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01 - A Amada Mortal de Samson
01 - A Amada Mortal de Samson
LIVRO UM
TINA FOLSON
Envio: Soryu
Tradução: Chayra Moom
Revisão Inicial: Chayra Moom
Revisão Final: Elena W. e Virginia
Leitura Final: Alcimar Silva
Formatação: Chayra Moom e Alcimar Silva
SOBRE A SÉRIE
Resumo
Alcimar Silva:
Meu Deus! Que livro é esse! Meninas vocês vão amar. Uma
história maravilhosa de um vampiro cujo objetivo era usar uma
mulher para “fins medicinais”, mas que no decorrer da trama
percebe que essa estratégia o levou ao seu verdadeiro amor.
A autora nos brinda com um romance maravilhoso em que não
deixamos de nos divertir com essa ideia chocante de ter um mocinho
que, digamos assim, tem o seu “material hidraulico avariado”. Das
peripécias de sanar esta situação ao romance quentíssimo que
leremos a seguir, muita água, ops, sangue vai rolar por debaixo
dessa ponte.
Divertidíssimo, quentíssimo, romanticissimo (se é que essa
palavra existe), eu garanto que esse livro vai conquistar a todos que
o lerem. E é claro, não poderia deixar de exaltar o maravilhoso
trabalho das nossas queridas: Soryu, Chayra Moom, Elena W e
Virginia que traduziram e revizaram maravilhosamente este livro.
Parabéns Pégasus Lançamentos por nos brindar com mais uma
série que, com certeza, todo o Grupo vai amar. Preparem-se para
suar muito, pois está série promete noites de quentura.
Beijos e até a próxima.
AGRADECIMENTOS
- Deixe-me te chupar.
A mulher vampiro puxou as calças de Samson. Liberou o seu
flácido membro da prisão de seus jeans e o sugou em sua preciosa
boca. Ele observou seus lábios vermelhos se fecharem fortemente ao
redor de seu membro, enquanto o sugava freneticamente, movendo-
o para cima e para baixo, na cálida umidade de sua boca lubrificada.
Com a mão massageava suas bolas, apertando-as em ritmo
perfeito com a sua sucção. Era talentosa, sem dúvida. Ele enterrou
as mãos em seu cabelo e moveu os quadris para trás e para frente,
tratando de aumentar a fricção.
- Mais forte. - Ele exclamou. Seu pedido foi acolhido com
entusiasmo e o quarto pouco iluminado se encheu com os sons
provenientes de sua boca.
Samson deixou que seu olhar contemplasse todo o seu corpo
com pouca roupa, suas curvas quentes, seu traseiro grandioso,
inclusive um rosto bonito. Tudo o que ele desejaria em uma parceira
sexual.
Ansiosa por continuar chupando-o, ela estaria provavelmente
disposta a engolir o seu sêmen, algo que ele particularmente
apreciava. Mas apesar de sentir sua língua tentadora movendo-se
para cima e para baixo sobre seu pênis e apesar do intenso
movimento, não houve ereção. Sua paciência havia sido inútil. Ela
não conseguiu nada.
Ela balançava a cabeça para trás e para frente, seu comprido
cabelo castanho roçava sobre sua pele nua chegando até seu pelo
púbico, mas seu corpo estava distraído, quase como se ela estivesse
chupando a outra pessoa.
Finalmente Samson a rechaçou, humilhado e frustrado. Se os
vampiros pudessem ruborizar de vergonha, seu rosto se tornaria tão
vermelho como os lábios pintados da mulher. Por sorte, o ruborizar
estava reservado só para os humanos.
À velocidade de um raio, ele colocou seu membro inútil
novamente em sua calça e subiu o fecho. Ainda mais rápido, ele
fugiu de sua companhia. Sua única esperança era que ela nunca
soubesse quem ele era. Menos mal que estivesse em uma cidade
estranha e não de volta à São Francisco, onde ele era conhecido
como um garanhão.
1
Despesa decorrente do desgaste dos ativos imobilizados (máquinas, móveis, imóveis) da empresa. A
depreciação do ativo diretamente empregado na produção é tida como custo, já os indiretos são
depreciações contabilizadas como despesa.
Delilah estava cansada e sabia que necessitava de um bom
descanso, mas também sentia medo de ir para cama. Alguns de seus
antigos pesadelos retornaram e se mesclavam com outros novos. Ela
não teve nenhum em alguns meses, mas quando chegou a São
Francisco há alguns dias, seus pesadelos começaram a reaparecer.
Eram, normalmente, sempre os mesmos. A velha granja
francesa em que viveu há mais de vinte anos, quando seu pai estava
em uma missão de dois anos no estrangeiro como professor
visitante.
Os campos de lavanda que rodeavam a propriedade. O berço, o
silêncio e logo os rostos de seus pais. As lágrimas no rosto de sua
mãe. A dor.
Mas desta vez os sonhos se mesclaram com outros ainda mais
incompreensíveis.
2
NT. Tamanho do sutiã
Na última vez que seus amigos o surpreenderam com uma
stripper, Oficial Indecente, a mesma tentou lhe revistar nu, o que
não causou nenhum efeito nele.
Nem sequer a tentação de um pouco de sadomasoquismo
conseguiu fazer o seu membro levantar do seu sono mortal. O que
fez Ricky pensar que uma prostituta em apuros poderia ser melhor?
Parecia suficientemente bonita, quase inocente. Pelo menos
continuaria com a brincadeira por alguns minutos, para ver se algo
ocorria. Claro, sem ter muitas esperanças.
- O que aconteceu? - Ele perguntou.
Ela cheirava como um cão molhado e algo mais, mas não
conseguia saber o que era.
- Um tipo me atacou - deteve-se para recuperar o fôlego, e
prosseguiu. - Tenho que chamar a polícia.
Ela estremeceu e soou acreditável. Obviamente a mulher teve
algumas aulas de interpretação.
Um bonito detalhe.
- Bom, por que não entra para se aquecer e nos desfazemos de
sua roupa molhada? - Essa certamente era a ideia que a stripper
teria em mente. Que melhor razão para tirá-la do que ter a roupa
molhada? Não lhe importaria esquentá-la com seu corpo.
Ela imediatamente franziu o cenho.
- Só uma ligação, por favor, eu posso me trocar em casa,
obrigada. - Sua voz se entrecortou como se estivesse irritada.
Ah, então queria jogar de tímida. Para ele estava bem.
Acompanhou-a para a sala de estar, onde ardia um pequeno fogo na
lareira. Ela parou na frente da lareira e esticou as mãos para o calor.
Sua roupa molhada se agarrava ao seu corpo, enfatizando as curvas
tentadoras. As proporções eram perfeitas. Não era muito magra,
tinha suficiente carne para que ele tivesse algo para agarrar. Pelo
menos Ricky escolheu alguém que fisicamente gostava. Era um bom
começo.
- Vai ter um resfriado com essa roupa molhada. - Ele sussurrou
atrás dela.
Seus ombros levantaram, com evidente tensão. Ela,
obviamente, não o sentiu aproximar-se. O que aconteceu com sua
atuação? À medida que tocou em seus ombros, ela gritou e se virou.
Ele reconheceu o seu olhar, era uma mescla de ira e medo.
- Tenho que ir. - Ela disse.
Agora estava ficando interessante. Ela estava se fazendo de
difícil. Ricky tinha razão, ela era boa. Talvez pudesse lhe colocar
duro, só talvez. Ele desfrutava de uma boa caçada como qualquer
vampiro. Não caçava fazia muito tempo. Todas as mulheres se
entregavam completamente em uma bandeja de prata e embora
muitas delas tivessem sido muito tentadoras, nenhuma o tentou o
suficiente para enrijecer.
- Não tão rápido, eu acredito que está se esquecendo do por
que está aqui. Vejamos o que tem para oferecer. - Fez-lhe saber que
ele estava disposto a seguir com o jogo. Só pelo prazer de fazê-lo.
A garota lançou outro olhar assustado e se dirigiu para a porta.
Samson foi mais rápido e cortou sua rota de fuga. Agora sim, ele
estava desfrutando. De fato, não teve tanta diversão em muito
tempo. O que fosse que Ricky lhe estivesse pagando, ela valia cada
dólar.
Ela respirava com dificuldade, parecendo estar assustada. Ele
quase cheirava seu medo. Era exatamente como gostava de suas
presas. Ele agarrarou seus ombros para aproximá-la. Sem se
importar que suas roupas molhadas arruinassem sua calça e suéter.
- Não, deixe-me ir! - Sua súplica desesperada ecoou na casa
imensa.
- Você não quer ir. - Ele se inundou de seu aroma. Sim, a cão
molhado, mas também a algo mais, algo diferente. Estava usando
um perfume exótico esta pequena raposa vampira? Cheirava
deliciosa e tentadora. Um leve aroma de lavanda chegou ao seu
nariz.
A mulher olhou-o aterrorizada, enquanto lutava para escapar
do seu controle.
- Estou seguro que Ricky te pagou o suficiente, e se não for
suficiente, darei a você uma generosa gorjeta. - Dinheiro não era
problema. De fato, se conseguisse fazer algo por ele, seria mais que
generoso.
- Pagou-me? - Sua voz era um grito, seu pânico foi acentuado
por seus olhos arregalados. Lindos olhos da cor verde, brilhando com
centenas de diferentes facetas.
Será que o descarado não pagou ainda? Bom, ele poderia
ocupar-se disso depois, mas por agora queria algo mais. Uma prova
desses lábios carnudos e de sua delicada língua.
Havia algo nela que despertou seu interesse. Samson baixou a
cabeça e apertou seus lábios contra os dela. Ela tentou soltar-se,
mas no melhor dos casos, seu intento foi débil e inútil. Ele sabia que
as vampiras eram quase tão forte quanto os machos, mas a
espécime em seus braços, obviamente, decidiu não usar a força
contra ele.
Seus lábios eram suaves, deliciosamente suaves. Samson
deslizou sua mão por trás de seu pescoço para mantê-la em seu
lugar, enquanto usava sua língua para incitar sua boca a abrir-se.
Queria saboreá-la, sentir sua língua, mas ela manteve seus lábios
firmemente apertados, aparentemente disposta a não se render tão
cedo.
A mulher seguia lutando, querendo escapar. Não importava. De
fato, quanto mais resistia, mais se dava conta que o corpo dela
roçava o seu e fazia que a desejasse mais. Ele continuou assaltando
seus lábios, varrendo-os com sua língua úmida. Apertou-a com mais
força contra ele, deslizando sua outra mão pelas costas para apertar
seu pequeno e lindo traseiro. Em lugar da roupa molhada, sentiu o
calor do seu corpo.
