos as coisas claras. Você começou.
- Você não me deteve.
- Só sou uma débil mulher.
Riu com vontade, chamando a atenção de vários espectadores.
- Ah, é uma mulher. Débil, definitivamente não. Aposto que
pode pôr a qualquer homem de joelhos.
- O que te faz pensar isso?
- Sou um exemplo vivo do poder que tem sobre os homens. -
Moveu a cabeça muito mais perto dela.
- Vamos sair daqui antes que você cause algum tipo de
distúrbio? - Sua risada era refrescante.
Pôs-se a rir e a levantou de seu assento.
- Aonde quer ir? – Ele indagou.
- Que tal se só seguimos com seus planos? Planejou algo, não?
Despi-la no próximo recanto escuro era o plano.
- O que acontece se você não gostar do que planejei? -
Continuou ele, desfrutando de tentá-la.
- Prove-me.
Como te degustar? Rapidamente.
Samson lambeu seu lábio inferior. Havia um mundo de coisas
que queria provar, e saboreá-la era só o começo.
- Acredito que o farei. Não. Apaga isso, sei que o farei.
Com o braço ao redor de sua cintura, conduziu-a até a escada.
O teatro estava quase vazio, e foram os últimos a caminhar pela
ampla escada que conduzia a uma das saídas laterais.
O som que seu sapato de salto alto fazia nas escadas, ressoava
através do ar.
Estavam sozinhos. Ele poderia pressioná-la contra a parede e
tomá-la ali mesmo na escada. Seus gemidos repercutiriam através
do espaço vazio, ricocheteariam nas paredes, o som se amplificaria.
Mas tudo terminaria muito brevemente.
Não, tinha que distrair-se e conseguir levá-la a sua casa, onde
poderia mantê-la durante toda a noite.
- Por que as mulheres se torturam dessa maneira e usam
saltos tão altos? - Samson estava seguro de que sua voz estava
impregnada de pura luxúria.
- Porque as mulheres não gostam de ser pequenas.
Samson riu entre dentes.
- Chama-se petite. E os homens gostam das mulheres petites.
Provoca o instinto de amparo deles.
Ela lhe deu um murro em brincadeira. Seus abdominais eram
duros como uma rocha. Ele pôs-se a rir para ocultar seus verdadeiros
sentimentos.
Ela tinha alguma ideia do que seu toque fazia com ele, e o
perto que estava de perder o controle?
- Se quer brigar, podemos arrumar isso. Mas tenho que te
advertir, não me dou por vencido facilmente.
E contigo, lutaria nu.
- Eu tampouco.
- Esta pode ser uma briga interessante.
O olhar quente que lhe deu, era para deixar claro o quão
interessante um pouco de luta com eles sem roupa poderia ser. E o
que o ganhador obteria.
- Façam suas apostas. - Ela brincou.
- Meu dinheiro está na garota.
- Por quê? – Ela perguntou completamente surpreendida por
sua escolha.
- Sei qual é a debilidade do homem. - Ele deu uma piscadela.
Saíram para a rua. A escada os conduziram a uma saída lateral
em um pequeno beco. Samson conseguia ver a rua principal a pouca
distância diante deles.
- Cuidado com as poças. - Advertiu e a guiou ao redor de uma
grande poça d’agua, resultado da chuva do dia anterior.
- O que? Quer dizer que não atirará seu casaco e me deixará
passar por cima dele?
Adorava a forma que relaxava com ela, com suas brincadeiras
alegres.
- Savile Row, doçura. Não acredito que meu alfaiate o
apreciará se ficar sabendo.- Samson a virou para ele e a trouxe para
seus braços. - Assim é isso o que está procurando, um príncipe de
sangue azul fora de moda?
Delilah não tinha ideia quão fora de moda ele era realmente,
ou sua idade neste caso.
- Não sei o que estou procurando.
Sua voz tremia. Seu rosto estava ruborizado, mas ele duvidava
que tivesse ligação com o calor que havia no teatro. Seu sorriso
desapareceu de seu rosto e seu olhar se chocou com o dele.
- Quero prova-la agora. - Lentamente, ele baixou sua cabeça e
se aproximou de sua boca. Seus lábios se separaram, com a
promessa de prazeres que seu corpo estava desejando. Necessitava
desse beijo, e o necessitava já.
- Vocês dois, contra a parede! - Uma voz masculina
ameaçadora interrompeu o silêncio e destruiu o momento. Alguém
teria que pagar por isso.
Com a velocidade de um raio, Samson fez um gesto com a
cabeça em direção de onde se originou a voz e viu um homem
grande e o orifício de uma pistola. Sentiu Delilah estremecer em seus
braços e a aproximou abraçando-a com amparo. O calor de seu
corpo se filtrou no dele, e apesar da situação de perigo, permitiu-se
desfrutar de sua proximidade.
Samson sabia que tinha que agir com rapidez, e não poderia
usar suas presas ou a velocidade de vampiro para derrotar ao
agressor.
Não permitiria que nada destruísse a noite que planejou com a
mulher em seus braços. Não queria arriscar que ela se assustasse ou
suspeitasse que houvesse algo estranho nele. Seu segredo precisava
ser guardado.
- Não escutaram o que eu disse? Contra a parede! - Repetiu o
homem. - Quero a mulher, agora!
Samson imediatamente se deu conta que seu atacante era um
ser humano e, portanto facilmente controlável. Delilah gritou, e
Samson agarrou a cabeça dela para proteger seu rosto contra seu
peito.
Você não apertará o gatilho.
Ele utilizou a única arma da qual dispunha sem chamar
atenção, seu controle mental.
Não disparará.
- Delilah, por favor, faça o que digo. Fique atrás de mim.
Ele a empurrou para trás de suas costas largas. Podia senti-la
tremendo.
- Ai, Deus, não - gemeu ela. - Ele vai matar você.
Muito pouco provável. Não era precisamente fácil matar um
vampiro, sobretudo, não com uma pistola. Inclusive se o delinquente
lhe disparasse e acertasse, seu corpo expulsaria a bala, e a ferida se
fecharia rapidamente.
Só poucas coisas poderiam matar um vampiro, uma estaca de
madeira no peito, exposição à luz do sol e algumas lesões graves em
seu corpo com a consequente perda severa de sangue. Se um
vampiro fosse apanhado em uma explosão, o mais seguro é que
morreria, como o faria em um incêndio. Mas o homem só tinha uma
arma de fogo que não representava nenhum perigo para Samson.
Entretanto, tinha que tomar cuidado. Delilah estava com ele, e
não arriscaria a que ela saísse machucada.
- Ei, idiota. Quero a mulher. Dê-me isso e te deixarei viver.
Não há necessidade que banque o herói.
Samson levou seu braço atrás dele para acalmá-la.
- Feche os olhos querida, está tudo bem.
Manteve sua voz tranquila e relaxada. Não havia necessidade
de preocupá-la mais do que já estava.
Não disparará. Não nos atacará.
Poderia derrotá-lo em um instante, mas como explicaria isso a
ela? Como explicaria suas habilidades sobre-humanas, sem causar
suspeitas? Estava em apuros. Controlaria o bandido para não
disparar durante algum tempo, mas inclusive até isso poderia causar
suspeitas finalmente.
O homem o olhou fixamente e de repente, deu um par de
passos para frente. Samson via seu rosto claramente, inclusive a
cicatriz na bochecha e a pequena tatuagem em seu pescoço. Muito
estranho, muito característico. Sabendo que o reconheceria se o
voltasse a ver, ele pensou em seu plano. Não precisava matá-lo
agora. Era suficiente afugentá-lo e que seus homens se
encarregassem dele mais tarde.
- O que quer? - Samson perguntou com calma.
- É surdo? A mulher. - Grunhiu o homem.
- Não é uma opção. - Disse Samson.
- Então vou mata-lo.
Parecia como se quisesse apertar o gatilho, mas não o fez.
Samson usou seu estado de confusão para arremeter contra ele. Deu
um chute com sua perna direita, golpeando a arma que o bandido
levava na mão. O homem o olhou assombrado e em choque.
Corre! Corre e não retorne!
E como um coelho assustado saiu correndo do beco. Tudo
acabou.
Samson se virou e cruzou a distância para Delilah com três
grandes passos.
- Está tudo bem - assegurou-lhe enquanto a tomava entre seus
braços. - Ele correu.
Ela tremia como uma folha ao vento.
- Ele não te fez mal, verdade?
- Não. Não teve oportunidade.
- Como aprendeu a chutar dessa maneira?
Afastou-a um pouco e com seus braços estendidos a olhou no
rosto.
- Não pedi que fechasse os olhos?
- Eu olhei - disse ela e enterrou a cabeça em seu peito
novamente. - Não deveria ter se arriscado. Ele apontava uma pistola.
- A alternativa não era uma opção. Não aconteceu nada. Esse
era um bandido qualquer.
Delilah negou com a cabeça.
- O que? - Perguntou Samson confuso.
- Reconheci-o. Ele era o mesmo homem que me atacou ontem
à noite.
A afirmação o golpeou como um trem de carga.
- Está segura? - Samson pôs a mão sob seu queixo e lhe pediu
que o olhasse.
- Certamente estou segura.
Maldição, não deveria ter deixado ele escapar. Não seria uma
coincidência que fosse o mesmo tipo. Algo andava mal. Muito mal.
Sem esforço, levantou Delilah em seus braços e a carregou
para fora do beco.
- Eu posso caminhar.
- Permita-me tal gentileza. - Sentir seu corpo tão perto,
acalmava-o.
Ele viu a limusine imediatamente, enquanto saía do beco. Carl
estava apoiado no carro, esperando. Quando Carl os viu aproximar-
se, seu olhar demonstrou preocupação, e imediatamente abriu a
porta do carro.
- Acontece algo, senhor?
Samson a levou para o carro.
- Fomos atacados. Nos leve para casa Carl, rapidamente por
favor.
Ele deslizou no assento ao seu lado e pegou sua mão, antes
que tirasse o celular com a outra.
O carro já estava em marcha quando a chamada se completou.
- Ricky, fomos atacados. - Fez que sua voz soasse o mais
tranquila possível para que Delilah não se preocupasse ainda mais.
- Quem foi atacado?
- Delilah e eu, fora do teatro.
Ricky lhe interrompeu:
- Estava em um encontro com a mulher humana?
- Poderia escutar? - Perguntou Samson já começando a
incomodar-se. - Delilah o reconheceu como o mesmo homem que a
atacou ontem à noite. Vou fazer que Carl envie mais tarde, um
esboço dele por fax. Não deverá ser muito difícil encontrá-lo. Tem
uma tatuagem no pescoço e uma cicatriz na bochecha. Ele é
provavelmente um membro de alguma gangue. Faça os rapazes
rastrearem a cidade, tão logo lhes chegue a minha descrição.
Distraidamente, levou a mão de Delilah aos lábios e lhe beijou
os dedos meigamente. Precisava senti-la para assegurar-se de que
ela estava bem.
- Ele era um vampiro? - Ricky queria saber, sua voz estava
mais tranquila agora.
- Não, definitivamente não.
- Um demônio?
- Nada disso, só um delinquente habitual. - Esperava que Ricky
tivesse entendido que isto significava que o homem era um ser
humano. Não podia dizê-lo exatamente, enquanto Delilah estava
sentada junto a ele, escutando sua parte da conversa.
- E o deixou escapar? - Soou a acusação de Ricky em seu
ouvido.
- O que esperava? Não poderia arriscar a que Delilah saísse
ferida.
Ricky estava drogado? Sabia muito bem que ele não mataria o
homem na frente dela sem expor-se.
- Poderia apagar a sua memória depois. Pensou nisso?
Ricky manteve a voz baixa para que Delilah não ouvisse. Era
verdade o que ele dizia, mas de algum modo Samson não tinha
coragem para usar seus poderes sobre ela. Algo o detinha. Ele não
queria ter nada que manchasse sua relação com ela.
Relação?
Como entrou em sua mente este estranho pensamento?
- Já não vou escutar mais nada. Faça o que te disse para fazer.
E outra coisa, ele perdeu a arma no beco ao lado do teatro. Melhor
será recuperar e rastrear. Carl te mostrará onde estávamos.
Ele estava zangado e terminou a chamada.
- O que aconteceu? - Delilah soava preocupada.
Imediatamente se deu conta de que não deveria ter sido tão
duro no telefone, mas controlado seu temperamento. Não queria que
se preocupasse. Brandamente a aproximou mais, pondo um braço
sobre seus ombros e beijou o alto da sua cabeça.
- Nada. É só o Ricky. É um pouco teimoso às vezes. Não deve
se preocupar com mais nada. Esse homem não pode te fazer mal.
Samson lhe beijou a mão. Delilah adorava sentir seus lábios
sobre sua pele. Acalmava-a. Ela se aconchegou mais perto dele e
esperou que não suspeitasse que estivesse tão necessitada, seu forte
corpo a fazia sentir-se segura, e isso é o que precisava nesse
momento.
- Não deveríamos ir à polícia?
- A polícia não faz nada a respeito dessas coisas. Deixe que
Ricky cuide disto, trabalha no setor de segurança. Sabe o que fazer.
Sua voz era determinante como se estivesse seguro de que
ações tomar. Um homem que assumia o controle.
Ela o olhou. O incidente não o alterou absolutamente.
Enquanto ela balançava como uma árvore em um furacão, ele estava
tranquilo e sereno, quase como se tais acontecimentos fossem
comuns para ele.
- Provavelmente pensa que estou louco, mas até que este
delinquente seja detido, quero que fique em minha casa.
Ela olhou-o surpreendida.
- Sua casa?
- Eu sei como pode soar esta sugestão, sobretudo depois de...
já sabe... mas eu não quero que esteja sozinha. Alguém está
obviamente, atrás de você, e até que saibamos quem é e por que,
me sentiria muito melhor, se estivesse sob meu amparo.
Delilah se perguntou se ele se sentia envergonhado de
mencionar os pequenos jogos eróticos que compartilharam. Poderia
este maldito incidente ter matado seu estado de ânimo? Parecia que
agora se sentia obrigado a protegê-la. Ela queria estar com ele essa
noite, mas não sob seu amparo. Não, ela queria ser esmagada sob
seu corpo sexy e nu.
- Quer me proteger?
- É claro que sim. - Samson lhe deu um olhar estranho.
- Isso é tudo?
Estava segura de que demonstrou sua decepção. Nunca foi boa
em ocultar seus sentimentos. Enquanto o olhava nos olhos, detectou
uma piscada deles, e logo ele sorriu, consciente da pergunta.
Negou-o com a cabeça.
- Não, isso não é tudo. Se somente quisesse te proteger,
alojaria você no quarto de hóspedes.
Ela sentiu em seu estômago algo que fez um salto mortal. Um
sorriso se formou em seus lábios.
- E não ficarei no quarto de hóspedes? - Ela estava ansiosa por
sua resposta e conteve o fôlego.
- Pode, se você insistir - respondeu Samson lhe acariciando a
mandíbula com o polegar e olhando seus lábios fixamente. -
Certamente não quero te obrigar a fazer algo que não queira fazer,
mas carrego a esperança de convencê-la a escolher minha cama em
seu lugar.
Sua voz era sensual e cheia de desejo. Nenhum homem falou
com ela desta maneira.
De repente, seus olhos se tornaram muito mais escuros,
enquanto baixava a cabeça para ela.
Sua cama. Havia dito realmente sua cama ou estava
alucinando?
- Estará nela?
Ela se sentia quente, um calor insuportável ao pensar em
compartilhar sua cama. Tinha problemas para engolir.
- Sim, enquanto você o queira. - Com a mão em seu queixo a
aproximou de seu rosto. - A última vez que te beijei, forcei-te a fazê-
lo. Não quero que este seja o caso esta noite. Assim que te rogo,
Delilah, por favor, me dê um beijo.
Enquanto ela roçava seus lábios contra os dele, o sentia
inalando com força. No instante em que seus lábios tocaram os dele,
tudo ao seu redor parecia desaparecer e derreter-se na distância.
Não sentia o movimento do carro ou o couro dos assentos. Sua
atenção estava nele quando seus braços a apertaram em um abraço,
e seus lábios lhe deram toda a atenção que queria, mordiscando-a e
sugando-a enquanto lhe sequestrava um beijo.
Ela sentiu sua língua deslizando suavemente por seus lábios,
tão tentador, que pensava que nunca invadiria sua boca, até que
finalmente o fez, e o fez com um movimento magistral. Sua língua
circulava a dela, exigindo que jogasse com ele, que dançasse com
ele.
Seu beijo enviou chamas incandescentes através de seu corpo,
tão quente, que pensou que ia dissolver seu interior. O fogo
queimava dentro de seu ventre, mandando calor e umidade que
brotavam entre suas pernas, molhando sua calcinha que ficaria
completamente empapada em questão de segundos. Ela era um
vulção, tremendo em seus braços. Estremeceu violentamente em
cada assalto apaixonado de sua língua em sua boca, incapaz de
controlar sua reação a ele. Esperava que ele não percebesse quão
perdida estava em seus braços, total e absolutamente sob seu
feitiço. Repentinamente ele se afastou.
- Está bem?
A áspera voz de Samson soou preocupada, mas também sem
fôlego.
- Por favor, não pare. - Rogou e pressionou sua boca contra a
dele.
Ele sem perder um segundo, continuou de onde havia parado.
Sua mão se moveu para a parte baixa de suas costas, fazendo-
a girar para ele, deixando uma de suas pernas apoiada sobre suas
coxas. Brandamente acariciou seu firme traseiro antes de passar pela
coxa chegando até a costura da saia. Ela sentiu como acariciava sua
pele nua, e como sua mão viajava novamente para cima por debaixo
de sua saia. Acima e ainda mais. Seus dedos chegaram à costura de
sua roupa íntima, onde titubearam por um segundo, até que ela
gemeu com voz quase inaudível. Como se ele estivesse esperando
por seu sinal, deslizou a mão sob o tecido, acariciou sua pele nua e a
apertou suavemente.
Delilah sabia que este homem era virtualmente desconhecido
para ela, e não era normal que permitisse que ele a tocasse assim
quando apenas o conhecia, mas não conseguia detê-lo. Não queria.
Seu toque a excitava e ela não se sentia tão excitada hà muito
tempo. Não negaria ao seu corpo, o prazer que lhe estava
prometendo. À medida que sua mão deslizava mais abaixo para
procurar o calor e a umidade que saíam de entre suas pernas, ela
lançou outro gemido.
Se continuasse assim, teriam relações sexuais ali mesmo no
carro. Precisava focar-se, tentar conseguir algum controle sobre seu
corpo, mas como poderia? Suas mãos prometiam o prazer que não
sentia a tanto tempo, e a resposta do seu corpo era automática e
incontrolável. Inclusive se ela quisesse resistir, não teria encontrado
força. Por que permitia que a tocasse tão intimamente?
Outro suspiro escapou de sua boca, quando ele separou seus
lábios dos dela.
- Já chegamos.
Sua voz estava sem fôlego e ela se sentia igual, e seus olhos
estavam escuros, quando ela os viu, quase como se suas pupilas
estivessem dilatadas por completo. A cor avelã desapareceu.
Ela olhou ao seu redor. Carl sustentava a porta do carro
aberta. Delilah não se deu conta de que estavam parados ou que
alguém havia aberto a porta. Perdeu todos os seus sentidos
completamente, apenas com um beijo.
CAPÍTULO 6

Carl ficou esperando pacientemente, enquanto Samson tirava


um caderno de desenho de uma gaveta da escrivaninha antiga no
salão e se sentava. Delilah olhava enquanto ele desenhava uma
imagem no papel. Seus movimentos eram ágeis. Em questão de
minutos, a imagem de um homem apareceu na página. Samson
levantou a página para que ela pudesse ver.
- É o suficientemente parecido?
Não acreditava no que via! O desenho mostrava a viva imagem
do bandido que os atacou. Além do rosto do homem, Samson
desenhou a imagem da tatuagem, dois círculos com uma cruz no
centro.
- É como se tivesse tirado uma foto. Como você fez isso?
- Memória fotográfica - explicou Samson e entregou o papel
para Carl. - Manda isto por fax para Ricky. Ele está aguardando. E
depois...
Ele a olhou.
- Carl pode empacotar algumas de suas coisas e as trazer aqui,
se lhe disser o que necessita para as próximas noites.
Próximas noites? Ela gostava de como isso soava.
- Isso seria genial. Só me traga tudo.
Delilah procurou as chaves em sua bolsa. Quando ela levantou
a vista, olhou o rosto de Samson congelado em estado de choque,
com os olhos surpreendidos. Seu pomo de Adão se movia enquanto
tragava com dificuldade.
- Tudo senhorita? - Perguntou Carl cortesmente, mas ela o
ignorou.
Vendo seu amável anfitrião, pôs-se a rir.
- Deveria ver a sua cara no espelho! - Ela disse, já mais
tranquila. - Não tem preço.
Seu rosto surpreso, pensando que ela estava planejando viver
ali, era todo um espetáculo para se ver. Mas não podia deixá-lo
sofrer por mais tempo.
- Sinto muito, não é o que pensa. Estou em São Francisco em
uma viagem de negócios. Só tenho uma pequena mala e meu
computador portátil, assim pensei que Carl podia trazer tudo. Se
estiver tudo bem para você.
Samson exalou visivelmente.
– Você me assustou, por um segundo. - Parecia relaxado
agora. - Carl, poderia trazer as coisas da senhorita Sheridan, por
favor, e as coloque no quarto de hóspedes?
Delilah entregou a chave do apartamento para Carl e ele se
virou para sair.
- E Carl, poderia também passar pelo supermercado e
conseguir um pouco de comida para a senhorita Sheridan? Acredito
que meu refrigerador está bastante vazio.
- O que gostaria senhorita? - Perguntou Carl.
- Delilah? - Perguntou Samson.
- O mesmo que vocês comem. - Respondeu ela.
Realmente não queria causar nenhum problema. Quando se
tratava de comida, não era muito exigente.
- Senhor? - Carl parecia um pouco perdido.
- Só traga um pouco de fruta, leite, café, cereais, iogurte, pão,
o de sempre - deu-lhe instruções. - E obrigado, Carl.
- Boa noite senhor, boa noite senhorita.
Um segundo mais tarde e Carl havia saído. Ela continuava
olhando para a porta quando os braços de Samson a envolveram por
trás, aproximando-a.
- Estava tentando me assustar? - Ele começou a mordiscar sua
orelha.
- Funcionou? - Ela perguntou.
- O que você pensa?
Os lábios dele pousaram no seu pescoço, acariciando
suavemente sua pele até que começou a arrepiar-se.
– Você está com frio? - Samson perguntou.
Como poderia ter frio, se suas mãos quentes acariciavam seu
ventre?
- Calor.
E esquentando mais, a cada segundo.
- Já suspeitava disto. - Samson soava suspeitosamente
presunçoso.
Deixou uma mão ao redor de sua cintura e moveu a outra para
cima, viajando deliberadamente pelo centro de seu torso através do
vale de seus seios, até que chegou ao decote de sua blusa.
- O que estava tentando me fazer no teatro? - Perguntou
Samson, enquanto acariciava com seus dedos ao longo da linha onde
sua blusa terminava e sua pele começava.
Sua pele arrepiou quando seus dedos a tocaram.
- Obter uma reação sua. - Disse ela.
Samson a apertou mais forte contra seu corpo, esfregando seu
pênis contra a parte baixa de suas costas. Tinha uma ereção em toda
sua plenitude e não o escondeu.
- Este tipo de reação?
Ele queria que notasse sua ereção? Ela faria muito melhor que
isso.
A mão de Delilah moveu-se para trás, para agarrar o quadril de
Samson, enquanto esfregava seu traseiro contra a marcada ereção
de seu pênis, provocando um gemido não tão sutil nele. Sentia-se
muito bem ao fazê-lo, assim ela o fez de novo.
- Queria ver se teria a mesma reação de quando pensava que
era uma stripper.
Delilah percebeu que ele teve uma ereção quando a beijou na
noite anterior. E apesar do efeito que ela sabia que exercia sobre ele,
aceitou seu convite. Valente.
- Satisfeita?
- Acredito que terá que fazer um pouco mais para me
satisfazer. - Disse Delilah.
Samson aceitou a provocação. Sua mão estava em seu decote.
Pouco a pouco a deslizou por baixo de sua blusa e levemente
acariciou seu seio. Pegou seu firme seio na mão. Seu muito sensível
seio.
- Isso é um começo, Samson?
- Mmm? - Sua mão estava ocupada jogando com seu mamilo e
tornando-o duro.
- A stripper de ontem à noite...
Sentia que ela vacilava. Sua pergunta foi silenciosa, mas ele
percebia o que ela queria saber.
- Não a toquei. Pedi-lhe que se fosse. Não havia maneira que
pudesse tocar em outra mulher, depois de te beijar. Não senti que
fosse correto.
Não era de todo verdade, já que sem dúvida havia tentado,
mas o resultado foi o mesmo. Não havia tocado na stripper.
Delilah inclinou a cabeça para trás, e ele aproveitou a
oportunidade para afundar seus lábios em seu pescoço descoberto. O
seu pescoço era tentador.
Sentia o sangue quente correndo pelas veias, palpitando justo
debaixo de sua pele pálida. Tão deliciosa. Tão confiante.
- Durante toda a noite depois que saiu, perguntava-me se me
permitiria te beijar e te tocar. Ou se lutaria comigo de novo.
Ela lhe deu uma resposta ao pegar a mão que se apoiava em
sua cintura e pouco a pouco a empurrou para baixo. Ele não pôde
resistir a oportunidade. Com um movimento rápido lhe levantou a
saia e deslizou a mão por debaixo dela. Deixou que seu aroma o
guiasse para a cálida umidade, que se encontrava entre suas coxas,
tocando sua calcinha úmida.
- É isso o que quer?
- Sim. - Ela gemeu e abriu as pernas para ele.
Sem esforço sua mão deslizou dentro da calcinha e viajou nas
úmidas dobras de carne que marcavam a entrada para o seu corpo.
- Está tão molhada! - Disse-lhe, deixando que a admiração
colorisse suas palavras.
- É sua culpa. - Sua voz era inclusive tão animada quanto ela
mesma.
- Ontem à noite estive sonhando em estar dentro de ti e sentir
seus músculos apertando ao meu redor, quando gozasse. Não
conseguia pensar em outra coisa. Apenas suportei o dia passar.
Apenas dormiu. Bem, ele esteve sonhando acordado com ela a
respeito das coisas que queria lhe fazer.
- O meu dia não foi muito melhor depois de como me fez sentir
ontem à noite.
Delilah inclinou sua pélvis para ele, em um convite silencioso.
- Diga-me, tocou a si mesma, imaginando que era minha mão?
Seus dedos jogavam com sua carne quente, separando os
lábios grossos, sentindo sua nata. Ela deixou escapar outro gemido,
mas não respondeu.
- Você gozou consigo mesma? - Estava ansioso por ouvir sua
resposta.
Delilah negou com a cabeça.
- Não.
- Por que não? - Ele lentamente moveu um dedo para sua
acolhedora abertura. Estava tão apertada, estava seguro de que não
foi fodida por um longo tempo.
- Queria que você o fizesse.
E ele o faria.
- Assim? - Utilizou seu polegar para encontrar seu clitóris e
acariciá-lo, enquanto que seu dedo deslizava lentamente para trás e
adiante, dentro e fora.
- Oh Deus, justo assim. - E deixou cair sua cabeça sobre seu
peito.
- Isso é tão bom. Inclusive melhor do que havia imaginado.
- Mmm. - Seu corpo balançava com o dele, em um ritmo
sedutor. Sua outra mão chegou para ajudar, lhe permitindo estender
sua carne e expor seu fruto inflamado para os seus dedos ansiosos,
apertando-a ligeiramente para enviar mais sensações que
atravessassem seu corpo. Ela era tão fácil de ler, reagindo de
maneira muito direta a cada um de seus movimentos.
- Não vou parar até que goze aqui mesmo - sussurrou ao seu
ouvido. - Quero sentir seu orgasmo atravessando seu corpo e quero
ser a razão disso.
A ideia de fazê-la gozar, excitava-o mais do que com qualquer
outra mulher a que tenha satisfeito antes. Neste momento ele não
estava preocupado com seu próprio prazer, só queria experimentar o
dela. Agora que sabia que a teria, poderia esperar e desfrutar
antecipadamente.
- Pode fazer isso por mim, gozar para mim?
Seu pênis duro estava pressionado firmemente contra suas
costas, e sabia que ainda estaria assim mais tarde. Não amoleceria,
não sentindo seu corpo na posição em que estava. Com cada
movimento se esfregava contra ele, aparentemente alheia às
sensações que enviava através de seu corpo.
- Oh Deus. - Ela gemeu sem fôlego.
Ele massageou seu clitóris, seguindo os movimentos do seu
corpo, acelerando à medida que seu ritmo acelerava. Agora dois de
seus dedos estavam dentro dela e se moviam ritmicamente dentro e
fora, por isso ela suspirava mais forte, enquanto o dedo em seu
clitóris inchado movia-se rapidamente e sem cessar.
Samson percebeu quando sua respiração mudou, seu corpo
esticou e seus movimentos se converteram em rajadas curtas. Ele
desfrutou da forma como o seu corpo reagia ao seu tato.
Seus dedos estavam empapados com seus sucos, e o aroma
fez o seu pênis mais duro, desejando liberação.
- Isso, doçura, assim.
Ela montou com vontade os seus dedos, como um cavaleiro
com experiência. Apresentava a pele avermelhada, o pulso
acelerado, e ele quase podia cheirar o sangue quente correndo por
suas veias, justo debaixo da pele onde seus lábios se aferravam a
seu pescoço, sugando suavemente.
Mas ele não a morderia. Não. Isto era só para ela.
Por alguma razão inexplicável, ele queria ser o melhor amante
que ela teve. Queria agradecer pelo que fez por ele, pela forma como
o fazia ficar excitado.
- Sim, goze para mim.
Suas mãos se moviam mais rápido, fazendo coincidir seu ritmo.
Sentia os estremecimentos passando por seu corpo, as ondas,
e logo os músculos de seu interior apertando-se ao redor de seus
dedos em espasmos curtos, fazendo chover mais nata em sua mão,
enquanto gozava. Lentamente acalmou sua mão para deixá-la
cavalgar no seu clímax.
Samson deslizou os dedos para fora e os levou à boca,
lambendo sua excitação neles, consciente de que ela o olhava com o
fôlego entrecortado.
- Mmm, é deliciosa. - Nunca provou algo melhor em sua vida.
Esta não seria a última noite que daria um festim com ela.
- Oh, meu Deus! - Sua voz soava excitada enquanto seus
joelhos fraquejaram.
Ele a agarrou e foram os dois para o sofá.
Virou-a em seus braços para olhar seu rosto. Estava
avermelhada, sua pele brilhava.
- Satisfeita agora? - Ele sorriu.
- Você é incrível. - Delilah o olhou e aproximou seu rosto ao
dele. Seus lábios se aproximaram dele e se uniram em um beijo
apaixonado.
- Isto significa que compartilhará minha cama esta noite?
- Pensei que já tínhamos esclarecido esse ponto.
- Não recordo ter recebido uma resposta definitiva de sua
parte. Apenas uma suposição afirmativa.
- Então lhe mostrarei a minha resposta.
Levou sua mão à protuberância facilmente visível em suas
calças, tocando-o. Ele sentiu seus dedos lentamente rastreando seu
pênis duro da ponta até a base, e vice-versa.
Ele respirou profundamente. Ao que parece, o desinteresse que
teve em seu próprio prazer, seria recompensado.
- Entendo sua ideia. - Ele sussurrou.
- Permita-me fazê-la um pouco mais clara, assim não haverá
nenhum mal entendido.
Delilah pegou o zíper de sua calça e começou a puxar para
baixo, lentamente.
Sua mão deslizou para dentro com facilidade.
Samson sentiu a suave pele de sua mão empurrando a cueca
para baixo e encontrando sua ereção. Ela envolveu sua mão ao redor
de seu pênis, agarrando-o com força.
Uma gota de umidade, já emanava da ponta. Com o dedo, ela
lentamente estendeu a umidade sobre a cabeça, massageando-a. Ele
não recordava ter ficado tão excitado com essa suavidade.
Seria uma amante muito atenta, agora sabia.
Seria o remédio certo para ele. Um que facilmente poderia ter
uma overdose, se não tomasse cuidado. O Dr. Drake se esqueceu de
lhe dizer quanto sexo deveria ter com ela. Não teria querido dizer
que fosse somente uma vez, não é?
- Oh, Deus, mulher, você está me torturando.
Delilah lhe deu uma risada suave.
- Não acredito que você saiba o significado de tortura.
Ela moveu a mão para cima e para baixo por toda sua ereção,
mantendo sua firme aderência, como se soubesse como gostava.
Não necessitava instruções.
- Agora eu sei. - Suspirou Samson.
- Leve-me para a cama antes de envergonhar Carl quando
voltar.
Ele tomou-a em seus braços e subiu as escadas.
Desta vez não protestou em ser carregada. Gostava da
sensação de seu corpo pequeno em seus braços.
Enquanto a levava para o seu quarto, deu-se conta que ela
olhava para os arredores. A cama com os quatro pilares, as
almofadas no chão em frente à enorme lareira, as pinturas.
Notou com alegria que nada reteu sua atenção por muito
tempo. Em vez disso, seus olhos transladaram novamente para ele,
lhe dando outro de seus sorrisos formosos. Suas posses terrestres
não pareciam influenciá-la. Acreditou que ele poderia leva-la a uma
choça miserável, mas se houvesse uma cama, ela teria sorrido com a
mesma antecipação.
Samson a baixou na cama, rapidamente lhe despojou de seus
sapatos, antes de alcançar um controle remoto na mesa de
cabeceira. Com um só clique a lareira acendeu, apresentando um
pequeno fogo. As luzes nas duas mesinhas de cabeceira estavam
acesas, proporcionando um suave resplendor no quarto. Deixou que
seus olhos deslizassem sobre ela, saboreando o momento.
- Formosa.
Era uma declaração verdadeira. Para ele, ela era a criatura
mais formosa que jamais havia tocado. E agora ela estava em sua
cama. Pronta para ele.
Neste momento, ele se uniu a ela e a tomou em seus braços
fortes outra vez. Seu corpo se sentia muito bem.
- Esqueci de mencionar que embora possa garantir sua
segurança aqui, não posso garantir que dormirá esta noite. - Ele não
fez nenhuma tentativa para ocultar o desejo em sua voz. - De fato,
garanto-lhe que não o fará.
Nem um pouco de sono, não enquanto tivesse um pouco de
energia. E sendo uma criatura da noite, tinha energia em
abundância.
As longas pestanas dela revoaram enquanto o olhava.
- Não faça promessas que não possa cumprir.
Samson sabia que estava brincando. Sentia sua pele
queimando quando os dedos dela viajaram para a sua camisa, onde
soltou um botão e deixou que a mão deslizasse para dentro para
tocá-lo. Que mãos suaves.
- É um desafio?
Estava definitivamente disposto para ela, mais do que ela
poderia entender.
- O que vai fazer a respeito? - Ele sabia o que ela estava
fazendo a respeito, porque ele estava recebendo o prazer. E não se
queixava dela. Ela abriu mais dois botões de sua camisa e agora
generosamente acariciava o seu peito. Ele não iria detê-la jamais.
- Isto. - Ele beijou sua bochecha. - E isto. - Logo beijou o seu
pescoço. - E mais isto.
Samson lhe esmagou os lábios com os seus, invadiu-a como
fez antes, mas desta vez mais ferozmente, com mais paixão. Nada
poderia detê-lo agora. Ele era dela, e ela o queria por sua própria
vontade. A ideia lhe fez sentir-se poderoso e avivou sua paixão por
ela ainda mais.
Delilah lhe respondeu disposta, muito preparada, lhe dando seu
corpo de maneira muito confiante, de uma forma que ele nunca viu
uma mulher reagir. Não entendia, mas aceitava. Seu corpo se
amoldou a ele, com uma facilidade que não conseguia nem sequer
começar a entender. Apesar dele ser um completo desconhecido para
ela, seu corpo parecia confiar nele. Sentia como clamava por ele,
quando ela se retorcia com cada um de seus toques. Sempre pedindo
mais.
Samson interrompeu seu apaixonado beijo e se afastou para
olhá-la nos olhos. Coincidiam em paixão e desejo. Esta mulher
humana tinha fogo, mais do que viu em qualquer das mulheres
vampiro.
- Desejo-a. - Ele murmurou, mal reconhecendo sua própria
voz, tão rouca e escura.
- Você me tem. – Será que falava a sério? Ele averiguaria.
Suas mãos se perdiam no peito dele quase sem tocar,
entretanto, fazendo tremer seu corpo inteiro com a sensação elétrica
de suas carícias.
Era o momento de despi-la. Desfez o nó de sua blusa tomando
somente dois segundos, e a despojou dela. Delilah não usava sutiã
desta vez. Ele ficou sem fôlego diante da visão de seus seios nus.
Eram redondos e firmes, adornados com duros mamilos rosados que
pediam que os tocasse de novo. Ele responderia a essa chamada em
particular em todos os momentos.
Suas mãos lhe apertaram os seios suavemente, e seus dedos
brincaram com os mamilos, enviando calafrios visíveis através de seu
corpo.
- Oh, sim! - Sussurrou ela sem fôlego.
Baixou a cabeça, e com seus lábios roçava sua pele sensível.
Ela arqueou as costas para aproximar-se mais dele.
- Tão impaciente. - Ele tentava sua pele, mas sabia que estava
tão ansioso quanto ela.
- Por favor.
Seus lábios encontraram o mamilo e pouco a pouco o chupou.
Enquanto sua língua o percorria, ela se movia sob seu controle,
queria mais. Ele transladou para o outro seio, lambendo com sua
língua úmida, amassando-a com suas mãos, sentindo-a retorcer-se.
Doce tortura. Era uma vingança pelo que fez ao seu pênis antes.
- Sabe que vou te comer. - Sussurrou ele.
- Eu pensei que já havia jantado.
Samson sorriu, e lhe disse:
- Faltou a sobremesa.
Por isso vou te devorar em seu lugar.
Ela deu uma risada suave em aprovação.
Seus seios receberam a atenção que exigiam, enquanto ele os
chupava mais forte, chegando a conhecer cada centímetro deles com
seus lábios, sua língua e suas mãos. Seus olhos fizeram uma
imagem mental deles, gravando-os em sua memória para sempre.
Seu perfume o envolveu. Esteve ali toda a noite, o suave
perfume de lavanda em sua pele, misturado com o aroma de sua
excitação. Ele o sentiu no teatro e lutou contra ele o melhor que
pôde. Agora não. Estava disposto a tomá-lo todo e se deixar
envolver.
Despiram-se entre si, ambos impacientes, não podendo
esperar mais. Finalmente, toda a roupa ficou estendida no chão e
seus corpos nus se abraçaram. As curvas femininas se adaptaram
perfeitamente ao seu corpo rígido. Feitas na medida para ele.
A mão de Delilah tocou seu pênis ereto, acariciando a longitude
de veludo e aço. Ele estava perto e necessitava desesperadamente
da liberação.
- Não acredito que possa esperar mais. - Ele se manteve sob
controle o maior tempo que podia. - Sobretudo se me tocar assim.
- Preferiria que não te tocasse dessa maneira? - Sua voz soava
mais inocente do que ele sabia que ela era, como demonstrava o fato
de que ela continuava com suas carícias malvadas.
- Não se atreva a parar. - Não era uma ameaça, era uma
demanda que ele sabia que ela estava disposta a lhe dar.
- Onde guarda as camisinhas?
- As camisinhas?
Samson não entendeu imediatamente, até que se deu conta de
que ela pensava que ele era um ser humano. Os seres humanos
utilizam camisinhas.
Não podia dizer que não havia necessidade de preocupar-se
com enfermidades ou uma gravidez com ele, assim, o que deveria
fazer agora?
- Sinto muito, esqueci por completo. Eu realmente não
planejava isto... - Era uma mentira inocente.
Delilah sorriu.
- E eu pensei que estava tentando me seduzir no momento em
que entrei no carro.
- Estava, mas pensei que na realidade não teria êxito.
É claro, ele pensou que a levaria para a cama. Pelo menos
sabia que tentaria tudo para ter êxito. Inclusive o controle da mente?
- Não me parecia que fosse do tipo que se daria por vencido
facilmente.
- Não o sou, mas isto não significa que eu sempre consiga o
que quero. - Na realidade, a maioria do tempo conseguia o que
queria. Mas não ultimamente.
- Esta noite conseguirá. Eu trouxe uma camisinha.
- Isso quer dizer que estava pensando em me levar para a
cama o tempo todo? - Disse ele brincando, como se estivesse
surpreso, mas na realidade estava aliviado que sua noite não seria
interrompida devido à falta de segurança.
- Uma garota tem que tentar.
Ele lhe deu um beijo e disse:
- Então, onde estão as camisinhas?
- Em minha bolsa. Acredito que a deixei na sala de estar.
- Vou buscar.
Samson se apressou na escada, agradecido pela breve
interrupção. Sentia sede e necessitava de um pouco de sangue se
queria assegurar-se de que ela estivesse a salvo dele, pelo resto
essa noite. Não permitiria que sua sede de sangue se interpusesse
no caminho de sua satisfação sexual. Correu à cozinha e bebeu um
grande copo de sangue. Enquanto fechava a geladeira, deu-se conta
de que pela manhã iria ver o sangue ali. Não deixaria que isso
acontecesse. Rapidamente, escreveu uma nota para Carl e prendeu-
a na porta do refrigerador com um ímã. Ele a veria quando viesse
deixar a comida.
Samson encontrou sua bolsa, pegou-a e se lançou de novo,
subindo as escadas de dois em dois degraus. Ela o estava esperando.
Tirou uma camisinha da bolsa e entregou a ele, que colocou
rapidamente. Em lugar de unir-se a ela na cama, puxou-a para ele
pelos tornozelos até que suas pernas penduraram pela margem, e
suas nádegas se apoiaram na borda do colchão onde ele estava
parado.
Ele a olhou enquanto lhe abria as pernas e se colocava no
centro. Pouco a pouco, deliberadamente, levantou suas pernas e as
apoiou sobre seus ombros. Ela estava aguardando, esperando que
ele fizesse um movimento. Seu pênis estava na entrada úmida de
seu corpo, tentando-a para aumentar seu desejo por ele.
Samson aspirou seu aroma e logo lentamente empurrou para
frente, afundando-se nela.
Ela gemeu em voz alta, unindo-se a dele.
Sentiu seus tensos músculos ao redor de seu pênis fechando-se
sobre ele. Não, ela não foi fodida por algum tempo. Faria as honras
de fodê-la a partir de agora. Retirou-se até que só a ponta de seu
pênis se inundasse nela.
- Mais! - Ela rogou.
Samson empurrou de novo dentro dela, mais profundo que
antes. E outra vez. Seus corpos se chocavam, forte e profundo. Seu
pênis tomou sua própria vontade, inundando-se nela e saindo, em
um ritmo que ele sabia que o poria na borda. Precisava recuperar um
pouco de controle de si mesmo, para diminuir a velocidade e durar
mais.
Recordou-se de que ela era um ser humano, uma vulnerável
mortal, com sangue quente palpitando por suas veias. Delilah
merecia algo melhor que ele agarrando-a como uma besta. Soltou-
lhe as pernas e baixou, flutuando por cima dela. Imediatamente ela
envolveu suas pernas ao redor de seus quadris e deixou-lhe mais
perto.
Baixou seus lábios para ela e a beijou. Seu sabor era como
uma formosa flor em um prado cheio de lavanda. Imagens de uma
cálida tarde de verão chegavam a sua mente. Estava dançando com
ela em um prado de lavanda com o sol brilhando sobre ele sem
queimá-lo. Sentia o calor dos raios em sua pele, sem lhe fazer dano
algum, acariciando-o. O que estava acontecendo? Claramente
conseguia sentir o sol, cheirar a lavanda e ver a pradaria. Estava
alucinando? Piscou e a imagem desapareceu tão rapidamente como
apareceu.
Seu ritmo voltou a ser mais lento, e com mais ternura do que
pensava que era capaz de fazer, moveu-se dentro dela, lenta e
deliberadamente, desfrutando das sensações de sua união íntima
conjurada nele. Olhou em seus olhos verdes e sentiu que sua ternura
o afligia.
- Isto é maravilhoso.
Ele nunca se sentiu mais terno no sexo e com sentimentos
mais amorosos que quando era humano. Esta mulher lhe dava
vontade de sentir com seu coração, não só com seu corpo.
Samson procurou sua boca outra vez, saboreando seu doce
néctar. Foi transladado imediatamente de volta para o sol, onde
desfrutou outra vez seus raios. O que ela estava fazendo com ele,
lhe dando estas estranhas visões? Ou era sua abstinência de sexo a
culpada pelas imagens em sua cabeça?
Apesar de não saber o que estava acontecendo, não lutou
contra isso, deixou-se levar, até que de repente, sentiu um espasmo
muscular ao redor de seu pênis, apertando-o enquanto ela gozava.
- Não, ainda não. - Disse Delilah, mas já era muito tarde.
Então ele não pôde conter-se mais e também acabou como se ela o
ordenhasse, até que se esvaziou.
- Delilah.
Reconheceu que o sorriso em seu rosto era o de uma mulher
satisfeita. Ele se asseguraria de voltar a ver esse sorriso durante
toda a noite. Ela mostrava os lábios ainda úmidos de seu último
beijo. Suavemente lhe apartou uma mecha de cabelo de sua
bochecha e a seguir a beijou no mesmo lugar.
Um suspiro de satisfação, foi sua resposta.
- Samson.
Ele poderia ficar sobre ela por toda a noite, mas se afastou e
retirou a camisinha usada. Não gostou de separar-se dela e
imediatamente a pegou em seus braços.
Cobrindo seu corpo com o dela, beijou-lhe a fronte com
ternura. Não conseguia dizer nada. Pela primeira vez em sua vida,
ficou sem fala.
Delilah levantou a cabeça e o olhou, mas as palavras não
brotaram de seus lábios. Em seu lugar, afundou a cabeça no oco de
seu pescoço. Ele acariciou o seu cabelo com ternura. Não havia
necessidade de palavras. Nunca havia sentido a necessidade de
abraçar uma mulher da forma como fazia com ela. Nunca sentiu
necessidade de abraçar uma mulher depois de ter sexo, por que com
ela? Não havia nenhuma resposta para a sua pergunta, e por agora
não a necessitava.
Samson pôs a mão sob o seu queixo e moveu seu rosto para
ele. Sem dizer uma palavra, seus lábios se encontraram com os dela,
beijando-a com intenso desejo. Sabia que ela sentiria dor nos lábios
e no resto de seu corpo, porque ele não seria capaz de deter-se. Este
ato sexual mostrou-lhe que necessitava muito mais dela. Nem
sequer estava perto de estar satisfeito.
Por quê? Talvez porque estivesse muito faminto de sexo, ou
talvez porque seu corpo se sentisse tão bem. Qualquer que fosse a
razão, e não se importava neste momento, necessitava de mais.
Samson sentia que conseguia uma nova ereção e quis unir seu
corpo com o dela.
- Poderia, por favor, me passar outra camisinha? - Perguntou-
lhe, enquanto lhe soltava os lábios.
- Só trouxe uma.
- Uma? - O pânico instantâneo foi superado por sua
incredulidade. Olhou-a. – Acreditou que uma só era suficiente?
- Bom, eu não sabia... - ela ficou olhando fixamente para sua
ereção e soube que ela gostava do que via, isso o fez sentir-se
orgulhoso como um pavão, o que aumentava sua ereção ainda mais.
- Mulher de pouca fé!- Tocou com o seu dedo o nariz dela e
pôs-se a rir. - Não serei capaz de passar as próximas seis horas na
cama contigo sem te tocar. Não tenho esse tipo de autocontrole, me
acredite.
- E agora, o que faremos?
- Poderia me passar esse telefone na mesinha de cabeceira,
por favor?
Delilah agarrou o telefone sem fio do seu lado da cama e o
entregou a ele.
- O que vai fazer? – Perguntou.
Ele discou um número.
- Dando uma ordem.
Ele esperou até que a chamada foi respondida.
- Carl. Esqueci-me de algo. - Começou e ela pareceu dar-se
conta do que estava a ponto de fazer e ruborizou. Suas bochechas
rosadas eram a coisa mais linda que já viu. Ele sorriu timidamente.
- Poderia passar pela farmácia na volta e comprar uma caixa
de camisinhas para mim, por favor?
Fez uma pausa, sem saber como responder à pergunta que
Carl fazia, e disse:
- Não sei. Talvez Delilah saiba.
- De que tamanho? - Perguntou a ela.
- Extragrande.
Ele riu em voz alta.
- Escutou, Carl? Sim, me traga uma dúzia, e os deixe em frente
a porta do meu quarto quando entrar, isso é tudo por esta noite. E
não quero interrupções, sem importar o que seja. Não me importa se
houver um terremoto. Não quero que ninguém ligue ou venha para
cá. Diga aos meninos também. Obrigado Carl.
Samson desligou o telefone, logo que escutou a resposta de
Carl.
- Extragrande né? - Sorriu para ela.
- Uma dúzia?
Encolheu os ombros e lhe disse:
- Bom, pensei que sempre se pode conseguir mais para
amanhã à noite, mas se pensar que uma dúzia não é suficiente para
esta noite, eu ligarei de novo.
Fez um gesto para pegar o telefone de volta, antes que Delilah
o parasse, lhe fazendo cócegas nos lados e debaixo dos braços. Ele
riu e se voltou para ela, para vingar-se. Deu voltas ao redor da cama
com ela. Enquanto começava a lhe fazer cócegas, sua risada se fez
mais forte e mais descontrolada.
- Não posso acreditar que pediu ao seu motorista para comprar
camisinhas.
- Pode acreditar. - Talvez ela pensasse que era algo
vergonhoso, mas para Carl, provavelmente, não importava se
comprava fio dental ou camisinhas.
Acalmou-se depois de rir tanto, e ele a atraiu novamente para
os seus braços.
- Beije-me. - Ela demandou.
- Vai passar pelo menos meia hora antes que as camisinhas
cheguem. Não sei se seria seguro te beijar neste momento. Poderia
ser muito difícil para mim esperar.
Deliberadamente Delilah olhou a sua ereção.
- Não acredito que se possa pôr mais duro.
Ele tampouco acreditava. E para provar seu ponto, ela
envolveu sua mão ao redor de sua ereção e o acariciou suavemente.
- Acredito que perdi esta discussão. - Ele sorriu e cedeu à sua
solicitação.
Delilah adorava a forma como Samson a beijava, terno,
apaixonado, como um homem em chamas. Sem reservas. Nenhum
homem a beijou dessa forma, Samson a fazia sentir como se fosse a
única mulher no mundo. Estremecia diante do poder que ele exercia
sobre seu corpo e sua mente, ao mesmo tempo, deixava-se seduzir
sem arrependimentos.
Ele deu-lhe mais prazer em uma hora, do que teve no ano
passado inteiro, e se um homem conseguia levá-la a tais alturas, não
deveria conter-se.
Ainda esperava despertar de um sonho e encontrar-se só no
apartamento, sonhando acordada. Era incrível que um homem tão
bonito e desejável como ele, se desse a ela a qualquer hora, seja de
dia ou de noite.
Mas tudo parecia muito real, por isso não poderia ser um
sonho.
- Acredito que devemos encontrar algo mais que fazer até que
Carl volte. - Sugeriu-lhe de repente, com voz tensa.
A decepção a invadiu. Por que não havia trazido mais
camisinhas?
- Não é que não goste de te beijar, mas posso dizer ao que isso
vai levar em dois minutos. E não acredito que queira lutar contra
mim, quando eu não puder me controlar por mais tempo.
- Não acredito que seria muito boa brigando com você.
- Seria divertido se ao menos tentasse. - Soava como algo que,
na realidade, poderia ser muito divertido.
- Ah, um homem que gosta de caçar. - Deu-lhe um olhar
conhecedor.
- Sobretudo quando a presa parece tão deliciosa. - Seus olhos
lhe diziam quão deliciosa pensava que era.
Delilah deixou deslizar um dedo sobre os lábios dele.
- Adiante, pegue-me se puder.
Samson divertidamente fechou a boca, mas ela conseguiu
retirar seu dedo.
- Você não é suficientemente rápido.
Ela deixaria que a apanhasse, mas ainda não. Teria que
trabalhar um pouco primeiro.
- Me dê outra oportunidade.
Seu dedo voltou para os lábios dele, tentando-o com seu suave
tato. Ela o olhou fixamente averiguando quando fecharia a boca. O
rosto indiferente não dava nenhuma indicação. A língua chegou ao
seu dedo, lenta e sensualmente lambendo-o como se ele não tivesse
nenhuma intenção de mordê-lo. Outro golpezinho com sua língua, e
de repente sua boca se moveu para frente, envolvendo seu dedo e
encerrando-o.
Samson o manteve refém e o sugou com suavidade antes de
liberá-lo.
- Você se deixou distrair pela minha língua, essa foi a sua
perdição - ele a advertiu, piscando. - Nunca tire a vista do caçador. A
gente nunca sabe quando ele pode atacar.
Puxou-a sobre seu peito.
- Que tal um beijo para o caçador vitorioso?
- Desde quando a presa beija o predador?
- Alguma vez ouviu falar da Chapeuzinho Vermelho?
- Ela não beijou o caçador. - Mas ela beijaria Samson. Ele a
pegou. Merecia o prêmio.
- Mas ela beijou o lobo. Se eu fosse o lobo, você me beijaria?
- Que versão da Chapeuzinho Vermelho você lia quando era
menino?
- A versão para adultos, é claro!
Ele a girou sobre suas costas tão rápido que mal estava
consciente do que estava acontecendo. Um segundo mais tarde,
estava presa debaixo dele. Não se queixou, em sua opinião, era um
bom lugar para estar.
- Já que não vai me beijar por sua própria vontade, não tenho
mais remédio a não ser te torturar.
Ele saltou da cama e a levantou em seus braços.
- Aonde vamos? Que tipo de tortura?
- Ao banheiro, para uma tortura na água. - Sorriu-lhe.
Os olhos de Samson brilhavam como os de um garoto
planejando uma brincadeira. A tortura, de repente, soou como algo
que ela queria tentar.
O banheiro não tinha janelas e era enorme. Além de uma
grande bancada com duas pias, havia uma grande banheira do tipo
jacuzzi e o box do chuveiro era enorme. A privada ficava separada,
atrás de uma parede.
- Estou esperando um pouco ansiosa por esta tortura na água
que está prometendo.
- Você está me dizendo que não posso te assustar com nada?
- Suponho que não. Mas se você quiser que eu finja...
Ela poderia fingir um pouco se isso o acendia. Não é que ela
pensasse que ele necessitasse. Simplesmente ser ela mesma com
ele, parecia acendê-lo.
Samson a pôs de pé e ligou a água da ducha. Depois que
provou a temperatura, deu-lhe um pequeno empurrão para a água.
- Depois de você, minha senhora.
Delilah se meteu na ducha e o sentiu atrás dela. A água
começou a cair pelo seu torso, que absorvia o calor.
- Feche os olhos - ordenou-lhe ele. - Quero que use só o
sentido do tato, nada mais.
- Mmm... - Fechou os olhos, curiosa pelo que ele tinha em
mente.
Samson tocou seus ombros com suas mãos e delicadamente
lhe baixou os braços, detendo-se na dobra dos cotovelos antes de
conectar-se com seus pulsos. Rodeou-a e estirou seus braços para
cima, e logo a guiou para a parede, apertando-a contra os azulejos
da ducha. Ele pôs suas mãos abertas na parede, antes de liberá-la.
- Não se mova.
Sua ordem foi dita com calma e com a confiança de um homem
que estava acostumado a ter suas ordens cumpridas.
Ela obedeceria, enquanto desfrutasse do que estava fazendo.
Um par de segundos mais tarde, ela estava segura que teria que
obedecê-lo pelo tempo que ele quisesse.
As mãos dele voltaram para seus ombros, antes de descerem
para a parte baixa das suas costas e sobre seus quadris, parando
justo antes do seu redondo traseiro. Em lugar de tocar-lhe moveu-as
para o lado de suas coxas. Chamas quentes lhe atravessaram com
seu toque. O fato de que não via o que estava fazendo, só
intensificava a sensação.
Delilah o ouviu mover-se atrás dela e de repente sentiu suas
duas mãos em seu traseiro, fazendo movimentos circulares antes de
movê-las novamente para cima. Ela respirava com dificuldade.
- Mais abaixo. - Desejava suas mãos em seu traseiro outra vez.
- Eu acho que faço as normas aqui. Está pronta para me dar
um beijo já, ou preciso continuar te torturando por mais tempo?
- Torture-me mais. - A escolha foi fácil. Se isto era uma
tortura, o que aconteceria quando ele decidisse banha-la e agrada-
la?
Suas mãos foram para baixo de seus braços e lentamente
viajaram pelos lados do seu quadril, antes de mover-se para o centro
e pela metade de seu traseiro. Ela gemeu quando sentiu sua mão
descansar entre suas pernas. Esperando que ele não se desse conta,
jogou a pélvis para trás para forçar sua mão para frente. Ele a
pressionou de volta contra a parede.
- Não, não. - Disse Samson.
Segundos depois, Delilah sentiu algo quente e escorregadio
sobre seu traseiro. Sua língua lambia cada centímetro do seu
traseiro. Samson sabia como torturar a uma mulher. Ela sentiu como
o líquido quente surgia de sua carne já úmida e começava a deslizar-
se por suas pernas. Finalmente sentiu a mão dele sondando suas
dobras úmidas.
Com a outra mão, puxou seu quadril para ele e separou suas
pernas. Delilah o sentiu virar-se e, finalmente, seu rosto estava justo
debaixo dela, entre suas pernas. Ele sentou com as costas contra a
parede de azulejos, com as pernas estiradas diante dele, e com o
rosto em seu núcleo. Com as duas mãos, agarrou-lhe o traseiro e
apertou seu rosto contra seu sexo, deslizando a língua sobre suas
dobras quente.
- Ai Deus! – Ela gritou.
Deteve-a com firmeza para que não pudesse escapar,
enquanto sua língua brincava com seu clitóris. Seus movimentos
eram magistrais e implacáveis. Ela sabia que a única maneira que ele
se deteria era quando tivesse seu clímax. E queria gozar... justo em
sua boca.
Sua língua era perita em encontrar o lugar correto e em aplicar
a pressão certa, para fazê-la suspirar em cada investida. Seus
gemidos mesclados com os dele, lhe dizia o muito que desfrutava em
agradá-la. Nunca conheceu um homem tão generoso quando se
tratava do seu prazer.
Suas mãos acariciavam seu traseiro e sua língua a tentava, em
um ritmo que fez o seu corpo zumbir. Sentiu que seu calor corporal
queimava no interior, como se fosse um vulcão a ponto de
erupcionar. A lava fundida em seu núcleo fervia para a superfície, e
em uma grande explosão, seu corpo liberou toda sua tensão,
disparando ondas de prazer em cada uma de suas células.
Delilah se apoiou contra a parede de azulejos, suas pernas
tremiam, quando sentiu que ele se levantava e a tomava em seus
braços.
- Que tal um beijo agora? - Pediu Samson.
Delilah se voltou e abriu os olhos, encontrando seu olhar fixo
nos seus, deu-se conta que mudaram de sua cor avelã a um ouro
escuro.
- Tudo o que quiser. - Ela falava sério. Nem sequer precisava
pedir.
Seus lábios se fundiram com os dele, e a sufocou em um beijo
comprido e apaixonado. Suas mãos a apertaram contra seu corpo
nu, e ela podia sentir seu pênis duro contra seu estômago.
Perguntou-se quão difícil seria para ele tocá-la assim, enquanto
esperavam Carl voltar com as camisinhas.
Havia algo que podia fazer para aliviar sua necessidade. Delilah
se separou dele, e ele a olhou assombrado.
Samson estava a ponto de protestar pela interrupção, quando
sentiu sua mão agarrando seu pênis.
- Posso te torturar também?
- Sob uma condição. Continua me beijando.
Ele nunca havia sentido algo assim com ninguém. Quando
estava submerso em seu beijo, ela o transportava a outro mundo,
um mundo de sol e calor. Estava ficando viciado nela. As imagens
eram tão vívidas que quase podia sentir o sol sobre seu corpo e o
aroma das flores na pradaria. Entretanto, não fazia ideia do por que
tinha essas visões com ela.
Ele procurou seus lábios de novo e foi transportado
instantaneamente à pradaria de verão. Ela deslizou sua mão para
cima e para baixo de seu pênis ereto, atirando mais forte com cada
movimento. Sua mão era suave e cálida, e a água que gotejava
sobre eles, fazia suave cada movimento.
Delilah sabia como excitá-lo. Só sentir seus seios apertados
contra seu peito, seus lábios nos seus, suas línguas entrelaçando-se,
excitavam-no mais do que qualquer mulher vampiro havia feito. O
toque de sua mão, era algo celestial. A forma como passava a mão
sobre seu pênis e como o apertava com a correta pressão movendo
sua pele para cima e abaixo, era como se ela pudesse ler sua mente,
sabendo instintivamente o que queria e o que o atraía mais e mais
para o seu clímax.
- Delilah.
Sua mão lhe apertou de novo, agora mais rápido e com mais
força. Em um intento desesperado por manter o equilíbrio, lhe
afundou as mãos em seu quadril e colocou uma de suas coxas, entre
as dela. Mas a avalanche de sensações que suas carícias enviavam
através dele, era muito intensa. Sua respiração acelerou, e seu corpo
esticou quando sentiu que seu sêmen saía disparado através de seu
pênis e derramava sobre seu estômago.
Ele se apoiou contra a parede atrás dele e enterrou sua cabeça
no oco de seu pescoço, tentando esconder dela que suas pernas
tremiam como as de um adolescente que experimentava sua
primeira relação sexual. Esta mulher humana, levou todos os seus
pensamentos sãos para fora do seu corpo.
- Acredito que essa é toda a tortura que posso suportar por
agora.
Não era isso o que queria dizer. Queria declarar o que sentia
quando estava com ela, entretanto não revelaria. Apenas a conhecia.
Ela pensaria que estava louco. E, além disso, nunca funcionaria por
ser um vampiro. Nem sequer deveria sentir o que sentia com ela.
Samson tentou convencer-se de que a razão pela qual se
sentia assim, era porque estava muito faminto de sexo. Seria só por
esta noite, até que tivesse acalmado sua fome de sexo.
Depois disso, ela não significaria mais nada para ele, estava
decidido. Por certo não havia nenhuma boa razão para que ele a
quisesse por mais tempo. Depois de tudo, ele estava seguindo as
ordens do médico. E quem em seu juízo perfeito continuaria tomando
remédio depois de curar-se? Quem, de fato?
CAPÍTULO 7

Delilah parou em frente da pintura sobre a lareira no quarto de


Samson. A cena de uma casa majestosa rodeada de extenso terreno
e um pequeno lago, atraiu-a. Havia algo estranhamente familiar,
quase como se conhecesse o lugar.
Ela sentiu quando Samson se deteve atrás dela.
- Quando pintou isto? - Ela lhe perguntou sem pensar.
- Como sabe que a pintei? - Sua voz soava tão surpreendida,
como ele estava. Por alguma razão inexplicável, ela sabia que ele o
pintou. Podia ver o Samson de pé diante de um cavalete, com um
pincel na mão, camisa e calça suja de várias cores de tinta a óleo.
- Não sei. Mas assim que a vi soube que você o havia pintado.
Ela mesma se surpreendeu pela certeza com que disse essas
palavras.
- Eu o fiz. É a casa de meus ancestrais. Minha família veio da
Inglaterra.
- É linda. Ainda está nas mãos de sua família?
Era mais um castelo que um lar, mas o calor que Delilah sentia
quando a olhava, fez dar-se conta de que tinha sido uma casa com
calor familiar, com amor e risadas.
Voltou-se para ele e viu a dor em seus olhos durante um
segundo, antes que ele plantasse um sorriso em seus lábios.
- Não, não mais. Perderam tudo depois de alguns
investimentos imprudentes. A família ficou sem um centavo, e tudo
foi vendido. Foi isso que me trouxe, quer dizer, meus antepassados
aos Estados Unidos. O único filho deles chegou à este país no século
XVIII para fazer um nome por si mesmo.
- E o que aconteceu? Fez um nome por si mesmo? - Perguntou
Delilah com interesse.
Adorava história, especialmente quando se conectava a alguém
a quem conhecia pessoalmente.
- Sim e não. Teve finalmente êxito nos negócios, mas nunca
mais viu seus pais.
Foi o que mais lamentou na sua vida. Teve que deixá-los para
trás. Nunca mais abraçou sua mãe de novo, não mais conversou com
seu pai a respeito das coisas que importavam a um homem jovem.
Havia dor em sua voz. Ela sentiu uma sensação de perda
golpeando em seu peito.
- Você fala como se o conhecesse. Foi a mais de duzentos anos
atrás.
Samson piscou e logo lhe deu outro sorriso.
- Eu gosto de pensar que o conheci. É o que teria sentido em
sua situação. A perda da família é o mais difícil de superar.
Ela entendia muito bem.
- Quando perdeu a sua?
- Faz muito tempo.
Ele a tomou em seus braços e lhe beijou a parte superior da
cabeça. Ela sentia a sua necessidade de ternura, enquanto se
moldava nele, envolvendo seus braços ao redor de suas costas.
- Vêm comigo para o meu lugar favorito.
Samson a levou para o chão, sobre as grandes almofadas
diante da lareira. Delilah rodou sobre seu estômago e olhou para as
chamas. As sombras criadas pelo fogo, dançavam sobre sua pele
nua. Seu cabelo comprido e escuro se estendia sobre seus ombros.
Algumas das mechas estavam molhadas pela ducha.
Seu corpo se voltou para ela e sua cabeça descansava em sua
mão, enquanto admirava sua beleza e brincava com seu cabelo.
Gostava de correr a mão sobre seu traseiro nu, acariciando-a mais
meigamente do que alguma vez acariciou a uma mulher antes.
Sentia sua pele deliciosamente suave e sem defeitos.
- Você disse que está em uma viagem de negócios. Quanto
tempo ficará em São Francisco?
Samson baixou a cabeça para beijá-la sobre a fenda na base
das costas.
- Até quarta-feira. Depois tomarei o voo noturno, de volta à
Nova Iorque.
Sentiu uma pontada no peito. Indigestão? Não é provável, os
vampiros não sofrem de indigestão.
- Nova York? Eu vivia em Nova York. Diga-me o que faz lá.
Queria fazê-la falar para poder apartar sua mente do que
realmente queria fazer, tomá-la outra vez e outra vez, uma e outra
vez. Talvez mordiscando seu caminho sobre as ondas de seu
traseiro, romperia o gelo. Ele assim o fez, deixando que seus lábios
passassem sobre sua delicada pele.
Um agradecido gemido foi sua resposta antes de falar outra
vez.
- Trabalho como consultora independente. Viajo muito por
causa do meu trabalho.
- Que tipo de consultora?
Ele não estava interessado, mas ainda não ouviu Carl voltar e
sabia que precisava matar o tempo de algum jeito. Por muito que
quisesse fazer com ela outra vez sem penetração, não acreditava
que conseguiria suficiente autocontrole para não afundar-se nela
desta vez. Ele não gostaria de zangá-la tentando deitar-se com ela
sem usar uma camisinha, já que pensava que era o tipo de mulher
que simplesmente se desfaria dele, se fizesse algo contra sua
vontade.
É obvio, como um vampiro sempre poderia forçá-la, mas não
queria fazê-lo. Queria que viesse para ele por sua própria vontade.
Tinha a sensação de que sexo com Delilah era muito mais
satisfatório, quando ela o queria. A ideia de obrigá-la a ele, dava-lhe
uma estranha sensação de culpa.
- Coisas financeiras. Na realidade não é muito interessante.
Soava como que não quisesse falar disso. Sendo um caçador
em seu interior, sentia-se desafiado a obter uma resposta.
- Tente outra vez. - Para animá-la, pôs beijos suaves em seu
sexy traseiro.
- O que? - Ela virou a cabeça para trás, e lhe deu um olhar
inquisitivo.
- Vamos ver se entendi bem. Você não quer me dizer no que
trabalha? - Samson se ergueu.
Ela se encolheu.
- É que na realidade não é nada interessante. E uma vez que
lhe fale sobre o meu trabalho, acreditará que sou muito aborrecida.
- Desculpas, desculpas. Mas não há maneira de que pudesse te
olhar e pensar que é aborrecida. - Seus olhos deliberadamente
escanearam suas costas nuas e o traseiro. Não, definitivamente,
aborrecida não era o adjetivo correto para descrevê-la. Deliciosa,
quente, sensual, nem sequer essas palavras captavam realmente o
que via.
- Você vai rir.
- Tenha um pouco de fé na minha capacidade para me
controlar.
- Sou auditora.
- Auditora? - Repetiu, antes que sentisse uma risada afogada
crescer no peito. Ele tentou reprimi-la, mas era muito tarde. Estava
preocupada que ele fosse achá-la aborrecida porque era auditora?
Isso era muito divertido. - Você pode me auditar a qualquer
momento.
- Eu poderia contar e medir todas as suas partes para me
assegurar de que tudo está onde deveria estar.
- Melhor conseguir uma fita métrica realmente grande.
Um segundo depois uma almofada o golpeou no rosto.
- Sabia! Faça deboche da pequena auditora aqui, mas não será
nada original. Já escutei antes, cada uma dessas brincadeiras.
Samson agarrou a almofada e a jogou de volta para ela,
começando uma guerra de almofadas. Ele sabia que não estava
zangada quando a escutou rir. Delilah rodou e o golpeou com outra
almofada, que ele se apropriou imediatamente, antes de imobilizá-la
apanhando-a por debaixo dele. Ela ofegou. Deu-lhe um beijo antes
que ele a deixasse em liberdade de novo.
- O que a fez querer ser auditora?
- Era algo em que era boa.
Ela se mostrava relutante em falar sobre a escolha de sua
carreira.
- Certamente não sabia disso antes de começar a trabalhar.
Deve ter um fato que a interessou.
- Não era realmente interesse no trabalho, mais como... não
sei, o fato de que eu pudesse controlar algo.
A resposta o surpreendeu. Delilah não lhe parecia como uma
fanática por controle.
- Não estou certo de compreendê-la. O que quer dizer com
controle? Queria ser chefe?
Ela era uma mulher forte. Certamente poderia vê-la como uma
líder em seu campo.
Ela negou com a cabeça.
- Nada disso. Eu queria controlar riscos, para me assegurar de
que as coisas não saíssem mal.
- Mas é isso o que faz realmente agora? Controle de riscos? -
Como se ela tivesse medo de algo. O que poderia temer?
- De certa forma, sim. Asseguro-me de que as coisas se
arrumem quando vão mal. Eu gosto de encontrar o culpado e corrigir
a situação. Elimina-se riscos para o futuro.
- Por que é tão importante para você corrigir as falhas? -
Samson perguntou, agora com curiosidade.
Por que uma mulher formosa como ela, estava interessada em
concertar o mundo? Não deveria estar interessada em algo um pouco
mais feminino?
- Porque alguns resultados podem machucar as pessoas. Se eu
posso reduzir os riscos, posso diminuir as más situações. - Conceito
interessante.
- E as pessoas não seriam prejudicadas.
Ela concordou com a cabeça.
- Não poderia ajudar melhor as pessoas, se fosse médica? -
Parecia um caminho muito mais simples para ajudar a humanidade,
se isso era o que queria fazer.
Ela fez um gesto de rechaço.
- Deus, não! Ver sangue me dá náuseas. Posso manejar as
cifras, mas o sangue não.
Samson tragou com dificuldade. Se não conseguia lidar com
sangue, sem dúvida poderia ser um problema mais tarde, quando...
que demônios ele estava pensando? Não haveria um depois. Ela
nunca teria que lutar por sangue. Não a morderia jamais.
É hora de trocar de tema. Rápido.
Ele a imobilizou uma vez mais, encarcerando seus pulsos e
baixando a cabeça. Seu fôlego se mesclava com o dela.
- Você é a mulher mais excitante que já conheci. – Será que
era uma mudança muito brusca de tema? Talvez, mas não parecia
lhe importar.
- É por isso que está duro de novo?
Sua ereção era difícil de não perceber, pressionando-a contra
sua coxa quente.
- E a mais perspicaz. E se Carl não chegar aqui nos próximos
dez minutos, não sei o que vou fazer contigo.
Ele sublinhou sua declaração com um suspiro exasperado.
Delilah esfregou a coxa contra sua ereção, lhe tentando ainda
mais.
Pequena descarada!
- Que sejam cinco minutos. - Corrigiu-se e gemeu.
Samson afrouxou a pressão sobre seus pulsos, e ela liberou
uma de suas mãos para pô-la na parte posterior de seu pescoço.
- Talvez possa te ajudar a passar o tempo.
Ela o baixou e tocou seus lábios nos dele. Logo que sentiu a
sua pele suave, e segundos mais tarde, a sua língua úmida
deslizando para sua boca, ele perdeu-se por completo. Durante
alguns segundos, cedeu a ela, devolvendo seu beijo apaixonado, mas
o impulso de penetrá-la estava se voltando muito grande. Com todas
as forças que ficavam, tirou-a e rodou sobre suas costas.
Sentou-se e se afastou dela.
- Está bem. Este é o trato. Fique aí. - Assinalou um dos
extremos com as almofadas no chão. - E eu fico deste lado.
- E então?
- Vamos conversar. Talvez devesse te emprestar uma camisa.
- Uma camisa? Ou seja, já me viu o suficiente?
- Claro que não. Mas poderia ser divertido arrancá-la, quando
as camisinhas chegarem.
Já podia imaginar a cena. Maldição, sua mente não era capaz
de pensar em outra coisa, senão em sexo, ou melhor dizendo, em
sexo com Delilah. Tinha a sensação de que deveria tomar mais de
uma noite para tirar isto de seu sistema.

Carl estacionou a limusine na garagem e saiu. Em duas


viagens, trouxe tanto os comestíveis, como todos os objetos pessoais
da Delilah para a casa, inclusive as flores que Samson lhe havia
enviado. A casa estava em silêncio, exceto pelas vozes baixas que
ouvia provenientes do andar de cima. Seu sentido de audição era tão
agudo como o de Samson. Na cozinha, viu a nota de seu chefe
imediatamente. Quando a leu, levantou as sobrancelhas. Seu chefe
pensava em tudo. Sem questionar, deslocou todo o sangue do
refrigerador principal para o menor, na despensa, com chave. Delilah
não encontraria nada fora do comum e o segredo permaneceria a
salvo. Não gostava da ideia de que a mulher estivesse ficando na
casa, mas ele seria o último homem para questionar as decisões de
seu chefe.
Carl era completamente dedicado a Samson. Sua lealdade era
insuperável e daria sua vida por ele, se alguma vez fosse necessário.
Depois de tudo, Samson lhe havia revivido quando um bando de
delinquentes roubou sua vida humana. É claro, agora era um
vampiro, mas no livro de Carl era melhor que estar morto.
Terminou de encher o refrigerador com o alimento humano
antes de levar a bagagem de Delilah, assim como o buquet de rosas
vermelhas, ao quarto de hóspedes. Ele sabia que ela não ficaria
nesse quarto, podia escutá-los, a ambos, no quarto principal.
Deteve-se diante da porta e pôs a caixa de camisinhas no piso,
quando ouviu Samson rir. Não ouvia seu chefe rir já fazia muito
tempo. Finalmente estava feliz, ao menos nesse momento. E só seria
por pouco tempo. O que Carl encontrou entre as coisas de Delilah
quando estava empacotando suas coisas, preocupou-lhe. Precisava
dizer para Samson.
Levantou a mão para bater na porta, mas hesitou.
Recordou as instruções explícitas de Samson de não querer ser
incomodado esta noite, e apesar de suas preocupações, Carl não
tinha coração para interrompê-lo. Samson necessitava de uma noite
com diversão e jogos. Ele esperaria.
Carl saiu da casa, sabendo que seu chefe já o ouviu nas
escadas. Não havia necessidade de lhe fazer saber que executou
todos os seus desejos.
Logo que estava de volta no carro, discou um número.
- Sim, Carl? - Respondeu Ricky imediatamente.
- Temos que conversar. É urgente.
- Estou com o Amaury. Estamos no Dog Patch, atrás do velho
moinho.
O Dog Patch era parte do bairro Potrero Hil de São Francisco,
um dos bairros mais sombrios de São Francisco e não era um lugar
onde os humanos gostassem de andar à noite.
Os vampiros, por outro lado, faziam-no porque estavam longe
dos olhos curiosos dos humanos.
- Quinze minutos. - Carl pressionou mais a fundo o acelerador
e o carro saiu disparado colina abaixo, em direção ao cais.

- O que quer dizer? Ele estava armado? - John Reardon


sussurrou no celular.
Nervosamente passeava em seu jardim, sempre olhando para
trás da casa, esperando que sua esposa não o ouvisse.
- Não sei o que aconteceu, mas eu te digo, estou fora.
- Esse não era o trato, Bily. Já te paguei. - A voz de John
estava agora cheia de pânico.
- Ganhei meu dinheiro, mas a cadela segue recebendo ajuda.
Disse-me que ela não conhecia ninguém aqui, e de repente um tipo a
defende com sua vida? Digo-lhe isso, havia algo um pouco retorcido
naquele tipo. Não se meta com ela.
- Maldição! Só tente uma vez mais. Eu vou vê-la amanhã no
escritório, e averiguarei o que vai fazer a noite. Assegurar-me-ei de
que esteja a sós. Por favor, me ajude.
Ele escutou Bily inalando com força, várias vezes, até que por
fim falou:
- Se não estivesse casado com minha irmã, nem sequer
estaríamos tendo esta conversa. De acordo. - deteve-se de novo. -
Mas desta vez, me dirá tudo. Depois, decidirei se continuo te
ajudando. Não vou arriscar meu pescoço cegamente. A família tem
seus limites.
- É melhor se não souber muito.
Por muito que John queria que seu cunhado lhe ajudasse a
tirá-lo da confusão em que estava, pensou que seria mais seguro se
Bily não soubesse tudo.
- Besteira, comece a falar ou eu caio fora.
Vários atritos de Bily com a lei, deram-lhe uma postura de
valentão.
- Prometa-me que não dirá nada a Karen a respeito disto.
John não queria que sua esposa soubesse o que havia feito. Já
brigavam o suficiente.
Bily lançou um grunhido concordando.
- Eu alterei os livros da empresa. Foi muito simples no
princípio, disponibilizava alguns computadores como sucata, logo era
fácil vendê-los e ficava com o dinheiro. Isto me ajudava.
Necessitávamos do dinheiro depois de ter comprado a casa nova.
John sabia que não era justificativa para roubar, mas na
realidade não teve outra opção. A taxa de juros da hipoteca
aumentou muito, e ele não conseguia fazer mais os pagamentos.
- Isso é tudo? Sinto muito, mas essa não é uma razão
suficiente para se livrar da auditora - replicou Bily. - Nem sequer
sabemos se ela o descobrirá.
Se Bily soubesse o que realmente estava acontecendo, mas
não poderia confiar nele, então manteria a boca fechada.
- Descobrirá, ela é uma das melhores. Eu comprovei.
- Assim se ela descobrir vai te dar uma palmada na mão.
Grande coisa.
- Vou perder tudo.
John não falaria sobre o homem que o estava chantageando.
Não. Tinha tanto medo dele, que nem sequer o mencionaria para
Bily, era como se o homem soubesse de tudo, de algum jeito.
- Por favor, Bily. Faça isso pela Karen.
Houve uma longa pausa, durante a qual quase pensou que Bily
havia desligado o celular.
- Está bem, mas esta é a última vez. Se ela escapar de novo,
está por sua conta. E me deverá outros mil.
- Obrigado, Bily. - Disse John e desligou.
Bily era o menor de seus problemas. Pelo menos conseguia
manipular o seu cunhado em quase tudo. E com uma folha de
antecedentes criminais, tão longa como seu braço, Bily tinha
suficientes recursos em suas mãos para que as coisas acontecessem.
Além de estar sempre com necessidade de dinheiro.
John temia fazer a chamada telefônica que adiou durante toda
a noite.
Quando começou a alterar os livros, pensou que seus
problemas terminariam, mas um dia, recebeu uma chamada
telefônica de um homem que sabia o que estava fazendo. O homem
começou a chantageá-lo. Em troca do seu silêncio, pediu-lhe acesso
aos livros da companhia. John nunca perguntou o que ele queria,
pensando que quanto menos soubesse, melhor.
Agora, com a chegada inesperada da auditora de Nova
York, estava preocupado de que ela iria encontrar o que ele havia
feito. Sua carreira terminaria. Não só isso, seria processado
penalmente. Mas isso não era o pior. O homem havia dito que ele se
desfizesse da auditora, ou caso contrario se desfaria dele.
John nunca o viu e falava com ele só por telefone. Nem sequer
sabia seu nome, mas sabia que falava a sério. O que seu chantagista
queria fazer, era uma fraude muito maior que os poucos milhares de
dolares que John havia roubado. Por que outra razão necessitaria de
sua contra-senha e início de sessão dos sistemas da empresa? E por
que outra razão teria solicitado que se encarregasse da auditora?
Enquanto John discava o número, em segredo esperava que
respondesse seu correio de voz, mas sabia que as possibilidades não
eram boas. Não importava a que hora da noite chamava, o homem
atendia, enquanto que durante o dia frequentemente respondia só
seu correio de voz.
- O que acontece? - A familiar voz masculina respondeu.
- Ela escapou de novo.
- Sei.
- Como? - John não estava confortável que ele já soubesse que
falhou.
- Tenho olhos e ouvidos em todas as partes. Deveria ter se
livrado dela quando teve a oportunidade. Agora ela está protegida e
eu vou ter que me encarregar disso. Idiota!
- Sinto muito.
- Oh, sentirá mais quando terminar contigo. Necessito mais
uma semana, e se não conseguir que ela ou qualquer outro auditor
deixe de revisar os livros até então, vou ter que encontrar alguém
para fazer o seu trabalho. Você me entendeu?
Sua voz soou cortante.
John estremeceu.
- Sim. Não haverá mais problemas. Prometo-lhe isso.
- Bom.
Um clique no outro extremo e a chamada desconectou. Nada
estava bom. John instintivamente sabia. Um dia não muito
longínquo, a merda golpearia o ventilador, e ele se encontraria de pé
justo na frente dele. Não era um quadro bonito.
- John.
A voz de sua esposa se ouvia atrás dele, quando ela saiu para
o jardim.
- Acaso não pagou a fatura do cartão de crédito do mês
passado?
Voltou-se para ela e a viu sustentando a fatura em suas mãos.
Parecia mais que irritada.
- É claro que sim. Sempre o faço.
Ele pagou? Não recordava se houve suficiente dinheiro no mês
anterior.
- Então por que estão cobrando um encargo de financiamento e
juros neste caso? Isso não pode estar certo! Vou ligar para eles.
John lhe arrebatou a fatura das mãos.
- Eu cuidarei disto. Estou seguro de que é um engano
administrativo. Eu ligo na primeira hora da manhã.
- Está bem, porque odeio quando estas empresas de cartões de
crédito enganam pessoas honestas como nós. É terrível!
Viu-a voltar para a casa e passou as mãos pelo cabelo. Quanto
tempo poderia continuar com isto? Ouviu seu filho mais novo fazendo
alvoroço. Se não tivesse os meninos pelos quais preocupar-se, ele e
sua esposa fugiriam da cidade. Mas com dois meninos nas costas,
até onde chegariam? E, além disso, quem estaria seguro que
inclusive Karen viria com ele, uma vez que ela soubesse nos
problemas que se meteu?
CAPÍTULO 8

Samson tirou uma camisinha da caixa e a colocou no bolso do


seu roupão de banho, antes de voltar para Delilah.
- Quer que faça o quê? - Um sorriso estava se formando em
seu rosto. Ele gostava de suas sugestões. De fato, gostava muito.
- Pegue-me, e se conseguir, talvez te deixe arrancar o meu
roupão.
Ela riu e se lançou sobre a cama e para o outro lado. Vestia
uma longa bata de seda de cor verde escuro, que lhe havia
emprestado. Era muito longa para ela e apresentava o perigo de
tropeçar. Não é que ele necessitasse a injusta vantagem que tinha
sobre ela.
- Vai ser uma perseguição curta - Samson lhe advertiu sem
malícia. - E eu, sempre ganho.
- Sou rápida.
Maldição, ela era linda. E brincalhona.
- Eu sou muito mais . - Disse Samson.
Sem esforço saltou por cima da cama, enquanto a via escapar
ao redor do sofá e logo correr sobre as almofadas no chão, diante da
lareira. Ele tomou um caminho diferente, mas demorou um tempo.
Não queria que a caça terminasse muito rápido. Sempre manteve
dois passos atrás dela, assegurando-se de que estava quase ao
alcance, mas lhe dando a sensação que poderia escapar se quisesse.
Sua risada encheu o quarto que durante muito tempo, não viu,
nem escutou nenhum sorriso, sem falar nos ecos da voz
embriagadora de Delilah.
Ela rodeou o sofá de novo e Samson parou justo na frente
dela. Ela fez uma indicação à direita, mas logo virou à esquerda.
Saltou sobre o sofá, como se fosse um obstáculo, e ele admirava a
sua agilidade. A forma como esticava as pernas, poderia resultar útil
futuramente. Podia pensar em mais de um uso para sua flexibilidade,
como suas longas e bem torneadas pernas se envolvendo ao redor
dele, como as levantaria até os ombros. Seu pênis ficou rígido só de
pensar.
Samson umedeceu os lábios e foi atrás dela, enquanto saltava
para a cama. Ali era exatamente onde ele a queria. Apoderou-se de
seus tornozelos e atirou-a para baixo, fazendo-a cair de cara nos
travesseiros macios, quase lhe tirando o ar.
- Peguei você.
Saltou para a cama como um tigre capturando a sua presa,
sujeitando-a debaixo dele.
- Vim reclamar o meu prêmio.
Ele moveu seu cabelo para o lado para revelar seu pescoço e
rosto. Ela respirava agitadamente. Ao dar-se conta de que,
provavelmente, estava esmagando seu diafragma com seu peso,
rodou para o lado, levando-a junto. Cuidadosamente acomodou seu
traseiro bonito em sua virilha e moldou seu peito às costas dela.
Gostava de jogar com ela, mas nunca foi do tipo brincalhão. Nunca
teve um corpo de mulher com o qual se sentisse tão bem.
Certamente era pelo fato de que esteve tão privado de sexo.
- Deixei você ganhar. - Insistiu Delilah, ainda sem fôlego.
- Eu ganhei justamente. - Samson sorriu enquanto tirava o
roupão de seda para o lado, deixando suas pernas descobertas.
Como pode uma mulher pequena como ela, ter pernas tão
longas? Correu a mão por sua suave coxa, admirando a forma
perfeita.
- O que quer? - Ela perguntou.
Era claro e simples.
- Você.
- Já me tem. - Deu-se conta do que estava admitindo?
Tirou o roupão de seus ombros.
– Assim, tudo isto é meu?
A palavra meu, afundou-se muito lentamente no peito dele,
sentindo-se muito bem, enquanto pressionava seus lábios no ombro
dela. Sem tirar suas presas, seus dentes rasparam sua pele. Sentiu-a
estremecer.
- Sabia que o leão morde a leoa durante o acasalamento, para
reclamá-la como dele?
A ideia de reclamá-la passou através de sua mente, como uma
bala ricocheteando em um pequeno espaço.
- É isso o que está tentando fazer? - Ela não se afastou.
- Não me tente, ou eu poderia fazer o que um leão faria.
Samson tinha que deixar de olhar para o seu pescoço, onde a
artéria pulsava sob a pele. A única maneira de esquecer o sangue
que fluía por suas veias, era satisfazer outra fome, que fazia seu
pênis palpitar sem controle.
- Quem disse que te deteria?
Samson suspirou diante da ideia tentadora, antes de deslizar o
roupão mais abaixo e tirar-lhe em questão de segundos. Tirou
rapidamente seu roupão de banho e a aproximou para seu peito. Seu
traseiro doce alinhado perfeitamente com seu pênis duro. Se alguma
vez viu uma mulher com o traseiro mais perfeito, ela se chama
Delilah. Só de olhá-la, sabendo que em poucos segundos poderia
afundar-se nela, enquanto desfrutava da vista dessas deliciosas
nádegas redondas, o enchia de desejo.
Procurou a camisinha e a colocou.
- Nunca estive tão duro em minha vida como estou contigo. -
Continuamente duro e com desejo.
- Algo que possa fazer por ti?
Samson se empurrou entre suas pernas, sentindo sua entrada
e empurrando seu pênis completamente dentro dela.
- Sim. - gemeu em voz alta. - Pode me deixar te agarrar até o
sol nascer.
Ou mais.
Delilah estava de quatro para lhe dar um melhor acesso, e ele
agarrou seu quadril e pressionou mais forte. Ela estava tão molhada,
que sem esforço deslizava dentro e fora apesar de seu tamanho.
Devido a sua posição por trás, ele tinha o controle total sobre ela.
Estava vulnerável, no entanto tudo o que ouvia eram seus sons de
prazer, gemidos escapavam de seus lábios com cada investida que
dava. Era como música para seus ouvidos. Um concerto de sons
mágicos, que pareciam apaziguar o seu corpo de uma forma que
nenhum outro som o fez antes.
Ela mostrava em seu rosto sinais de êxtase, sua respiração era
curta e forte, seu flexível corpo respondia.
- Mais.
Mais? Esta mulher humana queria que a agarrasse mais forte?
Poderia rompê-la. Não deveria fazê-lo. Era muito perigoso.
- Mais. - Rogou-lhe novamente, até que ele já não conseguia
conter-se.
Sentiu que suas presas saíam, e seu corpo endurecia. Seu ser
vampiro queria fodê-la. Demônios, ele esteve se contendo por tanto
tempo, que não tinha nem vontade nem controle de si mesmo para
deter a transformação. Ela queria ser fodida. O que estava
esperando, outro convite?
Não deixaria que ela o visse assim, não com as presas
estendidas e os olhos brilhantes com a cor vermelha. Ela se
assustaria se o visse assim. Sua mão foi em busca do amplo cinto de
seda do seu roupão. Encontrou-o e o puxou para cima.
- Feche os olhos e vou cumprir todos os seus desejos. - Tentou
controlar a voz e pôs o cinturão por cima de seus olhos.
Ela se surpreendeu no princípio, mas para sua surpresa
permitiu continuar atando o nó atrás da sua cabeça.
- Não vou te machucar, prometo.
- Eu sei.
É incompreensível o por que Delilah confiava nele. Mas sabia
que o fazia. Sentia.
Samson deu um último impulso por trás antes de sair dela.
Então virou-a e se posicionou sobre ela, centrando-se.
- Delilah, doçura, envolva suas pernas ao redor de mim.
Ele inundou-se nela e a montou forte, mais forte do que fez
antes, mais forte do que deveria com um ser humano. Maldição, não
deveria ter relações sexuais com um ser humano em primeiro lugar.
Muito tarde. Já estava no profundo, literal e figurativamente. E ele
não iria parar, não. Parar agora, quando ele tinha tudo o que queria,
não era uma opção. Renunciar a fazer seus corpos zumbir de prazer?
Não. Nenhum homem pararia e menos ainda um vampiro. Estava
sendo controlado por seus desejos, era mais um animal que um ser
humano.
Suas presas desejavam o pescoço dela e o sangue que
prometia sob a pele pálida. A pele tão vulnerável, tão frágil, tão
deliciosa. Lembrou seu aroma de lavanda e sabia o que necessitava,
mas não o conseguiria. Não poderia beijá-la, não agora, não com
suas presas estendidas. Maldição!
Seus músculos estavam tão apertados ao redor de seu pênis
que Samson sabia que o ordenharia a qualquer momento. Sabia que
rasgaria a maldita camisinha em pedaços quando o fizesse, mas não
se importava. Não conseguia conter-se mais.
- Oh, Deus, sim.
Delilah recebia cada um de seus impulsos, com uma reação
igual e poderosa, golpeando seus corpos juntos com tanta força, que
pensou que se romperia em pedaços. Entretanto, continuou
atravessando-a com seu pênis duro, enchendo a sua vagina
apertada, perfeitamente.
Então, de repente, sentiu que seus músculos o apertavam mais
forte, enquanto gozava, tão inesperado para que ele pudesse parar a
aproximação de seu próprio clímax. Literalmente, podia sentir as
ondas através do corpo dela. Em um efeito dominó, iniciaram o que
parecia ser dinamite em suas próprias células, fazendo-o explodir
com a força de uma bomba atômica. Sua cabeça girou para seu
pescoço, com suas presas dispostas a rasgar suas veias e beber seu
sangue.
Toma-a! É tua!
No último segundo, girou a cabeça para a outra direção e
afundou as presas no travesseiro quando desabou em cima dela.
Samson exalou em grande medida, uma, duas, três vezes.
Quase a mordeu, quase. Isto estava se tornando muito perigoso para
ela. Entretanto, ao mesmo tempo, sabia que não conseguiria parar.
Necessitava mais dela, e não havia mais horas na noite, suficientes
para verdadeiramente chegar a saciar-se dela.
Sentiu quando ela tirou a venda e virou a cabeça, mas
manteve seu rosto afundado no travesseiro. Pouco a pouco suas
presas retrocederam para suas gengivas e sentia diminuir a tensão
em sua mandíbula.
- Assim, estava se contendo na primeira vez. - disse ela,
ofegando tão forte quanto ele.
Samson levantou a cabeça, sabendo que suas presas haviam
retrocedido por completo, e o resplendor vermelho em seus olhos
havia desaparecido.
Ele estava completamente normal para ela de novo, ou tão
normal como poderia ver-se depois do orgasmo mais explosivo que
sentiu até hoje. Estava seguro de que apresentava um estúpido
sorriso preso em seu rosto. O tipo de sorriso que teria um moço de
15 anos depois de sua primeira relação sexual.
- Você vai me amaldiçoar amanhã quando vir todos os
hematomas que te deixei. Você é frágil.
- Não sou mais frágil que qualquer outra mulher.
Porém, mais frágil que uma mulher vampiro.
E é a melhor.
Seus lábios faziam movimentos, e ele não pôde resistir. Beijou-
a com ternura, capturando seu lábio superior e chupando-o
suavemente para sua boca.
- Surpreende-me. Sinto como se fosse duas pessoas
diferentes, uma selvagem e uma tenra. - Ela declarou
- Mmm.
Ela não fazia ideia de quão precisa era sua avaliação, por isso
em lugar de responder, Samson decidiu mostrar seu lado terno e
continuou beijando.
Quando finalmente saiu dela, deu-se conta de que havia
acertado.
- Temo que o preservativo não tenha resistido. - Ele se desfez
do objeto rasgado.
Delilah estremeceu.
- Ai, não!
Ele pôs sua mão sob o queixo dela e a fez olhá-lo.
- Doçura, eu não quero que você se preocupe com isso. Não
posso te deixar grávida, e te garanto, eu estou completamente são.
Sua próxima reação o surpreendeu.
- Não pode ter filhos?
Ele pensou detectar decepção em sua voz, mas provavelmente
estava equivocado.
- Oh. - Inclinou a cabeça contra seu peito.
- Está cansada? - Teve a repentina urgência de mudar o tema.
- Na realidade não. Mas não pude dormir muito nestes dias.
Tenho insônia desde que cheguei a São Francisco.
- Insônia?
- Sim, é estranho. Não consigo dormir à noite, e então, durante
o dia estou completamente esgotada.
- Você já teve isto antes? - Samson gentilmente lhe acariciava
o cabelo.
- Não. Sou o tipo de pessoa que pode dormir em qualquer
lugar e em toda parte. Ponha-me na parte traseira de um carro,
comece a dirigir e dormirei.
- Então qual o problema que a mantém acordada? Muito
trabalho?
Delilah negou com a cabeça, antes que ela se apoiasse de novo
em seu peito.
- Não. O trabalho está normal, como sempre. Só alguns
pesadelos. Nada importante.
Samson se perguntou que tipo de pesadelo uma mulher como
ela poderia ter.
- Monstros?
- Nada importante. Só coisas estranhas. Eu poderia jurar que
sonhei com esta casa na noite anterior a te conhecer. Mas foi
provavelmente, nada. Quero dizer, há tantas casas vitorianas na
cidade, e à noite na realidade, todas são muito parecidas.
As mãos dela sobre seu estômago acariciavam-no
distraidamente, gostou de como se sentia. Íntimo, pessoal,
acolhedor.
- Acredita que sonhou com esta casa? E era um pesadelo?
Como homem, isso não soa como algo que queria escutar da mulher
em meus braços. O que acontecia no pesadelo? Espero que eu não
tenha participado dele.
Ela lhe deu uma suave palmada em seu braço.
- É claro que não. Provavelmente não era nem sequer a sua
casa. Poderia ter sido qualquer casa vitoriana.
- Assim, o que aconteceu nessa casa vitoriana? - Estava
curioso a respeito do seu sonho.
- Eu não estava no interior. Corri para ela, porque alguém me
seguia.
- Igual à outra noite?
Sentiu como ela continha a respiração por alguns segundos.
- Sim. Igual à outra noite. - Delilah fez uma pausa por um
momento. - Estou segura de que não é nada. É provável que seja só
por que estou dormindo em uma cama desconhecida. - Ela encolheu
os ombros.
Ele não a pressionou.
- Bom, já que esta também é uma cama desconhecida,
acredito que preciso mantê-la entretida então. - Sorriu Samson. -
Talvez até possa te cansar o suficiente para que possa dormir.
- Deveria ter um pequeno descanso para se recupar.
Ele pegou a sua mão e a levou até sua ereção.
- Não é necessário.
Ela se levantou sobre o braço e o olhou.
- Não entendo isto. Como é possível que esteja duro outra vez?
Só se passaram dois minutos desde que fizemos amor.
Ele elevou as mãos.
- Acredite, isto é novo para mim também.
Talvez não novo de tudo. Como um vampiro, era muito mais
resistente que um macho humano. Mas, entretanto, era incomum
para ele.
- Só preciso estar no mesmo quarto contigo e tenho uma
ereção. Não é exatamente algo que possa controlar.
Captou o fato de que ela havia chamado de fazer amor, em vez
de chamar sexo. Era isso o que ela sentia, que fizeram amor? Ele era
capaz de fazer amor? Isso implicaria mais que o aspecto físico de
unir corpos, significaria envolver emoções.
- Não estou me queixando, surpreende-me positivamente. -
sorriu-lhe Delilah enquanto suavemente passava o dedo pelo seu
pênis.
- Pelo que sei, puseste um feitiço sobre mim.
Olhou-a nos olhos e tentou entender por que ele reagia ao seu
corpo como o fazia. Por que não se cansava dela e a queria
novamente tão cedo?
Depois de várias horas e mais sessões de fazer amor, Delilah,
finalmente, sentia sono.
- Doçura, quando despertar pela manhã, eu não vou estar
aqui.
- Por que não? - Parecia decepcionada pelo fato de que ele não
iria acordar com ela.
E ele teria gostado.
- Eu tenho reuniões durante o dia todo e tenho que sair muito
cedo - mentiu Samson. - Mas te verei quando retornar à noite. Direi
ao Oliver que tome conta de ti amanhã.
- Que tome conta de mim?
- Ele será seu guarda-costas durante o dia.
- Eu não necessito de um guarda-costas - protestou ela e
bocejou. - Isso é realmente um exagero.
- Você foi atacada duas vezes. Acredito que não pode ser o
suficientemente cuidadosa.
- Não sou uma espécie de celebridade que necessita um
guarda-costas. Posso cuidar de mim mesma.
Sua voz adquiriu um tom muito duro, austero. Por que resistia
à sua oferta?
- Não posso estar contigo durante o dia, e não vou ser capaz
de me concentrar em nada, se não puder estar seguro de que está a
salvo. Aquele bandido ainda está por aí, e ele tentará novamente se
tiver a oportunidade.
- Samson, não pode se encarregar da minha vida assim. Fui
capaz de cuidar de mim mesma até dois dias atrás. Realmente não
preciso de segurança.
Ela parecia inflexível em sua negativa. Ali estava outra vez, o
seu problema de controle. Como auditora, ela queria controlar todos
os aspectos de sua vida. Exceto talvez no sexo. Ela lhe deu o
controle disso, e ele agiu como um homem faminto.
Mas quando se tratava de todo o resto, parecia que não queria
ceder o controle nem a ele, nem a ninguém mais, e discutir com ela
não iria funcionar.
- Por favor, Delilah. Aceite, por mim.
- Samson, isso é realmente ridículo. Eu não necessito de um
guarda-costas.
Delilah não iria ganhar este argumento, não se ele pudesse
evitar. De qualquer maneira, Oliver a protegeria amanhã, embora
tivesse que obrigá-la a aceitar ao utilizar o controle mental para
obtê-lo. Mas preferia não adotar uma medida tão drástica.
- O que aconteceria se você estivesse em meu lugar?
Ela abriu os olhos.
- Isso não é justo.
- Quem disse que estou sendo justo? O que aconteceria se
fosse eu que estivesse em perigo? Eu esperaria que você quisesse
me proteger, a menos é claro, que não se importasse comigo.
Quando Samson a olhou no rosto e notou que seu cenho se
franzia, soube que venceu.
- Está bem, mas tenho que ir trabalhar.
Saudou sua concessão com um beijo.
- Nem sequer se dará conta de que ele estará lá.
- Sim, claro.
Momentos depois, ela se aconchegou ao seu peito, e suas
pálpebras fecharam.
Samson não conseguia dormir. Seu corpo não estava o
suficientemente cansado, apesar da intensa atividade física. Jogou
uma olhada à caixa de preservativos quase vazia. Continuou usando-
os apesar de que um deles rasgou e, apesar do fato de lhe assegurar
que não precisava se preocupar com nada.
Ele teria gostado muito mais ao natural, para conseguir uma
sensação mais intensa em seu corpo. Talvez amanhã à noite. Sabia
que haveria outra noite. Estava muito longe de terminar com ela. O
Dr. Drake se equivocou quando pensou que ter sexo com ela o
converteria de novo em seu antigo eu. Não aconteceu. Sim, seus
problemas de ereção se foram, mas agora havia um problema
completamente diferente em suas mãos, estava viciado nela.
Enquanto olhava o corpo adormecido de Delilah, sentia a
necessidade de capturar a imagem diante dele. Seu cabelo escuro
derramava sobre o travesseiro, sua palma estava para cima, a veia
palpitante em seu punho, seus seios encostados em seu peito,
elevando-se com cada fôlego que tomava.
Tirou seu caderno de esboços de sua escrivaninha e começou a
desenhá-la.
Samson amava desenhar desde que era menino. Teve uma
educação privilegiada em uma das melhores famílias da Inglaterra.
Seus pais foram apaixonados pelas artes e o estimularam, inclusive
quando menino, a seguir suas paixões.
Sempre pensaram que seria um artista quando crescesse, mas
por desgraça, seu pai fez alguns investimentos imprudentes, e de
repente, a família ficou sem um centavo. O que poderia fazer um
homem jovem com uma educação artística, para ganhar dinheiro?
Nada. A única possibilidade era juntar o que pudesse e embarcar
para o Novo Mundo. Havia notícias de que jovens empreendedores
conseguiam fazer fortuna na América e ele não tinha nada a perder.
Deixar os pais para trás foi dilacerador, mas a esperança de
Samson era voltar sendo um homem rico, para poder cuidar deles da
mesma forma que tinham cuidado dele quando era menino. Nunca
pensou que seria a última vez que fosse vê-los, quando se
despediram, ao subir à embarcação.
Sem nenhum tipo de habilidade, resultou ser difícil de
encontrar um emprego, até que a esposa aborrecida de um oficial
britânico, contratou-o como professor particular para instruir seus
filhos. Não era a única coisa que ela esperava que ele fizesse. Cada
vez que seu marido estava fora, metia-se no quarto de Samson e
solicitava seus serviços sexuais. Como um homem jovem com pouca
experiência, apreciava as instruções na arte carnal que a mulher
estava disposta a lhe proporcionar. Era um estudante excelente.
Com um apetite sexual muito saudável, não encarava como
errado o que estava fazendo. De alguma forma, a notícia correu
entre as esposas aborrecidas da zona, e as ofertas de emprego
começaram a inundá-lo, de repente, todo mundo queria os seus
filhos instruídos em artes, e suas necessidades sexuais eram
requeridas a noite.
Ele não tinha nenhum escrúpulo, e finalmente surgiram opções.
Até que um dia, ficou uma só opção em sua vida, só uma decisão
para tomar. Seu nome era Elizabeth...