Os seios esmagados contra seu peito e o rápido batimento do
seu coração se sentia através do seu corpo. Ele desfrutava da sua
incomum suavidade.
Logo notou algo mais. Sentiu que reagia a ela. O sangue
repentinamente bombeou para seu pênis. Sua calça apertou. Mas
não se queixaria.
Samson lançou um gemido de prazer, ao sentir seu pênis
endurecido, pressionando seu estômago. Certamente ela o sentiu
também. Ele não sentia uma ereção fazia muito tempo, e ao dar-se
conta que seu velho corpo ainda funcionava, foi um presente de
aniversário que não esperava. Com a mão em seu traseiro,
aproximou-a mais do seu corpo e apertou o seu pênis contra ela, lhe
fazendo saber que ela obteve o impossível.
Ele a recompensaria abundantemente por isso. Por que seu
psiquiatra não pensou nisto? Tudo o que precisava era uma mulher
que fingisse que não o queria e seus instintos de caça aflorariam.
Psicologia inversa era tudo o que necessitava. Teria que
despedir Drake. Em todos estes meses, o charlatão não teve uma só
ideia que fosse útil.
De repente, seus lábios se abriram, e ele não duvidou em
introduzir sua língua com avidez.
Oh Deus, sim!
Sua boca, seu sabor, tudo era tão diferente do que provou
antes. Introduziu a língua profundamente, procurando a dela. Não
era o que ele esperava. Seu corpo esticou enquanto explorava sua
deliciosa boca e jogava com sua língua indecisa, provocando-a para
que lhe desse mais. Ele foi mais profundo. Oh Deus, ela era deliciosa.
Com a mão em seu pescoço acariciou com entusiasmo,
enquanto sua outra mão em seu redondo traseiro, não deixava de
acariciá-la e a pressionava fortemente contra ele. Seu pênis estava
duro como uma pedra e preparado para entrar em ação.
Samson não recordava ter uma ereção deste tipo, pelo menos
não nos últimos cento e cinquenta anos.
Não havia maneira de que ele a deixasse ir, antes que a
agarrasse fortemente. Queria inundar-se dentro dela pelo tempo que
pudesse, e encontrar nela o prazer que não desfrutava nos últimos
nove meses.
Samson ingeriu mais de seu sabor, aspirou mais de seu aroma
e de repente, assustou-se.
Maldição, que diabos estava fazendo?
Merda!
Ele não estava beijando a uma vampira. Ela era humana! Seus
amigos o estavam matando. Enviaram uma stripper humana! Eles
pelo menos deveriam tê-lo advertido. Ele poderia causar algum dano
se não tomasse cuidado. Se perdesse o controle, poderia mordê-la e
beber todo o seu sangue, esses idiotas!
E logo sentiu uma aguda e inesperada dor no pé.
Imediatamente a soltou e franziu a testa, saltando em um pé, em o
intento de aliviar a dor. Com todas as suas forças, ela havia
arremetido com o salto alto do sapato de desenho italiano.
Que caralho?
O que aconteceu com ela? Ela correspondeu e devolveu o beijo.
Não havia nenhuma razão para seu arrebatamento repentino. E,
além disso, Ricky havia dito que fazia extras.
Enquanto ele a olhava com incredulidade, ela o olhava com
fúria, e como se isso não fosse suficiente, ela lhe deu uma bofetada
no rosto.
Bam!
Risadas afogadas nas suas costas o fizeram voltar-se
rapidamente. Ali estavam todos os seus amigos, vendo-o ser
golpeado por uma mulher. Isto ficaria escrito nos livros da história. A
noite em que uma humana esbofeteou Samson. Que outra coisa
estava prevista para sua humilhação?
- Que demônios está fazendo, Samson? - Perguntou Ricky.
- O que te parece que estou fazendo? Estou me divertindo com
a stripper que você conseguiu para meu aniversário.
Desde quando era Ricky correto e formal? Depois de tudo, esta
era sua estúpida ideia.
- Stripper? - Gritou a mulher. - Não sou uma stripper!
Ricky negou com a cabeça, e os meninos atrás dele não
puderam reprimir os estúpidos sorrisos como se fosse um grupo de
jovens universitários e não vampiros adultos.
- Está cego, homem? Esta é a stripper.
Ricky virou a cabeça para a mulher com o uniforme de
enfermeira curto e liga, que estava entre seus amigos. Os olhos de
Samson comparavam a stripper com a mulher em perigo.
Finalmente, posaram sobre Ricky. A verdade estava escrita na cara
surpreendida do vampiro ruivo.
- Essa - disse Ricky e assinalou a mulher furiosa junto a
Samson. - É uma mulher seriamente zangada, a qual você deve uma
grande desculpa. Eu começaria neste momento.
Esse era um bom conselho. Samson se envergonhou.
- Feliz aniversário. - Disse Amaury, um de seus mais velhos
amigos.
Se ele estava tentando suavizar a situação, teria que fazer
muito melhor, porque com certeza não estava funcionando.
- E felicitações - acrescentou Thomas sorrindo, mas não estava
lhe felicitando por seu aniversário. Seus olhos estavam fixos na
virilha de Samson. Nada escapava dos olhos penetrantes de Thomas,
nunca, sobretudo quando se tratava de um corpo masculino.
Samson entendeu imediatamente, mas isso não fez a situação
mais cômoda. Eventualmente ele teria que enfrentar a mulher que
beijou com tanta paixão, o que era algo incômodo de fazer.
Principalmente com a furiosa ereção avultando suas calças. Uma
ereção que não queria baixar, enquanto tivesse o sabor da mulher
em sua língua.
Ela passou junto a ele para sair da sala.
Ele não a deixaria ir. Devia-lhe mais que desculpas. Ela o
curou, enquanto seu psiquiatra não foi capaz de resolver, inclusive
depois de muitos meses de sessões semanais. Ele precisava fazer
algo, qualquer coisa.
- Senhorita.
Ela seguiu caminhando como se não o tivesse escutado. Os
meninos se afastaram para deixá-la passar.
- Por favor. Sinto muito, eu não sabia. Pensei que fosse a...
sinto muito. Deve pensar que sou um selvagem. Por favor, senhorita,
me permita oferecer alguma roupa seca, algo para se aquecer. Vou
mandar o meu motorista levá-la para sua casa. - Disse tentando
persuadi-la.
Ela se deteve e vacilou na porta.
- Por favor.
Não importava que seus amigos estivessem vendo-o rogar.
Encarregar-se-ia deles mais tarde. Curiosamente tudo o que queria
agora era que ela não estivesse zangada com ele.
Não entendia por que se importava, depois de tudo, era só
uma humana. Finalmente, os ombros dela pareceram cair, liberando
a tensão.
Delilah se voltou e o olhou. Ela sabia que ainda estava
chovendo lá fora, e a ideia de roupa seca e que alguém a levasse
para casa era tentadora, sobretudo porque não estava muito segura
se encontraria o caminho de volta ao apartamento.
Além disso, o valentão ainda poderia estar em algum lugar ali
fora, à espreita, e então não estaria melhor que antes. Agora que ele
a olhava com seus olhos de cachorrinho, parecia quente e amável.
Não parecia assim minutos antes. Sentiu-se como se fosse sua
presa. Parecia um caçador. Seus beijos foram experientes, famintos,
quentes e por desgraça, exatamente como ela gostava, por isso não
foi capaz de resistir e finalmente respondeu a ele.
Delilah sentiu seu corpo pressionado contra o dela e suas mãos
tocando-a intimamente. Ele a fez estremecer. Supôs que era
simplesmente um reflexo que seu corpo produziu, mas no fundo
sabia que nenhum reflexo no mundo poderia fazer com que se
abrisse para um homem que a atacasse, a menos que ela o
desejasse.
Durante os beijos, sentiu chamas de fogo estendendo-se
através dela como se seu sangue começasse a ferver. Ninguém
nunca a beijou assim. Nenhum dos rapazes com quem ela havia
saído chegaram sequer perto de fazer com que seu corpo derretesse
como ele fez com seu tato.
Mas isto não estava bem. Acabava de atacá-la como uma fera,
porque pensava que era uma stripper. Não havia duvida em sua
mente quanto às intenções dele. Sua ereção era uma prova positiva
de que se ela não o tivesse detido, ele a teria possuído ali, na sala de
estar. Não era sua ideia de romance, não importa por quanto tempo
ela não teve sexo.
Ela olhou para a mulher em uniforme de enfermeira.
Asqueroso! Seus seios pareciam falsos, igual a quase todo o
resto dela. Parecia barata, e Delilah estava segura de que a mulher
não só era uma stripper, mas, provavelmente, também uma
prostituta. Só imaginava uma razão para que tivessem contratado a
prostituta: sexo.
Então tinha amigos loucos, que lhe deram um presente de
aniversário mais louco ainda. Por desgraça, desembrulhou o presente
errado. Poderia realmente ser confundida com uma stripper tão
facilmente, ou ele necessitava óculos?
Delilah se olhou e nesse momento se deu conta que sua blusa
branca estava completamente empapada fazendo-a transparente, e
sua última aquisição da Vitória Secret, brilhou. Ela secretamente
amaldiçoou seu amor por roupa intima preta. Não é de estranhar que
ele tivesse pensado que ela era uma stripper. Talvez tudo isto fosse
muito mais inocente do que ela inicialmente pensou.
- Roupa seca, você disse? - Ela finalmente perguntou.
Apesar do calor na casa, sentia frio e sabia que seus mamilos
estavam incomodamente duros, quase com dor.
Ele mostrou um sorriso suave e concordou.
- Posso conseguir um suéter e alguma calça esportiva. Pode se
secar no banheiro. Volto em um momento.
Ele parecia quase como um menino agora.
Ela o seguiu com o olhar enquanto ele subia a escada, com
pernas fortes que subiam os degraus de dois em dois, seu traseiro
apetitoso movendo-se dentro do tecido. Todo músculo e nada de
gordura.
- Sou Ricky - disse-lhe um de seus amigos, apresentando-se. -
Sinto muito, acredito que tudo isto foi por minha culpa. Disse ao
Samson que esperasse por uma stripper. Ele é normalmente um
verdadeiro cavalheiro. Por favor, não tome eh... o que aconteceu
contra ele.
Era alto e de aparência agradável, com um rosto de menino
cheio de sardas e uma cabeleira avermelhada. Ela detectou um
pouco de sotaque ao falar. Talvez irlandês?
- Certamente - outro amigo interrompeu. - Sou Amaury.
Parece amore? Como amor em italiano?
Um nome muito estranho para um homem. Ele estendeu a
mão. Ela hesitou, mas não a negou, todavia. Seu aperto de mão foi
firme.