No dia em que se deu conta que estava apaixonado por ela,


chovia e finalmente esfriou, o ar estava úmido. Samson abriu a porta
do estábulo, para abrigar-se e ao seu cavalo da chuva.
Sacudiu a água do cabelo, enquanto permitia que seus olhos se
acostumassem à penumbra no celeiro. Um gemido débil lhe fez dar a
volta. Ali, aconchegada no canto, estava Elizabeth, a bela filha de
dezessete anos de seu último empregador.
- Elizabeth. O que está fazendo aqui, neste clima?
Soltou as rédeas do cavalo e se dirigiu para ela. Quando ela o
olhou, deu-se conta de que estava chorando. Instintivamente,
ajoelhou-se e a pegou em seus braços.
- O que acontece?
- Ai, Samson. - ela lamentou. - Estou a ponto de me casar,
dentro de duas semanas!
Não! Não Elizabeth, não a mulher que queria para si mesmo.
- Quem te disse isso?
- Meu pai anunciou hoje. Escolheu Fitzwilliam Herman para
mim. Samson, por favor, me ajude, não posso me casar com aquele
homem. É velho, feio e cheira mal. Eu não gosto dele.
Ele lhe acariciou o cabelo muito loiro e colocou a mão debaixo
do queixo para que ela o olhasse. Seus olhos estavam inchados,
inflamados das lágrimas que ela derramou durante horas.
- Elizabeth, você confia em mim?
Ela concordou com a cabeça.
- Sei que este dia não é como imaginei. E este não é o lugar
adequado para isso. - Olhou ao redor, no estábulo. -Mas não tenho
outra opção. Não posso deixar que te case com o Herman. Porque te
amo.
Os olhos dela se arregalaram.
- Eu não vou permitir. Por favor, case comigo. Fugiremos esta
noite. Vamos nos esconder. Vamos encontrar um lugar onde
possamos ficar juntos.
Sua resposta foi imediata.
- Oh, sim, Samson. Leve-me para longe daqui.
Ele logo a beijou. Pela primeira vez, beijava a mulher por quem
secretamente, esteve suspirando durante meses. A mulher por quem
estava perdidamente apaixonado, sem remédio, porque sabia que
seus pais não o aprovariam. Tudo isto não importava agora, agiria.
Perdê-la para outro homem não era uma opção.
Seus lábios eram suaves e doces. Sua Elizabeth era pura,
decente, não como muitas mulheres casadas, que procuravam sua
cama.
- Iremos esta noite. Empacota só o que possamos levar em um
cavalo. Estarei te esperando aqui à meia-noite. Tome cuidado. -
advertiu-lhe. - Não diga a ninguém.
Beijou-a de novo, não podendo conseguir o suficiente de seu
doce sabor.
- Estarei aqui.
Ela foi até a porta do estábulo e se voltou uma vez mais.
– Quero-te.
As horas até a meia-noite pareciam ser mais longas do que
deveriam ser. Samson estava nervoso. E se ela mudasse de ideia?
Escapar com ele, um homem sem dinheiro, sem perspectivas, não
seria o que uma rica herdeira como ela queria.
Quando os sinos da igreja próxima, ressonavam as doze
badaladas da meia-noite, estava preparado para voltar para o seu
quarto. Elizabeth não viria. Ela estaria dormindo em sua cama
morna, chorando talvez, mas ficaria e faria o que seus pais queriam.
Um som o fez voltar-se. Ela estava coberta com uma capa
negra, uma bolsa pequena na mão. Elizabeth. Ela era dele. Samson a
tomou em seus braços e a beijou. Seus lábios apagaram todas as
suas dúvidas. Seu futuro era incerto, mas sua vida seria perfeita. A
mulher que amava estava disposta a deixar tudo para ficar com ele.
Os cavalos estavam encilhados e preparados.
Eles só cavalgaram durante uma hora antes que fossem
atacados. Três homens caíram sobre eles, saindo de um nada. Tudo
aconteceu muito rápido, não houve tempo para escapar.
O cavalo de Samson caiu em primeiro lugar, a garganta
partida. Ele nem sequer viu o golpe ou quem o golpeou. No momento
em que pulou do seu cavalo para não ser esmagado por ele, escutou
os gritos de horror de Elizabeth.
O que via não estava acontecendo. Não era real! Não era
possível! Um dos homens bebia de sua garganta. Seu sangue! Seus
dentes estavam presos na sua garganta.
Samson lutou contra os outros dois, mas não tinha nenhuma
possibilidade. Não conseguia chegar até ela, não podia ajudá-la.
Prometeu mantê-la à salvo. Havia falhado.
Se não conseguia salvá-la, ele iria morrer vingando-a. Com
mais ferocidade do que sabia que possuía, lutou com unhas e dentes.
Sentia presas cravando-se em seu braço, sentia o sangue sair
dele. Entretanto, não se deu por vencido. Lançou um último olhar ao
cadáver de Elizabeth, então mordeu a orelha do homem e a cuspiu.
O sabor do sangue do atacante em sua boca era metálico. Era a
última coisa que se lembrava.
Despertou em um abrigo no dia seguinte. Como chegou até ali?
Ele realmente não sabia.
Para sua surpresa, as feridas que os homens lhe infligiram, se
foram, mas quando abriu a porta, um raio de sol tocou seu braço, a
sensação de queimar lhe fez retroceder e retirar-se.
Foi o momento em que soube que foi condenado a uma vida
como um vampiro, nada mais fazia sentido.
Era um dos caras maus.
Castigado por seus pecados de adultério e libertinagem.
Estava além da redenção.

Samson terminou seu desenho. Usou suas habilidades de


desenhista nos últimos anos, sobretudo para transmitir informação
aos seus associados, a fim de ajudá-los a deter indivíduos perigosos.
Sua arte seguiu por outro caminho.
Mas ao desenhar Delilah, recordou o que amava fazer. Ela era
a musa perfeita. Olhou a sua bela adormecida e plantou beijos
pequenos em seu pescoço e ombros. Seus olhos olharam o relógio, o
sol sairia em alguns poucos minutos.
- Tenho que ir, doçura. - Sussurrou.
Ela não despertou. Guardou seu caderno de desenho em sua
escrivaninha.
Samson recolheu seu roupão e o vestiu, logo, lentamente
deixou o quarto. Normalmente dormia em sua cama com as cortinas
fechadas, mas como ela estava ali, não queria arriscar-se que ela
percebesse certas coisas estranhas quando despertasse. Por sua vez,
seria difícil, a não ser impossível, despertá-lo uma vez que estivesse
dormindo. E se ela se atrevesse a abrir as cortinas para que o sol
entrasse, sua pele fritaria.
Em silêncio baixou as escadas. Construiu um quarto seguro na
parte traseira da casa, atrás da garagem, onde permanecia durante
as emergências. O quarto estava equipado com tudo o que
necessitava, sangue suficiente para durar vários dias, uma cama e
equipamentos de comunicação.
Samson fechou a porta por dentro e se deixou cair sobre a
cama. Enviou imediatamente uma mensagem de texto para Carl para
lhe comunicar onde estava, e para Oliver para lhe instruir que
cuidasse de Delilah durante o dia. Ignorou a mensagem que Ricky
lhe enviou, que precisava falar com ele. Poderia esperar.
Então sua cabeça tocou o travesseiro e o sono o reclamou.
CAPÍTULO 9

Em forma de gotas constantes, o sangue gotejava de seus


dedos.
Ploc, ploc.
Uma pequena poça se formou no chão de ladrilhos. Alguém a
estava olhando, mas não era capaz de levantar a cabeça. Em troca,
continuava olhando sua mão.
Ploc, ploc.
Uma cabeça de cabelo escuro passou em sua visão periférica.
Inclinou-se sobre sua mão. Não viu seu rosto, mas escutou inalar
com força. Cheirando sua mão?
Tentou retrai-la, mas estava paralisada.
Viu a língua cor de rosa, antes de senti-la... lambendo-a.
Lambendo o sangue de sua mão. Provocando um formigamento
agradável.
Delilah abriu os olhos de uma vez e deixou escapar umas
tantas respirações profundas.
Outro sonho estranho.
Ela o afastou para dar espaço a outras lembranças muito mais
deliciosas.
Aconchegando-se de novo nos lençóis, inundou-se em seu
aroma masculino e sexy. Samson se foi como havia dito, mas ainda
sentia sua pele na sua, saboreando-o, cheirando-o. Nunca teve uma
noite como a anterior.
Sem remorsos, deu o controle a ele, um completo
desconhecido e desfrutou de cada segundo com ele. De fato, foi
liberador deixar-se levar, sabendo que ele não a deixaria cair.
Samson a sustentou o tempo todo.
Sentou-se e olhou ao seu redor. Pesadas e escuras cortinas
obstruíam a vista das janelas. Delilah sorriu. Alguém não gostava da
manhã.
Saltou da cama e abriu uma das cortinas. Lá fora o sol
brilhava. Voltou a cabeça e olhou o antigo relógio sobre o suporte da
lareira, onze e meia? Como dormiu até esta hora? O fato de que teve
sexo selvagem e apaixonado com Samson a maior parte da noite,
pelo menos meia dúzia de vezes, provavelmente tinha algo haver
com isso.
Claro que seu corpo precisou do sono para recuperar-se. Menos
mal que, como auditora independente, estabelecia seu próprio
horário. Só teria que trabalhar até um pouco mais tarde esta noite,
para compensar.
A toda pressa, Delilah se dirigiu ao banheiro e se meteu no
chuveiro. Enquanto pegava o sabonete e ensaboava sua pele, não
deixava de pensar nos acontecimentos da noite anterior. Tudo
parecia tão irreal! Nunca conheceu um homem que pudesse ser tão
apaixonado e ao mesmo tempo tão terno, tão completa e
absolutamente insaciável. Sentiu a sua fome e desenvolveu seu
próprio desejo por ele, muito rapidamente.
Nunca riu tanto com um homem na cama e descobriu quão
divertido era realmente. Embora ela soubesse exatamente o que
gostava na cama, o que o excitava e o que o fazia absolutamente
selvagem, ainda não tinha ideia de quem era ou o que fazia. Havia-
lhe dito que teria reuniões de negócios durante todo o dia, assim
supôs que era uma espécie de gerente corporativo ou diretor. Não é
que se importasse. Enquanto não tivesse uma esposa que saísse de
um nada, não lhe importava o que fazia.
Delilah sabia que não deveria bisbilhotar, mas uma vez que se
enxugou e se envolveu em um roupão, pensou em explorar um
pouco, não faria mal algum. Se a deixou sozinha em sua casa,
certamente não tinha nenhum esqueleto no armário que ele não
quisesse que ela encontrasse. Samson gentilmente a convidou para
que se sentisse como em casa. E isso era exatamente o que iria
fazer.
Que melhor maneira de sentir-se como em sua casa, do que
abrir algumas gavetas e armários? Se ele não quisesse que algo
fosse encontrado, provavelmente teria trancado a chave de todos os
modos. Não faria nenhum dano. Tendo justificado suas ações o
suficiente para si mesma, passeou pelo quarto.
Seu generoso guarda-roupa, estava cheio de um vestuário
típico de um homem bem acomodado, à exceção da escolha de sua
cor. Onde a maioria dos homens teriam trajes cinza, azul marinho e
café, a maioria das calças e camisas de Samson era preta. Delilah
passou a mão sobre as camisetas cuidadosamente empilhadas.
Estava segura de que ele ficaria totalmente sexy de preto. Com um
suspiro, fechou as portas do guarda-roupa.
As mesinhas de cabeceira não deram nenhuma informação
importante. Havia livros e mais livros de arte. Nada realmente
revelador a respeito dele.
Deu uma olhada na pequena escrivaninha de madeira em um
canto do quarto. Utensílios para escrever, livros antigos e um bloco
de papel estava posto sobre os livros.
Delilah moveu o bloco de papel para ver as capas dos livros,
quando uma folha de papel deslizou fora dele, o que reconheceu
como um caderno de desenho. Fascinada, tirou-a por completo. Era
um desenho de uma mulher, uma mulher nua na cama. Ela piscou e
se reconheceu. Enquanto ela dormia, ele a desenhou!
A imagem era formosa. Sabia que não era tão formosa como
ele a havia desenhado. Passou por cima completamente dos quadris
um pouco gordinhos e dos quilogramas a mais que levava no ventre.
E de maneira nenhuma suas coxas eram assim tão magras. Mas a
mulher do desenho era ela claramente, entretanto, esboçou-a
formosa e perfeita. Era assim que Samson a via? Ou como ele queria
que fosse?
Uma pontada de insegurança a golpeou. Acaso ele desenhava
todas as mulheres com quem se deitava? Ela não era tão ingênua
para pensar que era a única. Um olhar através do bloco de papel,
não revelou outras imagens. Talvez ele os descartasse quando
terminava com uma mulher. Era melhor não pensar nisso.
Delilah colocou o desenho de volta onde o havia encontrado e
se virou. Seu olhar se fixou na pintura que admirou na noite anterior.
Uma imagem brilhou diante de seus olhos. Um menino com cabelo
escuro estava desenhando em uma folha de papel em branco, logo a
levantou e entregou a uma dama elegante que ele chamou de
"mamãe". A miragem desapareceu tão rapidamente como apareceu.
Delilah sacudiu a cabeça. Definitivamente, não dormiu o
suficiente. Mas não queria perder mais tempo.
Quando finalmente estava vestida, desceu as escadas. O aroma
de café impregnava a casa e seguiu o aroma até a cozinha. Estava se
sentindo em casa? Instintivamente ela se culpou por ter bisbilhotado
o quarto.
- Samson? - Disse em voz alta, enquanto entrava.
A pessoa de pé diante da pia, virou para ela. Era o mesmo
jovem que Samson enviou com as flores e o convite para o teatro,
Oliver.
- Bom dia, senhorita Sheridan.
Ela tragou sua decepção e lhe sorriu.
- Chame-me de Delilah, por favor.
Ele concordou com a cabeça e lhe deu um sorriso tímido.
- Fiz café para você. Creme ou açúcar?
- Só leite, obrigada Oliver.
Agradecida, Delilah pegou a xícara que ele entregou, e sentou
no balcão da cozinha. Tomou um gole do café quente e o olhou. Ele
aparentava ter vinte anos e estava completamente à vontade com o
seu trabalho. Seria acostumado a cuidar das amantes de Samson? O
pensamento de que outras mulheres estiveram em seu lugar, a
aborrecia grandemente.
- A quanto tempo está trabalhando para o Samson?
Precisava saber se era uma de muitas. Agora que pensava, seu
comportamento foi muito tranquilo para que o acontecido ontem à
noite fosse uma exceção.
- Três anos. Ele é um bom chefe.
Se Oliver esteve trabalhando para ele durante todo esse
tempo, sem dúvida saberia sobre qualquer outra mulher. Mas, como
poderia averiguá-lo sem ser muito óbvia?
- Carl me disse o que aconteceu ontem à noite do lado de fora
do teatro. Teve sorte por estar com o Sr. Woodford.
- Ele não deveria ter se arriscado. O tipo tinha uma arma.
Ainda estremecia diante da ideia de Samson estar em perigo.
- Ele sabe se cuidar. Nunca estiveram em perigo real.
Ele parecia seguro, apesar de que não ter estado na cena.
- Mas poderia ter acabado muito mal.
Delilah ainda tinha dificuldade para tirar a imagem de sua
mente.
Oliver sorriu.
– Gosta dele.
O calor banhou suas bochechas e ela escondeu seu rosto na
xícara de café.
- É um homem muito agradável.
Em lugar de tirar informações de Oliver, ele conseguiu
informações dela. Isto, obviamente, não estava funcionando do
modo que planejou.
- Então, você toma conta dos assuntos pessoais do Sr.
Woodford?
Oliver lhe dirigiu um olhar estranho e logo sorriu.
- Sou seu assistente pessoal e chofer, hoje serei seu guarda-
costas.
- É também guarda-costas de Samson?
- Ele não o necessita. Mas não se preocupe, estou plenamente
capacitado. Eu a protegerei.
- Normalmente protege as mulheres para Samson?
Ela tomou outro gole de café e tratou de parecer casual,
enquanto que no interior, estava quase arrebentando com algo
semelhante a temor, antecipando-se à resposta de sua pergunta.
- Não há outras mulheres na vida do senhor Woodford.
Era muito leal e discreto, ou estava dizendo a verdade. Tentou
ler seu rosto, mas não conseguiu descobrir se mentia ou não.
- Ele gosta de você. Não me pediria para que a protegesse se
não fosse assim.
Delilah não sabia como responder. Sentiu-se envergonhada por
quão transparente ela parecia ser.
- Quer comer algo? Carl foi às compras ontem à noite.
Oliver se aproximou do refrigerador e o abriu. Estava cheio de
cima abaixo com comida.
- Talvez só uma fruta. - Devia comer algo, só jantou na noite
anterior e já era hora do almoço. - E um pouco de pão com geleia. -
De repente Delilah se sentiu faminta.
- Ovos, bacon?
- Não deveria. Muitas calorias. - Ela negou com a mão. Como
se necessitasse outro par de quilos em seu quadril.
- Estou seguro de que as queimará em pouco tempo.
Logo que ele o disse, deu-lhe um olhar de assombro. Todo
mundo sabia o que tinha feito durante toda a noite? Obviamente Carl
sabia, e havia dito ao Oliver.
- Sinto muito, não quis dizer isso. Só pensei que era tão
magra, que não ganharia muito peso - gaguejou de repente,
completamente nervoso. - Você não vai dizer ao senhor Woodford,
verdade?
Tinha medo do seu chefe?
- Por que o faria? Então me faça ovos, e umas tiras de bacon,
né? - Sorriu-lhe para fazê-lo sentir a vontade outra vez.
- Obrigado. – Ele lhe deu um olhar de agradecimento e
começou a cozinhar o café da manhã. - Às vezes deveria manter
minha boca fechada.
- Não se preocupe, não aconteceu nada.
Mas talvez agora pudesse obter mais informações a respeito do
Samson. Poderia tentar.
- Fale-me um pouco sobre ele.
Oliver vacilou.
- O Sr. Woodford é um homem muito discreto.
- Já entendi. - Parece que iria permanecer calado sobre o seu
chefe.
Ele serviu o café da manhã, e ela começou a comer em
silêncio. Ela necessitava de comida, para obter sua energia de volta.
- Ele é um bom homem. Você vai ser boa para ele, necessita
de alguém como você.
Seus ouvidos se aguçaram.
- O que quer dizer?
Oliver não a conhecia. Como sabia se seria boa para Samson?
- Sinto muito, já falei muito.
Voltou a limpar o balcão em silêncio. Delilah se deu conta das
grandes rachaduras no granito, como se alguém o tivesse golpeado
com um martelo.
- O que aconteceu com a pedra?
Oliver estremeceu.
- Material defeituoso. Danificou quando teve um pequeno
terremoto. Já chamei alguém para substituí-lo.
Meia hora mais tarde, Delilah se sentou na parte de trás da
limusine, com Oliver conduzindo para o distrito financeiro. Quando se
aproximaram do edifício em que trabalhava, voltou-se para ela.
- Vou ver aonde posso estacionar. Para que empresa você
trabalha?
- Scanguards. É no vigésimo andar. Podemos nos encontrar lá
em cima, se você precisa procurar um lugar onde estacionar.
Oliver levantou as sobrancelhas, logo se dirigiu diretamente ao
estacionamento do edifício.
- Isso não será necessário.
Deixaram-no passar quando apresentou ao guarda de
segurança um cartão de identificação. O guarda murmurou algo para
Oliver, que Delilah não pôde entender e assinalou para uma zona de
estacionamento vazia. Pôs o carro em um lugar marcado
"Scanguards".
Quando chegaram ao seu andar de destino e entraram no
vestíbulo, a recepcionista a saudou com um sorriso.
- Boa tarde, senhorita Sheridan.
- Boa tarde, Kathy.
Como Oliver a seguia, Kathy o deteve.
– Perdoe-me por favor, e você a quem veio ver?
Oliver se virou.
- Estou com a senhorita Sheridan.
Ela deu um olhar para Delilah.
- Sim, ele veio comigo.
- Poderia por favor, assinar? – Kathy apontou para o livro de
visitas com uma caneta e Oliver obedeceu.
Ela sorriu quando ele devolveu a caneta depois da assinatura.
– Pode entrar.
Delilah se aproximou do escritório que a empresa destinou para
ela. Logo que chegou, Oliver a seguiu muito de perto, ela percebeu
John olhando-a. Ele olhou através do vidro de seu escritório privado,
aparentemente surpreso por vê-la. Imediatamente se dirigiu ao seu
encontro.
- Perguntava-me o que havia acontecido. - disse John com tom
acusatório.
- Não me sentia bem esta manhã - mentiu Delilah. -Tudo está
bem agora.
Sentou-se e ligou o computador.
Agora John pareceu dar-se conta de Oliver.
- Posso ajudá-lo? - Seu tom foi ainda mais cortante que
quando ele falou com ela.
Delilah pensou que ele se levantou do lado errado da cama
nesta manhã.
Oliver sacudiu a cabeça.
- Estou aqui com a senhorita Sheridan.
Não lhe deu nenhuma outra informação.
- Quem é este, Delilah?
Ela levantou a vista de sua mesa.
- Ele está aqui me acompanhando.
- Desculpe-me? Não podemos ter todo tipo de estranhos
entrando e saindo do escritório. Temo que seu namorado tenha que
ficar lá fora.
Delilah mordeu o lábio. É evidente que Samson não pensou
nisto. Oliver não poderia permanecer ao seu lado durante todo o dia,
enquanto ela trabalhava. O que ele estava pensando?
- Já resolvo o problema. - Ofereceu Oliver.
Tirou um cartão de identificação e o mostrou para John.
Logo que John o examinou, sentiu que o sangue fugia de seu
rosto e encarou a Oliver com um olhar atônito.
- Está bem. - Foi tudo o que pôde dizer.
Então ela chamou a cavalaria e recebeu amparo de cima. Um
guarda-costas da Scanguards! E um no nível mais alto de acesso.
Isso significava que poderia obter acesso a qualquer lugar dentro da
empresa. Como conseguiu este tipo de tratamento preferencial? Era
só uma auditora. Nenhum dos auditores anteriores tiveram seus
próprios guarda-costas atribuídos. Isto não era bom.
Quando Delilah não se apresentou para trabalhar na primeira
hora da manhã, John já estava celebrando, pensando que o homem
que o estava chantageando, fez um atentado contra sua vida depois
de ter falado por telefone com ele. Ao que parecia, esse não era o
caso. Por que era tão difícil desfazer-se de uma auditora?
John sabia que agora seria quase impossível. Se ela estava
protegida por um guarda-costas da Scanguards, não havia nada que
pudesse fazer. Eles eram os guarda-costas mais capacitados
disponíveis no país. Havia rumores que eram inclusive, melhor que o
Serviço Secreto. Ele encolheu diante da ideia de ter que dizer ao
homem que estava controlando sua vida, que ela adquiriu um
guarda-costas. Ele não ficaria contente, ficaria furioso e ninguém
sabia do que era capaz.
A menos que ele já soubesse.
Quando John retornou para o seu escritório, escutou a voz de
Delilah atrás dele.
- Recebeu as caixas das instalações do depósito?
- Sim - respondeu com raiva. - Estão na zona de carga. Farei
que as tragam em um momento.
O seu tempo estava acabando. Uma vez que revisasse todos os
documentos de transações nas caixas, saberia além de qualquer
dúvida, que ele era a pessoa que estava roubando a companhia.
Delilah não se deu conta da conduta hostil de John e iniciou a
sessão no computador que tinha ao seu dispor. Nem sequer o mau
humor de John poderia desconcertá-la hoje. Sentia-se muito bem.
Teve o melhor sexo de sua vida, inclusive com a falta de sonho, não
conseguia frear os sentimentos de euforia.
Ela notou algumas contusões em seu quadril quando se
levantou, mas decidiu que bem valiam a pena. Samson era um
homem apaixonado. Deu-se conta do muito que a queria
sexualmente, e o difícil que era para ele controlar seu impulso de
tomá-la por todos os meios que podia. Quando fechava os olhos,
ainda sentia suas mãos sobre ela e seu implacável pênis conduzindo-
se dentro. Oh Deus, sim. Seu sexo se sentia deliciosamente dolorido
esta manhã, um bom aviso da atenção que recebeu das mãos de
Samson, de sua boca e de seu pênis.
Ela sentiu sua força bruta quando lhe vendou, e embora ela
normalmente não gostasse de coisas estranhas, isso a deixara
completamente selvagem. Nenhum de seus antigos amantes a
vendaram, nem alguma vez o permitiu, mas com ele, havia algo que
lhe intrigava e a fazia querer mais. Ele teria mais jogos sexuais e
estaria disposto a mostrar-lhe?
Delilah olhou seu relógio. Não era nem sequer duas horas da
tarde, entretanto ela já estava ansiosa para voltar para ele.

Samson despertou de seu sono profundo, logo que o sol se pôs


sobre o Oceano Pacífico. Olhou o relógio, mas não tinha nenhuma
pressa para levantar. Pela primeira vez em anos, ele havia sonhado,
na realidade continuava sonhando. Seus sonhos foram como réplicas
suaves de sua noite com Delilah, revivendo a paixão que
experimentou com ela. Ela tinha feito uma grande impressão em seu
corpo faminto de sexo. E ele a queria de novo. Necessitava-a para
aliviar a dor que sentia em sua virilha. Agora.
Revisou as mensagens antes de levantar. O correio de voz de
Ricky parecia mais urgente que na noite anterior.
- Samson, nós temos que conversar. Assim que você levantar.
Ao entrar em seu dormitório, discou o número de Ricky.
- O que é tão urgente? Você achou o tipo que nos atacou?
- Thomas está seguindo uma pista. Mas há algo mais.
- Diabos.
- Não quero falar por telefone. Temos que falar pessoalmente.
Samson olhou ao redor do seu quarto deserto. Delilah estava
provavelmente, ainda no trabalho.
- Está bem. Vêm, mas que seja rápido. Delilah deve estar de
volta logo, e tenho planos para esta noite. - Os quais incluíam tê-la
nua em seus braços, talvez incluíssem algumas de suas melhores
gravatas de seda.
Ele desligou o telefone e jogou o aparelho em cima do sofá. No
banheiro se despiu, exceto pela cueca e agarrou sua escova de
dente.
Ainda podia cheirá-la em sua pele. Maldição, o deixou faminto
pelo seu corpo. Ele não podia acreditar quando se deu conta de que
a tomou mais de meia dúzia de vezes.
Não sabia o que lhe passava. Mas cada vez que pensava que já
estava exausto, uma olhada para seu corpo atraente e seu formoso
rosto, e seu pênis ficava novamente tão duro como uma mola rígida.
Nem sequer com uma mulher vampiro esteve tão ativo em
uma só noite. Esta humana podia aguentar o suficiente. O fogo e a
paixão que viu em Delilah, rivalizavam com o dele, se isso fosse
possível.
Samson se perguntou por quanto tempo iria manter seu
interesse, quanto tempo o manteria capturado desta maneira. Sim,
sentia que ela tinha um poder sobre ele, como se alguma força
invisível o atraisse para ela, e ele era incapaz de resistir. Pensava
que era um efeito secundário da sua longa abstinência de sexo e
acreditava que passaria. Precisava ser assim. Não continuaria com
uma mortal.
Não era como Amaury que não tinha escrúpulos na hora de
dormir com os seres humanos.
Samson se voltou ao ouvir a porta do quarto abrir-se. Isso foi
rápido, inclusive para Ricky. Saiu do banheiro e parou com um
sorriso enorme, quando viu sua visitante.
- Delilah.
Com alguns poucos passos, cruzou o quarto e a tomou em seus
braços. Sua boca estava a menos de uma polegada de distância de
seus lábios tentadores.
- Como foi o seu dia?
- Não pergunte.
Ela parecia esgotada. Sabia exatamente o remédio adequado
para ela.
Samson roçou um beijo ligeiro como uma pluma em seus
lábios.
- Senti saudades.
Sentiu, apesar do fato que se levantou hà poucos minutos.
- Mmm, assim está melhor. - Murmurou Delilah enquanto ele
procurava seus lábios outra vez. Suas mãos o abraçaram e se
moveram de suas costas, mais para o sul. Ele sentiu que as deslizava
dentro de sua cueca, tocando seu firme traseiro. Ah, mas suas mãos
eram suaves.
- Não está vestido.
- Deu-se conta disso, não é? - Ele riu entre os dentes. - Estava
a ponto de tomar um banho. - Mas por que tomar banho sozinho,
quando ela estava de volta? - Gostaria de se unir a mim?
Deveria carregá-la sobre o ombro, ou estaria atuando muito
como um homem das cavernas? Mulher. Sexo. Era tudo o que
conseguia pensar.
Samson não esperou uma resposta, começou a baixar o zíper
da saia e a deixou cair ao chão. A blusa lhe seguiu depois de alguns
segundos. Ela não apresentou nenhuma objeção.
- Suponho que deveria ter dito que sim. - Disse ela sorrindo,
enquanto tirava os sapatos.
- Isto foi o que ouvi.
Quando a despojou de seu sutiã e calcinha, Delilah lhe
devolveu o favor e deixou sua cueca cair ao chão. Sua ereção se
sobressaía com orgulho e apontava diretamente para ela. Samson a
carregou para o banheiro.
Baixou-a antes de abrir a torneira do chuveiro, mas manteve
seu braço ao redor de sua cintura. Sua pele era muito tentadora para
deixá-la se afastar.
- Tive um mau momento esta manhã me penteando aqui. Não
pude encontrar um espelho.
Samson estremeceu. Maldição, ela percebeu. Dado que os
vampiros não se refletem nos espelhos, nunca teve a necessidade de
ter um instalado em seu banheiro. De que mais se deu conta?
- Sinto muito. Mandarei que o reinstalem. Não estava
planejando ter uma convidada para a noite.
Ele sorriu e a beijou rapidamente antes que ela pudesse
encontrar outra coisa que parecesse estranha. Seu beijo a silenciou
justo da maneira que queria. Colocou-a sob o chuveiro sem soltar
seus lábios.
Sua fome por ela acabava de duplicar. Não foi só por ontem a
noite, quando fez sexo com ela a primeira vez? Parecia que conhecia
seu corpo muito mais intimamente que isso. Cada curva era familiar
e muito excitante. Sabia que reconheceria seu toque, inclusive
estando cego. A forma como as suas mãos tocavam sua pele, como
seus dedos acendiam sua paixão por ela, ele sempre saberia que era
ela.
- Por que não me ajuda a me limpar?
Sem esperar uma resposta dela, Samson colocou um pouco de
sabonete líquido na mão dela.
Enquanto as mãos delicadas espalhavam o sabonete sobre sua
pele, ele fechou os olhos. Nunca se sentiu tão depravado, como
quando estava com ela. Respirou profundamente, quando sentiu que
suas mãos tocavam o seu pênis e suas bolas.
Delilah lenta e deliberadamente, moveu a mão para cima e
para baixo, a espuma fazia o movimento mais suave.
- Assim está bem?
Sua pequena tigresa humana claramente queria levá-lo a
loucura e estava fazendo um excelente trabalho.
- Não tem ideia. - Ele suspirou e se deixou arrastar por seu
tato. Suas mãos a buscaram e a apertaram contra ele.
- Enxágue-me. Não quero estar todo ensaboado quando
deslizar dentro de ti.
Sentia-se completamente natural que ele a desejasse e
que lhe deixasse saber o que pensava fazer. Não havia necessidade
de fingir entre eles.
Ele viu Delilah sorrir, enquanto enxaguava o sabonete de sua
pele. Ela excitava-o em questão de segundos. Samson baixou a
cabeça para sua boca, afogando-a com um apaixonado beijo.
Sua língua se encontrou com a dela, enchendo a sua boca,
assim como queria encher o resto de seu corpo. Seu sabor era como
uma formosa noite do verão, como a chuva depois de um dia de
calor. Somente seu aroma o levava à distração, mas junto com seu
doce sabor e a suavidade de sua pele nua apertada contra ele,
levaram-no de volta à noite anterior. Só havia uma cura para seu
desejo por ela. Precisava afundar-se nela, e não esperaria nem um
minuto mais.
Seu pênis palpitava quase dolorosamente quando ele abaixou-
se alguns centímetros e se guiou por entre as coxas dela, para que
suas úmidas pétalas de rosa se apoiassem sobre ele. Samson
deslizou para frente e para trás, ficando para fora de seu corpo,
deixando-a cavalgar em seu pênis duro.
- Isto é tão bom. - Ela gemeu.
Exatamente como ele pensava. Não. Não era bom. Era incrível!
Sua carne suave estava quente, sua umidade o empapava.
Ele mudou seu ângulo e seu pênis tentou a entrada de seu
corpo. Delilah respirava profundamente.
- Deveríamos conseguir uma camisinha. - Sussurrou ela, mas
seu corpo pressionava contra seu pênis.
Ela sabia o que estava fazendo, ou estava tão perdida na
sensação como ele?
- Deveríamos.
Mas em vez disso ele se meteu nela só uma polegada de
profundidade. Ele iria procurar uma camisinha no quarto, se ela
insistisse.
- Vou conseguir uma.
Mas não se moveu, e as mãos dela se aferraram aos seus
braços e esticou seus músculos ao redor dele, como se fosse
aproximá-lo mais.
- Samson, não vá.
Sua voz era áspera, mas insistente. Empurrou-se para ele, o
que fazia penetrá-la mais profundamente. Estava a meio caminho
dentro dela e sentiu que seus músculos lhe atormentavam.
Demônios, ele estava em chamas.
- Você me quer desta maneira, neste momento?
Samson esperou seu protesto, mas ele não chegou. Em câmara
lenta avançou para frente, entrando mais e mais nela, enquanto a
olhava nos olhos. Tão formosa, tão apaixonada e toda sua.
- Não quero nada mais.
Seu beijo foi terno e amoroso, enquanto se sacudiam ao ritmo
de seus batimentos do coração. Ele levantou a sua perna e a
envolveu ao redor de seu quadril, metendo-se mais nela. Seus
braços suportavam o seu peso. Os lábios de Delilah o levaram de
volta ao campo de lavanda e lhe fez sentir o sol nas costas, igual à
noite anterior. Samson estava perdido nessa sensação, enquanto ela
o levava.
Suas unhas se enterraram em seu traseiro enquanto ela se
agarrava a ele, lhe pedindo que entrasse mais profundamente nela.
Nunca esteve com uma mulher que demonstrasse tanta paixão,
alguém por quem ele estivesse disposto a fazer tudo.
Os gemidos de Delilah eram como uma droga para ele, seus
beijos como o mais delicioso dos vinhos, e seu corpo o êxtase final.
Ele nunca necessitaria nada mais, só dela, desta forma, e neste
momento.
Demasiadamente tarde ouviu a porta do quarto se abrir, e os
passos pesados virem para o banheiro.
- Samson, você não vai gostar disto. - A voz de Ricky penetrou
em sua felicidade.
Com a velocidade de um raio, Samson deu a volta para
proteger Delilah do olhar de Ricky.
- Vai a merda, Richard! - Grunhiu em tom baixo e escuro.
Inclusive para seus próprios ouvidos, soava mais como um
animal que como um homem. Ricky sabia muito bem que cada vez
que Samson o chamada por seu nome completo, falava a sério. Fez
bem ao retirar-se imediatamente.
- Sinto muito doçura. - Sussurrou Samson para Delilah,
assegurando-se de que sua voz fosse suave outra vez.
Ela estava totalmente quieta em seus braços, obviamente
chocada pela interrupção. Não poderia culpá-la.
- Vou ter uma séria conversa com ele.
Delilah o olhou, e seus olhos eram da habitual cor avelã outra
vez, mas no instante em que gritou com Ricky, viu-os piscar em
vermelho. Como um alarme. Como um semáforo. Surpreendeu-a,
mais que a interrupção de Ricky.
Sempre pensando em seus estranhos olhos, ela ficou rígida em
seus braços. Isso não era normal. Como poderia alguém trocar a cor
dos olhos dessa maneira?
Alegrou-se que Samson não a estivesse vendo, só sua
bochecha estava pressionada contra a dela, porque ela não estava
segura se poderia ter ocultado bem sua expressão de alarme.
- Dê-me alguns minutos. Vou me desfazer dele. E então sou
todo seu.
Beijou-a na bochecha suavemente e se afastou dela.
- Não há problema. - De repente, sentiu-se fria e sozinha.
Delilah o viu alcançar a toalha e sair da ducha. Deu meia volta
e deixou que a água deslizasse sobre ela, pretendendo desfrutar da
ducha. Na realidade tentava acalmar os nervos.
Quando voltou a olhar alguns segundos mais tarde, Samson já
havia deixado o banheiro. Ela se apoiou contra a parede de azulejos.
Estava alucinando? Claro que viu a fúria em seus olhos, e
tendo em conta a violação da sua intimidade, ela entendia que se
zangasse com Ricky, mas não podia justificar o vermelho em seus
olhos. Será que arrebentou um vaso sanguíneo? Não, impossível.
Segundos depois, sua cor avelã normal havia retornado, e todo o
vermelho sumiu.
Ela apertou a mão contra seu sexo, ainda sentindo seu pênis
pressionando. Algo não estava bem. Algo a respeito do Samson era
diferente, e de repente estava assustada.

Samson se dirigiu escada abaixo, vestido com apenas uma


calça jeans, sem camisa. Encontrou Ricky na cozinha, apoiado no
balcão e se dirigiu diretamente para ele, agarrando-o pela camiseta.
- Tem alguma ideia do muito que eu adoraria te arrancar a
cabeça agora mesmo?
A ideia de que Ricky viu o corpo nu de Delilah lhe punha
furioso. Ninguém tinha o direito de vê-la assim, ninguém mais que
ele.
Ricky se afastou para trás o mais que pôde, para afastar-se
dele.
- Sinto muito. Não me dei conta que ela estava ali.
Samson deixou escapar um grunhido baixo e perigoso.
- Será melhor que me diga que não a viu nua.
Ricky levantou os braços em um movimento de rendição.
- Não o fiz, juro-lhe isso.
- Se alguma vez te encontrar somente olhando-a, nossa
amizade acaba, e pode se despedir do seu trabalho. Está claro?
Falava a sério. Ele não tinha nenhum problema de que seus
amigos o vissem nu na ducha. Certamente não era a primeira vez.
Entretanto, quando estava com a Delilah, era algo que ele não
toleraria. Nenhum outro homem ou vampiro tinha o direito de olhar
para ela dessa maneira. Delilah era dele. Somente dele.
Só dele?
- Claro como cristal.
Samson o soltou do seu agarre. Ricky se endireitou e
pigarreou.
- Provavelmente você não vai gostar do que tenho a dizer,
sobretudo tendo em conta o amor intenso que tem por ela...
O grunhido de Samson o interrompeu por um segundo. Não
estava com humor para escutar as observações de Ricky sobre sua
relação com Delilah. Sobretudo, porque não sabia o que fazer com
isso ele mesmo.
- ...mas eu tenho que lhe dizer o que Carl encontrou.
Samson lhe olhou com interesse moderado.
– Vá em frente.
- Você mandou Carl empacotar as coisas dela na noite passada.
- Não me diga coisas que já sei.
Ricky não era normalmente dos que andavam dando voltas.
Sua vacilação alimentava mais a irritação de Samson.
- Ele encontrou alguns arquivos entre suas coisas.
- Que arquivos?
- Arquivos da Scanguards.
O queixo de Samson caiu.
- Scanguards?
Ricky acenou com a cabeça.
- Registros financeiros, declarações de ativos, questões
internas. Não tenho um bom pressentimento sobre isto. Por que teria
arquivos confidenciais da Scanguards? Não acredita que isso seja
estranho? Aparece aqui há duas noites, e ao mesmo tempo tem
arquivos da sua empresa em sua bagagem?
Samson não gostava de como soava, tampouco. Não poderia
ser uma coincidência. Não havia nenhuma razão para que alguém
tivesse documentos internos da sua empresa. Muito menos Delilah. O
que ela estava planejando?
- Qual é sua teoria?
- Ela poderia ser uma espiã corporativa. - Supôs Ricky, mas
sua voz não soava muito convencida.
- Fazendo o quê? Vendendo nossa lista de clientes aos nossos
competidores?
Seu amigo encolheu de ombros.
- Não há muito ganho com isso. Todos os nossos competidores
são pequenos. Ninguém tem a capacidade ou o treinamento para
assumir os nossos clientes.
Samson concordou com a cabeça.
- Houve problemas operacionais dos quais não estou sabendo
ultimamente?
Outra sacudida de cabeça de Ricky.
- Tudo está funcionando sem problemas, ao menos no lado dos
vampiros. Nem ideia de como vão as operações humanas, mas não
vi chegar nenhum alerta.
Ricky estava a cargo da contratação e treinamento dos
vampiros.
- Então é algo pessoal.
- Poderia ser. - Ricky evitou seu olhar.
- O que você está pensando? - Samson não estava de todo
seguro se queria conhecer a segunda possibilidade.
- E se ela estivesse procurando você?
- Uma assassina de vampiros?
- Não. Não há sinais disso entre suas coisas. Mas posso ver
todos os outros sinais. Ela esteve envolvendo você em um plano,
para você fazer todas as suas vontade.
Samson queria interromper e refutar sua afirmação, mas Ricky
levantou a mão.
- Posso vê-lo pela forma em que reagiu antes. Ela é uma
mulher humana. Sabe o que querem as mulheres humanas dos
homens ricos como você?
Samson ficou olhando para o seu amigo. Longa e duramente.
- Ela me quer por meu dinheiro...
Sua voz se apagou. Sentiu uma punhalada incômoda na boca
do estômago. Indigestão? Definitivamente não desta vez.
Lembranças de outra traição o percorreram. Lembranças recentes.
Ele se apoiou contra o balcão da cozinha.
A campainha da porta lhe deu uma pausa. Olhou para cima e
deu a Ricky um olhar inquisitivo.
- Amaury provavelmente, esqueceu sua chave de novo. Vou
abrir.
Quando Ricky saiu da cozinha, Samson ficou sozinho com seus
pensamentos. Poderia ser verdade? Delilah poderia ser dessas
mulheres que o buscavam por seu dinheiro? Outra mulher a quem
ele não importava? Esperou que a outra sugestão de Ricky fosse a
certa, que ela fosse uma espiã corporativa. Podia dirigir isso, mas
não suportaria uma Delilah que estivesse atrás de seu dinheiro. Não
ela. Por favor, não ela.
Seus beijos eram uma mentira? E quando se entregou tão
disposta a ele, era toda uma atuação para enredá-lo? A ideia doeu,
muito mais do que queria admitir para si mesmo. Não era de
estranhar que ela estivesse tão disposta. A forma em que havia
respondido a ele no carro e mais tarde no teatro, não era normal
para uma mulher que apenas conhecia um homem.
Recordou o momento em que se dirigiam ao bar no teatro e
ficaram presos na porta. A forma como Delilah se apertou contra seu
corpo e virtualmente lhe provocou tocá-la intimamente, agora
parecia um movimento calculado por parte dela. Estava jogando com
ele todo o tempo. Era uma autêntica Mata Hari!
Isto não era uma boa notícia, sobretudo porque o que sentiu
como indigestão, se os vampiros pudessem ter indigestão, agora o
reconhecia como algo muito mais sério. Era tão claro para ele agora.
Ao mesmo tempo, era impossível. Como pôde ter acontecido
isto? Tudo o que ele queria era superar seu problema de ereção e
seguiu o conselho do Dr. Drake ao pé da letra. Não fez nada
diferente do que o bom doutor ordenou. Transou uma e outras
vezes, assim como trasou com outras mulheres vampiro, antes. Não
fez nada diferente com Delilah, por que o resultado era tão diferente
então?
Em lugar de saciar sua fome, depois de uma noite de sexo com
ela, havia crescido. Começou a ter fome dela e só dela. A ideia de
tocar em outra mulher, de repente, o desgostava. Tudo o que queria
era Delilah. Agora Samson sabia por que.
Ele estava apaixonando por ela, apaixonado por uma mortal.
CAPÍTULO 10

Samson recordou a última traição muito vividamente, uma


lembrança que proibiu a sua mente. Mas agora tudo voltava para ele
com todos os ardentes retalhos...