- Esteve sob muito estresse ultimamente. Por favor, perdoe-o.
- Pediu Amaury.
Era um tipo grande e corpulento, com o cabelo escuro que
chegava até os ombros. Mas não era um hippie. O cabelo parecia
bem cuidado e o comprimento sugeria que não era desta época.
Parecia que pertencia a um filme de época, montando um cavalo
para salvar a sua dama favorita. Seus olhos azuis eram penetrantes.
Seu sorriso cativante, estendia-se pelos lábios dando luz a todo o seu
rosto.
Cada um dos amigos, pediram desculpas por Samson.
Pareciam muito unidos. Um homem com amigos decentes como eles,
não seria de todo mau. É obvio, Charles Manson3 provavelmente
também teve amigos em algum momento, e isso não o fazia ser um
bom sujeito. O mesmo acontecia com Jack o Estripador. O Assassino
do Zodíaco, veio à sua mente também. E sua imaginação disparava
de novo.
- Ele é realmente um grande sujeito. - Assegurou um deles se
aproximando. - Thomas. Encantado em lhe conhecer, madame.
Madame? Vá! Isso sim que era formal.
Seu caloroso sorriso estava absolutamente em contraste com o
traje, Thomas andava vestido completamente em couro, com um
casaco de motociclista sob o braço.
Um quarto homem estava no fundo. Parecia um pouco tímido e
se limitou a acenar. Estava vestido com um traje de motociclista
igual ao de Thomas.
- Ele é o Milo - Thomas o apresentou e pôs o braço
possessivamente ao redor de seus ombros.
A presença de um par de rapazes gay, a fez sentir-se um
pouco mais segura. Que tão mal poderiam estar as coisas, se havia
um casal de homossexuais na sala? Pelo menos ela teve a sensação
de que haveria dois tipos que não a seduziriam e que potencialmente
a protegeriam.
- Prazer em conhecê-lo Milo. Sou Delilah.
3
É conhecido como o fundador, mentor intelectual e líder de um grupo que cometeu vários
assassinatos, entre eles o da atriz Sharon Tate, esposa do diretor de cinema Roman Polanski. Condenado
a prisão perpetua cumpre pena desde 10 de Agosto de 1969 (43 anos).
Ela trocou de pé para aproximar-se. Sentia-se inibida pelo fato
de que os homens pudessem ver seu sutiã. Procurou um lugar
seguro para fixar seu olhar.
- Delilah? Igual a Samson e Delilah? - Perguntou Ricky com um
sorriso no rosto.
Os rapazes riram entre dentes. Ela viu como Amaury
acotovelava Ricky nas costelas, aparentemente tentando calá-lo.
- Sim, é Delilah. - Como havia chamado um dos rapazes ao seu
resgatador depois de que ela lhe deu uma bofetada? Teria escutado o
nome corretamente? Poderia seu nome ser realmente Samson?
- Esse é um nome bonito. - O elogio de Amaury soou como se
ele quisesse preencher o silêncio incômodo com algo, qualquer coisa.
- Samson, aí está você. - Thomas disse de repente, olhando
para a escada.
Delilah levantou o olhar e viu Samson descendo. Não conseguia
desviar o olhar.
Ela não deveria estar olhando idiotizadamente, mas não podia
evitar, inclusive se sua vida dependesse disso. Era alto, media mais
de 1,90cm, e fazia uma figura muito impressionante em sua calça
preta e o apertado suéter cinza, de gola alta. Seu quadril era magro,
seus ombros largos, e parecia que não era alheio a uma ginástica.
Seu cabelo preto era mais comprido do que estava na moda
atualmente, dando-lhe beleza atemporal. Seus olhos cor de avelã
demandavam sua completa atenção.
Ele deslizou pela escada como se fosse o dono do mundo,
irradiando um sentimento de confiança, com mais intensidade que
qualquer pessoa que ela conhecesse. Com cada passo, ela se sentia
mais atraída por ele, quanto mais se aproximava era menos capaz de
resistir aos seus encantos. Entretanto, ele estava silencioso, não
falando uma só palavra enquanto se aproximava.
Samson. O nome lhe caia bem. Este homem mortalmente sexy
a beijou? O que ela estava pensando ao estapeá-lo? Estava perdendo
a cabeça? Obviamente. Não havia outra explicação. Sabia
perfeitamente o que seus lábios podiam fazer com ela, o que essas
mãos despertavam.
Tão somente recordar essas fortes pernas pressionadas contra
ela, fez a temperatura do seu corpo subir vários graus. Alguns
segundos mais e teria uma febre que requereria atenção médica, ou
a atenção dele. Preferivelmente a atenção de Samson, já que um
médico provavelmente não ajudaria com o que estava sentindo, um
severo ataque de luxúria.
Ele deteve-se justo na frente dela, seus olhares se
encontraram. Delilah se deu conta de que esteve olhando-o por todo
o tempo que levou para descer a escada. Estava segura de que
percebeu como o examinava.
Incapaz de desviar os olhos, inalou seu aroma puramente
masculino.
Ele entregou a roupa. Sua mão acidentalmente tocou a dele e
quando o fez, criou uma faísca de eletricidade.
- Há um banheiro de visitas no final do corredor. Toalhas
limpas estão no armário. - Disse com voz suave e gentil.
- Obrigada. - Delilah sentiu sua voz tremer. Provavelmente
fazendo-a soar como uma adolescente apaixonada.
Enquanto caminhava pelo corredor até encontrar o banheiro,
escutou os homens sussurrando, mas não entendia o que diziam.
Olhou para trás antes de entrar no banheiro e viu Samson olhando-a.
Esses olhos cor de avelã seguiam cada um de seus movimentos.
Samson se voltou para seus amigos quando a viu fechar a
porta.
– Vocês, às vezes são uns idiotas, não sei por que continuo
saindo com vocês. - Samson acusou.
Logo pegou seu telefone celular da mesa e usou a discagem
rápida.
- É porque você não tem outros amigos. – Thomas como
sempre, mencionou o óbvio.
Sua chamada foi respondida imediatamente.
- Carl, por favor, traga o carro em quinze minutos.
- Certo, senhor.
- Obrigado. - Terminou a chamada e retornou ao grupo.
- Assim parece que as coisas estão melhorando - comentou
Thomas deliberadamente, com um sorriso de orelha a orelha.
- Ela é humana, idiotas! - Amaldiçoou Samson entre dentes,
mas suficientemente forte para que o grupo escutasse.
A mais quente que eu já toquei.
- Bom, nós não a mandamos aqui. - Ricky elevou os braços em
defesa. - Assim, quem é ela?
- Como diabos eu vou saber? Ela quase quebrou minha porta,
pedindo ajuda.
- Posso fazer isso, se isso for o que te acende. - Disse a
stripper.
Samson duvidou da sua afirmação e a ignorou.
- Bom, todo mundo para a cozinha, e me deixem a sós com ela
alguns minutos.
- Comigo? - Ronronou a stripper.
De maneira nenhuma. Samson franziu o cenho.
- Não, com a mulher humana, maldição.
- Ok, Ok. - Disseram os outros.
Olhou-os enquanto desapareciam através da sala de jantar
para a cozinha, na parte traseira da casa. A mão de Amaury já se
encontrava sobre o traseiro da stripper. Samson negou com a
cabeça. Seu amigo não conhecia uma mulher que não gostasse.
Se deixasse os meninos sozinhos por muito tempo,
provavelmente eles beberiam tudo o que havia na casa. Podia ver
suas reservas de sangue diminuindo a cada minuto.
Samson foi ao balcão do bar e serviu duas taças de brandy.
Acostumou-se ao sabor do brandy e gostava da sensação de calidez
que causava em seu peito quando tomava. Além disso, passaria
através de seu sistema sem efeito algum. Ser capaz de tomar
bebidas humanas era muito útil quando ele se reunia com humanos
em festas sociais.
Os vampiros se mesclavam livremente com seus homólogos
humanos, que não sabiam que eles eram diferentes. Algumas
pessoas eram consideradas simplesmente mais excêntricas que
outras. São Francisco era o lugar perfeito para sua espécie.
Virtualmente todo mundo era um pouco estranho, e ninguém se
importava nem um pouco.
A classe alta dos vampiros em São Francisco funcionava de
igual maneira como a sociedade de classe alta dos humanos na
cidade. Havia bailes, temporadas de ópera, sinfônica, inaugurações
de galerias, espetáculos de balet, recitais e estreias de peças de
teatro. Onde todo aquele que dizia ser alguém, queria ser visto.
Esta noite Samson tinha algo a celebrar. Seu sistema hidráulico
voltou a trabalhar de novo, de fato, inclusive melhor que antes. Seu
pênis esteve tão duro como um granito quando pressionou seu corpo
contra o dela e a beijou. Como isso aconteceu? Ele não sabia e não
se importava, o mais importante era que estava de volta. Maldição,
sentia-se bem!
Samson se virou para a porta, quando ouviu seus passos. Ela
vestia uma de suas camisetas e calças esportivas. Ambas eram
muito grandes para ela, mas ela dobrou várias vezes as mangas para
que servissem. Demônios, ela estava linda. Havia secado o cabelo
comprido e escuro com uma toalha.
- Por favor, entre, sente-se aqui. Venha aquecer-se. - Convidou
Samson.
Ela entrou na sala, seus movimentos eram vacilantes, seus
olhos claramente observando-o, para determinar se era seguro
aproximar-se.
- Obrigada.
- Brandy? - Ele perguntou.
Entregou-lhe uma das taças que havia servido anteriormente.
Ela esticou a mão. Samson roçou seus dedos com os dela quando
entregou a taça. Com frio, ela se sentou no sofá mais próximo ao
fogo e tomou um gole.
- Peço-lhe desculpas, eu não me apresentei ainda. Sou Samson
Woodford.
Ela o olhou e ele se deu conta de que estava ainda em pé.
Sentou-se em frente a ela para ficar na altura de seus olhos.
- Delilah, Delilah Sheridan.
Delilah? Um nome bonito para uma mulher formosa. Uma
formosa mulher humana. Fora do limite.
Seria sua ruína, igual a bíblica Delilah que foi a causa da queda
do seu xará? Entretanto, era uma boa razão para não tocá-la de
novo.
- Devo pedir desculpas. Fui grosseiro e é indesculpável.
Indesculpável, sim, entretanto, excitante. Queria voltar a sentir
o calor, a excitação, o seu corpo. Inclusive agora, vestida com
roupas sem forma, vários números maiores que o dela, parecia mais
tentadora que qualquer mulher vampiro na qual tivesse posto seus
olhos. Seu aroma tentava os seus sentidos, ameaçando dominar
suas boas maneiras, uma vez mais.