Samson fechou a porta da entrada silenciosamente atrás dele e


escutou se havia ruídos no andar de cima. Ouviu o débil som da voz
da Ilona e o som da água. Ela estava tomando um banho.
Por enésima vez nesta tarde, havia aberto a caixinha que tinha
na mão e ficou olhando o anel de diamantes enorme, metido na
almofada de veludo verde. A impressionante caixinha levava um anel
com um diamante redondo de três quilates e da mais alta pureza. O
joalheiro assegurou que era o melhor diamante que o dinheiro
poderia comprar.
Seu coração pulsava tão forte como um tambor em seus
ouvidos, Samson subiu as escadas com cuidado, para evitar qualquer
rangido, que sabia que havia em certos degraus. Queria lhe fazer
uma surpresa. Ela pensava que ele estaria fora em assuntos de
negócios, toda a noite.
Em silêncio abriu a porta do seu quarto. A roupa de Ilona
estava espalhada descuidadamente sobre a cama.
- Assim que ele pensa. Ah.
Estava ao telefone provavelmente, falando com alguma amiga.
- Espera até que estejamos unidos e as coisas mudarão.
Ilona deu uma pausa. Adivinhou que queria lhe propor
casamento? Sentiu-se decepcionado, desinflado. Em silêncio se
aproximou da porta do banheiro, que estava entreaberta.
- E se tiver que chupar o seu pênis mais uma vez, eu vou
vomitar!
Samson se deteve em seco, ao ouvir as palavras que o
atravessaram. Certamente não escutou direito.
- Claro, isso é fácil para você dizer. Você gosta de chupar
pênis!
Samson respirou profundamente. Sentia como se uma mão
gelada apertasse ao redor do seu coração e o apertava com força.
Ele lutou para tomar ar.
- Não me importa quem lhe chupe o pênis quando estivermos
unidos, mas asseguro que não serei eu. Não posso suportar suas
mãos por todo o meu corpo...
Samson se apoiou contra a parede quando sentiu as náuseas
afligindo-o. Durou um segundo.
- Você sabe o que tem que fazer, uma vez que eu tenha acesso
a todos os seus bens.
Seu dinheiro. Era tudo o que estava procurando. É por isso que
ela estava com ele, só pelo seu dinheiro. Samson sentiu como se lhe
tivessem dado um murro no estômago.
Escutou-a deixar escapar um bufo frustrado.
- Você sabe tão bem como eu, que uma vez que esteja unida a
Samson, tenho que tomar cuidado de guardar minha mente. Ele vai
ser capaz de ler meus pensamentos. Não pode me apanhar pensando
nisto, entende? É por isso que você tem que fazê-lo... Sim, essa
parte da união de sangue é uma merda. Por que alguém gostaria ser
capaz de estar constantemente na mente de outra pessoa?
Samson ouviu o suficiente. Mais que suficiente. Com intenções
assassinas, abriu a porta e entrou no banheiro, com passos lentos,
mas determinados. Ilona sacudiu a cabeça e imediatamente deixou o
telefone cair na água.
- Samson. - Ronronou e botou um falso sorriso em seu rosto.
Um sorriso que viu milhares de vezes nela. Só que agora o
reconhecia como o que era. Atuação. Ela esteve representando o
tempo todo. Fingindo estar apaixonada por ele, quando sua única
intenção era ter acesso a sua riqueza.
Com dois passos, chegou à banheira. Suas mãos lhe agarraram
o pescoço por sua própria vontade. Ela o arranhou imediatamente. A
água derramou sobre a borda da banheira, no piso de mármore.
- Você, sua vagabunda sem coração. Deveria te matar, aqui e
agora mesmo.
Por sua garganta, levantou-a da água enquanto ela lutava
contra a sua mão de ferro.
Não importava. Ele era forte, e sua fúria lhe acrescentava mais
força.
Samson deu uma olhada em seu corpo nu. Seu próprio corpo
não mostrava mais nenhuma reação a suas curvas sensuais. Não
havia ereção. Nenhum desejo de tocá-la. Nada.
Reconheceu imediatamente o medo em seus olhos, antes que
sua mão se abrisse e a deixasse cair bruscamente na banheira. A
água transbordou ao seu redor.
- Fora! Eu nunca farei um vínculo de sangue com alguém como
você. É um lixo, não é nada. Tem sorte de que ainda está viva. Mas
não conte permanecer dessa maneira. Se você cruzar o meu
caminho, pode ser que encontre uma estaca em seu coração.
Ela o usou. Tudo o que queria era um vínculo de sangue com
ele, assim teria direito a tudo o que era dele. Toda sua riqueza, todo
o seu poder. Como foi tão cego?

Depois de que ele a jogou para fora de sua casa e de sua vida
nessa noite, fechou-se. Ele não queria que ninguém se aproximasse
dele. Sabia que foi um engano confiar nela.
Foi então quando todos os seus problemas sexuais começaram.
Primeiro, seu apetite sexual diminuíu, e então quando pensou que
deveria entregar-se aos prazeres carnais para distrair-se, não pôde
levá-lo a cabo. Não mais conseguiu uma ereção.
Até que ...
Até que Delilah entrou em sua vida. E agora?
Será que ela o traíu também? Estava atrás da sua riqueza
também? A ideia lhe fez adoecer.
- Você não está bem. - Amaury entrou na cozinha atrás de
Ricky.
Apoiado no balcão, Samson lhe deu o que nem sequer ele
mesmo sabia que era, um aspecto de torturado.
- Como quer que me sinta?
- Não pode ter se metido sob a sua pele deste modo, não em
uma só noite.
Samson escutou a incredulidade na voz de Amaury. Fez caso
omisso da observação do seu amigo.
- Temos que chegar ao fundo disto, rápido.
- Posso fazer uma verificação dos antecedentes dela, ver quem
é realmente. - Ofereceu Ricky.
Samson concordou com a cabeça.
- Faça isso. Amaury, fale com Carl e averigue que mais notou
entre suas coisas que possa ser estranho. Ele esteve no lugar onde
ela ficava, e se for verdade o que diz, que é de Nova York, o
apartamento provavelmente não pertence a ela. Encontre o
proprietário. E depois veja com Oliver o que andou fazendo hoje. Ele
esteve com ela o dia todo.
O celular de Ricky soou e ele respondeu imediatamente.
- Onde? - Ele fez um gesto para Samson e Amaury. -Bom,
estaremos aí em menos de meia hora.
E desligou.
- Era Thomas. Apanharam o tipo que atacou Delilah e você.
Samson se endireitou, aliviado de ter algo produtivo para fazer.
- Você e eu iremos. Amaury, encontre o que possa sobre ela. E
seja rápido. Carl ajudará. Ricky, nós iremos no seu carro.
Samson se dirigiu à porta.
- Hum, não deveria se vestir primeiro? - Perguntou Ricky.
Samson olhou para si mesmo e se deu conta que só vestia uma
calça, sem sapatos, sem camisa.
- Dê-me um minuto.
Correu pelas escadas e entrou no quarto. Delilah havia
terminado a ducha e vestia calças jeans e uma simples camiseta
branca. Isso a fazia parecer inocente.
Duvidou quando a olhou. Minutos antes esteve dentro do seu
corpo e não sentia alegria maior do que ser arrastado por seus
beijos, mas agora estava consumido pelas dúvidas. Quem era ela? O
que ela queria?
- Aconteceu alguma coisa? - Sua voz soava tremula.
Suspeitava algo? Sentia suas dúvidas?
- Só uma emergência de trabalho. Vou ter que me encarregar
de algo.
Samson abriu o guarda-roupa para tirar uma camiseta preta.
Vestiu-se rapidamente, enquanto ela o observava.
- Devo estar de volta em um par de horas, assim se sentir
fome, sabe onde fica a cozinha.
Estava a ponto de sair correndo do quarto, quando se deu
conta de que ela provavelmente, acharia estranho o seu
comportamento. Ele foi um amante quente alguns minutos antes,
que não conseguia ter o suficiente dela. Caso se comportasse com
frieza como agora, Delilah suspeitaria. Era importante mantê-la
acreditando que tudo estava bem, que ele não a havia apanhado em
seu jogo, ainda.
Quando ele se aproximou, pensou ter detectado seu vacilo,
mas não estava seguro. Deu-lhe um beijo na bochecha.
- Amaury e Carl, provavelmente estarão aqui, assim não te
surpreenda se os vir lá embaixo.
Procurou uma reação em seu rosto, que lhe daria
imediatamente uma resposta a sua abrupta saída incomum, e notou
seus lábios curvar-se ligeiramente para cima. Não era um sorriso,
era mais um reconhecimento do que tinha ouvido.
- Claro, verei você mais tarde.
Logo que a porta se fechou atrás dele, Delilah exalou
bruscamente. Ele parecia normal, possivelmente um pouco avoado,
mas soava como se a emergência de trabalho que mencionou, o
estava preocupando. Deu-se conta de que ela realmente não o
conhecia. Passou uma noite inteira fazendo amor com ele, mas nem
sequer sabia o que fazia para ganhar a vida, o que gostava de fazer
ou a comida preferida.
Essas eram coisas normais que a gente discutia no primeiro
encontro. Esteve tão louca para passar seu primeiro encontro
inteiramente entre seus braços, que não fez as perguntas mais
fundamentais? Passou tanto tempo desde que teve um encontro, que
esqueceu por completo como atuar em um? Samson tomou
vantagem desse fato? Ele a viu tão completamente ingênua e pensou
que só poderia colocá-la na cama, rapidamente?
Ainda não explicava o incidente na ducha. Oh Deus, a ducha.
Deixou penetra-la sem usar camisinha. E se não era tão saudável
como ele havia dito? O que aconteceria agora se a coisa estranha
que viu em seus olhos, era uma enfermidade? Poderia infectá-la com
algo?
Então recordou da camisinha que se rompeu na noite anterior.
Poderia já tê-la infectado com Deus sabe o que. Agarrou o seu
estômago, enquanto as náuseas lhe golpeavam. Oh Deus, não!
Delilah sentiu quando se formava um nó em sua garganta,
cortando seu fornecimento de ar. Seu peito se agitou para
compensá-la, e sua pele ficou fria e úmida, de repente.
Sentia-se tão estúpida de haver-se deixado enredar, com sua
ternura e paixão. Deu-se conta de quão suave esteve em sua
sedução, como se tivesse praticado suficientemente. Deveria saber,
ele agia assim todas as semanas, e nesta semana ela era a vítima.
Será que cometeu um grande erro ao confiar nele?

- Eu digo que o matemos agora. Não percamos o tempo de


Samson com ele. - Gritou Milo e olhou para Thomas.
Seu amante o olhou com desgosto.
- Não seja tão faminto de sangue. Samson deixou bem claro
que quer interrogar o filho da puta ele mesmo, assim não danifique a
diversão.
Eles estavam em um armazém grande e com pouca luz, ambos
vestidos em roupa de couro negra, que fazia par. O espaço estava
cheio até os batentes com contêineres, e o aroma de umidade
recordava meias usadas, mofo, pó e suor. Era estranhamente
tranquilo, exceto pelo leve som das gotas de chuva sobre o teto.
- O que vão fazer comigo? - Eles o amarraram em uma
cadeira.
- Ah! Calado. - Responderam em uníssono.
- Ouça, quer ir se divertir nos clubes depois disto? Ainda é
cedo. - Perguntou Thomas.
Seu amante negou com a cabeça.
- Sinto muito, não esta noite. Tenho que me encarregar de
algumas coisas.
- O que é tão importante que não pode sair comigo?
- Coisas de trabalho - respondeu Milo com um golpe
depreciativo de sua mão. - Alguns trabalham para outras pessoas
que não seja o Samson, por isso não posso estar contigo toda a
noite.
- Isso é péssimo. Quer que te consiga um trabalho na
Scanguards? Eu poderia fazer isso, você sabe.
- De maneira nenhuma. Não quero ter que escutar todo mundo
me dizendo que a única razão pela qual consegui o trabalho foi
porque o meu namorado falou com o grande chefe. Esqueça. Isso é
muito humilhante.
- Ei, vocês dois. - Interrompeu o homem.
Thomas lhe dirigiu um olhar venenoso.
- Não vê que estamos ocupados neste momento?
- Se me deixarem ir, eu posso deixá-los entrar em um par de
bons roubos que vão acontecer.
- Não me interessa. - Thomas não era um negociador, além
disso, não necessitava de dinheiro.
- Parecemos necessitados de dinheiro? - Milo saltou sobre o
homem amarrado e mostrou suas presas.
Imediatamente, jogou a cabeça para trás, tentando escapar,
mas foi retido pelas cordas que o atavam.
- E se interromper a conversação uma vez mais, eu vou beber
um bocado de ti. - Sussurrou Milo só alguns centímetros do seu
rosto.
Logo que o homem retrocedeu, esticando os músculos faciais,
Milo se voltou para Thomas.
- Sabe que vamos ter que limpar sua memória por isso, mais
tarde.
Milo simplesmente encolheu de ombros.
- O que seja.
Thomas pôs a mão na cintura de seu amante e o aproximou.
Baixou a voz para que só Milo ouvisse.
- Sabe que não passamos muito tempo juntos ultimamente.
Que tal se o fazemos agora? Samson não estará aqui antes de dez
minutos. Uma rapidinha, gostaria muito.
Mas Milo se soltou de seu abraço.
- Não neste momento. Cheira mal por aqui.
- Está-me rechaçando?
- Vamos, não comece outra vez. Não estou com humor.
Thomas o olhou, a suspeita crescendo em suas vísceras.
- Se não te conhecesse melhor, eu diria que está vendo alguém
mais.
- Isso é bobagem, e você sabe. Eu gostaria que deixasse toda
essa merda de ciúme.
- Bem. - Thomas cruzou os braços na frente de seu peito.
Pegou o bandido olhando-os.
- O que está olhando?
O homem se encolheu ao ver seu arrebatamento violento, mas
manteve a boca fechada e olhou para baixo.
Milo estava distante no último mês, e Thomas calculava que
sua relação estava chegando ao fim. Enquanto exteriormente,
continuava sendo o mais tímido dos dois, especialmente ao redor de
Samson e sua turma, Milo se converteu no mais dominante do casal,
um papel que Thomas assumia tradicionalmente.
Ainda mantinham relações sexuais, e muitas, mas já não eram
tão apaixonadas como foram no inicio da relação. Thomas queria
prolongar as coisas, mas sabia por instinto, que com o tempo a
relação se diluiria. Pensamentos persistentes saíram à superfície
outra vez. Os segredos de Milo sobre o que fazia quando não
estavam juntos, incomodava-lhe. Sabia que seu ciúme estava,
provavelmente fora do lugar, entretanto, não conseguia reprimir.
Thomas sempre foi do tipo ciumento.
Depois de converter-se em vampiro, não mudou nada. Deu-se
conta do seu caráter mais de cem anos atrás. Converter-se em um
vampiro não mudou o seu caráter, só o amplificou. Um homem mau,
seria um vampiro mau, e um bom homem seria um vampiro bom.
Era simples assim.
Ele não se arrependeu da escolha que fez, quando teve que
assumir-se ao longo de um século atrás, para que finalmente, se
permitisse viver em uma época, onde não tivesse que ocultar sua
sexualidade, e estava agradecido por isso.
Na época da sua juventude, os homens que se descobrisse com
homossexualidade, eram açoitados ou inclusive assassinados. Não é
que ele não desfrutasse de um bom açoite de vez em quando,
sempre que fosse seguido por uma agarrada ainda melhor, mas isso
era farinha de outro tempo. A vida era melhor no século XXI.
Thomas olhou para o amante ao seu lado. Os traços de Milo
pareciam delicados, apesar de que, sendo um vampiro, era quase
indestrutível. Não havia nenhuma grama de gordura em seu corpo, e
apesar de seu pequeno tamanho, era forte. E era incrivelmente sexy.
Sempre que olhava para o seu traseiro firme nas calças de couro
ajustadas, Thomas ficava quente.
- Vamos dar uma olhada nesse idiota. - Trovejou a voz de
Samson pelo armazém.
Seu casaco voava e Ricky estava ao seu lado, Samson se
aproximou e se dirigiu diretamente ao cativo, plantando-se
diretamente em frente a ele. O amo chegou, parecendo cada
polegada dele, como um anjo vingador escuro que se convertia
quando era provocado.
Samson planejou intimidar o criminoso. Reduziria o tempo que
tomaria em conseguir dele toda a informação pertinente. Raramente
utilizava a tortura e frequentemente, a sugestão de dor, funcionava
melhor que a própria dor.
- Reconhece-me? - Perguntou em uma baixa, mas perigosa
voz, quando parou em frente ao homem amarrado.
Concordar com a cabeça, silenciosamente, foi a resposta.
- Bem. Qual é o seu nome?
- Bily.
- Bom, Bily. Agora que conhecemos seu nome, vamos ter um
bate-papo. Não ligo a mínima por ser atacado, mas você sabe, isso
vem com o território, e isso é algo que posso perdoar. Eu posso me
defender. Mas sabe o que realmente me incomoda?
Samson o olhou, desafiando Bily a responder. O homem era
suficientemente inteligente para não abrir a boca à pergunta retórica.
- Quando a minha mulher é atacada, não tenho misericórdia.
Entende?
Ele inclinou-se para Bily, sua voz era quase um grunhido. Olhos
assustados o observavam. O corpo do Bily começou a tremer.
- Você me colocou em uma situação difícil Bily. Um homem tem
que proteger aqueles a quem ama, sem importar mais nada. Então,
o que vou fazer contigo?
Inclinando a cabeça mostrou suas presas. Samson não mordeu
ninguém em anos, mas suas presas estavam entretanto, em ótimas
condições. Fio e creme dental eram o melhor para a higiene bucal de
um vampiro.
- Eu não queria atacar ninguém. - Bily gritou.
Isto foi muito fácil. O homem claramente não era o criminoso
profissional que Samson acreditava que fosse.
- Mas o fez. E agora, você vai explicar para mim e para os
meus amigos, por que estava atrás da minha mulher. Esta é uma
cidade pequena, mas ser atacado pela mesma pessoa duas vezes,
não é uma coincidência. Nós dois sabemos disso.
Deixou que outro grunhido saísse através de sua mandíbula
apertada e moveu a cabeça para perto de Bily. Podia cheirar o aroma
do medo nele, um fedor que aborrecia.
- Pagaram-me para fazê-lo.
Samson enrijeceu.
- Quem?
Por uma fração de segundos se perguntou se Delilah organizou
tudo isto ela mesma.
Poderia ter sido uma estratégia para ganhar sua confiança,
para meter-se em sua casa e em seu coração. Fazia sentido. Isso
teria dado um pretexto para ter acesso a ele, despertar seu instinto
protetor e logo seduzi-lo. Deus, seduziu-o com todos os direitos, com
tudo dela, sua voz, seu corpo, seu tato, seus beijos... sua risada.
Precisava saber a verdade, por muito que lhe doesse ouvir a
resposta.
- Quem te pagou?
- Meu cunhado. Ele a queria fora do seu caminho. - Cuspiu Bily
repentinamente.
O alívio inundou Samson. Não foi ela, graças a Deus.
- Qual o nome dele?
- John.
Bily começou a tremer.
- Necessito um pouco mais do que isso, se não se importar.
- John Reardon.
O nome lhe soava familiar, mas Samson não conseguia
localizá-lo.
- E onde vive este John Reardon?
Bily lhe deu um endereço no distrito de Sunset.
- Por que ele a quer fora do caminho? - Continuou Samson com
seu interrogatório.
Ele deu-se conta de um aumento repentino nas pupilas de Bily.
- Eu n-n-não sei.
De onde vinha esta gagueira repentina? Ao mesmo tempo
observou um tremor nas pernas do homem, que viajava até o seu
torso.
Samson procurou seus olhos.
- Está mentindo.
Bily tremia como uma folha, depois seus olhos começaram a
desviar-se.
- Alto! - Gritou Bily. - Faça que se detenha!
Apertou os punhos, enquanto tentava subi-los, mas se
detiveram com as correias.
- Não! - Gritou de novo.
Um segundo depois, sua cabeça caiu para frente, desmaiado.
Samson se virou para seus amigos.
- Algum de vocês fez isso?
Ele ficaria zangado se alguém utilizou o controle da mente para
assustar Bily, antes que pudesse obter toda a informação necessária.
Milo e Thomas, elevaram as mãos na confusão, enquanto que
Ricky negou com a cabeça.
- Procurem nos arredores para nos assegurar de que não haja
um vampiro aqui e que esteja interferindo.
Samson olhou de novo para Thomas e Milo.
- Agora, vão até Sunset e recolham este tal John Reardon. Este
fica aqui, até que tenhamos o seu cunhado. Assegurem-se de que ele
fique aqui, não decidi ainda o que fazer com ele. Liguem-me quando
tiverem o seu cunhado, quero falar com ele pessoalmente.
- Vou embora. Tenho coisas para fazer. - Protestou Milo.
Samson levantou uma sobrancelha, mas o deixou ir. Milo não
trabalhava para ele.
- Ricky, vá com Thomas. Eu levarei seu carro de volta para
casa.
Ricky atirou as chaves na direção de Samson, e ele as pegou
sem sequer olhar. Logo que estava no carro de Ricky e ligou o
motor, viu Milo sair do edifício com o telefone celular preso à orelha,
dirigia-se para a sua motocicleta.
CAPÍTULO 11

- Disse Clay Hal?


Amaury olhou para Carl surpreso. Ficaram se olhando, um em
frente ao outro, em lados opostos do balcão da cozinha.
- Sim, perto de Taylor, é um edifício de condomínios bastante
grande. Recolhi todas as suas coisas. Ela não tinha muito, só um
pouco de roupa, seu computador e esses arquivos.
- É uma estranha coincidência. - Murmurou Amaury, falando
consigo mesmo.
Ele não acreditava que as coisas acontecessem por acaso.
- Que coincidência?
- Não sabe, verdade?
Carl negou com a cabeça, muito confuso.
- Saber o quê?
- Que a Scanguards possui um par de apartamentos no Clay
Hal. Eu sei por que comprei-os para a empresa.
O trabalho principal de Amaury como empregado de Samson,
era ser encarregado de todos os investimentos em bens imóveis,
tanto os privados, como os da companhia. Era titular de uma licença
de imóveis na Califórnia e atuava como seu próprio corretor de
imóveis.
Felizmente, o rumor medieval de que os vampiros precisavam
ser convidados para entrar em uma casa, era totalmente infundado,
o que fazia possível que um vampiro trabalhasse como corretor de
bens imóveis.
- Não tem por que significar nada. Ela disse que é de Nova
York e que estava em uma viagem de negócios.
- Isto vai ser fácil de comprovar. Qual era o número do
apartamento? - Perguntou Amaury, ansioso.
Carl ficou olhando.
- Bom, era um andar bem alto.
Parecia como se tentasse recordar o caminho pelo corredor do
andar, procurando a porta correta.
- Oitocentos e doze.
- Voilà. É nosso. A única maneira de ter acesso a esse
apartamento é se está trabalhando para nós. Samson disse que
Oliver esteve com ela o dia todo. - Disse Amaury.
Carl balançou a cabeça, concordando com Amaury.
- Ligue para ele. Vamos ver aonde ele a levou.
Carl discou o número de Oliver, e pôs o telefone no modo de
viva-voz.
- Oi Oliver, sou eu.
- Carl, tomara que seja importante. Estou morto de cansaço. -
Disse a voz sonolenta de Oliver, através do telefone.
Amaury olhou o relógio do microondas. Eram apenas um pouco
mais de nove horas. Sacudiu a cabeça com incredulidade. Humanos!
- Ei Oliver, Amaury está aqui. Desculpe pelo incômodo. Espero
que não tenhamos acordado você.
- Não há problema, Amaury. - Oliver soou como se
despertasse. - O que posso fazer por você?
- Você esteve com a Delilah todo o dia?
- Sim, o Sr. Woodford me pediu que a protegesse.
- Aonde a levou?
- Ao centro, aos escritórios da Scanguards.
Carl e Amaury olharam um para o outro.
Amaury assobiou entre dentes.
- Não saberia dizer o que ela foi fazer ali, verdade?
- Trabalhou.
- Ela trabalhou?
- Sim, ela foi trabalhar. Ela é uma espécie de, não sei, uma
contadora ou auditora, ou algo assim, creio.
- Está seguro?
- Sim, estou seguro. Conheciam-na e estavam esperando-a.
Inclusive havia um computador preparado para ela e tudo.
- Obrigado, Oliver.
Amaury desligou.
- Suponho que isso é uma boa notícia. Uma grande
coincidência, mas ao menos não se vê como se fosse uma espiã
corporativa.
- Entretanto, não explica por que ela está aqui com ele. -
Interveio Carl.
Amaury sentia as emoções de Carl, o homem era protetor com
seu chefe e não queria que saísse machucado novamente, e menos
ainda, por uma mulher humana.
- Você acredita que ela sabe quem é ele?
Antes que Amaury pudesse responder, a porta da cozinha se
abriu e Samson entrou.
- De quem estão falando? - Perguntou.
- De você - respondeu Amaury. - Perguntávamo-nos se Delilah
sabe quem é você.
- Eu gostaria de saber a resposta também. - Era verdade. O
faria sentir-se muito melhor, se soubesse o que ela conhecia a
respeito dele. Se o procurava por dinheiro, ou se estava realmente
ali por ele. Sem um motivo oculto.
- Onde está?
Amaury indicou o andar de cima com a cabeça.
- Ela desceu faz um momento, tomou um iogurte, e voltou para
o andar de cima. - Fez uma pausa. - Bom, ao menos agora sabemos
quem é.
Com expectativa, Samson olhou para seu amigo.
- Ela é algum tipo de contadora da Scanguards.
Samson deu um passo atrás. Não esperava por isto.
- Trabalha para mim?
Estava dormindo com uma de suas funcionárias? Grande,
quando menos, poderia se preparar para uma demanda por assédio
sexual.
- Parece que sim. Oliver passou todo o dia com ela no centro,
nos escritórios da Scanguards, e o apartamento em que estava, é um
dos nossos.
Samson esfregou a fronte com a palma da mão.
- Então é verdade. Ela me disse ontem à noite que é auditora.
- Vocês tiveram tempo para conversar? - Amaury sorriu.
Seu amigo era dos faladores! O olhar desaprovador de Samson
o parou em seco, antes de fazer qualquer outra insinuação. Seu
velho amigo o fez soar como se fosse um maníaco sexual. É claro
que falaram, brincaram na realidade, jogaram e riram, inclusive
depois que Carl entregou o fornecimento de preservativos. Como se
tudo o que fizesse para entreter a uma mulher, fosse ter sexo!
- Ela disse que é de Nova York e que estava aqui para uma
auditoria. Confirmaram tudo?
- Ainda não, acabávamos de chegar a nossa conclusão, quando
você chegou.
- Carl, ponha Gabriel Giles no telefone.
Gabriel era o Diretor de Operações da sede central em Nova
York, e dado a que era um vampiro podia ser acessível, ainda que
fosse um pouco mais da meia-noite na costa leste.
- Será melhor que esteja certo. - Samson olhou para Amaury,
um raio de esperança brotava em seu peito.
A voz de Gabriel soou através do viva-voz, em poucos
segundos.
– Ei Samson, como está? - Ele soou mais como um Tony
Soprano que um vampiro. Nova York podia fazer isso a qualquer um.
- É bom ouvir sua voz, Gabriel. Escuta, não quero gastar o seu
tempo, mas necessito que comprove algo para mim. Vocês enviaram
a uma auditora aos escritórios de São Francisco?
- Deixe-me ver. – Ele digitou algo em um teclado. -Claro que
sim. Sua atribuição começou na segunda-feira. O que acontece?
- Qual é o nome da auditora?
- Delilah Sheridan.
Delilah parou em seco, atrás da porta da cozinha que estava a
ponto de abrir, quando escutou seu nome proveniente de um
telefone no viva-voz. Ela conteve a respiração. Por que estavam
falando dela?
- Você fez uma verificação de antecedentes sobre ela? - Ela
escutou Samson perguntar.
Uma verificação de antecedentes? Dela? O que estava tentando
encontrar? Conteve o fôlego, porque não queria que soubessem que
estava do outro lado da porta.
- Claro que sim - a outra voz respondeu. - Ela está limpa. Não
há nada incomum. Solteira, sem irmãos, o pai está em um asilo, a
mãe morreu faz dois anos. O que quer saber?
- Ela sabe quem sou? - A voz de Samson soava estranhamente
tensa.
Enquanto escutava a pergunta, ela não entendia o que queria
dizer com isso.
- Eu duvido - disse a voz de novo. - Sem dúvida não lhe demos
mais informações da que necessitasse. Conhece nossa política
melhor que ninguém. E posto que tudo é propriedade da empresa,
não pode ter visto seu nome em qualquer dos documentos.
Que documentos? De que demônios estavam falando?
Ela escutou o suficiente. Samson estava investigando-a por
qualquer razão. Sentia-se violada. Zangada empurrou a porta da
cozinha e a abriu. Três pares de olhos imediatamente caíram sobre
ela. Três surpreendidos pares de olhos, Samson, Amaury e Carl.
Todos saltaram quando ela entrou.
- Algo mais? - Continuou a voz, pelo viva-voz.
- Obrigado, Gabriel. - Samson não tirou os olhos dela enquanto
desconectava a chamada.
Delilah o olhou, incapaz de falar durante alguns segundos.
Nenhum dos rapazes se atreveu a dizer uma palavra, como se
esperassem uma explosão. Ela lhes daria uma.
- Fez uma verificação de antecedentes sobre mim?
Ela tratou de fazer a sua voz soar uniforme, para não mostrar a
dor que sentia.
- Delilah, eu sinto muito, posso explicar.
Samson nem sequer se incomodou em negar a acusação. Isso
só confirmou.
Ela negou com a cabeça.
- Eu vou economizar o trabalho. Vou embora agora.
Girou sobre os calcanhares e saiu. Subindo a escada, de dois
em dois degraus, dirigiu-se ao segundo andar.
Lágrimas queimavam em seus olhos, mas ela as empurrava
para trás. Não valia a pena. Se ele queria saber algo a respeito dela,
poderia ter perguntado. Ela teria dito tudo, cada detalhe da sua vida.
Mas ele não pediu. Em troca, verificou os seus antecedentes,
pelas suas costas, como se fosse uma criminosa. Depois da
maravilhosa noite de paixão que compartilharam, sentiu a
necessidade de investigá-la? O que pensou que encontraria?

Depois de encerrar Bily em um dos contêiner, deixando-o com


água e uma manta, Ricky e Thomas saíram do armazém.
Eles não eram selvagens. Se Samson tratou o homem que o
atacou e a Delilah, civilizadamente, eles também poderiam.
- Escutou o que Samson disse a respeito dela? - Perguntou
Ricky.
- Quer dizer, o discurso a respeito de minha mulher?
- Exatamente. Acredita que ele falava a sério?
Thomas encolheu os ombros.
- Diga-me você. Quando se trata dos homens heterossexuais,
realmente não posso dizer quando estão apaixonados por alguém ou
não. Muitos sentimentos ocultos atrapalham.
- Acredite, não posso dizer mais do que você pode. Mas nunca
o ouvi falar dessa maneira. Espero que já não a tenha sob a pele.
Algo assim só terminaria mal.
Ricky pegou o capacete que Thomas lhe entregou e passou a
perna sobre a moto para tomar seu lugar atrás dele.
- Ele deveria ter deixado o meu carro e levado a moto, em vez
de nós ficarmos com ela.
- O que, está preocupado porque tem que me agarrar? - Riu
Thomas. - Desde quando é tão homofóbico?
- Não sou. Estou preocupado com meu carro. Ele estava
disposto a me matar hoje. Espero que não desforre em meu carro
novo.
Thomas fez um gesto com a cabeça.
- Queria te matar? O que fez?
- Entrei no banheiro enquanto ele estava fodendo com Delilah,
na ducha.
- Não pode estar falando sério. É por isso que queria te matar?
A reação de Thomas não era incomum. Entre sua gente, o sexo
não era necessariamente sempre visto como um ato privado, a
menos que ocorresse entre um par com o vínculo de sangue. Assim,
não havia razão pela qual Samson poderia sentir-se ofendido ao ser
visto fodendo com Delilah.
- Isso é o que estou dizendo. Basicamente, disse-me que me
despedisse de nossa amizade e de meu trabalho, se alguma vez me
pegasse olhando-a de novo.
- Parece muito possessivo para mim.
- Sim.
- Está pensando o que eu estou pensando?
- Sim.
- Ai menino.
Ricky jogou seus braços ao redor da cintura de Thomas, e a
moto acelerou. Ainda estava chuviscando ligeiramente. Thomas os
guiou com cuidado através do pouco tráfico. Conhecia a cidade como
a palma da sua mão e tinha um bom olho para detectar obstáculos
adiante, o que facilmente ajudava a evitar atrasos importantes.
Eles se dirigiram através do distrito de Sunset, passando as
casas dos anos quarenta e cinquenta, os pátios dianteiros
frequentemente descuidados e as lojas decadentes, pelo caminho.
Não era um bairro que gostassem particularmente. Era em sua
maioria simples e sem interesse arquitetônico.
O endereço que Bily forneceu era uma casa de esquina, era
maior que as outras da quadra e parecia ter sido reformada por
completo. Sobressaía-se como a casa mais valiosa da quadra. Havia
luz em várias janelas da casa.
Thomas estacionou sua motocicleta na esquina.
- Como quer fazer isto?
- Simples. Tocamos a campainha da porta. - Respondeu Ricky.
Seus passos quase não faziam ruído ao caminharem sobre o
pavimento. As fossas nasais de Thomas se abriram enquanto se
aproximavam da casa. Ele inalou. Um aroma estranhamente familiar
flutuava em seu nariz, mas se distraiu imediatamente quando ouviu
um grito no interior da casa.
Ricky e ele se olharam por uma fração de segundos, logo
correram à porta e a chutaram.
O som era o de uma mulher, gritando histericamente a todo
pulmão. Vinha da parte de atrás da casa. Continuando, o
choramingar de um menino se mesclou com os gritos da mulher. O
som da mulher era arrepiante.
Quando a encontraram, entenderam. Não havia mais nada que
pudessem fazer. Chegaram muito tarde.
Não havia duvida na mente de Thomas, John foi assassinado
por um vampiro.
Ele ainda sentia a pegada energética, que o agressor deixou. O
corpo de John estava quase tranquilo, se não fosse pelo horror
gravado em seus olhos abertos. Havia visto, por um segundo, o seu
assassino, antes que o matasse.
O corpo de John jazia no chão da cozinha. Seu pescoço foi
quebrado. Fazendo caso omisso dos gritos da mulher, Thomas se
inclinou e fechou as pálpebras de John. Não havia necessidade de
que sua esposa continuasse vendo a expressão horrorizada de seu
marido morto.
Não poderiam ficar para aliviar a mulher, mas apagariam sua
memória. Thomas colocou a palma da mão na testa dela. Seus gritos
cessaram e ela ficou imóvel. Não só apagou qualquer lembrança dele
e de Ricky, mas também dos olhos de seu marido. Era melhor se ela
não soubesse o quão apavorado estava nos últimos segundos de
vida. Fazer frente a sua dor, seria bastante difícil.

Delilah lançava a roupa em sua única mala, sem incomodar-se


em dobrá-la. Alguém mexeu em suas coisas no quarto de Samson
durante o dia, e agora não sairia de lá com suficiente rapidez. Ela
não ficaria com um homem que não confiasse nela. Demônios, ele
não fez nem sequer uma tentativa de conhecê-la. Em seu lugar, ele
foi atrás do seu passado. Não tolerava esse tipo de traição. Escutou a
porta abrir e fechar atrás dela e sabia que Samson a havia seguido.
Não esperou muito. Sentia sua presença, mas ela não queria
reconhecê-lo. Ele merecia a indiferença.
- Sinto muito, Delilah.
Sua voz estava mais perto do que esperava.
Não seria mais do que a um pé de distância dela. Ela não o
queria assim perto. Não agora.
- Estou saindo em dois minutos, e não se preocupe, não estou
lhe roubando nada.
Sua voz era fria. Não queria lhe dar a satisfação de saber o
muito que a magoou. Esta não era a primeira vez que ficava
decepcionada com um homem, e não seria a última. Ele não seria o
último homem em sua vida. Ela estava mais que acostumada com
isso, acostumada a se envolver sempre com o homem errado.
Possivelmente por isso ela deixou de sair por completo.
Provavelmente faria uma melhor opção com um gato ou um cão.
- Eu mereço isso - disse Samson com voz calma. - Por favor,
me dê uma oportunidade de explicar tudo. - Sentiu as mãos dele
sobre seus ombros e as empurrou para afastá-las.
Provavelmente havia um discurso padrão preparado para
problemas como este. Como conseguia permanecer assim calmo?
Sentiu as mãos dele sobre seus ombros novamente e as
empurrou para retirá-las.
- Está bem. Não vou tocar em você. - Soava decepcionado.
A ira brotou nela. Sentia a ira fervendo desde seu estômago e
viajando através do seu peito. Era muito para conter.
- Como pôde? Como pôde ir atrás de informações nas minhas
costas dessa maneira? - Delilah girou para encará-lo. - Poderia
perguntar tudo o que queria saber.
E por que continuava a ser tão atraente, tão sexy, quando
precisava estar zangada com ele? Em seu jeans e camiseta preta,
parecia tão bem como era nu, apesar de que o preferia nu.
Não deveria ter dado a volta. Deveria ter saído sem sequer
olhá-lo.
Seus bíceps flexionaram, e uma vez mais estava consciente de
sua força e beleza física. A forma em que seus olhos cor avelã
procuravam os dela, como se estivesse tentando ver sua alma, fez
seus joelhos fraquejarem.
Precisava afastar seus olhos dele, se alguma vez quisesse sair
desse quarto.
- Foi um engano. Mas precisava saber quem era.
De pé, só a poucos centímetros de tocá-lo, só adicionava
pensamentos a sua mente agitada.
- Descobriu quem sou. O que estava esperando? - Deixou sair
toda sua decepção e a dor em sua voz. - Depois de todas as coisas
que fizemos... não podia só me perguntar? Não. Tinha que me
investigar e realizar uma verificação de antecedentes sobre mim,
como se fosse uma criminosa comum.
- Doçura, não...
Samson levantou a mão como se quisesse tocar seu rosto, mas
parou quando ela lhe interrompeu:
- Não me chame de doçura!
Delilah gostou quando ele a chamou assim na noite anterior,
enquando faziam amor, mas não agora. Voltou-se e fechou a mala.
- Delilah, desculpe-me. Oxalá tivesse acreditado mais em meus
instintos, mas não o fiz. Quando Carl empacotou suas coisas,
encontrou algo e o trouxe para minha atenção. Deveria ter
perguntado diretamente a você a respeito, mas eu... eu não sei por
que, eu não...
Sua voz cessou. Seus olhos avelã a olharam nos olhos,
tentando obrigá-la a escutá-lo.
- Havia arquivos da Scanguards em sua posse.
- E o quê? Eu trabalho para eles. Carl não tinha o direito de
revistar as minhas coisas.
Samson concordou com a cabeça.
- Sim. Mas ele os viu. E entendo agora que tinha todo o direito
a ter os arquivos em seu poder. Agora sei. Porque agora sei que você
trabalha para mim.
Confusa, ela o olhou.
- Eu não trabalho para você. Trabalho para a Scanguards -
insistiu e agarrou sua mala. - E, além disso, o que importa para
quem trabalho? Não pensei que lhe interessasse o que faço.
Tentou empurrá-lo para chegar até a porta, mas ele lhe
bloqueou a fuga.
- Você trabalha para mim. Eu sou a Scanguards. Pertence-me.
Delilah se deteve em seco, e Samson imediatamente se deu
conta de que isto era uma novidade para ela. Ela não sabia que ele
era o dono da Scanguards e que estava valorado em mais de umas
poucas centenas de milhões de dólares.
O coração de Samson deu um pulo quando a realidade veio à
luz, compreendeu que seu medo foi infundado. Ela não estava atrás
de seu dinheiro, porque não tinha nem ideia do quão extremamente
rico ele realmente era.
Samson podia ver que ela estava tentando compreender suas
palavras. Então foi como se uma nuvem negra caísse sobre seu
rosto. Sua boca estava aberta e olhando-o.
- Pensou que estava atrás de seu dinheiro? Oh, meu Deus!
Pensou que dormi contigo, por que... meu Deus!
A dor que viu nos olhos de Delilah, doía profundamente em seu
peito. Se ele pensou que dizendo quem era, faria-a entender por que
agiu da forma que o fez, não funcionou. Na realidade, o fez pior.
Muito pior.
- Nunca me senti tão barata e suja em toda minha vida.
Sentia-me mais limpa quando pensou que eu era uma stripper. Mas
pensou... você pensou que eu iria para a cama... não, não...
Ela correu para a porta, mas ele saltou diante dela e a deteve.
Ele queria tomá-la em seus braços e beijá-la para tirar sua dor,
desculpar-se com seu corpo por tudo o que fez. Mas sabia que o
rejeitaria. Tinha-a machucado, sua mortal amada, e doía muito saber
que ele mesmo a machucou. Neste momento, faria qualquer coisa
para que sua dor desaparecesse.
- Por favor, me diga o que quer que faça para lhe compensar
por isso.
Ela o olhou fixamente, com os olhos brilhantes pelas lágrimas
que estava contendo.
- Você acredita que pode me comprar? Não me humilhou o
suficiente? Economize seu maldito dinheiro e saia do meu caminho!
- Por favor, espere um minuto e me escute.
- Por quê? Acaso já não sabe tudo o que queria saber? Não é
por isso que me atribuiu um guarda-costas, hoje? Para poder me
investigar? Controla todas as suas mulheres dessa maneira?
- Delilah, foi para a sua própria segurança. Nunca quis te fazer
mal, me acredite. Mas me assustou.
Estava assustado com todo direito, assustado pelo que podia
fazer ao seu coração. Talvez fosse melhor se lhe dissesse claramente
o que ela lhe tinha feito.
- Assustei você? Como? Porque esteve andando com uma
pobre auditora? Sim, isso é francamente aterrador. - Disse arrepiada
e cheia de sarcasmo.
- Não diga isso. São as coisas que me faz sentir quando estou
contigo. Isso é o que me assusta.
- Deixe de mentir.
Passou justo ao seu lado e abriu a porta com força. Com sua
mala na mão, correu pelas escadas. Samson estava justo atrás dela,
não disposto a deixá-la ir.
A porta da entrada se abriu um segundo antes que ela
chegasse. Uma repentina rajada de ar frio entrou no vestíbulo e, com
ela, Ricky e Thomas. Ricky olhou para Delilah e depois para Samson,
que vinha a só um passo atrás dela.
- Não acredito que deva deixá-la ir, Samson.
Ele fechou a porta antes que ela pudesse sair.
Samson ouviu o suspiro de frustração, enquanto ela tentava
passar por Ricky.
- Não vou deixar que se vá.
- Bom. Porque alguém matou John Reardon. E ela poderia ser a
próxima.
- John? - A voz de Delilah era só um suave sussurro.
Deixou a mala cair no chão, onde fez um forte golpe.
Samson olhou surpreso para os seus dois amigos. Conhecia-o?
Delilah se apoiou na mesinha. Uma fração de segundo depois
Samson estava ao seu lado, envolveu-a em seus braços e a levou à
sala de estar. Não a deixaria sair, nem agora nem nunca.
Samson suavemente a sentou no sofá e ficou perto dela.
Mantendo o braço ao redor dela, sentiu-se aliviado ao sentir que não
o afastava.
- Ricky, sirva uma taça de brandy para Delilah, por favor?
Seu amigo cumpriu com entusiasmo e entregou a taça a ele
alguns momentos depois. Samson levou o brandy aos lábios de
Delilah e a fez beber, enquanto tirava uma mecha de cabelo de seu
rosto.
- Aqui está doçura.
Sua voz adquiriu um tom suave enquanto lhe acariciava o seu
braço com ternura. Ela não protestou.
Ele sabia que ela não lhe perdoou ainda, mas agora ela estava
em choque, e faria qualquer coisa para fazê-la se sentir melhor. Mais
tarde, procuraria seu perdão. E logo havia outro obstáculo pelo qual
saltar, mas ela não estava pronta para isso, ainda.
Antes, enquanto descia as escadas atrás dela, havia tomado
uma decisão. Ele não a deixaria retornar a Nova York. Ao diabo o
fato de que ela era um ser humano. Ela era dele. Necessitava-a, e a
faria feliz. Ele sabia no fundo do seu coração.
Ele pegou Ricky trocando um olhar com Thomas, que assentiu
com a cabeça. Nenhum dos dois o viu em uma cena tão terna com
uma mulher. Samson lhe deu um beijo suave na parte superior da
cabeça, sem se importar com o que seus amigos pensassem de seu
comportamento.
- Delilah, me diga, o que sabe a respeito deste homem. Foi ele
quem contratou o homem que te atacou.
De repente, ficou olhando com os olhos arregalados, incrédula.
- John? John contratou aquele valentão? - Ela olhou para
Thomas e Ricky, que concordaram com a cabeça.
- Sim, foi ele. Quem era ele? - Perguntou novamente Samson.
- Você deveria saber quem era. Ele trabalhava para você. -
Disse Delilah.
- Para mim?
- Era contador da Scanguards. - Anunciou, olhando de Samson
para os seus amigos.
CAPÍTULO 12

Samson enviou Ricky e Thomas para investigar o assassinato


do contador. Também revisariam os antecedentes de John e
qualquer um que trabalhasse na Scanguards. Amaury permaneceu
na casa com eles.
- Acredito que está bastante claro que não foi ideia de John lhe
fazer mal. É óbvio que estava trabalhando para alguém e esse
alguém o matou. - Disse Samson.
- Mas por que alguém quer me fazer mal? Eu só conhecia John
há uma semana, e não conheço ninguém mais aqui em São
Francisco. Não tenho inimigos. - Protestou Delilah.
- E esta pessoa sabia que o estávamos procurando, não se
esqueça disso - interveio Amaury. - E chegou ao John antes de nós.
Não acredita que isso está nos dizendo algo?
Samson concordou com a cabeça.
- Isso é correto. Quem quer que seja, ele não queria que
interrogássemos John e que averiguássemos quem estava por trás
disto, ou do que se trata. Não te ocorre alguma razão pela qual ele
ou qualquer outra pessoa, quisessem te fazer mal?
A ideia de que alguém estava lá fora, com vontade de
machucar a mulher que desejava tão profundamente, rasgava o seu
coração. Se alguém lhe tocasse um só fio de cabelo de sua cabeça,
teria que lidar com sua ira. Seria muito ruim o que lhe aconteceria.
- Só estou aqui para uma auditoria, nada mais. Estou
acostumada que as pessoas não estejam muito felizes por me
verem, mas isso não quer dizer que queiram me matar.
- Então tem ligação com a auditoria. É sua única conexão com
John e São Francisco. É a única explicação. A auditoria produziu
algum resultado? - Samson estava curioso.
Ela encolheu de ombros.
- Nada inesperado, ao menos, não até agora. Tive problemas
para chegar a alguns dos documentos de apoio para alguns dos
temas que estou investigando, mas ainda tenho até quarta-feira,
assim estou segura que vou descobrir o que está errado. - Delilah
parecia muito segura de seu trabalho. - Eu sempre encontrei o que
deveria ser encontrado.
- É essa sua reputação? É por isso que te contrataram em Nova
York? - Os olhos de Samson percorreram a sua pequena figura.
Ela era uma espécie de super detetive? Também logo o
desvendaria? Quanto tempo teria até que ela descobrisse o seu
segredo? Quanto faltaria para que ela saísse correndo e gritando de
sua casa?
- Isso é tudo o que faço. Eu não faço auditorias normais. Só
trabalho em investigações especiais. Se alguém está manipulando os
livros, eu vou encontrar. Já encontrei alguns indícios de que alguém
está extorquindo a companhia. Só tenho que confirmar quem está
atrás disto.
Havia um ar de confiança nela, quase orgulho. Ele acreditou
nela imediatamente. Se ela dizia que o encontraria, então faria isso.
É claro, isto também significava que deveria ser extremamente
cuidadoso e chegar rapidamente a uma estratégia de como lhe dizer
o que era. Confessaria que era um vampiro, porque não a deixaria
partir.
- Tome todo o tempo que necessitar, estenderei seu contrato
por tempo indefinido.
Isto deveria tirar a pressão do trabalho. E a quarta-feira estava
muito próxima.
- Pode fazer isso? - Delilah o olhou primeiro e logo para
Amaury. - Ele pode fazer isso?
- Ele é o chefe. O que ele diz, acontece. - Amaury sorriu.
- Faz-me soar como um tirano. - Deu a seu amigo um olhar de
repreensão. - Eu asseguro que não sou nada disso. Entretanto, ser o
chefe tem suas vantagens.
Samson sorriu para ela.
- Pode trabalhar daqui. Meu escritório está a sua disposição.
Vai ter acesso universal a todos os arquivos, não só da sucursal de
São Francisco, mas também de todas as nossas sucursais. Qualquer
informação que necessite, posso conseguir para você.
- Isso não será necessário. Posso trabalhar no escritório do
centro. Além disso, necessito da caixa de documentos das transações
que John conseguiu. Não terminei com ela. Ainda está no escritório.
Samson negou com sua cabeça.
- Vou fazer alguém trazer isso aqui. Não vou te deixar fora de
minha vista. Se alguém foi capaz de chegar ao John e matá-lo, eles
tentarão fazer o mesmo com você. Não posso correr esse risco.
Um calafrio percorreu por sua coluna vertebral, com a ideia de
que alguém poderia lhe fazer algum mal.
- Sempre consegue o que quer?
Sua voz tinha uma aresta para ele. Ele entendia por que. Ainda
estava zangada por tê-la investigado.
- Não. Mas, desta vez conseguirei. Não há discussão.
Trabalhará aqui. Um de nós sempre estará contigo.
Ele apontou com a cabeça para Amaury, pedindo
silenciosamente a seu amigo que o apoiasse. No momento, Delilah
parecia mais disposta a escutar a outra pessoa do que a ele.
- Ele tem razão, Delilah. Se alguém pensa que é tão importante
desfazer-se de você, não vai parar só porque encontramos John e
seu cunhado.
Grande, ambos conspiravam contra ela. Talvez ela ainda
estivesse em choque, mas seus pensamentos estavam claros. Delilah
ainda estava furiosa como o inferno com Samson por não confiar
nela. Estava confusa a respeito dos sinais contraditórios que estava
recebendo dele, e se assustou diante da ideia de que alguém estava
atrás dela, para lhe machucar.
Se tudo estivesse bem entre ela e Samson, não teria nenhum
problema com essa disposição, mas agora as coisas eram diferentes.
Se ele pensava que por fazê-la ficar em sua casa, poderia conseguir
colocá-la de volta em sua cama, então teria um duro despertar.
Ela lhe diria justamente agora, para que se colocasse em seu
lugar.
- Está bem. Eu ficarei aqui até o final da auditoria. Mas eu não
saio com clientes.
Pela sua reação pôde ver que ele não esperava sua declaração.
Seu queixo caiu. Passou alguns segundos para que ele encontrasse a
calma.
- Falaremos disto mais tarde, em particular. - Respondeu
Samson indignado.
Demônios, se o fariam. Quanto menos estivesse a sós com ele,
seria melhor. Delilah recordou o momento em que Ricky lhes havia
dito a respeito da morte de John, e como Samson teve a
oportunidade de tomá-la em seus braços. Não teve força para
protestar, mas ela se sentia melhor agora. Não lhe daria outra
oportunidade de encontrar o caminho de volta ao seu coração, só
para deixar que a ferisse de novo. Ela precisava deixá-lo fora. Isto
era só um trabalho, nada mais. E assim era exatamente como o
trataria de agora em diante.
- Será melhor que eu comece a trabalhar.
- Agora? - Samson levantou uma sobrancelha.
- De qualquer maneira não conseguiria dormir.
Delilah sabia que, com tudo o que aconteceu, não haveria
maneira de que fosse capaz de fechar os olhos.
- Não tem que ficar acordado comigo. Só me mostre seu
escritório e me dê acesso aos arquivos.
O escritório de Samson era maior do que Delilah esperava. Foi
projetado com painéis de boa madeira escura e havia uma parede
com estantes, completamente repleta de livros de cima a baixo.
Havia uma enorme escrivaninha com várias telas de computador, um
sofá com um par de poltronas e uma mesinha de centro.
Ela esperava que lhe mostrasse o sistema e logo se fosse, mas
em troca, ambos, ele e Amaury, ficaram e começaram a trabalhar
com ela, ajudando-a com a revisão dos arquivos, rastreando
transações e fazendo chamadas telefônicas a Nova York para
verificar as informações. Ao que parece, inclusive no meio da noite,
havia gente trabalhando na sede principal. Com acesso direto a todos
os arquivos da companhia, seu trabalho seria muito mais fácil.
Ninguém colocaria nenhuma restrição sobre ela.
Delilah achou estranho que, de repente, ele confiasse nela
desta maneira. Samson fez com que um de seus empregados
trouxesse a caixa de armazenamento do escritório que ela esteve
trabalhando durante o dia.
Agora, ele e Amaury estavam verificando os papéis com as
informação sobre a mesinha de centro, enquanto ela permanecia
sentava na confortável poltrona de escritório e revisava os arquivos
no computador.
Ele forneceu seus dados de usuário e contra-senha, e lhe deu
livre acesso. Se quisesse, poderia ver todos os seus arquivos
privados e o que fazia. Mas não o fez. Não farejaria. Não cairia tão
baixo, fazendo o mesmo que ele fez com ela. Isto era diferente de
abrir algumas gavetas em seu quarto.
Delilah olhou para Samson, que mantinha a cabeça enterrada
nos papéis, falando em voz baixa com Amaury. Suas longas pestanas
eram tão escuras como seu cabelo emaranhado, o qual ela fez um
desastre na noite anterior, passando suas mãos violentamente
através dele e puxando-o para ela. Inclusive agora, apesar do muito
que a magoou, achava-o mais atraente do que qualquer outro
homem que conheceu.
Como se sentisse seu olhar sobre ele, de repente, elevou os
olhos e a olhou. Apanhada! Ele lhe deu o mais fraco dos sorrisos, e
ela sentiu um fluxo de calor em suas bochechas. Este homem a
confundia como ninguém mais. Rapidamente se voltou para a tela do
computador.
Precisava manter a cabeça fria. Em poucos dias seu trabalho
estaria terminado, sobretudo se ela trabalhasse no fim de semana, e
então estaria livre para partir. Tudo isto não seria mais do que uma
má lembrança.
As horas passaram, e para sua surpresa, os dois homens não
se cansavam. Sabendo que Samson levantou logo que ela
adormeceu na noite anterior quando haviam... Não importa, ele
participou de reuniões de negócios durante todo o dia.
Bom, não era de sua incumbência de todos os modos. Era um
adulto. Se ele pensava que não necessitava do sono, a ela não teria
por que lhe importar. Pelo menos amanhã era fim de semana, e
ninguém teria que levantar-se muito cedo.
De repente conteve um bocejo e olhou o relógio.
- Uau, são quase seis.
Samson e Amaury, olharam um para o outro.
- Maldição. - Exclamou Amaury.
Samson disse algo a ele, que Delilah não pôde ouvir, e Amaury
assentiu com a cabeça.
- Será melhor que durma um pouco. Boa noite. - Disse ela e se
levantou, desligando o computador.
Samson se levantou e a seguiu para fora da sala.
- Boa noite, Amaury.
- Boa noite.
Na sala, a mala estava no mesmo lugar onde ela a deixou cair
antes. Antes que pudesse recolhê-la, Samson pegou e começou a
subir as escadas. Cansada, ela o seguiu.
- Você e Amaury não precisavam ficar comigo todo este tempo.
Eu teria feito isto sozinha.
- Não se preocupe conosco. Estamos acostumados a trabalhar
até tarde. E, além disso, a companhia é minha. Tenho um grande
interesse em averiguar quem está tentando nos fazer uma jogada.
Quando chegaram à parte superior das escadas, ele se dirigiu
para o seu dormitório, enquanto ela fazia um movimento para o
quarto de hóspedes. Ela parou quando viu aonde ele ia, sem soltar
sua mala.
- Necessito da minha mala. - Delilah esticou a mão, esperando
que a desse.
- É por isso que a trouxe comigo. Vêm.
Abriu a porta e se voltou esperando que ela o seguisse.
- Acredito que não entendeu quando falei que eu não saio com
clientes, não era uma brincadeira.
- Então, temo que tenha que te despedir.
- Não seja ridículo.
- Não o sou. Sou prático.
Ele esperava com a porta aberta.
Delilah cruzou os braços sobre o seu peito, assumindo uma
posição defensiva. Necessitava demonstrar toda a sua força.
- Embora me despeça, não dormirei no seu quarto. Dormirei no
quarto de hóspedes.
Ela girou sobre os calcanhares e se afastou.
- Eu não faria isso se fosse você. - Disse Samson sem malícia
em sua voz, só uma firme determinação.
- Fique olhando. - Fez um claro desafio.
Se ele realmente pensava que poderia tê-la de volta assim tão
facilmente, estava completamente louco.
- Eu não gostaria de ter que bater em Amaury.
- O que?
Ela se virou. O que Amaury tinha com isto? Não fazia nenhum
pingo de sentido para ela. Se o seu plano era confundi-la, obteve
sucesso. Ela era todo ouvido.
- Eu não gostaria de encontrar os dois juntos no quarto de
hóspedes. Ele dormirá lá. Assim, a menos que queira começar uma
grande briga entre dois bons amigos, sugiro que fique comigo.
Então era isso o que os dois estavam sussurrando no escritório.
Eles a enganaram.
- Estavam planejando isto, não? Sabe o que mais? Eu posso
dormir no sofá da sala de estar.
Samson negou com a cabeça e seus olhos estavam cheios de
doçura e calor. Não era justo.
- Ainda estou zangada com você.
Ela não queria ter dizer isto, mas simplesmente saiu de sua
boca.
- Eu sei. Dou-lhe minha palavra que não vou tocar em você.
Sei quando cometo um erro, e sei quando tenho que pedir desculpas.
Mas, poderia, por favor, me dar a oportunidade de lhe explicar as
coisas, de modo que talvez possa me perdoar? - Seu tom era
suplicante. - Não quero que isto termine.
Delilah lhe devolveu o olhar.
- O que?
- Nós dois. - Estendeu sua mão livre. - Por favor, fale comigo.
Vacilante se dirigiu para ele, seus pés não seguiam o seu
cérebro, que lhe dizia que não caísse em seus encantos de novo.
Segundos mais tarde, ela estava em seu quarto e lhe ouviu fechar a
porta quando entrou. Estava sozinha com ele. Ela precisava ser
açoitada severamente. Não se prometeu, fazia tão somente cinco
minutos, manter-se afastada dele?
Samson acendeu a lareira e se sentou em frente a ela, olhando
as chamas.
- Eu nunca quis te machucar.
- Bom, mas você machucou.
Não seria muito fácil para ele. Se ele queria seu perdão, teria
que trabalhar para isso. Duro. Só ver-se tão condenadamente
irresistível, não o tiraria desta.
Claro, diga isso ao seu corpo! Ai, cale-se!
- Eu sinto muito. Sei que não posso desfazer as coisas, mas eu
gostaria que visse sob o meu ponto de vista também. Apresentou-se
em minha casa, de forma completamente inesperada e atraente para
mim. E logo, instantaneamente, fez o que quis comigo.
- Não fiz não. - Protestou Delilah, mas por dentro não pôde
evitar de sorrir.
Realmente acreditava que o havia fisgado? Ninguém lhe disse
isso antes. Ela não era uma tentação. Nunca foi, e nunca seria. Nem
sequer sabia por onde começar.
Ele lhe sorriu.
- Sim, o fez. E compartilhou minha cama, muito disposta.
Acredite em mim, ninguém tem esta sorte.
Delilah o olhou. Realmente quis dizer isso? Olhou-se no espelho
ultimamente? Os tipos como ele sim, tinham esta sorte. Todo o
tempo.
- Isso não é uma razão suficiente para agir nas minhas costas.
- Não, mas o medo de outra traição, sim. Como é aquele
ditado? Gato escaldado tem medo de água fria?
- Traição?
Agora ela sentia curiosidade.
- Havia uma mulher...
Samson a olhou para comprovar sua reação. Deveria contar a
história toda? Talvez fosse de grande ajuda para fazê-la entender por
que teve tanto medo. Por que o pensamento de que ela o enganava
o enviou a uma gigantesca queda livre?
- A ruiva.
- Como adivinhou? - Perguntou atônito
- Você parecia tão tenso, tão cheio de raiva enquando falava
com ela.
Ele estendeu a mão para convidá-la a se sentar com ele.
Delilah agradeceu e se sentou no piso de almofadas ao seu lado.
Queria senti-la perto quando contasse o que havia acontecido.
Nem sequer seus amigos conheciam os detalhes que ele estava
disposto a compartilhar com ela. Só o que sabiam era que descobriu
que ela estava atrás de seu dinheiro. Nunca disse a ninguém a
respeito das coisas horríveis que a ouviu dizer ao telefone.
- Um conhecido comum nos apresentou. Ilona era nova na
cidade. Começamos a sair, e me fez acreditar que estava interessada
em mim. Eu estava em um momento de minha vida, onde já não
queria estar sozinho.
- Amava-a?
A voz de Delilah era baixa, quase como se não tivesse vontade
de fazer essa pergunta. Nenhuma mulher queria ouvir um homem
confessar, que amou a alguém mais. Inclusive ele sabia.
- Naquele momento, eu acreditava que sim. Todo mundo me
dizia que formávamos um grande casal, assim pensei que se todo
mundo o via, deveria ser verdade. Na noite que intencionava lhe
propor casamento, eu surpreendi-a. Não estava me esperado.
Escutei-a no telefone, falando com uma de suas amigas. As coisas
que disse...
Samson sentiu a suave mão dela no seu antebraço,
acariciando-o com suavidade. Sentia-se muito bem tendo a mão
morna de Delilah acariciando-o. Não se atrevia a tocá-la por medo de
que se afastasse.
Seus dedos eram reconfortantes e tranquilizadores.
- Disse que odiava ser tocada por mim, que não suportava
fazer amor comigo, e que uma vez que estivesse vin... casada
comigo, não se importaria quem satisfizesse as minhas necessidades
sexuais, contanto que não fosse ela. Que vomitaria se tivesse que
me beijar de novo.
Inclusive agora, não conseguia repetir suas palavras exatas.
Delilah o olhou com os olhos arregalados, em estado de
choque.
- Tudo o que ela queria era o meu dinheiro.
Uma vez que ela o tivesse, faria com que alguém se desfizesse
dele. Não podia provar, mas suspeitava.
- Mas não poderia ter um acordo pré-nupcial? Todo mundo na
Califórnia tem um.
Ele negou com a cabeça.
- Essa não é a forma que funciona comigo. Não há acordo pré-
nupcial. A mulher com quem me casarei um dia, terá os mesmos
direitos sobre tudo o que tenho. Será meu par, na vida e nos
negócios. Uma vez que me comprometa com alguém, será sem
reservas.
Um vínculo de sangue era mais forte do que um matrimônio.
Um vínculo de sangue era um matrimônio sem acordo pré-nupcial, e
sem divórcio. Realmente, era até que a morte os separasse. Teria
que explicar-lhe um dia, um dia não muito longínquo.
- Aaa...
- Mas isso não é tudo. Depois que terminei com ela, não pude
confiar em nenhuma mulher. Não queria ver ninguém, ninguém me
interessava.
- Isso é normal depois de uma ruptura como essa. - Disse em
voz baixa, a compaixão claramente escrita em seu formoso rosto.
Samson negou com a cabeça.
- Não é normal para um homem que, de repente, já não tem
mais apetite sexual. E, definitivamente, não é normal, não ter
nenhuma ereção durante nove meses.
A boca de Delilah se abriu, com sua franca admissão.
- É verdade. - Assentiu ele, olhando-a.
- Seus amigos sabem tudo isto?
- Só o básico, nunca lhes disse o que realmente ocorreu e o
que ela disse. Você é a única pessoa que sabe.
Confiava nela e só nela. Sentiu que ela se aproximava.
- Então, seus amigos trataram de te ajudar e lhe trouxeram
uma stripper...
Delilah atirou a frase ao ar.
- E em lugar disso, você apareceu, e de repente tudo ganhou
vida. Não acreditei no que estava acontecendo no princípio, mas
quando te beijei pela primeira vez, e estava lutando contra mim,
excitei-me tanto... de repente, tudo o que esteve inativo durante
tanto tempo, despertou.
Suas bochechas coloriram em um formoso matiz cor de rosa.
- Você pode imaginar quão assustado eu fiquei, quando Carl
encontrou os arquivos em sua bagagem, e pensei que nosso
encontro não foi uma coincidência? Que estava jogando comigo? Que
não me queria, mas somente o meu dinheiro? Havia começado a
sentir algo de novo, e nesse momento, pensei que novamente...
Era doloroso falar sobre isso, inclusive agora.
- Por favor, me perdoe. Deveria ter falado com você
imediatamente e perguntado a respeito dos arquivos. Poderia ter
poupado tudo isto.
Delilah pôs um de seus dedos em seus lábios.
- Shh...
Como continuaria zangada com ele, quando revelava seu
sofrimento dessa maneira? Que homem admitiria que teve
problemas de ereção, sobretudo para a mulher que queria levar para
a cama? Isto não podia ser um truque barato. Ela olhou em seus
olhos, em busca de um sinal que lhe dissesse que estava equivocada,
que não deveria confiar nele, mas não havia nenhum. Ninguém se
rebaixaria desta forma para conseguir o que queria, não é verdade?
Não. Sua voz, seu rosto, tudo parecia e soava honesto, aberto.
Expôs a verdade.
Mas ainda havia uma pergunta que não queria fazer, mas
precisava fazê-la. Ela devia isso a si mesma. Ao menos assim saberia
em que pé as coisas estavam.
- Eu sinto muito, mas tenho que te perguntar. Isso significa
que só quer sexo? Quero dizer, se for assim, está tudo bem. -
Acrescentou a toda pressa.
Ela não queria soar como uma dissimulada ou muito
necessitada, também.
- Se sexo for tudo o que você quer, posso entender, dadas as
circunstâncias. Quero dizer, que homem não gostaria de pôr-se em
dia, não é verdade? Nove meses é muito tempo para um homem. E
nós dois somos adultos consciente. Quero dizer, isto é só uma
aventura. De todos os modos, nem sequer vivo aqui, tenho que
retornar a Nova York...
Ela estava balbuciando. Sabia que não havia futuro nisto. Pelo
menos agora sabia que a razão pela qual ele a queria, era porque
estava faminto de sexo. Parecia justo. Eram adultos. Ela podia lutar
com isso, verdade? Ou não podia?
A mão de Samson foi para o seu rosto, o polegar lhe
acariciando a mandíbula. Seu olhar se moveu de seus lábios
trêmulos, para seus olhos. Ela tremia, mas não fazia frio.
- Eu quero mais.
- Mais sexo? - Sua voz era tremula, evitou seu olhar.
- Mais de tudo. Mais de ti, não só sexo. Isto já não se trata de
sexo. Eu vou lhe demonstrar isso. Esta noite.
- Já é dia.
- Hoje, tudo o que quero é que durma em meus braços. Nada
de sexo, só quero estar perto de ti. Nem sequer tem que estar
despida. De fato, provavelmente é melhor se não estiver. Não espero
que me perdoe imediatamente, sei que ainda está zangada comigo,
mas preciso ter você por perto. Preciso sentir que respira junto a
mim, necessito seu calor. Por favor.
Por muito que Samson desejasse seu corpo e estar dentro dela,
devia-lhe consideração. Gostaria de demonstrar que não só a queria
pela gratificação sexual, mas também porque respeitava suas
decisões. Se ele refreasse seus impulsos sexuais durante esse dia,
demonstraria que a necessitava para algo mais que sexo, teria uma
oportunidade de fazê-la sua para sempre. Valia a pena o sacrifício.
Ela valia o sacrifício.
- Você me quer só aqui contigo? Não me beijará?
Olhou seus lábios, entreabertos e úmidos. É claro que queria
beijá-la, mas como pararia depois disso? Atraiu Delilah para seus
braços e apertou sua cabeça contra seu peito, passando a mão sobre
o cabelo dela.
- Prometi antes de entrar no quarto, que não te tocaria. E isso
é o que penso fazer.
- Está me tocando agora.
- Sabe ao que me refiro, assim, não busque uma quinta pata
no gato.
Ele riu em voz baixa, percebendo que ela o estava tentando,
provavelmente já não estava tão zangada.
Samson deixou que ela se trocasse no banheiro, enquanto ele
tirava a roupa, ficando só de cueca no quarto. Usou o outro banheiro
que ficava no corredor para preparar-se para dormir, pensando que
como mulher, ela ficaria no banheiro do quarto por mais tempo do
que ele poderia manter-se acordado. O sol já havia saído e precisava
dormir um pouco. Sentiu que seu corpo rapidamente se cansava e
sua energia se esgotava.
Deitou-se na cama, jogando as cobertas por cima dele. Só
tomou um par de minutos até que escutou a porta do banheiro abrir
e a viu. Se ele estava cansado antes, de repente, todo isso mudou.
Ela estava pensando em seduzi-lo?
Delilah vestia o baby-doll mais sexy que ele já viu, mesmo
sendo o único que havia visto, cujo tecido era muito fino para deixar
algo à imaginação. Não é que ele precisasse imaginar algo, em
primeiro lugar. Tinha uma fotografia mental de cada centímetro de
seu corpo, guardada de maneira segura, em seu banco de memória.
Ela deslizou por baixo das cobertas, justo para seus braços, o
corpo flexível moldando-se ao dele. Samson estava seguro de que
ela notou o olhar faminto com que a devorava. Esperava que o sono
o reclamasse logo, para cumprir sua promessa, mas sabia
instintivamente que não viria o suficientemente rápido.
- Você disse que queria que eu dormisse em seus braços, não
é?
- Sim, mas também disse que não deveria estar nua. - Suas
mãos a envolveram, pressionando-a mais perto dele. Podia sentir
cada músculo do seu corpo.
- Não estou nua.
- Isso é discutível.
Ela se sentia nua para ele. Sua resposta foi automática. O
sangue subiu ao seu peito, como se alguém houvesse aberto as
comportas de uma represa. A represa Hoover.
Ela moveu a cabeça perto da sua, tentou-o com seu doce
aroma.
- Não recebo um beijo de boa noite?
- Melhor não.
Apenas conseguia falar pouco agora, tentando conter a
vontade de tomá-la. Imagens de sua pele reluzente contra a dele,
alagavam sua mente. Seus corpos movendo-se em sincronia, seu
duro pênis atravessando-a, bombeando forte, chocando-se contra
ela. Sentiu gotas de suor construindo-se em sua fronte, o calor
surgia através de seu corpo, enquanto tratava de lutar contra sua
natureza.
- Já não me acha atraente?
Ela sabia exatamente o que estava fazendo quando ele sentiu
sua mão explorando seu peito, seu estômago, descendo até a sua
cueca. Não foi capaz de detê-la, não porque não tivesse força física,
a não ser, porque todos os pensamentos racionais saíram da sua
cabeça. Quando sua mão se envolveu ao redor de sua ereção, ele
sabia que havia perdido a batalha, mas fez um último intento de
cumprir sua promessa.
- Deveria parar. Eu fiz uma promessa.
Para ele era difícil falar. Tudo o que seu cérebro pensava, era
em sua suave mão movendo-se para cima e para baixo em seu
pênis.
- Eu não fiz, o que significa que posso tocar em você o quanto
quiser.
Ele não podia acreditar no que escutou. A razão pela qual
prometeu não tocá-la, era para poder ganhar sua confiança de novo
e ganhar seu perdão, e o que ela fazia? Ela o seduzia sem pudor.
- Não pode estar falando sério. Está zangada comigo, se
lembra?
Delilah o olhou e negou com a cabeça.
- Já não. Se ainda estivesse zangada contigo, não estaria em
sua cama agora mesmo. E eu não estaria te tocando da maneira que
estou fazendo.
Sua mão apertava mais forte ao redor de seu pênis duro,
enquanto deslizava ao longo de sua longitude de aço.
- Portanto, poderia deixar de se fazer de difícil e me dar um
beijo?
- Fazer-me de difícil? Não acredito que tenham me chamado
dessa maneira antes.
De repente a sentiu mover-se, e em questão de segundos
estava em cima dele, montando-o. Com um movimento rápido,
levantou a pequena camisola pela cabeça e a jogou fora da cama.
Seus olhos a viram com toda sua formosa nudez, sua pele de seda,
suas curvas. Ele ficou olhando seus seios redondos que se
adaptavam perfeitamente à suas mãos.
Pouco a pouco Samson pegou seu rosto com ambas as mãos e
a puxou para ele.
- Eu teria mantido minha palavra, mas não me deixa nenhuma
opção.
Capturou sua boca, devorando-a. Estava faminto, faminto do
seu sabor. Por um segundo afastou-se.
- E quero que saiba, não há mais sexo a partir de agora,
fazemos amor.
Era importante para ele fazer essa distinção. Acabou com o
sexo sem sentido. Queria um tipo diferente de intimidade com ela.
Tudo o que queria, era mostrar o que sentia por ela, para ganhar seu
coração e sua confiança, para logo poder lhe dizer o último de seus
segredos e revelar sua verdadeira identidade.
Os lábios de Samson voltaram a beijá-la, e se Delilah tinha
dúvidas sobre ele, apagou-as devido aos beijos.
Este homem se abriu com ela como nenhum outro homem o
havia feito, embora ignorasse seus esforços para manter a promessa
de não tocá-la, viu a sinceridade nele para tentar mantê-la. Era tudo
o que precisava saber. Não havia nenhuma necessidade de perder a
noite, ou melhor, o dia, sem tocá-la. Só havia um lugar onde o
queria neste momento, e era dentro dela, cativo entre suas coxas.
Pelo tempo que pudesse mantê-lo ali.
Seu beijo foi o mais terno de todos. Sentia a fome e a
necessidade dele, porém tentava se controlar, mas estava a ponto de
sair à superfície. Mas ainda assim, dominava-se e demonstrava só
ternura, com a carícia íntima que sua língua desatava em sua boca.
Seus dedos emolduravam seu rosto, acariciando suavemente sua
pele e tentando seu pescoço sensível, como se ele não pudesse
suportar soltar seu rosto.
Havia desejo e promessa em seu beijo, como se lhe tivesse
aberto o coração e a tivesse convidado para compartilhar com ele. E
havia outra coisa que não sentiu antes, a sensação de que a
necessitava, não para satisfazer sua necessidade carnal, a não ser
para satisfazer sua necessidade emocional. Ela lhe respondeu com
sua própria marca de paixão e necessidade. Sua cabeça cheia de
imagens de felicidade, ambos dançando no sol, com muitas flores.
Samson foi para trás de repente e lhe deu um breve descanso
para respirar.
- Não posso ter o suficiente de ti. Não vá na quarta-feira.
- Mas tenho que voltar quando a auditoria acabar.
Seu protesto foi débil. Ela não queria partir, mas não ficaria
tampouco. Tinha uma vida em Nova York, bom, ela tinha um
apartamento.
- Não tenho nenhuma razão para...
Um apartamento alugado. Realmente só um lugar onde
guardava seus pertences. Um lugar pequeno, algo que seus
antepassados alemães chamariam de Wohnklo, um pequeno estúdio
com um pequeno banheiro.
- Posso te dar mil razões para ficar.
Ele tomou seu lábio superior entre os dele e o sugou devagar.
- Essa é uma. - Varreu sua língua pelos lábios. - Aqui há outra.
Vamos falar disso esta noite. Mas neste momento...
Derrubou-a com maestria e a levou para baixo dele, olhando-a
nos olhos durante um longo momento.
Samson tomou o que era dele, e Delilah se rendeu a sua boca,
sua língua, suas mãos e seu corpo. Sua forma de fazer amor foi mais
terna, de uma forma que pensou não fosse capaz de fazer. Não havia
pressa para unir seu corpo com o dela. Teriam muito tempo para
explorar um ao outro. Desta vez só queria senti-la, experimentar o
calor de seu corpo, sentir pulsar seu coração contra seus lábios, com
um ritmo emocionado. Sob suas mãos e sua boca, sentiu-a ganhar
vida e abrir-se.
Delilah arqueava para ele cada vez que suas mãos a
acariciavam do pescoço até o umbigo. Igual a Magalhães6, rodeou
seus seios e navegou para o sul, só para desviar-se antes de chegar
ao Polo Sul. Navegou o pequeno canal entre seus seios, como o
Bósforo7, sem poder decidir se devia se concentrar sua primeira
atenção na Europa ou na Ásia. Ambos se viam igualmente atraentes.
Que montanhas tão perfeitas, com picos de rocha dura. Sua
língua lambia as carnudas pontas ouvindo um afogado gemido de
sua garganta.
- Doçura, nem sequer comecei ainda.
Ficou sem fôlego.
- Oh, piedade.
Piedade não era algo que tinha em mente. Não, ele se dirigia
para a taça frondosa mais para o Sul, que albergava um tesouro
dentro dela. Um com o qual estava decidido a voltar a familiarizar-
se.
Seus dedos encontraram a protuberância protegida e a
roçaram. A pélvis de Delilah se elevou para ele instantaneamente,
empurrando a mão sobre suas pétalas úmidas. Incapaz de resistir
deslizou um dedo para sua vagina acolhedora.
- Quero você, agora.
Samson nunca ouviu a própria voz com um matiz tão profundo.

6
Fernão de Magalhães (1480-1521) navegador português, conhecido como o primeiro a realizar uma
viagem de navegação ao redor do globo terrestre.
7
É um estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e marca o limite dos continentes asiático e
europeu na Turquia.
- Você me tem. - Foi verdadeira em sua declaração. Ela não
tinha ideia do quanto lhe pertencia, em corpo e alma. Ele o diria
muito em breve.
A urgência de seu corpo se fez mais intensa, seus quadris se
moviam em sincronia com sua mão, montando-o, como ele sabia que
queria fazê-lo com seu pênis. E poderia montá-lo toda vez que ela
desejasse, ele nunca seria capaz de negar-lhe.
Com movimentos lentos, Samson se acomodou em cima dela,
centrando seu pênis pulsante. E centímetro a centímetro penetrou-a,
até que se encontrou profundamente dentro dela. Cada impulso fazia
sua união mais profunda, conectava mais seus corpos, até que se
moviam como um só.
Eles não estavam conectados somente por sua ereção
atravessando-a, mas também por suas pernas enredadas, com os
braços entrelaçados, seus lábios fundidos. Seu corpo se adaptava
perfeitamente ao dele, como se alguém no céu a tivesse moldado
para ele.
Samson nunca se sentiu mais próximo de uma mulher do que
com Delilah nesse momento. Sentia como sua excitação crescia,
enquanto sua pélvis começava a golpear contra ele com mais
urgência. Ele respondeu da mesma maneira, movendo-se ao ritmo
que ela exigia. Deu-se conta de como se enchia de alegria, sabendo
que conseguia agradá-la.
Samson manteve a si mesmo justo na borda, negando sua
liberação até que estivesse seguro de que ela estava perto. A
urgência dela se apoderou, exigindo que empurrasse mais forte e
mais profundo, e cumpria com muito boa vontade apesar da força
que lhe custava conter seu próprio clímax.
- Não pare. - Seu desejo foi uma ordem.
- Nem pensar.
Seus calcanhares estavam ao redor de suas costas, escavavam
no mais profundo, e suas unhas nas costas talvez lhe tivessem
tirado sangue, se tivesse a pele frágil de um ser humano.
Continuando, seu orgasmo o golpeou, como se o corpo dela estivesse
a ponto de romper-se em mil pedaços. E como uma fileira de peças
de dominó, alcançou-o levando-o com ela, acendendo seu orgasmo,
derramando-se dentro dela.
Mas não parou. Não deixou de mover-se dentro dela,
balançando-se para frente e para trás, lhe beijando os lábios,
sustentando-a até que sentiu o último de seus espasmos.
Samson fixou o olhar no dela, e nada falou. Não queria romper
o momento mágico de felicidade total e absoluta. Virou para um
lado, levando-a com ele, incapaz de soltá-la de seu abraço, sem
vontade de sair do seu corpo.
Quando por fim falou, sua voz ressonou em seus ouvidos
rouca, colorida pela paixão e o desejo, e algo mais que não sentia
em muito tempo, carinho.
- Posso te dar um milhão de razões para ficar.
E ele mostraria cada uma delas, para convencê-la a não ir
embora.
CAPÍTULO 13

Acontecia com frequência de Amaury passar um tempo em


uma cama que não era a sua, mas geralmente, por outras razões
que não as desta ocasião. No momento em que ele e Samson
deixaram de trabalhar ajudando Delilah, estava muito perto da saída
do sol para que se arriscasse a voltar para casa. Por muito que
odiasse intrometer-se entre os dois amantes, não havia mais
remédio que permanecer no quarto de hóspedes. O qual, por
desgraça, compartilhava uma parede com o quarto principal.
Devido a sensibilidade auditiva, escutou mais do que queria
saber ou ser parte, por isso ele fez uns plugues improvisados com
bolas de algodão, que encontrou no banheiro. Ajudou um pouco. Pelo
menos não ouvia mais suas vozes. Era um só assunto, entre o
bombardeio que escutava dessas emoções que o golpeou. Eles
faziam, virtualmente impossível, que Amaury pudesse desconectar-
se e dormir. Ao que parecia, o sexo de reconciliação ia bem.
Em todos seus anos como vampiro, nunca conheceu uma
mulher que tivesse mexido com ele tanto quanto Delilah afetava
Samson. Amaury era mais velho que seu amigo por quase duzentos
anos e já provou de tudo. Como sobreviveu tanto tempo? Ele
realmente não estava muito seguro, sobretudo porque fez suficientes
inimigos entre os humanos e os vampiros.
Viveu tempos difíceis nos anos mil e quinhentos e mil e
seiscentos em sua nativa França, antes de sentir que era hora de ter
um começo fresco em um novo continente, onde sua reputação como
um descarado e mulherengo não lhe precedesse.
Além disso, passou por todas as mulheres dos quinze até os
cinquenta anos, e foi ficando pouco a pouco sem companheiras
dispostas a compartilhar sua cama. Era mais prolífico que Dom Juan
ou Casanova, apesar de que, seu nome não chegou aos livros de
história. Melhor ainda, não necessitava nenhuma publicidade.
O quarto de hóspedes era bastante confortável, mas seus
pesadelos pessoais o despertaram muito cedo, uma hora antes do
entardecer. Os pesadelos eram familiares e não mudaram muito nas
últimas centenas de anos. Apesar de trabalhar com o Dr. Drake
sobre a culpa que o atormentava, não conseguia livrar-se das
imagens que atormentavam seus sonhos a cada noite.
Não havia necessidade de ficar na cama se não podia voltar a
dormir. Uma ducha rápida foi refrescante e também o sangue que
encontrou no refrigerador da despensa, cuja combinação não era
nenhum segredo para ele. Ele já ficou na casa de Samson o
suficiente para estar familiarizado com todos os armários da
despensa, e por agora, não tinha tempo suficiente para ir à caça de
uma comida fresca. Como Samson vivia de material empacotado?
Para ele não fazia sentido.
Amaury preferia o líquido vermelho quente e saboroso,
diretamente de uma pessoa com vida. Preferencialmente de uma
mulher, com quem poderia satisfazer dois desejos de uma vez, dois
pássaros com um tiro. E francamente, seus desejos carnais
necessitavam um grande alívio, logo. Raramente passava uma noite
sem isso.
Ele não se encontrava em uma relação com alguma mulher em
particular. Em seu lugar, tomava tudo o que podia obter de qualquer
mulher disposta. Graças a sua boa aparência, sempre havia mulheres
suficientemente interessadas em uma queda sobre o feno. Bom,
nestes dias, já não era sobre o feno, já que na realidade preferia um
suave colchão com lençóis de algodão egípcio de alta qualidade.
Integrar-se compensava alguns luxos.
Ele começou a ler o jornal que Oliver levou no princípio do dia.
Não havia sinais dele na casa agora, em troca, Carl estaria se
reportando logo, pouco depois do entardecer.
Minutos depois de começar a ler o jornal, ouviu passos nas
escadas. Não eram os passos pesados de Samson, a não ser os
passos muito mais ligeiros de Delilah, que se aproximavam. Ela
apareceu segundos mais tarde na cozinha, apresentava um suave
resplendor.
- Bom dia. - Delilah o saudou com um sorriso.
- Boa tarde, Delilah. Samson já se levantou?
- Não. Deixei-o dormir. Parecia esgotado.
- Não me surpreende. - Ele sorriu.
A casa praticamente sacudiu como um terremoto, justo com o
epicentro no dormitório principal. Ou talvez fosse só a sensibilidade
de Amaury às emoções, seu dom especial, e doloroso como o
inferno, que lhe fizeram sentir como se São Francisco estivesse
preparando-se para outro tremor maior.
O rubor de Delilah envergonharia a um tomate amadurecido.
Ela teria que acostumar-se. Se ele leu suas emoções corretamente
na noite anterior, ela se converteria em um elemento permanente
nesse lar.
- Morro de fome. Quer que te faça um sanduíche enquanto
estou nisso? - Delilah abriu a geladeira e começou a pegar um pouco
de pão, presunto e outros ingredientes.
- Não, obrigado. Alimento sólido logo depois de acordar, não é
comigo.
Não era uma mentira. Os alimentos sólidos não iam bem com
ele, mas não só para o café da manhã. Ele com certeza, gostaria de
poder comer um filet suculento, se pudesse. Como um bom francês,
a falta de comida depois que se converteu em vampiro, era um golpe
muito duro.
Delilah começou a lavar alguns tomates.
- Sabe, encontrei algo nas transações de ontem à noite.
- Continue.
Amaury tinha mais que um conhecimento básico de
contabilidade e era um bom companheiro com quem intercambiar
ideias.
- Então, imagine que você queira passar os controles internos
para mover ativos valiosos para fora da empresa, o que faria?
Ele encolheu os ombros.
- Não estou seguro do que quer dizer. Não pode mover os
ativos da empresa, sem uma assinatura que lhe habilite aos postos
mais altos, o qual John não tinha. Estou seguro que sabe isso tão
bem como eu.
- De acordo, mas John tinha autoridade para assinar outras
coisas. Se quisesse se desfazer de um velho computador, podia
assiná-lo, e logo iria a um vendedor que reciclasse aparelhos
eletrônicos velhos. - Explicou ela, enquanto passava manteiga em
uma fatia de pão.
- Claro, mas teria que reciclar um montão de pequenas coisas
para fazer algum estrago à companhia - Amaury refutou sua ideia. –
E, além disso, o que seja que recicle, provavelmente teria muito
pouco valor de todos os modos, qual é o ponto? Não vejo como se
pode mover uma grande quantidade de ativos da empresa assim.
Estaria ocupado por anos.
- Isso foi o que pensei também, no princípio. Mas e se o
verdadeiro valor do ativo não for só o valor da reciclagem, mas sim,
muito mais?
- Como?
- Depreciação.
- Depreciação? - Amaury não entendia muito bem.
É claro, ele estava familiarizado com o conceito de depreciação
de um ativo durante sua vida útil, para refletir um valor exato dos
livros e reclamar o gasto na conta de lucros e perdas da empresa.
Mas aí é onde terminava seu conhecimento.
- Sim. John estava autorizado para reciclar velhos ativos com
um valor inferior a três mil dólares sem necessitar outra assinatura
da Sede Principal. Ele acelerou a depreciação para reduzir o valor
destes ativos por baixo dos panos para que pudesse assinar,
evitando assim os controles internos.
Isto parecia prometedor, admitia-o.
- E então?
- Então ele transferia o ativo para alguém fora da empresa,
que por sua vez, o vendia pelo que era o seu valor real. Retornava o
valor da reciclagem à empresa e ficava com a diferença.
Ela mordeu seu sanduiche e o mastigou.
- Mas, quanto dinheiro poderia realmente ter roubado dessa
maneira? O que acontece se sobe a cinquenta ou cem mil dólares?
Essas só são migalhas. Não é razão suficiente para enviar alguém
atrás de você para te matar. Você mesma viu nos registros que
examinamos ontem, isto esteve acontecendo só há um ano.
- Mas isto não muda o fato de que ele estava claramente
desfalcando a companhia. Os documentos das transações assinalam
para ele. Sua assinatura está por todos os lados. Iniciou e autorizou
as operações. Sim, não era exatamente a fraude mais sofisticada, e
certamente, não era nova, mas talvez essa quantidade de dinheiro
significasse mais que migalhas para ele. E talvez não estivesse
tentando me matar, talvez só estivesse tratando de me assustar.
- Para que? O auditor seguinte só viria e continuaria o trabalho
de onde você tivesse parado. Seria só uma solução temporária,
quando muito.
- Temporário? Mmm. - Ela, claramente, pensava.
- Talvez tivesse algo mais sob a manga.
Ela franziu o cenho.
- Quer dizer uma fraude maior?
- Por que não? Em algum momento os delinquentes ficam
ambiciosos. Confie em mim, vi um montão de cobiça em minha vida.
Amaury não estava exagerando. Viu mais que sua justa parte
de cobiça, em sua longa vida.
- Cobiça. Mmm. Lembra-me de algo que meu professor
costumava nos dizer em classe. Se quiser roubar, tem que roubar
algo grande. Consiga o que quer em um grande golpe e fuja. Os
planos de roubo à longo prazo, nunca funcionam.
- Interessante professor. A que tipo de escola foi? - Amaury lhe
deu um sorriso de assombro.
- Ele era meu professor de contabilidade na universidade.
Acredite ou não, os contadores e auditores necessitam realmente
aprender como cometer uma fraude, com o fim de detectar uma nos
livros.
- Como um especialista em segurança, teria que arrombar
algumas caixas fortes, não é?
- Exatamente. Portanto, é assim que a Scanguards treina a sua
gente?
Delilah tinha terminado seu sanduíche e estava guardando os
mantimentos que sobraram no refrigerador.
Ele a olhou de esguelha. Ela provavelmente não tinha ideia do
perto que sua pergunta estava da verdade. A Scanguards não só
empregava à maioria dos vampiros, alguns menos dóceis que outros,
mas também, um grande número de seus empregados humanos era
criminosos reformados.
- Temo que não possa revelar nossos métodos de como...
Ela o interrompeu.
- Amaury, era uma pergunta retórica.
Deixou escapar uma risada nervosa e mudou de tema.
- Sabe o que me surpreende no John? Passou através desta
complicada situação para roubar um pouco de dinheiro, quando teria
sido provavelmente muito mais fácil, chegar aos ativos líquidos da
Scanguards. Estava familiarizado com nossa folha de balanço. Temos
muito poucos ativos fixos, muitos dos edifícios em que operamos são
arrendados, os veículos são geralmente alugados. Entretanto, temos
muito dinheiro em efetivo. Assim por que não ir a ele? Não teria sido
mais fácil?
Delilah franziu os lábios.
- O controle interno em torno do dinheiro em efetivo é bastante
sólido. Todas as transferências em efetivo são feitas através de um
processo de dupla aprovação. Tenho lido o manual de procedimento
sobre isso. Não o poderia ter feito por si mesmo.
Pôs os pratos na pia e começou a limpá-los.
- Acredito que estamos deixando passar algo. Examinemos os
fatos. Você audita a companhia. John fica nervoso porque estava
roubando recursos da empresa. Contrata o seu cunhado para te
matar ou...
- ...Ou me assustar...
- ...Ou te afastar. E justo quando vamos atrás dele, é
assassinado. Não foi seu cunhado, posto que já o tínhamos
capturado. Não foi uma matança indiscriminada. Foi deliberado.
Portanto, o que John nos diria se tivéssemos chegado antes? Teria
confessado que nos estava roubando? Talvez. Mas isso só faria mal a
ele mesmo.
- Alguém claramente não queria que o interrogássemos. John
conhecia essa pessoa, e sabia o que fazia ou o que queria fazer.
- Assim é, porque John ajudava a ele com isso. Só há uma
razão para que alguém te queira morta, pensar que descobriria o que
estavam fazendo, e tem que ser maior do que a depreciação
acelerada e a venda de ativos pequenos. Algo muito maior.
Delilah se virou para olhá-lo, seus olhos reluziram de interesse.
Aparentemente sem saber que ela sustentava uma faca afiada na
mão, fez um gesto. Enquanto a faca escorregava de sua mão, fez um
intento por agarrá-la, mas só alcançou a ponta afiada entre seus
dedos. A qual cortou sem esforço a suave carne de seus dedos, antes
que aterrissasse no chão. O sangue imediatamente correu por sua
mão.
- Maldição!
- Oh, merda! - Exclamou Amaury.
Isso era tudo o que necessitava... o aroma de sangue fresco no
estômago quase vazio...
- Deixe-me te ajudar a enfaixá-los.
Quanto mais rápido fechasse os cortes, seria melhor para
todos. Abriu uma gaveta e agarrou um pano de prato limpo.
- Deixe-me ver.
Ela pôs a outra mão sobre o estômago.
- Oh Deus, não posso olhar.
- É só um pouco de sangue. - Assegurou-lhe ele, e não pôde
deixar de notar que estava um pouco pálida.
Amaury pegou sua mão para ver que tão profundo eram os
cortes, enquanto sustentava o pano por baixo da mão dela, para
deter o sangue que gotejava no chão. Conteve a respiração para não
ser dominado pelo aroma completamente atraente.