- Foi um mal-entendido. Seus amigos já me explicaram isso.
Começou a ficar acalorada. Suas bochechas ruborizaram-se,
provavelmente pelo calor do fogo e o brandy que estava bebendo. Se
ele pudesse lamber as gotas de brandy de seus lábios, talvez seu
corpo se apaziguasse.
- Como está seu pé? Sinto muito se o machuquei. - Ela
perguntou.
- Ficará bem. Não se preocupe.
Se o beijasse ficaria muito melhor.
- Obrigada por me ajudar.
- Não precisa agradecer. Uma vez mais, estou verdadeiramente
arrependido por ter atuado como um completo idiota.
Samson passou a mão no cabelo. Ele reconheceu o próprio
gesto, indicava nervosismo, quando não havia razão nenhuma para
sentir uma emoção tão estranha.
- Onde estão seus amigos? - Ela perguntou.
Teria medo de ficar sozinha com ele? Obviamente ele a
assustou. Não podia culpá-la. Estar a sós com o homem que a
atacou, beijando-a apaixonadamente enquanto esfregava sua
ereção, não seria uma situação que lhe inspirasse confiança. Sentia
seu pênis se movendo novamente, endurecendo por ela. Samson se
moveu na cadeira e cruzou as pernas.
- Enviei-os à cozinha para começar a festa. Eu te asseguro que
escutarão se sentir a necessidade de pedir ajuda. Não há nenhum
entre eles que não viria correndo para ajudar a uma mulher que
necessite amparo.
- Oh.
Sua cara de surpresa deu o que pensar a ele, igual ao rubor
repentino em suas bochechas. Talvez ela não se sentisse ameaçada
depois de tudo.
- Sinto muito, por interromper sua festa de aniversário. Melhor
ir embora.
Fazendo um movimento para levantar-se, ele a deteve.
- Eu chamei o meu motorista. Estará aqui em poucos minutos
para te levar para casa.
Delilah fez um débil movimento para rechaçar a sua oferta.
- Isso não é necessário. Eu posso chamar um táxi.
- Por favor, me permita. É o mínimo que posso fazer depois de
tudo o que fiz você passar.
- Obrigada! - disse ela, oferecendo um belo sorriso. - Isso é
muito generoso da sua parte.
- Diga-me o que aconteceu lá fora. - Virando a cabeça para a
janela, olhando a escuridão.
Ela engoliu a saliva, e respondeu:
- Um tipo me seguiu em um beco. Corri, escorreguei e ele me
agarrou. Consegui me soltar e correr novamente e ele voltou a me
seguir. Já estava muito perto de mim quando você abriu a porta.
Deu um suspiro, e voltou a viver seu calvário enquanto falava.
- Está segura de que não estava somente ajudando quando
caiu?
Ela negou com a cabeça.
- Estou segura. Vi seu rosto, ele não era amigável. Estava me
perseguindo.
Ela reagiu exageradamente? Talvez todo o incidente tenha sido
totalmente inocente. As mulheres às vezes veem as coisas de um
forma diferente da realidade.
- Você pode descrevê-lo? - Ele perguntou.
- Só o vi por alguns instante, mas era grande, branco, talvez
uns quarenta anos. Uma cicatriz na bochecha.
- Acredita que o reconheceria se o visse novamente?
Ela assentiu com confiança.
- Definitivamente sim.
Uma mecha de cabelo úmido estava agarrado na sua bochecha,
e ele teve que usar todo o controle de sua vontade para não
aproximar-se e tirá-lo. Não queria se permitir qualquer outro avanço
físico, nem sequer a tenra carícia que ansiava lhe fazer nesse
momento.
A ternura não era algo pelo qual os vampiros eram conhecidos,
muito menos Samson. Luxúria, paixão, sim, mas ternura? Era melhor
que não saboreasse este estranho sentimento.
Ouviu a porta se abrindo. Carl tinha a chave da casa, assim
como os seus amigos, à exceção de Milo. Poucos segundos depois,
Carl apareceu na porta da sala de estar.
- Senhor, desculpe a interrupção, o carro está preparado
quando o necessitar.
Eles levantaram de suas cadeiras e Samson lamentou não ter
dito a Carl que demorasse mais tempo.
Gostava da companhia da mulher e ficaria encantado em
desfrutá-la por um pouco mais de tempo. Desfrutar dela? Que
demônios ele estava pensando? Era melhor que ela se fosse agora,
antes que ele fizesse algo realmente estúpido. Terminaria aqui e
agora.
- Vou pegar a minha roupa. Deixei-a no banheiro.
- Não se preocupe, eu farei que lhe entreguem isso amanhã
depois de ter sido lavada e passada.
Manter a sua roupa por um pouco mais de tempo lhe permitiria
aspirar uma vez mais seu aroma.
- Mas, isso não é...
- Necessário? - Interrompeu-a e sorriu. - Por favor, permita-
me.
Sem dúvida não era necessário, mas seu sorriso era tão
encantador que Delilah não pode recusar.
Parecia que ele queria recompensá-la de alguma maneira.
- Carl, por favor, leve a senhorita Sheridan até sua casa -
indicou Samson a seu condutor. - Ela fornecerá o endereço. E
assegure-se de escoltá-la até a entrada e esperar até que ela esteja
segura lá dentro. Não quero que lhe aconteça nada.
- Sim senhor. - Respondeu o motorista.
Ela se sentiu adulada. Ele queria assegurar-se de que estivesse
a salvo.
- Muitíssimo obrigada. - Estendeu a mão. - E feliz aniversário.
Samson sorriu e pegou-lhe a mão, mas em vez de apertar,
lentamente a guiou até seus lábios e a beijou brandamente sem
romper o contato visual.
- Obrigado.
Ela sentiu uma onda de calor desde sua mão até seu torso.
Deus, era bonito e um perfeito cavalheiro, quando não estava
assumindo que ela era uma stripper. Isso era algo que talvez ela
pudesse esquecer facilmente.
Delilah hesitou um pouco antes de dar meia volta e seguir o
motorista que a levou para fora, protegendo-a sob um grande
guarda-chuva, enquanto a acompanhava a uma limusine escura.
Deixando-se cair nos macios assentos de couro, suspirou, dizendo:
- Que noite! - A lembrança do valentão que tentou atacá-la
ainda a fazia estremecer, mas como resultado disso, conheceu o
homem mais sexy e atraente da sua vida, assim, quem se
preocuparia com a primeira parte da história?
- Aonde, senhorita Sheridan? - Perguntou o chofer.
Ela deu o endereço do apartamento corporativo. Por um
segundo se perguntou se deveria pedir que a levasse a uma
delegacia de polícia em seu lugar, mas descartou a ideia. Não queria
passar a metade da noite em uma delegacia de polícia reportando o
assalto, quando o mais provável é que nunca apanhariam o tipo.
- Ah, isso fica somente a poucas quadras daqui. Estaremos lá
em dois minutos, Senhorita.
Delilah se acomodou no assento de couro e fechou os olhos.
Samson Woodford. Alto, moreno e belo. A estrela do sonho molhado
de qualquer mulher. Ela tocou os lábios, os mesmos lábios que ele
pressionou contra os dele.
O brandy apagou o gosto dele na sua língua, mas ainda sentia
o corpo dele apertando contra o seu, e a sua ereção instigando-a a
render-se a ele.
Entregar-se. Ceder ao seu controle. A ideia a assustou e a
excitou ao mesmo tempo. É claro, nunca aconteceria. Ela nunca
voltaria a vê-lo.
CAPÍTULO 3
A stripper não era tão sexy quanto Delilah, mas ela teria que
bastar. Samson não teve sexo em meses, e não esperaria um minuto
a mais. Ouviu seus amigos rindo na cozinha. Já começaram o
espetáculo sem ele?
Caminhou através da porta da cozinha e viu Amaury lamber
um líquido vermelho nos seios da mulher. Sangue. Seu uniforme de
enfermeira estava aberto na frente. Eram como meninos pequenos,
brincando com a comida. Os vampiros no geral não se alimentavam
de outros vampiros, mas isso não significava que não gostassem de
representar um pouco. Seu amigo, obviamente, forneceu sangue do
estoque de Samson à mulher e agora estava desfrutando lambê-lo
nela.
- Deixa de monopolizá-la, que agora é minha vez. - queixou-se
Ricky e empurrou Amaury para um lado. Amaury sorriu
diabolicamente, mas deu espaço para Ricky, concentrando-se em só
um dos seios em lugar dos dois.
- Compartilhamos? - Perguntou Amaury e sua sugestão foi
aceita.
Com um grunhido, Ricky deslizou a língua sobre o seio da
stripper que seu amigo acabava de abandonar. Lambeu as gotas
restantes do sangue, antes de fechar os lábios sobre o mamilo.
A mulher jogou a cabeça para trás e enquanto os dois homens
a chupavam, ela gemeu em voz alta.
- Sim, queridos.
Não que os dois rapazes necessitassem do estímulo da
stripper.
Milo e Thomas observavam com pouco interesse.
- A última vez que eu verifiquei, era meu aniversário. -
Interrompeu Samson.
Tanto Ricky como Amaury deixaram os seios da stripper. Todos
os olhos estavam postos em Samson.
- E? - Perguntou Ricky.
- O quê?
- Bom, tudo voltou a funcionar?
Ricky fez insistência em sua pergunta com um movimento
inconfundível em seus quadris.
- Suponho que farei um teste. - Disse Samson assinalando a
stripper.
- Aqui querido, lambe um pouco. - Ela ofereceu os seios se
voltando para Samson.
Ele negou com a cabeça.
– Para cima, para uma função privada.
Para seu primeiro ato sexual depois de nove meses de
abstinência ele preferia um pouco de privacidade. Porém, não se
incomodava que seus amigos o vissem agarrá-la.
Samson olhou aos rapazes com severidade.
– Vocês ficam aqui e deixem alguma de minhas bebidas boas,
pelo amor de Deus! Tenho uma celebração.
Samson seguiu a stripper pela escada.
Nem sequer perguntou seu nome. Não importava.
Tudo o que precisava era um corpo disposto no qual inundar-
se. Demônios, sentiu saudades de sexo. Por fim, satisfaria seu
desejo carnal e seria normal outra vez. Este era o melhor presente
de aniversário que poderia imaginar. Talvez os aniversários não
precisassem ser deprimentes, depois de tudo. Isto poderia ser muito
divertido.
Maldição, a mulher humana o acendeu. Ela poderia ressuscitar
os mortos e assim havia feito. Para todos os intentos e propósitos,
seu pênis esteve morto nos últimos nove meses. Ele se converteu em
um rabugento total e absoluto, sempre irritado, sempre tenso. Não
mais.
Depois desta noite, as coisas voltariam à normalidade. O sexo
não controlaria seu estado de ânimo, nunca mais. Voltaria a ser uma
parte normal da sua vida.
A stripper era um vampiro, o que significava que não precisava
ser amável com ela.
Não teria que conter-se. Melhor ainda, dado que estava
extremamente desejoso. Quando fechou a porta do dormitório, ela se
voltou para ele e começou seu sedutor strip-tease. Nada que não
tivesse visto antes. Seus amigos o arrastavam a clubes de nudismo
com suficiente frequência, e muito pouco poderia realmente
surpreendê-lo. Em seus mais de 200 anos como vampiro, ele já viu
de tudo.
Peça por peça, ela tirou seu uniforme de enfermeira. Primeiro a
blusa caiu ao chão, logo a saia curta. Com movimentos elegantes
soltou as meias das ligas e as enrolou para baixo, uma por uma.
Ela levou as mãos aos seios, apertando-os para enfatizar seu
tamanho. Melões. Samson realmente não gostava de mulheres com
peitos grandes. Preferia um lindo traseiro em seu lugar, mas nesta
noite não importava. Um por um despiu seus grandes atributos com
tamanhos de melões, fora das pequenas meias taças de seu sutiã
diminuto. Eles caíram sem o suporte do sutiã.
Ela abriu as pernas para lhe dar uma boa vista de sua vagina,
através de sua calcinha com abertura. Depilada. Não era de todo seu
gosto, mas serviria. Samson pediu que girasse para dar uma olhada
no traseiro. Sua tanga fio dental não escondia nada.
Lentamente, ela tirou o fio dental, que pretendia parecer uma
calcinha e, finalmente, estava de pé, nua, na frente dele.
Ela não lhe interessava, mais que como uma mulher que lhe
proveria do desafogo que tanto necessitava. Queria acabar de uma
vez.
Samson deu uma olhada a sua cama de quatro pilares, uma
antiguidade que adquiriu na época em que se considerava mobiliário
contemporâneo. Não, não queria fazer isso em sua cama. Fazê-lo
sobre o sofá reclinável bastaria. Iria virá-la e tomá-la por atrás e a
foderia até o cansaço. Pelo menos não teria que olhar seu rosto e
poderia fingir que era outra pessoa.
Um belo rosto brilhou em sua mente. Delilah. Podia fingir que
era Delilah.
Bem, esse era o plano.
O plano perfeito.
A stripper não se oporia. Depois de tudo, era pelo que a
estavam pagando. Faria o que ele quisesse.
Excelente.
Só havia um problema com seu brilhante plano.
Seu pênis estava completamente flácido.
Morto.
Malditamente morto!
Nenhuma só célula de sangue correndo por ele para despertá-
lo, nenhuma.
Enrugado como uma ameixa passa.
Que diabos estava acontecendo? Ele funcionou muito bem
alguns minutos antes, e agora, com uma mulher nua à espera de ser
agarrada, não conseguia fazer que se levantasse!
Nenhuma polegada, nem sequer a metade de uma polegada.
Movimento nenhum.
- O que está esperando, garotão? - Ela debochou dele,
olhando-o com suas pestanas cheias de rímel.
Samson a fulminou com o olhar. Estava zombando dele?
Deu dois passos para ele e pôs a mão sobre o zíper de suas
calças.
- Oh. - Ela deixou escapar um suspiro de decepção.
Com a velocidade do raio, agarrou-lhe o pulso e empurrou a
sua mão. Separou-a dele com seu próximo fôlego.
- Demônios!
Os rapazes na cozinha brindavam entre eles, quando
escutaram a voz de Samson proveniente do andar de acima. Nas
velhas casas vitorianas, as vozes faziam muito eco.
- Agora, isso foi um grande orgasmo ou... - Começou a dizer
Ricky.
- Maldição! - Gritou Samson, no andar de cima.
Uma seleção de palavrões se seguiu. Os rapazes olharam entre
si.
- Ou nenhum absolutamente? - Refletiu Amaury.
Levantaram a cabeça para o teto para escutar melhor, quando
ouviram fortes pisadas na escada.
- Nenhum absolutamente. - Confirmou Thomas.
- Caramba! - Disse Milo. - Pobre coitado!
Samson irrompeu na cozinha e escutou o comentário de Milo.
Estava furioso e disposto a matar alguém. Thomas de modo protetor
ficou na frente de Milo.
- Merda! - Com o poder de uma bola demolidora, Samson deu
um murro no balcão, quebrando o batente de granito. Quebrando-o
em vários pedaços.
Seus olhos brilhavam na cor vermelha, e suas presas se
estenderam. Mal podia controlar a ira.
- Amaury, traga um pouco de sangue, agora. - Ordenou Ricky
com calma, embora não tirasse os olhos de cima de Samson.
- Já estou nisso. - Amaury entregou a Samson um copo com o
morno líquido vermelho.
- Aqui está Samson, toma um gole. Necessita-o.
Samson arrebatou a taça da mão de Amaury e o bebeu de uma
só vez. Logo olhou para Ricky.
- Melhor esclarecer a essa stripper que se sussurrar uma
palavra disto a alguém, vou partir o seu pescoço em dois. Fica
entendido?
O olhar selvagem em seus olhos confirmava que o que ele dizia
era sério.
Ricky concordou com a cabeça.
- Será melhor irmos embora. Rapazes! – Ele fez um gesto para
que saíssem da cozinha.
Samson podia escutá-los no corredor, enquanto a stripper
descia a escada.
Thomas murmurou suficientemente alto para que os sensíveis
ouvidos de Samson o escutassem.
- Mas ele tinha uma ereção quando a mulher estava aqui. Eu
vi. De fato, era difícil não perceber.
- Suponho que estava funcionando com ela, infelizmente é uma
mortal. - Sussurrou Amaury.
Logo seu tom mudou.
- Querida, já que lhe contratamos durante toda a noite, que tal
se vier comigo? Tenho algo que poderia apertar entre suas grandes
tetas...
A stripper sorriu.
Segundos depois já não estavam ali. O lugar estava novamente
tranquilo. Muito tranquilo. Amaury estava certo. Funcionou com a
mulher. Samson sabia disso muito bem. Assim por que não pôde
levantar com a stripper? Ela tinha um bom corpo, estava disposta.
Mas ela não era Delilah. Não tinha seu aroma ou sua beleza.
Maldição, seus lábios e sua tímida lingua eram tão deliciosos, que
finalmente fizeram com que lhe respondesse. Céus. Que beijo, e
aquele flexível corpo pequeno com as curvas adequadas. Ele sabia
que foi recíproco. Sentiu sua excitação. E depois, quando desceu a
escada trazendo roupa seca, seus olhos examinaram cada centímetro
do seu corpo, e gostou do que viu. De fato, ela umedeceu os lábios,
apesar de que ele estava seguro que não o fez com intenção. Em
seus olhos havia calor.
Diabos, ele desejava-a. Ele tinha que possuí-la, não
importando como.
Samson discou um número. A chamada foi respondida
imediatamente.
- Consultório do Dr. Drake. No que posso ajudar? - A boneca
Barbie ronronou como um gatinho.
- Aqui fala Samson Woodford. Tenho que ver o Dr. Drake.
- Não temos horário esta noite. Que tal amanhã às seis horas?
- Ela ofereceu, com uma voz mais calma.
Ele nunca mostrou interesse em qualquer visita ao consultório,
e ela finalmente se deu por vencida. Deixou de gastar seus encantos
com ele. Igualmente Samson não conseguia suportá-la, nem ao seu
sorriso meloso.
- Acredito que pode fazer algo melhor. Tendo em conta a
exorbitante soma que as consultas me custam, não importa a quem
tenha que cancelar. - Isto era uma verdadeira emergência.
- Me permita um momento. - Ouviu-se um estalo na linha e um
breve silêncio, antes que ela respondesse novamente. - Ele pode vê-
lo em meia hora.
- Assim está melhor.
Samson desligou, agarrou seu casaco do gancho e se dirigiu
para a porta. Iria caminhando ao Pacific Heights. O ar da noite
clareava sua cabeça. Certamente necessitava disso.
Ele espreitou através da noite, com a gola levantada e com as
mãos enterradas nos bolsos do casaco. A chuva deu uma trégua. As
ruas ainda estavam cheias de humanos. Ele os ignorava. Depois da
meia-noite geralmente as ruas ficavam mais desertas e mais
vampiros se mostravam. Mas ainda era muito cedo para isso.
Samson não entendia por que esta mulher humana o afetou
dessa maneira. É certo que tinha um bom corpo e era bonita, mas
ele já estava acostumado às mulheres formosas. Como um dos
solteiros mais cobiçados da cidade, sempre escolheu a nata da nata
da sociedade.
Ele teve encontros com muitas mulheres formosas. Talvez,
"encontros" não fosse a palavra adequada. Teve sexo com muitas
mulheres formosas quando lhe dava vontade. Sempre havia um
fornecimento de mulheres desejosas, todas elas vampiros, é claro,
para satisfazer seus desejos carnais com a esperança de que talvez
escolhesse a uma delas como sua companheira.
Mas quando ele escolheu uma, todos os seus problemas
começaram.
Samson sempre apoiou algumas das organizações beneficentes
locais e assistia a dois ou três bailes de caridade ao ano. Em um
desses bailes ele viu uma mulher nova na cidade. Escutou mencionar
seu nome antes, mas ainda não a havia visto ou sido apresentado a
ela. No momento que viu a alta ruiva entre a multidão, caiu na
luxúria.
Havia rumores de que Ilona Hampstead veio de uma antiga
linhagem de Chicago e estava muito bem conectada no mundo dos
vampiros. Ela era por excelência, da alta sociedade e decidiu fazer de
São Francisco seu lar.
Ela fez o jogo de difícil, e os instintos de caçador de Samson se
apoderaram dele imediatamente. Levou mais de um mês para levá-la
para cama. Durante esse tempo, ele continuou fazendo com cada
mulher vampiro disponível, para superar sua frustração. Mas,
finalmente, obteve seu troféu e não era tímido ao mostrá-la em cada
evento social. Ela podia ser vista em seu braço cada vez que ele saía
para algum lugar.
As páginas dos jornais se encheram com fotografias,
mostrando-os em evento após evento. Contrariamente à crença
comum, os vampiros aparecem em imagens. De fato, muitos são
bastante fotogênicos.