Samson cheirou o sangue logo que saiu de seu quarto, recém-


tomado banho e vestido. Não havia dúvida de quem era o sangue e
de onde vinha. Suas fossas nasais se abriram, e seu corpo se
esticou. Delilah!
Ele sabia do amor que Amaury tinha pelo sangue quente
melhor que ninguém e se amaldiçoou por ter deixado que ficasse,
enquanto Delilah estava com ele.
Enquanto voava pelas escadas e irrompia na cozinha, estava
preparado para a batalha... para salvar a sua mulher de seu melhor
amigo. Se Amaury a tivesse mordido, o mataria. A fúria o
atravessou, enquanto seus olhos centraram na cena na cozinha:
Amaury inclinado sobre a mão de Delilah, que sangrava.
Sem pensar, Samson se lançou sobre seu melhor amigo e com
um ruído surdo, ambos caíram no duro piso da cozinha.
- Naaaaaaão! - o grito de Samson ecoou na cozinha. Ele
mostrou suas presas e grunhiu, mantendo Amaury debaixo dele
enquanto o golpeava com os punhos. Os braços de seu amigo se
elevaram em sua defesa, tratando de proteger o rosto.
- Pare!
Mas a voz de Amaury foi afogada pelo rugido feroz de Samson.
O punho de Samson se conectou com a mandíbula de seu amigo,
uma vez mais. Desviando seu próximo golpe, Amaury o deteve.
- Samson.
A voz de Delilah, finalmente, penetrou em sua cabeça.
- Eu não fiz nada. - Sussurrou Amaury.
- Samson! O que está acontecendo?
Sacudiu a cabeça e imediatamente soube que não deveria ter
se virado quando a viu reagir a ele. Em seu atordoamento esqueceu
de tudo. Não se deu conta de que ela veria seu lado vampiro.
Delilah gritou com os olhos arregalados e a boca bem aberta,
sua mão agarrando o balcão da cozinha, enquanto se afastava deles.
- Oh, meu Deus! - Seu peito se contraía como se não pudesse
obter ar suficiente. - Oh, meu Deus, o que você é?
Na realidade não era uma pergunta. Tratava-se mais de uma
declaração.
Ele estava bem fodido.
Os olhos de Samson eram da cor vermelha. Completamente
brilhantes!
Via-se da mesma forma que naquela ocasião, na ducha,
quando Ricky os interrompeu. Não se equivocou, não importando
quantas desculpas desse. Mas não podia explicá-lo, já não, não
quando ela via a sua boca, na qual dois dentes se sobressaíam.
Não, não eram dentes.
Eram presas!
Presas pontudas e afiadas como as de um animal. Como um
tigre dente-de-sabre.
Ela não podia pensar, não, porque se pensar, o faria real. Não
podia ser real. Isso não existe. Ele não existe, não assim.
Este era um de seus estranhos sonhos, outra vez? Quando
despertaria deste pesadelo? Quando? Delilah agarrou o balcão mais
forte, seus joelhos estavam trêmulos e sentiu dor no dedo, onde se
cortou. Não, isto não era um pesadelo, era a realidade. Uma
realidade muito estranha.
Ela viu quando Samson se levantou, liberando Amaury de seu
agarre, movendo-se lentamente para ela.
- Não! - Conteve o fôlego no peito.
Necessito ar. Necessito ar e agora.
- Delilah, está tudo bem. - Sua voz era tão suave como foi a
noite anterior.
- Se afaste de mim!
Ela se afastou mais para trás, até que se chocou contra a
parede nas suas costas. Não havia outro lugar para onde ir.
Conseguiu entrincheirar-se em um canto. E ele vinha para ela, lento,
mas constantemente. Oh, Jesus cristo! Sua garganta secou. Suas
cordas vocais congelaram. Enfrentaria os fatos, agora. Ela não
negaria por mais tempo.
Havia feito amor com um vampiro, uma e outra vez.
Drácula. Um vampiro.
Samson era um vampiro, um vampiro cuja boca a devorou,
cujas presas estiveram tão perto de sua jugular, que poderia havê-la
matado com uma mordida.
- Não vou te machucar.
Ela soltou uma gargalhada histérica.
- Não, só vai me morder. Isso é o que quer, não é? Oh Deus,
como pude ter sido tão estúpida?
Realmente, como poderia ter sido tão tola? Por que não viu
isto? Sentia-se como uma dessas heroínas estúpidas em um filme de
terror de baixo orçamento, correndo pelas escadas em seu pequeno
vestido transparente, com o assassino lhe pisando nos calcanhares.
Delilah freneticamente olhou ao seu redor para pegar algo que
pudesse usar como arma.
- Amaury, dá-nos um momento a sós. - Pediu Samson.
- Acredita que é uma boa ideia? - Amaury esfregou a
mandíbula.
- Quero que Amaury fique. - Disse Delilah rapidamente, com a
esperança de que ao menos poderia proporcionar certo amparo
contra Samson.
Samson lhe deu um olhar de surpresa.
- Assim, pensa que ter dois vampiros na cozinha é mais seguro
do que um?
Foi então quando caiu a ficha. Ela conteve o fôlego. Os dois
eram perigosos, os dois eram vampiros. Amaury não mostrava suas
presas, e agora que ela olhava novamente para Samson, suas presas
também se retraíram.
Seus olhos eram da cor avelã, como de costume.
Tinha alucinado? Estava, sequer, acordada?
- Samson, eu não a estava atacando. Só estava ajudando-a a
enfaixar os cortes nos dedos.
Eles trocaram olhares, até que Samson finalmente concordou
com a cabeça.
- Sinto muito por ter te julgado mal, mas não correria o risco
de que alguém a machucasse. A situação...
- Não sou tão faminto de sangue como pensa, e nunca tocaria
na sua mulher.
Amaury soou um pouco ressentido. Um vampiro ferido pelas
palavras de outra pessoa?
Volte à realidade! Está ficando louca.
Delilah se movia lentamente ao longo da parede, enquanto os
dois vampiros conversavam. Apenas escutava, enquanto deslizava
pelo comprido da parede para a porta da cozinha. Só alguns poucos
passos mais e chegaria à porta.
- Aonde você vai Delilah?
Deteve-se em seco. Lá se ia a sua fuga. Ela mordeu o lábio.
- Vamos fazer um curativo na sua mão primeiro, antes que o
aroma de sangue conduza a um de nós à borda.
Sua voz parecia tranquila, mas poderia ser um truque. Por que
sabia, ele a deixaria seca, logo que visse gotejar o sangue de seus
dedos.
Samson deu um passo para ela, que se apertou mais contra a
parede. Mas não havia outro lugar para onde ir. Estava só alguns
centímetros de distância dela agora.
- Por favor, sinto muito que tivesse que inteirar-se desta
forma. Eu estava planejando dizer-lhe logo.
- Quando? Antes ou depois de me morder?
Ela não deveria demonstrar medo. Isso a faria, inclusive, mais
vulnerável, mas não tinha ideia de como ocultá-lo. E animais como
ele atacavam logo que cheiravam o medo, não? Faria-o? Morderia
quando percebesse que estava morrendo de medo?
Sentia seu fôlego no rosto. Recordava a forma como a beijara,
como fizeram amor, como a havia deixado meio doida. Como poderia
ser o mesmo homem? Não, ele não era um homem, era um vampiro.
Acordada e cheirando a sangue!
- Nunca machucaria você, doçura. Estava tentando te proteger.
Cheirei o sangue e pensei que Amaury havia te atacado.
Tinha que ser tão endemoniadamente sexy, enquanto se
encontrava a só alguns centímetros de distância dela? Não era justo.
Sentiu a sua mão aproximando-se da dela e tentou afastar-se,
mas ele a agarrou.
- Amaury, pegue os primeiros socorros que estão na gaveta de
acima, ao lado da pia.
Segundos depois, seu amigo entregou a caixa de primeiros
socorros. Samson levou a mão dela à boca. Delilah gritou. Ele iria
beber seu sangue. Sabia! Era exatamente igual ao seu pesadelo.
Ele reconheceu seu olhar assustado.
- Vou só lamber os cortes. Minha saliva os selará, e deixará de
sangrar. Confie em mim.
Confiar nele? Era uma brincadeira?
Não havia maneira que confiasse nele, mas lhe sujeitava a mão
com um agarre de ferro, e ela não podia correr. Sem poder fazer
nada, Delilah viu quando sua língua passou suavemente sobre os
cortes, lambendo o sangue. Sentiu uma quente sensação de
formigamento nos dedos e se deu conta de que o fluxo de sangue se
deteve imediatamente. Samson colocou o curativo sobre os cortes
selado. Quando fechou a boca, ela o viu tragar e respirar forte.
Seus olhos, de repente, fixaram-se nos dela.
- Oh Deus, inclusive seu sangue tem sabor de lavanda.
Viu-o baixar a boca, mas não pôde detê-lo. Seus lábios
roçaram ligeiramente os dela, antes de tomar sua boca e capturá-la.
Foi então quando soube com absoluta certeza que não estava
sonhando. Ela conhecia seu tato, seu sabor, seu aroma. Ele era real,
e era um vampiro.
Não conseguia parar o seu corpo de reagir ao dele, da mesma
forma que reagiu na noite anterior, e permitiu que sua língua
entrasse e a acariciasse.
Mas isto não era como na noite anterior, ele não era o mesmo.
Era um vampiro, não o homem que ela pensava que era. Precisava
afastar-se dele.
Samson estava tão absorto beijando-a, que o chute na virilha
lhe golpeou como um trem. Imediatamente a soltou e se dobrou.
Demônios, ninguém nunca o chutou na virilha. Justo onde mais doía.
Náuseas o afligiram. Como um vampiro ele resistia a dor, mas
inclusive para ele, isto estava à altura da dor de arrancar as unhas
dos dedos.
Quando olhou para cima, viu Delilah enquanto corria para fora
da cozinha. Sem poder correr atrás dela agora, quando ainda lutava
com as náuseas, deu a seu amigo uma ordem.
- Traga-a de volta.
Quando Amaury voltou com ela, Samson havia se recuperado
da dor e foi capaz de ficar de pé outra vez. Amaury a mantinha
agarrada, muito apertada para o gosto de Samson. Uma pontada de
ciúmes o golpeou. Isto não era bom.
- Doçura, você tem que parar de me golpear. Estou seguro que
podemos encontrar outra maneira de você demostrar o seu afeto.
Tinha que domá-la. Ela tinha coragem, domesticá-la será
divertido, exaustivo e provavelmente, às vezes, doloroso.
- Eu não sou sua doçura!
Ah, isso estava melhor. Não gostava do aspecto medroso que
mostrou antes. Ele preferia que fosse uma lutadora. Algo com o qual
poderia trabalhar.
- Amaury pode te soltar agora, ou vai enlouquecer de novo?
Delilah sacudiu o braço de Amaury, enquanto Samson assentia
com a cabeça para ele. Imediatamente ela cruzou os braços.
Definitivamente, pronta para a batalha. Não que fosse ganhar.
Nunca. Mas ele a deixaria tentar.
- Podemos falar agora?
Delilah não respondeu e, em troca, apertou os lábios com mais
força. Ele sabia exatamente como poderia conseguir abrir esses
lábios novamente, mas provavelmente era melhor não tentá-lo,
quando ela ainda estava zangada com ele. Não gostaria de ter outro
chute nas bolas.
- Deveria deixá-los sozinhos?
Ele assentiu com a cabeça para seu amigo.
- Obrigado. Fique a vontade na sala de estar. Isto tomará um
tempo.
Uma vez que estavam sozinhos, ele a olhou. Sua expressão
não havia mudado. Podia ver a tensão em seu rosto e em seu corpo,
a feroz determinação a não deixar que nada chegasse a ela. Ela não
estava disposta a escutá-lo, ele sabia. Mas precisava tentar de todos
os modos.
- Delilah, ainda sou o mesmo homem.
Ela negou com a cabeça, sem dizer uma palavra. Ah, a lei do
gelo. Uma mulher com poder.
- O que temos juntos...
- Não temos nada juntos - ela o interrompeu. - Mentiu para
mim.
Pelo menos agora estava falando. Era um começo.
- Eu queria te dizer. Mas isto não é exatamente a coisa mais
fácil de explicar. O que deveria ter dito? “Olá querida, deixe que te
leve para jantar, ah, a propósito, sou um vampiro, assim peça o que
quiser comer, enquanto eu bebo um copo de sangue”.
- Nunca teve a intenção de me dizer isso. Tudo o que queria
era um pequeno brinquedo sexual.
- Isso não é verdade, e você sabe. Disse-lhe isso ontem à
noite...
- Mentiras, isso é o que me disse - ela o interrompeu. -
Inclusive caí na sua linda história a respeito de seu problema de
ereção. É isso o que diz as demais?
Delilah baixou seus braços e pôs seus punhos na cintura.
- Não, só existe você. E o que eu disse ontem à noite é
verdade.
- Tolice. É por isso que a ruiva deixou você? Ela se inteirou de
que é um vampiro?
- Em primeiro lugar, ela é um vampiro também, e em segundo
lugar, eu a deixei.
Olhou seu rosto chocado. Era evidente que não esperava
escutar que Ilona era um vampiro, mas se conteve rapidamente.
- Então, o que, ficou sem mulheres vampiro e tinha que
agarrar a uma humana?
- Não se trata de sexo, ao menos não depois da primeira noite.
- Mentiroso.
- Já me disse isso.
- Porque continua dizendo as mesmas histórias.
- Porque é a verdade. Admito-o, a primeira noite foi tudo sobre
o sexo, mas depois disso, maldição, já não o era. Eu te queria, e não
só pelo prazer físico. Não pode me dizer que não sentiu isso quando
fazíamos amor.
Delilah sentiu, mas foi uma ilusão. Ele a enganou. Deitou-se
com um vampiro, deixou-o entrar, não só em seu corpo, mas
também em seu coração. Pessoas como ele não deveriam existir.
Algo estava muito mal neste mundo.
- Você é um vampiro. É um vampiro.
Como se dizendo ele se fosse, mas não. Ele era um vampiro, e
estava parado na cozinha olhando-a, fazendo-a sentir como se
tivesse levado uma pancada na cabeça e sentisse enjoo. Mas não
bateu a cabeça. Ele era real.
- Deitei-me com um vampiro. – Ela deixou cair seus braços e
seus ombros.
Samson concordou com a cabeça.
- E você gostou tanto quanto eu.
- Não.
Ela tinha que negá-lo para manter sua prudência. O que
aconteceria a seu mundo se, de repente, tivesse que admitir que
havia gostado, não, que ficou encantada por dormir com um
vampiro? Tudo ao seu redor desmoronaria. Criaturas como ele não
deveriam...não podiam... existir.
Os vampiros eram mito, folclore, histórias que se contavam ao
redor de uma fogueira para assustar as pessoas. Só viviam nos
filmes, nunca na vida real. Todo mundo sabe! Da mesma forma, é do
conhecimento geral que coelho da Páscoa não existe. Isto não está
acontecendo. Nada disto pode ser verdade. Negar, é a única maneira
de proceder.
- Tenho que ir. Tenho que retornar a Nova York agora mesmo.
Ele moveu lentamente a cabeça e se aproximou.
- Não. Não irá - negou ele e com os dedos, acariciou-lhe a
bochecha com suavidade. – Necessito de você.
- É um vampiro.
- Não acredita que eu sei? Não muda o que sinto por você.
- Se afaste de mim!
Ela usou todas as suas forças para rechaçá-lo, quando seu
corpo estava tentando apoiar-se nele. Ainda exercia o mesmo poder
sobre ela, desde quando o conheceu. Ainda o queria, queria lamber
cada parte de sua pele. Queria ter seu forte corpo pressionado contra
o dela e senti-lo atravessando-a, quando o que deveria querer era
atravessá-lo com uma estaca de madeira justo no coração! Se é que
tinha um coração.
- Não me toque!
Em seu arrebatamento, ele imediatamente retirou sua mão,
como se ela o tivesse esbofeteado. Pôde ver a ira crescendo nele,
seus olhos de repente, piscaram na cor vermelha. Parecia como se
precisasse de toda sua força para controlar-se.
- Amaury! Veem aqui. - Gritou Samson fortemente.
Ela estremeceu. Arremeteria contra ela? Ele a pegaria? Ele a
morderia?
Seu amigo apareceu imediatamente.
- Cuide dela. - Ordenou Samson e saiu correndo da cozinha.
Seus olhos o seguiram, antes que ela voltasse a olhar para
Amaury, que se apoiava casualmente sobre o balcão da cozinha,
como se nada tivesse acontecido.
- Ele queria me matar, não?
Amaury concordou com a cabeça.
- Sim, e o fará... entre os lençóis, uma e outra vez. – Ele sorriu
diabolicamente.
Ela lhe deu um olhar indignado.
- Ei, não me culpe, só estou lendo suas emoções.
Lendo suas emoções? De que diabos Amaury estava falando?
Seu aspecto era totalmente confuso, porque ele elevou as mãos.
- É um dom especial. Uma dor no traseiro. - Então lhe deu uma
piscadela. - E não se preocupe, não vou lhe dizer o que sente. Ele
terá que confessar por si só.
Escutou os passos por cima dela. Samson estava andando pelo
quarto.
- Não se preocupe com ele. Vai acalmar-se. Portanto, voltemos
para a nossa agradável conversa, antes que fôssemos tão
grosseiramente interrompidos. Ha...
- Quer falar da auditoria como se nada tivesse acontecido?
- É claro, ainda temos que resolver essa questão. O fato de que
agora saiba que somos vampiros, não muda o fato de que alguém
está jogando com a companhia de Samson e que quer machucar
você.
Delilah negou com a cabeça.
- O que são vocês? Como pode pensar em negócios neste
momento? Não deveria estar me mordendo e bebendo meu sangue
agora?
- Obrigado pela oferta, mas Samson chutaria meu traseiro se
fizesse isso, e sim, provavelmente, me converteria em pó. Portanto,
não obrigado. Está a salvo de mim.
- Eu não estava oferecendo...
Ela estava realmente a salvo de Amaury? Parecia muito
relaxado, apoiado contra o balcão da cozinha para tentar atacá-la.
- Eu sei. De todos os modos, enquanto Samson e você tinham
sua briga de amantes, estava pensando. Viu qualquer outra coisa
que John pode ter feito, além das entradas de depreciação?
Se ele estava querendo falar da auditoria, estava bem. Pelo
menos traria um pouco de normalidade a sua vida destroçada.
- O que quer dizer?
- Outras operações que ele autorizou? A que outra informação
teve acesso? Acredito que temos que ver tudo o que fez.
Delilah teve uma ideia.
- O sistema rastreia quais inícios de sessão tiveram acesso a
certos arquivos?
- Claro que sim. - Concordou com a cabeça Amaury,
obviamente, compreendendo o que ela estava pensando.
- Então vamos ver o que ele esteve fazendo.
CAPÍTULO 14

Finalmente, seus antigos tapetes mostrariam o desgaste por


seus pesados passos, mas Samson não se importava. Tinha metido a
pata. Não estava zangado com Delilah, a não ser consigo mesmo por
não dirigir a situação adequadamente. Desde que traiu sua confiança
antes, quando revisou seus antecedentes e foi apanhado em
flagrante, ela obviamente não lhe daria mais crédito
Na realidade, não a culpava. Ter que aceitar que se deitou com
um vampiro, e que gostou, era provavelmente, muito para tragar de
uma só vez. Mas precisava fazê-la aceitar o fato. E não só isso, faria
que o acolhesse, abraçasse, porque sabia que não renunciaria a ela.
Quando cheirou seu sangue, já se deu conta de que estava
perdido, mas quando provou seu sabor, entendeu que só havia uma
solução aceitável para sua situação, um vínculo de sangue.
Apesar de que o Dr. Drake não ajudou a resolver nenhum
problema antes, tinha razão em uma coisa. Um vampiro sentia um
vínculo com a pessoa com quem estava destinado a vincular-se por
sangue, inclusive antes de levar a cabo o ritual.
Samson sentiu este vínculo especial com Delilah. Não podia
descrever a sensação, mas, simplesmente, sabia que tinha razão.
Quase... instintiva... foi a palavra que lhe veio à mente. Cada
vez que olhava em seus olhos, perdia-se neles e sabia que ela sentia
também. Leu essa compreensão em seus olhos na noite anterior, e
estava seguro de que não estava equivocado.
Mas, se tentasse explicar tudo isto, ele pensou que ela não o
escutaria. Não neste momento. Mas talvez ela escutasse um
profissional. Ele tentaria.
Amaury e Delilah já não estavam na cozinha.
Samson escutou débeis vozes procedentes do seu escritório. O
que estavam fazendo? Encontrou-a sentada em sua cadeira atrás da
mesa, com seu amigo atrás de seu ombro, enquanto observavam a
tela do computador.
Apesar de saber que Amaury nunca faria uma jogada com sua
mulher, Samson não gostava do perto que seu corpo estava do dela.
Isso lhe fez um nó no estômago. Estaria sempre ciumento quando
outro homem estivesse perto dela? Era isto o que significa amar
alguém?
Deteve-se na porta sem fazer ruído.
- Não estou seguro de por que iria acessar a este arquivo. -
Disse Amaury.
- Não seria parte do seu trabalho?
- Na realidade, não.
- Você pode ver que outras transações codificadas ele
apresentou?
- É claro. Entretanto, não será fácil. Provavelmente deveria
trazer o Thomas para que nos ajude, ele é o perito em informática,
não eu.
Delilah, doçura.
Ela o olhou como se ouvisse sua voz, apesar de não ter falado.
Seus olhos se encontraram. Sim, ela sentiu a conexão também,
provavelmente sem dar-se conta do que era.
- No que estão trabalhando? - Samson entrou no escritório.
- Estamos procurando os arquivos que John acessou
recentemente. - Respondeu Amaury.
Delilah ficou em silencio ao vê-lo entrar no escritório.
Samson levantou uma sobrancelha.
- Boa ideia, Amaury.
- Não foi minha, foi de Delilah.
Samson a olhou com aprovação.
- Ainda melhor. Fique checando. Mas tenho que roubar Delilah
por um momento. Temos que conversar.
Ele a olhou, mas ela não fez nenhum gesto de levantar-se.
- Não temos nada para falar. Vou terminar a auditoria e vou
embora. Quanto antes, melhor. - Replicou ela com um tom duro,
inflexível, em sua voz.
- Temos muito o que conversar. É hora de resolver nossos
problemas de relação.
Samson caminhou ao redor da mesa, enquanto Amaury se
separava dela.
Delilah o olhou, com olhos desafiadores.
- Não temos problemas na relação, porque não temos
nenhuma relação. Não sairei com um vampiro.
- Acredite, há muito mais que pode fazer com este vampiro que
só sair. Vamos. O Dr. Drake nos espera.
Ele a pegou pelo braço e a tirou da cadeira. Ela tentou livrar-se
dele, mas ele a sujeitou com mão firme.
- Oh, meu Deus! Está tratando de me converter em um
vampiro! O que é ele, um cirurgião maligno que converte as pessoas
em vampiro? - Ela gritou para ele, com o pânico claramente escrito
em seu rosto.
- Delilah, nunca te converteria em um vampiro! Como pode
pensar isso de mim? De verdade, acredita que desejaria isto a
alguém que me importa?
Samson estava indignado diante da ideia.
- O Dr. Drake é meu psiquiatra.
Delilah ofegou enquanto tentava digerir suas palavras.
- Você tem um médico de cabeça?
Desde quando os vampiros se deitavam em um sofá? Um
ataúde seria mais adequado. Isto era muito estranho. Em primeiro
lugar, os vampiros não deveriam existir absolutamente. Não eram
mais que folclore, mito, ou como as pessoas o chamem. E em
segundo lugar, os vampiros não vivem uma vida normal, como os
seres humanos, com visitas ao médico!
- Sim, tenho, embora esteja seguro de que prefere ser
chamado de psiquiatra. - Um leve sorriso deslizou sobre seus lábios.
- É um bom médico, apesar de que seus métodos podem ser
um pouco ortodoxos. - Assinalou Amaury atrás dela.
- Você também se consulta com ele?
Ela não pôde ocultar sua surpresa. Os dois estavam muito
loucos.
- Ei, todos temos os nossos problemas. Não é fácil viver como
um vampiro. - Amaury levantou os braços.
- Em que tipo de universo paralelo eu aterrissei? Vocês estão
loucos, verdade?
Estava presa em uma casa, com dois loucos... aspirantes a
vampiros.
- Eu te asseguro que estou perfeitamente são, não é que possa
dizer o mesmo do meu amigo. - Samson lhe deu um sorriso de
satisfação.
Bom, talvez só um louco aspirando a vampiro. Sim, claro!
Em lugar de uma resposta, Amaury se limitou a mover a
cabeça e rodar seus olhos.
- Vamos. Não queremos chegar tarde à sessão de terapia de
casal.
Samson a tirou do escritório e a levou escada abaixo até a
garagem. Para sua surpresa, Carl não estava lá para conduzi-los.
Abriu a porta do passageiro de um carro Audi esportivo, modelo R8,
nas cores prateada e negro. O carro parecia pertencer a uma pista
de corridas, não a uma rua de São Francisco.
Samson se meteu no assento do condutor depois de fechar a
porta do passageiro do lado dela como um perfeito cavalheiro.
Segundos depois saiu disparado da garagem, ela lhe deu um olhar de
lado.
Não encontrava sentido em tudo que se inteirou. Se ele era um
vampiro, por que não a mordia? Não era isso o que todos os
vampiros faziam? Não deveriam ele e Amaury, estar pendurados em
seu pescoço, bebendo do seu sangue?
E para o caso, por que demônios não era frio? Os vampiros
eram mortos, verdade? Ou não mortos. De qualquer maneira não
deveria ter uma temperatura corporal normal, verdade? Às vezes, ele
era absolutamente quente.
Ela sacudiu a cabeça para dispersar as imagens de Samson
sobre ela, atrás dela, ao seu lado, com seu pênis atravessando-a,
empurrando... Maldição! Chega dessa linha de raciocínio. De todos os
modos, era só uma pergunta entre um milhão, que tinha nesse
momento.
A ideia de que Samson operava uma empresa de segurança,
não fazia nenhum sentido tampouco. Não deveria ele, como um
vampiro, atacar às pessoas em lugar de protegê-las? E por que não
estava vivendo em uma cova com morcegos? Muito bem, talvez esse
fosse o Batman. Super-herói equivocado.
Não, não era um super-herói. Era um monstro. Com certeza,
ele era um monstro.
E, demôniooos..., desde quando os monstros pareciam tão
condenadamente formosos e sexys? Quando a arrastou atrás dele
pelas escadas para a garagem, foi incapaz de apartar seus olhos do
seu traseiro. E mais que nada, queria lhe cravar as mãos, talvez
inclusive mordê-lo um pouco. Gostaria disso?
Pare!
Nada de pensamentos como esse. Pelo menos estava
convencida de que não tinha medo dele. Parecia que não
intencionava atacá-la. Inclusive, se mostrou aborrecido quando ela o
acusou de querer convertê-la em um vampiro. Como se essa fosse a
ideia mais longínqua de sua mente.
Delilah olhou para a sua mão. O curativo estava ainda em seus
dedos, mas ela sabia que os corte se fecharam quando passou a
língua. A sensação de formigamento que sentiu, estendeu-se através
de todo seu corpo, não só da mão. Tão somente recordar, punha-lhe
a pele dos braços arrepiada.
Samson ativou o sistema de calefação.
- Vai estar quentinho em um segundo. Sinto muito, devia ter
trazido um suéter para você.
Sua preocupação com ela era evidente. Sua mão roçou a dela
ligeiramente, antes de pô-la de novo no volante. O momento foi tão
breve que podia tê-lo sonhado, mas a persistente sensação de
formigamento agradável em sua pele, disse-lhe que não o fez. Seu
toque era tão real como ele.
Seus instintos estavam certos na ducha, quando ela viu seus
olhos piscando de vermelho. E agora entendia por que não havia
espelho no banheiro. Se fosse verdade que os vampiros não se
refletiam nos espelhos, então não havia necessidade que ele tivesse
um. Não era estranho que não fosse capaz de estar com ela durante
o dia. Se ele era um vampiro de verdade, não podia estar fora, na
luz do sol, sem converter-se em cinzas.
Quando ele e Amaury ficaram com ela toda a noite, não se
cansaram. Tudo estava tão claro agora. Inclusive quando ele enviou
Carl para comprar um pouco de comida para ela, apostava que não
havia nenhum elemento comestível no refrigerador. Os pequenos
sinais estiveram ali, mas ela não os viu ou não quis vê-los. Inclusive
sua grande força quando chutou a arma da mão do valentão, era
provavelmente devido ao fato de que era um vampiro.
E toda vez que ele a carregava, parecia que não gastava força
alguma, como se ela fosse leve como uma pluma, o que sabia sem
dúvida, não o era. Havia esses quilos a mais, persistentes em sua
cintura, dos quais ela nunca pôde desfazer-se.
Não posso te deixar grávida.
Delilah logo recordou suas palavras, quando se deu conta de
que a camisinha havia rasgado. Assim era certo, como Samson era
um vampiro, não podia gerar filhos. Por que não estava aliviada com
isso? Não deveria estar contente de que ao menos não estaria
grávida e não estaria carregando o feto de um vampiro?
Curiosamente, a ideia a encheu de pesar, em lugar de aliviá-la.
De repente, lembrou dos sonhos estranhos que teve. A casa
que viu em seus sonhos era a de Samson, estava segura agora. E a
mordida no pescoço que ela sonhou? Tratava-se de uma advertência
do que aconteceria? Ele a morderia uma noite, quando estivesse
dormindo e a deixaria seca? Se fosse inteligente, escutaria a
advertência.
Quando o carro parou em um semáforo vermelho, ela se
perguntava por que não aproveitava para escapar. Poderia abrir a
porta do carro e saltar. Ele não saberia o que o tinha golpeado. Era
rápida e seria capaz de fazê-lo. Seria fácil. Olhou para a porta e
estendeu a mão.
- Por favor. Não fuja.
A voz do Samson não era uma ordem, era uma súplica. Ela
sustentou o seu olhar e notou que seus olhos brilhavam como o
ouro, da mesma maneira que a olhou enquanto faziam amor pela
manhã. Delilah pôs sua mão de novo em seu colo e afastou os olhos.
Não deveria olhar para ela dessa maneira. Era confuso como o
inferno. Desejava que mostrasse suas presas uma vez mais, assim
teria a coragem de correr, mas quando ele a olhava dessa maneira,
as coisas não faziam sentido. Nada tinha sentido. Teria algum
sentido, de novo?
Quando, finalmente estacionou o carro em frente à uma casa
eduardiana, ela soube que chegaram ao seu destino. Ele não a levou
através da porta principal, mas sim lhe mostrou uma porta lateral,
que os levava ao porão do edifício. Vacilou na porta.
- Ninguém lhe fará mal - sussurrou nas suas costas. -Dou-lhe a
minha palavra.
A palavra de um vampiro. Ela estava louca por lhe acreditar,
depois de todas as mentiras nas quais o apanhou. A loira tola na
mesa da recepção apenas a olhou, mas olhou diretamente para
Samson.
- Ele está terminando com seu último paciente. Vai levar um
par de minutos.
Assinalou-lhes o sofá. Delilah não fez gesto de sentar-se, e
Samson permaneceu ao seu lado.
Ela olhou ao redor da sala de espera. Havia várias cadeiras
confortáveis, uma mesa de café com jornais...
Viu direito? Crônicas dos Vampiros de São Francisco, dizia um
dos jornais. Tinham seu próprio jornal? Deu a Samson um olhar
curioso e se deu conta de que ele a estava vigiando.
- Nós lemos, sabe.
Sabichão!
Separou-se dele e continuou olhando a sala, não estava de
humor para iniciar nenhuma conversa. Seu olhar se deteve na
máquina de venda automática. De repente, sentiu sede. Talvez
pudesse conseguir uma garrafa de água ou suco. Quando ela deu um
passo para a máquina, sentiu a mão de Samson no seu braço. Ela
lhe dirigiu um olhar aborrecido, mas ele só meneou a cabeça
lentamente.
- Vou conseguir algo para você beber quando chegarmos em
casa. - Disse-lhe.
- Estou com sede agora.
Sabia que soava como uma criança mimada, mas não se
importava.
- Não acredito que você goste do que oferecem.
Delilah voltou a olhar para a máquina de venda automática e
observou as garrafas atrás do vidro. Garrafas pequenas de plástico,
com suco vermelho. Suco de tomate?
Deu um passo mais perto. Oh, não. Isto não podia ser o que
parecia! As etiquetas das garrafas simplesmente diziam: A, B, AB e
O.
Seu estômago afundou. Sangue. Sangue em uma máquina de
venda automática!
Deu a Samson um olhar atônito. Ele simplesmente encolheu os
ombros.
Antes que pudesse dizer algo, a porta se abriu e um homem
saiu. Parecia reconhecer Samson e lhe deu um breve sorriso.
- Como está Samson? - Apertaram as mãos. - Não me diga que
está... - Fez um gesto para o consultório.
Samson sacudiu a cabeça.
- Nem o diga. Alegro-me de te ver, G.
Logo, o homem que parecia estranhamente familiar para ela,
passou ao seu lado e de repente, parou e respirou fundo. Voltou-se
para Samson e sorriu.
- Uma mortal? Você, entre todas as pessoas?
Ele a olhou de cima a baixo, gerando um som de aprovação.
Imediatamente Samson pôs um braço protetor ao redor da sua
cintura e a atraiu para ele.
- Não se preocupe velho amigo. Eu sei bem, não tocarei no que
é teu. Mas se quiser que eu faça as honras, com gosto eu...
Samson assentiu, mas não a soltou.
- Se eu fosse você, não me atreveria a continuar.
O homem se foi, e ela finalmente se deu conta de quem era.
- Esse era o...
- O prefeito de São Francisco, sim.
Ela lhe lançou um olhar inquisitivo.
- Também é...?
Samson concordou com a cabeça.
- Sim, ele é.
- O que quis dizer com, fazer as honras?
- Eu lhe direi isso depois.
- O Dr. Drake os verá agora. - A loira tola os interrompeu. -
Entrem.
- Diga-me agora.
- Mais tarde.
Delilah não estava segura do que esperar no escritório do Dr.
Drake, mas certamente não era o sofá ataúde. Se Samson não a
tivesse obrigado a caminhar através da porta e bloqueado sua saída,
ela teria dado meia volta sobre seus calcanhares e teria escapado.
Ainda estava digerindo a notícia de que o prefeito de São
Francisco era um vampiro. O fato de que Samson a tivesse puxado
imediata e possessivamente, quando ele mostrou mais que um
interesse passageiro, não lhe escapou tampouco.
Quase sentiu seu ciúme fisicamente, e um calafrio passou por
ela com a mesma intensidade. Sentiu que não era prudente afastar-
se de Samson nesse momento, então deixou passar.
Pelo menos Samson não parecia querer lhe fazer qualquer
dano físico. Tampouco queria compartilhá-la. Melhor lidar com o
vampiro que já conhecia...
E se ela fosse verdadeiramente honesta consigo mesma,
admitiria que se sentia reconfortada com seu toque, mas não estava
disposta a ser honesta consigo mesma. Tampouco queria ser honesta
com o psiquiatra, se é que acaso era um médico de verdade. Delilah
olhou para o homem. Parecia normal e humano, apesar de que
estava segura de que não o era. Viu-o inalar profundamente. Não,
definitivamente não era humano. Tinham todos que cheirá-la como
se fossem cães?
- Ah, a mulher humana suponho, Delilah?
Ela se surpreendeu que soubesse seu nome. Quanto Samson
lhe havia falado sobre ela?
- Sim, ela é Delilah.
Havia algo na voz de Samson que não ouviu antes. Orgulho?
Samson a levou a um sofá e a sentou, enquanto ele se apoiava
em um armário perto dela.
O médico a cheirou de novo, logo levantou as sobrancelhas.
- Como posso ajudar desta vez?
- Essa pergunta implicaria que me ajudou da última vez. -
Respondeu Samson com sarcasmo.
O médico não parecia ofender-se.
- Sei que meu conselho, obviamente funcionou. Ainda posso
cheirar você nela. De fato, ela está exalando a você.
- Doutor, agradeceria se mantivesse esses comentários para si
mesmo. Delilah e eu estamos aqui, porque necessitamos alguma
ajuda com a nossa relação.
- Relação? - Perguntou o psiquiatra.
- Não temos nenhuma relação! - Protestou Delilah. Era melhor
deixar as coisas claras imediatamente.
- Ah, acredito que vejo onde está o problema. - Deduziu o
médico rapidamente.
- Não, não. Você me disse que só dormisse com ela e tudo
estaria bem outra vez.
- Bom, teve uma ereção? Foi capaz de atuar?
Delilah se sentiu envergonhada pelo franco intercâmbio de
palavras e sentiu o calor subindo para as suas bochechas. Assim, era
certo. Procurou o psiquiatra para superar seu problema de ereção.
Pelo menos não mentiu sobre isso.
- Sim.
- Então, não vejo onde está o problema.
- O problema é que não posso ter o suficiente dela. Cada vez
que a olho, quero mais. Cada vez que a toco, não posso parar.
Quando estou longe dela, sinto saudade. Quando outro homem a
olha, eu o poderia matar. Pode ver o quadro?
- Não pode me processar por isso. Eu disse que dormisse com
ela uma vez, e que seguisse adiante. - O doutor levantou as mãos.
- Oh, cale-se, charlatão! - Ela interrompeu. - Que tipo de
médico diz a seu paciente que durma com alguém? Onde estudou
medicina? Em uma casa de putas? - Se ele estudou medicina, o que
ela duvidava.
Drake quis protestar, mas ela continuou.
- O que? Estou muito perto da verdade? Não se incomode em
responder, porque não me importa o que tenha a dizer. Não podia
prescrever algum Viagra, em seu lugar? Não, tinha que lhe dizer que
dormisse com um ser humano.
- O Viagra não funciona nos vampiros. - Interveio Samson.
- Posso ver por que você gosta dela - o doutor deu a Samson
um olhar de cumplicidade. - Ela se parece muito com você.
- Eu não sou como ele, em nada!
- Outro ponto ao meu favor. Ambos são obstinados e
insolentes. Não me surpreende em absoluto que vocês se sintam
atraídos um pelo outro.
- Não me sinto atraída por ele. Não quero uma relação com um
vampiro. Maldição, ele arrastou-me até aqui.
O médico negou com a cabeça.
- Isso é o que sua cabeça diz, mas seu corpo fala mais alto.
Como chegou até aqui?
- O que isso tem isso haver com o resto?
Desafiante, Delilah cruzou os braços. Se ele estava tentando
enganá-la em algo, estaria em guarda.
- Como chegou até aqui?
- Em meu carro. - Respondeu Samson em seu lugar.
- Veio por seu gosto.
- Não.
- Vinculou-a?
Tinham que falar dela, como se não estivesse na sala?
Samson negou com a cabeça.
- Delilah teve algumas oportunidades para fugir.
- Entretanto, não o fez... por que não queria se afastar. Não
dele e não desta relação.
- Isso não é certo! - Gritou ela.
- O fato de falar cada vez mais alto, não significa que esteja
certa. A quem está tentando convencer? A mim? Ao Samson? Ou
talvez a você mesma?
Delilah não respondeu. Odiava quando as pessoas encontravam
seus botões e os apertavam.
- Voltemos para o princípio então. Suponho que teve relações
sexuais com outros, não sabia que Samson não era um ser humano?
- Nisso, você está certo.
De maneira nenhuma no inferno, ela teria se deitado com ele
se o tivesse sabido. Não era?
- Bom, sentiu que algo andava mal quando teve relações
sexuais com ele?
- Mal? Não, nada estava mal.
Fazer amor com ele foi maravilhoso.
- Foi perfeito. - Disse Samson suavemente.
Ela o olhou, sem saber se lhe respondia ou não.
- Nunca senti algo melhor em minha vida. - Era como se lhe
arrancassem os pensamentos diretamente de sua cabeça.
Suas bochechas se esquentaram com a admissão de Samson, e
se afastou. Não era justo que ele a fizesse sentir tão quente por
dentro.
- Assim tiveram relações sexuais, e depois? O que aconteceu? -
Perguntou o doutor e se inclinou para frente.
- Tivemos relações sexuais, uma e outra vez. Devo continuar? -
Sorriu Samson.
Ele estava realmente desfrutando desta sessão?
O médico lhe indicou que estendera.
- Acredito que faço uma ideia.
- Está deixando de lado algo importante - disse ela. -Revisou
meus antecedentes, já que não confiava em mim. Pensou que eu
estava atrás de seu maldito dinheiro. Parece que eu deveria haver
investigado a você!
- Eu expliquei por que o fiz, e te pedi desculpas por isso.
- E então me deu a volta e continuou mentindo a respeito do
que é!
- O que esperava que fizesse? Pela primeira vez em minha vida
me encontro com uma mulher que me faz sentir coisas que nunca
havia sentido antes, que me leva a outro lugar quando beijo, que me
faz sentir o sol na pele... e logo supostamente tenho que dizer algo
que a faria fugir de mim? Assim tive a esperança de que se a fizesse
me amar primeiro, então talvez existisse a possibilidade de que
ficasse comigo uma vez que lhe dissesse isso. Necessitava mais
tempo. Eu ia contar tudo.
A voz de Samson era suplicante, rogando que o escutasse. Ela
não sabia como responder.
- Fale do sol em sua pele - exigiu o psiquiatra. - Tenho
curiosidade.
Samson a olhou enquanto respondia a pergunta.
- Quando me beija, me transporta a um prado de lavanda.
Posso sentir o sol sobre minha pele, mas não queima, minha pele
não se fere. Sinto o calor, e posso cheirar o aroma da lavanda no ar
como se estivesse realmente ali, caminhando sobre a grama.
Com cada palavra, Delilah reconheceu o que ele estava
descrevendo. Era um lugar real, um lugar que conhecia, um lugar em
que ela esteve. Não havia uma explicação de como podia sabê-lo.
Não era possível.
- Como se inteirou desse lugar?
Ela precisava saber se a verificação de antecedentes, revelou
este lugar, embora parecesse impossível. Ninguém sabia o que
representava o prado para ela. Era tudo o que sobrara de sua
infância. As únicas lembranças boas que ficaram de seu irmão
pequeno, antes que o impensável acontecesse.
Duvidava inclusive, que seus pais soubessem o que esse lugar
significava para ela. Um lugar onde se sentia em paz com o mundo.
Feliz.
Samson lhe deu um olhar de incredulidade.
- Quer dizer que este lugar existe?
- É claro que sim! Como ficou sabendo? Na verificação de
antecedentes?
Ele negou com a cabeça.
- Não. Eu já disse, quando me beija leva-me até este lugar.
Sinto muito. É como se me transportasse para lá. Posso senti-lo, com
todos os meus sentidos. Posso cheirá-lo, posso tocá-lo, posso escutar
os sons, ver o sol. Tudo isso.
- Não é possível. Está mentindo.
O psiquiatra interrompeu.
- Nos fale desse lugar. Qual é o seu significado?
- Eu não compartilho esta recordação com ninguém. É privado.
- Ela baixou seus olhos.
Samson se aproximou e se agachou diante dela, olhando-a.
- Você compartilhou comigo. Você me levou ali. Não significa
que queria me mostrar?
Ela sacudiu a cabeça. Isto estava muito perto. Se ela o
deixasse se aproximar muito, lhe faria mal.
- Não me deixe fora, por favor.
- O que quer de mim? - Disse Delilah e se levantou do sofá. -
Não pode encontrar outro brinquedo sexual com o qual jogar?
- Não estou jogando contigo. E não se trata de sexo.
- Isto não é sobre sexo? - Interrompeu o doutor.
- O que te faz pensar que se tratava de sexo? - Samson deu a
seu psiquiatra um olhar frustrado. - Alguém esteve escutando uma
só palavra do que eu disse? Para que diabos te pago? Tenho que te
explicar isto? Isto é a respeito de mim, e de que quero fazer o
vínculo de sangue com Delilah.
CAPÍTULO 15

Ilona passeava ao longo do seu apartamento no oitavo andar,


com o telefone celular preso à orelha. Sem interesse olhava para a
cidade, através das janelas que iam do piso ao teto. Esta noite, ela
não estava com humor para admirar a impressionante vista.
- Não, não está escutando. Você o tinha, parvo incompetente! -
Sua voz deixou escapar um bufo frustrado. - Se tivéssemos feito à
minha maneira, em primeiro lugar, não estaríamos nesta situação.
Mas não, pensou que podia dirigir melhor. Não se atreva a me
interromper.
Fez uma pausa breve, mas a pessoa que chamava no outro
extremo, começou por fim a escutá-la e não disse nem um pio.
- Bom. Isto é o que fará, e realmente não me importa como,
onde e quando o fizer esta noite. Eu quero que ela desapareça. Não
só ela vai averiguar o que estamos fazendo na companhia, agora
inclusive, ele a tem feito sua amante. Sabe como dói isso? Sabe?
Não houve resposta.
- Estou falando contigo.
Estava furiosa. Com razão, tudo parecia em pedaços, por que
confiou em um familiar.
- Pensei que queria que eu não falasse. - Disse seu irmão
finalmente, no outro extremo.
Tinham realmente algum DNA em comum? Era difícil de
acreditar.
- Idiota! Não posso acreditar que esteja aparentado contigo.
- Ei, eu não sou tão estúpido como me faz parecer. Consegui
toda a informação interna que queria. Não se esqueça disso. Pelo
menos posso manter minha boca fechada, e você não.
- Não se atreva a me jogar isso de novo. - Seu próprio fracasso
continuava doloroso, inclusive depois de nove meses. Esteve tão
perto! Virtualmente foi capaz de saborear a vitória.
Seu irmão se acendeu.
- Ah sim, o farei. Se, pelo menos, só tivesse continuado a
chupar seu pênis, até que tivesse um vínculo de sangue com ele,
todo o dinheiro dele seria seu, e simplesmente eu poderia matá-lo,
mas não, minha irmã mais velha não pode chupar, não é?
- Talvez você devesse ter lhe chupado o pênis em meu lugar!
- Eu não sou seu tipo. Assim não faça isto soar como que se
fosse eu quem colocou tudo a perder. Você mesma se colocou nesta
situação. Tem alguma ideia sobre as coisas que tenho que passar,
para solucionar este problema para você? Acredite que não é fácil.
Ilona pisou forte, seu irmão não sabia, mas necessitava uma
saída para sua frustração. Trabalhou muito tempo nisto, e,
finalmente, o prêmio estava ao seu alcance outra vez. Só alguns dias
mais e todo o dinheiro de Samson seria dela.
- Ah, deixa de choramingar. Uma vez que tudo isto termine,
estará nadando em dinheiro. Está a ponto de terminar com o
processo?
- Estou trabalhando na encriptação8. Umas poucas horas mais
de trabalho e então posso começar a autorizar. Já estamos quase lá.
Ilona deixou escapar um suspiro de alívio.
- Bom. Mas ainda temos que nos livrar dela. Não podemos nos
arriscar que descubra o que estamos fazendo e nos detenha justo
antes de chegarmos à meta.
- Vou desfazer-me dela. Menos mal que a tem feito sua
amante. Samson estará tão devastado, que nem sequer se dará
conta do que está acontecendo na empresa. Irá bem com nossos
planos.
8
É o processo de transformar informação usando um algoritmo (chamado cifra) de modo a
impossibilitar a sua leitura a todos exceto aqueles que possuam uma informação particular, geralmente
referida como chave. O resultado deste processo é informação encriptada.
Do que estava falando seu irmão?
- Devastado? Ele só a está fodendo.
- Só fodendo? Continua sonhando. Ele está apaixonado por ela,
a chama de "minha mulher". Ao que parece, finalmente se esqueceu
de você. Passou tempo suficiente. Vou ligar quando estiver tudo
preparado.
- Espera. - Tentou detê-lo, mas ele já havia desligado.
Samson estava apaixonado por essa pequena cadela? A ela não
importava o mínimo a vida amorosa de Samson, mas ser substituída
por um ser humano? Agora, isso doía. Filho da puta!
Ilona lançou o telefone no sofá e tirou o salto agulha com um
chute. No caminho para o quarto, tirou o vestido pelos ombros e o
deixou cair ao chão. Seu pessoal o organizaria depois. Tinha coisas
mais importantes para fazer.

Amaury chamou o telefone celular de Thomas e se conectou


imediatamente.
- Necessito sua experiência.
- O que acontece? - Thomas soava distraído.
No fundo escutava mais alguém.
- Necessito que revise alguns arquivos para mim. Você é
melhor em informática que eu.
Era certo. Thomas era o perito residente em informática, em
tudo que era relacionado com a Scanguards. O que fosse necessário,
Thomas sabia como fazer.
- Agora? Estou em meio de algo.
Amaury rodou seus olhos.
- Deixa de foder o Milo e ponha sua bunda em marcha.
Encontrei algo que me faz pensar que John Reardon estava envolto
em algo maior que só o desvio de alguns poucos milhares de dólares.
Inseriu arquivos encriptados no servidor central, e tenho que saber o
que há neles.
- Não me necessita para isso. Sei que é capaz de decifrar a
encriptação você mesmo. - Thomas respondeu.
- Sei que posso. É só que está demorando mais tempo do que
você levaria. Assim, faça.
Thomas estava claramente vacilante, até que finalmente
aceitou.
- Está bem. Vou fazer. Qual é a localização dos arquivos?
Amaury informou a localização do servidor e o código pelo qual
identificaria os arquivos de John.
- Vamos dividir o trabalho. Vou começar do final para o meio.
Você tomará a parte superior. Ligue-me quando encontrar algo. -
Amaury ordenou e desligou.
Era uma boa coisa que Amaury fosse mais velho que Thomas.
Quando pressionava, Amaury normalmente ganhava a discussão.
Também ajudava que ele era o amigo mais próximo e mais antigo de
Samson.
Passou a última hora revisando através do histórico, no que
John trabalhou no último mês, concretamente nos arquivos que ele
acessou.
A sugestão de Delilah de revisar todos os arquivos que John
acessou sob sua sessão, foi um acerto. Ele esteve em todos os
lugares, colocando o nariz nos arquivos que não tinham nada haver
com sua posição, arquivos em que outras pessoas trabalhavam, não
ele.
Carl botou a cabeça no escritório.
- Amaury, o Sr. Woodford está com você?
Ele negou com a cabeça.
- Pode chamá-lo de Samson, já sabe. Sei que ele já lhe disse
isso várias vezes.
- Prefiro não fazê-lo.
- Ele saiu com Delilah. O que necessita?
- Recordei algo que me esteve incomodando. - Carl passou de
um pé para o outro.
Amaury assinalou a cadeira na frente da mesa, em silêncio,
pedindo para Carl tomar assento.
- Tem ligação com a senhorita Ilona.
- Ilona?
Amaury não pôde reprimir sua surpresa. Ninguém mencionou
seu nome na casa de Samson em mais de nove meses. Menos mal
que não estava em casa. E esperava que não estivesse nos próximos
cinco minutos. Se escutasse pronunciar este nome em sua casa, não
sabia como ele reagiria.
- Ela passou muito tempo aqui. Como nunca gostei dela, fiquei
fora do seu caminho tanto quanto pude. Não queria incomodar ao Sr.
Woodford, e depois que ela se foi, não houve um bom momento para
mencioná-lo. O Sr. Woodford ficou inacessível por um longo tempo.
Amaury recordava isso muito bem. Seu amigo se isolou e
preferia sua própria companhia, à de seus amigos. Acumulou uma
grande quantidade de ira e a ira se converteu em depressão, até que
finalmente retornou ao que parecia seu estado normal. Exceto pelo
fato de que rechaçava a companhia das mulheres, e logo depois a
disfunção erétil.
- Posteriormente esqueci disso, pensei que não era realmente
importante.
- Carl, está vacilando.
Amaury estava ansioso por voltar a analisar os arquivos
cifrados.
- Sinto muito, Amaury. É só que eu nem sequer sei se é
importante.
Amaury lhe deu um olhar inconfundível. Era para que falasse
ou saísse da sala.
- A senhorita Ilona estava mexendo no computador um dia,
quando o Sr. Woodford estava fora. Não estou seguro se conseguiu
acessar ou não, mas quando me viu, fingiu que estava procurando
um lápis e um papel. Mais tarde essa mesma noite, o Sr. Woodford a
dispensou. Quando vi a senhorita Delilah sentar-se no computador
ontem à noite, recordei de novo.
- Não me dei conta quando retornou à casa ontem à noite.
- Todos vocês estavam tão absortos em seu trabalho, que não
me escutaram. Não queria incomodar.
Amaury concordou. É certo, estavam tão absortos que se
esqueceram do tempo e do amanhecer.
- Não mencione nada a respeito de Ilona a Samson. Só o
incomodaria. Acredito que nós deveríamos guardar isso, vou fazer
algumas consulta, e ver o que posso encontrar.
Carl se levantou.
- Obrigado, Amaury. Estou seguro de que não foi nada. Foi só
algo estranho. Especialmente tendo em conta que nunca deixava que
outras pessoas tocassem em seus computadores, à exceção de você,
e agora, da senhorita Delilah.
- Acredito que todos nós devemos estar preparados para o
muito mais que ele deixará que Delilah faça. - Amaury sorriu.
- Acredita que se converterá na ama da casa?
- Ama? Suponho que isso seja uma definição tão boa como
qualquer outra. Ela sim, o tem na palma de sua mão. Não é que ela
tenha a menor ideia.
Amaury sacudiu a cabeça e sorriu. Como uma mulher podia
ficar alheia aos efeitos que exercia sobre um homem? Isso estava
além do seu entendimento.
- Não será fácil ocultar o que somos se ficar.
Ele deu um olhar surpreendido para Carl, logo deu uma
palmada em sua fronte.
- Ah, é verdade. Não sabe ainda.
- Não sei o que?
- Inteirou-se faz um par de horas.
Agora era Carl que tinha um olhar aturdido em seu rosto.
- E ela ainda está com ele?
Um ruído forte lhes disse que alguém abriu e fechou a porta.
Segundos depois a porta abriu de novo e bateu pela segunda vez.
- Não terminamos de falar!
Escutaram a voz furiosa de Samson.
- Ah sim, já terminamos. Não vou casar com um vampiro. -
Delilah gritou em resposta.
Carl e Amaury trocaram sorrisos.
- Cem dólares que não se casará com ele. - Sugeriu Carl.
Amaury negou com a cabeça.
- Tem que aprender muito mais a respeito das mulheres. Não
só se casará, mas também fará o vínculo de sangue com ele.
Ele estendeu a mão para selar a aposta, e Carl a apertou.
- E tem que aprender mais sobre o Sr. Woodford. Não há nada
mais que goste, que paz e tranquilidade em seu lar. E como isto soa,
ela não lhe dará isso.
Amaury riu em voz alta. Carl poderia ter passado mais tempo
com Samson nos últimos dezoito anos que ele, mas Amaury era
quem realmente conhecia seu melhor amigo. E, paz e tranquilidade,
não era o que mais gostava Samson em seu lar. Nem remotamente.
Havia uma coisa que seu amigo desejava mais que tudo em
sua vida, algo que nunca teve desde que virou um vampiro, apesar
das amizades que tinha formado, uma família. Mas Carl não poderia
saber isso. Seu amigo nunca verbalizou seu desejo mais profundo,
mas Amaury sempre o havia sentido.
Outra porta se fechou, e sabia que Delilah entrou no quarto de
Samson.
Pela segunda vez em dois dias Delilah abriu sua mala sobre a
cama e atirou nela as poucas coisas que tirou antes. Tratou de não
olhar os lençóis enredados na cama, a evidência da noite de paixão.
Como pôde ter acontecido isto? Ela estava na casa de um vampiro.
Teve relações sexuais com ele, alucinante sexo, e a arrastou ao
psiquiatra, onde anunciou que queria casar-se com ela. E não só
isso. Queria fazer um vínculo de sangue, o que quer que isso
significasse. Ela não havia esperado uma explicação.
Não é que uma garota não gostasse de ter uma proposta de
vez em quando, mas de um vampiro? No escritório de seu
psiquiatra? Não poderia ser mais estranho. Samson realmente
pensou que ela saltaria com a ideia?
Não conseguia comparar o homem com quem fez amor, com o
vampiro que lambeu o sangue de sua mão. Eram duas pessoas
distintas. Ela sabia que estava apaixonada por um, o outro nem
sequer o conhecia.
A dor em seu peito ao saber que precisava deixá-lo, era
insuportável. Mas tinha que fazê-lo, e agora mesmo. Este homem
mentiu o todo tempo. Ela nunca estaria segura de verdade.
- Não me deixe de fora. - Ela ouviu a voz de Samson nas suas
costas. Ela nem o ouviu entrar. - Delilah, por favor, fale comigo.
Sua voz soava perto do seu pescoço. Ela sacudiu a cabeça.
- Do que tem medo? Sei que não tem medo de mim. Posso
sentir isso. - Samson lhe tocou a mão com a sua, e entrelaçou seus
dedos com os dela.
Seu toque era ansiado pela sua psique.
- Por favor, me deixe ir. Não posso ficar contigo.
- Não posso deixar que se vá. Estou conectado contigo. E você
está conectada comigo. Você não sente? Nunca me senti tão perto de
alguém. Posso sentir coisas suas... o prado de lavanda... é como se
eu estivesse em sua cabeça...
- Não, por favor.
- Há mais. Posso sentir a tristeza, mas não entendo. É aí que
você pensa na pradaria. É como se houvesse dor associada com ela.
Delilah, me deixe entrar...
Como podia saber sobre a dor, quando ela mesma a tentou
enterrar no fundo de suas lembranças?
- Não posso.
- Doçura, eu preciso entender. Necessito saber.
- Não pode entender. Ninguém pode saber o que eu fiz!
- Estou aqui para te ajudar. Por favor, me diga o que está
causando sua dor. Posso sentir daqui.
Ele apertou a sua mão calorosamente.
Delilah não sabia explicar por que ele conhecia algo do seu
passado, mas ela mesma teve visões estranhas que estavam
relacionadas com ele.
- A pradaria - ela começou. - Está situada perto de um
pequeno povoado na França.
Ela olhou para o seu rosto, mas não o viu. Tudo o que via era a
pradaria e a ela mesma, como uma menina de oito anos de idade...