Apesar de sua necessidade de privacidade, Samson desfrutava
da atenção e admiração de seus companheiros vampiros por ter
conseguido conquista-la. Ela era o que ele chamava de uma mulher
de alta manutenção, mas tinha seus encantos. Ela esperava
exclusividade e ele não se opunha.
Durante os meses seguintes se apaixonou por ela, e de algum
jeito ela se converteu em parte da sua vida. Ele esteve sozinho
durante muito tempo, e gostava da ideia de ter uma companhia
constante em quem poderia confiar. Todos os seus amigos
afirmavam que pareciam muito bem juntos, todos, exceto Amaury
que manteve seus sentimentos para si mesmo.
Eles tinham o mesmo círculo de amigos, a mesma posição na
sociedade. E o sexo era excelente. Eles formavam o casal perfeito.
Foi só questão de tempo até que os rumores de uma iminente
união, começassem a circular, e a ideia de formar um vínculo
permanente entre eles, excitava-o. Algo faltava em sua vida, e ela
poderia encher esse vazio, por isso tomou uma decisão.
Samson apartou os pensamentos daquela fatídica noite quando
seu mundo caiu repentinamente. O passado não tinha lugar em sua
nova vida. Só o presente.
Ele se perguntou se o fato de que Delilah era um ser humano,
tinha alguma relação com a forma como ele reagiu a ela. Ele já teve
relações sexuais com mulheres humanas, naqueles dias, quando era
um pouco mais selvagem e indomável. Mas pela fragilidade, não se
interessou realmente, assim, ele deixou de ter sexo com seres
humanos.
O sexo com as humanas sempre apresentou mais perigos que
ganhos. Amaury não compartilhava sua opinião sobre este tema. Mas
Samson sentia que sempre precisava se conter, e nunca foi capaz de
dar rédea solta ao seu verdadeiro poder e força sobre elas, sem que
as machucasse. No final, havia sentido mais como um fardo, para
continuar fazendo-o.
Era mais fácil com as mulheres vampiro, quando se tratava de
sexo. Elas aguentavam a força e a ferocidade de seus pares sexuais
e não se machucavam com facilidade.
Samson sabia que era uma loucura ter a mulher humana, mas
estava desesperado. Necessitava de sexo, e o necessitava logo, do
contrário se converteria em uma besta perigosa cujo estado de
ânimo não poderia ser controlado. Converter-se-ia em uma ameaça
não só para si mesmo, mas também para os que lhe rodeavam.
Trabalhou muito duro nos últimos dois séculos, para que todos os
seus lucros fossem para o lixo por uma frustração sexual.
Menos de meia hora depois que ele saiu de sua casa, chegou
ao consultório do psiquiatra e entrou depressa. O tempo era
essencial. Nunca sentiu este tipo de urgência antes.
- Obrigado por me receber em tão pouco tempo.
O Dr. Drake levantou uma sobrancelha.
- O que é tão importante que não poderia esperar até manhã?
- Algo aconteceu. - Respondeu Samson.
Ele o olhou e os olhos do psiquiatra piscaram.
- Oh. Me diga quem é ela e o que fez.
- É disso que se trata - disse Samson, se deixando cair no
ataúde e estendendo seu corpo sobre a suave almofada. - Não tenho
ideia.
O médico o olhou com incredulidade. Samson, em nenhuma de
suas sessões usou o ataúde. Sempre insistiu em sentar-se na
cadeira, ou andava impaciente pela sala.
Enquanto Samson recordava o incidente com Delilah, segundo
a segundo, Drake escutava com atenção, tendo em conta cada
palavra. Ao mesmo tempo observava a conduta, respiração e os
movimentos do seu paciente.
- O que significa tudo isso? - Perguntou Samson com
impaciência.
- Interessante. Você disse que com a stripper ficou frio, depois
que a outra mulher o excitou?
- Como eu disse. Foi como se entrasse em um congelador.
- Interessante. - voltou a dizer Drake, e juntou os dedos diante
do rosto com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira.
- Em nossa sessão da semana passada, mencionou que algo
lhe faltava. Pode me explicar isso?
- Agora? - Perguntou Samson com um olhar exasperado.
- Acredito que é importante em relação a este acontecimento. -
Respondeu o médico.
- Está bem - soprou Samson. - Eu só... não posso realmente
explicar. Havia um vazio, não importando o que fizesse, ou o muito
que tivesse conseguido da vida. Sempre senti como se não estivesse
completo, como se uma parte importante de mim estivesse perdida.
- Em que sentido? - Perguntou o psiquiatra intrigado.
- Emocionalmente - suspirou Samson. - Havia um desejo por
algo que finalmente me completaria. Eu acreditava que uma união
com aquela maldita, preencheria esse vazio. Parecia ser o que
faltava.
- A união com a Ilona? Eu duvido.
- O que lhe faz dizer isso doutor?
- Uma união de sangue não é mais que a culminação formal do
que já existe - explicou Drake a seu paciente. - O vínculo já está
estabelecido. O ritual só o formaliza. Não pode te completar se você
ainda não encontrou este complemento no seu par.
- Não o entendo. O ritual cria o vínculo. Isso é o que me
ensinaram.
Drake negou com a cabeça.
- Um engano comum entre nossa espécie.
- Não sentia o vínculo com a Ilona, não como você o descreve.
Pensei que seria evidente mais tarde, depois do ritual.
- Confie em mim, não é o único que acredita nisso. Se não
sentiu a conexão com ela antes, então não estavam destinados a
unir-se. Não é algo que se possa forçar. Em qualquer caso, agora
entendo melhor por que reagiu da maneira que fez quando as coisas
vieram abaixo. Agora tudo tem sentido.- Drake se levantou e
caminhou para o ataúde. - Está confortável?
Samson sacudiu a cabeça, e de repente, se deu conta de onde
estava. Imediatamente se levantou, pondo distância entre ele e o
ataúde.
- Que mer...?
Estava perdendo a cabeça, sem dúvida que a estava perdendo.
Não só não entendia a confusa explicação de Drake, mas também,
nada em sua vida fazia sentido nesse momento.
- Ah.
- O que? Maldição, o que? - Samson necessitava uma resposta.
Para que estava pagando ao charlatão?
- Acredito que sei o que pode ter acontecido. Ao ver-se
enfrentado por um ser humano vulnerável, permitiu-se ser
novamente vulnerável e tirou seu muro de proteção. E logo que
esteve com a mulher vampiro, a parede voltou a subir e seu pênis
voltou a baixar.
- Obrigado pela ilustração tão colorida. Suponho que me está
cobrando por esta ideia? - Como se necessitasse de uma imagem
mental de seu pênis flácido.
- Mmm, uma mortal. Quero dizer, talvez pudesse funcionar. É
muito possível. Muitos dos nossos, têm relações sexuais com seres
humanos. É claro, seria perigoso para ela, mas se tomasse cuidado...
Bom, sim, poderia funcionar.
Samson o olhou atônito. Sobre o que estava falando o
charlatão? Estava falando consigo mesmo?
- Maldição, doutor, que diabos faço agora?
- Escuta, e faz dessa vez o que sugiro. Só uma vez. Encontra
essa mulher e tenha sexo com ela. Tire isso do seu sistema. Eu te
prometo que uma vez que a tenha, seu corpo recordará como era e
voltará à normalidade. Confia no que te digo.
- Mas ela é uma mortal. Não entende? - O bom doutor não
podia ter esquecido este pequeno detalhe tão facilmente.
- Compreendo perfeitamente as implicações, me acredite.
Entendo o perigo que ela correrá.
- Não tenho certeza de que o entenda. Se perder o controle, eu
poderia mutilá-la seriamente, possivelmente até matá-la. No calor da
paixão, a cautela é minha menor preocupação. Não sabemos o que
poderei fazer. Mordê-la? Chupar todo o seu sangue? Matá-la?
Só a ideia era repugnante. Samson continuou:
- Depois de tão longa abstinência, como posso estar seguro de
que posso controlar meu corpo?
- O que ela é para ti? Nada, só uma mortal, um ser humano.
Toma o que necessita dela, e segue adiante com sua vida. É
necessário que tenha sexo com ela logo que seja possível, do
contrário, esta oportunidade poderia escapar. Não vê? É como se ela
fosse enviada para te ajudar. Faz e deixa de preocupar-se com as
consequências. Quem sabe, inclusive, ela poderia desfrutá-lo, tendo
em conta sua reputação...
Drake teve a audácia de rir.
Samson assentiu com a cabeça. Talvez pudesse fazê-lo. Sabia
o que era capaz de fazer na cama. Sempre manteve sua reputação.
Seria cuidadoso, seria amável para que ela pudesse desfrutá-lo.
Teria que assegurar-se disso. Era o mínimo que podia fazer, lhe dar
uma noite de prazer por excelência, uma bonita lembrança. E se seu
médico pensava que era assim fácil, talvez o fosse. Pelo menos uma
vez estava de acordo com seu psiquiatra. Maldição, ele só queria tê-
la sem remorsos, e agora tinha a permissão de seu médico para
toma-la.
Delilah afundou na banheira com água morna, queria um
longo banho. Estava com humor para um comprido e caloroso banho
e as borbulhas eram perfeitas. Doía-lhe o corpo da tensão. Tratou de
não pensar no valentão que a agarrou, concentrando-se em seu
salvador. Não foi capaz de desfrutar de seus beijos já que estava
mais preocupada em sua luta com ele. Agora já era tarde. Arruinou
tudo. Com sua sorte, ele encontraria uma participante mais disposta
na stripper, que foi obviamente, contratada para tal fim. Os homens
podem ser como porcos.
Se não tivesse sido tão dissimulada, talvez ele mandasse seus
amigos e a stripper embora... Ah! O que estava pensando?
Sonhadora. Romântica empedernida4.
Homens magníficos como ele, não saíam com pequenas e
aborrecidas auditoras como ela. E, além disso, estava muito faminta
por um pouco de carinho. Bom, talvez muito. Provavelmente não
saiu muito ultimamente, bom, talvez nem sequer um pouco. Deus, a
quem queria enganar? Não esteve com um homem fazia mais de um
ano e inclusive antes disso, apenas havia saído.
Por que um homem como ele ficaria interessado nela?
Provavelmente todo tipo de mulher desmanchava-se por ele.
Apresentava o aspecto de um solteiro perfeito. Sim, ela percebeu
que ele não usava uma aliança de casamento. Não agia como
casado. Vivia em uma antiga casa vitoriana em Nob Hil com um
motorista particular e uma limusine, ele cheirava a dinheiro, a
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Que tem longa prática de.
fortuna ancestral. Inclusive não sendo de São Francisco, ela sabia
que Nob Hil era uma área muito cara.
Ela se deu conta da elegância da casa com seu rico mobiliário,
as pinturas antigas nas paredes, o caro cristal em que bebeu o
brandy. O banheiro em que trocou de roupa, mostrou o mesmo estilo
elegante. Ele comprou a casa em excelentes condições ou restaurou
cuidadosamente cada detalhe da época original.
Mas o dinheiro nem sequer figurava em sua atração por ele. O
homem transpirava atração sexual em cada poro de seu corpo. E ela
adoraria lamber cada gota.
Genial!
Agora não seria capaz de dormir toda a noite.
Estaria pensando no Príncipe Encantado. Príncipe encantado
que a beijou, porque pensava que ela era uma stripper. Teria se
atrevido a fazê-lo, mesmo se soubesse que era uma simples
auditora?
O trabalho. Esqueceu-se por completo dele. Precisava examinar
os arquivos que enviou a seu servidor virtual, sem que John se desse
conta.
A contra gosto, Delilah saiu da banheira e se secou. Algumas
horas de trabalho no computador provavelmente a cansariam depois
de tudo, para que ela pudesse dormir um pouco antes que
retornasse ao escritório pela manhã.
Enquanto seu computador portátil ligava, foi ao refrigerador. À
exceção das sobras do jantar de ontem à noite, estava vazio.
Colocou as sobras no microondas durante um par de minutos.
Delilah se conectou ao seu servidor virtual e descarregou os
arquivos. Longas filas e colunas de transações, ficaram à sua vista.
Isto poderia tomar um tempo. Comeu da massa restante,
diretamente da vasilha.
Três horas mais tarde, ela estava moída. Seus olhos ardiam e
inclusive os esfregando a cada dois minutos, não permaneceriam
abertos por mais tempo. Era hora de dormir.
Mas seu merecido descanso não vinha.
Ela atirou-se na cama e ficou dando voltas.
Deitou-se de um lado, de barriga para cima, de barriga para
baixo.
Não servia de nada. O sono não estava destinado a vir. Um
som a assustou. Não via nada na escuridão. Mas sentia um grande
peso sobre seu corpo, pressionando-a sobre o colchão. Mãos a
tocavam. Lábios a beijavam. Uma língua quente lhe lambia o
pescoço. Não era desagradável, mas era desconhecido.
Um corpo a manteve deitada, coxas fortes encerrando-a. Uma
mão afastando seu cabelo do pescoço. Uma boca beijando seu
pescoço. Até que de repente...
Não!
Dentes afiados como lâminas de barbear, aferravam-se ao seu
pescoço e lhe perfuravam a pele. Um líquido morno escorria pelo
pescoço. Mas a sensação não era dolorosa. Era agradável...!
A seguir, ouviu um forte som repetitivo.
Bip! Bip! Bip! O alarme. Despertou bruscamente. Ela se
levantou. Já era dia. Ela levou a mão ao pescoço, onde sentiu a
mordida, mas sua pele estava suave, perfeita como sempre.
Nenhuma ferida. Não havia sangue. Só outro pesadelo.
Pelo menos dormiu, embora não muito. Provavelmente só três
ou quatro horas no total.
Um olhar no relógio mostrou que ela teria de chegar ao
escritório, e logo. Finalmente, encontrou várias operações nos
arquivos que revisou durante a noite, que não fazia sentido.
Queria confirmar sua hipótese acessando a documentação
original, em papel.
Pressentia que estava certa.
Depois de uma ducha apressada, Delilah se vestiu rapidamente
e deu uma olhada na roupa com que voltou na noite passada, de
Samson. Pelo menos teria uma razão para voltar a vê-lo.
Bom, era uma desculpa. Poderia devolver a roupa.
Talvez ele a convidasse para entrar. Tentaria ir à noite depois
do trabalho, esperando que estivesse em casa. Sozinho em sua casa.
Uma olhada pela janela a fez saber que ainda estava
chuviscando. Seria melhor levar seu guarda-chuva ao trabalho hoje.
Enquanto procurava no armário do corredor, escutou um golpe na
porta.
- Quem é? – Ela perguntou.
- Gregory, da portaria. Tenho uma entrega para você.
Ela gostava do fato de que houvesse um serviço de zeladoria
no edifício. A fazia sentir-se um pouco mais segura, especialmente
depois do ataque da noite anterior.
Delilah abriu a porta e nem sequer via o rosto de Gregory atrás
das duas dúzias de rosas de cor vermelha que carregava.
- Bom dia, senhorita Sheridan.
O forte aroma quase a afligiu. Eram formosas e tão vermelhas
como sangue.
- Uau! Você tem certeza de que são para mim?
Ninguém da cidade a conhecia. Além disso, não era seu
aniversário ou São Valentin ou algum dia especial.
- Sim, o senhor que as trouxe me deu seu nome. E isto.
Entregou um cabide com roupas envoltas em plástico. Sua
roupa.
Samson. Como conseguiu limpar e secar a sua roupa tão
rápido? Samson estava lá embaixo? Seu coração se agitou com
entusiasmo e suas mãos suaram.
- Acredito que há um cartão com as flores. - Gregory deixou o
vaso com as flores na mesinha do vestíbulo antes de sair.
- Obrigada.
Depois de ter fechado a porta e pendurado a roupa no guarda-
roupa, procurou o cartão. Por que ele iria lhe enviar duas dúzias de
rosas vermelhas?
O cartão estava escrito à mão, em bonitas letras antigas.
pegar às 19:00?
Samson Woodford.
resposta.
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Dim sum refere-se a um estilo de comida chinesa preparada em pequenas porções de tamanho
mordida ou individual de alimentos, tradicionalmente servidos em cestas pequenas ou vapor em pratos
pequenos. Dim Sum é também conhecida pela forma única como é servida em alguns restaurantes,
onde totalmente cozida e pronto-a-servir, os pratos com dim sum são servidos aos clientes para que
escolham seus pedidos, enquanto sentados em suas mesas.
Ela caminhou pelas ruas inclinadas em direção a Chinatown, ao
lado de John. Ele parecia estar muito em forma, embora não
aparentasse assim.
- Você já provou dim sum antes? - Perguntou ele.
- É claro. Como sempre em Nova Iorque. Mas acredito que o
nosso Chinatown não é tão grande como o de vocês.
Pensava que devia manter um pequeno bate-papo superficial
com ele.
- Li em alguma parte que o Chinatown de São Francisco é o
maior nos EUA. Não estou certo se é verdade, mas poderia ser. -
John parecia surpreendentemente falador. - Por aqui há muitas lojas,
e se for a poucas quadras para o Stockton, há algumas lojas de
comidas muitos decentes. Aqui embaixo, há sobretudo, souvenir,
lembrançinhas e toneladas de turistas.
- Sim, me dei conta. Passei ali ao meio dia, e as calçadas
estavam tão cheias que nem se podia caminhar.
Ela olhou a Grant Street, a rua principal de Chinatown. O lugar
estava cheio de turistas e comerciantes.
- Estará ainda mais cheia neste fim de semana. É o Ano Novo
Chinês, e haverá um desfile no sábado à noite. É possível que queira
vê-lo. Normalmente vou com os meninos. Eles adoram. Haverá um
dragão e todo tipo de coisas divertidas.
- Talvez eu dê uma olhada.
Ela seguiu John ao restaurante chinês de aspecto descuidado.
Estava cheio, principalmente por clientes chineses, o que sempre era
um bom sinal. A anfitriã os conduziu a uma mesa. A toalha de mesa
vermelha estava sob uma superfície de vidro que ela limpou
rapidamente.
- Para beber? - Perguntou a garçonete de maneira cortante,
quase ao ponto de ser hostil.
- Chá. - Disseram ambos em uníssono.
- Aposto que está ansiosa para retornar para casa e dormir em
sua própria cama.
- Certamente. - Ela sorriu. Não. Não depois de conhecer
Samson. Agora desejava prolongar sua estadia, para ver aonde as
coisas chegariam. Mas tudo estava muito incerto.
- Deve ser duro ter que viajar constantemente a trabalho.
Delilah concordou distraidamente. Nunca pensou nisso. Na
realidade, era uma bênção ficar fora tanto tempo. Ao menos não
teria que admitir quão sozinha se sentia realmente em seu pequeno
apartamento em Nova Iorque.
Quando ela estava na estrada e hospedada em hotéis, fingia
que levava uma vida interessante. Ninguém chegava a conhecê-la o
suficiente para ver através dela e dar-se conta que não havia
nenhum motivo para voltar.
Não havia irmãos ou irmãs. Sua mãe sempre teve problemas
para conceber, e Delilah rogou para ter um irmãozinho ou irmãzinha
por anos, quando ainda era uma criança. Quando sua mãe
subitamente ficou grávida de novo, com a idade de quase trinta e
cinco anos, toda a família ficou em êxtase. Pouco mais de um ano
depois, o mundo caiu, seu irmãozinho morreu. Sua mãe nunca mais
foi a mesma depois disso.
Seu pai era quase dez anos mais velho que sua mãe e agora
estava em um lar para doentes de Alzheimer. Ele já não a
reconhecia, e enquanto ela se ocupava dele economicamente, deixou
de vê-lo. Ela era uma estranha para ele, e isso lhe doía cada vez que
o via.
Sua mãe morreu há dois anos atrás. Foi uma bênção que seu
pai não soubesse. O Alzheimer já havia reclamado muito do seu
consciente para que ele soubesse que sua amada esposa por mais de
quarenta anos, morreu de câncer. Os médicos lhe informavam da
sua condição, mas não havia nada que pudessem fazer. Ele era bem
tratado, a casa que ela escolheu para ele era uma das melhores. Já
não restava nenhum outro membro de sua família, e nenhum deles
foi feliz no final.
- Delilah, quer algum destes? - John a tirou de suas
lembranças deprimentes.
A garçonete lhes mostrou uma bandeja com bolas de massa
pequena.
- Sim, claro.
Ela colocou uma bola de massa no molho de soja e a comeu.
- Isto está delicioso. Vem aqui frequentemente?
- Pelo menos uma ou duas vezes por semana. É
convenientemente perto do escritório. Minha esposa odeia comida
chinesa, por isso normalmente recebo minha dose durante a
semana. Ah, o que me recorda que minha mulher perguntou a que
hora eu voltarei para o jantar hoje à noite. Porque vai cozinhar seu
prato especial.
Delilah notou o estranho e curioso olhar de John.
- Bom, eu estava pensando em deixar o escritório às cinco da
tarde.
Ela provavelmente poderia comprar alguma roupa em menos
de meia hora, e depois...
- Às cinco? Tão cedo? Algum plano? - A pergunta dele foi tão
casual, que ela quase não o escutou...