Delilah embalou a seu irmão bebê em seus braços.


- Cuidado - advertiu sua mãe. - Ele é frágil. Levante a sua
cabeça com o braço.
- Eu posso segura-lo mamãe, não se preocupe. Sou uma
garota grande. Vê?
Ela mostrou a sua mãe que sabia como sustentar ao pequeno
Peter e disse:
- Ele é tão pequeno. Eu era assim pequena, também? - Com
grandes olhos, observou sua mãe, que lhe deu um cálido sorriso.
- Também era pequena. E tão linda como ele é. - Sua mãe lhe
deu um beijo na cabeça.
- Bom, aí estão minhas duas garotas favoritas!
A voz de seu pai logo ecoou do caminho que conduzia à
pradaria de lavanda, enquanto se aproximava delas.
Quase todas as tardes, quando terminava de dar aulas, ele as
encontrava descansando no prado, desfrutando dos longos dias de
verão. Eles passavam suas tardes rindo, jogando e conversando, a
família perfeita. Uma mãe amorosa, o pai e um irmão bebê. Era tudo
o que sempre quis.
A infância de Delilah foi perfeita. Não importava o fato de que
vivia em um país em que tinha dificuldade com o idioma, e que
precisava fazer novos amigos na escola. Todas as complicações
foram esquecidas quando seu irmão nasceu. Ele fez sua pequena
família perfeita.
Era como um pequeno boneco com quem brincava todo dia. E
nunca se aborreceu com ele. Ela amava a seu irmão, mais que todos
os seus brinquedos juntos.
Seus pais o confiavam a ela. Uma noite no final do verão, seus
pais queriam celebrar o aniversário de casamento, indo comer em
um restaurante local. Estava a só uma quadra de sua casa, assim
deixaram Delilah a cargo de seu irmão.
Seria um jantar mais cedo, não permaneceriam fora mais de
uma hora. Peter estava dormindo quando se foram. Estava banhado,
alimentado e era um menino feliz quando dormiu. Delilah deveria
chamar a anciã que vivia abaixo, caso seu irmão despertasse, e ela,
por sua vez iria procurá-los no restaurante.
Tudo estava tranquilo depois que seus pais a deixaram para
irem ao restaurante.
Delilah brincava com as suas bonecas. Olhou-o para assegurar-
se de que estava coberto pela manta. E foi então quando se deu
conta de algo.
Peter estava muito tranquilo. Ela não podia ouvir nada. Ele
estava deitado no berço, rodeado de silêncio. Ela o sacudiu.
- Peter, acorda.
Não acordou como normalmente o faria quando escutava
vozes. Ela o sacudiu de novo, mas não respondeu. Talvez estivesse
realmente dormindo. Talvez estivesse tão cansado que não podia
ouvi-la.
Entretanto, não estava cansado e não estava dormindo. O
medo a paralisou onde estava, olhando o seu corpo quieto. Não
havia respiração, não havia nenhum movimento nele. E Delilah ficou
ali, em estado de choque, incapaz de mover-se, incapaz de tomar
uma decisão. Não estava preparada. Ela só ficou ali.
Delilah não se moveu do lugar em que estava, ao lado do
berço, quando seus pais retornaram vinte minutos mais tarde. Logo
escutou os gritos de sua mãe quando seu pai levantou o corpo sem
vida de Peter de seu pequeno berço.
Ele foi-se, porque ela vacilou. Era culpada. Estava a cargo dele,
decepcionou os seus pais e destruiu a família.
Depois da morte de Peter, retornaram aos Estados Unidos.
Seus pais nunca a culparam abertamente, mas ela sabia que era sua
culpa. Nunca viu sua mãe rir de novo. E seu pai, tentou tudo para
fazer frente à perda e ajudar a sua mulher o melhor que pôde, mas
perder um filho era muito para ele também, e parecia que a alegria o
abandonou.

Delilah deixou de chorar quando sentiu os fortes braços de


Samson envolvendo-a.
- Você tinha só oito anos de idade.
- Não muda nada. Fiquei gelada. Eu não fiz nada, quando
poderia tê-lo salvo.
Ele negou com a cabeça.
- Não doçura. Nunca foi sua responsabilidade.
- Mas ele era.
Seu abraço lhe fazia bem, mas ela sabia que era temporário.
Queria desfrutá-lo tanto como pudesse, antes de deixá-lo.
- Shh. Pensa na pradaria. Pensa em quão feliz foi então. Eu
estava ali contigo.
Ela levantou a vista.
- Mas, como? Não é possível.
- Cada vez que me beija, leva-me ali. Porque é o lugar em que
foi feliz, e isso é o que queria me mostrar. Um lugar para ser feliz.
Leve-me ali agora, Delilah.
Samson pôs a mão sob o seu queixo e moveu sua cabeça para
cima. Seus lábios encontraram com os dela para um toque suave,
continuando uma conexão mais profunda, antes que,
repentinamente, se afastasse dele.
- Não posso. Não posso ficar contigo.
- Mas por quê?
- Eu não te conheço. Estive mentindo muitas vezes. Não é uma
boa base para uma relação.
- Pedi desculpas por isso, e expliquei por que o fiz.
Delilah sacudiu a cabeça e escorregou de sua mão.
- Você me quer para sempre. Não posso lhe dar um para
sempre. Nem sequer sei como me sentirei amanhã ou em uma
semana, a partir de hoje.
- Sei que é difícil de aceitar o que sou, mas sabe que nunca
vou te fazer mal.
- Esse não é o ponto. Quer que tome uma decisão que afetará
o resto de minha vida. Só conheço você há três dias. Como quer um
compromisso de uma vida de mim, depois de um tempo tão curto?
Como pode estar tão seguro?
Ela viu um sorriso formar-se em seus lábios. Seu rosto era
suave e gentil.
- Sinto o vínculo entre nós. Sei que é a única. É algo que nunca
senti antes... não com a Ilona ou com ninguém antes dela. Sei que
estamos destinados a estar juntos. Estaremos vinculados por
sangue.
- Fala com tanta certeza. Eu não entendo isso. E o vínculo de
sangue? Nem sequer sei o que significa. Não sei nada de sua vida.
Como pode me fazer escolher entre minha vida anterior e uma nova,
quando eu nem sequer sei o que estou escolhendo?
Delilah se sentia confusa. Nada fazia sentido. O que Samson
queria dela era muito. Era algo que não podia controlar.
- Um vínculo de sangue é uma conexão única entre duas
pessoas que se amam. Os unirá por toda a eternidade. Vamos
pertencer um ao outro. Tudo o que é meu será seu.
- Eu não quero seu dinheiro. Não quero nada. Não sei o que
quero. Não entende? Isto é muito, muito cedo. - Sentiu que as
lágrimas se acumulavam em seus olhos. - Como pode estar seguro
de que me ama? Não sabe nada de mim.
Samson sacudiu a cabeça.
- Eu sei tudo sobre você. - Pôs sua mão onde estava seu
coração. - Posso te sentir dentro de mim. Quando tem dor, posso
sentir sua dor. Quando está feliz, eu tomo parte de sua felicidade.
- Não é possível. Só me quer porque estava faminto de sexo,
necessitava-o como uma droga para arrumar suas “condições”. O
que sente agora vai desaparecer, e então? O que vai fazer então?
Desprezar-me? Não, não posso correr este risco.
- Delilah, o que eu sinto por você é verdadeiro. Não vai
desaparecer. E daí se só nos conhecemos há três dias? Alguma vez
ouviu falar de amor à primeira vista? Apaixonei-me por você no
momento que caiu em meus braços, quando abri a porta. Eu não
sabia então, mas agora sei. Quando estou contigo, meu mundo é
perfeito. As coisas que me faz sentir... nunca fui um homem terno,
mas contigo, eu desejo ser terno e amoroso. Tira o melhor de mim.
Acalma-me, esquenta meu coração. Sei que cometi enganos, mas
quero começar tudo de novo. Vou te dar o que desejar. Farei
qualquer coisa para te fazer feliz.
Suas palavras a tocaram. Ela não podia negá-lo. Mas não
estava pronta para tomar uma decisão como essa, uma decisão que
não poderia reverter. Para sempre, era um conceito muito estranho.
- Samson, não posso...
Um forte golpe na porta os interrompeu.
- Samson! - Era Amaury.
- Agora não! - Respondeu Samson. - Por favor, Delilah, fica
comigo. Seja minha. Deixe-me ser seu.
- Temos um traidor entre nós! - A voz do Amaury era
insistente.
Samson abriu a porta de um puxão.
- Acredito que é Thomas, ele está por trás disso.
A cara de Samson congelou.
- Ai, Deus, não.
Olhou para trás sobre seu ombro.
- Vamos falar mais tarde, Delilah. Você é minha vida agora,
querendo ou não.
Delilah não deu nenhuma indicação de lhe acreditar, mas
Samson não podia esperar mais. As lágrimas derramadas por seus
olhos, fizeram seu coração se contrair, e mais que tudo ele queria
abraçá-la, mas precisava se encarregar deste problema agora.
Thomas, entre todas as pessoas. Não queria acreditar. Desceu
correndo ao seu escritório, ao lado de Amaury.
- Mostre-me.
Amaury se deteve nas telas de transações e lhe explicou o que
estava acontecendo.
- Aqui, olhe, Thomas está dentro do sistema neste momento, e
está autorizando todas as transações cifradas de John Reardon.
A tela se encheu de janelas emergentes mostrando notificações
de aprovação.
- O que são? - Samson olhava para a tela.
- Transferências bancárias. Está transferindo todo nosso
dinheiro para contas no estrangeiro.
- Todo?
- Sim, tudo o que pode pegar. Milhões de dólares. Se não o
detivermos, terá que fechar a empresa amanhã... não seremos
capazes nem sequer de pagar a folha de pagamentos da próxima
semana.
A notícia era devastadora. Thomas, seu amigo de quase cem
anos o estava traindo, o estava roubando. E não só isso, ele tentou
matar Delilah.
Não importa quanto tempo sua amizade com ele durou, só
havia uma coisa a fazer agora.
- Vamos atrás dele. - Ordenou para Amaury. - Carl! - Gritou no
corredor, enquanto saíam correndo.
Carl apareceu do nada.
- Sim, senhor?
- Proteja Delilah.
- Sim, senhor.
Saltaram para dentro do Porsche de Amaury, que estava
estacionado na rua e correram para a casa de Thomas. Samson
pegou o telefone celular e deu instruções a Ricky para que os
encontrasse lá e trouxesse mais dois de seus homens. Necessitava
de toda a ajuda que pudesse conseguir. Um vampiro fora de controle
era um animal perigoso. Deveriam estar preparados para tudo.
- Não pode fazer com que esta coisa vá mais rápido? - Samson
não continha a sua impaciência.
- Estou correndo o mais rápido que posso sem matar ninguém.
Estou tão zangado quanto você. - Confessou Amaury.
- Eu sei.
Samson olhou pela janela, recordando o que Delilah lhe havia
dito.
- Você a ama?
A pergunta de Amaury foi inesperada. Samson lhe deu um
olhar de lado.
- Mais que a minha vida. Mas ela não entende o que isso
significa. Ela resiste. Não acredito que ela me perdoou por lhe ocultar
as coisas.
- Ela sabe que nunca lhe faria mal?
Ele assentiu.
- Eu disse que lhe daria tudo o que ela quisesse. Expliquei-lhe
que teria direito a tudo o que é meu.
Amaury negou com a cabeça.
- Às vezes, você é tão denso, que nem sequer é gracioso.
De que diabos seu amigo estava falando?
- Eu não sou denso.
- Claro que sim. Uma mulher como Delilah não quer dinheiro
ou bens materiais. Ela quer um homem que sempre lhe seja fiel.
Alguém que nunca lhe minta, alguém em quem sempre possa
confiar.
- Mas eu disse que a amo. Disse que nunca lhe faria mal.
Inclusive me desculpei por haver mentido. Fiz tudo o que podia. -
Samson se sentiu esgotado.
- Palavras. São apenas palavras. Ela não confia em suas
palavras. Só confia em suas ações. Você vai ter que lhe mostrar o
que sente. Tem que fazer algo por ela, que prove o que diz.
- Mas, o quê?
- Como vou saber? Você tem passado os últimos dias com ela.
Sabe o que é importante para ela. Sente o vínculo com ela.
- Você sabe do vínculo?
- Se esquece de que posso sentir suas emoções. Sei que sente
o vínculo com ela. Utilize o vínculo para encontrar uma maneira de
convencê-la. Dê-lhe o que ela quer, o que verdadeiramente quer em
seu coração, e ela será sua.
As palavras do seu amigo faziam sentido. Samson fechou os
olhos e abriu seu coração para chegar a ela. Muita dor nublava seu
coração. Ela tinha que renunciar a essa dor, antes que pudesse
reconhecer que, em seu coração, outra coisa estava escondida.
Ajudaria com esta passagem. De repente, sabia o que faria, ele só
esperava que estivesse certo.
Samson discou o número de Gabriel Giles em Nova York. Sua
ligação foi respondida imediatamente.
- Gabriel, eu necessito de sua ajuda em algo.

Thomas vivia em uma casa construída em uma colina, aos pés


de Twin Peaks, que oferecia a vista mais impressionante de São
Francisco. A casa era moderna, com janelas do piso ao teto, com
vista para a cidade e uma caverna oculta escavada na montanha
atrás. Aqui era onde ficava o dormitório de Thomas, ao abrigo de
qualquer luz do dia. Ricky chegou ao lugar ao mesmo tempo que
Samson e Amaury, ele estava acompanhado por outros dois
vampiros, empregados de Samson.
Esta situação deveria ser dirigida com delicadeza, e Samson
gostou que Ricky trouxesse dois de seus empregados mais fiéis e
discretos. Embora Samson não conhecia muitos de seus empregados
humanos, conhecia quase todo o seu pessoal vampiro. Ricky estava
a cargo da contratação de vampiros na Scanguards e selecionava,
pessoalmente, todos os vampiros.
Todos assentiram entre si. O rosto, normalmente alegre de
Ricky, estava escurecido pela solenidade. Assim também refletia o de
Amaury. Ninguém ansiava o que estavam prestes a fazer. O grupo
era muito unido, saber que um deles era um traidor, golpeou-os
forte, a todos.
- Amaury, você pode senti-lo? - Samson perguntou ao seu
amigo.
Amaury olhou a casa e fechou os olhos.
- Sim, ele está aqui.
- Vamos. - Ordenou Samson.
- Esperem!
A voz de Amaury era uma ordem, detendo os outros quatro
vampiros em seco.
- Algo está errado. Suas emoções não têm sentido.
- O que quer dizer? - Perguntou Samson.
- Muitas emoções de uma vez. Todas revoltas.
- Pode ser que ele não esteja sozinho? - Ricky interrompeu.
Amaury negou com a cabeça.
- Só posso sentir a ele.
- Temos que ir agora.
Samson tirou uma estaca de madeira do seu bolso. O que iria
fazer era doloroso, mas não havia outra solução. Thomas era seu
amigo há muitos anos, pelo menos seria rápido. Não haveria tortura,
não haveria dor para Thomas. Devia-lhe isso.
Samson viu o olhar de seus amigos enquanto estes
observavam a estaca, e estremeceu por dentro. Mas não
demonstraria debilidade agora. Esta traição justificava o mais alto
dos castigos.
Os dois vampiros que Ricky havia trazido, posicionaram-se fora
da casa para evitar a fuga de Thomas.
Ricky abriu a porta com sua chave. Uma medida de segurança
que tinham posto em marcha anos atrás, assegurando-se de que os
quatro amigos pudessem ter acesso a seus respectivos lares em
situações de emergência. Foram recebidos pela tranquilidade e
escuridão.
Os olhos de Samson se ajustaram à penumbra e olharam o
interior. A grande sala em que se encontravam estava vazia, assim
como a cozinha anexa e a zona do bar. Uma parede com uma porta,
separava a casa em duas partes, a zona aberta e pública, e os
quartos privados e escuros.
Samson fez um sinal para Amaury e para Ricky, indicando que
entraria primeiro. O corredor estava ainda mais escuro que a parte
dianteira da casa, mas igualmente vazio e silencioso. Ele foi em
frente, tentando não fazer barulho com seus pés.
Atrás dele, Ricky e Amaury eram tão silenciosos quanto ele.
Uma pequena porção de luz saia por debaixo da porta, a qual
Samson sabia que era o quarto de Thomas. Detiveram-se em frente
a ele.
Samson sabia que apesar dos três estarem em silêncio,
Thomas os escutaria. A audição de um vampiro era sensível, Thomas
ouviu alguns ou todos os ruídos que fizeram. Era estranho que ele
não fizesse um movimento ainda, a menos que, é claro, preparou
uma armadilha.
Samson se preparou, então girou o trinco e abriu a porta. Em
uma fração de segundo entrou no quarto e contemplou a cena. Ricky
e Amaury fizeram o mesmo, colocando-se de maneira que os três
formavam um triângulo nas bordas exteriores do quarto. Nesta
formação eles poderiam atacar.
Só que não havia ninguém para atacar. O quarto estava vazio.
Thomas não estava lá.
- Amaury?
A pergunta de Samson estava clara como se ele a houvesse
feito.
- Ainda posso senti-lo. Está na casa. - Amaury fechou os olhos,
concentrando-se. - Na parte de baixo, na garagem.
A casa tinha uma garagem e outras cavernas na colina.
- Já deveria estar alerta de nossa presença. - Afirmou Ricky.
Samson concordou com a cabeça.
- Eu não gosto disso.
Espreitaram a parte baixa e abriram passo através da garagem
que estava cheia de diversas motocicletas e um carro esportivo.
Nada fora do comum.
- Atrás desta porta. Posso senti-lo.
Samson estava a ponto de pôr a mão na maçaneta da porta
quando Amaury o jogou para trás.
- Não! - Samson lhe deu um olhar inquisitivo. - Thomas está
com dor.
- Com dor?
- Prata.
Todos eles ficaram olhando para a maçaneta da porta, só agora
Samson se deu conta. A maçaneta estava recoberta com prata. Ele
tirou a jaqueta e envolveu a mão, antes de abri-la. Sentia o efeito da
prata, inclusive através do tecido grosso da jaqueta, mas era
reduzido.
A prata era o único metal capaz de queimar a pele de um
vampiro. Servia como a única maneira de deter um vampiro.
Samson fez um gesto para os seus amigos, e logo abriu a
porta. Diante deles, estava o calabouço. Samson sempre suspeitou
que Thomas tinha um quarto onde praticava algumas de suas
fantasias mais profundas, mas nunca esperou que fosse como uma
exposição que poderia ser vista na Feira da Folsom Street. Açoites
em abundância. Não era para os fracos de coração.
Samson se precipitou no quarto com pouca luz, Ricky e Amaury
nos seus calcanhares. A fonte da dor de Thomas estava evidente. Ele
estava retido contra uma parede, sustentado por correntes de prata.
Correntes que seria incapaz de romper. Sua pele estava coberta de
dolorosas chagas onde a prata o tocava.
Um alívio inundou Samson, imediatamente. Thomas não o
traiu. Alguém o prendeu.
- Thomas.
A cabeça de Thomas levantou uma polegada, mas parecia
muito fraco para olhá-los.
- Ricky, Amaury. - Ordenou Samson, com um gesto de cabeça
para as correntes.
Ricky e Amaury fizeram o que Samson mandou, tiraram as
jaquetas e as envolveram em torno de suas mãos, para tirar as
correntes e libertá-lo.
Quando a última corrente caiu, Samson apanhou o corpo ferido
de Thomas em seus braços e o colocou na cadeira que estava num
canto.
- Ricky, traga um pouco de sangue. Está no andar de cima.
Com a mão, acariciou o rosto queimado de Thomas e escutou
um gemido de dor.
- Quem fez isto? - A voz de Samson era baixa.
Os lábios de Thomas se moveram.
- Milo.
- Amaury, encontre-o.
A mão de Thomas imediatamente se apoderou da de Amaury
para detê-lo.
- Não.
Samson olhou para Thomas, sem entender.
- É perigoso.
Ricky chegou com o sangue.
- Beba.
Ele levou uma garrafa de sangre aos lábios de Thomas e o
deixou engolir. Os segundos passaram. E a impaciência de Amaury
se mostrou.
- Milo roubou minha contra-senha. Vai arruinar você. - Thomas
adicionou. - Sinto muito Samson, não percebi a traição.
Um verdadeiro pesar inundou os olhos de Thomas.
- Nenhum de nós o fez. Nós o pegaremos, não se preocupe.
A voz de Samson estava mais tranquila agora. Saber que não
teria que matar a seu amigo, diminuiu sua dor.
- Posso reverter. Levem-me para cima, para o meu
computador. Posso fazê-lo.
Samson e Amaury lhe ajudaram a levantar.
- Pode ficar de pé?
Thomas concordou.
- Estou melhor. Mas temos que nos apressar. Milo escapará, e
Ilona também.
- Ilona? - Samson se deteve em seco.
- Sim. É sua irmã. Ele está fazendo isto para ela. Ela estava
atrás do seu dinheiro todo o tempo.
Então, ela não desistiu depois que ele a deixou. Ele deveria
saber.
- Como se inteirou disso?
- Só uma intuição de que Milo estava me ocultando algo. E
logo, quando Ricky e eu fomos procurar o John... quando chegamos
à casa... - Ele vacilou e olhou diretamente para Ricky. - Sei que
devia ter dito algo naquele momento, mas aí foi quando a esposa de
John gritou e corremos para o interior.
- O que aconteceu? - Perguntou Samson.
- Senti um aroma familiar. Era débil, mas pensei que o
reconhecia. Agora sei com certeza. Era Milo. Matou o contador.
Samson tragou a saliva.
- Lembro que tinha pressa em sair do armazém. Deveria ter
previsto, mas eu não estava pensando com clareza.
- Nenhum de nós se deu conta... e de todas as pessoas, eu
deveria ter descoberto muito antes. Passei a maior parte do tempo
com ele. Deveria ter notado. - Disse Thomas culpando-se.
Ricky lhe falou com desaprovação.
- Ele te enganou. Não é sua culpa.
Amaury concordou. E acrescentou:
- Em todo caso, eu deveria ter sentido suas emoções. Deveria
ter imaginado.
- Parem, todos vocês. - disse Samson e olhou para Amaury. -
O fato está feito. Milo guardou suas emoções. Ele sabia a respeito do
seu dom. Quanto a enganar a um amante, todos nós estivemos no
mesmo barco, uma ou outra vez. Você não tem culpa Thomas.
Alegro-me de que não precise mata-lo.
Pôs sua mão sobre o ombro de Thomas e o apertou.
- O que aconteceu então?
- Acredito que é algo bom que seja do tipo ciumento. - Deu
uma risada amarga. - Dei um jeito de pôr um chip em seu telefone
celular ontem e gravei suas conversas. Eu estava simplesmente
reproduzindo-as quando Amaury me chamou para que lhe ajudasse
com os arquivos cifrados.
- Pensei que havia escutado a voz de Milo no fundo. - Amaury
assegurou.
Thomas assentiu com a cabeça.
- Reconheci a voz da Ilona, quando falou com ela. Eles são
irmãos. Nunca notei que se pareciam, mas agora que sei, posso ver
as similitudes, os gestos que têm em comum. - Deu ao Samson um
olhar de caça. - Tem sorte de ter se livrado ela. Se tivesse feito o
vínculo, estaria morto agora.
Dar-se conta disso, foi um duro golpe para Samson.
- Morto? Assassinado por uma parceira com vínculo de sangue?
- Não. Assassinado por seu irmão. Ela teria sido incapaz de
manter seus pensamentos assassinos disfarçados, uma vez que
estivessem unidos por sangue. Você teria detectado. Mas se ela
tivesse tudo arrumado de antemão com Milo, teria permanecido na
escuridão a respeito de suas intenções. - Explicou Amaury em lugar
de Thomas.
- Tudo isto por dinheiro? - Samson sacudiu a cabeça.
- Parece surpreso. - Indicou Amaury.
- Eu não deveria estar.
- Ilona não se deterá diante de nada para conseguir o que
quer. É por isso que Milo se infiltrou em nosso grupo. Tudo tem
sentido agora, inclusive o tempo.
Thomas os olhou.
- Justo depois de que a expulsou, Milo apareceu. Em primeiro
lugar ganhou minha confiança, e logo tentou encontrar a maneira de
chegar ao seu dinheiro. Teve tempo suficiente. Ele se deu conta de
quem tinha que chantagear para obter os livros por um lado, e logo
roubou minha informação de acesso e a contra-senha para terminar.
Não era de estranhar que não quisesse que falássemos com o
contador.
- Sabe onde ele está agora?
Thomas negou.
- Não, mas podemos tentar rastrear o chip. Se ele ainda tem o
telefone celular com ele, vou encontrá-lo.
Chegaram ao escritório de Thomas, que se deixou cair em sua
cadeira. Suas mãos imediatamente voaram sobre o teclado,
enquanto várias janelas apareciam.
- Está em algum lugar perto da casa da Ilona. Eles estão
provavelmente, empacotando as coisas para sair da cidade. Vocês
tem que ir, agora.
- Acredita que você pode reverter às transações?
- Sim, confia em mim. As transações se encontram em um
círculo de atraso de tempo. É um pequeno programa que pus em
marcha um par de semanas atrás, para maior segurança. Vamos
conseguir todo o seu dinheiro de volta. Não vão se sair bem com
isso. Só se assegure de apanhá-los antes que possam ferir mais
alguém.
Samson pôs a mão sobre o seu ombro e o apertou.
Um minuto depois estavam fora.
- Ricky, chame mais reforços. Necessitamos uma dúzia de
guardas para nos aproximar deles. Tomará muito tempo chegar até a
casa da Ilona daqui. Já teriam fugido, então.
Ricky imediatamente, pegou seu celular e deu ordens aos seus
subordinados.
O celular de Samson vibrou em seu bolso.
- Carl?
- A senhorita Delilah se foi.
A garganta de Samson se fechou e seu coração congelou,
enquanto toda a força fluía para fora de seu corpo.
CAPÍTULO 16

O desfile do Ano Novo Chinês estava em pleno apogeu, e a


massa de gente que olhava as festividades se apertava através das
estreitas ruas do Bairro Chinês. O colorido dragão era carregado por
jovens chineses, ainda mais coloridos e abria caminho pelas ruas em
festa. Lanternas e luzes pendiam de cada loja e restaurante pelo
caminho.
Delilah enganou Carl. Ela o enviou à farmácia... fingindo ter dor
de estômago... e ficou surpresa com a facilidade com que caiu na sua
mentira. Ela sabia que Samson, provavelmente o castigaria por
deixá-la sozinha, mas não se permitiria sentir pena dele agora.
Precisava escapar.
Um futuro com Samson não era possível, e quanto mais rápido
ela colocasse fim a tudo isto, melhor seria para todos os envolvidos.
No último dia colocou à prova, seriamente, sua crença na realidade.
De repente, ela enfrentava um mundo que não só existiam os
vampiros, mas também fingiam levar uma vida igual aos humanos.
E nos últimos dias, também deu-se conta de que todas as
paredes que construiu em torno de si, começaram a desmoronar.
Nunca disse a ninguém sobre a dor que levava com ela durante tanto
tempo, e ainda não entendia por que contou tudo a Samson. De
todas as pessoas, ele não merecia sua confiança.
Ele mentiu uma e outra vez. E continuava mentindo. Em seus
olhos viu seu desespero para tê-la, consumi-la. Que outras mentiras
ele diria, contanto que ela ficasse? Apenas o conhecia, e a ideia de
passar a eternidade com ele era muito estranha, muito, muito
repentina.
Enquanto estava com ele, sabia que não pensava com clareza.
Ele se assegurou disso, seduzindo-a uma e outra vez. E Delilah sabia
que era incapaz de resistir a ele.
Mas ela não tomaria uma decisão importante como essa, uma
decisão que significava ficar com um vampiro para sempre, enquanto
estivesse em seus braços, pois seu cérebro se desconectava
totalmente.
Foi pura sorte Amaury os interromper, e tomou como um sinal
de que precisava escapar. Era agora ou nunca. Finalmente, teve que
pensar com a cabeça e esmagou a pequena voz que saía de seu
coração, a voz que continuava insistindo que ela estava cometendo
um grande erro.
Delilah não iria ao aeroporto para pegar o último voo, já era
muito tarde, mas se esconderia em um pequeno hotel, um lugar
onde ele não a encontraria. Daria um nome falso, pagaria em
dinheiro. E amanhã pela manhã, estaria no primeiro voo para Nova
York. Estava muito segura de que tomou todas as precauções que
deveria tomar, porque em todo caso, Samson tinha muitos recursos
e tentaria algo para encontrá-la.
Delilah esqueceu do desfile. A multidão dificultava atravessar
as ruas, mas não havia nenhum táxi. Chegaria até a rua de embaixo,
a Union Square, onde esperava, teria uma melhor oportunidade de
encontrar um transporte.
Sua mala parecia mais e mais pesada, enquanto a rodava atrás
dela. Pegou tudo o que era dela, não queria ter uma desculpa para
voltar. Sua resolução já era bastante fraca, como estava.
A música e o ruído da multidão afogaram alguns de seus
pensamentos, enquanto apurava o passo pela calçada. A cada
poucos segundos, era golpeada por alguém ou sentia outro pé sobre
o dela. Os dedos de seus pés, certamente, já estavam sangrando.
Em outras circunstâncias, poderia ter desfrutado do colorido
desfile, provado alguma das comidas exóticas, e inclusive, compraria
uma bugiganga ou duas, mas um passeio turístico em São Francisco
era a última coisa que tinha em mente.
Diferentes idiomas passavam por seus ouvidos, enquanto
avançava através da multidão. Passavam rostos jovens e velhos,
homens e mulheres, meninos e anciões, caucasianos e asiáticos.
Demorou mais de quinze minutos para avançar uma quadra.
Delilah se sentiu aliviada quando finalmente, atravessou o
ruído mundano e se encontrou em um beco tranquilo. Pegaria o
atalho deserto e encontraria seu caminho para a Union Square,
colina abaixo.
O som das rodinhas de sua mala, na rua empedrada, ecoava
através do beco. No fundo, a música se mesclava com o som do
beco, dos carros e motos.
Outro leve som a fez virar, mas não viu nada. Ainda estava
muito nervosa. Iria se acalmar logo. Sua imaginação estava lhe
pregando uma peça.
Delilah dobrou para a rua seguinte, que era mais larga que o
beco de onde veio. À esquerda, havia um beco sem saída, por isso
ela virou à direita. A rua estava cheia de apartamentos de três
andares de altura, e as entradas estavam bloqueadas com portas de
ferro, cujo desenho formavam pontas penetrantes, estendendo-se
para o céu. Caminhava pela calçada e se perdeu em seus
pensamentos de novo.
Convencia-se de que estava fazendo o certo ao deixá-lo.
Muito tarde, Delilah escutou o som atrás dela, o motor de uma
motocicleta. Voltou a cabeça e a viu dirigir-se diretamente para ela.
Era incapaz de distinguir a figura escura pilotando-a.
Seus pés aceleraram, e instintivamente soltou a mala. Ela
correu, mas a moto a alcançava rapidamente, o som do motor era
mais forte à medida que se aproximava. Mais forte e mais
ameaçador a cada segundo. Nunca conseguiria deixá-la para trás.
Freneticamente olhou para ambos os lados, para encontrar um
esconderijo aonde a moto não pudesse segui-la.
Pelo canto do olho viu um movimento, mas era muito rápido
para que ela se desse conta do que era.
- Delilah!
O grito ressonou através da rua e ricocheteou nos edifícios. Um
grito de alguém claramente horrorizado. Antes que pudesse dar a
volta, sentiu braços empurrando-a fora do caminho, golpeando-a
sobre o asfalto. Caiu fortemente. O impacto fez as suas costelas
doerem, e se queixou em voz alta.
As luzes da moto a cegaram por um segundo, enquanto virava
a cabeça, bem a tempo de ver a moto atropelando a pessoa que a
empurrou fora do caminho. Viu a figura voar pelo ar como se fosse
um boneco de trapo, e logo cair. A queda foi detida pelas pontas da
porta de ferro.
O corpo estava pendurado, atravessado.
A moto deslizou, uma figura caiu ao chão rodando, e logo
parando, evidentemente, sem lesões. O motor de repente parou, e
tudo ficou em silêncio.
O flanco de Delilah doía enquanto se movia, mas continuava
tentando. O motociclista se dirigia para ela depois de jogar uma
olhada breve à figura empalada na porta.
Delilah tropeçou em seus pés. Estava muito escuro para que
ela reconhecesse a pessoa que estava na porta, mas, no entanto, ela
sabia. Ouviu gritar seu nome, com uma voz que lhe era muito
familiar. Ele a empurrou fora do caminho e salvou a sua vida,
embora só por alguns minutos. Mas não queria aceitar quem era.
Porque se o fizesse, todo seu mundo viria abaixo. A pessoa que a
empurrou fora do caminho da moto, tentando salvá-la, estava
pendurado agora na porta, aparentemente sem vida.
Delilah tentou correr, mas seus pés congelaram firmemente no
lugar, enquanto o motociclista se aproximava dela, como se alguém
a mantivesse em seu lugar com fios invisíveis. Tentou levantar um
pé diante do outro, mas não pôde. Nada se movia. Estava paralisada.
Algo chamou a sua atenção e a fez virar a cabeça para a
direita. Foi então quando os viu, vários homens vestidos de preto
correndo para a cena. Então se deu conta de que não havia nenhuma
possibilidade. Tudo acabou. Eles iriam matá-la, da mesma forma que
o motociclista matou o seu salvador.
Delilah voltou a olhar para o motociclista que, de repente, se
afastou dela e correu na direção oposta, longe dos homens. O quê?
- Delilah!
Ela escutou proveniente de outra voz familiar. Um segundo
depois, Amaury estava junto a ela.
- Está bem?
Ela concordou com a cabeça, aturdida. De repente, seus
músculos se moveram de novo e quase desabou. Amaury a apanhou.
- Samson?
Inclinou a cabeça na direção da porta de ferro. Ela se negava a
aceitar que ele era o homem pendurado no portão. Viu com horror,
quando dois dos homens o desciam dos picos da porta e o deitavam
no chão. Um ligeiro movimento lhe chamou a atenção. Moveu-se por
si mesmo?
- Samson!
Delilah correu para o homem que colocaram sobre o
pavimento. Samson. Uma mão forte a pegou.
- Não! - disse Amaury. - Não vai querer vê-lo assim.
Ela tirou seu braço fora de seu agarre.
- Ele está ferido, por minha culpa!
Ela correu para ele, deixou-se cair junto a ele. O corpo de
Samson estava frouxo no chão, o sangue saía de várias feridas de
grande tamanho. Tanto sangue! Mas para sua surpresa, ela não
sentia o enjoo habitual no estômago, que normalmente acontecia
quando via sangue.
Delilah o olhou no rosto. Estava manchado de sangue. Mas
seus olhos estavam abertos.
- Samson.
Ela acariciou sua bochecha. Seus olhos se encheram de
lágrimas diante da dor que aparecia em seu rosto. Nunca viu
ninguém nessa agonia, nesse tormento.
No fundo, escutou Amaury dando ordens, mas o único que via
era Samson, o homem de quem tentou fugir. Por quê? Não
recordava.
- Alguém o ajude! Temos que levá-lo a um médico.
Delilah chamou Amaury. Um frio medo se apoderou dela,
enquanto lhe dava um olhar de morte.
- Um doador está a caminho.
Ela não entendia.
- Um doador?
Samson tentou falar, mas sua voz era apenas um murmúrio.
Delilah se inclinou para ele tentando acalmá-lo. Mas não sabia o que
fazer. Não tinha conhecimento de primeiros socorros, e inclusive se
tivesse, funcionaria com um vampiro? Ela não podia fazer nada.
- Não fale. Vamos conseguir ajuda. Tudo vai ficar bem, por
favor, aguenta. - Animava-o, sabendo que suas palavras eram uma
mentira, soavam ocas em seus ouvidos.
Samson moveu sua cabeça de lado a lado.
- Não! – Ela gritou, compreendendo o que queria dizer. -
Amaury, me diga o que fazer!
Amaury estava ao seu lado.
- Suas feridas são muito extensas. Ele sabe. Sinto muito, mas
vai morrer se não receber sangue humano imediatamente.
- Então tragam uma ambulância, e lhe deem uma transfusão.
De repente se lembrou da máquina vendedora no consultório
do Dr. Drake.
- Não pode conseguir um pouco de sangre engarrafado em
alguma parte?
- O sangue engarrafado não vai funcionar, não desta vez. Suas
feridas são muito graves. Necessita de sangue procedente
diretamente da veia de um ser humano. Ele necessita da força da
vida de um ser humano, para lhe ajudar a regenerar-se.
- Darei do meu.
Sem duvidar, Delilah empurrou a manga de seu suéter.
- Não...
A voz de Samson era débil, mas decidida. Seus olhos lançaram
um olhar de súplica em direção a Amaury.
- Ele não deixará. - Explicou Amaury.
Delilah lhe deu um olhar de surpresa e sacudiu a cabeça. Por
uma vez, não lhe importava o mínimo o que alguém queria ou não
queria que fizesse. Não ficaria de braços cruzados deixando-o
morrer.
- Não me importa. Ele vai tomar o meu sangue.
- Não posso deixar que o faça, Delilah. Samson proibiu.
As lágrimas brotaram de seus olhos e corriam por suas
bochechas, quando voltou a olhar para Samson.
- Não vou deixar que ele morra.
Parecia como se ele tentasse sorrir, mas seu rosto se
deformava de dor em seu lugar.
Levou seu pulso a boca dele.
- Morda. - Ordenou com feroz determinação.
Mas ele não a mordeu. Em troca, afastou sua cabeça do pulso.
- Vampiro teimoso! Muito bem, não morda, vou fazer com que
um de seus amigos me morda, e logo vou alimentar você à força
com meu sangue. Entendeu?
A ira coloriu sua voz, e viu algo nos olhos de Samson.
Incredulidade?
- Amaury, me morda o pulso. - Ordenou e estendeu seu pulso
para Amaury.
Ele se negou.
- Não posso.
Ela lhe lançou um olhar penetrante.
- Alguém mais, então? Você! - Gritou para um dos homens que
ajudaram a tirar Samson do portão.
- Você é um vampiro, me morda maldição, assim poderei
alimentar Samson.
O vampiro vacilou e olhou para ela, para Samson e para
Amaury.
De repente, Delilah sentiu uma mão em seu outro braço e se
virou. A mão de Samson a agarrou.
- ...Não quero... te fazer mal... - Emitiu com voz apenas
audível.
Agora decidiu que não queria lhe fazer mal? O que aconteceu
quando mentiu? O julgamento deste homem é uma merda. Muito
contraditório. Falaria com ele sobre isso, porém, mais tarde.
- Só me machucará se me deixar. Não me deixe, por favor.
Pôs o pulso em sua boca de novo, mas ele não fez nenhum
movimento. Foi então quando perdeu a calma. A ira se apoderou
dela.
- Morda-me, maldição, ou o chutarei nas bolas, tão forte que
gritará até o próximo século! Entendeu?
Um segundo depois sentiu a dor aguda de sua pele rompendo-
se e o líquido que gotejava. Uma fração de segundo mais tarde a dor
desapareceu, e as presas de Samson estavam firmemente agarradas
em seu pulso. Ela o sentiu chupar, com os olhos fechados.
Com a mão livre, ela empurrou o cabelo para trás de seu rosto
manchado de sangue.
- Toma o que necessite, meu amor.
Delilah sentiu mais que escutou o seu suspiro. Deixou cair sua
cabeça na dele, e lhe deu um beijo na fronte.
- Estou aqui, Samson, estou com você.
Amaury a ajudou a levantar a cabeça de Samson para o seu
colo, para que fosse mais fácil para ele se alimentar.
- Obrigada.
Amaury negou com a cabeça.
- Samson é um homem muito afortunado por ter você.
A comoção atrás dela lhe fez virar a cabeça.
Dois vampiros traziam o motociclista, que lutava com eles. O
capacete se foi, revelando uma cabeça de cabelo comprido e
avermelhado. Ela viu essa mulher antes, no teatro.
Ilona Hampstead, a ex-namorada de Samson.
Ilona tentou escapar das mãos dos dois vampiros, mas apesar
da sua luta, não conseguia. Eles eram mais fortes que ela. Sua
expressão estava furiosa.
A mulher olhou para Delilah, vendo como Samson bebia o seu
sangue.
- O que, acredita que vai ser seu só porque lhe permite beber
seu sangue? Sonha, irmã! - Sua voz estava mesclada de veneno.
Delilah devolveu seu olhar venenoso, com um olhar assassino.
- Cadela! Vou tratar contigo mais tarde!
Ela queria torcer o pescoço da mulher por ferir Samson, por
quase havê-lo matado. Delilah o olhou enquanto se alimentava de
seu pulso e viu como os olhos de Samson se abriam em estado de
choque.
- Tudo vai ficar bem, meu amor, já pegaram-na. Ela não
poderá te fazer mal nunca mais. - Sussurrou.
Seus olhos se fecharam de novo, e logo soltou seu pulso. Olhou
ao Amaury, alarmada.
- Está tudo bem. Ele vai tomar o que seu corpo possa
processar de cada vez. Ele necessitará mais, daqui a pouco. Vamos
ter um doador então. - Assegurou-lhe Amaury.
Ela sacudiu a cabeça.
- Não. Eu não permitirei.
- Que lindo. - Cuspiu Ilona.
Delilah a ignorou.
- Ele só beberá de mim e de mais ninguém.
- Mas é muito perigoso. Necessita muito sangue. - Amaury lhe
advertiu.
Levantou a mão em sinal de protesto.
- Só de mim.
Logo deu a Ilona outro olhar e tirou a jaqueta. Enrolou-a e
descansou a cabeça de Samson nela, antes que ficasse de pé ainda
cambaleante. Doíam as suas costelas, e levou a mão ao seu lado
para apoiar seus movimentos.
Amaury ofereceu seu braço para sustentá-la, e Delilah pegou
com muito prazer.
- O que vamos fazer com ela? - Delilah perguntou.
- Vamos? - Amaury lhe dirigiu um olhar atônito.
- Sim, “nós”. E nem sequer pense em me excluir. Tenho todo o
direito.
- Não vai deixar que uma pequena mortal lhe diga o que tem
que fazer, verdade? - Ilona zombou de Amaury, enquanto lutava nas
garras dos dois vampiros que a detinham.
- Covarde!
Amaury lhe deu um sorriso despreocupado.
- Deve saber que não sou suscetível aos seus insultos, Ilona.
- Vai fodê-la também, uma vez que Samson a descarte? Ou
talvez antes?
- Acredito que deveria calar-se, enquanto ainda tem uma
língua. - Amaury lhe advertiu. Delilah lhe lançou um olhar de
surpresa.
- Oh, sim cadela. Isso é o que ele faz, o grande e poderoso
Amaury. Agarra as sobras de Samson.
- Como se você não tivesse pedido. - Replicou ele.
Ilona deixou escapar uma risada amarga.
- Pergunto-me se seu amigo sabe. Talvez alguém devesse lhe
dizer.
O olhar de Delilah ricocheteava entre os dois. Era evidente que
se conheciam mais intimamente do que alguém teria imaginado.
Amaury esteve de algum jeito, envolvido com a ruptura de Ilona e
Samson? Traiu o seu melhor amigo?
- Não está funcionando, Ilona. Não pode se sair desta. Assim,
onde está Milo?
- Milo? - Ecoou Delilah.
Amaury lhe deu um olhar de lado.
- Nós descobrimos que é irmã de Milo, e está por trás de tudo
isto para roubar milhões de dólares da empresa de Samson. Ele
enganou Thomas e obteve acesso a sua contra-senha.
Delilah ficou olhando-o em estado de choque.
- Milo era o cérebro disto?
Ilona soprou um irritado uff.
- Aquele idiota não pode planejar nada. Nem sequer executar o
que lhe digo, do contrário cadela, seria alimento de vermes agora.
Mas não, deixou o trabalho para algum humano idiota, que colocou
tudo a perder. Deveria havê-lo feito eu mesma em primeiro lugar. -
Vociferou ela.
- Teria, deveria, poderia. - Respondeu sarcasticamente Delilah.
Ilona lhe grunhiu.
- Acredita que pode tê-lo e a todo seu dinheiro? Pense outra
vez. Ele só está jogando contigo, Samson nunca amou a ninguém
mais que a si mesmo. É um homem egoísta e um amante ainda mais
egoísta. Ele se cansará de você, e então ele vai te expulsar.
- O fato de que não pôde dar o que ele necessitava, não quer
dizer que eu não possa. E quanto a ser egoísta, por que não se olha
no espelho em algum momento, e vê quem é a egoísta? Ai, sinto
muito, esqueci, não pode se olhar no espelho, verdade? Então
suponho que não sabe quão feia na realidade é, assim só lhe darei
uma ideia... é uma bruxa de merda.
Ilona assobiou e lutou para libertar-se de seus dois guardas,
havia morte em seus olhos.
- Só me deixe botar minhas presas sobre você, puta...
mostrarei o quão realmente feia posso ser!
- Basta! Onde está Milo?
Amaury fez um gesto aos dois vampiros, para que a
agarrassem mais forte, torcendo os braços de Ilona para trás, em
posição incômoda e dolorosa. Ela fez uma careta de dor.
- Eu não sei onde está o idiota.
- Está bem, então não temos mais necessidade de ti.
Delilah olhou para Amaury.
- Não vamos deixar que se vá, verdade?
- Deixá-la ir? Não. Vamos matá-la.
Amaury tirou uma estaca de madeira do bolso de sua jaqueta.
Delilah ficou olhando a estaca e depois para Ilona, cujos olhos
arregalaram. Ela sabia o que aconteceria. Sim, iria morrer, mas
Delilah queria ser quem lhe daria o golpe final. Era seu homem quem
Ilona quase matou, por isso seria justo para ela castigar à mulher.
Delilah agarrou a estaca das mãos de Amaury, mas ele a
deteve.
- Não, será meu prazer. Samson é o melhor que me aconteceu
na vida. Qualquer um que queira lhe fazer mal, melhor que me
derrote primeiro.
Delilah aceitou. A determinação de Amaury era evidente.
- Obrigado pelo bom sexo, mas como já disse antes, não havia
sentido. Vemo-nos no inferno.
Os olhos de Ilona se arregalaram como se ela não acreditasse
que realmente o faria. Seus lábios se abriram, mas as palavras não
saíram.
Amaury levantou seu braço e cravou a estaca em seu coração.
Em uma fração de segundos, a incredulidade se estendeu sobre o
rosto de Ilona.
Um segundo mais tarde era pó. O ar recolheu os grãos
diminutos de pó e os levou.
Quando Amaury se voltou para Delilah, dirigiu-lhe um longo
olhar.
- Sem emoções, tudo é sem sentido.
Amaury organizou o transporte de Samson para retornar para
casa, e mais vampiros foram enviados para caçar Milo.
Carl os esperava de volta, o quarto de Samson preparado com
lençóis limpos na cama. Carl e Amaury ajudaram a cortar as roupas
rasgadas do corpo de Samson e limparam suas feridas antes de
colocá-lo sobre a cama, e puseram um lençol branco sobre seu
corpo.
- Necessitará de sangue fresco cada duas horas - aconselhou
Amaury. - Pode mudar de ideia, já sabe. Ele não esperaria que você
fizesse isto. De fato, ele gostaria que eu a dissuadisse de continuar
com isto.
Delilah negou.
- Ele está ferido por minha culpa. Vou lhe dar o que necessita.
Ela vestiu uma camiseta, calçou meias e se sentou junto a ele
na cama.
Amaury assentiu.
- Carl, nós vamos ter que dar a Delilah algum tônico para
fortalecer e regenerar seu sangue mais rápido. Devemos ter tudo o
que necessitamos na cozinha.
Samson se moveu.
- Ele necessita de você agora.
Amaury e Carl saíram do quarto, Delilah se inclinou para
Samson, colocando o pulso em sua boca. Sem abrir os olhos, suas
presas afundaram em sua pele.
- Sim, bebe, meu amor. Estamos em casa agora. - Embalava-
lhe a cabeça em seu colo, enquanto o alimentava. Já via que
algumas das feridas começaram a fechar. O fluxo de sangue parou, e
o sangue coagulou, criando uma casca sobre as feridas. O processo
de cura começou.
A sensação de sucção no pulso não era dolorosa, pelo
contrário, enchia-a de paz.
Quando Samson, finalmente soltou o seu pulso, seus lábios se
moveram.
- Delilah. - Ele sussurrou, mas ficou inconsciente
imediatamente.
Delilah o sustentou enquanto observava cada movimento do
seu corpo. Desta vez não hesitou quando precisavam de ação por
parte dela. Desta vez não ficou parada deixando que alguém que
amava morresse. Havia atuado. Surpreendeu-se de quão forte foi ali,
naquela rua. A coragem que sentiu quando enfrentou Ilona era
novidade para ela, mas ajudou saber que todos os vampiros que a
rodeavam estavam do seu lado.
Amaury voltou para o quarto, trazendo uma mescla de aspecto
desagradável, com um aroma mais desagradável ainda.
- O que é isto?
- Você não quer saber. Mas te ajudará a se recuperar da perda
de sangue.
Delilah acreditou. Como mudou seu mundo desta maneira?
Estava deitada na cama com um vampiro, e lhe daria tanto sangue
quanto o necessitasse e de boa vontade. Bebeu o líquido mais vil que
os seus lábios já haviam tocado, confiando no vampiro que o havia
entregado.
- Vou te fazer companhia. - Amaury aproximou a cadeira da
cama, antes de sentar-se. - Vai necessitar em volta de vinte e quatro
horas para recuperar-se.
- Mas vai sair dessa, não vai?
- Com a sua ajuda, conseguirá.
Amaury apoiou a cabeça no alto do encosto da cadeira.
- Conte-me o que aconteceu. - Delilah queria saber.
Amaury assentiu com a cabeça.
- Samson te falou sobre a Ilona, a respeito de sua ruptura?
- Sim. Falou-me dela. Mas não mencionou que ela e você... -
Delilah pigarreou.
- Ele não sabe.
Seu olhar, quando a olhou nos olhos era sincero.
- Escuta, não há necessidade de que saiba. Eu não o traí. Ela
veio para mim depois que ele a expulsou de sua vida. Ei, não estou
orgulhoso disso, mas não sou muito exigente quando se trata de
mulheres.
- Matou-a como se não sentisse nada por ela.
A ideia a fez estremecer. O que o levou a ser um amante tão
frio? Quando voltou a olhar nos seus olhos, reconheceu a dor.
- O sexo é só sexo para mim. Nada mais. É algo que necessito,
e não me importa quem o ofereça. Não quero perturbar você, mas
isso é o que sou. Porém, não muda a minha lealdade.
Seu olhar desviou para Samson, e ela compreendeu.
- Sem Samson, eu não estaria aqui hoje. Salvou-me a vida em
numerosas ocasiões. É um bom homem.
Ela assentiu com a cabeça e acariciou a bochecha de Samson.
- E ele é meu! - Olhou de novo para Amaury bem a tempo de
ver o seu cálido sorriso.
- Qual era o plano de Ilona?
Ele suspirou.
- Ela queria ser proprietária de uma fortuna de vários milhões
de dólares. Queria o que é dele. Se Samson fizesse o vínculo de
sangue com ela, Milo o teria matado. E todo o dinheiro teria sido de
Ilona.
- Oh, meu Deus, ela o queria morto?
Um medo frio se apoderou dela.
- Isso é o que a avareza faz às pessoas. Viver de sua fortuna
não era suficiente para ela.
- O que quer dizer?
- Quando um vampiro faz um vínculo de sangue, seu
companheiro tem direito a tudo o que é dele. Convertem-se em co-
proprietários. Obviamente não era suficiente. Queria tudo. Quando
Samson rompeu com ela, seu sonho se converteu em fumaça. Assim,
planejou algo mais.
Delilah sacudiu a cabeça, tentando desfazer as imagens em sua
mente.
- O que estava planejando?
- Em primeiro lugar, fez com que seu irmão, Milo, se infiltrasse.
Não tínhamos nem ideia. Ela era nova na cidade, de repente,
apareceu Milo e... bom, suponho que não foi muito difícil para ele
seduzir Thomas. É brando de coração, e, francamente, inclusive em
São Francisco, não há muitos vampiros gays. Assim, as suas opções
são sempre um pouco limitadas.
- Milo averiguou o suficiente sobre o funcionamento interno da
Scanguards, para saber que roubar a contra-senha de Thomas, não
era suficiente. Assim farejou nos registros, e deve ter descoberto a
pequena fraude de depreciação de John e a utilizou para chantageá-
lo. Foi bastante fácil. Você estava no caminho correto, já sabe, com a
auditoria. Teria-o encontrado com o tempo.
Ele lhe deu um olhar de aprovação.
- Fez a metade do trabalho. - Ela reconheceu.
- Só depois que me mostrou o caminho a seguir. Ilona era
inteligente. Carl me disse hoje, que quando ainda era companheira
de Samson, uma vez a encontrou, possivelmente, tentando entrar no
sistema, mas ele nunca lhe deu sua informação de acesso nem a
contra-senha. Assim, claramente, já tinha essa ideia desde antes.
- Está seguro? Deu-me senha e contra-senha, e ele me
conhece a muito menos tempo que a ela.
- Nem sequer eu sei sua contra-senha, e sou seu melhor
amigo. Ele confia em ti como nunca confiou em ninguém mais. Não
acredito que tivesse confiança em Ilona, apesar de que, estava
disposto a casar-se com ela. Suponho que a solidão finalmente o
estava alcançando. Sempre quis uma família.
Amaury sorriu brandamente, seu olhar se dirigiu para Samson
na cama.
- Uma vez que Milo teve a contra-senha de John, foi capaz de
carregar as transferências bancárias cifradas. Depois, só precisava
retornar de novo com a contra-senha de Thomas e autorizá-las.
- Thomas deve estar devastado.
- Milo ganhou na luta e o acorrentou com prata.
- Com prata?
- É o único metal que não podemos romper ou dobrar. Os
vampiros não podem escapar das correntes de prata. Isso nos
queima a pele. Tivemos sorte de chegar a tempo até Thomas. Ele
estava com muita dor, mas vai ficar bem. Pessoalmente, estou
surpreso que Milo não o matasse. Talvez houvesse alguns
sentimentos envoltos, depois de tudo...
- Sinto muito pelo Thomas, por ter sido enganado dessa
maneira por seu amante. Acredita que John soubesse o que Milo
estava fazendo?
- Provavelmente não - adivinhou Amaury. - E inclusive, se
suspeitasse, é provável que o ignorasse, pensando que quanto
menos soubesse, melhor. John era realmente um boneco neste jogo.
Não de todo inocente, mas certamente não merecia morrer.
- O que vai acontecer com sua família? Tinha uma esposa e
filhos.
Delilah imaginava a dor que sua esposa estava
experimentando.
- Samson se fará cargo deles. Temos um fundo de caridade
que ajuda as famílias dos empregados que morrem no cumprimento
de seu dever. Isto ocorre, já sabe, com alguns de nossas escoltas. E
embora John não morresse no cumprimento do dever, Samson fará o
correto por ele.
- E o homem que nos atacou?
- Enviei dois de nossos homens para o soltar. Têm instruções
para apagar sua memória de tudo relacionado com Samson, você, ou
qualquer outro vampiro. Não há necessidade de castigá-lo mais. A
esposa de John precisará de todo o apoio que possa conseguir.
- Outros nesta situação, não seriam tão amáveis.
- Quer dizer, por que somos vampiros?
Não havia nenhuma acusação na voz de Amaury.
- Inclusive os seres humanos seriam mais cruéis. Certamente,
não esperava este tipo de consideração dos vampiros, sem querer
ofender.
Amaury negou com a cabeça.
- Não há relação por ser um vampiro ou não. Há bons e maus
entre nós, igualmente, há bons e maus entre os seres humanos.
Converter-se em um vampiro não te faz mau. E ser um humano, não
te faz bom.
- E você e Samson, são bons.
- Não somos santos, mas tentamos ser tão bons quanto nos é
possível. É uma luta constante, mas ganhamos mais do que
perdemos.
- Como Samson me encontrou a tempo? - Delilah lhe sorriu.
- Seu aroma. Poderia ter seguido você por toda a cidade. Ele
conhecia seu aroma muito bem, e logo, é claro, lambeu o sangue de
sua mão, isso só o intensificou. Quando Carl lhe disse que você saiu,
e sabíamos que Milo e Ilona estavam soltos pela cidade... eu nunca o
vi tão assustado na minha vida. Estava disposto a matar alguém.
- Sinto muito.
Ela realmente sentia.
- A próxima vez que planeje deixá-lo, faça-me saber, está
bem? Para que eu possa sair da linha de fogo.
Ela não o deixaria de novo. Se ainda a quisesse, seria dele.
Deu um beijo na fronte de Samson e lhe passou a mão pelo cabelo.
- Isso não será necessário, Amaury. - Sorriu-lhe e viu que a
havia compreendido.
- Ele se alegrará de saber, quando acordar. Por que não dorme
um pouco? Vou cuidar dele e me assegurar de que se alimente
quando o necessitar.
- Obrigada Amaury, é um grande amigo.
Sentia as pálpebras pesadas, e em poucos minutos estava
dormindo, afundando-se de novo no travesseiro, enquanto mantinha
a cabeça de Samson apoiada em seu colo.
CAPÍTULO 17