E logo tomar uma ducha, depilar as pernas, arrumar as unhas
dos pés...
- Na realidade, eu vou ao teatro.
Talvez rosa para as unhas dos pés. A cor vermelha seria muito
agressiva?
- Isso soa divertido. Qual espetáculo?
Ela adorava o palco e sempre se emocionava quando assistia
uma peça de teatro. Mas, desta vez, a razão de seu entusiasmo tinha
um nome diferente.
- Não sei realmente.
Delilah evitava seus olhos, por medo de que refletissem seu
entusiasmo pelo encontro que se aproximava. Não importava o que
iria ver, sempre e quando o homem sentado ao seu lado fosse
Samson Woodford.
- O que quer dizer com não sabe? - John pareceu confuso.
- Sairei com um conhecido, e esqueci por completo de lhe
perguntar que peça nós veríamos.
Um conhecido. Ela queria que Samson fosse muito mais que
isso, pelo menos um conhecido com quem pudesse ter sexo. Muito
sexo. Quantidades de bom sexo. Se fosse tão bom na cama como o
seu beijo prometia, haveria montões de bom sexo.
Estava ficando quente no restaurante?
- Muito picante?
- O que? - Delilah levantou a vista para encontrar o olhar
inquisitivo de John.
- O bolinho. - Respondeu John assinalando seu prato.
- Sim, sim. Acredito que molhei com muito molho picante.
Provavelmente era melhor não pensar mais em sexo, enquanto
comia com John. Ou no escritório durante o resto do dia, sobretudo
porque não havia ar condicionado no edifício.
Depois de que ele a jogou para fora de sua casa e de sua vida
nessa noite, fechou-se. Ele não queria que ninguém se aproximasse
dele. Sabia que foi um engano confiar nela.
Foi então quando todos os seus problemas sexuais começaram.
Primeiro, seu apetite sexual diminuíu, e então quando pensou que
deveria entregar-se aos prazeres carnais para distrair-se, não pôde
levá-lo a cabo. Não mais conseguiu uma ereção.
Até que ...
Até que Delilah entrou em sua vida. E agora?
Será que ela o traíu também? Estava atrás da sua riqueza
também? A ideia lhe fez adoecer.
- Você não está bem. - Amaury entrou na cozinha atrás de
Ricky.
Apoiado no balcão, Samson lhe deu o que nem sequer ele
mesmo sabia que era, um aspecto de torturado.
- Como quer que me sinta?
- Não pode ter se metido sob a sua pele deste modo, não em
uma só noite.
Samson escutou a incredulidade na voz de Amaury. Fez caso
omisso da observação do seu amigo.
- Temos que chegar ao fundo disto, rápido.
- Posso fazer uma verificação dos antecedentes dela, ver quem
é realmente. - Ofereceu Ricky.
Samson concordou com a cabeça.
- Faça isso. Amaury, fale com Carl e averigue que mais notou
entre suas coisas que possa ser estranho. Ele esteve no lugar onde
ela ficava, e se for verdade o que diz, que é de Nova York, o
apartamento provavelmente não pertence a ela. Encontre o
proprietário. E depois veja com Oliver o que andou fazendo hoje. Ele
esteve com ela o dia todo.
O celular de Ricky soou e ele respondeu imediatamente.
- Onde? - Ele fez um gesto para Samson e Amaury. -Bom,
estaremos aí em menos de meia hora.
E desligou.
- Era Thomas. Apanharam o tipo que atacou Delilah e você.
Samson se endireitou, aliviado de ter algo produtivo para fazer.
- Você e eu iremos. Amaury, encontre o que possa sobre ela. E
seja rápido. Carl ajudará. Ricky, nós iremos no seu carro.
Samson se dirigiu à porta.
- Hum, não deveria se vestir primeiro? - Perguntou Ricky.
Samson olhou para si mesmo e se deu conta que só vestia uma
calça, sem sapatos, sem camisa.
- Dê-me um minuto.
Correu pelas escadas e entrou no quarto. Delilah havia
terminado a ducha e vestia calças jeans e uma simples camiseta
branca. Isso a fazia parecer inocente.
Duvidou quando a olhou. Minutos antes esteve dentro do seu
corpo e não sentia alegria maior do que ser arrastado por seus
beijos, mas agora estava consumido pelas dúvidas. Quem era ela? O
que ela queria?
- Aconteceu alguma coisa? - Sua voz soava tremula.
Suspeitava algo? Sentia suas dúvidas?
- Só uma emergência de trabalho. Vou ter que me encarregar
de algo.
Samson abriu o guarda-roupa para tirar uma camiseta preta.
Vestiu-se rapidamente, enquanto ela o observava.
- Devo estar de volta em um par de horas, assim se sentir
fome, sabe onde fica a cozinha.
Estava a ponto de sair correndo do quarto, quando se deu
conta de que ela provavelmente, acharia estranho o seu
comportamento. Ele foi um amante quente alguns minutos antes,
que não conseguia ter o suficiente dela. Caso se comportasse com
frieza como agora, Delilah suspeitaria. Era importante mantê-la
acreditando que tudo estava bem, que ele não a havia apanhado em
seu jogo, ainda.
Quando ele se aproximou, pensou ter detectado seu vacilo,
mas não estava seguro. Deu-lhe um beijo na bochecha.
- Amaury e Carl, provavelmente estarão aqui, assim não te
surpreenda se os vir lá embaixo.
Procurou uma reação em seu rosto, que lhe daria
imediatamente uma resposta a sua abrupta saída incomum, e notou
seus lábios curvar-se ligeiramente para cima. Não era um sorriso,
era mais um reconhecimento do que tinha ouvido.
- Claro, verei você mais tarde.
Logo que a porta se fechou atrás dele, Delilah exalou
bruscamente. Ele parecia normal, possivelmente um pouco avoado,
mas soava como se a emergência de trabalho que mencionou, o
estava preocupando. Deu-se conta de que ela realmente não o
conhecia. Passou uma noite inteira fazendo amor com ele, mas nem
sequer sabia o que fazia para ganhar a vida, o que gostava de fazer
ou a comida preferida.
Essas eram coisas normais que a gente discutia no primeiro
encontro. Esteve tão louca para passar seu primeiro encontro
inteiramente entre seus braços, que não fez as perguntas mais
fundamentais? Passou tanto tempo desde que teve um encontro, que
esqueceu por completo como atuar em um? Samson tomou
vantagem desse fato? Ele a viu tão completamente ingênua e pensou
que só poderia colocá-la na cama, rapidamente?
Ainda não explicava o incidente na ducha. Oh Deus, a ducha.
Deixou penetra-la sem usar camisinha. E se não era tão saudável
como ele havia dito? O que aconteceria agora se a coisa estranha
que viu em seus olhos, era uma enfermidade? Poderia infectá-la com
algo?
Então recordou da camisinha que se rompeu na noite anterior.
Poderia já tê-la infectado com Deus sabe o que. Agarrou o seu
estômago, enquanto as náuseas lhe golpeavam. Oh Deus, não!
Delilah sentiu quando se formava um nó em sua garganta,
cortando seu fornecimento de ar. Seu peito se agitou para
compensá-la, e sua pele ficou fria e úmida, de repente.
Sentia-se tão estúpida de haver-se deixado enredar, com sua
ternura e paixão. Deu-se conta de quão suave esteve em sua
sedução, como se tivesse praticado suficientemente. Deveria saber,
ele agia assim todas as semanas, e nesta semana ela era a vítima.
Será que cometeu um grande erro ao confiar nele?
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Fernão de Magalhães (1480-1521) navegador português, conhecido como o primeiro a realizar uma
viagem de navegação ao redor do globo terrestre.
7
É um estreito que liga o Mar Negro ao Mar de Mármara e marca o limite dos continentes asiático e
europeu na Turquia.
- Você me tem. - Foi verdadeira em sua declaração. Ela não
tinha ideia do quanto lhe pertencia, em corpo e alma. Ele o diria
muito em breve.
A urgência de seu corpo se fez mais intensa, seus quadris se
moviam em sincronia com sua mão, montando-o, como ele sabia que
queria fazê-lo com seu pênis. E poderia montá-lo toda vez que ela
desejasse, ele nunca seria capaz de negar-lhe.
Com movimentos lentos, Samson se acomodou em cima dela,
centrando seu pênis pulsante. E centímetro a centímetro penetrou-a,
até que se encontrou profundamente dentro dela. Cada impulso fazia
sua união mais profunda, conectava mais seus corpos, até que se
moviam como um só.
Eles não estavam conectados somente por sua ereção
atravessando-a, mas também por suas pernas enredadas, com os
braços entrelaçados, seus lábios fundidos. Seu corpo se adaptava
perfeitamente ao dele, como se alguém no céu a tivesse moldado
para ele.
Samson nunca se sentiu mais próximo de uma mulher do que
com Delilah nesse momento. Sentia como sua excitação crescia,
enquanto sua pélvis começava a golpear contra ele com mais
urgência. Ele respondeu da mesma maneira, movendo-se ao ritmo
que ela exigia. Deu-se conta de como se enchia de alegria, sabendo
que conseguia agradá-la.
Samson manteve a si mesmo justo na borda, negando sua
liberação até que estivesse seguro de que ela estava perto. A
urgência dela se apoderou, exigindo que empurrasse mais forte e
mais profundo, e cumpria com muito boa vontade apesar da força
que lhe custava conter seu próprio clímax.
- Não pare. - Seu desejo foi uma ordem.
- Nem pensar.
Seus calcanhares estavam ao redor de suas costas, escavavam
no mais profundo, e suas unhas nas costas talvez lhe tivessem
tirado sangue, se tivesse a pele frágil de um ser humano.
Continuando, seu orgasmo o golpeou, como se o corpo dela estivesse
a ponto de romper-se em mil pedaços. E como uma fileira de peças
de dominó, alcançou-o levando-o com ela, acendendo seu orgasmo,
derramando-se dentro dela.
Mas não parou. Não deixou de mover-se dentro dela,
balançando-se para frente e para trás, lhe beijando os lábios,
sustentando-a até que sentiu o último de seus espasmos.
Samson fixou o olhar no dela, e nada falou. Não queria romper
o momento mágico de felicidade total e absoluta. Virou para um
lado, levando-a com ele, incapaz de soltá-la de seu abraço, sem
vontade de sair do seu corpo.
Quando por fim falou, sua voz ressonou em seus ouvidos
rouca, colorida pela paixão e o desejo, e algo mais que não sentia
em muito tempo, carinho.
- Posso te dar um milhão de razões para ficar.
E ele mostraria cada uma delas, para convencê-la a não ir
embora.
CAPÍTULO 13