- Delilah, acorda. - Disse a voz de Amaury, através de seus


sonhos.
Ela tentou ignorá-lo, mas ele não parou.
- Delilah.
Abriu os olhos e viu Amaury com um copo do mesmo líquido
horrível que a fez beber duas vezes. Não fazia ideia do que havia
nele e não queria saber. Pelo que desconfiava, seria guisado de sapo,
ou simplesmente sapo.
- Outra vez? - Quase vomitou na última vez que o bebeu.
- Sinto muito, mas você necessita. Ele está tomando uma
grande quantidade de seu sangue.
Ela bebeu, tentando ignorar o gosto ruim.
Então Delilah seguiu o olhar de Amaury, que descansava sobre
Samson ao seu lado. Ele parecia melhor. Suas feridas se fecharam, e
a nova pele estava crescendo por cima delas.
- Quanto tempo mais?
- Muito em breve. Enquanto isso, nós necessitamos de você lá
no escritório. Há alguém que quer falar com você.
Ela lhe deu um olhar inquisitivo.
- Quem?
- Já o verá.
Seu olhar se desviou de novo para Samson, não querendo
deixá-lo.
- O que acontece se ele acordar enquanto não estou?
- Eu vou estar aqui. Chamo você imediatamente.
A contra gosto se levantou da cama. Sentiu-se enjoada quando
ficou em pé. Seu corpo balançou, e Amaury imediatamente a
agarrou. Um grunhido saiu da cama.
Tanto ela como Amaury voltaram a cabeça para olhar para
Samson. Ele estava aparentemente dormindo, mas mostrando suas
presas. Amaury imediatamente soltou o braço de Delilah. As presas
de Samson se recolheram e ele fechou os lábios.
- Pode sentir você, inclusive, enquanto dorme. Não gosta que
seja tocada por outro homem.
- Mas, só estava tentando me ajudar. - Protestou Delilah.
- Quando um vampiro encontra a sua parceira, é muito
possessivo.
Delilah sorriu para Samson. Inclusive em seu sono, ele estava
protegendo-a.
- Estarei de volta em pouco tempo, meu amor.
Ela viu uma forma de sorriso contido ao redor dos lábios de
Samson, como se ele pudesse ouvi-la.
Carl a esperava no escritório de Samson.
- Por favor, tome assento aqui, diante do computador,
senhorita Delilah.
- Carl. - Ele a olhou inquisitivamente. - Sinto muito. Meti você
em problemas com Samson? Eu vou falar com ele quando estiver
melhor. Não quero que seja castigado por me deixar escapar. - Disse
com tristeza.
- Não importa o que aconteça comigo, sempre e quando o Sr.
Woodford esteja bem.
- O que acontecerá com você?
- Ordenou-me que a protegesse e eu falhei. Tudo o que
importa é que ele chegou até você a tempo.
- Mas foi minha culpa. Enganei você.
- Não importa senhorita, não deveria ter deixado que me
enganasse. Se me permite dizer-lhe, para um ser humano, é muito
inteligente. - Ele disse, lhe dando um leve sorriso.
- E se me permite dizer, para um vampiro, você é muito
amável.
Ele assentiu com a cabeça.
- O Sr. Woodford organizou uma teleconferência para você.
Carl assinalou a tela do computador.
Ele acomodou-a em uma cadeira.
- Uma teleconferência. Para quê?
Carl ligou o monitor. Uma imagem do que parecia ser um
quarto de hospital ficou à vista. Ajustou a pequena câmara na parte
superior da tela e apontou diretamente para Delilah.
- Há alguém com quem o Sr. Woodford quer que você fale.
- Estamos conectados?
Ouviu uma voz pelo alto-falante, e um segundo depois, um
homem alto apareceu à vista.
- Sim, podemos escutar e vê-lo nitidamente Gabriel - disse
Carl. - Senhorita Delilah, este é Gabriel Giles. Dirige a sede principal
da Scanguards em Nova York. Gabriel é um de nós.
- Um...?
Ela examinava o homem no monitor. Seu comprido cabelo
estava penteado para trás em um rabo de cavalo e a não ser por
uma feia cicatriz da orelha até a bochecha, seu rosto mostrava
beleza. Sim, de algum modo, imaginou que era um deles.
Gabriel assentiu.
- Sim, senhorita Sheridan, sou um vampiro. É um prazer me
apresentar a você. Espero ter a oportunidade de conhecê-la
pessoalmente, em algum momento. Samson fala muito bem de você.
Delilah reconheceu sua voz como a do homem com quem
falavam pelo viva-voz, na noite anterior.
- Obrigada. Você quer falar da auditoria comigo?
- Não. Tudo se transformou em relação com a auditoria.
Estamos conscientes do que Milo e sua irmã Ilona estavam
tramando, e estamos trabalhando para reverter todas as suas ações.
Não. Este é um assunto muito mais pessoal. - Ele limpou a garganta.
- Samson me pediu que visse o seu pai.
- Meu pai? - Exclamou Delilah.
Estavam tentando lhe fazer mal? Ela afastou esse mau
pensamento, imediatamente. Depois da conversa com Amaury, não
tinha nenhuma razão para acreditar que alguém quisesse fazer mal a
ela ou à sua família.
- O que estão fazendo com ele?
- Não se alarme, senhorita Sheridan. Você tem minha palavra e
a de Samson, que seu pai está a salvo. Entendemos que ele está nas
últimas etapas da enfermidade de Alzheimer e já não a reconhece.
Mas há algo que você tem que falar com ele, algo que você guardou
durante mais de vinte anos. É necessário este fechamento e só o seu
pai a pode ajudar.
Delilah negou com a cabeça. Ela entendia o que ele estava
querendo dizer, mas não importava.
- Nunca haverá um fechamento. Você mesmo o disse. Meu pai
não me reconhece. Ele não tem nenhuma lembrança do que
aconteceu.
- Isso não é de todo certo. Ainda tem lembranças, é só que
estão guardadas.
- Sr. Giles, eu temo que esteja perdendo seu tempo, mas não
posso falar com meu pai nunca mais.
- Por favor, me escute. Posso abrir suas lembranças o tempo
suficiente para que possa falar com ele, como se estivesse são outra
vez. Darei a ele a oportunidade de lhe dizer o que necessita.
- Isso é impossível.
- Não é assim. Alguns de nós tem dons especiais. Este é o
meu. Estou feliz de poder usá-lo para este propósito. Entretanto, só
terá alguns poucos minutos, antes que sua mente se nuble de novo,
assim use o tempo sabiamente. Só fale com ele.
Delilah tragou a saliva. A câmera se afastou de Gabriel, para
uma cadeira. Reconheceu o seu pai imediatamente. Seu olhar estava
em branco, os ombros caidos. Lágrimas se formaram em seus olhos,
ao vê-lo assim. Nada o poderia trazer de volta. Nunca poderia lhe
pedir perdão.
Gabriel ficou atrás de seu pai e pôs suas mãos a vários
centímetros sobre a cabeça do ancião. Os olhos de Gabriel se
fecharam. Em poucos segundos, os olhos de seu pai, de repente,
ganharam vida e olharam fixamente para a câmara.
- Delilah - exclamou seu pai. - Querida, é tão bom ver você.
- Papai?
Sua voz se quebrou. Ele a reconhececeu. Depois de tantos
anos, finalmente a reconheceu de novo.
- O que se passa, querida? Por que está chorando? Alguém a
machucou? - Perguntou seu pai, cheio de preocupação.
- Não, papai, eu estou feliz por ver você.
- Eu também, eu também.
Ele lhe deu um sorriso encantador, lhe recordando a maneira
como sempre a cuidou quando ela era uma menina pequena.
- Já passou um longo tempo. Sua mãe e eu, sentimos a sua
falta. Está trabalhando muito, sabia?
Delilah piscou. Ele não sabia que sua mãe estava morta. Não
tinha nenhuma lembrança disso. Fazia sentido. Sua mãe morreu
quando ele já estava com Alzheimer. Não havia necessidade de
lembrar disso agora. Ela não queria lhe causar nenhuma dor
indevida.
- Eu sei, papai. Irei visitar você e a mamãe, no próximo fim de
semana livre que tenha. Está bem? - Ela mentiu, incapaz de lhe dizer
a verdade.
- Isso parece como um bom plano.
Delilah pigarreou. Não sabia como lhe falar. Carregou por
muitos anos essa culpa, e agora com a oportunidade de falar ao seu
pai a respeito disto, estava perdida, procurando as palavras. Não
havia uma boa forma para iniciar esta conversa.
- Ainda pensa, às vezes, em nosso tempo na França?
- Muitas vezes, querida. - Sorriu.
- Eu também penso muito naquela época.
- Você era uma menina tão pequena, surpreende-me que
recorde tanto. - Sua voz era suave, mas também mesclada com dor.
- Lembro de tudo o que aconteceu.
Ele levantou a mão para detê-la.
- Há coisas que é melhor esquecer.
- Mas, como esquecer?
- Só pense nas coisas boas, não se detenha nas ruins.
Ela sacudiu a cabeça, com um nó na garganta muito grande
para poder falar.
- Alguma vez já lhe falei da alegria que você era para sua mãe
e para mim? Ainda posso escutar sua risada quando empurrava você
no balanço, e exigia ir mais alto e mais alto. Você foi uma menina
aventureira. Tão valente. Sempre muito valente. - Deu um grande
sorriso.
- Não sou sempre assim.
- Aos meus olhos, você é.
- Oh, papai, sinto muito!
As lágrimas começaram a formar-se em seus olhos.
Ele franziu o cenho.
- Sente muito, por quê? O que acontece, querida?
- Peter - pressionou ela. - Eu devia ter feito algo. Eu...
Uma só lágrima rodou por sua bochecha, deixando um rastro
quente em sua pele.
- Peter? - Sua voz soava surpreendida. - Mas, meu amor, não
poderia ter evitado sua morte, tampouco poderia ter feito sua mãe
ou eu. Morreu por morte súbita do lactante. Inclusive se tivéssemos
estado ali naquela noite, não poderíamos ter feito nada. Sempre nos
culpamos por deixar você cuidando dele. Nunca esquecerei o horror
que vimos em seu rosto. Eu gostaria que tivéssemos evitado tudo
isso. Você nunca deveria tê-lo visto morrer. Estávamos tão
preocupados contigo.
- Mas, mamãe estava tão triste todo o tempo. Acreditei que me
culpava.
- Te culpar? Oh Deus, Delilah, não. - Ele se sentou mais para
frente em sua cadeira, retorcendo as mãos. - Culpávamos a nós
mesmos. Se não tivéssemos você, sua mãe e eu nunca teríamos
atravessado aquele tempo escuro. Você era a única luz que
tínhamos. Foi nosso único sol, mas nos sentíamos tão culpados que
tivesse aqueles pesadelos, vendo-o morto em seu berço uma e outra
vez. Não sabíamos o que fazer, assim, nunca falávamos dele.
Sempre pensamos que o tempo curaria todas as feridas, e que as
crianças esqueciam. Em retrospectiva, deveríamos ter conseguido
ajuda profissional, mas não sabíamos o que fazer. Sinto muito por
termos falhado com você. Por favor, nos perdoe.
Os olhos de seu pai se encheram de lágrimas. Os olhos de
Delilah soltaram finalmente, todas as lágrimas que retiveram ao
longo de todos esses anos.
- Ah, papai. Não há nada para perdoar. Amo você.
- Eu também te amo, meu amor, e também sua mãe. Prometa-
me algo.
- Qualquer coisa. - Ela concordou, sem duvidar.
- Deixa de viver no passado e pensa no futuro. Seu futuro.
- Prometo.
- Adeus, Delilah. - Disse, e seus olhos ficaram em branco outra
vez.
Delilah desabou na cadeira e deu rédea solta ao seu choro. Seu
pai a amava e não a culpava pela morte de Peter. Ela estava livre,
por fim livre da culpa que carregou durante tanto tempo.
Braços fortes a levantaram e a levaram até o sofá. Abriu seus
olhos chorosos e olhou ao homem que a sustentava.
- Samson!
- Não chore, doçura. - Sussurrou, e se sentou no sofá,
mantendo-a em seu colo.
Vestia uma larga túnica e parecia tão vibrante como sempre.
- Sinto muito, Samson, expus você a tanto perigo. - Suas
lágrimas fluíam livremente ao lhe dizer isso.
- Salvou a minha vida.
Ele atraiu sua cabeça perto da sua e baixou os lábios nos dela,
beijando-a suavemente.
- Pensei que havia perdido você. - Ela disse.
Samson sacudiu a cabeça e riu entre dentes.
- Sou muito difícil de matar, embora desta vez estive bem
perto, muito perto. Sem seu sangue...
Pôs um dedo nos lábios dele.
- Shh. Devia-lhe isso.
Seu rosto adquiriu uma expressão severa.
- Sentiu-se obrigada? É por isso que me salvou?
Seus ombros afundaram, como se toda a energia abandonasse
seu corpo.
- Não poderia deixar você morrer. Coloquei você nessa
situação. Se não tivesse escapado, nunca teria sido ferido.
- Entendi.
Então, ela fez pela culpa? Isso era tudo o que sentia? Samson
sentiu que seu coração se contraía dolorosamente. Ela o salvou, só
para matá-lo deixando-o de novo. Sentia o sangue de Delilah correr
por suas veias, sentia a sua essência, mas ao mesmo tempo,
escutava suas palavras. Palavras que não queria ouvir. Ela o salvou,
porque lhe devia.
Abruptamente, ele a tirou de seu colo e a sentou no sofá,
enquanto se levantava.
- Lamento que se sinta assim. Não me deve nada. Pedirei ao
Carl que faça os acertos para que possa retornar a Nova York.
Logo que terminou de falar, saiu da sala e subiu correndo as
escadas. Segundos depois, fechou com força a porta de seu quarto.
Delilah não o amava. Ele interpretou mal, completamente. Ela só deu
seu sangue, porque o colocou em perigo, em primeiro lugar, não foi
porque ela não pudesse viver sem ele.
Que nobre de sua parte!
Um amargo sabor se propagou por sua boca. Tinha que tirá-la
de sua vida agora, antes que lhe arrancasse o coração e alimentasse
os leões com ele. Tudo o que recordasse a ela, teria que sumir. Abriu
sua escrivaninha e tirou seu caderno de desenho.
Os desenhos que fez de Delilah durante sua primeira noite,
caíram ao chão. Samson se inclinou e acariciou os desenhos, como
se a tocasse em seu lugar.
Sentiu saudades daqueles momentos, quando a apertava em
seus braços.
- São formosos. - Sussurrou Delilah com voz suave atrás dele.
Como foi capaz de parar atrás dele sem que a escutasse?
Atribuiria isso ao seu estado de recuperação.
- Desenhou-me aqui.
Não era uma pergunta, só uma simples declaração.
Ele se virou.
- Estava dormindo. Queria capturar sua beleza.
Parecia ter acontecido há muito tempo atrás.
- Se quiser fazer as malas, eu a deixarei fazê-lo.
Pegou os desenhos, parou e se virou, mas sentiu a mão dela
sobre seu braço.
- Por favor, me olhe. - Rogou ela, com voz suave e aprazível.
Samson obedeceu e se virou.
- Se pensa que lhe daria meu sangue e depois, só iria embora,
está equivocado. Na verdade, quer saber por que não deixei que
morresse? Quer? - Fez uma pausa. - É porque, pelo menos uma vez,
queria fazer algo que fosse só para mim, e não me importavam as
consequências. Quando estava deitado ali morrendo, a única coisa
que pensava era em mim mesma. Você pode me chamar de egoísta,
mas não conseguia mais imaginar a minha vida sem você. É por isso
que eu lhe dei meu sangue, porque queria você. E ainda quero.
O queixo de Samson caiu, seus dedos soltaram os desenhos,
dispersando-os pelo chão mais uma vez.
- Você me quer? Sem se importar o que sou?
Delilah assentiu.
- Amo você, e se isso significa que terá que me converter em
um vampiro para poder estar contigo, que assim seja.
- Te converter...? Não! - Ele a agarrou em seus braços. - Não.
Amo-te muito para fazer isso.
Afundou seus lábios nos dela, reclamando-a. Este não era o
terno beijo que planejou no escritório, era o beijo possessivo de um
vampiro reclamando a sua companheira. Delilah era dele.
- Faz o vínculo de sangue comigo. - Olhou-a profundamente
nos olhos.
- Por favor, explique-me isso outra vez. A última vez não
estava com humor para escutar.
- Isto significa que será minha para sempre e eu serei seu.
- Para sempre? Mas vou envelhecer e você não.
- Não, não envelhecerá. - Samson sorriu. - Uma vez que nos
tenhamos unido por sangue, você tirará de minha essência.
Continuará sendo humana, mas não envelhecerá enquanto eu estiver
vivo. Só vou beber de seu sangue, e você só beberá do meu. Será
capaz de me sentir porque meu sangue correrá por suas veias.
Vamos estar conectados. Sempre saberá o que sinto e eu vou saber
o que você sente.
- Mas ainda serei humana?
- Sim, ainda poderá sair ao sol. Ainda comerá, comida de
verdade. Mas vai ser minha esposa, minha companheira de vida, e
nunca te deixarei ir. Não há volta atrás, uma vez que tenha decidido.
Vamos ser parte um do outro, nós estaremos incompletos, um sem o
outro, duas metades de um todo.
Ela estava com os olhos cravados nos dele. Não havia dúvida
em sua resposta. Moveu seu cabelo para um lado e lhe expôs seu
pescoço.
- Morda-me, então.
Um segundo mais tarde, o quarto se encheu com suas risadas.
Era como uma liberação para ele. Da sua maneira peculiar, ela havia
aceitado.
- Doçura, há um pouco mais nesse ritual, que só uma mordida.
E me acredite, você vai desfrutar de cada segundo disso.
A porta de entrada se abriu ruidosamente. Os ouvidos de
Samson se aguçaram. Vários homens entraram em sua casa. Todos
eles vampiros. Sentia-os claramente.
- Temos visitantes.
Rapidamente, vestiu um par de jeans e uma camiseta, antes
que pegasse a mão de Delilah, entrelaçando-a com seus dedos.
A comoção na sala, se fazia mais forte.
Quando Samson e Delilah chegaram ao vestíbulo, já sabiam
quem estava ali, Ricky, Amaury, Carl e Milo, este último, agarrado
por dois fortes guardas vampiros.
- Então vocês o encontraram. - Samson entrou na sala,
assentindo com a cabeça, para seus amigos.
Olhou para Milo, que mantinha uma careta de desagrado no
rosto
- Sua irmã lhe enviou uma saudação, antes de ir para o
inferno. - Samson disse, lhe dando as boas-vindas.
Milo grunhiu para Delilah.
- Cadela!
- Se está se referindo à sua irmã, estou de acordo. Do
contrário, é melhor que mantenha sua língua quieta, ou vou cortar
fora.
- Faça-o. Já que você vai me matar de todos os modos,
acabemos com isto de uma vez. - Disse Milo com voz fria e
impaciente.
- Não vou matar você - disse Samson lentamente, vendo como
Milo exalava bruscamente, experimentando um breve momento de
alívio. - Vou deixar que Thomas o faça. Ele ficaria zangado comigo se
eu o privasse disso.
Milo ficou aturdido. Por um instante, obviamente, pensou que
escaparia ileso.
- Tudo foi culpa da minha irmã. Ela estava atrás disto. Obrigou-
me a fazê-lo - queixou-se Milo. - Você já a matou. Assim já teve sua
vingança.
A porta principal se abriu e se fechou de novo.
- Devolverei todo o seu dinheiro. Tenho acesso às contas nas
Ilhas Caimã. Transferirei tudo de volta.
- Isso não será necessário - disse a voz de Thomas do
corredor, ficando à vista um instante depois. - Reverti todas as
transações. Samson, o dinheiro está a salvo em sua conta.
- Obrigado, Thomas.
- Como? - Milo pareceu confuso.
Thomas se aproximou, parando a centímetros dele.
- É possível que eu tenha me enganado a respeito de seus
sentimentos por mim, mas quando se trata de informática, você não
pode se comparar comigo. Eu reverti cada uma de suas transações.
- Thomas. - Samson se dirigiu a ele.
Pela primeira vez, Thomas o olhou diretamente nos olhos.
- Sim, Samson?
- O que quer fazer com ele?
- Eu?
- Sim, ele te traiu. Você será seu juiz. Amaury tomou conta de
Ilona. E graças à insistência de Delilah em me dar o seu sangue,
sobrevivi ao ataque dela, assim não sinto mais necessidade de
vingança. Entretanto, é possível que queira a sua.
Thomas deu a Delilah um olhar de admiração.
- Não posso imaginar a ninguém mais, digna de ser
companheira de Samson, que você. Ele é muito afortunado.
Samson apanhou o sorriso tímido formando-se ao redor dos
lábios de Delilah e lhe apertou a mão, concordando.
- Sei que o sou, e mais ainda, desde que Delilah aceitou fazer o
vínculo de sangue comigo.
De repente, todo mundo estava falando sobre isso. A emoção
no ar era evidente.
- Vê, não te disse.
- Quem poderia pensar?
- Deve-me cem dólares, Carl!
- Felicitações!
- Estou muito feliz pelos dois!
- Que cem dólares?
- Fizemos uma aposta.
- Quando é o feliz acontecimento?
- Oh, maldição, só me matem agora, antes que eu vomite. -
Gritou Milo e fez todo mundo se calar.
- Parece que alguém não compartilha de nossa alegria por sua
união, Samson. - Disse Ricky.
- Por sorte, não me importa uma merda o que Milo pensa.
Ele se conteve e olhou para Delilah.
- Sinto muito, doçura, não deveria amaldiçoar diante de ti.
Ela deu uma sonora gargalhada.
- É engraçado sabia? Acredita realmente, que uma má palavra
ou duas, podem me surpreender, depois de tudo o que passei nos
últimos dias? Se posso me casar com um vampiro, acredito que
posso fazer frente a alguns poucos palavrões.
- Ai, que linda. - Disse Milo com sarcasmo.
- Fique calado, bode! - Delilah reagiu.
A sala estalou em risadas, todos à exceção de Milo. Samson a
envolveu em seus braços e aproximou seu rosto do dela.
- Posso ver que vamos ter muita diversão na nossa vida juntos.
Ele se absteve de devorá-la justo ali, diante de seus amigos. O
que havia entre eles era privado. Logo poderia estar a sós com ela, e
seria sua para sempre. A ideia esquentava seu coração como nunca.
- Tomou uma decisão, Thomas?
Thomas assentiu e se dirigiu ao seu amante.
- Ganhou minha confiança com falsas pretensões. Traiu-me,
roubou-me e me enganou. Quase me matou, e matou a seres
humanos inocentes. E suas ações ameaçaram às pessoas que são
mais queridas para mim. Você é escória, verme. Lamento o dia em
que pus os olhos em você. O mundo seria muito melhor sem gente
como você. Mas eu não sou um assassino, e não me converterei em
um. Não é bem-vindo aqui nunca mais. Vou enviar uma mensagem a
todas as irmandades nos Estados Unidos, se alguém lhe der refúgio,
vou atrás deles e depois de você. Se alguma vez puser um pé neste
país de novo, destruirei você.
Milo parecia surpreso pelo veredicto de Thomas.
- Não vai me matar?
Thomas se dirigiu aos dois guardas.
- Acompanhem-no para fora da cidade, e assegurem-se de que
abandone o país.
Os dois guardas olharam para Samson, para sua aprovação e
ele assentiu. Alguns segundos mais tarde, eles levaram Milo para
fora da casa.
Samson pôs a mão sobre o ombro de Thomas.
- Foi uma decisão sábia. Felicito você por isso.
Thomas negou com a cabeça.
- Foi a decisão de um covarde - disse, dando a volta, com
angustia em seu rosto. - Eu não lhe mataria, porque ainda o amo.
Thomas saiu da casa, um minuto depois.
Samson entendeu sua necessidade de chorar e aceitou sua
decisão de ficar a sós. Fazer com que ficasse para celebrar a
felicidade de Samson, seria cruel.
- Ele vai ficar bem - disse Amaury uma vez que a porta se
fechou atrás de Thomas. – Temos que dar um pouco de tempo.
- Carl, que tal umas taças para celebrar a iminente união de
Samson e Delilah? - Sugeriu Ricky.
- Champagne? - Perguntou Carl.
- Sabe que não bebemos champagne, Carl. - Ricky se pôs a rir.
- Sim, mas eu não acredito que seja educado com companhia
mista, beber taças de sangue. - Carl lançou um olhar cauteloso em
direção a Delilah.
- Carl, quando diz companhia mista, significa mulheres e
homens, ou quer dizer seres humanos e vampiros? - Perguntou
Delilah e sorriu.
- Quis dizer seres humanos e vampiros.
- Traz o sangue Carl e uma taça de champagne para mim. Não
sou uma flor delicada, e não quero que me tratem como tal. Não vou
desmaiar à vista do sangue. Já não é assim de todos os modos.
Carl se endireitou.
- Ouviste a ama da casa. - Sorriu-lhe Samson.
Delilah podia se encaixar perfeitamente em sua vida.
- Sim, senhor.
CAPÍTULO 18

Quando Delilah saiu do banheiro, suas bochechas estavam


ruborizadas, e à luz de muitas velas que Samson acendeu no quarto,
brilhavam como ouro sobre sua pele. Nunca viu um espetáculo mais
formoso. Ela vestia um robe, e não levava nada por baixo, assim
como ele pediu.
Finalmente, estavam sozinhos na casa, seus amigos partiram
alguns minutos antes. Ele ficou esperando por ela na frente da
lareira, igualmente só vestido com um robe, também nu sob ele. Seu
pênis agitou violentamente ao vê-la, e ao pensar no que estavam a
ponto de fazer. Nunca imaginou como se sentiria, mas agora que
refletia, estava seguro que nunca teve nada, sequer próximo, ao
amor que sentia por ela.
- Obrigada por fazer possível que eu falasse com meu pai.
- Sempre vou fazer todo o possível para lhe fazer feliz. Custe o
que custar. - Abriu os braços.
Delilah se aproximou lenta, mas constantemente, e a envolveu
em seus braços.
- Está pronta para começar o resto de nossas vida?
- Contigo ao meu lado, estou pronta para tudo.
Sua voz era como música para seus ouvidos.
Acariciou a pálida pele de seu pescoço e sentiu pulsar a artéria
por baixo de seus dedos. Suas pálpebras piscaram.
- Doerá?
- Não sentirá nenhuma dor, só prazer. Vamos nos unir à altura
do êxtase, quando nossos corpos estiveram unidos, beberá meu
sangue e eu o seu. Vamos ser verdadeiramente um, um só corpo,
uma só alma. Sentirá tudo o que eu sinto, e vou sentir tudo o que
sente. Não haverá segredos entre nós. Quer isto?
Samson lhe dava mais uma oportunidade para mudar de
opinião, porque uma vez que fizessem o vínculo de sangue, estariam
unidos para sempre. Ele sabia o que queria. A certeza que sentia, era
embriagadora e aterradora, ao mesmo tempo. Se ela o rechaçasse
agora, romperia seu coração.
Seus olhos verdes brilhavam quando ela o olhou.
- Samson, estive sentindo coisas estranhas nos últimos dias.
Senti coisas sobre você, que não poderia saber. Como o fato de que
pintou esse quadro. - Ela inclinou a cabeça para a pintura sobre a
lareira. - Quando olho para você, vejo um menino que mostra a sua
mãe um desenho.
- Essas são minhas lembranças, doçura.
- Mas não fizemos o vínculo de sangue ainda. Como é possível?
- Os que são verdadeiramente, um para o outro, já têm esse
vínculo entre eles. É por isso que já pode me sentir, e é por isso que
eu sabia sobre o prado. Já estamos conectados. - Ele sorriu.
- Se importaria de torná-lo oficial? - Sussurrou Delilah, com
seus lábios carnudos e vermelhos.
Em câmara lenta, seus lábios desceram sobre os dele, até que
finalmente, se entrelaçaram em um beijo de amor puro.
Samson nunca beijou outra mulher como a beijava.
Capturando seus lábios contra os dele, transbordou seu coração,
enquanto invadia a caverna de sua boca com a língua. Não estava ali
para saquear, a não ser para compartilhar. As línguas se
entrelaçaram, ela oferecendo o que ele sabia que nunca poderia
tomar, sua confiança. Só ela a poderia dar.
Suas bocas se fundiram em uma entrega apaixonada, um para
o outro, nenhum deles era o conquistador, nem o conquistado.
Sócios, iguais no amor. Ambos com igual força e igual debilidade um
pelo outro, sem, e com poder ao mesmo tempo.
Imagens invadiram a mente de Samson mais uma vez, as
imagens do prado de lavanda, do sol. Ela se abriu para ele, levando-
o a um lugar de felicidade absoluta, um lugar sem nenhuma
preocupação no mundo, um lugar onde unicamente era um homem e
não uma besta.
Sem interromper o beijo, ele a levantou em seus braços e a
levou para sua cama, não, para a cama de ambos. Colocou-a sobre
os lençóis frescos e a cobriu com seu corpo. A única coisa que havia
entre eles eram seus finos robes, proporcionando uma débil barreira
para a sua paixão.
Com mãos ansiosas, Delilah tirou o próprio robe para que
pudesse sentir a pele dele na sua. Nunca em seus sonhos mais
aventureiros lhe ocorreu que poderia amar um homem totalmente
sem reservas, da maneira que ela amava Samson. Um entusiasmo
pulsava em suas veias, enquanto suas mãos tiravam o robe dele.
Finalmente a pele nua de Samson se conectou com a sua. Ela
quase sentia a faísca que criava a conexão, a emoção que percorria
seu corpo, a expectativa se criava em seu cérebro. Sua ereção
pressionada contra a sua coxa, sem pedir para entrar, ainda, mas lhe
recordando seu propósito. Tomá-la, possuí-la, mesmo assim,
compartilhar-se com ela.
Suas mãos percorriam seu corpo livremente, sem pressa, mas
com determinação. Ela devolvia as carícias com o mesmo ardor que
ele mostrava. Nem um centímetro quadrado do seu corpo, escaparia
ao seu toque. De seus dedos, de sua boca ou de sua língua.
Onde horas antes havia feridas perfuradas e abertas, a nova
pele se formou tão impecável, como o resto do seu corpo. Ela se
apertou contra ele, que entendeu e virou sobre suas costas levando-
a por cima.
Delilah se deteve a olhá-lo. Era formoso, se um homem poderia
ser chamado de formoso. Seus ombros eram largos e musculosos,
com o peito desprovido de cabelo e marcado com músculos. Seus
dedos se perdiam ao longo de seu torso. Por baixo de suas pestanas,
deu-se conta de que a olhava enquanto ela o explorava. Ela sentia
um profundo desejo nele, entretanto, não se movia, permitindo-lhe
tomar o tempo que necessitasse para sua exploração.
Pela primeira vez, fariam amor com o pleno conhecimento do
que ele era. Um vampiro.
Delilah ainda não entendia por que um homem tão assombroso
como Samson se apaixonou por ela, mas já não questionava mais. O
que via em seus olhos, dizia que seu amor era real. Samson era
dela. Seu homem. Seu vampiro. Seu companheiro.
Sua mão percorreu o vale do seu estômago para encontrar o
ninho de cachos escuros que rodeava seu pênis orgulhoso. Seus
lábios seguiram o caminho pelo qual suas mãos viajavam, até chegar
ao pênis que sabia que desejava seu tato.
Ela o sentiu inalar com força, quando seus dedos chegaram a
tocar a cabeça de suave veludo de seu pênis. Plenamente consciente
do efeito do seu tato, continuou e passou os dedos da ponta até a
base. Lentamente, muito lentamente. Ela respirou fundo e inalou o
aroma de sua excitação.
Imediatamente lambeu seus lábios, umedecendo-os.
- Quero-te, Samson. - Sussurrou antes que sua língua tocasse
a ponta de sua ereção e começasse a comprida descida para a base.
- Delilah, sou teu. - Sua voz era quase irreconhecível, profunda
e rouca.
Samson cravou as unhas nos lençóis, para deter-se de
empurrar nela. A sensação de sua língua sobre seu pênis quase
destruiu seu controle. O que fez em sua vida para merecer uma
mulher como ela? Delilah o aceitou com todo seu coração, e com
cada toque, mostrava-lhe seu amor. No momento em que o levou
para sua boca, Samson, um vampiro forte e poderoso, era frágil em
seus braços. Com certeza, vulnerável e ao seu dispor.
Ele gemeu e moveu os quadris para cima, pedindo uma
penetração mais profunda. Ela ouviu sua petição, deslizando os
lábios para baixo ao longo de seu pênis duro, até que o enterrou por
completo em seu interior. Seu calor e a umidade o envolveram,
embalando-o. No refúgio de sua boca, ele cresceu mais. Ela chupava
e lambia mais intensamente, e ele apertou a cabeça no travesseiro,
suprimindo um grito de prazer.
Samson sentiu comichão em suas presas, ávidas de seu
sangue. Como foi capaz de conter-se durante as noites que
passaram juntos? Não sabia. Senti-la da forma como a sentia agora,
dava-se conta de que nunca teve a menor oportunidade de afastar-
se dela, depois daquele primeiro beijo.
Suas presas se estenderam e um rugido saiu de seu peito.
Chamou a sua companheira.
- Delilah.
Ele sentiu sua vacilação em deixar seu pênis, mas ele a pegou
com seus braços fortes e a olhou nos olhos.
- Deixe-me entrar em você, agora.
Sua mão se aproximou para tocar seu rosto, e logo mudou,
com o dedo passando por suas presas. Ele não via medo em seus
olhos, só excitação.
Sem romper o contato visual, ela se colocou em cima dele e se
moveu para baixo, lenta e constantemente. A ponta de sua ereção
tocava seu centro úmido, e ele gemeu. Seu corpo continuou sua
descida, levando-o ao seu quente envoltório, apertando com força ao
redor dele, empurrando-o mais profundo dentro dela, até o fundo.
Por um momento não pôde mover-se, com medo de derramar-
se imediatamente. Ela parecia entendê-lo e ficou completamente
imóvel.
Samson voltou a cabeça para sua mesinha de cabeceira. A
adaga cerimonial brilhou na tênue luz das velas, enquanto a pegava
em sua mão. Os olhos de Delilah seguiam seus movimentos. Ele
levou a lâmina para seu ombro e a apertou onde seu pescoço e seu
ombro se uniam. Movendo a adaga para frente, ele cortou através de
sua pele.
Sentiu o fio de sangue instantaneamente e afastou a adaga
para o lado.
- Beba de mim.
Delilah viu o sangue sair de seu corte e desceu para seu torso.
- Amo você Delilah.
Sem duvidar, ela pôs sua boca sobre a pele aberta e bebeu. O
líquido morno passou por sua língua e sua garganta, um sabor
surpreendentemente doce. Ela apertou mais fortemente sobre seu
ombro, com vontade de mais.
Delilah sentiu seus braços apertando-a mais perto dele, seu
pênis movendo-se dentro dela, empurrando e bombeando.
Com um movimento que ela mal sentiu, ele os virou, pondo-a
debaixo dele, agora afundando seu pênis mais fundo dentro dela.
- Agora nos uniremos.
Ela escutou sua voz, imediatamente sentiu sua boca em seu
pescoço. Sua língua lambeu a pele, fazendo-a sentir um
formigamento, suas presas a morderam, rompendo a pele,
enterrando-se nela.
Não havia dor, só prazer, quando sentiu seu movimento de
sucção e sabia que o sangue do seu corpo se mudava para o ele.
Logo um profundo gemido de Samson ressonou em seu corpo.
Uma vertigem pulverizou dentro dela, como se estivesse
flutuando em uma nuvem, e tomou mais dele. O sangue percorreu
sua garganta e esquentou seu interior, cada célula despertava e fazia
formigar todo o seu corpo. Assim como a eletricidade, viajou através
de suas veias, acendendo sensações desconhecidas, acendendo um
fogo em seu interior.
Seu ventre se apertou com necessidade, querendo e aceitando
seu corpo e alma, oferecendo-se em troca. Delilah sentiu seu poder e
sua força bruta, enquanto seu pênis entrava mais profundamente
nela, enchendo-a, completando-a.
Agarrou-se a ele, pedindo mais. O corpo de Samson endureceu
ainda mais, obedecendo sua demanda e afundando seu pênis em seu
canal, já ajustado. Com cada movimento, retirava-se e empurrava
novamente. Tentava cada terminação nervosa de seu corpo e fazia
com que o fogo no seu interior, ficasse mais quente.
Não havia necessidade de falar, porque ela sentia tudo o que
ele sentia. Como necessitava seu sangue em seu interior, como seu
pênis desejava liberação, derramar-se e plantar sua semente. Seu
próprio desejo de recebê-lo, foi crescendo em cada segundo.
Delilah sentia cada célula do seu corpo queimar, levando-a a
toda velocidade para o orgasmo. Ele estava ali com ela, caindo para
a borda, enquanto seus corpos encontravam a liberação. Flutuando,
conectados, levando um ao outro.
Quando ela soltou seu ombro, sentiu-o fazer o mesmo. Um
momento depois, sua língua suavizou a área.
- Oh, Samson!
Beijou-a, virando-se e levando-a junto com ele, por cima.
- Estou aqui, doçura, eu estou aqui.
Ofegava muito. Havia sequer respirado, durante todo esse
tempo? Não recordava.
- Não me disse que seria tão incrível.
- Quanto mais profundo é o amor, mais intensa será a união. -
Samson sorriu.
Delilah roçou seus lábios nos dele.
- Eu pude sentir você.
- E eu pude sentir você também. Seu coração é puro. Sinto-me
honrado de que me tenha dado isso. - Ele revelou e a beijou com
ternura.
- Vou ficar encantada em viver aqui contigo.
- Temos que falar com Amaury amanhã, para que nos encontre
uma casa nova. Esta ficará muito pequena. - Afirmou Samson.
Muito pequena? A casa de Samson era uma grande casa
vitoriana. Seu próprio apartamento em Nova York, poderia caber
nela, pelo menos cinco vezes.
- Esta casa é suficientemente grande para nós. Somos você e
eu. Não necessitamos muito espaço.
Ela deu-se conta de um sorriso, bem tímido formando-se ao
redor de sua boca.
- Sim, mas não seremos sempre só você e eu. Para começar,
vamos necessitar de uma casa espaçosa, e logo, quando os meninos
estiverem um pouco maiores, provavelmente, todos queiram seus
próprios quartos e...
- Meninos?
- Sim, nossos filhos. Eu sei que você os quer.
- Mas me disse que não podíamos tê-los. Os vampiros não
podem ter filhos.
- Isso é certo em geral, mas há uma exceção. Quando um
vampiro macho se une com uma fêmea humana, o ritual troca seu
DNA. Uma vez que se complete o primeiro ciclo depois do vínculo de
sangue, eu posso engravidar você.
- Impossível. - Sacudiu a cabeça.
- Recorda o prefeito?
Delilah assentiu.
- Eu lhe disse que ele é um vampiro, mas isso não é toda a
verdade. É um híbrido de vampiro, um vampiro nascido de uma mãe
humana e um pai vampiro. Há poucos deles, mas existem. Têm
traços de vampiros e de humanos. Podem subsistir com sangue,
assim como com alimentação humana. Eles podem tomar sol sem
queimar-se e ter a força e a velocidade de um vampiro. Têm os
pontos fortes de ambas as espécies, e as debilidades de nenhum
deles. Nossos filhos crescerão como meninos humanos, e quando
alcançarem a maturidade, vão deter o envelhecimento como um
vampiro.
Os olhos de Delilah se encheram de lágrimas.
- Poderemos ter filhos?
- Tantos quantos você quiser. Eu amarei cada um deles.
Delilah aspirou com força.
- Por que não me disse isso antes?
Samson lhe beijou as lágrimas.
- Eu queria ter uma última surpresa. Vai ser muito difícil
surpreender você a partir de agora.
Ela riu. Estava certo. Agora já podia sentir outras coisas a
respeito dele, como se estivesse em sua cabeça.
- Então, quando vamos ter as bodas humanas que está
planejando?
Samson riu em voz alta.
- Vê o que quero dizer? Não posso ocultar nada de ti, nunca
mais. Como soube?
- Quando mencionou o prefeito, sua mente lembrou o que ele
disse no consultório do psiquiatra. Que ele queria fazer as honras.
Ele se ofereceu para realizar a cerimônia de casamento, não é?
- Se nossos filhos tiverem só a metade da sua inteligencia,
vamos ter um montão de Einstein em nossas mãos. Espero que
esteja pronta para isso.
- Estou pronta para qualquer coisa contigo. - Sorriu e o beijou.
- Qualquer coisa? Me ocorre um par de coisas... - Seu sorriso
malicioso, junto com a ereção pressionando contra ela, deixou
poucas dúvidas de suas intenções.
- Só uma ou duas coisas? - Delilah zombou dele. - Acredita que
seja suficiente?
- Contigo, nunca.
Entretanto, para esta noite, uma ou duas coisas, seria um bom
começo.

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